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1,380 | que he do meſtre | Janela_A | [1380] que he do meſtre. |
1,380 | o meſtre dizendo que nao cu raſſem daquello elles todos a profiando que ſy | Janela_A | [1380] o meſtre dizendo que nao cu raſſem daquello elles todos a profiando que ſy. |
1,380 | diſſerao entao os condes ao meſtre | Janela_A | [1380] diſſerao entao os condes ao meſtre. |
1,380 | e o meſtre fezeo aſſi foraoſe todos com elle pel la rua noua ficando poucos a poucos desfezeſſe gram parte da quella aſſuada alli diſſe o me ſtre a antao vaſquez que era iu iz do crime na cidade que man daſſe apregoar da parte da rai nha ſob certa pena que nao foſ ſe nenhum tao ouzado de hir a iudiaria por fazer mal aos iudeos elle diſſe que o mandaria apre goar de ſua parte mas naoja da rai inha o meſtre lhe defendeo que o nao fizeſſe elle nao cu rou em eſto de ſua defeſa mandouo apregoar de ſua parte | Janela_A | [1380] e o meſtre fezeo aſſi foraoſe todos com elle pel la rua noua ficando poucos a poucos desfezeſſe gram parte da quella aſſuada alli diſſe o me ſtre a antao vaſquez que era iu iz do crime na cidade que man daſſe apregoar da parte da rai nha ſob certa pena que nao foſ ſe nenhum tao ouzado de hir a iudiaria por fazer mal aos iudeos elle diſſe que o mandaria apre goar de ſua parte mas naoja da rai inha o meſtre lhe defendeo que o nao fizeſſe elle nao cu rou em eſto de ſua defeſa mandouo apregoar de ſua parte. |
1,380 | tomemos este homem por senhor alcemolo por rey | Janela_A | [1380] tomemos este homem por senhor alcemolo por rey. |
1,380 | que maneira tinha a raynha dona lianor com o meſtre alguns outos a que nam tinha bom deſe jo | Janela_A | [1380] que maneira tinha a raynha dona lianor com o meſtre alguns outos a que nam tinha bom deſe jo. |
1,380 | aſſi q poſtoqella tiueſſe ao meſtre hũ tao mortal odiopor a morte do conde ioham fer nandez em guiſa que de nenhũ mal lhe podia entao vir tao grao parte que a ella fora abaſtada vingança pero com tudo iſto el la pode tanto com ſeu grande coraçam a muy poucos ligei ro de fazer que nenhuns finaes de malquerença moſtraua ao meſtre de fora como ſe lhe nũ qua houueſſe feito nenhum deſ prazer mas eſtes poucos dias q lhe ella de pois falou eſtando ella na cidade ſempre ſuas fa las repoſtas erao contra elle boas ſem moſtrança de mao de fejo | Janela_A | [1380] aſſi q poſtoqella tiueſſe ao meſtre hũ tao mortal odiopor a morte do conde ioham fer nandez em guiſa que de nenhũ mal lhe podia entao vir tao grao parte que a ella fora abaſtada vingança pero com tudo iſto el la pode tanto com ſeu grande coraçam a muy poucos ligei ro de fazer que nenhuns finaes de malquerença moſtraua ao meſtre de fora como ſe lhe nũ qua houueſſe feito nenhum deſ prazer mas eſtes poucos dias q lhe ella de pois falou eſtando ella na cidade ſempre ſuas fa las repoſtas erao contra elle boas ſem moſtrança de mao de fejo. |
1,380 | ella aos dous dias depois da morte do conde iohao fernan dez quitou a fernao lopez eſ cudeiro do meſtre a ſeu rogo cem dobras que lhe demandou a que para ſye por lourençoeanes ſeu ſogro que fora almoxarife delrey dom affonſo nam ſomente ao meſtre mas ainda a alguns outros que ella por tal rezam ma vontade tinha ne nhuma couſa daua a entender de rancor que tiueſſe contra el les mas ſuas falas deſem bargos todo era feito lidamen te dcom bom geito ate que viſ ſe tempo azado de ſe poder vin gar ſegundo ſeu deſejo | Janela_A | [1380] ella aos dous dias depois da morte do conde iohao fernan dez quitou a fernao lopez eſ cudeiro do meſtre a ſeu rogo cem dobras que lhe demandou a que para ſye por lourençoeanes ſeu ſogro que fora almoxarife delrey dom affonſo nam ſomente ao meſtre mas ainda a alguns outros que ella por tal rezam ma vontade tinha ne nhuma couſa daua a entender de rancor que tiueſſe contra el les mas ſuas falas deſem bargos todo era feito lidamen te dcom bom geito ate que viſ ſe tempo azado de ſe poder vin gar ſegundo ſeu deſejo. |
1,380 | m ovida tal diſcor dia como diſſemos trabalhandoſe os ſeguidores della por leuar adiante ſua opiniao foi a rainha poſta em grandes penſamentos com me ſtura de temor ca ella era certa da maneira que o meſtre queria ter com ella doutra parte temia ſe dos moradores da cidade | Janela_A | [1380] m ovida tal diſcor dia como diſſemos trabalhandoſe os ſeguidores della por leuar adiante ſua opiniao foi a rainha poſta em grandes penſamentos com me ſtura de temor ca ella era certa da maneira que o meſtre queria ter com ella doutra parte temia ſe dos moradores da cidade. |
1,380 | ſ o cnde dom iohao affonſo ſeu irmao o meſtre de sactiago d fernao affonſo o almiran te mice lançarote gonçalo mendez de vaſcogoncellos tio da rainha martim gonçal uez de atayde pero louren ço de tauora iohao affon ſo pimentel vaſco perez de camoens ayres vaſquez de aluaiade ioham gonçalues anadel mor lourençoeanes fogaça todolos do dezem bargo delrey dom fernando aſſi como aluoro gonçalues | Janela_A | [1380] ſ o cnde dom iohao affonſo ſeu irmao o meſtre de sactiago d fernao affonſo o almiran te mice lançarote gonçalo mendez de vaſcogoncellos tio da rainha martim gonçal uez de atayde pero louren ço de tauora iohao affon ſo pimentel vaſco perez de camoens ayres vaſquez de aluaiade ioham gonçalues anadel mor lourençoeanes fogaça todolos do dezem bargo delrey dom fernando aſſi como aluoro gonçalues. |
1,380 | a rainha chegou a aluerqua com trigoſo andar dally partio foy dor mira a alanquer quando entrou pella porta da villa diſſe gonçalo mendez | Janela_A | [1380] a rainha chegou a aluerqua com trigoſo andar dally partio foy dor mira a alanquer quando entrou pella porta da villa diſſe gonçalo mendez. |
1,380 | ally aſ teue a rainha por dias pou zando os ſeus fora dentro na villa a qual ſe nao vela ua nem tinha outra guarda ſe ban as portas abertas de dia de noite | Janela_A | [1380] ally aſ teue a rainha por dias pou zando os ſeus fora dentro na villa a qual ſe nao vela ua nem tinha outra guarda ſe ban as portas abertas de dia de noite. |
1,380 | como o mestre guiſaya pera ſe hir pera in graterra como pedio per dao a vaſco porcalho | Janela_A | [1380] como o mestre guiſaya pera ſe hir pera in graterra como pedio per dao a vaſco porcalho. |
1,380 | p ois que os huma naes eſpritaes feitos ſe delles ſegue nenhum tenha ſentido de praz mar o meſtre vendo as couſas qye ſe depois ſeguiram dizen do que elle com deſordenada cobiça de reyna ou hauer ou tro ſenhorio no reyno nao por outra couſaſe moueo a ma tar o conde ioham fernandez ca ſua vontade nunqua eſta foy nem ma ſomente por vzar de honroſa façanha vindando a deſ honra de ſeu irmao antes poz a vida honra em grande a ventura temendo de ſe fazer tal obra deſpoendo de leyxar o reyno o meſtrado por eſto como defeito quizera fazer por que tanto que a raynha par tio pera alanquer elle ficou na cidade ouue o meſtre con ſelho por ſegurança de ſua vi da ſe hir pera ingraterra ven do que lhe nao conuinha fi car no reyno mandou fa zer preſtes todo o que com pria pera tua ida em duas naos que jaziam ante o porto da ci dade carregadas de mercado rias dos mercadores | Janela_A | [1380] p ois que os huma naes eſpritaes feitos ſe delles ſegue nenhum tenha ſentido de praz mar o meſtre vendo as couſas qye ſe depois ſeguiram dizen do que elle com deſordenada cobiça de reyna ou hauer ou tro ſenhorio no reyno nao por outra couſaſe moueo a ma tar o conde ioham fernandez ca ſua vontade nunqua eſta foy nem ma ſomente por vzar de honroſa façanha vindando a deſ honra de ſeu irmao antes poz a vida honra em grande a ventura temendo de ſe fazer tal obra deſpoendo de leyxar o reyno o meſtrado por eſto como defeito quizera fazer por que tanto que a raynha par tio pera alanquer elle ficou na cidade ouue o meſtre con ſelho por ſegurança de ſua vi da ſe hir pera ingraterra ven do que lhe nao conuinha fi car no reyno mandou fa zer preſtes todo o que com pria pera tua ida em duas naos que jaziam ante o porto da ci dade carregadas de mercado rias dos mercadores. |
