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Alento de ocasião
Os brasileiros reconhecem hoje alguma melhora nas condições econômicas, mas se mostram mais temerosos a respeito do futuro. É o que indica pesquisa do Datafolha.A parcela da população que declara ver melhoria atingiu 35%, pico da série histórica, mesmo patamar de 34% em outubro do ano passado, mas bem acima do verificado nos dois levantamentos anteriores —26% em dezembro de 2022 e 23% em março deste ano.O padrão se repete na pergunta a respeito da situação pessoal: os que relatam melhora caíram de 34% em dezembro para 23% em março, subindo agora para 30%.É plausível que o pessimismo no início do ano refletisse tensões políticas, as incertezas mais altas quanto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a inflação concentrada em itens de primeira necessidade, como alimentos, energia e combustíveis —o que onerava sobretudo pobres e classe média.É também compreensível o alívio recente, dado o desempenho da economia superior ao esperado no início do ano, quando as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto estavam em 0,7%. Hoje se fala em 3%.Há alguns fatores relevantes para o alento. O choque positivo no campo com a safra recorde, o aumento nas transferências sociais e a recuperação da renda disponível (com 5% de alta ante 2022) conforme amainou a inflação contribuem para os bons resultados recentes do consumo das famílias.Mas há sensação de insegurança sobre a durabilidade dessas condições. Os juros ainda estão altos e tendem a desacelerar a atividade. Tem crescido a parcela dos que esperam alta da inflação (de 39% em dezembro de 2022 para 54% em setembro), piora do poder de compra (de 1% para 33%) e aumento do desemprego (de 37% para 46%). De modo geral, além disso, a parcela dos que esperam melhora na economia caiu de 62% em dezembro para 41% agora. Os que anteveem piora passaram de 13% para 28%, mesmo patamar do grupo que crê em estabilidade.Preocupam sinais de polarização política. Entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL), houve alta do pessimismo —de 43% para 52%. Entre quem votou em Lula, o índice dos que esperam que a economia vá melhorar passou de 79% para 66%.A combinação de condições razoáveis no momento com certa insegurança futura são um alerta para o governo não desviar de prudência na gestão econômica.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-17 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/alento-de-ocasiao.shtml
A decisão de Toffoli e seus precedentes
A anulação das provas produzidas no acordo de leniência da Odebrecht, decidida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, impactou o mundo jurídico e repercutiu em jornais e redes sociais como a pá de cal na Operação Lava Jato. Tratada como surpresa, como algo inédito, foi criticada porque as provas invalidadas sustentavam inúmeros processos e inquéritos, agora destinados aos arquivos da história judicial.Parece necessária, contudo, uma leitura mais cuidadosa da decisão. Extraídas as frases fortes sobre a prisão de Lula e as duras críticas à atuação de procuradores, não há nela nada polêmico, controverso ou perturbador como querem fazer crer tantas críticas publicadas.Em 2020, o então advogado de Lula, hoje ministro Cristiano Zanin, recorreu ao STF para pedir acesso a um acordo de leniência firmado pela Odebrecht com o Ministério Público Federal, que embasava acusações criminais contra seu cliente. O então ministro Ricardo Lewandowski deferiu o pedido e determinou que os procuradores compartilhassem com o advogado documentos obtidos naquela leniência, dentre os quais dois sistemas de informações onde a Odebrecht guardava dados sobre supostas corrupções e propinas —o Drousys e o My Web Day—, e informassem como foram acessados.Depois de alguma resistência, os procuradores apresentaram parte dos dados, informando que os procedimentos legais para o acesso aos sistemas foram respeitados. Tudo parecia em ordem. Até que vieram a público mensagens privadas trocadas entre procuradores da Lava Jato, revelando que as regras para a obtenção e preservação de provas em investigações criminais foram abertamente descumpridas. Mais Nelas, um dos procuradores diz que os arquivos dos sistemas Drousys e My Web Day foram recebidos em sacolas de supermercados e plugados diretamente nos computadores dos investigadores, sem espelhamento para preservar seu conteúdo, e que peritos chamados para garantir a integridade dos atos não encontravam os arquivos originais. Outro afirma: "Tá aí a cadeia de custódia", referindo-se ironicamente às regras previstas em lei para garantir a validade de provas digitais. Um terceiro, talvez com mais tino, reconheceu a surrealidade do procedimento.Não há dúvida sobre a nulidade das provas. Nenhuma regra para a preservação de sua integridade foi respeitada. Em razão disso, Lewandowski reconheceu sua invalidade e proibiu que fossem usadas no processo contra Lula. Essa decisão foi confirmada pela Segunda Turma do STF em fevereiro de 2022 e transitou em julgado, ou seja, tornou-se irrecorrível. Naquele momento foram sepultadas em potencial todas as apurações penais fundamentadas naqueles dados. Mais A partir disso, outros réus recorreram ao Supremo. Se as provas produzidas na leniência da Odebrecht eram nulas para Lula, o mesmo deveria ser reconhecido para todos os demais investigados com base no mesmo material. E, por muito tempo, o tribunal reconheceu a nulidade dessas provas para cada demandante, em cada processo, a conta-gotas.Até que o ministro Toffoli —que sucedeu Lewandowski no caso— decidiu no atacado aquilo que a corte já reconhecia no varejo. Diante de inúmeros pedidos pontuais de invalidação das provas, declarou sua imprestabilidade geral. Não foi uma decisão inédita, com fundamentos novos, que abalou as estruturas da Lava Jato. Foi uma medida de economia processual, razoável e correta. Em vez de decidir aos poucos, de forma picada, para cada investigado, reconheceu os efeitos gerais de uma nulidade já identificada pelo STF há tempos. Mais É preciso dar aos fatos a sua real dimensão. Toffoli apenas repetiu os fundamentos de uma decisão já tomada por seu tribunal. E o fez como medida racional, para evitar a repetição de inúmeros pedidos iguais.Goste-se ou não do conteúdo, é preciso conhecer o contexto da decisão antes de atirar naquele que a subscreveu.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-17 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-decisao-de-toffoli-e-seus-precedentes.shtml
Vídeo viraliza com briga de homens diante da Pedra do Telégrafo no Rio de Janeiro
O lazer de dois indivíduos se transformou em briga, conforme mostra um vídeo viralizou nas redes sociais neste domingo (17). O suposto motivo alegado para o confronto foi a demora de um deles em tirar a famosa foto na Pedra do Telégrafo, um dos pontos turísticos mais icônicos de Barra da Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em uma das publicações, o embate recebeu mais de 2,6 milhões de visualizações.A Pedra do Telégrafo é conhecida por criar uma ilusão de ótica única, onde os visitantes aparentam estar pendurados em um penhasco a uma grande altura, embora, na realidade, a pedra esteja localizada em uma posição segura e a uma curta distância do solo.Um homem na fila, aparentemente incomodado com outro que estava posando para uma foto, decide interromper a sessão de fotografia. O que se segue é uma troca de agressões, com os dois homens se envolvendo em uma briga que culmina com ambos no chão. Nenhum dos dois homens ainda foi identificado, conforme o jornal Extra. Mais Em um momento crítico, um dos envolvidos chega a escorregar e cair em um ponto da encosta, aproximadamente 354 metros acima do nível do mar. Felizmente, uma tragédia foi evitada.Localizada no cume do Morro de Guaratiba, a Pedra do Telégrafo está situada no Parque Estadual da Pedra Branca, na área de praias em Barra de Guaratiba. Seu nome remonta à Segunda Guerra Mundial, quando a região abrigou uma estação militar estratégica.
2023-09-17 19:36:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/video-viraliza-com-briga-de-homens-diante-da-pedra-do-telegrafo-no-rio-de-janeiro.shtml
Ex-agente da CIA indica andares mais seguros em quartos de hotel e o que fazer ao viajar sozinho
Hospedar-se em um hotel pode parecer uma ação rotineira e descomplicada para a maioria dos viajantes, mas Tracy Walder, ex-agente da CIA e do FBI, revela que existem perigos ocultos que muitos desconhecem. Em um vídeo que viralizou nesta semana no Tiktok, Walder compartilhou seu conhecimento baseado em sua experiência de trabalho nas agências de inteligência dos Estados Unidos, dando dicas sobre como escolher o local ideal no hotel e como garantir a segurança durante a estadia.Com mais de 524 mil visualizações até o momento, Walder, que atuou entre 2000 e 2005 em agências de inteligência dos EUA, aconselha os viajantes a optarem por quartos situados entre os andares três e seis, e fornece uma explicação convincente para essa escolha."A razão pela qual digo do terceiro ao sexto é que é difícil para alguém escalar. Ao mesmo tempo, em grande parte é bastante acessível em caso de emergência, como um incêndio", explica ela. A ex-agente aponta ainda que ficar no térreo é menos seguro e aconselha os hóspedes a solicitarem a troca de quarto caso sejam designados para essa área. Mais Para os viajantes que se aventuram sozinhos, como é frequentemente o caso de viagens de trabalho, Tracy Walder adiciona três regras a mais: trancar imediatamente a fechadura de segurança ao entrar no quarto, manter ela trancada sempre estiver no cômodo e usar batentes de borracha sob a porta.Essas peças servem como uma camada adicional de segurança em caso de falha na fechadura da porta ou no caso de chaves roubadas. Essas batentes tornam "mais difícil que ladrões ou estranhos entrem em seu quarto", ressalta a ex-agente.
2023-09-17 18:30:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/ex-agente-da-cia-indica-andares-mais-seguros-em-quartos-de-hotel-e-o-que-fazer-ao-viajar-sozinho.shtml
A curiosa origem da palavra 'idiota', que não tinha a ver com inteligência
"O pior analfabetoÉ o analfabeto político.Ele não ouve, não falanem participa dos acontecimentos políticos.Não sabe que o custo de vida,o preço do feijão, do peixe,de farinha, do aluguel, do calçadoe dos medicamentosdependem de decisões políticas".Esse analfabeto político do poema atribuído ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht é, por outras palavras, um idiota, em seu sentido quase original. A palavra 'idiota' vem do grego ἰδιώτης idiṓtēs e originalmente não era um adjetivo desrespeitoso, depreciativo ou um insulto.Nem tinha qualquer relação com a inteligência da pessoa a quem se referia.Era usada para se referir a um cidadão comum, em oposição a um estudioso ou alguém que agia em nome do Estado ou ocupava cargo público. Mas como os gregos valorizavam muito a participação cívica, reconhecendo que sem ela a democracia entraria em colapso, era esperado que todos os cidadãos estivessem interessados e familiarizados com os assuntos públicos. Ou seja, eles não deveriam ser idiotas.Permanecer à margem da vida pública era sinal de ignorância, falta de educação, desinformação e abandono do dever como cidadão. Aquele que não contribuía para os debates políticos, declarou Péricles, o grande estadista de Atenas, era considerado "não sem ambição, mas absolutamente inútil".É nesse contexto que, com o passar do tempo, "idiṓtēs" começou a adquirir uma conotação negativa, e se transformou um termo de reprovação e desdém. Viver apenas uma vida privada não era ser plenamente humano."Se o comportamento e o discurso de um homem deixavam de ser políticos, ele se tornava idiota: egocêntrico, indiferente às necessidades do próximo, inconsequente em si mesmo", explica Christopher Berry em seu livro "A Ideia de uma Comunidade Democrática".E esse tipo de idiotice talvez fosse mais grave do que aquela que resultou da metamorfose que teve início e que levaria a palavra a se tornar o que hoje, conforme a definição em português, por exemplo, do dicionário Michaelis:"adj m+f sm+f1 Diz-se de ou o que demonstra falta de inteligência, de discernimento ou de bom senso; estúpido, imbecil, tanso, tantã, tolo, zote.2 Diz-se de ou pessoa que se considera superior aos outros; arrogante, presunçoso.3 Diz-se de ou o que é tolo ou ingênuo."Depois de se tornar um termo pejorativo para quem se recusava a participar da política, passou a definir alguém como ignorante, grosseiro e sem instrução.Com essa interpretação, chegou ao latim no século 3°, e daí para outras línguas.Embora o significado político tenha sobrevivido por algum tempo, à medida que a cultura e as tradições da Grécia antiga ficaram para trás, o novo significado o substituiu.Logo, outro fato reforçou ainda mais o significado atual. No início do século 20, os psicólogos franceses Alfred Binet e Theodore Simon criaram o primeiro teste de inteligência moderno, que calculava o QI com base na capacidade das crianças de realizar tarefas como apontar para o nariz e contar moedas.Os psicólogos ficaram tão apaixonados pela natureza científica dos testes que criaram sistemas de classificação.Qualquer pessoa com QI acima de 70 era considerada "normal" e qualquer pessoa acima de 130 era considerada "superdotada".Para lidar com pessoas com QI inferior a 70, inventaram uma nomenclatura.Um adulto com idade mental inferior a 3 anos foi rotulado de "idiota"; entre 3 e 7, para "imbecil"; e entre 7 e 10, "débil mental"."Idiota" então se tornou um termo técnico usado em contextos jurídicos e psiquiátricos.Usar essa palavra, como aconteceu com o latim 'imbecil' para descrever graus de deficiência psíquica, fez com que ela também acabasse sendo um insulto que se refere aos dons mentais do insultado.Em algumas culturas, "idiota", assim como "imbecil", caiu em desuso na medicina algumas décadas depois porque foi considerado ofensivo.Em espanhol, porém, idiotismo ou idiocia continua aparecendo na Real Academia Espanhola (RAE) como o nome de um tipo de deficiência intelectual:1. f. Med. Transtorno caracterizado por uma deficiência muito profunda das faculdades mentais, congênita ou adquirida nas primeiras idades da vida.Portanto, um idiota também significa, segundo o Michaelis, em português:4 MED Diz-se de ou pessoa que sofre de idiotiaDesde o século 19, há pensadores que defendem que a palavra seja usada de forma mais ampla, mas recuperando o seu significado original.Um deles é Walter C. Parker, professor emérito da Universidade de Washington, para quem essa antiga etimologia pode ser uma ferramenta valiosa para uma compreensão contemporânea da democracia e da cidadania.Parker, que se dedica à educação cívica, explicou à BBC News Mundo que seu propósito é ajudar os indivíduos na transição daquele mundo privado da família e do parentesco para o mundo público do governo, uma transição crucial porque "nas democracias liberais são as pessoas que governam.""Nesse sentido, podemos voltar a Aristóteles, há 2 mil anos, que costumo citar quando escrevo sobre idiotice. Para ele, idiota é alguém cuja vida privada é sua única preocupação, alguém que não toma iniciativa na política.""São pessoas imaturas, com desenvolvimento truncado, que podem ter vida social, mas não vida pública.""Portanto, existe uma vida privada, uma vida social e uma vida pública, e para ser um indivíduo com objetivos e prosperar você precisa de todos os três."Mas como podemos distinguir entre social e público?Para Parker, quem melhor pensou sobre isso desde Aristóteles foi a historiadora e filósofa Hannah Arendt."Basicamente ela diz que todos podemos ter uma vida social - com os nossos amigos e familiares, redes sociais, trabalho, lazer - sem necessariamente ter uma vida pública.""Uma vida pública é uma vida política.""O ideal da democracia liberal é que nós, o povo, participemos, estabelecendo o governo e criando as regras com as quais viveremos juntos sem nos separarmos, e trataremos de nos defender do tipo de vida pública que não queremos.""Mas o idiota rejeita tudo isso. Ele simplesmente se enterra na sua vida privada e na sua vida social, arriscando assim que sejamos governados por aqueles que menos queremos", como já advertiu o filósofo ateniense Platão em A República.É por isso que Parker quer resgatar o significado original do termo."Porque nos ajuda a falar sobre o que significa desenvolver uma voz política", diz ele.Tudo começa na escola, opina Parker."No ensino, devemos promover o debate de questões públicas polêmicas com outras pessoas, cujas opiniões sejam semelhantes ou não. Isso não importa.""Se você gosta ou não da opinião de alguém é importante na vida social, mas não na vida pública, onde temos que nos conectar, nos relacionar, conversar e ouvir outras pessoas, independentemente de elas concordarem com você.""O objetivo da educação cívica é reforçar a democracia liberal, que está hoje em perigo em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos, como vimos com o trumpismo", afirma o especialista.Essa troca de opiniões que tem sido tão importante nas últimas décadas acontece muitas vezes nas redes sociais, que servem como espaço de discussão, mas podem ser uma caixa de ressonância para mentiras e informações destrutivas para a sociedade democrática."Há sempre o perigo de o idiota levar a sua idiotice para a esfera pública, para usar os termos que usamos no contexto de que estamos a falar", explica Parker.Mas algo também "terrível", lamenta o acadêmico, é a indiferença.Está documentado que as novas (e não tão novas) gerações não estão interessadas nos acontecimentos atuais.Apesar de viverem num mundo onde mais do que nunca as pessoas têm meios de acesso à informação, elas optam por não prestar atenção. Elas simplesmente não se importam."Na verdade, estamos recebendo cada vez mais pesquisas que mostram que os jovens têm uma vida privada e social ativa, mas não uma vida pública.""E esse é um terreno fértil muito perigoso para a demagogia", explica.Agora: a exaltação da vida pública não ocorre em detrimento das outras duas esferas, esclarece Parker."O objetivo de reivindicar o termo idiotice não é de forma alguma negar ou descartar a importância da vida privada ou social, que são tão cruciais para o nosso florescimento como seres humanos.""É lá que existe a nossa família, os nossos amigos e o nosso trabalho.""Mas a personalidade pública é o elo que falta, por assim dizer, para tornar possível vivermos juntos em sociedade com as nossas diferenças intactas."É nessa vida pública, salienta, que aprendemos a lidar com estranhos com ideologias diferentes em culturas diferentes."O objetivo é desenvolver um modus vivendi, do latim, um modo de vida que nos permita prosperar juntos sem nos matarmos.""Temos que cultivar o eu público e, para isso, não podemos ser idiotas".-Texto publicado originalmente aqui
2023-09-17 17:02:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/a-curiosa-origem-da-palavra-idiota-que-nao-tinha-a-ver-com-inteligencia.shtml
CPTM compara trem com Bentley em paródia ASMR e viraliza nas redes sociais
Quem será que venceria uma batalha entre um trem da CPTM e um Bentley? Para as redes sociais, os vagões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos são páreo duro na disputa após um vídeo publicado neste sábado (16) pela empresa de economia mista que opera o transporte ferroviário em São Paulo.Com 1,4 milhão de visualizações em 24 horas, um post da CPTM no Instagram vem causando boas risadas. De um lado, a modelo russa Alla Bruletova mostra os detalhes de um Bentley Mulsanne, desde o capô até o volante de couro, repetindo a palavra "Bentley" em tom de ASMR. Do outro, um operário da CPTM faz os mesmos movimentos em um dos trens da companhia, investindo na mesma intensidade vocal.Publicado em agosto, a publicação original da Bentley viralizou nas redes sociais e tem rendido as mais variadas comparações. Por aqui, a tática da CPTM parece ter dado certo: além do grande volume de visitas, a publicação recebeu mais de 190 mil curtidas e milhares de comentários."O pior é que o trem vale uns 10 Bentleys", divertiu-se o usuário que se identifica como @tmoraesm. "Passava metade do dia falando 'Bentley' e esperando aquém responder 'Trem'", disse @missgatti.drag.
