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Meu Coronel / Mon Colonel <END> Anotação em 2008: <END> Um coronel reformado do Exército francês, DuPlan, é assassinado em sua casa, uns 20 e tantos anos depois da guerra da Argélia. <END> As investigações do Exército – a cargo de uma jovem tenente, Galois (Cécile de France, essa gracinha, muito bem no papel), são facilitadas, ou talvez também complicadas, por uma série de cartas que chegam em pacotes aos investigadores, enviadas por alguém que fica no anonimato. <END> À medida em que a tenente Galois vai lendo as cartas do tenente Rossi, o filme vai mostrando os relatos dele em flashbacks. <END> No final do filme, o veteraníssimo Charles Aznavour, em uma de suas muitas atuações no cinema, aparecerá num papel pequeno mas fortíssimo, marcante, como o pai do tenente que sofreu nas mãos do coronel na Argélia. <END> O grego cineasta do mundo Costa-Gavras, este sinônimo de cinema político desde os anos 60, fez o roteiro do filme juntamente com Jean-Claude Grumberg, assim como havia feito em seus dois últimos filmes, Amém/Amen, de 2002, e O Corte/Le Couperet, de 2005, mas a direção ficou a cargo desse Laurent Herbiet, em sua estréia na função – nascido em 1961, Herbiet tinha longa carreira como assistente de direção e diretor de segunda unidade.
Meus Tios Heróis / Unstrung Heroes <END> Anotação em 1997: <END> O peso da tristeza que paira na casa, e o mau humor constante do pai, ajudam para que o garoto opte por se refugiar na casa dos dois tios, irmãos do pai. <END> O distanciamento entre o garoto e o pai vai aumentando, até o ponto de ruptura.
Circuito Fechado / Closed Circuit <END> O tema de Circuito Fechado – fascinante drama politico inglês lançado em 2013 – é um ataque terrorista ocorrido em Londres, obra, segundo todos os indícios, de radicais muçulmanos. <END> É preciso ser uma democracia consolidada, avançada, estável, tranquila, para que haja um filme como este Closed Circuit, escrito por Steven Knight e dirigido por John Crowley, com um elenco que inclui o australiano Eric Bana, os ingleses Rebecca Hall e Jim Broadbent, o irlandês do Ulster Ciarán Hinds e a americana Julia Stiles. <END> Não é um filme fácil, que agrade a todas as platéias, de forma alguma. <END> O roteirista e o diretor não procuram facilitar muito a vida do espectador, em especial os não britânicos. <END> Não vai aí, nessas afirmações, qualquer crítica – são apenas constatações. <END> O ministro da Justiça é duramente questionado em entrevista na TV <END> Na abertura do filme – nada menos que brilhante –, há uma absurda concentração de informações, capaz de deixar o espectador um tanto zonzo. <END> Começa com a tela dividida em duas, duas imagens diferentes. <END> Rapidamente passam a ser quarto imagens diferentes. <END> Enquanto isso, vão rolando os créditos iniciais. <END> Logo são 12 imagens, captadas por 12 câmaras de segurança diferentes. <END> Uma explosão – todas as 15 câmaras agora mostram apenas poeira. <END> Chegam carros de polícia, equipes de resgate. <END> Os créditos iniciais continuam rolando, enquanto vemos tropas especiais da polícia – tipo tropa de choque, tipo SWAT – invadindo uma casa simples, um depósito. <END> Um advogado é nomeado para a defesa de Erdogan – Simon Fellowes (James Lowe). <END> Os créditos iniciais ainda estão rolando. <END> O Attorney General está na defensiva ao falar do julgamento de Farroukh Erdogan, o único suspeito vivo do atentado que matou mais de cem pessoas: – "Em casos de terrorismo, há circunstâncias em que revelar provas em julgamento aberto prejudicaria ações presentes e futuras (das investigações)." <END> John Humphreys, o entrevistador: – "Mas provas cruciais da promotoria serão escondidas da defesa. <END> O Attorney General: – "O acusado será completamente representado." <END> O entrevistador: – "Mas não pelo seu próprio advogado!" <END> O Attorney General: – "Na audiência aberta, diante do júri, ele terá seu próprio advogado. <END> O entrevistador insiste: – "Há margem para dúvidas." <END> O Attorney General: – "O processo judicial neste país é, e continuará sendo, justo e transparente." <END> As legendas traduzem Attorney General por procurador-geral. <END> E é apenas quando o ministro da Justiça interpretado por Jim Broadbent diz com a maior firmeza do mundo a frase "O processo judicial neste país é, e continuará sendo, justo e transparente" é que terminam os créditos iniciais do filme. <END> Os dois protagonistas vão fazer a defesa do turco acusado pelo atentado <END> Soterrado por tanta informação num período de tempo exíguo – não mais que os primeiros 5 dos 96 minutos de bom cinema –, o espectador poderá respirar rapidamente enquanto vê uma tomada aérea de Londres, o Tâmisa recortando aquela paisagem maravilhosa, a Tower Bridge na parte de baixo da tela, as pontes a montante, a Oeste, situadas mais para cima da tela. <END> Um letreiro indica: <END> O personagem interpretado por Eric Bana pára para respirar exatamente ao lado das Houses of Parliament. <END> Corta, e Martin Rose está numa igreja em que se celebra a homenagem fúnebre a Simon Fellowes, o advogado de defesa do acusado do ataque terrorista, Farroukh Erdogan. <END> À saída da cerimônia religiosa, o ministro da Justiça, que também estava presente, procura Martin Rose para uma conversa; Martin será o substituto do falecido Fellowes na defesa do turco acusado de promover o atentado que matou mais de cem inocentes. <END> A advogada escolhida como defensora especial de Erdogan, nas sessões fechadas do tribunal, sem imprensa, sem júri, sem populares, é Claudia Simmons-Howe (o papel de Rebecca Hall). <END> O espectador é informado de cara de que Martin e Claudia tiveram um caso no passado. <END> O complexo sistema jurídico britânico exige, naquele caso específico, que o advogado de defesa de Erdogan – Martin – e sua defensora especial – Claudia – não troquem informações sobre o caso. <END> A partir daqui, spoilers. <END> Por essa descrição acima, o eventual leitor que não tiver visto ainda o filme poderá imaginar que Circuito Fechado de fato despeja muita informação sobre o espectador já nos primeiros 15, 20 minutos. <END> E é bem verdade. <END> Porém, quando o filme está aí com 25, 30, 35 minutos, há uma grande reviravolta. <END> Muito provavelmente todas as sinopses do filme abrem as informações que virão a seguir, mas eu tenho estado cada vez mais paranóico com essa coisa de spoiler. <END> As informações vão se somando, Martin Rose vai juntando os pontos da trama – e conclui que, na verdade, Farroukh Erdogan trabalhava para o MI6, o serviço secreto britânico, a CIA do Reino Unido. <END> Condenar o uso de métodos sujos na guerra contra o terrorismo já é, em si, uma posição controvertida. <END> No próprio filme, quando a narrativa já se aproxima do fim, um agente da MI6 diz para Claudia, enquanto tenta sufocá-la: <END> É extremamente difícil, mesmo numa sociedade avançada, civilizada, defender a postura – moralmente correta, juridicamente, humanamente, todos os mente possíveis correta – de que o crime, mesmo o terrorismo, tem que ser combatido dentro das normas do Direito, da Justiça, ou então o Estado que o combate passará, ele mesmo, a ser fora da lei. <END> Tem ficado cada vez mais difícil, após cada golpe aplicado pelos radicais, pelos fundamentalistas muçulmanos. <END> Circuito Fechado defende essa postura, contra a opinião de provavelmente a maioria das pessoas hoje em dia. <END> Mas vai ainda além. <END> É um belo, corajoso filme. <END> Uma atriz excelente, um diretor novato, um roteirista veterano <END> Uma palavrinha sobre Rebecca Hall. <END> A cada filme que vejo com ela, cresce minha admiração. <END> Rebecca Hall é a prova de que o talento não precisa necessariamente de vir acompanhado de imensa beleza. <END> Ela faz de Claudia Simmons-Howe um personagem fascinante. <END> Roteirista e diretor souberam muito bem manter a tensão crescente entre os dois protagonistas, Claudia e Martin – a tensão diante de toda o caso jurídico e político complexo, difícil, apavorante, em que mergulham, e diante do reencontro após uma paixão que visivelmente ainda não se apagou. <END> John Crowley, o diretor, é um garotão que deve estar beirando os 40 anos. <END> Steven Knight, o roteirista, é mais veterano, nasceu em 1959, e tem 26 títulos como roteirista. <END> É isso aí: um bom filme. <END> […] Ilhas Britânicas, todos os três – o veterano Alan Rickman, um londrino, a jovem e maravilhosa Rebecca Hall, igualmente londrina, e mais o garotão Richard Madden, escocês de uma cidadezinha chamada […]
Polícia, Adjetivo / Politist, Adjectiv <END> Anotação em 2010: <END> Isto é o que diz Polícia, Adjetivo, filme de Corneliu Porumboiu, o mesmo autor do fascinante A Leste de Bucareste. <END> É um filme em tudo por tudo extraordinário, nas acepções fundamentais da palavra – fora do comum, excepcional, raro, singular, notável. <END> São várias as características básicas com que ele conta sua história. <END> Terceiro: como nos filmes do Dogma 95 dos dinamarqueses, não há música. <END> Quarto: não há close-ups de nada, de ninguém. <END> Mas minto: em duas seqüências, bem no final do filme, no ápice do drama, haverá dois close-ups. <END> Um jovem policial honesto, sem provas contra o suspeito <END> Esta é a trama básica deste filme estranho e fascinante, às vezes exasperante: <END> Um jovem policial de uma pequena cidade romena, Cristi (Dragos Bucur), é encarregado de fazer a vigilância de um estudante, Victor, que havia sido denunciado como usuário e traficante de droga. <END> Quando o filme está ali com dez minutos, Cristi faz uma manobra arriscada: passa por cima de seu chefe e vai falar com o procurador que cuida do caso. <END> A velha fórmula de toda polícia incompetente, de todo Estado policial, que todos nós, no mundo inteiro, conhecemos tão bem – certo? <END> Pois então o jovem policial Cristi vai ao procurador, quando o filme está aí com uns dez minutos. <END> O procurador não quer saber: sugere a Cristi que faça o flagrante. <END> O procurador contra-argumenta que não serão sete anos: depois de três anos e meio, o garoto será libertado: <END> – "Foi você que pôs o baseado na boca dele? <END> E Cristi: – "É uma lei bem ruim." <END> – "Cristi, você não tem competência para falar de lei." <END> Um brilho de panfletaço contra o Estado forte, inchado, incompetente <END> Então é isso: além de fazer um panfletaço firme, forte, violento, contra o Estado policial, contra a burocracia infernal, contra o serviço público que – na falta de promoções por mérito e de demissões por incompetência ou corpo mole – incentiva a letargia dos funcionários, o diretor Corneliu Porumboiu faz uma crítica virulenta à forma como muitos governos tentam combater a praga das drogas. <END> Não é pouca coisa. <END> Como vingança contra o realismo socialista, a farsa, o fantástico <END> Dois outros filmes fascinantes feitos em países que emergiram das cinzas após o desmoronamento do império soviético me impressionaram por seu clima anti-naturalista, selvagemente surreal. <END> Em Casamento Silencioso/Nunta Muta, feito em 2008 na própria Romênia, a narrativa do diretor Horatiu Malaele passeia pelo paranormal, vê fantasmas, bota os atores para atuar como em um teatro farsesco, faz um surrealismo que deixaria Fellini humilhado de inveja. <END> Esses dois filmes me deixaram com a sensação de que, depois de muitas décadas de realismo socialista, aquela coisa horrorosa imposta pela ditadura comunista para enaltecer a pátria, o patriotismo, o valor do operariado, blábláblá, os diretores Nana Djordjadze e Horatiu Malaele resolveram se vingar, partindo para o realismo fantástico mais absurdo que se pudesse imaginar. <END> Como numa repartição, esperando que o funcionário se digne a nos atender <END> Já o romeno Corneliu Porumboiu não vai por aí. <END> É extraordinária, chocante, por exemplo, a seqüência em que um exaurido Cristi chega em casa, após um duro dia de trabalho, e sua jovem mulher, Anca (Irina Saulescu), está na ínfima salinha do apartamento ouvindo música no YouTube. <END> Cristi sequer vai até Anca para dar um beijo de boa noite. <END> Acaba a canção. <END> Epa, mas então há um erro aqui: lá mais pra trás tinha sido dito que o filme não tem música. <END> Não, não é um erro. <END> Um detalhezinho: a Waldick Soriano romena que inferniza o jantar do pobre Cristi chama-se Mirabela Dauer. <END> Mas haverá ainda uma outra tomada mais longa e mais exasperante do que essa que descrevi. <END> A tomada dura uns cinco minutos. <END> Na Romênia assim como no triste Brasil de hoje <END> Evidentemente, não dá para deixar de falar das proximidades óbvias entre o que filme mostra e o que nós, brasileiros, vivemos.
Imitação da Vida / Imitation of Life <END> Anotação em 2010: <END> Tinha visto o filme quando bem garoto, aos 13 anos (foi no dia 4 de setembro de 1963, no Cine Candelária, na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte, segundo conta meu primeiro caderninho de cinema), e ele me impressionou demais. <END> É, ainda hoje, um filme poderoso. <END> Há diversos momentos do filme que fazem lembrar novela de TV, ou seriado ruim de TV. <END> Nada, em princípio, contra a TV. <END> Imitação da Vida me pareceu hoje o exemplo de uma fórmula velha de fazer novela de TV. <END> Muitos anos na vida de pessoas não especialmente fascinantes <END> Talvez a responsabilidade maior seja de Fannie Hurst, do romance de Fannie Hurst no qual o filme se baseia. <END> Acho que seria importante falar de Fannie Hurst, mas, para que esta anotação fique um pouquinho mais compreensível, é preciso falar primeiro da trama, da história. <END> Imitação da Vida (o filme; não li o livro) conta a história de duas mulheres, duas mães sem marido que criam sozinhas suas filhas, na Nova York dos anos 40 e 50. <END> Momentos específicos, momentos decisivos, momentos cruciais costumam dar boas narrativas, bons filmes. <END> Narrativas sobre muitos anos ao longo da vida de personagens que não são especialmente fascinantes, especiais, em geral precisam de autores mais próximos do genial, do brilho. <END> Então, Imitação da Vida acompanha as trajetórias de Lora (Lana Turner) e de Annie (Juanita Moore), desde o momento em que elas se conhecem, numa praia de Conney Island, em 1947, até 1958, ou ainda além. <END> Lora tinha trabalhado como atriz em sua cidadezinha do interior, e sonha em se firmar na cidade mais competitiva do mundo; Annie não tem onde cair morta. <END> Os anos vão se passar; eventualmente Lora vai se transformar numa famosa atriz de teatro e depois de cinema. <END> Não há propriamente um grande drama, uma grande história – ou quase. <END> "Tudo vira um drama", exclamou do meu lado a Mary, que, ao contrário de mim, não tinha visto Imitação da Vida quando era criança ou adolescente. <END> Talvez esta seja a melhor definição do filme. <END> Personagens que não são especiais em absolutamente nada – a não ser pela fantástica capacidade de transformar tudo, cada pequena ou grande adversidade, em drama. <END> Quando tudo é drama, é difícil realçar do que é de fato terrível <END> Na verdade, de fato, a rigor, existe, sim, um grande drama, em Imitação da Vida. <END> O grande drama de Imitação da Vida é que Sarah Jane, a garotinha filha de Annie, tem a pele branca, mas Annie é negra, e, pela lógica perversa da sociedade americana do passado, quem tem uma gota de sangue negro é negro, mesmo que sua pele seja branca. <END> É a mesma lógica perversa usada hoje no Brasil racialista do lulo-petismo para definir as pessoas: quem tem uma gota de sangue negro e se declarar negro merece uma ajudazinha, um descontinho na hora de fazer o vestibular, na hora de arranjar um emprego. <END> Mas vamos em frente. <END> A pele de Sarah Jane é branca, mas ela tem vergonha de ser negra, de sua mãe ser negra. <END> E isso quando ela é criança. <END> Imitação da Vida me pareceu hoje um filme menor, envelhecido, datado, em grande parte porque ele não se define claramente. <END> Quando tudo, absolutamente tudo, é drama, não se consegue realçar o que é realmente dramático. <END> A denúncia do racismo, essa doença infernal, das piores que a humanidade teve o talento de inventar, se perde entre tanto drama dos personagens do filme – gente que não consegue viver sem transformar tudo em drama. <END> Uma das cenas mais violentas, mais fortes, mais impressionantes de Imitação da Vida, da qual eu me lembrava perfeitamente, que tinha me marcado para sempre, agora me pareceu improvável. <END> Uma curiosidade: nessa seqüência impressionante a que me refiro, o agressor, o brutamontes racista, idiota, é interpretado por Troy Donahue. <END> É um filme pró-mulher, e por isso até avançado para a época <END> Sim, Imitação da Vida é um filme pró-mulher, um filme feminista, um filme até avançado, se considerarmos a época em que foi feito e a época que ele retrata. <END> Avançado, progressista, pra frente no desenho da vida independente dos machos de Lora, o filme no entanto se mostra atônito e atonitamente perdido ao discutir o racismo, a questão mais importante que ele mesmo levanta. <END> Dois romances de Fannie Hurst viraram dramalhões da Universal <END> Fannie Hurst. <END> Imitação da Vida 1959 e Esquina do Pecado 1961 tiveram, além do mesmo bonitinho e ruinzinho John Gavin no principal papel masculino, o mesmo produtor, Ross Hunter, no mesmo estúdio, a Universal. <END> Imitação da Vida tem Lana Turner, Esquina do Pecado tem Susan Hayward – duas grandes atrizes da época de ouro de Hollywood, do cinema dos estúdios. <END> Gostaria de rever Esquina do Pecado – deve ser uma gigantesca droga, mas gostaria. <END> O diretor David Miller, que fez Esquina do Pecado, é quase um joão-ninguém, um nada, acho. <END> Um autor voltado para a família, que é onde acontecem as maiores tragédias <END> Douglas Sirk na verdade era Hans Detlef Sierck, filho de pais dinamarqueses nascido em Hamburgo em 1900. <END> Fico aqui achando com meus botões que, de alguma maneira, o dinamarquês-alemão-americano Douglas Sirk deve ter procurado o seu colega Luchino Visconti – italiano e homossexual, conde e marxista – para discutir sobre família e decadência moral. <END> Não quis ficar no país onde se refugiou. <END> "Romances que não vão durar dez anos" <END> Sobre a escritora Fannie Hurst, 1889-1968, vejo agora uma frase atribuída a F. Scott Fitzgerald, 1896-1940 – e as datas são chocantes. <END> Não sei se o grande, maravilhoso, fraco, bêbado, auto-destrutivo, genial, brilhante, tão apaixonado pelos ricos e por todo o glamour besta da vida vã, tão grande e tão bobo Francis Scott de fato falou a frase, mas que ela é boa, é. <END> Pobre, grande Francis Scott. <END> Alguém hoje procuraria um livro de Fannie Hurst para ler? <END> 10 Comentários <END> Eu sou fã, fã de filmes com um leve odor de naftalina. <END> O que é um filme datado? <END> Cara Marilza, "Datado", segundo meu Dicionário Unesp de Português Contemporâneo, significa "com data", "com data específica", "marcado com a data de fabricação". <END> O "Imitação da Vida" que vi nesta madrugada foi o original de 1934 de J.Stahl,com a Claudette Colbert.Pôxa!Como foi bom rever esta atriz,fazia anos e anos que não via um filme com ela.Gostei muito e,não sei se iría gostar o mesmo desse de 1959 porque não vou assisti-lo. <END> revendo matérias ecritas sobre esse filme e revendo também o filme, me deparo com uma bobagem tão grande escrita aqui. <END> Acabo de assistir ao filme pelo primeira vez. <END> […] Ao lado do prédio onde moram os Prestons, há uma obra – um prédio novo está sendo construído. <END> […] fosse assinado por uma Fannie Hurst, que teve vários de seus livros transformados em filmes – Imitação da Vida, feito em 1934 com Claudette Colbert e refeito em 1959 com Lana Turner no papel central, Acordes do […]
Vidas Separadas / Separate Tables <END> Anotação em 1996:, com acréscimo em 2008 Uma boa surpresa. <END> Há o major inglês que vive contando histórias da Segunda Guerra, e que, descobre-se no fim, é um impostor (David Niven); o escritor americano levemente alcoólatra, meio perdido (Burt Lancaster), que corteja a severa dona do hotel inglês à beira mar (Wendy Hiller), mas é alcançado lá pela ex-mulher, de beleza esplendorosa mas já começando a fenecer, rica e chantagista (Rita Hayworth). <END> Um grande elenco, e estão todos excepcionais. <END> O filme é datado, sim. <END> O CineBooks tem boa resenha, como sempre. <END> Um Comentário <END> Um bom filme.
A Voz do Meu Coração / Grace of My Heart <END> Anotação em 1998, com complemento em 2008: <END> Mary achou o filme na 2001 pelos atores e pelo fato de que Martin Scorsese é o produtor executivo. <END> É a história de uma compositora e cantora pop, uma singer-songwriter que mistura elementos de Carole King e de Joni Mittchell; os personagens são fictícios, mas todas as situações são familiares para quem acompanha alguma coisa da música pop americana entre 1957 e 1970. <END> O personagem de Illeana Douglas chama-se Edna Buxton. <END> Há um corte, e estamos em Nova York 18 meses mais tarde. <END> Eventualmente, o demo que ela grava com sua primeira composição chega às mãos de um empresário judeu (bem interpretado por John Turturro, com uma barbicha ridícula e um sotaque que me pareceu perfeito). <END> Também eventualmente, ela vai conhecer um outro compositor (Eric Stoltz), um personagem interessante, comunista ferrenho, que se propõe a formar uma dupla com ela; vivem juntos, até ela engravidar e eles se casarem; sabemos todos, espectadores e personagens, que ela tem mais talento do que ele. <END> Eles trabalham no Brill Building, o prédio da Tin Pal Alley, o lugar onde, no final dos anos 50 e começo dos anos 60, diversos empresários alugavam salas onde compositores se dedicavam a criar sucessos. <END> Também eventualmente, ela o descobrirá na cama com outra mulher, e eles se separarão. <END> O filme vai mostrando toda a trajetória do personagem. <END> Para mim, desde o início pareceu uma trajetória muito semelhante à de Carole King; como essa Denise Waverly, Carole King trabalhou no Brill Building, casou-se com o parceiro Gerry Goffin; escreveu muitos sucessos para conjuntos vocais com nomes parecidos com The Sheirelles; e exatamente em 1970 conseguiu gravar seu primeiro LP como autora (Writer; Tapestry veio um ano depois, e é um dos álbuns mais vendidos da história). <END> O filme é fascinante nessa coisa de criar personagem fictício a partir de dados da realidade da música pop. <END> Mas é também, mesmo para quem, ao contrário de mim, não tem tanta ligação com a música pop, um belo filme sobre a trajetória sofrida de uma mulher determinada, que enfrenta diversas barras pesadas até finalmente conseguir realizar o que pretendia. <END> Ah, sim. <END> Illeana Douglas (nada a ver com Kirk e Michael), essa moça talentosa, de beleza estranha e olhos gigantescos, nasceu em 1964; é de alguma forma apadrinhada pelo Scorsese, produtor executivo deste filme; fez ponta em Última Tentação de Cristo, tem uma pequena parte em Cabo do Medo (é a funcionária que é seduzida, violentada e morta pelo personagem de Robert De Niro). <END> A participação especial, não creditada na apresentação, de Bridget Fonda é fantástica.(Nem Mary nem eu percebemos que era ela; só no final, na apresentação da lista do elenco, foi que vimos.) Prova, mais uma vez, que essa moça tem tantas caras quantas ela quiser. <END> E o pai de Bridget, Peter, participa dando a voz ao guru a quem Denise procura quando perde o marido. <END> Ileanna Douglas, como disse lá em cima, eu veria depois deste filme em diversos outros; a diretora Allison Anders aparentemente não teve uma carreira à altura do talento que demonstrava aqui; ficou mais voltada para a TV; dirigiu, por exemplo, entre 1999 e 2000, quatro episódios da série Sex and the City. <END> A Voz do Meu Coração/Grace of My Heart <END> De Allison Anders, EUA, 1996. <END> Com Illeana Douglas, John Turturro, Matt Dillon, Eric Stoltz e, em participação especial só creditada no final, Bridget Fonda
Enigma do Espaço / The Astronaut's Wife <END> Anotação em 2006, com complemento em 2008: <END> Há atrizes que deveriam trabalhar mais; parecem tão exigentes que acabam trabalhando pouco e nos privando de vê-las mais. <END> O astronauta Spencer Armacoust estava em uma missão quando de repente perdeu contato. <END> O iMDB traz ao menos uma boa notícia.
O Maior Amor do Mundo <END> Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> Acho que foi na história, frouxa, talvez por ser pretensiosa demais, querendo tratar de diversos temas fortes, pesados, ao mesmo tempo. <END> José Wilker, voltando a trabalhar com Cacá 27 anos depois do excepcional Bye Bye Brasil, faz o papel de Antônio, um respeitado astrofísico que trabalha nos Estados Unidos e viaja ao Rio para receber uma homenagem. <END> Antônio chega de volta a seu país logo após saber que tem um tumor no cérebro e pouco tempo de vida. <END> Numa entrevista à Folha de S. Paulo na época do lançamento do filme, Cacá Diegues disse: <END> E também: <END> Cacá diz ainda que tentou demonstrar, com este filme – o 16º de uma carreira respeitável, sólida, uma das melhores do cinema brasileiro -, que, "num estado social de esgarçamento das relações a um ponto de extrema miséria, a ética é outra. (…) Reconheço que O Maior Amor do Mundo não está muito no mainstream do cinema brasileiro. <END> Sim, porque Cacá diz que seu filme quis dizer duas coisas simultaneamente: <END> Acho estranho Cacá dizer que seu filme não é pessimista. <END> Caro Walter, estas são as músicas da trilha sonora do filme.
Cantinflas – A Magia da Comédia / Cantinflas <END> O cinema mexicano homenageou o mais popular de seus atores com uma superprodução cara, luxuosa, com um jeitão hollywoodiano – e que dá uma imensa importância a Hollywood. <END> A cinebiografia Cantinflas, dirigida por Sebastian del Amo, ele também um dos dois autores do roteiro, lançada em 2014, mostra diversos episódios da vida de Mario Moreno (1911-1993), o criador da persona Cantinflas, adorada por gerações e gerações não apenas de mexicanos, mas de todos os países de língua espanhola, desde sua juventude, em 1931, em Veracruz, até o auge do sucesso e da fama. <END> O filme começa com um programa da TV mexicana em que os apresentadores falam sobre os filmes que parecem sérios candidatos aos Oscars na cerimônia a ser realizada em 1957 – os filmes, portanto, lançados em 1956. <END> E então surge um letreiro informando que estamos em Los Angeles, 1955. <END> Vemos Mike Todd (interpretado por Michael Imperioli) visitando o escritório do agente de ninguém menos que Elizabeth Taylor (interpretada pela uruguaia de nascimento radicada no México desde criança Bárbara Mori, uma moça de beleza espantosa, na foto). <END> Não se pode negar que Mike Todd sabia fazer as coisas. <END> Ao sair do encontro e entrar no carro que o esperava, Todd comenta com seu secretário particular que achava que Liz Taylor tinha topado – mas eles teriam que arranjar uma limousine. <END> O ator que faz Cantinflas de fato tem uma semelhança incrível com o astro <END> E aí corta, e um letreiro informa que estamos em Veracruz, México, em 1931. <END> Veremos então que, por acaso, por pura sorte, por causa de um acontecimento fortuito, Mario Moreno, contratado como faz-tudo da tenda – varredor, faxineiro, expulsador de bêbado inconveniente, tomador de conta da filha do patrão para evitar assédio dos frequentadores – terá uma oportunidade de aparecer no palco. <END> Entre os espectadores estava um rapaz chamado Estanislao Shilinsky (Luis Gerardo Méndez, à esquerda na foto), ele mesmo um ator em uma tenda – bem maior e melhor do que aquela – na Cidade do México. <END> Algum tempo depois, Mario Moreno está na Cidade do México, e resolve procurar Shilinsky. <END> O roteiro do diretor Sebastian del Amo e Edui Tijerina alterna, ao longo de toda a narrativa, as duas épocas e os dois assuntos diferentes: as andanças de Mike Todd em Los Angeles para conseguir dar início à produção de A Volta ao Mundo em 80 Dias, e a carreira de Mario Moreno ao longos dos anos, até chegar exatamente aos contatos com o produtor americano e as filmagens da grande aventura. <END> Uma das grandes qualidades do filme, uma sorte imensa que os realizadores tiveram, é o ator que interpreta Mario Moreno, Óscar Jaenada. <END> O personagem criado por Mario Moreno tem muito do Carlitos de Chaplin <END> Pelo que o filme mostra, foi ainda no teatrinho mambembe em que trabalhava ao lado da namorada Valentina, da irmã dela, Olga (Gabriela de la Garza), e de Estanislao Shilinsky, que Mario Moreno teve a idéia de criar Cantinflas, a persona que o catapultou para a fama. <END> Cantinflas tem muito a ver com o Vagabundo criado por Charlie Chaplin. <END> Tem aquele bigodinho ridículo, cortado ao meio, usa umas roupas velhas, andrajosas, e – o detalhe fundamental, a marca registrada – tem a mania de usar as calças bem abaixo da cintura. <END> Sobretudo, Cantinflas fala muito. <END> Cantinflas me faz lembrar… Posso estar absolutamente errado ao fazer essa comparação, mas é o que eu acho: <END> Nos anos 50, Mario Moreno ganhava uma vez e meia o salário de Liz Taylor <END> O filme se detém bastante no início da carreira, para em seguida mostrar, em pinceladas um tanto rápidas, a ascensão meteórica de Mario Moreno, primeiro via teatro, e logo em seguida pelo cinema. <END> Pelo que o filme mostra seguidas vezes (e isso seguramente deve ser verdade), Mario Moreno não era de decorar falas, de seguir o que estava escrito no roteiro. <END> Essa característica explica por que passou muito rapidamente a dirigir a si mesmo – os diretores de seus filmes cuidavam de todo o resto, menos do astro, que fazia o que bem entendia. <END> Sua filmografia como ator tem 51 títulos. <END> Ficou milionário. <END> Cantinflas, o filme, mostra bem como ele foi enriquecendo, e tornando-se uma figura fundamental no cinema mexicano. <END> Ao mostrar o desgaste do casamento com Valentina (na foto, Ilse Salas, que a interpreta), à medida em que ele ficava mais rico, mais famoso, mais influente e mais cercado por belas mulheres, como a atriz Miroslava Stern (Ana Layevska), o filme tem momentos de novelão mexicano – e aí, nada melhor que um bom bolero de Agustín Lara ao fundo. <END> Agustín Lara, aliás, aparece no filme, assim como o pintor Diego Rivera e diversos dos grandes atores mexicanos da época, como Pedro Armendáriz e Dolores Del Rio. <END> A Charlie Chaplin, os roteiristas Edui Tijerina e Sebastian del Amo deram uma participação importante na história. <END> Uma figura, esse Mike Todd, que o filme mostra como um sujeito de vontade férrea, porém um tanto inocente, um tanto bobo. <END> Cantinflas foi escolhido pela Academia Mexicana para representar o país na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. <END> Então, em suma, é assim: não é um grande filme, este Cantinflas. <END> Mas são defeitinhos. <END> Não é o tipo de filme que me animo a ver, principalmente pelos detalhes que você falou das roupas todas novas (a gente percebe até pelas fotos que é tudo limpo, bonito e arrumado demais, uma coisa que eu critico sempre no cinema americano), da superprodução pendendo para uma coisa hollywoodiana etc. <END> De todo modo, viva o "México Lindo Y Querido"! <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
VISÃO DO MERCADO <END> Os shopping centers sempre foram vistos como grandes centros de compras, um verdadeiro cenário da vida dos brasileiros. <END> Com a grande concorrência de empresas e organizações, o marketing tem um papel fundamental para melhor orientar os estabelecimentos no seu planejamento e influenciar os consumidores a adquirirem suas marcas e produtos ao invés dos concorrentes. <END> O marketing atua nas áreas referentes às relações de trocas e o conceito de troca está diretamente ligado ao conceito de mercado, onde um possível grupo de compradores com necessidades e desejos estão determinados a realizá-los. <END> Entretanto, é preciso encaminhar de uma maneira eficiente os produtos até os compradores finais através dos canais de distribuição, escolhendo aqueles que possam vender seus produtos nos locais corretos e no tempo certo. <END> Todos os meses, 329 milhões de pessoas passam pelos 408 shopping centers em operação atualmente no Brasil. <END> O que mais chamou a atenção foi a grande virada dos shoppings, que deixaram de ser simples centros de compras para se tornarem centros de inovação, entretenimento, tecnologia e construção de reputação de marca. <END> O espaço do shopping virou mídia, com enorme potencial de contato a ser explorado e que é pouco conhecido. <END> Nos domingos à noite, as lojas estão fechadas e, mesmo assim, os shoppings permanecem lotados. <END> Nesse sentido, estudamos 3 dimensões da comercialização de lojas e produtos em um centro de compras:
O Mistério da Viúva Negra / Black Widow <END> Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> Foi este filme que me fez me apaixonar pela Debra Winger, essa atriz talentosíssima que deveria ter feito muito mais filmes. <END> Debra Winger está absolutamente extraordinária como Alex, uma agente do FBI workaholic, sem vida pessoal, desleixada com sua própria aparência, solitária, obcecada em comprovar que têm conexão casos de milionários mortos – que eles na verdade foram assassinados pela mesma mulher, a viúva negra do título, interpretada pela bela e sensual Theresa Russell. <END> A obsessão vira inveja e ao mesmo tempo quase uma paixão pela assassina, quando as duas se encontram, no Havaí, e acabam disputando o mesmo homem, o milionário que seria a vítima seguinte (Sami Frey). <END> O filme já valeria única e exclusivamente pela interpretação de Debra Winger. <END> As cenas no Havaí são ótimas, num cenário deslumbrante, belíssimo, e variado (o filme mostra muito a vegetação exuberante do interior das ilhas, e também a região vulcânica da maior das ilhas, a do Havaí propriamente dito, além das praias maravilhosas). <END> E é sensacional a transformação visual de Alex depois que ela se aproxima de Catherine Petersen, a viúva negra; incentivada pela assassina que ao mesmo tempo persegue, odeia, inveja e deseja, a policial desleixada de antes vira uma mulher linda, chiquérrima, atraente. <END> Outra qualidade é a escolha do tipo de narrativa, que é o anti-Agatha Christie, o anti-quem-foi-que matou, o anti-whodunit. <END> É dureza, viu, Renata?
A Onda / Die Welle <END> Anotação em 2009: <END> E, logo nos créditos iniciais, há o aviso: <END> A ação se passa ao longo de uma semana apenas, nos dias de hoje, em um cidade da Alemanha – o filme não explicita qual é, ou seja, pode ser qualquer uma. <END> Haverá uma semana dedicada a um trabalho especial, temático, e Rainer Wenger quer pegar o estudo sobre anarquia, que ele conhece bem. <END> Os alunos podem escolher o tema sobre o qual trabalhar. <END> Wenger acha aí um mote para o curso que vai dar. <END> Logo depois virão outros sinais. <END> Na quarta-feira as coisas já estarão totalmente fora do controle de Wenger. <END> Diálogos sensacionais <END> Os diálogos todos – dos alunos fora da classe, entre eles, com os pais, em suas casas, mas sobretudo, os diálogos na sala de aula – são bem feitíssimos, sensacionais. <END> Em alguns momentos, o filme lembra, e muito, o extraordinário e também recente Entre os Muros da Escola – a recriação do clima da sala de aula, os diferentes tipos dos alunos, tudo é uma riqueza fascinante, como no filme do francês Laurent Cantet. <END> Paralelamente, o filme vai nos mostrando as personalidades de alguns dos alunos da turma, de uns seis ou oito. <END> E, à medida que os acontecimentos vão se precipitando, criando uma dinâmica própria, até mesmo a ótima relação do professor Wenger com sua mulher grávida, Anke (Christiane Paul), ela também professora da mesma escola, vai ser abalada. <END> Com brilho, o roteirista Peter Thorwarth e o diretor Dennis Gansel vão traçando e trançando as histórias pessoais de alunos e professores com a história do grupo A Onda. <END> Questões importantes sobre as quais devemos pensar <END> É de tirar o fôlego, de assustar, de levantar questões, de pôr o espectador para pensar sobre todo aquele turbilhão de informações importantes sobre um tema da maior relevância. <END> Todo o elenco está sensacional – os garotos são fantasticamente bem dirigidos, e esse Jürgen Vogel dá um show. <END> O diretor Dennis Gansel demonstra segurança, maturidade. <END> A coisa do "baseado em uma história real" impressiona. <END> Uma história bem parecida com a do filme aconteceu na realidade, mas foi em Palo Alto, na Califórnia, na segunda metade dos anos 60. <END> A experiência foi retratada numa reportagem de revista e depois em um livro de autoria de Todd Strasser. <END> Em geral, são os americanos que refilmam obras feitas em outros países. <END> É um brilho de filme. <END> Vi hoje. <END> Acabei de assistir.Com tôda certeza um filme excelente. <END> " Não há como explicar racionalmente lembranças, e os dois filmes têm pouco em comum, a não ser o fato de que ambos tratam, cada um à sua maneira, de escolhas afetivas." <END> […] Ulrich, também berlinense, também de 1984. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
El Dorado / El Dorado <END> Anotação em 2005, com complemento em 2008: <END> Me impressionou como é bem contada a história, como é tudo contextualizado, como os conflitos se explicam, e não são gratuitos, fúteis. <END> Leonard Maltin deu 3 estrelas (em 4): <END> Pauline Kael desce a lenha sem piedade.
Deus Sabe Quanto Amei / Some Came Running <END> Anotação em 2008: <END> Tem boas atuações no elenco cheio de nomes importantes na época. <END> Mas porém todavia contudo, o filme tem falhas feias, pesadas, fortes, embaraçosas. <END> O personagem do cara de Chicago, Raymond (Steve Peck), é simplesmente incompreensível, absurdo, inverossímil – e, cacilda, numa produção tão cara e bem cuidada, não poderiam ter achado um coadjuvante melhor? <END> Bem, mas acho que botei um pouco o carro na frente dos bois. <END> O filme começa com a câmara – um belíssimo CinemaScope, nos anos iniciais do formato de tela grande – colocada dentro de um ônibus interestadual; vemos um soldado dormindo esculachadão numa poltrona; o ônibus tem muitas cadeiras vazias. <END> Dave Hirsh desce do ônibus com sua mochila de soldado e uma mala em Parkman, Indiana – uma pequena cidade do interiorzão bravo, interiorzão profundo, algo como Bom Jesus da Lapa, BA, ou Ipameri, GO. <END> Ginna saúda Dave com uma suave reclamação, tipo, pô, Dave, você convida uma garota para viajar com você e já vai logo abandonando ela? <END> Ele pede desculpas a Ginna, diz que foi um grande engano, me desculpa, toma aqui um dinheiro, tem ônibus de volta daqui a pouco. <END> Estamos com menos de dez minutos de um filme de quase duas horas e vinte minutos. <END> Sim, a clássica história do filho pródigo que volta à sua cidade natal. <END> Com dez minutos de filme, já temos então que Dave Hirsh bebe demais, e é escritor. <END> Agnes, a mulher de Frank, tem ódio eterno pelo cunhado Dave, por ter se identificado com a personagem do primeiro dos dois romances que ele havia publicado – nele, Dave descreve a mulher do homem rico como uma bruaca mesquinha, imbecil. <END> O casamento de Frank com Agnes é uma coisa horrorosa, um suplício para os dois e para a filha adolescente Dawn – vivem em uma mansão gigantesca como se ela fosse uma jaula para animais perigosas. <END> Temos então que Minnelli conta a história como se estivesse dando um gigantesco zoom para trás: a partir da história de Dave, e depois de seu irmão Frank, o filme como que puxa a câmara para trás e mostra o quadro mais amplo, as pessoas, a sociedade daquela pequena cidade, onde tudo é pequeno, mesquinho, ganancioso, falso, reprimido, hipócrita, babaca. <END> A essa sociedade careta, conservadora, castradora, que vive de aparências, se contrapõe um mundo meio marginal, à parte, simbolizado por Bama, o jogador e beberrão interpretado por Dean Martin, que fica conhecendo Dave no dia em que ele chega a Parkman. <END> Ainda no primeiro dia da chegada de Dave à sua pobre, mesquinha cidade natal, ele conhecerá Gwen (Martha Hyer), a doce, suave, bela, inteligente professora de redação que admira os livros de seu conterrâneo filho pródigo. <END> Mestre do musical, Vincente Minnelli faz um drama sem canções de quase duas horas e meia com pouquíssimos close-ups. <END> E são planos longos. <END> Tudo isso muda inteiramente na longa seqüência final, toda em exteriores, Parkman à noite, transformada numa gigantesca feira, num imenso parque de diversões na comemoração do centenário de fundação da cidade. <END> É uma seqüência belíssima, impressionante. <END> Então, temos aquelas adversativas todas que eu coloquei lá em cima, falhas, fraquezas brutais. <END> Antes de rever o filme, anotei o que eu me lembrava dele: <END> Errei na coisa da Martha Hyer:
Flores do Amanhã / Xiang ri kui <END> Anotação em 2010: <END> O narrador é o filho – Xiang Yang nasceu em 1967, conforme nos informa a voz dele em off, na abertura. <END> Mais de duas horas de bom cinema depois (a versão do filme em DVD tem 133 minutos), veremos outro parto, no ano 2000, e portanto em hospital, com os cuidados da medicina moderna, tudo sendo filmado em câmara de mão pelo pai, como hoje em dia acontece. <END> Mas voltemos ao início. <END> Na abertura do filme, a voz em off de um Xiang Yang adulto nos conta então que ele nasceu em 1967. <END> Num pequeno canteiro diante de sua casa, Zhang, o pai, havia plantado girassóis, nos conta a voz em off do filho adulto, enquanto a câmara mostra belos girassóis. <END> Não tenho a menor idéia do que significa o título original do filme, que, passando para o alfabeto ocidental, vira Xiang ri kui, mas deve ter a ver com girassóis. <END> Um intróito em 1967, depois um longo segmento em 1976 <END> Depois do rápido intróito, com o nascimento do garoto, em 1967, há um fade out, e temos um grande letreiro anunciando que estamos em 1976. <END> O adulto que está chegando e acaba de ser atingido na testa é Zhang, o pai do garoto travesso. <END> Depois, novo segmento em 1987, outro em 1999 <END> O segmento do filme passado em 1976 é longo. <END> Zhang é um pai severo, rigoroso, até demais – e já parte de um gap, um buraco, uma lacuna gigantesca. <END> É um belo drama familiar, esse que a trama do filme desenha. <END> Haverá, depois, um pulo para o ano de 1987, Xiang Yang portanto com 20 anos, e depois outro salto para 1999, o filho então com 32, e um epílogo em 2000. <END> Um belo retrato de décadas de difícil relação pai e filho <END> Haveria enciclopédias para se falar a respeito deste filme. <END> "Seus filhos não são seus filhos, são filhos da vida", escreveu, num momento de especial genialidade, Gibran Khalil Gibran. <END> Ter filhos é uma loucura absoluta. <END> "Os bebês, na maioria, são coincidências", diz um texto brilhante em Uma Prova de Amor/My Sister's Keeper, de Nick Cassavetes. <END> Se ter filhos já é uma total loucura, saber como criar os filhos, como educá-los, é uma loucura mais arrematada ainda. <END> Os pais de Xiang Yang amam o filho – mas não sabem como criá-lo <END> Zhang e Xiu Qing, os pais de Xiang Yang, se amam, e amam o filho único. <END> Muita gente da minha geração – a de nós que nascemos entre a bomba de Hiroshima e o surgimento do rock'n'll, os dez anos entre 1945 e 1955, a geração que achava que não só podia mas que de fato iria mudar o mundo – babou com o diálogo entre pai e filho que Cat Stevens compôs quando tinha 22 anos. <END> (Credo: que verso absolutamente fantástico – "From the moment I could talk I was ordered to listen". <END> Muitos pais, em 1970, o ano da canção "Father and Son", eram tão absolutamente rígidos, donos da verdade absoluta, e pouco afeitos a qualquer tipo de diálogo, que, quando mostrei a tradução da letra para uma amiga mais jovem, ela fez um comentário que jamais esqueci: <END> Os pais pecam por ausência, por permissividade ou por rigidez absoluta <END> Em 1987, diante do filho de 20 anos, Zhang era tão autoritário quanto o pai da minha então jovem amiga de 1970. <END> A imensa maioria dos pais, acho eu, peca pela ausência, que é o pecado maior. <END> O Planeta China. <END> Flores do Amanhã foi exibido no Ocidente. <END> O eventual espectador ocidental do filme talvez não se lembre, mas em 1966 – um ano antes do nascimento de Xiang Yang – iniciou-se no Planeta China a Revolução Cultural. <END> Algo mais ou menos assim: apesar de estarmos no poder há 20 anos, ainda restam entre nós alguns que não aderiram aos nossos ideais; são burgueses incorrigíveis, filocapitalistas, esdrúxulos, exógenos: cacemo-los, ó povo orgulhoso! – e lá foram as hordas de jovens da Guarda Vermelha caçar não-comunistas até embaixo do tapete. <END> A caça ao "inimigo" – mesmo que ele não exista, mesmo que seja preciso inventá-lo. <END> Um filme da China de hoje que mostra barbaridades do regime <END> Zhang volta à sua casa em 1976 – o ano em que se encerrou a Revolução Cultural, o ano da morte de Mao Tsé-Tung – após seis anos no que é referido no filme como "campo de trabalho". <END> Zhang volta para casa sem poder usar as mãos para criar sua arte. <END> Isso é dito com todas as letras no filme no Zhang Yang: que houve tortura – e casos e casos de extrema injustiça – no tempo da Revolução Cultural. <END> Não dá para saber por que permitiram o filme – mas ainda bem que permitiram <END> E aí vou tentar me informar um pouco. <END> Não há informações sobre o diretor Zhang Yang nos meus muitos livros; ele não consta dos meus três dicionários de cineastas, nem está no livro Cinema Now, que fala de 60 cineastas em atividade nos anos 2000. <END> Em sites diversos, vejo que Zhang Yang (na foto abaixo) formou-se em Literatura Chinesa em 1988, e depois estudou no Departamento de Direção na Academia Dramática Central de Pequim, onde se formou em 1992, e passou a trabalhar no Estúdio de Cinema de Pequim. <END> Essas informações do parágrafo acima indicam que não é um contestador, um rebelde, um dissidente. <END> O AllMovie traz uma sinopse bastante correta do filme – e mais nada. <END> Luciano Ramos fala sobre o filme em seu livro Os Melhores Filmes Novos (Editora Contexto, 2009). <END> "Claramente inspirado no pai do diretor, o protagonista é um pintor que, nos anos 1970, teve as mãos quebradas por ter sido acusado de refratário ao partido. <END> A rigor, a rigor, o mais correto seria dizer que o protagonista não consegue mais trabalhar como pintor; trabalhar, ele trabalha. <END> O personagem do filho, Xiang Yang, é interpretado – e bem interpretado – por três diferentes atores, um para cada época focalizada, 1976, 1987 e 1999. <END> Continua para mim sendo misterioso o fato de a censura chinesa ter permitido que o filme fosse exibido. <END> Mas antes assim, claro, óbvio.
