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Cristão
Cristão Cristão é todo o indivíduo que adere ao cristianismo, uma religião monoteísta abraâmica centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, e que foi profetizada na Bíblia hebraica (Antigo Testamento). Os cristãos estão divididos em três grupos principais: católicos romanos, católicos ortodoxos e protestantes. Além disso, os cristãos também dão uma grande ênfase à figura de Jesus, que acreditam ser o Filho de Deus. A doutrina cristã prega o respeito aos Dez Mandamentos — especialmente em relação à forma como Jesus interpreta a Lei do Amor: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." ~ E o segundo, semelhante a este, é: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." () — além do estudo dos ensinamentos de Cristo contidos nos Evangelhos do Novo Testamento. No livro de diz: Mas a todos quantos o receberem, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome. Existem mais de 2 bilhões de cristãos no mundo todo, que representam mais ou menos um quarto da população mundial, que é de 8 bilhões de pessoas.
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Lei de Murphy
Lei de Murphy Lei de Murphy é um adágio ou epigrama da cultura ocidental que normalmente é citada como: "Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível". Ela é comumente citada (ou abreviada) por: História. Relatos sobre a Lei de Murphy existem desde o Século XIX, mas a expressão só ganhou esse nome em 1949 oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial americano Edward A. Murphy. Um dos primeiros - se não o primeiro - relato da Lei de Murphy pode ser observada no suplemento do livro "A Budget of Paradoxes" (O Orçamento dos Paradoxos), de 1866, do matemático Augustus De Morgan, que chegou a formulações bem próximas à lei de Murphy. No poema, ele dizia “"Tudo o que pode acontecer irá se fizermos testes o suficiente"”. 11 anos mais tarde (1877), a minuta de uma reunião de engenheiros civis em Londres registrou um pronunciamento de Alfred Holt sobre navios a vapor que é um esboço da lei de Murphy: “Verifica-se que qualquer coisa que pode dar errado no mar, geralmente dá errado, mais cedo ou mais tarde”. Em 1908, o ilusionista inglês Nevile Maskelyne escreve, em uma edição da revista para mágicos "The Magic Circular": “É uma experiência comum a todos os homens descobrir que, em uma ocasião especial, tal qual a produção de um efeito mágico pela primeira vez em público, tudo o que pode dar errado dará errado”. Em 1949, finalmente a Lei de Murphy ganhou a alcunha pela qual ficou famosa, oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy. Para poder realizar essa aferição, ele construiu um equipamento que registrava os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos. Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, visto que o técnico responsável instalou o equipamento de forma errada, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora. Frustrado, Murphy disse "Se este homem tem algum modo de cometer um erro, ele o fará". Para tirar sarro do colega, seus amigos militares batizaram a assertiva “tudo o que puder dar errado dará” de Lei de Murphy. Somente mais tarde, o teste obteve sucesso. Durante uma conferência de imprensa, John Stapp, americano nascido no Brasil, que havia servido como cobaia para o teste, atribuiu ao fato de que ninguém saiu ferido dos testes por levarem em conta a Lei de Murphy e muito explicou as variáveis que integravam a assertiva, ante ao risco de erro e consequente catástrofe, e enunciou a lei como "Se alguma coisa pode dar errado, ela dará". Em 2016, Dan Povenmire e Jeff "Swampy" Marsh, os criadores de "Phineas e Ferb", criaram uma semi-sequela à série"," denominada "A Lei de Milo Murphy." A série passa-se no mesmo local que "Phineas e Ferb", e fala sobre a vida do pentaneto de Edward A. Murphy, Milo, cuja família (incluindo o próprio) é capaz de prever algo de errado a ocorrer em qualquer lado a qualquer hora, devido à Lei de Murphy. Até agora, a série conta com duas temporadas, a segunda das quais começa com um crossover com "Phineas e Ferb". Algumas das personagens da série, tais como Perry o Ornitorrinco e o Dr. Doofenshmirtz (que passa a viver com os Murphy e ajuda os tais com o seu dia-a-dia, graças aos seus novos "inatores"), desde então tornaram-se personagens permanentes n"'A Lei de Milo Murphy." Lei de Clark. A outra lei, mas não tão famosa quanto a de Murphy, é um ditado popular da cultura ocidental que afirma que "Murphy era otimista". Lei de cunho mais pessimista e até mais "humorística", ironizando a Lei de Murphy. Assertivas ligadas à Lei de Murphy. Geralmente o espírito da Lei de Murphy captura a tendência geral de enfatizar as coisas negativas que acontecem na vida. Por conta disso, a Lei de Murphy ficou conhecida como "Lei dos Azarados", e algumas assertivas acabaram sendo ligadas a Lei de Murphy. A explicação disso é que a nossa memória seletiva geralmente lembra apenas dos momentos em que a Lei de Murphy funciona. Quando tudo sai da maneira como deveria ser, nós quase nunca percebemos. O pão cai sempre com a manteiga para baixo. A assertiva "O pão cai sempre com a manteiga para baixo" é associada à Lei de Murphy já que, "se tudo que pode dar errado, dará errado", significa que o lado da manteiga cairá sempre para baixo. A visão tradicional, porém, diz que há uma chance de 50% para cada opção. Com essa premissa em mente, o físico britânico Robert Matthews publicou, em 1995, um tratado sobre o assunto intitulado "A Torrada em Queda - A Lei de Murphy e as Constantes Fundamentais". Amparado por complexos cálculos matemáticos e experimentos científicos, Matthews demonstrou que "sim, a torrada tem de fato uma tendência inerente para cair com a manteiga para baixo". Em seus experimentos, ele verificou que, em 9.821 quedas, 6.101 foram com a manteiga para baixo. Por conta desse estudo, Robert Matthews foi agraciado com um Prêmio IgNobel, que tem como objetivo recompensar as pesquisas que primeiro fazem rir e depois fazem pensar. A fila do lado sempre anda mais rápido. O ser humano sempre tem a impressão de pensar que a fila do lado está andando mais rápido, por isso essa assertiva é ligada á Lei de Murphy. A explicação científica para isso é: 1) a fila mais lenta é, em geral, a que tem mais gente e, consequentemente, é a fila em que é mais provável que estejamos;<br> 2) se só escolhermos uma fila e há, por exemplo quatro, há 75% de possibilidades de que pelo menos uma das outras filas seja mais rápida que a nossa. Portanto, a maior parte das vezes haverá pelo menos outra fila que seja mais rápida.<br> Outra explicação é por conta do chamado "Principia Marsupia", que diz que passamos mais tempo na pista lenta precisamente porque é a mais lenta e além disso passamos mais tempo sendo ultrapassados que ultrapassando. A informação mais importante de qualquer mapa está na dobra ou na margem. Há uma impressão de que a informação importante de uma rota ou destino se perdem em uma dobra ou na margem do mapa, o que obriga a pessoa a ficar virando a página para se orientar. Conforme o exemplo extraído do livro "Why Do Buses Come in Threes", de Rob Eastaway e Jeremy Wyndham, é possível perceber que a margem de um mapa de apenas um centímetro representa 28% da área total do mesmo. Por esse motivo os bons guias rodoviários e mapas de cidades repetem pelo menos 30% da informação de cada página. As meias sempre entram na máquina de lavar de duas em duas, e saem de uma em uma. Outra assertiva liga a Lei de Murphy diz que "as meias sempre entram na máquina de lavar de duas em duas, e saem de uma em uma". Segundo o estatístico Victor Niederhoffer, se perdermos mais de uma meia de uma vez só, o mais fácil é que sejam de pares diferentes. Segundo ele: “se tiver 20 meias – 10 pares diferentes –, depois de perder a primeira meia, as possibilidades de a segunda meia perdida pertencer a outro par são de 18 em 19, frente a 1 em 19 de que seja uma meia do mesmo par”. A explicação plausível para as perdas das meias foi dada em um artigo científico do cientista PhD biotecnólogo Brian J. Reardon, que afirmou que as meias somem devido à física quântica. Para ele, após a lavagem na máquina, as roupas, que possuem eletricidade estática em suas superfícies, são atraídas umas às outras e podem vir a grudar, já que os materiais mais fáceis de grudar são o poliéster e a lã.
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Calendário
Calendário Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa a atender principalmente às necessidades civis e religiosas de uma cultura. A palavra deriva do latim "calendarium", "livro de registro", que, por sua vez, deriva de "calendae", que indicava o primeiro dia de um mês romano. As unidades principais de agrupamento dos dias são o mês e o ano. Conceitos. A unidade básica para a contagem do tempo é o dia, que corresponde ao período de tempo entre dois eventos equivalentes sucessivos: por exemplo, o intervalo de tempo entre duas ocorrências do nascer do Sol, que corresponde, em média (dia solar médio), a 24 horas. O mês lunar corresponde ao período de tempo entre duas lunações, cujo valor aproximado é de 29,5 dias. O ano solar é o período de tempo decorrido para completar um ciclo de estações (primavera, verão, outono e inverno). O ano solar médio tem a duração de aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47 segundos (365,2422 dias). Também é conhecido como ano trópico. A cada quatro anos, as horas extra acumuladas são reunidas no dia 29 de Fevereiro, formando o ano bissexto, ou seja, o ano com 366 dias. Os calendários antigos baseavam-se em meses lunares (calendários lunares) ou no ano solar (calendário solar) para contagem do tempo. Embora não houvesse comunicações e nem os povos antigos conhecessem outros modelos mais precisos para a contagem do tempo, foram os calendários mais simples como a lunação e os sete dias da semana que permitiram aos historiadores refazer em tempo real todos os eventos históricos. Hoje em dia se sabe que os caçadores-coletores da Era do Gelo na Europa foram os primeiros humanos á utilizarem um calendário sistêmico baseado na lua em que se era registrado os eventos ecológicos ocorridos durante aquele tempo, além de também calcular e marcar o nascimento de animais. Etimologia. Antes de Júlio César criar, com a ajuda do astrônomo Sosígenes, o calendário dito juliano, os romanos tinham meses lunares, que começavam em cada lua nova. No primeiro dia da lua nova, chamado "dia das calendas" ("calendae"), um dos pontífices convocava o povo no Capitólio para informar as celebrações religiosas daquele mês. O pontífice mencionava, um por um, os dias que transcorreriam até as nonas, repetindo, em voz alta, a palavra "calo", "eu chamo". A partir do calendário juliano, que não era lunar, as nonas foram o quinto dia nos meses de trinta dias e o sétimo nos meses de trinta e um. De "calendae", os romanos criaram o adjetivo "calendarius", "relativo às calendas", e o substantivo "calendarium", com o qual designavam o livro de contas diárias e, mais tarde, o registro de todos os dias do ano. Em nossa língua portuguesa, até o século XIII, a palavra "calendas" era empregada, no entanto, para denominar o primeiro dia de cada mês e calendário a lista dos dias do ano com suas correspondentes festividades religiosas. O calendário dos gregos não tinha calendas e, assim, os romanos conceberam a expressão "Ad calendas graecas", "para as calendas gregas", para referir-se a algo que não iria ocorrer nunca. Classificação. Calendários em uso na Terra são frequentemente os lunares, solares, lunissolares ou arbitrários. Um calendário lunar é sincronizado com o movimento da Lua; um exemplo disso é o calendário islâmico. Um calendário solar é sincronizado com o movimento do Sol; um exemplo é o calendário persa. Um calendário luni-solar é sincronizado com ambos os movimentos do Sol e da Lua; um exemplo é o calendário hebraico. Um calendário arbitrário não é sincronizado nem com o Sol nem com a Lua. Um exemplo disso é o calendário juliano usado por astrônomos. Há alguns calendários que parecem ser sincronizados com o movimento de Vênus, como o calendário egípcio; a sincronização com Vênus parece ocorrer principalmente em civilizações próximas ao equador. Praticamente todos os sistemas de calendário utilizam uma unidade coloquialmente chamada de ano, que se aproxima do ano tropical da Terra, ou seja, o tempo que leva um completo ciclo de estações, visando facilitar o planejamento de atividades agrícolas. Muitos calendários também usam uma unidade de tempo chamada mês baseado nas fases da Lua no céu; um calendário lunar é aquele no qual os dias são numerados dentro de cada ciclo de fases da Lua. Como o comprimento do mês lunar não se encaixa em um divisor exato dentro do ano tropical, um calendário puramente lunar rapidamente se perde dentro das estações. Os calendários lunares compensam isso adicionando um mês extra quando necessário para realinhar os meses com as estações. Atual. No ocidente, o calendário juliano baseado em anos foi o adotado. Ele numera os dias dentro dos meses, que são mais longos que o ciclo lunar, por isso não é conveniente para seguir as fases da Lua, mas faz um trabalho melhor seguindo as estações. Infelizmente, o ano tropical da Terra não é um múltiplo exato dos dias (é de aproximadamente 365,2422 dias), então lentamente cai fora de sincronia com as estações. Por essa razão, o calendário gregoriano foi adotado mais tarde na maior parte do ocidente. Por usar um recurso matemático de ano bissexto (os anos centenários são bissextos somente se puderem ser divididos por 400 e seu resultado for sem fração, logo, quando for, por exemplo, 2 100, 2 200, 2 300, 2 500 e 2 600, estes anos não serão bissextos), pode ser ajustado para fechar com as estações como desejado. Completude. Calendários podem definir outras unidades de tempo, como a semana, para o propósito de planejar atividades regulares que não se encaixam facilmente com meses ou anos. Calendários podem ser completos ou incompletos. Calendários completos oferecem um modo de nomear cada dia consecutivo, enquanto calendários incompletos não. Finalidade. Podem ser pragmáticos, teóricos ou mistos. Um calendário pragmático é o que é baseado na observação; um exemplo é o calendário religioso islâmico. Um calendário teórico é aquele que é baseado em um conjunto estrito de regras; um exemplo é o calendário hebraico. Um calendário misto combina ambos. Calendários mistos normalmente começam como calendários teóricos, mas são ajustados pragmaticamente quando algum tipo de assincronia se torna aparente; a mudança do calendário juliano para o calendário gregoriano é um exemplo, e o próprio calendário gregoriano pode ter que receber algum ajuste próximo ao ano 4000 (como foi proposto por G. Romme para o calendário revolucionário francês revisado). Houve algumas propostas para a reforma do calendário, como o calendário mundial ou calendário perpétuo. As Nações Unidas consideraram a adoção de um calendário reformado por um tempo nos anos 1950, mas essas propostas perderam muito de sua popularidade. O calendário gregoriano, como um exemplo final, é completo, solar e misto. Calendários lunares. Nem todos os calendários usam o ano solar como uma unidade. Um calendário lunar é aquele em que os dias são numerados dentro de cada ciclo das fases da lua. Como o comprimento do mês lunar não é nem mesmo uma fração do comprimento do ano trópico, um calendário puramente lunar rapidamente desalinha-se das estações do ano, que não variam muito perto da linha do Equador. Permanece constante, no entanto, em relação a outros fenômenos, especialmente as marés. Um exemplo é o calendário islâmico. Alexander Marshack, em uma obra controversa, acreditava que as marcas em um bastão de osso (cerca de 25 000 a.C.) representavam um calendário lunar. Outros ossos marcados também podem representar calendários lunares. Da mesma forma, Michael Rappenglueck acredita que as marcas de uma pintura rupestre de 15 mil anos de idade representam um calendário lunar. Calendários fiscais. Um calendário fiscal (como um calendário 4-4-5) fixa, para cada mês, um determinado número de semanas, para facilitar as comparações de mês para mês e de ano para ano. Janeiro sempre tem exatamente 4 semanas (de domingo a sábado), fevereiro tem quatro semanas, março tem cinco semanas etc. Note-se que este calendário vai precisar adicionar uma 53ª semana a cada 5 ou 6 anos, que pode ser adicionada a dezembro ou pode não ser, dependendo de como a organização utiliza essas datas. Existe um modo padrão internacional para fazer isso (a semana ISO). A semana ISO começa na segunda-feira e termina no domingo. A semana 1 é sempre a semana que contém 4 de janeiro no calendário gregoriano. Calendários fiscais também são usados pelas empresas. Neste caso o ano fiscal é apenas um conjunto qualquer de 12 meses. Este conjunto de 12 meses pode começar e terminar em qualquer ponto do calendário gregoriano. É o uso mais comum dos calendários fiscais.
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Cientologia
Cientologia Cientologia é um conjunto de crenças e práticas relacionadas criado por L. Ron Hubbard (1911–1986), começando em 1952, como sucessor ao seus sistemas de auto-ajuda chamado "Dianéticas". Hubbard caracterizou a Cientologia como religião e em 1953 incorporou a Igreja da Cientologia em Camden, Nova Jersey. A Cientologia ensina que as pessoas são seres imortais que se esqueceram de sua verdadeira natureza. Seu método de reabilitação psiquiátrica e espiritual é um tipo de aconselhamento conhecido como" Auditoria", no qual os praticantes visam reviver conscientemente os eventos dolorosos ou traumáticos de seu passado a fim de libertar-se dos seus efeitos limitantes. Os materiais de estudo e cursos de auditoria são disponibilizados aos membros em troca de doações específicas. A Cientologia é reconhecida legalmente como uma religião isenta de impostos nos Estados Unidos, Itália, África do Sul, Austrália, Suécia, Nova Zelândia, Portugal e Espanha. A Igreja da Cientologia enfatiza isso como prova de que é uma religião de boa-fé. Em outros países, nomeadamente Canadá, França, Alemanha e no Reino Unido, a Cientologia não tem "status" religioso comparável embora suas Igrejas sejam permitidas. A maioria dos países da Europa considera a Cientologia uma seita. Na Alemanha, a cientologia é monitorada nacionalmente pelo Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV). Um grande número de organizações que supervisionam a aplicação da Cientologia foram estabelecidas, a mais notável delas sendo a Igreja da Cientologia. A Cientologia patrocina uma variedade de programas de serviço social. Estas incluem a "Narconon", programa antidrogas, a "Criminon", programa de reabilitação em prisões, a "Study Tech", metodologia de educação, a "Volunteer Ministers", o "World Institute of Scientology Enterprises" e um conjunto de diretrizes morais expressas em um livreto chamado "The Way to Happiness". A Igreja da Cientologia é um dos mais controversos movimentos religiosos surgidos no século XX. Tem sido muitas vezes descrita como um culto que faz lavagem cerebral, defrauda e abusa financeiramente de seus membros, cobrando taxas exorbitantes por seus serviços espirituais Em resposta, os cientologistas têm argumentado que é um movimento religioso genuíno e que tem sido deturpado, caluniado e perseguido. A Igreja da Cientologia tem usado de forma consistente litígio contra seus críticos, e sua agressividade processando seus inimigos tem sido condenada como assédio. As controvérsias centram-se na crença da Cientologia de que as almas ("thetans") reencarnaram e viveram em outros planetas antes de viverem na Terra, e que alguns dos ensinamentos relacionados não são revelados aos praticantes até que eles paguem milhares de dólares para a Igreja da Cientologia. Outra crença controversa assegurada pelos cientologistas é de que a prática de psiquiatria é destrutiva, abusiva e deve ser abolida. Etimologia e uso anterior. A palavra "Cientologia" é um emparelhamento da palavra latina "scientia" ("conhecimento", "habilidade"), que deriva do verbo "scīre" ("saber"), e da palavra em grego λόγος "lógos" ("palavra" ou " relato [sobre]"). A palavra "Cientologia" usada por L. Ron Hubbard, vem do latim "scio", que significa "conhecimento, no sentido mais pleno da palavra" e da palavra grega "logos," que significa ""estudo de"." A palavra Cientologia é ainda definida como "o estudo e manejo do espírito em relação a si mesmo, universos, e outras formas de vida"."" Em 1901, Allen Upward cunhou "Cientologia "como um termo depreciativo, para indicar uma cega e irracional aceitação de doutrina científica" "de acordo com o "Internet Sacred Text Archive"como citado no prefácio da edição recente do livro de Upward", The New Word: On the meaning of the word Idealist"pela" Forgotten Books." Continuando a citação, o editor escreve": "Eu não estou ciente de qualquer evidência de que Hubbard sabia deste livro bastante obscuro."" Em 1934, filósofo Anastácio Nordenholz publicou um livro que usou o termo para significar "ciência da ciência". Também é incerto se Hubbard estava ciente desse uso anterior da palavra. Dianéticas. A Cientologia foi desenvolvida por L. Ron Hubbard como uma sucessora para o seu sistema anterior de autoajuda chamado de Dianética. A Dianética usa uma técnica de aconselhamento conhecido como "auditoria", desenvolvida por Hubbard para permitir lembrança consciente de eventos traumáticos no passado de um indivíduo. Esse sistema foi originalmente destinado a ser um novo tipo de psicoterapia e não era esperado se tornar a base de uma nova religião. Hubbard definiu a Dianética de várias maneiras como uma tecnologia de cura espiritual e uma ciência organizada do pensamento. A declarada intenção da Dianética é libertar os indivíduos da influência de traumas passados ​​pela sistemática exposição e remoção das "reminiscências" que esses eventos deixaram para trás, em um processo chamado de "limpeza". A Igreja da Cientologia. Em 1952, Hubbard construiu sobre a estrutura existente estabelecida da Dianética e publicou um novo conjunto de ensinamentos como "Cientologia, uma filosofia religiosa." Em dezembro de 1953, Hubbard incorporou três igrejas — uma "Igreja da Ciência Americana", a "Igreja da Cientologia" e uma "Igreja da Engenharia Espiritual" — em Camden, New Jersey. Em 18 de fevereiro de 1954, com a bênção de Hubbard, alguns de seus seguidores criaram a primeira Igreja local da Cientologia, a Igreja da Cientologia da Califórnia, adotando os "objetivos, finalidades, princípios e credos da Igreja da Ciência Americana, como fundada por L. Ron Hubbard." O movimento espalhou-se rapidamente através dos Estados Unidos e para outros países de língua inglesa como Inglaterra, Irlanda, África do Sul e Austrália. A segunda Igreja da Cientologia a ser criada, após a da Califórnia, estava em Auckland, Nova Zelândia. Em 1955, Hubbard criou a Igreja Fundadora da Cientologia em Washington, D.C. Em 1957, Igreja da Cientologia da Califórnia recebeu concessão de estatuto de isenção fiscal por parte dos Estados Unidos Receita Federal (IRS), e assim, por um tempo, existiu ainda outras igrejas locais. IEm 1958, no entanto, a Receita Federal iniciou uma revisão da adequação desse status. A Igreja experimentou novos desafios. O FDA iniciou uma investigação sobre as alegações da Igreja da Cientologia feitas em conexão com seus "E-meters". Em 4 de janeiro de 1963 eles invadiram os escritórios da Igreja da Cientologia e apreenderam centenas de "e-meters" como sendo dispositivos médicos ilegais. Os dispositivos já foram obrigados a ter um aviso dizendo que são um artefato puramente religiosa. Em meados dos anos sessenta, a Igreja da Cientologia foi proibida em vários estados australianos, começando com Vitória em 1965. A proibição foi baseada no Relatório de Anderson, que constatou que o processo de auditoria envolvia hipnose de "comando", em que o hipnotizador assume "controle autoritário positivo" sobre o paciente. Neste ponto, o relatório afirma: É firme conclusão deste Conselho sobre a maioria das técnicas da Cientologia e dianética são de hipnose autoritária e, como tal, são perigosas ... a evidência científica que o Conselho ouviu de vários peritos de reconhecida reputação ... leva à conclusão inevitável de que apenas o nome difere a hipnose autoritária das técnicas da Cientologia. Muitas técnicas da cientologia são de fato técnicas hipnóticas e Hubbard não mudou a sua natureza, apenas alterou seus nomes. A Igreja australiana foi forçada a operar sob o nome de "Igreja da Nova Fé", como resultado, o nome e a prática da Cientologia têm se tornado ilegal nos estados relevantes. Seguiram-se vários anos de processos judiciais destinados a anular a proibição. No decorrer do desenvolvimento de Cientologia, Hubbard promoveu rápidas mudanças de ensinamentos que eram muitas vezes contraditórios. Para o quadro interno de cientologistas desse período, o envolvimento não dependia tanto na crença de uma doutrina particular, mas na fé inquestionável em Hubbard. Em 1966, Hubbard deixou o cargo de diretor-executivo da Cientologia para se dedicar à pesquisa e à escrita. No ano seguinte, ele formou a Organização Sea ou "Sea Org", que seria desenvolvida para um grupo de elite dentro da Cientologia. O Sea Org tem base em três navios, chamados " Diana", " Atena" e "Apolo". Um mês após o estabelecimento da Sea Org, Hubbard anunciou que havia feito uma descoberta revolucionária, cujo resultado foram os materiais da "OT III" que pretendem fornecer um método para superar fatores inibidores do progresso espiritual. Estes materiais foram divulgadas pela primeira vez nos navios e depois propagados pelos membros da Sea Org redesignados como funcionários das Organizações Avançadas em terra. Em 1967, a Receita Federal dos EUA removeu o status de isenção fiscal da Cientologia, afirmando que suas atividades eram comerciais e operadas para o benefício de Hubbard e não para fins de caridade ou religião. A decisão resultou em um processo judicial que foi resolvido em favor da Igreja, um quarto de século mais tarde. Este foi o mais longo processo judicial na história da Receita Federal americana Em 1979, como resultado de investigações do FBI durante a "Operação Branca de Neve, onze pessoas seniores no Gabinete do Guardião da igreja foram condenados por obstrução da justiça, roubo de escritórios do governo e roubo de documentos de propriedade do governo. Em 1981, a Cientologia levou o governo alemão ao tribunal pela primeira vez." Em 1 de Janeiro de 1982, a Cientologia estabeleceu o centro "Religious Technology Center" (RTC) para supervisionar e garantir a aplicação do padrão da tecnologia da Cientologia. e em 11 de novembro de 1982, a "Free Zone" foi fundada por ex-cientologistas avançados em desacordo com a RTC. A associação "Free Zone" foi fundada e registrada sob as leis da Alemanha e acredita que a Igreja da Cientologia se afastou de sua filosofia de origem. Em 1983, em uma decisão unânime, a Alta Corte da Austrália reconheceu a cientologia como religião no país, derrubando as restrições que limitavam as atividades da igreja após o Relatório de Anderson. Em 24 de janeiro de 1986, L. Ron Hubbard morreu em sua fazenda perto de San Luis Obispo, Califórnia e David Miscavige tornou-se o chefe da organização. A partir de 1991, pessoas ligadas à Cientologia moveram cinquenta ações judiciais contra o "Cult Awareness Network" (CAN), um grupo de críticos à Cientologia. Embora muitos dos fatos fossem descartados, uma das ações movidas contra o "Cult Awareness Network" resultou em dois milhões de dólares em perdas para a rede. Consequentemente, a organização foi obrigada a declarar falência. Em 1996, Steven L. Hayes, um cientologista, comprou o logotipo e os pertences da falida "Network Awareness Cult" e um novo "Cult Awareness Network" foi criado com o apoio da Cientologia; o grupo funciona como um centro de informação e de "networking" para as religiões não-tradicionais, referindo-se como um interlocutor entre acadêmicos e outros especialistas. Em 1993, uma ação judicial da Igreja da Cientologia contra Steven Fishman, um ex-membro da Igreja, trouxe à tona o depoimento deste sobre a Cientologia o qual incluía dezenas de páginas do outrora secreto esoterismo da Cientologia, detalhando aspectos da sua cosmogonia. Como resultado do litígio, este material, outrora bem resguardado e usado apenas nos "níveis de OT" mais avançados da Cientologia, foi divulgado na Internet. Isto resultou em uma batalha entre a Igreja da Cientologia e seus críticos on-line sobre o direito de divulgar este material, ou proteger a sua confidencialidade. A Igreja da Cientologia foi forçada a emitir um comunicado de imprensa reconhecendo a existência desta cosmogonia, ao invés de permitir que seus críticos "distorcessem e abusassem dessas informações para seus próprios fins." Mesmo assim, o material, nomeadamente a história de Xenu, desde então tem sido amplamente divulgado e utilizado para caricaturar a Cientologia, apesar do vigoroso programa da Igreja em litígio por direitos autorais. Estatísticas de Associação. Em 2005, a Igreja da Cientologia declarou sua adesão a nível mundial em oito milhões, embora esse número inclua pessoas que tomaram apenas o curso introdutório e não continuaram. Em 2007, um oficial da Igreja alegou ter 3,5 milhões de membros nos Estados Unidos, mas uma pesquisa de 2001 realizada pela Universidade da Cidade de Nova Iorque encontrou apenas 55 mil pessoas nos Estados Unidos que afirmavam ser cientologistas. Em todo o mundo, alguns observadores acreditam que uma estimativa razoável do núcleo da Cientologia praticante varia entre 100 mil e 200 mil, principalmente nos EUA, Europa, África do Sul e Austrália. Em 2008, a "American Religious Identification Survey" descobriu que o número de cientologistas americanos caiu para 25.000. Os cientologistas tendem a menosprezar pesquisas religiosas gerais com o fundamento de que muitos membros que mantêm laços culturais e sociais com outros grupos religiosos informariam ser praticantes de religiões mais tradicionais e socialmente aceitas. A Igreja da Cientologia afirma ser o movimento religioso que mais cresce no mundo. Por outro lado, o erudito religioso J. Gordon Melton disse que as estimativas da igreja sobre seus números de adesão são significativamente exagerados. Melton também diz, no entanto, que "a Igreja tem sido uma das poucas entre muitas novas religiões fundadas desde a Segunda Guerra Mundial, que se espalharam com sucesso em todo o Ocidente, durante a última metade do século XX." Crenças e práticas. De acordo com a Cientologia, suas crenças e práticas são baseadas em pesquisas rigorosas e suas doutrinas são concedidas a importância equivalente à dessas leis científicas. "A Cientologia funciona cem por cento do tempo quando é devidamente aplicada a uma pessoa que sinceramente deseja melhorar sua vida", assim diz a Igreja da Cientologia. A conversão é considerada de menor importância do que a aplicação prática dos métodos cientologistas. Os adeptos são incentivados a validar o valor dos métodos que se aplicam através de sua experiência pessoal. Hubbard colocava desta forma: "Para um cientologista, o teste final de qualquer conhecimento que ele ganhou é "os dados e seu uso na vida realmente melhorou sua condição ou não?" Corpo e Espírito. As crenças da Cientologia giram em torno do "thetan", a expressão individualizada da fonte cósmica, ou força de vida, tem o nome da letra grega teta ("θ"). O "thetan" é a verdadeira identidade de uma pessoa — um núcleo intrinsecamente bom, onisciente e não-material capaz de criatividade ilimitada. No passado primordial, os "thetans" criaram o universo material em grande parte para seu próprio prazer. O universo não tem realidade independente, mas deriva sua realidade resultante do fato de que a maioria dos "thetans" concordam que existe. Os "thetans" caíram em desgraça quando começaram a identificar-se com a sua criação, em vez de seu estado original de pureza espiritual. Eventualmente, eles perderam a memória de sua verdadeira natureza, juntamente com os poderes espirituais e criativas a ela associadas. Como resultado, os "thetans" pensam em si como nada além de seres encarnados. Os "thetans" renascem em novos corpos através de um processo chamado de "hipótese", que é análogo à reencarnação. Como no Hinduísmo, a Cientologia postula uma relação causal entre as experiências de encarnações passadas com a vida presente e que a cada renascimento, os efeitos do universo "MEST" (MEST aqui significa Matéria, Energia, "Space" [espaço] e Tempo) no thetan ficam mais fortes. Emoções e Mente. A Cientologia apresenta duas divisões principais da mente. A "mente reativa" é pensada para absorver toda a dor e trauma emocional, enquanto a "mente analítica" é um mecanismo racional responsável pela consciência. A "mente reativa" armazena imagens mentais que não estão prontamente disponíveis para a "mente analítica" (consciente), estas são referidos como "engramas". Os engramas são dolorosos e debilitantes, a medida que se acumulam, as pessoas se afastam de sua verdadeira identidade., o objetivo básico da Cientologia é evitar esse destino e a "auditoria" pela Dianética é a maneira pela qual a Cientologia pode progredir em direção para o estado "limpo", ganhando liberdade gradual de engramas da mente reativa e assim adquirir a certeza de sua realidade como um "thetan". A Cientologia usa um sistema de classificação emocional chamada de "tone scale" (escala de tom), uma ferramenta utilizada em aconselhamento; os cientologistas afirmam que saber a posição da pessoa na escala faz com que seja mais fácil prever suas ações e assim auxiliá-lo na melhoria de sua condição. Sobrevivência e ética. A Cientologia enfatiza a importância da sobrevivência, que se subdivide em oito classificações referidos como "dinâmica". O desejo de um indivíduo de sobreviver é considerado a primeira dinâmica, enquanto que a segunda dinâmica refere-se à procriação e à família. As dinâmicas restantes abrangem áreas mais amplas de ação, envolvendo grupos: a humanidade, toda a vida, o universo físico, o espírito, e o Infinito, muitas vezes associadas com o Ser Supremo. É considerada como melhor solução para qualquer problema a solução que trouxer maior benefício para o maior número de dinâmicas. A Cientologia ensina que o progresso espiritual requer e permite a obtenção de elevados padrões éticos. Então a racionalidade é forçada sobre a moralidade. Ações são consideradas éticas se promovem a sobrevivência em todas as oito dinâmicas, beneficiando o maior número de pessoas ou coisas possíveis, prejudicando o menor número de coisas e pessoas que for possível. ARC e os triângulos KRC. O ARC e os triângulos KRC são mapas conceituais , que mostram uma relação entre três conceitos para formar um outro conceito. Estes dois triângulos estão presentes no símbolo da Cientologia. O triângulo inferior, o triângulo ARC, é uma representação da síntese do conhecimento que a Cientologia se esforça em conseguir. Compreende Afinidade" (afeição, amor ou apreciação), Realidade" (realidade consensual) e Comunicação" (a troca de ideias). acreditam que a melhoria de um dos três aspectos do triângulo "aumenta o nível" dos outros dois, mas a Comunicação é considerada a mais importante. O triângulo superior é o triângulo KRC, as letras KRC postulando uma relação semelhante entre Knowledge" (Conhecimento), Responsabilidade" e Controle". Entre os cientologistas, as letras ARC são usadas como uma comunicação pessoal, por exemplo, no final de uma carta. Os problemas sociais são falhas atribuídas à ARC — em outras palavras, a falta de acordo sobre a realidade, a falta de comunicação eficaz ou a falha no desenvolvimento de afinidade. Estes podem assumir a forma de "overts" — atos prejudiciais contra os outros, intencionalmente ou por omissão — que são normalmente seguidas por "retenção"' — esforços para esconder a transgressão, o que aumenta ainda mais o nível de tensão na relação. A Cruz cientológica. A Igreja da Cientologia afirma que "a barra horizontal representa o universo material e a barra vertical representa o espírito. Assim, o espírito é visto subindo triunfalmente, em última análise, transcendendo a turbulência do universo físico para alcançar a salvação." Personalidades sociais e antissociais. Enquanto a Cientologia afirma que muitos problemas sociais são resultados não-intencionais de imperfeições das pessoas, também afirma que há indivíduos verdadeiramente maléficos. Hubbard acreditava que cerca de 80 por cento de todas as pessoas têm o que chamou de" personalidades sociais", são pessoas que aceitam e contribuem para o bem-estar dos outros. Os 20 por cento restantes da população, pensava Hubbard, eram pessoas "supressivas". De acordo com Hubbard, apenas cerca de 2,5 por cento deste 20 por cento são personalidades desesperadamente antissociais, as quais compõem a pequena proporção de indivíduos verdadeiramente perigosos na humanidade: "Adolf Hitler e Genghis Khan, assassinos impenitentes e barões das drogas". Assim, os cientologistas acreditam que qualquer contato com pessoas supressivas ou antissociais tem um efeito adverso sobre sua condição espiritual, necessitando a desconexão. Auditoria. A Cientologia afirma que as pessoas têm habilidades ocultas que ainda não foram completamente desenvolvidas. Acredita-se que o aumento da consciência espiritual e benefícios físicos são alcançados através de sessões de aconselhamento conhecidas como "auditoria". Através de auditoria, diz-se que as pessoas podem resolver seus problemas e libertar-se de seus engramas Isso restaura as pessoas à sua condição natural como "thetans" e permite que elas "tomem o controle" em suas vidas diárias, respondendo de forma racional e criativamente a eventos da vida, em vez de reagir a eles, sob a direção de engramas armazenados. Assim, aqueles que estudam os materiais da Cientologia e recebem sessões de auditoria avançam do status de "Preclear" (pré-limpo) para "Clear" (Limpo) e depois "Operating Thetan" (Thetan Operante). O objetivo utópico da Cientologia é "limpar o planeta", um mundo em que todo mundo está limpo de seus engramas. A auditoria é uma sessão pessoa por pessoa com um conselheiro ou auditor da Cientologia Ele tem uma semelhança superficial com a confissão ou aconselhamento pastoral, mas o auditor grava e armazena todas as informações recebidas e não dispensa o perdão ou conselho da mesma maneira que um pastor ou padre poderia fazer. Em vez disso, a tarefa do auditor é ajudar a pessoa a descobrir e compreender seus engramas efeitos limitantes, para si mesma. A maioria das auditorias requerem o uso do "E-meter" um dispositivo que mede as alterações por minuto da resistência eléctrica pelo corpo, quando uma pessoa tem eléctrodos de metal ("cans"), e uma pequena corrente passa através deles. A Cientologia afirma que assistir as mudanças na tela do E-meter ajudam a localizar engramas, uma vez que uma área de preocupação for identificada, o auditor faz perguntas individuais e específicas sobre o assunto a fim de ajudara pessoa a eliminar o engrama; e usa o "E-meter" para confirmar que "carga" do engrama foi dissipada e o engrama foi, de facto apurado; a medida que o indivíduo progride, o foco da auditoria muda de engramas simples para engramas de complexidade crescente. Nos mais avançados níveis OT de auditoria, os cientologistas realizam sessões de auditoria sozinhos, atuando como seus próprios auditores. "A Ponte para a Liberdade Total". O desenvolvimento espiritual dentro da Cientologia é realizado através do estudo de seus materiais (chamados" "Tecnologia""no jargão da Cientologia), estes materiais são estruturados em níveis sequenciais (ou" "gradientes""), para que sejam tomadas medidas mais fáceis primeiro e medidas de maior complexidade são tratadas no momento apropriado. Este processo é por vezes referido como mover-se ao longo da" "A Ponte para a Liberdade Total" "(em inglês" Bridge to Total Freedom"), ou simplesmente "A Ponte. "O conceito tem dois lados: treinamento e processamento, o Treinamento significa educação nos princípios e práticas de auditoria e o Processamento é o desenvolvimento pessoal através da participação em sessões de auditoria"." A Igreja da Cientologia acredita no princípio da reciprocidade, que envolve dar e receber em cada transação humana, então os membros são obrigados a fazer doações para os cursos de estudo e de auditoria à medida que "sobem a ponte", as quantias doadas aumentam a medida que níveis mais elevados são atingidos. A participação em cursos de nível superior na ponte pode custar vários milhares de dólares e os cientologistas geralmente ingressam na ponte a uma taxa regida por sua renda. "Ópera Espacial" e materiais confidenciais. A Igreja da Cientologia afirma que nos níveis mais elevados de iniciação OT, são transmitidos ensinamentos místicos que podem ser prejudiciais para os leitores despreparados. Esses ensinamentos são mantidos em segredo pelos membros que não atingiram esses níveis. A Igreja afirma que o sigilo é garantido para manter o uso dos seus materiais no contexto e para proteger seus membros de serem expostos a materiais para os quais ainda não estão preparados. Estes são os níveis OT acima dos níveis "clear", cujo conteúdo é guardado pela Cientologia. Os ensinamentos de nível OT incluem informações sobre várias catástrofes cósmicas que se abateram sobre os "thetans". Hubbard descreveu esses primeiros eventos coletivamente como uma "Ópera espacial" (Space Opera). Nos níveis OT, Hubbard explica como reverter os efeitos de padrões de trauma da vida passada que supostamente se estendem por milhões de anos. Entre esses ensinamentos avançados está a história de Xenu (às vezes "Xemu"), apresentado como um governante tirano da "Confederação Galáctica". De acordo com essa história, há 75 milhões anos Xenu trouxe milhares de pessoas para a Terra em naves espaciais semelhantes à aviões Douglas DC-8, empilhando-as sobre vulcões e depois detonando bombas de hidrogênio sobre eles. Os "thetans" então agrupados, apegaram-se aos seus corpos vivos e assim continuaram até hoje. Os cientologistas em níveis avançados coloca ênfase considerável em isolar o "thetan" do corpo e assim neutralizar seus efeitos nocivos. O material contido nos níveis de OT tem sido caracterizados como uma ficção científica ruim pela crítica, enquanto outros afirmam que há semelhanças estruturais no pensamento gnóstico e de antigas crenças hindus da criação e da luta cósmica. J. Gordon Melton sugere que estes elementos dos níveis de OT podem nunca ter sido concebidos como descrições de eventos históricos e que como outras mitologias religiosa, podem ter sua verdade nas realidades do corpo e da mente que simbolizam e acrescenta que, seja em qual for o nível que os cientologistas podem ter recebido essa mitologia, eles parecem ter achado o mito útil em sua busca espiritual. Trechos e descrições de materiais OT foram publicadas online por um ex-membro, em 1995 e depois circulou na mídia. Isso ocorreu depois que os ensinamentos foram apresentados como prova em processos judiciais envolvendo a Cientologia, tornando-se uma questão de registro público. Existem oito níveis de OT publicamente conhecidos, OT I a OT VIII. O nível mais alto, o OT VIII, é divulgado apenas no mar, a bordo do navio de cruzeiro da Cientologia o "Freewinds". Há rumores de que os níveis de OT adicionais, que dizem ser baseado em material escrito por Hubbard há muito tempo, serão lançados em algum momento apropriado no futuro. Cerimônias. Na Cientologia, as cerimônias para eventos, como casamentos, nomeação de criança e funerais são observados, serviços de sexta-feira são realizadas para comemorar a conclusão dos serviços religiosos de uma pessoa durante a semana anterior. Ministros ordenados pela Cientologia podem realizar tais ritos. No entanto, estes serviços e o clero que os executam desempenham apenas um papel menor na vida religiosa dos cientologistas. Influências. A orientação geral da filosofia de Hubbard deve muito a Will Durant, autor do popular clássico de 1926 "A História da Filosofia", a obra "Dianética" é dedicada a Durant, a visão de Hubbard de uma mecânica da mente funcionando em particular, encontra paralelos próximos no trabalho de Durant sobre Espinosa. A psicologia de Sigmund Freud, popularizada na década de 1930 e 1940, foi um dos principais contribuintes para o modelo de terapia da "Dianética" e foi reconhecida sem reservas como tal por Hubbard em seus primeiros trabalhos. Hubbard nunca se esqueceu de que quando tinha 12 anos de idade, conheceu o comandante Joseph Cheesman Thompson, um oficial da Marinha dos EUA que tinha estudado com Freud. E quando escreveu para a Associação Americana de Psicologia chegou a afirmar que estava conduzindo pesquisas com base no "trabalho inicial de Freud". Outra grande influência foi a "Semântica Geral" de Alfred Korzybski. Hubbard era amigo do colega escritor de ficção científica A. E. van Vogt, que explorou as implicações de lógica não-aristotélica das obras de Korzybski como "The World of Null-A", e a visão de Hubbard sobre "mente reativa" tem paralelos claros e reconhecidos com o pensamento de Korzybski, na verdade, o "antropômetro" de Korzybski pode ter inspirado invenção do "E-meter" de Hubbard. Além disso, o próprio Hubbard enumerou muitas outras influências em seus próprios escritos — em "Scientology 8-8008", por exemplo, suas influências incluem os filósofos a partir de Anaxágoras e Aristóteles até Herbert Spencer e Voltaire, físicos e matemáticos, como Euclides e Isaac Newton, bem como fundadores de religiões, como Buda, Confúcio, Jesus e Mohammed —, mas há pouca evidência nos escritos de Hubbard de que ele estudou esse grande número de filosofias com grande profundidade. Como se observa, há elementos de religiões orientais evidentes na Cientologia, em particular os conceitos de karma, como presentes no Hinduísmo, jainismo e dharma. Além das ligações com textos hindus, Hubbard tentou ligar a Cientologia ao Taoísmo e ao Budismo. Na década de 1940, Hubbard estava em contato com Jack Parsons, um cientista e membro da Ordo Templi Orientis liderada então por Aleister Crowley o que rendeu sugestões de que esta conexão influenciou algumas das ideias e símbolos da Cientologia. Estudiosos da religião como Gerald Willms e J. Gordon Melton têm apontado que os ensinamentos de Crowley têm pouca ou nenhuma semelhança com a doutrina da Cientologia. Organização. Há um número considerável de organizações da Cientologia (ou "orgs"), que geralmente suportam um dos seguintes três objetivos: permitir a prática da Cientologia e formação, promover a aplicação mais ampla da tecnologia da Cientologia, ou fazer campanhas para a mudança social. Estas organizações são apoiadas por uma estrutura hierárquica de três níveis compreendendo praticantes leigos, funcionários e no topo da hierarquia, membros da chamada "Sea Organization" ou "Sea Org;" esta compreende mais de 5.000 membros e tem sido comparada à ordem monástica encontrada em outras religiões, é composta dos adeptos mais dedicados, que trabalham para a compensação nominal e expressam simbolicamente seu compromisso religioso através da assinatura de um contrato com duração de um bilhão de anos. Status de religião. Em Dezembro de 1993, a Igreja da Cientologia experimentou um grande avanço em suas contínuas batalhas legais quando o "Internal Revenue Service" (IRS) concedeu a isenção total de imposto a todas as igrejas, missões e organizações da Cientologia. Com base nas isenções do IRS, o Departamento de Estado dos EUA formalmente criticou a Alemanha por discriminação contra os cientologistas e começou a observar queixas de assédio contra cientologistas, em seu relatório anual de direitos humanos. Em 1997, uma carta aberta ao então chanceler alemão Helmut Kohl, publicado como um anúncio de jornal no "International Herald Tribune", traçou paralelos entre a "opressão organizada" sofrida pela Cientologia na Alemanha com o tratamento dado aos judeus em 1930 pela Alemanha nazista A carta foi assinada por Dustin Hoffman, Goldie Hawn e uma série de outras celebridades de Hollywood e executivos. Comentando sobre o assunto, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que os cientologistas foram discriminados na Alemanha, mas condenou as comparações com o tratamento dos nazistas aos judeus como extremamente inadequada, assim também comentou o relator especial da ONU. Em 2000, a Suprema Corte italiana determinou que a Cientologia é uma religião por fins legais. Nos últimos anos, o reconhecimento religioso também foi obtido em outros países, incluindo a Suécia, Espanha, Portugal, Eslovênia, Croácia, Hungria, Quirguistão e a República da China (Taiwan). Outros países, nomeadamente Canadá, França, Alemanha, Grécia, Bélgica e Reino Unido, recusam-se a conceder à Cientologia reconhecimento religioso. Controvérsias. Relatórios e denúncias foram feitos por jornalistas, tribunais e órgãos governamentais de vários países afirmando que a Igreja da Cientologia é uma empresa comercial sem escrúpulos que persegue seus críticos e brutalmente explora seus membros. A revista "Time" publicou um artigo ("The Thriving Cult of Greed and Power" em 1991) que descrevia a Cientologia como "uma organização mundial extremamente rentável que sobrevive ao intimidar seus membros e críticos ao estilo da máfia." A maioria dos países da Europa considera a Cientologia uma seita. Na Alemanha, a cientologia é monitorada nacionalmente pelo Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV). É público e notório que a Cientologia gasta milhões de dólares com advogados e detetives particulares para processar e espionar qualquer pessoa que se mostre uma ameaça aos seus negócios. A cientologia foi condenada definitivamente na França em 2013, por fraude e formação de quadrilha, depois que o Tribunal de Cassação, a instância judicial mais importante no país, rejeitou o recurso apresentado pela organização. Os juízes, na sentença de fevereiro de 2012 do Tribunal de Apelação, consideraram provado que as duas principais entidades da Cientologia na França contavam com uma estrutura destinada a extorquir pessoas vulneráveis. A justiça belga quer estabelecer um precedente internacional com uma condenação exemplar da Igreja da Cientologia, estabelecida na Bélgica desde 1974, acusada de fraude, violação da lei de proteção de dados pessoais (proteção da privacidade), extorsão e charlatanismo (exercício ilegal de medicina). O processo partiu de uma investigação que se prolongou por seis anos. Ofertas de emprego teriam sido feitas pela Igreja da Cientologia em Bruxelas para recrutar voluntários e novos membros, infringindo as rígidas leis trabalhistas belgas. A Igreja da Cientologia na Bélgica exigia aos interessados que aderissem aos seus princípios filosóficos. As filmagens sobre a tentativa de assassinato de Adolf Hitler no filme "Operação Valquíria" foram proibidas em área militar alemã (em torno do Memorial Bendlerblock, em Berlim), pelo fato de o protagonista pertencer à Igreja da Cientologia. Além de ser o produtor, Tom Cruise fez o papel principal, interpretando o alemão Claus Schenk Graf von Stauffenberg, que tentou assassinar Hitler com uma bomba escondida em uma pasta em julho de 1944. Na Alemanha, membros da Cientologia estão constantemente sob vigilância do Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV) (Escritório Federal para Proteção da Constituição), cujo trabalho é monitorar atividades antidemocráticas como partidos políticos neonazistas, células terroristas e seitas. Na Alemanha, o governo quer suprimir a existência das "Parallelgesellschaften" (sociedades paralelas) baseadas em convicções filosóficas separadas por meio do sistema educacional. Para o diretor da Associação Alemã de Professores de Escolas Primárias, aulas particulares conduzidas por cientologistas podem tirar vantagem da vulnerabilidade das crianças com dificuldades de aprendizado, que podem se sentir inferiores, o que as torna mais influenciáveis. A qualidade do ensino é, de um modo geral, muito boa e os custos são acessíveis, no entanto, os professores encorajam os estudantes a participar de outras classes, frequentemente muito mais caras, prometendo transformar o aluno em uma nova pessoa. As controvérsias que envolvem a Igreja e seus críticos, alguns deles em andamento, incluem: Celebridades. Hubbard previu que as celebridades teriam um papel fundamental a desempenhar na divulgação da Cientologia, e em 1955 lançou o "Projeto Celebridade", a criação de uma lista de 63 pessoas famosas que ele pediu a seus seguidores para direcionar para a conversão à Cientologia. A estrela Gloria Swanson e o pianista de jazz Dave Brubeck estavam entre as primeiras celebridades atraídas para os ensinamentos de Hubbard. Hoje, a Cientologia opera oito igrejas que estão designadas como "Centro das celebridades" a maior delas sendo a de Hollywood, os centros de celebridades são abertos ao público em geral, mas são projetados principalmente para ministrar aos cientologistas famosos. Artistas como John Travolta, Kirstie Alley, Lisa Marie Presley, Nancy Cartwright, Jason Lee, Isaac Hayes, Edgar Winter, Tom Cruise, Chick Corea e Leah Remini geraram publicidade considerável para a Cientologia.
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Cladística
Cladística A Cladística (gr.cl. κλάδος= ramo), também conhecida como sistemática filogenética, é uma escala da Sistemática Biológica baseada no princípio filogenético e que agrupa espécies ou táxons em grupos naturais (gerando classificações hierárquicas ou não) de acordo, unicamente, com hipóteses de relações evolutivas . Segundo os fundamentos da cladística, formulados em grande parte pelo entomólogo Willi Hennig, uma classificação deve sempre expressar as relações evolutivas das espécies, não importando se as espécies são semelhantes ou diferem drasticamente entre si. Segundo esta escola, em uma classificação cada grupo deve ser obrigatoriamente Monofilético, ou seja, possuir todos os descendentes do ancestral comum mais recente do grupo estudado e nada mais. De modo que grupos parafiléticos e polifiléticos não são permitidos na classificação. O método hennigiano é explícito e diretamente conectado à ideia de que o mundo natural ordena-se de forma hierárquica, resultante do processo evolutivo. Não obstante, as classificações filogenéticas são sistemas que permitem não só o armazenamento da informação biológica, levantada para a sua construção, como também a recuperação dessa informação - os grupos monofiléticos representam padrões hierárquicos que carregam consigo a informação sobre a evolução das características das linhagens biológicas consideradas, o que não ocorre nos grupos parafiléticos e polifiléticos, dos quais pode ser depreendida apenas parte da informação usada na construção da classificação. O monofiletismo é fundamental para a sistemática filogenética e é ele que garante o sucesso do método no que tange à identificação da afinidade natural (evolutiva) entre grupos biológicos. Histórico. Foi o entomólogo alemão Willi Hennig, nascido em Dürrhennersdorf a 20 de Abril de 1913, que desenvolveu as ideias que levariam à criação da Cladística, apresentando-as de forma sumária na sua obra "Grundzüge einer Theorie der Phylogenetischen Systematik" (Hennig, 1950). Usada pelos investigadores há mais de 50 anos, somente nos últimos vinte anos tornou-se popular e utilizada de forma quase universal. Este atraso na difusão das ideias básicas da cladística foi causado principalmente pelas dificuldades em torno da língua alemã, que tinha pouca representatividade no cenário científico da época, gerando um intervalo de 15 anos entre a criação e o reconhecimento da Sistemática Filogenética, e que só foi quebrado em 1966, com a publicação de “Phylogenetic Systematics”, uma nova versão do livro de 1950, feita por Willi Hennig e contando uma escrita de leitura mais simples e de mais fácil assimilação. Redigido originalmente em alemão, e traduzida posteriormente para o inglês, foi a partir desta obra que o trabalho de Hennig passou a ganhar maiores dimensões. Principalmente nos últimos 10 anos onde pode se notar um vertiginoso aumento no número de trabalhos e livros enfocados na sistemática filogenética, bem como a grande aceitação de sua estrutura teórica por novas gerações de biólogos, indicando a grande influência que este método possui. Embora a teoria da evolução não seja obra de Hennig. Foi devido ao seu método de análise das relações de parentesco baseada em padrões evolutivos que os métodos mais antigos e laboriosos, baseados apenas em reuniões de semelhanças em vez de conhecimentos sobre os processos evolutivos, puderam ser repensados. A cladística de Hennig forneceu os meios para integrar a enorme quantidade de conhecimento descritivo sobre os organismos, gerando uma visão unificada sobre a diversidade biológica. Zoologia e botânica, sob o enfoque filogenético, ganharam um dinamismo jamais visto antes. Sobre essa abordagem novos elementos passaram a ser incorporados em discussões sobre evolução e o conhecimento filogenético passou a ser um elemento integrador na formação dos profissionais das áreas biológicas. Princípios fundamentais da Cladística. A Cladística se assenta no princípio fundamental de que os organismos devem ser classificados de acordo com as suas relações evolutivas, ou seja, as espécies devem ser classificadas de acordo com o quão recente é o seu ancestral comum. De forma que duas espécies que possuem um ancestral comum mais recente serão agrupadas em um mesmo grupo, de grau mais baixo do que o de duas espécies que possuem um ancestral comum mais distante. Quanto mais distante for o ancestral comum a duas espécies, maior será a distância entre o os seus respectivos táxons. Este processo é feito utilizando tanto espécies vivas quanto fósseis de forma continua, até que todas as espécies estejam contidas em um único grupo, contendo todos os descendentes do mais distante ancestral comum à vida. O principio mais importante da Cladistica é que todos os táxons de uma filogenia devem ser monofiléticos. Partindo deste pressuposto os táxons, para a cladistica, jamais podem ser inventados, pois correspondem a entidades históricas que foram, ou ainda precisam ser, descobertas. Toda a estrutura de uma classificação deve refletir de maneira precisa e inequívoca o conhecimento disponível sobre as relações de parentesco entre os táxons incluídos na classificação. Ou seja, deve ser possível para qualquer leitor, apenas utilizando a classificação, recuperar a informação sobre as supostas relações de parentesco entre os táxons. Embora não haja uma única maneira de criar classificações estritamente filogenéticas, o fato de que as classificações devam representar inequivocamente as relações de parentesco entre os táxons é um fato incontestável para qualquer filogeneticista. Cladogramas. O resultado final de uma análise cladística é obtidos na forma de árvore ou cladograma, um dendograma que expressa hipóteses de relações filogenéticas entre táxons de determinado grupo. Uma análise cladística pode ser baseada em tantas informações quanto o investigador quiser utilizar. A sistemática moderna é geralmente baseada em uma variedade de informações, incluindo seqüências de DNA (os famosos "dados moleculares"), dados bioquímicos e dados morfológicos. Em um cladograma todos os organismos são colocados sobre as extremidades terminais dos ramos, e cada nó interior é idealmente binário, gerando dois táxons terminais. Os dois táxons de cada ramo são chamados taxa irmãs ou grupos irmão. Cada subárvore, independentemente de quantos elementos ela contenha, é chamada clado. Todos os organismos de um grupo natural estão contidos em um clado que compartilha um ancestral comum (não compartilhado com nenhum outro organismo do diagrama). Cada subtipo é definido em um número de características que aparecem nos seus membros, mas não em outras formas que não divergiu. Estas características de identificação do clado são chamados sinapomorfias (caracteres derivados compartilhados). Por exemplo, as asas anteriores endurecidas(élitros) são uma sinapomorfia de besouros. Apomorfias e plesiomorfias. A principal característica da cladística é que esta utiliza apenas caracteres apomórficos em suas análises (caracteres derivados e "diferentes da condição ancestral"). Na terminologia cladística quando um carácter derivado é compartilhado por mais de um grupo ele é denominado Sinapomofia (do Grego "syn" = junto) e caracteres derivados que ocorrem em um único grupo são denominado autapomorfias e geralmente não são utilizados para determinar a relação filogenética dos grupos. Os organismos vivos também possuem Caracteres ancestrais, caracteres primitivos que herdaram sem modificações de seus ancestrais. E que são denominados plesiomorfias. Plesiomorfias que são compartilhadas por mais de um grupo de organismos são chamadas de Simplesiomorfia ("sim" possui o mesmo significado que o radical "sin", ou seja, "em conjunto"). Segundo o método de classificação cladístico, estados primitivos de caracteres, ou plesiomorfia, não podem ser usados para definir táxons. Pois não são confiáveis para determinar relações filogenéticas dentro dos grupos. Por exemplo; Se um sistemata estiver inferindo a filogenia de cão, cavalo e rã e escolhesse como caráter para classifica-los o número de dígitos dos apêndices locomotores. Utilizando este carácter a rã e o cão ficam mais aparentadas entre sí na filogenia, com cinco dígitos em cada apêndice, do que com o cavalo, com apenas um. O caráter "apêndices com cinco dígitos" é comum a todos os tetrápodes (anfíbios, répteis, aves e mamíferos), mas foi perdido nos cavalos, que reduziram seu número de dígitos de cinco para um. De forma que compartilhar o carácter "apêndices com cinco dígitos" não evidencia que cães e rãs possuem um ancestral comum mais recente do que cada um deles tem com um cavalo. Na verdade, o cão e o cavalo são mamíferos e possuem um ancestral comum mais recente do que cada um deles tem com a rã, um anfíbio. Isso ilustra claramente como um carácter primitivo não é confiável para definir relações filogenéticas dentro de grupos. Ao contrário das plesiomorfias, as apomorfias são indicadores de relações filogenéticas confiáveis, por se tratarem de características que evoluíram dentro do grupo de espécies sob estudo, após o ancestral comum. Por exemplo: se no exemplo anterior fosse utilizado rã, cão e peixe, a pata pentadáctila não seria uma condição ancestral, pois não estaria no ancestral comum aos três grupos. Ela evoluiu dentro do grupo que esta sendo analisado e informa algo sobre a filogenia. Ela informa que o cão e a rã possuem um ancestral comum mais recente do que cada um deles tem com o peixe. Inferindo a "polaridade" de um caracter. Uma das dificuldades da análise cladística é identificar qual é efetivamente o estado de um carácter, ou a sua "polaridade" (se ele é plesiomórfico ou apomórfico). Este impasse pode ser resolvida de duas formas principais: inferindo diretamente, por dados paleontológicos sobre o estado primitivo, ou usando na análise "um grupo externo" ("outgroup"), um grupo próximo ao grupo estudado, mas ainda assim claramente distinto dele. Por exemplo: Os amniotas são um grupo conhecido particularmente por possuírem uma membrana proveniente do ovo, o âmnion, durante o seu desenvolvimento. Os amniotas são um grupo monofilético, ou seja, todos os elementos do grupo compartilham um ancestral comum. Se um investigador quisesse saber se a condição oviparidade é ancestral ou derivada dentro do grupo dos amniotas. O métodos do grupo externo o permitiria concluir isto utilizando um grupo que seja parente próximo dos amniotas, mas não é amniota. Um bom exemplo seriam as salamandras, rãs e peixes, que são parentes próximos dos amniotas, mas não são amniotas. Quase todas estas espécies externas ao grupo são ovíparas. Logo, a conclusão que se obtém utilizando o método do grupo externo é a de que a oviparidade é ancestral em amniotas. O Registro fóssil e a comparação com o grupo externo, não são as únicas formas de determinar a "polaridade" de um carácter. Existem também várias outras técnicas, como por exemplo; técnicas que utilizam o desenvolvimento embrionário, técnicas que utilizam genes parálogos e etc.. mas sem dúvida, estas são as técnicas mais utilizadas para definir a polaridade de caracteres, atualmente. Grupos fósseis. Há algumas décadas, a maioria dos filogeneticistas, entre eles o próprio Willi Hennig, não acreditavam que fosse possível reunir dados que permitissem concluir satisfatoriamente que uma espécie extinta fosse, de fato, ancestral. Atualmente,ao menos alguns autores admitem, que de posse de uma reconstrução filogenética, dados acumulados sobre fósseis em estratos geológicos e uma reconstrução biogeográfica dos grupos envolvidos, talvez fosse possível apresentar uma hipótese consistente indicando que uma determinada espécie extinta seja ancestral de um grupo monofilético conhecido. Ainda que se admitam hipóteses desse tipo (que seriam refutadas com a primeira autapomorfia encontrada na espécie extinta), é evidente que são necessários muitos dados acurados para a elaboração deste tipo de construção. Por outro lado é importante notar que o acúmulo de informações bastante detalhadas de fósseis em âmbar do cretáceo e do terciário pode mudar um pouco este quadro. Várias peças em âmbar permitem verificar não apenas detalhes da morfologia (e, portanto posicionar estas espécies com mais segurança em filogenias com grupos recentes),como também dados indiretos de comportamento e da biologia destes indivíduos (itens alimentares, parasitas, comensais, transporte de larvas em formigas etc.). Isso conferiu um posicionamento filogenético muito mais seguro e causou uma revolução na paleontologia tradicional. Critério da objetividade. Uma forma de definir qual é o melhor método de classificação é testando se ele é objetivo ou não. Uma classificação objetiva é a que representa uma propriedade natural real e livre de ambiguidades. A classificação objetiva pode ser comparada com uma classificação subjetiva. Representada por alguma propriedade escolhida arbitrariamente pelo taxonomista. Por exemplo, um taxonomista poderia decidir agrupar as espécies de acordo com o dia da semana em que ele as descobriu, algumas na segunda, outras na terça e etc... Este é um exemplo de um critério de classificação subjetivo; ele não possui embasamento teórico para justificar a sua utilização em vez da de outro. Um critério subjetivo não apresenta nenhuma propriedade inerente e exclusiva apenas aos indivíduos do grupo. Nenhum característica dos indivíduos da segunda-feira, é suficiente para distingui-los dos indivíduos da terça, quarta, quinta e sextas-feiras. Não há nada nestes indivíduos que permita a diferentes pessoas racionais, trabalhando de forma independente, chegar ao mesmo resultado que o taxonomista que as agrupou. A cladística tem a vantagem da objetividade. A hierarquia filogenética existe independente dos métodos que usamos para descobri-la. E é única e inequívoca quanto á forma. Quando há discordância entre diferentes técnicas para inferir relações filogenéticas, sempre há uma fonte externa ao qual o sistemata pode recorrer. Se não for possível para um sistemata descobrir a filogenia de um ou outro grupo com os dados que ele possui, ainda sim é possível assumir que tal relação exista, mesmo que ele ainda não a tenha descoberto. Com o uso de sistemas de classificação subjetivos, tal afirmativa não é verdadeira. Não existe nenhuma hierarquia natural e única, análoga á hierarquia filogenética.
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Carbúnculo
Carbúnculo Carbúnculo ou antraz é uma infeção causada pela bactéria "Bacillus anthracis". Existem quatro tipos: cutâneo, pulmonar, gastrointestinal e por injeção. Os sintomas têm início entre um dia e dois meses após contrair a infeção. O carbúnculo cutâneo manifesta-se com uma pequena bolha rodeada por inflamação, que na maior parte dos casos evolui para uma úlcera indolor e negra no centro. O carbúnculo pulmonar apresenta-se com febre, dor no peito e falta de ar. O carbúnculo gastrointestinal manifesta-se com diarreia que pode conter sangue, dores abdominais, náuseas e vómitos. O carbúnculo por injeção manifesta-se com febre e um abcesso no local de inserção da agulha. O carbúnculo é transmitido pelo contacto com os endósporos da bactéria, que geralmente aparecem nos produtos derivados de animais infectados. A transmissão é feita ao respirar, comer ou através de uma lesão na pele. Geralmente, a doença não se transmite diretamente entre pessoas. Entre os grupos de risco estão pessoas que trabalham com animais ou produtos de origem animal, viajantes, carteiros e pessoal militar. O diagnóstico pode ser confirmado com a presença de anticorpos ou da toxina no sangue ou mediante uma cultura microbiológica de uma amostra do local infetado. A vacina contra o carbúnculo é recomendada para pessoas com elevado risco de infeção. A imunização de animais contra o carbúnculo é recomendada em áreas onde tenham ocorrido infeções anteriores. A infeção pode também ser prevenida com a administração de antibióticos como a ciprofloxacina, levofloxacina e doxiciclina nos dois meses após exposição. Quando se dá a infeção, o tratamento é feito com antibióticos e, possivelmente, antitoxinas. O tipo e a quantidade de antibióticos administrada depende do tipo de infeção. A antitoxina é recomendada para pessoas com infeção disseminada. Embora seja uma doença rara, o carbúnculo em seres humanos é mais comum no centro de África e no sul da Ásia. Dentro da Europa, é mais comum no sul do continente, sendo pouco comum no norte da Europa e na América do Norte. Anualmente, ocorrem cerca de 2000 casos da doença em todo o mundo. Mais de 95% destes casos correspondem a carbúnculo cutâneo. Sem tratamento, o risco de morte por carbúnculo cutâneo é de 24% e o risco de morte por carbúnculo gastrointestinal é de 25-75%. Mesmo com tratamento, o carbúnculo pulmonar corresponde a uma mortalidade de 50 a 80%. Até ao , as infeções por carbúnculo matavam centenas de milhar de pessoas e animais por ano. Vários países desenvolveram armas químicas a partir do carbúnculo. Em animais herbívoros, a infeção transmite-se por ingestão ou inalação dos esporos durante o pastoreio. Os animais carnívoros contraem a infeção ao ingerir animais contaminados. Sinais e Sintomas. O período de incubação varia entre 1 a 6 dias, embora períodos superiores (inclusive, 60 dias) têm sido descritos. Pessoas com diabetes, imunidade baixa e pele lesionada são mais vulneráveis. Também conhecida como doença de Hide-Porters. É caracterizada por formar uma bolha indolor, que se torna uma úlcera negra uma semana ou duas após a exposição. Apenas quando afeta os gânglios linfáticos causa dor. A infecção cutânea é a menos mortal de todas, mas se não for tratada, a infecção pode invadir a corrente sanguínea e causar morte em 20% dos casos. A infecção pulmonar por carbúnculo provoca, nos primeiros dias, sintomas semelhantes aos da gripe, seguidos de problemas respiratórios graves, por vezes fatais. Se não for tratada, a infecção por inalação é a mais letal, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 90% a 100%. A infecção pulmonar também é conhecida por Doença de Woolsorter. A ingestão dos esporos do carbúnculo provoca sérias dificuldades gastrointestinais, cólica, vômito sanguinolento e diarreia. Se não for tratada leva à morte em cerca de 25% a 60% dos casos. Causa. O "Bacillus anthracis" é um bacilo grande Gram-positivo, com cerca de 8 micrómetros por 3, dispostos aos pares ou individualmente. O "B. anthracis", como todos os do seu género, produz endósporos quando encontra situações de adversidade. Os esporos do "B.anthracis" são centrais, aparecendo a meio do bacilo como uma zona mais clara na técnica Gram. Tem cápsula antifagocítica e produz dois tipos de toxina principais. A toxina causadora de edema é composta de uma porção que reconhece o receptor especifico na célula alvo, sendo internalizada por endocitose, e outra com actividade de adenilato ciclase, promovendo a secreção de líquidos. A toxina letal é citotóxica. Transmissão. Os casos humanos de carbúnculo devem-se normalmente ao contato direto com animais infectados ou com couro, lã ou carne infectados. As vítimas geralmente têm profissões relacionadas com a manipulação de animais ou de produtos derivados. Os endósporos podem penetrar na pele (antraz cutâneo), serem inalados (antraz respiratório) ou consumidos através da carne dos animais contaminados (antraz gastrointestinal) Virulência. Os esporos de carbúnculo têm cerca de 66 a 999 micrómetros, o que significa que podem ser retidos por um LBFV ou um filtro P100. O contágio mediato com carbúnculo disperso no ar pode ser evitado com uma máscara contra gases. As infecções através da pele podem ser evitadas por lavagem com água e sabão, desde que a pele não possua feridas. A dose letal de carbúnculo é de 8 000-10 000 esporos. A bactéria do carbúnculo mata através de uma toxina. A virulência de uma variedade de carbúnculo depende da cápsula que a envolve e da toxina. Ambos não são afetados por fatores genéticos. "Os esporos podem sobreviver no solo durante anos, mas dependendo da quantidade de anos." Rotas de infecção. O carbúnculo pode entrar no corpo humano por três vias: O carbúnculo não é contagioso, é pouco provável que se espalhe de pessoa para pessoa. A infecção dá-se quase sempre por exposição a esporos, e não à forma ativa. Prevenção. A vacina utilizada nos Estados Unidos não contém células de B. anthracis e não provoca Anthrax. A vacina contra o antraz foi licenciada em 1970 e foi revalidada em 2008. Protege contra a forma cutânea e pulmonar. É recomendada a todos que trabalhem com herbívoros em países onde o Antraz é mais comum. Essas pessoas devem receber cinco doses da vacina (no músculo): a primeira dose, quando o risco de exposição potencial é identificado e as doses restantes em 4 semanas e aos 6, 12 e 18 meses após a primeira dose. Tratamento. O tratamento para as infecções de carbúnculo cutâneo e gastrointestinal inclui doses elevadas de antibióticos como penicilina, tetraciclinas, eritromicina ou cloranfenicol. Nos casos de infecção pulmonar, o tratamento recomendado é com ciprofloxacina ou doxiciclina, sendo mais eficaz logo após a exposição. Além disso, a profilaxia com antibióticos é crucial nos casos de antraz pulmonar, para salvar vidas. Epidemiologia. Atualmente infecções de carbúnculo são incomuns. Estima-se que em todo o mundo ocorram entre 2.000 e 20.000 casos por ano humanos, sendo 95% cutâneos. As áreas mais comuns são o Oriente Médio, partes tropicais da Ásia, toda a África, região andina, América Central e partes da Europa como Espanha, Irlanda, Suécia e Grécia. Geralmente infectam pessoas que cuidam e consomem produtos de herbívoros domésticos ou selvagens como vacas, cabras, ovelhas, camelos e antílopes. É mais comum em países em desenvolvimento ou em países sem uma política pública de saúde que ataque o problema, já que as vacinações são a regra nos países desenvolvidos. Porém, com o degelo da Sibéria, no ano de 2016, a incidência de na Rússia e na Iacútia acabou aumentando extremamente, elevando-se a oitava e inclusive com um aumento muito extremo da mortalidade na região. Isso porque existia na região cadáveres antigos que possuíam resíduos de patógenos da espécie Bacillus anthracis e pertenciam a pessoas que morreram até 1941, quando a doença desapareceu da região, por mais que durante esses 75 anos os cadáveres estavam congelados e dentro de pergelissolo ou permafrost, houve o degelo os cadáveres com resíduos de Bacillus anthracis passaram a ficar expostos e assim ajudando a espalhar o patógeno. Essa nova onda de antraz na atualidade recente do Século XXI foi reconhecida através da morte de um menino de 12 anos na Nenétsia por causa do carbúnculo e a infecção de 20 pessoas e a morte de uma pessoa na região. História. O "Bacillus anthracis" foi descoberto por Louis Pasteur em 1879. Em 1881, Pasteur e seu auxiliar Charles Chamberland criaram e experimentaram uma vacina publicamente contra o carbúnculo. Pasteur vacinou 25 ovelhas e deixou outras 25 não vacinadas, e depois injectou todas com "B.a nthracis". Todas as ovelhas vacinadas sobreviveram, e todas as não vacinadas morreram, constituindo um dos primeiros sucessos da vacinação. Robert Koch, médico e cientista alemão, foi, em 1877, o primeiro a identificar a bactéria que causa a doença. Já houve diversos acidentes com o desenvolvimento do carbúnculo como arma biológica, pois requerem mínimos equipamentos e são fáceis de conseguir. Dezenas de pessoas nos EUA e Rússia já foram vítimas de ataques com antraz. Ataques biológicos. Os esporos da bactéria podem ser usados em ataques bélicos. Os membros do exército dos Estados Unidos são vacinados rotineiramente antes de partirem em serviço para zonas do mundo onde um ataque biológico é considerado uma ameaça. A vacina do carbúnculo, produzida pela BioPort Corporation, não contém a bactéria viva e consegue prevenir a doença em 93% dos casos. O carbúnculo pode ser facilmente obtido a partir de animais que morreram da doença. O antraz é raro nos países desenvolvidos, mas comum nos subdesenvolvidos. A cultura de esporos de carbúnculo é extremamente fácil. Um estudante de microbiologia pode fazê-lo com equipamentos muito simples. Mas a produção de carbúnculo sob a forma de aerossol, a forma mais apropriada para a guerra biológica, necessitaria de equipamentos sofisticados e pessoal altamente qualificado. Durante os ataques com carbúnculo nos EUA em 2001 esporos de antraz de alta virulência foram introduzidos sob a forma de pó em envelopes enviados a várias figuras públicas nos EUA. Houve vários casos de doença, e o governo americano viu-se obrigado, por prevenção, a encomendar grandes doses de ciprofloxacina. Em meados de 2008, o FBI estreitou seu foco para Edwards Bruce Ivins, um cientista que trabalhou em laboratórios de biodefesa do governo dos EUA. Ivins teria sido informado acerca de iminente indiciamento e morreu de uma overdose de "Tylenol com Codeína," o que foi relatado como um suicídio em 1 de agosto de 2008.
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Constante física
Constante física Uma constante física é uma grandeza física que acredita-se ser tanto geral na natureza quanto constante no tempo. Pode ser comparada com uma constante matemática, que é um valor numérico fixo mas não envolve diretamente qualquer medida física. Existem muitas constantes físicas na ciência, algumas das mais reconhecidas sendo a velocidade da luz no vácuo formula_1, a constante gravitacional formula_2, a constante de Planck formula_3 e a carga elementar formula_4. Constantes físicas podem tomar diversas formas dimensionais, podendo ser dimensionais, como a velocidade da luz, ou adimensionais, como a constante de estrutura fina formula_5. O quão constantes são as constantes físicas? A partir de 1937 com Paul Dirac, alguns cientistas começaram a especular a possibilidade de as constantes físicas decrescerem proporcionalmente à idade do universo. Experimentos científicos ainda não apontaram evidências definitivas de que isso seja verdade, apesar de eles terem colocado limites superiores na máxima variação relativa possível por ano com valores muito baixos (por volta de formula_6 por ano para a constante de estrutura fina formula_5 e formula_8 para a constante gravitacional formula_2).
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Tabela de conversão de unidades
Tabela de conversão de unidades Este artigo é uma lista de factores de conversão entre uma série de unidades.
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Computador quântico
Computador quântico Um computador quântico é um dispositivo que executa cálculos fazendo uso direto de propriedades da mecânica quântica, tais como sobreposição e interferência. Teoricamente, computadores quânticos podem ser implementados e o mais desenvolvido atualmente, o D-Wave Two, trabalha com 512 qubits de informação. O principal ganho desses computadores é a possibilidade de resolver algoritmos num tempo eficiente, alguns problemas que na computação clássica levariam tempo impraticável (exponencial no tamanho da entrada), como por exemplo, a fatoração em primos de números naturais. A redução do tempo de resolução deste problema possibilitaria a quebra da maioria dos sistemas de criptografia usados atualmente. Contudo, o computador quântico ofereceria um novo esquema de canal mais seguro. Computadores quânticos são diferentes de computadores clássicos tais como computadores de DNA e computadores baseados em transístores, ainda que estes utilizem alguns efeitos da mecânica quântica. A estrutura dos computadores quânticos. Na mecânica quântica é possível que uma partícula esteja em dois ou mais estados ao mesmo tempo. Um famoso exemplo é o gato de Schrödinger. Imagine que um gato esteja dentro de uma caixa, com 50% de chances de estar vivo e 50% de chances de estar morto; para a Mecânica Quântica, até abrirmos a caixa e verificarmos como está o gato, ele deve ser considerado vivo e morto ao mesmo tempo. Esta capacidade de estar simultaneamente em vários estados se chama ‘superposição’. Um computador clássico tem uma memória feita de bits. Cada bit guarda um "1" ou um "0" de informação. Um computador quântico mantém um conjunto de qubits. Um qubit pode conter um "1", um "0" ou uma sobreposição destes. Em outras palavras, pode conter tanto um "1" como um "0" ao mesmo tempo. O computador quântico funciona pela manipulação destes qubits. Um computador quântico pode ser implementado com alguns sistemas com partículas pequenas, desde que obedeçam à natureza descrita pela mecânica quântica. Pode-se construir computadores quânticos com átomos que podem estar excitados e não excitados ao mesmo tempo, ou com fótons que podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou com prótons e nêutrons, ou ainda com elétrons e pósitrons que podem ter estados de spin ao mesmo tempo "para cima" e "para baixo" e se movimentam em velocidades próximas à da luz. Com a utilização destes, ao invés de nano-cristais de silício, o computador quântico é menor que um computador tradicional. Uma molécula microscópica pode conter muitos milhares de prótons e nêutrons, e pode ser usada como computador quântico com muitos milhares de qubits.Um dos principais problemas enfrentados pelos cientistas é que essas máquinas não operam com bits "normais", mas com qubits — ou "bits quânticos". Cada um desses qubits pode representar 0 ou 1 (como um bit convencional), mas também os dois números ao mesmo tempo, a chamada "relação fásica". É essa capacidade que aumenta exponencialmente as velocidades computacionais. E neste ponto residem os problemas. A maioria dos erros acontece quando um qubit está nos dois dígitos: eles podem voltar a ser apenas um 0 ou 1, desacelerando a computação (o "bit flip"). Outro entrave comum é a troca de sinais nessa relação "fásica" (o "phase flip"). Apesar de existirem técnicas que localizam esses erros, até agora foi impossível detectá-los ao mesmo tempo. E o computador quântico não pode ter erros para funcionar plenamente. A IBM conseguiu resolver esse problema.  A equipe de pesquisa da empresa criou um sistema que detecta o qubit defeituoso, usando dois parâmetros diferentes para encontrar bit flips ou phase flips. Além disso, o método consegue corrigir automaticamente a informação defeituosa. Aparentemente simples, a solução é a chave para que processadores quânticos sejam produzidos em massa. Segundo a IBM, assim que esses chips puderem ser fabricados em larga escala, com baixo índice de erros, o caminho estará livre para esse novo tipo de computador. O poder dos computadores quânticos. Um computador quântico pode executar cálculos que um computador clássico não pode. Estima-se que esse computador precisaria de cerca de 50 qubits. Um computador quântico com cerca de 60 qubits e fidelidade razoável pode ser alcançado com as tecnologias de 2018. Essa capacidade de usar esses qubits torna os computadores quânticos muito mais poderosos que os computadores existentes na solução de certos tipos de problemas, como os relacionados à inteligência artificial, desenvolvimento de medicamentos, criptografia, modelagem financeira e previsão do tempo. Localizar todos os fatores primos de um número grande pode ser uma tarefa muito difícil. Um computador quântico poderia resolver este problema muito rapidamente. Se um número tiver "n" bits (ou seja, se tiver o comprimento de "n" dígitos quando escrito em binário), então um computador quântico com um pouco mais de 2"n" qubits poderá encontrar os seus fatores. Também poderá solucionar um problema relacionado chamado problema do "logaritmo discreto". Esta capacidade poderia permitir a um computador quântico quebrar qualquer dos sistemas criptográficos atualmente em uso. A maior parte das cifras de chave pública mais populares poderiam ser quebradas com rapidez, incluindo formas da cifras RSA, ElGammal e Diffie-Helman. Estas cifras são utilizadas para proteger páginas web seguras, email encriptado e muitos outros tipos de dados. A quebra destes códigos poderia ter um impacto significativo. A única forma de tornar seguro um algoritmo com o RSA seria tornar o tamanho da chave maior do que o maior computador quântico que pudesse ser construído. Parece provável que possa sempre ser possível construir computadores clássicos com mais bits que o número de qubits no maior computador quântico, e se verificar que isto é verdade, então algoritmos como o RSA poderão permanecer seguros. Se um computador quântico fosse baseado nos prótons e nêutrons de uma molécula, seria talvez demasiado pequeno para ser visível, mas poderia factorizar números inteiros com milhares de bits. Um computador clássico a correr algoritmos conhecidos também poderia factorizar estes números, mas para o conseguir fazer antes que o sol desaparecesse, teria de ser maior que universo conhecido. Seria algo inconveniente construí-lo. Não surpreendentemente, os computadores quânticos poderiam também ser úteis para correr simulações de mecânica quântica. O aumento de velocidade poderia ser tão grande como para factorizações. Isto poderia trazer grandes benefícios a muitos físicos. Atualmente se sabe que essa vantagem dos computadores quânticos existe apenas para os três problemas seguintes: fatoração, logaritmo discreto e simulações de física quântica. Existe outro problema em que os computadores quânticos têm uma vantagem maior, porém menos significativa, a busca quântica em base de dados, à qual é referida algumas vezes por "square root speedup". Suponha que existe um problema como encontrar a senha para desencriptar um arquivo. O problema possui as quatro propriedades: Problemas com todas as quatro propriedades levarão uma média de "n"/2 tentativas para encontrar a resposta usando um computador clássico. O tempo gasto por um computador quântico seria proporcional à raiz quadrada de "n". Isso pode representar um ganho enorme, encurtando o tempo para solução de alguns problemas de anos para segundos. Essa vantagem pode ser usada para atacar cifras simétricas tais como o 3DES e AES. Porém a defesa contra tal ataque é fácil, consistindo em dobrar o tamanho da chave para a cifra. Há também mais métodos complicados para tornar uma comunicação segura, tal como usar Criptografia Quântica. Atualmente não há outro problema prático conhecido para o qual os computadores quânticos mostrem um ganho expressivo sobre os computadores clássicos. As pesquisas continuam, e mais problemas podem, então, ser identificados. A história dos computadores quânticos. 1981 - Richard Feynman elaborou a primeira proposta de utilizar um fenômeno quântico para executar rotinas computacionais. Foi numa palestra apresentada na Primeira Conferência de Computação Física no MIT. Ele mostrou que um computador tradicional levaria um tempo extremamente longo para simular um simples experimento de física quântica. Por outro lado, sistemas quânticos simples podem executar enormes quantidades de cálculos num curto espaço de tempo. Poderia ser possível utilizar essa capacidade para se calcular algo útil. 1985 - David Deutsch, na Universidade de Oxford, descreveu o primeiro computador quântico universal. Exatamente como uma Máquina de Turing pode simular outra máquina de Turing eficientemente, um computador quântico universal é capaz de simular o funcionamento de outro computador quântico com complexidade, no máximo, polinomial. Isso fez crescer a esperança de que um dispositivo simples seja capaz de executar muitos algoritmos quânticos diferentes. 1994 - Peter Shor, no Bell Labs da AT&T em Nova Jersey, descobriu um excelente algoritmo. Ele permite a um computador quântico fatorar grandes inteiros rapidamente. Ele resolve tanto o problema da fatoração quanto o problema do logaritmo discreto". O Algoritmo de Shor poderia, em teoria, quebrar muitos dos sistemas criptográficos em uso atualmente. Essa descoberta criou um enorme interesse nos computadores quânticos, até fora da comunidade acadêmica. 1996 - Lov Grover, no Bell Labs, descobriu o algoritmo de pesquisa em bases de dados quânticas. O speedup de raiz quadrada não foi tão dramático quanto o speedup para fatoração, logs discretos, ou simulações físicas. Mas o algoritmo poderia ser aplicado a uma variedade muito maior de problemas. Qualquer problema que tinha que ser resolvido por uma pesquisa de força bruta, aleatória, podia agora ter um speedup de raiz quadrada. 1996(?) É Proposto o primeiro esquema para correção de erro quântico. Isso é uma aproximação a computadores quânticos que podem processar grandes números de qubits por longos períodos de tempo. Erros sempre são introduzidos pelo meio, mas uma forma de correção de erros quânticos pode sobrescrevê-los e corrigi-los. Esta pode ser a chave tecnológica para a produção em larga escala de computadores quânticos que realmente funcionam. Estas propostas adiantadas tiveram um certo número de limitações. Poderiam corrigir alguns erros, mas não erros que ocorrem durante o próprio processo da correção. Algumas melhorias foram sugeridas, e a pesquisa sobre esta continua ativa. 1999(?) - No MIT foram construídos os primeiros computadores quânticos baseados em montagem térmica. O computador é, na verdade, uma única molécula pequena, que armazena qubits na rotação (spin) de seus prótons e nêutrons. Trilhões e trilhões destas moléculas podem flutuar em um copo da água. O copo está colocado em um equipamento de ressonância magnética nuclear, similar à imagem por ressonância magnética das máquinas usadas nos hospitais. Este conjunto do room-temperature (' ' thermal ' ') das moléculas (' ' ensemble ' ') tem quantidades maciças de redundância, que permite que mantenha coerência muito melhor do que muitos outros sistemas propostos. 2007 - Empresa Canadense D-Wave afirmou ter desenvolvido um computador híbrido chamado Orion que inclui um processador quântico de 16 qubits mas que também processa bits convencionais. Se confirmado, será a primeira máquina desse tipo capaz de realizar tarefas práticas, o que é surpreendente. Alguns especialistas vinham prevendo que demoraria 20 anos para que os computadores quânticos pudessem ser usados na prática. O Orion seria capaz de resolver problemas de lógica, encontrar soluções para o jogo Sudoku e pesquisar alternativas para drogas usadas na indústria farmacêutica. Em seu estágio atual, o Orion não teria aplicação comercial. Mas a D-Wave diz que vai produzir um computador de 32 qubits ainda neste ano. No primeiro semestre de 2008, a empresa pretende chegar a 512 qubits para, em menos de dois anos, atingir 1 quiloqubit. A comunidade científica recebeu o anúncio da empresa com ceticismo, por ela não ter liberado maiores detalhes do processador. 2017 - A D-Wave Systems lançou comercialmente o 2000Q, um computador quântico de 2000 qubits a módicos US$ 15 milhões. O computador quântico anterior da companhia tinha 1.000 qubits. Os sistemas de 1.000 quibits da empresa canadense estão sendo testados pelo Google, NASA e pela Lockheed Martin. O físico brasileiro  Guilherme Tosi, juntamente com uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, inventou uma nova arquitetura radical para a computação quântica, baseada em ‘flip-flop qubits’ que pode ser usada em um novo tipo de computador quântico permitindo, assim, a fabricação de processadores quânticos em larga escala pode se tornar muito mais barata – e mais fácil – do que se pensava ser possível, sem a necessidade do processo complicado da colocação precisa dos átomos de silício no processador. 2019 - Um artigo científico, brevemente publicado em um site da NASA, afirma que o Google criou um computador quântico chamado Sycamore com 54 bits quânticos chamados qubits, 53 dos quais funcionais. Os pesquisadores usaram Sycamore para realizar uma série de operações em 200 segundos que levariam um supercomputador cerca de 10.000 anos para ser concluído. Como trabalha. Um computador clássico com três bits de memória pode apenas armazenar dois estados lógicos (uns ou zeros). Num determinado momento, pode conter os bits "000" ou "001" ou "010" ou "011" ou "100" ou "101" ou "110" ou "111". Um computador quântico pode atualmente armazenar 16 valores analógicos em pares para formar 8 números complexos. Em um dado instante, ele poderia conter isto: Se existissem "n" qubits, então esta tabela teria 2"n" linhas. Para um "n" nas centenas, isso seriam mais linhas do que os átomos conhecidos no universo. A primeira coluna mostra todos os estados possíveis para os três bits. Um computador clássico apenas suporta um destes padrões de cada vez. Um computador quântico pode colocar-se na super posição de assumir os 8 estados simultaneamente. A segunda coluna mostra a "amplitude" para cada um dos 8 estados. Estes 8 números complexos são uma imagem dos conteúdos de um computador quântico num determinado momento. Durante a computação, estes 8 números irão modificar e interagir uns com os outros. Neste sentido, um computador quântico de 3-qubit tem muito mais memória do que um computador clássico de 3-bit. No entanto, não existe nenhuma forma de ver diretamente estes 8 números. Quando o algoritmo é terminado, é feita uma única "medida". A medida fornece uma simples linha de 3-bit, e elimina todos os 8 números complexos. A linha fornecida é gerada aleatoriamente. A terceira coluna da tabela calcula a probabilidade de cada linha possível. Neste exemplo, há uma probabilidade de 14% de que a linha fornecida seja "000", uma de 4% de que seja "001", e assim por diante. Cada probabilidade é encontrada com a execução do quadrado do módulo do número complexo (ou a multiplicação do complexo pelo seu conjugado - dá no mesmo). O quadrado do módulo de (a+ib) é (a²+b²). As 8 probabilidades somam até 1. Geralmente, um algoritmo num computador quântico irá dar início a todos os números complexos de modo a se equivalerem a valores, por isso todos os estados terão probabilidades equivalentes. A lista de números complexos pode ser vista como um vector de 8 elementos. Em cada passo do algoritmo, esse vector é modificado ao multiplicá-lo por uma matriz. A matriz advém da física da própria máquina, e será sempre invertível, e irá garantir que as probabilidades continuem a somar até 1 (ou seja, a matriz será sempre ortogonal). Para uma máquina térmica completa, a operação é realizada disparando um curto pulso de radiação no recipiente de moléculas. Diferentes tipos de pulsos resultam em diferentes matrizes. O algoritmo para o computador quântico consiste em que pulsos usar e em que ordem. A sequência é usualmente escolhida de modo que todas as probabilidades tendam a 0 exceto uma. Essa probabilidade é a que corresponde à linha que é a resposta correta. Então, quando as medidas são feitas, essa resposta é a mais provável de ser retornada. Para um dado algoritmo, as operações serão sempre feitas na mesma ordem. Não existe regras "SE ENTÃO" para variar a ordem, já que não há modo de ler a memória antes da medição no final. Para mais detalhes na sequência de operações usada para vários algoritmos, veja computador quântico universal, Algoritmo de Shor, busca quântica em base de dados, e correção de erro quântico. O computador quântico do exemplo acima pode ser imaginado como uma caixa preta contendo 8 números complexos. Ou, pode ser imaginado como 8 caixas pretas, cada uma contendo 1 número complexo, cada um se situando num universo alternativo diferente, e todas se comunicando uma com as outras. Essas duas interpretações correspondem a Interpretação Copenhaque e Interpretação Everett de diferentes-mundos, respectivamente, da mecânica quântica. A escolha da interpretação não influi no cálculo, ou no comportamento do computador quântico. Nos dois casos, é um vetor de 8 elementos que é modificado pela multiplicação da matriz. Teoria da Complexidade. Esta seção mostra o que é atualmente conhecido pela ciência matemática acerca do poder dos computadores quânticos. Descreve os resultados conhecidos da teoria da complexidade e da teoria da computação, que dizem respeito aos computadores quânticos. Uma classe de problemas que pode ser resolvida eficientemente por computadores quânticos é chamada BQP, para "bounded error, quantum, polynomial time". Computadores quânticos somente executam algoritmos aleatórios, então BQP em computadores quânticos é a parte contrária do BPP em computadores clássicos. É definido como um conjunto de problemas solucionável como um algoritmo de tempo polinomial, cuja probabilidade de errar é reduzida para metade. Um computador quântico "resolve" um problema se, para toda situação, sua resposta estará certa com alta probabilidade. Se esta solução for encontrada em tempo polinomial, então este problema é BQP. BQP é supostamente disjunto de NP-Completo e super-conjunto de P, mas nada é conhecido. Tanto a factorização de inteiros como o logaritmo discreto pertencem a BQP. Ambos são problemas NP mas suspeita-se que não estejam em P nem em NP-Completo. Existe um comum mal-entendido que os computadores quânticos poderão resolver problemas completos em NP em tempo polinomial. Existem muitas dúvidas, mas é considerada uma afirmação falsa. Já foi mostrado que se um computador quântico pudesse ser desenhado com operadores não-lineares, então poderia resolver problemas completos em NP em tempo polinomial e até para #P-Completos. No entanto estes formulações ainda não foram aprovadas por outros colegas. Embora computadores quânticos sejam algumas vezes mais rápidos que os computadores clássicos, eles não podem solucionar problemas que computadores clássicos não podem resolver, tendo tempo e memória suficientes. Uma Máquina de Turing pode simular um computador quântico, então um computador quântico nunca poderá solucionar um problema sem a capacidade de decisão parecido com o Problema da parada. A existência de computadores quânticos não pode refutar a tese de Church-Turing.
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Caronte (satélite)
Caronte (satélite) Caronte forma junto com Plutão um sistema de astros duplos (rotação síncrona), descoberto por James Walter Christy em 22 de junho de 1978. É mais conhecido como um satélite natural de Plutão, mesmo tendo a metade do tamanho de Plutão ( km -  km). Os dois possuem massas tão semelhantes que não há uma dominância gravitacional de Plutão sobre Caronte. Caronte puxa Plutão com tal força que o eixo de rotação se encontra fora da superfície de Plutão, é como se ambos fossem satélites naturais de um "vazio", caso único no Sistema Solar. Alguns astrônomos classificam esta interação como planeta-anão duplo, o sistema Plutão-Caronte, assim sendo os outros quatro corpos: Hidra, Nix, Cérbero e Estige seriam satélites de Plutão e Caronte. Mas a classificação dada pela União Astronômica Internacional ainda é somente planeta-anão focando o maior corpo do sistema. A sua composição e dimensões são ainda muito incertas, devido à distância a que o par Plutão-Caronte se encontra da Terra. Mas as medições feitas mostram que Caronte possui um diâmetro de aproximadamente  km. Como se viu nas últimas décadas, todos os planetas distantes tinham mais satélites do que se pensava antes dos voos espaciais, e nunca foram visitados pelo homem. Entretanto, Plutão e Caronte foram visitados pela missão espacial não-tripulada New Horizons em julho de 2015, para novas pesquisas. Descoberta. Caronte foi descoberto a 22 de junho de 1978 pelo astrônomo do Observatório Naval dos Estados Unidos James W. Christy, que percebeu algo muito peculiar nas imagens de Plutão obtidos com o telescópio do Observatório de Flagstaff. As imagens obtidas de Plutão tinham uma forma ligeiramente alongada, enquanto as estrelas que apareceram na mesma fotografia não mostraram nenhuma distorção. Uma verificação em arquivo no observatório revela que algumas das outras imagens tomadas em excelentes condições de visibilidade também mostraram esta estirpe, embora a maioria não. Este efeito poderia ser explicado se houvesse outro objeto em órbita de Plutão, que periodicamente não é suficientemente grande para ser observado pelo telescópio. Christy continuou a sua pesquisa e descobriu que todas as observações poderiam ser explicadas se o objeto em questão tivesse um período orbital de 6,387 dias e uma separação máxima do planeta de um segundo de arco. O período de rotação de Plutão é de 6,387 dias, precisamente como era quase certo que o satélite tinha o período de rotação mesmo, inferir que este era o único conhecido sistema de satélite do planeta em que ambos eram a mesma face o tempo todo. Algumas dúvidas que poderiam ocorrer sobre a existência de Caronte foram apagadas quando o sistema entrou em um período de cinco anos entre 1985 e 1990 de eclipses e trânsitos. Este fenômeno ocorre quando o plano orbital de Plutão e Caronte fica no mesmo plano orbital do ponto de vista da Terra. Isso só acontece duas vezes durante os 248 anos do período orbital de Plutão. Foi muita sorte que um desses intervalos de eclipses ocorressem logo após a descoberta de Caronte. As primeiras imagens de Plutão e Caronte como discos separados foram tiradas pelo Telescópio Espacial Hubble na década de 1990. Mais tarde, o desenvolvimento da óptica adaptativa possibilitou obter imagens dos discos separados usando telescópios terrestres. A descoberta de Caronte descartou a teoria de que Plutão tinha sido um satélite de Netuno que havia escapado da órbita deste. Nome. Caronte foi nomeada, temporariamente, como S/1978 P 1. Em 24 de junho de 1978, James Walter Christy sugeriu o nome "Charon", apelido de sua esposa Charlene. O Observatório Naval dos Estados Unidos propôs o nome "Persephone", mas Christy persistiu no nome "Charon" (em português, Caronte) após descobrir que este nome se refere a uma figura da mitologia grega. Caronte transportava as almas dos que morreram ao mundo inferior ou Hades, conhecido como Plutão pelos romanos. A adoção oficial deste nome foi confirmada em 3 de janeiro de 1986 pela União Astronômica Internacional. Caraterísticas físicas. O diâmetro de Caronte é de cerca de  km, pouco mais de que metade do de Plutão, com uma área de  km². Ao contrário de Plutão, que é coberta com gelos de nitrogênio e metano, a superfície de Caronte parece ser dominada por gelo de água. Também parece não ter atmosfera. Em 2007, observações feitas pelo Observatório Gemini, hidratos de amônia e cristais de água na superfície de Caronte sugeriram a presença de criogêiseres ativos. Imagens de Caronte revelaram uma superfície altamente fracturada que pode ter se formado quando um oceano congelado subsuperficial e se expandiu para dividir uma crosta exterior de gelo. O fato de que o gelo estava em forma cristalina ainda sugere que havia sido recentemente depositado, uma vez que a radiação solar teria o gelo degradado antigo para trazê-lo para um estado amorfo após cerca de 30 mil anos. A superfície fracturada faz parte da característica informalmente chamado de Chasma da serenidade, parte de uma vasta faixa equatorial de abismos sobre Caronte. Este sistema de abismos é um dos mais longos visto em qualquer lugar no sistema solar, ele tem pelo menos cerca de  km de comprimento e atingindo 7,5 km de profundidade. Os eclipses mútuos de Plutão e Caronte na década de 1980 permitiram aos astrónomos analisar as linhas espectrais de Plutão e de ambos os astros combinados. Subtraindo-se o espectro de Plutão do total, poderia determinar a composição da superfície de Caronte. O volume e a massa de Caronte nos permitem calcular a sua densidade, sabendo isso, podemos dizer que é um corpo gelado e contém menos rochas, do que seu parceiro, apoiando a ideia de que Caronte foi criada por um impacto gigante no manto de Plutão. Existem duas teorias contraditórias sobre a estrutura interna de Caronte: alguns cientistas acreditam que é um corpo diferenciado como Plutão, com um núcleo rochoso e um manto de gelo, enquanto outros acreditam que Caronte tem uma composição uniforme. Polo vermelho. Os pesquisadores da NASA descobriram que o pólo vermelho escuro em Caronte pode ser parte da atmosfera vinda de Plutão. As imagens e os dados capturados pela sonda New Horizons, da NASA, sugerem que a região avermelhada no topo da lua poderia ser a atmosfera que escapou de Plutão, congelada.
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Computador pessoal
Computador pessoal Na tecnologia, o computador pessoal, mais conhecido pela sigla PC (do inglês Personal Computer) é uma expressão que representa um computador de pequeno porte (computador de mesa, computador portátil, PDA), que se destina ao uso pessoal doméstico ou por um pequeno grupo de indivíduos. Os sistemas operacionais predominantes são Microsoft Windows, Mac OS e os sistemas baseados em Linux, e as principais arquiteturas são as baseadas nos processadores x86, x64 e PowerPC. O termo PC foi bastante difundido entre usuários de computadores pessoais derivados do modelo da IBM, o IBM PC, devido à larga campanha publicitária em 1981. A atual convergência entre PCs e "palmtops", celulares e dispositivos móveis que possuem funções similares, sistemas operacionais e componentes leva a uma discussão sobre a extensão do termo "computador pessoal" a esses dispositivos. História. Primeiros computadores pessoais. Até o final da década de 1970, reinavam absolutos os "mainframes", computadores enormes, trancados em salas refrigeradas e operados apenas por poucos, que apenas grandes empresas e bancos podiam compra-los, investindo alguns milhões de dólares para tornar mais eficientes alguns processos internos e o fluxo de informações. A maioria dos escritórios funcionava mais ou menos da mesma maneira que no começo do século. Arquivos de metal, máquinas de escrever, papel carbono e memorandos faziam parte do dia a dia. Em 1965, foi desenvolvida a primeira série de computadores pessoais, I 2, 6 anos antes dos primeiros computadores pessoais ocidentais. Entretanto, segundo o estadunidense Museu da História do Computador, o primeiro "computador pessoal" foi o Kenbak-1, lançado em 1971. Tinha 256 bytes de memória e foi anunciado na revista "Scientific American" por US$ 888; todavia, não possuía CPU e era, como outros sistemas desta época, projetado para uso educativo (ou seja, demonstrar como um "computador de verdade" funcionava). Em 1975, surge o Altair 8800, um computador pessoal baseado na CPU Intel 8080. Vendido originalmente como um kit de montar através da revista norte-americana Popular Electronics, os projetistas pretendiam vender apenas algumas centenas de unidades, tendo ficado surpresos quando venderam 10 vezes mais que o previsto para o primeiro mês. Custava cerca de 400 dólares e se comunicava com o usuário através de luzes que piscavam. Entre os primeiros usuários estavam o calouro da Universidade de Harvard, Bill Gates, e o jovem programador, Paul Allen, que juntos desenvolveram uma versão da linguagem "Basic" para o Altair. Pouco tempo depois, a dupla resolveu mudar o rumo de suas carreiras e criar uma empresa chamada Microsoft. Nos anos seguintes, surgiram centenas de novos computadores pessoais como o Radio Shack TRS-80 (O TRS-80 foi comercializado com bastante sucesso no Brasil pela Prológica com os nomes de CP-300 e CP-500), Commodore 64, Atari 400 e outros com sucesso moderado. Em 1997, Mark Dean foi vice-presidente de desempenho para a Divisão RS/6000 (na IBM) e, junto com seu colega Dennis Moeller, Dean foi introduzido no Hall da Fama Inventores Nacional dos Estados Unidos, que tem menos de 150 membros. Para inventar "um sistema que permitiu PCs para se tornar parte de nossas vidas". A Apple e a popularização. Em 1976, outra dupla de jovens, Steve Jobs e Steve Wozniak, iniciou uma empresa que mudaria o rumo da informática: a Apple. Jobs e Wozniak abandonaram a Universidade de Berkeley para poderem se dedicar ao computador pessoal criado por Wozniak, o Apple I. Como Wozniak trabalhava para a HP, o seu projeto precisava ser apresentado para a empresa que recusou de imediato a ideia. Isso abriu o caminho para a criação da Apple, empresa fundada pelos dois que comercializaria os computadores. Montados na garagem de Jobs, os 200 primeiros computadores foram vendidos nas lojas da vizinhança a 500 dólares cada. Interessado no projeto, Mike Markkula (na época vice-presidente de marketing da Intel), resolveu investir 90 mil dólares de entrada na Apple, e depois mais 250 mil quando a empresa conseguisse uma receita positiva. Alguns meses depois, já em 1977, foi lançado o primeiro microcomputador como conhecemos hoje, o Apple II. O equipamento já vinha montado, com teclado integrado e era capaz de gerar gráficos coloridos. Parte da linguagem de programação do Apple II havia sido feita pela Microsoft, uma variação do BASIC para o Apple II. As vendas chegaram a 2,5 milhões de dólares no primeiro ano de comercialização e, com o seu rápido crescimento de vendas, a Apple tornou-se uma empresa de capital aberto (ou seja, com ações que podem ser adquiridas por qualquer um na bolsa de valores) e ela construiu a sua sede principal — Infinite Loop — em Cupertino, Califórnia. Com o sucesso do Apple II, vieram o Visicalc (a primeira planilha eletrônica inventada), processadores de texto e programas de banco de dados. Os micros já podiam substituir os fluxos de caixa feitos com cadernos e calculadoras, máquinas de escrever e os arquivos de metal usados para guardar milhares de documentos. Os computadores domésticos deixaram então de ser apenas um "hobby" de adolescentes para se tornarem ferramentas indispensáveis para muitas pessoas. Entretanto, até o começo dos anos 80, muitos executivos ainda encaravam os computadores pessoais como brinquedos. Além das mudanças de hábitos necessárias para aproveitar a nova tecnologia, os mais conservadores tinham medo de comprar produtos de empresas dirigidas por um rapaz de 26 anos que há menos de cinco trabalhava na garagem dos pais. Os computadores pessoais para empresas. Em 1980, a IBM estava convencida de que precisava entrar no mercado da microinformática e o uso profissional dos micros só deslanchou quando ela entrou nesse mercado. A empresa dominava (e domina até hoje) o mercado de computadores de grande porte e, desde a primeira metade do século XX, máquinas de escrever com sua marca estavam presentes nos escritórios de todo o mundo. Como não estava acostumada à agilidade do novo mercado, criado e dominado por jovens dinâmicos e entusiasmados, a gigantesca corporação decidiu que o PC não podia ser criado na mesma velocidade na qual ela estava acostumada a desenvolver novos produtos. Por isso, a empresa criou uma força tarefa especial para desenvolver o novo produto. Assim, um grupo de 12 engenheiros liderados por William C. Lowe foi instalado em um laboratório em Boca Raton, na Flórida, longe dos principais centros de desenvolvimento da corporação que, até hoje, ficam na Califórnia e em Nova Iorque. O resultado desse trabalho foi o "IBM-PC", que tinha um preço de tabela de US$ 2 820, bem mais caro que os concorrentes, mas foi um sucesso imediato. Em cinco meses foram vendidas 35 mil unidades, cinco vezes mais do que o esperado. Como observou o jornalista Robert X Cringley: "ninguém nunca tinha sido despedido por comprar produtos IBM". Os micros deixaram definitivamente de ser um brinquedo. A Parceria IBM - Microsoft. Como todo computador, o IBM PC precisava de um sistema operacional para poder ser utilizado. Durante o processo de desenvolvimento do IBM PC, houve uma tentativa sem sucesso de contratar a Digital Research, uma empresa experiente na criação de Sistemas Operacionais, para o desenvolvimento do Sistema Operacional da IBM. Sem alternativa, a IBM recorreu à Microsoft que ofereceu um Sistema Operacional para a IBM, mas na verdade eles não tinham nada pronto. Ao assinar o contrato de licenciamento do DOS (Disk Operating System - Sistema Operacional de Disco) para a IBM, Bill Gates e Paul Allen foram atrás da Seattle Computer, uma pequena empresa que desenvolvia o Sistema Operacional QDOS e que o vendeu para a Microsoft por 50 mil dólares sem imaginar o fim que esse sistema teria. A Microsoft então adaptou-o e criou o PC-DOS. O contrato com a IBM previa uma royalty (de 10 a 50 dólares por cada máquina vendida) e um pequeno pagamento inicial. Mas o sistema continuava sobre propriedade da Microsoft, assim como a possibilidade de distribuir versões modificadas (MS-DOS). Esse contrato é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes do século XX, pois, através desse contrato, a Microsoft deixou de ser uma microempresa de software para se tornar a empresa mais poderosa no ramo da informática e tornar Bill Gates um dos homens mais ricos do mundo na atualidade. A aposta da Apple para continuar no topo. Em dezembro de 1979, a Apple Computer era a empresa de maior sucesso da microinformática. O carro chefe da empresa, o Apple II+ já estava presente em escolas e residências da elite americana. Entretanto, as máquinas ainda eram difíceis de usar. Para operar um microcomputador, era preciso conhecer a "linguagem" do sistema operacional e a sintaxe correta para aplicá-la. Todas as interações do usuário com a máquina eram feitas através da digitação de comandos. Uma letra errada e a operação não era realizada, exigindo a digitação do comando correto. Assim, antes de aproveitar os benefícios da informática, era indispensável aprender todos os comandos de controle do computador. O computador da Apple estava com quase 2 anos de existência e já começava a ficar velho. A empresa precisava criar algo novo para continuar competindo. A Xerox, empresa que dominava o mercado de copiadoras, acreditava que o seu negócio poderia perder rentabilidade com a redução do fluxo de documentos em papel, por causa do uso de documentos em formato eletrônico. Foi criado então, em 1970, o Palo Alto Research Center (PARC) com o intuito de inventar o futuro. Nessa época o PARC desenvolvia muitas novidades como as redes locais e impressoras laser, mas a pesquisa mais importante era a interface gráfica e o mouse. Após grandes desastres na tentativa de comercializar computadores do PARC (o computador do PARC saia por 17 mil dólares enquanto o da IBM custava apenas 2,8 mil dólares), a Xerox desistiu do projeto. Steve Jobs também desenvolvia nos laboratórios da Apple a interface gráfica. Buscando saber detalhes de como ela ficaria depois de pronta, trocou opções de compra de ações da Apple por uma visita detalhada de três dias ao PARC. O primeiro produto lançado pela Apple usando os conceitos criados pela Xerox foi o Lisa. Apesar de moderno, não chegou a ser produzido em grande quantidade, pois o mercado não estava preparado para pagar quase 10 mil dólares apenas pela facilidade de uso. Em 1979, Jef Raskin, um especialista em interfaces homem-máquina, imaginou um computador fácil de utilizar e barato para o grande público. Ele então lançou as bases do projeto Macintosh. O projeto inovador do Macintosh atraiu a atenção de Steve Jobs, que saiu do projeto Lisa com sua equipe para se concentrar no projeto Macintosh. Em janeiro de 1981, ele tomou a direção do projeto, forçando Jef Raskin a deixar o mesmo. Em 24 de janeiro de 1984, surgiu o Macintosh, o primeiro computador de sucesso com uma interface gráfica amigável, usando ícones, janelas e mouse. Sua acolhida foi extremamente entusiástica, grande parte disso devido às campanhas publicitárias em massa da Apple. O principal anúncio de seu lançamento foi durante o intervalo da Super Bowl XVIII (evento comparável com a importância da Copa do Mundo para o Brasil). Essa propaganda é conhecida como "1984", pois era baseada no livro "Nineteen Eighty-Four" (Mil Novecentos e Oitenta e Quatro) de George Orwell, e retrata um mundo no qual todos eram submetidos ao regime totalitário do "Big Brother" (Grande Irmão). Uma heroína representada por Anya Major destrói um telão no qual o Big Brother falava ao público. O intuito do comercial era relacionar a IBM ao "Big Brother" e a heroína à Apple. Os "IBM-PC Compatíveis". O mesmo grupo que criou o IBM-PC também definiu que o componente básico do computador, a BIOS, seria de fabricação exclusiva da IBM. Esse chip tem a finalidade de fornecer aos PCs uma interface de entrada e saída de dados. Como todos os outros componentes do computador eram fabricados por outras empresas, a IBM tinha nesses chips a sua maior fonte de renda e a única coisa que vinculava qualquer PC à IBM. Algumas empresas, dentre elas a Compaq, aplicaram a técnica de engenharia reversa no BIOS, clonaram-na e construíram computadores similares ao da IBM. Em novembro de 1982, a Compaq anuncia o "Compaq Portable", primeiro PC que não usa a BIOS da IBM e mantém 100% de compatibilidade com o IBM PC. Esses computadores são conhecidos como "IBM PC compatíveis" e são os PCs que são vendidos nas lojas até hoje, apenas bem mais evoluídos do que os primeiros PCs. Isso levou a IBM a se tornar uma simples empresa que fabricava computadores pessoais e concorria como qualquer outra nesse mercado. A IBM praticamente abandonou o mercado de PCs e se dedicou ao mercado de servidores, na qual é imbatível até hoje. A disputa dos sistemas operacionais - Mac OS e Windows. Após o lançamento do Macintosh com a sua interface gráfica, a IBM e a Microsoft perceberam que o DOS já havia se tornado obsoleto perante a interface gráfica do Mac OS (na época chamado de System 1.0) e que iriam perder um grande mercado caso não desenvolvessem algo similar. Não dispondo de tempo suficiente para criar um sistema operacional totalmente gráfico como o Mac OS, a Microsoft cria o Windows 1.0. Ele era uma interface gráfica bidimensional para o MS-DOS e foi lançado em 20 de novembro de 1985. Era necessário o MS-DOS 2.0, 256 KB RAM e um disco rígido para executá-lo. Como era uma solução rápida, foi criado um sistema multitarefa "cooperativo", pois não era o processador que controlava a multitarefa, mas sim os programas que se interrompiam automaticamente para a execução de outro. Naquela altura, o MS-DOS só conseguia suportar 1 MB de aplicações. Nessa época, instalado em computadores XTs que tinham apenas 512 KB de memória, ocupava praticamente toda a memória disponível. O Windows 1.0 não foi nenhum grande sucesso comparado com seus sucessores da década de 1990, devido à limitação do hardware da época. Inicialmente, ele foi lançado em quatro disquetes de 5.25 polegadas de 360 KB cada um. Continha o Reversi (jogo), um calendário, bloco de notas, calculadora, relógio, prompt de comando (uma janela direta para o DOS), Write, Control Painel, Paint e programas de comunicação. Permitia a utilização de mouse, janelas e ícones. Nesta versão ainda não havia sobreposição de janelas. O Windows usufruiu muito da expansão do mercado de PCs, pois como o Mac OS só era executado em computadores da Apple, o Windows era a única opção para os IBM PC Compatíveis. A Microsoft então lançou duas linhas de sistemas operacionais: uma derivada do Windows 1.0 e do DOS, outra de sistemas operacionais totalmente gráficos e orientados a servidores. O Windows XP, lançado em 2001, unificou as duas linhas e seu sucessor, o Windows Vista, modificou bruscamente a interface gráfica do Windows. Atualmente a Microsoft trabalha no Windows Server 2008 (para servidores) e no Windows 7, sucessor do Windows Vista, que foi lançado em outubro de 2009. Existe uma discussão sobre o desenvolvimento do primeiro Windows. Na época do lançamento do Macintosh, a Microsoft tinha se oferecido para trabalhar desenvolvendo aplicativos para o Macintosh e, para tanto, receberam três protótipos Macintosh com o System 1.0 instalado. Alguns acreditam que a Microsoft, após ver no Lisa que a interface gráfica os havia colocado décadas atrás, copiou o System 1.0 e remodelou para os computadores da IBM, rebatizando então de Microsoft Windows 1.0. No entanto, Steve Jobs foi demitido da Apple um ano após o lançamento do Macintosh. Ele fundou então a NeXT e comprou a Pixar da Lucasfilms, depois revendida para a Disney tornando Steve Jobs o maior acionista individual da empresa. Beirando a falência, a Apple compra a Next e traz Steve Jobs de volta em 1997. O sistema operacional da Next tornou-se então a base para o Mac OS X, décima e atual versão do Mac OS. Na época a Microsoft era acusada de monopólio e se a Apple quebrasse e levasse consigo o Mac OS, seria muito difícil para a Microsoft justificar que realmente não era monopolista no mercado de sistemas operacionais. A Microsoft então investiu em ações da Apple sem direito a voto e se comprometeu a desenvolver o pacote Microsoft Office e outros produtos para o Mac OS. O investimento da Microsoft salvou na verdade as duas empresas, uma da falência e outra de um possível processo de divisão como o ocorrido com a AT&T anos antes. Uma nova discussão recai sobre o novo sistema operacional da Microsoft, o Windows Vista, ter sido criado com base nas inovações do Mac OS X. A própria Apple mostrou numa exposição as semelhanças entre os dois sistemas. Em outubro de 2007, a Apple lança a 5ª versão do Mac OS X, o Mac OS X Leopard, com vários recursos presentes também no Windows Vista. A Microsoft rebate as acusações de cópia afirmando que a Apple teria criado o Leopard com base nas ideias que a Microsoft tinha divulgado anos antes sobre as inovações do Windows Vista. A Apple insiste até os dias atuais em manter o Mac OS exclusivo para os computadores da Apple. Horas antes do lançamento do Mac OS X Leopard, um grupo de hackers brasileiros chamado BrazilMAC publicou na Internet instruções detalhadas sobre como instalar o programa em IBM PC Compatíveis. Mesmo sendo um processo complexo, milhares de pessoas já baixaram os pacotes com instruções, atualizações e ferramentas de uso disponibilizados pelo grupo BrazilMAC. Segundo responsáveis pela segurança do Mac OS X Leopard, se a utilização do programa em outras máquinas se popularizar, a Apple desenvolverá travas e bloqueios para o Leopard. O mercado atual de PCs. Os PCs representam atualmente um dos maiores mercados mundiais. As vendas de PCs crescem constantemente e batem recordes extraordinários. De acordo com a empresa de pesquisa IDC, 66,9 milhões de PCs foram comercializados em 2007, contra 57,9 milhões um ano antes. As vendas de computadores portáteis contaram muito para o aumento de 15,5% nas vendas globais de PCs de julho até setembro de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado, especialmente na Europa, segundo a empresa de pesquisa IDC. A pesquisa também aponta um crescimento maior nas vendas fora dos Estados Unidos. As três maiores fabricantes de PCs de acordo com a IDC, no terceiro trimestre de 2007, são: Vale do Silício. Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, (em inglês, "Silicon Valley"), é um conjunto de empresas implantadas a partir da década de 1950 com o objetivo de inovar científica e tecnologicamente, destacando-se na produção de Chips, na eletrônica e informática. O Vale do Silício abrange várias cidades do estado da Califórnia, ao sul de São Francisco, como Palo Alto e Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios de San José. Como essa região sempre concentrou um grande número de empresas tecnológicas, o Vale do Silício foi o epicentro do desenvolvimento dos computadores pessoais. Muitas empresas que hoje estão entre as maiores do mundo foram gestadas na região: Apple, Google, NVIDIA Corporation, Electronic Arts, Symantec, Advanced Micro Devices (AMD), eBay, Maxtor, Yahoo!, Hewlett-Packard (HP), Intel, Microsoft (hoje está em Redmond, próximo a Seattle), entre muitas outras. Tanto a Apple como a Microsoft iniciaram as suas operações nessa região. A interface gráfica desenvolvida pelo PARC também foi criada aqui. A industrialização dessa região teve início nos anos 90, mas o impulso para o seu desenvolvimento se deu com a Segunda Guerra Mundial e principalmente durante a Guerra Fria, devido à corrida armamentista e aeroespacial. Foram as indústrias eletrônicas do Vale do Silício que forneceram transístores para mísseis e circuitos integrados para os computadores que guiaram as naves do Projeto Apollo. Utilizadores de PCs. Computadores pessoais são normalmente utilizados por um único utilizador com o intuito de realizar tarefas gerais tais como processamento de texto, navegação na Internet, fax, e-mail, execução de conteúdo multimídia, jogos, programação de computadores, etc.. O uso de um moderno computador pessoal pode requerer algum conhecimento sobre o sistema operativo e as aplicações nele utilizados, mas não é necessário uma pessoa possuir conhecimento sobre como escrever programas para computadores. No entanto, muitos programadores utilizam primariamente um PC para escrever seus programas. Sistemas operacionais. Windows. O Windows é desenvolvido pela Microsoft. É o líder de mercado e o mais conhecido, apesar de grande número de cópias ilegais, erros e falhas frequentes. Sua primeira versão, Windows 1.0, foi lançada em 1985 com o propósito de ser um ambiente gráfico para o sistema operacional MS-DOS. A versão seguinte, Windows 2.0 ainda usava um executivo de DOS. Essa função foi usada até a versão NT, que usava uma nova tecnologia. A versão Windows 3.0 e seus sucessores Windows 3.1 e Windows for Workgroups foram as primeiras a terem o uso disseminado no mercado, já se tornando líder no mercado a partir dessa geração. Seguiu-se o Windows 95, em 32 bits, que introduziu um novo conceito para a inicialização de programas e gerenciamento de tarefas e passou a ser vendida em conjunto com o MS-DOS. O Windows XP foi a primeira versão a ser efetivamente um sistema operacional, e tornou-se a versão do Windows que mais tempo permaneceu como líder do mercado, liderança que persiste até hoje, embora em declínio, mesmo após o lançamento de seu sucessor, o Windows Vista. O Windows 8, uma versão que foi criada para tablets, mas podendo ser usada em Desktops, mudando totalmente o seu conceito para uma tela com tiles (pequenos quadrados que tomaram o lugar dos ícones) que redefiniu alguns elementos de interface, passando a agrupar as atividades por aplicativo, e não mais por janela. OS X. O OS X é desenvolvido pela Apple para seus computadores de mesa e laptops (os Macs). Baseado no kernel Darwin e seguindo as especificações POSIX, foi desenvolvido em substituição ao antigo sistema operacional Mac OS e foi lançado no mercado como uma "décima versão" desse sistema, haja vista que última versão do Mac OS era a versão 9, de forma que até a versão 10.7 ("Lion") era chamado comercialmente de "Mac OS X". Apesar disso, a base de código é totalmente diferente e não há compatibilidade entre os dois sistemas. Atualmente se encontra num distante segundo lugar no mercado, atrás do Windows. A versão atual é a 10.13 ('High Sierra'). Linux. Linux é um kernel derivado do Unix que foi desenvolvido por Linus Torvalds inspirado no sistema MINIX, que por sua vez é uma versão simplificada do Unix, e que por fim proveio do sistema Multics, isto é, o primeiro sistema operacional de tempo compartilhado (CTSS - Compatible Timesharing System). O Linux é um dos mais preeminentes exemplos de desenvolvimento com código aberto e de software livre. O seu código fonte está disponível sob licença GPL para qualquer pessoa utilizar, estudar, modificar e distribuir livremente. Existem centenas de sistemas operacionais para computadores pessoais construídos sobre o Linux, sendo atualmente o Ubuntu o mais usado de todos. Outros sistemas baseados em Linux incluem o Linux Mint, o Fedora, o OpenSuSE, o Debian e o Arch Linux, entre outros. Inicialmente desenvolvido e utilizado por nichos de entusiastas em computadores pessoais, o sistema Linux passou a ter a colaboração de grandes empresas, como a IBM, a Sun Microsystems, a Hewlett-Packard, e a Novell, ascendendo como principal sistema operacional para servidores—oito dos dez serviços de hospedagem mais confiáveis da Internet utilizam o sistema Linux em seus servidores web. Um sistema Linux é capaz de funcionar em um grande número de arquiteturas computacionais. É utilizado em supercomputadores, computadores pessoais e até em aparelhos celulares. O Linux é na verdade o núcleo dos sistemas operacionais Linux, de forma que todo sistema operacional que tem o núcleo Linux como base, é chamado genericamente de Linux. Richard M. Stallman, criador e líder do projeto GNU, solicita aos usuários e programadores que se refiram a sistemas baseados no Linux como GNU/Linux pois vários sistemas operacionais Linux construídos em torno do seu núcleo utilizam como base, os programas do projeto GNU, que oferecem interpretador de comandos, utilitários, bibliotecas de software, compiladores, etc. BSD. BSD é uma família de sistemas operacionais baseados em Unix, desenvolvidos na Universidade de Berkeley. Os principais sistemas BSD atualmente são o FreeBSD, o NetBSD, o OpenBSD e o PC-BSD. Assim como o Linux, os sistemas BSD são compatíveis com uma grande variedade de dispositivos e disponibilizados sob uma licença livre, a licença BSD, que, ao contrário da licença GNU, permite o uso de seu código para desenvolver aplicações proprietárias. O OS X é um exemplo de sistema operacional proprietário e de código fechado oriundo do BSD. Os sistemas BSD, embora possam ser usados em computadores pessoais, em geral são mais usados em servidores. Os usuários de sistemas BSD em computadores pessoais são poucos, em geral entusiastas de sistemas Unix. Estrutura de um IBM PC Compatível. Componentes de um PC. O PC, tal como o conhecemos hoje, foi desenvolvido pelo grupo da IBM que desenvolveu o IBM PC. O modelo de placa-mãe utilizado sofreu algumas adaptações e passou para PC XT (eXTended - estendido), PC AT (Advanced Technology - Tecnologia Avançada) e na sua versão atual PC ATX (Advanced Technology eXtended - Tecnologia Avançada Estendida). O grupo de desenvolvedores da IBM definiu que o PC seria uma junção de várias peças construídas por várias empresas (dá-se ao processo de junção dessas peças o nome de "integração"). Logo, as empresas que vendem computadores como a HP e a Dell na verdade não os fabricam, mas apenas integram as peças compradas de várias outras empresas. Por exemplo: um computador da Dell pode ser integrado com um processador Intel, uma placa-mãe Asus, uma placa de vídeo usando a GPU nVidia e assim por diante. No entanto, existem algumas empresas que realmente fabricam algumas peças, como a Compaq. Com a clonagem da BIOS da IBM e a criação dos "IBM PC Compatíveis", o número de integradoras de computadores e o mercado mundial expandiu com uma velocidade inacreditável. Todo dia as empresas de tecnologia competem umas com as outras pelo desenvolvimento de tecnologias superiores por preços acessíveis. Houve também uma segmentação do mercado, criando segmentos como o de baixo-custo (para mercados emergentes e pessoas que adquirem um computador pela primeira vez) e o Gamer (para jogadores profissionais que dispõem de recursos financeiros para investir em máquinas extremamente potentes). A expansão do mercado foi algo muito favorável ao ramo da informática, pois estimulou a criação de empresas que competem pelo mesmo mercado e, portanto, não havendo monopólio e preços abusivos por componentes do computador. Os principais mercados com dois exemplos de concorrentes são: Microprocessador. O microprocessador, popularmente chamado de processador é um circuito integrado que realiza as funções de cálculo e tomada de decisão de um computador. O microprocessador moderno é um circuito integrado responsável pela execução das instruções num sistema. Escolhido entre os disponíveis no mercado, determina, em certa medida a capacidade de processamento do computador e também o conjunto primário de instruções que ele compreende. Embora seja a essência do computador, o microprocessador diferente do microcontrolador, está longe de ser um computador completo. Para que possa interagir com o utilizador precisa de: Memória, E/S Entradas/Saídas, um clock, controladores e conversores de sinais entre outros. Cada um desses circuitos de apoio interage de modo peculiar com os programas e, dessa forma, ajuda a moldar o funcionamento do computador. Hoje existe no mercado processadores multi-nucleares, ou seja, possuem dois ou mais núcleos encapsulados, o que aumenta a capacidade de processamento sem aumentar de forma significativa o consumo de energia e seu custo, pois os núcleos compartilham dos mesmos componentes do sistema. Placa-mãe. A placa-mãe, também denominada em inglês "mainboard" ou "motherboard", é uma placa de circuito impresso eletrônico que integra todos os componentes vitais ao funcionamento do computador pessoal. É considerada o elemento mais importante de um computador, pois, como ela permite que o processador se comunique com todos os periféricos instalados, todos os dados que estão sendo transferidos e processados passam por ela. Na placa-mãe encontramos não só o processador, mas também a memória RAM, os circuitos de apoio, as placas controladoras, os conectores do barramento PCI e os chipsets, que são os principais circuitos integrados da placa-mãe e são responsáveis pelas comunicações entre o processador e os demais componentes. As placas-mãe podem ser: Memória RAM. Memória RAM (Random Access Memory), ou memória de acesso aleatório, é um tipo de memória que permite a leitura e a escrita, utilizada como memória primária em sistemas eletrônicos digitais. O termo acesso aleatório identifica a capacidade de acesso a qualquer posição em qualquer momento, por oposição ao acesso sequencial, imposto por alguns dispositivos de armazenamento, como fitas magnéticas. O nome da Memória RAM não é verdadeiramente apropriado, já que outros tipos de memória (ROM, etc.) também permitem o acesso aleatório a seu conteúdo. O nome mais apropriado seria Memória de Leitura e Escrita. Apesar do conceito de memória de acesso aleatório ser bastante amplo, atualmente o termo é usado apenas para definir um dispositivo eletrônico que o implementa, basicamente um tipo específico de chip. Nesse caso, também fica implícito que é uma memória volátil, isto é, todo o seu conteúdo é perdido quando a alimentação da memória é desligada. Placa de Vídeo. Placa de vídeo ou placa gráfica é um componente de um computador que envia sinais deste para o monitor, de forma que possam ser apresentadas imagens ao utilizador. Normalmente possui memória própria, com capacidade medida em bytes. Nos computadores de baixo custo, as placas de vídeo estão incorporadas na placa-mãe, não possuem memória dedicada, e por isso utilizam a memória RAM do sistema, normalmente denomina-se memória (com)partilhada. Como a memória RAM de sistema é geralmente mais lenta do que as utilizadas pelos fabricantes de placas de vídeo, e ainda dividem o barramento com o processador e outros periféricos para acedê-la, este método torna o sistema mais lento. Também existem duas tecnologias voltadas aos jogadores: SLI e CrossFire. Essas tecnologias permitem juntar duas ou mais placas de vídeo para trabalharem em paralelo, multiplicando o poder de processamento gráfico e melhorando seu desempenho. SLI é o nome adotado pela nVidia, enquanto CrossFire é utilizado pela ATI. Apesar da melhoria em desempenho, ainda é uma tecnologia cara que exige, além das placas de vídeo, uma placa-mãe que aceite esse tipo de arranjo. E a quantidade de energia consumida pelo computador aumenta, muitas vezes exigindo uma fonte de alimentação de maior potência. Disco rígido. O disco rígido (HD) é um sistema lacrado contendo discos de metal recobertos por material magnético onde os dados são gravados através de cabeças, e revestido externamente por uma proteção metálica que é presa ao gabinete do computador por parafusos. É nele que normalmente gravamos dados (informações) e a partir dele lançamos e executamos nossos programas mais usados Este sistema é necessário porque o conteúdo da memória RAM é apagado quando o computador é desligado. Desta forma, temos um meio de executar novamente programas e carregar arquivos contendo os dados da próxima vez em que o computador for ligado. O disco rígido é também chamado de memória de massa ou ainda de memória secundária. Nos sistemas operacionais mais recentes, o disco rígido é também utilizado para expandir a memória RAM, através da gestão de memória virtual. Nesse sistema, parte do disco rígido é considerado como uma extensão da memória e os dados que não podem ser gravados na memória RAM convencional são armazenados temporariamente aqui. Existem vários tipos de discos rígidos diferentes: IDE/ATA, Serial ATA, SCSI, Fibre channel, SAS. Os computadores Apple. Macintosh, ou Mac, é o nome dos computadores pessoais fabricados e comercializados pela Apple Inc. desde janeiro de 1984. O nome deriva de "McIntosh", um tipo de maçã apreciado por Jef Raskin. O Macintosh foi o primeiro computador pessoal a popularizar a interface gráfica (GUI), na época um desenvolvimento revolucionário. Ele é muito utilizado para o tratamento de vídeo, imagem e som. Os primeiros modelos foram construídos em torno dos microprocessadores da família 68000 da Motorola. Com o surgimento de arquiteturas mais poderosas, a partir de 1994 foi empregada a família de processadores PowerPC da IBM e Motorola. Em 2006, uma nova transição ocorreu, com a adoção de processadores Intel, da família Core. Em setembro de 2006, três diferentes processadores são utilizados nos diferentes modelos de Macintosh à venda: Os Macintosh funcionam normalmente com o sistema operacional Mac OS, mas outros sistemas também são disponíveis, como o Linux ou FreeBSD. Um cluster de PowerMacs G5 apelidado de "Big Mac" era um dos computadores mais rápidos em 2003. Computadores portáteis. Laptops. Um laptop (também chamado de notebook) é um computador portátil, leve, designado para poder ser transportado e utilizado em diferentes lugares com facilidade. Geralmente um laptop contém tela de LCD (cristal líquido), teclado, mouse (geralmente um touchpad, área onde se desliza o dedo), unidade de disco rígido, portas para conectividade via rede local ou fax/modem, gravadores de CD/DVD, os mais modernos não possuem mais a unidade de discos flexíveis (disquetes). Quando há a necessidade de se utilizar um desses, pode-se conectar uma unidade externa em uma das portas USB. A expressão "laptop" deriva da aglutinação dos termos em inglês lap (colo) e top (em cima) significando computador portátil, em contrapartida ao "desktop" (em cima da mesa). Laptops podem ser divididos em duas categorias: os portáteis, voltados especialmente aos que necessitam de um computador como acessório de trabalho, mas que se locomovem com frequência entre um lugar e outro, e os desktops replacements, voltados a pessoas que querem computadores com alguma mobilidade, e com performance semelhante à de um computador de mesa. Laptops portáteis são pequenos e leves, e são designadas de modo a fazerem com que suas baterias sejam capazes de abastecer o laptop por um longo período (quatro a cinco horas ou mais). Isto vem a custo de outras especificações do laptop, como RAM (raramente superior a 1 GB), placa de vídeo (raramente superior a 128 MB, compartilhado), velocidade do processador raramente superior a 1,8 GHz, e raramente mais do que 80 GB de espaço no disco rígido. As telas mais comuns são as de 14" (ou 14,1" em widescreen) e 15" (ou 15,4" em widescreen). Tablets. Um Tablet é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas, entretenimento com jogos, entre outras inúmeras finalidades. Apresenta uma tela sensível ao toque que é o dispositivo de entrada principal. Tornou-se bastante popular com o lançamento do iPad pela Apple em 2010. Muito embora a existência dos Tablet PCs seja anterior à deste dispositivo, o iPad trazendo recursos do já bastante popular iPhone criou um novo conceito e popularizou este tipo de dispositivo portátil. Outras companhias, incentivadas pelo sucesso da Apple, lançaram dispositivos com recursos semelhantes utilizando principalmente o Sistema Operacional Android da Google, projetado para Smartphones. Os Tablets são cotados por diversos especialistas em computação pessoal como substitutos dos PCs convencionais em um futuro não muito distante, e a indústria já tem reportado queda nas vendas de Notebooks e Desktops após a popularização dos Tablet PCs. Os dispositivos móveis. Um dispositivo móvel, designado popularmente em inglês por "handheld" é um computador de bolso equipado com um pequeno ecrã (output) e um teclado em miniatura (input). Em alguns casos o output e o input combinam-se num ecrã táctil. Smartphones. Atualmente, os dispositivos móveis mais populares são os chamados Smartphones, equipados com tela sensível ao toque, seguindo o conceito criado pela Apple em 2007 com o lançamento do iPhone. Os Smartphones são capazes de realizar tarefas antes restritas aos computadores convencionais como por exemplo acessar a Internet através de redes "wireless" e redes móveis (2G, 3G, 4G), e geralmente permitem a instalação de aplicativos, expandindo as possibilidades à imaginação dos desenvolvedores de Software ao redor do mundo. Podem ser equipados com diferentes tipos de sensores como GPS, bússola, acelerômetro, sensores de proximidade e iluminação, oferecendo ao usuário uma forma mais rica de interação. Os sistemas operacionais para Smartphones mais populares são o iOS, presente apenas nos dispositivos da Apple, Windows 10 Mobile (Anteriormente Windows Phone) presente em celulares Microsoft e também de outros fabricantes como HP e Alcatel e o Android, presente na maioria dos dispositivos de outras fabricantes. A atual ascensão dos dispositivos de bolso inteligentes tem levado ao questionamento sobre a extensão do termo "Computador Pessoal" a este tipo de dispositivo. Riscos à saúde. Riscos óbvios a saúde incluem problemas na coluna devido a uma má-postura e exposição excessiva dos olhos à radiação luminosa do monitor que pode ocasionar dor de cabeça. No entanto, obesidade e LER (lesão por esforço repetitivo) também podem ser resultado de uso excessivo do computador.