2023-09-17 17:31:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/cptm-compara-trem-com-bentley-em-parodia-asmr-e-viraliza-nas-redes-sociais.shtml
A fina arte de batizar grupos em aplicativos de troca de mensagens
A primeira coisa que RJ McLaughlin fez quando voltou ao campus no final de agosto, para seu terceiro ano no Ramapo College de Nova Jersey, foi criar um grupo de chat para ele e os três rapazes com quem divide um apartamento no alojamento universitário.Eles precisavam encontrar o nome perfeito. "O principal é encontrar algo que faça todo mundo feliz e todo mundo rir", ele disse. "Tem que ser algo que expresse quem somos."McLaughlin, 20, participa de tantos grupos de chat que cada um deles precisa ter um nome. Há um chat com a família ("Wally World"), vários chats com amigos, inclusive "os 4,5 cavaleiros do apocalipse", e chats com os colegas de classe (Clash, abreviação de Clash of Clans, um jogo que os alunos jogam durante o curso de leitura e escrita crítica). "Eu nunca teria um grupo de chat sem nome e apenas com números", disse o universitário. "Como você os diferenciaria?" E acrescentou: "Deixar em branco seria como não dar nome a um bebê". Mais Com o tempo, ele desenvolveu um sistema para criar nomes. "Conduzo uma sessão de brainstorming, na qual todos colocam ideias no chat", disse. "Depois, todos votam nessas ideias." O exercício é repetido para determinar qual será a imagem usada para o grupo. Ele calcula que já tenha criado duas dúzias ou mais de nomes para grupos de chat.McLaughlin sabe que, em outros grupos, as pessoas mudam o nome arbitrariamente, mas isso não acontece quando ele está no comando. "Quando você altera o nome de um grupo de chat, tem que ser uma decisão democrática, entre todos", disse. O nome tem valor, ele afirmou. "Precisamos protegê-lo."Para o grupo de chat do alojamento, eles escolheram "Car Jack", um anagrama de seus nomes (Anthony, John, Curtis e RJ). "A imagem também é uma imagem de um macaco de carro", disse McLaughlin. "É aleatório e estranho, e expressa quem somos."Mesmo que as pessoas estejam voltando a se encontrar em pessoa na vida real, os grupos de chat continuam a ser uma praça virtual onde comunicações essenciais —e não essenciais— acontecem. E dar-lhes nomes se tornou uma espécie de arte, com diferentes grupos sociais se esforçando para obter uma representação precisa de quem eles são. Enquanto os grupos de amigos podem optar por uma piada interna que os faça rir toda vez que a veem, tópicos mais formais talvez exijam algo mais direto.Alguns grupo de chat têm sistemas para alterar nomes e fotos.Torie Deible, 31, que trabalha com vendas em uma empresa de engenharia, participa de um grupo de chat com 15 mulheres que se tornaram amigas quando moravam em Nova York (Deible agora mora em Denver). Todo mês, elas mudam a foto para a da pessoa que faz aniversário naquele mês e deixam que ela escolha o nome do grupo, além disso. "É divertido ser amada assim uma vez por ano", ela disse.Ashley Kozich, 30, que trabalha em uma fundação comunitária e mora em Fort Lauderdale, Flórida, tem um grupo de chat com suas oito melhores amigas, que conheceu quando estudava na Universidade do Mississippi. Nos últimos 12 meses, muitas delas tiveram bebês e, por isso, agora elas destacam o filho mais recente como foto do grupo.Mas o nome do grupo veio para ficar: "The Sorry People". "Na faculdade, éramos um grupo de garotas muito bagunceiras e causávamos caos e problemas onde quer que fôssemos", disse Kozich. "De manhã, tínhamos que circular pelo campus em turnês de desculpas e pedir perdão por tudo o que tínhamos feito de errado."O nome, segundo ela, ganhou vida própria. "É o nosso nome há mais de 10 anos, e as pessoas nos perguntam: ‘Como estão as Sorry People?’", ela disse. "Acho que não poderíamos ter um nome diferente."De fato, muitos nomes que começaram em grupos de chat agora estão sendo usados em outros ambientes.O publicitário Tim Monaghan, 39, durante a pandemia criou um grupo de chat com seus melhores amigos chamado "Meet Me at Fanelli's" [encontre-me no Fanelli's], uma referência a um bar famoso no SoHo, em Manhattan. "Demos esse nome durante a pandemia", disse Monaghan, que mora em Brooklyn. "O Fanelli's é o lugar aonde sempre íamos, e estávamos sonhando com a possibilidade de voltarmos a nos reunir lá."Quando suas amigas Monica Khemsurov e Jill Singer (ambas integrantes do grupo) publicaram um livro chamado "How to Live With Objects" [como viver com objetos], em novembro de 2022, as autoras incluíram o nome do grupo na dedicatória. "Obrigado ao grupo de chat Fanelli's, que forneceu um fluxo constante de memes, fofocas e outras distrações, além do que parece ser uma eternidade de incentivo", escreveram.A escolha de um nome significativo para o grupo de chat pode ser uma maneira fácil de deixar os participantes felizes. "Eu sorrio toda vez que vejo nosso nome, o que significa que sorrio muito, porque o grupo de chat funciona o dia todo", disse Kozich.Mas escolher o nome errado nome pode ser uma fonte de ansiedade.Samantha Brinn Merel, 40, advogada especializada em espólios e testamentos em White Plains, Nova York, tem dois filhos —um no jardim de infância e outro na terceira série— em uma escola em Westchester. Cada classe tem um grupo de chat que envolve todos os pais daquela série, criado pela Associação de Pais e Mestres, e cada grupo leva o nome do ano de formatura dos alunos no ensino médio."Acabei de colocar minha filha de 5 anos no jardim de infância e agora, várias vezes ao dia, tenho que verificar em que ano ela vai se formar no ensino médio", ela disse, rindo. "Na verdade, não preciso ser lembrada de que meus filhos acabarão crescendo."Infelizmente, esse não é um daqueles grupos de chat nos quais qualquer pessoa pode mudar o nome. Tradução de Paulo Migliacci
2023-09-17 15:00:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/a-fina-arte-de-batizar-grupos-em-aplicativos-de-troca-de-mensagens.shtml
Stripper dirige bêbada, faz xixi na calça, tenta seduzir policial e pede choque antes de ser presa
Uma stripper de nome Grace Spoonamore, 20, deu bastante trabalho para policiais de Brunswick, Ohio, após ser pega dirigindo bêbada, bater em outro carro e, posteriormente, se recusar a ser presa.O caso aconteceu em abril, mas as imagens foram disponibilizadas apenas agora, segundo o New York Post. Ao ser detida, a jovem primeiro debocha dos oficiais e tenta seduzir um deles ao chamá-lo de "homem bonito".Ao perceber que ele não cairia na dela, a moça se irrita com a situação. Ela começa falar coisas incoerentes, como o fato de precisar comer um bife que estaria dentro de uma embalagem no carro.Chorando, Grace chega a fazer xixi na roupa e depois sugere urinar no rosto do policial "caso ele goste". Após chutar a traseira da viatura e se recusar a dar o endereço onde mora e trabalha, ela é levada à delegacia.Ao chegar no local, se recusa a ficar parada e confronta policiais. "Você quer me dar um choque? Faça isso! Eu gosto disso. Eu gosto de algo excêntrico", diz.Mas é depois que os oficiais tentam colocar a mulher no carro de novo que ela se descontrola por completo. "Você vai me estuprar! Pare de tentar me estuprar", grita.A stripper foi acusada de dirigir sob efeito de álcool, excesso de velocidade e agressão a um policial. O valor da fiança ficou fixado em cerca de R$ 50 mil.
2023-09-17 12:00:00
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Frequência com que homens pensam no Império Romano vira meme
Com que frequência você pensa no Império Romano? Segundo uma trend que viralizou nas redes, homens pensam frequentemente sobre a antiga civilização. A corrente, que chegou a figurar nos trending topics brasileiros, traz vídeos de mulheres se surpreendendo ao perguntarem a amigos, parentes ou companheiros quantas vezes o período histórico passa pela cabeça deles. Alguns respondem que o hábito é semanal ou até diário. O assunto, então, rendeu uma série de memes.A perfil oficial do X, antigo Twitter, chegou a fazer a pergunta a seus seguidores. Elon Musk, dono da rede, respondeu que pensa no Império Romano todos os dias.Algumas pessoas elaboraram teorias sobre a nova descoberta.Outras disseram que preferem outras civilizações.Veja mais memes:
2023-09-17 12:19:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/09/frequencia-com-que-homens-pensam-no-imperio-romano-vira-meme.shtml
O melhor indicador de renda fixa só perdeu do CDI em 3 dos últimos 19 anos
Quando se fala em renda fixa, três letras se destacam, CDI. A maioria nem sabe o que significam as letras, mas se sentem seguras com elas. Apesar de ser o indicador mais acompanhado pelo mercado, ele não garante dois elementos importantes para investimentos de médio e longo prazo. Nesse sentido, outro indicador de renda fixa atende a estes critérios e ainda ganha do CDI no médio e longo prazo.A ansiedade em acompanhar o rendimento das aplicações com alta frequência é um dos maiores vilões dos investimentos. Ele leva investidores a decisões mais cômodas, porém menos eficientes.Por exemplo, o que você diria de um investimento de renda fixa que, entre 2003 e 2022, perdeu do CDI em 93 dos 228 meses? Ou seja, você diria que esta renda fixa que perdeu do CDI em 41% dos meses teria sido uma boa aplicação? E se eu disser que ela apresentou retorno mensal negativo em 62 meses, nesse mesmo período, ou seja, em 27% dos meses? Parece que esta aplicação nunca foi interessante, não é verdade?De fato, a questão central reside sobre o período adequado para avaliar os rendimentos e suportar a ansiedade das oscilações de curto prazo. A segurança não vem da ausência de oscilação, mas de dois critérios.Quando pensamos em indicador de renda fixa para o médio e longo prazo, ele deve atender a dois critérios: 1 – Garantir a recomposição do poder de compra, ou seja, ter uma referência na inflação; 2 – Garantir um juro real, ou seja, uma taxa de juros acima da inflação.Nesse momento, o CDI parece muito interessante, mas ele não atende a estes critérios. Já vimos que o CDI pode cair e apresentar retornos bem baixos.Nesse quesito, o IMAB-5, índice que reflete a média dos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimentos menores que 5 anos, atende aos critérios e ganha do CDI no médio e longo prazo.Adicionalmente, o fato de ser constituído por títulos com prazo de vencimento mais curtos, ele possui baixa volatilidade.Entretanto, mesmo com baixa volatilidade, ele foi o indicador de renda fixa citado acima por ter perdido do CDI em 41% dos meses entre 2003 e 2022.A resistência de investidores em adotar o IMAB-5 e aplicar em ativos atrelados a ele é a dificuldade de suportar a ansiedade da avaliação mensal. Muitas vezes até diária.Entre 2003 e 2022, o IMAB-5 rendeu 857,2%. Nesse mesmo período, o CDI rendeu apenas 573,6%.Portanto, o IMAB-5 se valorizou o equivalente a 149,4% do CDI. Nos 19 anos, apenas em 3 anos o IMAB-5 perdeu do CDI.Não incluí o ano de 2023 na amostra, pois ele ainda não acabou, mas acredito que o IMAB-5 também deve ganhar do CDI e da Selic.Segundo a Anbima, o rendimento do IMA-B5 está em 5,5% + IPCA. Este é o rendimento médio ponderado de títulos públicos com menos de 5 anos de vencimento. Consulte nesta planilha (link) os títulos que formam este índice.Com base no passado, existe uma grande probabilidade deste retorno superar o CDI nos próximos cinco anos.Entretanto, você terá de suportar vários meses com retornos abaixo do CDI. Para reduzir este impacto, há a possibilidade dos títulos privados, pois o rendimento destes é ainda melhor.Os títulos privados bancários como CDBs e os corporativos como debêntures, CRAs e CRIs têm um prêmio adicional em relação ao juro real de 5,5% ao ano. Adicionalmente, vários dos títulos corporativos ainda contam com isenção de IR.Portanto, para aqueles que preferem manter títulos de curto prazo, estas são boas escolhas para investimentos de médio e longo prazo.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-16 22:12:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/09/o-melhor-indicador-de-renda-fixa-so-perdeu-do-cdi-em-3-dos-ultimos-19-anos.shtml
Sem elevar
A proposta de lei orçamentária enviada ao Congresso não deixa dúvidas de que a estratégia do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atingir a meta de zerar o déficit orçamentário em 2024 depende quase exclusivamente de uma forte elevação de impostos.A projeção oficial de receita adicional é de exorbitantes e improváveis R$ 276,4 bilhões, que seriam obtidos por meio de um amplo conjunto de medidas legislativas, várias delas ainda em tramitação.Entre os exemplos, busca-se elevar a tributação de aplicações financeiras voltadas para grandes investidores. A medida provisória 1.184, que deve ser convertida em projeto de lei, elimina o diferimento de Imposto de Renda dos fundos de investimento fechados.A regra a ser mudada permite a cobrança de IR apenas quando há retirada dos recursos, o que na prática pode adiar por muitos anos a incidência. Com a alteração, a tributação será equivalente à de outras modalidades do mercado.O governo pretende obter R$ 13 bilhões em 2024 com a taxação do estoque de rendimento acumulado nos fundos fechados, fixando alíquota reduzida de 10% para recolhimento à vista. Adiante, o padrão será a cobrança de 15%.Já o projeto de lei 4.173 atinge aplicações financeiras, entidades controladas e trusts no exterior, com potencial estimado de R$ 7 bilhões. O princípio é o mesmo dos fundos fechados —acabar com a possibilidade de adiamento da cobrança sobre o rendimento financeiro.Nesse caso, há incentivo para pagamento voluntário dos ganhos acumulados, também com alíquota de 10%. Há opção de recolher mais tarde, conforme regras específicas, mas o gravame seria bem maior, de 22,5%.Ambas as iniciativas são defensáveis para corrigir distorções e tornar o sistema tributário mais progressivo, com peso maior sobre os contribuintes mais ricos. É preciso análise cuidadosa do Congresso, entretanto, para evitar consequências indesejadas.Desequilíbrio na cobrança local ante a internacional, por exemplo, poderá incentivar a fuga de capitais. Erros de calibragem poderão reduzir a base de incidência.Em todo caso, o objetivo central do governo deveria ser distribuir melhor, não aumentar ainda mais a já exagerada carga tributária.A dificuldade em obter os valores pretendidos é óbvia —mesmo que todas as medidas venham a ser aprovadas, a receita extra projetada pela Instituição Fiscal Independente (IFI) é de R$ 108,6 bilhões a mais em 2024, apenas cerca de 40% do que quer o Executivo.Se não houver disposição para controlar os gastos, o governo não apenas terá dificuldades quase intransponíveis para o ajuste fiscal como também perderá condições políticas de pedir mais impostos.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-16 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/sem-elevar.shtml
50 anos após o golpe
Às 11h52 do dia 11 de setembro de 1973, o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, era bombardeado por militares comandados pelo general Augusto Pinochet. Em poucas horas, o então presidente Salvador Allende cometeria suicídio —o que dava início a uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina, só encerrada em 1990.Segundo a Subsecretaria de Direitos Humanos do país sul-americano, o regime fez mais de 40 mil vítimas, entre desaparecidos, executados, presos e torturados.Após a Segunda Guerra e até a queda do Muro de Berlim, o mundo viveu a polarização da Guerra Fria, em que EUA e URSS apoiaram disrupções políticas em países menos desenvolvidos para expandir o raio de alcance de suas ideologias.O temor do comunismo foi usado como artifício para destituir governos na América Latina, como no caso do Chile —que chega aos 50 anos do golpe em cenário político também polarizado.Gabriel Boric, presidente mais à esquerda desde Allende, enfrentou seu primeiro baque logo após a eleição, com a tentativa frustrada de implementar uma nova Constituição. O texto, militante em demasia, foi rechaçado pela eleitorado.Desde então, Boric tenta se equilibrar entre demandas por avanços sociais e pressões conservadoras contra a pauta de costumes.A direita radical do Partido Republicano está em ascensão. Obteve 22 das 50 cadeiras —e a direita tradicional, 11— da comissão responsável pela nova Carta. Ademais, o golpe militar de 1973 passa por um revisionismo canhestro, que tenta imputar a Allende a culpa pela violenta ruptura institucional.A tradicional UDI emitiu nota afirmando que o golpe era inevitável. Já José Antonio Kast, que criou o Partido Republicano e ficou em segundo lugar nas eleições de 2021, disse que "a primeira ditadura no Chile foi a de Salvador Allende".Boric rechaçou essa mistificação em seu discurso no evento que marcou a efeméride e tem sido voz crítica a regimes ditatoriais de esquerda na região, como os de Cuba, Nicarágua e Venezuela —que lideranças como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insistem em apoiar.A democracia chilena parece resguardada, com apoio popular, mas terá de buscar o entendimento e a retomada da trajetória de progresso econômico e social.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-16 22:00:00
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Opinião
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A dona de si mesma
Quando o nazismo caiu e Hitler se suicidou, Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia esfacelaram a Alemanha. Dividiram-na em protetorados. Não era mais nação. Ou país. Era escombro. Quem assumiu a tarefa de sua reconstrução, de seu autônomo retorno como país à comunidade da Europa e até viabilizou o proibido e impensável rearmamento militar foi um novo líder eleito. Em 1949, assumiu o democrático chanceler Konrad Adenauer. Teve sucesso. Mas como?Henry Kissinger estudou seis tipos de estratégias do poder. A estratégia da vontade, de De Gaulle. A do equilíbrio, de Richard Nixon. A da transcendência, de Anwar Al Sadat. A da excelência, de Lee Kuan Yew. A da convicção, de Margaret Thatcher. Já Adenauer escolheu a estratégia da humildade. Rosa Weber também.Exerceu-a plenamente na presidência do Supremo Tribunal Federal. Agora, na saída, a leva consigo. Vitoriosa em seus objetivos.No início, foi quase menosprezada. Era apenas um nome que veio do Sul, sugerido pelo ex-marido da presidente Dilma Rousseff (PT), que a apoiou e indicou. Tem parentes que vêm para o bem.Na sabatina do Senado, à luz dos holofotes transitórios, alguns senadores tentaram perguntas capciosas para evidenciar que ela não estaria preparada. Não teria saber jurídico suficiente. O saber do legalismo formal, indigesto e pantagruélico.Provou o contrário. E mais: que tinha caráter. Com humildade e tranquilidade, respondeu. Foi aprovada.Mais tarde, no julgamento do mensalão, um ministro lhe aparteou: "Não estou convencido". Rosa Weber então, com um sorriso desconcertante, apenas disse: "Eu não quero convencer vossa excelência, eu é que estou convicta". E assim revelou sua concepção do que é ser membro do Supremo. Seu ethos. Sua independência. Ser a dona de si mesma.Nestes anos, ninguém viu Rosa Weber fazer acordos. Combinar votos. Buscar maiorias. Mudar argumentos para parecer vencedora. Negociar. Foi apenas ela e somente ela. A dona de si mesma.Não disputou espaços internos. O que lhe importou foi seu gabinete e sua consciência.Não buscou outros poderes. Nem votou por eles ou contra eles. Não frequentou palácios. Não deu entrevistas. Não falou fora dos autos. Não fez parte de irmandades políticas ou doutrinárias. Não tem ambições financeiras. Mais Não foi terrivelmente evangélica, nem terrivelmente irreligiosa. Quando teve que divergir, divergiu. Não pretendia ser o centrão do Supremo. Não foi como "la donna" na ópera Rigoletto: "móvel como pluma ao vento".A estratégia da humildade percebeu que o individualismo reina na corte. Não ameaçou vaidades e planos pessoais. Buscou o colegiado, o institucional.E assim foi sendo; e foi liderando.A independência constitucional da Suprema Corte começa na independência pessoal de cada ministro. Na transparência e evidência das ambiguidades.Enfrentou duas patologias internas: o monocratismo e o abuso dos pedidos de vista de alguns ministros. Ambas levaram o Supremo a paradoxos. Em vez do devido processo legal, a imprevisibilidade decisória permeou muitas vezes. Em vez da estabilidade social e econômica, a incerteza jurídica se espraiou.A sociedade se deu conta disso desde 2014, pelo projeto "Supremo em Números". A opinião pública e a mídia vocalizaram. Professores e acadêmicos confirmaram. Advogados e políticos também. Passaram-se anos para começar a serem enfrentadas. Passaram-se oito anos para começar a serem enfrentadas. Mais Rosa Weber, com paciência, liderou novas regras. Uniu um Supremo dividido em reforma regimental difícil. Não como gostaria, mas avançou.No 8 de janeiro, constrangida, mas sem constrangimentos, foi muro protetor moral. Defendeu o Supremo do ataque insano. Dona de si própria, foi a necessária dona de todos os seus colegas.A estratégia da humildade deu o melhor resultado. Amadureceu o Supremo. Sem ativismos. O silêncio, às vezes urgente, é voz poderosa.Cabe agora a Luís Roberto Barroso e Edson Fachin continuarem seu legado. O que não é pouco.Mesmo porque, como diz o famoso poema de Gertrud Stein, "uma rosa é uma rosa é uma rosa". Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-16 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-dona-de-si-mesma.shtml
Mais tribunais querem adiar a decisão sobre igualdade de gênero
Presidentes de 27 tribunais estaduais pediram ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) retirar da pauta da sessão desta terça-feira (19) o julgamento sobre formas de incentivar a igualdade de gênero no Judiciário.Em nota técnica, o Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil (Consepre) adere à posição do TJ-SP, aprovada na última sessão do Órgão Especial por proposta do corregedor geral do Estado de São Paulo, desembargador Fernando Torres Garcia.O tribunal paulista pediu à presidente do CNJ, ministra Rosa Weber, o adiamento do debate para aprimoramento das propostas, permitindo que os tribunais se pronunciem individualmente acerca da minuta de resolução.A lista é encabeçada pelo presidente do Consepre, desembargador Carlos Alberto França (TJ-GO). O desembargador Ricardo Mair Anafe, presidente do TJ-SP, é um dos signatários. O ofício do TJ-SP foi assinado nesta quinta-feira. A nota técnica do Consepre, no dia seguinte.Dos 27 presidentes que assinam a nota, 6 são mulheres (comandam os tribunais do Rio Grande do Sul; Pará; Mato Grosso; Amazonas; Acre e Tocantins).O documento do Consepre cita o "silêncio eloquente" da Constituição sobre os critérios de gênero para a análise da antiguidade e merecimento. Afirma que "não compete ao CNJ a criação de novo princípio no preenchimento das vagas da magistratura de carreira para os tribunais de segundo grau".Haveria nova regra de promoção dos critérios de antiguidade e merecimento, com a determinação de elaboração de listas diferenciadas por gênero.O Consepre afirma que "a mudança do procedimento sem a devida orientação no ordenamento jurídico e nem período de adaptação pode ocasionar injustiças".O TJ-SP afirmou em sua nota que, "ao se pretender a formação de lista apenas de juízas mulheres, ao lado de outra, mista, permite-se a promoção, frise-se, por antiguidade, de magistrado com menos tempo do que outro, ferindo frontalmente o critério constitucional".Para evitar "o risco de consolidação de situações irreversivelmente injustas", o TJ-SP julga necessário "maior reflexão e debate do importantíssimo tema, que afeta profundamente a vida profissional e o ideal de carreira de todos os magistrados do país".Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Magistradas e magistrados participantes do Movimento Nacional pela Paridade no Poder Judiciário redigiram uma "Carta Aberta à Sociedade Brasileira", manifestando "seu integral e irrestrito apoio à ação afirmativa proposta para alterar a Resolução nº 106/210 do CNJ.A carta já incorpora críticas à nota técnica do TJ-SP:"A título de exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – que na presente data divulgou nota técnica assinada por seu Presidente e por seu Corregedor afirmando que inexiste discriminação de gênero naquele Tribunal – conta com apenas 10% de desembargadoras mulheres perante 90% de desembargadores homens em sua composição, parecendo patente a falta de perspectiva de gênero na realização de tal afirmação."O procedimento que será julgado no CNJ é o primeiro item da pauta. A relatora é a conselheira Salise Monteiro Sanchotene, supervisora do Comitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário do CNJ.Ela deverá apresentar parecer do jurista Daniel Sarmento, professor titular de Direito Constitucional da UERJ, intitulado "Mulheres no Poder Judiciário e Discriminação de Gênero: criação de política de ação afirmativa para acesso de juízas aos tribunais de 2º grau como imperativo constitucional".Sarmento entende que o CNJ detém competência para instituir, por ato normativo próprio, política para corrigir a grave assimetria entre os sexos na composição dos tribunais de segundo grau.