1,380 | e como aquelle que era diſcreto comprido de toda bondade eſ guardou o tempo em que a uia de partir como he for çado de paſſar por lugar on de taes perigos coſtumam de ſer a que artificios nem re ſiſtencia humanal preſtauam ſem humanal ajuda daquelle se nhor que todas as couſas tem em gouernança por alimpamento de ſua conſcien cia antre as couſas que pri meiro fezm nabdiy chamar a vaſco porcalho commendador mor de ſua ordem contou lhe por ameude como lhe a rainha diſſera quando fora pre ſo que lhe fizera entender a el rey dom fernando que elle ſe queria hir pera caſtella pera o infante dom ioham em de ſeruiço do reyno que por tanto o mandara elrey pren der nao por outra couſa | Janela_A | [1380] e como aquelle que era diſcreto comprido de toda bondade eſ guardou o tempo em que a uia de partir como he for çado de paſſar por lugar on de taes perigos coſtumam de ſer a que artificios nem re ſiſtencia humanal preſtauam ſem humanal ajuda daquelle se nhor que todas as couſas tem em gouernança por alimpamento de ſua conſcien cia antre as couſas que pri meiro fezm nabdiy chamar a vaſco porcalho commendador mor de ſua ordem contou lhe por ameude como lhe a rainha diſſera quando fora pre ſo que lhe fizera entender a el rey dom fernando que elle ſe queria hir pera caſtella pera o infante dom ioham em de ſeruiço do reyno que por tanto o mandara elrey pren der nao por outra couſa. |
1,380 | por aqual rezao diſſe o meſtre eu vos tiue tao ma vontade que minha tençam foy de vos matar depois cuidey qye a mim nao vinha grande honra de o fazer poſtoque cos o diſſeſſeis perdi de vos toda a ma vontade queixume de guiſa que nunqua volo dey a entender deſentam a te afora que commigo andais | Janela_A | [1380] por aqual rezao diſſe o meſtre eu vos tiue tao ma vontade que minha tençam foy de vos matar depois cuidey qye a mim nao vinha grande honra de o fazer poſtoque cos o diſſeſſeis perdi de vos toda a ma vontade queixume de guiſa que nunqua volo dey a entender deſentam a te afora que commigo andais. |
1,380 | o meſtre diſſe que nao curaſſe daquello ca bem cria que elle dezia verdade ceſſando eſto falarao em outras couſas mais neceſſarias | Janela_A | [1380] o meſtre diſſe que nao curaſſe daquello ca bem cria que elle dezia verdade ceſſando eſto falarao em outras couſas mais neceſſarias. |
1,380 | f azendose o meſtre preſtes pera ſe partir poſto nos nauios todalas bitalhas feitas as mangedouras para as beſtas eram todos os da cidade aſſim os grande como os pequenos abalados com medroſos penſa mentos | Janela_A | [1380] f azendose o meſtre preſtes pera ſe partir poſto nos nauios todalas bitalhas feitas as mangedouras para as beſtas eram todos os da cidade aſſim os grande como os pequenos abalados com medroſos penſa mentos. |
1,380 | senhor diſſerao elles eſtes tredores deſtes iudeos dom iudas dom dauid negro que ſao da parte da rainha tem grandes theſouros eſcondidos queremo los tomar dalos a vos que que remos por noſſo senhor | Janela_A | [1380] senhor diſſerao elles eſtes tredores deſtes iudeos dom iudas dom dauid negro que ſao da parte da rainha tem grandes theſouros eſcondidos queremo los tomar dalos a vos que que remos por noſſo senhor. |
1,380 | caualgou eſtoce o meſtre os condes com elle foyſe logo laa quando che gou a iudaria achou grao parte dos da cidade que ſe juntauam quanto podiao todos aluo raçados pera entrarem dentro a roubarem diſſe eſtonce o me ſtre contr elles | Janela_A | [1380] caualgou eſtoce o meſtre os condes com elle foyſe logo laa quando che gou a iudaria achou grao parte dos da cidade que ſe juntauam quanto podiao todos aluo raçados pera entrarem dentro a roubarem diſſe eſtonce o me ſtre contr elles. |
1,380 | os condes dom iohao affonſo dom aluoro perez que eſtauao com o meſtre quando virao que elle ſe eſcuza ua diſſerao com doo que delles ouuerao | Janela_A | [1380] os condes dom iohao affonſo dom aluoro perez que eſtauao com o meſtre quando virao que elle ſe eſcuza ua diſſerao com doo que delles ouuerao. |
1,380 | o meſtre de zia que ſe foſſem a rainha que elle nao tinha hora com aquel lo defazer elles ſe aſſicauam cada vez mais pedindo trigoſa mente acorro | Janela_A | [1380] o meſtre de zia que ſe foſſem a rainha que elle nao tinha hora com aquel lo defazer elles ſe aſſicauam cada vez mais pedindo trigoſa mente acorro. |
1,380 | a rainha em quanto o meſtre falou nao fez nenhum final que lhe apra zia de ſuas rezos ante calando moſtraua triſte geito os ou tros olhando como era rezao eſ perando ſua boa reſpoſta vendo como a nao daua falou o conde dom aluoro perez de caſtro di zendo contra a rainha | Janela_A | [1380] a rainha em quanto o meſtre falou nao fez nenhum final que lhe apra zia de ſuas rezos ante calando moſtraua triſte geito os ou tros olhando como era rezao eſ perando ſua boa reſpoſta vendo como a nao daua falou o conde dom aluoro perez de caſtro di zendo contra a rainha. |
1,380 | nao respondeis vos ao que vos diz o mestre | Janela_A | [1380] nao respondeis vos ao que vos diz o mestre. |
1,380 | pareceme que vos diz be ca nao he homemais theudo ainda que foβe a deus que ſe lhe erra pedirlhe perdao | Janela_A | [1380] pareceme que vos diz be ca nao he homemais theudo ainda que foβe a deus que ſe lhe erra pedirlhe perdao. |
1,380 | porque nao perdoaes ao meſtre | Janela_A | [1380] porque nao perdoaes ao meſtre. |
1,380 | ca bem vos diz o conde ca nam he homem mais theudo ainda q ſeja a deus ca lhe pedir perdam quando er ra pois vollo elle pede | Janela_A | [1380] ca bem vos diz o conde ca nam he homem mais theudo ainda q ſeja a deus ca lhe pedir perdam quando er ra pois vollo elle pede. |
1,380 | en tao reſpondeo o meſtre diſſe | Janela_A | [1380] en tao reſpondeo o meſtre diſſe. |
1,380 | eiβo senhora boa couſa he de ſe falar diſſe o meſtre | Janela_A | [1380] eiβo senhora boa couſa he de ſe falar diſſe o meſtre. |
1,380 | po ſtoque aβaz ja falado foſſe em ello quanto a mi parece o que jaa dito hey que vos lhe deueis inuiar voβo recado frontardeslhe que o nao faça elle homem de rezam he creo que o nao fara quando lho vos aſſi mandardes requerer | Janela_A | [1380] po ſtoque aβaz ja falado foſſe em ello quanto a mi parece o que jaa dito hey que vos lhe deueis inuiar voβo recado frontardeslhe que o nao faça elle homem de rezam he creo que o nao fara quando lho vos aſſi mandardes requerer. |
1,380 | era inda em eſte tempo gram dano nos pouos do reyno eſpecialmente no de lisboa vendo taes couſas muito douidoſas poſtas ſob eſperança de gram deſtroiçao da terra nem os da cidade eſton ce ſer tao ſeguro que ſempre nao foſſe muito acompanhado de temor vendo como a rai nha partira tam queixoſa de to dos ellespor em tal guiſa terem com o meſtre na morte do con de iohao fernandez | Janela_A | [1380] era inda em eſte tempo gram dano nos pouos do reyno eſpecialmente no de lisboa vendo taes couſas muito douidoſas poſtas ſob eſperança de gram deſtroiçao da terra nem os da cidade eſton ce ſer tao ſeguro que ſempre nao foſſe muito acompanhado de temor vendo como a rai nha partira tam queixoſa de to dos ellespor em tal guiſa terem com o meſtre na morte do con de iohao fernandez. |
