text O Paciente Inglês ” , de 1996 . Graças à sua mensagem , pude corrigir o erro no texto . De novo , muito obrigado . Sérgio [ … ] opinião é de que é um filme em tudo superior ao tão endeusado e oscarizado Guerra ao Terror / The Hurt Locker , de Kathryn Bigelow , de 2008 . Ainda se farão , é claro , dezenas e dezenas de filmes sobre a [ … ] Uma Simples Formalidade / Una Pura Formalità / Une Pure Formalité De : Giuseppe Tornatore , Itália-França , 1994 Complemento de anotação em 2011 : “ Na Itália , um diálogo a portas fechadas entre um comissário de polícia doido por literatura e um escritor suspeito de assassinato . ” Esta é a sinopse do Cinéguide francês sobre o filme de Giuseppe Tornatore de 1994 . O guia é de uma capacidade de síntese incrível : dificilmente suas sinopses ultrapassam quatro linhas . Eis agora a sinopse de Leonard Maltin , no Movie Guide , o guia de filmes mais vendido no mundo : “ O inspetor de polícia Polanski , investigando um assassinato que acaba de acontecer , interroga o mundialmente famoso escritor Depardieu , que não consegue se lembrar o que estivera fazendo naquela tarde . Em wildscreen , mas com boa parte confinada em uma sala escura , deprimente . ” Eis ainda uma terceira sinopse , de autoria de Tad Dibbern , que está no IMDB : “ Onoff é um famoso escritor que não publica livro novo faz algum tempo , e se transformou numa pessoa reclusa . Quando ele é pego pela polícia numa noite de tempestade , sem qualquer identificação , sem fôlego , depois de correr como um louco , sem lembrança dos eventos recentes , o inspetor fica cheio de suspeitas . Através do interrogatório , o chefe dessa solitária , isolada , mal tratada delegacia de polícia tentar estabelecer o que aconteceu , penetrando na mente do escritor que admira , para resolver uma morte misteriosa . ” *** Estou apresentando essas três sinopses antes de transcrever minha própria anotação , feita em 1997 , assim que terminei de ver o filme pela primeira e única vez . Quando , em 2008 , resolvi criar este site , coloquei no ar minha anotação – e passei a receber comentários , alguns bastante agressivos , dizendo que eu não havia entendido coisa alguma do filme . Agressividade dos comentários à parte , de fato eu não tinha entendido o que o diretor Tornatore quis dizer em seu filme . Poderia ter simplesmente jogado fora o post ; porém , por uma questão de honestidade para comigo mesmo , mantive minha anotação , acrescentando que de fato precisava rever o filme . Novos comentários vieram , alguns bastante mais educados do que os primeiros , como os do professor Wilson Garcia , do Recife . Em respeito a quem enviou os comentários , e a mim mesmo , continuo mantendo o post no ar , mesmo não tendo ainda revisto o filme para refazer minha anotação . Eis aí o que escrevi em 1997 . Mais abaixo estão comentários esclarecedores . *** Anotação em 1997 : O filme parte de uma idéia bárbara , sensacional ( na apresentação , não se diz argumento e roteiro de Giuseppe Tornatore , mas sim “ idéia original e roteiro ” ) . E conta com dois atores monstros , embora o francês Gérard Depardieu e o polonês-cidadão-do-mundo Roman Polanski estejam dublados para o italiano . Conta ainda com a música de Ennio Morricone , uma câmara excelente , uma cenografia muito bem cuidada ( de Andrea Crisanti ) . E , no entanto , o final é um tanto decepcionante ; o filme perde o fôlego , fica confuso , não desata os nós – pelo menos foi a sensação que tive nesta primeira vez . Posso estar enganado . Mas a sensação que tive foi de que Tornatore ainda não tinha maturidade suficiente para tratar das muitas e complexas questões que aborda . ( Ver complemento abaixo . ) A idéia central : a confrontação de dois homens dentro de uma delegacia de polícia , o representante do Estado , a autoridade , e o suspeito de um crime , e as disputas pelo poder que nascem daí , as inversões do mando de jogo quando se descobre que o suspeito não é um homem comum , e sim uma figura ilustre , importante , respeitada na sociedade . E mais : a discussão sobre arte , sobre a arte que o artista produz e o ser humano às vezes abjeto que é o artista ; o endeusamento do artista ; as vacilações de caráter do artista , a crise do bloqueio , a incapacidade de continuar criando . Tudo dentro de um tour-de-force no embate , durante uma noite de tempestade , entre duas personalidades num recinto fechado , que é em boa parte a essência das artes cênicas todas . A abertura do filme é brilhantíssima . Um revólver dispara . A câmara vai correndo numa floresta em meio a uma chuva forte ; percebemos imediatamente que a câmara são os olhos de um personagem que corre , resfolega ; a câmara vira para a esquerda , para a direita , para correr entre as árvores . A seqüência dura toda a apresentação . Ao final da apresentação a pessoa que corre se depara com policiais . Só aí vemos que é Dépardieu . A polícia pede os documentos , ele não tem ; é levado para a delegacia , uma delegacia pobre , de interior da Itália , lugar nada turístico , onde há diversas goteiras . A primeira imagem que temos , assim , é do homem indefeso diante da máquina do Estado , um homem molhado até os ossos , a quem não dão o direito de tomar um banho , botar uma roupa seca , e que fica à espera da chegada , nunca se sabe quando , da autoridade , o comissário de Polícia , interpretado por Polanski , brilhantíssimo . E aqui talvez seja preciso lembrar que de fato Polanski é um grande ator – como já havia demonstrado à exaustão em A Dança dos Vampiros , Chinatown , O Inquilino . Começa o interrogatório ; o preso diz que se chama Onoff , e o comissário diz que então se chama Leonardo da Vinci . Porque , veremos em seguida , Onoff é um escritor famoso , de quem o próprio comissário é leitor ardoroso , a ponto de saber recitar frases inteiras . O comissário leva um tempo até se convencer de que o preso fala a verdade , é de fato Onoff . E então temos a segunda imagem – a autoridade se curvando diante da pessoa importante . O comissário muda completamente o tratamento do preso , faz com que ele troque de roupa , bote roupa seca ; passa a tratá-lo com a reverência do pequeno funcionário público diante de um homem famoso . E o preso então bota banca , se sente reconhecido , acha que passou a dominar a cena . Acontece que , embora com reverência , o comissário continua a fazer perguntas – e o preso entra em contradições , não sabe responder a questões básicas . Houve um crime no lugar , naquela noite , informa o comissário ao preso , e ele precisa saber a verdade . O espectador vê fragmentos de imagens que passam rapidamente pela cabeça do preso ; ou ele de fato teve uma amnésia parcial , e não sabe o que aconteceu durante três horas daquela noite , ou está escondendo fatos da autoridade . Tudo isso é muito bem contado ; Tornatore cria com brilhantismo um clima caustrofóbico , de demência , de insanidade . A partir daí é que Tornatore perde a mão , eu acho . A história começa a ficar confusa ; ficamos sabendo que o escritor famoso está em profunda crise existencial por não conseguir escrever novas obras , e que a última que publicou foi na verdade roubada de um mendigo que ele conheceu e admira ; não fica claro se ele matou alguém , ou se forjou um estranho suicídio montando um boneco em forma de gente com suas próprias roupas e colocando no interior velhas fotos e lembranças . Não fica claro o que aconteceu com a visita que recebeu , uma mulher misteriosa , que tanto pode ter sido sua ex-mulher quanto uma nova amante . Complemento em novembro de 2009 : Várias pessoas escreveram mensagens para o site ( estão aí logo abaixo ) dizendo que eu não entendi nada . Ou que o filme permite várias leituras – uma delas é a de que Onoff ( on x off ) já chegou à “ delegacia ” desligado da vida material , e a delegacia , naturalmente , é apenas uma metáfora . Estão certas essas pessoas , errei . Vou rever o filme e escrever de novo sobre ele . Mas deixo a anotação original aqui , em que , aliás , eu até admitia que podia mesmo estar enganado . Estava . A gente erra mesmo ; errei . Tornatore não perdeu a mão . Quem não tiver espiritualidade suficiente para entender que Onoff já se encontrava em espírito quando chegou à “ delegacia ” , assista de novo e entenda a “ delegacia ” post mortem . COmo disse ocolega Carlos , On Off é uma puta sacada…e é muito bom saber que tem genet que não entende o filme de primeira…é sinal que é bom de mais e não segue os passos dos blockbusters…AO caro colega q não entendeu , digo,,,,veja novamente e leve em consideração dicas postadas aqui..verá q o filme é fantático … . ( não contamos o fim , apenas damos dicas para não estragar a surpresa ) Conforme já foi comentado por outros aqui , o crime que Onoff cometeu foi o seu próprio suicídio e ele já estava desligado da vida material quando chegou à delegacia . O filme é sensacional , roteiro inteligentíssimo do início ao fim e com um final surpreendente = ) Mas credo em cruz , Kathren , não precisava de tanta agressividade . Você não leu o complemento que escrevi e que está lá direitinho , dizendo que errei , que não entendi o filme ? Nossa , moça , pra que tantas pedras na mão em cima do pobre coitado que não entendeu o filme mas que se penitenciou por isso ? Está com algum problema na vida ? Boa sorte pra você , moça , nesta vida e na outra . Mas menos ódio , por favor … Sou Wilson Garcia e encontrei o seu site quando procurava pelo Google informações sobre o filme “ Uma simples formalidade ” . Estou copiando o que você escreveu para discutir com meus alunos de cinema digital numa faculdade aqui do Recife . Mas o que desejo mesmo é cumprimentá-lo e dizer que gostei muito do seu site e dos textos . Estou colocando-o entre os meus preferidos quando se trata do assunto cinema . Grande abraço . Olá , Wilson . Muito obrigado pela mensagem e pelo elogio extremamente gentil . Interessante é que você tenha conhecido o site exatamente através de um filme que não entendi – de fato , não percebi a coisa do On e Off , do já estar morto . Preciso rever o filme . Poderia até ter retirado o post , mas resolvi deixar assim mesmo … De qualquer forma , agradeço muito a sua mensagem . Um abraço . Sérgio Olá Sérgio . Percebi sua dúvida , bem como sua abertura para a outra visão , que os seus amigos colocaram . É muito curioso o que ocorre com os espectadores diante da proposta do filme . Ainda nesta semana , uma turma de cerca de 20 alunos o assistiu e como entre eles há as mais diversas ideologias religiosas/não-religiosas , logo na abertura do debate uma aluna , católica , em seu comentário demonstrou imensas dificuldades de compreender aquele final e fez algumas conjecturas desconexas . Imediatamente , um aluno , espírita , rebateu dizendo que o filme tratava claramente da vida após a morte , especialmente do que ocorreria / ocorre com os suicidas e citou como fonte de consulta um livro , segundo ele , psicografado por Chico Xavier e escrito pelo Camilo Castelo Branco-espírito , onde narra os fatos por ele , Camilo , vividos no pós-mortem . Como se sabe , Camilo suicidou-se . Ao final do debate , o raciocínio do aluno espírita prevaleceu sobre as opiniões dos demais . Um certo consenso natural . Intriga-me este filme desde a primeira vez que o vi . Tenho notícias de que o diretor Giuseppe Tornatore estará aqui por Recife no próximo mês de maio , por ocasião da realização do Cine-PE 2011 . Penso em conversar com ele sobre a proposta do filme , se me for possível . Por outro lado , gostaria de sugerir a você , caso ainda não o tenha visto , assistir o filme “ À primeira vista ” e , quem sabe , escrever sobre ele . Trata-se da experiência de um cego que vive a experiência da visão por alguns meses e depois torna à cegueira . O filme é baseado em fatos reais e me é muito útil no estudo das imagens , especialmente do fenômeno da percepção visual . Caso lhe sirva , aí está . Grande abraço . pois é , parece que o “ trabalho ” do comissário era convencer o cara de que ele morreu / se suicidou . da pra perceber que o carro em que ele parte no final desce por um vale , o que me pareceu alusão ao vale dos suicidas . . Antes de tudo , está de parabéns o blogueiro pela humildade . De fato errou , como todos nós erramos . Estúpido é o ser humano que xinga alguém por isso . Quanto ao filme , uma belíssima obra de arte ( assisti ao original em francês , sem dublagem , Une Pure Formalité , com legendas , óbv , rs ) , fotografia bela , diálogos e texto riquíssimos , e atuações espetaculares do Polanski e Depardieu , especialmente deste último . De fato o final é espiritual , a “ delegacia ” é como que um “ hospital psiquiátrico ” onde o SUICIDA fica para recobrar a memória e tomar consciência do que fez , antes de “ seguir viagem ” . Isso fica bem claro nos diálogos finais ( “ ele sabe ? ” , “ não , ninguém sabe quando chega ” ) . Basta reassistir o filme com essa ótica que tudo fica MUITO claro , os diálogos , as expressões dos atores , etc . É um filme na linha Os Outros , Sexto Sentido , Ilha do Medo , etc , mas MUITO mais profundo e mais rico – embora menos tenso . Certamente foi uma das inspirações do Scorsese para fazer Ilha do Medo . *** Apenas mais uma observação : você comentou que o Depardieu e o Polanski estavam dublados para o italiano . Assisti a versão original ( em francês ) . Se for assistir novamente , assista a original . Filme dublado não dá . Cara Vanda , Muito obrigado pelas suas duas mensagens . Quanto à coisa da dublagem , concordo em princípio com você : filme dublado não dá . Mas há algumas poucas exceções , quando as dublagens são feitas pelo próprio diretor , em geral porque o elenco tem atores de diferentes nacionalidades . Neste caso aqui , tenho quase certeza de que a versão dublada para o italiano foi feita pelo próprio Tornatore . Assim como , por exemplo , Visconti fez uma versão em italiano de “ Violência e Paixão ” , e uma em inglês , aproveitando a voz de Burt Lancaster . Um abraço , e obrigado . Sérgio assisto este filme repetidamente a vários anos , na época meu ex disse ser loucura de imaginar um filme sobrenatural , indagar acontecimentos pós morte , fiquei feliz , depois de tantos , ver pessoas q compartilham da minha análise . a folha lançou uma vez fita vejam se , já lançaram em dvd . concordo com o sérgio que o filme tem passagens confusas . eu jamais tinha entendido que o filme trata de um morto que nao sabe que morreu . Para mim tinha ficado a impressao de que o escritor vivia uma crise de identidade . na verdade ele era um mendigo que achava que era o escritor . ele confundia suas lembrancas com de alguma outra pessoa e o delegado procurava ilumina-lo disso . estou aqui porque fui pesquisar na net pra ver se alguem me fornecia explicação pelo filme pois o filme é excelente sob muitos aspectos Adorei ter lido a crítica e todos os comentários feitos , DEPOIS de ter visto o filme , porque , assim como o crítico , eu também não tinha entendido o filme . Foi um prazer ter dito a mim mesma aquele ” ahhh…então era isso ! ” . Exceto pela forma meio agressiva em 1 ou 2 textos , toda a discussão e os comentários feitos aqui foram uma delícia , mas eu pergunto : O que mais esperar de um quarteto como este ( Depardieu , Polanski , Tornatore e Morricone ) além de puro brilhantismo ? ? Maravilhoso . Na primeira vez que assisti , fiquei realmente preso ao jogo da retórica e nem questionei o final . Vendo novamente , seis anos após é que entendi da sua falta de convencimento que estava morto . Isso não quer dizer que seja um filme espírita , pelo contrário , o “ réu ” estava ali a ser condenado pelo suicídio , mas em momento algum assume outra vida . Quanto ao idioma , tanto no francês , quanto no italiano ( leciono este ) , são maravilhosos . Como bem disse um colega acima , filmes de dupla nacionalidade ou com atores de países diferentes , se traduzidos pelo autor , continuam originais . O que não dá , é para assistir Germinal , por exemplo , em português . Parabéns pela humildade e inteligência , pois percebestes que a honestidade para consigo mesmo é a melhor forma de rever , reaprender e evoluir . entendo o filme como o purgatório pós suicídio , mas tem uma cena do Polanski tirando a arma do plastico e vendo a arma com seis balas no tambor , essa é uma dúvida q fica na minha cabeça qnto ao suicídio , onde estaria a bala , pq tornatore fez essa cena se qria justificar o suicídio no sentido da delegacia enquanto o purgatório , entendi o filme de prima como de fato o purgatório , mas a cena da arma com 6 balas no tambor me deixou encasquetado , mesmo com dialogo no final referente a nova alma q se encontra bebendo leite na delega . É um filme excelente , há muito tempo atrás ja havia assistido em VHS mais de uma vez , hj revi de novo pois consegui baixar , não se acha o filme em DVD . não havia tido essa interpretação espírita , talvez o filme tenha várias interpretações , essa do suícidio é uma outra visão e alguns fatos talvez levem a esse , analisando agora a partir desses comentários , mas não sei , tem esse comentário do Pablo Treuffar , o sonho que Onoff tem qdo acorda na delegacia ” Paola , tive um sonho sonhei que tinha matado meu editor … ” Acho que esse final intrigante e discutivel que nos faz pensar sobre o filme por tanto tempo . Carissimo realmente o filme para quem não conhece a doutrina espirita é intrigante e sem nexo . Mas o filme foi brilhante , não era somente o Pardie que era morto , todos eram mortos e estavam em outra dimensão . Foi um resgate daquela alma que ja estava preparada , até porque seu suicidio ja havia aconticido a muito tempo antes……o o inspetor começou um trabalho de psicologia para faze-lo lembra de tudo….foi espetacular….se quiser conversar mais o meu email é mcbucci@bucciadvogados.com.br Interpretações magistrais de Polanski e Depardieu . No final ficou claro pra mim que Onoff não estava mais nesta vida . Procurei aqui na internet comentários sobre o filme para conferir outras opiniões . Constato que o mundo é feito de espíritos humildes e pretensiosos . Linda a sua postura , a sua coragem e a sua integridade , Wilson . Pessoas como você fazem toda a diferença . Parabéns ! “ Relações de poder ” e “ espiritismo ” . Marxismo e relativismo . Fizeram com o filme o que os pastores fazem com a Bíblia : interpretam conforme lhes convém . A delegacia é o purgatório . Por isso muitos ainda permanecem lá . Onoff , ao contrário , conscientizou-se do suicídio . Os que não acreditam no conceito de céu e inferno é porque estudaram apenas as pinturas renascentistas e não tendo fôlego para o aprofundamento teológico , caíram em falsas doutrinas por acharem a explicação de tudo “ mais fácil ” . 2 Trackbacks [ … ] com tudo mundo ; eu , que estou a muitos anos-luz de ser um Roger Ebert , não entendi , por exemplo , um filme de Giuseppe Tornatore – e já me malharam várias vezes por isso . Ebert poderia ter reescrito seu texto – mas não . [ … ] Mistério na Neve / Smilla’s Sense of Snow De : Bille August , Alemanha-Dinamarca-Suécia , 1997 Nota : Resenha para a Agência Estado , em 1997 : Mistério na Neve tem dois pontos excelentes . O primeiro é a abertura do filme , a seqüência inicial . ( Como diriam os jornalistas , o lead . O lead , o primeiro parágrafo de um texto , tem que ser atraente , fisgar o leitor , fazê-lo se interessar pelo assunto . ) O lead do diretor Bille August é absolutamente brilhante . Dinamarquês , ganhador de duas Palmas de Ouro em Cannes , a quem o mestre Ingmar Bergman confiou a tarefa de dirigir um filme sobre a vida de seus pais , baseado em roteiro dele mesmo ( As Melhores Intenções ) , Bille August desta vez se meteu no mundo dos policiais , dos thrillers . E fez um lead brilhante , um plano-seqüência na paisagem estranha , imponente , desolada , de outro mundo , quilômetros de gelo a perder de vista na Groenlândia , até chegar a um solitário pescador esquimó com seus cães , minutos antes de um cataclisma . A cena – nos avisa uma legenda logo de cara – se passa na última década do século XIX . E então acontece o cataclisma . Corte rápido , e estamos em Copenhagen , nos dias de hoje , acompanhando uma mulher estranha , linda mas sempre tensa , nervosa , desconfiada , uma outsider , uma desajustada , uma pessoa que não pertence à sociedade da Dinamarca de hoje , um bicho estranho no ninho da civilização . Até seu nome é estranho : Smilla . O nome dela está no título original do filme , Smilla’s Sense of Snow – o sentido da neve de Smilla . O segundo ponto excepcional desse filme é exatamente o personagem de Smilla , que o escritor ( também dinamarquês ) Peter Hoeg , o diretor Bille August e a atriz Julia Ormond criaram . Se você viu a nova versão de Sabrina , esqueça a carinha bonita e charmosa de Julia Ormond naquele filme ; neste aqui a atriz está bonita , sim , mas com uma beleza esquisita , longe de qualquer padrão , agressiva , nervosa , com o semblante sempre duro , marcado , de quem sofreu e sofre muito na vida . Smilla é um personagem absolutamente fascinante , que vai se revelando aos poucos , enquanto se desenrola a trama intrincada , complexa , que vai unir aquele cataclisma acontecido no século passado na Groenlândia à morte de um garotinho que mora no mesmo prédio que Smilla . O legista , a polícia , todas as autoridades dizem que ele caiu do teto do prédio ; contra tudo e todos , Smilla garante que ele foi assassinado . Ela sabe disso porque examinou as pegadas dele na neve do teto do prédio , e de neve ela entende : ela tem o sentido da neve . A Escandinávia tem se mostrado pródiga em belos livros e filmes de suspense , mistério , histórias policiais , thrillers . O sueco Stieg Larsson ( 1954-2004 ) foi e é um fenômeno mundial , com um monte de milhões de livros vendidos . O norueguês Jo Nesbø , nascido em 1960 , seis anos , portanto , depois de Larsson , segue pelo mesmo caminho ( seu livro lançado mais recentemente no Brasil , Boneco de Neve , fala em 20 milhões de exemplares vendidos no mundo ) , com a vantagem de que não morreu tão jovem quanto o colega sueco , e continua produzindo abundantemente . Esse Pål Sletaune , do mesmo ano de Jo Nesbø , poderia perfeitamente ter escolhido a carreira de escritor – é autor de quatro roteiros originais . Preferiu escrever suas histórias diretamente para as telas . Pelo que mostra neste Babycall , tem imaginação , capacidade , talento para contar histórias . Assim como tem talento e segurança para contá-las no cinema . Babycall é o título original do filme – assim , com a expressão em inglês . No mercado de língua inglesa , Babycall foi exibido como The Monitor ; aparentemente não teve lançamento no circuito comercial brasileiro ; foi exibido pelo canal Max com o título de Babá Eletrônica . Uma tradução correta – literal . Essa engenhoca que parece um walkie-talkie , e que as mães usam para ouvir os ruídos do quarto do bebê , tem função importante na trama . Um terror que não vem de outro mundo , e sim de dentro da cabeça É uma história de suspense , quase terror , daquele tipo em que o terror é psicológico . Não está em seres de outro mundo ou outra dimensão ( embora haja um pequenino passo nesse território ) , e sim na cabeça das pessoas . Essa cabeça que , como dizia o jovem Walter Franco , pode explodir . Ou seja : está muito mais perto de O Inquilino e Repulsa ao Sexo de Polanski , O Iluminado de Kubrick , do que de Os Outros de Amenábar e O Sexto Sentido de M . Night Shyamalan . Começa com a tela negra , enquanto ouvimos uma voz masculina chamar por Anna e perguntar onde está Anders . A primeira imagem que se vê é um close-up de uma mulher aparentemente agonizante , caída no chão , sangue na boca , no nariz . E em seguida volta-se no tempo . Não há letreiros para indicar isso , mas fica absolutamente claro que é um flashback . Aquela mulher que estava agonizante – Anna , o papel dessa extraordinária Noomi Rapace – está no banco de uma van . A van a deixa diante de um gigantesco prédio de apartamentos . Ela e o filho Anders ( Vetle Qvenild Werring , na foto ) , garoto de oito anos , vão se instalar num apartamento do prédio enorme . Para os padrões brasileiros , seria um prédio classe média média ; para os padrões escandinavos , deve ser um conjunto “ popular ” , simples , sem ostentação mas com conforto , limpo , bem cuidado . Ao entrar no apartamento , Anna fecha todas as cortinas . Anna tem no rosto uma permanente expressão de pavor , de um medo profundo . O espectador fica torcendo por aquela mulher apavorada A conta-gotas , bem pouco a pouco , através de diálogos não absolutamente explícitos , o espectador vai sabendo que o marido de Anna é violento , bateu nela e no filho . Anna e Anders estão agora em endereço desconhecido para que o marido não possa encontrá-los ; a Justiça proibiu o marido de chegar perto deles , mas Anna teme que ela desrespeite a sentença . Está sob a vigilância de agentes sociais do Estado . O pavor de Anna é tamanho que ela a princípio não quer permitir que Anders freqüente escola ; os agentes a convencem de que isso é impossível , o garoto tem que ir à escola . Anna então o leva , mas fica junto do pátio – recusa-se a sair de perto do filho ameaçado . O espectador se compadece daquela mulher apavorada , se simpatiza com ela , torce por ela . Uma tomada indica que há ali algo mais estranho do que se pensava Um funcionário da escola vai ao pátio para conversar com Anna . Ela foge dele , entra num ônibus – mas assim que entra aperta a campainha para poder descer na parada mais próxima , para então voltar para perto de Anders . Um homem sentado no ônibus percebe a aflição da mulher . Explica que mudaram o ponto , mas que ele está logo ali à frente . Descerão os dois na mesma parada . O homem se chama Helge ( Kristoffer Joner ) , e trabalha como vendedor numa grande loja de departamentos , no setor de eletro-domésticos e eletrônicos . Anna comprará dele uma babá eletrônica . Ele pergunta a idade do bebê , Anna responde que o filho tem oito anos . Helge simpatiza com aquela mulher visivelmente transtornada . No apartamento , Anna ouvirá choro de criança , súplica de criança , voz ameaçadora de adulto . Mas os sons não vêm do quarto de Anders – ali tudo parece estar em paz . Anna volta à loja , conversa com Helge . Ele explica que às vezes ruídos de casas próximas entram na babá eletrônica ; mas basta sintonizar nas duas caixinhas o mesmo canal para que isso não aconteça . Quando a narrativa já está ali pela metade , há uma tomada que indica para o espectador que há algo ainda mais estranho do que tudo que havia sido mostrado antes . A câmara faz close-ups do rosto de Noomi Rapace-Anna , e o espectador vê o pavor A história é fascinante . Lançam-se muitas dúvidas ao longo da narrativa , o espectador tem todo o direito de ficar confuso , perplexo – mas todas as pontas serão competentemente ligadas . Não restará furo algum . Babycall é um belo filme por causa da trama perturbadora , da maneira com que o diretor Pål Sletaune a relata – madura , sem efeitos fáceis , fogos de artifício – , e , sobretudo , pela interpretação extraordinária dessa jovem atriz . Lisbeth Salander , a personagem criada pela imaginação desvairada de Stieg Larsson , é de fato extraordinária , completamente fora de série . É uma das personagens mais fascinantes da literatura e do cinema dos últimos muitos anos . Gruda na cabeça da gente , como se fosse alguém real , de carne e osso . Ao ser levada para o cinema , Lisbeth Salander foi encarnada por duas atrizes igualmente fora de série , primeiro essa sueca Noomi Rapace , depois pela americana Rooney Mara . Me recusei a ver a refilmagem americana de Os Homens Que Amavam as Mulheres ( para que , se a sueca era ótima ? ) , mas todo mundo elogiou o desempenho de Rooney Mara como Lisbeth Salander ; e depois ela nos impressionou demais , a mim e a Mary , por seu desempenho fantástico em Terapia de Risco / Side Effects , de Steven Soderbergh ( 2013 ) . Noomi Rapace está estrondosamente brilhante como essa Anna , essa mãe em permanente pavor , mãe abnegada que faz de tudo para proteger seu filho do monstro brutal que é o próprio pai dele . Ela não é uma mulher de beleza esplendorosa – e isso ajuda . Tem um rosto forte , de feições marcantes ; o corpo parece frágil , pequeno , indefeso , e a postura corporal dela , e todo o seu rosto , exalam pavor . A câmara faz close-ups do rosto de Noomi Rapace-Anna , e o espectador vê o pavor ali . O rapaz que se compadece de Anna pode não ser exatamente o que aparenta Também Helge , o vendedor da loja que se aproxima da pobre Anna , é um personagem muito interessante , bem construído e bem interpretado por Kristoffer Joner . Helge é educado , prestativo , percebe que Anna é uma mulher tremendamente angustiada – mas ele também tem problemas . Seu comportamento , seu jeito não muito à vontade , nervoso , às vezes faz o espectador suspeitar de que ele pode não ser o que aparenta . Em ações paralelas à história de Anna , vemos que a mãe de Helge está em estado vegetativo em um hospital . O médico conversa com ele – tenta , de maneira educada , polida , fazer Helge compreender que não há volta para a mãe , e que depende apenas dele a decisão de continuar mantendo-a viva com auxílio das máquinas , ou terminar com aquela agonia . No final da narrativa , haverá uma surpreendente revelação sobre Helge . São muito loucos , esses escandinavos Há muito tempo venho vendo filmes no DVD ou gravados no HD do cabo , de tal forma que me habituei a dar rewind , voltar atrás para ver de novo uma sequência , um detalhe , uma frase , uma expressão , um movimento de câmara . Este Babycall vimos enquanto passava no Max ; estava gravando , e por isso tinha a consciência de que poderia rever um detalhe ou outro , se quisesse , quando quisesse – mas a experiência de ver um filme sem poder usar o controle para dar rewind ajudou a me deixar fascinado e perplexo com essa obra . Revimos o início do filme logo em seguida . Revimos com atenção a cena da van . É tudo certinho , bem feitíssimo , não há furo . Se o espectador for extremamente atento , naquela seqüência da van ele poderá intuir o que virá . Conforto material demais , sol de menos . São muitos loucos , esses escandinavos . E talentosos . 