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Brasília (Brasil)2019-09-30T21:30:00.000Z
1) O fascismo e o nazismo são doutrinas que não aceitam as diferenças sociais. Para estas doutrinas, toda diferença gera atrito e em todo atrito há perda de energia social. Assim, a sociedade tem que ser completamente homogênea em termos de classe, raça, costumes, religião e etc.
Para o socialismo, a diferença é o motor da história. É somente numa sociedade plural que se manifesta o atrito e o atrito (a luta) é o que move as sociedades em direção a evolução. As diferenças de classe, no entanto, devem ser suprimidas como condição para o socialismo. Contudo, só estas e apenas estas. Todas as outras manifestações de diversidade devem ser preservadas e incentivadas. E já que as condições econômicas não são ontologias humanas, não há nada de problemático em negar esta diversidade.
2) O fascismo e o nazismo glorificam a violência e, em última instância, a guerra. Tanto Hitler, quanto Mussolini, pensavam em mundo "renascido" após a brutalidade da guerra. Segundo eles, é a guerra (a suprema violência) que faz os "fortes emergirem e os fracos perecerem" e, por isto, conduz as sociedades ao seu "destino" de serem superiores. Tomados em microuniversos, a violência dentro da sociedade realiza o mesmo efeito, de "depurar" os fortes e fortalecer os regimes.
O socialismo abomina a violência. Marx escreveu diversas vezes que a revolução se dava no ponto máximo da violência social e somente quando esta violência não era mais suportável pelos desfavorecidos. A violência transformadora da revolução seria pontual, como uma explosão e, então desnecessária. Toda violência extra, necessária para "fazer a revolução acontecer" ou para "manter o poder revolucionário" indicaria que não havia condições materiais para a mudança. A violência, se não fosse um chiste de mudança, indicaria SEMPRE um erro. Ou se haviam adiantado os processos históricos ou não se teria ainda atingido as condições de consciência para a mudança.
3) Por glorificar a violência e abominar a diferença o fascismo e o nazismo trazem como condição lógica de sobrevivência as ditaduras. É o controle do Estado o fim último dos regimes nazi-fascistas. É o Estado que deve coordenar, liderar, aglutinar, coibir, punir e etc.
Por glorificar a diferença e abominar a violência o socialismo traz como condição lógica de sobrevivência uma sociedade politizada em que as divergências sejam resolvidas de forma democrática. A "ditadura do proletariado" seria apenas um período de depuração das reminiscências de classe. Apenas para destruir o sistema econômico capitalista que cria e recriar-se a si mesmo. Este período NÃO É o objetivo do socialismo. No estágio final da mudança socialista, quando o comunismo seria alcançado, o Estado deixaria de existir, pois sua única função, na teoria socialista, seria defender as diferenças de classe. É condição necessária e inafastável a democracia para o socialismo. Democracia, consciência de classe, educação e cultura generalizados.
4) O fascismo e o nazismo vivem em apego ao "tradicional". O que mantém as diferenças entre os homens, o que foi plasmado no tempo e nas culturas é sempre exaltado como algo que "sempre foi assim" e não deve mudar. Desta forma, há uma tensão entre o novo e o velho no fascismo. O novo só é aceito se reverencia, fortalece e se submete ao velho. Isto leva, por exemplo, à glorificação da ciência apenas como bengala tecnológica. Para "tornar a vida melhor" e mais próxima do que "era", sem essencialmente mudar nada.
O socialismo necessita transgredir com o passado. É rompendo com as amarras dos caminhos já trilhados que o socialismo busca uma nova alternativa de sociedade, de economia, de cultura e etc. Isto representa uma busca e incentivo pela mudança EM TODAS AS áreas. A ciência não é apenas medida pelo seu caráter instrumental, mas pela possibilidade de romper com o passado e construir o futuro.
5) O nazismo e o fascismo são necessariamente expansionistas em termos geográficos. Dado que a diferença é algo ruim, toda a expansão do nazismo e do fascismo dependem da tomada de terras, de riquezas naturais, de áreas vitais e pontos estratégicos. Com estes recursos, o regime mobiliza sua força para exterminar o diferente e plasmar a noção autoritária.
O socialismo independe do expansionismo geográfico. O ponto essencial é a formação de consciência nos indivíduos. Já que toda a riqueza advém do trabalho, não é necessário uma mina de ouro, para gerar riqueza, mas trabalhadores conscientes do seu local no processo de produção, no seu tempo histórico e no seu espaço social. Independe de terra e sim de pessoas. O socialismo investe em escolas, ciência, cultura, artes como veículos de transformação social e não em polícia, armas, bombas e etc.
