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Cristãos conservadores interrompem show de drag queens no Líbano
Um show de drag queens na capital libanesa, Beirute, foi interrompido na noite de quarta-feira por uma multidão enfurecida de cristãos conservadores gritando cânticos homofóbicos, de acordo com uma testemunha da Reuters e participantes.O show, apresentado por duas artistas drag libanesas conhecidas como Latiza Bombe e Emma Gration, foi apresentado em um bar em Beirute conhecido por ser um espaço seguro para pessoas LGBTQIA+.Mas logo após o início, os dois apresentadores, vestindo collant preto e totalmente maquiados e com perucas, encerraram o show mais cedo, depois de serem alertados de que homens furiosos estavam se aproximando do local."Estamos aqui, existimos e ninguém vai nos silenciar. No entanto, às vezes, para continuar fazendo o que estamos fazendo, temos que fazer isso com inteligência. Infelizmente, temos que encurtar o show", disse Emma Gration no palco.A dupla e um grupo de participantes correram para o vestiário quando um grupo de homens pôde ser ouvido se reunindo do lado de fora do local, cuspindo e gritando que estavam "enojados" com o evento, de acordo com uma testemunha da Reuters que estava com eles.O grupo se escondeu por cerca de 40 minutos, durante os quais os dois performers retiraram a maquiagem e os cílios postiços para se misturar ao público caso o grupo conservador invadisse o local.Os participantes partiram em segurança depois que as forças de segurança finalmente chegaram e dispersaram a multidão.Imagens postadas online do lado de fora do mesmo local na quarta-feira mostraram homens se identificando como "os Soldados de Deus", um movimento cristão anti-LGBT no Líbano.
2023-08-24 22:13:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/cristaos-conservadores-interrompem-show-de-drag-queens-no-libano.shtml
Por um pacto em defesa da juventude preta, pobre e periférica
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022 foram registradas 47.508 mortes violentas intencionais no país. Quando resultantes de intervenção policial, 99,2% são homens, 83,1% negros e 75% com idades entre 12 e 29 anos. Em 2021, a quantidade de presos era de 820.689 e subiu para 832.295 no ano passado. Dos encarcerados, 43,1% têm até 29 anos e 68,2% são negros. A estes somam-se os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio fechado que, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, eram 13.684 em 2021 —95,5% meninos.Para além da trágica perda de vidas humanas, as mortes desses jovens impedem o pleno desenvolvimento econômico do país. Relatório do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de 2014 informa que os gastos com segurança foram de US$ 91 bilhões —3,78% do PIB. Apresenta ainda cálculo demonstrando que, para cada homicídio de jovem de 13 a 25 anos, perdem-se cerca de R$ 550 mil, e os ocorridos entre 1996 e o início da pesquisa causaram perda cumulativa de capacidade produtiva superior a R$ 450 bilhões. Já os custos com o encarceramento, segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de 2022, indicam que cada prisioneiro custa em média R$ 1.800 mensais aos cofres públicos —quatro vezes os R$ 470 investidos pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para formar alguém como cidadão e qualificá-lo profissionalmente.A "juventude PPP" (preta, pobre e periférica), contudo, não é um problema, é a solução. Trata-se de um contingente populacional significativo, em pleno vigor laboral, com imenso potencial de produção de riqueza, ciência, cultura e pensamento que está sendo desperdiçado pela nação. Os programas Juventude Viva, ProJovem, Pronasci, o Sistema Nacional de Juventude e Escola em Tempo Integral são importantíssimas iniciativas do atual governo, mas insuficientes para superar tamanha violência institucional e sistêmica.Assim, em sintonia com o projeto de reconstrução e pacificação do país, e em busca de enfrentamento dos problemas estruturais que vitimizam essa juventude, é que estamos propondo um grande debate para a criação de um Pacto Nacional em Defesa da Juventude Preta, Pobre e Periférica, nos moldes da Campanha Contra a Fome da década de 1990. Para tanto, compreendemos que seria necessário:1 - criação, por iniciativa do governo federal, de um Comitê Nacional de Enfrentamento ao Extermínio da Juventude Preta, Pobre e Periférica, com participação dos três Poderes da República, dos três níveis de governo e da sociedade civil organizada;2 - ampliação e unificação dos programas de concessão de ajuda financeira a alunos do ensino médio, a serem escolhidos dentre os beneficiados pelo Bolsa Família, sob a condição de contrapartidas, rumo a uma espécie de Prouni para esse segmento. Mais Para a efetividade desse novo programa, todavia, os valores a serem disponibilizados precisariam ir além do socorro emergencial para combater a insegurança alimentar, pois o objetivo seria "disputar" esses jovens com o trabalho informal, mal remunerado e, em especial, evitar a cooptação pelo crime organizado.Compreendemos que frear a evasão escolar, proporcionando-lhes educação de qualidade e condições para que vivenciem a adolescência com plenitude, dará mais tempo para o amadurecimento e formação de uma mão de obra que, ao ingressar no mercado de trabalho, estará mais qualificada e madura, aumentando, portanto, a produtividade. Mais Os valores a serem investidos para implementar um programa dessa natureza são altos, mas não proibitivos, considerando a relação custo-benefício. Seu sucesso, contudo, dependerá do nível de engajamento de todos os atores citados acima, e por isso o ponto de partida seria esse pacto, que se nortearia pela preservação da maior riqueza que um país pode possuir: o segmento da população que se destaca pela capacidade de produzir a riqueza material e imaterial, a ser apropriada —de preferência de maneira igualitária— pelo conjunto da população.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-24 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/por-um-pacto-em-defesa-da-juventude-preta-pobre-e-periferica.shtml
Conheça Souto MC, rapper que resgata sua cultura ancestral indígena
Na efervescente cena do rap nacional, em que vozes clamam por representatividade, surge uma artista cuja trajetória é marcada por sua autenticidade e trânsito entre territórios e diferentes ritmos. Souto MC, com uma década de caminhada, não apenas domina as rimas e batidas, mas também tece sua identidade pessoal e ancestralidade indígena em cada verso. Aos 28 anos, sua jornada artística é uma mescla de influências, resgate cultural e um chamado à mudança social.Caroline Souto —nome de batismo da rapper— que nasceu no bairro da Penha, na zona leste paulistana, teve seu primeiro contato com o hip-hop logo na infância. Por sua família ser extremamente movida pela música, Souto não se prendeu aos flows, e seu caminho pela música passa pelo samba. "O samba é um senhor mais velho e muito mais experiente dando conselhos ao rap", afirma a rapper.Mas foi Itaquaquecetuba, cidade da Grande São Paulo, aos 15 anos, onde Souto deu vida à sua primeira letra de rap. Foi nesse ponto que ela mergulhou no universo do movimento e começou a se conectar com outras mentes criativas. Dexter e Racionais eram apenas o início de grandes nomes que a rapper tem como referência. Lauryn Hill, Queen Latifah e Missy Elliot também fizeram a cabeça da cantora e são referências até hoje.Vale lembrar que Souto é descendente dos cariris, povo indígena que teve origem no Ceará, terra natal de seus pais, e que migrou para outros territórios do país. A rapper não apenas se reconecta com suas tradições e saberes, mas também busca aprender com outras comunidades indígenas. Sua jornada no rap agrega a diversidade cultural brasileira.Souto deu seus primeiros passos no rap nacional com o lançamento da música "Redenção", de 2014, e solidificou sua identidade com a faixa "Psicosouto", que apresentava rimas agressivas e técnicas. Um ponto crucial em sua trajetória foi sua participação na apresentação "Machocidio", em que dividiu espaço com Luana Hansen, Sara Donato e Jupi77er. Essa obra reforçou sua postura ao denunciar o machismo presente na cultura hip-hop. Mais Questões mais intimistas passaram a ficar cada vez mais presentes em sua arte. Em "Ressurreição", por exemplo, ela deixa ainda mais evidente sua ascendência indígena e os traumas por estar afastada de sua ancestralidade.O álbum "Ritual", de 2019, alimenta ainda mais essa relação de Souto com sua ancestralidade indgena. "O nome 'Ritual' surgiu de repente, substituindo o anterior devido a acontecimentos inesperados na minha vida. ‘Ritual’ é belo e intuitivo, captando bem a essência do disco com força e simplicidade."Não são apenas beats que rondam o universo de Souto, a artista carrega uma variedade de influências musicais como instrumentos usados na música negra e indígena; incluí-los no seu disco era um desejo óbvio. Sua afinidade com esse som é constante e uma fonte de inspiração.Ser uma MC independente em um cenário tão predominantemente masculino torna a jornada da Souto ainda mais desafiadora. No entanto, não são somente as questões relacionadas ao machismo que complicam a trajetória da cantora. "Minha principal dificuldade envolve aspectos financeiros e emocionais. Lido constantemente com sucessos e decepções. Para artistas independentes, cada pequeno passo é uma grande vitória, mas também precisamos gerenciar as frustrações."O resumo dos dez anos de carreira é de muito trabalho, dor e mostras que ocupar o empoderamento étnico em seus versos deu resultado e trouxe ainda mais corpo para sua carreira."Todos os dias da minha vida, ao longo desses dez anos, me dediquei para transformar meu rap em realidade, para fazer com que meu trabalho se tornasse algo do qual eu pudesse me orgulhar. É um trabalho incessante, todos os dias, 24, 48 horas. Muitas lágrimas, algumas de alegria e outras de tristeza, mas seguimos. Mas, afinal, o hip-hop educa muito. Então, para mim, essa educação é o que me formou e o que me forma todos os dias."Souto ainda tem trabalhos potentes para serem lançados. Um single com produção artística de Emicida e o show de comemoração de dez anos de carreira no Sesc Pompeia, no dia 31 de agosto.
2023-08-24 19:40:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sons-da-perifa/2023/08/conheca-souto-mc-rapper-que-resgata-a-cultura-ancestral-indigena-dos-cariris.shtml
Uso de farda por Mauro Cid em CPI compromete Forças Armadas, opina leitor
Farda "Cid vai fardado a CPI, fala em atuação militar com Bolsonaro e silencia em perguntas" (Política). Como disse o grande historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, recentemente falecido, o desastre do governo Bolsonaro tem a cor verde-oliva. Ao portar a farda do Exército, Mauro Cid não só compromete as Forças Armadas, como também comprova seu DNA golpista. Fernando Hintz Greca (Curitiba, PR)Não precisa falar nada, senhor Cid, o seu celular já deu tudo "de graça". Acho uma perda de tempo essa nova convocação. Só serve para alimentar as manchetes. O que mais interessa é que a Justiça siga direitinho com o devido processo legal e prenda o mentor. Dinalva Rosa Maurício (São José dos Pinhais, PR)Jair Renan "Filho 04 de Bolsonaro, Jair Renan é alvo de operação e chamado de ‘comparsa’" (Política). Ele disse "estar tranquilo". Conhecem alguém que esteja sendo investigado que não esteja tranquilo? Os médicos deveriam prescrever isso para os ansiosos: investigação da polícia e dois copos de água com açúcar. Paulo Cesar Cruz (Rio de Janeiro, RJ)Golpe "Aposentados do INSS recebem carta oferecendo revisão da vida toda, que está parada na Justiça" (Mercado). O golpe vem de qualquer forma, pelos estelionatários ou pelo governo. Os aposentados estarão sempre no fogo cruzado. Antônio Sanches (Barueri, SP)Dubai brasileira "Quitinete de 33 metros quadrados na ‘Dubai brasileira’ custa R$ 1,6 milhão" (Mercado). Daqui a 20 anos, será um cemitério de prédios encalhados. Praia minúscula, suja, ruas apertadas, sem sol. Nunca colocaria um centavo lá. Ranulfo Felix Júnior (Piracicaba, SP)Deslocamento custoso "36% dos brasileiros passam mais de 1h por dia no transporte" (Cotidiano). Para os estados, compensa ter um transporte ruim, pois isso beneficia a indústria automotiva. Porém, perdemos capacidade de produção. O trabalhador já chega exausto física e mentalmente ao trabalho. É um problema que nenhum estado quer resolver. Sem contar o forte lobby contra os transportes públicos no Congresso. Maurício Alves (Águas Lindas de Goiás, GO)Sinusite e poluição "Atendimentos por sinusite crescem mais de 90% no estado de São Paulo" (Cotidiano). Eis o resultado da volta para os escritórios e a consequente volta dos congestionamentos. Poluição de ar (ou particulado fino) em níveis alarmantes, a variável mais oculta da cidade de São Paulo. A era do automóvel tem que ser encerrada. Carros deveriam ser impedidos de circular nas metrópoles salvo pela posse de permissão específica, e a quantidade de ônibus circulando tem que quintuplicar. Só assim recuperaremos o nosso ar, os nossos ouvidos, o nosso fluxo de movimento e os espaços de convívio público. Danilo Lessa Bernardineli (Ariquemes, RO)Brics expandido "Expansão do Brics é ‘sem critérios’ e pode prejudicar Brasil, diz criador do termo" (Mundo). O critério inicial foi ideológico e meio fraco: similaridade por ser emergente. Agora o critério está evoluindo para algo muito mais nobre, uma nova maneira de ver e participar do mundo com multilateralismo. O Brics agora precisa mudar de nome, para algo que represente melhor a causa social, ambiental e humanitária que buscam. Eduardo Giuliani (São Paulo, SP)Parabéns à Folha pela ótima cobertura da cúpula do Brics, porque certa mídia diz que ele não existe. Desde Colombo até hoje os povos de culturas chinesa, hindu, islâmica, russa e povos das Américas são considerados introvertidos, estáticos. Mas agora dispõem de tecnologia e força suficientes para se imporem como iguais. Pedro Portugal (Belo Horizonte, MG)Barretos "Peão é internado após ser pisoteado por touro em montaria na festa de Barretos" (Cotidiano). É necessário terminar com essa crueldade com os animais. Esse é um sinal de que já chega. Carlos Frederico Ferreira Vittorazzi (Ribeirão Preto, SP)Humor "Religiosos da Ciência" (Flávia Boggio, 24/8). Sem enveredar pelo negacionismo, Flávia Boggio elabora brilhante crítica ao cientificismo radical, e consequentemente reducionista, da grande bióloga Natália Pasternak em seu novo livro. Sou pautado pela visão científica e nada religioso, mas penso que os cientificistas radicais devem ser mais humildes, lembrando que a ciência não consegue explicar 95% da composição do universo. Jonas Nunes dos Santos (Juiz de Fora, MG)Parece que a roteirista fica incomodada com a ciência. Sérgio Luiz Zandoná (Cascavel, PR)Pedaladas A Justiça por unanimidade decretou a inocência da ex-presidente Dilma Rousseff nas tais pedaladas fiscais, que serviram de pretexto para o golpe que a afastou. É uma reparação histórica para a primeira mulher que galgou a presidência da República, primando pela lisura e honestidade. Pena que seu mandato tenha sido ceifado com base numa mentira. Sylvio Belém (Recife, PE)As pedaladas de Dilma em 2016 foram perdoadas devido a uma alteração da lei em 2021. É o "perdão retroativo". Muda a lei hoje, perdoam-se os malfeitos de ontem. Isso também vale para cidadãos comuns? Rubens Sayegh (São Paulo, SP)
2023-08-24 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/uso-de-farda-por-mauro-cid-em-cpi-compromete-forcas-armadas-opina-leitor.shtml
Cinco motivos por que bacon é melhor que amor verdadeiro
No dia 31 de agosto comemora-se o Dia do Bacon, uma quase unanimidade entre os carnívoros e que deixou seu papel de coadjuvante para assumir o protagonismo nas receitas. Hoje a gente encontra maionese de bacon, sorvete, brigadeiro e até Negroni e outros drinques aromatizado com ele. Abaixo, algumas dicas de onde se deliciar com essa iguaria - e de quebra, uma receitinha de geleia.Bacon sabor pastel com caldo de cana? É isso mesmo. A Seara Gourmet vai vender Bacon Hits no The Town 2023 com toppings inspirados na culinária de São Paulo. "Bacon Hits Street Market", inspirado no pastel com caldo de cana traz diminutos pasteizinhos de vento com melado de cana, enquanto o "Bacon Hits SP Edition" traz os sabores do "Virado à Paulista" com um molho de bisteca finalizado com couve crispy. As versões que fizeram sucesso no Rock in Rio, como o "By Claude", o American Cheese e o French Caramel também estarão disponíveis no The Town. Os preços variam de R$ 20 (Naked Bacon com 10 unidades) a R$ 22 (demais sabores com 6 unidades). O festival The Town 2023 acontece nos dias 2, 3, 7, 9 e 10, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.Sete toneladas de bacon com sorvete! Essa é a aposta da The Best Açaí, que lança o sorvete Chocobacon no dia 31 de agosto. O sabor foi criado em uma collab entre a Gracco Burger, franquia paranaense que também faz parte do Grupo The Best e a The Best Açaí, e reúne a doçura e o sabor do chocolate com a crocância e o salgadinho do bacon. O sabor estará disponível, por tempo limitado, nas 250 unidades da rede espalhadas pelo país.A rede de lanchonetes Cabana Burger fez uma parceria com o canal Podpah e o humorista Diego Defante para lançar o Rango Burger. O novo lanche é preparado com pão da casa, búrguer de 160 g, queijo cheddar, maionese de bacon, cebola caramelizada com bacon crocante e bacon da casa. É bacon que não acaba mais, rs. Custa R$ 42 e já está disponível para consumo nas lojas ou pedidos pelo delivery. Mas corra porque a novidade ficará disponível por tempo limitado.Tem também o bacon para beber! Sim, o Kia Ora, ponto de encontro no Itaim para quem curte som ao vivo, sugere no Dia do Bacon o seu Down Under (R$48). O coquetel combina whiskey Jack Daniel’s, mel defumado, bitter de tabaco e bacon, uma combinação de sabores potentes, com doce, salgado, amargo, defumado, mas equilibrada. O Kia Ora fica na Rua Dr. Eduardo de Souza Aranha, 377, Itaim Bibi. Telefone: (11) 3846-8300.Para fechar essa celebração antecipada do Dia do Bacon, segue a receita da geleia de bacon elaborada pelo chef e CEO da B.Cup!, Willians Tadeu, que criou essa belezura para acompanhar as porções de fritas estilo belga do seu cardápio.Galeia de baconIngredientes • 200g de bacon em cubos • 1 cebola média picada • 1 dente de alho picado • ½ xícara de açúcar mascavo • ¼ xícara de vinagre de maçã • ¼ xícara de água • 1 colher sopa suco de limão • 1 colher de chá de pimenta em pó • Pitada de salModo de preparo 1. Em uma frigideira, frite o bacon até ficar crocante. Retire da panela e reserve. 2. Na mesma frigideira, refogue a cebola e o alho até ficarem dourados. 3. Adicione o açúcar mascavo, o vinagre de maçã, a água, o suco de limão e a pimenta em pó e misture bem. 4. Em seguida, acrescente o bacon reservado e cozinhe em fogo baixo por cerca de 20 minutos, mexendo ocasionalmente, até obter uma consistência de geleia. 5. Retire do fogo e deixe esfriar. Transfira para um pote esterilizado e guarde na geladeira.
2023-08-24 18:32:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/marcelo-katsuki/2023/08/cinco-motivos-por-que-bacon-e-melhor-que-amor-verdadeiro.shtml
'Gracias, Lula', repetem argentinos nas redes após entrada no Brics
O anúncio da entrada da Argentina nos Brics gerou entusiasmo entre os internautas "hermanos" e levou o nome do presidente Lula (PT) aos termos mais comentados entre os argentinos no X, antigo Twitter. O nome do petista apareceu em mais de 150 mil publicações, segundo monitoramento do site trends24. Muitas delas saudavam o líder brasileiro com a expressão "Gracias, Lula", ("Obrigado, Lula", em espanhol).O presidente foi um dos defensores da inserção de Argentina e Arábia Saudita no grupo originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Também foram convidados a integrar o bloco nesta quinta-feira (24) Emirados, Irã, Egito e Etiópia."Éramos chamados de Terceiro Mundo, agora somos chamados de Sul Global. Obrigado, Lula!", publicou um usuário. "Você é mais argentino que muitos por aqui", elogiou outro.Alberto Fernández, o presidente argentino, também publicou o seu agradecimento ao apoio do brasileiro.Muitos usuários compartilharam uma bandeira fictícia dos Brics, com a bandeira da Argentina já integrada e a sugestão de um novo nome para o bloco: "Bricsa".A reação positiva, entretanto, não foi unânime. Houve críticas por parte de algumas personalidades, como a presidenciável Patricia Bullrich, da oposição de direita. "O presidente, que está numa situação de enorme fragilidade e sem exercer seu cargo, acaba de comprometer a Argentina com a adesão aos Brics, no momento em que a guerra está ocorrendo na Ucrânia e junto ao Irã, país com o qual temos uma ferida aberta", disse ela após o anúncio. A relação entre Argentina e Irã é marcada por um atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, que matou 85 pessoas e deixou centenas de feridos. O ultraliberal Javier Milei, candidato favorito nas prévias argentinas, afirmou em uma entrevista recente que não faria negócios com a China, membro do bloco, nem "acordos com comunistas". No X nesta quarta, ele repostou o tuíte de outro usuário, que reproduzia sua fala em evento do Conselho das Américas: "Nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Essa é a nossa política internacional". No Brasil, o assunto também ficou no topo da parada do X — sendo o termo "Brics" mencionado mais de 600 mil vezes. A reação aos novos convidados, porém, foi mais ácida. Internautas fizeram piadas sobre a situação econômica da Argentina e sobre o discurso político de Milei.Houve discussões sobre as possíveis mudanças no nome do bloco — que terá, caso queira adicionar as iniciais de todos os países, que lidar com muitas novas vogais.Usuários também debateram sobre o perfil político dos países convidados, que incluem estados denunciados por violações de direitos humanos e liberdades democráticas.Além de comentários descontraídos sobre o sonho de um torneio de futebol que unisse os talentos que jogam nos países do grupo.
2023-08-24 17:40:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/08/gracias-lula-repetem-argentinos-nas-redes-apos-entrada-no-brics.shtml
Odilon Moraes ilustra solidão e ausência em novos livros para crianças
Quem acompanha de perto a obra de Odilon Moraes sabe o que esperar quando o nome do ilustrador aparece na capa de algum lançamento. Além da qualidade gráfica e de um estilo inconfundível, que brinca com o rascunho e incorpora as imperfeições dos esboços, seus livros com frequência apresentam personagens solitárias, muitas vezes tristes, com toques de melancolia e de algum desconsolo."Existe dificuldade de falar sobre tristeza para crianças. No universo adulto, se você quer profundidade, precisa ser triste. No mundo infantil, é o contrário. É como se a tristeza deturpasse a infância", disse o autor para este blog em 2016 (leia a entrevista aqui). Mais Isso faz com que leitores logo busquem entender como as novas histórias vão se encaixar no quebra-cabeça que é a obra completa do ilustrador. Mas, mais do que isso, por orbitarem um universo comum, os lançamentos também criam diálogos inesperados quando dois livros chegam às livrarias quase ao mesmo tempo. É o caso de agora, com "Lá Longe", que tem texto de Carolina Moreyra e edição da Pequena Zahar, e "Quando as Coisas Desacontecem", de Alessandra Roscoe e da editora Gaivota. No primeiro, a dupla Carolina e Odilon volta a propor um jogo literário que desloca os pontos de vista da narrativa e do próprio leitor —algo que já foi experimentado em outros títulos assinados por ambos, como em "Lá e Aqui", também no catálogo da Pequena Zahar, no qual a história pendula entre as duas casas da personagem principal, surgidas após a separação dos pais."Lá Longe" faz referência ao título de "Lá e Aqui", mas aprofunda as mudanças de perspectivas e desloca os olhares de maneira diferente. A obra tem início com uma ilustração em página dupla, em que vemos uma floresta e um tucano sobre a copa das árvores."Na mata, o tucano abriu os olhos e falou", diz o texto, deixando o suspense no ar. Ao virar a página, as cores se transformam, as matas desaparecem e somos sugados por um ambiente urbano, com um despertador. "Bom dia", traz agora o texto, num complemento à frase anterior.Esse vaivém se estende durante todo o tempo. Às vezes estamos nas matas, cercados por árvores, rios, jacarés e cervos. Mas, logo em seguida, somos jogados para dentro de um apartamento, na companhia de um menino solitário, que demora para acordar, toma longamente seu café da manhã e olha pela janela um emaranhado de prédios cinzentos e melancólicos.Então nos perguntamos —onde é lá e o que é longe, a mata ou a cidade? Até que o texto nos dá uma pista. "Lá longe, um menino olha... e sonha." Fechado na selva de pedra, o garoto imagina. Mas o quê? As árvores? Os rios? Um horizonte mais amplo? O fim das barreiras que o cercam? Mais É aí que entra em cena "Quando as Coisas Desacontecem", livro com ilustrações de Odilon Moraes e que também acaba de ser lançado. O texto de Alessandra Roscoe propõe uma série de reflexões poéticas e filosóficas a partir de uma mesma pergunta —"o que acontece com as coisas quando elas desacontecem?".Pode parecer uma dúvida estranha, mas rapidamente percebemos que a personagem põe contra a parede todas as nossas ausências e finitudes. A onda, quando desacontece, vira espuma. A nuvem, quando desacontece, vira chuva. E as pessoas, quando desacontecem, se tornam o quê?Os pensamentos se desenrolam sob a batuta das ilustrações de Odilon, que transbordam delicadeza. A partir dos desenhos, vemos a menina-personagem na praia, na companhia de seu cachorro e de um amigo, que de repente vai embora. Um jogo de cena com vaga-lumes amplia a potência visual, já que os insetos piscam e somem, acontecem e desacontecem, numa dinâmica de presença e ausência que serve de metáfora para a própria vida.Mas as conversas entre um livro e outro se dão de fato quando a garota de "Quando as Coisas Desacontecem" começa a questionar os sentimentos e nossos mundos internos, com reflexões sobre o medo e os desejos. A essa altura, ela diz que há "sonho que desacontece para ser vivido de verdade".Talvez essa seja a chave para o outro menino, o personagem de "Lá Longe", que sonha na janela. É preciso que a vontade dele desaconteça para que as matas de lá longe deixem de ser um sonho distante e passem a estar aqui, bem mais perto.
2023-08-24 10:52:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/era-outra-vez/2023/08/odilon-moraes-ilustra-solidao-e-ausencia-em-novos-livros-para-criancas.shtml
Dorival Caymmi é homenageado pelo filho, Danilo, em 'Viva Caymmi'
Acontece neste sábado (26), às 20h, no Blue Note São Paulo, a apresentação do espetáculo dramático musical "Viva Caymmi".Idealizado pelo compositor, cantor e arranjador Danilo Caymmi, em parceria com o diretor musical Flávio Mendes e o ator Nilson Raman, "Viva Caymmi" é uma homenagem a Dorival Caymmi (1914-2008).Durante 60 anos de sólida carreira, Dorival Caymmi compôs várias canções abordando hábitos, costumes e tradições do povo baiano, registrando-as em mais de 20 discos gravados. Vinte e uma dessas canções, e suas histórias, fazem parte do repertório de "Viva Caymmi".Entre as músicas figuram "Promessa de Pescador/Noite de Temporal de Pescador"; "A Jangada Voltou Só"; "O Vento/ A Lenda do Abaeté/ Saudade de Itapoã/ Pescaria/ O Mar"; "O Que É que A Baiana Tem"; "O Samba da Minha Terra/ Vatapá /Acontece que Eu Sou Baiano"; "Marina/ Nem Eu"; e "Maracangalha". Mais Danilo Candido Tostes Caymmi, 70, é o filho caçula de Dorival Caymmi com a cantora mineira Adelaide Tostes, que era conhecida como Stella Maris Caymmi (1922-2008). Após se casarem em 1940, a cantora deixou a carreira artística e teve três filhos: Nana, nascida um 1941; Dori, em 1943; e Danilo, em 1948. Todos ligados à arte de amealhar os sons.Danilo Caymmi iniciou seus estudos musicais aos 15 anos, tocando flauta antes de aprender violão com o irmão Dori. Cantor (barítono), compositor, flautista e arranjador, Danilo integrou a Banda Nova, de Tom Jobim (1927-1994), em várias turnês nacionais e internacionais, participando da maioria dos arranjos. Compôs trilhas sonoras para novelas e seriados de TV, além de participar de inúmeras gravações com artistas da MPB. Entre suas composições mais conhecidas, "Andança" e "Casaco Marrom" ocupam lugares de destaque.Bom espetáculo!ESPETÁCULO DRAMÁTICO MUSICAL ‘VIVA CAYMMI’ARTISTA Danilo CaymmiQUANDO Sábado (26), às 20hONDE Blue Note São Paulo - av. Paulista 2.073, São Paulo, tel. (11) 94545-1511QUANTO A partir de R$ 70
2023-08-24 10:36:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/08/dorival-caymmi-e-homenageado-por-seu-filho-danilo-caymmi-em-viva-caymmi.shtml
Centro de prevenções de doenças dos EUA pede que pessoas parem de beijar tartarugas
Um surto de salmonela tem afetado ao menos 11 estados dos Estados Unidos com 26 pessoas infectadas. E o motivo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, tem a ver com beijos que as pessoas têm dado em tartarugas.Segundo o Washington Post, das 26 pessoas, nove delas acabaram hospitalizadas em casos mais graves. Tartarugas com cascos com menos de dez centímetros de comprimento são uma fonte conhecida de doenças, conforme nota divulgada pelo órgão.Só nos Estados Unidos, por ano são registrados mais de 26 mil casos pela bactéria salmonela. Ela pode ser contraída por meio de ingestão de alimentos como massa de biscoito crua, farinha e carne, mas também pelo contato com animais e pessoas. Mais Os sintomas incluem diarreia, febre, cólicas estomacais, náuseas, vômitos e dores de cabeça e podem perdurar por até sete dias."As tartarugas de estimação não são recomendadas para crianças menores de cinco anos, adultos com 65 anos ou mais ou pessoas com sistema imunológico enfraquecido. Essas pessoas têm maior probabilidade de contrair doenças graves causadas por germes que as tartarugas podem carregar", disse o Centros de Controle e Prevenção de Doenças.As tartarugas podem liberar salmonela em seus excrementos e, com mais tempo, essa bactéria fica alojada nas conchas ou pele. Portanto, um beijo pode transmitir a doença a alguma pessoa.Além das tararugas, galinhas, patos e sapos são particularmente de alto risco para essa transmissão.
2023-08-24 09:30:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/centro-de-prevencoes-de-doencas-dos-eua-pede-que-pessoas-parem-de-beijar-tartarugas.shtml
Sobre saúde
A quem costumeiramente lê nossos textos pode parecer estranho que dois advogados e professores de disciplina instrumental, como é o processo civil, decidam escrever, ainda que o façam em poucas linhas, a respeito de tema que, aparentemente, foge de seu universo de interesse acadêmico. Esperamos que o artigo seja autoexplicativo.A saúde é assunto que interessa a todos quando pretendemos alcançar vida longa e saudável. Esse tema povoa o nosso imaginário e nos engaja na busca constante por fórmulas que nos garantam saúde e, consequentemente, longevidade. Mais Essa busca abrange, por exemplo, a identificação dos alimentos que nos fazem bem ou dos que ao menos não nos façam tão mal; a luta contra a ansiedade e outros flagelos que comprometem o sono; o esforço destinado a obtermos a disciplina férrea que é necessária para a prática regular de exercícios físicos etc.Mas saúde não depende apenas de fatores óbvios como nutrição balanceada, sono adequado e atividades físicas regulares. Embora de início essa possa parecer uma associação remota e improvável, não há dúvida de que saúde depende de saneamento, isto é, do acesso à água limpa e a serviços efetivos de coleta de esgoto.Em resumo: sem água, é impossível haver vida saudável.Do ponto de vista jurídico, esse tema está evidentemente ligado à dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, da Constituição). Por se tratar de desdobramento do direito à saúde, consiste, ainda, em direito que deve ser prestado em regime de universalidade (art. 196 da Constituição). Mais É certo que a reflexão a respeito desse assunto acaba sempre sendo orientada —quando não capturada— por critérios ideológicos, instaurando-se debate entre dois polos: os que veem o Estado como um ente onipresente e capaz de, sozinho, dar respostas a todas as grandes questões sociais; e os que, ao contrário, consideram necessário que empresas privadas possam, sob especial regime jurídico, prestar serviços à sociedade. Mas é preciso cuidado com a politização do debate, pois, relembre-se, o tema está ligado a nada menos que a dignidade humana.E aqui chegamos ao tema do saneamento de nossas cidades, com o conhecido e perturbador dado de que, em 2020, apenas 84% da população brasileira teve acesso à água tratada. Em números fica mais fácil: por esse indicador, algo próximo a 35 milhões de brasileiros estão fora desse serviço e, portanto, com a sua dignidade humana violada.Por outro lado, o Estado brasileiro não consegue, por absoluta falta de condições orçamentárias, prestar adequadamente serviços essenciais ligados à necessária e imprescindível garantia de higidez dos direitos fundamentais, como são os que dizem respeito à educação e à saúde, dentre outros de igual relevância para a sociedade. Mais Essa incapacidade é evidente nos mais de 5.000 municípios do país, aos quais a Constituição Federal incumbiu de prestar serviços essenciais, a despeito de baixa arrecadação tributária e constante dependência de recursos dos estados e da União. E foi a esses municípios que o Marco Legal do Saneamento atribuiu primordialmente a titularidade para a prestação do serviço de saneamento básico.Em razão dessa incapacidade econômico-financeira do Estado e do caráter deficitário da prestação pública de serviços essenciais, passou-se a permitir e até a incentivar a prestação de alguns desses serviços pela iniciativa privada. A ideia que está na base disso é bem simples: onde o Estado não consegue prestar serviço essencial adequado à sociedade, o próprio Estado chama, por meio de mecanismos legais apropriados, aqueles que, com capital privado, possam implementar ou manter tais serviços. Mais Nesse contexto e por fim, fica a seguinte questão, também provocativa: quem presta o serviço de tratamento de água e saneamento "mais e melhor", o Estado ou as empresas privadas? É conveniente e recomendável que os números resultantes da imensa aplicação de investimentos privados no setor sejam adequadamente analisados, a fim de que tomadas de posição de natureza meramente ideológica não prevaleçam sobre a necessidade de dar atendimento à garantia da dignidade da pessoa humana. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-23 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/sobre-saude.shtml
Ser e parecer
É positivo que esteja em votação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma resolução com o objetivo de restringir e disciplinar a participação de magistrados em palestras e eventos assemelhados.A norma, proposta pelo ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, veda práticas como o coaching, estipula teto para presentes que podem ser recebidos (R$ 100, exceto livros) e prevê um sistema eletrônico de monitoramento que registra as participações de juízes.As novas regras limitam, ainda, subvenções que entidades privadas com fins lucrativos podem fornecer a esse tipo de encontro.Por enquanto a resolução conta com dois votos favoráveis —e recebeu elogios da ministra Rosa Weber, que preside o CNJ e o Supremo Tribunal Federal. A votação, contudo, foi suspensa.Tem sido de resistência a reação de parcela significativa da magistratura diante de iniciativas que limitam suas interações com eventuais jurisdicionados. No caso em tela, a justificativa é a de que palestras, agrados ou presença em festas não afetariam a independência que o cargo de juiz exige.Como a proverbial mulher de César, juízes devem ser e parecer honestos. Seu comportamento deve contribuir para a credibilidade da instituição a que pertencem.A confraternização de magistrados com políticos e empresários que têm ou podem vir a ter vínculos com processos compromete princípios republicanos, como a separação entre público e privado e a imparcialidade do Judiciário.É natural, por exemplo, que a sociedade questione a presença de ministros do STF em encontro do grupo de empresários ligado ao ex-governador de São Paulo João Doria, em Nova York, no ano passado. Do mesmo modo, a proximidade dos magistrados com políticos e empresários no Fórum Jurídico de Lisboa, em junho último, afeta a imagem da corte.Será oportuno que o CNJ aprove a resolução —e que os ministros do Supremo, que não estão sob jurisdição do conselho, debatam regras do gênero.editotriais@grupofolha.com.br
2023-08-23 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/ser-e-parecer.shtml
Resta o mais difícil
Com atraso temerário, a Câmara dos Deputados concluiu em definitivo a votação da nova regra de controle dos gastos federais e da dívida pública. O texto seguiu para a sanção presidencial a pouco mais de uma semana do prazo final para a apresentação do Orçamento de 2024, que terá de seguir as metas e limites recém-estabelecidos.A demora da aprovação não se deveu a uma discussão mais aprofundada acerca do projeto, mas principalmente a querelas entre o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —que, se deseja maior protagonismo na agenda nacional, deve assumir também maior responsabilidade.Depois de quatro meses de tramitação legislativa, são bem conhecidos os méritos e as fragilidades do novo mecanismo, o terceiro instituído ao longo de 24 anos para conter a propensão das administrações brasileiras ao aumento contínuo das despesas.A regra mais duradoura foi a meta de resultado primário (receitas menos despesas, excluindo juros), adotada a partir de 1999 e nunca de todo abandonada, embora tenha sido desmoralizada ao final da gestão Dilma Rousseff (PT).Seguiu-se o teto de gastos inscrito na Constituição em 2016, que sofreu o impacto da pandemia —um evento extraordinário que exigia alta urgente e substancial de desembolsos— e da ofensiva eleitoreira de Jair Bolsonaro (PL).A regra que passa a vigorar agora reúne algo das antecessoras. Há um limite para a expansão da despesa, entre 0,6% e 2,5% ao ano, a depender da receita, e metas de resultado primário. De melhor, afasta-se o risco de descontrole; de pior, os saldos prometidos dependem de um salto improvável e indevido de uma carga tributária já exagerada.Podem-se notar no dispositivo, a depender do ponto de vista, tanto engenhosidade na formulação quanto um excesso de brechas para a imprudência fiscal. A partir de agora, entretanto, o debate teórico dará lugar à execução prática.O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a sua disposição ou poderá criar mais meios para driblar os limites de gastos e o cumprimento das metas. A prova dos noves da seriedade de sua política será a evolução da dívida pública, que não pode ser maquiada.O passivo governamental equivale hoje a 73,6% do PIB, um patamar excessivo para um país emergente. Pelas expectativas mais consensuais entre analistas, que já levam em conta a regra orçamentária, o percentual subirá continuamente nos próximos anos —o que ameaçará o crescimento da economia e o combate à pobreza.Tais projeções indicam que as metas fixadas pelo governo petista carecem de credibilidade, e os resultados observados até agora reforçam o ceticismo. Muito pior será se Brasília recorrer a artifícios de contabilidade criativa como abrir exceções para investimentos do PAC ou reclassificar precatórios.Já deveria estar claro que o controle efetivo da despesa é o caminho viável para o reequilíbrio do Orçamento. Resta, pois, o mais importante e o mais difícil.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-23 22:00:00
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CNJ vai investigar desembargador que apoiou Bolsonaro
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu nesta terça-feira (22) processo administrativo disciplinar contra o desembargador Gilson Soares Lemes, ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O magistrado permanecerá no cargo.A decisão foi tomada por maioria (9 a 6). O relator é o corregedor nacional Luis Felipe Salomão. A divergência foi aberta pelo conselheiro Richard Pae Kim, em sessão realizada em fevereiro deste ano.No final de sua gestão, Lemes inaugurou um escritório de representação do tribunal em Brasília. O local foi usado para fazer contatos políticos nos Três Poderes e lobby pessoal pela reeleição do então presidente Jair Bolsonaro. O desembargador aspirava ser indicado ao STF ou STJ.O conselho vai apurar as suspeitas de afronta à Lei Orgânica da Magistratura, à Lei de Licitações e ao Código de Ética da Magistratura.Quando Lemes deixou a presidência, o tribunal criou para ele a Superintendência Jurídica Institucional. A corte mantinha uma Superintendência de Relações com os Tribunais Superiores e com o CNJ.Salomão questionou o aluguel de imóvel em valores elevados. O escritório foi instalado em meio à pandemia, quando havia possibilidade de atuação remota.O relator levantou dúvidas sobre a dispensa de licitação para aluguel do escritório. "Não houve comprovação da economia alegada. Aparentemente, houve gastos de mais de R$ 100 mil com viagens", disse.O escritório foi fechado na véspera da sessão anterior. "O eventual fechamento não afasta a necessidade de apuração", afirmou Salomão.O corregedor não viu nenhum motivo para o tribunal mineiro ter uma sede, "ou uma ponta-de-lança, na capital federal", como sustentou a defesa de Lemes."Não é nenhum avanço administrativo. Ao contrário, é despesa desnecessária", disse Salomão. "Nenhum tribunal tem uma sede na capital federal."Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...O TJ-MG firmou contrato de R$ 607 mil com a CNC (Confederação Nacional do Comércio), com vigência de cinco anos. O Estado de Minas Gerais poderia ter cedido espaço ocioso no Edifício JK, próximo do escritório.O procedimento foi aberto pela antecessora de Salomão na corregedoria nacional, ministra Maria Thereza de Assis Moura, depois de uma inspeção no tribunal.A inauguração do escritório do TJ-MG em Brasília reuniu 30 desembargadores, juízes e servidores do tribunal; políticos, membros da OAB, das polícias Militar e Civil, do Exército e da Maçonaria.A instalação foi comemorada com jantar de confraternização no restaurante do Lago.Dos parlamentares na lista oficial, Eduardo Bolsonaro era o único que não pertencia à bancada mineira.Gilson Lemes e sua mulher, Aliny Kássia e Silva, fizeram campanha para Bolsonaro. Aliny participou de eventos eleitorais com a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a ex-ministra Damares Alves.Lemes, estava no palco da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) quando o governador reeleito Romeu Zema formalizou o apoio a Bolsonaro. A prática é vedada pelo CNJ.O advogado de Gilson Lemes, Walter José Faiad de Moura, sustentou no CNJ que o conselho tomou conhecimento da inauguração "porque todos foram convidados". "Foi tudo às claras", disse.Faiad afirmou que o CNJ deveria ter instaurado um procedimento de controle administrativo, pois "são atos contratuais" e estão imputando "uso político, uma presunção de má-fé".A procuradora do Estado de Minas Gerais Vanessa Saraiva de Abreu fez a sustentação oral em nome do tribunal, na sessão anterior.Ela disse que a presidência do tribunal exerceu competência privativa, de autogestão, após cuidadosa análise, examinando a compatibilidade dos preços com os parâmetros de mercado.A procuradora afirmou que o modelo se inspirou nos demais órgãos do governo de Minas Gerais que têm escritório em Brasília, entre eles a Procuradoria-Geral do Estado.Salomão disse que os escritórios dos órgãos mencionados pela procuradora "têm sua motivação, pois acompanham os processos nos tribunais superiores".
