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Inovação à paulistana: conheça oito invenções criadas em SP que podem mudar sua vida
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Um funcionário passa calor em sua mesa enquanto o colega do lado sente que está congelando. Uma mala se perde no aeroporto e ninguém sabe para que lugar do mundo ela foi. Uma camisa que fica perfeita nos ombros mas apertada na barriga. Soluções para problemas como estes são foco de pesquisas ou já foram inventadas em São Paulo, seja por jovens em start-ups ou por professores com anos de carreira. Embora o Brasil ainda engatinhe em inovação, a capital paulista se destaca entre as metrópoles da América Latina por abrigar, num só lugar, muitas empresas, potenciais clientes, investidores, incubadoras, programas de incentivo e universidades. Essa proximidade ajuda as ideias a saírem do papel e cumprirem o longo caminho até chegarem ao mercado. A sãopaulo selecionou algumas das ideias que podem mudar o seu cotidiano nos próximos anos e estão sendo gestadas por aqui. A professora da USP Brenda Leite trabalha há mais de dez anos em uma solução que poderá aumentar a paz nos escritórios: uma saída de ar individual para cada mesa. Não se trata apenas de redistribuir o ar. Sua pesquisa analisou a dispersão do frio nos ambientes e concluiu qual a vazão adequada para gerar frescor sem que o desconforto apareça após alguns minutos. "É como ligar o ar do carro. O jato frio no rosto refresca, mas logo começa a incomodar", diz. Ela criou um mecanismo que puxa o ar da rede principal apenas usando as diferenças na pressão do ar e o leva para bocais circulares. Botões controlam espirais que liberam o vento na direção e na quantidade adequadas. Outra vantagem do mecanismo é que ele é todo mecânico e não necessita de energia elétrica. "No modelo tradicional, o ar é solto de um duto no teto com temperatura dez graus menor do que chega nas mesas. Se quero uma sensação de 23ºC, ele precisa sair com 13ºC", explica. "Com a saída mais perto, não é preciso gelar tanto o ar, o que gera economia de energia", conta Leite, em sua sala na USP, refrigerada por um ar-condicionado antigo. Alguns protótipos estão prontos, e ela busca agora parcerias para produzir o equipamento em escala industrial. Embora estejam dentro da mesma unidade, os cursos de Moda e Sistemas da Informação da USP Leste parecem ter pouco a ver. No entanto, um projeto surgido de parceria entre alunos e professores das duas áreas oferece solução para um problema frequente: roupas que apertam em uma parte do corpo e sobram em outro. Nesta década, trajes mais colados ao corpo ganharam espaço. No entanto, cada pessoa tem um "formato" diferente, o que gera desconforto ao usar algumas peças. A ferramenta, Clothes for Me, funciona assim: o usuário insere as medidas de seu corpo, como busto, cintura e quadril, e esses dados são transformados em moldes, que ficam salvos junto com a sua conta em lojas on-line. Ao escolher uma camiseta, por exemplo, esses dados são enviados ao fabricante, que poderá fazer uma roupa sob medida. O programa é particularmente útil para costureiras de pequeno porte, que recebem os moldes de seus clientes já prontos. "O software transforma números em figuras que podem ser impressas", explica Luciano Araújo, professor de moda da USP Leste. O Clothes for Me venceu a Imagine Cup 2015, prêmio de inovação da Microsoft, e deu origem a Efitfashion, start-up tocada por alunos e professores dos dois cursos. A venda de roupas personalizadas deve começar em janeiro, pelo site da empresa. Outra ideia que planeja revolucionar os meios de produção é um projeto do Mackenzie para construir uma casa popular montável com peças de madeira impressas em 3D -reduzindo o custo na comparação com residências feitas de alvenaria.] "As partes podem ser encaixadas pelo próprio futuro morador, ou com a ajuda de amigos, após uma capacitação. Não precisa nem usar pregos", explica José Nardelli. coordenador do projeto. "E ela é modulável: dá para acrescentar mais cômodos depois." O desafio é desenhar as peças que serão encaixadas e fazer moldes precisos, de modo a não desperdiçar madeira na hora do corte. O protótipo de um cômodo foi montado e está exposto no meio do campus da universidade, para avaliação de sua resistência sob chuva e sol. Quando o projeto estiver finalizado, a ideia é disponibilizar os arquivos de impressão na internet de graça. Os únicos gastos seriam com a compra de placas de madeira e o corte das peças. A tendência de automação e, portanto, redução de mão de obra, é parte importante das inovações tecnológicas. Nessa linha, a start-up Nama.ai, uma das empresas iniciantes sediadas no Campus do Google em São Paulo, criou um software que permite substituir as centrais de atendimento telefônico. Em vez de ter suas queixas tratadas por uma pessoa, o cliente recebe respostas do computador, que simula uma conversa. "Conseguimos automatizar entre 70% e 90% dos atendimentos", diz Rodrigo Scotti, 30, criador da Nama.ai. Para que o atendimento seja mais próximo de uma conversa real, o sistema não utiliza apenas uma lista de perguntas e respostas prontas, mas conta com o chamado "machine learning": conforme a máquina interage com os clientes, "aprende" quais respostas são mais eficientes, aprimorando suas habilidades. A ferramenta consegue iniciar uma conversa em um canal, como o chat do Facebook, e continuar em outro, como o Telegram. Entre empresas que fizeram parcerias com a Nama.ai, estão Accenture, Bradesco e o PoupaTempo, que planeja usar a técnica para agilizar agendamentos. O próximo passo dos sistemas usados para dar respostas automáticas é tomar decisões, ou ajudar nelas. A start-up Nexoos, que intermedeia empréstimos para pequenas empresas, usa a tecnologia para criar novas formas de avaliar o perfil de quem pede crédito para expandir seus negócios. "Em vez de fazer uma visita à empresa, como os bancos, analisamos informações, como a reputação e a presença dela nas redes sociais", afirma Daniel Gomes, 28, um dos três sócio-fundadores da Nexoos, que se conheceram durante um curso em Londres, começaram a testar o serviço no Paraguai e, há alguns meses, escolheram São Paulo como sede. "Também levamos em conta informações como o horário em que o cadastro foi feito e se a pessoa costuma visitar sites de apostas", diz. Mas como saber isso? "Percebemos que alguns sites desse tipo instalam uma fonte específica no computador de seus usuários. Logo, há indícios de que quem tem essa fonte instalada frequenta esses sites." A Nexoos também inova na outra ponta: os empréstimos são feitos por pessoas físicas e jurídicas que querem investir valores considerados baixos, a partir de R$ 10 mil. Os interessados fazem o cadastro no site e podem escolher para quais empresas querem dar crédito. A rentabilidade anual prometida é de até 26%, contra cerca de 9% da poupança -os riscos, é claro, também são maiores. O mineiro Victor Moreira, 32, teve uma ideia ao ouvir que um auxiliar do Atlético-MG teve uma mala extraviada no voo para disputar o Mundial de Clubes, em 2013. Dentro delas, estavam dados sobre os adversários do time. Moreira passou a pesquisar formas de rastrear malas e criou o Trackage, um aparelho para ser colocado na bagagem e que informa, em tempo real, onde ela está. O acompanhamento é feito pelo smartphone. "O sinal é enviado por celular. Temos parcerias com operadoras ao redor do mundo", conta. "O aparelho detecta quando o avião vai decolar e permanece desligado durante o voo." O dispositivo tem bateria com duração de cem horas e um sensor que alerta o usuário caso a mala seja aberta. Cada unidade pode ser comprada por R$ 349, ou alugada em agências de viagem. "Temos 1.600 deles em funcionamento", diz Moreira, por telefone, da sede da empresa em Uberaba (MG). Embora a base fique em outro Estado, "tudo aconteceu em São Paulo", diz o empresário, que ficou sediado em uma aceleradora. "Chegamos à cidade com quatro pessoas. Hoje temos 11 funcionários espalhados entre Uberaba, Belo Horizonte e SP, mas 90% das reuniões presenciais são na capital paulista". O calor gerado atrás da geladeira não serve só para secar roupas. Um mecanismo criado na USP usa esse calor para criar um aquecedor de água, capaz de esquentá-la a até 55°C. "Inserimos um tanque de água [nos dutos] entre o compressor e o condensador da geladeira, permitindo que o calor do gás quente seja transferido para a água em vez de ser dissipado no ambiente", explica o professor José Simões, que criou o sistema junto com o aluno Lucas Zuzarte. De acordo com Simões, a técnica é mais indicada para estabelecimentos comerciais, nos quais as geladeiras são mais potentes e, portanto, geram mais calor, embora também possa ser usada em residências. Se fosse produzida em escala industrial, a instalação de cada unidade sairia por até R$ 400. Na comparação com aquecedores elétricos, a economia prevista é de R$ 35 por mês. Outra vantagem do sistema é que ele deixa a geladeira com maior eficiência energética: os refrigeradores que receberam o dispositivo extra passaram a gastar até 18% menos energia para funcionar. O professor Mário Kawano, 70, ficou tão bravo com a Eletropaulo que mandou a empresa tirar o medidor que marcava seu consumo de energia. Engenheiro elétrico, ele tornou sua casa e sua chácara autossuficientes. Com isso, a conta baixou muito e a empresa estranhou. "Acharam que tinha alguma fraude e quase me chamaram de ladrão", conta. Sua casa, em Santo André, tem painéis solares e baterias. Na chácara, ele usa a força da água de um rio local para operar um miniusina hidrelétrica, construída por ele nas horas vagas. Sua curiosidade o levou a criar um jeito de gerar energia na ilha dos Arvoredos, perto do Guarujá. As casas de lá eram alimentadas com energia de geradores, que além de caros, poluem o ambiente. A resposta o cercava por todos os lados: o mar. Kawano fez desse projeto sua pesquisa de doutorado, orientada pelo professor Roberto Onmori, da Poli-USP. A estratégia foi usar o movimento das ondas para movimentar um conjunto de boias. Conforme as boias, feitas com tonéis usados, sobem e descem, uma alavanca movimenta uma bomba que empurra a água para um reservatório no topo de uma colina ao lado do mar. Quando a água desce, movimenta pás que mexem um gerador, criando energia. "Ao movimentar um ímã em torno de uma bobina, gera-se energia", explica Onmori. "É só inverter o funcionamento do motor, onde a energia faz o imã girar e movimenta as peças. Então, adaptamos um motor de máquina de lavar", completa Kawano. Quase toda a engrenagem foi feita com itens reciclados. O equipamento consegue manter luzes, TV e geladeira funcionando, por exemplo. A miniusina operou por um ano, mas acabou quebrando devido à força das ondas. "Devíamos ter usado aço inox, mas não tinha como bancar", conta Kawano, que agora, com o título de doutor, busca parceiros para continuar a pesquisa.
saopaulo
Inovação à paulistana: conheça oito invenções criadas em SP que podem mudar sua vidaRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Um funcionário passa calor em sua mesa enquanto o colega do lado sente que está congelando. Uma mala se perde no aeroporto e ninguém sabe para que lugar do mundo ela foi. Uma camisa que fica perfeita nos ombros mas apertada na barriga. Soluções para problemas como estes são foco de pesquisas ou já foram inventadas em São Paulo, seja por jovens em start-ups ou por professores com anos de carreira. Embora o Brasil ainda engatinhe em inovação, a capital paulista se destaca entre as metrópoles da América Latina por abrigar, num só lugar, muitas empresas, potenciais clientes, investidores, incubadoras, programas de incentivo e universidades. Essa proximidade ajuda as ideias a saírem do papel e cumprirem o longo caminho até chegarem ao mercado. A sãopaulo selecionou algumas das ideias que podem mudar o seu cotidiano nos próximos anos e estão sendo gestadas por aqui. A professora da USP Brenda Leite trabalha há mais de dez anos em uma solução que poderá aumentar a paz nos escritórios: uma saída de ar individual para cada mesa. Não se trata apenas de redistribuir o ar. Sua pesquisa analisou a dispersão do frio nos ambientes e concluiu qual a vazão adequada para gerar frescor sem que o desconforto apareça após alguns minutos. "É como ligar o ar do carro. O jato frio no rosto refresca, mas logo começa a incomodar", diz. Ela criou um mecanismo que puxa o ar da rede principal apenas usando as diferenças na pressão do ar e o leva para bocais circulares. Botões controlam espirais que liberam o vento na direção e na quantidade adequadas. Outra vantagem do mecanismo é que ele é todo mecânico e não necessita de energia elétrica. "No modelo tradicional, o ar é solto de um duto no teto com temperatura dez graus menor do que chega nas mesas. Se quero uma sensação de 23ºC, ele precisa sair com 13ºC", explica. "Com a saída mais perto, não é preciso gelar tanto o ar, o que gera economia de energia", conta Leite, em sua sala na USP, refrigerada por um ar-condicionado antigo. Alguns protótipos estão prontos, e ela busca agora parcerias para produzir o equipamento em escala industrial. Embora estejam dentro da mesma unidade, os cursos de Moda e Sistemas da Informação da USP Leste parecem ter pouco a ver. No entanto, um projeto surgido de parceria entre alunos e professores das duas áreas oferece solução para um problema frequente: roupas que apertam em uma parte do corpo e sobram em outro. Nesta década, trajes mais colados ao corpo ganharam espaço. No entanto, cada pessoa tem um "formato" diferente, o que gera desconforto ao usar algumas peças. A ferramenta, Clothes for Me, funciona assim: o usuário insere as medidas de seu corpo, como busto, cintura e quadril, e esses dados são transformados em moldes, que ficam salvos junto com a sua conta em lojas on-line. Ao escolher uma camiseta, por exemplo, esses dados são enviados ao fabricante, que poderá fazer uma roupa sob medida. O programa é particularmente útil para costureiras de pequeno porte, que recebem os moldes de seus clientes já prontos. "O software transforma números em figuras que podem ser impressas", explica Luciano Araújo, professor de moda da USP Leste. O Clothes for Me venceu a Imagine Cup 2015, prêmio de inovação da Microsoft, e deu origem a Efitfashion, start-up tocada por alunos e professores dos dois cursos. A venda de roupas personalizadas deve começar em janeiro, pelo site da empresa. Outra ideia que planeja revolucionar os meios de produção é um projeto do Mackenzie para construir uma casa popular montável com peças de madeira impressas em 3D -reduzindo o custo na comparação com residências feitas de alvenaria.] "As partes podem ser encaixadas pelo próprio futuro morador, ou com a ajuda de amigos, após uma capacitação. Não precisa nem usar pregos", explica José Nardelli. coordenador do projeto. "E ela é modulável: dá para acrescentar mais cômodos depois." O desafio é desenhar as peças que serão encaixadas e fazer moldes precisos, de modo a não desperdiçar madeira na hora do corte. O protótipo de um cômodo foi montado e está exposto no meio do campus da universidade, para avaliação de sua resistência sob chuva e sol. Quando o projeto estiver finalizado, a ideia é disponibilizar os arquivos de impressão na internet de graça. Os únicos gastos seriam com a compra de placas de madeira e o corte das peças. A tendência de automação e, portanto, redução de mão de obra, é parte importante das inovações tecnológicas. Nessa linha, a start-up Nama.ai, uma das empresas iniciantes sediadas no Campus do Google em São Paulo, criou um software que permite substituir as centrais de atendimento telefônico. Em vez de ter suas queixas tratadas por uma pessoa, o cliente recebe respostas do computador, que simula uma conversa. "Conseguimos automatizar entre 70% e 90% dos atendimentos", diz Rodrigo Scotti, 30, criador da Nama.ai. Para que o atendimento seja mais próximo de uma conversa real, o sistema não utiliza apenas uma lista de perguntas e respostas prontas, mas conta com o chamado "machine learning": conforme a máquina interage com os clientes, "aprende" quais respostas são mais eficientes, aprimorando suas habilidades. A ferramenta consegue iniciar uma conversa em um canal, como o chat do Facebook, e continuar em outro, como o Telegram. Entre empresas que fizeram parcerias com a Nama.ai, estão Accenture, Bradesco e o PoupaTempo, que planeja usar a técnica para agilizar agendamentos. O próximo passo dos sistemas usados para dar respostas automáticas é tomar decisões, ou ajudar nelas. A start-up Nexoos, que intermedeia empréstimos para pequenas empresas, usa a tecnologia para criar novas formas de avaliar o perfil de quem pede crédito para expandir seus negócios. "Em vez de fazer uma visita à empresa, como os bancos, analisamos informações, como a reputação e a presença dela nas redes sociais", afirma Daniel Gomes, 28, um dos três sócio-fundadores da Nexoos, que se conheceram durante um curso em Londres, começaram a testar o serviço no Paraguai e, há alguns meses, escolheram São Paulo como sede. "Também levamos em conta informações como o horário em que o cadastro foi feito e se a pessoa costuma visitar sites de apostas", diz. Mas como saber isso? "Percebemos que alguns sites desse tipo instalam uma fonte específica no computador de seus usuários. Logo, há indícios de que quem tem essa fonte instalada frequenta esses sites." A Nexoos também inova na outra ponta: os empréstimos são feitos por pessoas físicas e jurídicas que querem investir valores considerados baixos, a partir de R$ 10 mil. Os interessados fazem o cadastro no site e podem escolher para quais empresas querem dar crédito. A rentabilidade anual prometida é de até 26%, contra cerca de 9% da poupança -os riscos, é claro, também são maiores. O mineiro Victor Moreira, 32, teve uma ideia ao ouvir que um auxiliar do Atlético-MG teve uma mala extraviada no voo para disputar o Mundial de Clubes, em 2013. Dentro delas, estavam dados sobre os adversários do time. Moreira passou a pesquisar formas de rastrear malas e criou o Trackage, um aparelho para ser colocado na bagagem e que informa, em tempo real, onde ela está. O acompanhamento é feito pelo smartphone. "O sinal é enviado por celular. Temos parcerias com operadoras ao redor do mundo", conta. "O aparelho detecta quando o avião vai decolar e permanece desligado durante o voo." O dispositivo tem bateria com duração de cem horas e um sensor que alerta o usuário caso a mala seja aberta. Cada unidade pode ser comprada por R$ 349, ou alugada em agências de viagem. "Temos 1.600 deles em funcionamento", diz Moreira, por telefone, da sede da empresa em Uberaba (MG). Embora a base fique em outro Estado, "tudo aconteceu em São Paulo", diz o empresário, que ficou sediado em uma aceleradora. "Chegamos à cidade com quatro pessoas. Hoje temos 11 funcionários espalhados entre Uberaba, Belo Horizonte e SP, mas 90% das reuniões presenciais são na capital paulista". O calor gerado atrás da geladeira não serve só para secar roupas. Um mecanismo criado na USP usa esse calor para criar um aquecedor de água, capaz de esquentá-la a até 55°C. "Inserimos um tanque de água [nos dutos] entre o compressor e o condensador da geladeira, permitindo que o calor do gás quente seja transferido para a água em vez de ser dissipado no ambiente", explica o professor José Simões, que criou o sistema junto com o aluno Lucas Zuzarte. De acordo com Simões, a técnica é mais indicada para estabelecimentos comerciais, nos quais as geladeiras são mais potentes e, portanto, geram mais calor, embora também possa ser usada em residências. Se fosse produzida em escala industrial, a instalação de cada unidade sairia por até R$ 400. Na comparação com aquecedores elétricos, a economia prevista é de R$ 35 por mês. Outra vantagem do sistema é que ele deixa a geladeira com maior eficiência energética: os refrigeradores que receberam o dispositivo extra passaram a gastar até 18% menos energia para funcionar. O professor Mário Kawano, 70, ficou tão bravo com a Eletropaulo que mandou a empresa tirar o medidor que marcava seu consumo de energia. Engenheiro elétrico, ele tornou sua casa e sua chácara autossuficientes. Com isso, a conta baixou muito e a empresa estranhou. "Acharam que tinha alguma fraude e quase me chamaram de ladrão", conta. Sua casa, em Santo André, tem painéis solares e baterias. Na chácara, ele usa a força da água de um rio local para operar um miniusina hidrelétrica, construída por ele nas horas vagas. Sua curiosidade o levou a criar um jeito de gerar energia na ilha dos Arvoredos, perto do Guarujá. As casas de lá eram alimentadas com energia de geradores, que além de caros, poluem o ambiente. A resposta o cercava por todos os lados: o mar. Kawano fez desse projeto sua pesquisa de doutorado, orientada pelo professor Roberto Onmori, da Poli-USP. A estratégia foi usar o movimento das ondas para movimentar um conjunto de boias. Conforme as boias, feitas com tonéis usados, sobem e descem, uma alavanca movimenta uma bomba que empurra a água para um reservatório no topo de uma colina ao lado do mar. Quando a água desce, movimenta pás que mexem um gerador, criando energia. "Ao movimentar um ímã em torno de uma bobina, gera-se energia", explica Onmori. "É só inverter o funcionamento do motor, onde a energia faz o imã girar e movimenta as peças. Então, adaptamos um motor de máquina de lavar", completa Kawano. Quase toda a engrenagem foi feita com itens reciclados. O equipamento consegue manter luzes, TV e geladeira funcionando, por exemplo. A miniusina operou por um ano, mas acabou quebrando devido à força das ondas. "Devíamos ter usado aço inox, mas não tinha como bancar", conta Kawano, que agora, com o título de doutor, busca parceiros para continuar a pesquisa.
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Terremoto atinge região fronteiriça entre Peru e Brasil
Um terremoto atingiu na noite desta terça-feira (24) o centro-sul do Peru, com epicentro numa local pouco habitado, a 173 km da cidade de Iberia, que fica em Madre de Dios –região da Amazônia peruana que faz fronteira com o Acre. De acordo com a USGS (United States Geological Survey), o tremor atingiu 7,5 graus na escala Richter. O Instituto Geofísico del Peru fala em 7,2. Também segundo o USGS, menos de mil pessoas habitam a região onde o terremoto foi sentido de maneira mais forte. Segundo jornais peruanos, o sismo foi registrado às 17h54 locais (20h45 de Brasília) e pode ser sentido nas cidades de Cusco, Tacana, Pucallpa –cidade que teve seu aeroporto fechado– e Arequipa, além do norte do Chile e da Bolívia. Até o momento, não há informações sobre danos ou vítimas.
mundo
Terremoto atinge região fronteiriça entre Peru e BrasilUm terremoto atingiu na noite desta terça-feira (24) o centro-sul do Peru, com epicentro numa local pouco habitado, a 173 km da cidade de Iberia, que fica em Madre de Dios –região da Amazônia peruana que faz fronteira com o Acre. De acordo com a USGS (United States Geological Survey), o tremor atingiu 7,5 graus na escala Richter. O Instituto Geofísico del Peru fala em 7,2. Também segundo o USGS, menos de mil pessoas habitam a região onde o terremoto foi sentido de maneira mais forte. Segundo jornais peruanos, o sismo foi registrado às 17h54 locais (20h45 de Brasília) e pode ser sentido nas cidades de Cusco, Tacana, Pucallpa –cidade que teve seu aeroporto fechado– e Arequipa, além do norte do Chile e da Bolívia. Até o momento, não há informações sobre danos ou vítimas.
