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Quer fuja esquiva, ou se offereça erguida, Como quem sabe amar e amar confessa, Quer nas nuvens se esconda ou appareça, Será sempre ella a esposa promettida!
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Não passas d'uma van banalidade!
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--
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Com seu olhar de amor quem se vestio?
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E nem em sonhos possa ver-te o rosto!
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Já provámos os fructos da verdade.
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V Mas a Idea quem é?
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não ha na vida Sombra a cobrir melhor nossa cabeça, Nem balsamo mais doce, que adormeça Em nós a antiga, a secular ferida!
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e além, defronte, E em toda a parte ha luz, vida e carinho
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Pois que o céo se fechou e já não desce Na escada de Jacob na de Jesus! Um só anjo, que acceite a nossa prece; É que o lyrio da Fé já não renasce:
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Muito antes de nascerem vossos paes D'um barro vil, ridiculas crianças, Sabia em tudo isso. e muito mais!--
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Paz aos homens e guerra aos deuses!
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A palavra sagrada do Destino Na bocca dos oraculos seccou-se: A luz da sarça ardente dissipou-se Ante os olhos do vago peregrino!
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nua e velha.
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Avante! os mortos ficarão sepultos. Mas os vivos que sigam, sacudindo Como o pó da estrada os velhos cultos!
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É que te havemos abraçar, Verdade!
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VIII Lá! Mas aonde é lá?
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Podes fugir. nossa alma, delirante, Seguir-te-ha a travez do infinito, Até voltar comtigo, triumphante!
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DIALOGO A
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Não, não se fecha o mundo!
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Ergue-te, então, na magestade estoica D'uma vontade solitaria e altiva, N'um esforço supremo de alma heroica!
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Que só de longe e em sonhos te presinta.
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Lá, no seio da eterna claridade, Aonde Deus á humana voz responde;
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Em vão o buscas n'essa immensa esphera!
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Ó Deus grande, ó Deus forte, ó Deus terrivel.
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O mundo é grande--e esta ancia me aconselha A buscar-te na terra: e eu, pobre crente, Pelo mundo procuro um Deus clemente, Mas a ara só lhe encontro.
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é largo, immenso esse horizonte.
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Se nos negam aqui o pão e o vinho, Avante!
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Mas já desmaio, exhausto e vacillante. Quebrada a espada já, roda a armadura. E eis que subito o avisto, fulgurante Na sua pompa e aerea formosura!
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O Paraiso e o templo da Verdade, Oh mundos, astros, sóes, constellações! Nenhum de vós o tem na immensidade.
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--poz-te Em vão sobre um altar o vulgo ocioso.
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D'esse sangue maldito e ignominioso Surgio armada uma invencivel hoste.
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quem foi que a vio, Jámais, a essa encoberta peregrina?
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e que luz baça A d'esta aurora, igual á do sol posto, Quando só nuvem livida esvoaça!
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Faze um templo dos muros da cadeia, Prendendo a immensidade eterna e viva No circulo de luz da tua Idea!
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Nossos desejos para ti, oh fria, Se erguem, bem como os braços do proscrito Para as bandas da patria, noite e dia.
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Pois que o Sinai se ennubla e os seus pacigos, Seccos á mingua de agua, se consomem, E os prophetas d'outrora todos dormem Esquecidos, em terra sem abrigos;
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Lá, por onde se perde a phantasia No sonho da belleza: lá, aonde A noite tem mais luz que o nosso dia;
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II Pallido Christo, oh conductor divino! A custo agora a tua mão tão doce Incerta nos conduz, como se fosse Teu grande coração perdendo o tino.
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Doce e brando era o seio de Jesus. Que importa? havemos de passar, seguindo, Se além do seio d'elle houver mais luz!
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aonde os céos, os céos ingentes, Serão leito de amor, tendo pendentes Os astros por docel e cortinado!
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Com grandes golpes bato á porta e brado: Eu sou o Vagabundo, o Desherdado. Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais! Abrem-se as portas d'ouro, com fragor.
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Lançar o arco de outra nova ponte Por onde a alma passe--e um alto monte Aonde se abre á luz o nosso ninho.
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Quem lhe beijou a sua mão divina?
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Emquanto tu dormias impassivel, Topámos no caminho a liberdade Que nos sorrio com gesto indefinivel.
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VI Outra amante não ha!
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Nem padeceste em vão, quem quer que foste, Plebeu antigo, que amarrado ao poste Morreste como vil e faccioso.
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Do pobre que protesta foste a imagem: Um povo em ti começa, um homem novo: De ti data essa tragica linhagem.
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Que nem a noite uma illusão consinta!
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o noivado barbaro! o noivado Sublime!
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O espaço é mudo: a immensidade austera De balde noite e dia incendeia. Em nenhum astro, em nenhum sol se alteia A rosa ideal da eterna primavera!
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Por isso nós, a Plebe, ao pensar n'isto, Lembraremos, herdeiros d'esse povo, Que entre nossos avós se conta Christo.
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Sorrio com rir extranho, ouvindo o vario Tumultuoso côro e alarido Do povo insipiente, que, atrevido, Erguia a voz em grita ao seu sacrario:
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Leva-te o ar da noite socegada. Pergunto em vão, com olhos anciosos, Que nome é que te dão os venturosos No teu paiz, mysteriosa fada!