2023-08-23 22:11:00
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Não basta poupar para alcançar uma aposentadoria tranquila
Normalmente, quando se fala em aposentadoria, liberdade financeira ou independência financeira, cita-se como o primeiro passo fazer poupança. À primeira vista, o conselho parece muito adequado. Entretanto, essa sugestão faz com que a maioria das pessoas que começam, abandonem o que deveria ser o primeiro passo. Apenas quando se chega em idade mais avançada, é que se percebe que o primeiro passo foi deixado de lado.Costumo dizer que a melhor analogia para o controle de nossas finanças é como as finanças de empresas são realizadas.Então, imagine em uma empresa e alguém diz que o primeiro passo para se atingir os objetivos é vender. Será que isso seria o mais adequado? Qualquer nível de venda resolve? A venda de qualquer mix de produtos vai te fazer chegar ao objetivo? O que pode ser feito com os recursos da venda?O primeiro passo de qualquer jornada é o planejamento. Não se monta uma empresa sem um planejamento. Também não se inicia um plano para aposentadoria ou independência financeira sem um planejamento.Sem um plano, tudo é possível e nada é alcançado.Sem um plano, você não sabe quais seriam os produtos adequados a se investir, se está poupando o que deveria, ou se pode gastar parte do que poupou. Este último tópico é um dos maiores detratores dos planejamentos malfeitos. Tenho vários exemplos deles, mas vou contar que ocorreu no mês passado.Um indivíduo com um portfólio de aproximadamente R$ 1 milhão me disse: preciso trocar de carro. O valor do adicional se aproximava de R$ 150 mil. Ou seja, 15% do valor de seu patrimônio.Tenho certeza de que alguém aqui vai comentar: mas, guarda-se dinheiro para isso. Sim, parte do dinheiro deve ser usado para lazer, satisfações pessoais. Entretanto, apenas se essa despesa consta do plano.Sim, o planejamento financeiro vai incluir, além de suas despesas ordinárias, os objetivos intermediários como, por exemplo, viajar, trocar de automóvel e outras aquisições.Normalmente, os indivíduos que desejam satisfazer uma vontade de curto prazo justificam ela com o "Eu preciso ...", por exemplo, "Eu preciso viajar", "Eu preciso trocar o celular", "Preciso comprar outro imóvel" ou "Eu preciso trocar de carro". Você quer ou precisa? Por que precisa?Parece algo inocente gastar 15% de suas reservas em um bem. Afinal, para quem tem R$ 1 milhão, que mal faz compra um bom carro?Entretanto, essa atitude pode comprometer todo um plano para a aposentadoria.Imagine que esta pessoa que "precisava" adquirir um carro tivesse 52 anos e pretendesse se aposentar com 60 anos ganhando um adicional ao INSS de R$ 8,3 mil.Este indivíduo demorou 30 anos poupando R$ 1,25 mil para chegar à soma atual de R$ 1 milhão. Foram necessários mais de 15 anos de poupança para alcançar os R$ 150 mil iniciais.Esses R$ 150 mil seriam responsáveis por uma receita de R$ 1,15 mil mensais por 30 anos até atingir os 90 anos.Este é só um exemplo de como a ausência de um plano pode prejudicar e te levar, inocentemente, a tomar decisões erradas.Em um plano financeiro, será definido itens como objetivos de curto, médio e longo prazo, produtos mais adequados, faixas de retorno aceitáveis, restrições de risco, poupança necessária, despesas esperadas, dentre outros.Também não adianta construir um plano e não ter a disciplina de seguir, pois construir um plano financeiro é como construir uma estrada.Entretanto, assim como a existência de uma estrada não garante que você chegue a algum lugar se não a percorrer, o planejamento financeiro só vai te levar ao seu objetivo se você percorrer o caminho sem desvios. Mas, sem a estrada, dificilmente se chega.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-23 19:51:00
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O papel das Forças Armadas deveria ser rediscutido no Brasil? Opine
As denúncias contra militares de variadas patentes por suspeita de corrupção e malfeitos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) têm provocado danos à imagem as Forças Armadas.As principais acusações dizem respeito ao desvio de joias recebidas como presente pelo ex-presidente e a iniciativas de caráter golpista que incluem os ataques de 8 de janeiro.À luz desses escândalos, surgem vozes nos meios acadêmicos e na mídia que defendem que o papel das Forças Armadas no Brasil deveria ser rediscutido.Nesta semana, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, enviou uma ordem interna com iniciativas que tentam distanciar a instituição de casos de ilegalidades. Medidas como aumentos salariais devem ser propostas com foco em praças e suboficiais, para aumentar o ânimo de militares de baixa patente.Segundo uma pesquisa Genial/Quaest, as Forças Armadas foram a única instituição brasileira com piora significativa nos índices de confiança da população. A queda foi de 43% para 33%, entre dezembro de 2022 e agosto de 2023, no percentual de brasileiros que dizem "confiar muito" nos militares.Na sua opinião, o papel das Forças Armadas no Brasil deve ser rediscutido? Por quê? Se sim, de que maneira?Envie sua resposta por meio deste formulário. Algumas delas serão publicadas no Painel do Leitor do próximo domingo (27) e nas redes sociais da Folha.
2023-08-23 19:08:00
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https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/o-papel-das-forcas-armadas-deveria-ser-rediscutido-no-brasil-opine.shtml
A dengue e outras arboviroses, saneamento básico e a Funasa
No fim de julho, a OMS emitiu um alerta sobre o aumento recorde dos casos de dengue no mundo devido ao aquecimento global. A doença já é endêmica em mais de 100 países e, na América, o Brasil é de longe o mais afetado. São 2,3 milhões de notificações de dengue – sendo 1,2 mil classificadas como dengue grave – e 769 mortes (aumento de 73% em relação aos últimos cinco anos) no primeiro semestre. De acordo com a OMS, vetores como o Aedes Aegypti, entre outros mosquitos, são responsáveis por 17% da carga global de doenças transmissíveis e mais de 700 mil mortes por ano. Quase 80% da população mundial pode vir a ser contaminada por alguma doença transmitida por esses vetores.Serviços de saneamento têm relação com a incidência dessas doenças. Apesar de a infestação por mosquitos acontecer em todos os lugares, o adoecimento é maior entre a população com piores indicadores de cobertura de saneamento. Em locais onde a água é escassa, as famílias precisam armazená-la em recipientes, muitas vezes mal higienizados e sem a vedação adequada, levando a se tornarem locais próprios para o surgimento dos mosquitos. Outro fator que pode levar ao aumento da reprodução desses vetores é a falta de acesso a coleta e manejo apropriado de resíduos sólidos, que abandonados em locais inadequados, armazenam água da chuva e se tornam ambientes de proliferação.O combate de doenças como a dengue, a chikungunya e a zika, sem ações efetivas de melhorias do saneamento básico agrava o problema Os documentos governamentais sobre o tema, como o Programa Nacional de Controle da Dengue, propõem melhorias sanitárias domiciliares de vedação de depósitos de água em detrimento de ações efetivas de ampliação do abastecimento regular. No Plano de Contingência para resposta às emergências em saúde pública por Dengue, Chikungunya e Zika do Ministério da Saúde, há menções genéricas à necessidade de melhorar o saneamento nos municípios, concentrando-se em temas ligados à comunicação e mobilização social, controle vetorial e gestão. As recomendações sobre mapeamento de áreas de foco são direcionadas apenas para os Agentes Comunitários de Saúde. Ao fim, a responsabilização recai sobre a comunidade na figura do vizinho que não cumpre as medidas de controle e não sobre a falta de investimento do Estado em saneamento básico. A Lei 14.026/20, um marco legal do saneamento, estabelece que, até 2033, 99% da população tenha acesso a água potável e 90% tenha acesso à coleta e tratamento de esgotos, mas não define metas específicas para o manejo de resíduos sólidos urbanos– um dos principais problemas para transmissão de arboviroses, além do abastecimento regular de água. Em 10 anos, a parcela da população com acesso a água aumentou apenas 1,4 ponto percentual (de 82,8% para 84,2%); a ampliação da cobertura da rede de esgoto foi maior, de 7,5 p.p., mas abrange somente 55,8% da população. Enquanto o Plano Nacional de Saneamento Básico estimou em R$ 27,6 bilhões por ano o investimento necessário para a universalização do serviço, nos últimos anos, o investimento médio anual foi de R$ 16 bilhões. Além disso, as regiões mais deficitárias são as que recebem menos investimentos.Se por um lado as cifras aparentam um investimento elevado, o retorno com a universalização do saneamento acarretaria em valores ainda mais expressivos no longo prazo: segundo dados do Painel Saneamento Brasil, do Instituto Trata Brasil, a redução dos custos com a saúde é estimada em R$ 1,25 bilhão por ano. E mais, porque o impacto de saneamento não se dá apenas em termos de saúde: estudo da OMS calcula que para cada US$ 1,00 investido em saneamento, há um retorno de US$5,50 por meio de menores custos com saúde, mais produtividade e menos mortes prematuras.Nossa realidade, no entanto, se afasta desse cenário. Ainda de acordo com o Painel Saneamento, 86% das internações por malária em 2021 aconteceram na Região Norte, com três estados concentrando 63% das internações: Pará, Rondônia e Acre. Em comparação com o Sudeste, região com melhor infraestrutura e cobertura de saneamento, a incidência de internações por dengue foi 7,2 vezes maior no Centro-Oeste, 3,6 vezes maior no Nordeste e 3,4 vezes no Norte. Nas regiões Norte e Nordeste, 40% e 25% da população, respectivamente, não têm acesso à água potável e, para cerca de 45% daquelas que têm acesso, o abastecimento é irregular. Em termos absolutos, dos 33,2 milhões de brasileiros sem acesso à água, 42% vivem no Nordeste, enquanto as despesas com investimento em saneamento representam apenas metade das despesas realizadas no Sudeste. O valor de investimento por habitante que não tem acesso à água no Sudeste (714 R$/hab) foi 7 vezes maior do que no Norte (101 R$/hab) e quase 5 vezes maior do que no Nordeste (158 R$/hab).Além da Secretaria Nacional de Saneamento, vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) também é responsável pela formulação e implementação de planos e programas de saneamento. Em particular, por meio de serviços de saneamento em municípios de pequeno e médio porte e em áreas rurais, quilombolas e sujeitas a endemias – como o Programa Nacional de Saneamento Rural. Cabe ressaltar, no entanto, que o relatório de auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) de dezembro de 2022 apontou ausência de critérios de priorização de locais em situação de maior vulnerabilidade para financiamento das obras, além de ineficiência nos repasses para saneamento e falta de fiscalização e supervisão das ações. Auditorias anteriores também apontam desvios de repasses.A Fundação, vinculada ao Ministério da Saúde – antes ao Ministério das Cidades, e brevemente extinta no início do atual governo – é alvo constante de disputa política devido à destinação de emendas orçamentárias para obras de saneamento nos municípios – e à falta de coordenação e de fiscalização das ações. Desde 2019, já passaram por sua presidência 7 dirigentes, ligados principalmente ao PSD, que manteve o controle do órgão nos últimos anos. Neste momento, o cargo faz parte da reforma ministerial do governo com o Centrão, em busca de apoio no Congresso Nacional – como tem sido historicamente – e é ativamente disputado pelo PSD, PP, Republicanos e União Brasil.O loteamento político das superintendências, em conjunto com a falta de coordenação nacional para implementação do Plano Nacional de Saneamento Básico, faz com que a responsabilidade pelas ações de saneamento recaiam em grande medida sobre os municípios, cuja capacidade técnica e financeira é extremamente variada. Segundo a Pesquisa sobre Informações Básicas Municipais (MUNIC/IBGE), apenas 38,2% dos municípios contam com política municipal de saneamento básico e 28,7% com plano municipal. O novo marco legal traz mudanças que simplificam os ritos para viabilizar a prestação regional do serviço. Ao mesmo tempo em que vai na contramão do movimento de reestatização do serviço de saneamento em diversas cidades pelo mundo – como Paris, na França, e Berlim, na Alemanha –, ao ampliar as condições de participação privada.Todos os anos discutimos o número de casos, internações e óbitos por dengue, chikungunya e outras arboviroses, as morbidades decorrentes dessas doenças, o combate com campanhas de mobilização social para o controle do mosquito – e, este ano, a aprovação de vacina pela Anvisa. Para que o cenário de lentos avanços no direito de acesso regular à água potável e ao saneamento básico seja transformado, a agenda política precisa encarar com seriedade o órgão responsável pelo saneamento justamente em pequenos municípios e áreas especiais. As sinalizações dadas pelo Poder Público a partir do histórico loteamento político da Funasa e pelas discussões atuais que apontam para a história se repetindo nos demonstram que estamos distantes desse cenário.
2023-08-23 18:15:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/saude-em-publico/2023/08/a-dengue-e-outras-arboviroses-saneamento-basico-e-a-funasa.shtml
'Putin é muito Prigojin': redes repercutem queda de avião de mercenário na Rússia
"Putin é muito sortudo, todos os seus inimigos morrem em acidentes". É assim, com ironia e piadas sobre a fama de impiedoso do presidente russo Vladimir Putin, que internautas brasileiros repercutem a queda do avião de Ievguêni Prigojin, líder mercenário que desafiou o presidente russo e a cúpula militar da Rússia promovendo um motim em junho.Prigojin está na lista de passageiros da aeronave e, segundo a TV Rossia 24, todos a bordo morreram, incluindo o fundador do Grupo Wagner. A aeronave caiu nesta quarta (23) na região de Tver, na Rússia. Segundo o Ministério das Situações de Emergência, havia três tripulantes e sete passageiros no avião, incluindo o líder do grupo mercenário que atuou na Guerra da Ucrânia ao lado da Rússia.Não há, até o momento, explicações oficiais para a queda ou indícios que apontem o envolvimento direto de Moscou. Nas redes, entretanto, predominam rumores sobre as possíveis implicações de Putin na tragédia, conhecido por ter inimigos políticos e desafetos envolvidos em mortes violentas e misteriosas.Os termos Putin, Rússia, Acidente e Prigozhin foram alçados aos mais comentados no X, ex-Twitter, com milhares de menções na rede. O assunto ocupa cinco posições entre os dez mais discutidos da redes.Alguns internautas replicam vídeo de entrevista de Putin, concedida em 2018, em que afirma considerar a traição algo imperdoável.Trocadilhos.Conselhos e alertas.Agorinha.Padrões."Caíram" o avião.Putin chocado.Destinos.Cursos.Quem sabe.
2023-08-23 17:05:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/08/putin-e-muito-prigojin-redes-repercutem-queda-de-aviao-de-mercenario-na-russia.shtml
Por que Gloria Pires chega aos 60 anos como a maior estrela de novelas da atualidade
Com apenas 14 anos de idade, Gloria Maria Cláudia Pires explodiu como a grande revelação de 1978, como a instável adolescente Marisa da novela "Dancin’ Days", de Gilberto Braga. Sua atuação como a filha da protagonista Júlia, a ex-presidiária vivida por Sonia Braga, deu ao Brasil inteiro a sensação de ver uma jovem atriz surgir totalmente pronta, qual Vênus emergindo das águas.Marisa foi o primeiro papel de destaque de Gloria Pires na TV, mas ela já vinha há tempos se preparando para esse momento. Filha do comediante Antonio Carlos, demonstrou com apenas seis anos o desejo de seguir a carreira do pai. Participou ao lado dele de humorísticos da Globo da década de 1970, como Chico City, Faça Humor, Não Faça Guerra e Satiricom.Mas queria mesmo era atuar em novelas. Em 1972, fez um teste para "O Primeiro Amor", e foi rejeitada por Daniel Filho por não ser "bonita o bastante". Esse trauma levou muitos anos para ser resolvido, mesmo depois de o diretor tê-la escalado para o elenco de "Dancin’ Days". Mais Após provar seu talento no folhetim de Gilberto Braga, Gloria passou a ser convidada para quase tudo, e a acumular um sucesso atrás do outro. Fez sua primeira protagonista já em 1979, na novela "Cabocla", da faixa das 19 horas, em que conheceu Fábio Junior. Três anos depois, ele se tornaria o pai da primeira filha dela, que hoje atende apenas pelo nome de Cleo.Os anos 1980 foram movimentados para Gloria. Além de participar de novelas como "Água Viva", "As Três Marias" e "Partido Alto", ainda estreou no cinema em 1981 com "Índia - A Filha do Sol", sob a direção de Fábio Barreto. Salvo engano, foi a única vez em que apareceu nua na tela. E ainda recebeu uma homenagem indireta de Caetano Veloso na letra da canção "Luz do Sol", tema do filme, no trecho que diz "coisa mais querida, a glória da vida".A atriz ainda faria mais dois longas com Fábio Barreto: "O Quatrilho" (indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 1995) e "Lula, o Filho do Brasil" (2010). Também rodou "Flores Raras" (2013) com o irmão de Fábio, Bruno Barreto. Reconciliada com Daniel Filho, foi dirigida por ele em "A Partilha" (2001), "O Primo Basílio" (2007) e nos dois títulos da franquia "Se Eu Fosse Você" (2003 e 2009), enormes sucessos de bilheteria.Ao longo de toda sua carreira, Gloria Pires sempre foi muito cobrada por não fazer teatro. Uma única peça consta em seu currículo: a infantil "Era Uma Vez uma Gata", de 1979. Ela alegou diversas vezes que preferia o ritmo da televisão e do cinema, e que não teria a paciência para encenar o mesmo texto todos os dias. Em junho do ano passado, quando a entrevistei, Gloria contou que em breve anunciaria um projeto teatral, mas esse anúncio não veio até hoje.Seria incrível vê-la em cena, mas Gloria Pires não precisou do teatro para se firmar como uma atriz versátil, capaz de transitar por todos os gêneros. Hoje ela é a maior estrela de novela em atividade, assumindo com garbo o trono que já foi de Regina Duarte e Glória Menezes. Sua personagem em "Terra e Paixão", a vilanesca Irene, é um dos poucos pontos positivos da trama de Walcyr Carrasco.Que talvez seja o último trabalho de Gloria na Globo durante um bom tempo. Chamada a renovar seu contrato com a emissora no final do ano passado, a atriz preferiu estender seu antigo vínculo por mais um curto período, apenas para participar de "Terra e Paixão". Depois de mais de 50 anos na casa, ela agora quer se aventurar por outras plagas, como as plataformas de streaming. Mais Além do desgaste natural acumulado durante tantas décadas, um episódio serviu de gatilho para que Gloria Pires quisesse deixar a Globo. Seu nome chegou a ser divulgado para o papel de Zoé, na novela "Todas as Flores", de João Emanuel Carneiro. A atriz ficou sabendo pela imprensa que havia sido substituída por Regina Casé. Na entrevista que me deu em 2022, Glória disse que não sabia a razão dessa troca, e que nenhuma explicação foi dada a ela.Seja lá como for, é mais do que provável que seu passe seja disputado a tapa. Sua versatilidade e popularidade já passaram por todos os testes. Até mesmo a notória participação na apresentação do Oscar de 2016 rendeu pontos: seu comentário de que não era capaz de opinar virou meme, e acabou estampando camisetas de sua grife Bemglô.Nesta quarta, 23 de agosto, Gloria Pires completa 60 anos de idade. Mesmo sem pisar num palco, é uma das atrizes brasileiras mais importantes de todos os tempos. Muitos de nós a vimos crescer diante das câmeras, em todos os sentidos, e hoje ela faz parte de nossa memória afetiva. É a glória da vida.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-23 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/08/gloria-pires-chega-aos-60-anos-como-a-maior-estrela-de-novelas-da-atualidade.shtml
Por que assistir ao duo do contrabaixista Zéli Silva e do saxofonista Vitor Alcântara?
O duo formado pelo contrabaixista, compositor e arranjador Zéli Silva com o saxofonista, compositor e arranjador Vitor Alcântara apresenta nesta quarta-feira (23), às 21h, no Azucar Club Latino, na Vila Madalena, em São Paulo, o repertório do álbum "Acordo", recentemente lançado pela dupla.Por que você deve assistir a essa apresentação? Pelas várias razões aqui elencadas.Os dois músicos, que abarcam vasta experiência profissional, ampliam nessa apresentação do repertório de "Acordo", além de outras músicas conhecidas da MPB, a pegada camerística e suinganda já demonstrada no álbum anterior da dupla, "Duo" (2009).Zéli Silva e Vitor Alcântara tocam juntos há mais de 20 anos e há cerca de dez apresentam-se em duo, mesclando os sons de seus instrumentos em busca de texturas e contrastes sonoros inusitados por meio de muita improvisação. Experiência nessa área não lhes falta.Na apresentação desta quarta-feira, Zéli e Vitor prometem uma viagem musical intimista, com sonoridade diferente, expressando diálogos musicais no tempo e no espaço. "Mostraremos entre alguns temas ‘Teresa’, composição de minha autoria que traz referências do samba-canção, do tango e do choro. O baixo usa a técnica com harmônicos, que gera uma textura específica. Já a música 'Takata', do Vitor, foi feita como consequência de um estudo de harmonia cromática em cadências harmônicas simétricas, sobre um ritmo de samba em 7/8. Tocaremos também ‘O Tempo Não Apagou’, um clássico do mestre Paulinho da Viola, que visitado pelo duo como forma de homenagem, traz a melodia e o suingue como guias libertários", disse Zéli.Há muito que Vitor Alcântara atua ao lado de artistas e bandas consagradas como o percussionista Airto Moreira, o baterista Billy Cobham, a Banda Mantiqueira e a Brazilian Scandinavian Jazz Orchestra, entre outras. O músico já participou de turnês pelo Brasil, Estados Unidos e Europa, mostrando seu som forte, preciso, bonito e cativante.Zéli Silva já tocou com a violonista Badi Assad, as cantoras Rosa Passos, Leni Andrade e a atriz e cantora Letícia Sabatella, entre outras, além de ter lançado cinco álbuns, com participações de convidados como João Donato (1934-2023), Sergio Santos, Filó Machado e Arismar do Espírito Santo. Saiba mais sobre Zéli Silva em https://musicaemletras.blogfolha.uol.com.br/2016/02/18/zeli-silva-da-caravana-tonteria-de-tonto-nao-tem-nada/.Por fim, esta é uma excelente oportunidade para se ouvir e ver de perto dois grandes talentos reunidos em nome da música e não em projeção do ego de cada um, demonstrando desta maneira que na arte de amealhar os sons a música é soberana e deve sempre ser respeitada como tal. Ambos sabem que um músico que respeita a música é grande sem ser soberbo, enquanto o músico ruim é soberbo sem ser grande.Bom show!SHOW ‘ACORDO’ARTISTAS Zéli Silva e Vitor AlcântaraQUANDO Quarta-feira (23), às 21hONDE Azucar Club Latino, r. Aspicuelta, 366, Vila Madalena, São Paulo, tel. (11) 3813-6858QUANTO De R$ 25 a R$ 30
2023-08-23 11:01:00
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Missão indiana Chandrayaan-3 tenta pousar na Lua; veja ao vivo
Nesta quarta-feira (23), a Índia tenta se tornar o quarto país a realizar um pouso suave na Lua, com a missão Chandrayaan-3. O início do procedimento de descida deve acontecer às 9h15 (pelo horário de Brasília) e se tudo correr bem a alunissagem ocorrerá ao redor de 9h34. Acompanhe ao vivo com o Mensageiro Sideral.É a segunda tentativa por parte dos indianos, depois da Chandrayaan-2, lançada em 2019, que contava com um orbitador lunar (ainda em operação), e um módulo de pouso contendo um rover. Durante a aproximação final para a alunissagem, em 6 de setembro daquele ano, o módulo se espatifou no solo lunar –após o que foi diagnosticada como uma falha de software na operação dos motores de descida.Quase quatro anos depois, a Chandrayaan-3 é uma versão aprimorada do módulo de pouso Vikram e do rover Pragyan usados naquela tentativa. Lançada em 14 de julho último, ela desta vez não contou com um orbitador, mas com um simples módulo de propulsão para as manobras orbitais.O caminho para a Lua foi essencialmente o mesmo nas duas ocasiões, com uma inserção à órbita terrestre, seguida por manobras para ampliação gradual do apogeu (ponto de máximo afastamento da Terra), até a captura pela gravidade lunar. Dali, seguiu-se manobra inversa, com o módulo de propulsão gradualmente circularizando a órbita da Chandrayaan-3 em torno da Lua, com uma altitude média de quase 160 km, o que foi atingido na quarta-feira passada (16).Depois disso, o módulo de propulsão foi ejetado e os quatro motores do Vikram se encarregaram de ajustar a trajetória para uma órbita pré-pouso (justamente o que falhou no último sábado com a missão russa Luna-25), com perilúnio (ponto mais próximo da superfície lunar) de 25 km e apolúnio (ponto mais distante) de 134 km.É justamente da baixa altitude de 25 km que o Vikram inicia o procedimento final de descida para a superfície, mirando uma região próxima ao polo sul lunar.Se houver sucesso no pouso, a Chandrayaan-3 (o nome significa simplesmente "nave lunar" em sânscrito) passa a cumprir dois objetivos adicionais: realizar observações e experimentos com os instrumentos a bordo do módulo de descida Vikram ("valor") e demonstrar as capacidades do pequeno rover Pragyan ("sabedoria").O prazo de validade para ambos é de cerca de 14 dias –o tempo que dura a fase diurna do dia lunar. Ambos não foram projetados para sobreviver ao frio que recai sobre o satélite natural durante a noite.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-08-23 08:50:00
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Eleições 2024 e internet: para além da remoção de conteúdo
A menos de dois meses do prazo final para aprovação de uma reforma eleitoral que valha para o pleito municipal de 2024, não há debate sobre o novo Código Eleitoral (PLP 112/2021), sob relatoria do senador Marcelo Castro (MDB-PI). Mais do que isso: quase ninguém conhece sua versão do projeto, que deve ter grande impacto sobre o debate político na internet, entre outros pontos do processo.Pensar regras eleitorais claras para a internet é complexo —há muitas nuances técnicas e principiológicas, leva tempo e exige diversas vozes. Também precisamos encarar desde já a tarefa de repensar o modelo institucional de 2022, marcado por uma atuação contundente do Tribunal Superior Eleitoral sobre as plataformas digitais. Vale recordar que o modelo foi o de uma resolução, aprovada entre o primeiro e o segundo turnos, sem discussão prévia e com entraves para operacionalização. Mais Mas o que tem sido norma nas regulações sobre o tema, e que também precisa ser repensado, é o foco excessivo em remoção de conteúdo —o que, por um lado, é quase um trabalho de Sísifo, e, por outro, pode representar potencial ameaça à liberdade de expressão e mesmo resvalar em autoritarismos.A moderação de conteúdo, uma das áreas mais mal compreendidas da internet, é fundamental para que as regras estabelecidas pelas redes —em busca de segurança para usuários e anunciantes— sejam cumpridas. Trata-se de um sistema complexo, que envolve ferramentas de inteligência artificial e revisores humanos e exige diretrizes muito específicas e constantemente atualizadas para aplicação em larga escala. Quando, como fez o TSE, propõem-se coisas como proibição de conteúdo "contra o Estado democrático de Direito" ou que "incitem animosidade contra as Forças Armadas", a pergunta que fica é: como isso se operacionaliza? Quem vai decidir se aquele determinado conteúdo é ou não um atentado ao Estado? Em 2022, por exemplo, determinou-se que uma decisão colegiada da corte sobre a retirada de um conteúdo poderia se estender a conteúdos "idênticos" republicados. A intenção é boa, mas na prática é comum que conteúdos parecidos não sejam idênticos. Uma mesma imagem, se publicada com legenda diferente, pode ganhar sentido oposto. Mais É, por isso, importante que se saia da dicotomia remoção versus manutenção de conteúdos. Um dos mecanismos mais poderosos dos algoritmos das redes é impactar a distribuição de conteúdo na linha do tempo, que pode ser reduzida em casos tão díspares como mensagens de spam, vídeos com violência gráfica e imagens com desinformação. Outro mecanismo de forte impacto é a criação de fricções, como telas de proteção em imagem potencialmente danosa ou mensagens que desencorajam a seguir contas de violadores contumazes das políticas das plataformas. Ainda também fortes são os rótulos informativos, por exemplo sobre o processo eleitoral.As parcerias que o TSE tem firmado com as plataformas, algo talvez inédito no mundo, podem ser uma alavanca cada vez mais positiva. Elas já são hoje um incentivo para que cada empresa crie uma "carta de intenções" quase um ano antes das eleições. Porém, seria interessante pensar em modelos que exijam mais transparência sobre os processos internos das plataformas e que tragam mecanismos de accountability; na prática, que cada plataforma se comprometa com um plano claro e detalhado de mitigação de riscos, a partir de seu design e desafios específicos, e que ao fim do processo haja prestação de contas. Mais De olho nas próximas eleições, seria fundamental uma coalizão nacional multissetorial para pensar regras claras para o jogo democrático na internet, chegar a um melhor arcabouço institucional entre TSE e big techs e desenhar quais são os mecanismos que podem ser firmados desde o início pelas plataformas. Para isso, precisaríamos de um diálogo amplo —o que, a despeito do relógio correndo, não está acontecendo.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-22 22:00:00
opiniao
Opinião
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São Paulo, o túmulo da boemia
Acabo de receber o convite de aniversário do Ivan Finotti, correspondente da Folha na Europa e meu amigo desde o ensino médio.Estão lá o lugar –será em São Paulo, Brasil– e o horário. Com um aviso bem claro: último drinque servido às 23h30.Caceta, Ivan, até você?Justo você que abriu uma balada no centro da cidade e outra na Barra Funda para sacudir a bunda (ou a ausência dela) que precisava sair de casa sete noites por semana?Antes que alguém argumente que somos velhos, eu rebato: é a mais pura verdade. Mas só isso não explica a morte da vocação boêmia de São Paulo.Já escrevi sobre isso em 2021. Quando o texto saiu, a pandemia e o consequente recolhimento da população justificavam parcialmente o abandono da noite.A emergência sanitária arrefeceu, porém a apatia noturna está consolidada.É difícil beber em São Paulo depois da meia-noite. Achar um jantar decente é quase impossível.Sim, tem uma constelação de Oxxos abertos a noite toda. Sim, também resistem alguns bastiões das madrugadas das antigas, como o Estadão, o Burdog, o Joakin’s e outros da categoria mata-larica. Mais É muito pouco para uma cidade que costumava sair de casa às 22h para jantar na rua.Não que eu me importe demais, para ser sincero. Tenho saído bem menos, mas mesmo assim, velho e pobre, fui surpreendido pelos horários monásticos da cidade.Semanas atrás, recebi uns amigos de Brasília e fomos biritar na Barra Funda, que fica apinhada de gente até umas 22h, 22h30. Às 23h, precisamos nos humilhar para que o dono do boteco nos vendesse mais cerveja.À meia-noite, recebemos o esguicho da expulsão inegociável.É falta de grana? É falta de segurança? São explicações boas e insuficientes. Arrisco dizer que há uma mudança mais ampla de hábitos. Falam que os jovens estão bebendo menos, vai saber. Sempre falam algo parecido.São Paulo já foi o túmulo do samba. Era também a cidade que não desperta, apenas acerta a sua posição. Não é mais nem uma, nem outra.Entregamos a madrugada para os passarinhos que cantam enlouquecidos pela luz e pelo barulho.
2023-08-22 20:00:00
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Estão abertas as inscrições para a corrida de São Silvestre
Acabou a espera. Estão abertas as inscrições para a 98ª da edição Corrida Internacional de São Silvestre, prova que encerra o calendário do atletismo no país, no dia 31 de dezembro.A estimativa é de que 35 mil atletas participem da prova. Apesar do número superlativo, quem quiser fazer parte da São Silvestre deve se apressar -- as inscrições costumam se esgotar em poucas semanas.Os interessados em percorrer os 15 km pelo centro de São Paulo devem adquirir os kits em www.saosilvestre.com.br. Os preços variam de R$ 240 a R$ 850. Corredores com 60 anos ou mais têm desconto de 50% no valor da inscrição. A entrega de kit será feita no Expo Center Norte.Não houve alterações significativas no percurso em relação ao ano passado. Como manda a tradição, a largada será na Avenida Paulista, entre as ruas Frei Caneca e Augusta, com chegada na mesma avenida Paulista, número 900, em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero.A programação começará às 7h25, com a largada da categoria Cadeirantes. Em seguida, às 7h40, será a vez da Elite feminina. Elite masculina, Pelotão C, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral largam às 8h05. O percurso de 15 km passa por alguns dos principais pontos turísticos da cidade de São Paulo. Abaixo, veja as ruas e avenidas que receberão a São Silvestre.Largada: Av. Paulista x Rua AugustaAv. Dr. ArnaldoRua Major NatanaelRua Desembargador Paulo PassaláquaAv. PacaembuRua Norma Pieruccini GiannottiAv. RudgeViaduto Orlando MurgelAv. Rio BrancoAv. IpirangaAv. Duque de CaxiasRua Rego FreitasRua Marquês de ItuRua Bento FreitasLargo do AroucheAv. Vieira CarvalhoPraça da RepúblicaAv. IpirangaAv. São JoãoLargo do PaissanduRua Conselheiro CrispinianoPraça Ramos de AzevedoRua Coronel Xavier de ToledoViaduto Nove de JulhoRua Maria PaulaAv. Brigadeiro Luís AntônioAv. PaulistaChegada: Av. Paulista Edifício Gazeta
2023-08-22 17:05:00
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Mãe de Larissa Manoela parece mais interessada na opinião pública que em reconquistar a filha
Há cerca de 10 dias, o Brasil não tem outro assunto. Parece que não há nada mais de importante acontecendo no país e no mundo, porque boa parte das atenções está voltada à treta entre a atriz Larissa Manoela e seus pais e ex-empresários, Silvana Taques e Gilberto Elias.Como só quem acabou de chegar de Marte ainda não sabe, Larissa deu uma entrevistadora devastadora ao Fantástico (Globo) no domingo retrasado (13), contando que rompeu com os pais por causa do controle férreo que eles exerciam sobre seu dinheiro e até mesmo sua vida pessoal. Mostrou, em prints do WhatsApp, que precisava pedir que a mãe transferisse R$ 10 por Pix para sua conta, para comprar um simples milho na praia.O programa alcançou ótima audiência e a repercussão foi gigantesca. Na quarta (6), Silvana falou sobre o caso à colunista da Folha Mônica Bergamo. Contou que ela e o marido vêm recebendo ataques incessantes na internet, que a filha tinha acesso a cartões de crédito e podia comprar o que quisesse, e que o namoro da atriz com o ator André Luiz Frambach não foi o pivô do rompimento entre eles. Mas admite: "Eu aceitei, mas não concordei". Mais Pai nenhum tem que concordar ou discordar do namoro de uma filha de 22 anos. Maior de idade, a moça tem autonomia para fazer as escolhas que quiser, sem precisar da aprovação de ninguém. Só essa frase já demonstra a dificuldade de Silvana em perceber que sua filha cresceu e hoje é uma mulher adulta.No domingo (20), o programa Domingo Legal exibiu trechos de uma conversa que Silvana Taques teve com Chris Flores. A jornalista parecia estar pegando leve com sua entrevistada, que até fingiu chorar em dados momentos, apesar dos olhos ostensivamente secos. A internet caiu de pau em ambas.Quis o destino que o Fantástico desse mesmo dia exibisse uma segunda parte da entrevista de Larissa, ainda mais impactante que a primeira. A atriz mostrou prints de conversas pelo WhatsApp que provam que, mesmo de posse de cartões de crédito sem limites, ela precisava pedir autorização para adquirir itens mais caros, como um sapato de grife.Também revelou que ficou três meses sem plano de saúde, cortado pelos pais. E ainda exibiu uma longa e delicada mensagem que mandou para a mãe no Natal, pedindo que as duas se reconciliassem. Silvana respondeu com um singelo "vai à merda".Esse novo depoimento enfraqueceu muito a entrevista de Silvana exibida na segunda (21) pelo SBT, que havia sido gravada na sexta anterior. Chris Flores não pôde confrontá-la com esses novos dados, mas pelo menos tocou no assunto do milho na praia e em outras restrições que Larissa teria para acessar suas contas ou acompanhar a movimentação de seus próprios negócios.O objetivo de Silvana Taques parecia ser colocar a opinião pública ao seu lado. Só que os argumentos que ela apresentou foram bem pouco convincentes, ainda mais à luz das novidades trazidas por Larissa na noite anterior.Ela preferiu estressar as origens humildades da família no interior do Paraná e a luta para estabelecer a carreira da filha em São Paulo, primeiro como modelo e depois como atriz mirim. Uma luta rapidamente bem-sucedida, aliás. Larissa fez sucesso de cara e amealhou milhões de fãs na internet.Não faltou a música melosa, típica do SBT, para embalar essa história de "superação". Silvana abusou de clichês como "qual mãe que não erra" e "se eu pequei, foi pelo excesso de zelo". Então tá. Mais Logo antes, Chris Flores fez uma longa defesa de seu estilo de entrevistar. Chegou a lembrar que o AI-5 não está em vigor, como se exibir uma entrevista em que uma mulher verte lágrimas de crocodilo fortalecesse a nossa democracia. Não a conheço pessoalmente, mas tenho o maior respeito profissional por ela –e também por minha colega Rosana Hermann, que, na sua coluna de segunda (21), tomou as dores de Chris.No entanto, acho que ela realmente foi "acolhedora" demais, para usar suas próprias palavras. Todos os lados de uma questão precisam ser ouvidos, é claro, mas é preciso manter um certo distanciamento (e digo isso para mim mesmo, que às vezes me empolgo demais com as palavras de um entrevistado).Sinto que essa história ainda não foi toda contada. Para chegar aonde chegou, com acusações de parte a parte em plena TV aberta, é porque a treta é realmente muito séria, e talvez vá além do mero aspecto financeiro.Há um elefante na sala, que é André Luiz Frambach. Hoje (22), o colunista Lucas Pasin, do UOL, revelou que a Globo optou por não mostrar o final da resposta de Silvana à mensagem de Natal enviada pela filha, para não invadir ainda mais a intimidade de família. "Esqueci de te desejar... que você tenha um ótimo Natal aí com todos os guias dessa família macumbeira. kkkkkk". Evangélica, Silvana não esconde seu preconceito contra as religiões afro-brasileiras. O que nem é bem o caso dos Frambach, que seguem a doutrina espírita de Allan Kardec. Mais Há um lado meu que se sente mal por penetrar na privacidade alheia, mas convém lembrar que foram os próprios envolvidos que escancararam suas portas. Essa discussão toda serve para discutirmos a maneira como os pais administram as carreiras dos filhos famoso, as próprias relações interfamiliares e até mesmo a postura que o jornalismo precisa adotar numa situação dessas.Larissa Manoela não quer mais briga, muito menos judicializar o caso. Já informou que vai deixar para os pais todos os R$ 18 milhões de seu patrimônio, acumulados ao longo de quase 20 anos. Está certa ela. É jovem, linda e desenvolta. Está no início de uma nova e promissora fase, e pode enriquecer novamente em curtíssimo prazo.Mas eu, se fosse ela, ainda assim processaria os pais, por uma razão mais singela. Por que eles nunca matricularam a filha num curso de interpretação? Larissa ainda tem os tiques de criança-prodígio, e teve uma interpretação pífia na novela "Além da Ilusão", sua estreia na Globo. Apesar do óbvio talento, ainda precisa ser muito burilada para começar a ser boa atriz.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-22 15:52:00
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Elon Musk diz que X (antigo Twitter) pode fracassar, 'como muitos previram'
Elon Musk admitiu que sua rede social, X (ex-Twitter), pode fracassar, "como muitos previram". O bilionário, que comprou a plataforma em 2022 e impôs mudanças bruscas em sua gestão, também afirma que "não há grandes redes sociais no momento", mas que tentaria o possível para que o X se tornasse uma delas. "A triste verdade é que não existem grandes redes sociais no momento. Podemos fracassar, como muitos previram, mas faremos o possível para que haja pelo menos uma [grande plataforma]", escreveu em seu perfil na rede na última sexta-feira (19).A declaração se deu dois dias depois do X apagar temporariamente imagens publicadas na rede antes do ano de 2014. A medida foi criticada por usuários que lamentaram o desaparecimento de fotografias clássicas da rede, como a selfie da apresentadora Ellen Degeneres ao lado estrelas de Hollywood na cerimônia do Oscar – a foto mais retuitada da história –, ou de memes como a "Mônica Trintin na antena parabólica". Nesta segunda-feira (22), a plataforma esclareceu que houve uma falha, já solucionada, e que as mídias antigas haviam sido recuperadas. Sem citar diretamente o ocorrido, entretanto, a fala de Musk ilustra o cenário de incerteza em que vive a empresa desde o início da nova gestão, com fuga de anunciantes, diminuição de receitas e desgastes de imagem. O magnata tem conduzido uma série de inovações consideradas impopulares, como a mudança de nome e logotipo, a cobrança pelo uso da API e de selos de verificação, a limitação de mensagens enviadas por dia e até o boicote a links de empresas rivais na plataforma. Internamente, Musk também promoveu a demissão em massa de funcionários, diminuiu a comunicação com a imprensa e contratou uma nova CEO, Linda Yaccarino, ex-chefe de publicidade da NBCUniversal da Comcast. Os esforços ainda não reverteram o fluxo de caixa negativo da empresa, que tem uma pesada carga de dívida e perdeu quase 50% na receita de publicidade, de acordo com o próprio Musk.