2023-09-16 19:44:00
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Injustiça elétrica
Na última década, a conta de luz residencial dos brasileiros subiu em média 38% acima da inflação. Boa parte desse expressivo aumento são encargos, que passaram de 6% da tarifa final em 2013 para 23% em 2022. O maior dos encargos, a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), saltou de R$ 14 bilhões para R$ 32 bilhões no período —valor próximo ao orçamento do programa Bolsa Família em 2021. Esse expressivo aumento deve-se a políticas aprovadas por parlamentares que preferiram alocar os correspondentes custos na composição da tarifa, não no Orçamento da União. Evitam, assim, a "saia justa" de ter que reduzir outras despesas.O hábito de alocar custos de políticas públicas nas costas dos consumidores, e não dos contribuintes, infelizmente pegou. Hoje há no Congresso diversos lobbies atuando de forma articulada com alguns parlamentares para beneficiar poucos à custa de muitos. É o caso, por exemplo, da Geração Distribuída (GD): cerca de 3% dos consumidores beneficiados por sistemas fotovoltaicos recebem subsídios custeados pelos demais 97%. O subsídio inserido implicitamente nas tarifas já custa R$ 13 bilhões por ano —o equivalente a 40% do custo da CDE, com perspectiva de aumento por efeito das diretrizes estabelecidas em lei. O subsídio médio ao consumidor com GD é da ordem de R$ 370 por mês.No passado, quando os painéis solares eram muito caros, fazia sentido subsidiar alguns poucos que se dispusessem a fazer o investimento para testar a novidade. Porém, o preço caiu vertiginosamente (cerca de 90% em dez anos) e hoje já são cerca de 3 milhões de pessoas físicas e jurídicas que legitimamente se orgulham de produzir a própria energia de fonte renovável. Todavia, quase todas desconhecem que são parcialmente sustentadas pelos demais consumidores. Participam, assim, de um Robin Hood às avessas, ainda que involuntariamente.Há diversos outros subsídios que, tal como a GD, privatizam benefícios e socializam custos. Por isso, a conta de luz normal já não cabe no bolso dos consumidores mais humildes. Para esses existe a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), que beneficia com descontos tarifários cerca de 17 milhões de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita cadastradas no CadÚnico. Mais Esse benefício, também sustentado pelos demais consumidores através da CDE, custará neste ano R$ 5,6 bilhões. Equivale em média a R$ 27 por mês para cada família pobre, quantia que fica cada vez menos relevante para contrabalançar a crescente elevação das tarifas por efeito de subsídios que não são mais necessários, como o que beneficia a GD.O resultado desse descompasso tarifário é chocante: uma empresa ou família com recursos para aderir à GD recebe em média 14 vezes mais subsídios do que uma família carente com direito à TSEE. Subsídios são frequentemente criados por ação de grupos de interesse. Às vezes fazem sentido. Com o passar do tempo, quando não fazem mais, são mantidos e majorados pela ação desses mesmos grupos. Na direção contrária, o Congresso deveria aprovar medidas para diminuir —não para aumentar— o cipoal de subsídios desnecessários que manietam a produtividade do país. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-16 22:00:00
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Ingrid Lana diz que nunca se envolveu com Antony e que bateu a cabeça em encontro com jogador
A bancária Ingrid Lana publicou uma nova nota neste sábado (16) sobre o caso envolvendo o jogador Antony. Ela afirma que nunca se envolveu amorosamente com o craque do Manchester United e que não houve nenhum tipo de relação consensual com ele.A nota foi enviada ao F5 pelos advogados de Ingrid. Segundo o texto, ela está muito abalada psicologicamente.Na versão da bancária, ela já estava em Lisboa quando Emerson, o irmão de Antony, a convidou para ir até Manchester. Ela diz que estava "acreditando que trataria exclusivamente de negócios financeiros e nada além disso". Mais "No local Antony tentou beijar Ingrid Lana que de pronto negou. Mediante a negativa, o jogador a empurrou, momento em que a nossa cliente bateu com a cabeça na parede. Como já informado por Ingrid, ela nunca se envolveu amorosamente com o jogador Antony, nunca foi amante do mesmo, constituindo apenas uma relação de amizade", diz a nota, assinada pelo advogado de defesa, Marcelo Maluf."Pelo laço de amizade entre Ingrid e o jogador, no primeiro momento ela o defendeu das acusações que o próprio sofreu", afirma outro trecho da nota. "Contudo, após ter o conhecimento do que aconteceu com a outra mulher envolvida, Ingrid decidiu se pronunciar, ficando ao lado daquela. É plausível e aceitável a alteração do posicionamento de uma pessoa frente a qualquer situação ou aos seus pares, assim como fez a Ingrid."A nota volta a afirmar que nunca houve nenhum tipo de relação consensual entre Ingrid e Antony e que a intenção, no momento, é se afastar da história. "Até o presente momento, Ingrid Lana não tem nenhuma pretensão de processar o jogador Antony, sendo que a sua única intenção é desvincular a sua imagem com a do atleta e para isso, já estão sendo tomadas as providências cabíveis", finaliza.Procurado pelo F5, o advogado de Antony afirma que o jogador nega as acusações, inclusive de agressão, e que não irá comentar a nota.
2023-09-16 19:49:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/ingrid-lara-diz-que-nunca-se-envolveu-com-antony-e-que-bateu-a-cabeca-em-encontro-com-jogador.shtml
Para além de exercícios e alimentação saudável, leitores dizem como se preparam para a velhice
Nesta semana, a Folha perguntou aos leitores quais são as práticas que adotaram para se preparar para a velhice. Os assinantes citaram diversas ações que incluem as mais manjadas como o uso de protetor solar, os exames de rotina e as práticas esportivas, mas também buscas pessoais como evitar relações tóxicas, atualizar o conhecimento com cursos e desenvolver o lado artístico. Confira a seguir algumas das respostas.Fazendo exercícios, tentando ter amigos de longo prazo, comendo bem e investindo grana. Felipe Lima da Costa, 31 (Porto Alegre, RS)Faço terapia, evito relações tóxicas e planejo mudanças para um estilo de vida mais saudável. Silvia Regina de Almeida Negretti, 62 (Taboão da Serra, SP)Me levanto todos os dias às 5 horas da manhã, faço exercício até as 7h30, faço natação, não bebo, não fumo, tenho boa alimentação, acompanho minha saúde física e mental, tento me divertir, na medida do possível, tenho bom relacionamento com as pessoas, sou católico praticante, não deixo a peteca cair. Joaquim Pereira, 79 (São José dos Campos, SP)Aprendendo coisas novas, como cantar, mantendo minha saúde física em dia, com exercícios físicos 4 a 5 vezes por semana e praticando meditação para manter a saúde mental em boas condições. Financeiramente, procuro poupar para que possa desfrutar de uma velhice tranquila e com viagens constantes para conhecer lugares. Marcos Venturott Ferreira, 57 (Vila Velha, ES)Com uma educação continuada através de cursos de pós-graduação, fazendo atividade física frequente, acompanhamento médico, alimentação adequada, cercando-me de afetos da família e de amigos, mantendo as contas organizadas, controlando o stress com meditação, dança, caminhada e viagens. Sendo agradecida pela vida. Regina Lúcia Pereira de Assis Luz, 69 (Salvador, BA)Eu busco cuidar da minha pele e da minha saúde. Procuro estudar para assim ter uma velhice tranquila. Alícia Silva, 16 (Salvador, BA)Me reinventando, com atividade física, boa alimentação, leitura e atualização de conhecimento, retornando à criação artística, saindo, viajando, fazendo novos amigos. Marilena de Oliveira Costa Pini, 69 (São Paulo, SP)O cuidado mais atento com o corpo saudável demorou um pouco. Entrei na academia, procurei uma nutricionista. A bebida foi embora mais recentemente. Alexandrina Souza de Oliveira, 59 (São Paulo, SP)Prefiro viver mais enquanto o corpo está bem. Portanto, não vou me desgastar demais com carreira, trabalho e cuidados com a saúde que prolongam uma fase da vida que eu não queria prolongar. Vou ser feliz agora, porque se eu for esperar ter 65 anos para me aposentar e depois ir viver, creio que já vai ser tarde demais para fazer muita coisa. Troco um "futuro" que não faço questão por um presente mais animador. Janelso Rodrigues Sousa, 31 (Barueri, SP)Mantendo uma alimentação saudável e praticando exercício regularmente para evitar possíveis doenças e problemas de saúde, e guardando/aplicando meu dinheiro para aposentadoria para pagar um bom convênio médico e ter uma velhice sem muitas privações. Luísa Gonçalves Rosa Carbonell, 31 (São Paulo, SP)Reposição de vitaminas, hidratantes e protetor solar. Bruna Cristina Garcia, 38 (Cotia, SP)Cuidando basicamente da saúde, com alimentação no mínimo razoável, exercício (total 35 km de caminhada e 2,5 km de natação), precavendo-me quando possível em relação a finanças e mantendo a cabeça ativa dentro do possível. Vitor Luis Aidar dos Santos, 57 (Jaboticabal, SP)
2023-09-16 20:48:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/para-alem-de-exercicios-e-alimentacao-saudavel-leitores-dizem-como-se-preparam-para-a-velhice.shtml
Não se trata de casos isolados, diz leitor sobre a violência da PRF
Bala perdida "Morre menina de 3 anos baleada em ação da PRF no RJ" (Cotidiano, 16/9). A PRF tem demonstrado em vários episódios que não se trata de casos isolados, seus agentes demonstram sempre um tipo de reação carregada de violência, de uma tensão que transmite despreparo ou uma diretriz genocida que contaminou a corporação. Merece uma auditoria urgente nas políticas internas dessa corporação, para muito além do seu alinhamento ideológico que todos sabemos qual é. Josefina Martins (São José dos Campos, SP)Até quando vamos tolerar a ação de uma polícia que mata inocentes e permanece impune? Quanta dor será necessária para reagirmos? Raimundo da Silva Mesquita (Sorriso, MT)Cortesia "Justiça de SP suspende lei que obriga água gratuita em restaurantes do estado" (Comida, 14/9). Essa lei seria ótima se a água fornecida pelas concessionárias fossem realmente potáveis. Do jeito que as águas brasileiras chegam às torneiras, o dono do restaurante tem de comprar água mineral para poder servir com segurança. Roberto Rangel (Juiz de Fora, MG)Desigualdade "USP é a melhor universidade em ranking da América Latina; Unicamp está em 3º" (Educação, 13/9). Sensacional a liderança da USP no ranking das universidades da América Latina. Inaceitável que o ascensorista pague para que o filho do dono do prédio estude lá. Luiz Carlos de Souza (São Paulo, SP)Direito de doar "A doação presumida de órgãos deve voltar a vigorar?" (Tendências/Debates, 16/9). As deputadas devem levar em consideração os princípios individuais de liberdade dos cidadãos brasileiros em vida, não após a morte. E mesmo que seja possível ser contrário à doação inserindo tal informação em documentos, é um atraso burocrático dada a complexidade das instituições governamentais. Imagine a fila e o transtorno numa sociedade presa a crenças populares. Os interessados em doar que se manifestem intimamente, e não sob presunção. Matheus Adrian Cardoso de Queiroz (Espírito Santo do Turvo, SP)É um absurdo uma pessoa decidir doar os seus órgãos e ser contrariada por familiares. Que se crie um instrumento, como autorização em CNH, RG, passaporte ou outro que a burocracia digital possa inventar. O meu corpo morto ainda é meu. A vida agradece e continua. Maria Ester de Freitas (Guarujá, SP)
2023-09-16 21:14:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/nao-se-trata-de-casos-isolados-diz-leitor-sobre-a-violencia-da-prf.shtml
Homem é preso ao tentar invadir estábulo do Palácio de Buckingham
A polícia de Londres informou neste sábado (16) que prendeu um homem que tentava invadir os estábulos reais do Palácio de Buckingham."Às 1h25 de sábado, em 16 de setembro (21h25 de sexta-feira no horário de Brasília), agentes do Palácio de Buckingham interceptaram um indivíduo que escalava o muro para entrar nos estábulos reais", o Royal News, comunicou neste sábado (16) a Scotland Yard.O "homem de 25 anos foi detido por oficiais fora dos estábulos reais. Em nenhum momento o homem entrou no Palácio de Buckingham ou nos jardins do palácio", especificou a polícia. Mais Ele foi detido por "invasão de propriedade" e permanece preso em uma delegacia de Londres.Apesar da segurança reforçada, as tentativas de invasão no Palácio de Buckingham, residência real no centro de Londres, bem como no Castelo de Windsor, localizado a oeste da capital, não são poucas.O mais extraordinário aconteceu em 1982, em Buckingham, quando um homem, Michael Fagan, conseguiu entrar no quarto da rainha - que estava na cama.
2023-09-16 16:30:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/homem-e-preso-ao-tentar-invadir-estabulo-do-palacio-de-buckingham.shtml
Festival Chopin apresenta concertos, em São Paulo, com exímios pianistas
O Festival Chopin, que acontece desde 3 de setembro e será encerrado no dia 30, apresenta neste domingo (17), às 11h, no Theatro São Pedro, em São Paulo, o pianista polonês Kamil Pacholec.Kamil Pacholec, em 2016, venceu o 47º Concurso Nacional Polonês de Piano Fryderyk Chopin, em Katowice, na Polônia, abocanhando o prêmio de melhor execução de uma obra solo e de um concerto para piano de Chopin.Em 2018, o artista venceu o Concurso Internacional de Piano em Livorno, na Itália, recebendo o prêmio principal da Eppan Piano Academy, o "The Arturo Benedetti Michelangeli Prize", e foi semifinalista do 1º Concurso Internacional Chopin de Instrumentos de Época, em Varsóvia.No programa do concerto de domingo há composições de Leos Janacek, com "Sonata 1.X.1905"; Robert Schumann, com "Cenas da Floresta, op. 82"; e depois do intervalo; Frédéric Chopin, com "Polonaise em Fá sustenido menor, op. 44"; "Impromptu em Fá sustenido maior, op. 36"; "03 Mazurkas, op. 59" e "Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante, op. 22".Assista, a seguir, ao vídeo, no qual Kamil Pacholec se apresenta, em Varsóvia, no 18th Chopin Competition.Dando continuidade ao Festival Chopin, no domingo (24), às 11h30, o brasileiro Eduardo Monteiro toca com um quinteto de cordas na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em São Paulo. Em 1989 o pianista recebeu, por unanimidade, o 1º lugar no Concurso Internacional de Piano de Colônia, Alemanha, e prêmio de melhor intérprete de Beethoven. Monteiro toca com o quinteto do São Paulo Chamber Soloists formado por Alejandro Aldana, primeiro violino, Matthew Thorpe, segundo violino, Gabriel Marin, viola, Rafael Cesário, violoncelo, e Pedro Gadelha, contrabaixo.Encerrando o festival, no sábado (30), às 20h, terá a jovem pianista russa-armênia Eva Gevorgyan, no Teatro B32. Com apenas 19 anos, Eva rapidamente se estabeleceu como um dos talentos mais promissores no mundo pianístico. A artista tem 40 prêmios em concursos internacionais de piano e composição nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia e Rússia, incluindo o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Piano de Cleveland para Jovens Artistas. Nesta mesma competição, recebeu um prêmio especial pela melhor interpretação de Bach. Por sua performance da música de Chopin, Eva Gevorgyan foi agraciada com o Grand Prix no Concurso Internacional de Chicago e laureada no Concurso Internacional de Piano de Moscou e no Concurso da Orquestra Nacional da Rússia, em 2021.Assista, a seguir, ao vídeo no qual a talentosa pianista Eva Gevorgyan interpreta, de Chopin, "Scherzo no 4 op. 54".Bons concertos!FESTIVAL CHOPINARTISTA Kamil PacholecQUANDO Domingo (17), às 11hONDE Theatro São Pedro, r. Barra Funda, 171, Barra Funda, São Paulo, tel. (11) 3661-6600QUANTO Ingressos em https://feverup.com/m/135382/seatingARTISTAS Eduardo Monteiro e Quinteto do São Paulo Chamber SoloistsQUANDO Domingo (24), às 11h30ONDE Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, av. Morumbi, 4077, Morumbi, São Paulo, tel.(11) 3742-0077QUANTO Ingressos em https://www.concertosfmloa.com/ingressosARTISTA Eva GevorgyanQUANDO Sábado (30), às 20hONDE Teatro B32, av. Brig. Faria Lima, 3732, Itaim Bibi, São Paulo, tel.(11) 3058-9100QUANTO Ingressos em https://teatrob32.byinti.com/#/event/festival-chopin-eva-gevorgian
2023-09-16 12:47:00
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Concurso de miss 'ecológico' elege brasileira para ajudar a tornar o mundo verde
Na noite deste domingo (17), acontece em Taquari, no interior gaúcho, a coroação da nova Miss Eco Brasil. São 14 moças lutando pelo título, que vale vaga para disputar o mundial Miss Eco International, que deve acontecer no Egito, no início do ano que vem.As meninas estão cumprindo esta semana uma agenda de atividades culturais e turísticas, além de passarem por etapas de avaliação com a organização do concurso. Quem passa o posto nacional é a modelo paranaense Paula Assunção, 29, que ficou entre as 11 melhores do mundial, realizado em março. Mais Natural de Foz do Iguaçu (PR), Paula é uma veterana do mundo miss e hoje coleciona mais de dez títulos de beleza. Apaixonada por dança, ela também já foi bailarina, professora de balé e jazz e fez parte da seleção de ginástica rítmica de sua cidade natal.Nascido em 2015, o Miss Eco é conhecido por apoiar causas humanitárias, sociais e ambientais, tanto que seu lema é "Tornar o Mundo Verde". Podemos dizer que é um evento ESG, sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança –uma tendência bastante atual e forte no mundo corporativo em todo o planeta. As edições reúnem cerca de 50 candidatas de todo o mundo.A vencedora do mundial, embolsa US$ 10 mil (R$ 51 mil), sendo parte em dinheiro e parte em presentes e viagens, e tem a chance de receber um passaporte diplomático da ONU como embaixadora da Boa Vontade. A atual vencedora é vietnamita Nguyen Thanh Ha, que conquistou a oitava coroa do certame.Além dela, entre as vencedoras estão a eslovena Patricia Peklar (2015), a costarriquenha Natalia Carvajal (2016), a canadense Amber Bernachi (2017), as filipinas Cynthia Thomalla (2018) e Kathleen Paton (2022), a malaia Amy Tinie Abdul (2019) e a sul-africana Gizzelle Mandy (2021). Em 2020, não houve concurso por conta da pandemia de Covid-19.No Brasil, quem atualmente dirige a licença da competição é o gaúcho Maurício Oliveira, que trabalha com concursos de beleza desde 2014. Segundo ele, a equipe nacional tem mais de 20 parceiros e profissionais de diferentes áreas, que ajudarão na preparação da nova miss para o Egito.Candidatas Miss Eco Brasil 2023:Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-16 11:57:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/concurso-de-miss-ecologico-elege-brasileira-para-ajudar-a-tornar-o-mundo-verde.shtml
A doação presumida de órgãos deve voltar a vigorar? SIM
O Brasil acompanhou a angústia do apresentador Fausto Silva à espera de um transplante cardíaco. Era caso urgente. Felizmente, o órgão foi recebido de maneira célere, seguindo os critérios legais de priorização.Para minimizar essa espera, apresentamos na Câmara dos Deputados, em abril deste ano, o projeto de lei 1.774/2023, que prevê o consentimento presumido para doação de órgãos no Brasil. Nossa principal intenção é diminuir a fila para doação, que atualmente soma 65 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. Este número é um dos maiores dos últimos 25 anos. Dessas, 386 estão à espera de um coração, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).Nossa proposta altera a lei 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. A matéria tramita com pedido de urgência e ganhou força nesta semana com o apoio público da esposa do apresentador Faustão, Luciana Cardoso, e do filho João Silva. Eles estiveram em Brasília fazendo coro à proposta, sensibilizando os parlamentares.Segundo o projeto de lei, aquele cidadão que não desejar dispor de seus órgãos deverá registrar em documento público de identidade. A manifestação de vontade pode ser alterada e comunicada ao SNT a qualquer momento. Quando houver mais de uma manifestação de vontade, prevalecerá a mais recente. Se o potencial doador não tiver documento de identidade, caberá à família decidir. Quando for menor de 16 anos ou pessoa com deficiência mental, necessitará de autorização prévia de parente. Atualmente, a lei exige autorização de cônjuge ou parente maior de idade, até o segundo grau, para a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes.O Brasil é referência no assunto. Somos o segundo maior transplantador do planeta em números absolutos, ficando atrás apenas dos EUA. Mais Segundo o governo federal, no primeiro semestre deste ano foram realizados 206 transplantes de coração no país. O número representa um aumento de 16% na comparação com a primeira metade de 2022, mas ainda é muito aquém.Existe uma única lista de transplantes no país, gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Todas as pessoas que precisam de uma doação vão para essa mesma fila. Dados do SNT mostram que, depois do rim, a fila é maior por córneas, fígado, pâncreas e coração.Desde a pandemia, o país enfrenta uma situação crítica na área de transplantes. Levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que, no ano passado, no estado de São Paulo, 214 entraram na fila de espera por um coração, mas 43 morreram antes do transplante —uma taxa de mortalidade de 20%. No Brasil, das 432 pessoas que entraram na fila de um coração novo, 105 (24%) morreram antes de receber o transplante. Mais Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante rápido e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo SNT.No Parlamento, há atualmente 57 projetos de lei que tratam da doação de órgãos no Brasil. A maioria deles pretende deixar explícita a vontade de quem deseja doar órgãos. Como parlamentares, iremos lutar para que nossa proposta tenha apoio necessário dos deputados e senadores e seja aprovada, o quanto antes, para reduzir a fila e salvar mais vidas.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-15 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-doacao-presumida-de-orgaos-deve-voltar-a-vigorar-sim.shtml
Use com moderação
