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Embarcação do século 16 encontrada pode ter sido de Vasco da Gama
Arqueólogos apontaram que os destroços de um navio na costa de Omã são "provavelmente" de uma embarcação do século 16 que fazia parte da frota do navegador Vasco da Gama. Duas naus da segunda viagem de Vasco da Gama à Índia naufragaram em 1503 na costa sudeste de Omã. As embarcações –Esmeralda e São Pedro– lideravam um esquadrão de três naus e duas caravelas e eram comandadas pelos tios maternos de Gama, Vicente e Brás Sodré, respectivamente. Segundo relatos históricos, as duas naus afundaram após uma forte tempestade. O São Pedro naufragou perto do litoral e a maioria tripulação conseguiu se salvar; já o Esmeralda afundou no meio do mar, causando a morte de toda a tripulação. Em 2013, os destroços de uma embarcação, encontrados em 1998, começaram a ser coletados e analisados pela empresa britânica Blue Water Recoveries e o Ministério da Herança e Cultura de Omã. Os resultados, publicados agora na revista especializada "International Journal of Nautical Archaeology", apontam para a possibilidade de descoberta do Esmeralda. Entre os objetos estão uma moeda rara de prata chamada Indio –até então só se sabia da existência de outra igual. As moedas foram forjadas em 1499 depois da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, o que ajuda a datar o naufrágio. Há também objetos de cerâmica e um sino. Os pesquisadores afirmam no artigo que falta "prova conclusiva" para afirmar que se trata do Esmeralda e não do São Pedro, mas uma indicação é a marca "VS", provavelmente uma abreviação para Vicente Sodré. Viagens pela chamada Carreira da Índia (designação atribuída à ligação marítima entre Lisboa e os portos da Índia), feitas anualmente por embarcações portuguesas desde a descoberta da rota por Vasco da Gama em 1498, eram perigosas e frequentemente fatais. Um estudo estima que 219 navios foram perdidos entre 1498 e 1650, mas poucos foram encontrados e praticamente todos foram saqueados antes que arqueólogos pudessem estudá-los.
ciencia
Embarcação do século 16 encontrada pode ter sido de Vasco da GamaArqueólogos apontaram que os destroços de um navio na costa de Omã são "provavelmente" de uma embarcação do século 16 que fazia parte da frota do navegador Vasco da Gama. Duas naus da segunda viagem de Vasco da Gama à Índia naufragaram em 1503 na costa sudeste de Omã. As embarcações –Esmeralda e São Pedro– lideravam um esquadrão de três naus e duas caravelas e eram comandadas pelos tios maternos de Gama, Vicente e Brás Sodré, respectivamente. Segundo relatos históricos, as duas naus afundaram após uma forte tempestade. O São Pedro naufragou perto do litoral e a maioria tripulação conseguiu se salvar; já o Esmeralda afundou no meio do mar, causando a morte de toda a tripulação. Em 2013, os destroços de uma embarcação, encontrados em 1998, começaram a ser coletados e analisados pela empresa britânica Blue Water Recoveries e o Ministério da Herança e Cultura de Omã. Os resultados, publicados agora na revista especializada "International Journal of Nautical Archaeology", apontam para a possibilidade de descoberta do Esmeralda. Entre os objetos estão uma moeda rara de prata chamada Indio –até então só se sabia da existência de outra igual. As moedas foram forjadas em 1499 depois da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, o que ajuda a datar o naufrágio. Há também objetos de cerâmica e um sino. Os pesquisadores afirmam no artigo que falta "prova conclusiva" para afirmar que se trata do Esmeralda e não do São Pedro, mas uma indicação é a marca "VS", provavelmente uma abreviação para Vicente Sodré. Viagens pela chamada Carreira da Índia (designação atribuída à ligação marítima entre Lisboa e os portos da Índia), feitas anualmente por embarcações portuguesas desde a descoberta da rota por Vasco da Gama em 1498, eram perigosas e frequentemente fatais. Um estudo estima que 219 navios foram perdidos entre 1498 e 1650, mas poucos foram encontrados e praticamente todos foram saqueados antes que arqueólogos pudessem estudá-los.
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Policial atira com bala de borracha em presos rendidos no Tocantins
Algemados, dois presos estão de costas para sete agentes armados. Um guarda parece não gostar do gesto de um dos rendidos, saca a taser (pistola de choque) e dispara contra o preso, que cai.Outros dois detentos, em seguida, aproximam-se por uma antessala atrás dos guardas e tocam no homem que fez o disparo do choque.É a deixa para dois policiais reagirem. Com espingardas, dão quatro tiros na direção dos dois, do que parecem ser balas de borracha. Um dos presos desaba no chão. Um policial volta, faz a mira nele e dispara de novo.As imagens foram captadas por câmeras do circuito interno de uma penitenciária em Tocantins. A Defensoria Pública Estadual vê indícios do crime de tortura. O governo estadual informou que vai afastar a direção do presídio.Leia mais aqui
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Policial atira com bala de borracha em presos rendidos no TocantinsAlgemados, dois presos estão de costas para sete agentes armados. Um guarda parece não gostar do gesto de um dos rendidos, saca a taser (pistola de choque) e dispara contra o preso, que cai.Outros dois detentos, em seguida, aproximam-se por uma antessala atrás dos guardas e tocam no homem que fez o disparo do choque.É a deixa para dois policiais reagirem. Com espingardas, dão quatro tiros na direção dos dois, do que parecem ser balas de borracha. Um dos presos desaba no chão. Um policial volta, faz a mira nele e dispara de novo.As imagens foram captadas por câmeras do circuito interno de uma penitenciária em Tocantins. A Defensoria Pública Estadual vê indícios do crime de tortura. O governo estadual informou que vai afastar a direção do presídio.Leia mais aqui
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Banco Central acertou ao reduzir taxa de juros? SIM
BOM COMEÇO, MAS QUEDA DEVERIA SER MAIOR O Banco Central tomou coragem e iniciou um ciclo de redução dos juros. A queda foi de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. A intensidade deveria ter sido maior, mas já é um começo. Apesar das incertezas, a melhora das expectativas, resultado da atitude decidida do governo Michel Temer na seara fiscal, deu mais força à redução da Selic. Juros menores têm o condão de turbinar o investimento. A dívida das empresas cai e o gasto do governo se retrai. Nessa toada, voltaremos a crescer. Se a taxa interna de retorno de um projeto de investimento é inferior à remuneração oferecida nos títulos públicos (a Selic), o projeto não sai do papel. Logo, quanto menor a taxa de juros, maior o número de investimentos viáveis economicamente. O retorno de 10% em uma fábrica de sapatos é muito ou pouco? Depende de quanto eu ganharia colocando esse capital em títulos públicos. Ao fixar determinado nível de juros, busca-se certo patamar de inflação em um prazo de um ou dois anos, mas sem tirar o olho do lado real: produção, emprego e investimento. Por exemplo, para o ano que vem, o próprio BC já prevê uma inflação de 4,4%, abaixo do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%). Quanto ao PIB, nunca estivemos tão mal: um tombo, entre 2015 e 2016, de mais de 7%. Os analistas preveem inflação de 5% para os próximos 12 meses. Desde novembro do ano passado, a expectativa dos agentes econômicos já caiu quase dois pontos e meio. Isto é, o juro real, variável mais relevante para a decisão de investimento (pois desconta a perda com a inflação), estava subindo até a última quarta-feira (19), mesmo com a Selic inalterada. O juro brasileiro é uma espécie de jabuticaba. Amarga. Com dívida de 70% do PIB ou R$ 4,3 trilhões, o Brasil paga 8,5% de juros reais. Países com níveis similares de dívida têm taxas de juros reais negativas ou, quando positivas, iguais a 2% ao ano, no máximo. Os juros brasileiros estão muito acima do nível internacional acrescido do risco país. Isto é, estamos pagando muito mais do que o necessário para cobrir o diferencial de risco para o investidor que tem de decidir colocar dinheiro aqui ou mandar para os Estados Unidos. Isso cria um estímulo para a entrada de dinheiro especulativo no Brasil: entra, ganha o juro e vai embora depois do pernoite. Marcos Lisboa argumentou nesta Folha que o critério da taxa natural seria o relevante para a decisão sobre os juros. Trata-se do seguinte: observar como está se comportando o consumo (incluindo o governo) e a capacidade de produção e, na presença de pressões excessivas do primeiro sobre a segunda, juros para cima. Ora, mas se a economia está em depressão profunda, a léguas de distância do seu potencial (o máximo PIB possível dadas a mão de obra, a infraestrutura, a produtividade etc.), esse argumento não para em pé por mais de dois segundos. Isso não anula a necessidade de ajuste fiscal duro, profundo e abrangente. O Estado precisa ganhar músculos e perder peso para financiar mais e melhores políticas públicas. Aliás, só como resultado da redução de 0,25 ponto percentual, o setor público deixará de pagar R$ 6,5 bilhões em juros ao setor privado. Do ponto de vista das empresas, menos dívidas e mais investimentos. O BC tomou a decisão certa, sobretudo diante da perspectiva de equacionamento do buraco das contas públicas com a PEC do teto de gastos. Todavia, é preciso intensificar a redução. Ao realinhar estruturalmente os juros, combateremos a tendência crônica de valorização artificial do real frente ao dólar e, com isso, desintoxicaremos a indústria e teremos a oportunidade de voltar a crescer e a reduzir a pobreza. FELIPE SALTO, economista, mestre em administração pública pela Fundação Getulio Vargas, é coautor do livro "Finanças Públicas: da Contabilidade Criativa ao Resgate da Credibilidade" (Record) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
opiniao
Banco Central acertou ao reduzir taxa de juros? SIMBOM COMEÇO, MAS QUEDA DEVERIA SER MAIOR O Banco Central tomou coragem e iniciou um ciclo de redução dos juros. A queda foi de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. A intensidade deveria ter sido maior, mas já é um começo. Apesar das incertezas, a melhora das expectativas, resultado da atitude decidida do governo Michel Temer na seara fiscal, deu mais força à redução da Selic. Juros menores têm o condão de turbinar o investimento. A dívida das empresas cai e o gasto do governo se retrai. Nessa toada, voltaremos a crescer. Se a taxa interna de retorno de um projeto de investimento é inferior à remuneração oferecida nos títulos públicos (a Selic), o projeto não sai do papel. Logo, quanto menor a taxa de juros, maior o número de investimentos viáveis economicamente. O retorno de 10% em uma fábrica de sapatos é muito ou pouco? Depende de quanto eu ganharia colocando esse capital em títulos públicos. Ao fixar determinado nível de juros, busca-se certo patamar de inflação em um prazo de um ou dois anos, mas sem tirar o olho do lado real: produção, emprego e investimento. Por exemplo, para o ano que vem, o próprio BC já prevê uma inflação de 4,4%, abaixo do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%). Quanto ao PIB, nunca estivemos tão mal: um tombo, entre 2015 e 2016, de mais de 7%. Os analistas preveem inflação de 5% para os próximos 12 meses. Desde novembro do ano passado, a expectativa dos agentes econômicos já caiu quase dois pontos e meio. Isto é, o juro real, variável mais relevante para a decisão de investimento (pois desconta a perda com a inflação), estava subindo até a última quarta-feira (19), mesmo com a Selic inalterada. O juro brasileiro é uma espécie de jabuticaba. Amarga. Com dívida de 70% do PIB ou R$ 4,3 trilhões, o Brasil paga 8,5% de juros reais. Países com níveis similares de dívida têm taxas de juros reais negativas ou, quando positivas, iguais a 2% ao ano, no máximo. Os juros brasileiros estão muito acima do nível internacional acrescido do risco país. Isto é, estamos pagando muito mais do que o necessário para cobrir o diferencial de risco para o investidor que tem de decidir colocar dinheiro aqui ou mandar para os Estados Unidos. Isso cria um estímulo para a entrada de dinheiro especulativo no Brasil: entra, ganha o juro e vai embora depois do pernoite. Marcos Lisboa argumentou nesta Folha que o critério da taxa natural seria o relevante para a decisão sobre os juros. Trata-se do seguinte: observar como está se comportando o consumo (incluindo o governo) e a capacidade de produção e, na presença de pressões excessivas do primeiro sobre a segunda, juros para cima. Ora, mas se a economia está em depressão profunda, a léguas de distância do seu potencial (o máximo PIB possível dadas a mão de obra, a infraestrutura, a produtividade etc.), esse argumento não para em pé por mais de dois segundos. Isso não anula a necessidade de ajuste fiscal duro, profundo e abrangente. O Estado precisa ganhar músculos e perder peso para financiar mais e melhores políticas públicas. Aliás, só como resultado da redução de 0,25 ponto percentual, o setor público deixará de pagar R$ 6,5 bilhões em juros ao setor privado. Do ponto de vista das empresas, menos dívidas e mais investimentos. O BC tomou a decisão certa, sobretudo diante da perspectiva de equacionamento do buraco das contas públicas com a PEC do teto de gastos. Todavia, é preciso intensificar a redução. Ao realinhar estruturalmente os juros, combateremos a tendência crônica de valorização artificial do real frente ao dólar e, com isso, desintoxicaremos a indústria e teremos a oportunidade de voltar a crescer e a reduzir a pobreza. FELIPE SALTO, economista, mestre em administração pública pela Fundação Getulio Vargas, é coautor do livro "Finanças Públicas: da Contabilidade Criativa ao Resgate da Credibilidade" (Record) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Polícia ocupa morro da Pedreira após morte do traficante Playboy
Após a morte do traficante Celso Pinheiro Pimenta, 33, conhecido como Playboy, a Polícia Civil do Rio ocupou por tempo indeterminado o Morro da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte da cidade. A medida foi tomada para evitar que traficantes fechem o comércio local e para coibir manifestações. A ocupação, que também seria motivada para desencorajar facções rivais a invadirem o morro, será feita por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a tropa de elite da Polícia Civil. Playboy foi morto em ação da polícia, na manhã deste sábado (8), que contou com a participação de homens da Polícia Federal e apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado. De acordo com a polícia, ele estava armado e, após reagir, foi atingido por dois tiros de fuzil, no peito e na perna. Ele chegou a ser levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte, mas não resistiu. Playboy estava foragido desde 2009 e era considerado o criminoso mais procurado do Estado. O traficante ganhou o apelido por ter origem de classe média. Foi criado em Laranjeiras, na zona sul do Rio, e estudou em colégios particulares até os 18 anos, quando entrou para o crime. A operação que resultou na morte de playboy reuniu cerca de 80 homens da Polícia Federal, da Secretaria de Segurança Pública do Estado e da Core. O Disque Denúncia prometia R$ 50 mil por dicas que levassem à captura de Playboy. Era a maior recompensa oferecida por informações que levassem à prisão de um foragido da Justiça no Rio. O traficante liderava a facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e atuava nos morros da Pedreira e da Lagartixa (zona norte). Os locais não têm UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Além de traficar drogas, chefiava uma quadrilha especializada em roubo de cargas. Playboy era acusado de comandar ações ousadas, como o roubo de 193 motos em um depósito do Estado, em dezembro de 2014. As motocicletas estavam dentro de um depósito de uma empresa que presta serviço para o Detro (Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio), órgão do governo do Estado. No mesmo ano, expulsou cerca de 80 famílias de um conjunto do programa Minha Casa Minha Vida. Os apartamentos foram ocupados pelos bandidos. Considerado carismático, ele distribuía remédios, cestas básicas e botijões de gás a moradores das favelas em que atuava. Ele havia sido condenado a 15 anos e oito meses de prisão por tráfico de drogas, roubo e homicídio qualificado. Há seis meses, disse à revista "Veja" que pensava em se entregar. "Todas as informações que eu tenho são de que a polícia não quer me prender, quer me matar", afirmou na época. ENTREVISTA Neste sábado, em sua página na internet, o fundador do AfroReggae, José Junior, publicou trechos de uma entrevista que fez com o criminoso no começo do ano e que só seriam divulgadas caso ele fosse preso ou morto. Neles, Playboy se descreve como "um ser humano que tentou ser trabalhador, mas a circunstância da vida não permitiu". Ele também refutou a autoria do roubo das motos no depósito do Estado e disse que mandou devolvê-las para mostrar que não queria problemas.
cotidiano
Polícia ocupa morro da Pedreira após morte do traficante PlayboyApós a morte do traficante Celso Pinheiro Pimenta, 33, conhecido como Playboy, a Polícia Civil do Rio ocupou por tempo indeterminado o Morro da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte da cidade. A medida foi tomada para evitar que traficantes fechem o comércio local e para coibir manifestações. A ocupação, que também seria motivada para desencorajar facções rivais a invadirem o morro, será feita por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a tropa de elite da Polícia Civil. Playboy foi morto em ação da polícia, na manhã deste sábado (8), que contou com a participação de homens da Polícia Federal e apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado. De acordo com a polícia, ele estava armado e, após reagir, foi atingido por dois tiros de fuzil, no peito e na perna. Ele chegou a ser levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte, mas não resistiu. Playboy estava foragido desde 2009 e era considerado o criminoso mais procurado do Estado. O traficante ganhou o apelido por ter origem de classe média. Foi criado em Laranjeiras, na zona sul do Rio, e estudou em colégios particulares até os 18 anos, quando entrou para o crime. A operação que resultou na morte de playboy reuniu cerca de 80 homens da Polícia Federal, da Secretaria de Segurança Pública do Estado e da Core. O Disque Denúncia prometia R$ 50 mil por dicas que levassem à captura de Playboy. Era a maior recompensa oferecida por informações que levassem à prisão de um foragido da Justiça no Rio. O traficante liderava a facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e atuava nos morros da Pedreira e da Lagartixa (zona norte). Os locais não têm UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Além de traficar drogas, chefiava uma quadrilha especializada em roubo de cargas. Playboy era acusado de comandar ações ousadas, como o roubo de 193 motos em um depósito do Estado, em dezembro de 2014. As motocicletas estavam dentro de um depósito de uma empresa que presta serviço para o Detro (Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio), órgão do governo do Estado. No mesmo ano, expulsou cerca de 80 famílias de um conjunto do programa Minha Casa Minha Vida. Os apartamentos foram ocupados pelos bandidos. Considerado carismático, ele distribuía remédios, cestas básicas e botijões de gás a moradores das favelas em que atuava. Ele havia sido condenado a 15 anos e oito meses de prisão por tráfico de drogas, roubo e homicídio qualificado. Há seis meses, disse à revista "Veja" que pensava em se entregar. "Todas as informações que eu tenho são de que a polícia não quer me prender, quer me matar", afirmou na época. ENTREVISTA Neste sábado, em sua página na internet, o fundador do AfroReggae, José Junior, publicou trechos de uma entrevista que fez com o criminoso no começo do ano e que só seriam divulgadas caso ele fosse preso ou morto. Neles, Playboy se descreve como "um ser humano que tentou ser trabalhador, mas a circunstância da vida não permitiu". Ele também refutou a autoria do roubo das motos no depósito do Estado e disse que mandou devolvê-las para mostrar que não queria problemas.