1,380 | certamente diſſe o meſtre ſe lhos vos enuiaſſeis requerer o elle fazer nao quizeβe entam de ueis vos dajuntarvoβas gentes embargarlhe ſua vinda a todo voſ ſo poder | Janela_A | [1380] certamente diſſe o meſtre ſe lhos vos enuiaſſeis requerer o elle fazer nao quizeβe entam de ueis vos dajuntarvoβas gentes embargarlhe ſua vinda a todo voſ ſo poder. |
1,380 | em ſaindo elles pel la porta da camara oulhou ella vio ainda jazer o conde io ham fernandez morto ally on de ficara ally onde o meſtre oma tou diſſe contra elles | Janela_A | [1380] em ſaindo elles pel la porta da camara oulhou ella vio ainda jazer o conde io ham fernandez morto ally on de ficara ally onde o meſtre oma tou diſſe contra elles. |
1,380 | e nao haueis hora do deſ ſe homem que ahi jaz aſſi morto tam deshonradamente | Janela_A | [1380] e nao haueis hora do deſ ſe homem que ahi jaz aſſi morto tam deshonradamente. |
1,380 | o conde iohao fernandez jouueally mor to cuberto com hum tapete velho que nenhum nao ouzaua poer em ello mao pera o ſoterrar e elle jazia veſtido ataquado hum gibao vermelho hũa atabarda de fino panno preto co alhetos mangas muy bem fey to corpo de homem ataa idade de corebta abbism depois que foy bem noite mandouo a rai nha ſoterrar mais eſcuſamente q ſer pode na igreja de sam marti nho que he logo junto partio ſe eſſa noite dally foyſe pera alcaceua pera outros paços que alaa tinha | Janela_A | [1380] o conde iohao fernandez jouueally mor to cuberto com hum tapete velho que nenhum nao ouzaua poer em ello mao pera o ſoterrar e elle jazia veſtido ataquado hum gibao vermelho hũa atabarda de fino panno preto co alhetos mangas muy bem fey to corpo de homem ataa idade de corebta abbism depois que foy bem noite mandouo a rai nha ſoterrar mais eſcuſamente q ſer pode na igreja de sam marti nho que he logo junto partio ſe eſſa noite dally foyſe pera alcaceua pera outros paços que alaa tinha. |
1,380 | como os da cidade qui zeram roubar os iudeus o mestre os defendeo que lhe nao doydeito | Janela_A | [1380] como os da cidade qui zeram roubar os iudeus o mestre os defendeo que lhe nao doydeito. |
1,380 | p assado aquel le gram arroido co que as gentes da ci dade chegarao ao paço da rainha que o biſpo foy morto da guiſa que ouuiſtes gerouſe antre elles hũa oniao de mortal odio contra qua esquer que ſua entençao nam ti nhao tanto que nenhum lu gar era ſeguro a aquelles que nao ſeguiao ſua opiniao | Janela_A | [1380] p assado aquel le gram arroido co que as gentes da ci dade chegarao ao paço da rainha que o biſpo foy morto da guiſa que ouuiſtes gerouſe antre elles hũa oniao de mortal odio contra qua esquer que ſua entençao nam ti nhao tanto que nenhum lu gar era ſeguro a aquelles que nao ſeguiao ſua opiniao. |
1,380 | e hũs nomeauao o in fante dom iohao dizendo que nao podia ſer ca era ja preſo em caſtella que nunca hauia de ſer ſolto ou que por ventura o matariao por eſte azo porque eſti aſſi acon tecera que compria mais outreo infante no reyno ſaluo o meſtre dauiz que era filho de d pedro como o outro | Janela_A | [1380] e hũs nomeauao o in fante dom iohao dizendo que nao podia ſer ca era ja preſo em caſtella que nunca hauia de ſer ſolto ou que por ventura o matariao por eſte azo porque eſti aſſi acon tecera que compria mais outreo infante no reyno ſaluo o meſtre dauiz que era filho de d pedro como o outro. |
1,380 | co tando cada hum o que lhe pare cia de taes deitos naceo antre el le hum nouo acordo dizendo que era bem de roubar algũs iu deus riquos da iudaria aſſi como dom iudas que fora theſourei ro mor delrey dom fernando dom dauid negro que era grande ſeu priuado outros que deytes poderia o meſtre auer muy grande riqueza pera ſopor tamento de ſua honra | Janela_A | [1380] co tando cada hum o que lhe pare cia de taes deitos naceo antre el le hum nouo acordo dizendo que era bem de roubar algũs iu deus riquos da iudaria aſſi como dom iudas que fora theſourei ro mor delrey dom fernando dom dauid negro que era grande ſeu priuado outros que deytes poderia o meſtre auer muy grande riqueza pera ſopor tamento de ſua honra. |
1,380 | os iudeus co mo eſto ſentiram nao curaram a rainha mas foraoſe apreſſa alguns delles as caſas de ioham miguel junto com a see onde o meſtre aquella noute dormira diſſerao ao meſtre que os da cidade ſe aluoroçauao pera os hirem roubar matar todos que lhe pediao por merce que lhe accorreſſe apreſſa ſenao q todos erao mortos | Janela_A | [1380] os iudeus co mo eſto ſentiram nao curaram a rainha mas foraoſe apreſſa alguns delles as caſas de ioham miguel junto com a see onde o meſtre aquella noute dormira diſſerao ao meſtre que os da cidade ſe aluoroçauao pera os hirem roubar matar todos que lhe pediao por merce que lhe accorreſſe apreſſa ſenao q todos erao mortos. |
1,380 | entao ſe leuantou o meſtre foraoſe | Janela_A | [1380] entao ſe leuantou o meſtre foraoſe. |
1,380 | e entao ſe alçou o meſtre pozſe em giolhos ante a rai nha o meſtre começou de di zer senhora aquelle que nao erra nao tem que pedir perdao eu pois vos errey he rezao que vo lo peça como quer que deus ſabe que minha entençao nao foy devos errar nem fazer nojo nem deſpra zer mas porque esta couſa que eu fiz ſe me azou de ſer feita em voſ ſos paços porem vos peo por mer ce que me perdoeis ca este homem que matey nao o fiz por vos fazer nojo nem deshonra mas fizeo por ſegurança de minha vida ca en tendia que em quanto elle viueſſe que a minha vida nao ſeria ſegura polo eu matar em voβos paços deſto vos peço eu perdao nam_ de outra couſa ca a morte que lhe eu dey deus he ſabedor de todas as couſas ſabe bem que muito ha que ma elle tinha merecida delha eu dar mas matalo em voſſos pa ços iβo nao diuera eu de fazer | Janela_A | [1380] e entao ſe alçou o meſtre pozſe em giolhos ante a rai nha o meſtre começou de di zer senhora aquelle que nao erra nao tem que pedir perdao eu pois vos errey he rezao que vo lo peça como quer que deus ſabe que minha entençao nao foy devos errar nem fazer nojo nem deſpra zer mas porque esta couſa que eu fiz ſe me azou de ſer feita em voſ ſos paços porem vos peo por mer ce que me perdoeis ca este homem que matey nao o fiz por vos fazer nojo nem deshonra mas fizeo por ſegurança de minha vida ca en tendia que em quanto elle viueſſe que a minha vida nao ſeria ſegura polo eu matar em voβos paços deſto vos peço eu perdao nam_ de outra couſa ca a morte que lhe eu dey deus he ſabedor de todas as couſas ſabe bem que muito ha que ma elle tinha merecida delha eu dar mas matalo em voſſos pa ços iβo nao diuera eu de fazer. |
1,380 | demais eſtonce que nam ſomente forao contra a rainha em ajuda do meſtre na morte do conde iohao fernandez mas ainda em alçandoſe em deſ honeſtas palauras doeſtos que a ella foram muy graues de ſoportar | Janela_A | [1380] demais eſtonce que nam ſomente forao contra a rainha em ajuda do meſtre na morte do conde iohao fernandez mas ainda em alçandoſe em deſ honeſtas palauras doeſtos que a ella foram muy graues de ſoportar. |
1,380 | tomemos eſte homem por defen ſor ca ſua diſcriçao fortale za he tanta que bastara pera_ empuxar todolos perigos que_ nos auir podem | Janela_A | [1380] tomemos eſte homem por defen ſor ca ſua diſcriçao fortale za he tanta que bastara pera_ empuxar todolos perigos que_ nos auir podem. |