3
Geração Mimmaddium
Contratei duas estagiárias. Paguei a elas o triplo do que eu ganhava com a mesma idade. Deixei que entrassem às onze da manhã, saíssem às cinco da tarde, passassem metade do dia almoçando e dessem as caras apenas três vezes por semana. Permiti cochilos no meu sofá, "momentos meditação" sempre que a casa caia e peidos com cheiro de hambúrguer de soja no meu banheiro. Permiti que um feriado de dois dias virassem oito em Alto Paraíso, que candidíase fosse motivo para faltar, e que o pequeno detalhe "pais ricos pagando a porra toda" não borrasse o lindo discurso "só entro em projeto que tem a ver com a minha alma". Tive que comprar torrada integral de arroz orgânico para o lanche da tarde. Uma delas estava escrevendo um livro e precisava sair mais cedo. Mas mais cedo que cinco da tarde? Sim, ela queria sair às duas da tarde. Então você pode chegar às dez? Não, ela tinha yoga. E sobre o que é o livro? Ela precisava desse tempo a mais justamente para descobrir. A outra disse que não aceitaria mais nenhuma exploração: "Sempre me faziam ficar uns minutos depois do horário e às vezes diziam que meu trabalho estava uma merda". Dos dezessete anos até ontem eu ouvi, ininterruptamente, que teria que trabalhar mais e que meu trabalho estava uma merda. O trabalho estar uma merda é a única verdade, a única frase de amor possível, o motor mais potente da existência. Viveria eu em um mundo terrível ou viveriam esses jovens em um mundo irreal? Nasci em 1979 e, segundo a Wikipédia, fui salva (por apenas um ano) de ser uma "Millennium". Talvez eu estivesse agora, em vez de escrevendo essa coluna, chorando. Nua em posição fetal no chão do banheiro, encarando todos os braços da Shiva tatuada apontando para o meu umbigo. Triste por quê? Porque as pessoas andam muito agressivas. Porque não virei presidente da empresa aos vinte anos. Porque eu sou tão positiva em relação a tudo que de vez em quando cansa. Talvez eu estivesse super magoada querendo processar todo o universo por assédio moral. Talvez eu estivesse planejando uma viagem sabática (de dez anos) para a Europa com doze reais na minha conta bancária. Talvez eu passasse o dia no Facebook postando coisas muito do bem e muito politizadas e muito "mulheres contra tudo e todos" mas não aguentasse meia hora de responsabilidade. Talvez eu odiasse os antibióticos e os obstetras, os grandes inimigos da humanidade. Talvez eu me recusasse a receber qualquer centavo do mercado golpista e, portanto, não poderia trabalhar em nenhum lugar porque qualquer fim lucrativo é golpista. Talvez eu estivesse googlando "composta de casca de banana" em vez de estar, de novo, comendo um sanduíche enquanto trabalho. Minhas duas estagiárias passavam boa parte do tempo pedindo mais tempo livre pra pensar em planos mirabolantes para conseguir ainda mais tempo livre. Nos únicos vinte minutos por semana que elas trabalhavam, ficavam profundamente irritadas se eu dissesse algo como "putz, acho que não". Eu vivia com medo de ir pra cadeia apenas por não endeusá-las a cada segundo. A primeira a se demitir disse "não nasci pra ter chefe ou horário", a segunda, que eu acabei demitindo, falou "melhor mesmo, preciso saber quem eu sou". Claro que me refiro a uma pequena (ou média) porcentagem que não está a fim de nada (e não a você ou alguém da sua família, ok?), mas todos os dias eu agradeço demais: valeu década de 70! A gente sofreu mas foi lindo.
colunas
Geração MimmaddiumContratei duas estagiárias. Paguei a elas o triplo do que eu ganhava com a mesma idade. Deixei que entrassem às onze da manhã, saíssem às cinco da tarde, passassem metade do dia almoçando e dessem as caras apenas três vezes por semana. Permiti cochilos no meu sofá, "momentos meditação" sempre que a casa caia e peidos com cheiro de hambúrguer de soja no meu banheiro. Permiti que um feriado de dois dias virassem oito em Alto Paraíso, que candidíase fosse motivo para faltar, e que o pequeno detalhe "pais ricos pagando a porra toda" não borrasse o lindo discurso "só entro em projeto que tem a ver com a minha alma". Tive que comprar torrada integral de arroz orgânico para o lanche da tarde. Uma delas estava escrevendo um livro e precisava sair mais cedo. Mas mais cedo que cinco da tarde? Sim, ela queria sair às duas da tarde. Então você pode chegar às dez? Não, ela tinha yoga. E sobre o que é o livro? Ela precisava desse tempo a mais justamente para descobrir. A outra disse que não aceitaria mais nenhuma exploração: "Sempre me faziam ficar uns minutos depois do horário e às vezes diziam que meu trabalho estava uma merda". Dos dezessete anos até ontem eu ouvi, ininterruptamente, que teria que trabalhar mais e que meu trabalho estava uma merda. O trabalho estar uma merda é a única verdade, a única frase de amor possível, o motor mais potente da existência. Viveria eu em um mundo terrível ou viveriam esses jovens em um mundo irreal? Nasci em 1979 e, segundo a Wikipédia, fui salva (por apenas um ano) de ser uma "Millennium". Talvez eu estivesse agora, em vez de escrevendo essa coluna, chorando. Nua em posição fetal no chão do banheiro, encarando todos os braços da Shiva tatuada apontando para o meu umbigo. Triste por quê? Porque as pessoas andam muito agressivas. Porque não virei presidente da empresa aos vinte anos. Porque eu sou tão positiva em relação a tudo que de vez em quando cansa. Talvez eu estivesse super magoada querendo processar todo o universo por assédio moral. Talvez eu estivesse planejando uma viagem sabática (de dez anos) para a Europa com doze reais na minha conta bancária. Talvez eu passasse o dia no Facebook postando coisas muito do bem e muito politizadas e muito "mulheres contra tudo e todos" mas não aguentasse meia hora de responsabilidade. Talvez eu odiasse os antibióticos e os obstetras, os grandes inimigos da humanidade. Talvez eu me recusasse a receber qualquer centavo do mercado golpista e, portanto, não poderia trabalhar em nenhum lugar porque qualquer fim lucrativo é golpista. Talvez eu estivesse googlando "composta de casca de banana" em vez de estar, de novo, comendo um sanduíche enquanto trabalho. Minhas duas estagiárias passavam boa parte do tempo pedindo mais tempo livre pra pensar em planos mirabolantes para conseguir ainda mais tempo livre. Nos únicos vinte minutos por semana que elas trabalhavam, ficavam profundamente irritadas se eu dissesse algo como "putz, acho que não". Eu vivia com medo de ir pra cadeia apenas por não endeusá-las a cada segundo. A primeira a se demitir disse "não nasci pra ter chefe ou horário", a segunda, que eu acabei demitindo, falou "melhor mesmo, preciso saber quem eu sou". Claro que me refiro a uma pequena (ou média) porcentagem que não está a fim de nada (e não a você ou alguém da sua família, ok?), mas todos os dias eu agradeço demais: valeu década de 70! A gente sofreu mas foi lindo.
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Ainda sem vencer como visitante, São Paulo definirá futuro fora de casa
O São Paulo terá missões difíceis para se classificar no Campeonato Paulista e na Libertadores. Ainda sem vencer como visitante na temporada, a equipe vai definir seu futuro nas duas competições com partidas duras fora de casa. Em quinze jogos no ano, o São Paulo fez sete jogos como visitante e não ganhou nenhum. Foram cinco empates, contra Red Bull, César Vallejo (PER), River Plate (ARG), Trujillanos (VEN) e Ituano, e duas derrotas, contra Corinthians e Ponte Preta. No Paulista, o São Paulo está em segundo lugar no Grupo C com 14 pontos, dois atrás do líder Audax, um à frente da Ferroviária e dois do XV de Piracicaba. A cinco rodadas do fim da primeira fase, o time do Morumbi faz três jogos fora, contra Santos, Linense e São Bento. O Santos, vice-líder geral do Estadual com 22 pontos, não perde um jogo na Vila Belmiro pelo Campeonato Paulista desde 2011. O São Bento, que tem a melhor campanha entre os times do interior, com 17 pontos, segue invicto em Sorocaba. O São Paulo ainda recebe o Botafogo, nesta quarta (23), no Pacaembu, e o Oeste, no dia 2 de abril. Pela Libertadores, o time está em situação mais crítica, com apenas dois pontos, em terceiro lugar no Grupo 1, atrás de The Strongest (BOL), com sete pontos, e River Plate (ARG), com cinco. Restam três partidas para o fim da fase de grupos e o São Paulo tem dois jogos como mandante, contra Trujillanos e River. É possível que, dependendo da combinação de resultados, o time tricolor chegue a última partida precisando apenas de um empate. Ainda assim, a dificuldade vai ser grande já que enfrenta os bolivianos, para quem já perderam na primeira rodada, na altitude de La Paz (3.600 m). Tabela e resultados do Campeonato Paulista 2016
esporte
Ainda sem vencer como visitante, São Paulo definirá futuro fora de casaO São Paulo terá missões difíceis para se classificar no Campeonato Paulista e na Libertadores. Ainda sem vencer como visitante na temporada, a equipe vai definir seu futuro nas duas competições com partidas duras fora de casa. Em quinze jogos no ano, o São Paulo fez sete jogos como visitante e não ganhou nenhum. Foram cinco empates, contra Red Bull, César Vallejo (PER), River Plate (ARG), Trujillanos (VEN) e Ituano, e duas derrotas, contra Corinthians e Ponte Preta. No Paulista, o São Paulo está em segundo lugar no Grupo C com 14 pontos, dois atrás do líder Audax, um à frente da Ferroviária e dois do XV de Piracicaba. A cinco rodadas do fim da primeira fase, o time do Morumbi faz três jogos fora, contra Santos, Linense e São Bento. O Santos, vice-líder geral do Estadual com 22 pontos, não perde um jogo na Vila Belmiro pelo Campeonato Paulista desde 2011. O São Bento, que tem a melhor campanha entre os times do interior, com 17 pontos, segue invicto em Sorocaba. O São Paulo ainda recebe o Botafogo, nesta quarta (23), no Pacaembu, e o Oeste, no dia 2 de abril. Pela Libertadores, o time está em situação mais crítica, com apenas dois pontos, em terceiro lugar no Grupo 1, atrás de The Strongest (BOL), com sete pontos, e River Plate (ARG), com cinco. Restam três partidas para o fim da fase de grupos e o São Paulo tem dois jogos como mandante, contra Trujillanos e River. É possível que, dependendo da combinação de resultados, o time tricolor chegue a última partida precisando apenas de um empate. Ainda assim, a dificuldade vai ser grande já que enfrenta os bolivianos, para quem já perderam na primeira rodada, na altitude de La Paz (3.600 m). Tabela e resultados do Campeonato Paulista 2016
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Arrecadação da Receita Federal cai em março com atividade econômica fraca
Em mais um sinal de que a economia vai demorar para se recuperar, a arrecadação da Receita Federal caiu 2,8% em março em relação ao mesmo mês de 2016 em termos reais, retirado o efeito da inflação. É o que mostram dados coletados pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara junto ao Siafi, o sistema que acompanha as contas do governo em tempo real. No caso de impostos com forte correlação com a atividade industrial e o consumo, como IPI e Cofins, essa queda passou de 8%. Os números excluem a arrecadação com a Previdência, contabilizada à parte pelo Tesouro Nacional. Também levam em conta as restituições desses impostos, diferentemente dos dados informados mensalmente pela Receita, que devem ser divulgados na próxima semana. Em janeiro e fevereiro de 2017, os dados mostraram desempenho muito próximo ao verificado nos dois primeiros meses de 2016. Em fevereiro, a arrecadação da Receita subiu 1,2%, segundo números do Tesouro comparáveis com os da Consultoria da Câmara. A queda em março foi puxada pela menor arrecadação, em relação ao mesmo mês de 2016, de oito entre dez tributos avaliados. O IPI, um dos termômetros do setor industrial, recuou 8,7% em termos reais. PIS e Cofins, que exibem forte correlação com o consumo, caíram, respectivamente, 6,7% e 8,5%. Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, além de serem sintoma de queda na atividade, os números sugerem que as dificuldades de caixa do governo terão que ser resolvidas com alta de impostos no futuro. "Acredito que a equipe econômica está esperando passar a votação da reforma da Previdência para tomar uma decisão a esse respeito", disse Perfeito. A tendência é que a receita se recupere junto com a atividade econômica até o final deste ano, mas esse movimento será lento, afirma o economista José Roberto Afonso, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
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Arrecadação da Receita Federal cai em março com atividade econômica fracaEm mais um sinal de que a economia vai demorar para se recuperar, a arrecadação da Receita Federal caiu 2,8% em março em relação ao mesmo mês de 2016 em termos reais, retirado o efeito da inflação. É o que mostram dados coletados pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara junto ao Siafi, o sistema que acompanha as contas do governo em tempo real. No caso de impostos com forte correlação com a atividade industrial e o consumo, como IPI e Cofins, essa queda passou de 8%. Os números excluem a arrecadação com a Previdência, contabilizada à parte pelo Tesouro Nacional. Também levam em conta as restituições desses impostos, diferentemente dos dados informados mensalmente pela Receita, que devem ser divulgados na próxima semana. Em janeiro e fevereiro de 2017, os dados mostraram desempenho muito próximo ao verificado nos dois primeiros meses de 2016. Em fevereiro, a arrecadação da Receita subiu 1,2%, segundo números do Tesouro comparáveis com os da Consultoria da Câmara. A queda em março foi puxada pela menor arrecadação, em relação ao mesmo mês de 2016, de oito entre dez tributos avaliados. O IPI, um dos termômetros do setor industrial, recuou 8,7% em termos reais. PIS e Cofins, que exibem forte correlação com o consumo, caíram, respectivamente, 6,7% e 8,5%. Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, além de serem sintoma de queda na atividade, os números sugerem que as dificuldades de caixa do governo terão que ser resolvidas com alta de impostos no futuro. "Acredito que a equipe econômica está esperando passar a votação da reforma da Previdência para tomar uma decisão a esse respeito", disse Perfeito. A tendência é que a receita se recupere junto com a atividade econômica até o final deste ano, mas esse movimento será lento, afirma o economista José Roberto Afonso, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
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PM usa bombas contra grupos pró e anti-Lula em fórum de São Paulo
Grupos simpatizantes e críticos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegaram a atirar garrafas d'água e pedras uns nos outros nesta quarta-feira (17), em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, onde o petista daria depoimento. Houve confronto com a polícia, que lançou bombas de gás lacrimogêneo e golpeou alguns manifestantes com cassetetes.Leia mais aqui
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PM usa bombas contra grupos pró e anti-Lula em fórum de São PauloGrupos simpatizantes e críticos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegaram a atirar garrafas d'água e pedras uns nos outros nesta quarta-feira (17), em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, onde o petista daria depoimento. Houve confronto com a polícia, que lançou bombas de gás lacrimogêneo e golpeou alguns manifestantes com cassetetes.Leia mais aqui
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Brasil, confiar, desconfiando
A CONFIANÇA do consumidor voltou a subir em janeiro. Voltou na verdade para o nível de setembro do ano passado, quando surgiu uma onda de inverno econômico no que, se esperava, fosse o início da temporada primavera-verão. Deu quase tudo errado. A confiança voltou a baixar. Comércio, serviços e, mais inesperado, indústria levaram tombos feios. Esperava-se que o PIB deixasse de cair no trimestre final do ano. Depois da estagnação, a economia voltaria ao azul, mesmo que desmaiado, neste início do ano. Não deu nada certo. Não se sabe muito bem o que aconteceu, assim como ainda se desconhecem muitas das manhas desta recessão excepcional. Uma hipótese razoável é que a confiança pisava nos astros ou nas nuvens distraída, talvez embalada apenas nas esperanças da troca de governo. Não havia esteio concreto forte para sustentar esperanças. Ao contrário. O desemprego aumentava, a população empregada diminuía. As taxas de juros "básicas" reais estavam praticamente nas mesmas alturas recessivas do restante do ano. A inflação caía, mas ainda voava nas alturas em que costuma desanimar o povo. O estímulo já pequeno das exportações pareceu fraquejar. Houve acidentes pontuais em alguns setores produtivos. A política tinha surtos de baderna extra. A confiança do consumidor, porém, voltou a aumentar neste janeiro, segundo dados da FGV do Rio. Antes de especular se "agora, vai", o índice subiu para quanto? Para um nível próximo apenas ao de agosto de 2015, quando o Brasil mergulhava ainda para as profundas da recessão. Sim, estamos agora na direção inversa, mas conviria "confiar, desconfiando" nos índices de confiança, como diria o marechal-presidente Floriano Peixoto. O índice de confiança é composto. Um de seus componentes, o de esperança, de melhorias daqui a seis meses, voltou a subir bem. O índice que reflete a situação econômica atual reage de modo muito modesta, quase no mesmo nível da depressão do início do ano passado. Por fim, note-se que a última vez em que tais números estiveram na faixa de otimismo foi em outubro de 2014, eleição de Dilma Rousseff. Com o estelionato eleitoral e outros choques, começaram os colapsos. Esse sorriso amarelo de animação vai resultar desta vez em algo diferente? "Especulativo, protesto", dir-se-ia em tribunal de filme americano. Mas é o que temos. O que temos para dar esteio a essa piscada de ânimo? A inflação baixou bem no ano passado, da casa dos 11% para a dos 6%. Nesta faixa, ainda come muita renda e, a julgar por estatísticas, ainda desanima o povo. Neste ano, deve baixar até 4% ao ano, embora deva subir de novo, se as previsões de preços não estiverem outra vez muito erradas, como o foram no final do ano passado. As taxas "básicas" de juros começaram a baixar de modo notável, pelo menos no mercado de dinheiro grosso, e vão baixar bem mais antes da metade do ano. Corte equivalente não vai chegar tão cedo no crediário, por assim dizer. Mas vai fazer em breve diferença para empresas. Mas é alguma coisa. Embora desprezado pelo economista padrão, o dinheiro do saque das contas inativas do FGTS vai fazer alguma diferença. É cerca de 0,4% do PIB. Um Bolsa Família inteiro. Era um dinheiro inesperado que vai pingar. Uma dúvida maior é a velocidade da destruição de empregos (além, claro, do tamanho da baderna política). Por ora, os chutes parecem pouco informados.
colunas
Brasil, confiar, desconfiandoA CONFIANÇA do consumidor voltou a subir em janeiro. Voltou na verdade para o nível de setembro do ano passado, quando surgiu uma onda de inverno econômico no que, se esperava, fosse o início da temporada primavera-verão. Deu quase tudo errado. A confiança voltou a baixar. Comércio, serviços e, mais inesperado, indústria levaram tombos feios. Esperava-se que o PIB deixasse de cair no trimestre final do ano. Depois da estagnação, a economia voltaria ao azul, mesmo que desmaiado, neste início do ano. Não deu nada certo. Não se sabe muito bem o que aconteceu, assim como ainda se desconhecem muitas das manhas desta recessão excepcional. Uma hipótese razoável é que a confiança pisava nos astros ou nas nuvens distraída, talvez embalada apenas nas esperanças da troca de governo. Não havia esteio concreto forte para sustentar esperanças. Ao contrário. O desemprego aumentava, a população empregada diminuía. As taxas de juros "básicas" reais estavam praticamente nas mesmas alturas recessivas do restante do ano. A inflação caía, mas ainda voava nas alturas em que costuma desanimar o povo. O estímulo já pequeno das exportações pareceu fraquejar. Houve acidentes pontuais em alguns setores produtivos. A política tinha surtos de baderna extra. A confiança do consumidor, porém, voltou a aumentar neste janeiro, segundo dados da FGV do Rio. Antes de especular se "agora, vai", o índice subiu para quanto? Para um nível próximo apenas ao de agosto de 2015, quando o Brasil mergulhava ainda para as profundas da recessão. Sim, estamos agora na direção inversa, mas conviria "confiar, desconfiando" nos índices de confiança, como diria o marechal-presidente Floriano Peixoto. O índice de confiança é composto. Um de seus componentes, o de esperança, de melhorias daqui a seis meses, voltou a subir bem. O índice que reflete a situação econômica atual reage de modo muito modesta, quase no mesmo nível da depressão do início do ano passado. Por fim, note-se que a última vez em que tais números estiveram na faixa de otimismo foi em outubro de 2014, eleição de Dilma Rousseff. Com o estelionato eleitoral e outros choques, começaram os colapsos. Esse sorriso amarelo de animação vai resultar desta vez em algo diferente? "Especulativo, protesto", dir-se-ia em tribunal de filme americano. Mas é o que temos. O que temos para dar esteio a essa piscada de ânimo? A inflação baixou bem no ano passado, da casa dos 11% para a dos 6%. Nesta faixa, ainda come muita renda e, a julgar por estatísticas, ainda desanima o povo. Neste ano, deve baixar até 4% ao ano, embora deva subir de novo, se as previsões de preços não estiverem outra vez muito erradas, como o foram no final do ano passado. As taxas "básicas" de juros começaram a baixar de modo notável, pelo menos no mercado de dinheiro grosso, e vão baixar bem mais antes da metade do ano. Corte equivalente não vai chegar tão cedo no crediário, por assim dizer. Mas vai fazer em breve diferença para empresas. Mas é alguma coisa. Embora desprezado pelo economista padrão, o dinheiro do saque das contas inativas do FGTS vai fazer alguma diferença. É cerca de 0,4% do PIB. Um Bolsa Família inteiro. Era um dinheiro inesperado que vai pingar. Uma dúvida maior é a velocidade da destruição de empregos (além, claro, do tamanho da baderna política). Por ora, os chutes parecem pouco informados.