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China
China A República Popular da China (RPC; ), também conhecida simplesmente como China, é o maior país da Ásia Oriental e o segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da Terra, superado apenas pela Índia . É uma república popular socialista unipartidária. Na constituição, descreve-se como um sistema multipartidário de cooperação e consulta política sob a liderança do Partido Comunista da China e como uma "ditadura democrática popular liderada pela classe trabalhadora e baseada na aliança de trabalhadores e camponeses". Tem jurisdição sobre vinte e duas províncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, Ningxia e Quancim), quatro municípios (Pequim, Tianjin, Xangai e Xunquim) e duas Regiões Administrativas Especiais com relativa autonomia (Hong Kong e Macau). A capital da RPC é Pequim. Com aproximadamente 9,6 milhões de km2, a República Popular da China é o terceiro (ou quarto) maior país do mundo em área total e o terceiro maior em área terrestre. Sua paisagem é variada, com florestas de estepes e desertos (como os de Gobi e de Taclamacã) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e da Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul úmido e quente, próximo ao Vietnã, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, o litoral leste da China continental é de baixa altitude e tem uma longa faixa costeira de km, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além dos quais estão Taiwan, Coreia (Norte e Sul) e Japão. A nação tem uma longa história, composta por diversos períodos distintos. A civilização chinesa clássica — uma das mais antigas do mundo — floresceu na bacia fértil do rio Amarelo, na planície norte do país. O sistema político chinês era baseado em monarquias hereditárias, conhecidas como dinastias, que tiveram seu início com a semimitológica Xia (aproximadamente ) e terminaram com a queda dos Qing, em 1911. Desde , quando a dinastia Qin começou a conquistar vários reinos para formar um império único, o país expandiu-se, fraturou-se e reformulou-se várias vezes. A República da China, fundada em 1911 após a queda da dinastia Qing, governou o continente chinês até 1949. Em 1945, a república chinesa adquiriu Taiwan do Império do Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na fase de 1946–1949 da Guerra Civil Chinesa, o Partido Comunista derrotou o nacionalista Kuomintang no continente e estabeleceu a República Popular da China, em Pequim, em 1 de outubro de 1949, enquanto o Partido Nacionalista mudou a sede do seu governo para Taipei. Desde então, a jurisdição da República da China está limitada à Taiwan e algumas ilhas periféricas (incluindo Penghu, Quemói e Matsu) e o país recebe reconhecimento diplomático limitado ao redor do mundo. Desde a introdução de reformas econômicas em 1978, a China tornou-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, sendo o maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias do planeta. A industrialização reduziu a sua taxa de pobreza de 53% (em 1981) para 8% (em 2001). O país tem sido considerado uma superpotência emergente por vários acadêmicos, analistas econômicos e militares. A importância da China como uma grande potência é refletida através de seu papel como segunda maior economia do mundo (ou segunda maior em poder de compra) e da sua posição como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e de várias outras organizações multilaterais, incluindo a Organização Mundial do Comércio, Cooperação Econômica Ásia–Pacífico, Grupo dos Vinte, BRICS e da Organização para Cooperação de Xangai. Além disso, o país é reconhecido como uma potência nuclear, além de possuir o maior exército do mundo em número de soldados e o segundo maior orçamento de defesa. Etimologia. A palavra "China" é derivada do persa "Cin" (چین), que por sua vez é derivado do sânscrito "Cina" (चीन). O termo é registrado pela primeira vez em 1516 no diário do explorador português Duarte Barbosa. A palavra sânscrita foi usada para se referir à China já em Há várias teorias acadêmicas sobre a origem desta palavra. A teoria tradicional, proposta no por Martino Martini, é a de que a palavra "China" é derivada de "Qin" (), o mais ocidental dos reinos chineses durante a dinastia Zhou, ou a partir do sucesso da dinastia Qin (221–). A palavra "Cina" é usada em duas escrituras hindus — o Mahābhārata, do , e no Código de Manu, do — referindo-se a um país localizado na fronteira tibetana-birmana no leste da Índia. Na China, os nomes comuns para se referir ao país incluem "Zhōngguó" () e "Zhonghua" (), embora o nome oficial do país tenha sido alterado inúmeras vezes por sucessivas dinastias e governos modernos. O termo "Zhongguo" apareceu em vários textos antigos, como o "Shujing" do , e em tempos pré-imperiais ele foi muitas vezes usado como um conceito cultural para distinguir o "Huaxia" dos bárbaros. O termo, que pode ser singular ou plural, se refere ao grupo de Estados na planície central da China. Foi só no que a expressão surgiu como o nome formal do país. Os chineses não eram os únicos a definir a sua nação como "central", já que outras civilizações tinham a mesma opinião sobre si mesmas. História. Pré-história. Evidências arqueológicas sugerem que os primeiros hominídeos habitaram a China entre 250 mil a 2,24 milhões de anos atrás. Uma caverna em Zhoukoudian (próximo da atual Pequim) continha fósseis datados entre 300 mil e Os fósseis da caverna são do Homem de Pequim, um exemplo de "Homo erectus" que manipulava o fogo. Há também restos de "Homo sapiens" que datam de 18 a encontrados no local do Homem de Pequim. Primeiras dinastias. A tradição chinesa indica a Dinastia Xia como a primeira dinastia imperial, mas ela era considerada mítica até que escavações científicas encontraram os primeiros sítios da Cultura Erlitou, da Idade do Bronze, na província de Henan em 1959. Os arqueólogos já descobriram sítios urbanos, implementos de bronze e túmulos em locais citados como pertencentes aos Xia em antigos textos históricos, mas é impossível verificar se esses restos são dessa época sem registros escritos do período. A primeira dinastia chinesa que deixou registros históricos foi a vagamente feudal Dinastia Shang (Yin), que estabeleceu-se ao longo do rio Amarelo, no leste da China, do ao A escrita oráculo em ossos dessa dinastia representa a forma mais antiga de escrita chinesa já encontrada e é uma ancestral direta dos caracteres chineses modernos usados em todo o leste da Ásia. Os Shang foram invadidos pelo oeste pela Dinastia Zhou, que governou entre os séculos XII e , até que a sua autoridade centralizada foi lentamente corroída por senhores de guerra feudais. Vários Estados independentes finalmente emergiram do enfraquecido governo Zhou e entraram em guerra constantemente uns contra os outros durante o chamado Período das Primaveras e Outonos, que durou 300 anos, sendo apenas ocasionalmente interrompido pelo imperador Zhou. Até o momento do Período dos Reinos Combatentes, durante os séculos V e , havia sete poderosos Estados soberanos no que é agora é a atual China, cada um com seu próprio rei, ministério e exército. China Imperial. O primeiro Estado unificado chinês foi estabelecido por Qin Shi Huang, do Estado Qin, em Qin proclamou-se o "Primeiro Imperador" (始 皇帝) e impôs muitas reformas em toda a nação, principalmente a normalização forçada da língua, medidas, comprimento de eixos e da moeda chinesa. A Dinastia Qin durou apenas quinze anos, caindo logo após a morte de Qin Shi Huang, que com o duro legalismo e políticas autoritárias levou a uma rebelião generalizada no país. A subsequente Dinastia Han governou a China entre e e criou uma duradoura identidade cultural entre a população, fator que resiste até os dias atuais. Essa dinastia expandiu consideravelmente o território do império através de campanhas militares que atingiram Coreia, Vietnã, Mongólia e Ásia Central, além de também ter ajudado a criar a Rota da Seda no centro da Ásia. A China foi por grande parte dos últimos dois milênios a maior economia do mundo. No entanto, na parte final da Dinastia Qing, o desenvolvimento econômico chinês começou a declinar e o rápido desenvolvimento da Europa durante a Revolução Industrial permitiu-lhe ultrapassar a nação chinesa (ver Grande Divergência). Após o colapso dos Han, um outro período de desunião seguiu-se, que incluiu a época chamada de Três Reinos. Os Estados independentes chineses deste período, como o Wu Oriental, estabeleceram relações diplomáticas com o Japão, introduzindo o sistema de escrita chinês por lá. Em 581, a China foi reunificada sob o governo da Dinastia Sui. No entanto, essa dinastia recuou após sua derrota na Guerra Goguryeo-Sui (598–614). Durante as dinastias Tang e Song, a tecnologia e a cultura chinesa entraram em uma idade de ouro. O Império Tang esteve no auge do poder até meados do , quando a Rebelião de An Lushuan destruiu a prosperidade do reino. A dinastia Song foi o primeiro governo na história do mundo a emitir papel-moeda e a primeira entidade política chinesa a estabelecer uma marinha permanente. Entre os séculos X e XI, a população da China dobrou de tamanho. Esse crescimento se deu por meio do cultivo de arroz, expandido na China central e austral, e à produção de excedentes abundantes de alimentos. Dentro das suas fronteiras, a dinastia Song do Norte tinha uma população de cerca de 100 milhões de habitantes. O governo dessa dinastia foi um período culturalmente rico para a filosofia e as artes da nação. A pintura de paisagem e de retrato foram trazidas para novos níveis de maturidade e complexidade após o reinado dos Tang e as elites sociais se reuniram para apreciar e partilhar a sua própria arte, além de negociar obras preciosas. Filósofos como Cheng Yi e Zhu Xi revigoraram o confucionismo, infundido ideais budistas, e destacaram uma nova organização de textos clássicos que levaram à doutrina central do neoconfucionismo. Em 1271, o líder mongol e quinto cagano do Império Mongol, Kublai Khan, estabeleceu a Dinastia Yuan, com o último remanescente da Dinastia Song caindo para os Yuan em 1279. Antes da invasão mongol, as dinastias chinesas teriam tido cerca de 120 milhões de pessoas sob seu comando; após a conquista ter sido concluída em 1279, o censo de 1300 estimou cerca de sessenta milhões de habitantes. Um camponês chamado Zhū Yuánzhāng derrubou a Dinastia Yuan em 1368 e fundou a Dinastia Ming. Sob essa dinastia, a China entraria em outra era de ouro, com o desenvolvimento de uma das mais fortes marinhas do mundo e uma economia rica e próspera em meio a um florescimento artístico e cultural. Foi durante este período que Zheng He liderou explorações em todo o mundo, chegando até ao continente africano. Nos primeiros anos da dinastia Ming, a capital da China foi transferida de Nanquim para Pequim. Durante a Dinastia Ming, pensadores como Wang Yangming criticaram e ampliaram o neoconfucionismo através dos conceitos do individualismo e da moralidade inata, o que teria um impacto enorme sobre o posterior pensamento japonês. A Coreia Joseon também se tornou um Estado vassalo da China Ming e adotou a maior parte de sua estrutura burocrática neoconfucionista. Em 1644, Pequim foi saqueada por uma coalizão de forças rebeldes lideradas por Li Zicheng, um oficial Ming inferior que liderou a revolta camponesa. O último imperador Ming, Chongzhen, cometeu suicídio quando a cidade caiu. A Dinastia Qing, de origem manchu, então aliou-se ao general Ming Wu Sangui e derrubou a dinastia Shun, de Li, e depois assumiu o controle de Pequim, que se tornou a nova capital dos Qing. No total, o custo da conquista manchu da China foi de mais de 25 milhões de vidas. Declínio dinástico e guerras. A Dinastia Qing, que durou até 1912, foi a última dinastia imperial da China. No , essa linhagem adotou uma postura defensiva em relação ao imperialismo europeu, embora estivesse envolvida em uma expansão imperialista particular para a Ásia Central. Neste momento, o país começou a perceber a importância do resto do mundo, em particular do Ocidente. Como a China se abriu ao comércio exterior e à atividade missionária, o ópio produzido pela Índia britânica foi forçado a entrar no Império Qing. Duas Guerras do Ópio com a Grã-Bretanha enfraqueceram o controle do Imperador. O imperialismo ocidental revelou-se desastroso para o país: O enfraquecimento do regime Qing e a humilhação aparente dos tratados desiguais aos olhos do povo chinês levou à crescente desordem social doméstica. No final de 1850, o sul chinês entrou em ebulição com a Rebelião Taiping, uma violenta guerra civil que durou até 1864. A rebelião foi liderada por Hong Xiuquan, que foi parcialmente influenciado por uma interpretação idiossincrática do cristianismo. Hong acreditava ser ele o filho de Deus e o irmão mais novo de Jesus. Embora as forças de Qing tenham sido vitoriosas, essa guerra civil foi uma das mais sangrentas da história da humanidade, custando pelo menos 20 milhões de vidas (mais do que o número total de mortes da Primeira Guerra Mundial), com algumas estimativas chegando até 40 milhões de mortos. Outras rebeliões custosas seguiram a Rebelião Taiping, como Guerras do Clã Punti-Hakka (1855–1867), Rebelião Nien (1851–1868), Rebelião Miao (1854–1873), Revolta dos Panthay (1856–1873) e a Revolta Dungan (1862–1877). Cada uma dessas rebeliões resultou em uma perda estimada de vários milhões de vidas e teve um impacto devastador sobre a já frágil economia do país. O fluxo do ópio britânico apressou ainda mais a queda do império. No , a era do colonialismo estava no auge e a grande diáspora chinesa começou, sendo que hoje cerca de 35 milhões de chineses vivem no sudeste da Ásia. As taxas de emigração foram reforçadas por catástrofes nacionais, como a Fome do Norte da China de 1876–1879, que custou entre 9 e 13 milhões de vidas. De até 1911, a China passou por períodos de fome (um por ano) em algum lugar do território do império. Enquanto a China era destruída por contínuas guerras, o Japão Meiji conseguia rapidamente modernizar suas forças armadas e definir suas ambições sobre a conquista da Coreia e da Manchúria. A pedido do imperador coreano, o governo Qing enviou tropas para ajudar a suprimir a Rebelião Tonghak em 1894. No entanto, o Japão também enviou tropas para a Coreia, levando à Primeira Guerra Sino-Japonesa, o que resultou no fim da influência da China Qing na península coreana, bem como a cessão de Taiwan (incluindo as Ilhas Pescadores) para o Japão em 1895. Após esta série de derrotas, um plano de reforma para o império para se tornar uma moderna monarquia constitucional ao estilo Meiji foi elaborado pelo imperador Guangxu em 1898, mas encontrou resistência e foi parado pela imperatriz Tseu-Hi, que colocou imperador sob prisão domiciliar em um golpe de Estado. O malfadado levante dos boxers de 1898–1901, cujo principal alvo eram os ocidentais em Pequim, resultou em cerca de 115 mil mortes. No início do , uma massiva desordem civil havia começado e apelos por reformas e revolução eram ouvidos em todo o país. O imperador Guangxu de 38 anos de idade morreu em prisão domiciliar em 14 de novembro de 1908, curiosamente um dia antes da morte da própria Tseu-Hi. Com o trono vazio, ele foi sucedido pelo herdeiro escolhido a dedo pela imperatriz, seu sobrinho de dois anos de idade Pu Yi, que se tornou o imperador Xuantong. A consorte de Guangxu tornou-se a imperatriz viúva Longyu. Em outro golpe de Estado em 1912, Yuan Shikai derrubou Pu Yi e forçou Longyu a assinar o decreto de abdicação como regente, terminando mais de dois mil anos de domínio imperial na China. Longyu morreu, sem filhos, em 1913. República e guerra civil (1912–1949). Em 1 de janeiro de 1912, a República da China foi estabelecida, anunciando o fim da China Imperial. Sun Yat-sen do Kuomintang (Partido Nacionalista ou KMT) foi proclamado o presidente provisório da República. No entanto, a presidência foi dada mais tarde a Yuan Shikai, um ex-general Qing, que tinha assegurado a deserção de todo o Exército de Beiyang do império Qing à revolução. Em 1915, Yuan proclamou-se Imperador da China, mas foi forçado a abdicar e restabelecer a república em face da condenação popular, não só da população em geral, mas também do próprio Exército de Beiyang e de seus comandantes. Após a morte de Yuan Shikai em 1916, a China estava politicamente fragmentada, com um governo reconhecido internacionalmente, mas virtualmente impotente no âmbito doméstico e assentado em Pequim. Senhores da guerra regionais exerciam controle real sobre seus respectivos territórios. No final dos anos 1920, o Kuomintang nacionalista de Chiang Kai-shek foi capaz de reunificar o país sob seu próprio controle através de uma série de hábeis manobras políticas e militares, conhecidas popularmente como a Expedição do Norte. O Kuomintang mudou a capital do país para Nanquim e implementou a "tutela política", um estágio intermediário de desenvolvimento político delineado no programa San-min, de Sun Yat-sen, para transformar a China em um Estado democrático moderno. Efetivamente, a tutela política significou um governo unipartidário comandado pelo Kuomintang, mas o partido dividiu-se politicamente em facções concorrentes. Esta divisão política tornou difícil para Chiang combater os comunistas, com quem o Kuomintang guerreava desde 1927, na Guerra Civil Chinesa. Esta guerra continuou com êxito para o Kuomintang, especialmente depois que os comunistas se retiraram na Grande Marcha, até que o Incidente de Xi’an e a agressão japonesa forçaram Chiang a enfrentar o Japão Imperial. A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937–1945), uma parte da Segunda Guerra Mundial, forçou uma aliança entre o Kuomintang e os comunistas. A "Política dos Três Tudos" do Japão no norte da China—"matar todos, queimar tudo e destruir tudo"—levou a inúmeras atrocidades de guerra cometidas contra a população civil pelos soldados japoneses; ao todo, mais de 20 milhões de civis chineses morreram. Estima-se que 200 mil chineses foram massacrados apenas na cidade de Nanquim durante a ocupação japonesa. O Japão se rendeu incondicionalmente para a China em 1945. Taiwan, incluindo as Ilhas Pescadores, foi colocada sob o controle administrativo da República da China, que imediatamente reivindicou sua soberania. A China emergiu vitoriosa, com o auxílio da invasão soviética em agosto de 1945, mas foi devastada e financeiramente drenada pela guerra. A desconfiança permanente entre o Kuomintang e os comunistas levou à retomada da guerra civil. Em 1947, a lei constitucional foi estabelecida, mas por causa da contínua agitação muitas disposições da Constituição da República da China nunca foram implementadas na China continental. República Popular (1949–presente). Maoismo. Os conflitos da Guerra Civil Chinesa terminam em 1949, quando o Partido Comunista tomou o controle da China continental e o Kuomintang recuou para o mar, reduzindo seu território para apenas Taiwan, Ainão e suas ilhas vizinhas. Em 1 de outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a criação da República Popular da China, que ficou conhecida no ocidente como "China comunista" ou "China Vermelha" durante o período da Guerra Fria. Em 1950, o Exército de Libertação Popular (ELP) teve sucesso na recaptura de Ainão da República da China, ocupou o Tibete e derrotou a maioria das forças remanescentes do Kuomintang nas províncias de Iunã e Sinquião, apesar de alguns redutos do Partido Nacionalista ainda tiverem sobrevivido por muito mais tempo. Os primeiros líderes da República Popular da China (RPC) nasceram na ordem imperial tradicional, mas foram influenciados pelo Movimento de Quatro de Maio e pelos ideais reformistas. Eles tentaram mudar alguns aspectos tradicionais da cultura chinesa, como a posse da terra rural, o sexismo e o sistema educacional confucionista, preservando outros, como a estrutura familiar e a cultura de obediência ao Estado. Mao encorajou o crescimento da população e, sob a sua liderança, a população chinesa quase duplicou, passando de cerca de 550 milhões para mais de 900 milhões de habitantes. No entanto, o "Grande Salto Adiante" de Mao, um projeto de larga escala de reforma econômica e social, resultou em um número estimado de 45 milhões de mortes entre 1958 e 1961, principalmente por causa da fome. Entre 1 e 2 milhões de proprietários de terra foram executados sob a acusação de serem "contrarrevolucionários". Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a Revolução Cultural, que duraria até a morte do líder comunista uma década depois. Essa Revolução, motivada por lutas de poder dentro do partido e pelo medo da União Soviética, levou a uma grande reviravolta na sociedade chinesa. Em outubro de 1971, a República Popular da China substituiu a República da China na Organização das Nações Unidas e tomou seu lugar como membro permanente do Conselho de Segurança. No mesmo ano, pela primeira vez, o número de países que reconheciam a República Popular da China superou os que reconheciam a República da China, com sede em Taipei, como o governo legítimo do país. Em fevereiro de 1972, no auge da ruptura sino-soviética, Mao e Zhou Enlai encontraram o então presidente americano Richard Nixon em Pequim. No entanto, os Estados Unidos só foram reconhecer oficialmente a República Popular como o único governo legítimo da China em 1 de janeiro de 1979. Alguns analistas veem o período pós-1949 como uma continuação da história dinástica tradicional chinesa, enquanto outros afirmam que o governo do Partido Comunista danificou os fundamentos da cultura chinesa, especialmente através de movimentos políticos, como a Revolução Cultural dos anos 1960, onde muitos aspectos da cultura tradicional foram destruídos, tendo sido denunciados como "regressivos e prejudiciais" ou "vestígios do feudalismo". Muitas características importantes da moral e da cultura tradicional do país, como o confucionismo, a arte, a literatura e as artes cênicas, como a Ópera de Pequim, foram alterados conforme as políticas do governo e a propaganda da época. Abertura econômica. Após a morte de Mao em 1976 e a prisão do Bando dos Quatro, que foram responsabilizados pelos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping rapidamente arrebatou o poder do sucessor de Mao, Hua Guofeng. Embora ele nunca tenha se tornado o chefe do partido ou do Estado, Deng foi o "líder supremo" de fato da China na época e sua influência dentro do Partido levou o país a importantes reformas econômicas. Posteriormente, o Partido Comunista afrouxou o controle governamental sobre a vida dos cidadãos e as comunas populares foram dissolvidas, sendo que muitos camponeses receberam múltiplos arrendamentos de terra, com o aumento de incentivos e da produção agrícola. Estes eventos marcaram a transição da China de uma economia planejada para uma economia mista com um ambiente de mercado cada vez mais aberto, um sistema chamado por alguns de "socialismo de mercado" e que o Partido Comunista da China oficialmente descreve como "socialismo com características chinesas". A China adotou a sua atual constituição em 4 de dezembro de 1982. Outras fontes, no entanto, interpretam as reformas impostas pelo governo chinês como um abandono do sistema econômico socialista. A morte do oficial pró-reforma Hu Yaobang ajudou a desencadear o Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, durante o qual estudantes e outros civis fizeram campanha por vários meses, pedindo o combate contra a corrupção e uma maior reforma política, que incluísse os direitos democráticos e a liberdade de expressão. No entanto, eles foram finalmente dispersos em 4 de junho, quando as tropas e veículos do ELP entraram à força e abriram a praça, resultando em várias vítimas. Este evento foi amplamente divulgado e trouxe condenação mundial e sanções contra o governo chinês. O incidente conhecido como "O Rebelde Desconhecido" tornou-se particularmente famoso na época. O presidente Jiang Zemin e o primeiro-ministro Zhu Rongji, ambos ex-prefeitos da cidade de Xangai, lideraram a nação na década de 1990. Sob os dez anos de administração de Jiang e Zhu, o desempenho econômico do país retirou cerca de 150 milhões de camponeses da pobreza e manteve uma taxa média anual de crescimento do produto interno bruto (PIB) de 11,2%. O país aderiu formalmente à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001. No entanto, o rápido crescimento econômico que tornou a economia chinesa a segunda maior do mundo, também impactou severamente os recursos naturais e o meio ambiente do país. Outra preocupação é que os benefícios do crescimento da economia não foram distribuídos uniformemente entre a população, resultando em uma ampla lacuna de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais. Como resultado, com o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, o governo chinês iniciou políticas para abordar estas questões de distribuição equitativa de recursos, embora o resultado continue a ser observado. Mais de 40 milhões de agricultores foram deslocados de suas terras, em geral para o desenvolvimento econômico, contribuindo para as 87 mil manifestações e motins que aconteceram por toda a China apenas em 2005. Os padrões de vida melhoraram significativamente, mas os controles políticos se mantiveram estáveis. Embora a China tenha, em grande parte, conseguido manter a sua rápida taxa de crescimento econômico, apesar da recessão no final da década de 2000, sua taxa de crescimento começou a diminuir no início da década de 2010 e a economia continua excessivamente centrada no investimento fixo. Além disso, os preparativos para uma grande mudança de liderança no Partido Comunista no final de 2012 foram marcados por disputas entre facções e escândalos políticos. Durante a mudança da liderança da China em novembro de 2012, Hu Jintao e Wen Jiabao foram substituídos como presidente e primeiro-ministro por Xi Jinping e Li Keqiang, que assumem tais cargos em 2013. Em novembro de 2022, aproximadamente 530 milhões de pessoas, ou 40% da população, enfrentavam alguma medida restritiva imposta pelo governo devido à Pandemia de COVID-19. Protestos foram relatados em todo o país, em uma rara demonstração de dissidência contra o Partido Comunista. Geografia. A República Popular da China é o terceiro maior país do mundo em área terrestre e é considerado o terceiro ou quarto maior em relação à área total. A incerteza sobre o tamanho do país está relacionada com a validade de certos territórios reivindicados pela China, como Aksai Chin e Vale de Shaksgam (ambos os territórios também são reivindicados pela Índia), e com a forma como a área territorial é calculada. A China tem fronteiras com catorze nações, mais do que qualquer outro país do mundo; no sentido horário, a partir do sul: Vietnã, Laos, Myanmar, Índia, Butão, Nepal, Paquistão, Afeganistão, Tajiquistão, Quirguistão, Cazaquistão, Rússia, Mongólia e Coreia do Norte. Além disso, a fronteira entre a República Popular da China e a República da China (Taiwan) está localizada em águas territoriais. A China tem uma fronteira terrestre de  km, a maior do mundo. O território da China possui uma grande variedade de paisagens. No leste, ao longo da costa do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental, há extensas planícies aluviais densamente povoadas, enquanto nas bordas do planalto da Mongólia Interior, no norte, campos podem ser vistos. O sul da China é dominado por colinas e cordilheiras baixas. No centro-leste estão os deltas dos dois maiores rios chineses, o rio Amarelo e o rio Yangtzé (Chang Jiang). Outros rios importantes são o Xi-Jiang, o Mekong, o Brahmaputra e o Amur. Para o oeste, estão cordilheiras importantes, especialmente o Himalaia, com o ponto mais alto da China na metade oriental do monte Everest, e caracterizado por altos planaltos entre as paisagens mais áridas, como o Taklamakan e o deserto de Gobi. Flora e fauna. Um dos dezessete países megadiversos, a China encontra-se em duas das biorregiões mais importantes do mundo, a paleártica e a indomalaia. Na zona paleártica, são encontrados mamíferos como o cavalos, camelos, jerboas e tigres. Entre as espécies encontradas na região indomalaia, estão o gato-leopardo, o tigre Amoy, o rato-de-bambu, tupaias e várias espécies de macacos e símios. Algumas sobreposições existem entre as duas regiões, por causa da dispersão natural e da migração, como veados, antílopes, ursos, lobos, porcos e roedores. O famoso panda-gigante é encontrado somente em uma área limitada ao longo do rio Yangtzé. Há um problema com o comércio de espécies ameaçadas, embora já existam leis que proíbem tais atividades. A flora da China também contém uma variedade de tipos de floresta. O nordeste e o noroeste do país contêm montanhas e florestas de coníferas, suportando espécies animais que incluem alces e ursos-negros-asiáticos, juntamente com cerca de 120 tipos de aves. As úmidas florestas de coníferas podem ter moitas de bambu como um sub-bosque, sendo substituído por rododendros. As florestas subtropicais, que dominam a região central-sul da China, abrigam 146 mil espécies de plantas. Florestas tropicais e florestas tropicais sazonais, embora confinadas em Iunã e na ilha de Ainão, na verdade, contêm um quarto de todas as espécies vegetais e animais encontradas na China. Problemas ambientais. Nas últimas décadas, a China sofreu com a grave deterioração ambiental e poluição de seu território. Embora algumas legislações, tais como a Lei de Proteção Ambiental de 1979, sejam bastante rigorosas, elas são mal aplicadas, já que são frequentemente desconsideradas pelas comunidades locais e funcionários do governo em favor do rápido desenvolvimento econômico. Como resultado, os protestos públicos e distúrbios por questões ambientais têm se tornado cada vez mais comum no país. Ativistas ambientais, tais como Ma Jun advertiram sobre o perigo de que a poluição da água representa para a sociedade chinesa. De acordo com o Ministério chinês de Recursos Hídricos, cerca de 300 milhões de chineses não têm acesso à água potável e 40% dos rios do país estavam poluídos por resíduos industriais e agrícolas no final de 2011. Esta crise é agravada pelo problema perene da escassez de água, sendo que 400 das 600 cidades chinesas pesquisadas apresentavam poucos recursos de água potável. Além disso, várias grandes cidades costeiras do país, incluindo Xangai, são consideradas altamente vulneráveis a inundações de larga escala. No entanto, a China é investidor mundial líder em tecnologias de energias renováveis, com 52 bilhões dólares investidos apenas em 2011. O país produz mais turbinas eólicas e painéis solares do que qualquer outro e projetos de energia renovável, como o aquecimento solar de água, são amplamente adotados, em nível local. Em 2009, mais de 17% da energia da China foi obtida a partir de fontes renováveis, principalmente de usinas hidrelétricas, das quais a China tem uma capacidade total instalada de 197 GW. Em 2011, o governo chinês anunciou planos de investir quatro trilhões de yuans (618,55 bilhões de dólares) em projetos de infraestrutura de água ao longo de um período de dez anos e para completar a construção de um sistema de prevenção de inundações e antissecas até 2020. Clima e meio ambiente. A China tem um clima dominado principalmente por estações secas e monções úmidas, o que leva a diferenças de temperatura no inverno e no verão. No inverno, os ventos do norte, provenientes de áreas de altas latitudes, são frios e secos; no verão, os ventos do sul, de zonas marítimas em baixa latitude, são quentes e úmidos. O clima na China é diferente de região para região por causa da extensa e complexa topografia do país. Uma questão importante é a contínua expansão dos desertos, principalmente o deserto de Gobi. Embora as linhas de barreira de árvores, plantadas desde 1970, tenham reduzido a frequência de tempestades de areia, secas prolongadas e resultados negativos nas práticas agrícolas, tempestades de poeira ainda assolam o norte da China a cada primavera e então se espalham para outras partes do leste da Ásia, incluindo Japão e Coreia. De acordo com a fiscalização ambiental da China, a SEPA, a República Popular da China perde cerca de  km² por ano para a desertificação. Água, erosão e controle da poluição têm se tornado questões importantes nas relações da China com outros países. O derretimento das geleiras no Himalaia, também pode levar à escassez de água para centenas de milhões de pessoas. Demografia. O censo nacional de 2010 estimou a população da República Popular da China em habitantes. Cerca de 21% da população ( homens; mulheres) tinha 14 anos ou menos, 71% ( homens; mulheres) tinha entre 15 e 64 anos de idade e 8% ( homens; mulheres) tinha mais de 65 anos de idade. A taxa de crescimento populacional em 2006 foi de 0,6%. Ao final de 2010, a proporção de pessoas do continente chinês com quatorze anos ou menos era de 16,60%, enquanto o número com sessenta anos ou mais cresceu para 13,26% da população, dando uma proporção total de dependentes de 29,86%. A proporção da população em idade de trabalho era de cerca de 70%. Embora seja um país de renda média para os padrões ocidentais, o rápido crescimento do país tem tirado centenas de milhões de pessoas da pobreza desde 1978. Hoje, cerca de 10% da população chinesa vive abaixo da linha de pobreza (com 1 dólar por dia), uma queda de 64% em relação aos níveis de 1978. O desemprego urbano na China caiu para 4% no final de 2007, embora o desemprego global real seja de cerca de 10%. Com uma população de mais de 1,3 bilhões e escassez de recursos naturais, a China está muito preocupada com seu crescimento populacional e tentou, com resultados diversos, implementar uma política rigorosa de planejamento familiar, conhecida como "política do filho único". A meta do governo é de uma criança por família, com exceções para as minorias étnicas e com certo grau de flexibilidade nas áreas rurais. Espera-se que o crescimento populacional da China estabilize-se nas primeiras décadas do , embora algumas projeções estimem uma população entre 1,4 bilhões e 1,6 bilhões até 2025. O Ministro de Planejamento Familiar da China indicou que a política do filho único será mantida pelo menos até 2020. No entanto, essa estratégia do governo encontra resistência, particularmente nas áreas rurais do país, por causa da necessidade de trabalho agrícola e de uma tradicional preferência por meninos (que mais tarde podem servir como herdeiros do sexo masculino). As famílias que não respeitam essa política frequentemente mentem durante os censos. A decrescente confiança das estatísticas demográficas da China desde o início do planejamento familiar no final dos anos 1970 torna a avaliação da eficácia dessa política difícil. Os dados do censo de 2010 indicam que a taxa de fecundidade total pode agora ser em torno de 1,4 filhos por mulher. O governo está particularmente preocupado com o desequilíbrio na proporção entre os sexos no nascimento, aparentemente um resultado de uma combinação da tradicional preferência por meninos e da pressão do planejamento familiar, o que levou à proibição de utilização de dispositivos de ultrassonografia para situações não emergenciais, em uma tentativa de se evitar abortos seletivos. Segundo o censo de 2010, havia 118,06 meninos nascidos para cada 100 meninas, o que é 0,53 pontos menor do que o índice obtido em uma pesquisa por amostragem populacional realizada em 2005. No entanto, a razão de sexo de 118,06 ainda está além da faixa normal de cerca de 105% e os especialistas alertam para uma crescente instabilidade social se esta tendência continuar. Para a população nascida entre os anos de 1900 e 2000, estima-se que poderia haver 35,59 milhões mulheres a menos do que homens. Outros demógrafos argumentam que os desequilíbrios de gênero observados podem surgir a partir do sub-registro dos nascimentos de meninas. Um estudo recente sugere que até três milhões de bebês chineses sejam escondidos pelos seus pais a cada ano. De acordo com o censo de 2010, os homens representavam 51,27% do total da população, enquanto as mulheres compunham 48,73% do total. Em 2023,a Índia superou a China como o país mais populoso. Composição étnica e idiomas. A China reconhece oficialmente 56 grupos étnicos distintos, sendo o maior deles os chineses da etnia han, que constituem cerca de 91,51% da população total do país. Os han, o maior grupo étnico único do mundo, superam outros grupos étnicos chineses em cada província, município e região autônoma, exceto no Tibete e em Sinquião. Eles são descendentes de antigas tribos huaxia que viviam ao longo do rio Amarelo. As minorias étnicas representam cerca de 8,49% da população chinesa, de acordo com o censo de 2010. Em comparação com o censo populacional de 2000, a população han aumentou em pessoas, ou 5,74%, enquanto a população das 55 minorias nacionais combinadas aumentou de pessoas, ou 6,92%. O censo de 2010 registrou um total de cidadãos estrangeiros que viviam na China. Os maiores desses grupos eram provenientes da Coreia do Sul (), dos Estados Unidos () e do Japão (). Milhares de dialetos diferentes são falados na China, estes podendo variar de de cidade a cidade, e distrito a distrito. Os idiomas mais falados na China pertencem à família linguística sino-tibetana. Há, também, vários grandes grupos linguísticos dentro da língua chinesa. As variedades mais faladas são o mandarim (nativamente falado por mais de 70% da população), o wu (inclui o xangainês), o yue (inclui o cantonês e o taishanês), o min (inclui hokkien e teochew), o xiang, o gan e o hacá. Línguas não sínicas faladas amplamente por minorias étnicas incluem o zhuang, o mongol, o tibetano, o uigur, o hmong e o coreano. O mandarim padrão, uma variedade do mandarim baseada no dialeto de Pequim, é a língua oficial nacional e é usado como uma língua franca entre as pessoas de diferentes origens linguísticas. Urbanização. Desde 2000, as cidades chinesas têm se expandido a uma taxa média de 10% ao ano. Estima-se que a população urbana do país irá aumentar para 400 milhões de pessoas em 2025, quando suas cidades irão abrigar uma população de mais de um bilhão de habitantes. A taxa de urbanização do país aumentou de 17,4% para 46,6% entre 1978 e 2009, uma escala sem precedentes na história humana. Entre 150 e 200 milhões de trabalhadores migrantes trabalham em tempo parcial nas grandes cidades, voltando para o campo periodicamente com os seus ganhos. Hoje, a China tem dezenas de cidades com um milhão ou mais de habitantes, incluindo as três cidades globais de Pequim, Hong Kong e Xangai. Em 2025, estima-se que o país terá 221 cidades com mais de um milhão de habitantes. Religião. Na China, o governo permite um grau limitado de liberdade religiosa, porém a tolerância oficial só é estendida aos membros de organizações religiosas aprovadas pelo Estado e não para aqueles que são adeptos de outras religiões. É difícil se obter o número exato de seguidores de grupos religiosos devido à falta de dados oficiais, mas há um consenso geral de que a religião no país está passando por um tipo de "ressurgimento" nos últimos 20 anos. Uma pesquisa de Phil Zuckerman, no "site" "Adherents.com", concluiu que em 1998, 59% (mais de 700 milhões de pessoas) da população era irreligiosa. Enquanto outra pesquisa de 2007 constatou que existem 300 milhões de pessoas (23% da população) religiosas, divergindo do número oficial de 100 milhões. Apesar dos resultados de diferentes pesquisas, a maioria concorda que as religiões tradicionais — budismo, confucionismo, taoismo e a religião tradicional chinesa — são as religiões dominantes. De acordo com várias fontes, o budismo na China possui entre 660 milhões (50%) a 1 bilhão de membros (80%), enquanto que o número de taoistas é de 400 milhões de pessoas (aproximadamente 30%). No entanto, devido ao fato de que uma pessoa pode participar de duas ou mais crenças tradicionais e, ao mesmo tempo, pela dificuldade em diferenciar claramente o budismo, o confucionismo, o taoismo e a religião tradicional chinesa, o número de adeptos dessas religiões podem ser sobrepostos. Além disso, os seguidores do budismo e do taoismo não são considerados necessariamente religiosos por aqueles que seguem tais filosofias. Das religiões minoritárias, o cristianismo tem sido particularmente destacado como uma das de mais rápido crescimento (especialmente desde os últimos 200 anos) e, hoje, possui entre 40 milhões (3%) a 54 milhões (4%) de seguidores, de acordo com pesquisas independentes, enquanto as estimativas oficiais sugerem que há apenas 16 milhões de cristãos no país. O islamismo também está presente no país, porém estatísticas sobre o tema são difíceis de serem encontradas e os valores que a maioria das estimativas fornecem ficam em torno de 20 e 30 milhões de muçulmanos (1,5% a 2% da população). Existem também seguidores de outras religiões minoritárias, como o hinduísmo, o dongbaismo, o bön e uma série de novas religiões e seitas. Em julho de 1999, a prática espiritual da seita Falun Gong foi oficialmente proibida pelas autoridades e vários organismos internacionais têm criticado o tratamento do governo a esse grupo. Política. A República Popular da China, ao lado da República Moldava da Transnístria, da República de Cuba, da República Democrática Popular da Coreia, da República Democrática Popular Laoana e da República Socialista do Vietnã é um dos seis Estados restantes que se declaram socialistas no mundo. No entanto, na prática, a estrutura política da China não pode ser caracterizada de maneira tão simples. O governo chinês tem sido descrito como comunista e socialista, mas também como autoritário, com fortes restrições remanescentes em muitas áreas, principalmente em relação à internet, imprensa, liberdade de reunião, direitos reprodutivos e liberdade de religião. Seu atual sistema político/econômico é denominado por seus líderes como "socialismo com características chinesas". Partido. O país é governado pelo Partido Comunista da China (PCC), cujo poder está consagrado na constituição. O sistema eleitoral chinês é hierárquico, segundo o qual os Congressos Populares locais são eleitos diretamente e todos os níveis mais elevados de Congresso Popular até a Assembleia Popular Nacional (APN) são eleitos indiretamente pelo Congresso Popular de nível imediatamente inferior. O sistema político é parcialmente descentralizado, com poucos processos democráticos internos ao partido e ao nível das vilas locais, embora estas experiências tenham sido marcadas pela corrupção. Há outros partidos políticos na China, referidos no país como partidos democráticos, que participam da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC). Comparada às suas políticas fechadas de até meados dos anos 1970, a liberalização da China resultou em um clima administrativo menos restritivo do que o anterior. O país apoia fortemente o princípio leninista de "centralismo democrático", mas a política chinesa é muito diferente da democracia liberal ou da social-democracia adotada na maioria dos países do Ocidente e a Assembleia Nacional Popular tem sido descrita como uma instituição que na prática é muito dependente do governo central. Governo. O presidente em exercício do país é Xi Jinping e seu primeiro-ministro é Li Keqiang, que também é um ex-membro sênior do Comitê Permanente do Politburo do Partido, um órgão com atualmente sete integrantes que dividem os cargos mais importantes do país. O secretário-geral do Partido Comunista da China é atualmente Xi Jinping, que é também o presidente da Comissão Militar Central e serve como líder político do país. Houve alguns movimentos pela liberalização política do país, em que eleições abertas contestadas são agora realizadas nos níveis de vilas e cidades, sendo que as legislaturas têm mostrado alguma assertividade de vez em quando. No entanto, o partido mantém o controle efetivo sobre as nomeações governamentais: na ausência de uma oposição significativa, o PCC ganha por falta de concorrência na maioria das vezes. As preocupações políticas na China incluem diminuir o fosso crescente entre os ricos e os pobres, além do combate à corrupção dentro da liderança do governo. O nível de apoio popular ao governo e à sua gestão do país está entre os mais altos do mundo, sendo que 86% dos cidadãos chineses expressaram satisfação com a economia de sua nação de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center feita em 2008. Relações exteriores. A República Popular da China (RPC) tem relações diplomáticas com 171 países e mantém embaixadas em 162 deles. A sua legitimidade é contestada pela República da China (RC, conhecida simplesmente como Taiwan) e alguns outros países; portanto, é o maior e mais populoso país, mas com reconhecimento relativamente limitado. A Suécia foi o primeiro país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a RPC em 9 de maio de 1950. Em 1971, a RPC substituiu a RC como o único representante da China nas Nações Unidas e como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. O país também é um ex-membro e ex-líder do Movimento de Países Não Alinhados e ainda se considera um defensor dos países em desenvolvimento. Sob a sua interpretação da "Política de Uma China", o país tornou um pré-requisito para o estabelecimento de relações diplomáticas que o outro país reconheça a sua reivindicação sob Taiwan e corte os laços oficiais com o governo taiwanês. As autoridades chinesas protestaram em várias ocasiões quando países estrangeiros fizeram aberturas diplomáticas com a RC, especialmente em relação a vendas de armamentos. Reuniões políticas entre líderes de governos estrangeiros e o 14º Dalai Lama também sofrem oposição do governo chinês, que considera o Tibete parte formal do seu território. Grande parte da atual política exterior da China é declaradamente baseada nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica de Zhou Enlai: não interferência nos assuntos de outros países, não agressão, convivência pacífica, igualdade e benefícios mútuos. A política externa do país também é impulsionada pelo conceito de "harmonia sem uniformidade", que incentiva as relações diplomáticas entre os Estados, apesar de diferenças ideológicas. Esta política levou a China a apoiar os Estados que são considerados perigosos ou repressivos pelas nações ocidentais, como Zimbabué, Coreia do Norte e Irã. Conflitos com países estrangeiros ocorreram em alguns momentos da história chinesa recente, particularmente com os Estados Unidos, como no bombardeio americano da embaixada chinesa em Belgrado, durante a Guerra do Kosovo em maio de 1999, e no incidente entre aviões militares dos dois países em abril de 2001 na província chinesa de Ainão. As relações internacionais do país com muitas nações ocidentais estremeceram-se por um tempo após a repressão militar no Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, embora nos últimos anos o país tenha melhorado suas relações diplomáticas com o Ocidente. A China também tem uma relação econômica cada vez mais próxima da Rússia e os dois governos muitas vezes votam em conjunto no Conselho de Segurança. O país tem fortes laços políticos e econômicos com várias nações do mundo em desenvolvimento. Mais notavelmente, ele tem seguido uma política de engajamento com os países africanos em comércio e cooperação bilateral. A Xinhua, a agência de notícias oficial do país, declarou em 2008 que havia cerca de 750 mil cidadãos chineses que trabalhavam ou viviam na África. Além disso, a China tem reforçado os seus laços com as economias da América do Sul, tornando-se o maior parceiro comercial do Brasil e construindo laços estratégicos com a Argentina. Junto com Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, o país é membro do grupo BRICS de economias emergentes importantes e sediou a terceira cúpula oficial do bloco em Sanya, na província de Ainão, em abril de 2011. Forças armadas. Com mais de 2,3 milhões de soldados ativos, o Exército de Libertação Popular (ELP) é a maior força militar do mundo, em termos de número de tropas, e possui o segundo maior orçamento de defesa do mundo. O ELP consiste de um exército, marinha, força aérea e uma força nuclear estratégica. O governo anunciou que o orçamento do ELP para 2009 foi de 70 bilhões de dólares. No entanto, os Estados Unidos afirmam que a China não informa sua despesa militar real. A Central Intelligence Agency (CIA) estima que o orçamento militar chinês real para 2008 tenha sido entre de 105 e 150 bilhões de dólares. A República Popular da China (RPC), com a posse de armas nucleares, é considerada uma grande potência militar regional e uma superpotência militar emergente. O país é o único membro do Conselho de Segurança da ONU com uma capacidade de projeção de poder relativamente limitada. Muito progresso foi feito na última década e a RPC continua a fazer esforços para concluir a modernização de suas forças armadas. O país comprou caças de última geração da Rússia, como o Sukhoi Su-30, e também produziu os seus próprios caças modernos, especificamente os chineses Chengdu J-10, Shenyang J-11 e Chengdu J-20. Também adquiriu e aprimorou o míssil russo S-300, que é considerado um dos melhores sistemas de interceptação de aeronaves do mundo. Em anos recentes, a China divulgou um protótipo de caça stealth, o Chengdu J-20, previsto para entrar em operação entre 2017 e 2019. Em anos recentes, a China concentrou-se na construção de navios de longo alcance, introduzindo seu primeiro porta-aviões. Há pouca informação disponível sobre as motivações que apoiam a modernização militar da China. Um relatório de 2007 do Secretário de Defesa dos Estados Unidos observou que "as ações da China em determinadas áreas aparecem cada vez mais incompatíveis com as suas políticas declaratórias" de ascensão pacífica. Por sua vez, o governo chinês afirma que mantém um exército puramente para fins defensivos. Algumas "usinas de ideias", como o Conselho Europa–Ásia, alegaram que as atuais tensões entre os Estados Unidos e a China sobre a decisão abrupta de Washington, D.C de vender armas à Taiwan podem desencadear uma nova corrida armamentista na Ásia alimentada basicamente por motivos ideológicos nacionais, uma situação que lembra em muitos aspectos a era McCarthy, quando os Estados Unidos foram abertamente favoráveis ao "lobby" de Chiang Kai-shek. Direitos humanos. Vários governos estrangeiros e ONGs rotineiramente acusam o governo chinês de violações sistemáticas de direitos humanos, além de genocídio cultural no Tibet, e de genocídio contra os Uigures. A República Popular da China é classificada pela Freedom House como "não livre". A Human Rights Watch aponta-lhe graves e constantes violações dos direitos humanos. A Amnistia Internacional aponta também numerosas violações desses direitos. Em 2010, a organização Repórteres sem Fronteiras classificou a China na 171ª posição (de 178) no "Índice de Liberdade de Imprensa". Apesar da constituição afirmar que os "direitos fundamentais" dos cidadãos incluem a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, o direito a um julgamento justo e à liberdade de religião, o sufrágio universal e os direitos de propriedade, estas disposições não conferem aos chineses proteção significativa contra procedimentos penais do Estado. A censura, inclusive na internet, é usada rotineiramente para silenciar críticas ao Partido Comunista Chinês. O governo reprime manifestações de organizações e crenças que considera uma ameaça à "estabilidade social", como foi o caso do Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, bem como dos Protestos em Hong Kong em 2019–2020. Apesar disso, o governo tem tido pouco sucesso em controlar a informação. A China executa mais pessoas do que qualquer outro país no mundo, respondendo por 72% do total mundial de execuções em 2009, apesar de não ser o maior número "per capita". O país também tem a segunda maior população carcerária do planeta (atrás apenas dos Estados Unidos), com presos. O governo chinês busca ativamente reprimir a repercussão internacional de suas ações, e responde às críticas afirmando que a noção de direitos humanos deve levar em conta o atual nível de desenvolvimento econômico e a situação geopolítica. O aumento da alfabetização, da expectativa de vida e do padrão de vida dos chineses médios nas últimas três décadas é visto pelo governo como um progresso tangível em matéria de direitos humanos. Os esforços na última década para combater desastres naturais e acidentes de trabalho também são retratados pelo governo como um progresso em matéria de direitos humanos. Subdivisões. A República Popular da China (RPC) tem o controle administrativo sobre 22 províncias e considera Taiwan como a sua 23ª província, apesar da ilha ser atualmente administrada pela República da China (RC), que contesta a alegação da RPC. A China também tem cinco subdivisões oficialmente denominadas regiões autônomas (cada uma com um grupo étnico minoritário designado); quatro municípios e duas Regiões Administrativas Especiais (RAE), que possuem um alto grau de autonomia política. Estas 22 províncias, cinco regiões autônomas e quatro municípios podem ser referidos coletivamente como "China continental", um termo que geralmente exclui as RAE de Hong Kong e Macau. Nenhuma dessas divisões são reconhecidas pelo governo da RC, que reivindica a totalidade do território da RPC. Economia. A economia da República Popular da China é a segunda maior do mundo. Seu produto interno bruto (PIB nominal) é estimado em 7,3 trilhões de dólares (dados de 2011), enquanto seu poder de compra foi calculado em pouco mais de 11,3 trilhões de dólares. A renda "per capita" do país está em 5 185 dólares por pessoa (nominal) e 8 395 dólares por pessoa (PPP) em 2011, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. A China é a nação com o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos, com a média do crescimento do PIB em 10% por ano. A renda "per capita" da China cresceu 8% ao ano nos últimos 30 anos. Além disso, é um dos países BRICS. Desde sua fundação em 1949, a República Popular da China adotava um estilo soviético de economia planificada. Com a morte de Mao Tse-tung e o fim da Revolução Cultural, os novos dirigentes chineses começaram a reformar a economia. A sua transformação em economia mista, foi iniciada por Deng Xiaoping em 1978, após a falha da economia planificada em desenvolver os sistemas produtivos chineses a níveis aceitáveis. As reformas de Xiaoping incluíram a privatização das fazendas, o que pôs fim à agricultura coletiva, e de indústrias estatais que fossem consideradas de baixo desempenho na época, como mineração e produtos básicos (roupas, processamento de alimentos), entre outras. Em 1978, a China e o Japão normalizaram as relações diplomáticas e a China aceitou empréstimos do Japão. Nas últimas décadas este país tem sido o maior credor estrangeiro da China. Para selar sua condição de economia globalizada, em 2001 a China foi aceita na Organização Mundial do Comércio. Em 2013, 70% da economia da China era privada e este número continua crescendo desde então. A economia da China composta por membros capitalistas "transplantados num corpo socialista debilitado", modifica, em 1995, a taxa de crescimento, impulsionada principalmente pelo setor não estatal, para 8,9%, superando as expectativas do governo e antecipando a meta prevista no IX Plano Quinquenal (1996–2000). Este robusto crescimento econômico, combinado com excelentes fatores internos como estabilidade política, grandes reservas em moeda estrangeira (a maior do mundo, com 818,9 bilhões de dólares), mercado interno com grande potencial de crescimento, faz com que a China seja atualmente um dos melhores locais do mundo para investimentos estrangeiros, com uma avaliação de risco (Moody's) A2, índice considerado excelente. As grandes mudanças sociais e econômicas promovidos pelos seguidores de Deng Xiaoping deram uma nova dinâmica política à China contemporânea e limitaram as opções dos governantes do país. Houve nos últimos anos uma melhoria no padrão de vida dos chineses, embora seja um país com renda média para os padrões mundiais. O rápido crescimento econômico do país conseguiu retirar centenas de milhões de pessoas da pobreza desde 1978 — o número de camponeses pobres caiu de 200 milhões para 80 milhões em 10 anos. Apenas 10% da população vive abaixo da linha de pobreza (em comparação com 64% em 1978) e 99,8% dos jovens são alfabetizados. Desemprego urbano diminuiu para 4 por cento em 2007 (desemprego real pode estar em 10%). A expectativa de vida chinesa é a terceira maior do leste asiático, com 73 anos, atrás da Coreia do Sul com 77,3 e do Japão com 82,2. A China é o segundo maior consumidor mundial de bens de luxo, com 27,5% da quota global, atrás do Japão. O mercado de varejo da China cresceu 16,8% ao ano. Com reformas econômicas iniciados em 1978, a China cresceu 90 vezes, se tornando a economia de maior crescimento mundial nos últimos 25 anos, com crescimento do PIB em torno de 10% por ano. A renda "per capita" da China tem crescido cerca de 8% ao ano nos últimos 30 anos. Levando em conta a renda per capita e moeda desvalorizada, o custo de vida na China é baixo. A China é o quarto país mais visitado do mundo, com 50,9 milhões de visitantes internacionais em 2009. Atualmente a China é a segunda potência comercial do mundo, atrás dos Estados Unidos e a frente do Japão. Suas reservas internacionais de moedas estrangeiras atingiram 2,4 trilhões de dólares, os maiores do mundo. A China possui cerca de 1,6 trilhão de dólares de títulos financeiros dos Estados Unidos. A China detém 801,5 bilhões de dólares em títulos do Tesouro americano, tornando-se o maior credor estrangeiro da dívida pública americana. O investimento da China no mercado internacional está crescendo rapidamente. Em 2008 era o sexto maior investidor no mercado internacional. O sucesso comercial da China tem sido devido principalmente ao seu baixo custo de produção. São atribuídos uma combinação de fatores como mão de obra de baixo custo, boa infraestrutura, bom nível de tecnologia, alta produtividade, em alguns casos, o não pagamento de licenças comerciais, a política governamental favorável e uma moeda muito desvalorizada. O Estado ainda predomina nas áreas-chaves da indústria como a energia e as indústrias pesadas, a iniciativa privada (30 milhões de empresas privadas) responde entre 33% a 70% do PIB em 2005, enquanto que a estimativa da OCDE é superior a 50% da produção nacional da China, muito superior a 1% de 1978. A China ocupa posição 29 no ranking no Índice de Competitividade Global. Quarenta e seis empresas chinesas entraram na lista da "Fortune Global 500" em 2010. Utilizando o cálculo de capitalização de mercado, quatro das dez empresas mais valiosas do mundo são chinesas. Algumas delas incluem a primeira no ranking mundial PetroChina Company (empresa de petróleo mais valiosa do mundo), terceiro no ranking Banco Industrial e Comercial da China (banco mais valioso do mundo), quinto no ranking China Mobile (empresa de telecomunicações mais valiosa do mundo) e sétima no ranking China Construction Bank. Apesar do progresso significativo dos últimos anos, existem grandes obstáculos para o crescimento chinês a longo prazo. A significativa piora da distribuição de renda é apenas um dos fatores negativos para o desenvolvimento social, com um coeficiente de Gini em 41,1 e cada vez maior. Outro grande problema é o direito previdenciário que, com a política do filho único e aumento da expectativa de vida, apresenta desequilíbrios no fluxo de caixa, sendo cada vez menor a relação entre trabalhadores contribuintes por aposentado. Cerca de 21% da população tem 14 anos ou menos de idade e 8% tem mais de 65 anos. Outro aspecto é a diferença de desenvolvimento econômico entre as áreas costeiras (urbanas), nordeste e leste da China e o seu interior, principalmente no sul e oeste, ainda predominantemente agrário e de baixa renda, exacerbada com a liberação do mercado, pois os investidores preferem investir em áreas com melhor infraestrutura e trabalhadores mais qualificados. Infraestrutura. Educação. Em 1986, o país estabeleceu a meta de longo prazo de fornecer educação básica obrigatória de nove anos para cada criança. Em 2007, havia escolas primárias, escolas secundárias e instituições de ensino superior na República Popular da China. Em fevereiro de 2006, o governo avançou sua meta de educação básica se comprometendo a fornecer educação de nove anos completamente de graça, incluindo livros didáticos e taxas. O sistema de ensino atual introduziu a educação obrigatória e gratuita para todos os cidadãos chineses, com ensino fundamental com duração de 9 anos (6–15) e quase todas as crianças nas áreas urbanas continuam seus três anos do ensino médio. Muitos pais estão profundamente comprometidos com a educação de seus filhos, muitas vezes, investindo grande parte da renda da família na educação. Aulas particulares e atividades recreativas, como em línguas estrangeiras ou música, são populares entre as famílias de classe média que podem pagar por esses serviços. Em 2007, 93,3% da população acima de 15 anos de idade era alfabetizada. A taxa de alfabetização da juventude chinesa (idade 15–24) foi de 98,9% (99,2% para o sexo masculino e 98,5% feminino), em 2000. Em março de 2007, a China anunciou a decisão de tornar a educação uma "prioridade estratégica nacional", o orçamento central das bolsas nacionais será triplicado em dois anos e 223,5 bilhões de yuans (28,65 bilhões de dólares) de um financiamento adicional será atribuído pelo governo central nos próximos cinco anos, para melhorar o ensino obrigatório nas zonas rurais. A qualidade das faculdades e universidades varia consideravelmente em todo o país. As cinco melhores universidades classificadas na China continental são a Universidade de Tsinghua, a Universidade de Pequim, a Universidade de Nanquim, a Universidade Fudan e a Universidade de Ciência e Tecnologia da China. Saúde. O Ministério da Saúde, juntamente com os gabinetes provinciais de saúde, supervisiona as necessidades médicas da população chinesa. A ênfase na saúde pública e na medicina preventiva tem caracterizado a política de saúde do país desde 1950. Naquela época, o Partido Comunista começou a Campanha de Saúde Patriótica, que visava a melhoria do saneamento básico e da higiene, além do tratamento e prevenção de diversas patologias. Doenças como cólera, febre tifoide e escarlatina, que anteriormente eram frequentes por toda a China, quase foram erradicadas pela campanha. Depois que Deng Xiaoping começou a implantação de reformas econômicas em 1978, a saúde pública melhorou rapidamente devido a melhor nutrição da população, apesar de muitos dos serviços gratuitos de saúde prestados no campo terem desaparecido junto com as comunas populares. O sistema de saúde chinês tornou-se na maior parte privatizado e experimentou um aumento significativo na qualidade. A expectativa de vida nacional ao nascer subiu de cerca de 35 anos em 1949 para 73,18 anos em 2008 e a mortalidade infantil caiu de 300 por mil em 1950 para cerca de 11 por mil em 2021. A desnutrição atingia 12% da população em 2002, de acordo com fontes da FAO, das Nações Unidas. Em 2009, o governo começou uma iniciativa de grande escala para prestar cuidados médico no valor de 124 bilhões de dólares e que se espera possa vir a atingir 90% da população da China. Em 2021, a expectativa de vida média ao nascer da China era de 76,3 anos e sua taxa de mortalidade infantil era de 11,1 por mil nascimentos. Apesar dos significativos avanços na saúde e na construção de avançadas instalações médicas, o país tem vários problemas emergentes de saúde pública, como doenças respiratórias causadas pela poluição do ar generalizada e centenas de milhões de habitantes que são fumantes de cigarros, uma possível epidemia de HIV/AIDS no futuro e o aumento da obesidade entre os jovens urbanos. A grande população do país e suas cidades densamente povoadas levaram a surtos de doenças graves nos últimos anos, como o de SARS em 2003, embora este tenha sido contido com sucesso. Estima-se que cerca de pessoas morrem anualmente na China por causa da poluição ambiental (além do tabagismo), principalmente a partir da poluição do ar e da água (incluindo a poluição do ar interior). Em 2007, a China ultrapassou os Estados Unidos como o maior emissor mundial de dióxido de carbono. Cerca de 90% das cidades chinesas sofrem com algum grau de poluição da água e quase 500 milhões de pessoas não tinham acesso à água potável em 2005. Relatórios do Banco Mundial e do New York Times indicaram a poluição industrial, particularmente do ar, como um perigo significativo à saúde da população do país. Energia. A economia da China é altamente deficiente no que diz respeito ao aproveitamento. O país gasta de 20% a 100% de energia adicional em comparação com países da OCDE para os mesmos processos industriais. A China é o maior consumidor de energia do mundo, mas depende do carvão para fornecer 70% das suas necessidades energéticas. Com uma regulamentação ambiental deficiente, a grave e maciça poluição do ar e da água (a China tem 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo) atinge várias regiões do país. Por conseguinte, o governo prometeu aumentar a utilização de energias renováveis, estabelecendo a meta de atingir 10% do consumo total de energia até 2010 e 30% em 2050. Em 2021, a China tinha, em energia elétrica renovável instalada, em energia hidroelétrica (maior do mundo), em energia eólica (maior do mundo), em energia solar (maior do mundo), e em biomassa. Telecomunicações. A China tem atualmente a maioria dos usuários de celulares no mundo, com mais de 800 milhões de usuários em julho de 2010. O país também tem o maior número de usuários de internet e banda larga no mundo. A China Telecom e a China Unicom, dois grandes prestadores de serviços de banda larga, são responsáveis por 20% dos assinantes de banda larga global, enquanto os dez maiores fornecedores de serviços de banda larga do mundo, respondem juntos por 39% dos clientes de banda larga do planeta. A China Telecom tem mais de 55 milhões de assinantes de banda larga e a China Unicom, tem mais de 40 milhões, enquanto o terceiro maior fornecedor, a NTT, possui menos de 18 milhões de assinantes. O espaço entre os dois grandes prestadores de banda larga chineses e os prestadores do resto do mundo, continuará a crescer rapidamente, visto que os outros dez maiores provedores de banda larga operam em mercados desenvolvidos, com elevados níveis de penetração da banda larga e com rápida desaceleração do crescimento de assinantes. Transportes. O transporte na parte continental da República Popular da China melhorou significativamente desde a década de 1990 como parte de um esforço do governo para vincular toda a nação através de uma série de vias expressas. O comprimento total da rede de autoestradas era de km no final de 2009, a segunda maior rede do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. A posse de um automóvel privado está aumentando a uma taxa anual superior a 30%. A venda de automóveis começou a aumentar rapidamente após a crise financeira em 2009. Cerca de 18,06 milhões de veículos foram vendidos na China em 2010, uma expansão de 33% em relação a 2009 com 13,8 milhões. Os analistas preveem que as vendas anuais de veículos no país possa subir para 40 milhões em 2020. Um efeito colateral do rápido crescimento da rede de estradas chinesa é que tem havido um aumento significativo nos acidentes de trânsito, causados pela má aplicação de leis de tráfego; apenas em 2011, cerca de 62 mil chineses morreram em acidentes rodoviários. A China possui a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, com mais de km de linhas em serviço. Destes, km servem trens com velocidade máxima de 300 km/h. Em 2011, a China produziu seus primeiros trens de alta velocidade construídos inteiramente sem assistência estrangeira. O país pretende operar cerca de km de linhas ferroviárias de alta velocidade até 2020. O transporte de longa distância também continua a ser dominado por ferrovias e sistemas de ônibus fretados. As ferrovias são o suporte vital do país, são monopolizadas pelo Estado e divididas em vários gabinetes ferroviários em diferentes regiões. Devido à grande demanda, o sistema está regularmente sujeito a superlotação, especialmente durante os períodos de férias, como durante o Ano Novo Chinês. A rede ferroviária chinesa transportou cerca de 1,68 bilhões de passageiros apenas em 2010. Em áreas urbanas, as bicicletas continuam a ser um modo muito comum de transportes, apesar do aumento da prevalência de automóveis — em 2012 existiam cerca de 470 milhões de bicicletas na China. Os sistemas de metrô também estão em rápido desenvolvimento nas grandes cidades chinesas, sob a forma de redes de sistemas de trens subterrâneos ou VLTs. Hong Kong tem um dos mais desenvolvidos sistemas de transporte público do mundo, enquanto que Xangai tem uma linha ferroviária maglev de alta velocidade que liga a cidade ao seu principal aeroporto internacional, o Aeroporto Internacional de Pudong. A China está ainda a desenvolver o seu próprio sistema de navegação por satélite, chamado BeiDou, que começou a oferecer serviços de navegação comerciais em toda a Ásia em 2012 e está planejado para oferecer uma cobertura global até 2020. Em 2012, a China foi o maior construtor mundial de novos aeroportos e o governo chinês começou um projeto de cinco anos e de 250 bilhões de dólares para expandir e modernizar o transporte aéreo doméstico. Ciência e tecnologia. Histórico. A China foi um dos líderes mundiais em ciência e tecnologia até a Dinastia Ming. Antigas descobertas e invenções chinesas, como a fabricação do papel, a impressão, a bússola e a pólvora (as Quatro Grandes Invenções), contribuíram para o desenvolvimento econômico de toda a Ásia e Europa. No entanto, a atividade científica chinesa entrou em um declínio prolongado no . Ao contrário dos cientistas europeus da Revolução Científica, os pensadores chineses medievais não tentaram reduzir as observações da natureza às leis matemáticas e não formaram uma comunidade acadêmica que oferecia a revisão por pares e a pesquisa progressiva. Houve um aumento da concentração sobre a literatura, as artes, a administração pública, enquanto a ciência e a tecnologia eram vistas como triviais ou restritas a um número limitado de aplicações práticas. As causas desta Grande Divergência continuam a ser discutidas. Depois de repetidas derrotas militares para as nações ocidentais no , os reformadores chineses começaram a promoção da ciência e da tecnologia modernas, como parte do movimento de autofortalecimento. Após a vitória comunista na Guerra Civil Chinesa em 1949, foram feitos esforços para organizar a ciência e a tecnologia baseando-se no modelo da União Soviética. No entanto, a Revolução Cultural (1966–1976) de Mao Tsé-Tung teve um efeito catastrófico na pesquisa chinesa, já que acadêmicos foram perseguidos e a formação de cientistas e engenheiros foi severamente restringida por quase uma década. Após a morte de Mao em 1976, a ciência e a tecnologia se estabeleceram como uma das Quatro Modernizações e o sistema acadêmico de inspiração soviética foi gradualmente reformado. Era moderna. Desde o fim da Revolução Cultural, o país se tornou um dos líderes mundiais em poderes tecnológicos, gastando cerca mais de 100 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento apenas em 2011. A ciência e a tecnologia são vistas como vitais para a realização da coesão econômica e dos objetivos políticos do país, além de serem consideradas uma fonte de orgulho nacional a um grau às vezes descrito como "tecnonacionalista". Quase todos os membros do Comitê Permanente do Politburo do PCC têm cursos de engenharia. A China está rapidamente desenvolvendo seu sistema de ensino, com ênfase na ciência, matemática e engenharia. Em 2009, o país produziu mais de 10 mil PhDs graduados em engenharia e cerca de 500 mil BScs graduados, mais do que qualquer outro país. O país é também o segundo que mais publica trabalhos científicos no mundo, produzindo só em 2010, incluindo nos principais periódicos científicos internacionais. Empresas de tecnologia chinesas, como a Huawei e a Lenovo, se tornaram líderes mundiais em telecomunicações e computação pessoal, e os supercomputadores chineses são consistentemente classificados entre os mais poderosos do mundo. A China é ainda o maior investidor mundial em tecnologia de energias renováveis. O programa espacial chinês é um dos mais ativos no mundo e é um grande orgulho nacional. Em 1970, a China lançou seu primeiro satélite, o Dong Fang Hong I. Em 2003, o país se tornou o terceiro a independentemente enviar seres humanos ao espaço, com o taikonauta Yang Liwei a bordo da Shenzhou 5. Em setembro de 2012, oito cidadãos chineses viajaram para o espaço. Em 2008, a China realizou sua primeira caminhada espacial durante a missão Shenzhou 7. Em 2011, o primeiro módulo da estação espacial chinesa, Tiangong-1, foi lançado, marcando o primeiro passo de um projeto para montar uma grande estação tripulada em 2020. O Programa de Exploração Lunar Chinês inclui uma missão de exploração em 2013 e, possivelmente, um pouso lunar tripulado em 2025. A experiência adquirida com o programa lunar poderá ser utilizada para futuros programas, tais como a exploração de Marte e de Vênus. No entanto, alguns analistas estrangeiros têm acusado a China de secretamente usar suas missões espaciais civis para fins militares, como o lançamento de satélites de vigilância. Cultura. Atualmente, o governo chinês aceita vários elementos da cultura tradicional chinesa como sendo parte integrante da sociedade do país. Com a ascensão do nacionalismo chinês e o fim da Revolução Cultural, as várias formas de arte tradicional, literatura, música, cinema, moda e arquitetura chinesa têm experimentado um forte renascimento. O folclore e a arte em geral também têm despertado o interesse nacional e internacional. Filosofia. Desde os tempos antigos, a cultura chinesa foi fortemente influenciada pelo confucionismo e por filosofias conservadoras. Durante grande parte da era dinástica do país, oportunidades de progresso social podiam ser alcançadas através de um alto desempenho nos prestigiosos exames imperiais, que foram instituídos em 605 para ajudar o Imperador a selecionar os burocratas mais hábeis. A ênfase literária dos exames afetou a percepção geral de refinamento cultural da nação, como a crença de que a caligrafia e a pintura literata eram formas superiores de arte do que a dança ou o teatro. A cultura chinesa há muito enfatiza um profundo senso histórico e uma forte perspectiva nacional introspectiva. Várias linhas de pensamento mais autoritárias e racionais também foram influentes, sendo o legalismo um exemplo proeminente. Durante muitas ocasiões houve conflito entre essas filosofias — por exemplo, a individualista e neoconfucionista dinastia Song acreditava que o legalismo afastava-se do espírito original do confucionismo. Os exames e a cultura do mérito ainda permanecem muito valorizados na China atual. Nos últimos anos, vários neoconfucionistas alegaram que os modernos ideais democráticos e os direitos humanos são compatíveis com os valores confucionistas tradicionais. Culinária. A culinária chinesa é altamente diversificada, com base em vários milênios de história. Os imperadores das antigas dinastias chinesas eram conhecidos por promover banquetes com mais de cem pratos servidos em uma mesma ocasião, empregando funcionários da cozinha imperial e inúmeras concubinas para preparar a comida. Tais pratos reais gradualmente se tornaram parte de uma ampla cultura chinesa. O alimento básico é o arroz, mas o país também é conhecido pelos seus pratos com carne. Especiarias são endêmicas da culinária do país. Literatura. A literatura chinesa é baseada na literatura da dinastia Zhou. Os conceitos abordados nos textos clássicos chineses apresentam uma ampla gama de pensamentos e temáticas, incluindo calendário, militar, astrologia, fitoterapia, geografia e muitos outros assuntos. Alguns dos textos iniciais mais importantes incluem o "I Ching" e o "Shujing", nos "Quatro Livros e Cinco Clássicos", que serviram como livros de autoridade confucionistas para o currículo patrocinado pelo Estado na era dinástica. Herdada do "Clássico da Poesia", a poesia clássica chinesa desenvolveu-se em seu auge durante a dinastia Tang. Li Bai e Du Fu abriram caminhos para os círculos poéticos através do romantismo e do realismo, respectivamente. A historiografia chinesa começou com o "Shiji", o escopo geral da tradição historiográfica na China é denominado "Vinte e Quatro Histórias", que estabeleceu um vasto cenário para as ficções chinesas, juntamente com a mitologia e o folclore chinês. Patrocinada por uma classe de cidadãos em expansão na dinastia Ming, a ficção clássica chinesa chegou ao ápice das ficções históricas, urbanas e de deuses e demônios, representadas pelos "Quatro Grandes Romances Clássicos", que incluem "Margem da Água", "Romance dos Três Reinos", "Jornada ao Oeste" e "O Sonho da Câmara Vermelha". Juntamente com as ficções wuxia de Jin Yong e Liang Yusheng, continua sendo uma fonte duradoura de cultura popular na esfera cultural do Leste Asiático. Na esteira do Movimento da Nova Cultura, após o fim da dinastia Qing, a literatura chinesa embarcou em uma nova era com vernáculo escrito para cidadãos comuns. Hu Shih e Lu Xun foram pioneiros na literatura moderna. Vários gêneros literários, como a poesia enevoada, a literatura de cicatrizes, ficção para jovens adultos e literatura sobre xungen, que é influenciada pelo realismo mágico, surgiram após a Revolução Cultural. Mo Yan, autor de literatura xungen, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 2012. Esportes. A China tem uma das culturas esportivas mais antigas do mundo. Há evidências de que um tipo de futebol era jogado no país por volta do ano 1000. Hoje, alguns dos esportes mais populares no país incluem as artes marciais, o basquete, o futebol, o tênis de mesa, o badminton, a natação e a sinuca. Jogos de tabuleiro, como o go (conhecido como "weiqi" na China), xiangqi e, mais recentemente, o xadrez também são jogados em nível profissional. A aptidão física é amplamente enfatizada na cultura chinesa. Exercícios matinais são uma atividade comum, sendo que os cidadãos idosos são incentivados a praticar qigong e tai chi chuan. Os jovens chineses também têm interesse em basquete, especialmente nos centros urbanos. A National Basketball Association (NBA), dos Estados Unidos, tem um enorme número de seguidores entre a juventude do país, com alguns jogadores de origem chinesa, como Yao Ming. Academias de ginástica estão ganhando popularidade rapidamente no país, com mais de três mil estabelecimentos que atendiam cerca de 3 milhões de clientes ativos nas principais cidades chinesas em 2010. Além disso, a China é o lar de vários ciclistas, com uma estimativa de 470 milhões de bicicletas em 2012. Muitos esportes mais tradicionais também são praticados na China. Corridas de Barco Dragão ocorrem durante o Festival do Barco Dragão todos os anos e desde então ganharam popularidade no exterior. Na Mongólia Interior, esportes como a luta mongol e o turfe são populares. No Tibete, tiro com arco e hipismo são parte de festivais tradicionais da cultura local. A China participa dos Jogos Olímpicos desde 1932, apesar de ter apenas participado como República Popular da China a partir de 1952. O país sediou os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim, onde seus atletas receberam 51 medalhas de ouro — o maior número de medalhas de ouro de todas as nações participantes naquele ano. O país também ganhou o maior número de medalhas do que qualquer outra nação durante os Jogos Paralímpicos de Verão de 2012, com 231, sendo 95 de ouro. A China sediou os Jogos da Ásia Oriental de 2013, em Tianjin, e os Jogos Olímpicos de Verão da Juventude de 2014, em Nanquim.
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Cinematografia
Cinematografia Cinematografia (do , "kinema" "movimentos" e , "graphein" "registrar"), também chamada cinema ou sétima arte, pode ser definida como a técnica e a arte que reproduz fotogramas de forma rápida e sucessiva criando uma "ilusão de movimento", assim como a indústria que produz estas imagens. O termo cinema também é comumente utilizado para designar a sala onde são projetados filmes. As obras cinematográficas (mais conhecidas como "filmes") são produzidas através da gravação de imagens do mundo com câmeras adequadas, ou pela sua criação utilizando técnicas de animação ou efeitos visuais específicos. Mais especificamente, pode ser descrita como o "conjunto de princípios, processos e técnicas utilizados para captar e projetar numa tela imagens estáticas sequenciais (fotogramas) obtidas com uma câmera especial, dando impressão ao espectador de estarem em movimento". O diretor de arte pode ser descrito como o principal colaborador visual de um diretor de cinema. Também se usa a palavra 'cinegrafia', estando dicionarizada. Os filmes são assim constituídos por uma série de imagens impressas em determinado suporte, alinhadas em sequência, chamadas fotogramas. Quando essas imagens são projetadas de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de observar movimento. A cintilação entre os fotogramas não é percebida devido a um efeito conhecido como persistência da visão: o olho humano retém uma imagem durante uma fração de segundo após a sua fonte ter saído do campo da visão. O espectador tem assim a ilusão de movimento, devido a um efeito psicológico chamado movimento beta. O cinema é um artefato cultural criado por determinadas culturas que nele se refletem e que, por sua vez, as afetam. É uma arte poderosa, é fonte de entretenimento popular e, destinando-se a educar ou doutrinar, pode tornar-se um método eficaz de influenciar os cidadãos ("ver: Filme de propaganda, Indústria cinematográfica cristã e Salvador branco no cinema"). É a imagem animada que confere aos filmes o seu poder de comunicação universal. Dada a grande diversidade de línguas existentes, é pela dublagem ou pelas legendas, que traduzem o diálogo noutras línguas, que os filmes se tornaram mundialmente populares. História. Origens. A origem da palavra "cinema" deve-se à circunstância de ter sido o cinematógrafo o primeiro equipamento utilizado para filmar e projetar. Por metonímia, a palavra também se refere à sala onde são projetadas obras cinematográficas. O uso da película para a produção de filmes encontra-se em recessão. O cinema digital está em plena expansão desde meados da primeira década do , tanto na tomada de vistas como na projeção. O digital permite, além disso, que os filmes circulem fora dos circuitos tradicionais de distribuição, entre particulares e instituições. A invenção da fotografia, e sobretudo a da fotografia animada, foram momentos cruciais para o desenvolvimento não só das artes como da ciência, em particular no campo da antropologia visual. Cinematografia. O cinema existe graças à invenção do cinematógrafo, inventado pelos Irmãos Lumière no fim do . Em 28 de dezembro de 1895, na cave do "Grand Café", em Paris, realizaram os dois engenhosos irmãos a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o seu conteúdo. Apesar de também existirem notícias de projeções um pouco anteriores, de outros inventores (como os irmãos Max e Emil Skladanowsky na Alemanha), a sessão dos Lumière é aceita pela grande maioria da literatura cinematográfica como o marco inicial da nova arte. O cinema expandiu-se a partir de então pela França, por toda a Europa e Estados Unidos, por intermédio de cinegrafistas enviados pelos irmãos Lumière para captar imagens pelo mundo afora. Inovações. Nesta mesma época, o mágico ilusionista, Georges Méliès, dono de um teatro nas vizinhanças do local da primeira exibição dos Lumière, quis comprar um cinematógrafo para o utilizar em seus espetáculos. Os Lumière não quiseram vender-lhe o aparelho: o pai dos irmãos inventores argumentava que o cinematógrafo tinha unicamente finalidade científica e que o mágico teria, por certo, prejuízo se gastasse dinheiro com a máquina para fazer entretenimento. Frustrado, Méliès conseguiu no entanto adquirir um aparelho semelhante na Inglaterra, fabricado por Robert William Paul, tornando-se assim o primeiro grande produtor de filmes de ficção, com narrativas sedutoras e truques aliciantes, destinados ao grande público: os primeiros efeitos especiais da história do cinema. Foi ele o criador da fantasia na produção e realização de filmes. Logo depois, nas duas primeiras décadas do , o diretor estadunidense David W. Griffith, um dos pioneiros de Hollywood, realizou filmes que o levaram a ser considerado pela historiografia cinematográfica o grande responsável pelo desenvolvimento e pela consolidação da linguagem do cinema, como arte independente, apesar das polêmicas (polémicas) ideológicas em que se envolveu. Foi ele o primeiro a fazer filmes em que se utilizou a montagem e em que certos movimentos de câmera (câmara) foram usados com maestria, estabelecendo assim os parâmetros da linguagem cinematográfica, que a partir de então se universalizou. Destaque para "Intolerância", admirado até hoje por cineastas e cinéfilos de todo o mundo. Seguidamente, certos agentes do Construtivismo russo, Dziga Vertov no documentário e Sergei Eisenstein na ficção, darão uma importante e decisiva contribuição para o desenvolvimento das técnicas narrativas e de montagem no cinema. Em suma, os irmãos Lumière e Meliès deram origem a dois gêneros fundamentais de cinema: o cinema documental e o cinema de ficção. Como forma de registrar (registar) acontecimentos ou de narrar histórias, o cinema é considerado uma arte, denominada sétima arte, desde a publicação, em 1911, do Manifesto das Sete Artes do teórico italiano Ricciotto Canudo. Capturando imagens e som para efeitos de comunicação, o cinema também é mídia. Desde a sua origem que é arte e comércio. A indústria cinematográfica cedo se transforma em negócio lucrativo em países como a Índia e os Estados Unidos, respetivamente o maior produtor em número de filmes por ano e o que possui a maior economia cinematográfica, tanto no mercado interno quanto no volume de exportações. No suporte em película, a projeção de imagens estáticas em sequência para criar a ilusão de movimento terá de ser de no mínimo 16 fotogramas (quadros) por segundo, para que o cérebro humano não detete que são simples imagens isoladas. Desde 1929, juntamente com a universalização do cinema sonoro, as projeções cinematográficas no mundo inteiro foram padronizadas em 24 quadros por segundo. O cinema digital alterou este padrão. Em vídeo digital é comum o uso de 25 quadros por segundo e de 30 nos EUA.
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Comunicação
Comunicação A comunicação (do latim "communicatio.onis," que significa "ação de participar") é um processo que envolve a troca de informações entre dois ou mais interlocutores por meio de signos e regras semióticas mutuamente entendíveis. Trata-se de um processo social primário, que permite criar e interpretar mensagens que provocam uma resposta. Os passos básicos da comunicação são as motivações ou a intenção de comunicar, a composição da mensagem, a codificação e transmissão das mensagens codificadas, a recepção dos sinais, a decodificação e finalmente a interpretação da mensagem por parte do receptor. O processo da comunicação se define pela tecnologia da comunicação, as características dos emissores e receptores da informação, seus códigos culturais de referência, seus protocolos de comunicação e o alcance do processo. A comunicação inclui temas técnicos (por exemplo, as telecomunicações), biológicos (por exemplo, fisiologia, função e evolução) e sociais (por exemplo, jornalismo, relações públicas, publicidade, audiovisual e mídia). No processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico que intermedia os locutores, diz-se que há uma comunicação mediada. Para a semiótica, o ato de comunicar é a materialização do pensamento/sentimento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Esses símbolos são transmitidos e reinterpretados pelo receptor. Também é possível pensar em novos processos de comunicação, que englobam as redes colaborativas e os sistemas híbridos, que combinam comunicação de massa e comunicação pessoal. Os estudos científicos da comunicação podem ser divididos em: História. Comunicação é um conceito histórico e polissêmico, que evoluiu entre o século XIX e XX, sendo ponderada, em um primeiro momento, como um conjunto de canais e meios de transporte, depois como um processo social de interação, para finalmente ser considerada como positividade formada pelas práticas, discursos e ideais instituídas por meio de uma veiculação social de mensagens das chamadas tecnologias da comunicação. É preciso considerar, para os estudos da comunicação, a evolução de seus períodos, como a comunicação corporal, a oral, a escrita e a digital. Da mesma forma, vários aspectos da comunicação têm sido objetos de estudos. Por exemplo, na Grécia Antiga, o estudo da retórica, a arte de discursar e persuadir, era um assunto vital para estudantes. O desenvolvimento da comunicação humana deve ser explicado por uma teoria de transições, segundo Melvin DeFleur e Sandra-Rokeach. Pode-se falar de cinco etapas: o desenvolvimento da sinalização, da fala, da escrita, da impressão e da comunicação com os veículos de massas atuais. A primeira etapa foi provavelmente a "Era dos Símbolos e Sinais," começando pela vida pré-hominídea e proto-humana, antes que os ancestrais primitivos caminharem eretos. Conforme a capacidade cerebral aumentava lentamente, a comunicação melhorava e os sistemas baseados em símbolos e sinais foram ficando mais elaborados, convencionados e efetivados. Ao considerar a linguagem como um sistema de comunicação, os signos visuais e pictográficos também são relevantes nesse processo. Nesse sentido, as formas gráficas primitivas, pictóricas ou convencionais são consideradas, implícita ou explicitamente, mensagens de comunicação. Os objetos, ações e pessoas não podem ser facilmente separados de seus próprios símbolos léxicos, de maneira que os signos e símbolos pictóricos operam por meio de um canal linguístico, assim como por um canal visual. Os seres humanos ingressaram na Idade da "Fala e da Linguagem", iniciada aparentemente com o aparecimento do Cro-Magnon, uma forma de "Homo sapiens." Eles começaram a falar entre 90 e 40 mil anos atrás. Nessa época, realizavam-se representações de animais e seres humanos em osso, pedras, marfim e outros materiais. Há uns cinco mil anos que os seres humanos fizeram a transição para a "Era da escrita," que foi inventada de forma independente em mais de uma parte do mundo. Posteriormente, seguiu a "Idade da Imprensa" a mediados do século XV, na cidade alemã de Mainz. O primeiro livro foi produzido por uma prensa que usava tipos móveis fundidos em metal. Essa tecnologia disseminou-se pela Europa toda e daí partiu para outras partes do mundo. Finalmente, emerge a "Era da Comunicação de Massa," que de certa forma se iniciou no começo do século XIX, com o advento de jornais e mídia elétrica como o telégrafo e o telefone. Essa "Era" teve realmente seu começo com a adoção e invenção ampla do filme, do rádio e da televisão para populações grandes. Foram essas mídias as que promoveram a grande transição continuada na atualidade. A comunicação começou a ser considerada em princípios do século XX, especialmente pelo impacto que causou o surgimento das novas tecnologias de comunicação. Nos séculos anteriores, XVIII e XIX, o termo comunicação era referido aos meios de transporte e suas vias de circulação: caminhos, estradas, embarcações, ferrovias, entre outros. Durante as três primeiras décadas do século passado, era vista como um sinônimo de propaganda.No início do século XX, vários especialistas começaram a estudar a comunicação como uma parte específica de suas disciplinas acadêmicas. Da mesma forma, a Comunicação começou a emergir como um campo acadêmico distinto em meados do século XX. Marshall McLuhan, Theodor Adorno e Paul Lazarsfeld foram alguns dos pioneiros na área. A comunicação tem vindo a evoluir constantemente, devido às novas tecnologias e ao uso de redes sociais. Assim surge a "Era dos Computadores", que estão transformando o que veio a ser chamado de “sociedade da informação”. Os computadores e as tecnologias continuarão alterando todos os nossos processos de comunicação nos anos seguintes. Teoria da comunicação. Pensadores e pesquisadores das disciplinas de ciências humanas, como filosofia, sociologia, psicologia e linguística, têm dado contribuições em hipóteses e análises para o que se denomina "Teoria da Comunicação", um apanhado geral de ideias que pensam a comunicação entre indivíduos — especialmente a comunicação mediada — como fenômeno social. No século XX houve uma pressão para realizar reflexões teóricas e estudos empíricos com o advento acelerado das mídias. Essas reflexões sobre a comunicação visam responder a pergunta pela estrutura, função e sentido da comunicação na sociedade. A comunicação social é um fenômeno complexo que não pode ser reduzido aos esquemas derivados da teoria da informação, mas ela não dispõe de sua própria autonomia disciplinar, pois se trata de uma temática de pesquisa que se constitui necessariamente no campo de uma reflexão sobre os fundamentos da vida em sociedade. A teoria da comunicação é uma disciplina encarregada de desenvolver programa de pesquisa em quanto à realidade social (que pode ser tematizada de vários pontos de vista, desde simples empresas, ou negócios, a máquinas de propaganda, passando pela condição de parte da chamada indústria da cultura), as mídias e as técnicas dos processos de comunicação (a publicidade e o jornalismo, por exemplo, não são comunicação, mas técnicas ou artes que empregam os meios de comunicação). Entre as teorias, destacam-se o funcionalismo, primeira corrente teórica, a Escola de Frankfurt e a escola de Palo Alto. O trabalho teórico na América Latina ganhou impulso na década de 1970 quando se passou a retrabalhar e transformar as teorias estrangeiras. Assim surgiu a Teoria das Mediações, de Jesús Martín-Barbero. As teorias dão diferentes pesos para cada um dos componentes da comunicação. As primeiras afirmavam que tudo o que o "emissor" dissesse seria aceito pelo "receptor" (público). Daí surge a teoria crítica que analisa profundamente a transmissão/dominação ideológica na comunicação de massa (Adorno, Horkheimer). Depois disso se passa a criticar o modelo. O receptor, dizem os estudiosos de Palo Alto, tem consciência e só aceita o que deseja. Do ponto de vista de Barbero, o que o receptor aceita (ou melhor, compreende) varia grandemente conforme sua cultura, no sentido mais amplo da palavra. Elementos da comunicação. Os componentes da comunicação são: o emissor, o receptor, a mensagem, o canal de propagação, o código, a resposta ("feedback") e o ambiente onde o processo comunicativo se realiza. Com relação ao ambiente, o processo comunicacional pode sofrer interferência do ruído e a interpretação e compreensão da mensagem está subordinada ao repertório. Na perspectiva de Claude E. Shannon, o sistema (mecánico) da comunicação consiste em cinco partes: Esses elementos são baseados na teoria matemática da comunicação proposta por Shannon, que visa encontrar os limites fundamentais no processamento de sinais e operações de comunicação como as de compressão de dados. Por outro lado, Roman Jakobson explica que existem seis elementos inalienavelmente envolvidos no processo de comunicação verbal: remetente, mensagem, destinatário, contexto, código e contato. Segundo Jakobson, cada um desses fatores determinam uma diferente função da linguagem. Os elementos básicos da comunicação são: O significado no processo de comunicação pode só entender-se no contexto das relações sociais em que a informação e a comunicação é processada. Quanto à forma, a Comunicação pode ser comunicação verbal, não-verbal e mediada. Tipos de comunicação. A comunicação depende do tipo de signo que usam os interlocutores. Nesse sentido, pode-se falar da comunicação verbal e comunicação não-verbal. Em ocasiões, ambos os signos são misturados em uma mensagem, dando lugar a uma forma de comunicação mista. Comunicação verbal. A comunicação verbal exterioriza o ser social, e realizada pela linguagem falada ou escrita. O elemento principal da comunicação é língua e qualquer ato da fala envolve uma mensagem e outros quatro elementos conexos: o emissor, o receptor, o tema (tópico) da mensagem e o código utilizado. A relação entre eles é variável. Não existe no domínio da linguagem a propriedade privada, pois todo é socializado. A interação verbal, como qualquer outra forma de interação humana, requer, pelo menos, dois interlocutores. O linguista Roman Jakobson ainda explica que um processo de comunicação normal opera com um codificador e um decodificador. O primeiro recebe uma mensagem, conhece o código; essa mensagem é nova para ele e, por via do código, ele a interpreta. A linguagem humana pode ser definida como um sistema de símbolos ou signos linguísticos, conhecidos como lexemas e regras gramaticais em que os símbolos são manipulados. A linguagem falada utiliza fonemas como unidades de construção, seguido pelo morfema como unidade contrastiva e mediante a somatória dessas estruturas se constroem sentenças mais complexas, que permitem estruturar mensagens.   Comunicação não-verbal. A comunicação não-verbal é uma forma de transmitir informações que não utilizam a linguagem falada ou seus derivados não-sonoros. Envolve todos os órgãos do sentido, na interação das pessoas, sem que precisamente haja interação verbal. Os indivíduos podem deixar de verbalizar, mas não precisamente deixar de comunicar-se ao utilizar outras formas como a expressão facial, postura corporal, distância, entre outros. A comunicação não verbal está presente no nosso dia-a-dia, mas, muitas vezes, não temos consciência de sua ocorrência e nem de como acontece. Ela deve ser entendida como ações ou processos que têm significado para as pessoas, exceto a expressão verbal. No entanto, esta não se restringe à comunicação humana, porque também são consideradas outras formas como a dança, música, teatro, danças das abelhas, escultura, entre outras. Este tipo de comunicação é em parte inato, à vezes, imitativa e outras aprendida. De forma geral, distintas partes do corpo podem trabalhar unidas para enviar a mesma mensagem, embora às vezes seja possível mandar mensagens contraditórias, como, por exemplo, quando se está contando uma história engraçada, mas a expressão do rosto é triste. A comunicação não verbal data dos primórdios da organização social, pois envolve todas as manifestações de comportamento, incluindo as emoções e atitudes nas relações interpessoais. Foi no começo do século XX que a pesquisa na comunicação não-verbal começou a produzir interesse, particularmente no que tange a comunicação pessoal por intermédio de expressões faciais. Os psicológicos observaram nessa época de que o rosto não expressava emoções de maneira segura e fiel. Entanto, os antropólogos observaram que os movimentos do corpo não são causais e que são legíveis como uma linguagem. Conforme o tempo avançou, o interesse público pela pesquisa na comunicação não-verbal aumentou e parece fazer parte do espírito de época. Pode considerar-se que um terço do significado das mensagens é transmitido pela comunicação verbal e dois terços pela comunicação não verbal. Também pode se afirmar que 55 a 65% das mensagens recebidas vêm da comunicação não verbal, pois o cérebro é capaz de processar muito mais informações nesse período. Para o ser humano as comunicações não-verbais são processadas por meio de três suportes: o primeiro, o corpo, nas suas qualidades físicas, fisiológicas e nos seus movimentos; o segundo, no homem, ou seja, objetos associados ao corpo como os adornos, as roupas, a marcas ou cicatrizes de tatuagens, de rituais ou não; e o terceiro suporte, relaciona-se com a disposição dos indivíduos no espaço, que  engloba desde o espaço físico que cerca o corpo até o espaço que a ele se relacione, o espaço territorial. Os tipos de sinais não verbais são: as ações ou movimentos corpóreos, o toque, a postura corporal, os sinais vocais, o espaço entre os comunicadores, os objetos e adornos utilizados, o tipo de corpo das pessoas envolvidas no processo comunicativo e o momento em que as palavras são manifestadas. Baseados em Knapp, pode classificar-se a comunicação não-verbal em: paralinguagem (modalidades da voz), proxêmica (uso do espaço pelo homem), tacêsica (linguagem do toque), características físicas (forma e aparência do corpo), fatores do meio ambiente (disposição dos objetos no espaço) e cinésica (linguagem do corpo). Formas de Comunicação humana. Na comunicação intervêm múltiplas variáveis e implica ao mesmo tempo um processo que se desenvolve em um contínuo espaço-temporal. A comunicação não tem princípio e fim bem definidos porque os atos comunicativos são parcialmente indetermináveis e, de algum modo, infinitas. O ato comunicacional é precisamente um processo que implica uma interação social e cognitiva. Por tanto, pode-se falar de formas de comunicação humana: Comunicação Intrapessoal. A comunicação intrapessoal se realiza consigo. Ela ocorre sempre em um contexto organizado, ou seja, em um plano articulado no sistema psicológico do indivíduo. Por exemplo, usam-se frases introspectivas e formas de pensamento automático. A comunicação intrapessoal se realiza quando os processos comunicativos são interiorizados e autorregulados. Ela diz respeito ao nível básico de comunicação humana e referida ao processo interno de pensamento, em que se concebem ideias a serem transmitidas e interpretadas ao serem recebidas, codificando e decodificando permanentemente as mensagens. O processo se estabelece com por um indivíduo consigo mesmo por meio de mecanismos conscientes (pensamentos, planos...) ou inconscientes (sonhos). Sobretudo, é um processo mental, que pode contemplar também outras formas. Existem muitas formas de alguém se comunicar com si próprio, como quando reflete consigo mesmo e faz gestos que ajudam a compreender a intensidades das emoções ou quando alguém um piano é a música que recorre como instrumento de comunicação. A comunicação intrapessoal é produzida para darem sentido a nossa própria existência; para refletir sobre os outros, o mundo e elas mesmas, normalmente em ordem a aperfeiçoar o seu papel social nas interações que estabelecem com os outros, nos relacionamentos, nas comunidades e na sociedade de que fazem parte, mas também para desenvolverem ideias sobre elas próprias e para avaliarem e darem sentido às suas experiências. Comunicação Interpessoal. A comunicação interpessoal se produz entre dois indivíduos dentro de um pequeno grupo não formal de indivíduos ou entre pequenos grupos informais de indivíduos. A comunicação interpessoal se estabelece entre duas pessoas e consiste na exteriorização dos pensamentos, representando a unidade social básica da organização, o que permite o desenvolvimento das relações humanas. Surge quando se intercambiam com outros informação, intenções, significados, desejos, emoções, entre outros, para sugerir, mandar, responder, perguntar, e assim por diante. Ela ocorre, por exemplo, quando se telefona ou ao enviar uma carta ou um e-mail. E este tipo de comunicação surge a comunicação interpessoal direta, que integra mais elementos no contexto da comunicação, como componentes não verbal (gestos, posição dos braços e das mãos, espaço físico entre os interlocutores, posição do corpo, expressões faciais, etc.) e é tão relevante quanto a verbal (as palavras em si). Esse tipo de interação interfere direta, imediata e processualmente no ato comunicativo interpessoal direto, por meio das percepções, distâncias, entoação, entre outros, por adaptam-se às diferentes situações comunicacionais interpessoais que encontramos quotidianamente. Comunicação Grupal. Geralmente é realizada no seio de grupos "formais" de média ou grande dimensão. Não dos grupos grandes, como organizações, mas sim de pequenos grupos, como as famílias, grupos de amigos ou pequenas associações. Os grupos podem formar-se de diferentes maneiras. A família, por exemplo, forma-se com base em relações de consanguinidade, parentesco ou similares. O grupo de amigos forma-se por afinidades. Usualmente, os grupos mantêm uma relação interpessoal direta de comunicação, cujos comportamentos estão determinados pelas personalidades ou roles que desempenham dentro. Comunicação Organizacional. Esse tipo de comunicação é desenvolvida em organizações, como as empresas, e destas para o exterior. A comunicação também está intimamente relacionada com algumas funções administrativas das organizações, como as atividades de planejamento, organização, direção e controle, pois estabelece as relações de entendimento para que as pessoas possam interagir como grupos organizados, de forma que permita atingir objetivos predeterminados. Uma organização não é um sistema isolado. Tem de comunicar com o exterior para sobreviver. Mas a sobrevivência da organização depende também da capacidade que demonstre de animar as pessoas a comunicar eficientemente dentro dela própria. Nesse sentido, pode-se falar de duas perspectivas da comunicação neste contexto: à comunicação interna e às relações externas da organização. A primeira refere-se à comunicação em que estão envolvidas as pessoas que fazem parte da hierarquia de uma organização. A segunda, diz respeito à interação com os públicos externos. As organizações e os grupos mantêm-se enquanto os seus membros cooperam e se coordenam, comunicando, para atingir os objetivos dessas organizações ou grupos. Na comunicação interna devem-se coordenar as atividades, e devem obter-se as informações necessárias ao desempenho das organizações para atingir os objetivos estabelecidos; e devem finalmente saber quem e o que comunicar. A comunicação interna diz, essencialmente, respeito a estas realidades, devendo ser, tanto quanto possível, planificada, para se evitarem distorções, que podem estragar o clima interno e criar uma cultura organizacional desmotivadora. No universo das comunicações externas, deve se compreender que uma organização não se dissocia do seu ecossistema. Ela envia mensagens para o meio externo e acolhe mensagens do meio externo. A percepção pública da organização (dos seus colaboradores, produtos, serviços, marcas, etc.), depende, necessariamente, da comunicação que a organização estabelece com o exterior. Assim, é melhor que a informação seja planeada e sistemática por meio de técnicas como o "marketing", publicidade, relações públicas. Importância da comunicação nas organizações. Nas evoluções das empresas e organizações os processos comunicacionais e informacionais estiveram sempre presentes. Hoje, esses processos complexos viraram mais que necessários em um contexto de aceleradas transformações sociais. Nesse sentido, as empresas tem que buscar novos mecanismos para enfrentar os retos de competitividade. Os processos de comunicação podem servir como instrumentos para a realização das potencialidades estratégias e de integração nas organizações. As empresas mostram-se cada vez mais preocupadas com a comunicação pois as possibilidades de interação dentro das organizações aumentaram muito por conta do trabalho em grupo. Hoje, dentro das empresas, as pessoas articulam-se muito mais, relacionam-se muito mais, até pela necessidade do negócio. Consequentemente, as empresas articulam-se e interagem muito mais. Podemos dizer que o mundo hoje se comunica muito mais do que no passado, por conta da tecnologia da informação. Por meio de instrumentos da comunicação, as organizações as organizações desenvolvem funções, tomam decisões e estabelecem contatos com clientes, fornecedores e parceiros. De forma que se deve formular estratégias que levem em conta os processos comunicacionais como suportes eficazes e competentes para o agir e existir delas. Inicialmente, a ênfase no ambiente empresarial que era à produção mudou para a ênfase ao consumidor. A comunicação empresarial estratégica precisa de uma construção de cenários, fundamentais para um planejamento adequado, leve em conta as mudanças inerentes ao mundo dos negócios e da própria comunicação. Nesse contexto, as empresas precisam se comunicar com seus clientes e parceiros da melhor forma possível. A comunicação adquire uma dimensão maior como parte da cultura organizacional e não se restringe mais à simples produção de instrumentos de comunicação. Portanto, uma estratégia de comunicação se torna algo intrínseco à estratégia global da organização. Ela deve considerar a segmentação dos mercados e da audiência, para atingir novos nichos de mercado e para perfis mais complexos de consumidores. Por outro lado, o profissional da comunicação deve possuir profundos conhecimentos teóricos e técnicos. Para estruturar de forma eficiente a comunicação, o gestor faz um trabalho com a concepção de que a comunicação empresarial vai além da transmissão de informação. Trata-se de um processo de estabelecimento de relação entre interlocutores, entre os sectores da empresa. Portanto, a discussão não deve ser limitada ao fluxo de informação, que também é importante, é preciso trabalhar a ideia de comunicação em conjunto com gestão. Não dá para isolar o fluxo de informação do processo de gestão. Comunicação Social. "Ver artigo principal": Comunicação Social A comunicação social é referida aos meios organizados de comunicação aberta, à distância e em um curto espaço de tempo, a grande escala e para benefício de um anônimo e heterogêneo número de receptores simultâneo. As possibilidades de interação e "feedback" do receptor com o emissor são diminutas em este tipo de comunicação. A audiência não é personalizada e pode ser considerada como um agregado de indivíduos unidos pela recepção comum de uma mensagem.   Os primeiros meios de comunicação, o jornal, revistas, fonograma, cinema e rádio, foram desenvolvidos de forma rápida, de maneira que alcançaram formatos que ainda são amplamente reconhecidos, com algumas mudanças na escala e diversificação, assim como a aparição da televisão no início no mediado do século XX. Normalmente na comunicação social os emissores são institucionalizados, habitualmente organizações comerciais que fabricam produtos informativos, persuasivos e de entretenimento. Este tipo de comunicação, no sentido de comunicação orientada para um público massivo, mas heterogéneo, está, usualmente associada ao jornalismo, à indústria de entretenimento, à publicidade e a propaganda, assim como as relações públicas e a comunicação de "marketing." Níveis do processo de Comunicação. As formas de comunicação também podem ser analisadas a partir de uma distribuição piramidal, classificadas de acordo com os diferentes níveis de organização social nos quais a comunicação ocorre. Na perspectiva de , em uma sociedade moderna integrada existe uma larga rede de comunicação pública, que normalmente depende das mídias de massa. Como rede de comunicação tem de haver um médio de distribuição e troca para criar um fluxo ativo de mensagens em que participe a maioria de um grupo relevante. No seguinte nível pode se encontrar empresas ou organizações profissionais, que podem não ter localização única, mas que está normalmente bem integrado nas suas próprias fronteiras organizacionais. Ou outro é representado pela instituição, por exemplo, governo, educação, justiça, religião, entre outros. As atividades de uma instituição social são diversas e requerem correlação e comunicação. Abaixo desses níveis existem tipos diversos de rede de comunicação baseados em características comuns da vida quotidiana, por exemplo, o ambiente, interesses, necessidades ou atividades realizadas em conjunto, relacionado com a ligação e a identidade, a cooperação e a formação de regras. Nos níveis intragrupal e interpessoal o foco está nas formas de conversação e os padrões de interação, influência e filiação. Ao nível intrapessoal, concentra-se nos processos de informação (por exemplo, atenção, percepção, compreensão, memória e aprendizagem), no estabelecimento de sentido e nos seus possíveis efeitos. Comunicação e tecnologia. A comunicação humana desenvolve-se em diversos campos de diferentes naturezas, dos quais podemos destacar dois pontos distintos: a comunicação em pequena escala, e a comunicação em larga escala ou comunicação de "massa". Em ambos os casos, o ser humano passou a utilizar utensílios que passaram a auxiliar e a potencializar o processo de produção, envio e recepção das mensagens. A tecnologia passou a fazer parte da comunicação humana, assim como passou a participar da maioria das actividades desenvolvidas pela humanidade ao longo do seu desenvolvimento.A comunicação começou desde a pré-história em que os primeiros seres humanos começaram por se comunicar através de pinturas rupestres e de gestos. Dinamismo da comunicação. Comunicação é uma palavra de sentido amplo e como tal abre um leque de possibilidades em vários segmentos. Com o surgimento de novas tecnologias, além da sofisticação e aprimoramento de métodos de comunicação já existentes, afloram a cada dia novas alternativas tornando mais dinâmicas as possibilidades de comunicação. Essa evolução na área de comunicação é parte integrante da própria evolução do homem e da sociedade, mesmo porque é sabido que a comunicação está diretamente ligado aos sentidos humanos. Então basta dizer que hoje é impossível o homem deixar seus sentidos de lado simplesmente ignorando-os e deixando de comunicar-se. Na verdade as pessoas e a sociedade em si estão procurando aprimorar esses sentidos. Para despertarmos o interesse das pessoas em algum serviço ou produto há a necessidade de algum estímulo nestes sentidos e para tanto, necessitamos de alguma forma/meio de comunicação. Se estes sentidos estão evoluindo e se aprimorando, vale dizer que para despertarmos interesse das pessoas e da sociedade como um todo está cada dia mais difícil e técnico. O óbvio é que tudo conspira contra as organizações, independentemente do tamanho dessas. É sabido que para despertar interesses há a necessidade de se comunicar de alguma forma. Os segmentos de mercado correspondem a minúsculas parcelas dessa sociedade e essas pequenas parcelas estão cada dia mais sensíveis e por consequência exigentes. Daí vem a necessidade de usarmos não só todas as possibilidades de comunicação existentes mas fazer isso de forma correta no sentido de busca pertinente e individual de acordo com cada ramo de atividade, ou seja, atingir o segmento de mercado correto. Buscar não só os meios de comunicação corretos mas também utilizarmos a linguagem correta para cada tipo de mídia. Buscar não só o universo correto desses meios de comunicação mas também saber dosar as inserções em cada um deles. Com a evolução das novas tecnologias o termo comunicação amplifica ainda mais o seu significado, chegando deste modo a níveis de dinamismo que transcende a atualidade. Apesar disso, as decisões ainda são individuais dentro dessa sociedade. Telecomunicações. As telecomunicações dizem respeito às distintas tecnologias de comunicações à distância , como a telegrafia, a telefonia, as radiocomunicações, a teledifusão e a internet, entre outras que envolvem a transmissão e recepção de sinais de áudio (sons), vídeo (imagens) e dados. Comunicação segmentada. A Comunicação Segmentada é um desdobramento do modelo de Comunicação de Massa. Ela ocorre pelos meios de comunicação tradicionais como jornais, rádios, TVs, Cinema, cartazes ou internet, porém, diferentemente do modelo de massa, atinge grupos específicos, classificados de acordo com características próprias e preferências similares. A Comunicação Segmentada tem a particularidade de atingir um número menor, porém mais específico, de receptores ao mesmo tempo, partindo de um único emissor. Comunicação crível. O ser humano é motivado por aquilo que vê, toca, sente e também pelo que analisa. Logo, construir estratégias de comunicação capazes de influenciar a escolha de leitores/consumidores deve passar também por oferecer a ele dados tangíveis que possam colaborar racionalmente sua tomada de decisão. Desta maneira, a comunicação crível ou baseada em fatos críveis é aquela cujo objetivo é abastecer públicos-alvo com informações fundamentadas e de valor diferenciado por terem como origem fontes imparciais e isentas. Para a  formulação de estratégias de comunicação crível são consideradas múltiplas ações que visam levar ao público de interesse mensagens baseadas em argumentos racionais, cases, pesquisas e estudos produzidos com isenção, seja sobre empresas, produtos ou serviços. No processo de disseminação da mensagem podem ser usados também fontes imparciais, livres e isentas, como canais de imprensa e redes sociais. Por seu caráter relevante, a comunicação crível tem alta receptividade e, em comparação a outras abordagens, conta com relação custo-benefício mais vantajosa. Ensino de comunicação. O ensino de comunicação como um campo de atividade profissional (ou seja, um conjunto de profissões) se dá formalmente em três níveis: técnico, graduação e pós-graduação. No primeiro, em escolas de formação técnica, ensinam-se técnicas operacionais para execução de produtos de comunicação e o uso de equipamentos necessários à produção destes. No segundo, formam-se profissionais habilitados ao exercício de profissões de comunicação, tanto com treinamento prático quanto com embasamento teórico. Já no terceiro, em "latu" ou "strictu senso", elaboram-se teses analíticas ou teóricas sobre a prática da comunicação, temas correlatos ao campo e as relações comunicacionais no mundo. No Brasil, a graduação em comunicação é oferecida por instituições de ensino superior (faculdades e universidades) e está regulamentada nos cursos de bacharelado em "Comunicação Social" (neologismo criado para evitar o termo "Comunicação de Massa"), divididos nas seguintes habilitações: Em algumas universidades são oferecidos cursos de Comunicação Social Integrada, cuja grade curricular integra três habilitações: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. Em Portugal, o curso de comunicação (ou comunicação social) é oferecido por instituições de ensino superior (faculdades, institutos e universidades) e está regulamentada nos cursos de licenciatura.
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Carlos da Maia
Carlos da Maia Carlos Eduardo da Maia é um dos personagens principais do romance "Os Maias", de Eça de Queiroz. Amante da ciência e das mulheres. Diletante, visto que exerce sua profissão pelo prazer e não por obrigação. É filho de Pedro da Maia e Maria Monforte, mas nunca teve contacto com os pais, excepto quando era ainda muito criança. É a personagem principal da obra. Muitos consideram até "Os Maias" um romance de personagem, centrado precisamente em Carlos da Maia. Depois da fuga de Maria Monforte, e o suicídio do pai, ficou entregue ao cuidados do avô Afonso da Maia dar-lhe-á a educação que não pôde dar ao filho Pedro - educado segundo cânones tradicionais portugueses, por insistência de uma mãe ultra-católica -, já na quinta do Douro, Santa Olávia, onde se refugiou com o neto, deixando ao abandono o Ramalhete. Assim, educado à maneira inglesa, com normas rígidas, intensa actividade física, sem os tradicionalismos da "cartilha" católica (que atormentara seu pai e o pobre Eusebiozinho, representantes da educação portuguesa), Carlos vai-se tornar num belo homem, física e intelectualmente. Forma-se em Medicina, em Coimbra, onde conhece João da Ega, que se torna seu grande amigo. A casa que o avô lhe alugara em Celas, torna-se centro da vida boémia estudantil, onde se discute arte, política, filosofia, o que faz de Carlos muito popular entre os colegas. Depois de formado, viaja pela Europa e conhece o que de melhor há no velho Continente. Torna-se um diletante. Volta a Lisboa e arrasta consigo Afonso da Maia para o Ramalhete. Trabalha por prazer, abre um consultório, monta um laboratório e enche-se de projectos que nunca chega a cumprir, disperso na vida boémia da capital, entre mulheres, amigos e aventuras. Mantém uma relação adúltera com a Condessa de Gouvarinho, até que conhece Maria Eduarda - que na verdade é sua irmã - por quem se apaixona. Desconhecedores do laço de sangue que os une, tornam-se amantes e decidem primeiramente fugir juntos e, após a descoberta de que Maria Eduarda não era de facto casada, esperar pela morte de Afonso da Maia para casarem, até que Carlos toma conhecimento do terrível desfecho da sua história, ao receber uma carta do Sr. Guimarães. Descoberto o segredo, Carlos Eduardo vê-se ensombrado com a morte do avô e torna-se um fracassado da vida. Assim, jovem, bonito, inteligente, cobiçado e culto, com tudo para se tornar um vencedor, Carlos Eduardo da Maia é destinado, tal como o seu pai, Pedro, a fracassar. Carlos da Maia, fisicamente era um belo e magnífico rapaz, alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados e uma barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca; psicologicamente era culto, bem-educado, de gostos requintados. É corajoso e frontal, amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (aquele que exerce a sua profissão apenas por gosto e não por obrigação). Contudo apesar da sua educação, Carlos fracassou, não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo. Tinha um vestuário clássico, sem muitos padrões.
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Compiladores
Compiladores
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Cruges
Cruges
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Cabanagem
Cabanagem A Cabanagem, também chamada Guerra dos Cabanos, foi uma revolta popular e social que ocorreu na então Província do Grão-Pará entre 1835 e 1840, durante a regência de Diogo Antônio Feijó no Império do Brasil, influenciada pela Revolução Francesa, tendo como líderes Félix Clemente Malcher, Antonio Vinagre, Francisco Pedro Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente Ferreira de Paula. A revolta foi motivada pela extrema pobreza, fome e doenças que afetavam a população local, além do isolamento político, a forte influência portuguesa na região com a independência do Brasil em 1822, uma vez que o Pará aderiu à independência apenas em 1823. Os índios, mestiços e, pobres analfabetos que viviam amontoados em cabanas de barro à beira dos rios (que originou o nome da revolta) usados como mão de obra em forma de semiescravidão na província, e integrantes da classe média uniram-se nessa revolta, com objetivo de aumentar a importância do seu território no governo central brasileiro e, enfrentar a questão da pobreza na região. Mas já havia uma mobilização na província do Grão-Pará para expulsar os reacionários e grupos apoiados pela elite que desejavam manter a região como colônia portuguesa, acreditando que a região do Grão-Pará receberia "benefícios”. Muitos líderes locais da elite fazendeira, descontentes com a política do governo imperial português, ressentidos pela falta de participação política nas decisões do governo brasileiro centralizador, também contribuíam com o clima de insatisfação após a instalação do governo provincial. Considera-se que a revolta iniciou em 6 de janeiro de 1835 quando a sede governamental da cidade brasileira de Belém do Pará foi tomados pelos revoltosos e, foi instituido novo presidente, o militar Félix Clemente Malcher. Porém, Clemente Malcher mais identificado com a elite dominante traiu a revolta. Sucedeu-se um conflito entre as suas tropas e as do outro líder, Eduardo Angelim, tendo estas saído vitoriosas. O frágil e instável controle cabano do Grão-Pará durou cerca de dez meses. O império então nomeou um novo presidente, barão de Caçapava, e, frente a essa afronta, o agente centralizador do governo central, bombardeou impiedosamente Belém, retirando rapidamente os cabanos do poder. Porém, muitos deles continuaram a lutar, o império usou novamente o poderio militar para sufocar a revolta e, em 1840, promoveu um extermínio em massa da população paraense. Estima-se que cerca de 30 a 40% da população de cem mil habitantes do Grão-Pará tenha morrido no conflito. Em homenagem ao movimento Cabano, em 1985 foi erguido um monumento, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na entrada da cidade de Belém, o Memorial da Cabanagem. História. Posterior a independência do Brasil em 1822, o Grão-Pará mobilizou-se para expulsar os reacionários que buscavam manter a região como colônia de Portugal. Em uma luta que durou vários anos, destaca-se as figuras do jornalista cônego barcarenense João Batista Gonçalves Campos, do fazendeiro montealegrense Félix Clemente Malcher, do lavrador barcarenense Eduardo Francisco Nogueira Angelim e, dos irmãos Vinagre (Antonio e Francisco Pedro). Em um período que ocorreu a formação de vários mocambos de escravizados fugitivos e ocorreu rebeliões militares frequentes. Após finalizada a luta pelo fim da escravidão, distribuição fundiária aos lavradores e, a instalação de um governo provincial, as líderanças locais foram marginalizadas. A elite fazendeira da nova Província, embora com melhores condições, ressentia-se de não participação nas decisões político-admnistrativas do governo central, comandado pelas províncias da região nordeste e sudeste do Brasil. Em julho de 1831, houve uma rebelião na guarnição militar da cidade de Belém, que resultou na prisão de Batista Campos, uma das lideres do movimento. Ato que indignou mais o povo que apenas buscava melhorias, assim em 1833 planejavam criar uma federação. O então presidente da província do Grão-Pará, Bernardo Lobo de Sousa, iniciou uma política repressora tentando conter os inconformados. Um dos grandes erros do então presidente Lobo de Sousa foi rivalizar com Batista Campos, com a criação do Correio Oficial Paraense, dirigido por outro cônego inimigo de Batista Campos, o Gaspar Siqueira Queiroz. Iniciando críticas gerais contra o nacionalista. Assim como Batista Campos também críticou o governo. Conseguindo até uma carta pastoral contra Lobo de Sousa do então bispo de Belém, o Romualdo de Sousa Coelho, pelo fato do então presidente provincial ser maçom. Nesta época, chegara do Maranhão ao Grão-Pará o jornalista Vicente Ferreira de Lavor Papagaio, à pedido de Batista Campos, para fundarem um jornal de oposição à Presidência da Província, intitulado Sentinela Maranhense na Guarita do Pará. A linguagem usada na edição inaugural foi de tamanha violencia, que o então presidente provincial ordenou a prisão de ambos o s jornalistas. Em 1834 ocorreu o climax para a explosão da Cabanagem, quando Batista Campos publicou sem autorização governamental a carta do bispo de Belém, Romualdo de Sousa Coelho, criticando os políticos regionais. Assim Batista Campos foi perseguido, mas refugiou-se na fazenda do amigo Félix Clemente Malcher, onde se reuniuram com os irmãos Vinagre e o jornalista Eduardo Angelim. Em seguida reuniram um contingente de rebeldes na fazenda. Foram informados que seriam atacados por tropas governistas, conseguindo abandonar a fazenda em tempo. Contudo, em 3 de novembro as tropas mataram Manuel Vinagre e prenderam Félix Clemente Malcher e mais alguns revoltosos, aumentando a raiva de muitos populares. O movimento. Em 7 de janeiro de 1835 Clemente Malcher foi libertado, e na madrugada deste dia os rebeldes (tapuios, cabanos e, negros) liderados por Francisco Vinagre e Felix Clemente Malcher em menos de um dia conquistaram o quartel e a sede do governo de Belém, onde assassinaram Bernardo Lobo de Sousa, nomearam Francisco Pedro Vinagre como Comandante das Armas da cabanagem, nomearam Félix Clemente Malcher presidente do Grão-Pará e, apoderaram-se de todo material armamentista. Porém este governo cabano não durou muito tempo, pois o presidente Félix Clemente Malcher - um latifundiário, tenente-coronel e, dono de engenhos de açúcar - era assim mais identificado com os interesses da elite, sendo deposto então em 19 de fevereiro de 1835, considerado traidor do movimento por apoiar as exigências do Governo Imperial, junto com o apoio da elite dominante que pretendia manter a província subordinada ao Império do Brasil. Francisco Vinagre e Eduardo Angelim, os cabanos pretendiam separar-se. O rompimento realmente aconteceu quando Malcher solicitou a prissão de Angelim, resultando em um sangrento conflito entre os dois lados, vencendo as de Francisco Vinagre. Clemente Malcher foi assassinado por um cabanos, seu cadáver foi arrastado nas ruas da cidade. Então ssumiu Francisco Vinagre como governador Cabano, que tinha participado ativamente da conquista de Belém. Nesse período a igreja católica e outras mazelas intervieram no governo buscando um período de pacificação, o Clero propagandeava que os cabanos foram seres divinos enviados para proteger os menos favorecidos. Assim Francisco Vinagre aceitou entregar pacificamente o governo ao português Manuel Jorge Rodrigues em troca de anistia aos revoltosos. Os revolucionários descontentes, não confiando no cumprimento do acordo, após o massacre do Brigue Palhaço (1823), não se desarmaram e fugiaram para o interior. Como previsto, Jorge Rodrigues não cumpriu o acordo de pacificação e anistia, assim solicitou a prissão de Francisco Vinagre. Os cabanos ficaram indignados e reorganizaram suas tropas, sob o comando de Antonio Vinagre e Eduardo Angelim atacaram novamente a cidade de Belém em 14 de agosto. Após uns nove dias de conflito, mesmo com a morte de Antônio Vinagre, os cabanos conseguyiram retomarem a capital. Eduardo Angelim foi escolhido presidente da Província, que governou durante dez meses de uma forma que aterrorizou a elite regional. A falta de projeto com medidas concretas para consolidar o governo rebelde, enfraquecimento assim. Percebendo isso, o império reagiu e nomeou no mês de março de 1836, o militar português Francisco José de Sousa Soares de Andrea como o então novo presidente do Grão-Pará, e autorizou a guerra contra os cabanos. Em fevereiro, os quatro navios de guerra de Soares de Andrea aproximavam-se de Belém, com ordens para atacar a cidade, que estava tomada pela desordem, fome e varíola, estes fizeram um bloqueio naval em frente à cidade pelo presidente provincial Francisco Soares de Andrea, que atracou a esquadra em frente a Belém, mas os cabanos insurgentes escaparam pelos igarapés em canoas, enquanto Eduardo Angelim e outras lideranças negociavam uma fuga. Uma esquadra inglesa ofereceu ajuda à Angelim para acabar com o bloqueio naval local, mas este a recusou, e também furou o bloqueio naval indo refugiar-se no interior. Os cabanos esvaziaram a capital, ficando abandonada para as tropas do então presidente da Província, pois a maioria da população masculina participante da revolta trabalhavam nas fazendas e engenhos, prejudicando a organização sociais destes locais, porém o presidente julgando que Angelim, mesmo estando foragido, seria uma ameaça ao governo, determinou que tropas fossem ao seu encalço. Em outubro de 1836, numa tapera na selva acompanhado de sua mulher, Angelim então foi capturado, e feito prisioneiro na fortaleza da Barra, até ir para Fernando de Noronha. A insegurança assombrou os proprietários de fazendas e engenhos, afetados pela falta de mão de obra e recursos para a produção, obrigando-os a criar meios de sobrevivência alternativa, começaram a ter interesse nos meios de transportes (como embarcações e cavalos), apoiados por alguns fazendeiros de outras regiões, como no Marajó, que eram a favor do controle imperial português em Belém, assim doavam cavalos aos proprietários afim de manterem suas posses. A Cabanagem porém não acabou com a prisão de Eduardo Angelim. Os cabanos que se encontravam na selva lutaram até 1840, até serem completamente exterminados. A rebelião foi grande, tinha avançado pelos rios da bacia amazônica e o mar Atlântico, chegando as fronteiras do Brasil Central e próximos do litoral norte e nordeste. Consequências. Ocorreram vários massacres sangrentos, calcula-se que cerca de 30 à 40% da população foi exterminada, nações indígenas como o murá e o mauê praticamente desapareceram. Em 1833, o Grão-Pará tinha habitantes; eram índios e eram negros escravizados. A maioria mestiça (miscigenação de índios, negros e brancos) chegava a 42 mil. A minoria totalizava quinze mil brancos, dos quais mais da metade eram portugueses. Os impactos ocasionados pela revolta e contra-revolta eram vistos no rastro de destruição após o fim do conflito, pois a produção de alimentos ficou escassa, sendo então comprada farinha do nordeste brasileiro devido a falta do produto na província. Foram afetados os pequenos ranchos que eram relevantes na economia paraense, estes deixando de produzir; terras que pertenciam aos indígenas foram brutalmente arrancadas, pela cobiça e cultura discriminatória praticada por uma parte da população.
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Carandá
Carandá O Carandá ("Copernicia australis" Becc.; Arecaceae ou Palmae) é uma planta da família das arecáceas, nativa da ecorregião de Chaco na Bolívia, Paraguai, Brasil (nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e Argentina (especialmente na província de Formosa). De rápida germinação e abundante na forma silvestre, se aproveita pouco em jardinagem frente a outras palmeiras da região. É a mais resistente ao frio das espécies de "Copernicia". Etimologia. O termo "Carandá" provém do tupi "karã'dá." Características. "C. alba" é uma palmeira que atinge até 20 m de altura, com um espique de 40 cm de diâmetro máximo, raramente bifurcado, coberto de uma crosta de cor cinza e de superfície lisa ou marcada pelas vestígios dos galhos antigos nas plantas adultas. O sistema radicular é extenso e profundo. A madeira é resistente e densa (até 0,92 de densidade relativa em exemplares adultos). Mostra folhas palmadas, em forma de leque, agrupadas no ápice do talo, com o limbo de uns 70 cm de largura e o ráquis muito mais largo que isso, lenhoso e dotado de espinhos negros, duras e curvas; são palmatisetas, persistentes, com entre 30 e 50 folíolos lineares, cada um em torno de 2 cm de extensão e cor ligeiramente azulado. Nos exemplares adultos estão cobertos de uma cera similar a da carnaúba. As flores formam inflorescências em espádices de cor amarela e quase 2 m de largura, formado por flores hermafroditas em torno de 4 mm de largura dispostos em espiral. Cada flor possui três ovários, um dos quais se desenvolverá o fruto, uma baga globosa de consistência pulposa e cor escura, monoseminada. A semente é ovóide, lisa, de cor castanho claro e até 12 mm de largura. "Habitat". "C. alba" está adaptada a um clima de monções, con períodos de seca alternando com alagamentos. Requer muito sol, mas tolera aceitavelmente bem o frio uma vez que tenha germinado no lugar. Divide o habitat com a pinha ("Syagrus romanzoffiana"), "Trithrinax campestris", "Trithrinax biflabellata" e "Acrocomia totai". Uso. O tronco dos exemplares adultos se usa nas indústria madeireira para construção de postes para linhas telefônicas e elétricas.
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Café-do-bugre
Café-do-bugre
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Capivara
Capivara A capivara ou capincho (nome científico: Hydrochoerus hydrochaeris) é uma espécie de mamífero roedor da família Caviidae e subfamília Hydrochoerinae. Alguns autores consideram que deva ser classificada em uma família própria. Está incluída no mesmo grupo de roedores ao qual se classificam as pacas, cutias, os preás e o porquinho-da-índia. Ocorre por toda a América do Sul ao leste dos Andes em habitats associados a rios, lagos e pântanos, do nível do mar até 1 300 m de altitude. Extremamente adaptável, pode ocorrer em ambientes altamente alterados pelo ser humano. É o maior roedor do mundo, pesando até 91 kg e medindo até 1,2 m de comprimento e 60 cm de altura. A pelagem é densa, de cor avermelhada a marrom escuro. É possível distinguir os machos por conta da presença de uma glândula proeminente no focinho apesar de o dimorfismo sexual não ser aparente. Existe uma série de adaptações no sistema digestório à herbivoria, principalmente no ceco. Alcança a maturidade sexual com cerca de 1,5 ano de idade, e as fêmeas dão à luz geralmente a quatro filhotes por vez, pesando até 1,5 kg e já nascem com pelos e dentição permanente. Em cativeiro, pode viver até 12 anos de idade. Etimologia e nomes populares. A capivara também é chamada de "carpincho", "capincho", "beque", "trombudo", "caixa", "cachapu", "porco-capivara", "cunum" e "cubu". O nome "capivara" procede do termo tupi "kapi'wara", que significa "comedor de capim". Tal nome é o mais comum e conhecido por todo o Brasil. No Rio Grande do Sul também é conhecida por "capincho" ou "carpincho", termo derivado do espanhol. No Amazonas, é conhecida por "cupido" e na Ilha de Marajó, no Pará, por "beque". O macho, neste mesmo local, devido à glândula nasal no focinho, é chamado de "trombudo", "caixa" ou "cachapu". Em alguns locais do interior da Bahia, a capivara é chamada de "porco-capivara", no sudeste do Pará por "cunum" e de "cubu" em alguns locais do estado de Goiás. Taxonomia e evolução. A capivara foi descrita pela primeira vez por George Marcgraf em 1648, como "Capy-bara Brasiliensus: Porcus est fluvialitis" ("porco dos rios"). No entanto, sua primeira classificação só foi oficialmente elaborada por Carolus Linnaeus, em 1758, junto com o porquinho-da-índia, como "Mus porcellus". Posteriormente, Linnaeus reclassificou a capivara entre os suínos, como "Sus hydrochaeris". Mathurin Jacques Brisson em 1762 classificou a capivara no gênero "Hydrochoerus". Visto que o trabalho de Brisson, "Regnun Animale" não seguiu a nomenclatura binomial adequadamente, tal nome não deveria ser considerado válido. Houve debate que o nome deveria ser "Hydrochoeris", criado no trabalho "Zoologiae Fundamenta" por Brünnich, datado de 1772. Entretanto, dado seu largo uso, durante 230 anos, em 1998 o "Bulletin of Zoological Nomenclature" oficialmente reconheceu o gênero "Hydrochoerus". A última edição do "Mammal Species of the World" (2005) adotou o nome proposto por Brisson ("Hydrochoerus"). Entretanto, os autores consideraram, incorretamente, que o nome "Hidrochoeris" foi o proposto por este autor. Tal confusão foi resolvida na reimpressão do livro, mas não foi mudada na versão on-line. A capivara é um roedor incluído na família Caviidae, subfamília Hydrochoerinae. Tal subfamília foi considerada, por muito tempo, uma família separada (Hydrochoeridae), mas estudos genéticos claramente consideram que as capivaras devem ser incluídas em Caviidae, tornando Hydrochoeridae uma subfamília. Alguns estudos apontam "Kerodon" (ao qual pertence as duas espécies de mocós) como o grupo de roedores mais próximo evolutivamente do gênero "Hydrochoerus", apesar de que tal relação ainda não está bem resolvida. Considerando a relação com o gênero "Kerodon", pode ser válido considerar Hydrochoeridae como uma família. Mas é inquestionável, até o momento, que a capivara é um roedor caviomorfo, dentro da superfamília Cavioidea, que representa uma importante radiação de roedores Hystricognathi no Novo Mundo, ao qual fazem parte as cutias, a mara, a paca, a pacarana, os preás e o porquinho-da-índia também. Atualmente, não são reconhecidas subespécies da capivara. Até 1991, alguns autores consideravam "Hydrochoerus isthmius", que ocorre no Panamá, norte da Colômbia e Venezuela, como uma subespécie da capivara ("Hydrochoerus hydracheris"), mas é classificada como uma espécie separada desde esta data. Registro fóssil. Os registros mais antigos de capivaras datam do Mioceno, entre 7 e 9 milhões de anos atrás, da Argentina central. De fato, a superfamília Cavioidea começou a se diversificar na Patagônia. Inicialmente, foram descritas quatro subfamílias de Hydrochoeridae, com um grande número de espécies e gêneros de capivaras pré-históricas descritas, mas atualmente, representada apenas por duas espécies. A mais antiga espécie relacionada à capivara atual é "Cardiatherium chasioense", que ocorreu onde hoje é a província de Buenos Aires, Argentina. No Plioceno, entre 5,3 e 2,5 milhões de anos atrás, existiu o gênero "Phugatherium", também próximo da atual capivara. O gênero "Hydrochoerus" surgiu no fim do Plioceno na América do Sul, mas a mais antiga espécie conhecida é "Hydrochoerus gaylordi", das Antilhas. No fim do Pleistoceno, é provável que a atual capivara já ocorresse do sul da América do Norte até o centro da Argentina. Essas espécies fósseis, assim com a atual, viviam em ambientes semiaquáticos. Algumas espécies muito próximas da capivara atual, como as do gênero "Chapalmatherium" e "Neochoerus", do Pleistoceno, eram particularmente grandes, podendo atingir 200 e 110 kg respectivamente. Apesar disso, as espécies fósseis relacionadas à capivara possuíam características muito semelhantes (como a formação de manadas) à espécie moderna: aparentemente, tais características existem desde o fim do Mioceno. Distribuição geográfica e habitat. A capivara é uma espécie amplamente distribuída na América do Sul, e ocorre em todos os países desse continente, exceto no Chile. É encontrada a leste dos Andes até a foz do rio da Prata, na Argentina. Apesar dessa ampla distribuição, ela é mais rara em alguns locais, com algumas extinções locais confirmadas, como em partes dos llanos da Venezuela e em várias regiões da Caatinga, no Brasil. Também foi extinta em parte do litoral do Nordeste Brasileiro, entre o Rio Grande do Norte e o Ceará. No Pleistoceno, ocorria até a América do Norte, no sul dos Estados Unidos. Entretanto, a espécie está se tornando invasora na Flórida. Ao longo desses locais, habita uma ampla variedade de habitats ao longo de rios, lagos, represas e pântanos. É abundante em florestas de galeria e áreas periodicamente inundáveis. Sua presença tem sido reportada desde o nível do mar até 1 300 m de altitude. No Brasil, é abundante nas bacias dos rios Amazonas, Paraná e Araguaia; no Pantanal e nas regiões dos lagos no Rio Grande do Sul. É um animal adaptável e pode ser encontrada em inúmeros ambientes altamente alterados pelo homem, principalmente em pastagens e canaviais. Pode alcançar altas densidades nesse locais se não caçada, sendo considerada uma praga em algumas ocasiões. É possível que o desmatamento para criação de pastagens possa ter favorecido a expansão da ocorrência da capivara em alguns locais. Frequentemente, pode ser encontrada em áreas urbanas, parques e até mesmo, áreas residenciais. Descrição. A característica mais chamativa na capivara é seu grande porte: pesa em média, entre 49 e 50 kg, sendo o maior roedor do mundo. As fêmeas tendem a ser maiores que os machos e no estado de São Paulo, foi registrado uma fêmea que pesava até 91 kg. No Uruguai, foi registrado um macho que pesava cerca de 73 kg. As capivaras encontradas no centro-oeste e sudeste do Brasil, e Argentina, tendem a ser maiores que aquelas encontradas na Venezuela. A capivara possui até 1,2 m de comprimento e 60 cm na altura da cernelha, com um corpo em formato de barril e robusto, coberto por uma densa pelagem que varia do avermelhado ao marrom-escuro. A forma do corpo é parecida com a do gênero "Cavia", ao qual pertence o porquinho-da-índia ("Cavia porcellus"), mas é muito maior e proporcionalmente mais brevilíneo. A cauda é muito pequena e vestigial. Interessantemente, ao contrário de outros roedores, as capivaras possuem glândulas sudoríparas distribuídas ao longo do corpo. A pele é ondulada, com pelos emergindo em ângulo agudo com folículos agrupados em três associados à glândulas sebáceas. A cabeça é grande, com orelhas pequenas e sem pelos, com um prega que fecham a abertura da orelha interna. As pernas são curtas e as patas traseiras são mais longas que as dianteiras. Estas, apresentam quatro dedos e as traseiras três, com as pegadas se assemelhando a de perissodáctilos, como a anta. Os dedos são distribuídos radialmente. São grossos, similares a cascos, unidos por pequenas membranas interdigitais. Visto ser um animal herbívoro, a capivara possui inúmeras adaptações a esse tipo de dieta: possui um estômago simples em formato de "J" com volume de até 2 l, quando completamento cheio, com ceco desenvolvido. O ceco é utilizado para fermentar o alimento ingerido, por meio de bactérias que que nele habitam (principalmente Firmicutes, Proteobacteria e pelo menos 17 espécies de protozoários). Esta estrutura, localizada entre o intestino delgado e o cólon, pode ter até 5 l de volume, ocupando entre 63 e 74 % do volume do sistema digestório. O intestino delgado possui até 10 m de comprimento. A capivara não possui dimorfismo sexual aparente e é difícil diferenciar a genitália entre macho e fêmea, mas é possível distinguir os machos por conta de uma glândula nasal homóloga à glândula pigmentária de muitos roedores. Entretanto, tal glândula pode ser observada também em algumas fêmeas. A glândula é desprovida de pelos e aumenta de tamanho após os 25 meses de idade. Geralmente, machos dominantes ou com altas concentrações de testosterona plasmáticas possuem glândulas maiores. A glândula nasal dos machos produz secreções complexas, mas compostas majoritariamente por lipídios. A composição dessas secreções é diferente entre os indivíduos e pode servir para reconhecimento destes. Além dessa glândula nasal, as capivaras possuem glândulas anais, assim como outros roedores e estão presentes tanto nos machos quanto nas fêmeas, apesar de que a morfologia delas é sexualmente dimórfica. O crânio é grande (pode ter até 27 cm de comprimento) com formato de caixa e a boca é localizada na parte inferior, fazendo com que ela esteja em contato direto com o alimento enquanto pasta. A fórmula dentária é , totalizando 20 dentes. Existe um grande diastema separando os afiados incisivos e os pré-molares. Todos os dentes crescem continuamente, como em outros roedores e os incisivos em machos adultos são mais amplos do que os das fêmeas. As fileiras de dentes tendem a convergir para frente. Os dentes molariformes (molares e pré-molares) não possuem raiz e possuem grande quantidade de esmalte dentário, que possuem um arranjo superficial semelhante ao de outros Caviidae, mas mais complexo. Apesar dos hábitos semi-aquáticos e de nadar, o esqueleto da capivara não é especializado nesse tipo de locomoção. Em contrapartida, características do pescoço demonstram adaptação para pastar, como grande flexibilidade no plano sagital. O macho da capivara não possui um escroto bem definido e os testículos estão localizados subcutaneamente na região inguinal. Estes, pesam até 32 g, e são relativamente pequenos ao tamanho corporal com um índice "gonado-somático" de 0,12 %, sendo um dos menores entre os roedores, junto com o castor-americano ("Castor canadensis"). A genitália externa masculina é muito semelhante à feminina, visto que o pênis se localiza dentro de uma invaginação entre o ânus e duas glândulas anais. A glande possui um sulco e um proeminente colo, que faz com que ela possui uma estrutura em forma de "T" invertido quando observado de uma vista inferior. Assim como outros mamíferos, possui o báculo. As fêmeas das capivaras compartilham uma série de características exclusivas dos roedores da subordem Hystricomorpha, principalmente no que diz respeito à estrutura da placenta. Assim como outros roedores, o útero é bipartido, com dois "cornos", tendo um formato de "Y". As tubas uterinas são tortuosas e enoveladas, tendo cerca de 17 cm de comprimento, se localizando entre os ovários e a porção final dos cornos uterinos. Fêmeas que nunca tiveram filhotes possuem úteros menores, pesando entre 6,5 e 57 g, ao passo que fêmeas que já deram à luz várias vezes, possuem úteros que pesam entre 40 e 765 g. As fêmeas possuem cerca de seis pares de glândulas mamárias dispostas em duas fileiras no ventre. A capivara possui um cariótipo com 66 cromossomos. O cromossomo X é grande e metacêntrico, e o cromossomo Y é pequeno e telocêntrico. Ecologia e comportamento. Capivaras podem ser ativas durante o dia todo, se não sofrerem algum tipo de perturbação por conta da caça. Entretanto, durante o dia, elas permanecem dentro da água na maior parte do tempo (principalmente para termorregulação), iniciando o forrageamento no fim da tarde, descansando por volta da meia-noite e indo forragear novamente, um pouco antes do amanhecer. Nas primeiras horas da manhã, as capivaras costumam descansar, em pequenos grupos próximos à àgua. Nestas horas, na estação seca, o descanso pode ser interrompido para realizar a cecotrofia. Foram registradas associações da capivara com pelo menos 9 espécies de aves. No sul do Brasil, foi reportado que o carcará ("Caracara plancus"), o joão-de-barro ("Furnarius rufus"), o suiriri-cavaleiro ("Machetornis rixosus"), o gavião-carrapateiro ("Milvago chimachima") e o chupim ("Molothrus bonariensis") se associam com este roedor. Essas espécies utilizam a capivara como poleiro ou como batedor (ao andar entre a vegetação, a capivara pode espantar insetos que são ingeridos pelas aves), e para se alimentar de ectoparasitas. Já foi observado que a capivara ativamente expõe o ventre para que o gavião-carrapateiro possa se alimentar de ectoparasitas. As interações entre aves e capivaras são observadas principalmente em áreas com muita vegetação, como banhados arbustivos, matas e campos úmidos. O bem-te-vi também pode utilizar a capivara como poleiro, e a jaçanã ("Jacana jacana") pode catar ectoparasitas do pelo de capivaras. Como outros Caviomorpha, a capivara chama a atenção por conta de seu tamanho, contrastando com a maior parte dos roedores: tal porte conferiu a esse animal, uma série de adaptações e nichos ecológicos únicos entre os roedores, inclusive se assemelhando aos ungulados em alguns aspectos. Ecologicamente, a capivara é considerada um pastador, e é predada por grandes felídeos como a onça-pintada ("Panthera onca") e a onça-parda ("Puma concolor") e jacarés. Filhotes podem ser predados por felídeos de porte menor, como a jaguatirica ("Leopardus pardalis"), o cachorro-do-mato ("Cerdocyon thous"), cobras da família Boidae, como a sucuri ("Eunectes murinus") e a jibóia ("Boa constrictor") e até por aves de rapina como o carcará ("Caracara plancus") e o urubu ("Coragyps atratus"). Além desses predadores no ambiente natural, a capivara é caçada por cães e o homem. Comportamento social e território. As capivaras são animais sociais, vivendo em bandos que em média têm entre 10 e 30 animais. Alguns estudos apontam grupos com até 100 indivíduos. Em todos os locais em que a capivara foi estudada, ela forma grupos. Estes, são constituídos tanto por machos quanto por fêmeas, com os primeiros formando uma rígida hierarquia, com um único macho dominante. O único local em que as capivaras formam grupos menores é na Amazônia, em que frequentemente são observados apenas um casal (ou um macho e duas fêmeas) com filhotes. A sazonalidade do ambiente em que vivem faz com que ocorram alguns fenômenos quanto ao número de indivíduos nos bandos: na estação seca, as capivaras podem se agrupar nos locais em que se concentram água permanentemente, formando grupos com mais de 100 indivíduos. Entretanto, tais associações são efêmeras e não há alteração na estrutura social dos grupos. No Pantanal, muitas vezes ocorre o inverso, com tais associações predominando na estação chuvosa. Uma das mais óbvias características na estrutura social das capivaras é a hierarquia de dominância entre os machos. Geralmente, as interações agonísticas se resumem a perseguições por parte do dominante, mas pode acontecer do animal perseguido revidar, ocorrendo exibições e brigas em que na maior parte das vezes, o dominante ganha. O animal na posição elevada na hierarquia se mantém nela por até 3 anos. É possível que machos intrusos possam ganhar do dominante e este perder sua posição, muitas vezes por razões desconhecidas. Existe uma correlação entre posição na hierarquia e idade, sendo que os mais velhos tendem a ser dominantes sobre os mais novos. O dominante nunca expulsa os subordinados do bando, o que mostra que existe algum tipo de vantagem em se mostrar tolerante à presença de outros machos: os subordinados auxiliam na defesa do território e contra predadores. Apesar disso, o macho dominante é responsável por grande parte das cópulas, podendo variar entre 75% e 81% das relações sexuais observadas. Interessante notar, que apesar da monopolização das fêmeas pelo dominante, algumas cópulas são feitas por subordinados, o que demonstra que existe um certo grau de competição espermática. Em contrapartida à relação hierárquica entre os machos, as fêmeas não possuem tal estrutura bem definida, exceto em cativeiro, em que já foi relatado a presença de uma fêmea dominante. A área de vida pode ser considerada a mesma que o território, exceto por algumas áreas visitadas durante a noite. Geralmente, possui entre 6 e 16 hectares (ha), mas na Colômbia foram reportadas áreas maiores que 56 ha e no Pantanal, com até 200 ha, mas é provável que este último estudo tenha considerado como território incursões casuais em áreas não utilizadas pelo grupo. As capivaras são altamente territoriais, mas elas não necessariamente defendem toda a área de vida, defendendo muitas vezes contra intrusos apenas porções com recursos mais escassos e concentrados em um determinado local. Comunicação. Dado sua vida em grupo, capivaras desenvolveram complexos sistemas de comunicação, principalmente por meio de sinais odoríferos. A glândula nasal é importante na sinalização da hierarquia entre os machos e as glândulas anais na demarcação de território e identificação dos indivíduos. A marcação de cheiro é muito mais comum nos machos dominantes do que nas fêmeas e machos subordinados. Tipicamente, machos realizam as marcações esfregando a glândula nasal na vegetação, como em galhos e arbustos, e em seguida sentam e esfregam as glândulas anais na vegetação, às vezes, urinando. Uma sequência de marcação de cheiro pode surgir espontaneamente, mas ocorre muitas vezes após um encontro agressivo entre dois machos. Fêmeas no estro também podem fazer marcações por meio das glândulas anais e os machos geralmente acabam fazendo marcações por cima das marcações feitas pelas fêmeas. Interessante notar que grupos grandes possuem taxas menores do comportamento de marcação de cheiro do que grupos menores. Sinais visuais não são tão frequentes entre as capivaras, mas posturas ameaçadoras e o próprio tamanho da glândula nasal podem servir como sinais entre machos, principalmente no contexto de agressão. Vocalizações são relativamente comuns, mas pouco entendidas: o que se sabe é que elas podem servir para manter a coesão no grupo e entre mãe e filhotes, assim como para sinalizar a presença de algum predador. Filhotes emitem guinchos, que podem ser ouvidos ao longo do dia, mas principalmente, são usados quando se afastam muito da mãe e do grupo. Os chamados de alarme contra predadores se parece com latidos e podem ser emitidos por todos os membros do grupo, mas são emitidos mais frequentemente pelos machos subordinados. Quando um chamado de alerta é emitido, todos no grupo se mantém alerta, e caso se confirme o perigo, fogem para a água, formando um círculo ao redor dos filhotes. Dieta e forrageamento. Dado as adaptações de seu sistema digestório, a capivara é um animal herbívoro, se alimentando principalmente de gramíneas. A digestão da celulose é feita principalmente por conta de microrganismos que habitam o ceco. Entretanto, é seletiva nas espécies de planta que consome, escolhendo aquelas que possuem altas quantidades de proteínas. Estudos sobre a dieta da capivara na década de 1970, mostra que é uma dieta diversa em espécies, podendo consumir até 21 espécies de gramíneas, 5 de plantas aquáticas, 4 espécies de arbustos e 3 espécies de Cyperaceae. Deve-se salientar, que as espécies consumidas podem diferir de região para região: nos llanos da Venezuela, a capivara se alimenta preferencialmente de gramíneas, (cerca de 17 espécies), com 5 espécies compondo até 80% da dieta; enquanto que no delta do rio Paraná, a dieta é composta por cerca de 70% de 3 ou 5 espécies da família Cyperaceae. As diferenças entre essas regiões se deve principalmente por conta da abundância de espécies dessas famílias em seus respectivos ambientes, visto que em habitats savânicos na província de Entre Ríos, em que predominam gramíneas, a capivara se alimenta predominantemente deste grupo vegetal. A dieta rica em gramíneas é confirmada por outros estudos, e apesar de poder mudar as espécies consumidas de acordo com a época do ano, esse é o grupo predominante. Ciperáceas são consumidas principalmente em períodos de escassez. Vale ressaltar, que a capivara possui uma distribuição muito ampla e sua dieta foi documentada apenas em uma pequena parte dela. As variações sazonais nas chuvas são fatores importantes nas espécies de plantas forrageadas pela capivara. Na Venezuela, no período de chuvas, esse roedor consome plantas mais palatáveis e ricas em carboidratos, como a aquática "Hymenachne amplexicaulis". Na estação seca, a capivara se torna menos seletiva e acaba optando por gramíneas menos nutritivas como "Eleocharis interstincta" e "Paratheria prostrata". As variações sazonais nas chuvas influenciam na distribuição e quantidade dos vegetais consumidos, e o que diretamente influencia na escolha das espécies ingeridas é a quantidade de energia: outros componentes como minerais e proteínas são secundários. Certamente, algumas características estruturais das plantas também são fatores importantes, como por exemplo, a presença de defesas químicas nas folhas. Além das espécies nativas, a capivara pode se alimentar de cultivos agrícolas, como reportado em várias regiões do Brasil, sendo responsável por danos consideráveis a plantações em algumas ocasiões. Apesar de muitas vezes ser uma potencial competidora com o gado doméstico, raramente se alimenta das mesmas espécies vegetais que as criações humanas consomem, mudando a dieta, muitas vezes, para alimentos menos palatáveis. A presença de herbívoros silvestres, como cervídeos, também influencia na dieta desse roedor. Dada sua dieta rica em celulose, as capivaras, assim como outros herbívoros, utiliza de estratégias específicas para digerir esse polissacarídeo. Elas estão entre os maiores herbívoros fermentadores, juntamente com os perissodáctilos. A estrutura utilizada para tal função é o ceco, uma porção do intestino grosso. Essa fermentação é otimizada graças à ingestão das próprias fezes, denominada cecotrofia. Na estação seca, quando as capivaras acabam por ingerir muitos alimentos fibrosos e com baixo valor nutritivo, a cecotrofia é mais comum, ocorrendo, geralmente, entre 10 e 11 horas após a alimentação, fazendo isso a cada uma hora entre as 7 horas da manhã e as 2 horas da tarde. As fezes ingeridas tendem a ser as mais macias e são relativamente ricas em proteína, quando comparada com aquelas não ingeridas, tendo até 37% mais proteína. Em cativeiro, foi observado o mesmo padrão de comportamento. Reprodução e ciclo de vida. O ciclo estral dura aproximadamente 7,5 dias, e o período de ovulação dura até 8 horas. Esses dados foram obtidos a partir de esfregaços vaginais e medições dos hormônios luteinizante e progesterona e temperatura corporal. Apesar de modificações histológicas na genitália, não existem sinais óbvios de que as fêmeas estão no estro. A cópula quase sempre ocorre dentro da água, após um período em que o macho segue a fêmea ativamente, que pode durar entre 5 e 10 minutos. O coito acontece ao redor de 6 tentativas feitas pelo macho, e a penetração raramente ultrapassa os 3 segundos. O macho dominante tende a monopolizar as cópulas, apesar de todos os machos do grupo acasalam. Embora o cuidado parental seja menor nos machos do que nas fêmeas, eles podem cuidar de mais filhotes do que as fêmeas. As capivaras se reproduzem durante o ano todo e não existe estação de acasalamento, embora as cópulas concentrem-se no início da estação chuvosa, como mostram dados obtidos na Venezuela (abril e maio) e no Brasil (setembro e outubro). A gestação é a maior entre todos os roedores, tendo em média, 150 dias. Geralmente têm uma ninhada por ano, mas se as condições forem favoráveis, é possível que as fêmeas engravidem duas vezes por ano. A ninhada pode ter de 1 a 8 filhotes, mas em média possuem 4, como mostrado em estudos feitos na Venezuela. Fêmeas mais velhas podem ter mais filhotes por ninhada. Capivaras não fazem ninhos, e o parto pode acontecer em qualquer lugar de seu território. Ademais, por viverem em bandos, as ninhadas de várias fêmeas podem crescer juntas, dando a impressão de haver mais filhotes por fêmeas do que de fato ocorre: isso acaba por superestimar o número de filhotes por parto. Os filhotes nascem pesando cerca de 1,5 kg e são precoces, já nascendo com pelos e com dentição permanente. são amamentados até os 3 ou 4 meses de idade, quando passam a comer mais gramíneas. Animais em cativeiro chegam na maturidade sexual com 15 meses de idade, sendo que ela pode variar de 6 a 12 meses em animais em liberdade. As primeiras cópulas nas fêmeas ocorrem quando elas atingem de 30 a 40 kg de peso, aproximadamente com a idade de 1,5 ano. A longevidade foi registrada com o máximo de 12 anos em cativeiro. Conservação e relações com os humanos. A capivara não é considerada uma espécie ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, sendo incluída na categoria pouco preocupante. Ela é amplamente distribuída ocorrendo em inúmeras unidades de conservação e é comum em muitos dos locais que habita, apresentando populações estáveis. Por ser muito adaptável, ocorrendo mesmo em áreas urbanas, a principal ameaça à capivara é a caça furtiva, principalmente para obtenção de couro. Entretanto, já exitem inúmeras criações desse animal para obtenção de couro, o que diminui a demanda por populações selvagens. Caça. As capivaras são regularmente caçadas como fonte de carne ao longo de sua distribuição geográfica, tanto por camponeses quanto por indígenas. A caça das capivaras pode ter prioridades diferentes dependendo da região: na Argentina, são caçadas principalmente por sua pele, enquanto que na Venezuela, principalmente pela carne. Em algumas regiões há caçadores profissionais, chamados de "carpincheros" que praticam a caça para fins comerciais. Frequentemente os animais também são abatidos para uso próprio. Além de luvas, cintos e jaquetas de couro, também são feitas selas e rédeas do couro de capivara. Na porção meridional da América do Sul o óleo extraído da gordura subcutânea das capivaras é usado como remédio. A carne da capivara não é apreciada em todos os lugares, já que pode ter cheiro forte e provocar doenças de pele. É consumida principalmente na Venezuela, onde é seca e salgada e é consumida preferencialmente em dias de jejum. A afirmação disseminada na América do Sul de que haveria um documento oficial da Igreja no qual a capivara, em função de sua forma de vida e sua pele coberta de pelos finos, seria classificada como peixe, pode ser considerada uma lenda, assim como outras histórias semelhantes que circulam em outras regiões do mundo sobre animais semiaquáticos, como o castor. O consumo de carne de capivara é bastante disseminado na América do Sul, nestes países a carne proveniente de criadouros é considerada um artigo de luxo e possui grande valor comercial ao ser vendida como carne exótica em restaurantes. Na Argentina e no Uruguai são fabricadas, principalmente, linguiças da carne de capivara. Outra razão para a caça são os danos causados pelas capivaras à agricultura. Particularmente nas plantações elas podem causar estragos consideráveis e em alguns lugares são consideradas uma praga. As capivaras também são perseguidas pelos proprietários de pastagens, especialmente durante a estação seca, já que são consideradas concorrentes ao alimento do gado. Desenvolvimento populacional e ameaças. Grande parte do habitat adequado para a capivara encontra-se em áreas intensivamente utilizadas para pastagem. A necessidade de proporcionar fontes de água próximas às pastagens para os animais dificulta a caça às capivaras. Além disso, o campo é mantido rasteiro pelo gado, o que levou, em algumas regiões, a um aumento na população de capivaras. Contagens realizadas em grandes fazendas de gado na região de Llanos revelaram uma densidade de 50 a 300 espécimes por quilômetro quadrado. Nas regiões ao longo do Rio Paraná no sul do Brasil e norte da Argentina, as capivaras são frequentemente capturadas e aprisionadas para criações em cativeiro ou para serem abatidas como carne de caça. Entretanto, no Brasil, esta prática tem de ser precedida de projeto e licenciada pelos órgãos de controle ambiental sob pena de configurar crime ambiental, já que a capivara é uma espécie protegida por lei. Existem estudos para sua criação em cativeiro visando à produção de carne como substituto à caça predatória, mas ainda há poucos resultados práticos nesse sentido. No geral, porém, as capivaras são comuns e amplamente disseminadas, e, portanto, não se encontram entre as espécies ameaçadas de extinção. Zoonose. A capivara, assim como o cavalo, é um dos hospedeiros primários do carrapato-estrela ("Amblyomma cajennense"), o qual transmite a bactéria intracelular "Rickettsia rickettsii", agente causador da zoonose Febre Maculosa Brasileira. As capivaras hospedeiras, ao serem infectadas por carrapatos vetores, apresentam bacteremia por até três semanas, podendo evoluir ao óbito ou à cura. Durante a bacteremia, as capivaras podem disseminar o agente para outros carrapatos que as estiverem parasitando, causando a amplificação da bactéria no ambiente. Os carrapatos podem se alimentar de qualquer hospedeiro acidental, inclusive o ser humano, transmitindo assim o agente infeccioso e causando a doença.
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Chiropotes satanas
Chiropotes satanas O cuxiú preto (Chiropotes satanas) é um macaco do Novo Mundo da família Pitheciidae e gênero "Chiropotes", endêmico do Brasil. É uma das cinco espécies de cuxiú. Possui tamanho médio (30-50 cm), sendo principalmente primatas frugívoros, e se alimentam principalmente de sementes. O nome do gênero "Chiropotes" significa "bebedor manual", pois foram observados usando as mãos como conchas para colocar água na boca. Acredita-se que esse comportamento seja uma forma de manter e proteger suas barbas características. O habitat do cuxiu-preto sofreu forte fragmentação de habitat, tornando incerto o futuro estado de conservação da espécie. Distribuição e habitat. O cuxiú-preto é endêmica do extremo leste da Amazônia no Brasil, em uma área restrita a uma região relativamente pequena do rio Tocantins, no leste do Pará, até o rio Grajaú, no Maranhão (semelhante à distribuição do igualmente ameaçado macaco Cebus kaapori). A área natural do cuxiú-preto pode variar de 200 a 250 hectares. É o único pitecídeo amazônico encontrado a leste do rio Tocantins. Anatomia e morfologia. O cuxiú-preto pode ser identificado por seus cabelos pretos e grossos, barba distinta que molda o rosto e uma cauda espessa que se assemelha a uma raposa. A cauda não é preensível e utilizam movimento quadrúpede para locomoção. Possuem alguns destaques marrom-amarelados nas costas e nos ombros e podem pesar de 2 kg a 4 kg. Os machos são ligeiramente maiores que as fêmeas e também têm uma testa saliente. Anteriormente, o "Chiropotes chiropotes", o "Chiropotes israelita" e o "Chiropotes utahicki", outro membro do gênero "Chiropotes", foram classificados como subespécies ou variações taxonomicamente insignificantes da mesma espécie chamada Cuxiú, mas com base em diferenças de pelagem e análise molecular tem recomendado tratá-los como espécies separadas. O cuxiú-preto é a única espécie de cuxiu-barbudo de nariz escuro com o dorso enegrecido, embora algumas fêmeas e jovens tenham o dorso mais claro e acastanhado. Os dentes evoluíram para a predação de sementes: essas adaptações dentárias permitem que eles quebrem e acessem sementes em vagens extremamente duras. Conseguem abrir frutas de casca dura, utilizando os dentes de forma eficiente. Comportamento. Dieta. Os cuxiús-pretos são altamente frugívoros, especializados na predação de sementes, pois 90% de sua dieta se origina de frutas e sementes. Alimentam-se principalmente de plantas das famílias "Sapotaceae", "Lecythidaceae" e "Chrysobalanaceae", mas são conhecidos por se alimentarem de mais de cem espécies e são capazes de adaptar suas dietas. Complementam suas dietas com polpas de frutas e pequenos insetos. Usam seus fortes dentes caninos para abrir cascas duras de frutas e nozes, permitindo-lhes acessar as sementes verdes dentro das frutas. Comportamento social. São animais sociais, geralmente cuidando e brincando uns com os outros, mesmo com os de outras espécies de primatas. Os cuxiús-pretos podem ser encontrados em grupos de vinte a trinta indivíduos. Os indivíduos de um grupo se separam e se reúnem ao longo do dia, vivem em grandes áreas e viajam longas distâncias diariamente. Movimento. O cuxiú-preto passa a maior parte do tempo descansando, viajando e comendo. Usam principalmente movimento quadrúpede para se mover no dossel das árvores. Reprodução. Os cuxiús-pretos têm um período de gestação de cinco meses e produzem um filhote de cada vez. Se tornam sexualmente maduros aos quatro anos de idade e têm uma expectativa de vida de dezoito anos. Dão à luz filhotes a cada dois anos. Conservação. O cuxiú-preto é uma espécie criticamente ameaçada de extinção. Nas últimas décadas, a urbanização na Amazônia brasileira trouxe consigo rodovias, agricultura e barragens, criando um influxo de fragmentação de habitat, destruição de habitat e pressão proveniente da caça furtiva. De acordo com o informado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em 2018, suspeita-se que houve uma redução de pelo menos 80% da população original nas últimas três gerações, correspondendo a trinta anos. Modificações comportamentais devido à fragmentação da floresta. Estudos revelam que o cuxiú-preto pode se adaptar a habitats com até 3% do tamanho original. No entanto, não está claro se essa flexibilidade comportamental é suficiente para a viabilidade a longo prazo dessa espécie em habitats fragmentados. A fragmentação da floresta resultou em mudanças comportamentais que permitem a adaptação da espécie, mas podem prejudicar seu estado de conservação a longo prazo. Grupos desta espécie não deixarão trechos isolados de floresta fragmentada a menos que a ponte de floresta secundária cresça. Grupos em trechos menores de floresta tendem a se mover e vocalizar menos enquanto descansam mais. A densidade populacional aumentará à medida que o tamanho do habitat diminuir, causando uma tendência positiva de doenças entre a população que vive em pequenos fragmentos. O cuxiú-preto vive em pequenos fragmentos de floresta e são limitados em suas escolhas alimentares devido ao número reduzido de espécies de plantas presentes e, portanto, consomem espécies que os indivíduos que habitam florestas contínuas ignorariam. Mudanças nos padrões de alimentação ocorrem onde a fragmentação foi acompanhada pela extração seletiva de espécies usadas como alimento. A capacidade de ter uma dieta flexível e incluir sementes e frutos verdes ajuda essa espécie a sobreviver em fragmentos florestais menores, mas parece que essas condições são inviáveis a menos que a conectividade aumente entre os fragmentos florestais e a floresta contínua na paisagem. A sobrevivência futura do cuxiú-preto dependerá da adequada metapopulação e manejo do habitat. A conservação do habitat é de alta prioridade, pois esta espécie tem um alcance particularmente pequeno. O cuxiú-preto é considerado o primata mais ameaçado da Amazônia e já está extinto localmente em grande parte de sua distribuição original. Sobrevivência. Estudos realizados na área explorada pelo Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais registraram as mudanças de comportamento causadas nos cuxiús pela fragmentação do habitat. Grupos de cuxiú-preto que vivem em fragmentos de dez hectares de floresta tropical isolada apresentaram falta de reprodução em um período de 3,5 anos. Isso pode ocorrer devido à falta de recursos nesses pequenos fragmentos isolados de habitat. Fragmentos menores de floresta também resultam em densidades populacionais mais altas. O aumento da densidade desta espécie nos pequenos fragmentos pode afetar sua saúde. Grupos de maior densidade que vivem em fragmentos florestais são mais propensos a parasitas e a doenças do que aqueles que vivem em áreas não perturbadas. Em 2017, o Ministério do Meio Ambiente aprovou Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas Amazônicos (PAN Primatas Amazônicos), o qual incluiu o cuxiú-preto. O PAN Primatas Amazônicos objetivava melhorar o estado de conservação dos primatas amazônicos ameaçados em cinco anos, com os objetivos abrangendo o planejamento territorial, a mitigação e compensação dos efeitos de empreendimentos e a redução da pressão da caça.
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Carnívoros
Carnívoros Os carnívoros (latim científico: Carnivora) constituem uma ordem de animais mamíferos placentários, encontrados em quase todo o mundo. Suas características comuns são a presença de pés com quatro ou cinco dedos, apresentando garras; machos com báculo; e dentes adaptados para cortar, com presença de caninos fortes, cônicos e pontiagudos. Alguns carnívoros, como os gatos e os pinípedes, dependem inteiramente da carne para a sua nutrição. Outros, como os guaxinins e os ursos, dependendo do habitat local, são mais onívoros: o panda gigante é quase que exclusivamente um herbívoro, mas também consome peixes, ovos e insetos, enquanto que o urso polar subsiste principalmente de focas. Os carnívoros têm dentes e garras adaptadas para capturar e mastigar a carne de outros animais. Muitos caçam em bandos e são animais sociais, dando-lhes uma vantagem sobre presas maiores. Esses tipos de animais caracterizados por possuírem um aparato carniceiro (dentes pré-molar superior e primeiro molar inferior com cúspides em forma de lâminas) que facilita a mastigação dos animais. Classificação. Sequência linear. O número de gêneros e espécies segue Wozencraft "in" Wilson e Reeder (2005), totalizando: 126 gêneros e 286 espécies. Outras classificações. Simpson (1945)
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Cinética química
Cinética química A cinética química é a área da físico-química que estuda a velocidade das reações químicas e os fatores que a influenciam. Na físico-química, duas questões são primordiais: a questão termodinâmica, que avalia se um fenômeno químico pode ou não ocorrer por meio da energia livre de Gibbs; e a questão cinética, em quanto tempo ocorrerá. Ambos os estudos podem ser considerados complementares um ao outro, e muito importantes quando se refere à estabilidade de um determinado composto, tendo-se a ressalva de que a cinética se preocupa grandemente com o fator tempo. O estudo cinético de uma reação pode ser dividido em duas categorias: (1) a determinação experimental da velocidade de uma reação e sua dependência com os parâmetros que a influenciam, e (2) a descrição do mecanismo de reação pelo qual se descreve todas as etapas para a formação do produto. Cinética química inclui investigações de como diferentes condições experimentais podem influir a velocidade de uma reação química e informações de rendimento sobre o mecanismo de reação e estados de transição, assim como a construção de modelos matemáticos que possam descrever as características de uma reação química. A velocidade da reação recebe geralmente o nome de "taxa de reação". A taxa de reação está relacionada com: as "concentrações" dos reagentes e seu "estado particular" (estado físico, estado nascente dos gases, estado cristalino ou amorfo dos sólidos),o fato dos reagentes estarem ou não em solução (neste caso a natureza do solvente irá influir na velocidade da reação), a "temperatura", a "eletricidade", a "luz", a "pressão", a presença de "catalisadores" e dos "produtos" de reação. Sua importância é muito ampla, já que se relaciona com temas como, por exemplo, a rapidez com que um medicamento atua no organismo ou com problemas industriais, tais como a descoberta de catalisadores para acelerar a síntese de algum novo produto. Em 1864, Peter Waage e Cato Guldberg tornaram-se os pioneiros no desenvolvimento da cinética química pela formulação da lei de ação das massas, a qual estabelece que a velocidade de reação é proporcional a quantidade de substâncias reagentes. Taxa de reação. A cinética química principia com a determinação experimental das taxas de reação das quais as equações cinéticas de reações químicas (ou mais simplesmente, "lei de velocidade ou taxa") e a constantes de velocidade são derivados. Leis de taxa relativamente simples existem para reações de ordem zero (no qual as taxas de reação são independentes da concentração), reações de primeira ordem, e reações de segunda ordem, e podem ser derivado para outras. Em reações consecutivas a etapa de determinação de taxa muitas vezes determina a cinética. Em reações consecutivas de primeira ordem, uma aproximação de estado estacionário a lei de taxa. A energia de ativação para uma reação é determinada experimentalmente através da equação de Arrhenius e a equação de Eyring. Os principais fatores que influenciam a taxa de reação incluem: o estado físico dos reagentes, a concentração dos reagentes, a temperatura em que a reação ocorre, e se há ou não algum catalisador presente na reação. Fatores que influenciam na velocidade da reação. Natureza dos reagentes. Dependendo de quais substâncias reagem, o tempo de tais reações varia, ou, mais detalhadamente, a rapidez ou velocidade com que se formam ou rompem as ligações dependem da natureza dos reagentes. Reações ácidas, a formação de sais, as troca iônica são reações rápidas. Exemplos típicos de reações rápidas são as reações dos explosivos, muitas vezes ocorrendo inicialmente dentro da própria molécula de uma única substância. Outro exemplo de reações rápidas são as oxidações de metais nobres, que produzem óxidos extremamente resistentes e aderentes que impedem a continuidade da reação (passivação), como com o ouro ou o cromo, presente no aço inoxidável. Quando a formação de ligações covalentes toma lugar entre as moléculas e quando moléculas grandes são formadas, as reações tendem a ser muito lentas. A natureza e força das ligações em moléculas influencia grandemente a taxa de sua transformação em produtos. As reações que não envolvem menor rearranjo de ligações ocorrem mais rapidamente que as que envolvem maior arranjo de ligações, como se evidencia nas diferentes velocidades de formação de polímeros, como o polietileno (mais rápido) e o poliéster (mais lento). Temperatura. Com o aumento da temperatura, aumenta-se a energia cinética média das moléculas em um sistema e consequentemente o número de colisões efetivas entre elas. Alimentos na geladeira, como por exemplo leite, ovos, carnes e etc, demoram muito mais para estragar do que em uma temperatura ambiente. Isso porque as reações químicas feitas pelos microorganismos decompositores são retardados pelas baixas temperaturas. Há uma regra, formulada no século XIX pelo holandês Jacobus Henricus van 't Hoff, que diz que um aumento de 10 graus Celsius na temperatura do sistema, o mesmo irá reagir duplicando a velocidade da reação. Hoje sabe-se que essa regra apresenta várias exceções, mas ela é muitas vezes útil para se fazerem previsões aproximadas do comportamento da velocidade de certas reações. Ela é conhecida como Regra de Van't Hoff. Estado físico. O estado físico (sólido, líquido, ou gasoso) de um reagente é também um importante fator da taxa de reação. Quando reagentes estão na mesma fase, como em solução aquosa, o movimento térmico os coloca rapidamente em contato. Entretanto, quando eles estão em diferentes fases, a reação é limitada a interface entre os reagentes. A reação somente pode ocorrer na área de contato, no caso de um líquido ou gás, na superfície de um líquido. Agitação vigorosa e/ou turbilhonamento podem ser necessários para conduzir a reação a realizar-se completamente. Isto significa que quanto mais finamente dividido um sólido ou líquido reagente é, a sua maior área de superfície, tornará mais rápida a reação (o que é analisado mais detalhadamente em "Superfície de contato", abaixo). Em química orgânica existe a exceção que reações homogêneas (no mesmo meio e fase) podem ocorrer mais rapidamente que reações heterogêneas. Superfície de contato. Se numa reação atuam reagentes em distintas fases, o aumento da superfície de contato entre eles aumenta a velocidade das reações. Considerando, por exemplo, uma reação entre uma substância sólida e uma líquida, quanto mais reduzida a pó estiver a substância sólida, maior é a superfície de contacto entre as partículas de ambas as substâncias e portanto, maior é a possibilidade de essas partículas colidirem umas com as outras. Fazendo-se uma analogia, por exemplo, quando acende-se uma lareira, usa-se palha ou papel e destes acende-se as mais grossas porções de lenha. Exemplos claros deste tipo de influência na velocidade de reações é o perigo que representa em silos de farinhas e grãos de cereais a combustão violenta, explosiva, de partículas finamente divididas com o ar. Um exemplo laboratorial que é apresentado sobre este fator é a reação do iodo "metálico", granulado, com o metal zinco. A reação se processa muito mais rapidamente com o zinco em pó que o zinco em lâmina, após o acréscimo de água sobre os reagentes. Presença de um catalisador. Os catalisadores aumentam a velocidade de uma reação química, mas não participam da formação dos produtos, sendo completamente regenerados no final. Atuam ao promover rotas de reação com menor energia de ativação. O catalisador acelera a reação, pois diminui a energia de ativação do sistema reacional, mas não participa da reação, ou seja, não ocorre nenhuma mudança nos produtos que serão obtidos a partir da reação, e o catalisador, ao final do processo, continua intacto. A ação do catalisador é abaixar a energia de ativação, possibilitando um novo caminho, mais curto, para a reação. O abaixamento da energia de ativação é que determina o aumento da velocidade da reação. Presença de um inibidor. Os inibidores são substâncias que tem um papel oposto ao dos catalisadores, atua diminuindo a velocidade das reações por aumentar a energia de ativação necessária. Também é conhecido como veneno do catalisador, anticatalisador ou catalisador negativo. Concentração dos reagentes. As reações químicas resultam do choque eficaz entre os corpúsculos dos reagentes para se formarem os produtos da reação. Ao aumentar a concentração, aumenta-se o nº de corpúsculos e consequentemente a probabilidade dos choques eficazes, traduzindo-se isso em uma maior velocidade. Pressão. Um aumento de pressão em um sistema aumenta o número de colisões entre as moléculas que o compõe, o que possibilitará um maior número de colisões efetivas entre as partículas Notar que a "pressão" só exerce influência significativa na taxa de reação quando houver ao menos uma substância gasosa como reagente. Ordem de reação. Consideremos uma reação química de primeira ordem na qual um composto A reage dando origem a outros dois compostos B e C formula_1 Cada molécula do composto A tem uma determinada probabilidade de reagir por unidade de tempo. Assim, o número de moléculas que reagem por unidade de tempo é diretamente proporcional ao número de moléculas existentes, e a velocidade da reação é diretamente proporcional à concentração [A] do composto A (admitindo um volume constante). A medida que o composto reage, a sua concentração diminui e a velocidade de reação também; em qualquer instante a taxa de diminuição de [A] é diretamente proporcional a [A] formula_2 Este tipo de reação designa-se de reação de primeira ordem. A equação anterior é a mesma equação obtida para o decaimento radioativo, já que o mecanismo das reações de primeira ordem e do decaimento radioativo são análogos, a nível atômico e nuclear. Consideremos agora uma reação na qual dois reagentes A e B combinam-se formando um composto C formula_3 Cada molécula de A tem uma determinada probabilidade formula_4 de reagir com uma molécula de B (por unidade de tempo); na presença formula_5 moléculas do composto B, a probabilidade de reagir que tem cada molécula de A é formula_6. É claro que uma molécula terá maior probabilidade de reagir com as moléculas vizinhas do que com outras moléculas afastadas, mas vamos admitir que formula_4 é a probabilidade média e permanece constante. Assim o número médio de reações por unidade de tempo é formula_8, sendo formula_9 e formula_5 o número de moléculas de A e B existentes nesse instante; este será também o aumento do numero de moléculas do composto C, formula_11, por unidade de tempo: formula_12 Em função das concentrações dos compostos A, B e C, a equação diferencial obtida é formula_13 onde formula_14 é a concentração do composto C e formula_15 e formula_16 as concentrações iniciais de A e de B. Este tipo de reações são de segunda ordem. Exemplo. [Problema de evaporação] Uma esfera de naftaleno tem um raio inicial de formula_17 e depois de três meses observa-se que o raio diminuiu até formula_18. Calcule quanto tempo tardará a esfera em evaporar-se completamente. O volume da esfera sólida que se evapora em cada instante é diretamente proporcional à área da superfície formula_19 onde formula_20 é o volume da esfera, e formula_21 a área da sua superfície. Substituindo na equação diferencial, obtemos uma equação simples para o raio da esfera formula_22 a sua solução mostra que o raio diminui linearmente e função do tempo: formula_23 consequentemente, se o raio diminuiu a metade em três meses, tardará outros três meses a em chegar a ser zero.
