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40 – Ao A. competia, enquanto coordenador: Comunicar ao seu corpo docente a as datas das frequências; Pedir documentação pessoal e relativa ao curso, aos docentes; Dar instruções sobre os elementos a exigir aos alunos, 4-A - No ano de 2016 foi dito ao Autor para escolher um monitor para as aulas de ... que lecionava. |
4 A Ré tinha um Regulamento de Avaliação do Desempenho dos seus docentes. |
4-A –Por indicação da coordenação pedagógica do Departamento de ... da Universidade, o A. era sujeito a uma avaliação feita pelos alunos e efetuava também autoavaliação. |
4 Ao A., e aos docentes da Ré, nunca foi instaurado qualquer processo disciplinar. |
4 Ao A. era marcada falta, sempre que não lecionava uma aula na hora marcada ou não comparecia a um exame. |
4 Este controlo era feito através do registo dos sumários numa plataforma digital. |
4 Eliminado. |
4-A – Sempre que faltava a Ré exigia que o Autor justificasse a falta, em formulário próprio, sob pena de lhe ser marcada uma falta injustificada que lhe seria descontada no vencimento 4 As aulas apenas poderiam ser substituídas ou transferidas mediante "autorização da respetiva Direção de Curso”. |
4 À remuneração acrescia sempre um valor pago a título de subsídio de férias e de Natal. |
47-A. |
O pagamento destes subsídios era feito com atrasos e em parcelas. |
4-B - A retribuição era paga em 12 prestações mensais, incluindo os períodos em que a ULP se encontrava encerrada para férias e em que o Autor normalmente não prestava trabalho letivo, tal como acontecia nomeadamente no mês de agosto. |
4 Ao Autor, foram pagos pela Ré, os seguintes valores: Ano Mês /Subsídios Valor Documento 2000 Março 1648,75 € 242 Sub. |
Natal 118,46 € 243 Abril 1648,75 € 244 Maio 1648,75 € 245 Junho 1648,75 € 246 Julho 1648,75 € 247 Agosto 1648,75 € 248 Setembro 1648,75 € 249 Sub. |
de férias 1648,75 € 250 Outubro 1125,29 € 251 Novembro 1125,29 € 252 Dezembro 1125,29 € 253 2001 Janeiro 1125,29 € 254 Fevereiro 1125,29 € 238 Março 1125,29 € 239 Sub. |
Natal 2185,70 € 255 Abril 1125,29 € 240 Maio 1125,29 € 256 Junho 1125,29 € 257 Julho 1125,29 € 258 Sub. |
de férias 11229 € 259 Agosto 1125,29 € 260 Setembro 1125,29 € 261 Outubro 1747,79 € 262 Novembro 1747,68 € 263 Dezembro 1747,68 € 264 2002 Janeiro 1747,68 € 265 Sub. |
Natal 2403,18 € 266 Fevereiro 1747,68 € 267 Março 1747,68 € 268 Junho 1747,68 € 269 2005 Fevereiro 2912,80 € 270 Sub. |
Natal 2439,47 € 271 Março 2621,52 € 272 Abril 2621,52 € 273 Maio 2621,52 € 274 Junho 2621,52 € 275 Julho 2621,52 € 276 Agosto 2767,16 € 277 Sub. |
de férias 2767,16 € 278 Setembro 2767,16 € 279 Outubro 1747,68 € 280 Novembro 1747,68 € 281 Dezembro 1747,68 € 282 2007 Dezembro 1168,00 € 283 2008 Janeiro 1168,00 € 284 Fevereiro 1168,00 € 285 Sub. |
Natal 292,00 € 286 Abril 1168,00 € 287 Maio 1168,00 € 288 Junho 1168,00 € 289 Julho 1168,00 € 290 Sub. |
de férias 1168,00 € 291 Agosto 1168,00 € 291 Setembro 1168,00 € 292 Outubro 2628,00 € 293 Novembro 2628,00 € 294 Dezembro 2628,00 € 295 2009 Sub. |
Natal 1533,00 € 296 Janeiro 2628,00 € 297 Fevereiro 2628,00 € 298 Março 2628,00 € 299 Abril 2628,00 € 300 Maio 2628,00 € 301 Junho 2628,00 € 302 Julho 2628,00 € 303 Sub. |
de férias 2628,00 € 304 Agosto 2628,00 € 304 Setembro 2628,00 € 305 Outubro 3504,00 € 306 Novembro 3504,00 € 307 Dezembro 3504,00 € 308 2010 Subs. |
Natal 2847,00 € 309 Janeiro 3504,00 € 309 Fevereiro 3504,00 € 310 Março 3504,00 € 311 Abril 3504,00 € 312 Maio 3504,00 € 313 Junho 3504,00 € 314 Julho 3504,00 € 315 Subs. |
Férias 3504,00 € 316 Agosto 3504,00 € 316 Setembro 3504,00 € 317 Outubro 2920,00 € 318 Novembro 2920,00 € 319 Dezembro 2920,00 € 320 2011 Subs. |