2 Comentários Sérgio , fiquei muito confusa , mas por agora não tenho paciência para revê-lo.(mea culpa ) . O seguinte , achei que Anders e Anna são Helge adulto e a mãe em estado terminal . Os quadro formam são na verdade dois . O filme pertence aquela categoria de mães castradoras e esquizofrênicas … Vou parar que já falei muita bobagem . Desculpe não tenho a sua inspiração para escrever . Abraços Caríssima Maria Teresa , você não falou nenhuma bobagem . Pode até ser que sua interpretação seja correta . Ou pode perfeitamente ser que o filme seja mais obra aberta do eu supus . Ou seja : que ele possa ser interpretado de mais de uma maneira . ATENÇÃO : SPOILER BRAVO ! Quem não viu o filme não deve ler isto . De qualquer forma , aí vai a forma com que eu entendi : No final , revela-se que Hegel havia sido abusado quando criança . E a mãe dele tinha conhecimento disso . Revela-se também que o garoto Anders estava morto fazia já dois anos , assassinado pelo pai . O filho que Anna tentava proteger estava só na imaginação dela . Dizem que é Pecado / People Will Talk De : Joseph L . Mankiewicz , EUA , 1951 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Mais uma delícia da série ah , como era melhor o cinema nos anos 30 a 60 – e mais uma das quase incontáveis provas de que ainda há muitos clássicos da era dourada a serem vistos . É uma espécie assim – quase 50 anos à frente – de Patch Adams , de 1998 , aquele com o Robin Williams sobre médico que quer dar alegria aos doentes . Aqui , Cary Grant faz o papel um médico absolutamente especial , anticonvencional , talvez como todos devessem ser , em cuja clínica , por exemplo , as pessoas comem a hora que quiserem ( e não na hora que as enfermeiras determinam ) . Um colega da faculdade de Medicina onde ele dá aulas , pessoa de caráter e estatura moral pequenos , por ciúme e inveja , tenta investigar o passado dele , para descobrir algum podre que possa bani-lo do quadro de professores . Paralelamente , o médico se apaixona por uma jovem solteira que está grávida ( epa : outro tema muito adiante da época do filme ) de um caso eventual . A moça é interpretada porJeanne Crain , um dos mais perfeitos rostos femininos de Hollywood . Sofisticado , inteligente , irônico , mordaz , como tudo em que o diretor Joseph L . Mankiewicz põe a mão . Frank e o Robô / Robot & Frank De : Jake Schreier , EUA , 2012 Nota : A idéia básica é interessante , poderia talvez resultar em um bom filme : num futuro próximo , homem idoso , que vive sozinho numa casa isolada e enfrenta a perda da memória , passa a ter como cuidador um robô . A princípio , é claro , rejeita ferozmente a nova companhia . Depois , com o tempo , não só aceita a presença do robô como desenvolve uma amizade , uma cumplicidade com ele . Acrescente-se a essa boa idéia básica um certo toque do Ray Bradbury , de Fahrenheit 451 : no maravilhoso mundo novo , os livros estão sendo substituídos pela plataforma digital . O protagonista , o velhinho Frank do título , é um ávido leitor , enquanto a bela biblioteca da cidadezinha próxima de sua casa está passando por uma modernização , os livros , esses danados desses suportes físicos , indo para a reciclagem . Solidão , velhice , perda da memória , a difícil convivência entre o velho e seus filhos adultos , amizade e cumplicidade entre homem e máquina , o admirável mundo novo que prescinde de suportes físicos , onde tudo vai para a nuvem . Temas interessantes , fascinantes mesmo . E , para completar , um bom elenco . O excelente Frank Langella , que recentemente nos brindou com belíssimas interpretações em Frost / Nixon , de 2008 , e A Caixa , de 2009 , faz o velhinho Frank . A sempre maravilhosa Susan Sarandon faz Jennifer , a bibliotecária que ama profundamente os livros e é pega pela modernização , pela informatização de seu local de trabalho . O filho de Frank , Hunter , rapaz inteligente , talentoso , formado em Princeton , que venceu na vida muito jovem , é interpretado pelo galã James Marsden . A filha , Madison , uma believer , ativista social , que luta pela melhoria das condições de vida em países miseráveis da Ásia , vem na pele e na beleza ofuscante de Liv Tyler . A voz do robô ( que não tem nome , tadinho , e durante todo o filme é tratado apenas como “ o robô ) tem a voz de Peter Sarsgaard . A trama mistura ficção científica , comédia , drama familiar e thriller Ficção científica , comédia , drama familiar . O autor do argumento e do roteiro , Christopher D . Ford – ele é um garotão jovem e , antes deste aqui , havia escrito apenas os roteiros de uma série de TV , Atom TV – já estava com elementos de vários gêneros . Mas , como se isso não bastasse , quis acrescentar à sua trama um pouco de thriller policial . Tramas policiais têm público garantido , e então lá vai : no passado , Frank , aquele senhor que está perdendo a memória , é apaixonado por livros e por Mozart , havia sido um ladrão de jóias . Tipo assim : já que tinha mesmo um tanto de Fahrenheit 451 , por que não acrescentar uma pitada de Poder Absoluto , de Clint Eastwood ? E Frank vai descobrir , para seu absoluto júbilo , que os programadores do robô não incutiram nele noções de certo ou errado perante as leis dos homens e dos deuses . O robô não tem em sua programação nada que diga que roubar é contra a lei . Muitos elogios de espectadores no IMDb , nota 3.5 em 5 no AllMovie Dessa combinação de diversos elementos resultou um filme que parece ter fascinado muitos espectadores . No IMDb , os leitores demonstram seu encanto . “ Gostei de Robot & Frank , embora não saiba muito bem por que se referem ao filme como uma comédia ou uma comédia sobre amigos ” , escreveu um leitor da Flórida . “ Na verdade , é um filme bastante sério e a rigor depressivo – mas altamente original . Frank Langella interpreta um velho que está indo embora mental e fisicamente . Exasperado , seu filho decide fazer alguma coisa para livrar-se da preocupação com o pai – e compra um robô que vai cuidar dele . No entanto , a memória de Langella é intermitente – e a parte criminosa de seu passado está viva e atuante . E ele espera que o robô possa ajudá-lo no próximo golpe . ” Um leitor do IMDb da Holanda se entusiasmou : “ O filme é interessante , surpreendente , de encher o coração , inteligente , provocante , engraçado , subestimado , bem escrito e bem dirigido . Traz interpretações de primeira por atores de primeira ” . Um leitor da Virginia escreveu : “ Um filme engraçado & tocante que consegue fazer a audiência se identificar e simpatizar com o personagem de Frank Langella , um ex-ladrão de jóias que está ficando senil . ( … ) O filme é inteligentemente e ambiguamente passado no ‘ futuro próximo ’ , e então as pessoas que hoje têm entre 30 e 40 anos poderiam facilmente ser os Franks de amanhã : ainda usando as gírias dos anos 2000 & 2010 , sem medo das mais recentes tecnologias , mas de alguma maneira aturdidas por elas , e capazes de ficar bem agastadas quando os jovens perguntam sobre sua ‘ relação com a mídia impressa ’ . O AllMovie , o elegante , respeitável site que traz bons textos sobre os filmes , não fez uma crítica sobre Frank e o Robô , apenas a sinopse , que dá uma visão geral . O texto é assinado por Jason Buchanan , de quem já li diversas boas críticas , e trata com carinho o filme que define como “ uma terna comédia dramática de ficção científica ” . A nota dos editores do AllMovie para o filme é 3.5 estrelas em 6 – a mesma média dos votos dos leitores . A direção é fraca , há sequências de um ridículo atroz , e a trama é cheia de furos Tudo isso posto , digo que eu , pessoalmente , achei o filme muito , muito ruim . E não vi o filme com má vontade , ou cansado , ou coisa parecida . Tinha interesse em vê-lo , e no início ele chegou a me deixar bastante curioso sobre o que poderia vir a seguir . No final , achei que Frank e o Robô desperdiça o que tem de bom – aqueles elementos citados na abertura desta anotação , e seu bom elenco . Os defeitos estão no roteiro e na direção – esta , de Jake Schreier , um iniciante , assim como o roteirista , Christopher D . Ford . Foi o primeiro longa dirigido pelo rapaz . Os leitores do IMDb que citei ( e há diversas outras avaliações tão positivas quanto as que reproduzi ) parece que se encantaram com os temas interessantes , e deixaram de ver a quantidade imensa de furos , de improbabilidades , de falhas óbvias na história . Tipo : o que poderia explicar que Frank , ex-presidiário ( 16 anos atrás das grades , em duas condenações diferentes ) , tivesse aquele padrão de vida , morando naquela casa gigantesca ? Como seria possível que a perda de memória de Frank fosse tão seletiva ? O camarada se esquece de quem foi sua mulher , a mãe de seus filhos , o fato de que o filho já saiu da universidade faz muitos anos , o fato de que o restaurante de que gosta já fechou , mas mantém a mente absolutamente lúcida para planejar os roubos . Ah , truco ! Se a visita da filha Madison ao pai ( por mais bela que seja Liv Tyler ) não é um amontoado de situações ridículas , então definitivamente não sei mais o significado do ridículo . Idem ibidem para toda a sequência da polícia cercando a casa de Frank , tudo de um ridículo atroz . E o que dizer da descoberta que Frank faz ao ver uma foto na sala da bibliotecária Jennifer ? O Sexto Sentido / The Sixth Sense De : M . Night Shyamalan , EUA , 1999 Nota : Anotação em 2001 : Que prazer sensacional – e raro – rever um filme de suspense e gostar tanto quanto da primeira vez . Neste caso específico , é fascinante ver o filme sob outra ótica , depois de saber o segredo que o diretor indiano radicado na Filadélfia só revela no final . E o filme é fascinantemente bem construído também para ser revisto , e portanto visto sob a outra ótica . Não há falha alguma , tudo se encaixa , tudo funciona . É , de fato , um dos melhores thrillers dos últimos tempos . E como trabalha bem esse garotinho Haley Joel Osment . Ele foi indicado para o Oscar de coadjuvante – tinha 11 anos quando fez o filme - , assim como a australiana Toni Collette . Ao todo , o filme teve seis indicações – as outras foram filme , direção , roteiro original e montagem . Não levou nenhum Oscar , mas teve no total 31 prêmios mundo afora e 37 indicações . A questão é que o filme é extraordinário demais – o que levou todo mundo a ficar esperando mais obras-primas de M . Night Shyamalan . E ele não conseguiria fazer mais um filme à altura deste aqui . 3 Comentários Eu adorei este filme quando o vi pela primeira vez ! Achei-o inteligente , pois tudo revela o final , mas ninguém percebe as pistas . Revi-o há poucos dias , continua inteligente , mas perdeu a graça da surpresa . Em compensação , achei ainda mais pedacinhos de pão que o diretor deixou pelo caminho … enfim , tem uma graça diferente , investigativa . E , na minha opinião , o mais impressionante neste filme , mais até do que o desempenho do menino , é o trabalho do Bruce Willis … contido , centrado e bem diferente do brucutu dos filmes de ação que costuma protagonizar . Outro filme que considero perfeito . Montagem absurda , atuacoes primorosas e um roteiro magnifico . Obras desse naipe me fazem adorar a setima arte . Tambem gostei bastante de A Vila e Corpo Fechado . Ja Fim dos Tempos , Ultimo Mestre do Ar e o pavoroso Dama da Agua eu nao entendi direito o que o talentoso indiano tinha na cabeca quando resolveu realiza-los , talvez seja sonho de infancia fazer filmes infantis e catastrofe . Ultimamente produziu um bom terror chamado Demonio . Talvez seja muito complicado tentar fazer algo melhor que o perfeito ( isso e ppssivel ? rsrsrsrsr ) , pensei que Nollan nunca superaria Amnesia mas , com pelo menos dois ou tres subsequentes , atingiu a mesma posicao na minha opiniao . De quaquer forma MN Shyalaman e um dos grandes diretores de minha geracao . Nunca vou esquecer : i see dead people . Também gosto imenso deste filme e ainda hoje o estive a rever mais uma vez . Embora o final já não cause surpresa continuo a gostar . E podemos verificar que tudo está certo , não há nada errado . Um prazer ver filmes deste gabarito . Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Jeffrey – De Caso com a Vida / Jeffrey De : Christopher Ashley , EUA , 1995 Nota : Anotação em 1998:Um filme extremamente corajoso . E , além disso , extremamente bom , inteligentíssimo , cheio de belas sacadas , grandes idéias , tudo muito bem executado . Não foram poucas as pessoas que já escreveram que Philadelphia , de Jonathan Demme , de 1993 , a primeira obra do cinemão de Hollywood a falar da aids , é politicamente correto , bem intencionado , mas pouco corajoso , pouco sério e profundo , tocando só muito de leve no fato de o personagem central ser homo . Até o Maltin , a coisa mais mainstream dos guias , diz : “ Não sabemos sobre ele ( o personagem de Tom Hanks ) , ou seu amante ( Banderas ) ” . Pois bem . Este Jeffrey veio definitivamente preencher a lacuna , me parece . Este é um filme extremamente corajoso . Verdade que a aids hoje é uma praga que atinge heteros , homens , mulheres e crianças . E também , vendo-se por outra perspectiva , é verdade que o cinema , há cem anos marchando sempre na direção de explicitar mais e mais todas as coisas , e mais e mais tem tocado em tudo que um dia já foi considerado tabu ; basta ver , por exemplo , as cenas de homossexualismo de O Padre , o belíssimo filme inglês . E mesmo Hollywood já fez pelo menos um filme absolutamente sensível sobre aids – Armadilha Selvagem / In The Gloaming , do ex-Super-homem Christopher Reeve . Mas , apesar de ser necessário reconhecer essas verdades , também é verdade que os homens homo são ainda boa parte das vítimas da doença . E a aids ainda se mantém com a pecha da peste gay . O filme parte daí . Mostra a história de Jeffrey ( Steven Weber ) , um rapaz homo em Nova York – e só levissimamente “ veado ” , ou seja , com trejeitos que parecem femininos – que decide parar de transar , pelo medo da aids e pelo desgosto com as relações que só conseguem se basear em atestados médicos indicando ausência do HIV . Na terceira ou quarta seqüência ele está se apaixonando . Mais tarde , veremos que o homem por quem Jeffrey se apaixona , Steve ( Michael T . Weiss ) , é soropositivo . Diante disso , Jeffrey foge da relação , apesar dos conselhos insistentes do maior amigo , Sterling ( Pat Stewart ) , que vive uma relação estável com Darius ( Bryan Batt , interpretando o que antigamente chamávamos de bicha louca ) , ele também soropositivo . Darius morrerá da aids ; e aparecerá como um bom fantasma para se despedir de Jeffrey ensinando a grande lição : “ Odeie a aids , não a vida ” . A coragem , assim como o brilho do filme , não vem apenas porque ele assume discutir francamente os relacionamentos homo diante da ameaça da praga . A coragem e o brilho vêem basicamente da forma como ele optou por abordar o tema . Não é uma estrutura de drama – embora haja momentos pesados , densos , sérios . Ao contrário : é uma abordagem divertida , alegre , bem humorada . O filme é contado em capítulos , quase numa estrutura de esquetes de TV , como os franceses da nouvelle vague gostavam de fazer ; os atores conversam com o espectador , da maneira como Woody Allen sempre gostou de fazer ; na primeira cena de beijo homo , mostra-se um grupo de pessoas vendo o filme , os garotos indignados e repugnados , as garotas nervosamente achando graça . A deusa Sigourney Weaver dá um show em um engraçadíssimo esquete ironizando os gurus de auto-ajuda . Madre Teresa de Calcutá comparece algumas vezes à cena , em um achado inteligentíssimo , até provocativo , mas de forma alguma desrespeitoso . Um padre ( ele também homo ) dá lições sobre a vida e a religião – em um diálogo sério , mas com um tom hilariante . Tem graça , tem estilo , é inteligente e divertido . Mas não é uma brincadeira besta com um assunto sério ( como é , por exemplo , o filme Ruth em Questão / Citizen Ruth , uma abordagem absolutamente infeliz sobre a luta pelo direito ao aborto ) . Não , não é uma brincadeira besta . Tem o que dizer a respeito do tema – e diz , e é sério e importante o que diz , embora faça questão de não ser sisudo ou chato . A peça na qual o filme se baseia estreou em Nova York em 1993 , o mesmo ano do filme Philadelphia . Em 2008 , vejo no IMDB que o diretor Christopher Ashley ficou sem realizar filme algum desde este Jeffrey . Só em 2008 foi dirigir um outro , Last Call . Uma pena , porque o cara tem talento e sensibilidade . Trem da Vida / Train de Vie De : Radu Mihaileanu , França-Bélgica-Holanda-Israel-Romênia , 1998 Nota : Fazer uma comédia sobre a perseguição dos nazistas aos judeus é um ato de coragem . Mas Trem da Vida , que o diretor romeno radicado na França Radu Mihaileanu realizou em 1998 é mais ousado ainda que uma simples comédia , porque é um filme não realista – é uma farsa , uma fantasia , uma obra de realismo fantástico , do surrealismo , quase um nonsense . Um ano antes de Trem da Vida , o italiano Roberto Benigni havia feito uma comédia sobre o mesmo tema , A Vida é Bela , um filme de grande sucesso e , na minha opinião , um tanto superestimado , com seus três Oscars , outros 52 prêmios e 31 indicações . Não que Benigni tivesse , é claro , inventado a roda . Os judeus – assim como os ciganos , homossexuais , portadores de deficiência – ainda estavam sendo presos e enviados para os campos de concentração quando Charles Chaplin fez O Grande Ditador ( 1940 ) e Ernst Lubitsch realizou Ser ou Não Ser ( 1942 ) , duas comédias ácidas , duras , mas comédias , sobre o nazismo . O grande diferencial de Trem da Vida , me parece , é o fato de ser uma narrativa nada , nada realista . E , nisso , ele foi um precursor de uma série de filmes que seriam feitos nos países surgidos dos escombros do comunismo , como a Geórgia e , em especial , a própria Romênia natal de Radu Mihaileanu . Filmes que denunciam , com extrema violência , imensa virulência , o outro regime totalitarista que dominou diversos países europeus ao longo de várias décadas do século XX . Era como se aqueles diretores , que viveram sob as ditaduras comunistas , tivessem tanto ódio do totalitarismo imposto pelo império soviético que se insurgiam também contra o estilo narrativo que o Estado comunista exigia , o realismo socialista , optando pelo oposto dele – um estilo surrealista , quase nonsense . Como já escrevi aqui : Em Os 27 Beijos Perdidos , feito por Nana Djordjadze em 2000 na Geórgia , a terra natal de Stálin , há um navio que passeia pelas ruas da pequena cidade e pelos campos ao seu redor , um marinheiro que perdeu o mar , um oficial que manda a artilharia disparar seus canhões em direção ao local em que sua mulher o trai com outro homem , um sujeito que amarra rolamentos no pauzão de 27 centímetros e depois não consegue tirá-los de lá e a cidade inteira tem que acudi-lo ; e , numa seqüência antológica , um camarada que está comendo uma mulher de pé , encostando-a numa mesa , usa , para ficar mais alto e facilitar o trabalho , dois livrões de Karl Marx sob os pés – livros que em seguida vão pegar fogo . Em Casamento Silencioso / Nunta Muta , feito em 2008 na própria Romênia , a narrativa do diretor Horatiu Malaele passeia pelo paranormal , vê fantasmas , bota os atores para atuar como que em um teatro farsesco , faz um surrealismo que deixaria Fellini humilhado de inveja . O louco da aldeia é que dá aos sábios a idéia de fugir num trem Essa fuga do realismo , essa vingança não só contra a ditadura , mas também contra a sua estética , é o cerne de O Trem da Vida – mais ainda que a opção , corajosa e difícil , pelo riso . O filme conta a história de um vilarejo judeu , um shtetl , no verão de 1941 , quando as tropas nazistas dominavam a maior parte da Europa , e , no seu avanço , iam prendendo milhares , milhões de judeus , que em seguida eram deportados , em trens , para os campos de concentração e extermínio . Não se especifica em que país fica aquela pequena aldeia – pode ser qualquer um da Europa Central ou do Leste , como a própria Romênia ( onde boa parte do filme foi rodado ) . Quem primeiro avista os nazistas chegando a uma aldeia próxima é Schlomo ( Lionel Abelanski , na foto acima ) , o louco daquela aldeia , daquele shtetl específico . É Schlomo que conta o que viu para o conselho de sábios do shtetl , chefiado pelo Rabino ( Clément Harari ) – e é ele também , o louco da aldeia , que dá a idéia : antes que chegue o trem nazista para deportá-los , a aldeia poderia criar o seu próprio trem , pintá-lo como um trem nazista , e fantasiar alguns de seus habitantes como soldados nazistas . E assim eles poderiam viajar e escapar das prisões – viajar rumo à Rússia , depois rumo à Palestina . Ao ver o movimento frenético da vila no dia seguinte à reunião do louco com os sábios , uma das mulheres sentencia : – “ Deus , por que são os homens que dirigem o mundo ? E um louco mostra o caminho ! ” Uma atmosfera onírica , surrealista , impregnada de um humor desavergonhado Dá-se uma grande discussão para definir quais deles representarão os nazistas . Naturalmente , ninguém quer o papel do opressor . Mas o conselho de sábios vota e decide : Mordechai ( Rufus ) , um dos bons comerciantes da aldeia , será o chefe do destacamento nazista incumbido de “ deportar ” os judeus . A aldeia entra numa atividade febril – e são maravilhosas , esplendorosas as sequências , com belos travellings , elaborados planos gerais da aldeia trabalhando freneticamente , preparando o grande golpe . Essas sequências são tornadas mais fantasticamente belas pela trilha sonora , de autoria de Goran Bregovic , o grande músico natural de Sarajevo . O filho do Rabino , Yossi ( Michel Muller ) , é enviado até uma cidade para providenciar passaportes falsos com um amigo da comunidade . O tal amigo era um comunista ferrenho , e Yossi volta à sua aldeia comunistinha da silva , falando que ninguém deveria fugir de coisa alguma , que em breve o comunismo dominaria o mundo e tudo seria uma única e feliz nação socialista , formado apenas pelos homens novos , conforme ensinava o camarada Stálin . Na hora de providenciar um profissional para pôr para andar a locomotiva , o máximo que conseguem é um jovem idealista , um burocrata do Ministério dos Transportes , que nunca dirigiu coisa alguma na vida . Mas ao menos ele tem um livro com instruções sobre como manejar uma locomotiva . E por aí vai – tudo numa atmosfera onírica , surrealista , mas sempre impregnada de um humor desavergonhado , escrachado . A garota mostra os seios para o jovem comunista : “ Isto aqui não é melhor que Marx ? ” A garota mais bela da aldeia , Esther ( Agathe de La Fontaine , na foto ) , apaixona-se perdidamente por um garoto boa pinta , filho de Mordechai , e que havia sido convertido ao comunismo pela