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Lula pretere afilhados de Dias Toffoli e Salomão no STJ
Ao indicar os desembargadores Afrânio Vilela, de Minas Gerais, e Teodoro Santos, do Ceará, para vagas no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o presidente Lula (PT) preteriu magistrados que tinham como padrinhos os ministros Dias Toffoli (STF) e Luis Felipe Salomão (STJ).Não foram indicados os desembargadores Carlos Vieira Von Adamek, de São Paulo, e Elton Leme, do Rio de Janeiro.Pessoas próximas de Lula dizem que o presidente pretende fixar o critério de que as escolhas sejam dele, e não de terceiros que fiquem reconhecidos como padrinhos ou possam acuá-lo antes do término do mandato.Não se imagina, por exemplo, Lula repetir o então presidente Jair Bolsonaro, que levou Kassio Nunes até a casa de Gilmar Mendes para avisar que pretendia indicar o então desembargador do TRF-1 para a vaga de Celso de Mello.Vilela tinha como padrinho o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); Teodoro, o ministro da Educação e ex-governador do Ceará Camilo Santana.As escolhas de Lula para o STJ frustraram expectativas e manifestações de bajulação.Em março último, Elton Leme, então presidente do TRE-RJ, distribuiu medalhas a 28 autoridades. Onze homenageados são ministros do STJ.Leme era citado como um dos interessados na vaga de Jorge Mussi, ministro aposentado do STJ. Ele buscaria o apoio de Gilmar Mendes, presente à cerimônia.Leme já havia concorrido em listas anteriores. Em 2013, disputou a vaga do ministro Massami Uyeda.As medalhas seriam uma homenagem por serviços prestados à Justiça Eleitoral. Não foram indicados os ministros Og Fernandes e Jorge Mussi (aposentado), ex-corregedores do Tribunal Superior Eleitoral.Homenageadas, as ministras Rosa Weber e Maria Thereza de Assis Moura, presidentes do STF e STJ, respectivamente, não participaram do evento.Exatamente um ano atrás, Carlos Vieira Von Adamek acompanhou Salomão, que assumira a Corregedoria Nacional de Justiça, em visita ao TJ-SP. Adamek foi apresentado como "coordenador de inspeções da corregedoria do CNJ", mas não participava da nova equipe da corregedoria nacional.A movimentação de Adamek foi vista, na ocasião, como estratégia para chegar ao STJ. Não funcionou.Adamek acompanhou Toffoli desde 2010, quando começou a trabalhar no Supremo, como juiz instrutor. Auxiliou o ministro no julgamento do mensalão. Ocupou vários cargos em diferentes órgãos em Brasília.Em 2018, então braço-direito do corregedor nacional João Otávio de Noronha, Adamek acumulava três atividades: participava de julgamentos virtuais como desembargador do TJ-SP; era coordenador das inspeções da corregedoria nacional e juiz instrutor no gabinete de Salomão, no STJ.O magistrado morava em Brasília, em casa própria, e recebia os subsídios mensais pelo TJ-SP, que também pagava auxílio-moradia. Essa situação incomum foi autorizada pelo TJ-SP.Adamek informou na ocasião que trabalhava em regime home-office [em casa], participava de julgamentos virtuais e das sessões de julgamento presenciais de sua Câmara.No primeiro dia como presidente do CNJ, Toffoli alterou o regimento interno beneficiando Adamek, pois revogou dispositivo (espécie de quarentena) que vedava a permanência de magistrados por muito tempo longe dos tribunais de origem.No ano anterior, uma resolução do CNJ determinara que a designação de magistrados para outros órgãos do Judiciário só poderia ser feita quatro anos depois do término da última convocação.Um dos objetivos da quarentena era inibir o uso do conselho como trampolim para disputar vagas em tribunais superiores.A mudança foi interpretada como forma de contornar eventual obstáculo a Adamek, então secretário-geral do CNJ.Quando Adamek foi juiz auxiliar do corregedor Noronha, a corregedoria nacional não cumpriu o prazo regimental de 15 dias para apresentação ao colegiado dos relatórios de inspeções nos tribunais.Adamek coordenava as inspeções. O plenário aprovou os relatórios em bloco, no final da gestão.
2023-09-07 13:21:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/frederico-vasconcelos/2023/09/lula-pretere-afilhados-de-dias-toffoli-e-salomao-no-stj.shtml
Supremo desarrazoado
O Código de Processo Civil proíbe expressamente que o magistrado exerça as suas funções no processo "em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório". Dessa maneira, o legislador atuou para concretizar consistentemente o princípio constitucional que garante a imparcialidade do juiz.Em decisão recente, o STF decidiu que esse dispositivo legal não é compatível com a Constituição. Um dos argumentos é que os magistrados não podem conhecer nem ser obrigados a conhecer todos os advogados que são membros ou representantes do escritório de seu cônjuge, sua companheira ou seu parente próximo. Mais Tal argumento é insatisfatório. Claro, se o magistrado que atuar em processo desse tipo demonstrar que não sabia que o advogado postulante no processo se enquadrava na hipótese legal que ensejou o impedimento, ele estará livre de eventuais sanções, como a de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade. Mas, havendo arguição por uma das partes e comprovado o impedimento, ele deverá se afastar do processo, que será assumido pelo seu substituto legal. Então, os atos praticados por juiz em condição de impedimento serão decretados nulos pelo respectivo tribunal.Também se invocou, junto ao argumento do desconhecimento, o princípio da proporcionalidade, tão caro à jurisprudência constitucional alemã. Mas essa utilização retórica do direito alemão é seletiva e equivocada. Para invocar adequadamente o modelo alemão, os ministros deveriam recorrer à claríssima jurisprudência do Tribunal Federal da Alemanha (BGH). Tendo em vista que a lei processual alemã não prevê expressamente a referida hipótese de impedimento, o BGH estabeleceu uma hipótese de suspeição de parcialidade análoga à de impedimento prevista na lei brasileira.Em decisão de 15 de março 2012, esse tribunal decidiu que um juiz pode ser impugnado por suspeição de parcialidade se seu cônjuge trabalhar como advogada no escritório de advocacia que representa o oponente perante aquele juiz, inclusive no caso de a esposa do juiz não representar o cliente pessoalmente, apenas trabalhar meio período no escritório de advocacia e não ser sócia. Mais O BGH entendeu que a proximidade profissional particular da esposa do juiz com o procurador do adversário dá à parte motivos para se preocupar com a possibilidade de que isso possa levar a uma influência indevida sobre o magistrado. Segundo esse tribunal, mesmo que se possa presumir, em princípio, que os juízes têm a independência interna e a distância que lhes permitem tomar decisões imparciais e objetivas, não se pode esperar que uma parte confie que o oponente não exercerá qualquer influência indevida, e apenas rejeitar o juiz quando isso acontecer e ela ficar sabendo disso. Por fim, longe do argumento absurdo de negar nesse caso o princípio da imparcialidade com base no princípio da proporcionalidade, o BGH sustenta que a sua decisão serve, conjuntamente com os dispositivos legais de impedimento e suspeição, "à realização do direito constitucionalmente garantido das partes de não terem que comparecer perante um juiz que não tenha a neutralidade necessária".Assim, o argumento da desproporcionalidade com invocação do direito alemão não se sustenta se houver uma argumentação jurídica consistente e honesta. Tampouco pode ser tomada a sério a aplicação do princípio da igualdade, como propôs um dos ministros, pois se trata exatamente de privilegiar uma parte em detrimento da outra. Mais No mínimo, quatro ministros do STF têm cônjuge, companheira ou parente próximo pertencente a escritórios que atuam regularmente nesse tribunal. Alguém, com pretensão teórico-sociológica, poderia sugerir que essa decisão da corte constitui um caso típico de "sabotagem" ou bloqueio (não apenas condicionamento) do código jurídico lícito/ilícito pelo código amor/desamor (conjugal) ou pelos códigos das boas relações em geral (parente/não-parente, afeto/desafeto, amigo/inimigo etc.). Mas eu me restrinjo aqui ao aspecto técnico-jurídico: trata-se de um desarrazoado constitucional do Supremo Tribunal Federal.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-07 13:19:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/supremo-desarrazoado.shtml
Dora Figueiredo aluga uma quitinete colorida em milhões e milhões de cabeças
Perto da meia-noite do dia 4 de setembro, o perfil @esquizopoc publicou um tweet no estilo antes-e-depois, comentando um "desfecho maravilhoso". O "antes" era o print de uma conversa de julho de 2021 de Dora Figueiredo mostrando quatro fotos de seu quitinete colorido e a empresa de arquitetura responsável pelo projeto. O "depois" era um vídeo em que ela explicava que o apartamento era alugado e, como a reforma valorizou muito o imóvel, o proprietário elevou o preço a tal ponto que ela não podia mais comprá-lo. E que seu sonho virou um pesadelo.Era de se esperar que o tweet pudesse gerar algum interesse, já que Dora é uma figura conhecida das redes, a empresa de arquitetura já foi meme no passado por ter colocado um forno de micro-ondas rente ao chão de uma cozinha e as pessoas se interessam por desinteligências e assuntos ligados à casa própria. Mas o que aconteceu a partir daí foi algo inimaginável.O tweet começou a viralizar loucamente e, na manhã do dia 5, todos os feeds, grupos de whatsapp e inboxes estavam tomados por discussões sobre o erro de reformar um apartamento alugado, a qualidade do projeto apresentado, os vídeos de Dora em outras redes. A pororoca internética era gigante: de um lado, o povo pesquisando textos, fotos e vídeos antigos dos envolvidos. De outro, Dora e a arquiteta atualizando seus perfis com queixas e indiretas. Mais Enquanto as visualizações do tweet original chegavam à casa do milhão e os comentários geravam milhares e milhares de republicações, CPFs e CNPJs surfavam a oportunidade da onda. Uma imobiliária fez propaganda de apartamentos para alugar, prontos para morar, que "nem precisariam de reforma". A rádio CBN falou sobre o tema com um especialista em condomínios e um arquiteto. O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fez piada dizendo que trabalhadores sem-teto jamais reformariam um apartamento alugado.Perfis ligados a finanças comentavam o erro do investimento perdido e advogados explicam a importância de se fazer um bom contrato; engenheiros ressaltavam a importância de fazer cálculos de resistência de materiais para colocar uma jacuzzi cheia de água num apartamento, como Dora fez. Isso sem contar as enquetes "de que lado você está", sendo que a maioria respondeu que torcia pela briga.Os nomes de Dora e da empresa de arquitetura foram para a lista de assuntos mais comentados do antigo Twitter. Haters puxaram a capivara de Dora e descobriram um processo ligado a outro imóvel alugado. Fãs pediam para que a história completa virasse um podcast do Chico Felitti com o nome "A Mulher da Kitnet Reformada". Memes e figurinhas de WhatsApp espocavam feito pipoca de cinema, ansiosos especulavam que Dora entraria para A Fazenda (Record). Até que, às 9 da noite, Dora avisou que publicaria um vídeo explicando tudo.No dia seguinte, 6 de setembro, Dora ainda estava em primeiro lugar nos TTs (trending topics) da rede de Elon Musk, e o post que levantou esse tsunami atingia a incrível marca de 20 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES.Agora, pare e pense. O Twitter tem cerca de 24 milhões de usuários no Brasil. Claro que muita gente viu o mesmo tweet várias vezes, mas 20 milhões de visualizações? É muita coisa. Só não afirmo que é o tweet mais visto de todos os tempos porque a rede não oferece estatísticas de visualizações. Mas é um fenômeno.Depois de entrevistas, podcasts, tweets e tiktoks, Dora ora publicou um vídeo com o quarto e último episódio de sua "saga do apartamento colorido", temporada em que ela admitiu que o que fez foi uma grande burrice. Explicou toda a história, respondeu perguntas, tirou dúvidas, contou que entregou o apartamento para o dono e deu o assunto por encerrado.Resta saber se as pessoas conseguem aproveitar o feriado para declarar independência e parar de comentar esse assunto. Por enquanto, o que se sabe é que Dora Figueiredo alugou e reformou uma quitinete colorida com uma jacuzzi inflável nas cabeças de milhões e milhões de brasileiros.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-09-07 12:00:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/09/dora-figueiredo-aluga-uma-quitinete-colorida-em-milhoes-e-milhoes-de-cabecas.shtml
7/9 de volta
O Brasil, se tudo correr bem, voltará a ter neste 7 de Setembro um feriado normal, uma data festiva para comemorar a Independência que ora completa 201 anos e um momento de reflexão sobre o futuro que se espera para o país.Num gesto trivial, mas que soa louvável na comparação com o governo anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu como slogan das celebrações uma tríade oportuna para a conjuntura: democracia, soberania e união.Pretende-se, com o destaque aos três conceitos, ressaltar o caráter cívico de um evento por vezes marcado pela militarização, alardear a preservação da floresta amazônica como sinal de autoridade territorial e reforçar o sentido de congraçamento por trás dessa festividade.Não há como negar o acerto simbólico dessas escolhas, todas em direção oposta à dos últimos anos.Durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), foram constantes os ataques ao Estado democrático de Direito, às áreas de proteção ambiental e às tentativas de conciliar os diversos pontos de vista de uma sociedade complexa como a brasileira.Chegou-se ao extremo, em 2021, de fazer do 7 de Setembro uma oportunidade para ameaçar o Supremo Tribunal Federal, incitar os cidadãos a desobedecer decisões de magistrados e propalar seu pendor cesarista ao bradar que só sairia morto da Presidência da República.No ano seguinte, Bolsonaro sequestrou o feriado para propósitos eleitorais, como se a data, em vez de se prestar ao debate entre diferentes setores que buscam alguma coesão, pudesse ser transformada em palanque para fins particulares e divisionistas.Ainda que seja inevitável —embora não elogiável— que um governante utilize ocasiões dessa natureza para realçar temas caros à sua administração, é indefensável fazê-lo na forma de um ato explícito de campanha e inaceitável que o objetivo seja alimentar o sectarismo e estimular o golpismo.É claro que Lula sabe de tudo isso. As luzes da ribalta, contudo, podem cegar até os mais experientes artistas, e o petista já demonstrou, reiteradas vezes, que não está imune a tropeçar nas próprias palavras diante de um microfone.Por mais que o ambiente político pareça desanuviado, convém lembrar que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o Exército e a Polícia Militar acionaram o alerta para a movimentação de bolsonaristas —em parte, sem dúvida, em reação à infâmia do 8 de janeiro.O momento ainda é de cautela, e Lula não pode se esquecer disso. Sua atuação neste 7 de Setembro precisa ser, mais do que nunca, impecavelmente institucional, sem espaço para arroubos partidários ou escorregões retóricos.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-06 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/79-de-volta.shtml
A liberdade de denunciar ameaças à liberdade
Prevista na Constituição Federal, em seus artigos 5º e 220, sublinhada pelo artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e citada em verso e prosa por muita gente de boa vontade, a liberdade de expressão é um daqueles direitos fundamentais há muito tempo usado por diferentes —e antagônicos— propósitos.Pensada como uma forma de proteção, a liberdade de expressão é usada também para o ataque; exercida como cidadania, é empunhada para sustentar atos ilícitos. Em muitos casos, essa mistura não é aleatória, mas uma forma de recorrer a ela para disseminar discursos de ódio e desinformação deliberada.Quando denunciados, não raros disseminadores do ódio e da desinformação, vestidos com o manto de pregadores da liberdade, se dizem alvo de censura. Tais porta-vozes dessa falsa liberdade foram inspirados pelo ciclo autoritário que o Brasil viveu nos últimos anos. E assim o país virou um terreno fértil para a produção e disseminação em massa de conteúdos ilícitos e indesejados, adornados pelo espaço de regras frágeis que se tornaram as redes sociais. Mas a ameaça em larga escala também inspirou a reação e a resistência —das instituições do Estado e da sociedade civil.O Sleeping Giants Brasil, capítulo nacional de um movimento presente em 16 países, surgiu nesse contexto. Fundado por três jovens que buscavam soluções para os problemas das fake news e do discurso de ódio, o movimento brasileiro se converteu na maior operação do grupo no mundo. Busca promover boas práticas corporativas ao estimular que empresas anunciantes se dissociem de conteúdos falsos que atentem, por exemplo, contra a independência dos Poderes, a segurança das eleições e a saúde pública. Ao destacar a forma como suas marcas estão vinculadas a conteúdos indesejados, ajuda empresas a refletir (e agir) sobre a sua responsabilidade social e ética em suas estratégias de publicidade. Mais Para os produtores e disseminadores de fake news e discursos de ódio, esse tipo de alerta, questionamento e denúncia é uma forma de censura. Nada mais falso. Recorrem à liberdade de expressão —sempre ela— para desabonar ações como a do Sleeping Giants e proteger suas vozes de ódio e mentira.Deliberadamente ignoram que o movimento não detém as forças coercitivas do Estado para impor a censura a quem quer seja, muito menos para obrigar empresas a tomarem qualquer decisão. Estas, como agentes privados, têm plena autonomia e liberdade para direcionar seus recursos de acordo com suas próprias avaliações.Ao Sleeping Giants compete o papel de conduzir campanhas de conscientização voltadas a desestimular o patrocínio de notícias falsas e discursos de ódio. Oferece subsídios orientadores de tomada de decisões éticas e socialmente responsáveis no que diz respeito à alocação de recursos. Não à toa, mais de 1.100 empresas já informaram, publicamente, aderir às recomendações do movimento nas 80 campanhas desenvolvidas nos últimos três anos. Mais Trata-se de um esforço colaborativo e pedagógico acerca de valores e princípios que as empresas refletem ao associar suas marcas a conteúdos mentirosos, odiosos e ilícitos. Tudo isso é parte de um ecossistema de promoção de boas práticas corporativas que ganhou o planeta, instalando-se em organizações internacionais como a ONU e a OCDE, ou ainda nas principais Bolsas de Valores mundo afora. A linha de corte das denúncias não é a censura ou a usurpação da liberdade de expressão, mas os crimes previstos em nossa Constituição, como contra a democracia, terrorismo, racismo, pedofilia e violência contra a mulher. Nada disso, reafirme-se, está protegido pelo direito fundamental da liberdade de expressão.No clássico "Romanceiro da Inconfidência", de 1953, a poetisa carioca Cecília Meireles escreveu: "Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!". O Brasil e o mundo mudaram desde então. E na cicatrização de tantas feridas abertas, é o momento de reconstruir e reafirmar valores que —estes, sim— devem proteger e estar protegidos por direitos fundamentais como o da liberdade de expressão. Que os agentes públicos preocupados com a proteção dessa liberdade saibam fazer essa separação.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-06 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-liberdade-de-denunciar-ameacas-a-liberdade.shtml
Leitores veem de delito a armação em fala de Toffoli sobre prisão de Lula
Erro judiciário "Toffoli diz que prisão de Lula é um dos maiores erros judiciários do país e pede investigação" (Mônica Bergamo). Se autoridades agiram em conluio, com descumprimento deliberado de regras processuais de caráter jusfundamental, já não se trata de erro judiciário, mas de um delito. José Felipe Ledur (Porto Alegre, RS)Essa ação, de um dos menos confiáveis juízes do STF, tem claramente a assinatura do projeto de vingança do Lula. É uma atitude só cabível num sistema onde os juízes do STF são nomeados pelo presidente. Só cego não vê a armação. Paulo Roberto Fernandes (Brasília, DF)Olhando por qualquer prisma, é uma tragédia. Se Lula foi mesmo injustiçado, como deixaram um inocente preso por 580 dias? Ou Lula é o poderoso que conseguiu fazer com que sua pena fosse anulada? É uma tragédia e mostra o quanto este país é injusto. Valdir Silva (Guarulhos, SP)Sergio Moro "Moro, declarado parcial pelo STF, reage a Toffoli e diz que Lava Jato foi dentro da lei" (Política). Parabéns, Moro, por ter a coragem de enfrentar um sistema de corrupção que foi referendado pela devolução de bilhões de reais e confirmado por inúmeros juízes e delações. Quirino de Oliveira Minossi (Porto Alegre, RS)Se for preso poderemos pensar em justiça. O mal causado ao Brasil e ao povo brasileiro não tem mensuração. Desmonte da economia do país, avanço do fascismo em todos aspectos sociais, culturais e políticos. Deveria ser cassado para servir de exemplo. Laudgilson Fernandes (Rio de Janeiro, RJ)Independência "Quem foi a menina de 10 anos que escreveu um dos principais panfletos pró-Independência" (Ilustríssima, 7/8). Fui professor de geografia e de história (hoje aposentado). Há que se refazer nossa história e mostrar para os alunos os reais heróis brasileiros, que são desconhecidos. Os poderosos esconderam e até deturparam boa parte da nossa historiografia. Petrônio Alves Filho (Três Lagoas, MS)É importante a pesquisa para trazer às claras o papel e as ações micro ou macro de personagens do passado. O que não dá é para atribuir conceitos como "apagamento" e "silenciamento" à falta de conhecimento de uma dada situação. Isaias Pascoal (Pouso Alegre, MG)Segregação "3 em cada 10 sem-teto que saíram de projeto de moradia em SP foram expulsos" (Cotidiano). Isolam seres humanos fragilizados em cubículos e querem o quê? Tem que ter assistência social e jurídica, psicólogos, enfermeiras, médicos, vagas em creches e escolas, programas de educação e requalificação profissional para reinserir esses seres humanos na sociedade. Não é segregando pobres e miseráveis que o problema socioeconômico causado por gente muito rica vai sumir. Mara Passos (São Paulo, SP)Fuga "Brasileiro foragido nos EUA vira motivo de briga e piada na comunidade" (Cotidiano). Os americanos são engraçados. O sujeito foi preso pelo crime cometido, estava sob guarda judicial e fugiu, de quem é a culpa? Da imigração, do fato de ser brasileiro, do governo Biden ou do sistema penitenciário local? Jorge Peregrino Braga (Salvador, BA)Logo Hollywood aceitará um bom roteiro para filmar a fuga do brasileiro. Lá, eles adoram tal tema. Fabrício M. Souza (Contagem, MG) Mais Chuvas "‘Perdi tudo, mas eu vou encontrá-los’, diz homem que teve mulher e filhos levados por enxurrada no Sul" (Cotidiano). Me assombra o descaso. Já deveria haver aeronaves de outras regiões do país resgatando as pessoas! Neide Gonçalves (São Paulo, SP)Relacionamentos "O home office é a morte do tesão" (Mirian Goldenberg). Bobagem demonizar o home office. Os casamentos que não se sustentaram nessa modalidade de trabalho são os já fadados ao fracasso, ainda que longevos. Aqueles onde falta, fundamentalmente, amor. Eliane Lucero (Brasília, DF)Transtornos "Sócio da 123milhas vai à CPI e pede desculpas pelos ‘transtornos’ causados" (Mercado). "Transtornos", bacana esse termo. Compre um produto que vale 100, pague 50 e fique com um "transtorno". Marcos Fernando Dauner (Joinville, SC)Vida digna "A garantia de vida digna define o limite de qualquer transação política" (Maria Hermínia Tavares). A garantia de vida digna passa pela revogação do artigo 149 (EC 103/19), que permite confisco salarial de trabalhadores e aposentados. É preciso garantir dignidade e esperança às pessoas que trabalham para que elas possam continuar produzindo para o país. Francisca Gil (São Paulo, SP)
2023-09-06 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/leitores-veem-de-delito-a-armacao-em-fala-de-toffoli-sobre-prisao-de-lula.shtml
Homem tenta furtar bebida enquanto equipe de reportagem grava em mercado
Uma equipe de reportagem da Record foi surpreendida durante a gravação de uma matéria em Goiás, na terça-feira (5). O repórter foi até um mercado para conversar com os donos, que alegam sofrer com constantes casos de furtos e roubos.Enquanto entrevistava o casal, o repórter foi alertado que, ao fundo, um homem colocou uma garrafa de uísque dentro do casaco.Oloares Ferreira, o jornalista, então o aborda e o questiona sobre o que ele fazia. "Deixa eu ver o que você colocou debaixo do braço", disse. O homem nega repetidas vezes, até que o dono pega a bebida de volta e o rapaz sai correndo.Os donos da loja afirmaram que os casos de furtos ocorrem por diversas vezes e que sofrem com a falta de segurança no local.
2023-09-06 14:52:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/homem-tenta-furtar-bebida-enquanto-equipe-de-reportagem-grava-em-mercado.shtml
Maioria das pequenas e micro indústrias está mal informada sobre Reforma Tributária
A maioria dos micro e pequenos industriais está pouco informada ou não ouviu falar sobre a Reforma Tributária, segundo pesquisa Simpi/Datafolha.São 12% os que não ouviram falar sobre o tema e 44% os que estão pouco informados sobre a questão.De acordo com o levantamento, 72% dos dirigentes das micros e pequenas indústrias acreditam que a Reforma Tributária será aprovada pelo Congresso, enquanto 20% avaliam que não será.Para 31% dos entrevistados, a Reforma não irá beneficiar nem prejudicar o próprio negócio; 22% veem benefícios; 27% acham que irá prejudicar; e 18% não têm opinião sobre o impacto das mudanças na sua empresa.Em relação ao setor industrial como um todo (incluindo aqueles fora do Simples), são 31% os que afirmam ver benefícios.A pesquisa foi realizada por telefone, mediante aplicação de questionário, de 11 a 31 de julho, com 702 micro e pequenas indústrias em todo o país. A pesquisa tem margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.De acordo com o Simpi, os dados mostram a necessidade de esforços para informar melhor o setor diante da complexidade das mudanças propostas.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando..."Os empresários ainda têm um grande desconhecimento em relação ao que está sendo discutido no Congresso. É uma questão altamente técnica. Tem profissionais da mais alta estirpe que ainda estão discutindo entre eles se vai ter ou não aumento de carga tributária", afirma Joseph Couri, presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo).Segundo Couri, 90% dessas empresas estão no limite da sua capacidade financeira, com capital de giro insuficiente ou no limite para fechar o mês, de acordo com outro levantamento da entidade. Por isso, a apreensão diante das dúvidas sobre como ficará a carga tributária."Esse empresário está preocupado se vai aumentar a despesa tributária ou vai diminuir, se vai ter dinheiro para pagar [os tributos]", afirma.Couri diz ser positiva a previsão no texto da reforma de que as empresas do Simples poderão escolher entre recolher os novos tributos dentro da guia única ou separadamente, com a possibilidade de compensação de créditos tributários.Afirma, no entanto, que o Congresso também precisa discutir propostas para elevar o limite de enquadramento do Simples que está há cerca de seis anos em R$ 4,8 milhões de faturamento ao ano.
2023-09-06 13:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/09/maioria-das-pequenas-e-micro-industria-esta-mal-informada-sobre-reforma-tributaria.shtml
Famosos expõem suas próprias intimidades, e contam mais do que queríamos saber
Não faz muito tempo, as celebridades reclamavam do assédio da imprensa. Queixavam-se de que eram perseguidas nas ruas por paparazzi, e que não conseguiam fazer coisas banais como ir à padaria sem ser incomodadas.As redes sociais mudaram tudo. Alguns famosos logo perceberam que, quanto mais exibissem suas vidas privadas, mais seguidores conquistariam, atraindo o interesse de anunciantes. Tornaram-se paparazzi de si mesmos. E dá-lhe foto tomando banho, dormindo no sofá, comendo qualquer coisa. Tudo em busca de engajamento, quer dizer, dinheiro.Hoje já estamos numa outra fase, em que atores e apresentadores revelam detalhes íntimos, às vezes sem que ninguém tenha perguntado nada. Mais Como bem apontou meu colega Leonardo Volpato em sua matéria sobre o Dia do Sexo, agora sabemos que o marido de Deborah Secco é bem-dotado, que Sandy poderia dar aulas de masturbação e que Susana Vieira adoraria participar de uma suruba.Claro que é engraçado conhecer esses detalhes picantes. Eles humanizam as celebridades, pois mostram que elas são tão taradas quanto qualquer um de nós. E uma sociedade em que o sexo é discutido à luz do dia é um milhão de vezes melhor do que a repressão que estava em vigor algumas décadas atrás.Nem tudo é divertido nessas revelações. Nos últimos dias, o comediante Marcus Majella publicou um longo "exposed" contra seu ex-namorado Guilherme Castro, tema da coluna mais recente da Rosana Hermann. Parecia o tipo de coisa que a gente faz quando não está no total domínio das faculdades mentais, tanto que a postagem foi apagada logo depois. Tarde demais, evidentemente.O tiro meio que saiu pela culatra. Majella foi atacado nas redes sociais por se fazer de vítima de uma situação da qual ele também era cúmplice. Também houve quem o acusasse de ter se rendido ao "padrão", a preferência por corpos esculturais, agora que ele mesmo emagreceu. Ou seja: ninguém saiu ganhando.Preta Gil é outra que está em vias de transformar a própria vida em reality show. A cantora vem enfrentando uma barra inimaginável, lidando com um câncer e um divórcio conflituoso ao mesmo tempo. Ainda convalescendo da cirurgia a que foi submetida no final de agosto, Preta revelou no Instagram a armação que o ex-marido e a amante dele estariam preparando contra ela.É o tipo de coisa que, antigamente, seria mantida em total segredo, até um repórter abelhudo descobrir a história e publicá-la na imprensa, para o desgosto de todos os envolvidos. Hoje, esse tipo de reportagem está cada vez mais rara, porque os próprios envolvidos se encarregam de contar tudo.Acho totalmente compreensível que esses famosos machucados queiram desabafar e conquistar o apoio dos fãs. Mas, ao desnudarem suas intimidades online, também ficam expostos ao tribunal da internet, onde nem todo mundo é amiguinho. A maldade de algumas pessoas não tem limite, e não poupa nem quem ainda está no hospital se recuperando de uma operação delicada.Fica então a questão: vale a pena se expor tanto? Até que ponto é seguro mostrar sua casa, revelar suas preferências na cama, expor suas dores mais íntimas, para uma multidão de desconhecidos?Não há uma resposta definitiva para esta pergunta, até porque ainda estamos aprendendo a lidar com o poder das redes sociais. Para o bem e para o mal.Enquanto isto, ficamos sabendo do apetite sexual de Xuxa, que Lázaro Ramos gosta de exibir seu órgão em riste para Taís Araújo e que o ex-namorado de Marcus Majella não pagava nenhuma conta. É um pouco difícil entender o que os famosos ganham com tanta exposição.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-09-06 12:15:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/09/famosos-expoem-suas-proprias-intimidades-e-contam-mais-do-que-queriamos-saber.shtml
Como você, leitor, imagina o mundo daqui a 500 anos?
Em texto nesta semana, o colunista João Pereira Coutinho fez um exercício de imaginação sobre o mundo daqui a 500 anos."É um exercício arriscadíssimo. O futuro é insondável –e falar de descendência para o ano de 2523 implica acreditar que haverá mundo por aquela altura", escreve Coutinho.O colunista listou um conjunto de hábitos que temos hoje e que no futuro, segundo a visão dele, provocarão um "arrepio de horror" nos nossos descendentes, como o consumo de animais e a prática de sexo para fins reprodutivos.A Folha convida os leitores a fazerem o mesmo exercício de imaginação. Como será o mundo em 2523? Sua visão é pessimista, otimista ou uma mescla de ambos? Há coisas que você faz hoje e que no futuro serão condenáveis?Envie sua resposta por meio deste formulário. Algumas respostas serão publicadas no Painel do Leitor do próximo domingo (9) e nas redes sociais da Folha.
2023-09-06 11:35:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/como-voce-leitor-imagina-o-mundo-daqui-a-500-anos.shtml
Os ataques de parlamentares às deliberações da 17ª Conferência Nacional de Saúde
Entre os dias 2 e 5 de julho, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em conjunto com a sociedade civil, promoveu a 17ª Conferência Nacional da Saúde. O CNS integra o Ministério da Saúde e é instância colegiada, deliberativa e permanente do Sistema Único de Saúde (SUS). Historicamente organizadas pelo CNS, as Conferências de Saúde ocorrem a cada quatro anos e deliberam diretrizes que contribuem para a elaboração do Plano Nacional de Saúde (PNS) e do Plano Plurianual (PPA). As deliberações são realizadas a partir de ampla participação social, incluindo movimentos sociais, instituições governamentais e não governamentais, comunidade científica e entidades de profissionais de saúde, prestadores de serviço e empresariais da área da saúde.No dia 20 de julho, o CNS aprovou por unanimidade a Resolução nº 715/2023, que dispôs sobre as orientações estratégicas para a elaboração do PNS e do PPA e foi formulada a partir das diretrizes aprovadas na 17ª Conferência. A resolução foi criticada por parlamentares e em manifestações nas redes sociais, muitas delas revelando desconhecimento e confusão quanto ao seu significado e uso. É importante ressaltar que as diretrizes são resultados de propostas apresentadas em mais de 99 conferências livres realizadas em todo o país e promovidas pela sociedade civil — não por instâncias do Ministério da Saúde.Em seu relatório final, a 17ª Conferência apontou 245 diretrizes. Entre elas, duas se destacam entre as mais criticadas pelos parlamentares. A Diretriz 44, que traz a necessidade de "atualizar a Política Nacional de Saúde Integral LGBT e definir as linhas de cuidado, em todos os ciclos de vida, [...] com a garantia de acesso e acompanhamento da hormonioterapia em populações de pessoas travestis e transgêneras, pesquisas, atualização dos protocolos e redução da idade de início de hormonização para 14 anos", e a diretriz 49, que orienta "garantir a intersetorialidade nas ações de saúde para o combate às desigualdades estruturais e históricas com a ampliação de políticas sociais e de transferência de renda, com a legalização do aborto e a legalização da maconha no Brasil".Cerca de 70 parlamentares assinaram submissões de nove Propostas de Decreto Legislativo (PDL) a favor da interrupção dos efeitos da Resolução nº 715/2023. Entre as assinaturas, 57% eram filiados ao PL e 17% ao União Brasil. Os textos pedem a suspensão dos efeitos da resolução com base no inciso V do art. 49 da Constituição Federal, isto é, indicando que a resolução seria um ato normativo do Poder Executivo que recai em "exorbitação do poder federal" e em um Estado "promotor de ideologias". Outros atacam diretamente a diretriz que cita a redução da idade de início de hormonização para 14 anos, utilizando como argumento o art. 227 da Constituição Federal que trata do princípio de proteção integral para crianças e adolescentes. Por fim, o PDL 207/2023 relembra a criminalização do aborto e da maconha e argumenta que apenas o Poder Legislativo tem competência para legislar sobre direito penal, linha seguida pelo PDL 197/2023 de autoria do Deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP). Além dos PDL, nove parlamentares assinaram cinco solicitações de esclarecimentos sobre a Resolução nº 715/2023, direcionadas para a Ministra da Saúde. Com isso, a Ministra se deslocou algumas vezes para o Congresso a fim de fornecer as devidas explanações, como ocorreu após sua convocação para uma Audiência Pública.É notável uma confusão de conceitos entre o que é "legislar sobre o direito penal", o que de fato extrapolaria a competência do CNS, e o que é recomendar diretrizes para os instrumentos de planejamento do governo federal, definidas com a participação da sociedade. A diretriz 49, que fala sobre intersetorialidade e legalização do aborto e da maconha, é o maior alvo de críticas. Não é a primeira vez que uma resolução do CNS cita o aborto e recebe críticas. Em 2019, quando o médico cardiologista Marcelo Queiroga estava à frente do Ministério Saúde, o CNS emitiu a Resolução nº 617/2019, na qual a diretriz 73 cita o "direito ao aborto legal, assegurando a assistência integral e humanizada à mulher". Do mesmo modo, um grupo de parlamentares se mostrou contra o texto, pedindo sua revogação. A instituição, no entanto, manteve a resolução.A sociedade civil é um ator-chave para definir as diretrizes das Conferências Nacionais de Saúde, de acordo com a Lei nº 8.142/1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). As propostas são feitas em conferências estaduais, municipais e livres, e levadas à edição nacional, que existe há mais de 80 anos, para debate e deliberação. A preparação para a 17ª CNS, mobilizou mais de 2 milhões de pessoas em conferências realizadas em todo o país, sendo 99 do tipo livres, que podem ser organizadas por qualquer segmento da sociedade civil.As etapas preparatórias para a edição nacional, envolvem conferências que podem ser promovidas em âmbito municipal, intermunicipal, regional, macrorregional, estadual, distrital e nacional, com o objetivo de debater o tema ou eixos temáticos. Esses espaços promovem a participação popular ao incluir movimentos sociais no debate político. Na edição nacional, o evento contou com 4 mil delegados. Quando uma proposta tem pelo menos 50% mais um voto favorável dentre os presentes na plenária, ela se torna uma diretriz. Com isso, 59 propostas foram aprovadas como diretrizes da 17º CNS por um período de quatro anos. A recomendação sobre hormonoterapia e sobre a legalização do aborto e da maconha foram diretrizes aprovadas na plenária, e não se tratam de lei, tampouco uma orientação própria do governo federal.Embora sirva para orientar as estratégias do governo federal no campo da saúde, as resoluções emitidas por esse evento não têm efeito de normativa. Apenas tratam de recomendações que o governo não necessariamente vai seguir de forma integral para o planejamento das ações de saúde. O PNS é um plano norteador para os próximos quatro anos das áreas e políticas de saúde que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS). As diretrizes aprovadas na Conferência Nacional de Saúde orientam a elaboração do documento. Ainda segundo a definição do governo federal, o PPA, vigente por quatro anos, é um plano que define as metas, objetivos e diretrizes da administração pública. Os itens, no entanto, podem não constar no PNS: foi o caso do PNS 2020-2023, que não incluiu em seu texto final a diretriz 73 sobre o "direito ao aborto legal", contida na Resolução nº 617/2023.Por fim, percebe-se o caráter norteador e democrático da Resolução nº 715/2023, sem nenhum efeito de lei. De forma alguma, o texto pretende modificar as leis que criminalizam o aborto ou a maconha. Para que uma mudança individual dessas leis fosse no mínimo possível em algum momento posterior, propostas de lei deveriam ser feitas e aprovadas pela maioria dos parlamentares no Congresso Nacional, ou seja, um processo feito de forma democrática, sem exorbitação do poder federal. A Conferência Nacional da Saúde se mostra, de outro jeito, embora sem a competência de legislar, um instrumento democrático relevante para entender as necessidades da população no que diz respeito ao SUS.Acompanhe as iniciativas do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde também no Instagram pelo @iepsoficial
2023-09-06 10:47:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/saude-em-publico/2023/09/os-ataques-de-parlamentares-as-deliberacoes-da-17a-conferencia-nacional-de-saude.shtml
Passageiro tem diarreia durante voo e avião precisa retornar por 'risco biológico'
Um passageiro teve uma diarreia durante um voo que saia de Atlanta, nos Estados Unidos, com destino a Barcelona, na Espanha. Dessa forma, o trajeto em curso há duas horas teve de ser cancelado no ar, e o avião retornou ao local de origem.O fato foi divulgado pela imprensa internacional, inclusive a NBC News. Segundo a publicação, um porta-voz da companhia aérea Delta Air Lines reconheceu o incidente em um comunicado."O voo 194 da Delta em 1º de setembro de Atlanta para Barcelona retornou a Atlanta após um problema médico a bordo. Nossas equipes trabalharam da forma mais rápida e segura possível para levar nossos clientes aos seus destinos. Pedimos sinceras desculpas pelo atraso e inconvenientes", dizia.Um áudio atribuído ao piloto e amplamente compartilhado nas redes sociais mostra uma conversa entre ele e a torre de comando."Este é um problema de risco biológico. Tivemos um passageiro que teve diarreia por todo o avião, então eles querem que voltemos para Atlanta", diz.
2023-09-06 09:50:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/passageiro-tem-diarreia-durante-voo-e-aviao-precisa-retornar-por-risco-biologico.shtml
Estação de trem em Uberlândia sofre com pichações e lixo acumulado em seu interior
Inaugurada com pompa em 1970 com as presenças dos governadores de São Paulo e Minas Gerais, a estação ferroviária de Uberlândia, maior cidade do Triângulo Mineiro, hoje sofre com pichações, invasão de moradores de rua, mau cheiro e lixo acumulado em seu interior.Estação que integrava a chamada Linha do Catalão da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, ela surgiu para substituir outras duas que no passado foram o principal entreposto para cargas e transporte de passageiros na cidade mineira.A inauguração da primeira estação, que foi demolida, ocorreu em dezembro de 1895. Ela deu lugar a uma segunda construção, que foi demolida em 1969 para dar lugar à atual.A estação segue com seus trilhos em utilização por uma concessionária, e sua arquitetura remete à fase mais moderna, e derradeira, da Mogiana, seguindo o padrão adotado em estações como a de Ribeirão Preto —inaugurada cinco anos antes.Além das pichações, a estação abriga bancos deteriorados, vidros quebrados, restos de alimentos, garrafas plásticas e muita sujeira, mas o maior problema é ver um prédio com a história que ele tem sem utilização para sua finalidade.No local, há vagões em estado de abandono e um cômodo com pertences da concessionária que administra os trilhos.Em frente à estação, pelo menos 15 alunos tinham aulas de direção com carros, caminhões e ônibus de auto-escolas da cidade quando a Folha esteve no local.Um levantamento feito pelo pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, especialista em estações ferroviárias, mostra que, das sete estações que Uberlândia já teve, 4 foram demolidas ou estão abandonadas.A que está em melhor situação é a Sobradinho, que fica entre Uberlândia e Araguari e foi restaurada depois de ter ficado escorada devido ao risco de desabamento. Mais De acordo com a Prefeitura de Uberlândia, a estação Sobradinho foi tombada como patrimônio histórico municipal em março de 2006, quase 110 anos após sua inauguração, em 15 de novembro de 1896.Desativada em 1971, a estação de 129 metros quadrados ainda manteve seus trilhos até 1981, quando começaram a ser retirados para serem levados a Uberaba, num processo que levou dois anos.O conjunto arquitetônico original era composto pela estação, um depósito de areia, uma caixa d’água e a casa do telégrafo.Conforme a prefeitura, porém, não há mais nenhuma evidência da existência da casa do telégrafo e, do depósito de areia, são encontrados somente vestígios.