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PM recolhe 153 motos em operação nas marginais Tietê e Pinheiros
Uma operação da policiamento de trânsito recolheu 153 motos nas marginais Tietê e Pinheiros, em São Paulo, nesta terça-feira (14). Também foram aplicadas 329 multas por infrações diversas. A operação "Cavalo de Aço", realizada nesta terça, é uma continuidade de outra, realizada na última quinta (9), quando mais de 130 motos também foram apreendidas. Segundo a polícia, o objetivo é tirar de circulação motos roubadas e garantir o cumprimento de normas de segurança. Informações do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) apontam que, embora as motocicletas representem apenas 13% da frota de veículos registrados em São Paulo, 69% dos acidentes com vítimas atendidos pelo batalhão nas marginais, no primeiro trimestre deste ano, envolveram motociclistas. Ao todo, a operação teve 1.791 motocicletas fiscalizadas, sendo 153 removidas ao pátio. Também foram lavrados 329 autos de infração de trânsito e 144 motocicletas tiveram os seus documentos recolhidos por irregularidades. Foram montados dois pontos de fiscalização na marginal Tietê e três na marginal Pinheiros.
cotidiano
PM recolhe 153 motos em operação nas marginais Tietê e PinheirosUma operação da policiamento de trânsito recolheu 153 motos nas marginais Tietê e Pinheiros, em São Paulo, nesta terça-feira (14). Também foram aplicadas 329 multas por infrações diversas. A operação "Cavalo de Aço", realizada nesta terça, é uma continuidade de outra, realizada na última quinta (9), quando mais de 130 motos também foram apreendidas. Segundo a polícia, o objetivo é tirar de circulação motos roubadas e garantir o cumprimento de normas de segurança. Informações do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) apontam que, embora as motocicletas representem apenas 13% da frota de veículos registrados em São Paulo, 69% dos acidentes com vítimas atendidos pelo batalhão nas marginais, no primeiro trimestre deste ano, envolveram motociclistas. Ao todo, a operação teve 1.791 motocicletas fiscalizadas, sendo 153 removidas ao pátio. Também foram lavrados 329 autos de infração de trânsito e 144 motocicletas tiveram os seus documentos recolhidos por irregularidades. Foram montados dois pontos de fiscalização na marginal Tietê e três na marginal Pinheiros.
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Excursão
Eu já disse em algum lugar que o Kintarô, na Liberdade, é o melhor boteco do mundo. Logo, é o melhor boteco de São Paulo. Mas o melhor boteco do Brasil fica no Rio de Janeiro e se chama Adega Pérola. Estou organizando uma excursão pra lá. Ainda há vagas. Os(as) interessados(as) por favor me escrevam. O plano é alugar uma van pra dez pessoas, sair daqui às três da madrugada e chegar ao Rio às nove, dez da manhã. Também pretendemos (alguns amigos já confirmaram presença e a prima carioca da minha namorada gostou tanto da ideia que, em vez de nos encontrar por lá, vai vir do Rio pra São Paulo só pra cumprir todo o ritual) alugar uma quitinete num prédio vizinho ao bar, pra quem quiser tirar um cochilo, usar o banheiro, tomar uma ducha, praticar o amor livre e/ou proibido —antes, durante ou depois da esbórnia. Às 11h faremos, os mais atletas, uma corrida pelo calçadão de Copacabana (o Adega Pérola fica a cinco quadras do mar). Eliminadas as impurezas no suor da maratona, de banho tomado, com roupas limpas e chinelos confortáveis, ao meio-dia entraremos nesse templo do chope gelado e dos frutos do mar fresquíssimos com a fome e a sede dos arqueiros de Genghis Khan após muitos dias a cavalo pelas desconfortáveis estepes mongóis. Como as mesas do Adega são retangulares, pequenas e fixas, com um dos lados menores do retângulo chumbado na parede e três bancos diante de cada um dos lados maiores chumbados no chão, precisaremos de duas. À nossa volta, os garrafões de vinho tinto nas prateleiras que vão até o teto e, ao alcance de um passo, o balcão à portuguesa dos divinos petiscos: camarões, vieiras, sardinhas, morcilhas, berinjelas, polvos... A variedade é impressionante; como se paga por peso, é possível provar boa parte deles. — Cem gramas de rollmops (enrolados de sardinha crua), cem de alho (um alho de outro planeta, que não queima nem dá mau hálito), cem de salada pérola do mar, ó pá! Dizem que o botequim quase fechou em 2010, mas três clientes, talvez de porre no próprio Adega Pérola, fizeram uma vaquinha e o salvaram da extinção. No entanto, ao contrário do que acontece com 99,9% dos bebuns, no dia seguinte não devem ter sentido nenhuma ressaca moral, pois tinham feito um puta negócio. Pelo menos pra nós, hedonistas insatisfeitos sem muitas opções de bares sem TV, sem hostess nem segurança na entrada, sem grade anti-mendigo na calçada, sem catraca na porta nem comanda (no bolso? na bolsa de alguém? debaixo da mesa? na janela do banheiro? onde foi que enfiei essa porcaria de comanda?) —quando o prazer de quem frequenta bar é justamente perder o comando da vida e esquecer por algumas horas as grandes chatices e as pequenas tragédias que em geral a acompanham e tantas vezes a atrapalham. Às dez da noite, depois de muito papo furado, 40 chopes e não sei mais quantas cachaças, pegaremos a inútil van de volta pra São Paulo —radicalmente satisfeitos, merecidamente exaustos e inevitavelmente melancólicos. Sugiro um sábado de sol. Porque o domingo vai ser brabo.
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ExcursãoEu já disse em algum lugar que o Kintarô, na Liberdade, é o melhor boteco do mundo. Logo, é o melhor boteco de São Paulo. Mas o melhor boteco do Brasil fica no Rio de Janeiro e se chama Adega Pérola. Estou organizando uma excursão pra lá. Ainda há vagas. Os(as) interessados(as) por favor me escrevam. O plano é alugar uma van pra dez pessoas, sair daqui às três da madrugada e chegar ao Rio às nove, dez da manhã. Também pretendemos (alguns amigos já confirmaram presença e a prima carioca da minha namorada gostou tanto da ideia que, em vez de nos encontrar por lá, vai vir do Rio pra São Paulo só pra cumprir todo o ritual) alugar uma quitinete num prédio vizinho ao bar, pra quem quiser tirar um cochilo, usar o banheiro, tomar uma ducha, praticar o amor livre e/ou proibido —antes, durante ou depois da esbórnia. Às 11h faremos, os mais atletas, uma corrida pelo calçadão de Copacabana (o Adega Pérola fica a cinco quadras do mar). Eliminadas as impurezas no suor da maratona, de banho tomado, com roupas limpas e chinelos confortáveis, ao meio-dia entraremos nesse templo do chope gelado e dos frutos do mar fresquíssimos com a fome e a sede dos arqueiros de Genghis Khan após muitos dias a cavalo pelas desconfortáveis estepes mongóis. Como as mesas do Adega são retangulares, pequenas e fixas, com um dos lados menores do retângulo chumbado na parede e três bancos diante de cada um dos lados maiores chumbados no chão, precisaremos de duas. À nossa volta, os garrafões de vinho tinto nas prateleiras que vão até o teto e, ao alcance de um passo, o balcão à portuguesa dos divinos petiscos: camarões, vieiras, sardinhas, morcilhas, berinjelas, polvos... A variedade é impressionante; como se paga por peso, é possível provar boa parte deles. — Cem gramas de rollmops (enrolados de sardinha crua), cem de alho (um alho de outro planeta, que não queima nem dá mau hálito), cem de salada pérola do mar, ó pá! Dizem que o botequim quase fechou em 2010, mas três clientes, talvez de porre no próprio Adega Pérola, fizeram uma vaquinha e o salvaram da extinção. No entanto, ao contrário do que acontece com 99,9% dos bebuns, no dia seguinte não devem ter sentido nenhuma ressaca moral, pois tinham feito um puta negócio. Pelo menos pra nós, hedonistas insatisfeitos sem muitas opções de bares sem TV, sem hostess nem segurança na entrada, sem grade anti-mendigo na calçada, sem catraca na porta nem comanda (no bolso? na bolsa de alguém? debaixo da mesa? na janela do banheiro? onde foi que enfiei essa porcaria de comanda?) —quando o prazer de quem frequenta bar é justamente perder o comando da vida e esquecer por algumas horas as grandes chatices e as pequenas tragédias que em geral a acompanham e tantas vezes a atrapalham. Às dez da noite, depois de muito papo furado, 40 chopes e não sei mais quantas cachaças, pegaremos a inútil van de volta pra São Paulo —radicalmente satisfeitos, merecidamente exaustos e inevitavelmente melancólicos. Sugiro um sábado de sol. Porque o domingo vai ser brabo.
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Petrobras propõe reajuste abaixo da inflação pela primeira vez em 12 anos
Pela primeira vez em governos petistas, a Petrobras propôs a seus empregados um reajuste salarial abaixo da inflação. Em reunião nesta quinta-feira (17), a empresa apresentou proposta de aumento de 5,73%, bem inferior aos 9,53% do IPCA acumulado em doze meses encerrados no fim de agosto. Nos últimos 12 anos, a categoria teve ganho real acima da inflação. Neste ano, porém, a companhia enfrenta crise financeira provocada pela queda dos preços do petróleo e pelos efeitos do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. "Queremos a rejeição da proposta e o início de uma greve por tempo indeterminado", afirmou o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella. O Sindipetro-RJ é filiado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que pedia reajuste de 18%. Na semana passada, a Petrobras apresentou as cláusulas sociais do acordo coletivo de trabalho, com proposta de corte de 25% dos salários para empregados da área administrativa, em troca de redução equivalente na jornada de trabalho, além de corte no valor das horas extras e criação de banco de horas. Procurada pela Folha, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que não participou da reunião com a Petrobras, por discordar do "fatiamento" das negociações por subsidiária. Até o ano passado, a direção da estatal negociava com todas as empresas do grupo de uma só vez. A FUP vem realizando assembleias para aprovar a greve por tempo indeterminado desde o início do mês. Chegou a agendar o início do movimento para o dia 4 de novembro, mas com o foco na resistência ao novo plano de negócios da companhia, que prevê corte de investimentos e venda de ativos. A Petrobras informou que, em caso de greve, "tomará todas as medidas para garantir o abastecimento do mercado, preservando a segurança das operações e dos trabalhadores".
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Petrobras propõe reajuste abaixo da inflação pela primeira vez em 12 anosPela primeira vez em governos petistas, a Petrobras propôs a seus empregados um reajuste salarial abaixo da inflação. Em reunião nesta quinta-feira (17), a empresa apresentou proposta de aumento de 5,73%, bem inferior aos 9,53% do IPCA acumulado em doze meses encerrados no fim de agosto. Nos últimos 12 anos, a categoria teve ganho real acima da inflação. Neste ano, porém, a companhia enfrenta crise financeira provocada pela queda dos preços do petróleo e pelos efeitos do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. "Queremos a rejeição da proposta e o início de uma greve por tempo indeterminado", afirmou o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella. O Sindipetro-RJ é filiado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que pedia reajuste de 18%. Na semana passada, a Petrobras apresentou as cláusulas sociais do acordo coletivo de trabalho, com proposta de corte de 25% dos salários para empregados da área administrativa, em troca de redução equivalente na jornada de trabalho, além de corte no valor das horas extras e criação de banco de horas. Procurada pela Folha, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que não participou da reunião com a Petrobras, por discordar do "fatiamento" das negociações por subsidiária. Até o ano passado, a direção da estatal negociava com todas as empresas do grupo de uma só vez. A FUP vem realizando assembleias para aprovar a greve por tempo indeterminado desde o início do mês. Chegou a agendar o início do movimento para o dia 4 de novembro, mas com o foco na resistência ao novo plano de negócios da companhia, que prevê corte de investimentos e venda de ativos. A Petrobras informou que, em caso de greve, "tomará todas as medidas para garantir o abastecimento do mercado, preservando a segurança das operações e dos trabalhadores".
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Petrobras crê que mudança na lei é necessária para acordo sobre pré-sal
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, acredita que é necessária uma mudança na lei para viabilizar um acordo entre a estatal e a União sobre o contrato de exploração de áreas do pré-sal, a chamada cessão onerosa. Reservas de petróleo foram concedidas pelo governo durante a capitalização da Petrobras em 2010. Na ocasião, a União cedeu à estatal o direito de explorar 5 bilhões de barris do pré-sal em troca de ações da companhia. O contrato, porém, previa a renegociação dos valores acertados anos mais tarde para que ele fosse ajustado de acordo com as oscilações do preço do óleo. A Petrobras acredita que tem um crédito a receber —a cotação do petróleo caiu desde então. A conta de quanto a União teria de ressarcir a Petrobras ainda está sendo feita. Ocorre que, neste momento, o governo tenta fechar o rombo nas contas e não teria como desembolsar qualquer valor para pagar a Petrobras. A saída que vem sendo estudada é fazer esse pagamento com óleo. A Petrobras tem interesse nesse modelo. Mas, para que ele funcione bem, Parente sustenta que é preciso modificar a legislação. Isso porque a Petrobras também vive um processo de ajuste em suas contas com o objetivo de reduzir seu alto endividamento —é de longe a petroleira mais endividada do mundo. E, para transformar o óleo adicional pago pela União em dinheiro, a estatal precisaria investir mais do que o previsto em sua extração. Mas a lei que dita as regras da cessão onerosa não permite, por exemplo, que se faça uma parceria com outra empresa para viabilizar esse investimento. "A questão que se coloca é como o governo paga isso [o eventual crédito à Petrobras]. A solução mais evidente é, como há excedente de óleo, nos pagar em óleo. Qual o problema? A lei de hoje em relação a cessão onerosa diz que o valor econômico só pode ser obtido após o óleo extraído", afirmou, após participar de evento do Bradesco em São Paulo nesta terça (4). Segundo Parente, não se trata de uma modificação complexa na legislação, mas é preciso lembrar que Brasília tem seu tempo próprio. "O processo de alteração é que você já sabe como é... Sendo em benefício da sociedade, como é caso, deve ter uma tramitação simples, dentro de uma visão de racionalidade", disse. O presidente da Petrobras sustenta que a alteração traria benefícios para a estatal e para o país. "Nós temos o direito e fizemos todas as nossas contas de explorar nosso óleo primeiro. A União, para ter os benefícios daquele óleo teria que dar valor econômico e possivelmente colocar em leilão. Mas para isso é preciso concordância da Petrobras, porque nós temos concessão daqueles campos", afirmou. "É importante ter alternativas para dar valor econômico [a esse óleo]. Não faria sentido [para a Petrobras] fazer investimentos para explorar o óleo da União", completou.
mercado
Petrobras crê que mudança na lei é necessária para acordo sobre pré-salO presidente da Petrobras, Pedro Parente, acredita que é necessária uma mudança na lei para viabilizar um acordo entre a estatal e a União sobre o contrato de exploração de áreas do pré-sal, a chamada cessão onerosa. Reservas de petróleo foram concedidas pelo governo durante a capitalização da Petrobras em 2010. Na ocasião, a União cedeu à estatal o direito de explorar 5 bilhões de barris do pré-sal em troca de ações da companhia. O contrato, porém, previa a renegociação dos valores acertados anos mais tarde para que ele fosse ajustado de acordo com as oscilações do preço do óleo. A Petrobras acredita que tem um crédito a receber —a cotação do petróleo caiu desde então. A conta de quanto a União teria de ressarcir a Petrobras ainda está sendo feita. Ocorre que, neste momento, o governo tenta fechar o rombo nas contas e não teria como desembolsar qualquer valor para pagar a Petrobras. A saída que vem sendo estudada é fazer esse pagamento com óleo. A Petrobras tem interesse nesse modelo. Mas, para que ele funcione bem, Parente sustenta que é preciso modificar a legislação. Isso porque a Petrobras também vive um processo de ajuste em suas contas com o objetivo de reduzir seu alto endividamento —é de longe a petroleira mais endividada do mundo. E, para transformar o óleo adicional pago pela União em dinheiro, a estatal precisaria investir mais do que o previsto em sua extração. Mas a lei que dita as regras da cessão onerosa não permite, por exemplo, que se faça uma parceria com outra empresa para viabilizar esse investimento. "A questão que se coloca é como o governo paga isso [o eventual crédito à Petrobras]. A solução mais evidente é, como há excedente de óleo, nos pagar em óleo. Qual o problema? A lei de hoje em relação a cessão onerosa diz que o valor econômico só pode ser obtido após o óleo extraído", afirmou, após participar de evento do Bradesco em São Paulo nesta terça (4). Segundo Parente, não se trata de uma modificação complexa na legislação, mas é preciso lembrar que Brasília tem seu tempo próprio. "O processo de alteração é que você já sabe como é... Sendo em benefício da sociedade, como é caso, deve ter uma tramitação simples, dentro de uma visão de racionalidade", disse. O presidente da Petrobras sustenta que a alteração traria benefícios para a estatal e para o país. "Nós temos o direito e fizemos todas as nossas contas de explorar nosso óleo primeiro. A União, para ter os benefícios daquele óleo teria que dar valor econômico e possivelmente colocar em leilão. Mas para isso é preciso concordância da Petrobras, porque nós temos concessão daqueles campos", afirmou. "É importante ter alternativas para dar valor econômico [a esse óleo]. Não faria sentido [para a Petrobras] fazer investimentos para explorar o óleo da União", completou.
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Teatro de sombras
João Pedro Stédile, líder do MST e chefe do "exército de Lula", definiu Joaquim Levy como um "infiltrado" da elite malvada no governo de Dilma Rousseff. O deputado Rodrigo Maia, uma liderança do DEM, concorda com o diagnóstico e, em nome dele, votou pela aprovação do ajuste fiscal. "Eu quis garantir um voto de confiança ao ministro da Fazenda", que "tem muita convergência com um partido como o nosso, que tem uma linha mais liberal na economia", explicou à Folha. Maia e Stédile lêem a bíblia noite e dia –apenas com a diferença de que, onde um lê branco, o outro lê negro. Nessa convergência de fundo encontra-se a chave para decifrar o teatro de sombras da crise do lulopetismo. Sob pressão dilacerante do PMDB, a bancada do PT fechou questão em torno da aprovação do ajuste fiscal. Ainda assim, não votou unida: nove deputados ausentaram-se da sessão e um declarou-se contrário. Se a oposição não se dividisse, a soma das traições petistas às outras previsíveis defecções na base governista provocaria a derrota da MP 665. Levy agradeceu publicamente aos deputados pelo resultado. O certo seria dirigir o gesto especificamente aos 16 oposicionistas (do DEM, do PSB e do SD) que, votando com o governo, asseguraram o esquálido triunfo. Mas, para tudo ficar certo mesmo, o agradecimento deveria partir de Lula: Maia e os seus cumprem uma função de prestidigitação política que Stédile já não é capaz de cumprir. Nossos liberais experimentam uma atração irresistível pela malemolência do capitalismo de estado à moda petista. Guilherme Afif e Kátia Abreu, ministros da copa e cozinha, conectam o governo Dilma a setores cruciais do empresariado. O ministro-despachante Gilberto Kassab opera como terceirizado do Planalto no balcão de negócios da criação de partidos. No centro do palco, o primeiro-ministro informal Levy resgata um mínimo vital de credibilidade à economia, evitando o naufrágio da presidente. Contudo, a narrativa política do lulopetismo, bem mais precioso entre todos, pende de uma corda esgarçada que teria se rompido sem a intervenção de Maia et caterva. Dilma girou a política econômica, mas nunca renunciou à doutrina que produziu o fracasso de seu primeiro mandato. Os intelectuais do PT, que abdicaram da honestidade acadêmica, descrevem a reviravolta de Dilma 2 como um fruto da maldade infinita do "mercado", não como a consequência de um fiasco anunciado. No seu programa de propaganda política, o PT entoou a marcha marcial da defesa dos direitos trabalhistas. Comandada pelo partido, a CUT convocou um protesto tardio contra a MP aprovada pelos próprios petistas. O diretor do teatro de sombras chama-se Lula, que monta o palanque de sua candidatura com as tábuas do ilusionismo. O ex-presidente planeja emergir como restaurador de uma idade de ouro desperdiçada por sua sucessora. Mas não pode fazê-lo sem o auxílio providencial da oposição. Stédile, um boneco iluminado, só parece emitir sons: quem fala, de fato, é Lula. O mito da "infiltração" de Levy confere o último fiapo de verossimilhança à narrativa pela qual o lulopetismo representa o Povo, numa batalha épica contra a Elite. Nos tempos de FHC, o "arrocho" era obra dos tucanos. Nos tempos de Dilma, a "austeridade" deve ser exibida como obra de Levy. Às vésperas da votação da MP 665, o PMDB subiu metade da cortina que cobre os bastidores do palco, deixando entrever a maquinaria oculta. A outra metade, que dependia da oposição, permaneceu imóvel. Maia fez o serviço de Stédile. "O Brasil iria quebrar hoje", garantiu Maia, refugiando-se no patriotismo de araque para justificar seu ato de camuflagem. O Brasil, claro, não quebraria. A derrota do ajuste estilhaçaria, isso sim, um encanto que nos imobiliza. Sem as luzes, as sombras e os bonecos, teríamos que sair do teatro e encarar a realidade.
colunas
Teatro de sombrasJoão Pedro Stédile, líder do MST e chefe do "exército de Lula", definiu Joaquim Levy como um "infiltrado" da elite malvada no governo de Dilma Rousseff. O deputado Rodrigo Maia, uma liderança do DEM, concorda com o diagnóstico e, em nome dele, votou pela aprovação do ajuste fiscal. "Eu quis garantir um voto de confiança ao ministro da Fazenda", que "tem muita convergência com um partido como o nosso, que tem uma linha mais liberal na economia", explicou à Folha. Maia e Stédile lêem a bíblia noite e dia –apenas com a diferença de que, onde um lê branco, o outro lê negro. Nessa convergência de fundo encontra-se a chave para decifrar o teatro de sombras da crise do lulopetismo. Sob pressão dilacerante do PMDB, a bancada do PT fechou questão em torno da aprovação do ajuste fiscal. Ainda assim, não votou unida: nove deputados ausentaram-se da sessão e um declarou-se contrário. Se a oposição não se dividisse, a soma das traições petistas às outras previsíveis defecções na base governista provocaria a derrota da MP 665. Levy agradeceu publicamente aos deputados pelo resultado. O certo seria dirigir o gesto especificamente aos 16 oposicionistas (do DEM, do PSB e do SD) que, votando com o governo, asseguraram o esquálido triunfo. Mas, para tudo ficar certo mesmo, o agradecimento deveria partir de Lula: Maia e os seus cumprem uma função de prestidigitação política que Stédile já não é capaz de cumprir. Nossos liberais experimentam uma atração irresistível pela malemolência do capitalismo de estado à moda petista. Guilherme Afif e Kátia Abreu, ministros da copa e cozinha, conectam o governo Dilma a setores cruciais do empresariado. O ministro-despachante Gilberto Kassab opera como terceirizado do Planalto no balcão de negócios da criação de partidos. No centro do palco, o primeiro-ministro informal Levy resgata um mínimo vital de credibilidade à economia, evitando o naufrágio da presidente. Contudo, a narrativa política do lulopetismo, bem mais precioso entre todos, pende de uma corda esgarçada que teria se rompido sem a intervenção de Maia et caterva. Dilma girou a política econômica, mas nunca renunciou à doutrina que produziu o fracasso de seu primeiro mandato. Os intelectuais do PT, que abdicaram da honestidade acadêmica, descrevem a reviravolta de Dilma 2 como um fruto da maldade infinita do "mercado", não como a consequência de um fiasco anunciado. No seu programa de propaganda política, o PT entoou a marcha marcial da defesa dos direitos trabalhistas. Comandada pelo partido, a CUT convocou um protesto tardio contra a MP aprovada pelos próprios petistas. O diretor do teatro de sombras chama-se Lula, que monta o palanque de sua candidatura com as tábuas do ilusionismo. O ex-presidente planeja emergir como restaurador de uma idade de ouro desperdiçada por sua sucessora. Mas não pode fazê-lo sem o auxílio providencial da oposição. Stédile, um boneco iluminado, só parece emitir sons: quem fala, de fato, é Lula. O mito da "infiltração" de Levy confere o último fiapo de verossimilhança à narrativa pela qual o lulopetismo representa o Povo, numa batalha épica contra a Elite. Nos tempos de FHC, o "arrocho" era obra dos tucanos. Nos tempos de Dilma, a "austeridade" deve ser exibida como obra de Levy. Às vésperas da votação da MP 665, o PMDB subiu metade da cortina que cobre os bastidores do palco, deixando entrever a maquinaria oculta. A outra metade, que dependia da oposição, permaneceu imóvel. Maia fez o serviço de Stédile. "O Brasil iria quebrar hoje", garantiu Maia, refugiando-se no patriotismo de araque para justificar seu ato de camuflagem. O Brasil, claro, não quebraria. A derrota do ajuste estilhaçaria, isso sim, um encanto que nos imobiliza. Sem as luzes, as sombras e os bonecos, teríamos que sair do teatro e encarar a realidade.