doutrinação de Yossi . Quando a bela conta ao pai o objeto de sua paixão , desperta a ira dele : ela não pode , de jeito nenhum , se apaixonar por um comunista que além de tudo é filho de um nazista . Sim , porque a maioria dos vilarejos passa a acreditar piamente que seus compatriotas , seus amigos até dias atrás , que agora vestem fardas nazistas , passaram a ser de fato nazistas . O próprio Mordechai , depois de algumas aulas de alemão , passa a achar que ele é , de fato , um oficial nazista que tem o direito de dar ordens aos prisioneiros judeus . E , lá pelas tantas , a bela Esther se cansa da perspectiva de continuar virgem para todo o sempre , abre a blusa e mostra os peitos de estátua renascentista para o neo-comunista filho do neo-nazista : – “ Isto aqui não é melhor que Marx e Engels e Lênin ? ” O rabino faz negócio com Deus Num determinado momento , o trem – que anda em círculos , sem sair muito do lugar de origem – é cercado de nazistas de verdade . O rabino negocia com Deus : – “ Meu Deus , nunca imaginei mesmo que todos nós escaparíamos . Mas faça com que as crianças e os jovens atravessem a fronteira e vivam em paz na Palestina . ” E , já que está mesmo negociando , prossegue : – “ Mulheres e homens também . Afinal , as crianças precisam dos pais . E , já que salvou tanta gente , por que abandonar os velhos ? O que foi que eles fizeram ? ” “ A Terra só é Santa em um lugar ? ” Usar o humor ao se falar de uma das maiores tragédias da história da humanidade é algo perigoso . Qualquer passo em falso e se pode cair da corda bamba no ridículo , no grotesco . Radu Mihaileanu é um equilibrista de mão cheia . Um talento absurdo nessa arte perigosa . Jamais pisa em falso . Jamais comete uma vulgaridade . Jamais erra o tom . E tempera as tiradas surreais , oníricas , de sonho ruim , de pesadelo terrível , com pitadas de imensa simpatia pelos homens , pelos pobres seres humanos . Como no diálogo de um garotinho com sua mãe , no trem : O garotinho : – “ Ainda estamos longe ? ” A mãe : – “ Sim , meu querido . ” O garotinho : – “ A Terra só é Santa em um lugar ? ” A mãe : – “ Tem razão . A Terra todas podia ser Santa . Bastaria querer . E nada mais seria distante . ” Trem da Vida foi o terceiro filme do diretor . Havia feito um curta-metragem em 1980 , o ano em que se radicou da França , fugindo da ditadura patética de Nicolau Ceausescu . Em 1993 realizou Trahir e , em 1997 , para a TV , seu segundo longa , Bonjour Antoine . Em 1998 , ano de Trem da Vida , estava com 40 anos de idade . É daquele tipo de artista que não produz demais ; ao contrário , sua filmografia não é longa . Em 2002 veio outro filme para a TV , Les Pigmées de Carlo ; em 2005 , Um Herói do Nosso Tempo . E , em 2009 , realizaria O Concerto , uma obra-prima maravilhosa , acachapantemente bela . O Concerto tem várias das características que Mihaileanu já burilava em Trem da Vida . É também uma comédia , que muitas vezes passa longe dos naturalismos , do realismo pão-pão , queijo-queijo ; também flerta com o nonsense , com a atmosfera onírica , surrealista . Também comete exageros – sem que isso , no entanto , desequilibre , desbalance a narrativa . E , como Trem da Vida , O Concerto é um panfletaço anti-totalitarismos , anti a entrega apaixonada e cega das pessoas às ideologias Logo depois de ver O Concerto , poucos dias atrás – o que me deu muita vontade de rever este Trem da Vida – , anotei que o filme demonstra , como outras obras-primas do cinema , que as pessoas estão acima dos Estados , das ideologias , dos nacionalismos ; que as pessoas são todas iguais ; raça , existe uma só , a humana , seja a pele de que cor for , a íris dos olhos de que cor for ; que são as ideologias , as fórmulas inventadas pelos que se pretendem dominadores das pessoas , que criam , nutrem e exacerbam os preconceitos entre os grupos de uma raça que afinal é a mesma ; que , se fossem deixadas a seus próprios destinos , se não fossem instigadas pelas máquinas governamentais , as pessoas poderiam conviver de forma melhor , talvez até quase fraterna . Quando passam a ser comunistas ou fantasiados de nazistas , os personagens deixam de ser fraternos Trem da Vida insiste muito nessa noção , que está presente também em O Concerto . Em Trem da Vida , isso é realçado o tempo todo : os amigos da aldeia , uma vez divididos entre judeus e ( falsos ) nazistas e recém convertidos ao comunismo , tornam-se quase inimigos mortais . E a fantasia , a farda falsa , quase transforma o bom Mordechai num nazista . Dá vontade de ver os outros filmes desse sujeito de imenso talento – os anteriores , e o que ele fez depois de O Concerto , La Source des Femmes , o poço das mulheres , uma produção de 2011 ( o filme estreou no Brasil em janeiro de 2012 ) . Credo em cruz : nesse novo filme , ele reúne a fantástica Hiam Abbas , de Lemmon Tree , A Noiva Síria e O Visitante , com a revelação Hafsia Herzi , a garotinha da dança do ventre de O Segredo do Grão . Um romeno-francês , uma palestina de Nazaré , uma francesa descendente de tunisianos e argelinos . Promete , promete . Radu Mihaileanu é grande . Radu Mihaileanu é supra-nacional , como a música , o cinema , como toda arte que vale a pena . Minha Vida de Cachorro / Mitt Liv Som Hund De : Lasse Hallström , Suécia , 1985 Nota : Anotação em 2010 : Minha Vida de Cachorro é um belo filme , sensível , com um bem dosado equilíbrio entre tristeza e graça . Não tem contra-indicação : é agradável até para quem , como eu , não gosta especialmente de filmes sobre infância , o mundo visto através dos olhos de uma criança . A criança em questão é Ingemar , um moleque de uns 12 anos , raciocínio de adolescente bem mais velho em diversas situações , e comportamento e aparência de bem mais novo que isso . Ele é interpretado por Anton Glanzelius , que está absolutamente perfeito no papel . A ação se passa no final dos anos 50 – em 1959 , para ser preciso . Não há letreiro informando a data , mas , em uma seqüência no final , toda a pequena cidade em que está Ingemar acompanha a luta em que em Ingemar Johansson derrotou Floyd Patterson e tornou-se campeão mundial dos pesos pesados , o primeiro e creio que único sueco a conquistar o título . A luta aconteceu em 1959 , um ano depois que o Brasil foi campeão mundial de futebol em Estocolmo . Essa informação não está aí solta – está é fora de lugar . Volto ao assunto mais tarde . Nosso Ingemar , então , é assim : uma figurinha um tanto complexa . Volta e meia tem atitudes de moleque de sete anos de idade – briga aos tapas com o irmão mais velho , Erik ( Manfred Serner , à esquerda na foto ) , que deve ter uns 16 ; faz manha , derruba leite na mesa e no chão ; remexe o prato de comida e não come nada , irrita os mais velhos . Ao mesmo tempo , faz longas filosofadas sobre o peso das coisas da vida – compara tragédias . Para se consolar da sua dor , pensa em histórias mais tristes ainda , como a de uma freira que foi ajudar as pessoas na Etiópia e acabou morta a pauladas . Ou sobre a cadelinha Laika , que os russos tinham acabado de mandar para o espaço num Sputnik e que morreria lá de fome . É um menino muito bem informado . Bem , também estamos falando de Suécia , primeiríssimo mundo , boa educação . Um garoto com sortes na vida – e enfrentando uma tragédia Ingemar tem algumas sortes na vida . Tem uma namoradinha linda na sua cidadezinha – e , na cidadezinha do seu tio , para onde será mandado duas vezes , será disputado por duas garotinhas ; uma delas , Saga ( Melinda Kinnaman ) é uma gracinha de menina , boa no futebol e no boxe e bastante oferecidinha a ele , Ingemar . O tio ( Tomas von Bromssen ) é uma grande figura , sujeito sempre alegre , brincalhão , bem humorado , assim como sua mulher . E ainda tem Berit ( Ing-Marie Carlsson , na foto abaixo ) , a mulher mais gostosa da cidadezinha , por quem aliás o tio tem uma forte atração ; Berit gosta de Ingemar , ficam amigos , e , quando o escultor da localidade a chama para posar nua , ela leva Ingemar junto para as sessões na casa do artista , que é para manter a coisa meramente profissional , sem sexo envolvido . A tragédia na vida de Ingemar é que sua mãe ( Anki Liden ) , uma bela mulher que foi fotógrafa , está muito doente , e cada vez pior . É para que ela possa descansar , longe daquele moleque travesso dentro de casa , que Ingemar é enviado para a casa do irmão dela , na outra cidadezinha . Ingemar ficará lá cercado por pessoas que gostam dele e o tratam bem – mas longe da mãe e da outra grande paixão de sua vida , a cadelinha Sickam . Um dos grandes méritos do diretor Lasse Hallström e de seus roteiristas é criar uma galeria de tipos interessantes , fascinantes , bem desenvolvidos . Nisso ele tem a ajuda do elenco , todo ele extraordinário . Temos o tio , figura de bem com a vida , tarado por mulheres , por futebol , por boxe ; trabalha numa fábrica de vidro – aparentemente , o lugar que dá emprego para boa parte dos habitantes da cidadezinha ; e , nas horas vagas , está sempre produzindo alguma coisa ; tem jeito para tudo ; construirá para Ingemar brincar uma casinha no terreno ao lado da casa onde mora . Temos um velhinho bem velhinho e doente que vive com o tio de Ingemar , tarado e safado , que vive a pedir ao garoto que leia para ele textos de uma revista que descrevem roupas íntimas de mulheres . Temos a já citada Berit , figura sensacional , que sabe que é a mulher mais cobiçada do lugar e leva isso numa boa , na maior . A mulher do tio , que tem , como ele , um bom humor a toda prova . Temos o doidão do lugar , que gosta de tomar banho pelado no riacho em pleno inverno nórdico . E temos a garotinha Saga ( na foto mais abaixo ) , uma figura também muito interessante , a princípio preocupada em esconder os seios que começam a crescer , para poder continuar jogando futebol com os garotos , e depois interessada em mostrá-los e oferecê-los a Ingemar . Falei da coisa de o Brasil ter sido campeão do mundo na Suécia em 1958 – tem a ver com a história . O tio de Ingemar é apaixonado pelo Brasil , fala de samba , do futebol brasileiro , tem fotos de sua viagem ao Rio de Janeiro . Se o Lula visse o filme , diria que foi graças a ele que o Brasil se tornou conhecido mundialmente , e é por causa dele que na Suécia se fala tanto de Brasil . Claro , claro . Um diretor de belos filmes O filme se baseia numa novela autobiográfica de um escritor chamado Reidar Jonsson . Lasse Hallström , então com 39 anos ( nasceu em Estocolmo , em 1946 ) , foi um dos autores do roteiro . Tinha já uma carreira firme , na Suécia ; havia dirigido seis longa-metragens , inclusive ABBA : The Movie , de 1977 , sobre o conjunto musical que era o maior produto de exportação da Suécia . Com Minha Vida de Cachorro , tornou-se conhecido internacionalmente . O filme foi indicado para os Oscars de melhor filme estrangeiro e melhor roteiro adaptado , e também para o Bafta de filme estrangeiro ; não levou nenhum dos três prêmios , mas ganhou o Globo de Ouro de filme estrangeiro e mais 12 prêmios mundo afora . Hallström ainda faria mais dois filmes na Suécia depois de Minha Vida de Cachorro , mas , a partir do início dos anos 90 , estabeleceu-se em Hollywood . Fez diversos bons filmes , em geral falando do mesmo tema , a vida em família , as relações familiares – Meu Querido Intruso / Once Again , de 1991 , em que reuniu novamente Richard Dreyfuss e Holly Hunter , que haviam feito juntos Além da Eternidade / Always , de Steven Spielberg ; Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador/What’s Eating Gilbert Grape , de 1993 , com Johnny Depp e um à época desconhecido Leonardo DiCaprio ; Chocolate , de 2000 , uma gostosa fábula em homenagem à liberdade de comportamento , com Juliette Binoche no auge da beleza ; Chegadas e Partidas / The Shipping News , de 2001 , um drama poderoso com Kevin Spacey em grande forma ; e Um Lugar para Recomeçar / An Unfinished Life , de 2005 , que fala de violência de marido contra mulher e , de novo , relações familiares , perdas de entes queridos , com um elenco de primeiríssima , Robert Redford , Morgan Freeman , Jennifer Lopez . São , todos eles , bons , ótimos filmes – mas meu preferido , entre todos , é Regras da Vida / The Cider House Rules , de 1999 , um filme sobre crianças sem pais e uma vibrante , forte , corajosa defesa do aborto , outro filme com elenco extraordinário , reunindo Tobey Maguire , Charlize Theron , Delroy Lindo , Paul Rudd e Michael Caine , em um dos melhores papéis de sua longa e veneranda carreira ( ele levou o Oscar de coadjuvante ) . Em Minha Vida de Cachorro – na minha opinião o segundo melhor filme desse diretor de diversos filmes bons – , Hallström consegue criar um maravilhoso clima que mistura bem tristeza e bom humor , pancadas da vida com momentos de alegria . Muita gente tenta essa mistura e se dá mal ; Hallström fez a receita perfeita . Ah , sim , para registrar . Já vi muito crítico falar mal de Hallström , chamá-lo de coisas como sentimental , sentimentalóide , piegas . E que viva o sentimentalismo e a pieguice . “ Uma impressão ao mesmo tempo inquietante e engraçada ” Vou dar uma olhadinha em outras opiniões . É sempre bom . Leonard Maltin deu 3 estrelas em 4 : “ Ao mesmo tempo cômico e comovente , é uma descrição tremendamente honesta da natureza muitas vezes confusa da infância . Glanzelius está excelente no papel principal . ” No AllMovie , Karl Williams diz que o tom bem humorado , quase nostálgico do filme se mistura surpreendentemente bem com a história e as situações francas , pesadas , deixando uma impressão ao mesmo tempo inquietante e engraçada , um tributo à habilidade com que o filme é dirigido por Lasse Hallström . Ele informa também que o filme fez tremendo sucesso nos cinemas de arte das grandes cidades americanas . O guia de Jean Tulard diz que é um filme caloroso que explora com muita ternura e pertinência os segredos da alma de um garoto . Jamais cai no melodramático – ao contrário , é um filme cheio de humor . [ … ] em 2010 : Quase um quarto de século depois do filme que o revelou para o mundo , Minha Vida de Cachorro , de 1985 , o diretor sueco radicado desde o início dos anos 90 nos Estados Lasse Hallström volta [ … ] [ … ] legenda sequer para identificar qualquer um dos seis entrevistados – pela ordem , o diretor Lasse Hallström , o autor e roteirista John Irving e os atores Michael Caine , Tobey Maguire , Charlize Theron e [ … ] Ciladas / Pièges De : Robert Siodmak , França , 1939 Nota : Anotação em 2000 : Raridade muito interessante de se ver , e ainda um bom filme , 60 anos depois . Uma boa história de suspense . A polícia de Paris investiga desaparecimento de diversas mulheres , e taxi girl de dancing é contratada por investigador para servir de isca para o culpado ; acaba se envolvendo com um playboy milionário ( Maurice Chevalier , simpático , canastrão e bom chansonier ) , que eventualmente é preso acusado de ser o assassino . Tem graça , humor ; meio que se perde em casos paralelos , às vezes . Mas é bom . Feito em 1939 , o ano em que começou a Segunda Guerra , este foi o último filme da primeira fase européia do diretor Robert Siodmak ( 1900-1973 ) . A história de Siodmak é interessantíssima ; americano de Memphis , estudou na Universidade de Marburg , e começou a carreira longa na Alemanha . Saiu do país com a ascensão do nazismo , radicou-se na França e fez alguns filmes lá ; em 1939 , ano deste filme , fugiu de novo do nazismo , voltando para os Estados Unidos , onde , entre 1941 e 1952 , fez diversos filmes , vários deles noirs . Diz Jean Tulard , no seu Dicionário de Cinema – Os Diretores : “ Com os alemães em Paris , Siodmak fugiu para os Estados Unidos . Essa terceira fase de sua carreira é a mais célebre . Irá se distinguir no filme noir , do qual já havia pressentido a importância . A Dama Fantasma , baseado em Irish , Silêncio nas Trevas , Assassinos , que toma por tema uma novela de Hemingway , Baixeza , Dúvida , Uma Vida Marcada valem a pena ser vistos por sua iluminação expressionista ( o enterro em Assassinos ) , pelos seus personagens loucos ou sádicos ( Franchot Tone em A Dama Fantasma , Laughton em Dùvida ) , pelo erotismo ( Yvonne de Carlo em Baixeza , a piteira de Barbara Stanwyck em Confissão de Telma , pelo suspense ( a vítima muda de Silêncio nas Trevas ) , pela evocação do submundo das cidades ( Uma Vida Marcada ) . ” Depois dessa fase americana , o diretor retornaria à Europa , onde a partir de 1953 filmou na Alemanha e na França do pós-guerra . Figuraça . A Casa dos Sonhos / Dream House De : Jim Sheridan , EUA , 2011 Nota : A Casa dos Sonhos pode ser definido com duas frases com adversativas . A primeira : foi feito no Canadá , o diretor é irlandês , dois dos principais atores são ingleses e a terceira é australiana – mas é uma produção americana . Bem : me decepcionou . E , pelo que se vê no IMDb , decepcionou também Jim Sheridan e Daniel Craig . Não é culpa deles . Diretor e ator se esforçam para fazer seu trabalho direito . Daniel Craig , esse ator que se firmou como um ótimo James Bond mas também consegue trabalhar em filmes sem o personagem mítico do agente que tudo pode , tem uma bela interpretação . O problema – ao menos é o que eu achei – é a história , a trama . Argumento e roteiro são assinados por David Loucka , e , embora seja piada ruim e pré-fabricada , é impossível evitar : lá pelas tantas , parece que deu a louca no autor . A sensação é de que ele quis criar uma história de suspense , mistério , quase terror , que tivesse uma reviravolta profunda , como , por exemplo , os excelentes Os Outros , de Alejandro Amenábar ( 2001 ) , ou O Sexto Sentido , de M . Night Shyamalan ( 1999 ) . Deu com os burros n’água . Na casa de sonhos de que fala o título vive uma família de sonhos O que se mostra no começo , na primeira metade do filme , é o seguinte : Um editor de livros de uma grande editora de Nova York , chamado Will Atenton ( o papel de Daniel Craig ) , sujeito respeitado , querido pelos colegas , consegue tomar a decisão de pedir demissão . Está determinado a mudar de vida . Havia comprado uma casa – ampla , confortável – num daqueles subúrbios de classe média ao Norte de Nova York . Não se precisa o lugar – fala-se até o nome da cidadezinha , New Ashford , mas deve seguramente ser um nome fictício . Pode ser Connecticut , ou algum Estado da Nova Inglaterra . Ali , na calma do subúrbio , longe da agitação da metrópole , ele pretende escrever um livro . ( Penso agora que Jack Torrance , o personagem de Jack Nicholson em O Iluminado / The Shining , de Stanley Kubrick , também tinha planos de escrever um livro na solidão do hotel fechado para o período mais rigoroso de inverno nas Montanhas Rochosas . Aliás , o cartaz do filme , que está no alto deste post , também faz lembrar O Iluminado . ) Will sai então do trabalho pela última vez . Neva – é inverno bravo . Toma um trem para seu subúrbio . Na casa recém-comprada , esperam por Will uma mulher que o ama e duas filhinhas que o adoram . A mulher , Libby , vem encarnada por Rachel Weisz com aquela beleza esplêndida toda dela , e as filhinhas são duas gracinhas , a mais velha , Trish ( Taylor Geare ) , aí com uns nove anos , e a mais jovem , Dee Dee ( Claire Astin Geare ) , com uns seis . Durante alguns minutos , pinta-se o quadro da família perfeita , a família de sonhos na casa de sonhos de que fala o título . A casa não é daqueles monumentos de ostentação , não é um palacete , uma mansão . É uma casa sólida , ampla , confortável . Se as sociedades fossem justas , todas as famílias deveriam ter uma casa como aquela , uma casa não milionária , pois a existência de milionários pressupõe também a existência de miseráveis . A família dentro da casa dos sonhos é a família dos sonhos . Uma mulher belíssima , feliz , amorosa , empenhada em limpar , pintar o novo lar . Um marido que trabalhou bastante e agora se dá ao direito de ficar mais tempo com a família . Duas crianças adoráveis , bem cuidadas pelos pais atenciosos . Marido e mulher se amam e o sexo é ótimo . Exatamente na metade dos 92 minutos do filme , há uma reviravolta completa A perfeição de sonho dura só alguns minutos . Começam a surgir fatos estranhos . A filhinha mais nova vê um homem parado do lado de fora da janela . Will a convence de que não havia ninguém , mas no dia seguinte vê na neve marcas de pés que passaram ao redor da casa . E aí vem a revelação : naquela casa que a família comprou ao sair de Nova York havia acontecido uma tragédia . Cinco anos antes , o dono da casa tinha tido um acesso de loucura e assassinado suas duas filhinhas e sua mulher . Ninguém havia dito isso para eles , quando compraram a casa . Quando a narrativa está exatamente na metade dos 92 minutos de duração , há uma reviravolta completa . As coisas se complicam , e muito . E haverá nova reviravolta completa mais para o final . Os produtores tiraram o filme das mãos do diretor e fizeram a montagem final No ótimo All Movie , o filme foi classificado com 3.5 estrelas em 5 . A crítica , assinada por Cammila Collar , trata o filme com grande simpatia – e respeito pelos leitores . Não revela o que não pode ser revelado . Diz ela : “ É difícil escrever sobre um thriller com uma reviravolta no final , já que presumivelmente você não quer entregar a reviravolta . Mas seria ainda mais difícil escrever sobre um filme como Dream House , em que há múltiplas reviravoltas que chegam bem antes de se chegar ao clímax final – e em que ainda há muitos mistérios a serem resolvidos . Dream House vira as mesas algumas vezes , muito tarde no jogo para ser parte da premissa , mas cedo depois para ser parte do final . ” Mais tarde , o texto diz : “ Mas se você gosta da idéia de bons atores em uma narrativa que é em parte suspense , em parte drama , você não ficará desapontado . ” Segundo o IMDb , o diretor Jim Sheridan teve brigas feias com o chefão da produtora Morgan Creek , Jim Robinson , sobre como desenvolver o roteiro e a produção do filme . Nas exibições-teste para platéias fechadas , viu-se que a resposta dos espectadores não era boa , e Sheridan refez algumas sequências . Aí então a produtora tirou os filmes das mãos do diretor e resolveu ela mesma fazer sua montagem . “ Sheridan , Daniel Craig e Rachel Weisz se recusaram a participar da promoção do filme para a imprensa ” , afirma o IMDB . Ainda segundo o site mais enciclopédico sobre filmes que existe , Jim Sheridan chegou a pedir ao Sindicato dos Diretores , o Director’s Guild of America , que seu nome fosse retirado dos créditos . Deve posteriormente ter desistido disso , e até aparece num filmete de divulgação que acompanha o filme no DVD . Ali se vê claramente , no entanto , que o veterano realizador não está nada à vontade para falar do filme que acabou sendo montado sem a sua supervisão . Na entrevista , ele basicamente insiste em que poderia ter optado por usar imagens criadas por computação , mas preferiu usar o sistema antigo , de filmar cenários criados para o filme , para ser mais realista . É necessário lembrar : Jim Sheridan é um excelente diretor e roteirista de poucos filmes . Poucos mas bons . É autor ou co-autor dos roteiros de Meu Pé Esquerdo , Terra da Discórdia , Em Nome do Pai , Mães em Luta , O Lutador , Terra de Sonhos . Vários deles abordam os sangrentos conflitos na Irlanda dividida entre católicos e protestantes . Dirigiu quase todos as obras citadas acima , com exceção de Mães em Luta , maravilha de filme , que foi dirigido seu amigo Terry George . “ O filme não ficou muito bom . Mas eu encontrei minha mulher . Bom negócio ” O que , para mim , mais define como a própria equipe avalia A Casa de Sonhos é uma frase de Daniel Craig que está também no IMDb . Ele e Rachel Weisz se apaixonaram durante as filmagens . Casaram-se algum tempo depois . Às vezes a vida imita os filmes – até a vida de atores de cinema . Os ingleses Daniel Craig e Rachel Weisz tiveram que ir filmar no Canadá uma produção americana dirigida por um irlandês para se encontrarem . Diz o IMDb : “ Quando perguntado sobre o filme , Craig disse : ‘ O filme não ficou muito bom . Mas eu encontrei minha mulher . Bom negócio ’ ” . As Múmias do Faraó / Les Aventures Extraordinaires d’Adèle Blanc-Sec De : Luc Besson , França , 2010 Nota : Anotação em 2011 : Uma diversão deliciosa , espetacular , tão bem humorada quanto maravilhosamente bem realizada , com um visual acachapante , um ritmo ágil , frenético , uma reconstituição de época de babar , excelentes piadas , excelente texto . Nunca fui grande fã de Luc Besson , mas este é um divertissement perfeito , de se aplaudir de pé como na ópera . Não tem jeito , não tem como fugir : é a versão francesa , à la Besson , do Indiana Jones , a criação de Steven Spielberg , George Lucas e Lawrence Kasdan . Adèle Blanc-Sec , personagem inventada pelo desenhista Jacques Tardi – só os franceses para dar à heroína um sobrenome com o bouquet de vinho – é de fato um Indiana Jones de saias e corpete . Que , embora bem rapidamente , quase pudicamente , num determinado momento até se mostra sem as saias e o corpete – oulalá ! Claro : para saborear este petisco , é preciso que o respeitável espectador deixe de lado a lógica , a exigência de qualquer verossimilhança . Amantes apenas de filmes sérios , “ de arte ” , e idiotas da objetividade não se dariam bem . Trata-se , aqui , de uma aventura-ficção-fantasia , uma lógica de desenho animado . Assim , temos que , na gloriosa Paris de 1911 , no pré-guerra , na época dourada do cancã ( eta grafia feia , mas é ela que está nos dicionários ) , um idoso cientista , Espérandieu ( Jacky Nercessian ) , usando dons telepáticos , faz viver um pterodáctilo que estava dentro de um gigantesco ovo pré-histórico , do período jurássico , em um museu de ciências naturais da capital francesa . O animalão quebra a casca do ovo , anda tropegamente pelo museu , ensaia umas batidas de asa , voa , rebenta o teto da edificação e sai viajando pelos céus de Paris . O pterodáctilo avista um carro , no qual um figurão da política canta uma famosa dançarina de cancã – minutos antes , o espectador já havia presenciado um sensacional número de dança em um teatro lotado . O animalão ataca o bólido , que cai no Sena . O caso vira manchete de todos os jornais , mexe com os brios do governo , o presidente dá ordens ao ministro do Interior para que o bicho assassino seja imediatamente capturado . O policial encarregado do caso será o sonolento e glutão – porém íntegro – inspetor Albert Caponi ( Gilles Lellouche , deliciosamente exagerado e careteiro ) . Um início de trama esplendorosamente inteligente Enquanto isso … Todo o filme é absolutamente delicioso , mas o início da trama , a forma com que Besson vai apresentando os personagens , as situações , é uma coisa esplendorosamente inteligente , bem sacada , divertida – e rápida . O primeiro personagem que vemos não é importante na história – e o narrador avisa isso , com todas as letras . Somos apresentados a diversos personagens , num ritmo frenético , envolvente . O primeiro deles , o pouco importante , é um passante , pedestre , transeunte , que , ao voltar para casa , à 1 da madrugada , após um jogo de cartas com amigos regado a uísque 12 anos , pára numa praça para fazer xixi – e , ao olhar para uma estátua , vê luzes no céu , crê estar ficando louco , sai correndo . As luzes que ele viu vinham do apartamento do cientista Espérandieu : no seu surto telepático para fazer despertar o ptedorodáctilo , o idoso sábio levita , e faz levitar os objetos da sua sala , que produzem luzes . Mas , enquanto tudo isso está ocorrendo em Paris , a intrépida Adèle Blanc-Sec , a heroína da história , está no Egito , à procura da tumba do faraó Ramsés II . A criatividade , a inventividade de Besson para montar as aventuras de Adèle Blanc-Sec dentro da tumba do faraó devem ter deixado Spielberg e Lucas com inveja . As sequências em que primeiro vemos Adèle são geniais , espetaculares . Assim como Indiana Jones tem que enfrentar um rival que rouba dele suas preciosas descobertas , Adèle Blanc-Sec também tem seu inimigo , o terrível vilão Dieuleveult ( interpretado por um Mathieu Amalric tão maquiado que fica praticamente irreconhecível ) . Dieuleveult aparece na tumba , com um grande bando de capangas , no momento exato em que Adèle parecia ter conseguido seu objetivo , o de encontrar o caixão onde há cinco mil anos repousava a múmia de Patmosis , que seria o médico pessoal do faraó . Mas Dieuleveult ( o som do nome faz lembrar a expressão Deus o quer ; como nas histórias de Astérix , os nomes dos personagens são grandes piadas ) é o vilão , e Adèle Blanc-Sec é a heroína , e assim ela conseguirá escapar das garras do bandido e , eventualmente , chegar de volta sã e salva a seu apartamento parisiense com o ataúde com a múmia de Patmosis . Um médico de cinco mil anos atrás para fazer reviver a irmã da heroína Bem , mas quem é exatamente Adèle Blanc-Sec ? É assim : Indiana Jones é um dublê de professor de arqueologia e arqueólogo-aventureiro , certo ? Adèle é uma dublê de jornalista investigativa e arqueóloga-aventureira . Sabe tudo e mais um pouco – e , como aventureira , tem a mesma destreza de Indiana Jones , ou talvez um pouco mais . O objetivo de Adèle ao levar para Paris a múmia do médico pessoal do imperador Ramsés II não é tão fácil de explicar . O caso é um tanto complexo – embora com perfeita lógica , dentro da lógica de uma aventura-ficção-fantasia baseada em história em quadrinhos . O professor Espérandieu ( e o som do nome remete a esperando Deus , certo ? ) consegue , com seus poderes telepáticos , fazer voltar a viver um animal de milhões de anos atrás . Se consegue isso , poderá conseguir também fazer reviver um médico egípcio morto há uns cinco anos . Adèle espera que Espérandieu desperte a múmia de Patmosis , para que ele trate de sua irmã gêmea , Agathe Blanc-Sec ( Laure de Clermont , à esquerda na foto abaixo ) . Agathe repousa em uma cama no apartamento de Adèle . Tem um soro na veia , e Adèle a trata como uma doente . Na verdade , Agathe está mortinha da silva , mas Adèle , a heroína da história , conta como certo que poderá curá-la – com a ajuda de Espérandieu e de Patmosis . Besson é um descobridor de mulheres estonteantes Me alonguei na sinopse da história , o que talvez seja bobo e desnecessário – mas achei a trama tão absolutamente fascinante que não me contive . A trama é fascinante , e a realização do filme é melhor ainda . Deixei para mais adiante o nome da atriz que faz Adèle Blanc-Sec , essa heroína supimpa , que tem a agilidade física de um Indiana Jones e fala na velocidade e na inteligência de uma Hildy Johnson , a personagem de Rosalind Russell em Jejum de Amor / His Girl Friday , do mestre Howard Hawks . Chama-se Louise Bourgoin , a atriz que faz Adèle Blanc-Sec . Está ótima no papel , Louise Bourgoin . É simpática , atrevida , rápida no gatilho verbal e físico . Faz as mais imprevistas , inusitadas coisas – e encara quem a vê e se assusta com seus atos com a maior cara de pau , de quem não está nem aí . Tem mil caras . Fantasia-se de uns seis ou sete personagens diferentes – homens e mulheres – para tentar conseguir um de seus objetivos , lá pela metade da narrativa : transmuta-se em freira , advogado , enfermeira , guarda carcerário , o escambau . É bonita , atraente . Mas … pensei eu , quando ela aparece pela primeira vez … Bem , é bonita , mas não é assim uma coisa acachapantemente linda como , por exemplo , Natalie Portman ou Milla Jovovich , ou agressivamente atraente como Rie Rasmussen . Por que será que Besson , um descobridor de mulheres estonteantes , foi escolher Louise Bourgoin ? , me perguntei . ( Um descobridor de mulheres estonteantes . Lembrando : Besson dirigiu Natalie Portman em 1994 , quando ela era uma garotinha inexperiente de 13 anos , em O Profissional . Foi o responsável por levar Milla Jovovich da bem sucedida carreira de topmodel para o estrelato no cinema , em O Quinto Elemento , de 1997 , e Joana d’Arc , de 1999 . Rie Rasmussen , menos conhecida mas tão bela quanto as outras duas , foi a estrela de Angel-A , a fantasia em glorioso preto-e-branco que Besson fez em 2005 . ) Depois deste filme , o céu é o limite para Louise Bourgoin Louise Bourgoin , vi na internet assim que o filme acabou , é uma grande estrela da TV francesa . Nascida em 1981 , filha de um professor de filosofia e uma psiquiatra , estudou Belas Artes durante cinco anos – os pais queriam que ela tivesse uma carreira estável , como professora de artes plásticas . Mas a moça era muito bonita , passou a trabalhar como modelo e daí foi para a televisão em 2004 . Em um dos quadros que protagoniza semanalmente , faz personificações de personalidades famosas – já se travestiu de Ségolène Royal , a candidata socialista à presidência derrotada por Sarkozy , e também de Carla Bruni , a atual primeira-dama , e também de Jean Sarkozy , o filho do presidente . Não é à toa , portanto , que Besson criou tantos tipos diferentes em que ela se fantasia no filme . Mas a moça não é apenas uma estrela de TV . Estreou no cinema em 2008 no principal papel feminino da comédia amarga A Garota de Mônaco , e teve um pequeno papel em O Pequeno Nicolau . Depois deste filme aqui , o céu é o limite : está com três filmes em produção ou em fase de pós-produção . Não percebi , ao ver o filme , que já tinha visto a atriz , e me impressionado com sua beleza O que é a memória – ou a falta dela . Só agora , nesta altura da anotação , fui ver o que escrevi sobre A Garota de Mônaco . E estão lá frases assim : E lá pelas tantas “ surge Audrey ( Louise Bourgoin ) , a garota do título – uma mulher lindíssima , gostosíssima , e mais todos os íssimas e érrimas possíveis e imagináveis , uma força da natureza , um vulcão , um tesão , uma coisa absurda , imensa , interminável , sempre com as roupas mais ínfimas , menores que as de uma rainha da bateria em plena Sapucaí . ” “ De longe , a melhor coisa do filme se chama Louise Bourgoin , a mulher íssima e érrima que faz Audrey . Louise Bourgoin ( nascida em 1981 ! ) foi , de fato , como sua personagem Audrey , uma moça do tempo numa emissora de TV ; depois deste filme , vem sendo comparada a Brigitte Bardot . Tem tudo a ver – até porque , no meio da apresentação da previsão de tempo , a garota Audrey canta ‘ Sur la Plage Abandonée ’ , uma canção que BB gravou com sua voz sensualíssima nos anos 60 . A canção reaparece nos créditos finais , na gravação de BB . ” “ Louise Bourgoin é de fato belíssima , gostosérrima , uma real força da natureza , como era Brigitte , um dos maiores símbolos sexuais dos últimos séculos . Vejo no iMDB que Louise Bourgoin já fez cinco filmes depois deste aqui . ( … ) Que Louise Bourgoin – eta mulherão , siô – faça bons filmes . ” Ótimas piadas , tramas gostosa , visual soberbo É o tal negócio : vivendo , aprendendo – e esquecendo , e depois aprendendo de novo . Mas é fantástico : neste filme , ela não me pareceu tão linda nem tão gostosa quanto em A Garota de Mônaco . OK : naquele , ela aparece o tempo todo em roupas absolutamente sumárias , e neste está sempre muitíssimo vestida , com camadas e mais camadas de roupa – com exceção daquele rápido momento , já citado , em que ela tira a roupa diante da múmia do médico do faraó para tomar banho . E , além de tudo , ela está bem diferente , aqui . Em A Garota de Mônaco ela está loura ( na foto menor , ao lado ) ; aqui está com o cabelo castanho . Na verdade , o fato de Louise Bourgoin ter caras diferentes a cada filme , sua capacidade de se fantasiar de diferentes pessoas reais na TV , de diferentes personagens neste filme aqui , isso só indica que a moça , além de beleza , tem talento . E pelo menos um bom filme Louise Bourgoin já fez . É , repito , uma deliciosa diversão , este As Múmias do Faraó . Só a piadinha quase no final , quando o faraó comtempla o prédio do Louvre , já valeria o filme . Mas é apenas uma das dezenas e dezenas de boas piadas – fora a trama deliciosa , o talento da realização , o visual soberbo . 4 Comentários Bom filme as cenas onde Adele voa em cima do pterodáctilo com a lua ao fundo e o final onde Ramses II sai pra “ explorar ” o local saindo do museu dado de cara com o Arco do Triunfo para mim são as melhores , sem contar os diálogos , muito bons , rsrsr . ‘ Oi eu sou o hebert como vai vcs ? vou falar um pouco sobre ah mumia . Uma múmia é um cadáver , cuja pele e órgãos foram preservados intencional ou acidentalmente pela exposição a produtos químicos , frio extremo ( múmias de gelo ) , umidade muito baixa e etc . Atualmente , o mais antigo cadáver humano mumificado ( naturalmente ) descoberto foi uma cabeça decapitada , com de 6000 anos , encontrado em 1936.1 As múmias mais famosas são as egípcias , destacando-se as dos faraós , Tutancâmon , Seti I e Ramsés II , embora a primeira múmia egípcia conhecida , apelidada de “ Ginger ” , remonta a cerca de 3300 a.C . 6 Trackbacks [ … ] Mathieu Amalric , grande ator , mais de 70 filmes no currículo , diretor bissexto , autor de 12 títulos , incluindo curtas e documentários , ganhou o prêmio de direção em Cannes por Turnê , seu terceiro longa como realizador . [ … ] [ … ] E não são só os americanos que adoram uma múmia . Só para dar um exemplo , o francês Luc Besson fez em 2010 um filme delicioso em que múmias de faraós e seus ajundantes passeiam pela Paris do início do século XX , As Múmias do Faraó / Les Aventures Extraordinaires d’Adèle Blanc-Sec . [ … ] [ … ] Elemento ( 1997 ) esbanja imaginação , criatividade ; Angel-A ( 2005 ) é uma brincadeira gostosa ; As Múmias do Faraó ( 2010 ) é o que de melhor pode haver como cinema diversão . Mas acho que , com Lucy , Besson garante [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * lunes , 7 de abril de 2014 Porque la primavera es alegría y hay que celebrarla dándonos el gusto con algo dulce , como estos pastelitos de limón . Que a parte de ser deliciosos , nos dan ese toque refrescante a cítricos . A que apetece ? Parece ser que la meteorología nos ha dado una tregua , a ver cuanto nos dura . Estão Todos Bem / Everybody’s Fine De : Kirk Jones , EUA-Itália , 2009 Nota : Anotação em 2010 : Estão Todos Bem é um bom filme sobre temas importantes , fundamentais : família , pais , filhos , o relacionamento entre eles , o que os pais tentam passar para os filhos , e o que acabam na realidade passando , em geral um resultado muito diferente do que se pretendia ; e as mentiras – ou no mínimo omissões da verdade – que surgem . E então é interessante verificar que , bem nos créditos iniciais , há uma mentirinha – ou , no mínimo , a omissão da verdade . Lá está dito que o filme é “ escrito e dirigido por Kirk Jones ” . Há uma convenção sobre a forma de se assinar a autoria dos roteiros . De uma maneira geral , a expressão “ written by ” – que é usada neste filme – significa que a pessoa foi a autora do argumento original e do roteiro . E não é verdade que o argumento de Estão Todos Bem seja de autoria de Kirk Jones . Essa mentira , ou omissão , é corrigida nos créditos finais , aquelas letrinhas pequenas , depois do final do filme , que muita gente não vê – em geral , as pessoas se levantam das poltronas do cinema ou da sala nessa hora . Então , lá quase no final dos créditos finais , em letrinha pequena , está a verdade inteira : Baseado no filme Stanno Tutti Bene , de Giuseppe Tornatore , 1990 , roteiro de Giuseppe Tornatore , Massimo De Rita e Tonino Guerra . Mas ainda bem que a verdade é dita – ainda que tarde , exatamente como algumas verdades da família retratada no filme só serão ditas bem no final . Antes tarde do que nunca . Stanno Tutti Bene , no Brasil Estamos Todos Bem , nos Estados Unidos Everybody’s Fine ( exatamente o título desta refilmagem feita em 2010 ) , foi o terceiro filme de Tornatore , logo depois de Cinema Paradiso , o maravilhoso filme que deu a ele fama mundial . Só vi o filme uma vez – segundo vejo nas minhas anotações , em julho de 1991 , em Buenos Aires , durante uma semana que passamos lá , Mary , Fernanda e eu ; infelizmente , só anotei os dados básicos , não escrevi nada sobre ele na época . E me lembro pouco do filme , em que o personagem central , interpretado pelo grande Marcello Mastroianni , percorre diversas cidades da Itália , se não me engano da Sicília até Milão , tentando visitar os filhos . Estão Todos Bem deu muita vontade de rever Estamos Todos Bem . Um homem solitário que sente falta da mulher e do trabalho É um bom filme , esta refilmagem americana , repito . Robert De Niro faz o papel que no filme original era o de Mastroianni . Nos últimos tempos , De Niro , grande ator , andou fazendo filmes com uma certa preguiça , fazendo uma caricatura de Robert De Niro . Neste aqui , não – ele me pareceu muito bem , como costuma ser quando de fato quer , quando se interessa pelo papel que está fazendo . Compôs um personagem cheio de matizes – Frank Goode é um homem solitário , que sente o tempo todo a falta da mulher com quem viveu quatro décadas e morreu faz oito meses apenas ; vive muito confortavalmente em uma bela casa , tenta se convencer de que não sente falta do trabalho , agora que não precisa mais trabalhar , mas o fato de não haver mais o trabalho , assim como o de não haver mais a companheira de quase a vida toda , deixam um grande vazio na sua vida . No entanto , não é um homem que se entrega à angústia , que sucumbe a ela . Esforça-se para tocar a vida ; diz , várias vezes ao longo do filme , para várias pessoas , que está bem . É um batalhador . Quando a ação começa , Frank está se preparando e preparando sua grande casa agora vazia para receber a visita dos quatro filhos , todos já adultos , espalhados por diversas cidades , todas longe da dele . De propósito , o filme hora nenhuma especifica a cidade em que Frank mora . Pode ser qualquer uma – só é importante saber que todos os filhos não estão ali , estão bem longe , espalhados pelo país gigantesco . Como tantos pais , ele nunca tinha sido muito próximo dos filhos . Trabalhava demais , dentro daquela perspectiva tão absolutamente comum de que o papel do pai é o de ser um bom provedor material – e de fato Frank pôde prover estudo para todos eles . Contato mesmo , afeto , conversa , entendimento , eles tinham era com a mãe . Frank estava cuidando dos preparativos para receber os filhos , nos primeiros minutos da narrativa , e Mary já antecipava : ninguém vai vir . Sim , nenhum dos quatro virá . Em seguidos telefonemas , três deles dão explicações , justificativas – todos estão com problemas específicos que os impedem de sair de suas cidades naquele momento . Frank tem problemas de saúde – nada gravíssimo , fatal , mas seus pulmões não estão bem , ele toma medicação , seu médico diz que ele não deve viajar , em especial de avião . Frank tenta argumentar com ele , diz que viajaria de trem ou de ônibus , mas o médico o desaconselha , diz que ele precisa é descansar , ficar em casa , cuidar do jardim . Frank parte em busca dos filhos – vai a Nova York , depois a Chicago , depois a Denver , depois a Las Vegas . Estão Todos Bem tem muitas coisas previsíveis . Nada contra uma história previsível – isso não é uma crítica , é só uma constatação . O roteirista e diretor Kirk Jones usa alguns elementos que realçam essa coisa da previsibilidade . Por exemplo : os fios . Frank Goode passou a vida em uma empresa ( presume-se que de sua propriedade ) que encapava fios com PVC , para protegê-los da chuva , do sol . Ele conta isso para uma vizinha de poltrona no trem para Nova York , a primeira das escalas de sua viagem de Odisseu , de Ulisses , pelos quatro cantos do país . Da janela do trem , vêem-se os fios – de energia , de telefonia . A câmara focaliza fios quando ouvimos a voz em off das duas filhas de Frank conversando ao telefone . Exatamente essa mesma imagem vai se repetir diversas vezes , ao longo do filme , sempre que há uma conversa telefônica entre os irmãos : a câmara focaliza fios , as vozes em off dos filhos conversam ao telefone . Há uma bela sacada : numa determinada hora do encontro de Frank com Amy ( Kate Beckinsale ) , a filha publicitária bem sucedida em termos materiais , Frank a vê como a garotinha de uns dez anos que ela havia sido . É uma bela sacada , mas é absolutamente previsível que ela voltará a aparecer quando Frank encontrar os outros filhos – e de fato volta , exatamente da mesma maneira . Frank os revê como eles eram quando garotinhos . Estão Todos Bem se repete na previsibilidade – e , de novo , aqui não vai juízo de valor . Não estou dizendo que isso seja ruim – é só uma constatação . O filme tem também uma série de coisas boas , de pequenos bons detalhes . Como Frank deixa Amy embaraçada ao tirar fotos dela no prédio em que ela trabalha . Como o filho de Amy em um segundo percebe que o avô não sabia usar as rodinhas de sua mala . Como Frank deixa Robert embaraçado quando surge de sopetão no teatro em que sua orquestra ensaia , fazendo desagradável barulho com a mala com rodinhas . Como Frank é antiquado – usa máquina fotográfica com filme , na era das fotos digitais . Belos detalhes que compõem bem os personagens , a história , o clima . E , no final , uma canção composta para o filme por Paul McCartney Kirk Jones fez um filme bem intencionado . O que ele pretende passar para o espectador , as conclusões a que ele chega são todas corretas , moralmente corretas . São bons toques para todos os pais do mundo . Exatamente por ser bem intencionado , a muita gente ele parecerá ingênuo , sentimentalóide , babaca . A crítica do AllMovie , por exemplo , desce a lenha , usa adjetivos como falso , óbvio , barato . Não me lembrava de ter ouvido o nome do diretor . Vejo que Kirk Jones nasceu em 1964 , em Bristol , na Inglaterra . Começou no cinema publicitário , no início dos anos 90 – e de fato seu filme tem um bom visual , uma fotografia de primeira qualidade , característica básica de quem passou pelos filmes comerciais . Opa ! Seu primeiro filme foi Waking Ned Devine , no Brasil A Fortuna de Ned , uma absoluta delícia , “ um filme irlandês abençoadamente bem-humorado , de bem com a vida ” , segundo anotei quando o vi , em 1999 – o filme é de 1998 . Depois disso ele ficou vários anos sem filmar ; voltou em Nanny McPhee , de 2005 , uma comédia para toda a família , com a maravilhosa Emma Thompson ( que assina o roteiro ) fazendo uma babá mágica . Este aqui foi o terceiro filme do diretor . A trilha sonora de Estão Todos Bem é do italiano radicado na Inglaterra Dario Marianelli , autor da excepcional trilha de Desejo e Reparação / Atonement , da ótima trilha de Orgulho e Preconceito , da ótima trilha de O Solista / The Soloist , entre muitas outras Além das composições de Marianelli , a trilha tem belas músicas incidentais , canções suaves , num estilo folk – sweet songs and soft guitars . No finalzinho do filme , na última tomada , e ao longo dos créditos especiais , uma nova canção de Paul McCartney ! Só aí me lembrei da informação : sim , eu tinha lido que Sir James Paul McCartney havia composto uma canção especialmente para um filme de safra recentíssima , que havia sido indicada para um prêmio importante – de fato , “ ( I Want to ) Come Home ” foi indicada para o Globo de Ouro . O DVD do filme inclui um filmete de uns dez minutos em que o próprio Paul conta a história da música – desde o momento em que seu agente recebeu um telefonema de alguém que gostaria de saber se ele aceitaria compor uma canção para encerrar um filme que estava sendo produzido . Paul conta a história daquele jeito dele , aquele jeito de garoto , fazendo um monte de piadas , algumas sem graça – mas que ficam engraçadas por causa do absoluto charme de artista genial . Conta que passaram o filme já praticamente pronto para ele , num cinema do SoHo – e , no final , no lugar em que deveria entrar sua nova canção composta especial e especificamente para aquele momento , tinham colocado Aretha Franklin cantando “ Let It Be ” . E aí Paul diz algo assim : “ Parecia fácil – era só eu compor outro ‘ Let It Be ’ e cantar como Aretha Franklin . Aí até pensei em desistir . ” Claro que não desistiu . Ah , se a música que ele compôs é boa ? Claro que é boa : é McCartney , pô ! Três minutos e 35 segundos do melhor pop que pode haver . Já gravei , já baixei , estou ouvindo feliz como pinto no lixo . O CD da trilha sonora , vejo agora , não traz as canções , nem mesmo a de Paul – tem apenas as composições da Marianelli . É um filme bastante bom , Estão Todos Bem , a refilmagem de Stanno Tutti Bene de Tornatore . Mas só por esse filmete de uns dez minutos com Sir James Paul já valeria a pena . 3 Comentários Assisti a versão americana , agora . É boa . Mas , ai , a versão original é primorosa , da trilha sonora – que acho que é do Morricone , um google me ajudaria , mas relevo – passando pela fotografia e culminando com o grande , grande Marcello fazendo o que ele faz melhor : permitindo nos ver a réstia de fragilidade que nos é própria ´por sermos humanos . Lembro de não ter gostado desse filme . Assisti pulando algumas partes , achei pra baixo e também previsível , meio clichê . Sou do time que o considerou sentimentalóide . Mas como você disse , alguns detalhes são bons , só que sozinhos não salvam o filme . Lembro de um desses detalhes , quando ele falava ao telefone com uma das filhas : ela disse que a mãe deles sabia ouvir , já ele era mais do tipo que só sabia falar ( ou teria sido o contrário ? ) . Enfim , às vezes falta isso aos pais , saber ouvir os filhos , principalmente na adolescência , quando há um afastamento natural . Aliás , falta isso a muita gente , principalmente nos dias atuais . Ninguém quer ouvir ninguém . Triste . Não achei o filme sentimentalóide ( sic ) . O pai que tenta reestabelecer relações com os filhos numa momento de sua vida que as coisas triviais , cotidianas já não fazem mais sentido . E os filhos buscando desculpas para não terem um contato mais próximo com o pai , justamente porque estão naquela fase da vida em que estão buscando justamente o que o pai buscava quando eles eram crianças e de , uma certa forma , emulando o comportamento do pai , na função de provedor da família , evitando o contato com o passado e , por consequência , com seus sentimentos . O turn point dos filhos acontece exatamente quando eles percebem que tal contato é inevitável e evitar a aproximação com o pai seria negar as próprias origens e , paradoxalmente , ter um comportamento diferente em relação à prole e ao mundo , do que o pai deles teve nas infâncias . Previsível sim , assim como o comportamento humano também é previsível , ou seja , como diz Sérgio isso não é uma crítica mas uma constatação . [ … ] até já é uma tradição : Estamos Todos Bem / Stanno Tutti Bene , de Giuseppe Tornatore , de 1990 , Estão Todos Bem/Everybody’s Fine , de Kirk Jones , de 2009 , refilmagem do original italiano , Não se Preocupe , Estou Bem!