2023-09-06 07:43:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sobre-trilhos/2023/09/estacao-de-trem-em-uberlandia-sofre-com-pichacoes-e-lixo-acumulado-em-seu-interior.shtml
Safári humano na rua Oscar Freire
Salto do ônibus no Conjunto Nacional, desço a rua Augusta e quebro à esquerda na Oscar Freire. São quase cinco da tarde de um dia de semana qualquer, e eu me encaminho à sorveteria Bacio di Latte, onde fui chamado para o lançamento de um certo festival do pistache.Quase chegando lá, ouço me chamarem do outro lado da rua. Era Oscar Bosch, chef catalão, baita cozinheiro, gente finíssima, dono do premiado restaurante Tanit, ali mesmo.Oi, tudo bem, tá sumido... a breve conversa me faz pensar que de fato sumi daquelas bandas. Não só pelo meu histórico de espeleologia social (o oposto do alpinismo social) nos anos mais recentes.Eu já não me sinto à vontade na rua Oscar Freire. Quero vazar o quanto antes. Não sei se a rua mudou, mas eu decerto mudei um tanto.Entro na sorveteria e me oferecem um espumante, depois um negroni, nada mau para o horário. Percebo que os convidados não conversam entre si, estão todos ensimesmados na produção de vídeos de caras, bocas e creme de pistache.São influenciadores.Como meu doce e vou ao banheiro. Na saída, vejo uma mulher fazendo selfies junto à pia do lavatório. Estava na minha hora de ir. Tinha outro compromisso no centro, o metrô era meu destino.Logo dou de cara com a esquina mais incômoda da chique Oscar Freire, a da rua Peixoto Gomide. Lá tem um predinho bonito, mas todo escalavrado, pichado, detonado. Sua história não é nada bela.Uns 15 anos atrás, um investidor comprou todo o prédio para transformá-lo em hotel boutique. Todo não, perdão: dois moradores se recusaram a vender. A empresa, então, teria chamado um grupo de sem-teto para invadir o edifício e forçar a saída dos rebeldes.Não sei do destino dos antigos moradores, mas os sem-teto ainda estão lá, chaga purulenta na branca tez dos Jardins. Mais Ando mais um pouco e passo por um comércio que se define como bolacharia gourmet.No café em frente ao hotel Emiliano, toneladas de gente branca falando português e inglês, às vezes misturado.No quarteirão seguinte paro para finalmente experimentar o cachorro-quente do PoPa, que produz artesanalmente tudo o que vai no sanduíche: o pão, a salsicha, a mostarda, o ketchup.Enquanto devoro meu dogão gourmezaço (é, sim, tão bom quanto dizem), sou reconhecido por uma mulher em outra mesinha. "Você tem aquele programa na TV?""Tenho, sim.""Então, você está com a barba cheia de parmesão ralado."Mais uma deixa para seguir andando. Mais Na mesma quadra, relíquias vivas da gastronomia paulistana: a primeira filial do Almanara fora do centro da cidade e o Frevo, que a especulação empurrou para o outro lado da rua.Tenho flashes de esfihas e beirutes, de almoços de família quando, ao menos na minha cabeça, aquela região não era tão besta. Ou eu era mais besta, dá na mesma.Andando à minha frente, um casal de cariocas está deslumbrado com a manutenção do calçamento. "Poderia ter calçada assim em todas as ruas do Leblon, não"?, diz ele para ela.Do meu lado direito, o camelódromo mais ajeitado que já vi na vida. Aqui é Jardins, tá ligado?Alguns passos adiante, sou abordado outra vez, agora por uma assessora de imprensa que não via desde o tempo em que fui editor de revista masculina. Ela me chama para conhecer a loja de um importadora, que está sendo aprontada para uma degustação de vinhos.Não me convida para ficar. Eu não poderia ficar, de qualquer modo. Mais Apresso o passo na direção da avenida Rebouças.Percebo que, a cada quadra que avanço, cresce o número de pessoas caminhando na mesma direção, em passo ainda mais apressado.São funcionários de lojas, salões de beleza, pet shops, estúdios de pilates e clínicas de harmonização facial. O combustível da máquina do Jardins.Na cara do metrô, um mercado Dia% para abastecer a volta dos trabalhadores. E o infalível carrinho de milho com margarina.É muito variada a gastronomia da rua Oscar Freire.
2023-09-05 22:35:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cozinha-bruta/2023/09/safari-humano-na-rua-oscar-freire.shtml
Falar salva vidas
O suicídio é um problema de saúde pública que não recebe atenção proporcional a sua gravidade. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. São mais mortes devido a suicídio do que a malária, HIV/Aids, câncer de mama ou guerras.Por isso, o último relatório sobre o tema da OMS, de 2019, alerta para a importância de políticas de prevenção, com foco nos estratos mais vulneráveis, como os jovens.Dentre as principais causas de óbito de indivíduos entre 15 e 19 anos, o suicídio ocupa o quarto lugar, atrás de acidentes de carro, tuberculose e violência interpessoal. Países de baixa e média renda são mais afetados: desse tipo de morte, 77% ocorrem neles, que concentram 88% dos adolescentes que se matam.A média global é de 9 por 100 mil habitantes. De 2010 a 2019, a taxa caiu 36%. As Américas foram a única região com alta (17%). No Brasil, o índice em 2019 foi de 6,4 (2,8 entre mulheres e 10,3 entre homens).Aqui, os números do Ministério da Saúde mostram aumento preocupante no estrato mais jovem. Entre 2016 e 2021, a taxa na faixa etária de 10 a 14 anos subiu de 0,92 para 1,33 (alta de 45%) e, na de 15 a 19 anos, de 4,40 para 6,56 (49,3%) —avanços superiores ao verificado na população em geral (17,8%).Na cidade de São Paulo, dados da Secretaria Municipal de Saúde indicam salto de 46,5% nos casos de autoagressão e suicídio em pessoas de até 19 anos entre 2019 e 2022. Só no primeiro semestre deste ano, já foram 1.863 ocorrências, o que supera em 87% o número verificado no mesmo período de 2019.Tal cenário torna urgente a implementação de políticas focadas nessa faixa etária. O SUS já segue orientações da portaria de Diretrizes Nacionais para a Prevenção do Suicídio, de 2006, que inclui treinamento para detecção precoce, avaliação e tratamento de pessoas que apresentam comportamento suicida. É preciso mantê-la, reforçá-la e, talvez, expandi-la.Já as escolas precisam atuar no combate ao bullying e com projetos de desenvolvimento de competências socioemocionais dos alunos.Por último, é fundamental que transtornos mentais e suicídio não sejam tabus. No meio familiar e social, é preciso conversar abertamente sobre o assunto, para que jovens se sintam à vontade para relatar problemas e buscar ajuda. É mais fácil administrar aquilo que conseguimos verbalizar.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-05 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/falar-salva-vidas.shtml
Por que seu hambúrguer não é igual ao da propaganda
Chris é um grande fã de hambúrguer. Ele compra um no caminho para casa sempre que chega tarde. Ou para jantar com as crianças. Ou às vezes apenas para um lanche rápido para forrar o estômago.No entanto, mais de uma vez ele se viu enviando fotos de seu jantar para amigos e colegas amantes de hambúrgueres, para que eles pudessem rir.A diferença entre o que é anunciado e o que é vendido no balcão parece enorme."Na maioria das vezes, parece que foi jogado", diz ele.Então, quando ele ouviu que os clientes do Burger King nos EUA estavam levando a empresa à Justiça, isso chamou sua atenção."Você se sente enganado", diz o homem de 42 anos, do sul de Londres, que preferiu não dizer seu sobrenome. "Mas quem vai querer se indispor para reclamar? Você simplesmente engole."O Burger King disse que os hambúrgueres que vende não precisam ser "exatamente iguais à imagem" e que todos os produtos apresentados em seus materiais publicitários são "os mesmos servidos aos clientes em todo o Reino Unido".Mas os clientes às vezes sentem que o abismo entre a imagem e o que é servido prejudica a confiança.Clientes insatisfeitos citam outros exemplos: o sorvete é apresentado com amêndoas inteiras, mas contém apenas lascas, o recheio da pizza é escasso, as saladas são caras, porém pífias.Amy Wardle, chefe da Astir, empresa especializada em marketing de alimentos com sede em Nova York e Filadélfia, diz que há uma regra prática de que as imagens que promovem alimentos não devem conter ingredientes que não estejam no próprio produto.Mas isso ainda deixa margem para manobras.Se a ideia for promover um pão, pode-se colocar esponjas entre as fatias para dar uma aparência mais cheia ao sanduíche, diz ela.Para fazer com que uma fatia de pizza tenha o efeito de "queijo puxando", talvez seja necessário adicionar queijo extra retirado de várias pizzas idênticas.O cereal pode ser fotografado em uma tigela com cola, porque isso o torna menos empapado do que o leite.Os hambúrgueres em imagens publicitárias, diz Wardle, muitas vezes têm "esqueletos" feitos de palitos de dente para evitar que o pão escorregue na maionese."Não é que eu vá usar algo falso", diz Wardle. "[Mas] vou escolher entre dezenas de pães para encontrar aquele assado perfeito e que não esteja amassado, nem danificado.""Vou pegar minha tesourinha e ter certeza de que a borda do pão está perfeitamente nivelada para que não haja migalhas penduradas ou pedacinhos causados pela máquina de fatiar.""Então usarei a alface mais fresca, que não esteja escura e tenha babados perfeitos. Quero o tomate mais vermelho."Ela concorda que a imagem publicitária do Whopper do Burger King - o hambúrguer que é alvo do processo judicial dos Estados Unidos - faz parecer que a carne do hambúrguer é maior do que o pão onde ela está colocada.Talvez o hambúrguer que você comprou tenha sido embrulhado e deixado sob uma lâmpada de aquecimento, fazendo com que o pão fique um pouco amassado, diz ela.Mas também é possível que o hambúrguer tenha sido retirado antes do fogo ou tenha sido usado um pão particularmente pequeno, fazendo com que a carne pareça "mais abundante".Em teoria, o estilista poderia até ter feito um corte na parte de trás do hambúrguer e espalhado horizontalmente, diz Wardle.Não existe uma regra específica contra a utilização dessas técnicas nos Estados Unidos, diz Mark Bartholomew, professor de direito na Universidade de Buffalo, em Nova Iorque, desde que a imagem não seja uma falsa representação do produto.Mas há uma lacuna, explica ele. Espera-se que os clientes sejam inteligentes o suficiente para reconhecer que os anúncios geralmente contêm uma certa dose de "exagero"."O ponto aqui é: alguém foi realmente enganado ao gastar seu dinheiro?", questiona ele. "Alguém realmente achou que receberia a versão televisiva do Whopper?"No caso dos EUA, na Flórida, o Burger King poderia argumentar que ninguém realmente espera que o seu hambúrguer se pareça com o do cartaz, sugere ele.O juiz já rejeitou as alegações relativas às imagens publicitárias do Burger King, apenas permitindo que as acusações sobre as imagens nas lojas fossem levadas em consideração, afirma Bartholomew.Embora a gente saiba que a publicidade pode conter exageros, imagina-se que as imagens no ponto de venda estão mais próximas de fazer parte de um contrato - você vê, você pede - e é isso que será discutido no tribunal.Mas o professor Bartholomew diz que até agora os casos baseados em imagens supostamente enganosas raramente tiveram sucesso, porque são muito subjetivos.E a Comissão Federal de Comércio dos EUA quase nunca intervém em casos como esse.No Reino Unido, as regulações são um pouco mais rigorosas, embora o princípio subjacente seja o mesmo: as imagens promocionais não devem ser enganosas.A Advertising Standards Authority (ASA) é responsável pelo controle das imagens promocionais, exceto aquelas nas lojas e nos cardápios, afirma seu porta-voz, Toby King.Se surgirem dúvidas, cabe às empresas fornecer provas de que as suas imagens mostram o produto genuíno."Sabemos que os consumidores são espertos. Eles entendem que os anúncios não são a realidade. Mas há um limite. Nosso trabalho é decidir quando esse limite foi ultrapassado", diz King.A ASA proibiu imagens no passado, incluindo um anúncio do KFC em 2005. Na época, o órgão enviou funcionários para comprar um hambúrguer de filé de frango para que eles pudessem ver por si mesmos o tamanho real."Neste caso, o KFC disse que o modelo que segurava o lanche tinha mãos pequenas", diz King.Em 2010, um anúncio do Burger King foi proibido, novamente por questões de tamanho. "Se acharmos que há deturpação, banimos o anúncio", diz ele.Chris, do sul de Londres, não vai parar de comprar hambúrgueres. Mas ele preferiria que as empresas usassem fotos publicitárias mais honestas."Um hambúrguer nem foi feito para ter essa aparência, como se estivesse em um ambiente sem gravidade", diz ele. "Eles deveriam ter orgulho de seu produto real."-Texto publicado originalmente aqui
2023-09-05 18:39:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/por-que-seu-hamburguer-nao-e-igual-ao-da-propaganda.shtml
Últimos dias para se inscrever no curso de direito da FGV para jornalistas
Terminam no próximo dia 14 as inscrições para o Curso de Extensão em Direito para Jornalistas, ofertado pela Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV). As aulas, gratuitas, serão online, nas manhãs dos dias 19 a 22 de setembro.O curso abordará assuntos como responsabilidade civil na imprensa, reforma administrativa, reforma tributária e direito autoral e intelectual em tempos de inteligências artificiais.Entre os professores estão Sérgio Guerra, diretor da FGV Direito Rio, Floriano de Azevedo Marques, professor e ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Bruno Dantas, ministro e presidente do Tribunal de Contas da União (TCU).Para ser selecionado, o jornalista deve ter mais de três anos de experiência. Além disso, deve trabalhar em algum veículo, como jornal, TV, rádio, revista, blog ou site.Para se inscrever, é necessário enviar e-mail para ludmilla.totinick@fgv.br, com cópia para silvia.brando@insightnet.com.br. No e-mail, devem constar nome completo, CPF, número do registro profissional, veículo para o qual trabalha e cargo que ocupa.Após análise das inscrições, o resultado será enviado para os candidatos até o dia 15 de setembro.
2023-09-05 17:11:00
blogs
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/09/ultimos-dias-para-se-inscrever-no-curso-de-direito-da-fgv-para-jornalistas.shtml
É mais justo que o rico pague mais impostos do que o pobre
Caro João Camargo, li seu artigo nesta Folha ("Ser rico não é pecado", 2/9). Não estou aqui para criminalizar os mais ricos, até porque eu estaria sendo hipócrita, mas venho de forma respeitosa trazer argumentos para que possamos refletir e avançarmos como sociedade.Em um trecho do texto, você diz que seria difícil fiscalizar a tributação de grandes riquezas. Ao dar esse argumento, você supõe que super-ricos só cumprem as leis que são fortemente fiscalizadas. Nesse caso, temos dois problemas, criminal e de caráter.Precisamos acabar de uma vez por todas com a máxima do "jeitinho brasileiro", também conhecida como "lei de Gérson". Tenho certeza de que nesse primeiro ponto você já está concordando comigo. E, caso não concorde, vale lembrar que, com a conectividade, o rastreamento de transações está cada vez mais fácil e, consequentemente, a fiscalização mais forte.Você bem disse que o empresário corre muitos riscos. Sim, concordo, e sei bem como são os desafios... Afinal, fundei uma empresa e anos depois vendi com sucesso. Mas, sem trabalhadores, eu jamais teria sido "bem-sucedido". Não considero que o sucesso seja individual, mas coletivo.Se meus negócios tivessem dado errado, eu teria perdido dinheiro. Mas algum conhecido poderia conseguir um emprego para mim. Ou eu poderia correr atrás de investidores para a minha próxima "boa ideia". É mais fácil apostarem em mim do que em uma pessoa da periferia, né?Aliás, risco real quem tem é o trabalhador que mora na periferia, pega três horas de ônibus por dia e que, se perder o emprego, não conseguirá pagar o aluguel do próximo mês. Chega a ser triste pensar que a vida de algumas pessoas está em nossas mãos.Este ano visitei uma comunidade dentro de uma grande cidade brasileira. As pessoas não têm água em casa. Fazem as necessidades em um saco e jogam no córrego. A dignidade passa longe.Nós dois concordamos que essa situação é inaceitável. E que o risco delas é maior do que o nosso. Porque é risco de vida.Ficamos felizes ao ver que, no Brasil, o SUS funciona (e que pode melhorar). Que qualquer pessoa pode fazer um transplante de coração, independentemente da classe social. Queremos que todas as crianças tenham educação de qualidade e que nenhuma pessoa passe fome. Acho que nisso estamos 100% alinhados, correto?Obviamente, concordamos que o Estado tem que ser eficiente e que nenhuma corrupção é aceitável.Dito tudo isso, o Estado precisa de recursos. Seria mais justo que o pobre e a classe média paguem mais impostos proporcionais ou que as pessoas mais ricas tenham alíquotas maiores?Estudo recente concluiu que, no Brasil, enfermeiras pagam mais imposto proporcionalmente do que quem ganha mais de R$ 2 milhões por ano. Devemos concordar que isso não é justo.Justificar que os super-ricos irão tirar recursos do país é aceitar o fato de que as pessoas não se preocupam com a desgraça alheia. Que só pensam em si. Que há mais egoísmo do que compaixão. O que talvez, para muitos, até seja o caso. Mas precisamos mudar isso.E se a pessoa acha melhor empreender em outro lugar, não vejo problema. Sobrará espaço para alguém ocupar por aqui.Quando alguém, que não foi o seu caso, diz: "Se aumentarem os impostos eu saio do Brasil", soa-me como ameaça. Parece aquela criança que afirma "a bola é minha, se não for como eu quero, ninguém mais joga". Como se só tivesse uma bola no mundo.Termino com um exemplo recente de Massachusetts. Eles criaram um tributo adicional de 4% para quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano e usaram esse dinheiro para melhorar as refeições das escolas públicas. Mais Nenhum rico ficou pobre, e os pobres tiveram alimentos melhores. A sociedade ganhou. E ouso dizer que muitos ricos ficaram felizes de fazer a diferença na vida dessas crianças.O Brasil é um dos países do mundo com menor tributo sobre herança. Algo que poderia ajudar um pouco nas contas públicas. Se topar, lutamos juntos por esse tema.Resumindo: não queremos miséria, pobre sofre muito mais do que a gente e corre mais riscos. O Estado tem que ser eficiente. É mais justo que o rico pague mais impostos do que o pobre.Termino com um desejo: que a gente ensine para as próximas gerações como criar uma sociedade com compaixão. E que esse ensinamento seja muito mais por nossas ações, do que pelas palavras dos nossos artigos.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-05 16:49:00
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Mudança no IR de offshores e fundos pode ter efeito fiscal reduzido, diz Instituto Millenium
O Instituto Millenium afirma que as propostas que alteram a tributação de aplicações financeiras no exterior e fundos fechados são positivas em relação à justiça e à isonomia tributária e também ajudam a compensar o aumento do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda.Por outro lado, não há consenso sobre a possibilidade de tributação dos rendimentos acumulados antes da aprovação da lei, o que pode gerar questionamentos judiciais.Essas são algumas conclusões de nota técnica que será publicada nesta quarta-feira (6) pelo instituto.A entidade avalia que a expectativa de arrecadação pode ter alguns desafios, porque a mudança na tributação não tem efeitos em rendimentos passados. Também espera que mudanças e aprimoramentos sejam propostos na discussão do Congresso."Do ponto de vista legal, novos impostos não alcançam fatos passados. Com isso, a taxação de rendimentos auferidos no passado, tanto na medida provisória quanto no projeto de lei em análise, podem ser retirados da proposta ainda no Congresso ou serem questionados judicialmente", afirma o instituto."Em ambos os cenários, teria-se uma receita fiscal menor do que a estimada". O Instituto Millenium afirma também que possíveis reestruturações nas carteiras de investimento, sobretudo estrangeiras, podem acabar por reduzir a arrecadação com o remanejamento de ativos para investimentos de menor tributação.
2023-09-05 14:59:00
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Alcoolismo não tira férias, nem na Cidade Maravilhosa
Depois de quase dois anos de recuperação, fui passar uma temporada no Rio de Janeiro com a minha melhor amiga. O Rio sempre foi um lugar mágico para mim, a cidade em que muitas primeiras coisas me aconteceram —já me perdi no Carnaval, já me apaixonei muito, já vivi momentos cinematográficos e tantos outros catastróficos (talvez os piores da minha doença). Mas dessa vez seria diferente.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Tereza e eu combinamos passar umas feriazinhas na Cidade Maravilhosa. Ficaríamos no apartamento de um amigo do irmão dela que tinha ido viajar. Fui antes, sozinha, Tereza chegaria dois dias depois. Saí de São Paulo com uma incrível sensação de liberdade. Um grande companheiro carioca alcoólatra me alertou: olha, Alice, se apertar, tem o grupo lá. Eu desdenhei. Grupo? Nas minhas férias? Imagina, não seria preciso. Dois anos sem nada de álcool na boca, não tinha mais perigo, eu pensava.Desembarquei e fui direto para o apartamento que estava à minha espera. Cheguei à portaria depois de saborear a paisagem, os clássicos cenários naturais misturados com o clima sempre gostoso. O dia estava lindo, o céu azul e o sol me faziam ter certeza de que EU ERA A PESSOA MAIS FELIZ DO MUNDO! Uau! Quem poderia me tirar aquela sensação tão boa?Abri a porta do apartamento do Antônio com uma alegria imensa. O prédio ficava na Glória e a vista para o Aterro do Flamengo era de tirar o fôlego. (Sei que parece um clichê, mas de fato a gente fica com a respiração suspensa!). Admirei aquele cenário liiindo-perfeito suspirando de felicidade e quando virei para trancar a porta me deparei com outra coisa tão desconcertante quanto aquela paisagem: o bar da casa! Nesse momento, minha sensação antes tão boa se transformou numa coisa muuuuito esquisita. Senti o calor daqueles destilados que em tantos momentos já haviam descido pela minha garganta. Aquelas muitas garrafas me olhavam e me chamavam: E aí? Vamos relaxar? PÂNICO. Não saí do lugar. As pessoas andando de bicicleta no Aterro do Flamengo, sorridentes, foram apagadas pelo escuro de outros tempos.O álcool desfilava diante dos meus olhos, transparente ou colorido, acobreado, azul-claro, vermelho sangue. Tantas cores naquele bar tão inofensivo —uma mesa com bebidas e a paralisação de toda e qualquer sensação de bem-estar. Acredito que fiquei uns cinco minutos parada olhando as garrafas, e então comecei a sentir um medo pavoroso e uma vontade de chorar. O silêncio daquelas garrafas me encarando era apavorante. Apesar da sensação tenebrosa que tinha tomado conta de mim, entrei no apartamento e fingi naturalidade. Pronto, lá ia eu guardar o queijo e as águas que tinha comprado no caminho. Abri a geladeira: ela estava cheia de cerveja. Poxa, como o Antônio tinha feito aquilo comigo?Olha o tamanho da minha doença. Antônio tinha preparado o apartamento para nós duas, tinha deixado flores na entrada, roupa de cama limpa, toalhas e tudo mais. E eu só sentia raiva e pensava, egoísta, que ele bem que podia ter tirado aquelas garrafas para eu não ficar mal. Será que a Tereza não tinha contado pra ele? Não me ocorreu que ele talvez desconhecesse minha condição... Bom, esse tipo de pensamento era bastante frequente. Como as pessoas ousavam beber na minha frente? Como elas continuavam a ME provocar? Demorei para parar de me assombrar com esse tipo de pensamento egoísta, mas vez ou outra ele ainda aparece.Enfim, temi não dominar o medo de transformar aquela promessa de felicidade em mais uma estadia no inferno. Eu já havia tentado parar de beber inúmeras vezes antes de ingressar em uma sala de AA, e tinha sempre uma recaída. Mas agora a grande diferença eram as pessoas, a força do grupo e a segurança de que eu nunca mais me sentiria sozinha. Lembrei do Oscar, o carioca que tinha me falado da sala e fui ver o WhatsApp dele com as informações. Uma reunião começaria em trinta minutos e eu estava a uma distância de dez minutos a pé! Nem desfiz a mala, nem fui para praia, nem fui pedalar, nada. Corri cega para o grupo. Chorando e com o coração disparado ao longo dos quinze minutos que me separavam dos meus. Fui recebida com sorrisos e abraços, me senti cruzando a linha de chegada de uma maratona e finalmente podendo descansar.Sim, era a linha de chegada da paz. A comparação com uma maratona não é exagero. A luta contra o alcoolismo é isso, é ter que desviar das armadilhas que estão em todo lugar. Desse dia em diante, nunca mais tirei folga da minha recuperação. Estar em férias é ótimo, mas minha doença pede cuidado constante. Não dava para achar que eu ia viajar para o Rio sem precisar enfrentar meu alcoolismo. Aprendi.Passei os dois dias sem a Tereza indo a quatro reuniões de AA. Exagero? Não, nunca, jamais. Quatro reuniões correspondem a oito horas de sala intercalados por muitas conversas boas e encontros divertidos. Meu dia rende muito se não bebo e meu barato estava ali. O que eu não teria feito com oito horas de alcoolismo ativo no Rio a quarenta graus?
2023-09-05 08:01:00
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Senado aprova marco legal para planos de stock options
O Senado aprovou na semana passada o projeto de lei do marco legal das stock options (opções de compra de ações), o que inclui as regras de tributação desses planos de remuneração.O PL 2.724/2022, apresentado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), ainda será analisado pela Câmara dos Deputados.O projeto nasceu a partir das discussões do marco legal das startups e tenta colocar fim a uma discussão tributária que se arrasta há décadas.Um dos pontos centrais do texto é a definição de que a opção de compra de ações possui natureza exclusivamente mercantil. Portanto, não se incorpora ao contrato de trabalho e não constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, previdenciário ou tributo.De acordo com o projeto, a incidência de Imposto de Renda se dá apenas no momento da alienação das ações, com tributação do ganho de capital pela diferença entre o preço de venda e o valor da aquisição pelo beneficiário.O projeto estabelece um período mínimo obrigatório de 12 meses entre o recebimento da opção e o exercício desse direito ("vesting"). Determina também que, salvo decisão específica em contrário da empresa, o beneficiário só poderá alienar essa participação societária ("lock-up") após outros 12 meses.Na exposição de motivos do projeto, o senador afirma que o TST (Tribunal Superior do Trabalho) já rechaçou a ideia de que os valores recebidos com base nessas opções de compra têm caráter remuneratório e diz que os Tribunais Regionais Federais têm se posicionado nesse sentido.A Receita Federal entende que muitos desses planos têm natureza remuneratória, o que gera autuações para pagamento do Imposto de Renda Retido na Fonte, contribuição previdenciária e outros encargos trabalhistas.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...O Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e o Judiciário não têm uma jurisprudência consolidada sobre o tema. Existe a possibilidade de que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) analise um caso específico que possa servir de referência para as demais discussões."Nesse contexto de insegurança jurídica, com a Receita Federal entendendo majoritariamente de um jeito, autuando as empresas, e o Carf nessa posição, esse marco legal é muito bem-vindo", afirma a tributarista Andreza Ribeiro, do Stocche Forbes Advogados.A advogada afirma que as duas características observadas nas decisões administrativas sobre o tema são 1)se o beneficiário de fato desembolsou recursos para adquirir as ações ou as opções e 2) o risco que ele assume ao ficar sujeito à volatilidade no preço de tais ativos."No marco legal, eles destacam a questão da onerosidade. Não tem nenhuma menção à risco, mas isso está associado à onerosidade, já que, à medida que você adquire a ação, você fica sujeito à volatilidade, assim como os acionistas", diz a tributarista.Paulo Saliby, sócio da consultoria SG Comp Partners, afirma que há mais de 30 anos as empresas utilizam essa modalidade, mas que nunca houve uma legislação específica para oferecer segurança jurídica.Segundo a consultoria, dependendo do desenho, o plano pode representar despesas contábeis para as empresas 50% inferiores às de outros planos de incentivos de longo prazo.Saliby destaca também a importância do projeto para as empresas que ainda não são lucrativas. Para companhias com lucro líquido positivo, mesmo no caso de planos reconhecidos como de natureza remuneratória, havia a vantagem de fazer uma dedução e pagar menos imposto sobre o lucro. No caso de startups e scale-ups sem lucros, não é possível tal abatimento."Esse projeto é muito positivo para estimular o empreendedorismo. As stock options são fundamentais para uma empresa pequena, que não tem caixa. Como é que ela vai conseguir atrair talentos, um executivo mais sênior, montar um time de primeira linha sem caixa?""É o tipo de plano que estimula crescimento, porque ele distribui uma parcela do valor criado, diferentemente de um salário fixo ou um plano de bônus atrelado a metas ou um PLR", afirma Saliby.
2023-09-05 06:00:00
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R5, a possível moeda do Brics
Um dos aspectos mais interessantes da cúpula do Brics, que se realizou em Joanesburgo de 21 a 23 de agosto, foi a decisão de dar sequência aos temas da desdolarização e de uma possível associação monetária entre os países do grupo. Os presidentes Vladimir Putin e Luiz Inácio Lula da Silva foram particularmente assertivos em suas declarações sobre esses temas, reiterando manifestações anteriores.A Índia pareceu mais hesitante, talvez porque os seus conflitos com a China a tornem mais propensa a manter boas relações com os Estados Unidos.A declaração dos líderes, divulgada ao final do encontro, enfatizou "a importância de encorajar o uso de moedas locais em transações comerciais e financeiras entre o Brics, assim como com seus parceiros comerciais". Os líderes encarregaram os seus "ministros de Finanças e/ou presidentes de Banco Central, como for apropriado, a considerar o uso de moedas locais, instrumentos de pagamentos e plataformas e trazer os resultados dessa discussão para nós até a próxima cúpula". A linguagem foi vaga (reflexo, presumo, das dúvidas da Índia), mas é suficiente para dar sequência à discussão.A próxima cúpula será na Rússia, que exercerá a presidência do grupo em 2024. Os russos estão na origem da proposta de uma moeda Brics, apresentada por eles, de modo embrionário, em 2022. É de se esperar que eles liderem a consideração mais aprofundada desse tema complexo.Especialistas russos notaram a curiosa coincidência: as cinco moedas do Brics começam todas com a letra "R" —real, rublo, rupia, renminbi e rand. Propuseram então que uma eventual moeda Brics se chamasse R5. A R5 seria inicialmente uma unidade de conta, tomando a forma de uma cesta das cinco moedas, em que o peso de cada uma delas seria determinado, a grosso modo, pelo peso relativo das cinco economias. (Deixo em aberto, por ora, como se daria a participação dos novos países membros do Brics). Mais A proposta russa, até onde sei, não vai muito além disso. Falou-se vagamente em "lastrear" a moeda em ouro e/ou outras commodities —algo inviável na prática. Vejamos então, em apertada síntese, como se poderia criar a R5, que seja não apenas unidade de conta, mas cumpra as outras funções monetárias —reserva de valor e meio de pagamento. Para isso, seria indispensável que a nova moeda despertasse confiança, isto é, que fosse emitida de forma ordenada e "lastreada" de alguma maneira viável.O espaço não permite tratar do assunto senão telegraficamente. Importante ressaltar: 1 - a R5 não precisaria ter existência física, seria apenas uma moeda digital; 2 - não seria necessário, nem recomendável, criar um Banco Central do Brics, pois não há como unificar as políticas monetárias dos cinco países, nem agora nem em futuro previsível; 3 - não se trata, portanto, de criar uma moeda única, que substituiria as respectivas nacionais; e 4 - os bancos centrais continuariam desempenhando todas as funções típicas de autoridade monetária. Mais Bastaria criar um banco emissor, encarregado de emitir R5, de acordo com regras pré-determinadas. A R5 seria uma moeda virtual para transações internacionais, incialmente entre os bancos centrais. Aproximar-se-ia, portanto, da proposta de criação do Bancor, elaborada por Keynes em tentativa frustrada de impedir a hegemonia do dólar no pós-Segunda Guerra. Conceitualmente, é semelhante também à proposta apresentada em 2022, por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, de criação de uma moeda SUR para a América do Sul, em artigo publicado nesta Folha ("Criação de moeda sul-americana pode acelerar integração regional", 1º/4/22). Mais Como seria lastreada a R5? Uma possiblidade —inspirada, por um lado, em reformas monetárias europeias, notadamente na estabilização alemã de 1923, e, por outro, no próprio funcionamento das moedas fiduciárias modernas— seria torná-la livremente conversível em títulos garantidos pelos países do Brics. O banco emissor emitiria também títulos R5, com diferentes prazos e taxas de juros, que seriam a materialização da garantia do Brics para a nova moeda.Questão complexa, discutida de maneira tão suscinta, corre o risco de passar a ideia de simplificação caricatural. Uma versão mais completa dessas sugestões, que apresentei em seminário realizado em Joanesburgo, logo antes da cúpula, foi publicada pela agência de notícias Guancha, uma das principais da China, mas apenas em chinês. A publicação em inglês e português será feita em breve.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-04 22:00:00
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Uma prece pela querida Amazônia
Celebra-se nesta terça-feira (5) o Dia da Amazônia, um território sagrado que guarda abundantes sinais do amor de Deus. "A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, seu drama e seu mistério" (papa Francisco, "Querida Amazônia", 2019). A celebração desta data nos convida a olhar para o bioma amazônico com responsabilidade e coragem, reconhecendo a necessidade contínua de um compromisso audacioso diante de seus dramas.É de conhecimento público as diversas situações de destruição sistemática da Amazônia, o coração biológico do planeta. O aumento vertiginoso do desmatamento e o fogo que se alastra, destruindo fauna e flora, além de acinzentar os ares das cidades amazônicas, trazem sérios riscos à saúde de seus habitantes.Causam indignação as imagens de povos indígenas em situação de insegurança alimentar e desnutrição, consequências do desmantelamento de políticas públicas e do avanço de projetos destruidores de rios e terras. O abuso míope e egoísta do criado, com o objetivo de explorar até a exaustão o ambiente, tem contribuído, como demonstram estudos científicos, para o aquecimento global e as mudanças climáticas. O grito da terra se faz ouvir quando clareiras são abertas, devastando florestas e ferindo esse extraordinário ecossistema.Há um sinal de esperança, uma vez que, de acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, no primeiro semestre de 2023 houve uma redução de 60% na derrubada da floresta. No entanto, celebrar essa redução não deve diminuir a atenção e a vigilância, pois a perversidade de alguns continua a buscar subterfúgios que interferem no equilíbrio deste importante bioma. Mais Este Dia da Amazônia é celebrado após a reunião dos presidentes dos países da Pan-Amazônia, uma iniciativa louvável, embora só seja eficaz se governantes e povos amazônicos assumirem compromissos viáveis para frear a destruição.É necessário que a sociedade e líderes locais e globais demonstrem sensibilidade para a imprescindível atenção e cuidado que a região clama. Interromper a destruição, escutar os povos originários, os guardiães das florestas, e considerar as orientações da ciência são responsabilidades que todos devemos assumir. Mais A Igreja Católica no Brasil continuará trabalhando incansavelmente para promover uma vida abundante para todos. O compromisso de seguir Jesus Cristo, especialmente diante das ameaças à vida, nos compromete a preservar, cultivar, proteger e zelar por esse patrimônio que pertence a todos. Inspirados pelo princípio de uma ecologia integral e retomando os sonhos do papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal, sentimos a urgência de tornar conhecidas as belezas e riquezas desse bioma, do qual, de algum modo depende, o futuro do planeta.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-04 22:00:00
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Aflições paulistanas
Complexa e multifatorial, a percepção de insegurança em uma sociedade combina experiências pessoais e de seu círculo próximo; estereótipos e preconceitos sobre regiões e classes sociais; a amplitude do noticiário sobre violência na mídia; e, por óbvio, a constatação matemática dos atos criminosos.Esse amálgama difuso está no cerne da pesquisa Datafolha que apontou a violência como a maior preocupação dos paulistanos.Para 22% deles, a segurança pública é o maior problema da capital. São 10 pontos percentuais a mais em relação ao último levantamento, de 2020, e 6 pontos à frente da saúde —tema que liderou as aflições dos moradores nos últimos 11 anos. Vêm na sequência transporte coletivo (8%), educação (6%) e buracos na rua (6%). A margem de erro é de três pontos percentuais.Estatísticas recentes da violência, embora não peremptórios, apontam possíveis explicações.Dados do governo paulista sobre homicídios dolosos (alta de 2,3%) e roubos (queda de 2,4%) na capital mostram certa estabilidade entre o primeiro semestre deste ano e o de 2022. Já os latrocínios tiveram redução expressiva de 26,7%. Furtos (alta de 6,9%) e estupros (26%) são contraponto relevante —registre-se que este último delito é sempre passível de subnotificações.Se as estatísticas são inconclusivas, o paulistano detecta a olhos vistos a multiplicação de usuários de drogas na cracolândia e a consequente dispersão geográfica após intervenções, até agora tumultuadas, do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).Não à toa, o receio com a violência é ainda maior na região central, marcada nos últimos meses por tumultos, saques, protestos e recordes de furtos e roubos —notadamente de telefones celulares, prática disseminada por quadrilhas especializadas e que afeta, inclusive, as camadas mais pobres.Nesse contexto, também não surpreende que 68% considerem ineficientes as medidas da prefeitura e do governo estadual para ao menos minimizar o descontrole do crack e suas consequências. Número similar (73%) vê como ruim ou péssimo o trabalho de Nunes no acolhimento dos moradores de rua.Percepção e realidade podem se confundir, mas o tema da violência pode ser destaque nas eleições municipais de 2024 —ainda que policiamento ostensivo e investigação sejam de alçada estadual.Há muito o que a prefeitura possa fazer. A insuspeita desordem urbana, como má zeladoria, iluminação pública precária e proliferação da população de rua, reduz o ir e vir e amplia a sensação de medo.Para os que almejam comandar a capital a partir de 2025, resta observar que os paulistanos seguem resilientes —9 em 10 estão satisfeitos por morar na cidade—, mas apreensivos em relação a sua integridade física e de seus familiares.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-04 22:00:00
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Vale a pena correr a meia maratona de Buenos Aires?
Fato ou fake? Na teoria, o pacote que a Meia Maratona de Buenos Aires oferece ao corredor é sedutor: câmbio favorável, percurso plano, temperatura amena. Mas como é, na prática, correr a prova na capital argentina? Vale mesmo a pena? Depois de responder essa pergunta para dezenas de amigos, resolvi escrever este post para compartilhar um pouco do que foi minha experiência na prova que corri no último domingo de agosto (27). Vou abordar os pontos que estão diretamente relacionados à prova, mas não ficarei restrito a eles.Desde que adotou uma nova política cambial para o uso de cartão de crédito internacional, Buenos Aires consolidou-se como o melhor custo-benefício do continente. O que antes era barato tornou-se também muito prático. Eu passei cinco dias na cidade e, nesse período, não segurei em minhas mãos uma cédula de pesos argentinos. Resolvi tudo com cartão de débito internacional, que usa uma taxa de conversão mais favorável que a oficial, e muito parecida com a que se consegue com os cambistas espalhados na capital portenha. Pela minha experiência, quando você usa uma bandeira Visa a conversão é instantânea. Quando o cartão é Mastercard, a conversão é pelo câmbio oficial, mas em seguida a diferença é creditada de volta na sua conta. Sugiro você pesquisar antes de ir — até porque as regras mudam com alguma frequência. Por ora, acredite no hype — a economia é real.O local de entrega de kits muda de tempos em tempos, então não vale a pena falar longamente sobre o tema. Em 2023, ele ficou no meio do caminho entre o aeroporto de Ezeiza e o centro da cidade — ou seja, distante dos pontos turísticos e das vias que faziam parte do percurso da prova. Em resumo, um tanto fora de mão, mas nada que prejudicasse a experiência. Havia filas, mas elas andavam rápido. Sem estresse aqui.Já a expo era pequena, mas tinha seu charme. Além das tradicionais lojas de roupas e acessórios, havia um estúdio de tatuagem e uma loja da Adidas, patrocinadora da corrida.Não é fácil ser comparada ao Rio de Janeiro quando o assunto é beleza. Mas a prova de Buenos Aires rivaliza de igual para igual com a corrida da Cidade Maravilhosa. O percurso é rápido, plano, ocupa avenidas largas e passa pelos pontos turísticos obrigatórios. O turista brasileiro sentirá falta de cruzar as ruas da Boca, ver a Bombonera e apreciar a história arquitetônica de San Telmo. Tirando isso, o resto dos ícones portenhos desfilam todos para os corredores durante a prova. A Casa Rosada, a Floralis Genérica, o Obelisco, o Malba, o Parque de Palermo, as ruas da Recoleta e do Retiro, tudo está no percurso da prova.Aqui eu acho que Buenos Aires poderia ter caprichado um pouco mais. Logo depois da largada há um inexplicável estreitamento de pista. E aí, a prova que acabou de começar simplesmente pára. Foram longos segundos caminhando até o fluxo se normalizar. Quem corre a São Silvestre lembrará imediatamente do momento de entrada no túnel que dá acesso à Doutor Arnaldo.A oferta de água e banheiro também poderia ser melhor. Os postos de hidratação não são devidamente sinalizados. São enormes, mas distantes uns dos outros. Depois da largada, o primeiro ponto de distribuição de água só aconteceu depois do quarto quilômetro. E são garrafas plásticas, não copos. Para quem se programa para tomar gel de carboidrato, a solução é levar uma garrafa de água nas mãos.Por fim, a dispersão também é um pouco confusa e lenta. É compreensível que haja algum tumulto, sobretudo quando falamos de uma prova com mais de 20 mil participantes. Mas senti falta daquele locutor gritando "não paraaaaaaaaaaaa" para os atletas que cruzam a linha de chegada. Teria ajudado horrores ali.Outro ponto que é imprevisível. Este ano, o inverno foi mais ameno. A largada aconteceu com 8 graus, e a temperatura não deve ter ultrapassado 12 graus durante a prova. Some-se a isso um céu azul sem nuvens e um sol que mais ilumina do que esquenta. Não dava para ser melhor.E você, ficou com alguma dúvida? Tem alguma curiosidade? Já correu em Buenos Aires e gostaria de compartilhar sua experiência? Escreva nos comentários ou mande uma mensagem para blognacorrida@gmail.com. Se preferir, pode me mandar um direct no Instagram no perfil @rodrigofloresnacorrida.O jornalista viajou a convite da Visit Buenos Aires, SLS Puerto Madero e Flybondi.
