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Pabllo Vittar encontra sósia drag queen e momento confunde web; veja quem é
Um encontro inusitado entre Pabllo Vittar e uma modelo drag queen sósia da cantora está agitando as redes sociais. A semelhança impressionante entre as duas artistas chamou a atenção do público, que chegou a chamá-las de "gêmeas". O momento especial aconteceu após um show de Pabllo no último fim de semana, e um vídeo que mostra o abraço delas rendeu mais de 1,4 milhão de visualizações no Twitter, em menos de 12 horas.A sósia (de vestido preto) é Vitor Johann, drag reconhecida por sua versatilidade artística e que se destaca por atuar como dublê de Pabllo Vittar. No TikTok, a drag possui um vídeo que acumula mais de 2,6 milhões de visualizações, no qual faz uma performance do hit "K.O.", música icônica da artista pop.Johann, ao comentar sobre o encontro, compartilhou sua experiência com entusiasmo ao gshow: "Para quem não entendeu, eu vim aproveitar além disso, mas eu vim trabalhar. Foi muito legal, foi muito incrível, eu e a mãezinha, a gente se encontrou mais uma vez, sempre bom estar com ela, com todo mundo, energia maravilhosa, ela sempre me trata muito bem". Mais Além disso, a influenciadora, modelo e comunicadora drag queen comemorou a surpreendente repercussão que o encontro teve nas redes sociais, revelando que as notificações não paravam de chegar.Nesta segunda-feira (24), Pabllo Vittar foi entrevistada pela influencer Blogueirinha, que garantiu boas risadas e elevou o nome da drag aos Trending Topics do Twitter.
2023-07-24 21:35:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/pabllo-vittar-encontra-sosia-drag-queen-e-momento-confunde-web-veja-quem-e.shtml
Menos armas
Ao assinar na sexta-feira (21) um decreto que cria restrições para o acesso a armas no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou nova e bem-vinda atitude contra uma das heranças mais nefastas deixadas por seu antecessor.Jair Bolsonaro (PL), nos quatro anos em que esteve à frente do Executivo, flexibilizou diversas normas prudenciais do setor. Agiu baseado não na ciência, mas em pura ideologia, quiçá numa tentativa infantil de imitar os Estados Unidos no que eles têm de deplorável.Em termos retóricos, Bolsonaro armou-se apenas com falácias; sustentou a sua iniciativa na ideia de que a população teria ganhos de segurança se pudesse dispor de pistolas, revólveres e espingardas para enfrentar a bandidagem.O argumento talvez impressione os adeptos do bolsonarismo, mas não resiste ao teste da realidade.Evidências empíricas analisadas por pesquisadores qualificados mostram que o aumento de armas em circulação não está ligado a uma queda da criminalidade e do número de assassinatos.Na verdade, dá-se o oposto do que imagina o ex-presidente; farta literatura científica atesta que as mortes crescem quando há mais artefatos de fogo nas mãos da sociedade. São acidentes e suicídios que de outro modo não ocorreriam, assim como homicídios por motivos fúteis —brigas de bar ou de trânsito— e feminicídios.Isso sem contar que criminosos ganham acesso a um arsenal ampliado, seja por terem mais oportunidades de roubar esses artigos em comércios e residências, seja porque se torna fácil driblar os procedimentos de verificação de registro quando as regras são tão afrouxadas como no governo Bolsonaro.Fruto dessa leniência, o total de armas em posse dos chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) passou de 350 mil, em 2018, para pouco mais de 1 milhão em julho de 2022. Em período semelhante, os clubes de tiro, que eram 151, saltaram para 1.906.Espera-se que os decretos de Lula provoquem o movimento oposto. Primeiro porque um atirador, que podia possuir até 60 unidades, agora poderá ter 16, e somente se comprovar treinamento e participação em competições. Do contrário, ele será classificado em níveis inferiores, com limites de 8 ou 4 armas.Em outra mudança, a responsabilidade pela fiscalização dos CACs passa para a Polícia Federal, pois o Exército, a quem cabia essa atribuição, revelou-se incapaz de cumpri-la a contento. Além disso, a validade do registro de arma cai de 10 para 5 ou 3 anos, a depender do caso.Somadas a outras medidas adotadas pelo governo petista, essas novidades têm louvável potencial para reduzir o arsenal mortífero e devolver racionalidade ao setor.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-24 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/menos-armas.shtml
O 'carro popular' da cultura
É cívico reconhecer e celebrar as iniciativas tomadas nos primeiros meses de governo para reconstruir o Ministério da Cultura e reparar os danos infligidos pela administração anterior. O incremento do investimento público na cultura foi uma medida determinante, especialmente para profissionais do setor.No entanto, se almejamos repensar nossas bases de desenvolvimento socioeconômico, essa medida pode não ser suficiente. Mais Temos uma oportunidade histórica: promover uma abordagem que valoriza e impulsiona a economia criativa no Brasil. Recente pesquisa do Observatório do Itaú Cultural revela que o setor cultural e das indústrias criativas contribui com 3,11% do PIB, ultrapassando a indústria automobilística, que representou 2,1% no mesmo período. Isso demonstra que os diversos talentos encontrados em segmentos como música, audiovisual, moda, games, arquitetura, publicidade, design, gastronomia, festivais e teatro geram mais receita e empregos do que a produção de automóveis. Com 7,4 milhões de empregos formais e informais e mais de 130 mil empresas ativas, principalmente micro e pequenas empresas, esse setor desempenha um papel significativo no cenário econômico nacional e pode constituir parte essencial de um novo ciclo de prosperidade.Incorporar a cultura e a criatividade no eixo do desenvolvimento econômico, social e sustentável passa pela criação de uma agenda estratégica que, se executada, vai caracterizar a economia criativa como o "carro popular" da cultura. Esse conjunto de medidas não pode, nem deve, estar sob a responsabilidade exclusiva do Ministério da Cultura. Tal abordagem engloba vários atores públicos, como os ministérios da Economia, Planejamento, Indústria, Comércio e Serviços, Educação, Trabalho, Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, além do Sistema S, terceiro setor e setor privado. Mais Iniciativas como políticas de incentivo fiscal, atração de investimentos, promoção comercial, bem como mecanismos exclusivos de financiamento e crédito, são apenas algumas delas. Esforços para mapear todas as indústrias criativas, facilitar a importação de infraestrutura e a exportação de conteúdo, e criar um calendário público-privado de eventos que potencializem a geração de oportunidades, não apenas para o setor cultural mas também para outros setores econômicos como o turismo, serão apresentados ao Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável da Presidência da República através do recém-aprovado grupo de trabalho focado em alavancar a economia criativa no Brasil.Essa agenda estratégica, nosso "carro popular", deve ser suportada por uma revolução na educação técnico-profissional, com foco no desenvolvimento de habilidades especializadas, como programação de games e posições na indústria audiovisual e produção musical, que são particularmente atraentes para a juventude. Mais Face às profundas incertezas e transformações globais que estamos vivenciando, promover uma abordagem que valoriza e potencializa a economia criativa no Brasil implica também a seguinte reflexão: a nossa criatividade, capacidade empreendedora e originalidade correm o risco de serem substituídas pela automação e o uso de robôs, práticas comuns no setor automotivo, que recebe tantos incentivos em nosso país?O "carro popular" da cultura não se abastece de gasolina ou diesel, é inovador, potente e sustentável. Certamente nos guiará para um futuro diferente e nos ajudará a construir novos símbolos para este século.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-24 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-carro-popular-da-cultura.shtml
Perpetuando distorções
O Brasil tem cerca de 11 milhões de empregados no serviço público, nas esferas federal, estadual e municipal. Deste contingente, 7 milhões são os chamados estatutários, que prestaram concurso e têm estabilidade nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.Os servidores equivalem a 12,5% do total de trabalhadores, ou 1 em cada 8, numa proporção equivalente à média da América Latina.Números da plataforma República em Dados, a partir de informações oficiais, mostram que metade dos servidores estatutários ganha cerca de R$ 3.400 por mês. Ampliando o escopo, 70% do total recebe mensalmente até R$ 5.000.Estes patamares estão longe de representarem aberrações, como os provimentos de 0,06% dos servidores que embolsam valores acima do teto constitucional de R$ 41.650 —remuneração de ministros do Supremo Tribunal Federal.Mesmo assim, os concursados ganham mais do que a média dos demais brasileiros, que, ademais, não contam com a total segurança de que seguirão empregados em ciclos de baixa na economia.Como comparação, as novas vagas com carteira assinada criadas neste ano, em todos os setores, têm pago menos de R$ 2.000 mensais. E a média dos rendimentos dos trabalhadores (formais e informais) não ultrapassa R$ 3.000.Os estatutários do setor público ganham mais do que trabalhadores no setor privado, se considerados níveis de escolaridade equivalentes. Um servidor com ensino médio recebe, por exemplo, R$ 3.273,67 ao mês. Na iniciativa privada, o salário médio é de R$ 2.185,44.Apesar de ter alardeado a intenção de aprovar uma reforma administrativa para atacar deformidades na área, o governo Jair Bolsonaro (PL) não levou o plano adiante.Por outro lado, congelou reajustes salariais e grande parte das contratações do Executivo. Nos estados e municípios, também conseguiu barrar reajustes em 2021, em troca de apoio financeiro aos entes no enfrentamento da pandemia.Do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pouco se espera em termos de reforma do funcionalismo, com o estabelecimento de metas, punições a servidores com baixo desempenho e a instituição de um plano de carreira moderno, que elimine promoções simplesmente automáticas, como é a praxe hoje.Ao contrário, novos concursos federais já criaram 8.200 vagas, e prepara-se a abertura de mais 10 mil —perpetuando distorções no setor.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-24 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/perpetuando-distorcoes.shtml
Gisele Bündchen teria ficado aliviada com namoro de Tom Brady: 'Seguiu em frente'
O namoro de Tom Brady com Irina Shayk virou notícia no mundo e a relação com a modelo russa seria a primeira assumida pelo ex-jogador de futebol americano após a separação há quase um ano de Gisele Bündchen. A ex-top brasileira, aliás, tomou conhecimento do romance e teria ficado aliviada por Brady ter seguido em frente."Por que ela não ficaria feliz por Tom? Ela se divorciou dele e é até útil para a liberdade dela que ele tenha se envolvido com uma pessoa. Ele seguiu em frente", contou um amigo sobre a reação de Gisele sobre o namoro ao site TMZ.Ainda de acordo com a reportagem, Gisele e Irina não são amigas, mas se conhecem profissionalmente há muitos anos. A modelo russa é ex do jogador português Cristiano Ronaldo e do ator Bradley Cooper. Mais Tom Brady e Irina se conheceram em junho, no casamento do bilionário herdeiro da arte Joe Nahmad e da modelo Madison Headrick, na Sardenha, Itália. O romance veio a público após os dois terem sido flagrados juntos pela imprensa internacional. Eles foram vistos trocando carinhos depois de passarem o final de semana juntos na casa dele em Los Angeles, Estados Unidos.
2023-07-24 20:56:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/gisele-bundchen-fica-aliviada-com-namoro-de-tom-brady-seguiu-em-frente.shtml
Você conhece a regra dos 72%?
Hoje, conversei com um potencial cliente que estava desiludido com os investimentos. Ele possuía um montante próximo de R$ 500 mil, mas estava desanimado, pois não viu o portfólio crescer como ele esperava em mais de uma década. Tenho certeza de que o mesmo deve ocorre com a maioria dos investidores.A dinâmica do juro sobre juros é cruel. Se você não a compreende, você pode desistir logo quando está prestes a ver a grande transformação. Explico como a regra dos 72% pode esclarecer isto de forma prática.Vou chamar o potencial cliente que conversei de Rafael só para dar um nome a ele. Ele recebeu um montante de cerca de R$ 125 mil há cerca de 14 anos, fruto de uma rescisão trabalhista.Rafael achou que investindo os R$ 125 mil, teria hoje mais de R$ 1 milhão. Como só atingiu R$ 500 mil, estava desanimado e queria entender o que fazer. Para ele, 14 anos era tempo o suficiente para ver o portfólio se multiplicar.Fiz uma analogia ontem sobre a demora para ver o portfólio atingir a maturidade com o cultivo de feijão. Se quando criança, você também abandonou o pé de feijão com cerca de 30 dias, não se preocupe, eu e quase todo mundo largou a pequena planta.Entretanto, o mesmo não pode ocorrer com seus investimentos.Entender como um retorno de, por exemplo, 11% vai transformar seu investimento no longo prazo é muito difícil para a maioria das pessoas. Entretanto existe uma forma de simplificar este cálculo com a regra dos 72%.Na conversa, Rafael, também, confessou algo que não é o mais adequado no planejamento financeiro. Esta falha o afastou de seu objetivo. Mas, vou explicar ela apenas no fim.Eu disse a ele: você vai ter R$ 4 milhões em 21 anos. Ele não acreditou.Concordo que para quem levou 14 anos para atingir R$ 500 mil, parece uma afirmação irrealista. Principalmente, quando ele disse que era conservador e não desejava risco.Entretanto, a conta é muito simples.Expliquei a ele que o objetivo dele seria tentar neste momento investir apenas em CDBs dentro da garantia do FGC, de prazos de vencimentos longos e buscando taxas acima de IPCA+6% ao ano.Investir em CDB com taxa a IPCA+6% ao ano ou superior é muito simples atualmente. O objetivo de investir em prazos longo é exatamente para aproveitar este momento para travar esta taxa mais alta por mais tempo. Assim, se reduz o risco de não haver esta taxa no futuro próximo.Um CDB a IPCA+6% ao ano, resulta em um retorno de 10,77% ao ano, considerando uma inflação de 4,5% ao ano.A regra dos 72% estabelece uma aproximação de em quanto tempo seu investimento dobra de valor.Se você dividir 72% pela taxa de juros que você ganha em sua aplicação, você descobre esse prazo em que o investimento dobra. Assim, dividindo 72% por 10,77%, encontramos 6,68 anos de prazo para que o capital se multiplique por 2.A conta agora é simples. Em 2030, ou seja, em 6,7 anos, Rafael vai ter o seu sonhado R$ 1 milhão. Quase em 2037, ele vai alcançar R$ 2 milhões. Finalmente, antes de 2044, ele vai ter R$ 4 milhões.Eu sei que R$ 4 milhões em 20 anos não é o mesmo valor de hoje. Mas, tenho certeza de que se você os tiver no futuro, eles vão fazer uma grande diferença para sua aposentadoria.Perceba que Rafael está hoje mais próximo de sua meta do que ele imaginava. Para ele, demoraria mais 14 anos para ele alcançar R$ 1 milhão, mas neste mesmo prazo ele terá mais que o dobro.Entretanto, Rafael poderia ter chegado ainda mais rápido nos R$ 500 mil. Ele falhou em um ponto, como eu tinha mencionado. Agora, vou contar qual foi a falha.Ele nunca fez aportes periódicos em sua carteira.Se ele passar a fazer aportes mensais, sua meta será atingida ainda mais cedo. Ou, ainda melhor, ele pode atingir um montante mais elevado. Por exemplo, ele pode alcançar R$ 7 milhões em 21 anos, se conseguir investir R$ 3 mil por mês.Com o montante de R$ 7 milhões, ele poderia se aposentar com uma renda de mais de R$ 30 mil por mês.Os aportes periódicos são como sementes que você planta. Quanto mais sementes você plantar hoje, mais vai colher frutos no futuro.Agora, calcule em quanto tempo você vai chegar à sua meta.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-24 20:28:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/07/voce-conhece-a-regra-dos-72.shtml
Maioria nos EUA apoia ciência e uso terapêutico de psicodélicos
A imagem dos psicodélicos está mudando para melhor, ao menos entre eleitores americanos. Pesquisa de opinião patrocinada pela Universidade da Califórnia em Berkeley revela que 61% deles favorecem regulamentação do uso terapêutico de drogas como MDMA (ecstasy) e psilocibina (cogumelos).Testes clínicos vêm atestando o potencial dessas duas substâncias para tratar, respectivamente, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT, em fase 3) e depressão (fase 2, em breve 3). Não surpreende, assim, que 78% dos 1.500 ouvidos por telefone e internet concordem com facilitar a pesquisa científica com elas."As pessoas que ouviram falar tendem a ter uma visão positiva. A mídia, me parece, mudou a direção da bússola. Quando fala sobre isso, tende a falar mais positivamente do que negativamente", diz o psiquiatra Luís Fernando Tófoli, da Unicamp, depois de examinar os dados da pesquisa.Tófoli já se envolveu academicamente com várias enquetes sobre cânabis e psicodélicos. Para ele, esses dados assinalam "a reponsabilidade que a imprensa e os jornalistas têm agora de se informar para dar esse dado na medida certa"."Ninguém quer que se reforce o estigma desnecessário, mas também que não seja um pânico moral às avessas. É fundamental a informação de qualidade".O psiquiatra e pesquisador se refere à imagem negativa criada a partir da proibição dos psicodélicos na década de 1970. Houve muita propaganda governamental exagerada sobre seus efeitos, como a lenda de que muita gente se matou após consumir LSD –são casos raríssimos, mas marcam o imaginário até hoje.A iniciativa da pesquisa partiu do Centro Berkeley para a Ciência de Psicodélicos, que tem entre seus fundadores o jornalista Michael Pollan. Ele é autor do best seller "Como Mudar sua Mente", obra que mais contribuiu para divulgar a mais nova ciência psicodélica, ressurgida na virada do século.Em vídeo sobre os resultados da sondagem, o próprio Pollan lamentou o questionário não ter incluído perguntas sobre a confiabilidade da imprensa como fonte de informação na matéria. Os campeões de confiança entre americanos são enfermeiros, médicos e psiquiatras.Talvez o dado mais surpreendente seja que metade (49%) dos eleitores dos EUA apoiem a descriminalização do uso pessoal e porte de psicodélicos. Verdade que 45% são contra, mas é clara a indicação de que os ventos mudaram.Quando se trata de aplicações com que os entrevistados se considerariam confortáveis, em primeiro lugar aparecem doentes terminais (80% a favor). Depois vêm uso com recomendação médica (71%), veteranos de guerra (leia-se: TEPT, com 69%), ansiedade e depressão (67%), violência e abuso sexual (60%), luto por perda de filhos (56%).Curiosamente, a resposta com aprovação mais baixa é permitir o uso religioso e espiritual. Foram 44% a favor e 48% contra."Há uma desconfiança quanto ao uso religioso", diz Tófoli. Ele destaca que isso fica claro quando se pergunta sobre fontes confiáveis de informação – a taxa mais baixa é dos religiosos, com 26% de aprovação e 63% de reprovação.Há maioria (52%) a favor até de pessoas que possam beneficiar-se de psicodélicos mesmo sem prescrição médica. Nesse quesito se encaixariam o uso adulto ("recreativo") ou com facilitadores não-terapeutas, como os que foram legalmente autorizados nos estados Oregon e Colorado.No entanto, o apoio para tratar dependentes químicos ficou em apenas 44%. Embora haja forte indicação de que psicodélicos sejam muito eficazes, o benefício comprovado em estudo recente sobre álcool da Universidade de Nova York não parece estar claro para o público, ainda desconfiado da noção de tratar abuso de drogas com outras drogas.Há drogas e drogas, porém. Duas características pouco conhecidas dos chamados psicodélicos clássicos (como mescalina, LSD, psilocibina e DMT da ayahuasca) são o baixo potencial para dependência e o perfil toxicológico seguro, quando usados sob supervisão.Nem tudo se mostra róseo na pesquisa de Berkeley, contudo. Ainda há muito preconceito com as substâncias alteradoras da consciência: só 32% dizem acreditar que sejam boas para a espiritualidade (ao contrário do que mostram estudos com pacientes terminais), e meros 24% que sejam mais seguras que álcool ou tabaco.Nada menos que 58% consideram que psicodélicos tenham impacto negativo sobre a saúde, no longo prazo. Outros 59% avaliam-nos como perigosos. Mesmo entre os 61% que aprovam o uso terapêutico quase a metade (47%) afirma que eles não são bons para a sociedade.Na avaliação de Pollan, subsistem fragilidades no apoio recente a tais substâncias. Ou seja, ele, seu centro e a imprensa ainda têm muito trabalho a fazer, oferecendo uma cobertura equilibrada para prevenir eventual revertério, se e quando se levantar a oposição contra elas –o que certamente virá.
2023-07-24 18:25:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/virada-psicodelica/2023/07/maioria-nos-eua-apoia-ciencia-e-uso-terapeutico-de-psicodelicos.shtml
Copa do Mundo feminina: jogadoras da seleção brasileira deixam nosso coração quentinho
Era inevitável. A Copa do Mundo que vem sendo disputada na Austrália e na Nova Zelândia trouxe de volta aquele velho rame-rame de que o futebol feminino é "outro esporte", se comparado ao masculino. Sim, é mesmo. Outro. Bem diferente.É muito menos agressivo e tem protagonistas autênticas, espontâneas. Uma gente que, salvo algumas exceções, desce do ônibus no estádio conversando umas com as outras, numa boa, ao invés de usar aqueles fones enormes e ridículos adotados pelos boleiros, num implícito "leave me alone".No jogo de estreia das meninas treinadas pela sueca Pia Sundhage nesta segunda-feira (24), tudo foi muito contrastante em relação à seleção masculina, a começar pela própria técnica. Pia é braba, sabe se impor com suas comandadas, mas tem um lado fofo, que a aproxima das jogadoras. Mais Em momentos de tranquilidade, toca piano, canta 'Anunciação', de Alceu Valença e, olha que repertório variado, manda ver até em sucessos de Marilia Mendonça. Nada a ver com Tite, o homem à frente do fiasco na Copa de 2022: um chato de galochas metido a paizão dos atletas, e que achava muito normal empregar o filho, Matheus, na comissão técnica por anos. Haja ranço desse pessoal.Nesta Copa do Mundo, saem Daniel Alves, hoje preso por acusação de estupro, e sai também a atitude blasé de Neymar. Ficam de fora os dentes artificialmente ultrabrancos nas arcadas de alguns jogadores e aquela irritante mania que eles têm de botar a mão à frente da boca toda vez que vão falar, como se tudo o que dissessem fosse interessar aos adversários ou pudesse ser usado contra eles de alguma forma.Entram em campo os os sorrisões escancarados de Bia Zaneratto, Kerolin, Geyse, Marta e Ary Gomes, esta última, autora de um histórico 'hat trick' (tecla SAP: quando uma pessoa faz três gols no mesmo jogo). Gomes ainda deu um belíssimo passe de calcanhar para mais um gol, mesmo sabendo que poderia tentar de novo. Foi zero fominha, não quis brilhar mais que as outras. Uma beleza. "Ah, mas o Panamá é fraco, por isso foi 4 x 0", dirão os invejosos. Mais Ah, vá! E a Sérvia, primeira adversária da seleção masculina na Copa de 2022, era uma grande potência? A vitória ali foi de 2x0, com algum sufoco e, verdade, teve um final feliz naquele golaço de voleio do Richarlison (o mais gente boa do grupo).A questão aqui, veja bem, não é comparar a performance esportiva de homens e mulheres no futebol, e sim exaltar o futebol feminino e o atual estágio a que chegou a nossa seleção. A alegria que ela nos proporcionou, e o tanto que devemos valorizá-la. Como deve ter feito bem aos brasileiros assistir à partida de hoje!. Ou vai dizer que você não ficou tocado ao ver Gabi Nunes, no banco de reservas, chorar ao ouvir o hino do Brasil e receber um afago carinhoso de Marta, sentadinha ao seu lado?E a comemoração de Ary no primeiro gol, quando saiu correndo, quase que em transe, ajoelhou-se no gramado e, com as mãos no rosto, chorou de soluçar?. Foi uma das cenas mais lindas que já vi no futebol (e olha que acompanho até os jogos do Vasco, para dar aquela secada bacana).Que venham mais momentos como este, e devem vir. Porque mesmo com toda a experiência internacional que 90% do time têm, estar na Copa, fazer um gol, deixa essas mulheres genuinamente felizes. E as comandadas de Pia gostam de deixar isso claro. Parece que com essas jogadoras, como diria Maikóvski, a anatomia ficou louca: elas são todas coração. Mirem-se no exemplo, rapazes.
2023-07-24 16:51:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/copa-do-mundo-feminina-jogadoras-da-selecao-brasileira-deixam-nosso-coracao-quentinho.shtml
Inscrições abertas para MBA em jornalismo de dados no IDP
O Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) está com inscrições abertas para MBA em jornalismo de dados.O curso aborda programação, aplicabilidade e design. A duração é de 24 meses, com aulas quinzenais, às sextas, no horário noturno, e aos sábados, durante o dia. Todas as aulas são em EAD, ao vivo. O custo é de R$ 1.250,00 mensais. Informações e inscrições (até 20 de setembro):https://www.idp.edu.br/techschool/mba-jornalismo-de-dados/
2023-07-24 13:22:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/07/inscricoes-abertas-para-mba-em-jornalismo-de-dados-no-idp.shtml
'Que polêmica sem sentido', diz leitora sobre influência de Janja no governo Lula
Pacientes famosos "‘A Janja tem mesmo que se meter em tudo’, diz médico de Lula" (Mônica Bergamo, 22/7). Com quantos votos mesmo a sra. Janja foi eleita para se meter em tudo? André Silva de Oliveira (Belém, PA)Que polêmica sem sentido! Naturalmente que esposas, maridos, filhos, amigos e até formadores de opinião influenciam e são ouvidos por qualquer governante. Acho que o doutor foi infeliz nos termos em que colocou o assunto. Maria de Felipe Martinez (Cruzeiro, DF)Lula ainda preso iniciou seu relacionamento com Janja, que não sabia quando ele seria solto e muito menos que ele se tornaria presidente pela terceira vez. Onde está o alpinismo social nesse caso? Mulheres fortes e protagonistas assustam homens medíocres e preconceituosos.Marcia dos Santos Portero Simon (Goiânia, GO)Para as preconceituosas e preconceituosos de plantão sugiro que leiam a biografia de Eleanor Roosevelt. Não sabem quem é? Pesquisem. Beatriz R Alvares (Campinas, SP)Poder Judiciário "Holofote leva riscos ao STF e expõe entraves para controlar ministros" (Política, 22/7). Lugar de juiz que gosta de falar o que pensa é na política, não no Judiciário. Maria Cecilia C Silva (São Paulo, SP)Acho que estão sendo desproporcionais e brandas demais as reações legais à continuidade das ameaças violentas, até físicas, feitas pelos seguidores da política do ódio, subversiva à manutenção da ordem democrática da pátria. José Bueno (São Paulo, SP)Sintomas de um país ainda adolescente, que está longe de atingir a maioridade democrática. Alex Sgobin (Campinas, SP)Desigualdade social "Classes A e B tendem a ganhar mais com Lula 3, não a D/E" (Mercado, 23/7). Desigualdade, pobreza e fome sempre existiram e sempre existirão, com tendência inclusive de piora. Ninguém acaba com isso com populismo, demagogia ou canetadas. Tersio Gorrasi (São Paulo, SP)Acidente "‘Rolê’ de moto com mais de 200 participantes deixa 3 mortos e 27 feridos em Campinas" (Cotidiano, 23/7). Em Campinas já virou regra motociclista passar no semáforo fechado a qualquer hora do dia. Outras infrações são corriqueiras, e o pior de tudo é que há praticamente zero fiscalização. Rodrigo Bagni (Campinas, SP)Repressão "Operação contra traficantes na cracolândia termina com 18 presos" (Cotidiano, 22/7). Todos os programas bem-sucedidos de erradicação das cracolândias locais se basearam em politicas de acolhimento e tratamento dos dependentes químicos, combinadas à repressão continuada do tráfico local. É só estudar os casos de sucesso, que são vários. Adolfo Santos (Três Corações, MG) Milly Lacombe "Uma lição sobre dor e outra sobre amor" (Nosso Estranho Amor, 22/7). Estou aqui admirando muito sua mãe. Além da atitude de amor com a filha, deu uma bela lição na escola. Maria Lopes (São Paulo, SP)Excelente texto-testemunho de Milly Lacombe. O preconceito explícito a que éramos submetidos choca! Me identifiquei com sua narrativa. E eu sendo menino que jogava bola no recreio, mesmo sendo totalmente inábil, cumpria meu papel social. Me pergunto se minha mãe me defenderia na época se eu optasse por brincar de boneca com as meninas. Provavelmente não. Marcos Fortunato de Barros (Americana, SP)Que maravilha! Ah, se todas as mães fossem assim... Maria da Graça Pimentel (São Carlos, SP)Patrimônio mundial "Como arqueóloga revolucionou a Serra da Capivara" (Ilustríssima, 22/7). Que trabalho árduo foi o da Niéde. Que excepcional. Joselma Ramos Mouta (Brasília, DF)Admirável Niéde Guidon! Enfrentou adversidades, foi ameaçada mas resistiu para revelar ao Brasil e ao mundo um patrimônio de valor incalculável, que hoje beneficia centenas de familias e cria novas perspectivas para os jovens da região. Maria Eloisa Montero Miguez (São Bernardo do Campo, SP)Trabalhei (de carteira assinada por ela) com esta mulher corajosa. Mudou minha vida. Pude prover melhor minha casa, e abriu meu leque de conhecimento e amizades. Parabéns, dra. Niéde Guidon, pelo que faz pela região e entorno do Parque Nacional Serra da Capivara. Ivandete Gomes Oliveira (São Raimundo Nonato, PI) Mais Autocompreensão "‘Parem de tentar consertar a gente’, diz Suzana Herculano-Houzel sobre espectro autista" (Ciência, 23/7). Tem que haver conhecimento e respeito, principalmente às capacidades de cada um. Porque, assim como na vida ninguém é igual, um TEA não é igual ao outro. Maria Isabel Castro Lima (Florianópolis, SC)Acho que acertou o tom desta vez, descreve bem comportamentos até pouco tempo chamados de Asperger. A deficiência intelectual tem sintomas autísticos como meu filho, que é do espectro e diferente dos demais. Hercilio Silva (Brasília, DF)
2023-07-23 21:12:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/que-polemica-sem-sentido-diz-leitora-sobre-influencia-de-janja-no-governo-lula.shtml
Se você é pai, esta é uma das maiores lições de educação financeira para passar ao seu filho
Não conheço ninguém que não tenha plantado um pé de feijão quando criança. Parece mágico ver ele germinar e crescer. Plantei vários no algodão. Entretanto, aquele momento que parece mágico passa e logo cansamos. Assim, acontece com os investimentos. Faltou a professora me ensinar que o momento mágico era o final e não o começo. Hoje eu sei e vou te explicar.Como explica o portal Myfarm, "toda cultura tem suas fases definidas, e a junção destas fases compõem o ciclo fenológico da cultura."Para minha surpresa, as fases do feijão são similares ao nosso ciclo de investimentos para a independência.A fenologia do feijão tem 9 fases: I – Germinação; II – Emergência; III – Folhas Primárias; IV – Terceira folha trifoliada; V – Pré-Floração; VI – Floração; VII – Formação das vargens; VIII – Enchimento das vargens; IX – Maturação fisiológica.A coincidência é enorme. Em nosso plano para a independência financeira, começamos com a decisão de poupar e investir. Essa seria a fase de germinação dos investimentos.Logo em seguida, passamos para a fase II que é a de criar a reserva de emergência.Quando o portfólio começa a apresentar algum resultado que é na fase III e IV, a maioria faz como no pé de feijão, abandona. Quando criança, eu me cansava nesta fase e abandonava o pé de feijão.Nunca vi um pé de feijão crescer por inteiro e acredito que o mesmo ocorre com a maioria das pessoas nos investimentos. Quase ninguém consegue ter a disciplina e paciência de esperar a última fase que é a maturação. Acaba gastando a reserva criada.Na última fase, a de maturação, as vargens do feijão começam a dar os resultados planejados. Esta seria a fase em que você atinge a independência financeira. Seu portfólio é capaz de gerar renda para você cobrir seus gastos e viver tranquilo.Entretanto, assim como no feijão, o caminho para se chegar à esta fase é trabalhoso. Você tem de regar todos os dias, cuidar do solo, da temperatura e de que pragas não ataquem a planta.É tudo igual em seu portfólio, você tem de investir regularmente, cuidar da carteira, do risco e de que decisões ruins não destruam seu portfólio para a independência financeira.Se bem cuidado, um pé de feijão demora cerca de 100 dias para chegar à última fase.Se bem planejada, sua independência financeira pode ser atingida em 10.000 dias.O tempo é cem vezes maior, mas convenhamos, o pé de feijão que representa sua independência vale muito mais.Eu não soube esperar meu pé de feijão quando criança. Mas, agora adulto, já ultrapassei a última fase na parte dos investimentos e estou ajudando outros nesta plantação para a independência financeira.Posso dizer, com total segurança, que a mágica está no fim e não no começo.Tenha disciplina de investir regularmente, cuide de sua carteira, do risco e de que decisões ruins não destruam seu portfólio e a independência financeira será uma questão de tempo.Se seu filho plantar um feijão, não o deixe abandonar antes da maturação. Quando chegar lá, explique esta relação com os investimentos. Isto será um dos melhores ensinamentos para que ele se prepare de forma mais simples para suportar o processo para a independência financeira dele.Não é à toa que esta coluna se chama De Grão em Grão.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-23 21:12:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/07/se-voce-e-pai-esta-e-uma-das-maiores-licoes-de-educacao-financeira-para-passar-ao-seu-filho.shtml
'Barbie-me-ei': Temer apaga vídeo em que aparece como Ken, de paletó rosa-choque
Ficou poucas horas no ar o vídeo em que o ex-presidente Michel Temer se ‘transforma’ em Ken, na onda do filme "Barbie", lançado no Brasil na última quinta (20). Na postagem, o ex-mandatário aparece como "Ken Temer", vestido de paletó rosa-choque, dentro de uma caixa de brinquedo.Postado na noite deste sábado (22), ele foi apagado na manhã do domingo (23), quando já acumulava 2,9 milhões de visualizações. "Barbie-me-ei!!!", dizia o tuíte, uma referência ao uso de mesóclise característico de Temer. Ao longo do vídeo, o rosto do ex-presidente era inserido no lugar do de Ryan Gosling, de forma caricata. "Oi, Temer!", começa o áudio, que termina com um "até a próxima, Temer". Tudo isso ao som de Sou a Barbie Girl, da cantora Kelly Key.Internautas reagiram ao tuíte com piadas, memes e críticas. "Isso tá mais para Saga Crepúsculo da terceira idade, mas eu gostei da atitude", escreveu um usuário. Outros comentários diziam que a esposa dele, Marcela Temer, que é loira, seria uma Barbie mais adequada. Mais
2023-07-23 13:30:00
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ITA construirá espaçonave para missão lunar com a Nasa
O Brasil logo terá uma missão lunar não tripulada para chamar de sua, a ser realizada em parceria com a Nasa. O projeto, batizado de SelenITA, foi apresentado na sexta-feira (21) por Luis Loures, engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenador da iniciativa no país, durante a edição nacional do evento online International Moon Day.A sonda, que nasceu no Brasil e acabou absorvida pela agência espacial americana, consistirá em um satélite e um pacote de instrumentos a ser colocado na superfície lunar por uma missão comercial de transporte contratada pela Nasa.O nome brinca com as palavras Selene, deusa grega da Lua, e ITA, o originador do projeto. O satélite em si será construído pelo instituto em São José dos Campos (SP) –o segundo a ser feito em parceria com a Nasa, depois do Sport, lançado à órbita terrestre baixa a partir da Estação Espacial Internacional no ano passado– e deve contar com sete instrumentos, dois fornecidos pela Universidade de Iowa, um pela Universidade de Michigan e dois pelo ITA, além de um pelo Centro Marshall de Voo Espacial da Nasa e uma câmera.A espaçonave se enquadra na categoria das missões de baixo custo e consiste em um cubesat (satélite de pequeno porte montado com sistemas que podem ser comprados "na prateleira") com formato 12U, ou seja, 12 volumes de 10 cm x 10 cm. O projeto tem apoio da AEB (Agência Espacial Brasileira) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).Os principais objetivos da missão serão estudar os campos magnéticos locais que existem em algumas regiões da crosta lunar e sua interação com o vento solar, além de estudar o transporte de poeira pela superfície do satélite natural, causado por fenômenos elétricos e impactos de asteroides e meteoroides, e o ambiente de radiação na superfície.Todos os temas são importantes no contexto do programa Artemis, que a Nasa lidera para promover um retorno tripulado à Lua ao longo desta década. O primeiro voo lunar orbital de astronautas nesta nova iniciativa deve acontecer no fim de 2024 –52 anos após a última visita humana ao satélite natural, com a Apollo 17, em 1972.Com a SelenITA, o Brasil já tem duas missões lunares em desenvolvimento. A mais antiga é a Garatéa-L, missão privada em parceria com instituições públicas de pesquisa que consiste em um cubesat 6U e tem foco em astrobiologia, com o estudo de culturas de bactérias expostas ao ambiente de radiação do espaço cislunar, ou seja, nas proximidades da Lua. De acordo com Rodrigo Leonardi, da Coordenação de Satélites e Aplicações da AEB, as duas estão neste momento em processo de qualificação na agência brasileira.O Brasil aderiu em 2021 aos Acordos Artemis, tratado apresentado pelos EUA que visa disciplinar questões gerais na exploração pacífica da Lua, abrindo as portas para cooperação na exploração lunar. A Nasa tem todo interesse em atrair o país para aprofundar sua participação no projeto e nesta segunda-feira (24) o administrador da agência, Bill Nelson, estará em Brasília, onde vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia seguinte, irá a São José dos Campos, onde tem agenda no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-07-23 09:00:00
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Vai na Fé: por mais mortes assim
Estou sentindo a falta de vocêSonhando com seu beijoEspero amanhecerTu levas as palavrasSoltas pelo ar Sempre fui uma pessoa muito noveleira. Odiava os domingos apenas por serem dias sem novelas e choro copiosamente toda vez que tenho que me despedir da amizade unilateral que construo com personagens - como foi com a saudosa Jaqueline da Cláudia Raia em Ti-ti-ti.O anúncio de que as gravações de novelas estavam suspensas em 2020 foi, para mim, o grande anúncio da gravidade da pandemia. Depois disso, meu espírito noveleiro não conseguiu se recuperar. Engravidei, minha filha nasceu e, mesmo com as facilidades do streaming, tenho tido dificuldade de acompanhar meus programas preferidos.Alguns meses atrás, fiquei angustiada. Comecei a receber mensagens de algumas pessoas dizendo que a novela das 19h da TV Globo estava abordando temas que estudo, e que eu precisava assistir.Não foi exatamente uma surpresa. Meu primeiro texto aqui no Morte sem Tabu foi sobre a novela "Bom Sucesso", escrita também por Rosane Svartman, que assina a atual "Vai na Fé". Na época, eu ainda nem era autora do blog, mas mandei mensagem para a Camila Appel dizendo que ela tinha que escrever sobre aquele enredo incrível. "Por que você não escreve?", ela me desafiou. E assim nascia "A minha novela não é a das 19h", texto que é também o primeiro em que conto um pouco da história da minha mãe.Na época, contei que, numa possível referência a Ivan Ilitch de Tolstói, Alberto, personagem de Antônio Fagundes, dizia saber que estava morrendo e não aguentava mais o falso otimismo ao seu redor. Alguns dias depois, ele diria que "a morte lança um novo olhar sobre a vida". Escrevi que a história de "Bom Sucesso" podia nos ajudar a ressignificar a morte, mostrando esse novo olhar - para a vida vivida, para a vida por viver, ainda que por pouco tempo. Sabemos que alguns momentos podem valer uma vida inteira. E, na vida que a consciência da finitude pode revelar, podemos encontrar beleza que supere a dor do fim."A novela tá falando sobre cuidados paliativos, a personagem tá com câncer terminal", a minha irmã me escreveu no dia 5 de maio sobre a Dora, de Claudia Ohana. Estava embarcando pra Tunísia e não consegui dar ao assunto a atenção que gostaria, mas busquei a cena a que ela se referia: uma conversa e um afeto que, muitas vezes, só acontecem na ficção – e na realidade – com pessoas que estão percebendo a proximidade do fim da vida."Sempre sonhei ver essa cena. Minha mulher e a minha filha assim, unidas, felizes. Que bom que deu tempo", diz o marido de Dora, personagem de Zé Carlos Machado.Lumiar, a filha dos dois, personagem de Carolina Dieckmann, teve a expressão de incredulidade que já vi tantas vezes nos rostos de familiares de pacientes com doenças graves. Como se perguntasse com o olhar se é possível sentir algo além de dor pela perda iminente; e por que é que a mãe ainda conseguia sorrir enquanto a filha só sentia angústia com a proximidade de sua morte."Quando a vida que achamos que temos, ela encurta de repente, a princípio dá um susto, dá medo. Mas depois vem um monte de aprendizado, vem o sabor das coisas, os tons do verde da natureza, é tão lindo", diz Dora.Tempo. Viver é uma constante negociação com o tempo, aquele que já passou, o que achamos que teríamos pela frente e, de repente, não temos mais.A sensibilidade com que Claudia Ohana fala sobre a vida me fez ter aquele sentimento de quando esquecemos que o que estamos assistindo é um personagem. Senti tristeza pelo fim da vida da Dora. Não pela sua morte, pelo evento morte. Mas pelo fim do seu viver e do que ela poderia fazer com ele.Lembrei da primeira pessoa que entrevistei para minha pesquisa de doutorado sobre pacientes com câncer avançado. No livro que acabei de publicar — A vida afinal: conversas difíceis demais para se ter em voz alta —, escrevo que "eu olhava para ele e era doloroso pensar que o mundo provavelmente o perderia em breve". Pensava que a vida dele valia tanto, a presença dele valia tanto. Talvez, porque, como ele me disse, a ideia de que poderia partir muito precocemente o fazia tentar deixar o melhor de si para cada pessoa que conhecia. Podia não haver tempo para uma segunda chance de deixar uma imagem diferente, um outro legado.Mas e para quem tem as segundas chances? Quando colocamos a morte em perspectiva e lembramos que, no fim das contas, viver é sempre urgente, a reconciliação com uma pessoa amada, o carinho por um bolinho de jaca que lembra a infância e até a realização adaptada do sonho de voar de asa-delta se fazem também urgentes. A vida só é o que é, porque tem a morte dentro e aquele clichê mais clichê de todos os clichês ainda é verdade: "pra morrer basta estar vivo". Para adoecer e, então, morrer, também.Em uma cena que repercutiu bastante há algumas semanas, o médico de Dora afirma que a quimioterapia paliativa que ela ainda realiza não faz mais sentido. A personagem passa, assim, para o que chamamos de cuidados paliativos exclusivos – embora o texto use a expressão "tratamento paliativo", que, na minha opinião gera grande confusão, já que a quimioterapia paliativa é justamente um tratamento paliativo e, na maior parte dos casos, vai em sentido oposto ao que entendemos por cuidados paliativos."Ela tá tão magrinha, né, pai? Tá parecendo até um passarinho", a filha Lumiar diz ao pai sobre Dora, em uma cena que vi de relance na casa da minha mãe.A coroação do processo de fim de vida em cuidados paliativos — que não se resumem a esses cuidados de fim de vida — vem com o que costumamos chamar de morte digna. Na última quinta-feira (20), em cena escrita por Mario Viana, Dora diz que seu corpo está se despedindo da vida lentamente. "E por isso posso falar o quanto a vida é enorme". Ela deseja a uma criança que ainda vai nascer a intensidade, o encantamento das primeiras vezes.Ou, quem sabe, das últimas."A nossa querida Dora tá no seu limite", o médico anuncia. A filha reage: "então faz alguma coisa, vamos levar ela pro hospital". Não faz mais sentido. Ela queria morrer em casa, como muitas pessoas desejam, mas poucas conseguem, mesmo em países mais bem estruturados para os cuidados de fim de vida.Dora morre em seus próprios termos, assim como viveu. A poesia musicada que encerra o seu ciclo, com a participação dos personagens, e, muito provavelmente, das pessoas por trás dos personagens, canta que ela voa nas asas do passarinho com que estava começando a se parecer. Suas cinzas são jogadas no lugar em que sempre quis estar - e continuar.Foi uma das cenas mais bonitas que esta noveleira enferrujada já assistiu na televisão.Quer conversar com a gente? Estamos no Instagram :) @mortesemtabu_ @cynthia0000 @camilaappel @ajessicamoreira
2023-07-23 07:00:00
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Leitores comentam proposta do governo para endurecer crimes contra democracia
Excessos "Proposta de Lula para endurecer crimes contra democracia gera críticas e dúvidas" (Política, 21/7). Por um segundo achei que ia aumentar a pena de corrupção para 40 anos. Quase assustei. Pery Pedro (Campinas, SP)Muito temerário. Como aqui dependendo do momento tudo é muito junto e misturado ou completamente apartado, os Poderes por vezes não atuam com autonomia e sim por compadrio explícito. Graça Almeida (Belo Horizonte, MG)Bíblia "As evidências de que Jesus teria tido mais do que 12 apóstolos" (Cotidiano, 21/7). O número de doze está vinculado ao número das tribos de Israel, que são doze. A mulher no costume judaico não entra nesse cálculo, embora fosse de enorme auxílio e exemplo. Ivan Cláudio Pereira Borges (Brasília, DF)A Bíblia foi montada a partir de informações transmitidas por via oral. Passou e ainda passa por contínuas traduções, quando se incorporam palavras novas do léxico de hoje. Antônio Augusto Soares (Belo Horizonte, MG)Ambiente "Mais de 100 milhões de abelhas morrem em Mato Grosso após uso indevido de agrotóxico" (Ambiente, 21/7). Só R$ 225 mil de multa? Isso não é nada para uma fazenda desse porte, que tem avião e pista de pouso. Ramurti Barbosa (Belo Horizonte, MG)É a ganância do agro brasileiro. É bem possível que o mel contaminado das colmeias seja colocado à venda. Em Mato Grosso do Sul o dinheiro vale muito mais que vidas. Risolete Celi Wor (Recife, PE)Marcos Nogueira "O acarajé da Barbie contra a patrulha reacionária das baianas" (Cozinha Bruta, 21/7). Marcão, você não tem lugar de fala para opinar sobre isso. Os baianos estão certíssimos de manter a tradição. Quer comer acarajé rosa? Vá num shopping paulista. Jarbas Cabral (Vespasiano, MG)Concordo com você. E vai aqui minha sugestão: o turbante da baiana pode também ser cor-de-rosa. Teresa Cardoso (Brasília, DF)Excelente! Como sempre! Graziele Andrade do Val (São Paulo, SP) Mais
2023-07-22 22:06:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
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Moraes xingado
Algo vai muito mal quando um grupo de brasileiros se sente no direito de agredir um ministro do Supremo Tribunal Federal acompanhado de seu filho durante viagem ao exterior. E fica pior quando esse mesmo magistrado confunde os ataques que sofreu com ameaças ao Estado democrático de Direito.A hostilidade se deu no aeroporto de Roma. Quando se preparava para voltar ao Brasil, Alexandre de Moraes ouviu insultos como "bandido" e "comprado", enquanto seu filho teria recebido um empurrão.Pessoas apontadas como suspeitas negam a arremetida, e cabe aos investigadores esclarecer o episódio. Há um rito conhecido para isso. Instaura-se um inquérito, colhem-se depoimentos, apuram-se informações; se necessário, determinam-se medidas mais invasivas, como busca e apreensão. Tudo sob a supervisão da instância judicial adequada, nos termos da lei.Especialistas têm pouca dúvida quanto a esse último elemento: dado que os relatos indicam crimes contra a honra e lesão corporal, por exemplo, e sendo certo que os suspeitos não têm prerrogativa de foro, é à primeira instância que compete conduzir o caso.Se, no curso das investigações, descortinar-se cenário distinto —com ligações entre os agressores e os atos golpistas de 8 de janeiro, ou com evidências de um plano para destruir a corte constitucional—, enviam-se os autos ao Supremo e adotam-se medidas pertinentes.O que não se pode fazer, mas foi o que se fez, é inverter a ordem natural do processo só porque o ofendido é ministro do STF. Pior: sem indícios suficientes, elevou-se a injúria à categoria das tentativas de abolição do Estado democrático de Direito e autorizou-se uma ação de busca e apreensão em todo carente de justificativas oportunas.Sente-se à distância o ranço de arbítrio contido nessas iniciativas, que em nada contribuem para reforçar a legitimidade da Justiça —e nem mesmo ajudam a defendê-la.Admitindo-se que Moraes e seus colegas pretendam com isso apenas reagir à altura do que consideram ameaças sérias, também aí estarão equivocados: a facção golpista que cresceu sob Jair Bolsonaro (PL) se regozija a cada novo desequilíbrio do Poder Judiciário.Ministros do STF precisam melhorar a análise de conjuntura; o momento pede, mais do que nunca, que a corte seja e pareça um órgão de Estado —e que a instituição seja e pareça melhor do que os homens e mulheres que a compõem.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-22 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/moraes-xingado.shtml
Ex-presidente Temer entra na onda rosa de 'Barbie' em vídeo nas redes sociais: 'Barbie-me-ei'
A onda rosa gerada pela estreia do filme "Barbie" alcançou também o ex-presidente do Brasil Michel Temer. Neste sábado (22), o perfil de Temer no Twitter compartilhou um vídeo em que o ex-mandatário aparece como "Ken Temer", vestido de paletó rosa dentro de uma caixa de brinquedo. "Barbie-me-ei!!!", dizia o tuíte, uma referência ao uso de mesóclise característico de Temer.Ao longo do vídeo, o rosto do ex-presidente é inserido no lugar do de Ryan Gosling, de forma caricata. "Oi, Temer!", começa o áudio, que termina com um "até a próxima, Temer".Internautas reagiram ao tuíte com piadas, memes e críticas. "Isso ta mais pra Saga Crepúsculo da terceira idade, mas eu gostei da atitude", escreveu um usuário. Outros comentários diziam que a esposa dele, Marcela Temer, que é loira, seria uma Barbie mais adequada do que foi a tentativa de Temer. Mais Não foi só Temer que surfou na onda do filme. Lu Alckmin, mulher do vice-presidente, postou um figurino cor-de-rosa em referência à Barbie na última quarta-feira (19). O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e sua vice, Francia Márquez, viraram alvos de críticas e memes depois da divulgação de um vídeo com trechos do filme. Ele foi chamado de "Petro Barbie".