Armadilha Selvagem / In the Gloaming <END> Anotação em 1997: <END> É um filme sobre aids em que a palavra aids não é pronunciada uma única vez, assim como não é pronunciada a palavra soropositivo. <END> É belíssimo o encontro da mãe com o filho que vem pra casa pra morrer. <END> Interessante como nada é dito muito às claras. <END> Há um diálogo no filme que é soberbo, definitivo, brilhante. <END> (Como a gente tinha trabalho, naqueles tempos pré-IMDB. <END> A mãe (Glenn Close), que é entendida de cinema, está vendo um filme P & B no vídeo, janelas fechadas. <END> Mãe – Por que você não está trabalhando? <END> Annie – Decidi tirar o dia de folga. <END> Mãe – Não sei. <END> Mãe – Annie… Eu amei vocês dois do mesmo jeito. <END> Annie – Porque nós não falamos destas coisas nesta casa. <END> Mãe – Querida, se no passado dei mais atenção ao Danny do que a você ou a seu pai, havia razões. <END> Annie – Ah, por favor. <END> Mãe – O que você está sugerindo? <END> Annie – Desculpe. <END> Mãe – O quê? <END> (Annie oferece um tranquilizante, a mãe diz que não precisa, e diz que tem algo a perguntar.) <END> Mãe – Por que você não trouxe o Johnny? <END> Annie – É engraçado, sempre que sou cuidadosa com o Johnny, me afasto para não cometer o mesmo erro que você. <END> Mãe – É mesmo? <END> Há um outro diálogo impressionante. <END> "Os melhores filmes são os que nos fazer rir e chorar ao mesmo tempo. (…) Sabe o que é divertido? <END> Que maravilha, que maravilha:
Vincent Quer Ver o Mar / Vincent will Meer <END> Um filme alemão, de diretor e atores desconhecidos (por mim, pelo menos), sobre três jovens em uma clínica para pessoas com problemas psiquiátricos. <END> Tivemos essa agradabilíssima surpresa ao zapear. <END> Delícia trombar de repente com um filme do qual não se sabe absolutamente nada – e ser conquistado por ele. <END> Mal estar na igreja, durante o ofício fúnebre <END> A ação começa em uma igreja, onde se realiza um ofício fúnebre. <END> O jovem começa a apresentar tiques nervosos, no rosto, no corpo. <END> Lá dentro, a cerimônia prossegue, mas é impossível não ouvir os ruídos que o rapaz produz – e os ruídos se transformam em palavras, xingamentos, palavrões. <END> Corta, e em seguida o pai, Robert Gellner (Heino Ferch), está levando Vincent (Florian David Fitz, os dois na foto acima) para uma clínica. <END> Quem os recebe é uma médica aí na faixa dos 40 e tantos anos, cabelos negros, olhos claros, expressão firme, de profissional dedicada, séria, decidida – a dra. <END> Depois que o pai de Vincent vai embora, a dra. <END> Uma garota também na faixa dos 25 anos, Marie (Karoline Herfurth, na foto mais embaixo), vai procurar Vincent: deram a ela a tarefa de mostrar para o recém-chegado os ambientes da clínica. <END> Eis a definição dada no site do dr. <END> O filme poderia mergulhar num clima pesado, opressivo, depressivo. <END> O clima do filme é, repito, até alegre, de bem com a vida. <END> No entanto, com imenso talento e muita maturidade, os realizadores conseguiram criar uma narrativa que chega a ser bem humorada: os próprios jovens irão rir de seus problemas, suas doenças. <END> Tenho feito grande esforço para não revelar fatos que ocorrem depois de uns 15, 20 minutos de ação. <END> Como o próprio título indica, Vincent quer ver o mar. <END> Antes de morrer, sua mãe dissera a ele que gostaria que suas cinzas fossem espalhadas no mar, numa praia da Itália, num lugar com o nome de San Vincent. <END> A partir aí de uns 15, 20 minutos, o filme se transforma em um road movie. <END> Atuações impecáveis dos atores que fazem os cinco papéis principais <END> As atuações dos cinco atores principais – que fazem os três jovens, a dra. <END> Assim que o filme acabou, vi, assustado, que o autor do roteiro é de Florian David Fitz, o ator que faz o papel central, de Vincent. <END> Não é veterano – parece que é daqueles gêniozinhos precoces. <END> Interessante que sua formação seja musical. <END> Sua filmografia como ator no IMDb tem 36 títulos. <END> Detalhe: o cigarro <END> Ando reparando na coisa do cigarro nos filmes. <END> Eu, que tento diminuir a porra do cigarro mas não consigo – quanto mais parar, que isso ainda nem tentei –, me senti suavemente vingado. <END> Um filme caprianamente otimista <END> Vincent Quer Ver o Mar é uma beleza de filme, carregado de um grande amor pelas pessoas, pela vida, pela amizade, pela solidariedade. <END> 6 Comentários <END> Desde que li esta sua resenha, estou obcecado em conseguir uma cópia do filme, tanto porque tenho síndrome de Tourette desde os 8 anos, quanto porque mantenho um blog sobre esta doença e suas comorbidades (TOC, TDAH e transtornos similares). <END> Tenho assistido filmes ótimos neste canal Max, 75 na Net. <END> 2 Trackbacks <END> […] de Lorenzo (ALD, ou adrenoleukodystrophy, em inglês), Decisões Extremas (síndrome de Pompe), Vincent Quer Ver o Mar (Síndrome de Tourette), Uma Prova de Amor (um tipo raro de leucemia), Um Certo Olhar (um tipo de […]
Os Infratores / Lawless <END> Alex DeLarge muito certamente adoraria este filme, Lawless, sem lei, no Brasil chamado de Os Infratores. <END> Para quem não se lembra, Alex DeLarge é o protagonista da distopia Laranja Mecânica/A Clockwork Orange, escrita por Anthony Burguess, e filmada por Stanley Kubrick em 1971. <END> Pois é: <END> Para quem gosta de violência, de ultraviolência, ulalá, é a perfeição. <END> Corta-se o pescoço – e esguicha sangue. <END> Ah, é pouco? <END> Ah, é pouco? <END> Por que raios esses bons atores aceitaram participar deste filme? <END> Lawless é um daqueles filmes que dão nojo da humanidade. <END> Tem bons atores – e isso é apavorante. <END> A história se passa no condado de Franklin, interiorzão da Virginia, nos anos 1920, a época da Lei Seca nos Estados Unidos. <END> Contam-se as aventuras de três irmãos, os Bondurant, que foram dos maiores produtores e vendedores de uísque da região – uma região onde havia dezenas e dezenas de destilarias clandestinas. <END> Teremos então que Forrest e Howard vão dar muita porrada nos desafetos – e Jack, o caçula fracote, que é o narrador da história, vai levar muita porrada de todo mundo, dos desafetos e dos próprios irmãos mais velhos. <END> Tudo ia muito bem com a comercialização de uísque clandestino na região – o xerife era um freguês de carteirinha do produto dos irmãos – até que chega ali um assistente do promotor mau como o diabo, chamado Charlie Rakes (interpretado, histrionicamente, exageradamente, caricaturalmente, pelo australiano Guy Pearce). <END> Rakes quer pedágio dos produtores para deixá-los trabalhar. <END> E dá-lhe porrada. <END> Lawless tem mais porrada que a obra completa de Sylvester Stallone. <END> O diretor fez todos os seus atores atuarem de forma quase caricatural, exageradíssima <END> Os irmãos Bondurant existiram na vida real. <END> Quem escreveu o roteiro do filme foi Nick Cave, o cantor e compositor australiano, que também assina a trilha sonora do filme. <END> O diretor John Hillcoat, ele também australiano, como Nick Cave e Guy Pearce, tem 16 filmes no currículo, inclusive A Estrada/The Road, uma ficção-científica sobre o mundo pós-Apocalipse com Viggo Mortensen e Charlize Theron. <END> Esse John Hillcoat fez todos os seus atores atuarem de forma quase caricatural, exageradíssima, falsa como uma moeda de dois guaranis. <END> Gastaram US$ 26 milhões para fazer essa porcaria pancadão. <END> Vejo que o filme foi exibido em competição no Festival de Cannes. <END> Um Comentário <END> Eu não acho que esse filme seja horroroso. <END> 3 Trackbacks <END> […] alegres, brincalhões. <END> […] Corte no tempo, novo letreiro:
O Motim / The Rising: <END> Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> O episódio foi uma revolta, em 1857, contra os colonizadores ingleses, da qual fez parte o personagem do título original, Mangal Pandey (Aamir Khan), um soldado a serviço da Companhia da Índia Oriental – uma das empresas britânicas mais poderosas a operar na colônia, tão poderosa que tinha a sua própria milícia, supervisionada pelo exército de Sua Majestade. <END> O filme tem belíssimos planos gerais, uma multidão de figurantes de fazer justiça ao absurdo tamanho da população indiana, ótimas seqüência de música e dança de deixar babando de inveja o Gene Kelly e duas atrizes (Rani Mukherjee e Amisha Patel) de beleza extraordinária, exuberante, gostosas como Sonia Braga no auge do auge do auge. <END> Um leitor do iMDB, muito provavelmente indiano, que se assina Hanharan, termina assim sua longa e superlativa resenha: <END> É isso aí que ele falou. <END> 11 Comentários <END> O filme é lindíssimo, de uma força e uma delicadeza incríveis. <END> Realmente, o filme tem a dimensão de uma obra épica e nos apresenta,de forma extraordinária,toda a vivacidade e os conflitos,ainda pulsantes,de uma Índia "Hindumuçulmana".As imagens, as músicas,as danças…toda a obra, anestesiaram-me de tal forma que,passados dois anos desde que a assisti pela primeira vez ,ainda guardo a lenbrança de cada cena…o filme é simplesmente fantástico. <END> Sou professor de história e, qundo estou trabalhando o imperialismo no seculo XIX,passo este filme para os alunos.È um excelente filme que nos mostra como se deu a exploraçao dos ingleses na Índia, mas nem por isso devemos deixar de critica-lo.Por exemplo, o filme traz uma leitura muito romantizada da Índia <END> ja fiz meu comentario bobo. <END> A Índia, segundo a Wikipedia, pertence à Commonwealth of Nations, que já foi chamada no passado de British Commonwealth.
Um Homem Como Poucos / Le Voyou <END> Le Voyou, que Claude Lelouch fez em 1970 e foi lançado no Brasil com o título Um Homem como Poucos, é um policial, mas não um drama. <END> O herói da história, o mocinho, por quem o filme torce abertamente, é um bandido, um fora-da-lei, um escroque. <END> Esse herói bandido é interpretado por Jean-Louis Trintignant, no auge de sua beleza jovem; foi a primeira vez que se reencontraram os dois, Lelouch e o ator que ajudou a garantir o extraordinário sucesso de Um Homem, Uma Mulher, lançado quatro anos antes, em 1966. <END> (Lembrando, bem rapidinho: quando se preparava para filmar Um Homem, Uma Mulher, Lelouch era então um jovem praticamente estreante; Trintignant, que havia começado a carreira em 1956, já era então um astro em ascensão. <END> Na abertura, um musical com um gângster que atira e canta e mata <END> Le Voyou começa de uma forma um tanto, ou talvez bastante, desconcertante: as primeiras seqüências que vemos são de algo que parece um musical hollywoodiano, algo assim como uma mistura de West Side Story, do iniciozinho de Quanto Mais Quente Melhor e dos filmes de gângsteres dos anos 30 e 40. <END> Já na primeira tomada, antes do canto e dança, quatro homens são mortos. <END> E, quando cantam, os bailarinos cantam em inglês! <END> Atrás, ao fundo, um letreiro em neon anuncia: <END> Um letreio informa que "voyou" é a gíria parisiense para "gângster", "vagabundo". <END> E, depois do final do número de dança em torno do gângster que canta em inglês, e dos créditos iniciais, vemos um casal entrando num apartamento, que, obviamente, pertence à mulher. <END> Assim que Janine desaparece da sala, o homem – Simon Duroc é seu nome – tranca a porta de entrada. <END> Não: definitivamente não é o encaminhamento de um fim de noite de um casal de namorados, ou um casal que começa a namorar. <END> Ela faz um omelete, e ele come sozinho. <END> E aí corta, e vemos Janine no cinema. <END> Simon se levanta, vai se sentar ao lado de Janine. <END> Dois homens entram no cinema, evidentemente policiais, à procura de algum bandido. <END> Simon está beijando Janine. <END> Voltamos ao apartamento de Janine, após a refeição rápida de Simon. <END> Ela diz que tem um carro, pode levá-lo até onde ele quiser. <END> O diálogo termina com uma frase do bandido: – "É melhor você ser gentil comigo, porque tive um dia bastante carregado". <END> Um encontro com a ex-mulher em um parque <END> Corta, e Simon está saindo de um prédio. <END> – "Ela é muito bela. <END> A mulher, Martine (interpretada por Christine Lelouch, na foto abaixo), não hesita um segundo, e chama a filha, Françoise, para que chegue perto dos dois, no banco do parque. <END> Pelos diálogos entre Simon e Martine, o espectador fica sabendo que Martine foi mulher de Simon, e Françoise, que está aí com quase cinco anos, é filha dos dois. <END> Martine pergunta onde ele está se escondendo, e Simon diz que há 15 dias está na casa de uma amiga. <END> Ele quer saber se ela contou sobre os dois para seu marido, e Maetine responde que, durante o julgamento dele, o país todo ficou sabendo a respeito dos dois. <END> Nos primeiros 16 minutos, truques no roteiro <END> Estamos aí com uns 16 minutos de filme, e o roteiro já nos produziu alguns truques, alguns joguinhos com a ordem cronológica. <END> Tudo bem: que aquelas primeiras imagens – o musical com as dançarinas, o gângster, os tiros – eram um filme dentro do filme, isso fica bem claro. <END> E em seguida, na saída do cinema, foram para a casa dela. <END> Primeiro vimos o filme dentro do filme, depois a chegada do casal à casa de Janine, e em seguida, num rápido flashback, vimos o que havia acontecido logo antes de os dois irem para o apartamento dela – o encontro no cinema. <END> Mas o diálogo entre os dois termina com Simon dizendo que teve um dia muito carregado – e em seguida há as seqüências em que Simon se encontra com a ex-mulher, Martine, e a filha que jamais havia visto antes. <END> Não é obrigatório, é claro, mas, como já tinha havido um rápido flashback antes, com a cena do encontro do bandido com a moça inocente no cinema, o espectador pode achar que aquilo que está vendo quando o filme está aí com 15, 16 minutos – o encontro do bandido com sua ex-mulher – é outro flashback, explicando como tinha sido o dia muito carregado de Simon. <END> A rigor, acho que foi isso que os roteiristas pretenderam: eles quiseram induzir o espectador a crer que o encontro de Simon com a ex-mulher era um novo flashback. <END> Se o espectador caísse, tudo bem. <END> Um cineasta que diz e repete que partiu da imagem para as histórias <END> A história de Le Voyou é de Lelouch. <END> Segundo o próprio Lelouch diz e repete, uma das diferenças entre ele e os cineastas da nouvelle vague é que eles partiram da literatura para o cinema, enquanto ele partiu da própria imagem, para só muito mais tarde fazer adaptações de obras literárias. <END> (Ele fez a afirmação pessoalmente para este reles anotador sobre filmes aqui, quando o reles anotador sobre filmes sentiu-se obrigado a – na falta de outro profissional mais qualificado e competente – entrevistá-lo durante sua visita ao Brasil para divulgar Um Homem, Uma Mulher Vinte Anos Depois, em 1986. <END> Vão aí, nessa afirmação que Lelouch faz repetidas vezes, uma dose de verdade, outra de ironia, outra de amargura, outra de desafio. <END> Se os argumentos de boa parte de seus filmes são de sua autoria, na tarefa de escrever os roteiros Lelouch tem a humildade de pedir ajuda a outros. <END> Mas o roteiro é assinado a seis mãos. <END> E é um roteiro brilhante. <END> Até mesmo por esses truquezinhos iniciais de sugerir que pode estar havendo um flashback quando na verdade não se está. <END> O que vem aqui é quase um spoiler. <END> Revelei até aqui sobre a trama o que rola até aí uns 16 minutos dos 120 da duração do filme. <END> Quando estamos já bem perto do desenlace da história, o espectador perceberá que – epa! teve algo aí que me escapou. <END> E é verdade. <END> Voltamos atrás, Mary e eu, para checar onde foi. <END> Um chapéu. <END> Na minha opinião, esse pequeno jogo não é uma sacanagem contra o espectador. <END> E aí fico me perguntando se eu não sou um sujeito profundamente incoerente. <END> Ao falar de alguns filmes recentes do cinemão comercial, reclamo do que chamo de "Essa regra cada vez mais comum segundo a qual Podendo-Complicar-a-Narrativa,-Por-que-Simplificar?" <END> No entanto, como este é um filme de Claude Lelouch, um dos cineastas que mais admiro, digo que o que ele faz é apenas um pequeno jogo com o espectador. <END> Um realizador de filmes autorais, pessoais, intransferíveis <END> Um dos motivos de minha admiração absoluta por Lelouch é o fato de que seus filmes são autorais, pessoais, intransferíveis feito dor de dente. <END> Mas o principal motivo de minha admiração por esse realizador detestado por 99,99% dos "entendidos em cinema" é mesmo pelo fato de que, desde sempre, ele faz filmes pessoais. <END> É um autor. <END> Autor, Lelouch sempre volta aos mesmos temas, às mesmas manias. <END> Revisita de novo seu maior sucesso neste Le Voyou. <END> Lá pelas tantas, quase perto do final da narrativa, o comissário de polícia, interpretado por Yves Robert, diz a Simon Duroc que foi visto um casal, "um homem, uma mulher" – e então Simon Duroc-Jean Louis Trintignant assobia os primeiros acordes da canção tema que Francis Lai criou para Um Homem, Uma Mulher. <END> O grande Yves Robert aceitou fazer um pequeno papel no filme <END> Mas péra lá! <END> Yves Robert! <END> Sim, sim, eu vi o nome nos créditos iniciais. <END> Vejo agora, enquanto estou escrevendo esta anotação, que o comissário de polícia – beleza de atuação, mas, também, quem não atua bem dirigido por Lelouch? – é interpretado por Yves Robert! <END> Fui checar se não seria um homônimo, mas não, é Yves Robert mesmo. <END> Em sua autobiografia, Lelouch dá a entender que o único colega seu de metier, o único cineasta francês que era seu amigo, que o tratava bem, era Jean-Pierre Melville. <END> Vai aqui portanto uma prova de que há inverdade no livro de Lelouch. <END> Mais uma vez a trama inclui o Olympia. <END> Mas volto então às coisas do autor Lelouch, sua mania de botar sempre as mesmas coisas em suas histórias. <END> Por exemplo, o Olympia. <END> O Olympia aparece em Toda Uma Vida, o filme de 1975. <END> O Olympia tem uma importância grande na trama de Le Voyou. <END> E aí tem Charles Denner. <END> Mas que ator extraordinário é Charles Denner. <END> Ele só aparece neste Le Voyou quando estamos aí pela metade do filme. <END> Deve ser engraçado ser ator francês e trabalhar ora com um realizador incensado, ora com um realizador odiado. <END> Charles Denner (1926-1995) trabalhou tanto com Truffaut quanto com Lelouch. <END> Paralelamente, trabalhava com Lelouch. <END> Fico pensando aqui: será que Charles Denner levava confidências de um lado para outro, todos os grandes cineastas franceses de um lado versus esse outro aí execrado por toda a crítica mundial? <END> Com Truffaut, certamente, ele não teria feito intriga, mesmo que quisesse – e não acho que ele tenha querido. <END> Lelouch é como sua personagem Anne Gauthier: quanto mais a crítica malha, mais ele faz filmes <END> Lelouch, no discurso, preza muito la generosité. <END> Talvez por ser filho de imigrantes, talvez por ter sido tão combatido, tão malhado, tão espezinhado por 99,99% dos 1,432 milhões de críticos de cinema do mundo, Lelouch tenha reagido virando um casca grossa, uma tartaruga gigante, fingindo-se imune às críticas – ao mesmo tempo em que reage a elas com agressividade. <END> Joe Giddeon, o alter ego de Bob Fosse em All That Jazz, aquele gênio que fez apenas cinco filmes, não tinha forças para aguentar um pau da crítica. <END> Anne Gauthier, a personagem de Um Homem, Uma Mulher, que na continuação do filme, Um Homem, Uma Mulher 20 Anos Depois, é uma grande produtora de cinema, não se deixa abater nem mesmo quando seu namorado mete o pau em sua mais recente produção. <END> Joe Giddeon é Bob Fosse escarrado – um gênio cheio de medo, de pavor, com o que a crítica vai dizer sobre sua obra. <END> Lelouch finge ser tão seguro demais que cria, em Le Voyou, uma situação que ele não tinha nenhuma necessidade de criar. <END> Quando Simon foge da polícia, há dois cinemas, lado a lado, nos quais ele poderia entrar. <END> Era 1970, e então num cinema estava passando A Confissão/L'Aveu, filme extraordinário, sério, profundíssimo, feito pelo mestre do cinema político, Costa-Gavras, estrelado por Yves Montand (que havia trabalhado com Lelouch em Viver por Viver, o filme que ele realizou logo depois de Um Homem, Uma Mulher). <END> No cinema ao lado, estava passando Voyou, filme inexistente, filme dentro de filme, invenção de Lelouch. <END> No rádio, o locutor diz que é interessante o fato de que o bandido perseguidíssimo pela polícia tenha podido escolher se se escondia em um cinema que passava A Confissão e outro que passava Voyou. <END> – "Eu teria indicado A Confissão, mas meu gosto cinematográfico não é o que importa…" <END> Le Voyou não é sério. <END> A Confissão/]L'Aveu, de Costa-Gravras, digo euzinho agora, é um filme importante, importantíssimo, maior. <END> Le Voyou, ao contrário, não é um filme sério. <END> É uma aventura – l'aventure c'est l'aventure. <END> Se for visto com rigor, é um filme moralmente indefensável. <END> Muitos grandes cineastas fizeram filmes mostrando bandidos como heróis. <END> E o cinema, coitado, não inventou nada. <END> E então, no frigir dos ovos, devo dizer que Le Voyou é bem realizado, gostoso, divertido – mas é moralmente errado. <END> Não é admirando ladrões, achacadores, sequestradores, que vamos poder ir em frente. <END> Se for mesmo para falar sério, assim como os mestres Akira Kurosawa e Satyajit Ray, não dá para compactuar com o crime, a corrupção.
Amores Inversos / Loveship Hateship <END> No finalzinho dos anos 70, inicio dos 80, Fernando Brant fez um verso de uma tristeza abolutamente profunda: <END> Vida miúda e quase sem brilho. <END> Johanna (interpretada por Kristen Wiig) tem uma vida duríssima, só de trabalho e nada, ou quase absolutamente nada de prazer, contentamento, satisfação. <END> Na primeira sequência do filme – uma obra absolutamente feminina, dirigida por Liza Johnson e baseada em conto da escritora canadense Alice Munro –, a sra. <END> A câmara de Liza Johnson e do seu diretor de fotografia Kasper Tuxen mostra então Johanna tendo aquele trabalho insano, pavoroso, de vestir o corpo inanimado de sua agora ex-patroa com o vestido azul que ela havia pedido. <END> O tom pesado, duro, cru, cruel, dessa primeira sequência estará presente em quase todos os longos – porque dolorosos – 104 minutos de duração do filme. <END> Uma garota peçonhenta arma uma cilada, e a pobre Johanna cai como um patinho <END> O pastor da igreja de Johanna irá arrumar um novo emprego para ela. <END> Quando Johanna chega à casa de McCauley, estão lá também, além do dono da casa e de sua neta, Ken (Guy Pearce) e Edith (Sami Gayle). <END> Johanna ficará sabendo rapidamente – assim como o espectador – que Marcella, a mãe de Sabitha, está morta. <END> McCauley responsabiliza o genro pela morte da filha. <END> E Ken é de fato – conforme o filme mostrará exaustivamente – um sujeito fraco, sem força de vontade, sem capacidade de trabalho, preguiçoso, indolente. <END> Ao voltar para Chicago, onde está morando – e onde comprou um motel caindo aos pedaços, que tenta aprumar para com ele ganhar a vida –, Ken deixa um bilhete simpático para Johanna, agradecendo a ela porque a partir de então ela passaria a cuidar de Sabitha. <END> Johanna escreve de volta para ele um bilhete – algo normal, formal. <END> Sabitha, um pouco como o pai, não chega a ser uma má pessoa – mas é facilmente influenciável, manipulável por Edith, e esta, sim, é uma figurinha já peçonhenta, embora tão jovem. <END> Começa a troca de e-mails – e as garotas falseiam que Ken está vivamente interessado em Johanna. <END> Lá pela metade, o filme surpreende com uma reviravolta inesperada <END> Quando o filme chegou nesse ponto, aí com uns 20, talvez 25 minutos de narrativa, Mary e eu pensamos seriamente em parar de ver. <END> Não que o filme fosse ruim até ali. <END> Pensamos em parar exatamente por isso – porque é uma vida penosa demais. <END> Acabamos – depois de uma paradinha para parlamentar – indo em frente. <END> Surpreendentemente, o filme deu um drible na nossa expectativa. <END> Não deixa nunca de ser um drama denso, pesado, amargo. <END> Atenção: spoiler. <END> É uma reviravolta inesperada – mas não ilógica, irracional, inverossímil. <END> Não vou revelar detalhes, é claro, mas de qualquer forma os próximos parágrafos contêm spoiler. <END> O ótimo colunista Ancelmo Gois, de O Globo, costuma dizer, citando o Barão de Itararé, que de onde menos se espera é dali que de fato não sai coisa alguma. <END> É uma grande verdade – mas toda verdade tem uma ou outra exceção a contradizê-la, e aqui temos uma exceção. <END> As chanches de sair alguma coisa boa dessa história da pobre coitada dessa Johanna, que parecia condenada à miséria eterna e total, até a morte, com esse infeliz pustema desse Ken eram, como dizia Bob Dylan em uma canção do seu segundo disco, a million to one. <END> Pois às vezes os dados, as cartas, a roleta dão o que é uma chance em um milhão. <END> Não é inverossímil. <END> E não é ilógico, inverossímil. <END> Ao fim e ao cabo, a trama deste Loveship Hateship, tão árdua, tão dolorosa, faz uma bela defesa da capacidade de trabalho. <END> Nestes tempos de lulo-petismo, roubo-petralhismo, de cotas de todos os tipos e todos os tipos de execração do mérito pessoal, este filme é uma bênção. <END> É como diz a frase monumental de Graciliano Ramos, comunista dos bons: <END> Nos estreitíssimos limites a que sua vida sem brilho, quase sem vida, a condenava, Johanna consegue, com brilhantismo, se mexer. <END> E a diretora Liza Johnson acaba, depois de expor tanta crueza, tanta crueldade, tanta tristeza, inoculando no espectador o virus da esperança. <END> Kristen Wiig é uma atriz que me impressionou muito <END> Por que, entre tantos milhares e milhares de filmes à disposição, escolhi ver este Hateship Loveship? <END> Essa é uma questão que só interessa a mim mesmo – mas falo um pouquinho aqui sobre isso. <END> Pois é: por que raios um sujeito que tem um site de filmes, com cerca de 2.250 filmes comentados, escolhe para ver Hateship Loveship, em vez de rever para comentar obras absolutamente fundamentais que ainda não estão no site, como, por exemplo, só para ser bem rápido, curto e grosso, Encouraçado Potemkim, Ivan, o Terrível, Intolerância, Nascimento de uma Nação, Jules et Jim, Bye, Bye, Brasil, A Noviça Rebelde, West Side Story, Lugares Comuns, O Regate do Soldado Ryan, A Lista de Schindler, O Bebê de Rosemary, Acossado, O Leopardo? <END> Eu respondo. <END> E agora respondo especificamente à pergunta que ninguém me fez, mas eu mesmo me faço – sim, mas por que ver exatamente este filme aqui, e não qualquer outro? <END> Por causa de Kristen Wiig. <END> A quantidade de atrizes e atores de grande talento que aparecem a cada ano é algo muito assustador, e então muitas vezes a gente se perde. <END> Mas Kristen Wiig é impressionante. <END> Vi essa atriz numa comédia louca, aloprada, Paul – O Alien Fugitivo (2011), e depois num fantástico filme de ação/considerações sobre a condição humana, A Vida Secreta de Walter Mitty (2013). <END> Uma jovem fadada ao insucesso que ousa brigar com os fados – e derrotá-los <END> Os grandes atores são assim – camaleônicos. <END> Essa moça Kristen Wiig é camaleônica camaleônica mesmo – em cada filme ela tem uma cara, como Meryl Streep, para dar o exemplo mais exemplar, como a maravilhosa Bridget Fonda, que trabalha menos do que deveria. <END> Neste filme aqui, Kristen Wiig está uma jovem mulher triste, desafortunada. <END> Quando Paul McCartney e todos os outros autores de belas canções que falam de ordinary people criam suas músicas, seguramente pensam em pessoas comuns, não geniais, não excepcionais, mas não tão tristes, tão marcadamente infelizes quanto essa Johanna Parry de Kristen Wiig. <END> Este Loveship Hateship não chega a ser um grande filme, mas é bom. <END> Só uma atriz com as características dessa moça poderia interpretar essa jovem fadada ao insucesso que ousa brigar com os fados – e derrotá-los. <END> Não é garotinha, é já uma jovem madura. <END> O primeiro filme em que teve um papel de alguma importância foi Ligeiramente Grávidos (2007). <END> É necessário registrar que uma atriz extraordinária, das melhores que já houve em Hollywood, faz um pequeno papel neste filme. <END> Tenho sentido falta de Jennifer Jason Leigh em mais filmes. <END> Então, para encerrar: este Amores Inversos é um filme pesado demais – mas que, surpreendentemente, revela ao final uma radiosa esperança na capacidade do ser humano de melhorar. <END> 2 Comentários <END> Grande Sérgio, graaaaaaande Sérgio… rapaz, como vc é bom. <END> Grande Heitor! <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Buena Vida Delivery <END> Anotação em 2008: <END> E, como a maioria dos demais filmes argentinos dos últimos anos, consegue falar ao mesmo tempo do macro e do micro, mistura a história pessoal de seus personagens com o pano de fundo da grande História, a situação sempre difícil de um país eternamente à beira de uma crise econômica, ou saindo de uma, ou entrando em outra. <END> É amargo e triste. <END> Teve oito prêmios e três outras indicações.
Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> Tirando isso, no entanto, é um daqueles assustadores panoramas de como é imbecil a vida numa pequena cidade do maior Império do planeta. <END> A inventividade do roteiro é descrever sob várias diferentes perspectivas – em cinco histórias que aparentemente não têm nada uma a ver com a outra, mas que de alguma maneira se entrelaçam – um acidente de carro acontecido exatamente às 11h14 da noite, o motivo do título. <END> As histórias são assim: um motorista bêbado (Henry Thomas, que no passado foi o garotinho de E.T., de Spielberg) bate em alguma coisa sob uma ponte, numa estrada; um garoto rouba uma loja, com a ajuda de uma amiga que trabalha ali (o papel de Hilary Swank); uma garota (Rachel Leigh Cook) que só pensa em sexo e dá mais que chuchu na cerca diz que está grávida e tenta conseguir dinheiro para fazer um aborto; um homem (Patrick Swayze) acha um cadáver jogado em um cemitério e tenta sumir com ele; três rapazes dirigindo uma caminhonete atropelam uma mulher, e, na batida, um deles perde um pedaço de seu pau, que cai na rua. <END> Foi o primeiro longa-metragem do diretor e roteirista Greg Marcks, que tinha então apenas 27 anos; antes deste filme, que é de 2003, ele havia feito um curta-metragem, Lector, em 2000, que ganhou dez prêmios. <END> Parece que o filme foi produzido graças a Hilary Swank, essa boa atriz feia mas que ultimamente tem se achado bonita e gostosa. <END> Só em 2008 Greg Marcks voltaria a dirigir: fez um thriller chamado The Gift, com Edward Burns, Ving Rhames e Martin Sheen.
Não Somos Anjos / We're No Angels <END> Anotação em 2010: <END> O diretor é o irlandês Neil Jordan, que eu pessoalmente acho bastante irregular, mas é celebradíssimo, vencedor de um Oscar (pelo roteiro original de Traídos pelo Desejo/The Crying Game, de 1992) e de 31 outros prêmios, fora 29 outras indicações. <END> O roteiro se baseia numa peça francesa, La Cuisine des Anges, a cozinha dos anjos, de Albert Husson, que já havia sido a origem de um filme homônimo, Não Somos Anjos/We're no Angels, dirigido em 1955 pelo grande Michael Curtiz, o autor de Casablanca, e estrelado por Humphrey Bogart, Peter Ustinov, Aldo Ray, Leo G. Carroll e Joan Bennett. <END> No original e no filme de Michael Curtiz, três prisioneiros conseguem escapar da Ilha do Diabo, junto da Guiana Francesa, às vésperas do Natal, acabam invadindo a casa de uma família e – surpresa! – se tomam de amores por ela. <END> Para criar uma nova trama a partir da idéia básica da peça, os produtores chamaram nada menos que David Mamet, grande, brilhante dramaturgo, roteirista e diretor. <END> Como se não bastassem todos esses nomes já mencionados, ainda tem mais um: <END> Um insulto à inteligência do espectador <END> Com uns 15 minutos de filme, já dava para ter certeza plena: o filme é uma absoluta porcaria. <END> Boa parte da culpa, acho, é do próprio Mamet. <END> A personagem da mulher interpretada por Demi Moore não tem qualquer sentido, não se sustenta, é uma caricatura. <END> A rigor, tudo, no filme, é uma grotesca caricatura. <END> Mas a caricatura mais grotesca de todas é a que De Niro cria. <END> Como é possível que um ator com o talento de De Niro, o cara que fez Taxi Driver, O Touro Indomável, A Missão, Coração Satânico, tenha se permitido ser tão ridículo? <END> Não dá pra saber. <END> Consternant, lumbering e lugubrious <END> Algum fanático anti-religioso pode até enxergar no filme uma saudável gozação das crenças católicas. <END> Já me alonguei demais numa anotação sobre filme tão vagabundo. <END> "Desajeitada comédia sobre uma dupla de condenados estúpidos que inadvertidamente escapam da prisão e encontram refúgio fazendo-se passar por padres em visita a um santuário próximo. <END> Não é sempre que concordo com as opiniões de Leonard Maltin, mas acho que desta vez ele acertou em cheio. <END> Já Rober Ebert, que admiro muito, vai na contramão. <END> Como deu empate, recorro ao Guide des Films de Jean Tulard. <END> O que é verdade: o personagem que ela interpreta não faz sentido, e a câmara do diretor Neil Jordan não pára muito sobre ela, mas Demi Moore está no auge da beleza. <END> Um filme consternador. <END> […] Barbican Centre, em Londres), jamais me esqueci da frase dita por Harry para o grande amigo Jess (Bruno Kirby), que está para se casar com a grande amiga de Sally, Marie (Carrie Fisher): – "Anotem seu […] <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Vício Maldito / Days of Wine and Roses <END> Não é, de jeito nenhum, um filme gostoso nem fácil de ver, este Days of Wine and Roses, no Brasil Vício Maldito, que Blake Edwards dirigiu em 1962. <END> Como na vida real, não se chega ao fundo do poço do alcoolismo de maneira rápida, abrupta. <END> Os créditos iniciais mostram rosas ao fundo, enquanto vamos vendo os nomes dos atores, da equipe, ao som da canção criada para o filme por Henry Mancini, com letra de Johnny Mercer, que viraria um clássico e teria vida independente do filme. <END> Nos créditos iniciais, a canção vem com a orquestra de Henry Mancini e afinadíssimas vozes femininas, que cantam os versos bem construídos de Mercer – "The days of wine and roses laugh and run away like a child at play / Through a meadow land toward a closing door". <END> Dias de vinho e rosas. <END> Uma linda moça de faiscantes olhos azuis – e o homem se irrita com ela <END> A primeira sequência se passa em um belo e amplo bar, superpovoado por homens de terno e gravata. <END> Enquanto fala ao telefone, tampando o outro ouvido por causa do vozerio do bar, Joe pede outra dose ao barman. <END> Veremos que a cidade é San Francisco, e que Joe trabalha numa grande agência como relações públicas. <END> Seu trabalho inclui recrutar moças bonitas, atraentes, que saibam se vestir bem, e levá-las a festas promovidas por ou para alguns de seus clientes. <END> Às 18h30 do dia seguinte, ele está numa lancha num dos cais de San Francisco em meio a seis belas mulheres, vestidas para festa noturna, embora ainda seja dia. <END> Chega então de táxi uma moça loura, de faiscantes olhos azuis. <END> É linda, mas não está vestida para festa para agradar aos amigos de um príncipe árabe. <END> Irritado, em voz alta, Joe dá bronca nela: – "Você está atrasada. <END> Kirsten Arnesen – veremos que esse é o nome da personagem interpretada por Lee Remick – não dá a mínima bola para aquele sujeito. <END> Quando a lancha encosta no belo iate, ele ainda tenta dar uma bronca nela. <END> Joe não conhecia ainda o homem, o sr. <END> Trayner cumprimenta o homem de relações públicas, e comenta que ele então já havia conhecido sua secretária, Kirsten. <END> A primeira fala de Kirsten-Lee Remick é: – "Bem, não oficialmente. <END> Mas Trayner já nem estava prestando atenção: olhava para as moças que Joe havia trazido. <END> Joe tinha dado um tremendo fora com a secretária de seu cliente, mas seu cliente parecia satisfeito com o material que ele trouxera para o iate. <END> Solitária, Kirsten aceita o convite de Joe e saem para jantar <END> No dia seguinte, um arrependido Joe vai ao imenso escritório da empresa de Trayner, levando um presentinho para a secretária que ele havia confundido com uma das acompanhantes, escort girls, call girls, party girls. <END> O segundo encontro entre Joe e Kirsten é tão desastrado quanto o primeiro. <END> Depois de alguns momentos extremamente embaraçosos, no entanto, de repente Kirsten muda completamente de atitude e resolve aceitar o convite para jantar com aquele sujeito que havia sido grosseiro, mal educado. <END> É uma mudança de atitude sem dúvida brusca demais, exageradamente brusca, e até um tanto inverossímil. <END> Poucos meses antes, ela havia se cansado de viver na área rural e se mudado para a cidade. <END> Kirsten toma a primeira gota de álcool da vida. <END> Vão jantar juntos, aqueles dois seres solitários, depois de terem sido extremamente ríspidos um com o outro. <END> Joe manda brasa no uísque. <END> Até aquele dia, Kirsten jamais havia bebido álcool. <END> Joe levanta-se, vai até o barman e encomenda sem que ela ouça um Brandy Alexander – conhaque e chocolate. <END> A princípio, Kirsten não quer, mas Joe insiste: é especial, tem chocolate. <END> Ela dá um pequeno golinho – e gosta. <END> Estamos com exatos 18 minutos de filme. <END> Deveria haver mais filmes sobre o vício <END> É difícil ver Days of Wine and Roses e não lembrar de The Lost Weekend, que Billy Wilder lançou em 1945, 17 anos antes, portanto, do filme de Blake Edwards. <END> Dramáticos, exagerados – mas não propriamente errados. <END> "Lost Weekend moderno passado em San Francisco, com Lemmon se casando com Remick e a levando ao alcoolismo", define Leonard Maltin em sua resenha, que vem acompanhada da cotação de 3.5 estrelas em 4. <END> O CineBooks' Motion Picture Guide – que dá ao filme 4 estrelas em 5 – diz: <END> (O termo que o CineBooks' usa é boozer, de booze, o substantivo para designar bebida de uma maneira geral, com um tom depreciativo. <END> Me deixou indignado essa forma com que o CineBooks' se refere ao filme. <END> A cada ano são feitas centenas de filmes sobre assassinos, ladrões, bandidos das mais variadas espécies. <END> E seguramente há muito mais bêbados no mundo do que assassinos. <END> Deveria é haver muito mais filmes sobre vício. <END> Na minha opinião, este é um dos dois melhores filmes sobre alcoolismo jamais feitos <END> Nunca vi esse filme de 1951 com James Cagney, e na verdade jamais tinha ouvido falar dele. <END> Na minha opinião, The Lost Weekend e este Days of Wine and Roses são os dois melhores filmes já feitos sobre alcoolismo. <END> Acho que todos eles são importantes. <END> O inferno do alcoolismo a dois consegue ser pior do que o de um único cônjuge <END> Days of Wine and Roses tem uma importância especial: é o único desses filmes citados acima que trata do alcoolismo quando ele se transforma numa doença do casal, uma espécie, bastante deletéria, de folie à deux. <END> Em The Lost Weekend, o personagem de Ray Milland enfrenta o inferno sozinho. <END> Dos filmes sobre alcoolismo que conheço, este aqui é o único que mostra um casal em que um alimenta o vício do outro. <END> O inferno do alcoolismo a dois, mostrado no filme de Blake Edwards, consegue ser pior do que o de um único cônjuge. <END> Regina Lemos dizia que os encontros não são uma pessoa + uma pessoa. <END> O que o filme de Blake Edwards mostra é exatamente isso. <END> Quando dois viciados se unem, a tendência é que ajam como náufragos: o mais desesperado vai sempre puxar o outro para baixo. <END> Na vida não existe fast forward. <END> A seqüência da recaída, dos dois desesperados que puxam um ao outro primeiro para a rápida euforia que a cachaça dá, e em seguida para o fundo do poço, e que acontece quando o filme está bem no meio, é uma das coisas mais pavorosas que já vi no cinema – e talvez até na vida real. <END> Pensei seriamente em parar de rever o filme – ou em dar um fast forward para não enfrentar tanta dureza, tanta angústia, tamanho desespero. <END> Se na vida fosse possível dar fast forward como se dá nos filmes, que maravilha seria a vida. <END> No momento em que estamos em algum dos muitos fundos de poço com que a vida nos brinda, simples – apertamos uma tecla, vamos para o capítulo seguinte. <END> Infelizmente, o cinema é mais belo que a vida. <END> Aquela sequência em que Joe-Jack Lemmon vai até a estufa à procura da terceira garrafa é uma das mais tristes, desesperadas, angustiantes, dolorosas, doloridas que há no cinema. <END> E aí talvez o espectador pense que já chegou ao fundo do poço. <END> A seqüência do motel, bem mais tarde, é ainda mais furiosamente angustiante, desesperante. <END> O filme realça, sem meios-termos, para usar a expressão de Leonard Maltin, como é impossível a convivência de um viciado com um viciado que tenta ficar limpo. <END> Para quem está bêbado, é uma afronta, um acinte, uma agressão o fato de o ex-companheiro de bebedeira não estar bebendo. <END> Essas duas sequências – a da primeira recaída, que prossegue na estufa, e a do motel – são de doer, de doer feio, fundo. <END> Há viciados que conseguem sair – aleluia! <END> A possibilidade de happy ending para os viciados é pequena. <END> Mas a possibilidade é pequena. <END> Billy Wilder, um artista que era tudo menos um otimista, um believer, evidentemente não tinha interesse algum em arranjar um happy ending para o bêbado interpretado por Ray Milland em The Lost Weekend. <END> Pode ter sido uma questão de tempo: em 1962 as coisas talvez fossem um pouco melhores do que eram em 1945 entre criador de um lado e, de outro, os produtores, a maior ou menor rigidez da censura, as normas de comportamento da própria sociedade. <END> Blake Edwards conseguiu o que Billy Wilder não pôde: <END> Não chega a não ser o horror dos horrores, como foi, por exemplo, o fim de À Procura de Mr. Goodbar/Looking for Mr. Goodbar, maravilha de filme que Richard Brooks fez em 1977. <END> Mas, ao contrário do filme de Billy Wilder, e exatamente como Billy Wilder gostaria de ter feito, Days of Wine and Roses passa longe do final feliz. <END> E aí repito: a possibilidade de happy ending para os viciados é pequena. <END> Melhor, muito melhor seria sair fora antes que a queda no inferno fosse inevitável. <END> Depois da submissão total ao vício, é difícil imaginar enfrentar a vida sem a droga. <END> Days of Wine and Roses mostra isso com todas as letras. <END> Jack Lemmon e Lee Remick foram indicados ao Oscar, mas não levaram <END> A frase 'dias de vinho e rosas" vem – como a personagem interpretada por Lee Remick mostra – de um poema. <END> Segundo a Wikipedia, são versos do poema "Vitae Summa Brevis", de autoria de Ernest Dowson (1867–1900). <END> O filme teve cinco indicações ao Oscar: ator para Jack Lemmon, atriz para Lee Remick, direção de arte em preto-e-branco, figurinos em preto-e-branco, canção. <END> Teve quatro indicações ao Globo de Ouro – filme na categoria drama, direção, atriz, ator. <END> A Academia costuma cometer injustiças bravas. <END> A disputa pela estatueta de melhor atriz era tão dura quanto a pela de melhor atriz. <END> Credo em cruz. <END> Mas isso pode ser só bobagem de velhinho nostálgico – embora eu não seja nostálgico. <END> Para encerrar, gostaria de situar cronologicamente Days of Wine and Roses na obra desse realizador talentosíssimo que não tem o devido reconhecimento. <END> Blake Edwards tem uma filmografia ampla que passa pelos mais diversos gêneros. <END> Em 1959, fez Anáguas a Bordo/Operation Petticoat, uma comédia deliciosa. <END> 4 Comentários <END> Ainda não consegui assistir este filme … e como quero. <END> As letras de Mercer foram muito bem colocadas, como apontado por você, Sérgio. <END> Um Trackback <END> […] ao longo da narrativa, tanto quanto bebe o casal interpretado por Jack Lemmon e Lee Remick em Vício Maldito/Days of Wine and Roses (1962), tanto quanto bebe o personagem feito por Ray Milland em Farrapo Humano/The Lost Weekend […] <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
A Isca / L'Appat <END> Anotação em 1997: <END> Não que o filme seja uma merda. <END> Nathalie tem 18 anos, é classe média média, trabalha numa loja de roupa, mora em apartamento que ganhou da mãe e sonha vagamente com a possibilidade de virar manequim ou cantora ou atriz – e Tavernier parece dizer que esse é o sonho de toda menina parisiense. <END> Nathalie mora com o namorado, Eric, filho de judeus ricos que querem que ele arranje trabalho, e por isso vão diminuindo a mesada, cortando a conta bancária. <END> Pois bem: <END> Não há remorso, não há crise de consciência, não há absolutamente nada parecido com isso. <END> Há um segundo assassinato, que cabe, pela regra da alternância lembrada por Bruno, a Eric. <END> Se você não viu o filme, não leia a partir de agora <END> Nathalie começa a dar sinais de enfado, não por qualquer razão moral, mas porque o cheiro deles depois dos assaltos e assassinatos não é bom, e incomoda muito a ela o fato de eles usarem seu bidê para lavar as roupas manchadas de sangue. <END> A cena final é muito boa e forte.