2023-09-04 17:05:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/na-corrida/2023/09/vale-a-pena-correr-a-meia-maratona-de-buenos-aires.shtml
Prefeito de cidade no Ceará se joga em plateia durante festa, mas cai no chão
Era para ser só mais uma celebração na cidade de Senador Pompeu, a 266 quilômetros de Fortaleza, Ceará, mas um vídeo gravado na festa viralizou nas redes sociais.Isso porque Antônio Maurício Pinheiro, prefeito da cidade, se empolgou durante o evento que comemorou o aniversário de 127 de emancipação política do município e decidiu pular na plateia. Mas ninguém o segurou e o político acabou caindo no chão, mas levantou em seguida, sem ferimentos.A gravação foi feita na noite de domingo (3), durante um show. "A jornada de 127 anos de independência política representa não apenas o tempo que passou, mas também o progresso constante e as conquistas que moldaram Senador Pompeu ao longo dos anos", escreveu a prefeitura no Instagram.
2023-09-04 13:46:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/prefeito-de-cidade-no-ceara-se-joga-em-plateia-durante-festa-mas-cai-no-chao.shtml
Fundos imobiliários e Fiagros também são afetados por MP dos 'super-ricos'
Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) e os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) também são afetados pela medida provisória 1.184, que altera a tributação de aplicações em fundos de investimento no país.Segundo Diogo Olm Ferreira, tributarista do VBSO Advogados, a MP restringe as hipóteses de isenção dos rendimentos obtidos por pessoas físicas em aplicações nesses fundos.Atualmente, os rendimentos distribuídos por um FII ou Fiagro com mais de 50 cotistas e com cotas negociadas em Bolsa têm isenção de Imposto de Renda da Pessoa Física. A MP passa a exigir a existência de pelo menos 500 cotistas para que haja aplicação dessa isenção.Nesse caso, a mudança não é imediata. Caso a MP seja aprovada sem modificações, as novas regras de tributação passarão a produzir efeitos apenas em 2024."Embora não sejam alcançados pelas novas regras de tributação periódica, a MP propõe mudanças para a tributação de FIIs e Fiagros, novamente com potencial aumento da carga tributária", afirma o tributarista.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Luciana Pantoroto, planejadora financeira CFP pela Planejar, afirma que, pela regra atual, basta que as cotas sejam admitidas à negociação em Bolsa ou balcão para que esses rendimentos sejam isentos. A MP também altera esse trecho da lei, prevendo que as cotas devem ser efetivamente negociadas nesses mercados para que a isenção seja concedida."Essa alteração deve atingir fundos que, apesar de estarem registrados na Bolsa, não são efetivamente negociados. Geralmente, são compostos por famílias ou pequenos grupos de investidores", afirma.Levantamento da Quantum Finance, empresa de soluções e informações para o mercado de capitais, mostra 139 FIIs e Fiagros, listados e não listados em Bolsa, que atualmente se enquadram na regra de isenção (pelo menos 50 cotistas), mas que perderiam o benefício pela nova legislação, considerando dados para 31 de julho deste ano. No total, são 553 fundos com menos de 500 cotistas, portanto sujeitos ao IR a partir de 2024.A empresa também diz que os 111 Fundos de Investimento Imobiliário que compõem o índice IFIX, referência da B3 para esses investimentos, possuem mais de 500 cotistas, portanto, não estão sujeitos à mudança.Brunno Bagnariolli, sócio da Jive Investments e CIO de fundos da Mauá, afirma que a medida provisória é positiva em tipificar que os FIIs/Fiagros precisarão de, no mínimo, 500 cotistas e precisarão ser efetivamente negociados em Bolsa ou balcão."A MP ataca justamente as estruturas de ‘casca tributária’ e os separa dos fundos detidos e negociados pelo investidor de varejo que verdadeiramente representam a essência da isenção. Com isso, a MP afasta de maneira definitiva o ‘fantasma’ da tributação de fundos imobiliários que pairava na cabeça dos investidores", afirma.O principal objetivo da MP é estender a regra de tributação periódica para aplicações em fundos de investimento em geral, o "come cotas", aos rendimentos de fundos fechados. Mais
2023-09-04 13:53:00
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1º Festival de Talentos Musicais para Pessoas com Deficiência abre inscrições
A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, a SMPED, criou o 1º Festival de Talentos Musicais para Pessoas com Deficiência da cidade de São Paulo. Os interessados podem se inscrever por meio de um formulário online, neste link.Para participar do concurso, o candidato tem que residir na capital paulista, se inscrever até o dia 12 de setembro e encaminhar um vídeo no qual demonstre seu talento. A equipe da SMPED será a responsável por analisar as inscrições e entrar em contato com os selecionados.No dia 24 de setembro, os candidatos selecionados se apresentarão na Praça das Artes, no centro de São Paulo, para o produtor musical Rick Bonadio, que escolherá um artista para ter sua música produzida e lançada pela produtora Midas Music, da qual Rick Bonadio é CEO.Bonadio também é músico, compositor, empresário artístico e já revelou, produziu e empresariou grupos como Charlie Brown Jr., Mamonas Assassinas, Titãs, Rouge, Ira! e NX Zero e Vitor Kley, além de ter trabalhado em programas de TV como jurado de reality shows musicais.Confira, a seguir, o regulamento do 1º Festival de Talentos Musicais para Pessoas com Deficiência:1. Residir na cidade de São Paulo.2. Em caso de menor de idade, é necessária a autorização do responsável legal.3. O candidato poderá se apresentar com uma música autoral ou outra de sua escolha.4. Apenas uma música será produzida e lançada.5. Apenas um candidato será o ganhador do concurso.6. No formulário, caso envie o link de Instagram e Facebook demonstrando o talento, é necessário que as redes estejam abertas.Boa sorte!
2023-09-04 09:52:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/09/1o-festival-de-talentos-musicais-para-pessoas-com-deficiencia-esta-com-inscricoes-abertas.shtml
A agonia do varejo
Ao revelar sua crise bilionária, no início deste ano, a rede Americanas trouxe a público a grave crise que corrói o varejo brasileiro, de forma ainda mais acentuada nos últimos três anos. O setor atribui o declínio ao cenário macroeconômico do país, com alta dos juros, inflação e retração do poder de compra. Conjunto agravado pela pandemia de Covid-19, que trouxe definitivamente para a vida dos cidadãos as compras via internet. Essa mudança de comportamento levou a participação do e-commerce no varejo de 5,8% para 20% entre 2019 e 2021.Tais fatores justificam em grande parte, mas não esgotam as razões da crise sistêmica do setor, cujo valor de mercado caiu até 90% desde o início da escalada de juros, em meados de 2021. Segundo a TradeMap, nosso varejo encolheu um PIB do Uruguai no período.Para além da rede Americanas, a retração afetou outras grandes, como Renner, Riachuelo, Via Varejo e Magalu. Segundo o Valor Data divulgou em janeiro, com base na análise do balanço de 48 empresas, o endividamento do setor cresceu 176% nos dois últimos anos, resultado de empréstimos feitos pelas redes entre 2015 e 2016.O declínio revelou a ineficiência das redes tradicionais, que tinham no varejo físico uma âncora que amarrou seu desempenho, com despesas em locação de espaço físico, mão de obra, comissão sobre vendas e soluções administrativas ultrapassadas.Em movimento oposto, Mercado Livre e Shopee, por exemplo, surfaram a onda do ecommerce e explodiram em faturamento. Como? Há peculiaridades importantes. Mais O Mercado Livre dominou, como nenhum outro varejo no Brasil, o modelo de "cross border" (comércio sem fronteiras), com a venda de produtos para outros países. Ganhou eficiência tributária e garantiu retorno expressivo na margem de lucro. Além disso, com a estrutura de marketplace, inseriu no mundo digital pequenos negócios, como os armarinhos da rua 25 de Março, em São Paulo. Colocou-os lado a lado na disputa com as grandes redes, só que com uma eficiência tributária incrível, porque essas lojas estão no Simples Nacional, enquanto as grandes varejistas seguem a tributação ordinária, bem mais onerosa. Tudo isso garante ao Mercado Livre lucros até quatro vezes maiores que o de redes tradicionais.No caso da Shopee, há uma lacuna legislativa tributária relacionada à importação —e vale para varejistas chinesas que estão no Brasil. Boa parte das importações vem direto da China, no modelo cross border. Têm preços mais competitivos, produtos diversificados e variedade de marcas estrangeiras. Em 2022, o ecommerce "cross border" foi a escolha de 72% dos brasileiros entrevistados pela NielsenIQ Ebit para o relatório Webshoppers 47 —ou seja, 108 milhões de pessoas compraram online, a maior porcentagem registrada desde o início do estudo, em 2013. Mais É imperativo rever o modelo de negócios, ganhar eficiência tributária e, neste momento de reformas, garantir uma legislação que torne iguais os diferentes; isto é, ter uma câmara de compensação entre os encargos da cadeia produtiva brasileira e os ganhos fiscais garantidos às importações. Fugir desse desafio é decretar a morte do varejo brasileiro.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-03 22:00:00
opiniao
Opinião
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Aqueles que selecionam ações pagadoras de dividendos desta forma podem quebrar a cara
Você provavelmente já viu em mídias sociais divulgações como: descubra as 10 ações que mais pagaram dividendos no último ano. É tentador saber quem foram estas e dá aquela dor de cotovelo por não ter comprado antes. Então, muitos pensam: calma, posso comprar agora e me aproveitar. Entretanto, será que esta estratégia funciona?Não é novidade para ninguém que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura.Entretanto, é comum acreditarmos que se uma empresa foi uma boa pagadora de dividendos no passado, ela deve continuar com o mesmo comportamento no futuro.Isto não é necessariamente verdade.Para quebrar esse mito fiz duas simulações com 62 empresas do Ibovespa que existiam nos últimos 10 anos.Antes de apresentar as simulações, vou explicar um conceito sobre rentabilidade de ações para nivelar o conhecimento.O retorno total de uma ação é composto por duas partes: o ganho de capital e o ganho de dividendo. O ganho de capital é proveniente da valorização das ações. Já o ganho ou rentabilidade por dividendos é o retorno que se obtém pelo pagamento de proventos.Vamos abordar aqui apenas a rentabilidade pelos proventos como dividendos, Juros sobre o Capital Próprio (JCP) e outros.Nas duas simulações, queremos entender se as ações que tiveram o melhor rendimento por dividendos nos últimos 5 e 3 anos se mantiveram entre as primeiras nos 5 e 3 anos seguintesPara isso, na primeira simulação, levantei quais foram as 10 ações que apresentaram o maior retorno por dividendos nos últimos cinco anos terminados em agosto de 2018. Em seguida, observei em que posição estas ações até o presente momento, ou seja, cinco anos depois.As 10 ações que tiveram o melhor retorno por dividendos nesta primeira simulação e sua posição cinco anos depois são mostradas na tabela acima. Lembre-se que são apenas 62 empresas na amostra.Observe na tabela que apenas três ações, Taesa, Vivo e Bradespar, entre as dez maiores pagadoras continuaram figurando entre as dez maiores pagadoras cinco anos depois.Na segunda simulação, fiz o mesmo teste, mas com as 10 ações que exibiram o melhor retorno por dividendos nos 3 anos anteriores a agosto de 2020. Em seguida, avaliei qual a posição destas ações nos três anos seguintes que se encerram agora.Na tabela acima, apresento as 10 ações que exibiram a melhor rentabilidade de dividendos até 2020 e sua posição nos três anos seguintes a 2020.Neste caso, apenas duas ações voltaram a figurar entre as 10 maiores pagadoras no período seguinte, a Bradespar e Taesa.Lembre-se a economia é dinâmica e os resultados e distribuição de dividendos das empesas se alteram com fatores como competição, mudanças tecnológicas, necessidade de investimentos e outros.As empresas que apresentaram o melhor desempenho e conseguiram distribuir mais resultados no passado, não necessariamente, serão aquelas que repetirão o mesmo feito no futuro. Portanto, cuidado ao usar esta estratégia para selecionar seus investimentos.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-03 20:08:00
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A Lua é sempre a mesma; o que muda são os nomes
Numa época em que o céu precisa competir (e quase sempre perde) com a intensa poluição luminosa urbana e em que veículos de comunicação precisar buscar cliques a (quase) qualquer preço, temos visto uma proliferação da divulgação de eventos astronômicos "raros" e "espetaculares" que, por vezes, deixam quem os vê se perguntando se está com problemas na vista.Pois é, mesmo os mais desenganados com a astronomia costumam ver a Lua no céu com frequência, e a dita cuja repete um ciclo mais ou menos tedioso em sua jornada de 29,5 dias por quatro fases, conforme trafega em sua órbita ao redor da Terra, e o planeta avança mais um pouquinho em seu trajeto em torno do Sol. Esperar que algo muito raro aconteça nessas circunstâncias, o senso comum já diz que é errado. Mas vira e mexe tentam nos convencer do contrário.Peguemos o mais recente exemplo, a tal "Superlua Azul", que aconteceu na última quarta-feira (30) e foi festejada em alguns cantos da internet como um evento raro, do qual o último exemplar ocorreu em dezembro de 2009 e o próximo, só em janeiro de 2037.Não me leve a mal. A Lua estava mesmo linda e merecia ser admirada. A fase cheia foi atingida ao mesmo tempo em que o satélite natural alcançou o perigeu de sua órbita –o ponto mais próximo da Terra em um trajeto que, como sabemos, não é perfeitamente circular, mas elíptico. Com isso, esteve 14% maior e 30% mais brilhante do que quando está no apogeu (o ponto mais distante). Por essas características vistosas, o fenômeno ganha o apelido de Superlua. Mas não é raro. Ocorre três ou quatro vezes ao ano. Esta, do último dia 30, foi a terceira seguida, de quatro. Em setembro teremos mais uma.Ué. E o papo de que a próxima é só em 2037? Entra a combinação da Superlua (fase cheia próxima ao perigeu) com a tal Lua Azul que, surpresa, não tem nada de azul. É só um apelido para se referir a uma segunda Lua cheia que ocorre no mesmo mês. Veja só: se o ciclo das fases lunares leva 29,5 dias, e a maioria dos meses tem 30 ou 31 dias, tudo que é preciso para que um mês tenha uma Lua Azul é que ocorra uma primeira Lua cheia logo no comecinho do mês. Isso também não é absurdamente incomum, ocorrendo em média uma vez a cada dois ou três anos.Juntando a simultaneidade das duas ocorrências, chegamos à coisa da "raridade" –que na verdade não merece tanta atenção, porque não implica algo diferente a ser visto no céu. Uma Superlua Azul é indistinguível de uma Superlua, que, por sua vez, é bonita, mas não está tão distante assim de qualquer outra Lua cheia.Os fenômenos mais incomuns e interessantes envolvendo a Lua são mesmo os eclipses, que podem ser do tipo solar (quando a Lua bloqueia ao menos parte do disco solar) e do tipo lunar (quando ela transita por trás da sombra da Terra). E mesmo esses não são excessivamente incomuns, embora se possa distingui-los (assim como as Superluas) por características específicas como distância da Terra à Lua, duração do fenômeno etc.É sempre muito legal quando a mídia chama a atenção do público para um evento astronômico. Mas há de se ter cuidado e precisão para não anestesiá-lo ou frustrá-lo com promessas de espetáculo ou raridade que depois se mostram vazias. A Lua é mesmo linda, mas pelo que é –e seguirá sendo a mesma de sempre, não importa o que digam por aí.Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-09-03 09:00:00
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Cachorra escapa, invade estádio e assiste a show do Metallica nos EUA
O Metallica teve uma presença especial entre os fãs no show realizado em 25 de agosto na Califórnia. Storm, uma cachorrinha fujona, se acomodou na plateia e ganhou a atenção da banda. Uma foto da peluda em um dos assentos do SoFi Stadium, na região de Los Angeles, foi publicada pelo Metallica nas redes sociais. Segundo a banda, a cadela mora nas imediações e, sozinha, conseguiu entrar no local.A cachorrinha assistiu a uma apresentação histórica da nova turnê, chamada M72. Na ocasião, o estádio registrou recorde de público — foram cerca de 78 mil pessoas, segundo o Los Angeles Times.Nas redes, a banda brincou com o acontecimento e com os nomes de suas músicas, alteradas para situações caninas."Depois de uma noite inteira assistindo ao show com sua #MetallicaFamily, Storm se reuniu com sua família real no dia seguinte. Ela se divertiu muito ouvindo suas canções favoritas, incluindo ‘Barx Æterna’ [em alusão a ‘Lux Æterna’], ‘Master os Puppies’ [em referência a ‘Master of Puppets’] e ‘The Mailman That Never Comes’ [para ‘The Day That Never Comes’]."Mas falou sério também, lembrando que cães não devem ser levados a shows. "Mas essa cachorra com certeza teve o dia dela", concluiu.Inicialmente, um ONG de proteção animal publicou nas redes que a cadela teria sido abandonada no estádio e seria colocada para adoção. No post, a peluda foi descrita como sociável e doce.No entanto, no dia seguinte, os tutores identificaram Storm, contaram que ela havia escapado e, assim, conseguiram levá-la de volta para casa.Uma foto da cachorra já em casa também foi publicada, com o agradecimento dos tutores. "Nosso bebê está em casa e seguro. Obrigado, pessoal."Cães têm audição aguçada e sofrem com barulho. Além disso, podem ficar desconfortáveis em meio à multidão.Nós dois casos, há risco de ficarem agressivos, desorientados, trêmulos e até de se machucarem ao correr ou buscar abrigo. Mais Storm, no entanto, parece não ter se incomodado com o rock pesado e a animação do público."Cão tem bom gosto", escreveu um internauta. "Que cachorrinho legal é incrível", disse outra. "Cachorro sortudo", concluiu um fã.
2023-09-03 05:30:00
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Concorrência acirrada faz canais de notícias exagerarem na urgência
"E atenção para a notícia que acaba de chegar", diz a apresentadora.Eu, que trabalho em casa com a televisão ligada, largo tudo que estou fazendo e me preparo mentalmente para o impacto, como um passageiro que ouve pelo alto-falante que o avião está perdendo altura."Mauro Cid está entrando na sede da Polícia Federal em Brasília neste exato momento". Seguro a respiração por mais um segundo, à espera da continuação de tão estrepitosa informação. Que não vem, é claro. Era só isto mesmo. Mais Durante muitos anos, os canais brasileiros de notícias 24 horas tiveram um líder inconteste, a GloboNews. Suas rivais Band News e Record News jamais dispuseram da mesma estrutura da Globo, com tantos correspondentes no Brasil e no exterior, ou tantos comentaristas de prestígio.A tranquilidade era tamanha que a GloboNews tinha vários programas de "soft news", sobre avanços tecnológicos ou problemas estruturais do país. Hoje, quase toda a grade está ocupada por telejornais que repetem ao longo do dia mais ou menos as mesmas notícias, sempre em tom de urgência. Inclusive nos fins de semana.O que provocou tal mudança? A meu ver, dois fatores. Um deles foi a chegada das redes sociais. No Twitter, são comuns as postagens de veículos de mídia, políticos e até mesmo pessoas comuns que começam com "URGENTE!" ou "GRAVE", assim mesmo, em caixa alta. Vale tudo para atrair atenção e gerar engajamento.O outro fator foi o acirramento da concorrência. Em março de 2020, a CNN Brasil entrou no ar, com um time de jornalistas de peso vindo de outras emissoras. Em outubro de 2021, foi a vez da Jovem Pan News, que logo atingiu picos de audiência dizendo ao público mais à direita exatamente o que ele queira ouvir.Hoje a CNN Brasil abriu mão de várias de suas estrelas, vai mal de audiência e cogita até mesmo mudar de nome, para não ter que pagar royalties à CNN americana. Mais Já a Jovem Pan News perdeu muitos anunciantes, foi desmonetizada no YouTube por propagar fake news e luta junto ao governo federal para não perder concessões de rádio.Mas o relativo declínio da concorrência não afetou a urgência com que a GloboNews trata as notícias mais irrelevantes. Aliás, todos esses três canais estão quase o tempo todo em tom alarmista, como se o mundo fosse acabar nas próximas horas.Agora a moda é o âncora aparecer no vídeo com seu celular nas mãos, checando a apuração de algum fato em tempo real. Por um lado, o recurso realmente traz dados importantes em primeiríssima mão. Por outro, aumenta a sensação de que uma invasão extraterrestre está em andamento.Outro problema é a dificuldade em mudar de assunto. Em alguns dias, parece que o escândalo das joias envolvendo o ex-presidente Bolsonaro é a única coisa acontecendo em todo o universo. Analistas gastam muito tempo e saliva dissecando as estratégias da defesa, às vezes tentando adivinhar o que foi dito entre quatro paredes.Será este o novo normal? Estamos nós, espectadores dessas emissoras, condenados a viver em eterno sobressalto? Até mesmo para mim, que sou viciado em notícias, chega uma hora em que não aguento mais. Pego o controle remoto e mudo para um canal de viagens, só para ver paisagens bonitas. Afinal, o mundo ainda vai estar aqui amanhã.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-09-02 13:07:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/09/concorrencia-acirrada-faz-canais-de-noticias-exagerarem-na-urgencia.shtml
O INSS deve implantar a perícia médica online? NÃO
A teleperícia tem sido alvo de debate em diferentes esferas públicas. As promessas de quem a defende são sedutoras: economia de tempo, expansão do alcance a regiões afastadas e uma suposta agilidade no exame. No entanto, ao olharmos mais de perto, encontramos uma série de obstáculos intransponíveis à sua implementação.Inicialmente, vale considerar o atual cenário tecnológico do Brasil. O país ainda luta para fornecer uma infraestrutura de internet minimamente confiável em todas as suas regiões. Diversos cidadãos, especialmente os que residem em áreas rurais ou economicamente desfavorecidas, enfrentam barreiras significativas, como conexões de baixa velocidade ou mesmo a ausência total de acesso. Afirmar que a teleperícia pode beneficiar justamente essas áreas é, no mínimo, um paradoxo, já que são as localidades mais desprovidas de tecnologia.No âmbito do INSS, os desafios se agravam. As agências não possuem conectividade adequada para sustentar um sistema eficiente de teleperícia. Assim, essa medida será certamente mais lenta do que uma perícia presencial. Além disso, a implementação de uma estrutura tecnológica avançada requer investimentos expressivos —algo inviável no curto ou médio prazo, em razão da insuficiência de recursos públicos.No que tange ao número de profissionais, a teleperícia não traz, por si só, uma solução. Mantém-se o paradigma de um perito por segurado, não abordando o atual déficit de profissionais especializados. Há também preocupações práticas e éticas. A perícia médica é uma atividade complexa, que vai além de uma simples conversa. A avaliação remota impõe limitações consideráveis a essa interação, levantando incertezas sobre a regularidade das análises. E como garantir que o ambiente do segurado seja, de fato, seguro e sigiloso? Por conta disso, o Conselho Federal de Medicina considera antiético realizar perícias dessa forma. Mais Questões de privacidade são igualmente perturbadoras. Imagine uma situação em que uma mulher, vítima de agressão, tenha que expor traumas em um ambiente que não ofereça a segurança e a confidencialidade de um consultório médico. Ademais, com o crescente número de vazamentos de dados e preocupações sobre privacidade online, como garantir que informações sensíveis não sejam expostas ou usadas de forma inadequada? A teleperícia, inadvertidamente, criará uma atmosfera de desconfiança.Sabendo que estão sendo observados e gravados, os pacientes podem não se sentir à vontade para compartilhar todas as informações necessárias para o exame.Por certo, a introdução da teleperícia irá amplificar as desigualdades existentes. Aqueles já marginalizados —por falta de recursos, acesso limitado à tecnologia ou outras barreiras socioeconômicas— podem se tornar ainda mais vulneráveis. A teleperícia, em vez de ser uma solução inclusiva, representará mais um obstáculo no caminho de muitos. Mais Em resumo, a implantação de uma "perícia médica virtual" pelo INSS não irá atender os interesses da sociedade, mas aprofundará as desigualdades sociais de acesso à Previdência. A medida não irá resolver o problema das filas e tornará o segurado mais exposto e fragilizado, privando-o de sua segurança, seu sigilo e sua liberdade de comunicação.Por certo, o INSS e outros órgãos devem abandonar a ilusão da teleperícia e investir na recomposição do quadro de servidores. A Previdência brasileira exige seriedade. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-01 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/o-inss-deve-implantar-a-pericia-medica-online-nao.shtml
O INSS deve implantar a perícia médica online? SIM
Regulamentada em 2020 pelo Conselho Federal de Medicina em resposta à pandemia de Covid-19, a telemedicina foi uma medida temporária que permitiu a médicos realizarem consultas e diagnósticos a distância, usando tecnologias de informação e comunicação. Essa regulamentação foi vital para garantir o atendimento médico durante o isolamento social imposto pela pandemia.Entretanto a eficácia do modelo durante esse período levou à regulamentação permanente. Em 5 de maio de 2022, a resolução CFM 2.314/2022 definiu a telemedicina como "a prestação de serviços de saúde a distância, por meio de tecnologias de comunicação e informação". Com isso, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, anunciou a implementação do recurso nas perícias médicas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), visando diminuir a fila de mais de 1,7 milhão de pessoas à espera de benefícios, com data ainda a ser confirmada.A Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) é contra a telemedicina no INSS, alegando que ela beneficiará apenas segurados "mais abonados" com acesso à internet, prejudicando os demais. Essa posição levanta questões importantes sobre a acessibilidade da telemedicina a todos os segurados, especialmente aqueles com menos recursos financeiros e tecnológicos.A telemedicina é uma ferramenta importante para agilizar o atendimento aos segurados, principalmente os distantes das agências ou com dificuldades de locomoção. As perícias médicas virtuais reduzem o tempo de espera e garantem uma prestação de serviços mais eficiente, proporcionando atendimentos mais céleres aos segurados da Previdência Social.A telemedicina, no entanto, não está isenta de desafios. A ausência de contato direto entre perito e segurado pode levar a diagnósticos imprecisos, prejudicando a qualidade do atendimento. Além disso, a falta de exames físicos pode limitar a identificação de condições médicas específicas. A segurança e privacidade dos dados também são preocupações, exigindo medidas rigorosas para proteger as informações pessoais e sensíveis dos segurados durante as perícias virtuais. Mais Em contrapartida, o INSS já vem adotando serviços de atendimento a distância há algum tempo, como o auxílio por incapacidade temporária por análise documental, sem a necessidade de realização de perícia médica.O Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social, lançado pelo governo federal, pode se beneficiar da telemedicina para agilizar o atendimento aos segurados em espera. A priorização da fila, começando pelos pedidos mais antigos, aliada à teleperícia, pode ser uma estratégia eficiente para oferecer respostas mais rápidas e solucionar a demanda reprimida. Mais Em conclusão, a telemedicina no INSS representa um avanço na garantia dos direitos previdenciários dos segurados e enfrentamento da fila de atendimento. Contudo, é importante superar os desafios e garantir a acessibilidade e qualidade do serviço para todos.A telemedicina é uma solução valiosa para reduzir as filas de espera do INSS e proporcionar atendimento eficiente aos cidadãos que mais necessitam. É essencial que esse serviço seja uma alternativa para segurados que decidam por essa opção de "perícia por telemedicina". Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-01 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/o-inss-deve-implantar-a-pericia-medica-online-sim.shtml
Canva sai do ar para tristeza e desespero de trabalhadores da comunicação
O software de design e edição de imagens Canva tem apresentado instabilidade na manhã desta sexta-feira (1º), para a tristeza de muitos trabalhadores da área da comunicação. O termo "Canva" foi parar nos assuntos mais comentados do X, ex-Twitter, com mais de 65 mil menções.Em sua página de suporte, o Canva afirma que a equipe responsável já identificou a origem da falha e está trabalhando na solução do problema. Em nota, a assessoria disse à Folha que a instabilidade é momentânea e atinge apenas parte dos usuários. Atualizações estão sendo postadas na página de status da plataforma.Sextou demais.Mal acostumado. Você me deixou mal acostumado.Liberdade ou solidão?Na hora H.Vingança.Setembro amarelo.
2023-09-01 12:29:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/09/canva-sai-do-ar-para-tristeza-e-desespero-de-trabalhadores-da-comunicacao.shtml
Pegging: mulher conta como é inverter o jogo e penetrar homens com dildos
Daniela não é nem um pouco pudica, mas também não é grosseira. Mas diz ela que dia desses se irritou. Um homem metido a conquistador achava que estava arrasando no flerte, mas ele só era um chato. Ela foi ao banheiro e, quando voltou, o rapaz falava de putaria (algo bem leve) com o amigo. Ele olhou pra ela e disse:"Não fala isso, cara, agora tem uma dama na mesa". Ela não se segurou diante da empáfia do sujeito. Logo ela, que não tem pudores de falar sobre o assunto quando ele aparece? E, então, tomada pela indignação por ter sido chamada de dama, deixou a grosseria fluir e gritou: "Já comi mais cu do que você!"A cara de espanto do rapaz fê-la concluir que sua afirmação era verdadeira. Daniela de fato já comeu bastante cus de homens. Ela conta que a primeira vez foi com um homem heterossexual que gostava de ser comido por mulheres, mas não tinha atração por outros caras. Ele expressou o interesse abertamente, e ela começou o estimulando com língua e dedos –esses órgãos sexuais de suma importância. Mais Depois de algumas transas, ela começou a usar um dildo, devidamente coberto com uma camisinha e bastante lambuzado com lubrificante à base de água. Jamais compartilhe brinquedos sexuais sem preservativo! "Eu achei interessante a experiência de penetrar o cu dele ao mesmo tempo em que chupava o pau ou tocava uma punheta", diz.Passou algum tempo e ela começou a namorar um homem bissexual que também gostava bastante de pegging ou inversão, nomes que se dão para a prática em que a mulher penetra o homem. Então, ela comprou uma cintaralha, um cinto que a mulher acopla em torno da pelve e encaixa um dildo. "Desse jeito você tem que usar as mãos para segurar o cara, e não dá pra estimular o pau ao mesmo tempo, também fica mais difícil tocar no meu clitóris, não é meu preferido", conta.Daniela diz que se diverte comendo cu, mas não é uma coisa que ela faça tanta questão. Passa bem sem; porém, como sente muito prazer em ver o parceiro ter prazer, realiza quando eles solicitam. Ela conta que vários pedem, com mais ou menos palavras. Enquanto alguns expressamente dizem que querem, outros vão conduzindo sua mão até lá."Quando você está penetrando alguém tem que ter muita comunicação pra saber se a pessoa quer mais forte, mais fraco, se está gostando".Se Daniela come cu porque acha a troca importante e fica feliz dando prazer aos parceiros, Betina tem outra motivação. Ela, que sempre foi aberta a ménages, surubas e afins, nunca tinha se deparado com essa demanda. Até que um moço pediu que ela fizesse um fio terra. Ela topou e se amarrou. "Me senti muito poderosa e dominante", diz.E eles? Bom, esses dias conheci um gostoso que comentou comigo que a mesma dificuldade que os homens têm de achar o clitóris, mulheres têm de achar a próstata. Acho que ele exagerou um pouco, mas de fato essa é uma questão. A próstata é uma glândula que produz um fluido que faz parte da porra. É sensível, e muitas pessoas que a têm sentem prazer quando ela é estimulada. Ela fica pouco acima da entrada do cu, e um jeito de encontrá-la é fazer movimento de "vem cá" com os dedos na direção do pênis. Daniela garante que não é tão difícil assim de sentir que ela está lá.Agora tem uma coisa importante, você homem heterossexual e cis que quer dar o cu: lava tua bunda direito. Toma um banho e limpa o entorno. Já ouvi relatos pavorosos acerca da falta de higiene de alguns! Mas... mesmo que o dono do cu seja muito limpinho, pode acontecer algum acidente, e a pessoa que está penetrando tem que estar preparada pra isso.Tem alguma história sobre sexo pra me contar? Manda email para dabrunamaia@gmail.comRecurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-09-01 12:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/09/pegging-mulher-conta-como-e-inverter-o-jogo-e-penetrar-homens-com-dildos.shtml
O Brasil precisa de universidades públicas?
Discussões anacrônicas, como as promovidas em torno da PEC 206/2019, atualmente na CCJC da Câmara dos Deputados, que "determina que as universidades públicas deverão cobrar mensalidades dos alunos", frequentemente ressuscitam o debate:O Estado deve investir em educação superior pública ou cabe ao setor privado?O autor da PEC, um ex-deputado federal que era do PSL/SP em 2019 e que não foi eleito em 2022 justificou sua proposta a partir da seguinte afirmação: "... a maioria dos estudantes dessas universidades acaba sendo oriunda de escolas particulares e poderiam pagar a mensalidade", o que obviamente não corresponde à realidade, e, como diria o Ministro Flávio Dino, "se insere mais ou menos no mesmo continente mental de quem acha que a Terra é plana".Segundo dados da V Pesquisa Nacional sobre o perfil socioeconômico dos graduandos das IFES, em 2018, mais de 70% dos estudantes tinham renda per capita familiar inferior a 1,5 Salário Mínimo. Sem dúvida esse é um dos salutares reflexos da Lei de Cotas que tem ajudado a democratizar o acesso à educação superior pública. Mas outros argumentos reforçam a importância do Estado na oferta da Educação Superior.Segundo dados Censo da Educação Superior (Censup), em 2021 o Brasil possuía 8.987.120 matrículas neste nível, 6.908.214 (76,9%) matrículas em instituições privadas e 2.078.906 (23,1%) em públicas. E antes que as vozes do passado se levantem para dizer que temos matrículas em excesso na educação superior, e que a "... Universidade deveria, na verdade, ser para poucos..." como afirmou o então ministro da Educação do governo Bolsonaro, é sempre necessário lembrar que em 2021 o Brasil ainda não havia atingido ¾ da meta prevista no Plano Nacional de Educação (Meta 12). Os dados registravam que no Brasil apenas 21% dos adultos haviam concluído um curso de graduação, ao passo que a média dos países da OCDE é de 41%.A maior parte das IES brasileiras são privadas, equivalem a 2.261 (87,8%) contra 313 (12,2%) públicas (federais, estaduais ou municipais). Porém, poucas são universidades - que se organizam a partir do tripé ‘ensino-pesquisa-extensão’ - submetidas a uma maior exigência com impacto direto sobre a qualidade do ensino. A maior parte das instituições brasileiras do tipo universidade são públicas. A Figura 01 evidencia esta diferença.Parte expressiva das IES Públicas e se comprometem nos termos apresentados pelo MEC, a investir na "produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural quanto regional e nacional". No caso das IES Privadas, apenas 91 são Universidades (4,02%).Sobre a qualificação do corpo docente, nas IES privadas, aproximadamente 30% possuem título de doutorado ao passo que nas públicas este índice ultrapassa 70%.Do ponto de vista da distribuição pelo território nacional, existem instituições em 1.082 municípios (19,4%) dos 5.570 existentes. Isso significa que em 80,6% dos municípios, onde residiam mais de 59 milhões de habitantes, não havia, em 2021, oferta de educação superior pública ou privada. Em 260 municípios eram apenas IES privadas e em 334 apenas públicas. Chama atenção que nos municípios onde havia apenas públicas a quantidade de habitantes era 35,3% menor que nos municípios onde havia apenas oferta por IES privadas.Esse dado mostra que distribuição das públicas segue a lógica da necessidade dos territórios e de seus arranjos produtivos, ao passo que a lógica das privadas é o retorno financeiro quando da decisão de implementação de novas unidades.Em relação à relevância nos processos de Pesquisa e Desenvolvimento, segundo dados o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2020, entre os dez maiores depositantes de patentes de invenção, nove foram Universidades Públicas. Por outro lado, o ranking elaborado pelo INPI não apresentou nenhuma IES privada entre os 50 maiores depositantes.Em relação ao financiamento, o Estado brasileiro financia integralmente as matrículas nas públicas, mas também financia parte das matrículas do setor privado. De acordo com dados do Censup/2021 um total de 2.646.403 matrículas em instituições privadas foram financiadas por mecanismos como o FIES, ProUni e outros tipos de financiamento estudantil.Este dado é impressionante. O Estado brasileiro financia mais matrículas em IES privadas (2,646 milhões) do que em IES públicas (2,078 milhões). É a força do lobby exercido na formulação da política pública de educação superior no Brasil e evidencia a importância do Estado para a sobrevivência do setor privado: das 6,9 milhões de matrículas ofertadas nas privadas, 38,3% (2,6 milhões) são financiadas com recursos públicos.Uma das condições essenciais para o desenvolvimento sustentado do Brasil é a presença de instituições públicas de educação superior de qualidade e comprometidas com a sociedade. Elas são as responsáveis pela maior parte da produção científica, tecnológica e cultural do país, além de oferecerem oportunidades de formação e desenvolvimento para milhões de brasileiros, especialmente nas regiões mais carentes. Sem elas, a educação superior ficaria restrita a um segmento de instituições privadas que visam apenas o lucro, que não contribuem para a inovação, que não realizam ações de extensão universitária e que não atendem às demandas sociais e regionais. Muitas dessas instituições privadas não reinvestem os recursos na educação, mas tratam o setor educacional como um negócio, e exploram a educação superior como uma fonte de renda no âmbito privado. Não podemos compactuar com isso!Com a colaboração de Weber Tavares da Silva Jr.
2023-09-01 10:03:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sou-ciencia/2023/09/o-brasil-precisa-de-universidades-publicas.shtml
Novos projetos ampliam concentração de trens no Sudeste e Nordeste do país
As regiões Sudeste e Nordeste do país concentram quase a totalidade dos sistemas de trens urbanos do país e, a depender dos projetos de expansão previstos ou em andamento, ampliarão essa concentração nos próximos anos.Com 41,8% da população (84,8 milhões de habitantes), a região Sudeste possui 62,3% da malha metroferroviária do país, segundo dados da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), e abriga 7 dos 13 projetos em andamento. Os outros 6 estão no Nordeste.Em todo o país, são 21 sistemas urbanos de transporte sobre trilhos –metrô, trem urbano, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), monotrilho e aeromóvel–, distribuídos em apenas 11 estados e no Distrito Federal, operados por 16 empresas, 8 públicas e 8 privadas.Um anuário publicado pela associação mostra que o acesso aos sistemas de trens urbanos é limitado, tanto em quilômetros de trilhos quanto em sua localização –existe basicamente em capitais ou regiões metropolitanas."Essa realidade se torna mais preocupante uma vez que em todas as cidades onde os sistemas estão presentes as redes existentes são insuficientes para atender a demanda de deslocamentos da população", diz trecho do documento de 19 páginas publicado pela ANPTrilhos.No Sudeste, eles estão em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, totalizando 704,3 quilômetros, e, no Nordeste, na Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, com 341,1 quilômetros no total.Não há nada na região Norte e as regiões Centro-Oeste e Sul só figuram no mapa por conta de sistemas existentes no Distrito Federal (39,1 quilômetros) e no Rio Grande do Sul (43,9 quilômetros). Mais Com dados consolidados de 2022 e perspectivas para os próximos anos, o balanço aponta crescimento no total de passageiros transportados no ano passado em relação a 2021, quando a pandemia reduziu a circulação de pessoas.Foram 2,3 bilhões de passageiros transportados em 2022, ante 1,8 bilhão do ano anterior, mas, apesar da alta de 28%, o total ainda está muito abaixo dos 3,3 bilhões de 2019, período pré-pandemia.Os 1.129,4 quilômetros de trilhos existentes representam uma alta de 2,05% em relação ao que o país tinha em 2021, com 629 estações distribuídas em 47 linhas.Com as 13 obras listadas pela ANPTrilhos em seu anuário, a previsão é que o país tenha nos próximos anos mais 91 quilômetros de trilhos e 77 estações. Em São Paulo, incluem obras em cinco linhas do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), além do aeromóvel do aeroporto de Guarulhos, e a ampliação do VLT da Baixada Santista.Na capital, a partir desta sexta (1º), a CPTM irá expandir o Expresso Aeroporto, trem que liga a capital ao aeroporto de Guarulhos, como publicou o jornalista Fábio Pescarini nesta quinta (31). Agora, também será possível embarcar na estação Palmeiras-Barra Funda.De acordo com a CPTM, estão em andamento serviços de infraestrutura para implantação de uma nova subestação para a ampliação da linha 11-Coral, prevista para chegar à Barra Funda em 2024.Dos 91 quilômetros de trilhos previstos para o país, 15,6 quilômetros devem estar em operação até dezembro, mantendo o ritmo de crescimento médio do país na última década.Desde 2013, foram incluídos 156 quilômetros de linhas de trens e metrô no país, volume insuficiente para atender a demanda.
2023-09-01 07:15:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sobre-trilhos/2023/09/novos-projetos-ampliam-concentracao-de-trens-no-sudeste-e-nordeste-do-pais.shtml
Queda de Roma fez cristãos errarem até frase usada para batismo
O que aconteceu com o cristianismo na Europa durante os primeiros séculos que se seguiram ao fim do Império Romano foi algo muito distante da imagem tradicional que temos a respeito do suposto domínio absoluto do papado sobre a Igreja ocidental.Na verdade, o que aconteceu foi uma lenta mas constante onda de fragmentação das práticas religiosas, graças principalmente ao desaparecimento da infraestrutura educacional e de comunicações mantida pelas elites romanas cristianizadas (a qual, é claro, tinha dependido da infraestrutura econômica do império, que desaparecera). Nesse processo, conforme conta o historiador britânico Peter Heather, até a fórmula usada para batizar as crianças podia se deteriorar — por falta de aulas de latim.Foi isso o que descobriu o missionário anglo-saxão Bonifácio (675-754 d.C.), que deixou a Inglaterra para ajudar a evangelizar novamente a população da Europa continental.Bonifácio descobriu que um sacerdote cristão na Baviera (sul da Alemanha) estava batizando seus fiéis com a frase "In nomine Patria et filia" (literalmente "em nome da Pátria e da filha"), em vez do correto "In nomine patris et filii" ("em nome do Pai e do Filho").Pior ainda, ao perguntar ao papa sobre a estranha prática, ele foi informado de que esses batismos continuam sendo válidos, apesar do absurdo linguístico. Haja reza brava para um latim desses.