Faz parte da sabedoria ancestral acautelar os poderosos para que utilizem de suas prerrogativas com parcimônia. Na tradição, a maldição divina ameaçava com desgraças os que cometiam excessos. Nas democracias modernas, a arquitetura dos Poderes independentes pratica a função fiscalizadora.Esse arranjo institucional legitima todas as decisões e resolve a maioria dos conflitos, mas não todos eles. Considere-se, na organização política brasileira, a atribuição do Supremo Tribunal Federal de deter o monopólio da palavra final em matéria de aplicação da lei.A faculdade dos 11 ministros de "errar por último", como dispõe o chiste, por vezes transforma julgamentos da corte, como o que corre sobre acusados pelo ato antidemocrático de 8 de janeiro, numa linha de fronteira com o descomedimento. Evitar cruzá-la depende sobretudo do bom senso e da diligência dos próprios juízes.Faz disparar um alerta a esse respeito a fotografia das três primeiras condenações, com penas que variam de 14 a 17 anos de prisão.A exposição das provas, em meio ao contraditório, deixa poucas dúvidas sobre a participação dos três nas invasões e depredações daquele domingo. A motivação política dos réus de derrubar o governo legitimamente eleito, embora inexequível, também foi convincentemente arguida pela Procuradoria.A extensão das penas, contudo, está desalinhada do papel subalterno desempenhado pelos acusados naquele evento. Nenhum deles exerceu relevante função de liderança, financiamento ou organização no ataque vândalo. São réus mal remediados, ademais pessimamente defendidos por advogados oportunistas e desqualificados.O risco é o Supremo pôr-se a demonstrar força contra "bagrinhos" e deixar para depois, à sombra da incerteza, a responsabilização dos peixes grandes, capazes de custear bancas advocatícias de prestígio e apoiar-se em redes de influências.Não ajuda a afastar esse risco o fato de o ministro Dias Toffoli, em decisão recente e independente, ter favorecido a derrubada de provas de corrupção da Lava Jato que lastreiam indenizações bilionárias ao erário, além de ações judiciais e administrativas contra plutocratas.A corte constitucional e seus ministros foram alvos constantes do autoritarismo de Jair Bolsonaro (PL) enquanto ele governou. O tribunal destacou-se na defesa do Estado democrático de Direito e precisa agora dar uma resposta firme aos amotinados do 8 de janeiro, para que a aventura não se repita.Essa resposta, entretanto, não pode se confundir com acerto de contas políticas nem recair em exageros de punição. A democracia brasileira é pujante e prescinde de vingadores para assegurá-la.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-15 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/use-com-moderacao.shtml
O CDI não pode ser meta de rentabilidade mínima em seus investimentos
A maioria dos investidores persegue o CDI como retorno alvo de seus portfólios. Entretanto, ele não atende aos critérios necessários de uma meta atuarial. Portanto, aqueles que usam esta estratégia correm sério risco de não atingirem o objetivo desejado.Primeiro vamos entender o que é a meta atuarial, pois percebi que este conceito não é comum a todos.Meta atuarial é um termo, usualmente, utilizado no mercado previdenciário.No ambiente previdenciário, existe um passivo representado pelo conjunto de fluxos de caixa devidos ao beneficiário de aposentadoria. Também existe um ativo, formado pelos investimentos que devem atender àquele passivo futuro.No escopo individual, seu passivo é formado pelo seu conjunto de objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo. Já os ativos são todos os seus investimentos financeiros e imobiliários.A meta atuarial é a rentabilidade mínima ou requerida que faz com que o ativo seja capaz de honrar os fluxos necessários aos seus objetivos.Depois de meu último artigo, recebi alguns e-mails de leitores questionando qual deveria ser a meta atuarial a utilizarem.Alguns leitores perguntaram se o CDI poderia servir como esta rentabilidade mínima.O CDI não é adequado como meta atuarial. Portanto, também não é um indicador interessante para avaliação de seu portfólio no longo prazo.O CDI é um indicador financeiro que pode, como já vimos no passado recente, ter rentabilidade tão baixa quanto 1,9% ao ano, ou seja, significativamente menor que a inflação.Portanto, não é possível dizer quanto o CDI deve apresentar retorno acima do IPCA no futuro.Uma meta atuarial deve ser uma rentabilidade acima de um indicador que mensure a perda de poder de compra do dinheiro, ou seja, acima da inflação. Isso ocorre, pois tudo o que você planeja como custo, no futuro subirá de valor com a inflação. Logo, se o ativo sobe apenas a inflação, ele não está adicionando valor, mas apenas recuperando a perda de valor do dinheiro.Assim, sua meta atuarial e indicador para avaliar o desempenho de sua carteira deve ser uma taxa de retorno acima do IPCA.Adicionalmente, com o CDI não é uma taxa conhecida e fixa possível de se estabelecer cálculo para longo prazo. Não se conhece quanto será o CDI em 2 anos. Ele pode cair para 8% ao ano e comprometer um cálculo que considerava um ganho de juros real por 20 anos. Logo, o CDI também é inadequado neste critério.A rentabilidade meta deve ser estimada para um longo horizonte tendo em vista, seu patrimônio atual, seus objetivos financeiros e sua capacidade de poupança periódica. Ou seja, a meta atuarial pode ser encarada como a taxa mínima que faz com que seu planejamento financeiro seja coerente e precisa ser conhecida para ser perseguida.Caso você não tenha um planejamento financeiro, ainda assim, você pode e deve definir uma meta mínima para seus investimentos. Também neste caso, o CDI continua inadequado como métrica para o longo prazo, pois ele não garante que você terá retorno suficiente para cobrir a inflação.Como regra geral, se você deseja ser conservador na definição de sua meta, considere uma taxa equivalente a 80% da taxa de juros real, ou seja, acima da inflação atual. Portanto, uma taxa de 4% acima do IPCA pode servir àqueles mais conservadores.Para os mais arrojados, é possível utilizar um rendimento de 20% acima da taxa real de títulos públicos. Assim, IPCA+6% ao ano poderia ser um rendimento objetivo mínimo.Como exemplo, no Brasil, muitas entidades de previdência privada possuem metas atuarias de 4,5% ao ano acima da inflação.Conforme escrevi no passado, o principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa e o principal índice de ações americano, o S&P 500, apresentaram nos últimos 20 anos retorno real, ou seja, acima de suas respectivas inflações de menos de 5,5% ao ano. Isso já considerando dividendos.Atualmente, há muitos títulos de renda fixa privados, como CDBs, debêntures, CRIs e CRAs com rendimento acima de IPCA+6% ao ano. Portanto, vivemos um ambiente interessante para travar na renda fixa um retorno de longo prazo capaz de superar sua meta atuarial.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-15 22:24:00
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Cantora Bia Goes faz show neste sábado em São Paulo
A cantora, compositora e professora Bia Goes apresenta neste sábado (16), às 21h, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, o show de seu álbum "Nosso Chão".Há muito que Bia Goes tem a música como sua companheira de vida. Além de professora de canto popular no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP), a artista é filha da exímia pianista e arranjadora Silvia Goes e do multi-instrumentista e compositor Arismar do Espírito Santo, pais do contrabaixista, compositor e também arranjador Thiago do Espírito Santo.No show de sábado Bia será acompanhada por seu marido, Ricardo Valverde (vibrafone e direção musical), Cauê Silva (percussão) e Marcos Paiva (contrabaixo), contemplando ritmos brasileiros e zuelas (cantigas) aprendidas no candomblé Angola, que retratam a beleza do canto para os orixás."Nosso Chão" (2022) é o terceiro álbum lançado pela cantora que anteriormente gravou "Bia Goes - Todo Mundo Quer Dançar Baião" (2013) e "Três em 3x4" (2011). Trabalhos que foram mostrados em shows realizados no Brasil, Itália e Portugal com muito sucesso.Bom show!SHOW ‘NOSSO CHÃO’ARTISTA Bia GoesQUANDO Sábado (16), às 21hONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo, tel. (11) 2076-9700QUANTO De R$ 12 a R$ 40
2023-09-15 19:15:00
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Leitores lamentam morte de Fernando Botero
Fernando Botero "Morre Fernando Botero, pintor de figuras gordas que desafiou padrões de beleza" (Ilustrada, 15/9). Um gênio maravilhoso, sua pintura revolucionou as artes plásticas. Que tristeza. A cultura mundial está de luto. Maria Antonia Di Felippo (Santo André, SP)Botero e Gabriel García Márquez são símbolos de uma época de ouro da cultura colombiana. Carlos Oliveira (São Paulo, SP)Condenação "STF condena a até 17 anos de prisão primeiros réus julgados por ataques golpistas de 8/1" (Política, 14/9). Além do caráter pedagógico, a condenação a duras penas de três réus por crime de golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria de votos, dá um claro recado àqueles que ousam atentar contra o Estado Democrático de Direito. A sociedade brasileira comprometida agradece. Geraldo Tadeu Santos Almeida (Itapeva, SP)Governo "Datafolha: Lula tem aprovação estável de 38%, e reprovação sobe para 31%" (Política, 14/9). Eleitores da esquerda estão de orelha em pé com a agenda liberal de Haddad. Funcionalismo, educação e setores mais vulneráveis do país, que formam a base do PT/Lula, estão com sentimento de que foram deixados de lado por uma agenda que não foi a apresentada nas eleições. Matias Santos (Acopiara, CE)Lula e Bolsonaro são os piores. O povo conhecia as fichas e mesmo assim votou neles. Não há mérito em aceitar a corrupção, qualquer que seja o lado. O futuro do país está comprometido e vamos pagar caro pelas más escolhas. Matheus Teodoro Silva Filho (Curitiba, PR)Temos ainda o efeito comparativo com o governo anterior. Se fosse olhar só a economia, teria que ter maior aprovação. Se fosse comparar com o governo anterior, mais ainda. Mas a resistência dos bolsonaristas, que são em grande número, atribuindo qualquer problema ao PT, mesmo coisas não resolvidas pelo seu mito, vai continuar puxando para baixo a aprovação por um bom tempo. Maria José de Araujo Costa (Santos, SP) Mais País dividido "Datafolha: Polarização entre petistas e bolsonaristas segue intacta quase 1 ano após eleição" (Política, 14/9). Para mim, particularmente, não vai acabar, porque quem é adepto dos valores bolsonaristas eu quero muito longe de mim. Porque vai muito além da política, é questão de visão de mundo, de caráter. Não sinto a menor falta das pessoas com quem rompi e não tenho a menor intenção de tê-las novamente em meu círculo de amigos. Inclusive familiares. Marli Miranda Vieira (São Paulo, SP)Bolsonaro, Lula e seus respectivos seguidores têm muito em comum e estão unidos no nefasto bolsopetismo. O bolsopetismo é altamente nocivo para o país e há uma total falta de esperança de que algo possa melhorar. Jorge Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ) Bagagem cultural "Advogado confunde ‘O Pequeno Príncipe’ com ‘O Príncipe’ em julgamento do 8/1; entenda" (Política, 15/9). Se ele confunde "O Príncipe" com "O Pequeno Príncipe", imagina que livro ele deve estar lendo pensando que é a Constituição ou o Vade Mecum para "aprender" sobre direito. Joao Victor de Oliveira Pontes (Fortaleza, CE)Excelente reportagem, além da referência correta de Discorsi, o jornalista brinca com os temas dos dois livros. Marina Lisboa de Mello (Belo Horizonte, MG)Administração "Cuba diz que não tem como pagar dívida com Brasil e pede flexibilidade de governo Lula" (Mundo, 14/9). Por ingenuidade ideológica ou má-fé o Brasil emprestou dinheiro dos brasileiros a Cuba, cientes que esse país não tem/tinha capacidade para honrar seus compromissos. Ficamos no prejuízo com a eterna justificativa de bloqueio ao país. Era previsível. Uma falha gritante da administração federal. Ângela Luiza S Bonacci (São José dos Campos, SP) Mais Ordem na medicina "Após CFM liberar selfies, médicos atendem com dancinhas do Tiktok" (Flávia Boggio, 13/9). Vergonhosa esta atitude do CFM assim como o foi, conjuntamente aos CRMs, a respeito da liberdade dos médicos ao receitarem medicamentos para tratamento da Covid sem qualquer amparo científico. Representantes do CFM e CRMs deveriam ser investigados pelo MPF para serem devidamente responsabilizados pelos danos coletivos na área de saúde pública caso haja necessidade. Eduardo Passos (São Paulo, SP)
2023-09-15 19:07:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/leitores-lamentam-morte-de-fernando-botero.shtml
Mister International 2023: Modelo com cidadania nigeriana defende o Brasil; veja os 36 candidatos
No próximo domingo (17), acontece em Bancoc, na Tailândia, a 15ª edição do Mister International. Quem defende o Brasil no mundial masculino é o modelo e professor de inglês Edward Taiye Ogunniya, 32, que foi um dos finalistas do Mister Brasil CNB 2023.O grupo de 36 candidatos do mundo todo já está confinado no país asiático, onde participam de provas preliminares e cumprem uma agenda de compromissos de divulgação.O show da final será transmitido ao vivo pelo Youtube, e deve exibir desfiles em trajes típicos, de banho e gala, além da tradicional pergunta no palco para os finalistas. Na ocasião, quem se despede do posto mundial é o modelo Emmanuel "Manu" Franco, 22, titular de 2022 e primeiro vencedor da República Dominicana no concurso. Mais O Brasil já venceu a disputa em duas ocasiões: a primeira em 2007, com Alan Martini, e a segunda, em 2011, com Cesar Curti. Se vencer, portanto, Edward quebra um jejum de 12 anos sem vitórias brasileiras.Natural de São Paulo, o rapaz tem também cidadania nigeriana, pois seu pai é nascido no país africano. Além de Brasil e Nigéria, Edward já morou também na Alemanha e no Egito. Por aqui, ficou um tempo em Manaus, por isso representou o estado do Amazonas na competição nacional. Uma curiosidade sobre o Mister Brasil, é que ele tem um irmão gêmeo não-idêntico.O Mister International foi criado em 2006 pelo empresário Alan Sim, de Singapura, e é considerado um dos principais concursos mundiais de beleza masculina em atividade. O vencedor trabalha com a organização, participando, ao longo do ano, de eventos, trabalhos sociais, de modelo e publicidade.Além de Franco, entre os últimos vencedores estão o vietnamita Trịnh Bao (2018), o coreano Seung Lee (2017), o libanês Paul Sakndar (2016), o suíço Pedro Mendes (2015) e o filipino Neil Perez (2014). Vale lembrar que em 2019, 2020 e 2021 não houve concurso por conta da pandemia de Covid-19.Os concursos de beleza masculinos ganharam visibilidade nos anos 1990, com o surgimento do Manhunt International (1993) e do Mister Mundo (1996). Depois vieram o Mister International (2006) e o Mister Global (2014). Já em 2016, essa indústria se movimentou com o surgimento do Mister Supranational.O Concurso Nacional de Beleza (CNB), comandado pelos irmãos Henrique e Marina Fontes, elege o Mister Brasil CNB desde 2007 e é responsável por enviar representantes brasileiros a todos estes cinco eventos. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-15 15:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/mister-international-2023-modelo-com-cidadania-nigeriana-defende-o-brasil-veja-os-36-candidatos.shtml
É preciso não depender das big techs, afirma pesquisador de plataformização do trabalho
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) apontam que o Brasil tem ao menos 1,7 milhão de trabalhadores na economia de plataforma [gig economy, no termo em inglês], ou seja, que trabalham para apps de entregas e de transporte por aplicativo, dentre outros.A pandemia e a crise econômica aumentaram esse número, que é subdimensionado, uma vez que há trabalhadores "invisíveis" em fazendas de cliques ou de treinamento de ferramentas de inteligência artificial.Em maio deste ano, o governo criou um grupo de trabalho para discutir a regulamentação das atividades por aplicativos de entrega e transporte, como iFood, Uber, 99 e outros.Após quatro meses de negociação, não se chegou a um consenso. Em reunião nesta terça-feira (12), representantes dos profissionais de entrega deixaram o local em discordância com as propostas apresentadas pelas empresas. Há ameaças de paralisação.O #Hashtag entrevistou o pesquisador Rafael Grohmann, professor de Estudos Críticos de Plataformas da Universidade de Toronto, no Canadá, especialista em plataformização do trabalho e que integrou conversas desse grupo de trabalho."Eu não tenho esperança de que a gente vai conseguir uma regulação adequada. O lobby das empresas, que envolve a estratégia de comunicação, a limpeza de imagem, as portas giratórias [funcionários de empresas no governo], é muito forte em termos de levar a opinião pública para o lado delas", afirma.Grohmann é líder do DigiLabour e do Observatório do Cooperativismo de Plataforma e pesquisador do projeto Fairwork, que lançou um relatório no mês de julho sobre as condições de trabalho no Brasil.O que o projeto Fairwork constatou? O projeto Fairwork avalia 38 países com o princípio de trabalho decente. A América Latina é a pior região na pontuação das plataformas. Isso ressoa nas ruas, nos debates em relação à regulamentação, especialmente na remuneração, do quanto não se considera os custos para o trabalho, como internet e manutenção de veículos.O tempo de espera é uma discordância entre o que pensam os trabalhadores e o que pensam as empresas. Para as empresas conta só o tempo efetivo que o trabalhador começa uma corrida e o momento que termina. Para os trabalhadores o tempo que ficam esperando conta como tempo de trabalho, afinal, têm que estar disponível.Qual é o perfil desses trabalhadores? Existem diferentes perfis, a depender do setor e do país. No Brasil, por exemplo, os entregadores em geral são jovens, negros, homens. No trabalho doméstico, mulheres, que também são maioria nas fazendas de cliques e nas anotações de dados para inteligência artificial.Trabalhadores e motoristas são a ponta do iceberg da plataformização do trabalho, que envolve quem trabalha na casa de outras pessoas, anotação de dados para inteligência artificial, revisão de conteúdo, fazendas de cliques, entre outras.Influenciadores e criadores de conteúdo também dependem das plataformas. Há um movimento das trabalhadoras sexuais. No Brasil se fala muito do Only Fans. A plataformização do trabalho vale para toda atividade, independente da plataforma. Em termos geopolíticos, a gente tem observado que a maior parte das plataformas são do Norte e a maior parte dos trabalhadores, do Sul.No começo do ano, quando o ChatGPT tinha acabado de ‘viralizar’, descobriu-se que a OpenAI usava trabalhadores no Quênia para treinar a ferramenta, pagando menos de dois dólares por hora. Já vinha há algum tempo esse reconhecimento de que a inteligência artificial não era tão artificial, que dependia de trabalho humano. Não dá para dizer que é inteligente um algoritmo com um carro automático que atropela mais pessoas negras do que brancas por racismo algorítmico.Está vindo do Quênia o primeiro sindicato dos moderadores de conteúdo. Tem algo acontecendo em termos de como os trabalhadores estão se organizando. A Amazon Mechanical Turk, que é a plataforma mais conhecida de anotação de dados para IA, criada pelo Jeff Bezos em 2005, reconhecia que há trabalhadores humanos na inteligência artificial. Isso resultou no sindicato dos trabalhadores da Amazon. Mais O ano de 2023 ficará marcado como o da popularização da inteligência artificial. Qual o impacto disso?Antes era uma questão de nicho e agora massificou essa preocupação de quem são esses trabalhadores. No Brasil, por exemplo, os que alimentam inteligência artificial não estão contemplados na regulação do trabalho por plataformas. O governo federal está focado em entregadores e motoristas. Ou se dá condições para eles executarem o trabalho de maneira digna ou isso vai trazer bancos de dados de IA cada vez piores.O quanto a gente imagina que a IA funciona como algo perfeito tem a ver com certo imaginário quase hollywoodiano, desde os "Jetsons" até "Her" [filme de 2013 com Joaquin Phoenix], de como a mídia acaba criando uma visão distorcida de IA. Tem um site muito legal chamado Better Images of AI [imagens melhores de IA, em tradução livre], que reconhece que a maior parte das imagens de IA são irrealistas, e se compromete a criar uma imagem mais realista sobre IA. Isso ajuda no processo de popularização, de saber como as coisas funcionam.Qual o cenário da regulação dessas plataformas hoje?No Brasil, a primeira questão é como se enquadra, porque tem a regulação das plataformas de mídias e a regulação do trabalho de plataformas. A segunda questão é conceitual.Plataformas são empresas, não é só uma questão tecnológica ou de intermediação, mas de subordinação e controle de trabalhadores. No Brasil, criou-se um GT [grupo de trabalho] entre governo, trabalhadores e empresas para discutir essa questão e tentar chegar a consensos. Mas esses consensos não estão sendo criados. Tem muita pressão, principalmente por parte das empresas, para ficar numa regulação mínima, ou que seja focada numa questão previdenciária, sem entrar em direitos trabalhistas.Eu não tenho esperança de que a gente vai conseguir uma regulação adequada. O lobby das empresas, que envolve a estratégia de comunicação, a limpeza de imagem, as portas giratórias [funcionários de empresas no governo], é muito forte em termos de levar a opinião pública para o lado delas.Há alternativas além da regulação?A gente tem batalhado para dizer que a regulação é importante, mas não basta. É preciso construir circuitos para não depender das big techs, que têm sido chamados de cooperativismo por plataforma [ou plataformas controladas por trabalhadores, ou plataformas alternativas]. Tem acontecido isso no mundo todo, desde plataformas de streaming cooperativas até federação de cooperativas de entregadores de aplicativos na Europa compartilhando o mesmo software para ser atendido pela cooperativa.Algumas cidades, como o Rio de Janeiro, têm criado seu próprio Uber. Isso é uma solução?Há um certo fetichismo tecnosolucionista "vamos criar um aplicativo e a gente resolve os problemas da nossa cidade". Não é assim que as coisas funcionam.É preciso pensar o papel do Estado em relação ao apoio ao cooperativismo de plataforma. Não é o Estado tendo propriedade dessa plataforma, mas em como ele pode impulsionar essa questão. Um dos problemas da economia de plataforma é o efeito de rede, que as pessoas vão todas para um aplicativo só.A resposta cooperativa para isso não é cada um tendo seu próprio aplicativo, mas construir federações e infraestruturas compartilhadas. O Brasil pode ser pioneiro. O mundo todo está discutindo regulação e pouca gente está discutindo alternativas que não dependam de big tech. E o país tem um histórico forte em economia solidária, cultura livre, software livre, não está nascendo em terra arrasada, tem um parque tecnológico gigantesco nas universidades públicas.E como está a organização dos trabalhadores?Essa organização é sempre complexa e contraditória. Um exemplo é as fazendas de cliques, um setor com trabalhadores na informalidade. As pessoas descobriam essas plataformas por meio de canais no YouTube, com coaches com o discurso de "ganhe dinheiro fácil". Certo dia um desses coaches fez um vídeo convocando uma greve. Isso mostra que onde não há nenhuma organização surge uma.Num momento de plataformização dos protestos, você tem uma série de mobilizações de trabalhadores com muito barulho, mas não necessariamente resulta em organização de trabalhadores, algo que é mais lento, mais invisível. Existe um desafio de como se pensar um sindicalismo renovado e de como reconhecer as diferentes formas de organização de trabalhadores para além dos sindicatos tradicionais, que foi emergindo nos últimos anos, como coletivos e associações.RAIO-XRafael Grohmann, 35, natural de Guaratinguetá (SP). É professor de Estudos Críticos de Plataformas da Universidade de Toronto, no Canadá. Atualmente coordena projetos sobre plataformas de propriedade de trabalhadores e interseccionalidades na América Latina e sobre políticas públicas para plataformas e economia solidária na América Latina. É autor dos livros "Os Laboratórios do Trabalho Digital" (Boitempo, 2021) e "Trabalho por Plataformas Digitais: uma introdução crítica" (Edições Sesc, no prelo).