2023-08-22 13:55:00
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Lupa abre inscrições para treinamento em checagem de fatos
A Lupa está com inscrições abertas para a segunda edição do seu programa de treinamento de checagem de fatos, o Mirante. Estudantes e jornalistas indígenas, ribeirinhos, quilombolas e de periferias, que são o público-alvo da iniciativa, podem se inscrever até as 17h do dia 16 de setembro.O objetivo do programa é capacitar profissionais que vivem em locais de vulnerabilidade social para qualificar a informação em regiões periféricas e desertos de notícia.Durante quatro meses, de outubro de 2023 a janeiro de 2024, os alunos selecionados aprenderão a utilizar ferramentas de fact-checking e técnicas jornalísticas de combate à desinformação, como bancos de dados públicos e a Lei de Acesso à Informação (LAI).Entender como as plataformas de redes sociais tratam o problema também está no programa das aulas, que serão realizadas de forma remota."Queremos formar checadores que possam promover mudanças reais nas suas próprias comunidades, que sofrem com disputas de narrativas", afirma Natália Leal, diretora-executiva da Lupa.Além do aprendizado de instrumentos práticos, educação midiática e divulgação científica, o curso contará com um período de imersão na Lupa. Ao final do programa, os 30 trainees deverão elaborar um projeto de combate à desinformação.Os que concluírem o treinamento serão automaticamente incluídos em um banco de talentos da Lupa, que pode ser utilizado para selecionar parte da equipe que cobrirá as eleições de 2024 ou outros projetos.Mais informações sobre a inscrição estão disponíveis neste link.
2023-08-22 13:02:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/08/lupa-abre-inscricoes-para-treinamento-em-checagem-de-fatos.shtml
Nada muda no impedimento dos juízes para julgar causas de parentes
A formação da maioria no Supremo Tribunal Federal (STF) pela inconstitucionalidade do inciso VIII do artigo 144 do Código de Processo Civil (CPC), diferentemente do que reverberou em parte do debate público, não equivale à autorização para que os magistrados julguem causas em que atuam escritórios de seus parentes. Tal vedação, inscrita no inciso III e no parágrafo 3º do mesmo artigo, continuará válida e nem sequer foi questionada na ADI 5953, apresentada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).O que os ministros assentaram foi a inconstitucionalidade do dispositivo que expande a proibição aos casos em que a parte é cliente de um parente do juiz em outros processos na Justiça —e não naquele que está sob o exame do magistrado. Trata-se de uma obrigação impossível, pois o julgador não pode exigir do cidadão que, ao peticionar, forneça a lista completa de todos os seus advogados. Tampouco qualquer advogado pode ser impelido a compartilhar com o juiz os nomes de todos os seus contratantes, a despeito de eventuais laços sanguíneos ou de consideração.A diferenciação é absolutamente clara na legislação. O artigo 144 do CPC elenca as hipóteses de impedimento do magistrado para exercer suas funções no processo judicial. O inciso III —que não foi objeto de impugnação— impõe a interdição "quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive".Já o parágrafo 3º avança nessa compreensão ao pontificar que "o impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo".Tanto o inciso III quanto o parágrafo 3º da lei —que, em suma, impedem juízes de julgar causas de escritórios de parentes, inclusive nas situações em que estes não estejam envolvidos na demanda— são compatíveis com a Constituição e seguirão em vigor. A inconstitucionalidade reconhecida pela corte é tão somente a do inciso VIII, que estende o impedimento do magistrado ao processo em que o cliente de um parente é "patrocinado por advogado de outro escritório". E o motivo é muito simples: o juiz não tem como saber que a parte, em outros processos, contratou os serviços do escritório de um primo, de um tio ou de um cunhado. A norma constitui um exemplo de obrigação impossível, dada a sua inexequibilidade na prática, que deixa os magistrados em uma posição de dependência de informações de terceiros —as quais, por razões de confidencialidade, não podem ser fornecidas. Mais Ao estabelecer a separação entre os Poderes, a Constituição consagrou a autonomia necessária para a promoção de julgamentos isentos e imparciais, com respeito ao devido processo legal e à ampla defesa.Mais do que uma prerrogativa da magistratura, a independência judicial é uma garantia da cidadania, reafirmada na decisão do STF. Com a eliminação do arcabouço jurídico nacional de uma regra inócua —porque não passível de execução—, a corte apenas fortaleceu o Estado de Direito e a efetividade da prestação jurisdicional.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-22 10:18:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/nada-muda-no-impedimento-dos-juizes-para-julgar-causas-de-parentes.shtml
Grupo paulista cobra que gratuidade do CBD saia do papel
Em janeiro, o governador Tarcísio de Freitas assinou a lei 17.618/ 23, de inclusão do CBD (Canabidiol) no SUS (Sistema Único de Saúde) e, em seguida, criou o Grupo de Trabalho responsável para formular as regras para o acesso à substância. Tornaram-se membros, o autor da legislação, o deputado Caio França (PSB-SP), representantes de associações e pesquisadores. Nesta segunda-feira, eles divulgaram uma nota exigindo a publicação da regulamentação, que deveria ter ocorrido até 1º de maio. "Ela está pronta e aprovada", diz França.De acordo com as novas regras, terão direito ao CBD os pacientes com Síndrome de Dravet, de Lennonx-Gastaut e esclerose múltipla. "As famílias que aguardam o recebimento dos medicamentos têm questionado essa demora. E, elas têm razão, afinal a vida não espera", diz França. Ele reclama sobre a falta de posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde, que não retornou aos diversos pedidos do deputado de informações sobre o prazo de publicação.A preocupação é que a lei paulista de gratuidade do CBD não saia do papel. "A falta e a demora ao acesso estendem o sofrimento do paciente e familiares, aumentando a exclusão e o descaso", diz Cida Carvalho, fundadora da Associação Cultive, uma das integrantes do Grupo de Canabidiol, que assina a nota. A publicação da regulação não impede que as análises para a inclusão de outras doenças sejam incluídas em uma nova etapa. Por isso, o grupo pede agilidade nos trabalhos que envolvem principalmente a dor crônica, área com muitos trabalhos científicos sobre a efetividade do CBD.
2023-08-22 00:22:00
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Reflexões sobre a Reforma Tributária
A Câmara dos Deputados reformulou consideravelmente a PEC 45, mas manteve intacto o seu número para não dar a impressão de uma nova proposta ao projeto constitucional. Teve o poderoso apoio da indústria brasileira, única a ser beneficiada com redução de sua carga tributária e, com forte protagonismo de seu presidente, aprovou em primeira discussão o novo regime tributário para o país sem obedecer, para o segundo turno, a aprovação após cinco dias, fazendo sua ratificação em poucas horas.A ideia básica da proposta seria simplificar o sistema de tributação circulatória de bens e serviços com uma única alíquota sem exceções, em torno de 25%, substituindo os antigos tributos ICMS, ISS e PIS/Cofins pelo novo com o duplo nome de CBS e IBS, e transformando o IPI num imposto seletivo.Por prever o sistema de incidência no destino e a dualidade de imposição da União (CBS), estados e municípios (IBS), criou-se um Conselho Federativo com poderes impositivos substitutivos da competência de tributos de 26 estados, Distrito Federal e 5.570 municípios. Mais Tal novo poder impositivo de um conselho constituído de 26 estados, Distrito Federal e 27 representantes dos 5.570 municípios definirá, de acordo com a PEC, as regras do novo tributo em consonância com a União no CBS, tornando-o, também, agente receptor e distribuidor do novo tributo, cabendo às entidades federativas apenas o direito de alterar as alíquotas, se quiserem —deixando, pois, de terem a competência plena que tinham.Para a simplificação, que seria o objetivo maior do novo sistema, como mostrou Everardo Maciel em recente artigo, triplicaram os artigos da Constituição dedicados à matéria tributária e mantiveram vigente o sistema atual até 2033, devendo conviver com o CBS a partir de 2026 e o IBS a partir de 2029. Vale dizer, para simplificar: criaram um sistema que vigorará junto com o atual pelos próximos dez anos. Mais Felipe Salto, também em análise recente, mostrou que PIS/Cofins, ICMS e ISS representam aproximadamente 11,8% do PIB e que a alíquota única para manter o mesmo nível de arrecadação com um imposto sem tratamentos especiais deveria ser de 23,6% (CBS/IBS). Foram, todavia, abertas inúmeras exceções para agropecuária, educação, saúde, clubes esportivos, igrejas, parques e restaurantes, com o que esta alíquota do novo IVA brasileiro deverá estar em torno de 33,5%.Novas pressões deverão ocorrer no Senado. O setor de serviços perde o ISS de no máximo 5% e de Cofins cumulativo de 3%, além do PIS, e suportará, possivelmente, 33,5% no mais alto IVA do mundo.Fundos compensatórios serão criados, sendo que muitos estados e municípios serão beneficiados com o novo sistema, e os que perderem receitas serão compensados pela União. Quando uns ganham e outros não perdem, quem terá que suportar esse aumento deverá ser o contribuinte. Mais Tudo o que escrevi são suposições, pois apesar do cinematográfico aumento dos dispositivos constitucionais, não se tem nenhum projeto de lei complementar ou de legislação originária para saber como, nos detalhes, funcionará a nova estrutura tributária e muito menos as projeções financeiras de quem ganha, de quem perde e da alíquota básica.Por essa razão, em recente Congresso Tributário do Instituto Geraldo Ataliba, a esmagadora maioria dos conferencistas, todos de renome nacional e internacional, condenou o açodamento da aprovação da reforma sem os referidos textos, sobre colocar em dúvida que o sistema proposto seria mais simples, mas tendo a certeza de que agropecuária, comércio e serviços serão pesadamente tributados para beneficiarem-se, com redução, a indústria e, indiretamente, o sistema financeiro.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-21 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/reflexoes-sobre-a-reforma-tributaria.shtml
Casa Warner comemora centenário dos estúdios em São Paulo; veja como comprar ingressos
A partir do dia 1º de setembro, a edição de 2023 da Casa Warner estará aberta para a visitação do público em comemoração ao centenário dos estúdios Warner Bros.. A exposição conta com cenários das animações em tamanho aumentado, atividades interativas e instalações imersivas.Os ingresso para a mostra já estão disponíveis na plataforma Ticket Master, e custam a partir de R$ 100 —valor da modalidade inteira de terça a quinta-feira, das 12h às 17h.Os bilhetes podem chegar a R$ 190 para aqueles que optarem pela experiência VIP, que dá direito a flexibilidade de horário no dia da visita e um brinde exclusivo. Mais As temáticas de ativações da exposição incluem animações como "Looney Tunes", "Os Flintstones", "Scooby-Doo" e "Tom e Jerry". Alem das franquias "Harry Potter", "O Senhor do Anéis" e "Sexta-Feira 13".A edição da mostra ficará em São Paulo até o dia 29 de outubro no Shopping Eldorado, região este da capital.
2023-08-21 18:40:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/casa-warner-comemora-centenario-dos-estudios-em-sao-paulo-veja-como-comprar-ingressos.shtml
Presidente de Portugal veta lei que previa aluguel compulsório de casas devolutas
Uma das principais apostas do governo de Portugal para tentar combater a crise habitacional no país, o pacote de medidas batizado como Mais Habitação foi vetado pelo presidente luso, Marcelo Rebelo de Sousa.A lei, aprovada em julho, será agora devolvida ao Parlamento. Governando com maioria absoluta na casa e com votos suficientes para derrubar o veto presidencial, o Partido Socialista já avisou que irá aprovar novamente a iniciativa, sem alterações no texto.Anunciado em fevereiro, o Mais Habitação previa medidas duras para tentar controlar a disparada de preços e a escassez de imóveis disponíveis no mercado habitacional no país. A versão aprovada, no entanto, foi mais suave do que a proposta inicialmente divulgada.Desde o lançamento, o projeto acumulou críticas à direita e à esquerda.Ponto mais polêmico do projeto inicial, o aluguel compulsório de imóveis residenciais desocupados foi aprovado, mas de maneira bastante limitada e como uma espécie de última medida excepcional. Seriam abrangidas apenas as unidades que estivessem devolutas há pelo menos dois anos, excluindo ainda as propriedades localizadas no interior do país.O aluguel compulsório foi justamente o primeiro ponto listado pelo chefe de Estado no comunicado em que anuncia seu veto.Segundo Rebelo de Sousa, da maneira como foi apresentado, "o arrendamento forçado fica tão limitado e moroso que aparece como emblema meramente simbólico". O presidente disse ainda que a medida acaba por ter "custo político superior ao benefício social palpável".O texto vetado pelo presidente introduzia ainda uma série de restrições aos aluguéis por temporada, conhecidos no país como alojamento local (AL).Entre as novidades estava a necessidade de autorização prévia e unânime do condomínio onde a unidade está localizada, além de um pagamento extraordinário para quem explora o alojamento local.Nos últimos anos, o preço dos imóveis, tanto para compra como para locação, disparou no país, sobretudo nas maiores cidades.Divulgada em agosto, uma pesquisa internacional da consultoria Housing Anywhere identificou que Lisboa foi a cidade europeia mais cara para alugar um apartamento entre as 23 analisadas.O aumento expressivo no custo de vida tem "empurrado" muitas famílias para fora dos principais centros urbanos, em um movimento que também vem acontecendo entre os brasileiros, sobretudo aqueles que vivem há menos tempo no país.
2023-08-21 18:45:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ora-pois/2023/08/presidente-de-portugal-veta-lei-que-previa-aluguel-compulsorio-de-casas-devolutas.shtml
Militantes da causa animal são acusadas de roubar cordeiros em propriedade do rei Charles 3º
Três militantes do grupo Animal Rising foram acusados de roubar, em maio, três cordeiros na propriedade de Sandringham, pertencente ao rei Charles 3º, em Norfolk, anunciou a polícia local, nesta segunda-feira (21)."Três mulheres foram acusadas de diversos roubos e infrações relacionadas ao bem-estar dos animais", informou a polícia de Norfolk em nota.Com idades entre 23 e 34 anos, as três militantes foram liberadas sob fiança e comparecerão a um tribunal em 28 de setembro. Mais Em 24 de maio, o grupo Animal Rising reivindicou, em um vídeo onde as três mulheres apareciam caminhando pelo campo, ser autor do roubo para denunciar a criação de animais para fins alimentícios.A propriedade de Sandringham, com milhões de hectares de florestas, plantações e jardins, pertence à família real há várias gerações e Charles 3º a herdou após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª.
2023-08-21 18:40:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/militantes-da-causa-animal-sao-acusadas-de-roubar-cordeiros-em-propriedade-do-rei-charles-3o.shtml
'Mendigo gato de Curitiba' diz que quer escrever um livro e que já viveu em 127 cidades do Brasil
Rafael Nunes da Silva, conhecido como o "Mendigato de Curitiba", foi localizado nas imediações do Morro Dona Marta, em Botafogo, no Rio de Janeiro, após ter sido dado como desaparecido nos últimos seis meses. Em entrevista ao jornal O Globo, ele conta que está trabalhando em um livro, mas não deu maiores detalhes sobre a obra.Quando questionado sobre um recado para sua família, ele enfatizou a importância de sua mãe, que reside no Paraná, na formação de sua visão de "pensar no bem da humanidade". Além disso, Nunes conta que houve um desencontro no último sábado (19): ele deixou a delegacia que sua ex-mulher o procurou meia hora antes.Sobre a família, o Mendigato diz que já viveu "em 127 cidades" pelo país e enviou um recado aos familiares: "Eu agradeço a todas as pessoas que me educaram, que me ajudaram e eu consegui chegar a um projeto verdadeiro, sabe? Eu gostaria, hoje, que todo mundo visse o que eu vejo desse mundo espiritual, na verdade, que é um mundo de luz, de anjos e verdades." Mais Além disso, Nunes afirma que vê uma chance de "impor algo dentro do mundo, totalmente concebido pela verdade dos mais antigos". "Nós temos 42 pensadores no mundo, que trazem hoje a sociedade, às vezes, vil e cruel. Desequilibrada, mas é uma sociedade que é organizada. A maioria tem vontade de vencer na vida. O equilíbrio é a melhor forma e o excesso nos consome, procuro sempre manter isso", finaliza eleCitando um trecho bíblico, ele ainda conclui com a mensagem "não perca a fé", refletindo seu desejo de inspirar a positividade em meio a um mundo complexo e desafiador.
2023-08-21 18:24:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/mendigo-gato-de-curitiba-diz-que-quer-escrever-um-livro-e-que-ja-viveu-em-127-cidades-do-brasil.shtml
O que há por trás de entrevista da mãe de Larissa Manoela a Chris Flores
Chris Flores vai completar 20 anos de televisão no ano que vem. Formada em jornalismo, ela estreou em 2004 no programa Tudo a Ver, da Record, com um quadro sobre celebridades. Depois foi para o Programa da Tarde, virou colunista do Hoje em Dia e, em 2009, passou a fazer parte do time de apresentadores. Foi exatamente nesse ano que a conheci, quando eu fazia algumas participações ao vivo nesse programa.Acompanhei a carreira de Chris e vi sua transformação profissional e pessoal nesse programa diário, inclusive o icônico caso da "Grávida de Taubaté" —desmascarado por ela própria, aliás. Conversei muito com ela nesse período, chorei com ela no banheiro do estúdio em momentos tensos na emissora. Não pense que na TV cada um faz o que quer. Em nenhuma empresa é assim. E, como Larissa Manoela nos mostrou, nem em famílias de famosos. Por isso celebrei quando Chris foi para o SBT em 2015.Não sou parente, nem amiga íntima, nem advogada dela, mas até que exista alguma prova robusta em contrário, posso dizer que ela é uma jornalista séria, uma pessoa ética e corretíssima e que, por isso, me dói vê-la sendo injustamente atacada por causa da entrevista que ela fez com a mãe de Larissa Manoela, como se a vilã fosse a Chris. Mais Obviamente todos têm direito de não gostar da entrevista ou da forma como ela conduziu a conversa, porque é questão de opinião, de gosto, de torcida. Claro que seria mais divertido ver Silvana Taques de frente com Blogueirinha (amaria!), mas Chris é jornalista, e o jornalismo exige que todos os lados sejam ouvidos.E mais: ela é contratada, e não dona da emissora. E a emissora é feita de muita gente, de muitas decisões. É evidente que para conseguir uma entrevista com Silvana é preciso haver conversas, ajustar termos. Toda entrevista envolve interesses —e isso não é nem imoral, nem ilegal, nem antiético. Um quer expor o seu lado, seja ele verdadeiro ou não, e o outro quer a audiência e a exclusividade. Sem contar que ainda tem a disputa entre Globo e SBT, já que o SBT ouve os pais enquanto a Globo ouve a filha.Eu já havia opinado aqui na coluna sobre a carta que Silvana e Gilberto Elias mandaram para o Fofocalizando. Achei patético os pais de Larissa fazendo "contato" com a filha por meio de uma carta lida num programa de televisão. Como se eles não tivessem outros meios para chegar até a própria filha.Mas, como trabalhei em TV a vida toda, entendo que isso tudo seja parte de um acordo, já que o tema é quente e promete muita audiência. Tanto assim que fizeram até chamada no Domingo Legal, para trazer mais audiência para o Fofocalizando nesta segunda-feira (21), quando a entrevista com Silvana foi exibida na íntegra. Só quem não entende nada de televisão acha que tudo o que se vê foi "decisão" de quem está na tela!E, como é tudo no SBT, a entrevista tem a linguagem de uma novelinha, com musiquinha triste, lágrimas, momentos de infância dura, para amenizar a imagem de Silvana. A mãe que teve infância difícil, a mãe dobrando a roupinha da filha, o porta-retratos da família colocado estrategicamente ao lado dos cabelos de Silvana, os clichês de "mãe é para sempre", o argumento do "bebê na barriga respirando através da mãe" não pareciam conter emoção verdadeira. Também não me convenceu a frase "se eu pequei por excesso de zelo" nem o "qual é a mãe que não erra?". Sem contar que Silvana nem menciona o nome do namorado da filha. Mais Do figurino de mãe recatada à falta de maquiagem, tudo me pareceu uma encenação. Até porque eu vi no Fantástico o que Silvana escreveu para a filha em dezembro, dizendo "esqueça que sou sua mãe". Não é exatamente o tipo de mensagem que uma mãe mande para sua filha no Natal, por mais contrariada que esteja.Seja qual for o desfecho dessa crise familiar entre Larissa e seus pais, Chris Flores não fez nada de errado. Não tomou partido de Silvana, não atacou Larissa. Ela está fazendo seu papel como apresentadora, jornalista e funcionária do SBT. Daí a dizer que ela está "afundando sua carreira" ou "participando de uma segunda farsa depois da grávida de Taubaté" é fazer drama de internet e assinar atestado de desconhecimento jornalístico e empresarial.O caso todo poderia servir para aprender muita coisa, sobre fama, fortuna, ambição, vaidade, relações familiares, gerenciamento de carreira. Mas usar essa história para cancelar Chris Flores é tão errado e injusto quanto uma mãe mandar a filha à merda no Natal ou regular R$ 10 para comprar um milho.Para Chris, mando todo meu amor. Para os pais de Larissa, dedico aquele verso de Gloria Groove: "A bonequinha…está fora da caixa!".Voa, Lari.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-08-21 17:49:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/08/o-que-ha-por-tras-de-entrevista-da-mae-de-larissa-manoela-a-chris-flores.shtml
Freiras respondem curiosidades de internautas nas redes sociais
As Irmãs "Filhas da Misericórdia", moradoras de convento em Fortaleza, estão chamando atenção nas redes sociais por responderem dúvidas no que diz respeito às regras que elas devem seguir. O perfil no Instagram já alcança 183 mil seguidores e retrata também o dia a dia das religiosas."Freiras podem ir à praia?", "Por que freiras cortam o cabelo se ele nunca aparece?", "Elas dormem de hábito?" são algumas das dúvidas dos internautas, respondidas de maneira descontraída pelas irmãs, que dividem a conta no Instagram.Segundo a irmã Elizabeth, uma das administradoras, o perfil foi aberto para divulgar a vocação religiosa, mas a interação com os seguidores foi o que fez mais sucesso: "A gente não teve mais tanto tempo de produzir essas imagens, então eu resolvi postar vídeos espontâneos do nosso dia a dia mesmo".As irmãs compartilham momentos de lazer no cinema, na praia e em festas religiosas. A pergunta "É verdade que freira é proibida de ir ao cinema?" é respondida enquanto colocam seus óculos 3D.Veja a seguir mais dúvidas respondidas em vídeos.
2023-08-21 16:54:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/freiras-respondem-curiosidade-de-internautas-nas-redes-sociais.shtml
Luísa Sonza morde a maçã no campo de morango
Imaculada, alva, ela caminha pela paisagem edênica: mordeu a fruta e foi expulsa do paraíso, caindo em uma celebração de sacerdotisas bacantes vampiras. Dançam sobre e ao redor da cama, lambuzadas em um fluxo crescente de sangue. Frenesi feroz que inunda e mancha o cândido lençol em uma explosão vermelha, atiçando o clã na batida frenética da música.Corrompeu-se. Veio-lhe consciência, irrompeu-lhe o lado animalesco. No mito bíblico, Eva é culpada da "queda"; na música pop, Luísa Sonza escancara o êxtase e o horror de ser mulher no clipe de 1min50seg da música "Campo de Morango".Pureza e pecado, céu e inferno, infância e vida adulta: toda mulher sabe que sangrar pela primeira vez significa perder a inocência. Menina, menstruação, mocinha, mulher. Adolescência, revolução hormonal, confusão, inadequação. Tremenda mudança: abrem-se as portas celestiais do desejo, desejo trajado de culpa: "Feche as pernas, menina!".Corpo: templo de prazer e agonia, glória e fardo —pecado. Adolescentes assustadas: vontade e pânico de transar, perder a "pureza", engravidar. O desejo sexual feminino não é livre: porta um alerta. O patriarcado não nos permite gozar à nossa maneira. E não nos atrevamos ao prazer, que dirá menstruadas. A explosão do período é ambígua: com a violência da cólica, lembra que não engravidamos; quando o fluxo escoa, sentimos alívio, libido, força criativa.O prazer está ligado à pulsão de morte. Os franceses chamam o orgasmo de "petite mort": "pequena morte", possibilidade de sentir por breves momentos o "além da vida". Busca-se a "pureza" feminina como se fosse possível sustentar apenas a pulsão de vida. Criar nos aproxima do penhasco: a obra artística não tem compromisso com a realidade. Mais O status de arte, porém, exclui o pop: imprudente, ainda mais se performado por uma mulher que narra seu tesão safado numa simulação de terror "gore": vulgar, escrachado, de mau gosto. Uma boa menina não faz assim. O campo de morango de Luísa dialoga com o psicodélico dos Beatles; porém, é profano: ela delira "pecando".O pop é a manifestação comportamental mais disruptiva desde os anos 1960. Camille Paglia define a cultura pop "como uma erupção do jamais derrotado paganismo do Ocidente". O pop de Luísa é "camp", tem como marca "o espírito da extravagância, a arte que se propõe seriamente, mas não pode ser levada totalmente a sério porque é ‘demais’" (Susan Sontag). Desde "Doce 22", Luísa fortalece sua persona artística. Sua performance deleita o olhar alheio: mostra e vela teatralmente, com artifício e exagero, seu "Escândalo Íntimo". Mais Parte do público interpelou o clipe como ambíguo: o sangue representaria a violência contra mulheres. No entanto, percebo a repulsa preponderante à liberdade sexual feminina de cantar o prazer obsceno, satisfazer-se e saturar-se com suas entranhas, seu sangue, e ofertá-lo. Não é confortável, mas é vital, desnudar desejos subterrâneos, aqueles mais sórdidos, que nem a nós nos contamos. Luísa é provocadora: usa a arte para lidar consigo e com sua força de afrontar um feminino e abraçar o infinito feminino.Bacantes, bruxas, vampiras: rituais femininos em celebração primal dos prazeres da carne. O estranhamento ao misterioso e poderoso feminino criou a "bruxa", sua perseguição e extermínio. Ao fim do clipe, Luísa acorda espantada e só. Encarar o feminino e sua potência é assustador: sonho? Pesadelo? Sou eu, são os outros? Sou eu sozinha. Vou realizar, e lidar, com a escandalosa intimidade que me habita.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-21 16:00:00
opiniao
Opinião
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Twitter exclui mídias antigas e apaga clássico 'Mônica Trintin na antena parabólica'
Sem nenhuma explicação, milhares de imagens publicadas antes do ano de 2014 foram excluídas da rede social X, ex-Twitter, na última quinta-feira (17). Com a medida, algumas imagens clássicas da ex-rede do passarinho desapareceram do site.Um dos memes mais antigos do Twitter, a Mônica Trintin na antena parabólica, foi uma das mídias excluídas. A publicação de 5 de agosto de 2012 acumula mais de 11 mil comentários saudosos.Internautas se uniram para lamentar a perda da memória coletiva do "site da saúde mental" e criticar mais essa decisão sob a gestão de Elon Musk.O usuário @DaniloTakagi foi o primeiro a notar o desaparecimento de mídias antigas. A hipótese levantada na rede é da falta de espaço de armazenamento ou algum problema no domínio ‘t.co’."X de fogo, como a queima da biblioteca da Alexandria, tem acervo digital morrendo hoje", define um usuário."Todo dia a gente perde um pedaço de nós"."Toma, Elon Musk".A notícia foi dada como ‘urgente’ e ‘fim de uma era’ em alguns portais de entretenimento.Até o momento, nem a conta oficial do Twitter, nem Elon Musk se pronunciaram sobre o tema. Desde março deste ano o e-mail de atendimento à imprensa responde a questionamentos com um emoji de cocô. A Folha entrou em contato com a assessoria, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
2023-08-21 15:32:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/08/twitter-exclui-midias-antigas-e-apaga-classico-monica-trintin-na-antena-parabolica.shtml
O desafio da resiliência no sistema energético brasileiro
Nas últimas décadas, o Brasil testemunhou uma transformação notável em sua matriz energética. A inclusão de fontes renováveis e expansão da rede de transmissão são evidências claras deste avanço. No entanto, o recente apagão, que afetou quase todo o país, reforça a urgência de assegurarmos a confiabilidade e robustez desse sistema em expansão.Na última sessão do Tribunal de Contas da União (TCU), apresentei uma comunicação destacando a gravidade do caso. As evidências apontam que a falha não pode ser atribuída a um evento isolado, sugerindo a existência de múltiplos fatores que, juntos, precipitaram essa interrupção devastadora. Esse fato ressalta as possíveis vulnerabilidades do Sistema Interligado Nacional (SIN) e a importância de nossa vigilância contínua. Mais Essa ocorrência recente não é um caso isolado. Lembramos do apagão que afligiu o Amapá em 2020, um incidente que durou mais de 20 dias e deixou em evidência sérias deficiências em nossa infraestrutura e na prontidão de resposta dos órgãos envolvidos. No TCU, após análise aprofundada, identificamos falhas significativas na gestão e resposta a esse evento.Ao tratarmos as grandes decisões relacionadas ao nosso sistema energético, como a privatização da Eletrobras, é importante ressaltar que minha posição contrária à medida não surgiu de uma oposição superficial, mas da profunda convicção de que a energia elétrica vai além de um mero produto comercializável. É fundamental —um alicerce para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Sua gestão, portanto, deve ser norteada por princípios que garantam estabilidade, acessibilidade e excelência. Mais A segurança energética de nosso país deve ser uma prioridade inegociável. Enquanto avançamos na integração de novas fontes de energia ao SIN, devemos garantir que essa transição seja feita com robustez e eficácia. Afinal, qualquer vulnerabilidade no sistema pode resultar em consequências amplas e severas, como vimos recentemente.Em suma, é imperativo que haja cooperação entre as esferas do poder público e do setor privado para reforçar a resiliência de nosso sistema energético. O TCU, em sua função fiscalizadora, continuará atuando de forma incisiva e atenta, buscando um equilíbrio entre progresso, inovação e segurança.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-21 14:58:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-desafio-da-resiliencia-no-sistema-energetico-brasileiro.shtml
Pianistas André Mehmari, Salomão Soares, Tiago Costa e Hercules Gomes se apresentam no espetáculo 'Rosa dos Ventos'
Quatro dos melhores pianistas brasileiros da atualidade, André Mehmari, Salomão Soares, Tiago Costa e Hercules Gomes, se apresentam neste final de semana, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. "Rosa dos Ventos", o espetáculo que reúne os quatro grandes talentos, percutindo no mesmo palco 352 teclas, acontece nesta sexta-feira (25) e sábado (26), às 21h."É um projeto inédito na minha carreira, uma experiência nova e muito interessante. Compus uma peça, ‘Rosa dos Ventos’, explorando as características de cada pianista e procurando criar um discurso contemporâneo musical, que aborda uma grande variedade de estados de espírito e de afeto. Vamos explorar bem esta formação tão inusitada e tão difícil de se ver. É um projeto ambicioso, e tenho certeza que vai ser um prazer estar perto desses amigos para criarmos músicas juntos. Vamos fazer um lindo encontro. Até onde eu sei no país é inédito, um projeto bem estimulante e também engrandecedor para todos os participantes", disse Mehmari, que mantém uma sólida carreira internacional de solista, além de ter criado duos expressivos com músicos como o também pianista Mário Laginha, o clarinetista Gabriele Mirabassi, e com as cantoras, Ná Ozzetti, Maria Bethânia e Mônica Salmaso.O paraibano Salomão Soares acrescenta: "É uma honra fazer parte deste projeto com três grandes referências para mim. Me sinto muito lisonjeado de fazer parte deste quarteto e fazer algo inédito com quatro pianos juntos em um teatro incrível. Sou muito grato pelo convite. Acho que vai ficar um projeto muito interessante e muito bonito". Difícil ser de outra forma, pois de sua parte o experiente pianista, que já tocou com o multi-instrumentista Hermeto Pascoal, o baterista Nenê, além do saudoso saxofonista Vinicius Dorin (1962-2016), entre outros grandes instrumentistas, sempre garante momentos excelentes em suas apresentações.O capixaba Hercules Gomes também acumula anos de experiência tocando ao lado de nomes como o do multi-instrumentista Arismar do Espirito Santo, do compositor e flautista Letieres Leite (1959-2021), do violonista Alessandro Penezzi e do baterista Wilson das Neves (1936-2017). Segundo o pianista, "este projeto lindo demorou para acontecer, mas enfim deu certo. E estou muito feliz, especialmente por que são estes grandes músicos que participam. Sou muito fã desses caras. Estamos compondo muitas coisas boas e especiais para este show. Vem coisa boa ai!", disse Hercules Gomes.Já o pianista, regente, compositor e arranjador Tiago Costa tocou, gravou e escreveu para as cantoras Rosa Passos, Maria Rita, Vânia Bastos, Joyce, Zizi Possi, Fafá de Belém e Leila Pinheiro, além de ter enriquecido com seu som e arranjos apresentações ao lado do violonista Chico Pinheiro, da dupla Sá e Guarabira, do "cachorrão" Jair Rodrigues (1939-2014), do trombonista Bocato e dos cantores Gilberto Gil, Ivan Lins, João Bosco, Lenine, Dori Caymmi e José Luis Mazziotti. "A gente nunca tem chance de tocar com quem temos afinidade e logo tenho oportunidade de tocar com três (pianistas), cada um com sua linguagem, história e de diferentes gerações. Vamos trazer um resultado muito rico, justamente por ter este diferencial, cada um com sua história vai formar um espetáculo muito bonito. Outro ponto forte é que está sendo produzido um repertório, músicas inéditas, escritas especialmente para este concerto", disse Tiago.Bom show!SHOW ‘ROSA DOS VENTOS’ARTISTAS André Mehmari, Salomão Soares, Tiago Costa e Hercules GomesQUANDO Sexta-feita (25) e sábado (26), às 21hONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo, tel. (11) 2076-9700QUANTO De R$ 12 a R$ 40
2023-08-21 10:43:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/08/pianistas-andre-mehmari-salomao-soares-tiago-costa-e-hercules-gomes-se-apresentam-no-espetaculo-rosa-dos-ventos.shtml
Você já considerou esse risco no investimento imobiliário?
Você acreditaria na possibilidade de perder mais de 40% em um ano na aquisição de um apartamento usado? Eu nunca imaginei o risco desta variação em tão pouco tempo. Sempre alerto dos riscos, mas não sabia que poderia chegar tão longe. Talvez você diga: "mas, isso não pode ocorrer aqui onde eu moro". Acredito que eu e este indivíduo que perdeu pensávamos de forma similar a você.A maioria das vezes que menciono os riscos do mercado imobiliário, recebo sempre críticas de pessoas que tiveram sucesso em investimentos no setor.Usualmente, criticam que eu sou viesado por afirmar que a renda fixa é muito mais segura e tem um melhor balanço de retorno por risco.Como já mencionei outras vezes, o risco não deixa de existir só porque você foi bem-sucedido.Normalmente, as pessoas que foram malsucedidas em um investimento não comentam, por motivos óbvios. Mas, já recebi e-mails de relatos.Não preciso ir longe. Um dos casos é de um amigo próximo. Sua família comprou imóveis em lançamento de uma incorporadora que construía na região da Vila Olímpia. A incorporadora quebrou e a briga se arrasta por mais de 10 anos.Fico surpreso quando vejo investidores receosos em adquirir um CDB com garantia do FGC, mas compram imóvel com valor que se aproximam ou ultrapassa R$ 1 milhão, na planta e de incorporadora que nem possui balanço público ou auditado.É muita coragem. Ou ignorância. Esta última costuma ser uma bênção quando tudo dá certo.Mas, o caso relatado na reportagem de ontem da Folha de São Paulo chama a atenção para outro risco.Moradores da região do centro da cidade que até um ano estavam distantes da Cracolândia até alguns anos têm observado os preços de seus imóveis, que já estavam baixos, despencarem.Outra reportagem da Folha de sexta-feira descreve como a região afetada já foi equivalente a regiões da Faria Lima, Moema, Higienópolis e Paulista.Eu moro na região da Paulista. Eu e os moradores de Higienópolis estamos a uma hora a pé da região afetada no Centro. Será que estamos livres de qualquer risco?Esse risco é apenas um dos diversos riscos de investimentos em imóveis. A maioria dos investidores desconhece os riscos envolvidos ou mesmo sabe como isso pode afetar seu patrimônio.Conhecer os riscos do mercado imobiliário é tão assustador quanto ler bula de remédio. Talvez, por isso muitos preferem tomar o remédio sem ler a bula.Deixo o leitor com uma pergunta para reflexão: Qual proporção máxima de seu portfólio seria adequada para alocar em um ativo que pode perder 10% a 30% de valor em um ano?Por isso, afirmo com convicção que investimentos de renda fixa são muito mais seguros e mais apropriados para investidores conservadores que a aquisição de imóveis.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-20 21:32:00
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Autora de gol decisivo na Copa do Mundo, Olga Carmona perde pai na véspera da final
Autora do único gol da final da Copa do Mundo feminina em cima da Inglaterra e que deu o título para Espanha, Olga Carmona perdeu o pai na véspera da decisão. A lateral esquerda só foi informada sobre a morte do patriarca da família no final da partida disputada no estádio Olímpico de Sidney, na Austrália, neste domingo (20).A Federação Espanhola de Futebol, a RFEF divulgou a morte do pai de Olga Carmona em um breve comunicado, e sem informou detalhes. "Lamentamos profundamente o falecimento do pai de Olga Carmona. A jogadora foi informada da triste notícia após o final da Copa do Mundo. Mandamos nosso abraço mais sincero a Olga e sua família em um momento de profunda dor", diz parte da nota."Enviamos nossos mais sinceros abraços a Olga e sua família em um momento de profunda dor", escreveu a organização em comunicado publicado no X (antigo Twitter). "Nós te amamos, Olga, você é história do futebol espanhol", completou. Mais Olga Carmona tem 23 anos e defende atualmente o Real Madrid. Ela foi revelada pelo Sevilla em 2016 e foi contratada pelo clube da capital espanhola em 2020. Pela Seleção Espanhola, disputou a Eurocopa Sub-19 em 2018 e 2019. Também disputou a Eurocopa adulta em 2022.