2023-08-31 23:40:00
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Três fatores são mais importantes que sua renda para alavancar seu portfólio
No livro Psicologia Financeira, o autor Morgan Housel conta a história de Ronald Read. Ele foi um faxineiro e frentista americano que ao morrer em 2014 deixou uma fortuna de US$ 8 milhões. Housel comenta que no mesmo ano de 2014, faleceram quase 3 milhões de americanos, mas apenas 4 mil deixaram fortunas de mais de US$ 8 milhões. A pergunta que fica é: o que fez com que um faxineiro estivesse entre os 2% mais ricos americanos que morreram naquele ano?Tenho certeza de que vai ter alguém comentando que isso só é possível porque foi nos EUA e que no Brasil não seria possível.Tenho de discordar de você que pensou desta forma.Sim, é possível. Sem dúvida não é provável. Assim como não era provável que um faxineiro americano também alcançasse este feito.Sabe qual a média salarial de um faxineiro nos EUA? a) US$ 10,5 mil/ mês b) US$ 8,5 mil/ mês c) US$ 5,5 mil/ mês d) US$ 2,5 mil/ mêsQuanto você acredita que na média um brasileiro que ganha R$ 50 mil por mês poupa?Usualmente, acreditamos que apenas aqueles que ganham fortunas conseguem poupar. Sim, estes deveriam ter muito mais capacidade de poupança. Mas, acredite, poucos o fazem.Já conheci trabalhadores que ganhavam R$ 10 mil/ mês e possuíam patrimônio de alguns milhões. Assim como, tive contato com várias pessoas que ganhavam R$ 50 mil e não conseguiam ultrapassar dos R$ 200 mil em investimentos.Segundo pesquisei na internet, um faxineiro americano ganha uma média de US$ 15/ hora. Assumindo que ele trabalhe 8 horas por dia e 21 dias por mês, sua renda seria de US$ 2500 mensais.Não adianta dizer que em Reais isso vale mais. Qualquer um com essa renda nos EUA também se sente em desvantagem para poupar.Apenas três fatores separam você de se tornar um milionário como Ronald Read: tempo, poupança e saber onde investir.Read viveu 92 anos, ou seja, foi muito tempo de poupança. Assumindo que ele começou a trabalhar aos 22 anos, mas provavelmente foi antes, ele deixou o dinheiro rendendo por pelo menos 70 anos.O tempo de investimento é crucial na mágica dos juros compostos.Saber cortar custos e poupar uma proporção maior do portfólio é o segundo fator mais relevante.Por fim, saber onde aplicar. Aqui no Brasil, temos uma vantagem. As taxas de juros são elevadas. Torna tudo mais simples.Como Ronald Read poderia ter feito no Brasil?Se ele ganhasse R$ 2,5 mil, bastaria poupar R$ 660,00 por mês ou seja 26,4% de sua renda. Vamos manter o prazo de 70 anos e considerar que ele aplicasse apenas em renda fixa com retorno de IPCA+6% ao ano, por exemplo, em CDBs.Depois desse prazo, ele teria R$ 8 milhões a valores de hoje, ou seja, corrigidos pela inflação.Você acha que não consegue poupar R$ 660,00 por mês ou você não quer fazer o esforço necessário?Vai ser necessário um esforço razoável de poupança. Vai demandar muita paciência e disciplina. Mas, você também pode ser um Ronald Read no Brasil e estar entre os 2% mais ricos, mesmo ganhando menos que estes mais ricos e sem correr muito risco.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-31 21:26:00
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Prejudicar o parcelado sem juros será um desastre para o consumidor
Há pelo menos 50 anos é público e notório que os juros brasileiros são altíssimos e que o mercado financeiro no Brasil é um dos mais concentrados do mundo. Atualmente, os juros de cartão atingem estratosféricos 445% ao ano, e os lucros (e retorno sobre o capital) dos bancos brasileiros, dos mais altos do mundo, batem recordes sobre recordes.Os grandes bancos, sob pressão para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, vislumbraram uma oportunidade para tentar aumentar ainda mais seus lucros diminuindo a nova e raríssima competição dos últimos sete anos no mercado de maquininhas. É por causa dessa competição que querem prejudicar as empresas de maquininhas e mudar a regra do jogo em pleno jogo a favor do banco emissor. Para tanto, querem o fim do parcelado sem juros e desejam criar o parcelado com juros ou o parcelado tarifado.Numa inversão absurda e falaciosa, querem atribuir ao parcelado sem juros a "responsabilidade" dos juros de 445% ao ano no rotativo, quando do consumidor não se cobra juros e do lado do vendedor o juro anual praticado é de apenas 19% ao ano (antecipações das parcelas sem juros). Além disso, não é proibido que o vendedor dê desconto para receber à vista. Na prática, o que os grandes bancos querem é acabar com a mais barata linha de crédito na praça —19% ao ano— oferecida pelas empresas de maquininhas.Tanto os 445% de juros médios anuais do rotativo dos grandes bancos como os 19% de juros médios anuais da antecipação das empresas de maquininha são dados do Banco Central. Pressionados pelo regulador por praticarem juros 23 vezes maiores do que as maquininhas, o que os grandes bancos querem é acabar com o parcelado sem juros para prejudicar o crédito barato de apenas 19% ao ano na antecipação das parcelas do parcelado sem juros.Em 2011, a taxa de antecipação das empresas de maquininhas era de 2,53% ao mês e a Selic de 0,92% ao mês, resultando em 1,61% ao mês de margem. Hoje, com a inédita competição no mercado de maquininhas, a margem é de apenas 0,31% ao mês, uma redução de 81% no juro praticado ou cinco vezes menor do que 12 anos atrás (sempre a partir de dados do BC).Como comprova o comportamento acima dos juros no mercado de maquininhas nos últimos 12 anos, em que a competição reduziu em cinco vezes a margem de juros do crédito de antecipação do parcelado sem juros, de 1,61% ao mês em 2011 para 0,31% ao mês em 2023, apenas mais competição é capaz de baixar os juros no crédito do rotativo dos grandes bancos. Iniciativas como portabilidade de dívida entre bancos, open banking e birôs de crédito positivo são exemplos que podem favorecer um ambiente de competição essencial para a queda sustentável de juros sem secar o crédito na praça. Mais Vale lembrar que as compras parceladas sem juros são responsáveis por 50% de todo o volume de cartão de crédito no país, atingindo R$ 1 trilhão (10% do PIB em 2022), e que muitas vezes é a única opção de consumo para parte significativa da população. Prejudicar o parcelado sem juros será um desastre para o consumo e para a economia brasileira.Não existe nenhum estudo independente que sustente que o parcelado sem juros seja prejudicial, a não ser os patrocinados pelos grandes bancos. Não existe nenhuma relação de causa e efeito. Novamente, prejudicar o parcelado sem juros será um desastre para o consumidor e o consumo da economia brasileira. Só os grandes bancos ganham.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-31 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/prejudicar-o-parcelado-sem-juros-sera-um-desastre-para-o-consumidor.shtml
Apesar dos juros
Depois de uma recuperação que surpreendeu pelo vigor após a superação do pior momento da pandemia, o mercado de trabalho brasileiro mostra resistência considerável a um longo período de juros do Banco Central nas alturas.De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo IBGE, a taxa de desemprego caiu a 7,9% no período maio-julho, ante 8,5% no trimestre imediatamente anterior e 9,1% no período correspondente do ano passado.O percentual mantém trajetória de queda com poucas interrupções desde abril de 2021, e o patamar atual é o menor registrado para essa época do ano desde 2014, antes do agravamento da recessão devastadora que marcou o final do governo Dilma Rousseff (PT).A renda média do trabalho demorou mais a se recuperar, mas se mantém em alta desde o ano passado. Chegou agora a R$ 2.935 mensais, com aumento de 5,1% acima da inflação em um ano.Nem tudo é positivo nos números. A taxa de informalidade no emprego se mantém elevadíssima, em 39,1%, ante 38,9% em fevereiro-abril e 39,8% há um ano. Nesse contingente de trabalhadores que não desfrutam de garantias legais estão, principalmente, assalariados sem carteira assinada, autônomos e empregadores sem CNPJ.Mesmo assim, o desempenho do mercado não deixa de ser notável para um país que viveu por um ano sob juros básicos de 13,75% anuais, só reduzidos a ainda altíssimos 13,25% no início de agosto.Recorde-se que, em português claro, o objetivo do aperto monetário é controlar a inflação por meio do esfriamento da atividade econômica e, em consequência, da geração de vagas. Deve-se observar, nesse sentido, que à resistência do emprego está associada a resistência da alta de preços.A expansão do Produto Interno Bruto, do mesmo modo, tem superado as expectativas desde 2022, quando marcou 2,9%. Para este ano, as projeções já subiram de 0,7% para 2,3%.A economia perde ritmo, como era inevitável, porém de modo mais suave que o antes previsto —o que traz alívio no curto prazo.Mais à frente, contudo, taxas menos modestas de crescimento dependerão da capacidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de restabelecer a confiança nas finanças públicas e favorecer a queda duradoura dos juros, permitindo a expansão do consumo e, sobretudo, do investimento privado.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-31 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/apesar-dos-juros.shtml
Primo de doador do coração a Faustão deseja que apresentador 'tenha mais 50 ou 60 anos de vida'
André Batista da Silva era primo do jogador de futebol de várzea Fábio Cordeiro da Silva, que morreu no último sábado (26), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e teve o coração doado para Fausto Silva. 73. Logo depois de um vídeo de Faustão agradecendo a generosidade da família e prometendo honrar memória do seu doador, o professor de Educação Física desejou que o apresentador "tenha mais 50 ou 60 anos de vida com esse coração".Ele contou que o primo era doador de órgãos e, além de Faustão, ajudou pelo menos outras 20 pessoas. "O que o Fábio veio a ajudar, eu acho que ele está feliz com o gesto. O Faustão recebeu um coração forte de um garoto, de um atleta, e a gente fica muito feliz e contente", comentou ao G1.Em um vídeo publicado nesta quinta-feira (31), Faustão disse estar bem e ser eternamente grato aos familiares de Fábio. "Fazer um agradecimento especial ao José Pereira da Silva, pai do Fabio, que teve uma grandiosidade incrível, generosidade absurda e proporcionou que eu continuasse vivo". Mais E complementou: "Fico emocionado porque ele [Fábio] me deixou a chance de viver de novo. Quero agradecer ao Welisson, irmão do Fábio, e Jaqueline, a viúva. Essas pessoas mais humildes, na hora que eu precisei, me deram um coração novo", disse sobre o transplanteFábio Cordeiro da Silva sofreu o AVC na última quarta-feira (23), enquanto trabalhava como azulejista em um apartamento em Santos. O jogador foi encontrado no dia seguinte, quando a equipe que trabalhava no local chegou e o encontrou consciente, mas com o lado direito do corpo paralisado.Ele foi socorrido pela Casa de Saúde de Santos e levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Chegou a passar por uma cirurgia no cérebro no mesmo dia, mas a morte cerebral foi constatada na manhã de sábado (26). Em seguida, a família optou por doar os órgãos.
2023-08-31 19:31:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/primo-de-doador-do-coracao-a-faustao-deseja-que-apresentador-tenha-mais-50-ou-60-anos-de-vida.shtml
Casa Warner volta a São Paulo com exposição imersiva e itens de 'Harry Potter', 'Batman' e 'Matrix'
Quem entra pelo estacionamento externo do shopping Eldorado, em Pinheiros, região oeste de São Paulo, percebe uma enorme tenda azul coberta por símbolos dos estúdios Warner Bros., que completam um século de existência neste ano.O espaço é a nova edição da Casa Warner, que esteve na capital em 2019 e seguia a temática da série "Friends". Neste ano, além da sitcom dos seis amigos que moram em Nova York, a exposição reúne, a partir do dia 1º de setembro, cenários, curiosidades e bastidores de franquias como os super-heróis da DC, "Harry Potter", "Scooby Doo" e "Looney Tunes".Ao entrar na mostra, os visitantes se deparam com um corredor azul escuro, com carpete vermelho no chão e estátuas de heróis ladeando a passagem. Depois de fotografar ou filmar os itens, é possível seguir para qualquer direção desejada dentro dos cerca de 1500 metros quadrados de exposição. Mais O restante do espaço segue a estética do primeiro corredor, com luzes pontuais que podem criar sombras nas fotos de quem visita a casa. No chão, existem marcações que indicam os posicionamentos que prometem garantir bons ângulos e iluminações melhores para a hora do registro.Além de tirar fotos imitando a clássica cena de "Matrix", em uma cadeira ao lado da boneca Annabelle e dentro do carro do Batman, é possível acompanhar a história ao longo dos 100 anos da Warner em painéis com linhas do tempo e informações sobre a criação dos personagens.Receba no seu email um guia com a programação cultural da capital paulista; aberta para não assinantes.Carregando...Também fazem parte da exposição um espaço de café gratuito para os visitantes —com logos do Central Perk, cafeteria de "Friends"— e uma loja de produtos temáticos e colecionáveis ao final do percurso, que aberta para o público geral.Casa Warner Shopping Eldorado - Av. Rebouças, 3.970, Pinheiros. De 1°/9 a 29/10. A partir de R$ 100, em ticketmaster.com.br
2023-08-31 15:49:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/casa-warner-volta-a-sao-paulo-com-exposicao-imersiva-e-itens-de-harry-potter-batman-e-matrix.shtml
Cervejas do Brasil ganham 10 medalhas no prestigiado World Beer Awards
Um dos mais prestigiados concursos cervejeiros do mundo, o World Beer Awards contemplou as cervejas brasileiras com dez prêmios. Na verdade, foram nove rótulos agraciados —a Brut, da mineira Wäls —marca que pertence ao portfólio da Ambev— foi campeã em duas categorias. A fase final do WBA aconteceu em Londres.Além de ser a melhor no estilo brut beer, a Wäls foi considerada a melhor de todas da categoria "speciality beers". A Bohemia Reserva (dark barley wine) e a Colorado Appia (flavoured honey & maple) foram os outros rótulos campeões da Ambev.Mas o resultado do WBA chama a atenção para outros rótulos nacionais, incluindo duas cervejarias de Campinas e duas baianas.A IPA Zero, da Cervejaria Campinas, por exemplo, foi bicampeã do evento no estilo IPA sem álcool. Na mesma cidade, a vizinha Daoravida foi escolhida como a melhor brazilian pale ale com a Virtù Vol.2.Com pouco mais de três anos de idade, a Água do Monge, de Guarapuava (PR), derrotou a concorrência estrangeira na categoria bière de garde & saison, com a sua elaborada Saison Chardonnay. "Ganhar como a melhor saison é a concretização de um sonho. Esse estilo sempre teve uma preferência dentro da fábrica", diz Paulo Jorge, sócio e mestre-cervejeiro da Água do Monge. "Isso parecia algo inatingível quando começamos a fazer cerveja. Mas mostra que estamos no caminho certo e que nada foi em vão. Tudo valeu a pena, é incrível o reconhecimento que vem por meio desse prêmio. É um presente", completa.Já no estilo catharina sour, nascido no Brasil, a vencedora não veio de Santa Catarina ou de qualquer outro estado da região sul. A campeã foi a sour com morango da Artmalte, de Salvador. Sua vizinha, a Proa levou com sua sour de caju (flavoured wild & sour beer).Confira abaixo todas as brasileiras premiadas: Mais
2023-08-31 15:26:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/copo-cheio/2023/08/cervejas-do-brasil-ganham-10-medalhas-no-prestigiado-world-beer-awards.shtml
Vick, gata que nasceu sem olhos, é eleita vira-lata mais bonita do Brasil
A gatinha Vick ficou em primeiro lugar no concurso Gato SRD Mais Bonito do Brasil, organizado pela marca de produtos para felinos Woolie. SRD é a sigla de sem raça definida, usada para designar os famosos vira-latas.A bichana nasceu sem os dois olhos, uma condição chamada anoftalmia bilateral, e foi adotada pelas veterinárias Bárbara Nigro e Francyeli Salino, da Clínica Veterinária Felinos.Ela havia sido encontrada sozinha em uma rua de Catanduva, cidade no interior de São Paulo, e resgatada pelo Projeto Pet Catanduva. Mais "Ficamos muito felizes, porque isso pode dar visibilidade a outros gatinhos que têm alguma deficiência, incentivando a adoção", diz Francyeli sobre a vitória da Vick.Além dela, mais duas escaminhas conquistaram o pódio: Catarina, que ficou em segundo lugar e tem como tutores Sabrina e Victor, e Cora, que ficou na terceira posição e ainda aguarda por adoção. Leia mais sobre gatos Cora tem Fiv, o vírus da imunodeficiência felina, faz fisioterapia para voltar a andar, e está em lar temporário sob os cuidados de Caroline e Mariane De Gasperi.A gatinha, que tem por volta de três anos, foi resgatada pelo Abrigo Flora e Fauna, em Brasília. Ela vivia com um senhor muito humilde, que pediu ajuda aos voluntários para cuidar de seus gatos.Entre os felinos estava Cora, que um dia apareceu sem conseguir andar. Ela passou por consulta com veterinários, mas os exames não revelam o que desencadeou a paralisia das patas e do rabinho —que acabou sendo amputado. Pode ter sido uma lesão, uma infecção ou algo que ocorreu em seu sistema nervoso.Com muita fisioterapia, que é paga com doações que o abrigo consegue arrecadar, Cora já consegue dar alguns passos sozinha. O objetivo de Caroline e Mariane é cuidar muito bem da bichana para que ela se recupere e encaminhá-la para adoção.O fato de três gatas de pelagem escaminha (com pelos pretos e laranja), sendo duas delas com deficiência, vencerem o concurso é muito importante para chamar a atenção de futuros adotantes para os felinos mais rejeitados na adoção.Segundo voluntários de ONGs, os gatos adultos, frajolas (preto de branco), e as escaminhas acabam demorando mais para encontrar uma família, pois são considerados muito velhos, comuns ou até feios.
2023-08-31 16:00:00
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Medida provisória revê tributação de benefício de ICMS e pode gerar R$ 35 bi
O governo federal editou nesta quinta-feira (31) medida provisória (MP 1.185) que revoga uma decisão do Congresso Nacional e aumenta a tributação de grandes empresas que possuem benefícios fiscais de ICMS.A MP também contorna uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre a questão que poderia restringir os planos do governo de aumentar a arrecadação de Imposto de Renda e CSLL sobre o lucro das empresas, na avaliação de especialistas na área tributária.Abre ainda espaço para que, a partir de 2028, esses benefícios fiscais passem a ser tributados mesmo quando haja contrapartida das empresas na forma de investimentos.A equipe econômica espera arrecadar cerca de R$ 35 bilhões a partir de 2024 com a medida, recursos necessários para tentar zerar o déficit no Orçamento do próximo ano. Também foi enviado ao Parlamento nesta quinta o projeto de lei que propõe acabar com o mecanismo de JCP (Juros sobre Capital Próprio), outra medida de impacto orçamentário.Em relação à MP, o governo defende que, ao ampliar o lucro das empresas, os incentivos de ICMS devem ser incluídos na base de cálculo de IRPJ e CSLL, tributos federais sobre o lucro.Quando o ganho estiver relacionado a investimentos, na forma de implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, essas empresas vão ter direito a um crédito fiscal. Para isso, precisam se habilitar perante a Receita Federal.A MP prevê também que não poderão ser computadas na apuração do crédito fiscal as receitas reconhecidas após 2028."Minha primeira leitura é que eles estão, nesse inciso, tentando estancar esse benefício e matá-lo em 2028", afirma Ana Carolina Monguilod, sócia do CSMV Advogados e professora do Insper.A norma também diz que só será permitido o uso do crédito depois que houver a conclusão do empreendimento, destaca Thais Meira, sócia de tributário do escritório BMA."A norma muda completamente o sistema para dizer o seguinte, todas as isenções estão revogadas, IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, e eu vou dar um crédito de IRPJ", afirma a tributarista.Ela destaca que a MP revoga o artigo 30 da lei 12.973, na tentativa de esvaziar a aplicação de uma decisão do STJ deste ano que mantinha o benefício quando a empresa cumprisse os requisitos previstos nesse dispositivo."Essa medida provisória não está falando nem de tributação. Ela está criando algo bem peculiar, que é um crédito de IRPJ. Isso vai inaugurar uma nova briga, que não necessariamente vai estar vinculada à jurisprudência que já foi construída pelo STJ", afirma Monguilod, do CSMV Advogados.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Tatiana Del Giudice Cappa Chiaradia, sócia do Candido Martins Advogados, afirma que a MP representa a formalização da vontade bem antiga do governo federal de diferenciar as subvenções para investimento e custeio, que haviam sido equiparadas no artigo 30 da Lei nº 12.973/2014, após a edição da Lei Complementar nº 160, reservando a partir de agora o benefício federal somente às subvenções compreendidas como de investimento, conforme interpretação conferida há anos pela Receita Federal."Destaco a importância de se acompanhar de perto a sua eventual aprovação no Congresso Nacional, pois os seus impactos alcançarão todos os contribuintes, que já se organizaram e se planejaram dentro de um cenário que ficará totalmente distorcido a partir de 2024", afirma a advogada.Ela cita o exemplo de contribuintes que possuíam decisão judicial autorizando a utilização do benefício nos termos do revogado artigo 30 e contribuintes que investiram em suas atividades de acordo com o retorno fiscal calculado e programado."Não fosse só isso, [a MP] permite a tributação dos benefícios fiscais estaduais, por exemplo, trazendo mais um capítulo para a guerra fiscal e um desrespeito ao princípio federativo, e, claro, provavelmente causarão um fomento ao contencioso administrativo judicial dentro dos inúmeros questionamentos que surgirão, a exemplo, a revogação das disposições definidas no artigo 30 da Lei nº 12.973/2014 pela Lei Complementar nº 160."Para a Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), a proposta do governo restringe a decisão do STJ.Segundo a entidade, a oneração de incentivos fiscais representará aumento de carga relevante para as empresas, e estados mais distantes do mercado consumidor podem ser prejudicados, uma vez que investimentos de longo prazo foram feitos no cenário anterior."Trata-se de uma mudança brusca de entendimento sobre tema que já foi amplamente debatido nos Poderes Legislativo e Judiciário. Tal medida reforça a insegurança jurídica que existe para investir no Brasil."Diogo Olm Ferreira, tributarista do VBSO Advogados, afirma que as subvenções para investimento passarão a ser tributadas e haverá a possibilidade, apenas para alguns contribuintes, de receber o crédito fiscal. "Aparentemente, essa troca está sendo proposta como mais um mecanismo de aumento da arrecadação", dizPara o Ministério da Fazenda, ao pretender equiparar diversos benefícios de ICMS, os dispositivos agora revogados causaram distorções tributárias, com impactos profundamente negativos para a arrecadação federal, além da insegurança jurídica e do aumento de litigiosidade tributária.A substituição de incentivo fiscal por meio da exclusão de bases de cálculo de tributos federais por incentivo concedido mediante crédito fiscal também está alinhada às regras da OCDE, segundo o governo.A MP trata de empresas tributadas pelo lucro real —em geral, aquelas com faturamento acima de R$ 78 milhões/ano— que recebem benefícios de União, estados ou municípios para implantação ou expansão de empreendimento econômico. Ela ainda precisa ser aprovada pelo Congresso para valer a partir de 2024. Mais
2023-08-31 14:30:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/08/mp-que-regulamenta-decisao-do-stj-sobre-tributacao-de-beneficios-de-icms.shtml
Prefeito do Rio veta proibição de bicicletas elétricas em ciclovias e calçadas
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), vetou o projeto de lei que proíbe a circulação de qualquer tipo de veículo motorizado nas ciclovias e calçadas cariocas, inclusive bicicletas elétricas. O veto aumenta a polêmica entre a prefeitura e a câmara em torno da proliferação de veículos elétricos individuais na capital fluminense.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A decisão foi anunciada por Paes na tarde de quarta-feira (30), através de seu perfil nas redes sociais. Em uma declaração por vídeo publicada no Instagram, o prefeito contestou a deliberação dos vereadores e afirmou que vai continuar permitindo bicicletas elétricas nas ciclovias da cidade, sem citar a questão das calçadas.Exibindo o carimbo de veto integral, ele diz: "A gente tem que seguir a resolução do Contran, que decidiu o seguinte: bicicleta elétrica pode em ciclovia. O que não pode são aqueles veículos maiores, que tem emplacamento, que parecem quase uma motoca". Logo em seguida ele estampa o veto sobre o documento emitido pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.A decisão foi publicada no Diário Oficial do município nesta quinta-feira (31). Em sua justificativa, o prefeito escreveu que "é competência privativa da União legislar sobre trânsito e transporte", e que compete ao executivo municipal "planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos".No texto, Paes também destacou que as bicicletas elétricas "são uma alternativa sustentável e eficiente de transporte, contribuindo para a redução do tráfego e da poluição na cidade".O veto, contudo, não faz referência aos veículos elétricos maiores, classificados como ciclomotores pela Resolução 996 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), capazes de atingir até 50 km/h, e que têm causado acidentes mais graves e grande número de reclamações por parte de pedestres e ciclistas cariocas.A resolução do Contran, publicada há dois meses, permite que a indústria produza e comercialize veículos elétricos de mobilidade individual (bicicletas, patinetes e autopropelidos) com quase o triplo da potência determinada na resolução anterior. Com a nova regra, a velocidade máxima para bicicletas elétricas saltou de 25 km/h para 32 km/h, sendo que alguns modelos esportivos podem atingir até 45 km/h, o que despertou preocupação entre especialistas em mobilidade urbana.Em reação ao veto, o vereador Gilberto de Oliveira Lima (Solidariedade), autor do projeto, disse que a câmara tem a "obrigação de legislar para maioria, e não para interesses", se referindo aos interesses da indústria de veículos elétricos de mobilidade individual e da "minoria" que utiliza bicicletas elétricas."Certamente tentarei derrubar o veto", disse o vereador ao ser questionado pela Folha sobre as próximas etapas para definição da lei.A Câmara Municipal do Rio de Janeiro tem 30 dias para decidir se derruba ou se mantém a decisão do prefeito.
2023-08-31 14:18:00
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Mulheres que atuam na Justiça avaliam gestão de Rosa Weber
Às vésperas da aposentadoria de Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, vinte mulheres influentes no sistema de Justiça identificam na ministra o perfil de quem deveria sucedê-la na corte.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Consultadas pelo blog, elas veem sua gestão –comprometida com a defesa dos direitos humanos e com a democracia-- como um modelo para reduzir a disparidade de gênero no Judiciário.Weber gostaria que fosse indicada uma mulher. Mas não vai trabalhar por nenhum nome.Como Ellen Gracie, sua antecessora, Weber fez justiça sem levantar a voz. Como Cármen Lúcia, visitou presídios.Não houve nenhuma pergunta específica às participantes, para deixá-las à vontade. Todas receberam o mesmo pedido: uma avaliação sucinta da atuação da ministra no STF e no CNJ.Ellen e Cármen não se manifestaram. Duas procuradoras e uma juíza preferiram não participar da consulta.A seguir, trechos dos comentários."Rosa Weber finaliza sua carreira na magistratura como um modelo de juíza, uma inspiração a todas as mulheres brasileiras", diz Maria Thereza de Assis Moura, presidente do Superior Tribunal de Justiça. Ela realça o "rigor técnico, a ética, a discrição e a sensibilidade".Sua presidência foi marcada pelos ataques aos Três Poderes, em 8 de janeiro, diz a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen. "Quando ela reabriu os trabalhos do STF, a mensagem foi de democracia inabalada, resistência e reconstrução", diz.Weber "resistiu entre os escombros do Plenário, elevou ânimos fragilizados e agiu tenazmente como guardiã da Constituição, de modo firme e sereno", afirma Raquel Dodge. "Será lembrada como a presidente que manteve intactos os pilares da democracia", diz a ex-PGR."Na minha memória ficará gravada a imagem da ministra Rosa cruzando a esplanada de braço dado com o Presidente Lula, união marcante em defesa da democracia e da institucionalidade", diz a advogada Dora Cavalcanti, do grupo Prerrogativas. Ela ressalta a preocupação de visitar presídios e retomar a agenda de mutirões carcerários".A ministra Regina Helena Costa, do STJ, diz que Weber notabilizou-se "por sua sensibilidade social, na especial preocupação com os hipossuficientes e vulneráveis, e com as populações indígenas".Weber "atuou com destemor e firmeza, rechaçando os ataques vis contra a corte Suprema e a democracia e implementando ações transformadoras de equidade de gênero e raça, tão necessárias nesta desigual sociedade brasileira", diz Ivana Farina, procuradora de Justiça de Goiás e ex-conselheira do CNJ."Mostrou toda força da mulher, ao enfrentar com coragem e desassombro forças obscurantistas que pretendiam desconstruiu as instituições democráticas", diz a procuradora de Justiça Valderez Deusdedit Abbud, de São Paulo e ex-vice-presidente do MPD. Weber "não se intimidou com pressões que buscavam excluir da proteção legal os segmentos mais vulneráveis da população"."Sua presidência será sempre um marco do esforço e da competência de tantas mulheres que buscam contribuir para um Brasil mais digno e humano", afirma Tereza Exner, ex-corregedora do Ministério Público de São Paulo.Cristiane Damasceno, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, da OAB, diz que, "foi um avanço tê-la na liderança da mais alta Corte". No CNJ, aprovou o julgamento sob perspectiva de gênero. "Demonstrou seu comprometimento com a inclusão e a democracia"."A ministra foi discreta. Julgou processos sem comentá-los, nunca antecipou seu posicionamento. Jamais ocupou palanques ou microfones que não cabem a um magistrado", diz a desembargadora Maria Lúcia Pizzotti, do TJ-SP. Ela diz que discordou de algumas decisões da ministra.Mas Weber "não adjetivou partes, não opinou politicamente e nunca compareceu a convescotes políticos ou eventos ditos acadêmicos." Segundo Pizzotti, ela "foi equilibrada em meio a tanta vaidade"."Uma observação estética que sempre me agradou foram os elegantes lenços de seda coloridos, quebrando o preto sisudo da toga", diz.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...A cientista política Maria Tereza Sadek diz que "longe dos holofotes, Weber conseguiu combinar discrição e atuação enérgica". "Respondeu com firmeza e determinação na defesa da democracia e do Judiciário".Salise Sanchotene, do CNJ, diz que a ministra "nos conduziu com liderança e força realizadora". "Com foco nos direitos humanos, a gestão promoveu mobilização nacional para a adoção do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero e para a ampliação da representatividade das mulheres no Poder Judiciário.""Sou grata por testemunhar o protagonismo de uma mulher de grande coragem e assertividade", diz.A desembargadora Lígia Bisogni, ouvidora do TJ-SP, diz que Weber "manteve a discrição e lhaneza como atributos"."Fez questão de não se apresentar como um carvalho –árvore rígida, mas por ser oca, tomba na tempestade-- porém, preferiu ser flexível como o bambu, se curva, na medida certa, na tempestade e resiste."Weber "imprimiu agilidade e celeridade". Temas sensíveis foram pautados e cumpridos com rigor, diz Vanessa Mateus, presidente da Associação Paulista de Magistrados. "A alteração no regimento proporcionou maior presteza nos pedidos de vista."A advogada Maria Berenice Dias diz que Weber evidenciou o enorme significado da participação feminina nas instâncias do Poder. "Em vários momentos ela se fez presente na defesa dos direitos dos segmentos mais vulneráveis."Laurita Vaz, do STJ, diz que Weber "tem mostrado serenidade na condução dos trabalhos e espírito republicano na relação com os outros Poderes".Weber desempenhou papel central na defesa da institucionalidade democrática, diz a Defensora Pública Luciana Carvalho, de São Paulo. "É relevante a defesa dos direitos fundamentais e a sua preocupação em garantir o acesso à justiça no contexto de transformação digital". Demonstrou "preocupação e sensibilidade com a situação carcerária".A juíza federal Clara Mota, da Ajufe Mulheres, considera relevante a instituição de prazos para devolução de votos-vista e o julgamento do "orçamento secreto". Destaca a pauta de inclusão feminina no CNJ e o combate à violência de gênero.Maria Cristina Peduzzi, do Tribunal Superior do Trabalho, diz que Rosa Weber "sempre age de forma discreta e firme, simbolizando a importância da participação feminina nos centros de Poder."Weber "reforça a nossa convicção que mulheres nos espaços de poder são absolutamente essenciais para avançarmos em uma sociedade mais justa, plural e democrática", diz Camila Marques Barroso, Ouvidora-Geral da Defensoria Pública de São Paulo. "A participação de mulheres em espaços decisórios ainda é absolutamente ínfima", diz.
2023-08-31 13:49:00
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Laico intolerante
Um dos movimentos capitais da marcha civilizatória foi a separação entre Estado e igreja. O divórcio foi bom para o poder público, que ficou livre de dogmas para fazer leis baseadas na razão, e para as próprias religiões, que não precisavam mais temer a opressão exercida por uma fé dominante.Os maiores beneficiários, contudo, foram os cidadãos, que ganharam autonomia para decidir se querem ou não seguir uma crença e, em caso afirmativo, escolher qual.Não há país que tenha implementado essa cisão de forma mais decidida do que a França, que desde a revolução de 1789, e especialmente a partir de 1905, vem cultivando com zelo a secularização. Talvez até com excesso de zelo.O ministro da Educação francês, Gabriel Attal, anunciou que as escolas do país não permitirão mais que alunas usem a abaya (túnica árabe) em suas dependências. Pelo novo entendimento da pasta, esse adereço viola a Lei da Laicidade de 2004, que já vetara o hijab (véu islâmico) e outros "símbolos ostensivos" de religiosidade.A França faz muito bem em proibir crucifixos nas paredes de prédios oficiais (exceto museus) e melhor ainda em impedir professores de utilizá-los. Os mestres, afinal, são representantes do Estado quando estão em sala de aula e devem, portanto, incorporar valores republicanos como a laicidade.Esse raciocínio, porém, não se aplica aos alunos. Diferentemente dos professores, que escolheram trabalhar para o poder público, os pupilos estão na escola porque a lei assim exige.Nessas condições, privá-los de portar símbolos que eles entendem ser importantes para suas identidades individuais parece um fardo excessivo. No limite, a laicidade está se contrapondo a liberdades individuais, que também fazem parte do pacote republicano.Cabe lembrar ainda que a abaya não é propriamente um ícone religioso —ao menos não como o crucifixo para os católicos, a estrela de David para os judeus ou o turbante para os sikhs.A túnica está entre o religioso —o Alcorão exige que mulheres se vistam "com modéstia", mas não especifica como— e o étnico, já que o traje é típico no norte da África e na Península Arábica, mas não em outras terras muçulmanas.Ao investir contra a abaya, o Estado francês volta a legislar sobre vestimentas, o que soa como um retrocesso a períodos bem pouco iluministas da história.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-30 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/laico-intolerante.shtml
O quartel e a urna
A República brasileira traz em seu DNA a indelével marca do militarismo. Nasceu de um golpe, contra a monarquia em 1889, e foi pontuada ao longo de sua história por revoltas, interferências e pressões do poder fardado sobre o civil.Boa parte disso partiu do fato de que os políticos usualmente só querem saber de militares quando desejam promover rupturas —e assim foi até o tenebroso 1964.Os anos de reclusão da caserna após a ditadura trouxeram profissionalismo, mas a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 demonstrou que nem toda a mentalidade dos quartéis fora aperfeiçoada.Mau militar, o capitão reformado foi apadrinhado por setores do Exército que buscavam maior protagonismo na política e cercado por generais da reserva que pretendiam ao fim controlar suas ações.O resultado é conhecido. Quando a cúpula resistiu às intentonas golpistas e negacionistas do presidente, sobrevieram tensões institucionais como a demissão dos comandantes das três Forças e do ministro da Defesa em 2021.Já naqueles turbulentos anos uma receita foi prescrita para o problema, na forma de uma proposta de emenda constitucional vetando militares da ativa em cargos no Executivo —situação que chegou ao paroxismo com o desastroso general Eduardo Pazuello à frente do manejo da pandemia de Covid-19.Com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder, em meio ao desgaste agudo de imagem das Forças devido à presença de militares nas conspiratas bolsonaristas e a vexames como o da traficância de joias, o tema ganhou nova força.Petistas mais adeptos do revanchismo advogaram a implosão do artigo 142 da Constituição, que rege as Forças e motiva interpretações delirantes de golpistas. O partido também pretendeu remover atribuições como as operações de Garantia da Lei e da Ordem, aliás uma prerrogativa presidencial.O moderado ministro José Múcio (Defesa) interveio e foi gestada a minuta de uma nova PEC, que vedaria a fardados na ativa o posto de ministro e a possibilidade de candidatura a cargo eletivo.A intenção meritória foi desidratada no seu primeiro dia de vida pública, após esta Folha ter revelado o teor da proposta. O senador Jaques Wagner (PT-BA), ex-titular da Defesa, reuniu-se com Múcio e outros ministros e anunciou que o governo apresentará um texto cobrindo apenas a limitação eleitoral, a valer a partir de 2026.Ao que tudo indica, o governo não tem força política para levar adiante mudanças mais ambiciosas. Ainda assim, a medida aventada representa avanço relevante. Hoje, militares derrotados nas urnas podem levar de volta seu proselitismo político aos quartéis.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-30 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-quartel-e-a-urna.shtml
A coerência mundial sobre a maconha
Ao contrário do que têm bradado os arautos da guerra às drogas, inclusive nesta Folha, não há "paradoxo" algum em se descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal e não se legalizar a sua venda ("Um paradoxo brasileiro: consumo legal, oferta ilegal", 20/8, Marcio Sergio Christino). Muita coisa que não é crime ou foi descriminalizada não é "legalizada". O adultério, por exemplo, deixou de ser crime em 2005 e não se tem uma lei regulamentando a pulada de cerca.Estudo de 2016 apontava que cerca de 30 países já haviam descriminalizado a maconha, mas não legalizaram a sua venda (Alemanha, Argentina, Bélgica, Chile, Colômbia, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, entre outros). Isso acontece em razão de convenções da ONU das quais são signatários, que impõem a proibição da venda de drogas e preveem sanções pelo descumprimento. A exceção é o Uruguai, primeiro país a realmente "legalizar" a venda da maconha em 2013 (embora inúmeros estados norte-americanos tenham legalizado a venda da maconha, o país Estados Unidos ainda não o fez). Mesmo a Holanda, na qual se acredita que a venda de maconha sempre foi legalizada, não o é.Lá, o porte de drogas para consumo próprio sempre foi crime, mas o país resolveu tolerar tais práticas com o fim de separar o comércio da maconha do comércio de drogas mais pesadas, evitando a exposição dos jovens à heroína. E a Holanda sempre foi criticada por isso: abrir a porta da frente para a venda da maconha, mas deixar a porta de trás fechada, mantendo o mercado ilegal nas mãos dos traficantes, seus lucros e crimes a ele relacionados. Nisso tem razão o citado autor. O ideal seria retirar do crime organizado esse enorme lucro e minimizar os crimes relacionados ao comércio de entorpecentes.Existem três modelos de descriminalização em curso no mundo e nenhum deles está infenso a críticas.No autocultivo, a venda continua proibida e criminalizada, mas os usuários podem plantar até seis pés de maconha, geralmente por meio de cooperativas (Espanha). Mais No modelo capitalista dos estados norte-americanos, o governo autoriza estabelecimentos a plantar e vender a maconha cobrando altos impostos. Embora gerem altíssimos recursos para os estados, os altíssimos impostos criaram um mercado clandestino, como ocorre com o cigarro contrabandeado no Brasil.Isso não acontece no Uruguai, cujo modelo monopolista deixa na mão do próprio governo a plantação e comercialização da maconha, que se dá em farmácias. Há, contudo, notícias do surgimento de um mercado cinza no Uruguai destinado ao turismo da droga, o que não ocorreu em Portugal. Mais De toda forma, são modelos que buscam a diminuição dos lucros das organizações criminosas e crimes correlacionados; a separação do mercado da maconha dos mercados de outras drogas mais pesadas e perigosas; e a redução da desinformação sobre os riscos do consumo, nos moldes da bem-sucedida campanha antitabagista brasileira.Eis a coerência mundial que parece estar se criando sobre a descriminalização da maconha. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-30 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/a-coerencia-mundial-sobre-a-maconha.shtml
Não é de hoje que a França precisa descartar vinho
A ideia de milhões de litros de vinho francês virando álcool para limpeza e de vinhedos sendo arrancados fora nos belos campos de Bordeaux chega a causar revolta – principalmente quando sabemos que governo e produtores preferem isso a vender mais barato. Nós pagando tão caro por uma garrafa de vinho, e eles preferindo jogar fora a baixar o preço… É de matar de raiva! Seja por provocar ódio, dor no coração ou apenas curiosidade, a notícia do anúncio de que o governo francês destinará 200 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão) para destilar vinho e ajudar produtores a substituir vinhedos por outras culturas, como oliveiras, está bombando na internet desde a semana passada.A regulação de estoques e preços por meio de destruição de mercadorias, no entanto, é quase tão velha quanto o capitalismo. Lembra da Lei da Oferta e da Procura? Esse fenômeno espontâneo que rege os mercados faz com que os preços abaixem quando o estoque de um determinado produto sobe demais, seja por excesso de produção, por queda nas vendas ou ambos. Quando esses preços caem abaixo dos custos de produção, é comum os governos criarem subsídios e inventarem formas de evitar uma quebradeira geral desse ou daquele setor. No caso do vinho, as soluções mais comuns são transformar vinho em álcool e arrancar vinhedos."É uma prática bastante comum, especialmente na França e na Itália", diz Rodrigo Lanari, da consultoria Winext. "Não se fala disso, porque tira o glamour, mas vinho é um mercado muito comoditizado. Claro, estamos falando de vinhos mais correntes, para o dia-a-dia". Os vinhos que viram álcool são vinhos tão baratos que mal chegam ao Brasil ou, quando chegam, aparecem nessas compras de oportunidades (flash sales) de alguns ecommerces. Ninguém vai destilar vinho ou arrancar videiras de um grand cru. "Bordeaux é uma das regiões mais atingidas, mas ali não se produz apenas vinhos caros, há produção também de volume."Os tanques dessas empresas que produzem volume não têm espaço para acomodar a safra 2023 que começa a ser colhida. Estão cheios de vinhos de safras passadas. Uma série de fatores levaram a esse excedente de estoque: a baixa no turismo e o fechamento de restaurantes pela Europa durante os anos da pandemia, um aumento no custo de vida e uma crise financeira provocados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, um menor consumo de bebidas alcoólicas pela população mais jovem e a queda drástica nas importações da China. Segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), as importações de vinho pela China caíram de 8 milhões de hectolitros, em maio de 2018, para 3,4 milhões de hectolitros, em dezembro de 2022. Em euros, essa queda representou uma baixa de 1,2 bilhões.Para Lanari, contudo, essa crise não é passageira. "É estrutural", afirma. Dados da OIV sobre consumo e produção de vinhos no mundo de 1996 a 2021 mostram uma defasagem constante, com produção sempre muito acima do consumo. A curva varia de acordo com a produtividade de cada safra, mas o consumo sempre fica muito abaixo da produção (com exceção de 2017). . Diante dessa defasagem, na década passada, a União Europeia, os governos e as associações de produtores da Europa investiram bastante na promoção de seus vinhos em diversos países fora da Europa e em novos mercados. "Em 2017, parecia que a equação estava equalizada, com produção e consumo quase iguais, mas veio uma super safra e depois a pandemia. O fato é que se produz mais do que se consome e os governos ficam garantindo o equilíbrio artificialmente. Eu fico desesperado de ver como tem surgido vinícolas novas no Brasil, por exemplo. O pessoal planta sem saber se tem para quem vender."No momento, segundo o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), onde está concentrada a maior parte da produção, o setor vitivinícola brasileiro não está precisando recorrer a descartes. Os estoques estão no nível desejado. No entanto, nem sempre foi assim. "Atualmente, nós estamos com os estoques regulados", conta Adriano Miolo, superintendente do Grupo Miolo, sobre a experiência nas suas empresas. "Nossa produção está em linha com as vendas. Possuímos apenas um pequeno estoque regular que nos permite fazer frente às pequenas oscilações de safras, mas em 2015 estávamos com estoques muito altos. Foi muito difícil acomodar a vindima de 2015, mas por fim foi bom termos grandes estoques porque em 2016 teve uma das maiores geadas tardias da história que provocou uma quebra de mais de 60% da produção dos vinhedos do Rio Grande do Sul. Ter estoques nos permitiu fazer frente à demanda de nossos consumidores e até conseguimos negociar esses estoques com outras vinícolas. De lá para cá, os estoques permaneceram regularizados."Adriano lembra que, à diferença do Brasil, o plantio de vinhedos na União Europeia é controlado pelo estado. É preciso ter uma licença para plantar um vinhedo. "Essa é mais uma forma de regular os estoques", diz. "Só permitem plantar um novo vinhedo quando há demanda. Quando acontece como agora, eles primeiro promovem a destilação. Se não for suficiente, recorrem a uma campanha de arranquio para regular o mercado."Ou seja, não chore pelo vinho derramado e desista de pagar preço de banana por um vinho de viticultores desesperados.