/Je Vais Bien , [ … ] [ … ] vez em quando , porém , De Niro desliga o piloto automático . Fez isso , por exemplo , em Estão Todos Bem , de 2009 , refilmagem americana da obra de Giuseppe Tornatore com Marcello Mastroianni . Na minha [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Ela Queria Riquezas / Rings on Her Fingers De : Rouben Mamoulian , EUA , 1942 Nota : O diretor , Rouben Mamoulian , é respeitável . No elenco estão o impecável Henry Fonda , a fantástica , apaixonantemente bela Gene Tierney , aos 22 aninhos de idade , mais a simpatia de Spring Byington , num papel diferente do que era o seu padrão . Produção da Fox em 1942 , Hollywood da época dourada . Pois é . E , no entanto , este Rings on Her Fingers , no Brasil Ela Queria Riquezas , é uma imensa bobagem . A trama não se segura de pé , e tem mais furos que um queijo suíço ou que Bonnie e Clyde após serem fuzilados milhares de vezes no final do grande filme de Arthur Penn . A rigor , a rigor , não é um filme que defenda idéias , princípios ruins . Ao contrário . A moral da história é muito boa – é aquela grande verdade básica de que o dinheiro não é e não deve ser a meta na vida , e o bom mesmo é a felicidade , o amor . O problema é que , para chegar até essa moral , a fábula percorre caminhos perigosos . E tropeça , e falha , e cai umas trocentas vezes . Um homem e uma mulher que parecem ser milionários – mas são golpistas A narrativa começa numa loja extremamente chique de roupas para mulheres ricas , extremamente ricas , em Manhattan , o umbigo do mundo capitalista naquele ano de 1942 em que o filme foi feito assim como hoje , muito mais de meio século depois . Susan Miller ( o personagem de Gene Tierney ) é uma das vendedoras da loja – e ela , assim como a mulher que veio depois de Amélia na vida do narrador do velho samba , só pensa em luxo e riqueza . Conversando com a colega , entre o atendimento a uma cliente e outra , consegue sintetizar em uma frase a frustração que sente na vida : – “ Acho que nascemos do lado errado do balcão . ” Mas logo chegam à loja um homem e uma mulher de meia idade , com todo jeitão de milionários . Chamam-se Warren ( Laird Cregar ) e Maybelle Worthington ( a simpática Spring Byington , que em geral fazia o papel de mãe de família simpática , trabalhadora , esforçada , perfeita ) . Os dois ficam de imediato fascinados com a beleza de Susan . Estavam ali para comprar roupas para Lilian – que dizem ser sua sobrinha – usar na festa daquela noite . Mas Warren acabou de ser informado de que Lilian havia abandonado a dupla , se casado e dado no pé . E então resolvem convidar a linda vendedora para ir à festa com as roupas finas compradas na loja , no lugar de Lilian . Há então um corte no tempo . Não se mostra a festa – pula-se para o dia seguinte . Um mensageiro entrega a Susan um envelope enviado por Warren e May , contendo uma nota de US$ 100 , algo que a garota jamais havia visto na vida . Susan vai até a casa dos dois , a princípio querendo devolver o presente . Dá-se então o seguinte diálogo : Susan : – “ Me digam , vocês são mesmo milionários ? ” Warren ( depois de ele e May caírem na gargalhada ) : – “ Por quê ? ” Susan : – “ Bem , parece que está faltando alguma coisa . ” May : – “ Só os milhões – uma questão de tecnicalidade . ” Warren : – “ Sabe , a natureza brincou conosco : nós deveríamos ter nascido com sangue azul , e então devotamos nossa vida a corrigir esse erro biológico . ” Susan : – “ O que vocês fazem ? Se não são milionários , o que vocês são ? ” May : – “ Bem , somos uma espécie de excesso de taxa de juros . Criticar-nos seria uma atitude anti-americana . ” Warren : – “ Somos meras abelhas que pegam um pouco de néctar das flores que têm tanto . E você também pode ter um pouco . ” O golpista consegue vender para o protagonista um iate que não era dele Em suma : Warren e May são bandidos , golpistas . Posam de milionários para andar entre milionários e dar neles golpes , usando como atrativo , como isca , uma jovem extremamente bela , como era Lilian , e como agora propõem que seja Susan . Exatamente de que forma aplicam os golpes , isso o filme não explicita . Mostra-se que procuram arranjar para a moça linda um casamento milionário – mas se , enquanto o casório não acontece , eles cafetinam a moça em troca de muita grana , isso a gente não fica sabendo . Nem ficaria mesmo sabendo , numa produção hollywoodiana de 1942 , com o Código Hays de autocensura dos estúdios ainda em pleno vigor . O fato é que , logo depois desse diálogo que o IMDb transcreveu , e eu peguei dele , vão surgindo aquelas imagens de etiquetas de hotéis e navios que eram coladas às malas : Warren , a sra . Maybelle Worthington e sua filha Linda Worthington – o novo nome de Susan – andaram viajando por Havana , Rio de Janeiro , Hamilton nas Bermudas , Cidade do México . E , com dez minutos de filme , estão na praia em Palm Beach , Califórnia . May está sentada em uma cadeira de praia , debaixo de um guarda-sol , e a ex-Susan-agora-Linda está deitada , de maiô , numa toalha estendida na areia . E tenho que confessar que só por essa sequência – de resto boba como todo o filme – em que vemos a jovem Gene Tierney de maiô já vale a pena ver este Rings on Her Fingers . May diz uma bela frase . Reclama que , dali , vendo os homens no mar , fica difícil reconhecer quem é milionário : – “ Sem roupa , todos os homens parecem bem financeiramente . ” Um funcionário do hotel , carregando um telefone , e parado exatamente ao lado de May , grita pelo sr . Wheeler . Um jovem senhor se identifica , sai do mar , vem atender ao telefone – Henry Fonda estava , na época , com 37 anos , mas parecia ter uns 30 . Danado de bonito , o pai de Jane e Peter , avô de Bridget . O sr . Wheeler atende ao telefonema de uma pessoa interessada em lhe vender um barco , um pequeno iate . O iate está ancorado no mar , bem na frente do hotel , a algumas dezenas de metros da praia . Wheeler vai fazendo perguntas sobre o barco , e olhando para ele . Só que , entre ele e o barco há um avião , perdão , há aquela Gene Tierney toda – e ela se vira para um lado , se vira para outro , deita de costas , de bruços , balança o pezinho no ar . O vigarista Warren então bola um plano para vender para Wheeler , por US$ 15 mil , pagos em dinheiro , um iate … que , evidentemente , não pertence a ele . Assim que percebe o golpe – e percebe o golpe de imediato – , Wheeler vai à polícia , tenta descrever o homem que o roubou . Prometem que vão tentar encontrá-lo . O trio de vigaristas sai às pressas de Palm Beach , Warren e May felizes com o golpe bem sucedido . Já Susan-Linda não está nada bem . Sente culpa , remorso – e o espectador percebe que ela tinha ficado bastante encantadinha com o homem que ajudou a roubar . O sujeito roubado não é o milionário que parecia ser . Era um trabalhador com um salário razoável , e os US$ 15 mil que entrega ao vigarista era tudo que ele havia conseguido juntar na vida . Gene Tierney interpreta muito bem a moça pobre que aprende bons modos O que vem a partir daí é cada vez mais bobo , mais sem sentido , e cada vez com mais furos . Acho que não seria spoiler dizer que a mocinha que odiava o mundo por estar do lado errado do balcão , que só pensava em luxo e riqueza , e virou comparsa de uma dupla de vigaristas , rapidamente resolve voltar à vida honesta e dura , pobre , quebrada , sem grana . É , de fato , uma trama danada de boba . Mas , ao rever o inicinho do filme para checar uns detalhes para não cometer erros nesta anotação , notei com mais clareza uma coisa que já havia percebido quando vi o filme inteiro . É o seguinte : é sensacional a transformação por que passa a personagem de Gene Tierney entre a sua existência como Susan , a garotinha pobre criada no Brooklyn que era ruim na escola e , vendedora em loja chique , morria de inveja dos ricos , e a moça que se passa por filha de uma milionária , e que vemos pela primeira vez na tal sequência em Palm Beach . Susan fala gírias e expressões populares ( no segundo encontro dela com May mostrado no filme , ela fala “ Gee ” , interjeição próxima da caramba , putz , e May diz para ela não usar aquela palavra nunca ) . Masca chickete abrindo bem a boca . Faz gestos estabanados . Pensando bem , como conseguiu aquele emprego numa loja muito chique de Manhattan ? Pois é . Mais um furo de um roteiro cheio de furos . Que ela reapareça já bem diferente , no modo de falar , de andar , de gesticular não deve necessariamente ser definido como furo , porque a dupla de vigaristas pode ter , naquelas viagens deles pelas Américas e Caribe , aplicado um curso intensivo de Professor Henry Higgins em cima dessa Eliza Doolittle . Mas o que é fascinante é que , tão absolutamente jovem , aos ridículos 22 anos de idade , essa moça de beleza estonteante ( e que teria uma vida mais trágica do que a de todas as suas personagens ) consegue interpretar maravilhosamente a moça pobre que vira fina e chique . Claro , o fato de o diretor ser Reuben Mamoulian ajuda muito , mas a verdade é que a interpretação de Gene Tierney nesta comedinha bocó já demonstra seu talento . Três anos mais tarde , em 1945 , ela estrelaria Laura , um dos clássicos mais adorados do cinema americano . E , vinte anos depois deste Rings on Her Fingers , em 1962 , Gene Tierney e Henry Fonda voltariam a estar juntos no elenco de um filme , o ótimo drama político Tempestade Sobre Washington / Advise & Consent , realizado por Otto Preminger , o mesmo diretor de Laura . Foi um dos últimos filmes da carreira de Gene Tierney , e a sensação que sempre tive foi de que Preminger deu um papel a ela um tanto para ajudá-la . ( No meu texto sobre Laura , faço um resumo das muitas tragédias que se abateram sobre essa mulher de beleza incomparável . ) Maltin diz que o filme é uma tentativa de repetir do sucesso de The Lady Eve Leonard Maltin deu 2.5 estrelas em 4 ao filme , e escreveu sobre ele uma única frase : “ Vigarista Tierney se apaixona por Fonda em vez de depená-lo ; romance padrão com bom elenco na esperança de repetir o sucesso que Fonda teve com The Lady Eve ” . The Lady Eve no Brasil teve o título de As Três Noites de Eva , e foi lançado em 1941 , um ano antes deste Rings on Her Fingers . O diretor é o grande Preston Sturges , e dele a sempre cricri Pauline Kael disse o seguinte : “ Barbara Stanwyck estica sua perna sensacional , e Henry Fonda tropeça nela . Ela é uma vigarista profissional do baralho , e ele um cientista milionário que entende mais de cobras do que de mulheres ; nenhum dos dois jamais esteve tão engraçado ” . Um dia preciso rever The Lady Eve . Quando vi pela primeira vez , em 2000 , não entrei em sintonia com o filme , achei bobo demais . Mas este Rings on Her Fingers não preciso rever . É , sem dúvida alguma , bobo demais . E além disso , pelo que mostram Maltin e Pauline Kael , cópia da idéia do outro filme . A Caixa / The Box De : Richard Kelly , EUA , 2009 Nota : Anotação em 2010 : A Caixa cita Sartre duas vezes . Mas a sensação que tive foi que a trama é assim uma mistura do Fausto , de Goethe , ou de O Retrato de Dorian Gray , de Oscar Wilde , com as histórias do muito menos reconhecido Fredric Brown . Mas vamos por partes . Parece que o filme foi um fracasso de público e crítica . No entanto , não é ruim , de forma alguma – ao contrário . É uma interessante mistura de ficção / fantasia com ficção científica com thriller de suspense , mas na verdade é uma parábola moral , uma grande metáfora que questiona os códigos de valores das pessoas , da sociedade . A Caixa abre com um texto que vai sendo escrito como se fosse no antigo , antiqüíssimo telex – à medida em que as palavras vão aparecendo na tela , ouvimos um barulhinho semelhante ao que o telex fazia . É um memorando interno – confidencial – para o vice-diretor da Agência de Segurança Nacional , NSA na sigla em inglês . Diz o seguinte : – “ Ressuscitação do paciente Arlington James Steward confirmada pelo hospital . Paciente recebeu alta da unidade de queimadura na manhã de 24 de julho , indo a local não revelado . Paciente construiu um dispositivo de finalidade não reconhecida . Especificações foram confirmadas pelo Projeto Marte . Paciente está entregando o dispositivo a residências privadas . Mais informações em breve . ” Um letreiro nos avisa que estamos na Virgínia , em 1976 , e as primeiras seqüências mostram um início de manhã na casa dos Lewis , um casal na faixa dos 35 anos , com um filho de uns dez . O relógio na cabeceira marca 5h45 , e Norma ( Cameron Diaz ) e Arthur ( James Marsden ) acordam com o som da campainha . Norma desce as escadas , vai até a porta da frente , vê pelo olho mágico um grande carro preto se afastando ; abre a porta e no chão , diante dela , está um embrulho em forma de cubo . A família – os pais mais o filho Walter ( Sam Oz Stone ) se reúne em uma mesa em volta do embrulho . Lá dentro está uma caixa , um cubo , com uma luzinha em cima ; há uma chave , e um grande cartão com a seguinte frase : “ O sr . Steward vai visitá-los às 17h . ” O salário é apertado , e a família perde a bolsa de estudos do filho O diretor e roteirista Richard Kelly se dá , assim , um bom espaço de tempo – um dia inteiro – para apresentar os Lewis ao espectador . Arthur Lewis é um cientista , formado em engenharia ; trabalha na Nasa , a agência espacial americana ; está envolvido no Projeto Marte – o envio de uma sonda ao planeta , que passaria para a Terra fotos e informações – , mas espera obter um dos cobiçados lugares de astronauta . Naquele dia , ficará sabendo que não passou nos testes . Norma Lewis é professora de literatura de um bom colégio , onde seu filho Walter estuda com bolsa ; na aula que o espectador vê , naquele dia inicial , ela está falando de Sartre , Huis Clos , Entre Quatro Paredes ( que em inglês se chamou No Exit ) , aquela frase famosérrima , “ o inferno são os outros ” . Um aluno surpreende a todos perguntando por que a professora manca ; mais surpreendente ainda é que a professora Norma , em vez de ignorar a impertinência ou mandar o aluno para fora da classe , senta-se em cima da mesa , tira a bota , a meia , e expõe à classe o pé deformado , sem quatro dedos . Pouco depois , Norma é chamada pelo diretor do colégio , que a informa que , infelizmente , a escola não poderá mais dar bolsa de estudo aos filhos dos professores . Arthur e Norma vivem com conforto , mas o salário dos dois é apertado , dá apenas para pagar as contas – sem a bolsa de estudos para Walter , e sem o aumento que Arthur teria caso obtivesse a vaga como astronauta , a família vai passar um grande aperto . Steward não tem boa parte da face esquerda ; tem uma imensa queimadura que consumiu parte do rosto . Norma fica assustada com a aparência dele , assim como o espectador . Muito mais assustador é o que ele tem a oferecer : – “ Eu tenho uma oferta a fazer ” , informa ele a Norma . “ Se você puxar o botão ( da caixa entregue pela manhã ) , duas coisas vão acontecer . Primeiro , alguém , em algum lugar do mundo , que vocês não conhecem , vai morrer . Segundo , vocês receberão um pagamento de US$ 1 milhão . Vocês têm 24 horas para decidir . ” O trato com o diabo – a alma de Fausto em troca da vida eterna . A alma de Dorian Gray em troca da eterna juventude . A questão que o filme coloca para o espectador é esta : você mataria um desconhecido para ganhar uma fortuna ? Um detalhinho mínimo que me chamou a atenção foi o nome do personagem misterioso interpretado por Frank Langella , o ator que fez o excelente Nixon em Frost / Nixon . Arlington James Steward . Faz lembar , claro , James Stewart , o grande ator . Arlington é o nome do cemitério militar na Virgínia , perto de Washington , onde são enterrados muitos dos militares americanos mortos em combate . E Steward é comissário de bordo , mordomo , administrador – algo que o personagem revelará ser . Um nome sugestivo , muito bem sacado . O autor da história é Richard Matheson , homem de obra vasta Fredric Brown ( 1906-1972 ) jamais obteve a respeitabilidade de Isaac Asimov , ou Arthur C . Clarke ( aliás , citado algumas vezes ao longo do filme ) , ou Clifford D . Simak , mas é um brilho de escritor . Escreveu algumas das parábolas morais mais enxutas , mais violentas , mais cortantes da ficção científica de que tenho notícia . Como tantos outros autores de ficção científica – a começar dos três citados no início do parágrafo – , usava suas histórias para fazer belas considerações sobre os grandes valores morais , os descaminhos da humanidade , o talento inesgotável do homem para destruir tudo à sua volta , desde o vizinho até as fontes de vida do planeta . Fredric Brown seguramente assinaria embaixo dessa história criada por um conterrâneo e praticamente contemporâneo seu , Richard Matheson , nascido em 1926 . Matheson é o autor do conto “ Button , Button ” , em que o filme se baseia . É um escritor prolixo , tem obra vastíssima ; foi também roteirista de diversos filmes , vários deles baseados em livros de sua própria autoria . Confesso ( e já confessei aqui coisas muito mais graves ) : nunca tinha ouvido falar , ou não me lembrava de ter ouvido falar em Richard Matheson . Ignorância minha . Não tenho idéia de se as pessoas ligam o nome às obras dele . Richard Matheson foi o autor , em 1951 , da novela The Shrinking Man ; concordou em vender os direitos de adaptação do texto para o cinema desde que ele mesmo escrevesse o roteiro , e foi o autor do roteiro de The Incredible Shrinking Man , de 1957 , hoje tido como um clássico . Foi o autor do conto “ Duel ” e também do roteiro do filme do mesmo nome – Encurralado , o filme que revelou o gênio Steven Spielberg . Foi também o autor da novela I Am Legend ; como até já foi dito aqui neste site , esse livro de Matheson virou o filme The Last Man on Earth , em 1964 , dirigido por Ubaldo Ragona e estrelado por Vincent Price ; em 1967 virou um curta-metragem espanhol com o título de Soy Leyenda ; aí a Warner comprou os direitos de filmagem do livro , e , em 1971 , lançou The Omega Man , dirigido por Boris Segal , com Charlton Heston no papel que tinha sido de Vincent Price e , em 2007 , foi refilmado com Will Smith no papel central e Alice Braga com boa participação . E tem muito mais . Richard Matheson foi autor de diversas das tramas de Histórias Maravilhosas / Amazing Stories e No Limite da Realidade / Twilight Zone , duas séries que marcaram época na TV . O sujeito tem uma imaginação inesgotável . É sempre bem-vindo um filme que discute valores morais Matheson não participou desta adaptação de seu conto “ Button , Button ” para o cinema . Aos 83 anos , desfruta de merecidíssima aposentadoria . Sua história foi escrita para o cinema pelo jovem Richard Kelly , garotão nascido em 1975 , exatamente no Estado da Virginia , bem pertinho de Washington , D.C , o Estado onde ficam as sedes da CIA e da Agência de Segurança Nacional . Em 2001 , Richard Kelly escreveu e dirigiu Donnie Darko , um filme que eu não vi , mas , aparentemente , deixou meio mundo impressionado . Sabe fazer cinema , o garotão Richard Kelly . Cria clima , deixa o espectador curioso , temeroso , às vezes abertamente apavorado . Dirige bem os atores ( até a insossa Cameron Diaz está bem ) , não tenta criativóis , invenciones – nem seria preciso , com uma trama que envolve o sobrenatural , o além do que conhecemos . Tem o mérito de discutir valores , num mundo , numa sociedade , que anda precisando desesperadamente fazer isso – redescobrir valores , reencontrar valores . Não sei se Sartre , Goethe ou Wilde gostariam deste filme . Danem-se eles . Tenho quase absoluta certeza de que Fredric Brown gostaria . E , portanto , é um filme que vale a pena ver . Só hoje vi que o realizador é o mesmo de Donnie Darko que eu vi e que me deixou completamente KO , zarolho , de rastos . Não percebi nada , absolutamente nada . Falei com um amigo que deu uma explicação que ainda me deixou pior . O meu QI baixou para uns 20 ou 30 . Se eu sabia tinha evitado este . Uma crítica apurada e sincera sobre um filme controverso . É um filme mais complexo que Donnie Darko . Uma premissa visceral e estarrecedora que incorpora a filosofia de Jean-Paul Sartre , o gnosticismo maçônico , o esoterismo e os dilemas éticos e morais . O brilhante diretor explora com sutileza e maestria os limites da subjetividade . Abaixo uma interpretação do enredo . CURIOSIDADE Há uma cena que exibe abertamente a carteira de cigarros Marlboro e reza a lenda que existem 5 símbolos maçônicos ocultos na mesma . O filme Agentes do Destino ( The Adjustment Bureau ) versa sobre partes do mesmo tema ( governo oculto ) . É baseado no conto Adjustment Team de Philip K . Dick cujo autor Richard Kelly demonstra ter influências e utilizado diversos conceitos para seus filmes . ENREDO A história se passa em 1976 , onde Arthur e sua esposa Norma acabam de adquirir uma casa nova . Eles são a típica família de classe média suburbana , retratada de forma medíocre . No início , há um informativo de que Arlington Steward foi ressuscitado e liberado da unidade de queimados . Numa manhã , Arlington chega num Lincoln preto , como um “ homem de preto ” e misteriosamente deixa uma caixa na porta da casa do casal . Arthur dirige-se para a NASA e dedica-se a construir um pé protético para Norma e seu pé mutilado . Norma descobre que a caixa contém um botão vermelho , enquanto isso , Arthur é rejeitado como astronauta , um objetivo pessoal de longa data e o financiamento para a casa nova e as prestações do carro . Norma ensina Inglês numa escola católica privada local e estuda o ensaio “ Sem Saída ” de Jean-Paul Sartre . Um aluno intrometido tenta constranger Norma , pedindo que mostre a classe o pé e revele porque manca . Norma aceita e mostra . Puxando o fio do novelo filosófico de Sartre , ou seja , à medida que amadurecemos , nos escondemos atrás de “ máscaras ” ao mesmo tempo que somos livres e os únicos responsáveis por nossos atos . O pé defeituoso de Norma é uma imperfeição a esconder , um lembrete de que a bela aparência mascara a fachada do pé mutilado . Se Norma aceitasse o defeito , ela realmente seria livre dos estigmas que as imperfeições produzem em nossa psique . Norma comenta em sala de aula a famosa citação , “ o inferno são os outros ” , pois , os outros “ conhecem nossos defeitos . ” Observa-se que o filho do casal não acredita em Papai Noel quando o assunto vem à tona na cozinha , pois Arthur sendo um cientista , transferiu inconscientemente isto ao menino ( na visão de Sartre ) . O cientificismo é outra máscara para Sartre ao afirmar que os cientistas se escondem atrás da máscara da racionalidade e quando surge um mistério inexplicável pela ciência , evitam uma conclusão temerária . Porém , Arthur e Norma estão prestes a descobrirem algo que nunca poderiam imaginar . Na manhã seguinte , há uma conferência de imprensa na NASA sobre o lançamento da próxima Sonda exploratória em Marte , curiosamente o porta-voz efetua declarações sobre a descoberta de “ vida ” e “ antigas civilizações alienígenas . ” No entanto , A Caixa vai dar-nos uma pista velada de como os “ alienígenas ” realmente são . Durante a conferência , uma repórter pergunta por que a NASA está trabalhando com a NSA e fica sem resposta . Além disso , Norma perde o subsídio para os estudos do filho , percebendo que o nariz do diretor sangra quando a informa . Mais tarde , Arlington chega oferecendo um milhão de dólares se o casal apertar o dispositivo-botão que resultará na morte de alguém que não conhecem . Eles têm 24 horas para tomar uma decisão e , não aceitando a oferta , A Caixa será levada e reprogramada . Steward deixa uma nota de cem dólares com Norma ( despertando a dúvida e a tentação na consciência humana ) . O casal se encontra num dilema ético e moral . Na próxima seqüência , vemos a imagem de uma câmera de vigilância da NASA direcionada aos trabalhadores e um homem estranho de terno olhando pra câmera . Esta figura é uma pista que só aparece no filme um par de vezes ( olhando propositalmente do fundo ) . Ele é outro “ homem de preto ” que representa o “ governo oculto ” , o controle da NSA e da NASA . Não se sabe sua identidade , além de que é o “ patrão ” de Steward e um representante ou o próprio empregador . Norma decide apertar o botão , depois de tentar persuadir Arthur ainda duvidoso sobre a forma de obtenção deste dinheiro . O casal vai assistir a peça “ Sem Saída ” do mesmo ensaio que Norma abordou em sala de aula . No ensaio de Sartre , três pessoas descobrem que foram escoltados ao inferno por um condutor-demônio , assim como , no filme ocorre algo parecido com o casal e o filho , onde o tormento acaba sendo um ao outro . Começamos a perceber que Arthur , Norma e o filho estão sendo escoltados até o seu “ inferno pessoal ” . Aprisionados em suas vidas de desejos escondidos e segredos não revelados ( o filho do casal é sempre o último a “ não ” saber ) . No fim da peça novamente aparece o “ homem de preto ” passando ao fundo do palco e , a seguir , a câmera foca um homem idoso como se estivesse hipnotizado ( agindo de forma robótica como o Papai Noel que “ provoca ” uma colisão entre o carro em que se encontra Arthur e um caminhão . Assim como , os “ empregados ” de Steward ) . Nota-se que ao longo do filme a televisão está sempre ligada na casa do casal , mostrando brevemente o que é relevante num nível esotérico . O casal vai a uma festa de Natal com os colegas de trabalho onde as coisas começam a ficar estranhas . Certas pessoas observam o casal com olhares de reprovação , ao mesmo tempo em que fazem a brincadeira de escolha aleatória dos presentes sob a árvore . Um garçom ( que é o aluno intrometido de Norma ) faz um sinal de paz ( dois dedos formando um V ) e Arthur pega uma caixa com uma foto borrada de Arlington como presente . Enquanto isso , a babá que está cuidando do filho do casal , percebe que os dois estão sendo observados por um estranho através da janela . Os dois vão até o porão após uma discussão de histórias em quadrinhos , e numa das capas das revistas de Arthur há um alienígena , um caixão flutuando no espaço e um crânio ultrapassando um portal ( o pilar gnóstico-cabalístico e os símbolos ritualísticos de iniciação ? ) . A babá olha uma gravura fixa na parede e pergunta do que se trata . O filho do casal afirma que é a “ terceira lei ” de Arthur C . Clarke e que seu pai o conhece . A frase é uma pista de um conhecimento esotérico , ou seja , “ qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia ” . E Arthur irá vivenciar eventos que a ciência não explica . De volta a festa de Natal , o garçom e aluno de Norma provoca Arthur , rindo do episódio em que a humilhou devido ao pé defeituoso . Outro garçom avisa Norma que há um telefonema para ela , então esquece o que estava fazendo e seu nariz começa a sangrar . Arlington sabe que Arthur tentou rastreá-lo e adverte Norma de que eles fizeram um acordo que não pode ser quebrado . Arthur esmurra o aluno de Norma que ri e faz o sinal de paz . Os dois abandonam a festa e o cara que estaciona os veículos faz o sinal de paz , enquanto o casal dá a partida no carro . No gelo do pára-brisa do carro está escrito “ Sem Saída ” ( o ensaio de Sartre novamente ) . Arthur descobre por intermédio do pai de Norma e policial que o carro de Arlington está registrado em nome da NSA . Arthur percebe que sua família está sendo constantemente vigiada . A seguir , uma cena bizarra aparece na televisão da família , ou seja , as Torres Gêmeas estão fora do lugar onde foram construídas . Não estão no terreno em Lower Manhattan e congelando a imagem se percebe pelos prédios vizinhos e pela bacia oceânica . ( O que faz um galeão espanhol dos séculos passados cruzando na frente das torres ? ) . Duas torres e dois pilares “ em queda ” são relevantes para a cabala e para a maçonaria ( as duas portas Jaquim e Boaz ) . Lembrando que em 9 / 11 três torres caíram , e não apenas duas . No ocultismo , o pilar do meio significa equilíbrio entre os dois pilares laterais de misericórdia e gravidade , bem como , o “ pilar de iniciação e integração . ” É o equilíbrio entre o yin e o yang , o macho e a fêmea e etc . . . O filho pode ser o pilar do meio , neste caso , o equilíbrio entre Arthur e Norma . O pilar do meio se refere ao cubo de seis lados do espaço ( com todas direções ) , o cubo perfeito . E um cubo perfeito é uma caixa . A destruição das torres gêmeas , intrinsecamente , sugerem uma nova ordem das idades e , grande parte das teorias de iniciação incluem a morte da essência espiritual anterior ( velha ) e a ressurreição da próxima ( nova ) . Eis o que se