2023-09-15 11:19:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/09/e-preciso-nao-depender-das-big-techs-afirma-pesquisador-de-plataformizacao-do-trabalho.shtml
O golden shower de Otaviano Costa e Flávia Alessandra
Dia desses perguntei sobre golden shower num grupo de zap e a minha amiga toda ligada nos fetiches avisou: "Mijo é o novo pack do pezinho". Ela me garantiu, com seu faro para tendências de putaria, que a chuva dourada vem caindo no gosto do povo, tal qual a podolatria há um tempo atrás. Estava certa.Quando celebridades começam a falar despudoradamente de alguma coisa é porque ela está virando o novo normal. Essa semana, o reconhecido e reconhecível casal Otaviano Costa e Flávia Alessandra, junto há 17 anos, confessou curtir a prática.Dias depois, ele desmentiu, e disse que o comentário não passou de brincadeira. Se era só um gracejo mesmo ou se o desmentido foi porque o fetiche não pega muito bem com anunciantes, é um mistério. Ainda assim, eles jogaram um holofote sobre o tema. Mais Quando se fala disso, lembro do meu amigo Pedro contando que, há uns cinco anos, foi na mítica balada eletrônica Berghain, em Berlim, e havia um homem careca com roupas de couro que ficava a noite toda ajoelhado do lado de um mictório dizendo "mija na minha boca, mija na minha boca" e volta e meia alguém mijava. "Tá pra nascer terapeuta capaz de analisar aquele cara", disse o Pedro, pouco antes de perceber que cenas como essa são relativamente comuns em Berlim —e talvez sejam até recomendadas pelos psicólogos, ainda que não pelos infectologistas.Esse peculiar relato da noite é um exemplo extremo da ENTREGA que está por trás do ato de dar ou receber uma mijada em outra pessoa. Afinal, tem que se entregar demais para o desejo para querer ficar tanto tempo de joelhos pedindo urina em uma das mais badaladas festas alternativas do mundo. Como a urina não é estéril e pode ser veículo de infecções, é melhor não se jogar tanto assim.O cara da balada queria ser consagrado pelo mijo alheio, de uma forma bastante literal (e arriscada). Estava ali, no chão, implorando que algum ser superior tivesse a deferência de mijar nele. "Sabe quando um padre está dando a bênção e joga aguinha na galera? Pra mim as duas coisas estão muito próximas", diz Mariana, uma moça que descobriu que gosta de fazer xixi em homens durante seu primeiro namoro.Ela se sente numa posição de superioridade, de ídola que, de vez em quando, concede seu amor líquido para um fiel. Notei isso aí no papo do Otaviano, que ficou minutos dizendo como venerava o corpo da parceira, como se ela fosse uma deusa. Mesmo que ele não beba o xixi, dá pra ver que ele valoriza cada centímetro daquela mulher. Adoraria dizer para as leitoras não se contentarem com menos que isso, mas se forem colocar a régua nesse nível é capaz de nunca mais pegarem ninguém na vida.Já Rafaela, que curte BDSM e é dominadora, tinha um namorado submisso muito obediente e percebia a mesma relação de reverência. Ele fazia todas as tarefas domésticas, gostava de apanhar e de fazer tudo que ela mandasse. "Eu o mandava deitar no box, pisava na cara dele, pois ele era extremamente podólatra, e mijava no corpo todo". Ela conta que isso a fazia sentir-se adorada, afinal, ele queria sorver tudo que era dela, ficava com tesão quando ela esfregava sua lubrificação natural no corpo dele, cuspia nele, enlouquecia de prazer com o xixi dela.Fora do âmbito do fetiche mais intenso, recebi o relato de um rapaz que fez tudo parecer fofo e muito terno. Ele um belo dia sonhou que estavam fazendo xixi nele e ficou encucado, pesquisou, teve vontade e pediu para sua namorada. Curtiu desde o primeiro momento. Ele fala que adora ver a cara de tesão e alívio da parceira depois que ela mija."A gente está compartilhando um momento super íntimo da outra pessoa. Fora que é morninho e, se a pessoa está bem hidratada, não tem gosto nem cheiro forte, acho gostosa a sensação física de levar o banho". Já um outro contou que adora a visão e a sensação que tem: "curto ver o líquido saindo da uretra e escorrendo pela buceta, os lábios se mexendo, gosto de sexo oral e sempre me liguei muito nos fluidos".Isso me remeteu para outra história antiga. Minha amiga que se envolve rápido havia se envolvido rápido com um cara que não se envolveu tão rápido quanto ela e, depois de alguns encontros, deu um perdido. Ela chorava, chorava, e me dizia: "Como assim ele sumiu? Ele mijou no meu pé no banho!". Pois então, essa mijadinha afetiva que um parceiro dá no pé do outro durante um banho a dois não chega a ser um golden shower, mas é um sinal de intimidade e vulnerabilidade —porém convém não presumir que seja um pedido de namoro.Agora, algumas dicas para aqueles que ficaram curiosos e querem tentar. O local mais comum para a chuva dourada é o box do chuveiro mesmo. Afinal, tem ralo, água corrente e não suja os lençóis. Outro nome para a prática é water sports ou esportes aquáticos, e deve ser preferencialmente realizada com parceiros com quem se tem intimidade, principalmente se existe o desejo de engolir o mijo.A urina pode conter sangue e bactérias e é melhor evitar o contato dela com os olhos. Beber bastante água faz com que o cheiro fique mais suave, o que é da preferência de alguns recebedores. Se fizer e gostar, me conta!Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-09-15 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/09/o-golden-shower-de-otaviano-costa-e-flavia-alessandra.shtml
Filipe Toledo foi impecável surfando em casa
Trestles na Califórnia foi mais uma vez o palco da grande decisão do título mundial de surfe.Filipe Toledo surfando em casa não teve dificuldade em conquistar seu segundo título mundial. Durante todo o ano o brasileiro mostrou que estaria entre os cinco finalistas na busca pelo título. Terminou em primeiro lugar no ranking geral e chegou em Trestles com a vantagem de aguardar quem seria seu adversário na grande final.Jack Robinson (5) e João Chianca (4) fizeram a primeira disputa e o Brasileiro mostrou que tem surfe para estar entre os melhores e venceu a bateria.Na sequência o adversário foi Ethan Ewing (3) que vinha de uma recuperação após uma lesão sofrida na etapa de Teahupoo. O australiano com um surfe polido e com grandes manobras de borda derrotou Chianca e avançou.O Próximo adversário de Ethan Ewing foi o local Griffin Colapinto(2). Esperava-se um grande duelo entre os dois, a torcida americana estava uniformizada e Griffin apareceu no meio da torcida minutos antes da sua bateria, levando a praia a loucura. Mas Ethan estava encaixado nas ondas de Trestles e venceu a disputa. Então estava desenhado a grande final: Filipe Toledo x Ethan Ewing.O grande campeão seria conhecido através da disputa na melhor de três baterias.A primeira bateria da grande final foi dominada por Filipe que o tempo todo controlou o adversário e fez uma somatória de 14,27 contra 12,37 do australiano.Na segunda bateria Ethan estava pressionado pois necessitava ganhar essa bateria para forçar uma terceira disputa. Mas, o australiano não teve folego para vencer Filipe que mostrou um profundo conhecimento do pico e venceu a segunda bateria também, sagrando-se bicampeão mundial.Filipe estava tranquilo e relaxado, com certeza o título de 2022 tirou um peso enorme das suas costas. Surfou o ano todo com alegria, pode mostrar um enorme repertório de manobras e não deixou nenhum questionamento sobre o seu surfe e se merecia ou não o título. Foi dominante nas ações e cirúrgico quando precisou. Continua sendo o surfista a ser batido e pode esperar que no próximo ano ele estará novamente disputando o título.No feminino a nova geração chegou e parece que teremos uma troca de guarda interessante.A jovem americana Caroline Marks desbancou as campeãs mundiais Tyler Wright e Carissa Moore para ficar com seu primeiro título mundial.Parece que chegou a hora da nova geração tomar o espaço das veteranas, com um surfe mais agressivo e inovador essa geração vai ganhando espaço e puxando os limites da categoria.O Surfe feminino está pronto para alcançar novos patamares. Vale ressaltar que a WSL tem uma grande participação nesse crescimento merecido do surfe feminino. A empresa igualou as premiações com a categoria masculina, recentemente também optou por seguir as mesmas etapas onde eram disputadas as etapas masculinas, como Pipeline e Teahupoo. Essas etapas acontecem em ondas de consequência e são muito perigosas. Com isso, as meninas tiveram que se preparar mais fisicamente e mentalmente para ocupar um espaço onde ainda não se sentiam à vontade e conseguiram sucesso.Em 2023 a WSL fez um ano muito bom. Tivemos alguns pontos que precisam ser olhados com cuidado. Algumas etapas deixaram margem para dúvidas referente ao critério de avaliação, sabemos que o surfe é subjetivo, mas com toda a tecnologia disponível não se pode ter uma margem tão grande para dúvidas.O formato do campeonato talvez precise de algumas mudanças, a final poderia ser em outro pico e mudanças de algumas etapas. A WSL sempre traz algo novo quando começa uma nova temporada, vamos aguardar. Enquanto isso, a tempestade brasileira não para.Aloha
2023-09-15 09:58:00
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TJ-SP sugere ao CNJ adiar decisão sobre desigualdade de gênero
O Tribunal de Justiça de São Paulo sugeriu à presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministra Rosa Weber, retirar da pauta, para aprimoramento dos estudos, a proposta das promoções com incentivos à participação institucional feminina no Judiciário.O procedimento está previsto para discussão na próxima terça-feira (19), sendo relatora a conselheira Salise Sanchotene.Para evitar "o risco de consolidação de situações irreversivelmente injustas", o TJ-SP julga necessário "maior reflexão e debate do importantíssimo tema, que afeta profundamente a vida profissional e o ideal de carreira de todos os magistrados do país".O ofício foi assinado, nesta quinta-feira, pelo presidente Ricardo Mair Anafe e pelo corregedor-geral do Estado de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia.O tribunal paulista sugere a intimação dos tribunais e das associações de classe para que se manifestem acerca da minuta de resolução proposta pelo CNJ.A proposta do tribunal paulista deverá gerar reações. No final de agosto, evento no CNJ reuniu mulheres magistradas de todo o país para tratar do incentivo à participação feminina no Judiciário.A relatora Salise Sanchotene deverá apresentar parecer do jurista Daniel Sarmento, professor titular de Direito Constitucional da UERJ, intitulado "Mulheres no Poder Judiciário e Discriminação de Gênero: criação de política de ação afirmativa para acesso de juízas aos tribunais de 2º grau como imperativo constitucional".Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Ele entende que o CNJ detém competência para instituir, por ato normativo próprio, política para corrigir a grave assimetria entre os sexos na composição dos tribunais de segundo grau.Sarmento cita decisão do STF no julgamento da ADC nº 12.O CNJ já instituiu, por ato normativo primário, políticas de ação afirmativa em favor de pessoas negras e indígenas em concursos para a magistratura, Sarmento exemplifica."Por dever de coerência, o CNJ também deve instituir a medida de ação afirmativa, inclusive por já ter reconhecido a gravidade do problema da falta de equidade de gênero na composição dos tribunais de 2º grau", afirma o jurista.Eis alguns trechos da nota técnica do TJ-SP:- A proposta apresenta, em tese, vício de inconstitucionalidade. O CNJ ao propor significativa alteração dos critérios de promoção por antiguidade e por merecimento, estaria a desbordar do seu poder normativo, previsto no artigo 103-B § 4º, I, da Constituição.- Ao se pretender a formação de lista apenas de juízas mulheres, ao lado de outra, mista, permite-se a promoção, frise-se, por antiguidade, de magistrado com menos tempo do que outro, ferindo frontalmente o critério constitucional.- Na realidade, propõe-se a criação de terceiro critério, baseado na antiguidade apenas dos magistrados do sexo feminino.- Não há como sustentar tenha o magistrado do sexo feminino, ao galgar promoção na carreira, maior merecimento do que o do sexo masculino e vice-versa. - Além de distorcer os conceitos jurídicos de antiguidade e merecimento, tal inovação nos critérios a serem adotados na promoção dos magistrados extrapola os limites do poder normativo conferido pela Constituição Federal ao nobre Conselho.- Eventual modificação, como intencionado pelo CNJ, não prescinde de modificação legislativa, não se podendo implementá-la por resolução do Conselho.- Deve ser rechaçada com firmeza eventual prática que imponha obstáculo ou dificulte o acesso de mulheres aos Tribunais única e exclusivamente em razão do gênero. Bem diferente disso é estabelecer que, por ser mulher, a magistrada seja promovida antes de juiz também apto à promoção, que ingressou na magistratura passando por critérios de seleção rigorosamente iguais aos enfrentados por ela.- É fato que ainda não há, em nosso tribunal, o mesmo número de desembargadores e desembargadoras. Entretanto, tal se dá, única e exclusivamente, por força da evolução histórica de nossa sociedade, e nunca por qualquer ato discriminatório desta Corte.- No Estado de São Paulo, não há e nunca houve discriminação de gênero. Promove-se o mais antigo, seja homem, seja mulher.- Em São Paulo, as primeiras mulheres ingressaram na magistratura em 22 de janeiro de 1981. Foram três, à época eram franca minoria. Mas, hoje, a situação é bem diferente. Por força do equilíbrio no ingresso de homens e mulheres, houve progressiva equalização do número de juízes e juízas em primeira instância, que conta atualmente, com 1.307 homens e 900 mulheres. As mulheres representam 40,78% da magistratura de primeiro grau. A paridade no segundo grau será obtida, em breve, de forma justa, igualitária e objetiva.- Desde o ingresso na carreira, juízes e juízas sabem que concorrerão para promoção, nos critérios de antiguidade e de merecimento, em situação de absoluta igualdade. Não existem surpresas e isso permite o planejamento de uma vida.- Inequívoca a aflição daquele que, depois de esperar por tanto tempo, poderá ter o sonho de atingir o mais alto grau no Poder Judiciário estadual sensivelmente mais distante.
2023-09-15 09:51:00
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Ou julgamos os crimes da pandemia ou...