Natal 3358,00 € 321 Janeiro 2920,00 € 321 Fevereiro 2920,00 € 322 Março 4560,00 € 323 Abril 4560,00 € 324 Maio 4560,00 € 325 Junho 4560,00 € 326 Julho 4560,00 € 327 Agosto 3740,00 € 328 Setembro 3740,00 € 329 Outubro 2920,00 € 330 Novembro 1946,67 € 331 Dezembro 2433,33 € 332 2012 Janeiro 2920,00 € 333 Fevereiro 2920,00 € 334 Março 2628,00 € 335 Abril 2628,00 € 336 Maio 2628,00 € 337 Junho 2628,00 € 338 Julho 2628,00 € 339 Agosto 2628,00 € 340 Setembro 2628,00 € 341 Outubro 2628,00 € 342 Novembro 2628,00 € 343 Dezembro 2628,00 € 344 2013 Janeiro 2628,00 € 345 Fevereiro 2628,00 € 346 Março 2628,00 € 347 Abril 2628,00 € 348 Maio 1422,00 € 349 Junho 1476,00 € 350 Julho 1476,00 € 351 Agosto 2277,00 € 352 Setembro 2277,00 € 353 Outubro 2277,00 € 2014 Outubro 1443,84 € 354 2015 Setembro 2505,60 € 355 Outubro 2505,60 € 356 Novembro 2505,60 € 357 Dezembro 2505,60 € 358 2016 Janeiro 2505,60 € 359 Fevereiro 2505,60 € 360 Março 2505,60 € 361 Abril 2505,60 € 362 Maio 2505,60 € 363 Junho 2505,60 € 364 Julho 2505,60 € 365 Agosto 2505,60 € 366 Subs. |
Férias 2771,04 € 367 Setembro 2277,00 € 368 Outubro 1040,00 € 369 Novembro 1040,00 € 370 Dezembro 1040,00 € 371 2017 Janeiro 1040,00 € 372 Fevereiro 2088,00 € 373 Março 2088,00 € 374 Abril 2088,00 € 375 Maio 2088,00 € 376 Junho 2088,00 € 377 Julho 1564,00 € 378 Agosto 1564,00 € 379 4-A - Após o primeiro ano do contrato, a Ré, de forma unilateral e sem o consentimento do Autor, fez variar a sua remuneração nos termos relatados no facto 4 e afirmava que o pagamento era feito segundo uma tabela própria. |
4-B - A Ré nunca informou o Autor qual seria a tabela ou valor/hora que lhe era pago, nem qual era a alegada formula de cálculo. |
4-- Em março de 2012, a R. procedeu ao corte de 10% dos vencimentos dos docentes. |
4-- Corte este que foi aplicado à remuneração do Autor. |
4-E - Sob o assunto "Reunião com o Exmo. |
Sr. |
Professor Doutor GG, e memorando para despacho”, o A. enviou em 05 de dezembro de 2014, ao Sr. ... da COFAC, Professor Doutor GG, um e-mail com o seguinte teor: «No seguimento da nossa reunião de hoje, junto o memorando que me pediu para redigir, relatando a nossa reunião, para que o possa informar e enviar ao serviço competente: Exmo. |
Sr. ... da COFAC Professor Doutor GG. |
Eu AA, Professor Doutor, sou docente do curso de ... da Universidade Lusófona desde 18 de Outubro de 1999, 15 com a categoria académica de Professor Catedrático Convidado, em regime de tempo integral. |
Tenho apoiado as distintas direções do Curso de ... ao longo de todos estes anos. |
Este semestre foi-me atribuída uma turma noturna a qual tem hoje 13 alunos inscritos. |
Verifiquei uma forte redução no salário e indagando junto à tesouraria explicaram-me que a redução tem a ver com o número de alunos inscritos. |
Venho pedir que despache o assunto junto ao departamento competente, para que seja reposto o meu salário de acordo o que foi combinado entre nós quando dar aulas para esta instituição deixando outras nomeadamente a Universidade ..., para me dedicar em exclusivo a lecionar nesta casa que tanto prezo, e onde pretendo continuar a lecionar. |
Fico à espera de um e-mail dos serviços competentes em que me informem que resolveram este problema. |
Com os meus melhores cumprimentos» 4-F - Sob o assunto "Atribuição de turmas”, o A. enviou em 21 de janeiro de 2015, ao Sr. Diretor do Curso de ... da ULHT, Universidade Lusófona de Humanidades de Tecnologias de Lisboa, Professor Doutor FF, um e-mail com o seguinte teor: «Por me ter sido pedido pelo Departamento de Recursos Humanos da ULHT de Lisboa redigi o seguinte e-mail. |
Após ter verificado uma redução no meu salário como professor na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, falei com os recursos humanos da ULHT para esclarecer o assunto. |
Posteriormente estive reunido com o Exmo. |
... da COFAC o Sr. |
Professor Doutor GG a 5 de dezembro de 2014, sobre o mesmo assunto, da qual enviei para a administração da COFAC, um memorando da reunião no próprio dia, a pedido do Exmo. |
... da COFAC o Sr. |