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Cabo Verde
Cabo Verde Cabo Verde, oficialmente República de Cabo Verde, é um país insular localizado em um arquipélago no Oceano Atlântico central, consistindo de dez ilhas vulcânicas com uma área de terra combinada de cerca de 4 033 km². Essas ilhas ficam entre 600 a 850 km a oeste da península senegalesa do Cabo Verde, situada no ponto mais ocidental da África continental. As ilhas de Cabo Verde fazem parte da ecorregião da Macaronésia, juntamente com os Açores, as Ilhas Canárias, a Madeira e as Ilhas Selvagens. O arquipélago de Cabo Verde ficou desabitado até ao século XV, altura em que exploradores portugueses descobriram e colonizaram as ilhas, estabelecendo assim o primeiro povoamento europeu nos trópicos. Uma vez que as ilhas de Cabo Verde estavam localizadas em uma localização conveniente para desempenhar um papel no comércio de escravos no Atlântico, Cabo Verde tornou-se economicamente próspero durante os séculos XVI e XVII, atraindo mercadores, corsários e piratas. O arquipélago declinou economicamente no século XIX devido à supressão do comércio de escravos no Atlântico, e muitos de seus habitantes emigraram durante esse período. No entanto, a economia cabo-verdiana se recuperou gradualmente, tornando-se um importante centro comercial e um ponto de escala útil ao longo das principais rotas de navegação. Em 1951, Cabo Verde foi incorporado como departamento ultramarino de Portugal, mas os seus habitantes continuaram a campanha pela independência, que alcançaram em 1975. Desde o início da década de 1990, Cabo Verde tem sido uma democracia representativa estável e continua a ser um dos países mais desenvolvidos e democráticos de África. Na falta de recursos naturais, sua economia em desenvolvimento é principalmente orientada para os serviços, com um foco crescente no turismo e no investimento estrangeiro. Sua população de cerca de 550 000 habitantes (em meados de 2019) é majoritariamente de herança mista africana e europeia, e predominantemente católica romana, refletindo o legado do domínio português. Existe uma comunidade considerável da diáspora cabo-verdiana em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos e em Portugal, com um número consideravelmente superior de habitantes nas ilhas. Cabo Verde é um estado membro da União Africana, das Nações Unidas e um membro-fundador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Etimologia. O nome do país provém do vizinho Cabo Verde, na costa senegalesa, avistado por exploradores portugueses em 1444, alguns anos antes de as ilhas serem descobertas. Em 24 de outubro de 2013, foi anunciado nas Nações Unidas que o nome oficial não deveria mais ser traduzido para outras línguas. Em vez de "Cabo Verde", a designação "República de Cabo Verde" está a ser usada para fins oficiais, como na Organização das Nações Unidas (ONU). História. Colonização europeia. A história refere que a descoberta de Cabo Verde se deu no século XV, mais precisamente em 1460. A colonização portuguesa começou logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas a serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização, a corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégios aos moradores de Santiago relativa ao comércio de escravos na Costa da Guiné. Na Ribeira Grande, na ilha de Santiago, estabeleceu-se a primeira feitoria, que serviu ponto de escala para os navios portugueses e para o tráfego e comércio de escravos, que começava a crescer por essa época. Mais tarde, com a abolição da escravatura, o país começou a dar sinais de fragilidade e entrou em decadência, revelando uma economia pobre e de subsistência. No século XX, a partir da década de 50, começam a surgir os movimentos independentistas no continente africano. Cabo Verde vinculou-se à luta pela libertação da Guiné-Bissau, lutando contra o colonialismo português e promovendo marchas pela independência em todo o país. A posição estratégica das ilhas nas rotas que ligavam Portugal ao Brasil e ao resto da África contribuiu para o facto de essas serem utilizadas como entreposto comercial e de aprovisionamento. Abolido o tráfico de escravos em 1876, o interesse comercial do arquipélago para a metrópole portuguesa decresceu, só voltando a ter importância a partir da segunda metade do século XX. No entanto, a partir de então, já haviam sido criadas as condições para o Cabo Verde independente de hoje: europeus e africanos uniram-se numa simbiose, criando um povo de características próprias. Durante a colonização portuguesa, as secas crónicas devidas à desflorestação levaram a fomes regulares, sem que a colónia recebesse qualquer ajuda alimentar. Entre 1941 e 1948, 50 000 pessoas morreram, ou seja, mais de um terço da população, enquanto as autoridades portuguesas permaneceram indiferentes. O processo de independência. As origens históricas nacionais da independência de Cabo Verde podem ser localizadas no final do século XIX e no início do século XX. Foi um processo gradual. Surgiu como uma tentativa de solução para as reivindicações da elite crioula de então, que protestava contra o desleixo e a negligência da metrópole portuguesa em relação ao que se passava em Cabo Verde. Com o processo de formação nacional, muito cedo a máquina administrativa foi sendo assegurada pelos nascidos em Cabo Verde, ou pelos que já tinham grande identificação com a colónia, com excepção aos cargos elevados como governadores, chefes militares etc., ainda reservados aos representantes da soberania de Portugal. Esta "auto-suficiência" administrativa de Cabo Verde estava associada a uma escolarização relativamente desenvolvida e à existência de uma imprensa mais ou menos dinâmica introduzida por Portugal, que contribuíram para o surgimento de uma elite intelectual e burocrática. Esta começou, no século XX, a discutir cada vez mais a questão da independência, gerando um clima de atrito com os representantes da metrópole. Os leitores que acompanhavam a imprensa oficial entendiam que se devia lutar pela independência ou, pelo menos, por uma autonomia honrosa. O processo de independência Cabo-Verdiana esteve sempre ligada a Guiné-Bissau, na altura também uma colónia Portuguesa. Em 1956, partidários pela independência de ambos os países formaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), estando entre os fundadores vários Cabo-Verdianos radicados em Guiné-Bissau, tais como Amílcar Cabral (líder do movimento até à sua morte em 1973) Aristides Pereira, e Luís Cabral. O PAIGC tinha como objectivo a lutar contra o que chamavam de "deplorável política ultramarina portuguesa", e eventualmente unir as duas colónias num único sistema político. Ao contrário do que aconteceu em Guiné-Bissau, nunca foram realizadas atividades de guerrilha no território de Cabo Verde. Apesar de o PAIGC ter organizado uma estrutura clandestina nas ilhas, problemas de logística, controlo apertado da PIDE, uma seca prolongada, e a falha do previsto apoio Cubano tornaram impossível uma maior presença do movimento em Cabo Verde. Com o fim do regime político do Estado Novo em Portugal a 25 de Abril de 1974, foi criada em Cabo Verde a Frente Ampla Nacional e Anticolonial, tendo como objectivo unir os diferentes nacionalistas Cabo-Verdianos numa única organização. Ao mesmo tempo, ocorreram manifestações pela libertação de prisioneiros políticos encarcerados no campo de concentração do Tarrafal, e o PAIGC começou a enviar os primeiros guerrilheiros para as ilhas. A 26 de Agosto de 1974 foi assinado o Acordo de Argel, que reconheceu formalmente a independência de Guiné-Bissau e “o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência”. A 14 de Setembro desse mesmo ano o Presidente da República Portuguesa, António de Spínola, visitou Cabo Verde, tendo sido recebido por manifestações da população (incitada pelo PAIGC) a exigir uma resolução rápida para o problema da independência. No entanto, Portugal ainda hesitava em entregar poder ao PAIGC devido a vários motivos: a percepção por Spínola e outros políticos (como Mário Soares, que preferia autonomia administrativa semelhante a Açores e Madeira, em vez de independência) de que Cabo Verde era culturalmente mais similar a Portugal do que a Guiné-Bissau, a falta de consenso sobre o PAIGC entre a população Cabo-Verdiana, e a viabilidade económica do novo estado que atravessava uma seca de 7 anos e era muito dependente de Portugal. Além disso, no contexto da Guerra Fria, a posição geoestratégica de Cabo Verde teria grande interesse para os Estados Unidos, que se poderia opor à independência, visto que o PAIGC era aliado à União Soviética. Em resposta o PAIGC tomou uma posição mais agressiva, tendo havido confrontos entre apoiantes do PAIGC e elementos das forças armadas Portuguesas, a PSP, e a Polícia Militar, e tendo sido realizada uma greve da função pública com forte adesão. Ao mesmo tempo, o PAIGC começou a preparar uma possível ação armada no arquipélago (até à demissão de António de Spínola, que levou a uma alteração desses planos). A 19 de Dezembro de 1974 foi assinado um acordo entre o governo Português e o PAIGC que afirmava  “o direito do Povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência” (artigo 1º), e previa que um governo de transição seria nomeado até à efectivação de independência. Esse governo de transição, liderado pelo Alto-Comissário Almirante Vicente Almeida d’Eça, e composto por elementos apontados pelo PAIGC, tomou posse 12 dias mais tarde. Foi função deste governo começar a lidar com os muitos problemas do país, incluindo a seca, a falta de bens alimentares, o desemprego generalizado, as dificuldades de financiamento, e o regresso de emigrantes vindos de Angola. A independência foi finalmente declarada na cidade de Praia a 5 de Julho de 1975, tendo o PAIGC (e o seu sucessor PAICV) estabelecido um sistema de partido único que governou as ilhas até 1990, quando as primeiras eleições multi-partido foram realizadas, e o artigo que considerada o PAICV como a única força política foi removido da Constituição. Quando obteve a independência em 1975, o arquipélago de Cabo Verde herdou uma situação económica difícil, resultante de vários anos de seca e de vários séculos de estagnação económica sob o domínio colonial português. A agricultura do território só pode cobrir uma pequena parte das suas necessidades alimentares, menos de 10%. A balança comercial é profundamente deficitária, cerca de 93%, e os cofres do Estado estão vazios. A chegada ao poder do Movimento para a Democracia (MPD, centro-direita) em 1991 acelerou significativamente a transição para uma economia de mercado (iniciada nos anos 80). O governo lançou um programa de privatização do qual beneficiaram investidores portugueses (bancos, centrais eléctricas, estações de serviço, etc.). Portugal recuperou assim o que tinha perdido com a descolonização. Cabo Verde produz pouco: os seus recursos minerais são quase inexistentes, sofre de seca crónica e a produção agrícola cobre apenas 10% das suas necessidades. Geografia. Cabo Verde é um arquipélago localizado ao largo da costa da África Ocidental. As ilhas vulcânicas que o compõem são pequenas e montanhosas. Existe um vulcão activo, na ilha do Fogo, que é igualmente o ponto mais elevado do arquipélago, com 2829 m. O país é constituído por 10 ilhas, das quais 9 habitadas, e vários ilhéus desabitados, divididos em dois grupos: As maiores ilhas são a de Santiago, a sudeste, onde se situa Praia, a capital do país, e a ilha de Santo Antão, no extremo noroeste. Praia é também o principal aglomerado populacional do arquipélago, seguida por Mindelo, na ilha de São Vicente. Geologia. Geologicamente, as ilhas, que cobrem uma área total de pouco mais de 4 033 km2, são compostas principalmente de rochas ígneas, com estruturas vulcânicas e detritos piroclásticos que compõem a maior parte do volume total do arquipélago. As rochas vulcânicas e plutônicas são distintamente básicas; o arquipélago é uma província petrográfica de soda-alcalina, com uma sucessão petrológica que é semelhante à encontrada em outras ilhas da Macaronésia. Anomalias magnéticas identificadas nas imediações do arquipélago indicam que as estruturas que formam as ilhas datam de 125–150 milhões de anos: as próprias ilhas datam de 8 milhões (no oeste) e 20 milhões de anos (no leste). A origem vulcânica das ilhas tem sido atribuída a um ponto quente, associado com o inchamento batimétrico que formou Cabo Verde. A ascensão é uma das maiores protuberâncias em oceanos do mundo, subindo 2,2 km em uma região semicircular de 1 200 km2, associado a um aumento do fluxo de calor na superfície do geoide. O Pico do Fogo é o maior vulcão ativo na região e sua última erupção foi em Novembro de 2014. Tem uma caldeira 8 km de diâmetro, cuja bordeira tem 1 600 m de altitude e um cone interior que sobe para 2 829 m acima do nível do mar. A caldeira resultou de subsidência, após a evacuação parcial (erupção) da câmara de magma, ao longo de uma coluna cilíndrica dentro da câmara de magma (a uma profundidade de 8 km). Extensas salinas são encontradas em Sal e Maio. Em Santiago, Santo Antão e São Nicolau, encostas áridas cederam lugar a canaviais ou plantações de banana espalhadas ao longo da base de montanhas imponentes. Penhascos em direção ao oceano foram formados por avalanches catastróficas de detritos. No entanto, de acordo com o presidente de Nauru, Cabo Verde foi classificado como a oitava nação mais em risco devido a inundações por conta das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Clima. O arquipélago de Cabo Verde está localizado na zona subsaheliana, com um clima árido ou semiárido. A Corrente das Canárias modera a temperatura. A média anual raramente é superior a 25 °C e não desce abaixo dos 20 °C. A temperatura da água do mar varia entre 21 °C em fevereiro e 25 °C em setembro. As estações do ano são fundamentalmente duas: "as-águas" e "as-secas" ou "tempo das brisas". A estação chuvosa, de agosto a outubro, é muito irregular e geralmente com escassa pluviosidade, em especial nas ilhas de São Vicente e Sal, onde tem havido vários anos seguidos sem chuva. As ilhas mais acidentadas, como Santo Antão, Santiago e Fogo, beneficiam de maior pluviosidade. A estação mais seca, de dezembro a julho, é caracterizada por ventos constantes. A chamada "bruma seca", trazida pelo vento harmatão das areias do Saara, chega a provocar a interrupção dos serviços nos aeroportos. Demografia. Os cabo-verdianos são descendentes de africanos (livres ou escravos) e de europeus de várias proveniências, na sua maioria portugueses, mas também italianos, franceses ou espanhóis, dentre outros povos europeus. Há também cabo-verdianos que têm antepassados judaicos vindos do Norte África principalmente nas ilhas de Boa Vista, Santiago e Santo Antão. Grande parte dos cabo-verdianos emigrou para o estrangeiro, principalmente para os Estados Unidos, Portugal e França, de modo que há mais cabo-verdianos a residir no estrangeiro que no próprio país. É marcadamente jovem na sua estrutura etária, com 40% dos efetivos entre os 0 e 14 anos (estimativa 2005) e apenas 6% acima dos 65 anos. A média de idades da população cabo-verdiana ronda os 24 anos. A esperança média de vida, que, em 1975, rondava os 63 anos, atingiu, em 2003, os 71 anos (67 para homens; 75 para as mulheres). A taxa de mortalidade infantil, que, em 1975, rondava os 110‰, representava, em 2004, um valor de 20‰ em 1990; 26‰ em 2000), um valor inferior às taxas de outros países de categoria de rendimento semelhante. A taxa de crescimento da população, dependente dos fluxos migratórios, situou-se, no decénio 1990–2000 (data do último censo populacional), em cerca de 2,4%, valor que se manteve constante até 2005. De aí em diante, prevê-se que a mesma estabilize em torno do 1,9%. Os agregados familiares, em 2006, eram constituídos, em média, por 4,9 membros (5 no meio rural e 4,5 no meio urbano). Ao contrário dos países do continente africano, não há etnias em Cabo Verde. Em contrapartida, a trajetória histórica do país incluiu, desde o início, um processo de formação de classes sociais. Neste momento, pode constatar-se a ausência de uma "burguesia", mas a existência de vários tipos de "pequena burguesia", numericamente significativos. A maioria da população é, no entanto, constituída pelo campesinato e algum operariado. Religião. Os cabo-verdianos são, na sua maioria, cristãos, com os católicos representando 72,5% da população religiosa. Outras denominações cristãs também estão implantadas em Cabo Verde, com destaque para os protestantes da Igreja do Nazareno e da Igreja Adventista do Sétimo Dia, assim como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), a Congregação Cristã em Cabo Verde, Assembleia de Deus, Testemunhas de Jeová e outros grupos pentecostais e adventistas. Há minorias compostas por muçulmanos, judeus e da Fé Bahá'í. A liberdade de religião é garantida pela Constituição e respeitada pelo governo. Há boas relações entre as diversas confissões religiosas. Língua. A língua oficial é o português, usado nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (o "criol" ou "kriolu"). Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada ilha tem a sua variante do crioulo (menos Santa Luzia pois não é habitada). O crioulo está oficialmente em processo de criação duma norma e discute-se a sua adoção como segunda língua oficial, ao lado do português. Governo e política. Cabo Verde é uma república semipresidencialista, no quadro de uma democracia representativa. Trata-se de uma das nações mais democráticas do mundo, ocupando o 26.º do mundo, de acordo com o Índice de Democracia de 2012. A constituição nacional — adoptada em 1980 e revista em 1992, 1995 e 1999 — define os princípios básicos de funcionamento do governo. O presidente é o chefe de estado e é eleito por voto popular para um mandato de 5 anos. O primeiro-ministro é o chefe de governo e propõe outros ministros e secretários de estado. O primeiro-ministro nomeado pelo presidente e sujeito a aprovação da Assembleia Nacional, cujos membros são eleitos por voto popular para mandatos de cinco anos. Existem três partidos que têm assento na Assembleia Nacional: Partido Africano da Independência de Cabo Verde (40), Movimento para a Democracia (30) e União Caboverdiana Independente e Democrática (2) e também o novo Partido Popular, que se irá estrear nas eleições presidenciais de 2016. O sistema judicial é composto por um juiz do Supremo Tribunal de Justiça — cujos membros são nomeados pelo Presidente da República, a Assembleia Nacional e o Conselho da Magistratura — e os tribunais regionais. Há tribunais separados para ouvir casos civis, constitucionais e penais. Relações internacionais. Cabo Verde segue uma política de não alinhamento e mantém relações de cooperação com todos os estados. Angola, Brasil, China, Cuba, França, Alemanha, Portugal, Espanha, Senegal, Rússia, Luxemburgo e Estados Unidos mantêm embaixadas na Praia. O país está activamente interessado nos assuntos externos, especialmente em África. O governo cabo-verdiano mantém relações bilaterais com alguns países lusófonos e mantém uma participação em diversas organizações internacionais, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que Cabo Verde preside no biênio 2019–2020. Cabo Verde é a sede mundial do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, vinculado à CPLP. Também participa em conferências internacionais sobre questões políticas e económicas. Desde o ano de 2007 que Cabo Verde tem um estatuto de parceria especial com a União Europeia, no âmbito do Acordo de Cotonou, e poderá vir a solicitar adesão especial, até porque o escudo cabo-verdiano se encontra indexado ao euro. Divisão administrativa. A capital de Cabo Verde é a cidade da Praia na Ilha de Santiago que, juntamente com o Mindelo, na Ilha de São Vicente, são as duas cidades principais do País. Até 2005, Cabo Verde contava com dezessete concelhos. No primeiro semestre de 2005, foi aprovada pela Assembleia Nacional cabo-verdiana a constituição de cinco novos concelhos, resultando nos actuais 22 concelhos, distribuídos pelas 9 ilhas habitadas do arquipélago: Economia. Cabo Verde é um estado arquipélago com uma economia subdesenvolvida e que sofre com uma carência de alternativa de recursos e com o crescimento populacional. Os principais meios económicos são a agricultura, a riqueza marinha do arquipélago, a prestação de serviços (que corresponde a 80% do produto interno bruto) e, mais recentemente, o turismo (que tem ganhado crescente relevância). As principais ilhas turísticas são a Ilha do Sal e a Ilha da Boa Vista. A agricultura sofre com os constantes períodos de seca e carece de uma melhor infraestrutura e modernização das técnicas agrícolas; os investimentos que atenderiam a essa necessidade adviriam de uma melhor educação dos cultivadores e da organização de um mercado de consumo dos produtos. Os produtos desta agricultura de sequeiro, com base na associação tradicional do milho e dos feijoeiros anuais, destinam-se basicamente ao mercado interno cabo-verdiano (embora não suficientes para atender à procura, sendo indispensável importação maciça de alimentos). Também têm se introduzido novas culturas de produtos e plantas como legumes, frutas e hortaliças para a distribuição interna no mercado. Os principais produtos exportados são o café, a banana e a cana-de-açúcar, que possuem mercados restritos e limitados. No setor de pescas, vem sendo implantada a modernização dos meios artesanais e métodos tradicionais para melhor aproveitamento desses recursos. Isso vem sendo feito através do apoio de organismos especializados, porém a rentabilidade da pesca exige a industrialização do pescado e a organização dos mercados para que seja escoada a produção. Portugal tem fortemente cooperado e ajudado Cabo Verde a nível económico e social, o que resultou na indexação de sua moeda, o escudo cabo-verdiano, ao euro, e no crescimento de sua economia interna. O ex-primeiro-ministro de Portugal e presidente da Comissão Europeia no segundo semestre de 2004, José Durão Barroso, prometeu integrar Cabo Verde à área de influência da União Europeia, através de maior cooperação com Portugal. A economia cabo-verdiana desenvolveu-se significativamente desde o final da década de 2000. Nos dias atuais, essa transformação é sustentada por um vasto programa de infraestrutura por parte do governo em domínios vitais como os transportes terrestres, os transportes marítimos, os transportes aéreos e as comunicações, entre outros. O país tem muitos emigrantes espalhados pelo mundo (com especial foco para Estados Unidos e Portugal), que contribuem com remessas financeiras significativas para o seu país de origem. Em 2007, Cabo Verde aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, em 2008, o país deixou a classificação de "subdesenvolvido" para de renda média. A ilha de Santiago é a que mais contribui para o PIB nacional com um peso de 52,3% em 2002 e de 53,2% em 2012, a seguir a ilha de São Vicente com 16,1% (2002) e de 15,2% (2012) e o Sal com 12,8 (2002) e 10,8% (2012). Em igual período, as ilhas que menos contribuíram para o PIB foram São Nicolau com 2,2% e 2,1%, o Maio com 1,3% e 1,2% e a Brava com 1,0% para 0,8%. A ilha da Boa Vista cresceu consideravelmente nas contribuições, passando de 2,5 para 5,2%. A ilha do Fogo manteve a sua posição com 5,2% e a ilha de Santo Antão com 6,7% em 2002 e 6,2% em 2012. Só o concelho da Praia tem um peso de 39%, e os demais concelhos de Santiago tiveram um peso de 14% no ano de 2012 sob o PIB nacional. Turismo. A localização estratégica de Cabo Verde, no cruzamento das vias aéreas e marítimas no meio do Atlântico, tem sido reforçada por melhorias significativas no porto do Mindelo (Porto Grande) e nos aeroportos internacionais do Sal e de Praia. Um novo aeroporto internacional foi inaugurado em Boa Vista em dezembro de 2007 e outro na ilha de São Vicente (Aeroporto de São Pedro) foi inaugurado no final de 2009. As instalações de reparação naval em Mindelo foram abertas em 1983. Os principais portos são Mindelo e Praia, mas todas as outras ilhas têm instalações portuárias menores. Além do aeroporto internacional do Sal, aeroportos chegaram a ser construídos em todas as ilhas habitadas. Todos, exceto os aeroportos na Brava e em Santo Antão, gozam de serviço aéreo regular. O arquipélago tem 3 050 km de estradas, dos quais 1 010 km são pavimentados, sendo a maioria calcetadas. As perspectivas económicas futuras do país dependem fortemente da manutenção dos fluxos de ajuda e cooperação estrangeira, do incentivo ao turismo, remessas do exterior, terceirização de trabalho para países africanos vizinhos e o impulso do programa de desenvolvimento do governo. Infraestrutura. Saúde. A taxa de mortalidade infantil em Cabo Verde é de 18,5 por 1 000 nascidos vivos, enquanto a taxa de mortalidade materna é de 53,7 mortes por 100 000 nascidos vivos. A taxa de prevalência da SIDA é baixa: há cerca de 1 000 pacientes com HIV/SIDA no país, com pouco mais de metade dos quais em Praia, de acordo com um relatório das Nações Unidas. Com uma expectativa de vida de 75 anos, Cabo Verde (junto com Tunísia e Líbia) tem a maior expectativa de vida em toda a África; 71 anos para os homens e 79 anos para mulheres em 2012, de acordo com o Banco Mundial e a UNICEF. Há seis hospitais regionais em cinco ilhas (Santiago (2), São Vicente, Santo Antão, Fogo e Sal). Há centros de saúde, centros de saneamento e uma variedade de clínicas privadas localizadas em todo o arquipélago. A população de Cabo Verde é uma das mais saudáveis em África. Desde a sua independência, o país tem melhorado muito os seus indicadores de saúde. Além de ter sido promovido ao grupo de países de "desenvolvimento médio" em 2007, deixando a categoria países menos desenvolvidos (sendo apenas a segunda vez que isso aconteceu a um país.) Cabo Verde é atualmente o nono país africano mais bem classificado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Educação. Embora o sistema educativo cabo-verdiano seja semelhante ao sistema português, ao longo dos anos as universidades locais têm cada vez mais passado a adotar o sistema educacional estadunidense; por exemplo, todas as dez universidades no país oferecem programas de bacharelato de 4 anos, em vez de programas de graduação de 5 anos como em Portugal. O país tem o segundo melhor sistema educacional na África, depois da África do Sul. O ensino primário em Cabo Verde é obrigatório e gratuito para as crianças com idades entre 6 e 14 anos. Em 2011, a taxa de escolarização líquida no ensino primário foi de 85%. Cerca de 90% do total população com mais de 15 anos de idade é alfabetizada e cerca de 25% da população tem um diploma universitário; 250 desses recém-formados têm diplomas de doutoramento em diferentes áreas académicas. Livros didáticos foram disponibilizados para 90% das crianças em idade escolar e 98% dos professores participaram de formação de outros professores. Embora a maioria das crianças tenha acesso à educação, alguns problemas permanecem. Por exemplo, o gasto público é insuficiente para material escolar, merenda e livros. Sua principal instituição de ensino superior é a Universidade de Cabo Verde. Transportes. A maioria dos transportes em Cabo Verde é feito de avião. Existem voos regulares entre as principais ilhas (Santiago, Sal e São Vicente), com voos menos frequentes para as outras ilhas. O transporte de barcos também está disponível, embora não seja amplamente utilizado. Nas principais cidades, o transporte público por autocarro é periódico e táxis são comuns. Os principais aeroportos do país são o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na Ilha do Sal; o Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Ilha de Santiago; o Aeroporto Internacional Aristides Pereira, na Ilha da Boa Vista; e o Aeroporto de São Pedro, na Ilha de São Vicente. A maioria das estradas cabo-verdianas são pavimentadas e cortadas através do basalto local. Com ajuda internacional, muitas estradas foram asfaltadas, como a rodovia entre Praia-Tarrafal e Praia-Cidade Velha. Mindelo, na Ilha de São Vicente, é o principal porto de cruzeiros e o terminal para o serviço de "ferryboats" para Santo Antão. Praia, na Ilha de Santiago, é um centro principal para serviços de "ferryboats" para outras ilhas. Palmeira, na Ilha do Sal, fornece combustível para o principal aeroporto da ilha, o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, e é importante para a construção de hotéis na ilha. Porto Novo, em Santo Antão, é a única fonte de importação e exportação de produtos da ilha, bem como o tráfego de passageiros, desde o encerramento da pista de pouso em Ponta do Sol. Existem portos menores espalhados pelo país. Cultura. Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, um terceiro produto, totalmente novo, resultante de um intercâmbio que começou há quinhentos anos. O caso cabo-verdiano pode ser situado no contexto comum das nações africanas, no qual as elites, que questionaram a superioridade racial e cultural europeia e que, em alguns casos, empreenderam uma longa luta armada contra o imperialismo europeu e pela libertação nacional, utilizam hoje o domínio dos códigos ocidentais como principal instrumento de dominação interna. Música. O povo cabo-verdiano é conhecido por sua musicalidade, bem expressa por manifestações populares como o Carnaval de Mindelo, cuja importância faz com que a cidade seja conhecida nos dias dos festejos momescos como "Brazilim" (ou "pequeno Brasil"). Na música, há diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna, o funaná, a coladeira e o batuque. Cesária Évora foi a cantora cabo-verdiana mais conhecida no mundo, conhecida como a "diva dos pés descalços", pois assim gostava de se apresentar no palco. O sucesso internacional de Cesária Évora fez com que outros artistas cabo-verdianos, ou descendentes de cabo-verdianos nascidos em Portugal, ganhassem maior espaço no mercado musical. Exemplos disso são as cantoras Sara Tavares, Lura e Mayra Andrade. Bana, um dos primeiros a internacionalizar a música cabo-verdiana, começou a sua carreira quando Cabo Verde era ainda um território português, enquanto trabalhava como guarda-costas e moço de recados do compositor e intérprete B. Leza. Juntando-se ao coro dos diferentes cantores que contavam e cantavam as mornas, os amadores dos violões, das violas e dos cavaquinhos apercebem-se rapidamente da voz invulgar, "admitindo-o" entre os grandes de então. Outro grande expoente da música tradicional de Cabo Verde foi Antonio Vicente Lopes, mais conhecido como Travadinha e Ildo Lobo, falecido em 2004. A Casa da Cultura, no centro da cidade da Praia é chamada de Casa da Cultura Ildo Lobo, em sua homenagem. Cinema. O documentário chamado "Tchindas" (2015), que aborda os preparativos para o Carnaval de Cabo Verde, foi exibido no festival de cinema "Outfest" de Los Angeles em 2015, onde recebeu o Grande Prémio do Júri. Culinária. A dieta de Cabo Verde é principalmente baseada em peixes e alimentos básicos como o milho e o arroz. Os vegetais disponíveis durante a maior parte do ano são batatas, cebolas, tomates, mandioca, repolho, couves e feijões secos. Frutas como bananas e papaias estão disponíveis durante todo o ano, enquanto outras, como mangas e abacates, são sazonais. Um prato popular servido em Cabo Verde é a cachupa, um cozido de milho, feijão e peixe ou carne. Um aperitivo comum é o pastel, geralmente recheado com carne ou peixe. Desportos. A formação desportiva mais bem sucedida do país é a Seleção Cabo-Verdiana de Basquetebol, que ganhou a medalha de bronze no Afrobasket de 2007 da FIBA, depois de vencer o Egito em seu último jogo. O jogador mais conhecido do país é Walter Tavares, que teve passagem pela NBA e hoje joga pelo Real Madrid da Espanha. Cabo Verde é famoso pelo "windsurf" e "kiteboarding". A equipa de futebol nacional de Cabo Verde, apelidada de "Tubarões Azuis" ou "Crioulos", é a Seleção Cabo-Verdiana de Futebol e é controlada pela Federação Cabo-Verdiana de Futebol. A equipa jogou no Campeonato Africano das Nações em 2013 e 2015. O país competiu em todas os Jogos Olímpicos de Verão desde 1996.
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Conscienciologia
Conscienciologia A conscienciologia é um movimento dissidente do espiritismo e de cunho pseudocientífico fundado pelo cirurgião plástico e médium brasileiro Waldo Vieira. Vieira propõe o estudo "da consciência de forma integral", sustentando a crença em fenômenos parapsíquicos, como a experiência extracorporal, e a serialidade da vida humana através da reencarnação. No contexto da conscienciologia, a consciência, também chamada de ego, alma, espírito, "self" ou individualidade, possuiria uma existência própria que transcenderia a vida biológica. Autodenominada uma "ciência não convencional", adota o que chama de "paradigma consciencial", cuja abordagem é também subjetiva e não somente objetiva e dando ênfase ao experimentalismo em contraste com a metodologia científica padrão. A conscienciologia surgiu a partir da projeciologia, subcampo de pesquisa mais aplicado. Ambas compartilham do mesmo paradigma, sendo por isso consideráveis componentes de um mesmo sistema, por tal descritos juntamente na literatura. A conscienciologia propõe um conjunto de neologismos que caracterizam um jargão cientificista próprio, como por exemplo a palavra "ressoma" (Reativação do Soma/ corpo físico) para substituir "reencarnação". Embora parte da escassa literatura científica sobre a conscienciologia classifique-a como um fenômeno religioso (do movimento New Age ou das religiosidades pós-tradicionais) dissidente do espiritismo e identifique sua proposta cientificista como uma continuação da teodiceia de Allan Kardec, seus adeptos rejeitam qualquer conotação religiosa às suas práticas. Princípios. Na conscienciologia se verifica a existência de múltiplas vidas, energias e dimensões extrafísicas, experiência fora-do-corpo bem como no processo de evolução ao longo das reencarnações. Os pesquisadores da conscienciologia sustentam que tais conceitos não têm origem em crenças religiosas, mas na constatação de sua veracidade através da investigação e experimentação. Paralelamente, em contraste com o espiritismo de Kardec, que acredita na evolução através da caridade e da expiação terrestre, a conscienciologia preconiza a evolução através do aquisição de "cons", que seria a medida mínima de "lucidez consciencial". Vieira classifica os indivíduos conforme seu grau de consciência: os humanos pouco desenvolvidos estão na categoria "pré-serenão"; os mais alto grau de evolução é chamado de "serenão". Existe uma escala evolutiva de consciências com dezenas de categorias. Os conscienciólogos adotam o que denominam "princípio da descrença" definido pelo lema "Não acredite em nada, experimente e tire suas próprias conclusões", tipificando um traço distintivo da paraciência em relação à religião: a valorização do empirismo (ainda que um "paraempirismo" de sustentação subjetiva) em oposição a crenças com base na tradição e na fé. A conscienciologia compartilha com outras paraciências da Nova Era a crença na possibilidade de controle das bioenergias, da paranormalidade e da projetabilidade pelo exercício de técnicas mentais. Defende também que todos são capazes de ver, ouvir e conversar com consciências em outras dimensões e a saída da consciência do corpo acontece durante o sono profundo. Waldo Vieira, fundador na conscienciologia, permaneceu como líder do grupo e principal formulador de seu ideário até o seu falecimento (ou dessoma, no jargão conscienciológico). Exercia liderança do tipo carismática, apresenta-se com vasta barba branca, vestia-se sempre de roupas brancas e possuía dons de mediunidade, projetabilidade, clarividência e manipulação de energias para cura e materializações. Segundo Vieira, esta apresentação é intencional e visa marcar sua presença, fazendo-se lembrar por quem já o viu. Neologismos. "Homo sapiens serenissimus". "Homo sapiens serenissimus" ou serenão é nome dado por Vieira às consciências que atingiram o mais alto grau de evolução na vida terrestre. Ao final dessa última vida intrafísica ele passa a condição de consciência livre, onde inicia um novo ciclo evolutivo. Segundo eles, os serenões já foram denotados em outras situações como Bodhisattvas, Avatares, Mestres Ascensionados, Espíritos de Luz, Espíritos Planetários, Arcanjos e Elohins. Tenepes. O neologismo foi criado por Waldo Vieira em 1966. A Tenepes (acrônimo de "tarefa energética pessoal" ), também conhecida pelos espíritas como passe para o escuro ou sessão do eu sozinho, é uma técnica assistencial que, consiste na transmissão de bioenergias espirituais para fins assistenciais. A técnica é individual; programada com horário diário, do ser humano, auxiliado e amparado por "amparadores extrafísicos" (ajudantes espirituais já desencarnados, espírito guia); durante a vigília; diretamente para consciências vivas ou mortas (que estariam no plano espiritual, denominadas extrafísicas) enfermas ou necessitadas, intangíveis e invisíveis à visão humana comum ou indivíduos projetados, ou não, próximos ou distantes, também carentes ou doentes. O praticante da tenepes denomina-se "tenepessista". É o indivíduo que se compromete para o resto da sua "vida intrafísica" a manter esta prática diária. O Tenepessista realiza suas sessões energéticas de modo anônimo, solitário, em local isolado, fechado, silencioso e escuro sem testemunhas físicas. Projeciologia. A projeciologia (do latim "projectio" significa "projeção" e "logos" no grego significa "tratado") é o ramo de caráter mais prático da conscienciologia. O neologismo "projeciologia" foi proposto por Waldo Vieira em 1981 no livro "Projeções da Consciência", uma reunião de relatos de experiências fora do corpo do próprio autor, em forma de diário. As projeções também são conhecidas como EFC (Experiência Fora-do-Corpo), OBE ("Out-of-Body Experience"), desdobramento, projeção astral, dentre outras. Além da experiência fora-do-corpo, a projeciologia também se dedica a dezenas de fenômenos parapsíquicos correlatos tais como: bilocação, clarividência, deja-vú, experiência de quase-morte (EQM), precognição, retrocognição, telepatia e outros. Experiências pessoais. A projeciologia rejeita a metodologia científica padrão. Para ela, o mais importante é o "auto-pesquisador" experimentar suas próprias experiências a fim de formar suas próprias convicções. O que acaba esbarrando contra conceitos da ciência que não leva em consideração o auto-experimento, já que seres humanos estão propícios a falhas (estamos presos a cinco sentidos, facilmente enganados por truques de ilusão de ótica) por isso é imprescindível a utilização de métodos (como por exemplo utilização de equipamentos específicos) que possam estar neutros para conseguir registrar dados. Embora inúmeras alegações já tenham sido feitas, não há evidência científica aceita da existência do fenômeno da projeção da consciência para fora do corpo humano. Os adeptos da crença em projeções, alegam que diversos experimentos já foram realizados, sobretudo em universidades norte-americanas no século XX, supostamente provando a possibilidade da projeção consciente e a possibilidade da consciência projetada influir de forma sutil no ambiente, quando fora do corpo. Tais experimentos, entretanto, jamais convenceram a comunidade científica em geral, que em sua maioria apontou possíveis erros e enganos, ou exigiu a realização de um número maior de experimentos por pesquisadores independentes, ou mesmo sugeriu outras possíveis explicações, mais prosaicas, para os resultados observados.
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Cavalo-marinho
Cavalo-marinho Hippocampus é um gênero de peixes ósseos, pertencente à família Syngnathidae, de águas marinhas temperadas e tropicais que engloba as espécies conhecidas pelo nome comum de cavalo-marinho. Descrição. Os cavalos-marinhos caracterizam-se por terem uma cabeça alongada, com filamentos que lembram a crina de um cavalo, e por exibirem mimetismo semelhante ao do camaleão, podendo mudar de cor e mexer os olhos independentemente um do outro. Nadam com o corpo na vertical, movimentando rapidamente as suas barbatanas. Algumas espécies podem ser confundidas com plantas marinhas, corais ou anêmonas marinhas. Geralmente medem entre 15 e 18 centímetros, mas podem medir desde 13 a 30 centímetros, dependendo da espécie, com peso entre 50 e 100 gramas. Vivem em águas de regiões de clima temperado e tropical. Todas as espécies de cavalos-marinhos estão em perigo de extinção. Uma das causas é pesca predatória e a destruição de habitat. Outra causa é o captura frequente deles para serem usados como peça de decoração ou simplesmente serem criados em um aquário. Existem três espécies brasileiras de cavalos-marinhos, o "Hippocampus erectus," "Hippocampus reidi" e o "Hippocampus patagonicus", que foi descoberto em 2004. Nome científico. Os hipocampos eram seres da mitologia grega (séquitos de Poseidon), que possuíam as partes superiores de seus corpos iguais a de um cavalo, com crina membranosa, guelras e membranas interdigitais nos supostos cascos, e suas partes inferiores eram a de um peixe ou golfinho, por isso eram conhecidos como "cavalos-marinhos". Hábitos alimentares. As espécies desse gênero são carnívoras. Alimentam-se de pequenos crustáceos, moluscos, vermes, e plâncton, que são sugados através de suas bocas tubulares. Como eles não tem o costume de irem atrás de alimento, eles comem o que estiver passando por eles. A cauda desses animais é longa e preênsil, o que permite que eles se agarrem às plantas submarinas enquanto se alimentam. Reprodução. A reprodução dos cavalos-marinhos geralmente ocorre na primavera. Para se reproduzirem, as fêmeas dos cavalos-marinhos dão preferência ao macho de maior tamanho corporal e que tenha mais ornamentos em seu corpo. Para que os machos consigam uma fêmea para se reproduzirem, eles também precisam atraí-la fazendo uma dança do acasalamento. A reprodução inicia quando os Óvulos da espécie são transferidos da bolsa incubadora da fêmea para a do macho, no momento do acasalamento. Os Óvulos, já na bolsa incubadora do macho, que se localiza na base de sua cauda, são fertilizados por esperma que o próprio macho libera lá dentro. Dois meses mais tarde, os Óvulos eclodem e o macho realiza violentas contorções para expelir os filhotes, que estão dentro da sua bolsa incubadora. Os filhotes, quando nascem, são transparentes e medem menos de um centímetro, mas com variações, dependendo da espécie. Eles sobem logo à superfície para encherem suas bexigas natatórias de ar, para poderem se equilibrar na água ao nadarem. Após nascerem, já são totalmente independentes de seus pais, mesmo sendo frágeis. Um cavalo-marinho macho geralmente gera 100 a 500 filhotes por gestação, dependendo da espécie. Geralmente, quase 97% dos filhotes de cavalos-marinhos são mortos por predadores naturais, que são, geralmente, peixes maiores. Espécies. Localização. Os cavalos-marinhos são encontrados principalmente em águas rasas tropicais e temperadas em todo o mundo, e preferem viver em áreas abrigadas, tais como leitos de algas marinhas, estuários, recifes de corais ou mangues. Nas águas do Pacífico, da América do Norte à América do Sul, há cerca de quatro espécies. No oceano Atlântico, o "Hippocampus erectus" varia de Nova Escócia para o Uruguai. "Hippocampus zosterae", conhecido como o cavalo-marinho-anão, é encontrado nas Bahamas. Colônias foram encontrados nas águas europeias como o estuário do Tamisa. Três espécies vivem no mar Mediterrâneo: "Hippocampus guttulatus" (o cavalo-marinho-de-focinho-longo), o cavalo-marinho-de-focinho-curto e "Hippocampus fuscus" (o pônei-do-mar). Nessas áreas, os machos ficam dentro de 1 metro quadrado em seu território, enquanto fêmeas variam de cerca de cem vezes isso. Cavalos-marinhos pigmeus. Cavalos-marinhos pigmeus tem menos do que 15 milímetros (0,59 in) de altura e 17 milímetros (0,67 in) de largura. Anteriormente, o termo foi aplicado exclusivamente para a espécie H. bargibanti. Mas, desde 1997, as descobertas fizeram este termo obsoleto. As espécies H. minotauro, H. denise, H. colemani, H. pontohi, H. severnsi e H. satomiae têm sido descritas assim. Outras espécies, que ainda não foram classificadas, também têm sido relatadas em livros, revistas de mergulho e na internet. Eles podem ser distinguidos de outras espécies de cavalos-marinhos pelos seus anéis de tronco 12, baixo número de anéis de cauda em comparação com os cavalos-marinhos normais (26-29), a localização na qual jovens são postos na região do tronco dos machos e seu tamanho extremamente pequeno. A análise molecular (de RNA ribossômico) de 32 espécies Hippocampus descobriram que H. bargibanti pertence a um clado separado de outros membros do gênero e, portanto, que as espécies divergiram das outras espécies em um passado "antigo". Cavalos-marinhos pigmeus são melhor camuflados e vivem em estreita associação com outros organismos, incluindo hidrozoários coloniais (Lytocarpus e Antennellopsis), algas coralíneas (Halimeda) fãs do mar (Muricella, Annella, Acanthogorgia). Isto, combinado com seu pequeno porte, explica por que a maioria das espécies só foram notadas e classificadas a partir de 2001. Na medicina tradicional. As populações de cavalos-marinhos estão sendo ameaçadas nos últimos anos pela pesca excessiva e a destruição de habitat. As espécies de cavalos-marinhos são usadas na medicina tradicional chinesa e aproximadamente 20 milhões são capturados a cada ano e vendidos para esta finalidade. Cavalos-marinhos não são facilmente criados em cativeiro pois são muito suscetíveis à doença e acredita-se que os "selvagens" têm melhores propriedades medicinais comparadas a cavalos-marinhos de aquário. Os cavalos-marinhos são também utilizados como medicamentos pelos indonésios, filipinos e muitos outros grupos étnicos. Importação e exportação de cavalos-marinhos tem sido controlada pela CITES desde 15 de maio de 2004. No entanto, Indonésia, Japão, Noruega e Coreia do Sul decidiram optar por sair das regras comerciais estabelecidos pela CITES. O problema pode ser exacerbado pelo crescimento de comprimidos e cápsulas como o método preferido de ingerir a medicação à base de cavalos-marinhos. Eles são mais baratos e acessíveis do que os tradicionais e o conteúdo é mais difícil de rastrear. Os cavalos-marinhos devem ter de um certo tamanho e qualidade antes de serem aceites pelos praticantes da medicina tradicional chinesa (MTC) e consumidores. O declínio da disponibilidade e da preferência aos de grande porte torna possível para os comerciantes da MTC venderem os mais jovens, o que não era comum anteriormente. Hoje, quase um terço dos cavalos-marinhos vendidos na China são pré-embalados, aumentando a pressão sobre as espécies.
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Computadores
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Código Livre
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Programas de Código Livre
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Carvão mineral
Carvão mineral O carvão mineral é uma rocha sedimentar combustível, de cor preta ou marrom, que ocorre em estratos chamados "camadas de carvão". As formas mais duras, como o antracito, podem ser consideradas rochas metamórficas devido à posterior exposição à temperatura e pressão elevadas. É composto basicamente por carbono, enxofre, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, além de elementos vestigiais. Quanto maior o teor de carbono, mais puro se considera. Existem quatro tipos principais de carvão mineral: turfa, linhito, hulha e antracito (em ordem crescente do teor de carbono). É extraído do solo por mineração a céu aberto ou subterrânea. Entre os diversos combustíveis produzidos e conservados pela natureza sob a forma fossilizada, acredita-se ser o carvão mineral o mais abundante. Com o coque e o alcatrão de hulha, seus subprodutos são vitais para muitas indústrias modernas. Formação do carvão fóssil. O carvão fóssil foi formado pelos restos soterrados de plantas tropicais e subtropicais, especialmente durante os períodos Carbonífero e Permiano. As alterações climáticas registradas no mundo explicam porque o carvão ocorre em todos os continentes, até mesmo na Antártida. Segundo a visão tradicional, os depósitos carboníferos se formaram de restos de plantas acumuladas em pântanos, que se decompuseram, fazendo surgir as camadas de turfa. A elevação do nível das águas do mar ou o rebaixamento da terra provocaram o afundamento dessas camadas sob sedimentos marinhos, cujo peso comprimiu a turfa, transformando-a, sob elevadas temperaturas, em carvão. Apenas o carvão de cor marrom (linhitos) têm origem estritamente a partir de plantas. Empregam-se, em geral, dois métodos para determinar a composição dos carvões: a "análise elementar", estabelece as porcentagens totais dos elementos presentes (carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre e nitrogênio); e a "análise aproximada" fornece uma estimativa empírica das quantidades de umidade, cinza e materiais voláteis, e de carbono fixo. Os carvões classificam-se ou ordenam-se de acordo com o seu conteúdo de carbono fixo, cuja proporção aumenta à medida que o minério se forma. Em ordem ascendente, os principais tipos são: linhito, que se desgasta rapidamente, pode incendiar-se espontaneamente e tem baixo valor calorífico; é usado sobretudo na Alemanha e na Austrália; carvão sub-betuminoso, utilizado principalmente em estações geradoras; carvão betuminoso, o tipo mais comum e que, transformado frequentemente em coque tem amplo emprego industrial; o antracito, um carvão lustroso, de combustão lenta, excelente para uso doméstico. Consequências do uso do carvão. Embora utilizado como combustível, em Gales, na Grã-Bretanha, desde o segundo milênio a.C., o carvão só começou a ser minerado de forma mais ou menos sistemática na Europa por volta do século XIII, época em que já era conhecido dos índios norte-americanos. A primeira mina comercial de carvão da América foi aberta em Richmond, nos EUA em 1745, e o antracito começou a ser extraído principalmente na região de Wilkes-Barre, no nordeste da Pensilvânia, em 1775 e não continuou depois de 1820. A revolução industrial ampliou a demanda do minério, que só reduziu no século XX, com a difusão do emprego do petróleo como combustível e marcando seu fim com o fechamento das minas de carvão em 2015. As reservas mundiais de carvão são estimadas em cerca de sete trilhões de toneladas, o suficiente para atender a demanda durante alguns séculos, nas taxas de consumo atuais. A queima de carvão para obtenção de energia produz efluentes altamente tóxicos como por exemplo o mercúrio e outros metais pesados como vanádio, cádmio, arsênio e chumbo. Além disso, a libertação de dióxido de carbono causa poluição na atmosfera, agravando o aquecimento global e contribuindo para a chuva ácida. Na década de 1950, a poluição atmosférica devido ao uso do carvão causou elevado número de mortes e deixou milhares de doentes em Londres, durante "o grande nevoeiro de 1952". Entrepostos de carvão no Brasil. Existem doze entrepostos instalados com capacidade de armazenar oito milhões de toneladas de carvão mineral, sendo que o de Tubarão, Santa Catarina, é para seis milhões de toneladas, ocupando uma área de 120 hectares. Maiores produtores. Os maiores produtores de carvão mineral são a China, os Estados Unidos, a Austrália, a Rússia e a Indonésia. A China, sozinha, produz quase metade do carvão mineral do mundo, tendo produzido em 2008, 2,761 bilhões de toneladas. Em 2018, os maiores exportadores do mundo eram a Indonésia (472 milhões de toneladas), a Austrália (426 milhões de toneladas), a Rússia (231 milhões de toneladas), os Estados Unidos (115 milhões de toneladas), a Colômbia (92 milhões de toneladas), a África do Sul (88 milhões de toneladas), a Mongólia (39 milhões de toneladas), Canadá (37 milhões de toneladas) e Moçambique (16 milhões de toneladas). Poucos países no mundo são grandes exportadores de carvão. Devido à alta necessidade energética mundial, estes países realizam um trabalho importante ao manter países altamente industrializados funcionando normalmente. Os maiores importadores de carvão do mundo, em 2018, foram: China (281 milhões de toneladas), Índia (223 milhões de toneladas), Japão (189 milhões de toneladas), Coréia do Sul (149 milhões de toneladas), Taiwan (76 milhões de toneladas), Alemanha (44 milhões de toneladas), Holanda (44 milhões de toneladas), Turquia (38 milhões de toneladas), Malásia (34 milhões de toneladas) e Tailândia (25 milhões de toneladas).
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Carboquímica
Carboquímica Carboquímica é o ramo da química que estuda a transformação de carvões (hulha, antracite, linhite, grafite e vegetal) em produtos úteis e matérias-primas. Os processos que são usados ​​em carboquímica incluem processos de desgaseificação, como carbonização e coqueificação, processos de gaseificação e processos de liquefação. História. O início da carboquímica remonta ao século XVI. Naquela época, grandes quantidades de carvão eram necessárias para a fundição de minérios de ferro. Como a produção de carvão vegetal exigia grandes quantidades de madeira de regeneração lenta, o uso do carvão foi estudado. O uso de carvão puro era difícil devido à quantidade de subprodutos líquidos e sólidos que eram gerados. Para melhorar o manuseio o carvão foi inicialmente tratado como madeira em fornos para produção de coque. Por volta de 1684, John Clayton descobriu que o gás de cidade gerado a partir do carvão era combustível. Ele descreveu sua descoberta na "Philosophical Transactions of the Royal Society".
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Chimpanzé
Chimpanzé O termo chimpanzé aplica-se aos primatas do gênero "Pan", da família Hominidae, subfamília Homininae, com duas espécies conhecidas: os chimpanzés-comuns ("Pan troglodytes") e bonobos ("Pan paniscus"). Estudos apontam que os chimpanzés são parentes próximos dos seres humanos na evolução; eles separam-se do tronco do ancestral comum por volta de há 4 a 7 milhões de anos, e ambas as espécies compartilham 98-99% de DNA. Como o homem, o chimpanzé consegue reconhecer a própria imagem no espelho, capacidade que poucos animais apresentam. Também são capazes de aprender certos tipos de linguagens, como a dos sinais. Devido à destruição do seu habitat e à caça ilegal de chimpanzés pelo mercado de carne e de animais, pensa-se que restam apenas 150.000 chimpanzés nos bosques e florestas da África Central e Ocidental. Estima-se que no início do século XX havia aproximadamente dois milhões. Características. Os chimpanzés fazem parte da família Hominidae, possuindo uma semelhança genética de mais de 99% com os humanos. Medem entre 75 cm e 95 cm, e seu peso varia entre 30 e 55 kg. A coloração negra de seus pelos modifica-se para uma cor acinzentada conforme a idade avança. Os chimpanzés vivem em grupos que podem variar de cinco até mais de cem indivíduos, aquando no seu estado natural. Contudo, as fêmeas possuem hábitos mais solitários, passando a maior parte do tempo sozinhas. Nos grupos de Pan Troglodytes os machos são dominantes sobre as fêmeas, assim como sobre os machos mais jovens, já no caso de Pan Paniscus as fêmeas são dominantes. São animais de hábitos diurnos, terrestres e arborícolas. Costumam-se locomover pelo solo, no entanto tem o preferência a se alimentarem sobre as árvores, durante o dia. Estes são primatas quadrúpedes, ou seja, locomovem-se utilizando os pés e as mãos, simultaneamente, para andar e correr, além de serem capazes de escalar, pular e ficarem suspensos. Além disso, ocasionalmente, podem se movimentar de forma bípede, tal como os humanos. Geograficamente estão distribuídos nas florestas e matas secas de savana, e nas florestas tropicais de áreas baixas até áreas montanhosas, superiores a 3000 metros de altitude, na região central do continente africano. Os chimpanzés possuem uma alimentação bem variada, sendo as frutas o principal alimento de sua dieta, porém também consomem folhas, flores, sementes e insetos, como formigas, cupins e larvas. Em certas ocasiões também se alimentam de carne, variando de pequenos antílopes a outras espécies de primatas, como o "Colobus". Estes animais, aparentemente, possuem culturas diferentes, dependendo da região em que vivem, assim como os humanos, e são capazes de ensiná-las de uma geração para outra. Entre tais ensinamentos estão, por exemplo, técnicas para extrair cupins de seus cupinzeiros, utilizando-se de gravetos; utilização de pedras para quebrarem sementes e frutos duros; e outros tipos de ferramentas adaptadas, usadas inclusive para caçar alguns pequenos mamíferos. Machos dessa espécie podem se unir para manter a liderança sobre o grupo, ou roubar a posição do líder. Para intimidar os rivais, eles se demonstram agressivos, com vocalizações altas, agitações de galhos e até mesmo o ataque. Os chimpanzés machos podem fazer pares com fêmeas, mas a promiscuidade é comum na espécie. Há casos em que a fêmea copulou 50 vezes com quatorze machos diferentes em um só dia. Estes animais tem orgasmos e vocalizações específicas de cópula. Na verdade, são conhecidos 34 tipos diferentes de vocalizações nesta espécie. Características Físicas. O esqueleto é menos maciço que o do gorila. Pode-se dizer que o esqueleto do chimpanzé é semelhante ao do homem, exceto pela formação característica do quadril. Possuem muita força física. Um chimpanzé macho adulto, tem em média 1,5 a força de homem adulto, de acordo com pesquisa da universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Isso se deve à sua anatomia muscular e cerebral, e também a seu estilo de vida semi-arborícola, que requer muita força física. Em comum com o homem ele tem reações serológicas (ou sanguíneas) análogas, a possibilidade de enxerto testicular e a semelhança das circunvoluções do cérebro. Eles têm até mesmo um esboço da circunvolução de Broca, que é a sede da palavra no homem. Os machos adultos possuem espáduas largas, tronco maciço. O tórax, bastante musculoso, é pouco abaulado. Os braços, muito longos, descem abaixo dos joelhos e são menos musculosos que os do gorila. Os dedos, grossos, fortes e rugosos, são muito longos. O polegar é curto e delgado; o médio é o maior dos dedos. Eles têm a tíbia fina e a batata da perna pouco aparente, os seus pés são achatados, com o grande artelho longo e grosso, nitidamente destacado dos demais. Mais parece uma mão do que propriamente um pé. Desloca-se quase sempre sobre os quatro membros, mantendo o corpo em posição oblíqua, como os demais antropoides, mas pode assumir uma posição bípede em certas ocasiões. Comportamento. Bonobos e chimpanzés possuem um modo de viver muito semelhante como o nomadismo e a presença de machos dominantes. Porém apresentam gritantes diferenças: nos grupos dos chimpanzés existe hierarquia clara, com um ou dois machos dominantes. Essa hierarquia pode mudar, inclusive, com a formação de coalizões entre outros machos. Essas coalizões podem ser utilizadas para agredir machos de outros grupos. Já foram reportados casos de "guerras" e linchamentos entre chimpanzés. As fêmeas, de modo geral, são submissas aos machos. Os chimpanzés respondem à música movendo-se de maneira semelhante à dança - embora o grau em que dançam varie significativamente entre eles. Entre os bonobos, a hierarquia é mais diluída e não se observa casos de extrema violência, como nos chimpanzés. As fêmeas possuem coalizões fortes e o sistema é matrilinear. Inteligência. O primeiro cientista a se preocupar com a inteligência dos chimpanzés foi o professor Wolfgang Köhler (1887-1967). Ele fez experiências testando a inteligência do símio. Uma experiência de Köhler comprovou o poder de memória do chimpanzé. Vários testes confirmam uma inteligência significativamente elevada comparada por vezes com a das crianças humanas de até 3 anos. Após as experiências de Köhler, outros chimpanzés foram estimulados a desenvolver a capacidade mental. Alguns aprenderam a linguagem dos surdos e a partir daí comunicaram-se com os seres humanos. Recentemente um bonobo chamado Kanzi, de 23 anos, foi criado aprendendo a comunicar com humanos. Este domina a linguagem dos surdos, sendo até capaz de usar o teclado de um computador para escrever, exprimindo os seus pensamentos. Estudos e experiências realizadas com chimpanzés, revelaram nessa espécie da ordem dos primatas, uma inteligência bastante aguçada. Dieta do Chimpanzé. A dieta varia com as estações do ano. Mais de 250 tipos de frutas que fazem parte da alimentação dos chimpanzés. Os mamíferos que fazem parte da dieta dos chimpanzés são outros primatas (12 espécies), gulungos – um antílope africano, potamoquero – porco selvagem de África, cabritos, roedores e procávias. Os chimpanzés usam algumas plantas para o que tem vindo a ser descrito como fins medicinais. Os investigadores conseguiram isolar um agente antitumoral de uma destas plantas. A dieta é composta por: Distribuição. Os chimpanzés podem ser encontrados numa vasta área da África Central e África Ocidental, desde a Nigéria, a Norte, até ao território de Angola, a Sul e a Oriente podem ser encontrados até na Tanzânia e Quénia. Floresta, árvores e água são factores importantes para as comunidades de chimpanzés. Contudo, existem alguns grupos destes animais a viver acima dos 2000 metros de altitude onde, apesar de não haver árvores, os chimpanzés adaptaram-se às condições e habitam grutas. Estes animais vivem em grupos que podem ser pequenos, com cinco ou 6 animais, ou bastante numerosos, com cerca de 100 animais. Na sociedade dos chimpanzés existe um escalonamento hierárquico bem definido. Se algum elemento do grupo o desrespeitar, fica sujeito às sanções que o macho dominante do grupo entender, que podem ir desde uma simples repreensão, até à violência física, ou mesmo ao afastamento do grupo. Estado de conservação. As duas espécies se encontram em perigo de extinção. Apesar do vasto território que ocupam, estes animais têm sido dizimados pelos humanos com a caça ilegal, quer para alimentação, quer para a produção de amuletos para a medicina tradicional. Muitos são ainda capturados e utilizados nos circos ou noutros espetáculos afins, ou mesmo para serem criados como animais de companhia. As guerras, que sistematicamente assolam esta região, têm vitimado muitos animais, aumentando o número de órfãos. Por outro lado, o stress que estas situações provocam nas fêmeas tem reduzido muito a natalidade nessas zonas. Atualmente, existem cerca de 150.000 chimpanzés a viver em liberdade.
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Carta (jogo)
Carta (jogo)
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Ciências da saúde
Ciências da saúde As ciências da saúde ou ciências médicas são as áreas de estudo relacionadas com a vida, a saúde e a doença, e incluem a medicina humana, a biologia, a medicina veterinária, a biomedicina, a enfermagem, a fonoaudiologia, as análises clínicas, a farmácia, a Ciências do Esporte, a educação física, a odontologia, a psicologia, a terapia ocupacional, a nutrição, a fisioterapia e a engenharia biomédica, entre outras. As ciências da saúde, utilizam principalmente dos seguintes princípios metodológicos e atuações: na fase diagnóstica: anamnese, sondagem, exames clínicos, exames laboratoriais e testes. Na fase de atuação: indicação de medicamentos, aplicação de manobras, massagens, exercícios terapêuticos específicos e atividades físicas, orientações de dietas, posturas e mudança comportamental. Na fase de acompanhamento: comparações de exames e testes, avaliação clínica e retornos periódicos. Formação. Em Portugal existem actualmente uma licenciatura com este nome cujo plano curricular serve de tronco comum a qualquer outro curso na área da saúde, nomeadamente medicina, medicina dentária e ciências farmacêuticas. Esta licenciatura funciona apenas em duas faculdades: Faculdade de Medicina de Lisboa e Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
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Ciência
Ciência Ciência (do latim "scientia", traduzido por "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. Este artigo foca o sentido mais estrito da palavra. Embora as duas estejam fortemente interconectadas, a ciência tal como enfatizada neste artigo é muitas vezes referida como "ciência experimental" a fim de diferenciá-la da "ciência aplicada", que é a aplicação da pesquisa científica a necessidades humanas específicas. A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como o Universo funciona. Refere-se tanto à (ao): A ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca fatos, os mais gerais e abrangentes possíveis, bem como a aplicação das leis científicas; ambas especificamente obtidas e testadas através do método científico. Nestes termos, ciência é algo bem distinto de cientista, podendo ser definida como o conjunto que encerra em si o corpo sistematizado e cronologicamente organizado de todas as teorias científicas — com destaque normalmente dado para os paradigmas válidos — bem como o método científico e todos os recursos necessários à elaboração das mesmas. Da definição segue que um cientista é um elemento essencial à ciência, e como qualquer ser humano dotado de um cérebro imaginativo que implica sentimentos e emoções, o cientista certamente também pode ter suas crenças — convicções que vão além da realidade tangível —, podendo esse até mesmo ser, não raramente ou obstante, um teísta ou religioso convicto. Ao definirem-se ciência e cientista, é de relevância ressaltar por tal que a definição de ciência exige expressamente que o cientista saiba manter tais crenças longe de seus artigos científicos e das teorias científicas com as quais esteja a trabalhar; constituindo-se estes dois elementos — ciência e cientista — por definições certamente muito distintas, portanto. Da correta compreensão é fato que a ciência "não" exclui os crentes, teístas ou religiosos do seu leque de cientistas; Porém é também fato que a ciência, graças aos pré-requisitos do método científico, "exclui" por completo, dela e de suas teorias científicas, as convicções não testáveis e comprováveis frente ou mesmo transcendentes ao factualmente real; sendo a ciência, por parágrafo constitutivo explícito em sua definição stricto sensu — e por ausência de fato contraditório — expressamente cética e secular no que lhe cabe. Etimologia e definição. A etimologia da palavra "ciência" vem do latim "scientia" ("conhecimento"), o mesmo do verbo "scire" ("saber") que designa a origem da faculdade mental do conhecimento. Esta acepção do termo se encontra, por exemplo, na expressão de François Rabelais: "Ciência sem consciência arruína a alma". Ele se referia assim a uma noção filosófica (o conhecimento puro, a acepção "de saber"). A raiz "ciência" reencontra-se em outros termos tais como "a consciência" (etimologicamente, "com o conhecimento"), "presciência" ("o conhecimento do futuro"), "onisciência" ("o conhecimento de tudo"), por exemplo. Definição larga. A palavra ciência possui vários sentidos, abrangendo principalmente três acepções: Cita-se de passagem que o próprio conceito de "teoria" tem várias acepções não específicas que mostram-se muito distintas da que é encontrada em um meio científico, sendo entre estas certamente conhecida a acepção em senso comum de "teoria como algo duvidoso, não provado, descartável". Esta acepção e correlatas mostram-se contudo radicalmente diferente da acepção de teoria científica ao considerar-se a acepção stricto sensu da palavra ciência. Definição estrita. Segundo Michel Blay, a ciência é "o conhecimento claro e evidente de algo, fundado quer sobre princípios evidentes e demonstrações, quer sobre raciocínios experimentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dos fatos humanos. Esta definição permite distinguir os três tipos de ciência: as "ciências formais", compreendendo a Matemática e as "ciências matemáticas" como a estatística; as "ciências físico-químicas e experimentais" (ciências da natureza e da terra como a física, a química, a biologia e a medicina); e as "ciências sociais", que ocupam-se do Homem, de sua história, do seu comportamento, da língua, do social, do psicológico e da política, entre outros. No entanto, embora convencionais, seus limites não são rígidos, e não se mostram estritamente definidos; em outras palavras, a rigor, não existe categorização sistemática dos tipos de ciência, e, para tentar-se fazê-lo, ter-se-ia antes que resolver um complicado questionamento epistemológico. A stricto sensu, a ciência é única: se um corpo de conhecimento é produzido mediante os rigores do método científico, este é ciência, em caso contrário, bastando para tal transcender em qualquer ponto o método científico, não o é. A ciência é única também ao considerar-se o conjunto de evidências — de fatos — sobre o qual trabalha. Embora seja comum priorizar-se ou destacar-se o subconjunto de fatos mais pertinentes a um problema ou área de estudo em particular — vez por outra falando-se pois nos "fatos da física", "fatos da química", etc. —, uma hipótese científica, para ser aceita com valor lógico verdadeiro no paradigma científico válido, "deve" estar em acordo com "todos" os fatos científicos conhecidos à época em consideração. As condições impostas sobre as hipóteses implicam não apenas que o conjunto de todas as hipóteses de uma teoria científica estejam necessariamente harmônicas com o conjunto de todos os fatos conhecidos, como também implicam a necessária harmônicas destas, e das diversas teorias de um paradigma válido — quaisquer que sejam — entre si. Se divergências forem verificadas, as respectivas teorias encontram-se impelidas a evoluir. Definições filosóficas. Embora para um cientista a definição de ciência que vale é a estrita, há considerável discussão sobre o que é ciência no meio filosófico, e neste meio acham-se várias definições de ciência, e várias considerações sobre sua abrangência. A palavra "ciência", no seu sentido estrito, se opõe à opinião ("doxa" em grego), e ao dogma, ou a afirmações de natureza arbitrárias. No entanto a relação entre a opinião de um lado e a ciência do outro não é estritamente sistemática; o historiador das ciências Pierre Duhem pensa com efeito que a ciência é a âncora no sentido comum, que deve "salvar as aparências". O discurso científico se opõe à superstição e ao obscurantismo. Contudo, a opinião pode transformar-se num objeto de ciência, ou mesmo uma disciplina científica à parte. A Sociologia da ciência analisa esta articulação entre ciência e opinião; os relatos são mais complexos ou mais tênues em acordo com a situação, mas de forma geral podem ser resumidos na frase de Gaston Bachelard: "a opinião pensa mal; não pensa". Em senso estrito, a ciência certamente se opõe às crenças em seu método de trabalho, contudo em meios não acadêmicos, ou mesmo acadêmicos, é comum esquecer-se a última parte da frase, e afirmar-se simplesmente que a ciência se opõe às crenças; por extensão a ciência é frequentemente considerada como contrária às religiões. Esta interpretação é mais comum do que se pensa, sendo frequentemente usada em ambos os lados, embora com maior frequência por cientistas do que por religiosos. A ideia de ciência com o objetivo de produzir conhecimento é problemática para alguns; vários dos domínios reconhecidos como científicos não têm por objetivo a produção de conhecimentos, mas a de instrumentos, máquinas, de dispositivos técnicos. Terry Shinn assim propôs a noção de "investigação técnico-instrumental".Os seus trabalhos com Bernward Joerges a propósito da "instrumentação" assim permitiram destacar que o critério "científico" não é atribuído unicamente às ciências do conhecimento. A acepção da palavra "ciência" conforme definida no século XX e XXI é a da "instituição da ciência", ou seja, o de conjunto das comunidades científicas que trabalham para melhorar o saber humano e a tecnologia, incluso nesta acepção considerações de natureza internacional, metodológica, ética e ou política. A noção de ciência acima apresentada, ou mesmo outra, está longe, entretanto, de ser consensual. Segundo o epistemologista André Pichot, é "utópico querer dar uma definição a priori da ciência". O historiador das ciências Robert Nadeau explica, por seu lado, que é "impossível passar aqui em revista o conjunto dos critérios de demarcação propostos desde cem anos pelos epistemologistas [para se definir ciência] ... [e que] pode-se aparentemente formular um critério que exclui qualquer coisa que se queira excluir, e conserva qualquer coisa que se queira conservar." O físico e filósofo das ciências Léna Soler, no seu manual de epistemologia, começa igualmente por sublinhar "pelos limites da operação de definição". Os dicionários propõem certamente algumas definições. Mas, como recorda Léna Soler, estas definições não são satisfatórias, como quase nunca são quanto o assunto são verbetes ligados às cadeiras científicas. As noções de "universalidade", de "objetividade" ou "de método científico" (sobretudo quando este último é concebido como a uma única noção em vigor) é objeto de numerosas controvérsias para que possam constituir o pedestal de uma definição aceitável. É necessário, por conseguinte, ter em conta estas dificuldades para descrever a ciência. E esta descrição continua a ser possível tolerando-se certa "vaporosidade" epistemológica. Das correntes filosóficas à definição estrita. Empirismo. De acordo com o empirismo, as teorias científicas são objetivas, empiricamente testáveis e preditivas — elas predizem resultados empíricos que podem ser verificados e possivelmente contraditos —. Mesmo alheio à tradição empírica, há de se compreender que "predição" em ciência refere-se mais ao planejamento de experimentos ou estudos futuros e às expectativas quanto aos resultados do que literalmente predizer o futuro, mesmo que o número de acertos associados à predição — graças a uma teoria bem corroborada — venha a ser considerável. Certamente consegue-se hoje prever com enorme antecipação a hora de um eclipse, contudo dizer que "um paleontólogo pode fazer predições a respeito do achado de um determinado tipo de dinossauro" também é plenamente consistente com o uso empírico da predição, mesmo que por um azar do destino, este nunca venha a encontrá-lo. Embora a capacidade de fazer tais predições certamente sejam objetivos destas cadeiras via avanços contínuos nos modelos associados, tem-se ainda que ciências como a geologia ou meteorologia não precisam ser capazes de fazer predições acuradas sobre terremotos ou sobre o clima para serem qualificadas como ciência. Em particular para a meteorologia, com os avanços tecnológicos verificados nas últimas décadas, não se "prevê" mais o clima, se sim se "vê", via satélite, como estará o clima daqui a uma semana ou mais. Expandindo um pouco o leque filosófico, o filósofo empírico Karl Popper argumentou que determinada verificação é em verdade impossível, e que a hipótese científica pode ser apenas falseável (falseabilidade). O Positivismo, uma forma de empirismo, defende a utilização da ciência, tal como é definida pelo empirismo, a fim de governar as relações humanas. Em consequência à sua afiliação próxima, os termos "positivismo" e "empirismo" são geralmente usados intercambialmente. Ambos têm sido objetos de críticas. Realismo científico. Em contraste, o realismo científico define ciência em termos da ontologia: a ciência se esforça em identificar os fenômenos no meio, os elementos físicos envolvidos nestes fenômenos, suas relações de causalidade, e por fim os mecanismos através dos quais a causalidade se estabelece. W. V. Quine demonstrou a impossibilidade de existir uma linguagem de observação independente da teoria, ou seja, compreende-se o desconhecido com base no conhecido. As observações são sempre "carregadas de teorias". Thomas Kuhn argumentou que a ciência sempre envolve "paradigmas", grupos de regras, práticas, premissas (geralmente sem precedentes) e teorias tidas até então como válidas, e as transições entre paradigmas geralmente não envolvem necessariamente a verificação ou falseabilidade de teorias científicas. Além disso, ele argumentou que a ciência não progrediu historicamente com a acumulação constante de fatos, como o modelo empirista expressa. As posturas filosóficas fazem-se mais uma vez presentes: Irracionalismo. Para Nietzsche, expoente da filosofia que se convencionou a chamar irracionalista, não existe diferença da ação para o sujeito. Sujeito e ação são a mesma coisa, uma vez que são constituídos por vontades. Mesmo que, os sujeitos existissem, não seria possível acessá-los a não ser através da vontade, de uma ação. Para Søren Kierkegaard, mundo seria o que é perante a fé do sujeito . Logo, se a ciência "parecesse" ou se "apresentasse" como algo prejudicial ou desconfortável, o sujeito teria simplesmente o direito de negá-la, junto com os seus métodos, em prol da sua tradição. O melhor de cada uma. É contudo verificável que o método científico — base da definição da ciência moderna — preserva os traços mais importantes — estes não conflitantes — tanto da postura empirista como da realista. A saber identifica-se facilmente, nas teorias científicas modernas e no método, a existência obrigatória de um conjunto de fatos empíricos, a obrigatoriedade do teste experimental, a previsibilidade de fenômenos ou fatos ainda desconhecidos, a causalidade, os mecanismos que implicam a relação de causa efeito, e vários outros. Em resumo, verificado que os dois juntos "funcionam" harmonicamente, se é a teoria que determina a observação (realismo), ou a observação que determina a teoria (empirismo)— pelo menos à luz da ciência — não importa. O problema de se determinar o início e o fim de uma curva fechada (o método científico é descrito por um diagrama fechado) "não" é um problema para a ciência, quer seja este um problema filosófico, quer não. História. Visão geral. Enquanto a investigação empírica do mundo natural encontra-se descrita desde a antiguidade, a exemplo por Aristóteles, Teofrasto e Caio Plínio Segundo ("ver: ciência greco-romana"), e o método científico desde a Idade Média, a exemplo por Ibn al-Haytham, Abu Rayhan Biruni e Roger Bacon, o surgimento do que se chama hoje por "ciência moderna" é normalmente definido como coincidente com o início da Idade Moderna e com uma fase da história que ficou conhecida como a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII. Esse período sucede o final da Idade Média e engloba a Renascença, época marcada pela retomada dos conhecimentos clássicos produzidos pelos gregos há cerca de dois milênios atrás e por uma subsequente enorme evolução nas ideias científicas ligadas à física, à astronomia, e à biologia, entre outras. Não renegando-se a importância de obras e personalidades anteriores, àquela época a primeira teoria que se consolidaria em moldes modernos seria a teoria da mecânica conforme proposta por Isaac Newton, encontrando-se esta pela primeira vez no renomado livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, publicado em 5 de julho de 1687. A obra se tornaria uma verdadeira lenda dentro da história e da ciência pois a publicação do "Principia" - conforme ficou conhecido - que contém, além da lei da gravitação universal, as três leis de Newton para a dinâmica dos corpos, determinaria uma verdadeira revolução na ciência, na sociedade, e na forma de se pensar e compreender a natureza. Dada a acuracidade da teoria da mecânica frente os fatos conhecidos à época, nos dois séculos que se seguiram as ideias mecanicistas do universo se propagaram com vigor não só para as diversas subáreas da física como também para as mais variadas áreas do conhecimento, e sua difusão seria tão frutífera abrangente que a visão de mundo mecanicista perduraria sólida e inabalável até o primeiro ano do século XX, ano em que Max Planck e cinco anos mais tarde Albert Einstein estabeleceriam um segundo marco na ciência, e levariam a ciência moderna à era da física moderna. Graças à física a ciência moderna se estabelecera, e graças a ela a ciência moderna evoluiria a passos largos no século XX — a ponto deste século ser reconhecido pela comunidade científica como o século da física —. As mudanças mais recente e significativas nos paradigmas científicos em tempos atuais se devem contudo não à física mas sim à outra área da ciência natural, a biologia. Ao que tudo indica, apoiada pelo avanço tecnológico-científico ocorrido, a biologia será para a ciência do século XXI o que o a física representou para a mesma no século XX. Origens da Ciência. Em uma visão cronológica a ciência nasceu como uma tentativa de se descobrir respostas para os questionamentos humanos, questionamentos como "o que há lá fora?", "do que o mundo é feito?", "qual é o segredo da vida?" e "como chegamos até aqui?". Mais do que capaz de satisfazer a curiosidade, mostrou-se gradualmente como uma verdadeira ocupação, inspirando trabalhos de vidas inteiras. Isso porque percebeu-se que, por meio da observação e experimentação — do método científico — era possível não só compreender o mundo que nos cerca mas também a nós mesmos, isso de forma a impelir o desenvolvimento de novas tecnologias e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, embora não exista por si só e sim como uma produção humana, a ciência é, de longe, a ferramenta mais indispensável à manutenção do progresso. Com um longo caminho ainda a trilhar antes de atingir a definição e status atual, o aqui com ressalvas chamado "pensamento científico" surgiu na Grécia Antiga com os pensadores pré-socráticos que foram chamados de "Filósofos da Natureza" e também "Pré-cientistas". Nesse período a sociedade ocidental pela primeira vez ousou abandonar a forma de pensar baseada em mitos e dogmas para estabelecer uma nova forma de pensar, uma forma de pensar naturalista baseada no ceticismo. O pensamento dogmático coloca as ideias como sendo superiores ao que se observa. O Pensamento cético coloca o que é observado como sendo superior às ideias. Por mais que se observe fatos que destruam o dogma, uma pessoa com pensamento dogmático preservará o seu dogma. Para a ciência uma teoria é composta por um corpo de fatos e ideias, e se observarem-se fatos que comprovem a falsidade da ideia, o cientista tem a obrigação de modificar ou reconstruir a teoria. Na época de Sócrates e seus contemporâneos, o "pensamento científico" se consolidou, principalmente com a difusão do conceito de "prova científica" (ao rigor moderno, "evidência científica", "fato científico") atrelado à observância de repetição do fenômeno natural. Embora não se encontre na Grécia antiga a definição de ciência em moldes modernos, é nela que encontra-se o primeiro passo para se alcançá-la. Tanto as religiões como a ciência tentam descrever a natureza. A diferença está na forma de pensar. O cientista não aceita descrever o natural com o sobrenatural, e para ele é necessária a observação de evidências que eventualmente falseiam as ideias. Para um cientista a ciência é uma só, pois a natureza é apenas uma. Sendo assim, as ideias da física devem complementar as ideias da química, da paleontologia, geografia e assim por diante. Embora a ciência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, ela ainda continua sendo apenas uma. Método científico. Os termos "modelo", "hipótese", "lei" e "teoria" têm significados diferentes em ciência e na linguagem coloquial. Os cientistas usam o termo "modelo" para referir-se a uma ou um conjunto de construções abstratas ou mesmo materiais construídas sobre hipóteses cientificamente corroboradas que permitam estabelecer uma representação de um dado objeto ou fenômeno — geralmente, mas não obrigatoriamente, específico — em estudo . Sua construção têm por fim, via analogia, uma melhor compreensão do fenômeno ou objeto modelado. A palavra é pois usada em ciência com a acepção estrita desta — o de fruto de um trabalho de modelagem —. Os modelos são elaborados a partir da coleta de dados (fatos) e observação cautelosa, e construídos de forma que possam ser usados para inferir características e fazer predições testáveis por experimento ou observação. Os testes e observações são contudo executados sobre o objeto ou fenômeno em si, e não sobre o modelo, e os resultados são usados para aprimorar tanto a teoria associada como os modelos em si. A diferença entre um modelo científico e um artístico reside pois apenas no objetivo final e na metodologia empregada para construí-lo. Em modelos científicos, é certamente obrigatório que a metodologia empregada esteja em "pleno" acordo com a metodologia científica. Os modelos, assim como as hipóteses e fatos científicos associados, também integram, certamente, as teorias científicas, sendo em verdade tão essenciais às teorias quanto os demais. Ao falar-se de modelo, é importante ressaltar que, por mais trabalhado e elaborado que seja um modelo, um modelo "não" é o objeto que se modela, e há sempre o nele se melhorar, sendo o trabalho de modelagem, em verdade, um trabalho sem fim. Ao fim do raciocínio é possível até mesmo interpretar as teorias científicas como grandes e sofisticados modelos acerca da natureza. O eterno trabalho de aperfeiçoá-los cada vez mais — quer em detalhes, quer em abrangência — constitui o principal objetivo da ciência e a labuta diária dos cientistas. Uma "hipótese científica" é uma proposição falseável e testável acerca de algum fato, conjunto de fatos ou fenômenos naturais. Em princípio, embora nem toda hipótese seja científica, todas as ideias científicas são hipóteses, o que equivale a dizer que a ciência é cética, por definição. Há contudo uma "hierarquização" das hipóteses dentro da ciência em função de sua relevância e em função do nível de corroboração por evidências que as mesmas possuam. As hipóteses nascem como simples "conjecturas", geralmente carecendo ainda dos testes experimentais (e similares) pertinentes ao método científico. Recebendo a corroboração por parte dos primeiros testes, e nenhuma contradição, esta eleva-se ao nível de "hipótese" plausível, e na sequência, à medida que a abrangência e o nível de corroboração aumentam, esta pode elevar-se ao nível de postulado. Um "postulado" é uma hipótese que, em vista de consideráveis corroborações e ausência de contradição, mantido o ceticismo científico, passou a ser aceita como verdade, já podendo e geralmente sendo utilizada como base para a dedução ou a corroboração lógica de outras verdades científicas. Uma "lei física" ou uma "lei da natureza" consiste em uma hipótese que conseguiu, após exaustivos, variados e abrangentes testes, todos favoráveis à sua veracidade, alcançar um patamar que lhe permite ser usada como uma descrição científica generalização de uma ampla gama de observações empíricas. O poder de uma lei científica geralmente reside em sua simplicidade e abrangência, contudo não se deve esquecer que esta é, antes de tudo, assim como as demais ideias científicas, uma hipótese. A palavra "teoria" é mal entendida particularmente pelos não profissionais. O uso comum da palavra "teoria" refere-se a ideias que não possuem provas firmes ou base. Neste contexto não científico uma teoria seria a mais vil das hipóteses, bem abaixo de uma simples conjectura. No meio acadêmico, entretanto, a acepção de teoria é drasticamente diferente; os cientistas usam essa palavra como referência ao corpo de ideias que permite fazer descrições e predições geralmente mas não necessariamente específicas, ideias estas necessariamente embasadas em um conjunto bem estabelecido de fatos científicos, e necessariamente falseáveis perante tais, ou, principalmente, perante fatos sendo descobertos. Ressalta-se que fatos sozinhos não têm sentido, sendo a relação cronológica causal dos mesmos — o sentido dos mesmos — estabelecida pelas ideias. Igualmente ideias sem fatos que as corroborem estão livres da necessária conexão com a ciência do real, e apesar de poderem manter entre si estrutura lógica impecável, não estão nestes termos obrigatoriamente conexas à realidade, e assim não constituem uma teoria científica por si só. A teoria é assim não somente o conjunto de ideias, nem tão pouco somente o conjunto de fatos, mas a união indissociável dos dois conjuntos, o de ideias e o de fatos, ambos necessariamente estabelecidos nos moldes científicos. A teoria da gravitação universal de Newton é um corpo de ideias que permite ao cientista explicar um conjunto de fatos observacionais relacionados, a exemplo, a queda de uma maçã ou mesmo o movimento da lua ao redor da Terra. Além disso, esta teoria permite fazer predições sobre novas ocorrências, a saber como estes corpos comportar-se-ão com o passar do tempo, ou como outros corpos massivos, a exemplo, um satélite artificial ou uma sonda espacial, mover-se-ão sob a mesma influência causal que determina a ocorrência das observações anteriores conforme foram observadas. Fatos e ideias andam necessariamente juntos em um teoria científica. Uma teoria especialmente frutífera que tem sobrevivido a incontáveis testes ao longo do tempo e tem uma considerável quantidade de evidências integrando-a é dita por muitos, inclusive por cientistas, quando não muito cautelosos com suas palavras, "provada". No sentido científico estrito, entretanto, "uma teoria científica, qualquer que seja, nunca é provada". Não se prova uma teoria científica. Uma teoria científica, entendida em termos exatos não somente como o conjunto de ideias pertinentes à descrição e previsão de fatos, mas como a união indissociável deste conjunto de ideias e do conjunto de fatos naturais pertinentes, nunca encontra-se provada pois não se prova a veracidade de uma ideia em ciência. Uma ideia científica é uma eterna hipótese, necessariamente falseável, e por tal, nunca é provada, pois não se pode garantir que em algum momento futuro uma nova evidência, até então desconhecida, venha a contradizê-la.Em acordo com o descrito, o uso da palavra "provada", quando anexo ao conceito de teoria, é desencorajado, e se encontrado, deve ser substituído pela ideia correta que expressa, a de uma teoria exaustivamente testada e corroborada frente ao conjunto, neste caso consideravelmente grande e abrangente, de fatos que a integra. Diz neste caso que a teoria é universalmente aceita até aquela data, ou ainda, que constitui um paradigma científico válido até aquele data. Algumas teorias científicas universalmente aceitas tais como a teoria heliocêntrica, a teoria atômica, a teoria do electromagnetismo e a evolução biológica encontram-se em teste frente aos fatos naturais já há séculos, e estão tão bem estabelecidas que é atualmente inconcebível um meio que permita a descoberta de um fato pela qual estas possam ser falsificadas. Outras, tais como a relatividade e a mecânica quântica têm sobrevivido a testes empíricos rigorosos sem serem contraditas nas últimas décadas apenas, e por tal encontram-se sobre escrutínio cerrado dos pesquisadores. Mas "não" há garantia de que elas não serão um dia suplantadas, e isto vale igualmente para "todas" elas, e não só para as últimas. "Teorias" ainda mais recentes tais como a teoria da rede ou teoria das cordas podem conter ideias promissoras passíveis de serem testadas, mas ainda não receberam nem mesmo o título de teorias científicas uma vez que estas não encerram um conjunto razoável de fatos capaz de corroborar as ideias que propõem. Em outras palavras: Os cientistas nunca falam em conhecimento absoluto. Diferentemente da prova matemática, uma teoria científica "provada" está "sempre" aberta à falseabilidade se novas evidências forem apresentadas. Até as teorias mais básicas e fundamentais podem tornar-se superadas se novas observações mostrarem-se inconsistentes com suas ideias. As teorias da dinâmica e gravitação universal de Newton, que integram a teoria da mecânica clássica, são exemplos de teorias que perduraram absolutas durante séculos, mas cujas ideias não puderam se sustentar frente a fatos oriundos de experimentos envolvendo movimentos em velocidades próximas à da luz, frente à dimensões nanométricas, ou em proximidade a campos gravitacionais muito fortes, experimentos que tornaram-se passíveis de serem levados a cabo somente no século XX. Na ausência destes novos fatos as Leis de Newton continuam sendo um excelente modelo para o movimento e para a gravidade, mas uma evolução fez-se necessária: há hoje teorias mais abrangentes, capazes de descrever a relação cronológica causal inclusive para os novos fatos; a saber a relatividade geral e a mecânica quântica detém atualmente o status de paradigmas válidos nestas áreas. Ressalva-se entretanto que a mecânica clássica não foi abandonada, não foi para "o lixo", e ainda é o paradigma ensinado à praticamente a totalidade da população mundial que frequenta um curso de ensino médio. A razão é óbvia: restringindo-se ao subconjunto de fatos sobre os quais a mecânica clássica se ergueu, a quase totalidade de fatos naturais acessíveis aos "simples mortais" em seu dia a dia, a mecânica clássica permanece sendo uma excelente teoria para explicá-los. Nem mesmo a conquista espacial exige teorias além da clássica. Contudo, sabe-se hoje que a natureza é mais complexa do que ela prediz. Matemática e o método científico. A Matemática é essencial para muitas ciências. A função mais importante da Matemática na ciência é o papel que ela desempenha na expressão de "modelos" científicos. Colher dados a partir da observação bem como hipotetizar e prever geralmente requerem modelos matemáticos e um extensivo uso da Matemática. Apesar de todos os ramos da Matemática terem suas aplicações em ciência — mesmo áreas "puras" tais como a teoria numérica e a topologia —, há de se mencionar que os ramos matemáticos mais utilizados na ciência incluem o cálculo e a estatística. Em verdade, o cálculo foi desenvolvido por Isaac Newton como uma ferramenta necessária para este resolver os problemas de física com os quais se preocupava. Uma análise rigorosa mostra que não é possível desvincularem-se a história da matemática da história da ciência, principalmente no que concerne às ciências naturais tais como a Física ou a Química, onde esta prevalece como uma linguagem universal. Embora certamente presente em menor nível em algumas ciências sociais, a Matemática encontra-se de alguma forma presente em todas as ciências visto que a Lógica é um ramo da Matemática. Alguns pensadores veem os matemáticos como cientistas, considerando os experimentos físicos como não essenciais ou as provas matemáticas como equivalentes a experimentos. Outros não veem a Matemática como ciência, já que ela não requer teste experimental de suas teorias e hipóteses. Embora a decisão sobre quem está certo ou errado recaia mais uma vez sobre os ombros da filosofia e seus filósofos — é há uma área filosófica especialmente dedicada à Matemática — em qualquer caso não é uma discussão filosófica se a Matemática é ou não uma linguagem natural e universal, e por tal uma ferramenta extremamente útil na descrição do universo, indispensável à ciência. É importante ressaltar que, em vista do método científico, a matemática, por si só, não é uma ciência, contudo esta é certamente a linguagem da ciência. Dentre todas as possíveis linguagens que poderiam ser usadas para a descrição da natureza em alternativa à matemática, a matemática é, em proporção similar à de um átomo para todo o universo conhecido, a mais versátil, simples, e eficaz; e, por tal, a unanimemente eleita: simplesmente indispensável. Em palavras simples: "A natureza se escreve — ou seria escreve-se — em linguagem matemática!" Objetivos. A ciência não se considera dona da verdade absoluta e inquestionável. A partir do racionalismo crítico, todas as suas "verdades" podem ser quebradas, bastando apenas um pingo de evidência. A ciência pois cria modelos e destes tira conclusões acerca da realidade intrínseca e inerente ao universo natural, valendo-se para tal de "observações" cautelosas da natureza, de experimentação, e dos fatos destas resultantes. A ciência não é uma fonte de julgamentos de valores subjetivos, apesar de poder certamente tomar parte em casos de ética e política pública ao enfatizar as prováveis conseqüências naturais das ações tomadas. O que alguém projeta não apenas a partir de hipóteses científicas válidas mas também a partir de bases oriundas de outras áreas de conhecimento que não as científicas "não" se configura em um tópico científico, e o método científico não oferece qualquer assistência ou corroboração para quem deseja fazê-lo dessa maneira. A justificativa científica — via refutação — para muitas coisas é, ao contrário, frequentemente exigida e, por questão de lógica, espera-se que válida, mesmo em áreas fora da ciência. Faz-se claro contudo que, nestes casos, os valores dos julgamentos sobre o que concerne à ciência — tais como veracidade e cientificidade da questão — são intrínsecos à ciência. O objetivo subjacente — o propósito da ciência para a sociedade e indivíduos — é o de produzir "modelos úteis da realidade". Tem-se dito que é virtualmente impossível fazerem-se inferências a partir dos sentidos humanos que realmente descrevam o que "é". Por outro lado, como dito, a ciência pode fazer "predições" baseadas em teorias oriundas das "observações", e é inegável que essas predições geralmente beneficiam a sociedade ou indivíduos humanos que fazem uso delas; por exemplo, a física Newtoniana, e em casos mais extremos a relatividade, nos permitem compreender e predizer desde a dinâmica de uma uma bola de bilhar e o efeito que terá em outras até trajetórias de sondas espaciais e satélites. Do efeito em uma bola de futebol ao voo de um avião passando certamente pela construção de casas e edifícios, deve-se muito à mecânica de Newton. As ciências sociais nos permitem predizer (com acurácia limitada até agora) coisas como a turbulência econômica e também permitem melhor entender o comportamento humano, o que leva à produção de modelos úteis da sociedade e consequências como a elaboração de políticas governamentais mais adequadas visto que encontram-se empiricamente suportadas. A Física, a Química e a Biologia juntas têm transformado nossa vida diária ao fornecerem a estrutura tecnológico-científica necessária para se transferir o árduo labor antes diretamente posto pela natureza sobre nossos ombros à maquinaria auxiliar que hoje nos cerca. Nos tempos modernos, essas disciplinas científicas segregadas estão cada vez mais sendo utilizadas conjuntamente a fim de produzirem-se modelos e ferramentas cada vez mais complexos. Em resumo, a ciência produz "modelos úteis" sobre o universo natural os quais nos permitem fazer "predições" e construir equipamentos de apoio cada vez mais úteis. A ciência tenta "descrever" o que é e procura dizer o "que pode ser", mas não é capaz de "impor" o que é ou o que será — o que é impossível de se fazer, para razões naturais —. Procura fazer com que a natureza jogue a nosso favor, e não contra nós, sem contudo afrontá-la. A ciência é uma "ferramenta útil"… é um corpo crescente de entendimento que nos permite identificarmo-nos mais eficazmente com o meio ao nosso redor e nos permite decidir sobre a melhor forma de adaptarmo-nos e evoluirmos como uma sociedade unida, contudo independentemente. O individualismo é uma suposição tácita subjacente a muitas bases empíricas da ciência que trata a ciência como se ela fosse puramente uma forma de um único indivíduo confrontar a natureza, testando e predizendo hipóteses. Ao rigor da análise, contudo, a ciência é sempre uma atividade "coletiva" conduzida por uma comunidade científica. Isso pode ser demonstrado de várias maneiras; mesmo o resultado mais básico e trivial proveniente da ciência é comunicado com uma linguagem; é por tal de se esperar que os valores das comunidades científicas permeiem a ciência que elas produzam. Filosofia da ciência. A eficácia da ciência a tornou assunto de questionamento filosófico. A filosofia da ciência busca entender a natureza e a justificação do conhecimento científico e suas implicações éticas. Tem sido difícil fornecer uma explicação do método científico definitiva que possa servir para distinguir a ciência da não-ciência, e, mesmo que para um cientista a fronteira mostre-se precisa e clara, há em princípio argumentos filosóficos legítimos sobre exatamente onde estão os limites da ciência, e tais são traduzidos no que é conhecido como problema da demarcação. Há, no entanto, um conjunto de preceitos principais que possuem um consenso entre os filósofos da ciência e dentro da comunidade científica. Por exemplo, é universalmente aceito que deve ser possível testar independentemente as hipóteses e teses científicas de outros cientistas para que sejam aceitas pela comunidade científica. Há diferentes escolas do pensamento na filosofia do método científico. O naturalismo metodológico mantém que a investigação científica deve aderir aos estudos empíricos e verificação independente como processo para desenvolver e avaliar apropriadamente as explicações naturais de fenômenos observáveis. Desse modo o naturalismo metodológico rejeita explicações sobrenaturais, argumentos de autoridades e estudos observacionais tendenciosos. O racionalismo crítico por outro lado afirma que a observação não tendenciosa não é possível, e que a demarcação entre explicações classificadas como "naturais" e "sobrenaturais" é arbitrária; no lugar deste critério ela propõe a falseabilidade como o limite para as teorias empíricas (científicas) e falsificação como o método empírico universal. O racionalismo crítico, uma corrente do racionalismo em princípio definida pelo filósofo austro-britânico Karl Popper rejeita a maneira como o empirismo descreve a conexão entre teoria e observação. É afirmado que as teorias não derivam das observações, mas que as observações são feitas à luz das teorias, e o único jeito que uma teoria pode ser afetada pela observação é quando esta entra em conflito com aquela. Ele propõe que a ciência deveria se contentar com a eliminação racional dos erros em suas teorias, não em buscar a sua verificação (como afirmar certeza, ou prova, e contraprova provável; tanto a proposta como a falsificação de uma teoria são apenas um caráter metodológico, conjectural e tentador no racionalismo crítico). O instrumentalismo rejeita o conceito de verdade e enfatiza apenas a utilização das teorias como instrumentos para explicar e predizer fenômenos. Ramos da Ciência. Ao se falar em "classificações" da ciência não se deve jamais esquecer, antes de tudo, que a ciência tem pilares muito bem definidos sobre os quais esta se constrói, e que entre eles têm-se pilares os quais afirmam que "a ciência é uma só", e que ela "tem" fronteiras muito bem definidas. Segue-se que as classificações são feitas apenas por mera questão de sistematização ou referência, o mesmo valendo para a divisão das "classes" nas respectivas subáreas — a exemplo em cadeiras científicas como física, química, e outras — e até mesmo para as subáreas específicas a cada subárea — a exemplo a termodinâmica, o eletromagnetismo ou a ótica, subáreas da física, esta por sua vez uma subárea das ciências naturais, que é subárea das ciências empíricas, correspondendo a última, em mesmo nível das ciências formais, a uma das duas grandes classes na qual a ciência é geralmente separada —. Enfatizando, ao lidar-se com qualquer classificação, divisão ou subdivisão da ciência, tem-se que ter em mente que estas se dão por mera formalidade e não por independência das partes, e não se deve jamais esquecer o "princípio Uno": a ciência tem fronteiras muito bem definidas, e é uma só. Ciências formais e factuais, e ciências naturais e sociais. Uma das classificações mais fundamentais da ciência se dá em função dos objetos ou alvos de estudo. Neste nível a ciência geralmente é separada em "ciências formais," consideradas o estudo das ideias, e ciências factuais, estas voltadas ao estudo dos fatos e fenômenos naturais em si — incluso o Homem em sua integridade —. A divisão entre ciências formais e factuais leva em consideração seis aspectos principais. O objeto ou tema das disciplinas, já que as ciências formais tratam de enunciados, e as ciências factuais, de objetos empíricos; a diferença entre enunciados, pois as ciências formais referem-se a relações entre símbolos, e as factuais, a fenômenos ou processos; o método através do qual se comprovam os enunciados, já que as ciências formais contentam-se com a lógica, no entanto, as ciências factuais necessitam do experimento; o grau de suficiência em relação ao conteúdo, visto que as ciências formais podem ser consideradas “autossuficientes” por construírem seu próprio objeto de estudo, diferentemente das ciências factuais; o papel da coerência para se alcançar a verdade, pois, para as ciências formais, um enunciado dado com base em um sistema de ideias pré-estabelecido já é suficiente para sua compreensão, no entanto, cria uma verdade relativa (uma proposição correta em uma teoria pode não ser válida em outra) e, para as ciências factuais, esse sistema de ideias pré-estabelecido é necessário, mas não suficiente — é preciso o experimento para que o enunciado seja considerado “provavelmente adequado” —; por último, o resultado alcançado também é levado em conta para a divisão entre as ciências, pois as ciências formais demonstram, ao passo que as ciências factuais apenas verificam, por tratarem de hipóteses provisórias. As "ciências formais" dedicam-se às ideias, ou seja, ao estudo de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo das ciências formais os sistemas formais, como por exemplo, a lógica, matemática, teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional, teoria da informação, microeconomia, teoria da decisão, estatística e linguística. Sobre as "ciências formais" é contudo importante lembrarem-se aqui os pilares e limites da ciência bem como a questão de a matemática ser ou não ciência, questão já debatida e adequadamente respondida em seções anteriores. Considerações pertinentes e similares cabem também a todas as "ciências formais", certamente. O primeiro pesquisador a dividir as ciências em formais e factuais foi Rudolf Carnap. Partindo dessa premissa, Mario Bunge, por sua vez, dividiu as ciências factuais em duas classificações: "ciências naturais", cujo alvo principal de estudo é a natureza como um todo aparte o comportamento humano em específico, e "ciências sociais", que estudam o comportamento do Homem e suas sociedades. As "ciências sociais" estudam os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a via social de indivíduos e grupos humanos. Isso inclui Antropologia, estudos da comunicação, Economia, Geografia humana, História, Linguística, ciências políticas, Ciência da Religião, Psicologia e Sociologia. Embora o alvo de estudo das "ciências sociais" seja um alvo científico legítimo, a metodologia específica empregadas por muitas subáreas de estudo neste grupo encerradas muitas vezes exigem importantes considerações a respeito dos pilares da ciência, principalmente quanto ao associado às suas fronteiras. Ao se considerarem as ciências sociais não é raro encontrarem-se estudos no limite do que se considera científico. As "ciências naturais" se encarregam de estudar os fatos e fenômenos naturais em si — à parte a questão humana —, como dito. Por encontrarem-se facilmente apoiadas na observação e na experimentação, geralmente não implicam considerações mais rigorosas quanto à unicidade e fronteiras da ciência, sendo o método científico facilmente compatível com a metodologia específica a cada uma das subáreas neste grupo — qualquer que seja a escolhida — e, por tal, seguido em essência. As "ciências naturais" estudam o universo, que é entendido como regulado por regras ou leis de origem natural, ou seja, os aspectos físicos, ficando os aspectos humanos geralmente em segundo plano - estes deixados estes para as ciências sociais. Isso é válido para praticamente para todas as subáreas — todas as "cadeiras científicas" —, a saber a Astronomia, Biologia, Física, Química, Geografia e outras. As cadeiras que visam estudar diretamente os fenômenos ligados ao planeta Terra, entre elas a geografia, geologia, e outras, geralmente são classificadas em um grupo nomeado ciências da terra, e não obstante fala-se com frequência em "ciências naturais e da terra". Ciências puras e aplicadas. Esta classificação envolve a motivação e a finalidade dos estudos científicos em consideração, e há neste esquema de classificação duas classes principais: as "ciências puras", também chamada de "ciências fundamentais" ou ainda "ciências básica", que têm por objetivo o "conhecimento" em si, o "conhecer por conhecer" - aparte da sua utilidade - e as "ciências aplicadas", que estudam formas de aplicar o conhecimento humano — geralmente oriundos da primeira — em benefício do Homem. As ciências puras ou ciências fundamentais englobam a parte da ciência que busca compreender os mais básicos elementos da natureza tais como as partículas fundamentais, as relações entre eles — expressas geralmente via conceito de força fundamentais — e as leis que os governam; seguindo a lógica do reducionismo científico de forma muito difundida, geralmente pressupõe-se nesta classe que todos os outros fenômenos podem ser em princípio compreendidos a partir dos fundamentais. Há uma diferença marcante entre ciência pura e ciência aplicada, portanto: as ciências puras, em contraste com as ciências aplicadas, são marcadas por buscarem as minúcias do conhecimento básico que desenvolvem, a compreensão a mais completo possível acerca do objeto em estudo. A ciência básica é o coração de todas as descobertas, e o progresso científico é feito geralmente tendo a mesma por catapulta. A ciência pura é independente da preocupação com aplicações práticas. As ciências aplicadas visam a aplicação do conhecimento para a solução de problemas práticos, e geralmente uma vez solucionados, não se preocupam em ir muito além disto, a não ser que um problema prático mais complicado se siga à solução do primeiro. As ciências aplicadas são importantes para o desenvolvimento tecnológico, e identificam-se de maneira forte com o que se denomina tecnologia. Seu uso no cenário industrial é normalmente referenciado como pesquisa e desenvolvimento (P&D). Ciências exatas e inexatas. Esta classificação divide as ciências de acordo com o grau de precisão das descrições e previsões realizadas com base nos modelos — nas teorias — científicas pertinentes. As ciências exatas são em princípio capazes de fornecer resultados com elevado grau de precisão acerca dos sistemas abrangidos — envolvendo sempre modelos matemáticos geralmente acurados —, enquanto as ciências inexatas as previsões são geralmente direcionais, e não exatas. A exemplo, pegando-se dois casos situados em extremidades opostas em temos de precisão, é possível prever-se com precisão "exata" e confirmar-se com certeza experimental na casa dos milímetros qual será a trajetória da Lua ao redor da Terra, contudo embora se possa descrever, com base na psicologia, o "modus operandi" de um maníaco e a partir dela se cogitar as ações futuras deste, não é possível prever-se com precisão qual será seu próximo passo, onde este se dará, ou mesmo se ele vai realmente dá-lo. Frente à classificação aqui proposta é importante ressaltar que não existe medida experimental absolutamente precisa. Toda medida envolve no mínimo considerações a respeito da precisão e qualidade dos aparelhos usados para executá-la — não sendo certamente este o único fator a contribuir para a incerteza final da medida —. Ressaltando-se que "incerteza" não é o mesmo que "erro" quando empregado no sentido de realizar-se o experimento de forma incorreta, ou seja, executarem-se passos que comprometam a validade dos resultados durante o experimento, incerteza é algo inerente ao processo de medida, associada não só ao processo de leitura da escala no instrumento em si como também a perturbações aleatórias ou sistemáticas no sistema durante este processo; perturbações estas certamente controláveis e geralmente mantidas em níveis satisfatórios — sendo esta a razão da existência dos laboratórios —, contudo raramente elimináveis — e, em verdade, segundo proposto no princípio da incerteza de Heisenberg, algo intrínseco à natureza —. Toda medida experimental deve ser acompanhada de sua incerteza, havendo áreas da matemática e da própria ciência especializadas no assunto de como se expressar e se tratar as medidas e as associadas incertezas de forma que, mesmo com as últimas presentes, informações seguras possam ser alcançadas a partir das medidas. A noções de algarismos significativos e notação científica - incluindo-se a faixa de incerteza, e de barras de incertezas em expressões gráficas de medidas - são geralmente ensinadas nos cursos de física do ensino médio logo nas primeiras séries. Em cursos superiores estudam-se também, ainda nos primeiros semestres, os principais tópicos ligados à teoria da medida. Nestes termos, quando diz-se que os modelos matemáticos atrelados às ciências exatas fornecem descrições e previsões "exatas" a respeito do sistema em consideração está-se em verdade a dizer que os resultados através deles obtidos estão dentro do limite — e geralmente, por idealização dos modelos, no centro — das faixas de incertezas experimentalmente obtidas. É importante perceber que "não" é o nível de acuracidade — a exatidão ou ausência de incerteza — nas previsões feitas a partir da teoria que definem se uma teoria é científica ou não; mesmo porque "não" existe teoria "absolutamente" precisa em ciência visto que "não" há medida experimental absolutamente precisa. O que define se uma teoria é científica ou não é a obediência rigorosa ou não da metodologia empregada tanto na obtenção dos fatos quanto na formulação das ideias e na obtenção das conclusões e previsões derivadas à metodologia científica. É comum confundirem-se as ideias de ciências naturais e exatas, e ciências sociais e inexatas. Esta associação, embora geralmente "aceitável" visto serem as ciências sociais geralmente ciências inexatas e as ciências empíricas geralmente ciências exatas, não se mostra contudo rigorosa, e dentro das ciências naturais há exemplos marcantes que o demonstram. A teoria da evolução biológica é um belo exemplo de teoria científica que, mesmo obedecendo rigorosamente todos os passos do método científico, mesmo contando com incontáveis fatos científicos que a corroborem — nenhum que a contradiga — e com ideias sólidas que os explicam e que permitem fazer considerações matemáticas e probabilísticas precisas acerca da distribuição de genes em uma população, da hereditariedade etc., não fornece um modelo matemático com o qual se possa prever quais espécies existirão ou serão extintas ao longo do tempo, ou seja, como se dará em detalhes a especiação ao longo do tempo, mesmo porque não lhe é factível conhecer todas as variáveis que mostrar-se-ão importantes ao modelo (como catástrofes naturais, ocorrência de mutações, etc.). Neste ponto ela não ultrapassa a posição de demostrar-nos claramente que a evolução acontece continuamente, e de descrever o que se conhece sobre as espécies no presente e no passado, permanecendo o futuro, entretanto, em aberto. Mesmo classificada como ciência exata, considerações similares e pertinentes cabem certamente também à mecânica quântica: mesmo esta contando com modelos matemáticos muito elaborados e sofisticados, em vista de um de seus postulados - o da redução da função de onda no ato da medida - o futuro dos sistemas descritos geralmente permanece, também, em aberto. Em vista do exposto e de que geralmente exemplos de ambas as teorias podem ser encontradas dentro de uma dada ciência — ou, sendo mais específico, dentro de uma dada cadeira científica — talvez fosse mais pertinente usarem-se as expressões "teorias exatas" e "teorias inexatas" ao invés de "ciências exatas" e "ciências inexatas". Contudo as nomenclaturas-padrão atrelam-se às duas últimas expressões. Uma teoria ou ciência exata é qualquer campo da ciência capaz de fornecer modelos matemáticos com expressões quantitativas e predições precisas a respeito dos sistemas tratados — este necessariamente compatíveis com tal descrição, sendo geralmente condizentes com a execução de experimentos reprodutíveis envolvendo medições e predições quantificáveis, e não obstante — à parte interferências ou perturbações externas — com o determinismo estrito. A coerência entre os resultados matemáticos e experimentais é — dentro da incerteza experimental — precisa. Nestes termos, Matemática, Física, Química e Computação, assim como partes da Biologia, da Psicologia e da Economia, podem ser consideradas como ciências exatas. Ciências duras e moles. As áreas ou cadeiras de estudo científicos podem ser distinguidas em "ciências duras" e "ciências moles", e esses termos às vezes são considerados sinônimos dos termos ciência natural e social, respectivamente. Os proponentes dessa divisão argumentam que as "ciências moles" não usam o método científico, admitem evidências anedotais ou não são matemáticas, ainda somando-se a todas uma "falta de rigor" em seus métodos. Os oponentes dessa divisão das ciências respondem que as "ciências sociais" geralmente fazem sistemáticos estudos estatísticos em ambientes estritamente controlados, ou que essas condições não são aderidas nem sequer pelas ciências naturais, a citar-se que a Biologia Comportamental depende do trabalho de campo em ambientes não controlados, e que a Astronomia não pode realizar experimentos, apenas observar condições limitadas. Os oponentes dessa divisão também enfatizam que cada uma das atuais "ciências duras" sofreram uma similar "falta de rigor" em seus primórdios. O fato é que para uma teoria classificar-se como científica a mesma têm de obedecer a todos os rigores do método científico sem contudo transcendê-lo. Ao tomarem-se para comparação as "ciências sociais" e as "ciências empíricas", há certamente um número muito maior de teorias à beira do "abismo" que separa as teorias científicas das não científicas no primeiro caso. O leitor deve sempre verificar por si mesmo, ao lidar com as teorias encontradas nas ciências sociais, se estas realmente são "teorias científicas", ou não. Ciências nomotéticas e ideográficas. Uma outra classificação das ciências se apoia nos métodos empregados. O primeiro esboço desta distinção é atribuído ao filósofo alemão do século XIX Wilhelm Windelband. Uma primeira distinção desta ordem pode ser feita entre as "ciências nomotéticas" e as "ciências ideográficas." As ciências nomotéticas são baseadas no coletivismo metodológico, e se preocupam em estabelecer leis gerais para fenômenos suscetíveis de serem reproduzidos, com o objetivo final de se conhecer o universo. Fazem parte destas ciências a Física e a Biologia, e também algumas ciências sociais como a Economia, a Psicologia ou mesmo a Sociologia. As ciências ideográficas são baseadas no individualismo metodológico, e se preocupam em estudar o singular, o único, as coisas que não são recorrentes. Quer seja um facto ou uma série de fatos, a vida ou a natureza de um ser humano, ou de um povo, a natureza e o desenvolvimento de uma língua, de uma religião, de uma ordem jurídica ou de uma qualquer produção literária, artística ou científica. O exemplo da História mostra que não é absurdo considerar que o singular possa constituir-se em um objeto para abordagem científica. Campos interdisciplinares. O termo "ciência" é às vezes usado de forma não usual — ou seja, em sentido lato — junto a áreas de estudo que guardam interdisciplinaridade com áreas verdadeiramente científicas e que por tal também fazem uso dos métodos científicos — ao menos em parte — ou ainda junto a quaisquer estudos que aspirem ser explorações cuidadosas e sistemáticas dos objetos com os quais lidam. Incluem-se como exemplos a ciência da computação, a ciência da informação e a ciência ambiental. Tais áreas acabam até mesmo por serem inclusas nas classificações acima mencionadas. É importante contudo ressaltar que a definição de ciência em acepção estrita permanece inviolada, e ao se lidar com tais ciências, devem-se tomar os devidos cuidados. Comunidade científica. A comunidade científica consiste no corpo de cientistas, suas relações e interações, e nos meios necessários à manutenção destas. Ela é normalmente dividida em "sub-comunidades", cada uma trabalhando em um campo particular dentro da ciência. Contudo, assim como a ciência é única, também o é a comunidade científica. Instituições. As sociedades científicas para a comunicação e para a promoção de ideias e experimentos científicos existem desde o período da Renascença. A mais antiga instituição que ainda existe atualmente é a "Accademia dei Lincei" na Itália. As academias de ciência nacionais são instituições especiais — geralmente atreladas e apoiadas pelos governos — que existem em vários países; as primeiras de que se tem notícia são a "Royal Society", inglesa, fundada em 1660 e a "Académie des Sciences", francesa, esta fundada em 1666. Outras organizações nacionais incluem a "National Scientific and Technical Research Council" naArgentina, CSIRO na Austrália, "Centre national de la recherche scientifique" na França, "Deutsche Forschungsgemeinschaft" na Alemanha, CSIC na Espanha e Academia de Ciências da Rússia. Organizações científicas internacionais, como "International Council for Science", tem sido formadas para promover a cooperação entre as comunidades científicas de diferentes países. Recentemente, agências governamentais influentes tem sido criadas para dar suporte à pesquisa científica, incluindo a "National Science Foundation" nos Estados Unidos. Literatura. São publicadas literaturas científicas de vários tipos. As revistas científicas comunicam e documentam os resultados de pesquisas feitas em universidades e nas várias instituições de pesquisa, servindo como um arquivo de registro da ciência. A primeira revista científica, "Journal des Sçavans", a qual seguiu-se a "Philosophical Transactions", teve sua primeira edição publicada em 1665. Desde essa época o número total de periódicos ativos tem aumentado constantemente. Em 1981, uma estimativa do número de revistas científicas e técnicas sendo publicadas resultou em periódicos distintos. Atualmente o Pubmed lista quase periódicos apenas sobre as ciências médicas. A maioria das revistas científicas cobre um único campo científico e publica as pesquisas dentro desse campo, mostrando-se geralmente de interesse apenas ao pessoal pertinente à área dada a especificidade da linguagem e profundidade do conteúdo. Contudo a ciência tem se tornado tão penetrante na sociedade moderna que normalmente é considerado necessário comunicar os feitos, notícias e ambições dos cientistas para um número maior de pessoas e não apenas aos especialistas. As revistas como a NewScientist, Science & Vie e Scientific American são dirigidas ao público leigo; são feitas para um grupo maior de leitores e proveem um sumário não-técnico de áreas populares de pesquisa, incluindo descobertas e avanços notáveis em certos campos de pesquisa como física, biologia, química, geologia, astronomia, e diversos outros. Os livros científicos figuram como um divisor de águas no que se refere ao público alvo, estando presentes de forma rotineira não apenas nas academias de ciências — ao serem usados como material de apoio nas etapas de formação de pessoal —, como também em bibliotecas ou acervos pessoais de um grande número de cidadãos interessados por ciências, sendo acessíveis em princípio ao público leigo bem como aos profissionais da área. Os livros educacionais destinados ao ensino médio relativos às disciplinas científicas são exemplos de livros científicos, assim o sendo também livros destinados aos cursos mais avançados em áreas afins. Contudo, qualquer que seja o público alvo, um livro científico mantém-se sempre fiel aos pressupostos da ciência buscando divulgar de forma correta as teorias que encerram bem como as relações entre estas. Esforços recentes para intensificar ou desenvolver ligações entre disciplinas científicas e não-científicas como a Literatura ou, mais especificamente, a Poesia, incluem a pesquisa "Ciência da Escrita Criativa" desenvolvida pelo Royal Literary Fund. Ciência e sociedade. Ciência e pseudociências. Na definição de ciência ressalta-se explicitamente que "não" se admite, frente à ausência de fatos empíricos em contrário e por princípio, entidades e causas sobrenaturais, onipotentes ou semipotentes, como elementos responsáveis pelos fenômenos naturais ou sociais. Caso tais causas fossem admitidas neste caso, haveria um lapso na causalidade inerente ao método científico — e ao mundo natural —, estando as relações de causa e efeito sujeitas às "vontades imprevisíveis" das entidades e forças sobrenaturais; as hipóteses não seriam por tal testáveis ou falseáveis, não seriam úteis à descrição da natureza visto que poderiam ser violadas bastando um "desejo" da entidade certa, e por tal também não obedeceriam aos meios ou às finalidades inerentes ao método científico - espinha dorsal do que se denomina por ciência. Uma rápida inspeção na literatura ou conhecimento socialmente difundido é suficiente para encontrarem-se inúmeras "teorias" que clamam ser científicas, mas, se não invocam explicações sobrenaturais de maneira expressa, abrem todos os caminhos, delimitam as trilhas e pavimentam as rodovias para que esta conclusão se faça a única viável à assumida sua validade. Certamente a conclusão não é levada à cabo na própria "teoria" pois "distorceria" demais o método científico, ficando esta conclusão a cargo do "cientista". Como um bom exemplo de uma destas teorias tem-se o design inteligente, "teoria" que clama validade como científica contudo implica a existência de um projetista onipotente para o mundo natural. Tal teoria foi desenvolvida com o objetivo de "compatibilizar" os dogmas defendidos por uma corrente religiosa intransigente à laicidade de estados soberanos — em particular à separação entre estado e religião — a fim de que esta fosse ensinada nos estabelecimentos estatais de ensino ao lado, ou de preferência em substituição, às teorias — realmente científicas — não compatíveis com seus dogmas. Tais teorias, pelas razões já amplamente enfatizadas no corpo deste artigo, "não" integram a ciência, e são, para fins de referência, classificadas como "pseudociências". A escolha da expressão é sugestiva visto que, seguindo-se a etimologia da palavra, esta explicita a tentativa destas em disfarçarem-se em ciência. Ciência ou técnica? A técnica (grego antigo τέχνη, "technê", que significa "arte, ofício "know-how") "refere-se às aplicações da ciência, do conhecimento científico ou teórico, nas realizações práticas e nas produções industriais e económicas"." A técnica cobre assim o conjunto dos métodos de fabrico, de manutenção, de gestão, reciclagem, e de eliminação dos desperdícios, que utilizam métodos procedentes de conhecimentos científicos ou simplesmente métodos ditados pela prática de certos ofícios, geralmente oriundos de inovações empíricas. Pode-se então falar de arte, no seu sentido primeiro, ou das "ciências aplicadas", e a tecnologia atual associa-se então ao "estado da arte". A ciência é, por outro lado, um estudo mais abstracto, onde a busca pela compreensão não raro supera a busca por uma aplicação. A epistemologia examina designadamente as relações entre a ciência e a técnica, como a articulação entre o abstração e o "know-how". No entanto, historicamente, a técnica veio primeiro.. "O Homem foi "homo-faber", antes de ser "homo sapiens"", explica o filósofo Bergson. Contrariamente à ciência, a técnica não tem por vocação interpretar o mundo, está lá para transformá-lo, a sua vocação é prática e não teórica. A técnica frequentemente é considerada como se fizesse parte integrante da história das ideias ou da história das ciências. No entanto, é necessário efetivamente admitir a possibilidade de uma técnica "não-científica", isto é, evoluindo fora de qualquer corpo científico e que resume as palavras de Bertrand Gille: A técnica, na acepção de conhecimento intuitivo e empírico da matéria e as leis naturais, é assim a única forma de conhecimento prático. Há contudo filósofos que enfocam o ponto de que o método científico nada mais é, ao fim das contas, do que uma forma elaborada do método da tentativa e erro tão presente junto aos avanços técnicos. Nestes termos, técnica e ciência teriam muito mais em comum do que se imagina no caso acima. Artes e ciência. Hervé Fischer fala, no livro "A sociedade sobre o divã" (2007), de uma nova corrente artística que usa a ciência e as suas descobertas como inspiração, como as biotecnologias, as manipulações genéticas, a inteligência artificial, a robótica. Além disso, o tema da ciência foi frequentemente a origem de quadros ou de esculturas. O movimento futurista, por exemplo, considera que o campo social e cultural devem racionalizar-se. Por último, as descobertas científicas ajudam os peritos em arte. O conhecimento da desintegração do carbono 14, por exemplo, permite datar as obras. O laser permite restaurar, sem danificar as superfícies, os monumentos. O princípio da síntese aditiva das cores restaura autocromos. As técnicas de análise físico-químicos permitem explicar a composição dos quadros, ou mesmo descobrir palimpsestos. A radiografia permite sondar o interior de objetos ou de peças sem poluir o mesmo. O espectrográfico é utilizado, por último, para datar e restaurar os vitrais. Cientificismo. O cientificismo é uma ideologia que surgiu no século XVIII, considerando que o conhecimento científico permitiria à humanidade escapar da ignorância e por conseguinte, de acordo com a fórmula de Ernest Renan no livro "Futuro da ciência", de "organizar cientificamente a humanidade". Se baseia na aplicação dos princípios, métodos e ética da ciência na busca do consenso científico. Para seus detratores há uma verdadeira religião da ciência, particularmente no Ocidente. Sob acepções menos técnicas, o cientificismo pode ser associado à ideia que só os conhecimentos cientificamente estabelecidos são verdadeiros. Pode também causar um certo excesso de confiança na ciência que transformar-se-ia em dogma. A corrente do ceticismo científico, inspirada no ceticismo filosófico, tenta apreender eficazmente a realidade com base no método científico. Seu objetivo é contribuir para a formação em cada indivíduo de uma capacidade crítica de apropriação do saber humano para combater o misticismo e as pseudociências. Para alguns epistemologistas, o cientificismo aparece de todas as formas. Robert Nadeau, apoiando-se sobre um estudo realizado em 1984, considera que a cultura escolar é constituída de "clichés epistemológicos" que formariam uma espécie de "mitologia dos tempos modernos" que seria uma espécie de cientificismo. Estes clichés incluiriam a história da ciência, resumida e reduzida a descobertas que balizam o desenvolvimento da sociedade, as ideias que consideram as leis científicas, e mais geralmente os conhecimentos científicos, como verdades absolutas e últimas, e que as provas científicas são não menos que absolutas e por tal definitivas. Tanto a própria ciência como uma grande quantidade de filósofos discordam desse aspecto. Thomas Kuhn mostrou que o conhecimento científico sempre sofre revoluções, alterações e evoluções. É importante contudo ressaltar que a ideologia de que "tudo é passageiro e incerto, logo tudo é duvidoso, de que a ciência não dá provas, logo deve-se ensinar tanto ciência como pseudociência, e deixar os alunos "escolherem"" é certamente totalmente incoerente com a definição de ciência, e "não é e nem pode ser" a ideia que permeia o sistema educacional. Contudo a falta de apresentação clara sobre o que é ciência e como se faz ciência, bem como o analfabetismo científico de cidadãos formados em sistemas educacionais limitados implica neste tipo de argumentação falha. Foi a Sociologia do conhecimento, nos anos 1940 a 1970, que questionou a hegemonia do cientificismo. Os trabalhos de Ludwig Wittgenstein, Alexandre Koyré e Thomas Kuhn demonstraram incoerências no positivismo do século XIX. As experiências não se constituem provas absolutas das teorias e os paradigmas estão destinados a evoluir. Vulgarização científica. A vulgarização é o fato de tornar acessíveis as descobertas, bem como o mundo científico, a todos e numa linguagem adaptada. A compreensão da ciência pelo grande público é objeto de estudos; os autores falam de "Public Understanding of Science" (compreensão pública da ciências), expressão consagrada na Grã-Bretanha; "ciência literacy" (alfabetização científica) nos Estados Unidos; e "cultura científica" na França. Segundo os senadores franceses Marie-Christine Blandin e Ivan Renard este é um dos principais vetores da democratização e da generalização do saber. Em várias democracias, a vulgarização da ciência está entre projetos que misturam diferentes fatores econômicos, institucionais e políticos. Na França, a Educação Nacional tem por missão sensibilizar o aluno à curiosidade científica, através de conferências, de visitas regulares a de "ateliers" (oficinas) de experimentação, e outros. A "Cité des sciences et de l'industrie" é um estabelecimento público que coloca à disposição de todos exposições sobre as descobertas científicas, enquanto que o "Centre de culture scientifique, technique et industrielle" tem ""por missão favorecer as trocas entre a comunidade científica e o público"." "Futuroscope, Vulcania" e "Palais de la découverte" são outros exemplos de disponibilização de conhecimentos científicos. Os Estados Unidos também possuem instituições que possibilitam uma experiência mais acessível através dos sentidos e que as crianças podem experimentar, como o "Exploratorium" de São Francisco. A vulgarização concretiza-se, por consequência, através das instituições e dos museus, mas também, de acordo com Bernard Schiele no livro "Les territoires de la culture scientifique", através das animações públicas, como a "Nuit des étoiles", de revistas como a Galileu, e de personalidades (Hubert Reeves e Carl Sagan para a astronomia). Uma importante contribuição para a vulgarização da ciência é hoje fornecida pela mídia aberta ou a cabo, a citarem-se programas de televisão como o Globo Ciência, Globo Ecologia, , e diversos outros programas frequentemente televisionados em canais como History channel, Animal Planet, Discovery Channel, e mesmo em canais devotados à divulgação de temas educativos, como a TV Educativa e a Rede Minas. Ciências ao serviço da ideologia e da guerra. Durante a Primeira Guerra Mundial, as ciências foram utilizadas pelos estados a fim de desenvolver novas armas, a citarem-se as armas químicas, e novos meios de conduzi-las até o inimigo com a eficácia necessária, a exemplo via estudos balísticos. Houve o nascimento da economia de guerra, que se apoia sobre métodos científicos. O "OST", ou "Organização Científica do Trabalho", de Frederick Winslow Taylor, é um esforço de melhorar a produtividade industrial graças à emissão de tarefas executadas nomeadamente pela cronometragem. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a ciência passou a ser utilizada para fins militares. As armas secretas da Alemanha nazista como o V2 ou o radar estão no centro das descobertas desta época. Todas as disciplinas científicas são assim dignas de interesse para os governos. O rapto de cientistas alemães no fim da guerra, quer pelos soviéticos, quer pelos americanos, fez nascer a noção de "guerra dos cérebros", que culminará com a corrida armamentista da Guerra Fria. Este período é com efeito o que tem contado com o maior número de descobertas científicas, nomeadamente as tecnologias associadas à corrida espacial (à ida do homem à Lua), e a bomba nuclear de fissão, logo seguida pela bomba de hidrogênio. Numerosas disciplinas nascem da abordagem no domínio militar, como a criptografia, ou a bacteriologia — destinada à guerra biológica —. Amy Dahan e Domínica Pestre explicam, a propósito deste período de investigações desenfreadas, que ele se trata de um regime epistemológico específico. Comentando o livro dos citados autores, Loïc Petitgirard torna clara a ideia: "Este novo regime de ciência é caracterizado pela multiplicação das novas práticas e as relações sempre mais estreitas entre ciência, estado e sociedade." A concepção decorrente de complexo militar-industrial busca exprimir a íntima relação entre poderes constituídos — representados geralmente pelas forças políticas —, ciência e sociedade, característica marcante da época em consideração. A partir de 1945, com a constatação do aumento das tensões devido à oposição dos blocos capitalistas e comunistas, a guerra torna-se por si própria o objeto da ciência: nasce a polemologia. Por último, propõem alguns que se a ciência está por definição neutra, ela permanece à mercê dos homens, e das ideologias dominantes. Assim, de acordo com os sociólogos relativistas Barry Barnes e David Bloor da Universidade de Edimburgo, as teorias são abordagens aceitas no poder político. Uma teoria é então relevante ou "correta" não porque é verdadeira mas sim porque é defendida pelo mais forte. Em outros termos, a ciência seria, se não uma expressão elitista, uma opinião majoritária reconhecida como uma verdade científica. A Sociologia das ciências nasce e passa assim a se interessar, a partir dos anos 1970, pela influência do contexto macro-social sobre o espaço científico. Robert King Merton mostrou, em "Elementos da teoria e do método sociológico" (1965) as relações estreitas entre o desenvolvimento da Royal Society, fundada em 1660, e a ética puritana dos seus atores. Para ele, a visão do mundo protestantes da época permitiu o crescimento do campo científico. Ciência e a questão do autoritarismo. As considerações anteriores requerem certamente esclarecimentos em vista da definição moderna estrita de ciência. Frente ao método científico o papel da da autoridade científica é certamente muito diferente do papel da autoridade política. A última geralmente faz valer as suas ideias e desejos — suas leis — via poder que lhe foi ou auferido pela sociedade (democracias) ou imposto pela força à sociedade (ditaduras); em casos extremos de autoritarismo a visão de mundo e os desejos de uma única autoridade são "sempre" inquestionáveis, corretos e definitivos, qualquer que seja a área em questão ( a exemplo em reinados, teocracias, e similares). Tais autoridades geralmente possuem o poder de palavra final em contendas envolvendo quaisquer questões ligadas aos subordinados, quer sejam eles "civis", quer sejam "militares", quer sejam "cientistas". Em ciência as contendas envolvendo as hipóteses científicas, contudo, "não" são, por princípio constitutivo, resolvidas com o peso das autoridades que as defendem. Há em princípio uma fonte única para a solução de tais contendas: os fatos científicos. Exemplificando-se, não é a autoridade científica conquistadas por pessoas como Albert Einstein que faz com que o que ele diga seja aceito como verdade, e sim o confronto de suas ideias com os fatos. E neste caso mesmo têm-se bons exemplos. Einstein, embora tenha tornado-se famoso pela precisão das ideias que apresentou em suas teorias da relatividade restrita e geral frente aos fatos, ao contrário do que muitos pensam, também deu muitas "mancadas" em sua jornada científica, a citarem-se a constante cosmológica por ele adicionada em seus cálculos buscando obter soluções que atendessem seus "desejos" de um universo estático (e não em expansão), e seu embate com as ideias da mecânica quântica — as quais morreu sem aceitar —; a primeira contradita e as últimas fortemente corroboradas pelos fatos científicos. É certo que muitas vezes o peso da autoridade político-militar e em menor peso a econômica é avassalador — mesmo para as objeções impostas pela metodologia e comunidade científicas —, verificando-se isto com muita exatidão entre a comunidade científica alemã quando subordinada ao poder decisivo do terceiro Reich durante a segunda guerra mundial. Embora muitos dos cientistas fossem realmente adeptos do nazismo, muitos certamente não eram. Contudo curiosamente nenhuma pesquisa fornecia resultados contraditórios aos ideais de limpeza étnica defendidos por Hitler, e projetos científicos associados à eugenia, e outras ideias racistas, recebiam grande apoio tanto econômico como "psicológico". A própria teoria científica da evolução biológica foi completamente "distorcida" por tal poder: os princípios da "diversidade" via "adaptação ao meio" - centrais em tal teoria - foram sumariamente convertido em "sobrevivência apenas do mais forte, e eliminação dos inferiores". E certamente a raça ariana - formada por descendentes diretos dos deuses da Atlântida - "deveria" ser a mais forte, e por tal a única a sobreviver. O interessante é que uma raça única jamais esteve em cogitação dentro da teoria da evolução, e se o objetivo era eliminarem-se "os inferiores", dever-se-ia começar com todas as outras "espécies inferiores", das bactérias aos cachorros, antes de se promover a matança das "raças" humanas consideradas por eles como inferiores. E, ao contrário, Hitler parecia gostar muito de seus cachorros. Contudo, é preciso ter em mente que a decisão a respeito de contendas de ordem científica não é, por princípio — obedecida a definição de ciência —, subordina ao poder das autoridades, mas sim ao poder das evidências científicas. Assim, embora uma autoridade consiga mesmo que por longos períodos de tempo "distorcer" à base da força a visão da realidade de uma comunidade científica e mesmo de uma sociedade inteira, ela "não" tem poderes suficientes para distorcer a realidade natural em si. A natureza não se subordina às leis das autoridades mas sim às próprias leis apenas, e por tal, mais cedo ou mais tarde, a veracidade dos fatos vem à tona, e encontrando-se o critério de auto-correção fortemente entranhado no método científico, as consequências das "perturbações" externas são rapidamente corrigidas, tão logo cessem. Foi o que seguiu-se à queda da ideologia e do Terceiro Reich, fadado ao fracasso por contrariar uma — ou seriam várias — das leis naturais. Suporte à afirmação apresentada é também encontrada em uma cronologia histórica retratando os embates entre as teorias científicas e as autoridades — com destaque para as religiosas — ao longo dos seis últimos séculos, a destacarem-se a título de exemplo os eventos ocorridos na Idade Média e Renascença, as guerras santas e a inquisição. Ver-se-á com facilidade que o embate entre ciência moderna e o poder autoritário a acompanha desde a sua gestação, e certamente, embora já se possa cogitar o vencedor, ainda está longe de acabar. Ciência e religião. Para alguns sociólogos e etnólogo, como Emile Durkheim, a fronteira que separa a ciência do pensamento religioso não é impermeável. No livro "Nas Formas elementares da vida religiosa" (1912), Durkheim mostra que os quadros de pensamento científico como a lógica ou as noções de tempos e de espaço encontram a suas origens nos pensamentos religiosos e mitológicos. Contudo, apesar deste parentesco, segundo alguns sociólogos, os discursos científico e teológico frequentemente chocaram-se na história. Casos como o de Hipátia de Alexandria, que testemunhou tal conflito em sua forma típica, ocorrem desde os primórdios dos tempos, e no cristianismo, o processo de Galileu Galilei, em 1633, marca o divórcio entre o pensamento científico e o pensamento religioso,este iniciado pela execução de Giordano Bruno em 1600. O Concílio de Niceia de 325 tinha instaurado na Igreja o argumento dogmático segundo o qual Deus tinha cria o céu e a terra em sete dias. Como explicações científicas foram possíveis a partir deste credo, que não se pronunciava sobre a produção do mundo, esta lacuna teológica permitiu certa atividade científica até a Idade Média, entre as quais a principal foi a Astronomia. O Concílio de Trento autorizou as comunidades religiosas a efetuar investigações científicas. Se o primeiro passo em prol do heliocentrismo — que coloca a Terra em rotação ao redor do Sol — é feito pelo Nicolau Copérnico, Galileu defronta-se com a posição da Igreja a favor de Aristóteles, e por conseguinte, do Geocentrismo, ao apresentar não apenas a proposta como também sólidas evidências experimentais a favor desta. Foi necessário esperar que Johannes Kepler prolongasse os trabalhos de Galileu e de Tycho Brahe para fazer-se aceitar o movimento da Terra. A separação definitiva entre ciência e religião é consumada no século XVIII, durante o Iluminismo. Paulatinamente, com a evolução da teologia, a Igreja Católica passou a manter maior distanciamento e respeito ao conhecimento científico independente, buscando direcionar posicionamentos conflitantes mais a questões de caráter ético do que técnico. A Pontifícia Academia de Ciências, fundada pelo Vaticano em 1603 e hoje considerada a mais antiga e uma das mais renomadas associações científicas do mundo, passou a aceitar cientistas pertencentes a todos os credos; um de seus membros mais notáveis foi o físico ateu britânico Stephen Hawking. A encíclica "Fides et ratio" (1993), do Papa João Paulo II, reconhece que a religião e a ciência são dois modos complementares de explicar o mundo; e o Catecismo da Igreja Católica (1992) afirma, no nº 159:«O mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão». [...] «É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus. Mais ainda: aquele que se esforça, com perseverança e humildade, por penetrar no segredo das coisas, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todos os seres e faz que eles sejam o que são, mesmo que não tenha consciência disso».Na maioria das outras religiões, a ciência também não é oposta à religião. No Islamismo, a ciência é favorecida porque ela não existe clero instituído; além disso, o mundo é visto como um código a decifrar para compreender as mensagens divinas. Assim, na Idade Média, a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu a Medicina, a Matemática e principalmente a Astronomia. As teorias da Física (principalmente a teoria quântica) e da Biologia (com a teoria da evolução de Charles Darwin), as descobertas da Psicologia (pela qual o sentimento religioso é um fenômeno interno ou mesmo neurológico), superam as explicações místicas e espirituais. Contudo, muitos religiosos, como Pierre Teilhard de Chardin e Georges Lemaître, tentam combinar as explicações científicas e a ontologia religiosa. No século XX, a confrontação dos partidários da teoria da evolução e dos criacionistas, frequentemente procedentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizam o difícil diálogo da fé e da razão. "O processo do macaco" (a propósito da ascendência do Homem) ilustra assim um debate permanente na sociedade. Por último, alguns filósofos e epistemólogos interrogam-se sobre a natureza da relação entre as duas instituições. O paleontólogo Stephen Jay Gould em ""Que Darwin Seja!" fala de dois magistérios, cada um permanecendo mestre do seu território mas não se intrometendo nos assuntos do outro, enquanto que Bertrand Russell menciona na sua obra "Ciência e religião"" os conflitos entre os oponentes. Uso e influência na sociedade. A ciência é praticada em universidades e outros institutos científicos assim como em campo; por si só é uma vocação sólida e geralmente implica carreira profissional na academia, mas também é praticada por amadores, que tipicamente engajam-se na parte de observação da ciência. Trabalhadores de laboratórios de pesquisa corporativos também praticam ciência, apesar de seus resultados serem geralmente considerados segredo de mercado e não serem publicados em jornais públicos. Cientistas corporativos e universitários geralmente cooperam, com os últimos concentrando-se em pesquisas básicas e os primeiros aplicando seus achados em uma tecnologia específica de interesse de companhias. Indivíduos envolvidos no campo da educação da ciência argumentam que o processo da ciência, mesmo que não sob os rigores do método científico, é realizado por todos os indivíduos quando aprendem sobre seu mundo; embora o senso comum, o desta investigação, certamente não implique teorias científicas, ele também constrói-se com base em pesquisas do universo acessível aos sentidos. Dado o caráter universal da ciência, sua influência se estende a todos os campos da sociedade, desde o desenvolvimento tecnológico aos modernos problemas jurídicos relacionados com campos da medicina ou genética. Algumas vezes a investigação científica permite abordar temas de grande impacto social como o Projeto Genoma Humano, e temas de implicações morais como o desenvolvimento de armas nucleares e a clonagem. Os métodos da ciência são praticados em muitos lugares para atingir metas específicas. A título ilustrativo, a ciência e seus métodos encontra-se presente no(a): e outros. Críticas e polêmicas. Pseudociência, ciência das fronteiras, e ciência lixo. Uma área de estudos, ou especulação, mascarada como ciência em uma tentativa de alegar legitimidade ou credibilidade, que de outro modo não seria possível conseguir, é por vezes chamada de Pseudociência, ciência das fronteiras, ou "ciência alternativa". Outro termo, ciência lixo, é às vezes usado para descrever hipóteses ou conclusões científicas que, embora possam ser legítimas por si só, se acredita que sejam usadas para dar suporte a uma posição que não é vista como legítima pela totalidade das evidências. Uma variedade de propagandas comerciais, indo da campanha publicitária à fraude, pode entrar nessa categoria. Pode também ter um elemento de tendência política ou ideológica nos dois lados desses debates. Às vezes uma pesquisa pode ser caracterizada como "ciência ruim", sendo esta geralmente marcada por uma pesquisa que é bem-intencionada mas é vista como incorreta, obsoleta, incompleta, ou com uma exposição muito simplificada de ideias científicas. O termo "fraude científica" se refere à situações em que os pesquisadores intencionalmente alteram ou representaram incorretamente as informações publicadas em vista de interesses escusos aos objetivos da ciência, ou ainda, publicando-as corretamente, dão o crédito pela descoberta à pessoa errada. Mídia e debate científico. A mídia de massa enfrenta algumas pressões que a dificultam na hora de escolher qual das alegações científicas possui maior credibilidade dentro da comunidade científica como um todo. Determinar o quão forte é cada um dos lados de um debate científico requer um conhecimento considerável sobre o assunto. Poucos jornalistas possuem um conhecimento científico real, e mesmo repórteres especializados no assunto, que sabem muito sobre determinada questão científica, podem saber pouco sobre outras questões que eles subitamente precisem cobrir. Política. Muitas questões bem como posturas inadequadas danificam o relacionamento da ciência com a mídia, e o uso da ciência e de argumentos científicos por políticos contribui em muito para acentuar-se o problema. Generalizando, muitos políticos procuram certezas e fatos enquanto os cientistas normalmente oferecem probabilidades e advertências. Entretanto, a habilidade dos políticos de serem ouvidos pela mídia de massa aliada à quase frequente má formação científica destes — e não raro a interesses escusos particulares — leva-os geralmente a distorcer os temas pertinentes ao transmiti-los, e não obstante à formação de opiniões incorretas também pelo público. Exemplos na Inglaterra incluem a controvérsia sobre a inoculação MMR, e a resignação e retratação forçada em 1988 do ministro Edwina Currie por afirmar a alta probabilidade que dos ovos batidos conterem "Salmonella." Neste contexto, o "aquecimento global" é a bola da vez ("ver: antiambientalismo e ceticismo climático"). Críticas filosóficas. O historiador Jacques Barzun designou a ciência como "uma fé tão fanática como qualquer outra na história", e alertou contra o uso do pensamento científico para suprimir considerações sobre o significado da existência humana. Muitos pensadores recentes, como Carolyn Merchant, Theodor Adorno e E. F. Schumacher, consideraram que a revolução científica no século XVII mudou o foco da ciência de estudar e entender a natureza ou sabedoria, passando a focar em questões sobre manipulação da natureza, e esta nova ênfase da ciência levou inevitavelmente à manipulação das pessoas. O focus da ciência em medições quantitativas levaram a críticas que ela é incapaz de reconhecer os importantes aspectos qualitativos do mundo. O psicologista Carl Jung acreditava que apesar da ciência tentar entender toda a natureza, o método experimental usado iria impor questões artificiais e condicionais que evocariam apenas respostas parciais. David Parkin comparou a estância epistemológica da ciência com a divinação. Ele sugeriu que, assim como a divinação é um meio epistemológico específico para conseguir introspecção em uma dada questão, a própria ciência pode ser considerada uma forma de divinação moldada pelo ponto de vista oriental da natureza (e com isso as possíveis aplicações) do conhecimento. Vários acadêmicos têm feito críticas em relação à ética na ciência. No livro "Science and Ethics", por exemplo, o filósofo Bernard Rollin examinou a relevância da ética para a ciência, e argumenta a favor de que a educação em ética parte do treinamento científico. A ciência contudo mantém sua postura firme frente às críticas filosóficas, e não obstante muitos cientistas — e, por incrível que pareça, até mesmo alguns filósofos — partem para críticas a respeito das posturas da filosofia e até mesmo a respeito da própria filosofia da filosofia. Certamente dominada pela autoridade pessoal mais do que pela autoridade factual, sobre a filosofia Richard Feynman afirmou: "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros". Bertrand Russel afirmou que "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe!". Há contudo um filósofo em particular que consegue resumir todas as posturas e escolas filosóficas, e suas incontáveis divergências internas, em uma única frase.