aproxima de Arthur . Voltando ao enredo , Arthur leva a babá para casa e ela percebe que há sangue nas mãos do mesmo ( sangue em suas mãos como idéia de culpa ? ) . A babá diz para Arthur olhar para a “ luz ” como solução para os problemas que ele enfrenta e que a “ luz ” o cegará . Então o nariz da babá começa a sangrar e há uma constante alusão à sangue no filme , e sangue é vermelho . Por sua vez , Arthur está trabalhando numa missão a Marte , o “ Planeta Vermelho ” e , também considerado o “ deus da guerra ” e o capeta para quem aprecia sua companhia . Outra pista lançada no enredo . Arthur descobre que a babá usa um falso nome ao pegar sua carteira de identidade ( ela deixa cair ) . Na cena seguinte , é revelado que Arlington está construindo uma espécie de portal nas instalações da NASA e que esta é obrigada a colaborar com a NSA . Uma notícia televisiva informa que “ a águia pousou ” e a missão a Marte vai revelar definitivamente que há “ vida em outros planetas . ” ( seria um meio de desviar a atenção para o que se passa na Terra ? ) Então , a NSA está vinculada com a NASA e os “ empregados ” de Arlington sofrem uma lavagem cerebral para serem usados como “ cobaias ” em seu portal tecnológico “ de luz . ” Neste momento é revelado como Arlington morreu , ou seja , atingido por um raio 5 vezes superior a temperatura solar . Quando “ ressuscitou ” era uma “ entidade ” diferente com fins de servir a um “ empregador ” . Superficialmente , o enredo dá a entender que sua consciência foi dominada por uma inteligência alienígena ( os empregadores de Arlington ) . Porém , o raio é “ luz ” , a “ luz ” de iniciação do gnosticismo maçônico que afasta a premissa de dominação extraterrena . Na seqüência , Arthur ( por meio de uma fotografia de Arlington contendo o endereço da biblioteca ) e Norma ( por meio do aviso da jornalista que não teve sua pergunta respondida na conferência da NASA ) são levados até a biblioteca pública . A biblioteca é uma casa de conhecimento ( gnose significa conhecimento ) e é lá que Arthur tem seu ritual de iniciação maçônico particular . Arthur é levado numa procissão litúrgica pelos “ santos da biblioteca ” ( na verdade uma igreja ocultista ) até uma porta em que aparece a esposa de Steward e lhe é concedido uma “ bênção ” litúrgica ocultista ” ( os braços da Sra . Steward estão , claramente posicionados como o sinal-bênção maçônico ) Há uma grande pintura exposta acima da entrada da porta mostrando um santo cuja a forma é similar a posição de iniciação de um mago gnóstico . Arthur compreende agora que ciência e magia são indistinguíveis ( a terceira lei de Arthur C . Clarke na gravura fixada no porão da casa deles ) . Ao adentrar a sala , a esposa de Arlington revela-se como Clymene ( uma referência à deusa de Klymenos ou Hades ? ) , sendo mostrado a ele três pilares de água . Ele deve escolher apenas um para obter descanso em “ danação eterna ” . Arthur recorda que vários “ empregados ” fizeram o sinal de paz , levantando dois dedos . Então , ele escolhe o “ pilar do meio ” ( do equilíbrio e da harmonia ) . Ele é levado para a “ luz ” , descrevendo mais tarde como o “ céu ” e ausência de angústias interiores . No mesmo momento , Norma está sendo iniciada em outra parte da “ biblioteca ” , numa forma ritualística diferente e , por Arlington Steward . Ela afirma que sentiu “ amor ” quando viu o Sr . Steward pela primeira vez e Arlington diz para ela pegar sua mão . Percebe-se uma sutil referência ao casamento esotérico e uma conjugação holística . Norma desperta em sua cama . Há um imenso cubo flutuando sobre sua cabeça . Arthur desperta no interior do cubo que se desfaz em torrentes de água e despenca na cama ao lado de Norma . Arthur passou pelo seu batismo , dentro de uma “ caixa ” aquática e renasceu . Lembrando que caveiras , caixões e morte são , simbolicamente , utilizados em cerimônias de iniciação religiosa . O filme mostra através de Arthur como Steward faz a experiência e a experiência é realizada de forma maciça pelo “ governo oculto ” que são os empregadores do mesmo . Porém , não se trata de um “ governo oculto ” local . Há uma referência estarrecedora sobre o domínio do “ governo oculto ” , no momento em que a câmera foca uma tela enorme e vários quadrados azuis se alternam e formam um mapa do globo terrestre . Trata-se dos primeiros mapas criados pelo Google com a disposição real de domínio do “ governo oculto ” . Dando seguimento , um subalterno de Stewart na NSA questiona porque está sendo realizada a experiência e Arlington responde que a experiência é para decidir se a humanidade permanecerá viva ou será exterminada . A experiência envolve dinheiro com notas do Federal Reserve e o dilema ético e moral de satisfazer seus desejos pessoais , condenando outro ser humano à morte ou manter o bem maior , o altruísmo humanitário . Arlington não faz o pagamento por meio de imóveis , ações ou barras de ouro . Utiliza-se do papel-moeda que é uma das formas de controle da população pelo “ governo oculto ” , ou seja , através do controle da emissão de moeda ( e , por isso , livre de impostos como afirma ) . Voltando ao filme , O subalterno pergunta o que ocorrerá quando o teste da caixa terminar , respondendo Steward que passará à próxima experiência . O próximo passo é alinhar grupos de pessoas da população mundial secretamente e enviá-los ao portal que servirá para os testes subsequentes e realiza uma espécie de lavagem cerebral coletiva ( uma segunda chance antes do extermínio ? ) . Dando a entender que a proposta com A Caixa e o disposito-botão falharam , pois Steward afirma que a maioria apertou o botão e optou por satisfazer o desejo de ganância . A iniciação de Arthur não está terminada e , tanto ele quanto seu filho são capturados pelos homens de preto . O filho é batizado numa piscina pela esposa de Arlington e seus “ empregados ” enquanto Arthur deixa um hangar da NASA sob intensa luminosidade . Pelas imagens anteriores , verifica-se que o hangar é o mesmo em que Steward construiu o imenso portal de pretensa lavagem cerebral ( a câmera mostra raios sob o hangar antes da saída de Arthur e seu encontro com agentes da NASA e NSA ) . Seus sentidos são alterados , pois ele estava fora do tempo e do espaço no éter da iniciação , e emergiu na Terra ( agora Arthur fora atingido por raios como Steward ) . Porém , sua purgação não terminou , pois deve sacrificar Norma ou seu filho para manter o planejamento dos empregadores de Steward . Há uma simulação de escolha e de livre arbítrio para Arthur , pois foi Norma que apertou o botão . Mesmo que seu desejo seja condenar o filho à cegueira e à surdez , a depuração mental e espiritual foram pré-determinadas . E a última referência a Sartre é feita por Arthur , quando afirma que a Terra é o purgatório e que Stewart está ali para levá-los ao inferno ( o enredo de “ Sem Saída ” ) . Acaba matando Norma para que o filho volte a enxergar e a ouvir . Arthur não é preso pelos policiais e os homens de preto intentam tomar conta do mesmo , pois se trata de um iniciado que sacrificou seus desejos pessoais em benefício da coletividade . Seu filho permanece sob os cuidados do “ governo oculto ” e , simbolicamente , o valor de um milhão de dólares será empregado nas despesas do garoto até que atinja a maioridade . Vamos abrir a discussão e demais pontos de vista . danielbrasilsm@hotmail.com OUTRA CURIOSIDADE Arlington Steward foi atingido por um raio 5 vezes mais quente que o solar , a estrela de 5 pontas ou pentagrama exotérico é muito importante no ocultismo , além de haver uma cena que exibe abertamente a carteira de cigarros Marlboro e rezar a lenda que existem 5 símbolos maçônicos ocultos na mesma . Um Trackback [ … ] ocasionais . Para evitar um gigantesco escândalo , dois de seus assessores diretos , Bob Alexander ( Frank Langella ) , o correspondente ao nosso ministro-chefe da Casa Civil , e o chefe da assessoria de imprensa , [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * A Separação / La Séparation De : Christian Vincent , França , 1994 Nota : Anotação em 1997 : Um filme cru , despojado , sem qualquer truquezinho de câmara ou efeito diferente de narrativa , com diálogos extremamente realistas – nada de frases brilhantes , apenas o que dizem pessoas comuns nessa situação tão absolutamente comum , a separação . Daniel Auteil e Isabelle Huppert , excelentes , realçam a dificuldade de comunicação no casamento que chega ao fim . Moram juntos há possivelmente uns dois anos , têm um filhinho de 15 meses . Anne se apaixona por outro homem ; Pierre tenta enfrentar com paciência a situação , mas rapidamente as coisas vão se deteriorando , ele passa a ter atitudes agressivas , ela também ( ele fisicamente , ela verbalmente ) . Primeiro discutem o que devem fazer , depois discutem se devem se separar , depois discutem quem fica na casa ( que era dele ) e quem sai . No fim , a relação dela com o namorado já terminou , mas não há como retomar o casamento . Parece um documentário sobre a separação , com atores vivendo a dor tão intensamente que poderiam mesmo estar atravessando esse inferno na realidade . A capinha do vídeo diz que Huppert ganhou melhor atriz em Veneza 95 , e Auteil , melhor ator em Cannes 95 ; é propaganda enganosa , porque eles não foram premiados por este filme . Auteil ganhou o prêmio em Cannes em 1996 por Le Huitième Jour ; em 1995 , o prêmio de Cannes ficou com Jonathan Pryce , por Carrington . E a Huppert ganhou três vezes em Veneza – um prêmio pelo conjunto da obra , em 2005 , um por La Cérimonie ( 1995 ) e um por Une Affaire de Femmes ( 1988 ) . Isztambul De : Ferenc Török , Hungria-Turquia-Holanda-Irlanda , 2011 Nota : Duas características chamam especialmente a atenção em Isztambul . A primeira delas é como o filme é multinacional – uma co-produção Hungria-Turquia-Holanda-Irlanda , cuja ação se passa na Hungria , na Romênia e na Turquia – na parte européia e na parte asiática deste último . O diretor e roteirista , Ferenc Török , é húngaro , assim como a maioria dos personagens e vários atores , mas a atriz principal , Johanna ter Steege , é holandesa . A segunda característica é a fantástica incapacidade de os personagens centrais se comunicarem . O marido , János ( Andor Lukáts ) , a mulher , Katalin ( o papel de Johanna ter Steege ) , a filha , Zsófi ( Réka Tenki ) , e o filho , Zoli ( Norbert Varga ) têm imensa dificuldade de falar um com o outro . Não se expõem , não se expressam uns para os outros ; têm imensa dificuldade de falar uns com os outros . Não sei se outras pessoas terão essa sensação , mas , para mim , o filme de Ferenc Török é sobre dificuldade de comunicação . Faz lembrar A Noite , A Aventura e O Eclipse , a trilogia de Michelangelo Antonioni sobre a incomunicabilidade . O marido diz que está apaixonado por outra , faz a mala e se manda O filme abre como duas sequências que nos mostram basicamente quem são János e Katalin . Ela é dona de casa : a vemos fazendo compras , no mercado , no açougue . Ele é professor universitário : o vemos dando uma aula . Na sequência seguinte , os dois estão na sala de seu apartamento confortável , de classe média . Ele está botando um punhado de roupas dentro de uma mala , e contando para ela , com bem poucas palavras , que está apaixonado , está decidido ; se ela precisar de alguma coisa , avise . E se manda . Aqui faço uma rápida divagação para dizer obviedades : nenhuma pessoa deveria viver apenas para cuidar da casa e dos filhos . É um crime isso que muitos homens levam suas mulheres a fazer , e é um crime as mulheres permitirem isso – serem apenas e tão somente donas de casa . Todas as pessoas deveriam ter um trabalho , uma atividade , ou no mínimo hobbies – nem que seja colecionar selos , ou coisa parecida . Porque se a pessoa se dedica apenas a cuidar da casa e dos filhos , é imenso o perigo de ela perder o sentido da vida quando os filhos crescem e nos dizem adeus . A mulher abandonada pelo marido está à beira da catatonia A holandesa Johanna ter Steege demonstra ser atriz de grande talento . O espectador vê na cara dela como de repente o mundo de Katalin caiu , despencou , desapareceu , como faltou chão sob seus pés . Zoli , o filho , mostra-se enfurecido com o pai – mas não procura estar próximo da mãe , oferecer o ombro , conversar , comunicar . Nada . É cercado por uma couraça , exatamente como o pai que critica . Zsófi , a filha , está grávida , já perto de dar à luz ; liga para a mãe , mas a mãe não atende , e ela não vai atrás , não vai visita-la , não procura estar próxima . Katalin está à beira da catatonia . A sequência é brilhante : Katalin limpa cuidadosamente as folhas de uma planta na sala do apartamento . Uma a uma , cuidadosamente . Depois pega uma tesoura , e corta ao meio as folhas . Uma a uma . Lentamente . Depois se levanta , e sai de casa , vai para a rua , sem expressão alguma no rosto . Não está vendo nada – está à beira da catatonia . Está descalça , e segura a grande tesoura . Passa um bonde , ela entra , senta-se , tesoura na mão . O motorneiro avisa que é a estação final , todos devem descer . Katalin não está ali , não ouve . Ele chega perto dela , vê a faca . Leva-a para um pequeno escritório da estação final , dá um telefonema – uma ambulância vem recolher Katalin e a leva para um manicômio . Estamos aí com talvez uns dez minutos de filme . A partir daí , haverá muitos momentos de road movie , e , de Budapeste , a ação levará o espectador para Istambul , a cidade que se separa de outro continente por um estreito de águas tremendamente azuis . Um bando de pessoas que não se comunicam – e por isso se trumbicam , é claro Isztambul – o título do filme é assim , com s e z ; deve ser como os húngaros grafam o nome – tem um ritmo propositadamente lento , e nem poderia ser diferente em um drama familiar que mostra uma mulher que perdeu o centro de gravidade , o sentido da vida . O impressionante , na minha opinião , é como os personagens criados pelo diretor e roteirista Ferenc Török falam pouco . As pessoas daquela família destroçada não conversam , não abrem a alma , não comunicam . Falam frases curtas , apenas as indispensáveis . Não mostram uns aos outros suas emoções , suas sensações . O casal e seus dois filhos , em especial , são assim . Mas também a garota Juli ( Eszter Bánfalvy ) , estudante universitária , de uns 20 anos , por quem János , o professor , se apaixona , é de poucas palavras . Um bando de pessoas que não se comunicam , não se abrem . E , por isso , se trumbicam , é claro . Um belo , sensível filme vindo de um país de filmografia pouco conhecida entre nós O diretor Ferenc Török nasceu em 1971 , em Budapeste . Sua filmografia como diretor tem 18 títulos – a maioria séries e filmes para a TV . Numa pesquisa não muito atenta , não consegui maiores informações sobre ele . Johanna ter Steege nasceu em 1961 em uma cidade do interior da Holanda . Tem mais de 40 títulos na filmografia , iniciada com o thriller O Silêncio do Lago , de 1988 , que seria depois refilmado em Hollywood . Em 1991 , teve um papel em Encontro com Vênus / Meeting Venus , daquele que é o mais conhecido realizador húngaro , István Szabó . Trabalhou também em Minha Amada Imortal / Immortal Beloved , uma cinebiografia de Beethoven ; não vi nenhum de seus filmes feitos na Holanda Isztambul é um belo , sensível filme – e aqui é preciso agradecer ao canal Max , o 79 na minha Net , por estar exibindo filmes de países cujas cinematografias não costumam normalmente ser conhecidas no circuito comercial brasileiro . É uma dádiva , isso . Cupido Não Tem Bandeira / One , Two , Three De : Billy Wilder , EUA , 1961 Nota : Anotação em 2009 : Neste seu filme de 1961 , feito logo depois dos maravilhosos Quanto Mais Quente Melhor ( 1959 ) e Se Meu Apartamento Falasse ( 1960 ) , e antes do ótimo Irma La Douce ( 1963 ) , o grande Billy Wilder errou a mão . Claro : como é Billy Wilder , tem coisas boas . Há diálogos excelentes , hilariantes , sarcásticos , cortantes . Há uma grande , deliciosa gozação sobre os slogans do comunismo – e também do capitalismo – , que fazem lembrar Ninotchka , de Ernst Lubitsch , o mestre do mestre Wilder . E não é por acaso : Wilder foi um dos roteiristas do filme de 1939 . Há gozações sobre tudo – dos ex-nazistas vivendo na Alemanha do início dos anos 70 à estrutura das grandes empresas americanas , passando pela eficiência alemã , pela rivalidade entre americanos sulistas e nortistas , um século depois da Guerra de Secessão , pela paixão dos americanos por títulos de nobreza européia , pela corrida espacial , pelos mísseis colocados por Kruschev em Cuba num dos pontos mais dramáticos da guerra fria . A trama parte de uma espécie de Romeu e Julieta adaptado à guerra fria : americana milionária se apaixona por jovem comunista . Aliás , exatamente no mesmo ano em que este filme foi feito , 1961 , o grande ator inglês Peter Ustinov escreveu e dirigiu uma comedinha que parte exatamente da mesma idéia – Romanoff e Julieta , interpretados pelo galã canastrão John Gavin e pela gracinha um tanto sem graça da Sandra Dee . Um comunista fanático e a herdeira da Coca-Cola A ação se passa na Berlim dividida em dois setores , o Ocidental capitalista e o Oriental comunista . O protagonista é um executivo americano , chefe das operações da Coca-Cola na então ex-capital alemã , MacNamara , interpretado pelo veterano James Cagney . MacNamara anda negociando com representantes comerciais soviéticos a instalação de fábricas da Coca-Cola – o símbolo do decadente imperialismo americano – na URSS . Espera , com isso , obter cacife suficiente para tornar-se o diretor-geral das operações da empresa em toda a Europa , sediado em Londres – até já comprou um guarda-chuva para quando for viver na capital britânica . Mas seu chefe , o patrãozão da Coca , um sulista absolutamente conservador de Atlanta , Geórgia , quer um outro favor dele : que cuide bem da sua filha de 17 anos , Scarlett ( Pamela Tiffin , na foto entre James Cagney e Horst Buchholz ) , que ele mandou para a Europa para separá-la do seu mais recente namorado , um roqueiro . Repare-se o nome da garota : Scarlett , como Scarlett O’Hara , a heroína de … E o Vento Levou , o livro best-seller e o filme estouro de bilheteria que mostram a Guerra da Secessão do ponto de vista dos confederados sulistas . Acontece que Scarlett é uma namoradeira absoluta , incorrigível , contumaz – apareceu homem pela frente , ela se engraça toda , pula no colo dele . No vôo dos Estados Unidos para Berlim já se engraçou com os membros da tripulação A chegada de Scarlett , para ficar sob os cuidados de MacNamara e sua mulher Phyllis ( Arlene Francis ) atrapalha todos os planos da família . Phyllis estava de viagem de férias marcada para Veneza , com os dois filhos garotos do casal ; e MacNamara pretendia aproveitar a ausência da família para esbaldar-se com Fräulein Ingeborg ( Liselotte Pulver ) , sua secretária loura gostosa e germanicamente eficiente . Bem , Scarlett vai então se apaixonar perdidamente por Otto Ludwig Piffl ( Horst Buchholz ) , um jovem alemão de Berlim Oriental membro do Partido Comunista e mais ardoroso defensor da ideologia do que Lênin e Stálin juntos . E , claro , os pais da moça vão viajar para Berlim para ver se os MacNamara estão cuidando bem dela . Haverá 200 mil problemas , subtramas , rolos , um atrás do outro – tantos , e a uma velocidade tão rápida , que acabei ficando exausto . E não é só por isso que o filme acaba sendo cansativo . Mestre Wilder de fato errou a mão , errou a dose , errou o tom , errou na escolha dos atores . O veterano James Cagney , que havia feito dezenas de filmes como gângster , passa os 115 minutos do filme berrando – parece os romanos de Belíssima , de Visconti . Não há sutileza , não há meios-tons – ele berra o tempo todo . É uma interpretação grotesca , assim como a de Horst Buchholz , esse alemão boa pinta que fez parte da carreira em filmes americanos , como Sete Homens e um Destino / The Magnificent Seven . Para piorar ainda mais , tem Pamela Tiffin no papel da heroína de cabeça fresca e muita vontade de dar . Pamela Tiffin , tadinha , foi uma invenção que não deu certo . A moça é ruim , é fraquinha , como essas modelos e / ou ex-BBBetes que a TV brasileira tenta transformar em atrizes . E sequer é bonita . Wilder escolheu um tom exagerado demais , caricatural demais , que fica espantoso e cansativo . A forma como ele compôs o trio de funcionários soviéticos , e também a secretária alemã , é mais coisa de desenho animado . A seqüência do bar do hotel em Berlim Oriental ( na foto ) , em que a secretaria gostosona acaba dançando em cima da mesa enquanto MacNamara e os três russos negociam , abusa do grotesco , da caricatura . Mesmo num filme fraco , diálogos sensacionais Então , o filme só não chega a ser uma porcaria porque há o humor feroz de Billy Wilder , os diálogos sensacionais , inteligentes . Pego alguns , só uns poucos , no iMDB : McNamara , a voz em off no início do filme : – “ Alguns policiais da Alemanha Oriental são rudes e desconfiados . Os outros são desconfiados e rudes . ” Outro : McNamara para seu braço direito , Schlemmer , um alemão que cada vez que se apresenta ao chefe bate os sapatos uns nos outros , como faziam os nazistas ao bater continência : – “ Cá entre nós , Schlemmer , o que você fazia durante a guerra ? ” Schlemmer : – “ Eu estava nos porões . ” McNamara : – “ Lutando na resistência ? ” Schlemmer : – “ Não , nos motores . No subsolo , sabe , o metrô . ” Mais tarde : McNamara : – “ E é claro que você era anti-nazista e nunca gostou de Adolf . ” Schlemmer : – “ Que Adolf ? ” Depois , quando , diante de McNamara , Schlemmer reconhece um repórter alemão e o cumprimenta em sinal de respeito : Schlemmer : – “ Herr Oberleutnant ! ” McNamara : – “ Vocês se conhecem ? ” Schlemmer : – “ Ele era meu oficial superior . ” McNamara : – “ No metrô ? ” Schlemmer : – “ Não , depois disso , quando eu fui convocado . ” McNamara : – “ Aha ! Na Gestapo ! ” Schlemmer : – “ Não , não , na SS . ” Austríaco de Viena , tendo deixado a Europa nos anos de ascensão do nazismo , Billy Wilder não perdoa , não esquece : mesmo em 1961 , no meio da guerra fria , em um filme sobre a guerra fria , 16 anos depois do fim da Segunda Guerra , ele bate na tecla da existência dos ex-nazistas no meio da sociedade alemã . Ele já havia dedicado um filme a este mesmo tema , em 1948 , quando a poeira das bombas sobre Berlim ainda nem tinha assentado direito – e que belo filme é A Mundana / A Foreign Affair , com uma Marlene Dietrich esplendorosa , lânguida , fatal , no papel da ex-amante de um chefão nazista agora cortejada por um oficial americano . Neste filme aqui , ele dá um jeito de criar uma situação para botar Schlemmer , o ex-SS , travestido de mulher ( foto acima ) . Uma das coisas de que Wilder gosta – além de ridicularizar nazistas – é de personagens que se fantasiam , que se travestem de algo que não são , como Ginger Rogers fantasiada de menininha em A Incrível Suzana ou Jack Lemmon e Tony Curtis travestidos de mulher em Quanto Mais Quente Melhor . Mas Wilder também volta sua língua ferina para gozar os arquétipos do comunismo – e do capitalismo . Lá pelas tantas , MacNamara se surpreende ao ver um dos funcionários russos na sua sala : – “ Você desertou ? ” E o russo , numa troça com a frase que marcou o avanço dos colonizadores americanos rumo ao Pacífico : – ‘ É um velho provérbio russo : ‘ Vá para o Oeste , jovem ! ’ ” Numa outra cena , Otto , o jovem comunista de carteirinha , berra : – “ Não vou permitir que meu filho cresça para ser um capitalista . ” Scarlett , a filha do chefão da Coca-Cola : – “ Quando ele fizer 18 anos ele pode decidir se quer ser um capitalista ou um comunista rico ” . Ou esta frase de Otto para Scarlett : – “ Vou pegar você às 6h30 , porque o trem das 7h parte para Moscou exatamente às 8h15 . ” Ou este diálogo entre Scarlett e MacNamara : Scarlett : – “ Você vai gostar dele ( de Otto , o jovem comunista ) . Ele parece com Jack Kennedy , só que é mais jovem e tem mais coisas lá em cima . ” MacNamara : – “ Mais cérebro ? ” Scarlett : – “ Mais cabelo . E , claro , ideologicamente , ele é mais sólido . ” MacNamara : – “ Talvez tenhamos votado no homem errado . ” Scarlett : – “ Isso não aconteceria na Rússia . ” MacNamara : – “ Lá eles não cometem enganos ? ” Scarlett : – “ Eles não votam . ” Ou esta conversa entre MacNamara e os funcionários soviéticos : Russo , oferecendo um charuto a MacNamara : – “ Pegue um destes aqui . ” MacNamara : – “ Obrigado . Hum , feito em Havana . ” Russo : – “ Temos um acordo comercial com Cuba . Eles nos mandam charutos , nós mandamos foguetes . ” MacNamara , depois de experimentar o charuto : – “ Quer saber ? Vocês foram enganados . Esse charuto é danado de ruim . ” Russo : – “ Não se preocupe . Mandamos para eles foguetes danados de ruins . ” Há muitas piadas boas , mas o filme é uma decepção . Depois dessa experiência ruim , James Cagney passaria 20 anos sem fazer um filme ; só voltaria em 1981 , em No Tempo do Ragtime / Ragtime , do mestre tcheco Milos Forman , um impressionante , desolador painel da sociedade americana no início do século XX , assolada pela injustiça social e o racismo . No entanto , Cupido Não Tem Bandeira fez sucesso nos Estados Unidos , segundo Pauline Kael , que critica as piadas do filme como sendo de baixo nível . Leonard Maltin deu cotação máxima , 4 estrelas , e até gostou da interpretação exageradérrima do veterano ator : “ Cagney é uma maravilha de se ver nesta comédia com ritmo de metralhadora , sua última aparição nas telas até Ragtime ( 1981 ) . A trilha sonora de Andre Previn usa com inspiração a ‘ Dança do Sabre ’ de Khachaturian . ” Verdade : a trilha de Andre Previn ( que iria musicar em seguida Irma La Douce ) é interessante . Não há composição original para o filme ; ele apenas faz arranjos para um uso cômico de músicas conhecidas , como essa Dança do Sabre , a Internacional comunista , a Cavalgada das Valquírias de Wagner e a musiquinha patriótica americana Yankee Doodle . E aparece também no filme nada mais , nada menos , que Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini , aquele roquinho inocente como uma santa que no Brasil virou “ Era um biquíni de bolinha amarelinho tão pequenininho que na palma da mão se escondeu ’ . A canção é tocada à exaustão , na sala de tortura da polícia da Alemanha comunista , para que o jovem Otto confesse que é um espião americano . A afirmação de Pauline Kael de que o filme foi um sucesso é negada no livro Billy Wilder – Filmographie Complete , de Glenn Hopp , publicado pela Taschen , em que se afirma que o filme não obteve popularidade . O autor usa também a imagem de velocidade de metralhadora sobre o ritmo das piadas do filme , que define como “ provavelmente a comédia mais ritmada que o cinema já havia conhecido ” . 