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'Assembleia felina' e TV Gato viralizam em canal de casal paranaense
Num apartamento em São José dos Pinhais (PR), na região metropolitana de Curitiba, o exercício da democracia é frequente. Assuntos relevantes, como o uso de uma caixa de papelão, são decididos em assembleias cujos membros têm longos bigodes e ronronam em momentos de prazer. São eles Mits, Bob, Gatão e Café, gatos de um casal paranaense que tem viralizado com vídeos irônicos e bem-humorados sobre a vida com o quarteto.Os tutores são Jackson dos Anjos, 35, formado em publicidade e Rafael Maidl, 32, que sempre trabalhou na área de contabilidade. Os dois vivem juntos desde 2013.A ideia de fazer vídeos sobre o lifestyle gateiro para as redes surgiu numa disciplina que Maidl frequentou em 2022, parte do curso de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A matéria pedia que criasse uma empresa fictícia e aplicasse os princípios do marketing na sua divulgação. A firma inventada vendia produtos para gatos, e os primeiros vídeos davam dicas úteis para donos de felinos. Finalizado o curso, o casal passou a criar vídeos com narrativas envolvendo os gatos para chamar a atenção dos usuários.Maidl medita frequentemente, e os gatos costumam se reunir em volta dele, curiosos com a imobilidade do tutor. Num dos primeiros vídeos virais do canal, os bichanos o observam durante a atividade, e Meidl narra a cena como se eles estivessem decidindo o que fazer com a inércia daquele ser humano. "Virou febre. Quem é gateiro se identificou. As pessoas mandavam fotos para nós dizendo 'aqui em casa também temos assembleias'", relata Dos Anjos. Embora Maidl publique a maioria dos vídeos do casal no TikTok e no Instagram, Dos Anjos também divulga algumas produções no seu próprio canal. Na rede da Bytedance, os dois tem mais de um milhão de seguidores. Na plataforma da Meta, o número ultrapassa os 450 mil.Os felinos do Paraná têm cada um a sua personalidade. Mits foi adotado ainda em 2013, poucos meses após o casal passar a morar junto. Ranzinza, como descrevem os donos, ele não gosta de colo e pouco se envolve nas atividades mundanas. Bob é mais fofo, apelidado de "o bebê da casa". Gatão, por sua vez, foi resgatado por Maidl e Dos Anjos já adulto, mas tem uma aura "vida louca" e a energia de um filhote. Café se juntou aos três em abril deste ano. Para evitar estresse, a integração do novato foi feita aos poucos, como recomendam os especialistas em comportamento felino. Uma das etapas envolveu uma caixa de papelão, na qual o casal recortou um quadrado e colou um plástico, para que Café pudesse ser visto sem ainda ter contato com os irmãos. Estava criada a TV Gato, que rendeu uma série de vídeos virais. Alguns deles, claro, traziam mais algumas sessões das democráticas assembleias felinas.
2023-07-14 13:02:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/assembleia-felina-e-tv-gato-viralizam-em-canal-de-casal-paranaense.shtml
Sexo: Scat é uma prática extrema para os leigos, mas, se é consensual, não se meta
Pense em alguma coisa e provavelmente existe algum tipo de fetiche envolvendo ela. Por que seria diferente com cocô? Sim, tem gente que se excita com fezes e esse desejo está contido no termo Scat – que também contempla urina, vômito, flatulências e outros potenciais excrementos do corpo humano.Na última semana, a prática esteve na boca do povo das redes sociais como Twitter e Instagram porque Fernando Mais, ator que fez o personagem Zecão em filme da Turma da Mônica, foi "descoberto" como autor do perfil Gustavo Scat. Por vários dias, ele não teve paz. E alguns usuários das redes que não sabiam e não queriam saber mais sobre o fetiche também não: vídeos explícitos de scat apareceram nas timelines de muitos desavisados.Decidi ir atrás de relatos de quem curte práticas sexuais envolvendo merda para entender melhor e, olha, é difícil encontrar quem curta – ou quem fale sobre. Fernando Mais (com seu pseudônimo Gustavo Scat) virou referência justamente por compartilhar conteúdo sobre o assunto em seu blog e em seu perfil do Twitter. Ele também lançou um livro chamado "Quero Scat: O Sexo com Cocô, Mijo e Peidos", que tem 500 páginas.Em entrevista ao podcast Selfie Service ele conta que se sentia atraído por fezes e se achava doente e sozinho no mundo. Quando começou a escrever sobre isso, percebeu que existiam milhares de pessoas, de tipos muito variados. "O meu é um dos fetiches mais tabus, mas ele não é ilegal. Se tiver consenso, bom senso e for dentro da lei, seja feliz", disse.Mais também contou no podcast que sua curiosidade pelo scat aumentou depois de um clássico que o Brasil ofereceu à internet global. Em 2007, começou a rodar a internet o vídeo 2girls1cup. Nele, duas atrizes se beijavam e se agarravam loucamente. Até aí tudo bem.A questão é que a ação acontecia com muito cocô envolvido: elas cagavam num pote, se beijavam em torno dele. O vídeo que ganhou o mundo e despertou reações apavoradas é um trecho do pornô brasileiro Hungry Bitches. A partir daí, ele começou a pesquisar mais e a encontrar pessoas que gostam.O fetiche pode parecer extremo ou obscuro, mas fato é que não precisa procurar muito no Google pra achar sites específicos, há inclusive um tipo de Onlyfans exclusivo para quem gosta, chamado Scatbook. Falando em Onlyfans, uma moça que produz conteúdo por lá me conta que já foi procurada algumas vezes por homens interessados em fotos ou encontros envolvendo fluidos."Um deles tinha tara por ser tratado como se fosse uma garotinha que tomaria o xixi na mamadeira e comeria o cocô como se fosse papinha", ela contou, dizendo que não topou porque não era muito a dela.Assim como toda e qualquer prática sexual, o scat tem que ser conversado e acordado entre as partes. Se você curte, jamais faça como o personagem da história real "Um Lance", narrada por Deia Freitas em seu podcast Não Inviabilize. Nela, uma moça contou que conheceu um rapaz na padaria, eles flertaram, tiveram um encontro e foram pra cama.Só que, no meio do sexo, o moço simplesmente fez cocô e disse que era só um lance que ele curtia. A moça teve que trocar o colchão porque o rapaz não teve consideração de perguntar se ela queria e, se ela quisesse, dar a ela a oportunidade de usar uma capa impermeável (ela não queria).É óbvio, mas não custa repetir: scat é estranho e repulsivo para a maioria das pessoas, porém, se há consenso entre os parceiros, você não tem que se meter e julgar a vida alheia. como disse Fernando Mais no podcast Selfie Service: "Eu não fiz nada de errado, só tenho um gosto diferente".Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-07-14 12:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/07/sexo-scat-e-uma-pratica-extrema-para-os-leigos-mas-se-e-consensual-nao-se-meta.shtml
Rita Lobo e Ana Maria Braga herdam objetos de Palmirinha
Palmirinha Onofre, cozinheira que morreu no dia 7 de maio deste ano, aos 91 anos, não chegou a conhecer pessoalmente Rita Lobo, chef de cozinha da TV que tem uma lista de livros de receitas de sucesso publicados. Mas a culinarista tinha verdadeiro encanto pelos programas de Rita no canal GNT e acompanhou cada edição em seus últimos anos de vida.Ainda no final de maio, uma caixa chegou ao Estúdio Panelinha, onde Rita grava suas produções para a TV, contendo peças de louças que pertenceram à culinarista."A Palmirinha gostava muito de você e assistia sempre que podia ao seu programa", informava uma cartinha assinada por Sandra, Tânia e Nancy, filhas de Palmirinha, a Rita. "Adorava quando você escolhia a louça. Com certeza, ela vai ficar bem feliz em saber que essa louça, utilizada por ela em ocasiões especiais, estará com você", concluíam as herdeiras. Mais "Pessoalmente, elas não conseguiram se conhecer, mas a minha mãe acompanhava bastante a Rita nos últimos tempos e estava muito lúcida", endossa Sandra à coluna. "A Rita, com aquela frase dela, 'desgurmetiza, bem', é bem isso, tudo é comida mesmo", conclui Sandra."A minha mãe gostava muito quando a Rita escolhia as louças, e minha mãe tinha um conjunto que ela usava em épocas especiais, que a gente achou que deveriam ficar com a Rita e ela ia gostar", afirma Sandra.Se Palmirinha não conheceu Rita, o mesmo não se pode dizer de Ana Maria Braga, responsável por ter projetado a cozinheira para a fama ainda no Note e Anote, extinto programa da Record, nos anos 1990, antes de Ana Maria migrar para a Globo. Ela também mereceu atenção das filhas para herdar um objeto do mais alto afeto da mãe: uma imagem sacra."Ana Maria recebeu uma santa de que a minha mãe gostava muito", revela Sandra. "Era uma santa prateada, muito bonita, que ela pediu para ser levada ao hospital" em seus últimos dias. "Pensamos na Ana porque ela também é muito religiosa", diz Sandra, que morou com a mãe por algum tempo."Fiquei com algumas coisas dela, e tem um quarto na minha casa que era dela, eu nem desfiz, tem algumas roupas dela lá e algumas pessoas pediram também: 'Queria uma camisa da Vovó Palmirinha'".Sandra conta que a mãe falava errado o nome de uma grife que usava bastante, "Dusalina", e muitas "amiguinhas", como a cozinheira se referia às fãs, pediram às filhas: "Será que posso ficar com uma camisa da Duasalina?""Aqui tenho cristaleira, chapeleira que foram dela, e minhas irmãs também têm outras coisas, entre roupas, louças e as santinhas. Eu também fiquei com uma santa dela", revela Sandra.O apresentador Otávio Mesquita é outro que receberá uma lembrança de Palmirinha, atendendo a um pedido feito pelo próprio, durante o velório da cozinheira. As meninas reservaram para ele uma Bíblia que a mãe lia."No velório, ele pediu alguma coisa que tivesse sido dela, achei tão bonito", diz Sandra. "Ele contou que é um hábito dele, que tem uma bota da Elke Maravilha", relata Sandra.As filhas também decidiram manter as redes sociais da mãe, que seguem publicando receitas de Palmirinha. O perfil no Instagram, @vovopalmirinha, tem mais de 800 mil seguidores.A própria culinarista já vinha negociando a volta de alguns produtos de sua franquia, como tipos diferentes de pães de queijo de sua franquia, cuja produção foi interrompida pela pandemia, mas que só retornariam no início deste ano e acabaram voltando após a sua morte.Sandra conta ainda que ela e as irmãs ficaram surpresas "com o tanto de 'amiguinha' que se manifestou pela morte da mãe. "Foi muito comovente, a gente ficou muito agradecida às amiguinhas dela e a gente achou que seria interessante manter ela viva nas redes sociais com tantas receitas e histórias que podem ser contadas. Mas por mais que a gente soubesse da importância dela, ficamos surpresas com a dimensão dela, que só conhecemos pelo falecimento dela."Em vídeo gravado para agradecer às filhas de Palmirinha pelas louças recebidas, Rita reforçou que ela foi mais que uma cozinheira, tendo desempenhado o papel de empreendedora e inspirado "milhões de mulheres" a fazer da cozinha o meio de sustento e educação de seus filhos, com base em seu próprio exemplo.A partir de novembro, aliás, a chef terá uma série na Globo, o Prato Feito Brasil. A proposta é rodar o país em busca das diferenças regionais à mesa do brasileiro, a partir dos ingredientes e hábitos de cada pedaço do país. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).
2023-07-14 08:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/cristina-padiglione/2023/07/rita-lobo-e-ana-maria-braga-herdam-objetos-de-palmirinha.shtml
Torras clara, média e escura produzem cafés com sabores diferentes
Provavelmente você já viu a informação sobre o ponto de torra em alguma embalagem de café. Mas, afinal, quais as diferenças de sabor entre um café de torra clara, média e escura?O dado sobre o ponto de torra deverá constar obrigatoriamente nos rótulos, segundo portaria do Ministério da Agricultura que entrou em vigor no início deste ano. As empresas, contudo, têm até junho de 2024 para se adaptar.A torra é um dos momentos mais cruciais na cadeia de produção. Se mal feita, pode estragar o café, por melhor que ele seja. Já uma torra bem realizada potencializa os bons sabores que um grão está apto a produzir.De modo geral, um café de torra clara produz bebidas com maior acidez e menos amargor. Uma torra escura revelará um café mais amargo –popularmente conhecido como "café forte". Já na torra média, busca-se um equilíbrio entre os atributos.Especialistas afirmam, contudo, que essa classificação tricotômica –clara, média e escura– é uma maneira muito simplista de abordar a questão.Segundo Thiago Sabino, bicampeão brasileiro de baristas e sócio-fundador da Sabino Torrefação, essa categorização é ultrapassada, e o ponto de torra, por si só, não indica qualidade."Depende do que você está buscando na xícara e do que aquele café tem para entregar. É preciso entender o que o grão pode oferecer e, a partir daí, desenvolver um perfil de torra adequado", explica. Mais Acidez e notas frutadas são atributos muito valorizados no meio dos cafés especiais, motivo pelo qual as torras clara e média acabam se sobressaindo, uma vez que costumam valorizar mais esses aspectos.Além disso, muitas vezes uma torra excessivamente escura é utilizada para mascarar a baixa qualidade do grão. Mas a questão não é tão simples.A barista Rebecca Nogueira, dona do Um Bom Café e Q-Grader (avaliadora profissional de café), explica que, assim como torra escura não é sinônimo de baixa qualidade, o café de torra clara não é necessariamente superior."Um café pode ser bom ou ruim com a torra clara. Pode ser que precisasse ter estendido um pouco mais a curva de torra. E o café pode ficar com gosto de folha porque o grão está cru. Então a informação sobre o ponto de torra no rótulo não significa nada se não vier com os atributos", diz. Questões como proporção e qualidade da água interferem no resultado; veja passo a passo para preparar um cafezinho perfeitoEspécie tem características diferentes dos robustasGrão custa R$ 65 mil por quilo; entendaAdemais, ainda há uma preferência muito forte dos brasileiros por cafés mais intensos e com certo amargor, motivo pelo qual a torra escura tem bastante espaço no mercado.No fim, trata-se de uma escolha que o consumidor faz conforme aquilo que ele busca na bebida, segundo explica Evaldo Gonçalves, Q-Grader e gerente de produção e operações da Orfeu."Se a pessoa gosta de um café ácido, torra clara. Prefere um café equilibrado, torra média. E se quer um café forte, torra escura", sintetiza.Qual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.brAcompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucena
2023-07-14 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/07/torras-clara-media-e-escura-produzem-cafes-com-sabores-diferentes.shtml
Jovens não deixarão passar os abusos cometidos por gerações passadas
De origem desfavorecida à pesquisador de grande prestígio nacional e internacional, nessa entrevista, Hedibert Lopes detalha os desafios que teve em sua jornada, sugere políticas públicas para lidar com o nosso profundo fosso social e apresenta suas perspectivas em relação aos desafios da sociedade brasileira.Hedibert Lopes, o que mais te orgulha em ser brasileiro?Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecê-lo pela oportunidade de dividir com você, seus leitores e seguidores um pouco da minha trajetória acadêmico-científica e os caminhos percorridos por um menino que viveu e fez todo seu ensino fundamental na Escola Municipal Raul Pederneiras na comunidade Cidade Alta, no Rio de Janeiro, lá no final da década de 1970 e início da década de 1980. O que mais me orgulha de ser brasileiro é ter tido a oportunidade de ser influenciado por, e ultimamente também influenciar, um montão de gente batalhadora, humilde e solidárias vindas de todas as direções. Essa troca voluntária e sem interesses monetários ou outros benefícios, e que ajuda as classes mais desprovidas a continuar na luta, é o que me faz me orgulhar do Brasil. E, claro, a música brasileira em geral e o samba em particular. O que mais te entristece em nosso país? A percepção de que muitíssimo poucos membros da já minúscula classe dominante tenham tanto poder e nenhum interesse em mudar esse poço de desigualdade que vivemos há décadas. O trabalho precário das maiorias das mulheres negras, quase na totalidade chefes-de-família, e a dificuldade em prover educação básica de alta qualidade para nossas crianças são duas tristes realidades que me esbofeteiam diariamente. Como você avalia o atual governo? Tenho muitas críticas ao atual governo Lula, em quem sempre que pude votei, desde sua primeira eleição presidencial. Entretanto, não dá tempo ainda de comparar com suas outras presidências Dito isso, tenho muita esperança em relação as escolhas para economia, educação e direitos humanos, temas completamente abandonados entre 2019 e 2022. Fazendo uma analogia rasa, para mim a atual administração é aquele paramédico que ainda na ambulância te ressuscita e te mantém vivo até a chegada ao hospital. Quem vai estar lá te esperando para continuar os cuidados só será relevante se o paciente chegar vivo Sob a última (má) administração, quase morremos de um ataque fulminante do miocárdio no sofá da sala de casa. Em relação aos desafios sociais, como você avalia a mobilidade social brasileira?Não temos quase nenhuma mobilidade social no Brasil. Quantos outros meninos pobres como eu ou você e que hoje circulam no nosso meio você conhece? Não deveria ser um em cada 10 mil jovens pobres a chegar aonde cheguei. A gente corre 800 metros com barreiras contra "atletas" correndo 800 metros rasos. O desafio maior é melhor estruturar os cuidados coletivos durante a primeira infância, o ensino fundamental e o ensino médio dos nossos jovens, com uma parte desse último sendo técnica. Manter as crianças alimentadas e na escola por pelo menos 15 anos é na minha visão a tarefa número zero.Em 2017 você escreveu um texto para o Jornal Valor Econômico criticando os números do Banco Mundial em relação à estimativa de cobrança de mensalidades no ensino superior público. Na ocasião, você argumentou que as mensalidades ajudariam pouco a enxugar o orçamento e a lidar com as desigualdades no ensino superior público. No fim, você defendeu a política de cotas. Você acha que deveríamos expandi-la para pós-graduação e para o corpo docente das universidades? Quais seriam as políticas públicas necessárias para avançarmos na direção de um país mais justo e com maiores oportunidades?Melhor educação básica, desde a creche até o final do ensino médio, com alimentação, vacinação e rotina. Além de inserção do estudante de ensino médio em programas paralelos de aprendizagem avançada (sejam técnicas, sejam acadêmicas). Também acredito que seria fundamental a extensão da política de cotas para as pós-graduações e para admissão de funcionários e professores das universidades públicas federais e estaduais. A presença, nesses ambientes, de mais pretos e pardos, indígenas e representantes de diversas minorias trará novas e importantes demandas e ensinamentos, além de servir como motivação e modelo para os jovens atualmente subrepresentados. Diminuiria, creio, as mais variadas bolhas em que nos encontramos confortavelmente Obviamente, um leque de iniciativas tem aparecido e se solidificado nas últimas duas décadas, entretanto é preciso torná-las escaláveis para as dimensões brasileiras, sem negligenciar as singularidades regionais desse nosso país continental. Gostaria de encerrar enfatizando que me parece falaciosa a crítica de que ao criarmos cotas estamos diminuindo o nível dos professores/pesquisadores. Esse mesmo argumento foi usado contra as cotas para alunos e já foi por água abaixo. Estou convicto que também irá por água abaixo pois não creio que o corpo docente e de funcionários que temos hoje seja o suprassumo do que poderíamos ter no Brasil. Acredito que temos uma boa "gordura" para queimar antes de dizer que estamos ficando menos eficientes nas contratações.Você teve uma origem socioeconômica desfavorecida, contudo, hoje você é um pesquisador com reputação internacional. Como foi esse processo? Quais foram seus maiores desafios?Foi um processo longo, de amadurecimento precoce, da convivência com a escassez de recursos financeiros, didáticos, culturais, de tempo mesmo e, talvez mais importante, sem a menor chance de vacilo ao longo do processo pois segundas-chances não existem para os menos privilegiados. Existem diversos desincentivos latentes competindo paralelamente para te obstruir e te convencer da sua inabilidade, de que ali não é o seu lugar e, de forma fria e cruel, guiá-lo para caminhos que acabam em empregos precários, benefícios limitados e a impossibilidade de qualquer progressão ou mobilidade social. Foram vários os desafios, mas estudar (cursinho preparatório mais graduação) das 7h às 17h e depois trabalhar entre 18h e 24h como imputador de dados foi o segundo teste mais desafiador. Enquanto trabalhava a noite para ajudar a criar uma filha (isso, fui pai bem jovem; minha filha nasceu no início do 2º ano da minha graduação, em 1988), via meus colegas indo para cursos de informática, natação, música. Mas estudar na UFRJ foi o divisor de águas nesse processo. A inclusão abriu as portas para mim através de bolsas de iniciação científica, depois bolsa de mestrado e finalmente bolsa de doutorado no exterior. Um outro desafio grande, e que acho relevante falar para os mais jovens menos favorecidos e que frequentam as melhores universidades, é o poder intimidatório e paralisante que nos atinge por nos acharmos menores, inferiores. Esse esforço psicológico consome uma boa parte do que seria muito útil para estudar mais, fazer mais "networking", enfim aprender mais. Até hoje, mesmo depois de quase quatro décadas, ainda paira sobre minha cabeça, e em momentos de mais estresse e desafios profissionais, uma nuvem carregada de medos e inseguranças. Então qual o primeiro teste mais desafiador? Ter ficado três anos longe de minha filha, de seus 8 anos aos 11 anos, para fazer o doutorado nos EUA para dar um futuro melhor para ela. Esse foi e é até hoje minha maior dor, minha maior culpa. Mas sou privilegiado pois ela ficou com a mãe muito atenta e carinhosa e com os sempre presentes avós, meus pais. Privilegiado mais ainda quando me dou conta de que se fosse minha mulher, minhas já pequenas chances de ser bem-sucedido minguariam praticamente a zero. A literatura empírica recente tem destacado os limites da educação na promoção de maior igualdade de oportunidades. O capital social e a discriminação, por exemplo, têm um papel não desprezível nos resultados alcançados nas vidas das pessoas. Nesse contexto, como gerar maior integração em uma sociedade segregada?Eu realmente não acredito que esperar o altruísmo da ínfima fração dos tomadores de decisão que abarcam mais de 50% de nossa riqueza seja uma opção. Acredito nas cotas universitárias como forma de mitigar problemas centenários que temos, mas também acredito que a transferência de recursos dos mais abastados para os mais pobres via educação, alimentação e saúde é a única maneira que essas políticas públicas terão efeitos reais, visíveis e permanentes. Sem isso, estamos fadados a imobilidade social e a uma sociedade com muitos extremamente pobres e alguns poucos muito ricos. Por exemplo, não faz sentido um Pix ser instantaneamente transferido, enquanto o bilhete único pode demorar até 72 horas para ser recarregado. Até onde você acha que vai a responsabilidade individual e a coletiva nos resultados atingidos pelos brasileiros?Precisamos de políticas públicas que ajudem os jovens adultos a buscarem seus melhores individualmente. Como as coisas estão, infelizmente, os jovens batem cabeça e se sentem excluídos e desesperançosos, e acabam se agarrando ao que está mais próximo. E esse mais próximo invariavelmente explora menos o potencial de cada um. O coletivo é o agente agregador, motivador e que guia as massas, mas cada um é dono do seu horizonte e da sua trajetória. Os resultados que atingimos atualmente são pífios e gerações seguidas estão sendo sucateadas. Dado sua grande experiência internacional, como você vê a diversidade nas universidades americanas e nas brasileiras?As universidades americanas têm, em geral, uma preocupação muito grande com a diversidade dos seus alunos, tanto de graduação quanto de pós-graduação, e dos seus corpos docentes. Em todos os comitês de contratação de professores e/ou de aceitação de alunos que participei, tanto na Universidade de Chicago quanto na Universidade Estadual do Arizona, a preocupação em enxergar no grupo de candidatos as minorias era quase mandatória. Essa é uma das minhas motivações para imaginar como benéfico um sistema de cotas de professores/pesquisadores também para as universidades públicas. Agora é hora de falar de música. Ouvi dizer que você tinha um grupo musical chamado "Variáveis Instrumentais" que sacudia as festinhas da Booth School of Business da Universidade de Chicago. É isso mesmo? As festas eram boas? Como o grupo foi criado e de onde surgiu esse nome?Na verdade, as festinhas promovidas na 5825 South Dorchester Avenue, em Hyde Park, era uma oportunidade de relaxamento dos jovens professores, doutorandos e afins, em geral latino-americanos. Eu (tantam), Rafael (cavaquinho) e Diniz (voz) inicialmente, mais Bárbara (voz) e Marcos (violão), e ocasionalmente Daniel (voz), sempre terminávamos as noites numas rodas de samba antológicas. "The Instrumental Variables" foi uma brincadeira minha e que colou, afinal éramos a maioria doutorandos da economia. As melhores festas eram as que aconteceram durante a copa do mundo de 2006. Em alguns jogos, eu contei 45 pessoas no apartamento (que tinha um pátio onde fazíamos o famoso churrasco do Volnei). Meu momento mesquinho foi ter proibido franceses no dia do jogo contra a França, mas como dizem os franceses "cést la vie!" ou os americanos "what the heck!". Daqueles tempos, o melhor foi ter conhecido Maria, minha parceira em tudo desde então.Existe alguma música que está mexendo contigo atualmente? Você tem algum estilo de música preferido?Fomos recentemente ao show do Titãs e ao tributo ao Ney Matogrosso. Apesar das diferenças entre eles, "Bichos Escrotos" e "Por Debaixo dos Panos" são duas músicas que não saem da minha cabeça recentemente. "Volver A Los 17" cantada por Violeta Parra também mexe comigo pelas agruras que passam os países latinos e pelo potencial que temos todos. Por fim, gostaria de deixar alguma mensagem de esperança para os nossos leitores?Sempre! Como educador, sempre tento olhar pelas lentes das novas gerações. Vejo uma geração cheia de conflitos, como todas, mas também que não mais deixará passar abusos que minha geração sofreu e causou. Onde veem nos jovens o imediatismo, eu vejo também a pouca paciência para a embromação. Tenho esperança de ver uma geração de fato multidisciplinar, multifacetada e menos carregadas de pré-conceitos. E tenho esperança de que alguns sejam Bayesianos, como eu.O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Neste texto, a escolhida por Hedibert Freitas Lopes foi "Esperanças Perdidas", de Os Originais do Samba.
2023-07-14 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/politicas-e-justica/2023/07/jovens-nao-deixarao-passar-os-abusos-cometidos-por-geracoes-passadas.shtml
Sem anistia aos crimes da pandemia
Nesta semana o Supremo Tribunal Federal reabriu os inquéritos para apurar as responsabilidades sobre os crimes da pandemia de Covid-19 no Brasil. O STF anulou a decisão da Justiça Federal de Brasília, que havia arquivado o processo e determinou que a Procuradoria Geral da República retome a análise dos seguintes crimes cometidos por Bolsonaro e equipe: prevaricação, epidemia com resultado morte, emprego irregular de verbas públicas, falsa comunicação, entre outros descritos pela Polícia Federal.Mesmo com subnotificação, o Brasil está entre os três países com população superior acima de 10 milhões de habitantes com mais mortes per capita por Covid-19 (dados Our World in Data, até março de 2023). Em primeiro lugar está o Peru, com 6,4 mil mortos por milhão de habitantes, em segundo os EUA com 3,3 mil mortos por milhão e quase empatado o Brasil com 3,2 mil mortos por milhão.Lembramos que países do Leste Europeu em situação mais grave que o Brasil não são comparáveis, pois têm populações pequenas, de 2 a 10 milhões de habitantes, menos que a cidade de São Paulo. Já os EUA, país muito mais rico (aliás, o país rico mais desigual do mundo), viveu tragédia similar a brasileira, também presidido no início da pandemia por um negacionista. Os EUA, pior que nós, não possuem saúde pública universal, e nem suporte comparável ao SUS. Mas, a partir de janeiro de 2021, conseguiram derrotar Trump e o novo presidente Democrata adotou todos os protocolos adequados e acelerou a vacinação.Os crimes da pandemia no Brasil são inúmeros e foram fartamente descritos no Relatório da CPI e na pesquisa Linha do Tempo da Estratégia Federal de Disseminação da Covid do CEPEDISA da Faculdade de Saúde Pública da USP. O Centro SoU_Ciência também pretende colaborar na coleta e organização de evidências desses crimes e da sua rede. Estamos montando um banco de dados para acesso público com declarações e manifestações dos diversos agentes que compuseram o que denominamos de "necrossistema da pandemia Covid-19 no Brasil". O material está sendo organizado por categorias temáticas e por agentes e instituições participantes da rede negacionista que ampliou o número de mortes no Brasil. Servirá a pesquisadores, processos judiciais, enlutados e qualquer cidadão interessado no tema.Estimamos coletar mais de mil evidências, muitas delas de materiais já apagados das redes sociais e canais de Internet, mas que constituem prova material das condutas criminosas de diversos agentes, não só do então presidente e do Governo Federal, mas também de influenciadores e jornalistas negacionistas, médicos e entidades, planos de saúde, farmacêuticas do kit Covid, empresários, militares, religiosos, prefeitos e governadores que atuaram contra as evidências, consensos científicos e orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde). O banco de dados também poderá ser pesquisado por temas indexados, como: minimização dos níveis de risco e gravidade do vírus; a tática criminosa de contágio por "imunidade de rebanho"; embates contra vacinas, uso de máscara e isolamento; problemas de ética médica; o caso de Manaus; entre outros.Além do banco de dados, estamos preparando materiais de comunicação, como animações e um mapa interativo multimídia que permitirá aos interessados navegarem com maior facilidade na pesquisa de conteúdos, atores, temas e evidências, acessando áudios, vídeos, imagens e textos. Esperamos com isso colaborar nas investigações, no esclarecimento público, na justiça, memória e reparação dos vitimados e enlutados com os crimes da pandemia.Outra ação do SoU_Ciência tem sido a realização de levantamentos nacionais de opinião pública, sobre vários temas relacionados à pandemia e suas sequelas. Nosso último levantamento, com mais de 30 perguntas e realizado entre 5 e 10 de junho com 1,3 mil pessoas em todo o Brasil, será em breve divulgado em mais detalhes em matérias na mídia e no nosso site. Nele foi possível reconhecer o impacto da pandemia: além dos mais de 700 mil mortos, 41% dos entrevistados acima de 18 anos declararam ter sido contagiados pelo vírus ao menos uma vez, o que equivale a 66 milhões de pessoas. Ou seja, quase o dobro dos 37 milhões de casos oficialmente notificados pelo governo brasileiro, o que evidencia a subnotificação no país.Além disso, o luto pelas perdas é enorme: mais da metade da população (51%) declara que perdeu familiar ou amigo. É um cenário de trauma de guerra, que deve ser tratado com muitas ações complementares, tanto restaurativas quanto de "justiça de transição", do negacionismo para a ciência, na conduta das políticas públicas e de Estado.Antecipamos aqui apenas dois resultados que nos ajudam a compreender o apoio da sociedade à reabertura dos inquéritos sobre os crimes da pandemia no Brasil. No gráfico abaixo vemos que 52% dos entrevistados defendem que sejam julgados e, se culpados, condenados os responsáveis pelos crimes da pandemia. Quando analisamos o perfil do entrevistado pela escolha do candidato no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, vemos que 79% dos eleitores de Lula são pela abertura dos processos e julgamento, enquanto a maioria dos bolsonaristas quer anistia e encerramento dos inquéritos. A divulgação completa da nossa pesquisa irá mostrar em detalhes esses e outros resultados polarizados politicamente e como isso influiu na percepção da pandemia.Contudo, quando a pergunta dá menos margem à polarização, é interessante notar uma certa convergência na escolha de ações. O segundo gráfico, abaixo, é um exemplo. Ao tratarmos das formas de justiça, memória e reparação, há um certo alinhamento até surpreendente. Mesmo que apoiando em menor intensidade, a ordem de ações a serem empreendidas é parecida. A primeira delas é "Criar uma Comissão da Verdade para apurar os crimes": tanto eleitores de Lula (48%) quanto de Bolsonaro (34%) entendem que essa é a medida prioritária inicial a ser tomada. Na sequência estão: a indenização de familiares de vítimas e a criação de um Tribunal Especial para acelerar os julgamentos.A reabertura dos inquéritos pelo STF permite que o Brasil dê um passo histórico, que não foi capaz de dar em relação aos crimes da ditadura. Devemos imediatamente iniciar os processos judiciais, julgamentos e condenações.Estamos diante da maior tragédia de saúde pública da história do Brasil, com inúmeros envolvidos numa rede de necropolítica. Graças ao SUS e às nossas universidades e institutos de pesquisa públicos a tragédia não foi maior. É preciso passar a história a limpo para que não mais se repita. Do controle social sobre as políticas públicas e de Estado, ao compromisso com as evidências científicas; do currículo das faculdades de medicina à conduta ética de conselhos profissionais; há muito o que fazer. Mas, tudo isso depende, sobretudo, que os julgamentos comecem já e sejam céleres, como está ocorrendo com os golpistas de 8 de janeiro.
2023-07-14 07:50:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sou-ciencia/2023/07/sem-anistia-aos-crimes-da-pandemia.shtml
Entenda quando e por que fazer um seguro de vida
Quando a maioria das pessoas passa por um acidente, usualmente, tende a ir mais devagar e olhar. Esse é um comportamento natural pela curiosidade. Entretanto, acho que todos conseguem imaginar o que poderiam ver, mesmo sem parar para olhar. Mas, sabe o que você nunca vê?Nunca vemos como a família do acidentado fica financeiramente com a perda deste membro.Conhecendo o perfil de baixa poupança do brasileiro, acredito que, nestes momentos, a maioria das famílias passa por um forte aperto financeiro. É mais provável que os carros no acidente estejam segurados, mas não os ocupantes.Qualquer seguro serve para cobrir um risco. Portanto, o primeiro passo é entender qual risco você deveria cobrir.Para entender quais riscos você está exposto e se você deveria ter qualquer seguro, o primeiro passo é realizar um planejamento financeiro.Por incrível que pareça, a maioria das pessoas que compra um seguro não tem um planejamento. Fazendo uma analogia, isso é similar a comprar um seguro de carro sem saber qual carro se tem.Vou abordar apenas dois tipos básicos de seguros. De forma simples, podemos segregar os seguros em dois tipos: aqueles em que o beneficiário é um terceiro e os que o beneficiário é o próprio segurado.Vou começar pelo primeiro. O seguro de vida em que o beneficiário é um terceiro, quem recebe o capital segurado pode ser sua esposa ou marido, filhos ou alguém que você deseja proteger no caso de sua falta.Sua falta pode ou não gerar um problema financeiro para sua família. Se você tem uma grande reserva financeira, suficiente para cobrir as necessidades destes, então, não há necessidade de um seguro. Talvez, apenas um para cobrir o custo de sucessão, se for o caso.Entretanto, esta não é a realidade brasileira. Portanto, se você tem uma família e sua falta gera um desequilíbrio no orçamento, você precisa ter um seguro de vida. Vejo algumas pessoas argumentando: eu não quero seguro, vou esperar, não preciso.Entenda o seguinte, se você não tem patrimônio, não é você quem deve decidir sobre a necessidade. Quem deve decidir ter ou não o seguro é sua esposa ou marido e seus filhos. Esclareça para eles que se acontecer algo com você amanhã, eles vão ficar sem dinheiro e pergunte se eles querem, se vale esperar, ou se eles não precisam. Aposto que a resposta será diferente.O volume necessário do seguro e o tipo depende de seu patrimônio financeiro, de seu momento de vida e idade. Vou discutir estes fatores em artigo futuro.Já no segundo tipo, aquele em que o beneficiário é o próprio segurado, você sim é quem deveria avaliar se deseja correr o risco.Também você deve avaliar além de seu patrimônio financeiro, também sua atividade. Por exemplo, se você é um médico cirurgião e perde o movimento de pinça dos dedos por algum acidente simples, sua profissão e receita ficam comprometidos.Portanto, é preciso avaliar com cuidado os riscos de um simples acidente o deixar inválido ou incapacitado de exercer a profissão.A probabilidade deste risco é muito menor. Portanto, o seguro é muito mais barato. Entretanto, para algumas profissões, o impacto é muito relevante. Logo, dependendo de sua profissão, ele tende a ser fundamental.Não importa se você gosta ou não de seguro, antes de tomar qualquer decisão, você precisa fazer um planejamento financeiro para entender, além da necessidade, qual o tipo e qual o capital necessário a ser segurado.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-13 21:57:00
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Estreia de 'Xuxa, o Documentário' ignora os primórdios eróticos da carreira da apresentadora
O início da década de 1980 foi um período único na história do Brasil. O país estava exausto depois de quase 20 anos de ditadura militar. Além de não podermos votar para presidente, ainda experimentávamos uma inflação galopante, que só seria debelada muitos anos mais tarde. Mas, nas artes e nos costumes, o clima era de efervescência. A censura retrocedia, e peça e filmes proibidos de repente entravam em cartaz. Nas praias, surgia o biquíni fio-dental, e as mais ousadas praticavam o topless. O nu frontal foi liberado nas revistas masculinas, e toda uma indústria de pornografia explícita começou a se formar às margens do "mainstream" cultural. Em meio a esse oba-oba, Pelé começou a circular com uma namorada nova. Xuxa Meneghel tinha apenas 17 anos e era de fato muito bonita, mas não se destacava em meio às dezenas de lindas modelos que despontavam naquela época. No entanto, sua presença constante ao lado do rei do futebol garantiu a ela uma enorme cobertura da mídia, e Xuxa se tornou famosa apenas por isto. Mais Pelé não era ciumento e deixava a namorada posar nua para todas as revistas. Xuxa e sua amiga Luiza Brunet, outra beldade que caiu no gosto do público, apareciam em todas as publicações do gênero. Para manter o bronzeado no corpo inteiro, as duas tomavam banho de sol totalmente peladas, numa praia isolada próxima ao Rio de Janeiro. Depois de inúmeras capas para a extinta revista "Ele & Ela", o destino natural de Xuxa parecia ser o cinema. Em 1982, ela fez um pequeno papel no filme "Amor, Estranho Amor", de Walter Hugo Khouri: uma jovem prostituta que tirava a virgindade de um garoto de 14 anos, num bordel de luxo de São Paulo. A estreia de Xuxa na tela grande se tornou uma lenda e uma enorme dor de cabeça para ela, e será abordada em detalhes no segundo episódio da minissérie "Xuxa, o Documentário", dirigida por Pedro Bial. Mas o primeiro capítulo, que chegou na noite desta quinta (13) à plataforma Globoplay, passa batido pelos primórdios eróticos da carreira daquela que viria a ser a Rainha dos Baixinhos. Este episódio inaugural, aliás, tampouco fala da infância e da adolescência da apresentadora, que nasceu em Santa Rosa, no interior do Rio Grande do Sul, e depois se mudou com a família para o subúrbio carioca de Bento Ribeiro. Xuxa surge na série já plenamente formada, tal Vênus emergindo das águas. Mais Há muitos depoimentos interessantes de gente que participou do "Clube da Criança", o programa infantil que Xuxa comandou na TV Manchete, e do "Xou da Xuxa", a atração matinal da Globo que a transformou numa superstar. A própria apresentadora compartilha detalhes saborosos, e ri de sua ingenuidade naquela fase. Mas um pouco mais de contexto histórico faria bem para a compreensão e sua trajetória. Só mesmo naquele Brasil desbundado dos anos 80 que uma modelo, sem nenhuma experiência em frente às câmeras de TV, conseguiria passar de musa das revistas masculinas para ícone da garotada. E não foi uma transição gradual: num dia Xuxa estava nua em todas as revistas, e no dia seguinte já era idolatrada por crianças do Oiapoque ao Chuí. Sua atuação no "Clube da Criança" se tornou folclórica, e hoje rende memes como o incontornável "senta lá, Claudia". Os críticos a acusavam de ser rude com os pequenos, mas este era o segredo de Xuxa: apesar do corpo voluptuoso, ela era tão imatura quanto seus fãs mirins, e os tratava de igual para igual. O tom professoral dos antigos apresentadores de programas infantis foi enterrado por ela, para todo o sempre. Mais Hoje seria quase impensável que uma mulher que todo mundo já havia visto nua se tornasse o maior nome do entretenimento infantil. O Brasil encaretou, e aquela bagunça libertária de 40 anos atrás foi substituída por tribunais da internet e um moralismo hipócrita. Como a própria Xuxa diz na série, ela apareceu na hora certa. Ainda falta quase um mês para vermos na íntegra o momento mais aguardado de "Xuxa, o Documentário": o reencontro da apresentadora com sua ex-empresária Marlene Mattos. O Fantástico já exibiu algumas cenas, mas o embate entre as duas – e que deixou Xuxa bastante decepcionada – só virá no quinto e último episódio da série.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-07-13 20:27:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/07/estreia-de-xuxa-o-documentario-ignora-os-primordios-eroticos-da-carreira-da-apresentadora.shtml
Não há sustentabilidade sem ciência
É notável a contribuição da ciência brasileira para uma pluralidade de domínios em nossa sociedade. Da pesquisa acadêmica pura à tecnologia e inovação, a ciência faz avançar nosso entendimento de mundo e nosso progresso como país. Talvez em nenhum outro âmbito seu impacto seja tão claro quanto no da sustentabilidade, em seu significado mais holístico.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A ciência produzida no Brasil vem desempenhando um papel central no combate às mudanças climáticas, na conservação de biomas, no avanço do uso sustentável da terra e no caminho em direção à saúde única. Ressalto que este último conceito é particularmente relevante para o avanço da Agenda 2030, estabelecida pelas Nações Unidas. É o elemento que perpassa boa parte dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).A noção de saúde única está sendo cada vez mais explorada pela comunidade científica, em especial desde 2004, quando da conferência One World One Health, em Nova York. Na ocasião, foram estabelecidos 12 princípios para combater de forma interdisciplinar as maiores ameaças à vida saudável na Terra, partindo da ideia central de que a saúde humana é inseparável da saúde animal e da ambiental.Essa abordagem vem se firmando como resposta à necessidade de lidar com os desafios da saúde global de maneira integrada. E só cumpriremos os chamados princípios de Manhattan, delineados há quase 20 anos, à base de muita ciência. Só a ciência evidencia o vínculo essencial entre a saúde humana, a animal e a ambiental (princípio 1). Só a ciência é capaz de elaborar abordagens para prevenir, monitorar, controlar e mitigar doenças emergentes (princípio 5). Só com ciência desenvolveremos soluções para ameaças de doenças infecciosas (princípio 6).Há, assim, um elo indissolúvel entre saúde única e ciência. O protagonismo desta é condição necessária para alcançarmos o almejado equilíbrio homem-ambiente. Ciente disso, a Academia Brasileira de Ciências, juntamente com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, manifestou recentemente preocupação e surpresa com a ausência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no Conselho Nacional instituído para a 30ª Conferência das Partes, a ser realizada em Belém em 2025.Estamos certos de que o governo brasileiro saberá prontamente sanar o engano, para que o MCTI possa ter o papel de destaque que lhe cabe na organização da COP30. É o que seria condizente com a intensificação das ações do Poder Executivo no cenário externo em prol da mitigação das mudanças climáticas.Nos últimos dias, o presidente Lula assinou artigo de opinião nesse sentido com outros 12 chefes de Estado e da União Europeia, em texto publicado na íntegra nesta Folha. Os mandatários defendem a convergência entre redução da pobreza e proteção do planeta. Destacam ainda a necessidade de uma transição ecológica justa para viabilizar o desenvolvimento sustentável e inclusivo, reiterando que o momento é de aceleração do progresso mundial rumo aos 17 ODS. Mais uma vez, só com ciência chegaremos lá.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-13 18:48:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/nao-ha-sustentabilidade-sem-ciencia.shtml
Conheça o trompetista Rubinho Antunes que lança 'Sopro e Cordas' nesta sexta-feira
O trompetista, compositor, arranjador, professor e "fio" do saudoso Rubão (1939-2021), figura muito querida na cidade de Santa Rosa de Viterbo, no interior de São Paulo, esse "tar" de Rubinho Antunes lança nesta sexta-feira (14), nas plataformas digitais, com participação de Nailor Proveta, o belíssimo e bem produzido EP "Sopro e Cordas".Um EP é a abreviação de "extended play", formato de gravação de músicas mais longo que um single, com menos faixas que um álbum ou um LP. Geralmente é utilizado por ser um meio menos caro e demorado de produzir e lançar composições, comparando-se a um álbum.Tratando-se do EP "Sopro e Cordas", quatro composições com arranjos para sopro e quarteto de cordas com participação especial de Nailor Proveta, no clarinete, são extremamente bem escritas, arranjadas e tocadas por Cleber Almeida (bateria), Bruno Barbosa (contrabaixo), Thiago Carreri (violão), Olivier Truchot (piano), Duda Lazarini (bateria), além do quarteto Ludere que gravou a faixa "Butitcho".Entre 2020 e 2021, Rubinho Antunes escreveu as composições de "Sopro e Cordas", e as gravou de forma remota com as cordas lideradas por Aramis Rocha da Orquestra Sinfônica de Campinas.Inspiradas em integrantes de sua família, das quatro músicas de "Sopro e Cordas" três são de autoria de Rubinho Antunes, sendo "Gismonti" de autoria do exímio baterista Nenê, dedicada ao pianista Egberto Gismonti, e que no EP "Sopro e Cordas" tem as belas participações de Cleber Almeida, na percussão, e de Olivier Truchot, no piano."Rosi" é música composta em homenagem à mulher de Rubinho, que toca flauta na gravação. "Rafa" é valsa dedicada a Rafael, filho mais velho do trompetista. E, por fim, "Butitcho" é a música composta para Benício, seu filho caçula. A música conta com a participação dos companheiros de Rubinho do grupo Ludere: Philippe Baden Powell (piano), Daniel de Paula (bateria) e Bruno Barbosa (contrabaixo).Além desse "tar" de Rubinho Antunes, a bucólica cidade de Santa Rosa de Viterbo, que dista cerca de 286 quilômetros da capital, é a cidade natal do jornalista José Hamilton Ribeiro, do ex-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio (1934-2015), da compositora Simone Guimarães, e onde morava o simpático Rubão, que além de saber "fazer" músico muito bem -ele era pai de Rubinho-, servia um risoto de manga e uma rabada com polenta memoráveis em seu restaurante.Foi em Santa Rosa de Viterbo que Rubinho iniciou seus estudos em música antes de estudar no Conservatório de Tatuí (SP), na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde fez sua graduação, e se tornar mestre em música pela Universidade Paris 8, na França, onde vive atualmente e leciona nas escolas Harmonie de Grenoble e na escola de música da cidade de Seyssinet Pariset.Rubinho Antunes é músico que há muito se destaca por seu saber, talento e criatividade como compositor, instrumentista e arranjador. Entre os que tiveram o prazer de compartilhar seu sopro limpo, preciso, harmonioso e instigante estão vários artistas do ramo como Johnny Alf (1929-2010), Rosa Passos, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Marcos Valle, Guinga, Toquinho, Lenine, Criolo, Ivete Sangalo e Ney Matogrosso.O trompetista gravou dois álbuns autorais, "De Viterbo" (2006) e "Expedições" (2018), além de ter participado de diversas formações instrumentais em grandes bandas, como a Hermeto Pascoal Big Band, Nelson Ayres Big Band, Banda Mantiqueira, Banda Savana, Brazilian Scandinavian Orchestra, Banda Urbana e o noneto Quebra Cuia.Como professor, Rubinho Antunes lecionou nas melhores escolas de música do Brasil e do exterior, como no Conservatório de Tatuí, na Universidade Santa Marcelina e no Clube de Choro de Paris.Antes de ouvir na íntegra o EP "Sopro e Cordas", que será lançado na próxima sexta-feira (14), no canal de Rubinho Antunes, no Spotify, vá curtindo o som de "Rosi" em https://open.spotify.com/track/0R4tcxlHEl92dHT4SrOfXE?si=599c535fa67d4a81.Conhecer o trabalho musical de Rubinho Antunes é ter contato com uma música feita com respeito a ela e a quem a escuta.Boa audição!