O Brasil não pode continuar sendo conhecido por sua leniência com crimes contra a humanidade e violações de direitos humanos. Estamos diante de uma oportunidade histórica para fazer justiça e reparação, desta vez diante da condução criminosa da pandemia de Covid-19 no Brasil e que resultou em ao menos 120 mil "mortes evitáveis" apenas no primeiro ano (mar/20 a mar/21), segundo relatório da OXFAM-Brasil ou 156 mil, segundo o epidemiologista Pedro Hallal em artigo na Lancet - quando tínhamos 305 mil mortos no total. E há apoio da população para que os crimes da pandemia sejam julgados. Pesquisa do SoU_Ciência com 1,3 mil entrevistados em todo o Brasil demonstrou que 62% consideram o governo Bolsonaro responsável pelo aumento do número de mortes e a maioria da população quer justiça e condenação - além da criação de uma Comissão da Verdade e indenização das vítimas.Tem ficado cada vez mais evidente que a falta de justiça de transição, julgamento e condenação dos crimes da ditadura colocou novamente em risco nossa democracia, com militares saídos dos porões e seus pupilos atuando abertamente no desmanche de políticas públicas, na desestabilização institucional, na produção de caos e na tentativa de autogolpe. Militares agiram diretamente no agravamento da pandemia, descumprindo as medidas preventivas, atrasando a compra de vacinas, descoordenando o SUS, atacando a ANVISA, Fiocruz e instituições de pesquisa, transmitindo informações mentirosas à população, produzindo medicamentos ineficazes, além da falsificação de carteiras de vacinação. O porão homicida dessa vez não foi no DOPS e no DOI-CODI, mas no Ministério da Saúde.Quem deveria imediatamente atuar para barrar essa conduta criminosa não cumpriu sua missão. O atual Procurador-Geral da República e que está de partida, Augusto Aras, foi omisso e conivente, engavetou denúncias e agravou o massacre da pandemia no Brasil. O novo PGR está para ser indicado e escolhido por Lula. Precisamos de um Procurador digno do nome, que atue na defesa do interesse público contra crimes de Estado, inclusive denunciando Chefes de Estado e de Governo, como fez Strassera na Argentina, que colocou no banco dos réus, logo após o fim da ditadura, o alto comando militar e o ditador Videla. Como disse Strassera em sua célebre peça de acusação final: "Agora que o povo recuperou o governo e o controle das instituições, assumo a responsabilidade de declarar em nome dele que o sadismo não é uma ideologia política nem uma estratégia bélica, mas uma perversão moral. Este julgamento e a sentença que proponho buscam estabelecer uma paz baseada não no esquecimento, mas na memória. Não na violência, mas na justiça".O sadismo nos porões de tortura, nos voos da morte ou ao desacreditar a vacina e a máscara, ao deixar doentes sem oxigênio, divulgando medicamentos sem eficácia, combatendo o isolamento, permitindo aglomerações, expondo a população ao risco de contágio, subfinanciando e desarticulando o SUS e o sistema de pesquisa brasileiro caracterizam crimes suficientes que precisam continuar sendo apurados, denunciados, julgados e, no caso das vítimas e seus familiares, reparados, como direito à memória, à verdade, ao luto e à indenização.Aras termina o seu segundo mandato como chefe do Ministério Público no dia 26 de setembro. Uma recondução, segundo os aliados do atual Governo, é praticamente descartada. Lembremos que seu nome não estava na lista tríplice de indicados formulada pelo Ministério Público Federal (MPF), e foi pinçado por Bolsonaro com a clara intenção de bloquear as ações contra o governo, ao invés de dar provimento - o popular "engavetador". Com a pandemia, a gravidade do engavetamento de denúncias tornou-se vergonhosa e responsável por permitir ao governo continuar com sua conduta criminosa, ampliando o número de mortes.Com a eleição do Presidente Lula, mudou seu posicionamento e subitamente demandou da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) a remessa à Procuradoria-Geral da República de todos os relatórios produzidos durante a pandemia e enviados ao ex-Presidente, já que, segundo Aras, esses relatórios que indicavam os consensos científicos e as condutas corretas a serem adotadas pelo governo, configurariam um "fato novo" para reavaliar a conduta de Bolsonaro, viabilizando uma possível persecução penal que antes negara. Esse fato caminha lado a lado com a recente decisão do Ministro Gilmar Mendes, do STF, que anulou decisão da Justiça Federal do Distrito Federal que arquivou inquéritos relativos a irregularidades na pandemia, submetendo o caso novamente à PGR.Recentemente, em julho de 2023, Aras reproduziu em seu Twitter uma postagem segundo a qual foi ele "quem reestruturou os mecanismos de combate à corrupção dentro da PGR e [...] que fossem revertidos recursos para o combate à Covid-19, tendo sido destinados 4,4 bilhões [...] ao combate à pandemia", em mais uma tentativa de desvincular-se da necropolítica do Governo Bolsonaro.A despeito da sua camuflagem atual, Aras dá fortes indícios de que segue fiel escudeiro de Bolsonaro. No dia 9 de setembro, na mesma oportunidade em que criticou a "imprensa lavajatista", não economizou críticas ao acordo de delação premiada firmado entre o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e a Polícia Federal. Segundo ele, "A PGR [...] não aceita delações conduzidas pela Polícia Federal, como aquelas de Antonio Palocci e de Sérgio Cabral, por exemplo". Como se sabe, a delação de Mauro Cid gera apreensão no entorno bolsonarista, tendo em vista que, além do caso das joias, o tenente-coronel está envolvido em outros inquéritos e denúncias envolvendo o ex-presidente, a exemplo dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e de uma suposta trama para um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022.Seria pouco provável (para não dizer impossível) que Aras assumisse uma postura combativa e diligente quanto à pandemia e condizente com os direitos humanos na hipótese de reeleição de Bolsonaro. Sob o seu comando, a PGR arquivou centenas de pedidos de investigação contra Bolsonaro, não oferecendo nenhuma denúncia. Aras não só agiu para blindar o ex-Presidente, como também aparelhou a cúpula da PGR, com a indicação da bolsonarista Lindôra Araújo, por exemplo, ao cargo de Vice-Procuradora-Geral.Apesar de tradicionalmente o PT acatar a lista tríplice elaborada pelo próprio Ministério Público, há rumores de que Lula, que já disse que não seguirá a lista desta vez, tende a indicar os Subprocuradores Antonio Carlos Bigonha ou Paulo Gonet Branco.Gonet Branco, a despeito de ter se manifestado de forma bastante incisiva a favor da inelegibilidade de Bolsonaro na condição de Vice Procurador-Geral Eleitoral, criticando o ex-Presidente, tem perfil conservador, assumindo posições contrárias ao direito ao aborto e à reparação de famílias de vítimas da ditadura militar, por exemplo.Já o mineiro Antonio Carlos Bigonha é ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República e, ao contrário de Gonet Branco, defendeu recentemente o direito de parentes de vítimas da ditadura militar receberem indenizações por danos morais e materiais. Bigonha também condenou o modus operandi da Operação Lava Jato, criticando trocas de mensagens entre Moro e Dallagnol.Aras, que foi elevado ao patamar de "rainha" do jogo de xadrez pelo próprio Bolsonaro, dias antes de sua indicação, em 2019, agora arrasta-se pelo tabuleiro político deixando um rastro de mais de 700 mil mortos. Os familiares das vítimas não conseguem, não querem e não vão esquecer o que representou sua omissão na pandemia.Chega de engavetadores, de procuradores omissos e coniventes, bajuladores do poder e, no limite, coautores dos crimes aos quais recusam oferecer denúncia. Está na hora de o Brasil ter à frente do Ministério Público um(a) Procurador(a) digno(a) da Instituição que representa, atuando como verdadeiro(a) fiscal do ordenamento jurídico, na defesa da sociedade diante dos crimes de Estado, sobretudo quando protagonizados pelos agentes estatais. Como declarou Strassera, em 1985: "A comunidade argentina [e vale para nós brasileiros] e também a consciência jurídica universal, confiaram a mim a digna missão de me apresentar diante deste tribunal para exigir justiça. [...] Esta é nossa oportunidade. Talvez seja a última. Quero usar uma citação que não pertence a mim, porque já pertence a todo o povo argentino. Senhores juízes: Nunca mais!"
2023-09-15 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sou-ciencia/2023/09/ou-julgamos-os-crimes-da-pandemia-ou.shtml
Espressos: Café é vendido por R$ 49 mil o quilo em leilão no Panamá
Um lote de café foi arrematado por US$ 10.005,00 (aproximadamente R$ 49,5 mil) o quilo em um leilão de produtores do Panamá realizado na semana passada.Trata-se de um grão da espécie arábica e variedade geisha cultivado na fazenda Mount Totumas Coffee, situada na região de Chiriqui.Os cafés panamenhos deste tipo são frequentemente comprados por valores exorbitantes.O recorde de café mais caro do mundo até hoje pertence exatamente a um geisha panamenho. Em 2022, um lote do produtor Lamastus Family Estates foi arrematado por US$ 6.034 (aproximadamente R$ 30 mil) por libra –ou US$ 13.302 (cerca de R$ 65 mil) por quilo.Outros lotes de cafés panamenhos foram negociados no leilão da semana passada. Entre eles estava um geisha da fazenda Misty Moutain, da Long Board Specialty Coffee, que foi arrematado por US$ 3.048,00 / quilo (aproximadamente R$ 15 mil / quilo).Trata-se da mesma fazenda de onde foi adquirido o café que a cafeteria paulistana Pato Rei serviu por R$ 128,00 a xícara —havia apenas 30 doses disponíveis e todas já esgotaram, em ambas as unidades da cafeteria em São Paulo.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Geisha é uma variedade de café que surgiu na Etiópia. Foi no Panamá, contudo, que essa planta alcançou qualidade reconhecida mundialmente.Como Café na Prensa explicou, alguns fatores explicam os altos valores alcançados por esses cafés. Primeiramente, há a questão sensorial. Esses grãos efetivamente produzem bebidas com notas bastante florais e frutadas, que são muito valorizadas no mercado de cafés especiais.Em segundo lugar, os leilões muito concorridos ajudam a elevar as expectativas sobre quem vai adquirir os lotes, o que faz com que os lances alcancem patamares muito altos.Há ainda outras questões, como os altos custos de produção no Panamá, que tem terras e mão de obra mais caras do que outros países da região. Mais A Nespresso decidiu trocar sua diretoria comercial B2C –ou seja, o braço da empresa responsável pelas vendas para o consumidor final. Sai Gabriel Nobre e entra Adriana Vieira, que estava desde 2021 à frente da linha profissional da marca.A nova diretora tem pela frente um desafio muito claro: aumentar as vendas das máquinas e cápsulas da linha Vertuo, lançada no Brasil há cerca de dois anos e principal aposta da empresa para o futuro.Esse sistema tem cápsulas diferentes e capazes de produzir bebidas maiores, movimento que marca uma aproximação da companhia ao paladar norte-americano e distanciamento do italiano, que cultiva o hábito de beber cafés em porções menores –os espressos, que garantiram fama mundial à empresa.Hoje, o faturamento da Nespresso com vendas da linha Vertuo representa apenas 10% do total. A meta é que essa fatia chegue a 18% em 2025. A rede de cafeterias Mais1.Café lança nesta sexta-feira (15) um cappuccino enriquecido com vitaminas e suplementos energéticos.A bebida contém ingredientes como taurina, cafeína, L-carnitina e vitaminas A a Z. Ela está disponível para consumo nas lojas (R$ 11,90) e para levar (R$ 109,00 a embalagem com 220g).O lançamento se insere em uma tendência do mercado na área de produtos funcionais. Recentemente, a 3Corações, gigante do setor, lançou uma linha de cappuccinos com Whey.Fundada em 2019, a Mais1.Café teve uma expansão rápida e atualmente tem lojas em mais de 250 cidades de 25 estados brasileiros.Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucenaQual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.br
2023-09-15 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/09/espressos-cafe-e-vendido-por-r-49-mil-o-quilo-em-leilao-no-panama.shtml
Olympikus desenha seu futuro com Vanderlei Cordeiro de Lima e supertênis
O que a Olympikus fez nos últimos anos é de tirar o chapéu. A marca era sinônimo de produtos baratos e de qualidade duvidosa. Em pouco mais de três anos, a empresa lançou uma linha completa de tênis de corrida, ganhou o reconhecimento de atletas, posicionou-se entre os líderes de vendas, e fez tudo isso com produtos que custam menos do que os concorrentes importados. De coadjuvante, a empresa hoje luta pelo protagonismo no mercado brasileiro.E o que falta para a Olympikus dar o próximo passo? Na opinião de Marcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, "faltava um herói".A Olympikus anunciou no final do mês passado um contrato de patrocínio com o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. Para quem não se lembra (há quem não se lembre?), Vanderlei liderava a maratona de Atenas nos Jogos Olímpicos de 2004 quando foi abalroado por um padre Irlandês na altura do km 35. Vanderlei até conseguiu voltar para a corrida, mas com ritmo comprometido e com dores por conta das joelhadas que levou do penetra, ele foi ultrapassado por dois competidores e entrou no estádio Olímpico para cruzar a linha de chegada em terceiro lugar. E foi ali que o atleta se transformou em lenda. Em vez de lamentar, Vanderlei fez o "aviãozinho" e celebrou a conquista do bronze. Uma lição prática do que é — ou deveria ser — o espírito olímpico. Pelo gesto, tornou-se o único sul-americano a receber a medalha Pierre de Coubertin, destinada aos heróis olímpicos. O resto é história.A partir deste mês, Vanderlei deve ocupar uma posição de destaque dentro da estratégia de marketing da Olympikus. Para o segundo semestre haverá um documentário sobre o atleta — projeto mantido em sigilo, mas que será veiculado em um "grande streaming". Em novembro, Vanderlei voltará a correr a maratona de Atenas, com o apoio da Olympikus. Desta vez, para receber as merecidas homenagens.A simbiose entre a empresa e o atleta é nítida. Com Vanderlei, a Olympikus ganha alma, musculatura e relevância. Sobe de nível. E com o suporte da empresa, Vanderlei volta a receber o destaque que jamais deveria ter deixado de ter. País com poucos heróis, o Brasil não poderia se dar ao luxo de escantear o Vanderlei.Vanderlei segue ativo. Na etapa mais recente do Bota Pra Correr — festival de corrida que a Olympikus promove duas vezes ao ano em destinos turísticos paradisíacos e pouco óbvios do país —, o maratonista mostrou que está em forma. Venceu a prova dos 11 km com mais de 10 minutos de vantagem sobre o segundo colocado. Como o objetivo da corrida era a festa, e não a competição, Vanderlei foi desclassificado por "excesso de velocidade". Ele, claro, deu risada. Vanderlei não é movido apenas a troféus e medalhas, como já sabemos.Depois da prova, abraços, selfies e muitos sorrisos. Vanderlei não é o ídolo que intimida. Pessoas comuns se reconhecem e se identificam nele. Se aproximam, tocam, dividem suas histórias com a lenda olímpica. Para mim, faz sentido. Afinal, todo corredor amador dá o seu melhor, não vence a prova e mesmo assim cruza a linha de chegada feliz. Vanderlei nos representa.Após a corrida, realizada na Costa do Conde, na Paraíba, Callage aproveitou para falar com os jornalistas presentes. Ao blog Na Corrida, o executivo confirmou o rumor de que a Olympikus trabalha na fabricação de um supertênis de placa para o primeiro semestre do ano que vem."Vamos tentar lançar o tênis para a maratona de São Paulo, em abril, mas talvez não dê tempo", explicou Callage.Questionado sobre o preço do produto, ele disse tratar-se de uma questão delicada. "Por um lado, queremos oferecer um produto acessível. Por outro, os insumos são caros". Há ainda uma questão de percepção. Se o novo tênis for muito barato, inconscientemente as pessoas podem achar que ele não é tão bom assim. É triste, mas é assim que a mente humana opera.Mas, o blog se permite especular sobre o valor do futuro lançamento. Que fique claro que trata-se de um chute, ok? O preço deve estar entre a barreira psicológica dos R$ 999 e os R$ 1299, valor cobrado hoje pela Fila no Racer Carbon 2, o concorrente natural do modelo da Olympikus. Podem me cobrar depois.O jornalista viajou para Conde (PB) a convite da Olympikus.
2023-09-15 07:00:00
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Fim de semana em SP tem Van Gogh em mostra imersiva e 'Missão Marte', sobre a Nasa
Confira, a seguir, destaques da seção especial O Melhor do Fim de Semana. Produzida pela equipe do Guia Folha e publicada sempre às sextas, ela pretende orientar o leitor sobre o que há de melhor na programação de São Paulo e seu entorno.13ª edição da Virada Sustentável de São Paulo Até o dia 27, o evento tem programação grátis em São Paulo. Em pontos como a Ocupação 9 de Julho e o Unibes Cultural, promove encontros com nomes como o ambientalista indiano Rajendra Singh e sobre temas como justiça climática. Há ainda programação cultural, com shows da Orquestra Mundana Refugi com Adriana Calcanhotto. A programação pode ser acessada em viradasustentavel.org.br.Festival do Pescado e dos Frutos do Mar O evento gastronômico da Ceagesp (av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, Vila Leopoldina) permite comer pratos com peixes e frutos do mar à vontade pelo preço de R$ 139,90. São cerca de 60 itens no cardápio, que varia a cada semana, como camarão assado, paella marinera, caranguejada e lagosta gratinada. Há ainda um bufê de saladas e risotos. O festival segue até 23 de dezembro, de quarta-feira a domingo.Missão Marte As habilidades necessárias para se realizar uma missão espacial compõem a exposição "Missão Marte", em cartaz no shopping Morumbi Town (av. Giovanni Gronchi, 5.930). A mostra exibe objetos usados por astronautas da Nasa. Criada em parceria com o Space Kennedy Center, dos EUA, a mostra é voltada a crianças e adolescentes. A visita dura cerca de duas horas, tem atividades em grupo e precisa de agendamento online. Há horários disponíveis todos os dias da semana.Van Gogh Live 8K O estacionamento do shopping Lar Center (av. Otto Baumgart, 500) vai exibir 250 obras de Van Gogh projetadas com a inédita resolução 8K. Os 2.800 metros quadrados de área do evento, que o tornam uma das maiores exposições imersivas do mundo, vão reunir também textos e cartas que o artista trocava com seu irmão Theo — narrados pela atriz Fernanda Montenegro. ‘Van Gogh Live 8K’ é a segunda exposição recente do pintor na capital paulista — a anterior, ‘Beyond Van Gogh’, veio à cidade em 2022 Mais
2023-09-14 23:15:00
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Dia da Democracia: pauta urgente, agenda permanente
O mundo vive uma onda recorde de autocratização. Segundo relatório do Instituto V-Dem, em 2022 o número de ditaduras superou o de democracias liberais pela primeira vez em mais de duas décadas, em um cenário em que o nível democrático global regrediu ao que se observava na década de 1980 e cuja estimativa é de que 72% da população mundial viva sob regimes considerados autocráticos.O estudo do instituto sueco aponta que nos últimos anos o Brasil vinha figurando entre os expoentes desse processo, mas pondera que o retorno do campo democrático ao governo federal com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indica uma reversão do curso de autocratização do país. Sendo assim, nesse contexto em que as democracias estão em grave refluxo através do planeta, o Brasil vive uma janela de oportunidade para a retomada da sua construção democrática. Mais De fato, a sensação é que estamos sendo resgatados das profundezas de um poço e alçados à superfície; é possível enxergar luz e horizonte. Porém, a corda que nos iça está tão corroída que os riscos de rompimento são constantes.A democracia brasileira está em pleno resgate, mas sua saúde ainda é frágil, e o processo de recuperação e fortalecimento, longo. Isso porque a vitória eleitoral do campo democrático em 2022 definitivamente não significou um triunfo político da democracia no Brasil. A disputa foi extremamente acirrada e não se pode perder de vista que 49,1% do eleitorado brasileiro optou pelo projeto autocrático de poder no ano passado.Independentemente das motivações por trás da escolha nas urnas, o fato é que quase metade dos votantes do país não apostou na democracia como caminho para a sociedade brasileira —ou ao menos estava disposta a relativizá-la. Mais Os atentados golpistas de 8 de janeiro, por sua vez, foram a expressão mais grave, radical e criminosa do desprezo que parte da população dedica à democracia no atual contexto político da nação. Mas não são apenas os episódios extremos que revelam o ambiente inóspito à normalidade democrática que impera no Brasil. São os processos institucionais e sociais mais ordinários do cotidiano que apontam o grau de degradação da nossa cultura democrática, como intolerância à alteridade, a incapacidade de diálogo e a ausência dos valores republicanos mais elementares como base das ações e relações cidadãs. Vale destacar que essas não são marcas exclusivas de um campo do espectro político —e é por isso que o desafio do qual estamos diante é imenso.Feliz e infelizmente, a democracia voltou a ser agenda central para a sociedade brasileira. Se em um passado recente debatia-se e lutava-se pelo aprofundamento da qualidade do jovem regime democrático no país e pela ampliação do acesso aos direitos por ele prometidos, de uns anos para cá a batalha passou a ser pela simples sobrevivência dos pilares fundamentais de uma sociedade que se pretende democrática.Da recente experiência autocrática brasileira deriva um aprendizado vital: democracia é construção contínua e cotidiana. Não há garantia de sua existência e qualidade se seus princípios e suas práticas não forem ativa e incessantemente cultivados, fortalecidos, idealizados, aprimorados e defendidos pelos cidadãos e pelas cidadãs que a compõem. Mais Apenas o tempo, e sobretudo o árduo trabalho da sociedade civil, dirão se o debate público, a preocupação e a ação da sociedade brasileira finalmente se voltarão à agenda da democracia de maneira premente e permanente, como se deve.Ela precisa perdurar na centralidade da pauta nacional até que a democracia se torne princípio e prática individuais, coletivos e institucionais. Até lá, mais do que celebração, o Dia Internacional da Democracia, celebrado nesta sexta-feira (15), será ocasião de conscientização, priorização e construção. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-14 22:00:00
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Lula estável
A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) praticamente não se alterou desde o início de seu terceiro mandato. O governo é tido como ótimo ou bom por 38% dos entrevistados pelo Datafolha, ante os 37% em junho e 38% em março. É ruim ou péssimo para 31%, pouco acima dos 27% de junho.A estabilidade parece compreensível. Não houve alterações relevantes na vida do país, na política, na economia ou em outras áreas que pudessem modificar de forma sensível a opinião pública. Pode-se dizer, na verdade, que a mudança maior foi certa estabilização do clima político e, para o bem ou para o mal, das condições de vida.Deixou o poder um grupo dado à estridência e a atos tresloucados, quando não golpistas. A polarização persiste na sociedade, o que ajuda a explicar a reprovação de Lula, mas o bolsonarismo se retraiu com o ocaso de seu líder.Não houve desaceleração aguda da atividade econômica e aumento do desemprego, como se temia no início do ano, ainda que o cenário esteja longe de entusiasmar.De mais significativo na pesquisa, caiu de 50%, em março, para 43% agora a parcela dos brasileiros aptos a votar que espera um governo Lula ótimo ou bom.O mercado de trabalho se mantém entre estabilidade e melhora modesta. A inflação dos alimentos teve desaceleração forte. Benefícios sociais tiveram aumento importante já sob Jair Bolsonaro (PL).O líder petista terminou seu segundo mandato, em 2010, com aprovação de 77%, e a diferença em relação a sua popularidade atual pode parecer chocante. Mas talvez não seja preciso lembrar que, naquele ano, o país vivia seu melhor momento de crescimento da renda em três décadas.Não havia, ademais, a divisão política extremada destes tempos. Conforme o Datafolha, têm avaliação favorável da gestão de Lula 72% de seus eleitores. Já entre os que declaram ter votado em Bolsonaro no ano passado, ínfimos 6% dão boa nota à administração.De todo modo, cumpre recordar que, no início de seu primeiro governo, em 2003, Lula colhia uma aprovação modesta, em torno de 43% —com queda para 39% no ano seguinte. Seu prestígio começou a decolar apenas em 2006.Diga-se em favor do petista que os números, embora não grandiosos, são melhores que os de Bolsonaro após nove meses de sua posse. Nesse período, o antecessor marcava 29% de ótimo e bom.Dadas a ainda difícil situação socioeconômica, as profundas divisões políticas e a duração ainda exígua do governo, o resultado da pesquisa pode ser considerado satisfatório para Lula. O cidadão, entretanto, dá indícios de que espera mais de seu terceiro mandato.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-14 22:00:00
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Transporte às urnas
Na enxurrada de novas regras eleitorais aprovadas às pressas pela Câmara dos Deputados em benefício dos partidos, uma rara proposta de interesse genuíno da sociedade é a imposição de transporte coletivo gratuito nos dias de votação. Ainda assim, o tema não mereceu debate à altura de sua relevância.Segundo o texto proposto de última hora, "os entes federados, direta ou indiretamente, por suas concessionárias ou permissionárias, devem ofertar gratuitamente o serviço público de transporte coletivo de passageiros". Sabe-se lá como a norma será seguida e custeada em todos os rincões do país, mas essa não é a única questão.Um dos argumentos principais em favor do passe livre é que, sendo o voto obrigatório no país, cabe ao Estado garantir que todos os cidadãos, em particular os mais pobres, possam cumprir esse dever.A tese faz sentido, mas envolve as consequências de uma distorção. Como esta Folha advoga há anos, o voto deveria ser facultativo, como na esmagadora maioria das democracias —vale dizer, deveria ser um direito a ser exercido conforme a escolha de cada eleitor.A discussão é tabu no mundo político brasileiro, possivelmente devido ao receio de que o fim da obrigatoriedade resulte em queda do comparecimento de eleitores e, assim, questionamento à legitimidade dos eleitos. Tais preocupações já parecem superadas pelos fatos.A abstenção tem subido no país desde a redemocratização, num sinal de que os cidadãos vão percebendo que, na prática, o voto não é tão obrigatório assim —as sanções para os que não vão às urnas em geral são ínfimas, e os transtornos para as justificativas diminuíram com a informatização. Nada disso torna menos legítimos os eleitos.Estudo publicado neste ano pelo Ipea, instituto de pesquisa vinculado à União, concluiu que o passe livre adotado em 379 municípios (respondendo por quase 50% do eleitorado) no segundo turno de 2022 não teve impacto relevante no comparecimento, embora tenha contribuído para a mobilidade urbana naquela data.Dito de outra maneira, o benefício foi aproveitado basicamente pelos que já pretendiam votar.Tudo considerado, o transporte gratuito ainda pode ser defensável como meio de facilitar o voto dos mais pobres. Trata-se, porém, de mais uma política pública proposta sem a necessária avaliação de custos, benefícios, meios de execução e alternativas.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-14 22:00:00
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A Fazenda 15 surpreende com peoa ex-âncora de telejornal
Rachel Sheherazade surpreendeu muita gente ao revelar que aceitou participar do reality A Fazenda 15, que estreia na semana que vem na Record. A jornalista, alçada por Silvio Santos ao posto de âncora do telejornal SBT Brasil entre 2011 e 2020, teve sua carreira marcada por momentos polêmicos. Em 2014, quando um "menor suspeito de roubo foi espancado e amarrado nu a um poste na zona sul do Rio", Sheherazade fez o seguinte comentário no SBT:"E aos defensores dos direitos humanos que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha 'Faça um favor ao Brasil, adote um bandido'"Em 2021, ao canal UOL, Rachel disse não se arrepender de ter dito 'adote um bandido', que a justiça a amparou e que não cometeu nenhum crime. De fato, o que ela falou não configura crime, mas um pensamento reacionário. Ela ainda comentou que a capacidade de compreensão das pessoas é muito limitada. Mais Talvez minha compreensão também seja muito limitada, porque sempre acreditei que suspeito de roubo não pode ser definido como bandido antes de ser julgado. E, mesmo quem comete um crime e paga sua pena, volta a ter todos os direitos de um cidadão comum.Exatamente como dois outros peões que foram famosos nos anos 90 e que vão conviver com Rachel em A Fazenda15: o ator André Gonçalves, que em 2022 teve prisão decretada pela Justiça de Santa Catarina por uma dívida de 350 mil reais em pensão alimentícia para a filha (e alegou estar desempregado) e o cantor, compositor e ex-Twister Sander Mecca, que ficou preso por dois anos e dividiu cela com irmãos Cravinhos. Ou seja, ambos foram condenados, pagaram suas dívidas com a justiça e são pessoas livres. Não são bandidos e nem estão disponíveis para adoção de pessoas civilizadas que respeitam os direitos humanos.Saindo da seara jurídica, a lista de participantes também traz aqueles famosos que nem todos conhecem, mas que fazem a alegria dos produtores do programa quando finalmente dizem 'sim' para o convite.Yuri Meireles, por exemplo, é um modelo carioca que fez clipes com a cantora Anitta simulando sexo oral. É boa pinta e tem o vocabulário ideal para o programa. Depois de receber um nude de um homem, reagiu de forma intensa e encerrou o caso com o chavão-rei dos realities: "quem me conhece sabe". Mais Nathalia Valente entra no programa patrocinado pelo Kwai como influenciadora do TikTok (17 milhões de seguidores)e que viralizou por não gostar do filme Barbie. Deve estar seguindo o caminho de Felipe Neto que, antes de virar um grande empresário, foi lançado para a fama por criticar o filme Crepúsculo.Olivia "Lily" Nobre, filha de Dudu Nobre e Adriana Bombom, vai ter trabalho para se livrar da alcunha popular 'a esquecida do churrasco'. Tudo porque no distante ano de 2010, ela e a irmãzinha teriam sido esquecidas pela mãe em um churrasco. Acredito que depois de mais de uma década ela já tenha superado o trauma.A ex-BBB Jaqueline Grohalski entra na cota-fetiche da Record, que não resiste à tentação de contratar ex-globais.Radamés Martins, jogador de futebol também confirmado, tem tudo para ficar amigo de André Gonçalves, na turma 'Ex-de famosas'. André é ex-marido de Danielle Winits (casados por 7 anos) e Radamés ex-noivo de Viviane Araújo (noivos por 10 anos).E assim, a lista vai se completando, com ex-realities, ex-âncoras, ex-maridos, ex-noivos, ex-condenados, ex-galãs. Somos todos ex-alguma coisa, pra ser sincera. Em breve o programa vai estrear, vamos acompanhar as histórias, as brigas até que o vencedor seja declarado. Será mais uma temporada de entretenimento multiplataformas em busca dos dois grandes sonhos que igualam todos os brasileiros, dentro e fora da Fazenda : - fama e dinheiro.Se organizar direitinho, todo mundo consegue um pouquinho.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-09-14 16:46:00
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O sucesso de Anitta reduziu a estigmatização do funk?