2023-07-22 21:02:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/ex-presidente-temer-entra-na-onda-rosa-de-barbie-em-video-nas-redes-sociais-barbie-me-ei.shtml
Retorno ao mundo da Barbie é necessário para resgatar alegria perdida na pandemia, diz leitora
Aproveitando o frenesi em torno do lançamento mundial de "Barbie", filme de Greta Gerwig, a Folha lançou uma interação para saber o que os leitores acham do retorno da boneca e do marketing intenso em torno da marca. Confira a seguir algumas respostas.Acredito ser uma estratégia inteligente da Mattel, mormente após o alerta gerado pela falência da loja de brinquedos Toys R Us e a queda de venda de brinquedos físicos propriamente. Atentos ao que a Disney arranjou com o universo Marvel, apostam em novos espaços. A princípio funcionou, o mundo ficou cor-de-rosa por estes dias. Ronan Wielewski Botelho (Londrina, PR)Boa jogada de marketing, como só acontece no mundo capitalista. Se trouxer uma mensagem feminista moderna terá cobrado seu devido preço. Associações pejorativas e depreciativas com a boneca sempre foram a tônica da intelectualidade cultural. Adilson Roberto Gonçalves (Campinas, SP)Uma super jogada de marketing que foi facilmente comprada pelos consumidores das redes, ajudando a multiplicar e influenciar exponencialmente o alcance desse retorno. Espero sinceramente que não seja uma tendência! Márcia Corrêa (Porto Alegre, RS)Acho bem legal, sempre achei a boneca uma referência do poder feminino. Costumo sempre brincar com as minhas filhas que a casa é da Barbie, o carro é da Barbie, ou seja, a mulher pode ser e ter o que ela quiser. É o empoderamento feminino. Katiuscia Thomaz (Vinhedo, SP)Não consigo compreender como tal projeto, no contexto atual, se torne tendência, além das campanhas sazonais para o público infantil. Encaro como a manutenção dos objetivos de consumo e mercado. Os debates ideológicos que surgem aqui e ali apenas reverberam o marketing de ocasião e oportunizam o chamado engajamento... Ticiana Bitencourt (Salvador, BA)Acredito que a boneca Barbie é um símbolo do capitalismo e do consumismo e que não vai deixar de ser, além de reproduzir padrões de beleza e de gênero. A boneca, apesar da retórica feminista, demonstra um conceito de mulher limitado a padrões estéticos e de comportamento, tendo o rosa como símbolo de feminilidade. O retorno da boneca por meio de um filme que se propõe a ser crítico ao patriarcado e ao capitalismo é hipócrita, apenas um jogo de marketing que inflou a fama da boneca e permitiu a venda de novos produtos, causando um aumento absurdo do lucro. Raquel Velasco Weller (Recife, PE)Não vi o filme, porém acho triste. Nunca gostei da boneca, nunca tive uma (não gostava muito de boneca quando eu era pequena), mas acho que uma boneca como ela não faz bem para as mulheres, além de ser interpretada no cinema por uma das mulheres mais lindas do mundo (totalmente dentro dos padrões de beleza inatingíveis: muito magra, loira e branca). Acompanhada ainda do Ken, que também está nesses padrões. Realmente poderia ter ficado adormecida. Daniela Franco (São Paulo, SP)Eu era muito fã da Barbie quando criança, cresci em uma época em que as pessoas valorizavam demais a aparência, inclusive eu. Na minha adolescência eu queria muito ser como a Barbie e ser perfeita. Depois de um tempo parei de ser fã da Barbie e esse assunto foi sendo esquecido. Acredito que esse retorno da Barbie não seja negativo porque ela não está voltado por questões estéticas. No meu ponto de vista, esse retorno ao mundo mágico da Barbie é necessário para resgatar as coisas alegres e divertidas que foram perdidas no mundo pós-pandemia. Essa alegria cor-de-rosa contagiante precisa ser disseminada para devolver o nosso mundo colorido. Larissa Ferreira Lima (Goiânia, GO) Mais
2023-07-22 20:00:00
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Painel do Leitor
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O ex-secretário e o negacionista
Antônio Fernando Pinheiro Pedro está muito longe de ser o negacionista pintado na mídia depois de dizer que o planeta se salva sozinho do aquecimento. Sem entrar o mérito da declaração, acho relevante situá-la em sua trajetória política.Conheci o ex-secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo na década de 1990, quando eu era membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB de São Paulo, que ele presidia.Assinamos a petição inicial da ação civil pública movida pela OAB-SP contra o rodízio estadual de veículos, implantado no governo Mario Covas. Uma das razões expostas era a de que não havia uma metodologia, um estudo que parametrizasse a necessidade de um rodízio naqueles moldes, além das razões jurídicas ali apontadas.Nossa convivência como advogados ambientalistas não resultava (e nunca resultou) em concordância política. Nossas abordagens ou modo das falas são diversos, mas com pontos de proximidade que podem e devem ser instrumentalizados nas políticas sociais ambientais implantadas com a participação das populações para as quais são endereçadas.Por essa razão, trabalhamos juntos considerando objetivos comuns relativos à preservação ambiental e à qualificação dos agentes públicos e privados. Na época, tais intervenções eram vistam como uma "categoria inferior" do direito pelas clássicas visões, ainda individualistas, impostas pelos códigos civil e de processo civil. O passar dos anos, com a atuação dele e de um grupo que se reunia na OAB-SP, mostrou o contrário.Trago essas informações para dizer que, em que pesem nossas diferenças quanto às intervenções políticas do Estado, nunca o vi como um negacionista, uma palavra da moda, genérica, que não leva em conta gênero, poder hegemônico ou de grupos identitários (sempre é bom reler "Por que a guerra", de Freud).Estive no Fórum sobre Mudanças Climáticas, no qual o posicionamento de Pinheiro Pedro gerou intervenções despropositadas da mesa de trabalhos e, ao que me parecem, com um objetivo determinado.Não vou discutir as alegações, às vezes violentas, de integrantes da mesa quanto aos protocolos de apresentação que, em geral, não eram obedecidos, mesmo porque o local para essa discussão adquire um invólucro de epistemologia e hermenêutica jurídicas que este texto não alcança. Mais Em mais de 20 anos de convivência, estivemos com frequência na mesma trincheira. Debatemos a educação ambiental nas escolas no Ministério da Educação de Fernando Henrique Cardoso. Participamos de encontros nacionais e internacionais, representando a OAB-SP. Fomos professores no Núcleo de Informações em Saúde Ambiental (Nisam-USP).Não poderia faltar menção, neste breve depoimento, ao fato de que Pinheiro Pedro foi um dos aglutinadores das discussões da lei 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.Por fim, como representante que sou da OAB-SP junto à Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo, afirmo, sem medo de errar, que membros da sociedade que se reúnem no Comitê Gestor do Programa de Acompanhamento da Substituição de Frota por Alternativas mais Limpas (Comfrota) e no Comitê Municipal de Mudanças do Clima e Ecoeconomia (CMMCE) são originários de universidades, indústria, comércio, serviços e têm contribuído para uma discussão, com ação efetiva da secretaria, na melhoria das condições climáticas.Depois de tantos debates e conversas, em que Pinheiro Pedro sempre demonstrou honestidade intelectual, posso afirmar que o ex-secretário, além de não se encaixar no perfil de negacionista, sempre primou, ao defender seus posicionamentos, por expor divergências de maneira republicana e democrática.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-22 08:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-ex-secretario-e-o-negacionista.shtml
Messi estreia com o pé esquerdo (o bom) nos Estados Unidos
A estreia de Messi, 36, por seu novo clube, o Inter Miami, encaminhava-se na noite desta sexta (21) para um fim melancólico em Fort Lauderdale, onde fica a arena do time na Flórida.Era a primeira partida do craque argentino pela equipe americana, sua estreia no futebol dos EUA, que aguardava com grande expectativa esse momento.O camisa 10, para frustração dos torcedores da equipe que veste cor-de-rosa e encheram o estádio DRV PNK (que abriga cerca de 20 mil torcedores), começou no banco.O treinador Tata Martino, compatriota de Messi, guardava-o para participação no decorrer do jogo contra o mexicano Cruz Azul pela Copa das Ligas, torneio que reúne agremiações de EUA, Canadá e México.Por que razão? Talvez porque o sete vezes eleito melhor do mundo e capitão da seleção argentina campeã da Copa de 2022 sete meses atrás tivesse chegado havia poucos dias aos EUA e pouco tenha treinado com o novo time.Parecia uma justificativa razoável. Assim, com o Inter Miami em vantagem por 1 a 0, gol marcado por Robert Taylor no fim do primeiro tempo, o técnico deu vez a Messi aos 9 minutos do segundo tempo.Onze minutos depois, decepção na torcida do Inter Miami: Uriel Antuna empatava para o Cruz Azul.A partir daí, os minutos foram passando, passando, passando, e a partida parecia que findaria na igualdade, ampliando para sete jogos a série sem vitória da equipe americana.Naquele momento, com os 45 minutos do segundo tempo já estourados, alguém que acredita em sorte ou azar poderia ter dito que Messi estava estreando com o pé esquerdo, sendo um infortunado no primeiro jogo.Quem pensou isso, contudo, deve ter se esquecido de que Messi é Messi e que "o jogo só termina quando acaba", frase atribuída ao ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus (1908-1997).Faltando bem pouco para o final da partida (eram dois os minutos de acréscimo concedidos pelo árbitro salvadorenho Hector Martínez), falta para o Inter Miami perto da meia-lua do Cruz Azul.Messi, em posição na qual se colocou incontáveis vezes na vida, ficou a dois passos da bola. O goleiro Andrés Gudiño colocou cinco homens na barreira, e um sexto deitou-se atrás dela, para evitar a passagem da redonda caso o chute fosse rasteiro.Messi, tarja de capitão no braço esquerdo, avançou os dois passos, com a canhota bateu colocado encobrindo a barreira e, com o tempo de jogo expirado em quase dois minutos, botou a pelota no ângulo do camisa 30 mexicano.Uma batida perfeita. Como dizia um narrador do rádio (acredito que era José Silvério na Jovem Pan), foi "como se tivesse colocado a bola nas redes com as mãos", tamanha a facilidade com que o fez.Isso aos 48 minutos e 48 segundos do segundo tempo. No lance final do confronto.Vibração de Messi com os companheiros de time, festa enorme dos torcedores (muitos e muitos deles com a camisa da Argentina), câmeras em um David Beckham (ex-craque da Inglaterra, sócio do Inter Miami) emocionado, batendo palmas ao lado da esposa, a ex-Spice Girl Victoria, e em um Tata Martino sorridente, igualmente aplaudindo.É um daqueles lances que ficarão para sempre na lembrança dos aficionados por futebol, que o admirador não só de Messi mas do esporte em si guardará com carinho na memória e contará um dia para o neto ainda pequeno (ou que ainda nem nasceu) ao relatar os feitos de um dos grandes (do alto de seu 1,70 m) da história do futebol.Assim, Messi começou, sim, com o pé esquerdo sua trajetória nos EUA. O significado da consagrada expressão é de um mau começo. No caso de Messi, porém, aplica-se o oposto. Pois o esquerdo é o seu pé bom.Bom, nesse caso, é ser módico. É admirável, magnífico, extraordinário. Um dos melhores pés esquerdos que o futebol já viu. Digno, por esse gol tão marcante, de ser eternizado (alô, Beckham!) em uma calçada da fama no estádio do Inter Miami.
2023-07-22 01:10:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/o-mundo-e-uma-bola/2023/07/messi-estreia-com-o-pe-esquerdo-o-bom-nos-estados-unidos.shtml
Tentando desenrolar
Um programa para reduzir o endividamento é ideia antiga, nunca realizada por conta de dificuldades de alinhamento entre credores e complexidades técnicas.A primeira tentativa saiu do papel, com algumas regras pendentes e potencial ainda incerto para reduzir o número de brasileiros inadimplentes e sem acesso a crédito —eram 71,4 milhões em junho.Os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) aderiram, assim como um número considerável de outros menores.O Desenrola começou na segunda (17) e vai até o fim do ano. O programa tem três partes. A primeira é voltada para estrato de baixa renda, estimado em 2,5 milhões de pessoas, com dívidas de até R$ 100.Os bancos que aderirem ao programa terão que retirar o nome dos devedores dos birôs de crédito, e não poderão inseri-los novamente pela mesma dívida. O impacto para as instituições é provavelmente pequeno e representa um gesto positivo para dar nova chance a quem deve pequena quantia.Também está em andamento a segunda fase, voltada a quem tem renda entre R$ 2.640 e R$ 20 mil. Cerca de 30 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas, com dívidas totais de R$ 50 bilhões. O incentivo para os bancos neste caso é um crédito presumido equivalente aos débitos renegociados, o que melhora a posição de capital das instituições e, em tese, abre espaço para novos financiamentos.O apetite para a concessão de crédito pode não ser tão influenciado pelo alívio contábil, pois o limitador hoje é o ambiente de negócios, não a falta de capital. De todo modo, com a queda da inadimplência, algum aumento haverá.A última etapa tem início em setembro. Pessoas com renda menor que dois salários mínimos (R$ 2.640) poderão negociar dívidas de até R$ 5.000 (financeiras e não financeiras, excluindo empréstimos residenciais, rurais e algumas modalidades com garantias).Os juros são limitados a 1,99% ao mês; e o capital alocado pelos bancos contará com um fundo garantidor do governo, com valor inicial de R$ 7,5 bilhões.O uso de dinheiro público é algo problemático, pois pode incentivar comportamentos temerários no futuro.O melhor seria haver uma remuneração, como um prêmio de seguro, pelo risco incorrido pela União, como é usual no mercado. Mas o espírito do programa não deixa de ser positivo.Se bem sucedida, a experiência poderá abrir espaço para maior inovação adiante. De resto, a iniciativa não substitui a necessidade de continuado avanço regulatório para reduzir os juros, intensificar a concorrência e garantir a concessão de crédito responsável.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-21 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/tentando-desenrolar.shtml
As escolas cívico-militares devem continuar? SIM
Desempenhando papel essencial entre as primeiras experiências de interação social não familiar do ser humano, a escola tem participação ativa na formação do indivíduo, contribuindo, para além da educação formal, com elementos relevantes para o alcance da condição de cidadão ativo e participante da construção do país.Desde os primeiros anos escolares, é dentro das instituições de ensino que os alunos têm a oportunidade de vivenciar relações estruturadas a partir do convívio com seus pares e também relações hierárquicas que, invariavelmente, estarão presentes durante toda a sua vida na forma de, por exemplo, filas, horários, leis e demais regras que norteiam a convivência.Tendo em vista que, mais e mais, as escolas recebem involuntariamente encargos de formação ética e moral, desde os elementares "por favor e "muito obrigado", as atribuições profissionais na área expandiram-se para muito além do ensino. Nessa esteira, a proposta dos colégios cívico-militares, no caso do Paraná, tem sido a de formar pessoas íntegras, comprometidas e capazes de trabalhar em equipe. A partir da fixação de valores de respeito e disciplina como atitudes naturais, a conduta do estudante dentro e fora do universo escolar resulta na formação do caráter cívico.As escolas cívico-militares vêm apresentando melhora significativa no desempenho acadêmico, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2021, registraram índices 84% mais altos em relação a 2019. E o Paraná, que tinha em 2019 sete escolas cívico-militares, terá 206 até o final deste ano. E nunca é demais lembrar que o Ideb, principal balizador da qualidade da educação, colocou o Paraná como a melhor educação do Brasil. Saímos da sétima posição no Ideb para o primeiro lugar, também com o trabalho da nossa rede cívico-militar. Mais O governador Ratinho Jr. (PSD-PR) enfatiza sempre que preconceito e educação não combinam, e a escolha do rumo educacional dos filhos é de livre iniciativa dos pais. Não por acaso, a rede estadual de ensino dispõe de múltiplas modalidades pedagógicas. Em síntese: a opção é da família. Além disso, é a comunidade que define se o modelo da escola deve ser integral, cívico militar ou convencional.O fato é que o aprendizado não se constrói sozinho. Se queremos que os estudantes desenvolvam critérios de organização para suas vidas, fornecer as orientações para o alcance de tal objetivo será necessário, pois investir em autonomia sem o estabelecimento dos critérios para o seu exercício é mera insensatez. No dia a dia, por exemplo, o respeito a ações simples, como cumprir horários, favorecem o processo de ensino. Não há como discordar: respeito e disciplina são indicadores de qualidade da educação.A rede não exige processo seletivo para o ingresso nas escolas cívico-militares. Outro recorte: 30% de seus alunos pertencem a famílias beneficiárias do programa Bolsa Família. Mais É imprescindível uma visão equilibrada para dissociar a presença dos militares inativos voluntários entre a comunidade escolar. A responsabilidade deles tem sido a de estimular a amizade e a solidariedade entre os alunos, atuando no desenvolvimento de atitudes e valores consoantes às demais áreas da instituição de ensino.Nunca é demais ressaltar que o ensino formal em sala permanece —ao contrário do que muitos pregam— sob a égide de equipes gestoras, compostas por grupos diretivos e pedagógicos que, por sua vez, são formados por profissionais concursados da rede estadual.Assim, embora o Paraná respeite a decisão da União, optamos pela continuidade do modelo pedagógico no Estado baseado em resultados efetivos e pela aprovação da própria sociedade. O nosso foco será sempre o desenvolvimento do estudante, de modo que estejam preparados para o futuro, sem deixarmos espaços para qualquer tipo de proselitismo político-ideológico.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-21 22:00:00
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Opinião
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Assinante diz que governo trata cracolândia como 'abacaxi que acabou de cair na cidade'
Critérios "Dificuldade de deslocar mil pessoas por 2 km fez Tarcísio desistir de mudar cracolândia de lugar" (Cotidiano, 20/7). Se o problema fosse o traslado de 2 km, era só usar ônibus fretados. A solução proposta é que seria mais um problema. Estão tratando do abacaxi como se ele tivesse acabado de cair na cidade. Que calamidade. Maria Mateus (São Paulo, SP)O governo queria mudar a cracolândia para o Bom Retiro. Algum estudo deve ter sido feito. Por que o Bom Retiro e não os Jardins? Ou para uma rua de São José dos Campos? Ou ainda para o jardim do Palácio dos Bandeirantes? Alguém explica o critério, por favor. Wilson Reinhardt Filho (São Paulo, SP)O assunto é complexo e soluções simplistas não resolvem, como estamos vendo. A saída possível seria buscar soluções mais acertadas de outros países, que também convivem com esse grave problema, mas isso não faz parte desse governo, como está claro na matéria. Marcos Medeiros (São Paulo, SP)Comportamento "Eduardo Leite aciona MP contra Jean Wyllys e o compara a Jefferson e Bolsonaro" (Painel, 20/7). Acho estranho o comportamento deste cara, Jean. Ele fugiu do Brasil por ter a língua frouxa e atacar outras pessoas. Voltou agora, arrogante e com o mesmo comportamento desrespeitoso que o obrigou a fugir do país a primeira vez! Gaya Becker (Porto Alegre, RS)Preço a pagar "Putin diz que Polônia quer intervir na Guerra da Ucrânia e faz ameaças" (Mundo, 21/7). A Rússia só teve prejuízo com a guerra. A indústria bélica ocidental está lucrando. Quanto mais a Otan interveio, pior ficou. Está na hora de abrir mão dos lucros e levar as ameaças de Putin a sério. Os russos não vão perder a guerra, custe o que custar. Hora de proteger o Ocidente, e isso não ocorre com o armamento da Ucrânia, tudo indica acirramento constante. Não quero pagar essa conta. Não é egoísmo, é racionalidade. Enir Antonio Carradore (Criciúma, SC) Mais Rótulos "Vinhos brasileiros batem recorde de prêmios em concurso internacional; veja os melhores" (Comida, 20/7). Só compro se tiver selo de não exploração de mão de obra. Maria Gouvea (Belo Horizonte, MG)Seria interessante que a notícia apontasse quais desses são ou não clarificados, poderiam ter um selo vegano ou de práticas sustentáveis. Fabiana Menezes (Belo Horizonte, MG)Vinhos que não chegam aqui no Nordeste. Compramos chilenos e portugueses porque não tem como apreciar os nacionais, mais caros que os importados muitas vezes! Inocêncio Jerônimo (Recife, PE)O problema é a divulgação precária. Os vinhos nacionais praticamente não são encontrados no exterior. Galdino Formiga (São Paulo, SP) Mais Velhice "A geração que não aceita o carimbo de velha" (Mariliz Pereira Jorge, 20/7). Tenho 50 anos e digo que, se eu soubesse que ficar velho fosse tão bom, eu teria ficado antes. Há tempos tenho tido muita paz, durmo e acordo tranquilo. Como é boa a maturidade, você passa a não deixar nada, nem ninguém, tirar a sua paz e também a amar ficar em casa, que é o melhor lugar do mundo. Nossa casa, nosso aconchego. Jo Almeida (São Paulo, SP)Adoro fazer aniversário e sempre me espanto com a minha vitalidade. Ao mesmo tempo, sou mais segura e certa nas escolhas que faço. Estamos no auge, Mariliz. Claudia Roveri (Blumenau, SC)Tempos difíceis "Felipe Neto se engana sobre preço dos livros" (Ilustríssima, 19/7). Sei lá, essa ideia de valorizar o livro como valorizamos o filme em cartaz me pareceu insuficiente e romântica. Até onde eu sei, as salas de cinema não estão nadando em dinheiro. Quem vai não costuma pagar os valores exorbitantes da pipoca e do refri. Estamos todos estrangulados —quem produz e quem consome. João Gabriel (Guarulhos, SP)Como autora, me sinto representada. É preciso um diálogo mais amplo, pois a questão é bem mais complexa do que parece. E o autor ou ilustrador, que são a alma do livro, se não forem muito famosos, recebem de 5% a 10% do lucro. Às vezes lucro líquido, o que nos faz ter que trabalhar em outra profissão para conseguirmos nos manter. E nossa paixão fica como um hobby. Vanessa Campos Ratton Ferreira (Guarujá, SP)Diferentemente do que foi mencionado no artigo, a Suzano não possui monopólio no segmento de papéis no Brasil. Pelo contrário, há uma ampla e salutar concorrência e oferta de produtos no mercado local, tendo a companhia participação de mercado inferior a 50% no segmento de papéis gráficos. A Suzano orgulha-se em ser parceira do segmento editorial, das gráficas e papelarias do Brasil e atua de forma a assegurar a qualidade na oferta local de um amplo portfólio de produtos. Fabio Almeida de Oliveira, diretor executivo da Unidade de Negócios de Papel e Embalagens da Suzano (São Paulo, SP)Tony Bennett "Morre Tony Bennett, um dos maiores cantores da música americana, aos 96 anos" (Ilustrada, 21/7). Feliz por esta excelente matéria e pelos riquíssimos detalhes da trajetória do inesquecível Tony Bennett. Considero-a como uma bela homenagem a este ícone do jazz. Parabéns à Folha! Enos Alves (São Paulo, SP) Mais
2023-07-21 19:01:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/assinante-diz-que-governo-trata-cracolandia-como-abacaxi-que-acabou-de-cair-na-cidade.shtml
Resgate do passado e quebra de estigmas unem fotógrafos do Brasil e da África
Quem visita a biblioteca do IMS (Instituto Moreira Salles), em São Paulo, encontra uma pequena exposição com 13 fotolivros feitos por artistas visuais do continente africano.A mostra com entrada gratuita "Áfricas Contemporâneas no Fotolivro: Herança Estética como Ato Político" busca evidenciar o pensamento fotográfico africano, a partir do trabalho de artistas nascidos no continente.No Brasil, como em outras partes do mundo, a arte africana tem pouca visibilidade. No entanto, o trabalho desses artistas extrapola o universo da arte e também guarda semelhanças com o trabalho de fotógrafos brasileiros, em especial os negros e indígenas, afirma Ana Paula Vitorio, curadora da mostra e pós-doutoranda na University of the Free State, na África do Sul. Segundo ela, colocar a África no centro da produção da arte sobre o continente evidencia aspectos culturais a partir do olhar de quem os vive, seja para exaltar características locais ou para denunciar problemas sociais.Nos livros expostos estão fotos do cotidiano de cidades como Lagos, na Nigéria, vistas em "Last Day in Lagos" (2022), da fotógrafa Marilyn Nance, e retratos feitos no transporte público em Johanesburgo, na África do Sul, em "Stories: Train Church" (2019), de Santu Mofokeng. São fotos de rua, autorretratos e montagens em livros publicados a partir dos anos 2000.Ana Paula conta que escolheu estudar fotolivros, com foco em processos criativos, porque neles "é possível perceber qual história o autor quer contar". E as histórias sobre continente africano, em especial, foram marcadas pelo olhar do estrangeiro por muito tempo.Os primeiros álbuns fotográficos sobre a África datam do final do século 19 e início do século 20, período em que muitos lugares foram colonizados por países europeus, explica.Por isso, as imagens da época mostram a população local como "o outro", um ser "exótico e desprovido de humanidade". "São fotos à serviço da colonização, para alimentar uma audiência branca e europeia que já tinha uma ideia estigmatizada do continente." Mais "Os reflexos deste período ainda podem ser vistos em imagens produzidas atualmente", com a divulgação de imagens que ignoram a diversidade étnica, ou campanhas que estigmatizam a população.A pesquisa de Vitório trata da produção de artistas africanos, ou da diáspora, a partir da década de 1950, quando aconteceram movimentos de independência em muitos países —Gana (1957), Nigéria (1960) e Argélia (1962).Para estes autores, a fotografia não é um meio de conhecer o outro, como acontecia durante o período colonial, mas sim uma forma de "mostrar ao mundo quem se é".Segundo a curadora, é comum que os artistas revisitem documentos, registros, costumes e histórias, que podem vir tanto do período pré-colonial, quanto de relatos passados de geração em geração, para aprofundar a produção artística. "Eles olham para esses arquivos como quem olha para um tesouro. É como um resgate do passado que serve de espelho para imaginar um futuro"."Esses autores estão lidando com as pessoas como se estivessem fotografando a si mesmos, a imagem não é um muro que separa fotógrafo e fotografado, é um espelho que ele usa para se olhar e se entender melhor." Mais Essas são características que Ana Paula também vê na produção de fotógrafos negros no Brasil, em que existe uma busca por revisitar histórias familiares ou comunitárias.Ver o passado como um espaço amplo de possibilidades criativas está entre as semelhanças do trabalho de artistas negro brasileiros e africanos que Ana Paula diz observar. "É possível ver o quão alinhados e atentos eles estão à arte que que vai fazer esses retornos para impulsionar o melhor e mais fiel retrato do presente."Ela ressalta, no entanto, que cada local guarda suas diferenças culturais e sociais, que ficam evidentes no resultado devido a múltipla autoria.O que você quer ler aqui no blog? Tem alguma sugestão para o Pretos Olhares? Escreva para catarina.ferreira@grupofolha.com.br
2023-07-21 16:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/pretos-olhares/2023/07/resgate-do-passado-e-quebra-de-estigmas-unem-fotografos-do-brasil-e-da-africa.shtml
Barbies transantes: seguidores relembram o esfrega-esfrega lúdico da boneca
Nunca vi um filme ter mais marketing espontâneo e não remunerado que o live action da Barbie, com Margot Robbie e Ryan Gosling. Também pudera, a boneca reacendeu a nostalgia das brincadeiras de infância. Tive algumas e adorava brincar de montar looks, passear com as amigas e... de esfrega-esfrega. Descobri nas redes sociais que não sou a única. Aqui e ali começaram a contar histórias de Barbies relando no Ken e em outros brinquedos.As roçadas mais comuns eram o tradicional papai-e-mamãe (ou mamãe-e-papai) com os bonecos na horizontal fazendo movimentos de vai e vem, e a tesourinha, em que dois brinquedos encaixavam a pelve em xis, com as pernas entrelaçadas. A posição de tesourinha é um clássico no sexo lésbico. Eu costumava optar pelo primeiro.Quando não tinha Ken, a esfregação acontecia com outros companheirinhos. "As minhas e das amigas eram bem heteronormativas, mas, como ninguém tinha Ken, faziam par com ursos de pelúcia mesmo", disse uma moça. Outra me contou que tinha uma pantera cor-de-rosa de pelúcia do tamanho da Barbie e eles "se pegavam forte". E ainda teve essa: "Eu não tinha Ken, então rolava Barbie com Barbie, e eu tinha um palhaço do McDonald’s do tamanho de um. Eu botava ele pra transar com ela. Hoje sou bi, não vou fazer a piada de que só fico com palhaço." Mais Um fato é que, na vida real, o Ken é tão boy toy e coadjuvante como o do filme. Tanto que muitas crianças nem tinham o boneco. Eu tive um, que era namorado de três ou quatro bonecas. Como faltava homem, eu cortei o cabelo de uma delas, que era a mais parruda. Quando perguntei aos meus seguidores sobre a brincadeira, descobri que muitos fizeram isso.José, hoje homem transgênero, pegou uma das suas, cortou as madeixas e fez um binder com fita isolante para torná-la um rapaz – binder é um acessório bastante utilizado por homens trans para atenuar o volume das mamas. "Coincidência ou não, meses depois eu ganhei um Ken e uma Barbie grávida; enfim, a tentativa de reforço da cisheteronormatividade reprodutiva."Meninos também brincavam de roçar. Um me falou que, de vez em quando, surrupiava as Barbies da irmã para terem um lance com seus bonecos do Comandos em Ação, bem famosos na época. A irmã também se apropriava dos brinquedos dele. Outro disse que seus hominhos de brinquedo se pegavam entre si.Os pais muitas vezes desaprovavam esse tipo de diversão e, por isso, muitas crianças faziam escondido deles, mesmo sem saber o que o ato poderia ter de "errado". Mas nem todos os pais. "Minhas Barbies iam para a balada, não eram casadas e transavam muuuuuuito. Um dia minha mãe foi numa dermato e pegou uma luva de dedo pra usar como camisinha do Ken. Eu não colocava em lugar nenhum, mas passou a fazer parte do meu universo. Achei a atitude da minha mãe incrível".De fato, algo louvável que contribui para a educação sexual desde cedo! E entendo que ela não tenha conseguido colocar a camisinha em lugar nenhum, considerando que os brinquedos não tinham genitália aparente.Muitos hoje adultos só foram perceber bem mais tarde que o esfrega-esfrega lúdico lembrava o ato sexual. A sexualidade infantil é um assunto tabu, mas, há mais de século, Freud apontou que crianças pequenas descobriam o prazer genital. Tenho 1200 restrições com Freud e acho que ele falou muita besteira.Por exemplo: disse que o orgasmo clitoridiano era imaturo e coisa de criança, e que mulheres adultas tinham orgasmos vaginais. Com isso, ele ajudou a invisibilizar nossa principal fonte de prazer sexual. Mas, no caso da descoberta da sexualidade infantil, suas observações fazem sentido, ok? É óbvio que é uma coisa pra elas explorarem sozinhas, sem nenhum adulto envolvido –até porque isso é um dos crimes mais hediondos que existe.Se você tem filhos pequenos e eles brincam assim, saiba que isso é normal e faz parte do desenvolvimento infantil. Conversas sinceras sobre o assunto são muito mais saudáveis que repressão!Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-07-21 12:00:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/07/barbies-transantes-seguidores-relembram-o-esfrega-esfrega-ludico-da-boneca.shtml
Exposição de Leonardo Da Vinci em SP usa projeções para transportar público à Itália
Na leva das exposições imersivas, que fizeram sucesso desde o início do ano, chega ao MorumbiShopping nesta quinta-feira (20) a mostra "Os Mundos de Da Vinci". Ela explora as diversas facetas do artista renascentista, entre elas o cientista, engenheiro e matemático, mas sem nenhuma obra original.Realizada pela Visualfarm, a mostra tem ingressos por R$ 70 de domingo a sexta e R$ 90 nos sábados.O lado pintor do gênio italiano, conhecido principalmente por causa de seu quadro Mona Lisa, o mais caro do mundo, é o primeiro com o qual o público se depara. Diversas réplicas de pintura são dispostas pelos corredores escuros da mostra, que ocupa o piso do estacionamento do shopping, em uma área de mais de 3.000 m².Uma das oito salas de exposição traz um domo do tamanho do Planetário de São Paulo onde que é projetado no teto imagens em 360º que contam a história de Leonardo Da Vinci ao longo de seis minutos. São imagens do planeta terra, de seus rascunhos e da Itália, feitas a partir de um drone. Os visitantes sentam em pufes espalhados pelo espaço. Mais Após percorrer outros corredores escuros, o público se depara com o espaço principal da exposição, um cenário em branco que ganha cor a partir de projeções. Lá, são exibidas imagens da antiga Milão, na Itália, das ruas pelas quais Da Vinci percorreu, além de suas principais obras, detalhes de seus esboços e estudos. É o momento em que as pessoas aproveitam para tirar selfies.A exposição segue com maquetes de algumas das invenções de Da Vinci, como um barco com foice, além de recriar o cenário de seu quarto. Nele há uma casa, cadeiras e outros móveis antigos do século 15.Em outro momento é possível ver réplicas de figurinos de teatro criados pelo artista, que trabalhava com desfiles de rua. Essa faceta é uma das menos conhecidas de Da Vinci.Além da mostra, a ideia dos realizadores é fazer um centro cultural, com apresentações de música às terças-feiras a partir das 19h e às quintas-feiras ciclo de debates com o jornalista Arthur Veríssimo, que convida Antonio Peticov Monja Coen, Roberto Shinyashiki, Sri Prem Baba, Fernando Bellato, e Tadashi Kadomoto entre outros. Há também programação de teatro infantil.