6) O nazismo e o fascismo necessitam do Estado e do nacionalismo. O nacionalismo é vendido como uma série de valores "comuns", mas que de 'comuns' nada têm. O nacionalismo tóxico, como valor etéreo simbolizado por bandeiras, cores, uniformes, cânticos e etc., não remete a qualquer realidade fática na história ou sociedade. É um anseio homogeneizador das elites que busca fazer desaparecer as diferenças sociais pela elevação a mito de narrativas que, na maior parte das vezes, são falsas.
O socialismo denuncia o uso do nacionalismo como combustível da violência e busca a ruptura com os laços ideológicos da diferença por "nação". Todo o homem, nascido em qualquer parte, tem direito às condições materiais que propiciem sua existência. Não se pode negar aos homens os direitos de sua existência porque eles nasceram sob a bandeira de A ou B. Buscando uma noção de sociedade global, o socialismo prega que não deve ser pelo nascimento que ocorre o surgimento das diferenças entre os seres humanos.
7) O nazismo e o fascismo são profundamente capitalistas. Capitalismo NÃO É o mesmo que "livre mercado" ou "liberdade econômica". Capitalismo é a extração e retenção privada da mais valia como um sistema que se reproduz material e ideologicamente baseado na ideia excludente de "propriedade privada dos meios de produção". O capitalismo que o nazi-fascismo defendeu sempre foi um capitalismo de corte nacionalista e que se abjurava o financismo internacional. Mas foi sempre defendendo a propriedade privada, e tornando os trabalhadores dóceis e dominados para aumentar a extração de mais valia que o regime se desenvolveu.
O socialismo se opõe a acumulação privada de recursos e à extração privada de mais valia. Afirma que toda a riqueza é socialmente construída e que o homem é, através de seu trabalho produtivo, o gerador desta riqueza. O sistema socialista não defende o fim da "propriedade privada" (tomados como casa, roupas ou utensílios), mas apenas a propriedade privada que seja usada para extração de mais valia. Posses que não sejam objeto de exploração não são proibidas. Apenas tudo aquilo que gera riqueza o deve fazer em benefício de toda a sociedade e não apenas de um punhado de pessoas.
8) O nazismo e o fascismo possuem PROJETOS POLÍTICOS de extermínio e mudança pela morte. Seja com base no racismo ou seja com base numa superioridade cultural de determinados indivíduos ou sociedades, há um claro projeto de extermínio, um ataque sistemático ao direito de vida de todos os que não compactuam com o regime.
O socialismo tem um projeto político de mudança social e nunca de extermínio. As estruturas econômicas do capitalismo devem ser exterminadas e NÃO os capitalistas ou os trabalhadores que acreditam nestes valores. Isto porque o socialismo advoga a ideia de que a materialidade gera suas explicações ideológicas às quais os homens não tem total possibilidade de rejeitar por serem parte desta formação. A vida é o bem maior a ser preservado e não a propriedade. Os capitalistas devem ser privados de suas posses, de suas ferramentas de dominação e não de seus direitos como seres humanos.
9) O nazismo e o fascismo tem um projeto de futuro inalterado. O futuro é um espaço de manutenção de conservação do mundo "como era no passado". Daí a tara que os fascistas e nazistas têm pelos passados mitificados (a glória dos dias de outrora). O futuro é, pois, o mais parecido possível com este passado glorificado. E pela certeza que "já aconteceu", o fascista tem por certo que "pode voltar a acontecer". Neste sentido, tudo o que apela para um futuro inovador, incerto, diferente e etc. é tratado como subversivo, criminoso e indesejável. E aí entra o ataque à ciência e à educação.
O socialismo desafia os seres humanos a romperem com as amarras do seu passado e buscarem um futuro radicalmente diferente. Assim, tudo o que glorifica, remete, e plasma o passado é considerado indesejável, subversivo e até criminoso. Os olhos e a preocupação das sociedades devem estar voltadas para o futuro. O passado deve ser conhecido como o local onde já se esteve e não se quer voltar.
10) O nazismo e fascismo acolhem TODAS as ferramentas de dominação ideológicas. Da religião à estética, tudo o que pode exercer uma dominação "sem sangue" é utilizado pela exata falácia de dizer-se "não-ideológico". Por esconder que a religião traz ferramentas de dominação de classe, que é ideológica e que recria processos de dominação, o fascismo tenta criar uma ideia de "neutralidade". Assim faz com absolutamente tudo, do nacionalismo aos espaços geográficos e culturais. O objetivo é encobrir os processos de dominação e manter os indivíduos no campo da ignorância. Daí o ataque à política que é a via mais clara de disputa de poder em nossas sociedades.