A ascensão do funk tem destaque internacional. Nesse cenário, Anitta, que venceu pelo segundo ano seguido o prêmio de melhor clipe de música latina no VMA, o Video Music Awards, têm desempenhado um papel fundamental, levando o gênero a novos patamares de reconhecimento. Mas, mesmo com esse sucesso global, o funk ainda se vê às voltas com uma série de desafios, questionamentos e estigmatizações que geram um dilema fundamental: o sucesso da cantora ajudou os funkeiros brasileiros de que forma?Uma das críticas mais recorrentes diz respeito à abordagem de Anitta em relação ao gênero. Muitos a acusam de adotar uma estética "genérica" do funk. Suas músicas carecem da autenticidade que é a essência do movimento. Essa discordância entre a abordagem de Anitta e o que o funk representa é uma questão que gera debates e que nos leva a questionar se ela ainda pode ser considerada uma representante do gênero. Mais O funk, em sua essência, é uma manifestação cultural diversificada e regionalizada. Cada região do Brasil tem sua própria maneira de ouvir e criar funk, mas todas compartilham uma origem comum nas periferias do país. O funk é muito mais do que apenas um estilo musical; ele é uma expressão cultural que representa territórios e estilos de vida específicos. Nesse contexto, a questão que se coloca é se Anitta ainda está conectada à raiz do funk brasileiro ou se sua música se distanciou demais dessa realidade.Assim como o rap, o funk frequentemente aborda questões do cotidiano das periferias brasileiras. No entanto, essa proximidade com temas como a desigualdade social levanta outra questão: onde traçar a linha entre a apologia e o relato? É curioso notar que essa mesma pergunta raramente é aplicada a outros meios artísticos, como a dramaturgia, onde temas semelhantes são explorados de forma mais ampla e aceita.Além disso, o funk também enfrenta estigmatização, especialmente quando associado a elementos como drogas, sexo e armas e a presença de criminosos em bailes. Essa percepção negativa contribui para a distância entre o "real funk" das periferias e a mídia tradicional, que muitas vezes o retrata o movimento de maneira preconceituosa e alarmista. A pergunta que surge é se Anitta, com sua abordagem mais comercial, contribui para essa estigmatização.Anitta é também uma vencedora solitária no ritmo. Diferente do reggaeton que faz sucesso mundialmente com diversos músicos cantando e diferentes vertentes do gênero, o funk não têm outros representantes com sucesso equivalentes ao de Anitta, o que torna ainda mais a sua representatividade em quanto gênero muito frágil. Mais Outra dimensão importante a considerar é o preconceito estético e o racismo que infelizmente ainda permeiam o mundo do funk. Artistas negros e pardos, que são a espinha dorsal do movimento, frequentemente enfrentam discriminação com base em sua aparência e origem étnica. Isso destaca uma desigualdade persistente que precisa ser enfrentada e nos faz refletir se Anitta, como uma artista pop bem-sucedida, está ciente e engajada nessa luta.Em resumo, o funk brasileiro, apesar de sua crescente influência global e diversidade cultural, continua a enfrentar desafios e estigmatizações significativas. E a pergunta persistente que ecoa é se Anitta, com sua trajetória de sucesso e evolução musical, ainda pode ser considerada uma representante autêntica do funk ou se sua música se distanciou demais das raízes do gênero. A resposta a essa pergunta é complexa e sujeita a interpretações diversas, mas uma coisa é certa: a discussão sobre a identidade e a autenticidade do funk continua relevante à medida que esse gênero musical cativa o mundo.
2023-09-14 16:12:00
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Já dançou hoje na farra de dados?
Se você tem celular, seja ele de que marca for, seja de que operadora for, seja de que prefixo do país for, certamente já recebeu a indigna chamada que do outro lado da linha diz apenas "Alô" e atira você para uma central qualquer de atendimento/vendas com "oportunidades incríveis".Caso você ouse empreender formalmente, prepare-se, em menos de 24 h de seu CNPJ ativo, seu nome e número de telefone estarão na ponta da linha de um sem-fim de operadoras de créditos e bancos oferecendo "as melhores condições".Agora, se a sua condição for dar entrada na Previdência Social para a obtenção de algum benefício que envolva aposentadoria, pensão por morte ou qualquer outro auxílio, certamente até os números de telefones fixos ligados a você serão alvos de incessantes ligações que se esmeram em passar "as aplicações mais rentáveis" e "consignados imperdíveis" de olho no dinheiro que a pessoa ainda nem viu chegar.Até aqui não é preciso ser gênio para saber que alguém tem acessado dados que não deveriam ser públicos e que outrem de dentro de órgãos públicos —ou até comerciais, como farmácias— faz o repasse desses dados em pró de ganhos particulares.Não bastasse isso há a desconfiança de que até seu telefone é "espião coletor de dados", pois, se falar qualquer coisa perto dele sobre comprar algo, a seguir redes sociais, buscadores e sites estarão entulhados com ofertas do seu objeto do desejo.Mas por que tudo isso?Porque o Brasil, que foi um dos países pioneiros ao criar o Marco Civil da Internet, parece ter ficado para trás na vanguarda de proteção dos dados.Ah, mas temos lei? Sim, a Lei Geral de Proteção de Dados, que fez cinco anos no mês passado e é importante para um ambiente cibernético seguro, mas, à primeira vista, não protege o cidadão desse assédio diário.Menos mal que a Justiça, conforme informou Rômulo Saraiva nesta Folha, já decidiu que correspondentes bancários que depositarem dinheiro na conta de um idoso sem o pedido e a anuência dele, como empréstimo, perderão o dinheiro. Mais Mesmo assim imagino o quanto sofre quem perde documento ou é roubado, pois a vida certamente vira um inferno.E não pense que assisti a essas ligações imóvel. Até para ajudar quem conheço, fui atrás de Reclame Aqui, Anatel, Não Me Perturbe. Mas lamento dizer que até agora foi em vão. Isso porque você pode até bloquear os números que infernizam sua vida, mas a operadora de telefonia não impede que sejam deixadas mensagens de voz com "Alô" em sua caixa postal.Como cereja do bolo, após eu dizer a um amigo que eu precisava aprender a dançar, ao abrir um dos aplicativos no celular, eis que surge o anúncio-convite: "Já pensou em dançar hoje?". Respondi: "Sim, já estou dançando na farra dos dados". E, infelizmente, sei que não sou só eu.
2023-09-14 15:06:00
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Disputado, tour noturno pelo Cemitério da Consolação tem vagas extras para esta sexta (15)
Nesta sexta-feira (15), o Cemitério da Consolação promove pela segunda vez um passeio noturno pelas ruas da necrópole, considerada um museu à céu aberto por abrigar mausoléus criados por escultores renomados, como Bruno Giorgi e Victor Brecheret.Conduzido por Thiago de Souza, idealizador do projeto "O que te assombra?", e pela historiadora Viviane Comunale, o passeio gratuito (mediante a doação de 1kg de alimento não perecível) começa às 19h, oferecendo aos participantes a oportunidade de explorar a história do local e dos notáveis personagens que repousam ali, como Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade.Os ingressos devem ser retirados neste link. Inicialmente, foram disponibilizados 100 entradas que, segundo a Consolare, concessionária do cemitério, esgotaram em minutos. Nesta quinta (14), a empresa disponibilizará mais 30 vagas adicionais, que também devem esgotar rapidamente.A primeira edição do tour noturno aconteceu no mês de agosto, reunindo cerca de 130 pessoas - na ocaisão, os ingressos também esgotaram em menos de 2 horas. Quem não conseguir participar desta edição deve ficar de olho nas redes sociais da Consolare e do projeto "O que te assombra?", já que a concessionária deve realizar o passeio mensalmente. Mais
2023-09-14 12:48:00
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Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/09/disputado-tour-noturno-pelo-cemiterio-da-consolacao-tem-vagas-extras-para-esta-sexta-15.shtml
Como você está se preparando para a velhice? Conte para a Folha
Os dados preliminares do Censo 2022 mostram que a população brasileira cresce em ritmo cada vez menor e que estamos envelhecendo mais rapidamente do que o esperado.Como lembra o médico gerontólogo Alexandre Kalache, as taxas de fecundidade estão abaixo do nível de reposição no Brasil desde 2000, e o único estrato da população que continua crescendo é o de pessoas idosas."Por volta de 2040, nossa população terá chegado ao pico e começará a diminuir. Nenhum país já desenvolvido passou por tal experiência, um imenso desafio. Fazer com que as pessoas envelheçam de forma ativa e saudável é investir no futuro do país, tornando-o mais produtivo e competitivo", escreveu ele nesta Folha.Para o Estado, entidades e empresas, esse fenômeno gera impactos que vão desde a Previdência, passando por políticas de educação, de trabalho e de saúde, além da luta contra o preconceito. São muitos os especialistas que denunciam que não estamos preparados.Mas também há medidas que cada pessoa pode tomar individualmente para tentar atingir uma boa velhice. Atividade física, alimentação, relacionamentos, economias _ são vários os fatores que podem influenciar nosso futuro como pessoas idosas.Afinal, como a colunista da Folha Mirian Goldenberg sempre diz: "O jovem de hoje é o velho de amanhã".A Folha quer saber como você, leitor, está se preparando para a velhice. Envie sua resposta por meio deste formulário.Algumas respostas serão publicadas no Painel do Leitor do próximo domingo (17) e nas redes sociais da Folha.
2023-09-14 11:10:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/como-voce-esta-se-preparando-para-a-velhice-conte-para-a-folha.shtml
Unilab, universidade pública mais preta do Brasil, pede ajuda e atenção
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) surgiu com a proposta de fazer a integração de alunos de países africanos de língua portuguesa a brasileiros e foi criada em 2010 em Redenção (CE). Em 2014, abriu o campus malês em São Francisco do Conde (BA). A unidade baiana abriga cerca de 1.000 alunos, dos quais 96% são negros –sendo o campus de uma universidade pública com o maior percentual de alunos pretos e pardos.Apesar da representatividade, o projeto deixou bastante a desejar e hoje chega à beira do colapso, com o fechamento do restaurante universitário e a paralisação das aulas, resultado de anos de abandono e tentativa de minar o projeto de uma educação que promova a integração entre Brasil e África.A criação de novas universidades públicas Brasil adentro permitiu o maior acesso ao ensino superior e a interiorização de políticas públicas de educação nos governos do PT (2002 a 2016). A Unilab tem uma proposta ainda mais ousada: a de promover a integração dos estudantes africanos.Vários equívocos, no entanto, tornaram o projeto ainda mais desafiador. Um deles foi a escolha de São Francisco do Conde, uma pequena cidade de cerca de 35 mil habitantes, para receber uma universidade com vocação internacional. Isso faz com que os estudantes tenham pouca ou nenhuma chance de trabalho.Outra foi a da universidade ter sede no Ceará e outra unidade na Bahia, bastante distante e sem conexão, fazendo com que o campus de São Francisco do Conde, chamado de malês, ficasse relegado à própria sorte, sem verbas, atenção ou incentivos.Por lá, são seis cursos de graduação e um de mestrado. Entre os estudantes, há quilombolas, moradores do Recôncavo baiano e cerca de 400 africanos, de países como Guiné Bissau, Angola e Moçambique.Eles recebem valores de auxílios para permanência na universidade, chamado de Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), no valor de R$ 530. O montante é o mesmo desde 2010 e nunca teve reajuste. Isso faz com que os estudantes tenham ajuda da família ou vivam em condições precárias. Há ainda a possibilidade de bolsas de iniciação científica e de extensão, mas que não chegam a todos.Já os universitários indígenas e quilombolas, que tinham bolsa de R$ 900 até o começo do ano, tiveram reajuste e hoje recebem R$ 1.400. Nesse contexto, o Restaurante Universitário é a principal política de permanência dos estudantes na universidade, já que pagam R$ 1,10 tanto no almoço quanto na janta.As reclamações, no entanto, eram constantes: pouca comida, repetição de pratos, comida fria e até o estopim que foi a presença de larvas nas refeições. A empresa que era responsável pelo restaurante resolveu rescindir o contrato no fim de agosto. Desde então, a insegurança alimentar é uma constante na vida dos estudantes.Eles passaram a protestar, ocuparam a reitoria e as aulas foram paralisadas. A situação ficou pior porque haviam chegado novos 89 alunos, que ainda não conseguiram passar por todas as burocracias para receber o auxílio estudantil e dependiam 100% da comida do restaurante.Depois de mais de 12 dias sem comida e sem aula, uma verba emergencial do Ministério da Educação (MEC) chegou. "Há um grande descaso com a unidade da Bahia. Uma discriminação estrutural e institucional. Somos um campus indesejável, parece que se faz de tudo para que seja desidratado e desapareça por inanição", desabafa um membro do corpo docente, que pede para não ser identificado.Os recursos para investimentos parecem provar a tentativa de desidratar o campus que não recebeu nenhum centavo nem em 2022, nem em 2021. Segundo os professores, hoje o campus não recebe verbas para seminários, passagens ou outras atividades extras. A grana repassada é apenas para despesas de pessoal, manutenção básica de contas de água, luz e internet e material de escritório mínimo.Já o campus do Ceará tem residência universitária, restaurante digno, infraestrutura de campus, que condiz com uma universidade. Isso porque em São Francisco do Conde as aulas funcionam na estrutura de uma escola fundamental cedida pela prefeitura.O prédio da universidade começou a ser construído em 2014 e a empresa abandonou a obra, após descoberta de irregularidades. Com a chegada do governo Jair Bolsonaro a situação se agravou. Após pressão da comunidade acadêmica foram conquistadas duas vezes verbas de emendas que somavam R$ 2 milhões, cada uma, e que garantiriam a construção de 10 salas anexas, mas o dinheiro acabou ficando em ambas as situações no campus do Ceará.Neste ano, o MEC liberou cerca de R$ 10,5 milhões para retomar a obra do prédio da universidade, que está previsto para ficar pronto em 2025. Entre os absurdos, está o fato de a universidade ter conseguido 50 ares-condicionados que seriam instalados no novo prédio e hoje ficam em caixas esperando a obra ficar pronta, enquanto as aulas são ventiladas por ventiladores em pleno recôncavo baiano.Ao todo são 90 professores, todos com doutorado, e que conseguem garantir, apesar das adversidades, que todos os cursos tenham notas 4 e 5 nas avaliações do MEC, além de um bom índice de aprovação em pós-graduação e retorno aos países de origem em condições de conseguirem empregos nas áreas de estudo."Precisamos fazer uma avaliação do que representa essa universidade como reparação para os estudantes africanos, para que possam retornar aos seus países com educação de qualidade. É também uma oportunidade de pensar uma relação simétrica com os países africanos com uma política de aproximação e intercâmbio", afirma um dos docentes da Unilab.Uma das alternativas de fortalecimento do campus Malê da Unilab é transformá-lo na UFAB - Universidade Federal África Brasil, propondo sua emancipação. A proposta vai de acordo com o projeto de interiorização e internacionalização com países do continente africano e tiraria a dependência e invisibilidade em relação a sede no Ceará.São Francisco do Conde fica a 70 quilômetros de Salvador e é considerada a cidade mais negra do Brasil, com cerca de 92% da população se identificando como de cor preta e parda. A cidade recebe ainda royalties por conta de uma refinaria de petróleo que pertenceu a Petrobras e hoje é da empresa da Árabia Saudita Acelen. Isso faz com que o município tenha o 7º maior PIB per capita do Brasil. A grana, no entanto, não é visível na estrutura da cidade, que é bastante simples e também não consegue oferecer condições para a permanência dos estudantes africanos.Falta, dessa forma, a possibilidade de sobrevivência elementar da universidade, que não recebe estrutura, recursos e nem atenção. Mas é exemplo de aplicação da Lei 10.639/13, que torna obrigatório ensino afro-brasileiro e indígenas.Além disso, cerca de 90% dos formados são a primeira geração de pessoas da família que ingressaram na universidade. Em 2017, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava fora do cargo, participou da formatura da universidade como patrono. As imagens foram utilizadas em sua última campanha ao Palácio do Planalto, mas sua gestão ainda deve mais atenção à universidade.Tive a oportunidade de estar na Unilab duas vezes e pude presenciar a potência que é ter tantos estudantes africanos, falando diversas línguas, de origens distintas, trocando com alunos do Recôncavo Baiano, quilombolas e indígenas.E também pude ver de perto a precariedade a que foram relegados, mas o quanto contornam tudo isso por meio do aprendizado que possibilitam novas oportunidades e conexões. Agora, precisamos pressionar para que os holofotes se voltem para lá e que essa conexão entre África e Brasil seja valorizada e incentivada nessa que é uma das principais regiões da diáspora africana, que é o Recôncavo Baiano. A Unilab do campus dos malês precisa de nós!De acordo com o pró-Reitor de Planejamento e Finanças, Antônio Célio Ferreira dos Santos, a Unilab criou uma ajuda de custo emergencial de R$ 575 para cada estudante até que seja feito um outro contrato com nova empresa para oferecer as refeições para os alunos. A primeira parcela foi depositada na última terça-feira (12). Além disso, a direção "está tomando todas as providências necessárias para cobrar e penalizar a empresa que suspendeu a oferta das refeições de forma unilateral".De acordo com o pró-reitor, a universidade não consegue atender a todos os pedidos de seminários e atividades extras, mas garante que há "tratamento isonômico a todos" e informa que o orçamento previsto para 2023 para a sede e campus Malê é de R$ 4,9 milhões, sem especificar qual o montante específico será destino aos investimentos na Bahia. "O reitor Roque Albuquerque está em Brasília para tratar de questões específicas do campus, onde solicita que seja enviado o recurso necessário para manter a ajuda de custo aos alunos enquanto se contrata nova empresa do restaurante, bem como conseguir mais suplementação para atender outras demandas do campus", informa.