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Ceará
Ceará O Ceará é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado no norte da Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte e nordeste, Rio Grande do Norte e Paraíba a leste, Pernambuco ao sul e Piauí a oeste. Sua área total é de , ou 9,37% da área do Nordeste e 1,74% da superfície do Brasil. A população estimada do estado para 1.° de julho de 2021 era de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o oitavo estado mais populoso do país. A capital e município mais populoso é Fortaleza, sede da Região Metropolitana de Fortaleza. Outras cidades importantes fora da Região Metropolitana de Fortaleza são: Juazeiro do Norte e Crato, na Região Metropolitana do Cariri; Sobral, sede da Região Metropolitana de Sobral; Itapipoca, na região norte; Iguatu, na região centro-sul; Aracati, na região do Vale do Jaguaribe; e Quixadá, Iguatu e Crateús na região dos Sertões Cearenses. Na Região Metropolitana de Fortaleza, cidades importantes como Caucaia, Horizonte, Maranguape e Maracanaú, sede do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, incrementam o Produto Interno Bruto cearense. O estado possui ao todo 184 municípios. O estado é conhecido nacionalmente pela beleza de seu litoral, pela religiosidade popular e pela fama de ser grande berço de talentos do humor. A jangada, ainda comum ao longo da costa, é considerada um dos maiores símbolos do povo e da cultura cearenses. O Ceará concentra 55% de toda caatinga do Brasil e é o único estado do Nordeste-Sudeste a estar completamente inserido na sub-região do sertão. Décimo primeiro estado mais rico do país e o terceiro do Nordeste, o Ceará apresentava, em 2010, a melhor qualidade de vida do Norte-Nordeste, segundo a FIRJAN, além do segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano da região. O Ceará abriga um dos maiores parques aquáticos da América Latina, o Beach Park, na praia do Porto das Dunas, que recebe cerca de 1,3 milhão de visitantes por ano, e o quarto maior estádio de futebol do Brasil, o Estádio Governador Plácido Castelo (Castelão), que tem capacidade para mais de torcedores. Terra de escritores como José de Alencar, Rachel de Queiroz, Patativa do Assaré, Juvenal Galeno, de Dom Hélder Câmara, Clóvis Beviláqua, Castelo Branco e de Padre Cícero, o "cearense do século". O Ceará também revelou Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante, considerados os maiores humoristas do país; atores e cineastas famosos como José Wilker, Gero Camilo, Luiza Tomé e Karim Aïnouz; além de nomes de destaque das ciências exatas, como Casimiro Montenegro Filho, Fernando de Mendonça, Maurício Peixoto, Cláudio Lenz Cesar, dentre muitos. O Ceará também é conhecido como "Terra da Luz", numa referência à grande quantidade de dias ensolarados, mas que, principalmente, remonta ao fato de o estado ter sido o primeiro da federação a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea. Por esse fato, o jornalista José do Patrocínio cunhou o título de "a terra da luz" ao Ceará. Etimologia. O documento mais antigo que traz o topônimo "Ceará" é datado de 1608. Antes dessa data, a área que hoje é o Ceará era conhecido com "Baia de Macoripe". Autores antigos atribuem historicamente ao topônimo "ceará" várias acepções, porém a mais conhecida e aceita diz significar "o cantar da jandaia". Segundo Manuel Ayres de Casal, "ceará" é nome composto de "cemo" — cantar forte, clamar — e "ara" — pequena arara — em língua tupi. Tal tese foi posteriormente confirmada e enriquecida pelo escritor José de Alencar. Embora o pensamento de José de Alencar acerca da origem do nome seja o mais sólido, João Mendes de Almeida Júnior o acusava de ser por demais poético em sua definição, "(...) mais consoante com o sentir de quem tão belamente descreve a sua terra natal como um país de primores, onde canta a jandaia nos galhos da carnaúba", e a classificava como carente de confirmação filológica. Mendes de Almeida lembrava, ainda, de alternativas a essa interpretação, como a de Senador Pompeu, que faz referência à junção de "cemo-ará" a partir de uma variante da língua tupi, cujo significado seria "rio nascente da serra", indicando o rio que nasce na Serra de Baturité e que deságua junto à Vila Velha, local onde foram lançados os primeiros fundamentos da capital cearense. Outra definição alternativa apontada por Mendes de Almeida é a de Antônio Bezerra, que afirma que o nome surgiu a partir das características da paisagem cearense, banhada pelo Oceano Atlântico e abundante de grandes tabuleiros costeiros e dunas, supostamente semelhante à paisagem dos "campos do continente negro", referindo-se à grande região desértica do Saara. Mendes de Almeida fez, também, um apanhado de registros de expedições pelo território e de livros históricos, como os de Vicente do Salvador e Caspar Barlaeus, na busca de variantes da escrita de "ceará", sem, contudo, encontrar nelas alguma pista para uma definição mais exata que a do autor de Iracema. João Brígido afirmava, ainda, que o nome do estado derivaria da corruptela de "Siri-ará", também de raiz tupi, em alusão aos caranguejos brancos do litoral. História. Povos nativos e colonização europeia. O Ceará era habitado ancestralmente por povos indígenas dos troncos Tupi (Tabajara, Potyguara, Tapeba, entre outros) e Jê (Kariri, Inhamum, Jucá, Kanindé, Tremembé, Karatius, entre outros), cujas tribos ainda hoje denominam vários topônimos no estado. De acordo com algumas teorias, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón teria desembarcado na costa cearense — e não no Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco como diz a versão tradicional — antes da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Pinzón chegou a um cabo identificado como "Porto Formoso", que se acredita ser o Mucuripe, e Diego de Lepe, à barra do rio Ceará, em Fortaleza. A chegada de Pinzón ao Ceará é debatida e defendida entre as possibilidades do controverso descobrimento pré-cabralino do Brasil. Essas descobertas, contudo, não puderam ser reivindicadas pela Espanha em decorrência do Tratado de Tordesilhas, de 1494. As terras equivalentes à Capitania do Ceará foram doadas em 20 de novembro de 1535 ao provedor-mor da Fazenda Real, Antônio Cardoso de Barros, subalterno de Fernão Álvares de Andrade e de D. Antônio de Ataíde. Porém, Antônio Cardoso não se interessou em colonizá-las. Os franceses, que já negociavam âmbar-gris, as tatajubas, a pimenta e o algodão nativo com os povos indígenas, foram os primeiros europeus a se estabelecerem no Ceará. Em 1590, eles fundaram a Feitoria da Ibiapaba. Os holandeses também já negociavam com os nativos cearenses, a exemplo do capitão Jean Baptista Sijens, que esteve no Mucuripe em 1600. Entre 1597 e 1598, um ramo da etnia potiguara, que habitava a região ao redor da Fortaleza dos Reis Magos, migrou e se fixou na região entre as margens dos rios Cocó e Ceará e nos sopés ao norte das serras de Pacatuba e Maranguape. Graças ao contatos mantidos entre os índios Potyguara e portugueses, estes últimos planejaram chegar ao Ceará e estabelecer um ponto de apoio na jornada para os Maranhão. Desta forma, a primeira tentativa efetiva de colonização portuguesa ocorreu com Pero Coelho de Sousa em 1603, que fundou o Forte de São Tiago na Barra do Ceará. Em 1605, porém, sobreveio a primeira seca registrada na história cearense, fazendo com que Pero Coelho e sua família abandonassem o Ceará. Depois da partida, os padres jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira chegaram ao Ceará com o intuito de evangelizar os silvícolas. Avançaram até a Chapada da Ibiapaba, onde ficaram até a morte do padre Francisco Pinto. O padre Luís Figueira retornou a Pernambuco em 1608, sem grandes sucessos. Em 1612, uma nova expedição portuguesa foi enviada como parte dos esforços de conquista do Maranhão, então dominado pelos franceses. Fez parte desta jornada Martim Soares Moreno, que fundou o Fortim de São Sebastião, também na Barra do Ceará. Ao retornar, em 1621, encontrou o forte destruído, mas lançou as bases para o início da exploração econômica pelos portugueses e a convivência com os nativos. Ocupação holandesa. Os holandeses, já estabelecidos em Pernambuco desde 1630, tentaram invadir o Ceará em 1631, atendendo ao pedido das nações indígenas cearenses. A primeira tentativa de conquista holandesa, entretanto, fracassou. Em 1637, o território foi tomado pelos holandeses, graças um trabalho conjunto com os índios nativos, no qual os portugueses foram feitos prisioneiros e levados para Recife. Os holandeses estabeleceram-se e também chegaram usar o Ceará com ponto de apoio à conquista holandesa do Maranhão, em 1641. Nessa época de ocupação holandesa, entre 1637 e 1644, o forte da Barra do Ceará foi reformado, foi construído outro em Camocim, as pesquisas para a exploração das salinas foram feitas e, em 1639, George Marcgraf veio ao Ceará para uma expedição que se deu partindo do Fortim de São Sebastião e percorreu o oeste cearense até a região dos Inhamuns. De 1644 até 1649, o Ceará foi administrado pelas etnias então existentes. A presença europeia só recomeçou ao fim desse período, depois de contatos e negociações feitas entres os nativos e Antônio Paraupaba em 1648. Com a chegada de Matias Beck, em 1649, o "Siará Grande" entrou num novo período histórico: na embocadura do riacho Pajeú, o Forte Schoonenborch foi construído, os trabalhos de busca das supostas minas de prata foram iniciados e os holandeses procuraram mais uma vez se estabelecer na região em parceria com os indígenas. Após a capitulação holandesa em Pernambuco, o forte foi entregue aos portugueses, que o rebatizaram de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, restabelecendo-se, assim, o poderio português no território. Neste período, muitas das nações indígenas que apoiaram os holandeses, que não estavam protegidas pelo Tratado de Taborda, fugiram para o resto do Ceará, procurando refúgio das retaliações lusas. Da restauração do domínio português ao Império. Na continuação da colonização pelos portugueses, a influência dos jesuítas foi determinante, resultando na criação de aldeamentos, como os de Porangaba, Paupina, Viçosa e outros, muitos deles fortemente militarizados, nos quais os indígenas eram concentrados para serem catequizados e assimilarem a cultura lusitana. Tribos tupis aliadas dos portugueses também se instalaram em vilas militarizadas na capitania. Dessas reduções, surgiram às primeiras cidades da capitania, como Aquiraz e Crato. O processo de aculturação, no entanto, não se deu sem grandes influências de crenças e costumes nativos. A intensa resistência levou a episódios sangrentos, destacando-se a Guerra dos Bárbaros, que se deu ao longo de várias décadas do século XVIII e que resultou na fuga dos habitantes da então capital, Aquiraz, em 1726, para Fortaleza, para a qual foi transferido tal título. As principais vilas da capitania da época eram Aracati, Crato, Icó e Sobral. A que mais ganhou destaque foi Aracati, devido ao comércio de couro e carne de charque. Entre os anos de 1750 a 1800, Aracati viveu seu apogeu. Outras frentes colonizadoras surgiram com a instalação da pecuária na capitania através dos "sertões de dentro" e "sertões de fora", com levas oriundas respectivamente da Bahia e de Pernambuco. Em 1812, foi nomeado governador do Ceará o português Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire, o qual reuniu os literatos no palácio do governo e deu incentivo às artes e à urbanização da capital por meio dos projetos de Silva Paulet. No começo do século XIX, o Ceará conheceu diversos movimentos rebeldes, como a República do Crato, em 1813, e também influências da Revolução Pernambucana de 1817, além de movimentos de cunho republicano-liberal liderados pela família cratense dos Alencar. Tais movimentos foram reprimidos com dureza pelo governador provincial do Ceará, Inácio de Sampaio. Em 1824, o Ceará tomou parte na Confederação do Equador, com o liberal Tristão Gonçalves, aplicando um golpe e tornando-se chefe do governo. Era o comandante das armas do Ceará, José Pereira Filgueiras. A Confederação foi frustrada pela forças imperiais e Tristão morreu durante os combates contra as forças legalistas do Império. O comandante José Pereira Filgueiras foi preso, mas conseguiu se libertar, refugiando-se no povoado Saúde, hoje Perdigão, no centro-oeste mineiro. O ciclo de conflitos terminou com a Insurreição de Pinto Madeira, ou Insurreição do Crato, em 1832, liderada pelo "coronel" de Jardim, Joaquim Pinto Madeira, que tinha como objetivo o retorno da monarquia absolutista e representava interesses regionais opostos aos da cidade do Crato, de inspiração marcantemente liberal. Em meados de 1860, devido à Guerra de Secessão norte-americana, houve um surto de crescimento da produção do algodão. Tal florescimento não durou muito tempo, mas deu grande impulso à modernização da infraestrutura da Província, como exemplo a criação da Estrada de Ferro de Baturité, inaugurada em 1873. Em 1877, tem início a chamada Grande Seca de 1877-1879, um dos mais severos períodos de seca prolongada da história cearense, levando à morte milhares de pessoas e acarretando emigração maciça de retirantes. Fortaleza recebeu uma população de fugitivos da seca quatro vezes maior que seu próprio contingente populacional. Logo após, a produção da borracha explodiu na Amazônia, e muitos cearenses vítimas da seca migraram para esta região. A gravidade dessa estiagem chamou a atenção do governo central e mesmo de estudiosos, estimulando a produção de textos científicos e propostas de melhoria da situação da população cearense vindas de várias partes do Brasil, cuja maior parte não foi posta em prática ou se relevou ineficaz. Por outro lado, houve um aceleramento nas obras do Açude do Cedro, em Quixadá, a primeira represa pública do Brasil, que foi concluído em 1906. A Grande Seca e as estiagens seguintes impulsionaram o surgimento da indústria da seca e geraram uma tradição migratória no estado. Entre 1869 e 1900, 300 mil cearenses abandonaram sua terra, 85% deles indo para a Amazônia. Anos antes da proclamação da República, notabilizou-se a campanha abolicionista no Ceará, que logrou abolir a escravidão no estado em 25 de março de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, fazendo do estado o primeiro do Brasil a conseguir tal feito. O movimento contou com a participação de várias sociedades libertárias, inclusive a maçonaria, mas o maior destaque foi de Francisco José do Nascimento, o "Dragão do Mar", jangadeiro que impulsionou o abolicionismo ao comandar seus companheiros, em 1881, numa total recusa a transportar escravos para dentro ou fora da província. República Velha. No início da Primeira República, apesar das estiagens que assolaram o Ceará, Fortaleza continuou a desenvolver-se econômica e politicamente, o que não aconteceu tanto no resto do estado. Ocorreu, nas primeiras décadas do século XX, um afluxo de imigrantes, consistindo principalmente de portugueses e sírio-libaneses. Os descendentes destes, em particular, ganharam grande destaque no comércio, como mascates, e, futuramente, na política cearense. Começou a ganhar destaque a atividade dos cangaceiros, que, agindo em grupos organizados e promovendo saques em cidades e propriedades rurais, desestabilizaram o interior do Nordeste por décadas. A forte religiosidade popular e a grande miséria estimulavam uma profusão de líderes messiânicos e formas de fanatismo religioso. O cearense Antônio Conselheiro, de Quixeramobim, chegou a formar, na Bahia, o arraial de Canudos, cuja forte atração populacional e ideológica, contrária aos interesses da elite fundiária, deflagrou a Guerra de Canudos. Entre 1896 e 1912, a hegemonia política foi concentrada nas mãos do comendador Nogueira Accioly e de sua família, que estabeleceram uma poderosa oligarquia, cuja influência se estendia pela maior parte dos escalões do poder estadual. Em 1912, Accioly apontara como seu candidato Domingos Carneiro contra Franco Rabelo, representante da política do salvacionismo do presidente Hermes da Fonseca, gerando uma das mais conturbadas campanhas eleitorais do estado. Na Praça do Ferreira, a dura repressão policial a uma passeata de centenas de crianças em favor de Rabelo, que causou a morte de algumas delas e feriu outras, desencadeou uma revolta de três dias da população fortalezense, forçando o governador Accioly a renunciar seu mandato, evento conhecido como Sedição de Fortaleza. Franco Rabelo passou a governar o Ceará. No fim do século XIX, o carismático Padre Cícero passou a atrair milhares de sertanejos para um pequeno distrito do Crato, que se tornaria Juazeiro do Norte em 1911, persuadidos pela sua fama de milagreiro, atribuída à suposta transformação em sangue da hóstia recebida do padre pela beata Maria de Araújo. Mesmo após ter sua ordenação cassada pelo Vaticano, em virtude de controvérsias sobre o milagre, Padre Cícero tornou-se cada vez mais conhecido e, apesar de seu caráter messiânico, foi hábil em evitar grandes conflitos com a elite local, tornando-se ele próprio um poderoso chefe político. Em 1914, irrompeu a Sedição de Juazeiro, opondo o governador interventor Franco Rabelo e o Padre Cícero, que havia conquistado os postos de prefeito de Juazeiro do Norte e vice-governador. Em 1915 o Ceará sofreu com uma gravíssima seca, levando a novo êxodo da população para a Amazônia, região que, devido à intermitente mas significativa emigração, recebeu grande influência de cearenses. A gravidade da seca inspirou a escritora Rachel de Queiroz em sua famosa obra "O Quinze". Diante disso, os campos de concentração no Ceará, que já foram usados na estiagem de 1915, foram recriados. Conhecidos como "Currais do Governo", tinham como objetivo impedir que os retirantes que fugiam da seca e da fome chegassem às grandes cidades. A instabilidade política e social foi crescendo no Estado. Nos anos 1930, surgiu no Crato o movimento messiânico do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, liderado pelo beato José Lourenço. Da Revolução de 1930 ao período militar. Após a Revolução de 1930, o Ceará passou a ser governado por interventores do Governo Federal. Ascenderam duas organizações políticas que dominaram o cenário estadual: a Legião Cearense do Trabalho, com alegada influência fascista, e a Liga Eleitoral Católica, fortemente religiosa, representante da elite tradicional e de grande apelo popular. Nos anos 1940, mais uma seca, em 1943, assolou o Ceará, e, com a Segunda Guerra Mundial e os Acordos de Washington, o governo de Getúlio Vargas incluiu o Ceará no seu projeto político. A instalação de uma base norte-americana em Fortaleza trouxe ideais democráticos e antifascistas que passaram a ser defendidos em várias manifestações. Sob uma forte propaganda governamental de migração e influência do SEMTA, cerca de 30 mil cearenses tornaram-se Soldados da Borracha, produzindo esse produto na Amazônia para abastecer os exércitos aliados. A República Nova no Ceará teve início com a nomeação sucessiva de seis interventores até as eleições de 1947, seguindo-se a eleição de Faustino de Albuquerque pela UDN. Durante seu governo, nas eleições presidenciais de 1950, o candidato udenista Eduardo Gomes obteve a maior votação, e Getúlio Vargas ficou na 3ª colocação no estado. Durante a década de 1950 surgiram e se consolidaram vários dos maiores grupos econômicos do Ceará, como Deib Otoch, J. Macêdo, M. Dias Branco, Edson Queiroz e Jereissati. Paulo Sarasate foi o terceiro governador eleito no período. Ainda nessa década, tem início uma nova onda migratória para vários estados e regiões. Entre as décadas de 1950 e 1960, a população cearense passou de 5,1% para 4,5% do total da população brasileira. Em 1958, foi eleito governador Parsifal Barroso, que teve a ajuda do governo federal para combater as mazelas decorrentes da seca daquele ano. Sua principal obra, o Açude Orós, foi inaugurado em 1961. Em Fortaleza, o Grupo Severiano Ribeiro inaugurou o Cine São Luis. Em 1962, foi criado o Banco do Estado do Ceará - BEC. Em 1963, Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará, exercendo o mandato até 1966, mesmo com o início da ditadura militar, em 1964. Seu governo foi marcado pela criação do "PLAMEG I" - Plano de Metas do Governo - que buscou a modernização da estrutura do estado com a ampliação do porto do Mucuripe e a transmissão da energia de Paulo Afonso para a capital. Plácido Castelo foi eleito pela Assembleia Legislativa em 1966. Durante seu governo, houve perseguição política a deputados e várias manifestações, acarretando a prisão e tortura de estudantes e trabalhadores, assim como atentados a bomba em Fortaleza. Durante o governo de César Cals, de 1971 a 1975, sucedeu-se o auge da repressão militar. Vários cearenses de esquerda estiveram envolvidos na Guerrilha do Araguaia. Virgílio Távora retorna ao governo em 1979, sendo o último eleito indiretamente, e resgata seu primeiro governo com a criação do PLAMEG II. Estabelece o Fundo de Desenvolvimento Industrial para complementar o sistema de incentivos regionais à indústria, impulsionando uma industrialização muito concentrada na Região Metropolitana de Fortaleza. Nova República. A Nova República coincide no Ceará com a eleição de Luíza Fontenele para o cargo de prefeita de Fortaleza em 1985. Foi a primeira prefeita de uma capital eleita pelo Partido dos Trabalhadores e a primeira mulher a ser eleita para esse cargo após o regime militar do país. A insatisfação com a política praticada durante a ditadura militar e o movimento de redemocratização impulsionaram as transformações no poder político, com a decadência da hegemonia tradicional do coronelismo. Gonzaga Mota deixou o governo com pagamentos atrasados ao funcionalismo e descontrole nas contas públicas. Rompido com os antigos aliados, Mota, junto com partidos de esquerda e o PMDB, apoia a candidatura oposicionista liderada pelo jovem empresário Tasso Jereissati, que conseguiu se eleger com a promessa de modernizar a administração pública e as finanças, combater o clientelismo dos governos anteriores, moralizar a administração pública e desenvolver a economia estadual. A nova gestão se autodenominou como "Governo das Mudanças". Nas duas décadas seguintes, o projeto avançou com a eleição de Ciro Gomes, seguida de um segundo mandato de Tasso Jereissati. Com a instituição da reeleição no país, Tasso ainda governou o Estado pela terceira vez, tornando-se o primeiro político brasileiro a conseguir tal feito em mais de 100 anos de história republicana. Nas duas décadas seguintes, Jereissati e seus aliados passaram a deter a hegemonia política no Estado, e rapidamente perderam a aliança com partidos mais à esquerda. Ciro Gomes, então prefeito de Fortaleza, se candidatou e foi eleito em 1990 para o cargo de governador, apoiado por Tasso. Os "Governos das Mudanças" priorizaram o aumento das receitas, visando a investimentos públicos e privados em infraestrutura e nos setores industrial e de serviços, enquanto o agropecuário permaneceu à margem. Politicamente, houve uma relativa diminuição de poder dos coronéis, com ampliação do poder do grande empresariado. O saneamento das contas estaduais - atingido, em parte, pelo propósito de diminuir as despesas através de reformas administrativas e financeiras, bem como de demissões e achatamento salarial no funcionalismo público - garantiu superávits entre 1988 e 1994, mas, com a consolidação do Plano Real, volta-se a uma predominância de déficits. Tasso foi eleito novamente em 1994 e reeleito em 1998, concentrando os esforços governamentais em grandes obras, como o Porto do Pecém, o novo Aeroporto Internacional de Fortaleza, o Açude Castanhão, o Centro Cultural Dragão do Mar e o Canal da Integração. O terceiro "Governo das Mudanças", de 1994 a 1997, caracterizou-se pela privatização de algumas empresas estatais e extinção de órgãos, enxugando a máquina, reformando a previdência estadual e dando maior racionalidade aos gastos públicos. Lúcio Alcântara, eleito com o apoio de Tasso, continuou, em linhas gerais, o modelo político anterior, mas não conseguiu se reeleger em 2006, quando rompeu com o PSDB, posteriormente mudando para o Partido da República. Cid Gomes, do PSB, ex-prefeito de Sobral e aliado histórico de Tasso, venceu a disputa, com o apoio do Partido dos Trabalhadores, que, em Fortaleza, já havia vencido com Luizianne Lins, eleita em 2004 mesmo sem apoio real do partido, o qual, devido às alianças partidárias nacionais, apoiou o candidato Inácio Arruda, do PCdoB. O Estado se beneficiou também da guerra fiscal, que então se iniciava, o que, somada à mão de obra barata, atraiu várias indústrias, as quais se concentraram em algumas poucas cidades. O crescimento médio do PIB, de 4,6%, foi superior à média nacional e nordestina nos anos 1990, continuando a tendência iniciada na década de 1970. O forró eletrônico se popularizou na década de 1990, e o Ceará começou a despontar, seguindo a tendência do litoral nordestino, como grande polo do turismo brasileiro. Ao longo dessa década, com ações como o Programa de Saúde da Família (PSF), o Estado também realizou grandes avanços na redução de índices como a mortalidade infantil. A migração em direção a Fortaleza seguiu forte. Apesar de vários avanços na saúde e educação básicas e do crescimento econômico estável, a chamada "Era Tasso" não alterou a estrutura socioeconômica problemática do Ceará, em especial a concentração de renda, que piorou entre 1991 e 2000, a má distribuição fundiária e a enorme disparidade regional, sobretudo entre a capital e o interior. Em 1999, segundo o Banco Mundial, metade dos cearenses viviam abaixo da linha de pobreza. No início do século XXI, consolidou-se a tendência de queda na tradicional emigração de cearenses, que, no período 2001 a 2006, reverte-se para um saldo positivo de 38,3 mil pessoas, o que se atribui à melhoria das condições de vida e à maior estabilidade proporcionada por programas sociais, que permitiram a fixação do povo pobre em sua terra e o retorno de parte dos emigrantes. Geografia. O Ceará é cercado por formações de relevo relativamente altas, como chapadas e cuestas. Banhado a norte pelo Oceano Atlântico, a oeste é delimitado pela Serra da Ibiapaba (Serra Grande); a leste, parcialmente, pela Chapada do Apodi; ao sul, pela Chapada do Araripe. Vem dessa cercania de altos relevos delimitantes do território o nome de Depressão Sertaneja dado à área central. Enquanto as chapadas e cuestas são de origem sedimentar, as serras e os "inselbergs" que abundam em meio à Depressão Sertaneja são de formação cristalina. Dentre os relevos sedimentares, a Chapada do Araripe, com altitudes que vão de 700 m até mais de 900 m, e a Serra da Ibiapaba, com altitude média de 750 m. Por outro lado, na Chapada do Apodi, as altitudes são menores, não superiores a 300 m. Já dentre as serras de origem cristalina, estão o Maciço de Baturité, a Serra da Meruoca e a Serra de Uruburetama, com altitude de 600 a 800 metros. Em Catunda, na Serra das Matas, encontra-se o ponto mais elevado do estado, o "Pico da Serra Branca", a metros de altitude. A planície litorânea possui geografia diversificada, o que faz com que o estado possua muitas praias com coqueirais, dunas, barreiras (também chamadas falésias) - paredões sedimentares que acompanham a faixa da costa e, em alguns trechos, possuem tons coloridos - e áreas alagadas de manguezal, nos quais há grande biodiversidade. As praias mais famosas do Ceará são Jericoacoara, Canoa Quebrada e Porto das Dunas, as quais se destacaram por terem alcançado fama internacional. Regionalmente, outras praias de destaque são das Fontes, Morro Branco, Icaraí, Presídio, da Baleia, Flecheiras, Cumbuco, Ponta Grossa, Lagoinha e Barra do Cauipe. O litoral cearense é atravessado por duas rodovias, chamadas de Costa do Sol Nascente e a Costa do Sol Poente, que, a partir de Fortaleza, direcionam-se para o litoral leste e oeste, respectivamente. O território cearense é dividido em doze bacias hidrográficas, levando em consideração a divisão da grande bacia do rio Jaguaribe em Alto, Médio e Baixo Jaguaribe. Tal bacia compreende mais de 50% do estado com seus 633 km de extensão. Os dois maiores reservatórios de água do Ceará são barragens que represam o Jaguaribe, o Açude Orós e Açude Castanhão, com as respectivas capacidades de armazenamento de 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. O Açude Castanhão é, ainda, o maior açude do país. Os afluentes mais importantes do rio Jaguaribe são os rios Salgado e Banabuiú. O Ceará possui uma das maiores e mais importantes faixas litorâneas do país do ponto de vista turístico, que se estende por 573 km, nos quais predominam os mangues e restingas, vegetação litorânea típica, além de áreas sem vegetação recobertas por dunas. Clima. O clima do Ceará é predominantemente semiárido ("BSh") e tropical ("As"), cujas regiões mais áridas se situam na Depressão Sertaneja, a oeste e sudeste, com pluviosidades que, em trechos da região dos Inhamuns, podem ser menores que , mas também podem se aproximar de em outras áreas caracterizadas pelo clima semiárido brando, a exemplo da área semiárida do Cariri, nas cidades relativamente próximas à faixa litorânea. No litoral, devido à influência dos ventos alísios, o clima é tropical subúmido com pluviosidades normalmente entre e , a partir do qual surge uma vegetação mais densa, com forte presença de carnaubais, que caracterizam trechos de mata dos cocais. O clima também se torna subúmido, com caatinga mais densa e maior pluviosidade, nas adjacências das chapadas e serras, como nas serras de Baturité, Meruoca e Uruburetama onde, em função das altitudes, as pluviosidades superam os anuais devido à ocorrência de chuvas orográficas, em especial na sua vertente de barlavento, proporcionando o surgimento de cerradões e florestas tropicais. Essas áreas contêm mananciais que banham os sopés dessas regiões, tornando-os propícios à atividade agrícola. É nas serras e próximo a elas, assim como nas planícies aluviais, que se concentra a maior parte da população do interior cearense, com densidades superiores a 100 hab./km², por exemplo, em boa parte do Cariri cearense. As temperaturas são bastante elevadas, com médias de a , mas a amplitude térmica anual é pequena ao longo do ano, em torno de , As médias giram entre meados de no topo das serras a até nos sertões mais quentes. Nas áreas serranas, as temperaturas são mais baixas, com média de a , com mínimas anuais muitas vezes alcançando entre e . É raro as temperaturas ultrapassarem os 35 °C na região litorânea, ao contrário do que ocorre no Sertão cearense, onde a amplitude térmica diária pode ser relativamente grande ao longo do dia devido à menor umidade. Em todo o estado, os dias mais frios ocorrem geralmente em junho e julho e os mais quentes, entre outubro e fevereiro. Secas. O clima do Ceará é marcado pela aridez. As secas são periódicas, e, desde que a ocupação territorial foi consolidada, a população tenta resolver o problema da escassez de água. A seca de 1606 foi a primeira a marcar a história da ocupação do território. Outra seca de grande impacto foi registrada entre 1777 e 1779, a chamada seca dos três setes, responsável pelo enfraquecimento da indústria das charqueadas, que teve seu golpe final no período de grandes secas entre 1790 e 1794. Durante as décadas seguintes, até 1877, o Ceará viveu relativa tranquilidade, sem grandes estiagens, até que naquele ano e nos dois seguintes uma grande seca prejudicou fortemente a agropecuária no estado. No começo do século XX, foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas, que mais tarde passaria a ser o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, com sede em Fortaleza, para realizar estudos, planejamentos e obras contra as estiagens, em 1909. Com o trabalho do DNOCS, várias barragens foram construídas em todos os estados do Nordeste. Na década de 1930, foi instituído o polígono das secas, no qual a quase totalidade do território cearense (92,99%) está inserido. Atualmente, existem muitos órgãos do governo cearense voltados para a problemática do clima. A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos juntamente com a Superintendência de Obras Hidráulicas são os órgãos que fazem a gerência de várias barragens e o planejamento de adutoras e canais. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) é a responsável pelo monitoramento climático. Finalmente, o órgão central é a Secretaria dos Recursos Hídricos, que faz toda a estruturação de metas e planos para combater a seca no Ceará. Biodiversidade e problemas ambientais. Inserido no bioma da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de quatro meses do ano e alta biodiversidade adaptada, o Ceará o único a estar completamente inserido na sub-região do sertão. A sazonalidade característica desse bioma se reflete em uma fauna e flora integradas às condições semiáridas. Consequentemente, há grande número de espécies endêmicas, sobretudo nos brejos e serras, isolados pela caatinga, e refúgios da flora e fauna de matas tropicais úmidas. Destacam-se, na flora cearense, a carnaúba, considerada um dos símbolos do estado e também importante fonte econômica, e a "Zephyranthes sylvestris", flor original do habitat cearense. Existe ainda o carrasco, vegetação xerófila peculiar, que surge no reverso da Serra da Ibiapaba e do Araripe, áreas mais secas, caracterizando-se por uma flora arbustiva e arbórea predominantemente lenhosa, ao contrário da caatinga. O carrasco distingue-se ainda da caatinga pela quase inexistência de cactos e bromeliáceas. Alguns estudiosos se referem a essa vegetação como uma espécie de transição entre o cerrado, a floresta tropical e a caatinga. Os ecossistemas do estado estão profundamente danificados e muito pouco preservados. As regiões de floresta tropical e cerrado, nas serras e chapadas de elevada altitude, possuem grande concentração demográfica, intenso uso para fins agropecuários e, comparativamente, pouca preservação e fiscalização ambiental. Os crimes ambientais são praticados constantemente em áreas como a APA Araripe - sobretudo as queimadas e retirada de lenha - e não podem ser reprimidos devido ao parco efetivo de fiscais, dentre outros motivos. Atualmente a mata atlântica ocupa apenas 1,2% do território estadual, tendo sido bem mais extensa no passado, mas 44% do restante está em áreas de preservação, o que, porém, não tem garantido sua total conservação. Em situação ainda mais grave está a extensa caatinga cearense, que conta com uma ínfimos 0,45% de preservação, embora represente, em suas variadas formas, 92% do território estadual. 80% da caatinga cearense estão devastados, e muitas das áreas restantes, apesar de aparentemente conservadas, não passam de formas vegetais secundárias menos ricas e alteradas pela substituição de espécies vegetais, o que acarreta graves prejuízos para o solo e os já escassos recursos hídricos. A desertificação avança no estado e atinge níveis preocupantes, sobretudo em Irauçuba. Unidades de conservação. Existem dois parques nacionais no estado do Ceará. O Parque Nacional de Ubajara, criado em 30 de abril de 1959, com 6 299 ha, abriga em seu interior a Gruta de Ubajara e um bonde de acesso à gruta, sua maior atração. O segundo é o Parque Nacional de Jericoacoara, criado em 2002 para preservar as praias, lagoas, dunas e mangues da região, cujo principal atrativo é a "Pedra Furada". Já a Reserva Natural Serra das Almas que é reconhecida pela UNESCO como Posto Avançado da Reserva da Biosfera, detentor de 6 300 hectares de área protegida (entre Crateús no Ceará e Buriti dos Montes no Piauí), que é abrigo de uma amostra significativa da flora e fauna da caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro. Também servindo de resguardo a três nascentes e espécies ameaçadas de extinção no Bioma. Outras áreas de preservação ambiental importantes são as florestas nacionais do Araripe (a primeira Floresta Nacional do Brasil, estabelecida em 1946) e a de Sobral. Existe, ainda, a Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, com 10 000 km², que se estende por 38 municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí e a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, que abrange 10 municípios no Maranhão, Piauí e Ceará. Há, também, o Geoparque Araripe, o primeiro do gênero no continente a integrar a Rede Internacional de Geoparques da UNESCO, de grande importância em geodiversidade. O Governo do Ceará mantém 13 áreas de conservação. O Parque Ecológico do Cocó e o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio são os parques estaduais do Ceará. O Parque do Cocó, o primeiro a ser criado, em 1989, em Fortaleza, é um dos maiores parques urbanos da América Latina e abriga o bioma de mangue. Já Pedra da Risca do Meio, criado em 1997, está localizado a 18 quilômetros da orla do Mucuripe, abriga grande diversidade de peixes e corais e é considerado uma das melhores áreas de proteção para a prática de mergulho no país. Em todo o Ceará existem 58 áreas de proteção ambiental, das quais 20 são estaduais, 11 federais, 13 municipais e 14 particulares. Demografia. O Ceará é, em termos regionais, o terceiro estado mais populoso do Nordeste, superado por Bahia e Pernambuco, e o oitavo do Brasil. No último censo do IBGE, em 2010, a população cearense era de habitantes (4,4% da população brasileira), dos quais 75,09% na zona urbana e 24,91% na zona rural. De acordo com o mesmo censo, 51,26% eram do sexo feminino e 48,74% do sexo masculino, resultando em uma razão de aproximadamente 95 homens para cada cem mulheres. Quanto à faixa etária, 66,52% tinham entre 15 e 64 anos, 25,89% menos de quinze anos e 7,59% acima dos 65 anos. A densidade demográfica é de 56,76 hab/km², acima do valor nacional (22,43 hab/km²). A capital, Fortaleza, abrigava sozinha 29% da população cearense. Entre os censos de 2000 e 2010, o crescimento populacional do Ceará foi de 13,93%, valor um pouco superior às taxas regional (11,29%) e nacional (12,48%). A transição demográfica tem ocorrido rapidamente no estado: a taxa de natalidade, que nos anos 1970 era bastante alta, caiu 17,96‰ em 2008, e a taxa de mortalidade nesse ano estava em 6,41‰. A taxa de fecundidade em 2009 foi de 2,15 filhos por mulher, ligeiramente acima da taxa de reposição da população, o que representou um aumento em relação a 2008, fazendo o Ceará apresentar uma taxa superior à média nordestina. A taxa de crescimento demográfico caiu de uma média de 2,6% na década de 1950 para 1,73% durante os anos 1990. Com a transição demográfica em curso, a proporção de idosos no conjunto da população aumentou de 2,4% em 1950 para 6,72% em 2004, e já em 2009 10,5% dos cearenses possuíam 60 anos ou mais. Em sentido contrário, os jovens de 0-14 anos passaram de 45,7% em 1950 para 28,9% em 2006. Por último, a taxa de urbanização, que em 1940 era de 22,7%, foi estimada em 2006 em 76,4%, tendo se acelerado muitíssimo nas últimas décadas (só em 1980 a população urbana passou a ser majoritária, com 53,1%). A religião é muito importante para a maior parte da população cearense. O estado é o terceiro mais católico do País, em termos proporcionais, com 86,7% da população seguindo o catolicismo. Em seguida, vêm os protestantes, somando 9,01%; os que não possuem nenhuma religião, com apenas 2,82%; e os fiéis de outras religiões, com 1,34%. Regiões metropolitanas. A Região Metropolitana de Fortaleza, onde se localiza a capital, foi criada pela , de 8 de junho de 1973, que instituía, também, outras regiões metropolitanas no país. Inicialmente, a Região Metropolitana de Fortaleza era formada por apenas por Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Pacatuba e Aquiraz, sendo, posteriormente, adicionados os municípios de Maracanaú (1983); Eusébio (1987); Itaitinga e Guaiúba (1992); Chorozinho, Pacajus, Horizonte e São Gonçalo do Amarante (1992); Pindoretama e Cascavel (2009) e Paracuru, Paraipaba, Trairi e São Luís do Curu (2014). No interior, existem as regiões metropolitanas do Cariri (RMC) e de Sobral (RMS). A primeira foi criada pela , de 29 de junho de 2009, e é formada por nove municípios do sul cearense: Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Várzea Alegre, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. A RMS foi instituída mediante a aprovação da , de 27 de dezembro de 2016, e é formada por dezoito municípios: Massapê, Senador Sá, Pires Ferreira, Santana do Acaraú, Forquilha, Coreaú, Moraújo, Groaíras, Reriutaba, Varjota, Cariré, Pacujá, Graça, Frecheirinha, Mucambo, Meruoca, Alcântaras, e Sobral. Há forte concentração populacional na Região Metropolitana de Fortaleza, onde se verifica um maior contingente na capital e suas cidades do entorno que formam uma mancha urbana contínua. Entre 2010 e 2018, a Região aumentou de 42,68% para 44,69% sua participação em relação à população estadual e teve um incremento populacional de 12,69%, com uma taxa de crescimento de 1,5% do ano. Destaca-se também a RMC, a partir a conurbação entre as cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, o chamado "Crajubar". Nessas duas regiões estão os municípios mais densamente povoados do estado: Fortaleza ( hab./km²), Maracanaú (), Juazeiro do Norte (), Eusébio (582,64) e Pacatuba (498,35). Desenvolvimento humano. A expectativa de vida do cearense foi de 71,0 anos em 2009, com uma das maiores diferenças do país entre os homens (66,8 anos, 0,1 ano a menos que a média nordestina) e as mulheres (75,4 anos, 1,3 ano a mais que a média nordestina). O valor atual representa uma melhora de 5,3% em relação à de 1999 (67,4 anos). Assim, o estado acompanhou e até superou o aumento geral da esperança de vida do brasileiro, que foi de 4,4% (passando de 70,0 para 73,1 anos no mesmo período). Ainda assim, está muito inferior à maior expectativa de vida do País, que é a do Distrito Federal (75,8 anos). O Ceará foi o estado que mais diminuiu a mortalidade infantil de 1980 a 2006, atingindo 30,8 por mil a partir da altíssima taxa de 111,5 por mil de 1980. Houve, portanto, uma redução de 72,4%. Ainda assim, o Ceará em 2008 estava acima da taxa de mortalidade nacional de 24,9 por mil. Por outro lado, dentre os estados nordestinos, só perde para o Piauí (29,3 mortes por mil nascimentos). Seu desenvolvimento humano, contudo, ainda é muito incipiente, embora tenha gradualmente avançado: de um IDH de 0,604 em 1991, passou a 0,723 em 2005. O componente do IDH que mais avançou foi o da Educação, que passou de 0,604 para 0,808 no mesmo período, sobretudo devido ao grande aumento da matrícula de jovens. Em 2008, o Ceará atingira índices sociais mais altos que a média do Nordeste em diversos aspectos, como a expectativa de vida, escolaridade média e analfabetismo funcional, e apresentava tendência à diminuição de sua disparidade com relação à média do Brasil, superando já o índice nacional no tocante ao desemprego, ao índice de Gini e à razão entre os 10% mais ricos e os 50% mais pobres da população, denotando uma desigualdade de renda que, outrora maior que a brasileira, tornou-se ligeiramente menor a partir de 2006. Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2011, o Ceará em 2009 havia se tornado o estado com mais alto desenvolvimento da Região Nordeste e o 12º do Brasil, com índice 0,7129. Religiões. A religião é muito importante na cultura da maior parte dos cearenses, sendo um fator de extrema importância na construção da identidade do povo do estado. O Cristianismo é a religião de hegemonia no Ceará e a Igreja Católica é a confissão cristã que mais deixou marcas na cultura cearense. Foi a única reconhecida pelo governo até 1883, quando, na capital do Estado, foi fundada a Igreja Presbiteriana de Fortaleza. Durante todo o século XX, várias igrejas se instalaram no Estado e no final desse século houve um aumento considerável de pessoas de outras religiões. Contudo, o Ceará é ainda o segundo estado brasileiro com maior proporção de católicos, 85% da população, segundo dados de 2000. Os evangélicos são 8,2%, os espíritas, 0,4%, os membros de outras religiões, 0,9%, e os sem religião, 3,7%. O catolicismo tem uma extensa rede de igrejas e organizações religiosas em todo o Ceará. A Província Eclesiástica de Fortaleza, encabeçada pela Arquidiocese de Fortaleza, lidera oito dioceses: Crateús, Crato, Iguatu, Itapipoca, Limoeiro do Norte, Quixadá, Sobral e Tianguá. A Igreja Católica foi uma grande força política no passado, sobretudo até a primeira metade do , época em que organizações católicas influenciaram decisivamente os rumos da política estadual. Cada um dos 184 municípios cearenses possui seu padroeiro. O padroeiro do Ceará é São José. O seu dia no calendário religioso, 19 de março, é feriado estadual. Segundo a tradição popular cearense e a tradição dos profetas da chuva, essa data tem grande significado, pois, se nesse dia houver chuva, o "inverno" (estação chuvosa) estará garantido. Do contrário, a seca estará inegavelmente caracterizada. A fé sertaneja, muitas vezes associada ao messianismo e marcada por profunda relação com os santos, rituais e datas religiosas, foi e continua sendo bastante influente na história cearense e nos costumes e festejos cearenses. A cidade de Juazeiro do Norte surgiu de um assentamento que, sob orientação do Padre Cícero, considerado pela fé popular um santo, tornou-se um local de peregrinação religiosa e, nos últimos anos, atrai milhares de crentes de vários locais do Brasil. Outro local de grande peregrinação religiosa no Ceará é a cidade de Canindé que abriga um importante santuário em devoção a São Francisco, considerado o maior das Américas. Composição étnica. A constituição étnica do povo cearense remonta a muitos séculos. O censo de 1813 mostrava uma configuração já tendente à atual, com predominância de pardos: 28% de brancos, 6% de indígenas, 16% de negros e 50% de pardos. O povo cearense foi formado pela miscigenação de indígenas catequizados e aculturados após longa resistência, colonizadores europeus e negros que viviam como trabalhadores livres ou escravos. O povoamento do território foi bastante influenciado pelo fenômeno natural da seca. Em 2008, a distribuição da população cearense por cor era de 33,05% autodeclarados brancos, acima dos 30,02% verificados na contagem de 1998; 3,03% autodeclarados negros, acima dos 1,22% em 1998; e 63,39% de autodeclarados pardos, proporção essa que diminuiu, comparada à de 1998, de 68,69%. Em proporção, o Ceará tem mais brancos e menos negros que a média nordestina, mesmo que a proporção de pessoas que se autodeclaram negras tenha aumentado bastante. Em decorrência das características econômicas que sempre predominaram no Ceará, como a pecuária e a cotonicultura, e aos aspectos naturais da terra, como o regime periódico de secas, que gerava graves situações de escassez de alimentos em várias áreas sertanejas, a escravidão africana não vicejou no estado da mesma forma que ocorreu no restante do país à época. Dessa forma, a população negra cearense sempre foi relativamente pequena. Vários negros, contudo, migraram para o Ceará como homens livres e fincaram raízes. Estudos indicam que a maior parte dos negros cearenses tinham origem em povos bantus e do Benim. Em 1864, havia apenas 36 mil cearenses escravos; número que, em 1887, reduzira-se para apenas 108 dentro de uma população que, já em 1872, era composta por habitantes. Em 1813, os escravos representavam 11,5% dos cearenses, dos quais 63% eram negros. Ao fazer comparação com estados escravistas próximos, constata-se quão pouco importante era a escravidão na sociedade do Ceará: em 1864, Pernambuco tinha 260 mil escravos, permanecendo ainda com em 1887; e a Bahia, 300 mil escravos em 1864 e escravos restantes em 1887. Segundo dados do estudo Frequência de Antígenos HLA em uma Amostra da População Cearense, realizado pelo professor Dr. Henry Campos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, há um predomínio nítido de um antígeno no grupo de cearenses que não é o mesmo presente nas populações de negros e portugueses. O Ceará tem, atualmente, quinze etnias indígenas nativas reconhecidas. A população estimada dessas etnias é de 22,5 mil, de acordo com dados do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (FUNASA). No Ceará, muitas pessoas desconheciam a existência dos índios, pois políticas oficiais, durante muito tempo, obrigaram os indígenas a esconderem sua identidade. Um decreto da Assembleia Provincial do Ceará, datado de 1863, declarou que não havia índios na província. Política. O estado é governado por três poderes: o Poder Executivo, representado pelo governador do Ceará; o Poder Legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Ceará; e o Poder Judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. O Executivo é exercido pelo governador e todas as secretarias de estado, órgãos vinculados e a administração indireta. Exemplos de órgãos que integram essa administração são as secretarias da Ciência e Tecnologia, de Educação e da Fazenda, e ainda o Departamento de Edificações e Rodovias. A administração indireta é feita por autarquias, empresas públicas e fundações, tais como a Escola de Saúde Pública do Ceará, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa do Ceará, que é composta por 46 deputados. O legislativo estadual fiscaliza as contas públicas do executivo, bem como aprova e regula todas as leis com jurisdição no território do Ceará. A TV Assembleia é um órgão de comunicação da assembleia do Ceará, que divulga as ações desta instituição. Na função de fiscal das atividades do poder executivo, a assembleia do Ceará é auxiliada por dois tribunais de contas, o Tribunal de Contas do Estado do Ceará, fiscal do governo estadual, e Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, fiscal das prefeituras, que também auxilia as câmaras municipais nessa tarefa. O Judiciário cearense tem como instância máxima o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, composto por 27 desembargadores. Subdivisões. O Ceará é composto por 184 municípios, que estão distribuídos em 18 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em seis regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017. As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. O Governo do Ceará dividiu o estado em oito macrorregiões de desenvolvimento e em vinte regiões administrativas. Litígio territorial. No governo colonial do Governador Sampaio, o engenheiro Silva Paulet apresentou mapa da província em 1818 que mostrou o limite oeste do litoral até a foz do Rio Igaraçu. Desta forma, a então localidade de "Amarração", atual cidade de Luís Correia, faria parte do Ceará. Durante o , a localidade teve assistência da cidade cearense vizinha, Granja, até que em 1874 os parlamentares estaduais decidiram elevar a localidade à categoria de vila. Essa atitude chamou a atenção dos políticos do Piauí, que reivindicaram esse território. A solução ocorreu em 1880, quando foi decidindo que haveria uma troca, na qual Piauí restabeleceu a totalidade de seu litoral e o Ceará incorporou os municípios de Crateús e Independência. Desde essa época, persistem na divisa do Ceará com o Piauí vários pontos com indefinições de seus limites. A área total em disputa seria de aproximadamente 3 000 km², o que equivale ao dobro da área do município de São Paulo. Depois da Constituição de 1988, foi proposto que, em 1991, seriam resolvidas as questões de limites entre os estados, mas somente em 2008 um acordo foi apresentado. O acordo, no entanto, não foi concretizado, pois o Piauí abandonou as negociações. Diversas propostas surgiram como tentativa de resolução do litígio, entre elas a de um plebiscito. Economia. Em 2008, o PIB cearense, em preços de mercado, foi de R$ , dos quais 47,17% estão concentrados na capital Fortaleza, segundo estudo do Ipece. Os cinco municípios com PIB per capita mais altos no Ceará são: Eusébio (R$ 23 205), Horizonte (R$ 15 947), Maracanaú (R$ 15 620), São Gonçalo do Amarante (R$ 14 440) e Fortaleza (R$ 11 461), todos muito acima da média estadual, que é de R$ 7 112. Os dez municípios de maior PIB abrangem 67,86% do PIB total. A partir da década de 1960 houve uma progressiva industrialização e urbanização, que ganhou impulso a partir da década de 1980, em parte devido à política de concessão de benefícios fiscais a empresas que se instalassem no estado. Desde 2004 a economia cearense vem crescendo, moderada, mas sustentadamente, entre 3,5% e 5% ao ano. Em 2007 o crescimento foi de 4,4%, e em 2008 de 6,5%, sendo o primeiro inferior à média brasileira para aquele ano e o segundo bastante superior, principalmente devido à forte recuperação da agropecuária cearense (24,59%) aliada à manutenção em níveis altos do crescimento da indústria (5,51%) e do setor de serviços (5,21%). Em 2009, apesar da crise econômica internacional e de perdas no setor primário, o PIB cearense cresceu 3,1%, bastante acima do resultado do PIB brasileiro, de -0,2%, sobretudo devido ao bom desempenho do setor de serviços. Com isso, o PIB cearense atingiu pela primeira vez um patamar de mais de 2% da produção nacional. Uma estimativa feita pelo IPECE mostra que o PIB do Ceará teve um crescimento nominal recorde, quando cresceu 10 bilhões, quando comparado o ano de 2010 com o ano de 2009. Em 2011, a economia cearense continuou a crescer acima da média nacional. O PIB cearense totalizou 84 bilhões, um aumento de 10 bilhões se comparado ao ano anterior, segundo dados preliminares do IPECE. O instituto também citou expectativas para a economia em 2012, onde possivelmente, crescerá entre 5% e 5,5%, ainda acima da média nacional. O PIB cearense deve totalizar, ao final do ano, um valor em cerca de 96 bilhões. Para 2013 está previsto que o PIB ultrapassará os 100 bilhões de reais, com o PIB per capita chegando próximo dos 14 000 reais. Quanto a sua pauta de exportações, foi, em 2012, baseada em Calçados de Borracha (17,32%), Couro Preparado de Bovinos ou Equinos (14,60%), Coco, Castanha e Caju (11,73%), Melões (7,00%) e Calçados de Couro (6,86%). Setor primário. Destacam-se na atividade agrícola: feijão, milho, arroz, algodão herbáceo, algodão arbóreo, castanha de caju, cana-de-açúcar, mandioca, mamona, tomate, banana, laranja, coco e, mais recentemente, a uva. Recentemente tem crescido um pólo de agricultura irrigada dirigida principalmente à exportação, em áreas próximas à Chapada do Apodi, dedicando-se especialmente ao cultivo de frutas como melão e abacaxi. Outro destaque muito recente é o do cultivo de flores, que tem ganhado importância especialmente na Cuesta da Ibiapaba. Na pecuária os rebanhos de maior representatividade são: bovinos, suínos, caprinos, eqüinos, aves, asininos, carcinicultura e ovinos. Os principais recursos minerais extraídos do solo cearense são: ferro, água mineral, calcário, argila, magnésio, granito, petróleo, gás natural, sal marinho, grafita, gipsita, urânio bruto. O município de Santa Quitéria, na localidade de Itataia, possui uma das maiores reservas de urânio do Brasil. Setor secundário. O Ceará tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 24,8 bilhões, equivalente a 1,9% da indústria nacional e empregando 306.553 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (26,7%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (20,3%), Couros e Calçados (9,7%), Alimentos (8,9%) e Metalurgia (7,4%). Estes 5 setores concentram 73,0% da indústria do estado. Os principais setores da indústria cearense são vestuário, alimentícia, metalúrgica, têxtil, química e calçadista. A maioria das indústrias esta instalada na Região Metropolitana de Fortaleza, com destaque para Fortaleza, Caucaia e, por fim, Maracanaú, que abriga um importante complexo industrial, o Distrito Industrial de Maracanaú, dinamizando assim a economia do estado do Ceará. A Federação das Indústrias do Estado do Ceará é a entidade sindical dos donos das empresas. A entidade congrega a maioria dos donos e dirigentes industriais. Algumas das grandes empresas do Ceará com alcance nacional vinculadas a FIEC são: Aço Cearense, Companhia de Alimentos do Nordeste, Grendene, Café Santa Clara, Grande Moinho Cearense, Grupo Edson Queiroz, Indústria Naval do Ceará, J. Macêdo, M. Dias Branco, Troller e Ypióca. Setor terciário. O comércio é muito marcante na economia do Ceará, compondo o PIB do estado com mais de 70%. Em 2009 foi iniciada a construção da segunda central de abastecimento do estado que ficará na região do Cariri e complementará a distribuição de alimentos juntamente com a CEASA da Região Metropolitana de Fortaleza. Em Fortaleza existem vários "shopping centers": Iguatemi Fortaleza, North Shopping, Shopping Aldeota, Shopping Benfica, Shopping Center Um, Shopping Del Paseo e Shopping Via Sul. Além desses, somente outros quatro shoppings ficam fora da capital: o North Shopping Maracanaú, que fica em Maracanaú; o Iandê Shopping Caucaia, que fica em Caucaia; o North Shopping Sobral, que fica em Sobral e o Cariri Shopping, que fica em Juazeiro do Norte. Turismo. O Ceará é um dos estados com maior faixa litorânea, e vem dessa grande extensão boa parte de sua fama turística. As praias de maior destaque são: Jericoacoara (incluindo Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso), Praia do Futuro, Canoa Quebrada, Cumbuco, Praia de Flecheiras, Praia de Morro Branco, Praia de Ponta Grossa, Praia de Tatajuba, Lagoinha, Porto das Dunas, na qual está o Beach Park, um dos maiores parques temáticos da América Latina, dentre outras. Alguns dos espaços culturais importantes do estado são: Casa de José de Alencar (que abriga o Museu da Renda, o Museu da Antropologia, a Pinacoteca Floriano Teixeira e a Biblioteca Braga Montenegro), Museu da Imagem e do Som do Ceará, Museu do Ceará, Theatro José de Alencar, um dos mais importantes exemplos da arquitetura art nouveau no Brasil, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, que abriga, dentre outras instalações, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará, o Museu da Cultura Cearense, Museu Sacro São José de Ribamar e o Museu Dom José. Outras atrações destacáveis são: Arquivo Público do Estado do Ceará, Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, Casa de Juvenal Galeno, Centro Cultural Bom Jardim, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, Sobrado do Doutor José Lourenço, Academia Cearense de Letras, Instituto do Ceará, Instituto Cultural do Cariri, Museu dos Inhamuns, Academia Sobralense de Estudos e Letras. Infraestrutura. Ciência e tecnologia. O Ceará mantém a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico como principal instituição de fomento científico e tecnológico do estado. O principal espaço de desenvolvimento científico do estado é o Campus do Pici, em Fortaleza, abrigando boa parte dos laboratórios da Universidade Federal do Ceará e outras instituições como o Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho no Nordeste e a sede da rede GigaFOR e vários cursos de pós-graduação. Em todo o estado são ofertados 154 cursos de pós-graduação sendo 103 de mestrado e 51 de doutorado. O Ceará tem destaque na história e na pesquisa astronômica do Brasil. O Rádio-Observatório Espacial do Nordeste do INPE instalado em Eusébio é o maior radiotelescópio do Brasil. A Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia (SBAA), com sede em Fortaleza, é uma das principais instituições divulgadoras da astronomia no país. Em 2009, Ano Internacional da Astronomia, o Ceará passou e integrar a Rede Internacional de Centros para Astrofísica Relativística (Icranet). Essa integração visa orientar os cursos de graduação em física das universidades UVA e UECE, respectivamente em Sobral e Fortaleza, para estudos nas áreas de astrofísica, astronomia e criar um programa de pós-graduação específico na UECE. O primeiro registro de fósseis no Brasil se deu com o livro "Viagem pelo Brasil" (Reise in Brasilien), publicado entre 1823 e 1831, relatando a descoberta de um peixe Rhacolepis na atual cidade de Jardim. A bacia sedimentar da Chapada do Araripe conta com uma formação muito rica em fósseis da flora e fauna do Cretáceo, boa parte em excelente estado de preservação, sobretudo na cidade de Santana do Cariri. Os fósseis da região tem sido importantes para comprovar a deriva dos continentes africano e sul-americano. Nessa área foi estabelecido o Geoparque Araripe, o primeiro do gênero no Hemisfério Sul, visando a proteger sua significativa importância geológica e paleontológica. O trecho mais importante do geoparque é a Formação Santana, que se destaca por conter os primeiros registros de tecidos moles (não ósseos) de pterossauros e tiranossauros do mundo, as primeiras fanerógamas fósseis da América do Sul e várias espécies de peixes fossilizados. Educação. A primeira instituição de ensino do Ceará foi o Liceu do Ceará, fundado em 1845, em Fortaleza. Dentre as escolas de ensino fundamental e médio, as mais antigas e tradicionais do estado são, além do Liceu, o Colégio da Imaculada Conceição (1865), Colégio Justiniano de Serpa (1881), Colégio Santa Cecília (1912) e Colégio Clóvis Bevilaqua (1913). Além desses, também se destacam o Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e os colégios privados da capital, principais responsáveis pelos desempenhos de destaque nacionais. Por exemplo, os três principais colégios privados cearenses, Colégio Farias Brito, Colégio Ari de Sá e Colégio 7 de Setembro, foram responsáveis, em 2014, juntos, pela aprovação de 71 alunos, o que corresponde a 42% das vagas, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), cujo vestibular é o mais difícil do país. O Ceará possui, ainda, um dos maiores índices de aprovação do país no vestibular do Instituto Militar de Engenharia (IME). O ensino privado na capital possui, além disso, um forte espírito de concorrência e busca pelos melhores índices, já que sempre existe uma forte disputa, sobretudo entre essas três principais escolas, pelos primeiros lugares nos principais exames do país. O Colégio Ari de Sá, em 2013, obteve a quinta colocação nacional entre as escolas com a melhor nota geral no ENEM. O Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, transformado em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, que comanda mais de 20 unidades de ensino técnico em várias cidades do interior do estado e o Colégio Militar de Fortaleza, fundado em 1919, são importantes unidades de ensino federal no estado. A Universidade Federal do Ceará é uma mais mais importantes IES do país e a melhor universidade federal do Norte e Nordeste. Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, (IPECE), a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais no estado, em 2012, foi de 16,3%, valor acima da média nacional. A taxa de analfabetismo no Ceará decresceu 34,4% entre 2001 e 2012. Esse desempenho é 4,4% superior à redução de analfabetismo no Brasil e 6,1% superior à redução da taxa dos que não sabem ler nem escrever no Nordeste. A rede de ensino do estado no ano de 2015 era composta por 12 525 escolas, das quais 5 530 eram pré-escolares, 6.057 de ensino fundamental e 938 de ensino médio. Estas escolas receberam, ainda em 2015, 1 882 731 matriculas, das quais 237 105 foram no pré-escolar, no fundamental e 373 274 no ensino médio. Servindo a rede, havia 100 095 docentes, dos quais 15 388 lecionavam no pré-escolar, no fundamental e 21 424 no ensino médio. Em 2015, o Ceará abrigava 58 instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Ceará, a Universidade Estadual do Ceará, a Universidade Regional do Cariri, a Universidade Estadual Vale do Acaraú, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, a Universidade Federal do Cariri. Juntas, essas instituições totalizam 11 926 docentes e 274 927 alunos matriculados. A Universidade Federal do Ceará foi a primeira do estado, fundada em 1954. O Banco Mundial publicou um documento em 7 de julho de 2020 chamado "Getting Education Right: State and Municipal Success in Reform for Universal Literacy in Brazil" (), tratando dos altos índices da educação pública do estado do Ceará no IDEB, com ênfase na cidade de Sobral, também discutindo as reformas feitas pelo governo do município e do estado na educação pública. Saúde. Durante o século XIX somente oitenta cearenses foram diplomados pelas duas faculdades de medicina existentes no Brasil. Desses, somente trinta voltaram para o Ceará. Em 1861 ficou pronto o primeiro hospital do estado, Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que foi o foco de combate a várias pestes que assolaram o estado: varíola, febre amarela e cólera na década anterior. Os principais hospitais públicos do estado estão concentrados na Capital. Atualmente o sistema de saúde pública cearense é composto por hospitais municipais e estaduais, totalizando 164 unidades hospitalares com internação e 2.198 sem internação. O Hospital Geral de Fortaleza é o maior hospital público. O Instituto Doutor José Frota é o maior hospital de emergência. Dois hospitais de grande porte serão construídos durante o atual governo do estado nas regiões do Cariri e Sobral para diminuir a superlotação do sistema de saúde cearense. O sistema também é composto por centenas de postos de saúde e centenas de equipes do Programa de Saúde da Família em quase todos os municípios. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência está sendo implantado em todas as regiões do Ceará. O atendimento médico privado é bastante desenvolvido com um total de 127 hospitais, destacando-se os hospitais São Mateus, Antônio Prudente, Hospital Regional da Unimed, Monte Klinikum. Há grande disparidade no acesso a médicos e a leitos hospitalares. Os municípios com mais médicos por mil habitantes são Barbalha (3,6 por mil), Guaramiranga (2,6) e Aracoiaba (2,3) — Fortaleza é a 9ª com mais médicos em termos proporcionais (1,5 por mil) —, enquanto os que possuem menos são Varjota, Granja e Pires Ferreira, todos com apenas 0,2 médico por mil. Barbalha também se destaca como a cidade com mais leitos por mil habitantes (8,1), seguida por Brejo Santo (6,0), Jati (5,9) e Crato (5,4), enquanto as que apresentam menos leitos possuem índices muito menores: Forquilha (0,1), Pacatuba (0,3) e Beberibe (0,5). Energia. O estado era, até o final do , totalmente desprovido de grandes unidades geradoras de energia. Na década de 2000 foram feitos investimentos pesados na geração de energia eólica com a possibilidade de o Ceará gerar toda sua demanda energética em seu próprio solo. Atualmente, parte da demanda de energia elétrica pode ser suprida pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco por meio da geração nas usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Xingó, Sobradinho, Itaparica e Moxotó. O Ceará também é servido pela energia gerada na Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. As Usinas Termelétricas Porto do Pecém I (720 MW) e Porto do Pecém II (320 MW), movidas a carvão mineral, colocam o Ceará como um dos maiores produtores de energia termelétrica do Brasil. As duas usinas representam 16% da energia consumida no Nordeste, e podem produzir até 80 % da energia consumida no estado, conferindo maior segurança energética ao Ceará e tornando-o exportador de energia. A Enel Distribuição Ceará é a empresa responsável pela distribuição da energia no estado. O consumo médio do estado gira em torno de 650 gigawatts por mês. Em 2007, 99,3% dos domicílios urbanos e 90,4% dos domicílios rurais eram servidos pela rede de distribuição elétrica, contabilizando 2 688 746 clientes. O estado é o terceiro maior produtor de energia eólica do país, com 2 134 MW de capacidade instalada, além de possuir a melhor produção mundial. O Ceará também possui a Usina Solar Tauá, com novos projetos para expansão de usinas, aproveitando potencial de energia solar do estado. Comunicações. Os jornais foram a primeira mídia de massa do estado. O primeiro jornal cearense, o "Diário Oficial", começou a ser publicado em 1825. No final do , havia centenas de jornais e publicações periódicas em todo o território, com mensagens de cunho político e social. Em 1881, chegaram à costa cearense os cabos submarinos da "The Western Telegraph Company," interligando o Brasil à Europa por meio telegráfico. A primeira estação de rádio surgiu na década de 1930. Era uma entidade de rádio amador chamada Ceará Rádio Clube. A telefonia iniciou-se no Ceará, primeiro em Fortaleza, em 1891 com a fundação da "empresa telefônica do Ceará". Em 1938, o serviço passou a ser automático, com a instalação de equipamentos da Ericsson do Brasil. A Companhia Telefônica do Ceará surgiu em 1971 e foi privatizada em 1998. Atualmente, existem 2 490 224 linhas telefônicas no estado. Transportes. O Aeroporto Internacional de Fortaleza é maior do Ceará e administrado pela empresa alemã Fraport, movimentando anualmente mais de cinco milhões de passageiros O Aeroporto Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, é administrado pela Infraero, sendo o maior do interior do estado e um dos mais movimentados do interior do Nordeste. O sistema ferroviário do estado é operado em conjunto com a malha do Nordeste pela empresa Transnordestina Logística S.A, que está construindo a ferrovia Transnordestina. O estado é cortado por 1.431 km de caminhos de ferro interligando o estado de norte a sul e de leste a oeste entre a capital e o interior, e ao estado do Piauí, por meio da Ferrovia Teresina-Fortaleza. Ao longo dos 570 km de litoral do Ceará estão instalados 13 faróis em pontos estratégicos para auxiliar a navegação de cabotagem, sendo controlados pela Capitania dos Portos do Ceará. Em Fortaleza tem início a rodovia federal mais importante do Brasil, a BR-116, que liga a capital do Ceará às regiões Sudeste e Sul do país até o Rio Grande do Sul. Em Fortaleza também tem início a BR-222 que faz ligação com a região Norte indo até o Pará. A BR-020 faz a ligação de Brasília com Fortaleza. A rodovia BR-230 Transamazônica corta o estado na região sul e a BR-304 liga o Ceará ao Rio Grande do Norte. As rodovias estaduais somam um total de 10 657,9 km, sendo 5 767,6 km pavimentados e 4 890,3 não pavimentados. A extensão total da malha rodoviária, incluindo rodovias municipais, estaduais e federais, é de 53 325,4, segundo o Departamento de Edificações e Rodovias do Ceará. Todas as sedes dos municípios têm acesso por estradas pavimentadas. Atualmente o sistema encontra-se com algumas estradas danificadas em decorrência de fortes chuvas, mas a maioria das rodovias apresenta boa condição de trafegabilidade. Segurança pública. O Governo do Ceará, desde o início da década de 1990, realiza ações para integração das forças policiais: militar, civil e bombeiro. A primeira ação foi a reformulação do sistema de chamadas 190 que passou a funcionar integrado com o nome de CIOPS - Centro Integrado de Operações de Segurança - e que na Capital do estado integra também o sistema municipal de controle de tráfego e Guarda Municipal. O mais recente passo na integração das forças policiais do estado foi a criação da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará que formará conjuntamente o pessoal de todas as forças de segurança. A Polícia Militar do Ceará tem um contingente de aproximadamente 13 mil policiais divididos em sete batalhões, um batalhão de choque, um batalhão de segurança patrimonial, um esquadrão de polícia montada, uma companhia de polícia rodoviária, um centro integrado de operações aéreas, uma companhia de polícia do meio ambiente, um pelotão de motos e a unidade de polícia de turismo. O efetivo da Polícia Civil é de aproximadamente 2 200 policiais distribuídos em 34 distritos policiais, oito delegacias metropolitanas, 19 delegacias regionais, 23 delegacias municipais e 18 delegacias especializadas. O Corpo de Bombeiros Militares é composto pelo efetivos de aproximadamente bombeiros. A criminalidade é um problema crescente no estado. A taxa de homicídio foi de 24,0 por 100 mil habitantes em 2008, um expressivo aumento de 79,1% comparado à taxa de 13,4 por 100 mil em 1998, apesar de ter conseguido reduzir bastante de 2018, ano em que a taxa era 49,8 por 100 mil habitantes, para 24,7 por 100 mil habitantes em 2019, no primeiro semestre de 2020 a taxa cresceu novamente, mas agora em 102%. Em função do aumento ainda maior do número de assassinatos em outras unidades da Federação, o Ceará possui a 18ª maior taxa de homicídios do Brasil, enquanto, em 1998, estava na 17ª posição. Por sua vez, Fortaleza, com 35,9 homicídios por cem mil habitantes, passou do 20ª para o 17ª lugar entre as capitais mais violentas do País, porém continua bastante abaixo da média das capitais do Nordeste. O Ceará possui 7 de seus 184 municípios entre os 500 com maiores taxas de homicídio do Brasil. Em 2007, foi implantado em Fortaleza o Ronda do Quarteirão, programa de segurança pública do Governo do estado que tem por objetivo diminuir o tempo de resposta a ocorrências policiais. Em 2008, o programa foi expandido para Caucaia e Maracanaú e, em seguida, para vários municípios interioranos. Neste mesmo ano foi criada a polícia científica do estado, Perícia Forense do Estado do Ceará que atuará em sua área de forma autônoma e desvinculada de outras forças policiais. Apesar dos esforços, o combate à violência não tem surtido efeito somente com ações policiais, e a criminalidade ainda é crescente. Somente entre 2008 e 2009, houve um alarmante aumento da taxa total de roubos, que mais que triplicou de 219,8 para 772,0 por 100 mil habitantes, bem como um aumento do número de estupros (de 6,9 para 7,8 por 100 mil). A taxa de homicídios cresce, lenta mas preocupantemente, de 22,2 para 22,5 por 100 mil entre 2008 e 2009. Em 2 de janeiro de 2019, facções criminosas começaram a promover ataques com explosivos em todo o estado. Cultura. O governo do Ceará criou a primeira secretaria estadual de cultura do Brasil, em 1966. Arte popular. A cultura cearense tem como base essencialmente as culturas europeia e ameríndia, de forte tradição sertaneja e também influência afro-brasileira. Quando da introdução da cultura portuguesa no Ceará, ao longo do , os índios já produziam diversificado artesanato a partir de vegetais como o cipó e a carnaúba, bem como dominavam técnicas primitivas de tecelagem do algodão, inclusive tingindo os tecidos de vermelho com a casca da aroeira. Com origens portuguesas e relevante influência indígena, têm destaque a produção de redes com os mais diversos bordados e formas e intrincadas rendas feitas em bilros, talvez o maior destaque da produção artesanal cearense, sendo uma arte tradicional no Ceará desde meados do . As rendas e os labirintos possuem maior destaque nas imediações do litoral, enquanto o interior se destaca mais pelos bordados. Ademais, o artesanato feito em madeira e barro é também de grande destaque, com produção de esculturas humanas, representando tipos da região; quadros talhados em madeira e vasos adornados. Outro importante item do artesanato cearense são as garrafas de areias coloridas, onde são reproduzidas, manualmente, paisagens e temáticas diversas. São ainda encontrados, em diversas cidades - em especial Massapê, Russas, Aracati, Sobral e Camocim, cestarias, chapéus e trançados com variadas formas e desenhos feitos da palha da carnaúba, do bambu e do cipó. Por fim, como consequência natural de uma economia que, durante séculos, foi essencialmente pecuarista, o couro é trabalhado artesanalmente, em especial para a produção de chapéus e outras peças da roupa de vaqueiros, assim como de móveis e esculturas. As principais cidades no artesanato coureiro são Morada Nova, Juazeiro do Norte, Crato, Jaguaribe e Assaré. Em diversas áreas do interior cearense, os cordéis, assim como os repentistas e poetas populares, especialistas no improviso de rimas, ainda estão presentes e ativos, seguindo uma tradição que remonta aos trovadores e poetas populares da Idade Média lusitana. Outra forte influência portuguesa se encontra na grande importância das festas religiosas nas cidades de todo o interior, particularmente as festas de padroeiros, que estão entre as principais festividades da cultura cearense, abarcando não só cerimônias religiosas, mas também de dança, musicais e outras formas de entretenimento, numa complexa mistura de aspectos sagrados e profanos. Destaca-se a Festa de Santo Antônio de Barbalha, famosa pelo "pau da bandeira", que é comemorada nessa forma desde 1928 e, em 2015, foi declarada como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo também patrimônio cultural do Ceará desde o final de 2018. Artes plásticas e humor. O movimento de maior destaque na história da pintura cearense foi o modernismo, com o surgimento da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, em 1944, que reuniu vários pintores como Antônio Bandeira, Otacílio de Azevedo, Aldemir Martins, Inimá de Paula, Zenon Barreto e outros. Na segunda metade do século XX, o suíço Jean-Pierre Chabloz, em passagem pelo Ceará, descobriu a arte do acreano de origem cearense Chico da Silva no Pirambu, retratando figuras primitivas de dragões e outros animais com carvão e tinta guache. Seu estilo foi classificado como arte naïf e teve grande destaque até a década de 1980. No final do , o pintor Leonilson foi o maior destaque cearense na pintura. O Ceará se tornou conhecido nacionalmente como berço de talentos humorísticos como Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante e Tiririca, dentre vários outros. Embora a percepção de que há um "Ceará moleque" como verdadeira identidade do povo cearense seja controversa, a história do estado é repleta de casos verídicos e curiosos que parecem corroborar com essa ideia. Destacam-se, sobretudo, figuras populares como o Bode Ioiô, que era famoso em Fortaleza e inclusive foi eleito vereador da cidade, e o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte, famoso pela sua intolerância com perguntas óbvias, assim como eventos como a "vaia ao sol," também em Fortaleza, depois de quase um dia inteiro de céu nublado na cidade. Literatura. O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes. Pode-se citar, dentre muitos outros: Raimundo Girão, Leonardo Mota, Manuelito, Misael Gomes da Silva, Luís Cavalcanti Sucupira, Paulino Nogueira Borges Da Fonseca, Capistrano de Abreu, Waldemar Falcão, Visconde de Sabóia, Francisco Sadoc , Parsifal Barroso, Andrade Furtado, Barão de Studart, Severino Sombra, José Albano, Manuel Soares da Silva,Farias Brito, Gerardo Mello Mourão, José de Alencar, Domingos Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Caminha, Antônio Sales, Jáder Carvalho, Juvenal Galeno, Gustavo Barroso, Patativa do Assaré, Xico Sá e os contemporâneos Socorro Acioli, Tércia Montenegro, Ítalo Anderson e Raymundo Netto. Existem também escritores pós-modernistas renomados, embora, em sua maior parte, pouco conhecidos, podendo-se citar, dentre eles, Pedro Salgueiro, Natércia Campos, Dimas Carvalho, Airton Monte, Tércia Montenegro, Raymundo Netto, Vicente Freitas, Soares Feitosa, dentre outros. A literatura cearense foi sempre caracterizada por florescer em torno de grupos literários. O primeiro desses grupos de desenvolvimento literário foi "Os Oiteiros", que, embora mantendo os padrões típicos do Arcadismo, soube encontrar uma cor local para descrever o "fugere urbem" e o "carpe diem" típicos daquela escola. No final do século XIX, surgiu a Padaria Espiritual, uma agremiação cultural formada por jovens escritores, pintores e músicos. Vários autores criticavam as instituições e valores então vigentes com discurso irônico, irreverência, espírito crítico e sincretismo literário. Para alguns críticos literários e historiadores, essa agremiação pode ser considerada um movimento pré-modernista que já apresentava alguns aspectos do Modernismo, que só surgiria com força em São Paulo em 1922. Contemporânea à Padaria Espiritual, a Academia Cearense de Letras foi fundada em 1894 sendo uma das principais instituições literárias do estado, congregando alguns dos nomes mais ilustres da literatura estadual. O Modernismo se consolidou no Ceará por meio do movimento "Clã", fundado nos anos 1940, que congregou diversos escritores renomados cearenses: Moreira Campos, João Clímaco Bezerra, Antônio Girão Barroso, Aluísio Medeiros, Otacílio Collares, Artur Eduardo Benevides, Antônio Martins Filho, Braga Montenegro, Manuel Eduardo Pinheiro Campos, Fran Martins, José Camelo Ponte, José Stênio Lopes, Milton Dias, Lúcia Fernandes Martins e Mozart Soriano Aderaldo. Na década de 1970, surgiram outros dois importantes grupos literários no Ceará: "O Saco", uma revista artística inusitada, pois era distribuída com folhas soltas guardadas dentro de um saco; e o "Grupo Siriará", que reuniu diversos jovens escritores, propondo uma literatura cearense autêntica e desvinculada dos estereótipos que se estabeleceram na retratação literária do ambiente cearense. A literatura de cordel tem destaque nas letras cearenses desenvolvendo-se expressivamente em Juazeiro do Norte, desde as primeiras décadas do . Em Fortaleza, a literatura de cordel surgiu no período da Oligarquia de Nogueira Accioly, período esse em que circularam alguns folhetos destratando a figura do governador cearense. Patativa do Assaré é um dos maiores destaques nesse tipo de literatura. Música. O gênero musical mais identificado com o Ceará é o forró, em suas variadas formas, notadamente o tradicional forró pé-de-serra. Nos anos 1940, o cearense Humberto Teixeira formou uma famosa parceria com o pernambucano Luiz Gonzaga, criando o baião, que se tornou muito apreciado. Uma das principais tradições da música cearense - e, principalmente, do Cariri - são também as bandas cabaçais, que utilizam pífanos, zabumbas e pratos e frequentemente fazem acompanhar sua música com movimentos e acrobacias com facões, com destaque para a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto. Outros representantes tradicionais da música cearense são os seresteiros e repentistas. Dos anos 1980 em diante, cresceu bastante o chamado forró eletrônico, que adotou novos instrumentos e absorveu muitas influências de diversos estilos populares, afastando-se um pouco da tradição do "pé-de-serra" e ganhando grande popularidade no estado. O importante momento musical dos anos 1960, no qual floresceram a MPB e o tropicalismo no Brasil, também teve grande influência no Ceará, onde se revelaram artistas como Ednardo, Belchior, Fagner, Amelinha, J. Camelo Ponte e outros, alguns dos quais conseguiram projeção nacional, recebendo da crítica musical o apelido de "pessoal do Ceará". Inusitadamente, o Ceará tem também tido certo destaque na música clássica brasileira, embora aí não encontre grandes incentivos. Um dos mais destacados compositores clássicos brasileiros foi o cearense Alberto Nepomuceno, considerado o "pai" do nacionalismo na música erudita do Brasil, que em Fortaleza batiza o Conservatório de Música Alberto Nepomuceno. Outro representante da música clássica foi o renomado regente Eleazar de Carvalho, um dos fundadores da Orquestra Sinfônica Brasileira e professor de maestros célebres, como Claudio Abbado e Zubin Mehta. Em sua homenagem foi criada a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho. Nessa seara, há também iniciativas que unem a música à filantropia como a Orquestra Filarmônica da Chapada do Araripe, em Araripe e a Sociedade Lírica do Belmonte, no Crato. Esportes. No Ceará, a vaquejada é muito popular e faz parte da raiz cultural cearense. São realizadas anualmente mais de cem vaquejadas, além do hipismo, que também é bastante popular, notadamente em Fortaleza e Sobral, cidades com grande tradição em corridas de cavalo. Sobral tem um dos clubes de hipismo mais antigos do Brasil, o Derby Clube Sobralense fundado em 1871. O Jockey Club Cearense, em Fortaleza, é outro centro tradicional de turfe no Ceará. O futebol é o esporte mais popular no estado. O Estádio Castelão é um dos maiores do Brasil e abriga os principais jogos do Campeonato Cearense de Futebol. Na capital, os principais clubes são Ceará Sporting Club, Ferroviário Atlético Clube e Fortaleza Esporte Clube. No interior, Guarani Esporte Clube, Guarany Sporting Club e Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa são os mais bem sucedidos. Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo FIFA de 2014, a cidade de fortaleza sagrou-se como uma das sedes mais bem organizadas do torneio, além de ter sido uma das com maior movimentação turística estrangeira, a partir do esforço conjunto do Governo do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza. No futebol de salão, o Ceará foi destaque durante o início da Taça Brasil de Futsal com o time Sumov Atlético Clube. Em decorrência de sua importância para o esporte, o estado é sede da Confederação Brasileira de Futebol de Salão. O Ceará foi o primeiro estado do Nordeste a ter um pista de automobilismo com a construção do Autódromo Internacional Virgílio Távora em 1969. Atualmente, abriga provas de várias categorias nacionais e locais tais, como Fórmula Truck, Pick-up Racing, Fórmula 3 e CTM2000. O motociclismo tem seu espaço em várias modalidades, mas as categorias de rali são as mais populares, inclusive no automobilismo, com o Rally dos Sertões, evento que desperta interesse e audiência significativos do povo cearense. No estado se pratica quase todas as modalidades de esportes olímpicos. Recentemente, foram criadas federações de esportes até então pouco populares, como o pentatlo moderno, badminton e ginástica. Alguns dos esportes populares que rendem bons atletas são o vôlei de praia, com os atletas como Franco Neto, Shelda Bede e Márcio Araújo, e o tênis de mesa, com o atleta Thiago Monteiro, o atual campeão brasileiro e pan-americano. Por ter um extenso litoral, o Ceará também tem destaque em esportes náuticos, como o beach soccer, kitesurf, windsurf, wakeboard, sandboard e surf. Tita Tavares, por exemplo, é uma das maiores surfistas do Brasil. O triatlon e mergulho também são atividades com boa organização e desenvolvimento no estado. Outros esportes de aventura praticados no Ceará são o pára-quedismo, rappel, escalada, trekking, orientação e voo livre. Em Quixadá, cuja geografia é marcada por colinas e inselbergs, a prática de esportes como o rappel e o voo de asa-delta ganharam destaque internacional. Entre as lutas, vários esportes são notavelmente praticados, destacando-se o wushu, vale-tudo, capoeira e taekwondo. Outras modalidades existentes são o boxe, aikido, hapkido, jiu-Jitsu, judô, karatê, kung fu, luta de braço e wrestling. Festas e eventos. O Miss Ceará é um dos eventos de maior tradição do estado. Sua primeira edição ocorreu em 1955, e logo com a eleição de Emília Barreto Correia Lima como Miss Brasil, segunda eleita na história do concurso. Outra Miss Brasil do Ceará foi Flávia Cavalcanti Rebelo, apesar de ser natural de Salvador, representava o Ceará na competição nacional. Vanessa Vidal, Miss Ceará de 2008, ficou em segundo lugar e foi a primeira concorrente a Miss Brasil com deficiência auditiva. O Cine Ceará é um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil. Acontece em Fortaleza, anualmente, desde 1991, e, desde 2006, o festival recebe produções internacionais. Expocrato, oficialmente "Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados", é o maior evento agropecuário do norte-nordeste, com nove dias de duração, realizado anualmente, no mês de julho, no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti, na cidade do Crato. Constitui-se basicamente de uma feira agropecuária, com desfile e leilão de animais. Durante o evento, são vendidas bebidas e comidas típicas e apresentados espetáculos musicais. O "Fortal" é uma micareta que acontece anualmente desde 1991, sempre no final de julho. Várias outras micaretas menores ocorrem em cidades do interior. Um dos maiores festivais de música pop do Brasil, o Ceará Music, que acontece anualmente desde 2001 reunindo várias bandas nacionais e internacionais. A maior festa religiosa no Ceará, assim como em grande parte do Nordeste, ocorre em junho, com as festas juninas. Durante esse mês, o forró é o ritmo mais ouvido e tocado em todo o estado e comidas e vestimentas típicas são comuns nas ruas e praças de quase todas as cidades, destacando-se Juazeiro do Norte, com o Juaforró. O carnaval também é outra grande festa, com destaque para as folias organizadas nas cidades litorâneas. Outra grande festa religiosa é o Halleluya que acontece anualmente desde 1995. No setor agropecuário, o evento de destaque no Ceará é a ExpoCrato, considerado o maior evento do gênero no Norte-Nordeste e o quinto maior do país, realizado anualmente na cidade do Crato. Os dois principais espaços para realização de feiras, eventos e convenções do Ceará são o Centro de Eventos do Ceará, o segundo maior do Brasil, e o Centro de Convenções Edson Queiroz. O Siará Hall é outro importante espaço de eventos do Ceará.
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Conteúdo aberto
Conteúdo aberto Conteúdo aberto (open content no original) é um neologismo inventado por David Wiley em 1998, que descreve um trabalho criativo que outros podem copiar ou modificar livremente, sem pedir permissão. O termo evoca o conceito relacionado de software de código aberto. Conteúdo aberto deve ser usado com responsabilidade para haver confiabilidade. Licenças. De acordo com a atual definição de conteúdo aberto no site do OpenContent, conteúdo aberto é qualquer licença de direitos autorais em geral, royalty free se qualificaria como uma licença aberta porque ele fornece aos usuários o direito de fazer mais tipos de usos do que os normalmente permitido pela lei. Essas permissões são concedidas aos usuários gratuitamente. No entanto, uma definição mais restrita usada na Open Definition efetivamente limita o conteúdo aberto como libre content e qualquer licença de conteúdo livre, definida pela Definição de Obras Culturais Livres, que qualificaria como uma licença de conteúdo aberto. De acordo com este critério mais restrito, as seguintes licenças seriam qualificadas como:
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Comprimento
Comprimento Na física, o comprimento é a grandeza física que expressa a distância entre dois pontos. Na linguagem comum se costuma diferenciar a "altura" (quando se refere a um comprimento vertical) e a "largura" (quando se fala de um comprimento horizontal). Também na física, e na engenharia, a palavra comprimento é sinônimo de distância, e se costuma utilizar o símbolo formula_1 ou formula_2 para representá-la. O comprimento é considerado habitualmente como uma das grandezas físicas fundamentais; por isso não pode ser definido em termos de outras magnitudes que se podem medir. Mas o comprimento não é uma propriedade intrínseca de nenhum objeto dado que, segundo a teoria especial da relatividade (Albert Einstein; 1905), dois observadores poderiam medir o mesmo objeto e obter resultados diferentes. O comprimento é uma medida de uma só dimensão, enquanto a área é uma medida de duas dimensões (comprimento ao quadrado), e o volume é uma medida de três dimensões (comprimento ao cubo). Em muitos sistemas de medidas, o comprimento é uma unidade fundamental, do qual derivam outras unidades. Unidades de comprimento. Há diferentes unidades de medida que são usadas para medir o comprimento, e outras que já foram usadas no passado. As unidades de medida podem se basear no comprimento de diferentes partes do corpo humano, na distância percorrida em número de passos, na distância entre pontos de referência ou pontos conhecidos da Terra, ou também no comprimento dum determinado objeto. Por outra parte, as unidades usadas para medir distâncias muito pequenas, como no campo da química ou do átomo, se incluem o micrometro, o angstrom, o raio de Bohr ou o comprimento de Planck. Ligações externas. WikiUnits - Converter Comprimento entre diferentes unidades
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Célula Combustível
Célula Combustível
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Ciências da Computação
Ciências da Computação
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Combustível fóssil
Combustível fóssil Combustíveis fósseis são combustíveis formados por meio de processos naturais, como a decomposição de organismos mortos soterrados . Os combustíveis fósseis contêm alta quantidade de carbono, usados para alimentar a combustão. São usados como combustíveis, o carvão mineral, gás natural e o petróleo. A Administração de Informação de Energia (do Vaz) estima que em 2007 as fontes primárias de energia se consistiam em petróleo (36,0%), carvão mineral (27,4%), gás natural (23,0%), acumulando um total de 86,4% como principais fontes de energia primária no mundo. Outras fontes de energia, em 2006, incluem a energia hidroelétrica (6,3%) e a energia nuclear (8,5%). O consumo de energia mundial foi e está crescendo 2,3% ao ano. Os combustíveis fósseis são recursos não-renováveis, pois levam milhões de anos para se formarem, e as reservas desses combustíveis estão a esgotar-se, já que o consumo é maior que a produção. A queima de combustíveis fósseis produz cerca de 21,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, e metade dessa produção atinge a atmosfera, já que os processos naturais só conseguem absorver metade dessa quantidade. A produção e uso dos combustíveis fósseis é a principal causa do aquecimento global e gera significativa poluição de vários tipos, com amplas repercussões negativas sobre o ambiente, a sociedade, a economia e a saúde humana. Origens. O petróleo, o gás natural e o carvão mineral são formados pela decomposição de organismos. A teoria biogênica do petróleo sugere que o petróleo extraído da crosta terrestre teria origem comum ao carvão mineral, já que ele também é encontrado soterrado, tendo sido gerados em função do efeito de fossilização de animais e plantas, provocado pela ação de pressão e temperatura muito altas geradas há milhões de anos no processo de soterramento de material orgânico que por algum motivo não entrou na cadeia alimentar antes ou quando foi enterrado. A teoria abiogênica (origem inorgânica do petróleo), por outro lado, defende que os hidrocarbonetos foram formados juntos com a Terra, no processo de acreção planetária. Os combustíveis fósseis são recursos naturais não renováveis. Os combustíveis fósseis são possivelmente formados pela decomposição de matéria orgânica, através de um processo que leva milhares de anos. E por este motivo, não são renováveis ao longo da escala de tempo humana, ainda que ao longo de uma escala de tempo geológica esses combustíveis continuam a ser formados pela natureza. O carvão mineral, os derivados do petróleo (tais como a gasolina, óleo diesel, óleo combustível, o GLP - ou gás de cozinha -, entre outros) e ainda, o gás natural, são os combustíveis fósseis mais utilizados e mais conhecidos. O carvão mineral pôs em movimento, durante décadas, veículos como as locomotivas, chamadas no Brasil de "Marias-fumaça" e navios a vapor. Atualmente, o carvão mineral garante o funcionamento de usinas termoelétricas. Um grande problema desses combustíveis é o fato de serem finitos, o que faz com que a dependência energética a partir deles seja um problema quando esses recursos acabarem, embora de acordo com as teorias abiogênicas os combustíveis minerais são muito abundantes. Por isso o interesse em energias renováveis é crescente. Outro problema é que, com a queima de combustíveis minerais, são produzidos gases que produzem o efeito estufa, como o gás carbônico e libertados metais pesados, como por exemplo o mercúrio. Importância. Os combustíveis fósseis são de grande importância, pois eles podem ser queimados (oxidação para dióxido de carbono e água), produzindo quantidades significativas de energia por unidade de peso. O uso do carvão como combustível é anterior à história registada. O carvão foi usado para alimentar fornos para a fusão de minério de metal. Hidrocarbonetos semi-sólidos encontrados em fendas também foram queimados nos tempos antigos, mas esses materiais foram usados principalmente para impermeabilização e embalsamamento. A exploração comercial do petróleo, em grande parte como um substituto para os óleos de origem animal (particularmente óleo de baleia), para uso em lâmpadas de óleo, começou no século XIX. O gás natural, outrora queimado como um subproduto desnecessário na produção de petróleo, agora é considerado um recurso muito valioso. O petróleo bruto pesado, que é muito mais viscoso do que o petróleo bruto convencional, e a areia betuminosa, onde o betume é encontrado misturado com areia e argila, são cada vez mais importantes como fontes de combustível fóssil. O xisto betuminoso e materiais semelhantes são rochas sedimentares que contêm querogênio, uma mistura complexa de compostos orgânicos de alto peso molecular, que produzem combustível sintético quando aquecidos (pirolisados), como o petróleo de xisto. Estes materiais ainda deverão ser explorados comercialmente. Estes combustíveis podem ser empregados em motores de combustão interna, usinas de combustíveis fósseis e outros usos. Antes da segunda metade do século XVIII, moinhos de vento e de água forneciam a energia necessária para indústrias tais como moer farinha, serrar madeira ou bombear água, e a queima de madeira ou turfa fornecia calor interno. O uso em larga escala de combustíveis fósseis, inicialmente o carvão e depois o petróleo, para fazer funcionar o motor a vapor permitiu a Revolução Industrial. Ao mesmo tempo, a iluminação a gás usando o gás natural ou gás de cidade começava a ter ampla utilização. A invenção do motor de combustão interna e seu uso em automóveis e caminhões aumentou muito a procura de gasolina e óleo diesel, ambos feitos a partir de combustíveis fósseis. Outras formas de transporte, por ferrovias e aeronaves, também necessitam de combustíveis fósseis. O outro uso importante para os combustíveis fósseis está na geração de eletricidade e como matéria-prima para a indústria petroquímica. O alcatrão, uma sobra de extração de petróleo, é usado na construção de estradas. Economia dos combustíveis fósseis. Os preços dos combustíveis fósseis sobe em proporcionalidade inversa à sua quantidade disponível para venda, ou seja, quanto mais escasseiam, mais elevado é o seu preço. A economia mundial está tão dependente deles que o simples aumento do preço do barril de petróleo (que é o mais explorado para fins energéticos) influencia fortemente as bolsas de valores. O aumento do controle e do uso, por parte do ser humano, da energia contida nesses combustíveis fósseis foi determinante para as transformações econômicas, sociais, tecnológicas - e, infelizmente, ambientais e políticos - que vêm ocorrendo desde a Revolução Industrial. Pelo aumento do preço dos combustíveis fósseis e da poluição ambiental, o mundo está a procurar soluções energéticas alternativas (como os biocombustíveis, a eletricidade e o hidrogênio). Até 2020 a União Europeia prevê aumentar para 10% a percentagem de energias renováveis utilizadas nos transportes rodoviários. Reservas. Os níveis de fontes primárias de energia são as reservas abaixo do solo. A parte mais importante de fontes de energia primária são os combustíveis fósseis à base de carbono. Carvão, petróleo e gás natural promoveram 79,6% de energia primária no mundo em 2002. Dados de reservas entre 2005-2006 no Brasil: Consequências e danos ambientais. Os Estados Unidos detêm apenas 5% da população mundial, mas devido a grandes casas e da frota de automóveis, queima mais de um quarto da oferta mundial de combustíveis fósseis. Nos EUA, mais de 90% de sua poluição atmosférica é derivado da queima de combustíveis fósseis, que libera gases poluentes, como óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e metais pesados. Dentre as consequências ambientais do processo de industrialização e do inerente e progressivo consumo de combustíveis fósseis - leia-se energia -, destaca-se o aumento da contaminação do ar por gases e material particulado, provenientes da queima destes combustíveis, gerando uma série de impactos locais sobre a saúde humana. Outros gases causam impactos em regiões diferentes dos pontos a partir dos quais são emitidos, como é o caso da chuva ácida. O aquecimento global é um outro problema ambiental, porém bastante mais complexo e que traz consequências nefastas de ampla escala e longa duração. Este problema vem sendo causado por vários fatores combinados, entre eles, principalmente a produção e uso de combustíveis fósseis, que desencadeiam a emissão de gases que produzem o efeito estufa. Estes gases permitem a entrada da luz solar, mas impedem que parte do calor gerado durante a irradiação volte para o espaço. Este processo de aprisionamento do calor é análogo ao que ocorre em uma estufa - daí o nome atribuído a esse fenômeno e também aos gases que possuem essa propriedade de aprisionamento parcial de calor, chamados de gases do efeito estufa (GEE), dentre os quais destaca-se o dióxido de carbono (CO2). O aquecimento global é a principal ameaça ao meio ambiente da atualidade. É um consenso na comunidade científica que se não for combatido a tempo, inevitavelmente produzirá efeitos catastróficos em todos os níveis de atividade humana, deve causar uma extinção maciça de espécies selvagens, desestruturando todos os ecossistemas do planeta, e deve gerar alterações significativas em todos os sistemas e ciclos físico-químico-geológicos, como mudanças nas zonas climáticas, subida do nível do mar, acidificação dos oceanos, mudanças na dinâmica energética do planeta e no ciclo do carbono e outros componentes químicos, mudanças no padrão de chuvas e monções, declínio acentuado na produção de alimentos, graves perdas econômicas, aumento da fome, da pobreza, da incidência de doenças e dos riscos de conflitos entre as nações, entre muitos outros impactos. Os combustíveis fósseis contribuíram para alavancar um exuberante desenvolvimento da sociedade nos dois últimos séculos, mas também são causa de múltiplos efeitos negativos que não haviam sido previstos, e que no futuro próximo devem suplantar largamente os benefícios. Por isso, já se considera um imperativo que eles sejam abandonados rapidamente em favor de fontes limpas e renováveis de energia, que promovam um desenvolvimento sustentável.
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Combustão
Combustão Combustão ou queima é uma reação química exotérmica (há exceções) entre uma substância (o combustível) e um gás (o comburente), geralmente o oxigênio, para liberar calor e luz. Durante a reação de combustão são formados diversos produtos resultantes da combinação dos átomos dos reagentes. No caso da queima em ar de compostos orgânicos (metano, propano, gasolina, etanol, diesel, etc) são formados centenas de compostos, por exemplo CO2, CO, H2O, H2,CH4, NOx, SOx, fuligem, etc, sendo que alguns desses compostos causam a chuva ácida, danos aos ciclos biogeoquímicos do planeta e agravam o efeito estufa. Os processos de combustão são responsáveis pela produção de cerca de 85 % da energia do mundo, inclusive o Brasil, em transporte (carros, aviões, trens, navios, etc), usinas termoelétricas, processos industriais, aquecimento doméstico, geradores, cozimento de alimentos e outro. Em uma reação estequiométrica ideal de um hidrocarboneto em ar são formados apenas CO2 e H2O, sendo o N2 um gás inerte. De uma forma geral: CxHyOzNt + (x+y/4-z/2)[O2 + 3,76N2] → xCO2 + (y/2)H2O + (y/2)H2O + [t/2+3,76(x+y/4-z/2)]N2. Exemplos: C2H5OH + 3 [O2+3,76N2] → 2CO2 + 3H2O + 3.3,76N2 + calor CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O +calor CH2S + 6 F2 → CF4 + 2HF + SF6 + calorias Numa forma geral as combustões são reações que ocorrem entre um combustível e um comburente Tipos de combustão. Combustível. Quando se produz a uma temperatura suficientemente baixa, isto é, inferior a 500 °C, não havendo, regra geral, emissão de luz. A oxidação de um metal (ferro, cobre, zinco, etc.) em contacto com o ar úmido é um exemplo deste tipo de combustão. A combustão lenta é uma forma de queima que acontece a baixas temperaturas. A respiração celular e formação de ferrugem são exemplos de combustões lentas. Comburente. É aquela em que se produz chama e, vulgarmente, designa-se por fogo. Neste caso, devido à mistura dos gases inflamados com o ar forma-se a chama. No caso dos sólidos, cuja combustão decorre à superfície, verifica-se a incandescência a partir da sua ignição e também através da formação de brasas. Estas surgem quando o combustível já não liberta gases suficientes para provocar chama. A combustão do carvão ilustra estes aspectos. Energia. Combustão resultante da mistura de gases ou partículas finamente divididas com o ar numa percentagem bem determinada – mistura explosiva ou detonante – propagando-se a uma velocidade superior a 340 m/s. Neste caso, a mistura tem de ocupar todo o espaço onde está contida e, no momento da explosão, provoca uma elevação de temperatura ou de pressão ou de ambas, simultaneamente, sobre todo o espaço confinante. Usamos como combustível a gasolina,o etanol ou o diesel. Combustão é o processo de obtenção de energia. Combustão completa. Em uma combustão completa, o reagente irá queimar no oxigênio, produzindo um número limitado de produtos e uma chama oxidante, azul. Quando um hidrocarboneto queima no oxigênio, a reação gerará apenas dióxido de carbono formula_1 e água. Quando elementos como carbono, nitrogênio, enxofre e ferro são queimados, o resultado será os óxidos mais comuns. Carbono irá gerar o dióxido de carbono. Nitrogênio irá gerar o dióxido de nitrogênio formula_2. Enxofre irá gerar dióxido de enxofre formula_3. Ferro irá gerar óxido de ferro (III) formula_4. A combustão completa é naturalmente improvável de ocorrer, a menos que a reação ocorra em situações cuidadosamente controladas, como, por exemplo, em um laboratório. Combustão turbulenta. A combustão turbulenta é caracterizada por fluxos turbulentos. É a mais usada na indústria (ex: turbinas de gás, motores a diesel, etc.), pois a turbulência ajuda o combustível a se misturar com o comburente. Combustão incompleta. Na combustão incompleta não há o suprimento de oxigênio adequado para que ela ocorra de forma completa. O reagente irá queimar em oxigênio, mas poderá produzir inúmeros produtos. Quando um hidrocarboneto queima em oxigênio, a reação gerará dióxido de carbono, monóxido de carbono, água, e vários outros compostos como óxidos de nitrogênio, dependendo da composição do combustível. Também há liberação de átomos de carbono, sob a forma de fuligem. A combustão incompleta é muito mais comum que a completa e produz um grande número de subprodutos. No caso de queima de combustível em automóveis, esses subprodutos podem ser muito prejudiciais à saúde, ao meio ambiente e ao próprio carro. Equação química. Geralmente, a equação química para queimar um hidrocarboneto (como o octano) com oxigênio é a seguinte: Por exemplo, a queima de propano é: A equação, em síntese, de uma hidrocarboneto é sempre a seguinte: A combustão é uma reação de uma substância (combustível) com o oxigênio formula_5 (comburente) presente na atmosfera, com liberação de energia. A liberação ou consumo de energia durante uma reação é conhecida como variação da entalpia (ΔH), isto é, a quantidade de energia dos produtos da reação (Hp) menos a quantidade de energia dos reagentes da reação (Hr): ΔH = Hp - Hr Quando ΔH > 0 isto significa que a energia do(s) produto(s) é maior que a energia do(s) reagentes(s) e a reação é endotérmica, ou seja, absorve calor do meio ambiente. Quando ΔH < 0, isto significa que a energia do(s) reagente(s) é maior que a energia do(s) produto(s) e a reação é exotérmica, ou seja, libera calor para o meio ambiente, como no caso da combustão da gasolina, por exemplo. A respiração é um processo de combustão (“queima de alimentos”) que libera energia necessária para as atividades realizadas pelos organismos. É interessante notar que a reação inversa da respiração é a fotossíntese, que ocorre no cloroplasto das células vegetais, onde são necessários gás carbônico, água e energia (vinda da luz solar) para liberar oxigênio e produzir material orgânico (celulose, glicose, amido, etc.) utilizado no crescimento do vegetal. Combustão/respiração. <ce>{C6H12O6_(s)} + 6 {O2_(g)} \rightleftharpoons 6 {CO2_(g)} + 6 {H2O_(l)} + {energia}</ce> Fotossíntese. A gasolina possui enxofre (S), e o diesel, ainda mais. Hoje no Brasil existe um grande investimento por parte da Petrobras para diminuir a concentração de enxofre no diesel e assim torná-lo menos poluente. Portanto, combustíveis que tem enxofre, ao serem queimados produzem grandes quantidades de um gás bastante tóxico e corrosivo, responsável por acidificar a atmosfera, o dióxido de enxofre (SO2). Já o álcool é um combustível que não apresenta enxofre e portanto não produz o dióxido de enxofre. <ce> {S_(s)} + {O2_(g)} -> {SO2_(g)} </ce> A falta de oxigênio durante a combustão leva à chamada ‘combustão incompleta’ que produz monóxido de carbono (CO). Note que o CO tem um oxigênio a menos que o CO2, o que caracteriza a deficiência de oxigênio, ou a ineficiência da reação. Este gás é muito tóxico para o ser humano, pois este dificulta a função da hemoglobina, que é responsável pela renovação do oxigênio no nosso sangue. Pequenas concentrações de monóxido de carbono já provocam tonturas e dores de cabeça. Outro produto indesejável da combustão incompleta é a fuligem (C), que não tem oxigênio na sua constituição. A porção mais fina da fuligem pode impregnar nos pulmões e causar problemas respiratórios. As equações químicas abaixo ilustram a quantidade de calor (ΔH) liberada durante a combustão completa e incompleta do gás metano (CH4). Note como a quantidade de calor liberado é menor nos casos de combustão incompleta. Portanto, além da combustão incompleta gerar compostos nocivos à saúde humana, há também uma grande desvantagem econômica, pois com a mesma quantidade de combustível haverá menor quantidade de energia gerada! Veja as equações: Combustão completa do metano: <ce>{CH4_(g)} + 2{O2_(g)} -> {CO2_(g)} + 2{H2O_(l)}</ce>, formula_6 (energia liberada) Combustão incompleta do metano: <ce>{CH4_(g)} + 3/2 {O2_(g)} -> {CO_(g)} + 2{H2O_(l)}</ce>, formula_7 <ce>{CH4_(g)} + {O2_(g)} -> {C_(s)} + 2{H2O_(l)}</ce>, formula_8 É muito importante saber a quantidade de calor liberada pelos combustíveis para que seja possível comparar o valor energético de cada um deles. Na Tabela 1 são mostradas as entalpias de combustão (ΔHo) para alguns combustíveis, isto é, a energia liberada na queima completa de um mol do combustível. O zero utilizado como índice superior indica que as condições iniciais dos reagentes e as finais dos produtos são 25o C e 1 atm, chamadas de condições padrão. O combustível menos poluente que se conhece é o hidrogênio, pois sua combustão gera apenas água: <ce>{H2_(g)} + 1/2{O2_(g)} -> {H2O_(l)}</ce>, formula_9 Combustão de combustíveis líquidos. A combustão de um combustível líquido em uma atmosfera oxidante acontece na verdade em forma gasosa. Isto quer dizer, quem queima é o vapor, não o líquido. Portanto, um líquido inflamável normalmente só irá pegar fogo acima de uma certa temperatura, que é seu ponto de fulgor. Abaixo dessa temperatura, o líquido não irá evaporar rápido o suficiente para sustentar o fogo caso a fonte de ignição seja removida. Combustão de combustíveis sólidos. O ato da combustão consiste em três fases relativamente distintas, mas que se sobrepõem: Temperaturas para a combustão. Assumindo condições de combustão perfeitas, como uma combustão adiabática(sem perda de calor) e completa, a temperatura da combustão pode ser determinada. A fórmula que leva a essa temperatura é baseada na primeira lei da termodinâmica e se aproveita do fato que o calor da combustão (calculado a partir do valor de aquecimento do combustível) é usado inteiramente para aquecer o combustível e o gás (ex: oxigênio ou ar) No caso de combustíveis fósseis queimados no ar, a temperatura de combustão depende: A temperatura de combustão adiabática aumenta para: Normalmente, a temperatura de combustão adiabática para o carvão mineral é por volta de 1500 °C (para temperaturas de entrada e temperaturas do ambiente e formula_11), cerca de 2000 °C para o óleo e 2200 °C para o gás natural. Análise por combustão. A análise da combustão é um processo usado para determinar a composição de um composto orgânico. Na combustão incompleta também não há chamas.
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Consumo
Consumo O consumo é uma atividade económica (uma das principais, ao lado da produção, distribuição, repartição dos rendimentos e acumulação) que consiste na utilização, destruição ou aquisição de bens ou serviços. Este ato pode ser efetuado pelas famílias, empresas ou outros agentes económicos, tornando-se estes consumidores, permitindo também satisfazer as respectivas necessidades. Tipos de consumo. Consumo essencial e supérfluo. Tendo em conta a natureza das necessidades satisfeitas, os consumos podem classificar-se em essenciais e supérfluos. Os consumos essenciais referem-se à satisfação das necessidades primárias, ou à compra e utilização de bens indispensáveis à nossa sobrevivência, como os alimentos, o vestuário e a educação. Pelo contrário, o consumo supérfluo ou de luxo assenta na satisfação de necessidades secundárias ou terciárias, ou à aquisição e utilização de bens dispensáveis à nossa vida, como os cosméticos. Consumo individual e coletivo. Outra forma de distinguir os vários tipos de consumo prende-se com o beneficiário do consumo. Um consumo que é efetuado individualmente, como por exemplo a compra de uma camisola ou a ingestão de alimentos por parte de um indivíduo, é considerado consumo individual, pois o consumo irá apenas satisfazer a necessidade de um indivíduo. É, pelo contrário, considerado um consumo coletivo, um consumo que é efetuado simultaneamente por vários indivíduos, e que irão satisfazer necessidades coletivas. O consumo de serviços públicos, como os serviços de saúde, de educação ou de justiça, constituem exemplos deste tipo de consumo. Consumo privado e público. Há ainda classificações do consumo que têm como base o autor do ato de consumir. Neste caso, são duas: o consumo privado e o consumo público. Enquanto que o consumo privado é efetuado por particulares—famílias e empresas—, o consumo público é efetuado pelas Administrações Públicas, como por exemplo o Estado. Consumo final e intermédio. Quanto a esta classificação, que se refere à finalidade do próprio consumo, podemos distinguir entre consumo final e consumo intermédiario. No que toca ao consumo final, este prende-se com o facto de o consumo ter como intuito a satisfação direta das necessidades dos agentes em questão, e cujos bens não sofrerão qualquer transformação. Este ato é normalmente efetuado pelas famílias. O consumo intermédio é, contrariamente, feito normalmente pelas empresas, e refere-se à utilização de bens que sofrerão transformações, e que serão incorporados nos bens finais—bens de consumo final. A compra de alimentos por parte de famílias e a compra de matérias-primas para fazer bolos por parte de empresas, por exemplo, são respetivamente consumos finais e intermédios. Consumo sustentável. O consumo sustentável ou responsável diz respeito ao consumo de bens respeitadores do ambiente. Incluem-se nesta classificação não só o consumo de produtos reciclados, mas também a rejeição de produtos baseados em recursos não renováveis e a rejeição de bens nocivos, se bem que estes dois últimos não se enquadram perfeitamente no conceito de "consumo", sendo atos assentes na responsabilidade do consumidor.
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Ciência Económica
Ciência Económica
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Cálculo vetorial
Cálculo vetorial configura uma área da matemática que trata da diferenciação e integração de campos vectoriais, geralmente no espaço euclidiano, formula_1. O termo "Cálculo vectorial" frequentemente é usado erroneamente como sinônimo de cálculo multivariável, área que o abrange, assim como diferenciação parcial e integrais múltiplas. O Cálculo vectorial possui um importante papel na geometria diferencial e no estudo de equações diferenciais parciais. Ele é extensivamente utilizado em Física e Engenharia, mais explicitamente na descrição de campos eletromagnéticos, campos gravitacionais e mecânica dos fluidos. História. O Cálculo vectorial foi desenvolvido a partir da análise quaterniônica por Josiah W. Gibbs e Oliver Heaviside em torno do final do século 19. Grande parte de sua notação e terminologia foi estabelecida por Gibbs e Edwin B. Wilson, em seu livro "Vector Analysis", publicado em 1901. Definições e objetos. Campo escalar. Um campo escalar associa um escalar a todo ponto no espaço. O escalar pode ser tanto um número matemático ou uma quantidade física.Campos escalares têm de ser independentes de coordenadas, significando que quaisquer dois observadores usando o mesmo sistema de unidades concordarão no valor do campo em um mesmo ponto absoluto no espaço (ou espaço tempo) quaisquer que sejam seus respectivos pontos de origem. Campos escalares são comumente representados pelos campos de temperatura, pressão, potencial gravitacional, potencial elétrico e magnético. Campo vectorial. Um campo vectorial ou campo de vectores é uma construção em cálculo vectorial que associa um vector a todo ponto de uma variedade diferenciável (como um subconjunto do espaço euclidiano, por exemplo). Isso é, um campo de vectores é uma função vectorial que associa um vector a cada ponto formula_2 do espaço formula_3, generalizadamente dada por formula_4. Campos vectoriais são geralmente utilizados na física para indicar, por exemplo, a velocidade e a direção de um fluido ou um corpo se movendo pelo espaço, ou o comprimento e direção de alguma força, tal como a força magnética ou gravitacional, bem como o campo elétrico formula_5 e o campo magnético formula_6relacionando as componentes ponto a ponto. Comumente são representados os campos vectoriais em apresentações mais simplórias, em planos, representações 3D, no entanto campos vetoriais são formados por um número infinito de vetores o que torna exemplos mais complexos com representação apenas por recursos gráficos computacionais. Vectores e pseudo vectores. Em tratamentos mais rigorosos, pode-se distinguir campos pseudovectoriais e campos pseudoescalares, os quais são idênticos a campos vectoriais e campos escalares, com a exceção de que seus sinais são trocados sob uma circunstância de reversão de orientação. O rotacional de um campo vectorial, por exemplo, é considerado um campo pseudovectorial e, se seu sinal é alterado, o rotacional apontará na direção oposta. Essa distinção é esclarecida e elaborada na álgebra geométrica, como descrita abaixo. Álgebra vectorial. As operações algébricas em Cálculo vectorial são referidas como álgebra vectorial, sendo definida para um espaço vectorial e globalmente aplicada a um campo vectorial. As operações algébricas elementares são: Operadores e teoremas. "Artigo principal: Identidades do cálculo vectorial" Operadores diferenciais. "Artigo principal: Gradiente, Divergente, Rotacional e Laplaciano"O cálculo vectorial estuda diferentes operadores diferenciais definidos em campos escalares ou vectoriais, que geralmente são expressados em termos do operador del (formula_7), também conhecido como "nabla". Os três operadores vectoriais elementares são: Um campo vetorial F diz-se conservativo quando existe um campo escalar formula_8 tal que formula_9 . Diz-se, neste caso, que formula_8 é o potencial associado a F . Um campo vetorial F diz-se solenoidal quando formula_11. E se F é solenoidal, existe um campo vetorial A tal que formula_12. Um campo vetorial F diz-se irrotacional quando formula_13. E assim sendo conservativo, ou seja, formula_14 e formula_15 Naturalmente, os dois operadores de Laplace também são muito utilizados: Teoremas de integrais. Os três operadores vectoriais elementares possuem teoremas correspondentes que generalizam o teorema fundamental do cálculo para dimensões superiores: Em duas dimensões, os teoremas da Divergência e do rotacional reduzem-se ao Teorema de Green: Aplicações do cálculo vectorial. Aproximação linear. A Aproximação linear consiste em um recurso utilizado que substitui uma função de maior complexidade por outra função, linear, que apresenta uma imagem semelhante na vizinhança do ponto analisado. Dada uma função diferenciável formula_16 com valores reais, é possível aproximar formula_16 para formula_18 próximo de formula_19 através da relação formula_20 é o termo de acúmulo; Dividindo pelo volume formula_22 e fazendo o limite pra zero, temos: formula_23 Da definição de derivada, podemos concluir: formula_24 Onde podemos simplificar: formula_25 Assim, temos a Equação governante da Transferência de Massa: formula_26 Condições iniciais onde formula_31 é a fração molar de a. Ou seja, as condições iniciais são de concentração e fração molar constante. Condições de contorno a) Condição de contorno de primeira ordem (especifica a variável) Em formula_32 e t>0, formula_33, ou formula_34 (conhecidos e constantes): b) Condição de contorno de impermeabilidade (em superfícies isoladas ou simétricas) Em formula_32 e t>0, formula_40 c) Condição de contorno de superfície reativa Para uma reação química qualquer <chem>a + c -> 2b</chem>: formula_45, logo para a reação hipotética: formula_46, formula_47 e formula_48 formula_49, onde formula_50 é a ordem de reação e formula_51 é a constante da reação. d) Condição de contorno convectiva em uma superfícieEm formula_32 e t>0, formula_53 Física e engenharia. Cálculo vectorial é especialmente útil no estudo de: Referências. § "Esta página foi traduzida e adaptada da ." § Projeto REAMAT. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. formula_54TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO. http://www.fem.unicamp.br/~franklin/EM524/aula_em524_pdf/aula-23.pdf<
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Cerveja
Cerveja A cerveja (do gaulês, através do latim "servisia") é uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais, principalmente a cevada maltada. Acredita-se que tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas que foram criadas pelo ser humano. Atualmente, é a terceira bebida mais popular do mundo, logo depois da água e do café. É a bebida alcoólica mais consumida no mundo atualmente. História. Historicamente, a cerveja já era conhecida pelos antigos sumérios, egípcios, mesopotâmios e iberos, remontando, pelo menos, a A agricultura surgiu na Mesopotâmia em um período entre a revolução do Neolítico e a Idade dos Metais. A mais antiga lei que regulamenta a produção e a venda de cerveja é a Estela de Hamurabi, que data de Nela, se condena à morte quem não respeita os critérios de produção de cerveja indicados. Incluía várias leis de comercialização, fabricação e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das tabernas. O Código de Hamurabi também estabelecia uma ração diária de cerveja para o povo da Babilônia: 2 litros para os trabalhadores, 3 para os funcionários públicos e 5 para os administradores e o sumo sacerdote. O código também impunha punições severas para os taberneiros que tentassem enganar os seus clientes. A notícia mais antiga que se tem da cerveja vem de a Desta época, arqueólogos encontraram menção no Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os sumérios já produziam a bebida. Já na Babilônia dá-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de diversas combinações de plantas e aromas, e o uso de diferentes quantidades de mel. Mesopotâmios estavam bebendo cerveja de vasos individuais há 3.500 anos. Posteriormente, no antigo Egito, a cerveja, segundo o escritor grego Ateneu de Náucrates (), teria sido inventada para ajudar a quem não tinha como pagar o vinho. Inscrições em hieróglifos e obras artísticas testemunham o gosto deste povo pelo "henket" ou "zythum", apreciado por todas as camadas sociais. Até um dos faraós, , passou a ser conhecido como "faraó-cervejeiro" após doar, aos sacerdotes do Templo de Amon, 466 308 ânforas ou aproximadamente um milhão de litros de cerveja provenientes de suas cervejarias. Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode, naturalmente, sofrer fermentação alcoólica. Assim, bebidas semelhantes à cerveja foram inventadas de forma independente em diversas sociedades em redor do mundo. Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à cerveja está numa tabua sumeriana com cerca de 6000 anos de idade na qual se veem pessoas tomando uma bebida através de juncos de uma tigela comunitária. A cerveja também é mencionada na Epopeia de Gilgamesh. Um poema sumeriano de 3900 anos homenageando a deusa dos cervejeiros, Ninkasi, contém a mais antiga receita que sobreviveu, descrevendo a produção de cerveja de cevada utilizando pão. A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas, durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria de bárbaros. Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente acerca da cerveja preparada pelos povos germânicos. Na Idade Média, vários mosteiros fabricavam cerveja, empregando diversas ervas para aromatizá-la, como mírica, rosmarino, louro, sálvia, gengibre e o lúpulo, este utilizado até hoje e introduzido no processo de fabricação da cerveja entre os anos 700 e 800. O uso de lúpulo para dar o gosto amargo da cerveja e para preservá-la é atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. Houve um tempo em que o papel da levedura na fermentação era desconhecido. Na Era Viquingue, cada família tinha sua própria vara de cerveja que eles usavam para agitar a bebida durante a produção. Estas varas de cerveja eram consideradas herança de família, porque era o uso da vara que garantia que a cerveja daria certo. Hoje em dia, sabe-se que estas varas continham uma cultura bacteriana de levedura. A "Reinheitsgebot" ("Lei da Pureza da Cerveja" Alemã de 1516) — definia os únicos materiais permitidos para fabricação de cerveja como sendo malte, lúpulo e água. Com a descoberta do fermento e de sua função no final da década de 1860 por Louis Pasteur, a lei teve que ser alterada. A maior parte das cervejas, até tempos relativamente recentes, eram do tipo que agora chamamos de "Ales". As "Lagers" foram descobertas por acidente no , quando a cerveja era estocada em frias cavernas por longos períodos; desde então, elas ultrapassaram largamente as cervejas tipo "ale" em volume. O lúpulo é cultivado na França desde o . O mais antigo escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067 pela abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo." No , na Inglaterra, a fermentação sem lúpulo podia dar origem a uma bebida tipo "ale" — o uso do lúpulo torná-la-ia uma cerveja. A cerveja com lúpulo era importada para a Inglaterra (a partir dos Países Baixos) desde cerca de 1400, em Winchester. O lúpulo passou a ser cultivado na ilha a partir de 1428. A Companhia dos Fabricantes de Cerveja de Londres foi longe a ponto de especificar que "nenhum lúpulo, ervas, ou coisa semelhante será colocada dentro de nenhuma "ale" ou bebida alcoólica enquanto a "ale" estiver sendo feita — mas somente um licor (água), malte e uma levedura". Contudo, por volta do , "ale" veio a referir-se a qualquer cerveja forte, e todas as "ales" e cervejas continham lúpulo. No idioma eslavo, a cerveja é chamada "piwo" (pronuncia-se "pivo"), do verbo "pić" (pronuncia-se "pítch"), "beber". Por isso, "piwo" pode ser traduzido como "bebida", o que demonstra a importância que lhe é concedida. O Kalevala, poema épico finlandês coligido na forma escrita no mas baseado em tradições orais seculares, contém mais linhas sobre a origem da fabricação de cerveja do que sobre a origem do homem. Em 2013, foi desenvolvido pela primeira vez sorvete e ovo de páscoa a partir de cerveja. Etimologia. Existem vários pontos de vista: Em todo caso, a raiz comum é facilmente perceptível em suas formas em português "cerveja", em espanhol "cerveza", em catalão "cervesa" e em galego "cervexa". Em outros idiomas europeus, são usados ​​derivados da mesma raiz germânica, como a palavra alemã "bier", o inglês "beer", o francês "bière" e o italiano "birra". Em inglês, também usa-se a palavra "ale", equivalente a "öl", a palavra escandinava para a bebida. Ingredientes. Os ingredientes básicos da cerveja são: água; uma fonte de amido, tais como malte de cevada, capaz de ser sacarificado (convertidos em açúcares), então fermentados (convertido em álcool e dióxido de carbono); uma levedura de cerveja para produzir a fermentação, e o lúpulo. Uma mistura de fontes de amido pode ser usada, com uma fonte secundária de amido, como o milho ou arroz, sendo muitas vezes denominado um adjunto, especialmente quando utilizado quando o objetivo é obter uma cerveja mais leve e refrescante. Já a adjunção de outros cereais não malteados como a aveia e o centeio confere um caráter mais encorpado à cerveja. Fontes de amido menos utilizadas incluem milheto, sorgo, raiz de mandioca na África, tubérculo de batata no Brasil e agave no México, entre outros. Água. As regiões têm água com componentes minerais diferentes. Como resultado, diferentes regiões foram inicialmente mais adequadas para se fazer certos tipos de cerveja, dando-lhes um caráter regional. Por exemplo, Dublin tem água dura adequada para se fazer "stouts" como a Guinness, enquanto que Plzeň tem água macia adequada para se fazer uma Bohemian Pilsner como a Pilsner Urquell. As águas de Burton, na Inglaterra, contêm gipsita, que beneficia a fabricação de "pale ales", a tal ponto que as cervejeiras que produzem "Pale Ales" acrescentam gesso na água em um processo conhecido como burtonização. Malte de cevada. A fonte de amido em uma cerveja fornece o material fermentável e é um fator determinante no sabor da cerveja. A fonte de amido mais comum usada na cerveja é a cevada maltada. A cevada é maltada por imersão em água, permitindo que ele comece a germinação e em seguida seca-se o grão parcialmente germinado em um forno. O grão maltado produz enzimas que convertem o amido nos grãos em açúcares fermentáveis, diferentes tempos e temperaturas são utilizados para produzir cores diferentes de malte a partir do mesmo grão. Maltes escuros produzirão cervejas mais escuras. Durante a preparação da cerveja, o malte é moído, remove-se o epicarpo (casca), e o grão é dividido em pedaços. Estas cascas permanecem com o grão durante a brassagem e atuam como um filtro natural durante a lavagem dos grãos, quando o mosto é separado do material insolúvel do grão. Outros grãos maltados e não maltados (incluindo o milho, arroz, trigo, aveia, e centeio, e menos frequentemente, sorgo) podem ser utilizados. Nos últimos anos, alguns poucos fabricantes têm produzido cerveja sem glúten, feita com sorgo e sem malte de cevada, para aqueles que não podem consumir glúten provenientes de grãos como trigo, centeio, cevada e etc. Cereais não maltados. Cereais não maltados são aqueles que não precisam passar pelo processo de maltação para estarem aptos ao uso para a produção de cerveja. Ou seja: eles são utilizados como são encontrados. Historicamente, além da cevada outros cereais sempre foram utilizados na produção de cerveja. De acordo com a necessidade da receita, mestres cervejeiros experimentavam outros ingredientes para atingir diferentes sabores, aromas e texturas. Hoje, especula-se que cerca de 70% das cervejas produzidas no mundo levam cereais não maltados. Entre os exemplos mais notáveis, estão o trigo, o milho, o arroz, o centeio e a aveia. Trigo. Um dos cereais mais famosos do mundo cervejeiro, pode ser utilizado maltado ou não. Bastante utilizada na Alemanha — ironicamente, o país que criou a Lei da Pureza — e nas Witbier belgas. Sua presença na receita torna a bebida turva, cremosa e refrescante. Milho. Amplamente usado nas Américas, o milho é um cereal que acrescenta açúcares fermentáveis sem aumentar o corpo da bebida. É empregado em receitas cervejeiras há muito tempo e por muitas culturas: os andinos já utilizavam o cereal para produzir a "Chicha", os alemães para retirar opacidade da bebida e os belgas o empregavam para criar receitas mais leves. Seu uso confere, geralmente, propriedades mais leves para a cerveja, tornando-a mais apropriada para climas tropicais. Arroz. É um cereal muito utilizado no Japão, China e Estados Unidos. Também confere leveza à cerveja, além de uma coloração dourada e brilhante. Atualmente, além das cervejarias orientais, o arroz vem ganhando espaço entre as cervejarias artesanais. Cervejarias também usam a variedade vermelha do cereal para atingir diferentes colorações. Centeio. Garante coloração avermelhada para a cerveja, além de cremosidade e sabores levemente picantes. Pela sua intensidade, é utilizado em pequenas quantidades na cerveja. Atualmente vem ganhando bastante espaço na receita de cervejas intensas, como as IPAs ("India pale ales") e as "Pale Ales". Aveia. Por ser um cereal rico em proteínas, óleos e gordura, geralmente não é muito utilizada na produção de cerveja. Mesmo assim, existem exemplares muito premiados ao redor do mundo, como as Oatmeal Stouts. Hoje, a Inglaterra é o país que mais a utiliza. Lúpulo. O lúpulo que é utilizado na fabricação de cervejas na verdade é a flor da espécie vegetal "Humulus lupulus". A planta é dioica, ou seja, possui os sexos separados, mas somente as flores da planta fêmea são utilizadas como ingredientes da bebida. Nessas flores, existem glândulas amareladas entre as pétalas, chamadas lupulinas, que produzem resinas e óleos que são responsáveis pelo aroma e amargor que é conferido à cerveja. Esse sabor amargo, que serve para equilibrar a doçura do malte, é medido por meio da Escala Internacional de Unidades de Amargor. O lúpulo atribui aromas e sabores cítricos e florais à cerveja. Além disso, essa flor tem um efeito antibiótico que favorece a atividade da "Saccharomyces cerevisiae" (levedura da cerveja) sobre microorganismos menos desejáveis ​​e ajuda na retenção da espuma da bebida. A acidez do lúpulo também age como um conservante natural da bebida. Graças a todas essas características, a maior parte do lúpulo utilizado comercialmente é usado na fabricação de cerveja. A primeira menção histórica do uso do lúpulo na cerveja foi de 822 em escrituras de um mosteiro feitas por Alhard the Elder, também conhecido como Adelardo de Corbie. embora normalmente a data mencionada para o cultivo generalizado de lúpulo para uso em cerveja date do Gruit. Antes desse século, a cerveja era aromatizada com outras plantas, como a "glechoma hederacea" por exemplo. As combinações de ervas aromáticas, frutos diversos e até mesmo ingredientes como o absinto eram combinados em uma mistura conhecida como "Gruit". Atualmente algumas cervejas, como a Fraoch' da empresa Scottish Heather Ales e Cervoise Lancelot da empresa French Brasserie-Lancelot, utilizam outras plantas além de lúpulo para condimentação. No Brasil, estudos já foram conduzidos para investigar a viabilidade do uso de diversos saborizantes (quina, alcachofra, erva mate, cacau, café verde, etc.) como alternativas ao lúpulo. Levedura ou fermento. A levedura é um fungo responsável pela fermentação em cerveja. A levedura metaboliza os açúcares extraídos a partir de grãos, o que produz o álcool e dióxido de carbono, e, assim, se transforma o mosto em cerveja. Além de fermentar a cerveja, a levedura influencia o caráter e sabor. Um dos tipos de levedura mais usados ​​para fazer cerveja é a Saccharomyces cerevisiae. Também são usadas Brettanomyces, para fermentar Lambics, e "Torulaspora delbrueckii", para fermentar a weissbier da Baviera. Antes que a ação da levedura na fermentação fosse entendida, a fermentação era feita com leveduras selvagens encontradas ao ar livre. Alguns tipos de cerveja como as Lambics seguem esse método até hoje, mas a fermentação mais moderna acrescenta culturas de levedura puras. Agentes clarificantes. Alguns fabricantes adicionam um ou mais agentes clarificantes na cerveja, o que tipicamente precipita (coleta como um sólido) para fora da cerveja, juntamente com os sólidos de proteínas que seriam encontradas no produto final. Este processo dá à cerveja uma aparência brilhante e límpida, em vez do aspecto turvo de certos estilos, como a "weissbier". Alguns exemplos de agentes clarificantes são: "isinglass" (em português, ictiocola), obtido a partir da bexiga natatória de peixes; "irish moss", uma alga marinha; carragenina, obtida da alga "Kappaphycus cottonii"; Polyclar, artificial; e gelatina Preparação. O objetivo do processo é converter a fonte de amido em um líquido açucarado chamado mosto e depois converter o mosto em uma bebida alcoólica conhecida como a cerveja, em um processo de fermentação efetuada por leveduras. Há várias etapas no processo de fabricação de cerveja, que pode incluir maltagem, brassagem, lavagem, fervura, fermentação, maturação, filtragem e embalagem. Maltagem. Maltagem é o processo onde os grãos são preparados para a fabricação de cerveja. A maltagem é dividida em três etapas, a fim de ajudar a liberar os amidos do grão. Em primeiro lugar, o grão é adicionado a um tanque com água e permanece de molho por aproximadamente 40 horas. Durante a germinação, o grão é espalhado no chão da sala de germinação por cerca de 5 dias. A parte final da maltagem é a secagem. Aqui, o malte passa por uma temperatura muito elevada de secagem em forno. A alteração da temperatura é gradual de modo a não perturbar ou danificar as enzimas no grão. Quando a secagem está completa, os grãos são agora denominados de malte, e serão moídos ou triturados para separar os grãos e expor o cotilédone, que contém a maior parte dos carboidratos e açúcares; isso faz com que seja mais fácil de extrair os açúcares durante brassagem. Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou não maltados são também usados na fabricação de cerveja, inclusive: trigo, arroz, milho, aveia e centeio. Brassagem. Brassagem converte os amidos liberados durante a fase de maltagem em açúcares que podem ser fermentados. O grão moído é misturado com água quente num recipiente grande. Neste recipiente, o grão e a água são misturados em conjunto para criar um mosto de cereais. Durante a brassagem, as enzimas que existem naturalmente no malte convertem os amidos (carboidratos de cadeia longa) no grão em moléculas menores ou açúcares simples (mono-, di-, e tri-sacarídeos). Esta "conversão" é chamada de sacarificação e cada receita possui sua própria curva de temperatura para extrair as quantidades desejáveis dos diferentes compostos, variando de 50 a 67 graus Celsius. O resultado do processo de brassagem é um líquido rico em açúcar ou "mosto", que é então filtrada através da parte inferior do recipiente num processo conhecido como drenagem do mosto. Antes da drenagem, a temperatura do mosto pode ser aumentada até cerca de 75 graus Celsius (conhecido como um "mashout") para desativar as enzimas. Água adicional pode ser liberada sobre os grãos para extrair os açúcares adicionais. Fervura. Ferver o extrato de açúcar do malte, chamado mosto, assegura a sua esterilização, e, portanto, impede uma série de infecções. Durante a fervura o lúpulo é adicionado, o qual contribui para amargor, sabor, aroma e compostos para a cerveja. O calor da fervura, faz com que as proteínas no mosto coagulem e o pH do mosto caia. Finalmente, os vapores produzidos durante a fervura volatilizam sabores indesejados, incluindo precursores do o dimetilsulfureto (DMS). A fervura deve ser realizada de modo que seja uniforme e intensa. A fervura dura entre 15 e 120 minutos, isso depende da intensidade da fervura, o tempo de adição de lúpulo, e volume de água a ser evaporada. Durante a fervura, ocorrem reações químicas com os componentes do lúpulo, entre eles os alfa ácidos. Alfa ácidos têm uma leve efeito antibiótico / bacteriostático contra bactéria Gram-positiva, e favorecem a atividade exclusiva da levedura durante a fermentação da cerveja. Os alfa ácidos são responsáveis ​​pelo sabor amargo na cerveja, porém o mesmo é insolúvel em água até ser isomerizado pela ebulição do mosto. Quanto maior o tempo de ebulição, maior o percentual de isomerização e mais amarga a cerveja será. No entanto, os óleos que contribuem com sabores e aromas característicos são voláteis e se perdem em grande quantidade durante longas fervuras. Há muitas variedades de lúpulo, mas estes podem ser divididos em duas categorias gerais: amargor e aroma. Lúpulos de amargor são ricos em ácidos alfa, cerca de 10 por cento de seu peso. Lúpulos de aroma contém geralmente menos, cerca de 5 por cento e produzem um sabor e aroma mais desejável à cerveja. Muitas variedades estão no meio-termo e são utilizadas para ambos os fins. Lúpulos de amargor são acrescentados no início da ebulição e fervidos durante cerca de uma hora. Lúpulos de aroma são adicionados ao final da fervura e normalmente fervidos por 15 minutos ou menos. Adicionando-se diferentes variedades de lúpulo em diferentes momentos durante a fervura, um perfil mais complexo pode ser alcançado, fazendo com que a cerveja apresente um equilíbrio entre amargor, sabor e aroma. "Whirlpool". No final da fervura, o mosto é colocado em movimento espiral. O assim chamado paradoxo das folhas de chá obriga os sólidos densos (proteínas coaguladas, matéria vegetal a partir de lúpulo) a formar um cone no centro do tanque de "whirpool". Na maior parte das grandes cervejarias, existe um tanque separado para "whirlpool". Estes tanques têm um diâmetro grande para facilitar a sedimentação, fundo plano ou uma inclinação de 1 ou 2 graus na direção da saída, uma entrada tangencial perto do fundo, e uma saída na parte inferior perto da borda externa do turbilhão. O recipiente não deve ter protuberâncias internas que possa diminuir a rotação do líquido. Cervejarias menores costumam usar o recipiente de fervura para fazer o "whirpool". "Hopback". A "hopback" é uma câmara selada que é inserida entre o recipiente de fervura e do resfriador de contra-fluxo do mosto. Lúpulo em flor é adicionado à câmara, o mosto quente passa através dele, e imediatamente depois arrefecido no resfriador de mosto antes de entrar no câmara de fermentação. Esse processo facilita a retenção máxima de compostos voláteis de aroma do lúpulo que normalmente seriam perdidos. No Reino Unido, é prática comum o uso de hopback para clarificar o mosto. Este processo tem o mesmo efeito que o "whirpool", mas funciona de uma maneira completamente diferente. Os dois processos são muitas vezes confundidos, mas são funcionalmente, bem diferente. Enquanto o "whirpool" utiliza força centrífuga, o hopback utiliza uma camada de flores de lúpulo fresco em um espaço confinado para agir como um filtro para remover o trub. Resfriamento do mosto. Depois do "whirpool", o mosto deve ser resfriado para temperaturas de fermentação (20 °C a 26 °C) antes da levedura ser adicionada. Em fábricas de cerveja modernas, isto é conseguido através de um trocador de calor de placas. Um trocador de calor de placas tem várias placas estriadas que formam dois caminhos distintos. O mosto é bombeado para dentro do trocador de calor, e passa através de cada dois intervalos entre as placas. O meio de arrefecimento, geralmente água, passa através dos outros intervalos. Os sulcos nas placas asseguram um fluxo turbulento. Um bom trocador de calor pode diminuir a temperatura de 95 °C para 20 °C enquanto aquece o meio de arrefecimento de cerca de 10 °C até 8 °C. As últimas placas frequentemente utilizam um fluido de arrefecimento, que pode ser arrefecido abaixo do ponto de congelamento, o que permite um controle mais fino sobre a temperatura do mosto de saída, e também permite o arrefecimento para cerca de 10 graus Celsius. Após o resfriamento, oxigênio é muitas vezes dissolvido no mosto para revitalizar o fermento e ajudar em sua reprodução. Enquanto ferve, é importante se recuperar parte da energia usada para ferver o mosto. Em seu caminho para fora da cervejaria, o vapor criado durante a fervura é passa por uma serpentina pela qual flui água não aquecida. Ao ajustar a velocidade de fluxo, a temperatura de saída da água pode ser controlada. Isto também é muitas vezes feito utilizando um trocador de calor de placas. Essa água é então armazenado para uso na próxima brassagem, na limpeza de equipamento, ou sempre que necessário. Outro método comum de recuperação de energia ocorre durante o arrefecimento do mosto. Quando a água fria é usada para arrefecer o mosto num trocador de calor, a água é aquecida significativamente. Numa fábrica de cerveja eficiente, a água passa através do trocador de calor a uma taxa definida para maximizar a temperatura da água ao sair. Esta água quente é agora em seguida armazenada num tanque de água quente para uso posterior. Fermentação. Fermentação, na fabricação de cerveja, é a conversão de carboidratos para dióxido de carbono e de álcoois ou ácidos orgânicos utilizando leveduras, bactérias, ou uma combinação das mesmas, sob condições anaeróbicas. Uma definição mais restrita de fermentação é a conversão química dos açúcares em etanol. Depois que o mosto é arrefecido e oxigenado — geralmente com ar estéril — a levedura é adicionada a ele, e então começa a fermentar. É durante esta fase, que açúcares obtidos a partir do malte são metabolizados em álcool e dióxido de carbono, e o produto pode ser chamado pela primeira vez de cerveja. A fermentação acontece em tanques que vêm em todos os tipos de formas, desde enormes cilindro-cônicos até tonéis de madeira. Condicionamento. Depois da fermentação inicial ou primária, a cerveja é agora condicionada, maturada ou envelhecida, em uma de várias formas, que pode levar entre 2 a 4 semanas, vários meses ou vários anos, dependendo do tipo de cerveja. A cerveja é geralmente transferida para um segundo recipiente, de modo que já não se encontre mais exposta à levedura morta e outros detritos (também conhecido como "trub") que tenham decantado no fundo do fermentador principal. Isto evita a formação de sabores indesejáveis ​​e compostos prejudiciais, tais como os acetaldeídos. Durante a fermentação secundária, a maior parte da levedura remanescente irá depositar-se no fundo do fermentador, produzindo um produto menos turvo. Algumas cervejas sofrem uma fermentação na garrafa, dando carbonatação natural. Esta pode ser uma segunda ou terceira fermentação. Elas são engarrafadas com uma população de levedura viável em suspensão. Se não houver açúcar residual fermentável, açúcar pode ser adicionado, na proporção de 8 gramas por litro de bebida. A fermentação resultante gera dióxido de carbono que fica preso dentro da garrafa, permanecendo na solução e proporcionando carbonatação natural. "Lagers" são envelhecidas perto de temperaturas de congelamento durante 1–6 meses, dependendo do estilo. Este envelhecimento a frio serve para reduzir o teor de compostos sulfurosos produzidos pela levedura de baixa fermentação e para produzir um produto final com sabor mais limpo, com menos ésteres. Sabores desagradáveis, ​​tais como compostos fenólicos, tornam-se insolúveis na cerveja fria e o sabor da cerveja torna-se mais suave. Durante esse tempo, a pressão é mantida nos tanques. "Kräusening" é um método de condicionamento em que mosto fermentando é adicionada à cerveja acabada. A levedura ativa irá reiniciar fermentação na cerveja acabada, e assim introduzir novo dióxido de carbono, o tanque de condicionamento será então selado de modo que o dióxido de carbono seja dissolvido na cerveja produzindo certo nível de carbonatação. O método kräusening pode também ser usado para cervejas condicionadas em garrafa. Embalagem. "Embalar" é colocar a cerveja dentro de recipientes para deixar a cervejaria. Normalmente, isso significa colocar a cerveja em garrafas, latas de alumínio ou barris. A maioria das cervejas são clarificadas pela filtragem, quando embalados em latas ou em garrafas. No entanto, cervejas condicionadas em garrafa retém um pouco de levedura, quer seja por não serem filtradas, ou por terem sido filtradas e, em seguida, adicionado-se levedura. Estilos de cervejas. "Old Ale". Tipo de cerveja escura inglesa de alta fermentação. Esses tipos de cervejas são envelhecidas por pelo menos dois anos antes de serem consumidas. A cerveja "old ale" geralmente tem um teor alcoólico de 6 por cento em volume, possuindo bom corpo e gosto estruturado. "Lager". Tipo de cerveja fermentada com uma levedura que trabalha melhor em temperaturas mais baixas. Tal levedura é chamada de levedura de baixa fermentação. Ao processo pelo qual a cerveja é maturada em temperaturas baixas (comumente em caves, cavernas ou adegas) por longos períodos de tempo, chamamos de lagering, do alemão "lagern" que significa armazemar. Embora existam muitos estilos de "lagers", a maioria delas é clara na cor, com alto teor de gás carbônico, de sabor moderadamente amargo e conteúdo alcoólico entre 3–6% por amostra. Os estilos de "lager" incluem: Bock, Doppelbock, Eisbock, Munchner Helles, Munchner Dunkel, Maibock, Dry Beer, Export, Märzen (feita somente para a Oktoberfest bávara), Pilsener e Schwarzbier (cerveja preta). "Ale". Tipo de cerveja produzida a partir de cevada maltada usando uma levedura que trabalha melhor em temperaturas mais elevadas. Tal levedura, conhecida como levedura de alta fermentação, fermenta a cerveja rapidamente, proporcionando um sabor frutado devido a maior produção de ésteres Cervejas de fermentação alta, especialmente populares na Grã-Bretanha e Irlanda, incluindo as "mild" (meio amargas), "bitter" (amargas), "pale ale" ("ale" clara), "porter" (cerveja escura muito apreciada por estivadores) e "stout" (cerveja preta forte). Diferenças de estilo entre cervejas de fermentação alta são muito maiores do que aquelas encontradas entre as cervejas de baixa fermentação e muitos estilos são difíceis de categorizar. A cerveja comum da Califórnia, por exemplo, é produzida usando o fermento para "lagers" em temperaturas para "ales". As cervejas à base de trigo são geralmente produzidas usando um fermento para "ales" e então armazenadas, às vezes com um fermento para "lagers". A cerveja belga Lambic é produzida com fermentos selvagens e bactérias, nativos da região do vale do rio Zenne (Pajottenland), perto de Bruxelas. Bebidas Relacionadas. Ao redor do mundo existem várias bebidas antigas e tradicionais feitas a partir da fermentação de grãos que são chamadas de cerveja. Na África existem várias cervejas étnicas feitas a partir do sorgo ou do milheto como o Oshikundu na Namibia e a Tella na Etiópia. Cerveja de banana é produzida em vários países africanos. A cerveja feita a partir da fermentação da banana recebe nomes diferentes em cada país: "Mubisi" (Uganda), "Kasiksi" (República Democrática do Congo), "Urwaga" (Quênia), "Urwagwa" (Burundi e Ruanda) e "Mbege" (Tanzânia). O Quirguistão também possui uma cerveja feita a partir do milheto; possui baixo conteúdo alcóolico e se parece com mingau, chamando-se de "Bozo". Butão, Nepal e Tibete também usam o milheto na Chhaang, uma bebida popular semi-fermentada a partir do arroz e do milheto do leste dos Himalaias. Mais a leste na China encontra-se o Huangjiu e o Choujiu — bebidas tradicionais feitas de arroz. Nos Estados Unidos a produção de cerveja de abóbora é uma tradição. Nos Andes existe a Chicha, feito de milho germinado; enquanto os povos indígenas do Brasil bebem o Cauim, uma bebida tradicional pré-cabralina feita a partir da mandioca ("ver: História da cerveja no Brasil e Cerveja no Brasil") que é similar ao Masato no Peru. Classificação das cervejas. O conceito moderno de estilo de cerveja é em grande parte baseado na obra do escritor Michael Jackson em seu livro de 1977 "The World Guide To Beer" em que ele categoriza cervejas de todo o mundo em grupos de estilo de acordo com os costumes locais e nomes. Em 1989, Fred Eckhardt publicou a obra "The Essentials of Beer Style".. Embora o estudo sistemático dos estilos de cerveja seja um fenômeno moderno, a prática de distinguir entre diferentes variedades de cerveja é antiga, datando de pelo menos O estudo do que constitui um estilo de cerveja pode envolver proveniência, a tradição local, ingredientes, e / ou impressão empírica, que é convencionalmente dividida em alguns elementos, normalmente — aroma, aparência, sabor e paladar. O sabor pode incluir o grau de amargor da cerveja devido a agentes de amargor, como lúpulo, cevada torrado, ou ervas, e da doçura do açúcar presente na cerveja. Elementos dos estilos de cerveja. Cervejas podem ser categorizadas a partir de uma série de fatores. Aparência. As características visuais que podem ser observados numa cerveja são cor, clareza e colarinho. A cor é geralmente transmitida pelos maltes utilizados, embora outros ingredientes podem contribuir para a cor de alguns estilos, tais como cervejas de fruta. Intensidade da cor pode ser medida por sistemas tais como EBC, SRM ou Lovibond. Muitas cervejas são transparentes, mas algumas cervejas, tais como "hefeweizen", podem ser turvas devido à presença de leveduras. Uma terceira variedade é a cor opaca ou quase opaca que existem em "stouts", "porters", "schwarzbiers" (cerveja preta) e outros estilos escuros. Tamanho e retenção do colarinho e o laço (marcas da espuma no copo) são também fatores na aparência da cerveja. Aroma. O aroma de uma cerveja pode ser formado a partir dos maltes fermentáveis, a intensidade e o tipo de lúpulo, o álcool, os ésteres, e os vários componentes aromáticos outros que podem ser proporcionadas pela levedura, e outros elementos que podem derivar da água e ao processo de fabricação de cerveja. Sabor. As características de sabor de uma cerveja podem vir do tipo e quantidade de malte utilizados, sabores transmitidos pela levedura, e intensidade do amargor. O amargor pode ser medido em uma escala internacional de unidades de amargor. Sensação na boca. A sensação de uma cerveja na boca, tanto a partir da viscosidade do líquido e da carbonatação, também pode ser considerada como parte do estilo da cerveja. A cerveja com mais dextrinas parece mais viscosa na boca. O nível de carbonatação (ou nitrogênio) varia de um estilo de cerveja para o outro. Para algumas cervejas pode dar uma sensação cremosa, enquanto para outros, contribui para uma sensação de formigamento. Força. A força da cerveja é um termo geral para a quantidade de álcool presente. Ela pode ser quantificada quer indiretamente através da medição do peso específico, ou, mais diretamente através da determinação da percentagem global de álcool na cerveja. Densidade. A medição do peso específico da cerveja é utilizada para estimar a força de cerveja por medição da sua densidade. Várias escalas têm sido utilizadas para a medição da gravidade, incluindo o Plato, Baumé, Balling e escalas Brix, com a escala Plato sendo a medida moderna mais comum. Esta abordagem baseia-se no fato de os açúcares dissolvidos e o álcool afetam a densidade de cerveja de modo diferente. Uma vez que os açúcares são convertidos em álcool durante o processo de fermentação, a densidade pode ser utilizada para estimar o álcool final. Na produção de cerveja, é feita uma distinção entre a gravidade original, a densidade do mosto antes da fermentação começar, e a densidade final do produto quando a fermentação foi concluída. Uma vez que a concentração de açúcares é diretamente proporcional à gravidade, a densidade original dá uma ideia do teor alcoólico do produto final. Após a fermentação, as diferenças entre as densidades finais e original indica a quantidade de açúcar convertidos em álcool, o que permite que a concentração do teor alcoólico seja calculado. A densidade original de uma cerveja foi a base para determinar a tributação no Reino Unido e Irlanda a partir de 1880 até o final do . Na Europa Continental], a força de uma cerveja, em graus Plato é algumas vezes utilizada por uma fábrica de cerveja para distinguir uma determinada cerveja produzido em linha. Por exemplo, a cervejaria Rochefort produz três cervejas, todos diferentes na cor, sabor e aroma; e vende-as como Rochefort 6, Rochefort 8 e Rochefort 10, os números referentes às densidades originais das cervejas. Westvleteren Brewery, por sua vez, produz três cervejas, e as chama de Blonde, 8 e 12. Há muitos tipos diferentes de cerveja. Uma descrição detalhada dos estilos de cerveja pode ser encontrada na página de Internet da Beer Judge Certification Program. Copos de cerveja. Assim que a cerveja entra no copo, a sua cor, aroma e sabor são alterados, bem como a percepção do indivíduo que irá desfrutar a bebida, ou seja, a antecipação é afetada. Nuances escondidas, tornam-se mais pronunciadas, como o brilho das cores, afetando a experiência de beber cerveja. Estudos científicos mostram que a forma do copo afeta o desenvolvimento e a retenção da espuma. A espuma criada quando uma cerveja é servida funciona como uma barreira para alguns compostos da cerveja. Esses compostos que evaporam de cerveja para criar o seu aroma, tais como óleos do lúpulo, todos os tipos de subprodutos gerados na fermentação pela levedura, como o álcool, e esteres frutados, especiarias ou outras adições. Assim, um copo que promove uma retenção de espuma saudável pode melhorar a captura de certos compostos. E como diferentes níveis de retenção de espuma e apresentação são esperados em diferentes estilos de cervejas, diferentes estilos de copos podem ser usados em conformidade. "Flut" ou Flauta. Em forma de flauta, são mais usados para beber espumantes e champanhes, mas são ideais para cervejas do tipo Faro, Lambic, Gueuze ou as champegnoises, como a belga Deus e a brasileira Lust. O fato de serem esguios possibilita que o creme demore mais para se dissipar, mantendo as qualidades da cerveja no copo. "Goblet" ou cálice. Peças majestosas de trabalho. Os mais delicados também podem ter suas bordas decoradas com prata ou ouro ou ostentar esculturas. Alguns são concebidos para manter um colarinho de 2 centímetros. Isto é obtido, marcando o fundo na parte interior do copo, o que cria um ponto de nucleação de gás carbônico, e um fluxo de bolhas eterna, com uma perfeita retenção de espuma como resultado. Benefícios: Projetado para manter espuma. De boca larga para goles profundos. Ideais para as grandes trapistas belgas. Também podem ser usados com os estilos Dubbel, Tripel e Quadrupel. Variações de formato são encontradas com os nomes de Bolleke (copos da Leffe e Westmalle) e Trapist (copo da La Trappe), mas todos compartilham características como bocas largas e uma haste alongada. Tulipa. Ideal para cervejas que possuem bastante creme, como a Duvel e outras Strong Ales belgas. O desenho é baixo e elegante, permitindo também observar a evolução da espuma. A Tulipa parece mais com uma taça de conhaque, porém com a boca do copo virada para fora. Benefícios: captura e aumenta compostos voláteis, enquanto induz e apoia grandes colarinhos. Ideal também para "scottish ales", "american double/imperial IPAs", "barleywines", "Belgian ales" outras cervejas aromáticas. "Pint" ("Becker", "Nonic", "Tumbler"). Quase cilíndrico, com uma ligeira conicidade e boca larga. Há dois tamanhos padrão: a 16 onças ("Tumbler EUA") ou o Imperial de 20 onças (Nonic), que tem uma ligeira crista em direção ao topo. A versão de 20 onças é o preferido para acomodar mais cerveja ou cervejas com grandes colarinho. Um Becker é o equivalente alemão, afinando no topo. Benefícios: barato de fazer. Fácil de guardar. Ideal para as cervejas do tipo "Bitter" e "Stout". O anel dos "pints" Nonick foram encorporados por volta de 1960 para facilitar o empilhamento de copos, evitando que eles ficassem presos e quebrassem. "Pilsner". Captura a efervescência e as cores de uma Pilsen. Realça a cor, clarificação e carbonatação. Promove a retenção de espuma. Melhora a percepção de compostos voláteis. Adequado para "Viena Lager", "Light American Lager", "Dortmunder", "Doppelbock", "Bohemian Pilsner", "German Pilsner", entre outros. Caneco (ou "Seidel", "Stein"). Pesado, robusto, grande e com alça, a caneca é uma peça divertida e séria de vidro que vem em vários tamanhos e formas. A melhor parte de usar uma caneca é que você pode brindar com mais confiança do que outros tipos de vidro. Seidel é uma caneca alemã, enquanto um Stein é o equivalente de pedra que tradicionalmente apresenta uma tampa, cuja utilização remonta à peste negra para evitar que moscas caíssem dentro. Benefício: fácil de beber. Comporta muito volume. Ideal para: "American Amber" / "Red Ale" "American Amber" / "Red Lager" "American Black Ale" "American Blonde Ale" "American Brown Ale" "American Dark Wheat Ale" "American IPA" "American Malt Liquor" "American Pale Ale (APA)" "American Pale Wheat Ale" "American Porter" "American Stout" "American Strong Ale" "Baltic Porter" "Black & Tan" "Bock" "California Common / Steam Beer" "Chile Beer" "Cream Ale" "Czech Pilsener" "Doppelbock" "English Bitter" "English Brown Ale" "English Dark Mild Ale" "English India Pale Ale (IPA)" "English Porter" "English Stout" "English Strong Ale" "Euro Dark Lager" "Extra Special / Strong Bitter (ESB)" "Fruit / Vegetable Beer" "German Pilsener" "Herbed / Spiced Beer" "Irish Dry Stout" "Irish Red Ale" "Keller Bier / Zwickel Bier" "Maibock / Helles Bock" "Märzen / Oktoberfest" "Milk / Sweet Stout" "Oatmeal Stout" "Rauchbier" "Roggenbier" "Sahti" "Scottish Ale" "Scottish Gruit / Ancient Herbed Ale" "Smoked Beer" "Vienna Lager" "Witbier". "Weizen". Especificamente produzido para comportar volume e colarinho, enquanto retém os aromas de banana e fenóis associados com o estilo. Este copo, comprido e com as suas paredes finas, mostra a cor da cerveja e permite muito espaço livre para conter o colarinho volumoso e cremoso associado com o estilo. A maioria tem 0,5 L de volume, com ligeiras variações de tamanhos. Indicado para "Weissbier", "American Dark Wheat Ale", "American Pale Wheat Ale", "Dunkelweizen", "Gose", "Hefeweizen", "Kristalweizen", "Weizenbock". Produção mundial e consumo. Produção. Dados disponíveis da produção mundial de cerveja feita a partir da cevada em 2018, em milhões de toneladas por ano: Fonte: Beer of barley production by FAO.</small> Consumo. Problemas e benefícios para a saúde e para a sociedade. A prática de crendices populares que estimulam o uso da cerveja como tratamento para certas enfermidades, como por exemplo cálculos renais, podem causar seríssimos danos ao organismo. Apesar disso, é sabido também que o consumo de álcool (incluindo a cerveja) em doses moderadas é capaz de diminuir severamente o surgimento de doenças cardíacas. Em estudo de 1972, o epidemiologista Carl Seltzer, da Universidade de Harvard, constatou através dos dados do Framingham Heart Study que o uso moderado do álcool pode ser agente profilático contra as doenças cardíacas. Se ingerido com moderação, o álcool presente na cerveja é capaz de promover um incremento no HDL (também conhecido como "colesterol bom"), auxiliando assim na prevenção de derrames e infartos Além deste, diversos outros estudos posteriores também chegaram a conclusões parecidas de que o consumo de até três doses diárias de bebida alcoólica é capaz de reduzir o risco de cardiopatias em até 40 por cento. Em 1997, a revista Epidemiology publicou artigo sobre estudo feito por cientistas de Munique, na Alemanha, que procuraram avaliar a população do estado da Baviera (maior consumidor de cerveja) em relação às doenças cardíacas e chegou a resultados parecidos. Também, no dia 20 de maio de 2000, o "British Medical Journal" publicou artigo sobre pesquisa realizada por centros de estudos ingleses e tchecos que chegaram a conclusão de que o consumo da cerveja, bebida que foi utilizada no estudo, é capaz de diminuir significativamente o aparecimento de doenças do coração. Este efeito seria resultado da ingestão do etanol e não de nenhuma substância particular de bebida alcoólica específica. A bebida alcoólica portanto, assim como qualquer outro tipo de alimento, pode ser benéfica ou maléfica ao consumo humano, dependendo da quantidade em que é consumida. Mercado publicitário. Os aspectos nocivos do álcool incitam debates sobre a publicidade do setor, que hoje possui regras cada vez mais rígidas. Mas, apesar disso, inúmeras celebridades figuram em anúncios de bebidas alcoólicas num mercado extremamente competitivo. Em junho de 2007, o então ministro da saúde do Brasil José Gomes Temporão ressaltou que a classe artística deveria avaliar como ela coloca sua imagem, antes de endossar campanhas de bebidas, uma vez que, apenas entre os anos de 2005 e 2006, o consumo de álcool no Brasil cresceu 7,5 por cento. Nos primeiros meses de 2007, no Brasil, uma liminar foi concedida pelo juiz Jorge Luís Barreto, da 2ª Vara Federal no Ceará, proibindo em todo o país propagandas de cerveja entre as 6 e as 21 horas. Dentro dos horários previstos, os anúncios deveriam ter a informação de que "o consumo de bebidas alcoólicas provoca dependência química e psicológica". Após um estudo realizado pela Câmara dos Deputados, apurou-se que, dos 513 parlamentares brasileiros, 87 (16,96 por cento) estão ligados a empresas com interesses contrários à regulamentação da publicidade de cerveja. Química da Cerveja. A cerveja contêm os seguintes ácidos fenólicos: Ácido 4-hidroxifenilacético, Ácido vanílico, Ácido cafeico, ácido p-cumárico, Ácido ferúlico e Ácido sinapínico. A maioria destes ácidos estão presentes em formas coligadas e só uma pequena parte pode ser detectada como componentes livres. O lúpulo, e a cerveja feita com ele, contem 8-prenilnaringenina o qual é o mais potente fitoestrogeno conhecido. Contêm também: humuleno, Mirceno, xantohumol, Linalol, mircenol, Tanino e resinas. 2-Indolyl(3)-ethanol, Tirosol e Álcool fenetílico são compostos aromáticos encontrados na cerveja como produto secundário da fermentação por Saccharomyces cerevisiae.