2023-07-13 15:13:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/07/conheca-o-trompetista-rubinho-antunes-que-lanca-sopro-e-cordas-nesta-sexta-feira.shtml
Artistas e empresários, uma relação complicada
Nos últimos dias, por motivos e histórias bem diferentes, todos nós temos falado da relação entre artistas e as pessoas que cuidam de suas carreiras, sejam empresários, diretores, amigos, parceiros ou combinações dessas possibilidades.No caso de Xuxa e Marlene Mattos, as questões que envolvem as duas sempre foram muito comentadas e, agora, ainda mais expostas, especialmente com o lançamento de "Xuxa, O Documentário" e das oportunidades que ambas têm tido de contar suas vivências, cada uma pelo seu ponto de vista. Até porque ambas estão vivas e, felizmente, muito bem de saúde.O mesmo não se pode dizer no caso da saudosa e amada Gal Costa, cujo nome tem voltado à mídia desde a publicação da reportagem "A História da Misteriosa Viúva de Gal Costa" da revista piauí, que revela o quanto sua ex-companheira se envolvia na carreira, nas decisões profissionais, nas finanças e em tudo que dizia respeito à cantora. A viúva ainda pode falar e contar sua versão dos fatos, mas a divina Gal não. Mais Fato é que essa ligação entre artistas e seus empresários é muito complexa, às vezes, até mais do que um casamento. Primeiro porque há empresários de todos os tipos, dos que alavancam até os que atravancam carreiras, dos que são fãs aos que são haters, dos que fazem pontes até os que querem ser mais artistas que seus empresariados.Na minha carreira trabalhando em televisão, conheci tipos maravilhosos de empresários: carinhosos, competentes, que amam seus astros e estrelas e querem seu bem mais do que querem o bem deles próprios. Sei de pelo menos três casos de fãs que passaram a dedicar suas vidas a seus ídolos, como secretários particulares, produtores pessoais e até parceiros afetivos. Também conheci intermediários arrogantes que faziam exigências absurdas para que seus representados aceitassem convites para entrevistas e apresentações.Lembro de um caso no Programa do Porchat (Record, 2016-2018) que foi um expoente do absurdo. A pessoa que cuidava da carreira do cantor, que àquela época vivia um certo "auge", exigiu que Fabio Porchat fosse ver o show do artista várias vezes. Depois colocou condições estratosféricas em relação à participação no talk show, como assuntos que não poderiam ser mencionados e perguntas que não seriam respondidas. E, por último, a pessoa deu uma janela de tempo cronometrada para que gravássemos com o artista.No momento em que ele pousasse seu jatinho, helicóptero, charrete, abóbora —nem me lembro—, a empresária acionaria um cronômetro e nós todos da produção, incluindo Porchat, teríamos "x" minutos, para fazer a entrevista e encerrar. Achei tão patético que me segurei na reunião para não mandar um "escuta aqui, tu tá achando esse seu agenciado é quem?" e melar a negociação.Fiquei me perguntando se aqueles pedidos todos tinham vindo mesmo do convidado ou se a agente tinha inventado aquilo tudo para dar uma sensação de que seu agenciado era mais importante e requisitado que o papa. Mais Por razões como essas, muitos artistas preferem escolher amigos próximos ou familiares para cuidarem de suas carreiras. Quando existe um laço de sangue, ou de amizade antiga, costuma haver mais confiança. Porque o empresário vai conhecer o artista de forma muito íntima, vai saber de todos os seus detalhes, seus segredos, seus problemas, vai ter acesso a informações sobre suas finanças, seus negócios, tudo. Nesse sentido, um ex-empresário pode gerar muito mais problemas para a carreira do que ex-cônjuge.Um exemplo de sucesso de relação artista-empresário com laços de sangue é o da advogada Karina Sato Rahal, a competentíssima irmã de Sabrina Sato, que se tornou uma das mais famosas agentes de artistas do Brasil. Já Ivete Sangalo não teve a mesma sorte. Durante muitos anos a cantora foi empresariada por seu irmão Jesus, falecido em 2019. Quando os dois romperam a parceria, ficaram sem se falar e só se reconciliaram alguns anos mais tarde.O que podemos dizer é que não há uma fórmula certa. Cada um vai tentando até acertar, na base da tentativa e erro.No fundo, a questão que o artista tem que responder é sempre a mesma: em que podemos confiar 100%? Se a pergunta já é difícil de ser respondida por cidadãos comuns, como nós, imagine num ambiente que envolve dinheiro, fama e poder.Gal era um talento único. Uma diva. Dói o coração da gente pensar que ela possa ter sofrido em silêncio sem soltar aquela linda voz para pedir ajuda. Fica o consolo de que agora ela descansa em paz.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-13 13:18:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/artistas-e-empresarios-uma-relacao-complicada.shtml
'Deus está triste': bebês gerados por IA viram febre e piada nas redes sociais
Nesta semana, imagens de crianças geradas por Inteligência Artificial dominaram as redes sociais de famosos e anônimos. Personalidades como Gil do Vigor, Pequena Lô, Viih Tube e Virgínia compartilharam versões de crianças similares a elas, geradas pelo aplicativo Remini. Com características similares às suas, os bebês aparecem em seus colos, em imagens que simulam retratos de família."Deus está triste com tanto bebê de IA", diz um meme sobre a onda de publicações. Outros comparam imagens geradas à personagem Renesmée, filha dos protagonistas Edward Cullen e Bella Swan no filme "Amanhecer - parte 2", da saga Crepúsculo. Lançado em 2012, o longa foi alvo de críticas pela baixa qualidade dos efeitos especiais. Perfis também apontam falhas na geração de imagens, como a multiplicação de braços dos bebês. Alguns dizem que a tendência é "cafona".Além das críticas à qualidade das imagens geradas, o compartilhamento de dados também voltou ao debate no Twitter. Perfis alertam para perigos da cessão de dados ao aplicativo de IA, enquanto outros dizem não aguentar mais esse discurso.Na plataforma, um perfil cita o caso da utilização da imagem gerada por IA da cantora Elis Regina, morta em 1982, pela Volkswagen. No último dia 4 de julho, uma campanha comemorativa de 70 anos da marca no Brasil reuniu Elis e sua filha, a cantora Maria Rita, e dividiu opiniões nas redes.Entre publicações descontraídas e sérias, alguns perfis se mostram avessos à moda. "Nem filho virtual eu quero", diz um usuário. Outro compartilha imagem gerada por Inteligência Artificial que, ao invés de uma criança, mostra um gato.
2023-07-13 12:26:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/deus-esta-triste-bebes-gerados-por-ia-viram-febre-e-piada-nas-redes-sociais.shtml
Wikipedia realiza concurso de fotografias da natureza
O concurso Wiki Loves Earth vai premiar fotografias que retratem as paisagens, animais e plantas presentes em áreas de preservação ambiental. A competição acontece em diversos países e busca trazer visibilidade para a proteção da natureza. O projeto é realizado pela Wikipedia, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.As inscrições para a etapa nacional do concurso são gratuitas e podem ser feitas até o dia 1º de agosto por meio da plataforma Wikimedia Commons.A premiação é dividida em três categorias: paisagens, seres vivos e destruição ambiental. Para concorrer, as fotos precisam ser feitas em unidades de conservação ambiental. Uma lista com os locais está disponível no site do concurso.O fotógrafo vencedor da etapa nacional terá como prêmio a oportunidade de participar de uma expedição fotográfica para uma área de proteção ambiental brasileira a ser definida. As 15 melhores fotos passarão para a etapa internacional, concorrendo com imagens de outros 50 países.Na fase global do concurso, as vinte melhores fotografias serão premiadas com vale presentes. A bonificação pode variar de US$ 100 (cerca de R$ 480) a US$ 650 (cerca de R$ 3.120), de acordo com as colocações dos participantes.O resultado da fase brasileira será divulgado no dia 30 de agosto. Para a competição internacional, a revelação dos vencedores está prevista para o mês de novembro. Mais Os registros enviados para o concurso ficam sob uma licença livre, podendo ser utilizados por qualquer pessoa, não só na Wikipédia, sem qualquer tipo de pagamento. O uso das imagens deve ser feito com a menção ao nome do fotógrafo.Mais informações e orientações para inscrição estão disponíveis no site do projeto.
2023-07-13 12:46:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/07/wikipedia-realiza-concurso-de-fotografias-da-natureza.shtml
Galeria Metrópole, em SP, recebe feira de decoração e moda neste fim de semana
A Rede Jardim Secreto, projeto que promove feiras com pequenas marcas que expõem e vendem seus produtos, firmou parceria com a Galeria Metrópole, no centro de SP. O evento, agora, acontece mensalmente no espaço, sendo a próxima edição neste sábado (15) e domingo (16).Fundada há dez anos por Claudia Kievel e Gladys Maria Tchoport, a Rede Jardim Secreto busca fortalecer pequenos negócios, mas também traz outras atividades em seus eventos.Na Galeria Metrópole, novo polo criativo do centro da capital, vai acontecer no segundo final de semana de todo mês. A próxima edição conta com mais de 150 marcas autorais de decoração, moda e acessórios, como a Gypso, Pot e Moma. Mais Além disso, haverá praça de alimentação com opções veganas e não-veganas e espaço infantil no subsolo do prédio. O terceiro andar da galeria será dedicado a rodas de conversa e oficinas gratuitas.Essa é a segunda vez que o projeto ocupa o icônico edifício modernista, a primeira aconteceu em maio. A parceria tem previsão de durar até dezembro. Outras edições até o fim do ano acontecerão também na rua.
2023-07-14 14:30:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/galeria-metropole-em-sp-recebe-feira-de-decoracao-e-moda-neste-fim-de-semana.shtml
Receita universitária
As três universidades estaduais paulistas têm um problema. Hoje, elas são financiadas pelo repasse de 9,57% da cota-parte do ICMS do estado. Mas, se a reforma tributária vingar, como se espera que ocorra, o ICMS irá acabar.A dimensão aritmética do problema é mais fácil de resolver. Pode-se considerar a média dos valores recebidos pelas instituições nos últimos anos, por exemplo, e assim calcular um novo percentual da arrecadação a ser destinado às instituições de ensino superior.Para a comunidade acadêmica, entretanto, os riscos vão além da definição dos números —têm também uma dimensão política.O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já sinalizou que pretende preservar a autonomia de USP, Unicamp e Unesp, além do volume de recursos que elas recebem. A indicação do Bandeirantes é muito positiva, mas não tem força vinculante.A decisão caberá, em última instância, à Assembleia Legislativa. Tarcísio, ademais, deve sua eleição ao bolsonarismo, um movimento político que se compraz em gerar embaraços para as universidades.Não é improvável que deputados estaduais desse grupo queiram reduzir os repasses, enquanto forças à esquerda desejam elevação. Os próprios reitores têm sua agenda.Atualmente, o financiamento das universidades paulistas é definido por meio de decreto, e os dirigentes gostariam de fixar as verbas na Constituição estadual —como já ocorre com a Fapesp, a fundação de amparo à pesquisa.Esta Folha entende que a autonomia universitária precisa ser preservada. Nesse sentido, o volume de recursos, a partir de uma parcela fixa da receita do estado, deveria ser mantido e assegurado.Nada disso isenta as universidades de buscarem novas fontes de financiamento. Há várias possibilidades, de patentes a convênios com empresas para projetos.Todo o ensino superior brasileiro, aliás, deveria contar com financiamento parcial por parte de seus estudantes. Aqui existe, para além do aspecto financeiro, uma questão de equidade social.A conclusão de um curso universitário costuma ser sinônimo de salários superiores à média nacional ao longo de toda a vida. Não é justo que o egresso de uma instituição pública não pague nada pelo título, mas se aproprie privadamente da renda extra que ele lhe aufere.De novo, existem várias saídas para lidar com a questão. Uma particularmente interessante é cobrar uma alíquota adicional de Imposto de Renda dos egressos de universidades, em favor destas.Por resistências ideológicas e corporativismo, o Brasil permanece atrasado num debate essencial para a educação superior.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-12 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/receita-universitaria.shtml
Leitores criticam silêncio de Mauro Cid durante a CPI do 8/1
Fardado "Cid vai à CPI do 8/1 fardado, relativiza suas atribuições sob Bolsonaro e fica em silêncio" (Política, 11/7). Mauro Cid fardado ou fantasiado? Não fosse ele tenente-coronel, amigo de generais com pai general, já teria sido expulso do Exército e proibido de usar a dita farda. Valdicilia Tozzi de Lucena (São Paulo, SP)Vergonha alheia. O Exército brasileiro não merece um bobo da corte desses fardado e calado. Antonio Renato de Andrade (Rio de Janeiro, RJ)Machismo "Deputado bolsonarista associa mulheres a procriação em bate boca na CPI do MST; veja vídeo" (Política, 12/7). Uma estupidez dessa só poderia vir de um bolsonarista mesmo. Segue o líder na misoginia, machismo e ignorância. Ainda fala em plenário para aparecer nas redes e TVs como realmente é: uma vergonha enorme para o Parlamento. Coitadas das mulheres da família dele, viver na Idade Média deve ser doloroso. Leonilda Pereira Simões (São Paulo, SP)Triste, muito triste vermos o tipo de gente que foi eleita para representar os brasileiros. Temos visto constantes manifestações machistas, racistas e homofóbicas! Ou tratamos isto com o rigor da lei ou tudo vai desbancar em violência, dentro e fora do Congresso! O Conselho de Ética deve se despir do corporativismo e fazer jus às suas atribuições! Vilarino Escobar da Costa (Viamão, RS)Marca de governo "Governo Lula decide acabar com escolas cívico-militares, bandeira de Bolsonaro" (Educação, 12/7). Ao Exército cabe a defesa, o que é bem diferente de educação, que cabe ao governo através do MEC. O que os militares estão mesmo precisando é de atividade em prol da sociedade, auxiliando nas construções de infraestrutura. Mateus Vaz de Sá (Goiânia, GO)Milico bom é milico pintando meio fio e não ensinando a dar golpe nas escolas. Queria agora é saber se o bananinha ficou satisfeito em ser atendido tão rápido quando pediu o fim de doutrinadores nas escolas. Patricia Floriano Pedrosa (Brasília, DF)Cargos "Lula autoriza negociar Caixa e Funasa e discute trocas em bloco com centrão" (Política, 11/7). Vendeu-se mais rapidamente que seu antecessor. O eterno círculo. Lenise de Souza Ferreira (Joinville, SC)É um monstrengo horroroso esse nosso Parlamento e esses partidos políticos, vazios de ideologia ou programas, que se encostam nos governos sejam eles quais forem. O centrão representa o que de pior possa existir em termos de parlamentares, pessoas cujos mandatos só servem para extorquir os governos de ocasião e encher os bolsos com dinheiro público, dificilmente destinado integralmente ao bem-estar e justiça social da população que dele precisa para sua dignidade. Maria Irene de Freitas (Rio de Janeiro, RJ) Convite "Zelenski pressiona, mas fracassa em convencer Otan a admitir Ucrânia" (Mundo, 11/7). Típico. A Otan sabe o preço de ultrapassar certos limites com a Rússia. Eles provocam, testam, mas recuam, porque sabem das consequências, dos custos envolvidos. E sabem também do potencial russo para uma resposta à altura e do apoio que ela tem da China. Zelenski vai descobrir muito em breve o seu papel real nessa farsa e o seu verdadeiro potencial para ser descartado. É pura geopolítica e nesse jogo não cabem amadores. Sérgio Ricardo Habermann (Curitiba, PR)Crianças atingidas "Garoto de 12 anos morre baleado em aniversário no RJ; polícia apura disputa entre milicianos" (Cotidiano, 10/7). Mortes de inocentes alvejados em confrontos de policiais com traficantes já alcançaram número mais do que suficiente para ensejar medidas voltadas a impedir que a ação policial se dê dessa forma. Medidas com o objetivo de romper com a rotina de violência que há anos vem vitimando crianças e adolescentes, em casa, na rua, no parque, no caminho da escola. Não apresentam resultados concretos no combate ao tráfico, que segue intenso, mas semeiam insegurança, medo e revolta entre os segmentos vulneráveis, a quem o Estado teria o dever primordial de proteger. Patricia Porto da Silva (Rio de Janeiro, RJ)Reparação "Funcionária demitida na ditadura militar é reintegrada ao quadro de Itaipu após 46 anos" (Mercado, 10/7). Figueiredo pediu que o esquecessem, mas a democracia não esqueceu a Sônia. Parabéns, a sociedade tem uma dívida com você, esperamos que seja recompensada! Helio Cardoso (Mirassol, SP)Ditadura serve para isso: perseguir sem motivo, favorecer amigos. E tem quem defenda. Ana Rodrigues (Guarulhos, SP)Novos tempos "Ter filhos virou um mau negócio" (Luiz Felipe Pondé, 9/7). Pondé genial como sempre. E com sua genialidade escancara o presente e o futuro medíocre da sociedade. Anderson Fazoli (São Paulo, SP)Colunista "Injustiça antiga" (Deirdre Nansen McCloskey, 11/7). Já escrevi para esta Folha que me sentia mal em não entender o pensamento da colunista Deirdre McCloskey. Para justificar minha desinteligência cheguei a questionar os seus tradutores e cogitei pular sua coluna. Insisti. Finalmente concordei com tudo que escreveu sobre as migrações e os justiçamentos com o passado. Jairo Geraldo Guimarães (Santo André, SP)Pendência "Usuários de drogas atacam ônibus e caminhões na cracolândia" (Cotidiano, 11/7) Todo mundo quer ganhar a eleição em São Paulo, mas quem é capaz de assumir essa bronca de verdade? Não tem almoço grátis, o maior orçamento traz como brinde um dos maiores problemas. Claudia de Oliveira (São Paulo, SP)
2023-07-12 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-criticam-silencio-de-mauro-cid-durante-a-cpi-do-81.shtml
África está entre os maiores parceiros potenciais para o Mercosul
Diante das dificuldades quase incontornáveis de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o bloco sul-americano deve ampliar seus horizontes com outros agrupamentos econômicos e regiões. Nesse sentido, não há tempo a perder: a África, nossa vizinha, inclui-se entre os maiores parceiros potenciais com que Brasil e os países sócios do Mercosul devem se aproximar.O governo do presidente Lula já redefiniu a política de reaproximação com o continente africano, depois do afastamento absurdo promovido pelo governo neofascista passado. Os 54 países da África passam por um momento de grande transformação, com atrativos econômicos que têm despertado o interesse de diferentes nações. Esse impulso ao relacionamento promovido pelo governo brasileiro deve ser replicado como política unificada do bloco do Cone Sul.De fato, surge no horizonte a perspectiva de negociação de acordo de livre comércio do Mercosul com a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA). Essa área é importante, pois cria um mercado potencial de 1,4 bilhão de pessoas. A expectativa, segundo a consultoria McKinsey, é de que se crie um mercado consumidor de quase US$ 5,5 trilhões em 2030. O Produto Interno Bruto (PIB) do continente africano deverá crescer 4% neste ano e 3,8% em 2024, prevê a Organização das Nações Unidas (ONU).A aproximação com o continente africano é questão estratégica. O bloco não pode correr o risco de perder mais fatias do mercado africano, como já aconteceu com o Brasil no período recente. Atualmente, o Mercosul tem acordo com a Sacu (União Aduaneira da África Austral formada pela África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia). Há também um com o Egito. Ambos os acordos são um exemplo do que pode ser feito com o restante da África.A presença ampliada do Mercosul necessita, entre outras coisas, da superação de distorções disseminadas nos últimos anos pela extrema direita a respeito do financiamento a exportações. No caso específico brasileiro, conforme lembra o presidente da Apex, Jorge Viana, houve deturpação do que é esse tipo de operação.Ora, a China e EUA financiam pesadamente as exportações. Há 110 agências de financiamento a exportações no mundo. O Brasil, assim como seus parceiros do Mercosul, não pode ficar refém do preconceito e dos ataques de cunho político e ideológico contra o sistema de financiamento a exportações só por causa de problemas com um ou outro país. Mais Não podemos perder grandes negócios com base em preconceitos. No setor de máquinas e equipamentos de transportes, por exemplo, o mercado africano é promissor. O Mercosul dispõe de diferentes tecnologias e produtos de interesse dos africanos. Equipamentos agrícolas e industriais, técnicas agropecuárias, engenharia de construção, turbinas hidroelétricas, além de vasto campo de cooperação profissional em áreas como saúde, educação, meio ambiente, formação de mão de obra etc.A corrente de comércio anual da África supera US$ 1 trilhão, com participação marginal do Cone Sul. A África é vizinha e ainda tem afinidade cultural, em especial com o Brasil, mas do ponto de vista econômico e comercial está distante de nossa região. Em contraste, a China, país do outro lado do planeta, está cada vez mais presente, com atividade frenética em todas as áreas.No meio diplomático, já há quem defenda a realização de uma reunião de cúpula entre dirigentes do Mercosul e da África para lograr um arrojado Acordo de Livre Comércio. A aproximação do Cone Sul com a África pode se tornar um dos maiores exemplos globais de cooperação Sul-Sul, com grandes benefícios recíprocos.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-12 18:55:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/africa-esta-entre-os-maiores-parceiros-potenciais-para-o-mercosul.shtml
Israel em crise no tempo mais trágico do judaísmo
Os judeus ultra-ortodoxos que estão levando Israel à beira do abismo, com a coalizão de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, deveriam ser os primeiros a temer os próximos dias 26 e 27 de julho, o "Tishá B’Av", o nove do mês de Av no calendário hebraico, que marca a destruição dos dois templos de Jerusalém, em 586 a.C. e no ano 70 da era cristã, e a expulsão dos judeus da Inglaterra (1290) e da Espanha (1492). É o dia mais triste e trágico do calendário judaico, observado com um jejum de 24 horas.Os nacionalistas religiosos judeus estão pressionando Israel a anexar a Cisjordânia, a que chamam pelos nomes bíblicos de Judeia e Samaria. Querem uma teocracia; não democracia. Estão atacando palestinos em suas cidades, destruindo suas plantações, queimando seus carros e incendiando suas casas, sem que sejam impedidos ou punidos.Não foram eles os fundadores de Israel. Foram os judeus seculares — antes, durante e depois de 1948, a Independência, e até 1977, a eleição do primeiro governo de direita. Esses israelenses nas ruas protestando contra a atual ameaça à democracia sustentam, pagando impostos, a agora poderosa comunidade ultra-ortodoxa, isenta do serviço militar e que se limita a estudar a Torá, o livro sagrado do judaísmo. Foi o primeiro-ministro Netanyahu quem lhes deu força e poder, nomeando ministro da Segurança Nacional o extremista Ben Gvir, banido do Exército, e que ostentava em sua casa o retrato de Baruch Goldenstein, judeu imigrante dos EUA que matou 29 palestinos numa mesquita da Cisjordânia, em 1994. Ele também alçou ao Ministério das Finanças o líder do partido religioso sionista, Bezalel Smotrich, para quem não existe povo palestino.Nem o antigo primeiro-ministro Menachem Beguin, o primeiro à direita e radical eleito em Israel, em 1977, ousou tanto quanto, hoje, o governo de Netanhyahu.Os manifestantes antigoverno reclamam que querem pertencer ao país que eles construíram e que defenderam em várias guerras. São o PIB nacional. A grande maioria é do setor de alta tecnologia, finanças, negócios, medicina, juízes e advogados, inteligência militar, força aérea e naval. Sem eles, Israel não existe. Por vídeo, na segunda-feira, Netanyahu argumentou: o plano "não é o fim da democracia, mas sim o reforço da democracia. A independência dos tribunais e os direitos civis em Israel não serão prejudicados de forma alguma".A dúvida está nas ruas, entre os manifestantes. Eles querem manter o controle sobre o poder do governo, dado a excessos. Querem que Netanyahu seja julgado nos dois processos de corrupção abertos contra ele, há três anos. Temem que, limitada a Justiça, ele substitua o procurador-geral Gali Baharav-Miara por outro amigo que o absolverá. O chefe da Polícia, Amid Eshed, demitiu-se, acusando Itamar Ben Gvir de lhe pedir para lotar o hospital Ichilov de manifestantes feridos. O presidente Joe Biden disse à CNN no início desta semana que o atual governo israelense tinha "um dos membros mais extremistas dos gabinetes" que ele já tinha visto. E pediu a Netanyahu que "continue a se mover em direção à moderação". O ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, juntou-se aos manifestantes da rua Kaplan, em Tel Aviv. Num momento, dirigiu-se a um policial: "Não são inimigos. Não se deve usar esta força contra os cidadãos".O líder da oposição israelense, Yair Lapid, invocou a destruição do Segundo Templo, de que resta hoje apenas o Muro das Lamentações: "A verdadeira lição da história da destruição, dos dias finais, é que os extremistas nunca veem ou querem ver as consequências de suas ações." O nove do mês de Av é daqui a duas semanas.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-12 19:07:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/israel-em-crise-no-tempo-mais-tragico-do-judaismo.shtml
Ainda vivo, Twitter discute vícios e virtudes da classe médica
Uma mulher decide ir até o pronto-socorro de um hospital particular em busca de tratamento para seus sintomas. Ao chegar no local, nota que não há pacientes aguardando na fila de espera. Ela é avaliada rapidamente por uma enfermeira na triagem, mas aguarda o atendimento médico por cerca de 40 minutos.Quando é atendida, descobre que a demora se deu pelo fato de os médicos plantonistas terem ido jantar juntos, convencidos do baixo movimento na ala. A consulta, que enfim começa, tampouco agrada a paciente. Ela recebe orientação para tomar antibióticos, mas acha absurda a sugestão sem que tenha sido feito "um exame sequer, nem mesmo o hemograma." Revoltada, ela expõe a situação em uma série de tuítes. "É impressionante a qualidade de alguns médicos, a soberba e o descaso com os pacientes. Sempre disse que quem tem compromisso com o cuidado, normalmente, é a equipe de enfermagem. Muitos da classe médica só se importam mesmo com o dinheiro."O relato viralizou na rede social de Elon Musk e rendeu, por dias, uma polêmica sobre condutas da classe médica e procedimentos em alas de urgência e emergência.De um lado, as principais críticas focaram o fato de os médicos terem saído ao mesmo tempo do posto de trabalho, sem revezar os turnos, como é comum em ambientes profissionais. A escolha teria deixado o hospital desassistido, mesmo com o baixo movimento e a ausência de casos graves.A discussão também gerou muitos depoimentos sobre atendimentos médicos controversos.Do outro lado, muitos profissionais da saúde, que formam uma comunidade na rede social apelidada informalmente de "medtwitter" defenderam a postura dos médicos retratados e apontaram equívocos no relato da paciente. Segundo eles, prontos-socorros seguem um protocolo que prioriza os atendimentos de acordo com a gravidade de cada caso, determinada por cores.O sistema de triagem aponta que pacientes de cores vermelha e laranja são considerados muito urgentes e precisam ser atendidos imediatamente ou em até 10 minutos. Já pacientes de cores amarela, verde ou e azul têm menor urgência e devem ser atendidos no prazo de 60 a 240 minutos. Pela descrição da paciente, seu caso não parece ter sido classificado entre os mais graves, embora não seja não possível saber a cor exata recebida no momento de triagem.Outros apontam também que a exigência do hemograma, exame que avalia aspectos das células sanguíneas, não dita a necessidade ou não de antibióticos, e não é mais importante do que o exame físico feito pelos médicos."Esse perfil de paciente é o mais complicado, acha que passar exame é coisa de médico bom, quando, na verdade, o bom médico é aquele que faz diagnóstico clínico e não fica gastando o sistema com exames desnecessários", postou uma usuária.Inflamando ainda mais o debate, alguns médicos atribuíram ao "recalque" as críticas direcionadas à classe. E houve também aqueles que fizeram memes e piadas com toda a discussão.E até Lima Barreto, direto de 1918, foi convidado a se manifestar.
2023-07-12 17:04:00
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Juiz vê risco de elitização de concursos em tribunais de justiça
Sob o título "'Insights'" do CNJ sobre possível risco de elitização de concurso público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo", o artigo a seguir é de autoria do juiz federal aposentado Artur César de Souza. (*)O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, notificou o Tribunal de Justiça de São Paulo para que informe os reais motivos que levaram à decretação de nulidade da fase escrita do Concurso Público da Magistratura.Chama a atenção no ato administrativo do ministro Salomão, dentre outros, o pedido de informação sobre "as razões pelas quais a segunda etapa do certame é dividida em três finais de semana diferentes".É importante ressaltar que a realização da mesma fase do certame concursal, em três finais de semana diferentes, ocorreu também no 12º Concurso de Notários e Registradores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que ainda está em andamento. Esse fato já foi comunicado ao ministro Salomão, no mesmo procedimento aberto em relação ao concurso da magistratura.Parece que Sua Excelência, ministro Salomão, teve um ‘insights’ [intuição] de que essa postura do TJSP, além de quebrar a isonomia entre os candidatos, pode ensejar risco de elitização.Percebeu, o ministro Salomão, que a realização de provas, da mesma fase do concurso, em três finais de semanas seguidos, gera discriminação "odiosa" em relação aos menos favorecidos e com alguma deficiência, indo de encontro à política do próprio Conselho Nacional de Justiça que visa à "inclusão" e não à "exclusão" dos menos favorecidos, seja economicamente, seja em razão de alguma deficiência.O sacrifício dos candidatos "hipossuficientes" economicamente, ou deficientes, para participarem do 12º Concurso de Notários e Registradores, em três finais de semanas seguidos, com despesas de passagens áreas ou de ônibus, alimentação e hospedagem, é exponencialmente maior do que aqueles candidatos economicamente abastados ou que residem em São Paulo.Para a elite, na verdade, não há obstáculos materiais para participar em três ou mais finais de semanas seguidos.O candidato menos favorecido economicamente, proveniente de famílias pobres ou com poucos recursos, ou, ainda, com a alguma deficiência, foi extremamente prejudicado em sua "performance" na prova, seja porque não pode comparecer no certame, seja pelo sacrifício exponencial para realizar o deslocamento em três finais de semanas seguidos.Essa postura do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, seja no concurso da magistratura, seja no concurso de notários e registradores, favorece, direta ou indiretamente, os candidatos que não sejam hipossuficientes e os candidatos residentes no Estado de São Paulo.Não há justificativa plausível, ou mesmo operacional (pois estamos falando da Capital de São Paulo) para tal postura em certame concursal, pois nada impede ou impedia que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo realizasse uma única prova escrita, em um único final de semana, para selecionar os melhores candidatos, assim como o fez com a prova objetiva.Por isso, é necessário que os órgãos de controle, como é o caso do CNJ, avaliem com atenção e com rigor necessário possível descompasso social e econômico ocorrido no concurso da magistratura e no 12º concurso de notários e registradores.É insuficiente que os órgãos de controle encontrem uma solução somente para o futuro, pois diante de grave circunstância de possível quebra da isonomia, ou possível elitização, não se pode aceitar decisão, pelo menos em um Estado Democrático de Direito, que module seus efeitos somente para o futuro, abandonando milhares de candidatos que foram reprovados ou mesmo aprovados com baixa classificação, à própria sorte, com o sentimento de que no Brasil não há mais justiça social.Não se transige como as garantias fundamentais previstas na Constituição Federal.(*) É autor, dentre outros, do livro "A Decisão do Juiz e a Influência da Mídia"
2023-07-12 15:37:00
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Exposição 'B.B. King: Um Mundo Melhor em Algum Lugar' estreia em São Paulo
Acontece na quarta-feira (26), no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, a abertura da exposição "B.B. King: Um Mundo Melhor em Algum Lugar", dedicada ao Rei do Blues, o guitarrista, cantor e compositor norte-americano B.B. King (1925-2015).Inédita, a exposição, que tem término programado para o dia 8 de outubro, trará a São Paulo itens raros da vida e obra do artista, abordando temas de segregação racial e inclusão em uma experiência sensorial, que percorre épocas, fatos e conteúdos da vida de B.B. King, por meio de uma linha do tempo e do espaço.No início da exposição, o público verá uma geometria preta e branca, representando a segregação racial. Pouco a pouco, essa configuração se transforma em uma paleta multicolorida, criando uma praça que celebra a diversidade e convida ao diálogo, sem esquecer do que ainda precisa ser superado.B.B. King, nome artístico de Riley Ben King, nascido em Berclair, no Mississipi (EUA), e morto aos 89 anos, passou a infância nas plantações de algodão. O surgimento do blues e a consagração do artista como uma lenda do gênero estão dentro do contexto da segregação, uma separação causada pelos interesses políticos e econômicos da elite branca racista dos Estados Unidos da América, e legalizada até os anos 1960.O cantor era conhecido como Rei do Blues e considerado o maior guitarrista do gênero de sua geração. Em quase 60 anos de carreira, B.B. King gravou mais de 50 discos. Entre seus hits, estão "Three O’Clock Blues", "The Thrill Is Gone", "Please Love Me" e várias canções que marcaram gerações. Entre os artistas influenciados por B.B. King estão os guitarristas Jimi Hendrix (1942-1970) e Carlos Santana.Entre os itens que serão apresentados estão imagens do acervo do B.B. King Museum, de diversas fases da carreira do artista, desde o jovem Riley Ben King, aos 23 anos, com o violão Gibson L48, de Michael Ocs, até seu retrato exibindo o prêmio de Melhor Álbum de Blues Tradicional na 42ª Cerimônia do Grammy, em 2000. Além disso, a mostra ainda conta com as credenciais de todas as turnês realizadas por B.B. King no Brasil, nos últimos 30 anos, em diversos espaços e configurações. Um pin exclusivo distribuído por B.B. King para fãs ao final dos shows, o primeiro troféu Grammy recebido pelo cantor em 1971 e a icônica guitarra Gibson Lucille, assinada pelo bluseiro, em seu show em São Paulo, em 1993, também fazem parte do acervo.EXPOSIÇÃO ‘B.B. KING: UM MUNDO MELHOR EM ALGUM LUGAR’QUANDO De 26 de julho a 8 de outubro; terças a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18hONDE MIS (Museu da Imagem e do Som), av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo, tel.(11)2117-4777QUANTO De R$ 10 a R$ 20, entrada gratuita às terças-feiras
2023-07-12 12:32:00
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Série sobre a Turma do Balão Mágico enfatiza o alto astral e pega leve com os dramas
O início da década de 1980 foi um momento efervescente para a cultura brasileira. Em seus últimos estertores, a ditadura militar promoveu um processo de abertura, anistiando presos políticos e aliviando a censura. O resultado foi a estreia nos cinemas de filmes até então proibidos, novelas cada vez mais ousadas e a explosão do rock nacional, com dezenas de novas bandas.A renovação na cena pop inaugurou um novo nicho de mercado: o infantojuvenil. Até então, não existiam artistas voltados especificamente para esse público. Música para crianças eram as tradicionais cantigas de roda e as canções de disquinhos com contos de fadas.O fenômeno não nasceu no Brasil. Na Europa ocidental, especialmente na Itália e na Espanha, faixas destinadas ao segmento infantil galgavam as paradas de sucesso. Foi então que Tomás Muñoz, o presidente espanhol da filial brasileira da gravadora CBS, quis trazer essa ideia para cá. Mais Foi assim que surgiu a Turma do Balão Mágico, que durou apenas quatro anos, de 1982 a 1986. Mas o grupo teve um impacto tão grande e marcou de tal maneira toda uma geração que, quatro décadas depois, ele tem sua história contada na minissérie documental "A Superfantástica História do Balão", dirigida por Tatiana Issa, cujos três episódios chegaram nesta quarta (12) à plataforma Star+.A campanha de lançamento do programa tentou carregar nas tintas, exagerando sua carga dramática. Um promo em que Jair Oliveira, integrante do Balão entre 1984 e 1986, dava a entender que não gostava mais de ser chamado de Jairzinho, foi tirado do ar, a pedido do próprio artista.O reencontro entre os quatro membros da formação clássica, que incluía também Simony, Mike e Tob, também prometia uma certa lavagem de roupa suja. Mas o que se vê na tela são muitos abraços, algumas lágrimas e demonstrações de afeto genuíno.O primeiro episódio, "Também Quero Viajar Nesse Balão", conta como os quatro foram recrutados pela CBS. Mike era o único sem um background musical: filho de Ronald Biggs, que fugiu para o Brasil depois de participar no Reino Unido de um grande assalto a um trem, o garoto se destacou por causa dos depoimentos dados à TV em que pedia a libertação do pai, que o governo britânico tentou sequestrar.Os dois primeiros anos do Balão parecem ter sido realmente mágicos. A princípio um trio, a trupe recebe Jairzinho a partir do segundo álbum, e estoura no país inteiro com "Superfantástico", gravada com Djavan. A venda de milhões de discos atrai a atenção da Globo, que cria um programa matinal e diário para o grupo. Mas o episódio termina sugerindo que vêm problemas por aí, causados pela troca da compreensiva empresária Mônica Neves pelo ganancioso Paulo Ricardo.Só que esses problemas não são esmiuçados no capítulo seguinte, "Mãe, Me Dá um Dinheirinho". Depoimentos dos integrantes, de executivos da CBS e de grandes nomes da TV como Boni e Nilton Travesso deixam claro que as crianças trabalhavam demais, cumprindo uma exaustiva agenda de shows, mas não eram exatamente exploradas. Todo mundo ganhou bastante dinheiro. Mais Falta um pouco de drama à série. Problemas com drogas? Mike assume que fumou seu primeiro baseado aos 11 anos de idade, mas jamais se tornou um viciado. Assédio moral? O conceito nem estava em circulação àquela época. Quem for assistir "A Superfantástica História do Balão" esperando escândalos irá se decepcionar."Quando Fica Grande", o episódio final, mostra o inevitável fim do grupo. Até tentaram transformar o Balão Mágico numa espécie de Menudo, em que os membros que atingem uma certa idade são substituídos por outros mais jovens, mas a ideia não vingou. Ricardinho, que entrou no lugar de Tob, mal aparece, e não foi entrevistado.A série também deixa um pouco a desejar quando se propõe a mostrar como estão hoje os quatro membros clássicos do Balão. Não há nenhuma menção à luta contra um câncer que Simony vem travando –talvez por imposição da própria cantora? A carreira atual de Jairzinho, que atualmente vive nos EUA, também é pouco esmiuçada.Tob e Mike não trabalham mais com música: o primeiro virou artista plástico, o segundo é madeireiro. Mas suas personalidades continuam intactas. Tob –ou Vimerson Canavillas, seu nome de batismo– segue sendo introvertido, enquanto Mike ainda é o mais articulado e desinibido de todos.Salpicada por depoimentos de fãs famosos como Lázaro Ramos, Rodrigo Fagundes e Wendell Bendelack, "A Superfantástica História do Balão" tem vários momentos emocionantes, e é plenamente bem-sucedida na missão de registrar a importância que o grupo teve, e ainda tem, para milhões de brasileiros. Mas a série também tem algumas lacunas, além de passar a sensação de que detalhes sórdidos acabaram ficando de fora.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-07-12 12:45:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/07/serie-sobre-a-turma-do-balao-magico-enfatiza-o-alto-astral-e-pega-leve-com-os-dramas.shtml
Kondzilla aposta em nova parceria com marca de bebida para embalar artistas
Após rumores do fim da parceria entre Kondzilla e GR6, a Grzilla —fusão comercial que envolve os direitos do artista MC Kauan—, a produtora liderada pelo empresário Konrad Dantas anunciou uma nova colaboração com a Beats, marca de drinques prontos da Ambev acostumada a investir no funk. Marca que já teve Anitta como diretora criativa e Pedro Sampaio como embaixador, agora inclui em seu quadro os funkeiros Mc Kekel e Mc Danny. A proposta é aproximar os artistas e os fãs, com investimento em novas músicas, clipes e filmes comerciais. Com a curadoria da Kondzilla, a marca também pretende dar apoio a outros artistas que ainda estão nos primeiros passos da carreira.Vale lembrar que Kekel, com uma carreira sólida de uma década, é um dos maiores nomes do funk paulista. Seu estilo que foi do funk minimalista dos anos 2013 até os hits melódicos mais recentes conquistaram milhões de fãs em todo o país.Por outro lado, Mc Danny também se destaca como um dos artistas mais promissores da atualidade. Cheia de hits de sucesso e com 4.5 milhões de visualizações mensais no Spotify, a artista mostrou que sua versatilidade artística ao transitar por diferentes estilos musicais —como piseiro e brega funk— é sua verdadeira formula de sucesso.Thais Soares, diretora de Beats comenta que o objetivo da marca é apoiar os diferentes movimentos culturais. "Para isso, vamos, cada vez mais, fortalecer artistas independentes, creators e formadores de opinião, como forma de reforçar a conexão com o público jovem".