O socialismo DENUNCIA todas as formas implícitas de luta ideológica. Desde a religião, até o Estado e cultura, tudo é passível de um olhar crítico. Ao mesmo tempo, o socialismo abertamente se reconhece ideológico. É pela transparência das disputas político-ideológicas (e não por escondê-las) que se chega a uma sociedade plural. É a política a ferramenta mais efetiva de resolução dos nossos conflitos de poder. O socialismo diz abertamente que tem lado, que lado é este e quem ele defende. Não esconde que o mundo é um local de disputa por recursos e nem esconde que é violento. Tornar os discursos transparentes em sua ideologia é o caminho do socialismo.
São Paulo (Brasil)2021-09-11T20:04:00.000Z
Historiadoras(es), juristas, sociólogas(os) e pesquisadoras(es) em geral costumam ser insistentes em apontar aspectos importantes normalmente despercebidos de imediato por força da emoção que, via de regra, é propagada entre mentes e corações que protagonizam os mais importantes fatos nos momentos em que a máquina histórica se coloca em movimento. 
Por vezes, não querem ser ouvidos, pois nem sempre apontam causas e consequências que contrariam as explanações mais confortáveis. Mas a passagem do tempo possibilita um certo amadurecimento, bem como o clareamento das visões para análises mais consolidadas e embasadas. 
Como escreveu Isabel Allende em seu livro “A Casa dos Espíritos” ao descrever as conclusões de uma personagem que retratava uma jovem presa e torturada pela ditadura chilena, é preciso que a relação entre os fatos seja compreendida. A data de 11 de setembro é significativa quanto às lições que se pode tirar a partir de um estudo que considere exatamente a conexão entre os acontecimentos que dela decorrem.
Em 11 de setembro de 1973 os militares, comandados pelo General Augusto Pinochet cercaram e bombardearam o Palácio de La Moneda, sede do governo democraticamente eleito pelo povo chileno e que conduziu o socialista Salvador Allende ao poder. As cenas do bombardeio e do ataque são dramáticas e podem ser vistas nas redes sociais, em fotos e vídeos históricos. 
Allende, munido de um espírito de estadista, raro de ser encontrado nos dias que correm, opta por permanecer e defender o Palácio e a democracia com armas em punho e acompanhado de um grupo leal ao Presidente. O que se seguiu foi uma ditadura violenta responsável por milhares de crimes lesa-humanidade, com mais de 3 mil mortos ou desaparecidos, milhares de prisioneiros desaparecidos e cerca de 200 mil chilenos exilados. 
Além disso, modelou o Chile atual que, apenas recentemente, elegeu uma nova constituinte para escrever sua nova Constituição, revogando assim o texto ditatorial do período Pinochet, aprovado por meio de plebiscito em 11 de setembro de 1980 (notem aí mais uma vez a data com seus significados) e que entrou em vigência em 11 de março de 1990.
Importante também lembrarmos que em 16 de outubro de 1998, por ordem do juiz espanhol Baltazar Garzón, o ditador Pinochet em tratamento de saúde na London Clinic, no bairro de Marylebone, recebeu a visita do agente Andrew Hewitt (Scotland Yard) e que lhe deu voz de prisão, em cumprimento à ordem do referido magistrado. Tal fato é hoje um case estudado nas Escolas de Direito de todo o mundo, especialmente importante também para o desenvolvimento do Direito Penal Internacional e a conscientização acerca da inaceitabilidade do argumento da imunidade diplomática e de chefes de Estado para que um .acusado pelos crimes internacionais se veja isento de punição. 
A ditadura chilena, sabe-se hoje, foi instaurada por um golpe de Estado apoiado pela Central Americana de Inteligência (CIA), sob o contexto da bipolaridade da guerra fria. Ainda mais, tal como revelado há poucos dias, a Austrália enviou espiões ao Chile, que lá abriram escritório de apoio à CIA na interferência e derrubada do governo legítimo de Salvador Allende. 
Os memoriais hoje existentes no Chile e a interferência da CIA na consolidação de um regime sustentado sobre crimes contra a humanidade demonstra como a liberdade e a soberania de um povo que democraticamente escolhera seus representantes era comumente destruída mediante apoio de potências ditas “democráticas” e defensoras da liberdade, tal como ocorrera nove anos antes, no Brasil, como demonstra o documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, de Camilo Tavares (2013).