1,380 | e pel la grande nomeada que pella ci dade auia deſtefrey iohao da bar roca aſſi de ſua honeſta vida co mo de boos conſelhos que daua a algũs que o hiao viſitar foy o meſtre falar com elle eſta fala dizem algũs que foy a requeri mento do homem boo com o qual falara aluoro paez fazen dolhe queixumecomo ſe o me ſtre queria ir que elle lhe diſſe qye todauia conſelhaſſe ao me ſtrequer nao partiſſe ca a deos prazia de elle ſer regedor deſta terra senhor della | Janela_A | [1380] e pel la grande nomeada que pella ci dade auia deſtefrey iohao da bar roca aſſi de ſua honeſta vida co mo de boos conſelhos que daua a algũs que o hiao viſitar foy o meſtre falar com elle eſta fala dizem algũs que foy a requeri mento do homem boo com o qual falara aluoro paez fazen dolhe queixumecomo ſe o me ſtre queria ir que elle lhe diſſe qye todauia conſelhaſſe ao me ſtrequer nao partiſſe ca a deos prazia de elle ſer regedor deſta terra senhor della. |
1,380 | outros co tao que o meſtre ſe moueo a lhe hirfalar por auer delle algũ pro ueitoſo conſelho em ſeu feito | Janela_A | [1380] outros co tao que o meſtre ſe moueo a lhe hirfalar por auer delle algũ pro ueitoſo conſelho em ſeu feito. |
1,380 | e hora de qualquer guiſa que ſeja o meſtre foy a elle contoulhe toda ſua fazendam quanto lhe auiera com o pouo da cidade dizendo como ſe todos aſſicauao de o tomar por senhor que ſe nao foſſe fora do reyno deshi todalas outras rezoes que com muitos elle ouuera conſelhan dolhe todauia q ficaſſe mas que elle nao via nenhum caminho como ſe eſto podeſſe fazer a ſeu ſaluonem do pouo da cidade porque elrey de caſtella vinha muy poderoſamente ao reyno as mais das villas lugares tinhao ja voz delle que pera tal defenſao como aquella compria ajuda de muitas gentes grao ſo ma de dinheiros pera deſpeza do ſoldo | Janela_A | [1380] e hora de qualquer guiſa que ſeja o meſtre foy a elle contoulhe toda ſua fazendam quanto lhe auiera com o pouo da cidade dizendo como ſe todos aſſicauao de o tomar por senhor que ſe nao foſſe fora do reyno deshi todalas outras rezoes que com muitos elle ouuera conſelhan dolhe todauia q ficaſſe mas que elle nao via nenhum caminho como ſe eſto podeſſe fazer a ſeu ſaluonem do pouo da cidade porque elrey de caſtella vinha muy poderoſamente ao reyno as mais das villas lugares tinhao ja voz delle que pera tal defenſao como aquella compria ajuda de muitas gentes grao ſo ma de dinheiros pera deſpeza do ſoldo. |
1,380 | deshi o caſtello da cida de que era contra elle ſer logo to mado que ſeria muy graue de fa zer tam apreſſa aſſi que eſtas todalas outras contrarias rezoens que o meſtre entendeo que tal feito embargar podiao contou pello miude ao homem boo elle a todas reſpondeo de guiſa q o meſtre folgou muito com ſua repoſta poendolhe grande eſfor ço em elles dizendolhe todauia que ſe nao foſſe do reynoco meçaſſe de ſeguir ſeu feito com ardideza de coraçao a deus prazia de elle ſer rey senhor delle ſeus filhos depois de ſua morte que pera tomar o ca ſtello da cidade fizeſſe hum arti ficio de madeira que chamao ga ta logo ſem muita deten ça ſeria tomado com mui pou cas gentes | Janela_A | [1380] deshi o caſtello da cida de que era contra elle ſer logo to mado que ſeria muy graue de fa zer tam apreſſa aſſi que eſtas todalas outras contrarias rezoens que o meſtre entendeo que tal feito embargar podiao contou pello miude ao homem boo elle a todas reſpondeo de guiſa q o meſtre folgou muito com ſua repoſta poendolhe grande eſfor ço em elles dizendolhe todauia que ſe nao foſſe do reynoco meçaſſe de ſeguir ſeu feito com ardideza de coraçao a deus prazia de elle ſer rey senhor delle ſeus filhos depois de ſua morte que pera tomar o ca ſtello da cidade fizeſſe hum arti ficio de madeira que chamao ga ta logo ſem muita deten ça ſeria tomado com mui pou cas gentes. |
1,380 | o meſtre quando eſto ouuio marauilhandoſe das pala uras do homem boo começa do de cobrar esforço partioſe en tonces dante elle aſſaz cuidado ſo de ſua fazenda | Janela_A | [1380] o meſtre quando eſto ouuio marauilhandoſe das pala uras do homem boo começa do de cobrar esforço partioſe en tonces dante elle aſſaz cuidado ſo de ſua fazenda. |
1,380 | como fou acordado de enuiar a rainha cometer caſa mento com o meſtre ſegu rança pera os da cidade | Janela_A | [1380] como fou acordado de enuiar a rainha cometer caſa mento com o meſtre ſegu rança pera os da cidade. |
1,380 | n am conuem calar poſto que poucos li uros deſto façao me çao a maneira que o meſtre teue depois que falou com frey iohao aquel la vez outras algũas em rezao de ſua partida ou ficada porque cuidando elle o proſeguimento de tantos trabalhos cuidado como compria a tal feito man dou chamar aluoro paez ou tros alguns da cidade que lhe ſobre eſto auiao falado diſſe que penſando elle no que lhepor vezes diſſerao em rezao de ſua fi cada em o reyno duuidou em ello muito que via tantos co trairos q eſta couſa nao pode ria hir auante com ſua honra proueito delles que ſempre duui dara muito de o fazer porq cui daſſem bem em ello que nao e ra couſa pera começar aſſi de li geiro que ſe algũa boa manei ra podeſſem achar acerca do que começar queiao que elle preſtes era pera o por em obra doutra guiſa melhor ſeria nao começar buſcarlhe outro remedio | Janela_A | [1380] n am conuem calar poſto que poucos li uros deſto façao me çao a maneira que o meſtre teue depois que falou com frey iohao aquel la vez outras algũas em rezao de ſua partida ou ficada porque cuidando elle o proſeguimento de tantos trabalhos cuidado como compria a tal feito man dou chamar aluoro paez ou tros alguns da cidade que lhe ſobre eſto auiao falado diſſe que penſando elle no que lhepor vezes diſſerao em rezao de ſua fi cada em o reyno duuidou em ello muito que via tantos co trairos q eſta couſa nao pode ria hir auante com ſua honra proueito delles que ſempre duui dara muito de o fazer porq cui daſſem bem em ello que nao e ra couſa pera começar aſſi de li geiro que ſe algũa boa manei ra podeſſem achar acerca do que começar queiao que elle preſtes era pera o por em obra doutra guiſa melhor ſeria nao começar buſcarlhe outro remedio. |
1,380 | deshi por eſta couſa ſer milhor mais proueitoſamen te feitoque era bem que o me ſtre cazaſſe com a rainha dona lianor dizendo que ella auia da uer o regimento do reyno por certos annos ſegundo nos trau tos poderia ſer que haueria elrey de caſtella filho da rainha do na breatiz oqual auia de ſer trazi do ao reyno criado em elle como nas auenças fora outorga do que elle com a rainha ſe ria regedor todo aquelle tempo quando vieſſe aquella ſeza que elle ouueſſe de reynar que ficaria o meſtre gouernador del rey o mor do reyno de ſeu conſelho deſta guiſa ſeria a terra em aſſocego paz el les ſeguros de parte da rainha pella oniao que aleuantarao con tra ella que o papa vendo qua to bem ſe de tal couſa ſeguia que ligeiramente diſpenſaria com el les que podeſſem ambos caſas | Janela_A | [1380] deshi por eſta couſa ſer milhor mais proueitoſamen te feitoque era bem que o me ſtre cazaſſe com a rainha dona lianor dizendo que ella auia da uer o regimento do reyno por certos annos ſegundo nos trau tos poderia ſer que haueria elrey de caſtella filho da rainha do na breatiz oqual auia de ſer trazi do ao reyno criado em elle como nas auenças fora outorga do que elle com a rainha ſe ria regedor todo aquelle tempo quando vieſſe aquella ſeza que elle ouueſſe de reynar que ficaria o meſtre gouernador del rey o mor do reyno de ſeu conſelho deſta guiſa ſeria a terra em aſſocego paz el les ſeguros de parte da rainha pella oniao que aleuantarao con tra ella que o papa vendo qua to bem ſe de tal couſa ſeguia que ligeiramente diſpenſaria com el les que podeſſem ambos caſas. |