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Complexo de Golgi
Complexo de Golgi Na biologia celular, aparelho de Golgi, complexo de Golgi, dictiossoma, golgiossomo ou complexo golgiense é uma organela de células eucarióticas. O nome é uma homenagem ao italiano Camillo Golgi, que foi o seu descobridor. É constituído por dobras de membranas e vesículas, e sua função primordial é a secreção de proteínas ribossomáticas e a sua distribuição por entre essas vesículas. Funciona, portanto, como uma espécie de sistema central de distribuição na célula, atuando como centro de armazenamento, transformação, empacotamento e remessa de substâncias. O complexo Golgiense é responsável também pela formação dos lisossomos, da lamela média dos vegetais e do acrossomo do espermatozoide, do glicocalix e está ligado à síntese de polissacarídeos. Acredita-se, ainda, que a organela seja responsável por alguns processos pós-traducionais, tais como adicionar sinalizadores às proteínas, que as direcionam para os locais da célula onde atuarão. A maior parte das vesículas transportadoras que saem do retículo endoplasmático, são transportadas até o complexo de Golgi, onde são modificadas, ordenadas e enviadas na direção dos seus destinos finais. A organela está presente na maior parte das células eucarióticas, mas tende a ser mais proeminente nas células de órgãos responsáveis pela secreção de certas substâncias, tais como o pâncreas, a hipófise e a tireoide. Descoberta. Devido ao seu tamanho relativamente grande, o Complexo de Golgi foi uma das primeiras organelas celulares a ser descrita e observada em detalhes. A estrutura foi descoberta em 1898 pelo médico italiano Camillo Golgi, durante uma investigação sobre o sistema nervoso1. Inicialmente, logo após observar a estrutura em seu microscópio, ele a chamou de aparelho reticular interno. A organela foi então rebatizada em sua homenagem não muito tempo após o anúncio de sua descoberta, sendo que Camillo Golgi ganhou o prêmio Nobel junto com Santiago Ramón y Cajal devido ao reconhecimento do trabalho de ambos na pesquisa e descoberta da estrutura do sistema nervoso2. No entanto, algumas dúvidas sobre essa primeira descrição foram levantadas, argumentando-se que a aparência da estrutura era, na verdade, apenas uma ilusão de ótica criada pela técnica de observação utilizada por Golgi. Com o desenvolvimento de microscópios modernos, no caso o eletrônico, no século XX, especificamente no ano de 1954 , a descoberta foi confirmada3, 4. Identificação. Por ser seletivamente visualizado com impregnação de prata, o aparelho de Golgi foi uma das primeiras organelas descritas pelos primeiros microscopistas ópticos, sendo Golgi e Cajal os primeiros responsáveis por descrever pela primeira vez essa organela. Ela consiste em uma coleção de compartimentos achatados definidos por membrana, chamados de cisternas, que juntas se assemelham à forma de uma pilha. Em células animais, conexões tubulares entre cisternas correspondentes ligam muitas pilhas, formando, assim, um único complexo que costuma estar localizado próximo ao núcleo celular e junto ao centrossomo. Essa localização depende dos microtúbulos. Se os microtúbulos forem experimentalmente despolimerizados, o aparelho de Golgi reorganiza-se em pilhas individuais que são encontradas espalhadas pelo citoplasma, adjacentes aos sítios de saída do Retículo Endoplasmático. Quanto maior for a necessidade de produção e secreção de compostos celulares e extracelulares, maior será o volume do aparato de Golgi presente na célula, estando localizado mais perto da região do núcleo celular como, por exemplo, nos hepatócitos, nos neurônios e nas células glandulares em geral. Além do método de impregnação com prata, o complexo de Golgi pode ainda ser observado através de microscopia de fluorescência com a utilização de proteínas (em geral anticorpos) que possuem a propriedade de fluorescência para marcação de proteínas que residem nessa organela, sendo assim é possível identificar a localização do complexo de Golgi no momento da fixação da célula analisada. A organela em questão pode ser também observada através de microscopia eletrônica de transmissão, onde será possível verificar a presença de cisternas empilhadas, de onde brotam ou se fundem vesículas. As micrografias eletrônicas podem apresentar o aparelho de Golgi não corado, corado com ósmio (que marca preferencialmente as cisternas do compartimento cis) ou corado para revelar a localização de enzimas específicas (como a nucleosídeo difosfatase, que é encontrada nas cisternas trans, ou a fosfatase ácida, que é encontrada na rede trans). Na maioria dos casos, mais do que uma cisterna é corada no método utilizado para eletromicrografias. Funções do Complexo de Golgi. Síntese de polissacarídeos: Alguns polissacarídeos são sintetizados pelo complexo de Golgi. Nos vegetais, após a mitose, faz-se necessário a criação da lamela média para que haja separação das duas células. Essa lamela é criada a partir da secreção de pectina, que, junto à hemicelulose, são polissacarídeos sintetizados pelo Golgi. Esses polissacarídeos,em conjunto com outros componentes, formam a parede celular dos vegetais. Nos animais, a relação entre Golgi e polissacarídeos se dá pela síntese de glicosaminoglicanas, que atuam como anticoagulantes. Glicosilação: aparelho de Golgi confere à glicosilação O-ligada mais forte de todas as mucinas, as glicoproteínas das secreções de muco, e das proteínas-núcleo de proteoglicanos, as quais são nele modificadas para produzir proteoglicanos. Esse processo envolve a polimerização de uma ou de mais cadeias de glicosaminoglicanos por intermédio de uma ligação de xilose sobre serinas da proteína-núcleo. Muitos proteoglicanos são secretados e se tornam componentes da matriz extracelular, enquanto outros permanecem ancorados à membrana plasmática. Outros, ainda, formam um componente principal de materiais viscosos, como o muco secretado para formar um revestimento protetor sobre muitos epitélios. Os açúcares incorporados em glicosaminoglicanos são fortemente sulfatados no aparelho de Golgi logo após a produção desses polímeros, somando-se, assim, uma porção significativa da sua característica carga amplamente negativa. Alguns resíduos de tirosina das proteínas também se tornam sulfatados logo após a sua saída do aparelho de Golgi. Formação do acrossomo: O Complexo de Golgi possui uma função muito importante no processo de fecundação, pois é dele que surge o acrossomo. O acrossomo é uma vesícula que surge durante uma mudança morfofuncional na maturação dos espermatozóides. Essa mudança consiste no processo de acomodação do complexo de Golgi nos dois terços anteriores da cabeça do espermatozóide, envolvendo o núcleo. Sua função é permitir a entrada do material genético paterno no ovócito secundário e para isso faz uso de enzimas hidrolíticas que estão localizadas na cabeça do espermatozóide. Essas enzimas são liberadas na forma de exocitose quando ocorre a fusão da membrana do acrossomo com a membrana plasmática do espermatozoide, criando poros por onde as enzimas serão liberadas. Estrutura. O complexo de Golgi consiste em um conjunto de compartimentos achatados definidos por membranas, chamados de cisternas, que são descontínuas, ou seja, se comunicam diretamente. Esse conjunto se assemelha a uma pilha de pratos, sendo que cada uma dessas pilhas de Golgi contém, geralmente, 4 a 6 cisternas, embora alguns flagelados unicelulares possam ter mais de 20. Em células animais, localiza-se próximo ao núcleo e ao centrossomo e adjacente ao retículo endoplasmático. Já na maioria das células vegetais, encontram-se centenas de pilhas independentes espalhadas nas adjacências do retículo endoplasmático. Essa organização depende dos microtúbulos, em caso de despolimerização o aparelho de Golgi é disperso em várias pilhas. Cada pilha de Golgi possui uma face cis e uma face trans. A face cis corresponde à face de entrada das vesículas provenientes do retículo com proteínas e lipídeos a serem processados, enquanto a face trans corresponde à face de saída das vesículas, com destino à superfície celular ou a outros compartimentos. Ambas as faces estão associadas a compartimentos compostos de uma rede de estruturas tubulares e de cisternas: a rede cis de Golgi (CGN, Cis Golgi Network) e a rede trans de Golgi (TGN, Trans Golgi Network). Entre essas redes há uma série de cisternas que compõem a pilha, sendo que cada uma tem uma composição enzimática diferente e, portanto, funções diferentes. Portanto, o complexo de Golgi normalmente é constituído de uma configuração mínima formada por: Dentro de cada cisterna existem enzimas que modificam proteínas que chegam ao complexo de Golgi. Assim, chegando na CGN, as proteínas passam primeiramente pela rede cis de Golgi e continuam de acordo com a sequência: cisternas cis, cisternas mediais e, por fim, cisternas trans. Ao sair da TGN, as proteínas podem ir adiante e seguirem para os lisossomos, ou para as vesículas secretoras ou para a superfície celular, ou também podem ser devolvidas para o compartimento anterior. Entretanto, destaca-se que ambas as redes cis e trans atuam na distribuição de proteínas, já que as proteínas que entram na CGN podem ir adiante no aparelho de Golgi (fluxo anterógrado) ou serem devolvidas para o RE (fluxo retrógrado), caso não tenham sido produzidas de forma correta. À medida que se movem de cisterna a cisterna através das pilhas, as proteínas são modificadas sucessivamente em cada estágio, até que a glicosilação se complete.  As enzimas localizadas em cada cisterna são diferentes. Por exemplo, nas cisternas mediais estão localizadas enzimas que catalisam a remoção de resíduos de manose e a adição de N-acetilglicosamina; já nas cisternas trans e na rede trans de Golgi, existem enzimas que catalisam a adição de galactose e ácido siálico. Ainda, sabe-se que essas diferentes enzimas têm valores de pH ótimo diferentes, e que, desse modo, cada compartimento do complexo de Golgi possui um valor de pH próprio, motivo pelo qual não há comunicação direta entre as cisternas: caso isso ocorresse, o pH de todo o complexo seria homogeneizado e várias enzimas seriam desnaturadas. Essa diferença de pH é explicada pela presença de bombas de próton dependentes de ATP nas membranas do complexo de Golgi, que promovem a acidificação das cisternas, sendo que, conforme observado em estudos, o número de bombas de próton aumenta gradativamente no sentido de cis para trans. Formação e Transporte de vesículas. As vesículas transportadoras se formam a partir de locais específicos das membranas constituintes da célula, brotando na forma vesículas revestidas por proteínas. Antes da vesícula se fusionar ao alvo, o revestimento é descartado, a fim de que as membranas entrem em contato e se fundam. Existem 3 grupos principais de proteínas de revestimento que são mais estudadas: clatrina, COP I e COP II. As vesículas revestidas por clatrina estão mais ligadas ao transporte entre o aparato de golgi e a membrana plasmática e as proteínas COP I e COP II estão mais relacionadas ao transporte entre o Retículo endoplasmático e o Complexo de Golgi (as vesículas revestidas por COPI brotam do Golgi, e as vesículas revestidas por COPII brotam do Retículo), mas é importante ressaltar que a variedade de vesículas transportadoras não se restringem a esses exemplos principais . A clatrina é formada por 3 cadeias polipeptídicas grandes e 3 pequenas, unidas formando uma estrutura de “3 pernas” que por meio de uma força mecânica e da ajuda de proteínas de curvatura da membrana (domínios BAR- promovem interações eletrostáticas com grupos da cabeça do lipídio de membrana e ajudam na formação do pescoço da vesícula que está brotando) promove-se o dobramento da membrana em direção ao citosol. A formação de vesículas mediada por clatrina depende da atuação de uma outra proteína chamada de adaptina, uma proteína adaptadora que medeia a ligação entre a clatrina e a vesícula ,sendo assim a clatrina não entra em contato direto com a vesícula . As proteínas adaptadoras , nesse contexto ,  ajudam a selecionar tanto moléculas de membrana quanto moléculas solúveis que vão para dentro da vesícula , além de serem específicas para receptores transmembrana que capturam as moléculas solúveis a serem transportadas nas vesículas ( receptores de carga ) . O acoplamento das proteínas adaptadoras na membrana é altamente regulado pela interação delas com outras moléculas  como o fosfatidilinositol um fosfolipídio constituinte da membrana plasmática . A medida que as vesículas vão se formando proteínas como a dinamina, que regulam a frequência de  saída da vesículas, vão se organizando no pescoço do broto. Elas promovem a soltura da vesícula por meio da interferência na estrutura da  bicamada ou pelo uso de enzimas que quebram lipídeos, ou ambos. Quando liberada , a vesícula perde o revestimento de clatrina pela atuação de uma proteína chaperona hsp70 ,a qual promove a quebra de ATP para esse processo Existem proteínas que auxiliam a montagem dos revestimentos de clatrina e de COPI e COPII, são as  GTPases recrutadoras de revestimento como as proteínas ARF (montagem dos revestimentos de COPI e clatrina ) e a proteína Sar1 (montagem dos revestimentos COPII), exercendo papel também no desmonte dos revestimentos .As vesículas revestidas por clatrina e COP perdem o revestimento em seguida ao desligamento. É importante ressaltar que os mecanismos de formação de vesículas por COP I ou II e clatrina são distintos. As COPs utilizam a desfosforilação de um GTP para se montarem na superfície na qual se formará a vesícula. Nesse contexto, a montagem de vesículas por clatrina pode ser mais vantajosa no sentido de que não necessita de energia para ocorrer. Outro ponto interessante é que o envoltório formado por clatrina é mais enriquecido no sentido de que promove um maior aproximação das moléculas alvos e além disso, é mais específico que a COP pois a formação da vesícula é mais rápida o que evita a entrada de materiais estranhos. Durante o processo de brotamento a vesícula é ancorada a proteínas motoras. Essas proteínas se associam  aos microtúbulos do citoesqueleto para carregarem a vesícula ao seu destino. As proteínas que guiam o tráfego de vesículas são chamadas de RAB, que são marcadores moleculares expostos com a saída dos envoltórios protéicos, os quais ajudam a identificar cada tipo de membrana, funcionam como o “endereço" para o qual a vesícula precisa ser mandada atuando nas vesículas de transporte e ou nas membranas de destino. Quando a vesícula chega ao seu compartimento de destino há nele uma proteína de aprisionamento específico para a RAB que a vesícula carrega e quando eles se encontram ocorre o processo de ancoramento. A fusão da vesícula com a membrana destino é assegurada pela ação de uma proteína filamentosa chamada SNARE. Existem dois tipos principais de proteínas SNARE: uma que fica presa na vesícula (V snare) e uma que fica no compartimento receptor (T snare). Quando há o ancoramento as proteínas SNARE nas duas membranas se pareiam e enovelem, catalisando a fusão das duas bicamadas lipídicas. Durante a ancoragem e fusão, uma fosfatase ( RAB-GAP) induz a proteína Rab a hidrolisar um GTP da sua estrutura, levando-a a se dissociar da membrana e retornar ao citosol sendo mantida solúvel e inativa por uma outra proteína . Após as SNAREs terem mediado a fusão uma proteína se liga ao complexo SNARE e, com a ajuda de outras  proteínas acessórias, há a hidrólise de ATP para se dissociar as SNAREs, tornando-as livres para atuarem novamente . Todos esses mecanismos citados são de extrema importância para a transmissão de impulsos nervosos, pois está associada a liberação do neurotransmissor acetilcolina  . Um fato interessante é que existem alguns vírus que se utilizam do processo mediado por SNAREs para se fundir às células como o HIV: Ele possui os dois tipos principais de snare (T e V) mais proteínas que enganam os receptores das membranas celulares, como o GP120. Quando acoplado a esse receptor o vírus inocula na membrana plasmática uma de suas SNARES, que ao interagirem aproximam as duas superfícies e se promove a fusão com a consequente entrada do capsídeo na célula. Voltando ao complexo de Golgi a face Cis é a que recebe os materiais do retículo endoplasmático e nela ocorrem alterações de algumas proteínas que foram glicosiladas nele (glicosilação do tipo N), no complexo ocorre a podagem (glicosilação do tipo O). Na face trans ocorre o envio de material para todos os endereços celulares movimento anterogrado. As diversas cisternas do Golgi se comunicam por brotamento de vesícula e cada uma delas possui o seu PH específico para cada tipo de evento. Também há o movimento o retrógrado no qual há uma sinalização química (geralmente duas lisinas seguidas por outros dois aminoácidos ou então a sequência KDEL), que indica que a vesícula deverá retornar ao Retículo Endoplasmático. Nesse caso a Cop I auxiliará o processo . Existem 3 tipos principais de vesículas que saem pela face trans : o primeiro tipo de vesícula imediatamente move-se e funde-se à membrana plasmática liberando seu conteúdo pelo processo de exocitose , o  segundo tipo de vesícula conhecida como vesícula secretora , é armazenado dentro da célula até que um sinal para exocitose provoque a liberação do seu conteúdo pela membrana plasmática tem-se como exemplo liberação de neurotransmissores , o terceiro tipo de vesícula é direcionado ao lisossomo, e para organelas de armazenamento semelhantes aos lisossomos, em algumas células. Todo esse processamento que ocorre no golgi é essencial pois aumenta a variedade proteica  da glicosilação , auxiliam no processo de formação de lisossomos , além de estar relacionado a atuação de células que fazem secreção celular  como fibroblastos . Outro processo relacionado ao transporte de vesículas ligado ao golgi , diz respeito aos processos celulares que envolvem o endossoma . O endossoma se caracteriza como uma organela com uma bomba de hidrogênio  que se forma no transporte de alguma moléculas entre o golgi e a membrana , estando ligado a entrada de macromoléculas solúveis e a aquisição de materiais diversos por células especializadas . Quando um material é endocitado forma-se próximo a membrana uma estrutura denominada de endossoma primário, uma vesícula que contém partes da membrana celular e receptores que sinalizaram para proteínas específicas que auxiliam a formação de vesículas  a necessidade da formação de uma naquela região . Nesse caso ,a entrada pode ser mediada por clatrina( forma-se em regiões fluidas da membrana ) , como já foi exposto anteriormente , ou por uma outra proteína distribuída entre os fosfolipídios de membrana :a caveolina .A caveolina auxilia no processo de entrada em regiões da membrana que são mais rígidas denominadas de LIPID RAFT , uma região em que a presença de colesterol promoveu um agrupamento de moléculas e uma consequente “rigidez” .A caveolina por meio de uma força mecânica promove a invaginação dessas áreas para a formação de cavéolas , no lúmen da cavéola existem receptores para as substâncias concentradas nele , o que torna possível a ocorrência de induções celulares mais rápidas  . Após a formação do endossoma primário a bomba de hidrogênio é ativada , o que promove uma mudança brusca de PH que estimula a formação de vesículas as quais devolvem os receptores para a membrana celular . Esse endossoma se move transportado por proteínas motoras que o aproximam do complexo de golgi , formando o endossoma secundário , no qual há a fusão com um lisossomo , para a degradação das moléculas que podem ser reaproveitadas pela célula , dessa forma,  as moléculas degradadas são direcionadas ao complexo de golgi para a sua redistribuição e uso . Alterações no organismo causadas pelo mau funcionamento do Complexo de Golgi. O comprometimento de etapas específicas do transporte entre o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, o sistema endossomo-lisossomo e a membrana plasmática podem ter consequências dramáticas para a célula, e defeitos crescentes na maquinaria molecular que regula o tráfico de vesículas vêm sendo relacionados a doenças hereditárias. Durante o trânsito através do complexo de Golgi, modificações são feitas na maioria das proteínas, incluindo mudanças no seu perfil de glicosilação, sulfatação e fosforilação.Deste modo, caso a homeostase do complexo de Golgi seja perturbada, é provável que sua função seja afetada, o que pode ter como resultado final doenças. Falhas no processo de glicosilação podem resultar no enovelamento incorreto de proteínas, na impossibilidade de reconhecimento de células, na instabilidade ou na falta de variabilidade proteica, em problemas na adesão celular e em problemas estruturais na membrana celular, além de tornar o organismo potencialmente mais suscetível a infecções bacterianas. Assim, diversos processos celulares que dependem da estabilidade das proteínas e da comunicação intra e intercelular podem ser afetados. As doenças decorrentes de falhas na glicosilação podem se desde musculares até multissistêmicas. O complexo de Golgi também tem a função de transportar macromoléculas e vesículas de secreção. Portanto, organelas que necessitam do Golgi para reposição de materiais que são perdidos ao longo da vida, em casos de disfunção do complexo, podem ter suas atividades comprometidas, podendo levar ao colapso ou à morte celular. Recentemente, foi descoberto que alterações na expressão de genes relacionados a certos membros da família Rab, como RAB1, RAB2 e RAB8, e à proteína STX5 estão relacionadas à doença de Parkinson, uma doença neurológica. A expressão alterada dessas proteínas leva à fragmentação do complexo de Golgi. Ao nível celular, a doença de Parkinson está associada a um acúmulo da proteína pré-sináptica alpha-synuclein e ao bloqueio do transporte RE-Golgi. Algumas outras doenças decorrentes do mal funcionamento do complexo de Golgi são a doença de Wilson (ou degeneração hepatolenticular), na qual uma mutação genética leva à retenção de proteínas no aparato, a distrofia muscular de Duchenne e a síndrome de Aarskog, em que há uma redução do tráfego do Golgi. A biogênese de lisossomos e a síntese do acrossomo do espermatozóide também são de responsabilidade do complexo de Golgi. Diante disso, defeitos nessa organela também podem estar relacionados a problemas na reprodução e à insuficiência de lisossomos. Esta falta tem sérias consequências, como suscetibilidade a doenças, malformações, morte celular ou falência de órgãos. Vale lembrar que, no Sistema Nervoso Central, há secreção, processamento de moléculas e tráfego de vesículas acontecendo a todo momento. Assim, sinapses neuronais que dependem desses mecanismos são altamente prejudicadas. Referências. 1. Fabene PF, Bentivoglio M. (Outubro 1998). 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Criptografia
Criptografia Criptografia () é uma área da criptologia que estuda e prática princípios e técnicas para comunicação segura na presença de terceiros, chamados "adversários". Mas geralmente, a criptografia refere-se à construção e análise de protocolos que impedem terceiros, ou o público, de lerem mensagens privadas. Muitos aspectos em segurança da informação, como confidencialidade, integridade de dados, autenticação e não-repúdio são centrais à criptografia moderna. A criptografia moderna existe na interseção das disciplinas de matemática, ciência da computação, engenharia elétrica, ciência da comunicação e física. Aplicações de criptografia incluem comércio eletrônico, cartões de pagamento baseados em chip, moedas digitais, senhas de computadores e comunicações militares. Uma informação não-cifrada que é enviada de uma pessoa (ou organização) para outra é chamada de "texto claro" ("plaintext"). Cifragem é o processo de conversão de um texto claro para um código cifrado e decifragem é o processo contrário, de recuperar o texto original a partir de um texto cifrado. De fato, o estudo da criptografia cobre bem mais do que apenas cifragem e decifragem. É um ramo especializado da teoria da informação com muitas contribuições de outros campos da matemática e do conhecimento, incluindo autores como Maquiavel, Sun Tzu e Karl von Clausewitz. A criptografia moderna é basicamente formada pelo estudo dos algoritmos criptográficos que podem ser implementados em computadores. A criptografia tem sido de interesse para as agências de coleta de informações e de aplicação da lei, bem como para defensores de direitos civis. Há uma longa história de questões legais controversas, especialmente desde que o barateamento da computação possibilitou o acesso generalizado à criptografia de alta qualidade. Terminologia. O primeiro uso do termo "criptógrafo" (em oposição a "criptograma") remonta ao século XIX - originou-se em "O escaravelho de ouro", um romance de Edgar Allan Poe. Até os tempos modernos, a criptografia se referia quase que exclusivamente à "encriptação", que é o processo de converter informações comuns (chamadas de texto puro) em texto ininteligível (chamado de texto cifrado). A "decriptação" é o inverso, em outras palavras, passar o texto cifrado ininteligível de volta para texto puro. Uma "cifra" é um par de algoritmos que cria a criptografia e a descriptografia reversa. A operação detalhada de uma cifra é controlada tanto pelo algoritmo quanto em cada instância por uma "chave". A chave é um segredo (idealmente conhecido apenas pelos comunicantes), geralmente uma pequena sequência de caracteres, necessária para descriptografar o texto cifrado. Formalmente, um "sistema de criptografia" é a lista ordenada de elementos de possíveis textos simples finitos, possíveis textos de cifra finitos, chaves finitas possíveis e os algoritmos de criptografia e decriptografia que correspondem a cada chave. As chaves são importantes formalmente e na prática real, já que cifras sem chaves variáveis ​​podem ser trivialmente rompidas apenas com o conhecimento da cifra usada e, portanto, são inúteis (ou mesmo contraproducentes) para a maioria dos propósitos. Historicamente, as cifras costumavam ser usadas diretamente para criptografia ou descriptografia sem procedimentos adicionais, como verificações de autenticação ou integridade. Existem dois tipos de cripto-sistemas: simétricos e assimétricos. Em sistemas simétricos, a mesma chave (a chave secreta) é usada para criptografar e descriptografar uma mensagem. A manipulação de dados em sistemas simétricos é mais rápida do que sistemas assimétricos, já que geralmente usam comprimentos de chaves mais curtos. Os sistemas assimétricos usam uma chave pública para criptografar uma mensagem e uma chave privada para descriptografá-la. O uso de sistemas assimétricos aumenta a segurança da comunicação. Exemplos de sistemas assimétricos incluem RSA (Rivest-Shamir-Adleman) e ECC (Criptografia de curva elíptica). Modelos simétricos incluem o comumente usado AES (Advanced Encryption Standard) que substituiu o antigo DES (Data Encryption Standard). No uso coloquial, o termo "código" é freqüentemente usado para significar qualquer método de criptografia ou ocultação de significado. No entanto, na criptografia, "código" tem um significado mais específico. Significa a substituição de uma unidade de texto puro (ou seja, uma palavra ou frase significativa) por uma palavra-código (por exemplo, "canguru" substitui "ataque ao amanhecer"). Criptoanálise é o termo usado para o estudo de métodos para obter o significado de informação criptografada sem acesso à chave normalmente requerida para isso, ou seja, é o estudo de como quebrar algoritmos de criptografia ou suas implementações. Alguns usam os termos "criptografia" e "criptologia" de maneira intercambiável em Português, enquanto outros (incluindo a prática militar dos EUA em geral) usam "criptografia" para se referir especificamente ao uso e prática de técnicas criptográficas e "criptologia" para se referir ao estudo combinado de criptografia e criptoanálise. O inglês é mais flexível do que vários outros idiomas nos quais a "criptologia" (feita por criptólogos) é sempre usada no segundo sentido acima. A esteganografia é o estudo das técnicas de ocultação de mensagens dentro de outras, diferentemente da Criptografia, que a altera de forma a tornar seu significado original ininteligível. A Esteganografia não é considerada parte da Criptologia, apesar de a RFC 2828 informa que a esteganografia é às vezes incluída na criptologia. A Esteganonálise é o equivalente a criptoanálise com relação à Esteganografia. O estudo das características das línguas que têm alguma aplicação em criptografia ou criptologia (por exemplo, dados de frequência, combinações de letras, padrões universais, etc.) é chamado de criptolinguística. História. Antigamente, a cifragem era utilizada na troca de mensagens, sobretudo em assuntos ligados à guerra (no intuito de o inimigo não descobrir a estratégia do emissor da mensagem, caso se apoderasse dela), ao amor (para que os segredos amorosos não fossem descobertos pelos familiares) e à diplomacia (para que facções rivais não estragassem os planos de acordos diplomáticos entre nações). O primeiro uso documentado da criptografia foi em torno de 1900 A.c., no Egito, quando um escriba usou hieróglifos fora do padrão numa inscrição. Entre 600 a.C. e 500 a.C., os hebreus utilizavam a cifra de substituição simples (de fácil reversão e fazendo uso de cifragem dupla para obter o texto original), sendo monoalfabético e monogrâmica (os caracteres são trocados um a um por outros), e com ela escreveram o Livro de Jeremias. O chamado "Codificador de Júlio César" ou "Cifra de César" que apresentava uma das técnicas mais clássicas de criptografia, é um exemplo de substituição que, simplesmente, substitui as letras do alfabeto avançando três casas. O autor da cifragem trocava cada letra por outra situada a três posições à frente no alfabeto. Segundo o autor, esse algoritmo foi responsável por enganar muitos inimigos do Império Romano; no entanto, após ter sido descoberta a chave, como todas, perdeu sua funcionalidade. Destacam-se os estudos de Blaise de Vigenère que constituíram um método muito interessante; é a cifra de Vigenère que utiliza a substituição de letras. Tal processo consiste na sequência de várias cifras (como as de César) com diferentes valores de deslocamento alfanumérico. A partir desse período, Renascença, a criptologia começou a ser seriamente estudada no Ocidente e, assim, diversas técnicas foram utilizadas e os antigos códigos monoalfabéticos foram, aos poucos, sendo substituídos por polialfabéticos. Dos anos 700 a 1200, são relatados incríveis estudos estatísticos, em que se destacam expoentes como al-Khalil, Alquindi, Ibn Dunainir e Ibn Adlan, que marcaram sua época. Na Idade Média, a civilização árabe-islâmica contribuiu muito para os processos criptográficos, sobretudo quanto à criptoanálise (análise da codificação, a procura de padrões que identificassem mensagens camufladas por códigos). Na Idade Moderna, merecem destaque o holandês Kerckhoff e o alemão Kasiski. Modernamente, em 1918, Arthur Scherbius desenvolveu uma máquina de criptografia chamada Enigma, utilizada amplamente pela marinha de guerra alemã em 1926, como a principal forma de comunicação. Em 1928, o exército alemão construiu uma versão conhecida como "Enigma G", que tinha como garantidor de segurança a troca periódica mensal de suas chaves. Essa máquina tinha como diferencial ser elétrico-mecânica, funcionando com três (inicialmente) a oito rotores. Aparentava ser uma máquina de escrever, mas quando o usuário pressionava uma tecla, o rotor da esquerda avançava uma posição, provocando a rotação dos demais rotores à direita, sendo que esse movimento dos rotores gerava diferentes combinações de encriptação. Assim, a codificação da mensagem pelas máquinas "Enigma" era de muito difícil decodificação, uma vez que, para isso, era necessário ter outra máquina dessas e saber qual a chave (esquema) utilizada para realizar a codificação. A Colossus surgiu do esforço de engenharia reversa das forças aliadas em decriptar as mensagens da marinha e do exército alemão, só logrando efetivo êxito após se ter conseguido uma máquina Enigma alemã (furtada). Tais equipamentos foram, inicialmente, desenvolvidos como máquinas de decriptação, mas depois passaram a codificar mensagens das forças aliadas. Depois, surgiram outras máquinas fisicamente semelhantes à Enigma (pareciam com antigas máquinas de escrever), porém foram aperfeiçoadas de forma a dificultar o mais possível a decriptação por quem não as possuísse. Devido aos esforços de guerra, a criptografia passou a ser largamente utilizada. Em 1948, Claude Shannon desenvolveu a Teoria Matemática da Comunicação, que permitiu grandes desenvolvimentos nos padrões de criptografia e na criptoanálise. Durante a chamada "Guerra Fria", entre Estados Unidos e União Soviética, foram criados e utilizados diversos métodos a fim de esconder mensagens a respeito de estratégias e operações, criptografadas com diferentes métodos e chaves. Diffie e Hellman revolucionaram os sistemas de criptografia existentes até 1976, a partir do desenvolvimento de um sistema de criptografia de chave pública que foi aperfeiçoado por pesquisadores do MIT e deu origem ao algoritmo RSA. Além dos avanços da criptografia, a criptoanálise se desenvolveu muito com os esforços de se descobrir padrões e chaves, além da diversidade dos canais de propagação das mensagens criptografadas. Desses esforços, surgiram diversos tipos de criptografia, tais como por chave simétrica, por chave assimétrica, por hash e até a chamada criptografia quântica, que se encontra, hoje, em desenvolvimento. Durante muito tempo, o termo referiu-se exclusivamente à cifragem, o processo de converter uma informação comum (texto claro) em algo não-inteligível; o qual chama-se texto cifrado. A decifragem é a tarefa contrária, dado uma informação não-inteligível convertê-la em texto claro. No uso coloquial, o termo ""código" é usado para referir-se a qualquer método de cifragem ou similar. Em criptografia, "código"" tem um significado mais específico, refere-se a substituição de uma unidade significativa (i.e., o significado de uma palavra ou frase) pelo substituto equivalente. Códigos não são mais usados na criptografia moderna, visto que o uso de cifras se tornou mais prático e seguro, como também melhor adaptado aos computadores. Nos dias atuais, onde grande parte dos dados é digital, sendo representados por bits, o processo de criptografia é basicamente feito por algoritmos que fazem o embaralhamento dos bits desses dados a partir de uma determinada chave ou par de chaves, dependendo do sistema criptográfico escolhido. Atualmente, a criptografia é amplamente utilizada na Web, em segurança a fim de autenticar os usuários para lhes fornecer acesso, na proteção de transações financeiras e em redes de comunicação. Cifras e Códigos. A cifra é um ou mais algoritmos que cifram e decifram um texto. A operação do algoritmo costuma ter como parâmetro uma chave criptográfica. Tal parâmetro costuma ser secreto (conhecido somente pelos comunicantes). A cifra pode ser conhecida, mas não a chave; assim como se entende o mecanismo de uma fechadura comum, mas não se pode abrir a porta sem uma chave real. Na linguagem não-técnica, um Código secreto é o mesmo que uma cifra. Porém, na linguagem especializada os dois conceitos são distintos. Um código funciona manipulando o significado - que é o conceito, normalmente pela substituição simples de palavras ou frases. Uma cifra, ao contrário, trabalha com o significante - que é a forma, da representação da mensagem (letras, grupos de letras ou, atualmente, bits). Por exemplo, um código seria substituir a frase "Atacar imediatamente" por "Mickey Mouse". Uma cifra seria substituir essa frase por "sysvst ozrfosyszrmyr". No Dia D, por exemplo, as praias de desembarque não eram conhecidas pelo seu nome próprio, mas pelos seus códigos (Omaha, Juno, etc.). Basicamente, códigos não envolvem chave criptográfica, apenas tabelas de substituição ou mecanismos semelhantes. Códigos podem ser então encarados como cifras cuja chave é o próprio conhecimento do mecanismo de funcionamento da cifra. Chave Criptográfica. Uma chave criptográfica é um valor secreto que interage com o algoritmo de encriptação. A fechadura da porta da frente da sua casa tem uma série de pinos. Cada um desses pinos possui múltiplas posições possíveis. Quando alguém põe a chave na fechadura, cada um dos pinos é movido para uma posição específica. Se as posições ditadas pela chave são as que a fechadura precisa para ser aberta, ela abre, caso contrário, não. Visão geral: objetivos. A criptografia tem quatro objetivos principais: Nem todos os sistemas ou algoritmos criptográficos são utilizados para atingir todos os objetivos listados acima. Normalmente, existem algoritmos específicos para cada uma destas funções. Mesmo em sistemas criptográficos bem concebidos, bem implementados e usados adequadamente, alguns dos objetivos acima não são práticos (ou mesmo desejáveis) em algumas circunstâncias. Por exemplo, o remetente de uma mensagem pode querer permanecer anônimo, ou o sistema pode destinar-se a um ambiente com recursos computacionais limitados. Criptografia Clássica. Podemos dizer que o uso da criptografia é tão antigo quanto a necessidade do homem em esconder a informação. Muitos pesquisadores atribuem o uso mais antigo da criptografia conhecido aos hieróglifos usados em monumentos do Antigo Egito (cerca de 4500 anos atrás). Diversas técnicas de ocultar mensagens foram utilizadas pelos gregos e romanos. A criptografia pré-computacional era formada por um conjunto de métodos de substituição e transposição dos caracteres de uma mensagem que pudessem ser executados manualmente (ou até mesmo mentalmente) pelo emissor e pelo destinatário da mensagem. O surgimento de máquinas especializadas e, posteriormente, dos computadores ocasionou uma significativa evolução das técnicas criptográficas. Criptografia Moderna. A era da criptografia moderna começa realmente com Claude Shannon, possivelmente o pai da criptografia matemática. Em 1949 ele publicou um artigo Communication Theory of Secrecy Systems com Warren Weaver. Este artigo, junto com outros de seus trabalhos que criaram a área de Teoria da Informação estabeleceu uma base teórica sólida para a criptografia e para a criptoanálise. Depois disso, quase todo o trabalho realizado em criptografia se tornou secreto, realizado em organizações governamentais especializadas (como o NSA nos Estados Unidos). Apenas em meados de 1970 as coisas começaram a mudar. Em 1976 aconteceram dois grandes marcos da criptografia "para o público". O primeiro foi a publicação, pelo governo americano, do DES (Data Encryption Standard), um algoritmo aberto de criptografia simétrica, selecionado pela NIST em um concurso onde foi escolhido uma variante do algoritmo Lucifer, proposto pela IBM. O DES foi o primeiro algoritmo de criptografia disponibilizado abertamente ao mercado. O segundo foi a publicação do artigo New Directions in Cryptography por Whitfield Diffie e Martin Hellman, que iniciou a pesquisa em sistemas de criptografia de chave pública. Este algoritmo ficou conhecido como "algoritmo "Diffie-Hellman" para troca de chaves" e levou ao imediato surgimento de pesquisas neste campo, que culminou com a criação do algoritmo RSA, por Ronald Rivest, Adi Shamir e Leonard Adleman. Criptografia Quântica. Desenvolvimento da técnica reunindo o conceito de criptografia e a teoria quântica é mais antigo do que se imagina, sendo anterior à descoberta da criptografia de Chave Pública. Stephen Wiesner escreveu um artigo por volta de 1970 com o título: "Conjugate Coding" que permaneceu sem ser publicado até o ano de 1983. Em seu artigo, Wiesner explica como a teoria quântica pode ser usada para unir duas mensagens em uma única transmissão quântica na qual o receptor poderia decodificar cada uma das mensagens porém nunca as duas simultaneamente, pela impossibilidade de violar uma lei da natureza (o princípio de incerteza de Heisenberg). Utilizando-se pares de fótons, a criptografia quântica permite que duas pessoas escolham uma chave secreta sem jamais terem se visto, trocado alguma mensagem ou mesmo algo material. A criptografia quântica oferece a possibilidade de gerar uma chave segura se o sinal é um objeto quântico, assim, o termo mais correto seria Distribuição de Chave Quântica (Quantum Key Distribution - QKD) e não Criptografia Quântica. É interessante notar que a Criptologia atual está amparada na Matemática mas com a introdução desse conceito de mensagens criptografadas por chaves quânticas a física passou a ter importância primordial no tema. O maior problema para implementação da Criptografia quântica ainda é a taxa de erros na transmissão dos fótons seja por via aérea ou fibra ótica. Os melhores resultados obtidos atualmente se dão em cabos de fibra ótica de altíssima pureza, e conseqüentemente elevadíssimo custo também, alcançando algo em torno de 70 km. Por via aérea a distância chega a algumas centenas de metros e qualquer tentativa de se aumentar essa distância tanto em um quanto em outro método a taxa de erros se torna muito grande e inviabiliza o processo. O desenvolvimento de tecnologias que permitam o perfeito alinhamento dos polarizadores, fibras óticas melhores e amplificadores quânticos de sinais permitirá que o sistema de Distribuição de Chaves Quânticas venha a ser o novo padrão de segurança de dados. A Criptografia Quântica se destaca em relação aos outros métodos criptográficos pois não necessita do segredo nem do contato prévio entre as partes, permite a detecção de intrusos tentando interceptar o envio das chaves, e é incondicionalmente segura mesmo que o intruso tenha poder computacional ilimitado. A única forma possível de falha no processo seria se utilizar de um ardil onde a comunicação fosse interceptada e substituída, tanto para o emissor quanto para o receptor, criando assim um canal de comunicação controlado pelo intruso. O processo ainda apresenta um elevado custo de implantação, mas o desenvolvimento tecnológico poderá torná-la acessível a todas as aplicações militares, comerciais e de fins civis em geral. Gestão de direitos digitais. A criptografia é central no tema de gestão de direitos digitais (DRM), um grupo de técnicas para controlar e restringir tecnologicamente o uso de direitos autorais e suas marcas registradas. Em 1998 a lei estadunidense Digital Millennium Copyright Act (DMCA) criminaliza toda a produção e disseminação de certas técnicas (não conhecidas ou mais tarde conhecidas) da criptografia, especialmente aquelas que poderiam ser utilizadas para ultrapassar o DRM. Leis e códigos similares ao DRM foram desde essa altura aparecendo em vários países e regiões, incluindo a implementação "Directive on the harmonisation of certain aspects of copyright and related rights in the information society" na Europa. Leis com restrições similares estão a ser propostos pelos Estados membros da Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
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Cidadania
Cidadania Cidadania (do latim "civitas", que quer dizer cidade) corresponde, no direito ao vínculo jurídico que traduz a condição de um indivíduo enquanto membro de um Estado ou de uma comunidade política, a que designamos cidadão, constituindo-o como detentor de direitos e de deveres perante essa mesma entidade num determinado território que este administra, e ao exercício da sua prática. Estes direitos e deveres devem andar sempre juntos, uma vez que o direito de um cidadão implica necessariamente numa obrigação com outro cidadão. São esses recursos e práticas que, segundo Dalmo de Abreu Dallari, "dão à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida social e do governo de seu povo". Segundo o sociólogo britânico T. H. Marshall , a cidadania moderna é um conjunto de direitos e obrigações que compreendem três grupos de direitos. Os direitos civis característicos do ; os direitos políticos, consagrados no e os direitos sociais do . Essa teoria de Marshall é particularmente aplicável nos processos de democratização do estado liberal em que um desses grupos de direitos tiveram sua predominância. Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão responsável. A cidadania deve ser entendida, nesse sentido, como processo contínuo, uma construção coletiva que almeja a realização gradativa dos Direitos Humanos e de uma sociedade mais justa e solidária. História. O conceito de cidadania tem origem na Grécia Antiga, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade. Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão. Nacionalidade. Designa-se cidadania adquirida à condição de cidadão e que decorre de um processo de naturalização. A nacionalidade é pressuposto da cidadania - ser nacional de um Estado é condição primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto, se todo cidadão é nacional de um Estado, nem todo nacional é cidadão - os indivíduos que não estejam investidos de direitos políticos podem ser nacionais de um Estado sem serem cidadãos. No Brasil. Os direitos políticos são regulados no Brasil pela Constituição Federal em seu artigo 14, que estabelece como princípio da participação na vida política nacional o sufrágio universal. Nos tempos da norma constitucional, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito anos, e facultativos para os analfabetos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos e os maiores de setenta anos. A constituição proíbe a eleição de estrangeiros e brasileiros conscritos no serviço militar obrigatório, considera a nacionalidade brasileira como condição de elegibilidade e remete, à legislação infraconstitucional, a regulamentação de outros casos de inelegibilidade (lei complementar n. 64, de 18 de maio de 1990). O exercício pleno dos direitos civis, políticos e sociais em uma sociedade que combine liberdade completa e participação numa sociedade ideal é, para José Murilo de Carvalho, a definição de cidadania. Esta cidadania naturalizada é a liberdade dos modernos, como estabelece o artigo III da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948: "toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal". A origem desta carta remonta das revoluções burguesas no final do , sobretudo na França e nas colônias inglesas na América do Norte; o termo "cidadão" designa, nesta circunstância e contexto, o habitante da cidade "no cumprimento de seus simples deveres, em oposição a parasitas ou a pretensos parasitas sociais". A etimologia da palavra cidadania vem do latim "civitas", cidade, tal como cidadão ("ciudadano" ou "vecino" no espanhol, "ciutadan" em provençal, "citoyen" em francês). Neste sentido, a palavra-raiz, "cidade", diz muito sobre o verbete. O habitante da cidade no cumprimento dos seus deveres é um sujeito da ação, em contraposição ao sujeito de contemplação, omisso e absorvido por si e para si mesmo, ou seja, não basta estar na cidade, mas agir na cidade. A cidadania, neste contexto, refere-se à qualidade de cidadão, indivíduo de ação estabelecido na cidade moderna. No Brasil, nos léxicos da língua portuguesa que circularam no início do , observa-se bem a distinção entre os termos cidadão (em português arcaico, cidadam) e o fidalgo, prevalecendo o segundo para designar aquele indivíduo detentor dos s da cidade na sociedade de corte. Neste contexto, o fidalgo é o detentor dos deveres e obrigações na cidade portuguesa; o cidadão é uma maneira genérica de designar a origem e o trânsito dos vassalos do rei nos territórios do vasto Império Português. Com a reconfiguração do Estado a partir de 1822, vários conceitos políticos passaram por um processo de ressignificação; cidadão e cidadania entram no vocabulário dos discursos políticos, assim como os termos "Brasil", "brasileiros", em oposição a "brasílicos". Por exemplo: povo, povos, nação, história, opinião pública, América, americanos, entre outros. A partir disso, o termo "cidadania" pode ser compreendido racionalmente pelas lutas, conquistas e derrotas do cidadão brasileiro ao longo da história nacional, a começar da história republicana, na medida em que esta ideia moderna, a relação indivíduo-cidade (ou indivíduo-Estado) "expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo (...)". Em outros termos, fundamenta-se na concessão pelo Estado das garantias individuais de vida, liberdade e segurança. O significado moderno da palavra é, portanto, incompatível com o regime monárquico, escravista e centralizador, anterior à independência política do Brasil. No entanto, este divisor monarquia-república não significa, no Brasil, uma nova ordem onde a cidadania tem um papel na construção de sociedade justa e igualitária. Este aspecto é bem pronunciado na cidadania brasileira: estas garantias individuais jamais foram concedidas, conquistadas e/ou exercidas plena e simultaneamente em circunstâncias democráticas, de estado de direito político ou de bem-estar social. O longo caminho inferido por José Murilo de Carvalho refere-se a isto: uma cidadania no papel e outra cidadania cotidiana. É o caso da cidadania dos brasileiros negros: a recente Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989 é um prolongamento da luta pela cidadania dos "homens de cor", cujo marco histórico formal é a Lei Áurea de 1888; ou seja, foi necessário um século para garantir, através de uma lei, a cidadania civil de metade da população brasileira, se os números do último censo demográfico estão corretos; portanto, há uma cidadania no papel e outra cidadania cotidiana, conquistada no dia a dia, no exercício da vida prática; tanto é que, ainda hoje, discute-se, nas altas esferas da jurisprudência brasileira, se o cidadão negro é ou não é injustiçado pela história da nação. O mesmo se pode dizer da cidadania da mulher brasileira: a Lei 11 340, de 7 de Agosto de 2006, a chamada "Lei Maria da Penha", criou mecanismos "para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher". Ou seja, garantir sua liberdade civil, seu direito de ir e vir sem ser agredida ou maltratada. No caso da mulher, em geral, a lei chega com atraso, como forma de compensação, como retificação de várias injustiças históricas com o gênero; o direito de votar, por exemplo, conquistado através de um "código eleitoral provisório" em 1932, ratificado em 1946. A lei do divórcio obtida em 1977, ratificada recentemente pela chamada Nova Lei do Divórcio, ampliando a conquista da liberdade civil de outra metade da população brasileira. Neste contexto, a lei torna-se o último recurso da cidadania, aquela cidadania desejada e praticada no cotidiano por pessoas com deficiência, pessoas LGBT, crianças, adolescentes, pessoas idosas ou aposentadas, etc. Um caso prático para ilustrar esta realidade cotidiana é a superlotação dos presídios e casas de custódia; a rigor, os direitos humanos contemplam, também, os infratores, uma vez que "toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal". Embora existam leis que visam a reparar injustiças, existe também uma longa história de lutas cotidianas para conquistar estes direitos: o direito à liberdade de expressão, o direito de organizar e participar de associações comunitárias, sindicatos trabalhistas e partidos políticos, o direito a um salário justo, a uma renda mínima e a condições para sobreviver, o direito a um pedaço de terra para plantar e colher, o direito de votar e ser votado talvez o mais elementar da democracia moderna, negado à sociedade na já longa história da cidadania brasileira. Em Portugal. Os direitos políticos são regulados em Portugal pela Constituição da República Portuguesa de 1976, com Revisão Constitucional de 2005, nos seus artigos 15º, 31º, 50º e 269º.
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Célula electroquímica
Célula electroquímica Uma célula eletroquímica é um dispositivo capaz de gerar energia elétrica a partir de reação química ou facilitar reações químicas através da introdução de energia elétrica. Um exemplo comum de uma célula eletroquímica é o padrão AA de 1,5 volt. A célula eletroquímica denominada pilha de Daniell foi criada em 1835 pelo químico inglês John Frederic Daniell.
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Célula Vegetal
Célula Vegetal
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Compasso
Compasso
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Cosmos
Cosmos Cosmos foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980. A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais, quando servida por uma personalidade carismática como Carl Sagan e por meios técnicos adequados. Visão geral. Cosmos foi produzido em 1978 e 1979 pela afiliada da PBS em Los Angeles, a KCET, com um orçamento de aproximadamente US$ 6,3 milhões, com mais de US$ 2 milhões adicionais investidos em divulgação. O formato do programa é semelhante aos documentários anteriores da BBC, como "Civilization", de Kenneth Clark, "The Ascent of Man", de Jacob Bronowski, e "Life on Earth", de David Attenborough. No entanto, ao contrário daquelas séries, que foram filmadas inteiramente em filme, Cosmos utilizou fitas de vídeo para cenas interiores e efeitos especiais, sendo o filme usado para exteriores. A BBC - co-produtora do Cosmos - posteriormente exibiu a série, mas os episódios foram cortados para caber na grade de 50 minutos. A série se destaca por seu uso inovador de efeitos especiais, que permitem a Sagan percorrer ambientes que são, na verdade, maquetes, e não cenários completos. A trilha sonora inclui trechos de música fornecidos pelo compositor grego Vangelis, como "Alpha, Pulstar e Heaven and Hell Part 1" (o último movimento serve como tema central da série, e é diretamente referenciado pelo título do quarto episódio). Ao longo das 13 horas da série, muitas faixas de vários álbuns dos anos 1970 são usadas, como "Albedo 0,39, Meddle, Spiral, Ignacio, Beaubourg e China". O sucesso mundial da série colocou a música de Vangelis nas casas de muitos e chamou a atenção de um público global. A Turner Home Entertainment comprou "Cosmos" da produtora de séries KCET em 1989. Ao fazer a transição para a televisão, os episódios de uma hora foram editados em episódios menores, e Sagan filmou novos epílogos para vários episódios, nos quais discutiu novas descobertas (e pontos de vista alternativos) que haviam surgido desde a transmissão original. Um 14º episódio, consistindo de uma entrevista entre Sagan e Ted Turner, também foi produzido. Esta nova versão da série acabou sendo lançada como um box VHS. Esta mesma versão reeditada também foi lançada em LaserDisc. "Cosmos" esteve indisponível por muitos anos após seu lançamento inicial devido a problemas de direitos autorais com a trilha sonora, até ser lançado em 2000 em DVD com legendas em sete idiomas e som 5.1 remasterizado incluídos, assim como uma faixa alternativa de novas músicas e efeitos sonoros. Em 2005, o The Science Channel retransmitiu a série para seu 25º aniversário, com efeitos computadorizados e filmagens atualizadas, som digital e informações sobre descobertas científicas relevantes nos 25 anos passados. Apesar de ser exibido novamente no Science Channel, o tempo total para os 13 episódios originais (780 minutos) foi reduzido em 25% para 585 minutos (45 minutos por episódio), a fim de abrir espaço para comerciais. Em um lançamento em 2009 no Reino Unido, a Fremantle Media Enterprises restaurou e remasterizou digitalmente a série original em um conjunto de DVDs de cinco discos que incluía atualizações científicas de bônus. No Brasil, a série foi exibida pela primeira vez pela Globo entre 22 de agosto e 14 de novembro de 1982, aos domingos depois do "Fantástico", apresentada então pelo ator e dublador Reynaldo Gonzaga, mas com Carl Sagan sendo dublado por Sílvio Navas. Posteriormente, em 2008, a série passou a ser exibida pelo canal TV Escola com nova dublagem de Sérgio Stern, feita através dos estúdios Synapse. O cientista brasileiro Marcelo Gleiser apresentou em 2006, no "Fantástico", uma série denominada Poeira das Estrelas, um programa de divulgação científica feito nos moldes de "Cosmos", segundo Gleiser, o nome de tal série foi dada graças a uma frase dita por Carl Sagan na série Cosmos dizendo que: "Todos nós somos poeira das estrelas", tal episódio da série de Sagan contava sobre estrelas, Gleiser remodelou tal frase dizendo no primeiro episódio de Poeira das Estrelas: "... uma vez o astrônomo americano Carl Sagan disse que somos todos 'Poeira das Estrelas'".
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Cronologia
Cronologia A cronologia (do latim "chronologia", do grego antigo χρόνος, "chrónos", "tempo"; e -λογία, "-logia") é a ciência de organizar eventos em sua ordem de ocorrência no tempo. Considere, por exemplo, o uso de uma linha do tempo ou sequência de eventos. É também "a determinação da sequência temporal real de eventos passados". A cronologia faz parte da periodização. É também uma parte da disciplina de história, incluindo história da Terra, ciências da Terra e estudo da escala de tempo geológica. Campos relacionados. A cronologia é a ciência de localizar eventos históricos no tempo. Baseia-se na cronometria, também conhecida como cronometria, e na historiografia, que examina a escrita da história e o uso de métodos históricos. A datação por radiocarbono estima a idade de seres antes vivos medindo a proporção do isótopo de carbono-14 em seu conteúdo de carbono. A dendrocronologia estima a idade das árvores por correlação dos vários anéis de crescimento em sua madeira com as sequências de referência ano a ano conhecidas na região para refletir a variação climática ano a ano. A dendrocronologia é usada por sua vez como uma calibração e referência para curvas de datação por radiocarbono. Calendário e época. Os termos familiares "calendário" e "era" (na acepção de um sistema coerente de anos civis numerados) dizem respeito a dois conceitos fundamentais complementares de cronologia. Por exemplo, durante oito séculos o calendário pertencente à era cristã, época que foi usada no século VIII por Beda, foi o calendário juliano, mas depois do ano 1582 passou a ser o calendário gregoriano. Dionísio, o Exíguo (por volta do ano 500) foi o fundador dessa época, que é hoje o sistema de datação mais difundido do planeta. Uma época é a data (geralmente o ano) em que uma era começa. Condição de Ab Urbe. "Ab Urbe condita" é Latin para "a partir da fundação da cidade (Roma)", tradicionalmente fixado em 753 a.C. Foi usado para identificar o ano romano por alguns historiadores romanos. Os historiadores modernos o usam com muito mais freqüência do que os próprios romanos; o método dominante de identificar os anos romanos era nomear os dois cônsules que ocuparam o cargo naquele ano. Antes do advento da edição crítica moderna de obras históricas romanas, AUC foi indiscriminadamente adicionado a eles por editores anteriores, fazendo com que parecesse mais amplamente usado do que realmente era. Foi usado sistematicamente pela primeira vez apenas por volta do ano 400, pelo historiador ibérico Orosius. O papa Bonifácio IV, por volta do ano 600, parece ter sido o primeiro a fazer uma conexão entre estes e Anno Domini. (AD 1 = AUC 754) Era astronômica. A era Anno Domini de Dionísio, o Exíguo (que contém apenas os anos civis "DC") foi estendida por Beda à era cristã completa (que contém, além disso, todos os anos civis "AC", mas nenhum "ano zero"). Dez séculos depois de Beda, os astrônomos franceses Philippe de la Hire (no ano de 1702) e Jacques Cassini (no ano de 1740), puramente para simplificar certos cálculos, colocaram a data juliana (proposto no ano de 1583 por Joseph Justus Scaliger) e com ele uma era astronômica em uso, que contém um ano bissexto zero, que precede o ano 1 (DC). Pré-história. Embora de importância crítica para o historiador, os métodos de determinação da cronologia são usados ​​na maioria das disciplinas da ciência, especialmente astronomia, geologia, paleontologia e arqueologia. Na ausência de uma história escrita, com suas crônicas e listas de reis, os arqueólogos do final do século XIX descobriram que podiam desenvolver cronologias relativas baseadas em técnicas e estilos de cerâmica. No campo da egiptologia, William Flinders Petrie foi o pioneiro na datação de sequências para penetrar nos tempos neolíticos pré-dinásticos, usando grupos de artefatos contemporâneos depositados juntos em um único momento em túmulos e trabalhando metodicamente para trás desde as primeiras fases históricas do Egito. Este método de datação é conhecido como seriação. As mercadorias conhecidas descobertas em estratos em locais às vezes bem distantes, o produto do comércio, ajudaram a estender a rede de cronologias. Algumas culturas mantiveram o nome aplicado a eles em referência a formas características, por falta de uma ideia do que eles chamavam a si mesmos: "O Povo do Copo" no norte da Europa durante o terceiro milênio AEC, por exemplo. O estudo dos meios de colocar cerâmica e outros artefatos culturais em algum tipo de ordem prossegue em duas fases, classificação e tipologia: a classificação cria categorias para fins de descrição e a tipologia busca identificar e analisar as mudanças que permitem que os artefatos sejam colocados em sequências. As técnicas de laboratório desenvolvidas principalmente após meados do século XX ajudaram a constantemente revisar e refinar as cronologias desenvolvidas para áreas culturais específicas. Métodos de datação não relacionados ajudam a reforçar uma cronologia, um axioma de evidências corroborativas. Idealmente, os materiais arqueológicos usados ​​para datar um sítio devem complementar-se e fornecer um meio de verificação cruzada. As conclusões tiradas de apenas uma técnica sem suporte são geralmente consideradas não confiáveis. Sincronismo. O problema fundamental da cronologia é sincronizar eventos. Ao sincronizar um evento, torna-se possível relacioná-lo com a hora atual e comparar o evento com outros eventos. Entre os historiadores, uma necessidade típica é sincronizar os reinados de reis e líderes para relacionar a história de um país ou região com a de outro. Por exemplo, a Crônica de Eusébio (325 DC) é uma das principais obras do sincronismo histórico. Este trabalho tem duas seções. O primeiro contém crônicas narrativas de nove reinos diferentes: Caldeu, Assírio, Medo, Lídio, Persa, Hebraico, Grego, Peloponeso, Asiático e Romano. A segunda parte é uma longa mesa que sincroniza os eventos de cada um dos nove reinos em colunas paralelas. Ao comparar as colunas paralelas, o leitor pode determinar quais eventos foram contemporâneos ou quantos anos separaram dois eventos diferentes. Para colocar todos os eventos na mesma escala de tempo, Eusébio usou uma era Anno Mundi (AM), o que significa que os eventos foram datados do suposto início do mundo como calculado a partir do Livro do Gênesis no Pentateuco hebraico. De acordo com o cálculo usado por Eusébio, isso ocorreu em 5199 a.C. A Crônica de Eusébio foi amplamente usada no mundo medieval para estabelecer as datas e horários de eventos históricos. Cronógrafos subsequentes, como Jorge Sincelo (falecido por volta de 811), analisaram e elaboraram o "Chronicon" comparando-o com outras cronologias. O último grande cronógrafo foi Joseph Justus Scaliger (1540-1609) que reconstruiu o "Chronicon" perdido e sincronizou toda a história antiga em suas duas principais obras, "De emendatione temporum" (1583) e "Thesaurus temporum" (1606). Muitas das datações históricas modernas e da cronologia do mundo antigo derivam, em última análise, dessas duas obras. Além dos métodos literários de sincronismo usados ​​por cronógrafos tradicionais como Eusébio, Sincelo e Scaliger, é possível sincronizar eventos por meios arqueológicos ou astronômicos. Por exemplo, o Eclipse de Tales, descrito no primeiro livro de Heródoto, pode potencialmente ser usado para datar a Guerra da Lídia porque o eclipse ocorreu durante uma importante batalha naquela guerra. Da mesma forma, vários eclipses e outros eventos astronômicos descritos em registros antigos podem ser usados ​​para sincronizar astronomicamente eventos históricos. Outro método para sincronizar eventos é o uso de achados arqueológicos, como cerâmica, para fazer a datação em sequência.
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Craft (Os Maias)
Craft (Os Maias) Guilherme Craft é um personagem secundário do romance "Os Maias", de Eça de Queirós. Homem dândi e burguês, representa na obra a formação britânica, o protótipo do que deve ser um homem. Craft é descrito como um "byroniano". Defende a arte pela arte, a arte como idealização do que há de melhor na natureza. Inglês rico e boémio, colecionador de bricabraque. Apesar de pouca ou nenhuma importância ter na ação principal, Craft representa o homem correto, incorruptível e "de hábitos rijos, pensando com retidão". Recebe especial favor de Afonso da Maia, que o considera "deveras um homem". A sua descrição, na obra: É inicialmente introduzido por João da Ega a Carlos da Maia, afirmando que era indispensável conhecer o Craft. O inglês havia construído um recanto campestre, a Quinta dos Olivais, conhecida como "a Toca". Mais tarde, querendo desfazer-se dela, Carlos da Maia adquire-a para oferecer como residência Maria Eduarda e Rosa.
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Castro Gomes
Castro Gomes
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Clima Polar
Clima Polar
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Calendário islâmico
Calendário islâmico O calendário islâmico, calendário muçulmano ou calendário hegírico é um calendário lunar composto por doze meses, de 29 ou 30 dias, ao longo de um ano com 354 ou 355 dias. A contagem do tempo deste calendário começa com a Hégira — a fuga de Maomé de Meca para Medina, em 16 de julho de 622. O mês começa quando primeiro crescente visível da Lua aparece pela primeira vez após o pôr-do-sol. Tem cerca de 11 dias a menos que o calendário solar. Este calendário baseado no ano lunar não corresponde aos calendários do ano solar. Os meses islâmicos retrocedem a cada ano que passa em relação aos calendários baseados no ano solar, como o Calendário gregoriano, por exemplo. Uma vez que o calendário islâmico é cerca de 11 dias mais curto que o calendário solar, os feriados muçulmanos acabam por circular por todas as estações. O atual ano islâmico é 1444 (correspondente, pelo calendário gregoriano, ao período de 30 de julho de 2022 a 18 de julho de 2023). Normalmente, a notação utilizada é "1444 AH", do latim "Anno Hegirae" ("Ano da Hégira"), copiando à notação cristã AD. Anos. Os 12 meses do ano se alternam em durações de 29 e 30 dias. Dentro de um ciclo de 30 anos, 11 deles, os 1º, 5º, 7º, 10º, 13º, 16º, 18º, 21º, 24º, 26º e 29º, recebem um dia a mais (30 dias no último mês). (o sétimo dia da semana islâmica), 16 de julho de 622 d.C. do Calendário Juliano, o dia da fuga Hégira de Maomé de Meca para Medina. Datas importantes. Datas importantes no ano islâmico (Hijri) são:
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Comportamento
Comportamento O comportamento é definido como o conjunto de reações de um sistema dinâmico face às interações e renovação propiciadas pelo meio onde está envolvido. Exemplos de comportamentos são: comportamento social, comportamento humano, comportamento informacional (o que o indivíduo faz com relação à informação), comportamento animal, comportamento atmosférico etc.. Individualidades e teoria de sistemas. Quando tratamos de individualidades, podemos definir o comportamento como o conjunto de reações e atitudes de um indivíduo ou grupo de indivíduos em face do meio social. Em teoria de sistemas, comportamento é a resposta observável de um estímulo. Nos animais, por exemplo, envolve essencialmente instintos e hábitos aprendidos. O ser humano está sempre recebendo estímulos do ambiente em que vive e interage: seu comportamento, ou seja, suas respostas a esses estímulos, variam muito de acordo com cada pessoa. Instinto e cultura. Há o debate clássico da natureza "versus" criação (em inglês, "nature vs. nurture"), que discute a que grau uma característica comportamental é inata (por exemplo, herdada geneticamente) ou adquirida através da interação com o ambiente físico e sociocultural. Reconhece-se atualmente que natureza e ambiente contribuem conjuntamente em interação à formação do indivíduo e sua mente, sem exclusão um do outro. Há características que possuem uma porcentagem maior de um componente do que de outro, como visto em estudos de herdabilidade, e o conceito atual de instinto é utilizado para tendências comportamentais inatas, tal como as habilidades adaptativas da espécie em seus módulos cognitivos. As áreas contemporâneas que sintetizam esses níveis de análise são as ciências cognitivas e a sociobiologia, as quais utilizam conhecimentos da psicologia evolucionista, genética do comportamento e epigenética do comportamento. Dois exemplos clássicos de comportamento instintivo e cultural, desenvolvidos ao extremo, são o dos insetos, por um lado, e o dos mamíferos, por outro. Enquanto que os primeiros praticamente não têm aprendizado e nascem com quase toda a informação que precisam para sobreviver, os segundos são seres com comportamento social e precisam da convivência em grupo (pelo menos na infância) para adquirir o acúmulo de sucessos das gerações anteriores, transmitidos também culturalmente além da genética. Respondente e operante. Os comportamentos são divididos em duas classes: respondente e operante: Psicologia. Em psicologia, o comportamento é a conduta, procedimento, ou o conjunto das reações observáveis em indivíduos em determinadas circunstâncias inseridos em ambientes controlados. Podendo ser descrito como uma contingência tríplice composta de antecedentes-respostas-consequências, ou respostas de um membro da contingência. Behaviorismo. O comportamento é objeto de estudo do behaviorismo, uma das mais importantes abordagens da psicologia, que se iniciou no começo do século XX, e que foi proposto por John Broadus Watson. Com a intenção de fazer uma psicologia científica, que se distanciasse o máximo possível das probabilidades de erro das inferências realizadas pelos métodos subjetivos, John B. Watson iniciou, em 1912, um movimento em psicologia denominado "behaviorismo", termo derivado da palavra inglesa para "comportamento": "behavio(u)r". Muitos psicólogos têm definido a psicologia como "ciência do comportamento", tendo, como finalidade, compreendê-lo para modificá-lo e prevê-lo, quando necessário. Nesta concepção, toda vida mental manifesta-se através de atos, gestos, palavras, expressões, realizações, atitudes ou qualquer reação do homem a estímulos do meio ambiente. Desta forma, o psicólogo deve observar apenas estas manifestações, deixando de lado o método introspectivo, onde as falhas eram frequentes, para se utilizar da extrospecção, que consiste na observação exterior. Depois da concepção comportamental de Watson, o behaviorismo evoluiu muito, e, atualmente, vai além das limitações da época, em que a psicologia não passava do estudo das relações entre o estímulo observável que o homem ou animal sofria e a resposta que estes emitiam a partir deles. Os behavioristas atuais consideram o organismo e as diferenças comportamentais que acontecem a depender da situação, da privação e da história de vida de cada um. O estado do organismo interfere na resposta que ele emitirá frente a determinado estímulo. As reações podem ser psíquicas ou puramente fisiológicas. As reações fisiológicas de um organismo, para alguns teóricos, não são chamadas de comportamento. Atualmente, os psicólogos definem comportamento como as reações globais do organismo que possuem uma significação. Outra concepção de comportamento trabalha com definições de comportamento inato que todos os seres da mesma espécie apresentam na presença de um determinado estímulo, como é o caso da contração e dilatação das pupilas na presença de luz ou na ausência dela e outras reações que não precisam ser aprendidas. Este tipo de comportamento também é definido como "respondente". Nesta concepção, o outro tipo de comportamento é o "adquirido", que é mutável e que se caracteriza por ser uma reação que pode ser diferente, mesmo se tratando da mesma estimulação a indivíduos da mesma espécie, ou até ao mesmo indivíduo em diferentes situações. Este tipo de comportamento vai se instalando no decorrer da vida de cada sujeito e, normalmente, adquire significados que dizem respeito à história de vida de cada um. Estes comportamentos, em geral, são denominados "operantes" porque operam sobre o ambiente. Muitas vezes, o comportamento verbal é de fundamental importância para o entendimento do significado da resposta emitida pelo sujeito. Em muitos casos, a expressão através da linguagem é extremamente reduzida e, nestes casos, a reação pode ser considerada superficial. A reação superficial, no conceito do doutor Spitz, diz respeito a respostas emitidas por crianças ainda muito pequenas e que não perceberam ainda, totalmente, as significações da pessoa humana. Freud. Freud salientou a importante relação existente entre o comportamento de um ser humano adulto e certos episódios de sua infância, mas resolveu preencher o considerável hiato entre causa e efeito com atividades ou estados do aparelho mental. Desejos conscientes ou inconscientes ou emoções no adulto representam esses episódios passados e são considerados como os responsáveis diretos pelo comportamento. Em relação aos costumes e comportamentos sociais, esse autor trouxe uma série de contribuições para antropologia ao tomar essa ciência como referência para a psicanálise, o método clínico que desenvolveu. Antropologia. Segundo a antropologia cultural, os componentes considerados inatos no comportamento humano (como o sexo, instintos de agressividade e de competição) poderiam ser modificados. A cultura seria capaz de reprimir ou alterar esses comportamentos.
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Design de cartaz
Design de cartaz Design de cartaz é uma atividade voltada para o projeto de cartazes ou pôsteres. Citações. "Cartazes são mensageiros. Cartazes é expressão de cultura. (...)Visíveis e inconfundíveis, como parte de um processo de comunicação(...) Bons cartazes falam uma linguagem internacional." Manfred Triesch "Os cartazes são algo grande. Não só seu tamanho proporciona ao designer amplitude para transmitir sua mensagem, mas também são grandes em outro sentido: são populares. Os cartazes anunciam acontecimentos locais, expressam ideias políticas, promovem programas educativos, dão endereços com uma visualidade contundente e criativa. E, se o designer fez bem o seu trabalho, se convertem em artigos colecionáveis. (...) Tanto se um cartaz promove um filme de orçamento multimilionário ou a oferta de carne no açougue da esquina, o design pode ter classe. O grafismo deve conquistar; o texto, na fração de segundo que retém a atenção do leitor, deve introduzir a mensagem em sua memória."
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Citologia
Citologia
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Caribe
Caribe O Caribe (português brasileiro e português europeu), também chamado Caraíbas (apenas em português europeu) e América Caribenha, é uma região do continente americano formada pelo Mar do Caribe, suas ilhas e Estados insulares. Também é chamado de Antilhas ou Índias Ocidentais, nome originado pela crença inicial europeia de que o continente americano fosse a Índia (o termo "ocidentais" foi, posteriormente, adicionado para distingui-las da região da Índia "verdadeira"). Os nascidos nas ilhas do Caribe são denominados caribenhos. O Caribe está localizado na placa tectónica do mesmo nome — a Placa do Caribe —, que engloba também a parte sul da América Central. Na fronteira desta placa com a Placa Sul-Americana, a leste, junto ao oceano Atlântico, existe uma zona de subducção vulcanicamente ativa, que originou as Pequenas Antilhas. Etimologia. "Caribe" e "caraíbas" originaram-se do termo taino "caribe" (audaz, valente). São uma referência às tribos de línguas caribes que habitavam (e, em alguns casos, ainda habitam) as Pequenas Antilhas, as Guianas e parte do litoral da América Central. Geografia. Oceanografia. O mar das Caraíbas possui em média uma salinidade de 35 a 36 partes por mil e uma temperatura que varia entre os 27 a 28 °C na superfície e os 4 °C no fundo. O mar é principalmente alimentado pelas águas do Oceano Atlântico que atravessam os passos a oriente e são transportadas até ao golfo do México, através do Canal do Iucatão. As águas doces provenientes dos rios Orinoco e Amazonas contribuem com cerca de 15 a 20% da água superficial do mar. Hidrografia. O maior rio que desemboca na bacia hidrográfica do mar das Caraíbas é o Magdalena, que atravessa a Colômbia desde o Maciço Colombiano por cerca de 1 540 km. Por sua vez, o Magdalena recebe o caudal de outros rios como o Cauca e o Cesar. Outros rios que desembocam nas Caraíbas são: Unare, Tocuyo, Catatumbo e Chama na Venezuela; Ranchería, Sinú e Atrato, na Colômbia; San San, Chagres (Canal do Panamá) e Changuinola, no Panamá; Grande, Prinzapolca e Huahua na Nicarágua; San Juan na fronteira entre a Nicarágua e a Costa Rica, que liga o Lago Cocibolca às Caraíbas; Segovia, na fronteira entre as Honduras e a Nicarágua; Patuca, Sico, Aguán e Ulua nas Honduras; Motágua na Guatemala; rio Belize no Belize; o rio Hondo no México; Cauto em Cuba; Yaque del Sur, Ozama e Macoris na República Dominicana; Negro na Jamaica e Grande de Patillas em Porto Rico. Os estuários que se formam na foz dos rios criam ecossistemas e condições de vida especiais. As condições ecológicas básicas neste meio são: uma salinidade que flutua ao longo do ano, transporte de águas doces, carregadas com matéria orgânica e nutrientes, os quais contribuem para a produtividade biológica e também carregadas com sedimentos que turvam o meio, e influência permanente de águas marinhas costeiras que nas Caraíbas são mais claras e menos férteis que as de qualquer estuário. Também se destaca o Lago de Maracaibo, que se liga às Caraíbas através do golfo da Venezuela, e que, com uma superfície de 13 210 km², é o maior lago da América do Sul e um dos mais antigos da Terra. Flora e fauna. A flora do mar das Caraíbas apresenta uma grande biodiversidade. Estima-se que as Caraíbas tenham 13 000 espécies de plantas e que mais de 6 500 destas são endémicas. Algumas das plantas que se podem encontrar são a oliveira que se localiza principalmente na República Dominicana, o caimito que se espalha por toda a região das Caraíbas, o guaiaco (flor nacional da Jamaica), a ceiba (árvore nacional de Porto Rico e Guatemala) e a "caoba" (árvore nacional de República Dominicana). A fauna das Caraíbas é característica do clima subtropical, principalmente influenciada pelas correntes marinhas quentes, sendo 42% das suas espécies endémica. Existem cerca de 450 espécies de peixes entre as quais se pode mencionar a barracuda, a garoupa, a moreia e diversas famílias de caraciformes. Também se contabilizam 600 espécies de aves, sendo 155 endémicas como os "todies" (espécie endémica e uma das mais antigas das Caraíbas); a maioria das espécies de aves são migratórias como a mariquita-amarela e a garça verde. De acordo com a Birdlife International, em 2006 havia 29 espécies de aves em perigo de extinção em Cuba e duas oficialmente extintas. Espécies de aves como o papagaio-de-porto-rico, a jacutinga e a pomba da espécie "Columba inornata wetmorei" encontram-se em perigo de extinção. Existem 500 espécies de répteis nas Caraíbas, das quais 94% são endémicas como a iguana verde e a iguana azul, endémica da ilha Grande Caimão (ambas em perigo de extinção), a iguana de Mona, endémica da Ilha de Mona (Porto Rico), a iguana-rinoceronte própria da República Dominicana, e o crocodilo-americano espalhado pelas ilhas das Caraíbas, América Central e norte da América do Sul (em perigo de extinção), assim como diversas espécies de tartarugas marinhas como a Tartaruga-de-pente. Existem 170 espécies de anfíbios endémicos nas Caraíbas e de acordo com a informação da avaliação anfíbia global, em 2004 mais de 80% dos anfíbios estavam ameaçados em República Dominicana, Cuba e Jamaica, e 92% no Haiti. Espécies como o coquí dourado encontram-se em grave ameaça de extinção. Contabilizam-se 90 espécies de mamíferos nas Caraíbas, dentro dos mamíferos nativos podem-se mencionar o golfinho, o manati, o almiqui (endémico das Antilhas) e diversas espécies de morcegos, e a baleia-jubarte como espécie migratória. Outras espécies como a foca-monge-das-caraíbas extinguiram-se durante os últimos séculos devido à ação direta do homem. Nos últimos 1 500 anos extinguiu-se 90% dos mamíferos das Antilhas. Ecologia. Nas Caraíbas, encontra-se cerca de 9% dos recifes de coral do planeta cobrindo cerca de 20 000 milhas quadradas, muitos deles localizados ao largo das ilhas das Caraíbas e da costa da América Central Entre eles destaca-se a Barreira de Coral do Belize, com uma superfície de 96 300 ha, que foi declarada patrimônio da humanidade em 1996, faz parte do Grande Recife Maia (também conhecido como "Sistema Arrecifal Mesoamericano"), que com mais de mil quilômetros de extensão é o segundo maior do mundo, cobrindo as costas caribenhas do México, Belize, Guatemala e Honduras. Atualmente as correntes de água quente colocam em perigo os recifes de coral das Caraíbas. Os recifes de coral contêm alguns dos mais diversos habitats do mundo, mas são ecossistemas muito frágeis. Quando as águas tropicais superam os 30 °C durante um período prolongado, as zooxantelas morrem. Estas plantas providenciam alimento aos corais e conferem-lhes a sua cor. O branqueamento resultante dos recifes de coral mata-os e danifica o ecossistema. Mais de cerca de 42% das colônias de corais sofreram branqueamento completo, enquanto que cerca de 95% estão a sofrer algum tipo de branqueamento. O "habitat" mantido pelos recifes é crítico para algumas atividades turísticas como a pesca e o mergulho e providencia rendas econômicas para as nações das Caraíbas de $3,1-4,6 mil milhões de dólares. A contínua destruição dos recifes pode deteriorar a economia da região. Em 1986 entrou em vigor o protocolo da convenção para a proteção e desenvolvimento do ambiente marinho na região das Caraíbas, cujo propósito é proteger a vida marinha que está em perigo através da proibição de atividades humanas que possam incrementar a sua destruição em diversas áreas. Até hoje, este protocolo foi ratificado por 15 nações. Também se formaram algumas organizações para preservar a vida marinha das Caraíbas, como a "Corporación para la conservación del Caribe", que procura estudar e proteger as tartarugas marinhas, e educar a população a cuidar delas. A água descarregada pelo Orinoco durante os meses de chuva gera grandes concentrações de clorofila na zona oriental do mar. Economia. A região das Caraíbas sentiu um aumento significativo da actividade humana desde o seu período de colonização. O mar é uma das maiores áreas de produção de óleo do mundo, com aproximadamente 170 milhões de toneladas anuais. Nas Caraíbas venezuelanas encontram-se importantes jazidos de petróleo e gás natural, os quais debitam uma produção de 3 081 milhões de barris diários de petróleo (2005) e de 29,7 mil milhões de metros cúbicos de gás (2003). A área também gera uma extensa indústria pesqueira nos países que a rodeiam, contabilizando meio milhão de toneladas de pescado anual. É grande produtora de cana de açúcar com uma produção anual de cerca de 30 milhões de toneladas em 2005, o que representa aproximadamente cerca de 2% da produção mundial. A actividade humana na área também provoca um significativo aumento da poluição: as estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde de 1993 informam que apenas cerca de 10% dos resíduos da América Central e das ilhas das Caraíbas são adequadamente tratados. Turismo. O mar das Caraíbas é uma das mecas do turismo internacional. A Organização do Turismo das Caraíbas estima que cerca de 12 milhões de turistas visitam a região durante todo o ano. As Caraíbas são um dos principais destinos dos cruzeiros no mundo. A Organização do Turismo das Caraíbas estimou também que entre 1991 e 1992 receberam-se 8 milhões de turistas que viajaram em cruzeiros. Entre os sítios preferidos pelos visitantes e turistas, encontram-se a ilha de Porto Rico, a República Dominicana, Cuba, Jamaica, Aruba, Barbados, as Ilhas Virgens, São Martinho, Costa Rica, Trindade ou Margarita na Venezuela; as cidades de Cancún, Playa del Carmen e Cozumel, na Riviera Maia; Majahual, Xcalak e rio Huach na rota da Costa Maia do México; Cartagena de Indias, Santo André, Providência e Santa Catarina e Santa Marta na Colômbia; Puerto La Cruz, Barcelona, Ilha de Aves, Los Roques, Punto Fijo, Choroni, Tucacas, Barlovento na Venezuela; Bocas del Toro, Colón, Kuna Yala e o Canal do Panamá no Panamá. Cultura. As Caraíbas são o cenário de inspiração de diversas obras literárias e películas relacionadas com pirataria e fantasia, género onde se destacam autores como Daniel Defoe e Robert Louis Stevenson, entre outros. Entre as películas de ficção caracterizadas geograficamente nas Caraíbas podem-se mencionar a série de filmes Piratas do Caribe e algumas de James Bond. Uma adaptação da primeira série de filmes encontra-se representada num parque da Disneylândia. A vida e costumes dos habitantes das Caraíbas também têm sido representadas em obras literárias com autores como o novelista cubano Alejo Carpentier, o dominicano Juan Bosch, o santaluciano Derek Walcott e o colombiano Gabriel García Márquez, entre outros. A região das Caraíbas é berço de diversos ritmos musicais como o "reggae" e o "ska" provenientes da Jamaica, o merengue e a bachata da República Dominicana; o calipso de Trindade e Tobago; o reggaeton partilha as suas origens entre Porto Rico e Panamá, o son cubano e o son montuno originários de Cuba; a cúmbia, o porro e o vallenato da costa das Caraíbas colombianas, entre outros. Um dos desportos mais populares nas Caraíbas é o baseball, do qual se realiza uma competição regional anual denominada Série do Caribe. Também se destacam o críquete nas Antilhas de fala inglesa e, mais recentemente, o futebol com todas as suas associações filiadas na CONCACAF. Por outro lado, o evento multidesportivo regional que reúne os representantes das Caraíbas são os Jogos Centro-americanos e do Caribe, que são celebrados a cada quatro anos desde 1926, sendo a competência multi-desportiva regional mais antiga vigente na actualidade. Na área do mar das Caraíbas fala-se uma grande variedade de idiomas devido à diversidade de origens da sua cultura, entre de maior destaque podem-se mencionar espanhol (México, Cuba, República Dominicana, Porto Rico e costas da América Central e do Sul — incluindo arquipélagos dos ditos países), inglês (Jamaica — patois), Ilhas Virgens, Baamas, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Trindade e Tobago, Barbados, Ilhas Caimão, Anguila, Bermudas, Ilhas Turcas e Caicos, Monserrate), o crioulo sanandresano nas ilhas de Santo André, Providência e Santa Catarina na Colômbia, francês (Haiti (crioulo), Guadalupe, Martinica, São Martinho, São Bartolomeu), neerlandês (Bonaire (papiamento), Curaçau (papiamento), Saba, Santo Eustáquio, São Martinho e Aruba). A religião predominante é a católica (República Dominicana, Porto Rico, Jamaica, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, Ilhas Caimão, Dominica, Aruba, Curaçau, Países Baixos Caribenhos, costas da América Central e do Sul), apesar de, nalgumas ilhas, se praticar o protestantismo (Barbados), o hinduísmo (uma das mais representativas em Trindade e Tobago), o anglicanismo (Monserrate, São Vicente e Granadinas), e noutras pratica-se a santeria (Cuba), o vudu (Haiti) e o rastafarianismo (uma das mais representativas na Jamaica).
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Capitalismo
Capitalismo Capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e sua exploração com fins lucrativos. As características centrais deste sistema incluem, além da propriedade privada, a acumulação de capital, o trabalho assalariado, a troca voluntária, um sistema de preços e mercados competitivos. Em uma economia de mercado, a tomada de decisão e o investimento são determinados pelos proprietários dos fatores de produção nos mercados financeiros e de capitais, enquanto os preços e a distribuição de bens são principalmente determinados pela concorrência no mercado. Economistas, economistas políticos, sociólogos e historiadores adotaram diferentes perspectivas em suas análises do capitalismo e reconheceram várias formas dele na prática. Estas incluem o capitalismo de livre-mercado ou "laissez-faire", capitalismo de bem-estar social e capitalismo de Estado. Diferentes formas de capitalismo apresentam diferentes graus de mercados livres, propriedade pública, obstáculos à livre concorrência e políticas sociais sancionadas pelo Estado. O grau de concorrência nos mercados, o papel da intervenção e da regulamentação e o alcance da propriedade do Estado variam nos diferentes modelos de capitalismo. A maioria das economias capitalistas existentes são economias mistas, que combinam elementos de mercados livres com intervenção estatal e, em alguns casos, planejamento econômico. As economias de mercado existiram sob muitas formas de governo, em diferentes momentos históricos, lugares e culturas. No entanto, o desenvolvimento das sociedades capitalistas marcado por uma universalização das relações sociais baseadas no dinheiro, uma classe de trabalhadores assalariados consistentemente abrangente e uma classe que domina o controle da riqueza e do poder político desenvolveu-se na Europa Ocidental em um processo que levou à Revolução Industrial. Os sistemas capitalistas com diferentes graus de intervenção direta do governo tornaram-se dominantes no mundo ocidental e continuam a se espalhar. O capitalismo foi criticado por estabelecer o poder nas mãos de uma classe minoritária que existe através da exploração de uma classe trabalhadora majoritária; por priorizar o lucro sobre o bem social, os recursos naturais e o meio ambiente; e por ser um motor de desigualdades e instabilidades econômicas. Os defensores argumentam que o sistema proporciona melhores produtos através da concorrência, cria um forte crescimento econômico, produz produtividade e prosperidade que beneficia grandemente a sociedade, além de ser o sistema mais eficiente conhecido para alocação de recursos. Etimologia. A palavra "capital" vem do latim "capitale", derivado de "capitalis" (com o sentido de "principal, primeiro, chefe"), que vem do proto-indo-europeu "kaput" significando "cabeça". "Capitale" surgiu em Itália nos séculos XII e XIII (pelo menos desde 1211) com o sentido de fundos, existências de mercadorias, somas de dinheiro ou dinheiro com direito a juros. Em 1283 é encontrada referindo-se ao capital de bens de uma firma comercial. O termo "capitalista" refere-se ao proprietário de capital, e não ao sistema econômico, e o seu uso é anterior ao do termo "capitalismo", datando desde meados do século XVII. O "Hollandische Mercurius" usa o termo em 1633 e 1654 para se referir aos proprietários de capital. David Ricardo, na sua obra "Principles of Political Economy and Taxation" (1817), usa frequentemente a expressão "o capitalista". Samuel Taylor Coleridge, poeta inglês, usou o termo "capitalista" em seu trabalho "Table Talk" (1823). Pierre-Joseph Proudhon usou o termo "capitalista" em seu primeiro trabalho, "O que é a propriedade?" (1840) para se referir aos proprietários de capital. Benjamin Disraeli usou o termo capitalista em seu trabalho "Sybil" (1845). Karl Marx e Friedrich Engels usaram o termo "capitalista" "(Kapitalist") em "O Manifesto Comunista" (1848) para se referir a um proprietário privado de capital. O termo "capitalismo" surgiu em 1753 na "Encyclopédia", com o sentido estrito do "estado de quem é rico". No entanto, de acordo com o "Oxford English Dictionary" (OED), o termo "capitalismo" foi usado pela primeira vez pelo escritor William Makepeace Thackeray em seu trabalho "The Newcomes" (1845), onde significa "ter a posse do capital". Ainda segundo o OED, Carl Adolph Douai, um socialista teuto-estadunidense e abolicionista, usou o termo "capitalismo privado" em 1863. O uso inicial do termo "capitalismo" em seu sentido moderno foi atribuída a Louis Blanc, em 1850, e Pierre-Joseph Proudhon, em 1861. Marx e Engels foram os primeiros a referirem ao "sistema capitalista" ("kapitalistisches System") e ao modo de produção capitalista ("kapitalistische Produktionsform") em "Das Kapital" (1867). O uso da palavra "capitalismo" em referência a um sistema econômico aparece duas vezes no Volume I de "O Capital", p. 124 (Edição alemã) e, em "Theories of Surplus Value", tomo II, p. 493 (Edição alemã). História. Mercantilismo. O período entre os séculos XVI e XVIII é comumente descrito como mercantilismo. Associa-se este período à exploração geográfica da Era dos Descobrimentos por parte de mercadores, especialmente da Inglaterra e dos Países Baixos; à colonização europeia das Américas; e ao rápido crescimento do comércio exterior. O mercantilismo foi um sistema de comércio com fins lucrativos, embora as "commodities" ainda fossem em grande parte produzidas por métodos de produção não-capitalista. Enquanto alguns estudiosos veem o mercantilismo como o primeiro estágio do capitalismo, outros argumentam que o capitalismo não surgiu até mais tarde. Por exemplo, Karl Polanyi, observou que "o mercantilismo, com toda a sua tendência para a comercialização, nunca atacou as salvaguardas que protegeram [os] dois elementos básicos do trabalho de produção e da terra de se tornar os elementos do comércio"; assim atitudes mercantilistas para o regulamento da economia estão mais próximas das atitudes feudais, "eles discordavam apenas sobre os métodos de regulação." Além disso, Polanyi argumentava que a marca do capitalismo é a criação de mercados generalizadas para o que ele referia como "mercadorias fictícias": terra, trabalho e dinheiro. Assim, "não foi até 1834 um mercado de trabalho competitivo, com sede na Inglaterra, portanto, não pode-se dizer que o capitalismo industrial, como um sistema social, não existiu antes desta data". Evidências de comércio mercante de longa distância, orientado e motivado pelo lucro foram encontradas já no segundo milênio a.C., com os antigos mercadores assírios. As primeiras formas de mercantilismo da época formaram-se já no Império Romano e, quando este expandiu-se, a economia mercantilista também foi ampliada por toda a Europa. Após o colapso do Império Romano, a maior parte da economia europeia passou a ser controlada pelos poderes feudais locais e mercantilismo entrou em declínio. No entanto, o mercantilismo persistiu na Arábia. Devido à sua proximidade com países vizinhos, os árabes estabeleceram rotas de comércio para o Egito, Pérsia e Império Bizantino. Como o islã se espalhou no século VII, o mercantilismo espalhou-se rapidamente para a Espanha, Portugal, Norte da África e Ásia. O sistema mercantilista finalmente retornou à Europa no século XIV, com a propagação mercantilista de Espanha e Portugal. Entre os princípios fundamentais da teoria mercantilista estava o bulionismo, uma doutrina que salientava a importância de acumular metais preciosos. Mercantilistas argumentavam que o Estado devia exportar mais bens do que importava, para que os estrangeiros tivessem que pagar a diferença de metais preciosos. Teóricos mercantilistas afirmavam que somente matérias-primas que não podem ser extraídas em casa devem ser importadas e promoveram os subsídios do governo, como a concessão de monopólios e tarifas protecionistas, que foram necessários para incentivar a produção nacional de bens manufaturados. Comerciantes europeus, apoiados por controles, subsídios e monopólios estatais, realizaram a maioria dos seus lucros a partir da compra e venda de mercadorias. Nas palavras de Francis Bacon, o objetivo do mercantilismo era "a abertura e o bem-equilíbrio do comércio, o apreço dos fabricantes, o banimento da ociosidade, a repressão dos resíduos e excesso de leis suntuárias, a melhoria e administração do solo; a regulamentação dos preços...". Práticas semelhantes de arregimentação econômica tinham começado mais cedo nas cidades medievais. No entanto, sob o mercantilismo, dada a ascensão contemporânea do absolutismo, o Estado substituiu a corporações locais como regulador da economia. Durante esse tempo, as guildas funcionavam essencialmente como um cartel que monopolizava a quantidade de artesãos que ganham salários acima do mercado. No período compreendido entre o século XVIII, a fase comercial do capitalismo, originada a partir do início da Companhia Britânica das Índias Orientais e da Companhia das Índias Orientais Holandesas. Estas empresas foram caracterizadas por suas potências coloniais e expansionistas que lhes foram atribuídas por Estados-nação. Durante esta época, os comerciantes, que haviam negociado com o estágio anterior do mercantilismo, investiram capital nas Companhias das Índias Orientais e de outras colônias, buscando um retorno sobre o investimento. Em sua "História da Análise Econômica", o economista austríaco Joseph Schumpeter reduz as proposições mercantilistas a três preocupações principais: controle do câmbio, monopolismo de exportação e saldo da balança comercial. Industrialismo. Um novo grupo de teóricos da economia, liderado por David Hume e Adam Smith, em meados do século XVIII, desafiou as doutrinas mercantilistas fundamentais, como a crença de que o montante da riqueza mundial permaneceu constante e que um Estado só pode aumentar a sua riqueza em detrimento de outro Estado. Durante a Revolução Industrial, o industrial substituiu o comerciante como um ator dominante no sistema capitalista e efetuou o declínio das habilidades de artesanato tradicional de artesãos, associações e artífices. Também durante este período, o excedente gerado pelo aumento da agricultura comercial encorajou o aumento da mecanização da agricultura. O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do sistema fabril de produção, caracterizado por uma complexa divisão do trabalho entre e dentro do processo de trabalho e a rotina das tarefas de trabalho; e, finalmente, estabeleceu a dominação global do modo de produção capitalista. O Reino Unido também abandonou a sua política protecionista, como abraçada pelo mercantilismo. No século XIX, Richard Cobden e John Bright, que baseavam as suas crenças sobre a escola de Manchester, iniciou um movimento para tarifas mais baixas. Em 1840, o Reino Unido adotou uma política menos protecionista, com a revogação das Leis dos Grãos e do Ato de Navegação. Os britânicos reduziram as tarifas e quotas, de acordo com Adam Smith e David Ricardo, para o livre comércio. Karl Polanyi argumenta que o capitalismo não surgiu até a mercantilização progressiva da terra, dinheiro e trabalho, culminando no estabelecimento de um mercado de trabalho generalizado no Reino Unido na década de 1830. Para Polanyi, "o alargamento do mercado para os elementos da indústria - terra, trabalho e dinheiro - foi a conseqüência inevitável da introdução do sistema fabril numa sociedade comercial." Outras fontes alegaram que o mercantilismo caiu após a revogação dos Atos de Navegação, em 1849. Keynesianismo e neoliberalismo. No período seguinte à depressão global dos anos 1930, o Estado desempenhou um papel de destaque no sistema capitalista em grande parte do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, um vasto conjunto de novos instrumentos de análise nas ciências sociais foram desenvolvidos para explicar as tendências sociais e econômicas do período, incluindo os conceitos de sociedade pós-industrial e do Estado de bem-estar social. Esta época foi muito influenciada por políticas de estabilização econômica keynesianas. O "boom" do pós-guerra terminou no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, e a situação foi agravada pelo aumento da estagflação. A inflação excepcionalmente elevada combinada com um lento crescimento da produção, aumento do desemprego, recessão e, eventualmente, causaram uma perda de credibilidade no modo de regulação keynesiano de bem-estar estatal. Sob a influência de Friedrich Hayek e Milton Friedman, os países ocidentais adotaram as normas da política inspiradas pelo capitalismo "laissez-faire" e do liberalismo clássico. O monetarismo em particular, uma alternativa teórica ao keynesianismo, que é mais compatível com o "laissez-faire", ganha cada vez mais destaque no mundo capitalista, especialmente sob a liderança de Ronald Reagan nos os Estados Unidos e Margaret Thatcher no Reino Unido em 1980. O interesse público e político começaram a se afastar das preocupações coletivistas de Keynes de que capitalismo fosse gerenciado a um foco sobre a escolha individual, chamado de "capitalismo remarquetizado". Globalização. Embora o comércio internacional tenha sido associado com o desenvolvimento do capitalismo por mais de 500 anos, alguns pensadores afirmam que uma série de tendências associadas à globalização têm agido para aumentar a mobilidade de pessoas e de capitais desde o último quarto do século XX, combinando a circunscrever a margem de manobra dos Estados na escolha de modelos não-capitalistas de desenvolvimento. Hoje, essas tendências têm reforçado o argumento de que o capitalismo deve agora ser visto como um sistema verdadeiramente mundial. No entanto, outros pensadores argumentam que a globalização, mesmo no seu grau quantitativo, não é maior agora do que em períodos anteriores do comércio capitalista. Características. Propriedade privada. A relação entre o Estado, seus mecanismos formais e as sociedades capitalistas tem sido debatida em vários campos da teoria política e social, com uma discussão ativa desde o século XIX. Hernando de Soto é um economista contemporâneo que argumenta que uma característica importante do capitalismo é a proteção do Estado e do funcionamento dos direitos de propriedade em um sistema de propriedade formal, onde a propriedade e as operações são registrados claramente. Segundo Soto, este é o processo pelo qual os bens físicos são transformados em capital, que por sua vez podem ser utilizados de muitas formas mais e muito mais eficiente na economia de mercado. Um número de economistas marxistas argumentaram que as leis do cerco, na Inglaterra, e legislações semelhante em outros lugares, eram parte integrante da acumulação primitiva capitalista e que um quadro jurídico específico da propriedade privada da terra têm sido parte integrante do desenvolvimento do capitalismo. Instituições e democracia. A nova economia institucional, um campo aberto por Douglass North, salienta a necessidade de um quadro jurídico para que o capitalismo funcione em condições ótimas e enfoca a relação entre o desenvolvimento histórico do capitalismo e a criação e manutenção de instituições políticas e econômicas. Na nova economia institucional e em outros campos com foco nas políticas públicas, os economistas buscam avaliar quando e se a intervenção governamental (tais como impostos, segurança social e a regulamentação do governo) pode resultar em ganhos potenciais de eficiência. De acordo com Gregory Mankiw, um economista neo-keynesiano, a intervenção governamental pode melhorar os resultados do mercado em condições de "falha de mercado", ou situações em que o mercado por si só não aloca recursos de forma eficiente. A falha de mercado ocorre quando uma externalidade está presente e um mercado sub-produz um produto com uma superprodução de externalização positiva ou um produto que gera uma externalização negativa. A poluição do ar, por exemplo, é uma externalização negativa que não pode ser incorporada em mercados, visto que o ar do mundo não é propriedade e, consequentemente, não é vendido para uso dos poluidores. Então, muita poluição poderia ser emitida e as pessoas não envolvidas na produção pagam o custo da poluição, em vez da empresa que, inicialmente, emitiu a poluição do ar. Os críticos da teoria da falha de mercado, como Ronald Coase, Demsetz Harold e James M. Buchanan, alegam que os programas e políticas governamentais também ficam aquém da perfeição absoluta. Falhas de mercado são muitas vezes pequenas, e falhas de governo são, por vezes de grandes dimensões. É, portanto, o caso que os mercados são imperfeitos, muitas vezes melhor do que as alternativas imperfeitas governamentais. Enquanto todas as nações têm atualmente algum tipo de regulamentação do mercado, o grau de regulamentação desejável é contestado. A relação entre democracia e capitalismo é uma área controversa na teoria e movimentos políticos populares. A extensão do sufrágio universal masculino no Reino Unido no século XIX ocorreu juntamente com o desenvolvimento do capitalismo industrial. A democracia tornou-se comum ao mesmo tempo que o capitalismo, levando muitos teóricos a postular uma relação causal entre eles, ou que cada um afeta o outro. No entanto, no século XX, segundo alguns autores, o capitalismo também foi acompanhado de uma variedade de formações políticas bastante distintas das democracias liberais, incluindo regimes fascistas, monarquias e Estados de partido único. Enquanto alguns pensadores defendem que o desenvolvimento capitalista, mais ou menos inevitável, eventualmente, leva ao surgimento da democracia, outros discordam dessa afirmação, entendendo que o discurso democrático dos pensadores capitalistas é sempre suprimido quando é do interesse destes. A investigação sobre a teoria da paz democrática indica que as democracias capitalistas raramente fazem guerra umas com as outros («"Paz capitalista"») e têm pouco de violência interna. Alguns comentaristas argumentam que, embora o crescimento econômico sob o capitalismo levou a uma democratização no passado, não poderá fazê-lo no futuro, como os regimes autoritários têm sido capazes de gerir o crescimento econômico sem fazer concessões a uma maior liberdade política. Crescimento econômico. Entre os anos 1000-1820 economia mundial cresceu seis vezes ou 50% por pessoa. Após o capitalismo começar a se espalhar mais amplamente, entre os anos 1820-1998, a economia mundial cresceu 50 vezes, ou seja, nove vezes por pessoa. Na maioria das regiões econômicas capitalistas, como Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, a economia cresceu 19 vezes por pessoa, mesmo que estes países já tinham um nível mais elevado de partida, e no Japão, que era pobre em 1820, 31 vezes, enquanto no resto do mundo o crescimento foi de apenas 5 vezes por pessoa. Muitos teóricos e políticos nos países predominantemente capitalistas têm enfatizado a capacidade do capitalismo em promover o crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), a utilização da capacidade instalada, ou padrão de vida. Este argumento foi central, por exemplo, na defesa de Adam Smith de deixar um controle livre da produção e do preço do mercado, e alocar recursos. Muitos teóricos observaram que este aumento do PIB mundial ao longo do tempo coincide com o surgimento do sistema mundial capitalista moderno. Os defensores argumentam que o aumento do PIB (per capita) é empiricamente demonstrado sobre um padrão de vida melhor, como uma melhor disponibilidade de alimentos, habitação, vestuário e cuidados de saúde. A diminuição do número de horas trabalhadas por semana e a diminuição da participação das crianças e dos idosos no mercado de trabalho também têm sido atribuídas ao capitalismo. Os defensores também acreditam que uma economia capitalista oferece muito mais oportunidades para os indivíduos aumentar a sua renda através de novas profissões ou empreendimentos que as outras formas econômicas. Para o seu pensamento, esse potencial é muito maior do que em qualquer das sociedades tradicionais tribais ou feudais ou em sociedades socialistas. Liberdade política. Milton Friedman argumentava que a liberdade econômica do capitalismo competitivo é um requisito da liberdade política. Friedman argumentou que o controle centralizado da atividade econômica é sempre acompanhado de repressão política. Na sua opinião, as transações em uma economia de mercado são voluntárias e a grande diversidade que permite o voluntariado é uma ameaça fundamental à repressão de líderes políticos e diminui consideravelmente o poder de coagir do Estado. A visão de Friedman foi também partilhada por Friedrich Hayek e John Maynard Keynes, tanto de quem acreditava que o capitalismo é vital para a liberdade de sobreviver e prosperar. Auto-organização. Os economistas da Escola Austríaca têm argumentado que o capitalismo pode se organizar em um sistema complexo, sem uma orientação externa ou mecanismo de planejamento. Friedrich Hayek considerou o fenômeno da auto-organização é subjacente ao capitalismo. Preços servem como um sinal sobre a urgência das vontades das pessoas e a promessa de lucros incentiva os empresários a utilizar os seus conhecimentos e recursos para satisfazer esses desejos. Assim, as atividades de milhões de pessoas, cada um buscando seu próprio interesse, são coordenadas. Críticas. A crítica ao capitalismo vem de várias abordagens políticas e filosóficas, incluindo pontos de vista anarquistas, socialistas, religiosos e nacionalistas. Dos que se opõem ou querem modificá-lo, alguns acreditam que o capitalismo deve ser removido por meio da revolução, enquanto outros acreditam que deve ser mudado lentamente por meio de reformas políticas. Alguns críticos acreditam que há méritos no capitalismo e desejam equilibrá-lo com alguma forma de controle social, normalmente por meio de regulamentação governamental (por exemplo, o movimento da economia social de mercado). Críticas proeminentes do capitalismo são que ele é inerentemente explorador, alienante, instável, insustentável e ineficiente— e que cria uma enorme desigualdade econômica, mercantiliza as pessoas, degrada o meio ambiente, é antidemocrático ​​e leva a uma erosão dos direitos humanos por causa de seu incentivo à expansão imperialista e à guerra. Muitas religiões têm criticado ou sido contra elementos específicos do capitalismo. O judaísmo tradicional, o cristianismo e o islamismo proíbem emprestar dinheiro a juros, embora os métodos bancários tenham sido desenvolvidos em todos os três casos e adeptos de todas as três religiões são autorizados a emprestar para aqueles que estão fora de sua religião. O cristianismo tem sido uma fonte de louvor para o capitalismo, bem como uma fonte de críticas ao sistema, particularmente em relação aos seus aspectos materialistas. O filósofo indiano P.R. Sarkar, o fundador do movimento Ananda Marga, desenvolveu a "Lei do Ciclo Social" para identificar os problemas do capitalismo. Críticos dos impactos ambientais do capitalismo, como o ecossocialista estadunidense Joel Kovel, argumentam que esse sistema requer crescimento econômico contínuo, o que pode intensificar as extinções em massa de animais e plantas (vide antropoceno) e as mudanças climáticas causadas pelo agravamento do aquecimento global. Esses críticos argumentam que, embora o neoliberalismo, a espinha dorsal ideológica do capitalismo globalizado contemporâneo, tenha de fato aumentado o comércio global, também destruiu modos de vida tradicionais, exacerbou a desigualdade e aumentou a degradação ambiental desde o final dos anos 1970. Outros críticos argumentam que é possível tornar o capitalismo menos degradante ao meio ambiente (vide ecocapitalismo). Historiadores e estudiosos, como Immanuel Wallerstein, argumentam que o trabalho não-livre, por escravos, servos, prisioneiros e outras pessoas coagidas, é compatível com as relações capitalistas.
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Célula
Célula A célula (do latim "cella", que significa "pequeno aposento") é a unidade básica e fundamental de todos os organismos conhecidos. Uma célula é a menor unidade funcional da matéria viva. As células são frequentemente chamadas de "blocos de construção da vida". O estudo das células é denominado biologia celular ou citologia. Todas as as células são compostas por citoplasma, constituído por água e biomoléculas, como ácidos nucleicos e e proteínas, envolto por uma membrana plasmática. A maioria das células vegetais e animais são visíveis apenas ao microscópio, apresentando dimensões entre 1 e 100 micrômetros. Os organismos podem ser classificados como unicelulares (consistindo em uma única célula, como as bactérias) ou multicelulares (incluindo plantas e animais). A maioria dos organismos unicelulares são classificados como microorganismos. O número de células em plantas e animais varia de espécie para espécie; estima-se que os humanos contêm algo em torno de (4×1013) de células. O cérebro humano contém cerca de 80 bilhões dessas células. História. As células foram descobertas pelo inglês Robert Hooke entre 1663 e 1665. Ao examinar em um microscópio rudimentar uma fina fatia de cortiça, verificou que era constituída por cavidades poliédricas, às quais chamou de células (do latim "cella", pequeno aposento) por sua semelhança com as celas habitadas por monges cristãos em um mosteiro. Na realidade, Hooke observou blocos hexagonais que eram as paredes de células vegetais mortas. Alguns anos depois, em 1674, Antonie van Leeuwenhoek, utilizando microscópios de invenção própria, foi o primeiro a analisar células vivas, sobretudo de algas. Ele desenhou protozoários, tais como o "Vorticella" da água da chuva, e bactérias de sua própria boca. A teoria celular foi estabelecida em 1839 por Matthias Schleiden e Theodor Schwann. A teoria afirma que todos os organismos são compostos por uma ou mais células, que as células são a unidade fundamental da estructura e função de todos os seres vivos, e que todas as células vem de células pré-existentes. Estrutura. Células procarióticas. Procariontes incluem as bactérias e archaeas, dois dos três domínios da vida. Células procarióticas foram as primeiras formas de vida na Terra. Elas são mais simples e menores do que células eucarióticas, e não possuem um núcleo celular e nem outras organelas delimitadas por membrana. O DNA de uma célula procariótica consiste em um único cromossomo circular que está em direto contato com o citoplasma. A região semelhante ao núcleo no citoplasma é denominada nucleoide. Os procariotos variam em tamanho, desde células muito pequenas, com diâmetro de aproximadamente 0,2 μm, até aquelas com mais de 700 μm de diâmetro. Uma célula procariótica possui três regiões: Células incompletas. As bactérias dos grupos das "Rickettsias" e das clamídias são muito pequenas, sendo denominadas células incompletas por não apresentarem capacidade de auto-duplicação independente da colaboração de outras células, isto é, só proliferarem no interior de outras células completas, sendo, portanto, parasitas intracelulares obrigatórios. Estas bactérias são diferente dos vírus por apresentarem: Células eucarióticas. Plantas, animais, fungos, protozoários, e algas são todos eucariontes. Estas células são cerca de quinze vezes maiores que uma célula procariótica típica, e podem ser até mil vezes mais volumosas. A principal característica distinta de eucariotas em comparação a procariotas é a compartimentalização: a presença de organelas delimitadas por membrana (compartimentos) em que atividades específicas ocorrem. O mais importante entre eles é um núcleo celular, que contém o DNA da célula. Outras diferenças incluem: Componentes subcelulares. Todas as células, sejam procarióticas ou eucarióticas, têm uma membrana que envolve a célula, regula o que se move para dentro e para fora (seletivamente permeável) e mantém o potencial elétrico da célula. Dentro da membrana, o citoplasma ocupa a maior parte do volume da célula. Todas as células (exceto glóbulos vermelhos que carecem de um núcleo celular e da maioria das organelas para acomodar o espaço máximo para hemoglobina) possuem DNA e RNA. Membrana plasmática. A membrana plasmática é uma membrana biológica que envolve o citoplasma de uma célula. Em animais, a membrana plasmática é o limite externo da célula, enquanto em plantas e procariotos ela é geralmente coberta por uma parede celular. Esta membrana serve para separar e proteger uma célula de seu ambiente circundante e é composta principalmente de uma dupla camada de fosfolipídios, que são anfifílicos (parcialmente hidrofóbicos e parcialmente hidrofílicos). Portanto, a membrana é chamada de bicamada fosfolipídica. Incorporadas à membrana há uma variedade de moléculas de proteínas que actuam como canais e bombas que movem diferentes moléculas para dentro e para fora da célula. A membrana é dita ser 'semi-permeável', na medida em que pode deixar uma substância (molécula ou íon) passar livremente, passar através de uma forma limitada ou não passar de jeito nenhum. As membranas da superfície celular também contém proteínas receptoras que permitem que as células detectem moléculas externas de sinalização, tais como hormonas. Citoesqueleto. O citoesqueleto é uma rede de fibras que organizam e dão à célula força mecânica e manutenção da forma, além de controlar seus movimentos, fixar organelas. Também atua durante a endocitose, a absorção de materiais externos por uma célula, e na citocinese, a separação de células filhas após a divisão celular. Normalmente, 20-35% das proteínas de uma célula estão ligadas ao citoesqueleto, embora esta quantidade possa variar, sendo consideravelmente maior nas células musculares. O citoesqueleto eucariótico é composto por microfilamentos, filamentos intermediários e microtúbulos. Há um grande número de proteínas associadas a eles, cada uma controlando a estrutura de uma célula ao direcionar, agrupar e alinhar os filamentos. O citoesqueleto procariótico é menos estudado, mas está envolvido na manutenção da forma celular, polaridade e citocinese. Material genético. Existem dois tipos diferentes de material genético: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA). As células usam o DNA para o armazenamento de informações de longo prazo; a informação biológica contida em um organismo é codificada em sua sequência de DNA. O RNA é usado para o transporte de informações (por exemplo, RNAm) e funções enzimática (por exemplo, o RNAr). Moléculas de tRNA são usadas para adicionar aminoácidos durante a tradução de proteínas. O material genético procariótico é organizado em uma molécula de DNA circular simples na região nucleoide do citoplasma. O material genético eucariótico é dividido em diferentes moléculas lineares chamadas cromossomas dentro de um núcleo discreto, geralmente com material genético adicional em algumas organelas como mitocôndrias e cloroplastos. (ver teoria da endossimbiose). Uma célula humana possui material genético contido no núcleo (genoma nuclear) e na mitocôndria (genoma mitocondrial). Em humanos, o genoma nuclear é dividido em 46 moléculas de DNA linear chamadas cromossomos, incluindo 22 cromossomos homólogos pares e um par de cromossomos sexuais. O genoma mitocondrial é uma molécula de DNA circular distinta do DNA nuclear e, embora o DNA mitocondrial seja muito pequeno em comparação com os cromossomos nucleares, ele codifica 13 proteínas envolvidas na produção de energia mitocondrial e RNAts específicos. Organelas. Organelas são partes da célula que são adaptadas e/ou especializadas para realizar uma ou mais funções vitais, análogas aos órgãos do corpo humano, tais como o coração, pulmão e rim, com cada órgão exercendo uma função diferente. As células eucarióticas e procarióticas têm organelas, mas as organelas procarióticas são geralmente mais simples e não são ligadas à membrana. Existem vários tipos de organelas em uma célula. Algumas (como o núcleo e o aparelho de Golgi) são tipicamente solitárias, enquanto outras (como mitocôndrias, cloroplastos, peroxissomos e lisossomos) podem ser numerosas (centenas a milhares). O citosol é o fluido gelatinoso que preenche a célula e envolve as organelas. Estruturas externas à membrana celular. Muitas células também possuem estruturas que existem total ou parcialmente externas à membrana celular. Essas estruturas são notáveis porque não são protegidas do ambiente externo pela membrana celular semipermeável. Para montar essas estruturas, seus componentes devem ser transportados através da membrana celular por processos de exportação. Parede celular. Muitos tipos de células procarióticas e eucarióticas têm uma parede celular. A parede celular atua protegendo a célula mecânica e quimicamente de seu ambiente, e é uma camada adicional de proteção à membrana celular. Diferentes tipos de células têm paredes celulares feitas de diferentes materiais; as paredes das células vegetais são feitas principalmente de celulose, as paredes das células dos fungos são feitas de quitina e as paredes das células das bactérias são feitas de peptidoglicano. Cílios. Em citologia, cílios são apêndices das células eucarióticas com movimento constante numa única direção. Este nome provém do latim, com o significado de pestana, pela sua similaridade aparente. Célula procariótica. Cápsula. Uma cápsula gelatinosa está presente em algumas bactérias externamente à membrana e parede celular. A cápsula pode ser composta por polissacarídeos como em pneumococos e meningococos, por polipeptídeos como em"Bacillus anthracis", ou por ácido hialurônico como em estreptococos. As cápsulas não são marcadas por coloração comum e podem ser detectadas por coloração especial. Flagelos. Flagelos são os organelos de mobilidade celular. Eles surgem a partir do citoplasma por extrusão através da parede celular. Eles são longos e grossos apêndices filamentados, proteínas em sua natureza. São mais comumente encontrados em células de bactérias, mas também são encontrados em algumas células animais. Alguns flagelos atuam como uma hélice rotativa em contraste aos cílios que agem mais como um remo. Fímbria. Fímbrias são apêndices em forma de filamentos presentes em bactérias. Este apêndices são menores, mais curtos e mais numerosos que os flagelos. Eles são filamentos curtos e finos como cabelos, formados de proteína chamada pilina (antigénico). Fímbrias são responsáveis pela fixação das bactérias aos receptores específicos de células humanas (aderência). Processos celulares. Replicação. A divisão celular envolve uma única célula (chamada de "célula mãe") que se divide em duas células filhas. Isso leva ao crescimento em organismos multicelulares (o crescimento de tecidos) e à reprodução assexual em organismos unicelulares. As células procarióticas se dividem por fissão binária, enquanto as células eucarióticas geralmente passam por um processo de divisão nuclear, denominado mitose, seguido pela divisão da célula, chamada citocinese. Uma célula diploide também pode passar por meiose para produzir células haploides, geralmente quatro. As células haploides atuam como gametas em organismos multicelulares, fundindo-se para formar novas células diploides. Replicação do DNA, ou o processo de duplicação do genoma de uma célula, sempre acontece quando uma célula se divide por mitose ou fissão binária. Isso ocorre durante a fase S do ciclo celular. Na meiose, o DNA é replicado apenas uma vez, enquanto a célula se divide duas vezes. A replicação do DNA ocorre apenas antes da meiose I. A replicação do DNA não ocorre quando as células se dividem pela segunda vez, em meiose II. A replicação, como todas as atividades celulares, requer proteínas especializadas para realizar o trabalho. Reparo de DNA. Em geral, as células de todos os organismos contêm sistemas enzimáticos que examinam seu DNA em busca de danos e realizam processos de reparo quando são detectados. Diversos processos de reparo evoluíram em organismos que variam de bactérias a humanos. A prevalência generalizada desses processos de reparo indica a importância de manter o DNA celular em um estado não danificado, a fim de evitar a morte celular ou erros de replicação devido a danos que poderiam levar a mutação. As bactérias "E. coli " são um exemplo bem estudado de um organismo celular com diversos processos bem definidos reparo de DNA. Estes incluem: (1) reparo de excisão de nucleotídeo, (2) reparo de incompatibilidade de DNA, (3) junção de extremidade não homóloga de quebras de fita dupla, (4) reparo recombinacional e (5) reparo dependente de luz (fotoreativação). Crescimento e metabolismo. Entre sucessivas divisões celulares, as células crescem por meio do funcionamento do metabolismo celular. O metabolismo celular é o processo pelo qual as células individuais processam as moléculas de nutrientes. O metabolismo tem duas divisões distintas: o catabolismo, em que a célula quebra moléculas complexas para produzir energia e poder redutor, e o anabolismo, em que a célula usa energia e poder redutor para construir moléculas complexas e realizar outras funções biológicas. Açúcares complexos consumidos pelo organismo podem ser quebrados em moléculas de açúcar mais simples chamadas monossacarídeos, como glicose. Uma vez dentro da célula, a glicose é quebrada para formar trifosfato de adenosina (ATP), uma molécula que possui energia prontamente disponível, por meio de duas vias diferentes. Síntese de proteínas. As células são capazes de sintetizar novas proteínas, essenciais para a modulação e manutenção das atividades celulares. Este processo envolve a formação de novas moléculas de proteína a partir de aminoácidos, com base na informação codificada em DNA/RNA. A síntese de proteínas geralmente consiste em duas etapas principais: transcrição e tradução. A transcrição é o processo em que a informação genética no DNA é usada para produzir uma fita complementar de RNA. Esta fita de RNA é então processada para formar RNA mensageiro (RNAm), que é livre para migrar através da célula. As moléculas de RNAm ligam-se a complexos de proteína-RNA chamados ribossomos localizados no citosol, onde são traduzidos em sequências polipeptídicas. O ribossomo medeia a formação de uma sequência polipeptídica com base na sequência de mRNA. A sequência de RNAm se relaciona diretamente com a sequência de polipeptídeo por ligação a moléculas adaptadoras de RNA transportador (RNAt) dentro do ribossomo. O novo polipeptídeo então se dobra em uma molécula de proteína tridimensional funcional. Motilidade. Organismos unicelulares podem se mover para encontrar comida ou escapar de predadores, com o auxílio dos cílios e dos flagelos. Em organismos multicelulares, as células podem se mover durante processos como a desenvolvimento embrionário, assim como na cicatrização de feridas, na manutenção tecidual, no funcionamento do sistema imune e na metástase do câncer. A motilidade celular envolve a atividade coordenada dos filamentos do citoesqueleto em conjunto a uma série de proteínas acessórias, como as proteínas motoras, de adesão, receptoras, etc. Navegação, controle e comunicação. Em agosto de 2020, os cientistas descreveram uma forma como as células — em particular as células de um fungo viscoso e células derivadas do câncer de pâncreas de camundongo — são capazes de navegar com eficiência e identificar as melhores rotas em labirintos complexos, gerando gradientes depois de quebrar atrativos químicos difusos que lhes permitem detectar as próximas junções do labirinto antes de alcançá-las, até mesmo em torno dos cantos.
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Comunicação visual
Comunicação visual Comunicação Visual é todo meio de comunicação expresso com a utilização de elementos visuais, como: ícones, fotografias, desenhos, gráficos, vídeos entre outros. Antes de se usar os termos: "design visual" ou programação visual, adotava-se "comunicação visual" para a determinação da área de enquadramento do designer visual. É toda transmissão e recepção de uma mensagem por meio exclusivo da visão Para tanto, a comunicação visual faz uso da Linguagem Visual. Esse campo também explora a ideia de que uma mensagem visual que acompanha o texto tem um maior poder de informar, educar ou persuadir uma pessoa ou público. Estudo da Comunicação Visual. Nos estudos de comunicação visual são ensinados variados temas das mais diversas áreas, tais como a física da luz, anatomia e fisiologia do olho, teorias cognitivas e de percepção, teorias de cor, psicologia Gestalt, estética, padrões de leitura natural, princípios de design, semiótica, etc.. Análise de imagem. A interpretação das imagens é subjetiva e compreender a profundidade do significado, ou ainda dos significados, comunicados por uma imagem requer uma análise multilateral. As imagens podem ser analisadas através de muitas perspectivas, um exemplo são estas seis grandes categorias apresentadas por Paul Martin Lester: Perspectiva pessoal. É quando um espectador tem uma opinião sobre uma imagem baseada em seus pensamentos próprios. A resposta pessoal depende dos conhecimentos e valores do espectador individualmente. Isso pode estar por vezes em conflito com os valores culturais. Além disso, quando uma pessoa visualiza uma imagem com sua perspectiva pessoal, é difícil faze-la ver a mesma imagem de outras formas/perspectivas. Perspectiva histórica. Uma imagem pode ser influenciada a partir do uso histórico de uma mídia. Por exemplo: O resultado de usar o computador para editar imagens (por exemplo, Photoshop) é bastante diferente ao comparar imagens que são feitas e editadas a mão. Perspectiva técnica. É quando a visão de uma imagem é influenciada pela forma como é apresentada. O uso correto da luz, posição e apresentação da imagem pode melhorar a visão da imagem. Faz com que a imagem pareça melhor do que a realidade. Perspectiva ética. Nessa perspectiva, o criador da imagem, o espectador e a própria imagem devem ser responsáveis ​​moralmente e eticamente com a imagem. Perspectiva cultural. A simbolização é uma definição importante para esta perspectiva. A perspectiva cultural envolve identidade de símbolos. Os usos de palavras que estão relacionadas com a imagem, o uso de heróis na imagem, etc. são a simbolização da imagem. A perspectiva cultural também pode ser vista como a perspectiva semiótica. Perspectiva crítica. A visão das imagens na perspectiva crítica é quando os espectadores criticam as imagens. Se difere da perspectiva pessoal pela critica ser feita em conjunto com os interesses da sociedade.
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Chomski
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Clima
Clima O clima (do grego para "inclinação", referindo ao ângulo formado pelo eixo de Rotação da Terra e seu plano de translação) compreende um padrão da atmosfera da Terra. Fenômenos como frentes frias, tempestades, furacões e outros estão associados tanto às variações meteorológicas preditas pelas leis físicas determinísticas, assim como a um conjunto de variações aleatórias dos elementos meteorológicos (temperatura, precipitação, vento, umidade, pressão do ar) cuja principal ferramenta de investigação é a estatística. As semelhanças em várias regiões da Terra de tipos específicos caracterizam os diversos tipos de clima, para o que são consideradas as variações médias do tempo meteorológico ao longo das estações do ano num período de não menos de 30 anos. Em suma, o clima corresponde ao comportamento médio dos elementos atmosféricos num determinado lugar, durante, pelo menos, trinta anos. Definição. A definição pelo glossário do IPCC é: A climatologia e o objeto clima. A climatologia é uma especialização da pesquisa meteorológica e geográfica dedicada ao estudo e investigação do clima em seus múltiplos aspectos. Nas ciências atmosféricas, a climatologia investiga as causas e as relações físicas entre os diferentes fenômenos climáticos (por exemplo, os fatores de ocorrência de secas, inundações, ondas de calor, fenômenos El Niño/ENSO, e outros). Na geografia, a climatologia é uma ferramenta de entendimento da relação do homem com seu espaço ambiental, particularmente com os fenômenos atmosféricos, do qual ele é paciente (atingido por vendavais, furacões, tornados, tempestades, enchentes e cheias, por exemplo) e causador (poluição, degradação ambiental, mudança climática devido efeito-estufa e outros). Esses dois pontos de vista, meteorológico e geográfico, complementam-se e não podem ser entendidos de forma separada. O clima é o conjunto de estados do tempo meteorológico que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma determinada região ao longo do ano. O clima, para ser definido, considera um subconjunto dos possíveis estados atmosféricos e, para tal, requer a análise de uma longa série de dados meteorológicos e ambientais. Por longa série se entende um período de dezenas de anos. A Organização Mundial de Meteorologia (WMO) recomenda 30 anos para a análise climática. A concepção original do que é clima foi introduzida através da análise estatística, de longo prazo, considerada, talvez, no fim do século XIX. A noção de clima tem mudado ao longo do século XX. Até meados do século XX, o clima era considerado "fixo" na escala de tempo de 30 anos e funcionava como a base da previsão de tempo para as regiões tropicais, então bastante desconhecida. Os trópicos eram considerados regiões onde o tempo meteorológico seria regido pelo clima tropical, isto é, por variações sazonais, por exemplo, as "monções" sazonais, e não pelas variações e flutuações diurnas associadas às passagens de frentes e ou presença de sistemas complexos de tempestades. Assim, o tempo nos trópicos seria apenas perturbado por eventos aleatoriamente distribuídos. A existência de fenômenos como "ondas de leste", sistemas convectivos de tempestades da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ) não eram conhecidos. Hoje,ainda é mais difícil dar uma definição do clima baseada em períodos de 30 anos, embora séries de dados de 30 anos sejam comuns. Nota-se, que ao longo de amostras da série temporal, podem ocorrer variações do valor médio, indicando variabilidade climática. Parte dessas variações encontradas ao longo das dezenas de anos pode ser atribuída a causas antropogênicas. Por exemplo, os primeiros anos do século XXI têm sido mais quentes que os encontrados anteriormente na segunda metade do século XX. Um dos primeiros estudos sobre o clima, proposto por Wladimir Köppen em 1900, fundamentava-se no sentido de clima como fator da dimensão geográfica. Nessa classificação considerava-se a vegetação predominante como uma manifestação das características do solo e do clima da região, permitindo reunir várias regiões do mundo através de semelhanças de sua vegetação, sendo conhecida como "classificação climática de Köppen-Geiger". Em 1931 Charles Warren Thornthwaite introduziu uma nova classificação e em 1948 amplia os estudos através do balanço de água como um fator do clima, que futuramente daria origem à "classificação do clima de Thornthwaite". Emmanuel de Martonne destacou-se no estudo da geomorfologia climática. Seu estudo sobre problemas morfológicos do Brasil tropical-atlântico foi um dos primeiros trabalhos de geomorfologia climática, sendo conhecida a "classificação do clima de Martonne". Fatores climáticos. Os "fatores climáticos" são os elementos naturais e humanos capazes de influenciar as características ou a dinâmica de um ou mais tipos de climas. Para que sejam compreendidos, precisam ser estudados de forma interdisciplinar, pois um interfere no outro. São eles:
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Califórnia
Califórnia Califórnia () é um dos 50 estados dos Estados Unidos, localizado na região dos estados do Pacífico. É o estado mais populoso do país, com e o terceiro em extensão territorial, superado apenas pelo Alasca e pelo Texas. A Califórnia é o maior centro industrial dos Estados Unidos e líder nacional na produção de produtos agropecuários. Das 20 maiores cidades dos Estados Unidos, quatro estão localizadas na Califórnia: Los Angeles, São José, San Diego e São Francisco. Sua capital, Sacramento, também é uma grande cidade. A região sul da Califórnia é densamente povoada, sendo que as duas maiores cidades do estado (Los Angeles e San Diego) estão localizadas ali. Já na região norte estão localizadas as cidades de São Francisco e São José, além da capital do estado, Sacramento. Após o contato com os europeus, os espanhóis foram o primeiro povo a explorar e colonizar a área onde atualmente fica o estado de Califórnia, e após a independência mexicana, tornaram-se parte do México. Os norte-americanos anexaram a Califórnia na década de 1850, em uma guerra com o México. O cognome do estado é "Golden State", que significa em português "estado dourado". Sua origem ainda é tema de discussão. O cognome pode ter vindo da corrida do ouro de 1849, quando minas de ouro atraíram dezenas de milhares de pessoas de todo o país para a região. Outra possibilidade é uma referência à relva nativa do estado, que adquire uma cor dourada na estação seca. Coloquialmente, o cognome também é uma referência ao seu clima, quente e ensolarado durante a maior parte do ano. O nome do estado vêm da novela "Las sergas de Esplandián" ("As aventuras de Esplandián"), do século XVI, que foi escrita pelo espanhol Garci Rodríguez de Montalvo. Nesta novela, Montalvo descreveu um paraíso chamado de "California", um paraíso que estaria localizado em uma ilha na costa oeste da América do Norte. Etimologia. A palavra "Califórnia" originalmente se referia à península da Baixa Califórnia do México; mais tarde, foi estendido a toda a região composta pelos atuais estados da Califórnia, Nevada e Utah, e partes do Arizona, Novo México, Texas e Wyoming. As pesquisas iniciais do explorador espanhol Francisco de Ulloa sobre a península da Baixa Califórnia, explorando a costa ocidental da América do Norte, levaram-no a acreditar que era uma ilha, e não parte de um continente maior. O nome provavelmente derivou da mítica ilha "Califórnia" na história fictícia da Rainha Calafia, conforme registrado em uma obra de 1510, "As Aventuras de Esplandián", de Garci Rodríguez de Montalvo. Este trabalho foi o quinto de uma popular série de romance de cavalaria espanhola que começou com "Amadis de Gaula". Dizia-se que o reino da rainha Calafia era uma terra remota, rica em ouro e pérolas, habitada por belas mulheres negras que usavam armaduras de ouro e viviam como amazonas, assim como grifos e outras feras estranhas. No paraíso fictício, a governante Rainha Calafia lutou ao lado de muçulmanos e seu nome pode ter sido escolhido para ecoar o título de um líder muçulmano, o Califa. É possível que o nome Califórnia significasse que a ilha era um califado. A sabedoria convencional de que a Califórnia era uma ilha, com mapas desenhados para refletir essa crença, durou até o século XVIII. Formas encurtadas do nome do estado incluem CA, Cal., Calif., e US-CA. História. Primeiros povos e colonização. A região que atualmente constitui o estado de Califórnia era habitada por diversas tribos nativo norte-americanas por milhares de anos antes da chegada dos primeiros exploradores europeus à região. Estas tribos incluíam os Chumash, Hupa, Maidu, Yokuts, Mohave, Ohlone e os Tongva. A grande extensão territorial da Califórnia e seus diversos aspectos e acidentes geográficos separavam frequentemente estas diferentes tribos nativas entre si. A população estimada de nativos à época da chegada dos primeiros europeus é de aproximadamente 450 mil nativos americanos. O primeiro explorador europeu a avistar e pisar o litoral da Califórnia foi o português João Rodrigues Cabrilho, a serviço da coroa espanhola. Ele desembarcou na região onde atualmente está localizada a baía de San Diego, em 1542. Cabrilho reivindicou a região para coroa espanhola. A Califórnia continuaria inexplorada por mais de três décadas, até 1579, quando o inglês Francis Drake explorou o litoral da atual Califórnia, nomeando a região de "New Albion", e desencadeando uma série de explorações, partindo do México, por parte dos espanhóis, que temiam perder o controle da região para os ingleses. A mais marcante destas explorações foi realizada em 1602, por Sebastián Vizcaíno, que recomendou ao rei espanhol a imediata colonização da região. Porém, o primeiro assentamento seria somente fundado em 1769. Era um forte e uma comunidade missionária, onde atualmente está localizada a cidade de San Diego. Colonização europeia. Os russos interessaram-se em colonizar regiões da atual Califórnia a partir da década de 1810. Em 1812, os russos fundaram um assentamento onde atualmente está localizado o "Fort Ross". A crescente interferência dos russos no continente americano causou a criação e a formação da Doutrina Monroe, em 1823. Apesar de concordar em 1824 em colonizar apenas o atual Alasca, os russos continuariam no norte da Califórnia até 1840. A Califórnia passaria ao controle mexicano em 1821, após a independência mexicana da Espanha. Inicialmente, a Califórnia era uma província mexicana, com sua população elegendo seus governadores e seus membros do legislativo. Porém, em 1825, o governo mexicano iniciou a escolha dos governadores da província. Os governadores escolhidos pelo governo mexicano governavam de forma ditatorial, e eram impopulares entre a população da província. Uma grande manifestação popular em 1831 forçou o último destes governadores, Manuel Victoria, a renunciar, tendo a população da Califórnia ganho novamente o direito de escolher seus governadores. O primeiro norte-americano a se instalar na Califórnia foi Jedediah Strong Smith, em 1826. Grandes números de norte-americanos passaram a instalar-se na Califórnia anualmente a partir da década de 1830. Os norte-americanos passaram a exigir que a Califórnia fosse anexada pelos Estados Unidos. O governo propôs a compra da província mexicana, mas a proposta foi recusada pelo governo do México. Em 13 de maio de 1846, o governo norte-americano declarou guerra contra o México, iniciando a guerra mexicano-americana. A capital mexicana da Califórnia, Sonoma, seria capturada por colonos norte-americanos em junho de 1846. Estes colonos — que então não sabiam da guerra entre os norte-americanos e os mexicanos — tomaram a sede de governo da província, içando uma bandeira vermelha e branca, com um urso pardo e as palavras "California Republic". Esta bandeira eventualmente se tornaria a bandeira oficial do futuro estado da Califórnia. Os norte-americanos venceriam a guerra em 1848, e a Califórnia passou a fazer parte dos Estados Unidos, sob os termos do Tratado de Guadalupe Hidalgo. Grandes reservas de ouro foram encontradas no Vale do Rio Sacramento, alguns meses antes do fim da guerra mexicano-americana. Após o fim desta, dezenas de milhares de pessoas, vindas de outras partes do país, do Canadá e de países europeus, instalaram-se na Califórnia. A população da Califórnia saltaria de 15 mil habitantes no início de 1848 para mais de 100 mil no final de 1849. A Califórnia tornar-se-ia o 31º estado norte-americano em 9 de setembro de 1850. Século XIX. A Califórnia participou ativamente na guerra civil. A população estava dividida, ou em continuar nos Estados Unidos, ou declarar secessão e juntar-se ao recém-fundado Estados Confederados da América, antes do início da guerra, em 1861. Cerca de 70% da população do estado apoiava os confederados, enquanto apenas 30% da população californiana era a favor de continuar na União. Apesar da maioria da população ter apoiado a secessão, a Califórnia permaneceu nos Estados Unidos, lutando contra os estados confederados. O crescimento populacional da Califórnia havia caído durante a década de 1850, por causa do fim da corrida do ouro no Vale do Rio Sacramento. Eventos tais como certos programas federais – como o Ato Homestead – e a construção e inauguração de diversas ferrovias interestaduais – que passaram a ligar o estado com o resto do país – fizeram com que a população da Califórnia passasse a crescer drasticamente a partir da década de 1860. A Califórnia, desde então, registra uma das taxas de crescimento anual mais altas do país, crescimento que perdura até os dias de hoje. Este grande crescimento populacional foi mantido, entre 1850 e 1900, primariamente através de imigrantes alemães e irlandeses, que superaram então a população hispânica como grupos étnicos maioritários do Estado. A Califórnia seria atingida por uma grande recessão econômica durante a década de 1870. Grande parte da população californiana culpou os chineses pelos problemas de cunho econômico então enfrentados pelo estado. Grandes manifestações antichinesas ocorreram em 1871 e 1877, em Los Angeles e San Francisco, respectivamente. Estas revoltas foram uma das principais razões da aprovação do Ato de Exclusão Chinesa, aprovado em 1882, que proibia a imigração de chineses no país pelo Congresso dos Estados Unidos, e que perduraria até 1943. Início do século XX. Um grande número de imigrantes mexicanos passaram a se instalar na Califórnia durante a década de 1910. A década também seria marcada pela abertura do Canal do Panamá, que diminuiu drasticamente as distâncias entre portos da costa oeste norte-americana do restante do país, tornando cidades como Los Angeles e Oakland grandes centros portuários. O processo de rápida industrialização da Califórnia iniciou-se próximo ao final da guerra, primariamente por causa da crescente expansão da malha ferroviária do estado e de seus centros portuários, bem como a entrada dos Estados Unidos na primeira guerra, em 1917. A construção de diversas rodovias transcontinentais desde o início do século XX aumentou a migração de habitantes de outras partes do país em direção à Califórnia. A Califórnia foi um dos estados mais atingidos pela Grande Depressão da década de 1930. Não somente a Califórnia enfrentou os problemas das falências de inúmeras empresas, o fechamento de diversas facilidades comerciais e industriais, desemprego, endividamento dos fazendeiros, e miséria e pobreza da população, como também teve que enfrentar um grande número de migrantes vindos de outras partes do país: aproximadamente 1,3 milhão de pessoas instalaram-se no estado ao longo da década de 1930, vindas primariamente de estados agrários da Região Centro-Oeste dos Estados Unidos, em busca de emprego na Califórnia, que então era o único estado industrializado da região oeste norte-americana. O governo da Califórnia chegou a implementar leis que proibiam que pessoas desempregadas vindas de outros estados se instalassem na Califórnia – tais leis, porém, foram consideradas inconstitucionais pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Muitos californianos culparam os mexicanos como os causadores dos efeitos adversos da Grande Depressão no estado. Em consequência, dezenas de milhares de mexicanos – entre imigrantes mexicanos naturalizados norte-americanos e mexicanos nascidos nos Estados Unidos – foram deportados. Programas federais e estaduais de assistência socioeconômica, construções públicas e grandes exposições foram realizados no estado, buscando minimizar os efeitos adversos da Grande Depressão. Em 1937, por exemplo, a Ponte Golden Gate foi inaugurada, conectando San Francisco e o Condado de Marin. Enquanto isto, Hollywood tornou-se a capital do Cinema dos Estados Unidos. A Grande Depressão teria fim definitivo somente com a entrada dos Estados Unidos na segunda guerra mundial, no final de 1941, causado pelo ataque japonês a Pearl Harbor, no estado do Havaí. A Califórnia, dado sua relativa proximidade com as frentes de batalha no Pacífico, tornou-se rapidamente o líder nacional na produção de aviões militares, e um dos líderes na produção de navios militares e armamentos em geral. Porém, o ataque japonês contra Pearl Harbor fez com que muito da população californiana passasse a exigir o confinamento dos norte-americanos de ascendência japonesa em campos militares localizados nas regiões isoladas do interior do centro-oeste norte-americano, confinamento que entrou em curso em março de 1942 e perdurou até 1945. Logo após o final da guerra, a criação da Organização das Nações Unidas foi oficializada, em San Francisco. Final do século XX. Durante a década de 1950 e o início da década de 1960, um crescente número de afro-americanos e hispânicos californianos passou a exigir o fim de leis discriminatórias contra grupos raciais minoritários. Apesar disto, em 1963, o estado aprovou uma lei que acabava com o acesso igualitário a residenciamento a baixos preços. Em 1964, um grande motim popular ocorreu em Los Angeles, após a prisão não justificada de um afro-americano por parte de um policial branco, motim que durou dias e causou a morte de 34 pessoas e milhões de dólares em prejuízos. O fim das leis de imigração discriminatórias contra grupos raciais minoritários, por parte do Congresso norte-americano, em 1965, e das leis estaduais discriminatórias contra grupos raciais minoritários no estado, causou o início de um grande fluxo de imigrantes asiáticos e mexicanos, que mudaram radicalmente a demografia da Califórnia. Crescente número de asiáticos e mexicanos instalam-se no estado todo ano, fato que tornou a Califórnia uma das regiões mais multiculturais do mundo. Ainda no mesmo ano, a Califórnia tornou-se o estado mais populoso dos Estados Unidos, superando Nova Iorque. Grandes cortes em gastos militares por parte do governo norte-americano na Califórnia causaram um drástico aumento das taxas de desemprego entre a população californiana na década de 1970. Para incentivar o crescimento da economia, a população da Califórnia aprovou em um referendo um ato que cortava sete bilhões de dólares de impostos estaduais, o que passou a gerar grandes problemas para o orçamento californiano. Atualmente, a dívida governamental da Califórnia é a maior do país. Porém, os cortes em impostos causaram a recuperação da economia do estado durante a década de 1980. Em 1984, o inglês foi declarado o idioma oficial da Califórnia. O crescente número de imigrantes em situação ilegal tentando instalar-se no estado fez com que o governo da Califórnia aprovasse em 1994 uma lei que proibia os imigrantes em situação ilegal de receberem serviços de livre assistência médica e educacionais públicos. Esta medida, porém, foi rejeitada após uma série de processos judiciais na Suprema Corte do Estado. Até os dias atuais, dezenas de milhares de imigrantes em situação ilegal instalam-se anualmente na Califórnia. Problemas na geração e distribuição de eletricidade têm sido um dos maiores problemas da Califórnia, desde a década de 1990 até os dias atuais. Grandes apagões tornaram-se comuns nas cidades do estado. Geografia. A Califórnia limita-se com o oceano Pacífico a oeste, o estado de Oregon ao norte, com Arizona e Nevada a leste e com o estado mexicano da Baixa Califórnia no México ao sul. Topografia. A topografia do estado é diversa, e inclui um grande vale central, altas montanhas, desertos quentes e secos e diversas florestas. Com uma área de cerca de 424 mil km2, a Califórnia é o terceiro maior estado norte-americano. A maioria das grandes cidades californianas estão localizadas ao longo do oceano Pacífico, onde o clima é ameno e confortável. Sacramento é uma exceção, ela está localizada no vale central. Cerca de oito mil lagos localizam-se no estado. O Parque Nacional de Yosemite possui muitas das cataratas mais altas da América do Norte. Localizado numa região geologicamente ativa, a Califórnia possui muitos vulcões, muitos deles ativos; o estado é famoso pelos terremotos, que ocorrem na região graças à presença da Falha de San Andreas. Embora ocorrências de poderosos terremotos tenham sido registradas no Alasca e no rio Mississippi, os terremotos da Califórnia são famosos porque acontecem frequentemente, atingindo áreas densamente habitadas. Uma lenda popular é de que, eventualmente, um gigantesco terremoto irá causar a fissão da área costeira da Califórnia com continente, e que esta área irá afundar no oceano ou formar uma nova massa de terra. O fato de que este cenário seja implausível, de um ponto de vista geológico parece não afetar a aceitação da lenda por parte da população californiana, ou de seu uso pela indústria cinematográfica. O litoral da Califórnia possui km de comprimento. Contando-se todas as regiões banhadas pelo mar — baías, estuários e ilhas oceânicas — este número salta para 5 515 km. Florestas cobrem cerca de 40% do estado. A Califórnia pode ser dividida em oito distintas regiões geográficas: Clima. Dada a sua grande extensão e sua diversidade geográfica, a Califórnia possui uma grande variedade de climas. Diferentes regiões possuem diferentes condições climáticas, e isto varia de acordo com a latitude, distância em relação ao oceano, altitude e presença de obstáculos geográficos (como serras e cadeias de montanhas). A maior parte do estado possui um clima temperado mediterrâneo, com apenas duas estações bem definidas, com invernos chuvosos e verões secos — especialmente no sul e ao longo do litoral. A proximidade do oceano Pacífico torna os verões mais frios e invernos mais quentes. Neblina é muito comum nas áreas costeiras do estado. O interior do estado possui verões muito quentes e invernos frios. A temperatura mínima média do norte e nas regiões de maior altitude do estado é inferior a 0 ºC. Ao longo do sul e do litoral, porém, é de mais de 11 °C. A temperatura mais baixa já registrada é de -43 °C, registrada em 20 de janeiro de 1937. Mínimas variam entre -45 °C e 10 °C, e máximas variam entre -40 °C e 18 °C. A temperatura média da Califórnia no verão é de 25 °C. As menores temperaturas médias são registradas nas regiões de maior altitude, no nordeste e ao longo do litoral. Nestas regiões, a temperatura média é inferior a 20 °C. Estas regiões possuem mínimas variando entre 6 °C e 18 °C, e máximas variando entre 20 °C e 34 °C. Já o leste e particularmente o sudeste possuem altas temperaturas médias no verão. A temperatura média nestas regiões é superior a 33 °C. Mínimas podem chegar até 2 °C, e máximas podem superar facilmente os 50 °C nestas regiões semidesérticas. A temperatura mais alta já registrada é de 57 °C, registrada no Vale da Morte, em 10 de julho de 1913. Precipitação cai quase sempre na forma de chuva, e é maior ao longo da região costeira do estado, principalmente no norte. Porém, Tamarack, em "Serra Nevada", registra anualmente mais de um metro de precipitação de neve. As Cadeias Transversas, Peninsulares e a "Serra Nevada" impedem o fluxo de ar úmido ao interior do sudeste da Califórnia, criando uma grande área de clima desértico, o deserto de Mojave, onde o Vale da Morte está localizado. Demografia. Segundo o censo nacional de 2010, a Califórnia possui habitantes, um crescimento de 10,0% em relação à população do estado em 2000, que era de habitantes. A Califórnia é o estado mais populoso dos Estados Unidos, e concentra sozinha 12% da população norte-americana. Desde 1900 é o quarto estado americano com maior taxa de crescimento médio a cada dez anos (35,31%), ficando atrás de Nevada, Arizona e Flórida. É o décimo primeiro estado mais densamente povoado do país, com uma densidade populacional de 92,33 hab/km². Existem unidades habitacionais, das quais (91,9%) estão ocupadas e estão vagas (8,1%). Do total das unidades vagas, 34% são para alugar e 14% para vender. As residências próprias são habitadas por 1 ou 2 pessoas em 51,4% do total, onde 47% dos moradores têm entre 45 e 64 anos de idade e 26,3% têm menos de 45 anos. Já as residências alugadas são habitadas por 1 ou 2 pessoas em 53,7% do total, onde 48,3% dos moradores têm entre 25 e 44 anos de idade e 43,4% têm mais de 45 anos. Do total da população da Califórnia, 49,7% são do sexo masculino e 50,3% são do sexo feminino. Existem 98,8 homens para cada 100 mulheres. Os habitantes do estado têm em média 35 anos de idade sendo que os homens têm em média 34 anos e as mulheres 36 anos. Habitantes com até 18 anos de idade representam apenas 3,8% da população e maiores de 65 anos representam 15,4%. O maior grupo concentra-se entre 18 e 64 anos, com 80,8% dos habitantes. A partir de 2010, pela primeira vez desde a Corrida do ouro na Califórnia, residentes nascidos no estado compõem a maioria da população. O crescimento populacional natural da Califórnia entre 2000 e 2009 foi de habitantes ( nascimentos menos óbitos). Durante esse período, o crescimento populacional causado pela imigração foi de habitantes, enquanto que a migração interestadual resultou na perda de habitantes, resultando em um acréscimo do processo migratório de pessoas. Em 2008, os imigrantes em situação ilegal constituiu uma estimativa de 7,3% da população, tornando a Califórnia o terceiro estado americano com o maior percentual do país, atrás do Arizona e Texas, totalizando quase 2,6 milhões de habitantes. Mais da metade são originários do México, com quem o estado faz fronteira ao sul. Segundo o censo nacional de 2000, 60,5% dos habitantes da Califórnia com cinco anos de idade ou mais possuem o inglês como único idioma e 25,8% também falam espanhol. Em seguida, vem o chinês (2,6%), tagalog (2,0%) e vietnamita (1,3%). Composição étnica. Os brancos não hispânicos ainda são o segmento demográfico mais importante na Califórnia. Devido às altas taxas de imigração em anos recentes, a população hispânica vem crescendo enormemente, e em março de 2014 é esperado que o seu número supere o dos brancos não hispânicos. Além disso, o estado possui a segunda maior percentagem de asiáticos dos Estados Unidos (apenas o Havaí possui uma percentagem maior). Os cinco maiores grupos étnicos do estado são mexicanos (que compõem cerca de 30% da população do estado), alemães (9%), irlandeses (7,7%), britânicos (7,4%) e filipinos (6%). Los Angeles e São Francisco possuem grandes populações com ascendência francesa, italiana, espanhola, portuguesa, russa e escandinava. A região sul da Califórnia possui uma percentagem menor de brancos do que a região norte, e a região central possui uma população de maioria hispânica desde a década de 1980. Habitantes com ascendência espanhola, alemã e escocesa são dominantes na região leste da Sierra Nevada, no extremo norte da Califórnia e no litoral setentrional do estado. A Califórnia possui uma considerável população nativa, composta por cerca de 350 mil pessoas, a maior população nativo norte-americana dos Estados Unidos. Religião. A Califórnia tem o maior número de católicos romanos nos Estados Unidos, à frente do estado de Nova Iorque, bem como grandes populações Protestantes, não religiosas, judias e muçulmanas. Ela também tem a maior população de Mórmons fora de Utah. As maiores denominações religiosas por número de adeptos como porcentagem da população da Califórnia em 2014 foram a Igreja Católica com 28 por cento, os protestantes evangélicos com 20 por cento e os protestantes da linha principal com 10 por cento. Juntos, todos os tipos de protestantes representavam 32%. Os não afiliados a nenhuma religião representavam 27% da população. A divisão de outras religiões é 1% muçulmana, 2% hindu e 2% budista. O American Jewish Year Book situou a população judaica total da Califórnia em cerca de 1 194 190 em 2006. De acordo com a Association of Religion Data Archives (ARDA), as maiores denominações de adeptos em 2010 foram a Igreja Católica Romana com 10 233 334; A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com 763 818; e a Convenção Batista do Sul com 489 953. Os primeiros padres a vir para a Califórnia foram missionários católicos romanos da Espanha. Os católicos romanos fundaram 21 missões ao longo da costa da Califórnia, bem como nas cidades de Los Angeles e San Francisco. A Califórnia continua a ter uma grande população católica romana devido ao grande número de mexicanos e centro-americanos que vivem dentro de suas fronteiras. A Califórnia tem doze dioceses e duas arquidioceses, a Arquidiocese de Los Angeles e a Arquidiocese de San Francisco, sendo a primeira a maior arquidiocese dos Estados Unidos. Principais cidades. A Califórnia é um estado altamente urbanizado. Suas quatro maiores regiões urbanas são Los Angeles, San Diego, São José e São Francisco, todas entre as 20 maiores cidades dos Estados Unidos. Cerca de 97% da população da Califórnia vive em regiões metropolitanas, e 93% da população do estado vive em áreas urbanas. O estado possui várias grandes cidades. Muitas delas fazem parte de uma das regiões metropolitanas mencionadas abaixo: Cultura. Esportes. A Califórnia possui dezenove equipes profissionais das grandes ligas nacionais esportivas, muito mais do que qualquer outro estado. A Grande Los Angeles abriga dez franquias da liga principal. Nessa região estão o Los Angeles Rams e o Los Angeles Chargers da NFL, o Los Angeles Dodgers e o Los Angeles Angels da MLB, o Los Angeles Clippers e o Los Angeles Lakers da NBA, o Los Angeles Kings e o Anaheim Ducks da NHL e o Los Angeles Galaxy e Los Angeles Football Club da MLS. A área da baía de São Francisco tem seis times da liga principal espalhados em suas três principais cidades: San Francisco, San Jose e Oakland. Nessa região estão o San Francisco 49ers da NFL, o San Francisco Giants e o Oakland Athletics da MLB, o Golden State Warriors da NBA, o San Jose Sharks da NHL e o San Jose Earthquakes da MLS. San Diego e Sacramento cada um tem uma equipe da liga principal, o San Diego Padres da MLB e o Sacramento Kings da NBA. É o único estado dos EUA a sediar tanto os Jogos Olímpicos de Verão quanto os de Inverno. Os jogos de verão de 1932 e 1984 foram realizados em Los Angeles. Squaw Valley, na região do Lago Tahoe, sediou os Jogos Olímpicos de Inverno de 1960. Los Angeles sediará os Jogos Olímpicos de Verão de 2028, marcando a quarta vez que a Califórnia sediará os Jogos Olímpicos. Vários jogos da Copa do Mundo FIFA de 1994 ocorreram na Califórnia, com o Rose Bowl recebendo oito partidas (incluindo a final), enquanto o Stanford Stadium sediou seis partidas. No automobilismo o principal circuito oval é o Auto Club Speedway, outros autódromos com circuitos mistos também existem no estado com destaque ao Sonoma Raceway e ao Laguna Seca Raceway. Subdivisões. A Califórnia está dividida em um total de 58 condados. O maior deles é o Condado de Los Angeles, o mais populoso de todo o Estados Unidos, e que possui aproximadamente 10,5 milhões de habitantes, ou um terço da população do estado. A maior parte dos condados da Califórnia é administrada por um conselho de cinco membros e um supervisor, eleitos pela população do condado entre outros oficiais. A Califórnia possui cerca de 470 cidades primárias ("cities"). Impostos estaduais geram cerca de 60% da receita do orçamento do estado, o restante vindo de verbas fornecidas pelo governo federal e de empréstimos. Em 2002, o governo estadual gastou 184,928 bilhões de dólares, tendo gerado 151,245 bilhões de dólares. A dívida governamental da Califórnia é de 71,263 bilhões de dólares – a segunda maior do país, atrás apenas da dívida governamental do estado de Nova Iorque. A dívida per capita é de 2 036 dólares, o valor dos impostos estaduais per capita é de 2 221 dólares, e o valor dos gastos governamentais per capita é de 5 283 dólares. Atualmente, são 48 democratas e 32 republicanos na Assembleia. O atual governador do estado é Jerry Brown do Partido Democrata, cujo termo irá perdurar até janeiro de 2015. Brown substitui Arnold Schwarzenegger, que ficou no poder na Califórnia por 8 anos pelo Partido Republicano. Em nível nacional, o estado de Califórnia é representado por 52 representantes, tendo direito a 52 votos no Colégio eleitoral dos Estados Unidos. O único senador da Califórnia no Congresso dos Estados Unidos atualmente é Alex Padilla. Apesar da Califórnia ser um dos estados mais liberais dos Estados Unidos, e de a população californiana ter tradicionalmente apoiado mais o Partido Democrata, algumas áreas no estado são politicamente muito conservadoras, e apoiam mais o Partido Republicano, especialmente os condados de San Diego e Orange. O republicano George W. Bush perdeu em Califórnia nas eleições nacionais de 2004 por 9% para o democrata John Kerry. Economia. Como o estado mais rico dos Estados Unidos, a Califórnia é responsável por aproximadamente 16% do produto interno bruto do país, mais do que qualquer outro estado norte-americano. O Produto Interno Bruto (PIB) da Califórnia foi de US$ 1,9 trilhão em 2010, o maior entre todos os estados norte-americanos. Se a Califórnia fosse um país independente, estaria posicionada naquele ano na nona posição entre as economias mundiais, atrás apenas dos outros 49 estados norte-americanos em conjunto, e da China, do Japão, da Alemanha, da França, do Reino Unido, do Brasil e da Itália. A renda per capita da Califórnia é de 40 956 dólares (dado de 2010), 12º do país. O índice de desemprego é de 6,7% (dado de 2002), o nono mais alto do país. O setor primário responde por 2% do PIB da Califórnia. A agricultura e a pecuária respondem juntas por 1,95% do PIB, e empregam cerca de 750 mil pessoas. O valor total dos produtos produzidos pela agropecuária da Califórnia é o maior de todo os Estados Unidos. O estado possui cerca de 89 mil fazendas, cobrindo cerca de 30% do seu território. Muitas destas fazendas dependem da irrigação artificial para o cultivo de plantações. A Califórnia é a líder nacional na produção de leite, carne bovina, tomate, morangos, melões, pêssegos e melancias, produzindo a maior parte dos kiwis norte-americanos. Além disso, a Califórnia é o segundo maior produtor de laranjas dos Estados Unidos; apenas a Flórida produz mais laranjas do que a Califórnia. A maior parte das vinícolas americanas se encontra na Califórnia, graças ao clima temperado mediterrâneo encontrado no estado. A pesca e a indústria madeireira respondem juntas por 0,05% do PIB, e empregam cerca de cinco mil pessoas. O setor secundário responde por 18% do PIB da Califórnia. A indústria de manufatura responde por 14% do PIB, e emprega cerca de 2,1 milhões de pessoas. O valor total dos produtos industrializados produzidos na Califórnia é o maior de todo os Estados Unidos. Este valor foi de 211 bilhões de dólares em 2000. Os principais produtos industrializados fabricados no estado são computadores e eletrônicos, alimentos industrialmente processados, equipamentos de transporte, maquinário e produtos químicos. A indústria de computação e eletrônicos da Califórnia, uma indústria de alta tecnologia, é a maior de todo o país. O valor total dos produtos produzidos por este setor industrial é de cerca de 52 bilhões de dólares, maior do que o valor total de todos os produtos industrializados de 40 estados norte-americanos. A indústria de construção responde por 3,6% do PIB, e emprega cerca de 915 mil pessoas. A mineração responde por cerca de 0,4% do PIB estadual, e emprega cerca de 42 mil pessoas. Os principais recursos naturais extraídos são petróleo, gás natural, ouro e tungstênio. O setor terciário responde por 80% do PIB da Califórnia. Serviços pessoais e comunitários são responsáveis por 23% do PIB, e cerca de 6,3 milhões de pessoas trabalham neste setor. Serviços financeiros e imobiliários são responsáveis por 22% do PIB californiano, e 1,48 milhão de pessoas trabalham neste setor. O comércio por atacado e varejo emprega 3,8 milhões de pessoas e produz 16% do PIB do estado. Serviços governamentais empregam cerca de 2,4 milhões de pessoas e produzem cerca de 11% do PIB californiano. Transportes, telecomunicações e utilidades públicas respondem por 8% do PIB, empregando cerca de 818 mil pessoas. Cerca de 40% da eletricidade gerada no estado é produzida em usinas hidrelétricas, 30% em reatores nucleares e 25% em usinas a gás natural. A Califórnia é o líder nacional na geração de eletricidade usando fontes renováveis de energia. Nenhum estado produz mais eletricidade através do uso da energia eólica e solar, bem como hidroelétricas. Porém, nos últimos anos, o crescimento da quantidade de eletricidade produzida no estado não tem acompanhado o imenso crescimento populacional e econômico da Califórnia, gerando vários apagões. Como consequência da alta demanda por eletricidade no estado, que é maior do que a quantidade de eletricidade gerada, a Califórnia precisa comprar eletricidade de estados vizinhos para poder atender à própria demanda. Infraestrutura. Educação. As primeiras escolas públicas da Califórnia foram inauguradas em San Francisco, em 1850. Dois anos depois, a Califórnia ordenou que todos os condados e as cidades com mais de cinco mil habitantes fizessem o mesmo, e passou a fornecer verbas a estes condados e cidades. Atualmente, todas as instituições educacionais na Califórnia precisam seguir regras e padrões ditadas pelo Conselho Estadual de Educação da Califórnia. Este conselho controla diretamente o sistema de escolas públicas do estado, que está dividido em diferentes distritos escolares. O conselho é composto por onze membros indicados pelo governador e aprovados pelo Senado, para termos de ofício de até quatro anos de duração. O sistema educacional da Califórnia é suportado por uma emenda constitucional que faz com que 40% da renda anual do governo seja gasta em educação. Toda cidade com mais de dez mil habitantes e todos os condados são servidos cada um por um distrito escolar diferente. Nas cidades com mais de dez mil habitantes, a responsabilidade de administrar as escolas é do distrito escolar municipal, enquanto que em regiões menos densamente habitadas esta responsabilidade é dos distritos escolares operando em todo o condado em geral. A Califórnia permite a operação de escolas "charter" – escolas públicas independentes, que não são administradas por distritos escolares, mas que dependem de verbas públicas para operar. O atendimento escolar é compulsório para todas as crianças e adolescentes com mais de seis anos de idade, até a conclusão do segundo grau ou até os dezoito anos de idade. As escolas do ensino básico ("elementary school", seis — doze anos) possuem qualidades diferentes. O nível de qualidade de uma escola depende basicamente dos impostos arrecadados na região onde a escola está instalada e do tamanho da administração local. Em algumas regiões, os custos administrativos drenam boa parte das verbas destinadas às escolas locais. Em regiões pobres, a taxa de analfabetismo chega a 30% ou mais. Uma coisa que todas as escolas do estado possuem em comum é que o ensino sobre a história da Califórnia é obrigatório a todos os estudantes da quarta-série. Em 1999, as escolas públicas do estado atenderam cerca de 6,038 milhões de estudantes, empregando aproximadamente 287,3 mil professores. Escolas privadas atenderam cerca de 619,1 mil estudantes, empregando aproximadamente 43,3 mil professores. O sistema de escolas públicas consumiu cerca de 34,380 bilhões de dólares, e o gasto das escolas públicas foi de aproximadamente seis mil dólares por estudante. Cerca de 81,1% dos habitantes com mais de 25 anos de idade possuem um diploma de segundo grau. A primeira biblioteca pública da Califórnia foi fundada em 1909. Atualmente, o estado possui 179 sistemas de bibliotecas públicas, que movimentam anualmente uma média de cinco livros por habitante. Uma das principais universidades do Estado é a Universidade da Califórnia, que possui um total de dez campi e emprega mais vencedores do Prêmio Nobel do que qualquer outra instituição de ensino superior do mundo. Além disso, é considerada uma das melhores instituições de ensino superior público do país. O Sistema de Universidades da Califórnia foi a primeira instituição de educação superior da Califórnia, tendo sido fundada em 1855, como uma faculdade privada, a "Faculdade da Califórnia", em Oakland. Foi adquirida pelo estado em 1868, que moveu a instituição para Berkeley, e transformou a instituição em uma universidade. Oito campi primários do Sistema de Universidades da Califórnia estão localizados em Berkeley (sede da instituição, e onde estão localizados os principais campi da universidade), Los Angeles, Davis, Santa Cruz, Santa Bárbara, Irvine, Riverside e San Diego. Um nono campus, localizado em San Francisco, ensina apenas ciências. Um décimo campus, em Merced, ensina apenas lei e direito. A Universidade do Estado da Califórnia providencia educação superior adequada a professores, comerciantes e agricultores. Com mais de 400 mil estudantes, a Universidade do Estado da Califórnia é a maior universidade dos Estados Unidos. O Sistema de Faculdades Comunitárias da Califórnia, constituído de 109 faculdades espalhadas em 72 cidades diferentes, atende a cerca de 2,9 milhões de estudantes por ano, fornecendo educação vocacional, remedial, bem como programas de educação contínua (educação para adultos). Algumas instituições privadas de educação superior internacionalmente conhecidas estão também localizadas no estado. Entre elas, estão a Universidade de Stanford, Universidade do Sul da Califórnia e o Instituto de Tecnologia da Califórnia (ou simplesmente Caltech). Atualmente, o estado possui 400 instituições de educação superior, das quais 144 são públicas e 256 privadas. Transportes. O imenso território californiano é integrado por um sistema extensivo de estradas, vias expressas e rodovias. Todo este sistema é administrado pelo Departamento de Transportes da Califórnia, e patrulhadas pela Patrulha Rodoviária de Califórnia. Los Angeles e San Francisco são os principais centros de transporte do estado. A maioria dos californianos usa as vias públicas para locomover-se a trabalho, compras, lazer e turismo. Muitas das grandes cidades californianas são famosas pelos seus grandes congestionamentos, especialmente Los Angeles e San Francisco-Oakland (conhecida como "Bay Area", ou Área da Baía). Apenas a cidade de Nova Iorque possui reputação similar. A Califórnia, em 2003, possuía 272 873 km de vias públicas, das quais 3 956 km eram rodovias interestaduais, consideradas parte do sistema federal rodoviário dos Estados Unidos. Na Califórnia estão localizadas dois dos aeroportos mais movimentados do mundo: o Aeroporto Internacional de Los Angeles e o Aeroporto Internacional de San Francisco. Eles são os principais centros aeroportuários do oeste da América do Norte. Outra dúzia de importantes aeroportos comerciais e muitos aeroportos da aviação geral estão espalhados ao longo dos 58 condados da Califórnia. A Califórnia possui também muitos grandes centros portuários importantes. O gigantesco complexo portuário formado pelo porto de Long Beach-Los Angeles, no sul do estado, é o mais movimentado do país, responsável pelo manejamento de aproximadamente um quarto de todo o tráfego de containers dos Estados Unidos. Este complexo portuário é também um dos mais movimentados do mundo. San Francisco é outro centro portuário importante. O sistema de transporte ferroviário californiano é administrada pela Amtrak. San Francisco e Los Angeles possuem sistemas de metrô e de "light rail", e San Diego e Sacramento possuem um sistema de "light rail". O Metrolink é um método ferroviário de transporte interurbano, e que conecta muitas das grandes cidades do sul da Califórnia, conectando San Jose a San Francisco. A Califórnia, em 2003, possuía 9 508 km de ferrovias. Quase todos os condados da Califórnia administram um sistema de transporte público composto por uma malha de rotas de ônibus, e muitas cidades operam seus próprios sistemas de transporte público, embora nenhuma cidade ou condado da Califórnia possua um sistema de transporte público considerado eficiente. O rápido crescimento populacional da Califórnia está congestionando cada vez mais todos os sistemas de transporte do estado. Uma crescente questão na política californiana é se o estado deveria expandir seu sistema de rodovias e estradas, ou incentivar seus condados e cidades a melhorarem seus sistemas de transporte público. Telecomunicações. O primeiro jornal publicado na Califórnia foi o "The Californian", publicado pela primeira vez em Monterey, em 1846. Atualmente são publicados na Califórnia cerca de 760 jornais. Deles, aproximadamente 125 são diários. Muitos destes jornais são publicados em espanhol, graças à grande população hispânica da Califórnia. São impressos no estado cerca de 1 300 periódicos diferentes. A primeira estação de rádio da Califórnia foi fundada em 1909, em San Jose. Esta estação possuía cunho educacional, tendo sido fundada em uma escola. A primeira estação comercial de rádio da Califórnia foi fundada em 1922, em Los Angeles. A primeira estação de televisão do estado foi fundada em 1947, em Los Angeles. Atualmente, a Califórnia possui 487 estações de rádio – dos quais 183 são FM e 304 são AM – e 84 estações de televisão. Muitas destas estações possuem sua programação em espanhol. Governo e política. A Califórnia é governada como uma república, e possui três principais ramos governamentais: o ramo executivo, constituído do governador da Califórnia e de outros oficiais eleitos; o braço legislativo, constituído do Senado e da Assembleia, e o ramo judiciário, constituído da Suprema Corte da Califórnia. O estado também permite direta participação do eleitorado através de referendos e votações, em decisões governamentais. A primeira constituição da Califórnia foi adotada em 1849. A atual constituição, por sua vez, foi adotada em 1879. Emendas à constituição geralmente são propostas por uma das câmaras do poder legislativo da Califórnia. Neste caso, esta emenda precisa ser aprovada por dois terços dos membros do poder legislativo. Emendas também podem ser propostas por abaixo-assinados, diretamente, pela população. Neste caso, o abaixo-assinado precisa conter ao menos 8% dos votos dos eleitores que haviam elegido o governador na última eleição estadual. Por fim, novas emendas podem ser propostas através de convenções constitucionais, que precisam ser aprovadas por dois terços do legislativo e, então, por 51% dos eleitores, em um referendo. Nos três casos, caso a emenda em questão seja aprovada, precisa receber a aprovação de dois terços da população californiana, em um referendo, para entrar em efeito. O poder executivo da Califórnia está centralizado no governador, que é eleito pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e que podem ser reeleitos novamente apenas uma vez. O poder legislativo da Califórnia é constituído pelo Senado e pela Assembleia. O Senado possui um total de 40 membros, enquanto que a Assembleia possui um total de 80 membros. A Califórnia é dividida em 40 distritos senatoriais e 80 distritos de assembleia. Os eleitores de cada distrito elegem um senador ou membro da Assembleia, que irão representar tal distrito no Senado ou na Assembleia. O termo dos senadores é de quatro anos, e o dos membros da Assembleia de dois anos. Como o governador, uma pessoa pode exercer o cargo de senador apenas duas vezes. Para os membros da Assembleia, o limite é de três termos. Leis aprovadas pelo legislativo podem ser rejeitadas pela população através de um referendo, e a população do estado pode aprovar leis sem o consentimento do legislativo, através do processo de "iniciativa" – que precisa ser inicialmente apoiada por 5% dos eleitores que haviam votado na última eleição estadual para governador, e então aprovada por ao menos 51% do eleitorado, em um referendo. A maior corte do poder judiciário da Califórnia é a Suprema Corte da Califórnia, composta por sete juízes. Além disso, cada condado da Califórnia possui sua própria suprema corte. Os juízes das supremas cortes são indicados pelo governador do estado e aprovados pelo legislativo para mandatos de doze anos de duração, mas eles precisam ser regularmente reconfirmados pelo eleitorado californiano. O sistema legal da Califórnia é explicitamente baseado no código legal britânico, mas possui também algumas características das leis civis da Espanha. A capital da Califórnia é a cidade de Sacramento. Ao longo da história do estado, outras cidades que serviram por algum tempo como capital californiana incluem Monterey, entre 1775 a 1849; San José, entre 1849 e 1851; Vallejo; entre 1852 e 1853; Benicia, entre 1853 e 1854, e San Francisco, em 1862. A capital californiana mudou para Sacramento em 1852, em caráter temporário, quando a construção de um Centro de Governo não pôde ser completada a tempo em Vallejo. Sacramento tornou-se de vez a capital da Califórnia em 25 de fevereiro de 1854, e desde então é a capital do estado, exceto por um curto período em 1862, quando severas inundações em Sacramento obrigaram uma mudança temporária para San Francisco.