O legado autoritário ainda permanece no Chile, com a repressão violenta às atuais manifestações de um povo que busca justiça social. Ainda assim, presidida por uma mulher originária da nação indígenas Mapuche (filhos da terra), a nova constituinte chilena deverá legar um texto magno que simbolizará a ruptura com o regime de Pinochet que, como noticiado pela imprensa mundial, enriqueceu com desvio de cerca de 17 milhões de dólares durante sua ditadura, enviados ao exterior.
Vinte e oito anos depois, o mundo se viu aterrorizado pelos terríveis atentados contra os símbolos econômico e militar da potência mais poderosa, à época, no mundo, concretizados na destruição do World Trade Center (WTC) em Nova York e do Pentágono, em Washington D.C.
Os terroristas da Al-Qaeda, apoiados pelo regime Talibã somente não lograram êxito no ataque ao símbolo político dos EUA, qual seja, o Capitólio, que seria também um dos alvos, porque as/os passageiros do voo United 93 decidiram se sacrificar ao tentar dominar a aeronave ou, na pior das hipóteses, derrubá-la ao atacarem a cabine do avião, então sob a posse dos terroristas. Afinal, tombaram com a queda do voo no Condado de Somerset County, Pennsylvania, evitando que o Congresso Americano fosse alcançado na tentativa de ataque terrorista.
As consequências do maior ataque terrorista da história, para o mundo, até hoje se fazem sentir em face das decisões erradas adotadas pelo então Presidente George Bush e sua administração. Iniciada a guerra do Afeganistão em 2001 para derrotar os Talibãs que abrigavam - e se recusaram a entregar aos EUA - o líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden, com o tempo, os erros dos EUA começaram a surgir. 
Recorde-se que a guerra contra ao Afeganistão foi chancelada pelas Nações Unidas e pela OTAN. Logo os talibãs estavam afastados do Poder, mediante apoio dos EUA à Aliança do Norte, grupo que combatia o regime Talibã, além da invasão direta do país pelas tropas norte-americanas.
Entretanto, em 2003 foi lançada a guerra contra o Iraque - cujo regime não guardava qualquer relação com os autores do atentado de 11.9.2001 - além de ter sido justificada em razões falsamente apresentadas pelo governo Bush (por exemplo, armas de destruição em massa nunca encontradas), informação obtida após intensas torturas praticadas contra prisioneiros detidos na prisão de Guantánamo.
A decisão reduziu tropas no Afeganistão, efetivamente desencadeou um autêntico “estado de exceção” (ausência do Estado de Direito e do devido processo legal) no mundo, que passou a vigorar sob a visão da famigerada “guerra ao terror”.
As imagens das torturas cometidas pelas forças armadas norte-americanas nas prisões de Guantánamo (Cuba) e de Abu Ghraib (Iraque), até hoje assombram quem as vê; muitas das vítimas torturadas eram camponeses pobres destes países invadidos pela coalizão ocidental, detidos sem qualquer acusação formal, alijados da proteção das Leis de Genebra, com fundamento em pareceres de autoria dos advogados do governo Bush. Dir-se-ia que Guantánamo não era um “lugar”, mas um “conceito”. 
No plano jurídico, o Patriotic Act oficializava poderes ilimitados a George Bush e sua equipe que pouco se importaram com a Constituição norte-americana. As tais "técnicas avançadas de interrogatório" consistiram em tortura e barbárie, pura e simples. Centenas de inocentes foram torturados, conforme demonstra o relatório apresentado pela Senadora norte-americana Dianne Feinstein, em 9 de dezembro de 2014.
O Direito e a liberdade encontraram seu epitáfio por meio de uma resolução com 60 palavras: “.o Presidente está autorizado a usar toda força necessária e apropriada contra aquelas nações, organizações ou pessoas que ele determinar ter planejado, autorizado, engajado ou ajudado nos ataques terroristas que ocorreram em 11 de setembro de 2001, ou que tenham abrigado tais organizações ou pessoas, com fim de prevenir futuros atos de terrorismo internacional por tais nações, organizações ou pessoas”.
Na ocasião, apenas uma pessoa se manifestou e votou contra: a congressista Barbara Lee, a primeira chearleader negra na história do país, que dizia: ".é um cheque em branco.". Acostumada a lutar contra o racismo nos EUA, desde criança, não tinha medo da impopularidade. Foi ameaçada de morte centenas de vezes por seu posicionamento, à época chamada de traidora.