2023-07-12 09:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sons-da-perifa/2023/07/kondzilla-aposta-em-nova-parceria-com-marca-de-bebida-para-embalar-artistas.shtml
Brasileiro, melhor barista do mundo anuncia planos após conquistar título
O melhor barista do mundo não sabe o que fazer.Depois de anos com foco total em campeonatos, o brasileiro Boram Julio Um, 32, chegou ao topo do mundo e, pela primeira vez desde 2019, não precisa se levantar todas as manhãs pensando na incessante rotina de treinos.Em junho deste ano, Boram venceu o Campeonato Mundial de Barista, a mais importante competição da área, feito que o Brasil jamais havia alcançado –o torneio existe desde 2000.Diferentemente de competições esportivas, uma vez que o barista conquista o título de melhor do mundo, não compete mais.A disputa envolve treinos exaustivos e muita insistência. Existem baristas que disputam por vários anos e desistem sem alcançar o título máximo."Então conquistar o mundial foi, de certa forma, um alívio muito grande. Eram rotinas muito intensas. Mas eu ainda não sei o que fazer da minha vida hoje", brinca Boram.Antes do título, a vida era só treinar. Ele se encantou pelo mundo das disputas desde os primeiros passos neste universo.Formado em administração na Universidade de Boston, Boram, descendente de sul-coreanos, trabalhava no mercado financeiro até 2014, quando ficou de "saco cheio", nas suas palavras, e decidiu auxiliar o pai, que desde 2009 cultivava café em Minas Gerais.Começou atuando no controle de qualidade e, depois, assumiu a missão de ajudar o pai a exportar.Então começou a rodar o mundo em feiras e eventos do setor. Foi quando teve o primeiro choque: a indústria dos cafés especiais via os grãos brasileiros com ressalvas."Eu falava ‘a gente está produzindo café de alta qualidade no Brasil’ e 90% das respostas eram na linha do ‘o Brasil não faz café especial, vocês fazem café comercial’. Muitos dos clientes não queriam nem provar nosso café", lembra.Por isso, o agora campeão diz que quer usar o destaque internacional que está recebendo para fortalecer a imagem do Brasil como produtor de grãos de qualidade. Mais Em um dos primeiros eventos de café, em 2015, Boram teve o segundo choque, mas esse positivo. Foi quando assistiu ao campeonato mundial de barista, em Seattle, nos EUA. Na ocasião, o australiano Sasa Sestic foi coroado o melhor do mundo.Aquele momento causou forte impacto em Boram, então com 24 anos e recém-saído do mercado financeiro para a indústria cafeeira. Ele testemunhava, ali, aquilo que é considerado o auge da profissão de barista.Mas o brasileiro preferiu ir com calma e se planejar bem. Assim, deu os primeiros passos em competições em 2019, já com um objetivo muito claro: ser o melhor do mundo.Logo na primeira disputa, Boram venceu o campeonato brasileiro –requisito para representar o país na etapa mundial.Na primeira tentativa no palco global, não deu. Caiu na semifinal. No ano seguinte, mais uma vez venceu a etapa nacional, mas, novamente, o tropeço mundial se deu na semifinal.Em maio deste ano, perguntei para Boram se agora seria diferente.Ele demonstrou confiança e respondeu: "Acreditamos que estamos bem próximos de um primeiro título brasileiro no mundial". Estava mesmo. Cerca de um mês depois, levantou o troféu em Atenas, onde foi realizado o World Barista Championship.Por coincidência, o anúncio dos vencedores foi feito pelo brasileiro Edgard Bressani, autor do livro "Guia do Barista", obra pioneira no assunto, e responsável por trazer ao país os campeonatos de barista, no início dos anos 2000.Bressani, que atuava como mestre de cerimônia do evento, disse que precisou conter a emoção ao receber o ranking final. Era, de certa maneira, o resultado de mais de duas décadas de trabalho em prol dos baristas brasileiros.Estava na hora do Brasil, diz Bressani, ao destacar que o país é o maior produtor do mundo e o segundo que mais consome café.Para ele, o talento e a preparação foram fundamentais na conquista de Boram. Pessoas que acompanham a carreira do barista costumam usar termos como "dedicado" e "focado" para descrever sua trajetória.Para se preparar para a disputa, Boram se cercou de uma equipe composta por pessoas com muita experiência em competições de barista. Ele chegava a treinar 12 horas por dia.Nesses quatro anos dedicados às competições, ele diz que teve apenas uma semana de folga, para ir ao casamento de um amigo.Agora, livre dessas rotinas de treinos, pergunto se ele finalmente vai tirar férias. O barista ri e afirma esperar que sim. Mas, dessa vez, não demonstra muita confiança no que diz. Questões como proporção e qualidade da água interferem no resultado; veja passo a passo para preparar um cafezinho perfeitoMétodo emite menos gases causadores do efeito estufa, mas descarte ainda é um problema; entenda a pesquisaEntenda o que de fato essa categoria significaEnquanto isso, as atenções de Boram se voltam à cafeteria da família, a Um Coffee Co., em São Paulo, e a promover os grãos do Brasil. "O plano é cumprir os objetivos que a gente queria: elevar e enaltecer a qualidade do café brasileiro".Segundo Bressani, o título de fato dá uma projeção muito grande a Boram, que deve aproveitá-la para se tornar um embaixador dos cafés do Brasil.No mundial, os competidores precisam preparar três bebidas: um espresso, uma com leite e um drink. O espresso de Boram foi um café da variedade geisha cultivado no Panamá. Mas, para a bebida com leite, utilizou um blend de grãos panamenhos (70%) e brasileiros (30%). E, no drink, foi de café 100% do Brasil.A partir de agosto, ele deve embarcar para uma série de compromissos internacionais. Como campeão, ele precisa frequentar vários eventos do setor.Agora, ao girar o mundo na condição de melhor barista do mundo, espera receber respostas diferentes daquelas que ouvia em 2015 quando falava sobre o café brasileiro.Ao fim, ele volta a afirmar que quer ver o Brasil percebido pelo mundo como sinônimo de produtor de café de qualidade.E vai advogar por isso.O melhor barista do mundo parece saber muito bem o que fazer.Qual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.brAcompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucena
2023-07-12 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/07/brasileiro-melhor-barista-do-mundo-anuncia-planos-apos-conquistar-titulo.shtml
Terceira mulher mais rica do mundo vende cobertura de 7 andares em Nova York; veja imagens
Julia Koch, filantropa e considerada a terceira mulher mais rica do mundo, vendeu sua cobertura de sete andares no Upper East Side, em Nova York, por US$ 41 milhões (cerca de R$ 198 milhões). O comprador não foi revelado. As imagens e a informação foi confirmada pelo Wall Street Journal.O imóvel, de quase 1.400 metros quadrados, foi adquirido por Julia e seu marido em 2018. Possui oito quartos, 10 banheiros e diversos luxos, como um hall de entrada em mármore e um terraço paisagístico.Julia herdou participações na Koch Industries após a morte de seu marido e tem conseguido manter e aumentar sua fortuna através de transações imobiliárias. Ela também está vendendo um duplex na Park Avenue por US$ 48 milhões. Mais Mais recentemente, a filantropa adquiriu propriedades em Nova York, incluindo apartamentos no Upper East Side e uma casa em Palm Beach, na Flórida.Com uma participação de 42% na Koch Industries, Julia Koch é a terceira mulher mais rica do mundo, ficando atrás apenas das herdeiras da L'Oréal e do Walmart, de acordo com a revista Forbes.
2023-07-11 19:42:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/terceira-mulher-mais-rica-do-mundo-vende-cobertura-de-7-andares-em-nova-york-veja-imagens.shtml
Uma nova lei pela igualdade salarial entre homens e mulheres
O mundo precisará de 257 anos para superar a desigualdade de gênero no trabalho se o atual ritmo de mudanças —lento— continuar imperando. O alerta é da Organização das Nações Unidas, data de 2020 e recomenda aos países, caso queiram mudar esse quadro, que tomem as devidas providências.Pois bem. A Lei nº 14.611/2023, sancionada pelo presidente Lula este mês, é providência essencial. Tive a honra de ser a relatora, na Comissão de Direitos Humanos do Senado, do projeto que deu origem à nova legislação, o PL 1.085/2023. A responsabilidade da relatoria foi compartilhada com a senadora Teresa Leitão e com a deputada Jack Rocha. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, acompanhou a tramitação de perto, participando dos debates no Legislativo e assegurando que, no que depender do governo federal, esta lei será cumprida. É o nosso desejo coletivo: um caminho para que o Brasil vire a triste página da discriminação e da sub-remuneração das trabalhadoras.A partir desta lei, que já está valendo em todo o território nacional, procuramos combater e superar não só o machismo estrutural que violenta a nossa dignidade enquanto nação, mas, também, aperfeiçoar os mecanismos legais para punir e coibir desigualdades salariais que prejudicam as mulheres no mercado de trabalho. Muitas delas são mães de família que enfrentam a pobreza, tendo de aceitar trabalhos precários e sem carteira assinada para sustentar, sozinhas, seus filhos e sua casa, numa luta sem descanso.Vale repassar os pontos principais do projeto enviado pelo governo e que aprovamos num grande esforço de mobilização. A nova lei dispõe sobre a obrigatoriedade da igualdade remuneratória entre mulheres e homens para a realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função e altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para prever que, na hipótese de discriminação por motivo de sexo, raça, etnia, origem ou idade, o pagamento das diferenças salariais devidas não afasta o direito do empregado de promover ação de indenização por danos morais, considerando-se as especificidades do caso concreto.A lei ainda modifica a multa prevista na CLT para que corresponda a 10 vezes o valor do novo salário devido pelo empregador ao empregado discriminado, elevada ao dobro, no caso de reincidência, sem prejuízo de outras cominações legais. A proposta prevê medidas para a garantia da igualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens, além de determinar publicação semestral de relatórios de transparência salarial e remuneratória pelas pessoas jurídicas de direito privado com 100 ou mais empregados. Um ato do Poder Executivo instituirá protocolo de fiscalização contra a discriminação salarial e remuneratória. Mais Hoje, a redação do artigo 461 da CLT não veda expressamente a discriminação de gênero, mas o projeto que agora virou lei, ao tratar de medidas fiscalizatórias e elaboração de relatórios que privilegiam a transparência, atribui também caráter preventivo à luta contra a discriminação.Coroando uma caminhada de décadas dos movimentos que lutam pelos direitos das mulheres neste país, a nova lei é necessária para promover uma política pública nacional de combate à discriminação machista no ambiente de trabalho e às diferenciações salariais que trazem efeitos perversos na desigualdade de renda e na autoestima das mulheres, que se veem constantemente inferiorizadas mesmo tendo as mesmas responsabilidades e atribuições que os homens nas suas atividades laborais, seja em empresas, seja no setor público.O Congresso Nacional já havia aprovado projeto de lei de teor parecido em 2021, o PLC 130 de 2011, que, por manobra jamais explicada, voltou à Câmara dos Deputados após ter estado na mesa de sanção do então presidente da República. Este registro ilustra como é difícil aprovar avanços para as mulheres. Ao fim e ao cabo, a mudança de governo foi uma virada determinante na luta contra a discriminação salarial. Temos uma lei nova, um marco positivo para as trabalhadoras do Brasil!TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-11 18:45:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/uma-nova-lei-pela-igualdade-salarial-entre-homens-e-mulheres.shtml
Direita é ser direita e não antiesquerda
Na teoria do copo meio cheio ou meio vazio, podemos ver a realidade política do Brasil igualmente com otimismo ou pessimismo. Mas olhando a política e as instituições de um ponto de vista menos apaixonado, temos razões, sim, para acreditar no Brasil, seja qual for a crítica que tenhamos ao atual governo.O fato é que saímos de uma eleição extremamente polarizada, que dividiu o país, e ainda assim a transição de poder se fez de acordo com todos os ritos. Não é pouca coisa. É um sinal maiúsculo de maturidade institucional e de segurança jurídica e social do país, ativo valiosíssimo na emergência de uma nova geopolítica mundial que induzirá a realocação de capitais dos destinos antes "seguros" para novos polos de atração.O Brasil não pode desperdiçar essa janela de oportunidade. E, nesse sentido, é importante esclarecer o papel da oposição a um governo de esquerda, levando em conta o interesse nacional, o povo brasileiro e a inserção internacional do Brasil. Ser direita não é ser antiesquerda.Ou seja, não somos conservadores contra ninguém, mas a favor das convicções que temos de que a experiência histórica mostra que o centralismo estatal, o excesso de burocracia, o desestímulo e sobrecarga à livre iniciativa já se comprovaram saídas que levaram à estagnação e à pobreza, enquanto um capitalismo sob controle de regras de um Estado regulador forte é a experiência humana que produziu o melhor resultado para as sociedades em que foi adotado.Durante muito tempo, a esquerda tentou capturar ideias conservadoras como se fossem dela. O maior exemplo é o "imposto de renda negativo", chamado de Auxílio Brasil ou Bolsa Família. Uma ideia do capitalismo liberal, esquerdizada pela propaganda. Não à toa o maior programa social de todos os tempos do Brasil foi feito num governo conservador, de Bolsonaro, durante a maior pandemia da humanidade. Aceitem que dói menos.É por isso que tenho levantado uma reflexão sobre o que é ser conservador e oposição hoje. Não somos o PT e não temos que imitar um dos piores aspectos da esquerda: mudar de opinião de acordo com sua posição de poder. O PT teria ficado contra as mesmas reformas que propôs, se Bolsonaro tivesse ganhado a eleição: tributária, arcabouço. Mais Temos de colocar em prática nossas ideias, de preferência no governo. Mas temos de demonstrar que não praticamos a mesquinhez da esquerda, de sabotar governos apenas pela sede de poder. Essa deve ser a nossa diferença. O nome disso não é ingenuidade, nem adesismo (vamos aderir a nós mesmos? Ou será que são eles que estão, na realidade, aderindo a nós?).O nome disso é coerência. O governo Lula está aí. E há toda uma série de pontos que não merecem respaldo, como o apoio a ditaduras e ditadores, uma política externa que se pretende altiva, mas parece mais concentrada em retóricas antiquadas e tentativas de retrocessos.Ninguém pode dizer como o governo Lula irá terminar. Mas ninguém, do mesmo modo, poderá culpar a oposição por tê-lo sabotado ou inviabilizado. Todas as propostas corretas do governo serão, em princípio, avaliadas com isenção.Ser oposição não é tirar uma licença para ser irresponsável. Temos compromissos com o país e errar de propósito, como a esquerda já fez quando oposição, não é a oposição de que o Brasil precisa. Não fazemos política porque somos contra. Mas porque somos a favor daquilo em que acreditamos.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-11 19:14:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/direita-e-ser-direita-e-nao-antiesquerda.shtml
Médicos podem abandonar o plantão para jantar?
Tenho alguns arrependimentos na vida. Um deles é ter queimado tempo e dinheiro –quando o tinha– em almoços longos durante o expediente.Quando trabalhava no esquema CLT, com horário para cumprir, o almoço era um escape temporário. Eu ficava infeliz se comesse no refeitório da empresa ou pedisse qualquer porcaria de um serviço de entregas.Gostava quando toda a galera do trabalho saía para comer junta, obstruindo calçadas da soleira ao meio-fio.Pegava o carro e ia almoçar lá na PQP. Se tinha shopping por perto, ia duas ou três vezes na semana. Gastava meu dinheiro no America, no Ráscal e em outros lugares que entregam muito pouco pelo tamanho da conta.E ficava preocupado porque a comida demorava, e eu tinha coisas a fazer.Almoçar com os colegas era legal? Sim, porém nunca tão legal quanto beber com eles depois do expediente.Arrependo-me de, tantas vezes, não ter resolvido a vida rapidinho com bandejão ou salgado de padoca, sozinho no balcão. A vida acontece fora do trabalho, coisa que eu não percebia.Estou falando disso por causa de um arranca-rabo entre médicos e não-médicos que apareceu no Twitter.A história começa com uma advogada de Recife que foi a um pronto-socorro (não disse por quê) e encontrou a espera vazia no começo da noite. Depois da triagem na enfermaria, precisou aguardar mais 40 minutos até ser atendida por um médico.A razão da demora: os dois médicos de plantão saíram juntos para jantar, já que não havia pacientes para atender antes de a nossa advogada chegar.Ante à indignação majoritária nos comentários, a classe médica se uniu para defender os colegas.Disseram que médicos, como qualquer outro profissional, têm direito a se alimentar no expediente.Justíssimo.Mas os dois juntos? Alguns médicos vieram dizer que não há vedação (impedimento), a não ser que estejam responsáveis por fichas vermelhas –jargão hospitalar para pacientes que estão no bico do corvo.Aí a coisa complica.Pode não haver proibição por lei ou nos estatutos, mas isso não significa que a atitude dos médicos tenha sido razoável ou bacana.Por que precisariam jantar juntos? Para conversar? Não teriam o resto do plantão para trocar ideias?Plantão não é guarda, observa uma médica. Espera-se sempre, porém, que haja alguém de plantão no plantão, já que casos de emergência não agendam consulta.Se só houver um plantonista, ele também precisará comer, argumenta um profissional de saúde. Perfeito, porém havia dois.Médico é um profissional, não um filantropo, reclama outro CRM. Ok, só não precisa ser misantropo. Se tivessem bom-senso e um mínimo de consideração com os pacientes, teriam se revezado para jantar.Como disse alguém lá na rede do Elon: imagina se dois médicos entram num restaurante vazio e precisam esperar uma hora para comer porque era hora de almoço do cozinheiro.
2023-07-11 18:00:00
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Zé Celso
A cortina corre e esconde o palco. O ator não surge para receber os aplausos. Não há mais o ator, a plateia não aplaude. A plateia chora convulsivamente. Cadê o ator? Há quem jura que viu Um cortejo de vestais e corifeus saindo pelos fundos do Teatro A carregar o corpo do ator. Para o Olimpo, creio eu. Só poderia ser. Partiu Zé Celso. Morte trágica como seu teatro trágico. "Bacantes", "Ham-let", "Fédro". Trágico tupiniquim como "Roda Viva", "Os Sertões", "Pequenos Burgueses", "Os Inimigos". "Na Selva da(s) Cidade(s)" plantou o "Oficina", Concebido no ano 58, no Largo São Francisco; Mais que uma "Ágora", mais que um Templo, Um "Theatron" Como o de Epidauro. Vai Zé Celso, vai "Gracias Señor"Clarét, 72, é advogado e poeta.O blog Praça do Leitor é espaço colaborativo em que leitores do jornal podem publicar suas próprias produções. Para submeter materiais, envie uma mensagem para leitor@grupofolha.com.br
2023-07-11 15:00:00
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O Antropoceno dá um passo à frente
Uma revolução fervilha, em fogo baixo, no mundo da geologia. E um anúncio dessa terça-feira, 11 de julho, acaba de aumentar a intensidade da chama: pesquisadores do Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG, na sigla em inglês) elegeram um ponto de referência geológica para demonstrar o advento da "época dos humanos", ou Antropoceno.Na prática, é um avanço na decisão sobre se o Antropoceno deve entrar ou não na escala de tempo geológico que demarca oficialmente eras, períodos, épocas e outros intervalos da idade da Terra como conhecemos.De uma lista de 12 sítios geológicos que poderiam comprovar o surgimento da nova época, pesquisadores do AWG escolheram o lago Crawford — situado numa reserva natural ao sul de Ontário, no Canadá — como representante físico da mudança.Com base em amostras coletadas em 2019 e 2022, um grupo de pesquisadores fez uma importante descoberta: as águas no fundo daquele lago continham oxigênio. Segundo a paleoclimatóloga Francine McCarthy — pesquisadora da Brock University, no Canadá, e coordenadora dos estudos no local —, encontrar oxigênio lá foi importante porque, assim, as camadas de rocha no leito do lago "conseguiram gravar, muito claramente, traços de plutônio liberado na detonação de bombas nucleares no início dos anos 1950" — marco temporal proposto como ponto de partida para o Antropoceno.Para cravar um marco novo na cronologia geológica, os cientistas devem, antes de mais nada, recolher diversas amostras de rocha — e elas precisam espelhar uma grande mudança que tenha acontecido simultaneamente em escala global. No caso do Antropoceno, a explosão de bombas de hidrogênio poderia ser esse grande evento, já que nenhum continente escapou da radioatividade dessas explosões.Uma vez eleita a amostra mais significativa, a discussão muda de patamar e é encaminhada para instâncias superiores. Agora a proposta do AWG precisa ser aprovada pela União Internacional de Ciências Geológicas, quando então a nomenclatura se tornará oficial. "A exigência de passar por três níveis de votação obriga a proposta a ser muito sólida. É um processo muito conservador, e há uma razão para tanto: não se pode formalizar uma unidade [estratigráfica] sem o apoio de evidências robustas," diz o geólogo Colin Waters, coordenador do AWG. Mais Popularizado em 2000 pelo biólogo Eugene Stoermer e pelo Nobel de Química Paul Crutzen, o termo Antropoceno deriva do grego — combinação de anthropos (humano) e ceno (novo) — e batiza uma nova divisão geológica, na qual as atividades humanas tiveram um impacto decisivo na mudança ambiental. Assim a Terra deixa para trás o Holoceno, iniciado no fim da última glaciação, há cerca de 11.700 anos.Foi no Holoceno que a humanidade conseguiu seus maiores avanços, da criação de sistemas de agricultura a progressos no âmbito da política e da economia, passando pelo surgimento da escrita e da ciência. "Como o clima no Holoceno se manteve extraordinariamente estável, a Europa, sobretudo no Renascimento, se deu o luxo de criar uma filosofia que não levava a natureza em conta, como se apenas a relação entre humanos fosse decisiva," diz Renzo Taddei, professor de antropologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Por isso Taddei, que vem se debruçando sobre o tema há quase duas décadas, considera o Antropoceno uma "virada de chave" dramática, já que confere protagonismo à natureza na esfera do pensamento humano. "O Antropoceno nos mostra que o otimismo renascentista com relação à técnica, ao domínio da natureza e posteriormente ao capitalismo industrial era uma ilusão", ele acrescenta.Para o físico e historiador da ciência Jürgen Renn, diretor do Instituto Max Planck para a História da Ciência, em Berlim, um dos grandes desafios que a possível nova época propõe é fazer "uma geologia do presente": abrir um novo capítulo no livro geológico enquanto testemunhamos a escrita dessa nova página — ou camada estratigráfica. Além disso, pelas perguntas filosóficas e questionamentos que suscita, a nova época "cria uma ponte entre as ciências naturais e as humanidades".Taddei observa que, enquanto a geologia decide se oficializa o termo ou não, disciplinas como a filosofia e a própria antropologia adotaram-no imediatamente. O conceito não é perfeito, ele diz, "mas consegue encapsular nossa relação disfuncional com o planeta em múltiplas dimensões". Não porque tomamos consciência de que a reflexão era necessária, mas porque a natureza a impôs, com seu equilíbrio alterado e eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos."O Antropoceno nos pegou desavisados. Vejo essa época como um imenso 'tapa na cara' da arrogância ocidental moderna, que efetivamente julgava estar resolvendo todos os problemas históricos," conclui o antropólogo.*Meghie Rodrigues é jornalista de ciência.O blog Ciência Fundamental é editado pelo Serrapilheira, um instituto privado, sem fins lucrativos, que promove a ciência no Brasil. Inscreva-se na newsletter do Serrapilheira para acompanhar as novidades do instituto e do blog.
2023-07-11 14:22:00
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Com 19 anos, Miss Universo Brasil 2023 rebate críticas por pouca idade: 'Se não hoje, quando?'
Pouco mais de 24 horas após ser eleita Miss Universo Brasil 2023, a gaúcha Maria Eduarda Brechane já começou a ver sua vida mudar. Primeiro que seu nome está pipocado na internet como nunca. Uma busca no Google pelo termo "Mari Brechane" reúne quase 50 mil registros. Seu perfil no Instagram, então, nem se fala: teve no período um crescimento de 400% no número de seguidores –foi de 14 mil para 70 mil."Sinto uma responsabilidade muito grande. Para mim, ser Miss Brasil hoje é como ser uma diplomata, pois carrego as causas e diversidades do meu país, do qual sou uma representante. É preciso ter muita maturidade", diz ela, que é modelo desde os 13 anos, atriz e estudante de jornalismo, em conversa com a coluna.Sua agenda também ficou bem mais agitada no pós-vitória, recheada com vários compromissos. Tem desde atividades com patrocinadores e entrevistas para imprensa até sessões de fotos e vídeos para redes sociais. Com esse buzz ainda em andamento, obviamente, a miss também ficou exposta —tanto para o lado positivo quanto para o negativo. Mais Um dos maiores questionamentos que têm surgido, principalmente dos fãs, são referentes à idade da modelo. Tem gente que acha que seus 19 anos não são suficientes para ocupar o trono de Miss Universo Brasil, e preferiam que a vencedora fosse uma miss mais experiente. Mari era a mais nova no grupo de 7 finalistas, que tinham idades entre 22 e 27 anos."Minha idade não me define. Sou muito mais que um número, sou uma mulher batalhadora e focada. Não existe tempo certo para correr atrás de um sonho", rebate a miss. No Top 3 estavam a Miss Mato Grosso, Bárbara Reis (2º lugar), e a Miss São Paulo, Vitória Brodt (3º), que têm, respectivamente, 26 e 24 anos.As últimas misses que venceram o título com menos de 20 anos foram a piauiense Monalysa Alcântara, com 18 (2017), e as também gaúchas Fabiane Niclotti (2004) e Gislaine Ferreira (2003), ambas com 19. Antes de Mari, a média de idade no dia da coroação dos últimos 10 anos do concurso estava em 22,8 anos."A maturidade que adquiri veio através da vivência e das experiências que tive ao longo da vida. Hoje sou inspiração para mulheres que muitas vezes deixam seus sonhos de lado por serem julgadas como jovens ou velhas demais para investir nele. Se não hoje, quando?", filosofa.Mari foi eleita no início da madrugada de domingo (9), e deixou para trás outras 26 candidatas, em concurso realizado na zona sul de São Paulo. Ela é a 15ª representante do Rio Grande do Sul a vencer o certame em 69 edições. Por sua ascendência, a miss tem traços indígenas e europeus, é do signo de áries, adora esportes e diz estar solteira. Mais Sua inspiração é a conterrânea Ieda Maria Vargas, que foi a primeira brasileira a vencer o Miss Universo, em 1963, e foi homenageada no evento. "Além de conhecer a história da Ieda, tive a oportunidade de estar com ela algumas vezes", afirma. "Acredito e me dedicarei para que, neste ano, o Brasil volte a se classificar no Miss Universo. Do meu lado, não serão medidos esforços para que eu consiga trazer essa coroa para nós novamente, depois de mais de 50 anos."Além do trabalho como modelo, Maria Eduarda está envolvida há anos em projetos sociais e pretende continuar trabalhando nessa área como miss. Seu principal objetivo é incentivar a cultura, o esporte e o lazer, pois acredita que essas questões têm um impacto significativo na vida de toda a sociedade. Ela vê a oportunidade de tirar crianças das ruas e inspirá-las a buscar algo novo.Confira abaixo a entrevista completa.Muito tem se falado sobre você ter apenas 19 anos. Qual sua resposta para esse tópico? Minha idade não me define. Sou muito mais que um número, sou uma mulher batalhadora e focada. A maturidade que adquiri veio através da vivência e das experiências que tive ao longo da vida. Hoje sou inspiração para mulheres que, muitas vezes, deixam seus sonhos de lado por serem julgadas como jovens ou velhas demais para investir nele. Se não hoje, quando? Não existe tempo certo para correr atrás de um sonho.Qual seu maior sonho, além de ser miss? Sou apaixonada pela comunicação e pretendo seguir nessa área. Quero trabalhar com minha imagem e minha fala, conhecer lugares e pessoas e fazer o que eu amo. Pretendo ajudar minha família e deixar meu legado nessa vida. São tópicos da lista de sonhos para realizar, juntamente com o de vencer a coroa de Miss Universo.Você traz consigo uma ascendência indígena. Qual sua representatividade como miss? Venho de uma família miscigenada, onde carrego um pouco de cada lugar do mundo, e minha ascendência indígena me dá noção da responsabilidade social que tenho. É uma grande honra ter no meu sangue toda essa mistura, que reforça a importância do respeito e acolhimento a todas as etnias. Entendo que represento todo o meu país, de norte a sul.Sua família te apoiou nessa jornada? Como eles estão agora com sua vitória? Minha família é minha maior apoiadora e sempre me incentivou a dar meu melhor e a seguir em frente. Eles abraçam meus sonhos junto comigo, e a isso sou muito grata. Estão tão felizes quanto eu com minha vitória, apesar de não ser fácil para um pai dizer tchau para seu filho. Mas fui criada para voar e viver meus sonhos e, mesmo de longe, eles seguem enviando as melhores energias e palavras de carinho.Você sente alguma pressão, não só por ser mais uma Miss Brasil gaúcha, mas também por assumir o posto depois de dois anos do Brasil sem classificação no mundial? Sinto uma responsabilidade muito grande. Para mim, ser Miss Brasil hoje é como ser uma diplomata, pois carrego as causas e diversidades do meu país, do qual sou uma representante. É preciso ter muita maturidade. Acredito e me dedicarei para que, neste ano, o Brasil volte a se classificar no Miss Universo. Do meu lado, não serão medidos esforços para que eu consiga trazer esta coroa para nós novamente, depois de mais de 50 anos.Qual foi a sensação quando você ouviu da apresentadora que havia vencido? De gratidão a Deus, à minha família, às pessoas que me apoiaram e à minha determinação. Não é um caminho fácil, mas com muito esforço e estudo eu consegui conquistar essa coroa.Você esperava vencer? Pela minha preparação e desempenho no confinamento, eu esperava me sair bem no concurso. Ouvir o nome da sua cidade, estado ou país é algo muito forte e acaba sendo uma surpresa. Dentre tantas mulheres lindas e inteligentes, saber que consegui conquistar o título é uma sensação de afirmação de que estou no caminho certo.Qual foi o seu grande diferencial? Eu sempre soube o que eu queria ser, então fui focada e objetiva. Nunca deixei de ser eu mesma e levei, durante todo o confinamento, a minha verdade, a minha personalidade e quem eu sou. Me considero uma mulher gentil, sonhadora e que ama o que faz.Você se inspira em alguma miss? Me inspiro em diversas mulheres, mas, no mundo miss, hoje tenho uma inspiração maior, que é a gaúcha Ieda Maria Vargas. Ela representou o Brasil no Miss Universo, em 1963, e conquistou esse título tão desejado. Além de conhecer a história da Ieda, tive a oportunidade de estar com ela algumas vezes.Você diz que não toma remédio. Acha que nossa sociedade está doente por tomar cada vez mais medicamentos? Fui criada em uma família que acredita muito em métodos naturais para cura de certos problemas, como dores de cabeça, insônia, dores de estômago etc… Hoje não sinto falta de medicamentos e sei que um bom estilo de vida, praticando atividade física e tendo uma boa alimentação, nos ajudam a manter a saúde em dia e a ter muita disposição. Na vida corrida de muitas pessoas, o medicamento acaba se tornando o meio mais fácil para solução de problemas. Existem ainda muitos medicamentos, como suplementos e polivitamínicos, que são excelentes aliados a uma vida com maior qualidade.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-11 12:32:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/com-19-anos-miss-universo-brasil-2023-rebate-criticas-por-pouca-idade-se-nao-hoje-quando.shtml
É preciso flexibilizar a flexibilização
Atualmente temos falado bastante sobre elementos que envolvem a flexibilização do trabalho. Seja por seus reflexos nos lados mais perigosos, como a precarização, seja em seu reflexo conectado aos ventos do tempo após a pandemia da Covid-19, como a questão em torno do trabalho híbrido –tema presente nos debates de redes sociais, reportagens em jornais ou como objeto central na articulação de políticas públicas e reformas legislativas.De fato, tudo que atravessa o universo do trabalho nos últimos 50 anos pelo menos, é passível de ser tocado e discutido à luz da flexibilização, que vem associada fortemente por discursos a favor da liberdade, autonomia, autodeterminação, entre outros.A chave mestra de qualquer debate que envolve trabalho tem sido liberdade e autonomia, mas, como diversos estudos e pesquisas têm demonstrado, aquilo que temos chamado de liberdade tem sido mais elemento de "subordinação" e degradação da vida.A começar por questões que envolvem flexibilização do tempo e do espaço. A desregulamentação de horários rígidos, ou a ampliação (bastante fortalecida, ao menos para trabalhos de escritório) da possibilidade de trabalhar remotamente, envolvem também o interesse de muitos dos trabalhadores e trabalhadoras em não ter mais um dia marcado pela rigidez do "bater-ponto", ou ainda com certa autonomia de organizar sua agenda da maneira que melhor convier.Para alguns perfis, especialmente mulheres (em grande parte responsabilizadas pelo trabalho de cuidado da família e parentes) e pessoas que moram longe dos centros, a flexibilidade poderia, idealmente, significar maior qualidade de tempo, dado que é possível conciliar atividades de trabalho com outras da vida, bem como evitar o tempo despendido nos trânsitos caóticos das grandes cidades (tempo e dinheiro, vale mencionar).Ainda, a flexibilidade também tem sido pauta de discussões sobre "não-especialização" ou melhor, da possibilidade de desenvolver e aprender novas atividades no processo do trabalho.Essa discussão desloca –não ignora, mas coloca em outro patamar de importância– a questão da formação (técnica e acadêmica) para necessidade do aprendizado contínuo, ou ainda para vagas de trabalho multifuncionais, ou seja, a descrição do que se faz, no dia-a-dia, vai muito além do título que o cargo preenche.Tanto na questão do tempo, quanto das tarefas, o que os dados sobre o mundo do trabalho vêm demonstrando é um grande armadilha na qual a flexibilização tende, no fim, a atender bem menos aos interesses dos trabalhadores.Pode haver mais tempo? Pode. Pode haver mais possibilidades de não ter que se deslocar tanto? Pode. Mas junto com isso temos visto processos de intensificação do trabalho (tem-se que fazer mais e mais), aceleração do ritmo (tem-se que fazer em menos tempo) e até certa padronização (tem-se que seguir modelos já pré-configurados, para garantir que não haja desvios de rota).Tudo isso, ainda que bastante complexo, em nome da liberdade e autonomia acaba, para muitas pessoas, soando como um "bem, é assim que tem que ser".Por essa razão, para escapar das armadilhas que enredam a discussão, mas não deixar de se falar sobre aquilo que importa (sim: a flexibilização importa; as pessoas querem uma vida com seu tempo mais disponível, dedicada a atividades que não sejam apenas de trabalho, tempo para família e lazer), proponho que consideremos como chave mestra a palavra dignidade.Dignidade é uma maneira de vermos ou até mudarmos em que medida a flexibilidade acrescenta em nossas vidas. Temos mais tempo, mas isso significa que ele é realmente livre para fazermos o que nos traz alegria ou que está ocupado por mais trabalho?A renda que temos, dessa flexibilidade, é realmente necessária para vivermos com aquilo que precisamos, ou todo mês temos que fazer uma "dança-dos-boletos" para saber o que queremos e podemos pagar, sem saber como será o dia de amanhã.A ideia de dignidade é basicamente a capacidade de enxergamos, em médio e longo prazo, a sustentabilidade do sistema. Flexibilizar deveria ser melhorar, desenvolver, e não "envergar", ou mesmo a palavra da moda "resiliência" – que na melhor e na pior das hipóteses envolve suportar a dor e sofrimento dos processos que flexibilização, hoje, tem representado.Se a flexibilização é um imperativo para melhor condição de viver, trabalhar, criar e inovar, então que seja fundamentada pela dignidade. Afinal, não há prosperidade sem dignidade.* O presente artigo contou com a edição da jornalista Giulia M. EbohonO editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Tulio Custódio foi "Aquarius/ Let the Sunshine in", de The 5th Dimension.
2023-07-11 12:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/politicas-e-justica/2023/07/e-preciso-flexibilizar-a-flexibilizacao.shtml
Livro é devolvido à biblioteca quase 120 anos após empréstimo
Pegar um livro emprestado e esquecer de devolvê-lo no prazo pode ser algo natural. No entanto, o que é incomum é mantê-lo consigo por quase 120 anos. Isso foi exatamente o que aconteceu com a obra "Um Tratado Elementar sobre Eletricidade", de James Clerk Maxwell, que foi devolvida 119 anos depois a uma biblioteca em Massachusetts no mês passado.O livro, publicado em 1881 e escrito por um proeminente físico escocês, foi um dos primeiros textos científicos a apresentar teorias elétricas. Com 208 páginas, ele possui uma capa cor de amora e contém uma mistura de jargões técnicos e equações matemáticas elaboradas. A biblioteca havia adquirido o livro em 1882.Segundo o New York Times, no último dia 30 de maio, a biblioteca foi contatada por Stewart Plein, curador de livros raros da biblioteca da West Virginia University, em Morgantown, que afirmou que eles haviam recebido uma doação que incluía um livro do acervo da Biblioteca Pública Gratuita de New Bedford.Segundo Olivia Melo, diretora da biblioteca, o livro está em ótima forma, as palavras são legíveis e a lombada é resistente mesmo após mais de um século. "Foi muito bem cuidado. Quem quer que tenha o livro todo esse tempo obviamente o tinha em uma sala controlada. Não estava sendo folheado", destacou Melo.Caso a pessoa responsável por ter mantido a obra por tanto tempo fosse obrigada a pagar uma multa, o New York Times informa que esta seria de aproximadamente R$ 10 mil.
2023-07-11 08:32:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/livro-e-devolvido-a-biblioteca-quase-120-anos-apos-emprestimo.shtml
Xuxa e Marlene Mattos brigavam o tempo todo
Na quinta-feira (13), a Globoplay lança "Xuxa, O Documentário", com cinco episódios e direção-geral de Pedro Bial. Para o espectador, a série conta toda a trajetória de Xuxa, seus 60 anos de idade e 40 anos de carreira. Para Xuxa, parece ter sido também uma oportunidade de revisar sua história, encerrar ciclos e reconfigurar toda a visão de sua jornada pessoal aos olhos da mulher madura que se tornou hoje.Grande parte desse longo caminho já é bem conhecido do público, tanto pelo que a própria Xuxa já revelou sobre suas dores e amores quanto pela mídia, que passou décadas cobrindo cada um dos detalhes que a estrela viveu. Mas o doc promete não apenas atualizar alguns fatos marcantes.Uma delas é a história de Marcelo Ribeiro, o "menino do filme", como ela diz, o ator mirim com quem Xuxa contracenou numa polêmica cena erótica do filme "Amor Estranho Amor" em 1982. E, claro, há também o mais esperado dos momentos: o reencontro com Marlene Mattos depois de 19 anos de separação. Mais Eu também estou curiosa para ver como esse momento foi mostrado, dirigido, captado, editado. Primeiro porque não é exatamente um flagrante espontâneo, evidentemente. Xuxa está sentada num auditório, tem a luz toda pronta, ela está vestida e maquiada, Pedro Bial está em cena e, então, Marlene entra por uma porta e senta-se perto dela, na posição determinada.Lembremos sempre que, mesmo sendo chamado de documentário, tem toda uma produção artística, decisões, cenas refeitas. Acredito que o diálogo em si seja mesmo real e autêntico, mas certamente houve toda uma conversa com ambas as partes. De qualquer forma, acredito em Xuxa quando ela diz que não se trata de um documentário de celebração e, sim, de revisão de tudo. E, segundo, estou interessada em assistir ao documentário porque vivi uma parte dessa história de perto.Eu vi essa Xuxa nascer. Em 1983, quando entrei para trabalhar na televisão pelas mãos de Mauricio Sherman, na Band, eu era a jovem roteirista do "Essas Mulheres Maravilhosas", programa ao vivo apresentado pelo veterano J. Silvestre.Marlene Mattos era a secretária de produção, braço direito de Sherman. Xuxa, que era então conhecida como modelo e namorada de Pelé, foi convidada para participar do programa e aceitou. Sherman ficou encantado com ela e, imediatamente decidiu contratá-la, porque via nela o tal "star quality", qualidade de estrela, que também chamamos de carisma. Isso além da beleza da jovem de 20 anos.Pouco tempo depois, Sherman sairia da Band para ser diretor na recém-criada TV Manchete no Rio de Janeiro. Decidiu que Xuxa apresentaria um programa infantil e que Marlene Mattos cuidaria de tudo para ela. E assim foi. O sucesso foi meteórico.Anos depois, no começo dos anos 90, Marlene me chamou para escrever para Xuxa. Sempre me dei bem com Marlene, embora não tivesse nenhuma intimidade com Xuxa. Aceitei e passei a trabalhar na Globo no Rio de Janeiro. Foi bem difícil.Marlene me "apresentou" para Xuxa de uma forma bizarra. Disse, na minha cara e na cara da Xuxa que "estava contratando uma roteirista inteligente" para fazer os textos dela. Xuxa ficou irritada e disse que "não precisava de ninguém para colocar palavras em sua boca". Imagine a minha situação ali. Fiquei quieta e continuei fazendo meu trabalho, sabendo que aquilo não ia dar muito certo.Xuxa passou a implicar com tudo o que eu escrevia. Lembro de um dia em específico quando escrevi na abertura do roteiro o termo "descolado", gíria da época para coisas legal, cool, bacana. Xuxa começou a ler o texto e, ao encontrar a palavra, parou a gravação. E falou alto, para todos, algo como: "Descolado? O que quer dizer isso? Tinha alguma coisa colada para descolar? Eu não vou falar essa palavra". Quis morrer um pouco de vergonha, mas continuei firme. Sabia que o motivo era outro.Marlene e Xuxa brigavam o tempo todo. Vi Marlene gritar com Xuxa, vi Xuxa batendo o pé e dizendo que não ia gravar. No final de 1993, junto com Charles Peixoto, escrevi o roteiro do Especial de Natal da Xuxa, "Presentes Mágicos", uma adaptação de um texto de Leila Dourado. Eu adorava as pessoas da produção, com pessoas incríveis, como a Vivian Perl.No começo do ano seguinte, fiquei grávida de minha filha. Enquanto minha barriga crescia, as coisas pioravam entre elas. Aproveitei a licença maternidade para sair. Fiz outros trabalhos para Xuxa e Marlene ainda nos anos 90, mas fiquei com aquele sentimento ruim de que Xuxa me odiava e, talvez por isso, nutri também um sentimento não muito bom em relação a ela. Até porque eu havia lido algumas vezes na mídia indiretas dela para mim.Até que, em 2016, quando eu coapresentava o programa de viagens Porta Afora, com Fabio Porchat, Xuxa foi convidada para um episódio sobre compras. Fiquei apreensiva, temendo um clima ruim, mas nada disso aconteceu.Foi um reencontro intenso. Ela me abraçou, ficou tudo bem, foi realmente lindo acompanhar duas mulheres maduras revendo o passado com amor e sabedoria. Espero que o reencontro de Marlene e Xuxa seja assim também. Porque o rancor faz tanto mal para quem é objeto da mágoa, como para quem sente. Vivamos em paz. Um beijo, Xuxa!Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-11 08:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/xuxa-e-marlene-mattos-o-encontro-mais-esperado.shtml
Investir não é sobre ter muito para si, mas é sobre...