2023-08-30 16:40:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tinto-ou-branco/2023/08/nao-e-de-hoje-que-a-franca-precisa-descartar-vinho.shtml
Mulher se distrai com celular e é atacada por touro na Espanha
Uma mulher que mexia no celular no meio da rua durante uma corrida de touro na Espanha acabou atacada pelo animal. Rapidamente, as imagens tomaram as redes sociais. O caso aconteceu na cidade de Titulcia (veja abaixo).Segundo o jornal La Vanguardia, a jovem, que levou ao menos oito chifradas e foi jogada e arrastada, foi operada após muitos ferimentos pelo corpo. Seu estado de saúde é considerado estável.Nas imagens, é possível ver pessoas correndo do touro, com exceção da mulher, que parecia mexer tranquilamente no aparelho. Ao avistar a vítima, o touro derrapa, mas volta para fazer os ataques.Na sequência, a multidão local tenta afastá-lo dela com pedaços de madeira. Raquel Jimeno, prefeita de Ciempozuelos, região próxima do local, parabenizou quem tentou ajudar."Sua intervenção foi determinante para a mulher, a quem desejo uma rápida recuperação. Que isso sirva de exemplo da sensatez e responsabilidade necessárias nessa atividade", disse.As corridas de touro se tornaram populares nessa época do ano em muitas cidades do país.
2023-08-30 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/mulher-e-atacada-por-touro-na-espanha-e-precisa-ser-operada.shtml
Tretas nos bastidores de séries, como em 'Vai Que Cola', são mais comuns do que se pensa
O pau está comendo em "Vai Que Cola". A demissão do roteirista André Gabeh fez com que seus colegas na série divulgassem uma carta aberta, denunciando o ambiente tóxico nos bastidores e apontando o dedo para o elenco, mas sem citar nomes.Logo surgiu o boato, não confirmado, de que uma das atrizes teria dado um tapa na cara de uma assistente de direção. Alguns internautas sugeriram que se tratava de Cacau Protásio. Ela reagiu postando um vídeo no Instagram dizendo que nunca agrediu ninguém e que não teve nada a ver com a demissão de Gabeh. O roteirista, por sua vez, declarou que se sentiu decepcionado com a falta de solidariedade da atriz, inclusive por ambos serem negros.O caso de "Vai Que Cola" é excepcional, porque a treta veio a público. O grupo Globo, o canal Multishow e a produtora Fábrica agora têm um abacaxi na mão, e eu não duvido que o seriado sofra algum tipo de intervenção. Mais O que muita gente não sabe é que esse tipo de conflito atinge praticamente todas as séries e reality shows. Atores reclamam dos roteiristas, que reclamam dos diretores, e os produtores correm de um lado para o outro tentando acalmar os ânimos. Na imensa maioria das vezes, esses casos são resolvidos rapidamente, e não vazam para o mundo exterior. Mas também existem situações muitíssimo cabeludas, com acusações de assédio moral e sexual.Nos EUA, o aumento do número de roteiristas mulheres também fez com que elas pusessem a boca no trombone, revelando serem alvos frequentes de brincadeiras machistas e humilhantes dos colegas homens. Séries como "The Flash", "Arrow" e "One Tree Hill" tiveram casos que foram parar na Justiça.Eu mesmo, quando trabalhei em salas de roteiristas, passei por alguns pepinos. Numa das séries cômicas para as quais escrevi, a estrela cismou que não gostava dos meus textos. Até aí, tudo bem: "escrever é reescrever", diz minha mestra Marta Kaufman, uma das criadoras de "Friends", e um roteirista não pode ser muito apegado ao que produz. Alterações são feitas a toda hora.Só que, neste caso, elas eram feitas em cima da hora. A tal da estrela não tinha coragem de pedir mudanças na minha cara. Eu recebia recadinhos de terceiros, às vezes faltando minutos para a gravação começar. O estresse durou alguns meses, mas ninguém chegou às vias de fato nem eu fui demitido.Em outra série na qual trabalhei, eu me indispus com outro roteirista. O cara escrevia muito bem, mas não tinha o menor jeito para sitcoms. Quando ele precisava escrever uma piada, às vezes tirava de um desses livrinhos, totalmente fora do contexto da trama que estávamos construindo.Não, não vou dizer o nome de nenhum dos envolvidos, até porque foram escaramuças rápidas e todo mundo fez as pazes. Mas eu tive sorte. Brigas homéricas são frequentes nos seriados de humor, e por uma razão simples: muitos comediantes de sucesso são verdadeiros poços de insegurança.O sujeito lota casas de shows, roda filmes de enorme bilheteria e dá muita audiência na TV, e, mesmo assim, fica se questionando o tempo todo. Porque, para um humorista, a resposta do público vem muito mais rápido do que para um ator dramático. Basta a plateia não rir de uma mísera piadinha para a autoestima se estilhaçar.O fato é que a profissão de roteirista é árdua, instável e mal remunerada. Não basta ser criativo, virar noites ou lidar com egos gigantescos. Autores titulares de novelas da Globo costumam ser bem pagos, mas todo o resto precisa se virar em mais de um emprego para fechar as contas do mês.A greve que no momento paralisa Hollywood é feita por atores e roteiristas, que uniram forças para obter melhores condições de trabalho e barrar o avanço da inteligência artificial em suas profissões. Mas os grandes estúdios não cedem, e várias produções já foram adiadas ou canceladas.A treta em "Vai Que Cola", infelizmente, opõe atores e roteiristas. O fato de tanta roupa suja estar sendo lavada à luz do dia (ou ficando ainda mais suja) é ruim para os dois lados. Roteiristas são o elo mais frágil da cadeia, porque não são famosos, ganham pouco e são facilmente substituíveis. Mas os atores também precisam se conscientizar de que dependem deles. Um ambiente ruim costuma gerar programas ruins. E aí, o público nem quer saber quem tem razão.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-30 12:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/08/tretas-nos-bastidores-de-series-como-em-vai-que-cola-sao-mais-comuns-do-que-se-pensa.shtml
Estigmatizado, café solúvel cresce e ganha versões gourmet
A indústria do café solúvel tem tentado desvencilhar o produto da pecha de bebida de baixa qualidade, com lançamentos de linhas gourmet, ações de marketing e criação de protocolos de avaliação de qualidade.A pioneira Nescafé, gigante do setor, colocou nos mercados duas novas linhas: a Gold Espresso, que chega às prateleiras em três intensidades diferentes (torras clara, média e escura), e a Origens do Brasil, com grãos cultivados em São Sebastião do Paraíso (MG), Alto Paranaíba (MG) e Chapada Diamantina (BA).A empresa tem investido forte em ações de divulgação, com degustações em eventos, por exemplo, e busca atrelar os novos produtos a uma imagem gourmet.Torrefações independentes também têm desenvolvido seus próprios cafés especiais em versões solúveis. A paulistana Coffee Lab chegou a planejar a fabricação de um instantâneo em 2020, mas precisou adiar os planos devido à pandemia. O projeto, contudo, ainda deve ser colocado em prática.Também nesse contexto de esforço para melhorar a percepção sobre o setor, a Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel) lançou um padrão de avaliação e categorias de qualidade, algo que já existe há décadas no mercado de cafés para coar.Segundo especialistas ouvidos pelo Café na Prensa, hoje há opções efetivamente melhores no mercado de solúveis, sobretudo aqueles fabricados por meio do processo de liofilização.É que o café instantâneo pode ser feito por diferentes métodos industriais, que têm grande papel na qualidade final da bebida. São eles: Os principais métodos de fabricação são: O spray dried é o café solúvel em pó bem fino. Nesse processo, o extrato de café é submetido a altas temperaturas e pressão, o que aumenta a concentração do produto e o torna volátil. Em seguida, o material é bombeado para o topo de uma torre, onde passa por pulverização e exposição ao ar quente, que faz o produto perder a umidade e se converter em pó.Resulta em cafés em flocos maiores. Para obter o café liofilizado, o extrato é congelado a -40°C e, em seguida, passa pelos processos de moagem, secagem à vácuo e sublimação (passagem direto do estado sólido para o gasoso). É um processo de desidratação do produto, que preserva suas qualidades aromáticas, gerando um café com qualidade superior.Em suma, a diferença principal é a temperatura, explica o cientista de alimentos Rodolfo Zanin, que desenvolve pesquisas sobre café há mais de uma década e fez pós-doutorado empresarial na IGC, uma das maiores companhias de café solúvel do Brasil."Quando a gente usa o spray dried, o café é pulverizado dentro de uma câmara em temperaturas altas, de 150 a 180 graus. Quando a gente faz a liofilização, esse extrato é congelado e a secagem é feita a baixa pressão. Como a pressão é mais baixa, a gente consegue fazer a secagem em uma temperatura mais branda, e então ele preserva mais as características, principalmente as características aromáticas", diz.Segundo Zanin, a melhoria dos solúveis se deve sobretudo às maiores exigências dos consumidores, que fizeram a indústria correr atrás de processos mais sofisticados e matéria-prima de maior qualidade. Mais Antes, o mercado usava principalmente grãos do tipo canéfora em suas composições. A espécie, mais barata e mais limitada em aromas e sabores, tem gradativamente dado lugar à espécie arábica –hoje, há vários cafés solúveis 100% arábica.Apesar da melhoria, o café solúvel sempre terá algumas perdas sensoriais em relação aos preparos tradicionais. É que, neste método de preparo, só é possível extrair elementos que são solúveis em água.Assim, outros componentes do café coado, como as gorduras e os carboidratos maiores, não estarão presentes na bebida preparada com o solúvel, explica Zanin. Setor cresceu e agora tem produtos mais sofisticados Liofilizado, orgânico, 100% arábica, R$ 31,20 (90g)Spray dried, 100% arábica, R$ 25,99 (100 g)Liofilizado, 100% arábica, R$ 44,00 (90 g)Liofilizado, R$ 23,09 (84 g)Liofilizado, 100% arábica, R$ 21,72 (100 g)Spray dried, 100% arábica, R$ 25,90 (100 g)Atenção às quantidades: o café solúvel é mais concentrado e cada 1g de pó produz aproximadamente 50 ml de bebidaMas, em situações em que não há a possibilidade de preparar um coado, o solúvel pode ser uma alternativa prática. A barista e Q-Grader (avaliadora profissional de café) Isabela Raposeiras, do Coffee Lab, diz que hoje de fato há cafés instantâneos melhores no mercado."Não sou contra a cápsula, mas às vezes eu acho melhor ter um bom liofilizado à mão do que uma cápsula", diz.Apesar de ainda carregar o estigma, o setor tem registrado crescimento constante. Dados fornecidos ao Café na Prensa pela Abics mostram que o consumo de café solúvel tem crescido, em média, quase 4% ao ano nos últimos cinco anos. A fatia de mercado no varejo, contudo, ainda não é tão grande. Pesquisa encomendada em 2021 pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) mostra que apenas 6% dos brasileiros dizem tomar café solúvel.No atacado, a presença é maior, já que o setor fornece muita matéria-prima para a indústria alimentícia, que recorre aos solúveis para a fabricação de produtos que levam café em sua composição –como, por exemplo, cappuccinos prontos ou comidas e bebidas com sabor de café.Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucenaQual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.br
2023-08-30 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/08/estigmatizado-cafe-soluvel-cresce-e-ganha-versoes-gourmet.shtml
O centro de São Paulo está perigoso? Vamos passear nos bairros!
Não é novidade para ninguém, especialmente para os leitores desta Folha, que o centro está perigoso e pouco convidativo aos passeios. Mesmo com iniciativas recentes da prefeitura paulistana em aliviar a tensão em alguns pontos específicos da capital, como a praça da Sé e o pátio do Colégio, são poucos os guias e empresas dedicadas ao turismo que arriscam levar turistas pelas atrações da região.A tensão constante e o medo de eventuais ataques a grupos ou a indivíduos tem levado até a protestos do Sindicato dos Guias de Turismo do Estado de São Paulo (Sindegtur SP) diante da sede da Prefeitura de São Paulo, reivindicando mais segurança e zeladoria pelas ruas da região central. Em 2022 o mesmo sindicato chegou a recomendar que os profissionais de turismo ao invés de levar turistas à pé pelo centro optassem por locomoção de carro direto ao ponto desejado, o que pode ser um problema já que a região tem vários calçadões que por si só já restringem o acesso de veículos.A preocupação em manter-se em atividade e atender os turistas e curiosos pela história da cidade sem ter que depender exclusivamente das atrações do centro histórico e arredores tem levado alguns guias e empresas de turismo a usar da criatividade para inovar.É o caso de Larissa Resende, turismóloga, mestre em hospitalidade e professora universitária. Atuando há mais de 15 anos no meio do turismo ela sentiu diretamente a queda do número de interessados em passeios pela região central de São Paulo e, para não paralisar as atividades da Redescubra SP, sua agência de viagens especializada em roteiros histórico-culturais aberta em 2020 resolveu explorar outras regiões da cidade.Afastando-se de áreas como Sé, República e avenida Paulista, Resende atraiu a atenção dos turistas para outras regiões de São Paulo onde nem sempre há passeios guiados, como Ipiranga, Belenzinho, Bela Vista e Liberdade. Agora suas atenções se voltam ao tradicional bairro da Penha de França, na zona leste da capital.Afastada do centro e por consequência dos roteiros turísticos, a Penha é uma preciosidade de São Paulo pouco explorada pelo paulistano. Fundada no século 17 é um bairro que se parece mais como uma cidade do interior. Por ali não é raro vizinhos de rua que são amigos há décadas, moradores idosos que conhecem a história do bairro na ponta da língua e muitas atrações turísticas.O bairro tem muitas casas antigas, duas de suas igrejas construídas respectivamente no século 17 e 19, uma basílica que pode ser avistada de vários pontos da cidade, seminário religioso, colégio de freiras e muitas outras construções históricas como a Escola Estadual Santos Dumont e antigos cinemas hoje transformados em pontos comerciais, como o São Geraldo, o Penharama e o Júpiter, este último um projeto da Construtora Zarzur & Kogan os mesmos do arranha-céu Mirante do Vale, no centro de São Paulo.Nesse bairro paulistano a Redescubra SP de Larissa Resende vai realizar um passeio turístico no próximo domingo, 3 de setembro, buscando apresentar não só essas atrações mencionadas mas muitas outras curiosidades. Até a metade do século 20, por exemplo, era comum pessoas de outros bairros e até de outras cidades buscarem a igreja Nossa Senhora da Penha para se casar. É o caso do escritor Oswald de Andrade que casou-se com a poeta Patrícia Galvão, a Pagu, após primeiro escandalizar a sociedade paulistana casando cemitério da Consolação.Conhecer outros bairros da capital paulista é uma atividade culturalmente enriquecedora pois apresenta um importante aprendizado, já que muitas vezes temos a visão equivocada de que todas as atrações relevantes de São Paulo estão localizadas no centro. É a oportunidade de explorar uma cidade que apesar dos tantos reveses que sofre, segue atrativa e com muita atração turística.Caminhada histórica pelo bairro da Penha Realização: Redescubra SP Data: 03/09 às 9h Valor R$ 80,00 Ingressos disponíveis pelo Sympla (clique aqui) Mais
2023-08-30 08:30:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sao-paulo-antiga/2023/08/o-centro-de-sao-paulo-esta-perigoso-vamos-passear-nos-bairros.shtml
A quem interessa a lei europeia antidesmatamento?
O governo brasileiro iniciou uma não muito discreta operação para minar a regulação de desmatamento da União Europeia. Autoridades de vários ministérios têm se manifestado em público contra a lei, aprovada no ano passado, que veda a entrada no mercado europeu de commodities produzidas em áreas desmatadas a partir de dezembro de 2020. Segundo essas pessoas, a regulação é "unilateral", "discriminatória" e passível de questionamento nos órgãos multilaterais de comércio. Uma crítica velada à lei apareceu até mesmo na declaração de chefes de Estado da Cúpula da Amazônia, em 8 de agosto último.É uma pena que o governo, até agora, não tenha chamado os povos indígenas para conversar sobre o assunto. Se tivessem nos consultado, saberia que, para nós, a lei da UE é mais do que bem-vinda: é uma esperança de proteção aos nossos territórios, ao nosso modo de produção e à nossa própria existência.Seu defeito é não incluir outros biomas (cerrado, pampa, Pantanal e caatinga), limitando-se apenas às formações florestais.A lei é um avanço porque ataca o problema do desmatamento pelo lado da demanda. Os consumidores europeus não querem mais comprar carne, soja e madeira produzidas às custas de aquecimento global, destruição da biodiversidade e violações a direitos humanos. Essa tendência é global e irreversível: hoje é a Europa, amanhã os EUA e, logo mais, quem sabe, a China. Quanto mais catástrofes climáticas se sucedem, menos tolerável o desmatamento se torna.O Brasil vem atacando o mesmo problema pelo lado da oferta. O presidente Lula se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030 e, por enquanto, está caminhando nesse sentido: apesar de o Congresso trabalhar contra, o governo conseguiu desacelerar o desmate na Amazônia, que vinha subindo em ritmo explosivo. É estranho, portanto, que o Executivo venha reagindo de modo tão virulento quando tem o mesmo objetivo que a UE. Mais Além disso, nenhum país tropical está tão bem preparado para atender aos requisitos europeus —e ganhar com isso— quanto o Brasil. Nós temos o melhor sistema de monitoramento de desmatamento do mundo.Temos linhas de crédito para recuperação de pastagens, que vêm aumentando a renda do produtor, multiplicando a produtividade e fixando carbono no solo. E embora o desmatamento seja grande em termos absolutos, ele é minoritário: apenas 3% das propriedades rurais do Brasil sofrem desmate, segundo dados do MapBiomas. Um estudo recente mostrou ainda que somente 20% da soja e 17% da carne exportadas da Amazônia e do cerrado para a Europa estão contaminadas com desflorestamento.Opor-se à regulação da UE, portanto, significa proteger uma minoria de ilegais em vez de recompensar a grande maioria que faz a coisa certa. Mais É louvável, especialmente após o pesadelo dos últimos quatro anos, que o Brasil tenha um governo e um presidente prometendo olhar para nós. Mas promessas não bastam. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) costuma dizer que pessoas virtuosas criam instituições virtuosas para corrigi-las quando falharem em suas virtudes. A lei europeia serve para institucionalizar a virtude. Não dá para ser contra isso.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-29 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/a-quem-interessa-a-lei-europeia-antidesmatamento.shtml
Entenda por que a caderneta de poupança ainda é a aplicação mais popular
Segundo o Banco Central, até o dia o dia 22 de agosto, a caderneta de poupança já sofreu R$ 84,4 bilhões de resgates líquidos neste ano, ou seja, captação menos resgates. O volume de recursos aplicados na caderneta é de R$ 963 bilhões. Para colocar em perspectiva, esse volume é 8 vezes maior que todo o investimento em títulos do Tesouro Nacional distribuídos a pessoas físicas na plataforma do Tesouro Direto. Discuto se esse volume sinaliza que ela é mais vantajosa?Podemos avaliar um investimento seguindo três critérios básicos: retorno, risco e liquidez. Vamos começar com retorno.A poupança tem retorno de TR+0,5% caso a Selic esteja acima de 8,5% ao ano e retorno de 70% da taxa Selic Meta caso ela esteja abaixo de 8,5% ao ano.Os 70% de retorno sobre a taxa Selic é o máximo proporcional a esta taxa que a poupança vai render. A medida em que a Selic sobe, o percentual cai. Portanto, a caderneta rende hoje menos.Sabemos que a caderneta é isenta de IR. Então, vamos comparar os retornos líquidos da tributação.Mesmo considerando a alíquota máxima de IR que é de 22,5% para renda fixa, a poupança ainda tem retorno pior que o de um título público federal como o Tesouro Selic.Líquido de IR, o Tesouro Selic renderia mais de 10% ao ano. Enquanto a Poupança fica próxima de 8% ao ano neste momento. Lembrar que é possível aplicar em CDBs, LCIs e LCAs rendendo até mais.Portanto, a poupança é muito desvantajosa em termos de retorno.Com relação ao risco, a caderneta de poupança tem risco bancário similar ao de um CDB, LCI ou LCA. Todos eles contam com a garantia do FGC que é uma entidade privada.O risco é baixíssimo se você investe dentro do limite do FGC. Entretanto, atenção, se seu investimento superar o limite desta garantia e o banco quebrar, você perde os recursos investidos.Um título público como o Tesouro Selic é ainda menos arriscado, pois o Tesouro Nacional, por ser a única entidade capaz de gerar moeda, tem capacidade "infinita" de pagamento de sua dívida interna.A oscilação dos preços de títulos como Tesouro Selic é muito baixa, assim como os de CDBs, LCIs e LCAs.Logo, a poupança perde em retorno e no melhor dos casos se iguala em termos de risco com outros instrumentos como CDBs, LCIs e LCAs.Por fim, no critério liquidez, a poupança também é desvantajosa. Embora seja possível resgatar a qualquer momento, se o investidor saca fora da data do aniversário, ele perde retorno.Isso não acontece em aplicações como o Tesouro Selic e CDBs LCIs e LCAs com liquidez diária.Portanto, a poupança perde em todos os critérios para avaliação de um instrumento.Se ela é tão ruim, por que ainda existe quase R$ 1 trilhão em aplicações?A única explicação para a popularidade da poupança é a falta de conhecimento de investidores.Os resgates da poupança em 2023 são historicamente altos, mas eles devem subir ainda mais a medida que os aplicadores vão entendendo sobre as alternativas de investimentos.Os maiores beneficiados deste desconhecimento são os grandes bancos que se aproveitam deste recurso barato para ter mais lucro em suas próprias aplicações.Já ouvi muitos afirmando que preferiam a poupança e não aplicariam em CDBs, fundos e outros para não dar dinheiro para os bancos. Entretanto, pode ter certeza de que o investidor dá muito mais dinheiro para os bancos, aplicando na poupança.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-29 21:45:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/08/entenda-por-que-a-caderneta-de-poupanca-ainda-e-a-aplicacao-mais-popular.shtml
Talentos perdidos
Estudo do Banco Mundial lançado em fevereiro aponta que governos precisam implementar políticas públicas para mitigar os efeitos negativos da pandemia na população mais jovem.Isso porque a crise sanitária afetou o Índice de Capital Humano (ICH), que estima a produtividade futura de uma criança, considerando o que ela alcançaria com boa educação e assistência médica.Em entrevista publicada pela Folha neste mês, o economista-chefe para Desenvolvimento Humano do órgão, Norbert Schady, disse que "choques como a pandemia podem desviar indivíduos de seu curso, reduzindo os níveis de acumulação de capital humano".Ou seja, com o fechamento de escolas e a precarização da aprendizagem, aumentam os riscos de alunos dos ensinos fundamental e médio terem menores níveis de escolaridade e renda quando adultos.Quanto mais jovem a criança, maior o impacto. No Brasil, a perda calculada de aprendizado de estudantes do 5º ano foi equivalente ao triplo ou mais da verificada entre os dos 9º e 12º anos —na comparação com grupos anteriores nessas mesmas faixas que não foram expostos à pandemia.Ademais, o problema é mais grave em países e nos estratos sociais mais pobres. Em Bangladesh, constatou-se que as perdas no desenvolvimento cognitivo, linguístico e motor foram muito maiores em crianças cujas mães não tinham o ensino primário completo.Outro estudo do Banco Mundial, específico sobre o Brasil, mostra que nosso ICH caiu de 0,6 em 2019 para 0,54 em 2021 —mesmo índice de 2009. Com isso, em vez de o brasileiro nascido em 2019 alcançar 60% do seu potencial aos 18 anos, ele alcançará 54%.O Brasil foi um dos países que amargaram maior déficit de ensino presencial. Entre março de 2020 e março de 2022, uma criança em idade escolar perdeu na média global 37 semanas desse tipo de ensino. Na Europa e Ásia central, foram 14 semanas; aqui, 60.O processo de aquisição de capital humano é cumulativo: o que ocorre na infância gera impactos na fase adulta e nas futuras gerações.Quanto menor o ICH, menos conhecimento, inovação, produtividade e renda. É preciso que o Brasil saia desse ciclo vicioso com planos de recuperação e aceleração do aprendizado nos níveis federal, estadual e municipal. Não se pode continuar a embotar talentos em seu nascedouro.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-29 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/talentos-perdidos.shtml
38 ministérios
Para surpresa de ninguém, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (29) a criação de mais um ministério, a ser dedicado às pequenas e médias empresas. A pasta, a 38ª na atual Esplanada brasiliense, recicla uma semelhante lançada em 2013, a 39ª da correligionária Dilma Rousseff.A medida atende às necessidades de uma reforma ministerial destinada a ampliar a base de apoio ao governo petista, em negociação com os partidos do chamado centrão há pelo menos dois meses.O aumento do número de postos de primeiro escalão é uma tradição desde o restabelecimento da democracia. Mesmo mandatários de retórica antipolítica como Fernando Collor e Jair Bolsonaro (PL), que iniciaram suas gestões com a bandeira do corte de pastas, tiveram de providenciar recuos.O objetivo, em todos os casos, foi a formação de coalizões de múltiplas siglas, uma exigência peculiar do presidencialismo brasileiro e seu quadro partidário fragmentado em demasia. No exemplo de agora, a decisão de criar um novo ministério antes de completados oito meses de mandato é sintoma da fragilidade do governo.Dado que Lula foi eleito por margem minúscula de votos, e a federação PT/PC do B/PV conta com não mais de 81 das 513 cadeiras da Câmaras dos Deputados, o Palácio do Planalto é pragmático ao trazer novas forças ao gabinete.A tarefa seria mais simples e menos custosa se não houvesse exorbitantes 11 ministros petistas instalados no governo —número que carece de maior sentido político e administrativo, atendendo apenas ao objetivo de manter o PT pacificado. Não há de ser por acaso que as administrações da legenda são recordistas em número de pastas.Também o ministério das empresas de menor porte tende a ser tão irrelevante hoje como há dez anos, uma vez que a melhor contribuição que o governo federal poderia dar aos empreendedores seria reduzir seu déficit orçamentário e consumir uma parcela menor do crédito disponível no país.Lula tem o mérito de reconhecer a legitimidade das forças representadas no Congresso e a maturidade de preferir o entendimento ao confronto. Permanece nebulosa, porém, a agenda pretendida com a ampliação de suas alianças.A todo momento o mandatário parece oscilar entre o passadismo da mitologia petista, que mantém a coesão da militância, e o caminho ao centro democrático, que facilita a governabilidade.A experiência indica que as coalizões mais eficientes são formadas em torno de diretrizes acordadas de governo, em vez da mera distribuição de cargos e verbas. Sem isso será sempre mais difícil satisfazer os apetites do PT e do centrão.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-29 22:00:00
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Opinião
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A urgência de iniciativas além da educação midiática
O efeito mais nocivo na era da disputa da atenção é o declínio de um atributo primordial dos seres humanos: pensar. Soa sarcástico, mas se deve à seguinte conjuntura paradoxal: a mesma tecnologia que impulsiona grandes avanços na medicina e na exploração das fronteiras do universo (por exemplo) nutre alarmante retrocesso cognitivo geracional quando assume sua forma mais conhecida —a da tela na sua frente.O jornalismo e seus profissionais lidam há mais de década com a reestruturação de Redações e contendas eventuais com big techs —houve um momento em que pareciam querer revestir seus conteúdos com a credibilidade chamada "mídia tradicional", mas Mark Zuckerberg preferiu o modelo mais simples e lucrativo de centrar a engrenagem em torno da produção aleatória pelos próprios usuários. Mais O problema é que, hoje, esse modelo também desafia a educação, impacta a cidadania e dissolve a capacidade crítica. Se o acesso infinito à informação é a maior contribuição do ambiente digital, as plataformas desenharam seus negócios de maneira a criar uma moeda virtual que não é cripto, tem menos volatilidade e se negocia em altos volumes diariamente. Chama-se "engajamento" —a quantidade de interações dentro de um conteúdo.Dessa lógica, sempre "aperfeiçoada" para potencializar retornos financeiros, decorre a recompensa óbvia a quem estimula instintos primitivos com controvérsias, teorias da conspiração e notícias falsas. A polêmica inventada, se construída em cima do ódio ou da paixão, alimenta a moeda do algoritmo. A isso se soma a tentativa de manter o usuário ali dando a oportunidade do scroll infinito, fazendo com que gire a roda desse modelo que torna efêmero o pensamento profundo —e constante o raciocínio raso. Mais Como defendido acima, esse fato silencioso e corrosivo merece alerta e enfrentamento. A lucidez individual se fragmenta, o senso crítico se dissolve em emojis e, como numa fissão nuclear, as pessoas são empurradas para opostos de forma a dividirem os demais em apoiadores ou oponentes. Como na divisão atômica, liberam uma tremenda quantidade de energia no processo, na forma do já conhecido "engajamento". Sem saber, ocupam todos a mesma bolha.A busca pela recompensa imediata inibe o raciocínio lógico, anula a criatividade, estimula o ódio e impede que se percebam as nuances da realidade. Enquanto você hesita, uma hashtag já resolveu o dilema. No caminho pedregoso que leva a dúvida ao esclarecimento, surge o atalho fácil do julgamento sumário de alguém ou algo, com a rapidez adequada para retornar a tempo de seguir com o scroll da tela em busca de mais uma gorjeta do algoritmo.Embora não faça distinção etária, o mal de pensar mais por reflexo que por reflexão é pior entre os jovens. A aptidão inata e essencialmente humana de pensar criticamente se tornou, de repente, uma habilidade a ser conquistada (!), desenvolvida e acompanhada. Mais Não à toa, a educação midiática ganha espaço nos currículos escolares e na formação pessoal e profissional. É um avanço que fornece instrumentos para reconhecer vieses, interpretar fatos, avaliar interesses e identificar farsas. O empenho, no entanto, deve se expandir além da mídia, porque é um problema social mais profundo.Não existe uma fórmula padrão para instigar a curiosidade persistente. Apenas se sabe que ela é a indutora original de questionamentos mais complexos, das dúvidas que levam a descobertas e do pensamento por conta própria —a tão aclamada autonomia.Cultivar a chamada aprendizagem contínua, que nada mais é do que aprender algo novo sempre, completa, com a educação midiática e o pensamento crítico, o trio de possíveis soluções (ao menos no conceito) para encorajar uma postura que Gonzaguinha há tempos definiu como "a beleza de ser um eterno aprendiz".Pensar de maneira crítica é uma necessidade urgente que deve ser tema de políticas públicas e contribuições da sociedade. Certamente não é uma tendência. Por outro lado, nunca saiu de moda.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-29 22:00:00
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Opinião
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Leitores avaliam novo ministério criado por Lula
Novo ministério "Lula anuncia criação de seu de seu 38º ministério em meio a negociação com centrão" (Política). E viva o presidencialismo de coalizão! Muito para os políticos, pouco para a população! O Brasil está há décadas com esse sistema atrasado, corrupto e ineficaz. Simplesmente este governo significa mais do mesmo. Antônio Cantelmo (Francisco Beltrão, PR)Foi-se a época que ministro era um especialista. Hoje são somente interesses políticos. Competência é algo secundário. E o povo que sofra as consequências. Eduardo Boghossian (Brasília, DF)Excelente iniciativa do governo. Nos EUA foi criado o Small Business Administration logo após a Grande Depressão, com foco em geração de empregos. Esse órgão criou as Small Business Investment Companies (SBICs), precursoras dos fundos de venture capital que financiam o empreendedorismo. Mais uma de estadista do Lula. Eduardo Giuliani (São Paulo, SP) Mais Parcelamento "81% dos comerciantes paulistanos são contra fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito" (Mercado). O que falta ao povo é educação financeira e não mais uma taxa. Paulo César de Camargo Miranda (São Paulo, SP)O que precisa acabar mesmo é o crédito rotativo, a possibilidade de o cliente não pagar sua fatura do cartão de crédito e deixá-la acumular para o próximo mês, mediante juros extorsivos. Já o parcelamento de compras sem juros não é tão danoso. Rodrigo Évora (Guarulhos, SP)Os bancos querem o fim do parcelamento direto pelo lojista para terem o monopólio do crédito. O lojista concede o crédito a preço muito menor porque precisa vender. Os bancos arrancam até as tripas do consumidor. João Jaime de Carvalho Almeida Filho (São Paulo, SP)Super-ricos "'Ganham muito dinheiro e não pagam nada de IR’, diz Lula ao defender taxação dos super-ricos" (Política). Espero que tudo seja efetivo. E é pouco; estamos aguardando para este ano a taxação dos ricos e milionários no Imposto de Renda. Aceitar que eles fiquem de fora é penalizar trabalhadores, professores, toda a classe média e média baixa. As alíquotas precisam ser revistas neste exercício. Graça Almeida (Belo Horizonte, MG)Se eu pago IR mensalmente, esses milionários podem pagar também. Noé Oliveira (Itupiranga, PA)Low cost "Empresa aérea low cost chega a São Paulo em setembro; veja preços e condições" (Mercado). Muito bom. Espero que outras low cost passem a operar, quem sabe em rotas internas do país. Hoje há muito abuso nos preços, como bem demonstrado. Oseias Bueno Ribeiro (São Paulo, SP) Mais História "Chacina de Vigário Geral, 30 anos, expôs violência contra moradores de favelas" (Cotidiano, 29/8). Infelizmente, essa é a realidade; veja agora em Guarujá, até o governador defendeu a ação policial. É muito injusto e cruel, desnuda a realidade das forças de segurança, para quem não conhece a vida nessas comunidades. Me sinto muito envergonhado, deprimido. Importante divulgar essas reportagens. Rafael Gallina Delatorre (Joinville, SC)Desde então, a situação só piorou. A impunidade dos crimes competidos por maus policiais estimula o cometimento de mais crimes. A morte da menina Eloah aconteceu porque Vigário Geral ficou impune. Fátima Marinho (São Paulo, SP)Futilidade "Descriminação da maconha no STF só resolverá a vida do playboy, diz autor de ação; ministros rebatem" (Mônica Bergamo). Enquanto se preocupam com questões fúteis, como o consumo de droga, esquecem que há milhões que não consomem aquilo que é elementar: a comida de cada dia. Não vejo a questão como assunto polêmico, mas como fantasiosa e cheia de farsa, como é a vida social. Ozenildo José Costa (Recife, PE) Mais Prioridade "Sé e Campos Elíseos, no centro de São Paulo, têm recorde no número de roubos" (Cotidiano). Se o local é prioridade da Segurança Pública de SP e está assim, imagine o resto da capital. Roniwalter Almeida (São Paulo, SP)Réu "Salles vira réu por suspeita de liderar organização que desviava madeira" (Ambiente). Já pensaram um cara desse no Ministério do Meio Ambiente? Opa, peraí... Benjamin Picado (Rio de Janeiro, RJ)Sem gelo "A morte chocante de milhares de bebês pinguins por gelo derretido na Antártida" (Ambiente). Estamos plantando nossa extinção. Vamos dizimando a vida com processos expansionistas insustentáveis e, ignorantes, transformamos tudo em produto, rapidamente descartável e jogado de volta nos ambientes como lixo e poluição. Qualquer ser vivente é usufruído e utilizado. Talvez consigamos mitigar o horror que está por vir se mudarmos vertiginosamente de direção. Daniel Bertelli (Salvador, BA)Rei Pelé "Klinsmann aposta em transformação da MLS com chegada de Lionel Messi" (Esporte). Foram citados Messi, Gullit, Bergkamp, Kaká, Pirlo, Lampard, Rooney e Beckham como impulsionadores do futebol nos EUA. Faltou citar o Rei Pelé, que tudo começou! Imperdoável. Marcelo Ribeiro Martins (Florianópolis, SC)
2023-08-29 20:02:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-avaliam-novo-ministerio-criado-por-lula.shtml
Procura-se o melhor bar do Brasil
O melhor bar do Brasil não é o mesmo para todo mundo –como ficou explícito nas listas publicadas, aqui na Folha, no especial O Melhor de São Paulo.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Não há sequer um estabelecimento presente em ambas as listas –uma feita por jurados, a outra apurada pelo instituto Datafolha em pesquisa com a população em geral. A minha lista particular (fui jurado de bares) não emplacou um mísero boteco na relação dos campeões.E não há problema nisso, pois essa coisa de melhor e pior é sempre subjetiva.Não abrirei meus votos, mas direi aqui o que, para mim, deve ter no melhor bar do Brasil. Invisto no âmbito nacional para não concorrer com o jornal que me abriga.Um sábio chamado Preá, botafoguense todo prosa e morador de Copacabana, uma vez disse algo interessante: o melhor bar é o mais perto de casa ou do trabalho.Aí lascou para mim.O boteco mais perto de casa é muito, muito ruim. Não é daqueles tão ruins que até são bons, é ruim mesmo. Luz branca no talo, TV no talo, um monte de mesa grudadinha em que os trabalhadores devoram pratos comerciais meia-boca, charme zero.Não tem como ser o meu bar favorito. E trabalho em casa, então não tenho plano B para esse quesito.O postulado de Preá, contudo, não deve ser de todo descartado. Proximidade é muito importante. Bar é uma comodidade, uma extensão de casa, não pode ficar longe demais. Dois ou três quilômetros, no máximo. Mais Meu melhor bar do Brasil precisa ter cerveja gelada, é inegociável. Os entendidos dizem que isso adormece o paladar, mas eu não dou a mínima.Cerveja gelada, de preferência em garrafa grande, para compartilhar. E com camisinha, aquela capa térmica –sua ausência denota mesquinhez imperdoável, incompatível com o espírito de boteco.Eu disse boteco? Pois é, meu bar predileto é desses. Gosto de bares em que me sinto à vontade de bermuda e chinelo.O fator humano tem muito peso. Não no sentido clássico de ver e ser visto, não para paquerar nem nada disso, já superei essas coisas –ou talvez elas tenham me superado.Eu e dois amigos costumamos frequentar um boteco muito, muito simples, com uma fauna fascinante. Você chega, pede umas cervejas e, de repente, os tipos mais pitorescos vêm te abordar com as conversas mais surreais. Mais algumas cervejas, e todo mundo está cantando a plenos pulmões.No dia seguinte, você acorda com dor de cabeça e uma dúvida: aquilo foi real? A acareação com os amigos indica que sim, mas não há como ter plena certeza. Mais O melhor bar não pode ser muito cheio (zoneia o serviço), nem muito vazio (triste). Deve ser barato, mas oferecer qualidade. Precisa ter garçons simpáticos que não são inconvenientes.Não ligo para coquetelaria, mas o consagrado do balcão precisa saber fazer caipirinha. Caipirinha ruim derruba um boteco (esse é um grande problema na maravilhosa cena de bares do Rio que, além disso, fica longe).Um bom bar não deve ter televisão, mas admito exceções. Futebol num boteco caótico pode ser o estopim de situações estranhamente divertidas.E, sim, tem a comida. Comida boa é sempre bom.A faixa-bônus de um bar especial é a saideira grátis, muito valorizada pelo amigo mineiro Lauro. Ele infernizava o garçom até arrancar-lhe, já de madrugada, uma rodada de chopes por conta da casa. Eu não insisto, mas peço. Quando cola, fico tão feliz que vou beijar a testa do chefia.Sinto dizer que ainda não encontrei um bar que perfaça todos esses pré-requisitos. Por isso, sou obrigado a continuar procurando. Difícil, viu?