4 Comentários O filme tem uma cena hilária , absolutamente inesquecível.É quando o americano prepara a cilada para o rapaz alemão ser preso logo depois de cruzar a linha da fronteira . A gente já sabe tudo que vai acontecer e isso torna a cena ainda mais divertida . Na verdade , adorei o humor , e até mesmo as caricaturas . Afinal , aquele mundo da guerra fria era fake mesmo . Bom , também gosto do filme , como a Mary . Sim , as interpretações são caricaturais , as situações também – mas o próprio filme é assumidamente caricatural . O problema , para que ele não seja considerado no nível de outras comédias clássicas de BW , talvez seja justamente o ritmo muito acelerado . Talvez aí BW tenha errado na mão … Acho que Horst Buchholz está muito bem , com uma interpretação adequada ao clima dado pelo diretor . Acho esse filme delicioso – e gostei muito de seu artigo sobre ele . Ora Sergio , mesmo não sendo um dos seus melhores filmes , WILDER profético . Previu o fim do comunismo , está o POLITIBURO corrupto como sempre o foi . A ambição criticada pelos país do comunismo , tem como origem não o sistema e SIM o ser HUMANO . Como WILDER , cínico de sempre mostra em seus filmes . TALVEZ VOCÊ NÃO GOSTE POR MUITOS MOTIVOS , SÓ ESPERO QUE VOCÊ NÃO SEJA UM VIÚVO DO COMUNISMO , que já morreu ! ! ! Mas como dizem os COMUNISTAS PRATICANTES DO PCdoB ‘ COMUNISTA SIM , GRAÇAS A DEUS ! ’ [ … ] mesmo ano de 1961 , Billy Wilder fez seu Romeu e Julieta da Guerra Fria : em Cupido Não Tem Bandeira / One , Two , Three , passado na Berlim dividida em duas , a filha do presidente da Coca-Cola ( Pamela Tiffin ) se apaixona [ … ] Coco Antes de Chanel / Coco Avant Chanel De : Anne Fontaine , França , 2009 Nota : Anotação em 2002 : O filme da diretora Anne Fontaine reconstituindo uma parte da vida de Coco Chanel é sóbrio , elegante , rico e requintado como as roupas criadas pela grande dama da moda francesa . Rico , requintado : é uma senhora produção , bem cuidadíssima . O esmero da direção de arte , dos próprios figurinos , para a reconstituição de época é acachapante , é de babar . E não se fez economia : há belíssimas seqüências de exteriores , com centenas e centenas de figurantes , dezenas e dezenas de carros . A trilha sonora é de Alexandre Desplat , que vem se revelando grande a cada novo filme – e ele faz umas três trilhas por ano . Um deslumbre , um luxo . Sóbrio , elegante : Anne Fontaine optou por um estilo clássico , sem nenhuma invencionice , sem foguetório , sem criativol . A câmara é suave , não chama a atenção do espectador para movimentos bombásticos – simplesmente porque não era necessário . Há belas , admiráveis seqüências , como a câmara bem no alto de uma alta grua focalizando a jovem Coco Chanel deitada no chão coberto de folhas amarelas , recostada numa grande árvore , ou a seqüência final , em que vemos a ainda jovem Chanel na sua Maîson refletida em diversos espelhos , vestida , como mais gostava , de preto e branco – e nesse momento a diretora se permitiu passar do colorido para o preto-e-branco . Um pequeno , sutil toque a mais de classe , no encerramento . Nove entre dez diretores e / ou roteiristas muito provavelmente teriam optado pelo que eu chamo de narrativa-laço : começamos pelo final , para logo haver o flashback – voltamos atrás vários anos , e então vamos vindo para mais perto do presente . Nove entre dez teriam começado pelo início da seqüência final , a dos espelhos refletindo várias vezes o rosto de Coco Chanel , para então voltar atrás . Uma narrativa rigorosamente cronológica Nem isso Anne Fontaine fez . Sua narrativa é rigorosamente cronológica . Quando a ação começa , estamos em 1893 , conforme nos informa um letreiro . A garotinha Gabrielle Chanel , de uns sete , oito , nove anos de idade , e sua irmã Adrienne , quase da mesma idade , estão sendo levadas numa carroça para um orfanato em algum lugar do interiorzão da França . Ao serem deixadas à porta do grande prédio do orfanato , Gabrielle olha com ansiedade para o homem que conduzia a carroça – seu pai . O homem não olha para trás , não diz uma palavra às filhas . Há duas ou três seqüências no orfanato , para realçar duas realidades básicas da vida de Gabrielle ( o apelido Coco viria um pouco mais tarde ) Chanel : sua origem era bem humilde , provinciana , interiorana ; e seu pai , homem pobre , da roça , abandonou as filhas num orfanato assim que a mãe morreu , e nunca mais as procurou . Esses dois pontos assentados , a narrativa dá um salto de 15 anos , conforme nos explica novo letreiro , e passamos a acompanhar a vida dela a partir daí , quando está com uns 22 , 23 anos , na cidade de Moulins . O ano não é especificado , mas não é necessário : estamos no início do século XX , aí por 1908 . O ano do final da narrativa também não é explicitado , mas é algo por volta de 1920 . É , como a feliz definição do título , a vida da jovem Coco antes de virar Chanel , o sinônimo mundial de classe , elegância . Uma mulher de vida rica Há dezenas de cinebiografias que acabam sendo filmes um tanto fracos , ou no mínimo pouco interessantes , pouco marcantes , simplesmente porque a vida do retratado não é rica , não é dramática , não é cômica , não é nada especial – é apenas uma historinha um tanto boba , um tanto chocha . Mesmo quando o biografado é uma pessoa importante , em alguma área . O fato de a obra da pessoa ter importância não significa que a vida dela tenha sido importante . Buddy Holly , por exemplo . O cara é importantíssimo para a música popular – mas a história de sua vida curtíssima , brevíssima , não tem absolutamente nada especial – a não ser o fato de que ele morreu jovem demais da conta , aos 23 anos de idade , num desastre aéreo . Deixou um legado incrível , fantástico – mas sua vida não tem elementos para virar filme ou peça , como virou . A vida de Coco Chanel , ao contrário , mesmo o trecho inicial , até ela começar a se impor como um dos nomes mais importantes da moda de todo o mundo , é bastante rica . Contada com sobriedade , elegância , riqueza , requinte , só poderia mesmo resultar em um belo filme . Depois do corte de 15 anos , pulando do orfanato para por volta de 1908 , em Moulins , encontramos as irmãs Gabrielle ( interpretada por Audrey Tautou ) e Adrienne ( a bela Marie Gillian ) apresentando-se como cantoras em um bar , um cabaré . Fazem um número levíssimamente safado ; cantam uma canção que diz : “ Perdi meu pobre Coco , Coco , meu cachorro que eu adoro , perto do Trocadéro . ( … ) Quanto mais meu homem me traía , mais Coco me era fiel ” . Será por causa da canção que Gabrielle passará a ser chamada de Coco . De noite , cantavam no bar-cabaré ; durante o dia , as irmãs órfãs trabalhavam como ajudantes de costureiras numa loja . No trabalho noturno , eram apenas cantoras , embora alguns clientes confundissem as cantoras com as putas que também freqüentavam o local . Adrienne se envolve com um cliente barão , que em seguida vai exigir que ela pare de cantar e se dedique apenas a ele , mediante a promessa de um casamento que será sempre adiado . O barão de Adrienne leva para o bar-cabaré um amigo , um oficial do exército , Etienne Balsan ( Benoît Poelvoorde ) , que se interessa por Coco . Com talento , agilidade , o roteiro nos apresenta como se desenvolve a relação entre Coco e Balsan ; leva-se um pouquinho de tempo para que Balsan revele que é riquíssimo . Depois que Adrienne deixa a cidade de Moulins para viver teúda e manteúda pelo seu barão , à espera de um casamento que jamais virá , Coco resolve fazer a mala e aparecer sem ser convidada na casa de Balsan . A casa não é uma casa , é um gigantesco castelo . Estamos aqui com no máximo 20 minutos de filme . Um ser em permanente infelicidade O que virá a seguir não é exatamente um conto de fadas , tipo pobre órfã encontra o amor com homem muito , muito rico . A relação que se estabelece entre Coco e Balsan é um tanto difícil de se compreender ; chega a parecer um tanto esquisita , mal explicada ; é esquisita , sim ; é um tipo de folie à deux , esse tipo de loucura bem mais comum do que se pode imaginar . Mas é um tipo de relação que – pelo que nos mostram a literatura e o cinema – era permitida , aceitada , na França , talvez mais do que nos países vizinhos . A existência da amante e o fato de a existência dela ser pública eram fatos considerados normais , ali – ao contrário , por exemplo , do que ocorria na vizinha Inglaterra . O filme trata dessa questão , e da questão do imenso desnível social entre Coco e Balsan , de uma bela maneira – ao mesmo tempo ostensiva mas não como o mais importante . O mais importante era que Coco se submetia à situação obviamente constrangedora , embaraçosa , deprimente – mas se submetia , ao mesmo tempo não a aceitava plenamente . A jovem Coco Chanel que o filme retrata – e que Audrey Tautou expressa de maneira brilhante – é um ser em permanente infelicidade , em eterna revolta contra a condição de bem tratadíssimo animal de estimação , ou escravo , o que dá quase no mesmo . A diretora Anne Fontaine não faz um discurso feminista , ou pelo menos não o enfatiza – mostra a situação absurda , apenas . Mostra uma mulher de vontades muito fortes , de grande determinação , que possui um talento imenso – a de criar roupas , adornos – embora ainda não saiba muito disso , muito menos como usá-lo , mas que suporta por muito tempo o papel de bichinho de pelúcia do milionário . A atriz é muito mais bela que a verdadeira Coco Chanel Há , na minha opinião , um pequeno problema de miscasting na escolha de Audrey Tautou para o papel da jovem Coco Chanel . Diabo , há algumas palavras em inglês que não têm um exato correspondente em português . Como definir em uma palavra o fato de um ator não corresponder exatamente ao papel que ele vai interpretar ? Bem , paciência , vamos em frente . A questão é que Coco Chanel ( na foto ao lado ) não era exatamente uma mulher bonita . Tinha traços fortes – assim como suas vontades e seu talento – , mas não era exatamente bela . Audrey Tautou , essa gracinha , teve que ser maquiada para parecer menos bela do que é – e está , em 99% das cenas , de cenho franzido , cara fechada , mal humorada , para tentar ficar mais parecida com seu personagem . É um pequeno problema , nada sério , nada grave . Audrey Tautou , que estourou , virou estrela jovem demais , com a delícia que é O Fabuloso Destino de Amélie Poulain , teve aqui , acho , seu papel mais importante desde Coisas Belas e Sujas , o filme barra pesadíssima de Stephen Frears em que ela interpreta uma imigrante ilegal turca vivendo em Londres que come o pão que o diabo amassou muito . Cheio de sutilezas , o filme levanta questões sobre moral Uma das maiores qualidades deste ótimo filme é que ele levanta diversas questões importantíssimas sobre moral , costumes , comportamento , sem parecer que está sendo sério demais . É um filme que não é óbvio – ao contrário , é cheio de sutilezas . Não é esquemático na denúncia da injustiça social , não é esquemático na denúncia do machismo da sociedade , não é esquemático na defesa da mulher . É forte , sem ser óbvio . Coco Chanel não é uma heroína , uma perfeição – ela se aproveita das situações que odeia profundamente . Um diálogo me impressionou muito . É já quando a narrativa se aproxima do final ; Coco tinha tido dias maravilhosos em Deauville , com o inglês que os franceses chamam de Boy ( Alessandro Nivola ) . Ela conta para Balsan , o homem que a mantém numa gaiola dourada , que Boy não teve vergonha de ser visto com ela em Deauville , que a levou para o baile no cassino . E Balsan retruca : “ Se eu estivesse com você na Inglaterra , eu a levaria ao Palácio de Buckingham ” . Diferenciar o certo do errado não é muito fácil , demonstrou Bob Dylan numa canção em que dizia que , no passado , quando era mais jovem , tinha mais certezas , o preto era preto , o branco era branco . Este filme de Anne Fontaine que conta a primeira parte da vida da modista apaixonada pela combinação do preto com o branco mostra , magnificamente , que a vida tem uma quantidade muito maior de tons cinzas do que a juventude , a falta de conhecimento , são capazes de imaginar . Opino agora , mas vi este filme na sexta , 26 deste mes . Um filme muito bom . Coco Chanel , talento nato . Estava no sangue . Mulher corajosa , de garra , valente . Botou o capacete e foi à luta , fazer aquilo que gostava e sabia e , muito bem . E deu no que deu . Ela sabia o que queria,sim . Assim como sabia que nunca se casaria . Quando ela ainda era ninguém , já “ criticava ” a maneira de como se vestiam certas mulheres . Inclusive a sua amiga ” rica “ . Duas cenas : quando Balsan pergunta o que ela fez com o vestido que ele lhe dera e ela responde : ” pendurei na janela parecia uma das cortinas “ . E a outra quando ela comenta que uma mulher destilava joalheria de tanta jóia pendurada no corpo e a outra de tão apertada que estava no vestido ía se partir em duas . ” Coisas de Coco Chanel ” Sergio , houve um engano neste teu texto , com certeza um caso de toque na tecla errada . Logo no comêço , abaixo da nota que deste . O ano da anotação , repare . Um abraço ! ! Ops ! ! ! Esqueci de um detalhe . Talvez seja coisa minha mas não entendi bem a colocação que a Coco faz , quando está lendo um livro e comenta se não me engano com o Balsan : ” Aqui diz pobre feliz,isso é coisa de rico . ” Uai , pobre não pode ser feliz ? Pesquisando li que foi Capel que a ajudou a abrir sua primeira loja de chapéus e foi ela também que criou a primeira calça feminina . E , isto não foi preciso pesquisar : o famoso Chanel 5 . Conheci este perfume , Trabalhei com ele quando estoquista em uma loja de perfumes de linha . Um abraço , Sergio ! ! 2 Trackbacks [ … ] brilhar , ou tinham começado a brilhar fazia pouco tempo , e hoje estão absolutamente consolidados . Audrey Tautou , embora bem jovem ( é de 1976 , estava com 26 ) , já tinha tido o sucesso avassalador de Amélie [ … ] Diamante de Sangue / Blood Diamond De : Edward Zwick , EUA-Alemanha , 2006 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Ótimo , competente thriller denunciando o comércio ilegal de diamantes que espalha ainda mais violência na África . Junto com O Jardineiro Fiel , a bela produção internacional dirigida por Fernando Meirelles , este é um dos bons filmes recentes que expõem a trágica , absolutamente desumana situação no mais miserável dos continentes , e mostra como os países e corporações do Primeiro Mundo continuam , décadas depois do fim do colonialismo , a piorar ainda mais a vida daqueles povos . A ação se passa em Serra Leoa ; Salomon ( Djimon Hounsou ) , um nativo que é obrigado por um grupo armado a se separar da família e a trabalhar como escravo na procura por diamantes , descobre uma pedra extraordinária , de valor incalculável , e consegue fugir com ela . Sua vida vai se cruzar com a de um mercenário sul-africano , Danny ( Leonardo DiCaprio , bom ator apesar , ou além , da cara bonita ) e a de uma jornalista americana , Maddy ( a maravilhosa , extraordinária Jennifer Connelly ) , que investiga os “ diamantes de sangue ” , o comércio ilegal de pedras preciosas que alimenta grupos armados e guerras tribais . O filme teve cinco indicações ao Oscar , inclusive ator para Leonardo DiCaprio e coadjuvante para Djimon Hounsou ; ganhou ainda outros cinco prêmios e teve mais 14 indicações . Esse diretor Edward Zwick já tinha feito recentemente um outro bom filme , que tem ação mas tem também idéias e denúncias , O Último Samurai . A trilha sonora do incansável James Newton Howard ( o cara assina uma trilha por ano , sem parar , e já compôs para mais de cem filmes e / ou episódios , em uma carreira de 24 anos ) é muito impressionante ; parece que baixou um espírito africano nesse californiano da gema . Honra Secreta / Secret Honor De : Robert Altman , EUA , 1984 Nota : Anotação em 2010 : Honra Secreta é um filme ousado ; uma aula de cinema , literalmente falando ; um tour de force de um ator de grande talento em momento especial . Ao mesmo tempo , não é aconselhável para todo tipo de público – muito ao contrário . Só deverá gostar do filme quem tiver grande interesse em política e na história dos Estados Unidos . É uma peça de teatro filmada , uma peça de um ato e um único cenário , uma grande sala – um monólogo de um ator representando Richard Milhous Nixon , depois de renunciar à Presidência por causa do escândalo Watergate , em 1974 . Durante 90 minutos , Philip Baker Hall fala , fala , fala e fala . Cita diversas figuras e episódios da política americana – Eisenhower , de quem foi vice , entre 1953 e 1961 , os irmãos Kennedy , especialmente John , que o derrotou na eleição de 1960 ; Fidel Castro , Mao Tsé-Tung , a guerra do Vietnã , Henry Kissinger , seu secretário de Estado , Alger Hiss , Whittaker Chambers , e mais dezenas de personalidades e fatos históricos . Logo na abertura , o filme do diretor Robert Altman faz este aviso-advertência : “ Este trabalho é uma meditação fictícia a respeito do caráter e dos eventos na história de Richard M . Nixon , que é representado neste filme . A imaginação dos dramaturgos criou alguns eventos fictícios num esforço para iluminar a personalidade do presidente Nixon . Este filme não é um trabalho de história ou uma recriação histórica . É um trabalho de ficção , usando um personagem real , o presidente Richard M . Nixon – numa tentativa de compreender . ” Uma especial predileção por fitas , gravadores e uísque Philip Baker Hall-Richard Nixon entra na sala carregando uma caixa , que deposita sobre uma das mesas . A sala – uma biblioteca , um escritório – é bastante ampla . Há várias estantes , centenas de livros , poltronas , garrafas , copos . Há quatro telas de TV , monitores de segurança , algumas mostrando o corredor que leva até aquela sala , outras mostrando o que se passa ali mesmo . Vemos uma câmara de filmar . O protagonista serve-se de uma generosa dose de uísque – veremos a garrafa de Chivas Regal sendo esvaziada durante muitas das seqüências . Da caixa com que entrou na sala , tira um revólver , que deposita sobre a mesa de trabalho . Na mesma mesa , há um gravador , um grande microfone . O Nixon verdadeiro tinha especial predileção por fitas , gravadores – e uísque . O Nixon fictício liga então o gravador , quando estamos bem no início do filme , e começa a falar . Falará por quase 90 minutos seguidos . Dirige-se a um juiz imaginário , como se estivesse num tribunal , sendo julgado ; dirige-se ao juiz imaginário como se fosse o advogado dele próprio , Nixon – mas em seguida passa a falar como se fosse Nixon mesmo . Ao longo de todo o monólogo , alterna essas personalidades : ora fala como Nixon , ora como seu advogado . O grande momento de um ator que sempre foi coadjuvante O ator Philip Baker Hall dá um show . É uma interpretação nunca menos que brilhante . Não me lembrava dele , nem de ter ouvido o nome dele , mas , pelo que mostra o iMDB , já o vi em vários filmes ; o eventual leitor também seguramente já o viu . Nascido em 1931 , com carreira no cinema iniciada em 1970 , tem 148 filmes e / ou episódios de TV em seu currículo , vários deles de sucesso ou respeitáveis , como A Rocha , Força Aérea Um , Boogie Nights – Prazer Sem Limites , The Truman Show , A Hora do Rush , O Informante , Magnólia , A Conspiração , Zodíaco . É um daqueles eternos coadjuvantes competentes – a quem Robert Altman deu o grande papel da vida , neste Honra Secreta . O retrato que os autores e roteiristas Donald Freed e Arnold M . Stone pintam de Nixon é assombroso , estarrecedor . Em Frost / Nixon , outro excelente filme , este calcado em fatos reais , reproduzindo fatos reais , o diretor Ron Howard mostrou um homem vaidoso , egocêntrico , enérgico , que se tem na mais alta conta mas demonstra uma certa insegurança . O Nixon do filme de Altman é tudo isso , elevado à enésima potência ; e é também vingativo , paranóico , psicologicamente perturbado , com traumas de infância , problemas de relacionamento com os irmãos , uma relação complexa e doentia com a memória da mãe , e invejoso , profundamente invejo do sucesso alheio – tem uma inveja de Kennedy que chega às raias da loucura , um pouco como Lula demonstra em relação a Fernando Henrique Cardoso . E , além de tudo , o Nixon do filme se confessa atolado em diversos tipos de corrupção . Altman dava aulas de cinema e seus alunos participaram do filme Este Honra Secreta foi o segundo filme consecutivo que Altman fez baseado em peça de teatro – sem tentar , de forma alguma , “ cinematogratizar ” a peça . Muito ao contrário , faz questão de demonstrar que está filmando uma peça de teatro . O filme é de 1984 ; em 1983 , ele havia filmado uma outra peça radical , em termos formais e também políticos , O Exército Inútil / Streamers , um libelo antimilitarista . Estava , naquela época , dando aula de cinema na Universidade de Michigan . Muitas das pessoas envolvidas na produção de Honra Secreta eram seus alunos . Estava também no fundo do poço , em termos comerciais : não conseguia interessar os grandes estúdios por seus projetos , e fazia então filmes independentes . Uma figura absolutamente maior , Robert Altman . Nascido em 1925 , começou como roteirista , e depois foi diretor na TV – dirigiu diversos episódios das séries Alfred Hitchcock Presents e Bonanza , antes de finalmente passar a dirigir para o cinema , o que só aconteceu em 1957 , aos 32 anos . Fez grandes filmes , anticonvencionais , indo contra as regras do gênero , como o estranho e belo western Quando os Homens são Homens / McCabe and Mrs . Miller , o policial O Perigoso Adeus / The Long Goodbye , a arrasadora sátira M.A.S.H . Este foi um espantoso sucesso comercial . Popoye , de 1980 , ao contrário , foi um flagoroso fracasso de bilheteria – embora seja uma maravilha de filme , que merecee ser relançado e revisto . Veio a partir daí a fase em que os estúdios não queriam saber dele . Grande artista , continuou a fazer bons filmes – para depois cair de novo nas graças dos produtores e do público , a partir de O Jogador / The Player , de 1992 , em que , ironicamente , fazia um retrato cruel da própria indústria americana de cinema , e de Short Cuts , de 1993 , em que mostrava a vida de uma dúzia de pessoas em Los Angeles , a cidade que é o coração dessa mesma indústria . “ Um esquisito triunfo ” , “ um psicodocudrama sensacionalista ” Vamos às opiniões dos críticos . Leonard Maltin dá 3.5 estrelas em 4 : “ Richard Nixon , com a ajuda de um Chivas Regal , anda em seu escritório numa fúria quase psicótica contra Hiss , Castro , Ike , Kissinger , e qualquer um que se chame Kennedy . O show de monólogo de Hall é filmado fluidamente e corajosamente concebido . ” E informa que o filme foi lançado em vídeo nos Estados Unidos com o título de Lords of Treson , senhores da traição . Sérgio Augusto não selecionou o filme para constar da edição brasileira do livro de Pauline Kael , o que me dá o trabalho de tentar traduzir o texto brilhante , rico e difícil dela . Vamos lá . “ Como Richad Milhous Nixon , Philip Baker Hall entre uma ruminação selvagem a respeito da sua vida – uma mistura de confissão e auto-isenção . Dirigido por Robert Altman , o filme tem uma qualidade intensificada , como se todo o tumulto do último ano de Nixon na Casa Branca , sua renúncia , e seu perdão – todas as notícias que devoramos nas revistas e nos jornais e na TV , e a torrente constante de revelações – fossem compactados nesse monólogo esfarrapado . É um ataque , um colapso , e o excesso de demonstrações quase pornográficas é paralisante . Há uma travessura virtuosa na confiança de Altman em seu próprio toque ; ele obtém um pequeno , esquisito triunfo com esse piscodocudrama sensacionalista . ” E agora Roger Ebert , o crítico que ama os filmes que vê e tem especial admiração por Altman . Claro , 4 estrelas , a cotação máxima . Não dá para traduzir tudo , porque Ebert é como eu , escreve demais , textos imensos ( com a diferença de que escreve bem ) . Mas ele abre contando que , no seu livro The Final Days , Bob Woodward e Carl Bernstein ( os repórteres que tiveram a sorte de ser enviados num plantão de fim de semana para cobrir o que parecia ser um assaltozinho rotineiro ao comitê democrata no Edifício Watergate e transformou-se num dos maiores escândalos políticos de toda a História ) descrevem um Nixon bêbado , caindo sobre seus joelhos . “ Mas , à medida em que Watergate desaparece e vira História , e enquanto historiadores revisionistas começam a sugerir que Nixon pode afinal de contas ter sido um grande presidente – escândalos à parte , é claro – , nossa curiosidade permanece . Quais eram os reais segredos desse presidente extremamente complexo ? Secret Honor , de Robert Altman , que é um dos mais cáusticos , dilacerantes e brilhantes filmes de 1984 , tenta responder a nossas perguntas . ” ( … ) “ Nixon começa a mexer no seu gravador ; há uma pequena piada sobre o fato de que ele não sabe direito manejá-lo . Aí ele começa a falar . Ele fala por 90 minutos . ( … ) Raramente vi 90 minutos mais fortes na tela . Nixon é interpretado por Philip Baker Hall , um ator que eu não conhecia , com tamanha intensidade selvagem , tamanha paixão , tamanho veneno , tamanho escândalo , que não conseguimos deixar o filme de lado . ” ( … ) “ Uma coisa estranha aconteceu comigo enquanto assistia a este filme . Sabia que era ficção . Não vi o filme com o espírito de aprender ‘ a verdade sobre Nixon ’ . Mas como um filme , ele criou uma verdade mais profunda , uma verdade artística , e depois que Secret Honor terminou , quer saber ? Eu tinha uma simpatia mais profunda por Richard Nixon do que antes . ” Bem , essa é a visão de um americano ; a gente conhece bem menos Nixon do que eles . Mas eu não tive simpatia alguma pela figura . Muito ao contrário . Nem acredito que tenha sido essa a intenção dos autores da peça , ou de Altman . Mas , tirando aquela constatação pessoal de Ebert , o que ele fala me parece perfeito . “ Não conseguimos deixar o filme de lado . ” Cheguei a pensar em pular uns trechos , já que muitas das coisas que o Nixon do filme diz são uma realidade americana demais , para quem conhece muito mais profundamente aquele contexto todo – mas não pulei coisa alguma . O filme é bem feito demais , e o ator está de fato num momento da maior inspiração – o filme pega e envolve o espectador com se fosse um bem feitíssimo thriller . 