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Cinemática
Cinemática A cinemática (do grego "κινημα", movimento) é o ramo da física que se ocupa da descrição dos movimentos de pontos, corpos ou sistemas de corpos (grupos de objetos), sem se preocupar com a análise de suas causas. Considerada uma "geometria do movimento", é ocasionalmente vista como um ramo da matemática. Neste campo, uma situação problema é iniciada ao descrever a geometria do sistema e declarando as condições iniciais de quaisquer valores de posição, velocidade e/ou aceleração dos pontos do sistema. E então, usando argumentos geométricos, pode-se determinar valores desconhecidos de posição, velocidade e/ou aceleração de partes do sistema. O estudo de como as forças agem nos corpos não é tratado na cinemática, mas na dinâmica. A cinemática é utilizada na astrofísica para descrever o movimento de corpos celestes e de conjuntos destes. Na engenharia mecânica, robótica e biomecânica a cinemática é útil para descrever o movimento de sistemas compostos por partes interdependentes, como motores, braços robóticos ou o esqueleto humano. A análise cinemática é o processo de medida das quantidades cinemáticas usadas para a descrição do movimento. Na engenharia, por exemplo, a análise cinemática pode ser utilizada para identificar a amplitude de movimento de um dado mecanismo, e a síntese cinemática, serve para o processo inverso, desenha um mecanismo que terá certa amplitude de movimento. Ainda, a cinemática aplica a geometria algébrica para obter vantagem mecânica em um certo sistema ou mecanismo. Conceitos. Movimento e graus de liberdade. Um objeto encontra-se em movimento se a sua posição for diferente em diferentes instantes; se a posição permanecer constante, o objeto estará em repouso. Para podermos determinar a posição do objeto, será necessário usarmos outros objetos como referência. Se a posição do corpo em estudo variar em relação ao referencial (objetos em repouso usados como referência), o corpo estará em movimento em relação a esse referencial. Assim, o movimento é um conceito relativo, já que um objeto pode estar em repouso em relação a um primeiro referencial, mas em movimento em relação a um segundo referencial. Os graus de liberdade de um sistema são as variáveis necessárias para medirmos a sua posição exata. Por exemplo, para determinar a posição de uma mosca numa sala, podíamos medir a sua distância até o chão e até duas paredes perpendiculares na sala. Teríamos assim um sistema de três coordenadas perpendiculares (coordenadas cartesianas), que se costumam designar pelas letras x, y e z. Mas para além de se deslocar variando o valor das 3 coordenadas x, y e z, a mosca também pode mudar a sua orientação. Para definir a orientação da reta paralela ao corpo da mosca podemos usar 2 ângulos e seria preciso outro ângulo para indicar a sua rotação em relação a essa reta; assim, temos já 6 graus de liberdade. Continuando, a mosca pode também esticar ou dobrar o seu corpo, abrir ou fechar as asas, etc., e, portanto, do ponto de vista físico tem muitos graus de liberdade. Podemos simular o movimento da mosca como o movimento de 3 corpos rígidos: as duas asas e o bloco constituído por cabeça, tórax e abdômen. Um corpo rígido é um objeto em que todas as partes mantêm sempre as mesmas distâncias relativas às outras partes. Os movimentos desses 3 corpos rígidos são diferentes, as asas têm movimentos oscilatórios, mas não são completamente independentes, já que existe um ponto comum entre cada asa e o tórax. Movimento dos corpos rígidos. A posição de um corpo rígido em qualquer instante pode ser determinada indicando a posição de um ponto do corpo, a orientação de um eixo fixo em relação ao corpo e um ângulo de rotação à volta desse eixo. A posição do ponto de referência é dada por 3 variáveis e para especificar a orientação do eixo são precisos dois ângulos; assim, um corpo rígido é um sistema com seis graus de liberdade: 3 coordenadas de posição para a posição do ponto de referência, dois ângulos para a orientação do eixo e um ângulo à volta desse eixo. Se o eixo do corpo rígido mantiver a mesma direção enquanto se desloca, o movimento será de translação. Se existir um ponto dentro do corpo que não se desloca, enquanto outros pontos do corpo estão em movimento, o movimento será de rotação pura. O movimento mais geral será uma sobreposição de translação e rotação (figura abaixo). Na segunda e terceira parte na figura acima, o martelo rodou em relação a um eixo que permaneceu sempre perpendicular à página e perpendicular ao plano da translação na terceira parte. O eixo de rotação poderá não ser o mesmo em diferentes instantes e não ser perpendicular ao plano de translação. Se todos os pontos do corpo sofrerem o mesmo deslocamento durante o mesmo intervalo de tempo, de modo que todos têm, em qualquer instante, a mesma velocidade e mesma aceleração, esse movimento será apenas de translação. E chamamos as velocidades e acelerações de, respectivamente, velocidade e aceleração de translação de um corpo rígido. Assim, para estudar um movimento de translação, bastará estudar o movimento de um único ponto qualquer no corpo rígido (por exemplo, o centro de massa). Para definir a posição desse ponto serão precisas, em geral, 3 variáveis e, portanto, o sistema terá 3 graus de liberdade. Quando existe translação combinada com rotação, a trajetória de cada ponto no corpo rígido será diferente. Por exemplo, numa roda de um automóvel em movimento, os pontos na superfície dos pneus seguem uma trajetória de cicloide mas existe um ponto que tem uma trajetória mais simples: o centro da roda. Será mais fácil estudar o movimento de translação do centro da roda e a esse movimento sobrepor a rotação. E para estudar a translação do centro teremos novamente 3 graus de liberdade associados com a posição de um ponto. Movimento em uma, duas ou três dimensões. O caso mais geral do movimento de um ponto no espaço é um movimento em 3 dimensões, porque existem 3 graus de liberdade, x, y e z que variam em função do tempo. Mas esses três graus de liberdade associados ao movimento de translação do corpo rígido podem ser reduzidos a dois ou um em alguns casos. O movimento de um automóvel numa autoestrada pode ser considerado um movimento em uma dimensão (figura ao lado). Se o automóvel sofrer uma avaria e o condutor tiver que telefonar para pedir um reboque, bastará dizer em que quilômetro da autoestrada se encontra para que o condutor do caminhão de reboque saiba para onde tem que se dirigir. Assim, o movimento dos automóveis na autoestrada é o aumento da distância percorrida ao longo da estrada e essa distância é o único grau de liberdade. De referir que a distância percorrida não é medida em linha reta, mas ao longo de uma curva no espaço com 3 dimensões; no entanto, como o percurso dessa curva já está estabelecido, basta apenas uma variável para descrever a posição em cada instante. Se estivéssemos a construir um sistema de condução automático, teríamos que introduzir outra variável, por exemplo, a distância até a berma da estrada, e o movimento em estudo seria em duas dimensões. Movimentos dependentes. Em alguns sistemas em que aparentemente são necessárias várias variáveis para descrever o movimento dos diferentes componentes do sistema, o número de graus de liberdade pode ser menor devido à existência de restrições no movimento. A figura abaixo mostra um exemplo que descreve o movimento de um cilindro que desce, enquanto o carrinho se desloca sobre a mesa. O movimento do carrinho pode ser descrito pela variação da distância horizontal formula_1 até o eixo da roldana fixa. O movimento do cilindro será igual ao movimento da roldana móvel e, portanto, pode ser descrito pela expressão para a distância vertical formula_2 entre os centros das roldanas, em função do tempo. Mas, enquanto o fio permanecer esticado e sem se quebrar, existirá uma relação entre as velocidades e as acelerações do carrinho e do cilindro. Para encontrar essa relação, escreve-se a o comprimento do fio, formula_3, em função das distâncias formula_1 e formula_2: formula_6 Em que formula_7 e formula_8 são os raios das duas roldanas. O fio toca um quarto do perímetro da roldana fixa formula_9 e metade do perímetro da roldana móvel formula_10. Tendo em conta que formula_3, formula_12, formula_7 e formula_8 são constantes, e derivando a equação anterior em ordem ao tempo, obtém-se, formula_15 Ou seja, o valor da velocidade do carrinho será sempre o dobro do valor da velocidade do cilindro. O sinal negativo na equação acima indica que se o cilindro desce o carrinho desloca-se para a direita e vice-versa. Derivando novamente essa última equação em ordem ao tempo, conclui-se que a aceleração do carrinho segundo a trajetória também é o dobro do que a aceleração do cilindro segundo a sua trajetória: formula_16 Estas relações entre as posições, velocidades e acelerações implicam que o sistema tem apenas um grau de liberdade. Uma vez conhecidas as expressões para a posição, velocidade e aceleração de um dos objetos, as expressões da posição, velocidade e aceleração do outro objeto serão obtidas multiplicando (ou dividindo) por 2. Um segundo exemplo, com dois graus de liberdade, é o sistema de três roldanas e três cilindros na figura abaixo. As alturas dos três cilindros são determinadas pelos valores das 3 distâncias formula_17, formula_18 e formula_19; como existe um único fio em movimento, existe apenas uma restrição (comprimento do fio constante), que permitirá expressar uma das três distâncias em função das outras duas. O comprimento do fio é, formula_20 Em que a constante é a soma de metade dos perímetros das roldanas, que não é importante conhecer, já que vai desaparecer quando a equação for derivada e só altera as posições num valor constante. A derivada da equação anterior em ordem ao tempo é, formula_21 Neste caso existem vários possíveis movimentos; por exemplo, se o cilindro A estiver a subir e o cilindro C estiver a descer com a mesma velocidade, o cilindro B permanecerá estático; ou um dos cilindros poderá estar a descer e os outros dois a subir. O que sim não é possível é que os 3 cilindros estejam simultaneamente a descer ou a subir. A derivada da equação anterior conduz à relação entre as acelerações, formula_22 Referencial. É um sistema de referência formula_23 em relação ao qual é definido o vetor posição formula_24 do corpo em função do tempo. Este vetor fornece a posição do corpo em um dado instante formula_25. Assume-se geralmente como origem do sistema de coordenadas a posição formula_26 do corpo no instante inicial formula_27. Este instante é escolhido arbitrariamente; para fins práticos pode-se dizer que é o instante em que se dispara o cronômetro para a análise do fenômeno. Trajetória. Um corpo, em relação a um dado referencial formula_23, ocupa um determinado ponto formula_29 em um dado instante formula_25. Chama-se de trajetória ao conjunto dos pontos ocupados por um corpo ao longo de um intervalo de tempo qualquer. Deslocamento. É o vetor resultante da subtração do vetor posição final formula_31 pelo vetor posição inicial formula_32:formula_33É importante notar que o deslocamento é de natureza vetorial, ou seja, são consideradas sua posição, direção e sentido. Em certos casos, porém, como em uma corrida de fórmula 1, é mais interessante trabalhar apenas com a distância percorrida formula_34, que é o comprimento da trajetória realizada. Para calcular essa trajetória, precisamos particionar a curva e considerá-la como a união de vários segmentos orientados de reta. Se a quantidade desses segmentos tender ao infinito, temos, portanto: formula_35 Velocidade média. Velocidade média é a razão do deslocamento formula_36 pelo intervalo de tempo formula_37. A velocidade média pode ser considerada escalar se for considerado apenas o módulo do deslocamento. Em uma corrida de fórmula 1, por exemplo, se levarmos em conta somente o vetor posição, ao final de cada volta o piloto não terá desenvolvido velocidade, pois não houve deslocamento, uma vez que o vetor formula_38 final é o mesmo que formula_39. Entretanto, considerando o módulo do espaço percorrido pelo piloto, teremos uma velocidade escalar média diferente de 0, portanto, muito mais útil para as análises necessárias. No movimento unidimensional, trabalhar tanto com um quanto com outro nos leva aos mesmos resultados. Pode-se definir a velocidade média como formula_40 Velocidade instantânea. É a taxa de variação da posição de um corpo dentro de um intervalo de tempo formula_41 infinitesimal (na prática, instantâneo). Define-se velocidade instantânea formula_42 ou simplesmente velocidade como sendo: formula_43 Podemos falar também de uma rapidez instantânea, que seria o módulo do vetor velocidade em um dado instante de tempo formula_25. Aceleração média e instantânea. Aceleração é a taxa de variação da velocidade de um corpo em um dado intervalo de tempo. Assim como a velocidade, ela apresenta suas interpretações em situações mais globais (aceleração média) e em situações mais locais (aceleração instantânea). Elas são definidas como: formula_45 (aceleração média) formula_46 (aceleração instantânea) Aceleração Tangencial. Define-se a aceleração tangencial no instante formula_47 igual à aceleração média num intervalo de tempo que inclui o tempo formula_48 , no limite em que o intervalo de tempo,formula_49 , se aproximar de zero. formula_50 Usando a notação abreviada com um ponto por cima, temos a seguinte equação: formula_51 onde os dois pontos por cima da função indicam a sua segunda derivada em função do tempo. Repare que a distância percorrida s(t) é uma função do tempo, sempre positiva e crescente, ou constante. Assim, a sua primeira derivada, formula_52, será sempre positiva, mas a sua segunda derivada, formula_53 , poderá ter qualquer sinal. Uma aceleração tangencial negativa implica uma diminuição da velocidade e aceleração tangencial nula implica velocidade constante. Breve introdução à cinemática. A forma mais didática de se iniciar a cinemática é a partir do "movimento unidimensional", embora este seja apenas um caso particular do movimento geral num espaço euclidiano tridimensional (como esse em que vivemos). O movimento unidimensional consiste no movimento de uma "partícula" restrita a uma reta. O conceito de partícula que será usado aqui difere do conceito de partícula encontrado na física quântica (ex: quarks, elétrons). Definiremos uma partícula como algo que possui apenas duas propriedades: localização e massa. Assim, note que a partícula não tem extensão nem forma. Para descrever a posição de um corpo extenso, precisamos dizer a localização de cada pedaço que o compõe, mas isso não é necessário para uma partícula. Graficamente, podemos pensar na partícula como um ponto que possui massa e se move pelo espaço com a passagem do tempo. As partículas não existem na realidade, são objetos matemáticos sobre os quais construímos a primeira descrição realmente poderosa do mundo. Num espaço tridimensional, precisamos definir três números, ou "coordenadas", para dar a posição de uma partícula. Isso quer dizer que duas partículas que estejam à mesma altura podem não estar na mesma posição: uma pode simplesmente estar mais "para a frente" ou "para o lado" do que a outra. No entanto, existem casos onde podemos restringir o movimento das partículas a uma reta. Por exemplo, podemos pensar em partículas que só podem se mover "para os lados", não podendo nem subir ou descer e nem ir para a frente ou para trás. Assim, tudo o que precisamos para definir a posição da partícula nesse caso é de uma coordenada, que diz o quanto a partícula está "para o lado". Vamos colocar isso de forma mais precisa. Definimos uma reta, à qual estão restritos os movimentos das partículas que estamos considerando. Sobre a reta, definimos um ponto qualquer, chamado de "origem". Definimos então uma coordenada "x" para a partícula. O módulo de x é a distância entre a partícula e a origem; enquanto o sinal é dado como positivo caso a partícula esteja à direita da origem, e negativo caso ela esteja à esquerda. A escolha da direita como positivo e esquerda como negativo é questão de definição: nada impede que se faça o contrário, tomando os devidos cuidados. Também nada impede que se faça uma reta vertical, definindo x como positivo quando estiver acima da origem e negativo abaixo dela, por exemplo. A escolha das "inclinações" da reta são irrelevantes aqui, e espera-se do leitor uma certa abstração quanto a isso. Com os procedimentos acima, está totalmente caracterizada a posição da partícula nisso que chamamos de movimento unidimensional. Agora, lembremos de que estamos caminhando para descrever um "movimento". O pensamento coloquial diria que isso significa que a partícula se move quando o tempo passa. Mas isso é vago, além de redundante: o tratamento adequado é: 1- Criar um conjunto, correspondente a um intervalo de números reais. Ou seja, define-se um número real t1 e um número real t2, e então todos os infinitos números entre t1 e t2 são elementos desse conjunto. Cada um desses números é um valor do tempo, dentro do intervalo de tempo t1-t2. 2- Criar um outro conjunto, cujos elementos serão valores da coordenada "x". Esse conjunto deve ser compatível com o "3": 3- Criar uma função do primeiro ao segundo conjunto. Ou seja, para cada valor do tempo haverá uma posição bem definida da partícula sobre a reta. É interessante notar que a "passagem do tempo" inexiste em tal tratamento matemático, de modo que pode-se questionar a sua existência no mundo físico. A função definida em "3" caracteriza totalmente o movimento unidimensional. Entretanto, a princípio seria impossível defini-la na prática: teríamos que pegar um por um os infinitos valores do tempo de um certo intervalo e relacionar a cada um deles uma posição diferente para a partícula! Obviamente isso não é necessário no mundo real. Em primeiro lugar, todos os movimentos que pudemos observar até hoje obedecem certas regras. Uma dessas regras é a "continuidade". Não vamos dar aqui uma definição matemática precisa do que é uma função contínua, mas um olhar qualitativo nos mostra que, em funções contínuas, se pegarmos valores do tempo cada vez mais próximos, veremos que as posições das partículas associadas a eles também se aproximarão arbitrariamente. Isso implica que a partícula não pode ir de um lugar ao outro sem antes percorrer todo o caminho entre esses dois pontos! Outras regras serão vistas mais tarde, mas a existência dessas regras implica que podemos escrever o movimento através de equações, o que nos permite fazer o trabalho descrito acima (relacionar infinitos elementos de dois conjuntos) com breves rabiscos no papel. A existência de uma função que relaciona a cada valor do tempo uma posição no espaço é denotada por: formula_54 Onde t são os valores do tempo. Agora que a descrição do movimento unidimensional está completamente caracterizada, vamos pensar em conceitos importantes relacionados a ele. A importância desses conceitos é que eles estão relacionados às regras que regem o movimento, como veremos mais tarde. O primeiro conceito que colocaremos aqui é a velocidade média, definida por: formula_55 Ou seja, a velocidade média entre os tempos t1 e t2 é igual à diferença entre as posições da partícula no tempo t2 e no tempo t1, dividido pela diferença entre esses tempos. Não deve-se pensar que a velocidade média equivale a todo o espaço percorrido em um certo tempo dividido por esse tempo, porque a partícula pode ter retrocedido em seu caminho: pode ter percorrido no total muito mais espaço do que parece a quem vê apenas sua posição inicial e final (como alguém que viaja à Europa e depois de um mês está de volta ao mesmo local). Embora a descrição que leve em consideração o espaço total percorrido pareça muito mais "real", isso NÃO é considerado na velocidade média! Só importa a posição inicial e a final, e o tempo decorrido. Fica claro que, quanto menor é o intervalo de tempo t2 - t1, mais precisa é a descrição dada pela velocidade média. Se o tempo for de dez anos, alguém poderia ter conhecido o mundo todo antes de voltar para casa nesse período (e pareceria à velocidade média que ele quase não se deslocou). Mas se o tempo foi de um segundo, a pessoa não pode ter feito tanta coisa assim. Isso nos leva a desejar a formulação do conceito de "velocidade instantânea", ou seja, algo análogo à velocidade média, mas com uma precisão infinita. Para aumentar a precisão da velocidade, é preciso considerar tempos cada vez menores, ou seja, valores de t2 arbitrariamente próximos de t1. Assim, usamos a operação matemática conhecida como "limite": a velocidade instantânea é o limite da velocidade média quando t2 tende a t1. Ou seja: formula_56 A operação acima descrita é chamada uma "derivada". Se temos uma função qualquer f(t), então a derivada de f(t) no ponto t1 é: formula_57 Ou, se definirmos t2 = t1+h, formula_58 Assim, fica claro que a velocidade instantânea v(t1) é a derivada da função x(t) no ponto t1. Ou seja, "A velocidade instantânea é a derivada temporal da posição". Em outras palavras, a velocidade é a taxa de variação da posição: quanto maior a velocidade, mais rápido a posição varia. Se a velocidade for positiva, a posição muda no sentido que foi definido como positivo para a posição (veja a seção "Partículas e o movimento sobre uma reta") . Se for negativa, a posição muda no sentido inverso: o que foi definido negativo para a posição. Este trecho supõe que o leitor entenda o conceito de integral. A partir da equação formula_59 Podemos integrar os dois lados em relação a t, de modo a obter formula_60 Com a condição v(0) = v0, fica claro que C = v0, ou seja formula_61 E sabemos que formula_62 Então, integrando os dois últimos membros, temos formula_63 Agora, substituindo isso na definição da velocidade média formula_64 temos formula_65 Também podemos exprimir este resultado em relação à velocidade instantânea. formula_66 formula_67 formula_68 Que é uma relação interessante, e expande o significado físico da velocidade média. Ver "O referencial no movimento unidimensional", no artigo "Referencial" indicado no fim desta página. Da mesma forma que definimos a velocidade média, podemos definir a "aceleração média" como formula_69 E, analogamente à velocidade, a aceleração instantânea: formula_70 Então, "A aceleração instantânea é a derivada temporal da velocidade". A aceleração é a taxa de variação da velocidade: quanto maior a aceleração, mais rápido a velocidade varia. Se a aceleração for positiva, e a velocidade for positiva, então o módulo da velocidade aumenta. Se ela for negativa, e a velocidade, positiva, então o módulo da velocidade diminui. Assim, a aceleração "puxa" a velocidade na direção dela, fazendo-a crescer caso ambas estejam no mesmo sentido, e diminuir caso estejam em sentidos opostos. A relação entre aceleração média e instantânea é a mesma que há entre a velocidade média e a instantânea. Este movimento é caracterizado pelo simples fato de que não há aceleração agindo sobre a partícula. Aqui (e na seção "Movimento unidimensional uniformemente variado") iremos demonstrar todos os resultados de forma que não requeira o conhecimento do Cálculo. No entanto, o leitor que esteja familiarizado à integração pode notar que todos esses resultados vêm facilmente das relações: formula_71 formula_72 Agora, procuraremos formas de demonstrar as equações do movimento uniforme para quem não conheça os métodos da integração. Para isso, lembremos que a aceleração é a taxa de variação da velocidade com o tempo. Sendo assim, em um movimento onde não haja aceleração, a velocidade obviamente não varia com o tempo. Isto é, ela permanece constante. Então, no movimento unidimensional uniforme: formula_73 Então, lembrando que a velocidade é a taxa de variação da posição, e sabendo que ela é constante, vemos que a posição varia uniformemente com o tempo, o que justifica o nome desse movimento. Ou seja, variação da posição é diretamente proporcional ao tempo, sendo a constante de proporcionalidade a velocidade! formula_74 Escrevendo delta x = x - x0, temos formula_75 Essa equação dá uma descrição completa do movimento uniforme. Esse movimento é caracterizado pelo fato de que a aceleração é constante. Lembrando que a aceleração é a taxa de variação da velocidade (assim como a velocidade é a taxa de variação da posição), podemos escrever a relação entre a velocidade e a aceleração da mesma forma que escrevemos a relação entre a posição e a velocidade: formula_76 Para encontrar x, podemos usar a velocidade média: formula_55 Que leva a formula_78 Como a velocidade cresce uniformemente, a velocidade média deve ser a média aritmética entre a velocidade final (ou simplesmente v(t)) e a velocidade inicial formula_79 Assim, formula_80 E, usando o valor de v(t) encontrado lá em cima, temos: formula_81 De onde vem: formula_82 Em certos casos, convém encontrar x em função da velocidade instantânea, e não do tempo. Para isso, basta encontrar o valor do tempo em função da velocidade através da equação da velocidade: formula_83 E substituir o tempo por esse valor, na equação de x(t): formula_84 O que arrumamos para obter uma equação mais singela: formula_85 formula_86 formula_87 formula_88 formula_89 Que é uma equação bastante útil. O conceito de trabalho emerge dela, como pode ser visto no artigo "Trabalho", que está indicado no fim desta página. Note que o movimento uniforme é um caso especial do movimento uniformemente variado. Basta colocarmos na equação inicial (a=C), C = 0. Assim, a aceleração é 0, e todas as equações se reduzem às do movimento uniforme: formula_90 formula_91 A equação formula_89 com a=0, nos dá a identidade, já que v = v_0: formula_93 Isso reflete o fato de que saber a velocidade em um dado instante não é o bastante para saber a posição nesse instante. De fato, todas as posições correspondem à mesma velocidade. Equações cinemáticas. Se tivermos uma expressão matemática para uma das variáveis cinemáticas em função do tempo, as expressões para as outras duas variáveis podem ser calculadas resolvendo as equações cinemáticas. Nos casos em que é conhecida uma expressão para a velocidade em função da distância percorrida formula_94, a derivada da velocidade em ordem ao tempo deve ser calculada usando a regra da cadeia para funções implícitas: formula_95 Esta é outra equação cinemática. Resumindo, há quatro equações cinemáticas: formula_96 e quatro variáveis: formula_47, formula_94, formula_99 e formula_100. Em cada uma das equações cinemáticas aparecem 3 dessas variáveis. Para poder resolver alguma dessas equações diferenciais de primeira ordem usando os métodos analíticos tradicionais, é necessário conhecer uma expressão que relacione as 3 variáveis na equação, para poder eliminar uma das variáveis; uma equação diferencial ordinária tem sempre duas variáveis, uma delas considerada variável independente. Por exemplo, a equação formula_101 relaciona as três variáveis formula_99 , formula_94 e formula_47 (o ponto é derivação em ordem a formula_47); para resolver essa equação é necessário conhecer uma expressão para formula_99, em função de formula_94 e formula_47, ou para formula_94 em função de formula_99 e formula_47 ou ainda para formula_47 em função de formula_99 e formula_94. Movimento ao longo de um eixo. Em alguns casos é mais conveniente trabalhar com a posição em vez da distância percorrida. Para medir a posição ao longo do percurso, escolhem-se uma origem e um sentido positivo no percurso. A posição será indicada por meio de uma coordenada formula_1que pode ser positiva, negativa ou nula. Essa coordenada poderá ser medida ao longo de um eixo retilíneo (eixo dos formula_1) que não coincide com a trajetória do objeto e, nesse caso, formula_1 indicará a posição da projeção do ponto no eixo dos formula_1. Mas também é possível usar formula_1 para representar a posição medida ao longo do percurso do objeto e, nesse caso, o eixo formula_1 poderá ser uma curva em vez de uma reta. A derivada da coordenada formula_1 em ordem ao tempo é a componente a componente da velocidade formula_122 que também poderá qualquer sinal e a derivada de formula_122 em ordem ao tempo será a componente da aceleração segundo a trajetória, formula_124. O sinal de formula_124 já não indicará diretamente se o objeto está a andar mais depressa ou a abrandar, pois será necessário ter em conta também o sinal de formula_122. Em função das componentes ao longo do eixo as equações cinemáticas apresentam a mesma forma que as equações cinemáticas: formula_127 formula_1pode ser também substituído por formula_2, formula_130 ou qualquer outra letra que seja usada para chamar o eixo ao longo do percurso. A relação das componentes da velocidade e da aceleração com a velocidade e a aceleração segundo a trajetória é: formula_131 Equações lineares de movimento. O corpo é considerado em dois instantes no tempo: um ponto "inicial" e o "atual". Freqüentemente, problemas na cinemática lidam com mais de dois instantes, e diversas aplicações das equações são necessárias. formula_132 formula_133 formula_134 formula_135 formula_136 onde formula_137 é a velocidade inicial do corpo Seu estado atual é definido por: formula_138, a distância percorrida desde o instante inicial formula_139, a velocidade atual formula_140, a variação de tempo entre o instante atual e o instante inicial "a" é a aceleração constante, ou no caso de corpos se movendo sob a ação da gravidade, "g". Note que cada uma das equações contém quatro das cinco variáveis. Aceleração da gravidade. Perto da superfície da Terra, todos os objetos que sejam deixados deslocar-se livremente, têm uma aceleração com valor constante, chamada aceleração da gravidade e representada pela letra formula_141. Em diferentes locais o valor de formula_141 sofre alterações, mas é sempre aproximadamente formula_143. A resistência do ar produz outra aceleração que contraria o movimento, mas quando essa resistência for desprezável, admite-se que o valor da aceleração é constante e igual a formula_141. A aceleração segundo a trajetória produzida pela gravidade poderá ser positiva, negativa ou nula, já que pode fazer aumentar ou diminuir a velocidade do objeto, e poderá ter um valor diferente de formula_141 se a trajetória não for vertical. Mas se o eixo dos formula_2 for definido na vertical e apontando para cima, a componente da aceleração no eixo dos formula_2 (projeção na vertical do movimento do objeto) terá sempre o valor constante formula_148 (ou +9.8 se o sentido positivo do eixo formula_2 for definido para baixo). Lançamento de projéteis. Escolhendo o eixo dos formula_130 na direção vertical, com sentido positivo para cima, a forma vetorial da aceleração da gravidade é: formula_151 onde formula_141 é, aproximadamente, formula_153. Se um projétil for lançado com velocidade inicial formula_154 , a aceleração da gravidade alterará essa velocidade, na direção de formula_155 , produzindo uma nova velocidade que estará no mesmo plano formado pelos vetores formula_154 e formula_155. Conclui-se assim que a trajetória do projétil estará sempre no plano vertical formado por formula_154 e formula_155. A única exceção a essa regra é quando formula_154 for vertical; nesse caso, formula_154 e formula_155 não formam um plano e a trajetória é uma reta vertical.
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Movimento dos Caifases
Movimento dos Caifases
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Municípios do Brasil
Municípios do Brasil
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Criciúma
Criciúma Criciúma é um município brasileiro situado no estado de Santa Catarina, Região Sul do país, na mesorregião do Sul Catarinense, microrregião de Criciúma. Segundo as estatísticas do IBGE de 2021, conta com habitantes, sendo a principal cidade da Região Metropolitana Carbonífera, que possui cerca de 600 mil habitantes, além de ser a cidade mais populosa do Sul Catarinense, a sétima maior população do estado de Santa Catarina e a 22ª da Região Sul do Brasil. Pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, Criciúma abriga mais de 252 mil cadastrados. Está entre os 100 municípios do Brasil com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado como de 0.788 em 2010, sendo o 76º município mais bem avaliado do país e o 14° mais bem avaliado de Santa Catarina naquele ano. A cidade é polo industrial em diversos setores, entre eles: confecção, embalagens, cerâmico, plástico e descartáveis, metalmecânico, extração do carvão mineral, construção civil e material gráfico. Com a sede em Criciúma, a Rede Angeloni é a maior rede de supermercados de Santa Catarina e a 14ª maior do país, segundo ranking da ABRAS possui 30 lojas espalhadas por Santa Catarina e Paraná, o maior hipermercado da rede está localizado em Florianópolis. Além de possuir três "shopping centers", no setor de serviços - saúde e educação - destaca-se com três hospitais, duas unidades de atendimento 24 horas, a Universidade do Extremo Sul Catarinense, Instituto Federal de Santa Catarina e outras sete faculdades. Conhecida por ser a capital brasileira do carvão e do revestimento cerâmico, no seu subsolo abriga uma das maiores reservas minerais do país. A Mina de Visitação Octávio Fontana permite uma visão da evolução histórica da riqueza extrativa da cidade. Colonizada por italianos, a cidade recebeu também poloneses, alemães, portugueses e árabes em diversas fases do seu desenvolvimento. Entre tantas festas populares que acontecem no Sul, uma delas é em Criciúma. Realizada há mais de 23 anos, a Festa das Etnias, que nas primeiras edições recebeu o nome de Quermesse por ser realizada na Praça Nereu Ramos, ao lado da Catedral São José, reúne todas as tradições étnicas da região e tem como principais objetivos promover as manifestações culturais e integrar os colonizadores de Criciúma, repassando assim sua história cultural. Etimologia. O município recebeu esta denominação por existir muito capim "Cresciuma" na região onde a cidade está assentada. "Criciuma" é o nome dado a um grande número de gramíneas dos gêneros Arundinaria e Chusquea, que pode ser encontrado na praça Nereu Ramos (centro da cidade). A "Criciuma asymmetrica" é aparentada com a "Chusquea ramosissima", um bambu de pequeno porte. História. Origens e povoamento. Domingos de Brito Peixoto, bandeirante paulista, era o fundador da povoação de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, em 1676. A cidade atualmente denominada Laguna era a "guarda de avanço" portuguesa na parte mais meridional do imenso Brasil Colônia. Dentre os demais objetivos, o mais importante era a vigilância dos movimentos hispânicos na Colônia de Sacramento e como que um suporte para povoar o Rio Grande do Sul, também sob disputa da Espanha. Como o movimento de Laguna em direção ao Sul se intensificava, há provas de que, já nos primeiros tempos do século XVIII, o território criciumense tenha sido atravessado, seguidas vezes, pela civilização humana. Mas, por muito tempo, o homem não indígena não se estabeleceu em suas terras. Criciúma somente foi colonizada em 6 de janeiro de 1880 por imigrantes que vieram do norte da Itália, majoritariamente da Lombardia, mas também de Trentino e Vêneto. A despeito das dificuldades iniciais, a colônia progrediu rapidamente. Em 1890, chegam na região imigrantes alemães e polacos (poloneses), que junto aos italianos, e também aos descendentes de portugueses oriundos da região de Laguna, contribuem de forma decisiva no desenvolvimento do município. Expansão econômica, formação administrativa e história recente. Em 1892, eleva-se à categoria de distrito de Araranguá. Em 1914, em coincidência com a Primeira Guerra Mundial, e, em parte por causa desta, mais um fator contribuiu para o seu desenvolvimento: a exploração do carvão de pedra, de tamanha importância na atualidade, fato que deu ao município o apelido de "Capital Brasileira do Carvão". Também as obras de implantação da Estrada de Ferro Donna Thereza Christina, nos últimos anos do século XIX, contribuíram grandemente para o seu progresso. Criou-se o município por meio da Lei nº 1516, de 4 de novembro de 1925, com território que se desmembrou de Araranguá, sendo instalado em 1 de janeiro do ano seguinte. A partir de 1947, a indústria cerâmica passa a desenvolver-se no município, assumindo papel de fundamental importância no contexto econômico da região, elevando Criciúma a um dos grandes polos produtores mundiais, sendo a cerâmica criciumense reconhecida pela sua qualidade. Suas principais atividades econômicas, além da exploração de carvão, são a indústria, a agricultura e a pecuária. Por esse motivo, Criciúma é um dos municípios com maior produto interno bruto, PIB per capita e índice de desenvolvimento humano de Santa Catarina. Sua área é de 235,6 km², pertencente à Mesorregião do Sul Catarinense. Tem um dos clubes de maior modernização de Santa Catarina: o Criciúma Clube, fundado em 5 de agosto de 1960, e visitado obrigatoriamente por pessoas de outros lugares. Em 7 de dezembro de 2000, resgatando suas origens, Criciúma tornou-se cidade-irmã de Vittorio Veneto, cidade italiana berço de muitos imigrantes que contribuíram para a fundação do município. Geografia. Localiza-se a uma latitude 28º40'39" Sul e a uma longitude 49º22'11" Oeste, estando a uma altitude média de 46 metros. Está circunscrito em uma área de 190,97 km². Relevo. Tendo seu território inserido na Depressão Carbonífera, cerca de 67% do município tem altitudes entre 25 e 100 m. As áreas mais baixas, pouco abaixo de 10m, estão no sudeste do município, ao longo do córrego Quarta Linha. Já as mais altas, encontram-se no norte e noroeste do município, culminando em um ponto pouco acima de 300m, próximo ao bairro Mina do Toco. Alguns de seus morros conhecidos são: o Morro Cechinel (popularmente conhecido por Morro da TV), o Morro Casagrande (popularmente conhecido por Morro do Céu), Morro da Cruz, Morro Mãe Luzia, Morro Albino e Morro Estevão. Clima. O clima de Criciúma é classificado como subtropical "Cfa", com chuvas regulares o ano todo. Geadas ocorrem em quase todos os invernos, principalmente nas regiões mais afastadas do centro, a frequência varia de ano para ano. A ocorrência de neve é praticamente nula, tendo sido registrada uma única vez no dia 31 de julho de 1955. A temperatura média anual da cidade é de 19,5 °C. No verão, as temperaturas facilmente ultrapassam os 30 °C, e ocasionalmente, chegam aos 40 °C. No inverno, as temperaturas mínimas facilmente caem abaixo dos 5 °C e, na maioria dos anos, abaixo de 0 °C. Em 12 de junho de 2016, segundo a estação meteorológica da Epagri, Criciúma registrou -1 °C. Esse mesmo valor foi alcançado em 30 de Julho de 2021. Bairros. Criciúma possui cerca de 180 bairros, que estão divididos em cinco regiões: Região Central: forte na área comercial pois as principais sedes de grandes supermercados se concentram aqui. Assim como lojas, faculdades e as maiores escolas estaduais. Grande Rio Maina: mais populosa região comercial com algumas fábricas e indústrias. Grande Próspera: a "região dos shoppings", também forte na área comercial e de services. Grande Quarta Linha: era há pouco tempo forte na agricultura; porém, a indústria vem crescendo nessa região e atualmente é praticamente um distrito industrial. Grande Santa Luzia e Pinheirinho: possui diversos supermercados, lojas e habitacionais. Seria onde boa parte da população trabalhadora vive. Nesta região também estão localizadas universidades e grandes escolas profissionalizantes. Economia. A cidade de Criciúma foi classificada em dezembro de 2002 pela revista Exame/Agência Simonsen Associados como a 42ª melhor cidade do Brasil para se fazer negócios (era a 37ª em 2001 e a 27ª em 1999/2000). Tal decorre do município ser polo internacional nos setores da indústria de plásticos e descartáveis, indústria química, metal-mecânica, confecção, cerâmica, colorifícios e extração mineral, além de importantes construtoras, transportadoras e as maiores redes supermercadistas de Santa Catarina. A cerâmica, extrativismo mineral, vestuário, a metal-mecânica e o plástico são os principais segmentos. A cerâmica tem dimensão internacional, competindo com a Itália e a Espanha no mercado mundial, com fabricantes de renome como Cecrisa e Eliane. A indústria de descartáveis plásticos é a mais importante do país, respondendo por cerca de 90% da produção nacional de copos, pratos e bandejas plásticas. O vestuário representa o terceiro polo de jeans do Brasil. A indústria metal-mecânica é a única de envergadura regional, porém pela preocupação que tem demonstrado com os programas de qualidade, tende a obter reconhecimento mais amplo. O comércio da região é fortemente concentrado em Criciúma, que detém 2.759 estabelecimentos comerciais, ocupando 18% da mão de obra empregada diretamente. Criciúma é um referencial de compras de produtos da região, especialmente do setor vestuarista. Possui 3 Shoppings Centers responsáveis pela diversificação do comércio, onde concentram-se marcas renomadas nacionais e internacionais. O Shopping Della localizado na praça Nereu Ramos é o mais antigo da cidade, e o 2º de Santa Catarina, possui mais de 50 lojas e 2 salas de cinema 3D. O Criciúma Shopping com 14 mil m² de ABL conta com mais de 100 lojas e 2 salas de cinema. O Nações Shopping com 38 mil m² de ABL e aproximadamente 100 mil m² de área construída, é o maior centro de compras da região e o 3º do estado, possui mais de 210 operações, 15 lojas âncoras e megalojas, 6 salas de cinema 3D e Vip. Transporte. Criciúma não é suprida por uma rodovia federal, senão tangencialmente pela rodovia BR-101 na região sul do município. Concernente a rodovias estaduais, todavia, é cortado ao centro pelas rodovias SC-443, SC-444, SC-445, SC-446, e quase ao centro pela SC-447. O seu mapa rodoviário, por causa disto, bem lembra um asterisco. Nenhuma das rodovias é duplicada, causando problemas de comunicação em virtude do forte tráfego. Com a duplicação da BR-101 Sul, atualmente Criciúma ganhou mais um novo acesso, do Centro x BR-101, por uma via expressa dando mais velocidade e agilidade para quem vem de fora da cidade. Transporte Coletivo Municipal Tem um sistema integrado de transporte municipal: - 63 linhas normais, e mais de 40 atendimentos; - 3 Terminais Integrados de Transporte Coletivo: TPRO (Terminal da Próspera - Zona Norte da Cidade), TPI (Terminal do Pinheirinho- Zona Sul da Cidade, TCE (Terminal Central - No centro do município). Está em projeto um terminal no distrito do Rio Maina (Zona Noroeste da Cidade); - 5 empresas operadoras: Auto Viação Critur, Expresso Coletivo Forquilhinha e Zelindo Trento & Cia Ltda. - ZTL. Transporte Coletivo Estadual/Interestadual O Terminal Rodoviário de Criciúma, funciona desde 1977, na Avenida Centenário. As empresas que operam atualmente são: Auto Viação Catarinense Ltda., Empresa Santo Anjo da Guarda Ltda., Reunidas S.A. Transportes Coletivos, Real Transporte e Turismo S.A., Empresa União de Transportes Ltda., Pluma Conforto e Turismo S.A., Empresa União Cascavel de Transporte e Turismo Ltda. – Eucatur, Viação Itapemirim, Unesul de Transportes Ltda., Empresa de Ônibus Nossa Senhora da Penha S.A., Expresso Coletivo Forquilhinha, Nevatur Transportes e Turismo, Empresa Auto Viação São José e Expresso Coletivo Içarense. Transporte Coletivo Intermunicipal Regional Nas cidades da região de Criciúma não há um sistema de transporte coletivo integrado, mas há mais de 30 Linhas da rodoviária de Criciúma para Bairros dos municípios da região. Malha ferroviária. O município é cruzado pela Ferrovia Tereza Cristina, que serve para o transporte do carvão das minas para a Termelétrica Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo. A obra foi concluída no sul do estado em 1884, com a extensão de 112 km, por meio de uma concessão obtida pelo Visconde de Barbacena. A ferrovia é uma importante opção logística para a região. Além do carvão mineral, principal produto transportado, são transportados pelos trilhos da FTC contêineres para o Porto de Imbituba. Os investimentos programados para o Porto, nos próximos anos, possibilitará maior diversidade nas cargas transportadas e beneficiará diretamente empresários, que ganharão maior competitividade de seus produtos no mercado, a população e o turismo, com a redução do tráfego de caminhões na BR-101. Atualmente em fase de captação de recursos há o projeto para a construção de um porto-seco, que aumentaria o poder logístico da ferrovia e a eficiência no transporte de cargas para o Porto de Imbituba. Há também o projeto para a interligação da Ferrovia Tereza Cristina com a malha ferroviária nacional, a tão sonhada Ferrovia Litorânea que ligará Imbituba a Araquari. Porto seco. Ainda em projeto, será implantado em Criciúma um porto seco, com o objetivo de centralizar o tráfego de veículos pesados para fora do centro da cidade. Denominado "Porto Seco - Cidade dos Transportes" será localizado na divisa com o município de Içara, na Rodovia Primeira Linha, com acesso à Ferrovia Tereza Cristina. Objetiva-se, ainda, a construção de um Terminal Intermodal de Cargas, que fará a documentação de exportação dos produtos com destino ao Porto de Imbituba, utilizando esta estrutura e escoando as mercadorias pela via férrea. Aeroporto. O aeroporto que supre o município de Criciúma é o Aeroporto Diomício Freitas, localizado no município de Forquilhinha. O aeroporto passou a ser administrado pela Infraero em março de 2006. A empresa firmou convênio com o Governo do Estado de Santa Catarina para prestação de serviços de administração, operação, exploração, manutenção e desenvolvimento da infraestrutura daquele terminal. Até então, o aeroporto estava sob administração do Governo Estadual. Localizado em área do município de Forquilhinha, nas proximidades das rodovias SC-443 e SC-446 que interligam a cidade de Criciúma com as cidades de Forquilhinha, Meleiro e outras cidades da região sul de Santa Catarina, e com a BR-101, o aeroporto funciona como agente facilitador do escoamento de cargas e de produtos perecíveis e do deslocamento de turistas de negócios, além de atender diversas aeronaves executivas dos empresários da região. O aeroporto Diomício Freitas operou voos regulares através da AZUL - Linhas Aéreas Brasileiras. O aeroporto Diomício Freitas também é um polo de voos executivos. Diversos empresários da região Sul de Santa Catarina possuem aeronaves de pequeno porte para facilitar seus deslocamentos para outras cidades. Incêndios ao paço municipal. No dia 27 de maio de 2015, por volta das 3h da madrugada, um incêndio atingiu o paço municipal, destruindo os setores de Divisão de Planejamento Físico e Territorial (DPFT), o setor de Tributos e parte da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana. Onze dias depois, por volta das 12h30, a prefeitura municipal foi atingida por um novo incêndio de maiores proporções que o anterior, em uma análise preliminar o segundo incêndio atingiu todo o Gabinete do Prefeito, Diretoria Executiva de Comunicação, Ouvidoria do Município, Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Diretoria de Informática e a Procuradoria do Município. Turismo. Conhecida nacionalmente pelo setor cerâmico, pela indústria da moda e vestuário, pelo setor de plásticos descartáveis e de tintas e vernizes, a cidade de Criciúma, no Sul de Santa Catarina, agora também se evidencia em um novo segmento: o do turismo, principalmente o de negócios. O município também se destaca no turismo de eventos. Recentemente, duas feiras consideradas as maiores de seus segmentos no Sul de Santa Catarina, a CasaPronta e Agroponte, ocorreram na cidade. Criciúma é conhecida também por ser a cidade dos parques, com o Parque das Nações Cincinato Naspolini, na região da Próspera que tem ainda a praça da Chaminé, Parque dos Imigrantes, no Rio Maina, e Parque Municipal Prefeito Altair Guidi, no bairro São Luiz. Inaugurado 06 (seis) de janeiro de 2023, na celebração do aniversário de 143 anos de Criciúma, o Parque Astronômico conta com um planetário, quatro telescópios, centro de informações e estruturas como um relógio de sol e uma espera armilar, além de um monumento para o bicentenário de criciúma, em 2080. O parque leva o nome de Albert Einstein junto com sua equação mais famosa, E=mc², muito relevante para a física e astronomia. O município conta ainda com o Museu Augusto Casagrande, o Memorial Casa do Agente Ferroviário, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, o Parque Ecológico Municipal José Milanese, e a Mina de Visitação Octávio Fontana, que possibilita uma viagem pela história da extração do carvão mineral. Além de praças, como a Praça do Congresso no centro da cidade, possui muitas galerias e exposições, e outros equipamentos. Criciúma também cresce ainda mais no turismo cultural com a construção do Mirante Realdo Santos Guglielmi, localizado no Morro Cechinel, de mais de 30 metros e que vai permitir uma visão 360° da cidade, além do Parque Municipal da Santa Luzia. Cultura. Academia Criciumense de Letras. A Academia Criciumense de Letras foi criada no dia 14 de novembro de 1997, em solenidade realizada no Teatro Elias Angeloni, com a presença de vinte e cinco acadêmicos. Localiza-se no Centro Cultural Jorge Zanatta. Hoje, consolidada na cultura regional, é responsável pela organização do maior concurso literário de Santa Catarina: o Concurso Literário da Academia Criciumense de Letras. Desde 1998 a academia publica anualmente sua revista acadêmica, contendo as obras vencedoras de seu concurso literário, além de trabalhos escritos pelos próprios acadêmicos. Teatro Municipal Elias Angeloni. O Teatro Municipal Elias Angeloni é a maior sala de espetáculos do sul do Estado de Santa Catarina, com capacidade para 728 pessoas. Localiza-se no Parque Centenário, Bairro: São Luiz, no município de Criciúma. É palco de grandes eventos, como: peças teatrais; espetáculos musicais e de Dança, palestras e congressos nacionais, regionais e locais; formaturas; festivais de danças, stand up comedy nacionais e regionais, festivais de corais nacionais e internacionais, entre eles: o "Festival Internacional de Corais de Criciúma", com a presença de coros das diversas regiões do Brasil e do mundo. O Teatro Municipal Elias Angeloni recebe também concertos, lançamentos de CD, DVD e livros e eventos corporativos. Ao longo de sua história, já se apresentaram diversos artistas no palco do Teatro Municipal Elias Angeloni, em Criciúma. Ocorreram apresentações com os humoristas: Maurício Meirelles, Marco Luque, Paulinho Gogó, Paulinho Mixaria e Marcelo Marrom. Também tiveram peças teatrais, como Os Melhores do Mundo, Baixa Terapia com o ator Antônio Fagundes, além de peças infantis como A Bela e A Fera e Frozen. Ocorreram também diversas palestras com palestrantes renomados como Caco Barcellos, Drauzio Varella e Sônia Bridi. No Teatro Municipal Elias Angeloni acontecem uma diversidade de shows musicais, entre os que já aconteceram citam-se: Tiago Iorc, Ivan Lins, Oswaldo Montenegro, Luiza Possi e o lançamento do DVD de Leandro Borges. Localizado no Parque Centenário, no Centro Cultural Santos Guglielmi, o Teatro Municipal Elias Angeloni apresenta dois andares de platéia e um hall de entrada. Com um grande palco e é utilizado para finalidades culturais, artísticas e educacionais. A programação do Teatro Municipal Elias Angeloni está disponível para o público na página do Facebook (Teatro Elias Angeloni), no Instagram (teatroeliasangelonie) e no site da Fundação Cultural de Criciúma. Centro Cultural Jorge Zanatta. Foi construído em 1945, a fim de abrigar o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Durante a ditadura militar serviu como um pequeno presídio para as pessoas que eram acusadas de comunistas no município. Anos depois tornou-se sede do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Hoje, sob a administração da Fundação Cultural de Criciúma, o prédio abriga a Academia Criciumense de Letras, pinacoteca, galeria de arte, além de oficinas culturais que são oferecidas à população, como aulas de teatro, piano, violão, entre outros. Apesar de não ter grandes belezas naturais, Criciúma possui um acervo de atrações turísticas que exploram os valores histórico-culturais do município. Um exemplo é o Museu de Colonização Augusto Casagrande, inaugurado em 1980, em comemoração ao centenário de Criciúma. Funciona num antigo sobrado tipicamente italiano, no centro da cidade. Seu acervo compõe-se de fotografias, documentos, móveis, utensílios domésticos e ferramentas de trabalho utilizadas pelos imigrantes italianos no século XIX e início do século XX. Catedral São José. A Catedral São José é outro ponto turístico, localizada na Praça Nereu Ramos, coração do município. Sua construção foi iniciada em 1907 e sua inauguraçãocorreu dez anos depois, em 1917. Sua arquitetura seque o estilo romano gótico, com traços simples e funcionais. A nave da igreja é dividida por um conjunto uniforme de colunas. Atualmente, em comemoração ao seu centenário, a catedral está sendo ampliada e revitalizada. As igrejas de Nossa Senhora da Salete e de São Paulo Apóstolo, com suas arquiteturas arrojadas e imponentes, também são importantes atrações do município. Criciúma é a único município do país a ter uma mina aberta à visitação pública. A Mina Modelo Caetano Sônego é uma antiga mina de carvão situada a poucos minutos do centro do município. Já para quem procura estar mais próximo à natureza, uma boa opção é o Centro de Educação Ambiental, localizado no Morro do Céu. Lá o visitante pode aprender sobre educação ambiental e aventurar-se por longas trilhas, em meio a um trecho de Mata Atlântica preservada. Feira do Livro. Coordenado pela Fundação Cultural de Criciúma (FCC) e com apoio da Academia Criciumense de Letras e do Centro de Atendimento à Literatura e Língua Portuguesa (CALP), a Feira do Livro de Criciúma acontece no mês de agosto na Praça Nereu Ramos, centro da cidade, onde são expostas, divulgadas e comercializadas as mais diversas obras literárias, tendo a duração de uma semana. Durante o evento temos diversos palestrantes, sessão de autógrafos dos escritores locais, shows de corais, exposição de pinturas e apresentações teatrais. A criação da logomarca da Feira do Livro se deu no seu segundo evento, em 6 de agosto de 2007, através de um concurso público promovido pela FCC, em que teve como vencedor o projeto apresentado pelo designer gráfico Drayton Ignacio da Silva Junior. Trata-se da representação figurativa em que duas mãos seguram um livro aberto, com a inscrição do símbolo da cidade em sua parte frontal. Museu de Zoologia "Profª Morgana Cirimbelli Gaidzinski" da Unesc. O Museu de Zoologia “Profª Morgana Cirimbelli Gaidzinski” da Universidade do Extremo Sul Catarinense- Unesc, foi fundado no dia 26 de setembro de 2002, em parceria com o 10º Pelotão da Guarnição Especial de Polícia Militar Ambiental e com o apoio da Fundação de Ciência e Tecnologia- Funcitec. O acervo do museu foi se constituindo a partir do ano de 1993, no curso de Ciências, por meio da disciplina de Zoologia que era ministrada pela professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski, idealizadora e fundadora do Museu de Zoologia. Foi criado com o objetivo de ser um centro de referência na pesquisa científica, na educação ambiental e no turismo cultural, e constitui-se em um espaço interdisciplinar que tem o compromisso de desenvolver ações de extensão junto à comunidade. Festa das Etnias. A Festa das Etnias é um evento da cidade de Criciúma, no estado de Santa Catarina. Esse evento mantém as tradições étnicas e tem como principais objetivos promover as manifestações culturais e integrar os colonizadores de Criciúma e região, repassando assim sua história e tradições. A festa ajuda a movimentar o turismo no sul catarinense e tem expectativa de 100 mil visitantes. Futebol. O futebol criciumense é representando pelo Criciúma Esporte Clube. O Criciúma, apelidado de Tigre, seu mascote, é o clube que mais contabiliza títulos nacionais no futebol catarinense, com a Copa do Brasil em 1991 de forma invicta (o que lhe garantiu participação na Copa Libertadores da América de 1992, ficando em 5º lugar na mesma), o Campeonato Brasileiro de Futebol - Série B em 2002, o Campeonato Brasileiro de Futebol - Série C em 2006 e agora em 2012 com o vice campeonato da Série B volta a elite do futebol brasileiro. Sendo classificado como 30º melhor clube do Brasil no Ranking da CBF (melhor de Santa Catarina). Outros clubes da cidade são o Esporte Clube Próspera e o Esporte Clube Metropol.
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Caraíta
Caraíta
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Curitiba
Curitiba Curitiba é um município brasileiro, capital do estado do Paraná, localizado a 934 metros de altitude no Primeiro Planalto Paranaense, a mais de 110 quilômetros do Oceano Atlântico, distante a sul de Brasília, capital federal. Com habitantes, é o município mais populoso do Paraná e da região Sul, além de ser o 8.º do país, segundo Censo Demográfico realizado pelo IBGE para 2022. Fundado em 1693, a partir de um pequeno povoado bandeirante, Curitiba tornou-se uma importante parada comercial com a abertura da estrada tropeira entre Sorocaba e Viamão, vindo, em 1853, a ser a capital da recém-emancipada Província do Paraná. Desde então, a cidade, conhecida pelas suas ruas largas, manteve um ritmo de crescimento urbano fortalecido pela chegada de diversos imigrantes europeus ao longo do século XIX, na maioria, alemães, poloneses, ucranianos e italianos, que contribuíram para a atual diversidade cultural. Curitiba experimentou diversos planos urbanísticos e legislações que visavam controlar seu crescimento, que a levaram a ficar famosa internacionalmente pelas suas inovações urbanísticas e cuidado com o meio ambiente. A maior delas foi no transporte público, cujo sistema inspirou o TransMilenio, implantado em Bogotá, na Colômbia. Também conta com elevada posição nos indicadores de educação, a menor taxa de analfabetismo e a melhor qualidade no ensino básico entre as capitais. O Índice Mastercard de Mercados Emergentes 2008, criado com a intenção de avaliar e comparar o desempenho das cidades em diferentes funções que interligam os negócios e o comércio no mundo inteiro, posicionou-a como a 49.ª com maior influência global. Curitiba foi classificada pelo Índice Verde de Cidades de 2015, realizado pela Siemens com a Economist Intelligence Unit, como a mais ambientalmente sustentável da América Latina. Também foi considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) uma das “cidades criativas” do Brasil em 2014, ao lado de Florianópolis. Em 2009, em pesquisa publicada pela revista "Forbes", Curitiba foi citada como a terceira cidade mais sagaz do mundo, que considera esperta a urbe que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo econômico. Curitiba recebeu a classificação de cidade global gama- por parte do "Globalization and World Cities Study Group & Network" (GaWC). Entretanto, alguns problemas socioeconômicos persistem, em 2016 a capital paranaense foi classificada no 44.º lugar entre as 50 cidades com as maiores taxas de homicídio do mundo. Topônimo. A etimologia do topônimo "Curitiba" é complicada e sofre mudanças segundo vários autores. Conforme Antenor Nascentes, é vocábulo de procedência língua tupi “"Ku’ri"”, que significa “pinheiro” + “"tuba"”, um sufixo coletivo que tem como significado “pinho, pinhal”. Ex-“"Curituba"”, na grafia oficial com “o” na primeira sílaba, permanecendo a ortografia “"Corituba"”, que ocorre como “"curé”", significando “pinhão” + “"tyba"”, que significa “muito” ou “"coré"” + “"tyba"”, cujo significado ao todo é “pinheirame”. Os dicionários de Antônio Gonçalves Dias, Orlando Bordoni, Luís Caldas Tibiriçá, Silveira Bueno e Teodoro Sampaio mostram uma versão praticamente igual, com algumas modificações: “"curi-tyba"” que significa “muitos pinheiros, pinheiral”. O pesquisador Mário Arnaud Sampaio ensina que a palavra procede da língua guarani pura, “"Kuri’yty"”, corruptela de “"Kuri’yndy"” significando “pinheiral”. O presidente do estado do Paraná, Afonso Alves de Camargo estabeleceu oficialmente a atual ortografia, Curitiba, por intermédio de Decreto-Lei, promulgado em 1919, pois, até então o topônimo da cidade era grafado de ambas as formas: “"Curityba"” e “"Corityba"”, étimos diferenciados. A denominação dos habitantes naturais do município é "curitibanos", topônimo de uma cidade homônima localizada no estado vizinho de Santa Catarina, fundada por moradores de Curitiba. Curitiba reúne determinados apelidos no decorrer de seu passado, sendo um dos mais famosos o de "Cidade Sorriso". Conforme o que se diz, essa alcunha surgiu num documento ufanista como tentativa de reversão da famosa antipatia sofrida pelo povo da cidade. Outro título dado ao município foi o de "Capital Ecológica", em função das políticas dirigidas para a sustentabilidade. História. Período colonial. Os primórdios do atual município de Curitiba remontam ao século XVII, quando o caminho de Queretiba foi percorrido pelos bandeirantes, que chegavam à procura de ouro fora da Serra do Mar, por intermédio de Paranaguá. Eleodoro Ébanos Pereira liderou a primeira expedição oficial que coordenou os serviços de extração de minas de ouro nos Distritos do Sul (inclusive Curitiba). Os primeiros nomes que surgem na história de Curitiba, após Ébano Pereira, são os de Baltasar Carrasco dos Reis e Mateus Martins Leme. Entretanto, conforme o historiador Romário Martins: Após superar as peripécias de cruzar a serra, os portugueses se estabeleciam na povoação chamada Vilinha, em conformidade com registros deixados por historiadores. Em 1668, um pelourinho foi erguido por Gabriel de Lara, chamado "o povoador", no povoado de "Nossa Senhora da Luz dos Pinhais". Um grupo integrado por dezessete povoadores assistiu ao erguimento do pelourinho. Este foi o marco inicial da história de Curitiba. No entanto, Gabriel de Lara não é descrito como o criador da vila da Curitiba, sendo que o episódio é atribuído a Eleodoro Ébano Pereira por determinados historiógrafos. Posteriormente, sem achar o ouro que queriam, andaram para frente e se fixaram onde atualmente se encontram a praça Tiradentes e o Centro Histórico de Curitiba. A Vilinha, povoação à beira dos rios Atuba e Bacacheri, e nas comunidades indígenas se localizavam as origens dos atuais bairros do Bairro Alto e do Atuba. Existe uma lenda sobre a fundação de Curitiba, narrada por vários historiadores, com a qual estão relacionados os grupos de primeiros colonizadores, constituídos pelas famílias Seixas, Soares e Andrade. Esses bandeirantes, em tempo desconhecido, teriam chamado o cacique dos Campos de Tindiquera, às barrancas do rio Iguaçu, para indicar o lugar mais adequado para a implantação decisiva do povoado. O cacique, na frente de um grupo de habitantes, levou na mão uma enorme vara. Depois de suas longas andanças, palmilhando enorme superfície de campos, fixou essa vara no solo e falou: “Aqui”, e neste local construiu-se uma pequena capela, erguida de pau-a-pique, no mesmo lugar onde hoje se situa a igreja matriz de Curitiba, sendo sucedida por outra, de pedra e barro, a qual atendeu a comunidade entre 1714 e 1866, quando foi construída a Catedral Metropolitana. Em 29 de março de 1693, o povoado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba foi promovida à condição de Vila. Naquela época, em harmonia com Romário Martins, além de Mateus Martins Leme e Carrasco dos Reis, moradores do Barigui, na época povoavam a vila: Não há exatamente uma data precisa da criação do núcleo Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, depois Curitiba. No entanto, se considerarmos os relatos do Dr. Rafael Pires Pardinho, ouvidor-geral da vila, em 1721, é aceito o ano de 1661 como oficial. Além do extrativismo mineral, apareceram a pecuária nos campos e a agricultura de subsistência (para a subsistência dos próprios agricultores) nas áreas florestais. Curitiba se encontrava no ponto de contato de mineradores com pecuaristas. Apesar de tudo isso, a mineração não se expandiu por largo tempo e os mineradores se dirigiram para Minas Gerais durante o final do século XVII. No século XVIII, a pecuária e o comércio bovino favoreceram o estabelecimento dos povoadores e o progresso da região. A vila se encontrava no caminho do gado, construído em 1730, do Rio Grande do Sul até Minas Gerais, para comercializar bovinos e muares. Com a abertura de uma nova estrada, a qual não atravessava mais seus campos, a vila, durante certa época, permaneceu isolada. Período imperial. Curitiba foi elevada à categoria de sede de comarca por intermédio de alvará Imperial, de 19 de dezembro de 1812, e promovida à condição de cidade pela lei da província de São Paulo n.º 5 de 5 de fevereiro de 1842. Pela Lei Imperial n.º 704, de 29 de agosto de 1853, Curitiba foi designada capital da recém-estabelecida província do Paraná, desmembrada da de São Paulo. Pelo empenho e esforço na emancipação política do Paraná, várias pessoas haviam deixado seu nome nos anais da história. Em 1853, a Câmara Municipal, que operava perto do pátio da matriz, possuindo a seguinte formação: Benedito Enéas de Paula, Fidélis da Silva Carrão, Manuel José da Silva Bittencourt, Floriano Berlintes de Castro, Francisco de Paula Guimarães, Inácio José de Morais, Francisco Borges de Macedo, Antônio Ricardo Lustosa de Andrade, tendo na presidência o coronel Manuel Antonio Ferreira. Em 1820, já denominada na época de "Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba", dispunha de 220 casas. No entanto, o começo da extração e da comercialização da erva-mate e a madeira impulsionou novamente seu crescimento. Vinte e dois anos depois já contava com 5 819 habitantes. Em 1854 já era a capital da recém-criada província do Paraná. Em 1820, Curitiba também foi visitada pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que ficou encantado com a cidade, e certas partes de seus apontamentos afirmam o seguinte: Esta descrição reflete o caráter do povo curitibano de 1820, que originou a Curitiba do fim do século XX. Da Curitiba do Ligeirinho, da Ópera de Arame, da Rua das Flores e da Rua 24 Horas. Na época, a colonização, por intermédio da imigração europeia, especialmente italiana e polonesa, foi estimulada pelo governo da província. Foram criados, desde 1867, 35 núcleos coloniais nas terras de floresta ombrófila mista na periferia dos campos de Curitiba. A cidade experimentou um novo surto progressista. Expandiu-se a agricultura e começou a industrialização. Por meio do movimento imigratório, iniciado no Paraná, que então pertencia à Província de São Paulo, em 1829, Curitiba acolheu, por vários lados, multidões de famílias, em muitas épocas e das mais diversas origens como alemães, italianos, poloneses e ucranianos, sendo também objeto de migração voluntária de povos como paulistas, gaúchos, catarinenses, mineiros e fluminenses. Tudo isso exerceu influência na composição social, infraestrutural, artística e econômica, ao longo do tempo. Em 2 de fevereiro de 1885 inaugurou-se a Estrada de Ferro Curitiba Paranaguá, impulsionando o desenvolvimento de Curitiba, que passava, a partir desta data, a ter uma ligação rápida e moderna com o Porto de Paranaguá. Assim a ferrovia podia escoar mais eficientemente seu principal produto de exportação, a erva-mate. Período republicano. Em 1894, devido à Revolução Federalista, as tropas revolucionárias, lideradas por Gumercindo Saraiva, invadiram e dominaram Curitiba. Naquela época, toda a cúpula governamental, chefiada pelo governador em exercício, Dr. Vicente Machado, deixou a capital paranaense, encontrando refúgio em Castro durante três meses, de 18 de janeiro a 18 de abril, somente voltando para Curitiba, depois do término do cerco. Um dos acontecimentos mais importantes da história de Curitiba ocorreu em 19 de dezembro de 1912, com a criação da Universidade Federal do Paraná, planejada e concretizada por Victor Ferreira do Amaral, Nilo Cairo e Pamphilo de Assumpção. Depois de implantada a república no Brasil, o primeiro prefeito de Curitiba foi Cândido Ferreira de Abreu (maio de 1893 a dezembro de 1894). Em 1911, o município era constituído somente pelo distrito sede; já em 1929 o território municipal se subdividia em seis distritos de paz. Eram eles: Campo Magro, Nova Polônia, Portão, São Casimiro do Taboão, Santa Felicidade e o distrito da Sede. Segundo a Divisão Territorial de 1936, a comarca de Curitiba abrangia três termos: o da sede (Piraquara, Rio Branco e Tamandaré), também o de Araucária e ainda o de Colombo, (Bocaiuva e Campina Grande). A Lei Estadual n.º 1452, de 14 de dezembro de 1953, determinou a nova divisão judiciária do município, com a criação de dez Distritos Judiciários, que eram: Sede, Portão, Taboão, Barreirinha, Boqueirão, Cajuru, Campo Comprido, Santa Felicidade, Umbará e Tatuquara. No século XX, depois da Segunda Guerra Mundial, a cidade progrediu, maiormente, em função do crescimento da cafeicultura, no norte do Paraná, e do estímulo da agricultura, mormente no oeste do estado. Curitiba foi capital da república entre os dias 24 e 27 de março de 1969, na época em que vigorava a ditadura militar, por questão propagandí­stica, visto que a cidade era uma das capitais brasileiras que não fizeram oposição ao regime. Desde 1972, Curitiba está elaborando um plano de humanização, começado pelo então prefeito Jaime Lerner. Dessa forma, não somente estão mudando as características de seu centro, como também o comportamento da população em aperfeiçoar sua qualidade de vida. Em 1989, Lerner, que se elegeu em 1988, foi novamente empossado na prefeitura de Curitiba. Geografia. Curitiba está localizada na região Sul do Brasil, no leste do estado do Paraná, sobre a unidade geomorfológica denominada Primeiro Planalto Paranaense, especificamente na sua parte menos ondulada. É a capital da sexta unidade federativa mais populosa do Brasil. A área do município, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é de , sendo que constituem a zona urbana. Situa-se a 25° 25′ 40″ de latitude sul e 49° 16′ 23″ de longitude oeste e está a uma distância de a S da capital federal. Tem uma extensão norte-sul de 35 km e leste-oeste de 20 km e seus municípios limítrofes são: Almirante Tamandaré e Colombo (N); Pinhais e São José dos Pinhais (L); Fazenda Rio Grande (S); e Campo Magro, Campo Largo e Araucária (O). De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE, o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Curitiba. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Curitiba, que por sua vez estava incluída na mesorregião Metropolitana de Curitiba. Relevo. O município tem uma altitude média do município é de acima do nível do mar, sendo que a altitude máxima se encontra ao norte, equivalendo à cota de , no bairro Lamenha Pequena, concedendo-lhe uma aparência topográfica razoavelmente montanhosa constituída por declividades mais destacadas, por estarem próximas à Serra de Açungui. O ponto mais baixo se localiza no bairro do Caximba, às margens do rio Iguaçu, com altitude de . Uma abundância de terrenos em forma de escada são organizados em compartimentos altimétricos, classificando Curitiba com uma topografia ondulada, de morros levemente redondos, concedendo-lhe uma aparência relativamente média. Em torno da cidade estão os sedimentos da formação Guabirotuba, os quais surgiram no Quaternário Antigo ou Pleistoceno, os quais ocuparam uma desativada e enorme depressão, constituindo a bacia de Curitiba. O município está situado no Primeiro Planalto Paranaense, que Reinhard Maack descreveu (1981) como “uma zona de eversão da Serra do Mar até a Escarpa Devoniana”, apresentando um plano de erosão recente sobre um desativado tronco de dobras. Separando Curitiba do litoral paranaense está presente a Serra do Mar, que pode ser vista da cidade em dias claros. Hidrografia. Curitiba está na bacia hidrográfica do Iguaçu, localizado à margem direita e a leste da maior do rio Paraná. Os mais importantes rios que formam seis bacias hidrográficas do território municipal são, além do Iguaçu, Atuba, Belém, Barigui, Passaúna, e o ribeirão dos Padilhas, todas com aspectos similares de drenagem. A mais extensa bacia hidrográfica de Curitiba é a do rio Barigui, que atravessa o município de norte a sul e cobre da área da municipalidade. Ao sul, tem-se a menos extensa bacia hidrográfica de Curitiba, a do ribeirão dos Padilhas, com . Como o relevo de Curitiba é predominantemente mais alto ao norte do município, seis bacias hidrográficas, em sua totalidade, descem em direção ao sul da municipalidade, indo desaguar no rio Iguaçu, o mais importante de Curitiba, que, por seu turno, deságua no Paraná, no extremo oeste do estado. Devido a algumas peculiaridades, as chuvas habitualmente causam enchentes significativas nos rios de Curitiba, provocando a regularidade das cheias, o que preocupa constantemente a população e a administração pública. Hoje em dia, depois de muitos estudos a respeito dos cursos de água locais, os rios, em sua quase totalidade, estão sendo canalizados. Clima. Curitiba tem um clima subtropical de altitude com precipitação uniforme ("Cfb" de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger), com temperaturas médias abaixo de nos meses de inverno, caindo por vezes para perto de , em dias mais frios. Por outro lado, o clima local também é influenciado pelas massas de ar seco que dominam o centro-sul do Brasil, trazendo tempo frio e sem chuva em especial no inverno, quando a ocorrência de geadas é comum. As precipitações são abundantes durante o ano todo, sem a ocorrência de uma estação seca. Muitas vezes, frentes frias vindas da Antártida e da Argentina trazem tempestades tropicais no verão e ventos frios no inverno durante todo o ano. A ocorrência de neve e outras modalidades de precipitações hibernais, como a chuva congelada, é registrada em média uma vez a cada dez anos, podendo ocorrer mais de uma década sem registro e mais de um em uma mesma década, sendo, portanto, fenômenos de frequência irregular. Oficialmente, a neve em maior ou menor intensidade foi registrada nos anos de 1889, 1892, 1912, 1928 (dois dias), 1943, 1955, 1957, 1963, 1975, 1979, 1981 (neve granular em pontos isolados, relatados na mídia impressa local), 2013, e 2020. A nevada de 17 de julho de 1975, que durou mais de três horas, foi uma das mais intensas e deixou a cidade coberta de neve. Há também registros não oficiais de ocorrência do fenômeno, em fraca intensidade, nos anos de 1905, 1933,1955, 1965, 1983 e em 1988. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1931 a menor temperatura registrada em Curitiba foi de em 2 de setembro de 1972 e a maior atingiu em 2 de outubro de 2020, superando o recorde de 17 de novembro de 1985, quando a máxima foi de . O maior acumulado de precipitação registrado em 24 horas foi de milímetros (mm) em 22 de fevereiro de 1999, seguido pelos em 21 de junho de 2013. Desde janeiro de 2003, a maior rajada de vento alcançou () em 30 de junho de 2020 e o menor índice de umidade relativa do ar foi de 12% em cinco ocasiões, a mais recente em 14 de agosto de 2018. Ecologia e meio ambiente. Curitiba situa-se no ecossistema chamado floresta ombrófila mista, formada por campos e árvores que se entremeiam de capões de florestas com araucária, além de demais formações, como várzeas e matas ciliares. Na vegetação original ainda existem remanescentes da "Araucaria angustifolia", as quais sobreviveram à civilização atual. As araucárias estão em bosques particulares e públicos, agora protegidas pela legislação ambiental que impede a sua derrubada. A vegetação da cidade também é caracterizada pela existência de uma enorme quantidade de ipês-roxos e amarelos. O município está localizado em domínio da Mata Atlântica, um dos biomas mais devastados do Brasil. Entretanto, a cidade ainda consegue manter uma imensa quantidade de áreas verdes em seu território para uma metrópole, tendo de área verde por habitante, menor somente que a de Goiânia, que possui e está em segundo lugar no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas, Curitiba possui um índice cinco vezes maior de área verde por habitante que o mínimo recomendável, que é de . Tais áreas são compostas, fundamentalmente, por parques e bosques municipais, a proteger parte das matas ciliares de rios locais, como o rio Barigui e o Iguaçu. Há também na cidade diversas praças e logradouros públicos, associados a vias públicas habitualmente bem arborizadas. No ano de 2007 a cidade ocupou o terceiro lugar numa lista das “15 Cidades Verdes” do mundo, de acordo com o sítio estadunidense Grist. Dentre bosques e parques, Curitiba conta com cerca de 30 áreas verdes, cabendo ser ressaltado o Parque Barigui, que foi criado em 1972 como uma grande área verde na região oeste da cidade para proteger a bacia do rio Barigui. Outros locais famosos são o Bosque do Papa, que abriga casas tipicamente polonesas e foi construído para a visita de João Paulo II em 1980; o Jardim Botânico, que é considerado um dos cartões postais da cidade e possui uma estufa com plantas raras no seu interior. Além disso, pode ser citado o Passeio Público, primeiro parque municipal, que foi criado em 1886 e até hoje vem abrigando um pequeno zoológico. O pinheiro-do-paraná é a árvore típica e símbolo de Curitiba. O nome "Kurí'ýtýba" vem do tupi e quer dizer “pinheiral”, ou seja, local onde tem muitos pinheiros. Embora com o crescimento da cidade muitas árvores tenham sido derrubadas, hoje há determinadas espécies que estão protegidas por lei ambiental que proíbe o corte em qualquer lugar da urbe. Outra espécie de árvore que faz parte do cenário curitibano é o ipê — amarelo e roxo — que está presente em praças e ruas da cidade. No parque linear que está sendo construído ao longo da Linha Verde estão sendo plantadas árvores nativas de Curitiba como o pinheiro-bravo e o dedaleiro. Demografia. Em 2010, a população do município foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em habitantes, sendo o mais populoso do Paraná e da Região Sul do Brasil e o oitavo do país, apresentando uma densidade populacional de pessoas por quilômetro quadrado. Segundo o censo daquele ano, moradores eram homens e habitantes mulheres e todos viviam na zona urbana, não havendo população rural pois o plano diretor da cidade extinguiu a Zona Rural de Curitiba em 2000. Já segundo estatísticas divulgadas em 2014, a população municipal era de habitantes. Da população total em 2010, habitantes (20,01%) tinham menos de 15 anos, pessoas (72,44%) tinham de 15 a 64 e moradores (7,54%) possuíam mais de 65, sendo que a esperança de vida ao nascer era de 76,30. A taxa de fecundidade total por mulher era de 1,6. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Curitiba é considerado muito alto pelo PNUD, sendo que seu valor é de 0,856 (o décimo maior do Brasil). Considerando-se apenas o índice de educação o valor é de 0,768, o do de longevidade é de 0,855 e o de renda é de 0,850. De 2000 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo reduziu em 65,3% e em 2010, 97,7% da população vivia acima da linha de pobreza, 1,3% encontrava-se nessa situação e 1,0% estava abaixo. O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, era de 0,565, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor. A participação dos 20% da população mais rica da cidade no rendimento total municipal era de 60,6%, ou seja, 17,1 vezes superior à dos 20% mais pobres, que era de 3,5%. Região metropolitana. O processo de conurbação atualmente em curso na chamada "Grande Curitiba" vem criando uma metrópole cujo centro está em Curitiba. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi criada no ano de 1973 e atualmente é constituída por 29 municípios, sendo a nona aglomeração urbana mais populosa do Brasil, com habitantes, ou 1,68% da população brasileira, e a quinta maior em quantidade de cidades englobadas. Povoamento. O povoamento de Curitiba teve início no século XVII, no momento que aí foram encontradas jazidas de ouro na região. No século XVIII, com o desaparecimento das minas, esta extração foi para a Capitania de Minas Gerais, conduzindo muitos moradores. No entanto, a pecuária e o comércio de bovinos estabeleceram um boa parte de seus habitantes. Até o século XVIII, a população de Curitiba era composta de indígenas, negros, pardos, portugueses e espanhóis. A cidade recebeu imigrantes principalmente, alemães, italianos, poloneses, ucranianos, japoneses e sírio-libaneses, durante os séculos XIX e XX. No século XIX, começou a imigração europeia na região. Desde 1833, vieram os alemães; em 1872, os italianos; os poloneses em 1871 e os ucranianos em 1895. Em 1872, estimava-se uma população de 12 651 habitantes; em 1876, havia vinte colônias agrícolas constituídas por várias etnias. Já no século XX, chegaram os japoneses e os árabes, que se dedicavam especialmente à agricultura e ao comércio. Desde então, se expandiu o crescimento demográfico: em 1890, Curitiba dispunha de 24 553 pessoas; em 1900, 49 755; em 1920, 78 986; em 1940, 140 656; em 1950, 180 575. Hoje em dia, a crescente população de Curitiba aumenta por intervenção de migrantes paulistas, catarinenses, gaúchos, mineiros e fluminenses que chegaram à cidade. Em 1960, moravam em Curitiba 344 560 pessoas, crescendo o número para 483 038 em 1970. Em 1980, Curitiba já abrigava 843 733 pessoas na cidade e 1 025 979 no município. No ano de 1985, viviam 1 285 027 pessoas no município. Composição étnica. Em 2010, segundo dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística daquele ano, a população curitibana era composta por brancos (78,77%); pardos (16,90%); pretos (2,82%); amarelos (1,36%); indígenas (0,14%); além dos 126 sem declaração (0,01%). No mesmo ano, habitantes eram brasileiros (99,88%), sendo natos (99,82%) e naturalizados nacionais (0,24%), e eram estrangeiros (0,51%). Em relação aos indígenas brasileiros, Curitiba possui uma aldeia urbana indígena "Kakané Porã" localizada no Campo de Santana. A aldeia é formada por 35 famílias com 139 pessoas de três diferentes etnias: guaranis, xetás e caingangues. Considerando-se a região de nascimento, eram nascidos no Sul (88,33%), no Sudeste (7,42%), no Nordeste (1,65%), no Centro-Oeste (0,78%) e no Norte (0,39%). habitantes eram naturais do estado do Paraná (81,49%) e, desse total, eram nascidos em Curitiba (56,92%). Entre os naturais de outras unidades da federação, São Paulo era o estado com maior presença, com pessoas (5,07%), seguido por Santa Catarina, com residentes (4,51%), e pelo Rio Grande do Sul, com moradores no município (2,33%). Imigração. No século XIX, o afluxo de imigrantes da Europa aumentou. Em 1828, os primeiros imigrantes alemães situaram-se no Paraná. No entanto, um grande número de imigrantes provenientes da Alemanha, apenas para Curitiba, chegou durante a década de 1870, vindo a maioria deles de Santa Catarina ou alemães do Volga da Rússia. Os imigrantes chegaram da Polônia em 1871, fixando-se em colônias rurais próximas a Curitiba. Eles influenciaram largamente a agricultura da região. Curitiba tem a segunda maior diáspora polonesa no mundo, perdendo apenas para Chicago. O Memorial da Imigração Polonesa foi inaugurado em 13 de dezembro de 1980, após a visita do Papa João Paulo II na cidade em junho do mesmo ano. Sua área é de 46 mil metros quadrados, onde havia uma fábrica de velas. Italianos imigrantes começaram a chegar no Brasil em 1875 e em Curitiba em 1878. Eles vieram na maior parte das regiões de Vêneto e Trento, no norte da Itália, e se estabeleceram principalmente no bairro de Santa Felicidade, ainda hoje o centro da grande comunidade italiana de Curitiba. Vários imigrantes ucranianos fixaram-se em Curitiba, principalmente entre 1895 e 1897, quando cerca de 20 mil pessoas chegaram. Eles eram camponeses da Galícia, que emigraram para o Brasil para se tornarem agricultores. Existem hoje cerca de 300 mil brasileiros de origem ucraniana que vivem no Paraná. O Estado do Paraná tem a maior comunidade ucraniana e eslava do país. Curitiba tem uma comunidade judaica bem estabelecida, originalmente desde 1870. Grande parte da congregação judaica inicial foi assimilada. Em 1937, com a conquista do poder pelos nazistas na Alemanha, vários acadêmicos judeus alemães notáveis foram admitidos no Brasil, alguns deles situando-se em Curitiba. O físico César Lattes e os ex-prefeitos Jaime Lerner e Saul Raiz possuem origem judaica. Um monumento em memória do Holocausto foi construído na cidade. Existe também um centro comunitário, uma casa Habad (Beit Chabad), em Curitiba, bem como pelo menos duas sinagogas e dois cemitérios judaicos. Imigrantes japoneses, por seu turno, começaram a chegar na região em 1915. Atualmente, cerca de 40 mil japoneses-brasileiros vivem na cidade. Religião. Tal qual a variedade cultural verificável em Curitiba, são diversas as manifestações religiosas presentes na cidade. Embora tenha se desenvolvido sobre uma matriz social eminentemente católica, tanto devido à colonização quanto à imigração — e ainda hoje a maioria dos curitibanos se declara adepto do catolicismo romano —, é possível encontrar atualmente na cidade dezenas de denominações protestantes diferentes. Além disso, podemos citar a prática do budismo, do islamismo, espiritismo, entre outras. Também são consideráveis as comunidades de judeus, mórmons e das religiões afro-brasileiras. De acordo com dados do censo de 2010 realizado pelo IBGE, a população curitibana está composta por: católicos (62,12%), protestantes (24,24%), pessoas sem religião (6,76%), espíritas (2,77%), muçulmanos (0,07), budistas (0,30%) e judeus (0,18%) e 2,34% estão divididas entre outras religiões. Igreja Católica Apostólica Romana. Segundo divisão feita pela Igreja Católica, o município está situado na Província Eclesiástica de Curitiba, sendo sede desta. Também representa a Arquidiocese de Curitiba, criada como diocese em 27 de abril de 1892 e elevada à condição atual em 10 de maio de 1926, possuindo cinco dioceses sufragâneas (Guarapuava, Paranaguá, Ponta Grossa, São José dos Pinhais e União da Vitória). A Região Pastoral Curitiba, a qual compreende todo o território curitibano, é composta por outros onze municípios e 136 paróquias. A Catedral Metropolitana de Curitiba (também chamada de Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz em homenagem à padroeira de Curitiba), localizada na Praça Tiradentes, centro da cidade, representa a sé arquiepiscopal da Arquidiocese de Curitiba e é considerado um dos principais templos religiosos da urbe. Começou a ser construída em 1876 e só foi fundada em 1893, mas não foi reconhecida como patrimônio histórico pelo Iphan porque em 1947 teve sua estrutura arquitetônica original modificada. Na Igreja oriental, destaca-se a presença da Arquieparquia de São João Batista dos Ucranianos, com a liturgia em rito bizantino, cuja catedral é a Arquicatedral de São João Batista, no bairro da Água Verde. Outras denominações cristãs. A cidade possui vários credos protestantes ou reformados, como a Igreja Luterana, a Presbiteriana, a Metodista, a Episcopal Anglicana e as batistas. Além dos mais diversos credos evangélicos, como a Cristã de Nova Vida, a Maranata, as Assembleias de Deus, a Adventista do Sétimo Dia, a Pentecostal Deus é Amor, a Universal do Reino de Deus, a Congregação Cristã no Brasil, entre outras. Conforme citado acima, de acordo com o IBGE, 24,24% da população eram protestantes em 2010. Desse total, 14,31% eram das de origem pentecostal; 4,54% eram das de missão; 5,39% eram das sem vínculo institucional; e 2,87% pertenciam a outras religiões do mesmo grupo. Existem também cristãos de várias outras denominações, tais como as Testemunhas de Jeová (que representam 0,44% dos habitantes) e os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (0,72%), também conhecida como Igreja Mórmon. O Templo de Curitiba, aberto em junho de 2008, é um dos principais templos mórmons do país, atendendo a mais de 42 mil membros que vivem nos estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e certas regiões do estado de São Paulo. Governo e política. O Centro Cívico de Curitiba, o primeiro deste tipo no Brasil, além de abrigar a sede da Prefeitura Municipal de Curitiba, no Palácio 29 de Março, abriga também os principais prédios governamentais do Estado do Paraná, como o Palácio Iguaçu, sede do Poder Executivo Estadual, a Assembleia Legislativa do Paraná, sede do Poder Legislativo Estadual, o Tribunal de Justiça do Paraná, sede do Poder Judiciário Estadual, o Palácio das Araucárias, sede das Secretarias Estaduais de Administração, Planejamento, Justiça e Casa Civil, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná e o Ministério Público do Estado do Paraná. A administração municipal dá-se pelo poder executivo e pelo legislativo. Antes de 1930, os municípios eram dirigidos pelos presidentes das câmaras municipais, também chamados de agentes executivos ou intendentes. Somente após a Revolução de 1930 é que foram separados os poderes municipais em executivo e legislativo. O primeiro intendente que Curitiba teve foi José Borges de Macedo, que, eleito treze anos após a Independência do Brasil e sete anos anteriores à elevação à categoria de cidade, ficou no cargo entre 1835 e 1838, e o primeiro prefeito foi Cândido Ferreira de Abreu. O poder legislativo é constituído pela câmara municipal, composta por 38 vereadores eleitos para mandatos de quatro anos. Curitiba é sede do Tribunal de Justiça do Paraná, sede do poder judiciário estadual. A comarca se localiza no Centro Cívico, num prédio moderno, o Edifício Montepar, mais conhecido como “Fórum Cível da Comarca de Curitiba e Região Metropolitana”, na Avenida Cândido de Abreu. O município de Curitiba é regido por lei orgânica. Em 2014, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Curitiba se dividia em dez zonas eleitorais (1.ª a 4.ª, 145.ª, 174.ª a 178.ª), sendo que contava com eleitores. Desde 1976, Curitiba é sede do Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª Região (TRT-15), criado como desmembramento do TRT da 2.ª, sediado na capital paulista, com jurisdição sobre os estados do Paraná e Santa Catarina. Cidades-irmãs. Cidades-irmãs, uma iniciativa da Assessoria de Relações Internacionais, busca a integração entre a cidade e demais municípios nacionais e estrangeiros. A integração, entre os municípios, é firmada por meio de convênios de cooperação que visam assegurar a manutenção da paz entre os povos, baseada na fraternidade, felicidade, amizade e respeito recíproco entre as nações. Oficialmente, possui as seguintes cidades-irmãs: Símbolos. Os símbolos da cidade de Curitiba constituem a bandeira, o brasão e o hino, adotados pela Lei Municipal nº 2993, de 11 de maio de 1967. O brasão é composto de um escudo português, tendo como timbre uma coroa mural que a identifica com a 1.º grandeza (Capital), das quais somente cinco, aparecem em perspectiva, simbolizada pela cor do metal jalde. Em fundo de goles, uma araucária de argento, colocado no centro desse campo. Como suporte à direita, colmos de trigo ao natural e a esquerda um colmo de pâmpanos, igualmente ao natural, atravessados em ponta sobre os quais se coloca por cima um listel de goles, compreendendo em letra de argento a data de “29 de março de 1693, fundação da Vila de Curitiba”. A bandeira é oitavada, em sinopla, compondo as oitavas formas geométricas dispostas em trapézio, formada por oito faixas de argento orladas de oito de goles, inclinadas duas a duas na direção horizontal, vertical em banda e em barra, que saem de um retângulo branco no centro, onde se encontra posicionado o brasão. O hino de Curitiba teve sua letra escrita pelo escritor e poeta campo-larguense, Ciro Silva e sua música composta pelo maestro e compositor castrense, Bento Mossurunga. Subdivisões. O município de Curitiba é dividido em um total de 75 bairros, agrupados em dez regiões administrativas. As regionais são espécies de subprefeituras, cujas sedes são representadas pelas unidades da chamada Rua da Cidadania, e têm o objetivo de descentralizar órgãos públicos e a prestação de serviços sociais, estruturais e de lazer pelo interior da cidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o bairro mais populoso da capital paranaense é a Cidade Industrial (CIC), localizado na região homônima, que reunia habitantes; sendo seguido pelo Sítio Cercado, na Regional do Bairro Novo, com pessoas; e pelo Cajuru, situado na de mesmo nome. Esta última possui residentes. A CIC ainda correspondia à maior extensão territorial, com um total de . Também há uma divisão oficial em nove distritos, cuja última alteração foi feita em 1988. Economia. O Produto Interno Bruto (PIB) de Curitiba é o quinto de todos os municípios do país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística relativos a 2013, o PIB municipal era de reais, sendo que mil eram de impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes. O produto interno bruto "per capita" era de reais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a cidade possuía, no ano de 2012, 108 474 unidades locais, 103 211 empresas e estabelecimentos comerciais atuantes e trabalhadores, sendo de pessoas ocupadas no total e assalariadas. Salários com outras remunerações somavam reais e a remuneração média mensal de todo município era de 3,9 mínimos. A principal fonte econômica está centrada no setor terciário, com seus diversos segmentos de comércio e prestação de serviços de várias áreas, como na educação e saúde. Em seguida, destaca-se o setor secundário, com complexos industriais de grande porte. Parcialmente, a grande riqueza econômica de Curitiba se deve à população de mais de três milhões de habitantes, se for considerada a sua região metropolitana; a urbe se destaca por ter a economia mais forte do sul do país. Isso conta o trabalho de exportação das novecentas fábricas instaladas no bairro da Cidade Industrial e das duas importantes indústrias automobilísticas que estão localizadas na Grande Curitiba, Renault e Volkswagen. Ademais, foi eleita várias vezes como “A Melhor Cidade Brasileira Para Negócios”, segundo classificação elaborada pela revista “Exame”, em parceria com a consultoria Simonsen & Associados. Além disso, a capital paranaense concentra a maior porção da estrutura governamental e de atendimentos públicos do estado e sedia importantes empresas nas atividades de comércio, serviços e financeiro. Com um parque industrial de 43 milhões de metros quadrados, a região metropolitana de Curitiba atraiu grandes empresas como ExxonMobil, Elma Chips, Sadia, Mondelez, Siemens, Johnson Controls e HSBC, bem como famosas companhias locais — O Boticário, Positivo Informática e Vivo, por exemplo. Além de centro comercial e cultural, a cidade possui um importante e diversificado parque industrial, incluindo um dos maiores polos automotivos do país e o principal terminal aeroviário internacional da região Sul, o Aeroporto Afonso Pena. A agricultura é o setor menos relevante da economia de Curitiba. De todo o produto interno bruto da cidade, mil reais é o valor adicionado da agropecuária. Desde 2000, a população de Curitiba é considerada totalmente urbana, sendo notada, portanto, uma redução na agricultura. Segundo estudo realizado pela Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB) em 2009, havia alguns bairros com atividades agrícolas e pecuárias, e famílias que sobreviviam dessas ocupações. Naquele ano, a área de cultivo da agricultura urbana em Curitiba, levantada pela SMAB, era de ha. A indústria, atualmente, é o segundo setor mais relevante para a economia do município. reais do produto interno bruto municipal são do valor adicionado da indústria (setor secundário). Curitiba, com seu parque industrial bem variado, é um dos centros manufatureiros mais extensos do Brasil. Os imigrantes europeus, dedicados, especialmente, para fabricar artefatos de couro e de madeira, iniciaram a industrialização no começo do século XIX. Entre os principais produtos merecem destaque os gêneros alimentícios, mobiliário, minerais não-metálicos, madeira, químicos e farmacêuticos, bebidas e artefatos de couros e peles. O maior complexo de indústrias do município é a Cidade Industrial de Curitiba, sendo também o bairro mais territorialmente extenso e mais populoso. Infraestrutura. No ano de 2010, segundo o IBGE, a cidade tinha 575 899 domicílios entre apartamentos, casas, e cômodos. Desse total, 415 237 eram imóveis próprios, sendo 348 051 já quitados, 67 186 em aquisição e 122 046 alugados; 31 146 foram cedidos, sendo 3 814 por empregador e 27 332 de outra maneira. 7 470 foram ocupados de outra forma. Grande parte do município conta com água tratada, energia elétrica, esgoto, limpeza urbana, telefonia fixa e celular. Naquele ano, 570 866 domicílios eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água; 575 384 moradias possuíam coleta de lixo e 575 630 das residências tinham escoadouro sanitário. Até novembro de 2010, o lixo de Curitiba era jogado a poucos metros do leito do Iguaçu, no Aterro do Caximba, dando lugar a dois aterros particulares, um, na Cidade Industrial de Curitiba e outro no município vizinho de Fazenda Rio Grande. Saúde. O município é a sede de instituições de todos os três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Em 2009, possuía 815 estabelecimentos de saúde entre hospitais, pronto-socorros, postos e serviços odontológicos, sendo 152 deles públicos e 663 privados. Neles a cidade possuía leitos para internação, sendo que estão nos centros de saúde públicos e os restantes estão nos privados. Há um total de 35 hospitais gerais, sendo sete públicos, 21 privados e sete filantrópicos, com médicos; cerca de 7,9 para cada mil habitantes. Em 2013, 95,4% das crianças menores de 1 ano estavam com a carteira de vacinação em dia. Em 2012, foram registrados nascidos vivos, sendo que o índice de mortalidade infantil neste ano foi de 10,9 óbitos de crianças menores de cinco anos a cada mil. No ano de 2010, 1,78% das mulheres de 10 a 17 anos tiveram filhos, sendo a taxa de atividade em meninas entre 10 e 14 anos de 5,83%. Do total de crianças menores de dois anos que foram pesadas pelo Programa Saúde da Família em 2013, 0,5% apresentavam desnutrição. O hospital mais antigo de Curitiba, situado na cidade, é a Santa Casa de Curitiba, que o Imperador do Brasil Dom Pedro II inaugurou em 22 de maio de 1880. Dentre os principais hospitais de Curitiba destacam-se o Cardiológico Costantini, o de Clínicas da UFPR, o Evangélico de Curitiba, a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, a Maternidade Victor Ferreira do Amaral e o do Idoso Zilda Arns. Além disso, há estabelecimentos de saúde mental como o Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro e o Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Siate são os serviços de assistência médica pelos quais são recebidas juntamente, quase 500 ligações que vêm todos os dias da totalidade das famílias de pacientes atendidos da Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, ocasionalmente, as pessoas, perante o pânico, acabam por fazer a ligação para um serviço que não seja o SAMU para buscar socorro imediato. Educação. De acordo com dados do Portal QEdu, o município obteve uma nota média de 5.3 no IDEB 2021 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para os anos finais do ensino fundamental. A nota é menor do que a média estipulada, que era de 5.7. Já nos anos iniciais, a cidade apresentou a nota média de 6, também abaixo da meta, que é de 6.7. A nota média da cidade para anos finais ficou acima da meta nacional (5.1), assim como a média para os anos iniciais (5.8). Em 2010, 2,43% dos jovens com faixa etária entre seis e quatorze anos não estavam cursando o ensino fundamental. A taxa de conclusão, entre moços de 15 a 17 anos, era de 68,7% e o percentual de alfabetização de jovens e adolescentes entre 15 e 24 anos era de 99,5%. Em 2013, a distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com mais que a recomendada, era de 3,1% para os anos iniciais e 15,1% nos anos finais e, no médio, a defasagem chegava a 19,0%. Em 2010, dentre os habitantes de 18 anos ou mais, 71,58% tinham completado o ensino fundamental, 55,95% o médio e 25,95% o superior, sendo que a população tinha em média 10,95 anos esperados de estudo. A taxa de analfabetismo indicada pelo censo demográfico do IBGE de 2010 foi de 2,1%, sendo que os maiores índices se encontram nas faixas etárias que vão de 45 a 59 anos (1,5%) e de 60 anos ou mais (5,7%). Entre a população de 15 aos 24 anos, a taxa de analfabetismo é de 0,4%, situando Curitiba entre cinco capitais brasileiras com menor número de analfabetos também nesta faixa etária. Na classificação geral do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2013, dos 20 melhores resultados por escolas do Paraná, 12 foram de Curitiba, tendo uma das instituições curitibanas (o Colégio Dom Bosco) figurado entre as 100 mais bem sucedidas do país. Contudo — e em consonância aos grandes contrastes verificados na metrópole —, em algumas regiões periféricas e empobrecidas, o aparato educacional público de nível médio e fundamental é ainda deficitário, dada a escassez relativa de escolas ou recursos. Nesses locais, a violência costuma impor certas barreiras ao aproveitamento escolar, constituindo-se em uma das causas preponderantes à evasão ou ao aprendizado carencial. A educação básica é na maior parte assegurada pela Secretaria Municipal de Educação. O município contava, em 2012, com matrículas nas instituições de educação infantil e ensinos fundamental e médio da cidade, sendo que dentre as 477 escolas que ofereciam ensino fundamental, uma pertencia à rede pública federal, 151 à rede pública estadual, 178 à rede municipal e 147 às redes particulares. Dentre as 208 instituições de ensino médio, quatro pertenciam à rede pública federal, 125 pertenciam à rede estadual e 79 eram escolas privadas. Da população total em 2010, de acordo com dados da amostra do censo demográfico, habitantes frequentavam creches e/ou escolas. Desse total, frequentavam creches, estavam no ensino pré-escolar, na classe de alfabetização, na alfabetização de jovens e adultos, no ensino fundamental, no ensino médio, na educação de jovens e adultos do ensino fundamental, na educação de jovens e adultos do ensino médio, na especialização de nível superior, em cursos superiores de graduação, em mestrado e em doutorado. pessoas não frequentavam unidades escolares, sendo que nunca haviam frequentado e haviam frequentado alguma vez. Curitiba conta também com 30 instituições de ensino superior que oferecem 122 cursos/habilitações. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), primeira universidade federal do Brasil, criada em 1912 tem os seus três "campi" principais localizados em Curitiba, e tem tradição nos 47 cursos de ciências humanas, biológicas e exatas. Na última avaliação do MEC, a UFPR atingiu 317 pontos, e foi classificada a 4.ª melhor universidade do estado e a 11.ª do sul do Brasil. Segundo o ENADE, 27% dos cursos tiveram a nota máxima de 5 na avaliação, e foi a melhor do estado e 3.ª melhor do sul. A UFPR também opera o Hospital de Clinicas do Paraná, especialista em transplante de órgãos. A Universidade tem o seu maior "“campus”" no Jardim das Américas, o Centro Politécnico, outro na área central de Curitiba e outro no bairro do Juvevê. A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) detém grande tradição em cursos de graduação e pós-graduação na área de tecnologia desde os tempos do CEFET. Com 25 mil estudantes, a instituição foi criada em 1909 e, depois de ser um centro de aprendizagem industrial, tornou-se uma universidade apenas em 2005. No âmbito das faculdades particulares, existem 38 instituições e as maiores são a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a Positivo e o Centro Universitário Curitiba. Além das grandes universidades, tem tradição na cidade as estaduais FAP e a EMBAP. Geralmente, Curitiba tinha, em 2006, 125 mil estudantes universitários. Segurança pública e criminalidade. Como na maioria dos municípios médios e grandes brasileiros, a criminalidade ainda é um problema em Curitiba. Em 2008, a taxa de homicídios no município foi de 15,9 para cada 100 mil habitantes, ficando em 82° lugar no estado e em 1147.º no país. O índice de suicídios naquele ano para cada 100 mil habitantes foi de 4,6, sendo o 113.° do Paraná e o 1 333.° do Brasil. Já em relação à taxa de óbitos por acidentes de trânsito, o índice foi de 25,6 para cada 100 mil habitantes, ficando no 89.° do estado e no 663° do país. Para tentar reduzir esses índices, são realizados diversos projetos no combate à criminalidade, como a criação da Coordenadoria de Políticas sobre Drogas, que visa a combater o uso de entorpecentes, prática que, cada vez mais, vem se disseminando principalmente entre os jovens, sendo que é uma das principais causas. Por força da Constituição Federal do Brasil, Curitiba possui também uma Guarda Municipal, responsável pela proteção dos bens, serviços e instalações públicas do município. Em Curitiba é sediado o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Paraná, no bairro Rebouças. Abastecimento de água. O abastecimento de água é feito pela Companhia de Saneamento do Paraná. Atualmente a demanda média equivale a 10 452 litros de água por segundo. A população de Curitiba e região metropolitana consome cerca de 7,5 mil litros de água tratada por segundo, fornecidos pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Além disso, estima-se que existam na cidade mais de mil poços artesianos (utilizados principalmente por condomínios, empresas e hospitais), que, somados, têm potencial para fornecer uma vazão adicional de mais 1,5 mil litros por segundo. A produção de água tratada é efetuada nas unidades de tratamento do Iguaçu, Iraí, Passaúna, rio Pequeno e Karst, com capacidade total de produção de 9,1 mil litros por segundo. O sistema integrado atende Curitiba e os municípios de São José dos Pinhais, Piraquara, Pinhais, Araucária e parte dos de Almirante Tamandaré, Campo Largo, Colombo, Campina Grande do Sul, Quatro Barras e Fazenda Rio Grande. A reserva de água tratada do sistema integrado totaliza 325 mil m³, que corresponde a quase 50% da demanda diária, distribuída em 39 unidades, de diversas capacidades, que são utilizadas para compensar a procura nos horários de maior consumo. Eletricidade e comunicações. O fornecimento de energia elétrica é pela Companhia Paranaense de Energia (COPEL). As principais centrais elétricas de Curitiba são a Eletrosul, com sede no bairro do Campo de Santana, que abastece toda a região da cidade, e a Copel, que tem suas próprias subestações nos mais importantes bairros da urbe. Há linhões de energia de alta tensão que atravessam a cidade de sul a norte e de oeste a leste, unindo essas subestações para fornecer eletricidade ao setor residencial, ao industrial e ao comercial. Em dados da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), em agosto de 2011 Curitiba possuía telefones fixos (referentes apenas às concessionárias da Brasil Telecom). O índice por área de discagem direta a distância (DDD) é de 041 e o Código de Endereçamento Postal (CEP) da cidade vai de 80 000–001 a 82 999–999. Há fácil acesso à “internet” em boa parte da cidade. Em Curitiba todas as administrações regionais, além da Praça Espanha, do Largo da Ordem, do Mercado Municipal e do Parque Barigui, são cobertas pela rede "wireless" (“internet” sem fio), representando cada 11 pontos de "Hotspot". Também há diversos jornais em circulação em Curitiba, como a Gazeta do Povo, impressa apenas uma vez por semana e o restante com acesso pela “internet”. Há ainda a Tribuna do Paraná e outros jornais “"online”". Dentre as rádios, destacam-se a CBN Curitiba e a E-Paraná FM. Curitiba possui também diversas emissoras de televisão sediadas da própria cidade, como a Band Paraná, a TV Iguaçu, a CNT Curitiba, a RIC TV Curitiba, a TV Paraná Turismo e a RPC Curitiba.<ref name="BH.com_Rádio/TV"></ref> Segundo o Portal BSD, em abril de 2011 havia 34 canais, sendo seis em "Very High Frequency" (VHF) e 28 em "Ultra High Frequency" (UHF). Nove deles estão disponíveis em televisão de alta definição (tecnologia HDTV). Em se tratando de transmissão ISDB-Tb, Curitiba foi a primeira cidade capital da Região Sul do Brasil a ter TV digital, com a RPC, afiliada da Rede Globo, em 22 de outubro de 2008. Transportes. Fundamentalmente, o trânsito de Curitiba está estruturado de forma integrada com o transporte de massas via ônibus, por meio dos chamados "trinários", sistemas de canaletas exclusivas de expressos, ladeados por pistas simples para veículos particulares, em sentido contrário e, imediatamente paralelas a estas, "vias rápidas" com velocidade permitida superior. Com uma frota de veículos (abril de 2014), estima-se que Curitiba tenha alcançado uma taxa de motorização de 1,8 habitante para cada carro, índice maior que o registrado em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Os táxis são padronizados, de cor laranja com xadrez preto nas laterais e alguns detalhes negros nos para-choques. A cidade possui uma frota de 2 300 veículos, categorizados como comum, especial ou para deficientes. O órgão fiscalizador é a URBS, sendo a Gerência de Táxi e Transporte Comercial o responsável pela operacionalidade do sistema. A principal rodovia que liga Curitiba a outros pontos do país é a BR-116 (conhecida no trecho entre a capital paranaense e São Paulo como “Rodovia Régis Bittencourt”) que, por muitos anos, dividiu a cidade em duas porções (norte e sul). Ela corta os bairros do Pinheirinho, Uberaba, Cristo Rei e Atuba, entre outros, no sentido Porto Alegre-São Paulo. O trajeto urbano desta rodovia foi desviado por uma série de contornos rodoviários, notadamente o Contorno Sul, que atravessa o bairro Umbará. A cidade liga-se ao litoral do Paraná pela BR-277, que atravessa a Serra do Mar até Paranaguá (embora haja, em caráter secundário, a ligação da cidade à costa pela histórica Estrada da Graciosa (PR-410), cujo trajeto se inicia no vizinho município de Quatro Barras). Curitiba é ligada ao interior do estado pela Rodovia do Café, no trecho paranaense da BR-376. Há diversas rodovias secundárias e estaduais que ligam a cidade a outras localidades. São elas: a Rodovia da Uva — PR-417 (Colombo), dos Minérios (Almirante Tamandaré e Vale do Ribeira), do Xisto (São Mateus do Sul e sudeste do estado) e Estrada do Cerne — PR-090 (Campo Magro e norte do Paraná). O acesso aéreo a Curitiba se dá pelo Aeroporto Internacional Afonso Pena, localizado no contíguo município de São José dos Pinhais. Este é o principal terminal aeroviário internacional da região Sul do Brasil. Entretanto, Curitiba possui ainda o Aeroporto de Bacacheri, localizado no bairro homônimo, que não recebe voos comerciais, apenas aeronaves particulares e de transporte executivo. Nele se encontra o centro de comando do tráfego aéreo brasileiro e o Cindacta II, responsável pelo trânsito de aviões da região Centro-Sul do país. Rede Integrada de Transporte. O sistema de ônibus é baseado no conceito criado na capital paranaense, na década de 1970, de veículo leve sobre pneus (VLP). O “Sistema Integrado de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana” permite a integração físico-tarifária de 14 municípios da Grande Curitiba. Sua estrutura define a Rede Integrada de Transporte (RIT), que conta com 81 quilômetros de corredores de ônibus, geralmente operados por carros biarticulados, que conectam os terminais integrados nas várias regiões da cidade e transportam cerca de 2 milhões de passageiros diariamente. Além da interligação por ônibus expressos, os terminais são providos de alimentadores, que compõem a ramificação secundária deste sistema e atendem aos passageiros dos bairros próximos a eles. Adicionalmente, outra categoria de ônibus expressos (os chamados "ligeirinhos") provê rápido intercâmbio de passageiros entre um terminal e outro, com trajetos diferentes e poucas paradas intermediárias. A primeira linha de VLP começou a operar em 1974 e o sistema foi projetado para que não apenas transportasse pessoas, mas conduzisse o crescimento urbano. No entanto, o sucesso da rede e o crescimento populacional aumentaram a demanda, o que fez com que a RIT começasse a apresentar sinais de saturação nos últimos anos. O sistema de transporte público curitibano inspirou diversas cidades no Brasil e em outros países a adotarem estratégias semelhantes. Nacionalmente, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília começaram a implantar canaletas exclusivas para ônibus. Em 1998, Enrique Peñalosa, o então prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, decidiu criar um sistema VLP em sua cidade depois que visitou Curitiba. O TransMilenio, o sistema de ônibus rápidos de Bogotá, conta com veículos que circulam por vias totalmente exclusivas e transporta 1,7 milhão de pessoas todos os dias. Além disso, a RIT curitibana também serviu como inspiração para mais de 80 países ao redor do mundo. Cultura. A responsável pelo setor cultural de Curitiba é a FCC, que tem como objetivo planejar e executar a política do município por meio da elaboração de programas, projetos e atividades que visem ao desenvolvimento da cultura. Está vinculada ao Gabinete do Prefeito, integra a administração pública indireta do município e possui autonomia administrativa e financeira, assegurada, especialmente, por dotações orçamentárias, patrimônio próprio, aplicação de suas receitas e assinatura de contratos e convênios com outras instituições. A Fundação Cultural foi criada em 5 de janeiro de 1973 e atua em parceria com diversas outras instituições e entidades culturais, diretamente subordinadas ou não ao órgão público. Exemplos: a Casa Romário Martins, a Cinemateca de Curitiba, o Teatro Universitário de Curitiba, o Circo Chic-Chic, o do Piá, o Solar do Barão, a da Memória, a Gibiteca, o Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Novelas Curitibanas, o Conservatório de Música Popular Brasileira, o Memorial de Curitiba, Erbo Stezel, o Cleon Jacques, a rede de bibliotecas da FCC (hoje em dia Casas da Leitura) a Hoffmann e o Espaço Cultural Capela Santa Maria. Curitiba foi escolhida em 2003 para ser a quarta Capital Americana da Cultura junto com a Cidade do Panamá, no Panamá. Foi a segunda cidade brasileira a conseguir o título, sendo a primeira Maceió em 2002, urbe a qual sucedeu. Literatura e teatro. Curitiba é local de nascença, residência e principal inspiração do contista Dalton Trevisan (1925) e do controverso escritor, poeta e compositor Paulo Leminski (1944–1989), autor da obra experimental em prosa que se chama "Catatau". Também curitibanos eram o boêmio, poeta satírico e Imortal da Cadeira n.º 20 da Academia Brasileira de Letras Emílio de Meneses (1866–1918) e o simbolista Tasso da Silveira (1895–1968), filho do também do escritor da mesma corrente literária — e morretense — Silveira Neto. O Festival de Teatro de Curitiba, um dos mais importantes festivais do gênero no país, ocorre desde 1992, habitualmente composto de atrações internacionais, grandes exibições nacionais, montagens locais e uma mostra alternativa, que atraem um número crescente de espectadores. Esse contingente de ouvintes até 2008 chegou a 1,3 milhão de pessoas em 1890 apresentações. Além disso, recebe circuitos de espetáculos durante o ano todo nas 36 salas de entretenimento curitibanas como o tradicional Teatro Guaíra, uma das em número de espectadores da América do Sul e que possui o corpo de Balé Guaíra, um dos mais importantes do país. Outros teatros importantes da cidade incluem o Teatro Paiol e a Ópera de Arame. Lala Schneider, um dos grandes nomes do Teatro brasileiro surgiu na cidade e hoje tem um em sua homenagem, que se chama por esse nome. Festivais. Em Curitiba há alguns festivais anuais. Alguns deles são diretamente dedicados às artes, como o Festival de Teatro de Curitiba e a Oficina de Música de Curitiba. A cidade de Curitiba conta também com a Bienal Internacional de Curitiba, que, em 2013, completou 20 anos e recebeu mais de 1 milhão de visitantes. Além disso, a Bienal apoia o circuito do Festival de Cinema da Internacional de Curitiba (Ficbic), que contam com exibições de filmes nacionais, internacionais e uma mostra universitária competitiva. Há também festivais relacionados à imigração, como a Festa da Uva, relacionada à italiana; e quatro Matsuri, que se relacionam à japonesa. Os quatro Matsuri que acontecem em Curitiba são: Imin Matsuri (移民祭り, “Festival de Imigração”), que celebra a chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil; Haru Matsuri (春祭り, “Festa de primavera”), que comemora o final do inverno e o início da estação primaveril; Hana Matsuri (花祭り, “Festividade das Flores”), que homenageia o nascimento de Xaquiamuni; e Seto Matsuri (“Espetáculo de Seto”), em memória de Cláudio Seto, idealizador do primeiro Matsuri de Curitiba. O primeiro Matsuri de Curitiba, um Imin Matsuri, foi realizado em junho de 1991, por sugestão de Cláudio Seto ao então presidente do Nikkei Clube, Rui Hara. O primeiro festival foi uma renovação da festa junina tradicional do clube; devido ao seu sucesso, foi realizado, no mesmo ano, o primeiro Haru Matsuri. Em 1993, como os festivais atingiram proporções que o clube não poderia suportar, o Imin Matsuri foi realizado na Praça do Japão, e o Haru Matsuri no Parque Barigui. Em 2005, foi realizado o primeiro Hana Matsuri, também conhecido como “Natal Budista”, por comemorar o nascimento de Xaquiamuni, o primeiro Buda. No mês de outubro 2015 ocorreu o evento que se chama Curitiba Celtic Fest, o maior festival dedicado à música celta já realizado no Brasil, contando com bandas locais, apresentação de gaitas de fole, um grupo de danças irlandesas e uma banda de São Paulo. O evento promove a integração de ambas as cenas regionais deste movimento musical. O festival foi o primeiro a se dedicar integralmente à cena e celebrar a cultura da música celta fora das datas dos festejos de São Patrício da Irlanda, comuns na cidade. Cinema. A história do cinema curitibano é caracterizada pela sua inconstância e por alternar períodos de cadência intensa com outros de completa inatividade. O primeiro filme projetado em Curitiba foi em 1897, pouco após a invenção do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière. No entanto, até 1930, a história do cinema da cidade se limitou às iniciativas isoladas de apenas três curitibanos: Annibal Requião (que filmou em Curitiba entre 1907 e 1912), João Baptista Groff e Arthur Rogge. Na década de 1960, surgiram os primeiros filmes do cineasta Sylvio Back, ligado ao cineclubismo e à crítica cinematográfica e que adquiriria notoriedade em todo o país nas décadas subsequentes (com películas como "Lance maior" e "Aleluia, Gretchen"), produzindo até os dias atuais. Já na década de 1970, surgiu a Cinemateca do Museu Guido Viaro, responsável por relativa movimentação do cenário cinematográfico curitibano e pela descoberta de novos talentos locais, notadamente o cineasta Fernando Severo, também na ativa até os dias atuais. Posteriormente, surgiu uma tendência, na cena local, a produção de documentários, normalmente denuncistas ou atrelados a certos posicionamentos ideológicos. Nesse contexto, destacam-se os trabalhos de Frederico Fullgraf (com atividades habitualmente relacionadas com a ecologia) e Sérgio Bianchi. Música. Na esfera da gestão pública da produção musical de Curitiba, o Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC), criado em 2004, realiza a administração da área de música da Fundação Cultural de Curitiba, sendo responsável pela promoção dos seguintes corpos estáveis: Camerata Antiqua de Curitiba (coro e orquestração), Conservatório de MPB, Orquestra à Base de Sopro, à de Corda, Vocal Brasileirão e Coral Brasileirinho; a Escola de Música e Belas Artes do Paraná e a Sinfônica do Paraná são mantidas pelo governo do estado, e a Filarmônica da UFPR, pela universidade. A cidade possui também a Orquestra Sinfônica do Paraná que tem um repertório de mais de 900 obras e já interpretou a maioria dos grandes compositores da música erudita, inclusive o Ciclo Beethoven, fato que a coloca em destaque no cenário internacional. A Fundação Cultural de Curitiba também mantém o coral Camerata Antiqua de Curitiba, o Conservatório de MPB de Curitiba e a Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Grandes apresentações musicais internacionais ocorrem na cidade, principalmente através de festivais como o extinto Curitiba Rock Festival e o TIM Festival, que trouxeram Paul McCartney, Iron Maiden e The Killers. Apesar disso, eles têm diminuído depois do fechamento da Pedreira Paulo Leminski em 2008, mais importante local para famosos concertos da cidade. Por isso ela corre o risco de ficar fora da rota das grandes apresentações. Nos últimos anos, Curitiba vem apresentando, embora modestamente, algumas bandas de “rock”, sendo algumas das mais famosas, como a Relespública e o CW7. Existe também uma cena musical em Curitiba que gira em torno da música celta, com diversas bandas como Thunder Kelt, Gaiteiros de Lume e Mandala Folk. Frequentemente bandas deste estilo se apresentam em locais públicos, eventos e festivais, demonstrando um apreço popular para com este movimento. Curitiba abriga uma série de músicos que tocam instrumentos incomuns e até raros no país como as gaitas de fole, vielas de roda e harpas célticas. Outros grupos curitibanos fazem também música antiga e medieval como Alla Rustica e Trovadores. Museus, bibliotecas e centros culturais. Curitiba dispõe de uma vasta quantidade de museus, valendo destacar o Museu Paranaense (dedicado às artes plásticas e história), o MON e o Museu Alfredo Andersen (dedicados à pintura), o MIS-PR (cinema e fotografia), o Museu do Expedicionário (dedicado ao passado do Brasil na 2.ª GM), o MuMA (arte moderna), o MAC/PR (arte contemporânea), o MHNCI (biologia e botânica) e o MASAC (arte sacra). O Centro Cultural Paço da Liberdade fica localizado em um edifício com detalhes neoclássicos e desenhos "art nouveau" inaugurado em 24 de fevereiro de 1916 para ser a sede da prefeitura da cidade. Em 2007, o SESC fez um projeto de restauração e ocupação do local, coordenado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPuc), com respeito às características originais do prédio. Foi reinaugurado em 29 de março de 2009. No centro de Curitiba está localizada a Biblioteca Pública do Paraná, maior biblioteca pública do estado e da Região Sul do país. A instituição foi criada em 1857 e reformada em 1953 para as comemorações do centenário do Paraná. A biblioteca serve a população com quase 600 mil livros. Além disso, pela cidade inteira estão espalhados os Faróis do Saber, que servem como pequenas bibliotecas, principalmente nos bairros mais distantes do centro e oferecem cursos e entretenimento para crianças e adolescentes. Gastronomia. Conhecida por ser uma referência em diversos quesitos, como uma cidade sustentável e com excelente nível de IDH, a capital do Paraná é também um importante centro gastronômico. O cardápio traz surpresas aos visitantes por ser muito variado. Os pratos da culinária local são um reflexo da história do município e as comidas típicas, propriamente ditas, são muito saborosas. Em Curitiba, há três pratos principais: o barreado, o pinhão e a carne de onça. O barreado é um dos pratos mais conhecidos do estado, presente no cardápio da maioria dos restaurantes curitibanos. Seus ingredientes são carne bovina, toucinho e temperos típicos da culinária do Paraná. É originário da época da colonização portuguesa no litoral do Paraná; o prato era preparado pelos carijós em panelas feitas de barro, fabricadas por eles mesmos. A cidade de Morretes, localizada no litoral do Paraná tem o barreado como especialidade, servido nos restaurantes da região. Muito utilizada como tempero, a semente da "Araucaria angustifolia", encontrada especialmente na Região Sul do Brasil, é usada no preparo das receitas de frango com polenta e do bolinho de pinhão. Além disso, pode ser conservada e também é possível apreciar depois do cozimento na panela de pressão ou do assamento na chapa. Embora tenha esse nome, a "carne de onça" não tem nenhuma aproximação com a que provém do músculo do felino. O prato compõe-se de pão preto com cobertura de patinho cru, moído por três vezes (e na hora), com cebola, cebolinha, cheiro verde e azeite de oliva. Esportes. No futebol, Curitiba abriga três clubes relevantes, sendo eles o Atlético Paranaense (cujo estádio é a Arena da Baixada), o Coritiba (Couto Pereira) e o Paraná (Vila Capanema). A cidade foi uma das sedes nas duas Copas do Mundo realizadas no Brasil, em 1950 e em 2014, quando a Arena da Baixada foi reformada e serviu de palco para o mundial. No tênis, a cidade é referência nacional por ser etapa dos dois maiores torneios de duplas do Brasil, o Circuito Chef Vergé de Duplas de Tênis e o Circuito Centauro de Duplas de Tênis. Também há torneios de esportes como basquetebol, futebol de salão, handebol e voleibol, dedicados em especial à população jovem. Curitiba também é referência mundial na área de lutas, especialmente nas Artes Marciais Mistas. Muitos lutadores de alto nível e campeões nasceram ou foram treinados na cidade, como Anderson Silva, Wanderlei Silva, Maurício "Shogun" Rua, Murilo Rua, Evangelista Santos, Cris Cyborg, José Landi-Jons e Rafael Cordeiro (fundador e treinador da Kings MMA, uma das maiores academias nos Estados Unidos), dentre muitos outros. A tradição na luta tem seu início na academia Chute Boxe, uma das primeiras academias de Muay Thai do Brasil; fundada em 1978, tornou-se pioneira no MMA no início na década de 90 após criar um dos primeiros programas na modalidade no país, e formou grandes lutadores que se tornariam campeões do UFC e o extinto PRIDE Fighting Championships. O UFC já realizou eventos na cidade, como o UFC 198, que teve um dos maiores públicos em um evento de MMA no mundo. No tiro ao alvo, Curitiba teve e tem atletas de destaque nacional e internacional, como Leonel Davi Santos Amaral (1928 - 2015), que iniciou suas atividades em tiro em 1959, tornando-se campeão paranaense em silhuetas olímpicas no mesmo ano. Feriados. Em Curitiba, há três feriados municipais e oito feriados nacionais, além dos pontos facultativos. Segundo a prefeitura, os feriados municipais são: a Sexta-Feira Santa, que em ocorre no dia ; o Corpus Christi, que neste ano é comemorado em ; e o dia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, em 8 de setembro. O aniversário da cidade, em 29 de março, inclui-se como um ponto facultativo, bem como o Carnaval e o dia do servidor público, em 28 de outubro. Há ainda o dia da Emancipação Política do Paraná, feriado estadual celebrado em 19 de dezembro.
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Célula de combustível
Célula de combustível Célula de combustível é uma célula eletroquímica que converte energia potencial de um combustível em eletricidade através de uma reação eletroquímica de eletrólise reversa. Como qualquer célula eletroquímica, uma célula de combustível consiste em dois elétrodos polarizados, o ânodo () e o cátodo (), e um eletrólito. Dois componentes são essenciais: o hidrogénio, como combustível, e o oxigénio como oxidante. Em princípio, as células de combustível não são poluentes, visto que tem água com o produto da reação. Funcionamento. Em termos gerais, a célula de combustível funciona como uma gerador de corrente elétrica. A corrente gerada faz funcionar os mais diversos dispositivos (lâmpadas, motores, eletrodomésticos, como exemplos) e depois retorna ao gerador, completando o que se chama de circuito elétrico. O seu princípio de funcionamento (eletrólise reversa) consiste em utilizar a energia gerada pela reação de hidrogénio com oxigénio, tendo água como produto. O hidrogénio é alimentado no ânodo onde é decomposto quimicamente por um catalisador em protões, com carga positiva, e eletrões com carga negativa. Os eletrões são injetados na corrente elétrica (a parte útil do sistema), e os protões migram através do eletrólito até ao cátodo. Aí, os protões combinam-se cataliticamente com o oxigénio vindo do ar e os eletrões retornados pela corrente elétrica. Tipos. Existem vários tipos de células de combustíveis, geralmente classificados pela temperatura de operação. História. A primeira célula de combustível foi desenvolvida no século XIX em 1838 por William Robert Grove. Um esboço foi publicado em 1842 pelo mesmo cientista. As células de combustível só tiveram aplicações práticas a partir da década de 1960, quando Thomas Grubb e Leonard Niedrach, da companhia General Electric, tiveram sucesso no desenvolvimento de uma célula PEM . Apesar da sua portabilidade, não era viável economicamente, dado uso de platina como catalisador. A partir de 1965 a NASA passou a empregar células de combustível, que foram usadas nas espaçonaves do Programa Apollo e no Ônibus espacial. A primeira célula de combustível a hidrogênio para o ramo automóvel foi desenvolvida em 1991 por [[Roger Billings]]. Estudos na [[década de 2020]], indicam que as células de combustível podem ser abastecidas com [[etanol]] ([[álcool combustível]]) utilizando o hidrogênio contido neste. [[Veículo elétrico|Veículos elétricos]] alimentados por [[bateria (eletricidade)|bateria]]s apresentam os inconvenientes da demora para recarga e baixa autonomia. Nestes veículos, a substituição das baterias por células de combustível proporciona a redução do tempo de recarga/reabastecimento e aumenta a autonomia. Ligações externas. [[Categoria:Engenharia elétrica]] [[Categoria:Eletroquímica]] [[Categoria:Tecnologias automotivas]]
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Circuito integrado
Circuito integrado Em eletrônica, um circuito integrado (CI), chipe, microchipe ou nanochipe (do inglês "chip", "microchip" e "nanochip", respectivamente), é um circuito eletrônico miniaturizado (composto principalmente por dispositivos semicondutores) sobre um substrato fino de material semicondutor. Os circuitos integrados são usados em quase todos os equipamentos eletrônicos usados hoje e revolucionaram o mundo da eletrônica. Um circuito integrado híbrido é um circuito eletrônico miniaturizado constituído de dispositivos semicondutores individuais, bem como componentes passivos, ligados a um substrato ou placa de circuito. Os circuitos integrados foram possíveis por descobertas experimentais que mostraram que os dispositivos semicondutores poderiam desempenhar as funções de tubos de vácuo, e desde meados do século XX, pelos avanços da tecnologia na fabricação de dispositivos semicondutores. A integração de um grande número de pequenos transístores em um chip pequeno foi uma enorme melhoria sobre o manual de montagem de circuitos com componentes eletrônicos discretos. A capacidade do circuito integrado de produção em massa, a confiabilidade e a construção de bloco de abordagem para projeto de circuito assegurou a rápida adaptação de circuitos integrados padronizados no lugar de desenhos utilizando transístores pequenos. Há duas principais vantagens de circuitos integrados sobre circuitos discretos: custo e desempenho. O custo é baixo porque os chips, com todos os seus componentes, são impressos como uma unidade por fotolitografia: um puro cristal de silício, chamada de substrato, que são colocados em uma câmara. Uma fina camada de dióxido de silício é depositada sobre o substrato, seguida por outra camada química, chamada de fotorresiste. Além disso, muito menos material é usado para construir um circuito como um circuitos integrados do que como um circuito discreto. O desempenho é alto, visto que os componentes alternam rapidamente e consomem pouca energia (em comparação com os seus homólogos discretos) porque os componentes são pequenos e estão próximos. A partir de 2006, as áreas de chips variam de poucos milímetros quadrados para cerca de 350 mm², com até 1 milhão de transístores por mm². Chips feitos de nanotubos de carbono, em vez de silício, podem dar origem a uma nova geração de dispositivos eletrônicos mais rápidos e com maior eficiência energética. História. A ideia de um circuito integrado foi levantada por Geoffrey Dummer (1909-2002), um cientista que trabalhava para o "Royal Radar Establishment" (do Ministério da Defesa britânico). Dummer publicou a ideia em 7 de maio de 1952 no "Symposium on Progress in Quality Electronic Components" em Washington, D.C.. Ele deu muitas palestras públicas para propagar suas ideias. O circuito integrado pode ser considerado como sendo inventado por Jack Kilby de Texas Instruments e Robert Noyce, da Fairchild Semiconductor, trabalhando independentemente um do outro. Kilby registrou suas ideias iniciais sobre o circuito integrado em julho de 1958 e demonstrou com sucesso o primeiro circuito integrado em função em 12 de setembro de 1958 Em seu pedido de patente de 6 de fevereiro de 1959, Kilby descreveu o seu novo dispositivo como "a body of semiconductor material ... wherein all the components of the electronic circuit are completely integrated." Kilby ganhou em 2000 o Prêmio Nobel de Física por sua parte na invenção do circuito integrado. Robert Noyce também veio com sua própria ideia de circuito integrado, meio ano depois de Kilby. O "chip" de Noyce tinha resolvido muitos problemas práticos que o "microchip", desenvolvido por Kilby, não tinha. O "chip" de Noyce, feito em Fairchild, era feito de silício, enquanto o "chip" de Kilby era feito de germânio. Marcante evolução do circuito integrado remontam a 1949, quando o engenheiro alemão Werner Jacobi (Siemens AG) entregou uma patente que mostrou o arranjo de cinco transístores em um semicondutor. A utilização comercial de sua patente não foi relatado. A ideia de precursor da IC foi a criação de pequenos quadrados de cerâmica (pastilhas), cada um contendo um único componente miniaturizado. Esta ideia, que parecia muito promissora em 1957, foi proposta para o Exército dos Estados Unidos por Jack Kilby. No entanto, quando o projeto foi ganhando força, Kilby veio em 1958 com um design novo e revolucionário: o circuito integrado. Escala de integração e nanotecnologia. Com os componentes de larga escala de integração, (do inglês: "Large Scale Integration", LSI), nos anos oitenta, e a integração em muito larga escala, ("Very-large-scale integration", VLSI), nos anos noventa, vieram os microprocessadores de alta velocidade de tecnologia MOS, que nada mais são que muitos circuitos integrados numa só mesa epitaxial. Atualmente a eletrônica está entrando na era da nanotecnologia. Os componentes eletrônicos se comportam de maneiras diferentes do que na eletrônica convencional e microeletrônica, nestes a passagem de corrente elétrica praticamente não altera o seu estado de funcionamento. Nos nanocomponentes, a alteração de seu estado em função da passagem de corrente deve ser controlada, pois existe uma sensibilidade maior às variações de temperatura, e principalmente à variações dimensionais. Estas causam alterações nas medidas físicas do componente de tal forma, que podem vir a danificá-la. Por isso a nanotecnologia é tão sensível sob o ponto de vista de estabilidade de temperatura e pressão. Nanochipe. Uma tecnologia Nanochipe é um circuito integrado eletrônico tão pequeno que pode ser medido com precisão apenas na escala nanométrica. É um dispositivo semicondutor que aumenta a gama de chips de armazenamento removíveis. Nanochipes também são usados em produtos eletrônicos de consumo, como câmeras digitais, telefones celulares, PDAs, computadores e laptops, entre outros. Nanochipe é um pequeno sistema eletrônico que possui alto poder de processamento e também pode caber em um volume físico assumido com menos necessidade de energia. A tecnologia de nanochipe é benéfica, pois seus chips de armazenamento não dependem dos limites da litografia. Fabricação. A importância da integração está no baixo custo e alto desempenho, além do tamanho reduzido dos circuitos aliado à alta confiabilidade e estabilidade de funcionamento. Uma vez que os componentes são formados ao invés de montados, a resistência mecânica destes permitiu montagens cada vez mais robustas a choques e impactos mecânicos, permitindo a concepção de portabilidade dos dispositivos eletrônicos. No circuito integrado completo ficam presentes os transístores, condutores de interligação, componentes de polarização, e as camadas e regiões isolantes ou condutoras obedecendo ao seu projeto de arquitetura. No processo de formação do "chip", é fundamental que todos os componentes sejam implantados nas regiões apropriadas da pastilha. É necessário que a isolação seja perfeita, quando for o caso. Isto é obtido por um processo chamado difusão, que se dá entre os componentes formados e as camadas com o material dopado com fósforo, e separadas por um material dopado com boro, e assim por diante. Após sucessivas interconexões, por boro e fósforo, os componentes formados ainda são interconectados externamente por uma camada extremamente fina de alumínio, depositada sobre a superfície e isolada por uma camada de dióxido de silício. Rotulagem. Dependendo do tamanho os circuitos integrados apresentam informações de identificação incluindo 4 seções comuns: o nome ou logotipo do fabricante, seu número, número do lote e/ou número serial e um código de 4 dígitos identificando a data da fabricação. A data de fabricação é comumente representada por 2 dígitos do ano, seguido por dois dígitos informando a semana. Exemplo do código 8341: O circuito integrado foi fabricado na semana 41 do ano de 1983, ou aproximadamente em outubro de 83. Desde que os circuitos integrados foram criados, alguns "designers" de "chips" tem usado a superfície de silício para códigos, imagens e palavras não funcionais. Eles são algumas vezes referenciados como "chip art", "silicon art", "silicon graffiti" ou "silicon doodling". Outros desenvolvimentos. Na década de 80, foi criado o dispositivo lógico programável. Esses dispositivos contêm um circuito com função lógica e conectividade que podem ser programados pelo usuário, ao contrário de ser fixada diretamente pelo fabricante do CI. Isso permite que um único "chip" possa ser programado para implementar diferentes funções como portas lógicas, somadores e registradores. Os dispositivos atualmente nomeados "Field Programmable Gate Arrays" (Arranjo de Portas Programável em Campo) podem agora implementar dezenas ou milhares de circuitos LSI em paralelo e operar acima de 550 MHz. As técnicas aperfeiçoadas pela indústria de circuitos integrados nas últimas três décadas têm sido usadas para criar máquinas microscópicas, conhecidos como sistemas microeletromecânicos (do inglês: "microelectromechanical systems", MEMS, ver também: microtecnologia). Esses dispositivos são usados em uma variedade de aplicações comerciais e militares. Exemplo de aplicações comerciais incluem a tecnologia processamento digital de luz em videoprojetores, impressoras de jato de tinta e acelerômetros usados em "airbags" de automóveis. Desde 1998, um grande número de "chips" de rádios tem sido criado usando CMOS possibilitando avanços tecnológicos como o telefone portátil DECT da Intel ou o "chipset" 802.11 da empresa Atheros. As futuras criações tendem a seguir o paradigma dos processadores multinúcleo, já utilizados pelos processadores "dual-core" da Intel e AMD. A Intel recentemente apresentou um protótipo não comercial, que tem 80 microprocessadores. Cada núcleo é capaz de executar uma tarefa independentemente dos outros. Isso foi em resposta do limite calor vs velocidade no uso de transístores existentes. Esse design traz um novo desafio a programação de "chips". X10 é uma nova linguagem "open-source" criada para ajudar nesta tarefa.