2023-08-29 16:54:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cozinha-bruta/2023/08/procura-se-o-melhor-bar-do-brasil.shtml
Show 'Coração Bifurcado', de Jards Macalé, acontece neste final de semana em São Paulo
Acontece neste sábado (2º), às 21h, e domingo (3), às 18h, no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo, o show "Coração Bifurcado", do compositor, violonista e cantor carioca Jards Macalé, acompanhado por uma banda formada por mulheres.O álbum "Coração Bifurcado", com 12 faixas, tem direção musical de Jards Macalé e direção artística de Romulo Fróes. Este é o 13º álbum de inéditas do compositor carioca que para a apresentação do novo trabalho montou uma banda feminina formada por musicistas excelentes: Maíra Freitas (teclado), Navalha Carrera (guitarra), Lelena Anhaia (baixo), Aline Gonçalves (sopros), Victoria dos Santos (percussão) e Flávia Belchior (bateria).Grande parte das músicas do novo projeto foi composta durante os dois anos de isolamento da pandemia da Covid-19, mostrando ser possível cantar o amor em meio ao caos. "Desde antes da pandemia, foi batendo um sentimento de que o ódio crescia, a cizânia crescia, o desentendimento orgânico no Brasil crescia. Então, resolvi fazer um disco falando de amor como um gesto político, mas também amoroso", disse Jards Macalé.Entre as músicas, "Amor in Natura" e "A Arte de Não Morrer", de Macalé e Capinam, "Mistérios do Nosso Amor" e "O Amor Vem da Paz", dele com Ronaldo Bastos, além de canções escritas com outros parceiros como "Coração Bifurcado", dele e Kiko Dinucci, "A Foto do Amor", com Rodrigo Campos, "Você Vai Rir", com Clima, "Simples Assim", com Romulo Fróes e "Grãos de Açúcar", com Aline Coutinho.Clássicos que marcaram as cinco décadas de sólida carreira de Jards Macalé, que celebrou 80 anos se dividindo entre o lançamento do novo álbum e vários outros projetos, também estão garantidos no espetáculo.Bom show!SHOW ‘CORAÇÃO BIFURCADO’ARTISTA Jards MacaléQUANDO Sábado (2), às 21h, e domingo (3), às 18hONDE Teatro do Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, Água Branca, tel. (11) 3871-7700QUANTO De R$ 15 a R$ 25
2023-08-29 11:53:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/08/show-coracao-bifurcado-de-jards-macale-acontece-neste-final-de-semana-em-sao-paulo.shtml
Revólver de Elvis Presley é vendido por quase R$ 1 milhão em leilão
Em novembro de 1976, nove meses antes da morte, o cantor Elvis Presley (1935-1977) recebia de presente um revólver todo personalizado com estrelas de cinco pontas e uma águia segurando uma bandeira americana cravados. Porém, ele pouco conseguiu desfrutar do objeto.A arma, um modelo 53, da Smith & Wesson, também contava com a data de 1776 em ouro no cano, em celebração à independência dos Estados Unidos. Mais Agora, segundo o TMZ, a arma da coleção de Presley acaba de ser arrematada num leilão por mais de US$ 199 mil dólares, o equivalente pela cotação atual a mais de R$ 970 mil.O montante superou as expectativas que eram de uma oferta de cerca de US$ 60 mil (R$ 292 mil).O Rei do Rock supostamente era dono de um arsenal que contava com mais de 35 armas e uma metralhadora.
2023-08-29 09:40:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/revolver-de-elvis-presley-e-vendido-por-quase-r-1-milhao-em-leilao.shtml
Pecados taxados
Impostos, em regra, não desfrutam de grande popularidade. Uma exceção parecem ser os incidentes sobre produtos nocivos à saúde, cujo aumento hipotético mereceu o apoio de 94% dos entrevistados em pesquisa Datafolha encomendada pela organização não governamental ACT Promoção da Saúde.O dado é pertinente porque a reforma tributária em tramitação no Congresso prevê a criação de um imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, a serem definidos, bem como as alíquotas, em lei posterior.Tributos do tipo, conhecidos em inglês como "sin taxes" (impostos sobre o pecado), são comuns em outros países e oneram tipicamente bebidas alcoólicas e cigarros, podendo atingir ainda bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados e jogos de azar, entre outros.Aqui e agora, o federal IPI exerce parcialmente esse papel, com alíquotas mais altas sobre determinados artigos. Estados também podem fazê-lo por meio do ICMS.Há bons argumentos em favor dessa sobretaxação, dado que álcool, tabaco e outras substâncias podem gerar danos não apenas para quem as consome mas também para a coletividade —na forma de mais gastos para o SUS, por exemplo. Entretanto há limites econômicos e políticos para seu uso.Conforme a Folha noticiou, parte dos especialistas crê que o imposto seletivo pode se tornar uma fonte importante de arrecadação, capaz de permitir uma alíquota menos indigesta para o futuro imposto sobre valor agregado (IVA), que, com a reforma, seria o principal tributo do país e incidiria sobre quase todos os bens e serviços.O risco embutido nesse raciocínio é o de exageros tanto na lista de produtos ditos pecaminosos como nas alíquotas a serem aplicadas. Trata-se, afinal, de uma tributação regressiva, que onera sobretudo os mais pobres. Pode-se, ademais, criar estímulo ao contrabando e à falsificação.Do ponto de vista político, o Datafolha mostra que o apoio à sobretaxação decresce quando são mencionados os produtos a serem atingidos. O aumento de impostos sobre combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel, é aprovado por apenas 36% dos entrevistados.É temerário, pois, imaginar desde já um papel arrecadatório mais relevante para o imposto seletivo. O essencial na reforma tributária é a regulamentação do IVA, que precisa ter a menor alíquota e o menor numero de exceções possíveis.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-28 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/pecados-taxados.shtml
O novo Código Florestal e o futuro paulista
Quando se discute demais a teoria, a prática fica prejudicada. Nas questões ambientais, isso tem sido verdade. A implementação do novo Código Florestal constitui um enorme desafio para o Brasil, especialmente na análise e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Este determina as condições para regularização ambiental das propriedades e posses em cada um dos 6,4 milhões de imóveis rurais inscritos no sistema (Sicar).Desde a publicação do novo código, em 2012, há mais de uma década, os governos estaduais e o Serviço Florestal Brasileiro têm se esforçado para estabelecer regulamentos para possibilitar inscrição, análise, validação do cadastro e, posteriormente, regularização ambiental.Por isso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumiu um compromisso: até 2026, atingiremos a plena regularização ambiental das propriedades rurais paulistas. O estado corre para ser o primeiro. Em 2018, da nossa área cadastrável, 98% já estavam inscritas no Sistema de Cadastro Ambiental do Estado de São Paulo (Sicar-SP). Mas menos de 1% do universo total de cadastros já tinha sido analisado e/ou estava em análise, sinalizando a urgência de se buscar caminhos para avançar. É como se o produtor tivesse ido lá e dito: "Aqui estão minhas áreas, eu quero ficar regular. Por favor, analisem, critiquem, apontem os erros, os passivos. Vou corrigir".Em 2019, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento assumiu a responsabilidade sobre as políticas de desenvolvimento rural sustentável, em especial sobre a implantação e validação do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Com a regulamentação da lei estadual 15.684/15, que criou o programa em São Paulo, consolidou-se a base regulatória estadual com integração ao sistema federal. Isso permitiu superar um importante desafio: a verificação da vegetação nativa existente na propriedade rural a cada tempo e sua conformidade ou não com a lei à época. Mais Aspecto extremamente relevante, quando observado o histórico de ocupação de São Paulo. Em 1965, nosso estado possuía apenas 13% de seu território com vegetação nativa. Somente a partir da homologação de referências cartográficas oficiais do uso do território e vegetação nativa, em especial dos marcos temporais de 1965 e 1989, foi possível fixar critérios justos e seguros, evitando-se interpretações dúbias e conflitantes.Com essas medidas, o estado conseguiu avançar rapidamente na análise e validação do CAR. Hoje, São Paulo está em situação destacada diante dos demais estados brasileiros, com 415 mil cadastros ativos no sistema e 386 mil com análise concluída no sistema estadual. É uma política de Estado, que reconhece essa agenda como urgente e estratégica para o futuro da agricultura paulista e brasileira.O Plano Safra 2023-24, anunciado no final do mês de junho, ratifica a importância do CAR, pois garante aos produtores que cumprem regras ambientais redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros de custeio. Mais Os recibos e demonstrativos do CAR constituem documentos oficiais que atestam a geolocalização da produção, a conformidade com a lei florestal brasileira e criam condição prioritária para diversas operações junto a órgãos de registro de imóveis, licenciamento ambiental e obtenção de financiamento em instituições públicas ou privadas de crédito e fomento.A validação e a conformidade com a legislação, com passivos a serem recompostos pelo produtor, reconhecendo os ativos ambientais, passam a ser um instrumento fundamental para o atendimento das novas exigências do mercado nacional e internacional. Mais O estado de São Paulo, o novo Código Florestal e a sua prática olham para o futuro da produção agrícola, da preservação ambiental, da geração de empregos de qualidade e de renda para todos os brasileiros.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-28 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-novo-codigo-florestal-e-o-futuro-paulista.shtml
Pedido de aumento para militares é chantagem, opinam leitores
Aumento "Ministro da Defesa pede a Lula aumento de salário de militares após crise de desconfiança" (Política). Isso no meu tempo era chamado de chantagem. Jailson de Bezerra (Brasília, DF)Ajudam a desestabilizar o país e agora pedem aumento? Caso não consigam, tentarão um golpe? Jane Silva (Crato, CE)Lula precisa exonerar José Múcio Monteiro. Ele trará sérios problemas ao governo Lula e à democracia brasileira, já fragilizada. Sua intenção é afagar os militares, não comandá-los. Jocimar Bruno dos Santos (Rio das Ostras, RJ)O que podemos fazer para reduzir a quantidade de militares e o custo das Forças Armadas? Dinheirão mal gasto! Flavia Sá (Brasília, DF)Verde e amarelo "Governo Lula vai explorar verde e amarelo no 7/9 e ligar Forças Armadas à democracia" (Política). Votei no Lula, mas discordo da ligação das Forças Armadas à democracia, por tudo o que fizeram, principalmente nos últimos quatro anos, com atos contra a eleição do Lula e contra urnas eletrônicas. Não vejo confiança nessa tentativa de aproximação. Duvido que tenha sucesso. Carlos Eduardo dos Santos Balasteghin (Ribeirão Preto, SP)Não adianta. Todos sabem que a esquerda é vermelha. Cor do comunismo. Estão querendo enganar o povo mais uma vez. João Leite (Osasco, SP) Mais "Corredor ortopédico" "O clima tá sexo" (Becky Korich). Belíssimo texto, escrito com graça e muito humor. Li gargalhando. A colunista falou por tantos quantos enviam mensagens por WhatsApp e são vítimas do "doutor léxico" que reside nessas maquininhas maravilhosas. Obrigado, Becky! João Ramos de Souza (São Paulo, SP)Telepatia O cômico e o trágico da cena brasileira se materializaram em Opinião do último domingo (27/8), quando, numa prodigiosa e feliz coincidência, estabeleceu-se diálogo telepático entre Ruy Castro ("Vivos para sempre") e Muniz Sodré ("Tempo de mortos-vivos"), com encantos dignos de obra-prima. Francisco Pedro Reis Júnior (Santos, SP)Interesses "Milionários pagam menos imposto de renda que professores, médicos e policiais, mostra estudo" (Mercado). O estudo demonstra a ignorância da classe média, que defende os ricos como se o fosse e paga mais impostos do que eles. Quando se fala em taxar mais os ricos, logo se exaltam, como se fosse com eles. O Congresso, por sua vez, defende os privilégios dos ricos em detrimento dos mais pobres e da classe média. Sequer os fundos exclusivos de bilionários querem taxar. Essa gente representa o povo, mas o povo sabe em que interesses vota quando os elege? José Padilha Siqueira Neto (São Paulo, SP) Mais Medo "Moradores deixam Guarujá por medo da PM após 30 dias de Operação Escudo" (Cotidiano). A que ponto chegamos, de ter medo da PM. E vai piorar para o povo das periferias. São esses o "inimigo interno". Renato Vieira (Florianópolis, SC)Eventualmente se chegará a uma situação como no Rio, onde não há nem inquérito e reina a milícia. Flávio Leal Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ)Polícia tem que enfrentar a criminalidade com toda força e inteligência, dentro da lei e sem matar pobres inocentes. Difícil entender isso? Claudio Goldman (São Paulo, SP) Mais Na Bahia "Nove pessoas, sete delas carbonizadas, são encontradas mortas na Bahia" (Cotidiano). O governo baiano está demorando para pedir ajuda federal. Severo Pacelli (Uberlândia, MG)O estado é um dos mais violentos do Brasil, e o povo está preso entre a cruz e a espada. O que o PT tem a oferecer em matéria de segurança pública, o mesmo que Tarcísio?Hernandez Piras (São Paulo, SP)Arapucas "123milhas entra em reestruturação, demite e suspende HotMilhas" (Mercado). Um monte de cliente vai perder dinheiro. A empresa irá à bancarrota. Talvez feche ou mude de nome. Mas seus donos continuarão ricos e investindo em novas arapucas. Àqueles que sobreviverem sugiro maior cautela quando se interessarem por novas ofertas extremamente atraentes. João Pinheiro (São Paulo, SP)Grupo Wagner "Putin controla espólio militar e econômico do Grupo Wagner" (Mundo). Uma supermilícia agora nas mãos do seu inventor, Vladimir Putin. Foi usada com sucesso na Crimeia em 2004 e desde então faturava bilhões para seus donos, que explodiram juntos com o avião no qual foram embarcados. José Vanzo (Franca, SP) Mais O Melhor de São Paulo Muito bem feito o indicador gastronômico. Fácil na procura, ótima apresentação e histórias interessantes dos escolhidos. Parabéns! Cristina Reggiani (Santana de Parnaíba, SP)Professores Li com atenção e revolta a coluna "O piso salarial do magistério" (Marcos Mendes, 26/8). Não sei qual é a formação do colunista, mas acho que não se dedicou a ensinar 45 alunos em uma classe superlotada, porque sua opinião (morde e assopra) deixa claro o seu ponto de vista, a desvalorização do magistério. Ele acha que o professor é muito bem renumerado e está no mesmo nível das outras categorias do funcionalismo de nível universitário. Como sempre, o professor não tem valor, apesar de ser o formador de todas as outras categorias. É revoltante! João Pastina Neto (Pereiras, SP)
2023-08-28 20:00:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/pedido-de-aumento-para-militares-e-chantagem-opinam-leitores.shtml
Por que Martin Luther King pagou conta do parto de Julia Roberts e outras 3 curiosidades sobre o ativista
Os Estados Unidos recordam neste dia 28 de agosto o 60º aniversário de um dos discursos que marcaram aquela nação, o famoso "I have a dream" ("Eu tenho um sonho") de Martin Luther King Jr. O líder do movimento pelos direitos civis dos negros proferiu esse discurso durante a chamada Marcha sobre Washington, que reuniu milhares de pessoas - a maioria afro-americanos - na capital dos EUA sob o lema "empregos, justiça e paz".Ainda hoje existem muitos fatos sobre um dos homens mais importantes do século 20 que não são tão conhecidos. Por exemplo, ao nascer - em 15 de janeiro de 1929 -, ele recebeu o nome do pai, Michael King. Mas, seis anos depois, o pai de King visitou a Alemanha, onde conheceu a vida de Martinho Lutero, o líder da Reforma Protestante.Mais tarde, foi dito que ele ficou tão inspirado que voltou para casa e mudou oficialmente seu nome e o de seu filho mais velho para Martin Luther King. King tinha apenas 39 anos quando foi assassinado em 4 de abril de 1968. Ele havia sofrido outros atentados contra sua vida antes. E depois de sua morte, sua também mãe viria a ser assassinada.Ele passou cerca de 13 anos fazendo campanha pelos direitos civis e pela igualdade racial, período no qual foi preso 30 vezes, principalmente por pequenos crimes e também por liderar protestos. Mas, de acordo com o King Center, nesse curto intervalo de tempo ele conseguiu mais progressos em direção à igualdade racial nos Estados Unidos do que houve nos 350 anos anteriores.Ao ser preso em outubro de 1960 após um protesto em uma loja de departamentos de Atlanta, ele ficou detido na Prisão Estadual da Geórgia.De lá, ele escreveu para sua esposa, Coretta, dizendo que esperava que "o sofrimento excessivo que agora está atingindo nossa família contribua de alguma forma para tornar Atlanta uma cidade melhor, a Geórgia um Estado melhor e a América um país melhor".Estes são alguns fatos sobre a vida e a luta de Martin Luther King que talvez você não conheça.Era agosto de 1963, e o líder negro estava fazendo o que se tornaria seu discurso mais famoso quando a cantora gospel Mahalia Jackson gritou: "Conte a eles sobre o sonho, Martin!". Isso levou King a mudar o seu discurso original e a retomar um sermão que tinha proferido anteriormente, onde descreveu um "sonho americano" que fosse igual e acessível a todos os cidadãos."Tenho um sonho de que um dia os meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu caráter. Hoje tenho um sonho", disse King.Seu sonho de igualdade é essencialmente americano, diz Lerone Martin, diretor do Instituto Martin Luther King Jr. de Pesquisa e Educação da Universidade de Stanford. "Apesar de todo o menosprezo que sofreu, King fez um trabalho maravilhoso ao tentar constantemente mostrar como seus esforços estavam alinhados com os ideais americanos."Em setembro de 1958, King foi abordado por uma mulher com problemas mentais enquanto autografava em Nova York cópias de seu último livro, "Stride Toward Freedom" ("Rumo à Liberdade", em tradução livre). Se aproximou e o esfaqueou.Durante sua hospitalização, os médicos disseram que ele estava "a um espirro da morte" porque a arma estava enterrada muito perto de sua aorta, de acordo com o King Institute. Depois de saber que a mulher sofria de doenças mentais, King disse: "Não guardo rancor dela" e, em vez disso, pediu que ela recebesse tratamento.Em 30 de junho de 1974, seis anos após o assassinato de King, um homem de 23 anos baleou e matou a mãe do líder negro, Alberta Williams King, enquanto ela tocava órgão durante um culto na Igreja Batista Ebenezer. O agressor foi considerado culpado e condenado à morte.Posteriormente, a pena foi novamente estabelecida como prisão perpétua, em parte devido à oposição da família King à pena de morte.Ao longo de sua vida, King escreveu cinco livros e publicou inúmeras coleções de suas cartas e sermões. Seu livro de 1964, "Por que não podemos esperar", narra os eventos que levaram à campanha histórica de Birmingham, Alabama, para acabar com a segregação. Mas o seu status de líder social e pensador não o tornou alheio a outros fenômenos do seu tempo, como a ficção científica e os sucessos televisivos.Nichelle Nichols, a atriz conhecida pelo papel da tenente Nyota Uhura em "Jornada nas Estrelas" ("Star Trek", no título original), certa vez foi apresentada a alguém que afirmava ser "seu maior fã": era Martin Luther King Jr.Quando ela informou a King que planejava deixar o elenco da série, King insistiu que ela não poderia abandonar esse papel icônico. "Pela primeira vez na televisão seremos vistos como deveríamos ser vistos todos os dias, como pessoas inteligentes, de qualidade e bonitas... que podem ir para o espaço", disse-lhe o líder, segundo Nichols. "Fiquei ali refletindo que cada palavra que ele dizia era verdade. Naquele momento, o mundo mudou para mim."Ela continuaria no papel por anos.Em entrevista à jornalista Gayle King que se tornou viral, a atriz Julia Roberts confirmou um fato pouco conhecido sobre o dia em que nasceu. "A família King pagou minhas contas do hospital", disse ela, acrescentando que as famílias Roberts e King se tornaram próximas porque seus pais receberam os filhos de King em sua escola de atores em Atlanta.A atriz lembrou que Coretta Scott King, esposa de Martin Luther King, ligou para a mãe dela, Betty Lou Bredemus, para saber se os filhos do casal poderiam frequentar a academia porque tiveram dificuldade em encontrar um lugar onde pudessem estudar atuação.A jornalista, que tem o mesmo sobrenome mas não é parente do defensor dos direitos civis, lembrou na entrevista que na década de 1960 era difícil ver crianças de famílias negras estudando com crianças de famílias brancas.Mais tarde, quando Julia nasceu e sua família não conseguia pagar as contas do hospital, King e Coretta "nos ajudaram a sair de uma situação difícil", disse a atriz.
2023-08-28 18:24:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/por-que-martin-luther-king-pagou-conta-do-parto-de-julia-roberts-e-outras-3-curiosidades-sobre-o-ativista.shtml
São Paulo tem 90% de chances de ganhar com Reforma Tributária, diz Ipea
O novo estudo do Ipea sobre o impacto da Reforma Tributária na distribuição da arrecadação traz também cálculos que estimam a evolução das receitas do estado e da prefeitura de São Paulo.A redistribuição da arrecadação tiraria R$ 35 bilhões de São Paulo, sendo R$ 23 bilhões dos municípios e R$ 12 bilhões do estado. Sendo um estado basicamente industrial, setor que está entre os mais beneficiados pela reforma, São Paulo deve ter ganho de arrecadação e não perda ao final da transição, na avaliação do pesquisador Sergio Gobetti, um dos autores. Mesmo que a fatia do bolo de algumas regiões seja reduzida, como o bolo vai aumentando, não deve haver perdas em termos absolutos, segundo ele.Após 20 anos, a arrecadação líquida de ICMS do estado passaria de R$ 122 bilhões para no mínimo R$ 160 bilhões e no máximo R$ 200 bilhões, segundo o Ipea."Esses R$ 12 bilhões de perda para o estado são pouco relevantes diante da perspectiva de ter um PIB potencializado, um ambiente mais produtivo para o crescimento da economia e o fim da guerra fiscal", afirma o pesquisador."São Paulo indiscutivelmente tem 90% de ganhar mais com a reforma do que sem a reforma, só olhando arrecadação de ICMS, sem considerar os ganhos colaterais que podem potencializar outras arrecadações."Em relação à prefeitura, que tem uma posição contrária à reforma, o Ipea mostra que a arrecadação passaria de R$ 34 bilhões para R$ 53 bilhões no cenário mais pessimista do estudo. Seriam R$ 86 bilhões no mais otimista."Com a transição, e no cenário moderado de crescimento da economia, mesmo com toda essa perda relativa, a prefeitura de São Paulo é uma das que chegariam ganhando. Não existe nenhuma capital que no cenário moderado de crescimento econômico perca", afirma Gobetti.Em relação a Goiás, estado cujo governador se opõe à reforma, o Ipea mostra que a maioria dos municípios ganha com a mudança e que o governo estadual fica neutro em termos de arrecadação."Goiás fica basicamente como está hoje. Não ganha nem perde. A proporção que Goiás tem no consumo é basicamente a mesma proporção que o estado tem no bolo do ICMS. Os seus municípios vão ganhar mais de ISS."Para que nenhum estado tenha perda de arrecadação basta um crescimento médio da economia de 0,9% ao ano até 2050, valor bem abaixo da média de 2,1% verificada desde 1995.
2023-08-28 16:24:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/08/sao-paulo-tem-90-de-chances-de-ganhar-com-reforma-tributaria-diz-ipea.shtml
Como você, leitor, organiza seus investimentos financeiros?
CDI, renda fixa ou CDB? LCI ou LCA? Títulos do Tesouro Direto? Criptomoeda? Imóvel? Ou fundo imobiliário? E a poupança, não vale à pena mesmo? E as ações de valor, compensam os riscos?Não é simples navegar pelo mundo dos investimentos e escolher a maneira ideal de fazer o nosso dinheiro render, seja com um objetivo definido —como comprar um imóvel ou um carro —seja para fazer o sempre necessário "pé de meia".Entre os jargões do economês e as muitas formas de investir, além dos diferentes serviços disponíveis, há sempre algo que podemos aprender com as dicas e orientações de quem entende do riscado.Michael Viriato ajuda o leitor da Folha nesta tarefa em seu blog De Grão Em Grão. E, para auxiliar ainda mais, o colunista quer saber:Como você, leitor ou leitora, investe seu dinheiro? Quais estratégias adota? Quais são as maiores dúvidas e dificuldades que tem na hora de administrar sua carteira de investimentos e escolher onde colocar os seus ganhos?Conte sua estratégia para Folha neste formulário.Algumas respostas serão comentadas por Viriato em sua nova série "De Grão Em Grão, Na Sua Conta", que será publicada no site e nas redes sociais do jornal.
2023-08-28 13:44:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/como-voce-leitor-organiza-seus-investimentos-financeiros.shtml
Internautas desinformados se revoltam com Faustão, que não furou a fila do transplante
Não importa quando Fausto Silva recebesse um coração para transplante: se hoje, daqui a um mês ou daqui a um ano e meio. Sempre haveria muita gente nas redes sociais gritando indignada que ele furou a fila. O apresentador é, de longe, o mais famoso brasileiro a precisar de um transplante de coração. Talvez também seja o mais rico.Essa notoriedade toda gerou uma onda de solidariedade em torno de seu nome, desde que foi anunciado que ele havia entrado na fila de espera por um coração, onde já estavam quase 400 pessoas. Só que, imediatamente, também começou a especulação na internet: por ser milionário, famoso e muito bem conectado, Faustão acabaria recebendo o órgão muito antes que os pacientes mais pobres.A "profecia" se autorrealizou neste domingo (27), quando Faustão foi operado em São Paulo. As redes sociais logo se encheram de mensagens desejando pronta recuperação ao apresentador, mas a quantidade de postagens desconfiadas, para não dizer francamente furiosas, também foi avassaladora. Mais É compreensível. O Brasil ainda é o país do pistolão, do jeitinho, do "você sabe com quem está falando?". Nossos serviços públicos melhoraram um pouco, mas ainda são precários. Além do mais, a Justiça costuma pegar leve com os poderosos, enquanto manda ladrões de galinha para a cadeia.Acontece que ninguém furou a fila, que é organizada pelo SUS. A ordem de chegada não é o único critério. Também conta, e muito, o estado de saúde do paciente, e o de Fausto Silva era de fato gravíssimo.Além do mais, o coração precisa ser compatível com o peso, a altura e o tipo sanguíneo do receptor. O de Faustão é o B, muito mais raro do que o A. Para completar, existe o fator tempo: um coração sobrevive de quatro a seis horas fora de um corpo. É complicado despachá-lo para longas distâncias, mesmo de avião.Mas não adianta explicar nada disso para quem está imbuído de ira santa. Muitos internautas lembraram de MC Marcinho, que morreu no sábado (26). Só que o caso do funkeiro carioca era completamente diferente: ele tinha diversas comorbidades, como diabetes e doença renal, e ainda foi acometido por uma infecção generalizada, o que inviabiliza qualquer cirurgia. O tribunal da internet não quer nem saber.O SUS talvez seja a melhor instituição pública deste país. É sério, tem capilaridade, e alguns dos melhores médicos brasileiros atendem lá, sem cobrar o doente. As filas de espera por transplantes evitam que os órgãos sejam comercializados no mercado paralelo. Nelas, os pacientes são identificados por números, não pelos nomes, para impedir qualquer tipo de favorecimento pessoal.O Brasil é o segundo país que mais realiza transplantes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas o número de doadores ainda é muito baixo, em relação ao tamanho da nossa população. A falta de órgãos disponíveis continua sendo um enorme obstáculo.Pois fica aqui minha sugestão: que tal se, ao invés de reclamar de uma injustiça imaginária, você doasse os SEUS próprios órgãos? A primeira coisa é avisar a família sobre a sua vontade. Não é preciso assinar nada nem registrar nenhum documento em cartório. Mas sua família precisa estar ciente, e de acordo.Quando as doações aumentarem, as filas irão diminuir, e celeumas como esta, em torno de Fausto Silva, cessarão de existir.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-28 12:25:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/08/internautas-desinformados-se-revoltam-com-faustao-que-nao-furou-a-fila-do-transplante.shtml
Museu da Língua Portuguesa oferece meia-entrada para visitantes aos domingos
O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, vai oferecer meia-entrada para todos os visitantes aos domingos a partir do dia 3 de setembro. O público vai pagar R$ 10 para entrar na instituição.O domingo é considerado um dia tranquilo para visitar o museu, quando o fluxo de público é menor. A promoção vai até o fim de 2023. Vale lembrar que a entrada é gratuita aos sábados.Quem for ao museu, vai ter acesso à exposição "Essa Nossa Canção", que relaciona a língua portuguesa à música, relacionando letras de sucessos com a forma que o português assumiu no Brasil. Mais Há também a exposição principal, com áreas interativas chamadas, por exemplo, de Português do Brasil e Palavras Cruzadas, que abordam a diversidade da língua. Outra área com luz e sons é a Praça da Língua, que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada.O visitante ainda pode visitar um café no terraço do prédio da Estação da Luz, inaugurado recentemente.
2023-08-28 18:36:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/museu-da-lingua-portuguesa-oferece-meia-entrada-para-visitantes-aos-domingos.shtml
Quatro bons exemplos que as corridas brasileiras deveriam copiar de Buenos Aires
Pouco antes da placa de quatro quilômetros, ainda no primeiro quarto da prova, um homem de meia idade, aparentemente desacordado, é atendido por socorristas durante a meia maratona de Buenos Aires. Sirenes de ambulância quebram a magia de um dos mais belos circuitos de rua da América do Sul. Infelizmente, essa não é uma cena rara.Esporte é saúde? Sim, mas com asterisco.O esporte é saudável quando é compatível e proporcional com as condições físicas de quem o pratica. Atividades que levam à exaustão podem agravar quadros de saúde pré-existentes. O caso do atleta em Buenos Aires é um lembrete de que, em uma corrida, estamos levando nosso corpo ao limite, e isso requer atenção.Por isso, trago quatro bons exemplos que observei na Meia Maratona de Buenos Aires que poderiam ser implementos nas corridas no Brasil.Todo atleta, no momento de sua inscrição para a Meia Maratona de Buenos Aires, precisa preencher o seu cadastro e anexar um atestado médico, declarando que está apto para participar daquela prova. Básico, né? Esta é a solução mais simples, e provavelmente a mais difícil de ser adotada por aqui.Os organizadores estão preocupados em vender inscrições, e a melhor maneira de conseguir isso é reduzir os pontos de fricção no processo. Exigir um atestado faria com que muitas pessoas desistissem da corrida ou tentassem burlar o sistema com um laudo falsificado.E existe a resistência do próprio atleta."Ahhh, mas ir no médico só para isso é muito caro", diria o corredor com um tênis de R$ 2 mil nos pés."Ahhh, vou ali no Largo da Batata e consigo um atestado em cinco minutos, não preciso nem ser examinado", diria o corredor que protesta contra a corrupção e não deve ter espelho em casa.É chato, mas me parece necessário. E a verdade é que, uma vez apresentado, o atestado pode seguir válido para provas futuras. Aqui na Argentina funciona assim. Ou seja, é um custo que se dilui com o tempo.Um caminho seria começar pelas provas com alta procura. A Maratona do Rio, por exemplo, esgota suas inscrições com meses de antecedência. Introduzir essa novidade fará alguns atletas desistirem, mas rapidamente surgirão outros dispostos a apresentar o atestado para garantir a vaga.A Meia Maratona de Buenos Aires utiliza o verso do número de prova como um formulário a ser preenchido pelo atleta com informações básicas para casos de emergência. Ali constam nome completo, telefone de contato e dados do serviço de saúde local. Se o corredor perde a consciência, por exemplo, qualquer pessoa pode encontrar ali um número de telefone e informar parentes ou amigos designados pelo atleta como contato de emergência. Também no número de peito há um QR Code impresso que pode ser escaneado caso o atleta se sinta mal e queira pedir ajuda. Ao apontar o celular para o QR Code, é exibido na tela o número telefônico de emergência, e rapidamente é possível acionar a equipe médica para auxiliar o corredor. Simples e eficiente.Durante todo o percurso era possível ver socorristas usando patins e se comunicando por rádio. A idéia é permitir que eles se desloquem com rapidez para prestar o primeiro atendimento caso haja alguma ocorrência.E você? Tem alguma sugestão para melhorar o cuidado com a saúde dos nossos atletas? Deixe nos comentários abaixo ou escreva para blowgnacorrida@gmail.com. Se preferir, pode me mandar uma mensagem no Instagram @rodrigofloresnacorrida.* O jornalista viajou a convite da SLS Puerto Madero, Flybondi e da Visit Buenos Aires.
2023-08-28 07:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/na-corrida/2023/08/quatro-bons-exemplos-que-as-corridas-brasileiras-deveriam-copiar-de-buenos-aires.shtml
Dragão exaurido
Evidências de desaceleração da economia chinesa precedem a pandemia de Covid-19, mas ficaram mais claras com a frustração da retomada esperada em 2023.O impulso ao crescimento esgotou-se rapidamente. Nos últimos meses houve estagnação de vendas no varejo e queda da produção industrial e das exportações, a ponto de colocar em dúvida a meta do governo de expandir o Produto Interno Bruto em 5% neste ano.Pior, os dados mais recentes indicam crescimento potencial adiante abaixo de 3%. Observa-se deflação no atacado e nos preços ao consumidor. Cortes das taxas de juros, já em torno de 2,5% ao ano, e ampliação do crédito não têm sido suficientes para reverter o quadro.O diagnóstico que vai se firmando é o de uma economia desbalanceada, com insuficiência crônica de consumo interno e dívidas excessivas de empresas estatais e governos locais, legadas por muitos anos de investimentos cada vez menos produtivos em infraestrutura e construção civil.Do lado das famílias, num sistema financeiro fechado, os imóveis foram o principal destino da poupança, com aumento dos preços de moradias nas últimas décadas, que agora parece ter chegado ao fim.Devido à erosão do valor de seu principal patrimônio, os cidadãos têm a confiança abalada e compram menos —a parcela do consumo no PIB é de apenas 38% no país, contra cerca de 70% nos EUA.No agregado, esgotada a fase ascendente, configura-se um quadro de fragilidade financeira, que revela viés recessivo conforme os agentes contraem seus gastos. Juros mais baixos se mostram inócuos, como observado no Japão a partir da década de 1990.É pertinente a comparação com a experiência japonesa, na qual o vigoroso crescimento da economia do país foi seguido por anos de fraco desempenho, em vez de uma crise financeira do tipo ocidental. A demografia é outro paralelo relevante —a população da China pode estar em declínio mais rápido que o esperado.A questão mais importante é como reagirá o governo central de Xi Jinping. Até agora, o partido comunista segue a cartilha de sempre: mais crédito para infraestrutura e subsídios para a indústria.Dobrar a aposta na alta da capacidade de oferta é a conduta mais alinhada ao propósito de controle político do governo. Mas também poderá agravar o problema principal, a escassez de consumo e serviços, que resulta em insuficiente geração de empregos.A esta altura o receituário mais eficaz para impulsionar o crescimento seria aumentar drasticamente as transferências para famílias, algo que ainda parece distante do pensamento de Xi Jinping.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-27 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/dragao-exaurido.shtml
Epidemia de distrações na sala de aula
Percorri centenas de escolas públicas do Rio de Janeiro nos últimos anos e, nas unidades da cidade, um assunto recorrente sempre foi o uso indiscriminado de celulares por parte dos estudantes. Vivemos hoje uma verdadeira "epidemia de distrações". Se para os adultos o uso excessivo do aparelho é um problema, imagine para as nossas crianças. A perda de atenção é gigante: é como se o aluno saísse da sala de aula a cada notificação.Da convivência social ao trabalho, diversos aspectos das nossas vidas foram afetados pela tecnologia, incluindo a forma como aprendemos e ensinamos. Os telefones celulares são computadores na palma da mão, com acesso abundante a informações o tempo todo. Soma-se a isso o crescimento das redes sociais, com seus algoritmos projetados para nos envolver e desviar nossa atenção de forma viciante.Por essas e outras razões, buscamos estar na fronteira do conhecimento em relação a diretrizes do uso de celulares e outros dispositivos tecnológicos nas escolas. Foi publicado um decreto do prefeito Eduardo Paes (PSD) determinando a proibição do uso desses dispositivos nas salas de aula das escolas municipais, exceto se autorizado pelo professor por razão pedagógica ou em casos de saúde.Tomamos tal medida mesmo tendo como principal iniciativa educacional da Prefeitura do Rio a criação dos Ginásios Experimentais Tecnológicos (GETs), o modelo de escola mais inovador do país, baseado no ensino "mão na massa" e no método Steam (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática). São 70 GETs em 2023 e, até o ano que vem, serão 200 unidades na cidade. Acreditamos demais na tecnologia a favor do ensino, mas entendemos que, mesmo assim, regulamentar o uso de celulares nas escolas é uma medida necessária. A escola é um ambiente importante de socialização e convivência, e isso é drasticamente reduzido se os alunos ficam isolados em suas telas. Mais O Rio segue o caminho de países como México, Espanha, Holanda, França, Finlândia e EUA, que baniram total ou parcialmente o uso de celulares nas suas escolas. A medida está de acordo com o recém-publicado "Relatório de Monitoramento Global da Educação de 2023" da Unesco, que aponta quadros dramáticos de falta de estabilidade emocional, maior ansiedade e até diagnósticos de depressão causados pela exposição excessiva às telas digitais.A Organização Mundial da Saúde também faz ressalvas: recomenda nenhum tempo de tela para crianças de zero a 2 anos e menos de uma hora de tempo de tela por dia para crianças de 2 a 5 anos. Precisamos enfrentar esse problema já. Mais Embora o mundo tenha tido avanços tecnológicos positivos e com diversas vantagens para a educação, é inegável que o uso inadequado dos aparelhos representa um obstáculo para o processo de aprendizagem.Cabe a nós usarmos a tecnologia como aliada, não como vilã. É essencial lembrar que a educação é uma jornada que requer esforço mútuo. Estou convicto de que é possível alcançar um equilíbrio entre o uso responsável da tecnologia e um ambiente saudável de aprendizagem.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-27 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/epidemia-de-distracoes-na-sala-de-aula.shtml
Um novo passo rumo à segurança jurídica nas eleições
Desde a sua edição, em 2010, a Lei da Ficha Limpa consolidou-se como um marco no desenvolvimento da legislação eleitoral brasileira. Sua instituição teve o propósito de robustecer e ampliar o sistema de inelegibilidades, estabelecendo padrões éticos-políticos substancialmente mais exigentes para aqueles que aspiram ocupar cargos públicos eletivos. Contudo, enquanto esse progresso ocorria, emergiu um desafio latente: uma lacuna processual restou evidenciada, apresentando como oportuna a necessidade de se antecipar e qualificar o debate jurídico acerca de possíveis entraves à elegibilidade.Neste cenário, propõe-se uma revisão na Lei das Eleições de modo que nela seja introduzido o Requerimento de Declaração de Elegibilidade (RDE), uma sugestão que emerge como resposta a uma demanda contemporânea por aprimoramento da certeza e da segurança jurídica nos processos eleitorais.O RDE, que aqui proponho, é inspirado no instrumento da ação declaratória próprio do processo civil. No entanto, adaptado ao direito eleitoral, assume uma identidade singular marcada pela prevalência do interesse público. Sua principal contribuição é fornecer um mecanismo pelo qual um aspirante a cargo eletivo, com incertezas relativas à sua elegibilidade —por questões atinentes às condições de elegibilidade, inelegibilidades ou outros óbices ao registro da candidatura—, possa obter um esclarecimento criterioso da Justiça Eleitoral.Assim, o pretendente pode adotar uma postura proativa, obtendo uma decisão judicial prévia, que não apenas ateste sua plena capacidade eleitoral, fortalecendo-se contra possíveis contestações futuras, como também o faça sob o manto do encerramento do debate pela via do trânsito em julgado.Além disso, o RDE possui um caráter eminentemente democrático. Partidos com órgãos diretivos instituídos na circunscrição terão a prerrogativa de impugnar o pedido, garantindo um debate sobre elegibilidade plural e pautado pela diversidade de visões, com a presença do Ministério Público e tudo contribuindo para qualificar o pronunciamento definitivo da Justiça Eleitoral. Mais O RDE estabelece as bases para um processo de registro de candidaturas mais transparente e seguro. Com sua instauração, espera-se evitar ou pelo menos reduzir a tormenta que hoje se abate nos períodos eleitorais. Atualmente, impugnações em pleno processo eleitoral geram insegurança e distúrbios, pois mesmo após a vitória nas urnas, muitas vezes ainda paira dúvida acerca da efetividade da conquista do mandato. O RDE tem o mérito de diminuir essa incerteza, trazendo tranquilidade tanto para candidatos quanto para eleitores.Além disso, uma vez declarado pela Justiça Eleitoral que determinada circunstância gera ou não restrição ao direito de registrar candidatura, não faz sentido que o tema possa voltar à baila em sucessivas eleições. Estaríamos diante de um ambiente mais racional, com um único pronunciamento conferindo definitividade ao tema.Em um país cuja cultura política é rica e onde o debate sobre os valores inerentes à democracia nunca foi tão vívido, mecanismos como o RDE são cruciais. Eles qualificam o processo de registro de candidatura, elevando a legitimidade dos pleitos eleitorais.Por isso, torna-se imperativo revisar a Lei das Eleições para institucionalizar o RDE. A adoção dessa medida, consectário das benfazejas decorrências da Lei da Ficha Limpa, delineará um caminho para um sistema eleitoral ainda mais transparente, responsável e representativo da vontade popular. Minha expectativa é a de que o Congresso Nacional se valha da oportunidade aberta na revisão das normas para 2024 para incluir nas suas discussões o instrumento processual cuja adoção é aqui defendida.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-27 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/um-novo-passo-rumo-a-seguranca-juridica-nas-eleicoes.shtml
E se a morte não existisse mais?