2023-07-21 09:30:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/exposicao-de-leonardo-da-vinci-em-sp-usa-projecoes-para-transportar-publico-a-italia.shtml
O Brasil apoia e aplaude a seleção de futebol feminino
Nesta semana o Brasil assistiu a uma decisão inédita do governo federal, que instituiu a alteração de expediente no serviço público em dias de jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo de futebol feminino, que começou nesta quinta-feira (20) na Austrália e Nova Zelândia. Essa medida, tradicionalmente adotada na Copa do Mundo de futebol masculino, inaugura uma nova era de valorização e visibilização do futebol feminino no Brasil, uma modalidade que sempre padeceu da falta de apoio e incentivo em nosso país.A alteração de horário de expediente em dias de jogos da seleção feminina de futebol, além de caminhar na direção da promoção da equidade de gênero no esporte e na sociedade brasileira, demonstra o compromisso do governo com a valorização do esporte feminino. O tratamento igualitário às modalidades esportivas femininas e masculinas naturaliza em nossa sociedade a percepção de que o esporte pertence a todas as pessoas, independentemente de gênero.Assegurar a presença de mulheres em ambientes tradicionalmente ocupados por homens, como no futebol, é transformador e uma iniciativa cujos impactos positivos influenciarão as novas gerações. Ação similar é realizada com programas e projetos voltados para a inclusão de meninas nos diferentes campos da ciência, também anunciados este ano pelo governo federal. A representatividade traz às mulheres o direito de sonhar —e realizar.A alteração de horário de expediente para servidores públicos federais não se limita a permitir que apenas essa categoria possa torcer por nossa seleção, mas pretende induzir os estados e municípios, além das empresas privadas, a adotarem medidas semelhantes em relação a seus servidores e empregados. Dizer "sim" à alteração de horário é voltar os olhares para o futebol praticado por mulheres por algumas horas do dia e vai inserir o futebol feminino no cotidiano das famílias brasileiras, que poderão acompanhar os jogos enquanto tomam café da manhã reunidas ou que os amigos se juntem para assistir às partidas enquanto comem um pão na chapa na padaria da esquina. Mais Essa medida vai ao encontro da Estratégia Nacional para o Futebol Feminino, instituída pelo decreto 11.458, assinado pelo presidente Lula em 20 de março de 2023. A regulamentação objetiva promover e valorizar a prática do futebol por mulheres e meninas em todos os níveis, da formação esportiva ao alto rendimento.O movimento que estamos iniciando no governo federal deverá inspirar novas gerações de jovens mulheres a se envolverem no futebol, seja como atletas, técnicas, árbitras ou dirigentes. Em consonância com esse movimento, o Brasil está na disputa para ser país-sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027, e será o primeiro país latino-americano a sediar o torneio em caso de sucesso da candidatura.Acreditamos que este é apenas o início de uma trajetória contínua de valorização e empoderamento das mulheres no esporte, rumo a um futuro mais igualitário e inclusivo.O Brasil só continuará a ser o país do futebol à medida que for também o país do futebol feminino, e essa é uma construção que depende do esforço e sensibilidade de todas e todos.Veremos o Brasil todo por todas!TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-21 10:08:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-brasil-apoia-e-aplaude-a-selecao-de-futebol-feminino.shtml
Acolhimento: como balancear a oferta e a demanda de saúde na Atenção Básica?
Falar sobre acesso, acolhimento e processos de trabalho na Atenção Básica (AB) brasileira é sempre desafiador, seja na perspectiva dos profissionais, da gestão ou dos usuários. Por um lado, a demanda por serviços de saúde só aumenta, principalmente no que diz respeito às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) — seja pelo envelhecimento progressivo da população, seja pelas demandas represadas desde a pandemia de Covid-19. Por outro lado, a oferta de saúde é insuficiente, uma vez que o Brasil ainda não dispõe de cobertura universal em AB.Tudo isso resulta em problemas já conhecidos: pessoas chegando à unidade antes do horário de abertura para garantir o atendimento, irritação com filas e demora. No limite, há relatos de práticas inadequadas e desvio de conduta de cidadãos, como a "venda" de lugares na fila para atendimento. Afinal, como é possível oferecer um serviço resolutivo se a pressão assistencial é sempre alta e não há tempo para planejamento?Modificar essa realidade exige um esforço conjunto da gestão e dos profissionais de saúde. É necessário desenvolver tecnologias "leves", que olhem para aspectos sociais, comportamentais e organizacionais, melhorando gradualmente as ações e processos das equipes; também são necessárias tecnologias "duras", que têm por base componentes físicos, materiais e digitais, como as melhorias na ambiência das unidades e na informatização dos serviços da atenção básica. Essas tecnologias combinadas facilitam o processo de trabalho, a autogestão das equipes de saúde da família e a capacidade de realizar uma gestão da clínica eficiente, priorizando a oferta de saúde para os territórios e indivíduos que mais precisam.Um desafio adicional a se considerar para o sucesso das intervenções é a progressiva digitalização da saúde. É preciso combinar a organização de fluxos de acesso e acolhimento na AB com a perspectiva de avanço da saúde digital, uma vez que há uma preocupação imediata com a inclusão da população que acessa esse serviço, o que chamamos de "dilema Daniel Blake". No filme "Eu, Daniel Blake" (2016), de Ken Loach, um senhor inglês tem seu acesso a benefícios de previdência social constantemente negado por diversos motivos, como a falta de letramento digital. Esse dilema ilustra como as ferramentas digitais, que hipoteticamente tornam os serviços mais simples, eficientes e acessíveis, podem agir contra os princípios basilares de universalidade, integralidade e equidade, que fundamentam sistemas como o SUS, e rotinas da atenção básica, como o acolhimento.Para evitar a exclusão de grandes parcelas da população na atenção básica, a informatização dos serviços deve vir subsidiada pela participação da equipe de saúde e dos usuários, com a finalidade de integrar e informar todos os atores envolvidos no processo. Ou seja, se há a possibilidade de agendamento de consultas, procedimentos ou teleatendimentos utilizando aplicativos, por exemplo, é preciso capacitar a equipe de saúde para interagir com a população e facilitar esse acesso, seguindo a lógica territorial e comunitária da atenção básica como vetor para atingir a transformação social e digital.Pensando nisso, o projeto Qualifica AB, construído pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e pela Secretaria de Saúde do Recife (SESAU), com o apoio da Umane, está co-criando um modelo que estrutura a rotina de acolhimento de cidadãos nas unidades básicas de saúde a partir do diálogo com profissionais e gestores. O objetivo é alcançar o melhor processo de trabalho possível a partir da realidade de cada equipe de saúde da capital pernambucana.O modelo proposto pelo Qualifica AB envolve quatro passos. O primeiro consiste em mapear o fluxo de pessoas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O segundo visa estudar quais são as principais demandas que chegam na porta da unidade de saúde e nos consultórios, compreendendo o perfil da população que acessa o serviço e os motivos da busca pela UBS. Nesse quesito, importa dizer que a "não procura" pela UBS também possui relevância. Para o mapeamento, foram desenvolvidas ferramentas que permitem a análise da demanda por tipo, dia da semana, horários e condição clínica do usuário ou usuária.O terceiro passo envolve analisar o atual processo do acolhimento através dos dados coletados, estabelecendo novas intervenções, protocolos e fluxos a partir de parâmetros mínimos estabelecidos pela Secretaria de Saúde do Recife. O quarto e último passo busca avaliar as mudanças a partir de indicadores de processo co-criados com gestores locais.Há várias maneiras de pensar o acolhimento: acesso avançado, modelo de repartição de agenda (carve out), ou acolhimentos realizados pela equipe do dia, pela equipe de referência, ou ainda coletivamente. Muitas vezes, as gestões municipais decidem por adotar um modelo único para todas as equipes e Unidades, à revelia das particularidades de cada território. Em outras ocasiões, as equipes de saúde ficam perdidas em meio a tantos modelos teóricos para acolher os cidadãos.A inovação do Qualifica AB está em não focar em modelos prontos, mas apostar no estudo da demanda e no fortalecimento dos processos de trabalho, com pactuações internas das equipes para aumentar a oferta de saúde (como consultas coletivas, grupos, encaminhamentos intersetoriais). Essa é uma das diretrizes do projeto para construir estratégias atentas às demandas de cada unidade de saúde e diminuir as barreiras de acesso dentro desse processo tão desafiador.Agatha Eleone é Analista de Políticas Públicas do IEPS. Caio Rabelo é Gestor de Projetos do IEPS; e Maria Heloisa Lira Rodrigues dos Santos é Residente em Saúde Coletiva no IMIP.
2023-07-21 09:57:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/saude-em-publico/2023/07/acolhimento-como-balancear-a-oferta-e-a-demanda-de-saude-na-atencao-basica.shtml
'Vai na Fé' se consagra como a melhor novela após 'Pantanal'
Apesar dos beijos homoafetivos cortados ao longo de "Vai na Fé", fruto dos esforços da Globo para reconquistar a plateia conservadora perdida nos últimos anos, a trama de Rosane Svatman é a melhor novela produzida pelo Grupo Globo desde "Pantanal". E o enredo alcança esse superlativo sob um risco alto: a ousadia de abordar o universo evangélico, considerado a ponta extrema de uma das gangorras que mais expõem rivalidade no jogo da polarização.Melhor que isso, só se a audiência fosse boa. E foi. Mais Dentro dos parâmetros atuais, e levando em conta o percentual de TVs ligadas na faixa das 19h30 às 20h30, "Vai na Fé" tem, proporcionalmente, mais audiência que a novela das nove, e chegou até a superar "Terra e Paixão" em público absoluto em algumas ocasiões.A condição de melhor novela pós-Juma & Cia. vale tanto para a TV linear como para o Globoplay, serviço de streaming onde "Todas as Flores" mereceu muitos aplausos em sua primeira etapa, para depois frustrar expectativas na segunda metade da história.A morte de Dora, personagem de Cláudia Ohana, no capítulo desta quinta-feira (20) foi só mais uma sequência que esbanjou competência e delicadeza de texto e direção. O processo do luto vivido pela perda de alguém tão querido mereceu a leitura de trechos de "A morte é um dia que vale a pena", de Ana Cláudia Quintana Arantes, escritora já mencionada e referendada em outra novela da autora, "Bom Sucesso", assinada ao lado de Paulo Halm.Assim como fazia na novela anterior, Svartman salpica literatura pura no meio das cenas, e nem por isso as pessoas diante da tela mudam de canal --muito pelo contrário. O efeito alcançado endossa que seduzir o público por meio de um bom texto é questão de habilidade, elemento que falta a outros autores do gênero, adeptos da convicção de que o telespectador enfia sorvete na testa.Enxergar qualidade no primeiro capítulo é fácil. Difícil é encontrar esse lugar após cento e tantos episódios. Vale elencar a seguir o que levou "Vai na Fé" ao êxito que se aponta agora, a três semanas de seu fim e já com as gravações se encerrando esta semana. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).
2023-07-21 08:05:00
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Somos parte de uma estrutura social e emocional que apoia ou dificulta a aprendizagem
Quando você estava na educação básica, você era considerado "inteligente", "na média" ou "péssimo" em matemática? Como você chegou a essa conclusão?No meu primeiro ano como professora de matemática em uma escola da rede pública, havia um estudante, do sexto ano, que sempre se sentava no fundo da classe. Enquanto o restante da turma trabalhava nas atividades, ele ficava no canto da sala com a cabeça apoiada sobre a carteira.Toda vez que eu o via naquela posição eu pensava que seria por desinteresse dele, mas quando me dispus a perguntar a ele o motivo por trás daquela atitude, a resposta foi: "porque sou burro".Essa não é uma história atípica. Esse tipo de atitude pode ser erroneamente interpretado, com frequência presumindo-se tratar-se de desinteresse, timidez ou problemas de comportamento.As percepções construídas na microssociedade escolar sobre "quem é bom em quê" são muito fortes e estabelecem relações hierárquicas (status) associadas a expectativas acadêmicas e sociais.Resultados de mais de duas décadas de pesquisa de Elizabeth Cohen e Rachel Lotan, da Universidade de Stanford, alguns deles compilados no livro "Working for Equity in Heterogeneous Classrooms", sustentam que estudantes que participam mais, aprendem mais em sala de aula.Sendo assim, a desigualdade nos níveis de participação amplia as diferenças de aprendizagem. Além disso, quando os alunos duvidam de suas habilidades intelectuais, eles normalmente agem de duas maneiras: se escondem e tentam passar despercebidos ou evitam uma situação em que possam não ter sucesso e serem vistos como "inferiores" novamente.Outros estudos indicam que as percepções que os estudantes constroem sobre sua própria competência intelectual, bem como a de seus colegas, estão conectadas não apenas ao desempenho acadêmico e popularidade, mas também às características socioeconômicas, raciais e de gênero.No artigo "A Threat in the Air: How Stereotypes Shape Intellectual Identity and Performance", Claude Steele aborda a questão da "ameaça de estereótipo", que é a experiência de ansiedade ou preocupação causada por situações em que uma pessoa tem a possibilidade de confirmar um estereótipo negativo sobre um grupo social ao qual pertence.Os resultados apresentados indicam que a ameaça de estereótipo pode ter um impacto negativo no desempenho dos estudantes. Por exemplo, quando estudantes negros estão prestes a realizar uma prova e, por algum motivo, são expostos aos estereótipos de habilidades intelectuais negativas associados ao seu grupo antes da realização da prova, seu desempenho tende a ser prejudicado. Esse efeito negativo é observado mesmo entre estudantes universitários com histórico de altos resultados acadêmicos.Constantemente reflito sobre as minhas experiências como professora. Como eu poderia agir intencionalmente na construção de uma sala de aula em que meus estudantes se sentissem seguros e confiantes para aprender?Apesar de não existirem receitas mágicas quando falamos de educação, a literatura nos apresenta indícios de que é possível organizar salas de aula para reduzir desigualdades educacionais. Nessas salas de aula, professores planejam as atividades e o ambiente para incentivar a participação de todos e constantemente reconhecem publicamente as contribuições intelectuais de seus estudantes ressaltando seus pontos fortes.Os estudantes, por sua vez, têm muitas oportunidades para se reconhecerem como "inteligentes", demonstrarem o que sabem, compartilharem suas ideias, explorarem seus erros e se sentirem ouvidos e valorizados.Obviamente, como professora, sei que organizar a sala de aula que citei anteriormente não é coisa simples. Certamente são necessários recursos, condições e formação adequadas, mas precisamos iniciar esse diálogo: quando você estava na educação básica, o que na sua sala de aula e nas suas interações ajudou ou dificultou a sua aprendizagem?Quando eu fui aluna, eu queria ter conseguido levantar a mão e fazer as perguntas que eu tinha e não fiz porque achava que seriam bobas demais, ou ter compartilhado uma ideia que ignorei por não me achar suficiente, me sentir ouvida e ter mais certezas do que dúvidas sobre as minhas potencialidades. Este também é meu desejo para todos os estudantes.O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Neste texto, a escolhida por Francielle Santos foi "Asas", de Luedji Luna.
2023-07-21 08:00:00
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Como os indígenas receberam a Constituição na língua Nheengatu
"Constituição em Nheengatu é para indígenas conhecerem seus direitos." Esta foi a manchete do site Amazonas Atual, de Manaus, ao noticiar o lançamento, nesta quarta-feira (19), da primeira Constituição brasileira traduzida para a língua indígena de povos tradicionais do Alto Rio Negro, no Amazonas.O lançamento aconteceu na maloca [habitação indígena coletiva] da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). A cidade concentra a maior população indígena do país.A cerimônia foi presidida por Rosa Weber (batizada como Raminah Kanamari pelos indígenas Kanamaris).A ministra Cármen Lúcia acompanhou a presidente do STF e CNJ na viagem. Presentes ao ato a ministra Sônia Guajajara, deputada federal licenciada, primeira indígena ministra de Estado do Brasil, e Joênia Wapichana, presidente da FUNAI, primeira mulher indígena eleita Deputada Federal.A seguir, algumas manifestações de lideranças e membros das comunidades indígenas que participaram do encontro:Inory Kanamari, primeira indígena de sua etnia a atuar na advocacia: "Estamos num país com diversidade imensa e não escuto nossas línguas nos espaços. A gente precisa fazer parte. Antes de sermos indígenas, somos pessoas com direito ao respeito."Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas: "A escrita da Constituição em uma língua indígena significa um importante avanço, um reconhecimento da nossa cultura, dos nossos povos, da nossa língua e é um gesto de respeito às nossas tradições".Lucas Marubo, do povo marubo, disse que a tradução abre um precedente para que outros povos também tenham seus direitos traduzidos. "Momento histórico para os povos indígenas".O indígena Edson Baré disse que o STF e o Judiciário ouviram os gritos dos povos indígenas. "Vocês vieram comprovar: o Rio Negro está aqui, estamos vivos, hoje não lutamos com flecha, mas lutamos com dignidade pelo nosso território".Dadá Baniwa, liderança do povo Baniwa e dos indígenas de São Gabriel da Cachoeira, falou em nome do grupo de tradutores: "Foi um trabalho desafiador, mas também de muita alegria. A Constituição Federal, após 35 anos, teve a devida atenção pelo Poder Judiciário. Isso é muito gratificante. Traduzir para o nheengatu representa um avanço, uma resistência e mostra também a nossa existência dentro do nosso território".O projeto foi realizado em parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e a Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas, com o apoio da Fundação Biblioteca Nacional e da Academia da Língua Nheengatu.Ao todo,15 tradutores indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós atuaram na tradução do texto para a língua Nheengatu, considerada o tupi moderno.Rosa Weber disse que a língua Nheengatu "historicamente permitiu a comunicação entre comunidades de distintos povos espalhados em toda a região amazônica, até a fronteira com o Peru, Colômbia e Venezuela, e chegou, segundo historiadores, a ser prevalente no Brasil, até ser perseguida e proibida.Ela abriu seu discurso cumprimentando os indígenas em Nheengatu: "Povos indígenas do Rio Negro! Purãga ara [bom dia]. Ao final, agradeceu na mesma língua: Kuekatu reté (Muito obrigada)!Para Weber, a tradução "é o símbolo que marca a superação do passado violador da ditadura militar, e que busca restabelecer os valores democráticos, a justiça, a pluralidade, a solidariedade e o pleno respeito aos direitos humanos de todos os grupos sociais e étnicos que compõem nossa rica e plural nação.""Espero que seja ensinada a Constituição em cada uma das línguas, que não fique em uma prateleira. Não se reivindica direito que não se conhece. Nosso objetivo é sermos uma sociedade livre, justa, solidária. A Constituição é de todos os brasileiros", disse Cármen Lúcia.A presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Nélia Caminha, disse que a tradução é um passo significativo na promoção da inclusão e da igualdade, "para que nenhum grupo social seja deixado de lado".
2023-07-20 20:46:00
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Quanto é necessário para viver com R$ 10 mil mensais em cada aplicação?
O primeiro passo em qualquer planejamento ou jornada é saber onde se deseja chegar. Quando se fala em aposentadoria ou independência financeira, a linha de chegada é o patrimônio necessário para ter a renda desejada. Apresento qual rendimento estimar para cada aplicação e qual patrimônio necessário para se ter uma renda mensal de R$ 10 mil.O objetivo de hoje não é você escolher um dos ativos apenas, mas entender o que cada ativo pode te proporcionar de renda.Entender o que cada ativo pode te proporcionar de renda é importante para saber qual esforço de poupança precisa fazer hoje para ter a renda desejada e qual risco terá de correr no futuro.Aqueles que fizerem maior esforço de poupança no período de acumulação, podem selecionar ativos mais conservadores para se beneficiar da renda.Já aqueles que não conseguiram acumular muito, terão de enfrentar maior risco na aposentadoria para ter o mesmo nível de renda.Para se chegar ao retorno mensal durante a aposentadoria, lembre-se de que o que vale é o retorno acima da inflação.Você não pode considerar que porque o CDI hoje está acima de 13% ao ano, você pode calcular um ganho mensal acima de 1% pelos próximos 30 anos.Nem o CDI vai estar em 13,65% ao ano pelos próximos anos, nem esse retorno total pode ser considerado na conta. Lembre-se, o IPCA é apenas a atualização do poder de compra ao longo do tempo.Nos últimos 20 anos, o retorno do CDI e Selic acima do IPCA foi de apenas 3,5% ao ano, bruto de IR. Assim, líquido de IR, o retorno anual a ser considerado no cálculo para renda deve ser de apenas 2,4% ao ano. Isso equivale a quase 0,20% ao mês.Os outros ativos seguem a mesma forma de raciocínio.Na tabela abaixo, apresento o retorno esperado anual, o retorno mensal e o patrimônio necessário para se viver com R$ 10 mil por mês. Lembre-se, esta é uma estimativa bem conservadora. A tabela mostra quanto você precisaria ter de patrimônio para ter esta renda se aplicasse apenas neste ativo.Reforço que estas rentabilidades são menores que as rentabilidades atuais dos mesmos ativos. Como o período para usufruir da renda costuma ser de 10 a 40 anos a frente, conservadoramente, é adequado considerar um rendimento menor.Por exemplo, se você aplica apenas na poupança, precisaria ter R$ 8 milhões para ter uma renda de R$ 10 mil mensais, líquida de IR e corrigida pelo IPCA. Já se deseja aplicar apenas em ativos referenciados ao CDI, precisaria ter R$ 5 milhões para ter a mesma renda pelo resto da vida.Os ativos acima estão classificados em ordem de risco. A poupança é o primeiro não por ter o menor risco, mas pelo menor retorno. O risco dela é similar ao de CDBs referenciados ao CDI e ao IPCA, ou seja, o limite do FGC.Perceba que o maior patrimônio necessário é para aqueles que pretendem viver de renda com aplicações na caderneta de poupança. Seria necessário acumular um total de R$ 8 milhões se você deseja viver de rendimentos de R$ 10 mil apenas com a caderneta.Já o menor patrimônio necessário para ter a renda de R$ 10 mil mensais seria para aqueles que investem apenas em fundos imobiliários. Para estes, o patrimônio necessário é 4 vezes menor do que na poupança.O maior risco neste momento para os fundos imobiliários e para ações é uma eventual tributação dos dividendos. Neste caso, ambos os veículos perderiam parte da atratividade.Uma carteira que possui o melhor balanço de retorno por risco seria uma combinação de CDBs IPCA, debêntures de infraestrutura (CRIs e CRAs também inclusos aqui) e fundos imobiliários. Nesta combinação, quanto mais conservador você for, maior será o peso na parcela de CDBs e LCIs ou LCAs IPCA.Neste cálculo de renda considerei que o principal ficaria de herança. Portanto, você só consumiria os juros para a renda. Portanto, não importa sua idade, se acumular este patrimônio, poderia esperar esta renda pelo resto de sua vida e ainda deixar o principal de herança, ou seja, deixar a mesma renda para alguém que você se importe.Se você deseja uma renda de R$ 5 mil por mês, basta considerar metade do patrimônio na tabela em cada ativo que você escolher. Se deseja ter uma renda de R$ 20 mil mensais, basta multiplicar por dois o patrimônio necessário.Agora que você já sabe como estimar seu objetivo, o próximo passo é criar metas intermediárias. Isso é feito com um planejamento financeiro.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-20 21:33:00
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Financiar a velhice é tarefa dos jovens
Vivemos em uma sociedade que deseja envelhecer, mas muitas pessoas não consideram a preparação para essa fase da vida. O envelhecimento é um processo natural e importante, e a forma como nos preparamos para essa fase pode determinar a qualidade de vida durante a velhice.Comparar a realidade de uma pessoa que se preparou financeiramente com a de outra que não evidencia a importância do planejamento prévio ao longo da vida. Com o passar dos anos, diversos fatores, como declínio da saúde física, redução da energia e resistência, limitações sensoriais, aposentadoria forçada ou restrição das ofertas de trabalho devido ao etarismo comprometem a obtenção de renda.A preparação financeira para o envelhecimento deve ser um tema de extrema relevância na sociedade contemporânea, especialmente para os jovens. Com a expectativa de vida aumentando significativamente, a redução progressiva da natalidade e as pressões sobre a previdência, é fundamental ter um mínimo de planejamento para buscar uma vida relativamente confortável e segura na velhice.Uma pessoa que se preparou financeiramente adotou medidas como poupança regular, investimentos e planejamento previdenciário. Mesmo que de forma mais modesta, é possível constituir alguma reserva para complementar uma eventual renda de aposentadoria, ampliando as chances futuras de maior autonomia.Por outro lado, uma pessoa que não se preparou financeiramente para envelhecer está mais suscetível a enfrentar dificuldades na velhice. Sem uma reserva financeira adequada, poderá ter limitações significativas nas escolhas, dependência de familiares, restrições em relação aos serviços de saúde e impacto negativo na qualidade de vida. Mais Um estudo publicado em abril deste ano pelo Banco Mundial em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) lista dez propostas de reformas de médio prazo para enfrentar os desafios da assistência social, do trabalho e da previdência nas próximas duas décadas. Uma dessas propostas é a expansão, reformulação e redirecionamento de programas ativos de mercado de trabalho. Muitas pessoas não se preparam para a aposentadoria por falta de conhecimento sobre planejamento financeiro ou devido a prioridades de curto prazo que dificultam a gestão de recursos com objetivos futuros. Esse cenário pode gerar dependência de programas governamentais de assistência social, dificuldades para os familiares e comprometer a saúde.É fundamental que as pessoas busquem conhecimento sobre educação financeira, estabeleçam metas de poupança, invistam em planos de previdência e pensem sobre seu futuro financeiro desde cedo. Essas medidas podem fazer a diferença entre uma velhice confortável e uma marcada por dificuldades e dependência. Mais No âmbito social, é necessário trabalhar na transformação cultural necessária para ampliar a contratação de pessoas mais velhas. Segundo o relatório da OCDE "Recomendações Sobre Políticas de Envelhecimento e Emprego", de junho de 2022, é necessário fortalecer as oportunidades para que os trabalhadores construam carreiras mais longas e continuem trabalhando em idades mais avançadas. Isso pode ser alcançado por meio de incentivos financeiros para trabalhar por mais tempo e influência nas normas sociais sobre o trabalho tardio na carreira, transformando o comportamento de empregados e empregadores.O assunto exige uma reflexão profunda e o engajamento político necessário para uma transformação da sociedade. Enquanto as políticas públicas não forem suficientes para garantir um padrão de vida mínimo para toda a população, o planejamento pessoal deverá ser estimulado. Sabe-se que, se o tema não é simples para quem tem condições de se preparar para o envelhecimento, imagine para quem vive com recursos escassos. Mais Mesmo àqueles que não tenham se preparado para essa fase da vida, sempre haverá a oportunidade de discutir o tema com filhos, netos e amigos, evitando que a negação à velhice e suas complexidades afetem as próximas gerações.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-20 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/financiar-a-velhice-e-tarefa-dos-jovens.shtml
Cracolândia ambulante
Não há bala de prata para resolver um problema complexo cuja causa é multifatorial, como a cracolândia na cidade de São Paulo. Mas governo do estado e prefeitura parecem confusos até mesmo para decidir qual caminho seguir.Recentemente, o Palácio dos Bandeirantes esteve calado, recusando entrevistas sobre o assunto.O silêncio foi quebrado na terça (19), com o anúncio de que o governo moveria a aglomeração de usuários do bairro Santa Ifigênia para o Bom Retiro, ambos no centro. O objetivo seria afastar a cracolândia de áreas residenciais e comerciais e aproximá-la de equipamentos públicos como o Complexo Prates, da Prefeitura, que integra uma unidade de acolhida para pessoas em situação de rua, um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas e uma unidade da Assistência Médica Ambulatorial.Contudo, na quarta (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que não havia sido informado sobre a intenção do estado.A abordagem da prefeitura tem sido a do confronto para desfazer grandes aglomerações, como a megaoperação policial na Praça Princesa Isabel em maio de 2022 —o que facilitaria o contato de assistentes sociais com os usuários.O resultado, entretanto, foi a dispersão da cracolândia por bairros do centro como Campos Elíseos e Santa Ifigênia, gerando transtorno para comerciantes e moradores. Aumentaram os ataques a lojas e os furtos de celulares de motoristas e de passageiros de ônibus.Enquanto isso, moradores do Bom Retiro se mobilizaram por meio de um abaixo-assinado contendo milhares de adesões. Com a repercussão, Tarcísio recuou. Na quinta (20), o governo desistiu da transferência. Em nota oficial, disse que novas possibilidades para solucionar a questão "serão divulgadas em breve".Mudar o problema de lugar está longe de resolvê-lo. A prisão de traficantes também não é panaceia, já que novos jovens são recrutados por organizações criminosas.É preciso aumentar o policiamento para coibir furtos, mas, enquanto os poderes municipal e estadual não se entenderem para implementar um programa integrado e interdisplinar de longo prazo (com saúde, segurança, moradia e geração de renda), a cracolândia continuará perambulando pela cidade.Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, desde abril, o número de usuários no centro passou de 800 para 1.100.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-20 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/cracolandia-ambulante.shtml
Programa promove ecoturismo com entrada grátis em Unidades de Conservação em SP
Com o intuito de despertar o interesse por áreas protegidas e pelo meio ambiente, o programa Um Dia No Parque acontece neste domingo (23) em Unidades de Conservação de todo o Brasil. Parques e reservas poderão ser visitados gratuitamente pelo público, incluindo o de São Paulo. O público poderá participar de trilhas, caminhadas e outras atividades.Essa é a sexta edição do evento organizado desde 2018 pela Coalizão Pró-Unidades de Conservação. O tema deste ano, "É hora de cuidar do nosso lar", busca fazer com que as pessoas valorizem essas áreas de conservação a partir do ecoturismo. A gratuidade no domingo surge em parceria com a Fundação Florestal.Em São Paulo poderão ser visitadas 59 delas, tanto na capital como nos municípios arredores. Uma delas é a Floresta Cantareira —que possui entradas a R$ 50—, no núcleo Águas Claras e também no Núcleo Engordador, na região norte da cidade. Mais O Horto Florestal faz parte da programação com atividades. Os visitantes podem visitar o museu, participar do Arraiá e fazer caminhada noturna. O Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Curucuturealiza um circuito de trilhas gratuitas com agendamento pelo site.Outra unidade que tem trilha em sua programação é o Parque Estadual do Jaraguá, na Vila Chica Luiza. Haverá também passeio de bicicleta em um percurso de 10 km.Receba no seu email um guia com a programação cultural da capital paulista; aberta para não assinantes.Carregando...O Parque Municipal Anhanguera, na Avenida Fortunata Tadiello Natucci, também conta atividades como oficina de plantio de mudas e feira de artesanato.Áreas como o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, Parque Natural Municipal Jaceguava, Parque Natural Municipal Itaim, Parque Natural Municipal Varginha e Parque Ibirapuera também estão na lista do programa disponível no site unidoscuidamos.com. Os ingressos podem ser adquiridos no site da Fundação Florestal.
2023-07-22 14:00:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/programa-promove-ecoturismo-com-entrada-gratis-em-unidades-de-conservacao-em-sp.shtml
Site abre apostas para possível luta entre Musk e Zuckerberg
A luta entre dois dos maiores rivais do mundo da tecnologia, por enquanto, não passa de promessa, mas já virou oportunidade de lucro para sites de apostas. Mark Zuckerberg, presidente da Meta, e Elon Musk, dono do Twitter e de outras companhias, trocaram declarações ácidas nas redes sociais e aceitaram, no último mês, se enfrentar em um ringue. A briga tem sido fomentada por estrelas do MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas), seguidores curiosos e por publicações dos próprios magnatas –mas não teve data marcada nem garantia de que vai mesmo acontecer.Enquanto isso, a plataforma de apostas Unikrn oferece a usuários a possibilidade de especular sobre aspectos do possível evento. Algumas das apostas que podem ser feitas na plataforma giram em torno de questões como: "Será que a luta vai acontecer dentro de um ano?", "O combate acontecerá no anfiteatro Coliseu [em Roma]?", "Veremos imagens de Zuckerberg treinando no metaverso?". Por ora, o otimismo não parece tomar conta da maioria dos usuários. Segundo o site, 88% deles não acredita que o embate vai mesmo acontecer. Não há um valor definido a ser empenhado nos jogos e a quantia a ser recebida em caso de sucesso é multiplicada pelas cotações do site. No caso, aqueles que apostam, por exemplo, R$ 100 contra a realização do evento, podem arrecadar R$ 350 pelos números atuais. Para além do ramo inusitado de lutas entre magnatas, a Unikrn se dedica ao mercado de apostas em videogames e esportes eletrônicos. Criada em 2014, a plataforma está presente no Brasil, Chile e Canadá.O burburinho em torno do combate começou uma série de provocações entre os dois empresários nas redes sociais. Em 21 de junho, Musk comentou de forma irônica em seu perfil no Twitter que a "Terra mal podia esperar para estar exclusivamente sob o controle de Zuck", em resposta a um seguidor que divulgava o lançamento do Threads, rede social da Meta criada para concorrer com o Twitter.O seguidor, então, disse para Musk ter cuidado, já que Zuckerberg tinha passado a praticar jiu-jítsu. Musk partiu para a provocação: "Estou pronto para uma luta no cage (como é chamado o palco de combate usado em eventos de MMA) se ele for."A provocação foi correspondida pelo chefe da Meta que disse: "Me passa o local."Zuckerberg tem sido apontado como favorito para a disputa nas redes sociais e em outros sites de apostas reportados por sites internacionais. O bilionário tem como um dos principais hobbies a prática de artes marciais, já competiu em torneios de jiu-jítsu e publicou fotos treinando ao lado de campeões consagrados pelo UFC.Musk, por outro lado, cujo estilo de vida é reconhecidamente sedentário, conta com alguma vantagem por ser mais alto e mais pesado. Sua maior arma, segundo ele mesmo, é um tal de golpe da "Morsa". "Eu tenho esse ótimo golpe, em que apenas deito em cima do meu oponente e não faço nada", brincou em um tuíte.O possível embate empolgou até Dana White, atual presidente do UFC, que afirmou que tinha planos para concretizar a disputa. "Eu já tenho (uma data em mente), vou anunciar quando estivermos prontos", disse ele, em entrevista ao TSN Sports. Mais
2023-07-20 18:06:00
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Leitores comentam posicionamento de Lula com outros líderes
Contexto "Lula chama Boric de jovem e apressado ao rebater críticas sobre posição na guerra" (Mundo, 19/7). Os alinhamentos do presidente brasileiro não são exatamente um consenso fora do território de influências petista e lulista mais acirradas. Está faltando um especialista em ciências políticas fazer uma análise dos posicionamentos do governo de Lula frente ao cenário geopolítico mundial. Ajudaria a organizar as ideias dos mais leigos. Adalto Fonseca Júnior (Vitória, ES)O Lula deu uma aula de respeito e compreensão que um líder deve ter. Claro que o direito internacional tem de ser respeitado. Não é certo que uma nação promova embargos contra outra para impor sua forma de governo. Não é certo que uma nação invada outra sem motivos. Nenhum aliado dos EUA (e talvez Boric, um deles), contraditoriamente, condena Israel por descumprir resoluções da ONU e tomar territórios palestinos. Isso não é violação do direito internacional também? Fauzi Salmem (Rio de Janeiro, RJ)Representatividade "Mulher negra no STF, nove nomes" (Thiago Amparo, 19/7). Muito obrigado. Relevante se mostrar que, com um pouco de vontade política e senso de reparação, podemos ter um STF mais representativo. Berenice Gaspar de Gouveia (Rio de Janeiro, RJ)Expressão "Campos Neto tenta controlar entrevistas de Galípolo, e tensão sobe no BC" (Mônica Bergamo, 19/7). BC seguindo o exemplo dos times de futebol. Galípolo só poderá falar na "zona mista". Maurício Cruz (Curitiba, PR)Família "Justiça determina prisão preventiva de pai e filha acusados de agredir médica" (Cotidiano, 19/7). É chocante saber das condições de trabalho nesse hospital. Essa médica é uma heroína e merece ser indenizada pelo Estado, pois estava vulnerável e não pôde prestar atendimento nessas condições. Ficou exposta à tensão e à violência das pessoas. Renata Bernardes Proença (Rio de Janeiro, RJ)Movimentação "Trabalho remoto esvazia Manhattan e ameaça economia de Nova York" (Lúcia Guimarães, 19/7). Nova York, onde morei durante 20 anos, perdeu muito do seu encanto. Gentrificação exagerada nos bairros de Brooklyn e Queens, serviços públicos deteriorados, custo de vida altíssimo. Vai ficar pior antes de ficar melhor. Bernard Attal (Salvador, BA)Os efeitos da pandemia ainda não se concluíram. Um novo ponto de equilíbrio deve surgir, quem sabe com preços menores e mais ofertas, mais pessoas morem por lá? Marco Antonio Cara (São Caetano do Sul, SP) Mais Confusão "Primeiro dia da Copa do Mundo feminina tem tiros e polícia nas ruas de Auckland" (Esporte, 19/7). Abundância de armas resulta nisso, mesmo em países desenvolvidos como a Nova Zelândia! Imaginem nos países pobres, como o Brasil! Antonio Alencar (Brasília, DF) Mais Língua "Por que usar ghosting e shade se temos palavras melhores em português?" (Flávia Boggio, 19/7). O que considero ainda mais estranho nisso tudo é que nos anos 1970 e 80 era super brega usar termos com origem na língua inglesa, pelo menos na minha bolha. A partir dos anos 1990, neoliberalismo a todo vapor, nem as bolhas resistiram. Maria Luiza Menten (São Carlos, SP)Como diria o mestre Suassuna: Não troco meu oxente pelo ok de ninguém. Viva a língua portuguesa! Rafael Gerbasi (Presidente Prudente, SP)E a resposta é: submissão voluntária à cultura e língua estadunidense, típica dos bregas que habitam Orlando. Ana Pinho (São Paulo, SP)Modal "A bicicleta, com todo o respeito" (Opinião, 19/7). Concordo, mas gostaria que as pessoas utilizassem uma ordem de prioridade ao reivindicar respeito. Os ciclistas não são quem mais desrespeita o código de trânsito. Desde que os aplicativos de entrega se popularizaram, o comportamento dos motociclistas beira o suicídio. Os motoristas de carro não ficam para trás. Os de ônibus, que deveriam dar o exemplo por serem profissionais, idem. Basta olhar as estatísticas e ver quantos acidentes são causados por cada modal. Fernanda Belizario Silva (São Paulo, SP)Educação "Quem tem medo do professor doutrinador?" (Wilson Gomes, 18/7). Foucault dizia que, no mundo da comunicação em massa, a realidade é uma espécie de veredito. Penso que os reacionários têm métodos. Eles estudam as ciências sociais e humanas, a psicologia social, e criam estratégias naquilo que já foi modelado cientificamente como fragilidade da nossa espécie. Como eles mesmos afirmam, criam uma guerra em que a cultura, o imaginário coletivo, é uma arma. Cristiano Jesus (São Paulo, SP)E como cansa ter que batalhar nas trincheiras diárias contra a propagação das fábulas. Graças à ruptura de contatos e formação de bolhas nem sequer sabemos os bichos papões que são vendidos e comprados no nosso entorno. Diego Rodrigues (São Bernardo do Campo, SP)
2023-07-20 18:33:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-comentam-posicionamento-de-lula-com-outros-lideres.shtml
Folha abre inscrições para curso sobre cobertura do agronegócio
Estão abertas as inscrições para o 2º Programa de Jornalismo Especializado em Agroindústria Sustentável. O objetivo do curso é dar subsídios para uma boa cobertura desse importante setor da economia, responsável por 25% do PIB brasileiro.O programa abordará os principais números, os entraves, o cenário internacional, entre outros temas. Mais O treinamento terá 12 aulas ao vivo, online, no período noturno, de 21 de agosto a 14 de setembro.Para concorrer a uma das 50 vagas, basta ter formação universitária em qualquer área. O curso é patrocinado pela Tereos Brasil.Os interessados podem se inscrever até 4 de agosto, preenchendo uma ficha neste link.