Professor Doutor GG. |
Como resultado desta reunião recebi duas chamadas telefónicas do Departamento de Recursos Humanos da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa na pessoa da Dra HH que tiveram lugar dias 16 e 21 de janeiro de 2015, Nessas conversas foi-me transmitido que por decisão do Exmo. |
... da COFAC o Sr. |
Professor Doutor GG me seria reposto o vencimento pelo valor hora com ele acordado em 1999 quando iniciei a docência na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa. |
Não se aplicando no meu caso a redução de salário indexada ao número de alunos. |
Foi me também pedido pela Dra HH que informasse a Direção do Curso de ... que por decisão da Administração não me fosse atribuído serviço docente em turmas com número de alunos estimado inferior a 12 resolvendo assim de uma forma simples esta questão. |
Com os meus melhores cumprimentos Saudações académias. |
AA ....» 4-G - A R. não respondeu a estas reclamações. |
4 A Ré, aos valores entregues ao Autor, sempre procedeu aos descontos para efeitos de IRS, a título de trabalho dependente, bem como aos descontos para a Caixa Geral de Aposentações. |
4- A- Até julho de 2008 a Ré fez constar dos recibos de vencimento do A. a existência de um contrato de seguro de acidentes de trabalho com a Companhia de Seguros Generali, com a apólice ...59 5 No dia 31/07/2017, a Ré enviou ao Autor uma carta, comunicando-lhe a cessação do vínculo de docência, com efeitos a partir de 30/09/201 5 Em consequência, desde esta data, até ao presente, não foi atribuído ao Autor qualquer serviço, tendo-lhe sido retiradas todas as suas restantes funções. |
5 Em consequência a Ré deixou de lhe pagar remunerações. |
5 Face a esta situação o Autor solicitou à Ré, que lhe entregou, a "Declaração de Situação de Desemprego”. |
5 Tendo a Ré assinalado, no campo "motivos da cessação do contrato de trabalho”, a "iniciativa do empregador”, por "Cessação de comissão de serviço ou situação equiparada, quando não subsista um contrato de trabalho”. |
B) Fundamentação de Direito: Nas suas conclusões, a recorrente suscita as seguintes questões que cumpre solucionar: - Se devem ser eliminados os pontos 7, 37-A, 37-B, 47 e 47-A dos factos assentes por conterem conceitos de direito; - Se existe contradição entre os factos 6 e 47B dos factos assentes; - Se a relação entre Autor e Ré constitui um contrato de trabalho ou de prestação de serviços; - Caso se considere existir um contrato de trabalho, se estamos perante um contrato de trabalho por tempo indeterminado ou por termo certo; e qual o valor a considerar como remuneração mensal do Recorrido para efeitos de cálculo das quantias devidas. |
Decidindo. |
1 questão: Se devem ser eliminados os pontos 7, 37-A, 37-B, 47 e 47-A dos factos assentes por conterem conceitos de direito embora a Recorrente se insurja contra outros factos assentes ao longo das alegações, não lhes faz referência nas Conclusões, as quais delimitam o objeto do. |
Analisemos os factos em causa: - Nesta proposta, foi-lhe dito que a prestação do seu trabalho implicaria o pagamento de um vencimento mensal na ordem dos trezentos Escudos, acrescido de subsídio de férias e de Natal. |
- 3-A O Diretor do Departamento de ..., FF, dirigiu à Direção de Recursos Humanos em 20 de setembro de 2013 o e-mail documentado a fls. |
184 no qual solicitava que se procedesse ao "necessário para se dar provimento ao processo de licença sabática de um ano” do A. e referia considerar‑se que o mesmo "não será desvinculado do nosso curso” e estará nesse ano letivo "em horário zero”. |
- 3-B E veio a conceder ao A. a licença para não lecionar pelo período de um ano. |
- 4 Á remuneração acrescia sempre um valor pago a título de subsídio de férias e de Natal. |
- 47-A. |
O pagamento destes subsídios era feito com atrasos e em parcelas. |