1,380 | foy eſta couſa dita ao meſtre poſta em conſelho eprante aquel les com que rezao tinha de o fa zer foy determinado que era proueitoſa por eſtas rezos que ditas auemos outras muytas que alguns aſſinauam dizendo q era bem de ſer cometido ve riao que reſpoſta dauao a ello or denando quem la ouueſſe de ir acharao que era bem enuiar ſo bre eſto aluoro gonçaluez came loque foy depois do prior do eſpri tal aluoro paez cidadao de q enſima he feita mençaoos quaes chegando a alanquer receberao della grande infindo gazalha do fengido eſpecialmente aluo ro paez a que ella mor mal que ria falando a rainha ſobre a quelloa que erao inuiados nam ſe ordenou com elles em feito de caſamento quanto a segurança dos moradores da cidade pella oniao que leuantarao contra ella dizem algũs que teue eſte geito como era prudente molher fa ges vio que nao lhe dando ſegu rança que o pouo requeriaque como todos andauao aleuanta dos que ſe poderia ſeguir mais pior ella eſtonce nao teria azo de ſe vingar delles ſegundo deſe jaua poreem ello duuidaua fin gio que comungaua de hũa ho ſtia aqual affirmao que nao era ſagrada deulhe ſuas cartas de ſeguro pera ſe partirem | Janela_A | [1380] foy eſta couſa dita ao meſtre poſta em conſelho eprante aquel les com que rezao tinha de o fa zer foy determinado que era proueitoſa por eſtas rezos que ditas auemos outras muytas que alguns aſſinauam dizendo q era bem de ſer cometido ve riao que reſpoſta dauao a ello or denando quem la ouueſſe de ir acharao que era bem enuiar ſo bre eſto aluoro gonçaluez came loque foy depois do prior do eſpri tal aluoro paez cidadao de q enſima he feita mençaoos quaes chegando a alanquer receberao della grande infindo gazalha do fengido eſpecialmente aluo ro paez a que ella mor mal que ria falando a rainha ſobre a quelloa que erao inuiados nam ſe ordenou com elles em feito de caſamento quanto a segurança dos moradores da cidade pella oniao que leuantarao contra ella dizem algũs que teue eſte geito como era prudente molher fa ges vio que nao lhe dando ſegu rança que o pouo requeriaque como todos andauao aleuanta dos que ſe poderia ſeguir mais pior ella eſtonce nao teria azo de ſe vingar delles ſegundo deſe jaua poreem ello duuidaua fin gio que comungaua de hũa ho ſtia aqual affirmao que nao era ſagrada deulhe ſuas cartas de ſeguro pera ſe partirem. |
1,380 | que bem via como caſtella era co tra portugal portugal contra ſy meſmo que bem deuia enten der que tal ſandice qual leuanta uao dous capateiros dous alfa yates querendo tomar o mestre por senhor que nao era couſa pera ir a diante que por tanto ao me nospor ſegurança de ſeus bens que leyxaβe a cidade ſe foſſe pera elles | Janela_A | [1380] que bem via como caſtella era co tra portugal portugal contra ſy meſmo que bem deuia enten der que tal ſandice qual leuanta uao dous capateiros dous alfa yates querendo tomar o mestre por senhor que nao era couſa pera ir a diante que por tanto ao me nospor ſegurança de ſeus bens que leyxaβe a cidade ſe foſſe pera elles. |
1,380 | como o meſtre outor gou deficar por regedor de fenſor do reyno do que foy falado na camara da cidade ſobre ſua ficada delle | Janela_A | [1380] como o meſtre outor gou deficar por regedor de fenſor do reyno do que foy falado na camara da cidade ſobre ſua ficada delle. |
1,380 | que temos de fazer com enuiar recado a rainha nem_ poer eſto mais longa tardança vamos ao meſtre peçamos lhe affincadamente que ſeja ſua_ merce em toda guiſa tomar carre go deſta cidade reyno nos o ſeruiremos com os corpos a ueres lhe daremos todo quan to temos e aſſi farao todolos ou tros do reyno que verdadeiros portuguezes forem nao cure_ de mais inuiar recado a rainha nem da repoſta que lhe ha de man dar | Janela_A | [1380] que temos de fazer com enuiar recado a rainha nem_ poer eſto mais longa tardança vamos ao meſtre peçamos lhe affincadamente que ſeja ſua_ merce em toda guiſa tomar carre go deſta cidade reyno nos o ſeruiremos com os corpos a ueres lhe daremos todo quan to temos e aſſi farao todolos ou tros do reyno que verdadeiros portuguezes forem nao cure_ de mais inuiar recado a rainha nem da repoſta que lhe ha de man dar. |
1,380 | iuntos eſſe dia muito po uo da cidade em aquellemoeſtei ropropoz o meſtre como ſe ente dia partir do reyno as rezoes porque como ja diſſemos deshi como lhe fora requerido muytas vezes por elles que todauia ficaſ ſe por ſeu defenſor que elle ſe eſcuſara dello por certas rezoes que lhe logo aſſinou mas pois ſe elles tanto aſicauao afirmauao que todauia nao partiſſe ficaſ ſe na cidade que elle por ſeruiço honra do reyno determinaua em ſua vontade deficarcom tan to que elle eſtiueſſe em maneira de o ſeruir ſoportar em aquel la honra eſtado que compria por defeſao do reyno elles a hu mavoz nao eſperado q falaſſe hũ por todos mas quantos hi eram juntos altamente diſſerao que lhe pr zia de o ſeruir ajudar com os corpos aueres ate morrerem todos ante elle | Janela_A | [1380] iuntos eſſe dia muito po uo da cidade em aquellemoeſtei ropropoz o meſtre como ſe ente dia partir do reyno as rezoes porque como ja diſſemos deshi como lhe fora requerido muytas vezes por elles que todauia ficaſ ſe por ſeu defenſor que elle ſe eſcuſara dello por certas rezoes que lhe logo aſſinou mas pois ſe elles tanto aſicauao afirmauao que todauia nao partiſſe ficaſ ſe na cidade que elle por ſeruiço honra do reyno determinaua em ſua vontade deficarcom tan to que elle eſtiueſſe em maneira de o ſeruir ſoportar em aquel la honra eſtado que compria por defeſao do reyno elles a hu mavoz nao eſperado q falaſſe hũ por todos mas quantos hi eram juntos altamente diſſerao que lhe pr zia de o ſeruir ajudar com os corpos aueres ate morrerem todos ante elle. |
1,380 | e o meſtre reſpon deolhe eſtonce que pois elles aſſi deziao de tomar cargo ſer ſeu defenſor pore o corpo a qual quer auentuura por honra do reyno ſua defeſao delles | Janela_A | [1380] e o meſtre reſpon deolhe eſtonce que pois elles aſſi deziao de tomar cargo ſer ſeu defenſor pore o corpo a qual quer auentuura por honra do reyno ſua defeſao delles. |
1,380 | qua do meſtre outorgou deſta guiſa ter cuidado regimento do rey no toda a triſteza foy fora das ge tes ſeus conraçoes nao derao lu gar a nenhũa treſpaſſaçao do te mor mas todos ledos ſob a boa eſperança fundada em bemauen turado fim ſe esforçarao de leuar ſeu feito a diante tendo grande fe em deus que os auia de ajudar diſyerao logo ao meſtre por quanto na cidade hauia muytos honrados cidadaos que alli nao eſtauao preſentes que foſſem cha madaos a camara do concelho que lhe foſſem cha mados a camara do concelho que lhe foſſe todo rezoado prepoſto quato a elles fora dito de qguiſa outorgaſſe todos q elles diſſerao que o queriao fazer o meſtre diſſe que era muy bem forao em outro dia todos cha mados ſendo aſſi juntos em a quella camara da cidade foy re zoado por parte do meſtre como or ſeu regedor e defenſor que ora era a elles requerido ſe lhes prazia outordar aquello quetodo o pouo aſſi tinha outorgado | Janela_A | [1380] qua do meſtre outorgou deſta guiſa ter cuidado regimento do rey no toda a triſteza foy fora das ge tes ſeus conraçoes nao derao lu gar a nenhũa treſpaſſaçao do te mor mas todos ledos ſob a boa eſperança fundada em bemauen turado fim ſe esforçarao de leuar ſeu feito a diante tendo grande fe em deus que os auia de ajudar diſyerao logo ao meſtre por quanto na cidade hauia muytos honrados cidadaos que alli nao eſtauao preſentes que foſſem cha madaos a camara do concelho que lhe foſſem cha mados a camara do concelho que lhe foſſe todo rezoado prepoſto quato a elles fora dito de qguiſa outorgaſſe todos q elles diſſerao que o queriao fazer o meſtre diſſe que era muy bem forao em outro dia todos cha mados ſendo aſſi juntos em a quella camara da cidade foy re zoado por parte do meſtre como or ſeu regedor e defenſor que ora era a elles requerido ſe lhes prazia outordar aquello quetodo o pouo aſſi tinha outorgado. |