"O medo da morte pode ser angustiante para alguns, mas por que a eternidade também não seria?" – Carlos RuasQuando os jornais anunciaram o fechamento da Livraria Cultura, no coração da Avenida Paulista, eu fiquei aliviada de ter dado tempo de levar minha filha lá.Depois de quase três anos de pandemia, era a primeira vez da Beatriz na cidade e a Cultura foi um dos lugares que fiz questão que ela conhecesse, do alto de seus 18 meses, já muito entusiasta dos livros.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A loja chegou a ser esvaziada, mas, quando voltamos à cidade em abril deste ano, tudo parecia igual. Bem, quase.O espaço tinha virado uma espécie de bienal do livro, com tudo separado por editoras. Não dava mais para circular livremente pelos andares e no final pagar tudo junto.Foi apenas por isso que eu encontrei o livro "Morte", dos irmãos ilustradores (dentre várias outras artes) Carlos Ruas e Guilherme Bon. Estava indo pagar alguma coisa quando o vi em meio a mais um monte de outros livros de quadrinhos - eu que não sou particularmente alguém que busca quadrinhos em livrarias.Um desenho típico da morte com sua foice ilustrado na capa e eu logo pensei "curioso, um livro sobre morte assim tão literal que eu não conheço, que ninguém sugeriu para o Morte sem Tabu ainda".Passei o olho na história e fiquei ainda mais encafifada. Mataram a morte nesse livro e eu nunca ouvi falar nele. Quem diria.Antes mesmo de chegar às primeiras páginas, a dedicatória me pegou: "Para Zaya. Sua vida é sua. Gostaria de estar aqui para ver o que fará com ela".Eu poderia ter escrito isso para minha Beatriz. Eu queria ter escrito isso para minha Beatriz.Depois que ela nasceu, minha relação com a minha própria morte, que parecia andar bem, ficou bastante abalada. E nem é pelo que as mães costumam temer: sobre quem cuidará dos seus filhos, se cuidarão bem, caso elas morram. Não tenho esse receio, sei que se acontecer algo comigo, minha filha estará em ótimas mãos. Mas me dá um certo desespero saber que eu posso não estar aqui para ver o que minha filha fará com a vida dela, o que irá ser e se tornar.E foi assim que já na dedicatória eu resolvi que precisava falar com os autores – e eles receberam meu pedido de entrevista com muito carinho e generosidade."Morte" é um dos melhores livros que já li, não apenas sobre o assunto. Um livro que encontra eco em sentimentos e reflexões que nós não conseguimos explicar bem, mas de repente vemos ali desenhados - literalmente. A história é maravilhosa, engraçada, leve, surpreendente e ao mesmo tempo óbvia, daqueles óbvios que fazem a gente exclamar "é isso!". E nos obriga à nem sempre desejada reflexão sobre o que seria a vida sem a perspectiva de morrer: o que você faria com seu tempo se ele não fosse terminar nunca?A seguir, alguns trechos da obra e a minha conversa com Carlos Ruas e Guilherme Bon:"Assim, não me leva a mal, eu gosto pra cacete de viver. Agradeço a chance de conhecer e ver crescer as novas gerações da minha família. Não quero morrer hoje e provavelmente não vou querer quando chegar o dia. Agora, pensar que vai durar pra sempre é o tipo de coisa que te deixa maluco"Por que falar sobre morte? Carlos Ruas Eu gosto de trabalhar questões existenciais em minhas criações, há mais de 13 anos brinco com isso com minhas tirinhas do ‘Um Sábado Qualquer’. Meu irmão cursou filosofia e também é desenhista. Quando resolvemos criar uma obra juntos, tiramos da gaveta uma esquete em que um grupo de velhinhos fazia uma emboscada e matava a morte, esse foi o start para nos debruçarmos sobre um livro com essa temática tão delicada.Guilherme Bon A ideia ficou na nossa cabeça por muitos anos, desde o momento inicial quando morávamos juntos até passar no Proac dez anos depois, qualquer coisa que a gente consumia que fosse remotamente ligada à finitude e imortalidade fazia tocar um sininho na nossa cabeça e potencialmente provocar conversas e mudanças no roteiro."Eles dizem que dá pra morrer de queda, de doença, de parada cardíaca, de tiro, de ataque de tigre, quer dizer... a lista não acaba"O que sobressai na história, o drama ou a comédia? Guilherme Bon Não queríamos criar algo mórbido, mas lidar com a questão da morte com leveza; com drama, mas também com comédia. O fato de trabalharmos com humor e termos conteúdos que refletem sobre questões existenciais em nossas profissões colaboraram para a concretização deste livro dessa forma.Carlos Ruas É um assunto delicado, a gente queria que o livro fosse leve, tivesse bastante comédia, e tem, mas sem subestimar o tamanho do tema, sem ser condescendente com o público, a gente quis falar a verdade, esse é um livro sobre morte, e morte é um negócio complicado, doloroso, ao mesmo tempo esperamos que o leitor se divirta um bocado lendo, acho que compartilhar essas angústias com humor é uma boa forma de navegar nesse assunto."Na Matemática, dizem, infinito sempre bagunça as coisas. Metade de infinito ainda é infinito. Ocorre ao infinito encapsular outro infinito e não ser nem maior nem menor que sua parte"Algum luto pessoal de vocês ajudou a compor o livro? Guilherme Bon Quando eu tinha 17 anos tive três encontros muito próximos com a morte, um quase sendo levado pela correnteza de um rio, outro quando perdi minha madrinha, e depois quando aconteceu uma tragédia na minha cidade (Friburgo, região serrana do Rio), tudo num espaço de alguns meses. Acho que essas experiências sacudiram um pouco as coisas aqui dentro, trouxeram um senso de angústia, mas também perspectiva, uma acepção de mundo em que eu tento aproveitar cada momento; bem, tento.Carlos Ruas Eu nunca tive perdas próximas em minha infância ou adolescência, só passei a pensar na morte depois de meus 25 anos, quando percebi que não era imortal, e que assim como os velhinhos da família, um dia, eu seria um deles. Isso me gerou muitas preocupações existenciais."Como vocês conseguiam viver normalmente sabendo que iam desaparecer um dia?"O que a gente faz com o medo de morrer? Carlos Ruas Meu avô acabou de completar 95 anos e seu comentário diante o bolo foi: "Tenho um puta medo de morrer!". Essa curiosa frase me fez refletir. Quase um século de existência e o medo da morte ainda está presente em sua vida, intacto, como se nunca tivesse mudado. O quanto isso é bom? Vê-la se aproximar a cada ano e nunca querer encarar seus olhos. O que é melhor, passar a vida com medo ou tentar aceitar?Guilherme Bon Eu fico muito sensível com qualquer pessoa que eu admiro falando com franqueza da própria morte. O último capítulo do "Bilhões e Bilhões", do Carl Sagan, do qual a gente até coloca um trechinho no livro ("Na verdade, quase morrer é uma experiência tão positiva e construtora de caráter, que a recomendaria a todos – não fosse, é claro, o elemento irredutível e essencial do risco"), e um artigo e a autobiografia do Oliver Sacks sempre me tocaram e de certa forma contribuíram pras reflexões que levaram a escrever essa história. Se a gente fez nosso trabalho direito, o livro não resolve nada, cada leitor pode ter uma sensação diferente, mas há uma comunhão, porque acompanhar a história desses personagens é uma maneira de olhar nos olhos, compartilhar com humor o fato de que inevitavelmente estamos todos no mesmo barco e investigar o que é estar vivo aqui e agora."Imortalidade sempre tava nos seus planos, você é católico, cacete! Sempre achou que em algum momento ia viver pra sempre!"A religião ajuda? Guilherme Bon Acho que resolver de uma vez por todas a pergunta fundamental do que acontece com a gente quando nós morremos é um dos maiores apelos das religiões. Por isso que em um mundo sem a morte imaginamos que as religiões fiquem em baixa. Embora existam algumas pessoas, como alguns dos nossos protagonistas, que tiram uma conexão mais profunda da religião, um modo de vida, um senso de identidade.Carlos Ruas É uma pena ter que ir para a ‘não existência’ e deixar todos os nossos prazeres, felicidades, momentos, descobertas, consciência, chocolate... tudo para trás. Não é fácil lidar com isso, com essa angustiante injustiça, e é exatamente aí onde a religião entra, oferecendo um alívio existencial, uma fuga desta angústia, pois ela nos promete aquilo que mais queremos ouvir "vida pós a morte!", e cada fé nos oferece um pacote de vantagens melhor que a outra, com eternidade, reencarnação, virgens, descanso eterno, carma, castelos com infinitas farturas... Uma pena que nunca tivemos evidências da existência desses reinos encantados, mas nos agarramos a essas promessas como uma criança agarra a perna da mãe diante de uma visita estranha, no caso, a visita da morte."Tem noites inteiras que passo sem dormir. Outras vezes, durmo por uma semana. Não tem nenhum motivo para se fazer qualquer coisa, nenhuma urgência. Isso não é natural"Viver é urgente? Carlos Ruas O filósofo francês Montaigne defende que precisamos nos preparar para a chegada da morte: "Aprendamos a enfrentá-lo [esse inevitável fim] de pé firme e a combatê-lo. E, para começar a roubar-lhe sua maior vantagem contra nós, tomemos um caminho totalmente contrário ao habitual. Eliminemos-lhe a estranheza, trilhemo-lo, acostumemo-nos a ele (...) E diante disso enrijeçamo-nos e fortifiquemo-nos" Quem sabe assim, em vez de tentarmos fugir da morte, quando ela chegar, poderemos convidá-la para um chá?."Quando uma pessoa morria, o que vocês faziam com o corpo dela?"Por fim, o começo –sobre a dedicatória para a Zaya, que me tocou tanto! Quem é Zaya? Guilherme Bon Poxa, que bom que gostou da dedicatória. Pouca gente toca no assunto, mas é uma das partes que me emocionou bastante na hora que estávamos escrevendo, não sei dizer exatamente o porquê. E feliz que te fez pensar na sua filha, em parte é essa intenção mesmo. Zaya é a personagem do livro, tataraneta do Alcino, mas também são nossos sobrinhos (temos nove), assim como o leitor, ou quem quer que o leitor imagine no coração cumpre esse papel.O livro "Morte" foi lançado pela Editora Conrad em outubro de 2022. É a primeira graphic novel conjunta de Carlos Ruas e Guilherme Bon e contou com as coloristas Natália Marques e Manda, além das cores da capa por Frank Martin.
2023-08-27 19:08:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/morte-sem-tabu/2023/08/e-se-a-morte-nao-existisse-mais.shtml
Índia passeia pela Lua, Rússia recolhe cacos e Japão inicia jornada
Depois da emoção da alunissagem realizada na última quarta-feira (23), a missão indiana Chandrayaan-3 segue avançando de forma perfeita. Na quinta (24), o rover Pragyan desceu por uma rampa dobrável do módulo de pouso Vikram e já perambula pela superfície lunar.Logo após a deposição do veículo de seis rodas sobre o solo, ele avançou por cerca de oito metros e teve ligados seus dois instrumentos, um espectroscópio a laser capaz de determinar a composição química da superfície lunar e um espectrômetro de raios X que detectará a presença de elementos como magnésio, alumínio, silício, potássio, cálcio, titânio e ferro no solo e nas rochas da região de pouso. Segundo a Isro, agência espacial indiana, os instrumentos no Vikram e no módulo de propulsão deixado em órbita também estão operando normalmente.Esse é apenas o começo de um trabalho que terá uma duração total de cerca de 14 dias, com a expectativa de que o rover possa viajar por uma distância de até 500 metros do módulo de pouso, alimentado por um painel solar que curiosamente se posiciona na vertical –lembre-se de que a sonda está próxima ao polo sul lunar, de onde o Sol é visto bem baixo no horizonte (a exemplo do que ocorre nos polos terrestres).A duração, por sinal, é limitada pelo dia lunar –assim que o Sol finalmente se puser na região do pouso, os painéis não gerarão mais energia e as temperaturas despencarão a níveis inferiores a -200 °C. Sem sistemas internos capazes de manter os circuitos aquecidos, tanto módulo de pouso quanto rover devem parar de funcionar, pondo fim a uma gloriosa quinzena para o programa espacial indiano.Esse não foi, contudo, o único destaque na exploração lunar na semana que passou. Pelo que largamente se configurou como uma coincidência, três países dividiram atenções com missões destinadas ao satélite natural da Terra. Além da Índia, tivemos também a malfadada missão russa Luna-25, que terminou com uma falha precoce e constrangedora no sábado passado (19), em manobra de ajuste de órbita antes da tentativa de pouso.Na sexta-feira (25), o diretor-geral da Roscosmos, agência espacial russa, Yuri Borisov, esteve reunido com a equipe da missão na sede da NPO Lavochkina, companhia responsável pelo projeto. Lambendo as feridas, ele disse que a falha, ainda não esclarecida, servirá de aprendizado para futuras empreitadas. "Não há necessidade de transformar isso numa tragédia, precisamos tirar conclusões e continuar a trabalhar", disse.De acordo com Borisov, uma das possibilidades para a continuação do programa lunar russo é a repetição do esforço de pouso na região do polo sul, com uma versão aprimorada da espaçonave, em dois a três anos –algo que a Índia também teve de fazer, depois do fracasso da Chandrayaan-2, em 2019.Por fim, há o Japão, que pretendia lançar sua missão lunar Slim na última sexta, mas o mau tempo no Centro Espacial de Tanegashima acabou empurrando o lançamento para a noite de domingo (27), pelo horário de Brasília. Pegando um caminho longo até a Lua, a espaçonave só deverá tentar fazer sua alunissagem em alguns meses, o que pode tornar o Japão a quinta nação a realizar tal feito com sucesso. A conferir.Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-08-27 09:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/mensageiro-sideral/2023/08/india-passeia-pela-lua-russia-recolhe-cacos-e-japao-inicia-jornada.shtml
Tarifa zero pode ser o novo Bolsa Família
VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)A crise do transporte público se agrava no Brasil. O que já estava ruim tornou-se insustentável. Há décadas, a quantidade de pessoas nos trens, ônibus e barcas diminui. Para compensar a perda de receita, linhas são cortadas e as tarifas aumentam, em círculos viciosos que afastam mais passageiros. Com a pandemia, a crise escalou alguns degraus.Os números dizem por si. São Paulo perdeu 1 bilhão de viagens em ônibus na última década —33% do total; já Belo Horizonte, 42% em relação a 2011. O mesmo ocorre em outras capitais. Nesse contexto, cresce o financiamento público. O número de cidades que subsidia o transporte mais do que dobrou a partir da pandemia, chegando a 59 em 2022. Apesar disso, as tarifas continuam altas, e os serviços seguem encolhendo. Mais Mas há uma exceção. Nas cidades que adotam a tarifa zero o número de passageiros se multiplica, explicitando uma demanda reprimida pelo custo da tarifa. Em Caucaia (CE), a mais populosa do Brasil com a política (cerca de 355 mil habitantes), o número de viagens cresceu em quatro vezes, de acordo com dados da administração municipal. A prefeitura estima que a circulação de veículos privados diminuiu 40% e que a renda das famílias mais pobres aumentou de 15% a 36%.Gestores de outras cidades apontam resultados parecidos. As famílias mais pobres têm se deslocado mais —e o dinheiro economizado vai para o comércio e serviços. Cresce o acesso a praças, parques, escolas e postos de saúde. Há registros de redução de internações, por maior acesso à saúde primária.Há dez anos, havia 17 municípios com tarifa zero universal no Brasil. Hoje, são 80. Cada vez mais cidades médias adotam, e algumas capitais têm avaliado implementar a política. Cada município encontra uma forma de financiamento e gestão. São experiências relevantes, mas a ausência de estruturação em nível federal impede que a política seja democratizada, com regulação e recursos suficientes. Mais O estudo "Vale-transporte: visão geral e passos possíveis para seu financiamento público", lançado no Congresso Nacional durante o terceiro seminário "Transporte como Direito e Caminhos para a Tarifa Zero", em julho deste ano, apresenta uma proposta para subsidiar o transporte. Propõe uma fonte de financiamento que não disputa os recursos existentes e tampouco cria novos tributos. A solução passa pela mudança na forma de contribuição das empresas. O potencial de aumento de arrecadação é significativo.Hoje, apenas uma parte dos empregos formais no Brasil contribui com o vale-transporte. Isso porque a política é opcional para os empregados e deixa de ser vantajosa para salários mais altos. A conta fica nas costas dos trabalhadores mais pobres, que contribuem com até 6% dos seus salários, e dos trabalhadores informais, que pagam a tarifa em seus deslocamentos. Trata-se de um exemplo de política tributária regressiva (paga mais quem pode menos) e de subsídio cruzado (os mais pobres financiam um sistema que beneficia toda a sociedade).A proposta recém-lançada substitui o vale-transporte por uma contribuição das empresas, a ser realizada para todos os funcionários. Micro e pequenas empresas poderiam ficar isentas. Ainda assim, com o valor de R$ 220 por empregado por mês, seria possível arrecadar R$ 100 bilhões por ano, o suficiente para financiar todo o sistema de transporte no país. Mais A proposta é similar ao Versement Transport, política que já existe na França há 50 anos. O transporte público francês não é de qualidade por acaso: o país estruturou uma fonte de recursos robusta e estável, que garante a melhoria contínua dos serviços.No Brasil, a crise do modelo vigente abre a oportunidade de implementação de uma política transformadora. Ninguém está satisfeito com o sistema atual —usuários, prefeituras, empresas de ônibus. A tarifa zero já é realidade e está crescendo por gravidade no país.O governo federal pode liderar esse processo, levando adiante uma política efetiva de combate à pobreza, à exclusão e à segregação, que aumenta a renda dos mais pobres e contribui para a descarbonização da economia e para evitar o colapso climático. O impacto pode ser tão significativo quanto foi o Bolsa Família e programas sociais dos governos anteriores.Clarisse Cunha Linke Diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) Daniel Caribé, Doutor em arquitetura e urbanismo, é coordenador do Observatório da Mobilidade de Salvador Daniel Santini Coordenador da Fundação Rosa Luxemburgo no Brasil Letícia Birchal Doutoranda em ciência política (UFMG), integra o movimento Tarifa Zero BH Roberto Andrés Urbanista, professor da UFMG e diretor da Rede Nossas CidadesTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-26 22:00:00
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Mínimo impensado
A reforma previdenciária aprovada em 2019 logrou estabilizar os desembolsos com benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a maior despesa do governo federal. Para o resultado contribuiu a interrupção da política de valorização do salário mínimo —agora retomada de modo um tanto impensado.Nas duas primeiras décadas deste século, os gastos do INSS saltaram de 5,5% para 8,5% do Produto Interno Bruto, devido às transformações demográficas do país e a reajustes expressivos do mínimo, que serve como piso para as aposentadorias e pensões por morte.Após uma reforma politicamente árdua, que estabeleceu idades mínimas e novos parâmetros para o cálculo dos benefícios, o dispêndio se manteve em 8% do PIB nos últimos dois anos, o que permitiu a redução do déficit das contas públicas com menor sacrifício de prioridades como educação e saúde.Os ganhos desse ajuste, no entanto, tornaram-se mais incertos. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs e o Congresso Nacional acaba de aprovar a volta da política de valorização do salário mínimo que vigorou entre 2007 e 2019 —vale dizer, de aumentos acima da inflação correspondentes à variação anterior do PIB.A regra tem o mérito de respeitar alguma previsibilidade fiscal, dado que a arrecadação do governo também tende a acompanhar o crescimento da economia. Entretanto engessará ainda mais o Orçamento federal, com ganhos duvidosos para a política social.O piso salarial não tem mais a mesma relevância de décadas atrás para o combate à pobreza —as famílias mais carentes são atendidas pelo Bolsa Família, cujos pagamentos recentemente se multiplicaram de 0,4% para 1,6% do PIB.No próximo ano, o reajuste do mínimo, com ganho real de 2,9%, terá custo estimado de R$ 18,1 bilhões para o Tesouro, aí incluídos Previdência, seguro-desemprego, abono salarial e benefícios assistenciais. O cumprimento da meta de eliminar o déficit federal ficará ainda mais difícil.Haveria alternativas a considerar, como desvincular as aposentadorias e o piso salarial. Optou-se por um mecanismo que já se mostrava inócuo ao final da experiência anterior, porque o colapso fiscal derrubara a expansão do PIB.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-26 22:00:00
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Leitores defendem discussão do papel das Forças Armadas no Brasil
Nesta semana, a Folha perguntou aos leitores se o papel das Forças Armadas no Brasil deveria ser rediscutido. Confira a seguir algumas respostas.Sim, e logo. As Forças Armadas estão contaminadas por uma ideologia forjada na Guerra Fria e não aceitam fatos importantes sobre o seu papel na história do Brasil. Também mostraram, ao longo de décadas, que seus serviços são pouco relevantes para o processo de desenvolvimento do país. Têm um gasto astronômico para quase nenhum serviço prestado ao país. Deveriam ter seu contingente diminuído, ser profissionalizadas e estar totalmente sujeitas ao poder civil. O artigo 142 da Constituição deve ser modificado, retirando o papel de "garantia dos poderes constitucionais". Silvio Mendes Zancheti (Pernambuco)Sim, pois elas servem ao país e não a um grupo político; estão subordinadas ao Executivo e não são de forma alguma um "poder moderador". Isabel Rekowsky (Porto Alegre, RS)Acredito que não; o único detalhe a ser corrigido é a proibição de militares da ativa ou da reserva participarem de cargos no governo ou se candidatarem. Caso algum militar queira seguir a carreira política, deve optar por abandonar a carreira militar e fazê-lo como civil. Marcello Firmino da Silva (Orizona, GO)No Brasil, não há lugar para tantos militares sem função. Portanto, deveriam reduzir ao máximo o número de oficiais e praças, sem mordomias aos primeiros. A defesa de fronteiras pode ser realizada por órgãos competentes. Chega de jogar dinheiro no ralo. Marisa Oliveira (Pato Branco, PR)Sim, a começar pela extinção da Justiça Militar. A função das Forças Armadas já está bem definida legalmente, mas crimes cometidos pelos seus integrantes têm de ser apurados pelo sistema judiciário nacional, como ocorre para todos os outros cidadãos brasileiros. George Magalhães (São Paulo, SP)Sim, pois vemos nossas forças mais preocupadas com inimigos internos (e imaginários) do que externos (que os nossos diplomatas mantêm longe). Talvez seja a burocracia de Estado mais cara da nossa nação, então é necessário fazer uma readequação tanto dos seus quadros quanto de seus custos. Alexander Pereira da Silva (Brasília, DF)Sim, o papel das Forças Armadas tem que ser rediscutido no sentido de tornarem mais profissionais, com a atualização de cursos e da formação em academias militares. Rodrigo Marinho da Silva (Cuiabá, MT)Sim, não quanto a seu papel, mas na forma com que os militares atuam. Deveria ser proibida a participação no Executivo, a não ser no comando militar, e exigida a necessidade de exoneração antecipada para participar como candidato ao processo eleitoral. Olavo Antonio Teixeira (São Paulo, SP) Mais Sim. Não é atribuição dos militares a atividade política. O papel das Forças Armadas no Brasil deve ser rediscutido inclusive na elaboração de currículos dentro de escolas e academias responsáveis pela formação de oficiais. Daniel Cireno de Lacerda (Aracaju, SE)Em 1949, em plena Guerra Fria e numa região conflagrada, a Costa Rica, a partir da constatação da impossibilidade de ter saúde, educação, infraestrutura e segurança com os gastos de manutenção das Forças Armadas, inseriu como cláusula pétrea em sua Constituição o fim das Forças Armadas. E oferta hoje ao seu povo uma das melhores qualidades de vida do planeta. Até 3 ou 4 anos atrás, era a única nação sem forças, quando a Islândia seguiu pelo mesmo caminho. Rafael Sarnelli Lopes (Rio de Janeiro, RJ)
2023-08-26 20:00:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-defendem-discussao-do-papel-das-forcas-armadas-no-brasil.shtml
Degustação de vinhos, queijos e carnes aquecem o sábado de frio do Taste Festival
A queda brusca de temperatura que atingiu São Paulo neste sábado (26) não foi um obstáculo ao público do Taste Festival.Apesar do evento, feito ao ar livre, contar com um público menor que o esperado para a data —tradicionalmente o dia da semana mais cheio—, as pessoas que frequentaram a festa gourmet protagonizaram um bom número de filas.O que não impediu alguns de reclamar. As tradicionais exclamações de raiva com a garoa, que ia e voltava durante o dia, foram as únicas intempéries ouvidas entre os quiosques, que se mantinham abastecidos com regularidade. O vento cortante serviu como estímulo para se comer mais.Ainda assim, quem apareceu manteve o alto nível de exigência que tornou o festival popular. Prova disso é que as ativações ao centro do espaço, no Parque Villa-Lobos, foram os mais prejudicados pelo clima.Às 15h30, por exemplo, apenas uma roda tímida de pessoas parou para ouvir o baterista Bruno Kioshi no palco Claro Música. Mais As aulas dos chefs, por sua vez, se mantiveram aquecidas pelo calor da procura dos visitantes. No estande do Santander, por exemplo, era possível ver sentado a aula do ex-MasterChef Raúl Lemos há cinco minutos do início. Mas não havia um espaço vazio nos bancos disponibilizados quando o influenciador começou a mostrar os pratos.O mesmo aconteceu no espaço Papo de Cozinha by Electrolux, dedicado a aulas de gastronomia temáticas. A apresentação de Seidi Nissi e Cínthia Zhu acumulou até alguns curiosos nos entornos, que viram famílias botarem a mão na massa para cozinhar deliciosos bolinhos de arroz e panquecas de bacon.Enquanto os pequenos eram movidos pela inspiração nos animes de "Naruto" e "Demon Slayer", os adultos adoraram se aquecer com os forninhos disponibilizados.Nos entornos, os campeões de audiência da vez foram o Fasano e o Mocotó, muito populares e por isso mesmo confiáveis aos olhos dos visitantes. O primeiro bombou em especial pelas carnes.Um display com carnes no espeto, aquecida com blocos de carvão, chamava a atenção do público à degustação de pratos no quiosque ao lado.Mas os quitutes do cardápio do Fasano eram o grande sucesso da vez. Afinal, que concorrente poderia bater de frente com a costela do restaurante, servida derretendo e acompanha de purê de queijo? Mais O prato era o mais pedido desde a abertura do espaço no dia, mas a foccacia também exigia fornadas extras da cozinha. Uma refeição ótima para os degustadores, em especial porque a massa, hidratada com cerveja na noite anterior, alimentava sem estufar.O Mocotó, enquanto isso, atraía passantes com dois pratos servidos em tigelas. O baianinho deliciava o público com a combinação de brioche de mandioca, carne-de-fumeiro artesanal, salsa tostada, picles de cebola-roxa e coentro —fora o requeijão vindo diretamente da Fazenda Atalaia.A fila também exigiu bastante da cozinha o tradicional baião-de-dois, que encantava o público do Mocotó com sua combinação de purê de mandioca, abóbora assada com chili, carne-de-sol e uma pipoca feita de queijo coalho.Mas o maior vencedor do último sábado de Taste Festival foi mesmo o vinho. O wine bar do evento era o estande mais cheio do festival, com degustadores ávidos pelos tintos oferecidos. Taças de Erminia Perini e Cabernet Sauvignon, ambos da safra de 2021, eram pedidos ininterruptamente.Quem se deu bem nessa história foi o estande da Tirolez. Os queijos do espaço, localizado em frente ao wine bar, viraram parada obrigatória aos visitantes que procuravam um vinho de qualidade. Nada mais equilibrado que um queijo brie cremosíssimo e uma taça de vinho tinto escolhida a dedo para se aquecer no frio.
2023-08-26 19:31:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/degustacao-de-vinhos-queijos-e-carnes-aquecem-o-sabado-de-frio-do-taste-festival.shtml
Efeitos do marco
Acumulam-se evidências de que o marco legal do saneamento, promulgado em 2020, já resulta em aumento de investimentos no setor, tornando mais crível a meta de alcançar a universalização da coleta e tratamento de esgoto até 2033, determinada pela nova legislação.A tentativa estatista do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retroceder em pontos importantes das novas regras trouxe incertezas, mas por resistência do Congresso não logrou impedir o aumento da atuação do campo privado.Desde a entrada em vigor do marco foram realizados 28 leilões parra a prestação de serviços em 17 estados, de acordo com a associação do setor. Em conjunto, as concessionárias vencedoras terão de investir R$ 98 bilhões ao longo dos prazos das concessões.Trata-se de um avanço importante para atingir a meta de destinar ao menos R$ 45 bilhões anuais ao saneamento, pouco acima do dobro do que era tipicamente aportado no país até 2020.Boa notícia também é a disposição de bancos e do mercado de capitais —em última instância, famílias brasileiras— em realizar investimentos de longo prazo na área.Duas das maiores concessionárias e operadoras privadas, Aegea e Iguá, captaram nas últimas semanas o volume recorde de R$ 9,3 bilhões por meio de debêntures, com prazos entre 18 e 20 anos e ampla distribuição para pessoas físicas em plataformas de investimentos.Outras fontes de recursos são instituições oficiais, como o BNDES, o banco federal de fomento, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, experientes em boa estruturação de projetos.Com mais dinheiro, tudo indica que haverá forte aceleração da expansão da rede e do tratamento de água e esgoto nos próximos anos, desde que seja preservada a principal diretriz regulatória —ampliar opções legais e financeiras para a entrega do serviço essencial.Ao contrário do que prega a crítica ideológica, as novas regras não privilegiam o setor privado. Governos municipais e blocos regionais podem avaliar modalidades diferentes e escolher as mais adequadas às condições locais.O cardápio inclui concessões, parcerias público-privadas e a eventual continuidade da prestação do serviço por estatais, que precisarão provar capacidade financeira, outra exigência legal.A centralização da definição dos padrões técnicos na Agência Nacional de Águas (ANA) também permitirá aumento de escala e eficiência.Poucas prioridades podem ser maiores do que estender a coleta de esgoto para os 92 milhões de brasileiros (mais de 40% da população) desprovidos de conexão com a rede, segundo dados do sistema federal —que mostra, além disso, que somente 51,2% da água passa por tratamento sanitário. São números vergonhosos, que não autorizam picuinhas políticas.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-25 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/efeitos-do-marco.shtml
Caos argentino
O bem-estar material tende a ser fator decisivo para as escolhas do eleitorado, e o caos econômico não raro descamba para a desordem social e política. Em meio ao descontrole inflacionário e ao encolhimento da renda, a Argentina experimenta hoje esse risco.Nas primárias para a Casa Rosada realizadas em 13 de agosto, o voto de protesto proporcionou a ascensão de um candidato antissistema, Javier Milei, de um radicalismo liberal irrealista. Poucos dias depois, o país vizinho se viu às voltas com uma onda de saques populares a supermercados.Os ataques começaram em cidades da província de Mendoza e se espalharam pelas de Córdoba, Neuquén e Río Negro, além da região metropolitana da capital Buenos Aires —onde, segundo relatos, cerca de 200 pessoas foram detidas na semana que passou.A menos de dois meses das eleições, o desalento e o desespero são tratados à base de politização rasteira. A porta-voz da Presidência, Gabriela Cerruti, disse que os candidatos da oposição incentivaram os ataques pelas redes sociais.A presidenciável conservadora Patricia Bullrich, que advoga o endurecimento da política de segurança pública, cobrou "lei e ordem para sair desse inferno"; o autoproclamado anarcocapitalista Milei, não sem fundamento, relacionou os saques à crise econômica.A conjuntura é de fato calamitosa, com aumento da dívida externa, derretimento da moeda nacional e inflação acima dos três dígitos.Segundo dados de março do Indec, o IBGE argentino, o percentual de pobres (com renda individual mensal inferior a 57.302 pesos, então R$ 774) quase dobrou em dez anos, indo de 25,9% da população em 2012 para 43,1% em 2022.Dificilmente se poderá demonstrar o papel da radicalização política no incentivo aos saques. O fato é que o presidente esquerdista Alberto Fernández colhe, ao final de seu mandato, resultados desastrosos de uma política que evitou ajustes nas finanças federais.A disputa presidencial se afigura imprevisível, dado o equilíbrio entre os principais candidatos, entre eles o governista Sergio Massa, ministro da Economia. A incerteza se estende à composição futura do Congresso, o que não permite prever como a Argentina tentará escapar do caos em que se meteu.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-25 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/caos-argentino.shtml
A descriminalização do porte de drogas é competência do Supremo? SIM
A competência originária para a elaboração de políticas públicas é do Congresso Nacional, mas não é exclusiva. Os demais Poderes também têm essa prerrogativa. Por exemplo, quando o Poder Judiciário decide a legalidade de uma ação policial, está justamente verificando sua conformidade com a ordem jurídica, o que interfere diretamente no modelo de policiamento e, por sua vez, na política de segurança pública. O fato de o tema do momento ser relacionado à Lei de Drogas não muda essa realidade.Há problemática a respeito dos recursos com repercussão geral no que diz respeito aos limites da matéria posta a julgamento, pois, em essência, o que se decide nessa situação é a tese para além do caso concreto. Isso realmente extrapola a causa sob júdice, invadindo seara de outros Poderes. Mas não há novidade aí. Goste-se ou não, esse tem sido o nosso sistema desde quando o instituto da repercussão geral entrou em vigor, há mais de 15 anos. Aliás, ainda que assim não fosse, ao decidir pela inconstitucionalidade de uma lei, qualquer Suprema Corte, em alguma medida, sempre influi sobre alguma política pública, atribuição originária de outro Poder. E é de sua da natureza fazê-lo, seja em relação ao tema das drogas ou de outras matérias de política pública. Vale lembrar que o direito de petição é um direito fundamental e, consequentemente, a cada pedido formulado ao Poder Judiciário haverá um provimento jurisdicional. Conforme texto expresso da nossa Constituição Federal, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.Foi o caso, por exemplo, quando o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional o trecho do artigo 44 da Lei de Drogas, que proibia a conversão das penas privativas de liberdade em restritivas de direitos. Naquela oportunidade, não houve nenhuma celeuma. A corte informou o Senado a respeito da decisão sem que nenhum grande debate surgisse a partir daí. Mais Parece haver no ar algo de oportunista nesse levante contra a decisão do Supremo. Não fosse o tabu que sempre permeia as discussões a respeito da política de drogas (ou da ausência dela), provavelmente não teríamos esse debate. O que acontece é que nossa legislação a respeito do assunto é um estrondoso fracasso e, com a omissão do Congresso Nacional, o Poder Judiciário vê-se obrigado a se posicionar. Se a tramitação da matéria no Legislativo não avança por questões de natureza política, os demais Poderes têm, sim, competência para fazê-lo.Essa tendência de travamento do debate no Parlamento em relação às drogas tem acontecido em outros países ocidentais, o que também não é nenhuma novidade: uma vez que o Congresso não decide, os tribunais vão lá e o fazem. Com efeito, alguém tem que decidir a respeito da evolução sobre o tema.A retomada desse debate pelo Congresso Nacional é louvável, e uma certa indignação dos congressistas, compreensível. Mas é bom registrar que isso somente aconteceu porque o assunto chegou ao STF. Mais Democracia é assim mesmo. A discussão é saudável, mas necessita de mais do que retóricas. Se o Congresso Nacional vai revisitar o tema, que tenha seriedade e paute-se por dados científicos. Até aqui, 50 anos depois da adesão do Brasil à guerra às drogas, pouco se viu de idoneidade na elaboração de política pública tão fundamental.Neste momento histórico, coube ao Supremo decidir. E deveria mesmo fazê-lo, eis que dentro do que é sua competência. Assim expressa nossa Constituição.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-25 22:00:00
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Azerbaijão oferece à Armênia estabilidade e paz
Sobre a reportagem "Armênia aponta situação 'à beira da catástrofe' após bloqueio do Azerbaijão", publicada nesta Folha, gostaria de relembrar a posição oficial do Brasil com relação ao assunto. Desde 1993, o Brasil assumiu a posição de respeito às normas e aos princípios da lei internacional, apoiando quatro resoluções do Conselho de Segurança da ONU relativas ao conflito entre Armênia e Azerbaijão.Essas resoluções pediram a retirada completa, imediata e incondicional do território do Azerbaijão de todas as forças armadas ocupantes. Na verdade, uma dessas resoluções foi adotada enquanto o Brasil exerceu a presidência do Conselho de Segurança.Sendo um país que, de modo geral, sempre adotou uma posição equilibrada e ponderada no seio das Nações Unidas, o Brasil, por meio de seu apoio às ditas resoluções, demonstrou sua rejeição do separatismo agressivo e ocupação de quase 20% do território soberano do Azerbaijão, incluindo a região de Karabakh .Essa posição foi reafirmada em 16 de agosto na última reunião do Conselho de Segurança, em que o embaixador do Brasil junto às Nações Unidas pediu uma solução sustentável e rápida dos problemas em curso e apoiou a iniciativa do Azerbaijão de usar todas as estradas possíveis que levam a partes de Karabakh povoadas pela comunidade armênia para permitir o envio de alimentos e entregas humanitárias.De fato, o Brasil incentivou que se estudasse a viabilidade de uma estrada adicional entre Agdam, cidade importante em Karabakh, e Khankendi (cidade de população armênia). Essa estrada está ligada a uma das principais rotas de transportes do Azerbaijão, conhecida como a "Rota da Seda" ou rodovia arterial M2, que também oferece uma ligação confiável com mercados internacionais.Sim, a estrada de Lachin não é a única que possibilita as entregas de cargas humanitárias e a livre movimentação de pessoas. Ela é uma estrada tortuosa e acidentada. Na verdade, ao mesmo tempo em que apelou para o Conselho de Segurança da ONU, o representante da Armênia deixou de mencionar que seu país rejeitou o acordo alcançado por atores internacionais para resolver a questão da assistência humanitária.Isso ocorreu apenas alguns dias antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU. Permita-me que eu explique como. Após consultas intensivas iniciadas diretamente pelo governo do Azerbaijão, foi alcançado um acordo para que se começasse a usar a estrada da cidade de Agdam a Karabakh. Depois disso, o uso da estrada de Lachin pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) deveria ter sido ampliado em 24 horas.Todas as partes envolvidas, incluindo o contingente russo de manutenção da paz e o CICV, estavam preparados para iniciar a implementação dessa solução prática. Infelizmente, em 5 de agosto, algumas horas antes do lançamento desse plano, a Armênia, por meio de seu regime ilegalmente instalado em Khankendi, recuou desse acordo no último instante, apresentando vários pretextos politicamente motivados. Se a Armênia estivesse genuinamente preocupada com o chamado "bloqueio humanitário" contra residentes armênios da região, jamais teria feito objeção ao uso da estrada de Agdam a Khankendi. Como resultado, a Armênia intencionalmente complicou os problemas em terra, obstruiu esforços diplomáticos genuínos do Azerbaijão e tentou desacreditar o CICV.O Azerbaijão esta agindo com absoluta boa vontade. Veja o porquê. O Azerbaijão considera que a região está exausta em decorrência de guerras, atrocidades, refugiados, urbicídio e ecocídio. Os prejuízos sofridos pelo Azerbaijão com a ocupação passam de US$ 65 bilhões. Alguns impactos não podem sequer ser calculados. A Armênia ocupou o território soberano do Azerbaijão por 30 anos. Ela explorou ilegalmente as reservas naturais azeris, destruiu seu patrimônio cultural na região de Karabakh e arredores.Apesar de tudo isso, o Azerbaijão oferece à Armênia estabilidade, paz e uma agenda abrangente de reconciliação. O Azerbaijão sugeriu a criação de dois grupos de trabalho: um sobre um tratado de paz e o outro sobre a demarcação das áreas limítrofes. Isso, em conjunto com contatos diretos com armênios em Karabakh, levará a uma reintegração sustentável da comunidade armênia à sociedade do Azerbaijão. A liderança do Azerbaijão deu mostras de um alto grau de sabedoria, coragem e responsabilidade ao chamar os armênios de Karabakh de cidadãos do Azerbaijão, que gozarão de seus direitos constitucionais de maneira igual a todos os cidadãos do Azerbaijão, incluindo muitas minorias étnicas.O governo do Azerbaijão está fortemente engajado em garantir e assegurar o acesso desses residentes às mercadorias necessárias e a estabelecer todas as condições necessárias de vida para eles. Esses objetivos estão plenamente alinhados com a lei internacional e os princípios da lei humanitária internacional.A Armênia deveria agora escolher a estabilidade, segurança e paz. Não o revanchismo ou uma forma agressiva de separatismo (armado). Toda a logística da estrada de Agdam está pronta. Os chefes autoinstalados e de mentalidade separatista da comunidade armênia em Karabakh recisam remover todas as barreiras físicas erguidas na estrada de Agdam a Khankendi, para permitir a passagem de mercadorias e pessoas. Ou todos os residentes armênios de Khankendi e algumas outras pequenas cidades de Karabakh deveriam parar de postar no Instagram e no X (ex-Twitter) suas fotos de festas de mesa cheia.De outro modo, muitas pessoas no Azerbaijão e na Armênia já estarão começando a pensar que existe uma descoordenação, dissonância e um jogo de poder doentio entre os armênios de Karabakh. Muitos deles querem viver em paz como cidadãos do Azerbaijão. Mas alguns querem levar esta farsa adiante e agravar a situação, sequestrando uma agenda de paz em um momento delicado e crítico.Tradução de Clara AllainTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-25 20:14:00
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Miojo é atentado contra saúde pública e gastronomia
A data em que escrevo estas linhas, 25 de agosto, é lembrada por ser o Dia do Soldado e o dia em que Jânio Quadros pediu penico. É também o aniversário de uma de minhas irmãs e, acabo de saber, o Dia Internacional do Miojo.Quem decidiu homenagear o Miojo? A Nissin, que concebeu o macarrão instantâneo. A própria Miojo Corporation International Enterprise.A assessoria da Nissin dispara uma torrente de mensagens "bem-humoradas" e a imprensa cai porque lhe interessa cair. Você, neste momento, está a ler um exemplo do sucesso dessa estratégia.Tome miojo com requeijão, com feijão, com queijo. Com frutos do mar, meu pai amado! Lasanha de miojo, pizza de miojo. É bom parar por aqui, não quero causar mal-estar em ninguém.Por falar nisso, miojo é um atentado contra saúde pública.Trata-se de um caso mui peculiar de alimento que fecha a cartela do bingo da podreira –alto em sódio, em gordura saturada e com todos os aditivos industriais enumeráveis– sem trazer benefício algum para quem o consome.Não fosse um produto real, o miojo bem poderia ser uma invenção exagerada do pessoal do Nupens (núcleo da USP especializado em nutrição) para explicar os ardis da comida ultraprocessada.Já usei substâncias proibidas e/ou perigosas (incluindo miojo) e não me arrependo disso, mas sou crescido e responsável pelas minhas péssimas escolhas. Mais O jogo é outro quando uma empresa do porte da Nissin imprime embalagens com personagens infantis, jogando o inescrutável pozinho do miojo na mesma gaveta da maçã da Mônica e da melancia da Magali."Ah, mas é só não usar o pozinho..."Nem vem. Qual o sentido disso?Não tem cabimento gastar dinheiro em polvo, em camarão, em comida boa para misturar ao macarrão pré-frito. Se vai fazer um molho bacana, usa massa normal, misericórdia!"Ah, mas miojo é mais rápido..."Então a pessoa que vai fazer um ovo pochê para turbinar o miojo não aguenta esperar dez minutos para a massa cozinhar. Próximo argumento."É mais barato."Não é. Se as etiquetas do seu mercado não trazem o preço por quilo, pegue a calculadora do celular e faça a conta. Miojo é mais caro do que macarrão comum. Mais Miojo, como as carnes enlatadas ou barrinhas de cereal, só se justifica em caso de emergência ou calamidade. São aquelas comidas que você deixa guardadas por anos –nunca estragam, mesmo– à espera do apocalipse zumbi.O perigo do miojo está na combinação de sabores viciantes (sem hipérbole aqui) com um esquema de propaganda brutal. Quem paga pela desinformação são os mais vulneráveis.Vou terminar com um pequeno causo.Trabalhou aqui em casa uma diarista que raramente comia o que eu lhe oferecia."Fulana, come o frango que eu fiz ontem." Não comia. "Tem carne moída na geladeira." Ainda estava lá quando eu voltava do trabalho. Um dia, ela contou que sacava um miojo da bolsa e mandava para dentro.Joguei a toalha e abasteci a despensa com miojo, prontamente aceito pela Fulana. Ainda estou sem saber se foi a bruxaria dos ultraprocessados ou se eu cozinho realmente muito mal.