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Moradores de bairro multiétnico de Londres alvo de ataque pregam união
"O cara que morreu ontem [domingo] era meu vizinho. Gente está morrendo enquanto vocês conversam", gritava um rapaz negro tentando avançar em direção à porta de uma mesquita no norte de Londres, onde uma van atropelou muçulmanos na hora em que deixavam o culto na noite de domingo (18). "Eu parti para cima do motorista. Vocês não fazem nada." Um policial conteve o homem, que não quis se identificar. Minutos antes, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deixara o lugar sob vaias e gritos como "May tem que sair" e "você tem sangue nas mãos". O sangue, aliás, ferve numa Londres que tenta voltar ao normal após um incêndio matar 79 pessoas em um prédio popular numa área nobre e dois atentados terroristas deixarem 13 mortos em três meses, além das 22 vítimas de um homem-bomba em Manchester. O ataque de domingo, o primeiro do tipo a configurar crime de ódio contra muçulmanos, não ajuda. Embora autoridades tenham passado a chamar de terrorismo o ataque que deixou um morto e uma dezena de feridos em Finsbury Park, a demora em classificá-lo assim enfureceu os moradores de todas as origens e religiões desta parte de Londres. "Foi um ato deliberado de alguém que odeia muçulmanos", dizia a indiana Sweta Choudhury, 31, diante da mesquita. "Não era um homem barbado de pele escura, mas ninguém citou terrorismo até a manhã seguinte." Diante de policiais vigiando a cena do crime, muitos mostravam vídeos em seus celulares, que flagraram o motorista quase sendo linchado pela multidão e corpos inertes no asfalto. O autor do ataque está preso, e a polícia descarta outros suspeitos. "É chocante e assustador. Todos sentimos medo agora quando vemos uma van", disse Abdoulkadir Ahmed, 24, que imigrou para Londres da Somália ainda criança. "Isso é vingança por tudo que está acontecendo aqui", dizia Abdullah, outro somali, que não quis ter o sobrenome publicado. "Não tem a ver só com religião. As pessoas estão enlouquecendo." Nesse ponto, os atropelamentos perto de Westminster, em março, e na ponte de Londres, no início deste mês, e até o incêndio no Grenfell Tower, que detonou uma crise inédita no governo May, têm sido encarados pelos moradores de Finsbury como eventos orquestrados. "Não podemos deixar que políticos usem o racismo e a islamofobia a seu favor", disse Weyman Bennett, ativista antirracismo, perto da mesquita atacada. "Deixar que pessoas vivam num prédio inseguro e morram queimadas diz muito sobre o que o governo pensa sobre elas." Nas ruas de Finsbury, um bairro multicolorido onde crianças ruivas e negras brincam juntas enquanto mulheres de burca e judeus ortodoxos mantêm os olhos fixos no playground a duas quadras da cena do crime, a vida tentava seguir adiante. "O clima agora é sombrio e há esse silêncio, mas as pessoas querem se manter alegres", dizia a vendedora Stephanie Matthews, caribenha de Santa Lúcia, diante das araras solitárias da loja de roupas French Kiss. "A essa altura, as lojas estariam cheias, com o rádio no último volume. Mas hoje ninguém quis ouvir música aqui." A duas quadras, o turco Turgut Buyukbas caminhava entre mesas vazias em seu café. "É ruim para os negócios. As pessoas estão com medo", disse. "Mas é a primeira coisa assim que vejo no bairro." Enquanto contornava as barreiras policiais tentando chegar à estação de trem, o britânico de origem turca Ismail reafirmava a ideia de que esse bairro no norte londrino, onde a gentrificação elevou os preços dos imóveis em pelo menos um terço nos últimos anos, não pode sucumbir ao terror. "Se abrirem a mesquita hoje, eu vou estar lá. E ela vai estar mais cheia do que nunca, porque todos nós vamos estar lá."
mundo
Moradores de bairro multiétnico de Londres alvo de ataque pregam união"O cara que morreu ontem [domingo] era meu vizinho. Gente está morrendo enquanto vocês conversam", gritava um rapaz negro tentando avançar em direção à porta de uma mesquita no norte de Londres, onde uma van atropelou muçulmanos na hora em que deixavam o culto na noite de domingo (18). "Eu parti para cima do motorista. Vocês não fazem nada." Um policial conteve o homem, que não quis se identificar. Minutos antes, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deixara o lugar sob vaias e gritos como "May tem que sair" e "você tem sangue nas mãos". O sangue, aliás, ferve numa Londres que tenta voltar ao normal após um incêndio matar 79 pessoas em um prédio popular numa área nobre e dois atentados terroristas deixarem 13 mortos em três meses, além das 22 vítimas de um homem-bomba em Manchester. O ataque de domingo, o primeiro do tipo a configurar crime de ódio contra muçulmanos, não ajuda. Embora autoridades tenham passado a chamar de terrorismo o ataque que deixou um morto e uma dezena de feridos em Finsbury Park, a demora em classificá-lo assim enfureceu os moradores de todas as origens e religiões desta parte de Londres. "Foi um ato deliberado de alguém que odeia muçulmanos", dizia a indiana Sweta Choudhury, 31, diante da mesquita. "Não era um homem barbado de pele escura, mas ninguém citou terrorismo até a manhã seguinte." Diante de policiais vigiando a cena do crime, muitos mostravam vídeos em seus celulares, que flagraram o motorista quase sendo linchado pela multidão e corpos inertes no asfalto. O autor do ataque está preso, e a polícia descarta outros suspeitos. "É chocante e assustador. Todos sentimos medo agora quando vemos uma van", disse Abdoulkadir Ahmed, 24, que imigrou para Londres da Somália ainda criança. "Isso é vingança por tudo que está acontecendo aqui", dizia Abdullah, outro somali, que não quis ter o sobrenome publicado. "Não tem a ver só com religião. As pessoas estão enlouquecendo." Nesse ponto, os atropelamentos perto de Westminster, em março, e na ponte de Londres, no início deste mês, e até o incêndio no Grenfell Tower, que detonou uma crise inédita no governo May, têm sido encarados pelos moradores de Finsbury como eventos orquestrados. "Não podemos deixar que políticos usem o racismo e a islamofobia a seu favor", disse Weyman Bennett, ativista antirracismo, perto da mesquita atacada. "Deixar que pessoas vivam num prédio inseguro e morram queimadas diz muito sobre o que o governo pensa sobre elas." Nas ruas de Finsbury, um bairro multicolorido onde crianças ruivas e negras brincam juntas enquanto mulheres de burca e judeus ortodoxos mantêm os olhos fixos no playground a duas quadras da cena do crime, a vida tentava seguir adiante. "O clima agora é sombrio e há esse silêncio, mas as pessoas querem se manter alegres", dizia a vendedora Stephanie Matthews, caribenha de Santa Lúcia, diante das araras solitárias da loja de roupas French Kiss. "A essa altura, as lojas estariam cheias, com o rádio no último volume. Mas hoje ninguém quis ouvir música aqui." A duas quadras, o turco Turgut Buyukbas caminhava entre mesas vazias em seu café. "É ruim para os negócios. As pessoas estão com medo", disse. "Mas é a primeira coisa assim que vejo no bairro." Enquanto contornava as barreiras policiais tentando chegar à estação de trem, o britânico de origem turca Ismail reafirmava a ideia de que esse bairro no norte londrino, onde a gentrificação elevou os preços dos imóveis em pelo menos um terço nos últimos anos, não pode sucumbir ao terror. "Se abrirem a mesquita hoje, eu vou estar lá. E ela vai estar mais cheia do que nunca, porque todos nós vamos estar lá."
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Se virar réu, Cunha perde condições de presidir a Câmara, diz senador Aécio
Na opinião do senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perde as condições para continuar presidindo a Câmara caso vire réu da Operação Lava Jato, "Eu acho que aí [com a aceitação da denúncia] fica muito difícil a permanência dele", disse Aécio em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do programa "SBT Brasil". "A aceitação da denúncia por parte do Supremo [Tribunal Federal] tira as condições, acredito eu, mínimas de condução da Câmara dos Deputados", acrescentou. Aécio Neves presidiu a casa no biênio 2001-2002. Presidente do maior partido de oposição ao governo federal, Aécio afirmou que as acusações contra Cunha, denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, "são extremamente graves". Segundo a denúncia, Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina no esquema de corrupção na Petrobras. No mesmo dia em que a denúncia foi apresentada, a oposição adotou publicamente um tom de cautela, embora mantivesse apoio ao deputado nos bastidores. Cunha vem se mostrando o principal aliado da oposição nas derrotas do governo Dilma Rousseff na Câmara. Setores da oposição tinham a intenção de pressionar o peemedebista a dar seguimento a um pedido de impeachment. A decisão cabe a Cunha. Para que o deputado não precisasse assumir sozinho o desgaste político com o governo federal, uma das estratégias esboçada por seus aliados previa que ele rejeitasse o pedido, abrindo caminho para que a decisão fosse contestada no plenário da Câmara. Com o voto de ao menos 257 dos 513 deputados federais, o despacho seria revertido e o pedido de impeachment teria seguimento. A ação teria, assim, um caráter coletivo. CPMF Durante a entrevista, Aécio disse também que não acredita na possibilidade de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), como quer o governo. "Nenhuma medida que signifique o aumento de carga tributária terá o apoio da oposição", disse. "E acho muito difícil que [tenha] da base", concluiu.
poder
Se virar réu, Cunha perde condições de presidir a Câmara, diz senador AécioNa opinião do senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perde as condições para continuar presidindo a Câmara caso vire réu da Operação Lava Jato, "Eu acho que aí [com a aceitação da denúncia] fica muito difícil a permanência dele", disse Aécio em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do programa "SBT Brasil". "A aceitação da denúncia por parte do Supremo [Tribunal Federal] tira as condições, acredito eu, mínimas de condução da Câmara dos Deputados", acrescentou. Aécio Neves presidiu a casa no biênio 2001-2002. Presidente do maior partido de oposição ao governo federal, Aécio afirmou que as acusações contra Cunha, denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, "são extremamente graves". Segundo a denúncia, Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina no esquema de corrupção na Petrobras. No mesmo dia em que a denúncia foi apresentada, a oposição adotou publicamente um tom de cautela, embora mantivesse apoio ao deputado nos bastidores. Cunha vem se mostrando o principal aliado da oposição nas derrotas do governo Dilma Rousseff na Câmara. Setores da oposição tinham a intenção de pressionar o peemedebista a dar seguimento a um pedido de impeachment. A decisão cabe a Cunha. Para que o deputado não precisasse assumir sozinho o desgaste político com o governo federal, uma das estratégias esboçada por seus aliados previa que ele rejeitasse o pedido, abrindo caminho para que a decisão fosse contestada no plenário da Câmara. Com o voto de ao menos 257 dos 513 deputados federais, o despacho seria revertido e o pedido de impeachment teria seguimento. A ação teria, assim, um caráter coletivo. CPMF Durante a entrevista, Aécio disse também que não acredita na possibilidade de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), como quer o governo. "Nenhuma medida que signifique o aumento de carga tributária terá o apoio da oposição", disse. "E acho muito difícil que [tenha] da base", concluiu.
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Como nasce um elemento químico?
Fazia tempo que tanta gente não se interessava por química. Recentemente a Iupac (União Internacional de Química Pura e Aplicada, na sigla em inglês), maior representante global das ciências químicas, reconheceu a descoberta dos quatro elementos que faltavam para completar a sétima linha horizontal da tabela periódica. Na verdade, as descobertas aconteceram há uma década, mas estavam ainda em escrutínio para a validação dos resultados. Os elementos, que agora têm "pai", finalmente poderão ser batizados e os nomes do tipo Uut (unúntrio, ou "1", "1", "3" em latim) poderão ser substituídos por alternativas mais simpáticas. Esse número, 113, é o chamado "número atômico" e indica a quantidade de prótons –partículas de carga positiva– no núcleo de cada átomo. Lá também são encontrados nêutrons, partículas de carga neutra, em número que pode variar. Os elétrons, de carga negativa, não ficam no núcleo, e sim numa espécie de nuvem que orbita o átomo. No caso do unúntrio, os possíveis nomes, cogitados na época de sua descoberta, em 2004 no instituto Riken, no Japão, são os quase originais "japônio" e "rikênio". Outra alternativa seria homenagear o físico Yoshio Nishina ("nishinânio"). O cientista, morto em 1951, é bastante conhecido no país asiático. Novos elementos Os demais elementos (115, 117 e 118) foram descobertos predominantemente por cientistas russos e americanos (as equipes são numerosas) se valendo da colisão de partículas. O método permitiu a descoberta de outros elementos superpesados –com número atômico maior que 100. A comoção pela completude da tabela periódica atingiu também os fãs de heavy metal, estilo musical que perdeu Lemmy Kilmister, baixista e vocalista da banda inglesa Motörhead, morto em 28 de dezembro de 2015 por causa de um câncer agressivo. Um abaixo-assinado pede que algum dos quatro elementos seja chamado de "lemmium", em homenagem ao músico –a meta é obter 150 mil assinaturas. Mas os fãs de metal e os químicos eminentes terão de esperar um pouco. As propostas ainda passarão por consulta pública e, depois meses, o martelo será batido pela Iupac, explica o químico e professor da USP Henrique Toma, um entusiasta da tabela periódica e colecionador de seus elementos (os não radioativos). O QUE VEM DEPOIS Os possíveis elementos da oitava linha, com número atômico a partir do 119, podem ter propriedades químicas totalmente diferentes do padrão até então observado. A geometria atômica teria um papel importante, com a interferência do núcleo "ultramassudo" nas propriedades dos elétrons. Para explorar a ultrapesada oitava linha, os cientistas poderão contar com os elementos superpesados recém-descobertos. Por mais que sejam relativamente efêmeros (alguns decaem em frações de segundos), eles podem ser uma "ponte" para o futuro da tabela periódica. Os novos elementos são produzidos com muitas contas e um colisor de partículas. De um lado vem um átomo mais leve, como cálcio ou zinco, e de outro vem um mais pesado (eventualmente a "ponte"). Segundo Toma, estudar a formação desses elementos pode auxiliar a compreender e domar a produção de energia por fusão nuclear –talvez a mais rentável da natureza. No caso, poucos quilos de matéria prima (átomos massudos de hidrogênio) poderiam alimentar uma cidade de São Paulo por um dia inteiro.
ciencia
Como nasce um elemento químico?Fazia tempo que tanta gente não se interessava por química. Recentemente a Iupac (União Internacional de Química Pura e Aplicada, na sigla em inglês), maior representante global das ciências químicas, reconheceu a descoberta dos quatro elementos que faltavam para completar a sétima linha horizontal da tabela periódica. Na verdade, as descobertas aconteceram há uma década, mas estavam ainda em escrutínio para a validação dos resultados. Os elementos, que agora têm "pai", finalmente poderão ser batizados e os nomes do tipo Uut (unúntrio, ou "1", "1", "3" em latim) poderão ser substituídos por alternativas mais simpáticas. Esse número, 113, é o chamado "número atômico" e indica a quantidade de prótons –partículas de carga positiva– no núcleo de cada átomo. Lá também são encontrados nêutrons, partículas de carga neutra, em número que pode variar. Os elétrons, de carga negativa, não ficam no núcleo, e sim numa espécie de nuvem que orbita o átomo. No caso do unúntrio, os possíveis nomes, cogitados na época de sua descoberta, em 2004 no instituto Riken, no Japão, são os quase originais "japônio" e "rikênio". Outra alternativa seria homenagear o físico Yoshio Nishina ("nishinânio"). O cientista, morto em 1951, é bastante conhecido no país asiático. Novos elementos Os demais elementos (115, 117 e 118) foram descobertos predominantemente por cientistas russos e americanos (as equipes são numerosas) se valendo da colisão de partículas. O método permitiu a descoberta de outros elementos superpesados –com número atômico maior que 100. A comoção pela completude da tabela periódica atingiu também os fãs de heavy metal, estilo musical que perdeu Lemmy Kilmister, baixista e vocalista da banda inglesa Motörhead, morto em 28 de dezembro de 2015 por causa de um câncer agressivo. Um abaixo-assinado pede que algum dos quatro elementos seja chamado de "lemmium", em homenagem ao músico –a meta é obter 150 mil assinaturas. Mas os fãs de metal e os químicos eminentes terão de esperar um pouco. As propostas ainda passarão por consulta pública e, depois meses, o martelo será batido pela Iupac, explica o químico e professor da USP Henrique Toma, um entusiasta da tabela periódica e colecionador de seus elementos (os não radioativos). O QUE VEM DEPOIS Os possíveis elementos da oitava linha, com número atômico a partir do 119, podem ter propriedades químicas totalmente diferentes do padrão até então observado. A geometria atômica teria um papel importante, com a interferência do núcleo "ultramassudo" nas propriedades dos elétrons. Para explorar a ultrapesada oitava linha, os cientistas poderão contar com os elementos superpesados recém-descobertos. Por mais que sejam relativamente efêmeros (alguns decaem em frações de segundos), eles podem ser uma "ponte" para o futuro da tabela periódica. Os novos elementos são produzidos com muitas contas e um colisor de partículas. De um lado vem um átomo mais leve, como cálcio ou zinco, e de outro vem um mais pesado (eventualmente a "ponte"). Segundo Toma, estudar a formação desses elementos pode auxiliar a compreender e domar a produção de energia por fusão nuclear –talvez a mais rentável da natureza. No caso, poucos quilos de matéria prima (átomos massudos de hidrogênio) poderiam alimentar uma cidade de São Paulo por um dia inteiro.