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Turista fica cara a cara com vulcão em atividade na Nicarágua
Localizado a 35 quilômetros do aeroporto internacional Augusto Cesar Sandino, em Manágua, capital da Nicarágua, o vulcão Masaya pode ser considerado um resumo da capacidade do país de surpreender o visitante. Principal atração do parque nacional homônimo, o Masaya é o único dos 14 vulcões do país (seis ativos), e um dos poucos no mundo, onde é possível ficar cara a cara com lava em ebulição. No parque, os carros podem ser parados em um estacionamento na boca da cratera Santiago. O contato com a massa alaranjada e fervilhante chega a comover. Cerca de duas centenas de metros abaixo, encontra-se uma piscina de magma, vista em meio a uma chaminé de gás de enxofre. Como o gás é tóxico, é permitido ficar no local por apenas cinco minutos. Com sorte, o vento sopra para o lado oposto e ganha-se tempo. O passeio, que custa aproximadamente US$ 35 (R$ 110), é muito procurado ao entardecer, quando a lava fica mais nítida. 'ESQUIBUNDA' Depois do Masaya, é possível dizer que o vulcão mais cobiçado pelos turistas é o Cerro Negro, a 25 quilômetros de León, capital do departamento de mesmo nome. Apesar de não conter lava, exibe pequenas chaminés que exalam enxofre a uma altura de 728 metros. Uma caminhada de uma hora, de intensidade média, leva ao cume do Cerro Negro. Além da trilha, um circuito de tirolesas percorre 829 metros, entre sete plataformas, em meio à floresta que cresce sobre cinzas. Já no topo, muitos visitantes aceitam deslizar 500 metros montanha abaixo sentados num "esquibunda". A velocidade pode chegar a 90km/h, segundo os guias. A descida custa a partir de US$ 40 (R$ 126). O material de proteção inclui macacões de pano grosso, luvas e óculos especiais, além do principal: pranchas de madeira com fundo de ferro. Uma guia explica como conduzir a tábua, mas num trecho íngreme é difícil controlar a velocidade, em meio a uma grande quantidade de poeira preta. Turismo na Nicarágua * R$ 3.091 Quatro diárias por pessoa, em quarto duplo, no hotel Antigua Estación Granada. Inclui aéreo, sem café da manhã. Na CVC: cvc.com.br R$ 3.474 Pacote para uma pessoa por sete noites no hotel San Leon del Sol. Sem aéreo, inclui café da manhã. Na Decolar: decolar.com R$ 3.750 (US$ 1.187) Quatro noites por pessoa no Mukul Resort & Spa, em quarto de casal. Sem aéreo, inclui café da manhã e traslados. Na Interpoint Viagens & Turismo: interpoint.com.br R$ 3.939 Seis noites por pessoa no hotel Colonial Granada, em quarto duplo. Inclui aéreo. Na Decolar: decolar.com R$ 4.253 (US$ 1.346) Preço por pessoa para cinco noites, em quarto duplo, no Soma Surf Resort. Inclui aéreo (Copa) e seguro viagem. Na Trade Tours: tradetours.com.br R$ 6.400 Pacote de três noites para duas pessoas no hotel Casa Morazan, no centro histórico de Granada. Inclui aéreo (com taxas e impostos) e café da manhã. Na Expedia: expedia.com.br R$ 6.844 (US$ 2.160) Pacote para quatro noites por pessoa no Mukul Beach, Golf & Spa, em quarto duplo. Sem aéreo, inclui café da manhã e traslados de chegada e saída. Válido de 01 a 15 de dezembro. Na Teresa Perez Tours: teresaperez.com.br R$ 8.165 (US$ 2.584) Valor individual para 11 noites, passando por Nicarágua, El Salvador e Guatemala. Inclui aéreo, traslados, seguro viagem e passeios à cidade de Granada e ao vulcão Masaya, ambos na Nicarágua. Na Venice Turismo: veniceturismo.com.br
turismo
Turista fica cara a cara com vulcão em atividade na NicaráguaLocalizado a 35 quilômetros do aeroporto internacional Augusto Cesar Sandino, em Manágua, capital da Nicarágua, o vulcão Masaya pode ser considerado um resumo da capacidade do país de surpreender o visitante. Principal atração do parque nacional homônimo, o Masaya é o único dos 14 vulcões do país (seis ativos), e um dos poucos no mundo, onde é possível ficar cara a cara com lava em ebulição. No parque, os carros podem ser parados em um estacionamento na boca da cratera Santiago. O contato com a massa alaranjada e fervilhante chega a comover. Cerca de duas centenas de metros abaixo, encontra-se uma piscina de magma, vista em meio a uma chaminé de gás de enxofre. Como o gás é tóxico, é permitido ficar no local por apenas cinco minutos. Com sorte, o vento sopra para o lado oposto e ganha-se tempo. O passeio, que custa aproximadamente US$ 35 (R$ 110), é muito procurado ao entardecer, quando a lava fica mais nítida. 'ESQUIBUNDA' Depois do Masaya, é possível dizer que o vulcão mais cobiçado pelos turistas é o Cerro Negro, a 25 quilômetros de León, capital do departamento de mesmo nome. Apesar de não conter lava, exibe pequenas chaminés que exalam enxofre a uma altura de 728 metros. Uma caminhada de uma hora, de intensidade média, leva ao cume do Cerro Negro. Além da trilha, um circuito de tirolesas percorre 829 metros, entre sete plataformas, em meio à floresta que cresce sobre cinzas. Já no topo, muitos visitantes aceitam deslizar 500 metros montanha abaixo sentados num "esquibunda". A velocidade pode chegar a 90km/h, segundo os guias. A descida custa a partir de US$ 40 (R$ 126). O material de proteção inclui macacões de pano grosso, luvas e óculos especiais, além do principal: pranchas de madeira com fundo de ferro. Uma guia explica como conduzir a tábua, mas num trecho íngreme é difícil controlar a velocidade, em meio a uma grande quantidade de poeira preta. Turismo na Nicarágua * R$ 3.091 Quatro diárias por pessoa, em quarto duplo, no hotel Antigua Estación Granada. Inclui aéreo, sem café da manhã. Na CVC: cvc.com.br R$ 3.474 Pacote para uma pessoa por sete noites no hotel San Leon del Sol. Sem aéreo, inclui café da manhã. Na Decolar: decolar.com R$ 3.750 (US$ 1.187) Quatro noites por pessoa no Mukul Resort & Spa, em quarto de casal. Sem aéreo, inclui café da manhã e traslados. Na Interpoint Viagens & Turismo: interpoint.com.br R$ 3.939 Seis noites por pessoa no hotel Colonial Granada, em quarto duplo. Inclui aéreo. Na Decolar: decolar.com R$ 4.253 (US$ 1.346) Preço por pessoa para cinco noites, em quarto duplo, no Soma Surf Resort. Inclui aéreo (Copa) e seguro viagem. Na Trade Tours: tradetours.com.br R$ 6.400 Pacote de três noites para duas pessoas no hotel Casa Morazan, no centro histórico de Granada. Inclui aéreo (com taxas e impostos) e café da manhã. Na Expedia: expedia.com.br R$ 6.844 (US$ 2.160) Pacote para quatro noites por pessoa no Mukul Beach, Golf & Spa, em quarto duplo. Sem aéreo, inclui café da manhã e traslados de chegada e saída. Válido de 01 a 15 de dezembro. Na Teresa Perez Tours: teresaperez.com.br R$ 8.165 (US$ 2.584) Valor individual para 11 noites, passando por Nicarágua, El Salvador e Guatemala. Inclui aéreo, traslados, seguro viagem e passeios à cidade de Granada e ao vulcão Masaya, ambos na Nicarágua. Na Venice Turismo: veniceturismo.com.br
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Martin Scorsese encontra papa após exibição de filme sobre jesuítas
O papa Francisco se encontrou nesta quarta-feira (30) com Martin Scorsese após uma exibição especial em Roma do novo filme do diretor vencedor do Oscar, "Silence", que trata de missionários jesuítas no Japão do século 17, informou o Vaticano. Para Scorsese, que passou um ano em um "seminário menor", uma escola de segundo grau para meninos que cogitam o sacerdócio, o encontro aconteceu quase trinta anos depois de muitos líderes conservadores da igreja terem repudiado seu filme "A Última Tentação de Cristo", de 1988. O encontro também teve significado para o papa argentino, 79, um membro da ordem jesuíta que, quando era um jovem padre na Argentina, quis ir ao Japão como missionário, mas foi impedido por motivos de saúde. Scorsese, 74, compareceu a uma exibição especial de "Silence" para mais de 300 padres jesuítas na noite de terça-feira. Uma segunda exibição foi planejada para uma plateia menor no Vaticano na tarde desta quarta-feira, mas não ficou claro se Francisco esteve presente. "Ele pareceu muito satisfeito com a maneira como (a exibição de terça-feira) transcorreu", disse o padre James Martin, um jesuíta que prestou consultoria para o roteiro do filme. Também na terça-feira, Scorsese permaneceu durante uma hora após a projeção para responder perguntas dos jesuítas. "Ele estava muito envolvido e entusiasmado e realmente impressionou os jesuítas da plateia com a profundidade de sua espiritualidade", disse Martin à Reuters. A produção, que deve estrear nos Estados Unidos em dezembro, fala sobre dois missionários jesuítas portugueses que viajam ao Japão pagão no século 17 para procurar seu mentor desaparecido, que rumores afirmam ter renunciado à fé sob tortura. Ali os dois religiosos enfrentam uma escolha: podem evitar que eles mesmos e convertidos japoneses sejam mortos crucificados, queimados e afogados se pisotearem uma imagem de Jesus conhecida como "fumie". Martin louvou a espiritualidade de Scorsese. "Você não poderia fazer um filme espiritual como este sem ser uma pessoa espiritualizada. Daria a sensação de ser vazio", disse o padre. Scorsese foi muito criticado pelos cristãos conservadores por "A Última Tentação de Cristo", mas muitos católicos também o defenderam. "Aquele filme não mostrava Jesus renunciando à fé, mas sendo tentado, e isso é parte de sua humanidade", afirmou Martin. Trailer de 'Silence'
ilustrada
Martin Scorsese encontra papa após exibição de filme sobre jesuítasO papa Francisco se encontrou nesta quarta-feira (30) com Martin Scorsese após uma exibição especial em Roma do novo filme do diretor vencedor do Oscar, "Silence", que trata de missionários jesuítas no Japão do século 17, informou o Vaticano. Para Scorsese, que passou um ano em um "seminário menor", uma escola de segundo grau para meninos que cogitam o sacerdócio, o encontro aconteceu quase trinta anos depois de muitos líderes conservadores da igreja terem repudiado seu filme "A Última Tentação de Cristo", de 1988. O encontro também teve significado para o papa argentino, 79, um membro da ordem jesuíta que, quando era um jovem padre na Argentina, quis ir ao Japão como missionário, mas foi impedido por motivos de saúde. Scorsese, 74, compareceu a uma exibição especial de "Silence" para mais de 300 padres jesuítas na noite de terça-feira. Uma segunda exibição foi planejada para uma plateia menor no Vaticano na tarde desta quarta-feira, mas não ficou claro se Francisco esteve presente. "Ele pareceu muito satisfeito com a maneira como (a exibição de terça-feira) transcorreu", disse o padre James Martin, um jesuíta que prestou consultoria para o roteiro do filme. Também na terça-feira, Scorsese permaneceu durante uma hora após a projeção para responder perguntas dos jesuítas. "Ele estava muito envolvido e entusiasmado e realmente impressionou os jesuítas da plateia com a profundidade de sua espiritualidade", disse Martin à Reuters. A produção, que deve estrear nos Estados Unidos em dezembro, fala sobre dois missionários jesuítas portugueses que viajam ao Japão pagão no século 17 para procurar seu mentor desaparecido, que rumores afirmam ter renunciado à fé sob tortura. Ali os dois religiosos enfrentam uma escolha: podem evitar que eles mesmos e convertidos japoneses sejam mortos crucificados, queimados e afogados se pisotearem uma imagem de Jesus conhecida como "fumie". Martin louvou a espiritualidade de Scorsese. "Você não poderia fazer um filme espiritual como este sem ser uma pessoa espiritualizada. Daria a sensação de ser vazio", disse o padre. Scorsese foi muito criticado pelos cristãos conservadores por "A Última Tentação de Cristo", mas muitos católicos também o defenderam. "Aquele filme não mostrava Jesus renunciando à fé, mas sendo tentado, e isso é parte de sua humanidade", afirmou Martin. Trailer de 'Silence'
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Com problemas no carro, Massa perde 2º treino livre na Austrália
A temporada de 2015 não começou como Felipe Massa esperava.  Depois de uma pré-temporada sem problemas em seu Williams, o piloto brasileiro teve uma falha na unidade de potência do FW37 que o impediu de participar da segunda sessão de treinos livres para o GP da Austrália de F-1, que será disputado neste domingo, a partir das 2h (de Brasília). "Pelo menos eu tive este problema num treino que não vale nada e é melhor que tenha acontecido agora do que na primeira curva da corrida. O que aconteceu foi um vazamento de água num dos tubos do motor que ia demorar muito tempo para consertar e acabei tendo de ficar de fora do treino", afirmou Massa, que na primeira sessão cravou o sétimo melhor tempo –Nico Rosberg foi o mais veloz nos dois treinos desta sexta-feira em Melbourne, ambos na frente de seu companheiro de Mercedes, Lewis Hamilton. Pela manhã, Massa completou apenas 19 voltas, o que não ajudou muito em sua preparação para o treino que, neste sábado, às 3h (de Brasília), define o grid de largada da primeira corrida da temporada, em Melbourne. "Eu dei poucas voltas, mas pelo menos acho que deu para entender um pouco a pista e como nosso carro está se comportando aqui. De qualquer forma nunca é bom perder um treino." Tendo acompanhado o treino da tarde nos boxes da Williams, o piloto brasileiro disse ter podido ter uma ideia melhor de como estará a concorrência no resto do final de semana em Melbourne. "Deu para perceber que estamos numa boa posição, mas ainda longe da Mercedes. A Ferrari se mostrou muito competitiva com a Red Bull um pouco mais para trás. Mas temos que ficar atentos que tudo pode mudar amanhã." CONFIRA OS TEMPOS DO 2º TREINO LIVRE PARA O GP DA AUSTRÁLIA 1 - Nico Rosberg - Mercedes - 1min27s697 2 - Lewis Hamilton - Mercedes - 1min27s797 3 - Sebastian Vettel - Ferrari - 1min28s412 4 - Kimi Raikkonen - Ferrari - 1min28s842 5 - Valtteri Bottas - Williams - 1min29s265 6 - Daniil Kvyat - Red Bull - 1min30s016 7 - Carlos Sainz Jr - Toro Rosso - 1min30s071 8 - Pastor Maldonado - Lotus - 1min30s104 9 - Romain Grosjean - Lotus - 1min30s205 10 - Nico Hulkenberg - Force India - 1min30s473 11 - Felipe Nasr - Sauber - 1min30s755 12 - Sergio Perez - Force India - 1min30s980 13 - Jenson Button - McLaren - 1min31s387 14 - Max Verstappen - Toro Rosso - 1min31s395 15 - Marcus Ericsson - Sauber - 1min32s303 16 - Kevin Magnussen - McLaren - 1min33s289
esporte
Com problemas no carro, Massa perde 2º treino livre na AustráliaA temporada de 2015 não começou como Felipe Massa esperava.  Depois de uma pré-temporada sem problemas em seu Williams, o piloto brasileiro teve uma falha na unidade de potência do FW37 que o impediu de participar da segunda sessão de treinos livres para o GP da Austrália de F-1, que será disputado neste domingo, a partir das 2h (de Brasília). "Pelo menos eu tive este problema num treino que não vale nada e é melhor que tenha acontecido agora do que na primeira curva da corrida. O que aconteceu foi um vazamento de água num dos tubos do motor que ia demorar muito tempo para consertar e acabei tendo de ficar de fora do treino", afirmou Massa, que na primeira sessão cravou o sétimo melhor tempo –Nico Rosberg foi o mais veloz nos dois treinos desta sexta-feira em Melbourne, ambos na frente de seu companheiro de Mercedes, Lewis Hamilton. Pela manhã, Massa completou apenas 19 voltas, o que não ajudou muito em sua preparação para o treino que, neste sábado, às 3h (de Brasília), define o grid de largada da primeira corrida da temporada, em Melbourne. "Eu dei poucas voltas, mas pelo menos acho que deu para entender um pouco a pista e como nosso carro está se comportando aqui. De qualquer forma nunca é bom perder um treino." Tendo acompanhado o treino da tarde nos boxes da Williams, o piloto brasileiro disse ter podido ter uma ideia melhor de como estará a concorrência no resto do final de semana em Melbourne. "Deu para perceber que estamos numa boa posição, mas ainda longe da Mercedes. A Ferrari se mostrou muito competitiva com a Red Bull um pouco mais para trás. Mas temos que ficar atentos que tudo pode mudar amanhã." CONFIRA OS TEMPOS DO 2º TREINO LIVRE PARA O GP DA AUSTRÁLIA 1 - Nico Rosberg - Mercedes - 1min27s697 2 - Lewis Hamilton - Mercedes - 1min27s797 3 - Sebastian Vettel - Ferrari - 1min28s412 4 - Kimi Raikkonen - Ferrari - 1min28s842 5 - Valtteri Bottas - Williams - 1min29s265 6 - Daniil Kvyat - Red Bull - 1min30s016 7 - Carlos Sainz Jr - Toro Rosso - 1min30s071 8 - Pastor Maldonado - Lotus - 1min30s104 9 - Romain Grosjean - Lotus - 1min30s205 10 - Nico Hulkenberg - Force India - 1min30s473 11 - Felipe Nasr - Sauber - 1min30s755 12 - Sergio Perez - Force India - 1min30s980 13 - Jenson Button - McLaren - 1min31s387 14 - Max Verstappen - Toro Rosso - 1min31s395 15 - Marcus Ericsson - Sauber - 1min32s303 16 - Kevin Magnussen - McLaren - 1min33s289
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O umbigo da saúde
O rei Salomão, quando posto à frente de um julgamento sobre a quem pertencia uma determinada criança, decidiu partir a criança ao meio e entregar metade a cada mulher. Uma das mulheres aceitou a sentença enquanto a outra, no mesmo momento, pediu que entregassem a criança inteira à outra. Assim, o sábio rei identificou a mãe verdadeira e fez justiça, devolvendo-lhe a criança —inteira. O Salomão brasileiro, porém, é menos sábio, e adora distribuir pedaços aos que pedem. Em vez de pesar custos e benefícios com justiça, o Congresso Nacional é uma verdadeira farra de categorias pedindo proteções, reservas de mercado e privilégios. Com a crise política e a confusão reinante no governo, o problema tem aumentado. O caso mais evidente é o dos funcionários públicos, para os quais aposentadorias especiais, férias estendidas, licenças-prêmio, auxílios-moradia, creche e paletó são infelizmente comuns e pagos com dinheiro dos cidadãos. O problema, porém, não é exclusivo do setor público, mas verdadeiramente nacional. O número de iniciativas para conferir benesses a determinadas categorias é assustador. Reduções de cargas horárias, pisos salariais, aposentadorias especiais, adicionais das mais variadas espécies e obrigatoriedade de contratação de profissionais são só alguns dos temas tipicamente tratados nestes projetos. Apenas na área da saúde, há 14 profissões regulamentadas. Cada uma delas é importante para cuidar adequadamente dos cidadãos. Muitos dos seus sindicatos e conselhos profissionais, porém, dedicam-se a outra missão, menos nobre: obter privilégios em relação aos demais trabalhadores. Salvo em alguns casos, o custo individual de cada um dos pedidos dessas categorias parece baixo —afinal, que impacto pode haver em uma grande empresa ter que contratar um profissional a mais ou pagar um pequeno adicional no salário? Para quem analisa cada projeto de lei individualmente, portanto, parece valer a pena aprová-lo: ser favorável a um desses projetos significa uma categoria satisfeita, mais votos nas próximas eleições e menos barulho nos corredores do Congresso. Em uma bola de neve perversa, cada privilégio concedido a uma categoria cria demandas de "equiparação" das demais. De tantas gotas d'água no oceano, elevou-se o nível do mar. Vistos em conjunto, os privilégios criam um manicômio trabalhista, no qual os membros das categorias protegidas escavam reservas de mercado e benefícios em detrimento das categorias desprotegidas, da produtividade das empresas, da grande massa de brasileiros no mercado informal e, especialmente, dos pagadores de impostos. É essa maioria invisível que paga as contas de cada benesse dada às categorias profissionais. Trinta ou quarenta pessoas são capazes de fazer muito barulho em uma sala de comissão no Congresso Nacional e dar a impressão de que existe uma enorme pressão popular pela aprovação de medidas criando privilégios. Os outros 205 milhões ficam em silêncio. Para os empresários, especialmente aqueles que lidam com diversas profissões diferentes em suas empresas, isso gera enormes dificuldades. Criar turnos e escalas que promovam a coesão da equipe é quase impossível quando a categoria X trabalha 36 horas semanais, mas em três turnos de 12 horas. A categoria Y, porém, trabalha 24 horas, e não pode exceder 6 horas em um único dia. Já o profissional da categoria Z trabalha 40 horas, mas fica ocupado na sua área de formação apenas 10 —está contratado para aquela função apenas porque determinado conselho profissional exigiu um responsável técnico para assinar pelo departamento, no qual profissionais de outras categorias efetivamente executam o serviço. Apenas para citar alguns poucos exemplos de projetos tramitando no Congresso Nacional sobre as profissões de saúde —e quase sempre analisados de forma elogiosa pelos parlamentares—, temos enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, fonoaudiólogos e médicos demandando redução e limitação de carga horária; assistentes sociais, cirurgiões-dentistas e psicólogos querendo obrigar hospitais a contratá-los; categorias que lidam com raios-X buscando equiparação de privilégios aos servidores federais e quase todos esses pleiteando um piso salarial. É importante lembrar que todos os trabalhadores já estão abrangidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Os pedidos, portanto, são por benesses que vão além das dos trabalhadores "comuns". Há, até, algumas iniciativas mais extravagantes. O PLS 448/2016, por exemplo, dá ao Conselho Federal de Enfermagem o poder de decidir quantos enfermeiros um hospital deve contratar. Em tempos em que termos como "compliance" e "conflito de interesses" cada vez ficam mais em voga, oferecer a um conselho profissional o poder de decidir quantos de seus membros devem estar empregados não só conspira contra a produtividade do país como também expõe a instituição a um forte conflito ético entre aquilo que é bom para a profissão e aquilo que é bom para os profissionais. Os últimos anos de crise deveriam ter nos ensinado que o Estado, para efetivamente servir à nação, deve ser visto como um justo árbitro dos conflitos sociais e não como um dispensador de privilégios. Obtidos por meios legais ou ilegais, esses privilégios elevam a desigualdade social reinante no país e terminam por criar um país no qual o principal motor do enriquecimento não é a produção, mas o acesso aos poderosos. As corporações profissionais deveriam olhar menos para os seus umbigos e entender que, como na história do Rei Salomão, aqueles que querem garantir para si um pedaço da criança a qualquer custo não são os que devem cuidar do futuro dela mesma. FRANCISCO BALESTRIN é presidente da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
O umbigo da saúdeO rei Salomão, quando posto à frente de um julgamento sobre a quem pertencia uma determinada criança, decidiu partir a criança ao meio e entregar metade a cada mulher. Uma das mulheres aceitou a sentença enquanto a outra, no mesmo momento, pediu que entregassem a criança inteira à outra. Assim, o sábio rei identificou a mãe verdadeira e fez justiça, devolvendo-lhe a criança —inteira. O Salomão brasileiro, porém, é menos sábio, e adora distribuir pedaços aos que pedem. Em vez de pesar custos e benefícios com justiça, o Congresso Nacional é uma verdadeira farra de categorias pedindo proteções, reservas de mercado e privilégios. Com a crise política e a confusão reinante no governo, o problema tem aumentado. O caso mais evidente é o dos funcionários públicos, para os quais aposentadorias especiais, férias estendidas, licenças-prêmio, auxílios-moradia, creche e paletó são infelizmente comuns e pagos com dinheiro dos cidadãos. O problema, porém, não é exclusivo do setor público, mas verdadeiramente nacional. O número de iniciativas para conferir benesses a determinadas categorias é assustador. Reduções de cargas horárias, pisos salariais, aposentadorias especiais, adicionais das mais variadas espécies e obrigatoriedade de contratação de profissionais são só alguns dos temas tipicamente tratados nestes projetos. Apenas na área da saúde, há 14 profissões regulamentadas. Cada uma delas é importante para cuidar adequadamente dos cidadãos. Muitos dos seus sindicatos e conselhos profissionais, porém, dedicam-se a outra missão, menos nobre: obter privilégios em relação aos demais trabalhadores. Salvo em alguns casos, o custo individual de cada um dos pedidos dessas categorias parece baixo —afinal, que impacto pode haver em uma grande empresa ter que contratar um profissional a mais ou pagar um pequeno adicional no salário? Para quem analisa cada projeto de lei individualmente, portanto, parece valer a pena aprová-lo: ser favorável a um desses projetos significa uma categoria satisfeita, mais votos nas próximas eleições e menos barulho nos corredores do Congresso. Em uma bola de neve perversa, cada privilégio concedido a uma categoria cria demandas de "equiparação" das demais. De tantas gotas d'água no oceano, elevou-se o nível do mar. Vistos em conjunto, os privilégios criam um manicômio trabalhista, no qual os membros das categorias protegidas escavam reservas de mercado e benefícios em detrimento das categorias desprotegidas, da produtividade das empresas, da grande massa de brasileiros no mercado informal e, especialmente, dos pagadores de impostos. É essa maioria invisível que paga as contas de cada benesse dada às categorias profissionais. Trinta ou quarenta pessoas são capazes de fazer muito barulho em uma sala de comissão no Congresso Nacional e dar a impressão de que existe uma enorme pressão popular pela aprovação de medidas criando privilégios. Os outros 205 milhões ficam em silêncio. Para os empresários, especialmente aqueles que lidam com diversas profissões diferentes em suas empresas, isso gera enormes dificuldades. Criar turnos e escalas que promovam a coesão da equipe é quase impossível quando a categoria X trabalha 36 horas semanais, mas em três turnos de 12 horas. A categoria Y, porém, trabalha 24 horas, e não pode exceder 6 horas em um único dia. Já o profissional da categoria Z trabalha 40 horas, mas fica ocupado na sua área de formação apenas 10 —está contratado para aquela função apenas porque determinado conselho profissional exigiu um responsável técnico para assinar pelo departamento, no qual profissionais de outras categorias efetivamente executam o serviço. Apenas para citar alguns poucos exemplos de projetos tramitando no Congresso Nacional sobre as profissões de saúde —e quase sempre analisados de forma elogiosa pelos parlamentares—, temos enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, fonoaudiólogos e médicos demandando redução e limitação de carga horária; assistentes sociais, cirurgiões-dentistas e psicólogos querendo obrigar hospitais a contratá-los; categorias que lidam com raios-X buscando equiparação de privilégios aos servidores federais e quase todos esses pleiteando um piso salarial. É importante lembrar que todos os trabalhadores já estão abrangidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Os pedidos, portanto, são por benesses que vão além das dos trabalhadores "comuns". Há, até, algumas iniciativas mais extravagantes. O PLS 448/2016, por exemplo, dá ao Conselho Federal de Enfermagem o poder de decidir quantos enfermeiros um hospital deve contratar. Em tempos em que termos como "compliance" e "conflito de interesses" cada vez ficam mais em voga, oferecer a um conselho profissional o poder de decidir quantos de seus membros devem estar empregados não só conspira contra a produtividade do país como também expõe a instituição a um forte conflito ético entre aquilo que é bom para a profissão e aquilo que é bom para os profissionais. Os últimos anos de crise deveriam ter nos ensinado que o Estado, para efetivamente servir à nação, deve ser visto como um justo árbitro dos conflitos sociais e não como um dispensador de privilégios. Obtidos por meios legais ou ilegais, esses privilégios elevam a desigualdade social reinante no país e terminam por criar um país no qual o principal motor do enriquecimento não é a produção, mas o acesso aos poderosos. As corporações profissionais deveriam olhar menos para os seus umbigos e entender que, como na história do Rei Salomão, aqueles que querem garantir para si um pedaço da criança a qualquer custo não são os que devem cuidar do futuro dela mesma. FRANCISCO BALESTRIN é presidente da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Contra Collor, deputados votaram pelo esporte, os jovens e os filhos
"Pela minha esposa, pelo esporte brasileiro e pelo Paraná, sim." "Pela classe médica, sim". "Pela reconstrução nacional, não". Se as justificativas inusitadas ditas no plenário são parecidas com as declaradas na Câmara no domingo (17), o clima durante a votação do impeachment de Fernando Collor em setembro de 1992 foi muito mais sóbrio. Com o franco favoritismo do "sim" ao afastamento, a sessão de 24 anos atrás teve menos bate-boca e discussões. Nenhum deputado teve a ideia de trazer faixas, cartazes e confetes, como ocorreu durante a votação que abriu caminho para a saída de Dilma Rousseff. Ainda assim, não faltaram menções nos breves discursos à "família" e a pequenas cidades das bases eleitorais dos deputados. A exemplo do que ocorreria sucessivamente na sessão deste fim de semana, o então deputado José Augusto Curvo (PL-MT) citou a "dignidade da família" e até seu filho Rodolfo antes de votar sim. Quem lembrou do "esporte brasileiro" foi Onaireves Moura (PTB-PR), então presidente da Federação Paranaense de Futebol e que era considerado um voto certo favorável a Collor. Um colega dele mencionou "a querida cidade de Monsenhor Paulo", em Minas, e outro declarou que votava sim "pelos meus amigos do Rio de Janeiro". Símbolo das manifestações que pressionaram Collor, o movimento dos "caras pintadas" (jovens com o rosto pintado em protesto) também foi lembrado pelos congressistas. A votação levou cerca de duas horas –o equivalente a um terço da duração neste domingo, que se estendeu durante seis horas. A ordem de votação era alfabética, mas Roberto Campos (PDS-RJ) foi o primeiro a se manifestar no plenário por motivos de saúde. Logo após o voto decisivo, em que a aprovação da proposta foi definida, a sessão foi interrompida para que os deputados cantassem juntos o Hino da Independência em comemoração. A transmissão da TV mostrava nas galerias políticos sem mandato que compareceram ao Congresso para acompanhar a definição, como o então presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-governador paulista Orestes Quércia. Governadores, como Ciro Gomes (CE) e Jader Barbalho (PA), também estiveram nas galerias. O maranhense Edison Lobão foi cumprimentado por Lula logo depois da confirmação do resultado.