2023-08-20 18:31:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/autora-de-gol-decisivo-na-copa-do-mundo-olga-carmona-perde-pai-na-vespera-da-final.shtml
Ansiosas e ansiosos
Pesquisa do Datafolha aponta que mulheres e jovens se declaram mais afetados por transtornos de ansiedade do que outros estratos da população. Ao menos no que diz respeito às brasileiras, repete-se padrão verificado em escala global.Mapeamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 3% do conjunto dos homens em todos os países sofre com transtornos depressivos e de ansiedade; o índice sobe para 4,5% e 5%, respectivamente, entre mulheres.A assimetria deixa clara a importância de políticas na área da saúde que se adaptem a variações epidemiológicas registradas por gênero, etnia e idade, entre outros.Na pesquisa do Datafolha, 27% das mulheres e 14% dos homens relataram ter sido diagnosticados com ansiedade. Entre jovens de 16 e 24 anos, o índice delas salta para 34%, enquanto o deles é de 15%.Na autoavaliação, 5% do homens acham que sua saúde mental é ruim ou péssima; o número é maior em mulheres (7%) e jovens (13%). Ao todo, três em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais declaram sentir-se ansiosos e experimentar problemas com o sono. Um quinto deles relata dificuldade de atenção.As diferenças por gênero em saúde mental têm causas biológicas, como variação hormonal, mas também culturais e socioeconômicas.Especialistas apontam que mulheres, desde a infância, são mais vulneráveis a abusos, principalmente, sexuais. Ademais, levantamentos do IBGE atestam que pessoas do sexo feminino sofrem com a dupla jornada de trabalho, que impacta negativamente a empregabilidade e a renda das brasileiras.No caso dos jovens, novas tecnologias podem ter papel significativo. As redes sociais levam o bullying da escola para a casa; a valorização de estereótipos de beleza por vezes acarreta transtornos alimentares, e o uso excessivo de telas luminosas causa distúrbios do sono.Devido à intersecção de fatores biológicos, culturais e sociais, a integralidade na abordagem, um dos princípios do SUS, é crucial.Isso significa não só articulação de políticas em áreas diversas (segurança, assistência social, trabalho, educação) mas também o tratamento do indivíduo em sua totalidade, levando em conta contexto social e familiar, corpo e mente.A OMS recomenda a capacitação de profissionais na atenção primária para identificar sinais de problemas psicológicos em consultas médicas de rotina. Atuação rápida no diagnóstico e interdisciplinar em prevenção e tratamento são caminhos indicados pela ciência para cuidar da saúde mental, principalmente dos mais vulneráveis.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-20 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/ansiosas-e-ansiosos.shtml
Leitores se dividem quanto à possibilidade de prisão de Bolsonaro
Bolsonaro e o regime fechado É revoltante ver como o cara e seus mandados deixaram morrer milhares sem oxigênio (com direito a piada em vídeo), fizeram motociatas e prevaricaram no cargo, mas até hoje só avançou o roubo de joias ("Investigação das joias caminha para crimes que podem levar Bolsonaro a regime fechado", Política, 20/8). Quando chegarem a outras acusações, que peguem 500 anos ou mais. Maria Isabel Castro Lima (Florianópolis, SC)Que o público fique preso no sensacionalismo do vai prender ou não vai prender até se compreende. O curioso é ver a imprensa presa na mesma bobagem. Nunca vi tanto empenho em exigir provas de culpa. A polícia terá de provar que a mais recôndita intenção do ex-presidente era enriquecer, encontrar o bilhete em que manda vender o Rolex, assinado e com firma reconhecida. Alberto Melis Bianconi (Taubaté, SP)Morte de torcedores Triste notícia ("Ônibus de torcedores do Corinthians capota deixa sete mortos em MG", Cotidiano, 20/8). Durante anos saía do interior de MG, em ônibus especial, para em BH ver jogos do meu Cruzeiro, e a rotina era mesma: busão sempre caindo aos pedaços e que vivia quebrando, e as viagens que deveriam durar 4 h duravam 10 h. A verdade é que empresa nenhuma aluga ônibus bom para a torcida organizada. Riler Barbosa Scarpati (Ipatinga, MG)Produção de leite do MST Todo apoio ao MST ("Maior que a líder Piracanjuba no leite, MST diz que não precisa de supermercado", Painel S.A., 20/8)! Quem produz para alimentar gado chinês e europeu não paga imposto e tem, há décadas, subsídios de empréstimos às nossas custas; já quem produz para matar a fome de irmãos brasileiros, não. Rafael Pimenta (São Paulo, SP)Uma comparação infeliz: "Se o MST fosse uma empresa de leite, seria 50% maior que a Piracanjuba". Deveria complementar com que é a produção de 500 mil famílias. Certeza de que essa empresa estaria falida. João Alberto Alves (Araguari, MG)Nosso Estranho Amor Comovente e linda história de amor e superação ("Sobre morrer e renascer na pandemia", Milly Lacombe, Folha Corrida, 20/8)! No meio do caos, o milagre das vidas; acho que o universo nos retribui de algum jeito. Marenildes P. da Silva (Rio de Janeiro, RJ)Eleições no Equador Se não tivéssemos estancado a sangria direitista nas últimas eleições, o Brasil estaria no rumo do Equador ("Equador elege presidente no ‘pleito do colete à prova de balas’ após assassinato", Mundo, 20/8). Prova disso é deputada empunhando arma contra um indivíduo em local público às vésperas do pleito. Felizmente aqui, o bom senso falou mais alto e a justiça será feita. Rosana Brito (Curitiba, PR)Colonialismo Uma lucidez animadora, mesmo sendo utópica ("Estado e partidos são colonialistas, diz quilombola Antônio Bispo", Ilustríssima, 20/8). O modelo vigente não tem remédio. De qualquer modo, é preferível a utopia à distopia que inunda a sociedade preenchendo todas as frestas cibernéticas. Mais que colonialismo, há o monarquismo dissimulado em partidos. O poder não é consanguíneo, mas político-partidário. Direitos constitucionais escritos em 88 tornaram-se privilégios de uma minoria colada em políticos de uma corte ampla. É impossível reformar. O jeito é viver. Antonio Neto (São Paulo, SP)Ao ouvir o Antônio Bispo me dá cansaço de existir nesse padrão civilizacional com tudo o que gera lixo e contamina ares, terras e águas, polui nossa audição, visão, tato, olfato e outros sentidos. Competição, egoísmo. Geramos problemas para tentar resolvê-los. E é esse cansaço que nos faz prestar atenção ao notório saber de descendentes de populações colonizadas, escravizadas, violentadas. Sabemos filtrar poluição e excessos, nossos e dos outros? Paloma Fonseca (Brasília, DF)Tributação sobre herança Taxar só por taxar não justifica ("Famílias antecipam heranças e doações para fugir de tributação maior após reforma", Mercado, 18/8). Controle popular das contas públicas é muito mais urgente. Chega de farra sem responsabilidade e punição! Lineu Raymundo Graeff (Caxias do Sul, RS)Lugar de fala Quando se fala de algo, dá-se sua visão, que será alvo de crítica ("Tiro no pé", Antônio Prata, 20/8). Só isso. Essa é a beleza da liberdade de expressão, informação e diálogo social. Em vez de escolher quem fala, melhor incentivar que todos falem, principalmente a fala crítica. Marcos Cesar Moraes (Maringá, PR)Assino embaixo. Concordo com a coluna inteira. E sou feminista. Maria Lopes (São Paulo, SP)Enxerga o problema do "lugar de fala", mas continua incapaz de renegar o identitarismo, raiz do problema. Toda essa questão é um desdobramento lógico e inevitável do identitarismo, ideologia nefasta. Lembra o pessoal que ainda defende o comunismo e, quando confrontado com o fato de nunca ter funcionado, responde: "É porque o comunismo real nunca existiu de verdade". Pedro Luis S. C. Rodrigues (São Paulo, SP)Messi Messi vale cada centavo da fortuna que ganha, pelo orgulho e títulos que dá à torcida, seja em que time for ("Messi leva Inter Miami a seu primeiro título, com decisão por pênaltis", Esporte, 20/8). Neymar bem que poderia dar esse orgulho, mas ele nem liga para isso. Ricardo S. Reis (Rio de Janeiro, RJ)“Compro a Folha desde 1996, quando me mudei do RJ para SP. Estava determinado a passar no vestibular, mas as minhas notas em redação não ajudavam. À época, meu professor recomendou a leitura de uma revista semanalmente. Fui à banca e levei a Folha. Precisava ler todos os dias! Fui aprovado no vestibular e nunca mais deixei de acompanhar esse jornal. Faz parte da minha vida! Tenho a edição da data do meu nascimento pendurada na parede." (Curitiba, PR)
2023-08-20 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-se-dividem-quanto-a-possibilidade-de-prisao-de-bolsonaro.shtml
Chianti hoje é um vinho dos melhores
"Esqueçam o vinho da garrafa com palhinha pendurada nas cantinas", assim Luca Alves, chianti wine ambassador, abriu a masterclass Chianti Lovers Latam no início de agosto em São Paulo. "O chianti teve uma evolução qualitativa enorme nas últimas três décadas.Além da sua vocação natural para acompanhar a comida, hoje ele tem uma das melhores relações preço/qualidade do mercado."A aula, seguida de degustação, foi dada a uma plateia de profissionais do vinho que já sabe que chianti é um ótimo vinho, muito superior ao vinho italiano gostosinho e barato do imaginário popular. Contudo, o objetivo da ação promovida pelo Consorzio Vino Chianti (associação de produtores), que se repete todos os anos com pequenas variações, é bater nessa ideia até que ela chegue aos ouvidos do maior número possível de consumidores de vinhos.É necessária porque, apesar de ser um dos vinhos mais conhecidos do mundo, o chianti perdeu muito do seu prestígio entre os consumidores de maior poder aquisitivo, nos anos 1970 e 1980, quando grandes indústrias soltaram no mercado quantidades gigantes de garrafas de chianti barato e de baixa qualidade.Não se sabe ao certo a origem do nome chianti. Sabe-se que, de início, ele se referia à área geográfica de onde hoje está Chianti Classico (desde 1996, uma denominação de origem separada do resto de Chianti), na Toscana, muito próximo a Florença. "O vinho chianti começa a aparecer na mesa de Florença na idade média", disse Alves.Em 1716, o grão-duque da Toscana, Cosme III de Medici, demarcou e tornou protegidas por decreto quatro regiões que considerava mais adequadas à produção de vinho na Toscana e Chianti estava entre elas. Segundo Alves, o curioso é que no início o chianti era principalmente um vinho branco. Aos poucos, o chianti tinto foi crescendo em prestígio. No entanto, foi só em meados do século 19, com o trabalho do Barão Bettino Ricasoli, que a sangiovese se transformou na uva principal do vinho chianti. Hoje, pelas regras do consórcio, ela precisa representar, no mínimo, 70% do blend, sendo permitido usar também outras uvas tintas, como a canaiolo e a cabernet sauvignon, e até brancas, como a malvasia e a trebbiano.Ao longo do tempo, a área conhecida como Chianti foi crescendo e pegou as províncias de Florença, Siena, Arezzo e Pistoia. Hoje são sete sub-regiões (Chianti Rùfina, Chianti Colli Aretini, Chianti Colli Fiorentini, Chianti Colli Senesi, Chianti Colline Pisane, Chianti Montalbano e Chianti Montespertoli), que abrangem uma área de 15,5 mil hectares de vinhedos, que produzem 800 mil hectolitros de vinho chianti por ano.A aposta na qualidade passa por investimentos em tecnologia de campo e cantina, mas também pelo entendimento da riqueza que pode representar toda a diversidade contida nessa pequena área. Cada uma das sub-regiões têm um terroir próprio, ou seja, condições de topografia, solo, clima e cultura diferentes. Destacar essas identidades é uma forma de atrair o consumidor mais experiente que busca singularidade.A sub-região que melhor entendeu isso foi Chianti Rùfina. A diferença de outras, seus vinhos sempre destacam a DOCG (Denominazione d'Origine Controllata e Garantita) Chianti Rùfina. Bastante próxima de Florença, é uma das mais antigas sub-regiões. Já fazia parte da área delimitada como Chianti por Cosme III.Com altitudes entre 250 e 600 metros e fortes declives cobertos de matas, é a mais alta das sub-regiões. Isso faz com que seja mais fria e, portanto, suas uvas tenham uma maturação mais lenta, o que confere aromas mais delicados, de frutas frescas e flores, e maior frescor na boca. "Pense em um vinho elegante", diz Gerardo Gondi, diretor de marketing e vendas do grupo Marchesi Gondi, ao qual pertence a Tenuta Bossi. "É uma região muito pequena, que produz um vinho muito preciso".Nela estão apenas 22 produtores dos 3600 que existem em Chianti. Bastante unidos, esses produtores decidiram em meados da década passada apostar ainda mais na precisão de seus vinhos. Criaram, então, uma marca coletiva, a Terraelectea, que posiciona alguns vinhos acima das três categorias já estabelecidas para todos os vinhos chianti.Os chianti se dividem em annata (vinhos simples, com pouca ou nenhuma passagem por carvalho, leves, frescos e bons para o dia-a-dia), superiore (vinhos com um teor alcoólico um pouco mais elevado, encorpados, com um período mínimo de amadurecimento de 9 meses, sendo 3 ao menos na garrafa, que costuma passar por madeira), e riserva (vinho complexo, potente, com grande potencial de envelhecimento, com um mínimo de 24 meses de amadurecimento, dos quais ao menos 6 em barricas de carvalho)."O Terraelectea, na verdade, é algo paralelo a essa classificação", explica Faye Lottero, que se define como wine artistic director (diretora artística de vinhos) da Fattoria Lavacchio, propriedade de sua família em Rùfina que combina um hotel-fazenda com produção de vinhos e azeites biodinâmicos. Uma marca coletiva, a nomenclatura Terraelectae só pode ser usada para vinhos de vinhedo único, sendo aquele vinhedo escolhido por seu proprietário como o seu melhor. Todo Terraelectae é também Chianti Rùfina Riserva."Nós não queríamos alguma coisa como o gran selezione do Chianti Classico, que é apenas uma escala acima do riserva", comenta ela. "Queríamos algo que expressasse a essência de Rùfina." Alguns vinhedos especiais, como os grand crus da Borgonha, representariam assim o que há de melhor na denominação.Na Fattoria Lavacchio, o vinhedo eleito foi a Vigna Casanova, dois hectares sangiovese foram plantados em 1963. "Ele já produzia um vinho especial, que chamava Ludie", conta Faye. "Mas tivemos que mudar o nome porque, para usar marca Terraelectae, o nome do vinho tem de ser o nome do vinhedo ou um topônimo associado a ele."Poggio Diamante é o nome do Terraelectae da Tenuta Bossi. A história da família conta que ele foi implantado no século 19 pela viúva Marie de Labrugiere, antepassada Gerardo e seu pai, que é o atual marquês. Boa parte dos produtores de Rùfina, por sinal, são de famílias nobres, mesmo que isso não esteja no nome da vinícola. Quando for visitar alguma delas, procure pela árvore genealógica na parede.Esse é o caso também da Azienda Agricola Colognole. Seu atual administrador, o marquês Cesare Coda Nunziante, descende também do conde Spalletti por parte de mãe, em cuja família a propriedade está há cinco gerações. Muito simples e gentil, até meio tímido, Nunziante explica que o Vigneto Le Rogaie é especial por uma série de fatores, dos quais destaca o fato de ele estar atrás de uma montanha onde o sol se põe uma hora antes e o fato de passar por ali um riacho subterrâneo. "Quando o sol se põe atrás do morro, ainda temos uma hora de bastante luz", explica. "Então, a planta faz fotossíntese. Mas como a luz não bate diretamente nas uvas, os aromas ficam mais finos. Já o riacho dá a água que o vinhedo precisa. Ele sofre menos que outros vinhedos, por isso rende um vinho mais equilibrado".Antes de 2017, quando o projeto deslanchou de vez, muitos vinhateiros, como os três citados acima, já produziam seus rótulos de vinhedo único, sempre rótulos especiais e mais caros. Desse modo, foram capazes de engarrafar seus primeiros Terraelectae já em 2018 simplesmente mudando o rótulo. Alguns, como a Fattoria Selvapianna, tinha até mais de um vinho de vinhedo único. Nesse caso, tiveram de escolher aquele que achavam que melhor expressava as qualidades de seu terroir. A Selvapianna escolheu o Vigneto Erchi Riserva, cuja safra 2018 recebeu 95 pontos da revista inglesa Decanter.Outros, como a Fattoria di Doccia, ainda não tinham investido em vinificar e engarrafar separadamente parcelas de melhor qualidade. "No início, ficamos em dúvida sobre qual seria o nosso Terraelectae", conta o jovem Leonardo Sardelli, da terceira geração dos produtores. "Temos dois vinhedos bastante especiais, o Casali e o Casale (os nomes são parecidos mesmo). Agora decidimos pelo Casali. Vamos ver como fica a safra 2023. Não sei se conseguiremos lançar nosso Terraelectae para esta safra."Tudo isso é muito novo e não chegou ainda ao Brasil. Muitos desses produtores nem são importados para nosso país (embora alguns estejam a procura de importador). As produções de Terraelectae são mínimas. Então, são vinhos caros. Contudo, se você quiser prová-los, pode experimentar as safras anteriores do Fattoria Lavacchio Ludie, por exemplo, que saem entre R$ 924,00 e R$ 1.018,00, na importadora Mondo Roso (roso@mondoroso.com), ou do Frescobaldi Montesoldi, cuja safra 2016 sai por R$ 1.176,00 na Winebrands.A maioria dos mortais, no entanto, pode se divertir bastante com os chianti comuns de bons produtores de Rùfina ou outras sub-regiões que não custam nem um quinto disso.
2023-08-20 16:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tinto-ou-branco/2023/08/chianti-hoje-e-um-vinho-dos-melhores.shtml
Achado pode explicar como surgem os buracos negros gigantes
Sabemos há um bom tempo que praticamente toda galáxia tem um buraco negro gigante, supermassivo, em seu centro. A pergunta realmente difícil sobre eles é como se formaram. E agora um novo achado, feito com a ajuda dos telescópios espaciais Chandra, de raios X, e James Webb, de infravermelho, pode começar a esclarecer o mistério. Em essência, os pesquisadores acharam o que pode ser uma versão bebê desses intrigantes objetos.Ele estaria localizado no coração da galáxia UHZ1, cuja luz levou 13,3 bilhões de anos para chegar até nós –revelando como esse objeto era apenas 450 milhões de anos após o Big Bang. Duas surpresas vieram com ele: primeiro, um buraco negro já tão grande, com massa estimada em 40 milhões de sóis, tão pouco tempo após o nascimento do Universo; segundo, o fato de que a galáxia em si é proporcionalmente muito modesta, com uma quantidade de massa reunida em suas estrelas comparável à do próprio buraco negro central, que parece estar consumindo matéria de forma voraz. É um cenário bem diferente de galáxias maduras, como a Via Láctea, em que o buraco negro central responde por cerca de 0,1% da massa que está distribuída nas estrelas.Essa combinação de fatores é muito importante. Isso porque a principal hipótese para a formação desses buracos negros gigantes é que eles nasceriam a partir de estrelas de alta massa. Após esgotarem seu combustível e colapsarem, elas seriam convertidas em buracos negros estelares, com 10 a 100 massas solares, que colidiriam entre si ao longo do tempo cósmico até formar um objeto parrudo, agregando milhões ou bilhões de sóis em massa total.A ideia, contudo, contrasta fortemente com a existência desse objeto longínquo, que não teria tido tempo suficiente desde o Big Bang para juntar tanta massa. Em compensação, a UHZ1 se alinha muito bem com uma premissa menos popular: a de que buracos negros supermassivos já nascem grandões. De acordo com os modelos que amparam essa hipótese, buracos negros de até 100 mil massas solares poderiam nascer de uma vez só, a partir do colapso direto de uma nuvem de gás. Ou seja, em vez de esse material se fragmentar para formar várias estrelas, seria todo comprimido de tal maneira que formaria um buraco negro direto, e dos grandes. A ele, em curto espaço de tempo (até 5 milhões de anos), se juntariam outros buracos negros estelares formados ao redor, produzindo um buraco negro supermassivo "bebê". Caso isso esteja correto, é esperado que muitos objetos dessa categoria sejam encontrados nas profundezas do espaço (portanto, no Universo jovem). Os pesquisadores sugerem que UHZ1 possa ter sido o primeiro. Um próximo passo importante para confirmar isso, além de seguir estudando esse objeto em mais detalhes, é ampliar a busca por outros exemplares similares.O trabalho descrevendo as características da galáxia UHZ1, que tem como líder Akos Bogdán, da Universidade Harvard, nos EUA, e envolve também pesquisadores de Princeton, Miami e Yale, foi submetido para publicação no Astrophysical Journal Letters.Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-08-20 09:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/mensageiro-sideral/2023/08/achado-pode-explicar-como-surgem-os-buracos-negros-gigantes.shtml
Imprensa responsável
Ditaduras modernas já não recorrem a tanques nas ruas para se instalar no poder, mas nem por isso abrem mão da censura em sua escalada antidemocrática. É que a imprensa livre ajuda a fiscalizar o governo de turno, sujeitando-o a críticas públicas com as quais nenhum líder autoritário aceita conviver.Os ministros do Supremo Tribunal Federal precisam ter isso em mente ao concluir o julgamento sobre um pedido de indenização feito ao Diário de Pernambuco por entrevista publicada em 1995.A ação ganhou relevância porque tem repercussão geral. Significa dizer que, para além da decisão na situação concreta, o STF definirá, de forma mais ampla, se e em quais casos um veículo de comunicação pode ser condenado a pagar danos morais quando um entrevistado imputa, de forma falsa, a prática de um ato ilícito a alguém.Está em jogo um embate clássico entre dispositivos que desfrutam do mesmo status na Constituição. De um lado, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem; de outro, a liberdade de expressão e a garantia de acesso à informação, tendo como corolário a liberdade de imprensa.Seria um erro supor que exista resposta simples para o dilema. Se a ninguém interessa viver indefeso contra violações dos direitos da personalidade, tampouco se cogita uma sociedade democrática em que as ideias não possam circular como um direito difuso e universal.A solução mais razoável que se tem encontrado consiste em rechaçar toda forma de censura e, como contrapartida, criar mecanismos para reparar eventuais excessos cometidos pela imprensa.Se foi esse o caminho escolhido pela Constituição de 1988 e recepcionado com pompa pelo Supremo, segue-se que a responsabilização jamais pode ser de tal monta ou tão frequente que, na prática, torne-se censura disfarçada.Para ficar num exemplo extremado, nenhum veículo de comunicação escaparia da falência se precisasse pagar danos morais por ofensa a honra a todo político implicado em escândalos de corrupção.A caracterização dos excessos da imprensa precisa ser inequívoca; é preciso haver não um erro, mas dolo ou negligência gritante, de modo que salte aos olhos o abuso no exercício da liberdade.Na maior parte dos casos, instrumentos menos lesivos dão conta da situação, e muitos jornais, como esta Folha, já os adotam independentemente da Lei do Direito de Resposta: correção de erros constatados e espaço adequado à parte ofendida, entre outros.O STF deveria reconhecer os benefícios desse equilíbrio; do contrário, oferecerá subsídios judiciais a quem queira calar a imprensa —caminho certo para minar a democracia, de cuja defesa recente os ministros tanto se orgulham.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-19 22:00:00
opiniao
Opinião
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Apagão da razão
A semana terminou sem que as autoridades responsáveis tenham obtido maiores avanços no esclarecimento do apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal na terça-feira (15). A precariedade de informações, porém, não impediu que PT e governo fizessem exploração política rasa do episódio.Até aqui, divulgou-se apenas que o problema teve início em uma linha de transmissão entre Quixadá (CE) e Fortaleza. Permanece nebuloso como o incidente deflagrou blecautes de alcance nacional —o que não deveria ocorrer.Foram descumpridos prazos dos protocolos de informações sobre o evento, a cargo do Operador Nacional do Sistema (ONS). Na quinta-feira (17), o órgão anunciou que o Relatório de Análise da Perturbação será concluído em 45 dias, em vez dos 30 habituais.Não há como subestimar o impacto do apagão, que poupou apenas o estado de Roraima, não participante do sistema integrado nacional. Houve até seis horas de transtornos, a depender da região, a partir das 8h31.Para expoentes petistas, as agruras vividas pela população pareceram boa oportunidade para associar —sem nenhuma base técnica— a falta de energia à privatização da Eletrobras, ocorrida em 2022 sob o governo Jair Bolsonaro (PL).Destacou-se nas diatribes ninguém menos que a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, ex-funcionária da ex-estatal.Mais grave foi o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), engrossar a cantilena desinformada. Titular de uma pasta que mal justifica sua presença na Esplanada, Silveira reclamou da desestatização, aprovada pelo Congresso, especulou sobre causas do apagão, a serem apuradas pelo ONS, e prometeu punições, o que cabe à agência reguladora do setor.Movido a ideologia estatista, corporativismo sindical e interesse em distribuir cargos para aliados, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta recuperar o comando da Eletrobras com uma esdrúxula ação no Supremo Tribunal Federal.Poucos fora da bolha governista levam a sério a iniciativa, mas o Planalto pôde contar na semana passada com o infalível parecer favorável do procurador-geral da República, Augusto Aras. Resta esperar que o STF proteja Lula de si mesmo e do pior de sua agenda passadista —por ora, felizmente, contida pelas imposições da realidade.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-19 22:00:00
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Foco no lucro impede que privatizações sejam benéficas, opinam leitores
Nesta semana, a Folha perguntou aos leitores se privatizações trazem melhorias a serviços antes prestados pelo Estado. Confira a seguir algumas respostas.Não. Serviços essenciais como água e energia são de interesse público, não cabendo privatização. Além disso, o processo de privatizações iniciado com FHC foi sinônimo de corrupção, serviços mal prestados e aumento de preços ao consumidor. Rodrigo Augusto Leão Camilo (Goiânia, GO)Privatizações não trazem melhores serviços pois a prioridade de uma empresa privada é gerar lucro para seus acionistas, enquanto uma empresa pública pode estabelecer outras prioridades. No entanto, uma má administração e a ausência de fiscalização podem levar à precarização dos serviços em ambas as situações. Yuri Oliveira Kuhn (Luís Alves, SC)Trazem melhorias, pois o governo não possui caixa suficiente para melhorar os serviços públicos e também falta planejamento devido ao mau uso das estatais. Jefferson Rodrigues de Oliveira (Maceió, AL)Não, o modelo de privatização praticado pela administração pública do Brasil é baseado na realização de aportes de verba pública para garantir ganhos e cenários positivos aos concessionários, ou seja, transfere-se dinheiro público diretamente para empresas privadas, aumentando o custo estatal em vez de gerar economia e competitividade. Fábio Takayama Garrafoli (São Paulo, SP)Quando se trata de serviços públicos e monopólios naturais, não, e por uma simples razão: serviços públicos muitas vezes são necessidades básicas das pessoas e, portanto, o valor pago precisa ser baixo para que haja a acessibilidade por todos. Thiago dos Santos (São Paulo, SP)Sim. Veja o caso das companhias telefônicas. Há melhoria em todos os níveis e administração por capacidade, não por indicação política. Maria Marta Leitão (São Paulo, SP)Não, pois a empresa privada visa apenas o lucro. O pobre que mora longe não vai ter transporte nem água, pois a empresa privada não vai atender com visão social. Se tem pouca demanda, não vai dar lucro; logo, ela não vai investir nesse local. Tomoko Saeki (São Paulo, SP) Mais Não. Empresas privadas visam apenas o lucro, e órgãos fiscalizadores e reguladores são ineficientes. Ana Cláudia Kirsch dos Santos Souza (Porto Alegre, RS)Sim. O investimento melhora a qualidade dos serviços ao eliminar a burocracia e facilitar o acesso. Renato Vasconcelos (São Paulo, SP)Não. Nas privatizações prevalecem quaisquer interesses, menos o bem comum. É certo que os serviços públicos têm inúmeros problemas, mas estes devem ser solucionados com ações de incentivo à cidadania, educação acerca do sentido do Republicanismo etc., e não com a venda de serviços cujo impacto na vida da população não permite que fiquem à mercê do interesse lucrativo de poucos. Emerson Dylan (São Paulo, SP)Não, o lucro é um empecilho aos interesses da maioria, ao privilegiar uma minoria que se aproveita da estrutura pública já pronta, erguida com o dinheiro dos contribuintes, como a Eletrobras, por exemplo. Na verdade, privatizar o patrimônio público deveria ser crime de lesa pátria, por contrariar os interesses internos da economia nacional. Ramon Silva Figueiredo (Natal, RN)
2023-08-19 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/foco-no-lucro-impede-que-privatizacoes-sejam-beneficas-opinam-leitores.shtml
Desaparecido há seis meses, 'mendigo gato de Curitiba' é encontrado no Rio de Janeiro
Desaparecido desde o dia 28 de fevereiro, Rafael Nunes da Silva, 41, foi encontrado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro na madrugada deste sábado (19), na região central da cidade. Em 2012, Rafael ficou conhecido como "mendigo gato de Curitiba", quando foi fotografado na Praça Tiradentes, na capital paranaense. A imagem foi compartilhada no Facebook e viralizou.Naquela época, parentes contaram que Rafael chegou a trabalhar como modelo mas abandonou a carreira. Esquizofrênico e dependente químico, ele estava morando em Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, de onde saiu há seis meses para não mais voltar. Mais Familiares comunicaram o seu desaparecimento, e o Disque Denúncia divulgou um cartaz com a imagem de Rafael. Ele foi encontrado por policiais do projeto Segurança Presente "em situação de vulnerabilidade social", segundo nota divulgada, e encaminhado para a 5ª DP (Lapa).Não havia nenhuma acusação contra o ex-modelo e ele manifestou o desejo de voltar para as ruas, o que aconteceu na manhã deste sábado.
2023-08-19 12:41:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/desaparecido-ha-seis-meses-mendigo-gato-de-curitiba-e-encontrado-no-rio-de-janeiro.shtml
O parcelamento sem juros no cartão de crédito deve sofrer alguma alteração? SIM
As compras parceladas no cartão de crédito ampliam o poder de compra da população, aquecem a economia e desenvolvem o varejo. Mas é um modelo que precisa ser aprimorado para garantir às famílias juros mais baixos, ao comércio mais vendas e mais negócios para toda a cadeia envolvida nesse processo: bandeiras, bancos, lojistas, consumidores e maquininhas.Com o Plano Real e o fim da hiperinflação, os brasileiros passaram a ter cartões de crédito como substitutos dos cheques pré-datados. Essa não foi uma simples mudança de meio de pagamento, mas, sim, de risco de crédito e de gestão da inadimplência.De um lado, com o cartão de crédito, consumidores ganharam em comodidade e tecnologia. De outro, varejistas passaram a ter os bancos como aliados. Na época dos pré-datados, o comerciante arcava com o prejuízo dos cheques sem fundos. No parcelamento sem juros do cartão, o repasse dos bancos aos lojistas ficou garantido.No início, havia equilíbrio entre todas as partes da cadeia: o parcelado sem juros no cartão tinha um horizonte de prazo curto, três a quatro meses, o que facilitava o planejamento financeiro familiar e o não acúmulo de dívidas.O crescimento dessa modalidade causou grandes distorções e, principalmente, beneficiou apenas alguns elos da indústria. Os cartões passaram a ser o mais amplo mecanismo de concessão de crédito sem garantia, desequilibrando a equação crédito versus risco. O prazo dos parcelamentos cresceu vertiginosamente e, hoje, pode chegar a 24 meses sem juros. Mais Com a ampliação dos prazos, cresceu a inadimplência. Famílias perderam o controle dessas dívidas e, alavancadas, passaram a empilhar cartões de crédito. Em prazos muito estendidos, o cliente tem mais risco de falhar com seu pagamento.Estudos da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostram que a inadimplência dos planos a prazo, comparada com planos à vista, é duas vezes superior na média. Já quando olhamos para o público de baixa renda, a inadimplência é três vezes superior. Endividadas, as famílias brasileiras perdem poder de compra, têm seu nome negativado, desaquecem a microeconomia e impactam na rentabilidade do varejo.No Brasil, cerca de 75% das compras são feitas no parcelamento sem juros do cartão. EUA, Europa e mesmo outros países da América Latina trabalham de forma inversa: 60% da carteira, em média, com juros. Mais O prazo de financiamento impacta diretamente no custo de capital e no risco de crédito. A inadimplência é o principal fator que eleva as taxas de juros no país. No modelo atual, o risco, que na era do pré-datado ficava com o comerciante, agora é inteiramente dos bancos. E ainda alguns partícipes da cadeia ficam com as receitas de juros, não correm risco de crédito, não alocam capital e estimulam um ciclo vicioso de financiamento de longo prazo.O tema é muito complexo. Acabar com as compras parceladas no cartão certamente não é a solução, muito menos tabelar juros artificialmente. Tendo como pressuposto a saúde financeira das famílias, é preciso analisar as causas dos juros para um redesenho do rotativo, de um lado, e, de outro, aprimorar o parcelamento de compras. Mais Por isso, gradualmente, temos de reduzir os prazos de parcelamento das compras sem juros, para sairmos de um equilíbrio instável para um equilíbrio estável, e nos alinharmos a padrões internacionais. Nessa transição, os bancos continuarão a cumprir o seu papel de irrigar a economia, criando novas experiências de crédito parcelado para o cliente.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-18 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-parcelamento-sem-juros-no-cartao-de-credito-deve-sofrer-alguma-alteracao-sim.shtml
Por trás da Bolsa
Houve melhora recente, sem dúvida, das expectativas acerca da economia brasileira, em parte por decisões até aqui responsáveis, em geral, do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —e que felizmente não deram consequência à retórica imprudente do mandatário.Mesmo assim, as últimas semanas revelaram que o quadro ainda é delicado, como evidenciado pela sequência inaudita de quedas da Bolsa de Valores, além de nova escalada das cotações do dólar.Nunca é seguro embasar qualquer prognóstico em oscilações do mercado financeiro, para o bem ou para o mal. Deve-se apontar, também, que parte expressiva da recente onda negativa vem do exterior. Renovados temores de que os juros nos EUA poderão ter que subir ainda mais contribuíram para a valorização da moeda americana.A crescente evidência de que a China passa por persistente desaceleração e riscos recessivos, além disso, sugere potencial contágio para economias emergentes que se ancoraram no dinamismo chinês nas últimas décadas.Tais fatores são um lembrete de que não há espaço para complacência ou descuido do governo na política econômica.A divulgação da nova regra de controle das contas públicas, em vias de aprovação final na Câmara dos Deputados, e a permanência da meta de inflação em 3% para 2026 contribuíram para que o Banco Central iniciasse um ciclo de cortes de juros, que deve se estender até o próximo ano.A atividade produtiva também surpreendeu positivamente até agora. Ainda que muito do resultado esteja ancorado na safra recorde, que expandiu o PIB do setor em 20% no primeiro trimestre, por ora há desempenho razoável dos serviços e do comércio.A contínua robustez do mercado de trabalho, com bom incremento da renda e menor desemprego, é outro ponto positivo.Entretanto os sinais preocupantes não advêm apenas do exterior. Em particular, vai ficando claro que o governo terá grande dificuldade em cumprir a meta de zerar o déficit fiscal em 2024.A arrecadação de impostos e a economia dão sinais de desaceleração. Diante da alta continuada das despesas, as projeções para o crescimento da dívida pública devem voltar a piorar.O problema é que a estratégia da equipe econômica depende de uma exorbitante elevação da carga tributária, que por sua vez se ancora em projetos de difícil tramitação no Congresso. Ruídos políticos em torno dessa agenda já aparecem.Será fundamental a aprovação já tardia da regra fiscal e a elaboração de um projeto crível de Orçamento para 2024, que precisa ser enviado ao Congresso neste mês.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-18 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/por-tras-da-bolsa.shtml
Evento pet mostra sorvete e dispositivo para cães cegos; marcas miram gatos
Enquanto tutores buscam mais qualidade de vida e bem-estar para seus pets, o mercado desenvolve produtos e serviços para esse público exigente. E marcas têm mirado cada vez mais os felinos.Esse movimento pôde ser observado na Pet South America 2023, que ocorreu em São Paulo nesta semana e é considerada a mais importante feira do segmento voltada a negócios da América Latina.Em três dias —de quarta (16) a esta sexta (18)—, cerca de 500 marcas expositoras marcaram presença na feira e na Pet Vet, evento paralelo exclusivo para veterinários. Foram 41.315 visitantes nas duas feiras, crescimento de 31% em relação ao ano passado, quando a Pet South America completou 20 anos e registrou recorde de visitas. Só a Pet Vet teve neste ano público 58% maior do que em 2022. Pelos corredores da São Paulo Expo, profissionais do setor pet encontraram novidades e tendências, passando por alimentos naturais, suplementos, petiscos, brinquedos, caminhas, bolsas de luxo, produtos de higiene e beleza, areia para gatos, arranhadores, material para banho e tosa e equipamentos veterinários.Como nas edições anteriores, também ocorreram rodadas de negócio de exportação. Embora o balanço também não tenha ainda sido divulgado, os resultados do evento foram comemorados por Guilherme Martinez, head de produto do núcleo pet da NürnbergMesse Brasil, promotora da Pet South America e da Pet Vet."A nossa expectativa para a edição deste ano já era alta porque temos acompanhado o mercado, vemos o quanto novas marcas estão surgindo e o quanto as consolidadas seguem crescendo. Mas o resultado foi surpreendente. Só no primeiro dia, a Pet Vet, voltada à indústria veterinária, já bateu recorde de visitação, 73% acima do que tivemos no evento todo do ano passado", disse.Segundo dados do IPB (Instituto Pet Brasil), o Brasil tem cerca de 150 milhões de animais de estimação, sendo 85 milhões de cães e gatos. Cachorros são maioria nos lares, mas gatos estão em alta e lideram crescimento no país."Os cuidados com os animais são cada vez mais prioridade para os tutores e o movimento nas nossas feiras reflete isso. Mesmo na Pet South America, era possível encontrar diversos produtos voltados ao bem-estar deles. Hoje, dividimos a atenção que temos com a nossa saúde com a dos pets. E, para nós, é muito gratificante que os principais players do mercado com soluções para cuidar deles estejam no nosso evento", afirmou Martinez. Mais A marca de alimentos Royal Canin levou um hospital modelo, com equipe e estrutura adaptada na recepção e consultório para receber os felinos, incluindo caixas de transporte, arranhadores e o uso de feromônio. O ambiente cat friendly foi elaborado de acordo com programa da American Association of Feline Practitioners.A HTM Vet, que fabrica equipamentos para saúde e bem-estar, lançou um eletroestimulador portátil, aparelho de correntes excitomotoras e terapêuticas para tratamentos de dor aguda e crônica, drenagem de edemas e incontinência urinária, entre outros tratamentos. Também mostrou outros dispositivos veterinários para animais de pequeno e grande portes, como ultrassom.Palestras debateram saúde mental no contexto da medicina veterinária, temas de saúde e de comportamento animal. O evento teve ainda uma edição especial do We Need To Talk About Cannabis, com especialistas e pesquisadores discutindo mercado e regulação do uso medicinal de cannabis para pets. Em um dos painéis, Isabela Ávila, coordenadora de produtos veterinários do Ministério da Agricultura e Pecuária, falou de cenário regulatório para a possível liberação de produtos para o setor veterinário e de trâmites.Alimentos e guloseimasPara tutores que gostam de dividir o alimento com o pet, a Prefere levou ao evento seu gelato que pode ser consumido por cães e humanos. Nos sabores carne, morango, chocolate (alfarroba) e baunilha, o produto não é vendido em forma de sorvete, mas em pó —basta colocar água e mexer para virar um creme.A Docg, que possui mais de 500 produtos no ramo de alimentação, higiene, beleza e saúde, lançou na feira a nova linha de suplementos para cães e gatos. Também mostrou a Linha Natural Food LIOF, alimento sem ingredientes artificiais e transgênicos, com versão de 5 kg.Higiene e belezaA Pratipet levou para o evento toalhas descartáveis e biodegradáveis, consideradas carro-chefe da empresa e encontradas em versões para pet shops e home care. O material ajuda na prevenção, diminuindo o risco de contaminação cruzada. A marca exibiu ainda o mousse limpa patas, banho a seco e lenços umedecidos para cães e gatos.A linha Hello Kitty and Friends da Pet Society ganhou novos produtos, agora com o personagem Pochacco. A linha para cães inclui xampu, condicionador e colônia, enriquecidos com extrato de algodão e camomila. Para felinos, a marca lançou o Chococat, com xampu 2 em 1 e banho a seco em mousse —sem barulho do spray—, formulados com extrato de avelã e baunilha. Já a Hydra, marca profissional premiada, mostra lançamento que promete fórmula de alta qualidade e tecnologia avançada.A Empóriopet, entre outros produtos, apresentou a água perfumada, uma colônia para finalizar banho dos pets.O Grupo Dolce Pet apresentou a marca Vuelo, com xampus, máscaras, condicionador, banho a seco e colônias, que devem chegar às prateleiras em setembro. O grupo também desenvolveu uma espuma bucal, com ação 2 em 1 (escova e enxágua).A Progato apresentou um granulado higiênico que atenta para alterações no pH da urina do felino. O material muda de cor conforme os níveis de alcalinidade e pode auxiliar tutores e veterinários na identificação de possíveis problemas renais.Já o CareCat é uma opção de areia para gatos. O granulado é feito de material sustentável, e a fórmula não contém substâncias químicas ou resíduos perigosos de sílica. Produtos sustentáveisA Mabuu, empresa mineira de roupas, acessórios e camas, levou ao evento mais de 30 lançamentos, incluindo modelos ergonômicos e 100% reciclados. "Dentro dos leitos e almofadas, utilizamos uma fibra siliconada oriunda de garrafa pet verde. Também trouxemos os novos produtos à base de linho reciclável", disse Marcelo Rigoto, diretor da marca.A Beethoven, que produz casinhas para cachorros e comedouros para pássaros, mostrou produtos desenvolvidos com madeira de reflorestamento, de pinus e eucalipto. "Todo o processo, desde a seleção da madeira até a pintura, é feito com certificação ambiental", afirmou Claudino José, diretor comercial da Beethoven Agropet, marca que lançou neste ano a rampa pet, produto que auxilia animais com limitações a subirem em camas e sofás.MobilidadeA Blindog apresentou um dispositivo para orientar cães cegos. O produto, encaixado na coleira, emite leves alertas vibratórios para ajudar o animal a desviar de obstáculos, evitando colisões e ferimentos.A Walkin’ Pets mostrou a cadeira de rodas ajustável Walkin' Wheels.Lionel FalconO fotógrafo Lionel Falcon, referência no mercado pet, levou sua exposição ‘O sentido da vida é amar’, com 14 casais e seus animais. "Meu objetivo através dos cliques é captar cada segundo espontâneo e marcante do pet. A beleza natural atrai olhares, pois o animal em si é lindo de todas as formas, com ou sem raça definida. Quero que o amor e o encantamento transmitidos pelos animais fiquem eternizados", disse.Moradores de Rua e Seus Cães Eduardo Leporo e a Kombi-lojinha do Moradores de Rua e Seus Cães estiveram na feira com camisetas, bolsas e canecas. Desde 2015, o projeto nascido em São Paulo realiza ações para atender a população em situação de rua e seus peludos.Startups, micro e pequenas empresasA Capri Venture também marcou presença na feira e apresentou as startups de seu portfólio.Na Arena do Sebrae, cerca de 20 micro e pequenas empresas de São Paulo mostraram produtos e serviços.Pets não convencionaisNão é só gato e cachorro. Tutores encontraram produtos direcionados também para coelhos, tartarugas, hamsters e peixes. "Esses pets podem não representar a maioria, mas têm um número muito expressivo no país e movimentam o faturamento do setor", afirmou Guilherme Martinez.Erica Takaki, distribuidora da Pawise, empresa de petiscos e acessórios para animais, afirma que 20% do faturamento anual é para os chamados pets não convencionais. "De olho no mercado, nos adaptamos e oferecemos todo tipo de produto para eles, como coleiras, brinquedos e gaiolas."Mastergroom A maior competição de tosa do mundo foi realizada durante os três dias da Pet South America e reuniu cerca de 600 cães e 800 competidores. Profissionais do setor de estética animal disputaram em 35 categorias, divididas nos níveis iniciante, intermediário e avançado. Foram distribuídos mais de R$ 150 mil em prêmios —em dinheiro e em produtos e equipamentos. Siga o Bom Pra Cachorro no Twitter, Instagram e Facebook