2023-07-20 14:47:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/07/folha-abre-inscricoes-para-curso-sobre-cobertura-do-agronegocio.shtml
Com senso de comunidade, Site dos Menes faz humor quebrando expectativas
O segredo do sucesso do Site dos Menes é a comunidade que se formou em torno de um jeito muito específico de fazer humor. É o que diz Thiago Schwartz, 38, um dos criadores e administradores da página.A ideia de fazer memes "fora do convencional" surgiu em 2011, quando as páginas de humor ainda eram dedicadas aos bonequinhos ‘trollface’, o que pode ser considerado praticamente uma pintura rupestre dos memes da atualidade. Cansados de ver páginas fazendo conteúdos do tipo, um amigo sugeriu fazer "uma página de memes que não são memes", conta Thiago ao #Hashtag."Daí eu achei a ideia engraçada, fui lá e fiz uma figurinha que não tinha nada, não tinha nenhum nexo, assim como tudo na página. E, assim, nasceu o Site do Menes", relembra.Com imagens que quebram a expectativa sobre qual será a piada, o Site viralizou. Por exemplo, uma publicação mostra Bennedict Cumberbatch caracterizado como Doutor Estranho, personagem da Marvel. Na imagem ele diz "Pessoas desaparecendo do nada? Isso parece sintoma de virose!", e a legenda da publicação explica: "Novo mene: o Doutor Normal".Plano JK? Nada disso. O Brasil vai crescer 50 anos em exatamente cinco décadas."Em oposição ao Darwinismo Social".O trabalho de levar esse humor diferenciado nunca foi individual. Inúmeras pessoas já passaram pela administração da página e criação de conteúdo ao longo desses 12 anos de atividade. O segredo para manter o Site em funcionamento há mais de uma década, segundo Thiago, é poder contar com o conteúdo feito por fãs."Assim que surgiu a função de grupos no Facebook, criamos um grupo para o Menes, o que nos deu uma popularidade maior. Nós tínhamos um pouco mais de 200 mil curtidas e, depois desse da criação do grupo, alcançamos mais de um milhão", conta.Parte desse público ficou para trás com a migração em massa de usuários para outras plataformas, como o Instagram e TikTok. Enquanto a página do Site dos Menes soma mais de um milhão de seguidores no Facebook, no Instagram acumula pouco mais de 16 mil seguidores. A diminuição nos números não foi problema, segundo Schwartz."A gente não tem uma uma proposta de monetização, uma proposta de aumentar a página para depois ganhar lucro em cima. A gente foi fazendo de forma orgânica, fomos postando aquilo que a gente achava legal", explica.A equipe de número indefinido de pessoas –entre os criadores e os administradores do grupo no Facebook – sempre teve a página como um projeto secundário e preferiu seguir fazendo os ‘menes’ como no começo a monetizar a página. "Claro que se se vier alguma coisa, casar com aquilo que a gente se propõe e já faz, nós fazemos. Mas a prioridade sempre é manter aquilo que nos levou até onde estamos hoje", diz.Administrador de uma das páginas de humor mais longevas da internet, Thiago diz acreditar que o meme é uma ferramenta de comunicação potente. "O meme tem uma capacidade de multiplicação muito maior do que uma imagem séria, então quem entender isso da melhor maneira, no humor, na política, na publicidade, vai ter uma vantagem em relação aos outros", opina.E para quem quiser se arriscar a ser um ‘memeiro’, Thiago dá uma dica: "A nossa proposta talvez não seja a mais vantajosa, a que dê mais retorno imediato, mas o que funcionou com a gente e usamos até hoje é: tente ser original e fazer alguma coisa diferente dos outros."
2023-07-20 13:33:00
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Há mais meninos autistas que meninas?
Quando comecei na jornada da maternidade atípica, ouvia muito que havia mais meninos autistas que meninas. A proporção aceita oficialmente, hoje, é de quase quatro meninos autistas para cada menina autista, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano).Lembro de ouvir sobre o "modelo do copo": meninas teriam copos maiores que os meninos que precisariam transbordar de fatores genéticos e ambientais para que a criança estivesse no espectro.Depois ouvi muito sobre como os critérios diagnósticos do TEA (o Transtorno do Espectro Autista) estavam desenhados para meninos e que, por isso, as meninas não eram diagnosticadas precocemente — elas acabavam crescendo sem suporte e eram diagnosticadas na adolescência ou já adultas, quando as dificuldades de relacionamento social ficavam evidentes.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A pergunta, então, seria: realmente há mais meninos autistas ou as meninas autistas só não estão diagnosticadas?A resposta parece ser "as duas coisas".Uma teoria considerada no meio científico, a partir de evidências de estudos, é a do "efeito protetivo feminino", segundo a qual meninas teriam uma espécie de proteção biológica contra o autismo, necessitando herdar mais fatores genéticos para manifestar os sintomas do TEA, ou sendo mais resistentes aos fatores genéticos no momento de manifestar os sintomas.Por outro lado, muitas meninas autistas não manifestam os sintomas clássicos identificados em meninos — e os sinais que elas manifestam ainda podem ser culturalmente confundidos com características femininas esperadas pela comunidade.Aline Provensi, psicóloga, autista e especialista em autismo, explica que há uma hipótese de que a proporção "4X1" entre os sexos no autismo esteja defasada, mas que não há ainda uma confirmação. E que a proporção é ainda maior quando falamos em nível de suporte 1: ali, seriam oito meninos autistas para cada menina, segundo ela.Provensi diz que, apesar da desproporção relatada, "a base vai ser a mesma: déficits na comunicação e interação social, e padrões restritos e repetitivos". Ela explica, também, que o formato do comportamento é diferente.Um exemplo, segundo Provensi, é o dos hiperfocos, interesses extremos que muitos autistas têm por temas e objetos específicos, característica que entra nos padrões restritos e repetitivos de comportamento."O de meninas não costuma ser uma coisa só e que dura a vida inteira. São hiperfocos mais rápidos e que geralmente estão mais relacionados a assuntos comuns para a idade, culturalmente falando. Acabam sendo interpretados como mais ‘funcionais’. Não é [um hiperfoco em] ‘modelos específicos de aviões de guerra’. Acaba sendo a pessoinha da banda tal. Só que é esperado que isso aconteça. Pela leitura do comportamento, as pessoas pensam ‘meninas fazem isso’", explica a psicóloga.Outros sinais clássicos do autismo manifestado em meninas, segundo Provensi, podem ser: timidez ou excesso de extroversão; dificuldade em saber quando começar ou parar de falar; hiperreatividade a estímulos sociais; hiperempatia; hiperfocos em pessoas específicas e dificuldade em aumentar o ciclo de amizades; assistir sempre à mesma série ou ouvir sempre a mesma música.Além de manifestarem sintomas diferentes, meninas autistas "têm uma tendência maior a maquiar e compensar as dificuldades, mas não quer dizer que elas não tenham dificuldades", ressalta Provensi.O alerta é que a falta de consciência sobre os sintomas costuma levar a diagnósticos tardios e à ausência de suporte durante a infância, com impactos profundos no desenvolvimento da menina, que muitas vezes não consegue navegar diante do aumento da complexidade das relações sociais na adolescência."Chegou na adolescência, ela já tem um leque de frustrações grande. As pessoas começam a nomear o comportamento dela: ‘Você é lenta, é chata, é esquisita’. Nesse momento, é que essas adolescentes começam a manifestar quadros depressivos, transtorno de ansiedade generalizada", diz Provensi, que alerta para níveis mais elevados de suicídio entre meninas autistas de nível 1 de suporte, justamente pela falta de suporte ao longo da vida.O suporte de terapias é, assim, essencial, conclui Provensi, ela mesma diagnosticada autista tardiamente: "A menina vai ter ferramentas para lidar com essas dificuldades. A gente percebe que a gente é diferente na infância. Eu sempre soube que tinha alguma coisa diferente, mas eu não sabia o que era".
2023-07-20 10:07:00
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Que bom que Simony pediu desculpas a Ticiane Pinheiro
Quem acompanhou a trajetória de Simony no Balão Mágico ou assistiu ao documentário sobre o grupo infantil sabe que ela se transformou em sucesso nacional antes de completar 7 anos de idade. Mas basta pesquisar sua biografia na internet para saber que, antes disso, ela já havia se apresentado no programa do Raul Gil.Ou seja, ela só conheceu a vida sendo uma estrela. Como a própria Simony disse, ela se tornou criança mais famosa do Brasil. E, com a fama, ganhou muito, muito dinheiro. Não deve ser simples adaptar a configuração de poder de uma família que tem numa criança como a fonte de renda de todos os adultos a sua volta.E foi assim, sendo famosa, que Simony cresceu, virou adolescente, se transformou em adulta, posou para a Playboy, casou, tornou-se mãe, tudo de forma exposta, sob o olhar e julgamento de todo o país, antes mesmo de existir internet. Depois disso, continuou sendo notícia por sua vida pessoal, por suas participações em programa de televisão. Mais É como se Simony nem soubesse o que é ser uma pessoa comum, anônima, como se todos os seus passos, seus problemas, amores, estivessem sempre "no ar", num reality show.Acredito que por isso mesmo, ao gravar o documentário sobre o Balão Mágico, ela tenha falado sobre Ticiane Pinheiro, que a substituiu no grupo, sem pensar nas consequências. Falar espontaneamente, sem roteiro, é parecido com postar nas redes sociais. A gente bota o sentimento para fora, diz o que vem na cabeça na hora e só depois se dá conta do alcance que aquilo adquire.E ainda tem o detalhe: os entrevistados de um documentário não têm ideia de como vai ficar o resultado da obra. Simony, inclusive, comentou sua decepção com o produto final. Mas decepção maior tiveram os espectadores com a forma deselegante com que ela falou de Ticiane.É óbvio que ela sabia que "aquela menina lá" se chama Ticiane Pinheiro —na época e agora. Por mais que na época áurea dos programas infantis da TV aberta existisse competição e inveja, fomentadas pelas próprias emissoras, empresários e familiares, ao gravar o documentário, Simony já era uma adulta. Ficou parecendo que alguma coisa mal resolvida no passado estava vindo à tona durante o depoimento.Mas, se Simony não se deu conta disso durante a captação, quando a série documental foi ao ar, certamente ela sentiu a reação do público, percebeu seu erro e pediu desculpas a Ticiane. Simony também disse que ela, hoje, depois de tudo o que passou em questões de saúde, não é mais a mesma de quando a gravação foi feita. Mais Achei importante esse passo. Porque todos nós temos sentimentos bons, ruins, lindos e terríveis. Todos nós sentimos ódio em certos momentos. Ninguém escapa das armadilhas da raiva. Atire a primeira pedra quem nunca fez um comentário mesquinho ou cruel por motivos sombrios de pura inveja.Por isso achei digno Simony ter pedido perdão publicamente a Ticiane. Independente da reação de Tici, reconhecer o erro e pedir perdão é libertador. E dá a Simony a chance de se sentir humana, vulnerável, como todos nós, que não vivemos uma vida de estrela. Até porque é quando somos mais simples e verdadeiros que realmente brilhamos.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-20 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/que-bom-que-simony-pediu-desculpas-a-ticiane-pinheiro.shtml
Miss Universo: 60 anos após 1ª vitória brasileira, não se fazem mais misses como Ieda Maria Vargas
O ano era 1963 e muita coisa acontecia no Brasil e no mundo. Logo em janeiro, um plebiscito derrubou o parlamentarismo e o país voltou a ser presidencialista. No mesmo mês, foi instituída a bandeira atual do estado de Minas Gerais e, em março, os Beatles lançaram seu primeiro disco "Please Please Me".Entre abril e maio, realizaram-se em São Paulo os Jogos Pan-Americanos e, em junho, o cardeal Giovanni Battista Montini tornou-se o Papa Paulo 6º. Mas, foi só no início do segundo semestre que uma nova era foi iniciada —pelo menos no mundo das faixas e coroas brasileiro. No dia 20 de julho de 1963, a gaúcha Ieda Maria Vargas fez história ao ser coroada Miss Universo e conquistar o primeiro grande título de beleza para o país. Mais Hoje, exatos 60 anos desde a data da vitória, Ieda segue aclamada pelo seu feito e se consolida como exemplo de um perfil de miss em extinção. Afinal, ela foi eleita em uma época em que o local da mulher na sociedade era bem diferente e longe do atual. Na época, os concursos de beleza femininos ainda viviam o auge da "objetificação do corpo feminino".A banca de júri era formada exclusivamente por homens, que avaliavam as jovens candidatas principalmente por suas características físicas e comportamentos submissos. Sem falar nas famigeradas polegadas, que exigiam medidas corporais das misses dentro de um padrão considerado ideal para o período.Com a faixa de Miss Universo 1963, Ieda ganhou um prêmio em dinheiro e um contrato de um ano que incluiu residência em Nova York, enquanto realizava viagens por todo mundo. Considerada muito nova para tudo isso, seus pais, que estavam presentes na plateia da final, exigiram da organização que acompanhassem a filha de perto durante todo o reinado.Natural de Porto Alegre, Ieda tinha apenas 18 anos quando venceu o concurso, realizado em Miami Beach, na Flórida (EUA). Ela disputou a vaga, que até então era da argentina Norma Nolan, com outras 49 candidatas. Em segundo e terceiro lugares ficaram, respectivamente, a dinamarquesa Aino Korva e a irlandesa Marlene McKeown. Fecharam o Top 5 as misses Filipinas, Lalaine Bennett (4º lugar), e Coreia do Sul, Kim Myoung-ja (5º).Neste mês, Ieda foi homenageada no Miss Universo Brasil 2023. Assista:A gaúcha seguiu bem o roteiro da época e, em nenhum momento, abandonou o papel de miss. Tanto que, quando lhe ofereceram um contrato para ser atriz de Hollywood, ela negou. O motivo? Queria voltar para sua cidade, casar e ter filhos.Mesmo declinando da oportunidade, "a mulher mais bela do universo" ficou bastante famosa por aqui. De acordo com a imprensa da época, ela foi reverenciada quando chegou ao país no pós-vitória. Porto Alegre literalmente parou para vê-la ir, de carro de bombeiros, do aeroporto ao Palácio Piratini, onde foi recebida pelo governador do estado, Ildo Meneghetti.Hoje, diferente de Ieda, a miss tem outro perfil, que se transformou ao longo das últimas seis décadas. Em 1997, então com 52 anos, Ieda já havia observado essa mudança em entrevista para a Folha. "Na minha época, ganhar o título era muito mais importante do que ser top model hoje. Era como ganhar a Copa do Mundo. As mulheres imitavam a miss, mas o processo não era tão rápido quanto é hoje com a top model", comparou.De 1997 para cá, muito mais coisa mudou. Em tempos de TikTok, Instagram e Big Brother Brasil, de fato, uma jovem não precisa mais ser miss para ser conhecida e reconhecida. A miss também não precisa mais ser essa moça "bela, recatada e do lar" como foi Ieda para vencer o título. Pode ser se quiser, claro, desde que cumpra outros quesitos. Mais Além da parte de técnica de desfile e desenvoltura de palco, a miss de 2023 precisa ter conteúdo. Tem que saber se comunicar, tanto em português quanto inglês e outros idiomas, saber de atualidades e opinar sobre os temas, gostar de tecnologia e ser uma influenciadora digital. Os organizadores querem que ela aproveite a "plataforma" do concurso para potencializar sua penetração – assim como a da marca – ao longo do reinado, amplificando seus propósitos e dando voz a quem não tem.Com tantas exigências, muita gente nem quer saber mais sobre concurso de miss. Acham algo "cringe" ou muito difícil de alcançar. Por isso mesmo, como forma de se conectar às novas gerações e manter a indústria dos concursos de beleza viva e relevante, recentemente muitas regras da época de Ieda caíram.Hoje, a miss pode também ser casada ou separada, pode ter filhos ou estar grávida, e até ser uma mulher transgênero. Em alguns casos, pode ter mais de 28 anos —uma barreira ainda a se derrubar.A partir de 20 de julho de 1963, um portal com sede de mais vitórias no setor se instaurou no Brasil e perdura até hoje —com uma certa frustração, diga-se de passagem. Afinal, desde Ieda Vargas, foram poucas as coroações brasileiras em mundiais de miss.Depois dela, apenas mais uma conterrânea venceu o Miss Universo: a baiana Martha Vasconcellos, em 1968. Na sequência, em 1971, houve a vitória da médica carioca Lúcia Petterle no Miss Mundo (ou Miss World, no original). Mais recente, ganhou o noticiário a vitória da paulista Isabella Menin no Miss Grand International 2022, em outubro passado. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-20 12:03:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/miss-universo-60-anos-apos-1a-vitoria-brasileira-nao-se-fazem-mais-misses-como-ieda-maria-vargas.shtml
Barbie: veja ideias para usar o rosa na decoração
Com o alvoroço em torno do filme "Barbie", que estreia nesta quinta (20), o uso do rosa virou destaque na moda e no design de interiores. Chamada de "Barbiecore", a tendência vem ganhando força desde o ano passado, quando a produção foi anunciada, e agora chega ao auge com o lançamento.Na decoração, a cor pode ser usada em variados tons e formas. "O rosa, com seus inúmeros derivados, seja claro e sutil, seja pink e esfuziante, caiu na graça de homens e mulheres. Virou uma cor curinga, que fica bem em diferentes situações e projetos", afirma a arquiteta Pati Cillo.O rosa pode estar em detalhes, como almofadas e objetos de decoração, mas também em paredes, painéis, sofás e outras peças grandes. "É uma cor que está relacionada à alegria e ao alto-astral. Se usada num tom clarinho, traz calma e serenidade", diz a especialista.No projeto da foto acima, do escritório Korman Arquitetos, o rosa se destaca no ambiente predominantemente cinza. Está presente na clássica poltrona e pufe Charles Eames e também na mesinha de centro, numa tonalidade um pouco mais escura.Já na sala abaixo, da arquiteta Pati Cillo, a cor está em praticamente tudo: no sofá, na parede com pintura em degradê e no neon com a música "I Wanna Dance With Somebody", da cantora Whitney Houston.Na galeria abaixo, veja mais ideias para incluir diferentes tons de rosa na decoração. Mais
2023-07-20 11:24:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tudo-mais-um-pouco/2023/07/barbie-veja-ideias-para-usar-o-rosa-na-decoracao.shtml
Festival Latinidades abre celebrações do Dia da Mulher Negra em São Paulo
O Latinidades, considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, chega à sua 16ª edição, no Centro Cultural São Paulo e no Museu das Favelas, com shows, oficinas e debates. O evento acontece entre 21 e 23 de julho para comemorar Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha, celebrado no dia 25.A programação conta com shows de Tasha e Tracie, Mc Soffia, Danny Bond, Zezé Motta e Ellen Oléria, além de apresentações do Capoeira para Todes e das bandas Vox Sambou, do Haiti, e Veeby, de Camarões. O evento vai celebra ainda os 50 anos da cultura hip-hop, em parceria com o o Fórum Estadual da Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop.As atividades são gratuitas. Para participar dos debates é necessário preencher um formulário de inscrição, disponível no site. O cadastro dá direito a alimentação e a acesso à recreação infantil para que as mães possam aproveitar todas as atividades. Em parceria com a Feira Preta, o festival terá um espaço para empreendedoras exporem e comercializarem seus produtos e serviços.Neste ano, o Latinidades é orientado pelo mote do Bem Viver, conceito que deriva dos povos originários que privilegia uma organização coletiva. É um modo de vida inspirado em sociedades que relacionam as pessoas e a natureza a partir de um modelo alternativo ao capitalismo.A abertura acontece nesta sexta-feira (21), a partir das 14h, com homenagem à intelectual Helena Teodoro, no CCSP. A celebração será conduzida pela Escola de Samba da Mocidade Unida da Mooca. A partir daí, segue com palestras, debates e oficinas sobre temas como racismo, sexismo, violência contra mulheres negras, empreendedorismo e cultura afro-brasileira.O primeiro show do Latinidades fica por conta das gêmeas Tasha e Tracie. A dupla deve apresentar músicas dos EPs "Rouff" e "Diretoria". MC Soffia fecha a noite com canções de "Rapper", com destaque para "Lady da Quebrada".Para a sexta-feira, a cota disponível de ingressos gratuitos já está esgotada, mas é possível encontrar lugar na bilheteria do CCSP. A organização recomenda chegada com duas horas de antecedência. Mais No sábado, Zezé Motta apresenta o show "Atendendo a Pedidos", com canções de artistas que ela admira, como Caetano Veloso, Elizeth Cardoso e Luiz Melodia. Outro destaque da noite é Ellen Oléria, que deve cantar canções como "Testando" e "Zumbi". Para esse dia, os ingressos podem ser reservados no site do Latinidades.O encerramento do festival ocorre no Museu das Favelas, no domingo. A programação contará com oficinas, rodas de conversa, pocket shows e homenagem às mulheres que constroem o hip-hop no país.FESTIVAL LATINIDADES Centro Cultural São Paulo - r. Vergueiro, 1000, Paraíso, região sul; e Museu das Favelas - av. Rio Branco, 1269, Campos Elíseos, região central. Sex. (21) e sáb. (22), das 14h às 22h; dom. (23), das 10h às 19h. Grátis.Um choripán que vem dentro de um donut, um hambúrguer servido no pão de rámen, um cheescake de arco-íris e até um drinque com calda de pipoca. Neste final de semana, os paulistanos poderão provar essas e outras centenas de opções gastronômicas inventivas na terceira edição do festival Smorgasburg.Nascido em 2011 em Nova York, onde acontece semanalmente, o evento dedicado à gastronomia criativa se espalhou por outras capitais do mundo, chegando à capital paulista em 2019, com uma segunda edição já no período pós-pandemia, em 2022.Neste ano, além de um sistema de espera online para que ninguém perca tempo com filas, o Smorgas —para os íntimos— lança também um um bar próprio, comandado pelo mixologista Vitor Marino.A carta do SmorgasBar segue a vibe criativa do festival, com drinques diferentões como o Pig da 5ª, com bacon e defumado de charuto, e o Emily Roebling, com rum, licor de flor de sabugueiro e perfume de flor de laranjeira —a criação homenageia a engenheira responsável pela finalização da ponte do Brooklyn, em Nova York.Antes de ir, vale conferir a programação do Smorgas Music Stage, que recebe diferentes gêneros. No sábado, destaque para o reggae ao pôr do sol do grupo Marley Nights e para o jazz da cantora Lucille Berce, que se apresenta também no domingo.Para aproveitar o festival ao máximo, vale ir acompanhado ou em grupo e fazer vários pedidos para dividir, já que muitas das porções, como o El Burritogro, são bastante generosas e valem como uma refeição completa. Mais Atto O restaurante de cozinha afetiva (r. Pais de Araújo, 138, Itaim Bibi) completa um ano e organiza um jantar preparado pelas chefs Luiza Hoffmann e Elisa Fernandes, vencedora do MasterChef à frente do Clos Wine Bar. A refeição começa com pães, hommus e queijo boursin, seguida por vieiras gratinadas. De principal, há pescada e camarão ao molho de páprica com batatas e entrecôte com purê de abóbora. Para adoçar, choux de baunilha e frutas vermelhas (foto). Servido neste sábado (22), às 19h, o menu custa R$ 218. É preciso fazer reserva pelos números (11) 3078-0203 ou (11) 94810-0000Marina Lima A coleção de hits da cantora vem à tona em seu novo show, "Nas Ondas de Marina", que ela apresenta nesta sexta-feira, 21, às 21h, no Teatro Bradesco. A carioca percorre sucessos lançados ao longo dos quarenta anos de sua carreira —especialmente aqueles que embalaram o momento de reclusão de seus fãs na pandemia. Aparecem no setlist, que vai de músicas românticas àquelas com batidas mais fortes, por exemplo, "Fullgás", "Uma Noite e Meia", e, claro, "À Francesa". Ainda há ingressos disponíveis para todos os setores na bilheteria e no site Uhuu —os preços vão de R$ 140 a R$ 340Festival de Flambado Com a chegada dos dias mais frios, o restaurante Cantaloup (r. Manuel Guedes, 474, Itaim Bibi) realiza uma série de jantares que trazem pratos flambados desta sexta (21) até 5 de agosto. São sete sugestões de entradas, principais e sobremesas, que podem ser harmonizadas com uísques selecionados por Mauricio Porto, do bar Caledônia, especializado na bebida. Entre as receitas, o penne ao creme de cogumelos (R$ 98) pode ser acompanhado do escocês Macallan Sherry Oak, considerado o single malt mais valioso do mundoRealidades e Simulacro A partir deste sábado (22), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (av. Pedro Álvares Cabral, s/n°, Vila Mariana) inaugura a exposição inédita de realidade aumentada, em comemoração aos 75 anos da instituição. Ela explora a relação entre elementos virtuais e físicos no Jardim de Escultura e pelo Ibirapuera. As obras de dez artistas serão acessadas por meio de um plataforma digital, na qual o público poderá ver pelo celular, por exemplo, uma escultura em cima do lago do parque. Com curadoria de Marcus Bastos e Cauê Alves, a mostra fica até dezembroFestival Mil Folhas A setima edição do festival da Confeitaria Dama começa nesta sexta (21) e segue de quinta a domingo até 1º de outubro. A doceria servirá —em suas seis unidades— cinco novas opções do doce que unem dois recheios diferentes —todas no valor de R$ 25,50. Também será possível adquirir o quitute via delivery e via e-commerce. São cinco novos sabores: chocolate intenso e pistache, banana caramelizada e doce de leite, ceme patissière e creme de cerejas amarenas, limão siciliano e creme de frutas negras, caramelo salé e caféA Futura Rainha Duas atrizes narram toda a história e, ao mesmo tempo, dão vida aos inúmeros personagens no palco do Sesc Santo Amaro (r. Amador Bueno, 505). Na trama, uma princesa que discorda do funcionamento de seu reino viaja com seu cavalo para conhecer outros territórios do continente. Durante a aventura, conhece monarcas que precisam de ajuda para enfrentar feiticeiros, monstros e tradições antigas. A apresentação, que acontece às 17h de domingo (23), explora a cultura popular nordestina unindo música, rima, poesia e literatura de cordel. A entrada é livre e gratuita
2023-07-20 23:15:00
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Clima derruba produção de café da Colômbia, que recorre a grãos do Brasil
A produção de café da Colômbia, terceira maior do mundo, registrou queda significativa na última safra, o que fez o país sul-americano recorrer a grãos importados, inclusive do Brasil, concorrente no mercado global.Em junho, a produção colombiana registrou uma tímida recuperação após fortes quedas. Houve um crescimento de 1% em relação ao mesmo mês de 2022.O pequeno crescimento, contudo, não foi suficiente para melhorar o cenário de queda acentuada que o país tem registrado. A despeito do resultado mensal, a produção acumula uma queda de 13% nos últimos 12 meses.A federação nacional de cafeicultores (FNC) da Colômbia atribui o resultado "às variáveis climáticas que afetam a produção de café, que não foram favoráveis para os processos de floração e enchimento de grãos na zona cafeeira do país".Segundo a FNC, houve um aumento de chuvas nas regiões produtoras, após três anos do fenômeno La Niña. Além disso, os agricultores sofreram com a alta nos preços dos fertilizantes, causada sobretudo em decorrência da guerra na Ucrânia.O Brasil, concorrente no mercado global de arábica, foi um dos mais procurados pela Colômbia. Ao longo da safra 2022/2023, o país adquiriu 1,738 milhão de sacas brasileiras –crescimento de 38,9% em relação ao ciclo anterior.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Com isso, a Colômbia passou a ser o país produtor de café que mais importa grãos do Brasil, o que evidencia a qualidade dos grãos brasileiros, segundo Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)."Um país que é considerado referência na qualidade está importando o nosso café, o que prova que nosso nível de qualidade também é muito bom", diz Ferreira. Mais Outrora visto internacionalmente como produtor de cafés inferiores, o Brasil tem lutado para mostrar ao mundo que também cultiva grãos mais sofisticados.Apesar disso, os compradores mais exigentes, sobretudo no mercado de cafés especiais, ainda costumam dar mais valor a grãos de países como Colômbia e Quênia, por exemplo.À frente da Colômbia no ranking geral de compradores de café brasileiro estão apenas Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Bélgica –nenhum dos quais cultiva o fruto.As compras feitas pelo país sul-americano ajudaram a amenizar uma safra que também foi negativa para o Brasil, que igualmente teve os últimos ciclos afetados por adversidades climáticas, como secas e geadas.Assim, em 2022/2023, as exportações brasileiras tiveram uma queda de 10,2% em relação ao volume de sacas vendidas no ciclo 2021/2022. Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucenaQual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.br
2023-07-20 08:00:00
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O sesquicentenário de Santos Dumont em São Paulo
O dia 20 de julho de 2023 marca uma importante data da história do Brasil. Foi neste mesmo dia, há 150 anos, que nasceu aquele que é um dos maiores brasileiros de todos os tempos, Alberto Santos Dumont.Sexto filho de uma prole de oito irmãos, Santos Dumont foi responsável por ser um dos primeiros brasileiros a colocar o país em evidência mundial com suas ambiciosas invenções, como os primeiros balões dirigíveis com motor à gasolina, no alvorecer do século 20, que lhe rendeu já em 1901 o Prêmio Deutsch por contornar a torre Eiffel com o seu dirigível nº 6. Deste momento em diante ninguém mais segurou este heroico brasileiro voador, que assombraria o mundo novamente em 23 de outubro de 1906 com o primeiro voo do 14-bis.O Pai da Aviação, como também é conhecido, morreu no Guarujá em 23 de julho de 1932, possivelmente angustiado por ver aviões serem utilizados em combates durante a Revolução Constitucionalista. Tirou a própria vida, enforcando-se, sem deixar qualquer carta ou bilhete explicando seus motivos.Grande figura da história seria óbvio que Santos Dumont fosse palco de homenagens por todo o país e até no exterior, e em São Paulo não seria diferente. Pela cidade é possível conhecer algumas homenagens ao Pai da Aviação, sendo duas muito conhecidas e outra que quase ninguém se lembra. Vamos a elas!A homenagem pública mais antiga da capital paulista para Santos Dumont era inicialmente de outra cidade. A rua Santos Dumont em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, foi batizada em 22 de julho de 1932 dia de véspera do primeiro aniversário da morte do aviador.Naquele momento e até fevereiro de 1935, Santo Amaro não era um bairro paulistano mas um município independente. Com a incorporação daquela cidade por São Paulo várias ruas da região foram renomeadas para não haver confusão com similares já existentes na capital. A rua Santos Dumont foi uma das pouquíssimas mantidas.Possivelmente a mais conhecida homenagem de São Paulo, a avenida Santos Dumont foi oficializada em outubro de 1956 através da lei nº 5060 de 15/10/1956. Ela se inicia na região central da capital no cruzamento com a avenida Tiradentes e a rua dos Bandeirantes e termina em Santana na zona norte.Instalada na praça Comandante Eduardo de Oliveira, parque Edu Chaves, zona norte de São Paulo, está uma homenagem que poucos conhecem. Trata-se de uma cabeça de bronze de Santos Dumont com base de granilite feita pelo escultor Luiz Morrone, autor de inúmeras esculturas espalhadas pela capital paulista.A cabeça, que retrata o aviador já em seus anos finais de vida, fica numa quina da praça bem diante da base da Polícia Militar. Foi inaugurada em outubro de 1975, ofertada pelos moradores e empresários do bairro que se cotizaram para pagar a obra.A réplica da obra-prima de Alberto Santos Dumont – o 14-bis – é, na minha opinião, a mais marcante e tem uma história de sobrevivência típica do modo brasileiro de lidar com monumentos públicos.Erguida pelos funcionários do Parque Aeronáutico de Marte, a réplica foi inaugurada em 1974 e instalada no centro da praça Campo de Bagatelle, em Santana. Com o passar dos anos entrou no imaginário do paulistano pois muitos acreditavam que tratava-se da aeronave original. Dentro da réplica existia uma estátua de meio corpo de Santos Dumont conduzindo a aeronave.Apesar de simbolizar a homenagem a um brasileiro tão relevante como a figura do Pai da Aviação, a réplica do 14-bis depois de instalada foi praticamente deixada à própria sorte, com raros cuidados e quase nenhuma manutenção. Em 2005 encontrava-se quase que totalmente destruída e a escultura de Santos Dumont havia sido roubada.No ano seguinte, em 2006, o 14-bis foi completamente restaurado pela prefeitura de São Paulo e reinaugurado com uma nova escultura, desta vez um busto, que fica na base que sustenta o avião. Desde então vem sendo mantida preservada e com o jardim sempre bem cuidado.Não vamos esquecer que Santos Dumont também é lembrado na avenida 9 de Julho, com a praça 14-bis, hoje em dia encoberta pela via elevada que passa sobre ela. Mais
2023-07-20 08:00:00
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A bicicleta, com todo o respeito
Tinha 18 anos, jovem repórter da Gazeta de S. Bernardo, habitante do bairro Assunção, no ABC paulista. Não havia ciclovias e, mesmo assim, eu me deslocava todos os dias de bicicleta. Num deles, perto de um viaduto que passava por baixo da rodovia Anchieta, o trânsito parou e o freio falhou. Bati e voei por cima do carro à frente. Não houve nenhum dano à bike, nem ao automóvel. Podia ter quebrado uma perna, um braço. Podia ter morrido.A ciclovia é indispensável às grandes cidades. O respeito às regras do trânsito, também. Estamos num momento difícil, em que nem a construção das ciclovias avançam na velocidade necessária, nem as pessoas aprendem que a bicicleta —e a motocicleta também— é parte do Código de Trânsito Brasileiro.Outro dia, passei pela rua Clélia, em São Paulo, ao lado de um ciclista. O sinal ficou vermelho e parei. Estava de carro. A bike seguiu. No semáforo seguinte, a mesma cena. Por algum acaso do tráfego relativamente livre na Lapa, consegui me aproximar. Abaixei o vidro, pedi licença e disse: "Posso fazer uma observação, super numa boa? A gente precisa respeitar o ciclista e, para isso, o ciclista precisa respeitar as regras de trânsito". Civilizadamente, ele balançou a cabeça positivamente e seguiu em frente.A cidade de São Paulo deve muito mais às bicicletas do que as bicicletas à cidade de São Paulo. Mesmo assim, parece importante alertar quem anda pelas vias em duas rodas que o respeito é peça fundamental em ruas e avenidas. Carros a 50 km/h, bicicletas respeitando faixas de pedestres e sinais vermelhos.Outro dia, a rádio CBN relatava incômodos com a nova ciclofaixa da avenida Tiradentes, no centro. Em vez de ser disponibilizada no canteiro central, como na avenida Paulista, está na calçada. A observação era a de que havia problemas, pelo calçamento esburacado. Nesse caso, o desrespeito é com o pedestre, não com o ciclista. Mais São Paulo é uma cidade que avança em respeito à população, mesmo que lentamente. Seja com o crescimento da quilometragem das vias exclusivas para bicicletas, a partir da gestão Fernando Haddad (PT), seja com as ampliações das linhas de metrô, por parte dos últimos governos tucanos, que facilitaram o acesso ao transporte público em comparação ao passado.Não é o suficiente, está claro.Até 1991, a metrópole dispunha apenas das linhas azul e vermelha do metrô. Era norte-sul, leste-oeste e só. O transporte metropolitano paulistano começou a ser construído em 1968 e parou por quase 20 anos. Era uma tragédia. Hoje é apenas um absurdo. Mais Daí a necessidade de criar-se cada vez mais transportes alternativos e as ciclovias serem indispensáveis na concepção de uma nova cidade, mais humana. Há 20 anos, parecia impossível o que acontece na marginal Pinheiros, com ciclovias e o parque linear Bruno Covas recebendo gente para passear. Não é como pedalar na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Respira-se gás carbônico. Mas é muito melhor do que já foi.A construção de uma vida melhor e mais respirável também depende da compreensão das regras. A bicicleta é parte do código de trânsito. O ciclista deve respeitar faixas de pedestres, sinais verdes, amarelos e vermelhos. Na Alemanha, já vi policial interromper o pedal para multar quem anda na faixa contrária.A ciclovia precisa fazer cada vez mais parte da vida da cidade.O respeito pela legislação de trânsito, mais ainda.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-19 22:00:00
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O Exército brasileiro e o descontrole de armas e munições
A notícia de que o ex-deputado Roberto Jefferson comprou legalmente armas e munições (incluindo o fuzil com que tentou matar três policiais federais) com seu registro de atirador esportivo enquanto estava no presídio de Bangu e em prisão domiciliar, publicada no jornal O Globo, talvez seja o mais emblemático símbolo da incapacidade de o Exército Brasileiro oferecer uma fiscalização efetiva neste campo.Jefferson pregava o ataque às instituições e o apoio a um golpe contra os resultados das urnas nas eleições de 2022. O mesmo fazia George Washington, atirador esportivo preso em dezembro com um arsenal que pretendia distribuir no acampamento em frente ao quartel do Exército, além de explodir um caminhão com combustível no aeroporto de Brasília.Frente a esses e outros constrangimentos, como ter integrantes da ativa pegos em conversas sobre conspirações golpistas, o Exército tem se esforçado em transmitir uma mensagem de que é uma instituição que serve ao Estado brasileiro (e não a governos ou políticos) e que defende interesses públicos. Mas não é que se vê quando o prisma é o do controle de armas e munições.Ainda em maio de 2019, a Força concordou com uma mudança que concedia porte de armas a várias categorias por decreto e ampliava em quatro vezes a potência de armas liberadas ao cidadão comum (incluindo calibres 9 milímetros e ponto 40, usadas pelas forças de segurança). Além disso, autorizava a atiradores esportivos até 60 armas, o que, combinado com uma portaria do Comando Logístico do mesmo ano, permitiu que, entre estas, estivessem incluídos fuzis.Ao buscar nos documentos preparatórios alguma análise técnica que justificasse tal liberação para um atirador esportivo, incluindo iniciantes, nada foi encontrado. A prisão em janeiro de 2022 do atirador esportivo Vitor Rebollal com 54 armas, dentre as quais 25 fuzis de mesmo modelo e calibre, ajudou a ilustrar quem estava se beneficiando com as novas regras. A polícia fluminense afirma que ele revendia ao Comando Vermelho o arsenal que obtinha legalmente. Mais Já em 2020, durante a pandemia de Covid-19, vimos Jair Bolsonaro ordenar de sua conta no Twitter a revogação de portarias que melhoravam a marcação e rastreabilidade de armas e munições e que ajudariam a investigar crimes e prevenir desvios e o Exército acatar prontamente e, em menos de um dia, revogá-las. Chamado a esclarecer pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a Força não possuía uma única folha de argumentação técnica ou jurídica anexada ao processo previamente à revogação.Alguns dias depois, uma nova portaria para ampliar a cota de munições que cada civil poderia comprar (de 200 para 600 por ano) foi assinada após o chefe do Executivo bradar em reunião ministerial: "É por isso que quero todo mundo armado". Documentos do processo evidenciaram a pressão para a edição da portaria. Neles, fica claro que a análise técnica do Exército foi dispensada em prol de uma aprovação célere, cuja formalidade foi substituída por uma mensagem de três linhas de um general exonerado, transmitida do seu email pessoal. Felizmente, a Justiça, com base na precariedade da tramitação, decidiu anular esse aumento na cota de munições. Mais Vários outros regulamentos do governo de Jair Bolsonaro foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal ou revogados por um decreto inicial da atual gestão presidencial em janeiro. Mas os efeitos dessa política não deixarão o Brasil tão rapidamente. As pistolas 9 mm, que fizeram a alegria da indústria após a liberação a civis, começaram a inundar o mercado ilegal. Na capital federal, de onde será assinado o novo regulamento definitivo para armas e munições, a apreensão pelas polícias desse modelo mais potente saiu de 62 em 2018 (quando a arma era restrita) para 325 em 2022 —era 3% das apreendidas, mas fechou 2022 sendo 23% das apreensões totais.O Exército poderia ter previsto tal efeito antes de aceitar as mudanças ordenadas de forma irresponsável por Bolsonaro. Ainda é tempo de corrigir esses erros e colocar a preservação da vida e auxílio das instituições policiais como eixo central do novo regulamento que está para ser publicado.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-19 22:00:00
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Às cegas, na Guerra Fria
Perto de um mês atrás, a agência Reuters destacou, sobre a pesquisa anual do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, que "menos pessoas confiam na mídia tradicional e mais pessoas recorrem ao TikTok para obter notícias".Essa derrocada na confiança, que vem de anos, é o que move o debate jornalístico contemporâneo. Foi proposta uma saída extrema: o abandono da busca de objetividade e independência, para um choque de transparência que permita partir daí para retomar a confiança em bases mais firmes.O New York Times, jornal de referência no mundo e sob risco de virar o único, como tal, nos Estados Unidos, abriu resistência e vem buscando dar provas de distanciamento em relação à Casa Branca, Ucrânia, Israel e sua própria Redação, em coberturas de temas como trans.Sob ameaça de nova Guerra Fria, o debate interessa ao resto do mundo, até porque não tem como ver com os mesmos olhos as fontes de informação da Guerra Fria anterior. Tome-se a Reuters. A agência de 171 anos busca a neutralidade com tamanha dedicação que veta usar a expressão terrorista, a não ser como citação de alguém.Ou pelo menos era o que se acreditava até uma solicitação de Martin Rosenbaum, jornalista especializado em ferramentas de acesso à informação, então na BBC, retornar com uma revelação insólita.O governo britânico financiou, através de repasses realizados pela própria BBC, a cobertura de América Latina da agência nos anos 1960 e 70, em meio às ditaduras militares e à interferência externa, inclusive do Reino Unido.Entre os documentos, como registrado neles, "um acordo para fornecer apoio discreto do governo para os serviços da Reuters no Oriente Médio e na América Latina", inclusive com o registro de que "os interesses do governo de Sua Majestade serão bem atendidos pelo novo arranjo".Os documentos mostram que o Reino Unido e aliados queriam "reforçar sua influência contra a União Soviética através da expansão dos serviços de notícias ao redor do mundo".Foi o que a Reuters reconheceu, sem ir além do que Rosenbaum havia revelado. Por exemplo, sem esclarecer como os interesses de Sua Majestade teriam sido atendidos pelo jornalismo que produziu à época, na América Latina.A agência chegou a manifestar que o acordo "não era condizente com nossos Princípios de Confiança", antes que a questão toda fosse esquecida em meio à pandemia de Covid-19.Quanto a Rosenbaum, ele lançou o livro "Freedom of Information", liberdade de informação, em que busca mostrar "como extrair informações de líderes políticos e funcionários públicos", um manual com conselhos como "seja persistente".