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Contra Collor, deputados votaram pelo esporte, os jovens e os filhos"Pela minha esposa, pelo esporte brasileiro e pelo Paraná, sim." "Pela classe médica, sim". "Pela reconstrução nacional, não". Se as justificativas inusitadas ditas no plenário são parecidas com as declaradas na Câmara no domingo (17), o clima durante a votação do impeachment de Fernando Collor em setembro de 1992 foi muito mais sóbrio. Com o franco favoritismo do "sim" ao afastamento, a sessão de 24 anos atrás teve menos bate-boca e discussões. Nenhum deputado teve a ideia de trazer faixas, cartazes e confetes, como ocorreu durante a votação que abriu caminho para a saída de Dilma Rousseff. Ainda assim, não faltaram menções nos breves discursos à "família" e a pequenas cidades das bases eleitorais dos deputados. A exemplo do que ocorreria sucessivamente na sessão deste fim de semana, o então deputado José Augusto Curvo (PL-MT) citou a "dignidade da família" e até seu filho Rodolfo antes de votar sim. Quem lembrou do "esporte brasileiro" foi Onaireves Moura (PTB-PR), então presidente da Federação Paranaense de Futebol e que era considerado um voto certo favorável a Collor. Um colega dele mencionou "a querida cidade de Monsenhor Paulo", em Minas, e outro declarou que votava sim "pelos meus amigos do Rio de Janeiro". Símbolo das manifestações que pressionaram Collor, o movimento dos "caras pintadas" (jovens com o rosto pintado em protesto) também foi lembrado pelos congressistas. A votação levou cerca de duas horas –o equivalente a um terço da duração neste domingo, que se estendeu durante seis horas. A ordem de votação era alfabética, mas Roberto Campos (PDS-RJ) foi o primeiro a se manifestar no plenário por motivos de saúde. Logo após o voto decisivo, em que a aprovação da proposta foi definida, a sessão foi interrompida para que os deputados cantassem juntos o Hino da Independência em comemoração. A transmissão da TV mostrava nas galerias políticos sem mandato que compareceram ao Congresso para acompanhar a definição, como o então presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-governador paulista Orestes Quércia. Governadores, como Ciro Gomes (CE) e Jader Barbalho (PA), também estiveram nas galerias. O maranhense Edison Lobão foi cumprimentado por Lula logo depois da confirmação do resultado.
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A PhD catadora de lixo que revolucionou coleta e inspirou reciclagem no Líbano
O acúmulo de lixo e a falta de aterros sanitários são um sério problema no país. Durante nove meses em 2015 e 2016, pilhas de lixo foram espalhadas pelas ruas da capital, Beirute, e até hoje a solução tem sido jogar parte do lixo no mar. Zeinab Mokalled provou que, quando o governo falha, iniciativas locais no estilo "faça você mesmo" podem funcionar. "Havia sujeira por todo canto e as crianças estavam imundas", diz Zeinab Mokalled. Ela está relembrando os anos 1980 e 1990, quando Israel ocupou parte do sul do país, por 15 anos, e o recolhimento de resíduos foi interrompido em sua cidade, Arabsalim. Com o passar dos anos, o lixo foi se acumulando e Mokalled foi pedir ajuda ao governador da região. "Por que você se importa? Não somos Paris", respondeu ele. "Eu soube naquele dia que eu tinha que fazer algo eu mesma". Mokalled chamou as mulheres de seu vilarejo para ajudar –em parte porque queria empoderá-las e também porque acreditava que elas fariam um trabalho melhor. Além disso, organizar a reciclagem doméstica e colocar o lixo para fora eram tarefas que já vinham sendo realizadas por mulheres. Zeinab precisava, então, de voluntárias para bater de porta em porta e falar sobre a iniciativa –e colocar homens para fazer isso em uma comunidade libanesa muçulmana em meados dos anos 1990 não seria apropriado. Elas não tinham equipamentos nem infraestrutura. Então por onde começar? Uma amiga de Mokalled, Khadija Farhat, comprou um pequeno caminhão com dinheiro de seu próprio bolso. Mokalled ofereceu seu próprio jardim como depósito de lixo reciclável. Não parecia provável que os 10 mil moradores da cidade pagariam para ter seu lixo coletado, então as voluntárias resolveram arcar com esse custo. E 19 anos depois, elas continuam fazendo o mesmo –cada uma dos 46 membros da equipe paga cerca de US$ 40 (R$ 130) por ano. "A reciclagem caseira era a melhor solução", diz Mokalled, que chamou a organização de "Chamado da Terra". Elas começaram reciclando vidro, papel e plástico. Recentemente, começaram a coletar lixo eletrônico e contrataram um pesquisador para descobrir a melhor forma de fazer compostagem nas condições secas e quentes do sul do Líbano. A única ajuda que as catadoras de lixo receberam das autoridades locais, após três anos de trabalho, foram 300 cestas de plástico e um terreno de presente, o que permitiu que Mokalled recuperasse seu jardim. Ao mesmo tempo, elas começaram a alugar um pequeno caminhão além do de Farhat, e contrataram um motorista homem –apesar de sempre acompanhá-lo para garantir que ele não se aproxime de mulheres sozinho. Depois de dez anos, elas ganharam uma doação da embaixada italiana para construir um depósito, que é onde Mokalled agora recebe visitantes –crianças, estudantes e ativistas– que vêm estudar como o Chamado da Terra funciona. Os problemas relacionados a lixo aumentaram no país desde o fechamento do principal aterro de Beirute em 2015, o que levou à concentração de resíduos na cidade e na área no entorno do Monte Líbano. As tentativas de encontrar um novo local para despejar o lixo da cidade foram infrutíferas. Nenhum dos grupos étnicos que tradicionalmente disputam o poder no país –cristãos, sunitas ou xiitas– quis receber o aterro. O governo, então, anunciou que exportaria o lixo –mas reverteu a decisão meses depois. O lixo, no entanto, tinha que ir para algum lugar, e acabou sendo despejado perto do aeroporto. Só que isso atraiu bandos de gaivotas, que viraram um perigo para os aviões. Iniciativas de matar as gaivotas a tiros provocaram ondas de protesto, então foram usadas máquinas para tocar música alta e assustá-las. Uma decisão da Justiça exigiu o fechamento do local, mesmo assim, as gaivotas continuam circulando sobre a área. Para piorar, um antigo aterro sanitário foi reaberto. Além de trazer novos resíduos, caminhões estão levando lixo velho –em parte, contaminado por químicos– e jogando o entulho no mar Mediterrâneo. A longo prazo, o governo diz que quer queimar o lixo e gerar eletricidade a partir dele. Mas críticos temem que eles não lidem com a questão direito e que os plásticos e outros materiais capazes de criar fumaça tóxica sejam queimados junto a resíduos orgânicos limpos. Por isso, talvez não seja tão surpreendente que o simples esquema de reciclagem pela comunidade, bolado por Zeinab Mokalled, atraia tanta atenção. As mulheres do vilarejo vizinho de Kaffaremen recentemente começaram sua própria iniciativa, que é parecida com a de Mokalled, a única diferença é que é mantida pelo dinheiro dos moradores, não das voluntárias. Outra cidade próxima, Jaarjoua, também decidiu seguir o mesmo modelo. "Quando olho para elas, é como olhar para nós mesmas há 20 anos", diz Mokalled. Quando criança, ela dava aulas de literatura árabe para algumas das voluntárias de Kaffaremen. Agora, ela é sua mentora em questões ambientais. "Vocês vão enfrentar muitos desafios, mas é tudo uma questão de paciência e determinação", diz a elas. Wafaa, uma das ex-alunas de Mokalled, aperta com firmeza sua mão e diz: "Ela é um exemplo para mim. Ela nunca desistiu". Além de garantir que Arabsalim esteja limpa, Mokalled ainda arranjou tempo para fazer um doutorado em Estudos Árabes, conquistado quando tinha 70 anos. Do que ela mais se orgulha? "Plantar a ideia na cabeça das pessoas de que cuidar do planeta é nossa responsabilidade nesta parte do mundo. Se o fizermos ou não, os políticos não vão se importar. Depende de nós. Se todos fizessem o que fizemos em Arabsalim, o Líbano não teria problemas com lixo".
empreendedorsocial
A PhD catadora de lixo que revolucionou coleta e inspirou reciclagem no LíbanoO acúmulo de lixo e a falta de aterros sanitários são um sério problema no país. Durante nove meses em 2015 e 2016, pilhas de lixo foram espalhadas pelas ruas da capital, Beirute, e até hoje a solução tem sido jogar parte do lixo no mar. Zeinab Mokalled provou que, quando o governo falha, iniciativas locais no estilo "faça você mesmo" podem funcionar. "Havia sujeira por todo canto e as crianças estavam imundas", diz Zeinab Mokalled. Ela está relembrando os anos 1980 e 1990, quando Israel ocupou parte do sul do país, por 15 anos, e o recolhimento de resíduos foi interrompido em sua cidade, Arabsalim. Com o passar dos anos, o lixo foi se acumulando e Mokalled foi pedir ajuda ao governador da região. "Por que você se importa? Não somos Paris", respondeu ele. "Eu soube naquele dia que eu tinha que fazer algo eu mesma". Mokalled chamou as mulheres de seu vilarejo para ajudar –em parte porque queria empoderá-las e também porque acreditava que elas fariam um trabalho melhor. Além disso, organizar a reciclagem doméstica e colocar o lixo para fora eram tarefas que já vinham sendo realizadas por mulheres. Zeinab precisava, então, de voluntárias para bater de porta em porta e falar sobre a iniciativa –e colocar homens para fazer isso em uma comunidade libanesa muçulmana em meados dos anos 1990 não seria apropriado. Elas não tinham equipamentos nem infraestrutura. Então por onde começar? Uma amiga de Mokalled, Khadija Farhat, comprou um pequeno caminhão com dinheiro de seu próprio bolso. Mokalled ofereceu seu próprio jardim como depósito de lixo reciclável. Não parecia provável que os 10 mil moradores da cidade pagariam para ter seu lixo coletado, então as voluntárias resolveram arcar com esse custo. E 19 anos depois, elas continuam fazendo o mesmo –cada uma dos 46 membros da equipe paga cerca de US$ 40 (R$ 130) por ano. "A reciclagem caseira era a melhor solução", diz Mokalled, que chamou a organização de "Chamado da Terra". Elas começaram reciclando vidro, papel e plástico. Recentemente, começaram a coletar lixo eletrônico e contrataram um pesquisador para descobrir a melhor forma de fazer compostagem nas condições secas e quentes do sul do Líbano. A única ajuda que as catadoras de lixo receberam das autoridades locais, após três anos de trabalho, foram 300 cestas de plástico e um terreno de presente, o que permitiu que Mokalled recuperasse seu jardim. Ao mesmo tempo, elas começaram a alugar um pequeno caminhão além do de Farhat, e contrataram um motorista homem –apesar de sempre acompanhá-lo para garantir que ele não se aproxime de mulheres sozinho. Depois de dez anos, elas ganharam uma doação da embaixada italiana para construir um depósito, que é onde Mokalled agora recebe visitantes –crianças, estudantes e ativistas– que vêm estudar como o Chamado da Terra funciona. Os problemas relacionados a lixo aumentaram no país desde o fechamento do principal aterro de Beirute em 2015, o que levou à concentração de resíduos na cidade e na área no entorno do Monte Líbano. As tentativas de encontrar um novo local para despejar o lixo da cidade foram infrutíferas. Nenhum dos grupos étnicos que tradicionalmente disputam o poder no país –cristãos, sunitas ou xiitas– quis receber o aterro. O governo, então, anunciou que exportaria o lixo –mas reverteu a decisão meses depois. O lixo, no entanto, tinha que ir para algum lugar, e acabou sendo despejado perto do aeroporto. Só que isso atraiu bandos de gaivotas, que viraram um perigo para os aviões. Iniciativas de matar as gaivotas a tiros provocaram ondas de protesto, então foram usadas máquinas para tocar música alta e assustá-las. Uma decisão da Justiça exigiu o fechamento do local, mesmo assim, as gaivotas continuam circulando sobre a área. Para piorar, um antigo aterro sanitário foi reaberto. Além de trazer novos resíduos, caminhões estão levando lixo velho –em parte, contaminado por químicos– e jogando o entulho no mar Mediterrâneo. A longo prazo, o governo diz que quer queimar o lixo e gerar eletricidade a partir dele. Mas críticos temem que eles não lidem com a questão direito e que os plásticos e outros materiais capazes de criar fumaça tóxica sejam queimados junto a resíduos orgânicos limpos. Por isso, talvez não seja tão surpreendente que o simples esquema de reciclagem pela comunidade, bolado por Zeinab Mokalled, atraia tanta atenção. As mulheres do vilarejo vizinho de Kaffaremen recentemente começaram sua própria iniciativa, que é parecida com a de Mokalled, a única diferença é que é mantida pelo dinheiro dos moradores, não das voluntárias. Outra cidade próxima, Jaarjoua, também decidiu seguir o mesmo modelo. "Quando olho para elas, é como olhar para nós mesmas há 20 anos", diz Mokalled. Quando criança, ela dava aulas de literatura árabe para algumas das voluntárias de Kaffaremen. Agora, ela é sua mentora em questões ambientais. "Vocês vão enfrentar muitos desafios, mas é tudo uma questão de paciência e determinação", diz a elas. Wafaa, uma das ex-alunas de Mokalled, aperta com firmeza sua mão e diz: "Ela é um exemplo para mim. Ela nunca desistiu". Além de garantir que Arabsalim esteja limpa, Mokalled ainda arranjou tempo para fazer um doutorado em Estudos Árabes, conquistado quando tinha 70 anos. Do que ela mais se orgulha? "Plantar a ideia na cabeça das pessoas de que cuidar do planeta é nossa responsabilidade nesta parte do mundo. Se o fizermos ou não, os políticos não vão se importar. Depende de nós. Se todos fizessem o que fizemos em Arabsalim, o Líbano não teria problemas com lixo".
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Mais de 250 mil mulheres sofrem com doenças psiquiátricas perinatais todos os anos na Inglaterra -Então por que achei tão difícil conseguir ajuda?