As Palavras / The Words <END> As Palavras/The Words é um filme que fala sobre livros – livros, e honestidade. <END> Fascinantemente, As Palavras não se baseia em um livro, e sim numa história original escrita para o cinema. <END> E, na minha opinião, a melhor qualidade desse filme sobre palavras, livros, é a trilha sonora, de autoria de Marcelo Zarvos. <END> Leio os parágrafos acima para Mary, aqui ao lado, e ela não concorda: diz que a trilha sonora é, sim, belíssima, mas que o filme tem muitas outras qualidades. <END> Não discordo dela neste ponto específico: o filme tem muitas qualidades. <END> Dos filmes que vi recentemente, duas trilhas me impressionaram de maneira especial: a de W.E. – O Romance do Século, de Madonna, sobre o romance da americana Wallis Simpson com o príncipe Edward, depois rei Edward VIII da Grã-Bretanha, e a deste As Palavras. <END> Da mesma maneira que W.E., da mesma maneira que nove entre dez filmes recentes, As Palavras não tem créditos iniciais. <END> Exatamente como havia acontecido com W.E., vi As Palavras impressionado com a trilha sonora – e sem saber quem era o raio do compositor. <END> Não levava jeito de ser um dos mais manjados compositores americanos, tipo John Williams ou Hans Zimmer. <END> O autor da trilha sonora de W.E. não era nenhum desses nomes – era de alguém de quem eu nunca ouvira falar, Abel Korzeniowski, um polonês da Cracóvia. <END> Quem escreveu a maravilhosa trilha de As Palavras – o espectador fica sabendo depois que o filme termina – é Marcelo Zarvos. <END> Sua página pessoal na internet – em inglês, naturalmente – diz que ele é um pianista e compositor brasileiro que tem escrito para praticamente todos os meios, de dança às salas de concerto, filmes, televisão e teatro. <END> É extraordinário: uma busca no site 50 Anos de Filmes localiza sete filmes com trilha sonora assinada por Marcelo Zarvos. <END> E aí pergunto, à toa: quantas reportagens sobre Marcelo Zarvos o eventual leitor já viu nos jornais e revistas e TV? <END> Um escritor faz a leitura do início de seu livro para um auditório cheio <END> A primeira tomada de As Palavras, enquanto o espectador ouve a música envolvente, impressionante, de Marcelo Zarvos, mostra uma mesa organizadíssima em um belo escritório, em que está um livro de capa dura, grosso, cujo título é absolutamente visível: <END> A tomada ainda é esta – Dennis Quaid se olhando no espelho -, mas já ouvimos palmas. <END> As Palavras foi escrito e dirigido por uma dupla, Brian Klugman e Lee Sternthal. <END> A música de Marcelo Zarvos sobe – e vemos o que o livro que o autor começa a ler relata. <END> – "Ficou observando Rory e Dora Jensen dirigirem-se à limousine. <END> É uma maravilhosa tomada, enquanto ouvimos Dennis Quaid-Clay Hammond com a voz agora em off: debaixo da chuva, a câmara faz um zoom da rua para a calçada, a entrada do hotel; vemos os personagens Roy Jensen e sua mulher Dora entrando na imensa limousine; o zoom continua, por sobre a limousine, o porteiro do hotel que acompanhou o casal até o carro já se foi, e então a câmara se aproxima do velho, com uma capa cáqui, chapéu cinza. <END> Jeremy Irons aparece fortemente maquiado para parecer bem mais velho <END> Jeremy Irons estava com apenas 64 anos quando o filme foi lançado, em 2012. <END> Uma mulher belíssima se aproxima do escritor no intervalo da leitura <END> Então, recapitulando: <END> Neste ponto, estamos com menos de cinco minutos de filme. <END> Para não dar spoiler, não vou adiantar mais nada da trama do filme que conta a história de um livro dentro de outro livro – a não ser que, quando Clay Hammond termina de ler a Parte Um de seu livro As Palavras, uma bela mulher entra na história. <END> Wilde, como Oscar. <END> Depois do intervalo, Clay Hammond volta ao auditório, e lê para a audiência a Parte Dois de seu livro. <END> Por que raios as pessoas pagam para ouvir um autor lendo seu livro? <END> Me peguei pensando: mas isso de fato ocorre, nos Estados Unidos – leituras de uma obra pelo próprio autor? <END> Bem, talvez seja assim que as coisas aconteçam em Manhattan. <END> Mas, em nome da lógica, me pergunto: faz sentido um autor ler, num auditório, dois terços de um livraço que parece ter umas 600 páginas, para um público pagante e aparentemente fascinado? <END> Três interpretações marcantes, belíssimas, dos atores principais <END> Em As Palavras, o filme, me deixaram impressionado as interpretações de Bradley Cooper, Dennis Quaid e Jeremy Irons. <END> Jeremy Irons é um ator soberbo, dos melhores que há, tenham eles 5 ou 90 anos. <END> Dennis Quaid também me pareceu estar uma ou duas oitavas acima do tom. <END> A melhor interpretação do filme, me pareceu, é a de Bradley Cooper, esse jovem ator tão bem dotado, inclusive de fina estampa. <END> É um filme extremamente bem realizado. <END> Então, considerações finais. <END> As Palavras é um filme extremamente bem realizado. <END> Se houvesse mais mestiços no mundo, se fôssemos todos mestiços, talvez houvesse menos guerras, tumultos, cotas, pentelhações, palhaçadas, spikelees. <END> Tem uma trilha sonora extraordinária. <END> Sei lá. <END> É um filme que trata de honestidade, e de alguma maneira ele me deixou uma sensação de falsidade. <END> Talvez as histórias do livro dentro do livro sejam menos interessantes do que deveriam ser. <END> Talvez a coisa do imenso sucesso de um livro novo – que não conta uma história nada especial – tenha me incomodado. <END> Talvez toda essa coisa de escritor que persegue o sonho de ser o novo Grande e Definitivo Autor Americano me canse um pouco <END> Mas o fato é que Brian Klugman e Lee Sternthal têm talento. <END> Quando fiz minha anotação, propositadamente não quis revelar nada do que acontece na trama a partir dos primeiros minutos. <END> 4 Comentários <END> Não achei que o texto ficou capenga, não. <END> Apos ver o filme duas vezes, fiquei muito impressionada, mas não com o fato da historia num todo e sim com o fato de não poder saber as palavras e a historia do "tal" livro principal no roteiro do livro. assim como crepusculo a Bella lê um livro e ele existe Morro dos ventos uivantes, ou Harry Potter que le as cronicas de bardo. e todos existem de fato. teria como me ser informado se não existe mesmo, ou se existe o livro The window tears do filme As palavras ? <END> Acabei de assistir. <END> DAQUI EM DIANTE TEM SPOILER QUEM NAO VIU POR FAVOR , NAO LEIA . <END> Achei que o fim do casamento Rory deveria ter sido mostrado. <END> sobre honestidade (ou não) em autoria de livros, o Woody Allen já disse tudo no filme VOCE VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS. <END> 2 Trackbacks <END> […] após ter sido abandonado pela mulher com uma garota linda de 20 e poucos (interpretados por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence) teve 8 indicações ao Oscar, levou 1 – o de melhor atriz para o fenômeno […]
As Bonecas / Le Bambole <END> Anotação em 2010: <END> E, no entanto, o filme é muito pior que péssimo: é idiota. <END> Mary e eu nos entusiasmamos quando ela achou na locadora o filme – lançado recentemente no Brasil em DVD. <END> É uma decepção total, absoluta. <END> É tudo idiota. <END> A intenção é fazer comedinhas sensuais, aproveitando o charme, a beleza, o magnetismo das estrelas. <END> São historinhas bobas, bocós, babacas. <END> É assim: <END> 1º episódio – O Telefonema, de Dino Risi. <END> 2º episódio – O Tratado de Eugenia, de Luigi Comencini. <END> 3º episódio – A Sopa, de Franco Rossi. <END> Tudo bem: em 1965, quando o filme foi lançado, deveria mesmo ser engraçado ver Monica Vitti, a musa dos filmes cabeção de Antonioni sobre incomunicabilidade, fazer esse papel numa comédia boba. <END> 4º episódio – Monsenhor Cupido, de Mauro Bolognini. <END> As quatro atrizes são estonteantes. <END> Tudo tem a profundidade de uma piada ginasiana dos anos 60. <END> É tudo estúpido, idiota. <END> É antigo como a moda siciliana de exibir publicamente o lençol sujo de sangue pós-primeira trepada no primeiro dia da lua de mel. <END> É idiota. <END> E, para piorar ainda mais o que já é pior que péssimo, a versão em DVD lançada pela Classicline é dublada para o inglês – e com legendas em português que nunca batem com o que está sendo dito. <END> 5 Comentários <END> A comédia é muito boa e fez um grande sucesso na época, inclusive no Brasil, ficando um bom tempo em cartaz. <END> Por aqui se vê como o Sérgio é uma pessoa tolerante e educada ao deixar estes comentários despropositados à vista de todos. <END> Ô, amigo José Luís, talvez eu tenha sido, mais que tolerante, permissivo demais com essas pessoas sem o mínimo de educação. <END> […] sua frente uma mulher danada de gostosa. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Vidas Que Se Cruzam / The Burning Plain <END> Anotação em 2010: <END> Vidas que se cruzam. <END> O filme abre com um plano geral de uma planície – há montanhas ao fundo – em que há um incêndio. <END> O título original do filme é The Burning Plain – planície em chamas. <END> Corta, e temos uma mulher nua sentada em uma cama. <END> Uma amiga, Laura (Robin Tunney), vem pegar Sylvia para levá-la para o trabalho. <END> Uma profissional competentíssima, uma mulher em profunda angústia <END> Veremos em seguida que Sylvia é a gerente de um restaurante fino, elegante, numa colina, debruçado sobre um mar bravio – o filme não diz explicitamente, mas Sylvia vive no Oregon, no extremo noroeste dos Estados Unidos. <END> O filme nos dá esse retrato de Sylvia nos primeiros dez minutos, com bastante competência. <END> Diversos outros personagens, outras histórias <END> Paralelamente, enquanto vai nos apresentando Sylvia, o roteirista e agora diretor Guillermo Arriaga nos mostra seus outros personagens: <END> * Há um mexicano, Nick (interpretado pelo bom ator português Joaquim de Almeida), que vive no Novo México e tem um caso com uma mulher casada, Gina (Kim Basinger); os dois morrem no incêndio do trailer mostrado nas primeiras seqüências do filme; morreram trepando, segundo constatou a polícia; <END> * Há o garoto Santiago (J.D. Pardo), filho de Nick, de uns 16, 17 anos, mais seu irmão e sua mãe. <END> * Também o marido de Gina, Robert (Brett Cullen), naturalmente, ficou sabendo do escândalo. <END> * Santiago procura Mariana; quer saber como era a história paralela, secreta, de seu pai, com a mãe da garota. <END> * E ainda há um outro grupo de personagens: uma dupla de amigos que ganha a vida jogando pesticidas em plantações, de um pequeno avião, mais a filha de um deles, Maria (Tessa Ia), garota de uns 12 anos, esperta, inteligente, que participa do trabalho com o pai e com o amigo dele, voa com eles, trabalha como navegadora, dando coordenadas através de um GPS. <END> Exatamente como em 21 Gramas, como em Babel, o roteiro de Guillermo Arriaga vai entremeando as histórias desses vários personagens. <END> Muitos elogios ao filme <END> Parece que foi bem recebido, de maneira geral, esta estréia de Arriaga como diretor (ele havia dirigido apenas dois curta-metragens, antes). <END> Vejo no AllMovie: <END> "Como seu trabalho como roteirista em Babel, 21 Gramas e Amores Perros, a estréia de Guillermo Arriaga na direção é um drama complexo, emocional, que não se limita a uma única narrativa. <END> E mais tarde: <END> Direção de atores fraca. <END> Isso colocado, vou dar minha opinião pessoal. <END> É um filme muito bem feito, sem dúvida alguma. <END> Embora a fotografia seja de fato sensacional, assim como a montagem, a música (falo dela um pouco abaixo), e o roteiro prossigam na mesma fórmula que deu extremamente certo em 21 Gramas e Babel, achei falha a direção de atores. <END> E a verdade é que não consegui propriamente gostar do filme. <END> E não pude deixar de me sentir um tanto enganado, quando, lá pela metade do filme, chega o momento em que o espectador percebe que Arriaga usou um truque. <END> Sei lá. <END> Mas tudo isso, é claro, são minhas opiniões pessoais e intransferíveis. <END> Uma trilha sonora semelhante às dos filmes anteriores <END> Uma pequena observação sobre a trilha sonora. <END> O autor das trilhas de Amores Perros, 21 Gramas e Babel – todos com roteiro de Guillermo Arriaga, é bom lembrar – foi o argentino Gustavo Santaolalla, sujeito de grande talento, autor de outras belas trilhas, como de O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, de Diários de Motocicleta, de Walter Salles, e Terra Fria/North Country, de Niki Caro, por coincidência também com a estonteante Charlize Theron. <END> A trilha sonora deste Vidas Que Se Cruzam não é de Santaolalla; assinam a trilha Omar Rodriguez-Lopez e Hans Zimmer. <END> Pois aqui, no entanto, esses dois compositores criaram uma trilha bem próxima às do compositor argentino. <END> Achei isso fascinante. <END> E repito: é um filme bem feito, e que tem muitas qualidades. <END> 2 Comentários <END> Engraçado, quando vi o filme vim aqui ver se vc já tinha escrito sobre ele, mas não tinha. <END> Assisti agora. <END> […] com 10, 12 anos, interpretado por Kodi Smit-McPhee. <END> […] uma estrutura multiplots, passada em vários lugares do planeta. <END> […] adora esse tipo de história – é o autor do roteiro de 41 Gramas e Babel e ele mesmo dirigiu Vidas Que Se Cruzam/The Burning Plain, que, como o próprio título brasileiro indica, também é uma espécie de La Ronde, de Short […] <END> […] Tessa Ia estava em seu terceiro filme: havia feito antes uma série de TV e tinha tido um papel em Vidas Que Se Cruzam/The Burning Plain, de 2008, o primeiro longa-metragem de Guillermo Arriaga, conhecido por seus roteiros para filmes […] <END> […] O Xangô de Baker Street, de 2001, trabalhou com Guillermo Arriaga na produção americana Vidas que se Cruzam, de 2008, fora trabalhos com realizadores portugueses, Mulheres – Amizades Simples, Vidas […] <END> […] 2014, ao mesmo espírito de seu filme de 2005. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Um Bom Partido / Playing for Keeps <END> Alguém mal-humorado poderia dizer que a contribuição deste Um Bom Partido para a cultura seja mostrar que o futebol – o futebol mesmo, o esporte bretão – parece estar finalmente chegando aos Estados Unidos. <END> Ou então mostrar que as esposas da classe média americana têm um insaciável apetite sexual. <END> Bem, de fato o filme mostra esses dois fenômenos. <END> Voltou à Itália para lançar, em 2010, O Último Beijo/Baciami Ancora. <END> Tenho grande simpatia por realizadores que insistem em um tema que é importante para eles. <END> George torrou toda a montanha de dinheiro que ganhou, e agora está duro <END> O filme abre com imagens de partidas de futebol. <END> E temos então um letreiro "George Dryer hoje". <END> Não vai muito bem, o ex-King George. <END> Mora numa pequena casinha dos fundos, atrás de uma bela casa ocupada por um indiano, Param (Iqbal Theba). <END> Grandes jogadores, craques, a gente sabe muito bem, ganham fortunas. <END> Não foi o caso de George Dryer, que torrou esplendidamente sua grana enquanto ela chovia, em viagens pela Europa, Ferraris, aluguel de belas villas, essas coisas. <END> Tiveram um filhinho, Lewis. <END> Ele vira treinador do time de futebol da escola. <END> O cinema já mostrou outros grandes atletas ou desportistas em má situação depois que o auge da carreira passa. <END> Mas esta aqui é uma comedinha romântica. <END> O George que vemos no início da narrativa é apenas um sujeito um tanto imaturo, desorganizado, avoado. <END> Lewis faz parte do time de futebol da escola – e isso é que é fascinante: agora há times de futebol nas escolas americanas! <END> E o time é misto: há também garotas. <END> Ao ver os treinos, George se impacienta: o técnico é um despreparado, não dá a menor atenção aos garotos, fica o tempo todo falando ao celular. <END> Da primeira vez que vemos George assistir a um treino, ele fica impaciente, mas quieto. <END> Os pais que vêem o treino ficam fascinados. <END> Querem que George assuma o posto de técnico. <END> A princípio ele não se entusiasma. <END> E ele topa. <END> Em papéis pequenos, duas atrizes belíssimas: <END> Os meninos e meninas adoram o novo treinador. <END> É um personagem interessante, esse, interpretado por Dennis Quaid. <END> Carl é casado com um avião, um baita de um Boeing, Patti, que vem na tela no corpo infindável de Uma Thurman. <END> Patti e mais duas mães de garotos do time vão partir para cima do treinador bonitão. <END> Um filme simpático, divertido, e que acerta no fundamental <END> Aparentemente o filme foi um fracasso na bilheteria. <END> Detalhinho: não conhecia a expressão "play for keeps". <END> Não é, de forma alguma, um grande filme, este Playing for Keeps.
Testemunha de Acusação / Witness for the Prosecution <END> Anotação em 2010: <END> Não são muitos os filmes assim. <END> Não sei quantas vezes já vi o filme. <END> É um filme absolutamente genial. <END> Enquanto revia pela sei lá quantas vezes o filme, fiquei pensando coisas como: <END> – ficam aí tentando criar histórias com reviravoltas; tudo bem, é um direito das pessoas. <END> – ficam aí tentanto fazer filmes que surpreendam; tudo bem. <END> – ficam aí criando todo tipo possível de fogos de artifício, de truquezinhos, de invençõezinhas, para parecer moderno, e novo, e inovador, e genial; tem nego que acha que o cinema começou com Quentin Tarantino. <END> Um grande encontro de artistas fora do comum <END> Testemunha de Acusação é, entre muitas outras coisas, o encontro de quatro artistas fora do comum: <END> Agatha Christie (1890-1976), aquela velha inglesa louca de pedra, criou, sei lá, mais de 400 histórias. <END> Das 400 histórias que ela bolou, e das, sei lá, 50 que li, costumava achar que O Assassinato de Roger Ackroyd fosse a melhor. <END> É uma trama intensa, rica, que fala de fidelidade e traição, amor e ódio, admiração e inveja, competência e ambição, crime e castigo. <END> Testemunha de Acusação talvez não seja o melhor filme de Billy Wilder (1906-2002), acho eu. <END> Charles Laughton (1899-1962) é um gigante – seu talento consegue ser maior que seu corpanzil. <END> Ninguém dirigido por Billy Wilder trabalha mal <END> O acusado, Leonard Vole, é interpretado por Tyrone Power (1914-1958), o ator que fez suspirar milhões de mocinhas nos anos 30 e 40 – mas o filme é de 1957, e o astro estava já um tanto velhinho. <END> Não está mal, Tyrone Power, como o homem que tudo indica que é o assassino, mas que consegue convencer o veterano, brilhante, advogado da sua inocência. <END> Mas o show é de Charles Laughton como Sir Wilfrid Robarts, o melhor advogado criminal da Inglaterra, e de Marlene Dietrich, como Christine Vole, a mulher de Leonard, seu único álibi. <END> (E aí não consigo me impedir de anotar sobre a extraordinária riqueza da língua inglesa. <END> As lentes das câmaras se derretem por Marlene <END> E então chegamos a Marlene Dietrich (1901-1992), a quarta artista fora do comum deste filme em que quatro artistas maiores, extraordinários, fora do comum, se encontraram. <END> Marlene é uma diva, uma das maiores que já passaram pelas telas do cinema. <END> Marlene (é sempre bom lembrar) deixou sua Alemanha natal em 1930, três anos antes de Hitler assumir o poder. <END> Uma personagem extraordinária para uma atriz idem <END> Billy Wilder fez não um, mas dois filmes em que Marlene Dietrich interpreta uma alemã vivendo no seu país destruído, dizimado, devastado pela Segunda Guerra, e que encontra ajuda com soldados aliados. <END> Em Testemunha de Acusação, faz o papel de Christine, que, logo após o fim da guerra, vivia em penúria entre os escombros do que sobrou de Hamburgo; para sobreviver, canta num cabaré no meio das ruínas. <END> Christine-Marlene demora a aparecer na tela. <END> É uma atriz extraordinária, Marlene Dietrich. <END> Personagens interessantes, bem construídos, bem interpretados <END> É impressionante como todos os personagens são interessantes, bem construídos – e bem interpretados. <END> Elsa Lanchester faz com brilhantismo a enfermeira Miss Plimsoll, que trava uma guerra sem tréguas contra seu paciente indócil, que, mal se recuperando de um ataque cardíaco, se expõe à batalha no tribunal e não abre mão dos charutos e do conhaque. <END> Até Diana (interpretada por Ruta Lee), uma bela jovem morena que se senta ao lado da enfermeira Plimsoll, nas galerias do tribunal, e aparece menos de três minutos na tela, é bastante interessante. <END> O filme teve seis indicações ao Oscar – melhor filme, melhor diretor, melhor ator para Charles Laughton, melhor atriz coadjuvante para Elsa Lanchester, melhor montabem para Daniel Mandell, melhor som para Gordon Sawyer. <END> Elsa Lanchester levou o Globo de Ouro como coadjuvante; houve indicações também para melhor filme, melhor diretor, melhor ator para Charles Laughton e melhor atriz para Marlene Dietrich (na categoria drama, é claro). <END> "Só trabalhei com dois grandes diretores: <END> Marlene não fala uma palavra sobre Testemunha de Acusação em sua bela autobiografia, lançada em 1987. <END> Fala de Billy Wilder, mas sobre A Mundana. <END> Quando Marlene e Wilder voltaram a trabalhar juntos, em 1957, para fazer Testemunha de Acusação, Marlene estava mais envolvida com sua nova carreira de cantora. <END> Trabalhou com diversos diretores, Orson Welles entre eles, mas, quando Peter Bogdanovich a entrevistou para seu livro Picture Shows, e disse a ela "A senhora trabalhou com muitos grandes diretores…", a diva o interrompeu: <END> Um dos melhores filmes de Hitchcock – só que feito por Wilder <END> Marlene e Wilder haviam se conhecido ainda em Berlim, em 1929, antes que os dois fossem para Hollywood. <END> "Marlene Dietrich me perguntou se não queria filmar com ela o livro Testemunha de Acusação, de Agatha Christie. <END> Na mesma biografia-relato, o diretor conta que, ao longo de sua carreira, aconteceu apenas duas vezes de ele ter sido elogiado pelo autor do livro em que se baseou. <END> Há uma frase brilhante de Hellmuth Karasek que define com perfeição este filme. <END> "Testemunha de Acusação é um dos melhores filmes de Hitchcock – só que dirigido por Billy Wilder." <END> Sem dúvida, Hitchcock teria tido o maior prazer em assinar este filme. <END> Ao final do filme, há um pedido ao espectador: <END> Três anos depois, Hitchcock usaria essa mesma idéia: toda a campanha de marketing de Psicose, lançado em 1960, era em torno da recomendação para que ninguém revelasse o final do filme. <END> Hellmuth Karasek está certíssimo: <END> 13 Comentários <END> Pode-se escrever frases e frases sobre o cinema e com poucas eu concordaria mais do que com essa: "é preciso de uma bela história, um belo roteiro para contar bem a história, um grande diretor, grandes atores". <END> Realmente, esse filme é o máximo! <END> tio, por que não uma ferramenta que permita o envio das anotações? por exemplo, falei pro geraldão, especificamente sobre a radação, o texto, o conteúdo da nova anotação do testemunha de acusação… vou então copiar o link e enviar ao papai. olha, a tua página está sensacional. simples, objetiva, fácil, 'leve'… tua cara. um abraço teu sobrinho curitibano beto vaz <END> Tudo o que foi dito é verdadeiro…ou quase tudo, pois faltou dizer uma dura verdade: por mais extraordinário que o filme seja, Billy Wilder cometeu um erro primordial: não foi o advogado quem deu a idéia para a personagem de Marlene Dietrich, não! <END> Esse é um dos motivos pelo qual frequento seu blog! <END> "(E aí não consigo me impedir de anotar sobre a extraordinária riqueza da língua inglesa. <END> Sem a menos sombra de dúvida a quantidade de termos sinônimos de um idioma claramente indica toda a riqueza e sofisticação da língua. <END> Oi, Sérgio, concordo em gênero, número e grau com a Luciana, q diz q, traduzindo, um filme baseado em livro da dame Agatha Christie, dirigido pelo maravilhoso Billy Wilder e com um elenco de primeira como esse só poderia dar em um filme de primeira linha q a gente não cansa de rever! <END> Cara Guenia, você pergunta por que "esse menosprezo pela autora de policiais". <END> Oi, Sergio, falei sobre a Agatha Christie não criticando vc, é claro, mas os professores do Rafael, q não sabem distinguir um bom policial de um mau policial! <END> Oi, Sérgio Mas que maravilha de filme, para mim realmente é o melhor filme de Billy Wilder! <END> […] Douce, de 1963, o policial finge ser cafetão, que por sua vez finge ser um inglês milionário. <END> […] anuncia no Times que precisa de uma babá. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Sangue de Pantera / Cat People <END> Credo em cruz, como é ruim Sangue de Pantera/Cat People, um clássico famoso, respeitado, elogiadíssimo, feito por Jacques Tourneur na sua fase Hollywood, em 1942! <END> Não é que seja ruinzinho. <END> A história, a trama é ridícula, inacreditavelmente ilógica, sem pé nem cabeça. <END> Ed Wood, que passou para a história como o pior diretor de cinema do mundo, morreria de vergonha se seu nome fosse associado a esta monumental trolha. <END> E, no entanto, o filme é tido como um clássico. <END> Um spoiler? <END> Claro, como a refilmagem é de 1982, exatamente a época em que o cinema partia para a explicitude total, a transformação da heroína em pantera é absolutamente explícita, enquanto no original ela não é mostrada. <END> Vixe – seria um spoiler dizer que heroína se transforma em pantera? <END> Será que o filme é bom mesmo e eu é que estava num dia ruim, e isso é que explicaria por que o achei tão absolutamente horrendo? <END> Pode ser, pode ser. <END> Mas só com base na primeira seqüência já dava para ver que o filme é ruim. <END> A moça Irena (Simone Simon) está no zoológico, diante da jaula da pantera, com um grande bloco de papel de desenho à sua frente. <END> Essa simples descrição pode não indicar algo tão ruim – mas é tudo ruim demais. <END> E ainda por cima a atriz central não tem qualquer tipo de graça ou charme <END> A história que a moça conta para o rapaz, sobre o Rei João da sua Sérvia natal – o rei que expulsa os maus da Sérvia… É tudo bobo, bocó, bocó demais. <END> E não adianta a argumentação de que a, a rigor, a rigor, as histórias de Drácula e Frankenstein são tão ilógicas quanto a do Rei João da Sérvia e o povo mau, povo de gato, que ele combateu. <END> A própria atriz que faz Irena, a sérvia, Simone Simon… A moça não tem atrativo nenhum, absolutamente nenhum. <END> Entre Simone Simon e Jane Randolph, a atriz que faz Alice, a colega de trabalho de Oliver que causa ciúmes em Irena, não pode haver dúvida possível: <END> A única coisa que Simone Simon tem que talvez justificasse sua escolha para fazer a sérvia é seu sotaquezinho francês. <END> O sotaquezinho francês de Simone Simon vem acompanhado de um leve tique em que o canto direito dos lábios dela vira para cima. <END> "A história e os elementos da trama não se seguram, mas…" Ah, bom… <END> Bem, chega de reclamar que nem mendigo na chuva. <END> Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4: <END> Pauline Kael, a grande dama da crítica americana: <END> "O psicanalista (Tom Conway) calmamente explica à sua paciente (Simone Simon) que sua idéia de que ela está se transformando num membro da família dos gatos é uma fantasia; ela o silencia. <END> As coisas sob a perspectiva histórica. <END> De fato, há bons ângulos de câmara. <END> A sequência da piscina, sim, a sequência da piscina. <END> Só que o susto acaba ficando comprometido com a posição em que o diretor colocou a pobre Jane Rudolph-Alice no meio da piscina, sem poder ficar de pé, e então ela fica paralisada de susto mas ao mesmo tempo tendo que agitar braços e pernas, nadando feito cachorrinho, para não afundar. <END> Mestre Jean Tulard também se seduziu pelas graças da felina que não quer saber de sexo porque o sexo – assim como o ciúme – poderia despertar a pantera que existia nela. <END> "Admirável filme fantástico em que tudo é sugerido, pela falta de meios mas também por decisão voluntária, para mais amedrontar. <END> Mestre Jean Tulard, Dame Pauline Kael, o contexto histórico, todos eles que me perdoem, mas para mim a verdade dos fatos é que Cat People não é um filme de horror: é um filme horroroso. <END> É, caríssimo José Luís, todas as referências são elogiosas. <END> Pegando em suas próprias palavras, caro Sérgio, você só podia estar mesmo em dia ruim quando assistiu a esta pequena jóia do Tourneur. <END> Prezado Sérgio!
Um Só Pecado / La Peau Douce <END> Anotação em 2011: <END> Jules et Jim e As Duas Inglesas e o Amor baseiam-se em romances, os dois do mesmo escritor, Henri-Pierre Roché (1879-1959). <END> Sejam criações do próprio cineasta, sejam baseados em romances ou em fatos reais, todos eles mostram amores tumultuados, tempestuosos, trágicos – ou simplesmente amores que não dão certo. <END> La Peau Douce é, entre esses cinco filmes que tratam das paixões amorosas, o de história mais simples, mais curtinha, mais linear, mais sem grandes surpresas – pelo menos até os dez minutos finais. <END> Um homem bem sucedido, casado com bela mulher – mas surge outra <END> Truffaut estava com 32 anos quando fez este filme, em que o personagem central, Pierre Lachenay, está na faixa dos 40 e tantos. <END> Os números não são gratuitos. <END> Pierre Lachenay é um homem bem sucedido. <END> Mal tem tempo de conversar com sua mulher, Franca (Nelly Benedetti, na foto acima), que está recebendo a visita de uma grande amiga, Odile (Paule Emanuele). <END> No avião de Paris a Lisboa, Pierre Lachenay vai ver pela primeira vez Nicole – o papel de Françoise Dorléac, belíssima, maravilhosa, radiante em seus 22 aninhos de idade. <END> Uma narrativa feita de pequenos detalhes <END> Ao rever o filme agora, depois de ter visto uma vez muitas décadas atrás, me impressionou demais como a narrativa de Truffaut, em La Peau Douce, se faz de pequenos detalhes. <END> Um detalhe bem en passant: <END> No caminho entre a casa de Pierre e o aeroporto de Orly, a câmara mostra duas ou três vezes o marido de Odile trocando a marcha de seu carro. <END> Um pequeno detalhe que não tem qualquer importância na narrativa, mas é de especial interesse para os brasileiros: <END> Pierre viaja na primeira classe. <END> Quando o avião está chegando perto de Lisboa, Nicole vai para a área dianteira do avião, perto da cabine dos pilotos, e fecha a cortina. <END> Truffaut adora pernas de mulher, pés de mulher. <END> Uma coincidência, dessas de que a vida é cheia – e começa um caso de amor <END> Na hora do desembarque, Nicole desce a escada do avião logo atrás de Pierre. <END> Evidentemente, não houve qualquer combinação, mas o hotel em que Pierre se hospeda em Lisboa, o Tívoli, é o mesmo em que está a tripulação. <END> Entram juntos no elevador do hotel – Nicole, um colega dela, o co-piloto Franck (Gérard Poirot), e Pierre. <END> Detalhes, pequenos detalhes. <END> Um pacote que Nicole carrega cai no chão – e, junto com ele, a chave do quarto. <END> O pacote caiu no chão, simplesmente? <END> Nicole fecha a porta para que a câmara, discreta, não veja a cena de sexo <END> A narrativa prosseguirá sempre assim, feita de pequenos detalhes. <END> Bem mais tarde, lá pelo meio da narrativa, talvez já na segunda metade, depois de uma desgastante, exasperante experiência de Pierre e Nicole em Reims, os dois amantes conseguem enfim ter um dia calmo num hotelzinho de província. <END> Pierre faz perguntas sobre ela, seu passado, seus namorados, seus amantes. <END> A conversa se encaminha para um ponto em que cessará para dar lugar à ação. <END> Como se, tímida, ou melhor, discreta, a câmara tivesse se recolhido para não mostrar o ato de amor que se passa entre as quatro paredes do quarto. <END> É um pequeno detalhe – mas um pequeno detalhe maravilhoso, um toque de ternura, uma marca registrada do cineasta. <END> Ele poderia ter cortado aquela tomada da bandeja no chão após alguns poucos segundos – seu recado já estava dado. <END> Um pequeno detalhe, mais uma marca registrada de François Truffaut. <END> Em A Noite Americana, de 1973, seu filme sobre os filmes, o cinema, o universo do cinema, o próprio Truffaut, fazendo o papel do diretor do filme que está sendo rodado dentro do filme, colocará um gatinho em cena, para se aproximar de uma bandeja deixada diante de um quarto de hotel. <END> Cinema com assinatura, pessoal e intransferível. <END> O jeans esconde as pernas de Nicole – e então ela veste uma saia <END> Antes da malfadada experiência em Reims, há outros pequenos detalhes fascinantes. <END> Nicole adormece. <END> Pierre havia sido convidado para dar uma palestra em Reims, e convenceu Nicole a ir com ele; ele daria a palestra, e em seguida os dois teriam dois dias inteiros sozinhos, em algum pequeno hotel do interior, antes de voltar a Paris. <END> A viagem a Reims acaba se tornando o centro, o fulcro, a essência da história de Pierre e Nicole, na minha opinião. <END> Pierre não quer ser visto com Nicole pelas pessoas que o convidaram para a palestra. <END> Simples medo de que seu caso extra-conjugal se torne público? <END> O que Nicole enfrenta em Reims é penoso, humilhante, degradante. <END> E no entanto Nicole o perdoa. <END> É logo após a chegada ao hotelzinho que há o que, para mim, é a seqüência mais bela do filme. <END> Chegam ao hotel no início da manhã, depois da exasperante experiência em Reims e de uma madrugada na estrada. <END> A câmara de Truffaut acaricia a pele doce. <END> La peau douce. <END> Os exibidores brasileiros, idiotas, inventaram este Um Só Pecado. <END> Um homem fraco, que não toma decisões, atitudes, e é levado pela vida <END> Não sei, é claro, exatamente o que Truffaut quis dizer, com essa história de amor que não chega propriamente a ser uma história de amor. <END> O que se mostra de sua relação com Franca, a esposa, não é amor, respeito e admiração mútuos. <END> Trata com simpatia a filhinha – mas não há, propriamente, interação entre eles, interesse dele em estar de fato com ela. <END> E sua atração por Nicole… Nicole é a beleza jovem, com todo seu gigantesco poder de atração. <END> É um homem que se relaciona com o mundo via pensamento, estudo, verniz cultural. <END> Na verdade, Pierre é um homem fraco – como fica absolutamente explícito nas seqüências em Reims. <END> E Nicole, por sua vez… Pierre a atrai exatamente pela erudição, pelo conhecimento intelectual acumulado, pelo fato de ser famoso, respeitado, bem de vida. <END> Delerue compôs para o filme uma trilha sonora terna, suave – e até um fado <END> Quero ir aos alfarrábios, ver o que o próprio Truffaut fala de seu filme, mas, antes, é preciso registrar um pouco que seja sobre Georges Delerue. <END> Para La Peau Douce, George Delerue compôs até um fado. <END> A trilha de Delerue para La Peau Douce é terna, suave, quase sutil. <END> Delerue foi o autor de pelo menos 11 trilhas dos filmes de Truffaut. <END> La Peau Douce foi o quarto filme de Truffaut musicado por Delerue. <END> É uma bela trilha – são músicas que criam os climas das seqüências, mas que têm vida própria, e são extremamente agradáveis de se ouvir sem o filme. <END> Aos alfarrábios, finalmente. <END> Em 1968, Truffaut escreveu para o número 200-201 dos Cahiers du Cinéma um belo, emocionante, emocionado texto sobre Françoise Dorléac, essa moça que passou pela vida rápido demais, feito um cometa: <END> "Os filmes desaparecem e também aqueles que os realizam, aqueles que os julgam e aqueles que a eles assistem. <END> E depois: <END> "O difícil, para jovens atrizes, é efetuar harmoniosamente a passagem de adolescente para a mulher, abandonar os papéis juvenis pelos papéis adultos; creio que Françoise Dorléac, mulher precoce e prematura com rosto e corpo já feitos, era a única jovem atriz de quem se podia achar que agradaria cada vez mais." <END> O artigo de Truffaut tinha o título "Ela se chamava Françoise". <END> Truffaut primeiro trabalhou com Françoise, neste filme aqui, de 1964. <END> Quando jovem crítico, ele reclamava dos diretores que diziam que o cinema é difícil <END> A definição de Truffaut sobre o filme, numa entrevista em outubro de 1963, antes, portanto, que a obra ficasse pronta e estreasse: <END> "É a história, bastante minuciosa, de um adultério. <END> Ninguém lê mais que dez linhas na internet, e já escrevi dez mil, mas paciência. <END> Numa outra entrevista, de 1964, antes de concluir La Peau Douce – também transcrita no maravilhoso livro Truffaut par Truffaut, editado por Dominique Rabourdin –, o cineasta faz uma extraordinária confissão a respeito da imensa pretensão que ele, como crítico de cinema, tinha. <END> "Depois que me tornei cineasta, percebi que me era proibido juntar àqueles da segunda tendência. <END> Que maravilha! <END> "O fracasso dá vontade de trabalhar depressa, de recomeçar" <END> Em 1968, quatro anos depois da estréia de La Peau Douce, em outra entrevista, ele diria: <END> "La Peau Douce, eu soube muito depressa que seria um fracasso. <END> Aí então o entrevistador pergunta se o fracasso o deixou muito abatido. <END> Tão díspares em quase tudo, Truffaut e Lelouch reagem ao fracasso da mesma maneira <END> Em All That Jazz, de Bob Fosse, o cineasta-coreógrafo-escritor-roteirista-montador Joe Giddeon, ao ver na TV uma crítica de cinema descer a lenha em seu mais recente filme, sente os sintomas de um novo ataque cardíaco, mais um. <END> Em Um Homem, Uma Mulher Vinte Anos Depois, de Claude Lelouch, a produtora Anne Gauthier, assim que percebe que seu mais recente filme é um fracasso, reúne sua equipe e parte para um novo filme. <END> Quando vi o filme, em 1986, terminei meu texto sobre ele na revista Afinal dizendo que para Lelouch não importa muito se sua obra mais recente foi um sucesso ou um fracasso: <END> É fascinante ver que Truffaut e Lelouch, dois dos cineastas que mais me encantam, tão díspares em quase tudo – um sempre incensado, com toda razão, o outro sempre vilipendiado, absurdamente – pensam e agem da mesma maneira. <END> 4 Comentários <END> Eu devo ter chegado por aqui em um post assim: um texto que faz parecer mais próximo e conhecido o que já me é familiar e faz desejável o que ainda tenho a ver. <END> Acabo de assistir ao filme pela TV achei interessante as cenas com o avião da Panair e desconhecia o fato da atriz principal ser irmã + velha de Catherine Deneuve. <END> Vi o filme hoje no Telecine Cult com curiosidade. <END> 5 Trackbacks <END> […] achei fascinante esse fenômeno de os franceses, de uma maneira geral, e os grandes cineastas (vide François Truffaut e Jacques Demy) de maneira especial, admirarem mais o cinema americano do que boa parte dos […] <END> […] François Truffaut, o cineasta da ternura, fez uma declaração de amor à literatura em Fahrenheit 451 (1966), uma ao cinema em A Noite Americana (1973). <END> […] a irmã mais velha de Catherine Deneuve, que morreria tragicamente aos 25 anos de idade), em Um Só Pecado/La Peau Douce (1964). <END> […] Um plano-sequência, em especial, deixa o cinéfilo mesmerizado: a câmara pega toda a movimentação da praça, as dezenas de pessoas atarefadas montando seus palcos, suas barracas, gente dançando, gente cantando. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
O Grande Amor de Nossas Vidas / The Parent Trap <END> Era 1961, e aqui, neste país periférico, atrasado, sequer existia divórcio, esse pecado implantado na Grã-Bretanha por Henrique XVIII lá por 1500 e tanto, que só chegaria ao Brasil em 1977. <END> – "É assustador como os casais já não ficam juntos hoje em dia", diz Susan, interpretada por Hayley Mills, aquela gracinha. <END> The Parent Trap, ou armadilha dos pais, mais exatamente armadilha para os pais, que no Brasil teve o título de O Grande Amor de Nossas Vidas, é uma absoluta delícia de filme. <END> Mas até o fato de ser datado é interessante, fascinante. <END> Foi a atração dessa coisa histórica, museológica, que me fez, enquanto zapeava uma noite, querer gravar o filme. <END> E, afinal de contas, tem Hayley Mills, num delicioso papel duplo, como a estudiosa, séria Sharon McKendrick, criada em Boston pela mãe de família rica tradicional, rígida, conservadora, e como a moderninha, espevitada, festeira Susan Evans, criada na Califórnia pelo pai, um rico fazendeiro chegado aos esportes e à convivência com a natureza. <END> Hayley Mills foi uma imensa sensação no começo dos anos 60 <END> Hayley Catherine Rose Vivien Mills, muito pouco lembrada hoje, estourou no inicinho dos anos 60 como a sensação de atriz mirim, a garotinha doce, suave, que poderia talvez vir a ser a nova Shirley Temple. <END> Consta que o diretor J. Lee Thompson viu a garotinha Hayley representando uma cena na sua própria casa – e, encantando, insistiu com John Mills para que a menina participasse do filme que fariam juntos em seguida, Marcados pelo Destino/Tiger Bay (1959), um thriller pesado, sério. <END> O segundo filme de sua carreira, o primeiro nos Estados Unidos, foi Pollyanna (1960), tremendo sucesso de público e crítica. <END> É uma delícia ver Hayley Mills em dose dupla na tela – e impressiona demais a competência dos técnicos responsáveis pelos efeitos especiais que tornaram possível esse milagre, décadas antes da Industrial Light & Magic de George Lucas e das imagens geradas por computação. <END> Não, é claro, que tenha sido a primeira vez que se conseguiu efeito semelhante. <END> Foi a terceira bilheteria do ano nos EUA. <END> The Parent Trap se baseia em uma história alemã, "Das doppelte Lottchen", escrita por Erich Kästner, que já havia dado origem a um filme inglês em 1953, Twice Upon a Time. <END> O autor do roteiro foi o próprio diretor do filme, David Swift, que já havia dirigido Hayley Mills em Pollyanna. <END> O filme foi grande sucesso de público na sua época; nos Estados Unidos, foi a terceira maior bilheteria do ano, abaixo apenas das superproduções Os Canhões de Navarone e Exodus, suplantando O Professor Aloprado, O Álamo e Quando Setembro Vier. <END> Marcou tanto que, cerca de um quarto de século mais tarde, em 1986, foi lançado The Parent Trap II, no Brasil Operação Cupido 2, com uma história bem semelhante à do filme original. <END> Mais ainda: a história seria refilmada em 1998, com o mesmo título original, The Parent Trap, no Brasil Operação Cupido, com a então garotinha Lindsay Lohan, aos 12 anos de idade, refazendo os papéis que haviam sido de Hayley Mills em 1961. <END> Sim – Maureen O'Hara. <END> Nascida em 1920, Maureen O'Hara estava portanto com 41, no lançamento desta comédia aqui. <END> Duas garotas bem parecidas, igualinhas, se encontram em um acampamento de verão <END> Os créditos iniciais do filme são inteligentes, gostosos, bem sacados, como se usava muito naquela época, os anos em que Saul Bass reinava nos créditos iniciais. <END> The Parent Trap não faz suspense algum. <END> Durante os créditos gostosos, o espectador ouve Tommy Sands e Annette Funicello cantando a canção título, composta pelos irmãos Richard M. Sherman e Robert B. Sherman, veteranos colaboradores de Walt Disney. <END> Quando a ação começa, a garotinha Sharon McKendrick está chegando, no Rolls-Royce da avó, a um acampamento de verão, no meio do mato. <END> No refeitório, Sharon se surpreende ao ver uma garota bastante parecida com ela própria. <END> Como Sharon, a outra menina – que depois veremos que se chama Susan Evans – anda sempre com duas amigas. <END> A vingança vem furiosa. <END> As organizadores do acampamento, duras, rígidas, como têm que ser mesmo, ficam furiosíssimas com Sharon e amigas. <END> Na noite de sábado tem baile – os garotos do acampamento para meninos vizinho são convidados. <END> Segue-se uma briga de tapas entre as duas sósias, que resulta numa baderna geral e estraga todo o baile, numa sequência hilariante, absolutamente pastelônica, com direito a bolo caindo inteiro sobre o rosto da dona do acampamento, Miss Inch (Ruth McDevitt). <END> Miss Inch providencia para as duas sósias brigonas um castigo extremamente adequado: vão ter que, por todo o resto das férias de verão, dividir uma cabana, e, no refeitório, ficarem as duas isoladas numa mesa distante das demais. <END> Depois da descoberta de que são gêmeas, as duas começam a fazer planos <END> É tudo absolutamente previsível, e então é claro que, depois de alguns dias uma estranhando a outra, uma evitando olhar para a outra, as duas meninas começam a conversar, e vão ficando amigas. <END> Aí Sharon conta que mora com a mãe, e que sequer se lembra do pai – os dois haviam se separado quando ela ainda era bebê. <END> Uma conta para a outra o dia de seu aniversário. <END> Sharon é que primeiro percebe o óbvio: são irmãs gêmeas, uai! <END> Enquanto via o filme, pensei: só mesmo na cabeça de um escritor de imaginação fertilíssima poderia surgir a idéia de um casal que tem duas gêmeas e, ao se separar, quando elas ainda são bebês, cada um fica com uma delas, e a existência da outra fica guardada em segredo. <END> Mas essa noção não resiste por muito tempo: os casais são capazes de fazer as coisas mais estúpidas, mais idiotas, mais sem sentido, quando se separam. <END> Não há loucura de que os seres humanos não sejam capazes. <END> É até possível que algum casal já tenha tido a idéia maluca que Maggie McKendrick (o papel de Maureen O'Hara) e Mitch Evans (Brian Keith) tiveram de dividir entre eles suas duas gêmeas. <END> Sharon e Susan passam então a planejar o futuro: vão trocar de identidade. <END> O acampamento de verão termina quando o filme está aí com uns 20, 25 minutos no máximo. <END> E o espectador passará a ver a beleza estonteante de Maureen O'Hara. <END> O plano das meninas de reunir de volta papai e mamãe vai encontrar um sólido obstáculo: o pai está noivo de uma mulher jovem e bela, Vicky (Joanna Barnes). <END> O filme acaba, de certo modo, condenando a guarda compartilhada <END> É absolutamente natural que as crianças, e mesmo os adolescentes, queiram ver seus pais juntos, como querem Sharon e Susan. <END> E é um total absurdo o que os pais, Maggie e Mitch, fizeram com as duas – forçando a barra para que uma gêmea jamais soubesse da existência da outra e, pior ainda, sumindo completamente da vida da outra criança, de tal forma que uma crescesse sem pai e a outra, sem mãe. <END> Mas o que a rigor causa mais estranheza é ver que o filme acaba, de certa maneira, condenando a guarda compartilhada, ou, no mínimo, não fazendo a defesa dela – e a guarda compartilhada é, sem qualquer sombra de dúvida, a melhor opção para os filhos de pais separados. <END> Pai presente, mãe presente – isso é o que de melhor se pode desejar para qualquer criança, qualquer adolescente. <END> Se o amor acabou, se há mais briga que momento bom, se há mais ressentimento que afeto, que se separem logo, os pais – e continuem a amar e ver os filhos, cada um em sua casa, e que continuem a dividir a criação dos filhos. <END> Em conversa com a mãe, quando os segredos já foram desvendados, Susan se refere à guarda compartilhada como "filhos iô-iô", como toalhas marcas "ele" e "ela". <END> Quando Robert Benton lançou o belo, triste, sério Kramer vs Kramer, em 1979, fazia cerca de três anos que eu tinha saído de casa deixando minha única filha com a mãe. <END> Mesmo assim, me lembro perfeitamente de que vi Kramer vs Kramer com dois pés e duas mãos para trás: se o filme fizesse uma pequena defesa, que fosse, de se manter um casamento para privilegiar o desejo dos filhos de ver pai e mãe juntos, eu teria ódio mortal e eterno dele. <END> Claro que Kramer vs Kramer é um belo filme, que não faz defesa reacionária, conformista, de se manter um casamento que na realidade já se desfez. <END> Não importa se pai e mãe moram juntos – importa é que eles cuidem bem dos filhos <END> É fascinante verificar que, nos últimos anos, vários filmes têm feito a louvação do reatamento do casal que se separou. <END> Me permito transcrever o que escrevi depois de ver Um Plano Brilhante/The Love Punch (2013), uma comedinha danada de boba com a maravilhosa Emma Thompson e Pierce Brosnan: <END> O cinema anda nos dizendo que é hora do reamor. <END> Há um reatamento emO Casamento do Ano/The Big Wedding (2013), ótima comédia com Robert De Niro, Diane Keaton, Susan Sarandon, Robin Williams e os jovens Katherine Heigl, Amanda Seyfried e Topher Grace. <END> De onde se pode concluir que gêmeas que tentam fazer com que pai e mãe voltem a ficar juntos, num filme de 1961, não é propriamente algo velho, antiquado, já superado pelas técnicas de hoje, com licença do Horácio Ferrer por roubar o verso dele. <END> E desejar que pai e mãe estejam juntos nem é algo "reacionário", como eu diria quando era jovem e estava ainda no início do segundo casamento e cheio de culpa por não morar com a filha – embora dedicasse a ela mais tempo do que muito pai casado dedica… <END> A verdade é aquela que Pessoa, Caetano e Milton cantam: qualquer maneira de amor vale a pena, e tudo vale a pena quando a alma não é pequena – e, sobretudo, quando, sob o mesmo teto ou não, pai e mãe fazem todo o possível pelo bem dos filhos. <END> Duas indicações ao Oscar, boa cotação nos guias de filmes <END> The Parent Trap teve duas indicações ao Oscar, em categorias técnicas: melhor edição de som e melhor som. <END> Leonard Maltin deu a ele 3 estrelas em 4: <END> O guia de filmes de Mick Martin & Marsha Porter dá especial atenção à questão do que é ofensivo aos valores familiares. <END> Para mim, ver o filme agora, pela primeira vez, foi uma absoluta delícia por diversos motivos sobre os quais já falei aí acima. <END> Só não havia dito ainda que a figura de Hayley Mills sempre me atraiu – porque ela estava em absoluta evidência quando comecei a ver filmes, porque ela era quase da minha idade, porque ela era inglesa, porque ela era filha de John Mills.