Ouvindo a música Trem bala de Ana Vilela, é possível compreender que criamos preconceitos e esquecemos do que é mais importante em várias situações da vida. O mesmo acontece em nossa vida financeira. Na maioria das vezes, o que é importante é lembrado ao nos arrependermos do que não fizemos. A música de Vilela ensina e emociona.Criticamos aqueles que economizam muito, ou nos justificamos de que o esforço não vale a pena. Mas, economizar não é sobre ter muito para si, mas sobre sobrar muito para quem cuida de ti.Achamos que um seguro de vida é desnecessário. Mas, um seguro não é sobre pensar sobre a própria morte, mas proteger aqueles deram amor para ti.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Relegamos a necessidade de investir para nossa aposentadoria. Mas, investir não sobre ganhar muito para si, mas ampliar os horizontes daqueles que estão juntos de ti.Alguns acham que vale fazer dívidas para antecipar sonhos. Mas, não se endividar não é sobre deixar de realizar sonhos, mas garantir o bom sono daqueles que estão perto de ti.Desprezamos a importância de buscar a independência financeira. Mas ter independência financeira não é sobre pensar só em si, mas ter mais para ajudar aqueles que dependem de ti.E para você, o que são todas estas questões?Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-10 21:55:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/07/investir-nao-e-sobre-ter-muito-para-si-mas-e-sobre.shtml
No calor da hora
A torrente de notícias das últimas semanas sobre recordes de alta temperatura na Terra foi de atordoar. Difícil de assimilar, em particular por brasileiros do Sul e Sudeste que batiam os dentes sob mínimas abaixo dos 10ºC.Céticos da mudança do clima não se cansam de semear dúvidas ao embaralhar as escalas da meteorologia, de alcance local ou regional, no curto prazo, e do clima, mais para o global a médio e longo prazos. Trânsfugas da racionalidade se apressam a questionar: Como assim, dia mais quente, com esse frio de rachar?Não há contradição. Os recordes se referem à temperatura média da atmosfera terrestre, cifra abstrata computada com base em milhões de dados coletados por satélites, estações meteorológicas, aeronaves de pesquisa e boias oceânicas.Com esse cabedal de mensurações a Universidade do Maine (EUA) constatou três quebras sucessivas de recordes diários, na segunda (3), na terça e na quinta-feira da semana passada, respectivamente 17,01ºC, 17,18ºC e 17,23ºC. Médias muito próximas foram calculadas pelo observatório europeu de mudanças climáticas, Copernicus.Tais variações em centésimos de graus Celsius podem parecer insignificantes, mas cumpre lembrar que são valores médios globais, sob os quais se ocultam preocupantes anomalias localizadas. De todo modo, mesmo em sua abstração os dados suscitam alarme, pois vêm corroborados por outros.Junho foi o mais quente já registrado, segundo o Copernicus. O gelo marinho em torno da Antártida alcançou a menor extensão para esse mesmo mês. Oceanos do hemisfério Norte estão entre 0,5ºC e 5ºC mais aquecidos que o usual. Um El Niño se arma no Pacífico para catapultar 2023 ao pódio de ano mais escaldante.A tendência de aquecimento global se patenteia, porém segue ignorada, na prática, por negociações internacionais que só andam de lado. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, "as mudanças climáticas estão fora de controle".Eventos extremos como as chuvas em Alagoas e os incêndios florestais no Canadá se tornam cada vez mais frequentes. Governantes, diplomatas e empresários, na zona de conforto assegurada pela dissonância cognitiva que confunde a opinião pública, agem como se estivessem em 1992.Lá se foram 31 anos desde a Cúpula da Terra no Rio, e desde então as emissões de carbono só fizeram subir. Agora, para conter o aquecimento, há que ceifar pelo menos 40% dessa poluição climática até 2030 e neutralizá-la até 2050.As convicções são apenas parciais, contudo, como exemplifica o governo brasileiro, que se empenha contra o desmatamento mas ainda se inebria com a pujança petrolífera e automobilística.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-10 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/no-calor-da-hora.shtml
Por que os jovens saem precocemente da escola?
O Brasil, segundo projeção do IBGE, tinha no ano passado 21,7 milhões de jovens entre 15 e 21 anos. Desses, 2,8 milhões não frequentavam a escola. E também não concluíram a educação básica, segundo dados do mesmo ano do Suplemento de Educação da Pnad Contínua.É um número preocupante. A educação é essencial para o desenvolvimento de habilidades que favorecem a inserção no mercado de trabalho e a mobilidade social dos jovens. Além disso, a evasão escolar reflete a desigualdade social que limita as chances de ascensão dos mais pobres. A maioria dos jovens que deixam a escola (60%) pertence aos 40% mais pobres da população, enquanto apenas 5% estão entre os 20% mais ricos.Os motivos para o abandono escolar variam conforme o sexo e a idade dos jovens. Entre os homens, os principais fatores são a necessidade de trabalhar e a falta de interesse pelos estudos. Entre as mulheres, a gravidez é o principal motivo. A gravidez afeta especialmente as mulheres mais pobres: dentre aquelas que evadem, 26% citam a gravidez como a razão para sair da escola. A necessidade de realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas e a falta de interesse são outros motivos que afetam de forma mais ampla as mulheres pobres.As diferenças entre os principais motivos para deixar de frequentar a escola variam conforme a idade. Entre os homens, a falta de interesse é o motivo mais frequente para os jovens de 14 a 18 anos, enquanto a necessidade de trabalhar é o motivo mais comum para os jovens de 19 a 21 anos. Para as mulheres, o motivo mais relevante varia entre a falta de interesse e a gravidez. Entretanto, conforme a idade aumenta, a necessidade de trabalhar torna-se mais relevante.Uma política integrada de combate à evasão deve reunir desde incentivos financeiros à permanência (um exemplo é o "Poupança Jovem Piauí") até programas de Busca Ativa (existem diversos exemplos, entre os quais podemos destacar o executado pelo estado de Pernambuco pela sua focalização em jovens em territórios mais vulneráveis), de cunho mais reativo. Mais Contudo, prevenir é melhor e mais barato do que remediar. A distorção idade-série é um fator antecedente e determinante da evasão escolar. No Brasil, a taxa de abandono é de 17% dentre alunos com dois anos ou mais de atraso escolar em relação à série, e apenas 2% dentre alunos com um ano ou menos de atraso, segundo os dados do Inep de 2019 organizados pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds). Logo, a evasão no ensino médio resulta da desatenção da escola com relação aos seus alunos mais vulneráveis nos primeiros anos do ensino fundamental.Uma política de combate à evasão é prioritária e deve envolver estados e municípios, já que esses últimos são os responsáveis por boa parte do ensino fundamental público. E não deve ser tarefa somente das secretarias de Educação, mas também, e no mínimo, das secretarias de Assistência Social e de Saúde, todas atuando de maneira integrada. E muitas vezes atores como varas de infância e adolescência, nos casos em que a infrequência escolar é sinal de violação de outros direitos da criança.Concentrar esforços, integrar áreas de atuação do Estado e focalizar ações específicas devem ser prioridade da gestão governamental. Não se trata de falta de recursos.Paulo Tafner diretor-presidente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds), Sergio Guimarães Ferreira diretor de pesquisa do Imds, Leandro Rocha pesquisador do Imds, Matheus Leal pesquisador do ImdsTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-10 20:06:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/por-que-os-jovens-saem-precocemente-da-escola.shtml
É muita barra acumular abusos por racismo e machismo juntos, escreve leitora
Trabalhadoras "Negras enfrentam semiescravidão como domésticas, chegam à faculdade e viram poetas" (Cotidiano, 9/7). Emocionante a força dessas mulheres! Gosto da Folha por mostrar a realidade caso a caso da nossa herança escravagista brutal. Até outro dia era padrão no mercado imobiliário chamar de "quarto de empregada" um minúsculo cômodo na área de serviço, muitas vezes sem janela. O emprego "para dormir" significava serviço 24 h. Como muitos homens ainda esperam de mulheres, por sinal. É muita barra acumular abusos por racismo e machismo juntos! Camilla Rocha Schahin (São Paulo, SP)O Brasil é um dos últimos países a abolir a escravidão, mas conservou um sistema perverso do emprego doméstico. Em pleno século 21, pessoas são pagas para realizar tarefas de outros, cuidar de filhos de outros e serem mal remunerados. Essa modalidade de trabalho também deveria ser abolido. Silvia Candido (São Paulo, SP)Relevância "Regina Duarte ataca Anitta e Ivete Sangalo em post contra governo Lula no Instagram" (Ilustrada, 8/7). Em termos proporcionais, as críticas da Regina Duarte têm o mesmo impacto se eu criticar o Putin por deflagrar a Guerra da Ucrânia. Marcelo Ribeiro (Maceió, AL)Arsenal "Envio de bombas polêmicas à Ucrânia pelos EUA é sinal de fraqueza, diz Rússia" (Mundo, 8/7). Um crime dos Estados Unidos enviar à Ucrânia bombas proibidas, capazes de matar indiscriminadamente. Covardia dos norte americanos, guerreiros eternos, que vão acabar com o mundo. Christina Tigre (Niterói, RJ)Fidelidade "Sempre serei leal e grato a Bolsonaro, diz Tarcísio após desentendimento com ex-presidente" (Política, 9/7). Independente do partido político, tem que ser leal ao povo que trabalha muito para pagar os impostos e bancar os altos salários! Lucyani Goncalves (Rio de Janeiro, RJ)Está aprendendo a lidar com as correlações de forças. É uma pessoa correta ao meu ver, um quadro interessante para desidratar a extrema direita e fazer ressurgir a direita mais republicana e responsável. Marcelo Fogaça (São Paulo, SP) Mais Tributos "De onde vêm e para onde vão os impostos brasileiros, que a Reforma quer mudar?" (Mercado, 9/7). O dinheiro dos impostos sai de uma parcela da população e some ou é pessimamente aplicado pelos governantes (com raríssimas exceções). Quanto mais populista, inepto, irresponsável, patrimonialista, estatocrata e corrupto for o governante, pior será o uso do dinheiro do contribuinte. Jorge Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ)Editorial "Regalias sem fim" (Editoriais, 10/7). Parabenizo a Folha pela coragem de tocar em um assunto tão sensível: se gasta muito e mal o erário público, segmento que mostra baixa produtividade e baixa qualidade nos serviços prestados, que vão desde liberar bandidos de alta periculosidade até ser um item importante nos custos elevados do "spread" bancário. E o editorial traz a causa disso: tudo é amparado por leis, ou seja, cristaliza a lei máxima e tácita do país, a troca de favores entre os Poderes. Nivaldo da Silva Lavoura Jr (Piracicaba, SP)Inaceitável a existência desses supersalários citados no editorial! A falta de respeito e moralidade impera nas justificativas que tentam dar ar de legalidade à prática. Desde a eleição de Collor, que na época se vendeu como caçador de marajás, essa classe encontrou um" modus operandi" que elimina a necessidade de corrupção para se valerem de valores absurdos em seus ganhos. Os marajás persistem e cospem em nossa cara, já que, como sempre, pagamos a conta. Marcos Fortunato de Barros (Americana, SP)Rio Pinheiros "Puerto Madero prometido por Doria no rio Pinheiros só deve ser concluído em 2026" (Cotidiano, 8/7). Parabenizo a iniciativa do projeto. Afinal, o Projeto Pomar no ano 2000 iniciou este novo olhar para o rio Pinheiros. Entretanto, chega a ser irônico dizer que a qualidade da água do rio "é boa". Márcia Nascimento (São Paulo, SP)Laços "As lições de Aristóteles para entender se somos amigos por prazer ou por interesse" (Cotidiano, 8/7). Conectividade não significa necessariamente amizade. É líquida. Zygmunt Bauman tem este conceito. Há congruência com a de Aristóteles. O tempo compartilhado ou vivido realmente pode sustentar a amizade. Mas com uma máquina no meio? Acredito que não. Elismar Meira Pereira (Extrema, MG)A amizade entre os seres humanos nasceu da necessidade de sobrevivência. Somos egoístas por natureza e, se possível for, engolimos uns aos outros. Se não houver tolerância, as amizades se perdem. Quantas amizades se foram depois do acirramento político entre direita e esquerda. Acredito mais em interesses comuns do que em verdadeira amizade. Rubens Gomes Vieira (São Paulo, SP)Crônica francesa "Típica salada de Paris" (Ruy Castro, 8/7). Passear por Paris com as crônicas do Ruy é um banho de cultura! Carla Oliveira (São Paulo, SP)
2023-07-10 21:18:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/e-muita-barra-acumular-abusos-por-racismo-e-machismo-juntos-escreve-leitora.shtml
'Tive que me despir da vaidade para viver uma senhora cis da classe média', conta Nany People
Nany People não para. Depois de gravar participações na novela "Fuzuê", próxima atração da faixa das 19h da Globo, e na nova série de Rodrigo Sant’anna para a Netflix, "Ponto Final", ela cumpre uma extensa agenda de shows em todo o Brasil, alternando os humorísticos "Tsunany" e "Nany É Pop" com o musical "Sob Medida", em que interpreta canções de Fafá de Belém.Em agosto, finalmente chega aos cinemas "Vai Ter Troco", comédia que ela rodou em 2018 ao lado de Miá Mello e Marcos Veras. Em setembro, Nany embarca para uma turnê pela Europa, com apresentações em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Dublim e Paris. E, no meio dessa agenda cheíssima, ela ainda encontrou tempo para conversar com o F5 sobre seu papel no filme "Um Dia Cinco Estrelas", que entrou em cartaz na quinta-feira passada (6)."Foi o maior desafio da minha carreia", conta ela, em entrevista por videoconferência. "Eu já encarnei diversas mulheres cisgênero no cinema e na TV, mas nunca alguém como a dona Nilda", diz, referindo-se à mãe do protagonista do longa, vivido por Estevam Nabote. Trata-se de uma senhora de meia-idade de aparência muito simples, da classe média de Porto Alegre. Uma ex-bailarina que largou a carreira para cuidar do marido e do filho, e que agora sonha apenas em passar um aniversário na Argentina dançando tango. Mais "Tive que me despir da minha vaidade", prossegue Nany. "O timing da dona Nilda é outro, a maneira de andar é outra, o gestual é outro. Achei que eu seria escalada para fazer a melhor amiga dela, que é mais atirada", diz —mas esse papel acabou ficando com Luciene Adami. Nany credita a Veronica Stumpf, executiva da produtora e distribuidora Paris Filmes, o convite para encarnar esta mulher tão distante de seu universo. "Ela apostou em mim!""Eu me inspirei na Ismênia, uma amiga da minha mãe, para compor a personagem. Mamãe era muito vaidosa, até dormia de batom. Ela dizia que 'uma mulher sem batom é uma mulher sem destino'. E a Ismênia queria ser como a minha mãe, mas não conseguia."Pedro Paulo, o filho de dona Nilda, é um sujeito sem profissão definida. "Um cara mal formatado, que faz ‘homices’", explica Nany. Dono de um Opala vintage que ele chama de Mozão, Pedro Paulo se vê obrigado a trabalhar como motorista de aplicativo, depois que uma emergência traga todas as economias da família. E, logo em seu primeiro dia no novo serviço, enfrenta dezenas de perrengues. Enquanto isto, dona Nilda vai com a amiga a um spa, pela primeira vez, e estranha muito os sofisticados tratamentos que lhe são oferecidos."Um Dia Cinco Estrelas" é o terceiro filme que Nany roda com o diretor carioca Hsu Chien. "Ele é o meu Almodóvar, e eu sou a Carmen Maura dele", ri. "O Hsu sabe o que quer de cada personagem, e sabe como tirar isso dos atores." Nany também está entusiasmada com "Sob Medida", o show em que homenageia uma de suas cinco musas, Fafá de Belém (as outras quatro são Lilia Cabral, Hebe Camargo, a travesti Rogéria e sua própria mãe)."Eu sou fã da Fafá desde pequena. Tem sempre uma música dela que norteia a minha vida. Eu ouço Fafá diariamente, continuamente. Quando eu a conheci, em 2016, ficamos amigas na hora. Depois ela foi jurada do Popstar, na temporada em que eu participei da competição. Agora ela me ajudou a escolher as músicas do repertório do show. Tem algumas que ela nem se lembrava de ter gravado!"Nany também se prepara para escrever, junto com Flávio Queiroz, a segunda parte de sua autobiografia. A primeira, "Ser Mulher Não É para Qualquer Um", foi lançada em 2015. "A segunda vai se chamar ‘A Saga Continua’", adianta.Com tantos projetos simultâneos, Nany People tem plena consciência de sua importância para o showbiz brasileiro. Ela segue a trilha aberta por Rogéria, que interpretou algumas mulheres cis ao longo da carreira. Esse tipo de personagem tem sido uma constante na carreira de Nany, que admite que o mercado vem melhorando para as atrizes transexuais. Tanto que, em breve, ela talvez deixe de ser chamada de atriz trans, e passe a ser conhecida apenas como uma atriz. Sem outros rótulos.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-07-10 12:17:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/07/tive-que-me-despir-da-vaidade-para-viver-uma-senhora-cis-da-classe-media-conta-nany-people.shtml
Cozinha sensorial, queijos veganos, lámen e culinária ayurvédica
"Comer é Arte" é uma degustação sensorial que vai agitar o espaço Paulistânia Desvairada no Conjunto Nacional, ali na avenida Paulista, 2073. Serão nove sessões que vão promover a integração entre artes cênicas e gastronomia.Um menu de cinco tempos com pratos feitos com ingredientes comuns às mesas brasileiras servidos em meio a intervenções artísticas como música, videoarte, audiovisual, atuação e literatura. O idealizador é o professor, ator e gastrônomo Murilo Góes, do Projeto Macunaíma, de Vitória (ES). As sessões custam R$ 160 e acontecerão de 14 a 16 de julho (sexta a domingo), e de 20 a 23 de julho (quinta a domingo), sempre às 19h, e com duas sessões às 13h (dias 15 e 16). Para mais informações e compra dos ingressos, acesse aqui.Nesta terça, dia 11 de julho, comemora-se o Dia do Ramen e o Jojo vai receber o chef Paulo Shin para uma colaboração. Serão oferecidos três pratos comemorativos: Special Shin Ramen (R$ 68,00), com caldo bovino com dashi, tare e pimenta coreana gochugaru e macarrão mais fininho (foto); Jojo Ramen Bovino (R$ 62,00), com caldo bovino, chashu com tare adocicado, e Chahan Jojo (R$ 42,00/R$ 52,00) o arroz frito à moda do Jojo, preparada no wok, que poderá vir com a famosa omelete do chef Paulo Shin. O evento vai acontecer nas duas unidades: Jojo Ramen (Rua Rafael de Barros, 262, Paraíso) e Jojo Lab (Rua Gandavo, 193, Vila Mariana), das 18h às 22h. O chef Paulo Shin estará presente na unidade do Paraiso. Não haverá sistema de reservas e o atendimento será por ordem de chegada.A chef Carla Pernambuco recebe Cynthia Brant para dois dias de aulas. Uma oficina de queijos veganos (sábado, 22/07) e uma aula de culinária ayurvédica (domingo, 23/07). Na primeira aula do sábado, Cynthia vai ensinar a produção de queijos de leite vegetal enformados, como o cheddar e o boursin picante; na segunda aula será apresentado o preparo de queijos vegetais com mofo, inspirados nos franceses roquefort e camembert. No domingo, o foco é o cuidado com a saúde. A chef vai ensinar como introduzir receitas saudáveis, curativas e cheias de sabores no dia a dia. As inscrições para as aulas (R$ 450 cada) já estão abertas e podem ser feitas via WhatsApp 11 98225-6030 ou pelo e-mail estudio.carlapernambuco@gmail.com. O Estúdio fica na Rua Sergipe, 768, Higienópolis.
2023-07-10 06:01:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/marcelo-katsuki/2023/07/cozinha-sensorial-queijos-veganos-lamen-e-culinaria-ayurvedica.shtml
Balança tributária
É equilibrado o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que restaura o voto de desempate em favor da Receita Federal no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), última instância administrativa de julgamento de disputas entre contribuintes e o fisco.O tema é sem dúvida intrincado e de há muito controverso. Até 2020, quando o voto de qualidade foi invertido em favor do contribuinte, não era exagero constatar que havia viés em favor do governo. Uma empresa derrotada no órgão pelo voto decisivo não deixava de estar submetida a pesadas multas e processo por crime tributário.Com a mudança, porém, o pêndulo invertido poderia prejudicar a arrecadação desmedidamente. Entre outras cláusulas, a lei aprovada em 2020 encerrava a pendência em caso de empate e impedia a Receita de levar a disputa ao judiciário. Havia incentivo em potencial para que empresas não honrassem obrigações contando com uma resolução administrativa.Com a peça recém-aprovada, que ainda precisa passar pelo Senado, restaura-se algum equilíbrio. Havendo desempate em desfavor do devedor, a pendência poderá ser paga sem multas, e o fisco não poderá abrir processo por fraude.O contribuinte ainda poderá recorrer ao Judiciário. Se optar por não fazê-lo e pagar em até 90 dias, também estará livre de juros.Há outros estímulos à conformidade tributária, além de flexibilidade no oferecimento de garantias em caso de discussão judicial.Com o resultado, foi contida a ambição arrecadatória do governo, que tentara por medida provisória a volta da norma anterior a 2020. É duvidoso o cálculo da Fazenda de perdas de R$ 59 bilhões anuais sem o voto de qualidade.Resta evidente, de todo modo, que o problema de fundo não se resolve com a nova mudança no Carf. Boa parte das disputas só existe por causa de regras e situações confusas, em que mesmo os pagadores mais bem intencionados podem cometer erros e incorrer em penalidades severas.Do lado do fisco, ademais, há excessiva discricionariedade nas interpretações de fiscais, não raro à margem do que diz a lei. O risco para o setor privado é elevado em demasia —e daí resultam ineficiência e custos econômicos.O impacto da mudança, por fim, deverá ocorrer em poucas causas. De 2017 a maio deste ano, a parcela de casos cujo resultado dependeu de desempate oscilou entre 1,9% e 7,2%. Quanto a valores, 1,5% dos processos representaram 74% do montante em disputa em 2022 (segundo dados até novembro).Dar maior publicidade à jurisprudência e trabalhar para maior previsibilidade são medidas importantes para reduzir controvérsias.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-09 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/balanca-tributaria.shtml
Pela 2ª vez, Miss Universo terá candidata trans; entenda o que isso significa
Na tarde deste sábado (8), a modelo e atriz transgênero Rikkie Valerie Kollé, 22, foi eleita para ser a representante oficial da Holanda no Miss Universo 2023. Assim, ela se torna a segunda candidata trans a se classificar para integrar o elenco de uma das edições do mundial, que celebrará sua 72ª edição. O fato já vem ganhando registros na imprensa por todo o mundo, mas é importante entender o contexto e impactos desse momento.Em primeiro lugar, mesmo com tantas competições no setor e com o momento de baixa que os concursos de beleza vivem a nível global, o Miss Universo se mantém no topo. É inegável sua presença fixa no imaginário das pessoas, pela sua marca e histórico. Por isso, a maioria das coisas que acontecem por lá, como a presença de uma candidata trans, ganham alta repercussão. Mais Se aproveitando disso, a organização vem derrubando na última década uma série de regras, a fim de modernizar a competição e ser pioneira na indústria. Obviamente, também quer se aproximar das novas gerações, que são mais sustentáveis e abertas à inclusão social dos diferentes tipos de gênero. São outros tempos e, se o concurso se mantivesse sob a sombra de apenas objetificar o corpo feminino, estaria fadado ao fracasso.Porém, deixar essa alcunha de lado não tem sido fácil, e as mudanças e avanços estão sendo lentos e graduais, tanto por parte da organização quanto pelo público. Da mesma forma que o concurso bateu cabeça em suas tentativas e ritmo de abertura, os fãs mais antigos não desapegam das regras mais "dinossáuricas" e as novas gerações não se deixam seduzir pelo histórico machista do Miss Universo.Desde 2012 é permitido que mulheres transgêneros participem do concurso, em todas as suas estâncias: mundial, nacional, estadual e municipal. Porém, a primeira miss trans a se classificar para o mundial só veio em 2018, com a vitória da modelo Angela Ponce no Miss Espanha. Rikkie chega agora, portanto, no mesmo patamar de Angela, após longos cinco anos.Os motivos pelo qual não houveram outras misses trans no Miss Universo nesse hiato, são todos os fatores citados acima, além da homofobia e violência contra pessoas LGBTQIAP+ a nível global. Para se ter uma ideia, um relatório de 2021 da associação Transgender Europe (TGEU), aponta que 70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33% no Brasil, seguido por México e Estados Unidos.Apesar de a espanhola ter inaugurado o caminho de abertura do concurso, ela não avançou na competição. Ainda assim, apesar de não ter entrado no primeiro corte de 20 semifinalistas, foi homenageada no palco e seu nome entrou para a história. Na ocasião, quem venceu foi a filipina Catriona Gray.O momento em que Rikkie foi eleita, porém, parece mais convidativo e agradável que o de Ponce em 2018. Isso pois a atual dona do Miss Universo, comprado em meados do ano passado, é a empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, que é uma mulher transgênero. Mais Contribuem para essa era da diversidade do certame, a partir de 2023, passou-se a aceitar na disputa a inscrição de mulheres casadas, divorciadas, grávidas ou mães. Inclusive, no Miss Universo Brasil 2023, realizado na madrugada deste domingo (9), três misses com filhos (Goiás, Maranhão e Piauí) integraram o grupo das 27 postulantes. Em tempo: quem venceu foi a gaúcha Maria Eduarda Brechane, 19, que não é uma delas.Tudo indica, portanto, que a próxima edição da competição, estimada para acontecer em dezembro em El Salvador, seja mais colorida e dê mais chances para mulheres reais, assim como para misses trans. Parece louvável e justo. Mas será que os jurados e a sociedade global de raízes patriarcais estão preparados para ter uma Miss Universo que seja casada, com filho e transgênero? Anne, contamos com você!Rikkie foi eleita Miss Universo Holanda 2023 em concurso realizado na cidade de Leusden, a 58 km da capital Amsterdã. Ela deixou para trás outras nove candidatas finalistas e, segundo os jurados, foi a miss que mais evoluiu ao longo do confinamento.Rikkie é conhecida em seu país por ter participado em 2018 do reality show "Holanda Next Top Model", onde foi uma das finalistas. A atual Miss Universo, a americana R'Bonney Gabriel, 28, esteve presente na coroação.Nascida com o nome de Lil Rik, Rikkie iniciou sua transição de gênero aos 8 anos, com apoio da família. Ela alterou seu nome aos 11, quando se assumiu como mulher, e começou a tomar hormônios femininos aos 16 anos. Em janeiro de 2023, após aguardar por dois anos, realizou a cirurgia de mudança de sexo. O relato dessas etapas foi feito pela própria miss em suas redes sociais.Vale lembrar que a atual vencedora do Miss International Queen, concurso voltado para mulheres transgêneros, também é holandesa. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-09 17:45:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/pela-2a-vez-miss-universo-tera-candidata-trans-mas-o-que-isso-significa-e-como-impacta-o-setor-dos-concursos-de-miss.shtml
Leitores comentam desafios de animais que fogem de casa
Animais de estimação "Animais que fogem de casa correm perigo e fazem tutores sofrer sem notícias" (Folhinha, 7/7). É de partir o coração perder um animal de estimação amado. Não saber o que aconteceu com eles é uma dor que nunca nos abandona. Maurren Santana (Salvador, BA)Infelizmente, quando fogem, poucos são acolhidos ou bem tratados, principalmente os felinos. SIlvia Candido (São Paulo, SP)Reclamação "Reforma Tributária me oferece muleta após amputar perna, diz governador de Goiás" (Mercado, 8/7). Esse povo do agro só sabe reclamar, são os que menos contribuem com o país e geram menos emprego. Tenham dignidade, o país não é só para vocês terem benefícios. Veranice Avila (Votuporanga, SP)A Reforma Tributária está mais de duas décadas atrasada. O governador de Goiás tem uma visão arcaica do capitalismo. O imposto de valor agregado finalmente será implantado no país, pena que a fase de transição seja tão longa. Não tem aumento de impostos em geral, pois a reforma procura ser neutra, mas a distribuição dos impostos será mais justa. O próximo passo deve ser a progressividade nos impostos sobre renda e patrimônio, como em qualquer país capitalista moderno. Roberto Ken Nakayama (São Paulo, SP) Mais Punição "Democracia relativa" (Demétrio Magnoli, 7/7). Demétrio Magnoli está correto quando afirma que compete aos eleitores, não aos juízes, escolherem seus representantes pelo voto. Porém, compete aos juízes, não aos eleitores, punir os representantes que violam a Constituição e as leis. Sergio Guedes da Fonseca Neto (Araraquara, SP)Conceito "Lula erra ao defender Venezuela, mas conceito de democracia comporta graus e variantes" (Hélio Schwartsman, 7/7). Interessante a análise da democracia sob o prisma da hierarquia, mas quero manifestar enfaticamente minha indignação com a insistência do Lula em exaltar Nicolás Maduro. Importante discernir amizade de política. Fátima Salomé Barreto Garcia (Belo Horizonte, MG) Mais Turismo "Novela da troca no Turismo vira espetáculo de humilhação coletiva" (Bruno Boghossian, 8/7). A política brasileira é uma vergonha. Toda formação política tem seus altos e baixos. No Brasil tem uma horda de mercenários "encastelados" no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados. Edmundo Jose Santiago (Alagoinhas, BA)Essa pasta deveria ser uma das mais prestigiadas, pois o potencial turístico do país está subaproveitado. A União Brasil garantiu importantes votos para a Reforma Tributária, mas eita partido guloso! Ricardo Batista (Embu das Artes, SP)Estarrecimento "Deputado quer convocar esposa de Mauro Cid se auxiliar de Bolsonaro ficar calado na CPMI" (Painel, 8/7). Assistindo aos debates, tanto na CPMI quanto na CPI do MST, fico estarrecido em ver como Bolsonaro conseguiu eleger tantos senadores e deputados desprovidos do mínimo de conhecimento e cultura para debater com os da oposição. Quanto à CPI do MST, dispensa-se comentários, é só vexame, constrangimento e vergonha. Henrique Ventura dos Reis (Rio de Janeiro, RJ)Novos tempos "Papa elege seu ghost-writer, autor de livro sobre beijos, como guardião da doutrina católica" (Mundo, 8/7). Francisco é o melhor papa de todos os tempos. Está atualizando a Igreja na velocidade adequada, que ele tenha saúde para continuar. Detalhe: não sou católico. Saulo Papa (Campinas, SP)Reabertura "Palco do último baile do Império, Ilha Fiscal reabre no Rio" (Cotidiano, 7/7). Passeio imperdível! O centro carioca é recheado de atrações históricas. Parabéns à Marinha por preservar este patrimônio. Marcos Antônio (Manaus, AM) Mais Projeto portenho "Puerto Madero prometido por Doria no rio Pinheiros só deve ser concluído em 2026" (Cotidiano, 8/7). Pelo menos o político João Doria investiu em um projeto grandioso que vai trazer benefício à cidade e ao povo. A maioria dos políticos só se prepara para se reeleger na próxima eleição. João Leite (Osasco, SP)Ameaça próxima "Para baixo e avante!" (Antônio Prata, 8/7). O antropocentrismo propagado pela maioria das religiões nos trouxe até aqui. Estamos no topo da cadeia alimentar e, quanto mais alto maior a queda. O planeta sobreviverá muito bem sem o homo "sapiens". Tania Ferreira (Rio de Janeiro, RJ)Nunca o mundo foi um lugar tão bom de viver como agora. Quanto ao apocalipse, está sendo previsto já há uns dois mil anos. O autor se inscreve numa respeitável tradição. José Cardoso (Rio de Janeiro, RJ)Claro que a tecnologia traz coisas magníficas, mas pode trazer problemas graves também, tudo é bom senso. Marenildes Pacheco da Silva (Rio de Janeiro, RJ)Pesquisa "Universidade brasileira ajuda a desenvolver caçador de exoplanetas" (Ciência, 8/7). Parabéns à UFRN pelo excelentíssimo trabalho nas diversas áreas do conhecimento! Erik Barroso de Andrade (São Gonçalo do Amarante, RN)Narração "‘Não vejo a hora de ser normal mulher narrando futebol’, diz Renata Silveira" (Mônica Bergamo, 8/7). É uma quebra de paradigma. Logo, a primeira reação são as críticas, o estranhamento e a rejeição, sobretudo de homens. Ela ainda tem muito a evoluir. Deixem-na trabalhar e encontrar seu ponto de equilíbrio e sua forma de narrar, que ainda estão em construção. Denise Soares (Brasília, DF)
2023-07-09 18:55:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores-comentam-desafios-de-animais-que-fogem-de-casa.shtml
Miss Brasil 2023: Vitória Brodt, de São Paulo, fica em 3º lugar
A representante de São Paulo, Vitória Brodt, 24, ficou em terceiro lugar na noite deste sábado (8) na disputa da Miss Universo Brasil. Com o ocorrido, ela manteve o jejum de 29 anos para o estado, uma vez que a última vitória paulista no concurso foi em 1994, com a modelo Valéria Péris.Atriz há oito anos, Vitória trabalha como modelo, fala inglês fluente e é considerada veterana no mundo miss, por já ter participado de outros concursos. Estudante de economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a miss se considera uma pessoa curiosa, sonha em viajar o mundo e conhecer diversas culturas. Mais Uma de suas paixões é a dança, e ela estudou 13 anos de ballet, dança clássica e street dance. No seu tempo livre, gosta de brincar com seus cachorros e ler livros. Apesar de ser gaúcha, natural de Porto Alegre (RS), ela pôde concorrer por São Paulo pois mora há bastante tempo no estado. Se pensarmos no Rio Grande do Sul, Vitória é a 15ª gaúcha a vencer o título nacional.Após uma semana intensa de atividades e etapas preliminares, a jovem foi avaliada com o terceiro melhor desempenho. Houve venda de ingressos para o público geral, que quisesse assistir ao vivo o concurso. O evento foi transmitido, ao vivo, pelo canal do concurso no Youtube, além do canal 500 da Claro TV e da plataforma de streaming SoulTV, pelo canal UMiss.Na ocasião, quem passou a coroa e se despediu do trono foi a jornalista capixaba Mia Mamede, 27, titular de 2022. Quem comandou a cerimônia foi a apresentadora de TV gaúcha Cris Barth. A estrela do júri da final foi a angolana Leila Lopes, vencedora do Miss Universo 2011, que foi eleita naquele ano em concurso realizado no Brasil, em São Paulo.O destaque da edição é que esta foi a primeira vez na história em que o concurso aceitou a participação de candidatas que têm filhos, algo que nunca aconteceu antes, em mais de 70 anos. Isso só foi possível após mudanças nas regras do mundial, anunciadas no ano passado e aplicada a todos os países participantes. Mais Entre as candidatas, quem se enquadra nesse novo quesito são a goiana Renata Guerra Otoni, 27, a piauiense Gabriela Reis Menezes, 26, e a maranhense Lorena Caroline Maia e Silva, 27, que são mães. A novidade ganhou a atenção da imprensa de forma positiva e empolgou o público que torce pelas candidatas. Uma curiosidade é que a diretora-geral do concurso, a gaúcha Marthina Brandt, 31, está no oitavo mês de gestação de seu primeiro filho, João Gabriel.Missólogos consultados pela Folha consideram o grupo forte e competitivo, e arriscaram que entre as três finalistas estariam as misses São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul. Atrás delas, eles listaram ainda como destaques as misses Mato Grosso, Santa Catarina e Sergipe. Em seguida, apareceram Ceará, Distrito Federal, Pará e Piauí.Agora, a nova titular inicia uma preparação para defender o país no Miss Universo 2023, previsto para acontecer em dezembro, em El Salvador. A atual Miss Universo é a americana R'Bonney Gabriel, 28, e as duas únicas vezes em que o Brasil venceu foram em 1963, com a gaúcha Iêda Maria Vargas, e em 1968, com a baiana Martha Vasconcellos.A coroa deste ano, inclusive, foi feita em homenagem aos 60 anos da vitória de Iêda no mundial e foi batizada com seu primeiro nome. De criação do joalheiro paulista Miguel Alcade, a joia pesa quase 500 gramas e tem mais de 3 mil pedras encravadas ao longo de sua estrutura. Ao centro, estão seis topázios azuis, que representam as seis décadas desde a coroação de Iêda.Avaliada em R$ 50 mil, a coroa faz parte de uma das premiações do concurso para a miss. De acordo com a organização do MUB, a premiação deste ano ultrapassa o montante de R$ 150 mil em prêmios.Importante destacar que a seletiva do certame voltou nesta edição ao seu formato tradicional, e recebeu presencialmente o time completo de 27 candidatas, que representam todos os estados brasileiros e o Distrito Federal. Em 2022, quando foi eleita Mia, apenas as cinco finalistas estavam na etapa e no show final, como reflexo da pandemia.A última brasileira a chegar mais perto da coroa mundial foi a gaúcha Julia Gama, vice-campeã em 2020 - antes dela, a mineira Natália Guimarães também conquistou a mesma colocação, em 2007. Mia não chegou a se classificar no Miss Universo 2023, realizado em janeiro na cidade de Nova Orleans, nos EUA.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-09 00:28:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/miss-brasil-2023-vitoria-brodt-de-sao-paulo-fica-em-3o-lugar.shtml
Miss Universo Brasil 2023: Mari Brechane, do Rio Grande do Sul, vence o concurso
Mari Brechane foi eleita a Miss Brasil 2023 na noite deste sábado (8). Em evento realizado em São Paulo, o concurso premiou a mais bela do país, em final que foi disputada pelas representantes de Mato Grosso e São Paulo. Ela era considerada uma das favoritas da noite, conforme especialistas entrevistados pela Folha de S.Paulo.No evento, a modelo e estudante de Jornalismo teve que desfilar com trajes de banho e de gala, mas também foi desafiada a falar sobre redes sociais. Na etapa de perguntas dos jurados, Mari precisou opinar sobre o "hate" nas redes sociais."É importante falar sobre a questão de cyberbullying, além de crime, afeta pessoas nas redes. Nós vemos que não existe controle em cima, então qualquer pessoa pode comentar. O discurso de ódio é algo real que precisa ser cuidado, e Miss deve usar sua fala, influência para mudar essa história. Eu trabalho com esse discurso de amor ao próximo, independente de credo, raça, defendo acima de tudo o amor e isso transpareça nas redes. É nosso trabalho mudar isso", afirmou ela.Modelo desde os 13 anos e apaixonada pelo universo das misses, Mari se descreve como uma pessoa corajosa, que se arrisca em várias frentes. Em entrevista ao jornal Zero Hora, ela conta que já praticou diferentes esportes e atua em diversas áreas: surfa, joga beach tennis, vôlei, handebol e pratica dança. Além disso, é atriz e artista plástica. Mais Após uma semana intensa de atividades e etapas preliminares, a jovem foi avaliada com o melhor desempenho e foi coroada em um palco montado em uma casa de eventos na zona sul de São Paulo. Houve venda de ingressos para o público geral, que quisesse assistir ao vivo o concurso. O evento foi transmitido, ao vivo, pelo canal do concurso no Youtube, além do canal 500 da Claro TV e da plataforma de streaming SoulTV, pelo canal UMiss.Na ocasião, quem passou a coroa e se despediu do trono foi a jornalista capixaba Mia Mamede, 27, titular de 2022. Quem comandou a cerimônia foi a apresentadora de TV gaúcha Cris Barth. A estrela do júri da final foi a angolana Leila Lopes, vencedora do Miss Universo 2011, que foi eleita naquele ano em concurso realizado no Brasil, em São Paulo.O destaque da edição é que esta foi a primeira vez na história em que o concurso aceitou a participação de candidatas que têm filhos, algo que nunca aconteceu antes, em mais de 70 anos. Isso só foi possível após mudanças nas regras do mundial, anunciadas no ano passado e aplicada a todos os países participantes. Mais Na noite do Miss Universo Brasil, Mari encarou diferentes etapas até conquistar a desejada coroa. Inicialmente, as candidatas foram apresentadas com trajes típicos de seus estados - a gaúcha utilizou uma "chama crioula". Depois, ao vivo, ela e as outras 26 candidatas se apresentaram com trajes de gala e de banho.Na etapa final, as misses foram desafiadas a falarem sobre temas específicos. Conforme a avaliação do júri, o segundo lugar ficou com a Miss Mato Grosso, Bárbara Reis. O terceiro lugar foi da Miss São Paulo, Vitória Brodt.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-09 00:33:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/miss-brasil-2023-mari-brechane-do-rio-grande-do-sul-vence-o-concurso.shtml
Anime Friends e novo menu degustação do Nelita são dicas para o fim de semana em SP
O Anime Friends, maior evento de cultura pop oriental da América Latina, chega à sua 20ª edição neste ano em São Paulo, no Anhembi, entre 13 e 16 de julho. O primeiro dia do festival, na quinta-feira, terá ingressos grátis.Quem quiser acessar a abertura do evento sem pagar deverá fazer um cadastro no site da Ticket 360 a partir das 12h da terça-feira (11). A fila de espera, no entanto, já estará disponível às 10h. Serão permitidos até dois ingressos por CPF.Os organizadores prometem o maior Anime Friends de todos os tempos, em comemoração às suas duas décadas de existência. Ao todo, serão 50 atrações, incluindo artistas internacionais e nacionais, shows, bate-papos com atores que interpretam personagens japoneses, áreas temáticas, exibição de animes e os tradicionais concursos de cosplay. Mais A edição comemorativa, promete a organização, será a maior já feita até hoje, e pode receber mais de 100 mil pessoas e convidados nacionais e internacionais que, mesmo por trás das telas, marcaram a formação cultural de milhares de otakus —que é como são conhecidos os fãs do gênero. Entre eles estão Nano, cantora americana radicada no Japão cuja voz está em mais de 20 games e animes, e a violinista Yurika, que começou a carreira postando vídeos covers no YouTube e se tornou um grande sucesso mundial. O grupo Akino with Bless4 e as bandas Burnout Syndromes, Survive Said the Prophet e Scandal, que assinam temas de animes como "Genesis of Aquarion", "Haikyuu", "Banana Fish" e do filme "Pokémon: Diancie and the Cocoon of Destruction", também fazem parte da programação.Gravadora japonesa especializada em trilhas sonoras e animes, a Sacra Music terá uma mostra própria no evento, na qual os cantores Asca, Who-ya Extended e Snnarin interpretarão grandes hits do gênero. Já a banda japonesa Flow, que comemora 25 anos do lançamento do seu primeiro álbum, virá para um encontro com os fãs brasileiros.Os amantes de tokusatsu —séries e filmes live-action de super-herói, como "Power Rangers"— ganham uma programação especial. Mai Oishi, a Change Phoenix da série "Esquadrão Relâmpago Changeman"; Makoto Sumikawa, a Lady Diana de "Spielvan"; e Kiyomi Tsukada, a Anrí de "O Fantástico Jaspion", estarão presentes falando sobre suas carreiras, e respondendo perguntas do público.Os atores japoneses Takumi Tsutsui, que viveu o ninja Jiraiya, e Takumi Hashimoto, que interpretou o personagem Manabu na mesma série, além de dubladores como Guilherme Briggs (Buzz Lightyear), Wendel Bezerra (Goku e Bob Esponja) e Cecília Lemes (Chiquinha e Lady Diana) também passarão por lá. O evento deve reunir mais de 100 mil fãs de animes, mangá, tokusatsu e k-pop. Os ingressos custam a partir de R$ 130 em Ticket 360.Para comemorar os seus dois anos, o restaurante de Pinheiros (r. Ferreira de Araújo, 330, região oeste) renovou seu cardápio, que mescla ingredientes brasileiros e italianos, muitos vindos de pequenos produtores do interior de SP. Dividido em 11 tempos, o menu degustação (R$ 550), inclui ravióli doppio de pato e entrecôte de cogumelos. Aos sábados, o restaurante fica aberto das 19h às 23h.A cantora se apresenta no Sesc Campo Limpo (r. N. S. do Bom Conselho, 120) no sábado (15). Às 15h, ela e Rafa Moraes fazem uma espécie de aula-espetáculo sobre a guitarra paraense. Às 17h, ela apresenta as canções do show ‘Amazônica’, que passeia por gêneros nortistas como carimbó e guitarrada e é definido como uma ‘pororoca de ritmos’. A entrada é gratuita.Uma mostra dedicada ao cineasta chinês Wong Kar-Wai e a exibição de filmes como o brasileiro ‘Pixote’, de Hector Babenco, e o francês ‘O Ódio’, de Mathieu Kassovitz, fazem parte deste festival de cinema, organizado pela plataforma de streaming Mubi. As sessões, gratuitas, ocorrem ao longo de todo o fim de semana na Cinemateca (largo Sen. Raul Cardoso, 207)Até domingo (16), sempre às 13h e às 18h, o CCBB paulistano recebe um evento todo dedicado à harpa. Nomes nacionais e internacionais apresentam diferentes usos do instrumento milenar, percorrendo gêneros como jazz, música barroca e até heavy metal. As apresentações ocorrem no teatro e no térreo do prédio da rua Álvares Penteado, 112. Grátis
2023-07-10 17:53:00
passeios
Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/anime-friends-em-sp-tera-um-dia-com-ingresso-gratuito-saiba-como-conseguir.shtml
Reacomodação
Observou-se nos últimos dias uma reacomodação de forças na política brasileira. Abandonaram-se, ao menos por ora, o radicalismo estridente, a ideologia rasteira e o sectarismo infértil em favor de uma agenda promissora para o futuro.Foram gestos pequenos, não grandiloquentes; indicam retorno à média, não transformação profunda; decorrem de cálculo pragmático, não da busca de um ideal. Talvez seria pouco alhures, mas não num Brasil após quatros anos de Jair Bolsonaro (PL).Partiram, esses gestos, de dois nomes que, no atual cenário, despontam como possíveis antagonistas na eleição de 2026: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.Derivou de Tarcísio a iniciativa mais inusitada. A princípio contrário ao projeto de reforma tributária que tramita no Congresso, mudou de posição após uma conversa republicana com o petista Fernando Haddad, ministro da Fazenda.O governador de São Paulo foi além. Durante reunião do PL, defendeu o texto da reforma diante do inelegível Bolsonaro, com quem teve um desentendimento público.Tarcísio entendeu que o país tem muito a ganhar com um novo marco tributário, a ponto de essa discussão ultrapassar as fronteiras estreitas da disputa partidária. O ex-presidente assumiu uma posição sectária contra a proposta, baseado em argumentos primários.Já Lula deu a Haddad o respaldo necessário para fazer avançar a pauta econômica, baseada, ademais da reforma tributária, na nova regra fiscal. Foram mais do que boas conversas e muitos rapapés, dos quais políticos não abrem mão; o apoio incluiu esforços concretos para montar, no Congresso, uma base capaz de aprovar as propostas.O governo de esquerda precisa acostumar-se a lidar com um Legislativo de outra vertente. A aproximação demanda, por exemplo, ceder em certas ideias para conquistar um acordo em algum ponto entre os extremos —nada mais que uma negociação, que Lula conhece bem, mas o PT, nem tanto.O pragmatismo também reúne aspectos problemáticos. Envolve uma liberação recorde de emendas às vésperas das votações importantes, que ameaça a qualidade do gasto público, e um rearranjo nos ministérios, a fim de assegurar a fidelidade de legendas estratégicas —caso da União Brasil e seu pleito pela pasta do Turismo.Há, sem dúvida, algo a lamentar nessas barganhas e um tanto a comemorar nas negociações. Salvo pela possibilidade de a reforma tributária andar, nada disso é novidade na política brasileira. Pouco importa. Se superada a polarização estéril, a normalidade tem o peso de uma revolução.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-08 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/reacomodacao.shtml
Ator de 'Turma da Mônica' se pronuncia após polêmica com fetiche: 'Não fiz nada de errado ou ilegal'
O ator Fernando Mais, que interpreta Zecão no live-action da "Turma da Mônica - Lições", se pronunciou após ter sido ligado a um fetiche escatológico. O artista gerencia o perfil Gustavo Scat no Twitter em que divulga seu livro "Quero Scat – O Sexo com Cocô, Mijo e Peidos" e se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter desde a noite desta sexta-feira (7).Em vídeo no seu perfil do Instagram, Fernando disse que ficou chateado pelas pessoas estarem "censurando um livro que era um projeto de vida". "Não estou legal, aconteceu o maior medo da minha vida. Eu não fiz nada de errado, nada ilegal, eu só tenho um gosto diferente, assim como você, lá no fundo, deve ter também", afirmou ele.Fernando também conta que Felipe Neto seria um dos usuários que entrou em contato com ele. Inicialmente, o youtuber criticou o comportamento de Fernando em seu perfil. Mais tarde, após uma conversa com o ator, apagou o post e se solidarizou com a situação. "Tô conversando com o 'Gustavo Scat'. Encontrei um cara gentil, educado e assustado, muito assustado. A vida inteira dele tá ameaçada. A carreira, tudo que ele construiu", escreveu Neto.Em outra publicação, no Twitter, o ator completou seu pronunciamento com um desabafo. "Imagine milhões de pessoas tendo uma repulsa gigantesca por você? Assustador né?", começou ele. "Tô passando por isso agora. O maior medo da minha vida, junto com um mix dos meus maiores sonhos de vida: Ser reconhecido (como ator) e ser quem eu sou (mesmo que com fetiches diferentes).""A única coisa que eu sei é: Lute por aquilo que te faz feliz e aquilo que te movimenta lá no fundo da sua alma. Que te dá um propósito, que torna quem você é, mesmo que pareça que você está sozinho no mundo", finaliza ele, em post que recebeu mais de 1,1 mil curtidas.