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Trinca de colunistas de domingo esteve sensacional, afirma leitor
Assinante há 30 anos, não me recordo de uma edição do jornal que me encantou tanto com seus colunistas da página 2. A tríade Sérgio Dávila (Os imbecis estão ganhando?), Bernardo Mello Franco (Agosto, de novo) e Carlos Heitor Cony (A geleia) esteve sensacional, pelo poder de análise dos primeiros e a criatividade do terceiro. O mundo real das sínteses de que "o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade", do Dávila, de "já estamos assistindo ao velório, a dúvida é a data do enterro", do Bernardo, sobre a crise política, associadas ao folhetim do Cony, são de uma inteligência e equilíbrio ímpares. EDILSON VIRGÍLIO DA CRUZ (Bastos, SP) * Brilhante a coluna de Sérgio Dávila sobre os comentários do escritor Umberto Eco. É até um pouco preconceituosa sobre a opinião daqueles que agora, com a internet, podem e devem ser pronunciar. Não sei dizer se a palavra imbecil é a correta, afinal temos gente da estirpe de Jô Soares e Chico Buarque que defendem a Dilma. Não sou contra as críticas, exceto por alguns exageros. Mas em se tratando de PT, todo exagero sera perdoado. ZUREIA BARUCH JR., engenheiro (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
paineldoleitor
Trinca de colunistas de domingo esteve sensacional, afirma leitorAssinante há 30 anos, não me recordo de uma edição do jornal que me encantou tanto com seus colunistas da página 2. A tríade Sérgio Dávila (Os imbecis estão ganhando?), Bernardo Mello Franco (Agosto, de novo) e Carlos Heitor Cony (A geleia) esteve sensacional, pelo poder de análise dos primeiros e a criatividade do terceiro. O mundo real das sínteses de que "o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade", do Dávila, de "já estamos assistindo ao velório, a dúvida é a data do enterro", do Bernardo, sobre a crise política, associadas ao folhetim do Cony, são de uma inteligência e equilíbrio ímpares. EDILSON VIRGÍLIO DA CRUZ (Bastos, SP) * Brilhante a coluna de Sérgio Dávila sobre os comentários do escritor Umberto Eco. É até um pouco preconceituosa sobre a opinião daqueles que agora, com a internet, podem e devem ser pronunciar. Não sei dizer se a palavra imbecil é a correta, afinal temos gente da estirpe de Jô Soares e Chico Buarque que defendem a Dilma. Não sou contra as críticas, exceto por alguns exageros. Mas em se tratando de PT, todo exagero sera perdoado. ZUREIA BARUCH JR., engenheiro (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Relator fatia delação e Procuradoria decidirá se pede apuração sobre Temer
Relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Teori Zavascki decidiu fatiar a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e de seus três filhos. Agora, a PGR (Procuradoria-geral da República) vai analisar o material e decidir se pedirá abertura de inquérito para investigar os políticos citados, entre eles o presidente Michel Temer. O ex-presidente da Transpetro relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos, passando por PMDB, PT, DEM, PSDB, PC do B e PP. Sobre Temer, Machado afirmou que o presidente negociou propina para a campanha do então correligionário Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012. O delator disse que Temer pediu ajuda porque a campanha de Chalita estava com dificuldades financeiras. A conversa ocorreu, afirmou ele, numa sala reservada da base aérea de Brasília. Em despacho, assinado nesta quinta (22), Teori Zavascki acolhe um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determina o compartilhamento com a PGR dos depoimentos em que Machado levanta suspeitas contra o presidente, senadores e deputados, todos detentores de foro privilegiado. Nessa lista estão, além de Temer, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA), os deputados Heráclito Fortes (PSB-PI) e Jandira Feghali (PC do B). Em cada caso, após uma apuração prévia, a PGR pode requerer a instauração de novos inquéritos, a inclusão nomes em investigações já em curso ou sugerir o arquivamento, se concluir que não há indícios de crimes. No mesmo documento, Teori autorizou a remessa para a Justiça Federal no Paraná, dos trechos da delação que envolvem pessoas sem foro. Isso porque, assim como no Supremo, já há um inquérito aberto para apurar suspeitas de irregularidades na Transpetro. DEPOIMENTOS DE DELAÇÃO Sérgio Machado e seus três filhos – Daniel Firmeza Machado, Sérgio Firmeza Machado e Expedito Machado da Ponte Neto – firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em maio deste ano. Segundo Machado, os políticos o procuravam pedindo doações e, em seguida, ele solicitava os repasses às empreiteiras que tinham contratos com a Transpetro. O PMDB, fiador de sua indicação ao posto de comando da subsidiária da Petrobras, foi o que mais arrecadou: cerca de R$ 100 milhões, de acordo com seus depoimentos. O delator disse que os políticos sabiam que o dinheiro obtido seria proveniente de propina. Além de prestar informações, o delator entregou aos investigadores gravações de diálogos que manteve com Romero Jucá, Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney, conforme a Folha revelou em maio. Machado também relatou quais empresas aceitavam fazer pagamentos de propina referentes aos contratos com a Transpetro. Segundo ele, foram a Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Queiroz Galvão, NM Engenharia, Estre Ambiental, Polidutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê. "Quando chamava uma empresa para instruí-la a fazer doação oficial a político, ele sabia que isso não era lícito, que a empresa fazia doações em razão de seus contratos com a Transpetro", disse Sérgio Machado, em um de seus depoimentos. OUTRO LADO Em nota divulgada à imprensa, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que repudia "a tentativa de criminalizar doações legais e públicas feitas às minhas campanhas na época e qualquer tentativa por parte de terceiros de vincular meu nome ao recebimento de qualquer coisa ilícita. Este é um assunto", ela continua, "altamente resolvido e as acusações não passam de ataques difamatórios que visam prejudicar meu desempenho eleitoral no Rio nesta reta final em que estamos crescendo nas pesquisas para a Prefeitura".
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Relator fatia delação e Procuradoria decidirá se pede apuração sobre TemerRelator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Teori Zavascki decidiu fatiar a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e de seus três filhos. Agora, a PGR (Procuradoria-geral da República) vai analisar o material e decidir se pedirá abertura de inquérito para investigar os políticos citados, entre eles o presidente Michel Temer. O ex-presidente da Transpetro relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos, passando por PMDB, PT, DEM, PSDB, PC do B e PP. Sobre Temer, Machado afirmou que o presidente negociou propina para a campanha do então correligionário Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012. O delator disse que Temer pediu ajuda porque a campanha de Chalita estava com dificuldades financeiras. A conversa ocorreu, afirmou ele, numa sala reservada da base aérea de Brasília. Em despacho, assinado nesta quinta (22), Teori Zavascki acolhe um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determina o compartilhamento com a PGR dos depoimentos em que Machado levanta suspeitas contra o presidente, senadores e deputados, todos detentores de foro privilegiado. Nessa lista estão, além de Temer, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA), os deputados Heráclito Fortes (PSB-PI) e Jandira Feghali (PC do B). Em cada caso, após uma apuração prévia, a PGR pode requerer a instauração de novos inquéritos, a inclusão nomes em investigações já em curso ou sugerir o arquivamento, se concluir que não há indícios de crimes. No mesmo documento, Teori autorizou a remessa para a Justiça Federal no Paraná, dos trechos da delação que envolvem pessoas sem foro. Isso porque, assim como no Supremo, já há um inquérito aberto para apurar suspeitas de irregularidades na Transpetro. DEPOIMENTOS DE DELAÇÃO Sérgio Machado e seus três filhos – Daniel Firmeza Machado, Sérgio Firmeza Machado e Expedito Machado da Ponte Neto – firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em maio deste ano. Segundo Machado, os políticos o procuravam pedindo doações e, em seguida, ele solicitava os repasses às empreiteiras que tinham contratos com a Transpetro. O PMDB, fiador de sua indicação ao posto de comando da subsidiária da Petrobras, foi o que mais arrecadou: cerca de R$ 100 milhões, de acordo com seus depoimentos. O delator disse que os políticos sabiam que o dinheiro obtido seria proveniente de propina. Além de prestar informações, o delator entregou aos investigadores gravações de diálogos que manteve com Romero Jucá, Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney, conforme a Folha revelou em maio. Machado também relatou quais empresas aceitavam fazer pagamentos de propina referentes aos contratos com a Transpetro. Segundo ele, foram a Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Queiroz Galvão, NM Engenharia, Estre Ambiental, Polidutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê. "Quando chamava uma empresa para instruí-la a fazer doação oficial a político, ele sabia que isso não era lícito, que a empresa fazia doações em razão de seus contratos com a Transpetro", disse Sérgio Machado, em um de seus depoimentos. OUTRO LADO Em nota divulgada à imprensa, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que repudia "a tentativa de criminalizar doações legais e públicas feitas às minhas campanhas na época e qualquer tentativa por parte de terceiros de vincular meu nome ao recebimento de qualquer coisa ilícita. Este é um assunto", ela continua, "altamente resolvido e as acusações não passam de ataques difamatórios que visam prejudicar meu desempenho eleitoral no Rio nesta reta final em que estamos crescendo nas pesquisas para a Prefeitura".
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Protesto contra tarifa em São Paulo afeta metrô e tem tumulto no fim
O quarto protesto do MPL (Movimento Passe Livre) contra a alta das tarifas do transporte causou nesta terça (19) o fechamento de comércios e estações de metrô e terminou com episódios pontuais de vandalismo no centro. No fim do ato, por volta das 22h, quando a maioria dos manifestantes havia ido embora, uma agência bancária foi depredada na rua Barão de Itapetininga e um grupo que participava do ato colocou fogo em lixeiras na rua Sete de Abril. Ativistas tentaram pular as catracas na estação República do metrô e bloquear a avenida Ipiranga e foram impedidos. A PM usou bombas no fim do protesto em ao menos duas ocasiões. Veja vídeo Durante o tumulto, trens não pararam na estação República, que ficou com portas fechadas, assim como a Anhangabaú. Ao todo, cinco pessoas foram detidas –dois rapazes no início do protesto, por portarem um martelo e um estilingue, segundo a polícia, e três no fim do ato, por atearem fogo em lixeiras no centro. Nesta terça-feira, o Passe Livre decidiu dividir a manifestação, que saiu da esquina das avenidas Faria Lima e Rebouças (zona oeste). Os alvos eram o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). A tarifa aumentou no dia 9 de R$ 3,50 para R$ 3,80 –valor inferior à inflação acumulada, de 10,7%. Por volta das 19h, a maior parte seguiu em direção à prefeitura, no centro. Outra foi para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi (zona oeste). De acordo com a Polícia Militar, ao todo 1.200 pessoas participaram dos dois atos. Já o Passe Livre estimou em 7.000 o número de participantes do maior grupo, que seguiu ao centro. Além disso, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fez dois atos nos extremos sul e leste, também contra a alta da passagem. COMÉRCIO O grupo que seguiu rumo ao Morumbi passou em frente a vários estabelecimentos de luxo, sempre gritando "burguês, a culpa é de vocês". O shopping Iguatemi, na av. Brig. Faria Lima, fechou durante a passagem do ato. Seguranças cercaram todo o centro de compras. Pouco depois de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, que estava cercado por grande número de policiais, os manifestantes se dispersaram. Já o protesto que terminou no centro teve desfecho diferente. Os manifestantes chegaram a empurrar a porta da prefeitura, sendo contidos por outros ativistas, e houve confusão no metrô. Além de depredar uma agência do Bradesco na rua Barão de Itapetininga, os manifestantes incendiaram lixeiras na rua Sete de Abril. A PM soltou bombas na região da República após um manifestante atirar uma pedra. Depois, os policiais voltaram a usar os artefatos contra os manifestantes que fizeram barricadas com latas de lixo em chamas. O Passe Livre divulgou o trajeto cinco horas antes do início do protesto –a Secretaria da Segurança Pública criticou a pouca antecedência. Outro ato contra o aumento da tarifa foi marcado para esta quinta-feira (21), às 17h, saindo do terminal Parque Dom Pedro (centro).
cotidiano
Protesto contra tarifa em São Paulo afeta metrô e tem tumulto no fimO quarto protesto do MPL (Movimento Passe Livre) contra a alta das tarifas do transporte causou nesta terça (19) o fechamento de comércios e estações de metrô e terminou com episódios pontuais de vandalismo no centro. No fim do ato, por volta das 22h, quando a maioria dos manifestantes havia ido embora, uma agência bancária foi depredada na rua Barão de Itapetininga e um grupo que participava do ato colocou fogo em lixeiras na rua Sete de Abril. Ativistas tentaram pular as catracas na estação República do metrô e bloquear a avenida Ipiranga e foram impedidos. A PM usou bombas no fim do protesto em ao menos duas ocasiões. Veja vídeo Durante o tumulto, trens não pararam na estação República, que ficou com portas fechadas, assim como a Anhangabaú. Ao todo, cinco pessoas foram detidas –dois rapazes no início do protesto, por portarem um martelo e um estilingue, segundo a polícia, e três no fim do ato, por atearem fogo em lixeiras no centro. Nesta terça-feira, o Passe Livre decidiu dividir a manifestação, que saiu da esquina das avenidas Faria Lima e Rebouças (zona oeste). Os alvos eram o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). A tarifa aumentou no dia 9 de R$ 3,50 para R$ 3,80 –valor inferior à inflação acumulada, de 10,7%. Por volta das 19h, a maior parte seguiu em direção à prefeitura, no centro. Outra foi para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi (zona oeste). De acordo com a Polícia Militar, ao todo 1.200 pessoas participaram dos dois atos. Já o Passe Livre estimou em 7.000 o número de participantes do maior grupo, que seguiu ao centro. Além disso, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fez dois atos nos extremos sul e leste, também contra a alta da passagem. COMÉRCIO O grupo que seguiu rumo ao Morumbi passou em frente a vários estabelecimentos de luxo, sempre gritando "burguês, a culpa é de vocês". O shopping Iguatemi, na av. Brig. Faria Lima, fechou durante a passagem do ato. Seguranças cercaram todo o centro de compras. Pouco depois de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, que estava cercado por grande número de policiais, os manifestantes se dispersaram. Já o protesto que terminou no centro teve desfecho diferente. Os manifestantes chegaram a empurrar a porta da prefeitura, sendo contidos por outros ativistas, e houve confusão no metrô. Além de depredar uma agência do Bradesco na rua Barão de Itapetininga, os manifestantes incendiaram lixeiras na rua Sete de Abril. A PM soltou bombas na região da República após um manifestante atirar uma pedra. Depois, os policiais voltaram a usar os artefatos contra os manifestantes que fizeram barricadas com latas de lixo em chamas. O Passe Livre divulgou o trajeto cinco horas antes do início do protesto –a Secretaria da Segurança Pública criticou a pouca antecedência. Outro ato contra o aumento da tarifa foi marcado para esta quinta-feira (21), às 17h, saindo do terminal Parque Dom Pedro (centro).
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Com elenco original, 'O Despertar da Força' é exercício de saudosismo
Quando, em meados dos anos 1990, George Lucas começou a retocar a trilogia original para criar as chamadas Edições Especiais (hoje as únicas disponíveis oficialmente), parte dos fãs se sentiu profundamente traída. O mundo sujo e gasto, criado inteiramente com efeitos especiais baseados em miniaturas e bonecos, foi gradativamente dando espaço a versões limpas e digitais dos mesmos efeitos, tirando parte do charme e modificando a própria história do cinema. Com o lançamento da nova trilogia, então, entre 1999 e 2005, muitos decretaram o fim da franquia. Além do uso excessivo de "telas verdes" e computação gráfica, os filmes eram mal dirigidos; os atores, péssimos; os roteiros, sofríveis. A coisa foi tão séria que Natalie Portman, que interpretou Padmé Amidala nos três novos filmes, chegou a temer por sua carreira. Foi com alegria, portanto, que os fãs receberam a notícia de que "O Despertar da Força" (que estreia na quinta, 17) não só traria "Star Wars" de volta para o analógico (ao utilizar efeitos práticos e locações reais), como também marcaria o retorno do elenco original e de um de seus melhores roteiristas. Carrie Fisher, Harrison Ford, Peter Mayhew e Mark Hammil estão de volta como Leia, Han Solo, Chewbacca e Luke Skywalker em roteiro escrito pelo diretor J.J. Abrams em parceria com Lawrence Kasdan, de "O Império Contra-Ataca", considerado até hoje o melhor filme da saga. Nada garante que o caminho saudosista escolhido por Abrams resulte em sucesso de crítica, mas a decisão de se afastar do universo de "A Ameaça Fantasma" é um claro sinal de que ele sabe como agradar o coração dos fãs. Dos fãs, não dos críticos.
ilustrada
Com elenco original, 'O Despertar da Força' é exercício de saudosismoQuando, em meados dos anos 1990, George Lucas começou a retocar a trilogia original para criar as chamadas Edições Especiais (hoje as únicas disponíveis oficialmente), parte dos fãs se sentiu profundamente traída. O mundo sujo e gasto, criado inteiramente com efeitos especiais baseados em miniaturas e bonecos, foi gradativamente dando espaço a versões limpas e digitais dos mesmos efeitos, tirando parte do charme e modificando a própria história do cinema. Com o lançamento da nova trilogia, então, entre 1999 e 2005, muitos decretaram o fim da franquia. Além do uso excessivo de "telas verdes" e computação gráfica, os filmes eram mal dirigidos; os atores, péssimos; os roteiros, sofríveis. A coisa foi tão séria que Natalie Portman, que interpretou Padmé Amidala nos três novos filmes, chegou a temer por sua carreira. Foi com alegria, portanto, que os fãs receberam a notícia de que "O Despertar da Força" (que estreia na quinta, 17) não só traria "Star Wars" de volta para o analógico (ao utilizar efeitos práticos e locações reais), como também marcaria o retorno do elenco original e de um de seus melhores roteiristas. Carrie Fisher, Harrison Ford, Peter Mayhew e Mark Hammil estão de volta como Leia, Han Solo, Chewbacca e Luke Skywalker em roteiro escrito pelo diretor J.J. Abrams em parceria com Lawrence Kasdan, de "O Império Contra-Ataca", considerado até hoje o melhor filme da saga. Nada garante que o caminho saudosista escolhido por Abrams resulte em sucesso de crítica, mas a decisão de se afastar do universo de "A Ameaça Fantasma" é um claro sinal de que ele sabe como agradar o coração dos fãs. Dos fãs, não dos críticos.
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Fábrica de foguetes do CEO da Tesla é uma das empresas mais valiosas
A SpaceX, fábrica de foguetes criada pelo bilionário Elon Musk (presidente-executivo da Tesla), arrecadou US$ 350 milhões em capital novo e agora tem avaliação de US$ 21 bilhões, o que a torna uma das mais valiosas empresas de capital fechado do planeta. A nova rodada de capitalização da SpaceX foi anunciada em documentos oficiais obtidos pelo Equidate, um mercado para ações de empresas de capital fechado. A SpaceX se recusou a comentar. Com a mais recente rodada de capitalização, a SpaceX se une a um clube de elite de sete empresas bancadas pelo setor de capital para empreendimentos e com avaliações superiores a US$ 20 bilhões, de acordo com o grupo de pesquisa CB Insights. Investidores continuam a despejar dinheiro nessas empresas, muitas das quais operam negócios que requerem muito capital, como a Uber e o Airbnb, em um período no qual startups de menor porte abriram seu capital e viram oscilação em sua capitalização de mercado. A Snap, companhia de mensagens e entretenimento que controla o app Snapchat, abriu seu capital em março e atingiu capitalização de mercado de cerca de US$ 24 bilhões, mas posteriormente seu valor de mercado caiu para em torno de US$ 16,5 bilhões. A Blue Apron, uma empresa que entrega refeições, abriu seu capital no mês passado, e atingiu capitalização de mercado de US$ 1,9 bilhão, mas de lá para cá esse valor caiu para US$ 1,3 bilhão. Ainda assim, os investidores acreditam há muito tempo que algumas poucas empresas têm o potencial de se tornar negócios dominantes no mercado mundial. Cinco empresas sediadas nos Estados Unidos e com avaliações superiores a US$ 20 bilhões —entre as quais Uber, Airbnb e WeWork— revolucionaram setores estabelecidos como os imóveis e o transporte. A Palantir, uma empresa de análise de dados que também faz parte do clube dos US$ 20 bilhões ou mais, está lutando para se tornar grande prestadora de serviços ao governo, como acontece com a SpaceX. As duas outras empresas de capital fechado com avaliação superior a US$ 20 bilhões são chinesas —a companhia de serviços de carros Didi Chuxing e a fabricante de eletrônicos Xiaomi. A mais recente rodada de capitalização da SpaceX dobrou a avaliação da empresa, que era de aproximadamente US$ 11 bilhões quando ela arrecadou US$ 1 bilhão junto ao Google e Fidelity em 2015. Investidores anteriores na SpaceX incluem as companhias de capital para empreendimentos Founders Fund e DFJ. A SpaceX é mais conhecida pelo objetivo de colonizar Marte, proposto por Musk, mas também é uma participante ativa no mercado de lançamento de satélites ao espaço. Em setembro, a empresa sofreu um grande revés quando, durante o processo de abastecimento de combustível para um teste de propulsores, um de seus foguetes Falcon 9 pegou fogo na plataforma de lançamento, destruindo um satélite de US$ 200 milhões. A SpaceX retomou seus lançamentos em janeiro e, depois de anos de problemas para cumprir suas promessas, enfim atingiu um ritmo firme de operações, com 10 lançamentos até agora em 2017. Pelo fim do ano, a SpaceX espera finalmente lançar o seu foguete de maior porte, o Falcon Heavy, com anos de atraso ante o cronograma original. Em março, a empresa realizou o lançamento de um foguete mais barato, parcialmente reaproveitado, para reduzir o custo de envio de suprimentos ao espaço. Reproduzir voos como esse com foguetes reutilizáveis é essencial para a visão de Musk quanto a enviar pessoas a Marte. "Isso significa que será possível lançar e relançar um booster de classe orbital, que é a parte mais cara do foguete", disse Musk. Ele enfrenta possível concorrência da parte de outro bilionário, no mercado de foguetes. A Blue Origin, uma produtora de foguetes criada por Jeff Bezos, o presidente-executivo da Amazon, também planeja enviar turistas e suprimentos ao espaço. Bezos declarou em abril que está vendendo cerca de US$ 1 bilhão em ações da Amazon ao ano, para bancar a companhia. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Fábrica de foguetes do CEO da Tesla é uma das empresas mais valiosasA SpaceX, fábrica de foguetes criada pelo bilionário Elon Musk (presidente-executivo da Tesla), arrecadou US$ 350 milhões em capital novo e agora tem avaliação de US$ 21 bilhões, o que a torna uma das mais valiosas empresas de capital fechado do planeta. A nova rodada de capitalização da SpaceX foi anunciada em documentos oficiais obtidos pelo Equidate, um mercado para ações de empresas de capital fechado. A SpaceX se recusou a comentar. Com a mais recente rodada de capitalização, a SpaceX se une a um clube de elite de sete empresas bancadas pelo setor de capital para empreendimentos e com avaliações superiores a US$ 20 bilhões, de acordo com o grupo de pesquisa CB Insights. Investidores continuam a despejar dinheiro nessas empresas, muitas das quais operam negócios que requerem muito capital, como a Uber e o Airbnb, em um período no qual startups de menor porte abriram seu capital e viram oscilação em sua capitalização de mercado. A Snap, companhia de mensagens e entretenimento que controla o app Snapchat, abriu seu capital em março e atingiu capitalização de mercado de cerca de US$ 24 bilhões, mas posteriormente seu valor de mercado caiu para em torno de US$ 16,5 bilhões. A Blue Apron, uma empresa que entrega refeições, abriu seu capital no mês passado, e atingiu capitalização de mercado de US$ 1,9 bilhão, mas de lá para cá esse valor caiu para US$ 1,3 bilhão. Ainda assim, os investidores acreditam há muito tempo que algumas poucas empresas têm o potencial de se tornar negócios dominantes no mercado mundial. Cinco empresas sediadas nos Estados Unidos e com avaliações superiores a US$ 20 bilhões —entre as quais Uber, Airbnb e WeWork— revolucionaram setores estabelecidos como os imóveis e o transporte. A Palantir, uma empresa de análise de dados que também faz parte do clube dos US$ 20 bilhões ou mais, está lutando para se tornar grande prestadora de serviços ao governo, como acontece com a SpaceX. As duas outras empresas de capital fechado com avaliação superior a US$ 20 bilhões são chinesas —a companhia de serviços de carros Didi Chuxing e a fabricante de eletrônicos Xiaomi. A mais recente rodada de capitalização da SpaceX dobrou a avaliação da empresa, que era de aproximadamente US$ 11 bilhões quando ela arrecadou US$ 1 bilhão junto ao Google e Fidelity em 2015. Investidores anteriores na SpaceX incluem as companhias de capital para empreendimentos Founders Fund e DFJ. A SpaceX é mais conhecida pelo objetivo de colonizar Marte, proposto por Musk, mas também é uma participante ativa no mercado de lançamento de satélites ao espaço. Em setembro, a empresa sofreu um grande revés quando, durante o processo de abastecimento de combustível para um teste de propulsores, um de seus foguetes Falcon 9 pegou fogo na plataforma de lançamento, destruindo um satélite de US$ 200 milhões. A SpaceX retomou seus lançamentos em janeiro e, depois de anos de problemas para cumprir suas promessas, enfim atingiu um ritmo firme de operações, com 10 lançamentos até agora em 2017. Pelo fim do ano, a SpaceX espera finalmente lançar o seu foguete de maior porte, o Falcon Heavy, com anos de atraso ante o cronograma original. Em março, a empresa realizou o lançamento de um foguete mais barato, parcialmente reaproveitado, para reduzir o custo de envio de suprimentos ao espaço. Reproduzir voos como esse com foguetes reutilizáveis é essencial para a visão de Musk quanto a enviar pessoas a Marte. "Isso significa que será possível lançar e relançar um booster de classe orbital, que é a parte mais cara do foguete", disse Musk. Ele enfrenta possível concorrência da parte de outro bilionário, no mercado de foguetes. A Blue Origin, uma produtora de foguetes criada por Jeff Bezos, o presidente-executivo da Amazon, também planeja enviar turistas e suprimentos ao espaço. Bezos declarou em abril que está vendendo cerca de US$ 1 bilhão em ações da Amazon ao ano, para bancar a companhia. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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'Não é problema meu', diz Lula sobre Moro adiar seu depoimento
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (24) que não é problema dele o fato de o juiz Sergio Moro ter decidido adiar a data de seu depoimento, previsto inicialmente para o dia 3 de maio. Antes de participar de um evento do PT em Brasília, Lula afirmou que não havia sido informado sobre o pedido da Polícia Federal a Moro para adiar seu depoimento à Justiça. Questionado pela Folha se preferia falar agora ou depois na ação sobre o tríplex em Guarujá (SP), Lula limitou-se a dizer: "Não é problema meu". Segundo a Folha apurou, Moro decidiu adiar o depoimento do petista e comunicou a decisão à cúpula da PF, em reunião em Curitiba, há algumas semanas. A polícia argumentou que precisaria de mais tempo para organizar a segurança no local e que o feriado do dia do Trabalho, 1º de maio, dificultaria ainda mais a operação. Aliados do ex-presidente afirmam que a decisão de Moro é política e que visa apenas a desmobilizar a militância petista, que se preparava para fazer um grande ato contra Moro e a Lava Jato em Curitiba. A defesa de Lula o havia orientado a responder objetivamente as perguntas do juiz, deixando a disputa política para "as ruas". O PT e movimentos alinhados ao partido preparavam forte mobilização para apoiar o ex-presidente. Caravanas estavam partindo de diversos pontos do país para Curitiba. O processo em que Lula será ouvido é relacionado ao episódio do tríplex em Guarujá, litoral de São Paulo, em que o ex-presidente é acusado de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira OAS.