Prova de Redenção / Venuto al Mondo <END> Praticamente toda a ação deste Venuto al Mondo, que o italiano Sergio Castellitto lançou em 2012, se passa em Sarajevo e seus arredores, antes, durante e depois da sangrenta guerra civil que destroçou a ex-Iugoslávia, numa das mais óbvias comprovações de que a humanidade é uma invenção que não deu certo. <END> No entanto, tive um problema com o filme do diretor Castellitto. <END> Porque, a rigor, a rigor, não é um filme sobre a guerra da Bósnia: é a história de uma mulher que quer ter um filho. <END> Insisto: foi essa a sensação que tive – íntima, particular, só minha, que nem dor de dente. <END> Depois de 20 anos, Gemma viaja de volta a Sarajevo <END> A ação começa nos dias de hoje, da época da produção, início da segunda década deste século. <END> Gojko a convida para voltar a Sarajevo. <END> Gemma conta do telefonema para o marido, Giuliano (o papel do próprio diretor Sergio Castellitto), que, veremos em seguida, é alto official dos carabinieri, a polícia militar italiana. <END> E Gemma logo em seguida está desembarcando em Sarajevo com o filho, Pietro. <END> (Pietro, um rapaz aí de uns 17 anos, de fulgurantes olhos azuis, é interpretado por Pietro Castellitto, filho do diretor Sergio e de Margaret Mazzantini, que vem a ser a autora do romance Venuto al Mondo, publicado em 2008. <END> Gemma e Pietro são recebidos por um Gojko exultante, maravilhado por estar revendo a velha amiga que não via há quase 20 anos. <END> E, a partir daí, a narrativa vai alternar fatos passados nos dias de hoje – os dias da visita de mãe e filho à Sarajevo de 2012 – com fatos ocorridos entre 1984 e 1992. <END> Foi naquele ano de 1984 – em que a Iugoslávia sediou os Jogos Olímpicos de Inverno – que Gemma e Gojko se conheceram. <END> No livro de Margaret Mazzantini, Diego é um genovês. <END> A escolha do garotão americano Emile Hirsch para o principal papel masculino é, no mínimo, no mínimo, uma esperteza de marketing, por abrir para o filme boas portas do mercado americano, o maior do mundo. <END> Nessa questão de línguas, o filme se sai com perfeição. <END> Gemma quer desesperadamente ter um filho de Diego <END> Além de Diego, Gemma fica conhecendo, já naquela sua primeira estada em Sarajevo, vários amigos de Gotko. <END> Gemma e Diego apaixonam-se perdidamente, de cara. <END> Esse desejo gigantesco estará no auge quando os dois voltarão para Sarajevo no início dos anos 90, em meio à loucura da guerra civil. <END> A trama a partir daí terá tons absolutamente trágicos – e surpresas, e uma imensa reviravolta. <END> "A expressão fácil de Penépole Cruz ao longo do filme é emocionante" <END> Venuto al Mondo teve no Brasil o título de Prova de Redenção. <END> Sergio Castellitto (na foto abaixo) é um romano da minha geração – nasceu em 1953. <END> Uma leitora do IMDb que vive na Califórnia escreveu o seguinte: <END> Eu não entrei em sintonia com o filme.
Pacto de Sangue / Double Indemnity e Assassinos / The Killers <END> Anotação em 1998: <END> A segunda é a época em que foram feitos – só dois anos separam um do outro, 1944 e 1946. <END> A terceira é que os dois se baseiam em histórias criadas por grandes escritores já na época consagrados, Hemingway e James M. Cain. <END> A quarta é que a música dos dois é do mesmo compositor, o húngaro Miklos Rosza (1907-1996, três Oscars de trilha sonora, fora nove outras indicações). <END> A quinta é que foram, os dois filmes, indicados para grande número de categorias do Oscar – Pacto de Sangue em 1944 para sete (filme, atriz, diretor, roteiro, fotografia, trilha sonora, som); e Assassinos em 1946 para quatro (diretor, roteiro, montagem e música). <END> A sexta é que os dois usam o mesmo estilo de narrativa, entremeada de flashbacks, começando no que seriam os dias atuais e já mostrando nos primeiros minutos uma revelação forte – em Assassinos, o assassinato do Sueco, e, em Pacto de Sangue, a confissão de que Walter Neff é o assassino. <END> A sétima é que os dois foram refeitos mais tarde, em versões consideradas boas, porém inferiores aos originais – Assassinos em 1964, com direção de Don Siegel, e Pacto de Sangue em 1973, dirigida por Jack Smith. <END> E a oitava é aquela característica tão cara aos film noirs: ao fim e ao cabo, o espectador compreenderá que toda a trama macabra foi fruto da ganância de uma mulher, uma dame, ou baby, uma femme fatale, linda, astuciosa, fria, que joga os homens a seus pés para conseguir o que desejam. <END> A única diferença, no caso das duas atrizes que fazem a femme fatale, é que Barbara Stanwyck era mais velha (estava com 37 anos) e já estava absolutamente consagrada quando fez o papel de Phyllis Dietrichson, e Ava Gardner era mais jovem (24 anos, só) e, embora já tivesse feito vários filmes, só alcançou o estrelato com este filme, ao interpretar Kitty Collins. <END> 5 Comentários <END> tio, assisti pacto de sangue esse fim de semana… há havia assistido antes mas em tempos de imaturidade… agora, sem dúvida, foi muito mais interessante… ah, sim, mulheres sordidas que fazem os homens fazer o serviço sujo… isso de fato é noir! forte e fraterno abraço, seu sobrinho betão <END> Um filme espetacular. <END> Ontém, mesmo tendo voltado para me desculpar pelo "envolvente", acabei me esquecendo de dizer que outro filmaço do Wilder que vi foi "Crepúsculo dos Deuses". <END> Dois filmes muito bons, mas eu gosto muito mais, mas muito mais de Double Indemnity. <END> 18 Trackbacks <END> […] já havia dirigido também Fred MacMurray 16 anos antes num dos noirs mais noir de todos os tempos, Pacto de Sangue/Double Indemnity; e Ray Walston, que faz um papel pequeno, como um dos chefes de seção que usa o apartamento de […] <END> […] Anotação em 1999: <END> […] violenta do jornalismo sensacionalista, A Montanha dos Sete Abutres, à essência do film noir, Pacto de Sangue, da comédia mais trágica que pode haver, Se Meu Apartamento Falasse, à comédia mais escrachada, […] <END> […] provocariam a paixão fatal do vendedor de seguros Walter Neff, interpretado por Fred MacMurray em Pacto de Sangue/Double Indemnity, de Billy Wilder, um dos mais perfeitos, maravilhosos filmes noir da […] <END> […] de Barbara Stanwyck são a primeira parte do corpo dela que a câmara de Billy Wilder mostra em Pacto de Sangue/Double Indemnity, um dos melhores filmes noir da história. <END> […] M. Cain, o autor dos livros que deram origem a dois dos mais clássicos filmes noir da história, Pacto de Sangue/Double Indemnity (1944), de Billy Wilder e com Barbara Stanwyck, e O Destino Bate à Sua Porta (1946), de Tay […] <END> […] a James M. Cain, o autor das novelas policiais que deram origem a dois dos maiores clássicos noir, Pacto de Sangue/Double Indemnity e O Destino Bate à Sua Porta/The Postman Always Rings Twice. <END> […] Moffett é vil, é má que nem, ou talvez até pior, que a Phyllis Dietrichson-Barbara Stanwyck de Pacto de Sangue/Double Indemnity (1944), do que a Cora Smith-Lana Turner de O Destino Bate à Porta/The Postman Always Rings Twice […] <END> […] o portão para que o carro passe, exibe para o condômino sua imitação de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue/Double Indemnity (1944): – "Eu não entendo. <END> […] quando o protagonista e o espectador vêem pela primeira vez a personagem de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue/Double Indemnity, de 1944. <END> […] Roberts interpretada por Olivia Wilde é parente da Phyllis Dietrichson de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue (1944), da Cora Smith de Lana Turner em O Destino Bate à Porta (1946), da Matty Walker de Corpos […] <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Terra de Paixões / The Hi-Lo Country <END> Anotação em 2011: <END> Não tinha mesmo como dar errado. <END> O diretor de fotografia Oliver Stapleton não é um nome muito conhecido, mas fez um trabalho de babar. <END> Visualmente, o filme é de uma beleza extasiante, uma homenagem ao mais americano de todos os gêneros do cinema e seus grandes mestres, John Ford, Howard Hawks, Raoul Walsh, Anthony Mann – os planos gerais da paisagem desolada e bela se misturando ao clima pesado dos saloons onde se bebe muito além do que o fígado e o cérebro humano podem agüentar, e onde as tensões estão sempre a ponto de explodir. <END> Como se trata de Stephen Frears, com o apoio de Martin Scorsese, este não é um western tradicional. <END> Tirando esses detalhes – carros, ônibus, telefones, caminhões –, no entanto, o mundo que Frears mostra em seu filme não é diferente do Velho Oeste dos westerns tradicionais, o do outro século, o anterior, o que a gente chamava de século passado, e hoje é um passado absolutamente distante. <END> Já houve outros westerns passados em meio a carros e helicópteros <END> Não que seja absoluta novidade um western passado em pleno século XX. <END> E, em O Indomado/Hud, de Martin Ritt, de 1963, o filho do vaqueiro (o papel de Paul Newman) não quer saber de vacas nem de cavalos – gosta de cachaça, mas acompanhada por seu Cadillac e qualquer mulher que passar à sua frente. <END> Um cruzamento de western com film noir – só que colorido <END> Terra de Paixões/The Hi-Lo Country tem um pouco do clima desses três westerns passados em dias bem mais recentes. <END> O protagonista e narrador, Pete (Billy Crudup, à direita na foto abaixo), comprou um pedaço de terra no Novo México, no final dos anos 30, início dos anos 40. <END> Ao voltar da guerra, com uma boa soma de dinheiro do salário de combatente, Pete planeja comprar umas centenas de cabeça de gado. <END> E aqui se dá um bem feito cruzamento de um western passado nos 40 com um film noir que era o gênero quente daquela época. <END> Só depois de tragado pela paixão por Mona é que Pete descobre que Mona já está pulando a cerca – e exatamente com o maior amigo dele, Big Boy. <END> Um fracasso comercial, apesar de todos os talentos envolvidos <END> Não me parece que o filme – embora muito bom, feito por diretor de renome, com produtor de renome maior ainda – tenha sido um sucesso nos Estados Unidos. <END> Woody Harrelson é um ator excepcional, mas não é astro. <END> E Patricia Arquette… Patricia Arquette é uma figura. <END> E o filme tem uma ponta de Katy Jurado. <END> Deve ter sido provavelmente do produtor Martin Scorsese, um estudioso do cinema, um admirador das grandes obras do passado, a idéia de chamar Katy Jurado (1924-2002) para um papel, ainda que mínimo, nesse western moderno. <END> "As imagens são como a realização: simples, amplas e belas" <END> Sempre é bom ver a opinião dos outros, e checar alguns fatos <END> Stephen Frears ganhou o Urso de Prata em Berlim pela direção do filme. <END> Leonard Maltin deu 2.5 em 4. <END> O Guide des Films de Jean Tulard diz que é um western nostálgico, onde encontramos as seqüências obrigatórias do gênero – as conversas no saloon, o trabalho com o gado, "a femme fatale e a jovem pura", etc. <END> Essas duas últimas frases do guia francês definem perfeitamente o filme, muito melhor do que tudo o que eu havia dito antes. <END> Depois do que se diz no guia de Tulard, não é preciso dizer mais nada, mas acrescento: num filme povoado por imagens simples, amplas e belas, uma seqüência, em especial, chama a atenção, faz quem gosta de cinema babar, querer rever e rever de novo: a sequência do baile, em que Pete já entra sabendo que os homens do grande fazendeiro vão atacar Big Boy. <END> 2 Comentários <END> se eu nunca tivesse vindo aqui, hoje eu teria chegado por uma via ou outra. <END> 2 Trackbacks <END> […] Cruz.
A Morte num Beijo / Kiss me Deadly <END> Anotação em 2000, com complemento em 2008: <END> O diálogo dela com o homem que deu a carona é ótimo – epa, o filme promete! <END> Depois a trama se perde numa confusão que nem Raymond Chandler e Dashiell Hammett juntos conseguiriam entender. <END> Leonard Maltin diz que o filme é cheio de clima, rápido e violento, anos à frente de seu tempo, com muita influência da nouvelle vague francesa – e é um dos melhores do diretor Robert Aldrich.
Amizade Corrompida / Tough Love <END> Anotação em 2004: <END> É sobre uma trama de corrupção em uma delegacia de polícia de lugar não claramente definido – pode ser na periferia de Londres ou de alguma grande cidade tipo Birmingham. <END> O filme vai fundo nas relações de amizade entre as famílias dos policiais.
Os Corruptos / The Big Heat <END> The Big Heat, de 1953, no Brasil Os Corruptos, é um grande filme, uma obra-prima. <END> É tido como um dos grandes do filme noir, esse gênero endeusado por 11 de cada 10 cinéfilos. <END> Ao contrário, no entanto, de muitos dos mais tradicionais filmes noir, como os baseados nas histórias dos detetives particulares durões criadas por Dashiell Hammett e Raymond Chandler, em especial, não tem uma trama complexa, cheia de idas e vindas, pontos obscuros. <END> É um filme poderoso, impressionante, marcante. <END> Creio que existem duas seqüências que se destacam como as mais violentas de todas as dos filmes noir dos anos 40 e 50. <END> A outra sequência mais violenta da história do filme noir está neste The Big Heat, e envolve os personagens interpretados por Lee Marvin e Gloria Grahame. <END> Um começo brilhante: um homem se mata; a reação de sua mulher é gélida <END> O filme começa de forma brilhante. <END> Nova tomada: close-up de envelope sobre a mesa endereçado ao procurador de Justiça. <END> A mulher do suicida desce as escadas da casa, chega até a sala, vê o marido morto. <END> Pega o telefone, disca, pede para falar com o sr. <END> Bertha Duncan, a mulher que acaba de ficar viúva e, em vez de telefonar para polícia, liga para um milionário, é interpretada por Jeanette Nolan. <END> Saberemos que Lagana (o papel de Alexander Scourby, na foto acima) é um milionário logo na tomada seguinte, quando ele é acordado por um serviçal para atender ao telefone. <END> O espectador não ouve tudo o que é dito entre Lagana e Bertha Duncan. <END> Ao final do telefonema, Lagana sugere à viúva que agora ligue para a polícia, para avisar que seu marido se matou. <END> O sargento que é enviado à casa dos Duncan chama-se Dave Bannion, e ele vem na pele de Glenn Ford, um dos atores de Hollywood mais admirados e respeitáveis na época do filme. <END> Dave Bannion será mostrado ao espectador como um bom homem, um policial firme, honestíssimo, incorruptível, um pai e marido amantíssimo – o exemplo perfeito, acabado, do bom caráter. <END> O legista já havia feito os primeiros exames do morto, os técnicos já haviam feito as fotos. <END> Dave conhecia Duncan, mas só de vista. <END> E então o policial perfeito vai conversar com a viúva, fazer as perguntas que são obrigatórias para que se façam todos os relatórios, sem falhas. <END> E aí Jeanette Nolan demonstra a boa atriz que é. <END> O roteiro é um exemplo de concisão e perfeição. <END> Depois de receber o telefonema de Bertha Duncan, Mike Lagana liga para Vince Stone (o papel do jovem Lee Marvin, ainda em começo de carreira, iniciada em 1950, três anos antes do lançamento deste filme). <END> Quem atende é a namorada de Vince, Debby (o papel de Gloria Grahame, belíssima, talentosa atriz, na foto abaixo). <END> O roteiro de Sydney Boehm, um exemplo de concisão e perfeição, demonstra todos os fatos para o espectador nos primeiros 10, 15 minutos do filme. <END> Sua mulher, Bertha, que sempre soube da corrupção do marido, ficou com a carta denúncia para si mesma, e passou a exigir para si um pagamento mensal, em troca do silêncio. <END> Vince é o secretário especial de Mike Lagana para assuntos sujos. <END> Debby, sua namorada, é muito bela, muito jovem, e debocha do servilismo dele mesmo diante dos amigos. <END> Não vai demorar nada para que Dave Bannion, o homem bom, o tira incorruptível, vá descobrindo o fio da meada e a meada inteira. <END> A forma tão absolutamente perfeita, rósea, com que o filme mostra a vida familiar do sargento Dave Bannion, é um indicativo forte de que virá problema. <END> Só não dá para prever o tamanho, a violência do problema que virá. <END> É extremamente chocante, quando vem. <END> E, bem mais tarde, há novo choque. <END> Fritz Lang fez 23 filmes em seu período em Hollywood <END> Fritz Lang realizou filmes importantíssimos na sua Alemanha natal, no período entre as duas guerras mundiais, a partir exatamente de 1919, o primeiro ano após o fim da Primeira Guerra. <END> O livro … ismos – Para entender o cinema, de Ronald Bergan, lembra que, para muitos críticos, filmes sombrios como Dr. Mabuse e M., O Vampiro de Dusseldorf, exemplos perfeitos do expressionismo alemão, "profetizaram o Terceiro Reich, através de seus personagens sádicos e suas paisagens de pesadelo". <END> Fritz Lang deixou a Alemanha para fugir do nazismo que seus filmes de alguma forma já profetizavam. <END> Lang fez 23 filmes nos Estados Unidos, entre Fúria/Fury, de 1936, com Spencer Tracy e Sylvia Sidney, que trata de linchamento e vingança, e Suplício de uma Alma/Beyond a Reasonable Doubt, de 1936, com Dana Andrews e Joan Fontaine, que discute a pena de morte. <END> Alguns poucos dos 23 filmes americanos já estão neste site, além do citado Suplício de uma Alma: <END> "Fritz Lang voltou ao universo do film noir em The Big Heat, um melodrama sobre 'dados, vício e corrupção', como proclamavam os cartazes, cuja maior parte foi feita em interiores no estúdio e que mostrava um mundo de sórdida brutalidadc", diz o livro The Columbia Story, que define o roteiro de Sidney Boehm como "firme e tenso". <END> O texto realça, naturalmente, a sequência brutal que já citei duas vezes com Lee Marvin e Gloria Grahame, depois de afirmar que boa parte do sangue derramado acontece fora da tela. <END> "Observar o herói e o vilão fazer o jogo de gato e rato sob a direção cheia de suspense de Lang manteve as audiências na ponta de suas cadeiras. <END> Ah, sim: ela faz Doris, uma das moças de programa do Retreat, o bar frequentado pelos capangas do bandidão Mike Laguna. <END> Leonard Maltin dá ao filme 3 estrelas em 4, fala da famosa cena de violência e elogia a atuação de Gloria Grahame – que, de fato, é impressionante. <END> Impressionante, surpreendente, incrível é o fato de que Pauline Kael, a língua mais ferina da crítica americana, elogie do filme do jeito que ela elogia. <END> "O roteiro sólido e intransigente de Sidney Boehm poderia ter sido transformado num rotineiro thriller de polícia e ladrão, mas o diretor, Fritz Lang, deu-lhe um estilo formal. <END> Quem fica obcecado por vingança se torna igual às pessoas que combate <END> No depoimento que dá sobre o filme, com todo seu conhecimento de um cinéfilo inveterado, que já viu tudo, e mais de uma vez, Martin Scorsese chama a atenção para vários pontos importantes. <END> O segundo ponto é que, quando parte para a vingança, o sargento Dave Bannion, até então aquele exemplo de bom caráter, vai-se tornando tão frio, tão insensível, tão violento, quanto aqueles que pretende combater. <END> Se não estou enganado, essa questão já havia sido levantada por Fritz Lang na sua estréia no cinema americano, em Fúria. <END> A pessoa que fica obcecada pela vingança acaba se tornando igual àquelas que combate. <END> Essa é uma verdade que pode parecer óbvia, mas na realidade não é. <END> É um tema sempre bem-vindo, para que a gente não caia no atrativo fácil, às vezes fascinante, do olho-por-olho, dente-por-dente, que parece tão charmoso em filmes como os da série Dirty Harry ou Desejo de Matar, ou ainda Um Dia de Fúria (1993), de Joel Schumacher, ou ainda Olho por Olho (1996), de John Schlesinger. <END> Sobre "The Big Heat" (Corrupção, em Portugal)Lang disse a Peter Bogdanovich:"A história é um caso pessoal entre Glenn Ford e o crime. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Clamor do Sexo / Splendor in the Grass <END> Um titulo original tão suave, um título em português tão bombástico, quase apelativo. <END> Splendor in the Grass – que o grande Elia Kazan lançou em 1961, um dos cinco últimos filmes de sua carreira – tem seu título tirado de um poema do inglês William Wordsworth (1770-1850), "Ode: <END> Na tradução de Paulo Vizioli, no livro bilíngue Recordações da Primeira Infância (editora Mandacaru, 1988), é: <END> "Mesmo que nada nos devolva o instante / De esplendor para a relva e glória para a flor, / No que restou vamos achar, / Sem mágoa, um poder similar." <END> Numa tradução muito menos bela, porém mais literal, seria: <END> "Embora nada possa trazer de volta a hora do esplendor na relva, da glória na flor, não lamentaremos, e encontraremos força com o que fica para trás." <END> Tradução traição. <END> Como escreveu Joaquim Alves de Aguiar: <END> É exatamente isso: está absurdamente distante do suave, poético titulo original, e parece nome de filme pornô. <END> O clamor do sexo, o tesão é uma parte importante da história criada pelo dramaturgo, novelista e roteirista William Inge (1913-1973). <END> A ação de Splendor in the Grass se passa – o filme nos informa isso com um letreiro logo após a primeira sequência – no Sudeste de Kansas, em 1928. <END> Em suma: aquela coisa asquerosa, nojenta, imbecil, do tabu da virgindade da mulher. <END> Tanta preocupação, tanta energia dispendida, tanto drama por uma bobagem, uma tolice. <END> "Os rapazes querem uma boa garota como esposa" <END> Na primeira sequência do filme, um casal se beija dentro de um carro, parado junto de uma cachoeira. <END> A mãe de Deanie, Mrs. Loomis (Audrey Christie), está bem acordada quando Bud deixa Deanie em frente de casa. <END> Deanie mente que estavam estudando. <END> A mãe segue Deanie até o quarto da moça. <END> – "Os rapazes não aeitam uma garota que faz tudo o que eles querem. <END> Uma sociedade apegada aos bens materiais e a uma moral rígida, puritana <END> Ao chegar à sua casa, Bud tem uma conversa algo parecida com o pai, Ace Stamper (Pat Hingle). <END> – "Mas você não está fazendo nada que possa te envergonhar, não é? <END> Nestas duas sequências, a da casa dos Loomis e a da casa dos Stamper, o roteirista William Inge e o cineasta Elia Kazan já nos dão um claro retrato daquelas pessoas, daquele tipo de sociedade, de seus valores. <END> Os pais da garota Deanie são classe média baixa; Del tem um pequeno armazém, junto da casa em que moram – uma casa espaçosa, confortável, mas simples, mal cuidada, precisando de uma pintura. <END> Os pais do garoto Bud são muito ricos, dos mais ricos dos habitantes da pequena cidade da qual nunca se fala o nome. <END> Como tantos pais – da vida real e da ficção – que constroem fortuna, Ace Stamper exige que Bud se prepare para herdar sua emergente empresa de petróleo. <END> Quanto a Bud, além de bonito e bom no futebol americano, é também rico. <END> Todas as garotas da escola tinham uma ponta de inveja de Deanie – por ela ser a mais bela de todas, e por namorar Bud. <END> Proibido para menores de 18 anos na época, o filme hoje pode ser visto por todos <END> A menção feita à alta das ações bem no início da narrativa não é, evidentemente, gratuita. <END> Tirando esse detalhe que é local, específico dos Estados Unidos, a questão da virgindade das moças que o filme aborda é de fato universal. <END> Era assim quando eu era adolescente, em Belo Horizonte, nos anos 60. <END> Os namoros eram bastante parecidos com o de Bud e Deanie: muito beijo, amasso, no máximo bolinação – sexo, de jeito nenhum. <END> Essa besteira de tabu de virgindade só começaria a cair no final dos anos 60, início dos 70, depois da grande revolução comportamental em todo o mundo ocidental. <END> Não vi Splendor in the Grass quando era adolescente em Belo Horizonte; li sobre o filme nas revistas da época, vi as fotos, vi os cartazes do lado de fora do cinema, sabia da história, mas a censura era 18 anos. <END> Hoje, o DVD – lançado no Brasil pela Lume Filmes – traz a censura indicativa de proibido para menores de 10 anos. <END> "Estou tão fresca e virginal quanto no dia em que nasci, mãe!" <END> Em 1961, o Código Hays, o código de autocensura dos grandes estúdios de Hollywood, ainda estava em vigor, embora muitos filmes começassem a desobedecê-lo. <END> Segundo o IMDb, o beijo apaixonado de Natalie Wood e Warren Beatty em Splendor in the Grass foi o primeiro French kiss mostrado em um filme de Hollywood. <END> Transcrevo outra anotação do IMDb – vendo o peixe como ele é vendido no grande site enciclopédico: <END> "O filme incluía uma cena em que Wilma Dean Loomis toma um banho enquanto discute com a mãe. <END> Essa sequência acontece quando o filme – de 124 minutos – já vai lá pela metade, ou pouco mais, mas creio que não é um spoiler transcrever uma das frases que Deanie grita para a mãe: <END> – "Não, mãe! <END> Aos 22 e 23 anos, Natalie e Beatty interpretam garotos de 17, 18 <END> Há uma questão da qual é impossível escapar quando se fala de Splendor in the Grass: <END> Foi a estréia de Warren Beatty no cinema. <END> Aos 22 anos, Natalie Wood era uma absoluta veterana. <END> É bem verdade que a ação de Splendor in the Grass abrange um período de uns três anos, talvez até um pouco mais. <END> Mas não dá para fugir: é estranho ver Natalie Wood e Warren Beatty interpretando garotos na escola – mesmo eles sendo bastante jovens. <END> Para o público americano, acostumado a ver Natalie Wood desde sempre na tela, então, deve ter sido muito esquisito. <END> Causa estranheza até hoje. <END> É bem provável que Kazan tenha preferido correr o risco desse estranhamento em troca de ter atores experimentados, de talento comprovado. <END> E a verdade é que estão excelentes os dois protagonistas, Natalie Wood e Warren Beatty. <END> Todo o elenco está muito bem. <END> Para não ficar flagrante demais o fato de que seus atores principais eram mais velhos do que os personagens, Kazan decidiu – é o que diz o IMDb – que os demais atores que interpretariam os colegas de escola de Deanie e Bud teriam que estar na mesma faixa etária de Natalie e Beatty. <END> Além de Warren Beatty e Sandy Dennis, três outros atores estrearam no cinema em Splendor in the Grass: <END> É uma tradição de Elia Kazan introduzir caras novas no cinema. <END> A filha rebelde do ricaço é interpretada por Barbara Loden, atriz de vida atribulada <END> Uma atriz que impressiona de maneira especial em Splendor in the Grass é Barbara Loden (na foto abaixo). <END> Filha de homem muito rico que tem comportamento errático, fora da linha, do padrão. <END> A atriz Barbara Loden parece ter tido uma vida atribulada e trágica como a de Ginny, seu personagem. <END> Depois deste filme aqui, Kazan a colocou como atriz em peças encenadas por sua companhia teatral, e Barbara Loden ganhou um Tony, o Oscar da Broadway. <END> Em 1970, ela lançou Wanda, um filme totalmente independente dos estúdios, escrito, dirigido e estrelado por ela, que ganhou o prêmio da crítica no festival de Veneza. <END> Hoje pouco conhecido, William Inge fez peças e roteiros de grande sucesso <END> É necessário fazer um registro, ainda que rápido, sobre William Inge. <END> São dele as peças e/ou os roteiros de A Cruz da Minha Vida/Come Back Little Sheba, com Burt Lancaster (1952), Férias de Amor/Picnic, com William Holden e Kim Novak (1955), Nunca Fui Santa/Bus Stop, com Marilyn Monroe (1956), Sombras no Fim da Escada/The Dark at the Top of the Stairs, com Angela Lansbury e Shirley Knight (1960) e O Anjo Violento/All Fall Down, com Warren Beatty, Eva-Marie Saint e Karl Malden (1962). <END> William Inge ganhou o Oscar de melhor roteiro original por Splendor in the Grass. <END> Natalie Wood foi indicada ao Oscar, ao Globo e Ouro e ao Bafta de melhor atriz por sua belíssima interpretação de Deanie; não levou os prêmios. <END> Detalhezinho que vejo agora na crítica de Pauline Kael: o próprio William Inge faz uma pequena ponta no filme, como o pastor que pronuncia um sermão sobre bens materiais versus espiritualidade. <END> Dame Pauline Kael diz que o filme é histérico. <END> Pauline Kael diz que William Inge "escreveu o roteiro barroco, tipo Freud para principiantes, sobre as frustrações da sexualidade adolescente", e "Elia Kazan o apimentou". <END> E mais adiante: <END> Todo mundo tem direito à sua opinião, é claro, e, já que é assim, minha opinião é de que Dame Kael escreveu uma crítica um tanto histérica. <END> É óbvio que o filme sugere que os adolescentes têm direito a experiências sexuais. <END> "Um país em crise, cujo sistema de valores começa a ser abalado" <END> É chocante a diferença entre o que diz a grande dama da crítica americana e o que diz o Guide des Films do mestre Jean Tulard. <END> Como em cada um de seus filmes, Elia Kazan persegue a longa busca, apaixonada e angustiante, do país que o acolheu, os Estados Unidos. <END> Mas, apesar dos seis mil anos de civilização a mais, os franceses pisaram um pouco no tomate no título, A Febre no Sangue – sendo que fièvre, além de febre, significa também excitação, ardor, paixão. <END> A partir daqui, um registro absolutamente pessoal. <END> Este texto já está absurdamente grande, mas ainda quero fazer mais um registro. <END> Minhas anotações mostram que antes só havia visto Splendor in the Grass uma única vez, em 1974, recém-casado com a mãe da minha filha; por uma dessas coincidências da vida, Suely tinha uma beleza esplêndida que fazia lembrar muito a da jovem Natalie Wood. <END> Ao rever o filme agora, ele me fez lembrar do final de Les Parapluies de Cherbourg, que vi pela primeira vez em fevereiro de 1966, de passagem por São Paulo rumo a Curitiba, onde viveria por dois anos. <END> Algum tempo mais tarde reencontraria a menina que na época considerava o grande amor da vida. <END> O grande amor acaba, e a consciência disso é terrível quando somos jovens demais.
Três Enterros / The Three Burials of Melquiades Estrada <END> Anotação em 2006, com complemento em 2008: <END> É um filme duro, cru, cruel – e muito bem dirigido. <END> Numa pequena cidade do Texas, perto da fronteira com o México, um fazendeiro americano (o próprio Tommy Lee Jones) sai à procura do homem que matou seu empregado mexicano Melquiades Estrada; e, quando descobre que o assassino foi um guarda da fronteira (Barry Pepper), obriga-o a levar o corpo da vítima até seu vilarejo mexicano. <END> A história e o roteiro são do escritor mexicano Guillermo Arriaga, que tem sido tremendamente incensado pela crítica. <END> O filme teve dois prêmios no Festival de Cannes: melhor ator para Tommy Lee Jones e roteiro para Guillermo Arriaga.
O Embaixador / The Ambassador <END> O Embaixador é um filme curioso e, de certa maneira, até mesmo fascinante. <END> Também me parece obscuro, bem pouco conhecido, embora tenha três atores importantes – Robert Mitchum, Ellen Burstyn e Rock Hudson –, e seja dirigido por J. Lee Thompson, realizador irregular mas autor de alguns filmes muito bons, como Os Canhões de Navarone (1961) e Círculo do Medo (1962), para citar apenas dois. <END> Produção de 1984, foi lançado agora em DVD no Brasil pela FlashStar; estava na locadora como lançamento, novidade, e então me aventurei. <END> Confesso que tive vontade de desistir algumas vezes – mas é tudo tão bem intencionado que fui em frente. <END> Antes de ir aos alfarrábios, no entanto, transcrevo o texto que aparece em letreiros no início da narrativa. <END> "O Oriente Médio é uma panela de pressão, pronta para explodir. <END> "Um grupo conhecido como OLP prometeu nunca reconhecer o direito de existência de Israel e continuar lutando até que um território palestino seja reconhecido. <END> "Um grupo dissidente da OLP baseado na Síria, a Saika, o mais extremista de todos os grupos terroristas existentes na região, espalha o terror entre israelenses e árabes, a fim de impedir qualquer possibilidade de negociações de paz. <END> "Dentro de Israel há dois principais pontos de vista conflitantes. <END> "O Mossad é a agência de inteligência do Estado de Israel e protege a posição oficial do governo israelense. <END> (Assim, em caixa alta.) <END> Os créditos iniciais mostram que é uma produção de The Cannon Group, a Golan-Globus Productions, de Menahem Golan e Yoram Globus. <END> Uma introdução didática, uma clara tentativa de esclarecer os mal informados <END> Um texto de abertura longo, com um tom claramente didático, certo? <END> Até aí, tudo bem – não deve haver dúvida sobre isso. <END> Qualquer outra análise desse texto de abertura do filme a partir daí poderá ser motivo de polêmica, porque tudo, absolutamente tudo que diz respeito a Israel e árabes é problemático, é polêmico. <END> Por exemplo, a frase "Israel, com uma população de 4 milhões de habitantes, é cercado por oito países árabes com uma população de 80 milhões de habitantes". <END> Digo isso apenas para acentuar que tudo, ali, é complexo. <END> Mas o fato é que só alguém pró-árabe e radicalmente anti-Israel poderia reclamar da afirmação "Dentro de Israel há dois principais pontos de vista conflitantes. <END> Um filme feito por judeus que não é, de forma alguma, anti-árabe <END> E então vou um passo adiante. <END> Produzido por uma empresa de dois judeus, a Golan-Globus Productions, com dinheiro americano, O Embaixador não é, de maneira alguma, um filme pró-Israel e anti-árabe. <END> Mais ainda: <END> É tão esperançoso quanto "Jerusalem", a extraordinária canção de Steve Earle que Joan Baez canta com aquela voz dela que é sinônimo de esperança, e que diz <END> " I believe that one fine day all the children of Abraham <END> Will lay down their swords forever in Jerusalem" <END> Três guias elogiam o filme <END> Em intenção, O Embaixador é tão bom quanto Ó Jerusalém, de Élie Chouraqui, co-produção de vários países europeus, EUA e Israel, ou Lemmon Tree e A Noiva Síria, os dois do israelense Eran Riklis. <END> A questão é que de boas intenções o inferno dos filmes ruins está cheio. <END> Mas já dei muita opinião. <END> O Videobook 2001 – publicação preciosa que deixou de ser editada – diz o seguinte: <END> Leonard Maltin gostou. <END> O guia de Steven H. Scheuer também dá 3 estrelas em 4: <END> O guia de Mick Martin & Marsha Porter dá 3.5 estrelas em 5: <END> (Esse guia sempre, ou quase sempre, traz a classificação etária dos filmes com os temas que justificam tal categoria.) <END> Não há verbete sobre o filme no gigantesco Guide des Films de Jean Tulard, nem no competente Guia da Nova Cultural que infelizmente deixou de ser republicado. <END> É. Fiquei sozinho na minha afirmação de que o filme é uma porcaria. <END> Tudo indica que a trama é apenas ligeiramente inspirada no livro de Elmore Leonard <END> Um registro sobre a questão de o roteiro ser baseado no livro 52 Pick-Up, de Elmore Leonard, citado em mais de um guia. <END> Me parece que justamente o guia da Time Out é que é mais plausível. <END> De fato, como dizem o Videobook e o guia de Leonard Maltin, em 1986 foi lançado o filme 52 Pick-Up, no Brasil Nenhum Passo em Falso; foi dirigido por John Frankenheimer, e tinha no elenco Roy Scheider e Ann-Margret. <END> O guia da Time Out é escrito por gente que parece detestar todos os filmes, mas me parece que ele está corretíssimo ao dizer que a trama de O Embaixador foi apenas inspirada na história de Elmore Leonard. <END> Atores mal dirigidos, uma trama cheia de subtramas, cenas de nudez um tanto apelativas <END> Os atores estão todos mal dirigidos. <END> De qualquer maneira, um elenco mal dirigido é um indício forte de resultado final ruim. <END> Também parece estranho que os produtores tenham preferido inventar um grupo extremista muçulmano – o tal Saika –, quando o que não falta é grupo extremista muçulmano. <END> A trama começa complicada, com diversas subtramas. <END> A sensação que se tem é de que todas as pessoas em Tel Aviv e Jerusalém espionam ou são espionadas. <END> Me pareceu uma apelação gratuita as cenas de sexo entre a embaixatriz Alex e o árabe Hashimi. <END> (Sim, é uma atitude corajosa de Ellen Burstyn aparecer em cenas de sexo bem quente com o corpo à mostra. <END> Aí então, depois de tanta complexidade, de tantas tramas e subtramas, tudo fica muito simples, basta chamar às falas um punhado de jovens árabes e jovens israelenses para que tudo dê certo; só falta eles todos saírem cantando "Give Peace a Chance" e "Imagine" – as velas acesas estão lá. <END> Give peace a chance – mas, na hora de torturar os bandidos para fazê-los confessar, o personagem de Rock Hudson sorri de sadismo puro. <END> A trilha sonora amplifica a sensação de filme ruim, menor. <END> Apesar do que dizem todos os guias, não retiro o porcaria e o abacaxi. <END> Porcaria, abacaxi – mas muito bem intencionado. <END> Um Comentário <END> 3 Trackbacks <END> […] filmes, com roteiro de outros autores, como, só para citar alguns, Hombre (1967), de Martin Ritt, O Embaixador/The Ambassador (1984), de J. Lee Thompson, O Nome do Jogo/Get Shorty (1995), de Barry Sonnenfeld, e Jackie Brown […]
Três Mundos / Trois Mondes <END> Três Mundos, de Catherine Corsini, é uma beleza de filme, um filmaço. <END> Também como em Partir, os personagens tomam muitas vezes as decisões erradas, que resultarão em profunda dor, em tragédia. <END> A história parte de um acidente – um atropelamento – para, em seguida, reunir os destinos de pessoas que vivem, como anuncia o título, em três mundos distantes, distintos, à parte. <END> Os sete minutos iniciais são um tour-de-force de tirar o fôlego do espectador <END> Os primeiros minutos do filme são um tour-de-force, um espetáculo, capaz de deixar o espectador atônito, sem fôlego. <END> Seqüência 1: <END> Diversão idiota, coisa de adolescente besta à procura de adrenalina. <END> Corta, seqüência 2: um grupo de homens joga baralho. <END> Corta, seqüência 3: os tais três amigos estão no carro, a toda; o rádio toca música alto. <END> Corta, seqüência 4: num apartamento de classe média, cheio de livros, um casal discute a relação. <END> Corta, sequência 5: o carro dirigido por Al segue em disparada – e pega um homem que atravessava a avenida naquele momento. <END> Al sai do carro, aproxima-se do homem que acabara de atropelar. <END> Quando Juliette chega à rua, o carro está se distanciando a alta velocidade. <END> Tudo isso acontece nos sete primeiros minutos do filme. <END> Uma jovem boa, altruísta. <END> Ao longo da belíssima narrativa que se seguirá a essa abertura estonteante, realmente de tirar o fôlego, o espectador verá que Juliette é uma pessoa boa, generosa, altruísta, que deixa de lado seus próprios problemas, inquietações e até deveres para ajudar os outros. <END> Al está para se casar. <END> Atordoado com o acidente, remoendo-se em culpa, Al vai ter formalizada sua sociedade na concessionária: o futuro sogro mantém 50% do negócio, a filha Marion fica com 25% e Al, alçado ao posto de gerente, fica com 25%. <END> Um belo de um golpe do baú – mas Al não procurou aquilo. <END> Três pessoas, em três mundos distintos, têm sua vida transformada em inferno <END> Sim, mas se Al não é um patife, por que não se entrega à polícia? <END> A dúvida pode ocorrer ao espectador. <END> Na vida real, as pessoas muitas vezes erram, tomam as decisões erradas. <END> Juliette, altruísta, sempre disposta a ajudar os outros, não demora nada a chegar à mulher de Adrian, Vera (o papel da atriz Arta Dobroshi, de O Silêncio de Lorna, à esquerda na foto). <END> Vera – o filme vai nos mostrar – é uma mulher profundamente apaixonada pelo marido que agora está ali entubado, inconsciente. <END> A vida de Al se transforma num inferno, a de Vera se transforma num inferno pior ainda – e Juliette, a altruísta que só queria ajudar, ficará sob um fogo cruzado também infernal. <END> Uma diretora madura, que domina com perfeição seu ofício <END> Embora com uma filmografia curta, Catherine Corsini é uma autora e diretora absolutamente madura, que domina com perfeição o ofício. <END> Seu filme de 2001, La Répétition (literalmente, o ensaio, sem título no mercado brasileiro), com Emmanuelle Béart, concorreu à Palma de Ouro em Cannes. <END> O filme não foi um sucesso na França – teve 62 mil espectadores. <END> O AlloCine, o site que tem tudo sobre os filmes franceses, conta que, quando tinha apenas 12 anos, Catherine Corsini foi atropelada – e o motorista fugiu. <END> No AlloCine há uma frase da realizadora sobre um dos temas em que o filme se debruça – a relação dos personagens com o dinheiro. <END> Curioso: para mim, a personagem que é mais apegada a dinheiro é justamente Vera, a imigrante ilegal que não tem dinheiro algum. <END> Um filme sem atores famosos no elenco, e com grandes interpretações <END> O Monde deu ao filme 4 estrelas em 5. <END> E conclui: <END> Catherine Corsini é uma grande diretora de atores. <END> Clotilde Hesme também não é estreante, mas ainda não é uma estrela. <END> Com estes dois filmes, Catherine Corsini me conquistou totalmente. <END> 3 Comentários <END> comecei aver o filme depois da sua metade e fiquei preso aos acontecimentos, e achei sensacional até seu final. <END> Caro Sibelius, Muito obrigado por enviar o comentário – e pelo comentário tão gentil. <END> O filme é bom, mas acho que a diretora/roteirista perdeu a mão em certos momentos. <END> Não entendo como homens com mais de 30 anos podem fazer uma brincadeira estúpida e perigosa, que como você bem disse é uma "diversão idiota, coisa de adolescente besta à procura de adrenalina." <END> Ao fim e ao cabo me pareceu que o casalzinho à beira do casamento não se amava taanto assim: quando a noiva soube do ocorrido, só pediu que ele não "estragasse" a vida dela, não se importou em nenhum momento com o fato de ele ter atropelado um inocente, nem com as consequências que ele estava sofrendo. <END> Acho que eu esperava uma coisa, mas o roteiro foi por outro caminho, e ainda abarcou vários assuntos e misturou os gêneros de uma forma que deixou os personagens sem personalidade (ou vai ver nenhum deles era o que aparentava ser). <END> Os atores estavam todos bem, exceto a que faz a Vera, que ficou alguns tons acima; e concordo com você que ela pareceu mais apegada ao dinheiro que os outros. <END> 2 Trackbacks <END> […] belo filme, só que no diapasão oposto desta comédia escrachada aqui, o drama pesado, sério Três Mundos.