2023-07-08 19:14:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/ator-de-turma-da-monica-se-pronuncia-apos-polemica-com-fetiche-nao-fiz-nada-de-errado-ou-ilegal.shtml
'Imprescindível na melhoria do ambiente de negócios', diz leitor sobre reforma tributária
Reforma Tributária "Em votação histórica, Câmara aprova a Reforma Tributária" (Mercado, 6/7). Parabéns aos deputados Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro na condução da Reforma Tributária, imprescindível na melhoria do ambiente de negócios no Brasil. Ela vai assegurar ao governo melhores condições para ampliar os investimentos, incentivando ganhos de produtividade e qualidade nos serviços públicos, tornando o Estado um indutor do desenvolvimento. Rubens Ito (São Paulo, SP)"Exceções e ‘festa fiscal’ são problemas que permanecem na Reforma Tributária" (Mercado, 8/7). Minha preocupação é com a autonomia de estados e municípios. Essa parte da regulamentação será a mais complicada, mas é importante de fato desonerar a cadeia produtiva e simplificar a tributação. Claudia Roveri (Blumenau, SC)Brinde "Reunião de Lula com deputados após reforma teve uísque, reclamação do presidente e recado a líder do PT" (Mercado, 7/7). Ainda não é hora de aplaudir as meias reformas. Temos muito pela frente. Quem viver, verá. Wagner Sais (Campinas, SP)Defesa "Advogada de Bolsonaro deixa Zambelli, e deputada busca defensor para TSE" (Política, 7/7). Ela e os outros "milicianos digitais" têm que responder pelo mal que fizeram ao país. Cristina Pereira (Campinas, SP)Prêmio "Tarcísio tirou ‘bilhete da loto premiado’ ao levar ‘bronca’ de Bolsonaro, diz empresário" (Mônica Bergamo, 7/7). Bilhete premiado somente se fizer um excelente governo no estado de São Paulo, o que até agora não ocorreu. Larissa Bertani (São Bernardo do Campo, SP)Tarcísio não deve nada a ninguém! Siga sua trajetória e evite estes marginais políticos. Walter Quirino (Brasília, DF)Impacto positivo "IA não é inteligência e sim marketing para explorar trabalho humano, diz Nicolelis" (Tec, 8/7). A entrevista pode ser considerada uma das mais elucidativas já publicadas pela Folha. Alguns aspectos esclarecidos pelo pesquisador têm repercussões muito positivas na pesquisa educacional. Marcos Cezar de Freitas (Guarulhos, SP)
2023-07-08 20:00:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/imprescindivel-na-melhoria-do-ambiente-de-negocios-diz-leitor-sobre-reforma-tributaria.shtml
Região da Espanha elege vencedora do concurso 'Miss Vaca'; veja fotos
A região de Galiza, no norte da Espanha, realiza anualmente o concurso "Miss Vaca", que elege a a vaca "mais bonita" de todas as quatro províncias.A competição é organizada pelo programa Luar, da TV Galicia, que transmite o evento. A vencedora deste ano, escolhida pelo público por meio de votação nesta sexta (7), foi a candidata Blanca, da Corunha, com 36% dos votos. Mais Além dela, outras três concorrentes estavam na disputa pelo título. A vaca Duquesa, de Lugo, ficou em segundo lugar, com 34%. Já as competidoras Marela, de Ourense, e Rubia, de Pontevedra, ficaram na terceira e na quarta posição, respectivamente.Internautas comentaram a fofura das candidatas nas redes sociais. O prêmio do "Miss Vaca" é de 3.000 euros.
2023-07-08 18:25:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/galiza-realiza-o-concurso-miss-vaca-veja-fotos-das-competidoras.shtml
Todos os aplausos para Ludmilla
Ludmilla está de parabéns. De verdade. Num momento em que tantas celebridades, de diferentes áreas, estão sob os holofotes por motivos como traições, dívidas, escândalos, brigas, ameaças de prisão ou com a Polícia Federal batendo na porta, a cantora conseguiu aliar sua arte a uma ação social de extrema importância.A artista, que já tinha sido embaixadora do banco de sangue do Hemorio em 2021, fez uma nova parceria neste mês: durante três dias —de 5, 6 e 7 de julho—, todos os fãs que doassem sangue na instituição ganhariam ingressos para o show "Numanice", que acontece neste sábado (8) no Estádio Nilton Santos, o Engenhão.O poder da cantora nas redes sociais é bem conhecido. Só no Instagram ela tem uma base de 30 milhões de seguidores, quase o dobro da população de todo o estado do Rio de Janeiro. Mais E, por falar em dobro, o resultado da ação foi impressionante. Só no primeiro dia, os fãs dobraram o número médio de doações diárias. Na verdade, foi mais que o dobro: foram 500 doações só na quarta-feira (5), o recorde de toda a história do Hemorio, desde sua fundação em 1944.As filas eram imensas. Alguns entrevistados disseram ter ficado sete horas aguardando a vez de doar sangue. E isso num dia de inverno em que a temperatura chegou a 15 graus em certos momentos, como publicou um fã ao mencionar que um amigo tinha vindo de Recife para fazer a doação no Rio de Janeiro.Muitos estavam doando pela primeira vez, o que pode significar que doadores que foram estimulados primordialmente pela busca dos ingressos gratuitos para o show podem adquirir uma nova consciência e se tornarem doadores regulares.Nas reportagens de TV, era comum ver a emoção de jovens que foram lá por causa do show, percebendo diante das câmeras a dimensão do bem que estavam proporcionando ao renovar o estoque de bolsas de sangue do Hemorio.Apesar da longa espera, o clima era maravilhoso. Pessoas felizes, repetindo com orgulho que sabiam estar salvando vidas com essa atitude. Orgulho merecido, porque era exatamente isso o que essas pessoas estavam fazendo: depositando vida num banco que certamente salvará muita gente.Em uma rede social, Ludmilla, que também doou sangue para a campanha, agradeceu e disse estar se sentindo grata e feliz. Além de todos os elogios que recebeu de colegas, fãs e de veículos de mídia, Lud também foi parabenizada publicamente no Twitter pelo Ministério da Saúde. Mais Assim como ela, outros artistas também usam seu poder de mobilização para ajudar o próximo. Fábio Porchat, que costuma promover ações sociais sem divulgá-las, desta vez pediu no Instagram que quem for ver seu show neste final de semana leve uma peça de roupa quente em bom estado para doar para a campanha do agasalho.Essas ações, ainda que pontuais, em cidades como Rio e São Paulo, são passos importantes para conscientizar o público do papel social de todos nós. E mostram que, apesar dessa onda de influenciadores que só conseguem focar no lucro e no marketing pessoal, há sim muitas celebridades que devolvem para o público parte do que conquistaram com seu sucesso.Há artistas e influenciadores que mantém escolas, hospitais, que ajudam na causa animal, ambiental, que criam ONGs e financiam projetos. No ápice da crise da pandemia, Whindersson Nunes, Marcelo Adnet, Tata Werneck e Richarlison, entre vários outros famosos, compraram e enviaram centenas de cilindros de oxigênio para hospitais de Manaus, onde a crise foi mais grave.São muitas as pessoa que se mobilizam ao longo de todo o ano para fazer o bem. No site Monitor das Doações, por exemplo, há uma lista dos maiores doadores de 2023. Os primeiros listados são todas grandes empresas. Mas a primeira pessoa física que aparece é a podcaster, contadora de histórias e empresária Deia Freitas, conhecida nas redes como @naoinviabilize, um exemplo lindo de como usar a influência para crescer de forma comunitária.Deia, que surgiu como um perfil no Twitter, transformou-se numa potência que leva com ela o poder de mobilizar muita gente para construir uma sociedade mais humana e mais justa. São essas pessoas incríveis, como Ludmilla, Fabio e Deia, entre tantos outros, que fazem com que a gente acredite que é possível fazer uma corrente do bem para que todo mundo possa viver com dignidade, feliz e "numa nice".Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-08 13:00:00
colunistas
Colunistas
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/todos-os-aplausos-para-ludmilla.shtml
Você mata até suculentas? Saiba como cuidar dessas plantas
Suculentas são plantas que não exigem tantos cuidados. Por isso, são boas para quem é mais desligado ou viaja muito.O mais importante é acertar na quantidade de luz e de rega, afirma o biólogo Samuel Gonçalves, doutor em botânica. Com mais de 1.200 plantas em casa, ele comanda o canal no YouTube Um Botânico no Apartamento e uma página no Instagram com o mesmo nome.Com folhas mais gordinhas, as suculentas acumulam água em seu tecido. Os cactos, aliás, também fazem parte desse grupo. A seguir, veja as dicas do Samuel para cuidar bem dessas plantas.Antes de saber onde você vai deixar a sua suculenta, é preciso entender se ela é uma planta de sol ou de sombra. Em geral, as suculentas de sol são verde-claras ou coloridas (vermelhas, alaranjadas, azuladas, arroxeadas, rosadas, brancas ou lilás), mesmo que a cor esteja só na borda da folha. Isso significa que elas precisam de pelo menos seis horas de luz solar direta por dia —caso das Echeveria.Se a suculenta tem uma tonalidade verde-escura, provavelmente ela é uma espécie de sombra. Assim, a planta não deve receber incidência solar direta, mas necessita estar em um ambiente com bastante claridade. Um exemplo são as suculentas que pertencem ao gênero Haworthia. Há também aquelas que se dão bem tanto no sol quanto na sombra, como a orelha-de-shrek e a jade.Um sinal de que a planta está recebendo menos luminosidade do que precisa é quando ela começa a crescer em um formato alongado, em busca de luz (estiolamento). O caule fica esticado e as folhas, separadas e pálidas. Isso aumenta muito a suscetibilidade a pragas.A frequência ideal varia de acordo com diferentes fatores (a espécie, o tipo de vaso, o clima, a estação do ano, a quantidade de sol ou de vento que a planta recebe etc.). Por isso, não dá para estabelecer com qual intervalo certinho você deverá aguar a sua suculenta. No inverno, por exemplo, é provável que as regas tenham que ser mais espaçadas.Para saber o momento certo de molhar, a melhor dica é enfiar o dedo na terra e verificar se ela está úmida ou não. As suculentas só devem ser regadas quando o substrato estiver completamente seco. Assim, elas são boas opções para quem viaja muito. A maioria das espécies vai resistir bem se precisar ficar mais ou menos 15 dias sem irrigação.Mas muita gente acaba matando as suculentas de sede, por achar que elas gostam de água em pouca quantidade, praticamente em conta-gotas. Segundo Samuel, isso não é verdade.É importante tentar reproduzir o que ocorre na natureza. Nas regiões onde há suculentas, demora para chover, mas, quando chove, chove muito. Logo, a rega no substrato tem que ser em abundância. É fundamental, porém, que o vaso tenha furos, para que a água não fique empoçada e as raízes apodreçam.Outra recomendação: molhe o substrato sempre no fim da tarde ou começo da noite. Isso porque as suculentas têm um mecanismo diferente de outras plantas. Seus estômatos (estruturas de trocas gasosas que ficam no caule) só se abrem quando não há sol forte. Assim, suas raízes não vão absorver a água durante o dia.Ao comprar ou ganhar uma suculenta, verifique como está a terra. Se estiver barrenta e compactada, é necessário trocá-la. Se estiver solta, não é preciso fazer a substituição.Na natureza, as suculentas vivem em lugares onde o solo é mais arenoso, rochoso e pobre em nutrientes. Para não errar na hora de escolher o substrato, o melhor é buscar aqueles que são específicos para esse tipo de planta, encontrados em lojas de jardinagem.Suculentas não vivem em solos ricos em nitrogênio na natureza. Por isso, é preciso ter cuidado, para não exagerar nesse nutriente na hora de adubar.Um adubo muito utilizado é o NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que pode ser encontrado em diferentes proporções. No caso das suculentas, o ideal é escolher uma versão com concentração menor de nitrogênio, caso do NPK 8-9-9. Até é possível usar um produto com proporções iguais de nitrogênio, fósforo e potássio, como o NPK 10-10-10. O que não é indicado de modo algum é utilizar um adubo com maior concentração de nitrogênio, afirma Samuel.Outro cuidado é não exagerar na adubação. Sempre siga as orientações da embalagem. Na dúvida, coloque menos adubo do que o indicado no rótulo, nunca mais. De modo geral, o ideal é adubar as suculentas uma vez por mês.Para evitá-las, a dica mais importante é manter a planta forte e saudável, acertando na luz, na rega e na adubação. As pragas mais comuns em suculentas são as cochonilhas e os pulgões, ambos insetos sugadores de seiva.Para combater infestações, Samuel recomenda utilizar uma solução de 150 ml de água com 350 ml de álcool isopropílico —que pode ser encomendado pela internet ou comprado em lojas de componentes eletrônicos, de produtos hospitalares, de limpeza e em algumas farmácias. Basta borrifar no local onde está a praga, esperar secar e aplicar novamente, logo em seguida. Repita o processo no dia seguinte, caso seja necessário.Se você não tiver acesso ao álcool isopropílico, uma alternativa é usar a calda de detergente. Dilua 50 ml de detergente neutro em 1 litro de água e borrife nas partes afetadas. Antes de aplicar na planta toda, teste em um pedaço pequeno da planta, para ver se ela reage bem à solução. Outro cuidado é não fazer a aplicação sob o sol.Já o aparecimento de fungos pode ocorrer se houver excesso na rega e/ou pouca ventilação. Tanto para prevenir quanto para tratar é possível utilizar uma colher de sopa de água oxigenada (10 volumes ou 3%) diluída em 250 ml de água. A solução pode ser borrifada nas folhas e/ou incluída na rega do substrato —uma vez por semana, para combater a doença, ou uma vez por mês, para prevenir. Mais
2023-07-08 11:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tudo-mais-um-pouco/2023/07/voce-mata-ate-suculentas-saiba-como-cuidar-dessas-plantas.shtml
Fim de semana tem adoção de cães e arraial felino em SP
Eventos neste fim de semana em São Paulo são opções para quem quer adotar um pet ou apenas ajudar os peludos que vivem em abrigo.Neste sábado (8), uma feira de adoção ocorre no parque Villa-Lobos, até as 17h, apoiada pela Allegra em parceria com a ONG Laticão.O evento é parte de uma ação da marca de antialérgico para marcar o Dia da Alergia, data de conscientização sobre o problema, e o Dia da Alegria, também lembrado neste sábado.O parque fica na av. Professor Fonseca Rodrigues, 2.001, Alto de Pinheiros. Será em frente ao Orquidário.Já no domingo (9), o shopping Complexo Tatuapé faz, em parceria com a ONG Amora Movimento Animal, evento de adoção de cães e gatos para incentivar o acolhimento de animais abandonados.Será das 14h às 18h no boulevard externo do Shopping Metrô Boulevard Tatuapé. Os visitantes também podem doar ração para auxiliar os animais que estão em fase de tratamento na instituição.O centro de compras fica na rua Gonçalves Crespo, 78, Tatuapé.Também no domingo, a ONG Adote Um Gatinho faz mais uma edição do seu arraial felino. A festa será na Associação Hokkaido, na rua Joaquim Távora, 605, Vila Mariana, das 12h às 18h.Haverá músicas típicas, bebidas e comidas tradicionais, brincadeiras e venda de produtos com temática felina, além da campanha "Aqueça Um Gatinho", que destina mantinha e sachê para os bichanos.Os ingressos vendidos no local custam R$ 25. Comprados antecipadamente custam R$ 20, com direito a uma brincadeira. Crianças até 7 anos não pagam.O objetivo é arrecadar fundos para o grupo, que cuida de mais de 400 gatos. Todos os animais doados pela ONG são vermifugados, vacinados, castrados, testados para FIV e FeLV e microchipados. Mais Siga o Bom Pra Cachorro no Twitter, Instagram e Facebook
2023-07-08 10:48:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/bom-pra-cachorro/2023/07/fim-de-semana-tem-adocao-de-caes-e-arraial-felino-em-sp.shtml
Miss Universo Brasil 2023: Saiba quem são as favoritas ao título, segundo especialistas
O Miss Universo Brasil celebra na noite deste sábado (8), em São Paulo, a eleição de uma nova ocupante para seu trono. Com o fim do reinado da capixaba Mia Mamede, 27, resta saber agora quem será a nova representante do país no Miss Universo 2023, que está programado para acontecer em dezembro, em El Salvador.A novidade entre as 27 candidatas —representantes dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal—, é que no grupo estão três misses mães: Goiás, Piauí e Maranhão. Após 70 anos de história, a regra mundial mudou, o que permitiu essa entrada. No topo disso tudo, será que elas são as favoritas para vencer? Se não, quais são? Quem tem mais chances? E o que esperar do show? Mais Para entender esses pontos e antecipar o que pode acontecer, quatro especialistas em concursos de beleza, os chamados de "missólogos", fizeram sua análise sobre a edição, com exclusividade para a coluna.Segundo os especialistas, neste ano, houve um resgate da competitividade, e as meninas estão bem preparadas. "Vejo o grupo com força e acredito que as veteranas vão abrilhantar o show, pois têm experiência, e uma miss é essencialmente feita por uma construção", explica João Ricardo Camilo Dias, curador da página Miss Brazil On Board (@missbrazilonboard)."É um grupo de candidatas escolhido dentro de uma retomada de concursos estaduais. Acredito que, enquanto se valorizar isso, teremos sempre a expectativa de encontrar a melhor escolha", emenda.A dupla de missólogos piauienses Luís Felipe Bezerra Gaspar, 25, e Samuel Torres dos Santos, 24, que comandam o perfil Com uma Coroa (@comumacoroa), concorda. "Esse ano é um dos mais fortes com relação à competência, e temos tantas meninas boas. Facilmente daria para eleger umas seis misses Brasil. Qualquer uma que for eleita irá nos representar muito bem no Miss Universo."Por sua vez, o paulista Renan Lima, 32, integrante do grupo Universo Miss (@grupouniversomiss), reforça que algumas das meninas se prepararam não só para o nacional, mas já tendo o nível do mundial em vista. "Este ano não está para amadores! Várias delas, inclusive, já são destaques em páginas internacionais e comentadas por missólogos de grande prestígio no meio. Vejo a vitória sendo decidida nos mínimos detalhes", avalia.O missólogo e empresário gaúcho Henrique Fontes, que comanda o site Global Beauties e também o CNB –que realiza a seletiva de brasileiras para outros mundiais–, diz que, com o bom nível das misses, espera-se um show bom."A expectativa é positiva, principalmente porque retorna ao formato tradicional do concurso, de ter presente as representantes das 27 unidades da federação. Também estão trazendo, neste ano, uma identidade própria no mercado, quem vem por meio da classificação, com um Top 7 de finalistas, seguido de Top 3 e Top 2, até chegar à vencedora. Muito bacana!", pondera. Mais As apostas dos missólogos não diferem muito das que os fãs têm apontado nas redes sociais nas últimas semanas. Em votação extraoficial feita pela coluna, as três candidatas que parecem estar com as mãos mais perto da coroa são, em ordem alfabética, as misses Goiás (Renata Guerra, 27), Rio Grande do Sul (Mari Brechane) e São Paulo (Vitória Brodt). Cada uma recebeu 3 votos.Atrás delas, estão no páreo as misses Mato Grosso (Bárbara Reis), Santa Catarina (Sasha Bauer) e Sergipe (Gabriela Botelho), com dois votos cada. Em seguida, aparecem Ceará (Beatriz Militão), Distrito Federal (Thayná Lima), Pará (Milena Gomes) e Piauí (Gabriela Menezes)."Minhas favoritas são: SP, MT, DF, SC e CE", revela Camilo Dias. "Entre elas, apenas uma candidata não é veterana, que é a Miss Rio Grande do Sul. Vejo ela como uma menina arrebatadora e que surpreende exatamente por, no alto da sua jovialidade e pouca experiência, trazer um frescor e uma emoção nova. Faz tempo que a gente não vê meninas entre 18 e 19 anos se destacando", diz.Na seletiva de Lima, contou ele, estão as misses GO, SP, SE, SC e RS. "Quando temos muitas ótimas opções, precisamos pensar estrategicamente no que seria melhor ao concurso como um todo. Como amante do mundo miss e empresário, minha vencedora é a Renata Guerra [Miss Goiás], devido a tudo o que ela representa como mulher, miss, profissional e mãe.""Ela é um acontecimento, tem uma energia que transcende", prossegue. "Vivendo essa nova era e quebra de paradigmas, vejo nela tudo o que precisamos para elevar a marca Miss Universo Brasil e também uma possibilidade real de coroa no Miss Universo.""Neste ano, temos um bom grupo de candidatas, com alguns destaques. Do meu ponto de vista, são as misses São Paulo, Goiás e Mato Grosso, além de Pará e Rio Grande do Sul que estão mais perto da coroa", enumera Fontes. Já para a dupla do Com Uma Coroa, as cinco são: GO, SE, SP, RS e PI.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-08 10:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/07/miss-universo-brasil-2023-saiba-quem-sao-as-favoritas-ao-titulo-segundo-especialistas.shtml
Homem acorda pouco antes de aparelhos serem desligados ao morte cerebral ser confirmada
Um homem surpreendeu a todos ao recuperar a consciência momentos antes de ter seus aparelhos desligados, depois de passar um ano em coma e ter sua morte cerebral declarada. James Howard-Jones, de 28 anos, foi vítima de um soco em uma rua de Cheltenham, na Inglaterra, em abril do ano passado, sofrendo sérios danos cerebrais que exigiram cuidados de longo prazo. As informações são do DailyMail.Ben Davies, o agressor de 24 anos, foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão após admitir, durante uma audiência, ter causado lesões corporais graves à vítima sem intenção. No dia do incidente, Howard-Jones estava com amigos em um bar assistindo a uma luta de boxe. Após uma briga entre os dois grupos, interrompida pelos seguranças, eles se encontraram novamente minutos depois em outra rua próxima ao bar, resultando em um soco que deixou James inconsciente.Após o ocorrido, ele foi levado ao hospital, onde permaneceu inconsciente por um ano, passando por várias cirurgias de emergência. Os médicos chegaram a declarar sua morte cerebral antes de ele despertar e dos aparelhos médicos serem desligados. Embora James tenha conseguido entender o que havia acontecido, os médicos relataram que ele enfrenta um quadro de "depressão severa".Inicialmente, ele só podia estabelecer contato visual sem conseguir se mover ou falar. Com o tempo, sua condição melhorou e ele foi transferido para um centro de reabilitação, embora tenha retornado ao hospital várias vezes devido a convulsões.Conforme a BBC, o juiz do caso afirmou que a sentença de Ben Davies foi considerada insuficiente para refletir o terrível dano causado. A defesa do agressor alegou que suas ações foram totalmente fora de seu caráter e que o incidente teve um efeito profundo sobre ele.
2023-07-07 22:39:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/homem-acorda-pouco-antes-de-aparelhos-serem-desligados-ao-morte-cerebral-ser-confirmada.shtml
Descubra uma estratégia para viver de renda com CDBs
A maioria dos investidores brasileiros não investe ou investe muito pouco em ações. Assim, eles se sentem desamparados, pois todos que abordam como viver de renda falam apenas de ações pagadoras de dividendos ou fundos imobiliários (FIIs). Entretanto, também é possível viver de renda com títulos bancários.Não são todos os investidores que suportam o sobe e desce dos preços de ações e FIIs. Mas, não é por esse motivo que você deve descartar o anseio de acumular um patrimônio e ter uma renda para adicionar à renda do INSS.Também é possível montar uma estratégia para viver de renda com ativos bancários.Estes ativos possuem três grandes vantagens: 1 – Não são marcados a mercado. Logo, não apresentam volatilidade de preço; 2 – O rendimento é exato e não está sujeito a oscilações de mercado; 3 – Possuem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Portanto, não apresentam qualquer risco se você investe dentro do limite.Entretanto, para usufruir ao máximo do benefício, você vai ter de abdicar da comodidade da aplicação no banco grande onde esteve por muito tempo.Isso ocorre, pois somente com os CDBs de bancos médios você vai conseguir um prêmio de rentabilidade que justifica a estratégia em relação a títulos públicos.A grande vantagem de começar esta estratégia neste momento é que as taxas destes títulos bancários de bancos médios estão com prêmio atrativo.Considere que você precise complementar a renda do INSS em R$ 3,5 mil mensais.Este retorno é facilmente atingível neste momento, pois as taxas estão em média de 6,5% ao ano acima do IPCA.Entretanto, vamos considerar na simulação um retorno médio de longo prazo ainda menor e de 6% ao ano acima do IPCA. Com este rendimento, você vai ter uma rentabilidade líquida de IR suficiente para cobrir a renda de R$ 3,5 mil por mês.Para isso, será necessário um patrimônio de R$ 1 milhão.Nesse momento, possivelmente algum leitor vai comentar que seria melhor comprar um ou mais imóveis com este valor.Não se iluda. Alugar parece fácil quando o imóvel é dos outros. Se seu imóvel ficar desocupado, você vai ter de arcar com condomínio, impostos e em vez de ter receita, terá custos. Adicionalmente, em imóveis, não se consegue uma renda de aluguel equivalente a 6% ao ano.A estratégia é simples. Basta dividir o montante em 7 parcelas.A primeira parcela é a que você vai usar no primeiro ano e você pode alocar em LCI ou LCA de liquidez diária e referenciada ao CDI. Nela você vai aplicar apenas R$ 42 mil.As outras 6 parcelas iguais serão distribuídas em CDBs de 1 a 6 anos referenciados ao IPCA, ou LCIs e LCAs referenciadas ao IPCA com retorno superior a 4,4% ao ano acima do IPCA.Todo ano vai vencer um destes títulos. Quando ele vencer, você separa R$ 42 mil para as despesas do ano e reinveste o restante para o prazo de 6 anos.Lembre-se de fazer a conta para que a aplicação em qualquer emissor não ultrapasse R$ 250 mil, considerando a valorização. Portanto, nos dois últimos anos, será necessário dividir em mais de um emissor.Lembre-se, seu maior risco não é o CDI, mas a inflação. Portanto, não fique olhando para o retorno em relação ao CDI. Para o longo prazo, os títulos referenciados ao IPCA são escolha mais segura. Afinal, você procura segurança, certo?Assim, você vai ter um portfólio sem volatilidade, com rendimento estável, capaz de gerar uma renda e ainda deixar ele de herança.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-07 20:57:00
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Avanço histórico
Não sem alguma surpresa, mas com grande satisfação, viu-se a Câmara dos Deputados dar o primeiro grande passo para a aprovação da reforma tributária. Trata-se do início de um processo longo, que cria a fundação do que pode vir a ser uma mudança extraordinária da economia e de parte do setor público e do direito brasileiro.É preciso aprovar no Senado, o quanto antes, a emenda constitucional que estrutura a reforma, evitando que se abram ainda mais exceções, que na versão da Câmara ainda não chegam a comprometer o cerne da proposta. Também será necessário elaborar e aprovar uma complexa regulamentação, que inclui a definição das alíquotas dos novos tributos.A introdução dos impostos será paulatina, em uma década, período em que deve haver calibragens do peso da tributação. Mesmo assim, o redesenho deve causar efeitos imediatos, pois o planejamento empresarial não tardará a se basear nas novas regras.O impacto na estrutura econômica do país promete ser significativo, a julgar por estimativas de especialistas que apontam ganhos no potencial produtivo entre 5% e 20% em alguns anos.A reforma vai substituir impostos federais, estaduais e municipais que incidem sobre o consumo de bens e serviços. De mais fundamental, os dois principais novos tributos incidirão sobre valor agregado, com pouca variação de alíquotas. A cobrança não é cumulativa, isto é, não haverá imposto sobre imposto. A arrecadação será feita no lugar de consumo, apenas.Assim, apesar de duas dúzias de exceções, a estrutura do novo sistema tributário dá cabo de milhares de regimes especiais e da enorme, ineficiente, improdutiva e atrasada complexidade da legislação atual.Deve pôr fim a um modelo que beneficia com favores tributários negócios particulares em detrimento do interesse da população em geral, que paga a criação de empreendimentos ineficientes.Vai diminuir, além disso, o número de litígios entre contribuinte e fisco, muito maior no Brasil do que no resto do mundo, e facilitar o cálculo econômico. Em vez de se guiar pela busca de privilégios tributários, as empresas vão se pautar mais e mais pelo retorno do empreendimento, o que deve redundar em ganhos de eficiência no uso de capital e trabalho.Para que fosse aprovada a reforma, houve um pedágio. Certos setores vão pagar alíquota reduzida, de 40% da alíquota padrão. Quanto mais favorecimentos, maior o peso dos tributos sobre os demais, se mantida a mesma carga tributária.Além de acabar com um sistema lunático, a reforma introduz o Conselho Federativo do Imposto de Bens e Serviços, IBS, que substituirá o ICMS, estadual, e o ISS, municipal. O órgão terá poderes sobre a arrecadação do IBS, fará sua partilha, editará normas infralegais de aplicação geral e poderá apresentar projetos a respeito do tributo.É um novo ente constitucional, com representação igualitária de estados e municípios, mas que aprovará suas decisões por maiorias que levem em consideração também o peso da população.A discussão sobre a governança do conselho chegou a ameaçar a reforma. Um acordo entre o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e, em particular, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), encaminhou uma solução equilibrada.Assim, ficaram isolados adversários da reforma, como Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, e inimigos gratuitos da mudança, como Jair Bolsonaro (PL) e parlamentares aliados.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve-se distante das negociações, em parte para evitar a partidarização do debate e o risco de eventual derrota. Mas o braço político de seu governo poderia se empenhar mais, nos bastidores.O trabalho maior ficou com Haddad, com o secretário que prega a reforma há muitos anos, Bernard Appy, e com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que desde 2019 fez precioso trabalho de consolidação da proposta.Ainda assim, Lula deve auferir as vantagens dos efeitos da reforma e do sucesso dos projetos encaminhados pela Fazenda. Arthur Lira (PP-AL) deu outra demonstração de força e do que é capaz quando também os interesses parlamentares são atendidos.A mudança, ressalve-se, ainda está longe de ser aprovada. O Senado tem a grande responsabilidade de não atrasar o processo nem sujeita-lo à fila de lobbies que vai se formar. Quanto mais casos especiais, mais se fere o espírito e a utilidade do que precisa ser uma grande transformação da economia.O redesenho dos impostosCinco tributos sobre o consumo e a produção serão extintos gradualmente: PIS, Confis, IPI (federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal)Serão substituídos por CBS (federal) e IBS (regional), além de um imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde e ao ambienteCBS e IBS incidirão sobre o valor adicionado, ou seja, descontando os insumos usados na produçãoA cobrança será no destino das mercadorias, de modo a eliminar a guerra fiscal entre os estadosHaverá uma alíquota única para a maioria dos produtos, a ser definida em lei complementarSetores como saúde e educação terão redução; alimentos da cesta básica serão isentosA transição levará dez anosAo menos oficialmente, não se prevê aumento da carga tributáriaeditoriais@grupofolha.com.br
2023-07-07 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/avanco-historico.shtml
Leitores comentam embate entre Bolsonaro e Tarcísio
Derrota "Bolsonaro sofre 1ª grande derrota na oposição ao medir forças com Lira e Tarcísio" (Política). Está mais do que na hora de a direita responsável procurar um líder moderado que a afaste do radicalismo insano do bolsonarismo, que tanto mal fez ao país. Ricardo Leme (Jundiaí, SP)Há um equívoco nessa matéria: só sofre derrota quem está no jogo; Bolsonaro é carta fora do baralho, é um efeito colateral que o tempo vai apagando. Pedro Cunha Jr. (São Paulo, SP)Tarcísio começa a alçar voo por conta própria, desvinculando-se do fanatismo bolsonarista. Começa a se caraterizar com um civilizado representante da direita e uma real alternativa à ultradireita que Ricardo Salles tão bem representa. Um bom augúrio para nosso país. José Ricardo da Silveira (Rio de Janeiro, RJ)"Nojinho" "Tarcísio nega cargos e tem ‘nojinho’ de bolsonaristas, dizem aliados do ex-presidente" (Mônica Bergamo, 7/7). Como disse Ulysses Guimarães, "ódio e nojo". João Larizzatti (Rio de Janeiro, RJ)Tarcísio pensa no longo prazo. Tudo indica que será o líder da centro-direita, posição que foi por muito tempo ocupada pelo PSDB (agora morto e enterrado). Eliana Imai (São Paulo, SP)Sem ideologia "Lula tem 60 milhões de votos e será sempre escutado, diz Galípolo" (Mercado, 7/7). A voz de quem não tem compromisso com ideologias, mas com um projeto de crescimento e estabilidade de um governo responsável e eleito pela maioria do povo. Airton Borzi (São Paulo, SP)Futuro "Robôs afirmam na ONU que um dia serão capazes de governar o mundo" (Mercado). Isso segue a teoria de que somos apenas uma raça de transição, para implementar a sociedade avançada de IA que irá dominar não só nosso planeta, mas toda a galáxia. Mas a relação entre humanos e robôs não será nada pacífica, pois se não somos harmoniosos entre nós, por que seríamos com eles? Vladimir Delgado (São Paulo, SP)Custo bilionário A pensão vitalícia paga pelo Estado a filhas adultas solteiras de militares é uma aberração que deveria ter sido sanada há muito tempo. Esse benefício foi criado em 1960, numa época em que a maioria das mulheres não estava inserida no mercado de trabalho, ou seja, eram donas de casa. Apesar da revogação de 2001, o princípio do direito adquirido gera um custo anual absurdo: em 2020, chegou a R$ 19,3 bilhões! Manter esse contrassenso é incabível. Luciano Harary (São Paulo, SP)Com amor "Reforma Tributária prevê IPVA para jatinhos e iates, mas medida pode ser inócua" (Mercado). Inócua, mas concebida com amor. Giovani Ferreira Vargas (Gravataí, RS)Legado "Atores de Zé Celso já se preparam para continuar a briga com Silvio Santos" (Ilustrada). Está aí uma oportunidade, a partir de algo muito triste, para que o município, o estado e a União possam dar um testemunho de amor à arte. E também os empresários da Fiesp, os banqueiros e grandes lojistas. São Paulo, fazendo memória a Zé Celso, será cada vez mais um polo internacional de cultura. Luiz Carlos Silva da Cunha (Pouso Alegre, MG)A região do Bexiga carece de áreas verdes. A ideia do parque não vai beneficiar só o teatro, mas toda a população daquela região. Dario Leopoldo (São Paulo, SP) Mais Gal Costa "Hildegard Angel pede autópsia de Gal Costa depois de denúncias contra viúva da cantora" (Mônica Bergamo). Gal Costa morreu em casa. Legalmente, tinha que haver autópsia. Maria Stela C. Morato (São Paulo, SP)Desvalorização "Nenhum professor atinge topo salarial na rede estadual de SP" (Cotidiano). A fórmula perfeita para manter o país na pobreza e na ignorância. Manoel Coutinho (Rio de Janeiro, RJ)Só um país que jamais priorizou a educação e nem vai priorizar é que desvaloriza tanto seus mestres. Juliana Horta (Curitiba, PR)Alguém sabe por que milhares de jovens com alto grau de instrução, deixam o país todos os anos ? Minha filha —graduada, mestre, doutora— foi embora há seis anos. Marcos Fernando Dauner (Joinville, SC)Calor recorde "Com novo recorde de calor, Terra tem a semana mais quente já registrada" (Ambiente). A extinção da humanidade e de outras formas de vida já começou, à medida que o planeta se torna gradualmente hostil para nós e outros animais. Os ecossistemas, especialmente os oceanos, estão desequilibrados e desempenham um papel importante na regulação do clima terrestre. Apesar disso, muitos de nós ainda não reconhecem a gravidade da situação, devido à natureza lenta e contínua desse processo. Mesmo diante dos sinais evidentes, temos dificuldades em aceitar. Márcio Soares (Campinas, SP)Ruy Castro O texto "Etnografia de galinheiro" (Opinião, 7/7) me trouxe lágrimas aos olhos, pelo riso incontido e pelas lembranças das pessoas de meu tempo. Ruy Castro é fantástico, se supera a cada coluna. Jonas Nunes dos Santos (Juiz de Fora, MG)
2023-07-07 20:00:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/leitores.shtml
O governo acerta ao ampliar a tributação de rendimentos no exterior? SIM
O cenário econômico mundial, no que se refere a organização estatal ou da própria iniciativa privada, tem sofrido mudanças profundas que precisam ser observados nas políticas tributárias nacionais. As melhores práticas ESG —Environmental, Social and Governance— devem também tangenciar as regras tributárias pois, independentemente da organização estatal, linha política e vertente econômica, o tributo é fonte de custeio das políticas públicas e, portanto, regras legais que busquem os ideais de justiça fiscal e capacidade contributiva deveriam ser balizadores destas políticas.No Brasil, falar em tributação, especialmente em relação a regras e iniciativas que sugiram novo ônus, é sempre delicado porque, além da elevada relação de carga fiscal e Produto Interno Bruto, o país, carente de crescimento e desenvolvimento, insiste em não alterar a estrutura base de tributação das atividades geradoras de riqueza, onerando demasiadamente, por exemplo, folha de pagamento, exações sobre faturamento, entre outras exações que dificultam a atividade empresarial.Isso sem dizer da baixa contrapartida proporcionada pelo Estado em relação às suas funções mínimas, especialmente quando falamos de segurança pública, saúde e educação. Aqui reside uma esperança de que a reforma tributária que tramita no Congresso Nacional possa mitigar essas distorções.De toda forma, do ponto de vista conceitual, o governo federal acerta em tributar riqueza auferida no exterior por contribuintes brasileiros que estruturam seus investimentos por empresas estrangeiras domiciliadas em paraíso fiscal.A nova norma elimina distorção no sistema tributário, que adota a tributação da renda universal, ainda que auferidas por entidade intermediária em paraíso fiscal. Essa tendência acompanha regras existentes em jurisdições tributárias consolidadas, potencializa a transparência e, indiretamente, traz robustez ao princípio da igualdade, por colocar em equivalência investidores locais com os que apostam em produtos no exterior, mas o fazem por meio das estruturas internacionais com tributação favorecida.A tributação de contribuinte brasileiro que possui investimentos no exterior ocorre sobre a riqueza produzida e disponibilizada. O ponto atacado pela MP objetiva impedir que empresas intermediárias, específicas de jurisdições com tratamento fiscal favorecido, sejam mecanismos de diferimento indefinido. E essas empresas, em sua maioria, não possuem estrutura física, substância e, portanto, são criadas com o nítido objetivo de elisão fiscal. Assim, a intenção da MP é de privilegiar substância sobre forma que, ainda que lícita, é geralmente desprovida de substrato negocial.Há itens na MP que precisam ser discutidos e a tributação pode trazer efeitos adversos em relação aos contribuintes, já que os problemas brasileiros e falta de escorreita conduta do Estado e seus deveres em relação ao financiamento social, gera na coletividade sensação de novo ônus sem o devido retorno. Porém, sob o ponto de vista conceitual, a iniciativa da MP busca, acertadamente, eliminar uma disparidade que, a luz dos princípios constitucionais e legais, acabaram reduzidos pela utilização de estruturas jurídicas intermediárias no exterior.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-07 17:14:00
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Ainda somos os mesmos e almoçamos como nossos pais
A semana foi do jeitinho que a Volkswagen queria: metade falou bem, a outra metade falou mal, mas todo mundo ajudou a divulgar o comercial da montadora em que a cantora Elis Regina, ressuscitada por inteligência artificial, contracena com a filha Maria Rita.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Eu, inclusive, neste exato momento.Os críticos acusam Maria Rita de ganhar dinheiro sobre o cadáver da mãe e, muito grave, para promover uma empresa que apoiou a ditadura militar no Brasil. Duvido que Elis vá se incomodar, pois está morta.E concordo com o João Marcello Bôscoli, outro filho de Elis: quase toda empresa tem pecados pretéritos, maiores ou menores, camuflados ou evidentes. As alemãs, então, vixe! Pesquise as origens da Adidas e da Puma, marcas queridinhas dos modernos. Vai deixar de tomar aspirina também?Outro alvo de crítica é o emprego de "Como Nossos Pais", composta por Belchior e interpretada por Elis, como jingle para vender carro.Não é exatamente uma ode à convivência harmoniosa de gerações, mas me parece que esse pessoal nasceu ontem e nunca viu um reclame na vida. Publicidade é a arte de deturpar o sentido original das coisas."Como Nossos Pais" trata da raiva e do medo da juventude dos anos 1970, com esquinas perigosas e sinais fechados. Evolui até concluir amargamente que, no fim das contas, jovens e velhos são a mesma tralha.É frustrante, pois dói entender que as gerações anteriores também se iludiram na presunção de que eram o alecrim dourado da existência humana. Mas a acomodação traz algum alento: não há descanso numa vida só de novidade e revolução.Quando o jovem descobre que precisa descansar, cede ao inevitável. Relaxa, compra um pijama confortável e um chinelo parecido com o do pai, apenas menos horrível. Mais Estava viajando nessas abobrinhas quando me peguei comprando, na rotisseria do supermercado, arroz, feijão e frango assado para aquecer no micro-ondas e almoçar em casa.Meus pais adoravam almoçar em supermercados aos sábados. Jesus, como eu detestava! Nos meus 14 ou 15 anos, queria experimentar restaurantes, ver lugares bacanas, comer longe daquele coquetel de aromas de amaciante, açúcar, vinagre e ração de cachorro.Pai e mãe só pensavam em resolver a vida sem sobressaltos. Compras e almoço na mesma saída, economia de tempo e de grana. E toca para a lanchonete do Bompreço da avenida Ricardo Jafet.Saí da casa dos pais e me meti a fazer tudo diferente. Se eles jantavam cedo, eu jantava tarde. Se temiam sabores novos, eu me jogava na comida asiática, no nordestino raiz, no restaurante daquele fulano que faz um negócio que só ele faz.Inventava moda –e ainda invento– até no almoço dos dias de semana. Quando trabalhava em redação, torrava o salário em restaurantes bons; no home office, dei para cozinhar coisas criativas. Uma hora cansa.Cansado, recorri à rotisseria do supermercado. O próximo passo é comer lá mesmo, como faziam meus pais.E o bufê de sopas da padaria que me aguarde: dia desses apareço para tomar caldo de mandioquinha com torrada de alho. Às 18h em ponto.