2023-07-19 18:24:00
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Australiano que passou dois meses à deriva com cachorro se despede de animal
A história do homem que ficou dois meses à deriva no oceano Pacífico junto com uma cachorra repercutiu. Tim Shaddock, 51, e a cachorra Bella partiram do México em direção à Polinésia Francesa em abril.A amizade começou pouco tempo antes de os dois começarem a viagem. Porém, a embarcação em que estavam foi danificada por uma tempestade várias semanas depois e eles ficaram perdidos no mar. Neste mês, foram resgatados por um barco de pesca depois que um helicóptero os avistou em alto-mar.Porém, os dois tiveram que se separar assim que retornaram à costa. Isso porque o velejador australiano precisou voltar ao seu país de origem. Antes disso, porém, deixou Bella com a tripulação do barco Maria Delia, embarcação o resgatou. Mais "Ela é incrível, aquela cachorra é outra coisa, sou um pouco tendencioso, mas sim. Bella parecia ter me encontrado no meio do México, ela é mexicana, ela é o espírito do meio do país e não me deixou ir", disse segundo o jornal americano New York Post.Antes de conseguir o novo lar para o animal, Tim afirmou que procurou três vezes por alguém que a adotasse. "Ela é muito mais corajosa do que eu, com certeza."Quando a dupla foi encontrada, perto da costa oeste do México, dois meses depois que partiu, o homem estava muito mais magro e com uma grande barba. Tim disse que ele e a cachorra sobreviveram comendo peixe cru e tomando água da chuva.
2023-07-19 16:50:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/australiano-que-passou-dois-meses-a-deriva-com-cachorro-se-despede-de-animal.shtml
Você já cumpriu alguma das metas que propôs para este ano? Conte para a Folha
Durante as festividades do final e começo do ano, a elaboração de metas é muito comum, incentivada e já foi tema de interações com os leitores da Folha. No entanto, pouco se fala sobre esses objetivos ao longo dos outros meses e, dessa forma, eles são facilmente esquecidos.Sem um lembrete, a lista de resoluções só é recordada perto do prazo de 365 dias e acaba se transformando em um motor de frustrações. Por isso, com mais seis meses pela frente, é possível que pelo menos um dos propósitos seja colocado como prioridade novamente.Diante disso, a Folha quer saber: neste primeiro semestre, você conseguiu cumprir algumas das metas que se propôs? Se não, qual é um dos objetivos que quer se empenhar para realizar até o final do ano? Deixe seu depoimento neste formulário.Algumas respostas serão publicadas no Painel do Leitor de domingo (23) e nas redes sociais do jornal. A Folha agradece a colaboração.
2023-07-19 15:23:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/voce-ja-cumpriu-alguma-das-metas-que-propos-para-este-ano-conte-para-a-folha.shtml
Seis vinícolas para ir nas férias de inverno
Vinho, montanha e lareira, desde sempre, foram sinônimo de férias de inverno para o paulistano com algum dinheiro no bolso. Nas montanhas próximas à metrópole, famílias da capital e de cidades médias do interior encontram um clima ideal para relaxar e sentir que, de fato, é inverno. Os dias são ensolarados e permitem andar a cavalo, fazer trilhas e, às vezes, até pegar uma piscina ou cachoeira, mas as noites são muito frias, ótimas para beber vinho tinto, comer fondue, sentar em frente ao fogo. Agora, além disso, a região de Campos de Jordão, São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal, assim como outros pontos da Serra da Mantiqueira e seus arredores, está ainda mais atraente para quem gosta de vinho: na última década, vinhedos de vários tipos espalharam-se por suas colinas. O chamado Triângulo das Serras tornou-se um destino de enoturismo (um dos vários que surgiram recentemente). Com isso, férias de julho nas montanhas hoje incluem passeios a vinícolas. Considerado impossível até bem pouco tempo atrás, hoje é comum o cultivo de uvas da espécie vitis vinifera (usadas para vinhos finos) na região sudeste. É possível em grande parte devido ao desenvolvimento de uma nova tecnologia de poda pelo agrônomo Murillo de Albuquerque Regina, da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Essa tecnologia, conhecida como dupla poda, permite inverter o período da colheita. Ou seja, em vez de colher no verão quando chove demais e a umidade traz doenças para as uvas, agora é possível colher no inverno quando o tempo é seco.A dupla poda, porém, só dá certo em regiões não muito frias, pois os bagos precisam de calor para amadurecer. Acima de uma certa altitude, nem sempre é possível produzir uvas com dupla poda. Por isso, no Triângulo das Serras é comum também, dependendo da altitude do vinhedo, encontrarmos cultivo de videiras com uma cobertura de plástico que as protege das chuvas. Independente da tecnologia de campo usada, a qualidade dos vinhos na região costuma ser ótima, mas, prepara-se, não são baratos. A maior parte dessas vinícolas tem produção pequena e vende quase tudo o que produz (pelo preço que for), sem muito esforço, na propriedade. Se você pretende subir a serra neste inverno, pode aproveitar e conhecer alguma das vinícolas a seguir:Villa Santa Maria, São Bento do Sapucaí Uma das mais bem estruturadas, a Villa Santa Maria tem um restaurante com mesas no jardim. Tem uma bela sala de degustação e uma loja. Costuma lotar. Os vinhos levam a marca Brandina. Experimente o Brandina Sauvignon Blanc (R$ 159,00). Essa uva se deu muito bem no sudeste. Agendamento pelo WhatsApp (12) 99633-0222. Em julho está aberta todos os dias. Menu por pessoa (R$ 250), menu harmonizado (R$ 330), passeio guiado (R$ 20 por pessoa, não é cobrado se visitante fizer a degustação), degustação (R$ 100,00, por 5 rótulos).Raízes do Baú, São Bento do Sapucaí A mais bela vista da Pedra do Baú. Os vinhos também são muito bons. Prove o Baú 9.4 Syrah (R$ 210), que não passa por barricas e, portanto, tem bastante aroma de frutas. Tour pelo Vinhedo com Degustação de Vinhos ( R$ 120) e Piquenique no Vinhedo (R$ 155). Vinhos não estão incluídos. Whatsapp (12) 99600-7711.Vinícola Bela Vista, São Bento do Sapucaí A mais nova vinícola da turma é também a vinícola de maior altitude do Brasil (1785). Está na sua segunda safra. Oferece tour guiado pelo vinhedo, piquenique com tábua de frios e frutas exóticas e uma taça de degustação, por R$ 150 por pessoa. As reservas serão feitas no Instagram @vinicolabelavista.Entre Vilas, São Bento do Sapucaí Pioneira na região, trabalha com vinhos de mínima intervenção. O proprietário Rodrigo Veraldi é agrônomo e especialista em técnicas de cultivo coberto. Além de agrônomo, Rodrigo é também chef e cozinha no restaurante nos fins-de-semana e feriados. Os almoços de seis etapas duram de três a quatro horas e o passeio pelos vinhedos acontece nos intervalos entre um prato e outro. A vinícola é pequena e é tudo muito perto. Os vinhos são ótimos, mas produz poucas garrafas. Assim, acontece muitas vezes de não terem nenhuma garrafa de seu próprio vinho para servir. Mas têm de outros produtores e não cobram a rolha. O almoço custa R$ 340 por pessoa e não inclui bebidas. Reservas pelo site (www.entrevilas.com.br/).Vinícola Ferreira, Piranguçu É um projeto grande, com 100 hectares de vinhedos, todos cobertos. Degustação harmonizada com refeição e 6 vinhos (R$545), almoço a la carte (ticket médio de R$220) e piquenique ( R$120, por pessoa). Se estiver disposto a gastar, experimente o Piquant Soleil 2022 (R$ 499) que acaba de ganhar medalha de ouro no concurso da revista inglesa Decanter. Mas há rótulos a partir de R$ 140. Reservas pelo site (https://vinicolaferreira.com.br/).Espaço Essenza, Santo Antônio do Pinhal Com menos de um hectare plantado de uvas, o projeto aberto ao público no ano passado é bastante voltado para o turismo. Nem por isso, o vinho deixa de ter qualidade. Muito pelo contrário. O vinho Espaço Essenza Shiraz Rosé (R$ 200), por exemplo, que está apenas em sua quarta safra, já recebeu diversas premiações, inclusive uma medalha de prata no Decanter World Wine Awards 2022. Visita completa com uma degustação harmonizada com várias comidinhas (R$ 220) ou uma cesta de piquenique (R$ 490, para duas pessoas, com uma garrafa de vinho). Reservas pelo site (https://espacoessenza.com.br/).
2023-07-19 15:07:00
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Amazonas Green Jazz Festival terá início nesta sexta-feira
A programação do Amazonas Green Jazz Festival, que acontece de 21 a 30 de julho, no Teatro Amazonas, em Manaus, terá mais de 20 shows com artistas nacionais e internacionais.Em homenagem às vozes femininas do jazz, a edição deste ano do evento ganhou o nome de "Ella’s", reverenciando a cantora e compositora norte-americana Ella Fitzgerald (1917-1996).Abrindo o festival, nesta sexta-feira (21), às 20h, acontece a estreia das obras "Amazônia Verde para Sempre" e "Constatação e Uma Vida", do compositor americano Ed Sarath, elaboradas com o poeta amazonense Aníbal Beça. O show terá a participação do Coral do Amazonas, sob regência do maestro Otávio Simões. A compositora e multi-instrumentista americana Camille Thurman, com seu quarteto, fará, às 21h30, o segundo espetáculo dessa noite.A pianista Heloísa Fernandes é quem abre a noite de sábado (22), às 20h, seguida pela apresentação do grupo amazonense Quinteto Flow, às 21h, apresentando um jazz que combina piano, violão e violoncelo, além dos vocais e da percussão. Ainda no sábado, às 22h, o festival receberá a saxofonista e compositora chilena, Melissa Aldana, e o seu quarteto.No domingo (23), às 19h, a atração será o quarteto do guitarrista Jonathan Kreisberg, antes do sexteto do saxofonista Felipe Salles, que acontece às 20h30.Na segunda-feira (24), a programação no Teatro Amazonas terá entrada liberada e começará, às 20h, com Ismael Nascimento Trio. Às 21h30, a Amazonas Band fará um show inédito com a cantora Márcia Siqueira e o multi-instrumentista Rodrigo Ursaia, além da participação especial de Felipe Salles.Na terça-feira (25), às 19h, com ingressos gratuitos, talentos musicais da região amazônica serão as atrações do Amazonas Green Jazz Festival, iniciando com a apresentação de Miquéias Pinheiro Quinteto. Às 20h15, será a vez de Anderson Farias Trio e, às 21h30, acontecerá a apresentação do quarteto do guitarrista e violonista Aldenor Honorato.Na quarta-feira (26), às 20h, acontece o show de Anette Camargo e Projeto Tânia Maria. Ás 21h30, a atração será Ignacio Berroa Trio.Quinta-feira (27), às 20h, acontece o concerto "His Day Us Done" que vai unir a Amazonas Filarmônica, Coral do Amazonas, Ed Sarath e a violinista Regina Carter, com o percussionista Dizzu Platjies e a pianista Cristiane Bloes.Já o pianista e compositor pernambucano Amaro Freitas, na sexta-feira (28), se apresentará com o seu trio, às 20h, antes do projeto Global Jazz Coletivo, que reúne músicos norte-americanos, sul-africanos e brasileiros para uma apresentação única, às 21h30.No sábado (29), às 20h, o pianista Amilton Godoy fará um duo com a pianista Eliane Elias. Às 21h30, é a vez do grupo feminino Momentum Octet, liderado pela pianista e compositora norte-americana Ellen Rowe.Encerrando o festival no domingo (30), às 19h, haverá o lançamento do CD "Randy Brecker Live in Amazonas", gravado no Amazonas Green Jazz Festival em 2022, no palco do Teatro Amazonas, em parceria com a Amazonas Jazz Band, com regência de Rui Carvalho e a participação especial dos saxofonistas Felipe Salles e Rodrigo Ursaia. O último show do festival, às 20h30, será da pianista Eliane Elias e seu quarteto.O festival conta ainda com exposições artísticas na Casa do Jazz; o Jazz no Flutuante, com apresentações ao pôr do sol no Flutuante Abaré, às margens do Rio Tarumã; o circuito Aqui tem Jazz, com a participação de bares, restaurantes e lojas da cidade; o Buriti Jazz Manauara, com pocket shows no Manauara Shopping; Lounges nas varandas do Teatro Amazonas; além de 15 masterclasses, palestras e workshops.Os ingressos do Amazonas Green Jazz Festival podem ser adquiridos online no site amazonasgreenjazzfestival.com.br ou presencialmente na bilheteria do Teatro Amazonas, com valores a partir de R$ 30.Bons shows!AMAZONAS GREEN JAZZ FESTIVALARTISTAS VáriosQUANDO De 21 a 30 de julhoONDE Teatro Amazonas, largo de São Sebastião, Centro, Manaus, tel. (92) 3622-1880QUANTO A partir de R$ 30; algumas atrações serão gratuitas
2023-07-19 13:26:00
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Colorado oficializa 5ª cerveja de linha, uma session IPA com maracujá
O urso desibernou em pleno inverno. A Colorado, de Ribeirão Preto (SP), traz boa novidade para os fãs de suas tradicionais cervejas, decoradas com o famoso urso: a Kuyá, uma session IPA com maracujá, passa a ser a quinta cerveja fixa da marca.A cerveja já vinha sendo produzida com regularidade na fábrica. Mas apesar de entrar bem no time, só agora ganha seu contrato fixo. Mais leve e aromática, a session IPA é uma boa cerveja de entrada para quem não se habituou com o amargor da IPA raiz. A Kuyá tem 4,3% de álcool e apenas 30 IBU (escala de amargor que pode chegar até 70 em IPAs mais parrudas)."As pesquisas mostram que o estilo IPA é o segundo mais consumido do Brasil, atrás apenas do lager. Como a Kuyá é uma session IPA, ou seja, menos complexa e fácil de beber, acabou se somando perfeitamente à família para oferecer variedade de opções ao consumidor", explica Fernanda Federico, diretora de marketing craft da Ambev.Nascida em 1996, só dez anos depois a Colorado passou a envasar as suas cervejas, ganhando mercados, bares e empórios em todo país. E, desde sempre, ficou conhecida por suas quatro variedades, cada uma explorando um ingrediente bem brasileiro, uma marca registrada da cervejaria. Assim, tínhamos a Cauim (lager com mandioca), a Appia (trigo com mel), a Indica (india pale ale com rapadura) e a Demoiselle (porter com café). Mesmo depois de ser adquirida pela Ambev, a cervejaria continuou explorando o universo de estilos e sabores locais, com a linha Brasil com S, mas sempre em rótulos sazonais.As coisas começaram a mudar um pouco com o certeiro lançamento da Ribeirão Lager. A refrescante lager, com laranja, de certa forma, desbancou a Cauim no trono das lagers —a Cauim ainda é fabricada, mas teve seu espaço reduzido, digamos.O time fixo da Colorado agora tem Appia, Indica, Demoiselle, Ribeirão Lager e a novata Kuyá. Mais
2023-07-19 12:14:00
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Asics lança chinelo feito com impressora 3D para o pós-treino
Uma partida de futebol dura 90 minutos. A paixão pelo time do coração, não. O torcedor consome notícias, se engaja em conversas e exibe seu amor pelo clube desfilando camisetas e acessórios durante toda a semana, com ou sem jogo.O desafio de toda indústria de consumo é aumentar sua presença na vida das pessoas para além dos momentos da prática esportiva. Vale para o futebol, e vale para a corrida.Um corredor amador raramente treina mais de 1 hora por dia – eu sei, há os treinos longos, mas há também os dias de descanso. O objetivo dos fornecedores de material esportivo é estar presente nas outras 23 horas, participando da rotina do atleta.A Asics fez um movimento interessante neste sentido. A empresa japonesa lançou um chinelo desenvolvido para ajudar na recuperação do corredor após o treino. O Actibreeze 3D Sandal é de plástico e feito em impressoras 3D.Segundo a empresa, o calçado ajuda a manter a temperatura dos pés, além de ser mais respirável e praticamente não reter umidade pela transpiração."O Actibreeze 3D Sandal representa nossa crença de que inovação em calçados esportivos não deve se limitar àquilo que o atleta usa quando está treinando ou competindo. Queremos continuar explorando novas maneiras de otimizar ainda mais a recuperação pós-corrida e o relaxamento tanto do corpo quanto da mente de nossos atletas", diz AJ Andrassy, diretor geral de produtos de performance da Asics.Estou usando os chinelos tecnológicos da Asics há algumas semanas, e a percepção é de que ele realmente é mais respirável que os demais. Sinto também que ele ajuda a manter a temperatura dos pés, mesmo nos dias mais frios. O ato de caminhar parece ser menos fluído – talvez pelo chinelo ser grande e bem estruturado. Mas o maior ponto positivo é a sensação de que há uma ativação dos músculos da planta dos pés durante a movimentação. Ou seja, ao caminhar, sinto uma mistura de massagem e exercício na sola do meu pé.O 3D Sandal representa uma inovação, mas ainda precisa vencer duas barreiras importantes para se popularizar. O primeiro é estético: o chinelo é grande, monocromático, feito de plástico e ocupa espaço. Visualmente, ele vai na contramão do minimalista "look Havaianas" que o Brasil consagrou, além de não trazer a riqueza de cores normalmente associadas ao universo da corrida. Outro ponto é o preço: o Actibreeze 3D Sandal é vendido por R$ 800 – valor superior a alguns tênis com placa disponíveis no mercado.
2023-07-19 07:00:00
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O São Pedro que virou cinzas
O Brasil infelizmente nunca foi uma grande referência quando o assunto é preservação de patrimônio artístico, obras de arte, e acervos em geral. Prova disso são os costumeiros incêndios em que museus, cinematecas e instituições culturais são vítimas, geralmente devido à negligência na manutenção preventiva ou do mal acondicionamento de bens culturais. E foi desta maneira negligente que uma escultura gigantesca, produzida sob intenções igualmente grandiosas acabou não apenas esquecida pelo tempo como também transformada em cinzas: O São Pedro de Mestre Agenor.No final de década de 1960 o escultor baiano Agenor Francisco dos Santos (Alagoinhas 14/5/1932) dono de um dom incrível, já que nunca frequentou escolas e seu talento artístico desenvolveu-se naturalmente, propôs ao então prefeito de São Caetano do Sul (SP), Walter Braido, a ideia de produzir uma escultura de São Pedro Apóstolo para presentear o Papa Paulo VI. A ideia foi encampada por Braido que deu sinal verde e verba ao artista para iniciar os trabalhos em 1968. Especialista em esculpir na madeira, Mestre Agenor idealizou uma escultura de dimensões grandiosas tal qual o Borba Gato de Santo Amaro que, inaugurado em 1963, chamava a atenção dos paulistanos tanto pelo tamanho incomum quanto pelo estilo controverso. Para tanto encomendou um tronco de peroba na cidade paranaense de Cianorte, cuja jornada para levá-la até São Caetano foi uma grande movimentação logística, já que o objeto media 12,20 metros de altura e pesava 31 toneladas.Uma vez entregue o tronco Agenor Francisco dos Santos iniciou seus trabalhos, em um projeto que demorou cerca de dez meses e custou 30 mil cruzeiros da época para ficar pronto. Todos os trabalhos foram realizados em um galpão montado na avenida Goiás, em São Caetano, especialmente para o artista.Contudo com a obra concluída ocorreu um problema que provavelmente selou seu futuro funesto. O Vaticano recusou o presente ofertado alegando que os custos para o transporte até seu destino, na praça São Pedro, eram extremamente altos. No noticiário da época houve quem garantisse que o real motivo para a Santa Sé recusar o mimo era o estilo da escultura, que não teria agradado os conservadores da cúpula da igreja. Essa história, no entanto, nunca foi confirmada.A negativa do Vaticano trouxe um problema de 12 metros de altura para São Caetano do Sul, que não vislumbrava em um primeiro momento o que fazer com a peça. Walter Braido já não estava mais na prefeitura e o novo prefeito resolveu ceder a escultura para a capital paulista, de modo que ficasse exposto em outra Sé, a nossa praça da Sé.A escultura de São Pedro ficou exposta por alguns meses diante da Catedral Metropolitana de São Paulo, bem próximo ao marco zero de São Paulo, onde ficou diante do olhar dos milhares de paulistanos que diariamente passavam pelo local. Como a exposição da peça ali era provisória, foi posteriormente removida e deixada em um depósito da prefeitura paulistana onde ficou esquecida por alguns anos até ser recuperada, em 1975, por Walter Braido que novamente era o prefeito de São Caetano do Sul.Resgatada, faltava um lugar que pudesse receber a grandiosa escultura e o local escolhido foi o jardim da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, para onde ela foi transportada e ficou exposta por aproximadamente três décadas, tendo apenas sido removida entre 1991 e 1996 durante obras realizadas no campus.Exposta no jardim sem muitos cuidados de manutenção preventiva, algo infelizmente corriqueiro na preservação de obras artísticas no Brasil, a escultura sofreu uma grande infestação de cupins e em 2006 foi removida novamente do local pois corria risco de queda. Foi guardada em um depósito e completamente esquecida por anos a fio sem qualquer manutenção, o que levou em 2013 a triste decisão de incinerar a escultura, já que oferecia risco a outras estruturas. Pouco mais de 4 décadas após sua criação, amargou um triste fim e virou cinzas.
2023-07-19 08:00:00
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Consumo de café gourmet dispara, e marcas enchem supermercados com novos rótulos
O consumo de cafés do tipo gourmet no Brasil tem registrado altas expressivas, diferentemente do que tem sido observado nas linhas comuns, nas quais há estabilidade ou crescimento tímido.Diante dessa tendência, as grandes empresas do setor, cujo carro-chefe são os cafés tradicionais, têm enchido as prateleiras dos supermercados com novas linhas superiores.Dados fornecidos ao Café na Prensa pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) mostram que, em abril –período mais recente disponibilizado pela entidade–, a venda de cafés gourmet e especial cresceu 84,80% na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto os tradicionais ficaram praticamente estáveis no mesmo período.Embora os números disponibilizados pela Abic não compreendam um período muito significativo, fontes do setor confirmam que o mercado gourmet cresce em ritmo no mínimo quatro vezes maior do que o tradicional.Segundo Vinícius Estrela, diretor executivo da BSCA, entidade que representa o setor de cafés especiais no Brasil, algumas das razões para essa tendência são os concursos de qualidade, que servem como incentivo para que agricultores se dediquem à produção de grãos superiores, e o aumento da oferta de bebidas gourmet em cafeterias.Mas um dos principais fatores, segundo Estrela, foi a entrada de grandes empresas do setor no mercado dos gourmet. Hoje, quase todas as grandes marcas de café do Brasil têm ao menos uma linha dedicada a grãos de qualidade.Nas prateleiras do supermercado, o consumidor se depara com uma diversidade de rótulos cada vez maior. Esses cafés são, muitas vezes, categorias melhores produzidas por empresas que já tinham forte atuação no mercado de produtos mais baratos. Exemplo disso é a Melitta, uma das gigantes do setor e responsável por uma fatia de mercado significativa no âmbito dos tradicionais. Após adquirir 70 % da Caffè Corsini, a marca lançou uma linha em parceria com a empresa italiana chamada de Compagnia Dell’Arabica, que tem quatro grãos de diferentes origens —Colômbia, Quênia, Índia e Costa Rica.Segundo o CEO da Melitta na América do Sul, Marcelo Barbieri, a empresa, que já possuía algumas iniciativas nas categorias gourmet, deve continuar avançando nessa área. Ele confirmou ao blog que esse mercado vem crescendo em um ritmo mais acelerado do que os cafés tradicionais.Executivos do setor afirmam, contudo, que o consumidor não está substituindo completamente os tradicionais pelos gourmet.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Para Susana Hernández, diretora de marketing da JDE, grupo que tem marcas como Pilão e L’Or em seu portfólio, o mesmo consumidor recorre a vários tipos de café em diferentes momentos do dia. Há um momento para cada categoria, explica Hernández.Em que pese o lançamento cada vez mais frequente de cafés superiores, a investida dessas grandes empresas é tímida por uma questão de volume. Mais de 90% dos brasileiros ainda consomem cafés tradicionais.Tradicional/extraforte, superior, gourmet e especial são categorias de classificação do café. Elas são classes de qualidade estabelecidas pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), de modo geral, e pela BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), no caso dos cafés especiais.Confira abaixo as principais características de cada categoria: Confira as diferenças entre café extraforte, tradicional, superior, gourmet e especial Tem amargor intenso e é encorpado e adstringente. Corresponde à maioria dos cafés consumidos no Brasil.São menos amargos do que os tradicionais e extrafortes. Segundo a Abic, os cafés desta categoria têm amargor, doçura e acidez variando de leve a moderado. Podem apresentar notas sensoriais amendoadas e de chocolate.É uma bebida com baixo amargor. Possui acidez e doçura que variam entre níveis moderado e alto. Destaca-se pelos atributos frutado e floral.Diferentemente das categorias anteriores, esta não é atribuída pela Abic, mas sim pela BSCA, que avalia o café verde. São os cafés com ao menos 80 pontos na escala de 0 a 100. Os grãos não podem ter impurezas nem defeitos e produzem bebidas limpas e doces, com corpo e acidez equilibrados. Além disso, segundo a BSCA, eles devem ter rastreabilidade certificada e respeitar critérios de sustentabilidade socioambiental em todas as etapas de produção.Para identificar a categoria, basta procurar a informação na embalagem. Normalmente o rótulo trará o selo da Abic indicando a qual classe ele pertence. Se for um café especial, também pode ter o selo da BSCA.Se há o selo (da Abic ou da BSCA), significa que o café foi avaliado pelas entidades e efetivamente possui os atributos necessários para pertencer àquela categoria. Veja na galeria abaixo como é o selo da Abic e alguns exemplos de cafés de cada categoria. Mais Qual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.brAcompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucena
2023-07-19 08:00:00
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Estresse e ansiedade podem afetar ciclo menstrual e fertilidade
O estresse e a ansiedade podem afetar o ciclo menstrual das mulheres, alterando características como a quantidade de dias e a intensidade do fluxo.Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que o estresse crônico, associado a uma série de problemas de saúde, também pode causar irregularidade menstrual."A sobrecarga de ansiedade e estresse gera mudanças no número de dias do ciclo menstrual, número de dias de menstruação, fluxo menstrual, coloração e odor da menstruação, além de alterações na libido", diz Moraes.Um estudo publicado na revista médica Fertility and Sterility, organizada pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, identificou uma relação entre altos níveis de estresse e um risco aumentado de anovulação (ausência de ovulação), o que pode levar a irregularidades menstruais e à infertilidade. Mais Segundo o ginecologista, as emoções estão relacionadas à mesma região do cérebro —o núcleo arqueado, localizado no hipotálamo— responsável pela produção e controle de hormônios que regulam o ciclo menstrual.Quando o corpo é colocado sob pressão constante ou excessiva, ele secreta hormônios do estresse, como o cortisol, que altera os padrões de secreção de um hormônio chamado GnRH que, consequentemente, afeta a liberação de dois outros hormônios essenciais ao funcionamento ovariano e a ovulação: o luteinizante (LH) e o folículo estimulante (também conhecido como FSH). "Quando os níveis de LH e FSH são baixos, os ovários podem não produzir estrogênio adequado para ocorrer a ovulação e, consequentemente, a menstruação. Essas alterações no ciclo menstrual não resultam necessariamente na cessação total do fluxo, podendo ocasionar desde o início do sangramento antes do esperado (ciclos mais curtos) até atrasos menstruais que duram meses", conta Moraes.De acordo com o médico, o atraso não acontece com quem faz uso de pílulas anticoncepcionais. "Isso porque elas fazem com que as mulheres tenham uma menstruação artificial, ou seja, a menstruação não acontece pelos hormônios naturais, mas pela ingestão de hormônios contidos na pílula, independentemente do funcionamento do ovário."Nesse contexto, quando há atraso ou ausência de menstruação, a paciente deve fazer exames para ter certeza de que não está grávida. Leia mais sobre o tema Excluída a gravidez, é preciso considerar outros fatores que também podem atrasar ou até interromper a menstruação, como distúrbios da tireoide, síndrome dos ovários policísticos e transtornos alimentares —que podem inibir a produção de certos hormônios e interferir no ciclo menstrual.Moraes indica que a mulher acompanhe o seu ciclo menstrual anote datas, duração e outras características do fluxo durante três meses. Se os ciclos continuarem anormais, marque consulta com seu médico. Mas, se houver parada total da menstruação, vá ao especialista antes desse período.Em relação às alterações causadas pelos impactos no estado emocional, segundo a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em psicanálise e saúde mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, é crucial adotar estratégias de gerenciamento de estresse."O ideal é incluir atividades como exercícios físicos regulares, meditação, ioga e terapia com um profissional de saúde mental. Muitas vezes, a mulher não consegue lidar sozinha com um estresse crônico, que pode se prolongar e desencadear quadros mais graves de transtornos mentais, comprometendo não só o ciclo reprodutivo, mas diversas funções orgânicas", afirma Machado.Siga o blog Saúde Mental no Twitter, no Instagram e no Facebook.
2023-07-19 06:00:00
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Setor da alimentação enfrenta duro golpe
O setor de bares e restaurantes é um dos pilares da economia nacional, movimentando bilhões de reais e gerando empregos para milhões de brasileiros. No entanto, nos últimos anos, tem enfrentado uma série de desafios, e um dos mais recentes golpes foi a não regulamentação da portabilidade do vale-refeição. Essa omissão governamental tem acarretado prejuízos incalculáveis para o segmento, levando ao fechamento de estabelecimentos e à perda de empregos em larga escala.Segundo dados divulgados pela Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, mais de 300 mil estabelecimentos encerraram as atividades, deixando mais de 1 milhão de pessoas desempregadas no ano de 2020. Esse cenário foi agravado pela pandemia, que resultou em uma retração de 27,5% no segmento em 2020, conforme apontado pelo presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas. Mais Embora tenhamos observado um aumento na percepção de retomada de hábitos de consumo em 2022, os clientes ainda não retornaram plenamente. Essa situação evidencia a necessidade urgente de medidas que estimulem a recuperação do setor e garantam sua sustentabilidade a longo prazo.É nesse contexto que observamos o descaso do governo federal com o setor. A lei 14.442/2022, que aprovou a portabilidade do vale-refeição, estabeleceu um prazo de um ano para sua regulamentação. Entretanto, em 1º de maio de 2023, encerrou-se o prazo, e o governo editou a MP 1.173, postergando por mais um ano a implementação da portabilidade. Essa postergação tem causado prejuízos adicionais a um setor já afetado. Mais A portabilidade do vale-refeição é uma medida fundamental para modernizar o sistema, seguindo o exemplo de outros setores, como o bancário, que permite ao cliente escolher a instituição mais vantajosa para receber salários ou pagar dívidas. Assim também ocorre quanto aos meios de pagamento. Antes da abertura do mercado de cartões, as "maquininhas" só podiam trabalhar com uma única bandeira. Dessa forma, o custo era maior para o lojista, caso ele resolvesse aceitar outras bandeiras. Quando a regra caiu, o custo da operação reduziu significativamente. A portabilidade do vale-refeição vai permitir, da mesma forma, baixar o custo para bares e restaurantes.É fundamental que o governo se sensibilize com essa causa e promova as ações necessárias para garantir que o oligopólio —composto pelas quatro maiores empresas do setor, que detém 90% do mercado e perdura por mais de 40 anos— seja reformulado de acordo com as melhores práticas e os modelos mais modernos.A portabilidade do vale-refeição é uma oportunidade de fomentar a competição, impulsionar a economia e garantir um futuro promissor para empreendedores e trabalhadores do ramo.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-18 22:00:00
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Amarildo e Candelária
Este julho de 2023 é uma efeméride que marca dois episódios sangrentos que mancham a história do país: o desparecimento e morte de Amarildo de Souza, há 10 anos, e a chacina da Candelária, há 30, ambos no Rio de Janeiro (RJ). Os dois casos evidenciam a persistência da barbárie policial brasileira. Nos últimos três anos, as forças de segurança pública foram responsáveis por um terço das mortes violentas na região metropolitana da capital fluminense.Símbolo nacional de abuso da força policial, o caso Amarildo não deve ser esquecido. No dia 14 de julho de 2013, um domingo, o ajudante de pedreiro foi detido por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na favela da Rocinha. Seu corpo nunca foi encontrado. A família ainda espera por indenização, apesar de já ter sido concedida pela Justiça no ano passado. De doze policiais acusados em 2016, oito acabaram condenados três anos depois; seis deles ainda seguem trabalhando na corporação.Desaparecimentos são mais comuns do que se imagina. Uma média de 183 pessoas somem por dia no Brasil, segundo o Mapa dos Desaparecidos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre 2019 e 2021, houve 112.246 ocorrências do tipo no país, com a predominância entre as vítimas de homens (62,8%) e negros (54,3%). A faixa etária com mais desparecidos é entre 12 e 17 anos (29,3%), grande parte pela falência de políticas públicas intersetoriais para essa população. A chacina da Candelária é o exemplo mais nefasto desse abandono.No dia 23 de julho de 1993, oito crianças e adolescentes em situação de rua, entre 11 e 19 anos, foram assassinados por PMs à paisana aos pés da Igreja da Candelária, no centro do Rio. Quatro policiais foram condenados, cumpriram pena e já saíram da prisão; outros três foram absolvidos.Desde então, violações aos direitos humanos persistem. Dos cerca de 70 jovens e crianças em situação de rua da região da Candelária, 39 morreram de forma violenta nos anos seguintes. Desde janeiro, oito crianças foram mortas por armas de fogo na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento do Instituto Rio de Paz.Investir em redes integradas de busca de desaparecidos e em investigação e punição no rigor da lei em casos de abuso da força policial é essencial. Reverter os índices, típicos de zonas de guerra, é um imperativo civilizatório.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-18 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/amarildo-e-candelaria.shtml
Canetada infeliz
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentou em abril modificar, por decreto, a legislação que trata de serviços de água e esgoto, consolidada em 2020 no chamado marco legal do saneamento.Em maio, parte das mudanças foi sustada por um decreto da Câmara, e a derrota política do governo estava para ser confirmada pelo Senado. No início deste mês, um acordo com senadores e deputados permitiu uma edição revisada dos decretos do Executivo.As emendas melhoraram o teor da canetada inicial, mas alguns problemas permanecem. O voluntarismo atabalhoado e intervencionista deixou cicatrizes.O governo quis tomar prerrogativas do Legislativo. Além do mais, transmitiu a mensagem de que a regulação econômica pode ser alterada ao arbítrio do Executivo, o que cria insegurança jurídica.A mudança inopinada e sem a adequada fundamentação jurídica prejudica investimentos não apenas no saneamento, mas em todo o setor de infraestrutura, que depende de longo prazo de maturação para dar retorno. Assusta, enfim, quem em geral pretende firmar contratos com o setor público.Com os novos decretos, foi derrubada a pretensão inicial do governo de permitir a companhias estaduais de saneamento a prestação direta do serviço sem licitação. Contudo permanece a facilitação para que empresas ainda atuem sem a devida comprovação de capacidade econômico-financeira.O prazo de ajuste dos contratos irregulares de prestação de serviço foi prorrogado. Assim, empresas nessa situação também podem receber financiamentos públicos.A prestação de serviços sem licitação feriria o espírito da legislação e a lógica econômica. Haverá mais recursos para o setor e atração de empresas se houver competição transparente. Mas o governo queria preservar algum estatismo.O enfraquecimento do processo de comprovação de capacidade econômico-financeira pode permitir que companhias frágeis fiquem no negócio, sem capacidade de investir, ameaçando o processo de universalização, ou quase isso, que deveria ocorrer até 2033.Houve uma diluição do marco, tanto em seu teor como em sua previsibilidade. Aperfeiçoamentos podem ser necessários, mesmo que a legislação tenha apenas três anos —ainda está mal resolvida, por exemplo, a prestação do serviço em regiões pobres e afastadas. Mas as modificações têm de tramitar legalmente e devem ser objeto de consultas técnicas.Em suma, o governo até poderia ter contribuído para o aperfeiçoamento do marco, de modo comedido, técnico e consensual. Optou por uma canetada que deteriorou a lei e criou insegurança.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-18 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/canetada-infeliz.shtml
Augusto Aras imita Toffoli e cria medalhas no final da gestão
Ao final de uma gestão marcada pelas críticas à omissão e inércia diante do governo Jair Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, repete a iniciativa do ministro Dias Toffoli, que criou uma medalha quando encerrou sua presidência no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).No último dia 14, o plenário virtual do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) aprovou os nomes das onze personalidades que receberão a Ordem Nacional do Mérito do Ministério Público. A comenda foi criada em outubro de 2022 por proposta de Aras, que preside o Conselho da Ordem na condição de chanceler.O chanceler e os membros do conselho e os ex-conselheiros serão automaticamente condecorados com a Grã-Cruz.Em abril de 2016, depois de criticar os cortes no orçamento do Judiciário, Toffoli fez distribuição de 112 medalhas, com gasto estimado em R$ 240 mil. A entrega da "Comenda do Mérito do Tribunal Superior Eleitoral – Medalha Assis Brasil" foi realizada em solenidade com a participação de Dragões da Independência.Receberão a comenda pelos "relevantes e significativos serviços ao Ministério Público brasileiro": Sepúlveda Pertence (post mortem), Dias Toffoli, Luiz Fux, Humberto Martins, Ribeiro Dantas, Mauro Campbell, Antônio Anastasia, José de Lima, Norma Angélica Cavalcanti, Marfan Vieira e Gustavo Rocha.Aras inaugurou em junho galerias com fotografias de seis presidentes e dez corregedores nacionais que exerceram os cargos desde a instalação do órgão.A galeria do CNMP é composta por fotos de Claudio Fonteles (2003-2005); Antonio Fernando de Souza (2005-2009); Roberto Gurgel (2009-2013); Rodrigo Janot (2013-2017); Raquel Dodge (2017-2019); e Augusto Aras (2019-2023).Antonio Fernando, Gurgel, Janot e Raquel participaram do ato.Como este Blog registrou, Aras foi insensível aos protestos e representações contra os abusos dos bolsonaristas.Oito ex-procuradores gerais repeliram as insinuações sobre fraudes nas urnas. Assinaram a manifestação os ex-PGRs Raquel Dodge, Rodrigo Janot, Roberto Gurgel, Antonio Fernando, Inocêncio Mártires, Sepúlveda Pertence, Aristides Junqueira e Claudio Fonteles.Em carta aberta, 27 subprocuradores-gerais criticaram a passividade de Aras diante dos ataques ao STF e ao TSE.O PGR foi tolerante com o discurso do ódio e o descaso com os mortos da pandemia.Mandou arquivar memorando em que cinco subprocuradores pediam que recomendasse a Bolsonaro evitar manifestações contra a política do Ministério da Saúde no combate ao coronavírus. Poupou Bolsonaro e criticou os signatários do memorando.Em março último, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, desembargador Elton Leme, distribuiu medalhas a 28 "autoridades e personalidades que prestaram relevantes serviços à Justiça Eleitoral, à cultura jurídica eleitoral e à democracia".Onze homenageados são ministros do Superior Tribunal de Justiça. Leme é citado como um dos interessados na vaga de Jorge Mussi, ministro aposentado do STJ.Homenageadas, as ministras Rosa Weber e Maria Thereza de Assis Moura, presidentes do STF e STJ, respectivamente, não participaram do evento.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...
2023-07-18 18:29:00
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O apavorante retrato da deficiência no Brasil
A gente não anda, não enxerga, tem o escutador de novela avariado, é meio trelelé das ideias e vejam só o que as estatísticas, estas danadas que, segundo os sábios, qualificam os debates, acabam de externar de maneira crua e contundente: somos também muito pobres, com pouca ou nenhuma escolaridade, não conseguimos trabalho e, quando conseguimos, ganhamos a metade da média do que ganha o trabalhador brasileiro.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Os números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) relativos às pessoas com deficiência, que foram exibidos nos últimos dias em cantinhos midiáticos aqui e ali, embora não sejam necessariamente inéditos, dão oportunidade para, mais uma vez, apavorar quem ainda acredita que dá para salvar a raça humana.A tragédia da deficiência só não é mais explícita no país porque a realidade é tão excludente que as pessoas vivem os apertos de sobrevivência dentro de casa e pouco as afoitas câmeras que tacam as desgraceiras para as redes sociais conseguem captar. Mais Segundo a estatística, o grupo tem hoje 18,6 milhões de corações e almas com mais de dois anos, o suficiente para lotar alguns Kombis rumo à diferença de nossos pais. Quase a metade desse povo tem mais de 60 anos, ante 12,5% da população sem avarias declaradas.Somente esses dados me parecem suficientes para bater o bumbo da emergência humanitária em curso. Somos velhos, sem instrução básica –a taxa de analfabetismo é quase cinco vezes maior do que na população sem deficiência-- com demandas físicas, sensoriais e intelectuais.São viventes de cidades com acessibilidade vergonhosa e sem planejamento estratégico para dar condições de cidadania à diversidade, exposta a todo tipo de etarismo e capacitismo –primos pobres do racismo e da homofobia— sem gerar comoção ou revolta.As políticas públicas e o pensar político a respeito dessa lacuna de abraçados socialmente ainda são atravessados por amplos debates ideológicos, com impacto questionável --e ainda com sopros assistencialistas—, e pela falta de representatividade nos Poderes. Mais Um reempacotar do plano Viver Sem Limites, sem dúvidas a maior ação já realizada no Brasil voltada à pessoa com deficiência, mas com espírito de uma década atrás, está em curso, mas nada me empolga na mistureira entre questões de saúde, de identidade e de assistência.Os números da pesquisa dão um recado claro para tomadas de iniciativas voltadas à renda, ao trabalho e ao acesso à educação inclusiva. Medidas para o mundo real, sem aquele papo de arranjos "multisetoriais" que são bonitos de pensar e congelantes no agir.A conta de um salário médio de R$ 1.860 –contra R$ 2.690 das pessoas ocupadas sem deficiência-- e uma cadeira de rodas de R$ 20 mil, R$ 30 mil e até R$ 50 mil não fecha. Também me parece insuportável ver uma categoria de gente sem instrumentos básicos de educação, com um percentual de 25,6% de concluintes do ensino médio.Embora bastante efetiva, a Lei de Cotas precisa de ajuste e fomentos à luz do trabalho remoto, inclusão no setor público e surgimento de novas carreiras, o custo da deficiência tem de ser encarado como questão de toda sociedade e não um "azar do destino", os governos têm de parar de fechar os olhos para desonerações que incluam e que deem dignidade.A gente precisa se preocupar em acordar desse contínuo pesadelo matemático, com efeitos bem reais e devastadores sobre a diversidade humana, sobre as pessoas com deficiência.