John no céu com diamantes <END> :: Dez anos sem John Lennon, esse artista singular cuja obra-prima é a própria vida. <END> As pessoas morrem logo, e em geral nem um pouco mais sábias do que quando nasceram, diz uma bela música dos anos 60. <END> John Lennon é uma das pessoas mais fascinantes que passaram por este planeta, e não só por ter sido o gênio e o motor criativo dos Beatles, a mais completa tradução dos anos que mudaram tudo. <END> "Mamãe, não vá; papai, venha pra casa." <END> Do lúgubre sino de igreja até os sininhos da felicidade <END> Pois então, aos 30 anos, John despe a sua dor da perda sob os holofotes, expõe o seu fracasso na parada de sucessos, como diria Caetano. <END> "Foi um longo tempo pra chegar de um lúgubre sino de igreja até esse doce sininho de felicidade", constatou, três dias antes que esgotasse o tempo que lhe foi dado para viver. <END> Para não se perder a perspectiva do tempo, é bom lembrar que foi John Lennon (paralelamente e em justaposição ao que fazia o outro grande gênio da música popular em língua inglesa de sua geração, Bob Dylan) que, nos anos 60, abriu caminho para colocar em disco algo mais do que versos bem ou mal construídos, com rimas às vezes interessantes, em geral repetitivas, para colocar em disco sentimentos, emoções, sensações, histórias, conclusões de verdades, pessoais, vividos, experimentados, vindos do coração, do umbigo, e não da vontade de ganhar a vida no ofício de colocar hits nas paradas. <END> O vírus da verdade pessoal no vazio da música de consumo <END> Ainda um Beatle, nos anos 60, John infeccionou com o vírus da verdade pessoal a impersonalidade e o vazio da música de consumo; começou o strip-tease de alma em letras como "Nowhere Man", "Help", "Girl", "In My Life", "She Said She Said", "Strawberry Fields Forever", "Yer Blues" – embora ainda assinando em parceria com Paul McCartney, por um contrato jamais escrito mas só formalmente rompido em 1970, ano da separação oficial dos Beatles. <END> Eles se separaram por todos os motivos do mundo (por "diferenças pessoais, diferenças musicais, diferenças empresariais e, sobretudo, porque eu gosto mais de ficar com a minha família", como definiu Paul), mas, para boa parte dos fãs dos Beatles (e boa parte da humanidade era fã dos Beatles), a culpa foi de Yoko Ono. <END> Culpada ou não pelo divórcio da mais extraordinária união musical do século, Yoko Ono – esta é a verdade dos fatos – alterou radicalmente a trajetória pessoal e artística de John. <END> Despiu a alma nas canções e o corpo na capa do disco <END> Ele não só despiu a alma em suas canções; tirou também a roupa externa diante do respeitável público, na capa do primeiro dos três discos experimentais-vanguardistas que fez com Yoko, ainda na segunda metade dos anos 60. <END> As fotos de John e Yoko nus em 1968 eram de fato agressivas – porque agressivamente belas, no agressivo despojamento da nudez de um casal de pessoas de corpos lindos por serem nada esculturais, apenas de pessoas, como 99% das pessoas, que não são misses nem modelos. <END> John posou pelado com Yoko em capa de disco, ficou semanas deitado com ela em quartos de hotéis de luxo mundo afora pedindo paz e amor, desafiou a caretice, atraiu o ódio, desprezo e até comiseração. <END> "Eu era o fazedor de sonhos, agora renasci, agora sou John", resumiu no seu anticredo do mesmo disco de "Mother", "God", em que parte do princípio de que Deus é um conceito através do qual medimos nossa dor, para desafiar um rosário de pérolas em que não crê – Mantra, magia, Buda, Jesus, Kennedy, Elvis, Dylan, Beatles – até chegar à conclusão de que acredita apenas em si próprio e em Yoko – "e isto é realidade". <END> Um radical num tempo radical, com slogans revolucionários <END> John já havia começado a mostrar sua visão pessoal sobre a realidade do mundo em transformação quando ainda assinava-se Lennon-McCartney em músicas como "Revolution", "Give Peace a Chance". <END> Envolveu-se diretamente com o que os americanos chamam de radicais – a ala esquerda da geração que nos anos 60 lutou pelos direitos civis, contra a guerra do Vietnã, contra o militarismo, contra a direita republicana. <END> Eram os anos Nixon, e ele passou a enfrentar dificuldades com o Departamento de Imigração, que se negava a dar-lhe o greencard, o visto de permanência nos Estados Unidos. <END> Foram também anos de diversas lutas na Justiça – contra as seguidas tentativas do governo de deportá-lo, com base em uma antiga prisão por posse de drogas, ainda na Inglaterra; pela dissolução legal da sociedade com os Beatles; pela custódia de Kioko, a filha de um casamento anterior de Yoko; contra uma acusação de não haver honrado um acordo para a produção de um LP para um tal Morris Levy, dono de uma editora musical. <END> "A vida vem em ondas como o mar": foi nessa época turbulenta que veio a turbulência maior, a separação de Yoko, em 1973. <END> Do fundo do poço, voltou a despir seu desespero na música: <END> Um artista singular cuja obra-prima é a própria vida <END> Muros e pontes. <END> Cunhou uma bela frase para explicar a volta para casa: <END> A volta ao casamento deu. <END> Fora do carrossel, em casa, realizando a utopia particular <END> Os cinco anos que John passou em casa, cuidando de Sean, fora do carrossel, sem fazer música, sem lutar por nada, foram, como bem notou um crítico, a realização prática de utopia que pregou em boa parte de sua obra e que sintetizou esplendidamente em "Imagine", seu hino "anti-religioso, antinacionalista, anticonvencional, anticapitalista", como ele mesmo definiu. <END> Amadurecido, mais sábio. <END> "Eu sou um roqueiro renascido, sinto-me restaurado", disse no dia 5 de dezembro de 1980. <END> Com esperança e vontade para outros 40 anos produtivos <END> Não tinha fórmulas para oferecer para o mundo; sabia que cada um tem que criar a sua. <END> Convivia em paz com o medo e o desconhecido. <END> Na viagem dos sinos lúgubres de "Mother" aos sinos da felicidade de "(Just Like) Starring Over", havia aprendido também que não é o pai, não é a mãe, nem mesmo a sociedade que é responsável pela escolha do caminho a se percorrer na vida. <END> Tinha esperança e vontade. <END> Os deuses não quiseram. <END> A historinha por trás do texto <END> Regina Lemos teve a idéia de me encomendar um texto para ser publicado nos dez anos após a morte de John Lennon, no mês exato em que ele completaria 50 anos, outubro de 1990. <END> A experiência deu certo demais – tanto que a renovada Moda Brasil acabou sendo um ensaio geral para a edição brasileira da Marie Claire, um dos títulos mais respeitados do mundo; a editora francesa fechou acordo com a Globo, e em 1991 surgiu a Marie Claire brasileira, dirigida por Regina e com o núcleo que ela havia montado ainda na Moda Brasil. <END> Quanto ao meu texto para a Moda Brasil… Bem, gostei bastante dele, ao relê-lo agora. <END> Essa é uma bobagem-brincadeira tão velha quanto ser chiquista ou caetanista, "Sabiá" ou "Caminhando". <END> Bem, mas estes – tanto o lennonismo x mccartismo quanto o chiquismo x caetanismo – são temas que podem render bons e longos textos. <END> 3 Comentários <END> Com os meus cumprimentos, aproveito essa oportunidade em parabenizá-los pelas excelentes informações contidas nesse site. <END> E venho ainda, solicitar de vossas senhorias, a gentileza em permitir-me, a utilização de uma parte desse texto, que incluirei em um artigo sobre John Lennon, onde usarei também como implemento o título, se me permite – "John Lennon, assim na Terra e no Céu". <END> Essa postagem será feita em um site que estarei lançando em breve, intitulado, "Gyn Go", e evidentemente que acrescentarei todos os créditos devidos. <END> Cara Dinalva, muitíssimo obrigado por suas referências simpáticas e gentis. <END> 10 Trackbacks <END> […] os 40 anos de Paul McCartney para a revista Status, e outra sobre os dez anos após a morte de John Lennon para a revista Moda Brasil. <END> […] praça diante da Notre Dame, à direita dela, na Nuit Blanche, um rapaz cantou "Revolution", de John Lennon, acompanhando-se à guitarra. <END> […] comum, assim como gilete, por exemplo, virou substantivo comum, sinônimo de lâmina de barbear. <END> […] Beatles, lançou em 2010 um livro chamado Lennon – um misto de biografia e relato ficcional sobre John Lennon, em que o músico confessa, por exemplo, seu amor por Brian Epstein, o primeiro empresário do […]
Nosso Barco, Nossa Alma / In Which We Serve <END> Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> Eu já tinha, naturalmente, ouvido falar demais neste filme do então quase principiante David Lean e do homem de todas as artes Noel Coward – e mesmo assim me surpreendi com a qualidade dele. <END> O filme é a história de um navio de guerra inglês, o destróier HMS Torrin, que é atingido por um torpedo mas não afunda; é levado de volta para a Inglaterra, reparado e volta à ação para ajudar na retirada de Dunquerque; mais tarde, é bombardeado perto de Creta, e finalmente submerge. <END> A ação começa quando o navio está afundando, e vários de seus marinheiros estão em botes salva-vidas, à espera do resgate por outras naves aliadas. <END> Noel Coward – que escreveu o roteiro e co-dirigiu o filme – faz o papel do capitão do HMS Torrin, Kinross, um herói de guerra, embora não mais herói que o mais humilde dos marinheiros do navio. <END> Qualquer pessoa que não conheça a biografia de Noel Coward (1899-1973) e veja hoje o filme certamente achará sua atuação muito boa – ou, no mínimo, convincente, correta. <END> Assim, é fascinante imaginar como as platéias da época, especialmente as inglesas, reagiram à interpretação de Coward como o duro Capitão Kinross. <END> Uma das muitas histórias que se contam sobre In Which We Serve (e ele é absolutamente cheio de histórias) é que o jornal Daily Express, em diversas ocasiões, enquanto o filme era rodado e montado, ridicularizou o projeto, contestando a escolha de Coward para interpretar um bravo, e muito macho, capitão da Real Marinha. <END> O fato é que Coward acabou se vingando ao reproduzir no filme uma ridícula manchete do jornaleco, publicada em 1939, poucos meses antes do início da Segunda Guerra: <END> Mais histórias sobre o filme: <END> Noel Coward – que muitos anos depois receberia da Coroa britânica o título de Sir – era amigo do primeiro-ministro Winston Churchill. <END> Aliás, consta também que Coward trabalhou para o serviço secreto inglês durante a Segunda Guerra. <END> Conta-se também que Coward estava um tanto inseguro em dirigir um filme de guerra, e perguntou ao amigo John Mills quem ele recomendaria para ajudá-lo. <END> David Lean (1908-1991) àquela altura já havia assinado a montagem de uns 20 filmes, inclusive Pigmalião, de 1938, e Major Barbara, os dois baseados em obras de George Bernard Shaw. <END> Quando Sir David Lean morreu, em 1991, deixou uma das mais esplêndidas obras da história do cinema. <END> Estréia de Lean na direção, Nosso Barco, Nossa Vida foi também a estréia do jovem Richard Attenborough no cinema. <END> Sir Noel, Sir John, Sir David, Sir Richard. <END> Como era um filme sobre marujos, falava-se muito palavrão – ou o que na época era considerado palavrão. <END> (O que diriam os zelosos censores dos anos 40 dos filmes de hoje, em que há mais fucks do que estrelas no céu?) <END> O AllMovie diz que, durante muitos anos, as únicas cópias do filme disponíveis nos Estados Unidos eram da versão filtrada para não ofender os ouvidos puros da época do lançamento, mas que agora, felizmente, "a versão completa, gloriosa, de 115 minutos" é a que pode ser vista nos EUA. <END> A versão em DVD disponível no Brasil tem 109 minutos. <END> 7 Trackbacks <END> […] felizmente longevo inglês, nascido em 1923 em Cambridge, que estreou no maravilhoso Nosso Barco, Nossa Alma/In Which We Serve, de 1942, de Noël Coward e do jovem David Lean, é conhecido do grande público como o empresário […] <END> […] Uma beleza, uma maravilha de filme. <END> […] o patriotismo, procurando manter elevado o moral de um povo, podem ser obras de arte, como Nosso Barco, Nossa Alma/In Which We Serve, que Noël Coward e David Lean co-dirigiram em 1942, um ano antes de Os […] <END> […] grande romance, mas sim seu melhor amigo (gay, por sinal), o escritor, compositor, ator e diretor Noel Coward, que no filme afirma que Gertrude era casada com a carreira. <END> […] esforço de guerra e esforço de guerra. <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Anotação em 2009: <END> Menos de 20 anos atrás, o Brasil expulsou da Presidência um político corrupto. <END> Pouco mais de 30 anos atrás, o então presidente americano Richard Milhous Nixon renunciou, antes que fosse derrubado por um processo de impeachment no Congresso. <END> Precisão de documentário, ritmo de thriller <END> Este ótimo filme do veterano Ron Howard recria, com a precisão de um documentário e o ritmo acelerado de um thriller de primeira qualidade, a história da primeira entrevista que Nixon deu à televisão depois da renúncia. <END> O filme se baseia na peça de teatro escrita pelo inglês Peter Morgan, que foi também o autor do roteiro. <END> Ron Howard usa a estrutura de um documentário: ao longo da ação – que é apresentada em ordem cronológica, desde a renúncia, em 1974, até a entrevista, em 1977, e um pouco depois –, há depoimentos dos personagens da história. <END> Nisso, especificamente, o filme faz lembrar Confidencial/Infamous, a ótima recriação de como Truman Capote escreveu A Sangue Frio. <END> Esses depoimentos dos personagens da história ajudam um pouco o espectador a compreender os fatos. <END> Relembrando rapidinho: em 17 de junho de 1972, cinco homens foram presos ao assaltarem os escritórios do Comitê Nacional do Partido Democrata, no complexo de prédios Watergate, em Washington. <END> Com a renúncia, assumiu outro republicano, Gerald Ford, que, numa decisão que chocou o país, concedeu um perdão total a Nixon por quaisquer crimes que pudesse ter cometido enquanto estava no poder – ter ordenado ou no mínimo consentido com o assalto ao escritório da campanha adversária, mentido, ocultado provas, obstruído a ação da Justiça. <END> E o ex-presidente jamais admitiu qualquer crime, ou pediu perdão por eles. <END> Um grande duelo – e todos apostam em Nixon <END> É aqui que o filme começa <END> David Frost, um apresentador de talk shows nascido na Inglaterra, que tinha tido e perdido um programa na TV americana e estava, na época da renúncia, comandando um programa na Austrália, teve a idéia de pedir uma entrevista a Nixon. <END> Nixon havia recusado todos os pedidos de entrevista anteriores; não queria enfrentar, diante das câmaras de TV que já o haviam derrotado quando debateu com John Kennedy na campanha de 1960, um entrevistador sério, um repórter político experiente. <END> É preciso também lembrar que Nixon tinha do que se gabar, nos 75% do tempo em que não seria questionado sobre Watergate. <END> Para o entrevistador, só havia dois caminhos: ou ele conseguia encostar o entrevistado nas cordas, e esmurrá-lo até que confessasse seus crimes e pedisse perdão por eles, ou a entrevista não serviria para nada. <END> Todo mundo sabia: a série de entrevistas seria uma luta de boxe, uma disputa de campeonato mundial. <END> Todas as apostas eram de que Tricky Dick, como Nixon era chamado, daria uma surra no apresentador de talk shows bonitinho e bobão. <END> O espectador acompanha os preparativos dos dois contendores para o enfrentamento, cada um com sua equipe. <END> O filme mostra que os jornalistas Zelnick e Reston Jr. ficavam exasperados, arrancavam os cabelos, porque, nas semanas que precederam as entrevistas, David Frost parecia não se dedicar ao trabalho, não se aprofundar nos temas; preferia ficar gozando a boa vida em festas e passeios em Los Angeles ao lado de Caroline Cushing, uma jovem beldade que ele conheceu na primeira classe de um vôo internacional (foto). <END> Frank Langella tem o melhor papel da vida <END> Assim como aconteceu com Helen Mirren ao interpretar a Rainha Elizabeth II em A Rainha, de Stephen Frears, ou com a bela francesa Marion Cotillard, que ficou feia para fazer Edith Piaf em Piaf – Um Hino ao Amor, Frank Langella teve o melhor papel de sua vida como Richard Nixon. <END> No papel do apresentador de talk shows meio playboy, mundano, festeiro, mulherengo, menosprezado pela imprensa dita séria, mas na verdade inteligente, rápido de raciocínio, seguro, conhecedor das manhas da TV, Michael Sheen enfrenta o duelo com Frank Langella, o duelo Frost/Nixon, de igual para igual. <END> Os dois atores tinham já representado os mesmos papéis no teatro. <END> Não poderia dizer com toda certeza se pessoas menos interessadas em política, em História contemporânea, iriam desfrutar tanto deste filme bem realizadíssimo, mas imagino que, sim, iriam. <END> O filme teve cinco indicações ao Oscar no início deste ano de 2009: filme, direção, ator (para Frank Langella), roteiro adaptado e montagem. <END> Segundo o iMDB, diversos diretores importantes demonstraram interesse em dirigir o filme baseado na peça Frost/Nixon: <END> Outra informação interessante que o iMDB apresenta é que o diretor Ron Howard admitiu ter votado em Richard Nixon em 1972, em vez de em McGovern. <END> Um lembrete para quem for ver o filme no DVD: não se pode deixar de ver, nas apresentações especiais, os trechos da entrevista do verdadeiro Nixon ao verdadeiro Frost. <END> Imprensa, mesmo ruim, é o melhor que pode haver <END> Voltando ao começo, como diz o Gonzaguinha, como se deve fazer sempre: o filme nos traz lições, boas lições – embora eles lá no Império sejam tão diferentes da gente, vivam num mundo tão distante da gente. <END> Nem é o caso de falar de Sarney, Collor, Renan, essa corja toda, hoje tão umbilicalmente ligada ao presidente que dizia que iria fazer tudo diferente, tudo ao contrário do que sempre foi feito. <END> É o caso, no mínimo, de constatar de novo essa velha noção que não podemos nunca esquecer: a imprensa pode ser ruim, pode ser uma bosta, pode até mesmo ser vendida – mas é a melhor coisa que há. <END> Não dá para compreender como ainda exista gente que já leu mais do que o Pato Donald e não entenda isto. <END> Quem defende Estado forte, Estado grande, Estado sempre presente, não defende as pessoas – está contra elas. <END> Pareceu um economista liberalista falando no final. <END> […] de quem não consegue voltar bem à planície, conforme mostram dois belos filmes, Honra Secreta e Frost/Nixon – por coincidência estrelado pelo mesmo Michael Sheen que interpretou Tony Blair em A Rainha. <END> […] sua época, do seu momento histórico. <END> […] excelência. <END> […] Amin Gaga) e A Rainha (Helen Mirren interpretando Elizabeth II).
Armadilhas do Amor / Serious Moonlight <END> Anotação em 2010: <END> Em 2008, Meg Ryan havia feito Mais do que Você Imagina/My Mom's New Boyfriend, dirigido por um certo George Gallo, em que ela contracena com Antonio Banderas. <END> Este Armadilhas do Amor é grotesco – se não apertei a tecla stop e fui até o fim, o problema é meu, de insanidade absoluta. <END> Nunca consigo fazer um rápido resuminho da trama. <END> Nego chega de táxi, carregado de flores, muitas flores, a uma casa de campo. <END> Em ação paralela, vemos mulher num posto de gasolina ligando para a secretária, dizendo que resolveu viajar naquela sexta-feira, que volta na segunda à tarde, que é para cancelar todas as reuniões marcadas para a segunda. <END> Telefonema terminado, mulher recebe ligação do cara, dizendo que está entrando numa reunião, e só vai chegar no sábado à tarde. <END> Mulher chega na casa de campo, vê as flores todas, liga para a secretária, diz que vai transar muito – e sai pela casa berrando o nome do marido, Ian (Timothy Hutton). <END> É o óbvio, o absolutamente óbvio: confiante em que Louise só chegaria no sábado de tarde, Ian tinha marcado encontro com a amante. <END> Pego com a boca na botija, Ian conta tudo para Louise. <END> E aí Louise diz que não, que não aceita aquilo de jeito nenhum, que ele jurou amá-la para sempre quando se casaram, e vai ter que continuar amando – e o amarra numa cadeira. <END> Tudo bem – o botão de stop existe, está lá. <END> Os idiotas do esquerdoidismo vivem falando em "controle social", expressão que na Novilíngua significa na prática proibir que sejam feitos ou exibidos filmes ou programas ou sejam divulgadas notícias de que não gostam – e o melhor argumento contra isso é sempre a liberdade, o livre arbítrio: meu, se você não gosta da Rede Globo, mude de canal; se você não gosta da Veja, compre outra revista, as bancas têm 200 milhares de títulos diferentes, tem Carta Capital, tem Caros Amigos… <END> Ih, acho que tergiversei. <END> E o filme só vai piorando, piorando <END> É óbvio que eu tinha a liberdade de apertar o botão de stop. <END> E o fato é que, a partir desse começo idiota, o filme só piora, e piora muito, e piora demais. <END> Na última seqüência, tentam – com uma incompetência abissal – nos convencer de que poderia ter havido uma reviravolta. <END> Meg Ryan, gracinha, já foi adorável e adorada <END> Então é assim: neguinho pode, evidentemente, fazer o filme mais idiota que quiser. <END> Eu, pessoalmente, fico espantado com o fato de algum produtor ter dado o sinal verde para esse roteiro idiota, obtuso, calhorda, de mau gosto, vomitativo. <END> Mas, ao mesmo tempo, imagino que é assim mesmo – devem ter feito alguma pesquisa de mercado, devem ter achado que haveria público para isso. <END> Dá é uma peninha grande de Meg Ryan. <END> Em Harry e Sally – Feitos um para o Outro/When Harry Met Sally…, de Rob Reiner, de 1989, Meg Ryan protagonizou uma das seqüências mais antológicas de toda a história da comédia romântica, aquela extraordinária série de tomadas em que finge um orgasmo, para o absoluto espanto de Harry, o personagem de Billy Cristal, de todos os presentes à lanchonete e da audiência. <END> Cabelos louros cacheados, olhos do mais brilhante azul, um domínio de tempo cênico extraordinário, virou a namoradinha da América – e do mundo. <END> "A pretty face may last a year or two", disse John Lennon, morrendo de ódio e de inveja do talento e da beleza de seu ex-parceiro. <END> Meg Ryan não tem apenas uma carinha bonita. <END> Voltou à boa comédia romântica em 2008, na refilmagem de um clássico de George Cukor, Mulheres – O Sexo Forte/The Women. <END> Não está bem no filme, a gracinha da Meg Ryan. <END> Torço para ver Meg Ryan, agora mulher madura, sempre linda, maravilhosa, em bons filmes, em bons papéis, em boas interpretações. <END> Na minha opinião o filme fala sobre a necessidade das mulheres de se sentirem amadas e como abrem mão de si mesmas e não se valorizam. <END> 3 Trackbacks <END> […] Michael e Alice são lindos (eles aparecem na tela sob a pele e os rostos belos de Andy Garcia e Meg Ryan), são absolutamente apaixonados, bem humorados, alegres, vivem de forma bastante confortável, […] <END> […] (Eric Dane), um empresário muitíssimo bem sucedido, que namora a maior estrela da casa, Nikki (Kristen Bell), e está interessadíssimo em comprar o cabaré. <END> […] que eu não conhecia ou de que não me lembrava (Kevin Connolly, Bradley Cooper, Ginnifer Goodwin, Justin Long). <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Maverick é uma daquelas arrematadas bobagens deliciosas, extremamente agradáveis de se ver. <END> Tínhamos visto o filme em 1995, Mary e eu, não muito depois de seu lançamento, em 1994. <END> Gostamos muito mais agora, na revisão. <END> E não sei exatamente de onde tirei, na época, que o filme não fez sucesso. <END> Uma comédia escrachada, que não se leva a sério e beira as loucuras de Mel Brooks <END> A série de TV Maverick, criada por Roy Huggins, foi produzida entre 1957 e 1962. <END> O roteiro do filme, que usa o mesmo personagem da série de TV em uma trama inteiramente nova, é de autoria de William Goldman, o mesmo de Butch Cassidy and the Sundance Kid, o delicioso western com Paul Newman, Robert Redford e Katharine Ross de 1969. <END> Só que aqui ele foi muito fundo na comédia do que no hoje clássico filme de 1969. <END> Definitivamente, é um filme que não se leva a sério. <END> James Garner, que fazia o Maverick da TV, aqui é o xerife Zane Cooper <END> O diretor Richard Donner e Mel Gibson – que interpreta Maverick – se entendiam à perfeição; tinham feito juntos os três filmes da série Máquina Mortífera, entre 1987 e 1992. <END> E, claro: na maior homenagem possível à série original, o filme tem James Garner, o Maverick da TV, no terceiro papel mais importante, o do xerife Zane Cooper. <END> Entre Maverick-Mel Gibson e o xerife Cooper-James Garner está Jodie Foster. <END> Jodie Foster é um daqueles talentos que soltam faísca. <END> Artista séria, atriz e diretora de filmes pesados, parece inteiramente à vontade nesta comédia descompromissada. <END> Estavam os dois no topo de suas carreiras, na época do filme. <END> Jodie Foster continuaria brilhando em tudo em que encosta a mão. <END> Mel Gibson se meteria em encrencas tanto por causa de seu comportamento quanto por seus filmes. <END> Continuou sendo sempre um bom ator. <END> Num gesto de coragem e de amizade, Jodie Foster o escolheu para fazer o papel principal em seu terceiro filme como diretora, o drama Um Novo Despertar/The Beaver, de 2011. <END> Na abertura, super-hiper-big-close-ups de homens brutos e feios: uma citação de Sergio Leone <END> A abertura de Maverick é ótima. <END> Claro: a cascavel espantará o cavalo. <END> Neste iniciozinho do filme, a câmara de Richard Donner e seu diretor de fotografia, o grande Vilmos Zsigmond, focaliza os rostos daqueles homens em super-hiper-big-close-ups. <END> Aquela série de grandes close-ups iniciais nos remete diretamente aos western spaghetti do grande Leone, em especial Era Uma Vez no Oeste, de 1968. <END> Uma grande sacada: um western cômico americaníssimo que cita o diretor que reinventou o western, Italian style, em filmes estilizados, às vezes gozativos. <END> Maverick começa fazendo paródia da paródia do western clássico. <END> Prestes a ser enforcado, nosso herói se dirige a Deus – e ao espectador <END> O herói prestes a ser enforcado conversa diretamente com o Criador – e também com o espectador. <END> – "Senhor… Seja o que for que eu tenha feito para deixá-lo puto da vida… Se você pudesse me livrar desta e de alguma forma me dizer o que foi, prometo que vou retificar a situação." <END> Uma bela frase para se abrir um filme, essa do afiado William Goldman. <END> E então o herói-anti-herói dirige-se ao espectador do filme, e diz que ele andava mesmo numa maré de azar. <END> E aí, claro, flashback. <END> Diálogos afiadíssimos, aventuras de todos os tipos: uma pândega, uma farra <END> Daí a pouquinho, no saloon do hotel onde se hospedou, Maverick senta-se à mesa redonda onde um grupo eclético joga pôquer. <END> Uns dez minutos e uma briga contra quatro sujeitos mal-encarados depois, Annabelle Bransford beija Maverick e durante o ato surrupia-lhe a carteira. <END> E logo Maverick leva até Annabelle sua camisa branca, que havia sujado um pouquinho durante a briga contra os quatro sujeitos. <END> Maverick: – "Tem uma coisa que eu gostaria que você fizesse para mim". <END> Maverick: – "Por que – por que não. <END> Estamos aí com uns 15, talvez 20 minutos de filme, e a aventura está só começando – depois de muitos cortes no laboratório de montagem, que deixaram de fora diversas sequências, Maverick ficou com 129 minutos, o que Leonard Maltin, em seu guia de filmes, considerou longo demais. <END> Ao longo desses 129 minutos – que passam bastante depressa -, surgirá o tal xerife Cooper, interpretado pelo ator que fez Maverick na TV; haverá ataques de índios, chefiados por um de nome Joseph, interpretado por um índio de verdade, Graham Greene (na foto acima), bom ator, homônimo do escritor inglês, num papel hilariante; aparecerão um arquiduque russo à procura de emoções fortes, e um grupo de religiosos atacados por brancos que se fantasiam de índios; e tudo vai terminar a bordo de um daqueles gigantescos navios que passeavam pelo Mississipi, dentro do qual se realizará um torneio mata-mata de pôquer. <END> E todo mundo trai todo mundo. <END> Uma pândega, uma farra. <END> Um filme lackadaisical, sentencia o autor do guia de filmes mais vendido do mundo <END> Leonard Maltin usa um adjetivo sonoro que eu jamais tinha visto antes para definir Maverick: lackadaisical. <END> O primeiro dicionário que consulto (e é um bom dicionário) não contém o termo. <END> "Afetada atualização da série de TV que desperta boas recordações, o filme depende do charme pessoal para levar adiante uma trama que perambula de maneira lenta demais – e longa demais. <END> Jean Tulard, no seu Guide des Films, sintetiza que a dupla de Máquina Mortífera (na França, L'Arme Fatale), Donner-Gibson, se reencontra para um novo sucesso popular. <END> Jodie Foster tem um elogio a fazer a um ator com quem contracenou: <END> No Blu-ray (e acredito que no DVD também), o filme vem acompanhado de um making off bastante diferente dos making offs tradicionais, sui generis mesmo. <END> Mel Gibson não sabia mexer com revólver nem com cartas de baralho, e a produção teve que botar experts nas duas coisas para tentar ensinar os truques básicos ao rapaz. <END> E Jodie Foster lá pelas tantas diz que tem um elogio a fazer a um colega que contracenou com ela: <END> Depois do elogio a Hopkins, tomadas rápidas de Mel Gibson, James Garner e Richard Donner, todos os três perguntando: <END> – "Anthony Hopkins???" <END> Maverick é tão escrachado que não se leva a sério sequer no making off.
Como Você Sabe / How Do You Know <END> James L. Brooks é um bom diretor. <END> Seu primeiro – e extraordinário sucesso – foi o dramalhão Laços de Ternura/Terms of Endearment, de 1983, que levou as estatuetas da Academia de melhor filme, melhor direção, melhor atriz para Shirley MacLaine, melhor ator coadjuvante para Jack Nicholson, e melhor roteiro – de autoria do próprio diretor. <END> Melhor é Impossível/As Good as it Gets, de 1997, deu a Jack Nicholson o Oscar de melhor ator e a Helen Hunt o de melhor atriz. <END> Neste Como Você Sabe, de 2001, Brooks volta a dirigir Jack Nicholson, mas o grande ator faz apenas, assim como em Laços de Ternura, um papel secundário. <END> Perder lugar na seleção de softball, para Lisa, é perder a razão de viver <END> A personagem central da história é Lisa (o papel de Reese Witherspoon). <END> A garotinha, claro, é Lisa, que reaparece já adulta como a grande jogadora da seleção americana de softball, ídolo da torcida, a que leva a seleção a vitórias na Olimpíada. <END> Péra lá – mas é beisebol ou softball? <END> Pois é. <END> O técnico da seleção está para anunciar o nome das jogadoras convocadas para os jogos seguintes, e, numa reunião com suas auxiliares, dá a entender que Lisa, apesar de o número 1 da equipe, o Pelé, o Neimar, não estará entre as convocadas, por causa da idade – está com 31 anos, e o técnico parece ser daquele tipo que gosta de reinventar a roda. <END> Será, evidentemente, um baque, uma tragédia: <END> Os primeiros contatos entre Lisa e George são fracassos abissais <END> Para simplificar a apresentação da trama, digo curto e grosso que Lisa se verá de repente sem sua razão de viver mas envolvida em um triângulo amoroso. <END> Do outro lado do triângulo há George (Paul Rudd), presidente de uma grande empresa criada por seu pai, Charles (o papel de Jack Nicholson). <END> O pai aprontou uma manobra ilegal – e a procuradoria dos United States of America abre um processo contra o presidente nominal da empresa, o pobre George. <END> Acusado de um crime financeiro que não cometeu, do qual não sabia nada, nosso herói é aconselhado pelo pai e pelos advogados da empresa a renunciar ao cargo. <END> Os primeiros contatos entre George e Lisa são fracassos abissais, memoráveis. <END> Paralelamente, o que era para ser um encontro com trepadas ocasionais entre a desportista amadora agora sem time e o desportista profissional bilionário começa a ficar mais sério. <END> Brooks sabe jogar muito bem com essas imagens arquetipais do atleta tosco, machista, que até se esforça para ser menos tosco e machista, e do homem desajeitado, à primeira vista desagradável, mas que tem coração enorme e sabe ouvir as mulheres. <END> Como Você Sabe tem ótimas piadas, situações engraçadas, diálogos afiados, faz uma gostosa referência a Kramer x Kramer, e há boas interpretações, especialmente de Reese Witherspoon e Paul Rudd. <END> É isso aí. <END> Um Comentário <END> Realmente, não há muito para se falar deste filme.
O Vôo / Flight <END> É um grande filme, este O Vôo/Flight, que Robert Zemeckis lançou em 2012, com Denzel Washington no papel central. <END> Ao contrário do que ditam as normas, segundo as quais o clímax, o auge, a grande explosão vêm ao final da narrativa, aqui vêm logo no início, nos primeiros 30 minutos, mais ou menos, dos fascinantes 138 de duração do filme. <END> O Vôo abre como um filme de ação, como um filme catástrofe – dos mais maravilhosamente realizados, artesanalmente impressionantes. <END> Em seguida, nos 100 minutos restantes, o que era filme de ação, filme catástrofe, vira um sério, denso, pesado drama psicológico. <END> Primeiro ele nos tira o fôlego. <END> É preciso advertir: quem não viu ainda o filme não deveria continuar lendo <END> Ando cada vez mais avesso a spoilers, a revelar o que acontece nas tramas dos filmes a partir aí dos primeiros 15, 20 minutos. <END> No caso de O Vôo, é muito difícil falar qualquer coisa do filme sem revelar o que acontece nessa primeira meia hora de narrativa. <END> A partir daqui, revelam-se acontecimentos fundamentais da trama. <END> De novo, a advertência: a partir daqui, spoilers <END> É um vôo entre Orlando, na Flórida, e Atlanta, a capital da vizinha Georgia. <END> Era o vôo das 9 horas da manhã, e era uma manhã de muita chuva na Flórida, região volta e meia açoitada por tempestades, tornados, furacões. <END> Os passageiros aplaudem a fim da turbulência. <END> Whip é um profissional experiente, tarimbado – e extraordinariamente competente. <END> Depois de deixar a zona de turbulência, o comandante Whip deixa o avião nas mãos do co-piloto Ken, e vai até o lado de fora da cabine, para dirigir algumas palavras aos passageiros, dizer a eles que dentro de tantos minutos estarão chegando a Atlanta. <END> De repente, o avião começa a perder altura. <END> Whip assume seu assento. <END> Fica claro, fica óbvio para o espectador que o comandante sabe o que está fazendo. <END> O comandante Whip parece um experimentado cowboy tentando parar um estouro de boiada. <END> Usando só os controles manuais, dando ordens ao co-piloto e à comissária, ele gira o grande jato para que ele fique de cabeça para baixo. <END> De cabeça para baixo, o comandante Whip consegue fazer com que o jato interrompa sua queda e se estabilize na horizontal, até que passa as áreas densamente habitadas de Atlanta e, na área rural, se possa ver um campo. <END> Aí ele revira o jato para a posição normal – e o aparelho cai de uma altura não muito elevada. <END> A câmara passa a ser os olhos de Whip, e por alguns instantes o espectador não vê nada muito distintamente. <END> Algum tempo depois que o comandante Whip recobra a consciência, no hospital, ele recebe a notícia: das 106 pessoas a bordo, morreram seis – quatro passageiros e dois membros da tripulação; 96 sobreviveram, uns 30 e tantos com ferimentos. <END> A imprensa o trata como herói. <END> Estamos então com cerca de 30 minutos de filme. <END> O comandante fez o melhor possível, fez milagre – mas estava bêbado e chapado <END> O autor da trama e do roteiro do filme poderia ter contado a história assim como fiz nos parágrafos acima. <END> Ao sentar-se na cabine de comando, Whip Whitaker estava um tanto bêbado de álcool e um tanto doidão de maconha e cocaína. <END> Como tantos filmes do cinemão comercial das últimas décadas (e até mesmo de filmes independentes e autorais), O Vôo não tem créditos iniciais. <END> Abre num hotel, em que Whip e a comissária Trina passaram a noite se entupindo de drogas – a permitida, o álcool, e as proibidas, maconha e cocaína – e também de sexo, que ninguém é de ferro. <END> Às 7 e pouquinho da manhã, Whip teve que atender, no celular, a uma ligação da ex-mulher, Deane (Garcelle Beauvais). <END> O vôo seria (e foi) às 9h. <END> Naquele momento em que foi falar com os passageiros, passada a zona de turbulência, aproveitou para surrupiar duas garrafinhas de vodca do estoque do avião e jogá-las num copo de suco de laranja, e dali para o estômago vazio. <END> Para tornar mais tensos ainda os minutos iniciais, há uma jovem enfiando droga na veia <END> Ao longo dos apavorantes, eletrizantes 30 primeiros minutos de narrativa, portanto, o espectador está plenamente consciente de que o cara está chapado. <END> Ao mesmo tempo, é óbvio que o comandante Whip fez tudo o possível e o impossível e conseguiu, no braço, no muque, no traquejo, na experiência, na competência, impedir a morte de 96 pessoas. <END> Como se fosse pouco ver sequências bem realizadíssimas, de um realismo cru, em que um avião enfrenta duríssima turbulência, e depois, por um problema mecânico, vai perdendo altitude, perdendo altitude, até cair no chão – e tendo no comando um piloto chapado –, o autor da história e do roteiro John Gatins ainda botou, nessa primeira meia hora de filme, cenas apavorantes de uma viciada em drogas pesadas. <END> Entre uma seqüência e outra do avião que está para cair, vemos uma jovem e bela mulher, Nicole (o papel da inglesa Kelly Reilly), procurando desesperadamente uma dose de heroína com um amigo, envolvido na produção de filmes pornô em Atlanta. <END> Nicole vai para o pequeno apartamento do qual ela não paga aluguel faz um ou dois meses. <END> É apavorante. <END> Voltamos para as sequências do avião. <END> Como acontece com milhões de drogados, Whip percebe que manter a sobriedade é duríssimo <END> É muita droga, nesses primeiros 30 minutos de filme. <END> Chega a ser nauseante, vomitativa, a quantidade de droga nesse início de filme. <END> Não entendo coisa alguma das drogas ilícitas, assim, por conhecimento próprio, mas dá para saber, é claro, que sair da dependência é uma das coisas mais difíceis que há. <END> Quando sai do hospital – depois de, na escadaria, onde foi fumar um cigarro desses que ainda são vendidos legalmente, ter conhecido Nicole, a drogada que havia sobrevivido à overdose –, Whip foge do assédio dos repórteres que estão de tocaia diante de sua casa e se refugia na fazenda que havia sido de seu avô e seu pai. <END> Mas logo em seguida, ao ser apresentado por outro velho conhecido, membro do sindicato dos pilotos, Charlie (Bruce Greenwood), a um advogado de renome trazido de Chicago para defendê-lo, chamado Hugh Lang (o papel de Don Cheadle), cai a ficha: a imprensa toda o trata como herói, 96 pessoas sobreviveram por causa da sua competência, mas seis pessoas morreram, haverá processos por indenização na Justiça, haverá severa, cuidadosa investigação pela agência que regula a aviação comercial. <END> Como acontece na vida de tantos milhões e milhões de drogados, também para Whip a determinação de permanecer sóbrio dura bem pouco. <END> Nesse momento, estamos aí com uns 40 minutos de filme. <END> É maravilhoso como o filme usa bem as músicas incidentais <END> Além de ter tido aquele bom número de prêmios e indicações citados lá em cima, O Vôo parece ter tido razoável sucesso de público. <END> Eis aí algumas informações sobre o filme e sua produção, muitas delas tirada do IMDb: <END> * O autor e roteirista John Gatins usou alguns elementos de um acidente real, acontecido com um avião da empresa Alaska Airlines em 2000. <END> * Foi a sexta indicação de Denzel Washington ao Oscar. <END> * Foi o segundo filme dirigido por Robert Zemeckis que mostra um acidente aéreo, depois de Náufrago (2000), aquele em o personagem interpretado por Tom Hanks se salva quando o avião em que viajava cai no mar, e sobrevive durante longos meses em uma ilhota perdida no meio do Pacífico, como uma espécie de Robinson Crusoe moderno. <END> * Foi também o segundo filme dirigido por Zemeckis que mereceu a classificação R, de "restricted", algo semelhante ao nosso proibido para menores de 16 anos – por causa do uso de drogas e cenas de sexo. <END> * Numa entrevista, os produtores Steve Starkey e Jack Rapke explicaram que o jato mostrado no filme não é idêntico a qualquer tipo de aeronave comercial existente – usa elementos de diversos tipos de avião. <END> * É forte e impressionante o uso da canção "Sympathy for the Devil", de Mick Jagger-Keith Richards, na trilha sonora. <END> * O uso de canções como música incidental no filme é excelente. <END> * Na primeira seqüência em que aparece a personagem Nicole, num estúdio de filmes pornô, alguém diz a ela que deveria fazer o papel de Desdêmona numa versão sacana de Othelo. <END> * Já tinha havido um filme em que o piloto bebe demais e comanda um avião numa ressaca infernal, e, além disso, ainda põe o avião de cabeça para baixo. <END> Quanto mais dramas sérios sobre dependência de drogas, melhor <END> O respeitabilíssimo site AllMovie deu apenas 3 estrelas em 5 ao filme. <END> Não acho absolutamente antiquado fazer dramas sérios sobre alcoolismo e dependência de drogas. <END> Cada um tem o direito de ter sua opinião, é claro. <END> 3 Comentários <END> Concordo que é um grande filme, e que quanto mais filmes sobre dependência de álcool/ drogas melhor. <END> Sobre a parte do filme que é pura adrenalina, pelo que andei lendo não é possível que um avião daquele tipo voe de dorso por mais que alguns segundos, por causa do combustível (de todo modo, aquela sequência é tipo UAU). <END> No mais, Denzel está maravilhoso, como sempre, esplêndido em seus 58 anos. <END> É um filme que recomendo, e sobre o tema acho que foi um dos melhores que já vi, mesmo com as partes puxadas (mas como fazer um filme sobre vício em alcoolismo/drogas sem mostrar um pouco como é que funciona? <END> Expressei mal meu comentário anterior quando disse que o Whip era um excelente profissional. <END> Gostei principalmente da primeira parte que está de facto electrizante; a continuação embora com qualidade perde um tanto em comparação. <END> 5 Trackbacks <END> […] americanos naqueles anos. <END> […] nasceu e o dia em que você descobriu por quê". <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
A Banda / Bikur Ha-Tizmoret <END> Anotação em 2009: <END> E que, não contente em falar desse conflito, aborda ainda alguns temas eternos e básicos – solidão, família, dificuldade de comunicação, a desesperada necessidade de comunicar – de uma forma emocionante, tocante, ao mesmo tempo profunda e simples. <END> Simplicidade, essa coisa tão difícil, tão complexa. <END> A trama é simples como a conta de 1 + 1, que às vezes dá briga, às vezes dá guerra, às vezes dá o infinito (como em Lennon-McCartney ou Tom-Vinicius ou George-Ira Gershwin), e às vezes até dá 2. <END> Um grupo de oito policiais músicos egípcios é convidado para fazer uma apresentação em um centro cultural árabe em uma pequena cidade perto do deserto de Neguev, no Sul de Israel. <END> A única forma de comunicação haverá de ser numa terceira língua, o inglês. <END> A essa altura – estamos aí com uns dez minutos de filme -, o diretor Eran Kolirin já nos mostrou um pouco sobre aquele grupo de policiais músicos. <END> O terceiro elemento mais importante daquele pelotão musical egípcio perdido no meio do deserto israelense é Khaled (Saleh Bakri), rapaz jovem, pouco afeito aos axiomas da farda, questionador das decisões do comandante. <END> Então, com dez, 15 minutos de filme, no máximo, estamos com o pelotão de oito egípcios em fardas imaculadas diante do pequeno restaurante, na verdade uma pequena lanchonete de um pequeno vilarejo perdido no meio do deserto. <END> Tawifiq (voz solene): – Good afternoon. <END> Civil 1, de camisa vermelha (em hebraico, para dentro da lanchonete): – Dina, venha aqui. <END> Tentam se entender. <END> O que vai se seguir é uma pequena grande lição de como fazer cinema sério, maduro, adulto, que diz coisas, que provoca emoção no espectador, que investiga um microcosmo como exemplo do macro, do painel gigantesco – sem ser nem por um momento chato, sisudo, professoral, pretensioso, e sem se meter a criativóis, invencionices, maneirismos agrada-críticos. <END> O encontro-desencontro entre o egípcio Tawifiq e a israelense Dani é mostrado com uma elegância e uma competência raras; não é muito o que é dito, o que não é dito é uma imensidão, e tudo passa com muita força para o espectador. <END> As pessoas – o filme mostra esta grande verdade de uma forma magnífica, emocionante, tocante -, as pessoas comuns são muito maiores, mais sábias, melhores do que seus Estados, seus governos, as ideologias de seus países. <END> Além do cinema, o que servirá para promover um pouco de encontro, um pouco de comunicação entre aqueles grupos tão absolutamente díspares, os policiais egípcios e os civis israelenses, será outra forma de arte, a mais universal delas, a música. <END> Tanto o egípcio Sasson Gabai, que faz o tenente-coronel, quanto a israelense Ronit Elkabetz, nos papéis principais, são extraordinários atores, dão um show de interpretação – contida, suave, profunda, sem explosão. <END> Só mais uma palavrinha sobre Ronit Elkabetz. <END> O diretor Eran Kolorin fez aqui seu primeiro longa-metragem, depois de ter escrito e dirigido episódios para TV. <END> Este seu filme de estréia passou na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2007; ganhou 38 prêmios em festivais mundo afora e teve outras nove indicações. <END> 2 Comentários <END> Grande filme, mesmo. <END> Uma curiosidade sobre o filme, pra quem não sabe: ele foi barrado na lista de filmes estrangeiros indicados ao Oscar, por ter muitas falas em inglês. <END> Fiquei absolutamente encantado com este filme. <END> Um Trackback <END> […] comentou que O Concerto a tinha feito se lembrar de outro filme extraordinário, outra obra-prima: <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Livre / Wild <END> Já vi muito filme na vida, mas acho que poucos começam com uma sequência tão violenta – e uma série de sequências tão francamente incomodativas, perturbadoras desagradáveis, repulsivas mesmo – quanto este Wild, que o diretor canadense Jean-Marc Vallée lançou em 2014. <END> O espectador ouve os ruídos de uma respiração absolutamente descontrolada antes de ver qualquer pessoa na tela. <END> Estamos diante de uma paisagem belíssima, estrondosa, o alto de uma montanha magnífica, e então a câmara mostra a heroína, na figura de Reese Witherspoon. <END> Mas a violência da primeira seqüência de Wild não terminou ainda, não, senhor. <END> O movimento que Cheryl, a personagem interpretada por Reese Witherspoon, faz para arrancar a unha é tão violento que a bota que ela havia retirado para examinar o estado lastimável de seus pés acaba caindo ribanceira abaixo. <END> Diante da tragédia, Cheryl pega o outro pé de sua bota, tornado agora absolutamente inútil, e o joga montanha abaixo, enquanto dá um berro furioso de fuuuuuuuuck! <END> Pensei bastante em parar o filme naquele exato momento. <END> O desempenho de Reese Witherspoon teve loas e muitos prêmios <END> Resolvi continuar vendo o filme – sem saber absolutamente nada sobre Jean-Marc Vallée, canadense do lado de fala francesa, o diretor – porque ele tem sido fartamente elogiado, e o desempenho de Reese Witherspoon tem recebido loas e mais loas. <END> A atruz recebeu indicações para o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Screen Actors Guild, o sindicato dos atores, e mais diversas indicações em festivais ao redor do mundo – e de fato seu desempenho é extraordinário, magnífico. <END> E o filme, de resto, é soberbamente bem realizado em todos os quesitos técnicos – fotografia, movimentos de câmara, trilha sonora, direção de arte, reconstituição de época – a ação se passa duas décadas atrás, em meados dos anos 1990. <END> O roteiro (de Nick Hornby, o autor dos livros que deram origem a Alta Fidelidade, 2000, e Um Grande Garoto, 2002) usa e abusa, como tem sido cada vez mais comum, de idas e vindas no tempo, misturando o hoje, os dias em que Cheryl está caminhando, com acontecimentos do passado da moça. <END> Sim, tem diversas qualidades, sem dúvida alguma. <END> Wild mostra uma bela loura se chicoteando ao longo de 115 minutos <END> O filme se baseia numa história real, que foi contada num livro de memórias publicado por Cheryl Strayed em 2002, Wild: <END> É um relato em primeira pessoa de como Cheryl, em 1995, aos 26 anos de idade, caminhou sozinha por 1.800 quilômetros na Pacific Crest Trail. <END> É muito chão. <END> A Pacific Crest é uma trilha para andarilhos que atravessa os Estados Unidos de Sul a Norte – começa junto da fronteira do México, não muito longe de Tijuana, no México, e San Diego, na Califórnia, e vai até a fronteira com o Canadá, não muito distante de Vancouver. <END> A trilha fica de 160 a 240 km da costa do Pacífico – e boa parte dela é no cume de largos trechos da Sierra Nevada e Cascade, embora haja também um trecho dentro do deserto de Mojave, perto da fronteira de Califórnia e Nevada. <END> Ou seja: não é bolinho. <END> O filme mostra que Cheryl não era uma montanhista e/ou andarilha experimentada, tarimbada, treinada. <END> Para os montanhistas e andarilhos experimentados, tarimbados, treinados e bem equipados, fazer essa trilha deve ser uma experiência gloriosa, extasiante, nirvânica, celestial: a paisagem é estrondosamente maravilhosa. <END> A questão é que Cheryl não está fazendo a trilha para aproveitar a vista, a beleza: está se submetendo a uma provação para pagar pecados, para expiar culpas, para se livrar do peso dos erros que vinha acumulando nos últimos meses, depois que sua mãe, Bobi, uma mulher forte, alegre, cheia de vontade de viver (bem interpretada por Laura Dern, na foto abaixo), havia morrido de câncer. <END> Após a morte de Bobi, Cheryl abandonou o marido, Paul (Thomas Sadoski), o estudo, o emprego, tudo, para se afundar na heroína e numa trepação sem fim, com o primeiro que aparecesse – e apareceram dezenas. <END> Até que então um dia resolveu parar com aquela dissipação autodestrutiva e, para pagar os pecados, para expiar as culpas, para se livrar do peso dos erros, submete-se à tarefa dura, duríssima, de enfrentar a trilha por montanhas e desertos, do cume gelado ao calor sufocante. <END> Mais ou menos como aqueles religiosos medievais que se chicoteavam. <END> Wild é um filme que mostra uma bela loura se chicoteando ao longo de 115 minutos. <END> Convenhamos: não é nada agradável. <END> Quem não está a fim pagar pelos pecados, o que é que tem a ver com todo aquele sofrimento? <END> Um diretor competente, seguro, que domina o ofício <END> Mas é uma história real, e, afinal de contas, uma história de superação. <END> E então, é claro, o filme agrada às platéias. <END> Pelo que vi dele, A Jovem Rainha Victória e este Wild aqui, é competente, seguro, domina o ofício. <END> A Cheryl real aparece em uma tomada, e sua filha faz o papel dela criança <END> A indicação de Reese Witherspoon ao Oscar foi sua segunda, e de novo por interpretar uma personagem real: ela havia sido indicada antes pelo papel de June Carter, a cantora da sagrada família do country que se casou com Johnny Cash, em Johnny & June/Walk the Line (2005). <END> Wild teve outra indicação ao Oscar: <END> Nenhuma das duas levou – mas suas interpretações são de fato extraordinárias. <END> Na vida real, Laura Dern é apenas nove anos mais velha que Reese Witherspoon: a primeira nasceu em 1967, e a segunda, em 1976. <END> O IMDb aponta, em sua página de Trivia – informações, histórias sobre a produção –, que a verdadeira Cheryl Strayed tinha 26 anos quando começou a fazer a trilha Pacific Crest; Reese Witherspon estava bem mais velha, tinha 38 quando o filme foi feito. <END> E Reese Witherspoon tem tudo a ver com o filme, com o papel. <END> Cheryl Strayed aparece rapidissimamente no filme, embora nem dê para ver seu rosto direito. <END> Nas sequências de flashback, em que a protatonista se lembra de acontecimentos da sua infância, quem faz papel dela criancinha é a filha de Cheryl na vida real, Bobbi Strayed Lindstrom. <END> Sim: ao final de sua aventura pelos 1.800 quilômetros da Pacific Crest Trail, Cheryl Strayed deixou de ser strayed, perdida, desgarrada, extraviada. <END> Além de seu livro autobiográfico que deu origem ao filme, Cheryl Strayed publicou outros dois, Torch e Tiny Beautiful Things: <END> Agora, por que raios os exibidores brasileiros mudaram o título do filme de Wild – selvagem – para Livre, ah, isso aí nem Freud seria capaz de explicar.