A frase ".usar toda força apropriada e necessária.” selaria o destino de milhões de pessoas inocentes que viriam a perecer nas guerras do Afeganistão e do Iraque; nos centros de tortura clandestinos espalhados por vários países, muitas que não guardavam qualquer relação com os atentados tão terríveis e cruéis de 11.9.2001.
O desfecho, já conhecemos: a violência retornou atualmente ao Iraque e o Talibã, identificado já em 11.9.2001 como parceiro da Al-Qaeda, retorna vitorioso ao Poder no Afeganistão, inclusive mantendo certa relação com os EUA e inaugurando uma nova era de incertezas sobre o renascimento do terrorismo internacional e de certezas sobre o triste destino que aguarda suas mulheres, que já foram livres antes no período que precedeu a invasão soviética o país e ao longo do vinte anos de presença ocidental.
É este o ponto central cuja atenção desejo provocar: os talibãs (estudantes) têm origem na resistência armada religiosa islâmica denominada Mujahedin, treinados, armados e apoiados com armamentos que fizeram a diferença na guerra contra o Exército Vermelho entre 1979 e 1988, exatamente pelos Estados Unidos. Osama Bin Laden foi também apoiado pelos Estados Unidos neste contexto. 
O que os Estados Unidos e o Ocidente não consideraram foi o processo de radicalização em algumas escolas islâmicas que recebiam crianças e jovens empobrecidos e marcados pelas guerras na região, denominada Madrassas, algumas localizadas no Paquistão. 
É importante notar que a data de 11 de setembro, tanto no caso chileno, quanto norte-americano, é marcada pelo terrorismo como elemento comum: no Chile de Pinochet, pelo terrorismo de Estado, a primeira espécie que surge na história da humanidade com a Revolução Francesa (1789) e período no qual o termo terrorismo foi cunhado; no contexto dos ataques aos EUA em 2001, pelo terrorismo islâmico de orientação sunita e wahabista. 
Mas em ambas as situações históricas, tanto no golpe contra Salvador Allende, quanto no fortalecimento dos Mujahideen, dos Talibãs e da própria Al-Qaeda, a iniciativa norte-americana foi fundamental.
Ainda pior, retorna-se a um cenário de exceção e de terrorismo de Estado, tanto no plano internacional quando no âmbito doméstico norte-americano, com o desencadeamento da “guerra ao terror”, que torturou e matou; que ainda mantém detidos em Guantánamo, por vinte anos, sem julgamento.
Não se pode subverter o Estado de Direito e o devido processo legal. O resultado jamais é bom. A democracia e a liberdade, atualmente, encontram-se restringidas. Retornando ao ponto inicial deste artigo, é preciso entender a relação entre os fatos históricos, para compreender as razões de sermos, atualmente, mais vigiados e por vivermos mais sob o medo. Não se pode abrir mão do Estado de Direito em momentos de dor e forte emoção. A história não tarda em apresentar a conta. 
Como recitou o Reverendo afro-americano Nathan Baxter, então antigo Reitor da “Washington National Cathedral”, 3 dias após os atentados, em cerimônia de homenagem às vítimas do 11/9: Que enquanto nós agirmos, não nos tornemos o mal que deploramos. 
2018-09-10T18:45:00.000Z
Breno Altman, fundador de Opera Mundi, apresenta: Como fica o país após o ataque a Bolsonaro?
Candidato neofascista sofre agressão a faca. O culpado pode ter algum desequilíbrio mental. Ultradireita busca tirar proveito eleitoral e se mobiliza. Brasil em transe. Quais os reflexos sobre as eleições?
2018-09-05T17:46:15.000Z
Breno Altman, fundador de Opera Mundi, apresenta: como o sistema judicial se voltou contra o PT?A crítica petista ao modelo político dos Estados socialistas e a defesa do republicanismo. O empoderamento do Ministério Público e da PF durante os governos Lula e Dilma. A Lei da Ficha Limpa e demais atos contra corrupção. O fracasso da reforma do Poder Judiciário. As indicações para o STF e a hegemonia antipetista.
2018-08-22T15:38:00.000Z
Dia 21 de agosto de 1968: tropas soviéticas intervém na Tcheco-Eslováquia. Acaba o chamado “socialismo com rosto humano”. O que era essa experiência? Por que Moscou interveio?
Breno Altman, fundador de Opera Mundi, apresenta: O que foi a Primavera de Praga?
São Paulo (Brasil)2020-03-31T22:00:00.000Z
Nesta segunda (30/03), o Ministério da Defesa não se conteve em soltar uma nota sobre o dia de hoje (31/03), aniversário do golpe de 1964. Na nota, o general da reserva que a assina, Fernando de Azevedo, explicita o caráter democrático do “movimento de 64”, principalmente pelo que ele, em teoria, teria evitado. O presidente Bolsonaro chamou a data de “dia da liberdade”, enquanto seu vice, General Mourão, disse em seu Twitter que o golpe trouxe as reformas que desenvolveram o Brasil.