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'Não é problema meu', diz Lula sobre Moro adiar seu depoimentoO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (24) que não é problema dele o fato de o juiz Sergio Moro ter decidido adiar a data de seu depoimento, previsto inicialmente para o dia 3 de maio. Antes de participar de um evento do PT em Brasília, Lula afirmou que não havia sido informado sobre o pedido da Polícia Federal a Moro para adiar seu depoimento à Justiça. Questionado pela Folha se preferia falar agora ou depois na ação sobre o tríplex em Guarujá (SP), Lula limitou-se a dizer: "Não é problema meu". Segundo a Folha apurou, Moro decidiu adiar o depoimento do petista e comunicou a decisão à cúpula da PF, em reunião em Curitiba, há algumas semanas. A polícia argumentou que precisaria de mais tempo para organizar a segurança no local e que o feriado do dia do Trabalho, 1º de maio, dificultaria ainda mais a operação. Aliados do ex-presidente afirmam que a decisão de Moro é política e que visa apenas a desmobilizar a militância petista, que se preparava para fazer um grande ato contra Moro e a Lava Jato em Curitiba. A defesa de Lula o havia orientado a responder objetivamente as perguntas do juiz, deixando a disputa política para "as ruas". O PT e movimentos alinhados ao partido preparavam forte mobilização para apoiar o ex-presidente. Caravanas estavam partindo de diversos pontos do país para Curitiba. O processo em que Lula será ouvido é relacionado ao episódio do tríplex em Guarujá, litoral de São Paulo, em que o ex-presidente é acusado de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira OAS.
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Design Weekend invade SP com mais de 300 atividades pela cidade
CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO De 9 a 13 de agosto, São Paulo será tomada pelo design. Serão mais de 300 atividades espalhadas pela cidade, entre feiras, exposições, palestras, lançamento de coleções e venda de objetos. Em sua sexta edição, o Design Weekend –que, apesar do nome, vai de quarta a domingo– se consolidou como um dos maiores festivais urbanos de design do mundo. O evento nasceu em 2012, inspirado nas grandes semanas internacionais de design, como as de Milão e de Londres. "O objetivo é juntar o mundo criativo com o produtivo para estimular o setor e mostrar que o design está em todos os lugares e não é algo inalcançável", diz Lauro Andrade Filho, idealizador do DW!, como o festival é chamado pelos mais íntimos. Para envolver o maior número de pessoas, desde profissionais da área até aqueles que não entendem nada sobre o assunto, os eventos acontecem em diferentes pontos da capital, mas há regiões que reúnem mais ações, como Vila Madalena, Jardins, Pinheiros e avenida Paulista. A novidade deste ano é a inclusão do Tatuapé no mapa do DW!, com cinco pontos de atividades como aulas, cursos e exposições. "O bairro ainda tem poucos representantes, mas é nossa aposta para os próximos anos", diz Andrade Filho. O lugar com a maior concentração de eventos, a alameda Gabriel Monteiro da Silva, também começou modesto. Em 2012, eram 12 lojistas participantes, hoje são 51. Um dos destaques da Gabriel é a exposição "Alquimia", da marca de tapetes By Kamy, com 60 obras têxteis. Quatro artistas a integram: os brasileiros Patrícia Kattan, Marcelo Borges e Walter Goldfarb e o chinês Lin Le Cheng. "É uma oportunidade de parar para propor conversas e filosofar. Nesse período, deixamos o dia a dia comercial e viramos galeria de arte", diz Francesca Alzati, arquiteta da By Kamy. O D&D Shopping, na zona sul, também tem participação importante neste ano, com uma exposição de 48 peças que integram a coleção do MoMA (Museu de Arte Moderna), de Nova York, cujo acervo pertente à Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo). Entre elas está a poltrona Mole, criada em 1957 pelo brasileiro Sérgio Rodrigues, e a cadeira Barcelona, de 1929, dos alemães Lilly Reich e Ludwig Mies van der Rohe. "São peças originais, relíquias, que ficarão expostas nos corredores. O público, que vê essas cadeiras em todos os lugares, poderá saber sobre a sua história", diz Angelo Derenze, diretor do D&D. Outro shopping, o Cidade Jardim, abriga a feira Modernos Eternos, com 15 ambientes que misturam mobiliário e objetos atuais, vintage e de antiquários, todos à venda. "A ideia é combinar o design de todos os tempos. É o que há de mais atual na decoração, até pela questão da sustentabilidade", diz Sergio Zobaran, idealizador da mostra com Maria di Pace. Em 1º de agosto, a programação completa será divulgada no site designweekend.com.br. O design domina São Paulo SENAC Palestra dos arquitetos Marcio Kogan e Diana Radomysler r. Doutor Vila Nova, 228 Jardins Mostras, lançamentos de produtos e intervenções D&D Shopping Exposição de coleção do MoMA e bota-fora de produtos Pinheiros A feira na Rosenbaum é o destaque, com criações de 32 designers e artistas Tatuapé Novidade deste ano, terá palestras, exposições e instalações
sobretudo
Design Weekend invade SP com mais de 300 atividades pela cidade CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO De 9 a 13 de agosto, São Paulo será tomada pelo design. Serão mais de 300 atividades espalhadas pela cidade, entre feiras, exposições, palestras, lançamento de coleções e venda de objetos. Em sua sexta edição, o Design Weekend –que, apesar do nome, vai de quarta a domingo– se consolidou como um dos maiores festivais urbanos de design do mundo. O evento nasceu em 2012, inspirado nas grandes semanas internacionais de design, como as de Milão e de Londres. "O objetivo é juntar o mundo criativo com o produtivo para estimular o setor e mostrar que o design está em todos os lugares e não é algo inalcançável", diz Lauro Andrade Filho, idealizador do DW!, como o festival é chamado pelos mais íntimos. Para envolver o maior número de pessoas, desde profissionais da área até aqueles que não entendem nada sobre o assunto, os eventos acontecem em diferentes pontos da capital, mas há regiões que reúnem mais ações, como Vila Madalena, Jardins, Pinheiros e avenida Paulista. A novidade deste ano é a inclusão do Tatuapé no mapa do DW!, com cinco pontos de atividades como aulas, cursos e exposições. "O bairro ainda tem poucos representantes, mas é nossa aposta para os próximos anos", diz Andrade Filho. O lugar com a maior concentração de eventos, a alameda Gabriel Monteiro da Silva, também começou modesto. Em 2012, eram 12 lojistas participantes, hoje são 51. Um dos destaques da Gabriel é a exposição "Alquimia", da marca de tapetes By Kamy, com 60 obras têxteis. Quatro artistas a integram: os brasileiros Patrícia Kattan, Marcelo Borges e Walter Goldfarb e o chinês Lin Le Cheng. "É uma oportunidade de parar para propor conversas e filosofar. Nesse período, deixamos o dia a dia comercial e viramos galeria de arte", diz Francesca Alzati, arquiteta da By Kamy. O D&D Shopping, na zona sul, também tem participação importante neste ano, com uma exposição de 48 peças que integram a coleção do MoMA (Museu de Arte Moderna), de Nova York, cujo acervo pertente à Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo). Entre elas está a poltrona Mole, criada em 1957 pelo brasileiro Sérgio Rodrigues, e a cadeira Barcelona, de 1929, dos alemães Lilly Reich e Ludwig Mies van der Rohe. "São peças originais, relíquias, que ficarão expostas nos corredores. O público, que vê essas cadeiras em todos os lugares, poderá saber sobre a sua história", diz Angelo Derenze, diretor do D&D. Outro shopping, o Cidade Jardim, abriga a feira Modernos Eternos, com 15 ambientes que misturam mobiliário e objetos atuais, vintage e de antiquários, todos à venda. "A ideia é combinar o design de todos os tempos. É o que há de mais atual na decoração, até pela questão da sustentabilidade", diz Sergio Zobaran, idealizador da mostra com Maria di Pace. Em 1º de agosto, a programação completa será divulgada no site designweekend.com.br. O design domina São Paulo SENAC Palestra dos arquitetos Marcio Kogan e Diana Radomysler r. Doutor Vila Nova, 228 Jardins Mostras, lançamentos de produtos e intervenções D&D Shopping Exposição de coleção do MoMA e bota-fora de produtos Pinheiros A feira na Rosenbaum é o destaque, com criações de 32 designers e artistas Tatuapé Novidade deste ano, terá palestras, exposições e instalações
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Meta fiscal almejada pelo governo depende de volta da economia
O sucesso do governo em reduzir o deficit público para R$ 139 bilhões neste ano, como reafirmou o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) nesta semana, dependerá da retomada da economia. Para chegar à cifra, menor do que a registrada no ano passado (R$ 156 bilhões), o governo anunciou que vai restabelecer isenções de impostos que recaíam sobre a folha de pagamentos de empresas de 50 setores, entre eles o têxtil e o de máquinas e equipamentos. Além disso, vai congelar R$ 42 bilhões nos gastos públicos neste ano. O objetivo é fechar um rombo de R$ 58 bilhões, que distanciava o governo do deficit prometido. A contenção de despesas, considerada um "grande esforço" na visão de analistas, tende a ser revista ao longo do ano. Mas tudo depende da recuperação da economia —e, consequentemente, da arrecadação de impostos. O Tesouro Nacional informou que o governo teve o pior fevereiro desde 1997, com um deficit de R$ 26,2 bilhões. Um dos principais fatores que levaram o governo a se preocupar com o cumprimento da meta foi a revisão do crescimento para baixo, de 1,6% (previsto no fim do ano passado) para 0,5% agora. Para compensar a diferença, o governo chegou a estudar aumentar impostos, mas optou por cobrir o buraco com o fim das isenções, receitas extras e o congelamento. Para Maurício Oreng, economista-chefe do banco Rabobank, a economia ficará estagnada neste ano e, com isso, o governo terá uma maior dificuldade em reduzir seu deficit em 2017. Sua previsão é que as contas fiquem no vermelho em R$ 150 bilhões. "Não descarto a chance de se alcançar a meta [de R$ 139 bilhões], mas será difícil." Ele também vê risco de o governo elevar impostos adiante. "Se a inflação der folga, pode sobrar espaço para iniciativas como [o aumento] do PIS/Cofins de combustíveis." O governo poderia arrecadar R$ 3 bilhões com um aumento de R$ 0,10 no tributo que incide sobre a gasolina e, neste caso, poderia começar a vigorar imediatamente. Embora os setores afetados pelo fim da isenção fiscal tenham demonstrado insatisfação e preocupação com a manutenção de empregos, analistas do mercado financeiro afirmam que o ajuste fiscal é necessário para que a taxa de juros e a inflação sigam em trajetória de queda e o crescimento retorne. "O corte nos investimentos públicos tem algum impacto sobre a atividade, mas pior seria não fazer o esforço e não cumprir a meta [fiscal], pois isso teria efeito sobre os juros", diz o economista-chefe do banco Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall. Na ausência de uma expansão de gastos públicos, observa, o Banco Central tem mais espaço para cortar os juros. Pedro Schneider, analista do Itaú Unibanco, diz que o banco prevê um crescimento maior, de 1% neste ano, o que reduziria a necessidade de contenção de R$ 42 bilhões nas despesas públicas. De toda forma, segundo seus cálculos, o governo pode chegar à cifra sem cortar tanto o investimento, porém, teria que adiar o pagamento de despesas para o ano que vem. arte
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Meta fiscal almejada pelo governo depende de volta da economiaO sucesso do governo em reduzir o deficit público para R$ 139 bilhões neste ano, como reafirmou o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) nesta semana, dependerá da retomada da economia. Para chegar à cifra, menor do que a registrada no ano passado (R$ 156 bilhões), o governo anunciou que vai restabelecer isenções de impostos que recaíam sobre a folha de pagamentos de empresas de 50 setores, entre eles o têxtil e o de máquinas e equipamentos. Além disso, vai congelar R$ 42 bilhões nos gastos públicos neste ano. O objetivo é fechar um rombo de R$ 58 bilhões, que distanciava o governo do deficit prometido. A contenção de despesas, considerada um "grande esforço" na visão de analistas, tende a ser revista ao longo do ano. Mas tudo depende da recuperação da economia —e, consequentemente, da arrecadação de impostos. O Tesouro Nacional informou que o governo teve o pior fevereiro desde 1997, com um deficit de R$ 26,2 bilhões. Um dos principais fatores que levaram o governo a se preocupar com o cumprimento da meta foi a revisão do crescimento para baixo, de 1,6% (previsto no fim do ano passado) para 0,5% agora. Para compensar a diferença, o governo chegou a estudar aumentar impostos, mas optou por cobrir o buraco com o fim das isenções, receitas extras e o congelamento. Para Maurício Oreng, economista-chefe do banco Rabobank, a economia ficará estagnada neste ano e, com isso, o governo terá uma maior dificuldade em reduzir seu deficit em 2017. Sua previsão é que as contas fiquem no vermelho em R$ 150 bilhões. "Não descarto a chance de se alcançar a meta [de R$ 139 bilhões], mas será difícil." Ele também vê risco de o governo elevar impostos adiante. "Se a inflação der folga, pode sobrar espaço para iniciativas como [o aumento] do PIS/Cofins de combustíveis." O governo poderia arrecadar R$ 3 bilhões com um aumento de R$ 0,10 no tributo que incide sobre a gasolina e, neste caso, poderia começar a vigorar imediatamente. Embora os setores afetados pelo fim da isenção fiscal tenham demonstrado insatisfação e preocupação com a manutenção de empregos, analistas do mercado financeiro afirmam que o ajuste fiscal é necessário para que a taxa de juros e a inflação sigam em trajetória de queda e o crescimento retorne. "O corte nos investimentos públicos tem algum impacto sobre a atividade, mas pior seria não fazer o esforço e não cumprir a meta [fiscal], pois isso teria efeito sobre os juros", diz o economista-chefe do banco Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall. Na ausência de uma expansão de gastos públicos, observa, o Banco Central tem mais espaço para cortar os juros. Pedro Schneider, analista do Itaú Unibanco, diz que o banco prevê um crescimento maior, de 1% neste ano, o que reduziria a necessidade de contenção de R$ 42 bilhões nas despesas públicas. De toda forma, segundo seus cálculos, o governo pode chegar à cifra sem cortar tanto o investimento, porém, teria que adiar o pagamento de despesas para o ano que vem. arte
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Herdeira do Grupo Águia Branca morre em incêndio em SP
Uma das herdeiras do Grupo Águia Branca morreu nesta segunda-feira (30) após um incêndio em um prédio residencial no Jardim Paulista, na zona oeste de São Paulo. Liliane Chieppe, 54, estava em um dos quartos do apartamento, que pegou fogo por volta das 14h. Segundo os bombeiros, ela foi socorrida ainda com vida, mas com queimaduras graves e teve parada cardiorrespiratória devido à fumaça. Ela foi encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no centro, e em seguida para o Hospital das Clínicas. A assessoria de imprensa do hospital informou que Chieppe morreu antes de chegar ao pronto-socorro. Liliane é filha de Vallecio Chieppe, fundador e ex-presidente do Grupo Águia Branca, empresa de transporte e logística com sede no Espírito Santo. O Grupo Águia Branca informou que ainda não tem informações sobre o velório, mas que familiares se deslocaram para São Paulo para tomar as providências necessárias.
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Herdeira do Grupo Águia Branca morre em incêndio em SPUma das herdeiras do Grupo Águia Branca morreu nesta segunda-feira (30) após um incêndio em um prédio residencial no Jardim Paulista, na zona oeste de São Paulo. Liliane Chieppe, 54, estava em um dos quartos do apartamento, que pegou fogo por volta das 14h. Segundo os bombeiros, ela foi socorrida ainda com vida, mas com queimaduras graves e teve parada cardiorrespiratória devido à fumaça. Ela foi encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no centro, e em seguida para o Hospital das Clínicas. A assessoria de imprensa do hospital informou que Chieppe morreu antes de chegar ao pronto-socorro. Liliane é filha de Vallecio Chieppe, fundador e ex-presidente do Grupo Águia Branca, empresa de transporte e logística com sede no Espírito Santo. O Grupo Águia Branca informou que ainda não tem informações sobre o velório, mas que familiares se deslocaram para São Paulo para tomar as providências necessárias.