Os filmes que não suportei ver até o fim (4) <END> São bem poucos. <END> É uma relação pequena, mas bem eclética, com filmes de diferentes estilos, vindos de diferentes países. <END> E não são só abacaxis. <END> Tudo Isto é Fado, co-produção Portugal-Brasil, começa com samba, e com belas imagens do Rio de Janeiro. <END> Parece que eles vão depois de algum tempo parar em Portugal, onde conhecem uma garota e se apaixonam os dois por ela e partem os três para um grande golpe. <END> Uma pena danada, porque o diretor Luís Galvão Teles havia me deixado uma impressão muito boa quando vi Mulheres – Amizades Simples, Vidas Complicadas/Elles, que ele dirigiu em 1997. <END> Parece que a intenção deste filme é nobre: denunciar, criticar essa coisa da sociedade moderna de transformar a violência em show, a indústria do infotainment da televisão – os programas que misturam informação e entretenimento para mentes pobres e/ou doentias. <END> Parece que é isso que o filme pretende. <END> A ação começa com dois sujeitos chegando a Nova York, um russo e um tcheco. <END> Entre uma seqüência e outra sobre essa dupla, vemos uma discussão em um canal de TV sobre violência e ibope. <END> Aí aparece Edward Burns, esse bom diretor e ator que precisava de dinheiro, como todo mundo, e se sujeitou a trabalhar nesta josta. <END> Eram uns 15 minutos do filme que pretensamente quer denunciar a busca frenética, louca pelos 15 minutos de fama que une policiais e gente dos meios de comunicação. <END> A Bela Junie/La Belle Personne <END> De Christophe Honoré, França, 2008 <END> Com Léa Seydoux, Louis Garrel, Grégoire Leprince-Ringuet <END> Roteiro Christophe Honoré e Gilles Taurent <END> "Livremente inspirado" no livro La Princesse de Clèves, de Madame de Lafayette <END> Produção Arte France, Scarlett Productions <END> Cor, 90 min <END> A bela Junie (Léa Seydoux), uma garota de uns 16 anos que perdeu a mãe, chega a um novo colégio. <END> A capinha do DVD diz que Christophe Honoré é "um dos mais talentosos e intrigantes autores da nova geração do cinema francês" e que Anne Seydoux "tem algo de uma jovem Anna Karina, que foi uma das musas de Godard (e da nouvelle vague)". <END> Sim, é uma raridade no cinema brasileiro dos últimos anos, e também uma ousadia: um filme de época, que reconstitui a vida no Rio de Janeiro de 1899. <END> São basicamente duas histórias paralelas: a de Oswaldo Cruz (Bruno Giordano), voltando ao Brasil depois de três anos de estudos no Instituto Pasteur, em Paris, e chegando a um Rio abandonado, sem as mínimas condições de higiene, assolado por epidemias, e a de Esther (Carolina Kasting), uma jovem judia polonesa atraída para uma terra distante pela promessa de um casamento, e que, ao chegar, descobre que está presa a um esquema de tráfico de escravas brancas e obrigada a trabalhar num bordel. <END> Me esforcei para ver, mas não consegui passar de uns 20 minutos. <END> Foi o primeiro filme do diretor André Sturm, que fundou a produtora e distribuidora Pandora Filmes. <END> Tenho o estômago forte – ou, no mínimo, não tão fraco quanto muita gente. <END> Vi uns 20 minutos de filme, e aí não agüentei mais. <END> Não é que o filme seja ruim. <END> A idéia inicial é de fato excelente – o novo cinema espanhol é rico em idéias inteligentes, grandes sacadas. <END> A grande sacada é que o filme que estamos vendo é o que o cinegrafista Pablo está filmando. <END> Mas a violência é assustadora. <END> Quem tiver coragem deveria ver. <END> Que me lembre nunca consegui assistir a um filme Português, até ao fim.
Um Amor de Tesouro / Fool's Gold <END> Anotação em 2009: <END> A trama é intrincada, como se usa atualmente no cinemão de Hollywood, com um bando grande de personagens, e subtramas, e encontros, e surpresas nunca muito surpreendentes. <END> Quando a ação começa, o casal de mocinhos está separado; está, especificamente, para se divorciar, a pedido dela. <END> O casal é interpretado pela dupla Matthew McConaughey-Kate Hudson, que havia tido um bom sucesso em 2003 com Como Perder um Homem em Dez Dias; a indústria sempre gostou de usar casais na tentativa de repetir sucessos. <END> McConaughey – que começou bem, fez bons papéis em Amistad e Contato, ambos de 1997, antes de virar arroz de festa em comedinhas românticas, é do tipo bonitão, e então os produtores tiveram o cuidado de botá-lo em cena a maior parte do tempo sem camisa, exibindo os brações malhados. <END> Bem, brincadeira à parte, é preciso dizer que tanto o bonitão McConaughey quanto a barbiemente linda Kate fazem mais caretas estapafúrdias neste filme do que Jim Carrey e Burt Lancaster conseguiram ao longo de todas as carreira deles. <END> E temos ainda Donald Sutherland no papel do biliardário dono do big iate. <END> Pelo que vejo na filmografia dele, os melhores momentos do diretor Andy Tennant foram Anna e o Rei, de 1999, uma versão sem música da história de O Rei e Eu com Jodie Foster, e Hitch, Conselheiro Amoroso, a comedinha romântica simpática com Will Smith e Eva Mendes, de 2005. <END> Vejo no iMDB que o filme foi rodado na Austrália. <END> Um Comentário <END> Vai ver não privilegiaram cenas da barbie sem roupa pq a barbie é uma bruxa, como diria Rubem Alves. <END> 3 Trackbacks <END> […] Famosos; o filme teve muita badalação e sucesso, e a menina tinha apenas 21 anos. <END> […] tenha sido por isso que tenha me divertido com esse filmezinho menor.
Adivinhe Quem Vem para Jantar / Guess Who's Coming to Dinner <END> É fascinante, espantoso, chocante como Adivinhe Quem Vem para Jantar é um grande filme. <END> Mal me lembrava que tinha visto antes. <END> Foi um choque revê-lo agora – é um filme extraordinariamente bom. <END> Ele é tão bom quanto é importante – mas entre ser importante e ser bom há distância tão grande quanto intenção e gesto. <END> Deus e o Diabo, por exemplo, é importantérrimo. <END> Jamais vou rever Gláuber, Godard. <END> Rever Adivinhe Quem Vem para Jantar foi uma experiência maravilhosa, gratificante, emocionante. <END> Que belo filme! <END> Não é preciso ser chato para ser bom e ser importante. <END> Adivinhe é uma demonstração clara de que um filme pode ser bom, e importante, sem ser chato. <END> Os Estados Unidos só acabaram legalmente com seu próprio apartheid em 1964 <END> O mundo mudou demais, de 1967, quando Stanley Kramer fez Adivinhe, até hoje. <END> Especificamente sobre racismo, o tema do filme, houve imensos avanços. <END> Especificamente sobre racismo, houve avanços imensos. <END> Nos Estados Unidos, em especial, os avanços foram formidáveis. <END> Até os anos 60, em diversos Estados americanos – o país que se diz do sonho e da esperança –, o segregacionismo era legal, garantido por lei. <END> Tudo legal, garantido por leis. <END> O casamento entre pessoas de cor de pele diferente era proibido por lei. <END> Não canso nunca de lembrar que apenas em 1964, durante o governo de Lyndon B. Johnson, foi aprovado o Civil Rights Act que proibiu a discriminação contra minorias raciais, étnicas, nacionais e religiosas. <END> Os Estados Unidos só acabaram legalmente com seu próprio apartheid em 1964 – apenas 30 anos antes do fim do regime nojento, abjeto, da Áfríca do Sul. <END> O filme é uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto <END> Nas últimas décadas, passou a ser politicamente incorreto ser racista, no país da economia mais poderosa do mundo. <END> Em 2008, um homem de pele escura foi eleito presidente do país. <END> Lembrar essas verdades, essas obviedades todas, é fundamental para se compreender bem a grandeza do filme de Stanley Kramer. <END> Não que ele seja um filme velho, datado. <END> Adivinhe Quem Vem para Jantar é hoje um filme tão poderoso, fascinante, como era quando feito, quase meio século atrás, quando o mundo, e os Estados Unidos em especial, era muito pior, em relação ao racismo. <END> Hoje, quando o pior do racismo nos Estados Unidos já passou, já virou poeira da História, dá para admirar o filme como uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto. <END> Os pais da moça loura não são reacionários; são liberais, progressistas <END> Embora este seja um dos filmes mais emblemáticos, mais importantes dos anos 60, não é obrigatório que todo mundo saiba do que se trata, e então vai aqui uma sinopse. <END> No Havaí, um homem, John, e uma mulher, Joey, se apaixonam. <END> Chegam a San Francisco para que Joey apresente o futuro marido aos pais. <END> John é um médico de currículo perfeito, respeitadíssimo no meio, com cargo na Organização Mundial de Saúde. <END> Joey (Katharine Houghton ) é branca, loura . <END> Mas a questão principal é que os pais de Joye são liberais, no sentido político e americano do termo, ou seja, avançados, progressistas, pra frente. <END> Joey tem absoluta certeza de que os pais aceitarão como natural o fato de estar para se casar com um negro. <END> Quando se trata da filha, porém, surge a distância entre intenção e gesto, entre a certeza política na teoria e a prática. <END> Tanto a mãe de Joey, Christina (interpretada pela maravilhosa Katharine Hepburn), quanto o pai (o gigante Spencer Tracy, em seu último filme) ficam perplexos quando a intenção liberal, honesta, correta, se choca com o gesto, a verdade dos fatos. <END> O filme nos questiona, nos provoca <END> Se a humanidade não se destruir, seja através de bombas atômicas coreanas do Norte, iranianas, israelenses, seja através da incapacidade de compreender que as mudanças climáticas são assunto sério demais, é bem possível que lá pelo ano de 3013 Adivinhe Quem Vem para Jantar seja mostrado nas aulas de História como uma beleza de exemplo não apenas da questão maior – aquela doença perversa, felizmente então já há muito desaparecida, do racismo –, mas também sobre essa coisa tão humana que é a distância entre intenção e gesto. <END> A grande sacada do filme é exatamente o fato de que os pais de Joey são liberais, intelectuais, anti-racistas – mas de repente têm que enfrentar o fato de que o que pensam, ou acham que pensam, vire verdade com sua própria filha. <END> As distâncias entre intenção e gesto podem ser enormes, amazônicas, jupiterianas. <END> Tipo: você é uma pessoa boa, esclarecida, anti-homofobia. <END> Não é a mesma coisa. <END> Pior ainda: você é uma pessoa boa, esclarecida, anti-homofobia. <END> Como assim: meu filho é veado? <END> Ahnn… Será que estarei me fazendo compreender? <END> Dou outro exemplo. <END> Digamos que Joaquim da Silva é (assim como eu mesmo sou) absolutamente contra a pena de morte, e contra a Lei de Talião, aquela do olho por olho, dente por dente. <END> Tudo bem. <END> Continuaria ele sendo contra a pena de morte? <END> Um dos muitos brilhos do filme é este: ele nos põe na situação de quem foi surpreendido por uma notícia que não esperava. <END> O racismo nos olhos dos outros é refresco. <END> Alguém poderia argumentar que a estrutura é teatral. <END> Ao rever esta maravilha agora, fiquei pensando em que tipo de argumento alguém poderia usar para dizer que é um filme ruim. <END> Bem, boa parte dos cinéfilos de nariz empinado poderia simplesmente dizer que é um filme americano. <END> Hahá, mas sempre haveria também quem dissesse que é uma estrutura muito teatral. <END> Uma parceria que nas telas durou um quarto de século. <END> Spencer Tracy morreria no mesmo ano em que o filme foi produzido; tinha apenas 67 anos, mas parecia muito mais, o que é natural – com o passar do tempo, as pessoas foram envelhecendo cada vez mais com aspecto jovem. <END> Katharine viveria até 2003. <END> Creio que, até a consagração de Meryl Streep, Katharine foi a recordista de Oscars. <END> Spencer Tracy teve um pouco menos: sete indicações (uma delas, já póstuma, por sua interpretação como Matt Drayton), das quais venceu duas. <END> Spencer Tracy é uma daquelas figuras que são muito mais importantes do que qualquer prêmio. <END> Spencer Tracy estava com 55 anos em 1955, mas parecia mais velho. <END> Dignidade é um produto que há de sobre neste filme <END> Dignidade – comentou Mary, quando li esse trecho que havia escrito sobre Spencer Tracy para ela – é um produto que há de sobra em Adivinhe Quem Vem para Jantar. <END> Sem dúvida. <END> O trailer de Adivinhe ressalta o fato de que seus três atores principais são vencedores do prêmio da Academia. <END> Mas poderia perfeitamente ter ressaltado também o fato de que os três atores principais são exemplos de dignidade. <END> Eles – assim como seus personagens. <END> O personagem interpretado por Sidney Poitier é digno – e belo – como o próprio ator. <END> O médico gênio John Prentice é um poço de dignidade. <END> John diz para os atônitos pais da moça algo que não havia dito para a própria namorada, iminente esposa: só se casará com ela se tiver a absoluta e total aprovação deles. <END> Um pouco mais tarde, Christina, a mãe, perguntará a Joey quão íntima havia sido a relação entre os dois nos dias que haviam passado juntos no Havaí. <END> Matt e Christina, os pais da moça, também esbanjam dignidade. <END> O monsenhor Ryan (uma deliciosa interpretação de Cecil Kellaway), o maior amigo do casal, esbanja dignidade, sabedoria, amor à vida, às pessoas. <END> Os pais de John também são pessoas extremamente dignas. <END> Como os pais de Joey, assustam-se, apavoram-se ao ver que a namorada do filho tem cor de pele diferente da deles. <END> O autor do argumento e do roteiro, William Rose, fez um monte de coisa boa <END> Todos os diálogos do filme, os enfrentamentos entre esse bando de pessoas dignas, são absolutamente brilhantes. <END> De fato, a estrutura da narrativa – toda centrada em diálogos, em enfrentamento de posições, em discussões de idéias – faz lembrar teatro filmado. <END> Hum… William Rose. <END> Americano do Missouri, 1914-1987. <END> Meu Deus! <END> William Rose ganhou o Oscar de roteiro original. <END> Seria talvez necessário falar um pouco sobre Stanley Kramer, esse diretor não fugia de temas controversos, polêmicos – ao contrário, corria atrás deles. <END> Acorrentados, exatamente como este Adivinhe Quem Vem Para Jantar, é, além de um belo filme, uma beleza de panfleto mostrando que, entre todos os muitos tipos de crimes que a humanidade inventou, o racismo é um dos mais abjetos. <END> 9 Comentários <END> Acho que já vi algumas vezes esse filme e sempre ficava indignada com a reação dos pais da mocinha, ultraliberais, ao saber que a filha branca e loura pretende casar com um médico negro. <END> Um grande filme! <END> Realmente, há enorme distância entre intenção e gesto, e às vezes eu faço esse exercício de me imaginar em determinada situação; não é fácil colocar em prática o que se prega. <END> Fiquei espantada ao saber a idade do Spencer Tracy; como você disse, as pessoas aparentavam mais idade, e com 40 anos já eram consideradas velhas. <END> And last but not least, não pude deixar de notar como a maquiagem da Beah Richards estava claramente alguns tons abaixo da cor da pele dela; maquiagem para a pele negra só veio surgir há pouco tempo. <END> Prezado Sérgio, Acompanho seu site há alguns anos, mas nunca havia me manifestado anteriormente. <END> Caro Rafael, agradeço muito pelas suas mensagens. <END> 3 Trackbacks <END> […] and Mike, no Brasil A Mulher Absoluta, foi o sétimo dos nove filmes com o casal mil de Hollywood, Spencer Tracy e Katharine Hepburn. <END> […] lembra um diálogo de um dos muitos filmes importantes sobre o racismo nos Estados Unidos, Adivinhe Quem Vem Para Jantar, de 1967, o casamento entre pessoas de cor de pele diferente era proibido por lei em 16 ou 17 dos […]
Sob o Domínio do Mal / The Manchurian Candidate <END> Anotação em 2005: <END> Me pareceu menor, inclusive, do que a refilmagem com Denzel Washington e Meryl Streep, feita em 2004 por Jonathan Demme. <END> Uma sinopse básica: militar americano (Laurence Harvey), que lutou na Guerra da Coréia, foi preso pelos comunistas e sofreu lavagem cerebral, vai tentar assassinar um político. <END> Achei a trama confusa, mal explicada, mal resolvida. <END> E as atuações são todas exageradas demais. <END> O filme ganhou uma aura, uma fama, uma respeitabilidade como poucos. <END> Roger Ebert dá quatro estrelas, a cotação máxima:
Um Plano Simples / A Simple Plan <END> Anotação em 1999: <END> Fui perdendo o medo muito rapidamente. <END> Numa década de filmes cínicos, de banalização ou até mesmo endeusamento da violência – basta lembrar do último Roland Joffe, coitado, Misteriosa Paixão/Goodbye Lover, de 1997 -, este vai firme contra a corrente. <END> O livro vai num crescendo que termina em banhos de sangue; perdi a conta dos assassinatos mostrados. <END> Alguns diálogos sintetizam a loucura que o escritor quis mostrar. <END> Quando, bem no início do filme, os três personagens se deparam com o saco de dinheiro, Hank (Bill Paxton) defende que entreguem tudo para a polícia, e Lou (Brent Briscoe), o amigo bêbado e imprestável de Jacob (Billy Bob Thorton), diz: <END> Muito mais tarde, quando Hank diz que vai queimar o dinheiro para que a vida deles volte a ser como era antes, a mulher dele, Sarah (Bridget Fonda, a fantástica atriz das mil caras), faz um discurso de doer o coração, um manual sobre a impossibilidade de a sociedade capitalista trazer felicidade às pessoas. <END> Mais do que me lembro que acontecia no livro, aqui o peso sobre Sarah é fortíssimo. <END> Nos velhos noirs dos anos 40, a mulher era a fonte de todo o mal – de toda a ambição, o que é mais ou menos sinônimo. <END> (A orelha do livro traz uma boa comparação: <END> Bill Paxton está bem, com seu jeitão de pessoa normal. <END> As associações com Fargosão várias. <END> Se você não viu o filme, não leia a partir de agora <END> E o final é um brilho, com a decisão de Hank de finalmente queimar o dinheiro, já que gastar uma nota que fosse significaria inevitavelmente a descoberta de todos os crimes, a prisão.
Kolya – Uma Lição de Amor / Kolja <END> Anotação em 1997: <END> Do imperialismo seja ele qualquer; é especificamente o checo diante do russo, mas poderia ser qualquer um, o indiano contra o inglês, o brasileiro primeiro contra o inglês e nos últimos quase cem anos contra o americano; para se chegar à conclusão de que os seres humanos são mais importantes do que a política, do que as divisões que a política impõe. <END> Um filme sensível, brilhante, emocionante. <END> De uma certa maneira, me ocorre agora, é uma espécie de continuação de A Confissão, do Costa-Gavras, 40 anos depois do fim do stalinismo. <END> Vejo numa notinha da Premiere americana: o ator que faz o personagem central, o violoncelista checo, é o pai do diretor. <END> O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1997. <END> Kolya – Uma lição de Amor/Kolja <END> De Jan Sverak, República Checa, 1996. <END> Com Zdenek Sverak, Andrej Chalimon, Libuse Safrankova, Irena Livanova <END> Roteiro Zdenek Sverak <END> Baseado em uma idéia (é assim que aparece na apresentação) de Pavel Taussig
O Pecado Mora ao Lado / The Seven Year Itch <END> Exatos 60 anos depois de ter sido feito – as filmagens foram entre setembro e novembro de 1954 –, e 52 anos depois que eu o vi pela primeira vez, O Pecado Mora ao Lado/The Seven Year Itch continua sendo um filme absolutamente delicioso. <END> O filme não mudou, é claro. <END> E as histórias sobre o filme, sobre como foi sua produção, são tão absolutamente fascinantes quanto os maravilhosos diálogos escritos por Billy Wilder e George Axelrod e as interpretações memoráveis de Tom Ewell e Marilyn Monroe. <END> Hum… Por que Tom Ewell e Marilyn Monroe, assim, nessa ordem? <END> Pois é. <END> O pobre Sherman – sujeito de imaginação imensa, capaz de criar fantasias criativíssimas na cabeça, já que sua profissão é descobrir como transformar em apelativas, chamativas, sensacionalistas, as capas de livros muitas vezes sérios, sisudos, grandes clássicos – está exatamente no sétimo ano do casamento. <END> The Seven Year Itch – a coceira do sétimo ano, como diz o título original. <END> O desempenho de Tom Ewell é um espetáculo, mas é Marilyn que rouba a cena <END> Acontece que o papel da Garota (ela não tem nome, quer dizer, seu nome não aparece em momento algum), bem menor que o de Sherman, coube a Marilyn Monroe. <END> Nisso, Marilyn se parece com outra deusa do sexo de Hollywood, Mae West. <END> O desempenho de Tom Ewell é um espetáculo, e não é à toa: ele havia feito o papel de Richard Sherman no teatro – a peça, de autoria de George Axelrod, estreara na Broadway em 1952, e foi um imenso sucesso durante três anos. <END> Mas o que fica na memória do espectador, a marca do filme é Marilyn. <END> Nos créditos iniciais – um grafismo belo, esperto, inteligente, criado pelo genial Saul Bass –, quem aparece primeiro é Marilyn. <END> Fazer o quê? <END> Quando as filmagens começaram, em setembro de 1954, Marilyn já era a maior estrela de Hollywood. <END> Como se não bastasse, na mesma época havia se casado com Joe Di Maggio, o maior nome do beisebol de então, o esportista mais adorado pelos americanos e americanas, o Pelé, o Neymar daqueles anos. <END> O casamento durou apenas nove meses. <END> E ela era a maior estrela do cinema mundial. <END> Em 500 anos, nada mudou na ilha de Manhattan <END> O filme começa com uma sequência brilhante, genial, hilariante. <END> – "A ilha de Manhattan deve seu nome aos seus primeiros habitantes, os índios Manhattan. <END> Vemos diversas canoas deixando a aldeia com mulheres e crianças. <END> O narrador prossegue: <END> – "Os maridos ficavam na ilha cuidando dos negócios: fazendo armadilhas, pescando e caçando. <END> – "Só mencionamos o tema para mostrar que nada mudou. <END> E então acompanhamos Richard Sherman-Tom Ewell se despedindo de Helen (Evelyn Keyes) e do garotinho Ricky (Butch Bernard). <END> Quando Helen e Ricky entram para a plataforma, Sherman percebe que haviam esquecido o grande remo do caiaque do garoto. <END> Sherman fica no meio da multidão segurando o grande remo. <END> Passa por ali uma mulher gostosa: dezenas de homens agora solteiros pelo verão vão atrás dela, exatamente como os índios da sequência anterior. <END> Sherman fala para si mesmo (ao longo de toda a narrativa, Sherman vai falar alto para si mesmo) algo do tipo: – "Não, não, não. <END> Não me lembrava de forma alguma dessa fantástica seqüência inicial com os índios. <END> "A santidade da instituição do casamento e do lar será preservada" <END> Pobre Richard Sherman! <END> Aí, toca a campainha no seu predinho de três andares, ele abre a porta, e adentra no hall e no filme The Girl, na pele de Marilyn Monroe. <END> Os vizinhos do segundo andar – Sherman mora no térreo – haviam viajado para a Europa, e sublocado o apartamento, durante aqueles meses de verão, para A Garota. <END> Aí, como diria o gago da piada, fô fô fô fô fô fô… <END> Na peça que fazia um tremendo sucesso na Broadway, fô fô fô fô fô fô…,, sim. <END> O teatro – sem dúvida por atingir muitíssimo menos gente que o cinema – sempre tinha sido mais livre. <END> O Código Hays foi adotado em 1930, e nos anos seguintes tornou-se ainda mais rígido – ao menos em parte como uma reação à desabrida Mae West, uma mulher de fato sem medo de ser feliz e sem papas na língua. <END> Vale sempre lembrar o que dizem alguns trechos do Código: <END> "Nenhum filme será produzido que possa fazer abaixar os princípios morais daqueles que irão vê-lo. <END> O Código passou a sofrer duros ataques no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60 – até cair de maduro em 1968, quando foi instituído o sistema de classificação etária da MPAA que está em vigor até hoje. <END> O autor reconhece que a censura fez a história ficar sem sentido <END> Billy Wilder e o próprio autor da peça The Seven Year Itch, George Axelrod, trabalharam juntos no roteiro. <END> Como, segundo o Código, "a santidade da instituição do casamento e do lar será preservada", decidiu-se que Richard Sherman e A Garota simplesmente não se comiam! <END> O que se vê em O Pecado Mora ao Lado é que Sherman e A Garota trocam três beijinhos. <END> Em um excelente documentário sobre a produção de The Seven Year Itch, feito em 2000, que acompanha o filme no DVD lançado pela Fox, o autor George Axelrod diz, com imensa dose de lógica, que, a rigor, a rigor, a história ficou sem sentido: ora, se não aconteceu coisa alguma entre Sherman e A Garota, então por que raios ele fica tão absolutamente tomado pela culpa? <END> Só por ter desejado, ter fantasiado que houvesse alguma coisa de fato entre ele e aquela mulher estrondosamente bela, aquele convite descomunal ao desejo, à luxúria? <END> Apesar de todos os cortes, o filme é deliciosamente safado <END> Apesar de todos os cortes determinados pelo Hays Office, no entanto, o filme é deliciosamente safado – ou não seria um filme de Billy Wilder. <END> A bunda de Marilyn quando ela sobe as escadas, logo na primeira sequência em que ela aparece e bate a campainha, e entra carregando o ventilador, cujo fio fica preso na porta… Meu Deus do céu e também da terra. <END> A piadinha do tomateiro que cai do segundo andar no banco em que Sherman estava sentado até um segundo antes… A Garota aparece na tela com os ombros nus – e a insinuação é de que ela está peladinha de tudo, ao dizer que vai até a cozinha se vestir, porque naquele calor ela bota a roupa íntima no congelador… <END> O momento em que Marilyn tira o cinto e ergue a blusa para sentir o ventinho frio que sai do aparelho de ar condicionado da sala do apartamento de Sherman… <END> A cena de Marilyn na banheira – uma das loucas fantasias que passam pela cabeça de Sherman – enquanto ela conta ter sido atacada por um homem casado para o bombeiro que tenta tirar o dedão o pé dela de dento da torneira… <END> Sherman bota para tocar Rachmaninoff, mas a Garota gosta é do Bife <END> Aliás, como são bem sacadas todas as sequências das fantasias que passam pela cabeça super imaginativa de Sherman, o editor de livros que consegue fazer uma capa apelativa até mesmo para o clássico extremamente família Little Women, de Louisa May Alcott (1832–1888). <END> É uma maravilha a fantasia de que a secretária da editora o ataca pedindo sexo, de que a enfermeira da noite do hospital em que operou do apêndice o ataca pedindo sexo. <END> Wilder goza até o cinema: antecipando-se várias décadas a Mel Brooks e às paródias de filmes, do tipo Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu, ele goza uma das mais antológicas sequências de filmes americanos, o apaixonado beijo de Burt Lancaster e Deborah Kerr em A Um Passo da Eternidade/From Here to Eternity – ela mesma, aliás, a esplêndida sequência do filme de Fred Zinnemann de 1953 uma vigorosa afronta ao Código Hays. <END> As citações ao cinema são várias. <END> A mais hilária é bem no final, quando Tom MacKenzie, o bonitão pretenso paquerador da esposa Helen, chega ao apartamento e A Garota está na cozinha, preparando o café da manhã. <END> Nossa, como tem sequência deliciosa este filme! <END> A da primeira visita da Garota… Que maravilha! <END> E, quando ele tenta atracar-se com ela, e caem ao chão (e o espectador pode ver, por alguns rápidos segundos, as coxas fartas de Marilyn), ele fica culpado, mortificado, envergonhado, e diz que aquilo nunca tinha acontecido antes com ele – ao que ela candidamente responde: <END> A sequência antológica: o vento do metrô levanta a saia de Marilyn <END> Mas é claro que, de todas as sequências engraçadas, safadas, divertidas, deliciosas, a melhor, a absolutamente antológica, é a do vento que sai dos dutos do metrô, no passeio, e levanta a saia da Garota. <END> Tinham ido ao cinema ver The Creature from the Black Lagoon. <END> Fiquei em dúvida se o filme existiu mesmo ou foi uma invenção de Wilder e Axelrod. <END> Saem do cinema, e A Garota está encantada com O Monstro da Lagoa Negra (este foi de fato o título do filme no Brasil). <END> Aí pára sobre a grade no passeio em cima do respiradouro do metrô. <END> Passa um metrô, o vento sai de baixo do passeio e joga a saia branca rodada de Marilyn Monroe para cima. <END> Naquele calor insuportável do auge do verão pegajoso de Manhattan, até o vento que sai do duto do metrô é mais fresquinho – e A Garota faz uma expressão de mais puro prazer. <END> E aí vem outro metrô. <END> A Fox convocou a imprensa toda para testemunhar a filmagem da seqüência <END> A vida muitas vezes imita a arte, a arte em geral tenta imitar a vida, mas há momentos em que a ficção não tem absolutamente nada a ver com a realidade. <END> A sequência é maravilhosa, é engraçadíssima, virou antológica, é uma das imagens mais emblemáticas do cinema americano. <END> Aos 28 anos de idade apenas, maior estrela de Hollywood, Norma Jean vivia, para aproveitar a belíssima imagem criada por Bernie Taupin na canção de Elton John, como uma vela ao vento. <END> Tinha dificuldades para memorizar as falas. <END> (O filme Sete Dias com Marilyn/My Week with Marilyn, sobre as filmagens de O Príncipe Encantado/The Prince and the Showgirl, mostram exatamente a mesma realidade: as filmagens foram duríssimas, um inferno – mas, quando a gente vê Marilyn no filme, é impossível imaginar tanto drama, porque as imagens afinal escolhidas são maravilhosas, estonteantes.) <END> O casamento com Joe Di Maggio já não ia muito bem. <END> E então Di Maggio voou para Nova York, para ficar junto da esposa. <END> A Fox investia muito no filme. <END> Há testemunhos de que Marilyn tomou o cuidado de vestir duas calcinhas, uma sobre a outra, para que não houvesse possibilidade de se avistarem os pelos pubianos. <END> E filmavam-se as tomadas uma, duas, dez, 20 vezes. <END> No dia seguinte, ou dois dias depois, Di Maggio voltou para a Costa Oeste. <END> Só na ficção o sangue do marido é de barata <END> A vida muitas vezes imita a arte, a arte em geral tenta imitar a vida, a arte imita a arte, a vida imita a ficção. <END> Eu, que não tenho nenhum pingo de sangue siciliano, digo aqui: me sinto muito mais próximo do Di Maggio pessoa real do que do de Jeff Norris da ficção. <END> Só na ficção – ou numa Escandinávia fictícia – o sangue do marido é de barata. <END> Os cartazes mostram as coxas todas que no filme não puderam aparecer <END> Nada do que foi filmado em locação, na rua de Nova York, a céu aberto, diante de fotógrafos dos jornais e daquela homarada babante, foi aproveitado. <END> A produção teve que construir uma réplica do cinema que exibia The Creature from the Black Lagoon e da rua de Nova York dentro dos estúdios da Fox em Hollywood para que as tomadas fossem refeitas. <END> Entra em ação novamente o Hays Office. <END> Os cartazes mostram toda a extensão das coxas, a calcinha. <END> Censura, moralismo caolho e calhorda, ligas de decência, essas tristezas ficariam para trás muito rapidamente, nos anos que se seguiram a O Pecado Mora ao Lado. <END> O talento dos realizadores, dos atores, o brilho do filme, tudo isso continua intacto, 60 anos depois. <END> Billy Wilder e Marilyn voltariam a se encontrar, poucos anos depois, em 1959, em Quanto Mais Quente Melhor/Some Like it Hot. <END> Uma delícia de filme e crítica irretocável. <END> Esse filme não teve apelo para mim, penso que por eu ser mulher, e a história não segurar, devido aos inúmeros cortes no roteiro. <END> Adorei a frase "Ora, qualquer pessoa, de qualquer uma das diversas opções sexuais hoje tão exigentes de seus direitos" (…). <END> Seu texto destrincha e discorre maravilhosamente bem sobre tudo, com riqueza de detalhes (que eu particularmente adoro), que não há o que acrescentar. <END> Apesar de todos os cortes, o filme conseguiu ser mesmo safado, as tiradas são boas. <END> Espero que você decida rever e escrever sobre Some Like it Hot. <END> Uma comédia divertida, sofisticada e com uma Marilyn maravilhosa, mas não completamente divertida. <END> […] ou para o mal. <END> […] foi homem de muitas esposas – cinco.
sexo, mentiras e videotape / sex, lies and videotape <END> Anotação em 2008: <END> O filme é de 1989. <END> Era um rapazote de 26 anos quando escreveu e dirigiu este sexo, mentiras e videotape – mas, ao contrário da imensa maioria dos jovens estreantes, não quis inventar muito, experimentar, abusar do criativol, <END> Uma das poucas dessas marcas bobas de juventude que o filme tem é exatamente o título, que o autor fazia questão que fosse grafado apenas em minúsculas, sabe-se lá por quê. <END> Fora essa bossinha no nome, só há duas ousadias formais em sexo, mentiras e videotape. <END> A outra nem chega propriamente a ser ousadia, porque em 1989 já se tinha feito de quase tudo na linguagem de cinema: é uma sacada esperta, inteligente, de adiar para o espectador só ver depois o que os personagens estão vendo nos videotapes gravados por Graham, o personagem de James Spader. <END> O estreante Soderbergh evitou ousadias formais, estilísticas, maneirísticas no seu primeiro longa-metragem para ousar no conteúdo. <END> Ann (Andie MacDowell) é uma mulher que leva uma vida vazia, numa pequena cidade do Sul dos Estados Unidos. <END> A vidinha modorrenta de Ann é sacudida com a chegada à cidade de Graham, que tinha sido colega de John no colégio; Graham tem um jeitão meio hippie, meio boêmio, usa cabelo comprido, só usa roupas esportivas, não tem profissão definida. <END> Estamos neste momento com uns 20 minutos de filme, apenas. <END> Soderbergh conta sua história de maneira sóbria, simples, direta. <END> Andie MacDowell, especialmente, está brilhante, perfeita, numa atuação digna de atriz com muito estudo e preparo sério em boas escolas de teatro.
Elas / Elles <END> A vida de Anne (Juliette Binoche), a protagonista de Elles, é um horror insuportável. <END> Bem, a rigor, não são exatamente tranquilas, prazerosas, as vidas das moças. <END> Mas as moças não reclamam. <END> Alicja (na foto ao lado) veio da sua Polônia natal para estudar em Paris. <END> Charlotte (na foto abaixo) fez a opção de vender o corpo simplesmente porque os trabalhos que tinha antes, como garçonete, eram muito duros e mal pagos. <END> Um peso imenso, uma carga tripla de trabalho sobre os ombros da protagonista <END> Anne está fazendo uma reportagem para a revista Elle sobre estudantes – moças de classe média, não pobres, miseráveis – que se prostituem. <END> As roteiristas – a própria diretora, a polonesa Malgoska Szumowska, e a francesa Tine Byrckel, jornalista e psicanalista – comprimiram em um único dia toda a ação. <END> A narrativa de Elles começa então no alvorecer de um dia, para terminar na manhã do dia seguinte. <END> Anne passou a noite inteira diante do computador, escrevendo. <END> A primeira seqüência que o espectador vê, na verdade, é de uma felação. <END> Veremos que a relação de Anne com o marido, Patrick (Louis-Do de Lencquesaing), não anda nada bem. <END> Ao longo daquele dia após uma noite passada em claro, em que precisa terminar de escrever o texto de sua reportagem para entregar à revista na manhã seguinte, Anne terá que: <END> * preocupar-se com Florent, que – ela ficará sabendo naquele dia mesmo – tem faltado às aulas na escola, e anda fumando maconha; <END> * preocupar-se com Stéphane (Pablo Beugnet), o filho mais novo, aí de uns oito anos, que passa todo o tempo grudado em videogames; <END> * visitar o pai doente no hospital (interpretado por Jean-Marie Binoche – o pai dela na vida real, segundo me confirmou a Jussara Ormond após uma pesquisa na internet); <END> * fazer compras no supermercado; <END> * cozinhar o jantar para o patrão do marido, que virá visitar o casal à noite; <END> * cuidar da casa – pôr alguma ordem nas coisas espalhadas pelo amplo apartamento pelo marido e pelos dois filhos bagunceiros, desordeiros, incapazes de ajudar na tarefa básica de manter uma mínima ordem na casa; <END> * ao final do dia, aprontar-se, botar um belo vestido, pentear o cabelo, apresentar-se perfeita diante dos convidados – e ainda seguir as recomendações do marido de não vir com papos feministas à mesa; <END> * e, at last but not least, conviver com os fantasmas, as inquietações trazidas para dentro de sua cabeça pelas entrevistas com as duas jovens prostitutas, e encarar a frustação com sua própria vida sexual. <END> A câmara de mão nervosa aumenta o clima de sufoco, tensão <END> O que o filme mostra é que, dentro daquele amplo, confortável, bem mobiliado apartamento, a burguesa Anne leva uma vida besta. <END> Poucas vezes o cinema terá mostrado com tanta força, tanta virulência, como é trágico o cotidiano de jornada dupla, tripla, quadrúpula da mulher moderna. <END> A diretora Malgoska Szumowska e seu diretor de fotografia Michal Englert realçam esse clima sufocante fazendo a câmara de mão perseguir os apressados passos de Anne dentro de seu apartamento. <END> A câmara de mão nervosa aumenta o clima de sufoco, tensão. <END> Essas seqüências com câmara de mão são alternadas com tomadas em que a câmara fica fixa diante de Anne no trabalho no computador, ou diante dos rostos jovens e belos das atrizes que interpretam Charlotte e Alicja. <END> Uma jovem diretora com talento saindo pelo ladrão. <END> Malgoska Szumowska é também bastante jovem; nasceu na Cracóvia em 1973; estava, portanto, com 38 anos quando Elles foi lançado. <END> Sua filmografia como diretora tem 11 títulos – alguns deles são documentários de curta-metragem, e outros são segmentos de filmes assinados por vários realizadores. <END> Elles é seu quarto longa-metragem de ficção. <END> A moça demonstra que tem talento saindo pelo ladrão. <END> Joanna Kulig, que faz a polonesinha Alicja, nasceu em 1982, estudou arte dramática na Cracóvia e já tem 16 títulos em sua filmografia. <END> Anaïs Demoustier está igualmente perfeita como a jovem que não vê grande drama em se prostituir – um trabalho bem mais leve e muito mais bem pago do que os outros que poderia ter – e tem um jeitinho doce, tranquilo, de moça de boa família. <END> Mas o espetáculo, é claro, é de Juliette Binoche. <END> La Binoche é um fenômeno. <END> Aos 47 anos, Juliette Binoche parece ter sido trabalhosamente produzida para parecer… ahn, não propriamente feia, porque isso seria impossível, mas desgastada, cansada, tensa, pouco cuidada, sem tempo para tratar de sua própria aparência – o que realça a diferença entre Anne e as garotinhas que contam para ela como são as trepadas com seus clientes, garotinhas cheias de juventude e cuidados com o visual. <END> Após uma noite em claro e um dia inteiro estafante, no entanto, Anne-Juliette Binoche se produz, bota um vestido elegante e – shazam! – está pronta para aparecer não nos textos, mas na capa da Elle ou de qualquer outra revista feminina. <END> Juliette Binoche não precisa mais de prêmios na vida. <END> Cenas explícitas de sexo – mas o filme passa a anos-luz da apelação <END> Em 1964 – quando, portanto, o mundo e o cinema eram bem diferentes, e passava-se muito longe das explicitudes todas que viriam depois –, Billy Wilder fez um filme, Beije-me, Idiota, em que mostrava uma dona de casa que queria ter seu dia de puta, e uma puta que queria ter seu dia de dona de casa. <END> Maior besteira. <END> Não se pode dizer o mesmo de Elles. <END> Nisso, Elles é o exato oposto, por exemplo, dos espanhóis Dieta Mediterrânea e Diário Proibido, que são pornôs apenas levemente disfarçados. <END> A corajosa seqüência em que Anne se masturba, por exemplo, me pareceu mais angustiante, dramática, triste, desesperada, do que sensual. <END> Um filme que mostra pequeninos detalhes cotidianos, como só uma mulher faria <END> Mas, ao fim e ao cabo, além de expor o absurdo que é o fato de as mulheres na nossa sociedade terem jornada de trabalho dupla, tripla, quádrupla, o filme não teria como moral da história o fato de que é mais fácil, mais bem pago, mais prazeroso ser prostituta do que trabalhadora-dona de casa-esposa-mãe? <END> Bem, essa coisa de moral da história é complicada. <END> Tine Byrckel conta que a idéia original de se fazer o filme foi da produtora Marianne Slot. <END> A co-roteirista conta que ela e a produtora Marianne Slot haviam ficado encantadas com o filme anterior de Malgoska Szumowska, 33 Scenes from Life. <END> Isso é a mais absoluta verdade. <END> Ao jogar a roupa dos filhos dentro da máquina de lavar, Anne tem que se livrar de um boneco do homem-aranha, brinquedo do caçula, deixado ali. <END> São exemplos desses pequeninos detalhes, que de fato só uma realizadora mulher poderia mostrar tão bem. <END> Elles é um filme profundamente femino, em cada detalhe. <END> A diretora confessa que ficou chocada com o que ouviu de jovens prostitutas <END> Tine Byrckel conta que ela e Malgoska Szumowska escreveram boa parte do roteiro em Varsóvia, e só mais tarde fizeram o que se costuma chamar de pesquisa de campo. <END> Malgoska Szumowska conta que, antes do início das filmagens, teve alguns encontros com jovens prostitutas. <END> Tine Byrckel diz que, ao imaginar a história de Elles, pensou em Mrs. Dalloway, de Virginia Wolf – no livro, como no filme dirigido pela holandesa Marleen Gorris, narra-se o dia na vida de uma mulher que está preparando um jantar, uma recepção para um grupo de amigos à noite. <END> E Malgoska Szumowska diz: <END> Ela não apenas tenta. <END> Cada espectador pode concluir o que bem entender, após ver este filme impressionante, atordoante. <END> Quero muito ver o filme! <END> Sérgio, Esse filme realmente é muito bom! <END> 2 Trackbacks <END> […] (interpretada por Anaïs Demoustier, na foto acima, de O Preço a Pagar, As Neves do Kilimanjaro, Elas, Thérèse Desqueyroux) parecem um casal feliz.