Não há necessidade de entrar em detalhes sobre como a ditadura militar brasileira foi, sim, um período de violência, censura, cerceamento democrático e atraso para o desenvolvimento do país. Não faltam boas referências, ainda mais desde o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando nosso atual presidente fez questão de colocar o tema na boca do povo novamente, ao elogiar um torturador. 
Nos jornais e nos livros, as provas são extensas. Você talvez até vá encontrar hoje e amanhã menções sobre os 40 mil casos de meningite em São Paulo durante o governo Médici, abafado pelo Estado, em paralelo à situação que vivemos hoje. 
A questão é que em uma disputa de narrativa tal como temos hoje, as evidências, por mais numerosas, são insuficientes. O negacionismo do caráter criminoso da ditadura militar ganha força e se torna uma opinião válida contra fatos históricos e ganha força nas decisões governamentais de, por exemplo, interferir na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. 
Contra esses ataques, apenas com uma memória coletiva forte é possível o resgate da verdade, mas nós não podemos contar com isso no Brasil. Apesar das incansáveis lutar de diversas organizações, o discurso hegemônico é, se não negacionista, brando. Além disso, e talvez mais importante, é como falar sobre uma ditadura que assassinou (oficialmente) 434 pessoas, de acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), quando em 2019 a morte nas mãos de policiais bateu 1.546 assassinatos apenas no estado do Rio de Janeiro.
A questão é que há relações muito estreitas entre a violência estatal hoje e aquela instaurada pela ditadura militar. Polícia militar, milícias, prisões ilegais, tortura, perseguição a populações indígenas e fraudes de atestado de óbitos são algumas das práticas aperfeiçoadas pela ditadura e que sobrevivem até 2020. Isso quer dizer que falar sobre ditadura militar é falar sobre violência policial, genocídio da população negra, encarceramento em massa e diversas problemáticas da segurança pública. 
A disputa da memória da ditadura militar é necessária para a construção da memória da violência hoje e para a luta pelas mudanças que precisamos que ocorram. Não uma luta apenas pela História nacional, e aí reside sua importância.
É preciso, como sociedade, fortalecer as instituições que lutam pela construção da memória da violência da ditadura e da democracia, com foco especial nas vozes das vítimas e dos estudiosos que se debruçam sobre o tema. 
É revigorante ver a sociedade se movimentando nesse sentido. Há, por exemplo, o Movimentos Mães de Maio e, mais recentemente, o Instituto Marielle Franco, que representam parte dessa luta. Só assim podemos ter uma compreensão ampla da nossa realidade e saber como buscar as mudanças que sabemos ser necessárias.
São Paulo (Brasil)2020-04-27T20:25:00.000Z
São Paulo (Brasil)2019-12-05T15:20:00.000Z
O trecho abaixo é o prefácio feito por Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois, para o livro China - Socialismo e desenvolvimento, de Elias Jabbour (Anita Garibaldi, R$49,00).
Elias Jabbour expõe nesta edição uma agenda de pesquisas, um roteiro de seu trabalho atual referente à questão na qual se empenha, relativa à Nova Formação Econômico-Social na China contemporânea. Nesse sentido, sua atividade exploratória tem origem em duas obras focadas nas reformas introduzidas por Deng Xiaoping, a partir de 1978, que se desenvolve nesses últimos quarenta anos: China hoje: Projeto nacional, desenvolvimento e socialismo de mercado (Anita Garibaldi/EDUEPB, 2012) e China: infraestruturas e crescimento econômico (Anita Garibaldi, 2006).
São cada vez mais exigentes e candentes o estudo e a pesquisa empírica do que vem ocorrendo desde a promulgação da República Popular da China há sete décadas. Uma discussão que se estende e galvaniza atenção crescente de acadêmicos, economistas, cientistas, amantes do progresso social.   
Elias Jabbour vem se dedicando nesses últimos 25 anos ao estudo do que se passa nesse gigantesco país asiático. E, como ele o observa, não se trata de um simples “milagre” ou uma “casualidade”, mas como “parte da história da civilização humana”, como uma rica experiência de transformação econômico-social de nosso tempo, que vai além desse significativo desempenho. Eleva a China ao âmbito de uma grande potência mundial, prevendo tornar-se, em mais uma década, a maior economia do mundo, sendo essa a dimensão do que está em tela no estonteante curso mudancista nesse extenso país e o mais populoso do planeta.