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Contratos com escritórios de advocacia são nova frente da Lava Jato, diz PF
A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (13), abre uma frente a ser explorada na investigação: contratos com escritórios de advocacia, que seriam usados para o pagamento de propina, segundo a Polícia Federal. "Podemos estar diante de um novo modelo: depois das consultorias, das empresas de fachada e das agências de publicidade, surgem os escritórios de advocacia", disse o delegado federal Igor Romário de Paula, que coordena as investigações. Quatro escritórios foram alvo de busca e apreensão nesta quinta: dois em Curitiba, um em São Paulo e outro em Porto Alegre. Segundo as investigações, eles receberam parte do dinheiro repassado pelo esquema. Os valores vinham da empresa Consist, que já foi alvo da fase anterior da Lava Jato. Ela fazia a gestão de empréstimos consignados concedidos a servidores federais, que foram acordados com a Associação Brasileira de Bancos pelo Ministério do Planejamento. Segundo as investigações, a Consist repassava 40% de seu faturamento a empresas indicadas pelos operadores Milton Pascowitch e Alexandre Romano –ex-vereador em Americana (SP) pelo PT–, que foi preso temporariamente nesta quinta acusado de ser um operador do esquema. Os dois são ligados ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, também preso na Lava Jato. As notas fiscais dos pagamentos feitos aos escritórios pela Consist eram "ideologicamente falsas", disseram os investigadores. Os contratos falam em "honorários advocatícios", mas os sócios da Consist admitiram, segundo os policiais, que nunca houve prestação de serviços à empresa. Foram R$ 21 milhões movimentados em pagamentos aos escritórios, entre 2010 e 2015. Um dos contratos soma R$ 7,2 milhões. Em pesquisa em fontes abertas, os investigadores não encontraram ações de empresas do Grupo Consist que foram defendidas pelos advogados beneficiados pelos repasses. GLEISI HOFFMANN Em Curitiba, os escritórios investigados prestavam serviços para o PT e candidatos do partido; pertencem aos advogados Guilherme Gonçalves e Sacha Reck, que eram sócios até o ano passado. Gonçalves é advogado do Diretório Estadual do PT no Paraná e atuou nas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2008, 2010 e 2014. Também coordenou a campanha de Ratinho Júnior (PSC-PR) à Prefeitura de Curitiba, em 2012. Seu escritório, segundo as investigações, recebeu R$ 7,2 milhões da Consist entre 2010 e 2015. O escritório de Gonçalves, segundo a Folha apurou, enviou documentos à PF para comprovar que houver prestação de serviços não só em relação ao caso em questão, mas em outros, inclusive com interposição de ações. Em São Paulo, o escritório Oliveira Romano Sociedade de Advogados, que pertence a Romano, também foi alvo de busca e apreensão. Em Porto Alegre, houve busca e apreensão no Portanova Advogados Associados, que recebeu R$ 270 mil entre janeiro e maio deste ano da Consist Business. "Eles podem ter recebido por serviços prestados a terceiros. É algo que ainda será alvo de investigação", disse o delegado Márcio Anselmo. Na decisão que autorizou as buscas e apreensões, o juiz federal Sergio Moro pondera que "não está claro se os dirigentes desses escritórios participaram conscientemente da fraude ou de crimes supostamente perpetrados pela Consist e por Alexandre Romano". OUTRO LADO O advogado Guilherme Gonçalves confirma que prestou serviços à Consist. "Eu tenho contrato, impetrei ação em Goiás, fiz parecer jurídico, fiz consultoria", disse à Folha. Segundo ele, o escritório deu assessoria jurídica à empresa, na área de Direito Administrativo, para o contrato das operações de crédito consignado. Gonçalves afirma ter trocado e-mails e participado de reuniões com o diretor jurídico da Consist, Valter Pereira, e disse que recebia valores periodicamente em troca do serviço. Quem o indicou para o trabalho foi Alexandre Romano. No entanto, Gonçalves nega qualquer irregularidade."O que eu recebi está absolutamente nos termos do contrato, por serviços prestados", afirmou. "Cumpri meu papel de advogado." O escritório informa ter fornecido à Polícia Federal os comprovantes de sua atuação, e disse estar em total cooperação com os investigadores. Em nota também destacou que não há ligações entre o antigo sócio de Gonçalves, o advogado Sasha Reck, e a Consist. Reck, cujo escritório também foi alvo da operação, afirmou que compareceu espontaneamente à Polícia Federal para prestar esclarecimentos e forneceu documentos provando que nunca atendeu a Consist nem recebeu honorários da empresa. "O escritório, na sua antiga composição, já mantinha clara divisão entre seus sócios, devido à notória especialização em áreas diferentes do direito, os quais possuíam carteiras próprias de clientes, sem comunicação, inclusive financeira, entre ambos", escreveu o advogado, em petição encaminhada à Justiça no final da manhã. Alvo de um mandado de busca e apreensão em Porto Alegre, o Portanova Advogados Associados, afirma que seu escritório tinha a Consist como cliente, prestando serviços como de consultoria previdenciária e propositura de ação para reaver parte do FGTS depositado pela empresa (tese jurídica que questiona parte do fundo de garantia depositado pelas empresas e que vão para o governo, e não para o trabalhador), entre outras. O advogado Daisson Portanova, do Portanova Advogados Associados, nega que tenha emitido notas frias em favor da empresa. "Temos contrato, notas fiscais e balancete que comprovam o serviço prestado, inclusive e-mails cobrando atrasos no pagamento", disse ele. O PT de Americana informou que Romano deixou os quadros do partido em 2005 e que, no tempo em que ele esteve no partido, "nenhum tipo de denúncia houve". "Portanto, as atividades particulares que estão sob investigação, período entre 2010 e 2015, não guardam qualquer relação com sua militância partidária no PT", informou a sigla. Colaboraram GRACILIANO ROCHA e BELA MEGALE, de São Paulo
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Contratos com escritórios de advocacia são nova frente da Lava Jato, diz PFA nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (13), abre uma frente a ser explorada na investigação: contratos com escritórios de advocacia, que seriam usados para o pagamento de propina, segundo a Polícia Federal. "Podemos estar diante de um novo modelo: depois das consultorias, das empresas de fachada e das agências de publicidade, surgem os escritórios de advocacia", disse o delegado federal Igor Romário de Paula, que coordena as investigações. Quatro escritórios foram alvo de busca e apreensão nesta quinta: dois em Curitiba, um em São Paulo e outro em Porto Alegre. Segundo as investigações, eles receberam parte do dinheiro repassado pelo esquema. Os valores vinham da empresa Consist, que já foi alvo da fase anterior da Lava Jato. Ela fazia a gestão de empréstimos consignados concedidos a servidores federais, que foram acordados com a Associação Brasileira de Bancos pelo Ministério do Planejamento. Segundo as investigações, a Consist repassava 40% de seu faturamento a empresas indicadas pelos operadores Milton Pascowitch e Alexandre Romano –ex-vereador em Americana (SP) pelo PT–, que foi preso temporariamente nesta quinta acusado de ser um operador do esquema. Os dois são ligados ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, também preso na Lava Jato. As notas fiscais dos pagamentos feitos aos escritórios pela Consist eram "ideologicamente falsas", disseram os investigadores. Os contratos falam em "honorários advocatícios", mas os sócios da Consist admitiram, segundo os policiais, que nunca houve prestação de serviços à empresa. Foram R$ 21 milhões movimentados em pagamentos aos escritórios, entre 2010 e 2015. Um dos contratos soma R$ 7,2 milhões. Em pesquisa em fontes abertas, os investigadores não encontraram ações de empresas do Grupo Consist que foram defendidas pelos advogados beneficiados pelos repasses. GLEISI HOFFMANN Em Curitiba, os escritórios investigados prestavam serviços para o PT e candidatos do partido; pertencem aos advogados Guilherme Gonçalves e Sacha Reck, que eram sócios até o ano passado. Gonçalves é advogado do Diretório Estadual do PT no Paraná e atuou nas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2008, 2010 e 2014. Também coordenou a campanha de Ratinho Júnior (PSC-PR) à Prefeitura de Curitiba, em 2012. Seu escritório, segundo as investigações, recebeu R$ 7,2 milhões da Consist entre 2010 e 2015. O escritório de Gonçalves, segundo a Folha apurou, enviou documentos à PF para comprovar que houver prestação de serviços não só em relação ao caso em questão, mas em outros, inclusive com interposição de ações. Em São Paulo, o escritório Oliveira Romano Sociedade de Advogados, que pertence a Romano, também foi alvo de busca e apreensão. Em Porto Alegre, houve busca e apreensão no Portanova Advogados Associados, que recebeu R$ 270 mil entre janeiro e maio deste ano da Consist Business. "Eles podem ter recebido por serviços prestados a terceiros. É algo que ainda será alvo de investigação", disse o delegado Márcio Anselmo. Na decisão que autorizou as buscas e apreensões, o juiz federal Sergio Moro pondera que "não está claro se os dirigentes desses escritórios participaram conscientemente da fraude ou de crimes supostamente perpetrados pela Consist e por Alexandre Romano". OUTRO LADO O advogado Guilherme Gonçalves confirma que prestou serviços à Consist. "Eu tenho contrato, impetrei ação em Goiás, fiz parecer jurídico, fiz consultoria", disse à Folha. Segundo ele, o escritório deu assessoria jurídica à empresa, na área de Direito Administrativo, para o contrato das operações de crédito consignado. Gonçalves afirma ter trocado e-mails e participado de reuniões com o diretor jurídico da Consist, Valter Pereira, e disse que recebia valores periodicamente em troca do serviço. Quem o indicou para o trabalho foi Alexandre Romano. No entanto, Gonçalves nega qualquer irregularidade."O que eu recebi está absolutamente nos termos do contrato, por serviços prestados", afirmou. "Cumpri meu papel de advogado." O escritório informa ter fornecido à Polícia Federal os comprovantes de sua atuação, e disse estar em total cooperação com os investigadores. Em nota também destacou que não há ligações entre o antigo sócio de Gonçalves, o advogado Sasha Reck, e a Consist. Reck, cujo escritório também foi alvo da operação, afirmou que compareceu espontaneamente à Polícia Federal para prestar esclarecimentos e forneceu documentos provando que nunca atendeu a Consist nem recebeu honorários da empresa. "O escritório, na sua antiga composição, já mantinha clara divisão entre seus sócios, devido à notória especialização em áreas diferentes do direito, os quais possuíam carteiras próprias de clientes, sem comunicação, inclusive financeira, entre ambos", escreveu o advogado, em petição encaminhada à Justiça no final da manhã. Alvo de um mandado de busca e apreensão em Porto Alegre, o Portanova Advogados Associados, afirma que seu escritório tinha a Consist como cliente, prestando serviços como de consultoria previdenciária e propositura de ação para reaver parte do FGTS depositado pela empresa (tese jurídica que questiona parte do fundo de garantia depositado pelas empresas e que vão para o governo, e não para o trabalhador), entre outras. O advogado Daisson Portanova, do Portanova Advogados Associados, nega que tenha emitido notas frias em favor da empresa. "Temos contrato, notas fiscais e balancete que comprovam o serviço prestado, inclusive e-mails cobrando atrasos no pagamento", disse ele. O PT de Americana informou que Romano deixou os quadros do partido em 2005 e que, no tempo em que ele esteve no partido, "nenhum tipo de denúncia houve". "Portanto, as atividades particulares que estão sob investigação, período entre 2010 e 2015, não guardam qualquer relação com sua militância partidária no PT", informou a sigla. Colaboraram GRACILIANO ROCHA e BELA MEGALE, de São Paulo
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Brasil dá um basta ao bolivarianismo
O governo brasileiro rompeu nesta terça-feira (5) com a tradicional passividade em relação aos abusos da Venezuela chavista, por meio de nota oficial em que afirma claramente: "Não há lugar, na América do Sul do século 21, para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao Estado de Direito". É uma alusão nada indireta às manobras do governo venezuelano para driblar a supermaioria (112 deputados em 167) que a oposição obteve no pleito de 6 de dezembro para a Assembleia Nacional, instalada ontem. Ainda mais que a nota deixa claro, como a Folha havia antecipado na edição desta terça (5), que "o governo brasileiro confia que será plenamente respeitada a vontade soberana do povo venezuelano, expressada de forma livre e democrática nas urnas. Confia, igualmente, que serão preservadas e respeitadas as atribuições e prerrogativas constitucionais da nova Assembleia Nacional venezuelana e de seus membros, eleitos naquele pleito". É uma nota inusualmente dura, mas que reflete o distanciamento que o governo brasileiro resolveu adotar em relação ao bolivarianismo, depois de inúteis tentativas de ajudá-lo a enfrentar a crise econômica e social que devasta o país (a previsão é de queda de 10% do PIB no ano passado, índice que nem países em guerra conhecem). A nota do Itamaraty é, na prática, uma sequência à carta que a presidente Dilma Rousseff enviou a Nicolás Maduro, antes da eleição, recomendando respeito às regras do jogo, antes, durante e depois do processo eleitoral. O "durante" até que funcionou, reconhece a nota do Itamaraty. O problema veio depois, primeiro com a decisão do governo de recorrer a uma Justiça sabidamente controlada pelo Executivo para tentar cassar três dos 112 deputados oposicionistas, de forma a barrar a supermaioria que daria poderes extraordinários à Assembleia. Depois, na designação de uma assembleia paralela, a Comunal, prevista nos regulamentos bolivarianos, mas em hibernação absoluta até a vitória oposicionista. O rompimento do Brasil com os excessos do chavismo deixa Caracas isolada no Mercosul, já que o novo presidente argentino, Mauricio Macri, também se manifestou contra eles. Na cúpula de dezembro do Mercosul, o Brasil concordou com a criação de um organismo de monitoramento de direito humanos no âmbito do grupo. É fatal que a Venezuela caia nas malhas desse grupo, a julgar pelos seus antecedentes: entre 1995 e 2012, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou a Venezuela 16 vezes por episódios de mortes extra-judiciais (na verdade, execuções pelos corpos policiais), e por violações da liberdade de manifestação, entre outros abusos aos direitos humanos. A Venezuela retirou-se da corte, sob a clássica alegação de que a Organização dos Estados Americanos, à qual está subordinada a instância, é instrumento dos Estados Unidos. O Brasil nunca se manifestou antes nesses episódios. Agora, dá um basta.
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Brasil dá um basta ao bolivarianismoO governo brasileiro rompeu nesta terça-feira (5) com a tradicional passividade em relação aos abusos da Venezuela chavista, por meio de nota oficial em que afirma claramente: "Não há lugar, na América do Sul do século 21, para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao Estado de Direito". É uma alusão nada indireta às manobras do governo venezuelano para driblar a supermaioria (112 deputados em 167) que a oposição obteve no pleito de 6 de dezembro para a Assembleia Nacional, instalada ontem. Ainda mais que a nota deixa claro, como a Folha havia antecipado na edição desta terça (5), que "o governo brasileiro confia que será plenamente respeitada a vontade soberana do povo venezuelano, expressada de forma livre e democrática nas urnas. Confia, igualmente, que serão preservadas e respeitadas as atribuições e prerrogativas constitucionais da nova Assembleia Nacional venezuelana e de seus membros, eleitos naquele pleito". É uma nota inusualmente dura, mas que reflete o distanciamento que o governo brasileiro resolveu adotar em relação ao bolivarianismo, depois de inúteis tentativas de ajudá-lo a enfrentar a crise econômica e social que devasta o país (a previsão é de queda de 10% do PIB no ano passado, índice que nem países em guerra conhecem). A nota do Itamaraty é, na prática, uma sequência à carta que a presidente Dilma Rousseff enviou a Nicolás Maduro, antes da eleição, recomendando respeito às regras do jogo, antes, durante e depois do processo eleitoral. O "durante" até que funcionou, reconhece a nota do Itamaraty. O problema veio depois, primeiro com a decisão do governo de recorrer a uma Justiça sabidamente controlada pelo Executivo para tentar cassar três dos 112 deputados oposicionistas, de forma a barrar a supermaioria que daria poderes extraordinários à Assembleia. Depois, na designação de uma assembleia paralela, a Comunal, prevista nos regulamentos bolivarianos, mas em hibernação absoluta até a vitória oposicionista. O rompimento do Brasil com os excessos do chavismo deixa Caracas isolada no Mercosul, já que o novo presidente argentino, Mauricio Macri, também se manifestou contra eles. Na cúpula de dezembro do Mercosul, o Brasil concordou com a criação de um organismo de monitoramento de direito humanos no âmbito do grupo. É fatal que a Venezuela caia nas malhas desse grupo, a julgar pelos seus antecedentes: entre 1995 e 2012, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou a Venezuela 16 vezes por episódios de mortes extra-judiciais (na verdade, execuções pelos corpos policiais), e por violações da liberdade de manifestação, entre outros abusos aos direitos humanos. A Venezuela retirou-se da corte, sob a clássica alegação de que a Organização dos Estados Americanos, à qual está subordinada a instância, é instrumento dos Estados Unidos. O Brasil nunca se manifestou antes nesses episódios. Agora, dá um basta.
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Dilma embarca para os EUA e reforçará fala contra impeachment
Em estratégia para obter apoio internacional contra o impeachment, a presidente Dilma Rousseff embarcou na manhã desta quinta-feira (21) para os Estados Unidos para participar da assinatura do Acordo de Paris, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas). Em Nova York, a petista pretende reforçar a tese de que o pedido de afastamento dela do cargo é um "golpe de Estado". Segundo assessores, ela não deixará de "denunciar" que a abertura do processo de impeachment foi aprovado sem haver um crime de responsabilidade caracterizado. Ela pode inclusive incluir referências sobre o caso no discurso que fará na cerimônia de assinatura do Pacto de Paris, mas o assunto não será o tema central da fala da petista. Um assessor presidencial disse à Folha que ela não fará um "discurso panfletário" na ONU, focando sua fala no tema da mudança climática, mas deve fazer citações "elegantes" e "sutis" a respeito do processo de impedimento que tramita contra ela no Congresso Nacional. Segundo o auxiliar, ela "vai se posicionar" sobre a guerra do impeachment em falas à imprensa nacional e internacional, mas quer aproveitar o evento também para capitalizar o fato de o Brasil ter tido papel importante nas negociações sobre o acordo de Paris. O discurso da presidente na ONU foi preparado pela assessoria internacional do Palácio do Planalto sem referências ao impeachment. Nele, Dilma vai dizer que o acordo de Paris "é só o começo" e "há uma longa caminhada pela frente" para implantá-lo. A decisão de falar sobre o impeachment e em que tom será da própria Dilma, que terá cerca de cinco minutos para discursar na reunião. Na equipe da petista, há um grupo que defende que ela inclua no discurso a palavra "golpe", em uma tentativa de dar mais visibilidade para o tema. Há um outro grupo, porém, que avalia que, por se tratar de um evento internacional sobre mudanças climáticas, não caberia falar diretamente sobre o impeachment, mas fazer apenas referências e menções ao que estão acontecendo no Brasil. CRÍTICAS Ministro mais antigo do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello rebateu nesta quarta (20) o discurso da presidente de que seu processo de impeachment em discussão no Congresso representa um golpe. Segundo o ministro, a afirmação de Dilma representa um "grande equívoco" e trata-se de uma perspectiva eminentemente pessoal e faz parte de sua linha de defesa. Celso de Mello disse ainda que é "no mínimo estranho" a possibilidade da petista usar o discurso na ONU para repetir as críticas que tem feito ao processo. Em entrevista a blogs de esquerda, na quarta, a petista afirmou que lutará "em todas as trincheiras" possíveis para impedir o impeachment de seu mandato no Senado. "Lutarei em todas as trincheiras que eu puder para derrotar esse golpe, onde for necessário eu vou", disse. Com Dilma nos Estados Unidos, o vice-presidente Michel Temer assumirá a Presidência da República até que a petista volte, na manhã de sábado (23). Ele decidiu viajar à Brasília nesta quinta. O vice estava em São Paulo, onde se reuniu nos últimos dias com aliados e possíveis nomes de seu governo. A ida a Brasília foi, segundo a assessoria de Temer, uma recomendação da segurança da Presidência. Mais cedo, houve um protesto de estudantes do Levante Popular da Juventude, que picharam a rua em frente à casa dele com as palavras "QG do golpe".
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Dilma embarca para os EUA e reforçará fala contra impeachmentEm estratégia para obter apoio internacional contra o impeachment, a presidente Dilma Rousseff embarcou na manhã desta quinta-feira (21) para os Estados Unidos para participar da assinatura do Acordo de Paris, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas). Em Nova York, a petista pretende reforçar a tese de que o pedido de afastamento dela do cargo é um "golpe de Estado". Segundo assessores, ela não deixará de "denunciar" que a abertura do processo de impeachment foi aprovado sem haver um crime de responsabilidade caracterizado. Ela pode inclusive incluir referências sobre o caso no discurso que fará na cerimônia de assinatura do Pacto de Paris, mas o assunto não será o tema central da fala da petista. Um assessor presidencial disse à Folha que ela não fará um "discurso panfletário" na ONU, focando sua fala no tema da mudança climática, mas deve fazer citações "elegantes" e "sutis" a respeito do processo de impedimento que tramita contra ela no Congresso Nacional. Segundo o auxiliar, ela "vai se posicionar" sobre a guerra do impeachment em falas à imprensa nacional e internacional, mas quer aproveitar o evento também para capitalizar o fato de o Brasil ter tido papel importante nas negociações sobre o acordo de Paris. O discurso da presidente na ONU foi preparado pela assessoria internacional do Palácio do Planalto sem referências ao impeachment. Nele, Dilma vai dizer que o acordo de Paris "é só o começo" e "há uma longa caminhada pela frente" para implantá-lo. A decisão de falar sobre o impeachment e em que tom será da própria Dilma, que terá cerca de cinco minutos para discursar na reunião. Na equipe da petista, há um grupo que defende que ela inclua no discurso a palavra "golpe", em uma tentativa de dar mais visibilidade para o tema. Há um outro grupo, porém, que avalia que, por se tratar de um evento internacional sobre mudanças climáticas, não caberia falar diretamente sobre o impeachment, mas fazer apenas referências e menções ao que estão acontecendo no Brasil. CRÍTICAS Ministro mais antigo do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello rebateu nesta quarta (20) o discurso da presidente de que seu processo de impeachment em discussão no Congresso representa um golpe. Segundo o ministro, a afirmação de Dilma representa um "grande equívoco" e trata-se de uma perspectiva eminentemente pessoal e faz parte de sua linha de defesa. Celso de Mello disse ainda que é "no mínimo estranho" a possibilidade da petista usar o discurso na ONU para repetir as críticas que tem feito ao processo. Em entrevista a blogs de esquerda, na quarta, a petista afirmou que lutará "em todas as trincheiras" possíveis para impedir o impeachment de seu mandato no Senado. "Lutarei em todas as trincheiras que eu puder para derrotar esse golpe, onde for necessário eu vou", disse. Com Dilma nos Estados Unidos, o vice-presidente Michel Temer assumirá a Presidência da República até que a petista volte, na manhã de sábado (23). Ele decidiu viajar à Brasília nesta quinta. O vice estava em São Paulo, onde se reuniu nos últimos dias com aliados e possíveis nomes de seu governo. A ida a Brasília foi, segundo a assessoria de Temer, uma recomendação da segurança da Presidência. Mais cedo, houve um protesto de estudantes do Levante Popular da Juventude, que picharam a rua em frente à casa dele com as palavras "QG do golpe".
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China aumenta compras, e soja tem forte alta em Chicago
Boas notícias para o produtor brasileiro. A soja voltou a subir forte na Bolsa de Chicago. Essa alta vem ocorrendo desde fevereiro, mas nesta quarta-feira (13) a evolução foi de 2,1% no primeiro contrato, uma das maiores do ano. Essa aceleração nos preços se deve a "uma lua de mel do mercado financeiro com as commodities", segundo Fernando Muraro, da Agência Rural de Curitiba. Mas o casamento pode não durar muito, segundo ele. Sem o atrativo de outros investimentos, os investidores voltaram para as commodities agrícolas, impulsionando os preços. O primeiro contrato da soja terminou o dia em US$ 9,56 por bushel (27,2 quilos) na Bolsa de Chicago, principal formadora de preço da commodity. A intensa elevação dos preços desta quarta em Chicago tem, porém, outros fundamentos. A China divulgou os dados preliminares de importação de soja de março. As compras somaram o volume recorde de 6,1 milhões para o mês, superando em 36% as importações de igual período do ano anterior. No primeiro trimestre, as importações, também recordes, atingiram 16,3 milhões, 4% mais do que as de janeiro a março de 2015. Os chineses ainda não divulgaram a origem da soja que compararam, mas esse aumento tem a ver com a retomada das exportações brasileiras, que somaram 8,4 milhões de toneladas no mês passado. Desse volume, 6,6 milhões de toneladas tiveram como destino a China, segundo a Secex. Nem todo esse produto, no entanto, já foi desembarcado nos portos chineses devido à demora no transporte. Mas o Brasil está de volta ao mercado da China com maior intensidade, segundo Daniele Siqueira, da AgRural. Nos meses de janeiro e fevereiro, quando as máquinas ainda não estavam no campo para a colheita da soja brasileira, os chineses fizeram as compras nos Estados Unidos. Outro fator de pressão nos preços foi a nova estimativa de importação de soja pela China neste ano. O Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) prevê, agora, que os chineses vão comprar 83 milhões de toneladas de soja na safra 2015/16, 1 milhão a mais do que se previa antes. Os norte-americanos elevaram a participação brasileira nesse volume para 59,5 milhões de toneladas. Um outro componente para a sustentação dos preços é a redução dos estoques de soja dos norte-americanos para 12,1 milhões de toneladas nesta safra.