2023-08-19 01:31:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/bom-pra-cachorro/2023/08/evento-pet-mostra-sorvete-e-dispositivo-para-caes-cegos-marcas-miram-gatos.shtml
Carbono em alta
Com mais de dez anos de atraso, o governo brasileiro dá largada na ideia de um mercado de emissões, um dos meios para mitigar o aquecimento global. Na segunda (21), o tema entra na pauta do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, mas não será em foro com 246 integrantes que se alinharão todos os detalhes.O primeiro mercado de carbono em larga escala foi o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia, de 2005. A partir do estabelecimento de um teto para emissões, grandes empresas que produzirem menos gases do efeito estufa podem vender créditos para aquelas que ultrapassam o limite.Por aqui nunca prosperou o debate sobre tal dispositivo, que estimula redução de emissões a partir de mecanismos de mercado. Setores poluentes, como transportes e geração de energia por combustíveis fósseis, faziam pressão contrária, e adeptos do estatismo duvidavam da capacidade do setor privado de liderar a contenção.Agora, há um anteprojeto do Planalto. Parece chegar ao fim a inércia palaciana que destacava a redução do desmatamento como única contribuição brasileira no combate contra mudanças climáticas.A proposta abarca só uma parcela das emissões nacionais (o restante vem principalmente do agronegócio). Sem cortes nos outros setores, mesmo a redução a zero da devastação florestal será insuficiente para cumprir obrigações do Brasil no Acordo de Paris (2015).Sair da prostração não garante o sentido de urgência que a crise do clima impõe. O que se esboça na proposta do governo é um mercado de carbono com implementação vagarosa e paulatina, três anos após alinhavadas todas as regras.Ora, a ciência climatológica projeta que o planeta precisa reduzir emissões quase à metade até 2030.A questão crucial restará na entidade encarregada de operacionalizar e controlar o sistema de comércio de carbono. Uma comissão com duas dezenas de ministros, como cogitado, não parece o órgão mais propício para alocar emissões entre setores que lutarão para reduzir o próprio ônus.Uma autoridade nacional para regular a questão climática pode ser boa ideia. Até que se aprovem estrutura e recursos, porém, tempo precioso será desperdiçado.A atmosfera não tolera inação. Assim o demonstram eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, a acossar as populações mais pobres da Terra.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-18 22:00:00
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Descubra quanto se ganha acima do CDI, investindo no Ibovespa em momentos como agora
Sabemos que o investimento em Bolsa é um investimento de risco. Como todo investimento de risco, o ideal é aproveitar os momentos em que a probabilidade está a seu favor. Até o momento, você deve estar pensando que eu só falei o que todos sabem. Entretanto, você sabe por que o investimento em Bolsa pode estar a seu favor agora?Como escrevi ontem, o resultado da aplicação no Ibovespa no longo prazo foi desanimador. Mas, vamos analisar em janelas mais curtas, ou seja, de 12 meses.Desde agosto de 2003, ou seja, nos últimos 20 anos, calculei os retornos em janelas de 12 meses do Ibovespa e do CDI. Considerando todos os meses com igual probabilidade de ocorrência, na média, você ganharia 111% do CDI em um período de 12 meses, investindo no Ibovespa. Lembro que os resultados de retorno do Ibovespa já incluem o ganho de dividendo também.Entretanto, esse ganho de 111% do CDI é uma média. Você sabe que o investimento em ações tem risco. Assim, no pior dos casos, o investimento no Ibovespa em 12 meses rendeu -505% do CDI. Ou seja, a bolsa apresentou rendimento negativo 5 vezes pior que o rendimento do CDI na janela anual.A média também é formada por momentos de alegria. Na melhor janela de 12 meses, considerando todo o intervalo, o retorno do Ibovespa foi de 2130% do CDI. Guarde esse número, pois vou voltar a falar dele mais a frente.No mês, até ontem, o Ibovespa se desvalorizava 5,7% em agosto. Sabe quantas vezes o Ibovespa caiu mais de 5,5% em um único mês nos últimos 20 anos?Isso ocorreu em apenas 32 meses dos 240 meses, ou seja, em 13,3% dos meses. Portanto, isso é um evento raro.Quando calculamos as estatísticas acima de retorno apenas nestes momentos raros, percebemos como os resultados são mais favoráveis.Portanto, aqueles que investiram por 12 meses no Ibovespa depois de uma queda de mais de 5,5% tiveram resultados, na média, mais expressivos.Se você se aproveitou de todos os 32 meses e investiu no Ibovespa por 12 meses, a média destas aplicações deu retorno de 149,89% do CDI.Mesmo investindo somente após as quedas, também, ocorreram momentos desfavoráveis. No pior deles, você teve um retorno relativo de -351,6% do CDI. Entretanto, perceba que esse resultado é melhor que o apresentado acima, quando se usou todo o período.Para adicionar mais um resultado positivo, vamos avaliar a melhor janela de 12 meses depois do Ibovespa cair mais de 5,5%. A melhor janela de 12 meses dos últimos 20 anos que falamos acima ocorreu justamente após uma queda de mais de 5,5% do Ibovespa.Sei que muitos se assustam com as desvalorizações. Escrevo justamente para você que pode estar inseguro agora. A mesma cautela que se deve ter na compra, também se deve ter na venda, principalmente, depois que o mercado caiu.Ainda há muitas incertezas no ambiente internacional e isso pode pesar nos resultados das ações. Assim, não estou dizendo que não há risco de se aplicar em ações agora. Mas, que o momento atual é razoavelmente interessante para se ponderar não vender ou até mesmo fazer algum aporte para aqueles investidores mais agressivos.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-18 20:42:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/08/descubra-quanto-se-ganha-acima-do-cdi-investindo-no-ibovespa-em-momentos-como-agora.shtml
Leitores cobram apuração de assassinato de Bernadete Pacífico na BA
Crime "Bernadete Pacífico, líder quilombola, é assassinada a tiros na Bahia" (Cotidiano). A alma do nosso país está doente. Uma sociedade que violenta mulheres, mães, meninas, bebês. Não bastam as leis, é preciso muita política pública que não seja descontinuada. Que haja uma apuração célere pois a injustiça contra Marielle até hoje grita. Fabiana Menezes (Belo Horizonte, MG) Inaceitável. Crimes dessa natureza devem ser investigados pela PF e não pelas polícias locais, porque existem interesses políticos e econômicos locais contra os defensores de direitos humanos. Marco Aurélio Bilibio (Brasília, DF)Esse tipo de crime merece a mais ampla e profunda investigação. A Bahia, infelizmente e não de hoje, sofre com ataques violentos contra povos originários. O ataque é maciço e organizado e encontra baixa resistência estatal e social. Desejo que encontrem quem matou e quem mandou matar. Amauri Alves Barbosa Júnior (São Paulo, SP)Não foi por falta de alerta dos riscos que representaria a ascensão ao poder a concepção política pautada pela intolerância, pela mentira, pela hipocrisia, pelo racismo, pela misoginia e pelo oportunismo. João Carmo Vendramim (Campinas, SP)Arma na USP "GCM de folga saca arma na USP ao acompanhar ex-Jovem Pan" (Mônica Bergamo). GCM de folga pode portar arma? Pode prestar serviço a terceiros? Pode andar armado dentro da USP? Quais forças de segurança estão autorizadas a entrar em campi da USP? O que um provocador desejaria num ambiente como esse? São essas as respostas que devem aparecer. Alexander Pereira da Silva (Valparaíso de Goiás, GO)O vídeo claramente demonstra que a agressão física e moral partiu dos estudantes. Mas a chamada da matéria só destaca o fato de alguém ter puxado uma arma em legítima defesa, e não a já corriqueira violência dos estudantes que nem sequer aceitam ser questionados por quem pensa diferente deles. Daniel Salomon Guimarães (Florianópolis, SC)Argentina "Milei crê que cachorro e Deus deram a ele missão de ser presidente, diz biógrafo" (Mundo, 18/8). Depois não adianta reclamar. Nem o desespero vivido pelos argentinos justifica saltar no precipício com um tresloucado como este. Momentos de crise exigem lideranças reais, autênticas, gente com bom senso, pé no chão e realismo; votar com o fígado e não com a cabeça só vai piorar a situação, sabemos bem disso aqui no Brasil. Flávio Calichman (São Paulo, SP)Tirando as crenças e manias de lado, eleger Milei é uma forma de protesto do povo argentino, que não tem nada a perder, porque pior do que está... Reginaldo Ferreira (São Bernardo do Campo, SP)Prisões na PM "Cúpula da PM apostava em insurgência popular para manter Bolsonaro no poder, diz PGR" (Política). Eis o momento mais apropriado na história do país para se fazer uma reforma geral nas instituições dos fardados. Por que a sociedade civil deve continuar pagando seus pesados soldos e mordomias? Sem contar a ausência de função social: precisam trabalhar, contribuir com o desenvolvimento do país. João Perles (Pereira Barreto, SP)Esses indivíduos são os guardiões da ordem pública do Distrito Federal e são do alto escalão. É urgente fazer uma intervenção cívica nas Academias da Polícia Militar em todo Brasil, como também na Academia Militar das Agulhas Negras. Gelson Otávio da Silva (Niterói, RJ) Mais 7 de Setembro "Governo Lula tira PF do desfile de 7 de Setembro e busca despolitizar cerimônia" (Política). Não deveria haver desfile algum, se houvesse bom senso. Celso Callegaro (Rio de Janeiro, RJ)Três macaquinhos "Não mandei ninguém vender nada, diz Bolsonaro" (Política). Cabe aqui aquele desenho dos três macaquinhos. Não vi nada, não escutei nada, não falei nada. Antônio Renato de Andrade (Rio de Janeiro, RJ)É só pedir "‘Pra que quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir!’, diz Michelle Bolsonaro" (Mônica Bergamo). Basta pedir? Então, poderia explicar sobre os cheques do Queiroz? José Roberto Ferreira (Brasília, DF)Gênero na Matemática "Por uma matemática sem disparidade de gênero" (Priscilla Bacalhau, 18/8). O preconceito contra as mulheres pode afetar muito o desempenho e a autoestima feminina, que normalmente são consideradas incapazes e inferiores não só na matemática. Assim, a mulher perde a confiança em si mesma e até desiste de seus objetivos. É necessário combater essa visão; as mulheres têm a mesma capacidade que os homens na matemática, na vida profissional, em todas as situações em que são colocadas como inferiores na sociedade. Georgia Borges Teixeira (Curitiba, PR)
2023-08-18 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-cobram-apuracao-de-assassinato-de-bernadete-pacifico-na-ba.shtml
O parcelamento sem juros no cartão de crédito deve sofrer alguma alteração? NÃO
O parcelamento sem juros se consolidou como uma poderosa ferramenta de venda no varejo brasileiro. A modalidade, na qual os consumidores dividem o valor integral das compras sem custos adicionais, tornou-se também uma estratégia competitiva para muitos segmentos.Esse já é um primeiro motivo pelo qual a extinção ou a adoção de medidas que dificultem o acesso a ela seria significativamente prejudicial à economia do país. Mas não é só isso. A alegação de alguns bancos de que o parcelamento sem juros impulsiona as elevadas taxas do crédito rotativo também não corresponde à realidade: hoje, ele é uma operação restrita à relação entre lojistas e consumidores, suportada por um acordo entre os estabelecimentos e os agentes de crédito, sejam administradoras de cartão, sejam bancos, sejam instituições financeiras. Isto é, não há impacto sobre as cobranças do rotativo. Na prática, a medida apenas diminuiria as opções de negociação disponíveis no varejo.Além disso, limitar ou eliminar a modalidade levaria inevitavelmente a um aumento na inadimplência, assim como a um direcionamento forçado para que bancos ofertem linhas de crédito mais custosas aos clientes.Tão grave quanto é notar que o debate em torno do assunto confunde conceitos, misturando o que é crédito rotativo e o que é parcelamento sem juros. Caso não sejam consideradas em propostas e discussões, isso trará mais dilemas para a nossa economia, porque enquanto o rotativo impõe taxas exorbitantes aos consumidores, chegando ao patamar de 437,3% ao ano (a.a.) para quem não pagar a totalidade da fatura, o parcelamento sem juros estabelece um acordo entre consumidores, lojistas e emissores. Neste último, os varejistas absorvem os custos do benefício (com taxas que podem chegar a mais de 190% a.a.). Assim, para eles, há dois caminhos: ou incorporar esses valores ao preço final ou assumi-los integralmente como estratégia de conversão de vendas. Mais Na verdade, o parcelamento sem juros é uma ferramenta importante para os lojistas, na medida em que garante liquidez nas transações do varejo que necessitam de capital de giro, visto que os valores se tornam recebíveis antecipados, muitas vezes com taxas mais favoráveis do que as operações bancárias tradicionais —ou até mesmo usados como garantia em operações de crédito.Se a raiz do problema está nas altas taxas do rotativo, que aumentam o risco de inadimplência sistêmica pela própria característica, a solução não deveria ser acabar com o parcelamento sem juros, que, ao contrário, impulsiona o consumo e o torna mais acessível às populações vulneráveis, além de promover a inclusão financeira de milhões de brasileiros. Vale lembrar que, em 2022, 50% das vendas no cartão de crédito foram parceladas, segundo dados do Banco Central (Bacen). Mais A solução, então, pode estar em racionalizar os juros do rotativo, incentivando, assim, uma maior competição no mercado. Definir um teto para essa taxa, similar ao que já foi estipulado para o dispositivo do cheque especial, em 2020, e incentivar a portabilidade de dívidas e a adesão ao sistema open finance são alternativas mais viáveis do que apenas encerrar o parcelamento.Tudo isso tem como base o fomento ao desenvolvimento econômico, ao adotar medidas que estimulem o ambiente de negócios, em vez de o limitarem. É crucial reduzir juros, especialmente em modalidades preocupantes como o crédito rotativo, dada a proporção de consumidores que, mensalmente, não conseguem quitar as dívidas a tempo. Intervenções indevidas, ao contrário, tendem a piorar a situação —caso, agora, do parcelamento sem juros. É sempre bom ter cuidado com o remédio prescrito. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-18 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-parcelamento-sem-juros-no-cartao-de-credito-deve-sofrer-alguma-alteracao-nao.shtml
Casal almoça em mesa que flutua sobre cachoeira com mais de 150 metros de altura
Era para ser um tranquilo e romântico piquenique, mas um casal decidiu radicalizar um pouco o encontro. Em um vídeo, que já ultrapassa a marca de 21 milhões visualizações, a dupla aparece comendo e bebendo sentados à mesa suspensa sobre uma cachoeira com 150 metros de altura.Apesar de o casal estar preso com cinto de seguranças e vários cabos de aço aéreos, a cena assusta até quem gosta de adrenalina. Chamado de sky table, essa atração se espalhou pelo mundo com paisagens naturais servindo como cenário.O que também impressionou os internautas, além da calma da mulher e do homem, são as tábuas de frios e, principalmente, a garrafa de vinho em uma cesta. Para muitas pessoas que comentaram a publicação, a mistura da bebida alcoólica e aventura radical, geralmente não termina bem para os envolvidos.
2023-08-18 18:52:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/casal-almoca-em-mesa-que-flutua-sobre-cachoeira-com-mais-de-150-metros-de-altura.shtml
Os negacionistas da picanha
Negacionistas estão entre nós desde sempre, mas nunca foram tão aparecidos. Sequer tinham esse nome até poucos anos atrás.Usada para rotular quem se nega a admitir fatos óbvios, a palavra circula desde que começaram a sair notícias a respeito do aquecimento global.Vieram a reboque os brucutus que querem torrar a Amazônia porque não faz diferença. Os pilantras retóricos, a soltar rojão cada vez que algum lugar registra frio recorde –a prova da conspiração ambiental esquerdista.A pandemia da Covid-19 trouxe um surto mundial de negacionismo. Negaram a eficácia da vacina. Negaram a própria existência da doença, uma gripezinha.A luta quixotesca contra a realidade tem a ver com frouxidão de caráter e déficit cognitivo, geralmente uma combinação de ambos.Tem mané que se recusa a ver a curvatura da Terra. Tem otário a dizer que ajudante de ordens não obedece a ordens, não ajuda e, muito pelo contrário, atrapalha.A temporada 2023 nos apresentou os negacionistas da picanha. Eles rejeitam um fato evidente: o preço da carne despencou depois que Bolsonaro saiu da presidência.Há de se observar que o desenrolar dos acontecimentos foi particularmente cruel com essas pessoas.Primeiro, na campanha, Lula falou que o brasileiro voltaria a comer picanha. Típica bravata de candidato. Exibição de gogó em que Lula sempre foi virtuoso. Mais Os derrotados não esperaram uma semana do novo governo para tocar o furdunço nas redes sociais. Cadê a picanha? Era metáfora? Prometeu picanha, entregou mandioca. Olha só, você foi enganado.Falaram cedo demais, pobres-diabos.Eis que mês vai, mês vem, e os preços da carne de vaca caem brutalmente. O quilo da picanha, que já bateu nos cento e tantos reais, foi para cinquentinha, quarenta e cinco e baixando.De súbito, os negacionistas da picanha se tornaram doutores em anatomia bovina. Onde já se viu picanha de quilo e meio? Picanha tem, no máximo, um quilo. Tá barato porque é coxão duro.Não adianta mostrar que o peso da picanha é proporcional ao peso da carcaça –e os bois de agora são maiores do que seus ancestrais do século 20.Adianta menos ainda argumentar que as picanhas já tinham esse tamanho no ano passado. Fosse coxão duro, o preço teria caído na mesma proporção. Mais Caiu por quê? Por que caiu?Foi o Lula? Foi a ausência de um maluco incendiário na presidência do Brasil? Foi a safra de grãos? Foi ajuda divina? Foi uma borboleta que saiu voando no Nepal?Sei lá, pouco importa. A miséria ainda grassa, a polícia mata a torto e a direito (e à esquerda, também), o Ministério do Namoro foi um engodo, o Brasil tem uma tonelada de problemas sem solução.Mas a picanha ficou barata, como o homem disse que ficaria. Impossível ignorar esse fato.Aos negacionistas da carne: abstenham-se dela e não deem moral para o descondenado. Comam queijo com muito ódio. Está mais caro do que filé mignon e subindo. Só pode ser culpa do luladrão.
2023-08-18 18:07:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cozinha-bruta/2023/08/os-negacionistas-da-picanha.shtml
Fotos de Gisele Bündchen para Victoria's Secret começam a tomar as ruas de Nova York
Uma das maiores tops do mundo está tomando as ruas de Nova York. Nesta sexta-feira (18), o rosto da brasileira Gisele Bündchen começou a ser notado em imagens de seu ensaio para a Victoria's Secret, que passaram a ocupar outdoors e pôsteres gigantes no SoHo, um dos bairros mais badalados da cidade norte-americana.Como uma das estrelas da campanha The Icons (Os Ícones), Gisele retoma os trabalhos para a grife desde que deixou o cargo de "angel", em 2006. Em fotos, preto e branco, ela faz carão e aparece em bíquini escuro.Conforme antecipado pela marca, nomes como Hailey Bieber, Adriana Lima, Candice Swanepoel, Naomi Campbell, Adut Akech, Emily Ratajkowski e Paloma Elsesser também foram anunciadas como parte da campanha. Mais Ainda não se sabe se Gisele estará no The Tour (A Tour), desfile que acontecerá em 26 de setembro e substitui o antigo Victoria's Secret Fashion Show. A apresentação não acontecia há quatro anos, desde que a marca de lingeries iniciou um processo de reformulação para se afastar da taxação de sexista e gordofóbica devido à escalação das modelos e ao time de "angels" —as mais disputadas top models do mercado.VEJA IMAGENS
2023-08-18 18:28:00
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Bar Pirajá, de SP, vira patrimônio carioca, com placa azul e novo chope
Inaugurado em 1998, em plena av. Brigadeiro Faria Lima, o Pirajá sempre teve um pezinho (ou dois) no Rio de Janeiro. Afinal, foi a paixão pela alma botequeira carioca que inspirou os sócios da Cia. Tradicional de Comércio a abrir o bar, cheio de referências aos vizinhos do Rio, seja na decoração, seja no cardápio.Pois agora o Pirajá não é mais apenas uma homenagem, virou patrimônio carioca. Nesta quinta (17), o próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes, visitou a matriz da Faria Lima e presenteou a casa com a placa azul de Patrimônio Cultural Carioca.O texto da placa descreve que "desde 1998, quando foi inaugurado, o Pirajá é a embaixada afetiva do Rio de Janeiro em São Paulo. Não apenas pela bebida, pela comida ou pelo acervo exposto em suas paredes, mas principalmente pelo alto astral característico do Rio de Janeiro. É o lugar onde São Paulo é carioca."O prefeito do Rio aproveitou para discursar sobre a importância da união das cidades. "Eu vejo São Paulo e Rio de Janeiro como cidades muito complementares e, no dia de hoje, é a primeira vez que fora dos limites da cidade do Rio, a gente vem e entrega a placa de Patrimônio Carioca", afirmou. "Nós temos muito orgulho de ter essa representação carioca em São Paulo, que é uma cidade de todos nós brasileiros, que tem gente de todo o país", completou Paes.O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes e o chef Benny Novak também estiveram presentes à cerimônia, além dos sócios do Pirajá. Mais "Vinte e cinco anos depois de embarcar com meus sócios [Edgard Costa, Sergio Camargo, Mario Gorski, e Fernando Grinberg] para o Rio de Janeiro a bordo de uma van, buscando desbravar a mais verdadeira botecagem da Cidade Maravilhosa, ganhar como presente o reconhecimento da prefeitura do Rio de Janeiro é muito gratificante", comentou Ricardo Garrido. "Sinal de que conseguimos traduzir a alma e a boêmia carioca e se tornar a verdadeira embaixada da cidade em São Paulo."Além da casa da Faria Lima, o Pirajá tem outras dez unidades, incluindo uma recém-inaugurada na região norte de São Paulo.Além de ganhar a placa, o bar lançou nesta quinta também um novo chope, o Pirajá, fruto de uma parceria com a cervejaria Hocus Pocus —que também é do Rio de Janeiro, mas tem uma filial no largo da Batata, em Pinheiros.Com 5,0% de teor alcoólico, o novo chope (R$ 18, a caldereta) é do estilo session IPA, com amargor moderado, refrescante e com base de aveia e trigo, fácil de beber. Vai bem com a clássica porção de Pastéix. Mais
2023-08-18 15:33:00
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Ator britânico é inocentado após ser preso com mais de 30 mil imagens de pedofilia
Um dos humoristas mais populares da televisão britânica foi inocentado do crime de pedofilia após ter sido encontrado com mais de 30 mil imagens sexuais envolvendo menores. Christopher Thomas Binns, de 53 anos, alegou que o conteúdo pornográfico teria sido baixado sem intenção entre março e novembro de 2020, e a Justiça aceitou a defesa do ator.A decisão das autoridades britânicas causou revolta nas redes sociais, já que a condenação de Binns era tida como certa. Astro de produções do Channel 4 como "8 Out of 10 Cats Does Countdown" e "IT Crowd", ele estava preso desde a descoberta do material em sua propriedade na cidade inglesa de Calow, em novembro de 2022. As imagens de pedofilia foram encontradas em 39 dispositivos eletrônicos.Para justificar a posse do conteúdo criminoso, Binns explicou que vinha utilizando medicamentos controlados para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade há mais de três anos. "Baixei e apaguei uma grande quantidade de conteúdo pornográfico adulto em um curto intervalo de tempo", relatou o ator.Binns explicou ter percebido só depois que havia pornografia infantil misturada entre os arquivos. "Não tenho interesse sexual por crianças. Realizei um teste de polígrafo afirmando que não tenho interesse sexual por crianças. Estou profundamente chateado com a dor que isso causou à minha família, pela qual assumo total responsabilidade, mas foi tudo sem querer."
2023-08-18 14:37:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/ator-britanico-e-inocentado-apos-ser-preso-com-mais-de-30-mil-imagens-de-pedofilia.shtml
Taste Festival promove diálogo entre chefs renomados e o público em aulas ao ar livre
Seja no balcão dos restaurantes temporários que circundam o Parque Villa-Lobos ou nos auditórios a céu aberto que viram salas de aula, quem foi ao Taste Festival neste sábado (19) conseguiu interagir com uma dezena de chefs renomados do Brasil.O evento, que começou nesta sexta-feira (18) e se estende até o próximo final de semana, recebeu mais de 12 mil pessoas só no sábado. Mais de 30 restaurantes, dos grandes aos pequenos, e marcas famosa do setor ofereceram amostras grátis de drinques e doces, pratos famosos e aulas de diferentes gastronomias.Às 13h, o cheiro de brasa acesa dominava o espaço onde o chef Jefferson Finger ensinava os métodos de churrasco do seu restaurante, o Barbacoa, para 80 pessoas.Finger mostrou como um chef acende o braseiro com álcool em gel em segurança e prepara as carnes. Na aula, o chef transformou uma peça de 7kg de alcatra completa em outros cortes, como picanha e maminha, que viram bifes para serem grelhados.De tempero, só um sal comum mesmo, e antes de entrar na grelha. "A ideia foi passar as técnicas profissionais para ensinar como as pessoas podem fazer no dia a dia, em casa", explica Finger. "Do cuidado com a carne, que precisa começar no dia anterior, ao preparo do braseiro". Mais Outra aula que lotou foi a do chef Edson Leite, da Gastronomia Periférica. "Ele ensinou como defumar vegetais com um método que usa água, além de explicar o contexto histórico da técnica, o que foi ótimo", conta a professora Ellen Miquelino, 24. "Deu vontade de aplicar em casa, com as devidas adaptações".Para Luiz Américo, consultor e curador do Taste SP, as aulas trazem um conteúdo de ótima qualidade, de jeito divertido e leve, mas sem ter um discurso intelectualizado."A ideia é aproximar as pessoas da gastronomia", explica. "Não só da alta, mas de vários estilos. A gente quer inspirar as pessoas a cozinhar, a falar e entender um pouco sobre comida". Américo argumenta que o contato do público com os chefs quebra essas barreiras de conhecimento. Mais A chef Mariana Pelozio, da Tirolez, acredita que essa troca de experiências com o público ajuda na descoberta de outros gostos e combinações ainda não conhecidas.Para todo evento, Pelozio trouxe 650kg de queijos especiais para ensinar técnicas de harmonização de cervejas com brie, parmesão ou provolone. "São combinações que as pessoas podem fazer no dia a dia. O queijo do reino, por exemplo, combina com cervejas frutadas, mais doces", explica.Cozinhas artesanais, com cardápios mais exóticos, também fazem parte do aprendizado e degustação do evento. O chef Renato Vea, do Vea’s Charcutaria Artesanal, do centro de São Paulo, mostrou ao público que carteira de produtos inclui salame de javali (R$ 360/kg), file de porco maturado a 180 dias (R$ 300kg), salame com cordeiro (R$ 350) e copa do lombo do javali (R$ 380).Para acompanhar as carnes, a Vea’s sugere diferentes molhos, como um ketchup de abacaxi, geleia de pimenta e molho de chimichurri. Para quem nunca provou esse tipo de charcutaria, é uma oportunidade. Mais Os pratos mais diferentes foram os que mais chamaram a atenção de Pedro Sabioni, 21, que trabalha como administrador de empresas. Seu favorito foi o pastel de arraia (R$ 25), do Preto Cozinha. "Não poderia perder a oportunidade. "Comeria outro", diz.Outro prato que chamou sua atenção foram as ostras com algas, do Aizomê. Sabioni afirma que a última vez que havia comida o prato foi há mais de 15 anos, mas que gostou bastante da combinação.Quem empratou o pedido de Sabioni foi a própria chef Telma Shiraishi. Quem vai ao estande do Aizomê pode ver a chef cortando ostras e empratando vieiras. À Folha, Shiraishi afirmou que, pelo calor, as ostras têm sido as preferidas pelo público durante à tarde. "Trouxemos mais de mil ostras só para esse final de semana e precisamos pedir mais", afirma. Já na parte da noite, a pedida é o missô ramen, com barriga de porco, broto de bambu e cogumelo.Também à noite, Shiraishi trocou o balcão do Aizomê pelo auditório ao ar livre para ensinar churrasco japonês. "Quando se fala em churrasco, as pessoas esquecem que o Japão também tem tradição nessa culinária". Mais A chef mostrou como grelhar enguias, língua de Wagyu e legumes em um carvão especial à base de carvalho sem odor. O churrasco japonês, continua Shiraishi, tem pequenas porções, mas diversidade de pratos. A interação com os alunos é positiva, segunda a chef. É bom ver os clientes de perto e mostrar como trabalham. "Muitas pessoas nunca tiveram oportunidade de ver uma ostra sendo aberta, por exemplo", explica.Outro ponto positivo do evento, na visão público, foi a diversidade de cardápio. Os diferentes menus, explica Américo, curador do festival, ajudam também a criar um público maior para esses chefs. "Esse é nosso papel, esse elo entre o público e os chefs. É uma marca assim fundamental do Taste Festival".
2023-08-19 21:17:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/taste-festival-promove-dialogo-entre-chefs-renomados-e-o-publico-em-aulas-ao-ar-livre.shtml
Italiana por trás do meme 'Attenzione, pickpocket' é roubada pelos batedores de carteira
Monica Poli, italiana de 57 anos que ficou famosa por ser a voz por trás dos vídeos "attenzione, pickpocket", foi roubada por um dos batedores de carteira na quinta-feira (17). Ela estava acompanhada por outras pessoas do grupo de patrulha do qual faz parte quando teve o celular arrancado de suas mãos.Segundo informações do jornal Corriere Del Veneto, Monica estava no Piazzale Roma, ponto turístico, quando se distraiu e foi roubada. Ela faz parte de um grupo chamado Cittadini Non Distratti (cidadãos não distraídos), cujos integrantes percorrem a cidade gritando com pessoas que acreditam ser ladrões tentando furtar carteiras, celulares e outros objetos de transeuntes.O grupo já existe há anos, mas foi somente recentemente que as gravações viralizaram nas redes sociais e se tornaram memes, especialmente pela voz da mulher, que entoa alto o bastante para expulsar os supostos batedores e alertar os turistas. Mais
2023-08-18 11:35:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/italiana-por-tras-do-meme-attenzione-pickpocket-e-roubada-pelos-batedores-de-carteira.shtml
Medina é vice em Teahupoo e fica fora das finais em Trestles
A etapa de Teahupoo foi cheia de emoções. Muitas oportunidades de classificações para as finais tanto no masculino quanto no feminino, além das vagas para os Jogos Olímpicos no próximo ano fizeram dessa etapa uma das mais emocionantes desse ano.No masculino Filipe Toledo, Griffin Colapinto e Ethan Ewing estavam com vagas asseguradas entre os cinco finalistas que disputarão o título mundial em setembro na Califórnia.Yago Dora que começou a etapa em quinto lugar perdeu e passou a depender de outros resultados e acabou ficando de fora. João Chianca também perdeu e ficou com sua vaga ameaçada, mas na composição final dos resultados garantiu a quarta colocação geral e se classificou para a grande final.Com a etapa avançando a última vaga ficou entre Gabriel Medina e Jack Robinson, quem vencesse a etapa levaria a última vaga. Gabriel como sempre surfou muito durante toda a etapa, com a experiência nos tubos de Teahupoo ele foi avançado bateria após bateria sem muitos sustos. Na final liderou a bateria por grande parte até que o australiano pegou um belo tubo e acabou voltando para a bateria. Com o somatório de 15,66 contra 15,00 de Gabriel Medina acabou vencendo a etapa e ocupou a quinta colocação no ranking geral.Com isso, Medina ficou fora da disputa pelo título mundial em setembro e não conseguiu a vaga para as olimpíadas.Os brasileiros Filipe Toledo e João Chianca estão entre os finalistas e garantiram as suas vagas para as Olimpíadas.No feminino Carrissa Moore, Tyler Wright, Caroline Mars, Molly Picklum e Caitlin Simmers estão classificadas e disputarão o título mundial.A brasileira Tatiana Weston-Webb apesar de não conseguir se classificar entre as cinco finalistas para disputar o título mundial tem vaga garantida nas próximas olimpíadas, pois venceu o ISA Games em abril e participará dos Jogos Olímpicos pela segunda vez.A próxima etapa decidirá os campeões mundiais de 2023 e será realizada em Trestles na Califórnia entre os dias 8 e 16 de setembro. Filipe Toledo é o grande favorito, uma vez que, o brasileiro mora em Trestles e está acostumado com as ondas locais. Ele ainda tem a vantagem de ter terminado em primeiro lugar e ficará somente no aguardo do vencedor entre os outros quatro competidores para saber quem o enfrentará na grande final.Sem dúvidas será uma grande final e apesar de muitos comentários sobre a forma de disputa adotada pela WSL o campeonato está emocionante e muito disputado.Vamos acompanhar e torcer pelos brasileiros, será com certeza um show de surfe na última etapa do ano.Aloha
2023-08-18 11:40:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/na-pinta-do-surfe/2023/08/medina-e-vice-em-teahupoo-e-fica-fora-das-finais-em-trestles.shtml
Táxis autônomos nos EUA viram ponto de encontro para casais fazerem sexo
Imagine se a moda pega? Nos Estados Unidos, táxis autônomos têm servido de motéis para casais que usam o carro, sem motorista nem acompanhante, para ter relações sexuais enquanto se deslocam a algum destino.É o que reporta o The San Francisco Standard, sobre uma conduta que tem se popularizado dentro dos chamados robotáxis.Em entrevista à publicação, uma mulher com nome fictício de Megan disse que chegou a entrar só de roupão no carro com um affair. "Entramos e fomos direto ao assunto, nos agarrando. Uma coisa levou a outra", disse."Foi o mais confortável? Foi o mais ideal? Provavelmente não. Mas o fato de estarmos em público, todo o tabu de ser meio errado, tornou tudo mais divertido e emocionante", disse Megan.O homem que entrou com ela no veículo afirmou já ter feito isso ao menos em outras seis oportunidades. "Quero dizer, não há ninguém para lhe dizer: 'Você não pode fazer isso'", disse ele, rindo. "Chega ao ponto em que você fica cada vez mais confortável e, se estiver com alguém, como um parceiro mais sério, pode escalar para outras atividades", emendou.Por ser algo novo, diz a publicação, não há regras muito claras sobre o que pode e o que não pode fazer. Também é mais difícil de fiscalizar atitudes questionáveis. Uma das empresas disse usar câmera nos carros, outra apenas gravações de áudio, mas que tudo ainda está em fase de implementação.
2023-08-18 09:52:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/taxis-autonomos-nos-eua-viram-ponto-de-encontro-para-casais-fazerem-sexo.shtml
'Cangaço Novo' traz as cenas de ação mais complexas já feitas no Brasil
Ubaldo, um pacato bancário de São Paulo, perde o emprego e fica sem dinheiro para custear o tratamento médico de seu pai adotivo. Ele então descobre que herdou um terreno de seu pai biológico, de quem nem se lembra. Vai ao Ceará, e lá encontra duas irmãs que não conhecia. Dilvânia, muda por causa de um trauma, lidera uma seita que cultua o pai falecido, uma mistura de bandido e líder espiritual. Dinorah é a única mulher de uma gangue que assalta bancos e espalha o terror pela região. Este é o ponto de partida de "Cangaço Novo", que chegou nesta sexta (18) à Amazon Prime Video. A plataforma não revela números, mas admite que, junto com "Dom", é uma das séries nacionais mais caras que já produziu. E nem era para menos: foram oito meses de gravações no interior da Paraíba, em plena pandemia da Covid-19. Mas o que mais impressiona são as cenas de ação, de uma complexidade inédita no audiovisual brasileiro. Mais "Seis meses antes das filmagens, eu comecei a me preparar", conta Alice Carvalho, a intérprete da violenta Dinorah, em entrevista por videoconferência. "Treinei hipismo, levantamento de peso, muay thai, jiu-jitsu. Também tive que aprender a manusear armas. Allan e eu ainda praticamos uma coisa chamada direção de precisão, para pilotarmos carros ou motos nas cenas de perseguição." Allan é Allan Souza Lima, o frei João da novela "Amor Perfeito" (Globo). Um papel radicalmente diferente de Ubaldo, que é obrigado a se juntar à quadrilha liderada por sua irmã. Como todo o elenco, o ator elogia o trabalho da preparadora Fátima Toledo, do coreógrafo de lutas Dani Hu e do coordenador de dublês espanhol Jordi Casares. A ideia de "Cangaço Novo" surgiu há cerca de 10 anos. A roteirista Mariana Bardan, que na época fazia vídeos de "making of" para a produtora O2 Filmes, entregou ao diretor Fábio Mendonça uma primeira versão do projeto. Ele se encantou na hora. Mariana e Eduardo Melo escreveram os roteiros e, depois de quase uma década de desenvolvimento, o resultado finalmente pode ser conferido. "Eu já tinha feito muito comercial de carro e algumas cenas de ação em séries que dirigi, mas nada desse tamanho", diz Fábio. "Mas sempre sonhei em fazer algo assim. Quando terminava uma reunião, eu me perguntava: sério que vão me pagar para brincar com tudo isso? Eu ainda vou ganhar dinheiro?" "Quando me convidaram, eu achei inusitado", afirma Aly Muritiba, o outro diretor de "Cangaço Novo". "Porque os meus filmes são muito dramáticos, é sempre gente sofrendo, chorando, procurando. Mas essa busca tem muito a ver com o personagem do Allan, que lembra alguns protagonistas dos meus longas." "Mas quando eu me dei conta do tamanho dessa produção, lembrei que eu nunca tinha filmado uma pessoa correndo atrás da outra, quanto mais uma perseguição de carro", ri ele. Thainá Duarte, a Clara da série "Aruanas", faz a mística Dilvânia, não esconde seu entusiasmo por estar numa série com tantas sequências de ação. "Não é que nós, atrizes, não esperávamos participar de um projeto desse tipo. A gente ansiava por ele! E isso é um progresso. As mulheres estão conseguindo se reconhecer cada vez mais em lugares de poder." "A minha personagem só tem que dirigir uma Hilux, e isso para mim já foi um grande desafio", acrescenta Hermila Guedes, que encarna Leinneane. "Eu nunca imaginei treinar tanto, mas o ator tem que estar preparado para tudo." "Quando eu era pequena, via filmes na TV como "Tomb Raider", com a Angelina Jolie, e adorava", conclui Alice Carvalho. "Então, sem nenhum pudor, admito que eu estou realizando um sonho de menina". "Cangaço Novo" foi a primeira série brasileira a ser exibida no Festival de Gramado, numa sessão realizada na segunda-feira passada (14). A primeira temporada já está disponível na Amazon Prime Video.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-18 08:00:00
colunistas
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Exposição transforma público em participante do Masterchef por um dia
O reality show gastronômico mais famoso do mundo ganhou uma exposição em São Paulo. "Masterchef - Imersão & Sentidos" inaugura neste domingo (20) no shopping Vila Olímpia, região oeste, e pretende transformar o visitante em um participante da competição.A mostra atiça os sentidos do público e imaginação dos fãs do programa que já se imaginaram sentindo a adrenalina de preparar um prato para um dos chefs, como Erick Jacquin. Ao todo são seis salas em um espaço de mais de 1.000 m² com projeções e cenários que fazem referência ao Masterchef.A primeira recebe o visitante com uma bebida à base de cacau. Nela, é possível tocar em especiarias brasileiras dispostas em uma bancada para explorar os sentidos. Cheiro, textura, cor e som estarão presentes no ambiente.É possível também conhecer a trajetória do programa, criado em 1990 no Reino Unido. Desde então, várias versões ao redor do mundo surgiram. O apelo global do Masterchef será representado em uma sala com as culinárias de diferentes países. Mais A imersão que compõe o nome da exposição fica por conta dos ambientes onde as pessoas poderão, por exemplo, ver detalhes da bancada do Masterchef 2023, vestir o avental da competição e andar pelos corredores do mercado. Eles também conhecerão cada etapa de preparação de um prato na competição.A exposição, além disso, usa óculos com realidade virtual e fotos de participantes famosos. Ela fica em cartaz até 20 de outubro e os ingressos podem ser comprados em feverup.com a partir de R$ 75.