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Esse processo de transformação inaudita da China, no contexto global de mudanças de vulto, define um balanço de forças em movimento: tendência de um declínio relativo da hegemonia dos EUA e ascenso de novos polos de poder, primordialmente da China, e crescente multipolarização. Assim se atinge uma nova etapa histórica no sistema internacional marcada por um acirramento da disputa pela hegemonia mundial entre as duas grandes potências, EUA e China. É aparente a intensa guerra comercial em curso, sendo o centro real da disputa a conquista do predomínio tecnológico da nova era.
Elias, em seu estudo, vai adiante, acentua uma dimensão maior do curso histórico em movimento na China, a perspectiva perseguida pelo Partido Comunista da China, tendo como caminho, da sua Revolução Nacional-Popular, iniciada há 70 anos, a construção da sociedade socialista moderna e avançada, prevista em termos de longo prazo – na sequência efetiva dos seus Ciclos Decenais –, para ser alcançada em 2049, após cem anos da proclamação da República Popular da China. Desse modo, trata-se do que é escasso em nossa época: a esperança de uma nova sociedade, uma alternativa concreta que pode estar em andamento na China. “Se observamos o socialismo como o futuro historicamente construído, não se trata de exagero titular a presente experiência chinesa como um marco fundamental da história humana”.  
Acredito que a questão nodal de nossa época, já na segunda década do século XXI, é a refrega por uma alternativa ante a continuidade do capitalismo, que se debate em uma crise estrutural, ao cabo de seus 600 anos na cena da história, ancièn regime de nosso tempo; por outro lado, o mais decisivo, uma definição da alternativa para se superar o capitalismo e o descortinar do avanço civilizacional no curso atual da história, nos marcos de uma nova luta pelo socialismo, sendo concretizada por uma nova formação econômico-social, com seu advento político.
Quanto ao capitalismo contemporâneo, o fato é que, nos marcos do sistema, ele não conseguiu superar a grande crise iniciada em 2007-2008. O problema de fundo é que esse sistema vive uma crise estrutural, porquanto falta uma solução estrutural para resolvê-la que, por sua vez, aumenta a crise social que acirra a disputa política, projetando saídas imediatas para soluções autoritárias, neofascistas, resultando num aprofundamento do impasse de caráter sistêmico. Em tais situações, exemplificadas pela história, as saídas de fato aconteceram pela via transformadora, revolucionária.
A luta pelo socialismo e sua construção irrompe desde o início do século XX em sociedades capitalistas relativamente atrasadas. Este é o caso da China que contava inclusive com regiões onde prevaleciam uma relação de produção pré-capitalista. Na atualidade, sua experiência se distancia do “modelo soviético” de um período excepcional, abrindo o caminho na transição socialista, incorporando formas contemporâneas.
Elias Jabbour salienta no exemplo chinês, quando o processo se acelera a partir das reformas de 1978, a adoção de uma combinação do desenvolvimentismo de tipo asiático em fusão com o Estado revolucionário fundado em 1949.    
No desbravar do que seja a alternativa chinesa – a experiência socialista recente e as dinâmicas do Estado desenvolvimentista –, Elias soube reunir talentosos parceiros – dentro e fora do país, economistas marxistas e keynesianos – e buscar nos “clássicos do desenvolvimento” destrinchar o peculiar “socialismo de mercado” como uma Nova Formação Econômico-Social (NFES); “tema de fronteira” que está no centro de grande parte de seus artigos exploratórios. Essa nova formação econômico-social, no desenvolvimento do seu estudo, tem na sua complexidade o principal atributo, “pois se ocupa de uma formação marcada pela convivência de diferentes estruturas/formações sociais”.
Fora disso o processo chinês incorre em formulações que podem ser vistas de forma estática, instantânea, modelar, como uma simples “restauração capitalista” ou um “capitalismo de Estado”. Desse modo não dá conta da distinta formação econômico-social em evolução, da abordagem dos fenômenos com suas singularidades e da sua relação com o processo histórico do capitalismo financeirizado e do rápido avanço tecnológico.
A China na complexidade de sua formação econômico-social, oriunda do seu nível primário de desenvolvimento, determinou como sua principal tarefa o crescimento das forças produtivas, colocou o socialismo com suas próprias características na vanguarda do processo de desenvolvimento e crescimento na época em que vivemos. O seu Estado é conduzido por forças políticas e sociais que desde a instauração da República Popular mantém a perspectiva socialista e se instrui na base teórica do marxismo.