Começou aos poucos, quase imperceptível, quando o Evan era pequenininho. As preocupações com a saúde dele, sua respiração, nosso vínculo. Em nacos de sono, eu voltava para a mesa da cesariana, perguntando para os médicos se o nosso bebê, quietinho no respirador, estava bem. A ausência de respostas, o silêncio, os três minutos que duraram eras, ainda vívidos como a vida. Alguns meses depois que o Evan nasceu, o pânico se estendeu pelos meus dias. Eu sentia ansiedade, um peso, uma náusea. Um arrastado processo de encaminhamentos através do assistente de saúde recomendou um grupo de apoio. Começaria em quatro meses. Eu não tinha quatro meses. Liguei para um coordenador de saúde mental. Minha ligação não foi retornada. Fui ao clínico geral em lágrimas e ele indicou antidepressivos, ignorando minha sugestão de conversar com um profissional –eu só precisava de alguém para conversar–, pois a assistência "não estava lá". Quinze semanas depois do meu primeiro pedido de ajuda, encontrei outro grupo de apoio, por acaso, em uma creche a 1,5 km de casa. Seis meses depois, aqui estou eu, praticamente outra pessoa. Sou branca, de classe média, tagarela, mãe de primeira viagem com um filho saudável, alguém que mora em uma área de classificação 1 –no topo do ranking– do mapa de fornecimento de serviços de Saúde Mental Perinatal Comunitária Especializada do Reino Unido. Mesmo assim, sou uma pessoa que teve que usar todos os seus recursos, repetidas vezes, para conseguir ajuda para tratar minha depressão pós-parto, como se fosse uma doença desconhecida e relativamente simples. Mas não é. Doenças psiquiátricas perinatais (perinatal significa o período entre a concepção e o primeiro aniversário do bebê) são extremamente comuns. Vão desde transtornos de adaptação e estresse após se tornar mãe até depressão, o que provoca ansiedade, fadiga e uma tristeza constante antes e depois do nascimento, além de transtorno de estresse pós-traumático, em casos de partos muito complicados, e doenças mais raras e graves, como psicose pós-parto, o que causa paranoia, delírios e alucinações. É consenso entre a maioria dos pesquisadores que pelo menos uma em cada dez mulheres é afetada por doenças psiquiátricas perinatais, o que já é bastante coisa. Trocando estatísticas por números, entretanto, como fez Sally Hogg em 2013 para a associação de proteção à criança NSPCC no relatório Prevention In Mind ("Prevenção em Mente", em tradução livre), você descobre que se estima que 284.890 mulheres sejam afetadas na Inglaterra todos os anos. É mais que um quarto de um milhão de mães –mulheres, pessoas –todo ano, em apenas um país. Esse número é assombroso, mas isto é ainda mais: no Reino Unido, quase metade de todas as mulheres vive em regiões sem nenhum tipo de serviço psiquiátrico perinatal, e poucos dos serviços existentes em outros lugares no país atendiam aos padrões nacionais de qualidade em abril de 2015. "Uma quantidade incrível de pessoas é afetada", confirma Sam Challis, Gerente de Informação da associação Mind. Então por que essa lacuna de tratamento? "O problema é que a gravidez é muitas vezes vista como uma transição física para a mãe, em vez de uma transição física e psicológica. Essa é a principal questão que precisa mudar, urgentemente." A limitada formação voltada para a saúde mental em áreas médicas para além da psiquiatria também é um fator, acrescenta o especialista. "Deveria haver um enfermeiro especializado em saúde mental em toda maternidade e assistentes de saúde [profissionais que atendem os pais no primeiro ano do bebê para avaliar o peso e desenvolvimento da criança] devem receber um treinamento muito mais rígido. Uma avaliação psiquiátrica da mãe deveria ser feita à parte da avaliação geral da assistência social também." E há também o estigma ligado à saúde mental na maternidade. As mães muitas vezes têm dificuldade de admitir como estão se sentindo para os profissionais porque temem ser consideradas pessoas que não têm capacidade de cuidar dos filhos. A cultura e a publicidade não ajudam: a maternidade recém-conquistada é pintada de forma vaga, romantizada e cheia de amor, em que a tortura da privação de sono e o enorme peso da nova responsabilidade não fazem parte desse quadro. Todo mundo sente isso de alguma forma: lembro de tardes felizes com meu filho, seguidas de noites estressantes e apreensivas, de como a exaustão anestesia as emoções, te deixa vazia, ausente, tudo desaparece. Muitas vezes, somente casos extremos e terríveis de doenças psiquiátricas perinatais são noticiados na mídia também, como o de Charlotte Bevan, a mãe de Bristol que, em dezembro, saiu do hospital com a filha de três dias de vida, Zaani, e cometeu suicídio ao pular do desfiladeiro do rio Avon. "São casos raros", destaca Challis, "mas fazem muitas mulheres sentirem que pode acontecer com elas também". É importante apontar que uma história muito maior está por trás dessa terrível tragédia: Charlotte era esquizofrênica e já tinha acompanhamento médico. O sistema falhou com ela. Há um inquérito em andamento, mas as brechas no tratamento e na comunicação devem fazer parte dessa história - como é o caso para tantas outras mulheres. Iniciativas de grupos que fazem campanhas e instituições filantrópicas normalmente preenchem as lacunas que os serviços profissionais não podem oferecer. Uma delas é a Two In Mind, que discute como 70% das mulheres no País de Gales não têm acesso a assistência. O site da organização oferece cursos de terapia cognitiva comportamental gratuitos para famílias que terão um novo filho e vídeos com histórias reais de pais. Tem a Sara, que perdeu um bebê e depois teve uma ruptura uterina durante a cesárea. Depois disso, ela se sentiu "vazia e inerte... sem nenhum sentimento pelo meu bebê". Lucy fica grávida logo de cara e lê todos os livros possíveis durante a gravidez tranquila que teve, mas depois se sente "prostrada", "esgotada", sem vontade de sair de casa. Tabitha sofre depois que o companheiro a abandona durante a gravidez e depois do parto. A mulher do Mark tem depressão pós-parto, antes de ele também desenvolver (o que mostra como a transição de ter um filho é psicológica, apartada da experiência física). A abordagem do Two In Mind à saúde perinatal trata de uma coisa que muitos serviços não conseguem, explica a Gerente de Projeto Jenny Burns. "Estamos [muitas vezes] lidando com duas pessoas aqui –a mãe ou principal responsável e seu bem-estar emocional e o bebê e o seu bem-estar. O 'cliente ou paciente' não pode ser repartido ou separado." Os cursos "Curta Seu Bebê" da organização estão disponíveis gratuitamente na internet e também nos escritórios locais da Mind, além de outras instituições filantrópicas e serviços regulamentados. O site também já recebeu visitas do mundo todo, o que deixa Jenny muito feliz. Mas a conquista que a deixa mais orgulhosa é pessoal. Ela viu de perto uma mãe solteira adolescente, que antes sofria de ansiedade e baixa autoestima e estava voltando para a casa dos pais, envolver-se com o projeto como voluntária e ter uma recuperação impressionante. "No último ano, eu a vi desenvolver segurança em suas capacidades e habilidades como mãe", sorri Jenny. "Mais do que isso, ela entrou em contato com a Flying Start [primeira infância] perto de casa e convenceu a escola a aceitá-la como terapeuta ocupacional discente uma vez por semana. Impressionante!" O envolvimento com recursos acessíveis realmente transforma vidas. Há várias outras organizações extraordinárias que fazem um trabalho parecido, como a instituição nacional PANDAS (Apoio e Aconselhamento na Depressão Pré e Pós-parto, na sigla em inglês), que oferece recursos online e uma linha telefônica de ajuda, além de grupos locais tocados por mulheres que sofreram com doenças psiquiátricas perinatais: dois exemplos notáveis são o Mothers For Mothers, em Bristol, e o House of Light, em Hull. Mas uma estratégia nacional também está sendo lentamente implementada, graças a uma ampla coalizão voluntária bem ativa. A Aliança pela Saúde Mental Materna (MMHA, na sigla em inglês), uma aliança de órgãos profissionais, organizações de pacientes e instituições filantrópicas, lançou um projeto em julho chamado Everyone's Business ("Da Conta de Todo Mundo"), com dois anos de financiamento pela Comic Relief. O título é simples, curto, abrangente, perfeito, e mostra que a depressão pós-parto não deve ser marginalizada como um "problema feminino", mas reconhecida como uma coisa que pode afetar relacionamentos, vidas e até mesmo a economia de modo mais amplo. Em outubro, um relatório da MMHA, conduzido em associação com a Escola de Economia de Londres, revelou que 8,1 bilhões de libras são perdidos todos os anos por falta de apoio à mulher e à criança no período perinatal. A princípio, a análise das repercussões de doenças psiquiátricas em termos econômicos parece um jeito frio e ballardiano de medir os impactos na vida das mulheres. No entanto, ao olhar mais de perto o trabalho da MMHA, você vê que a ideia é que as mulheres sejam consideradas vitais para a engrenagem da sociedade. "Existem muitas causas necessitadas por aí", explica Maria Bavetta, Chefe de Comunicação da MMHA, "então tivemos que adotar uma abordagem que equilibrasse os fatos duros com os nossos argumentos, que tivesse um impacto tanto racional quanto emocional". O site deles também apresenta muitas histórias reais, como o trágico relato da Joe, que não recebeu apoio específico para uma depressão pós-parto grave após vários abortos espontâneos e acabou cometendo suicídio quando a filha tinha apenas alguns meses de vida. E também da Sally, que sente que só sobreviveu depois de buscar ajuda de grupos voluntários. "Se você quebrasse o braço, iria ao hospital para 'consertar', mas a saúde mental não tem esse luxo", escreve. É um sentimento que ecoa em toda história e pulsa forte na minha própria experiência. Desde julho, a MMHA trabalha com o Departamento de Saúde e a Faculdade Real de Clínica Geral britânica para tratar dessas questões –de fato, a instituição de ensino superior acaba de transformar o apoio à saúde mental perinatal em uma de suas prioridades para 2015, então médicos como o meu devem começar a mudar o comportamento. A abordagem deles é centrada em conscientizar sobre o que chamam de ACT, que na sigla em inglês representa três itens: Responsabilidade em definir de forma clara o tratamento da saúde mental perinatal e seu cumprimento em nível nacional; Serviços comunitários especializados que atendam os padrões nacionais de qualidade e sejam oferecidos às mulheres de todo o país; e Treinamento em saúde mental perinatal oferecido a todos os profissionais envolvidos no tratamento da mulher durante a gravidez e o primeiro ano após o nascimento. George Osborne também anunciou em março, em seu discurso sobre o relatório pré-orçamentário do ano,o investimento de £ 75 milhões em serviços de saúde mental perinatal para os próximos cinco anos - coisa que os céticos podem pensar que tem uma pitada de galanteio eleitoreiro para ganhar as mães, mas pelo menos reconhece o problema e aponta para a direção certa. "Osborne chegou a mencionar isso no discurso, o que é bom", acrescenta Maria. "É importante que questões como essa sejam ditas em voz alta —ajuda a torná-las normais." E aí ela disse a coisa mais importante de todas. "Temos que permitir e mostrar às mulheres que tudo bem se sentir assim, tudo bem falar sobre isso, para que elas saibam que é comum e que elas podem procurar tratamento –e saber exatamente onde conseguir." Tradução de ALINE SCÁTOLA
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Mais de 250 mil mulheres sofrem com doenças psiquiátricas perinatais todos os anos na Inglaterra -Então por que achei tão difícil conseguir ajuda?Começou aos poucos, quase imperceptível, quando o Evan era pequenininho. As preocupações com a saúde dele, sua respiração, nosso vínculo. Em nacos de sono, eu voltava para a mesa da cesariana, perguntando para os médicos se o nosso bebê, quietinho no respirador, estava bem. A ausência de respostas, o silêncio, os três minutos que duraram eras, ainda vívidos como a vida. Alguns meses depois que o Evan nasceu, o pânico se estendeu pelos meus dias. Eu sentia ansiedade, um peso, uma náusea. Um arrastado processo de encaminhamentos através do assistente de saúde recomendou um grupo de apoio. Começaria em quatro meses. Eu não tinha quatro meses. Liguei para um coordenador de saúde mental. Minha ligação não foi retornada. Fui ao clínico geral em lágrimas e ele indicou antidepressivos, ignorando minha sugestão de conversar com um profissional –eu só precisava de alguém para conversar–, pois a assistência "não estava lá". Quinze semanas depois do meu primeiro pedido de ajuda, encontrei outro grupo de apoio, por acaso, em uma creche a 1,5 km de casa. Seis meses depois, aqui estou eu, praticamente outra pessoa. Sou branca, de classe média, tagarela, mãe de primeira viagem com um filho saudável, alguém que mora em uma área de classificação 1 –no topo do ranking– do mapa de fornecimento de serviços de Saúde Mental Perinatal Comunitária Especializada do Reino Unido. Mesmo assim, sou uma pessoa que teve que usar todos os seus recursos, repetidas vezes, para conseguir ajuda para tratar minha depressão pós-parto, como se fosse uma doença desconhecida e relativamente simples. Mas não é. Doenças psiquiátricas perinatais (perinatal significa o período entre a concepção e o primeiro aniversário do bebê) são extremamente comuns. Vão desde transtornos de adaptação e estresse após se tornar mãe até depressão, o que provoca ansiedade, fadiga e uma tristeza constante antes e depois do nascimento, além de transtorno de estresse pós-traumático, em casos de partos muito complicados, e doenças mais raras e graves, como psicose pós-parto, o que causa paranoia, delírios e alucinações. É consenso entre a maioria dos pesquisadores que pelo menos uma em cada dez mulheres é afetada por doenças psiquiátricas perinatais, o que já é bastante coisa. Trocando estatísticas por números, entretanto, como fez Sally Hogg em 2013 para a associação de proteção à criança NSPCC no relatório Prevention In Mind ("Prevenção em Mente", em tradução livre), você descobre que se estima que 284.890 mulheres sejam afetadas na Inglaterra todos os anos. É mais que um quarto de um milhão de mães –mulheres, pessoas –todo ano, em apenas um país. Esse número é assombroso, mas isto é ainda mais: no Reino Unido, quase metade de todas as mulheres vive em regiões sem nenhum tipo de serviço psiquiátrico perinatal, e poucos dos serviços existentes em outros lugares no país atendiam aos padrões nacionais de qualidade em abril de 2015. "Uma quantidade incrível de pessoas é afetada", confirma Sam Challis, Gerente de Informação da associação Mind. Então por que essa lacuna de tratamento? "O problema é que a gravidez é muitas vezes vista como uma transição física para a mãe, em vez de uma transição física e psicológica. Essa é a principal questão que precisa mudar, urgentemente." A limitada formação voltada para a saúde mental em áreas médicas para além da psiquiatria também é um fator, acrescenta o especialista. "Deveria haver um enfermeiro especializado em saúde mental em toda maternidade e assistentes de saúde [profissionais que atendem os pais no primeiro ano do bebê para avaliar o peso e desenvolvimento da criança] devem receber um treinamento muito mais rígido. Uma avaliação psiquiátrica da mãe deveria ser feita à parte da avaliação geral da assistência social também." E há também o estigma ligado à saúde mental na maternidade. As mães muitas vezes têm dificuldade de admitir como estão se sentindo para os profissionais porque temem ser consideradas pessoas que não têm capacidade de cuidar dos filhos. A cultura e a publicidade não ajudam: a maternidade recém-conquistada é pintada de forma vaga, romantizada e cheia de amor, em que a tortura da privação de sono e o enorme peso da nova responsabilidade não fazem parte desse quadro. Todo mundo sente isso de alguma forma: lembro de tardes felizes com meu filho, seguidas de noites estressantes e apreensivas, de como a exaustão anestesia as emoções, te deixa vazia, ausente, tudo desaparece. Muitas vezes, somente casos extremos e terríveis de doenças psiquiátricas perinatais são noticiados na mídia também, como o de Charlotte Bevan, a mãe de Bristol que, em dezembro, saiu do hospital com a filha de três dias de vida, Zaani, e cometeu suicídio ao pular do desfiladeiro do rio Avon. "São casos raros", destaca Challis, "mas fazem muitas mulheres sentirem que pode acontecer com elas também". É importante apontar que uma história muito maior está por trás dessa terrível tragédia: Charlotte era esquizofrênica e já tinha acompanhamento médico. O sistema falhou com ela. Há um inquérito em andamento, mas as brechas no tratamento e na comunicação devem fazer parte dessa história - como é o caso para tantas outras mulheres. Iniciativas de grupos que fazem campanhas e instituições filantrópicas normalmente preenchem as lacunas que os serviços profissionais não podem oferecer. Uma delas é a Two In Mind, que discute como 70% das mulheres no País de Gales não têm acesso a assistência. O site da organização oferece cursos de terapia cognitiva comportamental gratuitos para famílias que terão um novo filho e vídeos com histórias reais de pais. Tem a Sara, que perdeu um bebê e depois teve uma ruptura uterina durante a cesárea. Depois disso, ela se sentiu "vazia e inerte... sem nenhum sentimento pelo meu bebê". Lucy fica grávida logo de cara e lê todos os livros possíveis durante a gravidez tranquila que teve, mas depois se sente "prostrada", "esgotada", sem vontade de sair de casa. Tabitha sofre depois que o companheiro a abandona durante a gravidez e depois do parto. A mulher do Mark tem depressão pós-parto, antes de ele também desenvolver (o que mostra como a transição de ter um filho é psicológica, apartada da experiência física). A abordagem do Two In Mind à saúde perinatal trata de uma coisa que muitos serviços não conseguem, explica a Gerente de Projeto Jenny Burns. "Estamos [muitas vezes] lidando com duas pessoas aqui –a mãe ou principal responsável e seu bem-estar emocional e o bebê e o seu bem-estar. O 'cliente ou paciente' não pode ser repartido ou separado." Os cursos "Curta Seu Bebê" da organização estão disponíveis gratuitamente na internet e também nos escritórios locais da Mind, além de outras instituições filantrópicas e serviços regulamentados. O site também já recebeu visitas do mundo todo, o que deixa Jenny muito feliz. Mas a conquista que a deixa mais orgulhosa é pessoal. Ela viu de perto uma mãe solteira adolescente, que antes sofria de ansiedade e baixa autoestima e estava voltando para a casa dos pais, envolver-se com o projeto como voluntária e ter uma recuperação impressionante. "No último ano, eu a vi desenvolver segurança em suas capacidades e habilidades como mãe", sorri Jenny. "Mais do que isso, ela entrou em contato com a Flying Start [primeira infância] perto de casa e convenceu a escola a aceitá-la como terapeuta ocupacional discente uma vez por semana. Impressionante!" O envolvimento com recursos acessíveis realmente transforma vidas. Há várias outras organizações extraordinárias que fazem um trabalho parecido, como a instituição nacional PANDAS (Apoio e Aconselhamento na Depressão Pré e Pós-parto, na sigla em inglês), que oferece recursos online e uma linha telefônica de ajuda, além de grupos locais tocados por mulheres que sofreram com doenças psiquiátricas perinatais: dois exemplos notáveis são o Mothers For Mothers, em Bristol, e o House of Light, em Hull. Mas uma estratégia nacional também está sendo lentamente implementada, graças a uma ampla coalizão voluntária bem ativa. A Aliança pela Saúde Mental Materna (MMHA, na sigla em inglês), uma aliança de órgãos profissionais, organizações de pacientes e instituições filantrópicas, lançou um projeto em julho chamado Everyone's Business ("Da Conta de Todo Mundo"), com dois anos de financiamento pela Comic Relief. O título é simples, curto, abrangente, perfeito, e mostra que a depressão pós-parto não deve ser marginalizada como um "problema feminino", mas reconhecida como uma coisa que pode afetar relacionamentos, vidas e até mesmo a economia de modo mais amplo. Em outubro, um relatório da MMHA, conduzido em associação com a Escola de Economia de Londres, revelou que 8,1 bilhões de libras são perdidos todos os anos por falta de apoio à mulher e à criança no período perinatal. A princípio, a análise das repercussões de doenças psiquiátricas em termos econômicos parece um jeito frio e ballardiano de medir os impactos na vida das mulheres. No entanto, ao olhar mais de perto o trabalho da MMHA, você vê que a ideia é que as mulheres sejam consideradas vitais para a engrenagem da sociedade. "Existem muitas causas necessitadas por aí", explica Maria Bavetta, Chefe de Comunicação da MMHA, "então tivemos que adotar uma abordagem que equilibrasse os fatos duros com os nossos argumentos, que tivesse um impacto tanto racional quanto emocional". O site deles também apresenta muitas histórias reais, como o trágico relato da Joe, que não recebeu apoio específico para uma depressão pós-parto grave após vários abortos espontâneos e acabou cometendo suicídio quando a filha tinha apenas alguns meses de vida. E também da Sally, que sente que só sobreviveu depois de buscar ajuda de grupos voluntários. "Se você quebrasse o braço, iria ao hospital para 'consertar', mas a saúde mental não tem esse luxo", escreve. É um sentimento que ecoa em toda história e pulsa forte na minha própria experiência. Desde julho, a MMHA trabalha com o Departamento de Saúde e a Faculdade Real de Clínica Geral britânica para tratar dessas questões –de fato, a instituição de ensino superior acaba de transformar o apoio à saúde mental perinatal em uma de suas prioridades para 2015, então médicos como o meu devem começar a mudar o comportamento. A abordagem deles é centrada em conscientizar sobre o que chamam de ACT, que na sigla em inglês representa três itens: Responsabilidade em definir de forma clara o tratamento da saúde mental perinatal e seu cumprimento em nível nacional; Serviços comunitários especializados que atendam os padrões nacionais de qualidade e sejam oferecidos às mulheres de todo o país; e Treinamento em saúde mental perinatal oferecido a todos os profissionais envolvidos no tratamento da mulher durante a gravidez e o primeiro ano após o nascimento. George Osborne também anunciou em março, em seu discurso sobre o relatório pré-orçamentário do ano,o investimento de £ 75 milhões em serviços de saúde mental perinatal para os próximos cinco anos - coisa que os céticos podem pensar que tem uma pitada de galanteio eleitoreiro para ganhar as mães, mas pelo menos reconhece o problema e aponta para a direção certa. "Osborne chegou a mencionar isso no discurso, o que é bom", acrescenta Maria. "É importante que questões como essa sejam ditas em voz alta —ajuda a torná-las normais." E aí ela disse a coisa mais importante de todas. "Temos que permitir e mostrar às mulheres que tudo bem se sentir assim, tudo bem falar sobre isso, para que elas saibam que é comum e que elas podem procurar tratamento –e saber exatamente onde conseguir." Tradução de ALINE SCÁTOLA
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Fotos de mulheres em reportagem foram traumatizantes, diz leitora
Sou casada e tenho dois filhos, um menino de 11 anos e uma menina de 8. Todas as manhãs, eu e minha família damos uma parada na rotina para, juntos, lermos a Folha. Na terça (13), porém, eu me deparei com minhas crianças apreciando na "Ilustrada" a reportagem Memórias do cárcere. Não vou entrar no mérito da reportagem, entretanto fiquei indignada e muito envergonhada quando meus filhos me mostraram a foto com a legenda "Mulheres peladas coladas por detentos em parede da prisão", na qual a maioria das mulheres aparece com suas genitálias escancaradas. Eu não sou careta, porém foi uma experiência extremamente traumatizante tanto para mim como para as crianças. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Fotos de mulheres em reportagem foram traumatizantes, diz leitoraSou casada e tenho dois filhos, um menino de 11 anos e uma menina de 8. Todas as manhãs, eu e minha família damos uma parada na rotina para, juntos, lermos a Folha. Na terça (13), porém, eu me deparei com minhas crianças apreciando na "Ilustrada" a reportagem Memórias do cárcere. Não vou entrar no mérito da reportagem, entretanto fiquei indignada e muito envergonhada quando meus filhos me mostraram a foto com a legenda "Mulheres peladas coladas por detentos em parede da prisão", na qual a maioria das mulheres aparece com suas genitálias escancaradas. Eu não sou careta, porém foi uma experiência extremamente traumatizante tanto para mim como para as crianças. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Maior cineasta russa, Kira Muratova ganha retrospectiva em São Paulo