1,380 | e douidando eſterque erao chama dos nao reſpondendo ao q lhe diziao era hi muito pouojũto an tre os quaes eſtaua hum thenoei riq chamauao affonſoeanes pe nedoqfora preſete com todolos outrosquando ſe ajũtrao em s domingos outorgando de rece ber por senhor o meſtre | Janela_A | [1380] e douidando eſterque erao chama dos nao reſpondendo ao q lhe diziao era hi muito pouojũto an tre os quaes eſtaua hum thenoei riq chamauao affonſoeanes pe nedoqfora preſete com todolos outrosquando ſe ajũtrao em s domingos outorgando de rece ber por senhor o meſtre. |
1,380 | ainda vos douidaes detomar o mestre por regedor deſtes reynos q tome cargo de defeder esta ci dade avoſoutros todos | Janela_A | [1380] ainda vos douidaes detomar o mestre por regedor deſtes reynos q tome cargo de defeder esta ci dade avoſoutros todos. |
1,380 | p orqve dos en tendidos he reque rer conſelho os grandes feitos nao encaminhar por ſeu prepoſito teue o meſtre que era bemnao embargando o que lhe diſſera aluoro vaſquez ruy pereira outros de ſe aconſo lhar com eſprituaes peſſoaspe is a tal cargo que lhe deziao que tomaſſenao ſomente compria a uer ajuda das gentes mas ainda as oraçoes prezes dos boos ajuda de deus ſua graça | Janela_A | [1380] p orqve dos en tendidos he reque rer conſelho os grandes feitos nao encaminhar por ſeu prepoſito teue o meſtre que era bemnao embargando o que lhe diſſera aluoro vaſquez ruy pereira outros de ſe aconſo lhar com eſprituaes peſſoaspe is a tal cargo que lhe deziao que tomaſſenao ſomente compria a uer ajuda das gentes mas ainda as oraçoes prezes dos boos ajuda de deus ſua graça. |
1,380 | como o meſtre fallou com o frey iohao da barroca da resposta que lhe elle diſ ſe | Janela_A | [1380] como o meſtre fallou com o frey iohao da barroca da resposta que lhe elle diſ ſe. |
1,380 | e viuen do ally o homem boo em aſpera apertada vida começaram as gentes de ver em elle tal deua çao viſitandoo com ſuas eſmo lasde que elle pouco tomaua q todos o hauiao por santo que deos lhe reuelaua muitas couſas que erao por vir algũs hiao to mar com elle conſelho por ſau de de ſuas almas fazenda | Janela_A | [1380] e viuen do ally o homem boo em aſpera apertada vida começaram as gentes de ver em elle tal deua çao viſitandoo com ſuas eſmo lasde que elle pouco tomaua q todos o hauiao por santo que deos lhe reuelaua muitas couſas que erao por vir algũs hiao to mar com elle conſelho por ſau de de ſuas almas fazenda. |
1,380 | e como fou noyte diſſe que o le uaſſem a hũa alta barroca acer qua do moſteiro de sam franciſ co deſſe lugar onde auia hũa po bre caſa bem pequena que lhe cerraſſen aporta ſaluo hũa muy eſtreita janella que ficaſſe por viſta que deos o proue ria ally do que neceſſario foſſe | Janela_A | [1380] e como fou noyte diſſe que o le uaſſem a hũa alta barroca acer qua do moſteiro de sam franciſ co deſſe lugar onde auia hũa po bre caſa bem pequena que lhe cerraſſen aporta ſaluo hũa muy eſtreita janella que ficaſſe por viſta que deos o proue ria ally do que neceſſario foſſe. |
1,380 | elle ou lhauaos rindo do que diziao aſſi chegauao com elle ate onde o meſtre pouſaua deshi torna uao | Janela_A | [1380] elle ou lhauaos rindo do que diziao aſſi chegauao com elle ate onde o meſtre pouſaua deshi torna uao. |
1,380 | da maneira que a rainha ordenou pera matar o mestrequando ſoube que que ria partirſe pera ingraterra | Janela_A | [1380] da maneira que a rainha ordenou pera matar o mestrequando ſoube que que ria partirſe pera ingraterra. |
1,380 | pouco corre quem muito deſeja aſſi como onde ha muito grade amor ſegui rao muideſuairados cuidados por cedo peralcaçar afim de ſeu deſe joaſſi o que tem rancor de al gũas peſſoas nao ceſſa penſar deſ uayrados caminhos com que a pague azinha ſua mortal ſanha e por tanto a rainha dona lia nos por vontade femenina que geralmente he muito deſejador de vingança deshi vzanso de hũ grandioſo coraçaode que a natu reza lhe nao fora eſcaſſa por eſ tonce nenhũa couſa a ſeu enten dimento era mais repreſentada que cuidar a miude todolos mo dosporque do meſtre podeſſe a uer toda comprida emmenda ſendo certa como ſe elle trigaua pera partir em naosque ja tinha bem abitalhadas ſe hir perain graterra que nenhũs rogosne prezes do pouo o podiao fazer reter entendendo que a vinda delrey de caſtella nao podia tao apreſſa ſerque ſe elle muito mais cedo por mar nao partiſſe leyxado o modo da vindadel reyque determinado tinha pera delle ſer vingada cuidou de or denar por outra maneira porque de morte ou poſto em priſao por nenhũa guiſa podeſſe eſcapar foy deſte geito | Janela_A | [1380] pouco corre quem muito deſeja aſſi como onde ha muito grade amor ſegui rao muideſuairados cuidados por cedo peralcaçar afim de ſeu deſe joaſſi o que tem rancor de al gũas peſſoas nao ceſſa penſar deſ uayrados caminhos com que a pague azinha ſua mortal ſanha e por tanto a rainha dona lia nos por vontade femenina que geralmente he muito deſejador de vingança deshi vzanso de hũ grandioſo coraçaode que a natu reza lhe nao fora eſcaſſa por eſ tonce nenhũa couſa a ſeu enten dimento era mais repreſentada que cuidar a miude todolos mo dosporque do meſtre podeſſe a uer toda comprida emmenda ſendo certa como ſe elle trigaua pera partir em naosque ja tinha bem abitalhadas ſe hir perain graterra que nenhũs rogosne prezes do pouo o podiao fazer reter entendendo que a vinda delrey de caſtella nao podia tao apreſſa ſerque ſe elle muito mais cedo por mar nao partiſſe leyxado o modo da vindadel reyque determinado tinha pera delle ſer vingada cuidou de or denar por outra maneira porque de morte ou poſto em priſao por nenhũa guiſa podeſſe eſcapar foy deſte geito. |
1,380 | quando ella foy certa que ſe o meſtre diſpu nha pera partir penſou que en tao tnha mais preſtes azo pera o auer a mao preſooumorto di zem que mandou fallar com os meſtres daquelles nauioseſperci almente com o meſtre daquella naoen que elle auia de irprome tendolhes grandes aſſinadas merces ſe iſto quizeſſem por em obreaf | Janela_A | [1380] quando ella foy certa que ſe o meſtre diſpu nha pera partir penſou que en tao tnha mais preſtes azo pera o auer a mao preſooumorto di zem que mandou fallar com os meſtres daquelles nauioseſperci almente com o meſtre daquella naoen que elle auia de irprome tendolhes grandes aſſinadas merces ſe iſto quizeſſem por em obreaf. |
1,380 | que como as naos foſſem atrauez da coſta de atouguia q ſao quatorze legoas da cidade q tiueſſem geito os meſtres ma rinheiros de ſe todos meter nos bateis hir em terrae leyxadas naos as deſemparadas de marean terque era por força de virem a coſte | Janela_A | [1380] que como as naos foſſem atrauez da coſta de atouguia q ſao quatorze legoas da cidade q tiueſſem geito os meſtres ma rinheiros de ſe todos meter nos bateis hir em terrae leyxadas naos as deſemparadas de marean terque era por força de virem a coſte. |
1,380 | e que eſtonde ſeria forçado de o meſtre ſer morto ou prezo tal aginaçao lhepareceo mui to couinhauel pera ſeu prepoſito ſer muito mais cedo acabado | Janela_A | [1380] e que eſtonde ſeria forçado de o meſtre ſer morto ou prezo tal aginaçao lhepareceo mui to couinhauel pera ſeu prepoſito ſer muito mais cedo acabado. |
1,380 | e quando a rainha ſoube de certo que o meſtre ain da nao partira que os da cida de ſe aſſicauao de toda guiſa de o tomar por senhor ceſſou de man dar ſaber nouas deſto ata q ſoubeſſe ſe partira ou nao | Janela_A | [1380] e quando a rainha ſoube de certo que o meſtre ain da nao partira que os da cida de ſe aſſicauao de toda guiſa de o tomar por senhor ceſſou de man dar ſaber nouas deſto ata q ſoubeſſe ſe partira ou nao. |