O trabalho exploratório de Elias e parceiros, nessa relevante empreitada, situa na experiência chinesa o curso dos ciclos decenais em movimento e inovações institucionais necessárias. Dessa dinâmica desponta uma poderosa estrutura estatal constituída por grandes corporações empresariais e financeiras, em lugares-chave da economia e da sociedade; a rápida incorporação de inovações tecnológicas tem permitido o surgimento de novas e superiores formas de planificação econômica, dando nitidez ao rumo estabelecido.
A sua coragem de pensar e perscrutar, como ele afirma, baseada nos clássicos do materialismo histórico e no leito da heterodoxia econômica leva-o a uma ousada agenda de pesquisa sobre a China, quando ele assevera: “O controle crescente, por parte do Estado [chinês] dos fluxos nacionais de renda, desde 2012 dá forma à face da Nova Formação Econômico-Social que surge e que poderá conceber o próximo modo de produção dominante na esfera mundial”.
Hoje Elias Jabbour é um estudioso persistente, dedicado a um trabalho meritório, que tem um papel relevante na linha de pesquisa da Fundação Maurício Grabois para os dois grandes temas de nossa época: 1) as tendências do capitalismo contemporâneo; e 2) a conformação do socialismo contemporâneo nas experiências revolucionárias remanescentes do século passado, sobretudo o exemplo mais avançado que vem sendo desenvolvido na República Popular da China.  
São Carlos (Brasil)2020-05-10T14:30:00.000Z
Tem sido lugar comum entre os críticos de Bolsonaro apontar sua impressionante falta de empatia, aquela capacidade de sentir o sofrimento alheio e com ele solidarizar-se que, para muitos, é o que distinguiria os seres humanos de bestas feras.
De fato, quando o Brasil caminha célere para ser o campeão mundial de contaminações e mortes por covid-19, condição mal disfarçada pela evidente (e deliberada?) subnotificação, não se teve até agora nenhuma, repito, nenhuma manifestação presidencial de solidariedade ou pesar às vítimas ou a seus familiares. Só um retumbante: E daí?
Mas as últimas semanas tem mostrado a quem queira ver que a total falta de empatia, não é um atributo individual do capitão. Ela é a expressão da maneira como enxergam as vidas humanas aqueles a quem ele serve: os empresários e rentistas, os ricos, aquele 1% da população que draga uma parcela cada vez maior da riqueza do segundo país mais desigual do planeta.
Não é mais uma questão ideológica, nem uma discussão sobre mérito, nem um debate abstrato sobre a igualdade. É a face crua dos fatos e a desfaçatez das declarações daqueles que estão acima dos seres humanos comuns, que trabalham para por alguma comida na mesa da família e aqueles que nem mesmo isso conseguem fazer.
Semanas atrás o dono da Madero previa que chegaríamos a 7 mil mortos e tudo bem. Pouco depois Jorge Paulo Lemman, o segundo brasileiro mais rico do mundo, confessava que as crises são oportunidade para ganhar mais dinheiro. Semana passada veio o jovem presidente da XP Investimentos nos tranquilizar porque o pior da curva de contaminação e óbitos já havia passado. para os ricos.
Nesta semana descobrimos que um rico empresário do Pará, estado com o sistema de saúde colapsado, paga 120 mil reais de aluguel de um jatinho equipado com UTI para vir ser atendido em São Paulo num dos hospitais da elite.
Agora é o presidente que leva representantes de 15 setores industriais, ao Supremo Tribunal Federal para pressionar pelo fim do isolamento social porque senão, “haverá morte de CNPJs”.
Isso mesmo, meu caro leitor, não importa sua filiação política, nem o que você acha de Bolsonaro ou Moro ou Lula ou o centrão. Os donos do dinheiro é que mantém o capitão lá para acabar com seus direitos. E agora para deixar claro que sua vida e a de seus familiares não valem nada.
A menos que você tenha 120 mil reais para pagar um jatinho que o leve aos hospitais mais caros. Se for este o caso, acho que você não deve perder seu precioso tempo lendo esta coluna.
*Carlos Ferreira Martins é Professor Titular do IAU-USP São Carlos.
2018-09-21T20:00:00.000Z

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Cada pasta dentro do arquivo "artigos-extraidos.zip" contém os artigos em sí, porém não limpos.

O arquivo "br-news-prototype-dataset.json" é um json contendo todos os artigos concatenados e separados em chunks que foram utilizados para treinar a ultima versão do modelo "br-news-prototype" criada no dia 16/09/2023.

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