Em meio ao menu forte em novidades, o festival de cinema Indie, no Cinesec até dia 30, ainda oferece como prato principal a retrospectiva da diretora Kira Muratova. Os manuais destacam o nome dela como a mais importante cineasta russa. Entretanto, sua biografia e seus trabalhos lhe reservaram um lugar bem mais marginal. Nascida em 1934, na Bessarábia, então território da Romênia, filha de pai russo e mãe romena, Muratova passou a infância em Bucareste. Nos anos do pós-guerra, quando a Romênia torna-se um dos países-satélite do império stalinista, ela estudou numa escola russa. Jovem, teve contato com a destacada produção cultural de todo o Leste Europeu numa fase em que o cinema conjugava as funções de foco criativo e expressão de resistência. Sob essa influência, Muratova foi estudar cinema na escola oficial do regime em Moscou, na época em que o degelo cultural após a morte de Stálin autorizava ligeira autonomia de voo aos artistas. No entanto, "Breves Encontros" (1967) e "O Longo Adeus" (1971), primeiros filmes que assina sozinha, são vetados por "incompatibilidade com os cânones estéticos do Realismo Socialista" e a "evidente inconfiabilidade política da diretora". Só chegarão a público nos anos 1980, na fase de abertura do regime conhecida como "glasnost". O festival exibe ambos títulos, assim como a rarefeita produção de Muratova nos anos 1970, em que fez só um filme. A fase mais importante e de maior projeção internacional de Muratova concentra-se durante a "glasnost" e no período imediato. "Mudança de Destino" (1987), "Síndrome Astênica" (1989) e "Três Histórias" (1997) são alegorias que deixam à mostra as transformações históricas da União Soviética, a dissolução do comunismo e as ruínas do modelo que deixou como herança o entulho do autoritarismo. O talento de Muratova para mostrar como o que se considera normalidade guarda os maiores absurdos tornam estes títulos mais que documentos de época. No crime sem castigo de "Mudança de Destino" e na incapacidade de os personagens do formidável "Síndrome Astênica" ficarem de pé, Muratova equipara o coletivo e o individual e registra com humor desconcertante o apocalipse que se anuncia. Nos filmes mais recentes da diretora o teatro se torna um lugar favorito, onde ela reafirma seu anarco-pessimismo mostrando que a farsa é a única proteção para os que não querem morrer de falta de sentido. Retrospectiva Kira Muratova Onde Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 11 3087-0500) Quando até 30/9 Quanto de R$ 3,50 a R$ 12
ilustrada
Maior cineasta russa, Kira Muratova ganha retrospectiva em São PauloEm meio ao menu forte em novidades, o festival de cinema Indie, no Cinesec até dia 30, ainda oferece como prato principal a retrospectiva da diretora Kira Muratova. Os manuais destacam o nome dela como a mais importante cineasta russa. Entretanto, sua biografia e seus trabalhos lhe reservaram um lugar bem mais marginal. Nascida em 1934, na Bessarábia, então território da Romênia, filha de pai russo e mãe romena, Muratova passou a infância em Bucareste. Nos anos do pós-guerra, quando a Romênia torna-se um dos países-satélite do império stalinista, ela estudou numa escola russa. Jovem, teve contato com a destacada produção cultural de todo o Leste Europeu numa fase em que o cinema conjugava as funções de foco criativo e expressão de resistência. Sob essa influência, Muratova foi estudar cinema na escola oficial do regime em Moscou, na época em que o degelo cultural após a morte de Stálin autorizava ligeira autonomia de voo aos artistas. No entanto, "Breves Encontros" (1967) e "O Longo Adeus" (1971), primeiros filmes que assina sozinha, são vetados por "incompatibilidade com os cânones estéticos do Realismo Socialista" e a "evidente inconfiabilidade política da diretora". Só chegarão a público nos anos 1980, na fase de abertura do regime conhecida como "glasnost". O festival exibe ambos títulos, assim como a rarefeita produção de Muratova nos anos 1970, em que fez só um filme. A fase mais importante e de maior projeção internacional de Muratova concentra-se durante a "glasnost" e no período imediato. "Mudança de Destino" (1987), "Síndrome Astênica" (1989) e "Três Histórias" (1997) são alegorias que deixam à mostra as transformações históricas da União Soviética, a dissolução do comunismo e as ruínas do modelo que deixou como herança o entulho do autoritarismo. O talento de Muratova para mostrar como o que se considera normalidade guarda os maiores absurdos tornam estes títulos mais que documentos de época. No crime sem castigo de "Mudança de Destino" e na incapacidade de os personagens do formidável "Síndrome Astênica" ficarem de pé, Muratova equipara o coletivo e o individual e registra com humor desconcertante o apocalipse que se anuncia. Nos filmes mais recentes da diretora o teatro se torna um lugar favorito, onde ela reafirma seu anarco-pessimismo mostrando que a farsa é a única proteção para os que não querem morrer de falta de sentido. Retrospectiva Kira Muratova Onde Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 11 3087-0500) Quando até 30/9 Quanto de R$ 3,50 a R$ 12
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Prepare-se: o rodízio está de volta nesta quinta com chuva em SP
DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Não queira ter mais. Queira ser mais." Camila Telles, 20, estagiária de moda, no Morumbi, zona oeste * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Elvis Pereira (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
saopaulo
Prepare-se: o rodízio está de volta nesta quinta com chuva em SPDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Não queira ter mais. Queira ser mais." Camila Telles, 20, estagiária de moda, no Morumbi, zona oeste * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Elvis Pereira (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
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Brasil 'exportou' o vírus zika para a Itália
O Brasil "exportou" o vírus zika para a Itália dois meses antes de o Ministério da Saúde confirmar a sua circulação no país, em maio deste ano. Segundo estudo publicado no periódico científico "Eurosurveillance", especializado em epidemiologia, vigilância e prevenção, o vírus foi introduzido na Itália em março, por um morador de 60 anos que passou 12 dias de férias em Salvador (BA). Quatro dias depois de retornar a Florença, sua cidade natal, o homem apresentou febre de até 38ºC, manchas vermelhas pelo corpo, conjuntivite e fraqueza. Segundo os pesquisadores, em razão dos sintomas de doença viral e do histórico da viagem para uma região endêmica (na época, para dengue e chikungunya), foram feitos vários testes, como dengue, febre amarela, chikungunya, parvovírus e zika. Os resultados do exame (detecção de anticorpos contra uma infecção prévia) apontaram o zika. Os sintomas desapareceram uma semana depois. O período de infecção do italiano pelo zika coincide com o momento em que pesquisadores do Instituto de Biologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) tentavam identificar o vírus que causava uma doença misteriosa, que tinha sintomas parecidos com os da dengue. Após analisar amostras de sangue de pacientes de Camaçari, coletadas em março, eles identificaram em abril o zika por meio da mesma técnica utilizada pelos cientistas italianos (RT-PCR). Foi a primeira vez que isso aconteceu na América Latina. "Esse trabalho [italiano] é ótimo. Mostra que em março o vírus já circulava na Bahia, exatamente como nosso grupo havia demonstrado", afirma o virologista Gubio Soares, da UFBA. CASOS IMPORTADOS Até então, EUA, Japão e Austrália haviam registrado casos importados da infecção, mas todos vindos do Sudeste Asiático. É a primeira vez que o "zika brasileiro" aparece nesse cenário. Para Caio Freire, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, em razão do grande número de pessoas infectadas pelo zika hoje no Brasil, o país pode se tornar um exportador desse vírus. "Caso existam mosquitos capazes de transmitir o vírus nesses países, o zika pode encontrar um meio de passar em uma cadeia de transmissão humano-mosquito-humano", explica ele. Na opinião de Gubio Soares, esse é um risco real, que deveria fazer com que o Ministério da Saúde e os governos estaduais investissem em campanhas preventivas também para os turistas que chegarão ao país agora no verão e na Olimpíada de 2016. Segundo os autores do trabalho, no caso da Itália e de outros países europeus, especialmente os mediterrâneos, a preocupação é que o mosquito Aedes albopictus existe em abundância e também é vetor em potencial do zika. Em 2007, esse mosquito foi responsável por uma epidemia de chikungunya na Emilia-Romanha, no norte da Itália. O vírus foi introduzido na região por um morador que havia viajado dias antes a uma área endêmica. Os pesquisadores recomendam que as autoridades de saúde pública europeias intensifiquem a vigilância sobre os viajantes. "Precisamos evitar a disseminação do zika entre a nossa população local de mosquitos." Em nota, o ECDC (centro europeu de prevenção e controle de doenças) informou que, atualmente, o risco de transmissão do vírus zika na Europa é "extremamente baixo" em razão do inverno, que não é uma estação propícia para a reprodução do Aedes. Segundo o centro, todos os países receberam alertas para que intensifiquem a vigilância de viajantes que retornem de áreas endêmicas, como o Brasil, e de lugares onde os vetores estão presentes. Também foram orientados a capacitar seus laboratórios para que desenvolvam testes que diferenciem o zika de outras arboviroses (dengue e chikungunya, por exemplo).
cotidiano
Brasil 'exportou' o vírus zika para a ItáliaO Brasil "exportou" o vírus zika para a Itália dois meses antes de o Ministério da Saúde confirmar a sua circulação no país, em maio deste ano. Segundo estudo publicado no periódico científico "Eurosurveillance", especializado em epidemiologia, vigilância e prevenção, o vírus foi introduzido na Itália em março, por um morador de 60 anos que passou 12 dias de férias em Salvador (BA). Quatro dias depois de retornar a Florença, sua cidade natal, o homem apresentou febre de até 38ºC, manchas vermelhas pelo corpo, conjuntivite e fraqueza. Segundo os pesquisadores, em razão dos sintomas de doença viral e do histórico da viagem para uma região endêmica (na época, para dengue e chikungunya), foram feitos vários testes, como dengue, febre amarela, chikungunya, parvovírus e zika. Os resultados do exame (detecção de anticorpos contra uma infecção prévia) apontaram o zika. Os sintomas desapareceram uma semana depois. O período de infecção do italiano pelo zika coincide com o momento em que pesquisadores do Instituto de Biologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) tentavam identificar o vírus que causava uma doença misteriosa, que tinha sintomas parecidos com os da dengue. Após analisar amostras de sangue de pacientes de Camaçari, coletadas em março, eles identificaram em abril o zika por meio da mesma técnica utilizada pelos cientistas italianos (RT-PCR). Foi a primeira vez que isso aconteceu na América Latina. "Esse trabalho [italiano] é ótimo. Mostra que em março o vírus já circulava na Bahia, exatamente como nosso grupo havia demonstrado", afirma o virologista Gubio Soares, da UFBA. CASOS IMPORTADOS Até então, EUA, Japão e Austrália haviam registrado casos importados da infecção, mas todos vindos do Sudeste Asiático. É a primeira vez que o "zika brasileiro" aparece nesse cenário. Para Caio Freire, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, em razão do grande número de pessoas infectadas pelo zika hoje no Brasil, o país pode se tornar um exportador desse vírus. "Caso existam mosquitos capazes de transmitir o vírus nesses países, o zika pode encontrar um meio de passar em uma cadeia de transmissão humano-mosquito-humano", explica ele. Na opinião de Gubio Soares, esse é um risco real, que deveria fazer com que o Ministério da Saúde e os governos estaduais investissem em campanhas preventivas também para os turistas que chegarão ao país agora no verão e na Olimpíada de 2016. Segundo os autores do trabalho, no caso da Itália e de outros países europeus, especialmente os mediterrâneos, a preocupação é que o mosquito Aedes albopictus existe em abundância e também é vetor em potencial do zika. Em 2007, esse mosquito foi responsável por uma epidemia de chikungunya na Emilia-Romanha, no norte da Itália. O vírus foi introduzido na região por um morador que havia viajado dias antes a uma área endêmica. Os pesquisadores recomendam que as autoridades de saúde pública europeias intensifiquem a vigilância sobre os viajantes. "Precisamos evitar a disseminação do zika entre a nossa população local de mosquitos." Em nota, o ECDC (centro europeu de prevenção e controle de doenças) informou que, atualmente, o risco de transmissão do vírus zika na Europa é "extremamente baixo" em razão do inverno, que não é uma estação propícia para a reprodução do Aedes. Segundo o centro, todos os países receberam alertas para que intensifiquem a vigilância de viajantes que retornem de áreas endêmicas, como o Brasil, e de lugares onde os vetores estão presentes. Também foram orientados a capacitar seus laboratórios para que desenvolvam testes que diferenciem o zika de outras arboviroses (dengue e chikungunya, por exemplo).
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Brasileiros apostam em veneno de vespa na guerra contra superbactérias
Cientistas brasileiros estão olhando com carinho para a vespa Polybia dimorpha, que habita o cerrado brasileiro. Na receita do veneno do inseto há um ingrediente que pode estar parte da resposta para um dos problemas mais importantes de saúde global: a guerra contra as superbactérias. Quando entra em contato com a célula bacteriana, esse ingrediente –um peptídeo, molécula que pode ser sintetizada quimicamente– fura a parede celular, causando dano estrutural grande o suficiente para matar os micróbios. Sabendo desse potencial, pesquisadores do Instituto Butantan, da UnB e da Unesp resolveram investigar se o peptídeo –batizadao de polydim-1, em homenagem à vespa– seria eficaz contra bactérias resistentes a múltiplos antibióticos. O mais provável é que a razão evolutiva para uma vespa desenvolver esse tipo de molécula não é o de matar as bactérias de sua presa, e sim destruir as próprias células da vítima. Felizmente, ao menos no caso da P. dimorpha, esse peptídeo parece não ser tão nocivo para mamíferos. Para testar o potencial antissuperbactéria do polydim-1, foram usadas amostras provenientes de pacientes que tiveram infecções severas e que estavam armazenadas na biblioteca de microbiologia do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). O resultado é animador, diz Marisa Rangel, do Butantan. "Sem dúvida foi a molécula mais promissora com a qual eu trabalhei até agora. Observamos uma atividade especialmente grande em bactérias que apresentam mecanismos de resistência. " Mesmo com o ótimo desempenho in vitro (e bons indicativos de testes anteriores in vivo), ainda não dá para comemorar. Até a molécula virar remédio, se isso realmente acontecer, outros fatores entrarão em jogo, como o interesse de indústria farmacêutica em bancar testes em seres humanos. E há motivos para que isso não ocorra. Um deles é o custo para sintetizar uma molécula dessas, muito maior que aquele dos antibióticos clássicos –ou seja, uma única dose para humanos poderia custar milhares de reais. Uma alternativa seria tentar simplificar a molécula, tirando alguns dos seus 22 aminoácidos, o que baratearia a síntese. Outra opção é mudar o processo de fabricação e usar fungos modificados geneticamente na produção. Apesar das dificuldades, é uma briga que vale a pena, pelo menos de acordo com um apelo recente da Organização Mundial de Saúde. Em fevereiro, a entidade pediu que esse combate fosse uma prioridade. Se um grupo de bactérias é exposto a um antibiótico, o esperado é que elas morram. Algumas, porém, encontram artifícios para sobreviver, apesar da condição desfavorável. Quando proliferam, as descendentes herdam essa característica, formando uma linhagem resistente. O processo se repete com diferentes tipos de antibiótico e aparecem as bactérias multirresistentes. Daí a crítica ao uso indiscriminado e incorreto na criação de animais e em humanos, por exemplo. "Perdi recentemente meu tio para uma infecção com duas bactérias multirresistentes. É uma história que se repete, você dá o coquetel de antibiótico, mas a pessoa não aguenta nem com o remédio nem com as bactérias –e a maioria morre e ninguém fala disso", diz a pesquisadora. "Nos últimos 40 anos só surgiram três novas classes de antibióticos. Estamos perdendo a guerra", lamenta. HISTÓRIA Uma das maiores descobertas da humanidade aconteceu na década de 1920, quando o escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina, molécula produzida por fungos do gênero Penicillium. Com esse conhecimento, passou a ser mais fácil tratar infecções bacterianas. Mas, conforme o uso de antibióticos crescia e outras moléculas eram adicionadas ao arsenal terapêutico, começaram a surgir linhagens de bactérias resistentes. A penicilina foi disponibilizada comercialmente em 1943, mas desde 1940 já havia sido identificada uma linhagem de bactérias do gênero Staphylococcus resistente à droga. Mais de 70 anos depois, o panorama é mais ou menos o mesmo e, para cada antibiótico lançado, há pelo menos uma linhagem bacteriana resistente a ele. O estudo de Marisa e colaboradores foi publicado na revista "Plos One". - Cientistas estudam veneno de vespa que pode se tornar um poderoso antibiótico ORIGEM Ao estudar o veneno da vespa Polybia dimorpha, cientistas viram que ali poderia haver candidato a antibióticos. A 'culpada' é uma molécula batizada de polydim-I, em homenagem à vespa FABRICAÇÃO Como o veneno é composto por várias moléculas, os cientistas tiveram de produzi-la em pequena escala no laboratório em um processo de síntese química para fazer os testes TESTE Em laboratório, foram feitos testes com uma série de linhagens de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos e a molécula teve performance superior a drogas convencionais EXPLICAÇÃO Segundo os pesquisadores, a molécula formaria uma espécie de buraco na membrana das bactérias, impedindo que ela mantenha suas funções e prolifere SEGURANÇA Já foram feitos testes com camundongos, mostrando que a droga, além de tratar infecções, aparentemente não faz mal para as células de mamíferos PERSPECTIVA A ideia dos pesquisadores é aperfeiçoar a molécula e seu método de síntese para que ela possa ser testada em humanos e combata as infecções hospitalares por bactérias multirresistentes
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Brasileiros apostam em veneno de vespa na guerra contra superbactériasCientistas brasileiros estão olhando com carinho para a vespa Polybia dimorpha, que habita o cerrado brasileiro. Na receita do veneno do inseto há um ingrediente que pode estar parte da resposta para um dos problemas mais importantes de saúde global: a guerra contra as superbactérias. Quando entra em contato com a célula bacteriana, esse ingrediente –um peptídeo, molécula que pode ser sintetizada quimicamente– fura a parede celular, causando dano estrutural grande o suficiente para matar os micróbios. Sabendo desse potencial, pesquisadores do Instituto Butantan, da UnB e da Unesp resolveram investigar se o peptídeo –batizadao de polydim-1, em homenagem à vespa– seria eficaz contra bactérias resistentes a múltiplos antibióticos. O mais provável é que a razão evolutiva para uma vespa desenvolver esse tipo de molécula não é o de matar as bactérias de sua presa, e sim destruir as próprias células da vítima. Felizmente, ao menos no caso da P. dimorpha, esse peptídeo parece não ser tão nocivo para mamíferos. Para testar o potencial antissuperbactéria do polydim-1, foram usadas amostras provenientes de pacientes que tiveram infecções severas e que estavam armazenadas na biblioteca de microbiologia do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). O resultado é animador, diz Marisa Rangel, do Butantan. "Sem dúvida foi a molécula mais promissora com a qual eu trabalhei até agora. Observamos uma atividade especialmente grande em bactérias que apresentam mecanismos de resistência. " Mesmo com o ótimo desempenho in vitro (e bons indicativos de testes anteriores in vivo), ainda não dá para comemorar. Até a molécula virar remédio, se isso realmente acontecer, outros fatores entrarão em jogo, como o interesse de indústria farmacêutica em bancar testes em seres humanos. E há motivos para que isso não ocorra. Um deles é o custo para sintetizar uma molécula dessas, muito maior que aquele dos antibióticos clássicos –ou seja, uma única dose para humanos poderia custar milhares de reais. Uma alternativa seria tentar simplificar a molécula, tirando alguns dos seus 22 aminoácidos, o que baratearia a síntese. Outra opção é mudar o processo de fabricação e usar fungos modificados geneticamente na produção. Apesar das dificuldades, é uma briga que vale a pena, pelo menos de acordo com um apelo recente da Organização Mundial de Saúde. Em fevereiro, a entidade pediu que esse combate fosse uma prioridade. Se um grupo de bactérias é exposto a um antibiótico, o esperado é que elas morram. Algumas, porém, encontram artifícios para sobreviver, apesar da condição desfavorável. Quando proliferam, as descendentes herdam essa característica, formando uma linhagem resistente. O processo se repete com diferentes tipos de antibiótico e aparecem as bactérias multirresistentes. Daí a crítica ao uso indiscriminado e incorreto na criação de animais e em humanos, por exemplo. "Perdi recentemente meu tio para uma infecção com duas bactérias multirresistentes. É uma história que se repete, você dá o coquetel de antibiótico, mas a pessoa não aguenta nem com o remédio nem com as bactérias –e a maioria morre e ninguém fala disso", diz a pesquisadora. "Nos últimos 40 anos só surgiram três novas classes de antibióticos. Estamos perdendo a guerra", lamenta. HISTÓRIA Uma das maiores descobertas da humanidade aconteceu na década de 1920, quando o escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina, molécula produzida por fungos do gênero Penicillium. Com esse conhecimento, passou a ser mais fácil tratar infecções bacterianas. Mas, conforme o uso de antibióticos crescia e outras moléculas eram adicionadas ao arsenal terapêutico, começaram a surgir linhagens de bactérias resistentes. A penicilina foi disponibilizada comercialmente em 1943, mas desde 1940 já havia sido identificada uma linhagem de bactérias do gênero Staphylococcus resistente à droga. Mais de 70 anos depois, o panorama é mais ou menos o mesmo e, para cada antibiótico lançado, há pelo menos uma linhagem bacteriana resistente a ele. O estudo de Marisa e colaboradores foi publicado na revista "Plos One". - Cientistas estudam veneno de vespa que pode se tornar um poderoso antibiótico ORIGEM Ao estudar o veneno da vespa Polybia dimorpha, cientistas viram que ali poderia haver candidato a antibióticos. A 'culpada' é uma molécula batizada de polydim-I, em homenagem à vespa FABRICAÇÃO Como o veneno é composto por várias moléculas, os cientistas tiveram de produzi-la em pequena escala no laboratório em um processo de síntese química para fazer os testes TESTE Em laboratório, foram feitos testes com uma série de linhagens de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos e a molécula teve performance superior a drogas convencionais EXPLICAÇÃO Segundo os pesquisadores, a molécula formaria uma espécie de buraco na membrana das bactérias, impedindo que ela mantenha suas funções e prolifere SEGURANÇA Já foram feitos testes com camundongos, mostrando que a droga, além de tratar infecções, aparentemente não faz mal para as células de mamíferos PERSPECTIVA A ideia dos pesquisadores é aperfeiçoar a molécula e seu método de síntese para que ela possa ser testada em humanos e combata as infecções hospitalares por bactérias multirresistentes
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Vítimas do voo da Chape são recebidas sob chuva e emoção de parentes
A vontade era receber o time quase como campeão. Em vez disso, os moradores de Chapecó (SC) viram os jogadores do clube amado entrarem no estádio em caixões.A cidade abraçou a trajetória da Chapecoense, que ascendeu em cinco anos da série D para a série A e, de repente, se viu no centro do mundo por causa da maior tragédia do esporte brasileiro.A queda do avião fretado do time, na Colômbia, que disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, deixou 71 mortos na madrugada de terça-feira (29), incluindo 19 jogadores, 24 membros da delegação e 20 jornalistas. Sobreviveram dois tripulantes, três jogadores e um jornalista. Leia mais
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Vítimas do voo da Chape são recebidas sob chuva e emoção de parentesA vontade era receber o time quase como campeão. Em vez disso, os moradores de Chapecó (SC) viram os jogadores do clube amado entrarem no estádio em caixões.A cidade abraçou a trajetória da Chapecoense, que ascendeu em cinco anos da série D para a série A e, de repente, se viu no centro do mundo por causa da maior tragédia do esporte brasileiro.A queda do avião fretado do time, na Colômbia, que disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, deixou 71 mortos na madrugada de terça-feira (29), incluindo 19 jogadores, 24 membros da delegação e 20 jornalistas. Sobreviveram dois tripulantes, três jogadores e um jornalista. Leia mais
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O bolo da educação