2023-09-14 08:30:00
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Manoel Morgado, o primeiro brasileiro a completar a Grande Trilha do Himalaia
Percorrer 1.425 quilômetros de trilha em 125 dias nunca é fácil para ninguém. Realizar essa jornada cruzando o Nepal pela cordilheira do Himalaia, com sua altimetria aguda e nevascas inesperadas, é para poucos. E se essa pessoa for um cidadão com 67 anos às costas, então, pode-se dizer que é uma boa e gloriosa façanha.Esse é o caso do médico pediatra Manoel Morgado, montanhista há 40 anos, que um dia largou o diploma da Escola Paulista de Medicina para realizar o que considerava sua grande vocação: ir para as montanhas. "Na época, nem era tão frequente as pessoas irem para montanhas, Marte era mais conhecido que o Nepal para a maioria das pessoas", conta ele, lembrando o desconsolo do pai quando lhe contou que deixaria a carreira à qual havia dedicado tantos anos para seguir o sonho de viver de e para o montanhismo.Apaixonado pelo Nepal, resolveu que seria lá onde desenvolveria sua nova profissão. Meteu a cara e mergulhou no país até se considerar experiente o bastante para montar seu próprio negócio. "Então, no começo, de outubro a novembro eu guiava pessoas no Nepal, de dezembro a fevereiro levava grupos para viagens mais espirituais e de ioga para a Índia, e voltava ao Nepal entre março e abril, até que consolidei meu negócio e fiquei só no Nepal, em viagens de aventura e ecoturismo", explica. A família, do outro lado do mundo, respirava aliviada —e resignada à perda de seu primeiro doutor.À frente de uma das mais longevas agências que operam na Ásia, a Morgado Expedições, o ex-médico explica que a maioria de seus clientes é de pessoas na faixa de 40 a 50 anos, mas que cada vez mais é procurado por maiores de 60 e, até de 70 anos. "As pessoas estão chegando a essa idade mais saudáveis, o que é muito bom", comemora.Em relação aos seus primeiros anos, Morgado conta que a grande diferença promovida pelo aumento da procura por turismo de aventura na região é a oferta de uma infraestrutura de apoio moderna, com água quente nos lodges (as hospedagens nos vilarejos mais percorridos dos Himalaias), acesso a internet e outros luxos nada desprezíveis quando se está entre os picos mais altos do planeta.Só que isso costuma estar restrito ao circuito mais turístico da região, aquele que leva às montanhas badaladas, do Anapurna ao Everest, passando pelo Ama Dablan. Percorrer a GHT (Great Himalayan Trail, ou Grande Trilha do Himalaia) é um capítulo à parte, recheado de vários perrengues.A decisão de percorrer a trilha delimitada pelo britânico Robin Boustead veio depois de Morgado ter completado a escalada dos cobiçados sete cumes mais altos de cada continente —Everest, 8.850m; Denali, 6.194m; Kilimanjaro, 5.895m, Elbrus, 5.642m; Vinson, 4.897m e Pirâmide Carstensz, 4.884m. O desafio tinha o charme adicional de permitir-lhe ser o primeiro brasileiro (e sul-americano) a completar o percurso que só foi definido nos primeiros anos deste século 21, juntando as muitas trilhas já conhecidas e percorridas a outras áreas onde, à falta de demanda turística, o caminhante precisa contar com os muitos quilos que representa levar comida, água e equipamento para acampar ao relento sob um dos climas mais instáveis do mundo.A GHT, vale contar, tem o objetivo ambicioso de crescer, unindo o Butão ao Paquistão, cruzando toda a cordilheira do Himalaia, que recebe vários nomes ao longo do percurso. No dia em que a geopolítica e as rixas internacionais o permitirem, ela deve chegar a 3 mil quilômetros. E, ao contrário de outras trilhas de longa distância, como a Apalache (3.500 quilômetros), nos Estados Unidos, ou o mais modesto Caminho de Santiago (800 quilômetros) entre a França e a Espanha, essa representa um desafio mais rústico e exigente, que inclui escaladas técnicas a 6.200 metros de altitude e descidas a vales de 870 metros. Altimetria para pulmão nenhum botar defeito.A primeira tentativa de completar a GHT não deu certo, explica Morgado, porque foi justamente no ano em que a pandemia fechou o país. Sem poder contar com apoio nos vilarejos da região, a jornada foi adiada para este ano —e completada no dia 30 de julho passado. Parte da viagem foi feita ao lado da mulher, a personal trainer Vanessa Oliveira, que o acompanhou por 40 dias, voltando ao Brasil para tocar seus trabalhos. Na bagagem, desta vez, seguiam alimentos altamente calóricos, mas de relativamente menor peso, como whey, manteiga de amendoim e azeite de oliva, conforme orientado por uma nutricionista."Quando estamos nas montanhas não tenho uma dieta das melhores, a gente come o que encontra, nesses quase cinco meses de trilha não vi nada de fruta, havia pouca verdura e uma dieta pobre em proteína, mas era o que tinha", explica. E a que credita a disposição física na idade em que nossos avós costumavam estar jogando dominó na pracinha mais próxima?"Atividade física, sempre, né, e muito cuidado com os joelhos, além de uma boa genética", resume Morgado, com o brilho nos olhos de quem, antes de mais nada, tem uma enorme fome de viver.
2023-09-14 07:30:00
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Largada da seleção rumo à Copa deixa vencedores e perdedores
Os primeiros dois jogos da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, cartão de visitas do treinador interino Fernando Diniz, serviram para mostrar quem largou bem e quem largou mal, entre os atletas, na caminhada rumo à competição, que será nos EUA, no Canadá e no México.Um dos vitoriosos, passadas as vitórias em casa contra a Bolívia (5 a 1, fácil) e fora contra o Peru (1 a 0, difícil, com gol só no fim do segundo tempo), é o goleiro Ederson.O campeão europeu com o Manchester City, que criou fama de saber jogar bem também com os pés, atuou nas duas partidas, deixando na reserva Alisson, do Liverpool, titular do Brasil nas Copas do Mundo de 2018 e 2022, que, em revés pessoal, perdeu a posição.No setor defensivo, o zagueiro Gabriel Magalhães (Arsenal), que esteve cotado para ir ao Mundial do Qatar mas acabou preterido por Tite, e o lateral esquerdo Renan Lodi (Olympique de Marselha) são os grandes vencedores.Magalhães, apesar de ter tomado uma bola nas costas que resultou no solitário gol da Bolívia, teve a titularidade nos dois jogos, tanto em Belém como em Lima, relegando à reserva os concorrentes Ibañez e Nino, mesmo este último sendo homem de confiança de Diniz, que o treina no Fluminense.O mesmo aconteceu com Lodi, que perdeu espaço na seleção desde a final da Copa América de 2021, quando falhou no gol de Di María que deu o título à Argentina em pleno Maracanã.O técnico interino anterior da seleção, Ramon Menezes, escalara na lateral esquerda em amistosos Alex Telles ou Ayrton Lucas, que não foram chamados por Diniz. De volta, Lodi deixou o atual rival na posição, Caio Henrique, no banco nas duas partidas.No ataque, Raphinha deve ter regressado à Espanha, onde defende o Barcelona, com um largo sorriso. A vitória dele foi tripla.Primeiro porque nem tinha sido convocado originalmente para enfrentar bolivianos e peruanos. Contou com lesão de Vinicius Junior para ser lembrado por Diniz.Segundo porque, mesmo fazendo parte do grupo, certamente não começaria jogando, já que na sua posição, atacante pela direita, Antony era a escolha provável. Só que o jogador do Manchester United foi cortado devido a acusação de violência contra uma ex-namorada.Terceiro porque, caminho aberto, Raphinha aproveitou, marcando um gol e dando uma assistência contra os bolivianos, o que lhe deu crédito para prosseguir titular no jogo seguinte, no qual atuou por 85 minutos.Pelas atuações, a quadra que se destacou certamente estará na próxima convocação –o Brasil volta a jogar em outubro contra Venezuela e Uruguai–, e Ederson, Magalhães e Lodi com altíssima probabilidade de continuarem entre os 11 que começam jogando.Desses três, o único no cenário atual que corre risco de perder espaço a médio prazo é o zagueiro, isso quando Éder Militão, que teve contusão grave, voltar a jogar, já que o outro beque titular da seleção, Marquinhos, é incontestável.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Em relação a Raphinha, Vini Jr. deve regressar aos gramados nas próximas semanas e a tendência é Diniz não só convocá-lo como escalá-lo, ocupando uma das três vagas no ataque.Rodrygo iria para a direita (atuou na esquerda contra Bolívia e Peru), com Vini Jr. no flanco esquerdo e Richarlison centralizado.Raphinha, entretanto, pode ser beneficiado devido à tenebrosa fase de Richarlison, que está mal em seu clube (Tottenham) e não conseguiu balançar as redes nos jogos das Eliminatórias.Aliás, até conseguiu, em Lima, mas o gol foi anulado pelo VAR (árbitro assistente de vídeo) devido a impedimento milimétrico.Nesse caso, com Richarlison fora, Diniz pode colocar Rodrygo como centroavante e manter Raphinha no time.
2023-09-14 07:17:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/o-mundo-e-uma-bola/2023/09/largada-da-selecao-rumo-a-copa-deixa-vencedores-e-perdedores.shtml
Adidas lança tênis de 138 g e mira quebra de recordes
Procurei aqui em casa algo que pesasse apenas 138 gramas. Confesso que não achei muita coisa. Livros finos, alguns talheres, um pote de iogurte.Para a Adidas, 138 g são suficientes para quebrar recordes.A empresa alemã lança nesta quinta-feira (14) o seu mais novo modelo de alta performance para corridas de médias e longas distâncias. Com apenas 138 gramas, o Adizero Adiós Pro Evo 1 é 40% mais leve do que qualquer outro tênis de corrida já criado pela marca. Sim, QUARENTA POR CENTO. Esse número dá a dimensão do impacto que o modelo pode causar nas competições."Estabelecemos a meta de criar um tênis de corrida cheio de tecnologia, mas com um peso inédito até para a Adidas", afirma Patrick Nava, vice-presidente de produtos, corrida e esportes da empresa.Para conseguir construir um tênis tão leve, a empresa apostou em uma nova espuma na entressola, que é obtida a partir de um processo de modelagem sem compressão. O resultado é uma estrutura mais leve e menos densa. A palmilha do tênis também foi removida. O solado foi alterado, e o peso deslocado para a frente, de modo a reforçar a sensação de que o tênis empurra o corredor adiante. Por fim, o cabedal abusa de telas e transparências, para levar o conceito de leveza ao limite.O Adiós Pro Evo 1 tem 39 mm de entressola. Portanto, dentro do limite estabelecido pela World Athletics de 40 mm para calçados usados em competições internacionais. A diferença entre a altura do calcanhar e a ponta dos pés, o chamado "drop", é de 6 mm.O tênis demorou dois anos para ser desenvolvido, e durante o processo de aperfeiçoamento ele foi testado por atletas patrocinados pela Adidas no Quênia.Durante a coletiva de imprensa virtual, os executivos da Adidas insistiram que trata-se de um tênis para o dia da prova. Isso sugere que ele entrega altíssima performance, mas sua vida útil deve ser breve.Questionada pelo blog Na Corrida, a Adidas confirmou. "Este tênis foi otimizado para velocidade, não durabilidade, e desenvolvido para oferecer suporte máximo aos atletas com o menor peso possível", respondeu a empresa em nota oficial.Ainda não há previsão para o início das vendas do tênis. Tampouco sabe-se quanto ele vai custar no Brasil. (Minha aposta: não vai ser barato). Por fim, não é possível antecipar se toda essa leveza efetivamente se traduzirá em pódios e vitórias. O que a Adidas confirma é que o Adiós Pro Evo 1 deve fazer sua estreia oficial na Maratona de Berlim, que acontece no dia 24 de setembro. Há a expectativa de atletas de elite correndo com o modelo em Chicago e Nova York.Também fica a dúvida se o Adiós Pro Evo 1 vai substituir o Adiós Pro 3 como o principal tênis de performance da Adidas, e qual o impacto do seu lançamento para o futuro dos supertênis de placa.As respostas para essas perguntas virão com o tempo. Em Berlim, teremos algumas delas.
2023-09-14 05:00:00
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Rebeldia autoritária
O debate sobre um possível enfraquecimento do regime democrático de governo baseia-se em mudanças recentes no cenário política global. E, de modo inusitado, talvez os jovens tenham papel relevante na irrupção desse fenômeno.Os EUA viveram inédito retrocesso sob Donald Trump. Na Europa, Polônia e Hungria têm líderes que se perpetuam no poder e, nos países em que a extrema direita não venceu eleições, seus partidos têm se fortalecido.Na África, uma sucessão de golpes pôs fim a frágeis aberturas democráticas. No Brasil, houve o ensaio golpista de Jair Bolsonaro (PL).O quadro, porém, talvez seja menos desolador do que parece.Pesquisa da Open Society Foundations, realizada em 30 países e concluída em julho, mostra que a esmagadora maioria (86%) considera importante viver numa democracia; para 62%, ela é preferível a qualquer outra forma de governo.Nos dois primeiros itens, o Brasil registra índices superiores à média global, de 90% e 74%. No terceiro, ficamos abaixo, com 66%.Quando lida com recortes, entretanto, a pesquisa traz alguns dados inquietantes. A adesão dos mais jovens à democracia é menor do que a das gerações anteriores.Apenas 57% das pessoas entre 18 e 35 anos consideram a democracia preferível a todos os outros regimes —nas faixas etárias mais elevadas, o índice é de 71%.Ademais, 42% dos jovens acreditam que um regime militar seja uma forma aceitável de governo, e 35% acham que um líder forte, que não ligue para o Parlamento ou para eleições, seja um caminho positivo —entre aqueles com 56 anos ou mais, os percentuais são de 20% e 26%, respectivamente.Como explicar essa lacuna entre as gerações? Uma especulação é que, como a esquerda de modo geral ficou mais moderada e institucional, é a direita, mais especificamente a extrema direita, que se torna o polo contestador radical.Se a juventude, com seu pendor natural pela rebeldia, está se deixando atrair por essas ideias, teríamos uma explicação para o hiato geracional e o crescimento do populismo conservador no mundo.Caso a hipótese esteja correta, resta uma dúvida cujas implicações são relevantes. Se o gosto pelo radicalismo é apenas uma fase, o recorte populacional que hoje mostra mais tolerância com o extremismo se tornará, no futuro, mais firme na defesa da democracia.Mas, se a juventude é o momento no qual se cristalizam preferências que serão carregadas pela vida, então o flerte com autoritarismo pode ser um problema duradouro.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-13 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/rebeldia-autoritaria.shtml
Brics, o consenso como norma
A recente cúpula do Brics em Joanesburgo, na qual foram anunciados convites para que seis novos países (Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã) integrem o grupo, tem gerado acalorados debates —aos quais o Itamaraty presta atenção como chancelaria de uma nação de indiscutíveis credenciais democráticas.Da posição privilegiada de quem acompanhou o processo desde sua formulação como exercício teórico pelo economista Jim O’Neill, em 2001, e sobretudo de quem viu o grupo consolidar-se como ferramenta diplomática e liderou a negociação para a ampliação do Brics, de janeiro até a semana passada, sob a orientação do presidente Lula, procuro contribuir para o debate com algumas observações.Para começar, sugiro cuidado com análises que têm como pontos de partida lógicas importadas que fazem lembrar as da Guerra Fria do século passado. O Brasil e sua diplomacia sempre souberam navegar em momentos de fratura, como nas duas guerras mundiais e também na Guerra Fria, sem alinhamentos automáticos ou alianças excludentes —e não será diferente caso cenários semelhantes se repitam no futuro. Não nos faltam, para isso, experiência, acesso a todos os interlocutores, clareza sobre o interesse nacional e visão estratégica.Lógicas de soma zero, que especulam sobre diluição de poder do Brasil com a ampliação, tampouco aplicam-se, a meu ver. O bloco é hoje, 15 anos após sua criação, muito mais relevante, e esse capital político ampliado continuará a crescer e a render dividendos políticos para todos os integrantes. O interesse de 23 países em unir-se ao espaço é exemplo eloquente do seu êxito, somado a conquistas tangíveis como a criação do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o chamado "banco do Brics". Mais Ademais, não seria coerente que o Brasil, que advoga a reforma da governança global e a ampliação da participação dos países em desenvolvimento nos órgãos decisórios, como o Conselho de Segurança da ONU, bloqueasse o acesso ao grupo.A heterogeneidade de sistemas políticos, de níveis de desenvolvimento e de escalas de cada economia nacional, apontada por alguns, agora, como um pecado capital da ampliação, é e sempre foi uma marca distintiva do Brics —e também uma de suas maiores virtudes.O que une seus membros é o interesse em forjar um sistema internacional mais justo e que priorize o desenvolvimento para todos. É essa a identidade que uniu os primeiros integrantes, Brasil, Rússia, Índia e China, com respeito às divergências em outros campos, e que foi acolhida pela África do Sul quando do seu ingresso. Mais A ampliação ensejou também interpretações equivocadas sobre a suposta supremacia de um país sobre os demais, como se isso fosse possível em um bloco no qual impera o consenso como regra. A simples aritmética desmonta essa visão de viés conspiratório: afinal, ninguém questiona que o consenso entre 11 é mais difícil construir do que entre 5, seja em uma negociação diplomática entre países ou em um grupo de WhatsApp ou mesa de bar.O Brics não tem um só dono, e a negociação em Joanesburgo demonstrou essa realidade claramente. Já a partir do processo preparatório dos últimos meses, a delegação brasileira insistiu na necessidade de critérios e compromissos a serem assumidos pelos novos membros, caso da necessidade de reforma das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança. Quem já se deu ao trabalho de ler a declaração da cúpula de Joanesburgo e de compará-la às declarações de encontros anteriores pôde comprovar uma evolução importante na posição do bloco e de todos os seus cinco integrantes, a ser seguida pelos países convidados que queiram ingressar. Mais A abertura do debate técnico sobre o uso de moedas locais foi outro ponto prioritário para o Brasil plenamente atendido na mesa de negociação; e corretamente destacado pela mídia internacional pelo seu potencial impacto.Por esses motivos, o governo brasileiro recebe com satisfação os resultados da cúpula, que atenderam plenamente os objetivos do Brasil. Eventuais problemas futuros, tanto os apontados agora como os que venham a surgir, serão tratados com o mesmo pragmatismo e independência que caracterizam a política externa brasileira.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-13 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/brics-o-consenso-como-norma.shtml
Primeiro-ministro da Andorra se declara gay e reforça apoio à causa LGBTQIA+: 'Podem prosperar neste país'
O primeiro-ministro da Andorra, Xavier Espot Zamora, fez uma declaração sobre sua orientação sexual em uma entrevista para a televisão nacional na última segunda-feira (11). "Sou gay. Nunca escondi isso.""Agora, se não me perguntarem, não preciso dizer, no sentido de que isso não define a totalidade do que sou e muito menos minha política pessoal", continuou Espot. "Mas ao mesmo tempo, acho que não deveria ser um problema expressá-lo."O líder do país europeu aproveitou o momento para enviar uma mensagem de que a orientação sexual não deve determinar se alguém é aceito ou bem-sucedido. "Se isso ajudar muitas crianças, jovens ou adolescentes que estão passando por um momento difícil a verem que, no final das contas, independentemente de sua condição ou orientação sexual, podem prosperar neste país e alcançar a mais alta magistratura, então estou feliz em expressá-lo", disse ele.Espot - um democrata que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2019 - agora é um dos apenas cinco chefes de estado ou governo em exercício que se identificam com a comunidade LGBTQIA+. Ele também é o primeiro a se declarar gay no cargo a frente de Andorra.No início deste ano, o país legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e converteu todas as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo em casamentos civis.
2023-09-13 21:50:00
voceviu
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