2023-07-18 17:32:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/assim-como-voce/2023/07/o-apavorante-retrato-da-deficiencia-no-brasil.shtml
Com Pabllo Vittar no júri, drag queens fazem batalha de lip sync na Sala São Paulo
Templo da música clássica na capital paulista, a Sala São Paulo foi palco de um duelo de drag queens na noite desta segunda-feira (17). Os artistas batalharam por um prêmio de R$ 20 mil diante de um painel de jurados que incluiu divas pop como Pabllo Vittar e Lia Clark, além de Márcia Pantera, precursor da arte drag no Brasil.Em sua segunda edição, o TikTok Drag Sync reuniu oito drag queens escolhidas por meio de votação popular para uma série de batalhas de lip sync —performance em que os artistas precisam dublar uma música com precisão enquanto realizam acrobacias complexas sem cair do salto alto.As queens Aphrodite e Dricca fizeram o duelo final, e a vencedora será anunciada em transmissão no perfil do TikTok Brasil na próxima quinta-feira (20), às 19h. Além do prêmio em dinheiro, a campeã ganhará uma viagem para a Drag Con UK, conferência internacional de drag queens que acontecerá em Londres, em janeiro de 2024. Mais À Folha, Pabllo Vittar defendeu o papel transformador da arte drag diante de uma ofensiva conservadora que busca retirar os direitos da população LGBTQIA+ no Brasil e em outros países. Sobre as tentativas de legisladores republicanos de banir performances de drag queens nos Estados Unidos, Vittar disse que isso é um resultado do "ódio à comunidade LGBT+ somado a um discurso feminicida que faz com que qualquer relação com a feminilidade se torne alvo de preconceito"."Fico muito triste pelas minhas irmãs [americanas] que estão tendo que passar por isso", afirmou Pabllo. "Espero que essa moda não pegue no Brasil, até porque a gente tem muita voz e não ia deixar isso acontecer."Além das batalhas de lip sync, o evento teve um show de Pabllo Vittar e uma apresentação de voguing do coletivo artístico House of Zion, expoente da cena ballroom brasileira. "Esta é uma verdadeira ocupação da arte drag na Sala São Paulo, um espaço icônico da cidade", disse à Folha Julia Araujo, líder de Marketing de Marca do TikTok na América Latina.
2023-07-18 16:42:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/com-pabllo-vittar-no-juri-drag-queens-fazem-batalha-de-lip-sync-na-sala-sao-paulo.shtml
Quer participar de uma maratona em 2023? Então corre!
A maratona é o Santo Graal das corridas de rua. Se você clicou em um blog chamado Na Corrida, provavelmente já sabe disso.Completar uma maratona significa muito mais do que percorrer os 42km da mais longa distância olímpica do atletismo. Para muitos – arrisco dizer que para a maioria –, a maratona é um evento transformador, um marco que transcende a corrida. Estamos falando de muitas semanas de preparação e privações, de uma prova extenuante e de dor, muita dor.A maratona também requer um esforço hercúleo para quem organiza a prova. Fechar ruas e avenidas, equacionar o fluxo de deslocamento de milhares de pessoas e garantir hidratação e estrutura para todos os atletas por dezenas de quilômetros. Acredite, não é fácil – nem barato.Apesar da reputação e da importância, as maratonas são relativamente raras no calendário, sobretudo quando comparadas com distâncias menores. O número de provas de 42km no país durante o ano podem ser contadas nos dedos.Portanto, quem pretende correr uma grande maratona ainda em 2023 precisa correr. Literal e figurativamente.Para quem está com o treino em dia, a opção de momento é a SP City Marathon, que acontece no dia 30 de julho. Com largada prevista para às 5h45, na Praça Charles Muller, em frente ao Estádio do Pacaembu, e chegada no Jockey Clube de São Paulo, a prova passa por 18 bairros da cidade e tem 21% do seu trajeto concentrados no tradicional centro da capital paulista. Um charme, mas também sinônimo de curvas e ruas acidentadas.Para compensar a tradicional ausência de torcida nas ruas de São Paulo, os organizadores confirmaram sete atrações musicais no percurso, que variam de música clássica a grupo de chorinho.Já quem pensa em começar um ciclo de treinamento, a melhor alternativa é a Maratona de Curitiba, em 19 de novembro. A prova, em circuito plano e com clima ameno, passa por 20 bairros da capital paranaense, incluindo alguns dos principais pontos turísticos da cidade, como Palácio Iguaçu, Jardim Botânico e Museu Oscar Niemeyer. A largada acontece na Praça Nossa Senhora da Salete, na região central da cidade.E você, pretende encarar uma maratona ainda em 2023? Conte nos comentários ou escreva para o e-mail blognacorrida@gmail.com. Se preferir, pode me mandar mensagem pelo Instagram @rodrigofloresnacorrida.
2023-07-18 16:37:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/na-corrida/2023/07/quer-participar-de-uma-maratona-em-2023-entao-corre.shtml
Lula tem o dever moral de indicar uma mulher ao Supremo
Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal absolveu o presidente Lula em todos os seus processos penais. Lembro-me do momento exato em que a maioria foi formada. Havia cinco votos em favor da suspeição de Sergio Moro quando chegou a vez da ministra Rosa Weber votar.Na hora de absolver o presidente, o tribunal teve dificuldades de deixar uma mulher falar. Depois do voto de Luís Roberto Barroso, endossando a Lava Jato, Luiz Fux levantou objeções a que o julgamento continuasse. Com base no "número de votos ainda não proferidos", na complexidade das questões e no "adiantado da hora", encerrou a sessão e postergou o julgamento. Alguns ministros não aceitaram essa decisão. Ricardo Lewandowski pediu a palavra e adiantou o seu voto. Dias Toffoli e Cármen Lúcia fizeram o mesmo. Tudo isso na hora de Weber votar.Durante essas intervenções, o computador de Weber perdeu por um breve momento a comunicação com o tribunal. Após Cármen Lúcia votar, Fux chama Rosa Weber, que "na sua ordem de votação não conseguiu se manifestar ainda". Neste momento, segue-se um diálogo registrado na transmissão da sessão:Fux: Ministra Rosa, por gentileza.Gilmar Mendes: Está desligado o microfone.Toffoli: Eu penso que a gerência de áudio tem condições de liberar o áudio pela gestão de reunião.Fux: Ministra Rosa, fale agora.Weber: Presidente, eu estou com um problema técnico.Fux: Agora está dando para ouvir.Weber: O computador está trancado. Eu tenho que tentar aqui me organizar na minha máquina. Quem sabe Vossa Excelência colhe o voto do ministro Marco Aurélio e eu voto logo após... Porque a minha máquina está trancada.Fux: Nós estamos conseguindo ouvi-la e vê-la.Marco Aurélio: Presidente, uma ponderação, até pelo adiantado da hora.Weber: Não, eu quero votar.Marco Aurélio: Por que não deixarmos para retomar o julgamento na próxima quarta?Fux: Eu estou de acordo. Ministra Rosa, Vossa Excelência me ouve?Weber: Eu prefiro votar. Eu ouço e prefiro votar agora, mas me dê dois ou três minutos para o técnico aqui me...Fux: Então eu vou acolher a sugestão da ministra Rosa, ministro Marco Aurélio, de lhe conceder a palavra...Marco Aurélio: Conceder a mim?Fux: É. Vossa Excelência . Pode votar até a ministra Rosa...Marco Aurélio: Peço vista, presidente. Peço vista.Weber: Ah, não.Fux: É.Weber: Presidente, eu já tenho condições de votar.Fux: Ministra Rosa, Vossa Excelência me ouve?Weber: Ouço e tenho condições de votar, presidente.Fux: É que houve um fato superveniente. O ministro Marco Aurélio pediu vista.Weber: Ministro Marco Aurélio, me perdoe, presidente, pediu vista?Fux: Agora.Weber: Em função de eu não ter votado na minha ordem. Eu voto antes do ministro Marco Aurélio. O meu voto é rápido, não mais do que cinco ou dez minutos.Fux: Tá bem, mas e o...?(Ministra Rosa Weber lê o seu voto). Mais Alguns não enxergarão aqui mais do que um comportamento estratégico que é habitual nos tribunais. Enxergo, porém, um caso típico de machismo estrutural. Enquanto Weber cedeu a vez para poupar os colegas de um atraso de três minutos, Marco Aurélio precisou de menos de um segundo para pedir vista dos autos, sabendo que com isso a ministra teria que esperar pelo menos uma semana para falar. Fux procedeu da mesma forma: invocou o "fato novo" para não deixar a colega votar. Alguém consegue imaginar o contrário? Alguém consegue imaginar a Rosa Weber ou a Cármen Lúcia tentando silenciar um ministro macho?Quem leva a sério o machismo estrutural sabe que é difícil identificá-lo, e combatê-lo requer disposições que não são uniformemente distribuídas na sociedade. O grupo que sofre a violência estrutural terá mais condições de identificá-la. Somente se este grupo estiver presente nos colegiados mais importantes desse país é que o machismo estrutural será combatido por participantes que, como Rosa Weber, se farão respeitar.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-18 15:45:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/lula-tem-o-dever-moral-de-indicar-uma-mulher-ao-supremo.shtml
'Barbies humanas': Conheça histórias de quem não vê limites para se parecer com a personagem
Tão desafiador quanto conseguir um ingresso para a primeira semana de estreia do filme "Barbie", que entra em cartaz nesta quinta-feira (20), será selecionar o look rosa perfeito para personificar a icônica boneca. No entanto, isso não desanima a influenciadora digital paulistana Bárbara Jankavski, 27.Ao longo dos anos, ela vem se metamorfoseando em sua própria musa e se tornou uma das "Barbie humanas" que pipocam nas redes. A influenciadora conta ao F5 que já investiu pelo menos R$ 300 mil (parou de contar há algum tempo) em 26 cirurgias plásticas e procedimentos para se assemelhar à mulher que rege seu senso estético e é sua maior inspiração de vida.Lipo no pescoço, na barriga e na batata da perna, cirurgia para arquear as sobrancelhas, dentes novos, preenchimento de glúteos e cinco mudanças no narizinho afilado e arrebitado são alguns deles. O cabelo tem o mesmo tom, os seios são igualmente grandes como os da Barbie mais raiz, de década atrás. Mais Ser magra e peituda como a boneca nos tempos pré-politicamente corretos também é uma regra entre as Barbie humanas. Barbara, por exemplo, tem 1,63 m, pesa 42 quilos e tem 90 centímetros de busto. A cintura é fina, fina, fina (60 centímetros).Para ela, tudo vale a pena, já que a vontade de ficar parecida com a boneca —a quem admira não só fisicamente, mas "como pessoa", digamos assim— não é pequena. "Ela é uma mulher poderosa e inspiradora", diz, humanizando a personagem.O desafio agora é escolher o figurino pink entre suas 300 peças de roupa e mais de 200 pares de sapato para o grande dia. A ansiedade também está a milhão. A influenciadora não vê a hora de ir ao cinema ver sua musa personificada na atriz Margot Robbie.Ela, no entanto, ainda não conseguiu comprar o ingresso ("Estou tentando para o primeiro dia"), e espera não se decepcionar com uma trama fútil. "Estou curiosa pelo enredo e espero que vá além da roupa rosa e traga uma história interessante e construtiva", diz.As "Barbie humanas" têm o amor pela boneca em comum, mas nem todas chegam ao ponto de recorrer a intervenções cirúrgicas para transformações físicas que as deixem parecidas com a musa inspiradora. A influenciadora Bruna Carolina Peres, conhecida como Bruna Barbie nas redes sociais, diz jamais ter recorrido a procedimentos estéticos para se assemelhar à sua maior ídolo.Mas o rosa, cor-símbolo, é o tom que domina seu guarda-roupa. Ela não se imagina vestindo nada de outra tonalidade. Natural de Curitiba (PR), Bruna desenvolveu seu amor pela Barbie desde a infância, mas foi na adolescência que decidiu seguir carreira no mundo fashion."Eu sou toda cor-de-rosa no meu dia a dia e levo isso como profissão", diz ela, que tem em casa mais de 2.000 itens da boneca, incluindo roupas, acessórios, enfeites e brinquedos. Bruna é tão apaixonada pela boneca que prefere não revelar sua verdadeira idade, aumentando-a consideravelmente, quase numa piada em reverência à musa. "Gosto de dizer que tenho a mesma que a dela, 64 anos", afirma.Muito antes de tanto frenesi em relação ao filme e ao mundo pink de Barbie e Ken (interpretado por Ryan Gosling no longa), o Brasil mostrou ao mundo seu "Ken humano": Rodrigo Alves ganhou popularidade na internet há alguns anos ao compartilhar diversos conteúdos sobre sua "transformação" no boneco Ken.Após mais de 60 cirurgias e 150 intervenções estéticas, Rodrigo desistiu de ser Ken e passou por uma transição de gênero. Adotou Jéssica Alves como nome artístico e virou mais uma sósia de Barbie. Procurado pelo F5 para falar de sua experiência, a influenciadora, que mora na Inglaterra, não quis dar entrevista e pediu para não ser mais incomodada pelo repórter.Outro Ken humano brasileiro, Felipe Máximo, 19, era ajudante de pedreiro em Coronel Fabriciano (MG) e recentemente viu-se desempregado. Sem dinheiro em caixa, precisou dar uma pausa na compra de maquiagens, perucas e roupas que costumava usar em busca de "kenização" de sua aparência.A falta de grana também afetou a busca por uma sessão do longa. Ele está sem condições de comprar o ingresso. "Não fosse por essa questão, eu estaria logo na estreia. O primeiro dinheiro que entrar eu vou investir nesse filme", diz. A paixão pelo boneco, ele conta, veio assim que seus pais se separaram. Felipe quis encontrar uma figura masculina que pudesse ser inspiração e referência. Escolheu o Ken. "É um cara que se veste bem e tem bons hábitos, era o estilo ideal que eu buscava." Mais É saudável essa busca pela aparência de outra pessoa —no caso, de personagens da ficção? Para Ronaldo Coelho, mestre em psicologia pela USP, é preciso analisar caso a caso. "A pessoa que almeja ser ou se parecer com outra pode encontrar felicidade ou enfrentar alguns transtornos. Nessa equação terá peso fundamental a relação entre as expectativas que a pessoa tem e o resultado, se é de frustração dessas expectativas ou de triunfo", diz.Para Coelho, as redes sociais têm papel significativo na busca de algumas pessoas pela aparência desejada. "A imagem tem ganhado lugar de destaque e muitas vezes o parecer importa mais do que o ser", afirma."É possível imaginar alguém que diante dos likes e holofotes recebidos encontre um caminho para cuidar de um sofrimento. Contudo, é igualmente verdade a probabilidade dessa expectativa ser frustrada e a pessoa adoecer ou apresentar um nível de sofrimento significativo", diz o psicólogo.Larissa Sumodjo, médica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, afirma que há um limite no universo dos procedimentos estéticos. Ele vai além do aspecto físico e envolve também o bem-estar psicológico."Querer se assemelhar a outra pessoa fere esse princípio da preservação da identidade por requerer intervenções excessivas, perigosas e com potencial de trazer sequelas a curto, médio ou longo prazos. Cabe ao cirurgião ouvir o desejo ou queixa, fazer uma avaliação e determinar o que pode ser feito com segurança", afirma.
2023-07-18 14:33:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/barbies-humanas-conheca-historias-de-quem-nao-ve-limites-para-se-parecer-com-a-personagem.shtml
Brasil polarizado, agora também no entretenimento
E aí, você é do time da Rainha dos Baixinhos ou defende a Marlene Mattos? E no caso do Encontro (Globo), você está do lado da Patrícia Poeta ou do Manoel Soares? Indo mais fundo nessa história, em termos de processo, você torce por Patrícia Poeta ou Sonia Abrão? E entre a cozinheira e a influenciadora, você é mais Caroseller ou mais Virginier?As perguntas procedem porque todas elas estão dividindo o Brasil em torcidas antagônicas. É como se a polarização política que vivemos nos últimos anos tivesse contaminado também o mundo do entretenimento.Claro que as rivalidades entre famosos sempre aconteceram, mas eram entre artistas da mesma área, como as disputas de fã-clubes das cantoras Marlene e Emilinha Borba, que depois se repetiram durante anos com Ivete Sangalo e Claudia Leitte. Mais Mas agora a coisa é geral. Tudo é treta, tudo é briga, tudo é polarização. Não tem meio-termo, não tem debate nem composição. E o fio parece ter sido puxado, de fato, pelo documentário da Xuxa, que gerou uma onda revisionistas de acontecimentos do passado, que a cada dia ganha mais figurantes. Mara Maravilha elogiando Marlene, Aretha Marcos indo exatamente no sentido contrário.Isso sem falar do documentário do Balão Mágico, que também levantou questões sobre a infância perdida dos pequenos famosos dos anos 80.Parece que entramos de cabeça no revisionismo da história da TV. É, de fato, muito importante olhar de novo para o passado, fazer a "revisão" dos fatos antigos e entender se as coisas ainda fazem sentido ou se precisam mudar aos olhos da sociedade atual.Mas, ao fazer isso, destaco que concordo com Leão Lobo: tudo tem que ser visto e revisto, mas dentro de um contexto. Claro, tem coisas que não dependem de contexto, como casos de abuso, de estupro. Mas, tirando esses crimes graves, precisamos calibrar nosso julgamento ao voltar para o passado.O mundo era muito diferente antes da internet, antes das rede sociais, antes de todos terem aparelhos para registrar e divulgar os acontecimentos de sua vida. Nesse sentido evoluímos em alguns aspectos. Muita gente que se calava hoje pode falar. Muita gente que sofria abusos de poderosos nas emissoras de televisão, hoje tem voz para denunciá-los.Mas, em outros quesitos, os problemas continuam. Se artistas mirins eram explorados por seus pais quando só havia TV aberta, hoje a mesma coisa se repete com influenciadores mirins, que muitas vezes se tornam a principal fonte de renda de todos os adultos a sua volta, exatamente como acontecia com Simony, Mara Maravilha e Angélica, só para citar algumas apresentadoras que construíram grandes patrimônios enquanto eram menores de idade, com carreiras geridas por familiares. Mais O problema, a meu ver, é que além de estarmos viciados em polarização, temos a mania da fulanização. Não queremos discutir assuntos, temas, mas apenas tomar partido de pessoas. Assim, em vez de discutirmos racismo estrutural, ficamos na divisão rasa de Patrícia Poeta x Manoel Soares. Em vez de discutirmos sororidade e feminismo, decidimos se vamos apoiar Paola Carosella ou Virginia Fonseca. Em vez de falarmos de infância roubada ou de artistas explorados por empresários, ficamos só na superfície das histórias.Vamos rever o passado, sim, mas com foco nas questões e não só nos nomes, para construirmos um futuro sadio. Se ficarmos só nessa polarização, nesse flá-flu de celebridades, vamos criar mais uma fenda, mais uma divisão. E de racha em racha, vamos todos cair no abismo da mediocridade.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-18 12:00:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/brasil-polarizado-agora-tambem-no-entretenimento.shtml
As culturas negras vendem, mas quem lucra com elas?
Do cuscuz nordestino pela manhã, ao café de São Benedito no altar, não há neste país um brasileiro que não carregue consigo um costume, uma memória afetiva cultural ou que não tenha sido benzido na infância.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Por aqui, somos por origem multiculturais, e mesmo com o processo de trânsito diaspórico forçado, nossas vidas são livros que registram heranças e nos forjaram como seres coletivos e consequentemente como sociedade.Do ônus ao bônus dessa história, somos um país de área continental que pulsa pluralidade, mas também transborda reflexos coloniais e suas mais variadas violências que mudam a forma de atuar, mas que nos violentam até hoje.Embora para alguns tudo isso pareça um conto romântico, a permanência de todas as nossas identidades se devem às nossas culturas que interconectadas geraram movimentos humanos e permitiram a partir da troca de contato, o agrupamento de pessoas que, violentadas pela estrutura colonial, utilizaram suas "estórias" e memórias reorganizadas e criaram novas tecnologias de convivência e sobrevivência coletiva, como um código de conduta, os movimentos culturais.Com isso, temos hoje em nosso cotidiano diversas dinâmicas resultantes de uma grande ramificação de raízes etnico-culturais sejam elas híbridas dos processos coloniais, migratórios, diaspóricos ou não, mas que serviram de comunicação, pertencimento, adaptação humana e principalmente subsistência para que os povos aqui explorados pudessem coexistir retomando suas humanidades.Nisso, variaram-se desde hábitos alimentares a grandes movimentos políticos como os das escolas de samba, das festas populares, das irmandades negras, dos terreiros de candomblé, das confrarias, do movimento hip hop, das equipes de bailes black até aos jovens bailes funks e suas multi-diversas reverberações artísticas, políticas e musicais que garantiram a persistência das nossas gerações.Portanto, os aquilombamentos, as estratégias de resistência e sobrevivência indígenas, LGBTQIAP+ , pretas, femininas, migrantes; junto do fluxo de pessoas entre os estados nos anos 1960 e 1970, se transbordaram em nossas cidades diversificadas vertentes de expressões artístico-culturais que formaram marcos civilizatórios contemporâneos para o que acreditamos ser hoje a cultura brasileira. Que fluída, chega por vezes em espaços pelo mundo, se difunde em escutas e inúmeros olhares que em sua maioria a educação tradicional não alcança, construindo novos imaginários para o que somos.Porém, dentro do jogo de um sistema capitalista em que até a violência da colonialidade se renova, novos estilos de vida e fazeres culturais se tornam um produto, desfazendo-se de suas marcas políticas, caindo no dilema frio do mercado.Logo, quem lucra com elas?Os mesmos de sempre, ou melhor, os herdeiros dos de sempre.E assim como se tivéssemos uma grande metodologia de replicação, observamos novos braços de um mercado dessa vez neocolonial, com as mesmas abusividades, porém dessa vez mais cult, mais moderno e mais atual; envolto nas tendências de diversidade marcas, das ESGs, do Pacto Global da ONU e suas tecnologias, buscando se encaixar em um movimento que vende cultura e entretenimento a partir dos símbolos da pluralidade, mas enriquece os bolsos das pessoas de sempre e esvaziando nossos movimentos políticos e nosso protagonismo.E será que vale a pena? Segundo o Observatório do Itaú Cultural, a indústria da economia criativa arrecadou R$ 230 milhões no Brasil em 2020, correspondendo a 3,11% do PIB, superando naquele ano, os números da indústria automobilística.Entretanto, sabemos que pouquíssimo é o índice de ocupação de pessoas pretas e indígenas nas tomadas de decisão deste grande, embora recente mercado. Afinal, apesar dos movimentos culturais nacionais serem evidenciados como tendência global, sendo exportados por diversos países, assim como os artistas de funk e os novos nomes da música por eles dita "urbana" baterem seus milhões em números sem precisarem de grandes investimentos, os lucros desse grande mercado não é nosso.Com isso, reafirmo que a violência embora diminua sua forma, não perde atuação, principalmente diante de um fator econômico que gera autonomia aos explorados em um país de herança escravocrata.Sendo assim, ainda estamos falando de novas formas de objetificação e esvaziamento de movimentos genuinamente identitários, que formatam a sobrevivência e o imaginário dos futuros culturais do país; que embora ocupem sua relevância midiática seguem sendo perseguidos e com seus direitos à cultura, privados; porque mesmo que sendo detentores de suas narrativas o mercado cultural que as vende ainda explora, e não nos liberta.* O presente artigo contou com a edição da jornalista Giulia M. EbohonO editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a música escolhida por Ciça Pereira foi "A conta vai chegar", de Bia Ferreira.
2023-07-18 12:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/politicas-e-justica/2023/07/as-culturas-negras-vendem-mas-quem-lucra-com-elas.shtml
Escassez de profissionais da saúde: um desafio na Amazônia Legal
As desigualdades no acesso aos serviços de saúde decorrentes da escassez de profissionais em áreas remotas têm sido observadas como um problema persistente e crítico em diversos países. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), quase metade da população mundial vive em zonas rurais remotas, nas quais se encontram mais de 80% das pessoas em situação de pobreza extrema. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que cerca de 67% das populações rurais não têm acesso adequado a serviços de saúde essenciais.No Brasil, as desigualdades regionais marcam o sistema de saúde. Na Amazônia Legal, especificamente no estado do Pará, essa questão se aprofunda e impacta, principalmente, grupos e segmentos sociais, como populações quilombolas, indígenas e ribeirinhas.O Estudo Institucional n. 4 do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), aponta que o acesso a profissionais da saúde na Amazônia Legal, principalmente para especialistas como cardiologistas e oncologistas, é três vezes menor em comparação ao restante do País. Dentistas, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos também são considerados escassos, de acordo com consulta de atores locais feita em campo, em março de 2023, pelo Projeto Saúde na Amazônia, uma parceria entre IEPS e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).A escassez de profissionais da saúde nesse território está relacionada a diferentes causas, como as condições de trabalho, infraestrutura, financiamento e disponibilidade de acesso à região. Há ainda a dificuldade dos profissionais no manejo das demandas típicas de saúde da região amazônica.Santarém, no oeste do Pará, é um exemplo para pensar as desigualdades na saúde nesse território. O município possui áreas urbanas, de planalto e de rios, que impactam o acesso das equipes de saúde à região. As distâncias para acesso aos serviços são muito significativas, sobretudo para os serviços de urgência e emergência, diálise e quimioterapia. Muitas unidades de saúde têm dificuldades com a conservação de medicamentos e apenas 49% delas possuem conexão com a internet.Dados disponíveis na plataforma IEPS Data, mostram que, em 2021, o número de médicos por mil habitantes em Santarém era de 1,2, bem abaixo da média nacional (2,1). Apesar disso, o número ainda é superior a maioria dos municípios do oeste do estado, que chegou a 0,2 em cidades como Placas, Porto de Moz e Rurópolis.Dada essa complexidade, há necessidade de refletir sobre modelos assistenciais de saúde que tenham condições de dialogar horizontalmente com os territórios amazônicos. São fundamentais ações que permitam incorporar saberes dos povos indígenas e tradicionais, inovações locais nas linhas de cuidado, práticas voltadas ao financiamento climático e integração de tecnologias de saúde que possam transpor barreiras socioeconômicas, culturais e geográficas na expansão e melhoria da rede de serviços de saúde.Iniciativas voltadas à construção de modelos de cofinanciamento estadual e municipal em parceria com organizações não governamentais, podem induzir uma adequada oferta de vagas e melhor gestão dos profissionais. Programas complementares ao Mais Médicos devem trazer à gestão e à regulação do trabalho e dos trabalhadores da saúde a estrutura necessária para seu funcionamento. Isso não será possível se outras ações não forem combinadas, como trilhas comuns de educação permanente dos profissionais da saúde, implementação de plano de cargos, carreiras e salários, bem como a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do trabalho.A experiência acumulada no Brasil e em diversos países aponta para o entendimento de que não há uma solução definitiva, simples, isolada para o problema, a questão é complexa, e de manejo intersetorial, continuado e coordenado. Exige a definição e a execução de intervenções tecnopolíticas no plano nacional, estadual e municipal.Isabela Ramos é psicóloga, paraense, consultora do Instituto de Estudos para políticas de saúde (IEPS) e conselheira de Médicos sem Fronteiras (MSF) Brasil.
2023-07-18 10:03:00
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Prettos 10 Anos: Conheça a dupla que resgatou o verdadeiro pagode
A trajetória musical de Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira, a dupla Prettos, completa uma década de sucesso e talento. Com mais de 25 anos de carreira e canções imortalizadas na voz de artistas renomados como Beth Carvalho, Alcione e Jair Rodrigues, os irmãos têm muito a comemorar.Além disso, ambos foram integrantes do famoso grupo de pagode dos anos 1990, Quinteto em Branco e Preto, que marcou época com seu ritmo contagiante.Acostumados a assumir várias funções, como cantores, instrumentistas, compositores, arranjadores e produtores, os irmãos decidiram seguir carreira juntos após o fim do Quinteto em Branco e Preto, surgindo a dupla Prettos em 2014. "Trouxemos o termo 'pagode' ao seu lugar de origem, não como um gênero musical, mas sim como uma reunião de pessoas cantando."Além disso, os artistas foram fundadores da Comunidade Samba da Vela, que surgiu no início dos anos 2000. Essa roda de samba acontece todas as segundas-feiras na Casa de Cultura de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. O projeto se tornou uma referência para o surgimento de outras cem comunidades de samba espalhadas pelo país.Sousá comenta que a nostalgia é uma das fórmulas que deu certo ao longo dessa década de trajetória da dupla. "Nesses dez anos, nosso desejo sempre foi despertar o inconsciente coletivo de todos aqueles que amam o samba, trazendo aquele sentimento puro de pertencimento, vivências, memórias e amor ao pagode." Mais Outro projeto idealizado pelos irmãos, em parceria com a produtora Margareth Valentim, diretora do Centro Cultural Cidade Tiradentes, é o Quintal dos Prettos. Essa roda de samba é realizada desde 2018 no Espaço Maria Zélia, no Belenzinho, zona leste de São Paulo. O evento acontece durante quatro horas em formato acústico e conta com a participação de dez músicos paulistas.Em junho deste ano, os irmãos comemoraram dez anos como dupla e gravaram o DVD "Prettos no Pagode". O evento foi realizado na Casa Natura Musical, na zona oeste de São Paulo, e contou com as participações especiais de Maria Rita, da escola de samba Mocidade Alegre e Sombrinha.Oliveira comenta: "Estamos ansiosos para poder compartilhar com nosso público o audiovisual 'Prettos no Pagode', que está lindo! Nele, trazemos o termo 'pagode' ao seu lugar de origem, não como um gênero musical, mas sim como uma reunião de pessoas cantando samba independentemente do seu estilo".O show apresentou sambas importantes, como "Nos Pagodes da Vida" e "Isso É Fundo de Quintal", do grupo carioca Fundo de Quintal, além de músicas autorais como "Novo Viver". "Elas tocam fundo nos corações dos amantes do samba. Isso lembra a forma antiga do estilo que se manifestava nas casas das famílias pretas em torno da mesa, onde comiam, bebiam e cantavam samba", conta Sousá.
2023-07-18 09:53:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sons-da-perifa/2023/07/prettos-10-anos-conheca-a-dupla-que-resgatou-o-verdadeiro-pagode.shtml
Assino este blog sob pseudônimo, e há um motivo para isso
Bem, este é o quinto texto que escrevo aqui neste espaço. No primeiro, a Folha publicou um texto da redação sobre a estreia do blog e ali os comentários estavam ativados. Li coisas legais, me deu a sensação de que finalmente todo meu sofrimento estava sendo ressignificado.Um comentário em especial me despertou um incômodo que eu sabia que viria à tona: "Pena que é pseudônimo, ganharia ainda mais força se não estivesse assim". Eu entendo o ponto do leitor, mas ao mesmo tempo fiquei me perguntando: o que as pessoas sabem sobre o anonimato para a eficácia do tratamento?O único tratamento que funciona para mim, como doente alcoólatra, existe há mais de 80 anos, e salva muitas vidas. Tenho um respeito enorme pelos Alcoólicos Anônimos, e essa terapia recomenda o anonimato. Eu poderia ficar horas falando disso, mas só queria explicar que manter sigilo sobre quem eu sou, o que faço, de onde venho, faz parte do tratamento. E se ele vem dando certo há tanto tempo –e, pelo que sei, estatisticamente é o procedimento que mais recupera doentes do alcoolismo–, quem seria eu para desrespeitar o programa? Para que inovar e mexer em time que está ganhando?Na minha cabeça, seria a mesma coisa que se um portador de diabetes contestasse a eficácia da insulina. Ou um doente com câncer duvidasse do tratamento de quimioterapia. Em recuperação, eu aprendi a não questionar. Eu sou mais uma alcoólatra impotente perante o álcool, e que em determinado momento perdeu o domínio da vida. Aceito e sigo meu tratamento.Tenho um grande amigo alcoólatra que parou de beber de outro modo e hoje vive muito bem. Ele é uma pessoa com quem sempre converso sobre o alcoolismo. Contei a ele o comentário do leitor a respeito do anonimato e ele, como sempre, muito sábio, me respondeu: "Não me sinto competente para falar disso". Achei, como muitas coisas que vejo nele, genial.É isso, entendo o incômodo do leitor, mas o sigilo faz parte do meu tratamento e dá certo para mim. Há uma razão para isso.Como disse no primeiro texto do blog, escrevo no intuito de contar minha história, dizer que é possível viver sem álcool. Quando alcoólatra ativa, fiz coisas que só alguém como eu pode entender. Entre alcoólatras apenas se sente, não se explica. E nessa cumplicidade encontro meu curativo, todos os dias.Com esses textos não quero convencer ninguém a fazer nada. A refletir, talvez.