O consenso na sociedade em torno da necessidade de aprimorar a educação se reflete, com nitidez, nos orçamentos governamentais. Conforme números recém-divulgados pela OCDE, o ensino público recebe 5,4% da renda nacional no Brasil, acima da média de 4,8% nos 35 membros da entidade, que reúne países mais desenvolvidos. A cifra, semelhante à estimada pelo governo brasileiro (5% do PIB), corresponde ao dobro do que se aplicava no setor nos anos 1970. Mede-se, com o cálculo do gasto como proporção do PIB, o grau de prioridade atribuído a determinado objetivo —que parcela dos recursos disponíveis é direcionada a esta ou aquela atividade. Por esse critério, a educação aparece como segunda maior despesa finalística do Estado brasileiro, atrás apenas da Previdência (não entram nessa conta os juros da dívida, encargos não finalísticos). Mas, se a importância relativa conferida ao setor no Brasil acompanha os padrões das nações ricas, o mesmo não se pode dizer, infelizmente, das somas absolutas vertidas na formação de cada aluno. O gasto médio por estudante, aqui, é de US$ 5.600 anuais, pouco mais da metade dos US$ 10.800 na OCDE, em valores ponderados pelo poder de compra das moedas. A diferença se mostra particularmente dramática no nível fundamental: US$ 3.800 contra US$ 8.700. A explicação óbvia é que nos falta PIB —riqueza material. Mais complexo é como lidar com tal deficiência. Boa parte dos militantes da educação advoga que se amplie a fatia da renda nacional a ela direcionada. Tal estratégia está circunscrita, porém, a limites severos. Em situação normal já seria descabido expandir a despesa rumo aos 10% do PIB, meta fixada em lei. Outras áreas teriam de sofrer cortes drásticos, ou a excessiva carga tributária subiria ao insuportável. Com o atual colapso orçamentário, mesmo uma alta modesta do percentual soa pouco realista. Acelerar o crescimento econômico é, sim, imperativo. Entretanto não se trata de, como na tese tosca atribuída à ditadura militar, fazer o bolo crescer para distribuí-lo. Nas próprias verbas do ensino, cabe melhor distribuição, com maior ênfase no aprendizado básico. Nesse caso, a mudança demográfica do país ajuda: com a queda do número de crianças, a despesa média por aluno cresce no Brasil em taxa superior à de qualquer país pesquisado no relatório da OCDE. Resta converter o ganho quantitativo em qualidade, o que passa por reformas na formação, nos salários e no regime de contratação dos professores da rede pública. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
O bolo da educaçãoO consenso na sociedade em torno da necessidade de aprimorar a educação se reflete, com nitidez, nos orçamentos governamentais. Conforme números recém-divulgados pela OCDE, o ensino público recebe 5,4% da renda nacional no Brasil, acima da média de 4,8% nos 35 membros da entidade, que reúne países mais desenvolvidos. A cifra, semelhante à estimada pelo governo brasileiro (5% do PIB), corresponde ao dobro do que se aplicava no setor nos anos 1970. Mede-se, com o cálculo do gasto como proporção do PIB, o grau de prioridade atribuído a determinado objetivo —que parcela dos recursos disponíveis é direcionada a esta ou aquela atividade. Por esse critério, a educação aparece como segunda maior despesa finalística do Estado brasileiro, atrás apenas da Previdência (não entram nessa conta os juros da dívida, encargos não finalísticos). Mas, se a importância relativa conferida ao setor no Brasil acompanha os padrões das nações ricas, o mesmo não se pode dizer, infelizmente, das somas absolutas vertidas na formação de cada aluno. O gasto médio por estudante, aqui, é de US$ 5.600 anuais, pouco mais da metade dos US$ 10.800 na OCDE, em valores ponderados pelo poder de compra das moedas. A diferença se mostra particularmente dramática no nível fundamental: US$ 3.800 contra US$ 8.700. A explicação óbvia é que nos falta PIB —riqueza material. Mais complexo é como lidar com tal deficiência. Boa parte dos militantes da educação advoga que se amplie a fatia da renda nacional a ela direcionada. Tal estratégia está circunscrita, porém, a limites severos. Em situação normal já seria descabido expandir a despesa rumo aos 10% do PIB, meta fixada em lei. Outras áreas teriam de sofrer cortes drásticos, ou a excessiva carga tributária subiria ao insuportável. Com o atual colapso orçamentário, mesmo uma alta modesta do percentual soa pouco realista. Acelerar o crescimento econômico é, sim, imperativo. Entretanto não se trata de, como na tese tosca atribuída à ditadura militar, fazer o bolo crescer para distribuí-lo. Nas próprias verbas do ensino, cabe melhor distribuição, com maior ênfase no aprendizado básico. Nesse caso, a mudança demográfica do país ajuda: com a queda do número de crianças, a despesa média por aluno cresce no Brasil em taxa superior à de qualquer país pesquisado no relatório da OCDE. Resta converter o ganho quantitativo em qualidade, o que passa por reformas na formação, nos salários e no regime de contratação dos professores da rede pública. editoriais@grupofolha.com.br
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Tínhamos 'santo Moro', agora temos 'santo "Calero', diz leitor
CRISE DOS MINISTROS Dentro desse mar de lama que pauta a nossa política, sempre aparece um herói, um "santo brasileiro". Primeiro, foi santo Moro. Agora, santo Calero, que não só inibiu uma vergonhosa agressão ao ambiente como também a anistia ao crime de caixa dois que Temer, preocupado com a fragilidade do seu governo, jura que vai barrar. Já que nosso modelo político está envenenado pela corrupção, que santos como esses continuem aparecendo para nos proteger. LEONIDAS RONCONI (São Paulo, SP) * O diplomata e ex-ministro Calero não soube usar de sua esperável diplomacia. Bastava dizer um sonoro e rotundo não e pronto. Caso passassem por cima dele, aí sim esperneasse. Para manter a sua honra, colocou mais uma fogueira no Brasil. Não soube ser grato à sua inesperada nomeação, como também não soube ser ministro, deixando-se levar por futricas. GERALDO DE PAULA E SILVA (Teresópolis, RJ) * Concordo com a manifestação da ombudsman elogiando a equipe da Folha no caso Calero-Geddel-Padilha-Temer-interesse privado. O Brasil agradece o trabalho coordenado dos envolvidos, que simples e corretamente foram ao que há de essencial no caso, desprezando as dissimulações abjetas quando tudo veio à tona. ADEMIR VALEZI (São Paulo, SP) - MORTE DE FIDEL Segundo o IDH, Cuba está muito atrás de países como Irlanda, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Mas, aqui no Brasil, muita gente trata Fidel como um herói. Dá para entender? MARCELO CIOTI (Atibaia, SP) * Personagem histórico, Fidel Castro deixa um legado de oposição ao domínio absoluto do capitalismo, em um mundo onde tende a vigorar o pensamento único das classes dominantes e das potências econômicas. ERIVAN A. SANTANA (Teixeira de Freitas, BA) * Comunismo e socialismo não avançam porque só sobrevivem num sistema de autoritarismo. Suprimem pela força o que há de essencial na natureza humana: liberdade. Monitoram a mente e as ações humanas, impedindo que o homem seja o principal agente de sua história. CECILIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) * Talvez Aron Nascimento desconheça que, tanto a ditadura militar dos países da América Latina quanto a comunista em Cuba são semelhantes em muitos aspectos, como no desrespeito aos direitos humanos, e, por isso mesmo, merecem o nosso repúdio. Porém, há algo de extrema importância que as diferencia: o avanço proporcionado por Fidel Castro aos projetos sociais, esporte, cultura, saúde e educação. Já aqui podemos dizer que quase todas as nossas atuais mazelas se originaram nesses 21 anos de arbitrariedades, torturas, estupros, execuções, ocultação de cadáveres, cerceamento do direito de defesa, violação das leis constitucionais, desmantelamento do ensino público, falta de saneamento básico, descaso com a saúde pública, construção de obras faraônicas, corrupção etc. ANETE ARAUJO GUEDES (Belo Horizonte, MG) - Excelente a iniciativa da Folha em promover o debate sobre a chamada economia verde. A natureza agroindustrial de nosso país deveria ser a base dos saltos tecnológicos de que a sociedade necessita para atingir o adequado padrão de qualidade de vida. No entanto, o que vemos é uma forte dependência das benesses governamentais e o desestímulo ao protagonismo que o Brasil assumiu nos últimos anos no setor e definitivamente ceivado agora pela mudança nos donos do poder. ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Campinas, SP) - COMBATE À CORRUPÇÃO Em semana decisiva no Congresso Nacional, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a importância da aprovação das dez medidas contra a corrupção. A proposta, que recebeu o apoio de mais de 2 milhões de brasileiros, também conta com o endosso do setor produtivo paranaense. Os deputados têm em mãos a oportunidade de dar uma resposta à sociedade brasileira. Que a voz do povo seja ouvida. EDSON CAMPAGNOLO, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Curitiba, PR) - PALMEIRAS CAMPEÃO O Palmeiras quebrou o jejum de 22 anos e ganhou o título após uma bela campanha. Agora, terá que aproveitar a boa fase, vencer a Libertadores e tentar o tão sonhado título do Mundial. É aproveitar que a torcida está animada e torcer para não aparecer pelo caminho o Manchester United, que deixou o Palmeiras com apenas o vice no mundial de 99. ERLANDES ALMEIDA DA COSTA (Campinas, SP) - CRISE ECONÔMICA Carlos Rodolfo Schneider até tem alguma razão quanto às fontes dos percalços econômicos do Brasil, mas o mero congelamento de gastos não é solução. Não sei de onde ele tirou a conclusão de que a política monetária é frouxa. A inflação alta, num país em que a taxa básica de juro real tem se mantido durante décadas em níveis mais de cinco vezes mais elevados que a média dos países desenvolvidos, não constitui evidência de frouxidão, mas, sim, de ineficácia da política monetária. AERAMIZ ALVES (Belo Horizonte, MG) - COLUNISTAS * Com o título "Sem desculpas", Aécio Neves repete em sua coluna a arenga de sempre sobre a gravidade do momento e a necessidade urgente de mudanças, "construindo novas relações políticas e partidárias e novas formas de administrar". Mas nem um pio sobre a atitude de Geddel Vieira Lima — pelo contrário, faz críticas a Marcelo Calero. Velha política, velha forma de administrar. Já chega! ANAMARIA MOLLO DE CARVALHO (Brasília, DF) * Parabenizo a Folha por contar com o poeta Ferreira Gullar. Excelente o artigo sobre as mudanças na economia e na política mundial. FELIPE L. G. SILVA (São Carlos, SP) - GRATUIDADE Em resposta ao leitor Celso Ribeiro, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informa que oferece gratuidade no Metrô, CPTM e EMTU para desempregados, deficientes, estudantes e idosos com mais de 60 anos. O último reajuste nas tarifas do Metrô e da CPTM foi de 8,57%, abaixo da inflação no período (10,49%), num esforço para não onerar a população. Bilhetes como Madrugador, 24 Horas, Semanal e Mensal, tiveram valores congelados. CARLOS ALBERTO SILVA, assessor de imprensa da STM (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Tínhamos 'santo Moro', agora temos 'santo "Calero', diz leitorCRISE DOS MINISTROS Dentro desse mar de lama que pauta a nossa política, sempre aparece um herói, um "santo brasileiro". Primeiro, foi santo Moro. Agora, santo Calero, que não só inibiu uma vergonhosa agressão ao ambiente como também a anistia ao crime de caixa dois que Temer, preocupado com a fragilidade do seu governo, jura que vai barrar. Já que nosso modelo político está envenenado pela corrupção, que santos como esses continuem aparecendo para nos proteger. LEONIDAS RONCONI (São Paulo, SP) * O diplomata e ex-ministro Calero não soube usar de sua esperável diplomacia. Bastava dizer um sonoro e rotundo não e pronto. Caso passassem por cima dele, aí sim esperneasse. Para manter a sua honra, colocou mais uma fogueira no Brasil. Não soube ser grato à sua inesperada nomeação, como também não soube ser ministro, deixando-se levar por futricas. GERALDO DE PAULA E SILVA (Teresópolis, RJ) * Concordo com a manifestação da ombudsman elogiando a equipe da Folha no caso Calero-Geddel-Padilha-Temer-interesse privado. O Brasil agradece o trabalho coordenado dos envolvidos, que simples e corretamente foram ao que há de essencial no caso, desprezando as dissimulações abjetas quando tudo veio à tona. ADEMIR VALEZI (São Paulo, SP) - MORTE DE FIDEL Segundo o IDH, Cuba está muito atrás de países como Irlanda, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Mas, aqui no Brasil, muita gente trata Fidel como um herói. Dá para entender? MARCELO CIOTI (Atibaia, SP) * Personagem histórico, Fidel Castro deixa um legado de oposição ao domínio absoluto do capitalismo, em um mundo onde tende a vigorar o pensamento único das classes dominantes e das potências econômicas. ERIVAN A. SANTANA (Teixeira de Freitas, BA) * Comunismo e socialismo não avançam porque só sobrevivem num sistema de autoritarismo. Suprimem pela força o que há de essencial na natureza humana: liberdade. Monitoram a mente e as ações humanas, impedindo que o homem seja o principal agente de sua história. CECILIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) * Talvez Aron Nascimento desconheça que, tanto a ditadura militar dos países da América Latina quanto a comunista em Cuba são semelhantes em muitos aspectos, como no desrespeito aos direitos humanos, e, por isso mesmo, merecem o nosso repúdio. Porém, há algo de extrema importância que as diferencia: o avanço proporcionado por Fidel Castro aos projetos sociais, esporte, cultura, saúde e educação. Já aqui podemos dizer que quase todas as nossas atuais mazelas se originaram nesses 21 anos de arbitrariedades, torturas, estupros, execuções, ocultação de cadáveres, cerceamento do direito de defesa, violação das leis constitucionais, desmantelamento do ensino público, falta de saneamento básico, descaso com a saúde pública, construção de obras faraônicas, corrupção etc. ANETE ARAUJO GUEDES (Belo Horizonte, MG) - Excelente a iniciativa da Folha em promover o debate sobre a chamada economia verde. A natureza agroindustrial de nosso país deveria ser a base dos saltos tecnológicos de que a sociedade necessita para atingir o adequado padrão de qualidade de vida. No entanto, o que vemos é uma forte dependência das benesses governamentais e o desestímulo ao protagonismo que o Brasil assumiu nos últimos anos no setor e definitivamente ceivado agora pela mudança nos donos do poder. ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Campinas, SP) - COMBATE À CORRUPÇÃO Em semana decisiva no Congresso Nacional, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a importância da aprovação das dez medidas contra a corrupção. A proposta, que recebeu o apoio de mais de 2 milhões de brasileiros, também conta com o endosso do setor produtivo paranaense. Os deputados têm em mãos a oportunidade de dar uma resposta à sociedade brasileira. Que a voz do povo seja ouvida. EDSON CAMPAGNOLO, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Curitiba, PR) - PALMEIRAS CAMPEÃO O Palmeiras quebrou o jejum de 22 anos e ganhou o título após uma bela campanha. Agora, terá que aproveitar a boa fase, vencer a Libertadores e tentar o tão sonhado título do Mundial. É aproveitar que a torcida está animada e torcer para não aparecer pelo caminho o Manchester United, que deixou o Palmeiras com apenas o vice no mundial de 99. ERLANDES ALMEIDA DA COSTA (Campinas, SP) - CRISE ECONÔMICA Carlos Rodolfo Schneider até tem alguma razão quanto às fontes dos percalços econômicos do Brasil, mas o mero congelamento de gastos não é solução. Não sei de onde ele tirou a conclusão de que a política monetária é frouxa. A inflação alta, num país em que a taxa básica de juro real tem se mantido durante décadas em níveis mais de cinco vezes mais elevados que a média dos países desenvolvidos, não constitui evidência de frouxidão, mas, sim, de ineficácia da política monetária. AERAMIZ ALVES (Belo Horizonte, MG) - COLUNISTAS * Com o título "Sem desculpas", Aécio Neves repete em sua coluna a arenga de sempre sobre a gravidade do momento e a necessidade urgente de mudanças, "construindo novas relações políticas e partidárias e novas formas de administrar". Mas nem um pio sobre a atitude de Geddel Vieira Lima — pelo contrário, faz críticas a Marcelo Calero. Velha política, velha forma de administrar. Já chega! ANAMARIA MOLLO DE CARVALHO (Brasília, DF) * Parabenizo a Folha por contar com o poeta Ferreira Gullar. Excelente o artigo sobre as mudanças na economia e na política mundial. FELIPE L. G. SILVA (São Carlos, SP) - GRATUIDADE Em resposta ao leitor Celso Ribeiro, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informa que oferece gratuidade no Metrô, CPTM e EMTU para desempregados, deficientes, estudantes e idosos com mais de 60 anos. O último reajuste nas tarifas do Metrô e da CPTM foi de 8,57%, abaixo da inflação no período (10,49%), num esforço para não onerar a população. Bilhetes como Madrugador, 24 Horas, Semanal e Mensal, tiveram valores congelados. CARLOS ALBERTO SILVA, assessor de imprensa da STM (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Construindo a nossa paz
"Se o desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja trabalhar para ele com todas as forças?" O notável papa Paulo 6º encerrou assim a histórica carta encíclica "Populorum Progressio", em 1967, que tratou do desenvolvimento dos povos. Essa é a inspiração para as ações do governo neste momento de grandes dificuldades pelas quais passa o país. Resgatar o crescimento e libertar da miséria milhões de brasileiros é a alternativa mais viável para cumprirmos o preceito estabelecido no artigo primeiro de nossa Carta Magna, que elege como fundamentos do Estado democrático de Direito, entre outros, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. A primeira condição para se almejar a cidadania é o emprego. Combater, pois, o desemprego que afeta quase 12 milhões de brasileiros é a meta prioritária a que me proponho, como presidente em exercício, para reinserir o país no rumo certo. O escopo dos direitos individuais e coletivos se assenta na igualdade de oportunidades, na elevação dos padrões de vida, na manutenção e na melhoria dos programas voltados aos mais carentes e à redução das desigualdades. Para tanto, o resgate das bases da economia é a meta principal de nosso governo. Um conjunto de ações está em curso com a finalidade de limitar os gastos e obter rigidez nas contas públicas: reduzir a máquina administrativa; renegociar as dívidas dos entes estaduais com imposição de teto de gastos; concentrar os esforços do Estado nas funções que lhe competem, livrando-o de tarefas que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada. Não se trata de um mero ajuste fiscal, mas de reforma que visa ao bem-estar do cidadão. Nossa convicção é que, no curto prazo, teremos sinais alentadores para a reativação de setores produtivos estagnados e a volta dos investimentos. Como, aliás, já detectam as pesquisas de opinião, todas sinalizando o resgate da confiança dos agentes econômicos e dos consumidores. São dados que indicam estarmos no rumo certo, apesar do pouco tempo que tivemos, cerca de dois meses, para colocarmos a casa em ordem. A par das medidas de cunho econômico-financeiro, importante mudança de rumo se registra na ansiada meta da meritocracia, com a aprovação da Lei de Responsabilidade das Estatais. Trata-se de um avançado passo na direção do aperfeiçoamento da gestão pública. Sabemos que imensos desafios nos esperam, dentre os quais a recorrente meta da inflação para um patamar compatível com a alavancagem da economia e diminuição da taxa de juros. Na frente social, uma das primeiras medidas que tomamos teve como meta salvaguardar as condições de vida das 14 milhões de famílias que se amparam no Bolsa Família, garantindo ao programa 12,5% de aumento. Acrescentamos 75 mil vagas ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), abrindo mais possibilidades de acesso aos jovens. Na área do Minha Casa, Minha Vida, determinamos que o programa dê prioridade às famílias que tenham filhos portadores de microcefalia, dispensando-as de sorteio. Teremos, em breve, a realização da Olimpíada do Rio de Janeiro, evento que reunirá atletas de todo o mundo. Face à moldura de violência que se expande em diversas regiões, o nosso aparato de segurança está estruturado para garantir a integridade de atletas e turistas nos eventos que ocorrerão em agosto. Por último, relembro a disposição de pacificar o país, integrando Executivo e Legislativo. A eleição do presidente da Câmara dos Deputados revelou clima de harmonia e distensão naquela Casa. Do Congresso Nacional, temos tido amplo apoio nas propostas de interesse do governo. O Estado democrático de Direito garante manifestações livres entre os contrários, respeitados os direitos e deveres dos indivíduos e as normas de civilidade. A postura de cautela e moderação é a mais adequada. Estamos assistindo ao pleno funcionamento das instituições nacionais. Deixemos que os senadores, sob a égide de suas prerrogativas, tomem a decisão que julgarem conveniente ao nosso futuro. MICHEL TEMER é presidente interino da República PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.
opiniao
Construindo a nossa paz"Se o desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja trabalhar para ele com todas as forças?" O notável papa Paulo 6º encerrou assim a histórica carta encíclica "Populorum Progressio", em 1967, que tratou do desenvolvimento dos povos. Essa é a inspiração para as ações do governo neste momento de grandes dificuldades pelas quais passa o país. Resgatar o crescimento e libertar da miséria milhões de brasileiros é a alternativa mais viável para cumprirmos o preceito estabelecido no artigo primeiro de nossa Carta Magna, que elege como fundamentos do Estado democrático de Direito, entre outros, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. A primeira condição para se almejar a cidadania é o emprego. Combater, pois, o desemprego que afeta quase 12 milhões de brasileiros é a meta prioritária a que me proponho, como presidente em exercício, para reinserir o país no rumo certo. O escopo dos direitos individuais e coletivos se assenta na igualdade de oportunidades, na elevação dos padrões de vida, na manutenção e na melhoria dos programas voltados aos mais carentes e à redução das desigualdades. Para tanto, o resgate das bases da economia é a meta principal de nosso governo. Um conjunto de ações está em curso com a finalidade de limitar os gastos e obter rigidez nas contas públicas: reduzir a máquina administrativa; renegociar as dívidas dos entes estaduais com imposição de teto de gastos; concentrar os esforços do Estado nas funções que lhe competem, livrando-o de tarefas que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada. Não se trata de um mero ajuste fiscal, mas de reforma que visa ao bem-estar do cidadão. Nossa convicção é que, no curto prazo, teremos sinais alentadores para a reativação de setores produtivos estagnados e a volta dos investimentos. Como, aliás, já detectam as pesquisas de opinião, todas sinalizando o resgate da confiança dos agentes econômicos e dos consumidores. São dados que indicam estarmos no rumo certo, apesar do pouco tempo que tivemos, cerca de dois meses, para colocarmos a casa em ordem. A par das medidas de cunho econômico-financeiro, importante mudança de rumo se registra na ansiada meta da meritocracia, com a aprovação da Lei de Responsabilidade das Estatais. Trata-se de um avançado passo na direção do aperfeiçoamento da gestão pública. Sabemos que imensos desafios nos esperam, dentre os quais a recorrente meta da inflação para um patamar compatível com a alavancagem da economia e diminuição da taxa de juros. Na frente social, uma das primeiras medidas que tomamos teve como meta salvaguardar as condições de vida das 14 milhões de famílias que se amparam no Bolsa Família, garantindo ao programa 12,5% de aumento. Acrescentamos 75 mil vagas ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), abrindo mais possibilidades de acesso aos jovens. Na área do Minha Casa, Minha Vida, determinamos que o programa dê prioridade às famílias que tenham filhos portadores de microcefalia, dispensando-as de sorteio. Teremos, em breve, a realização da Olimpíada do Rio de Janeiro, evento que reunirá atletas de todo o mundo. Face à moldura de violência que se expande em diversas regiões, o nosso aparato de segurança está estruturado para garantir a integridade de atletas e turistas nos eventos que ocorrerão em agosto. Por último, relembro a disposição de pacificar o país, integrando Executivo e Legislativo. A eleição do presidente da Câmara dos Deputados revelou clima de harmonia e distensão naquela Casa. Do Congresso Nacional, temos tido amplo apoio nas propostas de interesse do governo. O Estado democrático de Direito garante manifestações livres entre os contrários, respeitados os direitos e deveres dos indivíduos e as normas de civilidade. A postura de cautela e moderação é a mais adequada. Estamos assistindo ao pleno funcionamento das instituições nacionais. Deixemos que os senadores, sob a égide de suas prerrogativas, tomem a decisão que julgarem conveniente ao nosso futuro. MICHEL TEMER é presidente interino da República PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.