Caçada Humana / The Chase <END> Anotação em 2007, com complemento em 2008: <END> Fez lembrar o que aquele autor inglês Ivor Montagu dizia em seu livro Film World – que Einsestein não poderia mesmo ter filmado nos Estados Unidos, como queria, A Tragédia Americana, porque seria devastador demais. <END> O filme abre com dois homens correndo, e diversos policiais indo atrás deles. <END> Logo após o final da apresentação, o espectador vê que os dois presos fazem parar um carro na estrada; a intenção era amarrar o motorista, deixá-lo ali e fugir com o carro para o México, mas um dois mata o sujeito e foge sozinho, deixando para trás o companheiro, que – isso é mostrado explicitamente – havia ficado indignado com o assassinato. <END> Nos primeiros 15 minutos, Arthur Penn apresenta aos espectadores a galeria dos muitos personagens da história e dos muitos temas que serão tratados no filme. <END> O xerife Calder (Marlon Brando), que mora na própria delegacia, com a bela mulher (Angie Dickinson), recebe por telefone a informação de que Bubber Reeves (Robert Redford) fugiu da penitenciária, juntamente com um bandido perigoso. <END> Veremos, então, nestes 15 primeiros minutos do filme, que: <END> . alguns moradores acusam o xerife Calder de prestar serviços a Val Rogers (E.G.Marshall), o homem mais rico da cidade; <END> . o filho do milionário Val Rogers, Jake (James Fox), é casado, mas tem um caso com Anna Reeves (Jane Fonda), a mulher de Bubber, o fugitivo; <END> . Bubber tinha ido parar na cadeia por furto de carros, e era muito amigo de Jake, o filho do milionário; <END> . praticamente todos na cidade trabalham para o milionário Val Rogers, de uma forma ou de outra. <END> Enquanto vai dando essa panorâmica, Arthur Penn aproveita para mostrar – em duas seqüências intercaladas às outras que apresentam os personagens principais da história – como os bancos esfolam os pequenos fazendeiros, como os muitos empreendimentos do milionário exploram a mão de obra barata e ilegal de imigrantes mexicanos, e como o racismo está profundamente impregnado naquela sociedade. <END> A cena que primeiro apresenta o racismo é ótima. <END> Tudo isso nos primeiros 15 minutos. <END> Pior que isso, só Lassie com amnésia <END> A crítica americana foi absolutamente impiedosa, e, em uníssono, arrasou o filme – que, na Europa, não por mero acaso, colecionou elogios. <END> Pauline Kael, cuja metralhadora giratória dispara contra a direita (chama, por exemplo, Dirty Harry de fascista, no que aliás tem toda razão), mostra que também atira na esquerda. <END> "Marlon Brando fazendo o xerife de uma cidadezinha corrupta e sanguinária do Texas, em uma América mítica das fantasias sadomasoquistas dos liberais. <END> (Aqui tem que haver um parênteses. <END> "Não restam uvas em nossas vinhas nesse fim de mundo de troca de esposas, ódio aos negros e aos seus defensores, onde as pessoas são motivadas por sexo baixo ou dinheiro graúdo, etiquetadas assim que dizem as primeiras falas. <END> Mas não foi só Pauline Kael. <END> Nesse mesmo livro, há uma declaração de Robert Redford, conhecido por suas posições liberais, progressistas, "de esquerda", nas definições americanas. <END> Na sua belíssima autobiografia, Minha Vida Até Agora, Jane Fonda não presta a atenção devida ao filme que fez quando estava com 29 anos – o primeiro dos três que faria ao lado de Robert Redford, que na época estava, aos 30 anos, iniciando a caminhada para o super- estrelato. <END> Não fez sucesso nos Estados Unidos porque não faria mesmo, em hipótese alguma, porque é anti-americano demais. <END> 2 Comentários <END> Não sei se existe uma definição melhor do que a tua,Sergio,para dizer porque este filme não fêz sucesso nos EUA. <END> 7 Trackbacks <END> […] Lembrei desta frase ao ver, alguns minutos atrás, a notícia da morte de Dennis Hopper, aos 74 anos de idade. <END> […] Lembrei desta frase ao ver, alguns minutos atrás, a notícia da morte de Dennis Hopper, aos 74 anos de idade. <END> […] de O Milagre de Annie Sullivan/The Miracle Worker, o segundo dos poucos filmes dirigidos por Arthur Penn – pouquíssimos, mas o suficiente para garantir seu lugar entre os mais importantes cineastas […] <END> […] até haver filmes tão pessimistas sobre a sociedade americana quanto Kansas City.
Ecos da Guerra / Regeneration <END> Anotação em 1999: <END> Entende-se e admite-se que Lean tenha feito um filme que elogia a coragem, o brio dos ingleses; é puro esforço de guerra, era 1944, havia o nazismo a combater, o nazismo que matava milhões de inocentes e despejava bombas sobre a Inglaterra. <END> Este outro filme é panfletaço sobre o horror da guerra e a imbecilidade que é cada ser humano ser obrigado a participar dela.
Herança de Amor / The Only Thrill <END> Anotação em 2009: <END> Nunca tinha ouvido falar deste Herança de Amor, título brasileiro que não tem nada a ver com o original The Only Thrill, algo tipo a única emoção, o único tremor. <END> Ao longo do filme, fiquei com a sensação de que é assim uma espécie de cruzamento de A Última Sessão de Cinema com Tudo Bem no Ano que Vem. <END> Mas, para quem não viu os dois filmes citados, não está muito objetivo. <END> Com mais objetividade, o AllMovie sinteza: "é um drama sobre amor e como ele pode dar errado". <END> A ação começa em 1966 – não guardei o nome da pequena cidade texana, mas isso importa pouco, ou nada. <END> Reese e Carol têm uma transa de um dia – um dia de verão, em que a filha dela, Katharine (Diane Lane), de uns 13 anos, está em um acampamento com o filho dele, Tom (Robert Patrick). <END> Corta para 12 anos depois – 1978, portanto. <END> Haverá novos cortes no tempo, até 1996. <END> Fraquinho, nada marcante <END> Não dá, é claro, para saber se essa história – o roteiro, de Larry Ketron, é baseado numa peça de teatro de autoria dele mesmo, The Trading Post – poderia ter rendido um bom filme, nas mãos de um diretor mais talentoso. <END> Não que seja propriamente um filme ruim. <END> Até mesmo as referências a cinema, a filmes, que estão bastante presentes na história, parecem ralas, meio bobinhas, meio forçadas, meio para encher lingüiça. <END> Dá a sensação de que querem com isso tentar algo da mágica de A Última Sessão de Cinema. <END> Assim como seus personagens não conseguem sequer tentar ser felizes, o filme não consegue deixar de ser só fraquinho. <END> Ah, sim, tem um pequeno detalhe que quero registrar. <END> Para gostar deste filme, é preciso ter amado pelo menos uma vez na vida. <END> 2 Trackbacks <END> […] Anotação em 2011:
Mildred Pierce <END> Mildred Pierce versão 2011 é um deslumbre. <END> A versão original, feita 66 anos antes, em 1945, é um grande clássico. <END> O filme de Michael Curtiz, no entanto, não é fiel ao romance Mildred Pierce, que havia sido publicado em 1941. <END> Já a refilmagem de 2011 é, por tudo o que se diz (eu mesmo não li o livro), extremamente fiel à história original. <END> É uma minissérie de cinco capítulos com cerca de uma hora cada um, co-produzida pela HBO e pela Metro-Goldwyn-Mayer. <END> A reconstituição de época – a história se passa em Los Angeles e arredores, entre 1931 e 1937 – é uma daquelas obras de artesanato perfeitas, que enchem os olhos do espectador. <END> Não foram econômicos – muito ao contrário. <END> O IMDb informa, por exemplo, que Kate Winslet usa 66 diferentes roupas ao longo da série. <END> O que não deixa de ser um tanto irônico, já que a história se passa na Grande Depressão, o período mais negro da história dos Estados Unidos, com milhões de desempregados e famintos, e a minissérie foi feita em 2010, quando o país (assim como o resto do mundo) ainda não havia se recuperado da grande crise econômica iniciada em 2008, a segunda maior da história econômica americana. <END> "Como Joan Crawford teria odiado Kate Winslet", escreveu Stephen King <END> Mildred Pierce teve 11 prêmios, fora outras 31 indicações. <END> Só por Kate Winslet já valeria a pena ver Mildred Pierce 2011. <END> Claro, a série tem diversas qualidades. <END> Mas Kate Winslet é um show à parte. <END> Bem, Kate Winslet é mesmo um show, em qualquer filme de que participa. <END> Não seria fácil para nenhuma atriz interpretar o papel que foi feito por Joan Crawford no auge de sua força na tela. <END> O escritor Stephen King, autor de tantos livros adaptados para o cinema, escreveu sobre a minissérie; reclamou que é longa demais, mas fez os maiores elogios a Kate Winslet, e terminou dizendo: <END> Poucos personagens do cinema sofrem tanto quanto Mildred Pierce <END> A ação de Mildred Pierce se estende, como já foi dito, por vários anos. <END> É um tour de force. <END> Poucos personagens do cinema sofrem tanto quanto Mildred Pierce. <END> Mildred é uma mulher forte, obstinada, trabalhadora, organizada, centrada. <END> Bem no início da narrativa, Mildred incentiva o marido, Bert Pierce (Brían F. O'Byrne, excelente, na foto abaixo), a cascar fora de casa. <END> Nas primeiras tomadas, Mildred está na cozinha, preparando tortas e bolos que vende para pessoas da vizinhança, em Glendale, norte de Los Angeles. <END> Quando ele entra na cozinha para tomar um refresco e dizer que vai sair, Mildred puxa a discussão. <END> A minissérie de quase 6 horas de duração está nos seus primeiros 7 minutos quando Bert Pierce pega uma malinha, entra no seu carro e vai embora. <END> Mildred não responde. <END> – "Você acaba de entrar para o maior Exército da Terra. <END> (Seria necessário lembrar que o 4 de Julho é o 7 de Setembro deles, o dia da Independência?) <END> Mildred sai à cata de um emprego, qualquer que seja. <END> Todd Haynes e seu co-roteirista, Jon Raymond, fazem questão de não explicitar qual era o passado daquele casamento que se desfaz bem no iniciozinho da história. <END> Enquanto o marido traidor e a mulher trabalhadora discutem, a câmara passeia um pouco pela casa da família. <END> Assim, aqui e ali vão sendo dadas ao espectador algumas pinceladas de informações. <END> Nas primeiras semanas após Bert sair de casa, ele não dá pensão alguma para Mildred. <END> E ela, até então apenas uma dona de casa sem qualquer preparo para um trabalho fora, se vê na necessidade de procurar um emprego – qualquer um que seja. <END> As sequências, neste primeiro capítulo, de Mildred à procura de um emprego são de uma magnífica beleza – e de uma tristeza profunda. <END> Lá pelas tantas, a câmara do diretor de fotografia Edward Lachman mostra um close-up dos pés de Mildred. <END> É para comover mesmo o espectador – e comove. <END> Um melodrama sobre família criado por um escritor notável por suas tramas policiais <END> É fascinante ver que essa história comovente, esse grande melodrama que mostra as durezas enfrentadas por uma mulher de fibra na luta pela sobrevivência, tenha sido escrito por um homem, e não por uma mulher. <END> Não seria de se estranhar se a autora de Mildred Pierce, o romance que deu origem ao grande clássico de 1945 e a esta minissérie de 2011, fosse assinado por uma Fannie Hurst, que teve vários de seus livros transformados em filmes – Imitação da Vida, feito em 1934 com Claudette Colbert e refeito em 1959 com Lana Turner no papel central, Acordes do Coração, de 1946, com Joan Crawford no papel central, Esquina do Pecado, de 1932, com Irene Dunne como protagonista e refeito em 1961 com Susan Hayward. <END> São, todos esses filmes citados aí, melodramas cuja figura central é sempre uma mulher batalhadora lutando numa sociedade machista. <END> Pois não só o autor é homem como é um escritor que ficou famoso por suas históriais policiais. <END> James Mallahan Cain (1892–1977) foi, diz a Wikipedia, "um escritor e jornalista americano. <END> Diferentemente de muitos de seus personagens – gente classe média média, ou média baixa, de pouca instrução –, Cain nasceu em uma família razoavelmente abastada de Maryland e teve ótima educação. <END> Seu primeiro romance foi The Postman Always Rings Twice, lançado em 1934. <END> A mesma história trágica seria filmada novamente nos anos 1980 por Bob Rafelson, com Jessica Lange e Jack Nicholson nos papéis que no filme de 1946 foram de Lana Turner e John Garfield. <END> Fã dos velhos melodramas, Todd Haynes era o nome ideal para refazer Mildred Pierce <END> A primeira versão de Mildred Pierce, vi muitos anos atrás, e não me lembro como são as insinuações de sensualidade. <END> O diretor Todd Haynes é um apaixonado pelos melodramas dos anos 1940, 1950. <END> Longe do Paraíso é uma espécie de adaptação de uma das histórias filmadas por Douglas Sirk, Tudo o que o Céu Permite/All That Heaven Allows, de 1955. <END> Muitos dos temas de Longe do Paraíso estão em Mildred Pierce. <END> Mildred Pierce, no entanto, mais do que Longe do Paraíso, vai fundo na questão dos preconceitos sociais – o desprezo que os mais ricos têm pelos menos afortunados, mesmo quando estes conseguem, através de trabalho duro, suado, amealhar suas próprias fortunas. <END> Pior ainda: a própria Mildred tem seus preconceitos sociais. <END> Todd Haynes é bom de melodrama, de dramas com boas observações sociais, mas não é cineasta de um gênero só. <END> Mas o fato é que ele conhece tudo sobre melodrama. <END> Já considerava esta anotação pronta quando dei com um artigo de Artur Xexéo publicado em O Globo em 27 de abril de 2011, mais de dois anos atrás. <END> "Pode um romance, escrito 70 anos atrás, retratando modos e costumes de sua época, fazer algum sentido em 2011? <END> "Quem tiver a chance de ver o filme, disponível em DVD (no Brasil, a versão em disco foi rebatizada de Alma em Suplício) e figurinha carimbada na programação de canais especializados em títulos de outrora, certamente verá semelhanças entre ele e a novela Vale tudo, de Gilberto Braga e Aguinaldo Silva. <END> O texto já está bem grande, e, se algum heróico leitor tiver conseguido chegar até aqui, poderia perfeitamente deixar o texto de lado agora. <END> Dei de presente o DVD da minissérie para minha filha, alguns meses atrás. <END> Outro dia fucei os DVDs de Fernanda e peguei uma dúzia de filmes emprestados. <END> Quando terminamos de ver a série, Mary comentou que foi ótimo que Fernanda não tenha tido tempo de ver Mildred Pierce. <END> É a mais pura verdade. <END> Mildred Pierce é uma das mais cruéis histórias de relação mãe e filha que já foram filmadas. <END> Os conflitos entre a mãe (interpretada por Ingrid Bergman) e a filha (vivida por Liv Ullmann) de Sonata de Outono de Ingmar Bergman são fichinha perto do que a pobre Mildred Pierce vive com Veda, a filha primogênita (interpretada por Morgan Turner nos três primeiros capítulos e por Evan Rachel Wood, na foto, nos dois últimos). <END> Veda é uma das criaturas mais abomináveis que já passaram por uma tela. <END> A rigor, os confrontos entre Mildred e Veda são uma das bases de toda a trama, são um dos temas básicos da obra. <END> Acho – acho, não; tenho a certeza de que não vou devolver Mildred Pierce para minha filha. <END> 2 Comentários <END> Bom dia, Sérgio! <END> Ótima minissérie, mas assim como o Stephen King eu também achei longa; o quarto episódio foi quase desnecessário, com apenas um acontecimento importante. <END> Kate Winslet está muito bonita, não me lembro de tê-la visto tão magra antes. <END> Eu não sabia que os personagens Raquel e Maria de Fátima tinham sido inspirados no romance que originou o filme. <END> Voltando à relação mãe-filha: acredito que a Mildred era culpada também pelo relacionamento doentio. <END> […] indicado a seis Oscars, vencedor de melhor atriz para sua estrela, e, agora em 2011, uma aclamada minissérie de TV da HBO dirigida por Todd Haynes com a fantástica Kate Winslet no papel título. <END> […] Tudo ia muito bem com a comercialização de uísque clandestino na região – o xerife era um freguês de carteirinha do produto dos irmãos – até que chega ali um assistente do promotor mau como o diabo, chamado Charlie Rakes (interpretado, histrionicamente, exageradamente, caricaturalmente, pelo australiano Guy Pearce). […] <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Seis Graus de Separação / Six Degrees of Separation <END> Não é um daqueles filmes de que é fácil gostar, este Seis Graus de Separação, que o australiano Fred Schepisi fez nos Estados Unidos em 1993. <END> Seis Graus de Separação, me pareceu, é muito inside joke nova-iorquina para nova-iorquinos. <END> Não é fácil gostar de um filme que mostra seus personagens como imbecis, babacas, emproados, cegados pela sua riqueza, pela empáfia de saber que são os happy few, os muito muito bem de vida no umbigo do mundo, do capitalismo. <END> Mary, por exemplo, não gostou nada. <END> Uma obra que tem profundo desprezo por seus personagens <END> Lembro de ter lido uma vez uma crítica de alguém – se não me engano um americano – a um dos filmes em que Woody Allen batia feio na classe média alta de Manhattan, acho que na sua fase especialmente amarga de final dos 80, início dos 90, antes que ele conseguisse ficar livre de Mia Farrow e voltasse a fazer comédias escrachadas, alegres. <END> Acho que Woody Allen pode fazer o que ele bem entender. <END> Se não estou completamente enganado, John Guare, o autor da peça teatral Seis Degraus de Separação e também do roteiro do filme dirigido por Fred Schepisi tinha tanto desprezo por seus personagens quanto Woody Allen naquela sua fase especialmente amarga. <END> A esta altura, é bom ir aos alfarrábios para ver se não estou falando asneira. <END> Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4: <END> Meus comentários sobre o comentário de Maltin: bem, não há propriamente tragédia de apertar o peito. <END> E aí tem o detalhe de que quase todas as paredes do apartamento milionário do casal de protogonistas, Flan e Ouise Kittredge (interpretados por Donald Sutherland e a sempre maravilhosa Stockard Channing), negociantes de obras de arte… estão cobertas por veludo vermelho! <END> Veludo vermelho! <END> As paredes do apartamento milionário debruçado sobre o Central Park, um dos endereços mais caros do mundo, ocupado por um casal que se tem em conta como rico, fino e chique, são vermelhas! <END> Patrizia von Brandenstein não faria isso à toa: as paredes vermelhas mostram que os Kittredge têm a mesma fineza elegante da Graceland, a mansão de Elvis Presley, uma das coisas mais kitsch, cafona, boko-moko, mais ridiculamente novo-riquismo que há no planeta. <END> Agora, a informação de que a história se baseia em um incidente real – ainda que o incidente real tenha sido bastante retocado, floreado – é sensacional. <END> Isso é que é vestir a carapuça sem compreender coisa alguma sobre a carapuça que se está vestindo. <END> "Six Degrees of Separation, adaptado por John Guare de sua própria peça de sucesso, é um estudo fascinante da culpa entre os ricos ociosos e a forma com que um vigarista talentoso consegue manipular a vulnerabilidade liberal deles para seus próprios fins. <END> Mais adiante, ele diz que Stockard Channing – indicada para o Oscar de melhor atriz por sua atuação – "também está brilhante como a socialite que foi rejeitada pelos próprios filhos, e então procura um filho adotivo no personagem Paul, interpretado por Smith". <END> O retrato que o filme faz dos jovens, dos filhos do casal central e de seus amigos, é extremamente carregado nas tintas. <END> Se os ricos pais já são uns pamonhas, os ricos filhos, então, são perfeitos débeis mentais. <END> No All Movie, Derek Armstrong concorda com Mary: <END> Acho necessário registrar que seis graus de separação é aquela teoria que, como diz a Wikipédia, originou-se a partir de um estudo científico segundo o qual, no mundo inteiro, são necessários no máximo seis laços de amizade e/ou outro qualquer para que duas pessoas estejam ligadas. <END> Euzinho, para dizer bem a verdade, jamais consegui entender direito essa teoria. <END> É um filme corajoso, insolente, provocativo <END> Talvez eu tenha exagerado na coisa de dizer que é um filme que fala muito especificamente de uma situação local, muito inside joke. <END> Os fundamentalistas do politicamente correto certamente não terão aprovado o filme. <END> Todo fundamentalismo é idiota. <END> Ao contrário da cara-metade, achei este Seis Graus de Separação – do qual jamais tinha ouvido falar antes – inteligente, engraçado. <END> Por falar de um tipo específico de sociedade, por exagerar na ironia, por ser virulento demais contra as pessoas apegadas à exibição de riqueza, pode espantar muita gente. <END> 5 Comentários <END> Vi esse filme na TV paga há cerca de 18 anos. <END> Questionado sobre a descoberta das pílulas perto do corpo, o porta-voz policial limitou-se a dizer que "a investigação segue em andamento". <END> Nosso amigo Paulo Francis gostava, ou gostou, muito desse. <END> Sim… o filme é baseado em uma história real, e o nome do personagem de Will Smith é David Hampton, e a história se passa nos anos 80. <END> […] e para isso conta com a ajuda de um amigo de longa data, Billy Whistler (o papel de um Donald Sutherland de cabelos compridíssimos). <END> Postar um Comentário <END> O seu email nunca é publicado ou compartilhado.
Capitães do Mar / Down to the Sea in Ships <END> Anotação em 2003: <END> Conta a história de três gerações de marinheiros da pesca à baleia na Nova Inglaterra do começo do século XIX – o velho capitão do navio (Lionel Barrymore), o jovem capitão formado em escola (Richard Widmark) e o netinho do velho (Dean Stockwell). <END> Pauline Kael diz que o diretor Hathaway consegue um belo visual nas tomadas do navio no mar, mas deixou passar uns diálogos bobocas.E informa que é uma refilmagem de uma obra de 1922 que tinha feito grande sucesso. <END> 2 Comentários <END> Eu realmente gosto desse filme. <END> Concordo que há alguns diálogos dispensáveis.
Mais negócios sobrevivendo <END> São Paulo – Durante muitos anos, a taxa de sobrevivência das pequenas empresas brasileiras era assustadora. <END> O relatório de sobrevivência mediu empresas criadas em 2007 e que tinham informações atualizadas em 2010 na Receita Federal. <END> Para Luiz Barretto, presidente do Sebrae, três fatores foram indispensáveis para isso. <END> Apesar de a sobrevivência ser apenas um dos indicadores de sucesso para pequenas empresas, esta taxa indica que os empresários brasileiros têm superado o período mais crítico dos primeiros dois anos. <END> Uma boa gestão é um dos principais motivos de sucesso. <END> Comércio de instrumentos musicais <END> 2/62Getty Images <END> Pessoa tocando violão: a música constitui um poderoso fator identitário, que ajuda a resgatar identidades perdidas ou a construir novas identidades <END> Com a valorização do dólar, o mercado de instrumentos musicais cresceu 12% no ano passado, chegando a faturar mais de 600 milhões de reais. <END> Fabricação de equipamentos de informática <END> 3/62Getty Images <END> Fabricação de chips: espera-se que a aquisição reforce posição da empresa em setor em maturação no qual as oportunidades de crescimento se tornaram mais difíceis de encontrar <END> O uso de computadores no Brasil cresceu consideravelmente nos últimos anos. <END> Comércio de equipamentos para uso industrial <END> A atividade de comércio atacadista de máquinas e equipamentos para uso industrial teve taxa de sobrevivência de 86%, segundo o relatório. <END> Comércio varejista de material elétrico <END> 5/62Getty Images <END> Lâmpadas: o peso da tarifa de energia elétrica para a formação do IPCA é de 3,33% <END> O comércio de material elétrico teve taxa de sobrevivência de 86%, com 1892 empresas abertas. <END> Comércio de produtos farmacêuticos para uso humano e veterinário <END> Puxado pelo aumento nas vendas de produtos de cosméticos e também na evolução do mercado de animais de estimação, este negócio apresentou taxa de sobrevivência de 86%. Segundo a Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias, essas empresas têm faturamento médio de 95 mil reais, quando são de pequeno porte. <END> Fabricação de máquinas <END> 7/62Stephen Morton/Bloomberg <END> Tubos de alumínio na linha de produção de uma fábrica da Alcoa em Goose Creek, Carolina do Sul <END> Este é um setor de mais de 70 bilhões de dólares, ainda controlado fortemente por empresas nacionais. <END> Comércio varejista de tintas e materiais para pintura <END> 8/62Capricho/Victor Almeida <END> Assim como o comércio de materiais elétricos, as vendas de tintas e materiais para pinturas foram alavancadas pelo aumento de obras e reformas no país nos últimos anos. <END> Comércio varejista de vidros <END> Ao todo, 1345 empresas desta área foram abertas no país em 2007. <END> Comércio varejista de móveis, colchões e iluminação <END> Poltrona Barcelona: <END> Móveis, colchões e iluminação entram nessa categoria, com taxa de sobrevivência de 85%. O mercado de decoração de interiores movimenta 5 bilhões de reais ao ano e também se beneficia do aumento de renda da população. <END> Manutenção de motocicletas <END> Hoje, mais de 21 milhões de motocicletas circulam pelas ruas do país, criando um mercado enorme para empresas de manutenção e reparos. <END> Fabricação de produtos de metal e de minerais não-metálicos <END> Essas duas indústrias, de produtos de metal e minerais não-metálicos, tiveram desempenho bastante parecido, com taxa de sobrevivência de 84%. A primeira inclui estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada para diversas aplicações e a segunda, a fabricação de vidro, cerâmicas e gesso, por exemplo. <END> Fabricação de produtos têxteis <END> 13/62Mike Kane/Bloomberg <END> A indústria têxtil ficou entre as mais bem colocadas no estudo, com 84% de taxa de sobrevivência e 1330 empresas abertas. <END> Comércio de artigos de óptica <END> Óculos oficial do CQC <END> O varejo de óculos fatura tanto com lentes de grau quanto de sol. <END> Comércio varejista de calçados e artigos de viagem <END> 15/62Dado Galdieri/Bloomberg <END> Essa categoria inclui empresas de sapatos, de qualquer material, inclusive os esportivos, e de artigos de viagens, como malas e outros materiais, além de alguns artigos de couro. <END> Incorporação de empreendimentos imobiliários <END> 16/62Lintao Zhang/Getty Images <END> Em Pequim, cidade com mais de 19 milhões de habitantes, dezenas de novos prédios são construídos rapidamente para atender uma demanda em potencial e manter o mercado da construção civil - e tantos outros - aquecido. <END> Empresas de construção de edifícios, de compra e venda de imóveis e de serviços de arquitetura estão inclusas nesta categoria que apresentou taxa de 84%. O mercado imobiliário no Brasil tem crescido com a demanda cada vez maior por imóveis próprios. <END> Fabricação de móveis <END> 17/62Divulgação / Milroy Perera Associates <END> Sala do Clarpoint Tower, o prédio residencial com maior jardim vertical do Sul da Ásia <END> Mais de 60% dos estados brasileiros têm polos moveleiros. <END> Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias <END> 18/62SKF AB via Bloomberg <END> Operário trabalha em autopeça em uma fábrica da SKF na Suécia <END> A taxa de sobrevivência desta indústria é de 83%. Estão incluídos nesta categoria todos os negócios de fabricação de veículos, carrocerias, reboques e semi-reboques para veículos automotores além da produção de peças e acessórios, como estofados. <END> Impressão e reprodução de gravações <END> 19/62Fábio Teixeira/EXAME.com <END> Apesar do crescimento do mercado digital, a área de impressão de materiais como livros e revistas apresentou taxa de sobrevivência de 83%. <END> Comércio de ferragens e ferramentas <END> O negócio de venda de ferragens para construção e ferramentas, como martelos e chaves de fenda, por atacadistas apresentou taxa de sobrevivência de 83%. Segundo o relatório, foram constituídas 267 empresas no tipo. <END> Comércio de materiais médicos <END> O comércio atacadista de instrumentos médicos, cirúrgicos, ortopédicos e odontológicos inclui estetoscópios, medidores de pressão, bisturis e próteses. <END> Comércio de máquinas para uso agropecuário <END> 22/62Arquivo/Getty Images <END> Caterpillar é a maior fabricante mundial de equipamentos para movimentação de solo <END> Arados, tratores, cortadores de grama e maquinário para avicultura e apicultura estão entre os principais itens vendidos pelo atacado nesta modalidade. <END> Comércio de joias e relógios <END> 23/62Elnur Novruzov / Dreamstime <END> Enquanto os presentes das esposas devem custar de 250 a 500 reais, os das amantes valerão, em média, de 500 a 1.000 reais <END> Um setor de mais de 4 bilhões de dólares e com cerca de 14 mil empresas estabelecidas. <END> Fabricação de produtos de borracha e plástico <END> 24/62Alex Silva <END> A maior parte dos produtos feitos com esses materiais, com exceção de roupas e sapatos, entra nesta categoria. <END> Fabricação de produtos de madeira <END> Os negócios de fabricação de madeira serrada, laminada, compensada, prensada e aglomerada e de produtos de madeira para construção, para embalagem, para uso industrial, comercial e doméstico tiveram taxa de sobrevivência de 82%. <END> Comércio para veículos automotores <END> 26/62Patrick T. Fallon/Bloomberg <END> Empresas de vendas no atacado e no varejo de itens como pneus e baterias tiveram taxa de sobrevivência de 82%, segundo o relatório. <END> Comércio de artigos recreativos <END> 27/62Spencer Platt/Getty Images <END> Brinquedos, bicicletas e aparelhos de ginástica estão nesta categoria, que apresentou taxa de sobrevivência de 82%. O mercado de brinquedos, por exemplo, fatura sozinho 4 bilhões de reais ao ano no Brasil. <END> Comércio de peças para aparelhos eletroeletrônicos <END> 28/62Justin Sullivan/Getty Images <END> Antena parabólica da Dish Network próximo de uma da DirecTV no telhado de um prédio em San Rafael, Califórnia <END> O comércio varejista especializado em peças e acessórios para aparelhos de uso doméstico teve taxa de sobrevivência de 82%. Nesta atividade, não contam acessórios para informática e comunicação. <END> Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração <END> 29/62Wikimedia Commons <END> Dentro do ramo de construção, essa foi a segunda melhor atividade em taxa de sobrevivência, com 82%. São classificados nesta categoria sistemas de aquecimento, ligação de gás e tubulações de vapor, por exemplo. <END> Confecção de artigos do vestuário e acessórios <END> 30/62Acervo Dudalina <END> Funcionários na fábrica da Dudalina, em Blumenau, Santa Catarina: em 2012, a fabricante de camisas pagou aos 2 489 trabalhadores seis salários <END> No Brasil, são produzidas mais de 6 bilhões de peças de vestuário todos os anos, chegando a 47 bilhões de dólares de faturamento anual. <END> 31/62Sean Gallup/Getty Images <END> Nesse segmento entram as indústrias especializadas na produção de metais em formas primárias, como laminados, canos e tubos. <END> Preparação e fabricação de couro <END> 32/62Tomascastelazo/Wikimedia Commons <END> Indústrias que fabricam artefatos de couro e bolsas e de artigos para viagem de qualquer material entram nesta divisão. <END> Comércio de motocicletas, peças e acessórios <END> De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a produção de motocicletas cresceu 14,2% em janeiro se comparado com o mesmo mês do ano passado. <END> Comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria <END> 34/62Francisco Javier Alcerreca Gomez/ Dreamstime.com <END> Mesmo com a facilidade da compra de livros por meio do comércio eletrônico e do acesso a jornais e revistas por meio de tablets e outros dipositivos, os negócios especializados em livros, revistas e papelaria têm o seu espaço. <END> 35/62Marcos Issa/Bloomberg <END> Supermercado do Grupo Pão de Açúcar em São Paulo: <END> Neste segmento entram tanto os grandes supermercados quanto os pequenos comércios de bairro. <END> Reparação de equipamentos de informática e comunicação <END> 36/62Carlos Barria/Reuters <END> Homem fala no telefone enquanto navega na internet em seu notebook em um bar no centro de Xangai, na China <END> Os consertos de desktops, monitores, laptops, terminais de computação, impressoras, entre outros produtos são especialidades de alguns negócios. <END> Fabricação de celulose e papel <END> 37/62Rich Press/Bloomberg <END> De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel, o Brasil é o quarto maior produtor de celulose do mundo. <END> Fabricação de produtos alimentícios <END> 38/62Getty Images <END> Comida em prato vermelho: "apesar de ainda não estar claro o motivo do efeito vermelho os nossos resultados poderiam ser úteis", escreveram os pesquisadores <END> São as empresas que produzem alimentos para uso humano e animal. <END> Comércio varejista de equipamentos de telefonia e comunicação <END> 39/62Getty Images <END> Telefone: ideia é que, com melhor aproveitamento da conversão ótico-elétrica das frequências, seja possível equipamentos mais rápidos e com menor consumo de energia <END> São negócios que comercializam telefones, intercomunicadores, fax, secretária eletrônica e similares, além de partes e peças para equipamentos de telefonia. <END> Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios <END> 40/62Getty Images <END> O mercado de vestuário no país ainda tem espaço para crescer. <END> Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal <END> 41/62Vitor Pickersgill/Manequim/Dedoc <END> Segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o Brasil é o terceiro maior mercado global de produtos do gênero, tendo gasto 42 bilhões de dólares no ano passado. <END> Comércio varejista de gás liqüefeito de petróleo (GLP) <END> 42/62Damien Meyer/AFP <END> Boca de fogão: o valor da multa é de US$ 15,8 milhões <END> Neste segmento entram empresas especializadas no comércio de botijões de gás para domicílios. <END> Comércio varejista de lubrificantes <END> Comércio varejista de produtos de padaria <END> 44/62Fernando Frazão / Veja Rio <END> O sucesso dos bolos caseiros, das brigaderias, dos iogurtes naturais e das padarias artesanais são apenas alguns exemplos que mostram que o mercado ainda tem espaço para diversos tipos de negócio. <END> Comércio varejista de eletrodomésticos e áudio e vídeo <END> De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de eletrodomésticos foi um dos responsáveis pela alta do varejo em novembro do ano passado. <END> Comércio de tecidos e artigos de cama, mesa e banho <END> 46/62Creative Commons/Flickr <END> Empresas especializadas na venda de produtos de cama, mesa e banho estão conquistando cada vez mais espaço no mercado. <END> Manutenção e reparação de veículos automotores <END> 47/62QUATRO RODAS <END> Oficina mecânica <END> Neste segmento, estão as empresas que oferecem atividades de manutenção e reparação de veículos automotores e motocicletas. <END> Negócios que oferecem hospedagem de curta duração para turistas têm crescido muito. <END> Atividades cinematográficas e produção de vídeos <END> 49/62mbbirdy/Getty Images <END> Vídeo em alta definição: na avaliação da empresa, a capacidade ideal para HD é de 2,5 Mbps ou acima, e para SD é de 700 kbps a 2,5 Mbps <END> Hoje, não é preciso muito capital para produzir vídeos sobre diversos assuntos e muitas empresas se especializaram nesse nicho. <END> Correio e entregas <END> Com o aumento de empresas de comércio eletrônico, as entregas dos produtos comprados online também cresceram. <END> Comércio atacadista de adubos e fertilizantes <END> 51/62Andrey Rudakov/Bloomberg <END> Segundo a Associação Nacional Para Difusão de Adubos, a produção nacional de fertilizantes intermediários foi de 9.304.713 toneladas no ano passado. <END> Comércio atacadista de tecidos <END> 52/62Arquivo/Wikimedia Commons <END> Tecidos, linhas, botões, zíperes e outros aviamentos para costura são alguns produtos comercializados por essas empresas. <END> Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores <END> 53/62Luke MacGregor/Reuters <END> Motorista segura uma mangueira de gasolina em um posto: <END> Postos de combustíveis e empresas que vendem gás natural para carros fazem parte deste segmento. <END> Comércio varejista de equipamentos e suprimentos de informática <END> 54/62Getty Images <END> Negócios: medida, que segue agora para o plenário da Câmara, deverá ser votada no primeiro semestre do próximo ano <END> De micro a grandes empresas, a maioria demanda o uso de computadores para auxiliar na gestão do negócio. <END> Agências de viagens <END> 55/62Getty Images <END> Verão: entre os sintomas mais relatados pelos pacientes nesta época estão diarreia, dor de cabeça, dor no corpo, vômito e mal-estar em geral <END> De acordo com dados da Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, divulgados no começo do ano passado, mais de 68% dos entrevistados pretendiam viajar para cidades brasileiras e 23% para o exterior. <END> Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria <END> 56/62Wikimedia Commons <END> Empresas que prestam serviços jurídicos, contábeis ou de auditoria estão neste grupo. <END> Comércio atacadista de resíduos e sucatas <END> 57/62Wikimedia Commons <END> A reciclagem de latas no país movimentou R$ 1,8 bilhão em 2010 no Brasil <END> Existem empresas especializadas que lidam com resíduos, seja papel ou metal, e lucram com isso. <END> Açougues e peixarias <END> 58/62Hotels in Eastbourne / www.eastbourneguide.com / Stock Xchng <END> Além dos açougues e peixarias tradicionais, há também as butiques de carnes que acharam um nicho no mercado com a venda de cortes diferenciados a preços mais altos. <END> Comércio de hortifrutigranjeiros <END> 59/62Jair Magri <END> Preocupação com alimentação saudável contribuiu para a expansão dos pontos de venda especializados em produtos hortifrutigranjeiros <END> De acordo com o estudo Copa do Mundo FIFA 2014: <END> Instalações elétricas <END> 60/62Marcelo Kura <END> A demanda por instalações elétricas na área de construção deve continuar a crescer porque ainda há muitas obras imobiliárias e de infraestrutura em vigor.
Sinfonia do Velho Chico <END> Às margens do Rio São Francisco, a bordo do lendário Vapor Benjamim Guimarães e sob a regência do maestro Alex Domingues, a orquestra sinfônica Jovem de Pirapora apresenta um show com a participação de setenta jovens.
O francês Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet (1744-1829), também conhecido como Chevalier de Lamarck, foi o primeiro cientista a desenvolver uma teoria da evolução considerada completa. <END> A primeira grande teoria da evolução <END> Assim como os seus contemporâneos, Lamarck acreditava na lei da geração espontânea. <END> Isso ocorreria através da lei do uso e desuso, que resumidamente postula que "o que não se usa atrofia, o que se usa fortalece", sendo assim, estruturas e órgãos que são utilizados mais frequentemente tornam-se mais desenvolvidos e adaptados às necessidades que o meio impõe; e aquilo que não é usado se atrofia e reduz. <END> A herança dos caracteres adquiridos <END> O exemplo clássico do conceito da herança dos caracteres adquiridos é o do pescoço das girafas. <END> Dessa maneira, através da adaptação ao meio, a herança dos caracteres adquiridos, tendo o uso e o desuso como mecanismo e a tendência natural de aperfeiçoar-se, acarretaria na evolução das espécies. <END> A publicação de "A origem das espécies" (1859), de Charles Darwin, abalou o fundamento principal da teoria de Lamarck, afirmando que a evolução das espécies se daria pelo processo de seleção natural. <END> Lamarck tem o merecido crédito pela sua obra e teoria, porém, a teoria da evolução de Darwin, denominada hoje de "Teoria da Evolução Sintética" é a que revolucionou o pensamento ocidental, sendo a aceita como verdadeira pelos cientistas.
Mídias Sociais <END> David Armano em Tecnologia e Inovação Publicado no dia 21/02/2014 <END> David Armano, especialista em estratégia digital, diz que o fenômeno das mídias sociais tem origem em três revoluções: da difusão da informação, da banda larga e da social.
De uma maneira geral, geralmente os concretos produzidos com agregados reciclados ainda apresentam uma certa resistência que os tornam aptos a serem utilizados em aplicações menos nobres. <END> 1.5 Módulo de deformação <END> O conhecimento do módulo de deformação do concreto é extremamente importante, uma vez que o mesmo é utilizado no cálculo estrutural para prever as flechas máximas admissíveis e assim, consequentemente, o grau de fissuração das peças de concreto. <END> Prof. Dr. <END> Para os concretos confeccionados com agregados reciclados, vários autores <END> Segundo UJIKE (2000), essa redução no módulo de deformação é mais sentida quando se produz concretos com agregados reciclados de baixa relação água/cimento. <END> Para os concretos com agregados reciclados de concreto, a redução do módulo de deformação geralmente é atribuída à matriz de cimento que permanece aderida às partículas do agregado natural dos agregados reciclados após a britagem (HANSEN e <END> B∅EGH, 1985; HANSEN, 1986). <END> Alguns trabalhos como os de FRONDISTOU-YANNAS (1977), citado por KHALAF e DeVEENY (2004a), RAVINDRARAJAH e TAM (1985), HANSEN e <END> B∅EGH (1985), RAVINDRARAJAH et al., 2000; BAIRAGI et al. <END> (2003), KHATIB (2005) e de XIAO et al. <END> Mas parece que não apenas o agregado reciclado de concreto modifica o módulo de deformação, uma vez que AKHTARUZZAMAN e HASNAT (1983) encontraram um módulo de deformação em concretos com agregados graúdos reciclados de cerâmica vermelha em torno de 30% inferiores que os módulos dos concretos de referência. <END> Para HANSEN (1986; 1992), a substituição conjunta dos agregados graúdo e miúdo natural pelos reciclados de concreto diminuem ainda mais o módulo do concreto, do que somente a substituição do agregado graúdo ou do miúdo. <END> Coerente com isso, dados do Building Contractor Society of Japan (1978), citados por LAMOND et al. <END> Em concordância com os demais autores, GERARDU e HENDRIKS (1985), citados por HANSEN (1992), e RAVINDRARAJAH e TAM (1987a) obtiveram reduções de 15% quando substituíram os agregados graúdos naturais por reciclados de <END> Parece então que quem rege o comportamento do módulo de deformação dos concretos é o agregado. <END> 1.6 Resistência à tração <END> Para a resistência à tração, parece que a substituição dos agregados naturais pelos reciclados também provoca uma redução na mesma, embora esta pareça ser menos intensa que as reduções provocadas na resistência à compressão. <END> Entretanto, há trabalhos em que se apresentam valores de perdas na resistência à tração da mesma ordem dos observados para a resistência à compressão, como alguns relatados por HANSEN (1992) e os encontrados por KATZ (2003) e BAIRAGI et al. <END> Contudo, ainda há trabalhos que apontam não somente reduções mas também pequenos acréscimos, como o de RAVINDRARAJAH e TAM (1985), para concretos com agregados reciclados de concreto, e os citados por SHULZ e HENDRICKS (1992), para concretos com agregados reciclados de cerâmica vermelha. <END> Para o concreto com agregado reciclado de concreto, esses pequenos acréscimos são explicados pelos autores como um efeito do aumento do teor de pasta de cimento a uma constante relação água/cimento, uma vez que a resistência da ligação pasta/agregado exerce maior influência na resistência à tração que na resistência à compressão. <END> Prof. Dr. <END> Segundo dados de pesquisas coletadas por HANSEN (1986), a perda da resistência à tração dos concretos com agregados reciclados de concreto é menos sentida quando somente os agregados graúdos são substituídos, sendo mais visível quando se substitui ambos agregados (graúdo e miúdo), geralmente atingindo reduções de até 20%. Coerente com isso, RAVINDRARAJAH e TAM (1987a) observaram perda de 10% somente com a substituição dos agregados graúdos, sendo que essa elevou-se para 15% quando ambos agregados foram substituídos. <END> Parece que a substituição dos agregados naturais pelos reciclados de cerâmica vermelha também provoca alterações na resistência à tração dos concretos com estes confeccionados, pois BRITO et al. <END> Então, diante do exposto, parece que a redução provocada pelos agregados reciclados na resistência à tração não é tão forte quanto a redução na resistência à compressão. <END> 1.7 Resistência à abrasão <END> Parece que a resistência à abrasão dos concretos confeccionados com agregados reciclados também é menor que a dos concretos confeccionados com agregados naturais. <END> Essa diminuição na resistência à abrasão parece que não se restringe somente aos concretos com agregado reciclados de cerâmica vermelha, uma vez que DHIR et al. <END> Para os agregados reciclados de concreto, segundo TAVAKOLI e <END> SOROUSHIAN (1996a), essa elevada abrasão parcialmente reflete a grande quantidade de argamassa aderida ao agregado natural. <END> Coerente com isso, TOPÇU (1997) encontrou uma redução de 45,5% na dureza superficial dos concretos confeccionados com 100% de agregados graúdos reciclados de concreto quando comparados com às dos concretos de referência. <END> Quando se substitui a parcela miúda dos agregados naturais do concreto parece que a resistência à abrasão é ainda mais prejudicada, uma vez que HANSEN e NARUD (1983) apresentaram um aumento na abrasão da ordem 2,4%, quando a fração substituída do agregado graúdo natural pelo reciclado de concreto foi de 16 a 32 m, e de 41,4%, quando a fração substituída foi de 4 a 8 m. <END> Entretanto, parece que o baixo desempenho por parte desses concretos pode ser contornado, quando se prepara concretos de altas resistências com os agregados reciclados, visto que LIMBACHIYA et al. <END> Pode-se concluir que mesmo com esse decréscimo na resistência à abrasão dos concretos com agregados reciclados que em geral é apresentado, estes ainda apresentam satisfatórias resistências para serem usados como concretos convencionais (HANSEN, 1986). <END> 1.8 Retração por secagem <END> A retração por secagem do concreto é um fenômeno inevitável, desde que o concreto esteja exposto a um ambiente de umidade abaixo da condição de saturação. <END> Prof. Dr. <END> Como a retração por secagem é um fenômeno que está intimamente ligado à perda de água da massa de concreto, é notório que quanto mais água essa massa tiver, maior será a possibilidade de se ter grandes retrações. <END> Segundo MEHTA e MONTEIRO (1994), a granulometria, a dimensão máxima, a forma e a textura do agregado são fatores que influenciam na retração por secagem do concreto, entretanto o módulo de deformação do agregado é considerado o fator mais importante. <END> Assim, quando se usa um alto teor de substituição dos agregados naturais pelos agregados reciclados, é coerente que o concreto produzido com estes últimos possua uma maior retração, uma vez que os agregados reciclados possuem um menor módulo de deformação que os naturais, sendo portanto mais deformáveis, além de, em função da alta absorção de água por parte destes, exigirem um elevado teor de água (POON et al., 2002). <END> No caso dos agregados reciclados de concreto, em geral estes consistem de 60 a 70% do seu volume em agregados naturais e os 30 a 40% restantes de argamassa, sendo esta última parte bem mais porosa que a primeira (HANSEN e NARUD, 1983; POON et al., 2004).