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Cláudio Manuel da Costa
Cláudio Manuel da Costa Cláudio Manuel da Costa (Vila Real de Nossa Senhora, 5 de junho de 1729 — Vila Rica, 4 de julho de 1789) foi um advogado, minerador e poeta no Estado do Brasil. Destacou-se pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Foi também advogado de prestígio, fazendeiro abastado, cidadão ilustre, pensador de mente aberta e amigo do Aleijadinho, a quem teria possibilitado o acesso às bibliotecas clandestinas que seriam mais tarde apreendidas aos Inconfidentes. Como poeta, transitou entre o Barroco - marca dos seus escritos de juventude, enquanto era estudante de Cânones na Universidade de Coimbra (1749) - e o arcadismo - a partir do seu contato com o iluminismo, que concebia práticas mais racionais nas belas-letras. Especula-se que tenha traduzido "A Riqueza das Nações" e a Teoria dos Sentimentos Morais, de Adam Smith, para o português. Há quem afirme ter tido ligações com os "Illuminati", sociedade secreta de cunho iluminista criada na Baviera e que teria influenciado inúmeras revoluções. Biografia. Filho de João Gonçalves da Costa, português ligado a mineração, e Teresa Ribeira de Alvarenga, mineira, nasceu no sítio da Vargem do Itacolomi, na Vila Real de Nossa Senhora, em Minas Gerais. Em 1749, aos vinte anos de idade, embarcou para a sede do reino, matriculando-se na Universidade de Coimbra, onde obteve o Bacharelato em Cânones. Entre 1753 e 1754, retornou ao Brasil, dedicando-se à advocacia em Vila Rica. Jurista culto e renomado à época, ali exerceu o cargo de procurador da Coroa, desembargador, e, por duas vezes, o de secretário de Estado. Por incumbência da Câmara de Ouro Preto elaborou a "Carta Topográfica de Vila Rica e seu termo" (1758). Por sua idade, boa lição clássica, fama de doutor e crédito de autor publicado, exerceu uma espécie de magistério entre os seus confrades em musa, maiores e menores, uma vez que todos lhe liam as suas obras e lhe escutavam os conselhos. "Glauceste Saturnino" (ou "Glauceste Satúrnio"), pseudônimo do autor, faz parte da transição do Barroco para o arcadismo. Seus sonetos herdaram a tradição de Camões. Foi, assim, uma das principais figuras da capitania. Aos sessenta anos de idade, teve uma participação colateral na conjuração mineira. Detido e, segundo alguns, apavorado com as consequências da acusação de réu de inconfidência, interrogado uma vez só, morreu em circunstâncias obscuras, em Vila Rica, no dia 4 de julho de 1789. Oficialmente, teria cometido suicídio por enforcamento na prisão. Em outra versão, estudiosos levantam a hipótese de ter sido assassinado no cárcere. Os registros da trajetória da vida de Cláudio revelam uma bem sucedida carreira no campo político, literário e profissional. Foi secretário de governo, poeta admirado até em Portugal e advogado dos principais negociantes da capitania no seu tempo, como João Rodrigues de Macedo, igualmente envolvido na conspiração mineira. Acumulou ampla fortuna e sua casa em Vila Rica, era uma das melhores vivendas da capital. Sólida e construção que ainda lá está a desafiar o tempo. A memória de Cláudio Manuel da Costa, porém, não teve a mesma sorte. Até hoje paira sobre ele a suspeita de ter sido um miserável covarde que traiu os amigos e se suicidou na prisão. Outros negam até a própria relevância da sua participação na Inconfidência Mineira, pintando-o como um simples espectador privilegiado, amigo de Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, freqüentadores assíduos dos saraus que ele promovia. Cláudio tentou, ele próprio, diminuir a relevância da sua participação na conspiração, mas estava apenas tentando reduzir o peso da sua culpa diante dos juízes da devassa. Os clássicos da historiografia da inconfidência mineira são unânimes em valorizar sua participação no movimento. Parece que ele era meio descrente com as chances militares da conspiração. Mas não deixou de influenciar no lado mais intelectualizado do movimento, especialmente no que diz respeito à construção do edifício jurídico projetado para a república que pretendiam implantar em Minas Gerais, no final do século XVIII. De qualquer modo José Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais, dele diz o seguinte: "O dr. Cláudio Manoel da Costa era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas coisas respeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e algumas determinações do modo de se reger a República: o sócio vigário da vila de S. José é quem declara nas perguntas formalmente"... (Anais da Biblioteca Nacional, 1º vol. pg. 384). Assim como outros conspiradores com altos títulos sociais, Cláudio foi levado após ter sido preso para a Casa dos Contos pertencente a seu cliente João Rodrigues de Macedo, mas na época alugada por este ao governo de Minas Gerais. Foi em sua cela debaixo da escadaria que leva ao primeiro andar que ele se enforcou na noite do 3 ao 4 de julho de 1789. É patrono, sob número 8, da Academia Brasileira de Letras. Morte: assassinato ou suicídio? Um dos pontos mais críticos da biografia do poeta inconfidente é a sua morte. Há mais de duzentos anos que o assunto suscita debates e há argumentos de peso tanto a favor como contra a tese do suicídio. Os partidários da crença de que Cláudio Manuel da Costa tenha se suicidado se baseiam no fato de que ele estava profundamente deprimido na véspera da sua morte. Isso está estampado no seu próprio depoimento, registrado na Devassa. Além disso, seu padre confessor teria confirmando seu estado depressivo a um frade que trouxe o registro à luz. Os partidários da tese de que Cláudio tenha sido assassinado contestam tanto a autenticidade do depoimento apensado aos autos da Devassa, quanto a honestidade do registro do frade. Quem acredita na tese do assassinato se baseia em um argumento principal: o próprio laudo pericial que concluiu pelo suicídio. Pelo laudo, o indigitado poeta teria se enforcado usando os cadarços do calção, amarrados numa prateleira, contra a qual ele teria apertado o laço, forçando com um braço e um joelho. Muitos acreditam ser impossível alguém conseguir se enforcar em tais circunstâncias. O historiador Ivo Porto de Menezes relata que ao organizar antigos documentos relativos à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, em 1957 ou 1958, encontrou no livro de assentos dos integrantes da Irmandade de São Miguel e Almas, a anotação da admissão de Cláudio Manuel e à margem a observação de que havia "sufragado com 30 missas" a alma do falecido, e "pago tudo pela fazenda real". De igual forma procedera a Irmandade de Santo Antônio, que lançou em seu livro: "falecido em julho de 1789. E feitos os sufrágios." Relembra que havia à época proibição de missas pelos suicidas. Também Jarbas Sertório de Carvalho, em ensaio publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, defende com boa documentação e argumentos a tese do assassinato. Há ainda quem acredite que o próprio governador, Visconde de Barbacena, esteve envolvido na conspiração e Cláudio teria sido eliminado por estar disposto a revelar isso. Mas o fato é que somente a tese do suicídio pôde se lastrear em documentos, ainda que duvidosos quanto a sua honestidade e veracidade, como bem salientam os adeptos da tese de assassinato. Joaquim Norberto de Souza e Silva (1820-1891), pesquisador e colaborador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, assim escreve em sua obra "História da Conjuração Mineira" (1860), no capítulo XVII - "Ainda os interrogatórios":"Na manhã de 4 de julho de 1789, o desembargador Pedro José Araújo de Saldanha e o doutor José Caetano César Manitti, acompanha­dos do tabelião Antônio Joaquim de Macedo e do escrivão da ouvidoria José Veríssimo da Fon­seca se dirigiram à casa do Real Contrato das Entradas e aí deferiram juramento aos cirurgiões aprovados Caetano José Cardoso e Manuel Fernandes Santiago, e parando ante um dos segre­dos ordenaram a sua abertura a Joaquim José Ferreira, alferes do esquadrão de cavalaria da guarda do vice-rei, que ali estava aquartelado com a sua companhia, e fazia a guarda dos presos. Aberta a porta, uma cena lúgubre se apresentou aos olhos dos ministros e de sua comitiva. Um cadáver pendia de uma espécie de armário que não pudera ser removido daquele segredo. Era o dr. Cláudio Manuel da Costa! Lavrou a justiça com as formalidades do es­tilo o auto do corpo de delito e exame, e mandou sepultar o cadáver, sem as formalidades religiosas e em chão profano. Motivou a notícia deste acontecimento mil boatos, e ninguém ­acreditou que a morte do ilustre poeta fosse voluntária. Até aqui também a história sem os documentos oficiais, parando ante o cadáver do dr. Cláudio Manuel da Costa, encontrado em seu cárcere pendente de um baraço, hesitava entre a ideia de um suicídio ou de uma premeditação criminosa dos ministros do governo colonial. Sabe-se hoje, segundo as peças do longo processo, que espontânea fora sua morte. Ah! e que longa agonia não sofreu ele, como indicava a posição de seu cadáver tendo uma liga por baraço, pendente de um armário, com um dos joelhos firmado sobre uma das prateleiras e o braço direito forcejando debaixo para cima contra a tábua na qual prendera o baraço, como procurando estreitar o fatal laço que zombara da gravidade de seu corpo, já tão debilitado pelos anos e trabalhos!..."Ainda no ensaio "Inconfidência Mineira - As Várias faces", Júlio José Chiavenato lança um dado que reforça a tese da farsa montada do "suicídio" de Cláudio Manuel da Costa. Na tarde do mesmo dia em que o advogado foi preso, foram assassinados no sítio da Vargem a sua filha, o genro e outros familiares, bem como alguns escravos e foram roubados todos os seus bens. O Visconde de Barbacena só informou Lisboa da morte de Cláudio Manuel da Costa a 15 de julho, onze dias depois de ter ocorrido e quando dera conhecimento a Lisboa do seu interrogatório a 11 de julho, sem nunca referir ao facto. Se a morte do alferes Tiradentes não causaria embaraços em Lisboa a de Cláudio e da sua família poderia causar, daí a necessidade da farsa ser montada. Dez dias depois da sua morte, a população de Paris tomava a fortaleza da Bastilha, marcando o início do fim da dinastia dos gloriosos Luíses de França. Começava a tomar corpo então, um projeto político, sonhado pelo próprio Cláudio Manuel da Costa para seu país. Demoraria, no entanto, mais trinta anos para que o Brasil se tornasse liberto de Portugal. Cem anos a mais seriam necessários para a realização da segunda parte do sonho, a implantação do regime republicano no Brasil. Representações na cultura. Cláudio Manuel da Costa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por:
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Castro Alves
Castro Alves Antônio Frederico de Castro Alves (Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, 14 de março de 1847 — Salvador, 6 de julho de 1871) foi um poeta brasileiro. Escreveu clássicos como "Espumas Flutuantes" e "Hinos do Equador," que o alçaram à posição de maior entre seus contemporâneos, bem como versos de poemas como "Os Escravos" e "A Cachoeira de Paulo Afonso", além da peça "Gonzaga", que lhe valeram epítetos como "poeta dos escravos" e "poeta republicano" por Machado de Assis, ou descrições de ser "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitário", no dizer de Joaquim Nabuco, de ser "o maior poeta brasileiro, lírico e épico", no dizer de Afrânio Peixoto, ou ainda de ser o "apóstolo andante do condoreirismo" e "um talento vulcânico, o mais arrebatado de todos os poetas brasileiros", no dizer de José Marques da Cruz. Integrou o movimento romântico, fazendo parte no país daquilo que os estudiosos chamam de "terceira geração romântica". Começou sua produção maior aos dezesseis anos de idade, e seus versos de "Os Escravos" foram iniciados aos dezessete (1865), com ampla divulgação no país, onde eram publicados nos jornais e declamados, ajudando a formar a geração que viria a conquistar a abolição. Ao lado de Luís Gama, Nabuco, Ruy Barbosa e José do Patrocínio, destacou-se na campanha abolicionista, "em especial, a figura do grande poeta baiano Castro Alves". José de Alencar disse dele, quando ainda em vida, que "palpita em sua obra o poderoso sentimento de nacionalidade, essa alma que faz os grandes poetas, como os grandes cidadãos". Teve por maiores influências os escritores românticos Victor Hugo, Lord Byron, Lamartine, Alfred de Musset e Heinrich Heine. O historiador Armando Souto Maior disse que o poeta, "como assinala Soares Amora 'por um lado marca o ponto de chegada da poesia romântica, por outro já anuncia, nalguns processos poéticos, em certas imagens, nas ideias políticas e sociais, o Realismo.' Não obstante, deve ser considerado o maior poeta romântico brasileiro; sua poesia social contra a escravidão galvanizou a sensibilidade da época". Diz Manuel Bandeira que "o único e autêntico condor nesses Andes bombásticos da poesia brasileira foi Castro Alves, criança verdadeiramente sublime, cuja glória se revigora nos dias de hoje pela intenção social que pôs na sua obra". No dizer de Archimimo Ornelas, "Temos Castro Alves, o revolucionário; Castro Alves, o abolicionista; Castro Alves, o republicano; Castro Alves, o artista; Castro Alves, o paisagista da natureza americana; Castro Alves, o poeta da mocidade; Castro Alves, poeta universal; Castro Alves, o vidente; Castro Alves, o poeta nacional por excelência; enfim, em todas as manifestações humanas poderemos encontrar essa força revolucionária que foi Castro Alves" e, sobretudo, "Castro Alves como o homem que amou e foi amado". Primeiros anos. Nasceu Antônio Frederico na Fazenda Cabaceiras, às dez horas da manhã, do domingo 14 de março de 1847. Era a família do poeta abastada e culta, formando um ambiente familiar de grande inclinação cultural. Seu avô materno era o Major Silva Castro, herói das lutas pela Independência da Bahia e figura importante na história do sertão baiano. Tinha o poeta o apelido familiar de "Cecéu". Passou nas terras sertanejas sua primeira infância, que lhe fez "guardar indelével impressão" para o resto da vida, no dizer de Afrânio Peixoto. Era cuidado pela "mucama" Leopoldina, que lhe contava as histórias e lendas do sertão, e um filho desta, Gregório, viria a ser pajem do poeta. Cursou o primário em São Félix. Junto ao irmão mais velho teve suas aulas iniciais com um professor e curandeiro chamado José Peixoto da Silva, e Aristides Mílton lembra que foi de ambos colega na cidade de Cachoeira na classe do mestre-escola Antônio Frederico Loup. Da época sertaneja guardou o primeiro amor infantil, Leonídia Fraga, no dizer de Archimimo Ornelas: "ele a conhecera em criança, no Curralinho, quando ambos brincavam nas campinas". Ornelas atribui a esta memória os versos do poeta: "Quando a infância corria alegre, à toa (…) Em minha infância refletia-se a tua / Beijei-te as mãos suaves, pequeninas. / Tinhas um palpitar de asas divinas… / Eras — o Anjo da Fé!…"; voltaria a reencontrá-la ainda duas vezes. Quando a família se mudou para a capital do estado (1854), foram inicialmente residir num sobrado onde morou Júlia Fetal, vítima de crime passional, assassinada pelo noivo em 1848, aos vinte anos de idade. O menino Antônio Frederico ouvira, ali, histórias dos fantasmas que povoariam a residência. Ali nasceu Adelaide, que viria a ser a irmã predileta do poeta. Ficava a residência à então rua do Rosário, número 1, mas já no ano seguinte (1855), mudaram-se novamente para a rua do Paço, número 47; estudou nesta época no Colégio Sebrão. Permaneceu nesta escola por dois anos. Foi em 1858, junto aos irmãos, frequentar o Ginásio Baiano, do célebre educador Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas. Ali, encontrou um ambiente cultural fértil, no registro de Peixoto: "…uma atmosfera literária, produzida pelos 'oiteiros', ou saraus, então em moda, festas de arte, música, poesia, declamação de versos e discursos, que o havia de todo seduzir" e que isto lhe fizera bem precocemente revelar-se o talento: "o nosso poeta se revelou, talvez antes dos treze anos, nessa idade com certeza, de que datam as primeiras composições conservadas". De fato, os anos de 1859 a 1861 são as datas de seus versos iniciais. O desembargador Souza Pitanga, em palestra proferida no Rio de Janeiro no ano de 1918 lembrando seu colega Plínio de Lima, registrou o ambiente do Colégio Baiano: "…esse suave e hospitaleiro solar das belas letras, onde uma legião alegre e vivaz de aspirantes ao futuro ia receber o pão eucarístico do saber dos lábios de uma plêiade de sacerdotes do ensino". Ali havia, segundo ele "um bosque umbroso de frondosas mangueiras, onde cigarras cantavam em coro" e "o saudoso Diretor Dr. Abílio César Borges, dominando com seu porte ereto e seu trato fidalgo, uma legião de menores que se compunham de rapazes de 18 anos até crianças de 7". Pitanga lembrou que entre os professores se destacavam Ernesto Carneiro Ribeiro, Eduardo Frederico Alexander e Antônio Damásio; entre os alunos contemporâneos estavam Aristides Milton, Antônio Alves de Carvalhal, Odorico Mendes, Ruy Barbosa e os três irmãos Castro Alves. A morte da mãe, em 1859, foi o início das perdas familiares. Clélia Brasília fora "vitimada por uma fraqueza pulmonar" e não resistiu. Tomado por violenta comoção e revelando o começo de problemas emocionais, seu irmão José Antônio então ameaçou suicidar-se, tentando atirar-se de uma janela. Em 1861, ainda aluno do Colégio Baiano, publicou em vários jornais versos em homenagem ao "mestre do coração", Dom Antônio de Macedo Costa, que falecera. A "homenagem poética" foi composta de oito sextilhas com sete sílabas. Vida em Recife. Em 25 de janeiro de 1862, pouco depois do casamento do pai com Maria Ramos Guimarães, e contando apenas catorze anos, Castro Alves se mudou para a cidade de Recife com o irmão mais velho, a fim de se matricularem num curso preparatório anexo à Faculdade de Direito daquela capital, com intuito de nela ingressarem. Logo se entrosou com as atividades sociais da mocidade acadêmica, como disse Afrânio Peixoto: "Aí a vida agitada e solta da academia, onde os moços de talento porfiavam por aparecer, a índole generosa de Castro Alves, que desde cedo aspirou à glória que dão as grandes causas sociais, fizeram dele um tribuno e um poeta que se não esquivou às sessões públicas na Faculdade, nas sociedades dos estudantes, na plateia dos teatros, incitado desde logo pelos aplausos e ovações que começara a receber, e iam num crescendo de apoteose". Assim que chegou ao Recife morou com o irmão no Convento de São Francisco e dali se mudaram para uma república na rua do Hospício, onde depois viria a morar também seu futuro cunhado Augusto Álvares Guimarães, seu grande amigo. Xavier Marques relembra dos dois irmãos, então: José Antônio a ler Álvares de Azevedo para os loucos do hospício e ele, Castro Alves, "jogando bilhar, desenhando e fazendo versos". Luís Cornélio dos Santos, outro grande amigo que o acompanharia até a morte, relata que foram então morar num bairro afastado de Recife, às margens do Capibaribe, onde muitas vezes o seguia em caminhadas em que lia poemas de um caderninho que, mais tarde, se perdeu. O amigo registrou sobre esse período: "A alma desse menino era de uma pureza inexcedível; a inteligência tinha lampejos que ofuscavam como relâmpago — Hugo em pequeno devia ser assim" e sobre o caderno perdido: "Esse livrinho perdeu-se; nem uma dessas estrofes figura hoje no rico tesouro de poemas que nos legou". Sobre este período registrou Antônio Loureiro de Souza: "Vive, e bem vivida, a sua época, agitando-se entre o amor e a poesia – razão de ser que foi da sua existência". No Recife ligou-se bastante ao conterrâneo Plínio de Lima: "Redigiram juntos os mesmos jornais e tiveram a mesma orientação literária contra a corrente chefiada por Tobias Barreto". Afrânio Peixoto descreveu sua figura: "Era então um belo rapaz, de porte esbelto, tez pálida, grandes olhos vivos, negra e basta cabeleira, voz possante e harmoniosa, irrepreensivelmente vestido de preto, dons e maneiras que impressionavam à multidão, impondo-se à admiração dos homens e às mulheres inspirando os mais ternos sentimentos". Em maio de 1863 deu exemplo de sua precocidade ao publicar no Recife, para onde se mudara a fim de realizar os estudos preparatórios para ingresso na faculdade junto ao irmão mais velho, "A Canção do Africano" (no primeiro número do jornal "Primavera"). Sobre isso Afrânio Peixoto falou que ali, ou talvez antes, tenha encontrado sua "vocação de abolicionista" e concluiu: "Se 'não teve precursores', ninguém tampouco seria mais precoce": contava somente dezesseis anos. Mas em março ele havia prestado o exame para ingresso na faculdade, sendo reprovado em geometria: "tivera sempre quizília à matemática", no dizer de Afrânio Peixoto que, entretanto, justificou essa reprovação com o fato de ter ocorrido na época o fechamento das Câmaras, impossibilitando assim que ele recebesse o aviso para realizar uma matrícula condicional, como ouvinte. Desse período nem tudo se perdeu: conservaram-se os poemas "Pesadelo", "Meu segredo" e "Cansaço", além do já citado. A atriz portuguesa Eugênia Infante da Câmara viera ao Brasil em 1858, iniciando na Companhia Dramática Furtado Coelho uma turnê pelo país, percorrendo-o de sul a norte. Não era uma mulher bonita, mas era dotada de "uma graça extraordinária, inteligente, instruída, nervosa e vibrante, cheia de seduções e de singulares caprichos". Tinha o poeta pouco mais de quinze anos de idade quando a viu pela primeira vez, a apresentar em Salvador a peça "Dalila" no Teatro São João e então dela se enamorou. Anos depois voltaria a revê-la no Recife, como a atriz principal da Companhia. Aventa Afrânio Peixoto que possivelmente date desta época o início da paixão que tanta influência teria em sua vida. No dia 9 de fevereiro de 1864 seu irmão José Antônio, que enlouquecera meses antes, cometeu o suicídio. Diante de tantas adversidades, e em razão dos problemas pulmonares, voltou para a Bahia. Teve assim várias faltas na faculdade, cuja matrícula finalmente conseguira, e foi reprovado no seu primeiro ano; o sofrimento com a tuberculose render-lhe-ia os versos intitulados "Mocidade e Morte" (cujo título original seria "O Tísico"), onde clama o poeta: "Eu sinto em mim o borbulhar do gênio /Vejo além um futuro radiante" mas "Resta-me agora por futuro — a terra /Por glória — nada, por amor — a campa..." Só retornou ao Recife em 18 de março de 1865, acompanhado por Fagundes Varella; a 10 de agosto recitou "O Sábio" na Faculdade de Direito e alistou-se no dia 19 desse mês no Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai, mas foi reprovado no exame de saúde. Neste mesmo ano principiou a composição de "Os Escravos", e conheceu a moça um ano mais velha, Idalina. Foi "a primeira mulher que se entregou completamente à força sedutora de Castro Alves", no dizer de Ornelas, que relata ter o jovem conhecido a amante no bairro de Santo Amaro, e com ela ido morar "numa casinha branca da rua do Lima, sob os olhares curiosos da vizinhança", informação em parte contraditada por Regueira Costa, que relatou uma visita então feita ao amigo: "o fui encontrar (…no retraimento em que vivia, obedecendo à influência natural do seu temperamento) no convívio da sua encantadora Idalina, a preparar o poema d'Os Escravos", e que lhe dissera, então: "Estou muito satisfeito com os meus vizinhos, dizia-me ele, ali — os doidos… (referia-se à Casa de Saúde do Dr. Ramos) — à direita os mortos… (aludia ao Cemitério Público)". Idalina não era de todo ignorante como "a grande maioria dessas infelizes mulheres: sem instrução e sem sensibilidade"; sabia tocar piano e cantava, o que denotava uma origem abastada, e o entretém com sua "garganta de um palor alabastrino". Ele se permitiu tais "distrações" amorosas, bem como a dedicação à poesia, ao fato de estar a repetir as matérias do ano anterior, já estudadas; entretanto foi aprovado com reservas, talvez pela perseguição de um professor português que lhe seria desafeto. Novamente em companhia de Fagundes Varella voltou à Bahia, em 16 de dezembro; com isso houve um completo rompimento com a amante, e talvez nunca mais tenha visto Idalina, e sobre esse romance vivido ele compôs, anos mais tarde, o poema "Aves de Arribação". Neste mesmo ano voltou a ver Leonídia Fraga, o amor da infância e que lhe fora "prometida"; se na poesia que relembra a meninice a chamara de "Anjo da Fé", em novos versos rememora o segundo encontro daquela que, no sertão, o esperava sempre:"Depois eu te revi… na fronte branca, / Radiava entre pérolas mais franca / A altiva c'roa que a beleza trança!… (…) Por ti sonhei — triunfador — a palma. / Ó — Anjo da Caridade!…"Seu pai, bastante abalado moral e fisicamente pela morte do filho mais velho José Antônio, que segundo parentes e conhecidos teria mais talento que o irmão famoso e no qual o pai depositava grandes esperanças, teve a saúde ainda mais fragilizada, não resistiu à epidemia de beribéri que grassava em Salvador e faleceu em 24 de janeiro de 1866, ficando o poeta e seus irmãos sobreviventes órfãos de pai e mãe; ele, numa "idade perigosa, em que se delineiam rumos, se norteiam existências". No Recife, dois dias após sua perda, o seu senhorio fez publicar no "Diario de Pernambuco" um anúncio cobrando-lhe os alugueres em atraso: "Enquanto o Sr. acadêmico Antônio de Castro Alves não pagar 63 mil réis de aluguel da casa em que morou na rua dos Coelhos, verá seu nome neste jornal". Ainda em 1866 se enamorou de Ester e Simmy, duas irmãs judias filhas do comerciante Isaac Amzalack, que morava próximo à casa da família, no Sodré; escreveu o belo poema "A Hebreia", que mandou às duas com a dedicatória "à mais bonita", provocando a disputa entre elas. Mestre do improviso e da declamação. Havia uma percepção entre os românticos condoreiros, e não apenas em Castro Alves, de que a poesia poderia mudar o mundo e, para isto, precisava ocupar os espaços públicos na divulgação dos ideais que defendiam (abolição, república, democracia, etc.); nenhum deles, entretanto, atingiu a sua popularidade e capacidade em dar visibilidade à arte poética. No Recife ele se destacou pelos improvisos e pelas manifestações nos momentos históricos pelos quais convulsionava a opinião pública; assim é que em começos de 1866, na mesma rua do Hospício onde morou, juntou-se a Augusto Guimarães, Rui Barbosa, Plínio de Lima, Regueira Costa e outros na fundação de uma sociedade abolicionista. Apesar de ter manifestado interesse em se alistar, não foi simpático à Guerra do Paraguai — sentimento que não o impediu de prestar homenagem patriótica ao amigo Maciel Pinheiro, que partira para o teatro das lutas; numa manifestação popular em defesa da república, que a polícia reprimiu, ele proferiu um improviso onde diz: "A praça, a praça é do povo / Como o céu é do condor…"; ou, ainda, o improviso "À Mocidade Acadêmica" durante a questão Ambrósio Portugal, onde conclamou aos jovens, de uma janela da rua do Imperador: "Vós os luzeiros do país, erguei-vos! / Perante a infâmia ninguém fica exangue (…) A lei sustenta o popular direito, / Nós sustentamos o direito em pé!"; ou, ainda, na defesa de Eugênia durante os embates com Tobias Barreto que se verá a seguir: "Gravitar para ti é levantar-se / Cair-te às plantas é ficar de pé". Vicente Azevedo, contemporâneo, registrou: "E ele sabia preparar a cena, como emérito que era. Para essas ocasiões, punha pó de arroz no rosto, a fim de acentuar mais a palidez; um pouco de carmim nos lábios (oh! Adoráveis ilusões da mocidade) e muito óleo nos cabelos que ele arremessa da formosa cabeça". Anos depois, em São Paulo, Martin Francisco Terceiro registrou a primeira vez que o viu declamar no Teatro São José num espetáculo em benefício do ator Joaquim Augusto Ribeiro de Souza, dando a real dimensão não somente do carisma do poeta, como do efeito que provocava nas pessoas: "Muita gente, nenhum camarote vazio. Sobe o pano. Enfileiram-se em cena os artistas, com o beneficiário à frente. Voltam-se todos os olhares para o último camarote da 2.ª ordem, à esquerda do palco, onde aparece o vulto bonito, proporcionado, popular, do moço baiano. Cabelos negros e ondeantes; voz larga e sonora; enunciação segura, como que virgulada; gesto e palavra em indefectível harmonia, dominando a atenção e o coração, a impaciência e a consciência do auditório extasiado; assombroso sucesso! Impossível imaginar recitação mais perfeita. Aplausos, muitos aplausos. Um triunfo completo da genialidade sobre a multidão, da poesia sobre a prosa, do indivíduo sobre o sentimento coletivo", e conclui: "Vê-se, percebe-se que a alma da juventude acadêmica se orgulha de seu fator máximo, do ídolo predileto". Eugênia Câmara e Tobias Barreto. Desde 1864 a família do poeta encontrara na bagagem do jovem estudante uma fotografia de Eugênia Câmara, e passou a se preocupar com ela; divergem Afrânio Peixoto e Xavier Marques, entretanto, qual a data precisa de quando fora a origem do amor, embora aos dezenove anos e quando ele já era "o mais belo homem que se possa imaginar. Alto, forte, esbelto, de tez levemente morena, ampla testa, olhos negros, rasgados e pestanudos, nariz direito, lábios sensuais e, na cabeça poderosa, a coma negra, retinta, luzidia, de uma basta e longa cabeleira, cuja sedução ele conhecia" e apresentava já formação intelectual solidificada que lhe dera grande popularidade após "abalar" a Faculdade de Direito ao declamar "O Século", protagonizou por ela um dos mais vibrantes duelos da história literária brasileira contra o colega Tobias Barreto. Antônio e Tobias eram até então amigos e considerados as duas maiores expressões da academia recifense; mas o escritor sergipano, dez anos mais velho, era dotado de temperamento nervoso, por vezes insociável — antítese do baiano, de índole meiga e que atraía os que lhe conheciam. A disputa entre ambos se deu quando Barreto se enamorou da atriz Adelaide Amaral, da mesma companhia de Eugênia, e passou a defendê-la em detrimento da outra: formaram-se, assim, dois partidos na cidade em que cada grupo defendia suas musas, sobre o que mais tarde registraria Jorge Amado: "Como que daí por diante as peças, dramas e tragédias não findam ao cair do pano. Continua a representação na plateia, através dos dois partidos e dos dois chefes. Insultos, aplausos e vaias, versos e descomposturas, são o complemento dos espetáculos teatrais de então". Após uma noite em que Tobias e seus aliados vaiaram Eugênia, Castro Alves improvisou de forma avassaladora na réplica e, dias depois, em novo confronto, nova vitória sobre o rival com "versos que ficaram memoráveis", onde o baiano aludia ao fato de ser Adelaide casada e, portanto, infiel: "Sou hebreu, não beijo as plantas / Da mulher de Putifar…", levando a disputa para as páginas da imprensa e a uma derrota fragorosa de Barreto. Castro Alves assim conquistara a amante e o público e, já tendo perdido o pai, perdeu também "o recato aos seus caprichos amorosos". Tamanha foi sua paixão e insistência que não restou a Eugênia Câmara senão ceder-lhe ao assédio; ela então vivia com o abastado guarda-livros Veríssimo Chaves, que mantinha seus luxos. Abandonado um amante por outro, ela não seguiu com a Companhia quando esta partiu em sua turnê para a Bahia, e junto ao jovem poeta foi morar numa pequena casa à rua do Barro, no caminho do Jaboatão. ele assim perdeu as férias e compôs ali a peça "Gonzaga", fez traduções e até iniciou a escrita de uma novela (que se perdeu). Ficaram até maio de 1867, quando ambos partiram para Salvador. Passagem pela Bahia. Em Salvador o casal de amantes se hospedou no Hotel Figueiredo, no centro, atendendo ao desejo de Castro Alves de que os notem, uma afronta à sociedade baiana; mas logo a atriz, tendo o amor a esmaecer, manifestou o desejo de voltar aos palcos e os dois se transferiram para a quinta da Boa Vista, onde fora o hospital do Dr. Alves e morou a família alguns anos (então a casa estava abandonada, após a morte do pai). Ela passou a se apresentar numa companhia que atuava no Teatro S. João: ali estreou a 20 de junho de 1867, e tanto ela quanto o poeta foram aplaudidos pelos versos que ele e também Eugênia declamaram, repetindo ali o sucesso do Recife. Em 7 de setembro estreou "Gonzaga", tendo Eugênia no papel principal, e foi tão grande o triunfo alcançado que a atriz recebeu uma coroa de prata por seus méritos. Descreveu Afrânio Peixoto, em 1917, esse momento: "Enfim, a 7 de setembro, sobe o "Gonzaga" à cena, representando Eugênia o papel de Maria, festa literária memorável que consagrou definitivamente Castro Alves, coroado em cena aberta, no delírio da turba que o conduziu nos braços ao festim de um banquete e, depois, até à casa, sempre sob ovações". Aumentava a popularidade mas diminuía o arroubo que os unira em Pernambuco, especialmente por parte da atriz: em Castro Alves cresceu o ciúme, que foi motivo de brigas e cenas violentas; ela queria viajar para o Rio de Janeiro e ele decidiu transferir-se para São Paulo, em cuja faculdade já militavam alguns amigos e onde Eugênia ser-lhe-ia infiel. No Rio de Janeiro e em São Paulo. No 10 de fevereiro de 1868 embarcou com Eugênia para o Rio de Janeiro, a bordo do navio "Picardie", para uma breve parada antes de seguir o casal para São Paulo. No Rio, portando uma recomendação de Fernandes da Cunha apresentou-se ao consagrado escritor José de Alencar, a quem leu os esboços de "A Cascata de Paulo Afonso" (título provisório do poema). Desse encontro resultou o artigo "Um Poeta" pelo autor de "Iracema", publicado no dia 22 de fevereiro no jornal "Correio Mercantil". Alencar fez mais, apresentou-o a Machado de Assis com uma missiva de recomendação em que indicava-lhe o "Poeta dos Escravos" com as seguintes palavras: "Seja o Virgílio do jovem Dante, conduza-o pelos ínvios caminhos por onde se vai à decepção, à indiferença e finalmente à glória, que são os três círculos máximos da divina comédia do talento". Durante sua estadia ali ocorreu a vitória brasileira na Guerra do Paraguai da Passagem de Humaitá. Acorreu grande multidão às ruas, festejando a conquista, e saiu Castro Alves à sacada do jornal "Diário do Rio de Janeiro" (à Rua do Ouvidor, n.º 97), onde declamou de improviso "uma de suas raras poesias guerreiras, versos de circunstância, aplaudidos pela multidão, louvados pela imprensa" no dizer de Peixoto, mas que ele mesmo depois escreveria no manuscrito em que registrou o poema: "não se publica" (recomendação não seguida pelos editores de sua obra). Foi ainda num dos salões deste jornal que ele fez apresentar à diminuta plateia de intelectuais as cenas do "Gonzaga", sua peça, que o jornal depois noticiaria ter saído "laureado o Sr. Castro Alves". Tais sucessos encheram-no de orgulho, apesar de simular condição humilde; em março seguiu com Eugênia para a capital paulista, onde granjeou admiração da juventude, e o ciúme em figuras como Joaquim Nabuco. Participou em São Paulo da Loja América da maçonaria, da qual era ativo membro Rui Barbosa que, nela, baixara um decreto obrigando aos seus afiliados a imediata libertação dos cativos que lhes pertenciam. A loja paulista era já uma instituição de relevo no cenário político, e a participação dos jovens alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco se seguiu à participação deles no "Ateneu", órgão estudantil desta, no qual Alves fora integrante da "comissão de literatura", da qual também era membro Joaquim Nabuco. Nos tempos acadêmicos Rui e Castro Alves também fizeram parte da "Bucha Paulista", uma sociedade secreta do direito originalmente criada com base nas "Burschenschaften" alemãs, destinadas a apoiar estudantes em situação precária mas que, em São Paulo, ganhou o cunho social que transcendeu o ambiente acadêmico e veio a conquistar o poder no país através do apoio mútuo, a ponto de três dos cinco participantes da comissão que elaborou o anteprojeto da Constituição de 1891 serem integrantes da "Bucha". Em São Paulo cursou o terceiro ano da faculdade onde, embora sem grande dedicação ao estudo, logrou aprovação. A situação com Eugênia continuou em meio a crises marcadas por brigas, separações e reconciliações; ela continuou a se apresentar com sua peça "Gonzaga". O sucesso que a cidade lhe oferecera, segundo Archimimo Ornelas, o fez "descuidar-se de Eugênia" e ela, "para vingar-se, procuraria outros amores", ao que ele fingiu ignorar pois ainda lhe era constante. Em outubro ela ainda atuou na peça e houve uma "trégua" que, contudo, cedeu a novas e fortes brigas ante o falatório sobre a conduta infiel dela, culminando na separação definitiva: "o episódio final foi de uma violência imprevista. A atriz indicou-lhe a porta…" Acidente de caça e amputação do pé. Diante do desgaste emocional do constante chamamento às apresentações públicas e do drama passional com Eugênia, tornou-se o poeta vítima de "profundo abatimento" e procurou momentos de solidão. "Não lia, não escrevia; passeava, fumava, saía à caça, sem disparar sequer um tiro", disse Afrânio Peixoto. No dia primeiro de novembro de 1868, segundo relata Peixoto, lembrando ainda a piora de sua tuberculose: "fora passar um dia no arrabalde do Brás, e à tarde desse dia tomara a espingarda e saíra para o campo. Ao transpor uma vala, com o salto, a arma voltada para baixo dispara e a carga de chumbo emprega-se no pé esquerdo. Pôde arrastar-se até a casa de seu amigo e correspondente, o médico baiano, Dr. Lopes dos Anjos, [que] o conduziu então para a casa da cidade, na rua do Imperador, junto ao atual número 33. Além deste médico e amigo, prestou-lhe serviços o cirurgião Dr. Cândido Borges Monteiro, Barão de Itaúna, presidente da província. Mas o mal se agravava, sem esperança de cura, e os antigos padecimentos pulmonares acordavam, impressionantes". Durante esse período o amigo Luís Cornélio, que morava na Corte, chamava-o para lá onde os recursos médicos eram melhores. A 19 de março de 1869 ele finalmente embarcou em Santos, acompanhado de um amigo; àqueles que não pudera se despedir pessoalmente o fez por meio de nota publicada no jornal "Ypiranga" que noticiara antes sua partida e, no dia 30, publicou no "Correio Paulistano" uma comovente carta de agradecimento aos amigos da capital paulista. Chegou ao Rio em 21 de março; ali passou pelo martírio de uma amputação, na qual atuaram os cirurgiões e professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Andrade Pertence e Mateus de Andrade: deceparam-lhe o membro inferior esquerdo sem qualquer anestesia. A situação pulmonar, agravada com várias hemoptises, impossibilitou o uso do clorofórmio (então o único meio anestésico): ele teve apenas um lenço para morder a fim de mitigar a dor. Narra Peixoto que ele dissera, disfarçando a dor com humor: "Corte-o, corte-o, doutor… Ficarei com menos matéria que o resto da humanidade". A operação, realizada nos primeiros dias de junho, foi noticiada pelo jornal paulista "Ypiranga" no dia 21 de julho; teve início a longa convalescença onde o poeta, agora portando uma prótese de madeira, imaginou alcançar uma "nova primavera". No período em que se hospedou com Luís Cornélio e a esposa. Sua casa se tornou o "Petit Salon", frequentado por jovens artistas e intelectuais, e ele teve breves paixões como as de Cândida e Laura, que relembraria no poema "Os Anjos da Meia-Noite". Mas ainda era movido pelo amor terminado com Eugênia e, em 17 de novembro, escreveu à atriz os versos de "Adeus": "Adeus! P'ra sempre adeus! A voz dos ventos / Chama por mim batendo contra as fragas, / Eu vou partir... em breve o oceano / Vai lançar entre nós milhões de vagas..."; a este poema escreveu ela uma réplica, publicada em 1910 por Xavier Marques: "Adeus, irmão desta alma, digo-te Adeus! / Mas deixa que eu evite esse jamais! / Que o céu se compadeça aos rogos meus / E um dia cessarão teus e meus ais!" e "Sim que Deus iluminou a tua fronte / Com um raio divinal de Gênio! e Glória!.. / Vive, sonha, canta, este horizonte!... / O Brasil quer teu nome em sua história" e conclui "Adeus! Se um dia o Destino / Nos fizer ainda encontrar / Como irmã ou como amante / Sempre! Sempre! me hás de achar". Depois de instâncias da família, junto a amigos embarcou para a Bahia a 25 de novembro de 1869; ao singrar a Baía de Guanabara teve ali a ideia do título do livro que planejava publicar: "Espumas Flutuantes". O retorno à Bahia. Sua chegada em Salvador, em relato transcrito por Archimimo Ornelas, traduziu a decadência física e moral de Castro Alves: "Foi uma cena comovente a sua entrada na casa paterna, recebido pela madrasta e pelas jovens irmãs que o adoravam. Partira forte, ereto, cheio de confiança e audácia, voltava exangue, aleijado, doente do peito, com a alma saturada de amargura". Cercado do amor familiar e dos amigos, reencontrou as judias que um dia lhe inspiraram, sendo que Ester estava noiva agora. Ele fingiu estar desolado com isto e, pela janela do lar ao vê-las passar fingiu com um punhal de papel ferir-se no peito ao que elas, achando graça, fizeram-lhe sinal para que não perdesse as esperanças. A 29 de janeiro partiu para o sertão uma última vez, em viagem de barco que ia "cindindo as ondas do Paraguaçu em demanda da solidão profunda dos desertos, para apascentar, como Saul, os desesperos do meu espírito, e aviventar este sangue exausto e empobrecido pela tristeza e sofrimento", como registrou o condoreiro numa carta a Luiz Cornélio; partiu, então, junto ao cunhado Augusto, para Curralinho, onde, segundo Archimimo Ornelas, achou-se influenciado pela morte de Allan Kardec ocorrida no final do ano anterior e que tivera grande repercussão naqueles dias, e produziu versos em que questionava a vida pós-morte. Registrou Fernando Correia da Silva que, "na fazenda de Sta. Isabel do Orobó, o reencontro com Leonídia Fraga, sua prometida de menino e hoje donzela airosa que por ele esperara sempre. Reacender a paixão primeira? Para quê, se a morte ronda?". Castro Alves registrou em versos: "Hoje é o terceiro marco desta história. / Calcinado aos relâmpagos da glória, / Descri do amor, zombei da eternidade… (…) Por ti em rosas mudam-se os martírios! / Há no teu seio a maciez dos lírios… / Anjo da Caridade…" Sobre esses dias escreveu ele: "Talvez tenhas além servos e amantes, / Um palácio em lugar de uma choupana. / E aqui só tens uma guitarra e um beijo, / E o fogo ardente de ideal desejo / Nos seios virgens da infeliz serrana!" — e Correia da Silva conclui: "Leonídia, a “infeliz serrana”, ficará para sempre à sua espera. Acabará por enlouquecer". Ornelas diz que "Leonídia não foi correspondida como merecia" e ela "sem dúvida alguma amou o poeta" e, apesar de haver se casado mais tarde, quando enlouqueceu em suas crises voltava-lhe a lembrança, como registrou Afrânio Peixoto: "Amor divino, que sobreviveu a duas mortes, do coração amado e da razão amante". Do sertão enviou ao futuro cunhado Álvaro Guimarães os manuscritos dos poemas que deveriam integrar a publicação de "Os Escravos"; este pediu-lhe que limitasse o número de poesias, e disse que iria dali retirar a tradução que fizera de Victor Hugo, por extensa, bem como havia enviado cópias para análise dos amigos Amâncio e Plínio de Lima, em Recife. Em 14 outubro de 1870, combalido pela tuberculose, pediu ao amigo José Joaquim da Palma que lhe "empreste a voz" para declamar os versos de "Deusa Incruenta - A Imprensa" como "Antítese a 'Terribilis Dea'" versos de Pedro Luiz, um libelo contra a guerra; este a declama no dia imediato no Teatro São João, sendo ovacionado pela plateia. Em novembro de 1870 ocorreu, finalmente, o lançamento de "Espumas Flutuantes". Em sua abertura a dedicatória aos familiares mortos: "À memória de meu pai, minha mãe e de meu irmão". Em Salvador a irmã Adelaide apresentou-o à italiana Agnese Trinci Murri, que se estabelecera na capital, ali vindo ter como cantora lírica e vivia com a mãe, a dar aulas de piano e de canto; a sua beleza encantou o poeta doente, e ela não cedeu aos seus arroubos e versos; escreveu-lhe uma carta de doze laudas; na casa do Sodré tentou roubar-lhe um beijo, que ela evitou dizendo: "mulher beijada, mulher desonrada" — seriam estes arroubos fruto da doença que avançava. Em 9 de fevereiro de 1871 dedicou os versos de "No Meeting du Comité du Pain" à campanha que se fazia na capital baiana de arrecadação de fundos aos franceses mutilados, órfãos e viúvas durante a Guerra Franco-Prussiana. Ele fez, num sarau a 21 de março de 1871, declaração pública de seu amor a Agnese, ao que ela respondeu-lhe cantando trecho de "O Guarani" de Carlos Gomes dizendo "Tutti dobbiamo amar": o sentimento, mesmo platônico, era recíproco. Este amor não correspondido marcou a produção final do poeta; num exemplo de como ela lhe inspirava realizaram juntos um passeio equestre ao Farol da Barra sob o luar, em maio de 1871, que retratou nos versos de "Noite de Maio" onde, por haver Agnese comparado a lua a um espelho, na sexta parte ele assim descreveu o cenário: "O espelho etéreo / Das nuvens nasce / Reflete em júbilo / A tua face". Nos festejos do 2 de Julho (data máxima do estado da Bahia) ela fora convidada a cantar mas o fez somente após consultar o poeta, já gravemente enfermo; com a morte dele Agnese ficou confusa ante a opinião da sociedade a quem servia, e deixou de velar o amado. Morte. O escritor gaúcho Múcio Teixeira em sua biografia do poeta de 1896 contou seu último laivo de vaidade: "Na véspera do dia fatal, depois de reiteradas súplicas, deram-lhe um espelho. Ele contemplou-se alguns instantes, visivelmente compungido, e balbuciou: «Já não sou mais o mesmo… Como a morte desfigura as suas vítimas!» Entregou-o, dolorosamente desiludido, e disse: «Ninguém mais pode entrar aqui. Quero que se lembrem do que fui, não do que sou!… Assim que eu morrer, cubram-me de flores e fechem logo o meu caixão»". Relato publicado em 1921 pela revista "Bahia Illustrada" trouxe o registro familiar da morte do poeta (com atualização ortográfica, aqui): Múcio Teixeira, lembrando a reverência que em Florença se tem diante da casa onde morou Dante, ou em Caracas junto ao panteão onde jazem os restos de Simão Bolívar, pregava que "A população baiana, sem distinção de sexo nem de classes, devia ir no dia 6 de julho de cada ano, numa espontânea procissão de imponente majestade, parar por alguns instantes diante do sobrado n. 24 da rua Sodré, onde no dia 6 de julho de 1871, às 3 ½ horas da tarde, expirou Castro Alves, contando apenas 24 anos de idade". Foi sepultado no Cemitério do Campo Santo, num jazigo em que foi inserida uma "caveira de pirata" que, no dizer de uma especialista, "representa uma alusão à morte e ao caráter de transitoriedade da vida”. Seus restos mortais foram, no século XX, trasladados para o monumento em sua homenagem na praça que leva seu nome. O enterro se deu no dia seguinte ao óbito (7 de julho) e foi inumado na carneira 527. Em 1874 os restos foram transferidos para o mausoléu da quadra 1, pertencente à sua madrasta, Maria Ramos Guimarães, que o adquirira para sepulcro do marido e pai do poeta. Sua irmã Adelaide, falecida no Rio de Janeiro a 22 de setembro de 1940, foi a "zeladora fiel da memória do Poeta, conservando seus originais, informando de sua vida", registrou Afrânio Peixoto, concluindo que "muito lhe deve a fama de Castro Alves". Em 1971 ocorreu o centenário de morte do escritor. Apesar da oposição de um sobrinho-neto do poeta que defendia fosse-lhe erguido um panteão, o então prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães deliberou pelo simples traslado de seus restos mortais para o monumento à Praça Castro Alves. Isto efetivamente ocorreu, sem qualquer cerimônia especial, no dia 6 de julho daquele ano. Após a consagração recebida na então capital imperial com somente vinte e um anos de idade, e as que se seguiram nos "menos de oito anos, anos tontos, que os dentre a adolescência e a mocidade, 'Castro Alves deixara uma obra sem igual em nossas literaturas'", segundo Afrânio Peixoto, que o comparou aos seus contemporâneos que mais tarde se destacariam como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves ou Afonso Pena: tivessem estes morrido, como ele, aos vinte e quatro anos de idade, "nem a memória dos nomes lhes teria ficado e durante esse tempo o outro granjeou a fama duradoura". Obra. Contexto. Contexto político. Para o pesquisador estadunidense da obra de Castro Alves, Jon M. Tolman, sua "biografia serve, não para definir a poesia, nem como chave para sua compreensão, mas apenas como uma espécie de encaixe histórico, onde podemos vislumbrar com mais autenticidade a tática criativa do poeta". Neste sentido um panorama histórico e cultural serve "para tornar mais compreensíveis certos temas, atitudes e até técnica de sua poesia". Vigorava no Brasil do Segundo Reinado o sistema da escravidão, concentrando o Nordeste, em 1867, 47% da população cativa no país (774 mil pessoas), enquanto o desbravamento da região cafeeira paulista levou o número de escravos a dobrar no decênio de 1864 a 1874 e fez com que a questão abolicionista ganhasse ali também a mesma relevância de cidades onde a presença de negros era grande, como Salvador e a capital do Império, Rio de Janeiro. Desde 1850 o tráfico de escravos da África fora proibido pela Lei Eusébio de Queiroz, ocorrendo na Bahia a 29 de outubro de 1851 o episódio do "Desembarque da Pontinha" na Ilha de Itaparica — último momento documentado de tentativa de burlar a proibição do tráfico, numa demonstração da resistência no estado dos comerciantes e proprietários de escravos. Havia então apenas duas faculdades de Direito no país, ambas fundadas em 1828: uma no Recife e outra em São Paulo; em ambas a visão liberal e cívica era incutida na elite pensante do país, além da concepção de unidade nacional — o que não ocorria, de fato, nas províncias. Nessas academias professores e alunos recebiam influência de autores europeus como Ernest Renan, que pregava o fim da influência católica na vida pública, Hippolyte Taine e Auguste Comte, com o positivismo, que traziam, no dizer de Sílvio Romero, um "bando de ideias novas" às quais se somavam o evolucionismo, a mudança do direito e da política, o realismo e naturalismo, ampliando neles a vontade de reformar o país. Na Europa várias revoluções ocorriam. Na França aconteceu a Revolução de 1830, que em 1847 (ano de nascimento do poeta) levou à deposição do rei e à realização das primeiras eleições no continente com voto direto, secreto e universal para os homens. Itália e Alemanha viveram as lutas por sua unificação, refletindo as ideias nacionalistas; naquele primeiro país tivera importante papel o guerrilheiro Giuseppe Garibaldi que, além de já haver atuado no Brasil, era casado com a brasileira Anita. Dentre os principais fatos brasileiros de sua época tem-se a chamada Questão Religiosa, que envolveu a Maçonaria; contemporâneos e amigos de Castro Alves eram maçons, como Luís Gama e Rui Barbosa, entre outros. Também ele era maçom, e junto a estes dois últimos colaborou no jornal "Radical Paulistano" e nas campanhas abolicionistas. Após a emancipação das colônias espanholas nas Américas várias nações viveram conflitos internos até se firmarem, e externos entre os jovens países. A Guerra do Paraguai foi o maior conflito havido na América do Sul, unindo Brasil, Argentina e Uruguai contra o ditador paraguaio Solano López, que invadira o território do atual estado do Mato Grosso do Sul em 1864, propiciando nos anos seguintes batalhas que se tornaram épicas como as navais de Riachuelo e Humaitá (esta última merecedora de um improviso do poeta, no Rio de Janeiro); outros conflitos marcaram o período na América do Sul, como a Guerra contra Rosas, na Argentina em 1852, com envolvimento brasileiro; a Guerra do Chaco, entre Paraguai e a Bolívia (concluída com a intervenção diplomática dos países vizinhos, dentre os quais o próprio Brasil), e ainda o conflito entre a Espanha e o Peru, cuja independência não reconheceu a nação europeia até 1864, em lutas que envolveram ainda o Chile, a Bolívia e o Equador e somente concluído com a intervenção dos Estados Unidos. A despeito dos vários conflitos, havia latente desde o começo do século XIX ideais de pan-americanismo, do qual fora no Brasil um defensor José Bonifácio, no sentido da união das novas nações para sustentarem sua independência. A Guerra do Paraguai, que duraria até janeiro de 1869, teve resultado ambíguo segundo Joaquim Nabuco: a vitória por um lado marcou o auge da monarquia, mas também deu início à sua decadência. No dizer dos autores Carlos Emílio Faraco e Francisco Marto de Moura na análise de "O Navio Negreiro", a poesia de Castro Alves "reflete o momento histórico da época: decadência da monarquia, luta abolicionista e campanha republicana". Romantismo literário. O Romantismo foi um movimento estético que se contrapunha ao Classicismo que lhe antecedeu. Enquanto este privilegiava a nobreza, naquele primava o retrato da burguesia: seus autores eram jovens de origem na classe média ou popular, bem como os personagens que retratavam. Os autores românticos, assim, tinham por características o subjetivismo e liberdade de criação (marcados por primazia dos sentimentos, historicismo, pessimismo e ainda um distanciamento da realidade e culto à natureza). Esse movimento estético derivava da ascensão da burguesia pós-Revolução Francesa na Europa: na Inglaterra ocorreu um enaltecimento dos tempos medievais e dos escritos de Shakespeare. Na Alemanha os conflitos sociais se refletiram nas obras de Goethe e Schiller onde pessimismo, emotividade, melancolia e valorização da morte surgiram como contraponto às transformações sociais. Vários autores europeus influenciaram Castro Alves: Lord Byron, Lamartine, Musset, Heinrich Heine e até Shakespeare que, traduzido para o francês, "se tornou uma verdadeira obsessão romântica" no dizer de Lêdo Ivo. Mas sua maior influência foi mesmo Victor Hugo: segundo este autor, Hugo foi "seu grande mestre", "a quem o unia indisfarçável afinidade eletiva, quer de natureza lírica, quer de cunho político e tribunício", dele assimilando muitas coisas, "pescando no imenso oceano hugoano um número considerável de visões, temas e imagens", de tal forma que "imitou-o e o parafraseou com a mais clangorosa desenvoltura". Em Portugal foram expoentes desse movimento, na literatura, os autores Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Júlio Dinis e, ao final, Camilo Castelo Branco. Iniciado em 1825, o romantismo teve ali duração de quatro décadas que os estudiosos dividem em três momentos: a primeira geração (de 1825 a 1840); a segunda (de 1840 a 1860) e, enfim, a terceira a partir de 1860, que é formada por autores já numa transição para o realismo. No Brasil o movimento coincidiu com a necessidade de afirmação da nacionalidade, com a emancipação política de 1822. Assim como em Portugal, foram divididos em três gerações pelos literatos: a primeira, marcada pelo nacionalismo e patriotismo (da qual fizeram parte Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães); a segunda marcada pela influência de Lord Byron e com temática centrada no amor, na morte, dúvida, ironia e sarcasmo e, em alguns, o satanismo (cujos expoentes foram Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Fagundes Varella); e finalmente a terceira, que foi composta pelos chamados condoreiros e abolicionistas, da qual o maior expoente foi Castro Alves. Análise. Análise didática. O trabalho poético de Castro Alves é dividido, nas obras didáticas, em dois grupos: a poesia social e a poesia lírico-amorosa. Para Faraco e Moura, ao contrário dos demais poetas românticos que explicavam sua inadaptação ao mundo exterior como fruto de seus conflitos internos, Castro Alves justifica esse problema com o desajuste do homem ao meio e na "eterna luta entre opressores e oprimidos"; a produção do poeta tem, além da produção lírica e amorosa, a "poesia de caráter social"; mesmo no caso dos versos líricos Castro Alves se distingue por ter "uma visão mais realista e sensual do amor e da mulher", sendo que estas, embora ainda idealmente belas e perfeitas, são pessoas concretas, materializadas. No mesmo sentido Samira Campedelli analisa sua obra: "ao lado de certa 'morbidez byroniana' e contrastando com ela, a poesia de Castro Alves apresenta dois outros aspectos: o lirismo amoroso sensual e o condoreirismo épico"; no primeiro caso o lirismo inflamado deriva da figura feminina real, próxima e conquistada, ao passo que no segundo ele inova ao trazer um tom "alto, aberto, franco" ao se fazer defensor dos escravos e retratar sua miséria de forma "hiperbólica e eloquente", com "violentas pinceladas" e assim rompendo com a visão centrada no "eu" de seus antecessores. Crítica. O professor de literatura brasileira da Universidade do Novo México Jon M. Tolman, em análise sobre a obra do poeta ponderou: "Dentre muitos outros autores brasileiros convenientemente encaixotados pela crítica podemos destacar Castro Alves". Marques da Cruz em sua "História da Literatura", registra: "Padecem (diz Carlos de Laet) muitos dos seus versos da ênfase peculiar à chamada escola "condoreira", que, partindo da imitação hugoana, decaiu em puro gongorismo". Fausto Cunha apontou o que seriam, para ele, grandes defeitos na produção de Castro Alves: um poeta limitado e sem uma evolução nítida, quer na técnica, quer na sua temática; foi toda sua produção feita consoante os padrões vigentes do romantismo, um "poeta que tem só uma corda na lira" e mesmo essa corda era emprestada. Em sua análise, "é a partir de 1868 que sua personalidade poética se afirma com autonomia e entra, por seu turno, a influenciar os contemporâneos. Ele continuaria agrilhoado, no entanto, a matizes temáticas o que se observa de maneira paradoxal, principalmente quando o motivo lhe tocava mais de perto. O rompimento com Eugênia Câmara e o derradeiro amor de Agnese Trinci Murri mergulharam-no de novo no oceano de lugares-comuns ultrarromânticos, quase todos já estão superados pelo seu próprio acervo". Cunha prossegue, para concluir de forma negativa: "A muitos respeitos, a trajetória poética de Castro Alves é desconcertante e parece ajudar a tese por certo extremista de que o poeta era um 'realizado'. Dentro de estreito limite, é possível aludir a certo progressivo esgotamento de sua lírica depois de 1869 (...) Se a obra de adolescência de Castro Alves está salpicada de pastichos, a de maioridade vai ressentir-se de interferências completamente desnecessárias (...) A impressão que nos deixa, na fase derradeira, não é bem a de um 'satisfeito', de um 'realizado': é de um aniquilado com as peculiares explosões de otimismo e energia". Contraditando a posição de Fausto Cunha, Jon M. Tolman diz que a análise da obra do poeta se ressente da inserção de produções antigas em meio às recentes, como ocorre nas antologias, constatando que sua produção final conta com poucos admiradores no Brasil; Tolman considera que "a poesia escrita depois da volta à Bahia apresenta marcadas características integrais" e que a análise feita de seus versos da maturidade se misturam a outros de períodos anteriores; sobre a crítica negativa como a de Cunha o autor estadunidense conclui: "Uma das desvantagens da consagração literária é o peso do julgamento da crítica que interfere muitas vezes com a justa apreciação". Lêdo Ivo, quando diz da influência de Victor Hugo na obra castriana, o compara a Rimbaud, que também imitava o escritor francês e que escrevera sobre o mar sem jamais tê-lo visto, assim também "Castro Alves celebrou a Cachoeira de Paulo Afonso sem precisar ir lá; e a sua visão é mais convincente e realista do que a dos visitantes". O mesmo autor, falando da influência dos autores românticos que inspiraram o poeta (já citados Hugo, Byron, Lamartine, Musset, Heine e ainda Espronceda), "a muitos deles traduziu, parodiou, imitou e saqueou, transfundidos nessas paródias, imitações e saques o vigor de uma língua nova e abrasada de fervor" de tal forma que "um dos poetas mais originais de nossa língua, e um dos mais ciosos dos arroubos do seu eu inflamado, será, também, um dos mais afeiçoados à imitação e à paráfrase", mas o faz "com tanta perícia e felicidade" que nada o desqualifica e faz com que seus versos permaneçam com "legibilidade" apesar dos arroubos, graças ao rigor com que trabalhou a língua portuguesa. Uma mestranda da Universidade Federal de Uberlândia, fazendo um comparativo entre a visão do negro em Castro Alves e em Luís Gama, nota que Alves fala do negro na terceira pessoa, ao passo em que Gama fala na primeira pessoa, concluindo que "Luiz Gama ajudou a criar a identidade afro-brasileira visando a promover mudanças nas estruturas discursivas da época, Castro Alves representou o sujeito negro como um ser humano passivo e resignado". Homenagens. A 6 de julho de 1881, dez anos após a morte do poeta, o então chamado "Largo do Teatro", uma das principais praças da capital baiana, foi renomeado em sua homenagem; em 1919 foi encomendada ao escultor italiano Pasquale de Chirico uma estátua representando-o; o monumento foi instalado no lugar em que havia o "Chafariz de Colombo" e inaugurado a 6 de julho de 1923; a estátua, medindo 2,9 metros, está posicionada sobre um pedestal (que lhe dá a altura total de 11 metros) em cuja parte frontal se acha a escultura de um casal de escravos, simbolizando sua luta abolicionista: a Praça Castro Alves é um dos símbolos de Salvador. Em referência à praça, Caetano Veloso parafraseou o verso de Castro Alves "A praça é do povo, como o céu é do condor" de "O Povo ao Poder", rendendo-lhe a seguinte homenagem: Em 1895 Curralinho se emancipou de Cachoeira; anos mais tarde teve a cidade seu nome alterado para Castro Alves, em homenagem ao filho ilustre da terra (as fontes divergem se foi pela lei estadual n.º 360 de 25 de julho de 1900, ou a lei n.º 790 de 25 de junho de 1910). Em 1947 o Instituto Nacional do Livro, do Ministério da Educação e Cultura, comemorou o centenário do nascimento do poeta com uma grande exposição, da qual resultou um livro comemorativo, trazendo importantes documentos que fizeram parte do evento. Em 1948, por sugestão de artistas e intelectuais da Bahia, o então deputado Antônio Balbino apresentou um projeto de lei para a construção de um teatro na praça 2 de Julho (mais conhecida como Campo Grande), acatando a sugestão de Adroaldo Ribeiro Costa de homenagear o edifício com o nome do poeta, e previsão de estar concluído em 1951. O projeto original ficaria a cargo dos arquitetos Alcides da Rocha Miranda e José de Souza Reis mas, assumindo o governo Otávio Mangabeira, este passou o encargo ao engenheiro Diógenes Rebouças, que iniciou os trabalhos com uma arquitetura arrojada; findo o mandato de Mangabeira, o mesmo Balbino foi eleito governador e, com projeto premiado, encarregou a obra a José Bina Fonyat Filho e Humberto Lemos; a inauguração estava marcada para ocorrer no dia 14 de julho de 1958 mas, cinco dias antes, misterioso incêndio o destruiu quase totalmente. A "Concha Acústica" anexa, não afetada, foi inaugurada em 1959, e o Teatro Castro Alves passou por nove anos de reformas até ser finalmente inaugurado em 4 de março de 1967, sendo governador Lomanto Júnior. O "TCA", como é conhecido, integra desde 2013 o patrimônio nacional, tombado pelo IPHAN. A 8 de março de 1971 o então governador do estado da Bahia Luís Viana Filho, como parte das homenagens ao poeta no centenário de seu falecimento, inaugurou na cidade de Cabaceiras do Paraguaçu, na antiga sede da Fazenda Cabaceiras, o Parque Histórico Castro Alves, um museu com área total de 52 mil metros quadrados situado no centro da cidade. Segundo o escritor Edivaldo Boaventura, o espaço visava relembrar "os cenários da natalidade e da infância" do poeta. Desde 1977 o dia do nascimento do poeta era considerado, extraoficialmente, como Dia Nacional da Poesia e assim foi celebrado até que, em 2015, o senador Alvaro Dias propôs outra data, desta feita homenageando a Carlos Drummond de Andrade; aprovada essa lei, seu natalício deixou de ser oficialmente a data da poesia, no Brasil. Em 2019 a terceira edição do Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) teve o poeta como seu homenageado. Monumentos e esculturas. Além da estátua de De Chirico na praça soteropolitana, outros monumentos homenageiam o poeta, no Brasil. No Passeio Público do Rio de Janeiro há um busto em bronze do poeta, obra do escultor Eduardo de Sá, inaugurado em 1917 e com principal diferenciador o pedestal em mármores de cores diversas. Em seu primeiro número, sem identificar o autor, um artigo da revista carioca "Bahia Illustrada" teceu críticas sobre este trabalho: "o busto de Castro Alves, que se acha no Passeio Público, parece-se tanto com ele como com qualquer de seus ignorados companheiros de boemia e de estudantada do seu tempo", e que a estátua não traz "nenhuma identidade com o seu rosto", concluindo que somente se sabe tratar do poeta porque traz seu nome escrito no bronze. Em 1947, no Recife, foi inaugurado um busto em homenagem ao centenário do poeta, obra realizada pelo escultor Celso Antônio de Menezes, localizada na praça Adolfo Cirne, diante da mesma Faculdade de Direito onde um dia Castro Alves estudou. Em 1948 o escultor brasileiro Humberto Cozzo foi à Itália onde, em Florença, realizou a estátua do “Poeta da Liberdade”, financiada pela “Ação Cultural Castro Alves”. O escultor, já consagrado no país, vencera um concurso para a escolha da estátua, tendo por prêmio a viagem à Europa com duração de um ano, partindo em agosto daquele ano. O concurso tivera fim em 1947, ano do centenário do poeta e a reunião de escolha do vencedor (ao qual competiram ainda Mateus Fernandes, Celita Vacani, Francisco Andrade, Almir Pinto, Honório Peçanha e Modestino Kanto) foi documentada em filme. Cozzo viria a ser um dos mestres do também escultor Mário Cravo que, por parte da mãe, era primo do poeta. Outras esculturas homenageiam o poeta em várias partes do país. Na cidade de Jacobina a praça da matriz traz um monumento ao poeta, restaurado em 2016. Academia Brasileira de Letras. A Academia Brasileira de Letras nomeou em sua homenagem, por sugestão do membro fundador Valentim Magalhães, a sua cadeira número sete que assim tem por patrono o poeta Castro Alves. Sua cadeira foi alvo da primeira grande disputa interna dentro da Academia, em 1905; naquele ano fora eleito Euclides da Cunha para ocupar a vaga deixada pelo fundador da Cadeira 7, Valentim Magalhães, e coube ao crítico literário Sílvio Romero fazer o discurso de saudação do novo membro do silogeu brasileiro. Romero, sergipano como Tobias Barreto, era crítico do trabalho de Castro Alves em razão daquelas disputas estudantis no Recife (por bairrismo e parcialidade, no dizer de Afrânio Peixoto). Em seu discurso, que o protocolo preconizava ser elogioso, derivou para o cunho polemista de seus escritos, ofendendo até o presidente da República, Afonso Pena, ali presente — além de duras críticas a Castro Alves (patrono), Valentim (fundador) e Cunha (a tomar posse). Construída a sede própria da Academia, foi nela instalado o "Salão dos Românticos", onde há bustos dos principais autores do romantismo brasileiro, dentre eles o de Castro Alves; é neste local que são velados os acadêmicos falecidos. Centenário de nascimento em 1947. 1947 foi o ano do centenário de nascimento do poeta, e vários eventos em sua memória ocorreram, sobretudo na Bahia e no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. No ano anterior o governo federal realizou um concurso para o projeto de estampa dos correios comemorativa ao centenário, do qual foi vencedor o desenhista Alberto Lima. O Ministério da Educação e Saúde conferiu medalhas trazendo a efígie do poeta na frente, e atrás os versos de sua autoria: "«Auriverde pendão da minha terra, / Que a brisa do Brasil beija e balança, / Estandarte que à luz do sol encerra / As promessas divinas da esperança»…", obra do gravador L. Campos. O Ministério realizou, ainda, no Rio de Janeiro, uma Exposição Comemorativa do Centenário de Castro Alves, tendo direção de Augusto Meyer e iniciada no dia 14 de março. A prefeitura do Rio instituiu, no mesmo ano, concurso de redações em várias categorias, como a melhor biografia do poeta ou romance que fosse ambientado em algum momento de sua vida. Em Salvador houve uma grande programação de eventos, que transcorreram de cinco e quinze de março de 1947, que foram de palestras, concurso literário pela Academia de Letras da Bahia e encontro de Academias de Letras, exposição biobibliográfica pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e finalmente encerrada com um baile de gala no Clube Bahiano de Tênis. Foi representante da ABL no evento o baiano Pedro Calmon. A Academia Brasileira por sua vez efetuou conferências sobre o escritor, dentre outros por seus imortais Clementino Fraga e Pedro Calmon, campanha para a construção de monumento ao poeta, exposição biobibliográfica nos salões do "Petit Trianon", sua sede. Impacto cultural. A influência de Castro Alves deu-se ainda em vida, como assinala o historiador literário José Marques da Cruz: "A sua poesia 'O Navio Negreiro' foi decorada por muitos, tendo concorrido para a abolição da escravidão, intensamente, pois foi recitada em todos os teatros e salões (...) Foi abolicionista (antes de haver o partido abolicionista) e republicano". Em 1882 foi publicada no Rio de Janeiro uma paródia a "O Navio Negreiro", com o título de "A Canoa do Martinho", parte de "Sátiras Políticas" e de autoria anônima (guardava a assinatura de "Musset", um dos escritores de predileção de Castro Alves). Na sua obra épica de 1950, "Canto Geral", o chileno Pablo Neruda inseriu o poeta entre os libertadores da América, no poema "Castro Alves do Brasil" (IV Canto, poema 29.º), onde afirma que ele fora o "poeta da nossa América" por haver dado aos escravos uma voz onde "…em portas até então fechadas (…) combatendo, a liberdade entrasse" e, finalmente, encerra com os versos: "deixa-me a mim, poeta da nossa América, /coroar a tua cabeça com os louros do povo. /Tua voz uniu-se à eterna e alta voz dos homens. /Cantaste bem. Cantaste como se deve cantar". Jorge Amado refletiu o poeta não apenas na sua obra "A.B.C. de Castro Alves", mas também em sua única peça teatral "O Amor do Soldado". Nesta obra de 1947, o poeta é o protagonista em seu amor por Eugênia Câmara, começando em 1866 a narrativa que, nas suas dezenove cenas, apresenta vários dos personagens históricos como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Tobias Barreto, Antônio Borges da Fonseca e Fagundes Varela, além do próprio Amado, que aparece em intervenções para explicar o contexto histórico; nesta obra Amado procura mostrar a relevância da produção de Castro Alves nas lutas sociais de seu tempo: abolição e república. Sua aceitação popular o fez dos poetas mais conhecidos do país, nomeando logradouros públicos, estabelecimentos de ensino e culturais, associações e até empresas comerciais; também apareceu em marca de cigarro e de fósforos; artistas como o paulista Benedito Irivaldo de Souza, conhecido como Vado, em São Paulo realizou mais de cinco mil apresentações teatralizadas de "O Navio Negreiro", que levava a escolas e teatros daquele estado. Não apenas leitores e artistas da elite o prezam, pois é uma constante na obra de autores populares como Rogaciano Leite, Bule-Bule ou Rodolfo Coelho Cavalcante, que dizia dele ser "o maior poeta do mundo em todos os tempos", além uma vasta gama de literatura de cordel versando sobre o poeta; o historiador e cordelista Franklin Maxado demonstrou que Alves fizera uso do Repente em suas disputas com Tobias Barreto – e que a influência do poeta na arte popular também foi recíproca. No cinema. Castro Alves foi retratado como personagem no cinema, interpretado por Paulo Maurício no filme de ficção luso-brasileiro de 1949 "Vendaval Maravilhoso" ("aka" "Castro Alves — Um Vendaval Maravilhoso"), tendo a cantora Amália Rodrigues a interpretar a atriz Eugênia Câmara; a obra foi restaurada em 2003 pela Cinemateca Portuguesa; segundo informado no próprio filme a obra foi inspirada "na vida de Castro Alves — O Poeta dos Escravos. Este filme não é uma biografia, apenas os autores estudaram nos grandes biógrafos do poeta: Afrânio Peixoto, Pedro Calmon, Jorge Amado e Lopes Rodrigues". O diretor Leitão de Barros também escreveu um livro que conta a história do filme, intitulado "Como eu vi Castro Alves e Eugênia Câmara no vendaval maravilhoso de suas vidas" sobre aquele "rapaz eloquente de Muritiba” e sua amante portuguesa. Em 1999 o poeta foi interpretado pelo ator Bruno Garcia no filme "Castro Alves - Retrato Falado do Poeta", onde ele é retratado nas suas lutas pela República e pela Abolição, "além de mostrar seu lado apaixonado e até mulherengo".
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Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, — Nova Friburgo, ) foi um poeta brasileiro da segunda geração do romantismo. Vida e obra. Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Barra de São João, viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos, embora nunca tenham sido oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, localizada na Serra do Macaé anteriormente localizada no território de Nova Friburgo hoje em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não teve filhos. A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, era ao tempo território de Macaé e hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamado "Casimiro de Abreu", foi batizado na igreja da localidade por isso a homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freese, dos onze aos treze anos, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região serrana do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, à época, os adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos. Aos treze anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com o pai no comércio. Com ele, embarcou para Portugal em 1853, onde entrou em contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. O seu sentimento nativista e as saudades da família escreve: "estando a minha casa à hora da refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha mana pequena. As lágrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha vida, que teve o título de Ave Maria". Em Lisboa, foi representado seu drama "Camões e o Jau" em 1856, que foi publicado logo depois. Seus versos mais famosos do poema Meus oito anos: Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez amizade com Machado de Assis. Em 1859 editou as suas poesias reunidas sob o título de "Primaveras". Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma recuperação do estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme seu desejo em Barra de São João, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai. Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do Romantismo no Brasil. Seu sucesso literário, no entanto, deu-se somente depois de sua morte, com numerosas edições de seus poemas, tanto no Brasil, quanto em Portugal. Deixou uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal, e o amor (mas este tratado sem a complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas românticos). A despeito da popularidade alcançada pelos livros do poeta, sua mãe, e herdeira necessária, morreu em 1859 na mais absoluta pobreza, não tendo recebido nada em termos de direitos autorais, fossem do Brasil, fossem de Portugal. Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas "O Panorama" (1837-1868) e "A illustração luso-brasileira" (1856-1859). É o patrono da cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado de Assis.
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Canonização
Canonização Canonização pode-se dizer que é o termo utilizado pela Igreja Católica e que diz respeito ao ato de atribuir o estatuto de "Santo" a alguém que já era Beato e sujeito à beatificação. É um assunto sério e um processo complexo dentro da Igreja, a ponto de só poder ser tratada pela Santa Sé em si, por uma comissão de altos membros e com a aprovação final do Papa. Canonização é a confirmação final da Santa Sé para que um Beato seja declarado Santo. Só o Papa tem a autoridade de conceder o estatuto de Santo. O Código de Direito Canônico da Igreja, no seu cânon 1186 estabelece: "Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem."; e, ainda no artigo 1187: "Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos." Documentos importantes. Em 1234, o Papa Gregório IX, declarou que a canonização seria atribuição exclusiva do Papa. Em 22 de Janeiro de 1588, foi publicada a Constituição Apostólica "Immensa Aeterni Dei", pelo Papa Sixto V, que criou a Sagrada Congregação dos Ritos e lhe confiou a tarefa de regular o exercício do culto divino e de estudar as causas dos Santos. Depois disso, os processos de reconhecimento tornaram-se mais demorados e as exigências mais rigorosas. Em 1634, o Papa Urbano VIII, proibiu qualquer manifestação popular de culto e veneração de candidatos a santo sem a sua beatificação. No dia de 26 de Agosto de 1913, o Papa Pio X, pediu a reunião e o estudo de todos os documentos históricos relativos às causas dos santos. No dia 6 de Fevereiro de 1930, o Papa Pio XI publicou o Motu Proprio denominado: "Já há algum tempo", que instituiu na Congregação dos Ritos a "Secção histórica", que daria origem ao Departamento histórico-hagiográfico. No dia 8 de Maio de 1969, o Papa Paulo VI, publicou a Constituição Apostólica ""Sacra Rituum Congregatio", que dividiu a Congregação dos Ritos em duas: A Congregação para as Causas dos Santos passou a ter a sua própria estrutura, organizada em três departamentos: o Judicial, o do Promotor Geral da Fé e o histórico-jurídico. No dia 25 de Janeiro de 1983, foi publicada a Constituição Apostólica "Divinus perfectionis magister", pelo Papa João Paulo II, que, no dia 7 de Fevereiro de 1983, publicou as "Normae servandae in inquisitionibus ab episcopis faciendis in causis sanctorum", que trouxeram uma profunda reforma no procedimento das causas de canonização e a reestruturação da Congregação, dotando-a de um Colégio de Relatores, encarregado de cuidar da preparação das "Positiones super vita et virtutibus (ou super martyrio)" dos Servos de Deus. Essa reforma simplificou os processos de canonização, como resultado, João Paulo II foi o papa que mais beatificou e canonizou na história da igreja. Entre 1588, data de criação da Congregação dos Ritos, e 1978, foram realizadas 808 beatificações e 296 canonizações. No período de João Paulo II, foram 147 cerimônias de beatificação, que resultaram proclamação de 1.338 beatos, e 51 cerimônias de canonização, com a proclamação de 482 santos. Em 28 de junho de 1988, foi publicada a Constituição Apostólica "Pastor Bonus"", também pelo Papa João Paulo II. A Constituição Apostólica "Divinus perfectionis Magister" (1983), de João Paulo II, estabeleceu de uma vez as normas para a instrução das causas de canonização e para o trabalho da Congregação para as Causas dos Santos. Nela é afirmado: "A Sé Apostólica, (…) propõe homens e mulheres que sobressaem pelo fulgor da caridade e de outras virtudes evangélicas para que sejam venerados e invocados, declarando-os Santos e Santas em ato solene de canonização, depois de ter realizado as oportunas investigações." Em 18 de fevereiro de 2008 a Santa Sé torna público a instrução ""Sanctorum Mater" (1983) da Congregação para a Causa dos Santos sobre as normas que regulam o início das causas de beatificação juntamente com o "Index ac status causarum"". A Instrução se divide em seis partes: Procedimento resumido. Segundo a Constituição "Divinus perfectionis Magister" e a instrução "Sanctorum Mater", ao bispo diocesano ou autoridade da hierarquia a ele equiparada, de iniciativa própria ou a pedido de fiéis, é a quem compete investigar sobre a vida, virtudes ou martírio e fama de santidade e milagres atribuídos e, se considerar necessário, a antiguidade do culto da pessoa cuja canonização é pedida. Nesta fase a pessoa investigada recebe o tratamento de "Servo de Deus" se é admitido o início do processo. Haverá um postulador que deverá recolher informações pormenorizadas sobre a vida do Servo de Deus e informar-se sobre as razões que pareceriam favorecer a promoção da causa da canonização. Os escritos que tenham sido publicados devem ser examinados por teólogos censores, nada havendo neles contra a fé e aos bons costumes, passa-se ao exame dos escritos inéditos e de todos os documentos que de alguma forma se refiram à causa. Se ainda assim o bispo considerar que se pode ir em frente, providenciará o interrogatório das testemunhas apresentadas pelo postulador e de outras que achar necessário. Em separado se faz o exame do eventual martírio e o das virtudes, que o servo de Deus deverá ter praticado em grau heroico (fé, esperança e caridade; prudência, temperança, justiça, fortaleza e outras) e o exame dos milagres a ele atribuídos. Concluídos estes trabalhos tudo é enviado a Roma para a Congregação da Causa dos Santos. Para tratar das causas dos santos existem, na Congregação para a Causa dos Santos, consultores procedentes de diversas nações, uns peritos em história e outros em teologia, sobretudo espiritual, há também um Conselho de médicos. Reconhecida a prática das virtudes em grau heroico o decreto que o faz declara o Servo de Deus "Venerável". Havendo apresentação de milagre este é examinado numa reunião de peritos e se se trata de curas pelo Conselho de médicos, depois é submetido a um Congresso especial de teólogos e por fim à Congregação dos cardeais e bispos. O parecer final destes é comunicado ao Papa, a quem compete o direito de decretar o culto público eclesiástico que se há de tributar aos Servos de Deus. A Beatificação portanto, só pode ocorrer após o decreto das virtudes heroicas e da verificação de um milagre atribuído à intercessão daquele Venerável. O milagre deve ser uma cura inexplicável à luz da ciência e da medicina, consultando inclusive médicos ou cientistas de outras religiões e ateus. Deve ser uma cura perfeita, duradoura e que ocorra rapidamente, em geral de um a dois dias. Comprovado o milagre é expedido um decreto, a partir do qual pode ser marcada a cerimônia de beatificação, que pode ser presidida pelo Papa ou por algum bispo ou cardeal delegado por ele. Caso a pessoa em causa já tenha o estatuto de beato e seja comprovado mais um milagre pela Igreja Católica, em missa solene o Santo Padre ou um Cardeal por ele delegado declarará aquela pessoa como Santa e digna de ser levada aos altares e receber a mesma veneração em todo o mundo, concluindo assim o processo de Canonização.
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Chefe de Estado
Chefe de Estado Um chefe de Estado é a pessoa pública que oficialmente representa a unidade nacional e a legitimidade de um Estado soberano. Numa monarquia, o monarca é geralmente entendido como sendo o chefe de Estado. Numa república, o chefe de Estado hoje em dia geralmente tem o título de presidente, mas alguns têm ou tiveram outros títulos. Em um sistema parlamentar, como a Índia e o Paquistão, o chefe de estado geralmente tem poderes cerimoniais, com um chefe de governo separado. No entanto, em alguns sistemas parlamentares, como a África do Sul, há um presidente executivo que é chefe de estado e de governo. Da mesma forma, em alguns sistemas parlamentares, o chefe de estado não é o chefe de governo, mas ainda tem poderes significativos, por exemplo, Marrocos. Em contraste, um sistema semi-presidencialista, como o da França, tem chefes de estado e de governo como líderes de fato da nação (na prática, eles dividem a liderança da nação entre si). Enquanto isso, em sistemas presidencialistas como os dos Estados Unidos, o chefe de estado também é o chefe de governo. O ex-presidente francês Charles de Gaulle, ao elaborar a atual Constituição da França (1958), disse que o chefe de Estado deveria incorporar "l'esprit de la nation," ou, o "espírito da nação".
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Calendário judaico
Calendário judaico Calendário judaico ou hebraico (do hebraico: הלוח העברי) é o calendário utilizado dentro do judaísmo. O calendário judaico é um calendário do tipo lunissolar cujos meses são baseados nos ciclos da lua enquanto o ano é adaptado regularmente de acordo com o ciclo solar, por isso, ele é composto alternadamente por anos de 12 ou 13 meses e pode ter de 353 a 385 dias. O povo de Israel utiliza o calendário lunissolar há mais de 3 milênios para determinação das datas de aniversário, falecimento, casamento, festividades, serviços religiosos e outros eventos da comunidade. Origem. De acordo com evidências arqueológicas, os hebreus adotaram o calendário lunar cananeu, provavelmente na Idade do Bronze ou no início da Idade do Ferro, com um ano composto de doze meses de trinta dias, com cinco ou seis dias intercalares, para sincronizar o ano com as estações. De acordo com A Bíblia Hebraica, ou Tanach, a contagem dos meses se dava a partir das fases da lua desde o Êxodo. O calendário de Gezer e inferências bíblicas indicam que os hebreus usavam meses lunares antes do cativeiro na Babilônia. O calendário religioso se iniciava no equinócio vernal, e o calendário civil, como no calendário egípcio, no equinócio de outono. O primeiro mês do calendário religioso e o sétimo do calendário civil era Abibe ("Nissan"). Provavelmente o calendário lunissolar foi adotado pelos judeus a partir do calendário grego, antes dos judeus serem dominados pelos gregos. Neste calendário lunissolar, torna-se necessário o uso do mês intercalar, adicionado durante a estação da primavera. Os meses no calendário judaico. Mês em hebraico - חודש, deriva do radical da palavra 'novo' חדש. Isto se dá porque o primeiro dia de cada mês é sempre o primeiro dia de lua nova. Isso é uma determinação encontrada na Torá (no livro de Shemot). Esta é uma regra lógica já que é a única fase da lua que pode ser determinada com precisão sem a necessidade de nenhum instrumento ou conhecimento maior de astronomia. No auge da lua nova, ela desaparece completamente e, no dia seguinte, vemos uma pequena listra branca ao olharmos para o ocidente poucos minutos após o pôr do sol - o que determina precisamente o primeiro dia do mês judaico. Nos tempos bíblicos a determinação do começo do mês era realizada pela observação direta de testemunhas designadas para este fim, método seguido pelos caraítas até os dias de hoje, os quais determinam o primeiro mês do ano como Abibe. Hoje em dia segue-se um cálculo o qual já leva em conta outros parâmetros religiosos adicionados por rabinos da época do Talmud. O ciclo lunar é de aproximadamente 29 dias e meio, o que gera uma alternação de meses com 29 ou 30 dias. A duração média de um mês hebreu é de 29.5305941358 dias, muito próximo ao mês sinódico (entre duas luas novas). Início dos meses judaicos. Durante o século XXI da Era Cristã (calendário gregoriano), os meses judaicos começam no seguinte período: Meses de Cheshvan e Kislev. No calendário judaico atual, os meses são fixados por um cálculo complexo que leva em conta mais uma série de fatores, como por exemplo, a determinação talmúdica de que o primeiro dia do ano não pode cair nem num domingo, nem numa quarta-feira nem numa sexta-feira - ou outras regras ligadas ao horário exato da lua nova. Para uma maior flexibilidade no calendário, foi determinado que os meses de Cheshvan e de Kislev, de acordo com o ajuste necessário para o começo do ano seguinte, podem ter ou 29 ou 30 dias. Com base nesta determinação: Anos. O ano judaico deve ser periodicamente ajustado ao ciclo solar devido à determinação da Torá de que o mês de Nissan deve cair sempre na primavera (de Israel-hemisfério norte), ou mais precisamente, de acordo com a determinação dos rabinos da época do Talmud - o equinócio da primavera tem que estar dentro do mês de Nissan. O ciclo de ajustes é de dezenove anos. Para este ajuste, precisamos determinar a diferença de dias entre um ano solar (aproximadamente 365 dias e 6 horas) e o período de 12 meses lunares (aproximadamente 354 dias e 9 horas): ele equivale aproximadamente a 10 dias e 21 horas. Ou seja, a cada 2 ou 3 anos é necessário acrescentar um mês de 30 dias (Adar I). Isso gera dois tipos de anos: Anos comuns. Os anos são classificados como "comuns" ou "normais" quando eles são formados por 12 meses. Os anos comuns, devido a variação de dias dos meses de Cheshvan e Kislev, podem contar com "353, 354" ou "355" dias. Anos embolísticos. Anos "embolísticos" ou "longos" têm uma duração de "383", "384" ou "385" dias Esses anos ocorrem sete vezes dentro de um ciclo de 19 anos, nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º e têm um mês a mais (a maioria dos estudiosos designam erroneamente Adar II como o mês complementar, na realidade, o mês complementar exato é Adar I). Classificação dos anos judaicos conforme a quantidade de dias. As variações dos anos comuns ou normais (com 353, 354 ou 355 dias) e embolísticos ou longos (com 383, 384 ou 385 dias) são chamadas "chaserah", "kesidrah" e "shelemah", traduzindo respectivamente, "deficiente", "regular" e "completo". A datação do ano atual e de anos anteriores/posteriores. Para o cálculo do ano judaico, basta acrescentar 3760 ao ano do calendário gregoriano. A partir do início do ano civil judaico, que ocorre entre setembro/outubro, acrescenta-se 3761 até 31 de dezembro deste mesmo ano. Fórmula e exemplo: "ano (calendário gregoriano)" + 3760 (a partir de 1º de janeiro até o término do ano civil judaico) ⇔ "2023" + 3760 = 5783 "ano (calendário gregoriano)" + 3761 (a partir do início do ano civil judaico até 31 de dezembro) ⇔ "2023" + 3761 = 5784 Cálculo do calendário. Para desenvolvermos um cálculo exato do calendário judaico devemos definir 3 características do ano requerido: "Shaná Meuberet". Para determinar se este ano é uma Shaná Meuberet (tem 13 meses), recorremos à tabela de 19 anos. Existe um ciclo de 19 anos onde 7 deles serão Shaná Meuberet: Neste ciclo os anos 3, 6, 8, 11, 14, 17 e 19 terão 13 meses, enquanto os demais serão anos comuns com 12 meses. O cálculo deste ciclo começa no início da contagem de anos judaica, que segundo a tradição judaica é o dia da criação do primeiro homem, Adão. Portanto no ano de 2012, por exemplo, o ano judaico é 5772 (3760 anos a mais que a contagem cristã), se dividirmos 5772 por 19 (o ciclo de anos mencionado anteriormente), receberemos 303 ciclos completos, e um resto de 15, o que indica que estamos no 15º ano do ciclo de Shaná Meuberet, ou seja, é um ano comum com 12 meses. Devemos prestar atenção no detalhe de que quando o número for divisível por 19, como por exemplo o ano de 5776 (2016 no calendário gregoriano), o resto será zero o que significa que estamos no 19º ano do ciclo e ele será de 13 meses segundo a tabela pré-estabelecida. A necessidade destes 7 anos com 13 meses no ciclo de 19 anos provém do fato que o calendário judaico é um calendário lunissolar, ou seja, seus meses são fixados a partir do ciclo da lua (aproximadamente 29,53 dias), porém o ano deve ser ajustado regularmente a translação da Terra em torno do sol (aproximadamente 365,242 dias). A diferença entre um ano solar e 12 meses lunares é de aproximadamente 10.88 dias, em 19 anos está diferença será de aproximadamente 206 dias que equivale a 7 ciclos da lua. A quantidade de anos de 13 meses que se passaram desde o início da contagem de anos judaica. Segundo nosso cálculo anterior, no ano de 2012, por exemplo, se passaram 303 ciclos de 19 anos, que somam um total de 2121 meses acrescentados, mais 5 meses deste atual ciclo. Ou seja, desde o princípio da contagem do calendário judaico se passaram 2126 meses acrescentados. Este dado nos ajudará se quisermos reconstituir todo o calendário ou calcular o calendário de anos anteriores. O total de ciclos da Lua passados desde o início da contagem judaica. Sabendo a quantidade de anos que se passaram desde o início da contagem do calendário judaico, por exemplo no dia 16 de setembro de 2012, se passaram exatos 5772 anos. Multiplicamos este número por 12 recebemos um resultado de 69264 meses. Somando os 2126 meses acrescentados obtemos 71390, que é a quantidade de meses desde o início da contagem judaica de anos até o final do ano de 5772. Os anos novos. Ao longo do calendário judaico, são celebrados quatro vezes o começo de um ano novo, cada um com seu propósito. Eles podiam ser de ordem triburária, quando ainda existia o Templo de Jerusalém, religiosa, ou, somente histórico. São eles: O dia da semana que cai "Rosh Hashaná". Lua nova ("Molad"). princípio de cada mês judaico deveria ser no dia da lua nova, e assim era fixado o mês na antiguidade enquanto existia o tribunal central judaico (san'hedrin) no Templo de Jerusalém. Porém depois de começar a fixar o calendário somente pelo cálculo alguns fatores foram incluídos, como citaremos na continuação e, consequentemente, alguns meses podem começar no dia posterior à lua nova ou molad. Antes da análise do cálculo do molad, vale a pena definir alguns conceitos: na tradição judaica, com origem no Talmud, a hora se divide em 1080 partes em lugar de dividi-las em minutos e segundos. Para facilitar o cálculo que necessitamos, usaremos esta divisão, pois o número 1080 é divisível por 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 10. O ciclo da Lua, como citamos anteriormente, é de 29,53 dias. Se fizermos o cálculo usando horas e 1080 partes de hora chegamos a conclusão que o ciclo da Lua é formado de 29 dias, 12 horas e 793 partes. Com base nisso, o molad de cada mês será 1 dia da semana, 12 horas e 793 depois do molad do mês anterior. Por exemplo: Se o molad do mês de Tishrei do ano de 5768 caiu numa quarta-feira às 10 horas e 468 partes, o mês seguinte (Cheshvan) cairá numa quinta-feira às 23 horas e 181partes. Portanto se multiplicarmos este número por 12 receberemos: 12 dias da semana, 144 horas e 9516 partes, que ao simplificarmos reduzindo cada 1080 a 1 hora, cada 24 horas a 1 dia e desprezando cada 7 dias pois formam uma semana receberemos: 4 dias 8 horas 876 partes, para um ano de 12 meses e acrescentando o número de 1 dia, 12 horas e 793 partes, receberemos: 5 dias, 21 horas e 589 partes para um ano de 13 meses. Por exemplo: sabendo o molad do ano de 5768, como citamos anteriormente, e somando 5 dias, 21 horas e 589 partes (pois este ano tinha 13 meses), receberemos um resultado de: terça-feira, 7 horas e 1057 partes. Este é o dia da semana e o horário exato da lua nova, molad, do ano de 5769. Portanto com base nos cálculos que fizemos podemos determinar o molad de qualquer ano - podemos calcular a partir do início da contagem, ou a partir do molad de um ano conhecido. Motivos para adiar por um dia "Rosh Hashaná" em relação ao molad. Existem basicamente dois motivos pelos quais se adia Rosh Hashaná: Por exemplo, vimos que o molad do ano de 5768 era na quarta-feira às 10 horas e 468 partes, ele não entra na segunda regra, mas entra na primeira - portanto Rosh Hashaná neste ano caiu na quinta-feira. Para isso teve-se que acrescentar 1 dia no ano anterior, o que é feito no mês de Cheshvan, ou seja no ano de 5767 tanto o mês de Cheshvan quanto o de Kislev tiveram 30 dias. E este dia foi descontado do ano de 5768 no mês de Kislev, ou seja, neste ano tanto o mês de Cheshvan quanto o de Kislev tiveram 29 dias. Resumo. Com os cálculos que fizemos podemos definir se: Assim sendo, podemos determinar se este ano é comum (com 353, 354 ou 355 dias) ou embolístico (com 383, 384 ou 385 dias) e construir um calendário completo. Os dias no calendário judaico. Os dias, em conformidade com os relatos da Criação em Gênesis, começam após o pôr do sol e terminam ao pôr do sol. Exemplo: 10 de Adar de 5767
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Sport Club Corinthians Paulista
Sport Club Corinthians Paulista O Sport Club Corinthians Paulista, comumente referido como Corinthians, é um clube poliesportivo brasileiro da cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo. Foi fundado como uma equipe de futebol no dia 1 de setembro de 1910 por um grupo de operários do bairro Bom Retiro. Seu nome foi inspirado no Corinthian FC de Londres, que excursionava pelo Brasil. Embora tenha atuado em outras modalidades esportivas ao longo dos anos, seu reconhecimento e suas principais conquistas foram alcançados no futebol. O clube é um dos mais bem sucedidos do Brasil e das Américas nos últimos anos. É o terceiro maior campeão nacional, com onze conquistas, ficando atrás somente do (17 conquistas) e (14 conquistas). Conquistou dois Mundiais de Clubes da FIFA, uma Copa Libertadores da América de forma invicta, uma Recopa Sul-Americana, sete Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil, uma Supercopa do Brasil, cinco Torneios Rio-São Paulo (recordista, ao lado de Palmeiras e Santos), 30 Campeonatos Paulistas (atual recordista) e uma Copa Bandeirantes (único vencedor). Suas cores tradicionais são o branco e o preto. Desde 2014, manda suas partidas de futebol na Neo Química Arena. Seus rivais históricos são o Palmeiras, com quem disputa o "Derby Paulista"; o São Paulo, com quem disputa o "Majestoso"; e o Santos, com quem disputa o "Clássico Alvinegro". Sua torcida é conhecida como "Fiel"<ref name="APELIDO-FIEL-JORNAL-DA-TARDE/2010"> - Jornal da Tarde, 25 de abril de 2010</ref> e seus torcedores são estimados em aproximadamente 30 milhões espalhados por todo o Brasil e pelo mundo, atrás nacionalmente somente do carioca Flamengo.<ref name="GLOBOESPORTE/DATAFOLHA-2012"></ref> a sua torcida é considerada também uma das maiores torcidas do mundo. De modalidades esportivas importantes ao longo da história corintiana, destacam-se o basquete, onde o clube desfrutou de relativo sucesso, especialmente durante as décadas de 1950 e 1960, com a conquista de títulos paulistas, brasileiros e até sul-americanos, a natação que rendeu quatro conquistas do Troféu Brasil de Natação, atual Troféu Maria Lenk, e o futsal, a partir da década de 1970, que rendeu conquistas em torneios estaduais e nacionais. A influência do remo na história do clube modificou o escudo original, que aludia meramente ao futebol, com o acréscimo do par de remos e da âncora como aparecem até os dias de hoje. História. Fundação (1910-1912). Em 1 de setembro de 1910, um grupo de cinco operários (Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, Rafael Perrone, Anselmo Correa e Carlos Silva) do bairro paulistano Bom Retiro, sob a luz de um lampião, às oito e meia da noite, decidiram criar um novo time de futebol, além de mais oito pessoas que contribuíram com 20 mil réis e também foram considerados sócios-fundadores.<ref name="VEJINHA-CORINTHIANS-1910-A-2010/2010"> - Veja São Paulo, 05 de maio de 2010</ref> A ideia surgiu depois de assistirem à atuação do Corinthian FC,<ref name="GLOBOESPORTE/CORINTHIAN-INGLES/2010"> - GloboEsporte.com, 16 de agosto de 2010</ref><ref name="ESTADAO/CORINTHIAN-INGLES/2010"> - O Estado de S. Paulo, 15 de agosto de 2010</ref> equipe inglesa de futebol fundada em 1882, que excursionava pelo Brasil. Os ingleses eram chamados pela imprensa da época de "Corinthian's Team", mas o time brasileiro só seria batizado "Sport Club Corinthians Paulista" depois de muita discussão e algumas reuniões. O presidente escolhido por eles foi o alfaiate Miguel Battaglia, que já no primeiro momento afirmou, "O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time". Da primeira arrecadação de recursos à compra da primeira bola de futebol do clube pouco tempo se passou, na verdade, apenas uma semana. Um terreno alugado na Rua José Paulino foi aplainado e virou campo, e foi lá que, já no dia 14 de setembro, o primeiro treino foi realizado diante de uma plateia entusiasmada que garantiu: "Este veio para ficar". De partida em partida o time foi se tornando famoso, mas era ainda um time de várzea. Primeiros títulos (1913-1919). Em 1913, uma dissidência entre três clubes que disputavam o Campeonato Paulista abriu a oportunidade para que clubes de origem popular, conhecidos à época como "varzeanos", disputassem a competição organizada pela LPF, e o Corinthians ganhou o direito de disputar pela primeira vez essa competição após vencer uma seletiva contra o Minas Gerais, representante do bairro do Brás, e o FC São Paulo, do bairro do Bixiga. A estreia corintiana no Campeonato Paulista foi contra o Germânia, no dia 20 de abril de 1913, em duelo que terminou com vitória adversária, pelo placar de 3–1. Nos quatro jogos seguintes, foram três derrotas (para Internacional, Americano e Santos) e um empate (Ypiranga). A primeira vitória ocorreu no dia 7 de setembro, um 2–0 contra o Germânia. Nas três partidas seguintes, mais três empates (com Internacional, Ypiranga e Americano). Ao final do Paulista de 1913, o Corinthians terminou na quarta colocação, com seis pontos ganhos (uma vitória, quatro empates e três derrotas, oito gols a favor e 16 contra). De positivo, o time revelaria dois futuros ídolos: Neco e Amílcar. A temporada seguinte seria marcante para a história corintiana. Com apenas quatro anos de existência, o time conquistou seu primeiro título, o Campeonato Paulista de 1914 (organizado pela LPF). O Corinthians sagrou-se campeão de forma invicta, com 10 vitórias em 10 partidas, 37 gols marcados e 9 gols sofridos. Com 12 gols, Neco foi o artilheiro da competição. A equipe que conquistou o primeiro título da história corintiana era formada por: Aristides, Fúlvio e Casemiro González; Police, Bianco e César Nunes; Américo, Peres, Amílcar, Apparício e Neco. Ainda naquele ano, o Corinthians realizou sua primeira partida contra uma equipe estrangeira, o Torino. Os italianos venceram por 3–0. Duas décadas vitoriosas (1920-1940). Nas décadas de 1920 e 1930, o Corinthians firmou-se como uma das equipes mais importantes de São Paulo, rivalizando com o Clube Atlético Paulistano e a Societá Sportiva Palestra Itália (futuro SE Palmeiras). No período, o clube arrematou nove títulos paulistas (sendo três tricampeonatos, feito jamais alcançado por outro clube paulista). Além de Neco, que jogou no clube até 1930, Rato,<ref name="CORINTHIANS-1921/LANCE-2010"> - Lance!, 05 de junho de 2010</ref> Del Debbio,<ref name="CORINTHIANS-1963/LANCE-2010"> - Lance!, 17 de julho de 2010</ref> Tuffy,<ref name="CORINTHIANS-1928/LANCE-2010"> - Lance!, 12 de junho de 2010</ref> Grané,<ref name="CORINTHIANS-1932/LANCE-2010"> - Lance!, 16 de junho de 2010</ref> Teleco,<ref name="CORINTHIANS-TELECO/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-1934/LANCE-2010"> - Lance!, 18 de junho de 2010</ref> Brandão,<ref name="CORINTHIANS-1935/LANCE-2010"> - Lance!, 19 de junho de 2010</ref> e Servílio de Jesus<ref name="CORINTHIANS-1938/LANCE-2010"> - Lance!, 22 de junho de 2010</ref> despontaram como grandes ídolos do clube no período. Tempos de jejum (1941-1950). Em 1941, o Corinthians novamente conquistou o Campeonato Paulista. O título só não foi de maneira invicta por conta de uma derrota, na última rodada, contra o Palestra Itália. O time era ótimo, e a linha média — Jango, Brandão e Dino — impecável. A festa do título corintiano foi realizada no recém-inaugurado estádio do Pacaembu. Contudo, nos nove anos seguintes, o Corinthians viveu um jejum de títulos paulistas. Sem conquistas estaduais, o clube do Parque São Jorge consolou-se em levar por quatro vezes a Taça São Paulo (em 1942, 1943, 1947 e 1948) - torneio que reunia os três primeiros colocados do ano anterior. Sem ter a disposição seu poderio técnico dos últimos cinco anos, o Corinthians foi vice-campeão paulista cinco vezes, sendo três delas seguidas, entre 1942 e 1950, numa época de ascensão do São Paulo, liderado pelo atacante Leônidas da Silva, como nova força no futebol paulista. Mesmo com a contratação de nomes de peso no futebol nacional, como a do zagueiro Domingos da Guia, aos 32 anos, em 1944, ou dos atacantes Milani e Hércules em anos seguintes, o Corinthians amargaria quase uma década sem conquistas importantes. A situação só começaria a mudar a partir de 1949, quando uma nova geração de pratas-da-casa foi conduzida pelo técnico Rato (o mesmo Rato campeão como jogador na década de 1920) ao time principal. Os frutos seriam colhidos na primeira metade da década seguinte. Era de Ouro (1951-1960). Após um período sem grandes êxitos futebolísticos, o clube renovou sua equipe para a década de 1950. Jovens formados nas "categorias de base" do Corinthians, como Luizinho,<ref name="CORINTHIANS-1948/LANCE-2010"> - Lance!, 02 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-LUIZINHO/VEJINHA-2010"> - Veja São paulo, 05 de maio de 2010</ref> Cabeção, Roberto Belangero e Idário,<ref name="CORINTHIANS-1955/LANCE-2010"> - Lance!, 09 de julho de 2010</ref> juntaram-se a jogadores como Baltazar,<ref name="CORINTHIANS-1945/LANCE-2010"> - Lance!, 29 de junho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-BALTAZAR/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 05 de maio de 2010</ref> Carbone, Cláudio<ref name="CORINTHIANS-1947/LANCE-2010"> - Lance!, 1 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-CLAUDIO/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 05 de maio de 2010</ref> e Gilmar,<ref name="CORINTHIANS-1952/LANCE-2010"> - Lance!, 06 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-GILMAR/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 05 de maio de 2010</ref> formando um dos melhores times da história corintiana e do Brasil.<ref name="CORINTHIANS-1954/LANCE/2010"> Lance!, 8 de julho de 2010</ref> Essa equipe foi campeã do Campeonato Paulista (1951 e 1952), do Torneio Rio-São Paulo (1950, 1952 e 1953) e da Pequena Taça do Mundo de 1953. Foi também com essa geração que o clube saiu do Brasil pela primeira vez em sua história, tendo vencido um amistoso no Uruguai contra um combinado local, por 4–1, em junho de 1951. No ano seguinte, o time excursionou pela primeira vez à Europa, com partidas amistosas na Turquia, Suécia, Dinamarca e Finlândia (o saldo foi de nove vitórias, um empate e uma derrota). Sendo vice Campeão Mundial ao perder na final para o Fluminense na Copa Rio Internacional.1953, o time deixou a disputa do Campeonato Paulista daquele ano, preparando-se para o torneio do ano seguinte, que celebraria o "IV Centenário da Fundação" da cidade de São Paulo. Naquele ano, o clube disputou a Pequena Taça do Mundo, que acabou sendo campeão. Em 1954, o Campeonato Paulista daquela temporada despertou grande interesse em todos os clubes e torcedores, porque comemorava o "IV Centenário da Fundação" da cidade de São Paulo. Para a época, era considerado o título paulista mais importante da história. Um empate contra o Palmeiras garantiu a conquista de um dos títulos mais importantes da história alvinegra, que coroou a geração vitoriosa dos anos cinquenta. A década de 1950 ainda marcou internacionalmente o clube. Entre 1951 e 1959, o Corinthians disputou 64 partidas contra equipes estrangeiras, com 47 vitórias, dez empates e apenas sete derrotas. Ficou invicto por 32 jogos, de 1952 e 1954. No final da década de 1950, assumiu a presidência do clube por voto direto dos associados Vicente Matheus, que comandou o Corinthians durante oito mandatos.<ref name="CORINTHIANS-1959/LANCE-2010"> - Lance!, 13 de julho de 2010</ref> Um incômodo jejum e a era Rivellino (1961-1975). No Campeonato Paulista de 1961, o time fez uma campanha tão pífia que foi apelidado por torcedores rivais de "Faz-Me-Rir".<ref name="CORINTHIANS-1961/LANCE-2010"> - Lance!, 15 de julho de 2010</ref> O clube apostou na contratação de craques que chegavam ao Parque São Jorge como "salvadores da pátria", mas que acabaram não vingando no time (como Almir Pernambuquinho em 1960<ref name="CORINTHIANS-1960/LANCE-2010"> - Lance!, 14 de julho de 2010</ref> e Mané Garrincha em 1966).<ref name="CORINTHIANS-1966/LANCE-2010"> - Lance!, 20 de julho de 2010</ref> Mas aquela década também marcava o surgimento de Roberto Rivellino, "O Reizinho do Parque".<ref name="CORINTHIANS-1964/LANCE-2010"> - Lance!, 18 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-1965/LANCE-2010"> - Lance!, 19 de julho de 2010</ref> Embora tenha vencido apenas um grande título pelo Timão<ref name="CORINTHIANS-RIVELLINO/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> (o Torneio Rio-São Paulo de 1966), é considerado o maior jogador da história corintiana. Em 1966, na tentativa de acabar com o "jejum" de títulos no Campeonato Paulista, a diretoria corintiana contratou o zagueiro Ditão e o volante Nair, que vieram da Associação Portuguesa de Desportos, além do atacante Garrincha, que chegou ao Parque São Jorge com 32 anos de idade. Na época, a verba destinada ao departamento de futebol foi recorde e o jornal "A Gazeta Esportiva" passou a tratar o time como o "Timão do Corinthians", e assim nasceu o apelido que acompanha o clube até hoje. Ainda no final da década, o Corinthians venceria o Santos, após quase 11 anos sem vitórias sobre a equipe de Pelé em edições do Campeonato Paulista.<ref name="CORINTHIANS-1962/LANCE-2010"> - Lance!, 16 de julho de 2010</ref> Paulo Borges e Flavio fizeram os gols dessa vitória corintiana.<ref name="CORINTHIANS-1968/LANCE-2010"> - Lance!, 22 de julho de 2010</ref> Em 1970, depois de uma conturbada negociação com a Portuguesa, o Corinthians contratou o lateral Zé Maria.<ref name="CORINTHIANS-1970/LANCE-2010"> - Lance!, 24 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-ZEMARIA/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> O jogador havia sido campeão mundial com o Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 1970, no México, na reserva de Carlos Alberto Torres. Para sair da fila, a diretoria corintiana trouxe nos anos seguintes nomes como Vaguinho (em 1971)<ref name="CORINTHIANS-1971/LANCE-2010"> - Lance!, 25 de julho de 2010</ref> e Geraldão,<ref name="CORINTHIANS-1975/LANCE-2010"> Lance!, 29 de julho de 2010</ref> além de promover jogadores da base como Wladimir.<ref name="CORINTHIANS-1972/LANCE-2010"> - Lance!, 26 de julho de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-WLADIMIR/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 05 de maio de 2010</ref> Além da interminável fila de grandes conquistas, o Corinthians também não conseguia chegar, com frequência, a finais de grandes torneios. Ficou de 1957 a 1974 sem decidir o Campeonato Paulista. Em 1974, havia grande esperança de se quebrar o jejum na final estadual contra o Palmeiras. Mas o rival acabou vencendo os corintianos, o que precipitou a saída de Rivellino para o Fluminense. A "Invasão corintiana" e o fim da angústia (1976-1980). Corinthians e Rivellino acabariam encontrando-se na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, contra o Fluminense, em 5 de dezembro, naquela que é uma das partidas mais marcantes da história corintiana. Dezenas de milhares de torcedores alvinegros viajaram para o Rio de Janeiro para assistir o duelo no Estádio do Maracanã, que acabou dividido entre os corintianos e fluminenses. Aquele momento acabou conhecido como "A invasão corintiana ao Maracanã".<ref name="CORINTHIANS-1976/LANCE-2010"> - Lance!, 30 de julho de 2010</ref> A consagração daquele dia célebre para os corintianos veio como a vitória sobre o clube carioca nos pênaltis, após empate de 1–1 no tempo regulamentar. Na decisão do Brasileiro, o Internacional derrotou o Corinthians em Porto Alegre. No começo de 1977, o presidente corintiano Vicente Matheus trouxe Palhinha, do Cruzeiro, por uma quantia recorde para a época: 7 milhões de cruzeiros. O jogador tornaria-se um dos ídolos da "Fiel" naquele período.<ref name="CORINTHIANS-1980/LANCE-2010"> - Lance!, 03 de agosto de 2010</ref> Menos de um ano depois de "invadir" o Maracanã, o Corinthians viveria uma de suas noites mais inesquecíveis em 13 de outubro, com a conquista do Campeonato Paulista, que se tornou um dos títulos mais importantes da história corintiana, pois representava o fim de quase 23 anos sem ganhar competições oficiais. Na última das três partidas, contra a Associação Atlética Ponte Preta, o título veio com o gol de Basílio, no segundo tempo.<ref name="CORINTHIANS-PALHINHA/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-1977/LANCE-2010"> - Lance!, 13 de julho de 1977</ref> Para 1978, a diretoria do clube contratou Sócrates, que pertencia ao Botafogo de Ribeirão Preto e acabaria por ser considerado um dos maiores craques da história do alvinegro.<ref name="CORINTHIANS-1982/LANCE-2010"> - Lance!, 05 de agosto de 2010</ref><ref name="CORINTHIANS-SOCRATES/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> Outro que chegava naquele ano ao clube e seria ídolo no Timão era Biro-Biro.<ref name="CORINTHIANS-1978/LANCE-2010"> - Lance!, 02 de agosto de 1978</ref><ref name="CORINTHIANS-BIROBIRO/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> Em 1979, o Corinthians voltaria a vencer o Campeonato Paulista contra a mesma Ponte Preta.<ref name="CORINTHIANS-1979/LANCE-2010"> - Lance!, 02 de agosto de 2010</ref> A Era da Democracia Corintiana (1981-1984). No início de 1981, o presidente Vicente Matheus foi buscar pessoalmente na Arábia Saudita o meio-campo Zenon, que havia se destacado no Guarani Futebol Clube em temporadas anteriores e assumiria a camisa 10 do Corinthians, no lugar de Palhinha.<ref name="CORINTHIANS-1981/LANCE-2010"> - Lance!, 04 de agosto de 2010</ref> Mas após não conseguir um bom desempenho no Campeonato Paulista daquele ano (que era classificatório para o Campeonato Brasileiro do ano seguinte), o clube teve de jogar a Taça de Prata, espécie de "segunda divisão" do Campeonato Brasileiro, em 1982. Os resultados ruins em campo levaram a mudanças na diretoria com a saída de Vicente Matheus, e os jogadores passaram a ter papel ativo nas decisões do clube. Tudo era resolvido pelo voto, das contratações ao local de concentração. O período ficou marcado como a "Democracia corintiana". As mudanças surtiram efeito. Em 1982, quando liderados pelos ídolos Sócrates, Wladimir, Casagrande,<ref name="CORINTHIANS-CASAGRANDE/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> Biro-Biro e Zenon, o clube conquistou o Campeonato Paulista em cima do São Paulo, que tentava o tricampeonato na competição.<ref name="SCCP-TITULOS/01-09/2013"> - Site oficial, 1 de setembro de 2013</ref> No ano seguinte, o Corinthians repetiria a final contra o rival e uma vez mais conquistaria o torneio. Ainda naquele ano, o Corinthians havia aplicado a maior goleada da história do Campeonato Brasileiro, um acachapante 10–1 sobre o Tiradentes, do Piauí, com quatro gols de Sócrates. No ano seguinte, a equipe corintiana não conseguiu o seu quarto tricampeonato paulista, tendo perdido o título para o Santos. Já pelo Campeonato Brasileiro, o time do Parque São Jorge fez sua melhor campanha desde o vice-campeonato da edição de 1976 e chegou à semifinal. O plantel alvinegro foi eliminado pelo Fluminense, mas a campanha é também lembrada pela goleada por 4–1 sobre o Flamengo de Zico e companhia. Aposta na base e primeiro título brasileiro (1985-1992). Em 1985, já sem Sócrates em seu plantel<ref name="CORINTHIANS-1984/LANCE-2010"> - Lance!, 07 de agosto de 2010</ref> e com o fim da Democracia Corintiana, a nova diretoria corintiana apostou na consolidação de uma grande equipe, com as contratações de De León, que deixou o Grêmio como o jogador mais caro do futebol brasileiro até então, Serginho Chulapa e Dunga, que se somavam a reforços do ano anterior, como Carlos, Édson e Juninho, contratados da Ponte Preta, e aos bem estabelecidos Wladimir, Biro-Biro, Zenon e Casagrande.<ref name="CORINTHIANS-1985/LANCE-2010"> - Lance!, 08 de agosto de 2010</ref> O grande time, porém, só ficou no "papel": no Campeonato Brasileiro, o Timão foi eliminado antes das semifinais, e no Campeonato Paulista, a equipe ficou apenas em quinto lugar. Nos anos seguintes, o clube renovou-se com um elenco de jogadores como o volante Wilson Mano,<ref name="CORINTHIANS-1986/LANCE-2010"> - Lance!, 09 de agosto de 2010</ref> e o zagueiro Marcelo,<ref name="CORINTHIANS-1987/LANCE-2010"> - Lance!, 10 de agosto de 2010</ref> além de apostar em jogadores formados nas categorias de base corintiana, como o goleiro Ronaldo,<ref name="CORINTHIANS-RONALDO/VEJINHA-2010"> - Veja São Paulo, 5 de maio de 2010</ref> o volante Márcio Bittencourt e o atacante Viola. Assim, o Corinthians voltaria à conquista do Campeonato Paulista.<ref name="CORINTHIANS-1988/LANCE-2010"> - Lance!, 11 de agosto de 2010</ref> Em 1990, o Corinthians conquistaria um dos títulos mais importantes de sua história. Com uma equipe dirigida pelo técnico Nelsinho e liderada em campo por Neto (que se consagraria como grande ídolo corintiano), o clube faturou seu primeiro Campeonato Brasileiro, vencendo na decisão o São Paulo. Em janeiro de 1991, o Corinthians ganhou a Supercopa do Brasil, tendo enfrentado o Flamengo, vencedor da Copa do Brasil de 1990, ganhando por 1 a 0, gol de Neto. No final do mesmo ano, Vicente Matheus deixava a presidência corintiana. Sua esposa, Marlene Matheus, assumiu o clube e ficaria no cargo até 1993. Era Dualib, o período das parcerias (1993-2006). Em 1993, em nova eleição, o presidente escolhido seria Alberto Dualib, e o clube conquistaria nos anos seguintes o Campeonato Paulista de 1995 e o seu primeiro título da Copa do Brasil, de forma invicta, cuja vaga conquistou após vencer a Copa Bandeirantes, no ano anterior. O meia-atacante Marcelinho Carioca foi um dos grandes destaques dessas conquistas e despontaria a partir dali como grande ídolo do clube. A Era Dualib foi marcada por parcerias com grupos privados: Banco Excel (1997), Hicks, Muse, Tate & Furst Incorporated (de 1999 a 2001) e MSI (de 2005 a 2007), que levaram muitos recursos financeiros ao clube, conquistas e polêmicas. Entre grandes nomes que defenderam o clube, destacam-se Gamarra, Rincón, Vampeta, Edílson, Ricardinho, Kléber e Dida no elenco entre 1998 e 2000 e Carlitos Tevez, Mascherano e Nilmar no time de 2005 e 2006, entre outros nomes. Já em relação a títulos, o clube conquistou mais três edições do Campeonato Brasileiro de Futebol (1998, 1999 e 2005), quatro do Campeonatos Paulistas (1997, 1999, 2001 e 2003), a Copa Bandeirantes (na sua única edição, em 1994), uma Copa do Brasil (em 2002), além do primeiro Campeonato Mundial de Clubes (em 2000), a maior conquista desse período. Primeiro torneio do gênero organizado pela FIFA, o Corinthians superou os rivais de chave Raja Casablanca, Real Madrid e Al Nassr, e venceu a final contra o Vasco da Gama, na disputa por penais, sagrando-se o primeiro campeão mundial pela FIFA.<ref name="CORINTHIANS-1983/LANCE-2010"> - Goal, 23 de agosto de 2010</ref> Fim das parcerias, o rebaixamento e a volta por cima (2007-2010). Em 2007, a MSI deixou o clube, juntamente com seus principais jogadores: Tevez, Mascherano, Roger e Gustavo Nery. Pressionado, Alberto Dualib, que ocupava a presidência corintiana havia mais de uma década, também deixou o cargo. Após eleição ainda naquele ano, Andrés Sanchez foi eleito o novo presidente. A saída do MSI criou-se um período de instabilidade, que culminou do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro. Com investimentos em projetos de marketing, reformulação da equipe de futebol e comissão técnica (comandada por Mano Menezes), o Corinthians deu a volta por cima com o vice-campeonato da Copa do Brasil e o título da Série B, que garantiu a volta para a divisão principal do futebol do país. No final daquele ano, a diretoria corintiana acertou a contratação de Ronaldo Fenômeno, que se tornou o principal atleta do elenco nas duas temporadas seguintes, marcado pelos títulos Paulista (invicto) e da Copa do Brasil de 2009, além do centenário do clube, em setembro de 2010, quando foi anunciada a construção de seu novo estádio, no bairro de Itaquera. A conquista da América, o segundo Mundial e um novo estádio (2011-presente). A temporada 2011 começou com uma eliminação precoce na Copa Libertadores da América, mas o clube se recuperou com um vice-campeonato no Campeonato Paulista e sua quinta conquista no Campeonato Brasileiro de 2011. Com a manutenção do elenco base do título nacional, o Corinthians fez uma das mais importantes temporadas de sua história, ao se sagrar pela primeira vez campeão da Copa Libertadores - e de maneira invicta, vencendo o na final - e do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA pela segunda vez, com uma vitória contra o campeão europeu , com um gol de Paolo Guerrero. Apesar da conquista do Campeonato Paulista e da Recopa Sul-Americana (ao bater o ), ganhando também o título honorífico da Tríplice Coroa Internacional de Futebol. O alvinegro não foi bem nos principais torneios da temporada 2013, sendo eliminado nas oitavas-de-final da Libertadores, nas quartas de final da Copa do Brasil e terminado apenas uma décima colocação no Campeonato Brasileiro. Ao final daquele ano, com a saída de Tite, Mano Menezes foi contratado como novo treinador e com a missão de reformular o elenco corintiano consagrado de 2012. O grande acontecimento do ano de 2014 foi a inauguração do novo estádio de futebol alvinegro, construído no bairro de Itaquera, com uma partida entre Corinthians e pelo Campeonato Brasileiro. Logo depois, o estádio foi entregue a FIFA, onde foi palco da abertura da Copa do Mundo daquele ano e outros cinco duelos. O time encerrou a temporada sem títulos, tendo sido eliminado ainda na primeira fase do Paulista, nas quartas-de-final da Copa do Brasil e terminado em quarto lugar no Brasileiro. Para a temporada de 2015, o técnico Tite retorna ao clube pela terceira vez. Inicia a preparação para a temporada disputando a primeira edição do torneio amistoso internacional Florida Cup, nos Estados Unidos. Destaque para a vitória por 2 a 1 sobre o clube alemão . No Campeonato Paulista foi eliminado nas semifinais, pela Copa Libertadores e Copa do Brasil ficou nas oitavas-de-finais. Já no Campeonato Brasileiro, sagrou-se campeão pela sexta vez. No ano de 2016 o alvinegro iniciou a preparação da temporada disputado a segunda edição da Florida Cup, destaque para a vitória de 3 a 2 sobre a equipe ucraniana . Com o desmanche do elenco campeão brasileiro do ano anterior e a saída do técnico Tite para a Seleção Brasileira, foi eliminado nas semifinais do Campeonato Paulista, eliminado nas oitavas-de-finais da Copa Libertadores e nas quartas-de-finais da Copa do Brasil. No Campeonato Brasileiro ficou na sétima posição, cuja classificação assegurou vaga na Copa Sul-Americana do ano seguinte após dez anos de ausência na competição. O ano de 2017 iniciou com um vice-campeonato no torneio amistoso internacional da Florida Cup. Ainda no primeiro semestre ficou na quarta fase da Copa do Brasil, além da 28° conquista do Campeonato Paulista. No segundo semestre ficou nas oitavas-de-finais na Copa Sul-Americana e encerrando o ano com a sétima conquista do Campeonato Brasileiro. O ano de 2018 teve um feito histórico, com a 29° conquista do Campeonato Paulista, sobre o arquirrival Palmeiras, ainda mais na arena deles, depois de perder o primeiro na Neo Química Arena, o Coringão conseguiu reverter o placar por 1 a 0 e vencer a decisão nos pênaltis. Já o ano de 2019, reservou outra marca histórica, a 30° conquista do Campeonato Paulista, sobre o São Paulo, jogando em casa, depois de muito tempo o Corinthians conquistava novamente um tricampeoanto estadual. Cores e símbolos. Uniforme. Oficialmente, a primeira camisa do Corinthians teria a cor bege, em homenagem ao time inglês homônimo. A camisa de 1910 tinha detalhes em preto nas mangas, barra e gola. Os calções eram brancos e feitos com sacos de farinha.<ref name="GLOBOESPORTE/CORINTHIANS-UNIFORME-CORES-ORIGENS/2010"> - GloboEsporte.com, 18 de agosto de 2010</ref> Entretanto, para o jornalista Celso Unzelte, pesquisador da história do time, seria muito improvável que o clube, na época pobre e humilde, tivesse recursos financeiros para comprar uniformes que não fossem brancos, e mesmo a fotografia mais antiga do time, do Campeonato Paulista de 1913, mostra os jogadores vestindo camisas e calções brancos.<ref name="UNIFORME-BEGE-TIMAO/VEJINHA/2008"> - Veja São Paulo, 16 de abril de 2008</ref> Incontroverso é o fato de que, a partir de 1920, o Corinthians passou a jogar com camisa branca e calção preto, quando a diretoria conseguiu dinheiro para comprá-los. Desde então, tornaram-se o uniforme oficial.<ref name="CORINTHIANS-1920/LANCE-2010"> - Lance!, 4 de junho de 2010</ref> A partir deste modelo, encontra-se registro das primeiras versões alternativas do uniforme, utilizadas em partidas específicas. Somente em 22 de dezembro de 1946 os atletas do clube entrariam em campo com camisas numeradas, em um amistoso contra o Club Atlético River Plate, no Estádio do Pacaembu.<ref name="CORINTHIANS-1946/LANCE-2010"> - Lance!, 30 de junho de 2010</ref> Em 1949, o clube usou uma camisa grená em um amistoso contra a Portuguesa de Desportos, como uma forma de prestar homenagem ao elenco do Torino Football Club da Itália, que foi vitimado em um acidente de avião contra a Basílica de Superga, em Turim.<ref name="CORINTHIANS-1949/LANCE-2010"> - 03 de julho de 2010</ref> No final de agosto de 2010, o Corinthians lançou no Parque São Jorge a camisa em comemoração ao centenário do clube, que foi utilizada como uniforme titular nas partidas em casa até o final do Campeonato Brasileiro daquele ano. A camisa remete ao suposto primeiro uniforme utilizado pelo Corinthians em 1910, com as camisetas na cor bege e no escudo as letras "CP", fazendo referência ao primeiro símbolo utilizado pelo clube.<ref name="GLOBOESPORTE/CORINTHIANS-UNIFORME-CENTENÁRIO/2010"> - GloboEsporte.com, 28 de agosto de 2010</ref> Escudo. Ao contrário da camisa, o escudo do Corinthians passou por várias alterações ao longo dos anos. Enquanto o time disputava apenas amistosos e torneios de futebol de várzea, a camisa não tinha distintivo. O primeiro foi criado às pressas para o jogo contra o Minas Gerais, válido pela eliminatória para a Liga Paulista de Foot-Ball de 1913, e levava apenas as letras "C" e "P" (de "Corinthians" e "Paulista") enlaçadas.<ref name="CORINTHIANS-1913/LANCE-2010"> - Lance1, 28 de maio de 2010</ref> Esse escudo seria usado até o ano seguinte, quando Hermógenes Barbuy, litógrafo e irmão do jogador Amílcar, criou o primeiro escudo oficial, elaborando uma moldura para as letras e acrescentando o "S" (de "Sport"), que estreou no amistoso contra o Torino (Itália), em São Paulo.<ref name="CORINTHIANS-1914/LANCE-2010"> - Lance!, 29 de maio de 2010</ref> Pouco tempo depois a moldura fica maior, e a partir de 1919 o distintivo começa a ganhar o formato atual, com a bandeira do Estado de São Paulo ao centro. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas baixou o Estado Novo e fez uma cerimônia pública com a queima das bandeiras de todos os Estados da federação, pois queria um governo forte e centralizado. A bandeira paulista só sobreviveu dentro do escudo do Corinthians. Após a queda do regime, o uso de símbolos regionais foi liberado. Em 1939, o escudo ganhou uma boia rodeando o círculo, além de um par de remos e a âncora, em alusão ao sucesso do clube nos esportes náuticos. O desenho foi criado pelo pintor modernista Francisco Rebolo, que foi jogador do segundo quadro do Corinthians na década de 1920. Depois disso, o símbolo corintiano passou por pequenas alterações ao longo do tempo, como na bandeira e na moldura. Pensando na modernização do distintivo, em 1980, o artista Orfeu Maia criou uma nova versão de nosso brasão que perdura até os dias atuais, substituindo a boia por uma corda e criando um designer gráfico fantástico. Em 1990, foi adicionada a primeira estrela em referência ao primeiro título brasileiro. O mesmo foi feito com as conquistas de 1998, 1999 e 2005, além de uma estrela maior com contorno prateado posta acima das demais, em homenagem à conquista do Mundial da FIFA de 2000. Em 2011 a diretoria do Corinthians resolveu deixar de lado todas as estrelas do distintivo do clube, relevando a importância do seu próprio símbolo. Abaixo, a evolução dos escudos, desde a fundação até os dias atuais: O mosqueteiro e São Jorge. O Corinthians adotou o "mosqueteiro" como seu mascote. Há duas versões sobre a origem do mascote corintiano.<ref name="CORINTHIANS-1929/LANCE-2010"> - Lance!, 13 de junho de 2010</ref> A primeira seria por conta do clube ter pleiteado uma vaga na Liga Paulista de Futebol em 1913, da qual apenas participavam Americano, Germânia e Internacional (como os personagens Athos, Porthos e Aramis, do romance "Os Três Mosqueteiros", escrito pelo francês Alexandre Dumas, em 1844). Como havia outros pretendentes à vaga, o Corinthians teve de disputar uma seletiva contra o Minas Gerais (do Brás) e o FC São Paulo (do Bixiga), outros dois grandes da várzea paulistana. Após ter vencido as duas equipes, o Corinthians garantiu o direito de disputar a Divisão Especial da Liga, ganhando da imprensa o apelido de D'Artagnan, o quarto mosqueteiro. Uma segunda versão para a utilização do "mosqueteiro" como mascote corintiano surgiu em 1929, quando o Corinthians venceu o Barracas (Argentina), por 3–1. Foi a primeira vitória do clube paulista em partidas internacionais e que ganhou destaque nas páginas do jornal "A Gazeta", com o título dado pelo jornalista Tomás Mazzoni: "O Corinthians venceu com 'fibra de mosqueteiro'". Esta versão é adotada oficialmente pelo clube e pelos historiadores, como Celso Unzelte. Além do mascote, o Corinthians tem bastante apego a São Jorge. Depois de comprar o campo do Parque São Jorge, em 1926, o Corinthians adotou o santo como seu padroeiro. O clube construiu uma capela em homenagem a São Jorge dentro de sua sede social.<ref name="CORINTHIANS-1926/LANCE-2010"> - Lance!, 10 de junho de 2010</ref> Oração de São Jorge<br> <br> "Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge."<br> "Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem,"<br> "tendo mãos não me peguem,"<br> "tendo olhos não me enxerguem,"<br> "nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal."<br> "Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,"<br> "facas e lanças se quebrem sem ao meu corpo chegar,"<br> "cordas e correntes se quebrem sem ao meu corpo amarrar." <br> Recentemente, devido a torcida organizada e escola de samba ligada ao clube Gaviões da Fiel, o gavião também tornou-se um dos mascotes do time. Patrocinadores. A partir da década de 1980, a publicidade estava liberada nas camisas de futebol, mas o Corinthians não conseguia encontrar patrocinadores. Era o período da Democracia Corintiana, e a camisa estampou nas costas a frase "Dia 15, vote!", embalado pelas eleições diretas para governador em 1982. Naquele mesmo ano, a empresa de material esportivo Topper exibia o seu logo no lado direito da camisa e, na final do Campeonato Paulista, contra o São Paulo, exibiu nas costas (como exigia a legislação da época) o patrocínio da Bombril. Em 1983, a Cofap foi a primeira marca a ocupar também a frente da camisa, a partir do Campeonato Paulista. Em 1984, para renovar o contrato do ídolo Sócrates, o clube contou com ajuda da empresa Corona, conseguindo assim mantê-lo e tendo que pintar, em troca, um chuveiro na parte frontal da camisa. A partir de 1985, passou a ser patrocinado pela Kalunga, em acordo que perdurou até 1994. Desde então, o clube mudou de patrocínio constantemente. Na era Ronaldo, o clube manteve um contrato com o "Grupo Hypermarcas", além de ter vendido outros espaços da camisa para outras empresas. Atualmente, o banco estatal brasileiro Caixa é o principal patrocinador do clube, após ter fechado um acordo em novembro de 2012 para estampar sua logomarca até dezembro de 2014 além de ter a Nike como fornecedora de material esportivo até 2022. Estrutura e patrimônio. Estádios. Neo Química Arena. Desde que o Parque São Jorge havia se tornado uma casa modesta demais para comportar o grande número de torcedores do Corinthians, sempre houve muitos projetos, mas nunca foram levados à frente. Em 27 de agosto de 2010 foi anunciada a construção de um novo estádio com capacidade prevista para pessoas e um valor estimado em 350 milhões de reais. Seu projeto foi de autoria de Aníbal Coutinho. Localizado em uma propriedade de metros quadrados, a área construída é de 189 mil metros quadrados. Construído pela Odebrecht entre 2011 e 2014, tinha previsão de custo inicial em 820 milhões de reais. Porém, seu preço final atingiu R$ 985 milhões, ressaltasse que nesta conta não estão incluídos os gastos com as arquibancadas móveis (custeadas pelo governo de São Paulo em parceria com a AmBev), as estruturas complementares da FIFA, que fizeram parte do projeto Copa do Mundo FIFA de 2014, e os gastos com pagamento de juros dos empréstimos bancários, ampliaram os custos para R$ 1,15 bilhão. O estádio está localizado a 19 quilômetros a leste do centro da cidade e a 21 km de distância do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos. A estação de metrô mais próxima é a Corinthians-Itaquera, a 500 metros do estádio. Ela se conecta a uma estação de trem com o mesmo nome. A estação de metrô Artur Alvim está a 800 metros de distância. Se todos os usuários embarcaram em trens para deixar o estádio, ele estaria vazio em 30 minutos. Durante os jogos do Mundial de 2014, um trem expresso ligou a Luz e a Estação Corinthians-Itaquera da CPTM, fazendo a viagem em 17 minutos. A Arena Corinthians foi inaugurada oficialmente em 19 de maio de 2014 com uma partida oficial entre Corinthians e , válida pelo Campeonato Brasileiro, que terminou com vitória por 1 a 0 da equipe catarinense. Dias depois, sediou a abertura da Copa do Mundo FIFA de 2014 entre Brasil e Croácia e outras cinco partidas da principal competição entre seleções nacionais do mundo, incluindo uma semifinal. Durante o Mundial, a Arena Corinthians teve excepcionalmente 19 800 assentos temporários a mais para atender exigência da FIFA. As arquibancadas móveis foram retiradas após o fim da Copa. A Arena Corinthians foi uma das sedes do futebol olímpico no RIO 2016. O estádio recebeu 10 jogos, incluindo uma semifinal do masculino e a decisão da medalha de bronze no feminino. É atualmente o 12º maior estádio do Brasil e o segundo maior do Estado de São Paulo. Parque São Jorge. O Estádio Alfredo Schürig, mais conhecido como Fazendinha e Parque São Jorge, é um estádio de propriedade do Corinthians. Construído entre 1926 e 1928 através da ajuda financeira dos sócios do clube, foi inaugurado em um amistoso entre Corinthians e América-RJ. Em 1961, ganhou um novo sistema de iluminação, que estreou em uma partida contra o , que resultou em uma vitória alvinegra por 7 a 2. A última partida da equipe profissional corintiana no Parque São Jorge ocorreu no dia 3 de agosto de 2002, em um amistoso contra o . Com capacidade atualmente para receber cerca de 18 000 espectadores, o Parque São Jorge tem sido utilizado para receber jogos do time de Futebol Americano do clube, o Corinthians Steamrollers, e também é usado para treinamentos e partidas das categorias de base corintianas. Com o grande crescimento da torcida do Corinthians, o Parque São Jorge ficou pequeno demais para receber partidas do clube, que passou a mandar suas partidas mais importantes para estádios maiores. O principal deles foi o Estádio Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Estádio do Pacaembu, que pertence ao município de São Paulo e desde sua inauguração, em 1940, era considerado como a "casa" do Corinthians.<ref name="CORINTHIANS-1940/LANCE-2010"></ref> Entre as décadas de 1940 e 1960, o clube mandou quase todas suas principais partidas no Pacaembu, que viu o clube alvinegro ser campeão do Campeonato Paulista por três vezes na década de 1950. A partir da década de 1970, o Corinthians também passou a usar como mandante o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, mais conhecido como Estádio do Morumbi e de propriedade do São Paulo Futebol Clube. Embora o clube alvinegro mantivesse o Pacaembu como estádio principal, o Morumbi, por ter uma capacidade maior, foi quase sempre o palco dos grandes clássicos e decisões corintianas (como finais do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro) entre meados dos anos setenta e fim da década de 2000. Por conta de um desentendimento com Juvenal Juvêncio, então presidente do São Paulo, sobre o número de ingressos para uma partida do clássico Majestoso em 2009, a diretoria corintiana decidiu que nunca mais mandaria jogos no Morumbi, e o Pacaembu voltou a receber as principais decisões corintianas, como a do Campeonato Brasileiro de 2011 e da Copa Libertadores de 2012, até a inauguração da Arena Corinthians. Estádio da Ponte Grande. O Estádio da Ponte Grande foi o primeiro estádio do Corinthians Paulista. Anteriormente o clube mandava seus jogos no "Campo do Lenheiro", em um terreno situado na antiga Rua dos Imigrantes, atual Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro onde o clube foi fundado. O Estádio da Ponte Grande foi inaugurado em 1918, e ficava próximo da Ponte das Bandeiras, onde hoje está localizado o Centro Esportivo e de Lazer Tietê, na região norte da cidade de São Paulo. No Estádio da Ponte Grande o Corinthians conquistou os títulos estaduais de 1922, 1923 e 1924, além de ter sido palco de algumas taças conquistadas em amistosos. Outro fato marcante foi o jogo entre a Seleção Brasileira x Corinthians. A partida amistosa aconteceu em 1925, e terminou empatada em 1-1. Apesar da importância histórica do local para o "Alvinegro Paulista", há poucos registros fotográficos do que foi o primeiro Estádio do Corinthians. Em 1926, o então presidente do Corinthians "Ernesto Cassano" compra o terreno do Parque São Jorge para o clube. O terreno pertencia ao Esporte Clube Sírio, e foi comprado por "Ernesto Cassano" por 750 contos de réis, pagos em dez anos. A partir dai o clube iniciou o processo de mudança da Ponte Grande na zona norte de São Paulo, para o bairro do Tatuapé, na zona Leste da cidade. CT Joaquim Grava. O centro de treinamento da equipe profissional foi inaugurado em setembro de 2010. Seu nome de batismo é uma homenagem ao médico Joaquim Grava, principal idealizador do projeto. O CT corintiano é considerado um dos mais modernos do mundo. Ele foi utilizado pela Seleção Iraniana durante a Copa do Mundo em 2014. Ao lado do CT Joaquim Grava, o Corinthians pretende construir um centro de treinamento para os atletas formados na base. O projeto prevê três campos oficiais (105x68m) com grama natural e um campo menor de grama sintética, um alojamento para 152 atletas e ainda refeitório e cozinha, além de uma mini escola com duas salas de aula e um auditório. Memorial. Inaugurado em janeiro de 2006, pouco tempo depois da conquista do quarto campeonato brasileiro pelo clube, o Memorial do Corinthians está localizado na sua sede social, no Parque São Jorge. O espaço apresenta a história do time através de vídeos, fotos e espaços que mostram ambientes reais do mundo do futebol. Além das diversas taças expostas, o local possui espaços temáticos para as conquistas do Paulista de 1977, da Libertadores invicta de 2012 e das duas taças do Mundial da FIFA. Situação financeira. Em 2012, com os títulos da Libertadores e do Mundial, a receita anual corintiana atingiu a expressiva marca de 358 milhões de reais. Em abril de 2015, um relatório oficial revelou que a receita total do Corinthians foi de 258,2 milhões de reais em 2014, uma queda de 18% em relação aos R$ 316 milhões de 2013, e as dívidas do clube atingiram 313 milhões de reais. Se incluídos os débitos para quitar a Arena Corinthians, o endividamento passava de 1 bilhão de reais, valor dez vezes maior de quando Andrés Sanchez assumiu o clube no fim de 2007. A dívida do Corinthians aumentou drasticamente a partir de 2008, principalmente pelas despesas com futebol profissional (que fez do time do Parque São Jorge aquele que mais gastou com pagamentos de salário e contratações entre 2009 e 2014, com 1,2 bilhão de reais, uma média de 200 milhões por ano), por impostos atrasados entre 2007 a 2010 (o que gerou um débito de 94 milhões de reais para a atual seguinte, de Mário Gobbi, que pôde quitar pouco mais que metade relativa aos impostos sonegados pela gestão Sanchez) e ainda pelo pagamento da construção da Arena Corinthians, que, entre juros e obra, custou 1,15 bilhão de reais. Apesar do alto endividamento, de 2010 e 2014, o Corinthians foi um dos clubes mais valiosos do futebol brasileiro, liderando o ranking da consultoria BDO por cinco anos consecutivos e sendo o primeiro a ultrapassar a marca de 1 bilhão de reais, chegando em 2014 a 1,2 bilhão. Em 2013, o ranking dos 20 clubes mais valiosos do mundo da revista Forbes colocava o Corinthians na 16ª posição, com renda avaliada no valor de 358 milhões de reais, sendo o único não europeu a constar na lista.<ref name="FORBES-LIST-2013/SCCP"></ref><ref name="GE-LISTA-2013/SCCP"></ref> O Corinthians também liderou o ranking de 2014 dessa mesma revista sobre os 30 clubes mais valiosos da América, sendo avaliado em 579,9 milhões de dólares. A administração do presidente Duilio Monteiro Alves, vem procurando mitigar a grave situação financeira do clube, no 1º trimestre de 2021, o Corinthians teve superávit de R$ 3,5 mi. Concomitante a ajustes em curso, o Corinthians assinou contrato com auditoria KPMG por auxílio na renegociação de suas dívidas, visando uma reestruturação pautada em auxílio na renegociação de dívidas e na captação de novos recursos. Torcida. A torcida do Corinthians é chamada carinhosamente de "Fiel". De acordo com uma série de institutos de pesquisas, como Ibope e Datafolha, além da Revista Placar, o Timão possui entre 27 e 33 milhões de torcedores(as) espalhados(as) pelo país, levando-se em conta, nas dadas pesquisas, brasileiros a partir de 10 ou 16 anos de idade,<ref name="GLOBOESPORTE/MAIORES-TORCIDAS-2012"> - Olhar Cronico, GloboEsporte.com, 21 de dezembro de 2012</ref> tendo a segunda maior torcida no Brasil, atrás nacionalmente somente do Flamengo. Todavia, pesquisas de abrangência nacional mais recentes apontam um forte crescimento da torcida corintiana nos últimos anos, reduzindo a distância em relação aos rubro-negros cariocas. Pelos dados do Datafolha, em 2014, que considera torcedores(as) a partir de 16 anos de idade (em um universo de 202,9 milhões de brasileiros), são 28,4 milhões de corintianos em todo o Brasil, sendo que na faixa de renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, o Corinthians lidera com 17,6% dos brasileiros(as), bem acima do Flamengo que possui 10,9% nesta faixa e o São Paulo que possui 9,2% da população mais rica. O crescimento alvinegro é percebido ao comparar a última pesquisa do Ibope, em 2010, que levava em conta torcedores com 10 anos ou mais e estimava 21,7 milhões de alvinegros espalhados pelo país. Analisando-se desde a primeira pesquisa do Instituto Datafolha, realizada em 1993, até os dias atuais, chega-se à conclusão de que neste período a torcida corintiana foi a única que cresceu consideravelmente entre as equipes do Brasil. Em 1993, o instituto indicou que o Corinthians tinha 10% dos torcedores do país, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Ou seja, a equipe do Parque São Jorge teria entre 8% e 12% dos fãs. Já na última pesquisa, em 2014, o clube paulista aparece com 14% dos torcedores. Pela margem de erro, 12% ou 16%. Com esses números, o Corinthians foi o único time que conseguiu crescer acima da margem de erro em relação à primeira pesquisa. Em termos de comparação, o Flamengo tinha 17% em 1993 e 18% em 2014. Portanto, ficou dentro do margem de erro e não apresentou crescimento. Somente no Estado de São Paulo estão concentrados cerca de 15,6 milhões de corintianos, com isso, o time do Parque São Jorge supera o número de torcedores somados de São Paulo e Palmeiras (os seus dois maiores rivais). Outros 13 milhões de "fiéis" estão espalhados pelo resto do Brasil. Os corintianos lideram na região Sudeste.<ref name="GE-PLURI-2013/TIMAO-SP"> - Globoesporte.com, 17 de abril de 2013</ref><ref name="LANCE-IBOPE-2010/TIMAO-SUDESTE"> - Lance!, 2 de agosto de 2010</ref> Em Minas Gerais, o "Timão" tem 900 mil torcedores e é a terceira maior torcida nesse Estado - atrás somente de Atlético-MG e Cruzeiro. No Sul do país, os corintianos só ficam atrás das torcidas de Grêmio e Internacional, inclusive no Rio Grande do Sul, onde conta com mais de 60 mil torcedores.<ref name="LANCE-IBOPE-2010/TIMAO-NORTE-CENTRO-OESTE"> - Lance!, 12 de agosto de 2010</ref><ref name="LANCE-IBOPE-2014/TIMAO-RS"> - Lance!, 30 de agosto de 2014</ref> No Paraná a presença é grande, estado no qual o Corinthians possui mais de 1,5 milhões de alvinegros.<ref name="LANCE-IBOPE-2010/TIMAO-BA(2)"> - Lance!, 30 de agosto de 2014</ref> Fora das regiões Sul/Sudeste, o Corinthians consolida-se como segundo time mais popular do país. Na soma das regiões Centro-Oeste e Norte, os corintianos também ficam com o segundo posto de torcida mais popular. O mesmo acontece no Nordeste brasileiro. Os corintianos têm forte presença de torcedores em Estados como Pernambuco (segundo pesquisa o Ibope, são quase 700 mil torcedores, que só perdem para os dois times locais: Sport Recife e Santa Cruz; já o Datafolha coloca como a segunda maior torcida do Estado).<ref name="LANCE-IBOPE-2010/TIMAO-PE"> - Lance!, 17 de agosto de 2010</ref><ref name="DATAFOLHA/2008/TIMAO-GERAL"> - Datafolha, 14 de janeiro de 2008</ref> Já no Ceará, o Timão tem mais de 700 mil torcedores e fica atrás de Fortaleza, Ceará e Flamengo.<ref name="LANCE-IBOPE-2014/TIMAO-CE"> - Lance!, 17 de agosto de 2010</ref> Na Bahia, o Corinthians conta com mais de 1,1 milhão de torcedores, sendo superado somente por Bahia, Vitória e Flamengo. No Distrito Federal o Timão possui 122 mil torcedores(as), sendo a terceira maior torcida. Já em Goiás, fica atrás apenas de Goiás e Flamengo. Um dos momentos mais marcantes protagonizados por seus torcedores ocorreu em 1976, na semifinal do Campeonato Brasileiro daquele ano, quando dezenas de milhares de corintianos foram ao Rio de Janeiro para assistir ao jogo válido pelas semifinais do Brasileirão, contra o Fluminense, até então conhecido como "A Máquina Tricolor" devido a imensa qualidade de seu escrete, no Estádio do Maracanã. O acontecimento ficou registrado na história como a "Invasão Corintiana".<ref name="FSP-05-DEZ-1976/PRIMEIRA-PÁGINA/INVASÃO-CORINTIANA">"Com Coríntians, metade do Maracanã" - Folha de S.Paulo, 5 de dezembro de 1976, primeira página</ref> Este também foi o maior público registrado em uma partida envolvendo o alvinegro no maior estádio do Brasil.<ref name="TORCIDA/GLOBOESPORTE/2010"> - GloboEsporte, 27 de agosto de 2010</ref> Outro evento marcante que contou com forte apoio de torcedores corintianos foi o Mundial de Clubes da FIFA de 2012, quando mais de 40 mil "fiéis" foram acompanhar o clube em Yokohama, no Japão. O recorde de público nos dois principais estádios do Estado de São Paulo, o Morumbi e o Pacaembu, foram registrados em partidas com a presença do Corinthians. No dia 9 de outubro de 1977, mais de 146 mil pessoas assistiram ao duelo entre Corinthians e Ponte Preta, o segundo das finais do Campeonato Paulista daquele ano, que encerraria o tabu do "Timão" de 23 anos sem títulos oficiais. Pelo Campeonato Brasileiro, o maior público no estádio também é corintiano e a marca foi estabelecida em 6 de maio de 1984, no duelo entre Corinthians e Flamengo, válido pelas quartas-de-final da competição. No Pacaembu, o Corinthians reina soberano com nove dos dez maiores públicos da história do estádio. O recorde de público do Pacaembu foi no clássico entre Corinthians e São Paulo, em 1942, que teve mais de 70 mil espectadores e contava com a estreia do astro Leônidas da Silva pelo time tricolor.<ref name="CORINTHIANS-1942/LANCE-2010"> - Lance!, 26 de junho de 2010</ref> Torcidas organizadas. O Corinthians tem como principais Torcidas Organizadas a Gaviões da Fiel, a Camisa 12, a Fiel Macabra, a Pavilhão 9 e a Estopim da Fiel. Fundada em 1969, a Gaviões da Fiel é a maior delas e possui mais de 100 mil sócios.<ref name="CORINTHIANS-1969/LANCE-2010"> - Lance!, 23 de julho de 2010</ref> Gaviões e Camisa 12 têm rivalidade histórica, pois a segunda nasceu de uma divisão entre diretores da primeira, dois anos depois da fundação dos Gaviões.<ref name="CORINTHIANS-FLAMENGO/LIBERTADORES/UNIFORMIZADAS/2010/IG"> - iG Esporte, 05 de maio de 2010</ref> Hoje, existe uma divisão por razões políticas dentro da própria Gaviões da Fiel. Em jogos do clube como mandante, as quatro maiores torcidas corintianas cantam geralmente suas próprias músicas. As letras cantadas pelos integrantes da Gaviões da Fiel sobressaem-se sobre as demais torcidas uniformizadas, devido ao maior número de integrantes, e costumam ser acompanhadas pelos outros torcedores, normalmente desvinculados a qualquer facção, espalhados pelo estádio. Fora do estádio, as organizadas têm participado efetivamente da vida político-administrativa do Corinthians, mesmo que por vezes de maneira um tanto radical. Um dos casos mais notórios desta participação ocorreu na queda de Alberto Dualib, na década de 2000, que estava há mais de 15 anos no poder corintiano. Outros episódios já incluíram pressão e até ameaças sobre jogadores, entre os quais hostilidades contra atletas e invasão do Parque São Jorge durante a reapresentação do time após a queda na Copa Libertadores da América de 2000,<ref name="FSP/28-JUN-2000"></ref><ref name="ESPN/01-OUT-2013"></ref> além de um protesto que culminou em agressões contra funcionários e ameaças a atletas em uma invasão ao CT Joaquim Grava em 2014.<ref name="ESPN/01-FEV-2014"></ref> Clássicos e rivalidades. O Corinthians possui uma rica história diante de seus rivais históricos: contra o , e , sendo que os dois primeiros e o Corinthians fazem parte do chamado "Trio de Ferro" do futebol de São Paulo. O alvinegro paulistano é o único clube brasileiro a decidir títulos do Campeonato Brasileiro e confrontos em Copa Libertadores contra seus principais rivais. No Campeonato Brasileiro, conquistou seu primeiro título na competição ao derrotar o em 1990. Em 1994 e 2002 perdeu o título para e respectivamente. Pela Copa Libertadores, enfrentou o em seis oportunidades, com três vitórias cada, onde foi eliminado em 1999 e 2000 nas quartas-de-finais e semifinais respectivamente. Diante do , ocorreram dois confrontos em 2012 nas semifinais, com uma vitória Corintiana e um empate. Contra o foram dois confrontos em 2015 pela fase de grupos, com uma vitória cada. Durante o ano de 2014, primeiro ano da nova casa Corintiana, a Arena Corinthians, o Corinthians obteve três êxitos diante dos rivais nos primeiros clássicos em sua arena. Vitória sobre o por 2 a 0, vitória sobre o por 3 a 2 e vitória por 1 a 0 sobre o . Todos os confrontos válidos pelo Campeonato Brasileiro do respectivo ano. Derby paulista. O "Derby Paulista" é o nome do clássico disputado entre Corinthians e , considerado o mais tradicional da capital paulista e uma das maiores rivalidades mundiais. O nome do clássico foi dado pelo jornalista Tommaso Mazzoni, numa referência à mais importante corrida de cavalo do mundo, o Derby de Epsom, no qual sempre foi difícil de apontar o vencedor. Em virtude da clássica corrida de cavalos, o nome Derby acabou sendo identificado mundialmente para os confrontos relevantes em todos os esportes. Em 6 de maio de 1917, ocorreu o primeiro confronto entre os clubes, onde foi vencido pelo Palmeiras (na época, tinha o nome de Palestra Itália) pelo placar de 3 a 0, partida disputada no estádio Palestra Itália. Uma das particularidades desta rivalidade, se deve ao fato de ambos os clubes evitarem as cores do rival. O lado do Corinthians evita a cor verde assim como o Palmeiras evita a cor preta em suas dependências, em alusão ao arquirrival. Os anos de ouro da rivalidade foi na década de 1990, onde decidiram Campeonatos Paulista e o Campeonato Brasileiro de 1994, além dos confrontos épicos pela Copa Libertadores, nos anos de 1999 e 2000, pelas quartas-de-finais e semifinais respectivamente, figurando como uma das rivalidades que mais decidiram no Brasil. Majestoso. O clássico "Majestoso" é a rivalidade entre Corinthians e . O nome do clássico foi idealizado pelo jornalista Tommaso Mazzoni. O primeiro encontro entre os clubes ocorreu em 25 de maio de 1930, no estádio Parque São Jorge, com vitória do Corinthians por 2 a 1. O auge da rivalidade, deu início nos anos 90, onde os dois clubes mediram forças pelas semifinais da extinta Copa Conmebol em 1994, semifinais de Campeonatos Brasileiros e decisões de Campeonatos Paulistas. Os grandes duelos se estenderam nos anos 2000, com decisão de Torneio Rio-São Paulo em 2002 e semifinal de Copa do Brasil. Em decisões, Corinthians e São Paulo decidiram inúmeros Campeonatos Paulistas, a nível nacional decidiram o Campeonato Brasileiro de 1990, já a nível internacional decidiram a Recopa Sul-Americana de 2013. Figurando como a rivalidade brasileira que mais decidiu em números de torneios. Clássico alvinegro. O "Clássico Alvinegro" é disputado entre Corinthians e , o clássico possui este nome em alusão as cores dos dois clubes. O primeiro duelo entre as equipes ocorreu em 6 de março de 1913, partida realizada no antigo estádio Parque Antarctica, onde a equipe do litoral venceu a equipe da capital por 6 a 3. Um dos fatos mais marcantes da história desta rivalidade, foram os tabus sem vitórias dos rivais. O Corinthians ficou sem vencer o rival por 11 anos em campeonatos paulistas, enquanto o Santos ficou sem vencer o Corinthians por 7 anos considerando todos os campeonatos. Em decisões de campeonatos, os alvinegros já decidiram alguns Campeonatos Paulista e decidiram o Campeonato Brasileiro de 2002. Em torneios internacionais se enfrentaram em uma oportunidade, pelas semifinais da Copa Libertadores de 2012 onde o Corinthians avançou para a decisão do torneio. Títulos e honrarias. Campeão invicto Estatísticas. Maiores artilheiros da história do clube. Jogadores que mais marcaram com a camisa do Corinthians. Jogadores que mais vestiram a camisa do clube. Jogadores que mais vezes atuaram com a camisa do Corinthians. Legenda: Em negrito, jogadores em atividade. Treinadores. Os dez técnicos corintianos que mais comandaram jogos da equipe principal.<br> Maiores ídolos. Lista com os maiores ídolos da história do Sport Club Corinthians Paulista. Legenda: Em negrito, jogadores já falecidos. "Jogadores revelados pelo Sport Club Corinthians Paulista" "Jogadores que, no mundo, só jogaram pelo Sport Club Corinthians Paulista" "Jogadores que, no Brasil, só jogaram pelo Sport Club Corinthians Paulista" "Jogadores que, no estado de São Paulo, só jogaram pelo Sport Club Corinthians Paulista" Diretoria. "Atualizado em 21 de março de 2023" Ranqueamento. No ano de 2012, o Corinthians terminou como o 2º melhor time do Brasil no ranking da CBF, o 3º da América do Sul no ranking da Conmebol e o 5º melhor time do mundo no ranking da IFFHS. No início do ano de 2013, o Timão ultrapassou o badalado Barcelona no ranking da IFFHS, chegando à 4ª posição (sua melhor colocação na história), além de ter assumido a 2ª posição na América do Sul no ranking da Conmebol. No ranking da Folha de S.Paulo, o Corinthians chegou à terceira colocação nacional em 2013. Com o título do Campeonato Brasileiro de 2015, o Corinthians assumiu a liderança no ranking da CBF, alcançando 14664 pontos. Valor de mercado. A Revista Forbes (edição mexicana) elege o Corinthians, pela sexta vez, como o mais valioso da América, conforme a publicação, o Timão foi avaliado em 462 milhões de dólares (o equivalente a cerca de R$ 1,7 bilhão, na cotação atual). Clubes de futebol homônimos. O Sport Club Corinthians Paulista foi fundado e originado no Corinthian Football Club (atualmente Corinthian-Casuals Football Club), um clube amador de futebol de Londres, Reino Unido.<ref name="LANCE/CORINTHIAN-CASUALS/1"> - Lance.net, 31 de agosto de 2010</ref><ref name="LANCE/CORINTHIAN-CASUALS/2"> - Lance.net, 31 de agosto de 2010</ref> A popularidade e a relevância do alvinegro do Parque São Jorge no futebol brasileiro inspiraram o batismo de diversas agremiações esportivas no país e até mesmo fora dele em sua homenagem. Outras modalidades esportivas. Além do futebol, o Corinthians possuiu, ao longo de sua história, equipes em várias modalidades esportivas. O primeiro título da história do clube não veio do futebol, mas sim do pedestrianismo. Batista Boni, João Collina e André Lepre venceram o troféu "Unione Vigiatore Italiani" (União dos Viajantes Italianos), oferecido pela colônia italiana no Brasil, em uma corrida de revezamento de dez quilômetros no Palestra Itália. A competição foi vencida pela equipe formada pelos corintianos.<ref name="CORINTHIANS-1912/LANCE-2010"> - Lance!, 27 de maio de 2010</ref> Natação. A natação do Corinthians teve início por volta de 1926, sendo praticada no rio Tietê. Na 1960, época em que o futebol da equipe amargava um jejum de títulos importantes, a natação alcançava a maior quantidade de conquistas, vencendo quatro Troféus Brasil de Natação (atual Troféu Maria Lenk), além de competições estaduais. Basquete. Masculino. A primeira equipe de basquetebol corintiana foi montada em 1928, desde então, o clube angariou tradição no esporte dentro do país, tendo conquistado diversos títulos estaduais, metropolitanos, além de quatro nacionais. No auge do basquete do clube, na década de 1960, a equipe do Parque São Jorge faturou o bicampeonato sul-americano e um vice-campeonato mundial. O Corinthians contou ainda com grandes nomes da história da Seleção Brasileira Masculina, como Wlamir Marques, Rosa Branca, Ubiratan, Amaury e Oscar Schmidt.<ref name="UOL/BASQUETE/2013"> - UOL Esporte, 08 de março de 2013</ref> Durante 16 anos, o departamento de basquete profissional ficou desativado, com o clube competindo somente nas categorias de base. No fim de 2017, o Corinthians reativou a equipe adulta, objetivando chegar ao NBB. Atingiu seu objetivo ao conquistar a Liga Ouro de 2018, batendo na decisão o São José por 3 a 1. Feminino. Em 2015, o Corinthians fez uma parceria com o então bicampeão da Liga de Basquete Feminino, Americana, que passou a se chamar Corinthians/Americana. A parceria Corinthians-Americana chegou ao fim em 2017. Desde então, o basquete feminino está desativado. Basquete 3 x 3. Em 20 de agosto de 2018, no intervalo de uma partida da equipe masculina, o Corinthians apresentou à torcida a sua equipe feminina de Basquetebol 3x3. As atletas apresentadas foram Milena Santos, Luana Ariescha, Evelyn Larissa, Sassá, Fabiete Castor e Julia Carvalho, sendo esta última a jogadora número 1 do ranking brasileiro na ocasião. Em seu primeiro ano, foi campeão invicto dos Jogos Abertos do Interior e da Copa do Brasil de Basquetebol 3x3 Feminino. Remo. O remo é um dos esportes mais tradicionais do Corinthians, tendo sido implantado oficialmente no ano de 1933, sob presidência de Alfredo Schurig. Na ocasião, o escudo do clube sofreu alterações, com o acréscimo de um par de remos e da âncora, que aparecem no distintivo até hoje, foi acrescentada também uma bóia ao redor do escudo, posteriormente substituída por uma corda. O clube adquiriu 10 barcos de classe usados, do Clube Esperia, e deu início a uma brilhante campanha com inúmeras vitórias e conquistas. Em 1972, foi inaugurada a Raia Olímpica da Cidade Universitária, e o clube criou seu segundo pólo para desenvolver essa modalidade esportiva, aproveitando a nova estrutura, com sua extensa área para treinamento aeróbico e barco escolar. As compras de remergômetros (equipamento que simula o movimento dos remadores, auxilia na preparação física e tomada de tempo para competições nacionais e internacionais), 11 barcos e 56 remos de fibra de carbono vindos da Argentina e dos Estados Unidos, aumentaram a chance competitiva do esporte alvinegro. Atualmente a frota de barcos é de 60 unidades, além da lancha para treinamentos. Futsal. O Corinthians possui grande tradição no futsal paulista, tendo sido a equipe masculina campeã estadual 9 vezes e campeã metropolitana em 8 oportunidades. O time masculino também se sagrou campeão por duas vezes da Taça Brasil de Futsal.Em 2016 se sagrou campeão da Liga Futsal. Handebol. O Corinthians montou sua primeira equipe de handebol na década de 1970. Em 1972, o clube tornou-se o primeiro campeão paulista na modalidade feminina, três anos depois, foi a vez da equipe masculina erguer a taça do Campeonato Paulista.<ref name="FPH/CORINTHIANS/HISTORICO"> - Federação Paulista de Handebol, 28 de junho de 2011</ref> No entanto, com o passar dos anos, o clube deixou de investir no esporte e se desligou da Federação Paulista de Handebol. O Corinthians voltou a valorizar o handebol na década de 2000, com a restituição do departamento de handebol feminino e a refiliação à Federação Paulista de Handebol. E embora não tenha atuado na categoria principal do Campeonato Paulista,o clube realiza trabalho nas categorias de base. Futebol Americano. O Corinthians Steamrollers é o time de futebol americano do clube, teve início com uma parceria com a Associação Esportiva Steamrollers em 2008. Desde então, a equipe se firmou como uma das principais do país. Entre seus jogadores, o Corinthians Steamrollers contou com o ex-ator Alexandre Frota. Futebol de praia. O Corinthians criou a sua equipe de futebol de praia em 2010, ano do centenário do clube. Na primeira edição do Campeonato Brasileiro da modalidade, o time sagrou-se campeão. MMA. O projeto de MMA do Corinthians foi iniciado em 2011, em parceria com Anderson Silva (campeão dos pesos-médios do Ultimate Fighting Championship.<ref name="CIGANO/SCCP/2012"> - Site Oficial do Corinthians, 14 de agosto de 2012</ref>) Além de um centro de treinamento para a prática da modalidade, localizado no Parque São Jorge, o clube conta com um time de lutadores, entre os quais Júnior Cigano.<ref name="SCCP/MMA/IG-2012"> - iG, 01 de novembro de 2012</ref> Contratado do Corinthians desde agosto de 2011, Anderson Silva rompeu seu contrato com o clube dois anos depois. Rugby. Em 2012, o clube criou a sua primeira equipe adulta masculina de Rugby sevens (modalidade com sete jogadores). Vôlei. O projeto de Voleibol do Corinthians foi iniciado em 2017, em parceria com a Prefeitura de Guarulhos. O Corinthians na cultura popular. A importância do Corinthians faz-se presente também em registros culturais no cinema, na música e na literatura. Filmes. No cinema, Amácio Mazzaropi homenageou o fiel torcedor com o filme "O Corintiano", de 1966. No século XXI, houve lançamento de documentários importantes sobre o clube. Em 2009 foram lançados "Fiel - O Filme", documentário que retrata a queda e a ascensão do clube, da Série B para a Série A do Campeonato Brasileiro, sob a ótica de seus torcedores, e "23 anos em 7 segundos – O fim do jejum corinthiano", documentário que reconstrói o fim dos 23 anos de jejum de títulos importantes do alvinegro. Em 2010, ano do centenário do clube, foi lançado "", um documentário com farto material sobre a história do Corinthians. Em 2011, foi lançado o documentário de curta metragem "Ser Campeão é Detalhe - Democracia Corinthiana", sobre a Democracia Corintiana. Em 2014, foi lançado Libertados, documentário que conta a conquista inédita e invicta da Copa Libertadores da América de 2012. Canções. Há dezenas de canções que homenageiam o Corinthians como: "Corintiá" de Gilberto Gil, "Amor Branco e Preto" de Rita Lee e Arnaldo Baptista, "Bandeira do Timão" de Elzo Augusto, conhecida pela voz de Germano Mathias, "Gol de Baltazar" pela voz de Elza Laranjeira, "Corinthians do Meu Coração" de Toquinho, "Moda do Corintiano" de Rolando Boldrin, "Corintía, Meu Amor é o Timão" de Adoniran Barbosa e Juvenal Fernandes, "Homenagem Rubro-Negra" de Jorge Ben, conhecida também como "Joga Corinthians" e popularizada na voz de Wilson Simonal, "Quebra de Tabu" de Tião Carreiro e Pardinho, "Melô do Corinthians" de Ndee Naldinho, "Corinthians, Campeão do Centenário" na voz de Jamelão, "Samba do Corinthians" e "Transplante Corintiano" ambas de Sílvio Santos, "Meus 20 anos Ai, Corinthians!" de Paulinho Nogueira, "O Corinthians dando olé" de Caju & Castanha, "Corintiano" de Oswaldinho do Acordeon, "Corinthians e Palmeiras" nas vozes de Lourenço e Lourival, "O Grito da Fiel" na voz de Márcio José, "Nação Corinthiana" de Carlinhos Vergueiro, "Festa Corintiana" de Simone Guimarães e Sócrates, "Garra Corintiana" de Branca di Neve, "IV Centenário" de Alfredo Borba, conhecida na voz de Orlando Ribeiro, "Sou Corinthians" de Rappin Hood e Negra Li. Negra Li também gravou a canção "Sou Fiel", tema do documentário "Fiel - O Filme", composta por Rita Lee e Carlos Rennó. Livros. Há ainda uma série de livros sobre o clube, entre os quais, "Corinthians: É Preto no Branco", de Washington Olivetto e Nirlando Beirão, "Corinthians: Paixão e Glória", de Juca Kfouri, "Corinthians - 100 Anos de Paixão" de Marco Piovan e Newton Cesar, "Corinthians : o Time da Fiel" de Orlando Duarte e João Bosco Tureta, "Timão 100 Anos" e "Os Dez Mais do Corinthians" ambos de Celso Unzelte. Na literatura de ficção, destaca-se o conto "Corinthians (2) vs. (1) Palestra", presente no livro Brás, Bexiga e Barra Funda, de Antônio de Alcântara Machado.
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Caldo verde
Caldo verde O caldo verde é uma sopa de couve-galega, típica da Região do Norte de Portugal continental, mas muito divulgada e com impacto em todo o país. Tem também impacto nos países povoados pelos portugueses, como o Brasil. É uma sopa medianamente espessa e de cor predominantemente verde, uma vez que a couve é cortada às tiras bastante finas. Em setembro de 2011 foi eleita uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal. Degustação. Devido à sua simplicidade e leveza, come-se no início de uma refeição principal ou numa ceia tardia. Para uma degustação genuína, o caldo verde serve-se sempre em tigelas ou malgas de barro, acompanhadas de broa de milho, de centeio ou broa de Avintes e junta-se, no caldo, várias rodelas de salpicão ou de chouriço de colorau, mas, de preferência, salpicão, que o tornam ainda mais delicioso. Segundo a receita original, deve ser sempre acompanhado por bom vinho verde tinto, também servido em malgas, que é um tipo de vinho altamente compatível com esta especialidade gastronómica. Festejo. O Caldo Verde é atualmente celebrado em Irivo, freguesia do concelho de Penafiel. Este certame ocorre no terceiro fim de semana de julho. O Festival do Caldo Verde de Irivo, tem ganho uma tremenda percussão nos últimos anos. Promovido pela Junta de Freguesia de Irivo em parceria com a Associação Jovem para o Desenvolvimento de Irivo AJDI. Reconhecimento. Em Março de 2021, a CNN Travel elegeu o Caldo Verde como uma das 20 melhores sopas do mundo, destacando ainda o vinho verde como o acompanhante ideal para o repasto.