2023-07-18 08:01:00
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Um tribunal a quebrar más tradições
Há certos momentos em que as coisas que muito parecem não o são. E assumir que o que fizeram elas parecer demais foi um conjunto de práticas equivocadas é uma ação corajosa e quase irreal.Foi assim que a Defensoria Pública do Rio de Janeiro e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) convenceram a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça a garantir a liberdade a um porteiro, que vinha sendo reconhecido por fotografias, de forma equivocada, por crimes que não cometeu.Já faz tempo que esses reconhecimentos malfeitos, que servem de base à condenação de centenas de réus, têm incomodado os ministros do STJ. A perspectiva de que ações fragilizadas povoam erros judiciários mexeu ainda com o Conselho Nacional de Justiça, que elaborou resolução com protocolos rígidos para que sejam seguidos —sobretudo, em delegacias de polícia.Julgamentos como esses costumam repercutir de forma intensa na mídia, mas timidamente nos processos do cotidiano do sistema penal. O fato é que as recomendações do CNJ, os paradigmas do STJ e até mesmo decisões do Supremo Tribunal Federal não chegam às delegacias de polícia e às salas de audiência em tempo e força suficiente para que os exemplos que se pretendeu coibir não se repitam. O hábito, no corpo judiciário, se transforma em tradição secular.A força da palavra do policial nos processos de tráfico de drogas, por exemplo, é quase inabalável. Pesquisa que empreendi para o doutorado em criminologia na USP mostra que os juízes a consideram verdade presumida e exigem contraposições robustas para as descartarem, força que jamais reconhecem nas testemunhas de defesa. De modo que o brocardo "in dubio pro reo" permanece apenas como argumento retórico, porque com o vigor dos depoimentos policiais, reforçados pelos "elementos de inquérito" (quando ainda não há defesa formada), a dúvida é quase sempre inexistente.Discutindo a força dos relatos dos policiais sobre a licitude da violação de domicílio, o ministro do STF Gilmar Mendes pressupôs que os juízes deveriam analisar as palavras dos agentes com "especial escrutínio", ou seja, dosando a credibilidade em relação ao poder. O que os juízes em regra fazem é tratar a credibilidade como premissa, ignorar as "pequenas discrepâncias" e lidar com as violências arguidas como "teorias da conspiração". Mais Em outra contenda do STJ, os ministros têm exigido que as buscas pessoais sejam fundadas em razões concretas e que a "mão na cabeça, documento" não se restrinja ao que os policiais chamam de "tirocínio" —porque a história tem mostrado que a fiscalização se dá de uma forma muito mais expressiva sobre a população preta. A questão chegou ao Supremo por intermédio de um voto do ministro Edson Fachin: o perfilamento racial acaba sendo decisivo para a escolha de quem abordar —o que Jéssica da Mata já havia explicado em sua longa pesquisa, "A Política do Enquadro".As falhas nos reconhecimentos, a escolha "aleatória" dos alvos no patrulhamento, os meios pelos quais os agentes invadem domicílios pobres —tudo isso pode ser revertido pela forma como os juízes encaram o seu papel. Enquanto se colocarem na função de mantenedores da ordem, uma espécie de "longa manus" da polícia, jamais vão conseguir desempenhar a função de garantidores de direito que a Constituição de 1988 lhes incumbiu —e que o STJ os está instando a assumir.E quanto mais a investigação policial e os mecanismos científicos e de inteligência ficarem submetidos às técnicas de patrulhamento —no caso da repressão ao tráfico, a investigação mal representa 10% das prisões, segundo o mesmo estudo divulgado no livro "Sentenciando Tráfico"—, a seletividade penal vai continuar formando um quadro visivelmente desigual do braço da lei, tal como imortalizou Chico Buarque em "Hino de Duran": "Se trazes no bolso a contravenção / Muambas, baganas e nem um tostão / A lei te vigia, bandido infeliz / Com seus olhos de raios X".TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-17 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/um-tribunal-a-quebrar-mas-tradicoes.shtml
Escola integral
O Ministério da Educação deu início ao processo de extinção do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares, uma bandeira do governo Jair Bolsonaro (PL).A pasta enviou ofícios às secretarias de educação para que comecem a transição para o formato regular, até a retirada de militares das escolas ao final do ano letivo.Não haverá fechamento de unidades, só encerramento do modelo bancado com verba federal —já que governos regionais podem mantê-lo se assim optarem.Criado em 2019, o programa direciona recursos para que militares da reserva, policiais e bombeiros atuem na administração escolar e implementem regras disciplinares. A parte pedagógica e curricular continua a cargo das secretarias de educação —diferentemente das instituições de ensino apenas militares, que são totalmente geridas pelas Forças Armadas.Tal modelo não é novidade e já vinha seguindo uma tendência de alta em adesão. Em 2015, havia 93 escolas do tipo no país. Três anos depois, o número saltou para 120. O que Bolsonaro inaugurou foi o respaldo ideológico e o fomento federal para a iniciativa, que enfrenta críticas de especialistas.Pesquisas mostram que o bom desempenho das escolas militares, das Forças Armadas ou estaduais com presença militar, se deve mais ao nível socioeconômico dos alunos, a processos seletivos e ao dinheiro investido, do que apenas à rígida disciplina militar.Quando o Estado gasta com infraestrutura, material didático, e capacitação de professores, sobem os indicadores de aprendizado.Segundo o MEC, há 215 escolas cívico-militares no país. A pasta analisou 202 e concluiu que, de 2020 a 2022, foram gastos R$ 98 milhões só com pagamento de militares em 120 delas. Desde 2019, o governo empenhou R$ 104 milhões no programa, que alcança apenas cerca de 0,1% das unidades de ensino.Políticas públicas devem se basear em evidências, não em ideologia. Neste sentido, é bem-vinda a interrupção do programa. Contudo, políticas públicas também geram consequências inesperadas.No caso, diversos estados, como Paraná e São Paulo, além do Distrito Federal, já anunciaram que não apenas manterão o modelo como pretendem expandi-lo.A medida do MEC, portanto, acaba sendo pontual e inócua no sentido da demilitarização, apesar de sensata ao cortar fomento a uma política pública que carece de respaldo pedagógico e científico.Já há experiências em educação que oferecem resultados robustos. Escola de tempo integral, valorização e capacitação de professores, e alocação racional de recursos são algumas das medidas que merecem atenção e recursos federais. editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-17 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/escolas-integral.shtml
No Brasil, defender direitos humanos é caso de polícia, Justiça e morte
É grave a situação enfrentada por quem defende direitos no país. A pesquisa "Na Linha de Frente: violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil", elaborada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, revela que nos últimos quatro anos foram ao menos 1.171 casos de violência contra defensoras e defensores de direitos.Os dados mostram que defender direitos no país é caso de polícia, visto que a violência policial foi registrada em um quinto dos casos. É caso de Justiça, pois ao menos 10% dos casos de violência dizem respeito a processos de criminalização contra essas pessoas. É caso de morte, pois, no Brasil, entre 2019 e 2022, 169 pessoas foram assassinadas por conta de suas lutas. Ou seja, a cada mês, ao menos três pessoas acabaram mortas no país justamente por defenderem os direitos humanos. Mais Mas se lutar por direitos representa um risco de morte quando o Estado brasileiro não garante condições e proteção a essas pessoas, lutar por essas causas também é uma questão de vida. É a efetivação dos direitos —como à terra, ao território, à saúde, à educação, à igualdade racial e de gênero— que garante uma vida digna a essa população e, por extensão, uma sociedade democrática.O olhar sobre alguns casos revela que a violência se intensifica —e atinge o seu grau mais grave, quando resulta em mortes— em um cenário de omissão do Estado nas mais diferentes formas. A não garantia dos direitos, mesmo aqueles previstos em lei ou na própria Constituição, e o não enfrentamento de questões estruturais, como a concentração fundiária, o racismo, o machismo e a exploração de territórios indígenas, que acentuam os conflitos, podem ser fatais.É por isso que, quando analisamos a violência contra defensoras e defensores de direitos humanos, falamos de um processo de dupla vitimação, uma vez que essas pessoas e coletivos já sofreram anteriormente com a negação dos direitos pelos quais lutam. Mais Nos últimos quatros anos, enfrentamos o desafio de sobreviver a um governo declaradamente opositor aos movimentos sociais e a quem defende direitos. Agora, em um governo não opositor aos direitos, enfrentaremos o desafio de cobrar do Estado a efetivação das mais diferentes políticas públicas que possam garantir a segurança dessas pessoas e instituições. Não apenas será necessário fortalecer uma política de proteção como também agir sobre as raízes da desigualdade que originam esses conflitos.Esse é um compromisso que precisa ser assumido pelo Executivo, mas também pelo Legislativo e Judiciário. Está nas mãos dos Poderes decidir sobre a efetivação ou a violação de direitos historicamente exigidos por populações vulneráveis. Tramita no Senado Federal o projeto de lei 2.903/2023, que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas e que, na prática, pode inviabilizar novas demarcações. Decisão semelhante sobre o estabelecimento de um marco temporal será tomada pelo Supremo Tribunal Federal.Essa e outras medidas dos diferentes Poderes sinalizarão a real disposição do Estado brasileiro em assegurar proteção a quem defende direitos ou expor, ainda com mais intensidade, defensores e defensoras à morte.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-17 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/no-brasil-defender-direitos-humanos-e-caso-de-policia-justica-e-morte.shtml
Leitores homenageiam João Donato: 'um gênio negligenciado'
João Donato "Morre João Donato, um dos precursores da bossa nova, aos 88 anos" (Ilustrada). Morre um gênio da MPB, cheio de ritmo, balanço e um exclusivo tom tropical. Um gênio que não parou de criar e encantar. Difícil encontrar um artista tão original e universal que, na minha opinião, foi negligenciado. Divino Ricardo Cavalcante (Belo Horizonte, MG)Donato parecia ser desses entes só dispostos a sorrir e amar, sempre com muita doçura. Sua musicalidade, inerente aos gênios, fez escola. Sempre com poesia e muito ritmo. João Donato, vá com Deus, meu querido. Deixaste uma legião de corações partidos aqui hoje. Agora habita o panteão das lendas da MPB. Guilherme Magalhães de Carvalho (Juiz de Fora, MG)João Donato encerra sua vida terrena, mas sua grande obra fica. Infelizmente, quase todos os músicos da época de ouro no Rio de Janeiro, entre os anos 1950 e 1960, já partiram. Tive a sorte de vê-lo em apresentação no Sesc. Eu e minha família saímos extasiados. Simples, singelo, fala mansa e supereducado, conversou conosco e permitiu muitas fotos. Seu LP de estreia, ainda no acordeão, felizmente foi remasterizado e pode ser adquirido em CD. Meus sentimentos aos familiares. João Aris Kouyoumdjian (São José do Rio Preto, SP) Mais Aspirador de pó "Moro tem mandato sob ameaça e corre risco de derrota já no Paraná" (Política, 17/7). Moro era um herói nacional até perceberem que a toga dele era igual a um tapete, embaixo de onde escondiam toda a sujeira. Não está resistindo a um aspirador de pó. Marco Antônio Rocha Araújo (Brasília, DF)Lava Jato "STF mina braços da Lava Jato com anulação de provas da Odebrecht" (Política).Corrupção contra corrupção é a receita para a perdição de um país. A corrupção dos integrantes da Lava Jato, que usaram essa operação para fins particulares, acabou destruindo a possibilidade de punição dos desvios de dinheiro público por parte das empreiteiras e políticos desonestos. Enrica Souza (São Paulo, SP)Bancada da bala "Governo dá aval a lei defendida por bancada da bala que pode limitar mulheres na PM" (Cotidiano). A polícia jamais deveria ser militar. Essa militarização de uma função eminentemente civil é a causa da ineficiência e da maioria dos abusos causados pela atuação das PMs. Em algum momento, no futuro que espero não seja muito distante, haveremos de civilizar nossas polícias. Emanoel Tavares Costa (Marília, SP)8 de janeiro "Abin vê conexão de ato golpista com garimpo e transportadora" (Política, 17/7). Essas informações oficiais foram entregues à CPI de 8 de janeiro. O que mais esperam os órgãos responsáveis para iniciarem imediatamente o indiciamento das empresas golpistas? Moisés Spiguel (Campinas, SP)Venezuela "Lula se reunirá com apoiadores e opositores da ditadura da Venezuela em Bruxelas" (Mundo). Apoio a política externa do governo Lula, mas seu posicionamento quanto à questão da democracia na Venezuela é um grande equívoco e compromete sua imagem no exterior e internamente. Antonio José Santana (Camaçari, BA)WhatsApp "Vivo, Tim e Claro discutem fim do WhatsApp ilimitado por custos do 5G" (Mercado). Que isso seja investigado pelas autoridades competentes. O alinhamento de práticas que gerem prejuízo ao consumidor configura, em tese, o crime de formação de cartel. Roberto Brunoro Ramos (São Luís de Montes Belos, GO)Se as redes sociais fossem pagas e se o WhatsApp não fosse ilimitado, mais da metade dos brasileiros não teria se informado erradamente com esses grupos de fake news que ganharam território livre e acesso ilimitado ao seu conteúdo de mentiras e distorções. Joaldo Costa (Chapecó, SC)Golpe "WhatsApp é condenado a indenizar vítima de fraude por não deletar conta de golpista" (Mercado). Incrível! O WhatsApp deixou por 6 meses o golpista livre para atuar, sem remover a conta. Ele está certíssimo em processar. Espero que essa moda pegue. Lucila Rodrigues Testa (São José dos Campos, SP)O certo é seguirmos o exemplo desse advogado todos os cidadãos brasileiros vitimas de golpe pelo WhatsApp ou pelo Facebook, se ao pedirmos providências não formos atendido, com certeza eles aumentarão a segurança! Sueli Iossi (Ribeirão Preto, SP)Bolsonarismo Que a afirmação do ministro do STF Roberto Barroso ("derrotamos o bolsonarismo") foi inapropriada e inoportuna, não resta dúvida. Quem na verdade foi derrotado nas últimas eleições foi Jair Bolsonaro, pois o bolsonarismo, com tudo o que ele carrega de pior, persiste. Prova disso é o que aconteceu no Aeroporto de Roma, em que um punhado de brasileiros eivados de ódio agrediu, gratuita e verbalmente, o ministro Alexandre de Moraes e sua família, e até fisicamente um de seus filhos. É esse o legado de um governo que, no lugar do respeito e do debate, fez e continua fazendo da truculência sua marca registrada. O bolsonarismo ainda precisa ser derrotado. Luciano Harary (São Paulo, SP)
2023-07-17 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-homenageiam-joao-donato-um-genio-negligenciado.shtml
Veja como ganhar um "dividendo" mensal extra investindo em ações
Sempre que eu escrevo sobre seguros, recebo comentários de que eles são caros. Entretanto, muitos que acreditam que seguro é caro não sabem que eles próprios podem se aproveitar. Sim, há uma estratégia que equivale a você vender seguro contra queda do mercado de ações. Tem coragem de entrar? Explico como funciona.Uma seguradora aufere ganhos coletando prêmios de seguros de forma que esses prêmios compensem as perdas geradas pelos sinistros.Esse processo pode ser replicado no mercado de ações e é realizado por uma série de investidores como alternativa de obtenção de renda mensal, mas com menor risco que o normalmente atribuído ao mercado acionário. Se bem implementada, pode resultar em rendimentos superiores a algumas vezes o retorno do CDI.Quando se fala em obter uma renda no mercado de ações, pensa-se imediatamente nos dividendos distribuídos pelas empresas.Entretanto essa não é a única forma e nem a que possui menor risco.Outra estratégia empregada por investidores institucionais e individuais é a chamada "Covered Call" (call coberta). No Brasil, essa estratégia também é chamada de financiamento com opções de compra ou lançamento coberto.Para montar a operação, utiliza-se o derivativo chamado opção de compra (call). Uma call é um direito de comprar um ativo, por um determinado preço, chamado de preço de exercício, e em um momento específico no futuro. O nome call coberta vem pela forma como a operação é estruturada. Explico a seguir.Como montar a estratégia?A estratégia é formada pela compra de uma ação e a venda de uma opção de compra sobre a mesma ação. Ou seja, vende-se o direito para que outro investidor possa comprar sua ação por um preço determinado, denominado de preço de exercício, em um momento no futuro.A venda do direito proporciona o ganho de um prêmio ao vendedor, no caso você investidor.Esse prêmio se assemelha ao prêmio que se paga a uma seguradora pelo seguro de um carro. Fazendo a analogia ao seguro do carro, o sinistro seria o preço da ação cair e nesse caso, o prêmio recebido pode não ser suficiente para cobrir a perda com a ação que possui.Por exemplo, vamos montar a operação com a ação preferencial da Petrobrás (código: PETR4) que teve um preço de fechamento nessa segunda-feira de R$28,99 por ação e a opção de compra (call) (código: PETRH299) sobre a mesma ação com vencimento em 18/08/2023, preço de exercício de R$28,69, a qual encerrou hoje ao preço R$1,57.O preço de exercício é o preço ao qual o comprador terá direito de pagar pela sua ação na data de vencimento. O preço de exercício que proporciona o maior resultado ao investidor costuma ser aquele que está mais próximo do preço do ativo objeto no momento. Entretanto, há um fator mais relevante que abordo no fim do artigo.Desconsiderando os custos de transação, caso a ação suba e esteja acima de R$27,42 (=28,99 – 1,57) no dia 18/08/2023 – dia do vencimento da opção – o investidor teria algum lucro. Caso contrário, teria prejuízo.O lucro máximo ocorre se a ação se encerra exatamente ao preço de R$ 28,69 no vencimento.Nesse caso, você ganhou R$ 1,27 por cada ação.Observe que o prêmio recebido na venda da opção representa um rendimento de 4,38% (=(28,69 + 1,57 – 28,99) / 28,99) no período de quase um mês.Esse é um ganho bem acima do CDI no mesmo intervalo de tempo, que seria de 1,05%.Imagine que se você investe R$ 200 mil nesta estratégia, pode receber cerca de R$ 8,7 mil por mês.Entretanto, existe um risco de a ação cair, o que chamaríamos de sinistro na linguagem da seguradora e o investidor poderia ter um prejuízo naquele período.Assim como em um seguro, existem algumas condições ideais para se montar a estratégia que abordarei em seguida.Quando montar a estratégia?Uma seguradora pode ajustar o prêmio recebido quando o risco de sinistro se eleva. Por exemplo, o seguro de carro para um jovem é mais caro que para um casal de mais velho. Entretanto, nessa estratégia no mercado financeiro, você não consegue ajustar o preço do prêmio recebido pela sua expectativa de sinistro.Logo, você só deve montar essa estratégia se acredita que a ação vai seguir subindo, ou pelo menos não vai cair, pois, assim, aufere o prêmio na venda da opção. Portanto, o momento ideal para montar a operação é quando a ação já caiu muito e você acredita que ela não deveria cair mais. Seria equivalente a uma seguradora só vender o seguro para pessoas que ela acredita que não vão bater o carro.Entretanto, aqui vai um alerta. Ao contrário do que alguns falam, esta estratégia pode proporcionar severas perdas ao investidor no caso de o mercado apresentar desvalorização.Todo investimento em ações merece cautela. Aqui não é diferente, pois essa estratégia não possui risco similar ao da renda fixa. Essa estratégia não é adequada para o investidor conservador.Já para aqueles que possuem uma carteira de ações, a realização dessa estratégia é uma boa forma de obter rendimentos adicionais aos dividendos recebidos pela empresa.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-17 21:02:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/07/veja-como-ganhar-um-dividendo-mensal-extra-investindo-em-acoes.shtml
E se um amigo resolvesse dar ao filho o nome Adolfo, semelhante a Hitler?
E se, durante um jantar entre amigos, um dos convidados anunciasse que quer dar ao filho que vai nascer o nome Adolfo –cuja infeliz sonoridade remete ao ditador Adolf Hitler?A situação hipotética guia "O Nome do Bebê", comédia dos franceses Matthieu Delaporte e Alexandre de la Patellière. Já traduzida para diversos países, a montagem estreou nos cinemas em 2012 e toma agora os palcos de São Paulo, dirigida por Elias Andreato.Na peça, o casal Babu (Bianca Bin) e Pierre (Cesar Baccan) recebe para um jantar o irmão de Babu, Vicente (Eduardo Pelizzari), e mais um amigo de infância, Claude (vivido por Marcelo Ullmann). Enquanto espera pela esposa Anna (Lilian Regina), que está grávida, Vicente resolve dizer aos convidados que dará ao filho o nome de Adolfo.Instaura-se, assim, o caos. Vicente tenta explicar à irmã, ao cunhado e ao amigo o porquê do nome –mas pouco é ouvido. A argumentação acalorada escala para um diálogo violento, polarizado, que começa a descamar cada um dos personagens.Pierre e Vicente discutem, se colocam à esquerda e à direta e ensaiam diálogos intelectuais, mas trafegam pelo mesmo caminho permeado pelo machismo. Claude, aparentemente mais sensato, guarda de todos um grande segredo. Anna, grávida, é cúmplice desse segredo. Em pouco tempo, todos naquela sala de jantar se mostram envoltos em preconceitos e contradições.Cabe à personagem de Bianca Bin, a anfitriã subserviente Babu, uma espécie de redenção: "Quem vai pedir desculpas para mim?", diz, como num grito entalado, a mulher sobrecarregada e silenciada.O humor de "O Nome do Bebê" fica no diálogo inteligente, traduzido e adaptado com maestria para a realidade brasileira pela atriz Clara Carvalho. O absurdo da situação se torna risível –e, de repente, já não é mais tão absurdo.*O Nome do Bebê. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo. Sex. e sáb.: 20h. Dom.: 18h. Até 20 de agosto. Ingressos: R$ 40 (inteira), pelo site sescsp.org.br.
2023-07-17 17:44:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/pitaco-cultural/2023/07/e-se-um-amigo-resolvesse-dar-ao-filho-o-nome-adolfo-semelhante-a-hitler.shtml
As preocupações da digitalização massiva
A digitalização trouxe imensa oferta de serviços, democratizando o acesso à inúmeras possibilidades, desde as operações mais simples, como entrar no banco ou marcar consultas, até fazer reuniões remotas em sistemas de conferência em tempo real com voz, imagens, projeções etc.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Com esse avanço também aumentaram os riscos relacionados. O Brasil vem crescendo em maturidade digital, mas ainda faltam investimentos na busca da excelência, como mostram as deficiências evidentes na formação pessoal. Estamos longe da formação necessária de técnicos para atuar no segmento.Isso acontece pela ausência de políticas públicas nos níveis de tecnologia ou superior, mas principalmente no ensino fundamental. Matérias associadas ao mundo digital deveriam estar no currículo escolar a partir do 5° ano do ensino fundamental. Educar e despertar talentos faz parte da maturidade que nos falta também nessa área.Um momento importante no avanço da tecnologia no Brasil aconteceu no ano 2000, com a privatização do sistema Telebrás, elogiada pelos benefícios que trouxe, mas também criticada por outros aspectos. Mais A partir daí, o Brasil entrou no cenário global da tecnologia e de seus avanços. Atraímos grandes empresas globais, grupos locais, fundos de investimentos e provedores de tecnologia de ponta, todos focados nas oportunidades geradas pela desregulamentação do mercado de telecomunicações.O resultado é evidente. Se um acesso por celular no final dos anos 90 custava caríssimo e tinha filas homéricas, hoje podemos escolher entre várias operadoras e temos banda larga disponível em boa parte do nosso território. Um país com dimensões continentais como o Brasil ainda tem seus desafios de acesso pleno, mas isso será resolvido via satélite.O segundo momento, já em um ambiente de altíssima tecnologia e elevados padrões de desenvolvimento, foi a pandemia da Covid, que nos obrigou a dar outro salto, com todos indo trabalhar de suas casas. Os serviços públicos se tornaram ainda mais necessários diante dos desafios de salvar vidas.A tecnologia deixou de ser coadjuvante e se tornou o principal componente para consultas remotas, para equipes atuando de suas casas e para a manutenção das empresas de fornecimento de serviços em operação, entre outras coisas do nosso dia a dia.A pandemia representou um salto exponencial na quantidade e nos tipos de serviço, antes presenciais e demorados, que passaram a ser oferecidos de forma digital. Mas como manter tudo isso seguro? Nossos dados pessoais, contas bancárias e informações confidenciais percorrem as redes, ficam armazenadas em milhares de ambientes digitais. Isso gera preocupações para empresários, governos, dirigentes de empresas, técnicos, especialistas e qualquer um envolvido na criação e na manutenção dos ambientes digitais necessários para prover o ecossistema da internet e os seus serviços. Esses fatores tiram o sono da comunidade, desde CEOs até técnicos dos centros de operação de segurança e de redes. O avanço no segmento vem principalmente de soluções que trazem visibilidade aos ambientes digitais. Essa é a palavra-chave e a pedra fundamental para a criação de novas soluções e processos e na formação de pessoas que atuam no segmento.Com visibilidade, é possível oferecer uma experiência satisfatória ao usuário, identificando falhas, anomalias, invasões, interferências e outras atividades indesejadas. A partir daí são aplicadas soluções para evitar interrupções nas redes, nos serviços e na experiência do usuário. Mais A informação tem muito valor e detê-la é muita responsabilidade, principalmente quando você é o seu fiel depositário. Empresas visionárias vêm atuando nessas soluções, usando a automação proporcionada por tecnologias como ML (machine learning) e IA (inteligência artificial). Ambas tornaram possível o desenvolvimento de soluções preventivas, fornecendo dados aos operadores e automatizando ações.Além disso, é fundamental investir na educação sobre segurança em todas as esferas da formação da população. Falhar não é uma opção, pois o mercado pune e o custo é muito alto. A evolução tecnológica é como andar de bicicleta: se você parar de pedalar, ela tomba.Não há limites para a criação humana, imagine então com o apoio de ML e IA. Nós os usamos para o bem, mas são também ferramentas muito empregadas pelos hackers.
2023-07-16 20:38:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/as-preocupacoes-da-digitalizacao-massiva.shtml
O problema é o gasto
De acordo com o calendário político e administrativo do país, o primeiro semestre do ano foi encerrado na semana passada com um feito sem dúvida importantíssimo —a aprovação da reforma tributária pela Câmara dos Deputados.Mas, se o avanço histórico da proposta eleva o otimismo quanto ao longo prazo, providências cruciais para a saúde da economia no curto e no médio prazos permanecem motivo de incerteza e inquietação.As votações definitivas da nova regra de controle dos gastos públicos e do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 ficaram para agosto, depois do recesso informal de duas semanas que o Congresso Nacional se autoconcedeu —pela legislação, os parlamentares não podem tirar férias sem terem apreciado a LDO.Mais do que isso, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua longe de obter credibilidade para seus compromissos e projeções de reequilíbrio das contas do Tesouro Nacional e redução dos patamares exorbitantes da dívida pública.O próprio Tesouro acaba de divulgar cálculos segundo os quais será necessária arrecadação adicional de R$ 162,4 bilhões ao ano para que seja cumprida a meta de zerar o déficit orçamentário em 2024. Isso corresponde a praticamente afirmar que a meta é inviável, ao menos com a orientação atual.O erro de origem do governo petista, como se sabe, é pretender manter uma trajetória contínua de aumento da despesa pública, que começou antes mesmo da posse de Lula. Todo o ajuste, portanto, fica na coluna das receitas.Estipulou-se, com isso, o propósito descabido de elevar em demasia uma carga tributária já exagerada —o que inclui de medidas corretas, como a eliminação de privilégios, a abusos como a tentativa de fazer caixa com vitórias sobre contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).É muito improvável que o governo tenha sucesso mais do que parcial em sua sanha arrecadatória, como se nota por decisões e posicionamentos do Congresso. Não por acaso, o Tesouro aponta os problemas a serem enfrentados no lado dos gastos e opções possíveis.Forma-se uma bola de neve bilionária em precatórios cujos pagamentos têm sido adiados desde a gestão Jair Bolsonaro (PL); os dispêndios com saúde e educação, excluídos de modo precipitado dos limites da regra fiscal, vão tornar o Orçamento ainda mais engessado ao tomar o espaço de outras áreas.São problemas que não podem ser ignorados ou tratados à base de retórica demagógica, como se o imperativo de eliminar a pobreza prescindisse de boa gestão das finanças do governo.Enquanto houver risco de escalada do gasto e da dívida pública, o Banco Central terá dificuldade em reduzir juros, as empresas vão hesitar em investir e o país estará sujeito a um crescimento econômico abaixo de medíocre. Lula deveria se dedicar ao problema desde já.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-16 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-problema-e-o-gasto.shtml
Leitores celebram Jane Birkin: "Viveu intensamente e deixa boas lembranças"
Jane Birkin Uma mulher que viveu intensamente e que deixa boas lembranças ("Morre Jane Birkin, aos 76 anos, atriz que se tornou símbolo da canção francesa", Ilustrada, 16/7). Obrigado por relatarem sua carreira artística e por não cair na tentação de reduzi-la aos gemidos de "Je T’aime Moi Non Plus". Flavio Calichman (São Paulo, SP)Uma mulher lindíssima, charmosa, talentosa que teve como marido o grande compositor da trilha sonora de James Bond, John Barry. Que dupla! Leão Machado Neto (São Paulo, SP)Moraes hostilizado Impressiona a dificuldade que o bolsonarismo tem para entender o conceito de democracia. Além de as eleições já terem se encerrado, não entendem que um ministro do STF não é só um ministro, mas representa o Poder Judiciário. Paulo Sakanaka (Paulínia, SP) Persistem as agressões contra ministros e qualquer um que defenda o decoro e o respeito pela democracia. Solidariedade ao ministro. Zero tolerância com a intolerância. Sandra Lorena Flórez Guzman (Curitiba, PR) Meu respeito e solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes. Maria do Rocio Barszcz (Campo Largo, PR) Todo dia bolsonaristas eleitos e seus seguidores provam que o Brasil fez certíssimo ao não reeleger o sujeito. São radicais, perigosos. Felipe José Fernandes Macedo (São João Del Rei, MG)Censo Só o voto distrital permitiria que a Câmara dos Deputados representasse a população brasileira. Da forma como os parlamentares são eleitos, temos graves distorções. Quem representa os estados é o Senado, não a Câmara ("Dados do Censo pressionam Câmara por nova divisão de vagas", Política, 15/7). Igor Cornelsen (São Paulo, SP) Pela disposição atual, fruto de uma batida de carteira da ditadura, o meu voto vale 1/10 do voto de um roraimense ou de um rondoniense ou de um amapaense ou de um acreano ou de um tocantinense. O Brasil está do jeito que está devido a essa desonestidade política. Claudio Martins Gaiarsa (São Paulo, SP) Ótimo artigo, mas notícias meio assustadoras ("Notícias políticas do Censo", Angela Alonso, 16/7). Não consigo me imaginar vivendo de novo sob a violência da extrema direita. Amo esse país, sem monstros governando-o. Vera Queiroz (Rio de Janeiro, RJ)Zema O Brasil sempre teve eleitores conservadores, então é razoável que tenhamos políticos que os representem. Dificil não ser melhor que Bolsonaro. Mas Zema me parece muito longe de ser preparado. Talvez um cargo de senador o prepare para um futuro mais adiante ("Zema cresce para 2026 após embate entre Bolsonaro e Tarcísio, e holofote expõe tropeços", Política, 15/7). Maria José de Araújo Costa (Santos, SP) Tenho vários vídeos de pronunciamentos desse Zema, o que vai dificultar a tarefa dele de ganhar eleitores aqui no Nordeste. Davi Ferraz (Recife, PE)Escolas cívico-militares Num projeto cuja função é disciplinar a partir do que se veste, de como se corta o cabelo e da capacidade de cantar o hino, certamente o pensamento crítico não é prioridade ("A canetada onipotente e inócua do MEC com as escolas cívico-militares", Elio Gaspari, 15/7). Camila Souto (São Paulo, SP)Cracolândia A gestão de Ricardo Nunes já conseguiu autorização da especulação imobiliária para mudar definitivamente o local escolhido pela mesma, por mais de 30 anos, para atuar, desvalorizar e se locupletar da região dos paulistanos mais bem servida por trens, metrôs e ônibus? ("Prefeitura avalia novos pontos para fixar a cracolândia no centro de SP", Cotidiano, 15/7). Suely Mandelbaum, urbanista (São Paulo, SP) O governo podia aprender com Portugal, descriminalizar as drogas. Naquele país mudou a vida de muita gente, para melhor. Anna Amélia Meule (Uberlândia, MG) A notícia é auspiciosa, o prefeito Ricardo Nunes procura outro local para fixar a cracolândia. Ou seja, não tem projeto e política social para acabar com a situação, então que se faça longe dos bairros ricos. Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)Guerra do Paraguai Eis que alguém importante no Paraguai põe o dedo nessa ferida ainda aberta na alma paraguaia e que envergonha tanto o Brasil, Argentina, Uruguai e a Inglaterra ("Presidente eleito quer que Brasil abra arquivos sobre a Guerra do Paraguai", Mundo, 15/7). Crime hediondo, inesquecível, considerando os milhares de paraguaios assassinados e o comprometimento do futuro desse país. Laurindo Bonilha Regueira (São José do Rio Preto, SP) Eu aprendi na escola que quem começou a guerra foi o Paraguai. Também aprendi que o Brasil foi descoberto, seja lá o que isso signifique. Ana Rodrigues (Vitória, ES) Fico surpreso com esse pedido inusitado do presidente Peña. Para que mexer nessa ferida há muito cicatrizada, senão cauterizada por mais de século? Marcelo de Campos Haendchen (Campo Grande, MS)Rafinha Bastos Pode ser competente fazendo graça para americanos; mas um tanto arrogante e generalista quando fala dos brasileiros ("’O Brasil é um país de arrependidos, que gosta do coitadismo’, diz Rafinha Bastos", Mônica Bergamo, 16/7). Rafael Faria (Florianópolis (SC) Isso aí, viva as diferenças! Sucesso e alegrias no teu caminho, Rafa Bastos! Ana Rita Mussi (Curitiba, PR)
2023-07-16 22:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-celebram-jane-birkin-viveu-intensamente-e-deixa-boas-lembrancas.shtml
O audiovisual como soft power
Em 1994, o lançamento de "Jurassic Park" na Coreia do Sul marcou o início de uma transformação industrial no país. A receita de bilheteria desse único filme americano representava uma perda equivalente à exportação de 1,5 milhão de carros Hyundai. Esse alerta despertou o governo sul-coreano, pavimentando o caminho para que "Parasita" fosse consagrado o melhor filme no Oscar 2020. Mais A indústria audiovisual é uma poderosa força criativa. Estimula a criatividade, gera empregos, impulsiona o crescimento econômico e molda a cultura por meio das histórias que compartilha. Ao contrário da indústria automobilística, gera baixo impacto ambiental e tem nas ruas o seu local de produção.Cerca de 67% dos gastos de uma produção cinematográfica são direcionados a outros setores, como hotelaria, gastronomia, serviços jurídicos, financeiros e transporte. Há ainda o poder singular de exportação da cultura e do pensamento de um país, o soft power, que impacta diretamente o turismo. A cidade de Nova York é um exemplo disso.Pesquisa do Itaú Cultural mostra a importância da economia da cultura para o PIB do país, revelando que os recursos gerados pela moda, design, música, audiovisual e outros são mais relevantes que indústrias importantes. Segundo o estudo, o PIB da economia da cultura e das indústrias criativas corresponde a 3,11% do total, ultrapassando os 2,5% da indústria automobilística.O setor audiovisual ocupa a quinta posição em importância na economia (dados de 2020 da Ancine). Supera as indústrias farmacêutica, têxtil e de equipamentos eletrônicos.Os impactos da pandemia nesse setor tornaram mais evidente a assimetria de poder econômico. Enquanto produtoras locais criam projetos, com bons roteiros, recursos técnicos e talentos criativos, grandes estúdios e plataformas compram os direitos dessas obras, que ganham selo de conteúdo original dessas empresas, pois não seriam viabilizadas sem os recursos dos estúdios americanos. Sinal de que o modelo de financiamento deve ser repensado e tratado de forma estratégica como outros setores que se beneficiam de incentivos, enquanto resguarda a propriedade intelectual.O jogo não está perdido. Há avanços, como a política lançada pela Prefeitura de São Paulo, com apoio estadual, que restitui parte dos gastos de produções internacionais feitas no estado ("cash rebate"), incentivo usado em todo o mundo. Uma ferramenta que fortalece o poder das produtoras locais, que chegam à mesa de negociação com os estúdios oferecendo uma contrapartida de até 30% do orçamento final do projeto.É hora de desenvolver talentos, aumentar a infraestrutura dos estúdios, qualificar mão de obra, baratear importação de insumos, como câmeras de alta definição, e facilitar o acesso a linhas de crédito públicas e privadas. O ano de 2023 coloca o Brasil em pé de igualdade com países que mais investem no audiovisual, como EUA, Espanha e Coreia do Sul. A não utilização de parte do Fundo Setorial do Audiovisual em 2022 (cerca de R$ 1 bilhão), juntamente com o orçamento para este ano (mais de R$ 1 bilhão), e os R$ 2,8 bilhões a serem investidos no audiovisual por estados e municípios, graças à Lei Paulo Gustavo, são oportunidade única para um desenvolvimento irreversível.Precisamos olhar para a nossa indústria com irrefreável disposição para aumentarmos nossas vantagens competitivas. Passo importante foi a entrada do audiovisual no Conselho de Desenvolvimento Industrial, ao lado de outros setores da economia, representado pela Bravi.
2023-07-16 21:20:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-audiovisual-como-soft-power.shtml
Estigma persistente
Relatório da Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), lançado na última quinta (13), expõe gargalos e desigualdades na forma com que o Brasil enfrenta a epidemia. Dos 3 objetivos estabelecidos pela agência internacional, o país cumpre apenas 1.Pretende-se alcançar índice de ao menos 95% em três indicadores: soropositivos diagnosticadas, em tratamento e que tenham a carga viral suprimida. Atingimos apenas a terceira meta, em grande parte dada a eficácia dos medicamentos.Não mais que 88% dos prováveis 990 mil brasileiros vivendo com HIV foram diagnosticados. Nesse grupo, 83% estão em tratamento. Estigma e disparidades de renda ajudam a explicar os dados.Para aumentar a testagem, é fundamental integrar o acesso à saúde sexual e reprodutiva a outras políticas, como de moradia e assistência social, e à rotina dos demais serviços de saúde aos quais a população tem acesso —atualmente, por exemplo, o Ministério da Saúde pretende eliminar a transmissão vertical, de mãe para filho.Deve-se, ademais, apostar em ensino para desmistificar percepções equivocadas. É preciso esclarecer que nem todas as pessoas que têm o vírus HIV desenvolvem a doença da imunodeficiência, Aids.Deve-se considerar em especial a orientação de jovens entre 15 e 24 anos, faixa etária onde há mais novas infecções no país.Visões obscurantistas sobre a educação sexual —que, diferentemente do que prega certo discurso moralista tacanho, pode ser adaptada para cada idade e é baseada em evidências científicas— inibem esforços de prevenção.Estudo de 2021 da Unaids, com 1.784 pessoas vivendo com HIV, mostra que 64% delas já sofreram discriminação entre familiares, vizinhos, amigos e no trabalho.Desigualdades de diversos tipos afetam o acesso a diagnóstico e tratamento. Pesquisas indicam que pessoas trans são discriminadas em serviços de saúde no país. A Aids aumentou entre negros, enquanto diminuiu entre brancos.Persistem, não apenas no Brasil, estigmas inaceitáveis em torno da doença e dos portadores do vírus —que, quatro décadas e muitos avanços medicinais depois, ainda mata mais do que deveria.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-16 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/estigma-persistente.shtml
Adiós, Jane
Quando a over-erótica "Je t'aime... moi non plus" surpreendentemente chegou às lojas de discos espanholas em 1969, cabeças devem ter rolado.A Espanha vivia a ditadura franquista (1939 - 1975) em sua plenitude. Na voracidade do controle, o departamento de censura do governo proibiu/viria a proibir canções tão diversas como "Imagine", de Lennon, por seu teor "totalmente negativo"; "Just like a woman", de Bob Dylan (com "frases cujo duplo sentido dentro da intenção da canção resulta obscena (sic)", segundo o relatório oficial); ou "Good Vibrations", dos Beach Boys, por seu "sentido totalmente erótico", além de sua letra de "viciados em drogas dos 'USA' (sic), los 'HIP' cuja filosofia está baseada no sexo...".Como é de se imaginar, qualquer AH UH Babe babe move your hips (Aretha, "Rock Steady"), mas também los trabajadores dolientes ... (Joan Baez, "Las Madres Cansadas") / ou pleasant bibles bound in blood and skin (Leonard Cohen, "Last Year's Man") / enfim, qualquer sombra interpretativa poderia render uma censura sumária, sob a alegação de ser erótica, ambígua, contra a Igreja, contra a autoridade, a propriedade, a família, comunista, homossexual....... Então, como é que os gemidos explícitos de Serge e Jane em "Je t'aime..." passaram pelo crivo e foram parar nas vitrolas dos ciudadanos espanhóis?***A resposta é um pouco frustrante: até hoje, não se sabe exatamente. Mais O que se intui é que, provavelmente, algum funcionário español aprovou a circulação de um dos hinos eróticos mais emblemáticos de todos os tempos por, simplesmente (e olha que significativo)... não ter ouvido a canção, aprovando-a com base em sua letra -- talvez interpretada como mais uma inocente canção de amor.Quando o Ministério de Informação e Turismo espanhol, alarmado, finalmente quis recolher a obra, meses depois, já era tarde: as 100 mil unidades do single já tinham sumido das lojas, virado fumaça, fetiche, obra de colecionador, e viriam a ser repassados entre muitas mãos a preços caríssimos no mercado negro.***Nos meses seguintes ao seu lançamento, "Je t'aime..." (cujo título, por sinal, dizem que foi inspirado por Salvador Dalí, mas fica pra outra coluna) seria vetada em tudo quanto é canto do universo, do Brasil ao Vaticano.Isso não impediu que fosse a primeira canção em língua não-inglesa a entrar nos top hits do Reino Unido (ficou 33 semanas na lista, um recorde), ou que o disco chegasse à marca de 1 milhão de exemplares vendidos antes de ser recolhido.E também não impediu que Jane, então com seus 22 aninhos, se tornasse o sex symbol que seria reiterado, por exemplo, em obras (oportunistas?) como Don Juan, de Roger Vadim (1973), ou Blow-Up, de Antonioni (1966).Mas Jane, como um ser criativo e intenso, foi muito mais do que seus gemidos em uma gravação longínqua.É la Birkin, e nem a voz e corpo combalidos por problemas de saúde puderam apagar o brilho de sua franqueza e presença nos últimos concertos que realizou na Espanha, em 2022. Mais Em uma entrevista para a Vogue francesa em 2016, Birkin diz: "Nunca nos ocorreu que Je T'aime... se tornaria um símbolo de liberdade em todo o mundo. As pessoas a escutavam em segredo, da Espanha à Argentina. O Papa a proibiu, a BBC também e, na Itália, o chefe da Phonogram [braço da Philips que lançou o single] foi preso. Eu estava fazendo outro filme ruim em Oxford e todos os dias víamos Je t'aime... moi non plus subindo nas paradas. Foi uma loucura."Quanto à morte, disse, "todos temos um pouco de medo quando a sentimos se aproximando. A ideia é tão distante, tão abstrata. Temos dificuldade em imaginá-la. Nos últimos três anos, cheguei perto dela duas vezes e, surpreendentemente, não entrei em pânico. Eu estava com mais medo de não ter tempo de dizer o que queria dizer, de deixar as coisas em ordem, de ser perdoada..."