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China aumenta compras, e soja tem forte alta em ChicagoBoas notícias para o produtor brasileiro. A soja voltou a subir forte na Bolsa de Chicago. Essa alta vem ocorrendo desde fevereiro, mas nesta quarta-feira (13) a evolução foi de 2,1% no primeiro contrato, uma das maiores do ano. Essa aceleração nos preços se deve a "uma lua de mel do mercado financeiro com as commodities", segundo Fernando Muraro, da Agência Rural de Curitiba. Mas o casamento pode não durar muito, segundo ele. Sem o atrativo de outros investimentos, os investidores voltaram para as commodities agrícolas, impulsionando os preços. O primeiro contrato da soja terminou o dia em US$ 9,56 por bushel (27,2 quilos) na Bolsa de Chicago, principal formadora de preço da commodity. A intensa elevação dos preços desta quarta em Chicago tem, porém, outros fundamentos. A China divulgou os dados preliminares de importação de soja de março. As compras somaram o volume recorde de 6,1 milhões para o mês, superando em 36% as importações de igual período do ano anterior. No primeiro trimestre, as importações, também recordes, atingiram 16,3 milhões, 4% mais do que as de janeiro a março de 2015. Os chineses ainda não divulgaram a origem da soja que compararam, mas esse aumento tem a ver com a retomada das exportações brasileiras, que somaram 8,4 milhões de toneladas no mês passado. Desse volume, 6,6 milhões de toneladas tiveram como destino a China, segundo a Secex. Nem todo esse produto, no entanto, já foi desembarcado nos portos chineses devido à demora no transporte. Mas o Brasil está de volta ao mercado da China com maior intensidade, segundo Daniele Siqueira, da AgRural. Nos meses de janeiro e fevereiro, quando as máquinas ainda não estavam no campo para a colheita da soja brasileira, os chineses fizeram as compras nos Estados Unidos. Outro fator de pressão nos preços foi a nova estimativa de importação de soja pela China neste ano. O Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) prevê, agora, que os chineses vão comprar 83 milhões de toneladas de soja na safra 2015/16, 1 milhão a mais do que se previa antes. Os norte-americanos elevaram a participação brasileira nesse volume para 59,5 milhões de toneladas. Um outro componente para a sustentação dos preços é a redução dos estoques de soja dos norte-americanos para 12,1 milhões de toneladas nesta safra.
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Derrotado, Sanders planeja demitir metade de sua equipe, diz 'NYT'
Em meio à aclamação de Hillary Clinton como virtual candidata democrata à Presidência dos EUA, seu rival, o senador Bernie Sanders, planeja demitir ao menos metade de sua equipe de campanha nesta quarta (8), segundo o jornal "The New York Times". De acordo com um membro da equipe e um ex-membro ouvidos pelo jornal sob condição de anonimato nesta terça (7), a maioria dos dispensados são membros que atuam na logística da campanha, assim como participantes que trabalham para angariar votos para o senador de Vermont. Alguns trabalhadores podem ser deslocados para vagas no escritório de Sanders no Senado, mas outros serão demitidos. Hillary venceu as prévias em 4 dos 6 Estados que realizaram votações nesta terça, incluindo a Califórnia, Estado com o maior número de delegados democratas em disputa. Após a vitória de Hillary, o presidente dos EUA, Barack Obama, a parabenizou por telefone, de acordo com a Casa Branca. Obama também ligou para Sanders, e os dois se encontrarão em Washington nesta quinta (9), quando está previsto um comício do senador —ele não havia anunciado intenção de desistir da disputa antes da última prévia, no Distrito de Colúmbia (onde fica Washington), na próxima terça (14). Ela já havia selado a candidatura democrata na noite de segunda (6), quando uma sondagem da Associated Press apontou que ela tinha atingido o número necessário para representar o partido nas eleições de novembro, incluindo os chamados "superdelegados", dirigentes do partido que não precisam seguir o resultado das urnas. A campanha de Sanders, que vinha com bom financiamento, sofreu um declínio significativo de doações depois que o senador perdeu primárias importantes em Estados do nordeste dos EUA, em abril.
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Derrotado, Sanders planeja demitir metade de sua equipe, diz 'NYT'Em meio à aclamação de Hillary Clinton como virtual candidata democrata à Presidência dos EUA, seu rival, o senador Bernie Sanders, planeja demitir ao menos metade de sua equipe de campanha nesta quarta (8), segundo o jornal "The New York Times". De acordo com um membro da equipe e um ex-membro ouvidos pelo jornal sob condição de anonimato nesta terça (7), a maioria dos dispensados são membros que atuam na logística da campanha, assim como participantes que trabalham para angariar votos para o senador de Vermont. Alguns trabalhadores podem ser deslocados para vagas no escritório de Sanders no Senado, mas outros serão demitidos. Hillary venceu as prévias em 4 dos 6 Estados que realizaram votações nesta terça, incluindo a Califórnia, Estado com o maior número de delegados democratas em disputa. Após a vitória de Hillary, o presidente dos EUA, Barack Obama, a parabenizou por telefone, de acordo com a Casa Branca. Obama também ligou para Sanders, e os dois se encontrarão em Washington nesta quinta (9), quando está previsto um comício do senador —ele não havia anunciado intenção de desistir da disputa antes da última prévia, no Distrito de Colúmbia (onde fica Washington), na próxima terça (14). Ela já havia selado a candidatura democrata na noite de segunda (6), quando uma sondagem da Associated Press apontou que ela tinha atingido o número necessário para representar o partido nas eleições de novembro, incluindo os chamados "superdelegados", dirigentes do partido que não precisam seguir o resultado das urnas. A campanha de Sanders, que vinha com bom financiamento, sofreu um declínio significativo de doações depois que o senador perdeu primárias importantes em Estados do nordeste dos EUA, em abril.
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A sangria continua
Voltam-se contra o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), as mais novas suspeitas originadas da Operação Lava Jato. Como noticiou a Folha no domingo (7), executivos da Odebrecht afirmam em pré-delação que a empreiteira teria destinado R$ 23 milhões ao caixa dois da campanha do tucano à Presidência em 2010. Corrigida pela inflação, a cifra hoje equivale a R$ 34,5 milhões. Os recursos se somariam às doações legais feitas pela empreiteira —correspondentes a 10%, apenas, do canalizado de modo não oficial. Trata-se, como vale sempre ressalvar em notícias desse tipo, de informação ainda a ser formalizada judicialmente. As declarações dos executivos foram feitas a investigadores da Lava Jato em processo de negociação com vistas a acordo de delação premiada. A homologação do acordo pressupõe que as autoridades contarão, a partir dele, com indícios suficientemente definidos para prosseguir com as investigações. Será necessário apurar se há provas capazes de conduzir o caso para denúncias mais graves de corrupção, ou se o episódio irá limitar-se a uma denúncia de crime eleitoral. Cumpre, evidentemente, dar celeridade ao processo, que se soma a uma extensa pauta de suspeitas, denúncias e declarações com potencial para atingir políticos de quase todos os partidos. A revista "Veja", por exemplo, noticiou que, ainda segundo diretores da Odebrecht, o então vice-presidente Michel Temer teria solicitado R$ 10 milhões ao presidente da empreiteira. O montante teria sido destinado a campanhas eleitorais e repassado ao atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), e ao presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), que disputava o governo estadual de São Paulo em 2014. Ainda se está distante, porém, da nitidez do caso das gravações que culminou no afastamento de outro ministro do governo interino de Michel Temer (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupava a pasta do Planejamento. Em conversa com o empresário Sérgio Machado, antes de iniciar-se o impeachment, Jucá manifestava sua preocupação com o andamento da Lava Jato, cogitando de que modo a "sangria" poderia ser estancada. A delação de Machado já foi homologada, mas ainda está por produzir todas as consequências judiciais possíveis. Tais notícias incidem sobre o núcleo do arranjo de poder instituído após o afastamento de Dilma Rousseff (PT). É cedo para prever o desdobramento das denúncias, mas seria grande surpresa se a crise política aberta pela Lava Jato se esgotasse nas engrenagens do poder petista no governo federal. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
A sangria continuaVoltam-se contra o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), as mais novas suspeitas originadas da Operação Lava Jato. Como noticiou a Folha no domingo (7), executivos da Odebrecht afirmam em pré-delação que a empreiteira teria destinado R$ 23 milhões ao caixa dois da campanha do tucano à Presidência em 2010. Corrigida pela inflação, a cifra hoje equivale a R$ 34,5 milhões. Os recursos se somariam às doações legais feitas pela empreiteira —correspondentes a 10%, apenas, do canalizado de modo não oficial. Trata-se, como vale sempre ressalvar em notícias desse tipo, de informação ainda a ser formalizada judicialmente. As declarações dos executivos foram feitas a investigadores da Lava Jato em processo de negociação com vistas a acordo de delação premiada. A homologação do acordo pressupõe que as autoridades contarão, a partir dele, com indícios suficientemente definidos para prosseguir com as investigações. Será necessário apurar se há provas capazes de conduzir o caso para denúncias mais graves de corrupção, ou se o episódio irá limitar-se a uma denúncia de crime eleitoral. Cumpre, evidentemente, dar celeridade ao processo, que se soma a uma extensa pauta de suspeitas, denúncias e declarações com potencial para atingir políticos de quase todos os partidos. A revista "Veja", por exemplo, noticiou que, ainda segundo diretores da Odebrecht, o então vice-presidente Michel Temer teria solicitado R$ 10 milhões ao presidente da empreiteira. O montante teria sido destinado a campanhas eleitorais e repassado ao atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), e ao presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), que disputava o governo estadual de São Paulo em 2014. Ainda se está distante, porém, da nitidez do caso das gravações que culminou no afastamento de outro ministro do governo interino de Michel Temer (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupava a pasta do Planejamento. Em conversa com o empresário Sérgio Machado, antes de iniciar-se o impeachment, Jucá manifestava sua preocupação com o andamento da Lava Jato, cogitando de que modo a "sangria" poderia ser estancada. A delação de Machado já foi homologada, mas ainda está por produzir todas as consequências judiciais possíveis. Tais notícias incidem sobre o núcleo do arranjo de poder instituído após o afastamento de Dilma Rousseff (PT). É cedo para prever o desdobramento das denúncias, mas seria grande surpresa se a crise política aberta pela Lava Jato se esgotasse nas engrenagens do poder petista no governo federal. editoriais@grupofolha.com.br
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Como o Facebook pretende lidar com notícias falsas
O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou planos para combater a circulação de notícias falsas na rede social. O Facebook foi alvo de polêmica após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, quando usuários, pesquisadores e colunistas de jornais americanos afirmaram que notícias falsas sobre os candidatos podem ter influenciado a escolha dos eleitores. Os críticos afirmam ainda que a empresa não toma providências suficientes para impedir que grupos políticos espalhem boatos na rede. Na noite do último sábado, Zuckerberg disse, novamente em uma publicação em seu perfil na rede social, que a empresa "trabalha com esse problema há muito tempo e leva essa responsabilidade a sério". Mas ele afirmou também que o tema é "complexo, tecnicamente e filosoficamente", já que o Facebook não quer desestimular o compartilhamento de opiniões ou tornar-se "árbitro da verdade". PROPOSTAS O CEO disse ainda que a empresa desenvolve sete propostas para combater a desinformação de maneira mais eficiente: "Algumas dessas ideias irão funcionar e outras não, mas quero que vocês saibam que sempre levamos isso a sério, entendemos a importância deste assunto para nossa comunidade e estamos determinados a resolver isso", afirmou o empresário. A controvérsia mostra que, com mais poder, empresas como o Facebook terão suas práticas cada vez mais questionadas, diz o analista de tecnologia da BBC Dave Lee. E precisam saber responder a estes questionamentos. "Há um abismo de prestação de contas entre o que as empresas de tecnologia fazem e o que permitem que o público fique sabendo. Não dá mais para Zuckerberg negar um problema e esperar que as pessoas simplesmente acreditem na palavra dele", afirma. "As ambições globais de Zuckerberg dependerão da sua habilidade de ser um político astuto. A polêmica das notícias falsas foi um teste importante e ele não se saiu bem - arrastando o assunto por mais de uma semana." Zuckerberg chegou a responder às acusações dizendo que a ideia de que notícias falsas na rede social teriam influenciado as eleições era "bem maluca" em uma conferência de tecnologia na Califórnia. E afirmou, em seu perfil, que 99% do conteúdo noticioso que circula no site é "autêntico". Na mensagem deste sábado, ele voltou a afirmar que "o percentual de desinformação é relativamente pequeno". Mas após suas declarações iniciais, o site Buzzfeed noticiou que funcionários do Facebook, insatisfeitos com a resposta do fundador da empresa, criaram uma força-tarefa informal para abordar o problema. O site também publicou um levantamento mostrando que notícias falsas tiveram maior engajamento (participação) no site do que as verdadeiras nos três meses anteriores à eleição. O número de sites de notícias falsas têm aumentado por causa dos lucros que podem ser obtidos com a venda de anúncios publicitários nestas páginas. Alguns passam do conteúdo humorístico e satírico para invenções mais elaboradas porque acreditam que este conteúdo tende a ser mais compartilhado nas redes sociais - o que, por sua vez, gera mais acesso ao site. Uma das reportagens mais compartilhadas no Facebook durante o período eleitoral americano, por exemplo, dizia que o papa Francisco declarou publicamente seu apoio a Donald Trump, algo que não ocorreu. Na última segunda-feira (14), o Google anunciou que faria mais para impedir que sites de notícias falsas ganhem dinheiro através de anúncios em seu buscador. Em seguida, o Facebook fez uma restrição semelhante ao uso de seu sistema de anúncios.
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Como o Facebook pretende lidar com notícias falsasO fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou planos para combater a circulação de notícias falsas na rede social. O Facebook foi alvo de polêmica após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, quando usuários, pesquisadores e colunistas de jornais americanos afirmaram que notícias falsas sobre os candidatos podem ter influenciado a escolha dos eleitores. Os críticos afirmam ainda que a empresa não toma providências suficientes para impedir que grupos políticos espalhem boatos na rede. Na noite do último sábado, Zuckerberg disse, novamente em uma publicação em seu perfil na rede social, que a empresa "trabalha com esse problema há muito tempo e leva essa responsabilidade a sério". Mas ele afirmou também que o tema é "complexo, tecnicamente e filosoficamente", já que o Facebook não quer desestimular o compartilhamento de opiniões ou tornar-se "árbitro da verdade". PROPOSTAS O CEO disse ainda que a empresa desenvolve sete propostas para combater a desinformação de maneira mais eficiente: "Algumas dessas ideias irão funcionar e outras não, mas quero que vocês saibam que sempre levamos isso a sério, entendemos a importância deste assunto para nossa comunidade e estamos determinados a resolver isso", afirmou o empresário. A controvérsia mostra que, com mais poder, empresas como o Facebook terão suas práticas cada vez mais questionadas, diz o analista de tecnologia da BBC Dave Lee. E precisam saber responder a estes questionamentos. "Há um abismo de prestação de contas entre o que as empresas de tecnologia fazem e o que permitem que o público fique sabendo. Não dá mais para Zuckerberg negar um problema e esperar que as pessoas simplesmente acreditem na palavra dele", afirma. "As ambições globais de Zuckerberg dependerão da sua habilidade de ser um político astuto. A polêmica das notícias falsas foi um teste importante e ele não se saiu bem - arrastando o assunto por mais de uma semana." Zuckerberg chegou a responder às acusações dizendo que a ideia de que notícias falsas na rede social teriam influenciado as eleições era "bem maluca" em uma conferência de tecnologia na Califórnia. E afirmou, em seu perfil, que 99% do conteúdo noticioso que circula no site é "autêntico". Na mensagem deste sábado, ele voltou a afirmar que "o percentual de desinformação é relativamente pequeno". Mas após suas declarações iniciais, o site Buzzfeed noticiou que funcionários do Facebook, insatisfeitos com a resposta do fundador da empresa, criaram uma força-tarefa informal para abordar o problema. O site também publicou um levantamento mostrando que notícias falsas tiveram maior engajamento (participação) no site do que as verdadeiras nos três meses anteriores à eleição. O número de sites de notícias falsas têm aumentado por causa dos lucros que podem ser obtidos com a venda de anúncios publicitários nestas páginas. Alguns passam do conteúdo humorístico e satírico para invenções mais elaboradas porque acreditam que este conteúdo tende a ser mais compartilhado nas redes sociais - o que, por sua vez, gera mais acesso ao site. Uma das reportagens mais compartilhadas no Facebook durante o período eleitoral americano, por exemplo, dizia que o papa Francisco declarou publicamente seu apoio a Donald Trump, algo que não ocorreu. Na última segunda-feira (14), o Google anunciou que faria mais para impedir que sites de notícias falsas ganhem dinheiro através de anúncios em seu buscador. Em seguida, o Facebook fez uma restrição semelhante ao uso de seu sistema de anúncios.
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Institutos de pesquisa são contestados às vésperas de primárias na Argentina
Uma chuva de pesquisas eleitorais chega a público na Argentina, faltando menos de uma semana para as primárias em que serão definidos os candidatos que vão concorrer à Presidência do país. Mas, neste momento, os institutos de pesquisa também estão sendo postos à prova no país. Na última quinta (30), a Justiça eleitoral alertou os institutos para a obrigação de informar os dados técnicos dos levantamentos, assim como seus contratantes. A norma é semelhante à exigida no Brasil, mas, segundo a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, não estava sendo cumprida. Apenas 8 dos 35 institutos registrados informaram à autoridade os levantamentos que fizeram nas eleições deste ano. Políticos que se sentiram prejudicados por pesquisas de intenção de voto recentes colocaram em xeque a honestidade de algumas sondagens eleitorais. A crítica apareceu após a eleição na cidade de Buenos Aires, há duas semanas. As pesquisas apontavam que o PRO de Mauricio Macri, atual chefe de governo da capital, venceria com folga a eleição, com uma vantagem de mais dez pontos percentuais. O resultado, porém, mostrou que a disputa foi acirrada, com o segundo colocado, Martin Lousteau, apenas três pontos atrás do vencedor. A deputada Elisa Carrió, apoiadora de Lousteau, chegou a afirmar que os pesquisadores deveriam ir presos. E o deputado Roy Cortina, que chefiou sua campanha, propôs um projeto de lei para proibir a divulgação de pesquisas nos 15 dias antes da eleição, com o objetivo de evitar a manipulação do eleitorado. "As pesquisas podem influir, mas não manipular a opinião das pessoas", afirma o sociólogo Jorge Giacobbe Filho, diretor do instituto Giacobbe y Asociados, que faz pesquisas eleitorais. "O problema não é perguntar, é mentir." Segundo ele, a questão a ser coibida é o "nível de corrupção de alguns pesquisadores", que apresentam trabalhos ao gosto do freguês. "Quando o kirchnerismo chegou ao poder, alguns institutos simpáticos ao governo chegaram a verificar uma popularidade de 92% do ex-presidente Néstor Kirchner. Nós medimos a popularidade do papa Francisco e ele tem 88%. Seria Kirchner mais popular que Francisco?", questiona. "Isso prejudica os institutos de pesquisa sérios, que são colocados no mesmo saco quando essa discussão começa", diz. Neste domingo (2), pesquisa de um outro instituto, a Poliarquía, divulgada no jornal "La Nación", indica que o candidato do governo de Cristina Kirchner leva vantagem entre o eleitorado. Daniel Scioli teria entre 38% e 41% das intenções de voto, seguido por Macri, com 26% a 29%, e Sergio Massa, com 14% a 17%. A pesquisa foi feita entre o dia 22 e a última quinta (30).
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Institutos de pesquisa são contestados às vésperas de primárias na ArgentinaUma chuva de pesquisas eleitorais chega a público na Argentina, faltando menos de uma semana para as primárias em que serão definidos os candidatos que vão concorrer à Presidência do país. Mas, neste momento, os institutos de pesquisa também estão sendo postos à prova no país. Na última quinta (30), a Justiça eleitoral alertou os institutos para a obrigação de informar os dados técnicos dos levantamentos, assim como seus contratantes. A norma é semelhante à exigida no Brasil, mas, segundo a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, não estava sendo cumprida. Apenas 8 dos 35 institutos registrados informaram à autoridade os levantamentos que fizeram nas eleições deste ano. Políticos que se sentiram prejudicados por pesquisas de intenção de voto recentes colocaram em xeque a honestidade de algumas sondagens eleitorais. A crítica apareceu após a eleição na cidade de Buenos Aires, há duas semanas. As pesquisas apontavam que o PRO de Mauricio Macri, atual chefe de governo da capital, venceria com folga a eleição, com uma vantagem de mais dez pontos percentuais. O resultado, porém, mostrou que a disputa foi acirrada, com o segundo colocado, Martin Lousteau, apenas três pontos atrás do vencedor. A deputada Elisa Carrió, apoiadora de Lousteau, chegou a afirmar que os pesquisadores deveriam ir presos. E o deputado Roy Cortina, que chefiou sua campanha, propôs um projeto de lei para proibir a divulgação de pesquisas nos 15 dias antes da eleição, com o objetivo de evitar a manipulação do eleitorado. "As pesquisas podem influir, mas não manipular a opinião das pessoas", afirma o sociólogo Jorge Giacobbe Filho, diretor do instituto Giacobbe y Asociados, que faz pesquisas eleitorais. "O problema não é perguntar, é mentir." Segundo ele, a questão a ser coibida é o "nível de corrupção de alguns pesquisadores", que apresentam trabalhos ao gosto do freguês. "Quando o kirchnerismo chegou ao poder, alguns institutos simpáticos ao governo chegaram a verificar uma popularidade de 92% do ex-presidente Néstor Kirchner. Nós medimos a popularidade do papa Francisco e ele tem 88%. Seria Kirchner mais popular que Francisco?", questiona. "Isso prejudica os institutos de pesquisa sérios, que são colocados no mesmo saco quando essa discussão começa", diz. Neste domingo (2), pesquisa de um outro instituto, a Poliarquía, divulgada no jornal "La Nación", indica que o candidato do governo de Cristina Kirchner leva vantagem entre o eleitorado. Daniel Scioli teria entre 38% e 41% das intenções de voto, seguido por Macri, com 26% a 29%, e Sergio Massa, com 14% a 17%. A pesquisa foi feita entre o dia 22 e a última quinta (30).
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