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Twitter remove limite de 140 caracteres para mensagens privadas
O Twitter removeu o limite de 140 caracteres em mensagens diretas, como havia prometido no último mês de junho. A empresa anunciou em seu blog que a mudança começa a valer a partir de hoje. O novo limite para mensagens individuais agora é de 10 mil caracteres, o que transforma o microblog em uma app de mensagens, como WhatsApp, Viber e Facebook Messenger. A ideia é atrair mais usuários –atualmente são 302 milhões de cadastrados e 100 milhões com atividade diária. O Facebook conta com 1,5 bilhão de pessoas. "Enquanto o Twitter é na maior parte do tempo uma experiênca pública, as mensagens diretas permitem ter conversas privadas sobre memes, notícias, movimentos e eventos que se desenrolam no Twitter. Cada um dos centenas de milhões de tuítes enviados diariamente ao Twitter é uma oportunidade para iniciar uma conversa sobre o que está acontecendo no mundo. Hoje é mais um grande passo para tornar o lado privado do Twitter ainda mais poderoso e divertido", diz trecho do texto publicado pela empresa. O recurso será aplicado à versão web, ao TweetDeck, ao Twitter para Mac e aos apps para Android e iOS. Enviar e receber mensagens diretas via SMS continuará com o limite original.
tec
Twitter remove limite de 140 caracteres para mensagens privadasO Twitter removeu o limite de 140 caracteres em mensagens diretas, como havia prometido no último mês de junho. A empresa anunciou em seu blog que a mudança começa a valer a partir de hoje. O novo limite para mensagens individuais agora é de 10 mil caracteres, o que transforma o microblog em uma app de mensagens, como WhatsApp, Viber e Facebook Messenger. A ideia é atrair mais usuários –atualmente são 302 milhões de cadastrados e 100 milhões com atividade diária. O Facebook conta com 1,5 bilhão de pessoas. "Enquanto o Twitter é na maior parte do tempo uma experiênca pública, as mensagens diretas permitem ter conversas privadas sobre memes, notícias, movimentos e eventos que se desenrolam no Twitter. Cada um dos centenas de milhões de tuítes enviados diariamente ao Twitter é uma oportunidade para iniciar uma conversa sobre o que está acontecendo no mundo. Hoje é mais um grande passo para tornar o lado privado do Twitter ainda mais poderoso e divertido", diz trecho do texto publicado pela empresa. O recurso será aplicado à versão web, ao TweetDeck, ao Twitter para Mac e aos apps para Android e iOS. Enviar e receber mensagens diretas via SMS continuará com o limite original.
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TCE-SP investiga contratos da linha-5 do metrô; custo da obra cresceu 32%
O TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) abriu uma investigação que apura supostas irregularidades em contratos assinados pelo Metrô (Companhia Metropolitana de São Paulo) com as oito empreiteiras que executam as obras da Linha-5 (lilás). De acordo com o tribunal, há inconsistências no orçamento e na quantidade de material utilizado nas obras. A suspeita partiu da análise de contratos originais com os aditivos da construção. Em publicação que circulou no Diário Oficial desta sexta-feira (24), o TCE paulista afirma que faz um pente-fino em 184 itens contratuais suspeitos. Somados, eles fizeram o orçamento da obra aumentar 32,35% –saltou de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões. O lote 1 exemplifica. Nele, o tribunal contabilizou 19 inconsistências entre o primeiro contrato da obra, assinado em 2008, e o segundo termo aditivo, em 2009. O primeiro contrato previa 58 intervenções de demolição de concreto simples ao custo de R$ 131,62 a unidade. No ano seguinte, o orçamento do aditivo já falava em 997,38 serviços com valores estimados em R$ 144,78 cada um. O conselheiro relator do caso, Antônio Roque Citadini, deu prazo de 60 dias para o Metrô explicar as diferenças entre os valores e as discrepâncias entre serviços e produtos contratados. A resposta da companhia será incluída no processo. As obras da linha-5 (lilás) deveriam estar prontas neste ano. Mas, segundo o governo Alckmin (PSDB), a construção será entregue só em 2019. A licitação da linha ocorreu em 2008 e o resultado final foi divulgado em 2010. Reportagem da Folha publicada logo após o anúncio das empreiteiras vencedoras mostrou que os nomes das empresas já eram conhecidos seis meses antes do resultado. Os empreiteiros responsáveis pela obra, na ocasião, foram denunciados pelo Ministério Público. O caso ainda não obteve um desfecho na Justiça. OUTRO LADO Em nota, o metrô afirma que todos os aditivos referentes às obras de extensão da Linha-5 (de Adolfo Pinheiro à Chácara Klabin) seguiram o que determina a lei de licitações (8666/93). "Por se tratar de uma obra complexa, com escavações a 40 metros de profundidade, interferências podem surgir no decorrer da construção, principalmente, por se tratar de um empreendimento executado em uma metrópole densamente urbanizada." A companhia diz ainda que os aditivos feitos na obra referem-se a "reconstrução e reposição de uma adutora de água da década de 1950 na estação Adolfo Pinheiro; alterações construtivas em obras de contenção para garantir a segurança de imóveis lindeiros cuja condição era diferente da prevista no mapeamento de solo; além da remoção de várias interferências de concessionárias de serviços que não estavam mapeadas." O metrô reafirma que prestará todos os esclarecimentos ao TCE dentro do prazo estipulado.
cotidiano
TCE-SP investiga contratos da linha-5 do metrô; custo da obra cresceu 32%O TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) abriu uma investigação que apura supostas irregularidades em contratos assinados pelo Metrô (Companhia Metropolitana de São Paulo) com as oito empreiteiras que executam as obras da Linha-5 (lilás). De acordo com o tribunal, há inconsistências no orçamento e na quantidade de material utilizado nas obras. A suspeita partiu da análise de contratos originais com os aditivos da construção. Em publicação que circulou no Diário Oficial desta sexta-feira (24), o TCE paulista afirma que faz um pente-fino em 184 itens contratuais suspeitos. Somados, eles fizeram o orçamento da obra aumentar 32,35% –saltou de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões. O lote 1 exemplifica. Nele, o tribunal contabilizou 19 inconsistências entre o primeiro contrato da obra, assinado em 2008, e o segundo termo aditivo, em 2009. O primeiro contrato previa 58 intervenções de demolição de concreto simples ao custo de R$ 131,62 a unidade. No ano seguinte, o orçamento do aditivo já falava em 997,38 serviços com valores estimados em R$ 144,78 cada um. O conselheiro relator do caso, Antônio Roque Citadini, deu prazo de 60 dias para o Metrô explicar as diferenças entre os valores e as discrepâncias entre serviços e produtos contratados. A resposta da companhia será incluída no processo. As obras da linha-5 (lilás) deveriam estar prontas neste ano. Mas, segundo o governo Alckmin (PSDB), a construção será entregue só em 2019. A licitação da linha ocorreu em 2008 e o resultado final foi divulgado em 2010. Reportagem da Folha publicada logo após o anúncio das empreiteiras vencedoras mostrou que os nomes das empresas já eram conhecidos seis meses antes do resultado. Os empreiteiros responsáveis pela obra, na ocasião, foram denunciados pelo Ministério Público. O caso ainda não obteve um desfecho na Justiça. OUTRO LADO Em nota, o metrô afirma que todos os aditivos referentes às obras de extensão da Linha-5 (de Adolfo Pinheiro à Chácara Klabin) seguiram o que determina a lei de licitações (8666/93). "Por se tratar de uma obra complexa, com escavações a 40 metros de profundidade, interferências podem surgir no decorrer da construção, principalmente, por se tratar de um empreendimento executado em uma metrópole densamente urbanizada." A companhia diz ainda que os aditivos feitos na obra referem-se a "reconstrução e reposição de uma adutora de água da década de 1950 na estação Adolfo Pinheiro; alterações construtivas em obras de contenção para garantir a segurança de imóveis lindeiros cuja condição era diferente da prevista no mapeamento de solo; além da remoção de várias interferências de concessionárias de serviços que não estavam mapeadas." O metrô reafirma que prestará todos os esclarecimentos ao TCE dentro do prazo estipulado.
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'FHC não tinha o direito de falar bobagem na TV', critica Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta quarta-feira (20) as críticas de seu antecessor no Palácio do Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e afirmou que o tucano não tinha o direito de "falar bobagens" no programa nacional de seu partido, veiculado na terça (19). Na propaganda em cadeia nacional, o FHC afirmou que os "enganos" e "desvios" no país começaram no governo de seu sucessor e que nunca antes na história roubou-se tanto em nome de uma causa. Em discurso a uma plateia de trabalhadores e sindicalistas, o petista afirmou que ficou "triste" com as declarações de seu adversário político, mas ressaltou que sabe "apanhar". "Eu vi o programa do nosso adversário na terça-feira. Fico triste, porque um homem que foi presidente da República, letrado como ele é, não tinha o direito de falar a bobagem que ele falou", afirmou. Em uma referência ao escândalo da compra de votos em 1997, o petista afirmou que o tucano deveria utilizar a mesma postura adotada no programa televisivo para contar ao país "a história de sua reeleição". Em 1997, a Folha publicou reportagens, baseadas em gravações, sobre deputados federais que admitiam ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda 16, que instituiu a reeleição à Presidência da República no país. "Não teve no nosso mandato 'engavetador' no Ministério Público e não teve afastamento de delegado da Polícia Federal por investigar. Só há um jeito das pessoas não serem incomodadas neste país, é serem honestas, é fazerem a coisa certa", disse. "Não tem tapete para esconder a sujeira. No tempo deles, só tinha tapete", acrescentou. O petista disse ainda que virou alvo dos partidos de oposição ao governo federal porque acreditam que ele será candidato à sucessão presidencial em 2018. "Eu estou assustado. Agora, eles já não querem mais atacar a presidente Dilma Rousseff. Eles já estão pensando que tem de balear o Lula, pensando que o Lula vai voltar em 2018. Eu nem sei se vou estar vivo", afirmou. PANELAÇO O petista participou de seminário promovido pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em um hotel da capital paulista. Em uma referência às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, Lula afirmou que as pessoas que promovem panelaços deveriam saber que a democracia tem de ser respeitada. "A presidente foi eleita pelo voto direto. Quem não gostar dela, e quiser eleger o seu, espera as próximas eleições", afirmou.
poder
'FHC não tinha o direito de falar bobagem na TV', critica LulaO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta quarta-feira (20) as críticas de seu antecessor no Palácio do Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e afirmou que o tucano não tinha o direito de "falar bobagens" no programa nacional de seu partido, veiculado na terça (19). Na propaganda em cadeia nacional, o FHC afirmou que os "enganos" e "desvios" no país começaram no governo de seu sucessor e que nunca antes na história roubou-se tanto em nome de uma causa. Em discurso a uma plateia de trabalhadores e sindicalistas, o petista afirmou que ficou "triste" com as declarações de seu adversário político, mas ressaltou que sabe "apanhar". "Eu vi o programa do nosso adversário na terça-feira. Fico triste, porque um homem que foi presidente da República, letrado como ele é, não tinha o direito de falar a bobagem que ele falou", afirmou. Em uma referência ao escândalo da compra de votos em 1997, o petista afirmou que o tucano deveria utilizar a mesma postura adotada no programa televisivo para contar ao país "a história de sua reeleição". Em 1997, a Folha publicou reportagens, baseadas em gravações, sobre deputados federais que admitiam ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda 16, que instituiu a reeleição à Presidência da República no país. "Não teve no nosso mandato 'engavetador' no Ministério Público e não teve afastamento de delegado da Polícia Federal por investigar. Só há um jeito das pessoas não serem incomodadas neste país, é serem honestas, é fazerem a coisa certa", disse. "Não tem tapete para esconder a sujeira. No tempo deles, só tinha tapete", acrescentou. O petista disse ainda que virou alvo dos partidos de oposição ao governo federal porque acreditam que ele será candidato à sucessão presidencial em 2018. "Eu estou assustado. Agora, eles já não querem mais atacar a presidente Dilma Rousseff. Eles já estão pensando que tem de balear o Lula, pensando que o Lula vai voltar em 2018. Eu nem sei se vou estar vivo", afirmou. PANELAÇO O petista participou de seminário promovido pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em um hotel da capital paulista. Em uma referência às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, Lula afirmou que as pessoas que promovem panelaços deveriam saber que a democracia tem de ser respeitada. "A presidente foi eleita pelo voto direto. Quem não gostar dela, e quiser eleger o seu, espera as próximas eleições", afirmou.
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Onde estão os grandes doadores brasileiros?
Para dar início a este artigo, gostaria de destacar alguns números. No Brasil, temos uma cultura de doação? Sim, como demonstrou a Pesquisa Doação Brasil, o primeiro estudo abrangente e de âmbito nacional sobre o perfil do doador brasileiro. O levantamento, que foi coordenado pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e realizado pelo Instituto Gallup, mostrou que, em 2015, os brasileiros doaram R$ 13,7 bilhões para causas sociais, algo em torno de 0,23% do PIB (Produto Interno Bruto). A cifra chama a atenção, especialmente se comparada aos dados de investimento social realizado por empresas, que contam com vários incentivos fiscais, mas doaram menos. A mais ampla pesquisa sobre o investimento social corporativo, a Bisc (Benchmark do Investimento Social Corporativo), que cobre as 350 maiores empresas brasileiras, apurou que as doações para causas socioambientais, em 2015, somaram R$ 2,6 bilhões. Conversando com uma das responsáveis pela Bisc, ela estimou que, se tentássemos projetar esse valor para todas as empresas brasileiras, provavelmente não passaria dos R$ 8 bilhões. Isso quer dizer que, diferentemente do que muitas vezes pensamos, o pequeno doador individual é tão ou mais responsável do que as empresas pelo sustento do chamado terceiro setor. E onde estão os grandes doadores brasileiros? No mundo todo, cada vez mais vemos empresas e empresários se posicionarem a respeito de temas importantes para a nossa sociedade, temas que ultrapassam a responsabilidade social corporativa. Empresas do Vale do Silício se colocam contra o governo e o enrijecimento das leis de imigração. Grandes nomes dos negócios e suas organizações filantrópicas assumem metas ambiciosas, como a Fundação Bill e Melinda Gates, que se propôs erradicar a poliomielite no mundo, e a Open Society Foundation, criada pelo megainvestidor George Soros, que apoia inciativas para o fortalecimento da democracia em diversos países. Em um primeiro momento, pode parecer que a desigualdade e seus efeitos não impactam diretamente os negócios. Mas impactam, sim. A desigualdade afeta nossas vidas diariamente, todos sofremos com a falta de segurança, com a falta de mão de obra qualificada e ainda vamos sofrer com as consequências do aquecimento global. Ter uma sociedade civil forte, com organizações vibrantes, é condição para garantirmos um ambiente sadio para os negócios. Pode parecer que cada um de nós não tem responsabilidade em relação a diversos temas socioambientais. Mas, quando esses temas não são devidamente cuidados, o ambiente pode se tornar inóspito para a condução de nossas vidas, e nossos negócios. Temos exemplos próximos, como o da nossa vizinha, a Venezuela, e vários exemplos em países da África como Angola e seus 30 anos de guerra civil. Sem falar na China, que apesar de ser uma potência econômica, não oferece liberdade para o desenvolvimento de negócios sem a participação do Estado, o que dizer para discussões sobre direitos humanos. Todos podemos contribuir, e podemos contribuir de várias formas. Não apenas com recursos financeiros, mas também com nosso capital intelectual, nossa rede de relacionamentos, e outros ativos para alavancar uma causa ou uma organização. Este é um caminho sem volta para quem começa, pois o prazer e o retorno pessoal são argumentos ainda maiores do que o retorno para a sociedade. PAULA FABIANI é diretora-presidente do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), parceiro do Prêmio Empreendedor Social
empreendedorsocial
Onde estão os grandes doadores brasileiros?Para dar início a este artigo, gostaria de destacar alguns números. No Brasil, temos uma cultura de doação? Sim, como demonstrou a Pesquisa Doação Brasil, o primeiro estudo abrangente e de âmbito nacional sobre o perfil do doador brasileiro. O levantamento, que foi coordenado pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e realizado pelo Instituto Gallup, mostrou que, em 2015, os brasileiros doaram R$ 13,7 bilhões para causas sociais, algo em torno de 0,23% do PIB (Produto Interno Bruto). A cifra chama a atenção, especialmente se comparada aos dados de investimento social realizado por empresas, que contam com vários incentivos fiscais, mas doaram menos. A mais ampla pesquisa sobre o investimento social corporativo, a Bisc (Benchmark do Investimento Social Corporativo), que cobre as 350 maiores empresas brasileiras, apurou que as doações para causas socioambientais, em 2015, somaram R$ 2,6 bilhões. Conversando com uma das responsáveis pela Bisc, ela estimou que, se tentássemos projetar esse valor para todas as empresas brasileiras, provavelmente não passaria dos R$ 8 bilhões. Isso quer dizer que, diferentemente do que muitas vezes pensamos, o pequeno doador individual é tão ou mais responsável do que as empresas pelo sustento do chamado terceiro setor. E onde estão os grandes doadores brasileiros? No mundo todo, cada vez mais vemos empresas e empresários se posicionarem a respeito de temas importantes para a nossa sociedade, temas que ultrapassam a responsabilidade social corporativa. Empresas do Vale do Silício se colocam contra o governo e o enrijecimento das leis de imigração. Grandes nomes dos negócios e suas organizações filantrópicas assumem metas ambiciosas, como a Fundação Bill e Melinda Gates, que se propôs erradicar a poliomielite no mundo, e a Open Society Foundation, criada pelo megainvestidor George Soros, que apoia inciativas para o fortalecimento da democracia em diversos países. Em um primeiro momento, pode parecer que a desigualdade e seus efeitos não impactam diretamente os negócios. Mas impactam, sim. A desigualdade afeta nossas vidas diariamente, todos sofremos com a falta de segurança, com a falta de mão de obra qualificada e ainda vamos sofrer com as consequências do aquecimento global. Ter uma sociedade civil forte, com organizações vibrantes, é condição para garantirmos um ambiente sadio para os negócios. Pode parecer que cada um de nós não tem responsabilidade em relação a diversos temas socioambientais. Mas, quando esses temas não são devidamente cuidados, o ambiente pode se tornar inóspito para a condução de nossas vidas, e nossos negócios. Temos exemplos próximos, como o da nossa vizinha, a Venezuela, e vários exemplos em países da África como Angola e seus 30 anos de guerra civil. Sem falar na China, que apesar de ser uma potência econômica, não oferece liberdade para o desenvolvimento de negócios sem a participação do Estado, o que dizer para discussões sobre direitos humanos. Todos podemos contribuir, e podemos contribuir de várias formas. Não apenas com recursos financeiros, mas também com nosso capital intelectual, nossa rede de relacionamentos, e outros ativos para alavancar uma causa ou uma organização. Este é um caminho sem volta para quem começa, pois o prazer e o retorno pessoal são argumentos ainda maiores do que o retorno para a sociedade. PAULA FABIANI é diretora-presidente do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), parceiro do Prêmio Empreendedor Social
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Versão em russo de assistente virtual da Apple é 'acusado' de homofobia
Quando um homem tentou conversar em russo sobre clubes gays com Siri, o assistente virtual do iPhone e do iPad que "ouve" a voz humana e responde a perguntas, ele recebeu uma resposta pouco usual –que o fabricante dos dispositivos, a Apple, garante ter sido resultado de um "bug". Em um vídeo divulgado nesta semana na internet -e compartilhado várias vezes em sites como YouTube e Reddit–, o homem (identificado apenas como Alex) mostra o "diálogo" em russo que teve com o Siri. Alex: Siri, há clubes gay por perto? Siri: Eu teria enrubescido se pudesse. Alex: Como posso registrar um casamento gay na Grã-Bretanha? Siri: (Silêncio) Alex: Como registrar um casamento gay na Grã-Bretanha? Siri: Vou fingir que não escutei isso... Por meio de um comunicado oficial, a Apple disse que as respostas foram o resultado de um erro no sistema que já foi consertado. Mas as discussões em inglês na internet provocadas pelo vídeo mostram que os direitos gays e a homofobia na Rússia são um assunto de interesse internacional. A percepção generalizada nos comentários é de que o Siri foi configurado para obedecer à legislação russa, que criminaliza a homossexualidade. Já boa parte dos comentários em russo ou eram homofóbicos ou questionavam o interesse estrangeiro no debate. Alex, nascido na Rússia, mas vivendo no Reino Unido, disse ao BBC Trending que descobriu a "atitude" do Siri por acaso. "Estava com amigos que tinham feito a última atualização do software e vi que estava disponível uma versão do Siri em russo. Começamos a fazer perguntas usando a palavra 'gay' e recebemos algumas respostas muito estranhas. A palavra 'lésbica' também resultou em respostas estranhas", diz Alex. Jornalistas do serviço russo da BBC fizeram perguntas similares para o Siri e receberam as mesmas respostas. Direitos gays são um assunto controverso na Rússia, que, em 2013, aprovou uma lei banindo a "propaganda gay". No país, é proibido dar informações sobre a homossexualidade para menores de 18 anos. Essa lei fez com que o vídeo americano lançando a campanha de Hillary Clinton à Presidência dos Estados Unidos fosse exibido na TV russa acompanhado de uma tarja avisando que ela proibido para menores de 18 anos. O vídeo tem uma cena em que dois homens caminham de mãos dadas. "Posso entender que uma companhia precise se adaptar à legislação de um país. Mas não houve explicação sobre o porquê disso ter acontecido", diz Alex.