2023-08-18 18:14:00
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A negociata do livro digital paulista
No início deste mês, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo comunicou a não adesão da rede estadual paulista ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que disponibiliza livros para todas as escolas públicas brasileiras com verbas da União, via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (autarquia do MEC). Em seu lugar, no ano que vem, os estudantes contarão apenas com o "material próprio" em formato digital para o ensino médio e os anos finais do ensino fundamental, adquiridos sem licitação.Essa decisão foi recebida por educadores e especialistas com severas críticas, além de render um inquérito no Ministério Público Estadual (MPE) para investigar detalhadamente a decisão do governo. A deliberação também vai na contramão das recomendações da Unesco e do que acontece em países super desenvolvidos, como a Suécia, que abriu mão desse caminho por ter identificado, entre outra coisas, associação entre o uso de materiais digitais e a queda no desempenho das crianças em leitura, problemas de saúde relacionados ao aumento do tempo em frente das telas, dificuldade de participação dos pais e responsáveis no auxílio às tarefas escolares e evidências de que o livro físico impacta positivamente o desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes.Em vista da grita geral, a gestão Tarcísio recuou, mas pouco. Desistiu de adotar exclusivamente a versão digital dos livros. Apresentou como alternativa, questionável para dizer o mínimo, a possibilidade de impressão do material digital para aqueles estudantes que preferissem o formato impresso, com a justificativa de garantir o conteúdo "coerente com o currículo paulista".Nesta semana, o Secretário da Educação, Renato Feder, recuou um pouco mais: anunciou que os livros digitais seriam impressos para todos os estudantes, ainda que não seja desconhecida a falta de equipamentos tecnológicos e de suprimentos (como toner e papel) nas escolas da rede. O mau uso de recurso público aí é evidente: ao invés de impressão em grande escala em gráficas especializadas, fazer imprimir nas impressoras combalidas de cada escola o material didático é uma afronta ao princípio de eficiência e economicidade da administração pública.Mas, o que é o PNLD, programa esnobado pelo governo paulista?Um dos maiores programas de incentivo à Educação Básica, o PNLD tem a finalidade de avaliar e tornar disponíveis obras didáticas, pedagógicas e literárias, além de outras formas de apoio às instituições de ensino. Para que um livro seja aprovado pelo Programa, é necessário que seja inscrito e avaliado por coordenações do MEC, a partir de Comissões Técnicas específicas compostas por especialistas das diferentes áreas do conhecimento. Submetidos a processos avaliativos rígidos e sólidos, a qualidade do livro é aferida antes de ser disponível para os estabelecimentos educacionais.Com isso, a estrutura do PNLD tem contribuído há mais de 20 anos para a melhoria da qualidade dos materiais didáticos e paradidáticos que se destinam a toda a educação básica. No corrente ano, o Programa beneficiou quase 31 milhões de estudantes e seus professores, nas redes públicas estaduais, municipais e federal, com livros didáticos e literários.Além de livros físicos comuns e em braile, o Programa também disponibiliza os volumes em formato digital e interativo, manuais para professores e EPUB para a população com cegueira, baixa visão e dislexia. Para 2024, foram aprovadas 92 coleções diferentes, nas áreas de Artes (12), Ciências (14), Educação Física (1), Geografia (16), História (14), Língua Inglesa (11), Língua Portuguesa (11) e Matemática (13). Essas coleções são de livre escolha dos professores e equipes pedagógicas das escolas, sintonizadas assim com o projeto político-pedagógico das respectivas instituições.Cada etapa da educação básica é atendida integralmente pelo Programa em um ano: a educação infantil foi em 2022, os anos iniciais do ensino fundamental no ano corrente, os anos finais do ensino fundamental será em 2024 e o ensino médio no ano seguinte. Quando não atendidos em um determinado ano, as diferentes etapas recebem livros do Programa a título de complementação.Ao lado das formas de incentivo ao livro didático, sabe-se da importância da infância e da adolescência para a construção de hábitos saudáveis, como a prática da leitura. A exploração da materialidade do livro, a criatividade, a imaginação e a própria aprendizagem e gosto pela leitura ocorrem por meio deste objeto. Mais do que uma decodificação de sinais, é no ato da leitura que se desenvolve a habilidade para compreender os significados de um texto e sua significação simbólica. No Brasil, o processo de formação da leitura e do leitor se dá fundamentalmente no âmbito escolar, com a mediação dos professores e com o acesso aos livros existentes nas escolas.Diante disso, é de se questionar os motivos pelos quais o atual governo de São Paulo abriu mão de um Programa, há anos patrocinado pelo governo federal, e que, portanto, não impacta o orçamento do Estado, para usar parte dos próprios recursos adquirindo material digital que adicionalmente deverá ser impresso, multiplicando o custo para o uso do mesmo recurso.Além disso, não é claro se ou como esse "material próprio" adotado passa por processos de avaliação, como ocorre no PNLD, qual sua qualidade e alinhamento com os projetos pedagógicos. De um lado, o governador Tarcísio investe na guerra ideológica, dando a entender que o material produzido nacionalmente e distribuído pelo governo federal "de esquerda" implicaria em doutrinação ou todas as demais fantasias de pânico moral que movimentam a base de extrema-direita e que já alimentaram o Escola sem Partido. A guerra aos livros é uma das características não apenas do bolsonarismo, mas do nazifascismo.De outro lado, embora a justificativa da atual gestão reivindique a defesa da qualidade da educação paulista e a coerência de seu currículo, é possível perceber, pelo alto volume de recursos implicados (que podem chegar a R$ 15,21 milhões) na compra desse material e equipamentos para acessá-lo, envolvendo mais de 5.300 escolas e 3,5 milhões de alunos, que nessa decisão estão cada vez mais visíveis os interesses econômicos e, mais que isso, patrimonialistas.Considerando que o uso do material digital depende de equipamentos, como celulares, tablets e notebooks, isso despertou o interesse da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo, que deu início a uma investigação sobre um possível conflito de interesses do atual Secretário da Educação. Uma de suas empresas, a Multilaser, que vende esse tipo de equipamento, fechou contratos milionários com a Pasta no final do ano passado, quando Renato Feder já havia sido confirmado para assumir o cargo. Na noite desta quarta-feira, após pedido de parlamentares, a Justiça determinou em decisão liminar que o governo volte imediatamente ao PNLD.Enquanto isso, o cidadão paulista assiste atônito ao imbróglio, imaginando o que está por vir na maior rede de educação brasileira. A tentativa de pôr fim aos livros físicos nas escolas, de ceifar a liberdade de escolha dos professores e os dispêndios milionários e dispensáveis do orçamento paulista, além de representarem prejuízos às nossas crianças e jovens, mostram claramente as digitais da nova gestão: a guerra ideológica e os negócios ganham ainda mais primazia sobre a rede pública de Educação Paulista.
2023-08-18 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sou-ciencia/2023/08/a-negociata-do-livro-digital-paulista.shtml
Amadorismo
A administração pública de um estado populoso e relativamente rico como São Paulo pode ser comparada a um transatlântico. O governante, no timão, precisa planejar muito bem e com grande antecedência as manobras relevantes que deseja fazer para que elas aconteçam satisfatoriamente à frente.Contrariando o histórico de aluno exemplar das escolas por que passou na mocidade, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) demora a absorver essa lição. O que ocorreu no episódio dos livros didáticos foi amadorismo.Em 31 de julho esta Folha revelou que a secretaria estadual da Educação abrira mão dos livros físicos, distribuídos gratuitamente e custeados pelo governo federal, para alunos de 11 a 14 anos, no ciclo final do ensino fundamental. A motivação anunciada da decisão foi a de passar a adotar unicamente o material digital elaborado por pedagogos da burocracia estadual.Supõe-se que alteração com tamanho impacto, que afetaria a rotina de 1,4 milhão de estudantes e seus mestres, haveria de estar bem debatida e consolidada internamente. O governo deveria estar convicto do rumo a tomar e preparado para lidar com fortes ondas de contestação, inclusive judiciais, que decerto viriam. Não estava.Em menos de 20 dias, tudo foi revertido como se não houvesse se passado. Bastou a primeira liminar na Justiça para derrubar de vez a, pelo visto, fragilíssima motivação do governador para seguir adiante com o plano. São Paulo vai aderir ao programa do livro didático.Está correta, ao menos em teoria, a intenção do governador e de seu secretário da Educação, Renato Feder, de, pela incorporação de tecnologia interativa, modernizar as aulas na rede estadual para despertar maior interesse dos alunos.Tampouco há debate sobre a necessidade de assegurar a absorção por todos os estudantes dos conteúdos fundamentais para sua idade e etapa escolar. O material didático precisa mesmo ser aperfeiçoado para ajudar os professores a cumprirem essa missão.O processo, no entanto, deve ser conduzido às claras e com atenção à experiência acumulada. Cumpre assegurar a qualidade e a eficiência das apostilas digitais ou impressas, além de conquistar na prática a ampla adesão do corpo docente à orientação da secretaria.A pergunta fundamental é se abrir mão repentinamente dos livros físicos didáticos gratuitos ajudaria, em alguma medida importante, a alcançar esses objetivos.A resposta é, obviamente, negativa. O problema é o governo ter chegado a ela por meio do desgaste público, e não pela diligente e tempestiva análise dos planos e das prioridades da gestão num terreno tão estratégico como a educação.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-17 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/amadorismo.shtml
Novo pacto em defesa da mata atlântica
Desde 1988, quando a mata atlântica foi declarada patrimônio nacional, governos e sociedade civil se tornaram responsáveis por proteger nosso bioma mais ameaçado.A Constituição determinou que a utilização dos patrimônios nacionais deveria ser feita na "forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais". Iniciou-se, então, um grande esforço para que o país tivesse uma legislação especial para a mata atlântica. Aprovada em 2006, a lei 11.428 dispõe sobre a utilização e a exploração sustentável do bioma.A União e os 17 governos estaduais abrangidos pela mata atlântica têm, portanto, papel preponderante em sua defesa —não só no que se refere à proteção direta como também criando mecanismos, programas, instrumentos e agendas positivas envolvendo seus 3.429 municípios e a sociedade.Para fortalecer essa integração e ampliar o diálogo, a Fundação SOS Mata Atlântica realiza, desde 2015, encontros anuais. No deste ano, representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e de secretarias de meio ambiente de 12 estados presentes se comprometeram a elaborar em conjunto um plano de combate ao desmatamento e estímulo à restauração da mata atlântica, suprindo uma lacuna no que se refere a um programa robusto. Mais Temos agora, portanto, uma oportunidade única de, por meio do conhecimento e da troca de experiências, incrementar esse trabalho e tirar compromissos do Brasil do papel. Sem um pacto entre os entes federados, o Congresso Nacional e a sociedade será impossível proteger os 30% da biodiversidade acordados na COP15, em 2022, quando a mata atlântica foi anunciada como um dos dez ecossistemas-bandeira da Década da Restauração dos Ecossistemas da ONU.A restauração da mata atlântica pode contribuir de forma significativa para o sucesso da meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até o fim do século. A floresta em pé e protegida garante importantes serviços ambientais, mantendo a qualidade da água e a fertilidade dos solos. Nas cidades, contribui para reduzir o desconforto do calor, a poluição sonora e a velocidade dos ventos, auxilia na retenção e no escoamento de águas pluviais e na proteção dos mananciais, entre outros benefícios, enquanto nas áreas mais preservadas propicia a conservação da biodiversidade e a existência de comunidades tradicionais e locais. Mais O combate ao desmatamento na mata atlântica já deveria ser página virada. Porém, para cumprir o Acordo de Paris, o Brasil ainda precisa, até 2042, zerar o desmatamento e neutralizar as emissões da agropecuária no bioma, restaurando 15 milhões de hectares de florestas naturais e outros 4 milhões em Áreas de Preservação Permanente (APP) até 2030, além de seguir estimulando o reflorestamento.Esses compromissos só serão viabilizados com cooperação e respeito à Lei da Mata Atlântica por todos os seus 17 estados e à gestão integrada prevista no Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente) —que une União, estados, municípios e a sociedade civil. É esse o pacto que vai garantir o futuro da Mata Atlântica. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-17 22:00:00
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Os desafios da remuneração do jornalismo pelas big techs
A Meta —empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram— anunciou que vai encerrar a visualização e o compartilhamento de links noticiosos no Canadá. A ação é mais um episódio na briga entre big techs, jornais e governos e mostra as dificuldades para a remuneração de veículos jornalísticos.Típico sinal dos novos tempos, em que jornais enfrentam violentas crises econômicas devido a mudanças trazidas pelo digital. Se os jornais detinham um monopólio na distribuição de notícias, hoje ela está nas mãos das big techs, com suas redes sociais e mecanismos de busca.Entretanto, a neutralidade é distante, pois os algoritmos influenciam e controlam o alcance que uma notícia terá. Sua distribuição é benéfica para as plataformas, pois alimentam usuários, debates e tempo de permanência nesses espaços, essenciais para seus modelos de negócio.Foi diante desse cenário que governos começaram a se mobilizar para aprovar leis que obrigam as plataformas a remunerar os veículos jornalísticos pela distribuição e uso de seus conteúdos.A Austrália aprovou, em 2021, o News Media Bargaining Code para que big techs e jornais sentassem à mesa para acordar uma remuneração, mediados por um órgão estatal. A reação das plataformas foi imediata.Além das críticas, a Meta decidiu ocultar todos os conteúdos noticiosos do Facebook. A empresa foi fortemente criticada, mas a estratégia foi parcialmente efetiva. O governo australiano acabou aceitando um meio-termo e definiu que a mediação estatal só ocorreria se as empresas não se entendessem. Mais Na prática, isso permitiu que as plataformas escolhessem com quais veículos iriam conversar, e as notícias voltaram para as redes. Um relatório divulgado pelo próprio governo australiano mostra que a medida teve efeitos mistos. Por um lado, resultou em 200 milhões de dólares australianos para jornais pagos pelo Google e pela Meta. Por outro, a falta de transparência nos acordos dificulta saber como esse dinheiro foi gasto.Já a experiência do Canadá indica que a vontade de continuar com acordos como os da Austrália está baixa. O país aprovou neste ano o Online News Act, que obriga as big techs a remunerar veículos caso links de matérias circulem em suas plataformas.A lei ainda não entrou em vigor, mas a Meta começou a impedir a visualização desses links no país. E o Google promete fazer o mesmo. Para as plataformas, é importante não ceder e acabar incentivando outros países a não adotarem leis semelhantes. Ao mesmo tempo, nenhum governo quer parecer fraco diante dessas empresas. Não há como saber quem vai ceder primeiro.Quem perde enquanto isso? Se as notícias desaparecerão das redes sociais e buscadores, as fake news continuarão lá. Se elas já causam o impacto significativo que observamos nos últimos anos, o que ocorrerá quando não tiverem nem essa competição, que já era desigual?Todos os veículos serão prejudicados pela falta dos canais atuais de distribuição, mas os menores, com alcance reduzido e público menos fiel, com certeza serão os mais afetados, já que não entram nesses acordos. Mais Mas o que os dois casos mostram ao Brasil? A transparência na remuneração é essencial. Do contrário, o cenário australiano é o mais provável: poucos veículos beneficiados e uma dificuldade de saber como o dinheiro está sendo usado.O caso do Canadá nos mostra a força das plataformas e a importância de uma discussão ampla para evitar que o tiro saia pela culatra —e, mesmo que no curto prazo, faça mais mal do que bem.Se é inegável que os jornais merecem alguma remuneração das plataformas, também é preciso refletir como tais recursos serão aplicados. Investir nas práticas atuais sem pensar em alternativas reforça uma lógica que vê as plataformas como inescapáveis e facilita jogos de pressão como o que vemos no Canadá.Também é importante lembrar que o jornalismo passa por outras crises. De reputação, de representatividade, de relação com o público. É ilusório achar que alguns milhões a mais para o setor resolverão o problema. Que jornalismo queremos remunerar?TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-17 22:00:00
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Magistrados poderão julgar causas de clientes de cônjuge?
Sem maior debate, o Supremo Tribunal Federal julga, em plenário virtual, o impedimento de juízes nos processos que tenham como partes clientes do escritório de advocacia de seu cônjuge ou parente, mesmo quando patrocinados por advogado de outro escritório.O veto alcança "companheiro ou parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3º grau inclusive".A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) questiona a constitucionalidade de regra do novo Código de Processo Civil (Artigo 144-VIII). Alega que a norma é impossível de ser observada pelos juízes e pode configurar infração disciplinar.Segundo a AMB, a regra apenas permite que jurisdicionados "contrariados por decisões judiciais venham a enxovalhar alguns magistrados".O julgamento adota o rito abreviado (julga-se o mérito sem análise prévia de liminar, em razão da relevância do assunto).A votação termina nesta segunda-feira (21). Até esta quinta-feira (17), havia três votos pela constitucionalidade da regra (Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Rosa Weber, que antecipou o voto) e dois pela inconstitucionalidade (Gilmar Mendes e Luiz Fux).A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5953), com pedido de liminar, foi apresentada em maio de 2018. O juiz Jayme de Oliveira era o presidente da AMB. A norma estava vigente havia mais de dois anos. O pedido é assinado pelo advogado Alberto Pavie Ribeiro.O blog apurou que a ADI foi proposta por sugestão de ministros de tribunais superiores. Oliveira não comenta.A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, deu parecer pela improcedência do pedido da AMB. "O que se busca evitar é a atuação de juízes de forma oculta com vistas à obtenção de benefícios ou decisões favoráveis a clientes dos parentes listados no dispositivo", disse Dodge.A AMB entende que "o magistrado toma conhecimento da situação de impedimento somente depois de o fato ter sido explorado indevidamente na mídia". O juiz precisaria exigir do cônjuge ou parente que lhe encaminhasse, diariamente, a relação dos clientes, alega a entidade.Dodge sustenta que "se o julgador não tiver conhecimento de causa de impedimento, não há desvio ético". Segundo ela, a má-fé deverá ser comprovada no caso concreto. O sistema processual possui mecanismos de controle da conduta de magistrados. O CPC prevê caracterização de litigância de má-fé e imposição das penalidades previstas em lei.A PGR lembrou que o Senado exaltou a manutenção do impedimento no novo CPC, mesmo "em processo patrocinado por advogado de outro escritório". Esse trecho grifado havia sido retirado e foi reincluído pela Câmara dos Deputados.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...A Advocacia-Geral da União também se manifestou pela improcedência do pedido. Entendeu que o novo CPC foi objeto de amplo debate democrático, em sintonia com a Constituição.Para a AGU, a inclusão do impedimento é opção legislativa que significa avanço e concretização do princípio da moralidade. A peça é assinada por Grace Mendonça, que foi advogada-geral da União no governo Michel Temer. Ela pediu exoneração do cargo e abriu escritório de advocacia em Brasília.O relator Fachin entende que não há nada na norma que ofenda o devido processo legal. "Ainda que em alguns casos possa ser difícil identificar a lista de clientes do escritório de advocacia, a regra prevista no CPC está longe de ser de impossível cumprimento", diz.Segundo Fachin, sempre que houver dúvida razoável, cabe ao juiz "solicitar às partes expressa manifestação."Gilmar Mendes diz que a regra veicula "uma presunção absoluta de impedimento" e "que a norma dá às partes a possibilidade de usar o impedimento como estratégia, definindo quem serão os julgadores da causa". Segundo ele, "a escolha dos julgadores passa ao controle das partes, principalmente daquelas com maior poder econômico".A lei simplesmente previu a causa de impedimento, sem dar ao juiz o poder ou os meios para pesquisar a carteira de clientes do escritório de seu familiar, em ofensa ao princípio da proporcionalidade, afirmou."Grande parte da força de trabalho de meu gabinete está envolvida na verificação de impedimentos, deixando de auxiliar no julgamento das causas", diz o ministro."Os processos chegam à corte após anos de tramitação, eventualmente com o patrocínio das partes trocado entre vários escritórios", diz.Luis Roberto Barroso acompanhou o relator, com ressalvas. "O dispositivo questionado constitui opção legislativa legítima, pois contribui para a imparcialidade e para o combate à influência pessoal nos processos judiciais".Mas reconheceu a dificuldade de o magistrado detectar o impedimento. "Se o julgador não tiver ciência do óbice e este não for suscitado pelas partes, não se pode imputar impedimento por fato desconhecido", concluiu.
2023-08-17 22:31:00
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Vale a pena correr risco de Bolsa no Brasil?
Há exatos quatro anos, na sexta-feira, dia 16/08/2019, o Ibovespa encerrou o pregão negociado a 99.806 pontos. Considerando o encerramento de hoje a 114.982 pontos, o rendimento do principal índice de ações do país foi equivalente a 3,6% ao ano neste período de 4 anos. No mesmo período, aplicações que rendem o CDI se valorizaram o equivalente a 7,42% ao ano. Com esse desempenho, surge a questão: vale a pena correr risco de Bolsa no Brasil?Se você avaliar o passado brasileiro, não só nos últimos 4 anos, a resposta é não valeu.Nos últimos 20 anos, o Ibovespa rendeu o equivalente a 10,6% ao ano. Enquanto o CDI se valorizou 10,8% ao ano nas últimas duas décadas. Já respondendo a pergunta do Sr Léo nos comentários, sim, este retorno do Ibovespa também inclui dividendos. Como o Ibovespa tem uma taxa de dividendos (dividend yield) próximo de 4% ao ano, o ganho de capital por valorização de preços se aproxima de 6,3% ao ano neste período.Essa avaliação fria desmotiva qualquer apetite para o mercado acionário brasileiro. Entretanto, é preciso considerar três pontos nesta avaliação.Primeiro, o Ibovespa é uma média. Quando avaliamos médias, sempre vai haver investidores que foram muito piores e outros que tiveram melhor desempenho. Portanto, o fato de o Ibovespa ter apresentado pior desempenho, não quer dizer que todos foram mal.Segundo ponto a se considerar é que esta é uma avaliação do passado. É preciso tomar cuidado ao se tomar decisão sobre o futuro com base unicamente no passado.Mais da metade das empresas quebram nos primeiros anos de vida. No entanto, isso não significa empreendedores não iniciem novos negócios todos os dias.O fato de a estatística passada ser desfavorável sinaliza um risco que é preciso levar em consideração.Essa questão do risco é muito importante de se entender.Muitas pessoas se enganam e trocam a ordem da seguinte sentença. Você provavelmente já ouviu a frase: mais risco significa maior retorno. Esta sentença está errada nesta ordem.Se mais risco significasse maior retorno, não haveria risco.O correto é: maior retorno significa maior risco. O risco nem sempre se materializa, mas não significa que você não correu se você ganhou mais.Pode parecer bobagem, mas é importante a compreensão de que sempre que se procura ganhar mais, você está aceitando alguma probabilidade de perder. E ela pode se materializar.O investimento em Bolsa vem como uma forma de se buscar maior retorno. No entanto, o risco adicionado por isso, é relevante como vimos no resultado passado. Logo, precisa ser feito com cautela.O último ponto a se considerar é a questão do momento e intensidade. Nas últimas duas décadas, houve momentos de alta e de baixa de juros.Nos momentos de ciclo de queda de taxas de juros, o mercado de ações apresentou melhor desempenho.Atualmente, iniciamos um ciclo de queda de taxas de juros, da Selic. Não significa que a Bolsa só suba por todo o período, mas a tendência de médio prazo é favorável.Portanto, melhor que avaliar a média do resultado passado é separar estes intervalos em que o cenário tem maior probabilidade de ser positivo. Ou seja, aqueles em que o risco de perda tende a ser menor.Não estou afirmando que estamos no melhor momento de se investir em Bolsa. Até porque este momento só é conhecido posteriormente. Mas, que não é adequado olhar para a média passada e traçar um desempenho para o futuro.Talvez não estejamos no melhor momento, pois ainda existe muita incerteza no exterior. Mas, possivelmente, no próximo ano, quando as taxas de juros nos EUA começarem a cair, o cenário pode estar mais alinhado para resultar em uma Bolsa mais promissora.Quem busca maior retorno, vai ter de correr algum risco de perda neste caso.Portanto, você pode aproveitar as quedas do momento, para ir muito lentamente elevando sua participação em Bolsa. Mas, também não esqueça de que ainda há muita oportunidade na renda fixa, que possui menor risco.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-08-17 21:32:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/08/vale-a-pena-correr-risco-de-bolsa-no-brasil.shtml
Leitores comentam depoimento de hacker a CPI
Hacker depõe A grande lição que fica disso tudo é: no fim, o antipetismo foi a oportunidade de ouro para gente da pior espécie chegar ao poder e lucrar absurdamente. É por isso que hoje eles ainda tentam se apegar à promoção do ódio e às fake news contra Lula, que mesmo com inúmeros problemas, é um estadista e nunca teve nada provado contra si. Nossa frágil democracia resistiu. Felipe José Fernandes Macedo (São João Del Rei, MG) Essa CPI foi provocada pela turma da direita para tentar responsabilizar o Governo Lula pelos atos de 8 de janeiro. Mas, pelo andar da carruagem, foi um autêntico tiro no pé. Darci de Oliveira (Porto Alegre, RS)A defesa de Bolsonaro está entrando com uma queixa-crime contra o pirata cibernético Walter Delgatti Neto, por declarações falsas e sem provas. As coisas precisam ser colocadas em seus lugares, e depoimento de detido pela Justiça não vale nada sem comprovação alguma. Vilnei Herbstrith (Porto Alegre, RS)Quando um indivíduo que cometeu crimes contra várias pessoas, inclusive deputados, senadores, juízes e procuradores, comparece a uma CPMI para falar de seus crimes e ganha admiração das pessoas, é que podemos avaliar o nível de certos cidadãos. Paulo Rivail Andrade (Ituiutaba, MG)"Festa da Selma" "PF mira golpistas que incitaram ataques do 8/1 usando codinome ‘festa da Selma’" (Política). Saudade de quando música gospel falava só do evangelho de Cristo. Quitéria da Silva Pájaro (Santos, SP)Anistia "Governo Tarcísio envia projeto que anistia multas na Covid e beneficia Bolsonaro" (Painel). O governador beneficia o negacionismo e a incivilidade egoísta. Tolo é quem cumpre a lei neste país. Luiz Gomes (Fortaleza, CE)Para o empresariado, foi cobrança firme, com multa, juros e ameaças de suspensão do CNPJ caso não regularizasse as pendências. Aliás, todos os estados fizeram isso. Antonio Pimentel Pereira (Governador Mangabeira, BA)Milionários "Brasil foi o país que mais ganhou milionários em 2022, aponta relatório" (Mercado). Uma notícia desanimadora. Bom mesmo seria se o título da matéria fosse outro: "Brasil foi o país que mais distribuiu renda e tirou trabalhadores da linha da pobreza". Mateus Vaz de S. Sá (Goiânia, GO)Caravana "Boulos faz caravanas em SP para abrir campanha e tenta formatar perfil moderado" (Política). Boulos é o candidato para resolver o problema dos moradores de rua na cidade. Fátima Marinho (São Paulo, SP)Qual a experiência administrativa de Boulos para querer administrar a maior cidade do Brasil? João Braga (Marília, SP)Fofoca "Larissa Manoela e o triunfo da fofoca" (Mauricio Stycer, 17/8). O assunto não é mera fofoca. Relação tóxica/abusiva dos pais é um assunto delicado e importante de ser debatido na TV aberta, mas infelizmente a entrevista do Fantástico deixou muitas lacunas. Tiago Negreiros (Canadá)Excelente. Poderia trazer críticas mais pesadas à sociedade brasileira, que aplaude o fútil e se anestesia nesse mar de celebridades para esquecer os problemas da vida real. Somos vítimas da falta de cultura e educação, que coloca a média brasileira no coração da mediocridade. É compreensível a busca da mídia por audiência, mas é intragável a voracidade com que a sociedade consome esse tipo de conteúdo. Ricardo Luiz Marcello (São Paulo, SP)ABL "Ailton Krenak decide se candidatar à ABL e é favorito a ser eleito" (Ilustrada). Maravilha. Viva o povo da floresta. Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)Barril de pólvora "Cracolândia vira barril de pólvora com morte, protestos e brigas entre lojistas e usuários" (Cotidiano, 17/8). Eis o resultado da estratégia da prefeitura em espalhar a cracolândia pela cidade. Usuários mantidos em êxodo constante; falta de políticas públicas; soluções que não resolvem, como a isenção de IPTU; ações policiais que tratam os dependentes químicos como traficantes. A cracolândia é o maior case de fracasso dos governos municipal e estadual de São Paulo. Ana Trigo (São Paulo, SP)Talento "Neymar é o maior desperdício de talento da história do futebol" (Juca Kfouri, 17/8). Texto irretocável! Que pena para nós, apreciadores de futebol, que nos maravilhamos com seus primeiros anos no Santos, mesmo não sendo santistas, com a mais absoluta certeza de que ele iria até desbancar Messi e Cristiano, e vemos o pastiche em que se transformou.Albino Bonomi (Ribeirão Preto, SP)Há um grave equívoco de origem na análise. Neymar simplesmente não é tão talentoso assim. A história dele é prova disso. Confundem firula e habilidade com a bola com futebol. Nunca teve a explosão de CR7, a inteligência de Messi, o senso coletivo de Modric e por aí vai. A eterna expectativa em torno dele é fruto do marketing e, talvez, de uma compreensão errada do que o futebol hoje. A decisão de jogar na Arábia Saudita aos 31 anos demonstra autoconhecimento sobre as próprias limitações. Maria Fernanda Delgado Albuquerque (Petrópolis, RJ)
2023-08-17 20:30:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-comentam-depoimento-de-hacker-a-cpi.shtml
Privatizações trazem melhorias a serviços antes prestados pelo Estado? Opine
O apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal nesta terça-feira (15) gerou um debate sobre o impacto de privatizações na qualidade dos serviços antes prestados pelo Estado.No mesmo dia, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ligaram a privatização da Eletrobras ao apagão. Já na quarta (16), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, falou que o blecaute foi provocado por um erro técnico, enquanto Flávio Dino (Justiça) encaminhou à Polícia Federal um pedido de investigação sobre o ocorrido.Os próprios leitores da Folha divergiram sobre o tema: enquanto uns falavam em problemas estruturais brasileiros, outros apontavam desinvestimentos após a privatização.De modo geral, como você, leitor, entende o impacto das privatizações sobre a qualidade dos serviços prestados? Dê sua opinião por meio deste formulário; se puder, dê exemplos de casos em que os serviços melhoraram ou pioraram após terem sido privatizados.As respostas serão publicadas no Painel do Leitor e nas redes sociais da Folha.
2023-08-17 19:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/privatizacoes-trazem-melhorias-a-servicos-antes-prestados-pelo-estado-opine.shtml
Depoimento de Hacker na CPI do 8/1 cai como 'bomba' nas redes
As declarações de Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato, à CPI do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (17) foram vistas nas redes sociais como uma "bomba". Na plataforma X, antigo Twitter, as hashtags ligadas a Delgatti permaneceram durante todo o dia no ranking de assuntos mais comentados.Durante sua fala à comissão, Delgatti afirmou que a campanha de Jair Bolsonaro (PL) planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica durante as celebrações do 7 de Setembro de 2022, menos de 1 mês antes da eleição. Ele disse ainda que, em outra data, Bolsonaro teria pedido para ele assumir a autoria de um grampo de conversas de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). O hacker afirmou que aceitou o pedido, mas que nunca teve acesso ao grampo. Delgatti foi convocado à comissão como testemunha para explicar se participou de uma tentativa, a pedido da deputada federal deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro.Os termos "Bolsonaro preso amanhã" e "#Bolsonaronapapuda" ganharam destaque na rede social X. O ex-presidente enfrenta novos desgastes após enfrentar, na última semana, operações da Polícia Federal que atingiram o seu entorno no caso das joias enviadas por autoridades sauditas. A repercussão do depoimento também pode ser acompanhada através das hashtags Delgatti (228 mil menções), CPMI (155 mil menções), hacker (365 mil menções), em que internautas compartilham trechos do depoimento à comissão.O assunto superou até mesmo a repercussão dos jogos de semifinais da Copa do Brasil, que ocorreram na noite desta quarta (16) e dominaram os comentários até a manhã desta quinta. Delgatti ganhou projeção por ter invadido os celulares de membros da Lava Jato e vazado trocas de mensagens entre procuradores. O caso foi revelado em 2019 e culminou na prisão dele e de outros três suspeitos.Na internet, ele também é conhecido como hacker de Araraquara, em alusão a sua cidade natal, ruivo Delgatti ou Vermelho, em razão dos seus cabelos ruivos. Em agosto de 2022 ele passou a se encontrar com integrantes da campanha de Bolsonaro e com o próprio ex-mandatário. O hacker disse aos investigadores que o então presidente perguntou se ele conseguiria invadir o sistema das urnas eletrônicas.
2023-08-17 13:07:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/08/hacker-na-cpi-do-81-cai-como-bomba-nas-redes-e-aumenta-burburinho-sobre-prisao-de-bolsonaro.shtml
Bruschetta gigante terá mais de 60 metros e será feita na Festa de Achiropita, em SP
No dia 27 de agosto, um domingo, a tradicional Festa de Nossa Senhora Achiropita, em São Paulo, será sede da conquista de um recorde —o de maior bruschetta do mundo.A façanha culinária, que acontece entre 14h30 e as 17h, terá mais de 60 metros e uma receita que leva 50 quilos de tomate, 10 litros de azeite e 22 quilos de muçarela de búfala.Isso, segundo o RankBrasil, será suficiente para que a brusquetta brasileira ultrapasse a atual detentora do recorde, uma receita feita em 2019, na cidade italiana de Napoli, que rendeu um quitute de 52 metros de comprimento. Tudo será comandado pelo chef Allan Vila Espejo e outros profissionais da gastronomia. Mais A festa de Achiropita acontece até o dia 3 de setembro, no bairro do Bexiga, e terá 35 barracas montadas entre as ruas Dr. Luiz Barreto, São Vicente e 13 de Maio, no Bexiga, servindo as icônicas fogazzas e também polenta, antepasto, macarrão, pizza, churrasco e doces tradicionais italianos —além de vinho, é claro. Aos sábados, a festa vai das 18h à meia-noite e, aos domingos, das 17h30 às 22h30.
2023-08-17 12:01:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/08/bruschetta-gigante-tera-mais-de-60-metros-e-sera-feita-na-festa-de-achiropita-em-sp.shtml
Ivete, posso falar uma coisa com seu 'conje'?
Sempre fui fã de Ivete Sangalo, uma das maiores artistas desse país. E além de admirar seu talento, amo a pessoa que ela é. Generosa, amorosa, divertida, correta. Por isso, antes de oferecer conselhos não-solicitados, vou pedir licença para a estrela:- Ivete, posso falar uma coisa com seu 'conje'? Posso, né? Ele falou tudo em aberto nas redes e, como a gente sabe, em rede social todo mundo dá palpite na vida de todo mundo! Vou considerar que você disse 'sim' e continuar daqui. Beijo, Veveta! Vamos lá: Mais Caro Daniel Cady,Muito prazer. A gente não se conhece. Mas tenho acompanhado desde o começo o 'caso', por assim dizer, entre você e uma conhecida influenciadora. Aliás, quando eu vi o vídeo da receita de bolo que deu início a tudo, fiz a mesma cara que você fez e achei muito adequada a expressão que você usou, terrorismo nutricional, porque era esse mesmo o tom alarmista e cheio de inverdades da postagem. Sim, porque se aquele bolo fosse uma ameaça tão grande à saúde e gerasse tantas doenças, metade do planeta já teria perecido. Todo dia eu passo por uma tia do café que vende esses bolos numa banquinha na rua e as pessoas continuam todas vivas. Quem tem alergia a trigo, ovo, não pode comer, mas isso é a exceção. Bolo de chocolate, basicamente, não mata nem adoece ninguém.Só sei que um bolo levou ao outro e a senhora em questão resolveu botar nossa amada no meio dizendo que você só era famoso como marido da Ivete. Olha o tamanho da bobagem! Mesmo assim, achei lindo o jeito como você falou da sua amada e do orgulho que você sente por ser casado com ela.Quem não gostou muito da sua colocação foi a influenciadora, que continuou postando indiretas e aproveitando a onda para fazer seu marketing, publicando fotos de seus clientes famosos. E aí, como você deve ter acompanhado, um atleta e sua mulher que estavam nessa lista, negaram terem tido contato com a mesma. Na mesma noite, a coach aproveitou para abrir uma live e fazer exposed do atleta. Eu sei porque entrei e saí umas três vezes na live. Quer dizer, depois que ela tomou sua invertida, resolveu capitalizar a treta e sair por cima do casal. Mas isso é problema dela.O conselho que eu quero dar é para você, Daniel. Não alimente essas confusões. Isso vira pauta para todo mundo que cobre celebridades, que escreve colunas (como eu aqui!) e expõe você de um jeito que não ajuda em nada sua carreira, sua vida, sua família. Nada. Esse tipo de interação não traz nada de bom.Não estou sugerindo que você deixe de comentar o absurdo que é aquele tipo de vídeo demonizando um bolo, o tal terrorismo que transforma um pedaço de pão ou duas xícaras de farinha num crime alimentar. Você tem toda razão. Você é nutricionista e sabe que dietas ultra restritivas e hipocalóricas não reeducam, não conscientizam a pessoa sobre sua relação com os alimentos. Ela 'seca' e depois ganha tudo de novo. Espalhe conhecimento, ensine, mas sem focar no indivíduo. Sem arrumar briga.Já fiz muito isso, tanto no pessoal como no profissional, como diria o Faustão e sempre saí lesada, arranhada, prejudicada e arrependida. Claro que, vez ou outra, a gente cai de novo na mesma armadilha. Eu sei que vou cair. Mas aí eu vou contar com você para me alertar! No momento, sou eu quem te alerta: deixa essa história para lá, esquece, deleta. Não vale a pena. Ela tem seu público, você tem o seu. E o que for mentira, imoral, prejudicial ou ilegal, tem que ser resolvido pela justiça, não em bate-boca. Então, pegue uma boa receita, faça um belo bolo e delicie-se com essas três mulheres incríveis que enchem sua vida de luz e amor! Saúde!Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-08-17 12:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/08/ivete-posso-falar-uma-coisa-com-seu-conje.shtml
'Onde Vivem os Monstros' é eleito o melhor livro infantil de todos os tempos
A polêmica e controversa censura aos livros de Roald Dahl no Reino Unido no início deste ano, quando a editora Puffin Books resolveu picotar e alterar o texto de clássicos do autor, justificando que obras como "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "Matilda" supostamente poderiam soar ofensivas aos leitores de hoje (leia mais aqui sobre o caso), gerou diferentes reações no mundo todo. Uma delas veio da BBC, que resolveu se debruçar com atenção sobre a literatura produzida para crianças e jovens.Desde maio, o principal conglomerado jornalístico britânico vem publicando diversas reportagens sobre o tema e discutindo a importância da produção literária para esse público e os efeitos da recente onda global de censura. Entre as publicações, há uma lista com os cem melhores livros infantis e juvenis de todos os tempos. O vencedor foi "Onde Vivem os Monstros", clássico ilustrado de Maurice Sendak.É claro que todo ranking é um recorte e costuma dizer mais sobre quem votou do que sobre os livros escolhidos. E não é diferente aqui. Ao todo, 177 pessoas do mundo todo foram escolhidas pela BBC para votar, de países tão diferentes como Cuba, Vietnã, Armênia e África do Sul. Mas é claro que há distorções. Da América do Sul, por exemplo, apenas Chile e Peru tiveram representantes. Ninguém do Brasil, da Argentina ou da Colômbia foi escutado, apesar de esses países serem importantes polos editoriais da região. Mais Por outro lado, 46 dos 177 votantes são do Reino Unido, enquanto 16 são dos Estados Unidos —ou seja, juntos eles representam 35% do júri. Além dessa concentração e de uma super-representação europeia, boa parte dos votantes que fogem desse eixo geográfico são de países que foram colônias britânicas no passado, como Índia, Egito, Palestina e a própria África do Sul.Tudo isso para dizer que não é possível levar a ferro e a fogo essa seleção. Mas vale a pena, sim, dar uma espiada nela. "Onde Vivem os Monstros", que foi lançado em 1963 e completa 60 anos, conta a história de Max, que tira a mãe do sério e recebe o castigo de ir para o quarto sem comer. Lá dentro, as paredes logo se transformam em árvores. O ambiente vira a terra onde os tais monstros vivem, local onde o menino é coroado o rei das criaturas.Nas palavras de Pam Dix, presidente do IBBY do Reino Unido, sigla em inglês para a Organização Internacional dos Livros para Jovens, a obra é "um livro ilustrado perfeito e com várias camadas que revelam novas dimensões a cada leitura"."É uma metáfora sobre o inconsciente, o contato com nossos próprios monstros", definiu o escritor e ilustrador brasileiro Odilon Moraes, em entrevista sobre o livro para a Ilustrada em 2020 . "Tudo isso com uma forma perfeita de livro ilustrado, em que, à medida que Max entra no mundo dos monstros, as ilustrações vão crescendo e o texto vai sumindo. É como se ele perdesse contato com a civilização." Mais Apesar de ser uma história lançada nos anos 1960, ela só apareceu por aqui uma única vez, em 2009, pela extinta Cosac Naify. Com mais de 17 mil exemplares vendidos na época, ela até chegou a ter uma segunda edição. Mas, com o fim da editora, em 2015, nenhuma outra casa topou relançar o livro, que está fora de catálogo desde então —mas isso vai mudar.Como publicou o Painel das Letras aqui na Folha, a Companhia das Letras anunciou recentemente que entrou em acordo com os herdeiros de Sendak para trazer "Onde Vivem os Monstros" de volta ao Brasil. A previsão é que o título chegue às livrarias em outubro. Além dele, serão publicados outras duas histórias do autor: "Na Cozinha Noturna" e o inédito "Lá Fora, Logo Ali". Mais O pódio da BBC é formado ainda por "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, e "Pippi Meialonga", de Astrid Lindgren. A lista com os dez primeiros colocados pode ser vista abaixo, junto ao link para o ranking completo.Para quem ficou curioso em saber como uma lista dessas seria formada se os jurados fossem brasileiros, a Folhinha fez uma seleção parecida em 2019. Na época, foram ouvidos escritores e ilustradores para elencar os livros que toda criança deveria ler antes de crescer. Participaram Pedro Bandeira, Marina Colasanti, Heloisa Prieto, Silvana Salerno, Mariana Massarani, Odilon Moraes e Fernando Vilela. Mais O título vencedor foi "A Árvore Generosa", do também americano Shel Silverstein. "Onde Vivem os Monstros" apareceu em terceiro lugar. Mas o mais interessante é olhar a presença de obras brasileiras entre as escolhidas —o que só prova que listas dizem muito mais sobre os jurados do que sobre os eleitos, como já foi dito.O segundo lugar foi ocupado por "Reinações de Narizinho", clássico de Monteiro Lobato formador da literatura infantojuvenil nacional. Também aparecem no ranking "O Menino Maluquinho", de Ziraldo, e "Histórias de Índio", de Daniel Munduruku. A lista completa também está abaixo.É curioso notar ainda que os livros de autores estrangeiros escolhidos pela BBC entre os dez primeiros colocados e os selecionados da Folhinha não são os mesmos, com exceção de "Onde Vivem os Monstros". Mesmo assim, todos são clássicos incontestáveis. "Alice no País das Maravilhas" e "O Pequeno Príncipe" poderiam muito bem estar na lista brasileira, enquanto "A Ilha do Tesouro" e "As Aventuras de Pinóquio" teriam tudo para aparecer no ranking inglês —e de fato estão lá, em 50º e em 21º lugares, respectivamente.Na verdade, talvez o melhor seja olhar com carinho essas duas seleções —e outras que existam por aí—, fazer uma lista própria e ter contato com todas essas obras, seja ainda na infância, seja já adulto.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Veja o ranking completo aqui.Leia mais sobre a lista aqui.