2023-07-07 17:41:00
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O governo acerta ao ampliar a tributação de rendimentos no exterior? NÃO
Podemos dividir a Medida Provisória (MP) 1.171/2023 em cinco grandes temas: (1) novas alíquotas de tributação das aplicações financeiras no exterior; (2) fim do diferimento da tributação dos lucros das "offshores" (regra anti-diferimento); (3) regras de tributação dos "trusts"; (4) opção para reavaliação de ativos no exterior em 31/12/2022, com tributação a 10%; e (5) reajuste da tabela do IR das Pessoas Físicas.Conforme "Nota à Imprensa" publicada em 1º/5/2023 pelo governo federal, as medidas descritas nos itens 1 a 4 serviriam supostamente para custear a diminuição da arrecadação ocasionada pela medida descrita no item 5.No entanto, pode-se dizer que um dos pontos mais polêmicos da referida MP seria o item 2, que, mais precisamente, institui a tributação dos lucros das "offshores" domiciliadas em paraísos fiscais ou que aufiram renda passiva (i.e. juros, dividendos, aluguéis, royalties etc) em percentual superior a 20%, lucros esses que serão tributados no Brasil, ao final de cada ano, com alíquotas progressivas de 0% a 22,5%.Por um lado, conforme pontuado pelo governo federal pela já mencionada "Nota à Imprensa" e também na "Exposição de Motivos nº 57/2023 MF", tal medida é amplamente recomendada pela OCDE, uma vez que o Brasil é uma das raras exceções no mundo que ainda permite a utilização de estruturas "offshores" por pessoas físicas para adiar indefinidamente o pagamento do tributo, contrariando as práticas internacionalmente aceitas. Assim, a medida teria como objetivo igualar o Brasil à maioria dos países desenvolvidos, além de proporcionar tratamento fiscal análogo ao das pessoas jurídicas que possuem controladas no exterior.Por outro lado, pode-se dizer que, o fisco brasileiro fez uso do "cherry-picking" ao tentar importar regras de tributação utilizadas por outros países, focando apenas na parte que lhe interessa, deixando de lado outras questões como, por exemplo: o aproveitamento de prejuízos apurados no exterior para reduzir rendimentos gerados no Brasil; a opção de se carregar perdas não utilizadas para exercícios futuros; a possibilidade de se igualar as faixas de alíquota aplicáveis a rendimentos financeiros nacionais e estrangeiros; a realização de "testes" para determinar se as empresas estrangeiras não seriam apenas um artifício de economia fiscal, dentre outros. Mais Assim, muito embora esteja sendo ostentada como uma medida que visa a colocar o Brasil no mesmo patamar dos países desenvolvidos, pode também ser vista como mais uma iniciativa que visa a majoração da carga fiscal.Por fim, vale lembrar que o Brasil já possui uma carga tributária muito elevada em comparação com os outros países desenvolvidos (de 33,9% do PIB contra 26,6% nos EUA em 2021). Segundo estudo elaborado pela consultoria Henley & Partners, o Brasil "perdeu" cerca de 1.800 milionários em 2022 e, para 2023, a previsão é de um novo êxodo de aproximadamente 1.200 indivíduos com esse perfil, fazendo com que o país fique em quinto lugar na lista dos países que mais "perderão" indivíduos de alta renda.E, como já se sabe, a fuga de capitais e também de profissionais com alta qualificação tende a causar um grande impacto negativo para os países no longo prazo, desestimulando novos investimentos, e, consequentemente, ocasionando a redução da arrecadação de impostos.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-07 17:02:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/o-governo-acerta-ao-ampliar-a-tributacao-de-rendimentos-no-exterior-nao.shtml
John Mayer e 'Better Than Revenge': veja memes da regravação de Taylor Swift
Taylor Swift lançou nesta sexta-feira (7) o álbum "Speak Now (Taylor’s Version)" com seis músicas extras. É uma regravação do terceiro disco da cantora, lançado originalmente em 2010.Ela está em uma saga de relançar seus álbuns que pertenciam à sua antiga gravadora, a Big Machine Records, desde que o empresário Scooter Braun adquiriu a empresa, se tornou dono dos primeiros discos da cantora e os vendeu para outra produtora.Desde então, Taylor recorreu a uma brecha no contrato e regravou os álbuns vendidos para ter suas músicas desvinculadas do nome do empresário. "Fearless (Taylor’s Version)" e "Red (Taylor’s Version)" foram os primeiros a ser lançados.Na internet, os fãs ativaram o modo "country", um dos gêneros que impulsionou Taylor ao sucesso no início de sua carreira e que faz parte do álbum "Speak Now".Apesar de ser uma regravação, Taylor costuma adicionar algo diferente, como canções extras ou uma versão estendida de uma das músicas. No caso de "Red (Taylor’s Version)", ela lançou a versão de dez minutos da canção "All Too Well", um antigo desejo dos fãs.Em "Speak Now (Taylor’s Version)", também houve mudanças. Desta vez em um verso em particular, considerado machista, na letra da música "Better Than Revenge".A versão original "Ela não é uma santa e ela não é o que você pensa / ela é uma atriz/ mas ela é mais famosa pelas coisas que ela faz/ na cama" foi alterada para "Ela não é uma santa e ela não é o que você pensa /ela é uma atriz /ele era uma mariposa atraída pela chama, ela estava segurando os fósforos".Mas, alguns fãs não gostaram da mudança.Enquanto outros, aprovaram a nova versão.Taylor é lembrada por escrever músicas sobre seus ex-namorados. Em "Speak Now", a canção "Dear John" seria supostamente sobre o cantor John Mayer, com quem a cantora teve um relacionamento em 2010. A internet também fez brincadeiras com essa situação.O relançamento também alimentou comparações com outro ex-namorado da cantora. Os fãs relembraram que o ator Taylor Lautner, conhecido por interpretar o lobisomem Jacob na saga Crepúsculo, é um dos ex de quem a cantora não guarda ressentimentos. A música "Back To December" teria sido escrita para ele.Se em "Red (Taylor’s Version)" –segunda regravação da cantora–, algumas músicas, como "All Too Well", supostamente escrita sobre o relacionamento com o ator Jake Gyllenhaal, alimentaram botatos, com o lançamento de "Speak Now (Taylor's Version)", John Mayer assume o papel de alvo das críticas dos fãs da cantora.A participação da cantora Paula Fernandes na regravação também foi algo que a internet desejava. Ela e Taylor dividiram os vocais em "Long Live" há 11 anos.
2023-07-07 12:26:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/john-mayer-e-better-than-revenge-veja-memes-da-regravacao-de-taylor-swift.shtml
Histórias com protagonismo negro começam a ser contadas
Foram quase 400 anos em que os negros eram tratados como mercadoria e animalizados no período da escravização. Outros 100 em que nossa história estava escanteada e sistematicamente apagada pelo racismo estrutural. Mas há uma mudança em curso. Poderia ser classificada de "silenciosa", mas o movimento negro se faz presente com seus gritos de ordem e tem mudado o rumo dessa narrativa.As histórias negras começam, enfim, ser contadas como deveriam: com protagonismo. Só no mês de maio tivemos o anúncio de três museus com foco na negritude. Em Salvador, o Museu Nacional da Cultura Afrobrasileira (Muhcab) receberá R$ 15 milhões da prefeitura para conclusão do prédio e exposições.No Rio, um museu sobre a diáspora africana deve ser construído até 2026, com investimentos do BNDES, na região do Cais do Valongo, porto que recebeu 1 milhão de pessoas escravizadas, o maior contingente nas Américas. O Cais do Valongo é tombado como patrimônio da humanidade e receberá, enfim, obras de valorização, com placas de sinalização, guarda-corpo e iluminação.Já em São Paulo, a Universidade Zumbi dos Palmares pretende transformar a antiga sede do Centro Paula Souza, no Bom Retiro, em Museu da História do Negro, com previsão de inauguração em 13 de maio de 2024. Todos os projetos ainda precisam de fato sair do papel, mas mostram uma mudança de rumo nas histórias contadas em museus, como já ocorreu no Museu da Imigração, em São Paulo, ou no Museu de Arte do Rio, o MAR.Há ainda os territórios em disputa, como é o caso do Movimento Saracura Vai-Vai, no Bixiga, em São Paulo, que luta para mudar o nome da futura estação da Linha Laranja do Metrô para Saracura Vai-Vai (nome do quilombo e da escola samba que funcionaram na região). O movimento pede ainda que as peças oriundas do quilombo encontradas nas obras sejam expostas na futura estação de metrô, além de um projeto de educação patrimonial para disseminação da história.Ainda na capital paulista, o Memorial dos Aflitos começa a ganhar corpo no Bairro da Liberdade lembrando o cemitério dedicado a pessoas negras e indígenas que esteve presente na região nos séculos 18 e 19. O projeto arquitetônico vencedor, no entanto, encontra resistência da comunidade e do movimento negro, por mostrar falta de entendimento da importância e das complexidades do local.Em São Luís, o bairro da Liberdade, maior quilombo urbano das américas, ganhou placas sinalizadoras, com QR Code, nos espaços culturais de visitação e deve receber em breve uma central de informação turística da prefeitura. A iniciativa já reflete numa melhora na autoestima dos moradores, além de uma nova renda.A capital maranhense acaba de viver seu auge, com as festas juninas, que incluem bumba meu boi, cacuriá e tambor de crioula, manifestações culturais da diáspora africana, tão ricas e tão pouco conhecidas fora de seu território. Mostra de que ainda vamos precisar descobrir e desejar vivenciar essas culturas negras.Em Salvador, a festa de 200 anos da independência em 2 de julho, que garantiu o fim do domínio português no território brasileiro, teve mais visibilidade do que o costume na mídia nacional, com espaços de destaque em telejornais como Globo Repórter e Fantástico, da TV Globo.Uma revolta popular liderada por mulheres como Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria que contrapõe a narrativa do 7 de setembro de 1822, em que um homem branco gritou "independência ou morte" em terras paulistas, mas não garantiu a saída dos portugueses de todo o território brasileiro.Ainda são muitos os passos, histórias, personagens, manifestações culturais e lugares com protagonismo negro que precisam ser contados. Mas o importante é que esse jogo começou a virar. Nós temos pressa de ver o povo preto em destaque e chegou a hora de cobrarmos essa dívida histórica. As narrativas negras são urgentes e todos nós queremos saber mais, experenciar e contar as histórias que não nos contaram.
2023-07-07 11:30:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/guia-negro/2023/07/historias-com-protagonismo-negro-comecam-a-ser-contadas.shtml
Quem foi MC Daleste, morto durante show há 10 anos e que inspirou Dia do Funk
Daniel Pellegrine, conhecido como MC Daleste, deixou um legado significativo no mundo do funk. Seu talento e influência continuam sendo celebrados até os dias de hoje. Neste dia 7 de julho, além de relembrarmos a trágica perda desse grande artista, baleado durante um show realizado pela prefeitura de Campinas, interior de Sâo Paulo, em julho de 2013, aos 20 anos de idade, em sua homenagem, também celebramos o Dia Estadual do Funk.A importância de cantor no cenário do funk é incontestável. Criado na favela Jau, localizada na região leste de São Paulo, ele conquistou uma base sólida de fãs com o estilo de funk que estava em ascensão na década de 2010: o ostentação.Sua carreira teve início no final dos anos 2000. Em uma entrevista ao programa Funk TV Visita, ele compartilhou a história de seu primeiro show, que aconteceu após receber um convite do MC Keke, funkeiro conhecido pelo gênero proibidão —músicas que retratam a realidade das comunidades onde ocorrem o tráfico de drogas.No final de 2011, Daleste lançou suas primeiras músicas, incluindo "Mãe de Traficante" e "Nunca Vendeu Maconha". Essas canções foram responsáveis por evidenciar o talento do cantor como compositor no cenário do funk em São Paulo.Durante os anos de 2012 e 2013, o funkeiro alcançou o auge de sua carreira com o lançamento de sucessos como "Mina de Vermelho" e "Ostentação Fora do Normal", em parceria com MC Léo da Baixada, além de "Mais Amor, Menos Recalque". Essas músicas se tornaram verdadeiros hinos do funk, impulsionando o artista a percorrer o Brasil com apresentações únicas e memoráveis.Vale ressaltar que em 2022, a cantora Gloria Groove, que também nasceu na região leste de São Paulo, prestou uma homenagem ao cantor com o lançamento da música "Vermelho", presente em seu álbum mais recente, intitulado "Lady Leste". A faixa conta com uma parceria póstuma que utiliza versos da música "Mina de Vermelhor".Daleste foi um dos pilares fundamentais para a consolidação do funk paulista. Sua música e estilo abriram caminho para uma nova geração de artistas, que encontraram inspiração em sua jornada de vida e em suas letras autênticas. Seu legado é uma prova do impacto significativo que ele teve na cultura musical do país. Mais Em 2016, a lei 16.310, proposto pela deputada estadual Leci Brandão tornou, o Funk parte do calendário oficial do Estado de São Paulo. Ela foi sancionada com o objetivo de reconhecer o gênero como uma manifestação cultural reconhecida pelo poder público. No dia em que a lei foi proposta, a deputada comentou que o oficio era "para que os artistas desse gênero musical sejam reconhecidos e protegidos contra qualquer tipo de discriminação e de desrespeito aos seus direitos profissionais".Atualmente, a presença de MC Daleste é sentida em todo o universo do funk. Suas canções icônicas, como "Ipanema", "Angra dos Reis", "Quem É" e "Deusa da Ostentação", continuam a ser ouvidas e apreciadas por fãs de todas as idades. Sua contribuição para a construção do funk ostentação e sua habilidade em retratar a realidade das comunidades foram fundamentais para a evolução do gênero.MC Daleste se tornou um dos grandes ícones do funk, e sua falta ainda é sentida e sua memória é reverenciada. Seu talento, paixão e autenticidade continuam a influenciar e inspirar artistas e fãs do funk até os dias de hoje.
2023-07-07 12:13:00
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Squirt: esguichei pela primeira vez dando uns amassos na rua
Alguns filmes pornográficos mostram mulheres esguichando um líquido pela vulva enquanto são estimuladas. Muita gente acha que aquilo só existe na pornografia e é uma montagem, mas acontece de verdade e é conhecido pelo nome squirt, que significa "esguicho".Não é lenda: algumas mulheres e pessoas com vulva de fato experienciam essa ejaculação com frequência. Uma delas é Patrícia, que me relatou que se diverte bastante quando acontece – mas também pode dar trabalho.Um dia ela estava andando pelas ruas com um ficante e eles pararam num canto escuro e começaram com a pegação. Dedos aqui, dedos acolá (já falei sobre como dedos são importantes), de repente ela sentiu um líquido escorrendo pela perna. Ela se assustou, o cara também. Nenhum dos dois havia presenciado o fenômeno antes."A primeira vez é um grande susto, porque você sabe que não é xixi, mas também é tudo muito estranho. Depois você se acostuma, até porque comigo passou a acontecer sempre".Patrícia explica que nem sempre é aquele espirro, como num jato. Na maioria das vezes é como se abrisse uma torneira, em que o líquido escorre rápido mas sem tanta pressão. Há poucos anos me dei conta de que já havia rolado comigo quando eu era bem jovem e ainda estava descobrindo as coisas. Numa festa, o cara com quem eu estava ficando estava estimulando minha vulva com os dedos (novamente eles!) e senti algo escorrer até meu tornozelo. Por anos, pensei que era muita lubrificação vaginal.Acontece que esse líquido não vem das glândulas de Bartholin, que produzem o suco de buceta a que estamos acostumados e sim das glândulas de Skene, localizadas abaixo da uretra. É possível que todas as mulheres tenham a capacidade de esguichar, mas há as que têm muita facilidade.Depois desse episódio que narrei, aconteceu comigo apenas mais três vezes, sempre com sugadores de clitóris. E atenção: não foi no momento em que gozei! Eu senti a região aquecer, como se estivesse borbulhando e, de repente, saiu um líquido. Faz muito tempo que não rola, e não faz nenhuma falta para eu gozar. Portanto, se não acontece com você, não precisa se preocupar, não é fundamental para o orgasmo.Patrícia diz que sente o squirt como um turbo de lubrificação que acontece quando ela está excitada. "Homem hétero é uma desgraça né? Eles acham que é orgasmo, mas não é. Geralmente eles ficam encantados, imagina, o sonho do pornô realizado ali, na frente deles".Outra amiga, com quem isso também acontece com frequência, confirma que nem sempre o líquido sai quando ela está gozando, na maioria das vezes é um "pré-gozo". Para ela, é sinal de que a transa está boa e tem um aspecto poético: é como se fosse uma materialização do prazer.Só que nem tudo é encantamento e explosão de prazeres quando se trata de squirt. Imagina molhar o lençol? "Tive que comprar uma capa impermeável pro colchão, ter mais lençóis disponíveis", diz ela, que já teve que secar seu edredom com secador no meio da madrugada. Uma opção, ela conta, são os tapetes absorventes vendidos por marcas de calcinhas reutilizáveis para menstruação. Hoje em dia, Patrícia consegue ter mais controle do squirt, já que nem sempre ela está disposta a lidar com as consequências.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-07-07 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/07/squirt-esguichei-pela-primeira-vez-dando-uns-amassos-na-rua.shtml
Unicamp oferece cursos de mandarim e kung fu para público em geral
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) está com inscrições abertas para cursos de mandarim, kung fu, pintura e caligrafia chinesas até o dia 23 de julho. Previstas para o segundo semestre deste ano, as aulas são oferecidas pelo Instituto Confúcio, fruto de um convênio com a Universidade Jiaotong de Pequim.São 15 módulos de língua chinesa divididos entre ensino presencial e online no valor de R$ 600,00 cada. Estudantes da Unicamp têm 90% de desconto, e pessoas de fora da universidade podem solicitar bolsa de estudos através de um formulário disponível no site do instituto.As aulas de pintura e caligrafia chinesas e das três modalidades de kung fu (Tai Ji Quan, Ba Duan Jin e Wu Bu Qua) são gratuitas e presenciais no campus de Barão Geraldo, em Campinas. Mais Interessados devem se inscrever através do sistema Extecamp para os módulos de mandarim ou por meio do site do Instituto Confúcio para as demais aulas, onde também está disponível o cronograma de horários.
2023-07-07 10:49:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/07/unicamp-oferece-cursos-de-mandarim-e-kung-fu-para-publico-em-geral.shtml
Faustão, a sucessão: Zeca Camargo e Glenda Kozlowski gravam chamada
Zeca Camargo e Glenda Kozlowski gravaram nesta quinta-feira (6) as primeiras chamadas para o programa que sucederá o Faustão na Band, na faixa nobre da emissora, a partir de agosto. Esta coluna obteve imagens exclusivas da dupla em estúdio, mas a Band, procurada por meio de sua assessoria de Comunicação, não se manifestou sobre o assunto.Sob direção de Ignácio Nano Iglesias, que comandou títulos como CQC, Pesadelo na Cozinha e A Liga, o programa ocupará exatamente a faixa que cabia a Faustão, das 20h30 às 22h, e será seguido por edição diária do "Perrengue", batizada como "Perrengue do Dia", com meia hora de duração.O nome da nova atração será definido na próxima semana, quando o plano comercial para a venda de patrocínio e anúncios será oferecido às agências de publicidade. A princípio, a estreia está prevista para a segunda quinzena de agosto, com a proposta de exibição ao vivo. Mais A emissora aposta que vai tirar melhor proveito da temperatura dos assuntos do dia, o que alimenta toda a sua grade desde a programação matutina, usando aí boa parte da estrutura do jornalismo.Nesta sexta-feira (7), serão gravadas as últimas atrações do Faustão na Band, com Anne Lottermann e João Guilherme no comando. O cenário será desmontado na sequência, para dar lugar ao desenho do futuro programa, com a troca de toda a estrutura já a partir de segunda-feira (10).A última edição inédita do Faustão na Band vai ao ar em 28 de julho. A emissora trabalha com a perspectiva de ter ainda duas semanas de reprises de melhores momentos para cumprir um prazo mais seguro até a conclusão do novo projeto.Embora Anne e João tenham assumido a apresentação do programa já em maio, imagens de arquivo de Faustão têm sido salpicadas entre cenas inéditas. Para a edição derradeira, está prevista uma apresentação inédita na TV de Lara, primogênita de Fausto Silva, que está estreando como cantora.Só em cálculos diretamente relacionados ao programa, Faustão na Band deixou um rombo de R$ 50 milhões. Estima-se que o prejuízo alcance o dobro desse valor com gastos indiretos, como a locação de dois anos dos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP) para abrigar o cenário do MasterChef.O reality culinário era gravado no estúdio cedido a Faustão ainda em 2021, na sede da Band. O programa também consumiu parte do estacionamento da emissora para que ali fosse montada uma área de espera para o auditório.Além dos três diretores com maior salário do programa, outros profissionais devem ser dispensados, mas a Band só vai avaliar na segunda-feira o número de pessoas e os cargos que ocupavam na atração de Faustão, a fim de definir quem poderá ser aproveitado na equipe.Não há definição ainda sobre o destino de Anne Lottermann, que deixou o posto de apresentadora de meteorologia do Jornal Nacional para aderir ao projeto, e de João Guilherme, que pode ser aproveitado como um repórter de entretenimento.A Band também vinha conversando com Otaviano Costa, que já foi da casa, mas a conversa com ele tem outro rumo e projeto, que só será tocado após a emissora fechar a equação necessária para a troca de Faustão por Zeca e Glenda.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).
2023-07-07 08:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/cristina-padiglione/2023/07/faustao-a-sucessao-zeca-camargo-e-glenda-kozlowski-gravam-chamada.shtml
Azar e negligência: combinação coloca em risco frequentadores de parque em SP
Azar e negligência. Sozinhos, esses elementos podem resultar em acidentes. Mas quando eles se encontram, a tragédia é certa. Vale para o Titanic, para o Concorde e para a nossa rotina doméstica.Quando só um desses elementos dá as caras, há uma chance de o acidente não acontecer.Foi o que testemunhei na semana passada.Sou frequentador do Parque da Aclimação, em São Paulo. Ele tem uma pista ampla ao redor de um lago com garças, é bem arborizado e relativamente vazio nos dias úteis. A faixa de asfalto forma um circuito de quase 1km, ideal para quem treina com planilha, como eu. Precisa correr 10 km? Só dar 10 voltas. Uma belezinha de lugar, recomendo.No sábado passado (1º/7) eu corria no Parque da Aclimação quando fui surpreendido por um galho de aproximadamente 3,5m estatelado na pista de asfalto. Como demoro mais ou menos 5 minutos para dar uma volta completa, conclui que aquele pedaço de madeira tinha acabado de cair.Imagine o estrago que poderia causar um pedaço de madeira de uns 30 quilos (estimativa minha ao levantar o galho) despencando de uma altura de 10 metros. Por sorte, não havia ninguém entre o galho e o chão na hora do incidente. Reforço aqui que foi muita sorte, considerando o movimento do parque em uma manhã ensolarada de sábado.Não havia pessoas, mas havia fios. Eles foram puxados, e quase derrubaram dois postes metálicos que os sustentavam. Conto isso apenas para ilustrar a violência da queda.Ninguém se machucou. Foi sorte, pura sorte. Essa parte você provavelmente já entendeu. Agora vou tratar de outro ponto: a negligência.Assim que vi o galho no chão, questionei os seguranças do parque se não deveria haver uma interdição no local, até que uma avaliação revelasse que aquela árvore seca não representaria mais risco aos frequentadores. Recebi resposta de que haveria um isolamento, dei-me por satisfeito e fui embora.No domingo, voltei ao parque. Pessoas caminhavam debaixo da referida árvore, inconscientes do risco que o passeio poderia representar. O tronco foi removido para o canto da pista, o asfalto estava limpo, e a vida seguiu como se nada houvesse acontecido.Fiquei puto. Fui à administração do parque, me identifiquei como frequentador do local – sou mesmo – e questionei se não deveria haver uma interdição ou, pelo menos, um alerta para quem passava no local. O "responsável" pela administração disse que não, e deu algumas das piores explicações que meus ouvidos já escutaram. Vou omitir os detalhes em respeito ao fígado do querido leitor.Fiquei mais puto ainda. Incrível como o cidadão comum pode ser ignorado pelas autoridades simplesmente por ser o que é -- um cidadão comum. Desta vez, me identifiquei como jornalista – sou mesmo – e repeti a pergunta sobre a interdição. Ele foi firme em dizer que não fecharia o trecho. Cinco minutos depois, a quantidade de cones e fitas no trecho onde está a árvore deixariam no chinelo qualquer operação da CET.Questionei a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) sobre o ocorrido. Em nota, a SVMA afirma que "todos os parques municipais são vistoriadas mensalmente, às vezes mais de uma vez". A nota diz ainda que "houve vistorias nos dias 21 e 28 de junho, e no referido mês foram realizadas podas em 13 exemplares arbóreos, sendo que a árvore em questão está com laudo de supressão previsto para ser atendido na próxima semana".Com a nota, a SVMA reconhece que o laudo recomendava o corte da árvore – ou "supressão", na linguagem técnica. Entendo que a operação não possa ser feita de imediato, dado o tamanho da cidade de São Paulo. Mas a área debaixo da árvore não deveria ter sido isolada preventivamente, já que o "exemplar arbóreo" estava seco e condenado, com risco de cair? Isso a nota não esclarece.Depois de ler tudo isso, você deve estar se perguntando: afinal, o que aconteceu no Parque da Aclimação? Nada. Não aconteceu nada. Ninguém se feriu, todos ficaram bem.Mas fica um ponto para reflexão. Lembra no início do texto, quando escrevi que tragédias são resultado de azar e negligência? Desta vez, só não aconteceu o pior porque a sorte estava do lado dos frequentadores do Parque.Até quando vamos depender só da sorte?
2023-07-07 07:00:00
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Entenda se é melhor ter previdência privada de renda fixa, multimercado ou de ações
Frequentemente sou questionado se é melhor ter renda fixa ou renda variável na parcela de previdência privada. A dúvida é pertinente, pois previdência tem um caráter de aplicação de longo prazo. Logo, haveria um viés para maior risco, ou seja, ações. Entretanto, a melhor resposta não é necessariamente essa.Vou colocar uma questão para testar seu conhecimento antes.Suponha que você tem uma carteira que possui 60% em títulos e fundos de renda fixa, 20% em fundos multimercados, 10% em fundos de ações nacionais e internacionais e 10 % em fundos imobiliários.Se você tem 10% de todo seu portfólio em previdência privada, qual das classes de ativos faria mais sentido você ter na previdência privada? a) fundos de renda fixa; b) fundos multimercados; c) fundos de ações; d) fundos imobiliários.Muitos planejadores financeiros e influenciadores digitais argumentam que o mais adequado é alocar na previdência a parcela de risco, ou seja, a de ações.A falha nesta seleção costuma ocorrer, pois a maioria dos investidores avalia a carteira de forma segmentada. Ou seja, pensa na "caixa" de previdência como algo segregado de seu portfólio total.Também, existe a falha de entendimento do que é o produto de previdência privada e como ele se insere no seu portfólio total. Vamos começar com este esclarecimento.Previdência privada não é um produto para desfrutar aposentadoria. Ele é apenas um veículo de acumulação de patrimônio que possui benefícios fiscais. Aplicações tradicionais não possuem os benefícios fiscais da previdência, mas não deixam de ser, também, uma forma de você poupar para aposentadoria.Portanto, você sempre precisa pensar em sua carteira como um todo. Seu portfólio inteiro é o veículo de acumulação para a aposentadoria e não apenas a parte que aplicou em previdência privada.Desta forma, a escolha não está relacionada ao prazo e ao veículo, mas em como você economiza mais IR.O benefício fiscal é exatamente a justificativa para selecionar a classe de ativo mais adequada.O imposto de renda em fundos de ações só é retido no momento do resgate. Portanto, você não tem a antecipação de IR, chamada de "come cotas".Essa antecipação de IR reduz o potencial de ganhos no longo prazo e ela ocorre apenas em fundos de renda fixa e fundos multimercado.Entretanto, na previdência privada, você não possui come cotas, mesmo que aplique em renda fixa e multimercado dentro dela.Portanto, o mais indicado seria alocar na previdência exatamente estas classes de ativos que estão sujeitas ao como cotas, ou seja, fundos de renda fixa e multimercados.Assim, você fica livre da antecipação de IR sobre elas.A diferença é considerável quando avaliamos em um prazo de 20 anos.Por exemplo, considere que aplicou R$ 50 mil em um fundo multimercado com expectativa de render 12% ao ano pelos próximos 20 anos. Depois deste prazo, você terá acumulado R$ 346,1 mil.Entretanto, se aplicou no mesmo produto por meio de um VGBL, você terá ao final dos 20 anos o valor de R$ 439,1 mil. Quase um terço a mais que no caso anterior.Não estou dizendo que não se deva ter produto de previdência em ações, tampouco que renda fixa ou multimercado vai render mais que ações. Eu mesmo tive em alguns momentos previdências em ações. Entretanto, o maior benefício é capturado se a previdência está aplicada na classe de multimercado ou de renda fixa.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-06 20:07:00
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Lira prioriza tributária do Congresso e mantém controle sobre pauta do governo
Depois de passar uma semana em Portugal em um fórum jurídico organizado pelo instituto do ministro Gilmar Mendes (STF), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou com estardalhaço um esforço concentrado para votar a reforma tributária, o projeto do Carf e o arcabouço fiscal.Dessas, as que têm impacto no curto prazo para o governo são a mudança no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, com restabelecimento do voto de desempate da Fazenda, e o projeto que flexibiliza as regras fiscais e enterra de vez o teto de gastos no país.A reforma tributária, estruturante, leva mais tempo para produzir efeitos plenamente —até porque requer uma transição do atual caos do sistema de impostos para um modelo mais simples. Além disso, desde o começo ficou claro que era do Congresso.Dito isso, Carf e arcabouço estão intrinsecamente ligados. Depois de um acordo com a Câmara, o governo abriu mão de tentar as mudanças via medida provisória e decidiu enviar, em maio, um projeto de lei com urgência constitucional. Isso significa que o texto trancaria a pauta da Casa se não fosse votado em 45 dias. Que é exatamente o que está acontecendo agora. Por tabela, o arcabouço é colocado em compasso de espera, quando faltava apenas um ok dos deputados para que seguisse à sanção de Lula.Com esse cenário posto, na segunda-feira (3), primeiro dia do esforço concentrado, o relator do Carf, Beto Pereira (PSDB-MS), incluiu uma série de modificações que geraram insatisfações disseminadas e travaram o projeto. Enquanto isso, Lira não escondeu de ninguém priorizar a votação da tributária —em entrevista, chegou a dizer que não havia discutido com líderes as alterações no arcabouço feitas pelo Senado.Tudo caminha para que o saldo do intensivão seja triplamente positivo para Lira. Em primeiro lugar, ele deve conseguir aprovar uma reforma que enfrentou décadas de dificuldades no Congresso. Além disso, tudo indica que há grandes possibilidades de o alagoano manter o governo refém de seus interesses, diante da perspectiva de jogar para agosto os dois projetos que são considerados chave pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) para melhorar a situação fiscal do país.De quebra, o presidente da Câmara teria se presenteado com mais uma semana de férias —algo que não tem respaldo na Constituição, que prevê recesso parlamentar de 18 a 31 de julho. Lira teria informado líderes partidários sobre a viagem com a família, de acordo com parlamentares, que dizem ainda que ele havia manifestado intenção de participar de cruzeiro do cantor Wesley Safadão. Não deixa de ser uma forma de recarregar a bateria para voltar com tudo em agosto. O governo que se cuide.
2023-07-06 18:12:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/lira-prioriza-tributaria-do-congresso-e-mantem-controle-sobre-pauta-do-governo.shtml
A caminho de uma São Paulo melhor, mais inclusiva e mais verde
A revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo foi um processo longo, difícil e extraordinário. Foram meses de trabalho, dezenas de audiências públicas, centenas de contribuições dos vereadores e milhares de participações populares. Todos juntos conseguimos construir um documento que aprofunda e melhora o PDE de 2014.Nestas semanas, houve muita discussão, muito debate, muita sugestão e muitas e muitas contribuições positivas de diversos setores da sociedade. O trabalho de revisar um projeto tão complexo quanto o Plano Diretor Estratégico de São Paulo, o PDE, exige que ouçamos todos os interessados, que levemos em consideração todas as contribuições, vindas das mais diversas posições políticas. O importante é garantir diversidade, agregar pontos de vistas, ouvir, somar, contribuir para melhorar —e isso foi feito. Todas as sugestões que permitiram aperfeiçoar o projeto foram acatadas. Esse é o papel de um relator. A revisão do PDE foi concluída com uma aprovação incontestável, 44 votos a favor, dois a mais que a primeira votação do substitutivo, no último 31 de maio.O próximo passo é muito importante: a revisão, que também está prevista, da Lei de Uso e Ocupação do Solo, conhecida como Lei do Zoneamento. Esta lei vai tratar de várias questões específicas, cujas diretrizes foram definidas pelo Plano.Alguns críticos disseram que o documento final de revisão do PDE foi o resultado de uma série de "recuos". Não houve nada disso. Eu disse várias vezes e repito agora: não tenho, nem eu, nem a Câmara, compromisso com o erro. Nossa preocupação foi a de redigir um documento legal que nos permita construir uma cidade mais justa, mais inclusiva e mais preocupada em cuidar de suas áreas verdes.O novo PDE avança na construção de uma São Paulo mais humana, com um olhar dirigido aos paulistanos e paulistanas das faixas de menor renda. Para isso, a revisão concede ainda mais incentivos à construção de moradias de interesse social. Esse esforço todo é necessário. Mais Consolidamos a intenção do Plano Diretor original no sentido de fortalecer os chamados Eixos de Estruturação. Buscamos uma solução equilibrada, ampliando em 100 metros o raio no qual, a partir de estações de metrô e trem, será permitido que se construam edifícios mais altos, mantendo sempre a exigência de contrapartidas de caráter social.Demos especial atenção à preservação do meio ambiente, incluindo mais parques públicos e propondo dispositivos para preservar nossas represas. A revisão do PDE inclui mecanismos destinados à preservação das vilas, existentes em vários bairros de nossa cidade.Valorizamos ainda mais o Fundurb, aumentando a porcentagem do fundo que deve ser destinado à construção de moradias populares, porcentual que passou de 30 a 40%. Nossa cidade merece tudo isso, hoje e sempre. Vamos continuar trabalhando para torná-la melhor.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-07-06 18:27:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/a-caminho-de-uma-sao-paulo-melhor-mais-inclusiva-e-mais-verde.shtml
Anárquico e contestador, Zé Celso era muito mais patriota que os reacionários de camisa da seleção
Faltam palavras para descrever a dor e o espanto pela morte trágica de Zé Celso Martinez Correa. O maior diretor teatral brasileiro em atividade se foi na manhã desta quinta (6), depois de ter mais de 50% do corpo queimado em decorrência de um incêndio em seu apartamento, na madrugada de terça (4).Zé Celso teria garantido um lugar de honra na história das nossas artes cênicas apenas pela montagem revolucionária de "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, em 1967. Mas ele fez muito mais. Montou "Roda Viva" de Chico Buarque, em 1968, alvo da fúria do Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar de extrema direita, e mais dezenas de outros espetáculos contestadores. Com muita música, muita interação com a plateia e muitas horas de duração, eram verdadeiros happenings.O diretor e dramaturgo era, aliás, a encarnação de tudo o que os conservadores mais detestam. Irreverente, dionisíaco, anárquico, escancaradamente homossexual. Em junho passado, oficializou seu casamento com o ator Marcelo Drummond, com quem já vivia há 37 anos. O casal deu uma festa de arromba no Teatro Oficina, há décadas o QG criativo de Zé Celso. Mais O entorno do teatro, aliás, virou o cerne de uma disputa jamais resolvida com Silvio Santos. O dono do SBT adquiriu o terreno que circunda o Oficina, onde pretende construir três torres de até cem metros de altura cada, totalizando 1.000 apartamentos e 1.000 vagas de garagem. O projeto desfiguraria o arrojado design da arquiteta Lina Bo Bardi para o Teatro Oficina, que perderia a vista de suas imensas janelas.Zé Celso defendia que a área fosse transformada no Parque Bixiga –ou Parque do Rio Bixiga, para enfatizar que ali corre um rio, hoje canalizado, e que também há um lençol freático apenas quatro metros abaixo do solo. Com sua morte, a criação desse parque fica ainda mais incerta.Em 2017, eu escrevi uma coluna aqui no F5 exortando Silvio Santos a ter um gesto de grandeza e desprendimento. Como uma espécie de agradecimento à cidade onde construiu seu império, ele doaria o terreno à Prefeitura, que finalmente o transformaria num parque –o Parque Silvio Santos.Hoje mudei de ideia. Esse parque merece ser batizado de Zé Celso Martinez Correa, porque ninguém lutou mais por essa área verde do que o diretor teatral. Zé Celso, aliás, tinha uma ligação profunda e visceral com o Bixiga, onde realizou muitos de seus mais importantes espetáculos.A figura do diretor causava frêmitos de horror nos reacionários, mas o fato é que ele era muito mais patriota do que essa corja que veste camisa da seleção para depredar palácios. Zé Celso investiu contra o estilo europeu e algo enferrujado que dominava o teatro brasileiro até a década de 1960, e trouxe uma brasilidade inquestionável para o palco. O Brasil estava inteiro ali. Com toda sua beleza, seus defeitos e sua glória.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-07-06 11:33:00
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Jornalista Sabine Righetti, da Agência Bori, vence Prêmio José Reis
A jornalista Sabine Righetti, pesquisadora e professora do Labjor-Unicamp (Laboratório de Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas) e cofundadora da Agência Bori, venceu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, o principal reconhecimento do país para a área do jornalismo científico.A premiação é concedida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com o objetivo de incentivar profissionais e instituições que buscam divulgar e popularizar a ciência. Para isso, três categorias são alternadas a cada edição: pesquisador e escritor, instituição ou veículo de comunicação e, neste ano, jornalista em ciência e tecnologia.Doutora em política científica, Righetti trabalhou na Folha até 2015 e ainda colabora com análises sobre saúde, ciência e educação no jornal. Em 2020, ela fundou a Agência Bori, que apoia repórteres na cobertura científica. A Bori lançou o programa Infovacina Trainee em 2022, e a iniciativa foi reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como exemplo de inovação em comunicação.O prêmio homenageia José Reis (1907-2002), médico e jornalista que participou da criação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Reis colaborou com a Folha de 1947 a 2002, inclusive no cargo de diretor de Redação entre 1962 e 1967.Em 1978, ele escreveu sobre uma pesquisa publicada nos Estados Unidos com um alerta para mudanças climáticas provocadas por emissões de dióxido de carbono na atmosfera —esta foi a primeira vez em que a Folha falou sobre aquecimento global.A cerimônia de premiação acontecerá no dia 23 de julho, na UFPR (Universidade Federal do Paraná), durante a 75ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). A jornalista Sabine Righetti também participará do evento com uma palestra sobre o seu trabalho no dia 25, às 9h30.