2023-07-16 16:24:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/normalitas/2023/07/adios-jane.shtml
Ciência, democracia e o futuro do Brasil no maior encontro científico do país
No próximo dia 23 de julho, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) iniciará sua 75ª Reunião Anual, em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). São 75 anos de existência, comemorados no passado dia 8, dedicados às causas da ciência, da cultura, da educação, saúde, meio ambiente, democracia e, também, da inclusão social e da tecnologia e inovação.O tema da reunião anual será "Ciência e democracia para um Brasil justo e desenvolvido". Confessamos que decidimos por esse título antes dos resultados da última eleição, quando ainda não sabíamos qual papel teria a comunidade científica brasileira a partir de 2023: estaríamos defendendo o que restasse de democracia, caso o negacionismo continuasse mandando no Brasil, ou estaríamos recompondo o regime democrático e o país, fazendo ademais com que suas bênçãos finalmente beneficiem a todos, e não apenas à minoria mais abonada?Agora que começamos o resgate do Brasil com base nos valores éticos do tempo presente, que incluem a sociedade do conhecimento sem preconceitos como um de seus pilares, fica premente questionar: ciência para quem, ciência para quê?A ciência é para todos. A ideia de alfabetização precisa crescer, não basta mais saber ler, escrever e efetuar as quatro operações aritméticas. Mas em breve todos necessitarão conhecer pelo menos os fundamentos das principais ciências: matemática, física, química, biologia, ciências sociais, história, geografia e filosofia.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A educação e a difusão científicas estão se tornando prioritárias mundo afora. Sem a ciência, não é possível desenvolvimento econômico, nem social. E a comunidade científica brasileira, representada pela SBPC, está preparada e disposta a contribuir nesta direção, como por sinal tem feito há décadas.A ciência é para tudo, em especial, o desenvolvimento social. O conhecimento rigoroso, que além das ciências inclui a literatura, as artes e a filosofia, é decisivo para uma vida melhor. A vida boa não é apenas a do conforto, dos privilégios materiais; é o princípio ético que exige valorizar todas as capacidades do ser humano.Não por acaso, os últimos anos mudaram fortemente o compromisso da ciência. Por boa parte do século 20, a grande conquista científica daquele tempo parecia ser a fissão nuclear, com seus correlatos. Hoje, cada vez mais pensamos na saúde –humana e do planeta. Saímos do flerte com a morte violenta, e nos comprometemos com a vida, mais até: com a vida de qualidade. Com a vida respeitando todos os nossos, sem exceção.Por isso, neste tempo em que o país procura melhorar sua economia e fazer com que os ganhos de produtividade não apenas nos tornem mais competitivos, porém mais justos, a ciência tem um papel a desempenhar. Ela permite, como mostrou Johanna Döbereiner, cujos cem anos de nascimento festejaremos em 2024, aumentar fortemente a produtividade agrária, pela fixação do nitrogênio no solo.Ela nos capacita, como mostram as ciências humanas, a alçar à dignidade os seres humanos que foram humilhados e ofendidos ao longo dos séculos de colonização, escravidão e exploração. Ela nos leva, grande desafio de nosso tempo, a propor uma economia sustentável e mais justa, que respeite os limites do uso dos recursos naturais de nosso planeta, e atenda aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e contenha a mudança climática em curso. Mais Esta é a mensagem da SBPC às vésperas de realizar sua 75ª Reunião Anual: o poder político não pode ser exercido sem o decisivo contributo das ciências. Festejamos a recuperação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Alegra-nos que as pastas do Meio Ambiente e da Saúde tenham secretarias focadas na ciência. Esperamos que as principais políticas públicas do País –e dos Estados e municípios– se baseiem no conhecimento científico. Vamos ajudar nisso, vamos lutar por isso.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-16 09:11:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/ciencia-democracia-e-o-futuro-do-brasil-no-maior-encontro-cientifico-do-pais.shtml
Escola integral para mudar o país
O Senado aprovou, no último dia 11, o Projeto de Lei que cria o Programa Escola em Tempo Integral, com o objetivo de ampliar ao menos para sete horas diárias a carga horária para pelo menos 25% dos estudantes das escolas públicas no país. O texto substitutivo do relator deputado Mendonça Filho (União-PE) para o Projeto de Lei 2617/23, do Executivo, que agora segue para sanção presidencial, é uma oportunidade decisiva para acelerarmos a qualidade da educação brasileira, com foco na promoção da equidade.Sabemos que os marcadores da educação vêm melhorando, mas a passos lentos –e pior, mantendo os abismos socioeconômicos e raciais em nosso país. Segundo a taxa de crescimento da Prova Brasil, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), levaríamos 40 anos para atingir os atuais níveis de desempenho médio dos países da OCDE no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). As informações são da consultoria IDados, de 2019.Com a aceleração do fim do bônus demográfico, conforme vemos nos novos dados do IBGE, e se adicionarmos os marcadores sociais e raciais, a situação fica ainda mais dramática. Estudo recente do Insper, com base nos dados do Saeb, mostrou que a desigualdade educacional entre negros e brancos piorou entre 2007 e 2017, ampliando o fosso da desigualdade racial no país.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...O acesso ao ensino integral é urgente para mudarmos este cenário. Atualmente, a oferta ainda é para poucos. Segundo o estudo "Cada hora importa", realizado pelo Itaú Social, ao final do 9º ano do Ensino Fundamental, crianças de famílias de baixa renda recebem 7.000 horas de aprendizado a menos do que os alunos de famílias com mais recursos. Isso equivale a quase quatro anos de exposição ao aprendizado no modelo de ensino integral.O Programa Escola em Tempo Integral tem o poder de agir diretamente nesse déficit, pois aponta caminhos para as redes de ensino implementarem a modalidade com a disponibilização de apoio técnico e financeiro, além de reforçar a importância do trabalho em colaboração entre estados e municípios.Importante ressaltar que a proposta do ensino integral deve ir além do aumento do tempo na escola. É preciso focar em uma escola verdadeiramente integral e de qualidade, com atenção às condições de trabalho dos profissionais de educação, em especial o professor, à infraestrutura das escolas e ao currículo, com matérias regulares e conteúdos transversais, combinando inclusive arte, cultura e esporte, sempre em diálogo com o território –contribuindo para desenvolver também a criatividade, o pensamento crítico, a liderança e as habilidades socioemocionais.Essas são competências caras para a dignidade e autonomia dos jovens, inclusive no momento da busca por trabalho. Estudo realizado pelo Itaú Educação e Trabalho, em conjunto com outros parceiros, mostra que 72% dos recrutadores em empresas consideram que as competências socioemocionais são as mais importantes na contratação para um cargo de nível médio ou técnico, à frente da experiência e conhecimento na área.O encaminhamento do PL da Escola de Tempo Integral é essencial, ainda, para rompermos o ciclo de desigualdade. Além dos números já apontados aqui, é necessário lembrar que hoje 8,5 milhões de jovens entre 18 e 24 anos vivem sem conseguir estudar nem trabalhar, segundo dados da OCDE.Precisamos acolher nossas crianças, adolescentes e jovens em escolas que voltem a inspirar, que os preparem para participar ativamente da construção de uma sociedade mais inclusiva e os conectem às oportunidades que estão surgindo com as novas economias –verde, do cuidado, prata, digital, do bem-estar e criativa, esta última responsável por cerca de 7,2 milhões de postos de trabalho no país, segundo dados do Observatório Itaú Cultural.A jornada começa por uma escola inclusiva, integral e que encante. O Projeto de Lei e a prioridade de sua implementação pelo ministro da Educação, Camilo Santana, são urgentes para avançarmos nessa agenda essencial para o país. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-16 08:49:00
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Opinião
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Como será o mundo em 2038? Eis aqui cinco palpites
Quem nunca viu um vídeo do Manual do Mundo? O canal criado pelos queridos Iberê Thenório e Mari Fulfaro em 2008 está completando 15 anos como o maior do YouTube a versar sobre Ciência e Tecnologia na América Latina. Para celebrar o marco, os dois estão promovendo uma iniciativa bem legal: a criação de uma cápsula do tempo, recheada de objetos e mensagens de personalidades, para ser aberta apenas daqui a 15 anos, em 2038.O artefato ficará selado e exposto na biblioteca centenária do Instituto Butantan, em São Paulo. Thenório e Fulfaro convidaram figuras como o jornalista Pedro Bial, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a deixar mensagens escritas para a sociedade de 2038. Além deles, vários outros contribuíram com vídeos recheados de predições, como Antonio Tabet, Verônica Oliveira, Phelipe Siani, Marcos Piangers e outros –dentre eles este que vos escreve.É sempre divertido pensar sobre o futuro e, quanto maior a necessidade de síntese, mais difícil dar palpites certeiros. Mesmo assim, resolvi arriscar. Confira a seguir cinco coisas que eu pessoalmente acho que serão diferentes daqui a 15 anos.Para começar, mudanças climáticas. A situação do planeta estará ainda mais dramática do que é hoje –isso já é certo, nem chega a ser previsão. O que acho que será novidade é que em 2038 já estaremos vendo a luz no fim do túnel, com forte eletrificação dos veículos em escala global e ações efetivas para a redução das emissões de gases-estufa (vamos combinar, até o momento, a maior parte das iniciativas e promessas dos países foram para inglês ver, mas acho que teremos um quadro bem melhor em 15 anos).Em 2038, o uso de inteligência artificial será uma realidade concreta em muitas áreas, transformando o trabalho intelectual e elevando a produtividade –o que vai se traduzir em aumento do desemprego. Programas de renda cidadã, como o nosso Bolsa Família, serão mais necessários e mais comuns no mundo todo.Viagens tripuladas à Lua, conduzidas por vários países e empresas, serão comuns em 2038. Teremos até mesmo visitas de turismo ao nosso satélite natural. A Marte, é bem possível que ainda não tenhamos ido ainda até lá –mas uma missão inaugural já estará em fase de planejamento.Aos entusiastas por ETs, um aviso: ainda não teremos descoberto evidências incontestáveis de vida fora da Terra, embora até 2038 já tenhamos obtido resultados provocantes vindos do estudo de exoplanetas e das luas geladas do Sistema Solar.E talvez a que seja a menos provável das minhas previsões: as redes sociais, mais reguladas e menos sedutoras, vão ter menos poder e controle sobre a sociedade em 2038 do que têm hoje, em 2023. Será? Admito que essa é mais uma torcida do que propriamente uma confiança –não é possível que não tenhamos nos cansado dessa idiotice toda até lá. Ou é?Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube
2023-07-16 09:00:00
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Crédito incerto
A recuperação certa e rápida de garantias dadas na contratação de empréstimos é um dos principais fundamentos da redução de risco no crédito. Portanto, é um dos fatores que permitem a redução das taxas de juros e do funcionamento eficiente do sistema financeiro.O projeto de lei do chamado marco legal das garantias aprimora os procedimentos de execução de garantias. Permite uso bem mais amplo de imóveis, por exemplo, para garantir créditos além dos financiamentos imobiliários.A proposta foi enviada à Câmara pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em 2021, tendo sido aprovado pelos deputados em 2022. Com o apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou com mudanças pelo Senado no início deste mês e terá de voltar à Câmara.Apesar de vários progressos, não se resolveu um ponto central, a regulamentação da desjudicialização.Um motivo histórico do custo de fazer negócios no Brasil são os entraves para o emprego de garantias. A facilidade de judicialização faz com que a execução seja longa e cara. Na intenção de proteger o devedor inadimplente, prejudica-se a sociedade inteira.A questão é controversa. Estão em jogo o sigilo financeiro, a privacidade e a segurança do devedor. Em geral, a nova lei simplifica a execução, mas fica ainda aberta a porta para incertezas e litigância indevida. Sujeita-se, assim, a execução à lentidão da Justiça. O capítulo sobre o assunto saiu do projeto aprovado no Senado e ficou para ser tratado em outro, de 2019.O Senado parece ter a preocupação de proteger os devedores, o que deve de fato ser objeto de cuidado, mas não de procrastinação.O confuso sistema de garantias de crédito é objeto de debate há décadas. Desde o primeiro governo Lula, quando houve avanços e reduções de custos no financiamento de imóveis e veículos, não há novidades maiores nessa legislação.O custo do dinheiro no Brasil é aberração mundial. A insegurança jurídica é um dos motivos dessa exorbitância. Novos negócios, em particular de pequenas empresas, têm menos oportunidade de expansão por falta de financiamento.Se o marco não for objeto de revisão pela Câmara, o Congresso precisa tomar alguma providência rápida para consolidar de vez as normas relativas às garantias, uma reforma que pouco se discute, no público mais amplo, mas de alcance profundo —da vida cotidiana ao crescimento econômico.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-15 22:00:00
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Homem que viralizou com ilusão de vestido azul ou branco é acusado de tentar matar a esposa
O desafio viral do vestido que aparentava ser de duas combinações de cores ganha mais um capítulo. O homem que tornou a história conhecida mundialmente, em 2015, depois que a mãe de sua noiva usou uma peça que gerou dúvidas se era azul e preta ou branca e dourada agora é acusado de suposta tentativa de matar a esposa.Keir Johnston, escocês de 38 anos, teria praticado violência doméstica e controle coercitivo por quase onze anos, segundo o jornal britânico The Guardian.Ele compareceu ao tribunal superior de Glasgow na última semana e negou todas as acusações. O caso vai ter uma nova audiência preliminar antes de um julgamento marcado para 2024.As acusações contra Keir afirmam que as supostas agressões teriam ocorrido entre abril de 2019 e março de 2022, e incluiriam empurrões, gritos, ameaça com faca e suposta tentativa de estrangulamento.Veículos jornalísticos também afirmam que, em uma ocasião, ele teria tentado entrar em um veículo em que sua esposa estava e golpeá-la por uma janela aberta, e de tirá-la a força de um bar depois que a mulher se recusou a sair com ele.
2023-07-15 18:34:00
voceviu
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Lula do centrão
O presidencialismo de coalizão é uma solução de governança em sistema multipartidário para situações em que a chapa eleita para o Executivo não tem maioria no Congresso. No Brasil, elas ocorreram em 100% dos pleitos desde 1989.Os governantes que navegaram contra essa corrente enfrentaram dificuldades que variaram de contratempos pontuais ao impeachment. Jair Bolsonaro (PL) cometeu esse erro no início da gestão e depois, ameaçado, teve de entregar anéis e dedos ao centrão.Parece vir desse aglomerado de parlamentares interessados sobretudo na sua sobrevivência regional a novidade política do segundo semestre da administração Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ensaia-se um embarque substancioso do grupo no governo.Confirmado o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) no Ministério do Turismo, as conversas avançam para abarcar duas grandes legendas que apoiaram Bolsonaro em outubro —Republicanos e o PP de Arthur Lira, presidente da Câmara e pivô do centrão.A válvula de ajuste óbvia para essa reacomodação ministerial seria diminuir o espaço dos nomeados do PT no governo, que hoje povoam a Esplanada em proporção muito maior que a sua força no Congresso. Daí a grita de petistas ameaçados de perder cargos.Para Lula, francamente minoritário entre deputados e senadores e testemunha dos solavancos enfrentados em razão de déficit parlamentar por gestões petistas no passado, a barganha faz todo o sentido. Para o centrão, as vantagens são autoevidentes.Para o país, esse acordo político significaria elevar o teor de moderação e diluir os radicalismos de esquerda. Terá, por exemplo, mais dificuldades de vingar na agenda central do governo o voluntarismo intervencionista na economia, hoje albergado no BNDES.Mas essa regra geral comporta riscos que não deveriam ser ignorados. O centrão, vale lembrar, foi sócio destacado da aventura populista que esvaziou teto de gastos federais a partir da segunda metade da gestão Bolsonaro.Como operam preferencialmente sob a lógica pequeno-oligárquica, os parlamentares do bloco são vetores frequentes de lobbies à caça de privilégios por meio de regulações e contratos estatais. Daí para a corrupção, é um pequeno passo.Sem a coordenação de lideranças que pelejem pelos direitos difusos daquelas pessoas pobres ou distantes demais do poder para se defender, de pouco adianta consolidar uma sólida maioria parlamentar.É fundamental que Lula exerça esse papel articulador, desça do palanque e esclareça quais são as prioridades de seu mandato. Centrão sozinho não dá rumo.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-15 22:00:00
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Menu para Oxum, festa no Incêndio e um arraial com 80 chefs!
Neste domingo, dia 16, a chef e apresentadora Dona Carmem Vírginia servirá o menu, batizado de "As Águas de Oxum" em seu novo restaurante Altar Cozinha Ancestral, localizado na Vila Madalena. O menu de três etapas começa com o Iyalodê, croquete de vatapá com maionese de camarão e tartar de picles de chuchu.O Camarão à Maricotinha (foto), com mel, pimenta e dendê sobre feijão de leite e salada morna de jerimum vem na sequência. Fecha a refeição a sobremesa Oração à Mãe Menininha, feita com banana ouro, cubos de queijo-manteiga maçaricados e sorvete de quindim. O menu estará disponível durante o almoço e o jantar deste domingo por R$ 220 por pessoa ou R$ 300 com harmonização de vinhos. O menu à la carte também estará disponível no dia. Para reservas, clique aqui.No dia 18, o chef Renzo Garibaldi vai comandar o evento "Em caso de incêndio, fique" em seu restaurante Incêndio, localizado em Pinheiros, com um time de 10 chefs preparando receitas no fogo ao longo de toda a noite. Serão dez pratos servidos a valores que vão de R$ 35 a R$ 50 (porção degustação). Entre os participantes, nomes como Jefferson Rueda, Tuca Mezzomo, Saulo Jennings, Beethoven Picui e Lucas Corazza. A entrada é gratuita e não é preciso fazer reservas. O Incêndio fica na Rua dos Pinheiros, 808 e o evento acontecerá a partir das 17h.E já vai se preparando! No final do mês acontece a 11ª Edição do Arraial Gastronômico do Projeto Buscapé, instituição que auxilia crianças em situação de vulnerabilidade social no litoral norte de São Paulo e que neste ano vai ajudar também as vítimas do temporal que deixou milhares de desabrigados no litoral norte de São Paulo no começo desse ano.Serão 80 chefs brasileiros que levarão seu talento e solidariedade para o litoral norte. Dentre eles, Jefferson e Janaina Rueda, Telma Shiraishi, Tanea Romão, Tássia Magalhães, Edinho Engel, Ivan Santinho, Vinícius Rojo, Gil Gondim, Flávio Miyamura, Benny Novak, Pedro Roxo, Marcelo Correia Bastos, Renata Vanzetto e muitos outros. O arraial acontecerá nos dias 28, 29 e 30 de julho (sexta, sábado e domingo), das 19h à meia noite no Campo de Futebol de Camburi (Rua Olimpio Faustino nº 42, Camburi - São Sebastião).E você também pode ajudar fazendo uma doação através da chave PIX criada para o Projeto Buscapé - CNPJ: 11.171.772/0001-02 ou projetobuscape1@gmail.com. Participe!
2023-07-15 12:08:00
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Nos EUA, Messi estará onde nunca esteve: na rabeira
Acostumado sempre à parte de cima da tabela e à disputa frequente por títulos, seja no Barcelona (de 2004 a 2021), seja no Paris Saint-Germain (de 2021 a 2023), seja com a seleção da Argentina (desde 2005), Lionel Messi desembarcou nos EUA em uma situação inédita em sua carreira profissional.O Inter Miami, clube que o craque defenderá pelos próximos dois anos e meio, tem se mostrado uma tragédia no campeonato local.Passada mais da metade da MLS (Major League Soccer), com 21 jogos realizados, a equipe que tem como sócio o ex-astro inglês David Beckham ocupa a 15ª e última posição entre os times da Conferência Leste.O Inter Miami soma cinco vitórias, três empates e 13 derrotas e não sabe o que é ganhar na liga que reúne 27 participantes dos EUA e três do Canadá desde o dia 13 de maio, quando superou por 2 a 1 o New England.A partir dali, o time disputou dez confrontos na MLS, com sete derrotas (seguidas) e três empates (nas três partidas mais recentes), todos obtidos desde que Gerardo "Tata" Martino, compatriota de Messi, assumiu como treinador.Neste sábado (15), como visitante diante do St. Louis, o Inter Miami tentará interromper sua pior sequência, com folga, desde que estreou na principal liga norte-americana, em 2020 –o time existe há apenas cinco anos.E tentará fazê-lo ainda sem Messi, que deve estrear daqui a uma semana, na Copa das Ligas, competição que dura um mês com as equipes da MLS e do Campeonato Mexicano.O primeiro adversário será o Cruz Azul, e na sequência o oponente é o Atlanta. As duas partidas acontecerão em Fort Lauderdale (Flórida), no estádio DNV PRK, que é a casa do Inter Miami e pode receber 18 mil torcedores.Se quiser levar seu novo time ao topo, Messi, que foi eleito sete vezes o melhor do mundo pela Fifa, deverá focar prioritariamente esse torneio e a Copa US Open, que é a equivalente nos EUA à Copa do Brasil.O Inter Miami está nas semifinais da Copa US Open, depois de eliminar, pela ordem, o Miami FC, o Charleston, o Nashville e o Birmingham. Duelará pela vaga na decisão com o Cincinnati, líder da Conferência Leste da MLS, com 48 pontos (30 a mais que a nova equipe de Messi).Na MLS, matematicamente é possível o Inter Miami chegar ao título, já que a equipe está a 11 pontos da zona de classificação para os playoffs.Porém não será tarefa fácil, a não ser que a chegada de Messi seja capaz de causar uma reviravolta tão grande a ponto de uma equipe desajustada e sem perspectiva na MLS nesta temporada passar a apresentar um futebol convincente e vencedor, de forma duradoura, num piscar de olhos.Algo improvável de ocorrer mesmo com a presença do capitão da atual campeã da Copa do Mundo, que, mesmo ainda jogando muito, com 36 anos não terá o mesmo fôlego de outrora. Na cruzada para fazer o Inter Miami subir na tabela, o camisa 10 terá a ajuda de dois ex-companheiros de Barcelona, veteranos como ele, o volante Busquets e o lateral esquerdo Jordi Alba, ambos espanhóis e com 34 anos.Os brasileiros da equipe, entretanto, não estarão ao lado de Messi no começo da saga dele nos EUA. Os meio-campistas Jean Mota (ex-Santos) e Gregore (ex-Bahia) recuperam-se de lesões no joelho e no pé, respectivamente. Mais
2023-07-15 08:08:00
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Imposto às claras
A definição da alíquota básica do futuro imposto sobre valor agregado será, com toda certeza, um cavalo de batalha para os adversários da reforma tributária —e, possivelmente, um motivo de dúvida até para os apoiadores da proposta.A polêmica, já em curso, não é desprovida de fundamento. Ao que tudo indica, o novo tributo, destinado a substituir cinco hoje existentes, terá uma das maiores alíquotas do mundo, se não a maior, para a taxação de bens e serviços. Convém, no entanto, que os motivos sejam compreendidos.A reforma substitui os atuais PIS, Cofins e IPI, federais, ICMS, estadual, e ISS, municipal, por um tributo compartilhado por todos os entes federativos, dividido em CBS, federal, e IBS, dos governos regionais.Além disso, haverá um imposto seletivo sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente.As alíquotas serão definidas em lei complementar, mas se estimou que, juntos, CBS e IBS resultarão numa cobrança de 25%, e isso se o cálculo já não estiver defasado. O maior percentual conhecido é o da Hungria, de 27%; entre os países mais desenvolvidos, a maioria aplica entre 5% e 20%.É preciso ficar claro, porém, que a alíquota projetada para o Brasil leva em conta o objetivo de manter a arrecadação de hoje. Dito de outra maneira, os brasileiros já estão entre os maiores pagadores mundiais de tributos sobre a produção e o consumo.Assim o demonstram dados oficiais. Segundo a Receita Federal, a taxação de bens e serviços consome 13,5% da renda nacional. Entre os 38 membros da OCDE, apenas Hungria, Grécia, Dinamarca, Finlândia, Letônia e Estônia apresentam cifras maiores. Na média da organização, são 10,8%.A reforma, portanto, dará transparência a uma carga escorchante —e iníqua, uma vez que não distingue ricos e pobres— atualmente camuflada pelas normas obscuras de cinco tributos diferentes.Ficará claro também que quanto mais exceções forem abertas na incidência de CBS e IBS, como já se aprovaram para saúde, educação, transporte, agronegócio, esporte e outros, maior será a alíquota a ser paga pelas demais atividades.Tudo considerado, é essencial que o novo sistema de impostos e contribuições sociais seja implantado com o compromisso expresso na legislação de não elevar a já exorbitante tributação dos produtos no país —ainda que a distribuição dessa carga entre os diferentes segmentos da economia necessariamente vá ser alterada.Mais à frente, se superada a etapa da simplificação da cobrança, há também que buscar meios de reduzir o peso da taxação regressiva do consumo na arrecadação de União, estados e municípios.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-14 22:00:00
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Leitores comentam relação afetiva com livros: 'Anotações, dedicatórias e assinaturas'
Histórias à parte "Tesouros secretos de uma biblioteca" (Juliana de Albuquerque, 13/7). Gostei bastante do seu texto. Herdei bastante livros da minha mãe e, ao longo dos meus 38 anos, adquiri e ganhei muitos outros. Fico imaginando com quem estão aqueles que doei e se os novos donos repararam nas anotações, dedicatórias e assinaturas presentes na maioria. Luísa Pires Toledo (Nova Friburgo, RJ)Completando, nós que amamos os livros temos, cada um de nós, uma relação muito particular de conviver com eles; de guardá-los nas prateleiras. Carlyle Vilarinho (Brasília, DF)Insistência "Bolsonaro diz que buscará Senado se voltar a ficar elegível e abre caminho para Tarcísio" (Painel, 13/7). É importante sempre sentir a direção dos ventos. E os ventos mudaram. Max Ribas (Miracatu, SP)Que imbróglio mais indigesto! A próxima eleição está longe! Diva Negri (Florianópolis, SC)Conduta "Toga requer recato" (Dora Kramer, 14/7). Parece que os ministros do Supremo Tribunal Federal vão precisar de uma "reciclagem" para perceberem que algumas manifestações são impróprias ou vedadas a eles. Alguns eventos também, especialmente os patrocinados por interessados em causas judiciais na referida corte. Não é possível que não tenham discernimento suficiente para saber onde, quando, em que e com quem devem frequentar, estar e interagir. Pedro Cardoso da Costa (São Paulo, SP)Sou advogado e me formei há 28 anos. De lá para cá, os juízes mudaram muito. Antes só falavam no processo, hoje dão entrevista para qualquer um que fizer pergunta, sem pudor. Otavio Junqueira (Belo Horizonte, MG)Comando "Barroso assumirá órgão que endureceu punição a juízes por manifestações políticas" (Política, 14/6). Barroso está certo. Ótimo nome. Nós todos, brasileiros de bem, derrotamos o fascismo e a teocracia. Maria Luporini (Campinas, SP)Palhaçada esse país. Logo ele que manifesta claramente suas posições políticas. Está mais do que na hora de uma reforma séria no Judiciário brasileiro. Luis Paulo Netto (São Paulo, SP)Trocas O problema não é ter ministros "trocáveis" ou não no governo. Depois do governo Bolsonaro sabemos como nunca que é imperioso, é vital ter um vertebrado no Ministério da Saúde. E vertebrado é coisa que o centrão, também sabemos muito bem, não pode oferecer. Celso Balloti (São Paulo, SP)Tempo integral "Desafios de aumentar a jornada escolar" (Priscilla Bacalhau, 13/7). Meu filho ficou em escolas com tempo integral até os 12 anos. É muito importante numa família onde os pais trabalham e estavam inclusos também esportes e cursos de língua estrangeira que eu não tinha tempo de levar porque meu trabalho era longe. Eu ficava muito mais tranquila com a criança guardada pela escola do que em casa com uma babá. Toda transição começa por ampliação do acesso e ter essa vontade já é bom para o país. Valeria Cavalcanti Rolla (Rio de Janeiro, RJ)Gastos com educação não são despesa, são investimentos. Escola em horário integral é a melhor alternativa para evitar o crime e a vida nas ruas. Maria Araujo (Belo Horizonte, MG) Imposto "Fábricas de iates temem freio em negócios com IPVA previsto na Reforma Tributária" (Mercado, 13/7). As classes média e pobre pagam IPVA por suas carroças e os milionários não pagam este imposto por seus iates de luxo. Pode? Pode, aqui pode tudo. Enquanto isso no mapa da fome… Lenise de Souza Ferreira (Joinville, SC)Sempre usam essa justificativa: a gente gera emprego. Que ridículo. Joselma Ramos Mouta (Brasília, DF)Confiança "Motoristas da Uber aplicam golpe e cobram altos valores por viagens sem passageiro" (Mercado, 14/7). Não peço carros de aplicativos. Uso táxi selecionado por mim, inclusive com cadastro completo prévio. Galdino Formiga (São Paulo, SP)Já usei muito o Uber, inclusive para realizar pequenas viagens como idas ao aeroporto. Porém, há alguns anos constatei que a qualidade do serviço caiu muito, trazendo vários elementos de insegurança. Hoje evito e para as viagens fiz amizade com um bom motorista e acerto diretamente com ele. Marcelo Alvarez Ghibu (Santos, SP)Descaso "Surto de sarna atinge jovens da Fundação Casa em São Paulo" (Mônica Bergamo, 13/7). No estado mais rico, na cidade mais rica do país, uma instituição que deveria tratar, educar, ressocializar, profissionalizar, dar perspectiva de vida e futuro para a molecada que por infelicidade e condições ruins de vida caiu na criminalidade, transforma suas instalações em um inferno. Ao invés de formar cidadãos, é uma fábrica de pessoas ressentidas e traumatizadas por violência de Estado. Mara Passos (São Paulo, SP)Repercussão "Filho de Elis diz que processo do Conar é ‘mais um desdobramento positivo da propaganda’" (Mônica Bergamo, 13/7). Fiquei chocada quando vi a propaganda. Achei um desrespeito sem tamanho à Elis Regina, à própria família e aos fãs, mas são os filhos que detêm o uso de imagem da mãe. O que o dinheiro é capaz de revelar nas pessoas é chocante. A VW deveria ter refletido melhor sobre essa proposta. Poderia comemorar os 70 anos de forma mais digna. Não gostei. Denize Barbosa Lial (Santa Bárbara D’Oeste, SP)
2023-07-14 21:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-comentam-relacao-afetiva-com-livros-anotacoes-dedicatorias-e-assinaturas.shtml
Mundo faminto
Além de colapsar sistemas de saúde em todo o mundo, a pandemia de Covid-19 impactou a economia global, com desaceleração brutal da atividade, desemprego e perda de renda; depois, inflação e consequente alta dos juros.O resultado foi o aumento da fome, como mostra o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado na quarta (12). O documento é um alerta para que governos implementem políticas públicas que mitiguem o flagelo.A metodologia do levantamento considera três situações para a alimentação: a fome, caracterizada pela desnutrição; a insegurança alimentar severa, quando o indivíduo fica um ou mais dias sem comer; e a moderada, quando há redução na quantidade de comida e incerteza quanto ao seu acesso.No ano passado, 2,4 bilhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar severa ou moderada, enquanto 735 milhões passavam fome —o que representa 9,2% da população mundial. São 122 milhões de pessoas a mais em estado de desnutrição ante 2019, ano anterior à pandemia, quando a fome atingia 7,9%.No Brasil, 4 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar severa entre 2014 e 2016 (1,9% da população). Entre 2020 e 2022, o número saltou para 21 milhões (9,9%). Contudo, nos mesmos períodos, a fome caiu de 12,1 milhões (6,5%) para 10,1 milhões (4,7%).Chama a atenção que o Brasil tenha sido o único país da América do Sul, exceto a Guiana, que obteve queda no índice da população que não conseguia pagar por uma dieta saudável entre 2019 e 2020, de 18,8% para 12,7%.Os números revelam o papel dos programas de transferência de renda. Em março de 2020, o Congresso aprovou o auxílio emergencial de R$ 600. Dois anos depois, Jair Bolsonaro (PL) reeditou o benefício, por motivos eleitoreiros, sob o nome de Auxílio Brasil. Em junho deste ano, o novo Bolsa Família começou a pagar R$ 705,40 mensais, o maior valor da história.É preciso agora manter o aprimoramento do cadastro dos beneficiários para que o dinheiro chegue a quem de fato precisa. Ademais, o programa não exime o governo de implementar uma política econômica racional no trato do gasto público, que estimule o crescimento sem inflação —medidas fundamentais para os mais pobres.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-14 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/mundo-faminto.shtml
Frango compactado, a madeirite das comidas
"Parmegiana de frango compactado", anuncia a placa da lanchonete Giraffa’s, na praça de alimentação do shopping.Não são nuggets, não é steak, não são chickenitos, frangolitos, galetitos nem penositos. É a definição crua da matéria ali à venda: frango compactado.Eu nunca havia visto tamanha honestidade numa peça promocional de junk food. Mas o que vem a ser, exatamente, o tal frango compactado?É preciso, obviamente, matar um frango. Coxas, sobrecoxas, asas, peito e miúdos são removidos da carcaça. Restam muitos ossos, pedaços de cartilagem, pele, gordura e alguma carne colada ao esqueleto.As sobras de frango vão para uma máquina de raspagem e trituração, que extrai até o último miligrama de tecido muscular. O material resultante é uma pasta rosada bem pouco apetitosa, a tal da carne mecanicamente separada (CMS).À CMS se acrescenta uma tonelada de temperos e aditivos químicos, até se tornar minimamente palatável. Ela entra na composição de salsichas, linguiças, mortadelas e hambúrgueres. Pode conferir no contrarrótulo desses alimentos.Ou então a maçaroca é compactada e enformada para se assemelhar a um filé de frango, pelo menos visualmente.É isso que o McDonald’s decidiu empanar, fritar e vender. Eles precisavam de um bom nome para o subproduto da desossa industrial de aves. Escolheram nuggets, "pepitas" em inglês.No Brasil, o termo foi patenteado pela Sadia. Os outros fabricantes inventaram nomes criativos para anunciar a CMS frita.Quando a qualidade de um alimento (ou a falta dela) precisa ser mascarada nas estratégias de vendas, entram em cena os alquimistas da comunicação para transformar resíduos industriais em pepitas de ouro.Palavras são decisivas para o sucesso de qualquer produto vendável. Sacar uns nomes em inglês, mesmo que não façam o menor sentido, garante uma clientela de bocós.Se você gosta de hambúrguer, já deve ter se deparado com uma coisa chamada american cheese. Algo que não existia antes no Brasil, não com esse nome.American cheese é e sempre foi queijo processado, também chamado de queijo fundido. Polenguinho, saca? Ou aquelas fatias perfeitamente quadradas e ensacadas individualmente.Obtém-se o american cheese da mistura de diferentes queijos, geralmente aparas e rebarbas, e outros subprodutos da indústria láctea.É mais barato do que queijo de verdade, evidentemente. Numa analogia com o setor moveleiro, é a mesma diferença entre a madeira sólida e o compensado.Curiosamente, virou cool usar queijo processado para fazer hambúrguer –algo que, poucos anos atrás, era motivo de constrangimento. Hamburgueiros tatuadões até se gabam de produzir o próprio american cheese premium gourmet prime.Ousado é o Giraffa’s, que foi lá e tascou o frango compactado na cara do povo que gasta dinheiro no shopping. Quando foi pedir a madeirite de frango, assegure-se de que ela venha com uma quantidade generosa de compensado de queijo.
2023-07-14 18:53:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cozinha-bruta/2023/07/frango-compactado-a-madeirite-das-comidas.shtml
Miss Supranational 2023: Equador vence e deixa 'Barbie brasileira' em 3º lugar
A equatoriana Andrea Aguilera, 22, faturou no final da tarde desta sexta-feira (14), o título de Miss Supranational 2023. Ela foi coroada na cidade de Nowy Sacz, na Polônia, e a disputa pelo trono contou com um grupo de 65 misses. Esta foi a 14ª edição do Miss Supranational, que acontece todos os anos no país europeu, onde fica sua sede. O concurso mundial de beleza feminina é um dos maiores do mundo, ao lado do Miss Universo, Miss Mundo e Miss Grand International.A brasileira Sancler Frantz, 32, quase chegou lá e ficou em terceiro lugar. Ela fez história ao tornar-se a primeira brasileira a entrar no grupo de cinco finalistas do concurso. Natural de Arroio do Tigre, na região central do Rio Grande do Sul, ela é atriz, modelo e tem um histórico de respeito no mundo miss, com mais de 20 títulos no currículo. Para a final, Sancler escolheu um vestido de gala da cor rosa, fazendo jus ao apelido de "Barbie brasileira", que ganhou dos fãs por sua semelhança física com a boneca. Mais Natural da cidade de Ventanas, Andrea é modelo e também considerada uma miss de carreira, com vários títulos conquistados. Atualmente estudando negócios internacionais na faculdade, ela também já cursou medicina, apesar de não ter concluído o curso. Em 2021, ela ficou em segundo lugar no Miss Grand International, vencido pela vietnamita Nguyen Tien.Andrea é a quarta latina a conquistar o trono de Miss Supranational —antes dela, venceram a porto-riquenha Valéria Vazquez (2018), a paraguaia Stephania Stegman (2015) e a panamenha Karina Pinilla (2010). Quem passou a coroa foi a sulafricana Lalela Mswane, 26, vencedora de 2022 e também a primeira negra a vencer o concurso.Em segundo lugar ficou a Miss Filipinas, Pauline Amelinckx, 27. Completaram o Top 5 as misses Reino Unido (Emma Rose Collingridge, 25), que ficou em 4º lugar, e Vietnã (Ngan Dang Thanh, 24), na 5ª colocação. Entraram ainda no top 12, as misses Gibraltar, Holanda, Índia, México, Peru, Porto Rico e República Dominicana.Para quem não é familiarizado, vale lembrar que o concurso tem um "spin-off" masculino, o Mister Supranational, que terá sua final no sábado (15). Quem defende o país ali é o paulista Henrique Martins, 31, que é nadador olímpico e competiu pelo país na natação nos Jogos Olímpicos Rio 2016, na categoria 100 metros borboleta e no revezamento 4 por 100, no qual foi finalista. Ele também é formado em publicidade e faz trabalhos como modelo.Ambos os shows são transmitidos no Brasil pela internet, no canal do concurso no YouTube.Sancler retornou ao mundo das faixas e coroas dez anos após se classificar como uma das cinco finalistas do Miss Mundo em 2013, realizado na Indonésia. Na ocasião, ela ganhou o título de Rainha das Américas e também foi eleita dona do melhor corpo da competição, na prova de traje de banho.Ao longo do confinamento do Miss Supranational, que começou no final de junho, especialistas de concursos de beleza do mundo todo davam como certa a classificação da brasileira como uma das finalistas. Na tarde de terça-feira (11), as imagens de sua performance nos desfiles preliminares em traje de banho e de gala do concurso ganharam as páginas nas redes sociais que acompanham o mundo miss.Anunciada em fevereiro como a representante do país no mundial, Sancler aceitou o convite depois que o Miss Supranational anunciou, no ano passado, que aumentaria a idade limite de inscrição para 32 anos. A maioria dos grandes concursos mundiais só aceitam misses com até 27 ou 28 anos. A novidade, que acompanha uma tendência de revisão de regras na indústria como um todo, abriu a janela de possibilidade para Sancler. Mais TOP 5TOP 12TOP 24Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-14 19:11:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/miss-supranational-2023-equador-vence-e-deixa-barbie-brasileira-em-3o-lugar.shtml
Exposição no Museu da Língua Portuguesa tem manuscritos de canções de Marília Mendonça
A relação da língua portuguesa e a música brasileira é retratada na nova exposição do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, "Essa Nossa Canção", que inaugurou nesta sexta-feira (14).Serão relacionadas as letras de canções de sucesso com a forma que a língua assumiu no Brasil. Ritmos tradicionais serão conectados com expressões contemporâneas, é o caso da bossa nova com o sertanejo, do funk com o axé e do chorinho com o forró.A experiência começa já no elevador, onde há uma intervenção sonora que une sons de "Ôôô", "Ilariê" e "aê-aê-aê" em uma canção sem palavra.A primeira sala da mostra apresenta as canções "Trem das Onze" (Adoniran Barbosa), "Salve" (Mano Brown) e "Nem Luxo Nem Lixo" (Rita Lee e Roberto de Carvalho) sem acompanhamento musical. Assim, o visitante parece estar ouvindo uma conversa com as letras das músicas. Mais "Essa Nossa Canção" tem participação de artistas como o cantor e compositor Carlinhos Brown. Nela, ele aparece em um vídeo cantando "O Vento", de Dorival Caymmi. Já a música "Garota de Ipanema", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, é interpretada por José Miguel Wisnik e Xênia França.Outras canções que aparecem são "Construção" de Chico Buarque e " Diário de um Detento" dos Racionais MC’s. Os curadores Carlos Nader e Hermano Vianna escolheram músicas que consideram fazer uso de frases coloquiais.A exposição ainda exibe o documentário As Canções (2011), de Eduardo Coutinho. Na última sala o público poderá ver reproduções de manuscritos de composições de artistas como Marília Mendonça, morta em um acidente de avião em 2021, e do sambista Cartola.Temporária, a mostra fica em cartaz até março de 2024. Os ingressos custam R$ 20 e podem ser adquiridos em sympla.com —aos sábados a entrada é gratuita.
2023-07-15 13:40:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/exposicao-no-museu-da-lingua-portuguesa-tem-manuscritos-de-cancoes-de-marilia-mendonca.shtml
Soma Cervejaria celebra 3 anos com lager a R$ 3
Numa aprazível casa de esquina da av. Miruna, em Moema, a Soma Cervejaria foi inaugurada no dia 18 de julho de 2020, em meio à pandemia.Três anos depois, a festa vai esperar um pouco mais, mas com excelente notícia. No último fim de semana de julho, dias 29 e 30, o brewpub vai celebrar o aniversário oferecendo uma de suas cervejas artesanais por R$ 3. Isso mesmo, mais barato que uma latinha de Heineken ou Brahma Duplo Malte.A cerveja em questão será a clássica american lager, cerveja tradicional, dourada e refrescante, fácil de beber (ou, como dizem no setor, de alta drinkability), com 4,5% de álcool. A cerveja, normalmente, já é das mais baratas do menu, por R$ 6 (copo de 300 ml).Os outros estilos da Soma, todos fabricados ao lado do bar, em tanques visíveis para o consumidor, continuam com seus preços habituais. A casa deve ter entre suas 15 torneiras algumas novidades, como uma tripel, estilo belga, e uma russian imperial stout, envelhecida previamente em barris.A festa será completada com copo comemorativo, show de pop rock ao vivo, cardápio variado com porções (incluindo algumas para cachorros) e hambúrgueres e até visita guiada para quem quiser entender melhor o processo cervejeiro.Soma CervejariaAv. Miruna, 561, Moema, tel. (11) 99186-5013. Festa de aniversário: dias 29 e 30.jul. Instagram: @somacervejaria Mais
2023-07-14 16:28:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/copo-cheio/2023/07/soma-cervejaria-celebra-3-anos-com-lager-a-r-3.shtml
Ativistas do MBL afirmam ter sofrido agressão na UFSC e geram onda de reações na web
Ativistas do MBL (Movimento Brasil Livre) dizem ter sofrido agressão nesta quinta-feira no campus de Florianópolis da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Em vídeo publicado nas redes sociais, o ativista do movimento João Bettega afirma ter sido "espancado por esquerdistas" com uma arma branca.Bettega fazia parte de um grupo de integrantes do movimento que estava na universidade para pintar paredes pichadas quando foram abordados por um grupo de pessoas usando máscara de proteção contra a Covid-19. Segundo eles, uma emboscada foi formada e eles foram agredidos com armas brancas. Em vídeo publicado pelo MBL, um objeto voa em direção a Matheus Faustino.Bettega e Faustino registraram boletim de ocorrência no qual indicam que tiveram itens roubados e que João Bettega, que ficou inconsciente, foi atendido em clínica médica após a agressão.Em nota, a UFSC afirmou que a intervenção não foi autorizada, repudia o ataque e diz que "a Universidade condena a ação de grupos organizados, externos à instituição, que promovem invasões a espaços educacionais e atitudes que claramente expressam o desconhecimento da realidade institucional, maculando a imagem da UFSC".Israel Russo, coordenador do MBL, compartilhou com o blog #Hashtag imagens de boletim de ocorrência feito após o caso, além de registros de pichação em parede do local, que associava o movimento ao nazismo. O MBL já foi associado ao nazismo quando o deputado Kim Kataguiri (União Brasil), um de seus fundadores, disse que achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo durante um episódio do podcast Flow, em 2022.Em nota, o MBL diz que o departamento jurídico está analisando as medidas cabíveis ao caso. "Sem dúvidas será judicializado, não ficarão impunes. Trata-se de um atentado premeditado à vida de um membro do Movimento Brasil Livre, o que também representa um ataque frontal à liberdade de expressão e manifestação. Não iremos tolerar tal perseguição política e muito menos uma tentativa de homicídio."Nas redes sociais, o MBL promove uma caçada aos supostos agressores, identificados como "mascarados" e "bandidos de esquerda". Em seu perfil, Bettega compartilhou uma nota oficial em que afirma ter sido vítima de suposta "tentativa de homicídio". Nos comentários, apoiadores do movimento se solidarizam com o ativista, enquanto opositores questionam qual seria o tratamento dado caso fosse uma pessoa LGBTQIA+ espancada.Alguns parlamentares, como o senador Sergio Moro (União Brasil), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), saíram em defesa do movimento e repudiaram a ação dos agressores.Apoiadores evocaram também a figura do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio de Almeida, como "mestre dos magos".Opositores ironizam a situação e apontam: "uma solução para o MBL parar de apanhar é não viver de intimidação e exposição de estudantes".Espancado por e-girls."Leva pra casa"."Ué""Mó vacilo""A respeito do incidente ocorrido no Campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) nesta quinta-feira, 13 de julho, em que um jovem alega ter sido agredido, a Universidade se manifesta repudiando qualquer ato de violência em suas dependências, contra qualquer pessoa. Ao mesmo tempo informa que a sua Secretaria de Segurança Institucional, através dos seus servidores, se colocou à disposição dos envolvidos no episódio. A UFSC está tomando ciência de todo o acontecido para avaliar medidas cabíveis ao caso. Inicialmente, sabe-se que houve acesso e intervenções não autorizadas pela Instituição no prédio do Centro de Convivência, edificação que está parcialmente inoperante e que tem áreas sem condições de uso. A situação atual do prédio é reflexo da falta de repasse de verbas nos últimos anos. No entanto, a UFSC informa que já reservou recursos do orçamento de 2023 para iniciar a reforma da edificação. Cabe destacar que a Universidade condena a ação de grupos organizados, externos à instituição, que promovem invasões a espaços educacionais e atitudes que claramente expressam o desconhecimento da realidade institucional, maculando a imagem da UFSC.""Nosso jurídico está analisando quais serão as medidas cabíveis ao caso, mas sem dúvidas será judicializado, não ficarão impunes. Trata-se de um atentado premeditado à vida de um membro do Movimento Brasil Livre, o que também representa um ataque frontal à liberdade de expressão e manifestação. Não iremos tolerar tal perseguição política e muito menos uma tentativa de homicídio. Por ter ocorrido no espaço da Universidade e as agressões terem sido efetuadas por supostos estudantes da instituição, esperamos a colaboração da mesma para identificar os criminosos, de modo que eles respondam no âmbito criminal."
2023-07-14 14:20:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/ativistas-do-mbl-sao-agredidos-na-ufsc-e-geram-onda-de-reacoes-na-web.shtml