2023-08-17 10:46:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/era-outra-vez/2023/08/onde-vivem-os-monstros-e-eleito-o-melhor-livro-infantil-de-todos-os-tempos.shtml
Alta forçada
O reajuste dos preços dos combustíveis recém-promovido pela Petrobras desperta atenção especial por ser o primeiro da gestão de Jean Paul Prates, que deixou o posto de senador pelo PT do Rio Grande do Norte para assumir o comando da gigante estatal a convite de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).A medida indica que as normas de governança da companhia estabelecidas nos últimos anos ainda proporcionam proteção, ao menos parcial, ante tentações populistas de baratear artificialmente a gasolina e o diesel. É insuficiente, porém, para dissipar dúvidas acerca da atual administração.Não está claro, em especial, até que ponto a petroleira vai seguir as cotações internacionais —um princípio correto adotado em 2016 contra o qual se insurgiram tanto Jair Bolsonaro (PL) como Lula.Mesmo com os aumentos de 16,2% na gasolina e de 25,8% no diesel, os preços domésticos continuam abaixo da paridade de importação. Segundo cálculos do banco Goldman Sachs, as defasagens são de 8% e 7%, respectivamente; não se vê, porém, perda substantiva para as receitas da empresa.Em audiência nesta quarta-feira (16), Prates saiu-se com uma obviedade ao comentar os reajustes —o objetivo, disse, foi evitar que a Petrobras perdesse dinheiro. Há muito mais em jogo, entretanto.Preços fixados por critérios que não os de mercado implicam riscos para a saúde financeira da empresa, para o abastecimento interno de combustíveis e para os bolsos dos contribuintes. Por isso a Lei das Estatais, de 2016, e o estatuto posterior da Petrobras restringiram tal possibilidade.É evidente que reajustes não são indolores. O de agora já resultou em elevação das projeções de inflação para o ano, e ficou mais remota a chance de um IPCA até 4,75%, teto oficial para a política do Banco Central (meta de 3,25% mais tolerância de 1,5 ponto percentual).Pior, no entanto, seria incorrer no intervencionismo de administrações petistas anteriores, que, não limitado ao setor petrolífero, terminou em megaprejuízos, descontrole inflacionário, escalada dos juros e recessão profunda. Ressalte-se que Prates disse no Senado que não repetirá erros do passado.É fato que por ora estão afastados os piores temores quanto à gestão da empresa, cujo valor de mercado já se recuperou de quase toda a perda de mais de R$ 100 bilhões registrada desde a eleição de Lula.Entretanto o restabelecimento da confiança levará tempo —e passará não apenas por preços, mas também por bons investimentos e responsabilidade ambiental.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-16 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/alta-forcada.shtml
Sanções, sustentabilidade e o acordo União Europeia-Mercosul
"O instrumento adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano é inaceitável." O comentário do presidente Lula diz respeito a um documento proposto pela União Europeia (UE) complementando e clarificando os compromissos de sustentabilidade do acordo com o Mercosul. Lula teme que a UE possa impor sanções ao Brasil em caso de descumprimento das cláusulas ambientais do acordo.O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) foi o primeiro a incluir cláusulas de trabalho e meio ambiente sujeitas a sanções (retirada temporária de preferências tarifárias). A partir da implementação do Nafta (1994) abriu-se espaço para um longo debate sobre o tópico, que rapidamente chegou à UE. No entanto, até muito recentemente a Comissão Europeia rejeitava a possibilidade de impor sanções para promover sustentabilidade via acordos comerciais.A partir de 2006, a UE expandiu de maneira agressiva seus objetivos comerciais e de investimento externo. Como resposta, a sociedade civil europeia se mobilizou para promover compromissos de sustentabilidade mais rigorosos como forma de contrabalancear interesses privados. Por sua vez, grupos de produtores domésticos se mobilizaram para limitar perdas econômicas em virtude da diferença entre padrões regulatórios da UE e de outros países. Essa mobilização ajudou a expandir o rigor legal dos compromissos de sustentabilidade dos acordos do bloco.Um dos resultados da estratégia de expansão comercial iniciada em 2006 foi o acordo entre UE e Coreia do Sul. Durante sua implementação, a UE acusou a Coreia de desrespeitar compromissos de sustentabilidade. Em 2021, apesar de se concluir ter havido quebra de cláusulas do tratado, a UE teve dificuldade de fazer represália. Esse episódio contribuiu para a narrativa de que os compromissos de comércio e sustentabilidade até então existentes eram ineficazes e que seria necessário deixá-los mais rigorosos. Mais Após um longo processo, a Comissão Europeia publicou um comunicado em 22 de junho de 2022 em que se comprometeu a aumentar o rigor dos capítulos de sustentabilidade de seus acordos de comércio, até mesmo usando sanções como último recurso. A UE mudou, com isso, a visão clássica de se opor ao uso de instrumentos punitivos em comércio e sustentabilidade. Essa mudança foi resultado de uma pressão interna e não tem a ver apenas com o Mercosul.O instrumento adicional criticado por Lula não fala em sanções de maneira explícita. Entretanto o governo interpreta que as metas do Acordo de Paris passariam a ser tratadas como legalmente vinculantes no documento. O governo também teme que sustentabilidade e redução de desigualdades socioeconômicas não caminhem lado a lado no acordo. Pesquisa que coordeno junto a colegas da Fundação Getulio Vargas e da Universidade de Bath (Inglaterra) de fato mostra que as regulações europeias de importação de biocombustíveis têm efeitos pouco animadores sobre a redução de desigualdades socioeconômicas em nível local no Brasil. Mais Apesar de o governo brasileiro apresentar demandas legítimas, é preciso atenção. Dado que a imposição da UE por cláusulas cada vez mais exigentes em comércio e desenvolvimento sustentável é um desdobramento histórico, a questão não é se o bloco fará exigências ambientais mais fortes, mas sim como as fará. Considerando que a UE já aprovou leis que que se aplicarão às exportações brasileiras, com ou sem acordo, ela pode usar a esfera unilateral para obter ou consolidar concessões na esfera bilateral. As possibilidades estratégicas da UE fazem com que o trabalho dos negociadores brasileiros seja ainda mais complexo e sensível.Diante desse cenário, como o Brasil pode obter concessões? Uma das respostas está em Genebra. A Indonésia lançou uma disputa na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as medidas unilaterais de sustentabilidade da UE. Se obtiverem uma decisão favorável, ainda que parcialmente, teremos uma ótima janela de oportunidade para barganhar. No entanto, com a OMC enfraquecida, o resultado pode demorar.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-16 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/sancoes-sustentabilidade-e-o-acordo-uniao-europeia-mercosul.shtml
Leitores criticam aulas digitais da gestão Tarcísio
Desmonte "Aulas digitais de Tarcísio em SP são alvo de críticas" (Cotidiano). O projeto para a educação em São Paulo é o de desmonte do já precário ensino público. Alunos sem livro e redução dos recursos constitucionais são apenas as primeiras marcas de um governo sem compromisso com São Paulo e de um secretário compromissado com o ensino privado. Azuaite Martins de França (São Paulo, SP)Todos os dias temos notícias alarmantes de desmandos dessa gestão. Compra de livros digitais sem licitação, aulas baseadas em slides produzidos sem uma revisão rigorosa, compra de aparelhos eletrônicos que não são entregues no prazo. Qual o interesse urgente da digitalização da educação em SP? Ana Cristina Cardoso (Guarulhos, SP)Os alunos não têm nem celular nem computador. Ensino público não é para quem tem condições financeiras. O que esse governador não sabe sobre educação dá uma enciclopédia. Edna Ligieri (São Paulo, SP)Irritação "Lula se irrita com Dino após operação da PF sobre joias de Bolsonaro ofuscar PAC" (Política). A Polícia Federal é instituição do Estado e sua atuação deve ser totalmente desacoplada dos interesses dos governantes. Infelizmente, muitos políticos brasileiros acham que essas instituições são de sua propriedade e fazem de tudo para as aparelhar. Bolsonaro e Lula são exemplos emblemáticos dessa patologia altamente deletéria para o país. Jorge Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ)Antifeminismo "A quem interessa o antifeminismo?" (Opinião, 16/8). É claro que nem todas as mulheres percebem sua própria condição de ser humano de segunda categoria, na sociedade patriarcal e feminicida em que vivemos. Sempre haverá aquelas que se sentem satisfeitas no lugar de "rainha do lar", mas tenho a convicção de que as mais inteligentes vencerão e ajudarão a todas. Luiza Nagib Eluf (São Paulo, SP)São louváveis os movimentos que dão voz aos invisíveis. Mesmo já tendo dobrado o cabo da boa esperança, sonho um dia com a sociedade mais justa, onde a competência seja o principal critério, que mulheres não sejam obrigadas a serem escravas domésticas, com jornadas exaustivas dentro e fora de casa. Liberdade e respeito para todos os oprimidos. Empatia sempre que possível. Marenildes Pacheco da Silva (Rio de Janeiro, RJ)O artigo ataca um texto da colunista Lygia Maria que, na realidade, merece aplausos ao alertar sobre a vulgarização de atos abomináveis como o assédio e o estupro, promovida por figuras que se autoproclamam as mais fidedignas defensoras dos direitos das mulheres. Tais criaturas fazem mal à dignidade feminina pois desrespeitam as verdadeiras vítimas ao tentar impor suas distorcidas ideias. João Paulo Zizas (São Bernardo do Campo, SP)Cracolândia "Porteiro é vítima de latrocínio na cracolândia em dia marcado por tensão" (Cotidiano). O que mais me assusta é notar que o crescimento vertiginoso de dependentes químicos e traficantes se alastra por todo o país. Em Brasília, essa realidade já começa a se revelar. E tudo começa de maneira muito insignificante. Por que as autoridades não tomam providências enquanto o problema está no começo? Sem querer ofender, mas acho que falta muita competência nesse nosso cenário político. Falta estabelecer prioridades e tomar atitude. Raqueline Feitosa (Brasília, DF)Não resolvem o problema porque não têm a mínima ideia do que fazer, como todos os que estiveram à frente das administrações municipal, estadual e federal nos últimos 30 anos. Continuam enxugando gelo, e os moradores, comerciantes e trabalhadores que se lasquem. Flávio Angelo Bolcioni (Presidente Prudente, SP)Vulnerabilidade O sistema elétrico de potência ideal possui proteções adequadas para identificar e isolar eventuais defeitos em linhas de transmissão, transformadores, geradores, reatores, entre outros equipamentos. Quando ocorre uma falha numa linha de transmissão, esta deve ser isolada com o objetivo de não propagar a falha para outras partes do sistema. Os atuais sistemas de monitoramento geram relatórios automáticos para possibilitar a rápida correção e religamento. O apagão desta terça-feira comprova a indesejável vulnerabilidade do sistema interligado de energia elétrica brasileiro. José Carlos Saraiva da Costa (Belo Horizonte, MG)
2023-08-16 20:00:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/leitores-criticam-aulas-digitais-da-gestao-tarcisio.shtml
Sósia brasileiro de The Weeknd é repostado pelo artista e sonha em conhecê-lo: 'É um modelo pra mim'
"Ihhh, olha o The Weeknd na minha loja". É com essa frase que Marcos Vinicius é recebido em um comércio de Niterói (RJ) no último sábado (12). O cabelo, o tom de pele... é inconfundível: o sósia brasileiro do The Weeknd é tão parecido com o original que o sucesso nas redes sociais foi imediato. Desde a publicação do vídeo, logo após a visita ao empreendimento do próprio irmão, são mais de 7 milhões de visualizações.Em entrevista por telefone ao F5, Vinicius garante que a ideia de se lançar como sósia do astro canadense já era antiga, mas esperava ter mais recursos. Recentemente, acabou viajando para São Paulo e passeou pelo bairro da Liberdade, em pleno domingo. Foi tanta gente apontando para ele e pedindo fotos que não teve mais como fugir do "projeto".A história tomou uma proporção tão grande que a base de fãs de Abel (nome real de The Weeknd) o acolheu, com comentários até de admiradores estrangeiros. "Estou até aproveitando a oportunidade para melhorar o inglês, o espanhol e ajudar outros fãs estrangeiros a aprender o português", explica ele, que teve um de seus vídeos republicados pelo próprio artista na última segunda-feira (14). Mais Até agora, nenhum contato foi realizado pelo músico original, mas o sonho de conhecê-lo segue vivíssimo. "Queria deixar claro o quanto ele é um modelo e uma figura importante pra mim", reforça Vinicius, que gosta do quanto as faixas do artista são ecléticas.Empolgado com o fato de ser parecido, não é só o vídeo em que entra mudo na loja de seu irmão que está fazendo sucesso. Em outras publicações, ele canta os hits "Can't Feel My Face" e "In The End", recebendo mais de 100 mil visitas.Sendo assim, como tudo na vida, o carioca decidiu fazer do limão, uma limonada. A intenção é, daqui para frente, fazer eventos e shows em homenagem ao The Weeknd. No momento, segue desempregado e comemorando o alto volume de visualizações. E torcia pela publicação desta matéria. "Será que ganho um presentinho da Folha de São Paulo? Meu niver é quarta-feira", escreveu ele, via WhatsApp, para este repórter. Pronto, presente entregue, Vinicius. Feliz 26 anos!
2023-08-16 17:04:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/08/sosia-brasileiro-de-the-weeknd-e-repostado-pelo-artista-e-sonha-em-conhece-lo-e-um-modelo-pra-mim.shtml
Gostaria de saber a data da sua morte?
"A vida é uma viagem breve. Sinto-me grata por ter conseguido viver estes últimos dois anos a fazer o que me deixava feliz no momento, assim que percebi que a morte chegaria mais cedo do que esperara. Não tenho arrependimentos, não há nada que gostasse de ter feito de maneira diferente. Por isso, se morrer agora, não faz mal".Dois dos meus bisavôs e uma das minhas bisavós eram portugueses. Não conheci nenhum deles, mas cresci ouvindo sobre a minha ascendência, muitas vezes em tom de deboche. Sempre quis conhecer o Algarve por gostar muito de praias, mas, tirando isso, ir a Portugal não me inspirava grande interesse.Isso foi mudando aos poucos. Na minha banca de doutorado, um professor da Universidade de Coimbra lembrou que o português é, além do inglês, a única língua falada no mundo inteiro, em todos os continentes. "É legal pensar que seu trabalho pode ser lido em lugares muito diferentes". Como não havia pensado nisso antes?No último mês, publiquei o livro mais importante que já escrevi: queria dividir com pessoas comuns os resultados das conversas que tive com quase 50 pacientes com câncer avançado, no Brasil e na Alemanha, entre reflexões e pesquisas sobre morte e fim de vida e, acima de tudo, sobre a vida.O primeiro lançamento aconteceu alguns dias antes de embarcar para as férias com a minha família em Portugal. Resolvi levar alguns exemplares para o país. Vai que eu conhecia alguém que se interessasse?Para quem escreve, a barreira do idioma é dilacerante. Muitas vezes a gente encontra pessoas com quem divide pensamentos tão semelhantes ou que de alguma forma se interessam pelos nossos textos, mas que não podem ser lidos por elas.Logo nos primeiros dias em Lisboa, a música que vinha de uma livraria-bar nos chamou a atenção. Eu posso escapar de museus e monumentos históricos com relativa facilidade, mas não consigo deixar passar livrarias e bibliotecas. Fui gestada em uma, onde minha mãe trabalhava, sempre cercada de livros. Costumamos dizer que, já desde a barriga, sou fascinada por eles.O espaço e a decoração da livraria-bar nos encantaram. Um piano tornava o ambiente ainda mais acolhedor: piano entre livros, como é a biblioteca que tenho em casa, um dos principais sonhos que já realizei.Estávamos ouvindo a música que vinha da banda ao lado de fora. O vocalista era brasileiro.- Você é brasileira, disse para minha filha.- Não, sou Beatriz, ela prontamente respondeu.Ainda estava rindo quando comecei a ver o tipo de literatura que ofereciam. Foi quase imediato o sentimento de querer ver meu livro naquele lugar, que já havia garantido boas recordações em tão poucos minutos.Em uma primeira avaliação, achei que não conseguiria me encaixar na curadoria. Embora uma das primeiras páginas do meu livro traga Fernando Pessoa, o grande expoente naquela livraria, o estilo de literatura parecia distante do que eu tinha para oferecer. Até que meus olhos encontraram "Uma mulher com cancro, um psicólogo e uma virgem entram num Death Café", de Lara Pato.Na quarta capa, a pergunta que aproxima tanto os nossos escritos: "Gostariam de saber a data da vossa morte? Fazia diferença se tivessem mais um ou mais cinquenta anos de vida?".Comecei a folhear o livro, esquecida do plano original de falar sobre a vontade de ver meu próprio exposto naquelas prateleiras. Já me imaginava conversando com a escritora, quando vi o final da orelha: "Lara morreu a 27 de maio de 2022. Escreveu até ao último dia da sua vida". O livro, por sua vez, foi lançado há 4 meses.Alguns dos textos que o compõem já haviam sido publicados antes. Mas há revelações e intimidades que dificilmente alguém teria coragem de dividir com o mundo enquanto ainda estivesse nele. Lara fala de situações constrangedoras, como não conseguir chegar ao banheiro antes de fazer xixi e cocô nas calças. Fala com honestidade sobre a inveja que sentiu de mulheres e das fraudes cometidas profissionalmente. Expõe pessoas de sua convivência, muitas vezes de forma visceral.Desde que a história da minha mãe se tornou, de certa forma, o fio condutor do meu próprio livro, pergunto-me sobre os limites da escrita. Tenho direito de contar aquilo que não diz respeito apenas a mim? Quanto de literatura sobraria no mundo se as pessoas não pudessem mais falar sobre si mesmas a partir das suas relações? Quem é que tem algo a dizer e escrever quando não pode incluir o outro?A escrita profundamente honesta da Lara me incomodou em alguns capítulos. Pensei nas pessoas que não poderiam dialogar sobre os sentimentos que ela tinha a seu respeito, já que o livro acaba de ganhar vida, mas ela já está morta. Muito do que a autora escreve não tem propriamente uma função na obra, ao menos não de forma acessível ao leitor e muito menos a partir do que diz o seu título. Mas parece ficar patente uma necessidade de dividir certos sentimentos e pensamentos enquanto ainda há tempo. Enquanto ainda houve tempo.Quem tem uma doença terminal tem o direito de fazer todos os desabafos que entender pertinentes?A pergunta que se faz na quarta capa acontece no death café mencionado no título. Para quem abre o livro esperando pelo encontro anunciado, há uma decepção. São apenas 10 páginas já depois da metade, sem que a maior parte dos capítulos anteriores tenham com elas qualquer relação. Pensando bem, mesmo sobre a sua doença e seus lutos, o livro não oferece tanta coisa quanto eu imaginava. Embora, na minha opinião, ofereça o suficiente.E talvez Lara consiga fazer isso exatamente porque se apresenta em aspectos muitos diferentes e abrangentes da própria vida. Ela fala da infância, da adolescência, da vida adulta, fala da relação com seus pais e sua irmã, dos relacionamentos amorosos e de como enxerga o país onde nasceu, fala de dificuldades gerais da vida - desde reflexões sobre depilação até ser impossível aprender um idioma novo mesmo depois de um mestrado em física.Lara foi uma pessoa de carne e osso e isso nos aproxima do que ela tem a dizer.Quem é que quer saber a data da própria morte? Vai que a data está próxima, marcada para amanhã mesmo, em um acidente doméstico banal, que acontece todos os dias a outras pessoas que também não esperavam morrer tão cedo?Lara quer: "Agora que a expectativa é de que me restem apenas alguns anos de vida, penso que esta é a quantidade de tempo perfeita para saber com antecedência. É tempo suficiente para poder fazer muito do que sempre quis, mas que estava sempre a adiar, e é suficientemente curto para nunca deixar de estar grata por cada fôlego de vida".O livro demonstra que, em alguns momentos, Lara acreditou ter muito mais anos de vida do que realmente indicavam as probabilidades e do que, afinal, teve. Não surpreende: oncologistas e pacientes com câncer avançado geralmente superestimam a suas chances e creditam a tratamentos muito mais do que eles podem fazer.Mas a doença se impõe e ela recalcula sua rota, a tempo de repudiar o engano e aproveitar as chances que lhes dão a honestidade e a autonomia:"Sabem o que seria de grande ajuda? Que me ajudassem a sentir um pouco mais feliz, independentemente do resultado. O destino é imprevisível, mas eu não sou. Posso escolher aceitar com um sorriso o que quer que me aconteça. Se estiver a sangrar e a minutos de morrer, não me mintam ao dizerem: ‘Vai correr tudo bem’. Ajudem-me a apreciar esses últimos momentos da melhor maneira que conseguirem. Perguntem-me o que me faria sentir bem, que música, que sabor, que memória. É o que melhor podem fazer.Por favor, não me enganem, não me digam: ‘Vai correr tudo bem’".Mesmo quando aceita a realidade da sua doença e tenta fazer o melhor com ela, chora pelas possibilidades inesperadamente retiradas. "Não quero ter um filho", mas "Choro pelo filho que nunca terei".Lara dá ao episódio da queda dos seus cabelos, após o início da quimioterapia, o nome "Princípio do fim". Esse era o título original do primeiro capítulo do meu livro. Princípio do fim, o momento em que eu entendia que a morte era também uma realidade para mim, não apenas algo abstrato que acontece às outras pessoas. Mais do que isso, que muitas vezes ela chega subitamente, sem aviso. As coisas estão bem e, de repente, não estão mais.Às vezes me pergunto se, com as histórias que contamos, pessoas que ainda não vivenciaram as próprias histórias de luto e de dor conseguem recalcular suas rotas também. Se podem passar a viver mais intensamente, projetando a possibilidade da data das suas mortes ou das mortes de suas pessoas amadas para dali a alguns anos, e não algumas décadas. Se, a partir do que eu conto, e não das suas vivências, podem se perdoar mais, realizar mais, antecipar projetos que ficam para depois do natal, depois do crescimento dos filhos, depois da aposentadoria. Depois, depois, depois.Não sei. Na dúvida, recomendo a leitura do livro dessa jovem não fumante que morreu aos 33 anos, depois de conviver com um diagnóstico de câncer de pulmão - e uma pandemia - por 2. Na medida das nossas possibilidades - e dos nossos privilégios - vale sempre se perguntar: se estiver no fim da vida, há algo que eu tive a chance de fazer e me arrependerei de não ter feito, apenas porque achei que ainda teria tempo e vida para fazer?
2023-08-16 15:07:00
blogs
Blogs
https://www1.folha.uol.com.br/blogs/morte-sem-tabu/2023/08/gostaria-de-saber-a-data-da-sua-morte.shtml
Como podemos proteger artistas mirins de eventuais abusos praticados por empresários ou familiares?
As revelações da atriz Larissa Manoela nesta semana levantaram um debate sobre como proteger artistas que começaram muito cedo na carreira de eventuais abusos.Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, a atriz disse que vivia sob o controle financeiro dos pais e não sabia nem quanto ganhava. Mesmo sendo milionária, a atriz de 22 anos precisava pedir autorização para qualquer tipo de gasto.Ela disse ter aberto mão de R$ 18 milhões para encerrar relação com os pais e recomeçar a carreira.O relato dela remeteu aos casos de outros artistas que também tiveram relações conflituosas com os pais, como cantores Britney Spears e Michael Jackson.A seu ver, leitor, de que maneira artistas mirins podem ser protegidos de eventuais abusos cometidos por empresários ou familiares? Envie sua resposta por meio deste formulário. Elas poderão ser publicadas nas edições e nas redes sociais da Folha. Mais
2023-08-16 15:17:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/08/como-podemos-proteger-artistas-mirins-de-eventuais-abusos-praticados-por-empresarios-ou-familiares.shtml
Combate à inadimplência impõe fim do crédito rotativo do cartão
Lançado em meados de julho, o programa Desenrola Brasil, criado pelo governo federal para ajudar a renegociar as dívidas dos mais de 70 milhões de brasileiros com o nome negativado, vem em boa hora e poderá colher bons resultados.Só na terceira semana, o programa repactuou R$ 5,4 bilhões em dívidas e renegociou 905 mil contratos, mais do dobro dos R$ 2,5 bilhões e 400 mil contratos das duas semanas anteriores. Neste período de vigência do programa, mais de 8,3 milhões de pessoas com dívidas bancárias de até R$ 100 saíram da lista de devedores, fora as baixas de registros de outros credores não bancários. Os dados são da própria Febraban.A campanha do governo e toda a mobilização favorável à renegociação de dívidas vão contribuir para destravar a economia e elevar o poder de consumo de amplos setores da população ao restaurar seu acesso ao crédito. Mas só isso não basta. É preciso aproveitar esse movimento para adotar medidas mais efetivas que impeçam a inadimplência de voltar a subir.Agora em agosto, quando o Congresso Nacional se mobiliza para transformar em lei as medidas provisórias que instituíram o Desenrola Brasil, temos a chance de concretizar ao menos uma dessas necessárias mudanças: acabar com o malfadado "crédito rotativo" dos cartões.Em 2022, a taxa de juros do crédito rotativo ultrapassou a marca dos 409% ao ano, a maior da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2012. Neste ano, as taxas praticadas já equivalem a um juro de 454% ao ano com 52% de inadimplência, segundo o Banco Central. Mais Esse ambiente econômico sabota qualquer política de redução da inadimplência. Sem uma revisão das regras de cobrança dos cartões de crédito, a começar pela eliminação dos juros rotativos, programas bem-intencionados como o Desenrola estão fadados a morrer na praia.Felizmente, essa ideia vem encontrando eco na classe política. O ministro da Economia, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já deram declarações favoráveis ao fim dos juros rotativos no cartão de crédito. Este último, em audiência pública no Senado, prometeu apresentar uma solução para o problema em até 90 dias.Os ventos também sopram a favor no Congresso. O deputado federal Alencar Santana (PT), relator do projeto de lei do Desenrola Brasil, se comprometeu a propor um limite para a cobrança do rotativo, tomando por base as taxas praticadas na modalidade do cheque especial. O parlamentar acerta ao avaliar que uma política de renegociação de dívidas é inócua se não atacar simultaneamente o problema dos juros do cartão. Mais O setor bancário costuma argumentar que o fim dos juros rotativos acarretaria uma possível elevação das taxas gerais. Como apenas 5% dos usuários recorre ao rotativo, o custo de sua inadimplência seria, por esse raciocínio, diluído entre todos os demais usuários.O argumento é falho, pois ignora que, nessas circunstâncias, cabe às instituições financeiras criar mecanismos mais eficazes de avaliação de risco para orientar suas práticas de concessão de crédito e, principalmente, oferecer alternativas melhores de parcelamento e reestruturação de dívidas para os clientes que não conseguirem arcar com o valor total de alguma fatura.Na verdade, o modelo atual repassa o custo dessa pequena inadimplência para o conjunto da sociedade, pois torna o acesso ao crédito mais caro e mais arriscado. A cobrança de juros rotativos é, afinal, uma das maiores responsáveis pelo efeito bola de neve que transforma atrasos pontuais de pagamentos, provocados por circunstância diversas, em dívidas absolutamente impagáveis, sobretudo entre os mais pobres. Mais O crédito rotativo é quase uma exclusividade brasileira. Na maior parte do mundo, o não pagamento do valor integral de uma fatura do cartão leva ao parcelamento automático dessa dívida. Nesse sentido, a eliminação do rotativo seria coerente com um movimento mais amplo de modernização do ambiente de negócios brasileiro, movimento representado, por exemplo, pelo avanço de uma reforma tributária que instituirá um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) similar ao utilizado nos países mais desenvolvidos.Evidentemente, o fim do crédito rotativo não é uma solução em si. A redução da inadimplência exige transformações que vão da revisão das regras de parcelamento sem juros à redução da desigualdade, do reequilíbrio da relação entre bancos, bandeiras de cartão de crédito, adquirentes e varejistas até a valorização da educação financeira para nossas crianças e jovens.Mas o fim do rotativo é, sem dúvida nenhuma, um passo na direção certa. Com a votação do Desenrola Brasil, o Congresso tem a chance corrigir essa antiga distorção do sistema financeiro brasileiro, dando solidez a uma política até então bem-sucedida de combate à inadimplência e promovendo melhoria concreta na vida dos brasileiros.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-16 13:36:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/combate-a-inadimplencia-impoe-fim-do-credito-rotativo-do-cartao.shtml
Aos 65 anos, Madonna enfrenta o desafio de se manter relevante sem abrir mão do passado
Em meio à enxurrada de comentários suscitada pela série "Xuxa, O Documentário", do Globoplay, teve um que me chamou a atenção. Não vou me lembrar do nome nem da profissão da pessoa, mas o que ela disse era muito pertinente.Aos 60 anos de idade, Xuxa enfrenta um desafio. Por um lado, precisa manter viva a lembrança de seus anos como Rainha dos Baixinhos, que lhe renderam fama, fortuna e fãs que duram até hoje. Por outro, precisa se manter relevante, para não viver apenas das glórias do passado e continuar faturando.Pois Madonna encara exatamente o mesmo dilema. A Rainha do Pop completa 65 anos nesta quarta-feira (16), e só isso já é uma façanha e tanto: ainda é chamada de Rainha do Pop, apesar da idade provecta e das várias gerações de estrelas que surgiram depois dela. Mais Muito mais do que Xuxa, Madonna sempre quer estar na crista da onda. Quer ser vista como inovadora ou, pelo menos, como uma espécie de atravessadora do bem: aquela que traz para as massas as novidades musicais produzidas nos becos do planeta.Ela fez isto com a house music, o vogue, a french wave, até com o funk brasileiro. Sempre soube se associar ao produtor mais quente do momento, e conseguiu que seu som evoluísse sutilmente ao longo dos anos.Mas a música não é nem metade do que Madonna é. Antes de mais nada, ela é imagem e atitude. É por isso que as novas faixas andam raras, mas suas redes sociais trazem fotos novas quase todos os dias.Madonna sempre soube se traduzir visualmente muito bem. Já foi Marilyn Monroe, foi Ditta, a stripper de tapa-olho e dente dourado, foi cowgirl, bailarina tailandesa, cantora de fado, roqueira. Também já tirou toda a roupa e mostrou cada milímetro de seu corpo nu no livro "Sex", de 1992, hoje esgotado.Só que, de uns tempos para cá, ela parece ter perdido a capacidade de capturar a "zeitgeist" —o espírito do tempo. Suas fotos recentes mostram uma mulher de pele artificialmente lisa, sem sobrancelhas, maçãs do rosto muito salientes. Talvez um clone sintético de Madonna, vindo diretamente do século 25?Em fevereiro, sua aparência bizarra na cerimônia de entrega dos prêmios Grammy rendeu uma saraivada de críticas. Madonna se defendeu, alegando ter sido vítima tanto de uma câmera de TV que distorcia tudo quanto do etarismo do público. O fato é que ela estava feia, só isso.Faz sentido uma pessoa reclamar que está sendo discriminada por ser velha, ao mesmo tempo em que faz tudo para parecer ser jovem? Madonna não estaria validando o mesmo sistema que ela acusa de injusto?Por outro lado, a liberdade que ela prega, para as mulheres –e para toda a humanidade– também é a de decidir sobre o seu próprio visual. Só não dá para esperar que o mundo aplauda qualquer resultado.Madonna sempre se exigiu muito. Faz exercícios todos os dias e é vegetariana há cerca de 40 anos. Em época de shows, impõe a si mesma e a seus bailarinos uma rotina duríssima de ensaios.No entanto, o tempo não para. Sua última turnê, "Madame X", entre 2019 e 2020, teve vários shows cancelados porque ela se machucava no palco sem parar. E sua próxima turnê, "Celebration", teve a estreia adiada em três meses porque a popstar baixou hospital, acometida de uma infecção bacteriana. Mais Confesso que me incomoda um pouco que "Celebration" não esteja promovendo um novo álbum. O repertório do show inclui os maiores sucessos a cantora, e nenhuma novidade foi anunciada até agora. Madonna jogou a toalha? Não quer mais se arriscar a lançar um disco que venda pouco?Talvez seja mesmo a hora de diminuir o ritmo. Por mais bem cuidado que seja, um corpo de 65 anos não é igual a um de 25. Por outro lado, é mais que louvável a disposição de Madonna de continuar excursionando, de rodar o mundo, de se encontrar com seus fãs.Que são cada vez menos, aliás. Assim como Xuxa, Madonna vem conseguindo poucos novos adeptos entre as novas gerações. Não há nada de surpreendente nisso. Para um adolescente de hoje, ela deve soar tão "música de avó" quanto Frank Sinatra soava para mim em 1976.O que essa garotada precisa entender, no entanto, é que foi Madonna quem abriu as portas para Lady Gaga, Beyoncé, Ariana Grande, Rihanna, Taylor Swift, Katy Perry e praticamente todas as divas da dance music, desde 1982.Porque a persona com que ela se apresentou ao mundo era inédita naquela época: uma feminista radical, que pregava a independência total das mulheres, mas que, ao mesmo tempo, gostava de sexo, sedução e putaria. Hoje essa combinação parece corriqueira, mas, 40 anos atrás, soava paradoxal para muita gente.Ao longo de sua longa carreira, Madonna abraçou todas as causas certas. Foi das primeiras a se levantar contra a Aids, sempre defendeu os gays e os direitos igualitários, e hoje se dedica a ridicularizar a extrema-direita.Não, não é perfeita, porque ninguém é. Mas, somadas a qualidade da obra, o impacto de suas ideias e a influência que exerceu sobre o showbiz e o comportamento, Madonna é, de longe, a artista popular mais importante do último meio século.Feliz aniversário, Madge. Que privilégio estar vivo ao mesmo tempo que você.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-16 08:00:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/08/aos-65-anos-madonna-enfrenta-o-desafio-de-se-manter-relevante-sem-abrir-mao-do-passado.shtml
Em novo álbum, cantora autista rejeita luto parental e busca infundada pela cura
"Peças de um jogo sujo/ Curas para nenhum mal/ De falsos profetas lucro/ E de quem se afeta, caos.""Quebra essa cabeça! Quebra essa cabeça!""Não aceito o seu luto/ Eu não sou o seu pesar/ Do seu mundo de absurdos/ Não vou me alimentar."Na música "Quebra-cabeças", lançada em junho, a cantora e compositora Patricia Eugênio de Souza, 43, a Ilus, toca em pontos centrais para a construção da identidade de pessoas autistas, como o chamado luto dos pais que descobrem ter uma criança neurodivergente e promessas infundadas sobre uma possível cura para o transtorno.Ao dizer "quebra essa cabeça", Ilus, ela própria autista, diagnosticada há dois anos, brinca com o controverso símbolo associado ao autismo e convida o público a repensar o senso comum."Como separar o autismo do indivíduo?", pergunta, em entrevista ao blog."Desde que nasci, eu experimento o mundo como uma pessoa autista. Eu não sei o que é ser uma pessoa típica. O que posso fazer é apenas um exercício de imaginação (…) Por ter facilidade no campo das artes e ter uma criatividade que me motiva, direcionei minhas dificuldades sociais para o campo artístico. Eu transformei meus desejos e minhas angústias em texto, música e desenho. Pude vê-los e senti-los de fora pra dentro e fazer outras pessoas entrarem em contato com esses sentimentos também", afirma.Ilus diz que, com a música — e outras presentes no álbum "Natureza Líquida" —, pretende ampliar a visibilidade de pessoas autistas em espaços ainda não alcançados. E reforça a necessidade de remover "barreiras de acesso e permanência" a pessoas com deficiência."Eu sou bacharel e mestre em física e doutora em geofísica espacial, porque um ambiente tranquilo e organizado me permitiu chegar nesses lugares. No entanto, não consegui exercer minha profissão. Ao começar uma faculdade em música, um ambiente com muitos estímulos, atividades em grupo, que me demandava muitas habilidades que eu não tinha, fez com que eu pedisse adequações e elas não foram atendidas, por falta de um diagnóstico. É irônico como tenho mais fracassos na área em que tenho mais habilidades, pois lidei quase sempre com ambientes pouco inclusivos."E ela completa: "Independente das minhas habilidades e limitações, concluo que o que me ajuda ou não na minha profissão é ter ou não um ambiente realmente inclusivo e condições de desenvolver minhas potencialidades"
2023-08-16 09:00:00
blogs
Blogs
https://www1.folha.uol.com.br/blogs/vidas-atipicas/2023/08/em-novo-album-cantora-autista-rejeita-luto-parental-e-busca-infundada-pela-cura.shtml
Manicômio em extinção
Causou controvérsias e temores, em boa medida compreensíveis, a resolução do Conselho Nacional de Justiça que determinou, a partir desta terça-feira (15), a desativação dos hospitais de custódia, ou manicômios judiciários. A providência, no entanto, é necessária para que se cumpra a Lei Antimanicomial, aprovada no longínquo 2001.Segundo o diploma, pessoas com transtornos mentais não podem ficar internadas indefinidamente. O atendimento deve ser ambulatorial, nos Centros de Apoio Psicossocial; o paciente não deve ser afastado do convívio social e só pode ser internado por tempo determinado.Pessoas que não podem responder por crimes cometidos, dado o transtorno mental, também têm esse direito. Após 22 anos, a norma não foi implementada de fato.De acordo com o Ministério da Justiça, em dezembro de 2022, 1.869 pessoas cumpriam medida de segurança em hospitais de custódia, e apenas 750 estavam em tratamento ambulatorial.Para sanar a lacuna, o CNJ criou um grupo de trabalho interdisciplinar que por dois anos discutiu como colocar a lei em prática.Em fevereiro deste ano, o órgão divulgou resolução determinando que, a partir de 15 de agosto, hospitais não podem receber pessoas em medida de segurança e, até maio de 2024, internos devem ser realocados para residências terapêuticas ou casa de familiares.Críticos da resolução apontam que o SUS não está preparado para absorver essa demanda. De fato, sabe-se que o sistema brasileiro tem diversos gargalos —e com a saúde mental não é diferente.É boa notícia, portanto, que integrantes do CNJ e do Ministério da Saúde estejam em contato para estabelecer protocolos para a desativação —como o Judiciário deve supervisionar a saída dos internos e como serão tratados os casos mais graves, que envolvam riscos para a sociedade.A resolução não prevê soltura generalizada. Cada ex-interno terá acompanhamento médico e social específico, com plano terapêutico individual que pode prever tanto atendimento nos Caps como internações esporádicas ou estadia em residências terapêuticas.As esferas municipal, estadual e federal devem agir em conjunto integrando justiça, saúde e assistência social. Já há experiências em vigor no país. No programa implantado em Goiás, a taxa de reincidência é de 5%, ante cerca de 30% entre detentos do sistema prisional.editoriais@grupofolha.com.br
2023-08-15 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/manicomio-em-extincao.shtml
A quem interessa o antifeminismo?