1,380 | s endo no pouo cuidado mortal por ſua ſegurança defenſao da terra da guiſaque tendes ouuido nao embargando que ſe o meſtre eſcuzaſſe por ſuas rezo ens a nao poder fiquar em o rey no as gentes porem nao leyxa uao de o ſeguir pedindolho ca da dia por merce que os nao qui zeſſe deſamparar | Janela_A | [1380] s endo no pouo cuidado mortal por ſua ſegurança defenſao da terra da guiſaque tendes ouuido nao embargando que ſe o meſtre eſcuzaſſe por ſuas rezo ens a nao poder fiquar em o rey no as gentes porem nao leyxa uao de o ſeguir pedindolho ca da dia por merce que os nao qui zeſſe deſamparar. |
1,380 | a ndado o po uo aſſim aleuanta do poſto em traba lho de falar em tao grandes duuidas vendo no meſtre tanta autho ridade que pera os defender era pertencente ardiao todos com cobiça de o ver por senhor | Janela_A | [1380] a ndado o po uo aſſim aleuanta do poſto em traba lho de falar em tao grandes duuidas vendo no meſtre tanta autho ridade que pera os defender era pertencente ardiao todos com cobiça de o ver por senhor. |
1,380 | e porque era pu brica voz fama que ſe elle hia pera ingraterra vendo ruy perei ra tanto pouo ao redor delle bra dando todos que o queriao por senhor diſſe hũa tal rezao con tra o meſtre | Janela_A | [1380] e porque era pu brica voz fama que ſe elle hia pera ingraterra vendo ruy perei ra tanto pouo ao redor delle bra dando todos que o queriao por senhor diſſe hũa tal rezao con tra o meſtre. |
1,380 | o meſtre reſpondeo que ſy que vos moue diſſe elle pera fazerdes tal partida | Janela_A | [1380] o meſtre reſpondeo que ſy que vos moue diſſe elle pera fazerdes tal partida. |
1,380 | entendo diſ ſe o meſtre de me hir pera ingra terra | Janela_A | [1380] entendo diſ ſe o meſtre de me hir pera ingra terra. |
1,380 | quando o meſtre ouuio taes rezoes pareceraolhe boas começou de cuidar em ſua fica daporque maneira poderia em ſua honra proueito | Janela_A | [1380] quando o meſtre ouuio taes rezoes pareceraolhe boas começou de cuidar em ſua fica daporque maneira poderia em ſua honra proueito. |
1,380 | ſ ſonho viſam coraçam non ſo nho fantaſma e eſtes dous mo dos poſtumeiros algũas vezes ve por inchamento de eſtamafoou tras por amor dealguma peſſoaa que grande bem queremos outras vezes por gram temor outras per a zo de prefundo penſamento de humor menencolico as vezes por engano de satanasq ſe tranſ figura em anjo de luz de guiſa q eſtes dous modos poſtumeiros nenhum pode dar interpretaçao que certa ſeja | Janela_A | [1380] ſ ſonho viſam coraçam non ſo nho fantaſma e eſtes dous mo dos poſtumeiros algũas vezes ve por inchamento de eſtamafoou tras por amor dealguma peſſoaa que grande bem queremos outras vezes por gram temor outras per a zo de prefundo penſamento de humor menencolico as vezes por engano de satanasq ſe tranſ figura em anjo de luz de guiſa q eſtes dous modos poſtumeiros nenhum pode dar interpretaçao que certa ſeja. |
1,380 | ao coraçao he qua do a algum homem de boa vida parece o senhor deus ou algum anjo lhe dizem elle ou ou tra peſſoa | Janela_A | [1380] ao coraçao he qua do a algum homem de boa vida parece o senhor deus ou algum anjo lhe dizem elle ou ou tra peſſoa. |
1,380 | viſam he quando ho mem aquillo qvio em ſonhos ve deſpois claramente por viſtaaſsi como o ſonho que vio farao das vacas das eſpigas de ſtes modos ſobreditos ou por ou tros que aqui nam pomosacon teceo a vinda de frey ioham a que deſpois chamarao da barro ca diſto nao auemos mais conhe cimentoſaluo quanto achamos eſcrito que contao delle algũas hiſtorias dizendo que ante por tempo que o meſtre mataſſe ao conde viuia hum bom homem deuoto em ieruſalem era vi da empardeado era caſtellao | Janela_A | [1380] viſam he quando ho mem aquillo qvio em ſonhos ve deſpois claramente por viſtaaſsi como o ſonho que vio farao das vacas das eſpigas de ſtes modos ſobreditos ou por ou tros que aqui nam pomosacon teceo a vinda de frey ioham a que deſpois chamarao da barro ca diſto nao auemos mais conhe cimentoſaluo quanto achamos eſcrito que contao delle algũas hiſtorias dizendo que ante por tempo que o meſtre mataſſe ao conde viuia hum bom homem deuoto em ieruſalem era vi da empardeado era caſtellao. |
1,380 | a eſte veo em reuelaçam que ſe vieſſe ao porto de iafa que al li acharia hũa nao preſtes que vi nha pera portugal a cidade de liſboa que entraſſe en ella aportaria alli | Janela_A | [1380] a eſte veo em reuelaçam que ſe vieſſe ao porto de iafa que al li acharia hũa nao preſtes que vi nha pera portugal a cidade de liſboa que entraſſe en ella aportaria alli. |
1,380 | o homem bom ſe ſahio da cella onde viuia chegando a aquelle porto achou hũa nao preſtes como lhe fora dito entrou logo em ella encaminhou deus ſua viagem de guiſa que chegarao a aquella cidade onde elle nunqua fora | Janela_A | [1380] o homem bom ſe ſahio da cella onde viuia chegando a aquelle porto achou hũa nao preſtes como lhe fora dito entrou logo em ella encaminhou deus ſua viagem de guiſa que chegarao a aquella cidade onde elle nunqua fora. |
1,380 | e ſtonce hum eſcudeiro fidalgo q chamauao aluoro vaſquez de goes chamou o meſtre a parte diſſe deſta guiſa | Janela_A | [1380] e ſtonce hum eſcudeiro fidalgo q chamauao aluoro vaſquez de goes chamou o meſtre a parte diſſe deſta guiſa. |
1,380 | e deſta guiſa foy o meſtre toma do por regedor defenſor do reynono qual regimento de fenſaoque fez bem ſe moſtrou depois ſua virtuoſa ardideza co mo adiante podereis ver | Janela_A | [1380] e deſta guiſa foy o meſtre toma do por regedor defenſor do reynono qual regimento de fenſaoque fez bem ſe moſtrou depois ſua virtuoſa ardideza co mo adiante podereis ver. |
1,380 | e tornaraoſe a aſſentar em ſeu eſtra do diſſe aos condes que ſe aſ ſentaſſem o meſtre ſe aſſetou eſtonce os condes ambos ca da hum de ſua parte ſendo el les aſſi aſſentados diſſe o conde dom aluoro perez ao meſtre | Janela_A | [1380] e tornaraoſe a aſſentar em ſeu eſtra do diſſe aos condes que ſe aſ ſentaſſem o meſtre ſe aſſetou eſtonce os condes ambos ca da hum de ſua parte ſendo el les aſſi aſſentados diſſe o conde dom aluoro perez ao meſtre. |
1,380 | como o meſtre de pois que comeo foy pedir per dan a rainham das rezoes que forao faladas | Janela_A | [1380] como o meſtre de pois que comeo foy pedir per dan a rainham das rezoes que forao faladas. |
1,380 | e com e ſta ſouteza partio eſtonce de sa tarem ſem crendo nenhum con trairo que lhe auir podeſſe deshi a fortuna lho fazia mais larfo en tender que tinha ordenado de o cedo offerecer a morte chegou a lisboa aonde ja a chou muitos que vinhao ao ſay mento | Janela_A | [1380] e com e ſta ſouteza partio eſtonce de sa tarem ſem crendo nenhum con trairo que lhe auir podeſſe deshi a fortuna lho fazia mais larfo en tender que tinha ordenado de o cedo offerecer a morte chegou a lisboa aonde ja a chou muitos que vinhao ao ſay mento. |
1,380 | e foy acor dado por a rainha por todo los que hi erao que o reyno ſe defendeſſe querẽdo elrey de ca ſtella vir a elle nao lhe obede ceſſem em outra couſa ſaluo na quellas que nos trautos era con teudo que pois todos ali erao juntos que ordenaſſem logo as frontarias quaes eſtiueſſem em ellas cada hum com quantas lanças foy aſſi defeito que fo rao logo partidas as comarcas ordenado ao meſtre as terras do meſtrado certas villas caſtellos darredor dandolhe lo go em eſcrito todolos que com elle hauiao de guardar o deſẽ bargo do ſoldo pera elles | Janela_A | [1380] e foy acor dado por a rainha por todo los que hi erao que o reyno ſe defendeſſe querẽdo elrey de ca ſtella vir a elle nao lhe obede ceſſem em outra couſa ſaluo na quellas que nos trautos era con teudo que pois todos ali erao juntos que ordenaſſem logo as frontarias quaes eſtiueſſem em ellas cada hum com quantas lanças foy aſſi defeito que fo rao logo partidas as comarcas ordenado ao meſtre as terras do meſtrado certas villas caſtellos darredor dandolhe lo go em eſcrito todolos que com elle hauiao de guardar o deſẽ bargo do ſoldo pera elles. |