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Não é mortal o que eu em ti adoro. Que és tu aqui? olhar de piedade, Gota de mel em taça de venenos. Pura essencia das lagrimas que chóro E sonho dos meus sonhos!
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Estendei, estendei-lhe os vossos braços, Magros da febre d'um sonhar profundo, Vós todos que a seguis n'esses espaços!
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Mas que destino o meu!
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Deus tapou com a mão a sua luz E ante os homens velou a sua face! II
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--Espera, Coração indomado! o céo, que anceia A alma fiel, o céo, o céo da Idea.
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e os astros, como atheus, Já não querem mais lei que o infinito! III Força é pois ir buscar outro caminho!
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Meus tristes cantos comecei chorando, Santas endechas, doloridos ais. E a turba andava! Só de vez em quando Lânguido rosto se volvia atrás!
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Um véu nos cobre de mortal tristeza, E a alma em luto, despida dos encantos, Amor nem sonhos tem!
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Os doces suspiros que os ecos ouviram Não quero, não posso, não devo contar!
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E o suicídio nos acena ao longe Nas longas saturnais!
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O anjo tutelar velou seu rosto
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Teu rosto puro restitui-me a calma, Ergue-me as crenças, que já vejo em pé;
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Mas eu que não tenho risos Nem alegrias tão pouco, Nem sinto esse fogo louco Que a mocidade consome, Nas brancas folhas do livro Só posso deixar meu nome!
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Em ondas mortas meu batel dormia, Chorava o pano a viração sutil, Mas veio o vento no correr do dia E, leve, o bote resvalou no anil.
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A minha vida era areal despido De relva e flor e na estação louçã! Tu foste o lírio que nasceu, querido, Entre a neblina de gentil manhã.
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Bendito sejas, querubim de amores, Branca açucena que o paul brotou! Teu pranto é gota que mitiga as dores Da úlcera funda que ninguém curou!
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No fogo vivo eu me abrasara inteiro! Ébrio e sedento na fugaz vertigem Vil, machucara com meu dedo impuro As pobres flores da grinalda virgem!
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O véu da noite me atormenta em dores, A luz da aurora me intumesce os seios, E ao vento fresco do cair das tardes Eu me estremeço de cruéis receios.
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O homem nasce, cresce, alegre e crente Entra no mundo c'o sorrir nos lábios, Traz os perfumes que lhe dera o berço, Veste-se belo d'ilusões douradas, Canta, suspira, crê, sente esperanças,
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É a perda dura dum futuro inteiro E o desfolhar sentido das sentis coroas, Dos sonhos do porvir!
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O homem de metal embevecido Em sonhos de milhões, por junto à pedra Sem responder, passou!
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Tu foste a gota de bendito orvalho E a flor pendida a reviver tornou.
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um dia o vendaval do desengano Varre-lhe as flores do jardim da vida E nu das vestes que lhe dera o berço Treme de frio ao vento do infortúnio!
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Então nesse instante nas águas do rio Passava uma barca, e o bom remador Cantava na flauta:
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Ou quer na primavera, ou quer no inverno, No doce anseio do bulir das ondas Palpitam corações.
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E teus olhares me derramam n'alma Doces consolos e orações de fé.
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Às vezes no silêncio da minh'alma, Da noite na mudez, Eu crio na cabeça mil fantasmas Que aniquilo outra vez!
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se te ouvir a fala Tremo e palpito como treme o mar, E a nota doce que teu lábio exala Virá sentida ao coração parar.
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Mas depois outros olhos nos cativam, E loucos vamos em delírios novos Arder noutra paixão.
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Sou triste como o pai que as belas filhas Viu lânguidas morrer, E já não pousam no meu rosto pálido Os risos do prazer!
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Qual pálida Rosa Mimosa, No vale Do vento Cruento Batida, Caída Sem vida No chão
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Juras sentidas de constância eterna Quebradas ao nascer;
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Não! a dor sem cura, a dor que mata, É, moço ainda, aperceber na mente A dúvida a sorrir!
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Deus te abençoe, querubim formoso, Branca açucena que o paul brotou! Teu pranto é gota de celeste gozo Na úlcera funda que ninguém curou.
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É assistir ao desabar tremendo, Num mesmo dia, d'ilusões douradas, Tão cândidas de fé!
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! Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti!
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Vozes de flauta longínqua Que as nossas mágoas aviva, Soluço da patativa, Queixume do mar que rola, Cantiga em noite de lua Cantada ao som da viola!
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Meu Deus! Eras bela Donzela, Valsando, Sorrindo, Fugindo, Qual silfo Risonho Que em sonho Nos vem!
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Na valsa Cansaste; Ficaste Prostrada, Turbada!
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O pobre recolheu a mão vazia.
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Eu era a flor do escalavrado galho Que a tempestade no passar quebrou;
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É ver que nos apagam d'alma as crenças E que profanam o que santo temos Co'o riso dos ateus!
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Não serei triste;
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Mágoas maiores do que a dor dum dia, Do que a morte bebida em taça morna De lábios de mulher!
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Amor é ó rio claro das delícias Que atravessa o deserto, a veiga, o prado, E o mundo todo o tem!
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