2023-07-06 11:25:00
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Miss Universo Brasil: Avaliada em R$ 50 mil, nova coroa do concurso homenageia Ieda Vargas; veja foto
A organização do Miss Universo Brasil (MUB) mostrou no início da madrugada desta quinta (6), a nova coroa do concurso. O design da joia é inspirado na gaúcha Iêda Maria Vargas, primeira brasileira a vencer o Miss Universo, em 1963, e a peça foi batizada seu nome.O motivador da iniciativa é que este ano completam 60 anos desde a vitória de Iêda no mundial, que aconteceu em Miami Beach (EUA). A segunda brasileira eleita Miss Universo foi a baiana Martha Vasconcellos, em 1968 – depois disso o Brasil chegou algumas vezes ao grupo de 5 finalistas, mas não na liderança do pódio. Mais "Estou extremamente feliz com essa homenagem dos meus 60 anos de reinado. Ser lembrada com tanto carinho e amor é muito gratificante, ainda mais que esse ano a coroa vai ter o meu nome. Que honra! Só tenho a agradecer!", disse a miss, que atualmente está com 78 anos e tinha apenas 18 quando conquistou o título.O design da peça, assinado pelo joalheiro paulista Miguel Alcade, foi inspirado no vestido azul usado por Iêda quando venceu o título de Miss Brasil, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. "O centro da peça tem seis pedras de topázio azuis, que representam os 60 anos da primeira brasileira a ser eleita Miss Universo. Temos mais de 3 mil pedras cravadas ao longo da estrutura e ela é avaliada em aproximadamente R$ 50 mil", disse Alcade, em conversa com a coluna.A joia foi revelada durante um evento em um restaurante de luxo na região dos Jardins, na capital paulista. Além de Miguel e das 27 misses candidatas na edição deste ano, estavam presentes misses Brasil de anos anteriores, convidados, coordenadores e preparadores das meninas."A imagem daquela miss elegante e radiante deixou uma profunda impressão em mim, mesmo anos depois da coroação. A beleza singela e cristalina daquela mulher transmitia uma leveza e uma alegria de viver que me encantaram para sempre", analisa ele sobre a Miss Universo 1963.Alcade tem mais de 35 anos de carreira e sempre teve o sonho de fazer coroas para misses. Ele é também responsável pela coroa do Miss Universo Brasil 2021, usada para coroar a cearense Teresa Santos, vencedora daquele ano. Na ocasião, ele usou gemas brasileiras em tonalidades verdes e azuis, além de zircônias, para expressar o tema "Brasil". Mais "Agradeço muito esse convite que me foi feito novamente. Meu coração está batendo forte por essa coroa, tem muito amor envolvido nesse trabalho e espero que nossa nova representante traga o título mundial pra gente. Ter a oportunidade de deixar minha assinatura na história deste tradicional concurso e mostrar por meio do Miss Universo que o Brasil possui uma alta joalheria que não deixa nada a desejar em relação ao mercado internacional, é verdadeiramente um privilégio", disse ele.De acordo com a empresária gaúcha Marthina Brandt, 31, que é diretora geral do concurso e também ostenta o título de Miss Universo Brasil 2015, Iêda deve estar presente na final do concurso para ver a coroa e prestigiar a nova Miss Brasil.EDIÇÃO 2023Na segunda (3), começou em São Paulo o confinamento da edição 2023 do Miss Universo Brasil (MUB). Em dias corridos, as misses estão participando de uma semana de atividades, compromissos e avaliações preliminares realizadas por jurados e a organização.Na noite de sábado (8), será conhecida a vencedora, que vai representar o país no Miss Universo 2023, previsto para dezembro em El Salvador. Quem passa a coroa é a capixaba Mia Mamede, 27, eleita em julho do ano passado. O concurso será transmitido ao vivo, pelo YouTube, e no canal 500 da Claro TV, a partir das 21h.Esta é a primeira vez na história que o concurso aceita a participação de candidatas que têm filhos, algo que nunca aconteceu antes, em mais de 70 anos. isso só foi possível após mudanças nas regras do mundial, anunciadas no ano passado e aplicada a todos os países participantes.A primeira miss do grupo que se enquadra nesse novo quesito é a goiana Renata Guerra Otoni, 27, eleita no início de maio, que é mãe da pequena Samira, de 4 anos. As outras duas mamães eleitas são as misses Piauí, Gabriela Reis Menezes, 26, e Maranhão, Lorena Caroline Maia e Silva, 27."Buscamos uma mulher original, que tenha personalidade e a essência de uma miss. Queremos eleger não só uma Miss Brasil, mas sim uma Miss Universo", disse Marthina no mês passado à coluna.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-07-06 10:14:00
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Conversando com o inimigo
Talvez você seja cético em relação às pessoas que dizem falar com plantas. Ou talvez seja do tipo que fala com plantas e, a depender da sua própria interpretação, pode ou não ter algum tipo de resposta. Para a ciência, as plantas são, sim, capazes de se comunicar — ao menos entre si.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Assim como nós, humanos, podemos nos comunicar por gestos, pelo olhar, pela fala e até pelo não dito, as linguagens das plantas são diversas. Um exemplo clássico é a troca de informações por substâncias: quando uma planta é lesionada, ela libera moléculas que transitam pelo ar até chegar a suas parceiras, preparando-as para um possível ataque.É uma forma sutil de se comunicar, mas há outras maneiras ainda mais tênues, imperceptíveis até mesmo a outras espécies — mas não a pesquisadores como Juliane Ishida, professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, a cientista molecular e bióloga estuda o papel de moléculas de RNA na comunicação entre dois tipos de plantas: uma parasita e sua hospedeira.Quando pensamos em parasitas de plantas, é comum lembrar de bactérias, fungos e até vírus. Plantas, no entanto, também podem ser parasitadas por outras plantas que, com pouca ou nenhuma capacidade fotossintética, sugam a seiva de uma espécie autônoma a ponto de matá-la. "Quando o parasita é um microrganismo, usa-se um pesticida que mata a bactéria, por exemplo, mas preserva a planta. Mas e quando a relação de parasitismo ocorre entre duas plantas? O desafio é criar uma solução que afete somente a parasita", explica a bióloga.Exterminar pragas não era um objetivo de Ishida até pouco tempo atrás, apesar de seu interesse pela botânica ser antigo. Nascida na cidade paulista de Suzano, ainda criança ela começou a se aproximar das plantas na casa da avó materna, que mantinha um jardim robusto e variado. Na tevê, via programas sobre ciência e animais, e aos 11 anos já sabia que queria ser cientista – mais especificamente, bióloga.No ensino médio, a paixão por animais falava mais alto que o interesse pelas plantas, mas um episódio na escola mudou seu rumo. Para estudar o funcionamento de uma enzima específica, um professor realizou um experimento (hoje impensável) que exigia o sacrifício de um coelho. Sem estômago nem para fazer testes corriqueiros em camundongos, ela resolveu enveredar pelo caminho das plantas.Fez duas graduações (biologia e ciência molecular) e um mestrado em botânica na Universidade de São Paulo. O contato com a parasitologia vegetal só veio no doutorado, feito na Universidade de Tóquio, no Japão. "Quando cheguei, meu orientador disse que gostaria que eu estudasse o tema. Não era o que eu queria, mas não consegui dizer ‘não’", lembra. Originalmente, a ideia de Ishida era trabalhar com o sistema imunológico das plantas. No fim das contas, ela entendeu que os assuntos eram interligados.Em sua empreitada pelas plantas parasitas, Ishida ajudou a alçar uma espécie ao estrelato. Para evitar o uso de uma peste agrícola em laboratório, o que traria risco da praga se espalhar por aí, ela passou a usar uma outra planta como modelo, a Phtheirospermum japonicum, de genética muito semelhante. Ao tentar submeter a uma revista científica um artigo em que citava a espécie, logo recebeu uma negativa. A mensagem do editor dizia que, após procurar pela planta no Google Acadêmico, apareceram apenas quatro páginas com resultados, três em chinês. A pesquisadora acabou publicando o artigo em outro periódico e, depois disso, a espécie se popularizou entre os cientistas da área. Hoje, a busca do Google mostra mais de 11 mil páginas.O estudo das plantas parasitas não desperta muito interesse da comunidade científica global. É um problema que surge em áreas de altas temperaturas, baixa umidade e solo pobre, afetando países da faixa tropical, distantes do eixo EUA-Europa. Com a emergência do aquecimento global, no entanto, há o risco de migração das parasitas para países do hemisfério norte.Apesar desse desinteresse, o tema é relevante: plantas parasitas podem devastar até 100% do cultivo de espécies como cana-de-açúcar, arroz, milho e sorgo. É uma questão no Quênia, por exemplo, onde Mama Sarah (que foi agricultora, ativista da segurança alimentar e avó de Barack Obama) costumava receber agricultores para ensiná-los a manejar as pragas, mesmo sem tecnologias.Ishida está cada vez mais perto de solucionar o problema. Hoje, ela identificou que, quando atacada por uma parasita, a planta recruta um tipo específico de RNA, o chamado não codificante. Diferentemente dos outros tipos, ele não participa da síntese de proteínas, mas sinaliza eventos que ocorrem no organismo.O próximo passo é entender precisamente a função desse RNA na relação de parasitismo para, quem sabe, gerar espécies capazes de inibir ou mesmo remover a molécula, criando resistência. No fim das contas, falar com plantas pode, sim, dar resultado.*Murilo Bomfim é jornalista.O blog Ciência Fundamental é editado pelo Serrapilheira, um instituto privado, sem fins lucrativos, que promove a ciência no Brasil. Inscreva-se na newsletter do Serrapilheira para acompanhar as novidades do instituto e do blog.
2023-07-06 07:03:00
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Bodes fora da sala
Aprovado pelo Senado para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, uma indicação do governo petista, mostrou sensatez ao ser sabatinado pelos parlamentares.Não esboçou nenhum sinal de confronto com o atual comando do BC nem de inclinação a experimentalismos heterodoxos. Ex-número dois de Fernando Haddad na Fazenda, preferiu expor os progressos que considera terem sido obtidos pela atual gestão.Em sua lista, incluiu a valorização da moeda nacional ante o dólar, a queda das previsões para o déficit orçamentário, a iminente aprovação de uma nova regra fiscal, a alta dos prognósticos para a expansão do PIB e os recuos da inflação e da taxa de juros esperada.É tudo verdade, mas cumpre observar que boa parte da melhora se deu sobre expectativas que haviam se deteriorado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ataques ao controle da despesa pública e à autonomia do BC.Os humores mudaram com o cenário internacional mais favorável, a safra agrícola recorde e a constatação de que, a despeito do falatório do presidente da República, as piores ideias econômicas petistas não têm prosperado —é o proverbial bode retirado da sala.O Congresso logo fez saber que não avançariam eventuais tentativas de mudar a governança da política monetária e reverter reformas dos últimos anos. Do mesmo modo, barrou-se a investida estatista do Palácio do Planalto contra o marco legal do saneamento.Especulações sobre aumento das metas de inflação, insufladas por Lula, foram deixadas de lado. O recurso ao Judiciário para enfraquecer a privatização da Eletrobras, até aqui, deu em nada. O programa anacrônico de apoio à indústria automobilística teve suas dimensões limitadas.As teses gastadoras e inflacionistas parecem circunscritas ao BNDES. Em vez disso, Haddad e sua equipe se dedicaram à prioridade correta de fazer avançar a nova regra de contenção de gastos.É nesse ponto, entretanto, que a listagem otimista de Galípolo merece a principal ressalva. Apesar de alguma queda recente, as expectativas mais consensuais ainda são de déficits orçamentários elevados neste ano e no próximo, além de alta contínua da dívida pública, hoje já equivalente a excessivos 73,6% do Produto Interno Bruto.O governo Lula, portanto, ainda tem muito a fazer para desarmar o principal obstáculo à queda célere dos juros e ao crescimento da economia brasileira. Se sua regra fiscal não conquistar credibilidade maior, será mais difícil —e suscetível às intempéries do cenário internacional— tornar duradoura a atual melhora de humores.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-05 22:00:00
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Opinião
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Dilemas de Macron
Emmanuel Macron nunca foi unanimidade entre os franceses. Ainda assim, foi eleito presidente duas vezes. O segredo de seu sucesso está no adversário: em ambos os pleitos, disputou o segundo turno com a ultradireitista Marine Le Pen. Na França, há o relativo consenso de que a extrema direita não deve assumir a Presidência.O problema é que esse entendimento é declinante. Em 2017, Macron venceu o segundo turno com 65,8% dos votos; em 2022, foram 58,6%. É nesse contexto que se deve analisar a onda de protestos violentos que vem varrendo o país.As manifestações tiveram início depois que um policial matou um adolescente de ascendência magrebina. Não são, portanto, reação a uma política do governo, como foram os atos contra a reforma da Previdência em março.Segundo o sociólogo francês Sebastian Roché, em entrevista à Folha, Macron pretende enfrentar a situação com mão pesada para não dar à extrema direita o discurso de que o governo é fraco, incapaz de controlar distúrbios violentos.O presidente cogita tomar medidas controversas, como responsabilizar os pais por ações dos filhos, já que são majoritariamente jovens que participam dos protestos.Ao pautar-se pela direita, Macron afasta-se mais um pouco da centro-esquerda, importante para suas vitórias, e tende a normalizar o discurso de Le Pen, o que contribui para torná-la menos "inaceitável".A situação do centrismo na França é difícil não só por armadilhas como essa, mas também pela repetição de crises que vêm erodindo a popularidade do governo.Antes da atual onda, houve protestos contra a Previdência e, ainda antes, os dos coletes amarelos. Mesmo considerando que manifestações fazem parte da cultura francesa, tais eventos potencializam o desgaste natural do exercício do poder ao longo de dois mandatos.Macron não poderá disputar um terceiro pleito em 2027. Assim, seu grupo político, ou outra força mais ao centro, ainda terá de fabricar um candidato competitivo.Já nos extremos, a situação é diferente. Le Pen e seu partido vêm crescendo a cada eleição, chegando a 23% dos votos no primeiro turno de 2022. Algo parecido vale para a esquerda mais radical, liderada por Jean-Luc Mélenchon —em terceiro lugar no ano passado, com 22%.Importa saber se a França continuará a ser uma nação que consegue driblar a radicalização política ou se também sucumbirá a ela.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-05 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/dilemas-de-macron.shtml
Não elevação de impostos deve ser premissa da reforma tributária
Entramos na reta final de negociações sobre a reforma tributária. E, mais uma vez, volta ao debate uma possível taxação de bebidas açucaradas, conhecida como sugar tax. Não é de hoje que tentam a todo custo sobretaxar —de forma discriminatória— um setor que já tem uma das cargas tributárias mais altas da América Latina: 36,9% do preço de comercialização.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Talvez uma das questões mais urgentes do país no momento, a reforma tributária é aguardada com ansiedade também pela indústria, que há décadas faz malabarismos para oferecer o melhor preço ao consumidor e manter os níveis de emprego em meio a crises financeiras, pandemia e um sistema tributário complexo.Além de insegurança jurídica, que é muita, somos um setor que passou por nada menos que 11 mudanças de alíquota nos últimos cinco anos na Zona Franca de Manaus, por exemplo. Como conseguir se planejar para inovar, se desenvolver e prosperar, gerando emprego e renda, em meio a esse tipo de instabilidade?Mudar essa lógica é mais que urgente, mas para isso é preciso o abandono de preconceitos baseados em fake news, como a vilanização de nossos produtos mesmo com pesquisa do Ministério da Saúde (Vigitel) trazendo dados contrários — nos últimos 15 anos, houve aumento da obesidade em 89%, apesar da redução da frequência de consumo de bebidas açucaradas em 54%. Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) traz ainda que o consumo de bebidas açucaradas representa somente 1,7% das calorias ingeridas pela população brasileira.A indústria, e falando aqui mais propriamente do setor de não alcoólicos, sempre enfrentou responsabilidades com orgulho de fazer parte da solução. Não nos furtamos a nenhum debate e iniciativas para solucionar as mais diversas agendas. Fomos pioneiros em acordo voluntário de redução de açúcar em nossos produtos com o Ministério da Saúde, com 100% de compliance de nossas empresas.Também estabelecemos uma diretriz robusta de não publicidade infantil, cumprida e monitorada anualmente, bem como adaptamos todo o portfólio vendido nas escolas. O aprimoramento da rotulagem nutricional sempre contou com nosso apoio e nos esforçamos para a mudança estabelecida pela Anvisa, com entrada em vigor em outubro.Entendemos que não há debate quando a questão é colocada de maneira simplória. Não é discriminando produtos que vamos melhorar a qualidade do consumo. O problema da obesidade, sabemos, é multifatorial e precisa ser acessado com educação e informação. Jamais com a sobretaxação de produtos.Basta uma ida ao supermercado para que fique claro, não apenas com palavras, mas com ações, qual é o tripé de atuação do setor: informação clara e direta ao consumidor e inovação e oferta de amplo portfólio para que o consumidor possa fazer escolhas alinhadas ao seu estilo de vida.Apoiamos a reforma tributária, mas apoiamos uma reforma que não seja discriminatória, que não eleve a carga tributária e que preserve o modelo de valorização e empregabilidade da Amazônia, a Zona Franca de Manaus.O Brasil pode sempre contar com o setor de não alcoólicos para avançar!
2023-07-05 21:06:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/nao-elevacao-de-impostos-deve-ser-premissa-da-reforma-tributaria.shtml
Veja exemplo de carteira para viver com renda de R$ 5 mil mensais
O momento é muito propício para quem já atingiu o estágio de aposentadoria e pretende viver de renda. Os ativos financeiros que proporcionam o que se costuma chamar de renda passiva ainda estão com taxas de retorno muito elevadas. Entretanto, o cenário está próximo de mudar. Portanto, quem se aproveitar agora será privilegiado.O mercado já prevê uma queda de 2% na taxa Selic antes do fim do ano. Assim, em dezembro, devemos ver a taxa Selic cair para 11,75% de 13,75% ao ano. Com isso, encerra-se o ganho de mais de 1% ao mês que é possível obter hoje, aplicando no CDI.No final de 2024, já se espera que a Selic esteja menor que 9% ao ano.Na esteira destas quedas, também devem cair os retornos de todos os outros ativos.Portanto, quem está se aposentando neste momento, tem uma oportunidade quase única. Travar os rendimentos de sua carteira com uma taxa média superior a 6,5% ao ano corrigido pelo IPCA e isento de IR.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Com a correção do IPCA, você garante que sua renda mensal manterá o poder de compra ao longo dos anos.A carteira para garantir esta renda deve ser composta por pelo menos três elementos básicos: 1 – Uma reserva de liquidez; 2 – Uma carteira bem diversificada de títulos privados isentos de IR; 3 – Uma carteira acompanhada de fundos imobiliários.Considere que a reserva de liquidez é aplicada em fundos de renda fixa referenciados ao IPCA que seguem o IMA-B5. Isso pode ser feito por meio de aplicação em ETFs ou fundos abertos. O retorno líquido de IR destes produtos é de cerca de IPCA+3,5% ao ano.Como o retorno é bem mais baixo que o objetivo de 6,5% ao ano, o percentual alocado nesta parcela deve ser baixo. Por exemplo, de apenas 10% da carteira.A carteira de renda fixa de títulos corporativos, classificados como A+ ou superior, referenciada ao IPCA e isenta de IR deve apresentar retorno médio superior a IPCA+6,5% ao ano.Você deve atentar para que nenhuma emissão represente mais de 2% de sua carteira total. Com uma alocação de 60% do portfólio nesta parcela, você deve ter pelo menos 30 emissores. Assim, a alocação média por emissor estaria adequada.A terceira parte poderia ser composta por uma carteira de fundos imobiliários. Acredito que mesmo uma carteira bem diversificada deve ter um acompanhamento. Portanto, sugiro que siga a carteira recomendada de uma equipe de análise. Desta forma, você pode evitar falhas na decisão sobre o investimento e terá uma indicação sobre o melhor momento para entrar e sair de cada ativo.Uma carteira de fundos imobiliários é capaz de gerar um retorno de dividendos equivalente a IPCA+7,5% ao ano isento de IR.Esta carteira pode ter um peso de 30% no seu portfólio total.Perceba que esta é uma carteira para quem já está no momento de recebimento de renda e não para quem ainda está formando o patrimônio para chegar a viver de renda. Já expliquei no passado qual a diferença destas duas carteiras.Se ponderar os retornos desta carteira, você vai chegar à renda de 6,5% ao ano isento de IR e corrigido pelo IPCA.Para ter a renda equivalente a R$ 5 mil mensais líquidos de IR em seu bolso com esta carteira seria necessário um patrimônio de R$ 923 mil.Perceba que nesta carteira, você só retira os juros de 6,5% ao ano. Portanto, o principal segue sendo corrigido pelo IPCA e seria deixado como herança.Se desejar uma renda de R$ 10 mil, seria necessário o dobro do patrimônio, ou seja, R$ 1,85 milhões.Reforço que mencionei apenas três classes de ativos, mas sua carteira pode ser ainda mais diversificada. No entanto, é importante reformular a composição em busca do retorno alvo. Citei estas três classes por serem as mais tradicionais para o objetivo de viver de renda.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-05 20:55:00
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Boi foge, invade pistas de vias expressas e atrapalha trânsito no Rio
Imagina deparar com um animal de grande porte cruzando as vias expressas mais importantes de uma cidade? Pois é. Foi exatamente isso que ocorreu na manhã desta quarta-feira (5), na região central do Rio de Janeiro. Um bezerro fujão não apenas causou dificuldades para os agentes de trânsito, mas também atrapalhou (e muito) milhares de trabalhadores em sua jornada para o trabalho. Entre 8h e 9h, o tráfego praticamente parou devido ao resgate do boi.Com sua pelagem branca e manchas pretas, o animal foi visto inicialmente caminhando pelas pistas da Linha Vermelha. A cena assustou os motoristas, que prontamente alertaram os agentes de trânsito sobre o perigo de acidentes. Os funcionários da Prefeitura, então, empreenderam uma caçada ao animal na pista. Assustado e nervoso com toda a movimentação, o boi acabou derrubando um agente, conseguiu escapar do cerco e percorreu mais alguns quilômetros até chegar ao Viaduto do Gasômetro, outro local de tráfego intenso da cidade.Graças a um motociclista ágil e com uma corda providencial em sua mochila, o boi foi resgatado e amarrado em uma das estruturas do viaduto, aguardando a equipe do Centro de Zoonoses. Cerca de 40 minutos depois, ele finalmente foi levado para a sede da instituição em Santa Cruz, zona oeste da cidade.Lá, seu tutor já havia pago a multa de R$ 241,54. Antes de levá-lo de volta para casa, o homem, que preferiu não se identificar, contou que o animal se chamava Fogão, mas por causa do episódio desta quarta-feira, ganharia um novo nome: Fujão.O prefeito do Rio, Eduardo Paes, não perdeu a oportunidade de comentar a situação por meio das redes sociais. "Eu amo o que faço, mas às vezes a vida de prefeito do Rio é muito dura. Apareceu uma vaca na Linha Vermelha. Espero não ter que incluir essa categoria de reclamação no 1746 (número de atendimento da Prefeitura do Rio)!"
2023-07-05 20:54:00
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Um presidente que se diz estadista não pode se rebaixar, diz leitor
Manifestação "Lula chama Bolsonaro de titica em discurso no Paraná" (Política, 4/7). O ex-presidente merece todas as mais severas críticas, é verdade. Só que um presidente que se diz estadista não pode se rebaixar e entrar em fruticas como essa. Apequenou-se mais uma vez! Vinicius Branco (São Paulo, SP)Esse é o presidente que ia pacificar o país? Desse tipo de pacificador não precisamos. Paulo Rivail Andrade (Ituiutaba, MG)Reforma tributária "Lira prevê esforço na Câmara para aprovar reforma tributária até sexta-feira" (Mercado, 3/7). Esta semana pode significar ao país como a redenção da mais do que esperada há décadas rota do desenvolvimento econômico sustentável e social se a reforma tributária, como prometida pelo presidente da Câmara, for votada e aprovada até a próxima sexta-feira. Oxalá, nas negociações em curso no Congresso, que venham prevalecer a sensatez e o interesse por parte dos políticos de realmente servir a nação, aprovando esse inadiável projeto. Paulo Panossian (São Carlos, SP)Corrupção "STF, Planalto e Congresso têm prejuízo de pelo menos R$ 20 milhões com 8/1" (Política, 4/7). Se corrupção é indecência, então o prejuízo de R$ 20 milhões à União causado por vândalos bolsonaristas é também corrupção. Ângela Luiza S Bonacci (São José dos Campos, SP)Reeleição "Inelegibilidade de Bolsonaro pode corrigir falhas da reeleição" (Dora Kramer, 3/7). A reeleição no Poder Executivo inibe o desenvolvimento de lideranças, em detrimento de processo em renovação bem-vinda. Estimula o eleito a tomar decisões voltadas para um próximo mandato, em prejuízo de ações prioritárias. O Poder Legislativo, nos três níveis de governo, segue sendo eleito sem a pertinente instituição da lista ordenada. Mereceria, sim, mais e oportuna abordagem. Antonio Francisco da Silva (Rio de Janeiro, RJ)Rede social "Polícia prende suspeito de criar grupo no Discord para estupro virtual" (Cotidiano, 4/7). A invasão de perfis fakes e spam no Telegram e Discord é problemática. No Discord, tentei entrar num canal de assistência técnica de uma carteira de criptomoedas e um fake me respondeu, pedindo minha senha, sem que os administradores do canal estivessem fazendo qualquer monitoramento dos usuários. Não sei até hoje para que serve este Discord. Rynaldo Papoy (Guarulhos, SP)Reforma "Restauro da marquise do parque Ibirapuera é estimado em R$ 70 milhões" (Cotidiano, 4/7). É vergonhoso a marquise do Ibirapuera estar fechada há tanto tempo, privando os frequentadores do parque do uso dessa enorme área. Porém, me pergunto se o custo para a sua reforma é mesmo de R$ 70 milhões. Incrível como se perde a noção de valores monetários quando se trata de usar dinheiro público. Francisco Eduardo Britto (São Paulo, SP) Mais Colunista "Exoesqueleto vende esperança e oculta necessidades reais de inclusão" (Jairo Marques, 4/7). Ótima reflexão. Claro que todos os avanços científico-tecnológicos no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência (dos mais diversos tipos) são sempre bem-vindos. Mas o velho Brasil de imensas desigualdades sociais ainda tem que melhorar muito. Sobre as calçadas, por exemplo, muitas são um horror. E a mentalidade de fazer cidades quase só para os carros ainda é predominante, infelizmente. Miguel Gossn (São Paulo, SP)O excelente texto (re)lembra o pouco caso dos governos diversos com a qualidade de vida das pessoas cadeirantes. Há muito para se fazer por aqui. Maria Fatima Alves Fernandes (São Paulo, SP)Atrocidade "‘Posição taturana’ e torção de testículos são usadas para torturar presos no CE, relata Defensoria" (Cotidiano, 4/7). Esses policiais e guardas são muito piores que os presos. São sádicos e psicopatas pagos com nossos impostos para instalar a selvageria e não a obediência à lei. Este não é um país decente. Maria Lopes (São Paulo, SP)Não dá para tachar esses agentes públicos de animais porque estes são selvagens, mas desconhecem o que seja sadismo e, principalmente, covardia. Carlos Roberto de Moura Costa (Aracaju, SE)Decisão "É hora de falar de eutanásia" (Juca Kfouri, 4/7). De repente nos deparamos com a humanidade de uma crônica perfeita sobre nosso direito de morrer. Suavemente foi exposto o desejo de cada um em plena consciência de como deve encerrar sua ida. Nós temos o direito de escolher, quando ainda lúcidos, o que queremos diante do sofrimento, sem dor. Deixe-nos em paz em nossa inevitável partida. É isso. Terezinha Dias Rocha (São Paulo, SP)Não sou um fã de Juca Kfouri, talvez por não ser ligado em esportes, mas seu texto a respeito do direito a eutanásia merece todo o respeito e aprovação. Já é mais que passada a hora de se discutir um direito tão essencial. Acredito, independente de religião, que cabe ao paciente decidir sobre a interrupção de sua vida em casos irreversíveis e que causam muita dor e sofrimento. Marcelo Martins (Ribeirão Pires, SP)Abandono "Navio que fez 1ª viagem brasileira para a Antártida está abandonado no porto de Santos" (Cotidiano, 3/7). Acho que o navio representa o investimento em conhecimento e pesquisa que o país destina à sociedade. Mariana Cayres Braun (Jundiaí, SP)O Brasil, que não preserva nem a floresta amazônica, vai conservar navio enferrujado? Eduardo Freitas (São Paulo, SP) Mais
2023-07-05 21:20:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/um-presidente-que-se-diz-estadista-nao-pode-se-rebaixar-diz-leitor.shtml
Bolsonaro e PL terão reunião decisiva sobre reforma tributária
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputados do seu partido terão nesta quinta-feira (6) o que está sendo chamado de uma reunião decisiva sobre a proposta de reforma tributária. A expectativa é que a maior bancada da Câmara seja liberada para votar como quiser sobre o tema.Na terça (4), a legenda divulgou nota assinada pelo ex-presidente com duras críticas à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma e sinalizando voto contrário ao texto na Câmara.O deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), que foi relator de uma proposta de reforma no governo Bolsonaro, afirma que ficará mais fácil defender o texto atual se o relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) aceitar modificar alguns pontos do texto, olhando para as propostas feitas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)."Está programada uma reunião decisiva com quadros do Partido Liberal, a fim de estudarmos minuciosamente o posicionamento da sigla em torno da futura reforma tributária", diz o deputado."Em casos tão complexos como este, mais vale a cautela que o arrependimento. Estamos, portanto, em compasso de espera, aguardando a conclusão do relatório a ser apresentado pelo relator."A sigla tem 99 deputados e pode comprometer os planos de avanço da proposta nesta semana.Uma hora antes da reunião do PL, está previsto encontro do governador de São Paulo com o ex-presidente.Após se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã desta quarta (5), Tarcísio admitiu recuar da principal crítica que vinha fazendo ao texto da reforma: a criação do Conselho Federativo do IBS. Mais
2023-07-05 19:03:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/07/bolsonaro-e-deputados-do-pl-terao-reuniao-decisiva-sobre-reforma-tributaria.shtml
Animália, que une parque de diversão e zoológico, abre nesta sexta; veja como comprar ingressos
A partir desta sexta-feira (7), o público pode visitar o Animália Park, localizado em Cotia, a 45 km de São Paulo. O complexo une parque de diversões, zoológico e área de conservação ambiental, somando cerca de 350 mil m².Entre as atrações que envolvem animais, está o Animália Forest, um dos maiores aviários do mundo, onde os visitantes podem circular por um caminho e se deparar com diversas espécies de pássaros. O parque também conta com animais de diferentes regiões do mundo, cujo habitat natural é recriado no local. Mais A parte fechada do parque, com cerca de 7.500 m², oferece brinquedos como roda-gigante, montanha-russa e carrossel. O local também conta com uma vila tematizada com estabelecimentos que servem cafés e doces, além de lojas com produtos personalizados.Durante o mês de julho, o parque vai funcionar de segunda a domingo, das 9h às 19h30, sendo que o Animália Reserva fica aberto somente até as 17h e o Animália Diversão começa a funcionar às 10h30 e segue até o horário de fechamento do parque. O ingressos podem ser comprados por R$ 180 no site do local ou na bilheteria, que opera das 9h às 15h.
2023-07-05 17:56:00
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Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/07/animalia-que-une-parque-de-diversao-e-zoologico-abre-nesta-sexta-veja-como-comprar-ingressos.shtml
Qual é a sua opinião sobre inteligências artificiais que revivem pessoas? Conte para a Folha
Uma campanha publicitária da Volkswagen na qual uma inteligência artificial possibilitou um dueto entre Maria Rita e Elis Regina começou a circular na segunda-feira (3) e, desde então, motivou muita discussão. Algumas pessoas se emocionaram com a homenagem e outras criticaram o uso excessivo da tecnologia para reviver pessoas.Outro exemplo de ressurreição digital que veio à tona nas últimas semanas é o de uma música que será lançada por Paul McCartney e que, com o uso da tecnologia, recriou a voz de John Lennon. Com a popularização de ferramentas de inteligência artificial, também têm surgido com frequência imagens que retratam envelhecimento de artistas que já morreram.Para além dos famosos, durante uma conferência, a Amazon também já exibiu um recurso que permite que sua assistente virtual, Alexa, imite a voz de familiares que já se foram após ouvir uma gravação.Qual a sua opinião, leitor da Folha, sobre essas intervenções da tecnologia que tentam recriar a presença de pessoas que já morreram? Deixe seu relato neste formulário.Algumas respostas serão publicadas no Painel do Leitor do domingo (9) e nas redes sociais do jornal. A Folha agradece a sua colaboração.
2023-07-05 15:40:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/07/qual-e-a-sua-opiniao-sobre-inteligencias-artificiais-que-revivem-pessoas-conte-para-a-folha.shtml
Grupo Clube do Balanço testa músicas do novo álbum em ensaio aberto
Dando continuidade ao legado do cantor, compositor e violonista do grupo de samba rock Clube do Balanço, Marco Fábio Mattoli (1965-2022), uma das bandas mais suingadas da cidade de São Paulo entrará em estúdio, em setembro, para gravar o sexto álbum da banda, mas desta vez totalmente instrumental.As músicas do novo repertório serão testadas ao vivo pelo grupo, diante do público, a partir desta quinta-feira (6), às 20h30, no Bar Obá, que fica no Jardim Previdência, em São Paulo.Mattoli tinha um sonho, entre vários outros, de gravar um disco totalmente instrumental com a banda que criou, em 1999, no intuito de reviver o samba rock. Leia em https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/08/mortes-cantor-e-compositor-foi-o-responsavel-pela-retomada-do-samba-rock-em-sp.shtml.Prestes a ser realizado, o sonho conta com o aval crítico de quem for aos ensaios abertos do grupo, que irão acontecer durante este e o próximo mês. Por meio dessa espécie de laboratório, os integrantes do grupo poderão avaliar, diante das reações do público, quais músicas "deram pista", se as pessoas curtiram e se dançaram, antes de elencá-las para serem registradas no próximo álbum, ainda sem nome.Os ensaios abertos já foi utilizados pela banda no álbum "Menina na Janela", lançado em 2014, e deu um ótimo resultado. "O público terá a oportunidade de interagir, cantar e ouvir os acertos e os erros da banda. Estamos prontos para esta sinergia maravilhosa e o público terá uma participação importante neste trabalho", disse um dos integrantes do grupo, o contrabaixista e compositor Gringo Pirrongelli.Entre as músicas que serão apresentadas nos ensaios figuram "Que Coisa", do maestro Tiquinho; "Frigobar", de Marcelo Maita; "Cachorrada", de Edu Peixe; e "Balanço para o Inglês", de Gringo Pirrongelli. "Compus esta música em homenagem ao saudoso Paulo Inglês, uma figura de grande importância na cultura samba rock e em movimentos da música negra. Amigo pessoal de James Brown, sempre muito elegante, costumava ir nas domingueiras do Cruz da Esperança ", disse Gringo.O grupo Clube do Balanço é formado por Tereza Gama (voz), Edu "Peixe" Salmaso (bateria), Gringo Pirrongelli (contrabaixo), Marcelo Maita (piano), Marco Aurélio "Tiquinho" (trombone), Fred Pince e Dino Oliveira (percussões) e Reginaldo "16 Toneladas" (trompete).Bons ensaios!ENSAIO ABERTO GRUPO CLUBE DO BALANÇOQUANDO Quinta-feira (5), às 20h30ONDE Bar Obá, r. Antônio Mariani, 322, jd.Previdência, São Paulo, tel. (11) 2359-5482QUANTO R$ 10
2023-07-05 13:09:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/07/grupo-clube-do-balanco-testa-musicas-do-novo-album-em-ensaio-aberto.shtml
Seleção brasileira expõe mensagem política na chegada para a Copa
A seleção brasileira feminina chegou à Austrália para a Copa do Mundo, que começa no dia 20, trazendo consigo mensagem referente aos direitos humanos das mulheres.O avião que transportou a delegação, um Boeing 787-8 Dreamliner, trazia duas frases na parte externa, em inglês: "Nenhuma mulher deveria ser forçada a cobrir sua cabeça" e "Nenhum homem deveria ser enforcado por afirmar isso".O islamismo prega que as mulheres devem usar em público um véu (o mais conhecido é o hijab) para cobrir a cabeça e o corpo. Trata-se de um símbolo cultural e religioso.Além das frases com teor político, a aeronave exibia as fotos dos iranianos Mahsa Amini e Amir Nasr Azadani.Amini tinha 22 anos quando morreu, em setembro do ano passado, sob custódia da polícia moral do Irã, país que tem predominância de muçulmanos, depois de ser detida sob acusação de violar o código de vestimenta.Ex-jogador de futebol, Nasr Azadani, 27, detido ao participar de protesto contra o ocorrido com Amini e pelos direitos e liberdade das mulheres, foi condenado a 26 anos de prisão.Nesta Copa do Mundo, a Fifa permitirá que as capitãs das seleções usem braçadeiras, previamente chanceladas pela entidade que comanda o futebol no mundo, com mensagens específicas –oito ao todo– que aludem a determinadas causas.Estão entre elas "Unidas pela inclusão", "Unidas pela igualdade de gênero" e "Unidas pelo fim da violência contra as mulheres".A braçadeira "OneLOve", nas cores do arco-íris, referência direta aos direitos LGBTQIA+, não recebeu aval da Fifa (a exemplo do que aconteceu na Copa masculina no Qatar, em 2022), e se alguma capitã a utilizar será punida com o recebimento do cartão amarelo. A seleção brasileira, que é comandada pela treinadora sueca Pia Sundhage e nunca foi campeã da Copa, estreia no Mundial no dia 24, contra o Panamá, e enfrentará também na fase de grupos a França e a Jamaica.
2023-07-05 12:59:00
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Livro fala com crianças sobre greves, ocupações, protestos e manifestações
Em 2017, a greve dos professores paralisava centenas de salas de aula em São Paulo e em outras cidades. A escritora e professora Laura Erber acompanhava de perto as reivindicações quando viu cartazes que apoiavam os protestos, em sua maioria contrários às reformas trabalhista, da Previdência e do ensino médio, que eram encabeçadas pelo governo de Michel Temer.Foi assim que nasceu o contato entre ela e o artista visual Frederico Ravioli, autor das ilustrações daqueles cartazes. E foi assim também que agora, seis anos depois, surgiu o livro "Eu Protesto!", assinado por ambos e lançado pela Glac Edições. Mais A obra faz mais do que conversar com crianças sobre manifestações, ocupações, atos, passeatas, piquetes, buzinaços e infinitas outras formas de protesto. Ela traz à superfície algo mais profundo da personalidade humana —a nossa constante indignação e o impulso de querer transformar as coisas.Não à toa, o texto começa com um berreiro de criança que toma a página quase inteira. "O choro é a nossa primeira forma de protesto", escreve Erber. Se reclamamos porque queremos mamar ou porque não desejamos usar fraldas, logo as reivindicações evoluem para demandas de mais tempo de recreio, melhorias nas escolas, mais igualdade e menos injustiças. Tudo isso é construído de maneira esperta, evitando clichês que sempre surgem nos livros infantis e ilustrados. Não há, por exemplo, uma personagem específica que guie a narrativa para fazer com que o leitor se identifique mais facilmente. É como se as páginas fossem um manifesto. A comunicação é direta, o bate-papo abusa de frases curtas e transparentes com quem está lendo. É um livro-cartaz, mais próximo da não ficção.As ilustrações de Ravioli ajudam a calçar esse caminho, com desenhos que apostam sempre no coletivo e usam silhuetas. Não importa o que elas estão fazendo isoladamente em cada cena, nem quem são, muito menos suas individualidades. O fundamental é o grupo. Criadas apenas com branco, preto e vermelho, as imagens gritam que um cartaz não faz protesto —mas muitos cartazes podem provocar transformações.A questão é que a obra perde a oportunidade de criar uma narrativa visual. Texto e ilustrações andam do começo ao fim de mãos dadas, deixando o desenho quase sempre a serviço da literatura. Quando é dito que protestamos contra o uso de roupas na infância, as personagens jogam vestidos, sapatos e cuecas para o alto. Se há atos nas ruas, as imagens mostram otrânsito bloqueado por uma manifestação. Quando gritos visam salvar as florestas, surge uma árvore frondosa. E assim por diante, sem muita autonomia visual.Se protestos pressupõem doses de rebeldia e indisciplina, o texto e as ilustrações optam pelo caminho oposto —não há entre eles ruídos, contradições, atritos, faíscas e subversões. Ao não produzirem rebelião, palavras e imagens evitam a chance de criar novas leituras e dialogam de maneira subordinada sobre as nossas insubordinações.Além disso, o título também ignora um problema político fundamental atualmente. Ao longo da leitura, aparecem demandas extremamente importantes. Entre elas, a melhoria da educação, a precariedade do transporte público, o descaso com o ambiente, a desigualdade de renda, a falta de moradia, o racismo e a demarcação de terras indígenas. Mas existe algo que não pode ser ignorado há uma década, desde as manifestações de Junho de 2013. Mais O que fazer quando os protestos são antidemocráticos e apoiam um golpe? E se pedem intervenção militar? E se desejam mudar tudo o que está aí, gerando o que vimos em Brasília em 8 de janeiro? "Eu Protesto!" desconsidera essas cascas de banana.Só que o mundo não é feito apenas de manifestações por causas justas. A realidade é extremamente mais complexa. E, sim, as crianças sabem muito bem disso.
2023-07-05 12:43:00
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A pedra de meio milhão de dólares encontrada em cachalote morto
Nas entranhas de um cachalote encontrado morto em uma praia de La Palma, ilha do arquipélago das Ilhas Canárias, na Espanha, cientistas descobriram uma pedra valiosa.Trata-se de uma pedra de 9 quilos, conhecida como âmbar cinza (ou âmbar-gris), que se formou no intestino do animal. A pedra foi avaliada em US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões), segundo a imprensa local. A pedra intestinal foi a causa de morte do animal.O cetáceo, de 13 metros de comprimento e cerca de 20 toneladas, foi encontrado na praia de Nogales, em La Palma, em meados de maio. Mais Os cachalotes são cetáceos, mamíferos exclusivamente aquáticos representados também pelas baleias, botos e golfinhos.Após algumas semanas de estudos forenses, pesquisadores do Instituto IUSA (Universitário de Saúde Animal e Segurança Alimentar) da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria revelaram no mês passado que a pedra cólon causou uma obstrução intestinal que levou à morte do cachalote.Esses tipos de "pedras" são formados pelos alimentos que os cachalotes comem, como bicos de lula, que são muito duros. Embora possam ser eliminados pelas fezes ou vomitados, em alguns casos acabam sendo uma complicação para os animais."É semelhante ao que acontece no rim, quando se forma um núcleo que começa a se calcificar. Imagine um bico que não 'cai bem' porque o intestino não funciona bem, não o protege bem ou simplesmente fica preso, aí começa a formar uma pedra", disse Antonio Fernández, professor da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, à emissora RTVC.A obstrução levou o animal a sofrer de colite difteroide, que fez com que bactérias do intestino chegassem ao sangue, causando sangramento em vários órgãos.Na indústria de perfumes, o chamado âmbar cinza é muito valorizado por suas propriedades. Mas os especialistas dizem que apenas 1% a 5% dos cachalotes produzem essa pedra, o que aumenta seu valor.Antigamente usada em outras situações —em cerimônias religiosas, como afrodisíaco no Oriente Médio, item vendido em delicatessen na China ou como ingrediente em remédios tradicionais—, hoje essa substância é usada principalmente para fabricar perfumes."O âmbar cinza tem um aroma muito particular", explicou Dom Devetta, fundador da perfumaria britânica Shay & Blue, à BBC Mundo em 2015."Seu aroma é intenso, doce, animal. Acrescenta uma camada dentro da fragrância que lhe dá um toque de paixão, sensualidade, sexualidade e isso é algo difícil de conseguir", disse na época."Também ajuda o perfume a permanecer na pele por mais tempo, embora, como qualquer outro perfume, não seja para todos", acrescentou o especialista em fragrâncias.Este texto foi originalmente publicado aqui.
2023-07-05 12:33:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/a-pedra-de-meio-milhao-de-dolares-encontrada-em-cachalote-morto.shtml
Brasil destrava impasse climático após negociar com Ucrânia e Rússia
Após mediar o diálogo entre as delegações da Rússia e da Ucrânia na primeira metade de junho, a diplomacia brasileira chegou a uma solução para destravar os inventários de carbono dos países desenvolvidos.O instrumento está ligado ao item central da agenda da COP28 do Clima, marcada para o fim de novembro, quando os países devem apresentar um balanço das ações climáticas implementadas após o Acordo de Paris.Além de dar transparência às ações do bloco desenvolvido, cobrado pelas responsabilidades históricas de mitigação climática e de financiamento, os inventários de emissões têm uma importância estratégica para o Brasil: ao presidir a COP30, em 2025, o país deverá conduzir a revisão das metas climáticas do Acordo de Paris.A etapa futura terá como base o estado da arte com que os países devem se deparar neste ano, quando fazem um balanço das ações tomadas até aqui.No entanto, os inventários dos países desenvolvidos, relativos a compromissos anteriores a Paris, estavam travados desde que a Rússia invadiu o território ucraniano da Crimeia e passou a reportar as emissões da região em seus inventários de carbono. Sob protesto da Ucrânia, os países não conseguiram consenso para aprovar os inventários, travados desde 2018.Após pressionar pela resolução do tema na reunião interseccional de Bonn da Convenção-Quadro do Clima da ONU, o Brasil foi convidado pelos organizadores do comitê de implementação a mediar o diálogo entre os dois países.A saída costurada pelo Brasil consistiu em uma ressalva registrada na nota de rodapé das decisões que envolviam o inventário russo."Informações fornecidas pela Rússia. A Assembleia Geral abordou o status da República Autônoma da Crimeia e da cidade de Sevastopol na resolução 68/262 de 27 de março de 2014", diz a nota de rodapé dos documentos, publicados na última semana na página online da Convenção-Quadro do Clima da ONU, junto à aprovação dos inventários.A nota foi revisada diversas vezes pela Ucrânia - que exigiu ver o texto por escrito - antes de ser finalmente publicado online na página da conferência, o que ocorreu apenas na semana passada.Ainda durante a reunião, Rússia e Ucrânia recuaram após consultar suas capitais. O consenso entre os dois países só foi alcançado minutos antes da plenária final, após uma negociação mediada pelo Brasil, em que os dois países foram mantidos em salas separadas.Além de argumentar que os inventários prestam contas sobre as emissões de todo o bloco de países desenvolvidos, sem fazer distinção de cada nação, os brasileiros se apoiaram em ressalvas semelhantes em documentos de outras esferas da ONU.A principal delas se refere à disputa pelas ilhas Malvinas, ocupadas pelo Reino Unido e reivindicadas pela Argentina. O Brasil citou uma decisão da Assembleia Geral da ONU de 1988, indicando que uma nota de rodapé seria acrescentada às publicações sempre que as ilhas Malvinas fossem citadas.O exemplo ajudou a convencer os russos - que, assim como os britânicos, têm assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - e os ucranianos, que viram no exemplo argentino uma forma de protestar contra a ocupação do seu território sem bloquear a agenda.O exemplo, no entanto, exaltou os ânimos dos britânicos e dos argentinos na plenária final da reunião, que contou com críticas dos dois países. A representante da Argentina citou a impossibilidade de incluir no seu inventário as emissões de carbono das ilhas Malvinas. A fala foi respondida pela representação britânica na plenária, que afirmou ser legal a ocupação das ilhas.