1,380 | como foy ordenada a morte do conde iohao fernan dez como o meſtre partio de lisboa ſem leuando enten çao de matar | Janela_A | [1380] como foy ordenada a morte do conde iohao fernan dez como o meſtre partio de lisboa ſem leuando enten çao de matar. |
1,380 | b vscadas rezo ens dos que liuros fi zerao deſta eſtorea por teſtemunho daquelles que preſen tes forao ſegundo todos pela ma yor parte dize o meſtre como teue acordado com aluoro paez de matar o conde iohao fernan dez logo falou eſte ſegredo com o conde de barcellos dom io hao affonſo com ruy perei ra outros os quais lhe certifi carao que ſeriao preſentes com elle quando em ello pozeſſe quizeſſe poer mao | Janela_A | [1380] b vscadas rezo ens dos que liuros fi zerao deſta eſtorea por teſtemunho daquelles que preſen tes forao ſegundo todos pela ma yor parte dize o meſtre como teue acordado com aluoro paez de matar o conde iohao fernan dez logo falou eſte ſegredo com o conde de barcellos dom io hao affonſo com ruy perei ra outros os quais lhe certifi carao que ſeriao preſentes com elle quando em ello pozeſſe quizeſſe poer mao. |
1,380 | e em quanto a rainha ordenaua ſuas couſas ſobre regimento percebimen to do reyno em que o meſtre porem ſempre eſtaua hia elle muitas vezes a caſade aluoro pa ez algũas horas com o conde outras a departe falar com elle ſobre a morte do conde iohao fernandez eſpecialmente co mo ſe poderia auer ajuda do po uo por ſua parte | Janela_A | [1380] e em quanto a rainha ordenaua ſuas couſas ſobre regimento percebimen to do reyno em que o meſtre porem ſempre eſtaua hia elle muitas vezes a caſade aluoro pa ez algũas horas com o conde outras a departe falar com elle ſobre a morte do conde iohao fernandez eſpecialmente co mo ſe poderia auer ajuda do po uo por ſua parte. |
1,380 | aluoro paez muito talentoſo de ver tal feito a cabado todauia lhe certificaua que ſy nao que elle deſcobriſ ſe a nenhum tal ſegredo mas en tendia como era certo que a nao boa vontadeq as gentes tinhao a rainha ao conde o faria to dos de mouer contra elles como viſſem lugar tempo azado acordarao que pera ſe todo me lhor fazer que tanto que o me ſtre chegaſſe aos paços come çaſſe em eſto de poer mao que logo fomes freyre ſeu page en ſima do cauallo em que andaua começaſſe de vir rijo pera a vil la bradando ataa caſa de aluoro paez dizendo a altas vozes que acorreβem ao meſtre dauiz que o matauao que entao ſe ſairia elie com os ſeus em maneira de acorro chamando quantos achaſ ſe pelas ruas os quaes ſe iriao co elle de boamente como ouueſſe tal appellido que deſta guiſa juntaria toda a cidade em ſua a juda | Janela_A | [1380] aluoro paez muito talentoſo de ver tal feito a cabado todauia lhe certificaua que ſy nao que elle deſcobriſ ſe a nenhum tal ſegredo mas en tendia como era certo que a nao boa vontadeq as gentes tinhao a rainha ao conde o faria to dos de mouer contra elles como viſſem lugar tempo azado acordarao que pera ſe todo me lhor fazer que tanto que o me ſtre chegaſſe aos paços come çaſſe em eſto de poer mao que logo fomes freyre ſeu page en ſima do cauallo em que andaua começaſſe de vir rijo pera a vil la bradando ataa caſa de aluoro paez dizendo a altas vozes que acorreβem ao meſtre dauiz que o matauao que entao ſe ſairia elie com os ſeus em maneira de acorro chamando quantos achaſ ſe pelas ruas os quaes ſe iriao co elle de boamente como ouueſſe tal appellido que deſta guiſa juntaria toda a cidade em ſua a juda. |
1,380 | outros affirmarao ſua partida por outro modo dſte nos praz mais dizendo que nao embargando que o meſtre ficaſ ſe com aluoro paez de poer em tal feito mao da guiſa que ouuiſ ts que elle ſe receou muyto de pois de o fazer por eſtas ſeguin tes rezoes | Janela_A | [1380] outros affirmarao ſua partida por outro modo dſte nos praz mais dizendo que nao embargando que o meſtre ficaſ ſe com aluoro paez de poer em tal feito mao da guiſa que ouuiſ ts que elle ſe receou muyto de pois de o fazer por eſtas ſeguin tes rezoes. |
1,380 | a primeira porq taes hi ouue com que elle falou que ſe eſcuzarao dello quando o ou ue de per em obra temendoſe da rainha que tinha elrey de caſtella por ſua parte que lhe po dia depois azar ſua deshonra morte ſaluo ſe foy ruy pereira algũs ſeus do meſtre a que el le iſto deſcobriria deshi douidando muito o meſtre da ajuda do po uo ſenao ſeguir como dezia al uoro paez ou a tempo que nao preſtaſſe era poſto em grande pẽ ſamento porem principal ſobre todas era o grao aguardamento de muitos boos fidalgos que ſempre acompanhauao com o conde iohao fernandez tal co mo martim gonçaluez de ataide iohao affonſo pimentel pedro rodriguez da fonſeca fernam affonſo de miranda outros bem trinta eſcudeiros ſeus de cote | Janela_A | [1380] a primeira porq taes hi ouue com que elle falou que ſe eſcuzarao dello quando o ou ue de per em obra temendoſe da rainha que tinha elrey de caſtella por ſua parte que lhe po dia depois azar ſua deshonra morte ſaluo ſe foy ruy pereira algũs ſeus do meſtre a que el le iſto deſcobriria deshi douidando muito o meſtre da ajuda do po uo ſenao ſeguir como dezia al uoro paez ou a tempo que nao preſtaſſe era poſto em grande pẽ ſamento porem principal ſobre todas era o grao aguardamento de muitos boos fidalgos que ſempre acompanhauao com o conde iohao fernandez tal co mo martim gonçaluez de ataide iohao affonſo pimentel pedro rodriguez da fonſeca fernam affonſo de miranda outros bem trinta eſcudeiros ſeus de cote. |
1,380 | como o meſtre tornou a lisboa de que guiſa ma tou ao conde iohao fernadez | Janela_A | [1380] como o meſtre tornou a lisboa de que guiſa ma tou ao conde iohao fernadez. |
1,380 | e m o outro dia pella manham partio o meſtre daquella al dea hu dormira começou dandar ſeu caminho ſem trigança algũa deſacoſtumada | Janela_A | [1380] e m o outro dia pella manham partio o meſtre daquella al dea hu dormira começou dandar ſeu caminho ſem trigança algũa deſacoſtumada. |
1,380 | e no caminho dizem que deſcobrio o meſtre dauiz eſta couſa a alguns dos ſeus | Janela_A | [1380] e no caminho dizem que deſcobrio o meſtre dauiz eſta couſa a alguns dos ſeus. |
1,380 | ao commendador de iuru menha fernao daluarez a lourenço martins de leirea a vaſco lourenço meyrinho a lopo vaſquez que depois foy commendador mor a ruy pereira que o foy receber diſ ſe a hum delles hiuos diante quanto poderdes dizei a al uoro paez que ſe faça preſtes ca eu vou pera fazer aquello que elle ſabe | Janela_A | [1380] ao commendador de iuru menha fernao daluarez a lourenço martins de leirea a vaſco lourenço meyrinho a lopo vaſquez que depois foy commendador mor a ruy pereira que o foy receber diſ ſe a hum delles hiuos diante quanto poderdes dizei a al uoro paez que ſe faça preſtes ca eu vou pera fazer aquello que elle ſabe. |
1,380 | e o eſcudeiro andou a preſ ſa deulhe o recado tor nouſe pera o meſtre onde vinha elle trazia hũa cota veſtida ataavinte conſigo com cotas braçaes eſpadas cintas co mo homens caminheiros chegou ao paço a hora de ter ça ou pouco mais ſem deter porẽ em outra parte | Janela_A | [1380] e o eſcudeiro andou a preſ ſa deulhe o recado tor nouſe pera o meſtre onde vinha elle trazia hũa cota veſtida ataavinte conſigo com cotas braçaes eſpadas cintas co mo homens caminheiros chegou ao paço a hora de ter ça ou pouco mais ſem deter porẽ em outra parte. |
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