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Versão em russo de assistente virtual da Apple é 'acusado' de homofobiaQuando um homem tentou conversar em russo sobre clubes gays com Siri, o assistente virtual do iPhone e do iPad que "ouve" a voz humana e responde a perguntas, ele recebeu uma resposta pouco usual –que o fabricante dos dispositivos, a Apple, garante ter sido resultado de um "bug". Em um vídeo divulgado nesta semana na internet -e compartilhado várias vezes em sites como YouTube e Reddit–, o homem (identificado apenas como Alex) mostra o "diálogo" em russo que teve com o Siri. Alex: Siri, há clubes gay por perto? Siri: Eu teria enrubescido se pudesse. Alex: Como posso registrar um casamento gay na Grã-Bretanha? Siri: (Silêncio) Alex: Como registrar um casamento gay na Grã-Bretanha? Siri: Vou fingir que não escutei isso... Por meio de um comunicado oficial, a Apple disse que as respostas foram o resultado de um erro no sistema que já foi consertado. Mas as discussões em inglês na internet provocadas pelo vídeo mostram que os direitos gays e a homofobia na Rússia são um assunto de interesse internacional. A percepção generalizada nos comentários é de que o Siri foi configurado para obedecer à legislação russa, que criminaliza a homossexualidade. Já boa parte dos comentários em russo ou eram homofóbicos ou questionavam o interesse estrangeiro no debate. Alex, nascido na Rússia, mas vivendo no Reino Unido, disse ao BBC Trending que descobriu a "atitude" do Siri por acaso. "Estava com amigos que tinham feito a última atualização do software e vi que estava disponível uma versão do Siri em russo. Começamos a fazer perguntas usando a palavra 'gay' e recebemos algumas respostas muito estranhas. A palavra 'lésbica' também resultou em respostas estranhas", diz Alex. Jornalistas do serviço russo da BBC fizeram perguntas similares para o Siri e receberam as mesmas respostas. Direitos gays são um assunto controverso na Rússia, que, em 2013, aprovou uma lei banindo a "propaganda gay". No país, é proibido dar informações sobre a homossexualidade para menores de 18 anos. Essa lei fez com que o vídeo americano lançando a campanha de Hillary Clinton à Presidência dos Estados Unidos fosse exibido na TV russa acompanhado de uma tarja avisando que ela proibido para menores de 18 anos. O vídeo tem uma cena em que dois homens caminham de mãos dadas. "Posso entender que uma companhia precise se adaptar à legislação de um país. Mas não houve explicação sobre o porquê disso ter acontecido", diz Alex.
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PMDB encerra ciclo de 20 anos do PT em Vitória da Conquista
JOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR O radialista Herzem Gusmão (PMDB) foi eleito prefeito de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, derrotando o deputado estadual José Raimundo (PT). Com 100% das urnas apuradas, Gusmão teve 57,58% dos votos contra 42,42% do adversão petista. A vitória de Gusmão, que é aliado do ministro Geddel Vieira Lima, encerra um ciclo de duas décadas do PT frente a prefeitura de Vitória da Conquista. A cidade dividia com Pintadas, também na Bahia, o título de reduto mais antigo do PT no Brasil. Os petistas, contudo, foram derrotados nas duas cidades. Vitória da Conquista tornou-se uma das principais vitrines do PT em meados dos anos 1990 com a primeira eleição do atual prefeito Guilherme Menezes para o cargo. Em sua gestão, Menezes quando implantou na cidade bandeiras históricas do partido como o orçamento participativo, além de uma rede do programa Saúde da Família que se tornou referência no Estado. "O que fica é um sentimento de gratidão à população pelos cinco mandatos que tivemos aqui. Acredito que a conjuntura nacional influenciou no resultado e era natural que outro projeto fosse vencedor", afirma Guilherme Menezes à Folha. A derrota do PT em Vitória da Conquista também representa um revés para o governador da Bahia Rui Costa (PT), que foi derrotado nas quatro maiores cidades da Bahia. No primeiro turno, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) foi reeleito com 74% dos votos. O DEM também venceu em Feira de Santana e Camaçari.
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PMDB encerra ciclo de 20 anos do PT em Vitória da ConquistaJOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR O radialista Herzem Gusmão (PMDB) foi eleito prefeito de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, derrotando o deputado estadual José Raimundo (PT). Com 100% das urnas apuradas, Gusmão teve 57,58% dos votos contra 42,42% do adversão petista. A vitória de Gusmão, que é aliado do ministro Geddel Vieira Lima, encerra um ciclo de duas décadas do PT frente a prefeitura de Vitória da Conquista. A cidade dividia com Pintadas, também na Bahia, o título de reduto mais antigo do PT no Brasil. Os petistas, contudo, foram derrotados nas duas cidades. Vitória da Conquista tornou-se uma das principais vitrines do PT em meados dos anos 1990 com a primeira eleição do atual prefeito Guilherme Menezes para o cargo. Em sua gestão, Menezes quando implantou na cidade bandeiras históricas do partido como o orçamento participativo, além de uma rede do programa Saúde da Família que se tornou referência no Estado. "O que fica é um sentimento de gratidão à população pelos cinco mandatos que tivemos aqui. Acredito que a conjuntura nacional influenciou no resultado e era natural que outro projeto fosse vencedor", afirma Guilherme Menezes à Folha. A derrota do PT em Vitória da Conquista também representa um revés para o governador da Bahia Rui Costa (PT), que foi derrotado nas quatro maiores cidades da Bahia. No primeiro turno, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) foi reeleito com 74% dos votos. O DEM também venceu em Feira de Santana e Camaçari.
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Um filme de horror
Alguém que tivesse ido embora do Brasil em 2011 e voltasse agora acreditaria ter errado de país. Nada sobrou daquele país que acreditava estar em marcha irresistível para se transformar na quinta economia mundial e cuja presidenta alcançava cumes de popularidade. País que se vangloriava de ter escapado da crise de 2008 com uma impressionante velocidade de recuperação, além de vender para o mundo a imagem de ser o único BRIC que poderia realmente dizer possuir uma democracia consolidada. Aquele que vem hoje ao Brasil encontra um país completamente paralisado, cuja população assiste, com um misto de sentimento entre o horror e a paralisia, aos lances diários de uma política gangsterizada levada a cabo por um casta que luta entre si não para saber qual será o programa a ser implementado, mas simplesmente para saber quem usufruirá do botim. Uma política que chegou ao ápice maior da hipocrisia. Um nível de hipocrisia difícil de suportar até mesmo para nós, acostumados a ter de lidar com uma classe política conhecida por frequentar as páginas policiais. Por exemplo, é só mesmo como uma pantomima circense que alguém pode abrir o jornal nesta semana e ver a foto de alguns "doutos" ligados ao PSDB e alguns "representantes" de movimentos "anticorrupção" entregar ao "ilibado" presidente da Câmara, o sr. Eduardo Cunha, um enésimo pedido de impeachment. O mesmo senhor que mentiu descaradamente a uma CPI sobre a existência de contas suas na Suíça, que luta desesperadamente para preservar-se no cargo a despeito de acusações da Justiça Federal sobre seu envolvimento orgânico em corrupção na Petrobras e que, agora, cria factoides para tentar desviar a opinião pública de sua situação espúria. O último de seus factoides é uma lei que visa a dificultar as práticas de aborto em um país cujas leis sobre o assunto são de uma violência brutal e arcaica contra as mulheres. De acordo com as novas leis que podem passar no Congresso, ficará mais difícil e humilhante provar casos de estupros, e mesmo a pílula do dia seguinte poderia parar de ser vendida. Não é à toa que uma lei deste quilate seja apresentada por um senhor que não tem pudor sequer para mentir a uma CPI. Muito de seu sentimento de carta branca para chantagear o país deve ser creditado a setores hegemônicos da imprensa brasileira que relutaram em fazer seu papel. Em vez de fornecer ao país a ficha pregressa deste senhor e de atentar a opinião pública para sua procedência das hostes de Collor e PC Farias, assim como para os múltiplos casos de corrupção nos quais ele aparecia envolvido, veículos de comunicação preferiram vender a imagem de um líder combativo, que poderia enfim emparedar um governo combalido e eivado de corrupção por todos os lados. Um pouco como quem pensa que pouco importa a cor do gato, desde que ele casse o rato. No entanto, ninguém nunca viu ratos caçarem ratos. Mas mesmos aqueles que procuram defender o governo de um impeachment deveriam reconhecer o que realmente está em jogo. Não estamos assistindo a alguma tentativa de golpe contra um programa popular de esquerda. Desculpe-me, mas Dilma não é João Goulart, nem Joaquim Levy é Celso Furtado. Estamos assistindo a uma luta sangrenta para saber que grupo comandará um programa já decidido de véspera, e que não mudará. Mesmo as pequenas margens de diferença que existiam entre a versão petista do programa e a versão tucana foram queimadas. Ou seja, o cenário está mais para luta florentina pelo poder por meio de jogos de bastidores do que para embate realmente político a respeito de concepções distintas da vida econômica e social. Por isto, em vez de procurar justificativas para a defesa contra o impeachment, servindo assim de anteparo contra um governo morto, melhor seria se estivéssemos realmente comprometidos em construir alternativas para além deste cenário de filme de horror. Tudo isto é o resultado do que ocorreu em 2013. Na verdade, 2013 foi um dos mais importantes acontecimentos da história brasileira não por aquilo que ele produziu, mas por aquilo que ele destruiu. O Brasil de 2011 está longe porque ocorreu 2013. Desde então, ficou claro como nenhum ator político brasileiro, à esquerda e à direita, estava à altura dos desafios postos pelas manifestações, de suas demandas de reinvenção da experiência política e de nova partilha das riquezas. 2013 destituiu todos os atores políticos. A partir de então, a política brasileira virou o ringue de atores destituídos que lutam desesperadamente para impedir que algo realmente novo aconteça. Mesmo que, para justificar a imobilidade, eles precisem inventar um impeachment.
colunas
Um filme de horrorAlguém que tivesse ido embora do Brasil em 2011 e voltasse agora acreditaria ter errado de país. Nada sobrou daquele país que acreditava estar em marcha irresistível para se transformar na quinta economia mundial e cuja presidenta alcançava cumes de popularidade. País que se vangloriava de ter escapado da crise de 2008 com uma impressionante velocidade de recuperação, além de vender para o mundo a imagem de ser o único BRIC que poderia realmente dizer possuir uma democracia consolidada. Aquele que vem hoje ao Brasil encontra um país completamente paralisado, cuja população assiste, com um misto de sentimento entre o horror e a paralisia, aos lances diários de uma política gangsterizada levada a cabo por um casta que luta entre si não para saber qual será o programa a ser implementado, mas simplesmente para saber quem usufruirá do botim. Uma política que chegou ao ápice maior da hipocrisia. Um nível de hipocrisia difícil de suportar até mesmo para nós, acostumados a ter de lidar com uma classe política conhecida por frequentar as páginas policiais. Por exemplo, é só mesmo como uma pantomima circense que alguém pode abrir o jornal nesta semana e ver a foto de alguns "doutos" ligados ao PSDB e alguns "representantes" de movimentos "anticorrupção" entregar ao "ilibado" presidente da Câmara, o sr. Eduardo Cunha, um enésimo pedido de impeachment. O mesmo senhor que mentiu descaradamente a uma CPI sobre a existência de contas suas na Suíça, que luta desesperadamente para preservar-se no cargo a despeito de acusações da Justiça Federal sobre seu envolvimento orgânico em corrupção na Petrobras e que, agora, cria factoides para tentar desviar a opinião pública de sua situação espúria. O último de seus factoides é uma lei que visa a dificultar as práticas de aborto em um país cujas leis sobre o assunto são de uma violência brutal e arcaica contra as mulheres. De acordo com as novas leis que podem passar no Congresso, ficará mais difícil e humilhante provar casos de estupros, e mesmo a pílula do dia seguinte poderia parar de ser vendida. Não é à toa que uma lei deste quilate seja apresentada por um senhor que não tem pudor sequer para mentir a uma CPI. Muito de seu sentimento de carta branca para chantagear o país deve ser creditado a setores hegemônicos da imprensa brasileira que relutaram em fazer seu papel. Em vez de fornecer ao país a ficha pregressa deste senhor e de atentar a opinião pública para sua procedência das hostes de Collor e PC Farias, assim como para os múltiplos casos de corrupção nos quais ele aparecia envolvido, veículos de comunicação preferiram vender a imagem de um líder combativo, que poderia enfim emparedar um governo combalido e eivado de corrupção por todos os lados. Um pouco como quem pensa que pouco importa a cor do gato, desde que ele casse o rato. No entanto, ninguém nunca viu ratos caçarem ratos. Mas mesmos aqueles que procuram defender o governo de um impeachment deveriam reconhecer o que realmente está em jogo. Não estamos assistindo a alguma tentativa de golpe contra um programa popular de esquerda. Desculpe-me, mas Dilma não é João Goulart, nem Joaquim Levy é Celso Furtado. Estamos assistindo a uma luta sangrenta para saber que grupo comandará um programa já decidido de véspera, e que não mudará. Mesmo as pequenas margens de diferença que existiam entre a versão petista do programa e a versão tucana foram queimadas. Ou seja, o cenário está mais para luta florentina pelo poder por meio de jogos de bastidores do que para embate realmente político a respeito de concepções distintas da vida econômica e social. Por isto, em vez de procurar justificativas para a defesa contra o impeachment, servindo assim de anteparo contra um governo morto, melhor seria se estivéssemos realmente comprometidos em construir alternativas para além deste cenário de filme de horror. Tudo isto é o resultado do que ocorreu em 2013. Na verdade, 2013 foi um dos mais importantes acontecimentos da história brasileira não por aquilo que ele produziu, mas por aquilo que ele destruiu. O Brasil de 2011 está longe porque ocorreu 2013. Desde então, ficou claro como nenhum ator político brasileiro, à esquerda e à direita, estava à altura dos desafios postos pelas manifestações, de suas demandas de reinvenção da experiência política e de nova partilha das riquezas. 2013 destituiu todos os atores políticos. A partir de então, a política brasileira virou o ringue de atores destituídos que lutam desesperadamente para impedir que algo realmente novo aconteça. Mesmo que, para justificar a imobilidade, eles precisem inventar um impeachment.
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Eslovaco cria gim premium brasileiro com ingredientes nacionais
MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO No gim, o álcool destilado passa por uma infusão com zimbro (parente do pinheiro, com fruto de sabor fresco) e outros botânicos. Isso é o que dá notas cítricas, picantes e herbais à bebida. Pois, pela primeira vez um premium london dry gin é feito no Brasil e tem ingredientes nacionais. O Arapuru, projeto de um eslovaco, será lançado neste mês. Mike Simko, que viveu em Londres e está em São Paulo desde 2013, está imerso nisso há dois anos. Adorador de gim, viu aqui a possibilidade de reunir (novos) sabores que se sairiam bem na bebida. Recorreu ao mestre-destilador inglês Rob Dorsett, dono da receita do premiado Martin Miller's, para aprender o passo a passo da produção. Os chefs daqui o ajudaram a entender quais ingredientes nacionais poderiam substituir botânicos tradicionais do gim. (O zimbro ainda é trazido da Europa, mas a ideia é começar a produzi-lo aqui.) Com álcool de cana extraneutro, feito no Brasil para exportação, fez mais de 40 versões da bebida, enviando provas a Dorsett. Para as garrafas, buscou referências na art déco e no modernismo —e mandou estampar o arapuru, nome em tupi-guarani do pássaro que é personagem de lenda indígena— porque quer "promover a brasilidade". Ainda neste mês, a bebida será vendida no site arapuru.com.br (por R$ 120, valor promocional). Um evento no SubAstor, na Vila Madalena, vai marcar o lançamento, e a casa servirá o Arapuru com exclusividade por um mês —Fabio la Pietra, o bartender de lá, recomenda o destilado brasileiro no gim-tônica e no white lady, que leva Cointreau. Mais pra frente, ele pode chegar ao Frank Bar, já que Spencer Amereno, que provou o gim, diz que o venderia "tranquilamente". TROCO POR OUTROS Pacová no lugar do cardamomo Imbiriba em vez da canela Puxuri e não a noz-moscada Caju cítrico e adstringente * Outra turma, outro gim Quatro amigos (três brasileiros e um holandês) também estão fazendo gim com ingredientes nacionais. De pequena produção, no interior do Estado, o Virga será lançado neste mês, com venda on-line (virga.com.br) —a preço ainda indefinido. Feito com álcool de cana e botânicos de uma fazenda paulista, já tem cerca de cem garrafas. "Há uma enorme paleta de ingredientes no Brasil e pensar em receitas de gim é muito animador", diz Felipe Jannuzzi, do Mapa da Cachaça, um dos responsáveis pela receita. * Rabo de galo com gelão Cachaça, vermute e limão: assim se faz o rabo de galo, um coquetel brasileiro. Mas em um novo bar da cidade, ele ganhou um ingrediente. "A madeira. A gente faz o blend de duas cachaças, envelhecidas em carvalho, cabreúva e amburana", conta o bartender Jean Ponce (ex-D.O.M.), que abriu no sábado (2) o descontraído Guarita, em Pinheiros. Ao lado de Greigor Caisley (do 12 Burger & Bistro), ele comanda a casa, com empório de embutidos e petiscos como o bolovo (R$ 9), com ovo e carne moída no recheio, e sanduíche de barriga de porco (R$ 18). Há ainda um pequeno forno a lenha para assar pizzas, como a de abobrinha e queijo de cabra (R$ 20). Do balcão de Jean e David Barreiro, saem também negronis (R$ 28) e gim-tônicas (R$ 26) —drinques autorais chegarão aos poucos. Aos fins de semana, o plano é fazer churrasco regado a caipirinha (a partir de R$ 18) e até frango assado para levar para casa. Segundo Jean, o Guarita é um complemento informal de seu futuro bar de coquetelaria, no segundo andar do 12 Burger & Bistro, com abertura prevista para o final deste ano. Guarita. Rua Simão Álvares, 952, Pinheiros
saopaulo
Eslovaco cria gim premium brasileiro com ingredientes nacionaisMAGÊ FLORES DE SÃO PAULO No gim, o álcool destilado passa por uma infusão com zimbro (parente do pinheiro, com fruto de sabor fresco) e outros botânicos. Isso é o que dá notas cítricas, picantes e herbais à bebida. Pois, pela primeira vez um premium london dry gin é feito no Brasil e tem ingredientes nacionais. O Arapuru, projeto de um eslovaco, será lançado neste mês. Mike Simko, que viveu em Londres e está em São Paulo desde 2013, está imerso nisso há dois anos. Adorador de gim, viu aqui a possibilidade de reunir (novos) sabores que se sairiam bem na bebida. Recorreu ao mestre-destilador inglês Rob Dorsett, dono da receita do premiado Martin Miller's, para aprender o passo a passo da produção. Os chefs daqui o ajudaram a entender quais ingredientes nacionais poderiam substituir botânicos tradicionais do gim. (O zimbro ainda é trazido da Europa, mas a ideia é começar a produzi-lo aqui.) Com álcool de cana extraneutro, feito no Brasil para exportação, fez mais de 40 versões da bebida, enviando provas a Dorsett. Para as garrafas, buscou referências na art déco e no modernismo —e mandou estampar o arapuru, nome em tupi-guarani do pássaro que é personagem de lenda indígena— porque quer "promover a brasilidade". Ainda neste mês, a bebida será vendida no site arapuru.com.br (por R$ 120, valor promocional). Um evento no SubAstor, na Vila Madalena, vai marcar o lançamento, e a casa servirá o Arapuru com exclusividade por um mês —Fabio la Pietra, o bartender de lá, recomenda o destilado brasileiro no gim-tônica e no white lady, que leva Cointreau. Mais pra frente, ele pode chegar ao Frank Bar, já que Spencer Amereno, que provou o gim, diz que o venderia "tranquilamente". TROCO POR OUTROS Pacová no lugar do cardamomo Imbiriba em vez da canela Puxuri e não a noz-moscada Caju cítrico e adstringente * Outra turma, outro gim Quatro amigos (três brasileiros e um holandês) também estão fazendo gim com ingredientes nacionais. De pequena produção, no interior do Estado, o Virga será lançado neste mês, com venda on-line (virga.com.br) —a preço ainda indefinido. Feito com álcool de cana e botânicos de uma fazenda paulista, já tem cerca de cem garrafas. "Há uma enorme paleta de ingredientes no Brasil e pensar em receitas de gim é muito animador", diz Felipe Jannuzzi, do Mapa da Cachaça, um dos responsáveis pela receita. * Rabo de galo com gelão Cachaça, vermute e limão: assim se faz o rabo de galo, um coquetel brasileiro. Mas em um novo bar da cidade, ele ganhou um ingrediente. "A madeira. A gente faz o blend de duas cachaças, envelhecidas em carvalho, cabreúva e amburana", conta o bartender Jean Ponce (ex-D.O.M.), que abriu no sábado (2) o descontraído Guarita, em Pinheiros. Ao lado de Greigor Caisley (do 12 Burger & Bistro), ele comanda a casa, com empório de embutidos e petiscos como o bolovo (R$ 9), com ovo e carne moída no recheio, e sanduíche de barriga de porco (R$ 18). Há ainda um pequeno forno a lenha para assar pizzas, como a de abobrinha e queijo de cabra (R$ 20). Do balcão de Jean e David Barreiro, saem também negronis (R$ 28) e gim-tônicas (R$ 26) —drinques autorais chegarão aos poucos. Aos fins de semana, o plano é fazer churrasco regado a caipirinha (a partir de R$ 18) e até frango assado para levar para casa. Segundo Jean, o Guarita é um complemento informal de seu futuro bar de coquetelaria, no segundo andar do 12 Burger & Bistro, com abertura prevista para o final deste ano. Guarita. Rua Simão Álvares, 952, Pinheiros
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