Dois dias depois de jogar em Genebra, na Suíça, Wawrinka entrou em quadra no saibro de Paris para estrear no Roland Garros 2015 e venceu. <END> Saiba Mais <END> Wawrinka quebrou o adversário cinco vezes e salvou todos os seis break-points contra, além de ter aplicado 10 aces, contra seis do turco. <END> A melhor campanha do suíço no Roland Garros até hoje foram as quartas de final de 2013, quando caiu diante de Rafael Nadal. <END> Na segunda rodada, Wawrinka ainda não asbe quem será seu rival.
O tubo em "U"éum dos medidores de pressão mais simples entre os medidores para baixa pressão. <END> P1 -P2 = ρ*h <END> Manômetro tipo Coluna Reta Vertical <END> O emprego deste manômetro é idêntico ao do tubo em "U". <END> Nesse manômetro as áreas dos ramos da coluna são diferentes, sendo a pressão maior aplicada normalmente no lado da maior área. <END> P1 -P2 = ρ*h <END> P1 -P2 = ρ*h2 *(1 + a/A ) <END> Manômetro tipo Coluna Inclinada <END> Este Manômetro éutilizado para medir baixas pressões na ordem de 50 mmH2O. Sua construção é feita inclinando um tubo reto de pequeno diâmetro, de modo a medir com boa precisão pressões em função do deslocamento do líquido dentro do tubo. <END> A vantagem adicional éa de expandir a escala de leitura o que émuitas vezes conveniente para medições de pequenas pressões com boa precisão (± 0,02 mmH2O). <END> P1 -P2 = ρ*L *(a/A + senα) <END> Manômetro Tubo Bourdon <END> O Tubo de Bourdonconsiste em um tubo com seção oval, que poderá estar disposto em forma de "C", espiral ou helicoidal, tem uma de sua extremidade fechada, estando a outra aberta àpressão a ser me dida. <END> Com a pressão agindo em seu interior, o tubo tende a tomar uma seção circular resultando um movimento em sua extremidade fechada. <END> As variações de temperatura ambiente são responsáveis pela variação na deflexão do tubo de bourdon. <END> Existe, portanto há possibilidade de, para uma mesma pressão, o bourdon apresentar diferentes deflexões pela simples variação da temperatura ambiente. <END> Pressão Atmosférica <END> O bourdon pode apresentar erro com a mudança da pressão atmosférica, principalmente quando ocorre a variação da temperatura ambiente. <END> Manômetro Tubo Bou rdon <END> Manômetro, Manovacuômetroe Vacuômetro <END> Série Petroquímica com Contatos Elétricos Magnéticos e ou Indutivos Exx. <END> Aplicação, tomada de pressão e ou vácuo em linhas de ar, água, gases com necessidade de intretavamentoselétricos de bombas ou pontos de alarmes, etc., em locais com boa necessidade de precisão. <END> • O instrumento deve ser equipado com válvula de bloqueio de 3 (três) vias; <END> • Quando o elemento for submetido a pressões pulsantes, o mesmo deve ser protegido por um amortecedor de pulsação. <END> • O elemento não deve ser submetido a uma temperatura que não permita o toque da mão sobre a caixa do medidor, evitando desgaste prematuro do elemento e demais componentes do medidor, além de garantir a confiabilidade da calibração feita à temperatura ambiente. <END> Aplicação dos Manômetros Elásticos (Tubo de Bourdon) <END> • O elemento deve ser isolado de fluidos corrosivos, com sólidos em suspensão, ou com possibilidade de cristalização e solidificação. <END> • Quando o processo estiver sujeito a sobrecarga, deve-se proteger o elemento com um limitador de sobrecarga; <END> • Devem ser tomadas precauções especiais quando se trata de medição de petróleo e oxigênio. <END> Para a indústria de petróleo, o tubo de bourdon não deverá ser soldado com estanho. <END> Em processos industriais que manipulam fluidos corrosivos, viscosos, tóxicos, sujeitos àalta temperatura e/ou radioativos, a medição de pressão com manômetro tipo elástico se torna impraticável pois o Bourdon não éadequado para essa aplicação, seja em função dos efeitos da deformação proveniente da temperatura, seja pela dificuldade de escoamento de fluidos viscosos ou seja pelo ataque químico de fluidos corrosivos. <END> Os amortecedores de pulsação tem por finalidade restringir a passagem do fluido do processo atéum ponto ideal em que a freqüência de pulsação se torne nula ou quase nula. <END> Esse acessório éinstalado em conjunto com o manômetro com objetivo de estabilizar ou diminuir as oscilações do ponteiro em função do sinal pulsante. <END> Os sifões são utilizados, além de selo, para "isolar"o calor das linhas de vapor d'água ou líquidos muito quentes, cuja temperatura supera o limite previsto para o instrumento de pressão. <END> O líquido que fica retido na curva do tubo-sifão esfria e éessa porção de líquido que iráter contato com o sensor elástico do instrumento, não permitindo que a alta temperatura do processo atinja diretamente o mesmo. <END> Esse acessório tem por finalidade proteger os manômetros de pressões que ultrapassem ocasionalmente, as condições normais de operação. <END> Seu bloqueio estárelacionado com a velocidade do incremento de pressão. <END> Para manômetros com escala inferior a 3 kgf/cm2 seu bloqueio poderásituar-se em até130% do valor da escala <END> Planilha do Microsoft Excel <END> Manômetro tipo Fole <END> Fole éum dispositivo que possui ruga no círculo exterior e que tem a possibilidade de expandir-se e contrair-se em função de pressões aplicadas no sentido do eixo. <END> Manômetro tipo Diafragma <END> Diafragma éum disco circular utilizado para medir pressões, geralmente de pequena amplitude , bem como, para separar o fluido medido do mecanismo interno. <END> Esses transmissores, pioneiros na instrumentação, possui um elemento de transferenciaque converte o sinal detectado pelo elemento receptor de pressão em um sinal de transmissão pneumático. <END> Os instrumentos de transmissão de sinal de pressão tem a função de enviar informações àdistância das condições atuais de processo dessa variável. <END> Esses transmissores convertem o sinal de pressão detectado em sinal elétrico padronizado de 4 a 20 mA dc. <END> CAPACITIVO, INDUTIVO, PIEZORESISITIVO e CÉLULA DE SILÍCIO RESSONANTE <END> A pressão do processo, aplicada no elemento metálico elástico (fole), movimenta/deformao; este movimento étransmitido àbarra de força ou alavanca transmissora por intermédio da lâmina de articulação. <END> Esta aproximação gera um aumento da indutância, com um conseqüente aumento no consumo de corrente e um aumento no sinal de saída do detector. <END> Esta força age sobre o braço de rearme, em sentido contrário àvariação do sinal anterior, afastando o disco de rearme do detector; deste modo, o sistema atinge um novo equilíbrio, com o sinal de saída do transmissor ficando proporcional ao valor da pressão medida naquele momento. <END> A medição de pressão utilizando este tipo de sensor se baseia no fato dos cristais assimétricos ao sofrerem uma deformação elástica ao longo do seu eixo axial, produzirem internamente um potencial elétrico causando um fluxo de carga elétrica em um circuito externo. <END> A quantidade elétrica produzida éproporcional a pressão aplicada, sendo então essa relação linear o que facilita sua utilização.
O mito está de volta! <END> O sonho de muitos jogadores de videogame das antigas foi realizado. <END> Allejo aparece naquele time básico que pode ser escolhido para o começo da Master League. <END> Para escolher Allejo, porém, há um pequeno truque.
10 parques que você deve conhecer com seu filho <END> Conheça os parques mais bonitos do Brasil com seu filho <END> Um dia perfeito no parque. <END> A seguir, uma seleção de parques de Norte a Sul do Brasil para você desvendar com seu filho. <END> Por que vale a visita: um dos espaços verdes mais famosos do País, o Ibirapuera foi inaugurado em 1954, resultado de um trabalho em conjunto do arquiteto Oscar Niemeyer e do paisagista Roberto Burle Marx - duas das assinaturas mais vistosas da inteligência nacional. <END> O que ver de Ciências: pense seriamente em agendar várias idas ao Ibirapuera para fazer seu filho aproveitar ao máximo a oferta de atrações. <END> Onde fica: <END> Por que vale a visita: <END> O que ver de Ciências: em andamento no espaço Villa Ambiental, atividades de conscientização ambiental ocupam crianças de 8 a 10 anos aos fins de semana, abordando de modo lúdico temas como lixo, poluição das águas e da atmosfera, o respeito aos animais, às plantas e às florestas, além de enfatizar os hábitos necessários para proteger o planeta. <END> Por que vale a visita: criado em 1896, na zona Norte paulistana, teve como primeiro diretor Albert Löefgren - naturalista e botânico sueco responsável por inúmeros melhoramentos, caso da plantação dos pinheiros-do-brejo, árvores altas e de folhas escuras, cujas raízes esculturais se desenvolvem acima da terra e ainda hoje são admiradas nas áreas de charco. <END> O que ver de Ciências: destaque do museu, as mostras de madeira possuem entalhes que reproduzem as folhas e os frutos das espécies de origem. <END> Por que vale a visita: tem mais de 200 anos, criado que foi por D. João VI. <END> O que ver de Ciências: com orgulho, é chamado pelos cariocas de 'santuário ecológico'. Só no orquidário contam-se três mil exemplares de 600 espécies. <END> Por que vale a visita: ele nasceu em 1861 com o nome de Floresta de Tijuca e Paineiras, projeto de reflorestamento colocado em prática por ordem do imperador D. Pedro II que recuperava nascentes de água e replantava espécies da Mata Atlântica danificadas com o cultivo do café. <END> O que ver de Ciências: é um dos templos naturais mais bem preservados em território brasileiro, de uma riqueza em plantas, árvores e animais, rios, lagos e cachoeiras, que merece ser razão de inúmeros passeios. <END> Onde fica: <END> Por que vale a visita: na Ilha da Ressaca, em meio ao lago que embeleza a capital mineira, o parque tem extensa área verde (cerca de 300 mil m2) e vegetações típicas de algumas regiões brasileiras (cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica). <END> O que ver de Ciências: vale a pena agendar a visita sob a companhia de monitores, a maneira mais adequada de reparar no que há de notável na natureza ali preservada. <END> Por que vale a visita: trata-se do centro de pesquisa e parque zoobotânico por excelência da flora e fauna amazônicas. <END> O que ver de Ciências: miniatura da Floresta Amazônica, com animais vivendo em liberdade em meio à vegetação que cresce sob a copa de árvores, a maioria delas de 30 m de altura. <END> Por que vale a visita: à beira do rio Guamá, no espaço antes ocupado por um estaleiro, foi criado essa espécie de museu consagrado ao meio ambiente desse pedaço de Amazônia. <END> O que ver de Ciências: <END> Por que vale a visita: é uma das áreas verdes mais bonitas da metrópole paranaense. <END> O que ver de Ciências: na estufa, há boa variedade de espécies típicas da nossa Mata Atlântica, um tipo de informação que merece ser aprofundado na visita ao Museu Botânico local. <END> Por que vale a visita: é a maior e mais popular área verde da capital paranaense. <END> O que ver de Ciências: atenção aos pássaros ameaçados de extinção, caso do papagaio-do-peito-roxo, entre as cerca de 200 espécies que vivem no parque.
Aprender a (gostar de) ler <END> Alexandre Amorim <END> Um dia, a televisão anunciou que ia passar o Sítio do Pica-Pau Amarelo. <END> Porque ele já gostava de ler, pensou que devia ser bom procurar aquela história no original, e foi assim que, durante meses, o menino lia e via o Sítio do Pica-Pau Amarelo. <END> Alexandre cresceu e aprendeu a gostar de tantos livros que não havia mais espaço em sua casa para tantas estantes. <END> O engraçado é que pai e filha tiveram influências da televisão, e não sabem por que tanta gente reclama dela como culpada da falta de leitura das pessoas. <END> E, hoje em dia, a menina tem um irmãozinho de três anos. <END> E assim o pai se sente orgulhoso de ver que os filhos vão, aos poucos, aprendendo a gostar de ler.
Centro de Estudos e Psicobiologia e Exercício (CEPE) Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) <END> O envelhecimento pode ser considerado de diferentes prismas, por exemplo, em um contexto mais filosófico, pode ser o continuar sendo, o continuar existindo, o continuar criando vida e ultrapassando os limites dos seus antecessores. <END> E esse processo é reflexo de inúmeros acontecimentos ao longo da história da humanidade. <END> Mas o envelhecimento não deve ser tratado como um problema e sim, deve ser entendido. <END> Portanto, é indispensável que se considere o envelhecimento como um processo e os idosos como indivíduos. <END> O crescente aumento da população idosa em todo o mundo, comprovada por diversos estudos demográficos, tem colocado para os órgãos governamentais e para a sociedade o desafio de problemas médico-sociais inerentes do envelhecimento populacional. <END> No início do século X, o envelhecimento populacional era apenas relatado nos países desenvolvidos, mas, a partir da década de 1950, passou a ser um fenômeno mundial. <END> Paralelamente às modificações demográficas, que estão acontecendo nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, há necessidade também de profundas modificações socioeconômicas, particularmente nos países em desenvolvimento, visando melhor qualidade de vida aos idosos e aqueles que se encontram em processo de envelhecimento [96]. <END> O crescimento da população idosa nestes países, acompanhado de falta de disponibilidade à riqueza ou, o que é mais comum, de sua perversa distribuição, contrasta com o existente no passado com a Europa, quando uma população começou a envelhecer. <END> O complexo problema, que associa a precária condição socioeconômica, problemas advindos da existência de múltiplas afecções concomitantes e dificuldade de adaptação o idoso às exigências do mundo moderno, tem como conseqüência natural o isolamento do velho e um impacto sobre a sociedade de que terá que enfrentar este desafio com absoluta presteza [96]. <END> Por se tratar de um processo comum a praticamente todos os seres vivos, o envelhecimento deveria ter suas bases fisiológicas melhor conhecidas, à semelhança dos outros fenômenos orgânicos que caracterizam a concepção, o desenvolvimento e a evolução dos habitantes deste planeta, em especial o ser humano. <END> Muitos foram os fatores que impediram o progresso deste conhecimento, mas, o mais importante, foi a constância com que o envelhecimento natural foi erroneamente caracterizado como um estado patológico, o que estimulou muito mais a tentativa de combatê-lo do que entendê-lo [96]. <END> A maior parte do que se conhece do assunto hoje, é fruto de pesquisas realizadas nestas últimas décadas. <END> Atualmente, é fundamental que o profissional interessado nesta área esteja atualizado nas peculiaridades anatômicas e funcionais do envelhecimento, sabendo discernir com máxima precisão os efeitos naturais deste processo (senescência) das alterações produzidas pelas inúmeras afecções que podem acometer o idoso (senilidade). <END> De forma geral, a quantidade de água corpórea declina (entre 15 e 20%) com o envelhecimento, com a redução dos componentes intra e extra celulares, provocando maior suscetibilidade a graves complicações conseqüentes a perdas líquidas e maior dificuldade a rápida reposição do volume perdido Esta retração do compartimento hídrico associado ao componente lipídico (20 a 40%), com uma diminuição do nível de albumina altera o transporte de diversas drogas do sangue [84]. <END> O metabolismo basal diminui cerca de 10% a 20% com o progredir da idade, o que deve ser levado em conta quando se calcula as necessidades calóricas diárias do idoso. <END> Há progressiva redução da síntese de aldosterona, concomitante a um aumento da síntese de hormônio antidiurético. <END> A partir dos 40 anos a estatura do individuo começa a declinar cerca de 1cm por década [21]. <END> Há alterações evidentes na composição corporal, com aumento do tecido adiposo que tende a se depositar na região abdominal e entre os órgãos, ocorrendo sem geral após os 35 anos. <END> Essas mudanças na composição do corpo levam a uma diminuição da massa consumidora de oxigênio, quando expressa por unidade de peso ou por unidade de superfície. <END> As fibras elásticas da derme formam feixes dispostos segundo direções preferenciais, conforme as linhas de tensão. <END> As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem a sua atividade, resultando em uma pele seca e áspera, mais vulnerável a infecções e alteração de temperatura [47,96]. <END> A cor da pele é determinada e parte pelo pigmento contido nos melanócitos que o transferem para as células da epiderme e, em parte pelo sangue das alças capilares. <END> Os melanócitos podem sofrer alterações no seu funcionamento em certas regiões como a face e dorso da mão, levando à formação de manchas hiperpigmentadas, marrons, lisas e achatadas. <END> Há diminuição geral dos pêlos no corpo. <END> O cabelo pode ser dividido em haste e raiz que fica encravada na hipoderme, onde o bulbo possui a matriz que produz o seu crescimento. <END> Devem-se considerar dois aspectos no osso: o compacto e o esponjoso. <END> No idoso, a espessura do componente compacto diminui pela reabsorção interna óssea. <END> Histologicamente observa-se que a parte cortical, que no jovem é formada por osteomas regulares com canais de tamanhos normais, no idoso apresenta canais mais <END> ficando mais porosa e delgada [96,113] <END> amplos, com zonas de reabsorção interna transformando-se a compacta em esponjosa, <END> Os osteócitos, que controlam todo o metabolismo da matriz extracelular, diminuem em número e atividade com o envelhecimento. <END> Se esse processo de perda de massa óssea for excessivo, pode ser patológico e se constituir um dos principais problemas do envelhecimento, a osteopenia e a osteoporose. <END> A osteopenia é definida por uma densidade mineral óssea entre desvios padrão <END> (DP) entre -1 e -2,5 da média dos adultos jovens; a osteoporose constitui-se quando a perda de massa mineral óssea ultrapassa -2,5 DP da média dos adultos jovens [114]. <END> Nas suturas do crânio, os ossos são unidos por tecido fibroso. <END> Os discos intervertebrais são constituídos por um núcleo pulposo e um anel fibroso. <END> Nas articulações sinoviais (diartroses), importantes alterações ocorrem na cartilagem articular. <END> No sistema muscular ocorre uma diminuição do peso do músculo, o que também ocorre na sua área de secção, o que demonstra existir uma perda de massa magra. <END> No entanto, no nível celular, os sistemas de túbulos T e o retículo sarcoplasmático proliferam, talvez como um mecanismo de compensação para assegurar a transmissão do impulso nervoso da célula. <END> No jovem, a maior parte dos músculos apresenta fibras de contração rápida ou branca e fibras vermelhas ou oxidativas em proporções variadas. <END> As fibras musculares que desaparecem são substituídas por tecido conjuntivo, ocorrendo então o aumento do colágeno intersticial no músculo do idoso [61]. <END> Muito importante para a mecânica respiratória são os elementos da caixa torácica. <END> No pulmão, a superfície total dos alvéolos mostra discreta diminuição com a idade.
Confecção de peças, utensílios e decorações para ambientes comerciais ou residenciais em mosaico, com pastilhas de vidro, marmorizadas, porcelana ou cristal.
Carnavalesco Ney Junior na União de Jacarepaguá <END> No próximo sábado, dia 9 de dezembro, o G.R.E.S. União de Jacarepaguá apresenta seu novo reforço para o seu time de 2013, o carnavalesco Ney Junior. <END> "Será mais um desafio que pretendemos superar. <END> A União de Jacarepaguá será a 1ª escola a se apresentar no sábado de carnaval na Marques de Sapucaí, com o enredo "Dos Barões do café à Cidade Universitária.
Tensões psíquicas no delito <END> Pode-se associar o ato de delinqüir ao prazer psicológico de seu exercício? <END> Não se vê "neutralização de comportamentos" que diminuam a dor do outro? <END> Vários são os fenômenos que contribuem para que a dor do outro seja percebida inconscientemente, como irrelevante e prazerosa ( notícias do cotidiano). <END> Desde crimes administrativos escondidos no anonimato (fora do alcance da grande massa:desvio de verbas sociais e públicas,etc) ou até naqueles mais horrendos,são vários os fenômenos "desapercebidos" que chega a habitualidade (banalização costumeira). <END> Fenômenos emocionais <END> Muitos situações relacionam-se com fenômenos emocionais complexos, como aquele que o indivíduo agride pra fazer o outro sofrer; o sofrimento do outro constitui a expiação de uma culpa. <END> Mecanismos de defesa do ego <END> Pai e mãe batem no filho (até fazer chorar) <END> Assegura-se de que a falha cometida na educação foi resolvida pela dor da criança. <END> Um deslocamento (a dor da criança representa a transferência para um objeto externo – a criança:sofrimento psíquico – Consciência da incompetência no exercício do papel (pai e mãe) <END> Na Delinqüência e prazer existem mecanismos como a sublimação e o deslocamento ao se tentar da recuperação do delinqüente. <END> Teoria psicanalítica <END> De acordo com a teoria psicanalítica,são modos inconscientes utilizados frente às diversas reações que se destinam a repelir ou a reduzir a ansiedade,com vistas a manter o equilíbrio da personalidade. <END> Fenômenos associados <END> O prazer na dor do outro pode, também, refletir uma característica de personalidade anti-social,em que o indivíduo agride a sociedade, representada pelo objeto da raiva;o agredido não passa de coisa;o prazer de agredir contrabalança à frustração de não poder destruir;eventualmente,chega à fatalidade. <END> Dois fenômenos associados: <END> o condicionamento <END> a associação de modelos <END> Condicionamento: deriva da exposição a situações similares desde a infância ,que ensinaram o indivíduo a obter vantagens (reforço positivo) a partir de comportamentos de agressão. (comportamentos de agressão à família,no sentido de conquistar seus objetos de desejos). <END> A dinâmica da repressão <END> Com a repetição das experiências, condiciona-se a provocar a dor, antes mesmo de aventar outros tipos de estratégias;também ocorre quando o sistema familiar se relaciona de modo a privilegiar a dinâmica da repressão. <END> Imitação de modelos <END> Na imitação de modelos: situações em que pai,mãe ou alguma pessoa significativa causava dor em outras pessoas, e conseguia benefícios com essa estratégia perversa.
Brasília é a capital do Brasil e está localizada no Distrito Federal. <END> Brasília é a capital do Brasil e está localizada no Distrito Federal. <END> Terceira capital do país — a primeira foi Salvador e a segunda, Rio de Janeiro —, Brasília foi construída para ser a sede do governo do Brasil. <END> Na Praça dos Três Poderes estão o Congresso Nacional, o Palácio da Justiça e o Palácio do Planalto, onde o presidente da República trabalha. <END> Vista panorâmica de Brasília, localizada no planalto Central do Brasil.Jeremy Woodhouse—Digital Vision/Getty Images <END> Brasília se localiza no planalto Central (que faz parte do planalto Brasileiro) e tem um relevo plano, com altura de 1.000 a 1.200 metros acima do nível do mar. <END> Para amenizar a baixa umidade da região, o projeto da cidade incluiu a construção de um imenso lago artificial, pelo represamento do rio Paranoá. <END> Sua flora e fauna são típicas do Cerrado. <END> Como Brasília é a sede do governo do Brasil, funcionam na cidade praticamente todos os órgãos da administração federal, o que faz que sua economia esteja baseada, sobretudo, nos setores de comércio e de serviços. <END> Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil que fez construir Brasília, diante de um …AP <END> A ideia de construir a capital brasileira no sertão, por questões de segurança, vem desde a época do Brasil colônia. <END> O nome Brasília já circulava, mas o primeiro a registrá-lo no papel, em carta enviada a José Bonifácio, parece ter sido Ritter Von Schaeffer, alemão residente no Brasil que agenciava a vinda de militares alemães para o exército brasileiro. <END> Durante o Império e a República, foram feitas várias ações e até projetos de lei para mudar a capital do Rio de Janeiro. <END> A ideia acabou saindo do papel somente na década de 1950. <END> A cidade foi construída em tempo recorde, três anos e dez meses, a partir do projeto de Lucio Costa, que venceu outros 26 concorrentes em um concurso nacional.
Universidades no Canadá <END> Se prepara para as universidades no Canadá melhorando o seu inglês acadêmico com os nossos cursos personalizados. <END> programa(s) encontrados <END> Universidades no Canada <END> Imagine-se estudando em meio à vigorosa, de tirar o fôlego, beleza natural do Canadá. <END> Passando um tempo no Canada <END> Se você vier estudar no Canadá por um período estendido, seja como estudante de intercâmbio ou em um curso preparatório para uma Universidade no Canada, você terá tempo livre de sobra para aproveitar o máximo da paisagem fantástica e cenário deste belo país.
Fé e determinação para continuar com o cinturão do Bellator <END> Com 13 anos de história no mundo do MMA, o amazonense Marcos 'Loro' Galvão luta pela permanência do cinturão dos galos em mais uma edição do Bellator. <END> O adversário do amazonense será o também brasileiro Eduardo 'Dudu' Dandas (Nova União/RJ). <END> "Deus sabe o que estou passando e sei que esta luta já foi escrita por ele. <END> A vida de um campeão de MMA nem sempre é fácil como se imagina. <END> "Minha rotina é dar aulas duas vezes de manhã e três a noite durante todas as semanas. <END> A distância entre os locais de treinos e ministração de aulas também é um grande custo para o lutador. <END> "Para me aperfeiçoar nos treinos, luto numa academia que fica cerca de 2h de distância do local onde moro (Nova York), e depois ainda tenho que pegar outro trem para dar minhas aulas, demorando cerca de 45 minutos para chegar lá. <END> Perda no MMA <END> Ao comentar sobre a recente morte do lutador Kimbo Slice, que faleceu na noite da última segunda-feira (6), aos 42 anos de idade, Loro revela que era fã dos vídeos de lutas de rua postados pelo veterano na internet, se inspirando bastante no jeito rápido de lutar do americano. <END> "Me espelhei muito nele porque com ele não tinham meias palavras, ele ia para cima do adversário e mostrava quem comandava", disse Marcos Loro, ao lembrar dos vídeos caseiros de Kimbo Slice.
O sucesso atrapalhou <END> Mesmo para quem já tem experiência em tocar um negócio bem-sucedido, o ingresso num novo setor costuma requerer um período de aprendizado. <END> Foi impossível satisfazer todos os clientes. <END> A primeira providência da Etna foi enviar um pedido de desculpas com uma caixa de bombons a 300 clientes que tiveram complicações. <END> No ano passado a Etna entregava 85% dos pedidos de móveis em 10 dias uteis.
Bacharel em Violão (1993), Mestre em Educação Musical (1998), Doutora em Etnomusicologia (2009) e, desde 2007, professora do Departamento de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Navegação do Post <END> Não há atalhos para santificação, é preciso vontade e decisão <END> Decida entregar-se ao Senhor, se submeter a Ele e ser santo como Ele é.
Arbitrariedade + desigualdade = caos <END> Com mais de 600 mil presos, o país fica atrás apenas de Rússia, China e EUA <END> Sabemos que o sistema carcerário brasileiro está falido, com superlotação e sem ressocialização. <END> Com mais de 600 mil presos, o país fica atrás apenas de Rússia, China e EUA. <END> Quando o número de presos é dividido pela população, a chamada taxa de encarceramento, o crescimento do número de presos por grupo de 100 mil habitantes nesses 20 anos aumentou 61,8%. Para se ter ideia, se continuarmos no mesmo ritmo, um em cada 10 brasileiros estará atrás das grades em 2075. <END> Isso comprova que a Justiça manda prender muito, e o que se questiona é essa posição arbitrária, tendo em vista o risco de ferir a presunção da inocência. <END> O que vem prevalecendo é a lógica do encarceramento, o que, talvez, explique essa superlotação, o excesso de prazos e a oneração dos cofres públicos para a manutenção do sistema prisional. <END> Enfim, as projeções não só assustam pela quantidade, mas também pela qualidade, pois há uma desigualdade escancarada entre os que estão presos e os que delinquem.
Descanse em paz, Foé <END> No último domingo (26), completou-se mais um ano da trágica morte de Marc-Vivien Foé. <END> A autópsia apontou uma cardiomiopatia hipertrófica, um ataque cardíaco, em português claro. <END> Aos 27 minutos do segundo tempo de Camarões e Colômbia, Foé sentiu-se mal e foi ao chão. <END> Dono de muita força física, Foé era um meio-campista daqueles que todo treinador gostava de ter: forte e disposto a todo tipo de esforço a favor do time. <END> Quando morreu, Foé jogava pelo City. <END> Foé havia sido muito utilizado por Kevin Keegan naquele ano. <END> Foé comemorando um dos dois gols que marcou na vitória sobre o Aston Villa <END> Naquela temporada ele ainda havia marcado contra o Fulham em um sonoro 4-1 em Maine Road e também deixou um dos tentos que garantiram um empate em 2-2 contra o Everton, em Goodison Park. <END> Seus dois últimos gols pelo City foram justamente contra o adversário dos dois primeiros. <END> Mas apesar de todos estes gols (e deste último, em especial), talvez o momento que mais tenha ficado na memória da torcida do City foi no último Manchester Derby disputado em Maine Road. <END> Apesar dos gols terem sido de Anelka e Goater, Foé foi parte fundamental naquele clássico que acabou com uma invencibilidade de 13 anos do United sobre o City – e isso é algo que jamais será esquecido. <END> Tanto o City sabe como homenagear aqueles que, de alguma forma, ficaram marcados no clube, que a camisa 23, utilizada por Foé naquela temporada, foi definitivamente aposentada. <END> Pai e filho prestam homenagem a Foé em frente ao Maine Road <END> A torcida também deu seu jeito de eternizar o jogador ao fazer uma espécie de memorial com camisas, cachecóis, bandeiras e flores na frente do Maine Road. <END> A temporada 2002-03 havia sido a primeira de Foé pelo clube, mas certamente não teria sido a última. <END> Hoje, ele é. <END> Infelizmente, pelos motivos errados.
Antalya - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira que há vários membros do G20 entre os 40 países que financiam o grupo Estado Islâmico (EI). <END> "O financiamento, como sabemos, provém de 40 países, entre eles vários países do G20", disse em entrevista coletiva após a cúpula do grupo dos 20 países mais ricos e em desenvolvimento, realizada na cidade de Antalya, na Turquia. <END> Putin, no plenário da cúpula, exemplificou "sobre o financiamento de diversas unidades do EI por pessoas físicas". <END> Ele ressaltou que abordaram a necessidade de cumprir a resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU para prevenir o financiamento do terrorismo. <END> O presidente russo também revelou que a parte russa apresentou em Antalya imagens captadas por satélites e por aviões que "mostram claramente a magnitude que o tráfico ilegal de petróleo pelo EI alcança". <END> "As colunas com os caminhões-pipa se estendiam por dezenas de quilômetros", destacou. <END> Putin ressaltou que, após se recusarem a cooperar com a Rússia na luta contra o jihadismo na Síria, todos os países, incluído os Estados Unidos, estão se conscientizando que o terrorismo só será combatido por todos. <END> "Os trágicos eventos ocorridos em Paris somente confirmaram que temos razão" ao propor uma coalizão antiterrorista internacional, afirmou o presidente russo. <END> Por isso, ele pediu que a legitimidade da operação aérea russa contra as posições do EI na Síria deixem de ser alvo de discussão e que os países reúnam esforços contra o terrorismo, concretamente para prevenir atentados no mundo todo. <END> "Infelizmente, ninguém está a salvo de atentados terroristas. <END> "Isto salvou Paris dos ataques terroristas? <END> E destacou, "parte da oposição armada síria considera possível iniciar ações armadas contra o EI caso sejam apoiados pelo ar, e nós estamos dispostos a prestar esse apoio". <END> O chefe do Kremlin ressaltou que continuam a ser analisadas todas as versões sobre a causa da catástrofe do Airbus russo que caiu com 224 passageiros a bordo em 30 de outubro na península egípcia do Sinai. <END> "Se houve uma explosão, entre os destroços da aeronave, entre os pertences dos passageiros, devem ter ficado rastros de substâncias explosivas.
Curitiba - A Operação Lava Jato identificou pelo menos cinco outras empresas investigadas por corrupção na Petrobras - além do estaleiro Keppel Fels - pagaram o operador de propinas Zwi Skornicki, que repassou US$ 4,5 milhões para a conta secreta da Suíça do marqueteiro do PT João Santana - preso com a mulher, Mônica Moura, desde 23 de fevereiro, em Curitiba alvos da 23ª fase batizada de Operação Acarajé. <END> Entre 2013 e 2014, Zwi recebeu comissões milionárias pelo seu trabalho de intermediador de contratos das empresas Queiroz Galvão, Iesa, Saipem, Ensco e UTC - as quatro primeiras negam irregularidades. <END> Há ainda pagamentos regulares por outras que não são alvo da Lava Jato, como a Siemens, Doris, Megatranz, Frasopi e Sotreq. <END> As investigações da Lava Jato nesse frente buscam identificar se o dinheiro que transitou das contas de Zwi para a conta secreta de João Santana teve como origem os desvios na Petrobras. <END> A força-tarefa chegou aos US$ 4,5 milhões transferidos pelo lobista para o marqueteiro do PT analisando os recebimentos da conta mantida por ele no Banke Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance SA. <END> Ao todo, foram identificados 9 depósitos na Shellbill - de João Santana -, que passaram pela agência do Citibank em Nova Iorque, tendo como pagador contas de outra offshore, a Depp Sea Oil, que pertence a Zwi Skornicki. <END> A Deep Sea Oil é uma das empresas que existiam apenas no papel abertas pelo lobista no exterior e supostamente usadas para movimentar propina. <END> Investigadores da Lava Jato haviam apreendido em 2015 na casa do lobista, no Rio, documentos da contabilidade da empresa de consultoria de Zwi, a Eagle do Brasil. <END> Essa empresa, para os investigadores, era a principal recebedora dos serviços de intermediação de contratos na Petrobras. <END> Foi por meio de contas legais e secretas que a Lava Jato investiga a prática de corrupção e lavagem de dinheiro. <END> A PF anexou aos autos o registro de venda, em 2012, de uma BMW 550i no valor de R$ 380 mil para o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, delator do processo. <END> Há ainda o registro de pagamento de aparelhagem de ginástica paga para o ex-diretor de Serviços Renato Duque no valor de R$ 25 mil, no mesmo ano. <END> Cooperação internacional <END> A chave para detalhas as propinas intermediadas por ZWi Skornicki está no Delta Bank. <END> Nos documentos analisados nas buscas de Zwi, a PF identificou uma lista de convidados para festa do filho e sócio Bruno Skornicki em que além de investigados da Lava Jato, como João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, ex-funcionários da Petrobras, está registrada a presença de Paulo Alexandre Lerner, gerente do Delta Bank em Nova York. <END> Ele não foi encontrado para comentar o caso. <END> No Relatório de Análise de Mídia nº 449/2015 da PF há uma troca de e-mail entre Zwi e Lerner, em que o lobista pede ao executivo do banco "que confirme valores" que recebeu do Keppel Shipyard". <END> "A conclusão lógica é que Zwi recebia valores de comissão do Estaleiro Keppel Fels em contas no Delta Bank, possivelmente em nome da offshore Deep Sea Oil Corp", afirma o delegado Filipe Hille Pace. <END> Barusco, delator da Lava Jato, afirmou que houve acerto de 1% de propina em contratos bilionários de navios-sonda pelo estaleiro. <END> Em outra troca de mensagem Zwi trata com Angela Boni, identificada pela PF como representante do banco. <END> Na mensagem, Zwi Skornicki dá ordens e faz indagações a funcionária do Delta Bank de nome Angela Boni. <END> Só do estaleiro Keppel Fels, uma das principais fontes pagadores das consultorias de Zwi, o lobista recebeu R$ 32 milhões no período investigado. <END> Dos US$ 4,5 milhões que a conta da Deep Sea Oil passou para conta secreta de João Santana, três pagamentos foram feitos entre julho e novembro de 2014 - todos no valor de US$ 500 mil -, período da campanha eleitoral em que a presidente Dilma Rousseff foi eleita. <END> A Polis Propaganda e Marketing, do marqueteiro petista, foi a responsável pela campanha, ao custo de R$ 70 milhões. <END> Mônica Moura, presa junto com Santana, em Curitiba, afirmou em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira, 24, que os valores repassados por Zwi foram caixa-2 da campanha presidencial de Angola. <END> O nome do operador, segundo ela, foi indicado pela campanha angolana. <END> A defesa de Zwi Skornicki informou que só vai se pronunciar nos autos. <END> O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, fechou acordo de delação premiada e confessou ter pago propina em contratos da Petrobras para executivos da estatal, partidos e políticos. <END> Não foram encontrados representantes da Keppel Fels, IESA, Saipem e Ensco para comentar o caso.
13 hábitos que ajudam a diminuir a barriga <END> Sem "pochete" <END> São Paulo – Você faz dieta, sua a camisa na academia, mas ela continua no mesmo lugar. <END> Apesar disso, existem hábitos (alimentares ou não) que ajudam a reduzir esse volume desnecessário. <END> Gastar mais calorias do que consome <END> Não tem jeito. <END> A fórmula não é apenas ingerir poucas calorias, mas também seguir um programa alimentar rico em nutrientes, fibras e antioxidantes. <END> Corrigir a postura <END> 3/15Getty Images <END> "A postura errada faz com que a barriga pareça maior", afirma Cintia Azeredo. <END> Comer alimentos com fibras <END> 4/15Spencer Ritenour / Stock Xchng <END> "O aumento do consumo de fibras na dieta contribui para redução da barriguinha, já que as pessoas tendem a ingerir menos gorduras e calorias", afirma Cintia Azeredo. <END> Associados às fibras, vale a pena comer fontes de ômega-3, como sardinha, salmão, chia e linhaça, que também atuam no emagrecimento (e, consequentemente, na perda da barriga). <END> Fazer exercícios <END> 5/15Getty Images <END> Para perder peso e barriga, não basta ter uma dieta balanceada. <END> Evitar pão branco <END> 6/15Stock Exchange <END> O pãozinho francês ou o pão de forma do misto quente estão entre os alimentos que ajudam a aumentar a barriga. <END> Reduzir o açúcar da dieta <END> 7/15Getty Images <END> A nutricionista Cintia Azeredo afirma que o açúcar também é um ingrediente que causa aumento do abdômen, já que provoca desequilíbrio da flora intestinal. <END> Combater o estresse <END> Fazer aquilo que gosta e evitar situações e uma rotina estressante está entre os hábitos sugeridos pela nutricionista Cintia para reduzir a barriga. <END> Atividades prazerosas, de lazer e bem-estar são a chave para compensar o cotidiano pesado, que nem sempre pode ser contornado. <END> Evitar bebidas alcoólicas <END> 9/15Marcos Santos/USP Imagens <END> Assim como o açúcar, as bebidas alcoólicas levam à distensão abdominal pelos mesmos motivos. <END> Cortar comidas ricas em sódio <END> 10/15Reiner Kraft/Wikimedia Commons <END> Para quem deseja reduzir o volume da barriga, comer embutidos e congelados, por exemplo, é um retrocesso. <END> Investir nos termogênicos <END> 11/15Joven David / Stock Xchng <END> Aliados no combate ao barrigão e ao excesso de peso são os chamados alimentos termogênicos. <END> Fugir do que é "junk" <END> Batata frita: a fábrica da McCain na Argentina fornece batatas congeladas às cadeias McDonald's, Burger King e à brasileira Bob's <END> Se o intuito é perder a barriga ou afastar as chances de ela aumentar, as comidas gordurosas, como salgadinhos, empadões, queijos gordurosos, sanduíches, frituras e manteiga, devem ser evitados, de acordo com as nutricionistas. <END> Evitar refrigerantes <END> 13/15Mario Tama/Getty Images <END> Cintia ainda afirma valer a pena cortar os refrigerantes do cardápio, por duas razões. <END> Controlar alimentos que causam desconforto <END> 14/15Ana Claudia Crispim / Viagem e Turismo <END> Apesar de nutritivos, há alimentos que podem causar desconforto abdominal, segundo Cintia Azeredo.
O que seria "princípio da simetria" no federalismo brasileiro?
Professor de sociologia do ensino médio do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, Vitória/ES <END> Fantasias de todo tipo – religiosas ou políticas e até científicas. <END> Em artigo recente [i] tivemos a oportunidade de observar a força dessas fantasias, alimentada pelo medo, pelo ódio ou, quem sabe, por interesses inconfessáveis. <END> Para aceitarmos essa "tese" precisaríamos também descartar o fato de as ciências sociais serem celeiro de uma infinidade de correntes teóricas e de autores de perspectivas diversas sobre o mundo social, tais como Weber, Simmel, Durkheim, Mauss, Foucault, Berger, Goffman, Fromm, Lévi-Strauss, Castoriadis ou Pareto - para citar alguns exemplos. <END> Proponho uma alternativa: antes de tudo, é preciso que se esclareça que existem filósofos de todos os matizes teóricos (ou ideológicos, se preferirem). <END> Mas o caso é que a sociologia pode ser uma contribuição importante para a formação de nossos jovens educandos. <END> O que se conclui de todo esse debate é que convivemos com um futuro que se pretende (pós) moderno – o que dizer de estudos sobre a implicação do pragmatismo de Richard Rorty na educação, realizados por professores e alunos de pós-graduação da Unesp/Marília, coordenados pelo Dr. Paulo Ghiraldelli Jr. [iii] , por exemplo? – e com o ranço de um passado que insiste em se manter vivo.
EM TEMPO <END> Nós e eles <END> A linguagem preferida dos belicosos parece ter seus dias contados, pelo menos esta é a esperança. <END> Ninguém sabia ao certo quem eram os "marajás" que Collor se propunha a caçar. <END> Toda luta por direitos iguais deve ser respeitada, mesmo porque a história não muito distante registrou apartheid, nazismo, fascismo e inúmeras guerras étnicas de brancos e negros entre si. <END> O negro Pelé, que sempre teve mais habilidade com os pés que com a língua, disse certa vez que o povo brasileiro não sabia votar. <END> Infelizmente, nosso querido Brasil está às voltas com afirmações que não ajudam a unir o país. <END> É muito bonito que cada um dos que compõe a nação brasileira tenha conhecimento de suas origens, as cultue em todos os sentidos, desde que esse culto não inclua a discriminação dos que não parte deste grupo. <END> As culturas são diferentes, as cores são diferentes, as posses são diferentes, os sons e os tons são diferentes.
Veja em nosso blog... <END> Modem e roteador são peças fundamentais para que a rede de casas e empresas funcione. <END> Modems são utilizados para fazer a comunicação entre cabos, fibras óticas ou linha telefônica e receptores. <END> Já os roteadores captam o sinal do modem e distribuem para as redes sem fio.
Trabalho Temporário <END> O Trabalho Temporário é regulamentado pela lei nº 6.019 de 3-1-74 e seus decretos, é uma lei exclusiva para contratação de pessoal para todas as atividades que a Empresa necessite de mão-de-obra por tempo determinado de 1 a 6 meses, esta contratação é simples e bastar ter a elevação da atividade produtora ou tarefas excepcionais a serem realizadas, todas as funções são contempladas com a Lei de Temporários, das atividades fim da empresa como as áreas técnicas, de produção, administrativa e comercial ou atividades meio, manutenção, serviços extras, ou atividades de curto prazo. <END> VANTAGENS DA CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA TEMPORÁRIA: <END> Serviço de administração de temporários por uma empresa idônea, legalmente autorizada pelo Ministério do Trabalho; <END> Recrutamento eficaz, rápido e assertivo colocando o trabalhador imediatamente no processo produtivo ou na tarefa a ser executada, com isso o cliente terá maior produção e resultados; <END> Reposição imediata do trabalhador temporário sem custo adicional ou prejuízo na produção; <END> Redução de custos na área de pessoal (emissão de contrato de trabalho, preenchimento e assinatura de carteira de trabalho, inscrição no PIS, recolhimentos de INSS, FGTS, folha de pagamento, etc.), por um período de até 3 meses; <END> Contrato flexível e sem burocracia, sendo fácil o termino do contrato com o temporário; <END> O temporário no término do contrato poderá ser efetivado na Empresa sem qualquer custo adicionais ou taxa de Recrutamento e Seleção, sendo que o mesmo já terá conhecimento das rotinas e valores da função; <END> Incentivos fiscais advindos do contrato se o contratante for optante do lucro real;
Seis clãs perderam a fortuna <END> A foto que ilustra esta página foi tirada no dia 28 de março de 1928 e registra um dos momentos mais significativos da história dos negócios no Brasil: a fundação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o embrião do que seria, três anos depois, a Fiesp. <END> Esta é a primeira diretoria da atual Fiesp, em foto tirada em 1928 <END> Nome do fundador <END> Destino da empresa <END> 1 - Antonio <END> Fábrica de calçados <END> 3 (enteados) <END> Foi fechada. <END> 2 - José Ermírio de Moraes <END> Indústria têxtil Votorantim <END> 3 - Carl Adolph Von Bülow <END> Companhia Antarctica Paulista <END> Foi vendida. <END> 4 - Alfried Weiszflog <END> Editora Melhoramentos <END> 5 - Horácio <END> Indústria de papel e celulose <END> 6 - Jorge Street <END> Indústrias têxteis <END> Foram à falência ainda na gestão do fundador. <END> 7 - Francesco Matarazzo <END> Conglomerado de indústrias <END> Praticamente desapareceu. <END> 8 - Roberto Simonsen <END> Foi vendida. <END> 9 - Plácido Meirelles <END> Indústrias têxteis <END> Foram à falência. <END> Durante três meses, a equipe da revista localizou e obteve informações sobre como estão vivendo os descendentes das nove famílias fundadoras da entidade. <END> Em alguns casos a riqueza ruiu ainda nas mãos do fundador. <END> Mauricio Matarazzo, tataraneto do conde, estudou direito canônico e hoje é sacerdote da Opus Dei, uma vertente da Igreja Católica conhecida pelo rigor em relação aos dogmas da religião. <END> Os conhecidos <END> Eles são os herdeiros famosos da primeira diretoria da Fiesp <END> Antonio Ermírio <END> Ermírio de Moraes <END> Segunda anos <END> Presidente do conselho do grupo Votorantim <END> Horácio Piva <END> 47 anos <END> Membro do conselho da Klabin <END> Eduardo Suplicy <END> 63 anos <END> Senador da República <END> Os anônimos <END> Eles são os herdeiros famosos da primeira diretoria da Fiesp <END> Mauricio Matarazzo <END> 46 anos <END> Padre e membro da Opus Dei <END> Wiliam Von Bülow <END> Von Bülow <END> 37 anos <END> Professor de wakeboard <END> Zélia Monteiro <END> 44 anos <END> Bailarina e professora de bal <END> As empresas quebram por razões variadas. <END> Outro tropeço comum foi o processo de sucessão nesses grupos. <END> Um dado importante sobre as grandes fortunas é que elas precisam continuar se multiplicando para garantir sustento aos herdeiros. <END> O Brasil (principalmente o dos últimos 30 anos) é um ambiente hostil para os que querem fazer negócios. <END> A resposta para o sucesso delas passa pelas mesmas razões que fizeram o sucesso do um terço dos fundadores bem-sucedidos. <END> O objetivo de toda empresa é sobreviver mesmo diante das maiores adversidades. <END> Menos negócios <END> EXAME fez um levantamento sobre o perfil empresarial dos 526 descendentes(1) dos nove patriarcas fundadores da Fiesp. <END> Lafer 71,4 <END> Ermirio de Moraes 28,7 <END> Simonsen 28,5 <END> Meirelles 22,2 <END> Von Bülow 19 <END> Matarazzo 15 <END> Weiszflog 13,6 <END> Street 1,6 <END> Devisate 0 <END> (1)Para este cálculo só foram contabilizados os descendentes com idade acima de 24 anos