VÁRIAS AUTORAS (nomes ao final do texto)Há algo de podre (e antigo) no reino do antifeminismo atual e em sua tentativa de devolver as mulheres à domesticidade, como podemos ver no artigo "O feminismo contra as mulheres" (23/7), da colunista Lygia Maria, publicado nesta Folha.O texto —que defende que o movimento feminista atual promove vitimismo, faz mulheres confundirem paquera com assédio e as ensina "a procurar agressão onde nem sempre há"— é um claro exemplo do que a autora Susan Faludi chamou de "backlash". Um contra-ataque conservador e machista que surge a cada avanço feminista.A alegação de que os movimentos feministas incitam a vitimização é infundada e distorce seus propósitos. Para evitar esses equívocos, é preciso entender sua natureza. O primeiro ponto é compreender que o feminismo não retrata mulheres como vítimas indefesas, mas reconhece a histórica discriminação que sofrem no trabalho, na política, na educação e na vida doméstica.Outra questão central é conscientizar mulheres sobre sua condição para encorajá-las a exercer a autonomia e lutar por igualdade de tratamento, subverter normas patriarcais e promover transformações estruturais na sociedade. Nada mais distante de vitimização!Essa tomada de consciência nos ajudou a entender, por exemplo, que a violência de gênero não era apenas uma experiência individual, mas um problema coletivo. Aprendemos que o pessoal é político, que a culpa não era da nossa saia, que chega de "fiu-fiu", que "el violador eres tú". Mais Dizer, como no artigo, que a estratégia de denunciar assédios, alavancada pelo MeToo, perdeu função é ignorar essa conscientização e a coragem de mulheres em denunciar estupradores, seja em Hollywood, no futebol, no BBB ou em casa.Alegar que o MeToo perdeu o foco é uma opinião subjetiva ligada à perspectiva individual e não reflete o impacto que ele ainda tem. Em entrevista à Folha ("Brasil registra 75 mil estupros em 2022 e bate recorde", 20/7), Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou como um dos potenciais motivos pelo aumento dos registros de estupros o fato de termos "mais vítimas denunciando, na esteira de ações como o MeToo".A discussão aberta pelo MeToo sobre cultura do estupro e impunidade obrigou instituições a repensarem suas políticas e abriu caminho para transformações sociais de longo prazo. Mais O artigo cita Camille Paglia para sugerir que o intelectualismo antecede o ativismo —uma dicotomia que não existe nos feminismos, onde pensadoras adotam perspectivas intelectuais fundamentadas em suas experiências. É o caso da interseccionalidade, conceito criado pelas feministas negras que reconhece que as experiências das mulheres são influenciadas por fatores como raça, classe e orientação sexual.Como o texto diz ainda que o feminismo nos incita a buscar agressões onde não há, vale lembrar que em meio ao "backlash" há sempre mulheres —especialmente brancas e ricas— engajadas em duvidar de outras mulheres e minar suas lutas. Mas, como sabemos que os feminismos resistem a cercos machistas, seguiremos lutando e apoiando as mulheres que estão à margem, na formação da nova onda feminista.Aline Mandelli Jéssica Idalina Mariana Della Barba Vanessa Rozan Pesquisadoras do Núcleo Inanna de Pesquisa sobre Feminismos da PUC-SP Carla Cristina Garcia Professora doutora e coordenadora do núcleoTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-15 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/a-quem-interessa-o-antifeminismo.shtml
Lei de zoneamento não é vale-tudo
Pressionada pelo Legislativo municipal que, segundo seu presidente, Milton Leite (União-SP), quer receber ainda neste mês uma proposta de revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS, conhecida como lei de zoneamento), a Prefeitura de São Paulo colocou em consulta pública um simulacro de projeto de lei.O texto apresentado pelo Executivo não resiste, do ponto de vista técnico e do processo de elaboração, a uma avaliação crítica que leve em conta:1 - O conteúdo mínimo do que deve conter uma lei de uso e ocupação do solo, o instrumento urbanístico mais tradicional do Brasil. O PL nem sequer tem um mapa do novo zoneamento, embora seja evidente que ele existirá quando a lei for aprovada pela Câmara Municipal;2 - O processo participativo, como determinam o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor Estratégico (PDE). O PL foi formulado sem a participação da sociedade após a sanção da revisão do PDE, em julho de 2023, que estabeleceu as diretrizes para a LPUOS. Não está articulado com os planos regionais das subprefeituras, como determina o artigo 345º do PDE.A lei de zoneamento regulamenta o que pode ser construído em cada quarteirão da cidade, impactando o valor da terrenos, a rentabilidade dos empreendimentos, a paisagem urbana e a vida dos cidadãos. Define a altura máxima dos edifícios, o coeficiente de aproveitamento, as taxas de ocupação e de permeabilidade, os recuos mínimos, os usos permitidos e outras regras urbanísticas. Mais Enquanto o Plano Diretor estabelece os objetivos, diretrizes e estratégias de desenvolvimento da cidade, a lei de zoneamento, referenciada no PDE, detalha e especifica as regras de uso e ocupação em cada porção dos 1.500 km2 do município.Como a tarefa é complexa, a iniciativa legislativa da LPUOS é privativa do Executivo. Apenas a Secretaria de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) reúne conhecimento da cidade, capacidade de avaliar a atual legislação, corpo técnico e recursos tecnológicos para elaborar essa lei com a isenção e competência necessárias para evitar que os interesses privados prevaleçam.Mas está evidente que a base governista na Câmara Municipal quer, ela mesma, alterar o zoneamento, sem critérios técnicos e uma visão de conjunto da capital paulista. Para isso, precisa que o Executivo envie rapidamente um projeto de lei, qualquer que ele seja, para que os vereadores possam modificá-lo. Esse roteiro repete o ocorrido na revisão do Plano Diretor. A prefeitura enviou à Câmara um PL que não gerava grandes polêmicas. Após meses de audiências públicas no Legislativo, o relator apresentou um substitutivo que alterava inteiramente a proposta original, aprovado um mês depois. Mais Agora piorou. A SMUL nem sequer pôde fazer uma avaliação técnica e participativa da atual LPUOS. Imediatamente após a sanção da revisão do PDE, açodada pela Câmara, apresentou uma minuta fake de revisão da LPUOS para ser debatida em cinco audiências públicas online, marcadas apenas para justificar um processo participativo inexistente.Entre várias deficiências, o PL não tem mapas e quadros que delimitem e especifiquem as regras de uso e ocupação do solo que vigorarão em cada quarteirão da cidade. Como a população pode se manifestar se não sabe o que vai acontecer no bairro onde mora?O grave é que as zonas deverão ser alteradas pela Câmara, pois a revisão do PDE modificou as diretrizes para a delimitação da ZEU (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana), região onde os edifícios não têm limite de altura. Mais Não é uma suposição. É uma evidência. Milton Leite afirmou ao portal Metrópoles em 10 de agosto: "Vamos mexer mesmo. (...) Não vai ser um técnico da prefeitura que vai opinar na vida do cidadão". O vereador declarou que não está dando importância para a proposta do Executivo: "A Câmara fará seu próprio processo".Pela experiência recente, sabe-se o que será "o próprio processo" que o Legislativo fará: negociações opacas; atendimento seletivo de acordo com o poder econômico e político do interlocutor; ausência de critérios técnicos e de uma estratégia urbanística. Isso é inadmissível e uma vergonha para São Paulo!Não existe zoneamento sem mapa. Esse projeto de lei é fake. A Justiça precisa paralisar esse processo para que ele possa recomeçar da maneira correta.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-15 22:00:00
opiniao
Opinião
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Leitores debatem elo entre apagão e privatização da Eletrobras
Sem luz "Luz volta no país após seis horas de apagão; ainda há falhas em algumas cidades" (Mercado). Com a privatização do setor elétrico brasileiro, as empresas privadas reduziram os níveis de segurança do sistema e os investimentos em proteção. O Brasil passou a ter um sistema inseguro. A privatização demandou amortizar novamente aquilo que o consumidor brasileiro já havia pago. Transmutaram o preço da tarifa para níveis iguais ou maiores que o de outras nações. O Brasil perdeu a maior de suas vantagens comparativas. Antônio João Silva (Brasília, DF)Temos que encontrar soluções e não ficar apontando para outros a dificuldade para resolver problemas estruturais do Estado brasileiro. Devemos aprender com os erros de um sistema que é complexo e requer sofisticação tecnológica tanto com a iniciativa privada quanto com governos, sejam eles quais forem. Marcelo Martins (São Paulo, SP)Uma ocorrência no sistema interligado é sempre uma situação interessante a observar. O sistema elétrico está sujeito a intempéries que levam ao desligamento de linhas de transmissão e geradores de energia. A boa performance se mede pelo tempo de recomposição e de retorno à situação normal dos sistemas interligados. Ana Rita Mussi (Curitiba, PR) Mais Ligação "Janja liga privatização da Eletrobras ao apagão que atingiu 25 estados e o DF" (Mercado). Sem dúvida: energia no Brasil hoje é privatizada. Então, o apagão vai ser culpa de quem, do governo? Hein? Gostando ou não, Janja tem toda razão. Marciano Alves (Recife, PE)No Paraguai "Foragido por bomba em aeroporto tenta entrar em posse com Lula no Paraguai" (Política). Bolsonarista foragido com histórico agressivo, violento e envolvido com terroristas se cadastra com seis dias de antecedência num evento do qual iria fazer parte o presidente brasileiro, e foi pedido apenas que não entregassem a credencial? Por que não pediram a sua prisão e deportação visto o seu alto grau de periculosidade? Marcelo Alvarez Ghibu (Santos, SP)Militares "Bolsonaro simulou atrito com TCU para ganhar tempo e resgatar joias nos EUA" (Política, 15/8). Quais são as funções dos oficiais e soldados para um país que é roubado todos os dias por tais sujeitos? Forças Armadas para desvio de dinheiro e pagamento de viúvas e filhas ad aeternum [para sempre]? Marisa Oliveira (Curitiba, PR)Nós temos Forças Armadas e polícias civis e militares que são relevantes. O que devemos solicitar é que aqueles que cometem crimes ou não tenham agido com dignidade sejam expulsos das forças. O que tem de errado nisso? Foram instaurados procedimentos administrativos contra esses da ativa, incluindo os generais que estiveram no governo Bolsonaro, para apurar irregularidades? José Roberto X. de Oliveira (São Paulo, SP)Léa Garcia "Morre atriz Léa Garcia, ícone de ‘Orfeu Negro’, aos 90 anos, em Gramado" (Ilustrada). Assim como Ruth de Souza e Chica Xavier, Léa Garcia foi um ícone da dramaturgia brasileira. Uma das atrizes mais expressivas que conheci. Descanse em paz. Marcelo Ribeiro (Belo Horizonte, MG)Uma grande dama da sétima arte. Dona Léa, presente! Carlos Augusto Borba Meyer Normann (Porto Alegre, RS) Mais Violência "Mãe e filha são acusadas de sequestrar, matar e carbonizar professora" (Cotidiano). Quando um adulto se aproveita de um menor, outro adulto usa o menor para tirar proveito daquele primeiro, e comete-se um homicídio, a pergunta é quem era vítima e quem é culpado. Juliana Alves (São Paulo, SP)Leis fracas que menosprezam as vítimas e enaltecem os algozes são fermento para todos esses atos de atrocidade. Alexandre de Castro (São Paulo, SP)Calendário "Eduardo Bolsonaro lança calendário do pai sem camisa por R$ 69,90" (Mônica Bergamo). Achei joia. Henrique Gonzales (São Caetano do Sul, SP)É muito mais que uma fotografia. Atentar para as cicatrizes das feridas curadas, a contar histórias das guerras, batalhas, feitos dos grandes heróis. Aristides Silva (Pimenta Bueno, RO)Aguardem para breve o lançamento de um com camisa listrada e aquela plaquinha no peito com o número. Cícero Batista Diniz (Fortaleza, CE)Peronismo "Primárias na Argentina foram terremoto político de dimensão inédita" (Ilustríssima). Excelente artigo. Acrescento um mote vindo do anedotário político argentino (e antiperonista): o peronismo faz mal o bem e bem, o mal. Espero que a oposição vença com maioria no Congresso. A Argentina merece uma chance de mudar sua trajetória política dependente do populismo peronista. André Silva de Oliveira (Belém, PA)Livros didáticos"Governo de SP vai comprar 200 milhões de livros digitais sem licitação" (Cotidiano, 15/8). A compra sem licitação por si só já é suspeita. Sem falar na questão pedagógica, que é absurda. Isso tem que ser averiguado. Tarcísio de Freitas não pode agir como bem entende, São Paulo não é terra sem leis!Therezinha Lima e Oliveira (São José dos Campos, SP)Pai e filhos "Morre pai que havia perdido os 3 filhos para câncer causado por síndrome hereditária" (Cotidiano, 14/8). Como pai, me comovo com a dor inimaginável desse pai ao ver a partida de cada um dos seus filhos. Muita paz para todos! João Antônio da Silva (Rio de Janeiro, RJ)
2023-08-15 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
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Dez atitudes capacitistas de que você nem se dá conta
Cada vez mais, os grupos sociais se organizam para terem suas identidades respeitadas e para criarem espaços dignos de manifestação, de crescimento, de trabalho e de relações as mais diversas. Entender que estão entranhadas em nossa mentalidade maneiras preconceituosas de tratar as diferenças, ajuda a aumentar a velocidade do processo. Aqui, algumas dicas:1 - No meio da reunião, seu chefe te colocando na parede, fazendo pressão e você solta o argumento mór dos desesperados: "estou sem braços para isso".Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Não sou nenhum patrulheiro de expressões idiomáticas, mas toda vez que a gente atribui incompetências, entraves ou impossibilidades fazendo uso de inabilidades físicas, sensoriais ou intelectuais, o capacitismo –preconceito contra pessoas com deficiência— aflora.Vale refletir sobre "é tão fácil que um cego poderia fazer"; "está usando essa desculpa como muleta"; "o mercado abriu meio autista", "trocou os pés pelas mãos". Ter uma condição diferente não imputa a ninguém bloqueios eternos. Tudo se refaz, se reinventa, se completa de outra maneira.2 - "Mas essa médica anda de cadeira de rodas? Como ela examina?"; "Como essa moça surda vai dar conta de fazer a tarefa assim". Duvidar do preparo intelectual de uma pessoa com deficiência sem base real é capaticismo clássico. Não projete a sua incapacidade no outro.3 – O atendente tem síndrome de Down e você foge dele porque não sabe "lidar". Ainda não foi criado o "manual do serumano", então, abra-se à diferença dos outros, aprenda outras formas de se comunicar e trocar. Evitar uma pessoa com deficiência, fingir que ela não existe, emperra a inclusão e é capatismo.4 – Propagar que uma tetraplegia, uma paralisia cerebral foi punição de "gzus", foi para pagar as maldades e coisas religiosas do tipo. Seja qual for sua fé, a humanidade é prática que pode ser comum.5 – É capacistismo quando não se promove acessibilidade porque "ninguém com deficiência vem aqui". Ir e vir é direito; instrumentos de inclusão são amparados por lei e ser bem-vindo implica ter as portas abertas e convites com sorrisos.6 – Todas as vezes que se diz que um cadeirante que só toca sua rotina normalmente é um exemplo de superação, além de os pandas chorarem no Himalaia, uma demonstração capacitista foi dada. Normalmente, enaltecer demais uma pessoa com deficiência oculta a falta de ações concretas para que ela acione a vida social, a cidadania. Méritos devem ser elogiados, realizar o básico é da vida.7 – Uma das formas mais complexas de capacitismo é o ajudar sem ninguém ter pedido, ofender-se por ter ajuda recusada e insistir para ajudar. Costumo dizer que nunca consigo tocar minha cadeira por mais de dez metros porque irá aparecer o escoteiro do dia atrás de fazer sua boa ação. Todo o mundo vive melhor sendo prestativo, mas é sempre bom saber como auxiliar, se é de fato necessário e qual o nível de apoio você pode dar. Pessoas com deficiência também curtem ter autonomias. Mais 8 – Se na sua escola não tem aluno com deficiência, se no seu trabalho não há profissionais com deficiência, pode apostar, alguém na estrutura está sendo capacitista. Cobre inclusão e diversidade!9 – Tratar uma criança com deficiência como anjo colorido ou serzinho iluminado é fofo, mas é capacitista, assim como fazer "guti-guti" com um homem tetraplégico que você pensa ser um bebê.10 – Deficiência não define gênero. Existe cadeirante sapatão, surdo gay. Todos têm –ou merecem ter-- vida sexual, expressão de gênero. Qualquer pensamento contra isso, é duplo preconceito.
2023-08-15 17:53:00
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Esperança: a semente plantada por Francisco
Meteorologistas do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia (UE) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciaram no dia 27 de julho que as recentes ondas de calor em todo o Hemisfério Norte poderão ser as maiores da história da humanidade.Não por acaso, o Relógio do Clima chegou ao Brasil dias antes para alertar sobre o ritmo cada vez mais acelerado das mudanças provocadas pela sociedade sobre o meio natural. O cronômetro luminoso projetado sobre o Cristo Redentor, símbolo incontestável do cristianismo mundial, informou que temos menos de seis anos para limitar o aquecimento global a menos de 1,5ºC. E, se bem que os geólogos da Comissão Internacional sobre Estratigrafia (International Commission on Stratigraphy, ICS), responsáveis por definir dia e local para que passe a vigorar o Antropoceno como nova era geológica, ainda não tenham batido o martelo sobre essa virada, é chegada a hora de admitir que nosso modelo de civilização não nos serve mais. Mais A urgência também tem sido apontada de maneira categórica pelo papa Francisco, que é uma das vozes mais potentes quando se trata de dizer que o equilíbrio dos ciclos naturais têm sofrido alterações que podem afetar o sistema terrestre de maneira irreversível. Desde que esse jesuíta foi eleito em 2013 sob o nome de Francisco, ele tem se inspirado no Santo de Assis, padroeiro da ecologia. E vem incorporando ao movimento inter-religioso a missão de impulsionar uma pequena revolução à altura das crises socioambientais que vivenciamos.O ponto é que o Vaticano tem mantido uma programação que reforça a Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), seguindo par e passo o que rezam os especialistas e ativistas, e emprestando a estes, leigos e crentes, seu enorme carisma de milhões.Desde que lançou a primeira encíclica católica voltada aos problemas ecológicos, às vésperas da COP21, a Conferência do Clima das Nações Unidas de 2015, em Paris, o movimento globalizado vem sendo impulsionado por suas mensagens e por ações coordenadas da imensa rede burocrática da instituição. Mais Laudato Si’ é o reflexo dessa sinergia com um universo não necessariamente cristão, católico ou religioso. O texto do papa Francisco trouxe para o mundo teológico os mais recentes achados da ciência ao clamar por mudanças no estilo de vida ocidental de um modo diferente. Ele tem lembrado que a humanidade é uma grande fraternidade que depende da mãe natureza para se perpetuar como espécie e como civilização. E que não devemos deixar em segundo plano o valor das relações entre as pessoas. Ele movimenta a juventude. E traz esperanças.Em junho, o bispo de Roma falou com veemência sobre a poluição plástica, reforçando a mensagem da Assembleia Geral das Nações Unidas para o 51o Dia Mundial do Meio Ambiente, potencializando o engajamento de pessoas e governos sobre o Decênio das Nações Unidas pela Restauração dos Ecossistemas. Dias antes, Francisco havia pregado contra o catastrofismo habitual sobre o fim do planeta. Realizada entre 21 e 28 de maio, a Semana Laudato Si' recebeu o lema "Esperança para a Terra - Esperança para a humanidade". Com quatro eventos globais e um site com recursos digitais para apoiar reuniões temáticas e projetos em todo o mundo, o movimento inter-religioso internacional celebrou o oitavo ano da carta socioecológica. Cabe destacar duas importantes iniciativas. Mais A primeira foi a parceria científico-eclesial entre o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e o Stockholm Environment Institute, da Suécia, realizada através da Embaixada da Suécia junto à Santa Sé. Dessa parceria com os renomados climatologistas do instituto saiu a publicação de "Nossa Casa Comum - Um guia para cuidar do nosso planeta". A brochura resume os diálogos entre teologia e ciência sobre as novas relações entre o homem e a natureza, e os paralelos entre as feridas espirituais humanas e aquelas causadas ao meio ambiente.O guia envolveu o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; Ulf Hansson, diretor do Instituto Sueco de Estudos Clássicos em Roma; Andrés Jato, embaixador da Suécia junto à Santa Sé; Mans Nilsson, diretor-executivo do Instituto Ambiental de Estocolmo; e Tomás Insua, presidente do Movimento Laudato Si'. A publicação ilustrada relaciona as mudanças climáticas, a biodiversidade e o uso sustentável dos recursos com as mensagens da encíclica de Francisco, em uma grande concertação para pavimentar a ponte entre sociedade civil, religião e ciência.A segunda foi a exibição mundial do filme "A Carta - Uma mensagem para a nossa Terra", longa-metragem sobre quatro lideranças climáticas em viagem a Roma para discutir com o papa o poder da humanidade em deter a crise ecológica. Os protagonistas do documentário são um indígena da Amazônia, um refugiado do Senegal, uma jovem ativista indiana e dois cientistas estadunidenses. Lançado no Vaticano em 4 de outubro do ano passado, dia de são Francisco, o filme foi disponibilizado no site do Movimento Laudato Si’, que reúne milhares de pessoas e mais de 400 organizações cristãs. O objetivo final desse grande movimento é rumo a 2025, com um encontro global em Assis, na Itália, para celebrar os 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco e os dez anos da encíclica.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-15 15:53:00
opiniao
Opinião
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Memes iluminam Brasil 'fora da tomada' durante apagão nacional
O apagão que atinge todas as regiões do país na manhã desta terça-feira (15) fortalece ao menos uma instituição brasileira: os memes, que continuam funcionando com capacidade máxima.No Twitter, #apagão está no topo dos trending topics, dominado pelo assunto também em outras hashtags que vão desde "Eletrobrás" e "Enel" até "Itaipu", "Brasil Todo" e os nomes de alguns dos estados atingidos. Além de "Voltou", usada para narrar a normalização.Apesar de todos os empecilhos envolvidos na falta de energia elétrica, o clima geral é de bom humor.Um hino dos pais e mães do Brasil:Tenho mais o que fazer.Realeza.O vira-lata caramelo está cuidando disso.Sem brecha para o trabalhador.A culpa é de quem?Foi o boleto?Lumière looks.Dramas do fim do mundo (a hashtag "apocalipse" começa a ganhar tração no fim desta manhã).Ciência.Vem aí.
2023-08-15 12:15:00
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Confirmado terceiro show de Paul McCartney em São Paulo
A produção do GOT BACK Tour Brasil 2023, do cantor e compositor Paul McCartney confirmou, nesta terça-feira (15), mais um show extra (o terceiro) do artista, no Allianz Parque, em São Paulo, no dia 10 de dezembro.A pré-venda de ingressos, exclusiva para clientes do banco BRB, tem início hoje às 14h, e vai até as 14h de quinta-feira (17/08). A venda para o público geral começa também na quinta-feira, às 14h. Os ingressos custam partir de R$ 210.Bom show!
2023-08-15 12:00:00
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O legado humanista do pai de Bangladesh
"Bangabandhu" significa "amigo de Nação Bangala''. Mas Sheikh Mujibur Rahman (1920-1975) foi muito mais. Foi o maior "bangalee" de todos os tempos, um líder visionário, o arquiteto de um Bangladesh independente e a maior inspiração para a vida dos "bangalees", por isso é celebrado como o "Pai da Nação de Bangladesh".Faltam palavras para descrever esse ser humano singular, defensor dos direitos humanos que sempre se opôs à opressão e nunca buscou popularidade ou grandeza. Era tão admirado que foi carinhosamente agraciado pelo povo com o título de "Bangabandhu".Bangabandhu queria uma solução pacífica para décadas de opressão dos governantes paquistaneses sobre o povo do Paquistão Oriental (atual Bangladesh). Passou quase um quarto de sua vida preso, lutando pela dignidade do povo. Em 1966, teve recusada pelas autoridades paquistanesas sua proposta para resolver as grandes disparidades entre o leste e o oeste do Paquistão. A vitória esmagadora de seu partido nas eleições gerais de 1970 também foi rejeitada pelo então governo do país.Seu discurso épico em 7 de março de 1971, pelo fim da subjugação pelo Paquistão Ocidental, imortalizou-o como "poeta da política", o qual foi posteriormente reconhecido pela Unesco como parte do patrimônio documental mundial. Na noite de 25 de março de 1971, forças paquistanesas atacaram inocentes civis "bangalees" do Paquistão Oriental em um dos genocídios mais terríveis ("Operation Searchlight") da história mundial. Antes de sua prisão pelas forças paquistanesas, Bangabandhu finalmente declarou a independência de Bangladesh em 26 de março de 1971. Um Bangladesh independente emergiu, apesar de tanto horror e genocídio —3 milhões foram mortos e entre 200 a 400 mil mulheres foram violentadas pelas forças e colaboradores paquistaneses. Mais Bangabandhu foi brutalmente assassinado aos 55 anos, em 15 de agosto de 1975, pelas forças antilibertação, apenas três anos e meio após a independência do país, junto com 18 membros de sua família, incluindo seu filho de 10 anos. Esta terça-feira (15), nosso dia de luto nacional, nos desperta para os males do passado e transforma nossa dor de perdê-lo em nossa força.Sheikh Mujib foi um expoente inequívoco do secularismo, defendeu a liberdade religiosa e se opôs ferozmente à exploração política da religião, elevando o secularismo a um princípio constitucional distintivo da nascente nacionalidade e democracia de Bangladesh.Também foi um epítome de equidade e inclusão, lutando pela independência política e emancipação econômica e cultural dos oprimidos. Bangabandhu respeitava as mulheres e honrou corajosamente aquelas que sacrificaram sua dignidade na Guerra de Libertação com o título de "birangana" ou heroína de guerra. Sua liderança para estabelecer o "bangla" como língua oficial no Paquistão foi única na história da humanidade: uma língua materna tornou-se a alma de um movimento de independência. Mais A proclamação histórica de Bangabandhu, "Amizade para todos, malícia para ninguém", também é o lema da política externa de Bangladesh, o testemunho de seu firme compromisso com a paz global. Se todos seguíssemos esse princípio como cidadãos do mundo, este seria um lugar melhor.Se Bangabandhu não tivesse nascido, Bangladesh poderia não ter nascido. Ele nos foi tirado, mas deixou-nos a sua visão da "Bangala de Ouro": um país feliz e próspero, sem fome e pobreza. Um Bangladesh ascendente, agora sob a liderança competente da primeira-ministra, Sheikh Hasina —filha de Bangabandhu e sobrevivente do assassinato de sua família, trabalhando para um "Smart Bangladesh" desenvolvido e baseado em conhecimento até 2041.Estudiosos reconhecem a relevância atemporal de Bangabandhu não apenas como "amigo da Nação Bangala", mas como "Bishwabandhu" ou "amigo do mundo". Neste 15 de agosto, o espírito humanista de Bangabandhu nos lembra do longo caminho que percorremos e nos inspira para futuro mais brilhante.Viva Bangladesh!Viva Bangabandhu!* Tradução: Roberta Sartori, professora doutora em linguística aplicada e tradutoraTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-08-15 08:00:00
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Microagricultores se destacam com cafés exóticos e frutados nas montanhas do ES
Pequenas propriedades, colheita altamente seletiva e processamento artesanal. É assim que a região das montanhas do Espírito Santo tem se destacado no disputado mercado brasileiro de café de qualidade, setor dominado por estados como São Paulo e Minas Gerais.Os grãos das montanhas capixabas produzem bebidas de alta complexidade sensorial, que se deve, em grande parte, às condições geoclimáticas da região. Por ser um fruto, o café tem sabores que variam conforme as características do local onde é cultivado. É o terroir, muito falado no mundo dos vinhos. Esta é a primeira reportagem da série sobre uma das regiões cafeeiras mais valorizadas do país Microagricultores se destacam com cafés exóticos e frutados nas montanhas do ESAtenção ao cultivo em área privilegiada faz agricultor triplicar preço no ESDo mesmo modo que um vinho apresenta notas diferentes se for produzido a partir de uvas cultivadas em diferentes regiões, o café também apresenta sabores diversos a depender da variedade e das características de solo e de clima.E é justamente o terroir um dos fatores responsáveis pela qualidade do café produzido nas montanhas capixabas, conforme explica Lucas Louzada, doutor em engenharia de produção com foco em produções agroecológicas e professor do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo).É que, diferentemente das principais regiões produtoras de café do Brasil, sobretudo em Minas e São Paulo, as montanhas do Espírito Santo ficam muito próximas do mar –estão a cerca de 50 km de Vitória."Nós estamos muito próximos do oceano. Então a gente acaba recebendo uma carga de umidade mais elevada e mais rápida do que outras regiões produtoras de café. E, consequentemente, a combinação de fatores microclimáticos, como relevo, altitude, radiação solar, umidade relativa, tudo isso se soma aos aspectos sociais e produtivos", explica Louzada. Mais Quando fala em aspectos sociais, o pesquisador se refere sobretudo ao sistema de produção agrícola da região, com predominância de minúsculas propriedades e cultivo de várias plantas além de café.O agricultor Edmar Busato, por exemplo, tem uma propriedade de 10 hectares (cada hectare tem 10 mil m²) em Marechal Floriano. Ele trabalha com a ajuda da própria família e, às vezes, de algum colaborador na época da colheita. Nesse sistema, consegue produzir até 60 sacas por safra –cada saca tem 60 kg de grãos de café verde, ou seja, antes de serem torrados.O sistema de agricultura familiar se repete em vários produtores que o Café na Prensa visitou.Em todas as propriedades, a colheita é toda feita de forma manual e altamente seletiva. Funciona assim: o produtor passa no pé de café e colhe somente os frutos que estão no ponto de maturação ideal, deixando os mais verdes para colher depois. Por safra, esses pequenos produtores passam cerca de cinco vezes no mesmo pé.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Quanto menor a propriedade, mais seletiva a colheita pode ser. Vagner Uliana, que tem um microcultivo de apenas 1 hectare em Domingos Martins, chega a passar até 15 vezes no mesmo pé. O perfeccionismo deu frutos: no ano passado, o produtor ficou com a terceira colocação do prêmio Coffee of The Year, que reconhece os principais destaques da safra brasileira.O processo artesanal dos produtores das montanhas capixabas se estende ao pós-colheita. Uma vez retirados do pé, os frutos ficam secando em terreiros por ao menos 15 dias. Ezio Sartori, que cultiva uma área de 12 hectares no município de Castelo, diz que, para evitar acúmulo de umidade, ele e a família reviram os grãos que estão sobre o terreiro mais de dez vezes por dia.Para entender exatamente cada uma das etapas que o café percorre desde o momento em que é cultivado até ele chegar à xícara, confira a galeria de imagens abaixo. Mais Tudo isso, aliado às condições geoclimáticas da região, resulta em bebidas complexas, explica Louzada. "Cafés com notas de limão, de rapadura, açúcar mascavo. São cafés muito complexos por conta dessas condições microclimáticas muito singulares", diz.Essas singularidades fizeram com que, em 2021, o café das montanhas capixabas fosse reconhecido pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) como um produto com denominação de origem –selo que designa um produto cujas qualidades se devam ao meio geográfico, como o que ocorre na Europa com o espumante da região de Champagne, na França, ou os queijos parmigiano reggiano, na Itália.A denominação de origem do café das montanhas do ES engloba os municípios de Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iconha, Itaguaçu, Itarana, Marechal Floriano, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Santa Teresa, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. Em termos de volume, as montanhas capixabas não se comparam à produtividade de outras regiões, como as áreas mineiras, nas quais há fazendas bem maiores e com estruturas mais sofisticadas.As montanhas do Espírito Santo produzem 1,40 milhões de sacas de café arábica por ano, segundo o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), valor muito menor do que as principais regiões mineiras, como Sul e Centro-Oeste de Minas (9,6 milhões) e Zona da Mata, Rio Doce e Central (7,1 milhões), conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).Mas é pela qualidade –exótica e frutada– que os grãos têm chamado atenção de especialistas do Brasil e do mundo. Em São Paulo, a conceituada cafeteria Coffee Lab serve cafés da região há mais de uma década.Duas das áreas cafeeiras mais valorizadas do mundo são a América Central, onde há o predomínio de pequenos produtores, e o leste da África, como Quênia e Etiópia, que produzem cafés muito frutados e complexos.A barista Isabela Raposeiras, do Coffee Lab, define as montanhas capixabas assim: "É nossa América Central, no modo de produção, e nossa África, em termos de sabor".Mas nem sempre foi assim. A próxima reportagem da série Montanhas do Espírito Santo vai mostrar como uma região praticamente ignorada se tornou a queridinha dos degustadores em menos de uma década.Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucenaQual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.br
2023-08-15 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/08/microagricultores-se-destacam-com-cafes-exoticos-e-frutados-nas-montanhas-do-es.shtml
'Fuzuê' aposta no humor escrachado e ignora discussões mais profundas
"Vai na Fé" terminou na sexta-feira passada (11) como um grande sucesso de público e crítica. A novela de Rosane Svartman conseguiu atrair um público jovem que pouco assiste à TV aberta, e soube discutir com leveza temas espinhosos como tolerância religiosa, racismo e assédio sexual. Sua sucessora na faixa das 19h entrou no ar nesta segunda com uma proposta bem diferente. O primeiro folhetim assinado por Gustavo Reiz na Globo é uma comédia rasgada, com uma paleta de cores fortes e personagens um tom acima da vida real. Pelo que se viu no capítulo de estreia, é entretenimento puro, sem a menor intenção de se aprofundar em questões sérias. Claro que esta é só a impressão causada por um único episódio, mas a própria divulgação da novela deu a entender que não teremos maiores encucações pela frente. O que não é ruim: num mundo cada vez mais complicado, precisamos todos de pelo menos uma horinha de sadia alienação todos os dias. Mais Nas redes sociais, "Fuzuê" caiu bem. Internautas elogiaram o ritmo ágil da trama, e com razão. As premissas básicas já ficaram claras: Luna (Giovana Cordeiro), a mocinha batalhadora do subúrbio, procura incansavelmente pela mãe, desaparecida há um ano dentro da Fuzuê, uma loja popular no centro do rio de Janeiro. Enquanto isto, a arrogante empresária Preciosa (Marina Ruy Barbosa) descobre que há um tesouro escondido dentro da Fuzuê, e quer por as mãos nele para se livrar da falência. Ah, sim: as duas são meias-irmãs, filhas do mesmo pai. Uma ainda não conhece a outra, mas o encontro – ou a colisão – entre ambas não deve demorar. A Fuzuê em si, principal cenário da história que leva seu nome, é uma loja muito mais bonita e sofisticada do que as que realmente existem na região carioca conhecida como Saara. Será que seu proprietário, o excêntrico Nero de Braga e Silva (Edson Celulari), foi inspirado por Luciano Hang, o folclórico "Véio da Havan"? Pelo menos, é o que sugere o terno verde do personagem. Nero é pai de Miguel, que, já na estreia, esbarra em Luna dentro da loja e troca olhares fulminantes com ela. O jovem herdeiro é vivido por Nicolas Prattes, que, depois de vencer a segunda temporada de "The Masked Singer" e se destacar em "Todas as Flores", é a grande aposta da Globo para se tornar o próximo grande galã da TV brasileira. O rapaz tem talento e beleza para tanto. Mais Giovana Cordeiro também se saiu bem. A emissora vem se arriscando ao escalar atrizes pouco conhecidas como protagonistas de suas novelas, mas parece ter acertado desta vez. Como costuma acontecer nos capítulos de estreia, os coadjuvantes tiveram pouco espaço. Só saberemos quais são as tramas paralelas mais adiante. Mas uma coisa já ficou evidente: apesar de algumas situações dramáticas e personagens em chave pouco cômica – como a Bebel de Lília Cabral, a mãe de Preciosa – "Fuzuê" quer mesmo é fazer rir. O primeiro capítulo termina com um assalto à loja, durante uma festa. Mas o clima tenso dura pouco. Os bandidos são facilmente dominados e o par central, que acabou de se conhecer, cai em cima de um bolo gigantesco, espalhando glacê cor-de-rosa para todos os lados. Literalmente, uma cena de pastelão. Pelo jeito, o humor desbragado de "Fuzuê" agradou ao público. Dados preliminares apontam que a novela alcançou uma média de 24,1 pontos na Grande São Paulo, o principal mercado medido pelo IBOPE, com pico de 26,1 (nesta praça, cada ponto equivale a 206.674 pessoas). São ótimos números para os tempos que correm, que contrariam quem esperava um fisco depois do fenômeno "Vai na Fé". Vamos ver se eles se mantêm.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-08-14 21:34:00
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Políticas de saúde mental para meninas e mulheres devem estar integradas
A integralidade é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que, além da articulação entre diferentes políticas públicas, o sistema de saúde considere as pessoas em sua totalidade. Isso significa levar em conta contextos de vida e sociais, demandas e necessidades específicas de cada pessoa que utiliza o SUS. Esse princípio é fundamental para pensar as políticas de saúde mental para as meninas e mulheres brasileiras. Uma população-chave, com demandas específicas e que exige atenção do governo para que as necessidades de proteção, cuidado e acolhimento sejam efetivamente atendidas pelo sistema de saúde.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Um levantamento do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) mostrou que a prevalência de depressão era mais do que o dobro entre mulheres do que entre homens: entre 2013 e 2019, a incidência de depressão em mulheres foi 15%, contra 6,1% entre homens. Já entre as meninas, é preocupante o impacto das redes sociais e do cyberbullying, que, de acordo com a Unicef, provou ser muito prejudicial para as adolescentes. Quando o assunto são os fatores de risco para a saúde mental, o que as meninas e as mulheres têm em comum são as consequências de violências de todos os tipos e seu impacto, percebido, primeiramente, na saúde.Como defendemos no artigo "Legislativo precisa trabalhar em prol da saúde mental de meninas e mulheres", a saúde mental de meninas e mulheres é influenciada por diversos fatores e, por isso, as soluções também devem ser diversas, considerando as diferentes realidades sociais e as peculiaridades de cada experiência de vida. O olhar integral para a saúde mental dessa população envolve, portanto, iniciativas de saúde em seu sentido mais amplo e em diálogo com outras áreas como a assistência social, os direitos humanos e a segurança pública. No Governo Federal, isso representa o desafio que é articular ações entre os Ministérios da Saúde e das Mulheres, por exemplo.Hoje, a Atenção Primária à Saúde (APS) realiza ações que contribuem para o planejamento familiar, para o acesso a preservativos e ao pré-natal, etc. Mas precisamos ir além para construirmos políticas de saúde integral que considerem as demandas e necessidades específicas de meninas e mulheres. A articulação com outros setores o fortalecimento de uma perspectiva mais ampla sobre a de saúde mental das mulheres e a construção de iniciativas para além das ações com foco exclusivo na maternidade são, por exemplo, questões essenciais para políticas públicas com uma abordagem mais diversas, integral e realmente efetiva.Além da APS, o SUS conta com a Rede Cegonha, um programa que acolhe a gestantes e puérperas, e a também com a grande rede que é a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que articula serviços do SUS para o cuidado integral à saúde mental da população brasileira, como os Consultórios na Rua, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Unidades de Acolhimento.Uma vez que não há, pragmaticamente, uma política pública de saúde mental específica para meninas e mulheres, é necessária a priorização dessa agenda, a partir do fortalecimento de políticas públicas consistentes e centradas na mulher, além do fortalecimento e articulação entre ações pontuais e programas em execução dos Ministérios.A própria Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher reconhece que ações de saúde mental são uma lacuna, admitindo que "é necessário intervir no modelo vigente de atenção à saúde mental das mulheres, visando a propiciar um atendimento mais justo, mais humano, eficiente e eficaz, em que a integralidade e as questões de gênero sejam incorporadas como referências na formação dos profissionais que atendem a esse grupo populacional e podem intervir positivamente nessa realidade".Para transformarmos o atual cenário, precisamos de olhares mais abrangentes e assertivos nas políticas públicas para meninas e mulheres. É fundamental que tomadores e tomadoras de decisão cultivem um olhar mais amplo sobre o que é ser mulher na sociedade brasileira, compreendendo a carga histórica e social desse papel. Por isso, é necessário que haja um esforço por parte do governo federal para coordenar e articular as estruturas já existentes para a implementação de um modelo de atenção específico para mulheres e meninas, considerando uma abordagem estruturante de cuidado integral. Assim, começamos a tirar o tema da invisibilidade política e caminhamos para uma sociedade mais saudável do ponto de vista da saúde mental para as brasileiras.
2023-08-14 14:12:00
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