Os pontos , 3-Ae 3 B descrevem os termos acordados pelas partes, pelo que, se as partes acordaram na utilização da terminologia ali referida, tal é manifestamente um facto e não matéria conclusiva. |
Já quanto às expressões "subsídios de férias e de Natal” e "subsídios” referidas nos pontos 4 e 4 -A, estas encerram um substrato factual bem percetível atenta a matéria que encerram, ao que acresce que não são determinantes para a decisão da causa. |
Improcede assim, nesta parte, a revista. |
2 questão: Se existe contradição entre os factos e 4-B dos factos assentes. |
- Em junho de 1999, o Autor foi abordado, em nome da ULHT, pelo Professor , Diretor do Departamento de ..., no sentido de vir a integrar o corpo docente da ULHT como professor Catedrático em regime de tempo integral. |
4-B - A retribuição era paga em 12 prestações mensais, incluindo os períodos em que a ULP se encontrava encerrada para férias e em que o Autor normalmente não prestava trabalho letivo, tal como acontecia nomeadamente no mês de agosto. |
Da análise dos factos e 4-B e dos demais factos provados e respetiva fundamentação, resulta manifesto que não estamos perante uma contradição, mas sim um manifesto lapso de escrita – refere-se ULP em vez de ULHT Universidade Lusófona de Humanidades e, sem qualquer influência na decisão da causa, pelo que não há que retirar qualquer consequência. |
3 questão: Se a relação entre Autor e Ré constitui um contrato de trabalho ou de prestação de serviço. |
A divergência essencial entre o Autor e a Ré reside precisamente na qualificação da relação estabelecida entre Autor e Ré: o Autor defendendo a qualificação como contrato de trabalho e a Ré como prestação de serviço. |
Antes de prosseguirmos, importa referir que não tem cabimento legal a tentativa da Recorrente de cindir a execução da relação laboral do lado da entidade empregadora em duas entidades, numa alegada estrutura bicéfala, pretendo fazer repercutir no estabelecimento de ensino que explora – a Universidade- certos comportamentos, direitos e obrigações, de molde a criar um distanciamento entre si e o Autor, posto que o estabelecimento de ensino, pese embora a sua estruturação e organização, não tem personalidade jurídica, tudo se centrando em termos de imputação jurídica na pessoa da Ré. |
Continuando. |
Antes de mais, por se mostrar determinante, importa decidir qual a lei aplicável ao caso concreto, nomeadamente se deve ser aplicada a T. ou o Código de Trabalho de 2003 e o Código de Trabalho de 2009, com impacto na aplicação da presunção de laboralidade ali prevista. |
Vejamos a factualidade relevante para determinar o início da relação entre Autor e Ré: - Em junho de 1999, o Autor foi abordado, em nome da ULHT, pelo Professor , Diretor do Departamento de ..., no sentido de vir a integrar o corpo docente da ULHT como professor Catedrático em regime de tempo integral. |
- Nesta proposta, foi-lhe dito que a prestação do seu trabalho implicaria o pagamento de um vencimento mensal na ordem dos trezentos Escudos, acrescido de subsídio de férias e de Natal. |
- Tendo o Autor aceite tal convite, em 01/10/1999, começou a prestar o seu trabalho para a ULHT. |
- Em setembro de 1999, a ULHT enviou ao Autor o horário letivo que teria que cumprir e a Direção de Curso convocou-o para uma reunião de preparação do ano letivo de 1999/200 - 1 Assim, nesta data, a Ré entregou ao Autor a minuta de contrato que se encontra a fls. |
24v a 26 dos autos. |
- 1 Verificando que tal minuta não tinha a categoria profissional acordada, de professor catedrático, o Autor não o aceitou e não assinou a mesma. |
- 1 Nessa sequência, em 26 de dezembro de 1999, o A. reuniu nas instalações da ULHT em Lisboa, com o Dr. GG, ... do Grupo Lusófona e da Ré e ... da ULHT, para que fosse formalizado o contrato que vinha executando desde outubro. |
- 1 Tendo o A. assinado o contrato junto a fls. |