2023-07-05 09:47:00
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Café em cápsula pode ser melhor para o planeta do que o coado, indicam estudos
Normalmente visto como um vilão ambiental por gerar uma quantidade de lixo muito grande, o café em cápsula na verdade pode ser melhor para o planeta do que métodos tradicionais, como o coado.É o que apontam alguns estudos que analisam todo o ciclo de vida do produto, desde o cultivo, passando pela industrialização e chegando até o descarte.É claro que os resíduos gerados pelas embalagens desses produtos representam um problema de dimensões gigantescas. As cápsulas de café produzidas no mundo inteiro geram um lixo anual de 576.000 toneladas.Mas, para encontrar o método com menor impacto ambiental é preciso analisar toda a cadeia, e não apenas o descarte. Pois, até o cafezinho chegar à sua xícara, ele passa por muitas etapas, que envolvem o cultivo, a colheita, o processamento, a torra, o transporte, a embalagem, a moagem e, finalmente, o preparo e o descarte.Assim, vários cientistas dedicaram-se a analisar quais métodos deixam um menor rastro de carbono após percorrer todos esses processos.Não é uma tarefa fácil, pois a pegada de carbono muda conforme muitas variáveis. Por exemplo, se você usa uma cafeteira elétrica em um país cuja energia é produzida por fontes renováveis, o impacto ambiental será muito menor do que se sua energia vier de combustíveis fósseis.As pesquisas indicam que as maiores quantidades de gases causadores do efeito estufa são emitidas no cultivo. Essa fase responde por entre 40% e 80% das emissões totais do ciclo de vida do café.A mecanização da lavoura, a irrigação e o uso de fertilizantes emissores de óxido nitroso são as principais justificativas para tamanha emissão.Assim, quanto mais pó de café você utilizar para preparar a mesma quantidade de bebida, mais estará contribuindo para as altas emissões. Mais Uma cápsula tem entre 5 e 6 gramas de café. Já para preparar uma xícara de coado, você utilizará no mínimo 10 g.Uma das pesquisas que investigam o assunto é encabeçada pelo brasileiro Luciano Rodrigues Viana, doutorando em Ciências Ambientais na Universidade de Quebec em Chicoutimi, no Canadá.O estudo, que analisa todas as etapas –cultivo, torra, transporte, descarte etc.–, comparou a pegada de carbono de 280 ml de café preparados em quatro diferentes métodos: coado (que utilizou 25 g de pó), cápsula (14 g), prensa francesa (17 g) e café solúvel ou instantâneo (12 g).Os pesquisadores concluíram que os métodos solúvel e em cápsula são os que emitem menos gases, sobretudo por causa da menor quantidade de café utilizada. Isso ocorre mesmo no pior cenário possível para o descarte de cápsula, ou seja, o despejo em um aterro sanitário, sem qualquer reciclagem.Os resultados preliminares desta pesquisa foram veiculados no site de divulgação científica The Conversation. O estudo completo deve ser publicado em periódico científico até o fim do ano, segundo Viana. Questões como proporção e qualidade da água interferem no resultado; veja passo a passo para preparar um cafezinho perfeitoEntenda o que de fato essa categoria significaApesar de ser o maior produtor do planeta, país jamais havia vencido a principal competição do setorO texto foi noticiado por jornais de todo o mundo, como o britânico The Guardian. Mas Viana disse que ficou surpreso com o tamanho da repercussão, pois já há outras pesquisas que apontam para a mesma direção.O brasileiro disse que, após a publicação em grandes veículos, ele sofreu críticas e chegou até a ser acusado de trabalhar a favor da indústria."Essa foi uma pesquisa da mais natural possível, pois saiu de uma discussão que a gente estava tendo um dia. Ninguém me deu um centavo para fazer essa pesquisa e, no fim, é algo que já tinha sido dito", afirma.De fato, há vários artigos já publicados que chegam a conclusão semelhante. Alguns estudos sugerem, no entanto, que a fabricação das embalagens das cápsulas pode contribuir para que elas tenham uma emissão geral maior do que outros métodos, como o coado.Se essas embalagens forem de plástico, então, o potencial de poluição pode ser ainda maior. Por isso, a fabricação e descarte das cápsulas ainda é um problema de grande impacto ambiental e requer atenção.Pensando nisso, a empresa suíça Migros desenvolveu uma cápsula de café feita com algas marinhas, em vez de alumínio ou plástico. Chamado de CoffeeB, o método ainda tem um mercado muito limitado e está disponível somente na Suíça e na França.A Nespresso, principal empresa do setor, afirma que, atualmente, a sua taxa de reciclagem no Brasil é de 25%. Ou seja, a cada quatro cápsulas vendidas no país, três acabam no aterro sanitário. A empresa tem o objetivo de elevar essa taxa para 50% em 2025 e para 80% em 2030.Para isso, tem investido em um grande programa de logística reversa e em diferentes modalidades de coleta de cápsulas. Além de oferecer a possibilidade de o consumidor devolver as cápsulas usadas nas lojas da rede e em outros pontos de coleta, é possível solicitar um código de postagem pelo site e enviá-las gratuitamente pelos Correios. Além de lojas da Nespresso, há várias estações de coleta em estabelecimentos como supermercados e farmáciasNessa modalidade, oferecida pela Nespresso, o cliente compra pelo site e, no ato da entrega, já devolve suas cápsulas utilizadas para o entregadorAcesse nespresso.com/reciclagem e solicite o código de postagem; então vá até a agência dos Correios e envie as cápsulas gratuitamente (pode ser de qualquer marca)Em último caso, jogue as cápsulas no lixo reciclável; assim, as cooperativas de coleta seletiva podem dar o destino adequadoA Nespresso destaca ainda que seu programa de reciclagem aceita cápsulas de outras empresas, e não apenas aquelas fabricadas pela própria marca.Outra medida que está sendo estudada pela companhia é oferecer uma recompensa ao consumidor que levar suas cápsulas para a reciclagem."A gente nunca quis fazer uma barganha. ‘Só recicla se ganhar 10 cápsulas’. Não é isso que a gente quer. É conscientizar e engajar o consumidor nessa responsabilidade compartilhada. Mas a gente já estuda reconhecer e agradecer o nosso consumidor por compartilhar essa responsabilidade com a gente", afirma ao Café na Prensa Cecilia Seravalli, gerente de Sustentabilidade da Nespresso Brasil, segundo a qual já há um projeto piloto neste sentido.Qual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.brAcompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucena
2023-07-05 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/07/cafe-em-capsula-pode-ser-melhor-para-o-planeta-do-que-o-coado-indicam-estudos.shtml
Dossiê questiona viagens de auxiliar direto de Augusto Aras
O procurador-geral da República, Augusto Aras, tratou o aniversário de 300 anos do Ministério Público da Federação Russa, em janeiro de 2022, como um acontecimento relevante para o Ministério Público brasileiro.Aras indicou o subprocurador-geral Hindemburgo Chateaubriand, secretário de Cooperação Internacional do MPF, para representá-lo nos três dias de comemorações em Moscou, de 11 a 13 de janeiro de 2022.O PGR designou Carlos Vinicius Alves Ribeiro, seu então auxiliar na presidência do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), para representar o órgão, esticando a viagem à Rússia.A portaria que designou Ribeiro previa sua participação, nos eventos de celebração, "no período de 7 a 28 de janeiro de 2022, na cidade de Moscou".Segundo o Relatório de Diárias do CNMP, Ribeiro recebeu 7,5 diárias, no valor de R$ 15,7 mil, e reembolso de R$ 31,1 mil relativo a passagens para os trechos Goiânia-Moscou/Moscou-Paris e Paris-Goiânia.Ribeiro, hoje secretário-geral do CNMP, não foi a Moscou. Dossiê apócrifo que circulou no MPF reproduz fotos de Ribeiro nas redes sociais em passeios em Paris com sua mulher, Ludmilla Rocha Ribeiro, nos dias posteriores às festividades. O casal postou no Instagram fotos no restaurante L’Avenue.O CNMP informou que a participação de Ribeiro em Moscou foi "cancelada por motivos de saúde" e os valores foram integralmente ressarcidos."O dossiê apócrifo foi utilizado em um contexto de eleição para o cargo do procurador-geral de Justiça em Goiás, com o propósito de influenciar no processo", diz o CNMP.Ribeiro disputou o cargo e ficou em terceiro lugar."As acusações inverídicas e as exposições à honra do secretário-geral e sua família, todas foram desmentidas e estão sendo investigadas pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos do Estado de Goiás", informou a assessoria do conselho, em fevereiro.O blog pediu, e aguarda, informações sobre essas investigações [veja as contestações do CNMP no final do post].Segundo o dossiê, em, pelo menos, seis ocasiões o Portal da Transparência registra que Ribeiro "solicitou e recebeu diárias e indenização de transporte em datas que ele estava em local diverso do indicado por ele mesmo".Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Os desencontros são verificados na comparação entre os registros no Relatório de Diárias do CNMP e as fotos do secretário-geral em compromissos em outros locais.Ribeiro pediu ao procurador-geral de Justiça de Goiás autorização para trabalhar à distância no período da viagem à Europa. Nomeou promotores para realizarem audiências judiciais de custódia na comarca de Aparecida de Goiânia, onde atua, de 17 a 21 de janeiro.O blog submeteu o relatório a dois especialistas. Ambos vislumbraram inconsistências e contradições. Houve muitas atividades em Goiás no período eleitoral, viagens e diárias que não batem. Peças assinadas digitalmente durante a escala prolongada em Paris geraram a suspeita de que outros fizeram o trabalho e assinaram. O CNMP nega irregularidades.OUTRO LADOA assessoria de imprensa do CNMP informou que "a portaria que regulamenta a concessão e o pagamento de diárias e passagens no âmbito do CNMP (nº 249/2020) prevê a devolução ou compensação dos valores recebidos a título de diárias se houver o cancelamento da viagem"."No caso específico, as diárias foram compensadas nas viagens subsequentes a trabalho até o valor equivalente. O saldo residual, de R$ 3,62, foi pago por meio de uma Guia de Recolhimento da União.""Quanto à passagem aérea, o cancelamento gerou um crédito de R$ 30.179,78, equivalente a 96,93% do valor pago. A diferença entre os valores refere-se à tarifa de cancelamento cobrada pela companhia aérea.""Sobre a viagem a Paris, não houve custeio por parte do CNMP, uma vez que ela não teve relação com a atuação do membro auxiliar na instituição."O coordenador de concessão de passagens e diárias do CNMP, Anadir Ferreira De Siqueira, certificou que a situação de Ribeiro "encontra-se regular, inclusive quanto a devoluções por viagens solicitadas e não realizadas."
2023-07-05 08:10:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/frederico-vasconcelos/2023/07/dossie-questiona-viagens-de-auxiliar-direto-de-augusto-aras.shtml
Carteira de ações ou franquia de negócio, qual o melhor investimento?
Recentemente, um investidor me colocou a seguinte questão: o que é melhor, montar uma franquia ou uma carteira de ações? A princípio muitos diriam que o melhor seria uma franquia. Entretanto, quem responde isso, costuma esquecer um fator importante.De fato, não existe uma resposta única. Infelizmente, o melhor resultado só poderá ser conhecido depois de se fazer o investimento e de se esperar o amadurecimento.Vou usar três indicadores para comparar os dois tipos de investimento: risco, retorno e crescimento.Por exemplo, muitos falam que uma franquia é um bom negócio, pois já foi testado. Entretanto, a média das franquias são negócios muito menos maduros do que as empresas negociadas em Bolsa.Por serem mais maduras, as empresas na Bolsa tendem a ser mais seguras que um pequeno negócio que pode quebrar mais facilmente.Portanto, ao contrário do conhecimento geral, ser sócio de empresas listadas em Bolsa tende a ser menos arriscado do que de uma franquia.Adicionalmente, por serem negócios menos arriscados e mais maduros, as empresas em Bolsa também vão oferecer menor potencial médio de retorno.Como as franquias são negócios menores e mais arriscados, elas costumam apresentar maior retorno. Como se diz, um negócio arriscado, quando dá certo, é um excelente negócio e todos esquecem do risco.Um detalhe importante que muitos desconsideram quando medem o retorno é o esforço empregado pelo dono da franquia.Quando você fica sócio de uma empresa listada em bolsa, você não faz ou controla o trabalho da equipe de marketing, de vendas, de operações, de limpeza, da controladoria e de outras tantas áreas que você como dono de uma franquia tem de controlar e muitas vezes até fazer.Portanto, muitas vezes, o lucro recebido na franquia nada mais é do que o pagamento de seu trabalho diuturno, de fins de semana e sem férias.Vejo casos de franquias que exigem investimento de R$ 500 mil em que o retorno é dito como de 20% ao ano, ou seja, de R$ 100 mil. Parece muito bom. Entretanto, esse ganho de R$ 8,3 mil mensais nada mais são do que o salário de seu próprio trabalho.Nestas franquias, se você contratasse um gerente para fazer seu trabalho, o retorno seria esmagado e não ficaria distante do retorno observado no mercado de ações.Lembra quando se fala que no mercado de ações é possível ter renda passiva? O mesmo, dificilmente, pode ser dito para uma franquia.Se você coloca R$ 1 milhão em uma franquia, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), você pode obter retorno de 23% ao ano, ou seja, de R$ 230 mil anuais.Em Bolsa, se você constrói uma carteira de dividendos com o mesmo valor, pode esperar um rendimento médio de dividendos de 7% ao ano, ou seja, de R$ 70 mil ao ano. Como falamos, o retorno é menor que o da franquia, mas demanda menos esforço e apresenta menor risco.Em ambos, a rentabilidade total só é conhecida quando se vende as cotas de sua participação, pois, neste momento, você sabe qual foi o ganho de capital.Quando se fala em potencial de crescimento, uma franquia única costuma ter crescimento mais rápido no início, mas é limitado no longo prazo, pois uma loja tem suas limitações físicas. Para crescer, é necessário abrir mais lojas. Mas, este crescimento demanda uma nova carga de investimento.No mercado de ações, o crescimento potencial dos lucros não é limitado no longo prazo. Entretanto, como as empresas são mais maduras, o crescimento tende a ser mais lento no curto prazo.Se você deseja uma renda que muitas vezes se confunde com salário e estar ativo no desenvolvimento do negócio, a franquia é a opção mais indicada.Caso seu interesse seja simplesmente na renda de longo prazo e com menor risco, uma carteira de ações pode ser o mais recomendado.Assim, ambos os negócios possuem estágios diferentes e têm características distintas. Acredito que os dois investimentos atendem a investidores diferentes e podem ser boas escolhas de investimentos quando bem selecionadas.Sem dúvida não abordei todos os fatores para comparação de ambos, mas deixo o espaço dos comentários para você adicionar o que faltou. Aproveite e comente qual dos dois investimentos você prefere?Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-07-04 21:58:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/07/carteira-de-acoes-ou-franquia-de-negocio-qual-o-melhor-investimento.shtml
Ensino médio urgente
A reforma do ensino médio foi sancionada em 2017 e, quatro anos depois, definiu-se o cronograma de implementação que previa a conclusão em 2024. No entanto, devido a críticas de professores, alunos e gestores, o Ministério da Educação suspendeu a continuidade do programa em abril deste ano.Abriu-se consulta pública, que se encerra nesta quinta-feira (6). Na segunda (3), o Conselho Nacional dos Secretários de Educação entregou sugestões ao MEC. No geral, os gestores apoiam o novo modelo, o que é bem-vindo, e as proposições obedecem ao bom senso.A principal alteração seria na grade curricular. Antes da reforma, os três anos do ensino médio tinham 2.400 horas de disciplinas tradicionais obrigatórias, como matemática e português, para todos os alunos.No novo modelo, são 3.000 horas, sendo 1.800 para as tradicionais e 1.200 para os chamados itinerários formativos, com matérias de escolha dos estudantes.O Consed pede que 300 horas dos itinerários sejam flexíveis e possam ser usadas, a partir das necessidades de cada estado, para incremento das disciplinas obrigatórias.Os itinerários foram o principal alvo das críticas que levaram à suspensão do programa. A inovação, afirmam especialistas, é necessária para enfrentar o flagelo da evasão escolar —ao direcionar o ensino para a vida profissional a partir de interesses dos alunos. A teoria, porém, esbarrou na prática.As redes de ensino ainda não contam com estrutura (salas, laboratórios, equipamentos) nem professores suficientes, com formação específica, para uma extensão curricular ampla e de qualidade.Ademais, o aumento da carga horária não considerou a situação de estudantes que precisam trabalhar, o que pode contribuir para a evasão —um dos problemas que o novo modelo pretende combater.Os secretários também sugerem uma base comum de itinerários formativos, para orientar a oferta de disciplinas optativas.O objetivo é mitigar desigualdades. Ao diminuir o escopo das disciplinas obrigatórias, sem haver estrutura para as optativas, alunos da rede pública e de regiões mais carentes podem ser prejudicados.Muito já foi investido na reforma e, como os próprios gestores estaduais afirmam, não faz sentido jogar esse trabalho fora.Com sugestões da consulta pública e estudos baseados em evidências, é possível aparar arestas para a implantação consistente do modelo, pelo bem dos 7,9 milhões de jovens que atualmente cursam o ensino médio no país. Isso precisa ser feito com urgência.editoriais@grupofolha.com.br
2023-07-04 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/ensino-medio-urgente.shtml
Fã dança com Neymar em camarote durante trabalho e é dispensada: 'Aproveitei minha oportunidade'
Uma fã de Neymar dançou com o jogador nos camarotes do show "Tardezinha", no Rio de Janeiro (RJ), no último domingo (2), e acabou demitida. Grazi Rodrigues é esteticista e aproveitou o evento para fazer um trabalho temporário na área da limpeza. No entanto, tudo mudou de temperatura quando ela decidiu tietar e dançar com o craque.Em publicação nas redes sociais, Grazi explica que não podia incomodar famosos, mas que ficou desestabilizada quando cruzou com ele, seu ídolo. "Primeiro, ele viu meu nervosismo ao olhar para ele e não poder chegar perto, então ele veio até a mim, nos abraçamos e ele pegou meu celular e tirou uma selfie", conta.Logo depois, em meio a uma conversa com Thiago Gagliasso - que também estava no camarote -, Grazi foi puxada para dançar na pista de dança. "Eu sabia que não podia, porque estava trabalhando e mesmo não sendo carteira assinada, regras são regras, mas também não podia deixar passar essa oportunidade." Mais Ela também confirmou que foi dispensada, minutos depois, depois de 10 horas trabalhadas. Mesmo assim, ficou feliz. "Uma coisa é certa: Eu dancei com o menino Ney (risos). Esse texto é apenas para esclarecer que tudo na vida tem um preço, mas que na vida existe oportunidade que não volta mais, e sim eu aproveitei a minha oportunidade."
2023-07-04 21:59:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/fa-danca-com-neymar-em-camarote-durante-trabalho-e-e-dispensada-aproveitei-minha-oportunidade.shtml
Executivos chineses dançam com o Olodum em lançamento da BYD; veja
A montadora chinesa BYD anunciou nesta terça-feira (4) a implantação de um complexo industrial para a produção de veículos elétricos na Bahia. Para além da divulgação da parceria, que trará um investimento de R$ 3 bilhões para a região, a cerimônia foi marcada por cenas da "energia caótica" que marca os eventos cívicos, culturais e religiosos em Salvador.Em um palco montado em frente ao Farol da Barra, ponto turístico da cidade, os executivos da BYD roubaram a cena ao dançarem durante uma apresentação dos grupos Olodum, Ilê Aiyê, Didá e Afrocidade.CEO da BYD para as Américas, Stella Li, arriscou umas palmas tímidas nas primeiras músicas. Mas não demorou a tocar bumbo com o Olodum e dançar com um grupo de baianas no palco músicas como "Várias Queixas" e "Faraó".Tyler Lee, CEO da montadora no Brasil, também arriscou uns passos em cima do palco ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Os registros dos executivos interagindo com os artistas repercutiram nas redes sociais e divertiram internautas brasileiros. "E quem não ama o Olodum?", comentou um usuário do Twitter. "Só a Bahia tem esse poder", escreveu outro.Moradores e pessoas que caminhavam na orla do bairro da Barra se juntaram às autoridades para acompanhar as apresentações, que incluíram a participação um grupo de capoeira e distribuição de fitas do Senhor do Bonfim.O Complexo Industrial da BYD será implantado na cidade de Camaçari e terá a primeira fábrica de carros elétricos do Brasil. Há uma negociação em curso para que as fábricas ocupem local onde funcionava o antigo complexo industrial da Ford, que encerrou as atividades na Bahia em janeiro de 2021.A expectativa é de produção de cerca de 150 mil veículos elétricos por ano, podendo chegar a 300 mil.
2023-07-04 19:34:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/chineses-abracam-energia-caotica-da-bahia-em-lancamento-da-byd.shtml
Comercial traz Elis Regina por meio de IA e é alvo de críticas
As cantoras Maria Rita e sua mãe, Elis Regina, morta em 1982, aparecem juntas em uma campanha publicitária da Volkswagen feita por meio de Inteligência Artificial. Lançado nesta terça-feira (4), o comercial traz um clone de Elis que dirige um carro ao lado da filha enquanto, juntas, cantam a música "Como Nossos Pais" em tom nostálgico. A campanha comemorativa promove um lote com 70 unidades da Kombi elétrica em razão das sete décadas da montadora no Brasil.Enquanto alguns perfis no Twitter compartilham o material com comentários emocionados e apontam a emoção de Maria Rita ao assistir o vídeo, outros questionam a comoção. Os termos "Elis", "Volkswagen", "Belchior" e "Como Nossos Pais" estiveram entre os assuntos mais comentados na plataforma."Quem não se emocionou com essa publicidade de automóvel com artista morta de CGI já morreu por dentro", ironiza uma publicação na rede.Entre outras críticas, está o uso de "Como nossos pais" na propaganda. Publicações apontam discrepância entre o tom da propaganda e o contexto ditatorial em que a canção foi composta pelo cantor Belchior, morto em 2017, além da própria experiência de Elis Regina, que chegou a ser presa pelo regime militar. João Marcelo Bôscoli, primogênito de Elis, aborda tais episódios no livro "Elis e eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe", publicado em 2022.Outros usuários apontam "esvaziamento" das interpretações da letra escrita por Belchior em 1976. "Não era sobre nostalgia, era sobre angústia, sobre o medo das coisas não mudarem", diz outro.O direito à imagem da cantora, morta há mais de quatro décadas, também foi pautado. "Morto não é mais sujeito de direitos e obrigações. Como fica? Os parentes podem autorizar tudo? Um pornô da Elis, por exemplo? Estou exagerando para ficar simples de entender", questiona um perfil.Apesar da discussão calorosa dividida, alguns usuários da rede se abstêm. "Meu entendimento sobre a situação do comercial com imagem da Elis Regina criada por inteligência artificial é a seguinte: sei lá, não sou advogado", diz um tuíte.
2023-07-04 18:18:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/07/comercial-traz-elis-regina-por-meio-de-ia-e-e-alvo-de-criticas.shtml
Assim como Neymar, algumas celebridades aparecem mais pelo que fazem fora do trabalho
Neymar é, indiscutivelmente, um dos melhores jogadores de futebol do mundo. Figura entre os mais bem-pagos e mais premiados. É rico, famoso, uma celebridade que tem lugar garantido na história dos esportes. Realmente, um ídolo.E, no entanto, quase todas as notícias que vemos sobre Neymar Jr. não têm nenhuma ligação com sua principal atividade. Na verdade, a única ligação das manchetes que envolvem Neymar com a bola, são as "bolas fora" que ele dá em sua vida pessoal.As mais recentes envolvem um caso de traição de sua noiva grávida com uma modelo, uma multa de R$ 16 milhões pela obra de um lago artificial em sua propriedade em Mangaratiba e uma suposta confusão entre o craque e fãs durante um show de Thiaguinho por causa de um boné.E, claro, justamente por ser uma pessoa de tamanho destaque, seus parentes e agregados também merecem atenção da mídia, como as incontáveis notinhas sobre sua mãe, além de variações tais como "o namorado da mãe de Neymar", "o ex-namorado da mãe de Neymar" e "o novo namorada da Neymãe". Mais Futebol que é bom, nada.Numa escala menor, mas com o mesmo princípio, aparece o cantor Belo. Sim, Belo é um cantor, um bom cantor, embora eu não me lembre qual foi a última vez em que ouvi o nome de Belo ligado à música. Em geral, Belo só aparece perto de outra palavra proparoxítona: dívida.O credor mais famoso de Belo, no caso, é Denilson, que comprou os direitos do grupo Soweto em 1999. Em 2000, Belo saiu do Soweto para fazer carreira solo. Denilson alegou quebra de contrato e outros prejuízos, e tenta receber alguns milhões em indenização desde então. E, para azar de Denilson, a Justiça autorizou que outro músico que está processando Belo por direitos trabalhistas recebesse uma indenização antes que ele. E mais não digo, porque meu advogado está de férias. Mas fica provado o ponto.Já a Gracyanne, casada com Belo, é um exemplo um pouco mais ameno desse mesmo efeito de ocupar o noticiário por assuntos não-ligados a seu trabalho. Gracyanne passou quase uma década, entre 1999 e 2009, como dançarina do Tchakabum. Depois, tornou-se adepta do fisiculturismo, e sua forma física passou a ser o principal motivo de sua notoriedade. Mas, junto com seu treino e o resultado de seus músculos, a grande estrela de sua vida é sua alimentação, com destaque para seu consumo de ovos.Não sei como não lançaram uma granja, um omelete, um carro do ovo com a marca GB, Gracyanne Barbosa. Porque todas as emissoras de TV, revistas, canais de YouTube, portais, podcasts, já abordaram a pauta do número de ovos que Gracyanne consome por dia. É um tal de Gracyanne come oito ovos pela manhã, Gracyanne ingere quarenta ovos por dia, nutricionista comenta a dieta de ovos de Gracyanne e por aí vai. A minha favorita é "Gracyanne consome oito mil ovos durante a pandemia".Ultimamente, os ovos saíram de cena, estamos mais na era das marmitas mesmo. Os dois expoentes foram a dica da musa fitness para comer marmita estragada (não tente fazer em casa!) e a marmita que Gracyanne levou para comer na festa na mansão Luciano Huck, para não sair da dieta. Aliás, ela é tão xiita com sua dieta que quando eventualmente decide jantar com o marido Belo, numa ocasião especial, ela também vira notícia. Mais A pergunta que fica é: por que nos apegamos tanto aos detalhes da vida pessoal dos famosos? Porque cada injeção de botox, cada corte de cabelo, cada viagem que um ídolo mundial ou uma influenciadora local faz nos interessa tanto?Talvez porque a vida dos outros parece ser melhor que a nossa. Mais glamorosa, mais agitada, mais cheia de novidades. Até a rotina dos famosos parece mais exótica. E tudo, no final, vira assunto para gente conversar, para se comparar, para fofocar.No fundo, usamos essas pessoas para preencher os nossos vazios, os nossos dias sem grandes acontecimentos.E também como forma de alívio para nossa inveja. Porque, se não temos aquela fama, aquela fortuna, aquele corpo, aquela mansão, e nem podemos levar aquela vida, pelo menos também não temos que pagar aquela dívida gigante ou aquela multa estratosférica. E ainda podemos dormir felizes sabendo que amanhã não teremos que comer quarenta ovos cozidos com batata-doce.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-07-04 18:32:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/rosana-hermann/2023/07/assim-como-neymar-algumas-celebridades-aparecem-mais-pelo-que-fazem-fora-do-trabalho.shtml
A influenciadora condenada por acusar falsamente casal latino de tentar sequestrar seus filhos nos EUA
Dentro de seu carro e em frente ao celular, Kathleen Sorensen começou a relatar em vídeo uma situação que a deixou "paralisada de medo": a suposta tentativa de sequestro de seus filhos. A moradora americana de uma cidade ao norte de San Francisco, na Califórnia, descreveu em detalhes como um homem e uma mulher "não muito limpos" tentaram levar seus dois filhos pequenos em uma loja.O seu vídeo, postado no Instagram no final de 2020, alcançou mais de 4,5 milhões de visualizações (antes de ser removido). Também deu grande notoriedade à mulher, que se autodenominava "maternity influencer", ou seja, uma influenciadora sobre a maternidade. Ela foi convidada a um programa de televisão local para contar o que aconteceu.Mas Sorensen, de 30 anos, foi condenada na quinta-feira (29/06) a 90 dias de prisão, além de 12 meses de liberdade condicional por ter acusado, "consciente da falsidade", um casal de origem nicaraguense de suposta tentativa de sequestro de seus filhos. "Ela foi condenada a não publicar na mídia social, foi alvo de buscas e apreensões em seus dispositivos eletrônicos, terá que fazer treinamento de 4 horas, bem como várias multas e pagamento de taxas", informou o Ministério Público dos EUA do Condado de Sonoma, na Califórnia.Sadie Vega Martinez e seu marido Eddie Martinez, o casal falsamente acusado por Sorensen, comemoraram a decisão. "Depois de anos evitando a responsabilização, ouvindo que ela foi considerada culpada e deixada algemada... Sim, a justiça foi feita", disse Sadie Vega-Martinez.Na audiência de quinta-feira, Sorensen alegou que "interpretou mal" o que aconteceu naquele dia, pois estava sobrecarregada com as restrições da pandemia de Covid-19.Em 7 de dezembro de 2020, Sorensen foi à loja Michaels Craft Store em Petaluma com seus dois filhos pequenos. Depois de comprar alguns itens, a mulher voltou para o carro e foi embora. "Minutos depois, Sorensen ligou para o Departamento de Polícia de Petaluma e relatou que um casal havia tentado sequestrar seus filhos", disseram os promotores na quinta-feira.Ela inicialmente disse que não estava interessada em apresentar queixa e estava apenas procurando denunciar o "comportamento suspeito" do casal. Mas também não deu os detalhes que posteriormente expôs em seu vídeo.Em sua postagem no Instagram uma semana depois, Sorensen disse que ouviu o casal conversando sobre a idade de seus filhos e sobre a pele branca deles na loja. Depois, ela continuou, foi seguida até o estacionamento onde o homem supostamente tentou tirar o carrinho dela. O momento a deixou "paralisada pelo medo", disse ela."Pela absoluta graça de Deus", contou ela, um homem mais velho percebeu que algo estava errado e o casal teve que correr para o próprio carro para fugir.Sua história rapidamente viralizou e levantou um alerta em Petaluma. A comoção local levou a polícia a ampliar a investigação do caso, que foi encerrado por não haver réus no início. Eles entrevistaram Sorensen novamente, que nomeou o casal no vídeo das câmeras de segurança da loja "como os perpetradores", disseram os promotores na quinta-feira."O relato de Sorensen foi determinado como falso e foi fortemente negado pelo casal acusado, bem como pelo vídeo da loja", acrescentou. Os vídeos de segurança mostraram que nem o casal nicaraguense nem ninguém a abordou, como ela garantiu no Instagram.Sadie e Eddie Martinez não sabiam sobre Sorensen até que viram as notícias nas quais eles eram apontados como suspeitos.A mulher foi acusada de três crimes, mas no final o juiz do caso a condenou apenas por contravenção, o que lhe dá o benefício de soltura antecipada e apenas um mês de prisão. "Sorensen foi responsabilizada por seu crime e acreditamos que o juiz proferiu uma sentença justa. Nossa esperança é que essa medida de responsabilização ajude a inocentar o casal que foi falsamente acusado de tentar sequestrar duas crianças pequenas", disse a promotora distrital Carla Rodriguez.Agora, a mulher afirma que estava errada. "Minha intenção era relatar um comportamento que parecia suspeito para mim", disse Sorensen ao depor na quinta-feira, informou o The Sonoma Index-Tribune."Eu interpretei mal os acontecimentos daquele dia", disse ela. Explicou que nessa altura vivia "a apreensão e inquietação" da pandemia, o que influenciava a sua compreensão do que se passava à sua volta. "Senti que havia falhado na hora de proteger meus filhos."-Texto originalmente publicado aqui.
2023-07-04 16:50:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/07/a-influenciadora-condenada-por-acusar-falsamente-casal-latino-de-tentar-sequestrar-seus-filhos-nos-eua.shtml
Resolução que permite bicicletas elétricas 80% mais velozes gera debate sobre segurança
Uma nova resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) modificou os conceitos de bicicletas elétricas, ciclomotores e autopropelidos. As novas características passaram a valer no sábado (1) e afetam principalmente a potência e a velocidade dos veículos que podem ser conduzidos sem habilitação.A resolução de número 996 permite que a indústria produza e comercialize veículos elétricos de mobilidade individual (bicicletas, patinetes e monociclos) com quase o triplo da potência e capazes de atingir quase o dobro da velocidade regulamentada até então, o que despertou preocupação entre especialistas em mobilidade urbana.De acordo com o novo texto, bicicletas elétricas poderão alcançar 45 km/h quando o modelo for classificado como "esportivo". Para as outras versões, assim como para patinetes e monociclos, a limitação de velocidade passou a ser de 32 km/h —antes o limite era de 25 km/h.Contudo, a própria regulamentação observa que compete aos órgãos regionais de trânsito legislar sobre a velocidade máxima permitida nas vias.A resolução também estabelece que todos os tipos de bicicletas elétricas e patinetes podem ser equipados com motores de até 1.000 watts. Na regra anterior a potência estava limitada a 350 watts.Monociclos, que antes não eram citados, podem ter motores de até 4.000 watts.Para se ter uma ideia, pessoas comuns não conseguem ultrapassar os 200 watts pedalando bicicletas tradicionais. Ciclistas profissionais, por sua vez, alcançam os 1.000 watts apenas em situações extremas, como disputas de chegada, e só conseguem sustentar tamanho esforço por apenas 30 ou 40 segundos.O aumento dos limites de velocidade e potência levantou debates sobre os riscos que a medida pode trazer à sociedade, visto que o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) permite a condução de bicicletas e patinetes por qualquer indivíduo, sem exigência de habilitação ou licenciamento, em estruturas cicloviárias onde o espaço já é estreito demais e não atendem as demandas por segurança.O tema chegou a ser tratado durante a reunião da Câmara Temática de Bicicleta da cidade de São Paulo na manhã desta terça-feira (4). Na ocasião, o secretário de Mobilidade e Trânsito, Celso Gonçalves Barbosa, concordou com a criação de uma câmara temática específica para discutir os limites de velocidade para bicicletas elétricas e patinetes na cidade de São Paulo.O setor da indústria, que teve influência na resolução do Contran, estava presente com um representante da Abraciclo (associação dos fabricantes de moto e bicicletas) e tentou argumentar a favor da mudança. Mesmo assim, verificou-se que boa parte dos conselheiros municipais e ao menos dois técnicos da SMT (Secretaria de Mobilidade e Trânsito) se mostraram preocupados com os riscos que a nova resolução traz à segurança de quem utiliza as vias.Com a oficialização do debate em São Paulo, a expectativa de especialistas é que a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) se baseie em estudos para barrar o aumento de velocidade na capital paulista, o que pode influenciar a decisão de outros municípios.Contatado, o Ministério dos Transportes emitiu uma nota explicando que a circulação de veículos elétricos teve um aumento significativo no país, e que a presença de equipamentos que se assemelham às bicicletas, mas que não se enquadram na especificação, motivou as mudanças."A Senatran identificou que as resoluções que tratavam do tema merecem uma revisão e atualização de modo a deixar mais claro as características e classificação dos veículos e equipamentos, bem como a orientar os órgãos de trânsito estaduais e municipais quanto as regras de registro e licenciamento e quanto às regras de circulação a serem observadas", disse a nota, que também esclareceu que a mudança foi feita após consulta pública.
2023-07-04 15:09:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ciclocosmo/2023/07/resolucao-que-permite-bicicletas-eletricas-80-mais-velozes-gera-debate-sobre-seguranca.shtml
Medo de avião: especialistas explicam como controlar
Passar horas dentro de uma aeronave não é muito animador para quase ninguém. Mas, para algumas pessoas, só a ideia de levantar voo pode parecer uma tortura.O medo de viajar de avião pode acontecer tanto com quem nunca voou quanto com aqueles que já passaram por alguma situação traumática durante um voo. É uma condição que envolve ansiedade e angústia, com consequências negativas para a vida da pessoa, como perder oportunidades de trabalho ou mesmo deixar de fazer a viagem dos sonhos."Eu tenho episódios de ansiedade muito antes da viagem. Começa no momento em que se fala em viajar", afirma a jornalista Danielle Cerati, 41.Danielle conta que não sentia medo e já tinha feito várias viagens nacionais e internacionais de avião, até que, durante um voo de Porto Alegre a São Paulo, em 2017, o mau tempo causou tanta turbulência que ela nunca mais conseguiu viajar com tranquilidade."Parecia que o avião estava caindo, as pessoas começaram a rezar. Eu fiquei me segurando na cadeira. Quando cheguei em Guarulhos, estava tão atordoada que não conseguia andar direito, precisei ser amparada por um funcionário da companhia aérea", diz.Depois dessa experiência, Danielle passou a evitar viagens, inclusive a trabalho. O medo de voar se tornou um tópico constante nas sessões de terapia.No ano passado, ela conquistou uma grande vitória para quem tem medo de voar: conseguiu ir até a Alemanha visitar o irmão e conhecer seu primeiro sobrinho, que nasceu durante a pandemia."Ele já estava com dois anos e eu só o conhecia por fotos. Essa foi a motivação que me fez tomar coragem."Para isso, Danielle tomou remédios prescritos por um médico para controlar a ansiedade durante a viagem. "Consegui viajar, mas não relaxar. Parece que os medicamentos só fizeram efeito mesmo depois que aterrissei. Aí foi difícil até para sair do aeroporto, ainda bem que eu estava acompanhada do meu marido", relata.O psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, supervisor do Amban do IPq-HCFMUSP (Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP), explica que sentir medo é necessário para a sobrevivência da espécie. "O medo do ser humano resume-se no risco de morte", observa."A fobia específica de voar é situacional. É uma defesa exagerada contra o risco de morte. Desse modo, desencadeando sintomas de defesa, como evitar viajar ou passar mal durante o voo."Para controlar esse medo, é preciso enfrentá-lo, orienta o psiquiatra. "Para isso, precisamos de tratamento ou orientação de um profissional. Atualmente, utilizamos a terapia cognitivo-comportamental (TCC), associada ou não a medicamentos, preferencialmente antidepressivos, que tendem a aumentar o limiar do medo e da ansiedade. Ansiolíticos podem ser utilizados pontualmente, ainda que com muito cuidado para não habituar o seu uso", diz.Tammy Marchiori, neuropsicóloga, explica que a terapia cognitivo-comportamental trabalha com base em um tripé, que são as nossas emoções, a nossa cognição —nossos pensamentos— e os nossos comportamentos."A TCC tem base de evidência científica e é indicada para o tratamento de diversos transtornos e fobias, inclusive o medo de andar de avião", afirma. Mais "A primeira coisa que a gente vai fazer é uma avaliação para entender a natureza e a intensidade desse medo. Porque por mais que você pegue dez pessoas com medo de avião, cada uma vai ter um gatilho diferente", ressalta.A TCC, esclarece a neuropsicóloga, vai atuar com a reestruturação cognitiva, ajudando a identificar e a modificar padrões de pensamentos negativos e distorcidos associados à fobia do avião."A pessoa que tem medo pensa que o avião vai cair ou que vai passar muito mal durante a viagem. Em geral, são pensamentos muito catastróficos. Esses pensamentos precisam ser reavaliados até serem substituídos por outros mais realistas", diz. Veja dicas da neuropsicóloga Tammy Marchiori Conhecer as estatísticas de segurança da aviação pode ajudar a reduzir a ansiedade. Pesquise sobre os procedimentos de segurança, treinamento de pilotos e medidas de manutenção das companhias aéreasDê-se tempo suficiente para fazer o checkin, passar pela segurança e se familiarizar com o ambiente aeroportuário. Evitar a pressa e o estresse ajudará a manter a calmaOpte por um assento que lhe proporcione mais conforto e segurança. Algumas pessoas preferem assentos próximos à asa, onde a turbulência é menos perceptívelUtilize técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação ou visualização positiva, para reduzir a ansiedade e manter a calma durante o voo. Por exemplo: inspire por 3 segundos pelo nariz e expire por 6 pela boca, esvaziando os pulmões; repita quatro vezes. Pressione a membrana entre o polegar e o indicador por 3 minutos enquanto foca na respiração Leve livros, ouça músicas, veja filmes ou jogos para distrair a mente durante o voo. Focar a atenção em algo prazeroso pode ajudar a reduzir o medo e a ansiedadeCaso se sinta desconfortável durante o voo, não hesite em conversar com os comissários de bordo. Eles estão treinados para lidar com passageiros ansiosos e podem oferecer suporte e tranquilidadeReduza o consumo de cafeína, álcool e outras substâncias estimulantes antes e durante o voo, pois podem aumentar a ansiedade e contribuir para a sensação de desconfortoUtilize estratégias de enfrentamento, como reestruturação cognitiva (questionar pensamentos negativos e substituí-los por pensamentos realistas), para lidar com pensamentos negativos ou catastróficos relacionados ao voo. Por exemplo, quando surgir o pensamento de que o avião vai cair, tente se lembrar que as aeronaves são seguras e os pilotos são altamente treinados; milhares de voos ocorrem todos os dias sem incidentesDurante o processo terapêutico, também é utilizada a técnica de exposição gradual. "A gente vai expondo essa pessoa, de forma gradual e controlada, a situações que envolvem voar. Pode começar, por exemplo, com a pessoa se imaginando dentro do avião. A gente pode complementar com visualização de vídeos de voos e, às vezes, até com um simulador de voo. Também é possível fazer um voo mais curto com o acompanhamento do terapeuta", conta.O profissional também ensina estratégias para que o paciente saiba lidar sozinho com o medo e a ansiedade, como técnicas de respiração e de relaxamento muscular progressivo.Para quem chega ao aeroporto ainda com muito medo, Maria Rita de Cássia Micheletto, chefe de cabine e gerente de comissários da GOL, informa que os passageiros podem pedir ajuda a funcionários da empresa aérea com a qual for viajar.Maria Rita afirma que os profissionais são treinados e estão acostumados a lidar com essas situações."Já na recepção de boas-vindas, quando o cliente se apresenta e nos relata o medo, buscamos ouvi-lo, demonstrar segurança com esclarecimentos sobre o nosso trabalho e explicamos sobre a manutenção e segurança das aeronaves. Também é possível chamar um dos pilotos para conversar com o passageiro", diz. Leia mais sobre o tema Os comissários podem informar sobre as condições meteorológicas durante a viagem e áreas de possíveis turbulências. É possível visitar a cabine de comando em solo, de acordo com o que determinações da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), para que o passageiros se sintam mais seguro."Compreendemos perfeitamente o medo de voar. É uma sensação normal e compartilhada por muitos passageiros em todo o mundo. É importante destacar que os comissários estão totalmente cientes desse medo e são treinados para reconhecê-lo e agir de maneira cordial, educada e empática em todas as situações. A tripulação é treinada para fornecer informações sobre os procedimentos de voo, tranquilizar os passageiros e responder a quaisquer perguntas ou preocupações que possam surgir durante o voo. Eles estão lá para ajudar e garantir que todos os passageiros se sintam seguros e confortáveis durante a viagem", afirma Maria Rita.Siga o blog Saúde Mental no Twitter, no Instagram e no Facebook.
2023-07-04 06:00:00
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