2023-08-25 19:09:00
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Vitória presidencial na Guatemala e saques na Argentina são temas do Podcast Américas
No Podcast Américas desta semana, os jornalistas Sylvia Colombo, colunista da Folha, e Sebastián Fest, correspondente em Buenos Aires do jornal espanhol El Mundo, trazem análises e entrevistas sobre os principais temas da semana nas Américas.Nesta semana, há uma análise da vitória de Bernardo Arévalo na Guatemala, assim como um perfil do candidato surpresa que chegou para reivindicar parte do legado do pai, Juan José Arévalo.Na sequência, a dupla debate o resultado do primeiro turno no Equador, que também trouxe um elemento não esperado. Além da candidata de Rafael Correa, Luisa González, os equatorianos terão como opção para o segundo turno Daniel Noboa, também filho de um empresário e político do país, conhecido por ser donos de um "império das bananas" no país.Por fim, explica-se a razão da onda de saques que ocorreram na Argentina durante a semana, após o resultado das primárias argentinas. Mais O podcast, transmitido em espanhol, é uma boa oportunidade para jornalistas e demais interessados em entender melhor a região e em conhecer mais o idioma falado em quase toda América Latina, tendo o Brasil como uma das exceções.No programa, trata-se todas as semanas de três temas ocorridos nas Américas, em meia hora. Ouça o episódio abaixo.
2023-08-25 16:36:00
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Habilidades profissionais: por que os estudantes devem conhecê-las?
Ao iniciar um curso de ensino superior ou técnico, um estudante acredita ter adquirido a bagagem necessária para ingressar no mundo do trabalho. Digo que não é bem assim, já que a nossa realidade se ressignifica a todo momento, trazendo novos problemas complexos que nos desafiam a cada dia por soluções inovadoras, que respeitem o ambiente que vivemos, valorizem a diversidade e exigem novas atitudes.Diante desse cenário, as organizações empresariais e a sociedade exigirão de todos nós uma outra formação: sólida em conteúdos, mas que tenhamos outras habilidades e atitudes que corresponderão aos desafios sociais, econômicos, ambientais e de relações de consumo que enfrentaremos.Uma análise conduzida pela ONG especializada em educação "America Succeeds", em 2021, concluiu que em quase dois terços das vagas oferecidas nos ambientes empresariais listavam habilidades profissionais entre as qualificações exigidas.Entre os anúncios de emprego, das dez habilidades mais exigidas, sete eram profissionais e atitudinais, incluindo boa capacidades de comunicação, solução de problemas e planejamento.Essas habilidades foram as qualificações mais desejadas para 91% dos cargos de gerência, 86% dos cargos de operações comerciais e 81% dos empregos no setor de engenharia. Ou seja, campos considerados de alta qualificação.As empresas mudaram a tal ponto que elas perceberam que as pessoas precisam vir em primeiro lugar, antes mesmo do desempenho. Isso é o que vai gerar valor para as suas marcar e produtos. Mais Listo abaixo cinco habilidades e atitudes buscadas por empresas e que os estudantes precisam conhecer:1 - Criatividade e Inovação: muitas pessoas acreditam que ser criativo é criar algo novo. Claro que isso é um ponto, mas essa habilidade está ligada com o poder de resolver uma dor, propor novas ideias e trazer algo único, muitas vezes, diante de algo cotidiano. É a capacidade de olhar para além das fronteiras convencionais e imaginar novas possibilidades, permitindo a transformação do comum em algo verdadeiramente extraordinário. É claro que essa habilidade pode ser aprimorada ao longo do tempo por meio da prática, exploração e colaboração com outras pessoas de diversas áreas de especialização;2 - Comunicação: o mercado tem exigido, cada vez mais, que as pessoas façam bom uso da comunicação. Portanto, é necessário saber se comunicar claramente, tanto verbalmente quanto por escrito. Isso inclui a habilidade de transmitir informações de maneira compreensível, ouvir atentamente e adaptar a comunicação para diferentes públicos. Para um ambiente de trabalho, essa habilidade abre muitas portas para a carreira e o relacionamento com as pessoas. Nesse caso, é uma capacidade desenvolvida diariamente e pode ser aprimorada; Mais 3 - Empatia: é crucial para a colaboração eficaz em equipes multiculturais e para atender às necessidades dos consumidores. A empatia no ambiente de trabalho promove relacionamentos saudáveis, comunicação eficaz, resolução de conflitos, colaboração e um ambiente geral mais positivo. Além disso, ela desempenha um papel crucial no desenvolvimento de líderes e na criação de uma cultura organizacional que valoriza-as. Portanto, ser empático não é apenas uma característica desejável, mas uma habilidade essencial para o sucesso individual e coletivo no mundo corporativo;4 - Gestão do tempo e organização: as empresas buscam pessoas que sejam capazes de gerenciar tarefas, estabelecer prioridades e manter-se organizado para a eficiência e produtividade no trabalho. Por isso, quem sabe gerir o tempo e é bem organizado, provavelmente, é valorizado dentro das organizações. Essa habilidade faz com que o profissional trabalhe de maneira mais inteligente, concentrando-se no que é realmente é importante e mantendo um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Ao dominar essa habilidade, é possível aumentar a eficácia geral e sentir um maior senso de realização nas atividades diárias; Mais 5 - Liderança: mesmo para funções não gerenciais, a habilidade de liderar, inspirar e liderar equipes é valorizada. Isso envolve motivar colegas, orientar projetos e agir como um exemplo positivo. Estamos diante de uma habilidade que agrega todas as outras e, certamente, está entre as mais valorizadas pelas empresas. A habilidade de liderar é uma jornada de aprendizado contínuo. Ela exige autoconhecimento, empatia, adaptabilidade e uma busca constante por aprimoramento. Enquanto os desafios evoluem e as circunstâncias mudam, um líder verdadeiro permanece enraizado em valores sólidos, orientando sua equipe em direção ao cumprimento das metas estabelecidas pelas empresas.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-25 15:28:00
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O beijo que divide a Espanha: cartola nega renúncia e sai de férias
-- Donde dije digo, digo Diego ("onde eu disse [que] digo, digo Diego").Meu compañero espanhol me recorda esse ditado-trava-línguas quando lhe pergunto se viu a última reviravolta do "culebrón" (novelão) que envolve Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).Depois do beijo público de Rubiales na jogadora Jenni Hermoso no último domingo, logo após a final da Copa em que a Espanha saiu campeã do mundo, o assunto rapidamente dominou as manchetes e conversas em todo o país -- e agitou ferozmente a opinião pública, a política e o mundo do esporte.A última reviravolta ocorreu hoje, sexta (25).Cedendo a pressões de todos os lados (o que inclui membros do alto escalão do governo espanhol, o premiê Pedro Sánchez e o sindicato FUTPRO, representante de Hermoso no caso), Rubiales finalmente havia anunciado ontem (24) que formalizaria uma renúncia voluntária.Hoje, porém, durante a assembleia extraordinária convocada pela Federação para discutir o caso, um Rubiales emocional e contundente surpreendeu a todos negando sua demissão. "Não demito, não demito e não demito", disse. Segundo ele, "apesar das pressões", não vai aceitar a renúncia por não reconhecer "motivos" para tal."Foi um beijo espontâneo, mútuo e eufórico. E, sobretudo, consensual", frisou. Mais Claro. Tão consensual que Jenni Hermoso solicitou, por meio de seu sindicato, o FUTPRO, que a RFEF "implemente os protocolos necessários, vele pelos direitos das jogadoras e adote medidas exemplares", e que o Conselho Superior de Esportes (órgão vinculado ao governo) "apoie e promova ativamente a prevenção e intervenção em casos de assédio ou abuso sexual, machismo e sexismo (sic)".(atualização: horas depois da Assembleia, em um comunicado oficial assinado por dezenas de companheiras futebolistas e o sindicato FUTPRO, Jenni desmentiu a versão de Rubiales: "em nenhum momento consenti o beijo. (...) Não tolero que se coloque em dúvida minha palavra e muito menos que se inventem palavras que eu não disse"). "FAÇA ISSO PELAS MINHAS FILHAS"Em seu discurso da misericórdia, Rubiales apelou para as filhas: "foi como dar um beijo em uma de minhas filhas", comparou, sob a mirada de 75 dos 140 membros da Federação -- e sinalizando suas três filhas adolescentes na plateia. "Não há desejo, e não há posição de domínio".Não é a primeira vez que a menção das filhas aparece como moeda de compadecimento nessa história.As filhas de Rubiales teriam sido o argumento principal da súplica que o presidente teria dirigido a Jenni durante o voo de volta de Sidney, onde aconteceu a final.Segundo a jornalista do portal esportivo Relevo Natalia Torrente, o objetivo era gravar um vídeo de desculpas acompanhado da jogadora para atenuar a gravidade do caso. "Meu posto está em risco, faça, nem que seja pelas minhas filhas... necessito que apareça comigo", teria dito.Não só a jogadora teria se negado a aparecer no vídeo de mea culpa como também a capitã do time, Ivana Andrés.Em seu discurso de meia hora, Rubiales se apresentou como vítima de "um assassinato social". Vocabulário bem distante do personagem irascível e impaciente que xingou seus críticos de "tontos" e "imbecis" em programas de tevê e declarações ao longo da semana."Foi uma anedota", disse. "Ela (Jenni) também disse isso (...) Não é preciso diferenciar entre o que diz um homem e uma mulher. É preciso diferenciar entre a mentira e a verdade, e eu estou dizendo é a verdade. O falso feminismo é uma lacra (flagelo, mal) neste país" -- e, a esta frase, seguiram-se aplausos de parte da audiência, majoritariamente masculina.***DENÚNCIAS E APOIOA FIFA anunciou que abrirá um "procedimento disciplinar" contra Rubiales. Além disso, o governo espanhol, por meio do Conselho Superior de Esportes (CSD, da sigla em espanhol) está levando o caso ao Tribunal Administrativo do Esporte, pedindo a suspensão de Rubiales.O presidente da LaLiga, Javier Tebas Medrano, foi às redes pra responder ao enfrentamento de Rubiales, que o mencionou em seu discurso: "os gestos misóginos, as expressões chulas, o desastre protocolar e os insultos deste último constrangimento global não surpreendem e tinham (sic) antecedentes óbvios que deveriam ter evitado uma nova vítima (que não deveria estar em foco).Também a Liga F espanhola de futebol feminino solicitou a destituição do dirigente da RFEF em um comunicado, lembrando outro incidente grave protagonizado por Rubiales no mesmo dia:"Celebrar o triunfo em um palco de autoridades apalpando os genitais ao lado da rainha e sua alteza real (...) é inadmissível e repugnante. Que um chefe agarre a cabeça de sua trabalhadora (sic) e a beije na boca simplesmente não se pode tolerar. Chamar publicamente de 'idiotas, imbecis e canalhas' aos que condenam tais atitudes é inaceitável"."Trata-se de uma vergonha internacional sem precedentes para a marca Espanha, para o esporte espanhol e para o futebol feminino mundial. Quando o mundo devia ter os olhos postos em nossas futebolistas, o presidente conseguiu que os olhos do mundo se centrassem em sua 'virilidade'.""É o momento de dar um passo adiante", encerra o comunicado. "O contrário seria uma humilhação para todas as mulheres e a maior derrota do esporte espanhol e de nosso país". No mundo do futebol, o jogador do Betis galego, Borja Iglesias, renunciou à sua participação na seleção espanhola como forma de protesto "até que as coisas mudem e esse tipo de atos não fiquem impunes".Também a capitã do FC Barcelona, Alexia Putellas, duas vezes eleita melhor jogadora do mundo, publicou uma mensagem de apoio a Jenni: "isso é inaceitável. Se acabou. Contigo, companheira", tuitou.Já o FC Barcelona, clube que conta com 9 das campeãs do Mundial e onde Jenni jogou por 5 anos, botou panos quentes na história com um comunicado oficial emitido hoje (25), argumentando que "as explicações dadas pelo presidente da Federação (...) resultaram suficientes para os membros presentes da Assembleia que tinham a autoridade para ratificá-lo em seu cargo".O texto também enfatiza que o clube "considera totalmente imprópria e desafortunada a atuação do presidente da RFEF durante a celebração do Mundial (...) São episódios que consideramos lamentáveis, que o próprio senhor Rubiales considerou um erro e pelos quais pediu desculpas".Já a vice-presidenta institucional do Barça, Elena Fort, pediu em suas redes a "demissão imediata" do dirigente. E o capitão do Barça, Sergi Roberto, tuitou uma mensagem de apoio: "estamos com vocês".Em programa nesta sexta (25), o jornalista esportivo Matías Mas, da Telecinco, analisou o caso como previsível: "nos surpreendeu relativamente pouco que (no fim) não pedisse demissão. Ele é consciente do que vai acontecer: disse, saio, mas aplaudido pela minha gente, dando a minha versão, minha explicação".Em seu discurso durante a Assembleia, Rubiales anunciou que sairá uns dias de férias com a família. Enquanto isso, espera-se que as jogadoras voltem da viagem de descanso que ganharam como prêmio pela vitória e que, assim, próximos passos relacionados ao caso sejam tomados."Pessoalmente, são tempos e dias difíceis", ponderou Elena Fort. "Muitas vezes, atos pessoais e não próprios exigem reflexão, decisões e tempo que vão além do que nos parece evidente e óbvio (sic)".***LO DICHOVoltando ao ditado do início: basicamente, significa o que fez Rubiales, isto é, dizer uma coisa e depois voltar atrás -- geralmente, com uma conotação negativa.Como não poderia deixar de ser, além das discussões (espero, saudáveis, respeitosas, refletidas e informadas) sobre o tema (rá! já tô vendo...), começam a assomar suas cabecitas também os indefectíveis memes relacionados.Como este, alastrado qual fogo nas florestas secas da Península Ibérica, que compara o discurso do cartola ao Leonardo DiCaprio de O Lobo de Wall Street, quando ele faz aquele super discurso de despedida (donde dije digo...) e termina dizendo Diego, para gáudio da molekada engravatada:Última atualização: 25/08/23 às 14h30(Siga meu perfil no Instagram)
2023-08-25 14:32:00
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Uma atuação do Supremo que não está na Constituição
Sob o título "Supremo Torpor", o advogado José Paulo Cavalcanti Filho (*) cita Balzac, em sua coluna semanal, ao tratar do julgamento no STF dos impedimentos de juízes nos processos em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge:"A acusação da imoralidade é a última que resta a fazer quando não se tem mais nada a dizer".A seguir, alguns trechos do artigo."O Supremo se autoconferiu um papel que não está, nem nunca esteve, em nenhuma de nossas Constituições desde o início da República ‒ o de ser uma espécie de Poder Moderador do país.""Sem maiores preocupações, julga, legisla e executa (administra o país)."(...)"Em 2018 a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), acreditem senhores, requereu a declaração da inconstitucionalidade [do inciso de artigo do CPC que proíbe ministros de julgar casos propostos por suas mulheres]. A pedido não se sabe de quem. Sob o argumento de que a regra ‘se presta apenas para enxovalhar alguns magistrados’".(...)"Câmara dos Deputados, Senado, Advocacia-Geral da União, Procuradoria-Geral da República e a própria Presidência da República disseram o óbvio. Que não enxergavam qualquer inconstitucionalidade na regra.""Nossa OAB Nacional, naquele momento e como se pregada na Santa Cruz, permaneceu previsivelmente muda.O ministro Fachin, relator do caso, acompanhou o entendimento desses todos. Para ele, sem dúvida com razão, a regra foi criada ‘para garantir um julgamento justo e imparcial’".(...)"O ministro Gilmar Mendes se insurgiu e abriu divergência, argumentando que seu gabinete ‘perde tempo na verificação dos impedimentos, deixando de auxiliar no julgamento das causas’. Sem explicar como é que esse fato significa alguma violação à Constituição.""O economista Bruno Brandão, da Transparência Internacional, pediu a palavra para contradizê-lo, dizendo ser um argumento ‘lamentável’, porque empresas privadas fazem, há anos, esse tipo de checagem de vínculos societários, de maneira automatizada".(...)"Gilmar completa, dizendo que a regra pode ‘macular a reputação do julgador’ e ‘diminuir não só a pessoa do juiz mas a imagem do Poder Judiciário’.Talvez seja o contrário, senhores. Ministros julgando casos propostos por suas mulheres é que maculam a reputação do Poder Judiciário."(...)"Fosse pouco o bravo ministro benjamin da casa, Cristiano Zanin, teve a coragem de justificar seu voto dizendo que a regra do impedimento ‘afronta a liberdade de iniciativa e ao direito do trabalho e à subsistência’.De parte a falta de respeito à língua portuguesa, dá para acreditar?Ao novo ministro não preocupa ser claramente imoral que maridos julguem casos propostos por suas mulheres. Porque, segundo ele, isso ‘afronta a liberdade de iniciativa’. Só mesmo rindo."(…)"Só para lembrar Alexandre de Moraes, Gilmar, Toffoli e Zanin tem mulheres chefiando escritórios, entre os mais caros do país, com casos no Supremo."(…)"Balzac com certeza diria ser uma ‘imoralidade’. Não vou tão longe, por conta da educação. Mas afirmo, com a consciência em paz, que isso não está certo."(*) Escritor e jurista, foi secretário-geral do Ministério da Justiça e Ministro da Justiça, no Governo José Sarney. É membro da Academia Brasileira de Letras
2023-08-25 14:17:00
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Sem tempo a perder: o clima já mudou
Nas últimas semanas os grandes incêndios ocorridos no Hemisfério Norte ocuparam manchetes da imprensa no mundo. As cenas dramáticas vistas no Havaí, na Califórnia e na Grécia, para citar alguns exemplos, ganharam contornos mais sombrios porque dezenas de pessoas perderam suas vidas. Essas notícias se somam a uma série de outras acumuladas nos anos recentes, que também pontuaram a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado brasileiros como palco de desastres naturais causados pelos incêndios. Mais do que nunca, é preciso compreender que as mudanças climáticas significam sério risco à vida.Eventos ambientais extremos mais intensos e mais frequentes são apontados por cientistas como consequência da aceleração das atividades humanas, sobretudo no último século, em que o crescente uso de combustíveis fósseis combinou-se com o desmatamento de áreas naturais, entre outros aspectos. De um lado, nossa espécie nunca testemunhou uma aceleração tão elevada da concentração de gases estufa na atmosfera e, de outro lado, nunca eliminou tantas áreas naturais que capturam e amortizam os efeitos desses gases. Se nos comparássemos a um paciente com quadro de febre crescente, seria o mesmo que agir para destruir o medicamento que nos curaria enquanto deliramos em nossa enfermidade cada vez mais debilitante.Os impactos dos eventos extremos e das ondas de calor que temos experienciado obviamente não ficam restritos ao local e ao momento em que ocorrem. Muitos deles se estendem por vários anos porque interferem sobre processos naturais hiperconectados e também sobre a estrutura e dinâmica do tecido social. Locais atingidos por desastres naturais experimentam forte abalo da coesão comunitária, em que o esforço de reconstrução segue acompanhado da incômoda incerteza sobre novos eventos. Impactos ambientais se convertem em questão de saúde mental. Em uma parte, cabe aos governos e parlamentos, em suas diferentes esferas, agirem para atenuar as projeções feitas pelos cientistas para o futuro e prepararem-se para amenizar o impacto dos eventos que já estão em curso. Em outra parte, nossa ação individual baseada nas nossas escolhas cotidianas e no padrão de consumo que queremos sustentar fazem grande diferença, assim como ter uma postura crítica e ativa em relação aos governos que fazem parte do nosso contexto. Já não há mais tempo a perder com mandatários e representantes negacionistas da Ciência ou que não dão a ela a devida atenção. Estamos todos sujeitos aos efeitos das mudanças climáticas, mesmo que localmente façamos nossa lição de casa, porque os processos naturais simplesmente ignoram os limites territoriais dos países, estados e cidades. Ao mesmo tempo, é claro que a condição econômica faz enorme diferença em como as pessoas sofrerão com os efeitos negativos de eventos extremos. As consequências das mudanças climáticas também se pronunciam na desigualdade entre pessoas e países.Os ecossistemas naturais são formados por uma infinidade de processos interconectados que são fundamentais para nossa sobrevivência, mesmo que sejam imperceptíveis em um olhar superficial. São uma cadeia invisível, porém muito presente. Os processos que formam a base de sustentação de nossas atividades são denominados pelos cientistas como "serviços ambientais", um conceito criado na esteira da evolução da área de Economia Ecológica. A regulação climática e hidrológica, a ciclagem de nutrientes e a amortização de impactos são exemplos de serviços ambientais pelos quais não remuneramos nem em um centavo os entes naturais os enormes benefícios que usufruímos. Em um artigo seminal publicado na Nature em 1997, Robert Constanza e colaboradores estimaram que a Natureza teria nos proporcionado mais de 33 trilhões de dólares ao longo do ano de 1994. Isso equivale a 59 vezes o PIB do Brasil na época. Os autores poderaram que seus números eram uma subestimação, pois ainda havia serviços ambientais que ainda não tinham sido adequadamente abordados, ou seja, os benefícios econômicos gerados pela Natureza ultrapassam muito a riqueza gerada pela maior parte da população mundial. Apesar de não pagarmos à Natureza, a desregulação dos serviços ambientais decorrente dos eventos climáticos extremos podem resultar em prejuízos econômicos enormes. Deixamos de ganhar e gastamos para reparar.As mudanças climáticas não são uma mera projeção para 2050 ou 2100. É perceptível que elas já fazem parte do nosso presente. O significado dos recordes de temperatura média global atingidos em 2023 representa muito mais do que o calor incômodo deste inverno seco e praticamente sem dias frios. São indicadores de que estamos atingindo patamares muito preocupantes no funcionamento do nosso planeta, com consequências que nos atravessam em diversas dimensões. Em 1978, Adoniran Barbosa lançava a canção "Praça da Sé", na qual cantava "É o progresso, mudou tudo, mudou até o clima". Não há tempo a perder. O clima já mudou, e com ele nossas vidas também.
2023-08-25 09:43:00
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Voto de Zanin contra descriminalização do porte de drogas queima sua imagem com progressistas
Indicação de Lula (PT) para a mais alta corte do país, o ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou nesta quinta-feira (24) contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal."A mera descriminalização do porte de drogas para consumo, na minha visão, apresenta problemas jurídicos, e ainda pode agravar a situação que enfrentamos nessa problemática do combate às drogas, que é dever constitucional", disse Zanin, ao ler seu voto.O posicionamento do ex-advogado de Lula repercutiu bastante nas redes sociais, principalmente entre apoiadores do petista. É o caso do influenciador Felipe Neto, que afirmou ser o maior erro de Lula até agora.O termo "Zanin" é um dos mais comentados do X, ex-Twitter, desde o fim da tarde de quinta, com mais de 25 mil menções.O descontentamento da ala progressista com Zanin não começou com o voto sobre as drogas.Mas o voto foi o ponto de virada da indignação.Zanin tem sido comparado a um "evangélico conservador".E já se criam expectativas sobre votos futuros.A terra plana não gira, ela capota.Foi mal, tava doidão.O ministro está sendo chamado de bolsonarista.Alguns lembram que ele ficará ainda 27 anos na corte.Há, no entanto, quem não se junta ao coro.Quando foi indicado, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) elogiou Zanin: "Muito inteligente e agradável".A expectativa, agora, é pela próxima indicação de Lula ao Supremo. Mais
2023-08-25 07:51:00
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Projeto percorre os caminhos de D. Pedro rumo à Independência do Brasil
Na próxima terça-feira (29), um grupo de empresários luso-brasileiros, entusiastas da história do Brasil iniciará uma jornada que deveria ter sido realizada no ano passado, quando foram comemorados os 200 anos da Independência do país, mas que por vários motivos acabou se tornando um marco que vai encerrar as celebrações às vésperas do seu 201° aniversário.O projeto Heróis Portugueses do Brasil, desenvolvido desde 2012 pela Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil sairá de Belo Horizonte para revisitar os passos de Dom Pedro 1° que precederam a Independência. O grupo passará por 24 cidades, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, tendo o final da jornada previsto para o dia 6 de setembro no exato lugar do grito que confirmaria o desligamento da coroa portuguesa.A expedição "200 Anos - Os Caminhos da Independência do Brasil" será a terceira edição do projeto. Nas duas primeiras, realizadas pelo patrono e idealizador da empreitada, Antonio Bacelar Carrelhas, abordaram, em 2015, a história de Pedro Teixeira, que demarcou a maior parte da Amazônia hoje pertencente ao território brasileiro, e, em 2017, a de Martim Soares Moreno, figura fundamental para impedir que os franceses e holandeses dominassem o nordeste do país.Cada expedição inclui a distribuição de um livro para alunos das escolas públicas de ensino fundamental das cidades por onde o grupo passa, abordando o tema em linguagem didática e, em alguns centros selecionados, uma intervenção teatral reproduzindo os pontos altos da história contada."É muito legal ver a criançada se envolvendo e participando das apresentações, interagindo e conhecendo um pouco mais de nossa história", conta Vittorio Lanari Júnior, porta-voz do projeto.O objetivo da expedição, explicam os organizadores, além de reconhecer o território brasileiro, é integrar o conhecimento lusitano e brasileiro, destacando os portugueses que tiveram papel de relevo na história do Brasil e que nem sempre são reconhecidos na historiografia.A jornada será realizada principalmente em uma van que sairá de Belo Horizonte, no sentido inverso ao que D. Pedro fez quando saiu do Rio de Janeiro para tentar debelar uma rebelião, passando por Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rei, Barbacena, Petrópolis, Rio de Janeiro e finalmente São Paulo. No caminho, serão incluídas algumas visitas a fazendas históricas onde o futuro imperador se hospedou com sua comitiva no então difícil percurso, além de caminhadas por trechos como a Calçada do Lorena, no parque Caminhos do Mar, em São Paulo.Ao longo da expedição será realizado também um registro, em audiovisual, com o histórico dos caminhos percorridos, mostrando a interação com a comunidade de cada localidade, palestras educativas, e distribuição de livros didáticos.
2023-08-25 07:30:00
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Preferência de Ancelotti pelo 'dia a dia' vai de encontro a aceitar seleção
"O que eu gosto é de treinar no dia a dia."Desse modo Carlo Ancelotti respondeu a uma das perguntas, relacionada ao trabalho em seleções nacionais, feitas pela Rádio TV Série A.A emissora oficial do Campeonato Italiano entrevistou o técnico do Real Madrid, e o diário espanhol AS publicou as respostas.Surpreendeu-me essa posição de Ancelotti, já que o italiano de 64 anos será, de acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o treinador do Brasil a partir da metade do ano que vem.Ancelotti, que nunca declarou que assumirá a seleção brasileira, assim disse em outro questionamento, a respeito do andamento de sua carreira: "Ainda me divirto. Adoro trabalhar todos os dias com os jogadores e encontrar novas soluções para a equipe".A equipe em questão é o Real Madrid, com a qual ele tem vínculo até a metade de 2024. Por enquanto, não há notícias sobre uma possível renovação, o que dá à CBF algum crédito em seu discurso sobre a vinda de Ancelotti.A grande questão, com base nessas afirmações do italiano, gira em torno dos trechos "no dia a dia" e "todos os dias".Ancelotti frisa gostar muito desse cotidiano, porém só se consegue estar com os jogadores nessa frequência –seja em treinos, seja em concentrações, seja em viagens, seja em jogos– o técnico de clube.Quem treina uma seleção possui um trabalho completamente diferente.O convívio com os atletas nos treinos é reduzido, restrito a dois ou três dias antes das partidas oficiais ou amistosas, e isso em um intervalo de dois ou três meses.De resto, muita observação, a fim de escolher os convocados para os jogos, e muito estudo, dos adversários e das estratégias a serem aplicadas nos confrontos.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Se Ancelotti não aprecia uma rotina assim, qual o sentido de aceitar comandar uma seleção, sendo que tem as portas abertas para o time que quiser, devido ao excelente currículo (é o maior vencedor da Champions League, com quatro títulos)?A resposta é: não faz sentido. Tanto que, desde que começou a carreira de técnico, quase 30 anos atrás, ele dirigiu dez clubes –passando por Itália, Inglaterra, França e Alemanha–, mas jamais uma seleção.Ok, não é uma seleção qualquer, é a do Brasil, a única pentacampeã mundial, com Neymar e companhia. Quem não quereria?Bom, Muricy Ramalho, que no fundo até queria, não quis em 2010 –convidado, optou por honrar seu contrato com o Fluminense, em época que não era viável dividir o comando do clube e da seleção, como ocorre hoje com o interino Fernando Diniz.O discurso de Ancelotti pode ter também o objetivo de dissimular, de "jogar para a torcida", no caso a do Real. Ele sabe que, se disser que está apalavrado com a CBF (supondo que esteja), virará alvo dos fãs da equipe merengue a cada resultado que não seja a vitória.O treinador, na entrevista ao veículo italiano, reforçou seu compromisso com o Real ao afirmar, em pergunta sobre o futebol da Arábia Saudita, para onde estão migrando técnicos e jogadores famosos: "Não recebi ofertas diretas. E, como todos sabem, estou bem aqui [em Madri]". Contudo, mesmo enfatizando seu comprometimento com o Real, Ancelotti não negou que possa vir a ser o comandante da seleção brasileira.Foi inclusive hábil ao driblar, meio que brincando, o questionamento a respeito do assunto, citando o colega de profissão Luciano Spalletti, novo técnico da Squadra Azzurra, e dando ponto final à entrevista."Uma final [de campeonato] entre a Itália de Spalletti e o Brasil de Ancelotti?... Esta foi uma bela entrevista, até logo."
2023-08-25 07:02:00
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Em feito inédito no país, engenheiro completa 365 maratonas seguidas em um ano
Agora falta pouco. No próximo dia 27 de agosto, um domingo, o engenheiro Hugo Farias vai completar sua 365ª maratona consecutiva. Ele será o primeiro brasileiro a correr 42 km todo santo dia, sem falhar, durante um ano.Conversei com o Hugo quando o projeto ainda estava nas primeiras semanas, e retomei o papo a poucos dias da sua conclusão. Cinco quilos mais magro, visivelmente mais forte e com o rosto bastante queimado pelo sol, Hugo fala com tranquilidade sobre a sua jornada.Ele considera o projeto um sucesso, mas faz ressalvas. Sem ressentimento, mas um pouco decepcionado, conta que não conseguiu atrair os patrocínios e apoios que esperava. "Ano de eleições e Copa do Mundo é mais complicado para obter verbas de patrocínio", explica. Ele conta que, com exceção de apoios esporádicos, passou os últimos 12 meses com recursos próprios.Vida que segue, um dia depois do outro.Hugo já planejou os seus próximos passos. E eles não serão percorrendo distâncias olímpicas calçando um par de tênis. "Quero escrever um livro e fazer palestras contando um pouco do meu aprendizado durante esse ano". O desejo de transformar o estilo de vida em uma forma de sustento segue firme, mas não é inegociável. "Se precisar, volto para o mundo corporativo, não tem problema".Hugo lembra com carinho dos momentos mais difíceis da jornada, quando teve problemas físicos e precisou andar, em vez de correr. "Nas redes sociais, não falei sobre isso, não reclamei, e segui cumprindo minha meta de percorrer uma maratona". Ele não falou, mas os moradores de Americana (SP) que acompanham diariamente sua jornada perceberam, e daí veio uma onda de solidariedade. "As pessoas me viam andando e passaram a caminhar comigo. Era um exercício acessível para muitas delas, mais do que a corrida. Foi o período mais difícil, mas também o que tive mais apoio".Sem dar detalhes, Hugo também admite que o projeto abalou a rotina familiar. "Minha mulher sempre me apoiou, mas tinha receio sobre as incertezas do projeto". Por isso, ele já tem planos para quando não precisar correr uma maratona diária. "Minha esposa e eu já estamos com viagem marcada. Vamos ficar só nós dois, sem as crianças, por uma semana. Merecemos esse descanso".Abaixo, veja os principais pontos da entrevista com Hugo Farias.Você entrou engenheiro, fez um sabático para buscar um propósito. Quem é o Hugo que sai desse projeto?Eu entrei como um sonhador, depois de 22 anos trabalhando no segmento privado, resolvi fazer algo de impacto para inspirar outras pessoas. Me joguei nesse projeto. Você nunca sabe o que vai acontecer. Montei uma equipe multidisciplinar e mergulhei de cabeça. Saio mais fortalecido, física e mentalmente. Mostrei que pessoas comuns podem fazer coisas incríveis. É um projeto que vai além da corrida, fala de determinação, perseverança. Acho que consegui passar muitas mensagens através da minha corrida.Agora quero escrever um livro para contar detalhes sobre essa jornada. Pretendo fazer palestras, falar sobre a experiência.E que balanço você faz? Estou muito feliz com o resultado. Sair do zero e de repente me lançar ao desconhecido e através do projeto conseguir atenção da imprensa, conseguindo inspirar pessoas.Eu tinha expectativa de conseguir patrocínios e só consegui um, com valor simbólico. Consegui apoio de empresas locais, e alguma ajuda maior para a maratona final.Esperava ganhar mais, mas com o tempo percebi que o mercado não funcionava desse jeito. Eu tinha recursos para ir até o fim com o que tinha reservado para o projeto. E se eu precisar retornar para o mercado de trabalho, eu retorno. Paciência. De qualquer forma, para as próximas, pretendo ter mais tempo para estruturar os projetos e os patrocínios.Qual foi o momento mais difícil dessa jornada? A lesão na virilha depois de 150 maratonas. Eu estava na praia, de férias com a família, e fui correr na areia, com ondulações e irregularidades naturais para esse tipo de piso. Nove maratonas depois a dor chegou para valer, tive que caminhar, sentia dificuldade até para andar. Acionei a equipe médica. A recomendação era parar, mas eu não podia me dar a esse luxo. Caminhei por 5 dias consecutivos. Passei a fazer a maratona em 8, 9, 10 horas. Levei um mês para voltar a correr 100%.E como ficou a relação com sua família durante o projeto? Sem dúvida, o mais difícil é o dia a dia com a família. Havia muitas dúvidas. Minha esposa, meus pais e meus sogros. Incerteza em relação a patrocínio. Só que, se eu adiasse, talvez eu nunca fizesse. No início, minha esposa tinha uma resistência, principalmente financeira. Mostrei que tinha os recursos e que daria para tocar o projeto. Eu sempre apoiei as decisões da vida dela, e agora eu precisava do apoio dela.E depois do desafio? Chega de corridas? Eu não me vejo parando de correr. Devo reduzir o volume para algo como 70 km por semana. Logo depois pretendo descansar, tirar umas férias merecidas. Tenho uma viagem marcada com a minha esposa, só eu e ela. E daí vou ter tempo para escrever meu livro e pensar nos próximos passos.Tem algum momento que você se lembre com carinho durante essas 365 maratonas? Na hora da lesão, quando eu caminhava, apareceram muitas pessoas para andar ao meu lado. A caminhada é mais acessível que a corrida, e isso motivou pessoas novas a me acompanhar. Nunca tive tantas companhias. Foi especial.O que você aprendeu nessa jornada e pode ensinar para quem pretende correr uma maratona? Acredite no processo, naquilo que o treinador pede. Tenha disciplina na execução. Respeita o processo porque ele é importante para você chegar bem condicionado.Cuide da alimentação. Esse é o combustível do seu corpo. Quanto melhor a qualidade do alimento, mais longe você vai. Recomendo para quem puder, tenha um nutricionista.Beba muita água. Antes, durante e depois. Quem não bebe água, quebra. A água ajuda inclusive na hidratação.Sono também é treino. Durma bem.Fortalecimento é fundamental, tanto de membros inferiores quanto superiores.No dia da prova, divida a maratona em pequenas distâncias. Geralmente fatio em 4 pedaços de 10 km. Assim você comemora as pequenas vitórias durante o percurso.
2023-08-25 07:00:00
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É conhecida a frase de Deng Xiaoping, o líder que abriu a porta para a China transformar-se na segunda maior economia do mundo, conforme a qual a cor do gato era irrelevante se ele fosse eficaz na função de caça ao rato.Tratava-se da adoção de relações capitalistas por uma ditadura comunista —um híbrido que favoreceu a ascensão do PIB chinês a partir dos anos 2000.Foi naquele contexto que surgiu o Bric, acrônimo para países cujos pontos em comum eram as vastas dimensões territoriais, o potencial econômico e a inclinação a desafiar a hegemonia americana. A Brasil, Rússia, Índia e China somou-se depois a África do Sul e o S do primeiro nome do país em inglês.Pouco de concreto, contudo, foi levado adiante em 14 reuniões de cúpula até 2019. Um dos poucos instrumentos reais criados, o banco hoje liderado por Dilma Rousseff, tem sua liquidez questionada.Mas o mundo mudou com o acirramento da disputa entre EUA e China, a crise provocada pela Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia.Ganhou força a ideia de reinvenção do Brics, que agora culmina no anúncio da expansão do clube a partir do convite a seis países em seu 15º encontro.Aqui valeu a teoria de Deng, ao menos na escolha das monarquias absolutistas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, riquíssimas. Felinos mais questionáveis são a Argentina em crise, a alquebrada Etiópia, a ditadura militar do Egito e a teocracia do Irã.Se não importava a coloração política, faltou definir o sentido de negócios nessas últimas escolhas. Fica bastante difícil dissociá-las da mensagem que se pretende passar ao Ocidente liderado pelos EUA.Afinal, a desdolarização está na ordem do dia, e a Rússia está em guerra contra um país armado pelo Ocidente. Os presentes à cúpula negaram antiamericanismo e, ao fim, não romperão laços comerciais com Washington. De todo modo, Pequim sai em posição de força.Para o Brasil, em papel secundário consideradas as ambições de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pode haver oportunidades, mas isso depende do rumo que essa versão ampliada dos Brics tomará. Seu único tento marcado, a inclusão da Argentina no pacote, está à mercê da sucessão presidencial no vizinho turbulento.Fica para análise futura o caso da emergente Índia, verdadeira equilibrista ao ser aliada dos EUA, amiga da Rússia e rival da China ao mesmo tempo em que divide cadeira no Brics com Xi Jinping.Entusiastas somam PIBs para vislumbrar um bloco eficaz, mas tendem a ignorar que gatos não raro disputam o mesmo rato.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-24 22:00:00
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Opinião
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