26v-28, datado de 18-10-1999, do qual consta, designadamente, o seguinte. |
- 1 Em outubro de 2001, o Autor assinou novo contrato do qual ficou a constar, designadamente, o seguinte.” Da análise destes factos resulta que as partes iniciaram a sua relação em outubro de 1999, formalizando um contrato escrito em dezembro desse ano, com data de outubro de 1999, tendo posteriormente, em 2001, assinado um contrato com outra redação. |
Ora, a jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça tem entendido de forma consolidada que, para efeitos da qualificação de uma relação jurídica entre as partes, deve atender-se ao regime jurídico que vigorava à data em que se iniciou/consolidou a relação em causa Neste sentido, entre outros o Acórdão deste Supremo Tribunal de Justiça de 002018 proferido no processo n 1272/14T8SNT.L S17 no qual se decidiu que: " A jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça está consolidada de forma uniforme no sentido de que estando em causa a qualificação de uma relação jurídica estabelecida entre as partes, antes da entrada em vigor das alterações legislativas que estabeleceram o regime da presunção de laboralidade, e não se extraindo da matéria de facto provada que tenha ocorrido uma mudança na configuração dessa relação, há que aplicar o regime jurídico em vigor na data em que se estabeleceu a relação jurídica entre as partes. |
A presunção de laboralidade é um meio facilitador da prova a favor de uma das partes, pelo que a solução de aplicar a lei vigente ao tempo em que se realiza a atividade probatória pode conduzir a um desequilíbrio no plano processual provocado pela impossibilidade de se ter previsto no momento em que a relação se estabeleceu quais as precauções ou diligências que deviam ter sido tomadas para assegurar os meios de prova, o que poderia conduzir à violação do direito a um processo equitativo e causar uma instabilidade indesejável em relações desde há muito constituídas. |
Estando em causa uma relação jurídica estabelecida entre as partes em 2 de novembro de 1995, e não se extraindo da matéria de facto provada que as partes tivessem alterado os seus termos essenciais, à qualificação dessa relação aplica-se o regime jurídico do contrato individual de trabalho, anexo ao Decreto-Lei n. 4408 de 24 de novembro de 1969, não tendo aplicação as presunções previstas no artigo 1 do Código do Trabalho de 2003 e de 200”. |
In casu, tendo a relação sido estabelecida em outubro de 1999 e não se extraindo da restante factualidade provada, uma alteração dos termos essenciais de tal relação, consideramos, seguindo a referida jurisprudência, que deve aplicar-se ao caso concreto oregime jurídico do contrato individual de trabalho, anexo ao Decreto-Lei n. 4408 de 24 de novembro de 1969, não sendo, consequentemente, aplicáveis as presunções previstas no artigo 1 do Código do Trabalho de 2003 e de 200 Subsumindo os factos ao direito. |
A noção de contrato de trabalho vem prevista no referido diploma como aquele pelo qual uma pessoa singular se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua atividade a outra ou outras pessoas, no âmbito de organização e sob a autoridade desta cfr. |
artigo. |
Ao invés, o contrato de prestação de serviço vem definido no artigo 1154 do Código Civil que o reconduz àquele em que uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição. |
Temos entendido que existem três diferenças essenciais entre estes dois tipos de contrato: 1 Quanto ao objeto do contrato No contrato de trabalho, uma das partes obriga-se a prestar à outra «a sua atividade», enquanto no contrato de prestação de serviço obriga-se a prestar «certo resultado do seu trabalho», isto é, no primeiro estamos perante uma obrigação de meios, sendo a prestação devida uma atividade, intelectual ou manual, no segundo estamos perante uma obrigação de resultado, ou seja, é devido o resultado da referida atividade. |