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Cometa
Cometa Um cometa é um pequeno corpo gelado do Sistema Solar que, ao passar perto do Sol, aquece e começa a liberar gases, processo que é chamado de desgaseificação. Isso produz uma atmosfera visível ou coma e, às vezes, também uma cauda. Esses fenômenos são devidos aos efeitos da radiação solar e da ação do vento solar sobre o núcleo do cometa. Os núcleos dos cometas variam de algumas centenas de metros a dezenas de quilômetros de diâmetro e são compostos de coleções soltas de gelo, poeira e pequenas partículas rochosas. O coma pode ter até 15 vezes o diâmetro da Terra, enquanto a cauda pode esticar além de uma unidade astronômica. Se suficientemente brilhante, um cometa pode ser visto da Terra sem o auxílio de um telescópio e pode subtender um arco de 30° (60 Luas) no céu. Os cometas foram observados e registrados desde os tempos antigos por muitas culturas e religiões. Os cometas geralmente têm órbitas elípticas altamente excêntricas e uma ampla gama de períodos orbitais, variando de vários anos a potencialmente vários milhões de anos. Os cometas de curto período se originam no cinturão de Kuiper ou em seu disco espalhado associado, que fica além da órbita de Netuno. Acredita-se que os cometas de longo período se originem na nuvem de Oort, uma nuvem esférica de corpos gelados que se estende de fora do cinturão de Kuiper até a metade do caminho para a estrela mais próxima. Cometas de longo período são colocados em movimento em direção ao Sol a partir da nuvem de Oort por perturbações gravitacionais causadas pela passagem de estrelas e pela maré galáctica. Os cometas hiperbólicos podem passar uma vez pelo Sistema Solar interno antes de serem lançados no espaço interestelar. O aparecimento de um cometa é denominado aparição. Os cometas se distinguem dos asteroides pela presença de uma atmosfera estendida, gravitacionalmente não-ligada, em torno de seu núcleo central. Essa atmosfera tem partes denominadas coma (a parte central imediatamente ao redor do núcleo) e cauda (uma seção tipicamente linear que consiste em poeira ou gás expelido do coma pela leve pressão do Sol ou pelo plasma do vento solar excedente). No entanto, cometas extintos que passaram perto do Sol muitas vezes perderam quase todo o seu gelo volátil e poeira e podem vir a se parecer com pequenos asteroides. Pensa-se que os asteroides têm uma origem diferente dos cometas, tendo-se formado dentro da órbita de Júpiter, e não no Sistema Solar exterior. A descoberta de cometas do cinturão principal e de planetas menores centauros ativos turvou a distinção entre asteroides e cometas. No início do século XXI, a descoberta de alguns corpos menores com órbitas de cometas de longo período, mas com características de asteroides do Sistema Solar interno, foram chamados de cometas Manx. Eles ainda são classificados como cometas, como C/2014 S3 (PANSTARRS). 27 cometas Manx foram encontrados de 2013 a 2017. Em abril de 2021, havia 4 595 cometas conhecidos, um número que aumenta constantemente à medida que mais são descobertos. No entanto, isso representa apenas uma pequena fração da população potencial total de cometas, já que o reservatório de corpos semelhantes a cometas no Sistema Solar externo (na nuvem de Oort) é estimado em 1 trilhão. Aproximadamente um cometa por ano é visível a olho nu, embora muitos deles sejam tênues e nada espetaculares. Exemplos particularmente brilhantes são chamados de "grandes cometas". Os cometas foram visitados por sondas não tripuladas como a "Rosetta" da Agência Espacial Europeia, que se tornou a primeira a pousar uma espaçonave robótica em um cometa, e a "Deep Impact" da NASA, que explodiu uma cratera no cometa Tempel 1 para estudar seu interior. Etimologia. A palavra cometa deriva do inglês antigo "cometa" do latim "comēta" ou "comētēs". Isso, por sua vez, é uma romanização do grego antigo κομήτης 'usar cabelo comprido', e o "Oxford English Dictionary" observa que o termo (ἀστὴρ) κομήτης já significava 'cometa, estrela de cabelo comprido' em grego. Κομήτης era derivado de κομᾶν (koman) 'usar o cabelo comprido', que por sua vez era derivado de κόμη (komē) 'o cabelo da cabeça' e era usado para significar 'a cauda de um cometa'. O símbolo astronômico para cometas (representado em Unicode) é , que consiste em um pequeno disco com três extensões semelhantes a fios de cabelo. Características físicas. Núcleo. A estrutura sólida central de um cometa é conhecida como núcleo. Os núcleos cometários são compostos de uma amálgama de rocha, poeira, gelo de água e dióxido de carbono congelado, monóxido de carbono, metano e amônia. Como tal, são popularmente descritos como "bolas de neve sujas", em homenagem ao modelo de Fred Whipple. Os cometas com alto teor de poeira são chamados de "bolas de sujeira geladas". O termo "bolas de sujeira geladas" surgiu após a observação da colisão do Cometa 9P/Tempel 1 com uma sonda "impactadora" enviada pela missão "Deep Impact" da NASA em julho de 2005. Pesquisa realizada em 2014 sugere que os cometas são como "sorvete frito", em que suas superfícies são formadas por gelo cristalino denso misturado com compostos orgânicos, enquanto o gelo interior é mais frio e menos denso. A superfície do núcleo é geralmente seca, empoeirada ou rochosa, sugerindo que os gelos estão escondidos sob uma crosta superficial com vários metros de espessura. Além dos gases já mencionados, os núcleos contêm uma variedade de compostos orgânicos, que podem incluir metanol, cianeto de hidrogênio, formaldeído, etanol, etano e talvez moléculas mais complexas, como hidrocarbonetos de cadeia longa e aminoácidos. Em 2009, foi confirmado que o aminoácido glicina foi encontrado na poeira do cometa recuperada pela missão "Stardust" da NASA. Em agosto de 2011, um relatório, baseado em estudos da NASA de meteoritos encontrados na Terra, foi publicado sugerindo que componentes de DNA e RNA (adenina, guanina e moléculas orgânicas relacionadas) podem ter sido formados em asteroides e cometas. As superfícies externas dos núcleos cometários têm um albedo muito baixo, tornando-os um dos objetos menos refletivos encontrados no Sistema Solar. A sonda espacial "Giotto" descobriu que o núcleo do cometa Halley (1P/Halley) reflete cerca de 4% da luz que incide sobre ele, e "Deep Space 1" descobriu que a superfície do cometa Borrelly reflete menos de 3%; em comparação, o asfalto reflete 7%. O material escuro da superfície do núcleo pode consistir em compostos orgânicos complexos. O aquecimento solar expulsa os compostos voláteis mais leves, deixando para trás compostos orgânicos maiores que tendem a ser muito escuros, como o alcatrão ou o petróleo. A baixa refletividade das superfícies cometárias faz com que absorvam o calor que impulsiona seus processos de desgaseificação. Núcleos de cometas com raios de até 30 km foram observados, mas determinar seu tamanho exato é difícil. O núcleo do 322P/SOHO provavelmente tem apenas 100 a 200 metros de diâmetro.. A falta de cometas menores sendo detectados, apesar do aumento da sensibilidade dos instrumentos, levou alguns a sugerir que há uma falta real de cometas menores que 100 metros de diâmetro. Estima-se que cometas conhecidos tenham uma densidade média de 0,6 g/cm3 Devido à sua baixa massa, os núcleos dos cometas não se tornam esféricos sob sua própria gravidade e, portanto, têm formas irregulares. Acredita-se que cerca de 6% dos asteroides próximos à Terra sejam núcleos extintos de cometas que não sofrem mais liberação de gases, incluindo 14827 Hypnos e 3552 Don Quixote. Os resultados das sondas "Rosetta" e "Philae" mostram que o núcleo do 67P/Churyumov-Gerasimenko não tem campo magnético, o que sugere que o magnetismo pode não ter desempenhado um papel na formação inicial dos planetesimais. Além disso, o espectrógrafo ALICE na "Rosetta" determinou que os elétrons, dentro de 1 km acima do núcleo cometário) produzidos a partir da fotoionização de moléculas de água por radiação solar, e não fótons do Sol como se pensava anteriormente, são responsáveis pela degradação da água e moléculas de dióxido de carbono liberadas do núcleo cometário em seu coma. Instrumentos na sonda "Philae" encontraram pelo menos 16 compostos orgânicos na superfície do cometa, 4 dos quais (acetamida, acetona, isocianato de metila e propanal) foram detectados pela primeira vez em um cometa. Coma. As correntes de poeira e gás assim liberadas formam uma atmosfera enorme e extremamente fina ao redor do cometa, chamada de "coma". A força exercida no coma pela pressão de radiação do Sol e pelo vento solar faz com que uma enorme "cauda" se forme apontando para longe do Sol. O coma geralmente é feito de água e poeira, com a água constituindo até 90% dos voláteis que saem do núcleo quando o cometa está dentro de 3 a 4 unidades astronômicas (450 milhões a 600 milhões de km) do Sol. A molécula-mãe é destruída principalmente por meio da fotodissociação e, em uma extensão muito menor, da fotoionização, com o vento solar desempenhando um papel menor na destruição da água em comparação com a fotoquímica. Partículas de poeira maiores são deixadas ao longo do caminho orbital do cometa, enquanto partículas menores são empurradas do Sol para a cauda do cometa pela pressão da luz. Embora o núcleo sólido dos cometas tenha geralmente menos de 60 km de diâmetro, a coma pode ter milhares ou milhões de km de diâmetro, às vezes tornando-se maior do que o Sol. Por exemplo, cerca de um mês após uma explosão em outubro de 2007, o cometa 17P/Holmes teve brevemente uma tênue atmosfera de poeira maior do que o Sol. O Grande Cometa de 1811 também teve um coma com aproximadamente o diâmetro do Sol. Embora o coma possa se tornar muito grande, seu tamanho pode diminuir no momento em que cruza a órbita de Marte, a cerca de 1,5 unidade astronômica (220 milhões de km) do Sol. A essa distância, o vento solar se torna forte o suficiente para soprar o gás e a poeira para longe do coma e, com isso, aumentar a cauda. Observou-se que caudas de íons se estendem por uma unidade astronômica (150 milhões de km) ou mais. Tanto o coma quanto a cauda são iluminadas pelo Sol e podem se tornar visíveis quando um cometa passa pelo Sistema Solar interno, a poeira reflete a luz solar diretamente enquanto os gases brilham por ionização. A maioria dos cometas é tênue demais para ser visível sem o auxílio de um telescópio, mas alguns poucos a cada década tornam-se brilhantes o suficiente para serem visíveis a olho nu. Ocasionalmente, um cometa pode experimentar uma explosão enorme e repentina de gás e poeira, durante a qual o tamanho do coma aumenta muito por um período de tempo. Isso aconteceu em 2007 com o cometa 17P/Holmes. Em 1996, descobriu-se que os cometas emitiam raios-X. Isso surpreendeu muito os astrônomos, porque a emissão de raios-X geralmente está associada a corpos com temperaturas muito altas. Os raios-X são gerados pela interação entre cometas e o vento solar: quando íons do vento solar altamente carregados voam através de uma atmosfera cometária, eles colidem com átomos e moléculas cometárias, "roubando" um ou mais elétrons do átomo em um processo chamado "troca de carga". Essa troca ou transferência de um elétron para o íon do vento solar é seguida por sua desexcitação para o estado fundamental do íon pela emissão de raios-X e fótons ultravioleta distantes. Choque em arco. Os choques em arco se formam como resultado da interação entre o vento solar e a ionosfera cometária, que é criada pela ionização de gases do coma. À medida que o cometa se aproxima do Sol, as taxas crescentes de liberação de gases causam a expansão do coma e a luz do Sol ioniza os gases no coma. Quando o vento solar passa por esse coma de íons, surge o choque em arco. As primeiras observações foram feitas nas décadas de 1980 e 1990, quando várias sondas sobrevoavam pelos cometas 21P/Giacobini-Zinner, 1P/Halley, e 26P/Grigg-Skjellerup. Descobriu-se então que os choques em arco em cometas são mais largos e mais graduais do que os choques em arco planetários agudos vistos, por exemplo, na Terra. Todas essas observações foram feitas perto do periélio, quando os choques em arco já estavam totalmente desenvolvidos. A sonda espacial "Rosetta" observou o choque em arco no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em um estágio inicial do desenvolvimento do choque em arco, quando a liberação de gás aumentou durante a jornada do cometa em direção ao Sol. Este choque em arco jovem foi chamado de "choque em arco infantil". O choque em arco infantil é assimétrico e, em relação à distância ao núcleo, mais largo do que os choques em arco totalmente desenvolvidos. Cauda. No Sistema Solar exterior, os cometas permanecem congelados e inativos e são extremamente difíceis ou impossíveis de detectar da Terra devido ao seu pequeno tamanho. Detecções estatísticas de núcleos de cometas inativos no cinturão de Kuiper foram relatadas a partir de observações do Telescópio Espacial Hubble, mas essas detecções foram questionadas. Conforme um cometa se aproxima do Sistema Solar interno, a radiação solar faz com que os materiais voláteis dentro do cometa vaporizem e fluam para fora do núcleo, levando a poeira com eles. Cada um dos fluxos de poeira e gás formam sua própria cauda distinta, apontando em direções ligeiramente diferentes. A cauda de poeira é deixada para trás na órbita do cometa de tal maneira que frequentemente forma uma cauda curva chamada de tipo II ou cauda de poeira. Ao mesmo tempo, o íon ou cauda do tipo I, feito de gases, sempre aponta diretamente para longe do Sol porque esse gás é mais fortemente afetado pelo vento solar do que a poeira, seguindo as linhas do campo magnético ao invés de uma trajetória orbital. Em ocasiões, como quando a Terra passa pelo plano orbital de um cometa, a anticauda, apontando na direção oposta às caudas de íons e poeira, pode ser visto. A observação de anticaudas contribuiu significativamente para a descoberta do vento solar. A cauda de íons é formada como resultado da ionização por radiação ultravioleta solar de partículas do coma. Uma vez que as partículas tenham sido ionizadas, elas atingem uma carga elétrica positiva líquida, que por sua vez dá origem a uma "magnetosfera induzida" ao redor do cometa. O cometa e seu campo magnético induzido formam um obstáculo para o fluxo de partículas do vento solar. Como a velocidade orbital relativa do cometa e do vento solar é supersônica, um choque em arco é formado a montante do cometa na direção do fluxo do vento solar. Neste choque em arco, grandes concentrações de íons cometários (chamados de "íons de coleta") se reúnem e agem para "carregar" o campo magnético solar com plasma, de forma que as linhas de campo "caiam" ao redor do cometa formando a cauda do íon. Se o carregamento da cauda do íon for suficiente, as linhas do campo magnético são comprimidas até o ponto onde, a alguma distância ao longo da cauda do íon, ocorre a reconexão magnética. Isso leva a um "evento de desconexão da cauda". Isso foi observado em várias ocasiões, um evento notável foi registrado em 20 de abril de 2007, quando a cauda de íons do cometa Encke foi completamente cortada enquanto o cometa passava por uma ejeção de massa coronal. Este evento foi observado pela sonda espacial STEREO. Em 2013, os cientistas da Agência Espacial Europeia relataram que a ionosfera do planeta Vênus flui para fora de uma maneira semelhante à cauda de íons vista fluindo de um cometa em condições semelhantes". Jatos. O aquecimento desigual pode fazer com que gases recém-gerados saiam de um ponto fraco na superfície do núcleo do cometa, como um gêiser. Esses fluxos de gás e poeira podem fazer com que o núcleo gire e até mesmo se divida. Em 2010, foi revelado que o gelo seco (dióxido de carbono congelado) pode alimentar jatos de material que fluem para fora do núcleo de um cometa. Imagens infravermelhas do 103P/Hartley mostram esses jatos saindo e carregando grãos de poeira para o coma. Características orbitais. A maioria dos cometas são pequenos corpos do Sistema Solar com órbitas elípticas alongadas que os levam para perto do Sol em uma parte de sua órbita e depois para os confins do Sistema Solar no restante. Os cometas são frequentemente classificados de acordo com a duração de seus períodos orbitais: Quanto mais longo for o período, mais alongada será a elipse. Curto período. Cometas periódicos ou cometas de curto período são geralmente definidos como aqueles que têm períodos orbitais de menos de 200 anos. Eles geralmente orbitam mais ou menos no plano da eclíptica na mesma direção que os planetas. Suas órbitas normalmente os levam para a região dos planetas externos (Júpiter e além) no afélio; por exemplo, o afélio do cometa Halley está um pouco além da órbita de Netuno. Os cometas cujos afélios estão próximos à órbita de um planeta importante são chamados de "família". Acredita-se que tais famílias surjam do planeta capturando cometas de período longo em órbitas mais curtas. No extremo do período orbital mais curto, o cometa Encke tem uma órbita que não atinge a órbita de Júpiter e é conhecido como um cometa do tipo Encke. Cometas de curto período com períodos orbitais menores que 20 anos e baixas inclinações (até 30 graus) para a eclíptica são chamados tradicionalmente de cometas da família de Júpiter (JFC). Aqueles como o cometa Halley, com períodos orbitais entre 20 e 200 anos e inclinações que vão de zero a mais de 90 graus, são chamados de cometas do tipo Halley (HTC). Em 2020, 91 HTC foram observados, em comparação com 691 JFC identificados. Os cometas do cinturão principal recentemente descobertos formam uma classe distinta, orbitando em órbitas mais circulares dentro do cinturão de asteroides. Como suas órbitas elípticas frequentemente os levam para perto dos planetas gigantes, os cometas estão sujeitos a outras perturbações gravitacionais. Cometas de curto período têm uma tendência de seus afélios coincidirem com o semieixo maior de um planeta gigante, com os JFC sendo o maior grupo. É claro que os cometas vindos da nuvem de Oort frequentemente têm suas órbitas fortemente influenciadas pela gravidade de planetas gigantes como resultado de um encontro próximo. Júpiter é a fonte das maiores perturbações, tendo mais de duas vezes a massa de todos os outros planetas combinados. Essas perturbações podem desviar cometas de longo período para períodos orbitais mais curtos. Com base em suas características orbitais, acredita-se que os cometas de curto período se originem dos centauros e do cinturão de Kuiper/disco disperso, um disco de objetos na região transnetuniana, ao passo que acredita-se que a fonte dos cometas de longo período ser a nuvem de Oort, muito mais distante (em homenagem ao astrônomo holandês Jan Hendrik Oort, que hipotetizou sua existência). Acredita-se que grandes enxames de corpos semelhantes a cometas orbitam o Sol nessas regiões distantes em órbitas aproximadamente circulares. Ocasionalmente, a influência gravitacional dos planetas externos (no caso dos objetos do cinturão de Kuiper) ou estrelas próximas (no caso dos objetos da nuvem de Oort) pode lançar um desses corpos em uma órbita elíptica que o leva para dentro em direção ao Sol para formar um visível cometa. Ao contrário do retorno de cometas periódicos, cujas órbitas foram estabelecidas por observações anteriores, o aparecimento de novos cometas por esse mecanismo é imprevisível. Quando lançados na órbita do Sol, e sendo continuamente arrastados em sua direção, toneladas de matéria são retiradas dos cometas que influenciam grandemente sua vida útil; quanto mais despojado, menos eles vivem e vice-versa. Longo período. Os cometas de longo período têm órbitas altamente excêntricas e períodos que variam de 200 anos a milhares ou mesmo milhões de anos. Uma excentricidade maior que 1 quando perto do periélio não significa necessariamente que um cometa deixará o Sistema Solar. Por exemplo, o cometa McNaught tinha uma excentricidade osculante heliocêntrica de 1,000019 perto de sua época de passagem no periélio em janeiro de 2007, mas está ligado ao Sol com uma órbita de aproximadamente 92 600 anos porque a excentricidade cai abaixo de 1 conforme ele se afasta do Sol. A futura órbita de um cometa de longo período é obtida apropriadamente quando a órbita osculante é computada em uma época após deixar a região planetária e é calculada em relação ao centro de massa do Sistema Solar. Por definição, os cometas de longo período permanecem gravitacionalmente ligados ao Sol; aqueles cometas que são ejetados do Sistema Solar devido a passagens fechadas por planetas principais não são mais considerados apropriadamente como tendo "períodos". As órbitas dos cometas de longo período os levam muito além dos planetas externos em afélio, e o plano de suas órbitas não precisa ficar perto da eclíptica. Cometas de longo período como C/1999 F1 e C/2017 T2 podem ter distâncias de afélio de quase 70 000 UA (1,1 anos-luz) com períodos orbitais estimados em torno de 6 milhões de anos. Cometas de aparição única ou não-periódicos são semelhantes aos cometas de longo período porque eles também têm trajetórias parabólicas ou ligeiramente hiperbólicas quando próximos ao periélio no Sistema Solar interno. No entanto, as perturbações gravitacionais de planetas gigantes fazem com que suas órbitas mudem. Os cometas de aparição única têm uma órbita osculante hiperbólica ou parabólica que lhes permite sair permanentemente do Sistema Solar após uma única passagem do Sol. A Esfera de Hill do Sol tem um limite máximo instável de 230 000 UA (3,6 anos-luz). Apenas algumas centenas de cometas foram vistos atingindo uma órbita hiperbólica (e > 1) quando perto do periélio que o uso de um melhor ajuste heliocêntrico não perturbado de dois-corpos sugere que eles podem escapar do Sistema Solar. Em 2019, apenas dois objetos foram descobertos com uma excentricidade significativamente maior do que um: 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov, indicando uma origem fora do Sistema Solar. Enquanto 1I/ʻOumuamua, com uma excentricidade de cerca de 1,2, não mostrou sinais ópticos de atividade cometária durante sua passagem pelo Sistema Solar interno em outubro de 2017, mudanças em sua trajetória, que sugere desgaseificação, indicam que é provavelmente um cometa. Por outro lado, 2I/Borisov, com uma excentricidade estimada de cerca de 3,36, foi observado para ter a característica de coma cometária, e é considerado o primeiro cometa interestelar detectado. O cometa C/1980 E1 teve um período orbital de aproximadamente 7,1 milhões de anos antes da passagem do periélio de 1982, mas um encontro de 1980 com Júpiter acelerou o cometa dando-lhe a maior excentricidade (1,057) de qualquer cometa solar conhecido com um arco de observação razoável.<ref name="C/1980E1-jpl"></ref> Os cometas que não devem retornar ao Sistema Solar interno incluem C/1980 E1, C/2000 U5, C/2001 Q4, C/2009 R1, C/1956 R1 e C/2007 F1. Algumas autoridades usam o termo "cometa periódico" para se referir a qualquer cometa com uma órbita periódica (isto é, todos os cometas de curto período mais todos os cometas de longo período), enquanto outros o usam para designar exclusivamente cometas de curto período. Da mesma forma, embora o significado literal de "cometa não-periódico" seja o mesmo que "cometa de aparição única", alguns o usam para significar todos os cometas que não são "periódicos" no segundo sentido (ou seja, para incluir também todos os cometas com um período superior a 200 anos). As primeiras observações revelaram algumas trajetórias genuinamente hiperbólicas (ou seja, não-periódicas), mas não mais do que poderia ser explicado pelas perturbações de Júpiter. Os cometas do espaço interestelar estão se movendo com velocidades da mesma ordem que as velocidades relativas das estrelas próximas ao Sol (algumas dezenas de km por segundo). Quando tais objetos entram no Sistema Solar, eles têm uma energia orbital específica positiva, resultando em uma velocidade positiva no infinito (formula_1) E são notavelmente trajetórias hiperbólicas. Um cálculo aproximado mostra que pode haver 4 cometas hiperbólicos por século na órbita de Júpiter, com uma ou duas ordens de magnitude. Nuvem de Oort e nuvem de Hills. Acredita-se que a nuvem de Oort ocupe um vasto espaço entre 2 000 a 5 000 UA (0,03 a 0,08 anos-luz) até 50 000 UA (0,79 anos-luz) do Sol. Essa nuvem envolve os corpos celestes que começa no meio de nosso Sistema Solar, o Sol, até os limites externos do Cinturão de Kuiper. A nuvem de Oort consiste em materiais viáveis necessários para a criação de corpos celestes. Os planetas que temos hoje existem apenas por causa dos planetesimais (pedaços de espaço restante que ajudaram na criação dos planetas) que foram condensados e formados pela gravidade do Sol. O excêntrico feito a partir desses planetesimais presos é a razão pela qual a Nuvem de Oort ainda existe. Algumas estimativas colocam a borda externa entre 100 000 a 200 000 UA (1,58 a 3,16 anos-luz). A região pode ser subdividida em uma nuvem externa esférica de Oort de 20 000 a 50 000 UA (0,32 a 0,79 anos-luz) e uma nuvem interna em forma de rosca, a nuvem de Hills, de 2 000 a 20 000 UA (0,03 a 0,32 anos-luz). A nuvem externa está apenas fracamente ligada ao Sol e fornece os cometas de longo período (e possivelmente do tipo Halley) que caem dentro da órbita de Netuno. A nuvem interna de Oort também é conhecida como nuvem de Hills, em homenagem a Jack G. Hills, que propôs sua existência em 1981. Os modelos preveem que a nuvem interna deve ter dezenas ou centenas de vezes mais núcleo cometário do que o halo externo; é visto como uma possível fonte de novos cometas que reabastecem a nuvem externa relativamente tênue, à medida que o número desta última se esgota gradualmente. A nuvem de Hills explica a existência continuada da nuvem Oort depois de bilhões de anos. Exocometas. Exocometas além do Sistema Solar também foram detectados e podem ser comuns na Via Láctea. O primeiro sistema com exocometa detectado foi em torno de Beta Pictoris, uma estrela muito jovem de classe A da sequência principal, em 1987. Um total de 11 desses sistemas com exocometas foram identificados em 2013, usando o espectro de absorção causado pelas grandes nuvens de gás emitidas pelos cometas ao passar perto de sua estrela. Por 10 anos, o telescópio espacial "Kepler" foi responsável pela busca de planetas e outras formas fora do Sistema Solar. Os primeiros exocometas em trânsito foram encontrados em fevereiro de 2018 por um grupo formado por astrônomos profissionais e cientistas cidadãos em curvas de luz registradas pelo Telescópio Espacial "Kepler". Após a aposentadoria do Telescópio Espacial "Kepler" em outubro de 2018, um novo telescópio chamado Telescópio TESS assumiu a missão do "Kepler". Desde o lançamento do TESS, os astrônomos descobriram os trânsitos de cometas ao redor da estrela Beta Pictoris usando uma curva de luz do TESS. Desde que o TESS assumiu, os astrônomos têm sido capazes de distinguir melhor os exocometas com o método espectroscópico. Novos planetas são detectados pelo método da curva de luz branca, que é visto como uma queda simétrica nas leituras do gráfico quando um planeta ofusca sua estrela-mãe. No entanto, após uma avaliação mais aprofundada dessas curvas de luz, foi descoberto que os padrões assimétricos das depressões apresentadas são causados pela cauda de um cometa ou de centenas de cometas. Efeitos de cometas. Conexão com chuvas de meteoros. Conforme um cometa é aquecido durante passagens próximas ao Sol, a desgaseificação de gases de seus componentes gelados também libera detritos sólidos grandes demais para serem varridos pela pressão de radiação e pelo vento solar. Se a órbita da Terra o enviar por essa trilha de destroços, que é composta principalmente de grãos finos de material rochoso, é provável que haja uma chuva de meteoros quando a Terra passar. Trilhas mais densas de detritos produzem chuvas de meteoros rápidas, mas intensas, e trilhas menos densas criam chuvas mais longas, porém menos intensas. Normalmente, a densidade da trilha de destroços está relacionada a quanto tempo atrás o cometa original liberou o material. A chuva de meteoros Perseidas, por exemplo, ocorre todos os anos entre 9 e 13 de agosto, quando a Terra passa pela órbita do cometa Swift-Tuttle. O cometa Halley é a fonte da chuva Oriónida em outubro. Cometas e impacto na vida. Muitos cometas e asteroides colidiram com a Terra em seus estágios iniciais. Muitos cientistas pensam que os cometas que bombardearam a jovem Terra cerca de 4 bilhões de anos atrás trouxeram grandes quantidades de água que agora enchem os oceanos da Terra, ou pelo menos uma parte significativa dela. Outros lançaram dúvidas sobre esta ideia. A detecção de moléculas orgânicas, incluindo hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, em quantidades significativas em cometas levou à especulação de que cometas ou meteoritos podem ter trazido os precursores da vida — ou mesmo a própria vida — para a Terra. Em 2013, foi sugerido que impactos entre superfícies rochosas e geladas, como cometas, tinham o potencial de criar os aminoácidos que compõem as proteínas por meio da síntese de choque. A velocidade com que os cometas entraram na atmosfera, combinada com a magnitude da energia criada após o contato inicial, permitiu que moléculas menores se condensassem em macromoléculas maiores que serviam como base para a vida. Em 2015, os cientistas encontraram quantidades significativas de oxigênio molecular nos gases do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, sugerindo que a molécula pode ocorrer com mais frequência do que se pensava e, portanto, menos um indicador de vida como se supunha. Suspeita-se que os impactos de cometas, ao longo de longas escalas de tempo, também entregaram quantidades significativas de água à Lua da Terra, algumas das quais podem ter sobrevivido como gelo lunar. Impactos de cometas e meteoroides também são considerados responsáveis pela existência de tectitos e australitos. Medo de cometas. O medo dos cometas como atos de Deus e sinais de destruição iminente foi maior na Europa de 1200 a 1650. No ano seguinte ao Grande Cometa de 1618, por exemplo, Gotthard Arthusius publicou um panfleto afirmando que era um sinal de que o Dia do Juízo estava próximo. Ele listou dez páginas de desastres relacionados com cometas, incluindo "terremotos, inundações, mudanças nos cursos dos rios, tempestades de granizo, clima quente e seco, colheitas ruins, epidemias, guerra e traição e preços altos". Por volta de 1700, a maioria dos estudiosos concluiu que tais eventos ocorreram quer um cometa tenha sido visto ou não. Usando os registros de avistamentos de cometas de Edmond Halley, no entanto, William Whiston em 1711 escreveu que o Grande Cometa de 1680 tinha uma periodicidade de 574 anos e foi responsável pelo dilúvio mundial no Livro do Gênesis, derramando água na Terra. Seu anúncio reviveu por mais um século de medo dos cometas, agora como ameaças diretas ao mundo em vez de sinais de desastres. A análise espectroscópica em 1910 encontrou o gás tóxico cianogênio na cauda do cometa Halley, causando a compra em pânico de máscaras de gás e "pílulas anti-cometa" e "guarda-chuva anti-cometa" pelo público. Destino dos cometas. Partida (ejeção) do Sistema Solar. Se um cometa estiver viajando rápido o suficiente, ele pode deixar o Sistema Solar. Esses cometas seguem o caminho aberto de uma hipérbole e, como tal, são chamados de cometas hiperbólicos. Os cometas solares são ejetados apenas pela interação com outro objeto no Sistema Solar, como Júpiter. Um exemplo disso é o cometa C/1980 E1, que foi deslocado de uma órbita de 7,1 milhões de anos ao redor do Sol para uma trajetória hiperbólica, após uma passagem próxima pelo planeta Júpiter em 1980. Cometas interestelares como 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov nunca orbitaram o Sol e, portanto, não requerem uma interação de terceiro corpo para serem ejetados do Sistema Solar. Voláteis exauridos. Os cometas da família de Júpiter (JFC) e os cometas de longo período parecem seguir leis de desvanecimento muito diferentes. Os JFC estão ativos durante uma vida de cerca de 10 000 anos ou cerca de ~1 000 órbitas, enquanto os cometas de longo período desaparecem muito mais rápido. Apenas 10% dos cometas de longo período sobrevivem a mais de 50 passagens até o pequeno periélio e apenas 1% deles sobrevive a mais de 2 000 passagens. Eventualmente, a maior parte do material volátil contido no núcleo do cometa evapora, e o cometa se torna um pequeno pedaço escuro e inerte de rocha ou entulho que pode se assemelhar a um asteroide. Alguns asteroides em órbitas elípticas são agora identificados como cometas extintos. Acredita-se que cerca de 6% dos asteroides próximos à Terra sejam núcleos de cometas extintos. Separação e colisões. O núcleo de alguns cometas pode ser frágil, uma conclusão apoiada pela observação de cometas se separando. Uma perturbação cometária significativa foi a do Cometa Shoemaker-Levy 9, que foi descoberto em 1993. Um encontro próximo em julho de 1992 o quebrou em pedaços, e durante um período de 6 dias em julho de 1994, esses pedaços caíram na atmosfera de Júpiter, a primeira vez que astrônomos observaram uma colisão entre dois objetos no Sistema Solar. Outros cometas que se dividem incluem 3D/Biela em 1846 e 73P/Schwassmann-Wachmann de 1995 a 2006. O historiador grego Éforo de Cime relatou que um cometa se dividiu já no inverno de 372-373 a.C. Suspeita-se que os cometas se dividam devido ao estresse térmico, pressão interna do gás ou impacto. Os cometas 42P/Neujmin e 53P/Van Biesbroeck parecem ser fragmentos de um mesmo cometa. As integrações numéricas mostraram que ambos os cometas se aproximaram bastante de Júpiter em janeiro de 1850 e que, antes de 1850, as duas órbitas eram quase idênticas. Foi observado que alguns cometas se separaram durante a passagem do periélio, incluindo os grandes cometas West e Ikeya-Seki. O cometa 3D/Biela foi um exemplo significativo quando se partiu em dois pedaços durante a passagem pelo periélio em 1846. Esses dois cometas foram vistos separadamente em 1852, mas nunca mais depois. Em vez disso, chuva de meteoros espetaculares foram vistas em 1872 e 1885, quando o cometa deveria estar visível. Uma pequena chuva de meteoros, os Andromedídeos, ocorre anualmente em novembro, e é causada quando a Terra cruza a órbita do cometa 3D/Biela. Alguns cometas encontram um fim mais espetacular, caindo no Sol ou colidindo com um planeta ou outro corpo. Colisões entre cometas e planetas ou luas eram comuns no início do Sistema Solar: algumas das muitas crateras da Lua, por exemplo, podem ter sido causadas por cometas. Uma recente colisão de um cometa com um planeta ocorreu em julho de 1994, quando o Cometa Shoemaker-Levy 9 se partiu em pedaços e colidiu com Júpiter. Nomenclatura. Os nomes dados aos cometas seguiram várias convenções diferentes nos últimos dois séculos. Antes do início do século XX, a maioria dos cometas era simplesmente referida pelo ano em que apareceram, às vezes com adjetivos adicionais para cometas particularmente brilhantes; assim, o "Grande Cometa de 1680", o "Grande Cometa de 1882" e o "Grande Cometa de Janeiro de 1910". Depois que Edmond Halley demonstrou que os cometas de 1531, 1607 e 1682 eram o mesmo corpo e previu com sucesso seu retorno em 1759 calculando sua órbita, esse cometa ficou conhecido como o cometa Halley. Da mesma forma, o segundo e o terceiro cometas periódicos conhecidos, o cometa Encke e o cometa Biela, foram nomeados em homenagem aos astrônomos que calcularam suas órbitas ao invés de seus descobridores originais. Mais tarde, os cometas periódicos geralmente recebiam o nome de seus descobridores, mas os cometas que apareceram apenas uma vez continuaram a ser referidos pelo ano em que surgiram. No início do século XX, a convenção de nomear cometas após seus descobridores tornou-se comum, e isso permanece até hoje. Um cometa pode receber o nome de seus descobridores ou de um instrumento ou programa que ajudou a encontrá-lo. Por exemplo, em 2019, o astrônomo Gennadiy V. Borisov observou um cometa que parecia ter se originado fora do Sistema Solar; o cometa foi nomeado C/2019 Q4 (Borisov) em sua homenagem. História de estudo. Primeiras observações e pensamentos. De fontes antigas, como ossos de oráculos chineses, sabe-se que os cometas são notados pelos humanos há milênios. Até o século XVI, os cometas eram geralmente considerados maus presságios de morte de reis ou homens nobres, ou de catástrofes vindouras, ou mesmo interpretados como ataques de seres celestiais contra habitantes terrestres. Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro cientista conhecido a utilizar várias teorias e fatos observacionais para empregar uma teoria cosmológica de cometas consistente e estruturada. Ele acreditava que os cometas eram fenômenos atmosféricos, devido ao fato de que eles podiam aparecer fora do zodíaco e variar em brilho ao longo de alguns dias. A teoria cometária de Aristóteles surgiu de suas observações e da teoria cosmológica de que tudo no cosmos está organizado em uma configuração distinta. Parte dessa configuração era uma separação clara entre o celeste e o terrestre, acreditando-se que os cometas estivessem estritamente associados a terrestre. De acordo com Aristóteles, os cometas devem estar dentro da esfera da lua e claramente separados do céu. Também no século IV a.C., Apolônio de Mindo apoiou a ideia de que os cometas se moviam como os planetas. A teoria aristotélica sobre cometas continuou a ser amplamente aceita ao longo da Idade Média, apesar de várias descobertas de vários indivíduos desafiando seus aspectos. No século I d.C., Séneca, questionou a lógica de Aristóteles a respeito dos cometas. Por causa de seu movimento regular e impermeabilidade ao vento, eles não podem ser atmosféricos, e são mais permanentes do que o sugerido por seus breves flashes no céu. Ele ressaltou que apenas as caudas são transparentes e, portanto, semelhantes a nuvens, e argumentou que não há razão para confinar suas órbitas ao zodíaco. Ao criticar Apolônio, Sêneca argumenta: "Um cometa corta as regiões superiores do universo e finalmente se torna visível quando atinge o ponto mais baixo de sua órbita". Embora Sêneca não tenha sido o autor de uma teoria substancial própria, seus argumentos geraram muitos debates entre os críticos de Aristóteles nos séculos XVI e XVII. Também no século I d.C., Plínio, o Velho, acreditava que os cometas estavam relacionados com agitação política e morte. Plínio observou os cometas como "semelhantes aos humanos", muitas vezes descrevendo suas caudas com "cabelo comprido" ou "barba comprida". Seu sistema de classificação de cometas de acordo com sua cor e forma foi usado durante séculos. Na Índia, no século VI, os astrônomos acreditavam que os cometas eram corpos celestes que reapareciam periodicamente. Esta foi a opinião expressa no século VI pelos astrônomos Varahamihira e Bhadrabahu III, e o astrônomo do século X, Bhaṭṭotpala listou os nomes e períodos estimados de certos cometas, mas não se sabe como esses números foram calculados ou quão precisos eram. Na Tapeçaria de Bayeux do século XI, o Cometa Halley é retratado prenunciando a morte de Harold II e o triunfo dos normandos na Batalha de Hastings. De acordo com a mitologia nórdica, os cometas eram na verdade uma parte do crânio do gigante Ímer. De acordo com a história, Odin e seus irmãos mataram Ímer e começaram a construir o mundo (Terra) de seu cadáver. Eles moldaram os oceanos de seu sangue, o solo de sua pele e músculos, a vegetação de seu cabelo, as nuvens de seu cérebro e o céu de seu crânio. Quatro anões, correspondendo aos quatro pontos cardeais, seguraram o crânio de Ímer no alto, acima da terra. Seguindo essa história, cometas no céu, como acreditavam os nórdicos, eram lascas do crânio de Ímer caindo do céu e depois se desintegrando. Em 1301, o pintor italiano Giotto di Bondone foi a primeira pessoa a retratar com precisão e anatomicamente um cometa. Em sua obra "Adoration of the Magi", a representação de Giotto do cometa Halley no lugar da Estrela de Belém teria uma precisão incomparável até o século XIX e seria superada apenas com a invenção da fotografia. As interpretações astrológicas dos cometas começaram a ter precedência clara no século XV, apesar da presença da astronomia científica moderna começando a criar raízes. Os cometas continuaram a advertir sobre desastres, como visto nas crônicas de "Luzerner Schilling" e nas advertências do Papa Calisto III. Em 1578, o bispo luterano alemão Andreas Celichius definiu os cometas como "a fumaça densa dos pecados humanos... acesa pela raiva ardente do Supremo Juiz Celestial". No ano seguinte, Andreas Dudith afirmou que "Se os cometas fossem causados pelos pecados dos mortais, eles nunca estariam ausentes do céu". Método cientifico. Tentativas grosseiras de uma medição paralaxe do cometa Halley foram feitas em 1456, mas foram erradas. Regiomontanus foi o primeiro a tentar calcular a paralaxe diurna observando o Grande Cometa de 1472. Suas previsões não eram muito precisas, mas foram conduzidas na esperança de estimar a distância de um cometa da Terra. No século XVI, Tycho Brahe e Michael Maestlin demonstraram que os cometas devem existir fora da atmosfera da Terra medindo a paralaxe do Grande Cometa de 1577. Dentro da precisão das medições, isso implicava que o cometa deve estar pelo menos quatro vezes mais distante do que da Terra à Lua. Com base em observações em 1664, Giovanni Alfonso Borelli registrou as longitudes e latitudes dos cometas que observou e sugeriu que as órbitas cometárias podem ser parabólicas. Galileo Galilei, um dos astrônomos mais renomados até hoje, até tentou escrever sobre cometas no "Il Saggiatore". Ele rejeitou as teorias de Brahe sobre a paralaxe dos cometas e afirmou que eles podem ser uma mera ilusão de ótica. Intrigado como os primeiros cientistas estavam sobre a natureza dos cometas, Galileu não pôde deixar de lançar suas próprias teorias, apesar de pouca observação pessoal. O aluno de Maestlin, Johannes Kepler, respondeu a essas críticas injustas em sua obra "Hyperaspistes". Jakob Bernoulli publicou outra tentativa de explicar os cometas ("Conamen Novi Systematis Cometarum") em 1682. Também ocorrendo no início do período moderno foi o estudo dos cometas e seu significado astrológico nas disciplinas médicas. Muitos curandeiros dessa época consideravam a medicina e a astronomia interdisciplinares e empregavam seus conhecimentos sobre cometas e outros signos astrológicos para diagnosticar e tratar pacientes. Isaac Newton, na obra "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural" de 1687, provou que um objeto que se move sob a influência da gravidade por uma lei do inverso do quadrado deve traçar uma órbita em forma de uma das seções cônicas e demonstrou como ajustar a trajetória de um cometa no céu a uma órbita parabólica, usando o Grande Cometa de 1680 como exemplo. Ele descreve os cometas como corpos sólidos compactos e duráveis que se movem em órbita oblíqua e suas caudas como finos fluxos de vapor emitidos por seus núcleos, inflamados ou aquecidos pelo Sol. Ele suspeitava que os cometas eram a origem do componente de sustentação da vida do ar. Ele também apontou que os cometas geralmente aparecem perto do Sol e, portanto, muito provavelmente o orbitam. Sobre sua luminosidade, ele afirmou, "Os cometas brilham pela luz do Sol, que eles refletem", com suas caudas iluminadas pela "luz do Sol refletida por uma fumaça que surge [do coma]". Em 1705, Edmond Halley aplicou o método de Newton a 23 aparições cometárias que ocorreram entre 1337 e 1698. Ele notou que três deles, os cometas de 1531, 1607 e 1682, tinham elementos orbitais muito semelhantes, e ele foi ainda capaz de explicar as pequenas diferenças em suas órbitas em termos de perturbação gravitacional causada por Júpiter e Saturno. Confiante de que essas três aparições foram três aparições do mesmo cometa, ele previu que ele apareceria novamente em 1758-1759. A data prevista de retorno do Halley foi posteriormente refinado por uma equipe de três matemáticos franceses: Alexis Claude de Clairaut, Jérôme Lalande e Nicole-Reine Lepaute, que previu a data do periélio do cometa em 1759 com a precisão de um mês. Quando o cometa retornou conforme previsto, ele se tornou conhecido como Cometa Halley. Já no século XVIII, alguns cientistas haviam feito hipóteses corretas sobre a composição física dos cometas. Em 1755, Immanuel Kant formulou a hipótese em sua "Universal Natural History and Theory of the Heavens" que os cometas foram condensados da "matéria primitiva" além dos planetas conhecidos, que é "fracamente movida" pela gravidade, então orbita em inclinações arbitrárias e são parcialmente vaporizados pelo calor do Sol enquanto eles próximo ao periélio. Em 1836, o matemático alemão Friedrich Wilhelm Bessel, após observar fluxos de vapor durante o aparecimento do Cometa Halley em 1835, propôs que as forças do jato do material em evaporação poderiam ser grandes o suficiente para alterar significativamente a órbita de um cometa, e ele argumentou que o não os movimentos gravitacionais do Cometa Encke resultaram desse fenômeno. No século XIX, o Observatório Astronômico de Pádua foi um epicentro no estudo observacional de cometas. Liderado por Giovanni Sante Gaspero Santini e seguido por Giuseppe Lorenzoni, este observatório foi dedicado à astronomia clássica, principalmente para o cálculo da órbita de novos cometas e planetas, com o objetivo de compilar um catálogo de quase 10 000 estrelas. Situado na parte norte da Itália, as observações deste observatório foram fundamentais no estabelecimento de cálculos geodésicos, geográficos e astronômicos importantes, como a diferença de longitude entre Milão e Pádua, bem como entre Pádua e Fiume. Além dessas observações geográficas, correspondência dentro do observatório, particularmente entre Santini e outro astrônomo Giuseppe Toaldo, sobre a importância das observações cometas e orbitais planetários. Em 1950, Fred Whipple propôs que, em vez de serem objetos rochosos contendo algum gelo, os cometas eram objetos congelados contendo um pouco de poeira e rocha. Este modelo de "bola de neve suja" logo foi aceito e parecia ser apoiado pelas observações de uma armada de sondas espaciais (incluindo a sonda "Giotto" da Agência Espacial Europeia (ESA) e as "Vega 1" e "Vega 2" da União Soviética) que voaram pelo coma do Cometa Halley em 1986, fotografou o núcleo e observou jatos de material em evaporação. Em 22 de janeiro de 2014, os cientistas da ESA relataram a detecção, pela primeira vez definitiva, de vapor de água no planeta anão Ceres, o maior objeto do cinturão de asteroides. A detecção foi feita usando as habilidades de infravermelho distante do Observatório Espacial Herschel. A descoberta é inesperada porque os cometas, e não asteroides, são normalmente considerados "jatos e plumas". De acordo com um dos cientistas, "as linhas estão ficando cada vez mais difusas entre cometas e asteroides". Em 11 de agosto de 2014, astrônomos divulgaram estudos, usando o Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array (ALMA) pela primeira vez, que detalhavam a distribuição de HCN, HNC, e poeira dentro do coma dos cometas C/2012 F6 (Lemmon) e C/2012 S1 (ISON). Classificação. Grandes cometas. Aproximadamente uma vez por década, um cometa torna-se brilhante o suficiente para ser notado por um observador casual, levando esses cometas a serem designados como grandes cometas. Prever se um cometa se tornará um grande cometa é notoriamente difícil, pois muitos fatores podem fazer com que o brilho de um cometa se afaste drasticamente das previsões. Em termos gerais, se um cometa tiver um núcleo grande e ativo, passará perto do Sol e não será obscurecido pelo Sol como visto da Terra quando em seu mais brilhante, ele tem a chance de se tornar um grande cometa. No entanto, o Cometa Kohoutek em 1973 atendeu a todos os critérios e esperava-se que se tornasse espetacular, mas não conseguiu. O Cometa West, que apareceu três anos depois, tinha expectativas muito menores, mas se tornou um cometa extremamente impressionante. O Grande Cometa de 1577 é um exemplo bem conhecido de um grande cometa. Ele passou perto da Terra como um cometa não periódico e foi visto por muitos, incluindo os astrônomos conhecidos Tycho Brahe e Taqi ad-Din. As observações deste cometa levaram a várias descobertas significativas sobre a ciência cometária, especialmente para Brahe. O final do século XX viu um longo intervalo sem o aparecimento de quaisquer grandes cometas, seguido pela chegada de dois em rápida sucessão, Cometa Hyakutake em 1996, seguido por Hale-Bopp, que atingiu brilho máximo em 1997 tendo sido descoberto dois anos antes. O primeiro grande cometa do século XXI foi C/2006 P1 (McNaught), que se tornou visível para observadores a olho nu em janeiro de 2007. Foi o mais brilhante em mais de 40 anos. Cometas rasantes. Um cometa rasante é aquele que passa extremamente próximo ao Sol no periélio, geralmente dentro de alguns milhões de quilômetros. Embora os pequenos cometas rasantes possam ser completamente evaporados durante uma aproximação tão próxima do Sol, os maiores cometas rasantes podem sobreviver a muitas passagens do periélio. No entanto, as fortes forças das marés que experimentam geralmente levam à sua fragmentação. Cerca de 90% dos cometas rasantes do Sol observados com Solar and Heliospheric Observatory (SOHO) são membros do grupo Kreutz, todos originados de um cometa gigante que se dividiu em muitos cometas menores durante sua primeira passagem pelo Sistema Solar interno. O restante contém alguns cometas rasantes esporádicos, mas 4 outros grupos relacionados de cometas foram identificados entre eles: os grupos Kracht, Kracht 2a, Marsden e Meyer. Os grupos Marsden e Kracht parecem estar relacionados ao Cometa 96P/Machholz, que também é o pai de duas chuvas de meteoros, os Quadrântidas e os Ariétidas. Cometas incomuns. Dos milhares de cometas conhecidos, alguns exibem propriedades incomuns. O Cometa Encke (2P/Encke) orbita de fora do cinturão de asteroides para dentro da órbita do planeta Mercúrio, enquanto o cometa 29P/Schwassmann-Wachmann atualmente viaja em uma órbita quase circular inteiramente entre as órbitas de Júpiter e Saturno. 2060 Quíron, cuja órbita instável é entre Saturno e Urano, foi originalmente classificado como um asteroide até que um leve coma foi notado. Da mesma forma, o Cometa Shoemaker-Levy 2 foi originalmente designado como asteroide . O maior cometa conhecido é o Cometa Bernardinelli-Bernstein. O objeto foi inicialmente observado em 2014, após o qual cresceu uma cauda. Ele tem um período orbital superior a 3 milhões de anos e fará sua maior aproximação do Sol, cerca da distância solar de Saturno, em 2031. Centauros. Centauros normalmente se comportam com características de asteroides e cometas. Centauros podem ser classificados como cometas, como 60558 Equeclo e 166P/NEAT. 166P/NEAT foi descoberto enquanto exibia um coma e, portanto, é classificado como um cometa apesar de sua órbita, e 60558 Equeclo foi descoberto sem coma, mas mais tarde tornou-se ativo, e foi classificado como um cometa e um asteroide (174P/Equeclo). Um plano para a "Cassini" envolvia enviá-lo a um centauro, mas a NASA decidiu destruí-lo. Observação. Um cometa pode ser descoberto fotograficamente usando um telescópio de amplo campo ou visualmente com binóculos. No entanto, mesmo sem acesso a equipamentos ópticos, ainda é possível ao astrônomo amador descobrir online um cometa rasante ao Sol, baixando imagens acumuladas por alguns observatórios de satélites, como o Solar and Heliospheric Observatory (SOHO). O 2 000.º cometa SOHO foi descoberto pelo astrônomo amador polonês Michał Kusiak em 26 de dezembro de 2010 e ambos os descobridores de Hale-Bopp usaram equipamento amador (embora Alan Hale não fosse um amador). Perdido. Vários cometas periódicos descobertos em décadas anteriores ou em séculos anteriores são agora cometas perdidos. Suas órbitas nunca foram conhecidas o suficiente para prever aparições futuras ou os cometas se desintegraram. No entanto, ocasionalmente, um "novo" cometa é descoberto e o cálculo de sua órbita mostra que ele é um antigo cometa "perdido". Um exemplo é o Cometa 11P/Tempel-Swift-LINEAR, descoberto em 1869, mas não observável depois de 1908 por causa das perturbações de Júpiter. Não foi encontrado novamente até ser acidentalmente redescoberto pelo Lincoln Near-Earth Asteroid Research (LINEAR) em 2001. Existem pelo menos 18 cometas que se enquadram nesta categoria. Na cultura popular. A representação de cometas na cultura popular está firmemente enraizada na longa tradição ocidental de ver os cometas como arautos da desgraça e como presságios de mudanças que alteram o mundo. O Cometa Halley sozinho causou uma série de publicações sensacionalistas de todos os tipos em cada uma de suas reaparições. Foi especialmente observado que o nascimento e a morte de algumas pessoas notáveis coincidiram com aparições separadas do cometa, como os escritores Mark Twain (que corretamente especularam que ele "sairia com o cometa" em 1910) e Eudora Welty, a cuja vida Mary Chapin Carpenter dedicou a canção "Halley Came to Jackson". No passado, cometas brilhantes costumavam inspirar pânico e histeria na população em geral, sendo considerados maus presságios. Mais recentemente, durante a passagem do Cometa Halley em 1910, a Terra passou pela cauda do cometa, e reportagens de jornais errôneas inspiraram o medo de que o cianogênio na cauda pudesse envenenar milhões, enquanto o aparecimento do cometa Hale-Bopp em 1997 desencadeou o suicídio coletivo do culto Heaven's Gate. Na ficção científica, o impacto dos cometas foi descrito como uma ameaça superada pela tecnologia e heroísmo (como nos filmes "Impacto Profundo" e "Armageddon" de 1998), ou como um gatilho do apocalipse global ("Lucifer's Hammer", 1979) ou zumbis ("Night of the Comet", 1984). Em "Hector Servadac", de Júlio Verne, um grupo de pessoas está preso em um cometa orbitando o Sol, enquanto uma grande expedição espacial tripulada visita o Cometa Halley no romance "" de Arthur C. Clarke. Referências. Notas de rodapé Citações
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Cávado (sub-região)
Cávado (sub-região) O Cávado é uma sub-região portuguesa situada no noroeste do país, pertencendo à região do Norte. Tem uma extensão total de 1.246 km2, 416.652 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 351 habitantes por km2. Está compostada por seis municípios e 181 freguesias, sendo a cidade de Braga a cidade administrativa e o principal núcleo urbano da sub-região. Com 144.362 habitantes na sua área urbana e 193.349 habitantes em todo o município, é a maior cidade e o maior município do Cávado, sendo limitada a noroeste com o Alto Minho, a norte com a região espanhola da Galiza, a leste com o Alto Tâmega, a sul com o Ave e com a Área Metropolitana do Porto e a oeste com o Oceano Atlântico. População. Habitantes. Dado aos dados dos Censos 2021, o Cávado registou 416.679 habitantes, mais 6.379 habitantes comparado com os Censos de 2011, aonde foram registados 432.087 habitantes. Só Braga e Esposende dos sete municípios registaram um aumento de habitantes. O aumento de habitantes do Cávado aumento em 1,5%. Jovens. A percentagem residentes de jovens no Cávado situa-se nos 13,3%, acima da média da região Norte com 12,5% e abaixo da média nacional de 13,5%. Esposende e Braga são os municípios com a percentagem de jovens acima da média do Cávado, com 13,9% e 14,1%. Idosos. Os Censos de 2021 mostram, que 18,2% dos residentes do Cávado são idosos, abaixo da média regional do Norte com 21,2% e acima da média nacional com 22,3%. Braga e Esposende registaram uma percentagem de idosos abaixo da média do Cávado, com 17,4% e 17,9%. Estrangeiros. 3,7% da população residente no Cávado são estrangeiros, acima da média regional do Norte com 2,5% e abaixo da média nacional com 6,4%. O município de Braga registou uma percentagem de 6,4%, acima da média do Cávado, regional e igual a percentagem nacional. Economia. Principais sectores empregadores. Os sectores com mais trabalhadores é a indústria transformadora, com 29,7% de todos os trabalhadores empregados no Cávado, seguido pelo comércio com 17,1%, da construção com 15% e atividades administrativos com 6,1%. Desemprego. Dado aos dados dos Censos 2021, a taxa de desemprego situava-se no ano de 2020 nos 4,7%, 1,5% abaixo da média regional do Norte, que situava se nos 6,2% e 1,1% abaixo da média nacional, que se situava nos 5,8%. Os municípios de Amares (4,9%), Braga (5,8%) e Terras de Bouro (7,6%) foram os municípios a registarem uma taxa de desemprego acima da média do Cávado. Poder de Compra. O poder de compra do Cávado situou-se nos 91,7, ligeiramente abaixo da média regional do Norte com 93, com Portugal a 100. Só o município de Braga ultrapassou a média do poder de compra do Cávado, regional e nacional com 108,8. Salários. O ganho médio mensal no Cávado em 2019 foi de 1.044,50€, abaixo da média de 1.100,40€ registado na região Norte e abaixo da média nacional de 1.206,30€. Só o município de Braga ultrapassou a média do ganho mensal do Cávado e regional com 1.145,80€. Infraestruturas. Auto-estradas. O Cávado está servida por x auto-estradas Aeródromo. O Cávado está servido por um aeródromo, situado no norte da cidade de Braga. Ferrovia. A linha de Braga, ou Ramal de Braga, liga o centro do Porto com o centro de Braga, servida pelos CP Urbanos do Porto, comboios urbanos da área metropolitana do Porto, que tem uma frequência hora em hora, em horas de ponto cada meia hora, ligações vice-versa. Pela linha encontram-se muitas estações e apeadeiros, aonde os habitantes locais são servidos pelos comboios suburbanos. Braga também está servida por ligações de Intercidades e Alfa Pendular, que tem uma frequência de duas em duas horas e ligam Braga com o Porto, com um tempo de trajeto reduzido ao tempo de trajeto com o comboio suburbano, a Aveiro, Coimbra, Lisboa e a Faro. A linha do Minho liga o centro do Porto com Viana do Castelo e Valença, ambos municípios da sub-região do Alto Minho. A linha é servida por duas ligações regionais; Valença-Viana do Castelo e Viana do Castelo-Nine. Todas as ligações são exploradas pela CP Regional e tem uma frequência de várias ligações diárias. Existem também ligações Interregionais, também explorados pela CP, que fazem a ligação desde Figueira da Foz, atravessando o Porto e Viana do Castelo, até Valença. Hospitais. No Cávado existem nove hospitais, dos quais três são públicos. Os restantes seis hospitais são privados ou público-privados. Um público e três privados dos nove hospitais encontram-se em Braga, um público e dois privados em Barcelos, um público em Esposende e um público em Vila Verde. Educação. Existem 250 escolas pré-escolares, 189 escolas do primeiro ciclo, 45 escolas do segundo ciclo, 61 escolas do terceiro ciclo e 32 escolas secundárias. Ainda existem dez escolas superiores, como a Universidade do Minho e várias escolas politécnicas.
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Cova da Beira
Cova da Beira Localização da Cova da Beira no mapa das NUT-III vigente até 2013 A Cova da Beira é uma sub-região histórica portuguesa, parte da Beira Interior, mais concretamente do distrito de Castelo Branco e da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. É constituída pelos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte. Geografia física. O nome "Cova da Beira" deriva da situação geográfica desta zona, cuja parte central é formada por um anfiteatro de terrenos relativamente planos e de meia altitude, bem delimitados por um conjunto de montanhas. Nesta região, o Sistema Central, que divide as Mesetas Norte e Sul da Península Ibérica, divide-se em dois, com uma cordilheira a norte constituída pela Serra da Estrela e outra a sul formada pela Serra da Gardunha, que em conjunto com a Serra do Açor, delimitam um território planáltico com altitudes entre os 400 e os 600 metros, que constitui a parte central da Cova da Beira. Historicamente, sempre serviu de elo de ligação entre as duas metades da Beira Interior- a Beira Trasmontana, a norte, e a Beira Baixa, a sul, estando intensamente ligada aos dois principais centros administrativos destes territórios- as cidades da Guarda e Castelo Branco. Com efeito, na divisão eclesiástica, mais antiga, a Cova da Beira pertence à Diocese da Guarda. Nas divisões administrativas do século XIX e do início do século XX, foi aglutinada aos territórios a sul, sendo incluída no Distrito de Castelo Branco e na província tradicional da Beira Baixa. No século XXI, com a reforma das NUT III efectuada em 2013, voltou a estar unida aos territórios a norte, estando actualmente incluída na Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, conjuntamente com mais 12 concelhos do Distrito da Guarda. Geografia Humana. O principal centro urbano da Cova da Beira é a cidade da Covilhã, que durante séculos foi um dos principais centros industriais do país, associada à indústria dos lanifícios. Hoje em dia, alberga as principais instituições da região- a Universidade da Beira Interior e o Hospital Pêro da Covilhã (sede do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, que engloba também o Hospital do Fundão). Para além da Covilhã, também o Fundão tem estatuto de cidade. As principais vias de acesso à região são a Linha da Beira Baixa, a Auto-Estrada da Beira Interior (A 23) e a Estrada Nacional 18. Sub-região estatística (1989-2013). Teve carácter oficial, tendo sido considerada como sub-região estatística (NUT III) pelo decreto-lei 46/89, de 1989. Era constituída por três concelhos: Limitava a norte com as sub-regiões da Serra da Estrela e da Beira Interior Norte, a leste com a Beira Interior Sul, a sul com a Beira Interior Sul e com o Pinhal Interior Sul e a oeste com o Pinhal Interior Norte. Tinha uma área de 1 373 km² e compreendia uma população de habitantes (censos de 2011). Foi extinta pela reforma efectuada em 2013, tendo sido integrada na sub-região (NUT III) das Beiras e Serra da Estrela, em conjunto com as antigas sub-regiões da Beira Interior Norte e da Serra da Estrela, retomando assim a ligação histórica da Cova da Beira à região da Guarda.
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Agronomia
Agronomia Agronomia é um campo da Gestão Ambiental e abarcado pelas ciências agrárias, sendo uma área multidisciplinar que inclui subáreas aplicadas das ciências naturais, exatas, sociais e econômicas que trabalham em conjunto visando aumentar a compreensão da agropecuária e aperfeiçoar as práticas agrícolas e zootécnicas, por meio de técnicas e tecnologias em favor de uma otimização da produção dos pontos de vista econômico, técnico, social e ambiental,minimizar o gasto de energia em conformidade com as condições ambientais mutáveis. O surgimento da agronomia foi mediante a necessidade de sobrevivência humana na terra e era caracterizada pelo cultivo primitivo de extração mas que atendeu a demanda por certo tempo, o que permitiu a permanência dos indivíduos em um local, passou por inúmeras mudanças e foi base da economia de muitas sociedades. Atualmente essa atividade se tornou algo muito mais abrangente e de extrema importância para a economia mundial. Área de Atuação. No geral, a agronomia possui principalmente três áreas de atuação: ensino, pesquisa e extensão rural. Produz pesquisas e desenvolve as técnicas que melhoram os resultados da agropecuária como, por exemploː manejo de irrigação, engenharia rural, quantidade ótima de fertilizantes, maximização da produção em termos de quantidade e qualidade do produto, fitotecnia, zootecnia, seleção de variedades resistentes à seca e de raças (melhoramento genético animal e vegetal), doenças e pragas (entomologia, fitopatologia, fitiatria, matologia, microbiologia, nematologia), desenvolvimento de novos agroquímicos, modelos de simulação de crescimento de colheita, secagem e armazenagem de produtos agropecuários, agroindústria, economia rural, meio ambiente, mecanização agrícola e técnicas de cultura de células "in vitro". Elas estudam também a transformação de produtos primários em produtos finais de consumo como, por exemplo, a produção, preservação e embalagem de produtos lácteos e a prevenção e correção de efeitos adversos ao ambiente (isto é, a degradação do solo e da água). Ou seja, a agronomia estuda a interação do complexo homem, planta, animais, solo, clima e ambiente segundo relações de causa e efeito. As pesquisas agronômicas, mais que as de outros campos, estão fortemente relacionadas ao local em que são realizadas. Fato semelhante ocorre com as técnicas derivadas dessas pesquisas.Assim, esse campo pode ser considerado uma ciência de ecorregiões porque está ligado a características locais de solo e clima que nunca são exatamente iguais nos diferentes lugares geográficos. Os sistemas agrícolas de produção devem levar em conta características como clima, local, solo e variedades de plantas e animais de produção, que precisam ser estudados a nível local. Outros sentem que é necessário entender os sistemas de produção de uma forma generalizada de maneira que o conhecimento obtido possa ser aplicado ao maior número de locais possíveis. Os Engenheiros Agrônomos atuam de forma eclética e integrada nas atividades rurais através da horticultura, zootecnia, engenharia rural, economia, sociologia e antropologia rurais, ecologia agrícola etc. Os conhecimentos indispensáveis à otimização da atividade rural, adquiridos pela pesquisa científica,demandam a comunicação aos agricultores. Portanto, a extensão rural é o processo de exposição dessas informações servindo-se de método educacional não formal que visa o crescimento da renda e bem-estar das famílias rurais, o que distingue da assistência técnica que é limitada à solução de questões sem instruir o agricultor. No Brasil,a extensão rural segue a vertente pública e gratuita que é sistematizada em órgãos estaduais, os quais têm o papel de oferecer suporte técnico aos agricultores familiares, filiados a ASBRAER (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural) a qual objetiva o progresso com a mínima agressão ao meio ambiente, menor custo e de forma honesta. Um outro importante ato a favor da valorização do meio rural foi a criação do Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF) que é uma politica pública direcionada a pequenos agricultores a qual pressupõe a competência da geração de renda no espaço rural e nos municípios que estão diretamente ligados a esse ambiente. Tecnologia. Atualmente, as ciências agrícolas são muito diferentes das de antes de 1950. A intensificação da agricultura que desde a década de 1960 vem sendo realizada por muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento é frequentemente denominada revolução verde, que com a ajuda da tecnologia proporcionou ter plantas com maior resistência a fatores climáticos, pragas ou doenças que poderiam nelas estarem presentes. Esta intensificação tem-se baseado na seleção genética de variedades de plantas e de animais capazes de alta produtividade e no uso de insumos artificiais como fertilizantes e produtos que visam a aumentar a produção através do aumento da sanidade dos vegetais e animais utilizados. Por outro lado, o dano ambiental que esta intensificação da agricultura vem causando (associado ao dano que o desenvolvimento industrial e o crescimento populacional que essa intensificação permite) estão levando muitos cientistas a criar novas técnicas a fim de contribuir para o desenvolvimento sustentável, como o manejo integrado de doenças e de pestes, técnicas de tratamento de dejetos, técnicas de minimização de desperdício, adubação verde e arquitetura da paisagem que são vertentes da Agroecologia. Além disso, campos como os da biotecnologia e da ciência da computação (processamento e armazenagem de dados) estão tornando possível o progresso e o desenvolvimento de novos campos de pesquisa, como a engenharia genética e a agricultura de precisão. Desta maneira, atualmente os pesquisadores que trabalham em ciências agrícolas e nas ciências a ela associadas equacionam o problema de alimentar a população do mundo ao mesmo tempo em que previnem a ocorrência de problemas de biossegurança que possam afetar a saúde humana e o ambiente. Este é o motivo pelo qual eles buscam promover um melhor manejo de recursos naturais e do respeito ao ambiente. A agronomia especialmente, deverá se adaptar às mudanças tecnológicas em um grau superior ao que se apresenta hoje, utiliza-se já muitas máquinas para realizar serviços que antes eram realizados por humanos, então no futuro esses serviços realizados por máquinas só irão aumentar, juntamente de diversas técnicas aprimoradas. Os aspectos sociais, econômicos e ambientais são temas que estão em debate atualmente. Crises recentes, como a doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) e o debate sobre o uso de organismos geneticamente modificados, ilustram a complexidade e importância deste debate. Cientistas agrícolas famosos. Os pesquisadores têm papel fundamental na construção da agronomia, pois o conhecimento adquirido por um cientista na maioria das vezes favorece que outro cientista amplie o conhecimento e/ou faça novas descobertas.
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Campo magnético
Campo magnético Campos magnéticos cercam materiais em correntes elétricas e são detectados pela força que exercem sobre materiais magnéticos ou cargas elétricas em movimento. O campo magnético em qualquer lugar possui tanto uma "direção" quanto uma "magnitude" (ou força), por tanto é um campo vetorial. À luz da relatividade especial, os campos elétrico e magnético são dois aspectos inter-relacionados de um mesmo objeto, chamado de campo eletromagnético. Um campo elétrico puro em um sistema de referência é observado como uma combinação de um campo elétrico e um campo magnético em um sistema de referência em movimento em relação ao primeiro. Na física moderna, o campo magnético e o campo elétrico são entendidos como sendo um campo fotônico. Na linguagem do Modelo Padrão a força magnética é "mediada" por fótons. Frequentemente esta descrição microscópica não é necessária por que a teoria clássica, mais simples e coberta neste artigo, é suficiente. A diferença é desprezível na maioria das circunstâncias. Definição. Um campo magnético é um vetor que descreve a influência magnétrica de cargas elétricas em movimento e ímãs permanentes. Pode-se afirmar que as ligações químicas são produtos de desequilíbrios nos campos magnéticos, e não elétricos. Um campo magnético formula_1 pode ser descrito pela Lei de Biot-Savart: ou no qual: Quando uma carga elétrica que se move em um campo magnético uniforme "B" com velocidade "v", a carga fica sujeita à ação da força magnética formula_10, que tem direção perpendicular a "v" e a "B". A força magnética é proporcional ao campo "B", à carga "q" e à componente da velocidade v na direção perpendicular a B: formula_11 Se a carga elétrica móvel for negativa, a força magnética "F" terá sentido oposto. A força magnética formula_10 altera a direção da velocidade, pois "F" sempre é perpendicular à velocidade, ou seja, é uma força centrípeta. Portanto, quando uma carga elétrica "q" está sob ação exclusiva de uma campo magnético, ela realiza um movimento circular uniforme, sua energia cinética permanece constante e o trabalho da força magnética é nulo. "B" e "H". A expressão "campo magnético" é usada para dois campos vetoriais diferentes, simbolizados por B e H. Existem muitos nomes alternativos para os dois campos (veja tabela ao lado). Para evitar confusão, este artigo usa "campo B" e "campo H" para estes campos, e usa "campo magnético" onde qualquer um dos dois campos se aplicar. O "campo B" pode ser definido de muitas formas equivalentes baseado nos seus efeitos sobre o ambiente. Por exemplo, uma partícula com carga elétrica, "q", movendo-se em um campo B com uma velocidade "v", experimenta uma força "F": onde "×" é o produto vetorial. O campo B é medido em tesla no SI, e em gauss em unidades cgs. Quando uma partícula carregada "q" está sob a influência dos campos magnéticos e elétrico, duas forças são aplicadas sobre ela. A soma dessas forças é conhecida como Força de Lorentz: Tecnicamente, "B" é um pseudovetor (também chamado de "vetor axial" — esta é uma afirmação sobre como o campo magnético se comporta quando você reflete o mundo em um espelho, conhecido como paridade). Este fato fica aparente da definição acima de "B". Apesar da maneira de ver "B" ter mudado com o passar dos anos, este é agora entendido como sendo a quantidade fundamental, enquanto "H" é um campo derivado. Este é definido como uma modificação de "B" devido a campos magnéticos produzidos pelo meio material, tal que (em unidades do SI): onde "M" é a magnetização do material e "μ"0 é a "permeabilidade do vácuo" (ou a "constante magnética"). O campo H é medido em amperes por metro (A/m) em unidades do SI, e em oersteds (Oe) em unidades cgs. Em materiais cujo "M" é proporcional a "B" a relação entre "B" e "H" pode ser colocada na forma mais simples: "H" = "B" ⁄ "μ". onde "μ" é um parâmetro dependente do material, chamado de permeabilidade. No vácuo não há magnetização, "M", de forma que "H" = "B" / "μ0" ("vácuo"). Para muitos materiais, entretanto, não há uma relação simples entre "B" e "M". Por exemplo, materiais ferromagnéticos e supercondutores possuem uma magnetização que é uma função de múltiplos valores de "B", devido à histerese. O campo magnético e ímãs permanentes. Ímãs permanentes são objetos que produzem seus próprios campos magnéticos persistentes. Todos os ímãs permanentes possuem os pólos sul e norte. Eles são feitos de materiais ferromagnéticos como ferro e níquel que foram magnetizados. A força do ímã é representada pelo seu momento magnético, m; para magnetos simples, m aponta na direção de uma linha desenhada do polo sul ao polo norte do magneto. Para mais detalhes sobre magnetos veja magnetização abaixo e o artigo ferromagnetismo. Força em um magneto devido a um "B" não-uniforme. Pólos magnéticos iguais quando aproximados se repelem, enquanto polos opostos se atraem. Este é um exemplo específico de uma regra geral de que os magnetos são atraídos (ou repelidos dependendo da orientação do magneto) para regiões de campo magnético maior. Por exemplo, pólos opostos atraem-se por que cada magneto é empurrado no campo magnético maior do pólo do outro. A força é atrativa por que cada magneto m está na mesma direção do campo magnético B do outro. Revertendo a direção de m reverte a força resultante. Magnetos com m oposto a B são empurrados para regiões de campo magnético menor, desde que o magneto, e portanto, m não girar devido ao torque magnético. Este fenômeno corresponde ao de pólos semelhantes de dois magnetos sendo aproximados. A capacidade de um campo magnético não uniforme de ordenar dipolos com orientação diferente a base do experimento de Stern-Gerlach, que estabeleceu a natureza quântica dos dipolos magnéticos associados com átomos e elétrons. Matematicamente, a força em um magneto de momento magnético m é: onde o gradiente ∇ é a mudança da quantidade m"·"B por unidade de distância e a direção é aquela do aumento máximo de m"·"B. O produto escalar m"·"B = |m||B|cos("θ"), onde | | representa a magnitude do vetor e "θ" é o ângulo entre eles. Esta equação somente é válida para magnetos de tamanho zero, mas pode ser usada como uma aproximação para magnetos não muito grandes. A força magnética em magnetos maiores é determinada pela divisão deles em regiões menores tendo cada uma delas seu próprio m então somando as forças em cada uma destas regiões. A força entre dois magnetos é bastante complicada e depende da orientação dos magnetos e da distância relativa entre eles. A força é particularmente sensível a rotações dos magnetos devido ao torque magnético. Em muitos casos, a força e o torque em um magneto pode ser modelada assumindo uma 'carga magnética' nos pólos de cada magneto e usando um equivalente magnético à lei de Coulomb. Neste modelo, cada pólo magnético é uma fonte de um campo H que é mais forte próximo ao pólo. Um campo H externo exerce uma força na direção do H em um pólo norte e oposta a H em um pólo sul. Em um campo magnético não uniforme cada pólo vê um campo diferente e é sujeito a uma força diferente. A diferença entre as duas forças move o magneto na direção em que o campo magnético cresce e também pode causar um torque resultante. Infelizmente, a ideia de "pólos" não reflete com precisão o que acontece dentro de um magneto (veja ferromagnetismo). Por exemplo, um pequeno magneto colocado dentro de um magneto grande é sujeito a uma força na direção oposta. A descrição mais correta fisicamente do magnetismo envolve laços de tamanho atômico de correntes distribuídas pelo magneto. Torque em um magneto devido a um campo "B". Um magneto colocado em um campo magnético sofre um torque que tenta alinhá-lo com o campo magnético. O torque em um magneto devido a um campo magnético externo é fácil de observar: basta colocar dois magnetos próximos, deixando com que um deles gire. O torque N em um magneto pequeno é proporcional ao campo B aplicado e ao momento magnético m do magneto: formula_17 onde × representa o produto vetorial. O alinhamento de um magneto com o campo magnético da Terra é o mecanismo de funcionamento da bússola. Ele é usado para determinar a direção do campo magnético local também (veja a definição de B abaixo). Um pequeno magneto é montado tal que ele possui liberdade para girar (em um dado plano) e seu pólo norte é marcado. Por definição, a direção do campo magnético local é a direção que o pólo norte de uma bússola (ou qualquer outro magneto) tende a apontar. O torque magnético é usado para movimentar motores elétricos simples. Em um projeto simples de motor, um magneto é fixado em um eixo rotativo (formando um rotor) e sujeito a um campo magnético criado por um grupo de eletromagnetos chamado de estator. Pela mudança contínua da corrente elétrica em cada um dos eletromagnetos, o que muda a polaridade de seus campos magnéticos, o estator coloca pólos de mesmo nome próximos ao rotor. O torque magnético resultante é transferido ao eixo. O processo inverso, a transformação do movimento mecânico em energia elétrica, é obtido pelo mecanismo inverso do acima no gerador elétrico. Visualizando o campo magnético usando linhas de campo. O mapeamento da força e direção do campo magnético é simples, em princípio. Primeiro, meça a força e direção do campo magnético em um grande número de posições. Então marque cada localização com uma seta (chamada de vetor) apontando na direção do campo magnético local com um comprimento proporcional à intensidade do campo magnético. Um método alternativo de visualizar o campo magnético que simplifica enormemente o diagrama enquanto mantém as mesmas informações é 'conectar' os vetores para formar "linhas de campo magnético". Vários fenômenos físicos têm o efeito de mostrar as linhas de campo magnético. Por exemplo, limalhas de ferro colocadas em um campo magnético se alinham de forma a mostrar visualmente a orientação do campo magnético (veja a figura à esquerda). Linhas de campo magnético também são apresentadas visualmente por auroras polares, nas quais interações de dipolo de partículas de plasma criam faixas de luz visível que se alinham com a direção local do campo magnético. As linhas de campo fornecem uma forma simples de apresentar ou desenhar o campo magnético (ou qualquer outro campo vetorial). As linhas magnéticas podem ser estimadas a "qualquer" ponto (seja em uma linha de campo ou não) usando a direção e densidade das linhas de campo próximas. Uma densidade maior de linhas de campo próximas indicam um campo magnético mais forte. As linhas de campo também são uma boa ferramenta qualitativa para visualizar as forças magnéticas. Em substâncias ferromagnéticas como o ferro e o plasma, as forças magnéticas podem ser compreendidas imaginando-se que as linhas de campo exercem uma tensão (como uma tira de borracha) ao longo de seu comprimento, e uma pressão perpendicular ao seu comprimento sobre as linhas de campo vizinhas. Pólos magnéticos 'diferentes' se atraem por que são ligados por muitas linhas de campo; pólos 'iguais' se repelem por que suas linhas de campo não se encontram, mas ficam em paralelo, empurrando umas às outras. A direção de uma linha de campo magnético pode ser revelada usando uma bússola. Uma bússola colocada próxima ao pólo norte de um magneto aponta para longe daquele pólo — pólos iguais se repelem. O oposto acontece com uma bússola colocada próxima ao pólo sul de um magneto. O campo magnético aponta para fora do magneto no pólo norte e em direção ao magneto no pólo sul. As linhas de campo magnético "fora do magneto" apontam do pólo norte para o pólo sul. Nem todos os campos magnéticos são descritíveis em termos de pólos. Um fio reto conduzindo uma corrente elétrica, por exemplo, produz um campo magnético que não aponta em nenhum dos sentidos na direção do eixo do fio, mas circula o mesmo. Linhas de campo "B" sempre formam laços fechados. As linhas de campo são uma maneira útil de representar qualquer campo vetorial e geralmente revelam propriedades sofisticadas dos campos de forma bastante simples. Uma propriedade importante do campo 'B' que pode ser verificada com as linhas de campo é que as linhas de campo magnético sempre fazem voltas completas. Elas não começam nem terminam (embora possam se estender ao infinito). Até hoje nenhuma exceção a esta regra foi encontrada. O campo magnético sai do magneto em seu pólo norte e entra em seu pólo sul, mas dentro do magneto as linhas de campo B retornam do pólo sul de volta ao pólo norte. Se uma linha de campo B entra em um magneto em algum ponto ela deve sair em outro ponto. Por esta razão, pólos magnéticos sempre vêm em pares N e S. Cortar um magneto ao meio resulta em dois magnetos separados cada um deles com um pólo norte e outro sul. Campos magnéticos são produzidos por correntes elétricas, que podem ser correntes macroscópicas em fios, ou correntes microscópicas associadas com os elétrons em suas órbitas atômicas. O campo magnético B é definido em termos da força que move uma carga na lei da força de Lorentz. A interação de campos magnéticos com cargas leva a muitas aplicações práticas. A unidade SI para o campo magnético é o tesla, que pode ser visto da parte magnética da equação de força de Lorentz Fmagnética = qvB como sendo composta de (newton × segundo)/(coulomb × metro). Uma unidade menor do campo magnético é o gauss (1 tesla = gauss). Monopolo magnético (hipotético). Um monopolo magnético é uma partícula hipotética (ou uma classe de partículas) que tem, como o nome sugere, somente um pólo magnético (um pólo sul ou um pólo norte). Em outras palavras, ele possui uma "carga magnética" análoga à carga elétrica. O interesse moderno neste conceito vem da teoria de partículas, notavelmente Teorias da Grande Unificação e a teoria das supercordas, que predizem a sua existência ou possibilidade de existência de monopólos magnéticos. Estas teorias e outras inspiraram esforços na busca de monopólos. Apesar destes esforços, nenhum monopólo magnético já foi observado até hoje. Linhas de campo "H" começam e terminam próximo a pólos magnéticos. Fora de um magneto, as linhas de campo H são idênticas às linhas de campo B, mas dentro elas apontam em direções opostas. O campo H, portanto, é análogo ao campo elétrico E que começa como uma carga positiva e termina como uma carga negativa. É tentador, portanto, modelar magnetos em termos de cargas magnéticas localizadas próximas dos pólos. Infelizmente, este modelo é incorreto. Ele falha para determinar o campo magnético dentro de magnetos, por exemplo. O campo magnético e as correntes elétricas. As correntes de cargas elétricas geram um campo magnético e sofrem a ação de uma força devido a um campo B magnético. Campo magnético gerado por correntes de cargas elétricas. Todas as cargas em movimento produzem campos magnéticos. Cargas pontuais em movimento produzem um campo magnético complicado mas bem conhecido que depende da carga, velocidade, e aceleração da partícula. Ele forma caminhos fechados em torno de uma linha apontando na direção em que a carga está se movendo. Condutores com corrente geram campos magnéticos que formam círculos concêntricos. A direção do campo magnético nestas linhas é determinada pela regra da mão direita. Quando se movem com a corrente, para a esquerda o campo magnético aponta para cima enquanto que à direita aponta para baixo (veja a figura à direita). A intensidade do campo magnético diminui com a distância do condutor. Se o condutor receber a forma de um laço o campo magnético é concentrado dentro do laço e enfraquecido do lado de fora. A colocação de mais laços destes para formar um solenóide torna o efeito mais acentuado. Estes dispositivos, chamados de eletroímãs ou eletromagnetos, são importantes porque podem gerar campos magnéticos fortes e bem controlados. Um eletromagneto infinitamente longo possui um campo magnético uniforme internamente e nenhum campo magnético do lado de fora. Um eletromagneto de tamanho finito produz um campo magnético que essencialmente é o mesmo de um magneto permanente da mesma forma e tamanho com uma intensidade (e polaridade) que é controlada pela corrente fornecida. O campo magnético gerado por uma corrente elétrica contínua "I" (um fluxo constante de cargas elétricas em que a carga não está se acumulando ou sofrendo depleção em nenhum ponto) é descrito pela Lei de Biot-Savart: onde a soma integral em todo o laço de um condutor com "dl sendo uma parte infinitesimal deste laço, "μ"0 é a constante magnética, "r" é a distância entre a posição de "dl e a localização em que o campo magnético está sendo calculado, e formula_19 é um vetor unitário na direção r. Uma forma um pouco mais geral de relacionar a corrente "I" com o campo B é através da lei de Ampère: onde a integral é calculada sobre qualquer caminho fechado arbitrário e "I"enc é a corrente envolvida pelo caminho. A lei de Ampère é sempre válida para correntes contínuas e pode ser usada para calcular o campo B para certas situações altamente simétricas, como um condutor infinito ou solenóide infinito. De uma forma modificada que leva em conta os campos elétricos variáveis, a lei de Ampère é uma das quatro equações de Maxwell que descrevem a eletricidade e o magnetismo. Força sobre uma carga em movimento devido a um campo "B". Força sobre uma partícula com carga. Uma partícula com carga se movendo em um campo B experimenta uma força "lateral" que é proporcional à intensidade do campo magnético, à componente da velocidade que é perpendicular ao campo magnético e à carga da partícula. Esta força é conhecida como força de Lorentz e é dada por onde F é a força, "q" é a carga elétrica da partícula, v é a velocidade instantânea da partícula e B é o campo magnético (em teslas). A força de Lorentz é sempre perpendicular tanto com a velocidade da partícula quanto ao campo magnético que a criou. Partículas estacionárias e partículas que se movem na direção das linhas do campo magnético não experimentam esta força. Por esta razão, partículas carregadas movem-se em um círculo (ou, de forma mais genérica, uma hélice)) em torno das linhas de campo magnética, este é chamado de movimento de ciclotron. Como a força magnética é sempre perpendicular ao movimento, o campo magnético não pode realizar trabalho em uma carga isolada. Ele pode, entretanto, mudar a direção da partícula, ao ponto de forçar a mudança de direção para uma direção perpendicular da direção original. A força magnética pode realizar trabalho em um dipolo magnético, ou a uma partícula carregada cujo movimento esteja limitado por outras forças. Força em um condutor. A força em um condutor com corrente é similar à de uma carga em movimento como esperado, já que um condutor com corrente é uma coleção de cargas em movimento. Um condutor com corrente percebe uma força lateral na presença de um campo magnético. A força de Lorentz em uma corrente macroscópica é geralmente chamada de "força de Laplace". Direção da força. A direção da força sobre uma carga ou corrente positiva é determinada pela regra da mão direita. Veja a figura à direita. Usando a mão direita e apontando o polegar na direção do movimento da carga ou corrente positivas e os dedos na direção do campo magnético, a força resultante sobre a carga aponta para fora da palma da mão. A força em uma partícula de carga negativa está na direção oposta. Se tanto a velocidade e a carga são revertidas, então a direção da força permanece a mesma. Por esta razão, uma medida do campo magnético (por si mesma) não pode fazer a distinção entre uma carga positiva movendo-se para a direita ou uma carga negativa movendo-se para a esquerda, pois os dois casos produzem a mesma corrente. Por outro lado, um campo magnético combinado com um campo elétrico "pode" distinguir entre ambas, veja o efeito Hall abaixo. "H" e "B" dentro e fora de materiais magnéticos. As fórmulas derivadas para o campo magnético acima estão corretas quando lidando com a corrente inteira. Um material magnético colocado dentro de um campo magnético, entretanto, gera sua própria corrente acoplada que pode ser muito difícil de calcular. Esta corrente acoplada é devido à soma dos laços de correntes de escala atômica e o spin das partículas subatômicas como elétrons que fazem parte do material. O campo H como definido acima ajuda a fatorar esta corrente acoplada, mas para ver como, é útil introduzir primeiro o conceito de "magnetização". Conexão entre a relatividade e os campos elétrico e magnético. Embora os campos Elétrico e Magnético já estivessem intrinsecamente interligados antes da Relatividade esta interligação era um dado experimental. Após a relatividade esta interligação tornou-se uma conclusão teórica. Assim, em um mundo onde existam o campo elétrico (ou magnético) e a teoria da relatividade deve necessariamente haver o campo eletromagnético. Imagine um trem carregado com cargas negativas. A ele é presa uma carga positiva, conforme indica a figura. Em repouso, tanto um passageiro do trem como um observador no solo concordarão acerca da força que atrai a carga positiva e as cargas negativas Em movimento, porém, o observador poderia supor que esta força aumentaria devido à diminuição do comprimento do trem prevista na teoria restrita da relatividade. Haveria, portanto, uma discrepância entre o passageiro e o observador caso não existisse uma misteriosa força de repulsão entre a carga positiva e as cargas negativas. Esta força misteriosa — que aumenta com a velocidade das cargas — é o resultado do que se convencionou chamar de campo magnético. Medição de campo magnético. No Brasil, a ABNT é o órgão responsável pela padronização de medidas. Existem diversos instrumentos para a medição de campo magnético, entre eles o magnetômetro fluxgate, bobinas de indução e o sondas de efeito Hall. Os instrumentos podem apresentar medida em uma ou três dimensões (nesse caso deve indicar o valor r.m.s. da medida). O sistema de medição para campos magnéticos alternados deve indicar o valor r.m.s. de campos magnéticos uniformes com uma incerteza menor que ± (10% de leitura + 20 nT). Exposição a campo magnético. A exposição a campos magnéticos de grande magnitude e/ou por longos períodos pode ser prejudicial a saúde. A Organização Mundial da Saúde mantém pesquisas sobre os efeitos da exposição a campos elétricos e magnéticos e recomenda que a exposição para público geral a campos magnéticos variáveis no tempo na frequência de 50 a 60 kHz seja de até 83x10-6 T.
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Campo elétrico
Campo elétrico Um é o campo de força provocado pela ação de cargas elétricas, (elétrons, prótons ou íons) ou por sistemas delas. Cargas elétricas colocadas num campo elétrico estão sujeitas à ação de forças elétricas, de atração e repulsão. A equação usada para se calcular a intensidade do vetor campo elétrico (E) é dada pela relação entre a força elétrica (F) e a carga de prova (q): O campo elétrico pode ser definido pelo negativo do gradiente do potencial elétrico: Unidade no Sistema Internacional de Unidades: História. Os estudos a respeito da eletricidade estática, criadora dos campos elétricos, remontam ao filósofo grego Tales de Mileto no século VI a.C.. O filósofo e estudioso da natureza descreveu o fenômeno que consiste em uma barra de âmbar (seiva petrificada) que atrai pequenos objetos depois de atritada com uma pele de coelho. No cotidiano, é o mesmo que esfregar uma caneta de plástico (material isolante) contra um pano ou o próprio cabelo. Em ambas as situações, o objeto fica eletricamente carregado. A explicação da força entre partículas através da existência de um campo vem desde a época em que foi desenvolvida a teoria da gravitação universal. A dificuldade em aceitar que uma partícula possa afetar outra partícula distante, sem existir nenhum contato entre elas, foi ultrapassada na física clássica com o conceito do campo de força. No caso da força eletrostática, o campo mediador que transmite a força eletrostática foi designado por éter; a luz seria uma onda que se propaga nesse éter lumínico. No século XIX foram realizadas várias experiências para detectar a presença do éter, sem nenhum sucesso. No fim do século chegou-se à conclusão de que não existe tal éter. No entanto, o campo elétrico tem existência física, no sentido de que transporta energia e que pode subsistir até após desaparecerem as cargas que o produzem. Na física quântica a interação elétrica é explicada como uma troca de partículas mediadoras da força, que são as mesmas partículas da luz, os fotões. Cada carga lança alguns fotões que são absorvidos pela outra carga; no entanto, neste artigo falaremos sobre a teoria clássica do campo, onde o campo é como um fluido invisível que arrasta as cargas elétricas. Vetor campo elétrico. O campo elétrico em um ponto é uma grandeza vetorial, portanto é representado por um vetor. Para verificarmos a sua presença neste ponto, colocamos neste uma carga de prova positiva. Se esta ficar sujeita a uma força eletrostática, dizemos que a região em que a carga se encontra está sujeita a um campo elétrico. O vetor campo elétrico tem sempre a mesma direção da força a que a carga está sujeita e, no caso da carga ser positiva, o mesmo sentido. Se negativa o oposto. O módulo é calculado da seguinte forma: formula_4 onde, caso a carga seja puntiforme, formula_5 (lei de Coulomb) O módulo do vetor campo elétrico pode ser definido por: formula_6 Substituindo formula_7 formula_8, é a constante de Coulomb ou constante eletrostática do meio e formula_9 é a constante de permissividade do vácuo. Nota-se, por essa expressão, que o campo elétrico gerado por uma carga em um ponto é diretamente proporcional ao seu valor e inversamente proporcional ao quadrado da distância. Campo elétrico devido a uma carga elétrica. O campo elétrico sempre "nasce" nas cargas positivas (vetor) e "morre" nas cargas negativas. Isso explica o sentido do vetor mencionado acima. Quando duas cargas positivas são colocadas próximas uma da outra, o campo elétrico é de afastamento, gerando uma região entre as duas cargas isenta de campo elétrico. O mesmo ocorre para cargas negativas, com a diferença de o campo elétrico ser de aproximação. Já quando são colocadas próximas uma carga positiva e uma negativa, o campo "nasce" na primeira, e "morre" na segunda. Na equação: F = k.Q.q/d² , k é a constante eletrostática do meio e não a constante dielétrica. Campo elétrico uniforme. É definido como uma região em que todos os pontos possuem o mesmo vetor campo elétrico em módulo, direção e sentido. Sendo assim, as linhas de força são paralelas e equidistantes. Para produzir um campo com essas características, basta utilizar duas placas planas e paralelas eletrizadas com cargas de mesmo módulo e sinais opostos. Um capacitor plano de placas paralelas pode ser citado como exemplo de criador de um campo elétrico uniforme. Linhas de força. As cargas de prova positivas encontram-se em movimento dentro de um campo elétrico. A partir da trajetória dessas cargas, traçam-se linhas que são denominadas linhas de força, que têm as seguintes propriedades: Campo elétrico gerado por uma esfera oca condutora. Quando uma esfera está eletrizada, as cargas em excesso repelem-se mutuamente e por isso migram para a superfície externa da esfera, atingindo o equilíbrio eletrostático. Assim, o campo elétrico dentro da esfera (em equilíbrio eletrostático) é nulo. Campo elétrico produzido por cargas pontuais. A equação para o módulo do campo produzido por uma carga pontual pode ser escrita de forma vetorial. Se a carga Q estiver na origem, o resultado obtido é: formula_13 sendo r a distância até a origem, e formula_14 o vetor unitário que aponta na direção radial, afastando-se da carga. Se a carga for negativa, a equação anterior continua válida, dando um vetor que aponta no sentido oposto de formula_14 (campo atrativo). O vetor unitário formula_14 calcula-se dividindo o vetor posição formula_17 pelo seu módulo, r. Se a carga não estiver na origem mas numa posição formula_18 a equação acima pode ser generalizada facilmente, dando o resultado: formula_19 O campo produzido por um sistema de cargas pontuais obtém-se somando vetorialmente os campos produzidos por cada uma das cargas. Por exemplo o lado esquerdo na figura acima à direita mostra os campos produzidos por duas cargas pontuais de 4 nC e 9 nC em alguns pontos. O lado direito mostra o campo resultante, obtido somando vetorialmente os dois campos. A equação anterior pode ser generalizada para um sistema de "n" cargas pontuais. Vamos escrever a equação explicitamente, em função das coordenadas cartesianas no plano xy (a generalização para o espaço xyz será evidente). Se as cargas formula_20estiverem nos pontos formula_21 , o resultado é: formula_22 Lei de Gauss no campo. O fluxo elétrico produzido por várias cargas pontuais, através de uma superfície fechada, é igual à soma dos fluxos produzidos por cada uma das cargas. O fluxo das cargas pontuais que estejam fora da superfície fechada será nulo, e o fluxo das cargas que estejam dentro da superfície será formula_23 vezes o valor da carga. Por exemplo, no caso da figura abaixo, unicamente as duas cargas formula_24 e formula_25 produzem fluxo, porque a carga formula_26 encontra-se fora da superfície. O fluxo total é: formula_27 O resultado do exemplo da figura acima pode ser generalizado para qualquer sistema de cargas e qualquer superfície fechada, e é designado de Lei de Gauss: O fluxo através de qualquer superfície fechada é igual à carga total no interior da superfície, multiplicada por formula_23 Em termos matemáticos, a lei de Gauss determina que o fluxo elétrico através de qualquer superfície fechada é: formula_29 Se a carga total no interior for positiva, o fluxo será positivo, indicando que há linhas de campo a saírem da superfície. Se a carga interna total for negativa, o fluxo é negativo porque há linhas de campo a entrar na superfície. O fluxo elétrico total à volta de uma carga pontual é diretamente proporcional à carga. Em alguns casos é possível desenhar um número de linhas de campo proporcional à carga, para dar uma ideia mais aproximada do valor do fluxo em diferentes regiões; por exemplo, na figura anterior foram desenhadas 8 linhas de campo a saírem da carga de 4 nC, e 18 linhas a saírem da carga de 9 nC. A lei de Gauss é muito útil para calcular campos elétricos de sistemas com simetria. Campo de um plano. Consideremos um plano, com carga distribuída uniformemente. Visto de lado, o plano aparece como um segmento de reta, e as linhas de campo serão semelhantes às linhas representadas no lado direito da figura ao lado. Nas regiões perto do centro do plano, as linhas de campo são aproximadamente paralelas entre si. Quanto maior for o plano, maior será a região onde as linhas são aproximadamente paralelas.. No caso idealizado de um plano infinito, as linhas serão completamente paralelas e equidistantes, já que a aparência do plano seria a mesma em qualquer ponto. Para calcular o campo elétrico usando a lei de Gauss, imaginamos um cilindro com as tampas paralelas ao plano, como se mostra na figura. Nas paredes laterais do cilindro não existe fluxo elétrico, porque o campo é paralelo à superfície. Em cada uma das tampas circulares do cilindro, o campo é perpendicular e, com módulo constante, devido a que todos os pontos na tampa estão à mesma distância do plano. Assim, o fluxo em cada uma das tampas do cilindro é ,formula_30 , em que A é a área da tampa, e o fluxo total através do cilindro é: formula_31 De acordo com a lei de Gauss, esse fluxo também deverá ser igual a: formula_32 Onde Q é a carga na parte do plano que está dentro do cilindro. Igualando as duas últimas equações obtemos o módulo do campo: formula_33 Em que formula_34 é a carga superficial; nomeadamente, carga por unidade de área: formula_35 Campo de um fio retilíneo. Consideremos um fio retilíneo, muito comprido, com carga distribuída uniformemente. As linhas de campo deverão ser nas direções radiais. Imaginemos uma superfície fechada que é um cilindro de raio R e altura L, com eixo sobre o fio, como mostra a figura abaixo. Nas tampas circulares do cilindro o fluxo é nulo, porque o campo é paralelo à superfície; na parede lateral do cilindro, o campo é perpendicular e com módulo constante. formula_36 onde E é o módulo do campo à distância R do fio. De acordo com a lei de Gauss, esse fluxo deverá ser também igual a: formula_32 onde Q é a carga do fio que está dentro do cilindro S. Igualando as duas equações anteriores, obtemos o módulo do campo: formula_38 em que formula_39 é a carga linear (carga por unidade de comprimento): formula_40 Campo de uma esfera condutora. Numa esfera condutora, com carga Q e raio a, a força repulsiva entre as cargas do mesmo sinal, faz com que as cargas se distribuam em forma uniforme, na superfície da esfera. Existe assim simetria esférica, e as linhas de campo deverão apontar na direção radial.. Para calcular o campo, imaginamos uma esfera de raio r,concêntrica com a esfera condutora. . Na superfície dessa esfera, o campo será perpendicular, e com módulo constante E; consequentemente o fluxo será: formula_41 Segundo a lei de Gauss, o fluxo através da esfera de raio r será nulo, se formula_42 se formula_43. Portanto, o campo elétrico é nulo, no interior da esfera. Fora da esfera o campo é: formula_44 Que é idêntico ao campo produzido por uma carga Q concentrada no centro da esfera.<. Campo elétrico induzido. Um campo magnético variável no tempo induz um campo elétrico, e um campo elétrico variável induz um campo magnético. O campo elétrico induzido é proporcional à derivada do fluxo magnético, e o campo magnético induzido é proporcional à derivada do fluxo elétrico. Quando um campo é uniforme, o fluxo através de uma superfície é maior se a superfície for perpendicular ao campo; isso implica que o campo induzido é perpendicular ao campo variável. A figura ao lado mostra o campo elétrico induzido por um campo magnético uniforme mas variável, e o campo magnético induzido por um campo elétrico uniforme e variável. No primeiro caso, devido ao sinal negativo , o campo elétrico induzido é no sentido oposto ao obtido com a regra da mão direita em relação à derivada do campo magnético; como o campo magnético está a diminuir, a derivada do campo aponta para baixo e a regra da mão direita indica rotação no sentido horário; portanto, as linhas do campo induzido estão orientadas no sentido anti-horário. O sinal positivo do último termo implica que as linhas do campo magnético induzido seguem a regra da mão direita em relação ao aumento do campo elétrico. No caso do campo elétrico variável no lado direito da figura , como o campo está a diminuir, a derivada do campo elétrico aponta para baixo, e a regra da mão direita indica que o campo magnético induzido é no sentido horário. Propriedades das linhas de campo elétrico. O campo elétrico pode ser representado por vetores que indicam o valor do campo em vários pontos do espaço, como foi feito na figura acima. O problema com essa representação é que o campo varia rapidamente com a distância, o que faz com que o vetor seja muito grande em alguns pontos e muito pequeno em outros pontos. A representação usando linhas de campo é mais conveniente. As linhas de campo seguem a direção do campo. Em cada ponto numa dessas curvas, o campo é tangente à curva e no sentido indicado pelas setas. As linhas de campo elétrico têm várias propriedades: Um nó pode ser atrativo ou repulsivo. Se for atrativo, será um ponto onde existe uma carga pontual negativa; se for repulsivo, será um ponto onde existe uma carga pontual positiva. Os pontos de sela são pontos onde o campo é nulo, mas não existe nenhuma carga nesse ponto. Outro exemplo são as linhas de campo de um dipolo elétrico, formado por duas cargas iguais mas de sinais opostos. Se admitirmos que as duas cargas estão localizadas nos pontos ( 1, 0) e (1, 0), o campo desenha-se assim: O resultado aparece no lado esquerdo acima à direita Uma distribuição contínua de cargas pode ser aproximada por uma série de cargas pontuais. Por exemplo, se existirem cargas distribuídas uniformemente no segmento do eixo dos x entre x = - 3 e x = 3, podemos admitir um sistema de cargas pontuais, equidistantes, sobre o segmento entre x = - 3 e x = 3. Com 7 cargas pontuais, o gráfico obtido é apresentado no lado direito da figura ao lado. Ligações externas. \\\con
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Coimbra
Coimbra Coimbra é a cidade portuguesa capital do Distrito de Coimbra, estando inserida na sub-região Região de Coimbra (NUT III) e na Região do Centro (NUT II). É sede do Município de Coimbra que tem uma área total de 319,40 km2, 140 796 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 441 hab./km2, subdividido em 18 freguesias. O município é limitado a norte pelo município da Mealhada, a leste por Penacova, Vila Nova de Poiares e Miranda do Corvo, a sul pela Condeixa-a-Nova, a oeste por Montemor-o-Velho e a noroeste por Cantanhede. Coimbra é uma cidade historicamente universitária, por causa da Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa e das maiores de Portugal, fundada em 1290 como "Estudo Geral Português" por D. Dinis em Lisboa que depois várias instalações nas duas cidades, se fixou definitivamente na cidade do Mondego em 1537. Na história recente a população estudantil da Universidade teve um papel importante ao ser ativamente defensora dos valores da liberdade e democracia frente à ditadura do Estado Novo. Uma das cidades mais antigas do país, foi a capital de Portugal antes de Lisboa, até 1255, e nela está o primeiro Panteão Nacional, o Mosteiro de Santa Cruz. Coimbra é atravessada pelo rio Mondego, que nasce na Serra da Estrela, no sentido Este-Oeste. É considerada uma das mais importantes cidades portuguesas, devido a infraestruturas, organizações e empresas nela instaladas para além da sua importância histórica e privilegiada posição geográfica no centro de Portugal continental, entre as cidades de Lisboa e do Porto. Ao nível de serviços oferecidos, é acima de tudo no ensino e nas tecnologias ligadas à saúde que a cidade consegue maior notoriedade. A população estudantil da cidade ronda os 37 000 matriculados, parte no ensino superior público não politécnico, parte no ensino superior público politécnico e parte no ensino superior privado. O feriado municipal ocorre a 4 de julho, em memória da rainha Santa Isabel de Aragão, padroeira da cidade conhecida popularmente apenas por "rainha santa". Foi Capital Nacional da Cultura em 2003. No dia 22 de junho de 2013, a Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, foi declarada Património Mundial pela UNESCO. História. Cidade de ruas estreitas, pátios, escadinhas e arcos medievais, Coimbra foi berço de nascimento de seis reis de Portugal, da Primeira Dinastia, assim como da primeira Universidade do País e uma das mais antigas da Europa. Os Romanos chamaram à cidade, que se erguia pela colina sobre o rio Mondego, Emínio. Mais tarde, com o aumento da sua importância passou a ser sede de Diocese, substituindo a cidade romana de Conímbriga, donde derivou o seu novo nome. Em 711 os mouros chegaram à Península Ibérica e a cidade passa a chamar-se Kulūmriyya, tornando-se num importante entreposto comercial entre o norte cristão e o sul árabe, com uma forte comunidade moçárabe. Em 871 torna-se Condado de Coimbra mas apenas em 1064 a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão. Coimbra renasce e torna-se a cidade mais importante abaixo do rio Douro, capital de um vasto condado governado pelo moçárabe Sesnando. Com o Condado Portucalense, o conde D. Henrique e a rainha D. Teresa fazem dela a sua residência, e viria a ser na segurança das suas muralhas que iria nascer o primeiro rei de Portugal , D. Afonso Henriques, que faz dela a capital do condado, substituindo Guimarães em 1129. No , Coimbra apresentava já uma estrutura urbana, dividida entre a cidade alta, designada por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a Baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos populares. Desde meados do que a história da cidade passa a girar em torno à história da Universidade de Coimbra, sendo apenas já no que a cidade se começa a expandir para além do seu casco muralhado, que chega mesmo a desaparecer com a reformas levadas a cabo pelo Marquês de Pombal. A primeira metade do traz tempos difíceis para Coimbra, com a ocupação da cidade pelas tropas de Junot e Massena, durante a invasão francesa e, posteriormente, a extinção das ordens religiosas. No entanto, na segunda metade de oitocentos, a cidade viria a recuperar o esplendor perdido — em 1856 surge o primeiro telégrafo elétrico na cidade e a iluminação a gás, em 1864 é inaugurado o caminho-de-ferro e 11 anos depois nasce a ponte férrea sobre as águas do rio Mondego. Com a Universidade como referência inultrapassável, desta surgem movimentos estudantis, de cariz quer político, quer cultural, quer social. Muitos desses movimentos e entidades não resistiram ao passar dos anos. Outros ainda hoje resistem com vigor ao passar dos anos. Da Universidade surgiram e resistem ainda hoje em plena atividade primeiro o Orfeon Académico de Coimbra, em 1880, o mais antigo coro do país, a própria Associação Académica de Coimbra, em 1887, a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, em 1888. Com presença em três séculos e um peso social e cultural imenso, o Orfeon Académico de Coimbra representou o país um pouco por todo o mundo, em todos os continentes, levando a música coral portuguesa e o Fado de Coimbra a todo o mundo. Na área do Teatro Universitário pode distinguir-se o TEUC — Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra. Este organismo autónomo da AAC da Universidade de Coimbra é o grupo de Teatro Universitário mais antigo da Europa em atividade contínua. Foi fundado em 1938 pelo Prof. Doutor Paulo Quintela e pelo Dr. Manuel Deniz-Jacinto, foi a segunda escola de Teatro em Portugal de onde saíram inúmeros atores do panorama cultural português, e sempre se caracterizou pelo seu papel de resistência cultural. O TEUC apresentou os seus espetáculos pela Europa, África e Brasil, tendo recebido numerosas condecorações e prémios ao longo da sua história. Ainda agora, na atualidade, o TEUC continua a ganhar prémios em diversos festivais de teatro universitário quer em Portugal quer além-fronteiras. Com o passar dos anos, inúmeros outros organismos foram surgindo. A 26 de abril de 1919 foi feita Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. População. "" Educação. Por bastantes vezes, Coimbra é chamada de "Cidade do Conhecimento" ou "Cidade dos estudantes", principalmente por ter uma das mais antigas e prestigiadas universidades da Europa — a Universidade de Coimbra (UC) é a herdeira do Estudo Geral solicitado ao papa pelo rei D. Dinis e por um conjunto de prelados portugueses em 1288, e que viria a obter confirmação pontifícia em 1290, tendo-se estabelecido inicialmente em Lisboa. Após uma itinerância atribulada entre Lisboa e Coimbra durante os séculos XIII e XIV, a universidade viria a estabelecer-se estavelmente em Coimbra em 1537, tendo o rei cedido o próprio paço real para as instalações. Estas instalações foram adquiridas pela Universidade no reinado de Filipe I, sendo desde então conhecidas por Paço das Escolas. Nos dias correntes, a Universidade de Coimbra tem aproximadamente 21 000 alunos, contando com alguns dos mais seletivos e exigentes programas académicos do país, um elevado número de unidades de investigação acreditadas, e tendo cerca de 10% de alunos estrangeiros de 70 nacionalidades diferentes, sendo assim a mais internacional das universidades portuguesas. Atualmente, toda a Alta Universitária e Rua da Sofia (onde a Universidade nasceu) estão em processo de modernização no âmbito do reconhecimento da Universidade de Coimbra a Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Toda a Alta vai sofrer uma intervenção que a vai tornar mais aprazível, mais bonita e mais dinâmica. É também aí que vai nascer o Tribunal Universitário Europeu, numa iniciativa inédita na Europa. É também em Coimbra que existe a mais antiga e maior associação de estudantes do país — a Associação Académica de Coimbra fundada a 3 de novembro de 1887. Esta organização representa todos os alunos da Universidade. Para além da bem conhecida Universidade de Coimbra com as suas 8 faculdades, existem muitas outras escolas e institutos de ensino superior públicos (como o Instituto Politécnico de Coimbra e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra) e privados (Escola Universitária Vasco da Gama, Instituto Superior Miguel Torga, Instituto Superior Bissaya Barreto (ISBB), Escola Universitária das Artes de Coimbra), o que faz com que a cidade tenha um total de cerca de estudantes do ensino superior. Para seguir estudos superiores, Coimbra foi durante séculos, escolhida por um largo número de jovens de todos os cantos de Portugal por ser a única universidade Portuguesa. Ainda hoje, apesar da existência de uma vasta rede de ensino superior em Portugal, a cidade goza de algum desse estatuto herdado do passado, a que não é alheia a diversificada oferta nos vários campos de educação, mas também a reconhecida qualidade e prestígio da maioria dos cursos da histórica e emblemática Universidade de Coimbra, assim bem como o seu famoso ambiente estudantil e a vasta tradição académica que lhe está associada. A cidade tem também um vasto número de escolas públicas e privadas de ensino básico e secundário, sendo algumas, das melhores no "ranking" nacional — Escola Secundária Infanta Dona Maria (a melhor do país em ensino público), Escola Secundária de Avelar Brotero (pública), Colégio de São Teotónio (ensino privado), Colégio Rainha Santa Isabel (uma das melhores a nível nacional no ensino privado), Escola Secundária José Falcão (pública), Escola Secundária de Dom Duarte (pública), Escola Secundária de Dom Dinis (pública), Escola Secundária de Jaime Cortesão (pública) e a Escola Secundária da Quinta das Flores (pública). Clima. A cidade de Coimbra apresenta um clima mediterrânico de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger. No Inverno as temperaturas variam entre 15 °C diurnos e 5º noturnos no mês mais frio, podendo beirar os 0º em vagas de frio, ao passo que no Verão as temperaturas oscilam entre os 29 °C diurnos e 16º noturnos podendo chegar aos 40 °C e até mesmo ultrapassar. As maior e menor temperaturas registadas em Coimbra no período 1971–2000 foram 41,6 °C e -4,9 °C. Porém,há registos de -7,8 °C em 1941 e 42,5 °C em 1943. Cultura e lazer. O grande espaço museológico de Coimbra por excelência é o Museu Nacional de Machado de Castro junto à Sé Nova, instalado no Palácio Episcopal de Coimbra. Considerado um dos mais importantes museus do país, possui coleções importantes de pintura, escultura, ourivesaria, cerâmica e têxteis. A universidade possui também coleções museológicas de raro valor, destacando-se as coleções de instrumentos científicos dos séculos XVIII e XIX do Museu de Física, e as coleções de Antropologia, Zoologia, Botânica e Mineralogia do Museu de História Natural. Recentemente, estas coleções foram agrupadas no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, que é assim um dos núcleos museológicos de ciência mais importantes a nível europeu. Coimbra é também uma cidade de arte, existem 31 galerias de arte espalhadas por toda a cidade, que receberam mais de 200 000 visitantes em 2003. Jogos sem Fronteiras. Em 1993, Coimbra foi a cidade portuguesa anfitriã dos Jogos sem Fronteiras. Numa primeira fase estiveram representadas as seguintes cidades de 7 países: Numa 2ª fase: Música. Enquanto uma das primeiras capitais de Portugal e sede da mais antiga universidade Portuguesa, Coimbra tem sido ao longo dos séculos um importante centro musical. Historicamente, a Sé Nova, o Mosteiro de Santa Cruz (fundado por D. Afonso Henriques) e a Universidade (com aula de música desde 1323) constituíram os principais centros de produção e prática musical. D. Pedro de Cristo e Carlos Seixas são referências cimeiras na música portuguesa, a que se juntam os nomes de D. Pedro da Esperança, D. Francisco de Santa Maria, D. Heliodoro de Paiva, Fernão Gomes Correia, Vasco Pires, Mateus de Aranda, Pedro Thalésio ou José Maurício. O fado de Coimbra está intimamente ligado às tradições académicas e caracteriza-se por uma guitarra com uma estrutura, configuração e afinação própria. Nomes como Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso, cantores e poetas da resistência à ditadura, revolucionaram a música tradicional portuguesa. É ainda ligado ao Fado de Coimbra que temos a mais emblemática casa de Fados; O Centro Cultural àCapella. Numa antiga capela do Séc. XIV, reúnem-se todas as noites os melhores músicos da atualidade fadística: Nuno Correia da Silva, Ricardo Dias, Nuno Botelho, Bruno Costa e outros dão-nos o que o fado tem de melhor! Na música ligeira contemporânea, particularmente em géneros como o rockabilly e o blues, surgem vários nomes associados a Coimbra. Desses são exemplos JP Simões, "Legendary Tiger Man" (Paulo Furtado, vocalista dos WrayGunn), os WrayGunn e os Bunnyranch. Atualmente, a cidade dispõe de vários centros de formação em música, aos mais diversos níveis, destacando-se o Conservatório de Música de Coimbra, a Escola Diocesana de Música Sacra e a Licenciatura em Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra é ainda considerada uma "cidade de coros", devido ao elevado número deste tipo de formação na cidade. Destacam-se, entre os coros académicos, o Orfeon Académico de Coimbra, o Coro Misto da Universidade de Coimbra e o Coro da Capela da Universidade de Coimbra. Outros agrupamentos ativos são o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, o Coro D. Pedro de Cristo, o Choral Poliphonico de Coimbra e o Coro Aeminium. A nível do reportório e/ou da formação, há ainda grupos mais especializados como a Capela Gregoriana Psalterium, o Coro Vox Etherea, o Grupo Vocal Ad Libitum ou o Coro dos Pequenos Cantores de Coimbra. O Orfeon Académico de Coimbra (OAC) é um dos mais ilustres representantes da cidade, da Universidade e da Academia. Nos seus 130 anos de história, tem mantido uma presença reconhecida no panorama da cidade e do país. É o coro mais antigo de Portugal, em atividade e um dos mais antigos da Europa. Por este organismo, mais antigo que a própria Associação Académica de Coimbra, passaram inúmeros nomes de relevo da vida cultural, política e social do país. Ícones da Canção de Coimbra como Luiz Goes, José Afonso, Fernando Machado Soares, Sutil Roque e Fernando Rolim, citando apenas alguns, fizeram parte do OAC. Até 1974 era um coro exclusivamente masculino, tendo nesse ano começado a admitir elementos femininos de modo a melhor se adaptar à realidade estudantil. O OAC é conhecido pelas inúmeras digressões que fez pelos 4 continentes. Para além disso, já representou Portugal ao mais alto nível no Festival Europália 91, na Expo'98, na UNESCO, e foi o primeiro coro português a cantar na Basílica de S. Pedro. Hoje continua a sua atividade com cerca de 50 coralistas, estudantes de Coimbra, e continua a levar a música coral, a canção de Coimbra (Fado de Coimbra), e a música popular a todo o país e ao estrangeiro. Por outro lado, o papel da mulher na música da Universidade de Coimbra foi reconhecido em 1956 pelo Coro Misto da Universidade de Coimbra (CMUC), o coro misto, em atividade, mais antigo da Academia. De facto, não se permitia até aí às mulheres a participação em grupos musicais, tendo o Coro Misto da Universidade de Coimbra sido pioneiro. Ao longo dos seus 50 anos de história, o CMUC serviu de exemplo aos outros coros universitários, os quais acabaram por se render ao peso da mulher na Universidade e se tornar mistos. Hoje, o Coro Misto da Universidade de Coimbra é composto por cerca de 70 elementos e distingue-se dos restantes coros da cidade pela divulgação da música de Coimbra, empenhando-se na promoção de compositores da cidade de Coimbra, além do típico repertório de música popular e erudita, nacional e estrangeira. De destacar o recém editado CD "Miserere", que reúne a obra de Francisco Lopes de Macedo e de José Maurício, a primeira das quais não foi cantada desde o . Outro ícone incontornável da cena musical, cultural e académica conimbricense é a Orxestra Pitagórica. Não só pela sua antiguidade, mas, sobretudo, por representarem aquilo que de mais genuíno deve haver num estudante de Coimbra: espírito crítico, irreverência e muito boa disposição, este é um grupo que marca, de forma indelével, a passagem dos estudantes por Coimbra. Datam do final do século passado as primeiras atuações da Orxestra Pitagórica. Em 1981, pouco depois da fundação da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, ressurge com o objetivo primordial de preencher um lacuna muito grave em termos académicos, ou seja, o de não haver ninguém capaz de dizer coisas serias a rir, o que equivale a dizer que a irreverência académica já não se manifestava genuinamente, isto é, que o estudante havia esquecido o que de mais sério há: a alegria e o espírito académico. Assim, para o Sarau da Queima das Fitas de 1981, reorganizou-se a Orxestra Pitagórica, retomando o agrupamento que havia, em tempos, existido no seio da academia. Dotada de instrumentos sérios como violas, acordeão, cavaquinhos e bandolins, etc., e de instrumentos seríssimos, como sanitas, sinais de transito, autoclismos, cântaros, chapéu de chuva de guizos, etc., a Orxestra Pitagórica lançou ao público o seu repertório cénico e musical de cariz vincadamente "gargalhorico" e popular, dando o toque estudantil a algumas pitorescas músicas que popularmente são entoadas por esse Portugal além. Dos seus últimos 25 anos de vida, sem interrupções, a Orxestra Pitagórica já calcorreou todo este Portugal de norte a sul, ilhas, e vários programas de televisão. Lá por fora, Espanha, França, Itália, Cuba e República Dominicana, foram os países visitados. Por duas vezes venceu o extinto festival Grito Académico Super Bock, que só teve três edições. Já editou um trabalho fonográfico denominado "A2+B2=C2" quando comemorou o seu primeiro centenário. Tem um DVD ao vivo que, enquanto não é editado, pode ser visto na plataforma Youtube. Monumentos e espaços de interesse. Coimbra é uma cidade romântica, tendo ficado conhecida pelo amor proibido do rei Dom Pedro e Dona Inês um dos seus episódios mais marcantes. Festas académicas. Para além das festas da cidade em honra de Santa Isabel de Portugal, na primeira semana de julho (centradas em torno do feriado municipal a 4 de julho, festa da Rainha Santa Isabel), ‎Coimbra é também conhecida pelas festas e tradições académicas. A primeira das duas festas é a Latada ou a Festa das Latas e imposição das insígnias, que acontece no início do ano escolar, para dar as boas-vindas aos novos estudantes (caloiros ou novatos). As Latadas começaram no quando os estudantes exprimiam ruidosamente a sua alegria pelo termo do ano letivo em maio. Utilizavam para isso todos os objetos que produzissem barulho, nomeadamente latas. Foi a partir dos anos 1950/60 que as Latadas passaram a ocorrer, não no termo do ano letivo, mas sim no início, coincidindo com a abertura da Universidade e a chegada da população escolar de férias, o que dava à cidade um clima eminentemente académico. Atualmente os caloiros, incorporados no cortejo, vestem uma fantasia pessoal com as cores da sua faculdade ou a batina virada do avesso, transportando cartazes com legendas de conteúdo crítico, alusivos à vida escolar ou nacional. Os caloiros seguem em duas filas paralelas, com os padrinhos que devem ter um comportamento digno de um estudante de Coimbra, dando o exemplo aos novatos que se estão a iniciar na Praxe Académica. No fim do cortejo nas ruas da cidade, os novos estudantes são batizados no rio Mondego: ""Ego te baptizo in nomine solemnissima praxis"." A segunda festa é a Queima das Fitas, bastante mais importante que a primeira, sendo a maior festa estudantil da Europa, tem lugar no fim do segundo semestre, mais concretamente no início do mês de maio, começando na noite de quinta-feira para sexta-feira com a Serenata Monumental nas escadas da Sé Velha. É a maior festa estudantil de toda a Europa e tem a duração de 8 dias, um dia para cada faculdade da universidade (Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnologias, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação e Educação Física e Ciências do Desporto) e Antigos Alunos. Apesar de existirem mais festas do género em outras cidades, o aparecimento da Queima das Fitas começou em 1899 em Coimbra, fazendo assim com que seja única no país. Ela é a explosão delirante da Academia, consistindo para os Quartanistas Fitados e Veteranos, na solenização da última jornada universitária ou seja, o derradeiro trajeto de vivência coimbrã. Os festejos da Queima das Fitas consistem sobretudo no seu programa tradicional, composto por: Serenata Monumental, Sarau de Gala, Baile de Gala das Faculdades, Venda da Pasta (receitas para a Casa de Infância Dr. Elísio de Moura), "Queima" do Grelo (que deu o nome à festa) e Cortejo dos Quartanistas, Chá Dançante e as ainda chamadas Noites do Parque. Transportes. Aéreo. A cidade ainda não tem aeroporto, mas dispõe de um aeródromo que procura assegurar ligações de âmbito nacional (Aeródromo Bissaya Barreto) e ligação marítima, graças à proximidade com o porto da Figueira da Foz, que é o porto mais central entre as cidades de Lisboa e Porto e que serve a cidade de Coimbra. A nível de aeroportos internacionais, aquele que se encontra mais próximo é o Aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto a cerca de 130 km. O principal aeroporto do país, o Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa encontra-se a 180 km. Embora tanto um como outro se encontrem a mais de uma centena de quilómetros, as infraestruturas rodo e ferroviárias existentes permitem ligar Coimbra a cada um dos aeroportos em pouco mais de 1 hora e meia. Existe a intenção de transformar a Base Aérea de Monte Real, no município de Leiria, num aeroporto internacional civil, com vista a servir a região das Beiras o que, a ser feito, colocaria Coimbra a apenas cerca de 60 km de um aeroporto internacional. Rodovias. No centro da espinha dorsal do país, Coimbra tem uma localização estratégica com ligação rodoviária à auto-estrada A1 que a liga ao norte e ao sul do país e também à A14 que a liga à vizinha cidade da Figueira da Foz, o maior balneário das Beiras. A cidade também é servida pelo IP3 que a liga a Viseu (e à Guarda através do IC12 ou IC6) e pela A13 que a liga a Tomar. Não existem ligações diretas por autoestrada ao interior do distrito, facto que tem sido objeto de debate na região ao longo dos anos, por ser no interior onde se situam a maior parte dos municípios do distrito. A cidade é parcialmente contornada por duas vias circulares, uma circular interna, conhecida localmente por "variante do hospital", ao nordeste do centro da cidade e por uma circular externa que, não obstante o nome, está já praticamente incluída no miolo da cidade, e da qual fazem parte, entre outras, a Avenida Mendes Silva, a Avenida Fernando Namora e a Avenida Elísio de Moura. Ferrovias. Possui ligação ferroviária ao norte e ao sul através do comboio rápido Alfa Pendular. Os serviços regionais realizam os percursos Coimbra-Aveiro; Coimbra-Entroncamento e Coimbra-Guarda e o suburbano limita-se ao trecho Coimbra-Figueira da Foz. O serviço suburbano CP Regional Coimbra-Serpins foi suprimido na sequência de projetos de introdução de um metropolitano ligeiro de superfície, que previa ligar os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, com eventual extensão aos municípios de Góis e Arganil através do aproveitamento do canal aberto no início do século XX e nunca utilizado. A alternativa desde 2010 são as ligações por autocarro, resultantes de uma parceria entre a CP — Comboios de Portugal e a Metro Mondego, até estar pronta a ligação do metropolitano. Possui duas estações ferroviárias: E ainda os seguintes apeadeiros dentro da sua área urbana: Os seguintes apeadeiros e estação, que serviam o extinto Ramal da Lousã e se encontram dentro da área urbana da cidade, encontram-se desativados: Rede interna. No interior da cidade existe uma grande rede de transportes públicos coletivos, os SMTUC, que já completaram 100 anos de existência, operando autocarros, tróleis, e (até 1980) elétricos. O Elevador do Mercado é também um equipamento de transporte público. Os táxis também são muito comuns na cidade, mantendo actualmente as cores emblemáticas dos táxis antigos: preto e verde, embora haja alguns de cor creme. Existem 22 praças de táxis nos principais pontos da cidade, onde circulam 117 veículos, dos quais 115 operados pela Politáxis, a única central de rádio táxi de Coimbra. Economia e indústria. Segundo dados de 2005, o distrito possui 5 441 empresas com uma faturação anual de 2 318 M. EUR mas apenas 83 estão entre as mil maiores empresas do país. De qualquer forma o seu tecido empresarial tem vindo a recuperar competitividade nos últimos anos e existem perspetivas de criação de novas áreas de localização empresarial na área do município de Coimbra. A cidade possui uma emergente indústria de alta tecnologia aplicada à saúde e serviços especializados na área da saúde, mas também muitas empresas de tecnologias de informação de ponta, ligadas à cultura, mas também em áreas como a defesa, aeroespacial, financeira, indústria, telecomunicações etc. Algumas destas empresas tecnológicas, são sobejamente conhecidas a nível internacional, como a "Critical Software" que colabora com a NASA e a ESA e mais recentemente com a China. Mas existem, muitas outras como a WIT ou a Cnotinfor. Encontra-se em Coimbra a melhor incubadora de empresas do mundo, premiada internacionalmente. Existem em Coimbra três hospitais centrais de dimensão regional: H.U.C. — Hospitais da Universidade de Coimbra, C.H.C. — Centro Hospitalar de Coimbra (que integra três estabelecimentos hospitalares: o Hospital Geral, também conhecido por Hospital dos Covões, o Hospital Pediátrico e a Maternidade de Bissaya Barreto) e I.P.O. Instituto Português de Oncologia. Atualmente, as zonas industriais da cidade são o Parque Industrial de Taveiro, Parque Industrial de Eiras e o Pólo da Pedrulha e Eiras. A cidade conta ainda com um parque de ciência e tecnologia — o Coimbra iParque — também apto a receber unidades industriais. Para além de lotes de terreno, para instalação de unidades empresariais, o Coimbra iParque disponibiliza também espaços de escritório, auditórios, salas de formação e de reuniões no "business center" Leonardo da Vinci — propriedade da sociedade gestora do parque. Com um poder de compra per capita de €139,5 (2009) o município de Coimbra encontra-se em 3º lugar no "ranking" de importância económica atrás das áreas urbanas de Lisboa e Porto. Em Coimbra existem centros comerciais de grandes dimensões, de que são exemplo o Coimbra Shopping, Alma Shopping (antigo Dolce Vita Coimbra), o Fórum Coimbra e o Atrium Solum. Investigação e tecnologia. A cidade deve muito ao carácter interdisciplinar da Universidade de Coimbra, que a mantém na ribalta da investigação científica. A universidade, principalmente através do Instituto Pedro Nunes e respetiva incubadora de empresas e também do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), tem aprendido a cooperar com o tecido empresarial em vários domínios e efetivado a transferência de competências para as empresas. Entre as empresas geradas em resultado da investigação científica levada a cabo na Universidade ("spin-off" universitário) contam-se as empresas Critical Software (desenvolvimento de software), WIT Software (software para aplicações móveis), ISA (telemetria e instrumentação) e Crioestaminal (criopreservação e biomedicina). A inovação tecnológica na área da saúde é um dos exemplos desse novo modelo de desenvolvimento. Freguesias do município. O município de Coimbra está dividido em 18 freguesias (assinalam-se com asterisco (*) as consideradas pertencentes à zona urbana da cidade): Cidades gémeas. As cidades gémeas de Coimbra são:
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Conímbriga
Conímbriga Conímbriga é uma povoação estabelecida desde a Idade do Cobre que foi um importante centro durante a República Romana e que continuou habitada, pelo menos, até ao . É um dos mais extensos e diversificados sítios arqueológicos de que há vestígio em Portugal. Está classificada como Monumento Nacional, tendo sido palco de escavações desde o . Localiza-se a dezassete quilómetros de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a dois quilómetros de Condeixa-a-Nova. A estação inclui o Museu Monográfico de Conímbriga, onde estão expostos muitos dos artefactos encontrados nas escavações arqueológicas. Etimologia. Não se sabe ao certo a origem do nome da povoação, alguns acreditam que estaria relacionado com os cónios, povo que vivia no actual Baixo Alentejo, segundo esta hipótese, com a adição de "briga," nome céltico, Conímbriga significaria "O castro dos Cónios". Contudo, as regras linguísticas fariam que se tornasse "Coniumbriga" e não "Conimbriga". Outros acham que a etimologia de Conimbriga traça as suas origens até ao antiquíssimo lexema pré-celta "Kºn," que significa "elevado pedregoso", desta maneira este lexema unido a "briga" significaria "cidade localizada num elevado pedregoso". Descoberta. Tem-se conhecimento da existência de Conímbriga já no , porém, nenhum trabalho seria feito até o quando começaram em 1898 as primeiras escavações, em 1899 as primeiras sondagens importantes e o estudo científico do achado. História. Pré-história. Traça-se a história desta povoação até à Idade do Cobre e à Idade do Bronze, porém, há a possibilidade que esta já existisse antes, na Idade da Pedra. Encontraram-se vestígios da Idade do Bronze, mais especificamente dos séculos IX e , entre os objetos achados podemos enumerar várias cerâmicas, uma fíbula e uma foice. Antiguidade oriental. Neste último século, os fenícios, povo habitante do que actualmente é o Líbano, estabeleceram várias feitorias ao longo da costa mediterrânica da Península Ibérica. Depois de varar o Estreito de Gibraltar fizeram o mesmo na costa atlântica, uma delas, na zona do Baixo Mondego entre Montemor-o-Velho e Maiorca, o Castro de Santa Olaia, era quem comerciava com Conímbriga. Neste mercado vendiam-se marfins, pentes, louças e vidros, mais tarde, começaram a comercializar-se também vasos gregos. Antiguidade Clássica. A primeira chegada dos Romanos da qual temos referência é de , quando as tropas de Décimo Júnio Bruto, na sua campanha para subjugar os galaicos, passaram pelas terras de Conímbriga. Plínio, no seu recenseamento da tribos do occidente da Península, fala, abaixo do Vouga, já de "oppida" "cidades" e não de "populi" "tribos". Isto diz-nos que as populações abaixo do Vouga eram maiores e possuiam uma forma diferente de organização, não teriam tantos laços tribais mas linhagens, destas temos conhecimento de duas: a dos "Dovilonici" e a dos "Pintones". Seria apenas na época de Augusto que Conímbriga seria reformada, o imperador romano enviou arquitectos para a remodelar e adaptá-la ao urbanismo romano. O "forum" foi o primeiro edifício a ser levantado pelos romanos. Logo em seguida, criaram-se as termas da cidade tomando água de Alcabideque. Dotou-se à povoação duma muralha artificial, complementando a natural posição defensiva do assentamento, de dous quilómetros, a linha da muralha dava mais vinte e três hectáreas para a expansão de Conímbriga. Casas que se encontram junto da muralha, com azulejos, são do e III. Os romanos trouxeram com eles novos elementos da engenharia civil: o mármore, a coluna, o estuque, a argamassa de cal e a pedra esquadriada. Isto, aliado à vinda de novos conceitos e métodos acelerou o crescimento do assentamento e criou um sincretismo arquitectónico entre a antiga tradição local e a hodierna romana. Conímbriga ia avolumando-se cada vez mais, no governo de Vespasiano tornou-se num município entre 70 e 80. Consequência desta expansão da cidade, entre 77 e 78 um cidadão de Conímbriga, M. Júnio Latrão, foi escolhido como sacerdote do culto imperial da Lusitânia, esse mester obrigar-lhe-ia a morar em Emerita Augusta, actual Mérida, a capital da província. Tem-se como provável que tal designação foi feita como preito ao assentamento. Posteriormente, entre os séculos II e III a cidade entra num período obscuro do qual não nos chegou muito até os nossos dias. Na metade do o Império começou a ser invadido por tribos bárbaras, em 262 vararam os Pirenéus e arrasaram o Levante peninsular, não se tem constância de que chegassem até ao litoral atlântico occidental. Nesse clima de instabilidade as defesas de Conímbriga foram reforçadas e o sistema de águas, incluindo o aqueduto, também. Idade Média. Embora o Império já estivesse a ser assaltado há muito as ameaças continuavam relativamente longe, quiçá devido à posição geográfica da região, porém, essa calma da qual desfrutara o assentamento acabar-se-ia cedo, em 409 os vândalos e o suevos atacaram a Península. Na região de Conímbriga, a Lusitânia, fixar-se-iam os alanos. Este foi um período muito instável, no qual os bárbaros faziam e desfaziam os acordos com o governo romano e verificava-se uma situação económica desfavorável, neste clima de desassossego, as famílias mais influentes das cidades tomavam o poder nestas e tornavam-se seus senhores, no caso de Conímbriga tudo parece indicar que foi entregue à família dos Cântabros. O assentamento cai em 464 sob o jugo dos suevos, a mulher e a prole do cabeça de família dos Cântabros são raptados por estes. Os suevos voltariam quatro anos mais tarde, em 468, para arrasar a cidade e a região. A cidade entrará num período com pouca informação documental. Sabe-se que a cidade não seria abandonada desta vez (embora já estivesse em decadência), dado que em 561 era capital dum bispado, o prelado da mesma, Lucêncio, tomou parte no Primeiro Concílio de Braga. Constata-se também que ainda continuava a ter a mesma posição, o mesmo prelado assinou, em 572, a súmula do Segundo Concílio de Braga. Em 586, a região caiu definitivamente sob domínio visigótico, depois de muito tempo de lutas entre estes e os suevos. Além de assinalar a derrota definitiva do Reino Suevo e a unificação política peninsular baixo o poder visigótico, para Conímbriga foi o fim, o bispo e o grosso dos seus vizinhos deixaram-na e foram morar a Emínio (actual Coimbra), sendo esta derradeira localização muito mais fértil e com um melhor abastecimento de água, bem essencial que começava a escassear para essas alturas em Conímbriga. Sabe-se, porém, que o assentamento continuaria a ser habitado, pelo menos por alguma família abastada, uma moeda cunhada no reinado de Rodrigo do ano de 711, exactamente o mesmo ano do começo da Invasão muçulmana da Hispânia. Ainda foram encontradas algumas moedas da época muçulmana o que nos sugere que ainda não tinha sido totalmente abandonada, contudo, antes de 1086, teria sido definitivamente desabitada. As poucas gentes que ainda moravam nela estabelecer-se-iam no vale vizinho e fundariam Vila Cova, posterior Vila Cova da Condessa Domna Onega, que se tornaria na actual Condeixa-a-Velha. Edifícios. Edifícios públicos. Seria apenas na época de Augusto que Conímbriga seria reformada, o imperador romano enviou arquitectos para a remodelar e adaptá-la ao urbanismo romano. Anfiteatro. O anfiteatro de Conímbriga, outrora referto de terra, tinha uma arena oval com mais ou 98 x 86 metros. Para entrar neste recinto, haviam no total seis túneis, três de cada lado. Fórum (antigo). O fórum foi o primeiro edifício a ser levantado pelos romanos. Tornou-se no centro da vida na cidade, dado que era nele que se encontravam as autoridades e o comércio. Do lado do poente aos mercantes eram atribuídas nove lojas para o desenvolvimento das actividades comerciais. No outro lado, do nascente, achava-se a cúria e a basílica; a primeira era o local de debate entre os dois ou quatro homens-fortes do assentamento, chamados magistros; na segunda, estava o tribunal. Forum (novo). O novo fórum foi erguido como parte da celebração da promoção de Conímbriga a município. O antigo fórum foi demolido e este substituiu-o. Este novo já não seria palco nem da justiça nem do comércio. Estava rodeado por altos muros e expunham-se as estátuas dos homens reconhecidos. Sabe-se que o novo fórum continuaria em pé até ao quando se colocou numa das suas zonas uma colossal cisterna. Praça. A entrada à praça era feita varando um arco, daí chegava-se até o templo e uma fonte, podemos inferir que aqui havia um local de culto; do outro lado, do poente, dada a péssima preservação é impossível determinar o seu uso. Os pilares estavam ornamentados com filetes que os dividiam em meia-cana. A praça tinha um pórtico que a rodeava em três lados diferentes. Mais à frente havia um outro pórtico, servia de ádito à varanda do templo. Templo. O templo de Conímbriga está em muito mau estado de conservação, dele já só restam poucas pedras. O templo era tão pequeno que nele só cabiam as estátuas divinas, não haveria espaço para a realização de ofícios religiosos. Este edifício estava ligado à praça por uma pequena escada lateral. Termas. As termas datam também da época de Augusto. Como não havia nascente em Conímbriga que pudesse suportar o abasticimento de água para as termas, decidiu-se procurar fontes externas de alimentação. Achou-se um poço a um bocado mais de meia légua que poderia suportar a demanda. O edifício tinha à entrada três divisões para o segurança e os vestuários. O complexo termal de Augusto é relativamente pequeno, mas suficiente para a cidade que estava a crescer. Como era norma romana nos banhos, havia três piscinas; uma de água fria, uma morna de transição e uma de água quente. Fora dos banhos própriamente ditos, o complexo tinha um ginásio. Casas. As casas em Conímbriga tinham uma forma rectangular e estavam alinhadas, diferentemente das antigas povoações das actuais regiões da Beira central (Beira alta, Beira litoral), de Trás-os-Montes, da Galiza e do Minho. De destaque são a Casa de Cantaber, a Casa dos Repuxos, a Casa da Cruz Suástica e a Casa dos Esqueletos. Museu Monográfico de Conímbriga. O Museu Monográfico de Conímbriga é o museu encarregado da divulgação ao pública dos achados do sítio arqueológico de Conímbriga e está consagrado inteiramente a este. Foi criado em 1962, paralelamente ao recomeço da actividade exploradora nas Ruínas. Segundo a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), o Museu Monográfico de Conímbriga tem como objetivo: O Museu é dirigido por Virgílio Hipólito Correia, pessoa que tem sido responsável por muitos dos trabalhos e estudos arqueológicos feitos na estação. Em 2017 o Ministério da Cultura reclassificou o Museu Monográfico de Conímbriga para Museu Nacional. Acerca da decisão, o ministro disse: Com esta nova classificação o Museu poderá usufruir de fundos comunitários destinados à exploração e estudo das Ruínas de Conímbriga, tudo possível graças ao Protocolo assinado com a DFPC em Junho de 2015 e a colaboração entre o Governo e a Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova através do programa de "Desenvolvimento Infra-estrutural do Programa Museológico de Conímbriga". Os investimentos de valorização dos vestígios perfazem três milhões de euros no total. Status actual e conservação. As ruínas de Conímbriga são agora classificadas como ZEP (Zona Especial de Protecção) pela Direcção-Geral do Património Cultural. De acordo a DGPC, o status de Zona Especial de Protecção confere ao sítio: A actual condição de ZEP foi outorgada pela Portaria de 12 de novembro de 1971, publicada no DG, II Série, nº 277, de 25 de novembro de 1971. Embora o status de Zona Especial de Protecção confira ao sítio um perímetro reservado, o IC3 entra neste, descumprindo a regulação. Este sítio arqueológico foi reconhecido em 1910 como Monumento Nacional através do Decreto de 16 de junho de 1910, DG, n.º 136, de 23 de junho de 1910. Em 1930, na sequência XI Congresso Internacional de Arqueologia, o Estado português obtém alguns terrenos na estação arqueológica. Em 1962 no decorrer da investigação das ruínas criou-se o Museu Monográfico de Conímbriga como veículo de transmissão dos novos conhecimentos acerca dos achados à população geral. Explorações arqueológicas. Foi no que se começaram a fazer as primeiras explorações arqueológicas no terreno, as quais continuariam ao longo do até os nossos dias. Em 1873, o Instituto de Coimbra abriu uma secção destinada ao estudo das Ruínas. Em 1898 fazem-se escavações mas será em 1899 quando se haverão de fazer as primeiras sondagens importantes. O arqueólogo Virgílio Correia fez algumas explorações arqueológicas ao sítio em 1930, também em 1940 foram feitos trabalhos na zona, muitos pela Universidade de Coimbra. Na década de 40 e 50 fazem-se trabalhos de restauro e preservação. Desde 1964 têm se feito trinta e cinco trabalhos arqueológicos em Conímbriga, numeram-se abaixo: Década de 1960 Década de 1970 Década de 1980 Década de 1990 Década de 2000 Década de 2010
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Cabo
Cabo
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Ilha do Corvo
Ilha do Corvo
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Camilo Pessanha
Camilo Pessanha Camilo de Almeida Pessanha (Coimbra, 7 de setembro de 1867 — Macau, 1 de março de 1926) foi um poeta português. É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação. A sua obra influenciou escritores como , , , [[Sophia de Mello Breyner Andresen]], [[Eugénio de Andrade]]. Vida. Nasceu como filho ilegítimo de Francisco António de Almeida Pessanha, um aristocrata estudante de [[Direito]] e de Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, sua empregada, em 7 de setembro de 1867, às 11h00, na Sé Nova, [[Coimbra]], [[Portugal]]. O casal teria mais quatro filhos. Tirou o curso de [[direito]] em [[Coimbra]]. Procurador Régio em [[Mirandela]] (1892), advogado em [[Óbidos]], em 1894, transfere-se para [[Macau]], onde, durante três anos, foi professor de Filosofia Elementar no [[Liceu de Macau]], deixando de lecionar por ter sido nomeado, em 1900, conservador do registo predial em Macau e depois juiz de comarca. Entre 1894 e 1915, voltou a [[Portugal]] algumas vezes, para tratamentos de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a [[Fernando Pessoa]], que era, como [[Mário de Sá-Carneiro]], apreciador da sua poesia. Foi iniciado na [[Maçonaria]] em [[1910]], na Loja Luís de Camões, em [[Macau]], com o nome simbólico de Angélico. A 8 de março de 1919, foi agraciado com o grau de Comendador da [[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada]]. Publicou [[poema]]s em várias revistas e [[Jornal|jornais]], mas seu único livro [[Clepsidra (livro)|Clepsidra]] (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em [[Macau]]) por [[Ana de Castro Osório]], a partir de [[autógrafos]] e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de [[Ana de Castro Osório]], [[João de Castro Osório]], ampliou a [[Clepsidra (livro)|Clepsidra]] original, acrescentando-lhe poemas que foram encontrados. Essas edições foram publicadas em 1945, 1954 e 1969. Na area da imprensa, encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas "[[Ave Azul]]" (1899-1900), "[[Atlantida (revista)|Atlantida]]" (1915-1920) e Contemporânea [1915]-1926 e, postumamente, na revista "[[Prisma (revista)|Prisma]]" (1936-1941). Morreu a [[1 de março]] de [[1926]], em [[Macau]], devido ao uso excessivo de [[ópio]] e a [[tuberculose pulmonar]]. A sua campa encontra-se no Cemitério São Miguel de Arcanjo, em Macau. Em 1949, a [[Câmara Municipal de Lisboa]] homenageou o poeta dando o nome dele a uma rua junto à [[Avenida da Igreja]], em [[Alvalade (Lisboa)|Alvalade]]. Obra e características estéticas. Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, antecipa alguns princípios de tendências modernistas. Buscou em [[Charles Baudelaire]], proto-simbolista francês, o termo “Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética da sugestão como proposta por [[Stéphane Mallarmé|Mallarmé]], evitando nomear um objeto direta e imediatamente. Por outro lado, segundo o investigador da [[Universidade do Porto]] [[Luís Adriano Carlos]], "o seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do [[imagismo]], do [[interseccionismo]] e do [[surrealismo]], buscando as relações [[analogia|analógicas]] entre [[significante]] e [[significado]] por intermédio da clivagem dinâmica dos dois planos". Junto de sua fragmentação sintática, que, segundo a investigadora da [[Universidade do Minho]] Maria do Carmo Pinheiro Mendes, "substitui um mundo ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação", podemos encontrar na obra de Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional. Ligações externas. [[Categoria:Escritores de Portugal]] [[Categoria:Poetas de Portugal]] [[Categoria:Poetas do simbolismo]] [[Categoria:Simbolismo]] [[Categoria:Precursores da poesia moderna]] [[Categoria:Naturais de Coimbra]] [[Categoria:Pessoas de Macau]] [[Categoria:Literatura de Macau]] [[Categoria:Portugueses na Ásia]] [[Categoria:Alumni da Universidade de Coimbra]] [[Categoria:Maçons de Portugal]] [[Categoria:Maçons do século XX]] [[Categoria:Maçons escritores]] [[Categoria:Comendadores da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada]]
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Condeixa-a-Velha
Condeixa-a-Velha Condeixa-a-Velha é uma antiga freguesia portuguesa do município de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, com 24,18 km² de área e 3 472 habitantes (2011). A sua densidade populacional era 143,6 hab/km². Foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Condeixa-a-Nova, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova com a sede em Condeixa-a-Nova. A povoação foi fundada pela população de Conímbriga, depois do abandono desta cidade.
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Condeixa-a-Nova
Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova (por vezes dita pela forma sincopada de "Condeixa") é uma vila portuguesa do distrito de Coimbra, fazendo parte da antiga província da Beira Litoral, e atualmente inserida na sub-região Região de Coimbra (NUT III) da região Centro (NUT II), sendo sede da União das Freguesias de Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova, freguesia que contava 8743 habitantes em 2021. Situa-se a da capital do distrito. A vila de Condeixa-a-Nova é também a sede do Município de Condeixa-a-Nova que tem de área e habitantes (2021), subdividido em 7 freguesias que incluem um total de 88 lugares. O município é limitado a norte pelo município de Coimbra, a leste por Miranda do Corvo, a sueste por Penela, a sudoeste e oeste por Soure e a noroeste por Montemor-o-Velho. O município de Condeixa-a-Nova. É um município que apresenta uma componente serrana, onde predomina a agricultura de subsistência e uma outra mais plana, em que a atividade agrícola é bastante mais rentável. Apesar de ser um município em que a população se dedica principalmente à agricultura, começam a implantar-se algumas industriais, resultantes certamente da sua localização estratégica. Na freguesia do Sebal está implantada uma zona industrial onde sobressaem, entre outras, fábricas de indústria farmacêutica e de cerâmica para revestir pavimentos e paredes. A produção artesanal de louças pintadas à mão é uma atividade que ainda emprega muitas dezenas de pessoas, devido à grande percentagem destes artigos que se consegue enviar para exportação. A zona industrial de Condeixa, de 651.566 metros quadrados, encontra-se a 40 km do porto da Figueira da Foz, a 70 km do porto de Aveiro, a 130 km do Aeroporto do Porto e 200 km do Aeroporto de Lisboa. Património. Bem perto de Condeixa-a-Nova, estão localizadas as Ruínas de Conímbriga, cujo Museu Monográfico constitui um pólo de grande interesse turístico e de investigação histórica. Segundo o jornal Expresso , o Museu de Conímbriga é o segundo mais visitado do país, ultrapassado apenas pelo Museu dos Coches em Lisboa. Quanto à atividade sócio-cultural, há a destacar, entre outras, o Museu Monográfico de Conímbriga, a Casa Museu Fernando Namora, o Museu PO.RO.S, a Fundação de Condeixa e muitas associações espalhadas um pouco por todo o município. É considerada por alguns como a vila portuguesa com mais casas apalaçadas. Podemos, num pequeno passeio encontrar o Palácio dos Costa Alemão, infelizmente já só temos uma pequena parte das ruínas da casa solarenga da Quinta de São Tomé, temos o Palácio dos Sotto Mayor, as atuais instalações da Câmara Municipal também eram um Palácio, na Praça da República temos mais uma casa senhorial e a recuperada Pousada de Santa Cristina, antigo palácio incendiado aquando das invasões francesas. Freguesias. Depois da reforma administrativa nacional de 2013, o Município de Condeixa-a-Nova está subdividido em 7 freguesias:: História. No local de Conímbriga existem vestígios que indiciam a sua povoação desde o Neolítico, com testemunhos diversos a partir do Calcolítico. Depois da ocupação por parte dos Celtas, foi ocupado pelos romanos em 138 a.C. até ao fim do Império Romano. Apenas em 1219 surge o primeiro documento que enuncia Condeixa, um pequeno sítio com uma área aproximada de 800 metros quadrados, embora seja provável que as terras de Condeixa fizessem parte dos territórios doados por D. Afonso Henriques ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Os frades do Mosteiro ficaram encarregues de povoar as terras que lhes pertenciam e, entre outras terras, fundaram Condeixa-a-Nova porque Condeixa-a-Velha já existia, pelo menos, desde o abandono de Conímbriga. Nos primeiros séculos da sua existência, Condeixa-a-Nova cresceu pouco e no início do século XVI contava apenas com 20 famílias (fogos). Mas em 1502, o rei de Portugal , D. Manuel I quando se deslocava para Santiago de Compostela passou por Condeixa-a-Nova e gostou da paisagem e do clima. Talvez por isso, mandou construir a Igreja Matriz e em 1514 deu um foral à vila. Formou-se então a Freguesia de Condeixa-a-Nova com terras que pertenciam às freguesias de Condeixa-a-Velha e do Sebal. Por causa do foral e sobretudo devido à localização estratégica na estrada Lisboa-Coimbra-Porto, Condeixa-a-Nova foi-se desenvolvendo e crescendo bastante, de tal modo que em 1601 já tinha aproximadamente 200 fogos, ou seja, entre 800 e 1000 pessoas. Apesar da sua prosperidade, vila sofreu imensamente com as com as invasões francesas, tendo sido invadida e violentamente saqueada e posteriormente, incendiados diversos palácios e outros edifícios, entre os quais a Igreja Matriz, que teve de ser reconstruída no estilo neo-clássico que exibe atualmente. A 17 de Abril de 1838, Condeixa deixou de fazer parte do concelho de Coimbra e passou ela própria a ser concelho. Atualmente, Condeixa é uma vila relativamente desenvolvida, com indústria e comércio próprios. Além disso, beneficia da proximidade com Coimbra e com Conímbriga. Evolução da População do Município. "" De acordo com os dados do INE o distrito de Coimbra registou em 2021 um decréscimo populacional na ordem dos 5.0% relativamente aos resultados do censo de 2011. No concelho de Condrixa-a-Nova esse decréscimo rondou os 2.0%. Geminações. A vila de Condeixa-a-Nova é geminada com as seguintes cidades::
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Condado Portucalense
Condado Portucalense O Condado Portucalense (868 - 1143) foi um condado que surge ao longo do processo de reconquista da península ibérica pelos cristãos e que é dissolvido com a assinatura do Tratado de Zamora. Deste nome provém o atual "Portugal", pois durante a Alta Idade Média a atual Região Norte portuguesa foi denominada como Condado Portucalense, para diferenciá-la do Reino da Galiza. Houve, no actual território de Portugal, ao longo do processo de reconquista, dois governos denominados de Condado Portucalense ou Condado de Portucale. Em documentos coevos, o território denominava-se Portugália, sendo o condado fundado por Vímara Peres em 868, após a presúria aos mouros de Portucale (o Porto). A partir de finais do e com Gonçalo Mendes, os condes portugueses passaram a usar o título de duques, o que poderia indicar maior importância e maior extensão territorial. A província portugalense que correspondia sensivelmente ao Entre-Douro-e-Minho tinha inicialmente o Porto como capital, mas dada a revelia e poder dos condes de Portugal, agora duques, que ingeriam na monarquia leonesa, um deles acabou por ser regente do reino entre 999 e 1008. O condado, embora gozando de autonomia significativa, era vassalo do reino de Leão. O Condado Portucalense reemergiu, em 1096 pela mão de Henrique de Borgonha como oferta do rei Afonso VI de Leão pelo auxílio na Reconquista de terras aos mouros, a quem deveria prestar vassalagem, tendo também recebido a mão de sua filha, a infanta D. Teresa de Leão. A "Terra de Portugal" foi concedida como dote hereditário de D.Teresa. Este último condado era maior em extensão e abarcava também os territórios do antigo condado de Coimbra, suprimido em 1091, partes de Trás-os-Montes e ainda do sul da Galiza, a diocese de Tui. De notar que Condado é um termo genérico para designar o território português, já que os seus chefes eram alternativamente intitulados "comite" (conde), "dux" (duque), "princeps" (príncipe) e até "regina" (rainha). Fundação do condado. A reocupação e possível reconstrução ou fortificação de Portucale verificou-se após a "presúria" de Vímara Peres, em 868, vivendo, a partir de então, um próspero período da sua história: daí partiu toda a acção de reorganização, bem sucedida, e nalguns casos de repovoamento, para além dos limites da antiga diocese nela sediada, quer ao norte do rio Ave, quer ao sul do rio Douro. Por esta altura, o território designava-se de "Terra Portugalense" ou "Portugalia". Desta forma, o antigo burgo de Portucale deu o nome a um novo estado ibérico. Paulo Merêa refere a existência de documentos comprovadamente encontrados na província de Ourense, na Galiza, nos quais surge a referência expressa a terras situadas em "Portugal", ou seja, ao sul do rio Lima, e que então pertenciam, e vieram ainda a pertencer durante algum tempo, no âmbito da organização eclesiástica de Tui, repovoada durante o reinado de . Apenas dez anos decorridos sobre a reconquista definitiva de Portucale tivesse sido tomada a cidade de Coimbra e erigida em condado independente às mãos de Hermenegildo Guterres em 878; a sua posição de charneira entre os mundos cristão e muçulmano permitiu uma vivência de maior paz no Entre-Douro-e-Minho, se bem que a região era alvo de incursões normandas regulares. As campanhas do Almançor, em finais do , porém, fizeram recuar a linha de fronteira de novo até ao Douro e o condado de Coimbra é suprimido. Na segunda metade do , reconstituiu-se ao sul o condado de Coimbra, que incluía ainda as terras de Lamego, Viseu e Feira, sendo entregue ao conde ou alvazil Sesnando Davides, que conquistara definitivamente a cidade em 1064. Este condado viria mais tarde a ser incorporado no Portucalense. Em 1065, o Condado Portucalense e a Galiza fizeram parte do território atribuído por ao seu filho mais novo . No entanto, ele lutava por controlar o conde Nuno Mendes. Com a sua vitória em 1071, na Batalha de Pedroso, entre a cidade de Braga e o rio Cávado, onde derrota Nuno Mendes, Garcia passa a intitular-se "Rei de Portugal e Galiza" (codice_1), o Condado Portucalense é extinto dado que os herdeiros naturais, Loba Nunes e Sesnando Davides, filha e genro do conde, que tinham o direito de herdar o título, vêem boa parte dos bens confiscados por Garcia II. Pouco depois, em 1071, os seus irmãos e tomaram o reino de Portugal e Galiza, expulsando Garcia. Na primavera seguinte, Sancho, por sua vez, expulsou Afonso, voltando a juntar os três reinos, o de Leão, o de Portugal e Galiza e o de Castela. Sancho aparece identificado como rei num documento português de 1072. Com o assassinato de Sancho, mais tarde, no mesmo ano, D. Afonso VI sucedeu na coroa de Leão, que abrangia os três reinos. Portucale. A povoação que deu origem ao nome do condado, localizava-se junto à foz do rio Douro e tinha o nome de "Portus Cale". O rei visigodo Leovigildo e seus sucessores cunharam moeda com a legenda "Portucale". Forma que passou a "Portugale" em documentos do para o VIII. O topónimo que significa "Porto de Cale", que se julga ser um nome híbrido formado por um termo latino ("Portus", "porto") e outro grego (καλός, transl. "kalós", "belo"), donde qualquer coisa como "Porto Belo". Outra explicação é de que o nome derivaria dos povos de cultura castreja que habitariam a área de Cale nos tempos pré-romanos - os galaicos. Uma explicação alternativa é a de que o nome deriva da deusa venerada pela tribo e que poderia historicamente relacionar-se com a palavra "Cailleach" (definida como "deusa ancestral"), na Irlanda, numa invasão celta proveniente da Galécia e que teria nesses primórdios invadido a actual Irlanda. Uma outra teoria afirma que a palavra "cale" ou "cala", seria celta e significava "porto", uma "enseada" ou "abrigo", e implicava a existência de um porto celta mais antigo. Ainda outra teoria propõe que Cale deriva de "Caladunum". No , as "Histórias de Salústio" referem uma "Cales civitas" localizada na Galécia; Cale teria também sido conquistada por Perpena; no , no "Itinerário de Antonino", fala-se de uma povoação chamada de "Cale" ou "Calem"; no , Idácio de Chaves escreve sobre um "Portucale castrum". Embora a existência da povoação na foz do Douro durante o período romano se encontre confirmada, o mesmo não acontece para a sua localização exacta; o Paroquial Suévico de São Martinho de Dume, estudado pelo cónego Pierre David após a sua identificação pelo também cónego Avelino de Jesus da Costa, um dos nomes mais importantes da diplomacia portuguesa, refere-se, séculos depois, a um povoado que designava como "Portucale Castrum Antiquum", na margem esquerda, e outro, o "Portucale Castrum Novum", na direita. Aquando do domínio dos suevos, Portucale foi palco de vários acontecimentos, contando-se entre eles o aprisionamento de Requiário durante a invasão dos visigodos comandados por Teodorico II (457), a revolta do seu governador Agiulfo, que pretendia ser aclamado rei e foi executado, e a última batalha (585) de Andeca, último rei suevo, vencido por Leovigildo. Quando da invasão muçulmana da península Ibérica, Portucale era já, desde a segunda metade do , a sede da diocese Portucalense, e tendo por metropolita o bispo de Braga. Após a invasão, a diocese não sobreviveu, tendo sido apenas restaurada após a reconquista do Porto, em 868. Condes de Portucale. Foram condes da (nem sempre em linha recta, mas recorrendo às vezes à sucessão cognática): Casa de Borgonha. A ambição de Afonso VI de Leão reconstituiu novamente a unidade dos Estados paternos e, quando Garcia acabou por morrer, depois de preso, em 1091, os territórios na sua posse passaram para as mãos de Raimundo de Borgonha, casado com D. Urraca. A esta altura, o vigor das investidas Almorávidas recomendava a distribuição dos poderes militares, para melhor reforçar o território: um comando na zona central, entregue ao próprio rei Afonso VI, outro, não oficial, exercido por El Cid em Valência, e o terceiro a ocidente, entregue a Raimundo; este último não conseguiu defender eficazmente a linha do Tejo — tendo já perdido Lisboa, que fora cedida aos Leoneses pelo rei taifa de Badajoz, juntamente com Santarém, que estava também prestes a cair nas mãos dos Almorávidas — e essa será uma das razões que atribuem alguns historiadores modernos à decisão tomada por Afonso VI de reforçar ainda mais a defesa militar ocidental, dividindo em duas a zona atribuída inicialmente a Raimundo, entregando a mais exposta a Henrique de Borgonha. O conde D. Henrique, apoiado pelos interesses políticos clunicenses, introduz-se ambiciosamente na política do Reino, conquistando poder junto das cortes. Vendo-se na condição de subordinados ao rei, os condes ou governadores tinham amplos poderes administrativos, judiciais e militares, e o seu pensamento orientava-se, naturalmente, para a aquisição de uma completa autonomia quando, no caso português, as condições lhe eram propícias. A fim de aumentar a população e valorizar o seu território, D. Henrique deu foral e fez vila (fundou uma povoação nova) em várias terras, entre elas Guimarães, na qual fez vila de burgueses, atraindo ali, com várias regalias, muitos francos seus compatriotas. Em Guimarães fixou D. Henrique a sua habitação, em paços próprios, dentro do castelo que ali fora edificado no século anterior. Falecido o conde D. Henrique (1112), passa a viúva deste, Teresa de Leão, a governar o condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques. Em virtude do reconhecimento pelo , D. Teresa começa a intitular-se rainha em 1116-1117, mas os conflitos com o alto clero e sobretudo a intimidade com Fernão Peres, fidalgo galego a quem entregara o governo dos distritos do Porto e Coimbra, trouxeram-lhe a revolta dos Portucalenses e do próprio filho, sistematicamente afastados, por estranhos, da gerência dos negócios públicos. Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques arma-se a si próprio cavaleiro — segundo o costume dos reis — tornando-se assim guerreiro independente. Em 1128, trava-se a Batalha de São Mamede (Guimarães) entre os partidários do infante Afonso e os de sua mãe. Esta é vencida, D. Afonso Henriques toma as rédeas do condado e dá o primeiro e firme passo para a constituição do reino de Portugal. Lutando contra os cristãos do Reino de Leão e Castela e os muçulmanos, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitória contra os mouros na Batalha de Ourique, em 1139. Passou a intitular-se "rei dos Portugueses" a partir de 1140, e com o Tratado de Zamora de 1143 veria o seu poder legitimado. A Independência de Portugal inicia-se com a sua primeira dinastia, sendo coroado D. Afonso I.
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Carta apostólica
Carta apostólica Sob a denominação de carta apostólica pode-se compreender duas espécies de documentos emitido pelo papa: "Epistola Apostolica" e "Litterae Apostolicae". A primeira trata de matéria doutrinária, de carácter menos solene que a encíclica. O documento é dirigido aos bispos e, por meio deles, a todos os fiéis. Exemplo: "Mulieris Dignitatem" (papa João Paulo II, 15 de agosto 1988) sobre a dignidade e vocação da mulher. Esse tipo de documento pode conter algo de doutrinariamente definitivo, como a "Ordinatio Sacerdotalis" (papa João Paulo II, 22 de maio de 1994) sobre a ordenação sacerdotal reservada somente a varões. A segunda espécie ("Litterae Apostolicae") é usada para vários outros assuntos: constituição de santos padroeiros, promoção de novos beatos, normas disciplinares, etc.