3 Trackbacks [ … ] o típico caso de quem não consegue voltar bem à planície , conforme mostram dois belos filmes , Honra Secreta e Frost / Nixon – por coincidência estrelado pelo mesmo Michael Sheen que interpretou Tony Blair [ … ] [ … ] no filme , aconteceram em 1972 ; em 1973 começaram as condenações dos funcionários do governo Richard Nixon que planejaram , autorizaram e financiaram o assalto . E a renúncia do presidente , para evitar um [ … ] [ … ] Que tristeza ver isso justamente num filme de Robert Redford , que , na maturidade jovem , em Todos os Homens do Presidente ( 1976 ) , interpretou o repórter Bob Woodward , que , ao lado do colega Carl Bernstein ( feito por Dustin Hoffman ) , e com o apoio da proprietária e do editor-chefe de um dos maiores jornais do mundo , o Washington Post , desvendou a cadeia de corrupção ligando o assalto ao comitê do Partido Democrata no edifício Watergate diretamente aos mais altos escalões da Casa Branca , chefiada pelo republicano Richard M . Nixon . [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * O Estudante / El Estudiante De : Roberto Girault , México , 2009 Nota : Anotação em 2011 : O Estudante , produção mexicana de 2009 , é repleto de boas , ótimas , excelentes intenções . Demonstra que foi feito com garra , gana , paixão – e tem alguns bons momentos . Mas tropeça sob o peso de tanta vontade de se fazer uma obra que dê um bom recado , que transmita uma boa mensagem – e na opção de ser de fácil entendimento . Acaba tendo um gostinho de coisa naïf – ingênua , pura demais . E de panfleto – ainda que em prol de causas nobres . Quando um filme , ou qualquer obra , vira panfleto demais , deixa de ser filme , de ser arte . Como se dizia antigamente : se você quiser mandar uma mensagem , use o Correio . Ou então : boa política faz teatro ruim . Boas pessoas , pessoas de bom caráter , de boa índole , seguramente se comoverão com o filme . Aqueles que , depois de se comoverem com o filme , fizerem busca na internet para ver opiniões sobre ele e vierem eventualmente parar aqui ficarão com certeza magoados , ou furiosos , com o tom de crítica presente nesta anotação . Gostaria muito de estar aqui apenas tecendo elogios ao filme dos diretor Roberto Girault . Admirei suas boas intenções ; concordo com quase todos os valores que o filme defende . ( O quase aí é porque há a questão do aborto , em que discordo frontalmente do que mostra o filme . ) Não sou dono da verdade , de nenhum tipo de verdade – este lugar aqui é apenas onde registro minhas opiniões pessoais a respeito dos filmes que vejo . E minha opinião é esta : acho que O Estudante é um filme muitíssimo bem intencionado , porém fraco . Uma apaixonada defesa da aprendizagem e do diálogo entre as gerações É uma defesa apaixonada da aprendizagem , da educação . De que nunca é tarde para aprender . De que as pessoas ficam melhores quando estudam , aprendem . De que os grandes clássicos são eternos , e todos devemos e podemos aprender com eles . É uma defesa apaixonada do diálogo entre as gerações – de que todos podem sair ganhando , quando jovens e velhos conversam , dialogam , convivem . Tudo , tudo , tudo valores corretíssimos . Não gostaria de sujar esta anotação com recordações ruins que seria melhor deixar pra lá , mas é impossível deixar de registrar que tudo o que este filme defende é o exato oposto daquilo que o apedeuta que foi presidente do Brasil durante oito tristes anos defendeu . O exato oposto , o contrário das loas à falta de estudo , de preparo , de esforço . Um velhinho que logo se dá bem com os garotinhos e as garotinhas Chano , o protagonista da história ( interpretado por Jorge Levat ) , é um homem na faixa dos 70 anos de idade , feliz , realizado ; tem uma mulher maravilhosa , Alicia ( Norma Lazareno ) , amam-se profundamente ; tem duas filhas , uma neta linda , e está aposentado , sem qualquer tipo de problema de falta de dinheiro – não se diz o que Chano fez na vida , não importa , mas dá para inferir que ele teve seu próprio negócio , um negócio próspero , firme , não gigantesco , mas bom . Poderia então simplesmente se dedicar ao dolce far niente , a curtir a boa vida ao lado da mulher , das filhas e das netas . Mas Chano quer mais . Quer voltar a estudar , quer aprender , quer ter um diploma universitário , que não teve , porque provavelmente quando jovem cuidou do trabalho em primeiro lugar . Matricula-se no curso de Letras da Universidade de Guajanuato . A princípio , haverá um certo estranhamento – os colegas de Chano , um punhado de garotos e garotas ali na faixa dos 20 anos de idade , vão numa primeiro momento demonstrar uma certa rejeição àquele estranho , aquele velhinho . Essa fase vai passar logo . Rapidamente estarão se dando bem , o velhinho e os garotinhas e as garotinhas . O filme como que fala devagarinho para ver se o público compreende Na minha opinião pessoal ( não sou dono da verdade , repito 200 vezes se for preciso : estou apenas expressando minha opinião pessoal de espectador , jamais de crítico de cinema , coisa que não sou ) , o grande problema deste filme cheio de boas intenções é o excesso de obviedade , o excesso de condescendência para com o que os realizadores devem considerar como sendo falta de informação , de educação , de cultura do público . O filme como que fala muito devagarinho , pausadamente , para ver se o público o compreende . Como se estivesse falando com imbecis . Ao ser óbvio demais , o filme acaba ofendendo a inteligência do público . Subestimar a inteligência do espectador é crime . Algumas belas tomadas , fotografia de primeira . Mas … Há belas tomadas , a fotografia é muitíssimo bem cuidada . Num determinado momento , ainda no começo , a câmara , colocada no nível do chão , anda da esquerda para a direita mostrando os calçados usados pelos alunos da fileira em que se senta Chano : tênis , tênis , tênis – e depois os sapatos pretos , caretas , velhos , do senhor de 70 anos de idade . É uma tomada especialmente feliz , engenhosa . Pena que é uma raridade , dentro do filme como um todo . Na imensa maior parte do tempo , a narrativa é naïf , os episódios da trama são naïves . Até a intepretação dos atores é forçadamente óbvia , para que todo o público compreenda a mensagem . É como se o diretor estivesse se dirigindo a um público emburrecido pela linguagem da televisão , usando a própria linguagem da televisão para tentar passar sua mensagem . Na sua forma , o filme vai exatamente contra a mensagem que está tentando passar – a de que a aprendizagem é básica , fundamental , é com ela que se vai em frente , se avança . Na sua forma , o filme como que fala com imbecis . Por exemplo , a música . A coisa de a música vir muito alta , e feita para parecer sinfonicamente grande , e impressionante , no momento do clímax , para ajudar a fazer o espectador chorar , é profundamente babaca . Não dá para defender o avanço chamando o público de imbecil . Isso para não entrar na questão mais áspera , polêmica , do aborto . Ao fazer a defesa do já que engravidou tem que parir , mesmo que o engravidar tenha sido com a pessoa errada , na hora errada , o filme que pretende passar boas mensagens se torna lastimável , bocó , fundamentalista , a vanguarda do atraso . 8 Comentários Sergio , penso que o filme tem uma boa história , mas exagera no clichê . Gostei a interpretação do protagonista , mas seus colegas apenas quebram o galho . No fim das contas , vale o ingresso . Mas podia ser bem melhor . Sérgio , concordo integralmente com seus comentários . Sou louco por filmes mas não tenho a intenção nem competência para julgar . Por isto recorro a sites como o seu ; para reforçar – ou não – o que achei , o que senti . Sempre faço isto após assistir ao filme . Comecei a assistir o Estudante e me emocionei com o velhinho – até pq tenho 66 anos e encontro alguns paralelos . Mas realmente o filme descanba para a ingenuidade . De qualquer forma me diverti . Abraços P.S . Seu site é fantástico ! Caro Aloysio , muitíssimo obrigado pelo comentário – e muitíssimo obrigado pelo elogio ao site . É sempre uma surpresa maravilhosa quando vejo que pessoas da minha geração ( da nossa ) acabam descobrindo este site , e até gostando dele . Um abraço . Sérgio Sérgio , parabéns , conheci hoje o seu blog e estou me divertindo muito . Parabéns pela coragem em criticar , mas estou aqui para te dar mais coragem ainda . Por que pedir desculpas quando não gosta do que viu ? É um direito não gostar , e também ter uma opinião . O tal do politicamente fez tudo ficar chato , não se pode mais criticar . Ora , o blog é seu . Achei sua crítica a Jezebel interessantíssima , tanto é que vou ver o filme assim que puder . Sucesso para você ! Oi gente . Eu to estudando sobre esse filme . Bom eu achei que no filme eles querem dar uma grande lição de vida . Mostra que mesmo Chano sendo um senhor de idade ele vai em busca de seus sonhos que era estudar e se forma em literatura . Isso mostra que não importa sua idade , vá em busca de seus sonhos , porque eles podem se tornar realidade . A criança que nasceu ( que não foi abortada ) não achou o filme fundamentalista . Ao contrário , adorou a mensagem ! Mesmo não apresentando as últimas tecnologias cinematográficas , o filme tem um fotografia muito bonita e bons atores . No geral , ótimo filme ! Recomendo . Bom pelo que percebo sua critica se da pelo fato de o autor defender o aporto , você não é obrigado a concorda , mas o autor pode e deve por seu ponto de vista . Não importa quanto o mundo se evoluiu . O que é Sagrado sempre será sagrado , e para mim a vida é sagrada , eu sinto muito se num momento de fraqueza a pessoa erra ou faz algo que não deveria fazer , mas aquela outra vida não tem motivos para parar de existir . Adorei , mesmo por que alguns temas abordados são em partes diferentes da cultura que temos no Brasil atualmente , é claro o filme é mexicano…E como toda arte cinematográfica mexicana , muito doce , sutil , bom filme pra relaxar … . Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Meu Coronel / Mon Colonel De : Laurent Herbiet , França-Bélgica , 2006 Nota : Anotação em 2008 : Brilho de filme político , em plenos anos 2000 , com a marca do grego Costa-Gavras . Um coronel reformado do Exército francês , DuPlan , é assassinado em sua casa , uns 20 e tantos anos depois da guerra da Argélia . O assassinato acontece pouco depois que DuPlan ( Olivier Gourmet ) deu uma entrevista na TV criticando o governo francês . As investigações – da polícia e do próprio Exército – levarão ao exame de sua participação na repressão na Argélia , pouco antes da eclosão da guerra que levou à libertação da então colônia francesa na África . As investigações do Exército – a cargo de uma jovem tenente , Galois ( Cécile de France , essa gracinha , muito bem no papel ) , são facilitadas , ou talvez também complicadas , por uma série de cartas que chegam em pacotes aos investigadores , enviadas por alguém que fica no anonimato . As cartas foram escritas durante o conflito na Argélia por um tenente , Guy Rossi ( Robinson Stévenin ) , que serviu sob o comando do coronel DuPlan . À medida em que a tenente Galois vai lendo as cartas do tenente Rossi , o filme vai mostrando os relatos dele em flashbacks . As cartas , e os flashbacks , mostram o coronel como , mais do que um oficial dedicado e patriota , um fascista , um facínora , tamanha a brutalidade com que trata os rebeldes argelinos ; para o coronel DuPlan , assim como para a administração George W . Bush , os fins justificam qualquer tipo de meio : tortura , assassinato , violação dos direitos básicos e de todos os códigos de decência . No final do filme , o veteraníssimo Charles Aznavour , em uma de suas muitas atuações no cinema , aparecerá num papel pequeno mas fortíssimo , marcante , como o pai do tenente que sofreu nas mãos do coronel na Argélia . O grego cineasta do mundo Costa-Gavras , este sinônimo de cinema político desde os anos 60 , fez o roteiro do filme juntamente com Jean-Claude Grumberg , assim como havia feito em seus dois últimos filmes , Amém / Amen , de 2002 , e O Corte / Le Couperet , de 2005 , mas a direção ficou a cargo desse Laurent Herbiet , em sua estréia na função – nascido em 1961 , Herbiet tinha longa carreira como assistente de direção e diretor de segunda unidade . Meus Tios Heróis / Unstrung Heroes De : Diane Keaton , EUA , 1995 Nota : Anotação em 1997 : É um filme estranho , weird como a própria palavra weird . Tem um certo humor amargo que deve ser bem característica dos judeus americanos – e é interessante que , em seu primeiro-longa metragem como diretora , Diane Keaton , depois de anos de convivência com Woody Allen , tenha feito um filme tão profundamente , arraigadamente judeu . Para começo de conversa : é uma história real . O roteiro se baseia num livro de Franz Lidz ( que aparece , nos letreiros finais , também como co-produtor executivo ) . Franz Lidz é o garoto que no filme tem 12 anos , o protagonista da história . A ação se passa no comecinho dos anos 60 ; o garoto , portanto , é do início dos anos 50 , estará hoje com 47 , por aí . É um homem da minha geração . A apresentação é interessante . Vemos cenas de filmes domésticos , em PB , é claro , feitos pelo pai do garoto , um inventor ( John Turturro , ótimo , excelente ) , testando inventos e usando o filho como cobaia . Logo depois que termina a apresentação há uma seqüência para mostrar que aquela é uma família feliz , de pais apaixonados e apaixonados pelos filhos . Com dez minutos de filme , já temos que o garoto se sente mal por ter um pai como aquele – judeu , e estranho , diferente demais do padrão classe média americana , que fala o tempo todo sobre a importância da ciência e sobre as frases e as descobertas dos cientistas . Ele diz pra mãe ( Andie MacDowell , no começo do filme linda como sempre , depois maquiada para mostrar sua lenta derrota para um câncer no ovário ) que os garotos na escola dizem que o pai dele não é deste planeta . A mãe , ao contrário , é idolatrada pelo garoto . É seu ponto de contato com o mundo . Por isso o horror do choque que ele sente ao saber que a mãe está doente , e depois – através de uma frase que a empregada solta sem pensar – que está morrendo . A notícia da doença faz mudar completamente , é claro , o comportamento do pai . Antes alegre , expansivo , transforma-se em sombrio , calado , fechado , tentando maniacamente lutar contra o diagnóstico , depois se entregando à evidência . O peso da tristeza que paira na casa , e o mau humor constante do pai , ajudam para que o garoto opte por se refugiar na casa dos dois tios , irmãos do pai . Os tios , Danny ( Michael Richards ) e Arthur ( Maury Chaykin ) , são doidos de pedra . Mas de pedra mesmo . Se os colegas de escola do menino Steven Lidz já consideram o pai dele maluco , imagine-se o que pensariam dos tios . Arthur , em especial , é uma figuraça . Judeu de esquerda , alimenta uma total teoria conspiratória da história ; diz que só existem oito pessoas na humanidade em que se pode confiar ; todos os demais são suspeitos , ou então são abertamente fascistas . Os dois tios vivem em um imenso apartamento para onde levam todos os jornais , bolas de brinquedo e todo o tipo de quinquilharia que encontram nas ruas . Vivem às turras com o síndico do prédio , que lá pelas tantas consegue fazer vir um fiscal da Prefeitura para constatar a loucura da quantidade de lixo que eles guardam no apartamento . Esse é o trecho mais estranho do filme . O garoto Steven passa a idolatrar os tios , a absorver os valores malucos deles , a loucura deles , para contrariedade total dos pais e surpresa do espectador . É aí que resolve , por sugestão dos tios , trocar o nome , de Steven para Franz . O distanciamento entre o garoto e o pai vai aumentando , até o ponto de ruptura . Circuito Fechado / Closed Circuit De : John Crowley , Inglaterra-EUA , 2013 Nota : O tema de Circuito Fechado – fascinante drama politico inglês lançado em 2013 – é um ataque terrorista ocorrido em Londres , obra , segundo todos os indícios , de radicais muçulmanos . Mas o filme é , todo ele , uma crítica virulenta não aos terroristas , aos radicais muçulmanos , mas às próprias autoridades britânicas . É preciso ser uma democracia consolidada , avançada , estável , tranquila , para que haja um filme como este Closed Circuit , escrito por Steven Knight e dirigido por John Crowley , com um elenco que inclui o australiano Eric Bana , os ingleses Rebecca Hall e Jim Broadbent , o irlandês do Ulster Ciarán Hinds e a americana Julia Stiles . Não é um filme fácil , que agrade a todas as platéias , de forma alguma . Falcões de todos os matizes , defensores da Lei do Talião , do olho por olho dente por dente , do combate aos radicais e terroristas com todas as armas possíveis e imagináveis , à la George W . Bush , Dick Chenney , por exemplo , devem passer bem longe dele – ou vão se expor ao risco de um choque anafilático . O roteirista e o diretor não procuram facilitar muito a vida do espectador , em especial os não britânicos . O roteiro faz questão de não ficar explicitando fatos – muitas vezes , prefere deixar as coisas subentendidas , como , por exemplo , como e quando foi o relacionamento afetivo entre os dois protagonistas , Martin Rose e Claudia Simmons-Howe , os papéis de Eric Bana e dessa fascinante Rebecca Hall , a cada filme mais impressionante . Tampouco há qualquer cuidado em esclarecer coisas básicas do funcionamento do complexo sistema judicial britânico . Não vai aí , nessas afirmações , qualquer crítica – são apenas constatações . O ministro da Justiça é duramente questionado em entrevista na TV Na abertura do filme – nada menos que brilhante – , há uma absurda concentração de informações , capaz de deixar o espectador um tanto zonzo . Começa com a tela dividida em duas , duas imagens diferentes . O espectador percebe de imediato que são imagens de câmaras de segurança colocadas em diversos pontos de um mercado londrino , Borough Market . A data aparece em cada imagem : 30/11/2012 . Não são apenas as imagens – há também a reprodução das vozes das pessoas focalizadas em cada uma das câmaras . Rapidamente passam a ser quarto imagens diferentes . Seis . O espaço da tela vai sendo dividido em fatias cada vez menores . Oito câmaras . Um furgão estaciona em uma das várias imagens , uma voz alerta que ali é proibido estacionar . Enquanto isso , vão rolando os créditos iniciais . Logo são 12 imagens , captadas por 12 câmaras de segurança diferentes . Quinze . Uma explosão – todas as 15 câmaras agora mostram apenas poeira . Chegam carros de polícia , equipes de resgate . Vemos e ouvimos noticiários de TV informando que há muitos feridos , que já se fala em ataque terrorista , que o número de mortos é alto . Os créditos iniciais continuam rolando , enquanto vemos tropas especiais da polícia – tipo tropa de choque , tipo SWAT – invadindo uma casa simples , um depósito . Repórteres de TV informam que um suspeito foi levado preso pela polícia , assim como sua mulher e filho – ele se chama Farroukh Erdogan ( Denis Moschitto ) , de origem turca . Um advogado é nomeado para a defesa de Erdogan – Simon Fellowes ( James Lowe ) . Os créditos iniciais ainda estão rolando . O Attorney General ( interpretado pelo grande Jim Broadbent ) está sendo entrevistado na TV , e o entrevistador é incisivo , duro , cortante . Quem faz o entrevistador é de fato um jornalista da TV britânica , John Humphreys , embora , naturalmente , nós não tenhamos como saber disso a não ser vendo depois a relação de atores . O Attorney General está na defensiva ao falar do julgamento de Farroukh Erdogan , o único suspeito vivo do atentado que matou mais de cem pessoas : – “ Em casos de terrorismo , há circunstâncias em que revelar provas em julgamento aberto prejudicaria ações presentes e futuras ( das investigações ) . ” John Humphreys , o entrevistador : – “ Mas provas cruciais da promotoria serão escondidas da defesa . Se isso acontecesse em qualquer outro país , diríamos que é um processo viciado . ” O Attorney General : – “ O acusado será completamente representado . ” O entrevistador : – “ Mas não pelo seu próprio advogado ! ” O Attorney General : – “ Na audiência aberta , diante do júri , ele terá seu próprio advogado . Na audiência fechada , será representado por um defensor especial . ” O entrevistador insiste : – “ Há margem para dúvidas . ” O Attorney General : – “ O processo judicial neste país é , e continuará sendo , justo e transparente . ” As legendas traduzem Attorney General por procurador-geral . Na verdade , na Grã-Bretanha , o Attorney General é o ministro da Justiça . E é apenas quando o ministro da Justiça interpretado por Jim Broadbent diz com a maior firmeza do mundo a frase “ O processo judicial neste país é , e continuará sendo , justo e transparente ” é que terminam os créditos iniciais do filme . Os dois protagonistas vão fazer a defesa do turco acusado pelo atentado Soterrado por tanta informação num período de tempo exíguo – não mais que os primeiros 5 dos 96 minutos de bom cinema – , o espectador poderá respirar rapidamente enquanto vê uma tomada aérea de Londres , o Tâmisa recortando aquela paisagem maravilhosa , a Tower Bridge na parte de baixo da tela , as pontes a montante , a Oeste , situadas mais para cima da tela . Um letreiro indica : “ Seis meses depois ” . Uma tomada em plongée radical , a câmara bem no alto , o Tâmisa visto como se fosse de um satélite – um pequeno barco de corrida de remo no meio do rio . Uma tomada em que vemos o remador – Eric Bana – e , acima dele , a Ponte de Westminster , e , atrás dele , o prédio monumental do Parlamento inglês . O personagem interpretado por Eric Bana pára para respirar exatamente ao lado das Houses of Parliament . O telefone celular toca , ele diz seu nome , Martin Rose . Corta , e Martin Rose está numa igreja em que se celebra a homenagem fúnebre a Simon Fellowes , o advogado de defesa do acusado do ataque terrorista , Farroukh Erdogan . Fellowes – é o que se diz – se matou , provavelmente abalado psicologicamente pela pressão de estar no centro de um caso que está sendo tratado como o julgamento do século . À saída da cerimônia religiosa , o ministro da Justiça , que também estava presente , procura Martin Rose para uma conversa ; Martin será o substituto do falecido Fellowes na defesa do turco acusado de promover o atentado que matou mais de cem inocentes . Ele fará a defesa no julgamento aberto , com júri e público presentes . A advogada escolhida como defensora especial de Erdogan , nas sessões fechadas do tribunal , sem imprensa , sem júri , sem populares , é Claudia Simmons-Howe ( o papel de Rebecca Hall ) . O espectador é informado de cara de que Martin e Claudia tiveram um caso no passado . Martin separou-se da mulher algum tempo atrás , e as relações entre os dois não são nada cordiais – ela estabelece horários rígidos para que ele fique com o filho adolescente do casal . Isso não é ditto hora alguma , mas dá para inferir que Claudia pode ter sido o motivo do divórcio não amigável de Martin e da mãe de seu filho . O complexo sistema jurídico britânico exige , naquele caso específico , que o advogado de defesa de Erdogan – Martin – e sua defensora especial – Claudia – não troquem informações sobre o caso . A rigor , o fato de eles terem tido um caso deveria levar um dos dois a se declarer impedido da tarefa – mas não é o que acontece . Não é dito claramente , mas dá para inferir ( o espectador tem o direito de inferir muito , ao ver Circuito Fechado ) que os dois , profissionais sérios , dignos , honestos , acham que o fato de terem tido um caso não impedirá que exerçam seus deveres com toda a isenção e o profissionalismo necessários . A partir daqui , spoilers . Quem não viu o filme não deve ler o que vem abaixo Por essa descrição acima , o eventual leitor que não tiver visto ainda o filme poderá imaginar que Circuito Fechado de fato despeja muita informação sobre o espectador já nos primeiros 15 , 20 minutos . E é bem verdade . Porém , quando o filme está aí com 25 , 30 , 35 minutos , há uma grande reviravolta . Muito provavelmente todas as sinopses do filme abrem as informações que virão a seguir , mas eu tenho estado cada vez mais paranóico com essa coisa de spoiler . Acho que as informações que virão agora atrapalham a vida de quem não viu ainda o filme . É spoiler . As informações vão se somando , Martin Rose vai juntando os pontos da trama – e conclui que , na verdade , Farroukh Erdogan trabalhava para o MI6 , o serviço secreto britânico , a CIA do Reino Unido . Cometeu um erro , e fez explodir no Borough Market um furgão com uma potência destruidora inimaginável . Condenar o uso de métodos sujos na guerra contra o terrorismo já é , em si , uma posição controvertida . Muita gente teria argumentos para justificar ações radicais contra radicais assassinos de inocentes . No próprio filme , quando a narrativa já se aproxima do fim , um agente da MI6 diz para Claudia , enquanto tenta sufocá-la : “ Você tem todas as vantagens da nossa sociedade , mas não as defende , não é ? Eu luto contra os homens que querem botar uma máscara em você apenas porque você é mulher ” . É extremamente difícil , mesmo numa sociedade avançada , civilizada , defender a postura – moralmente correta , juridicamente , humanamente , todos os mente possíveis correta – de que o crime , mesmo o terrorismo , tem que ser combatido dentro das normas do Direito , da Justiça , ou então o Estado que o combate passará , ele mesmo , a ser fora da lei . Tem ficado cada vez mais difícil , após cada golpe aplicado pelos radicais , pelos fundamentalistas muçulmanos . Circuito Fechado defende essa postura , contra a opinião de provavelmente a maioria das pessoas hoje em dia . Mas vai ainda além . Claro que se trata de uma história de ficção – mas investe contra o Estado britânico cujos agentes fizeram uma besteira imensa , e cuja máquina foi posta em ação para evitar que a verdade sobre o atentado fosse conhecida pelo público . É um belo , corajoso filme . Uma atriz excelente , um diretor novato , um roteirista veterano Uma palavrinha sobre Rebecca Hall . A cada filme que vejo com ela , cresce minha admiração . Que maravilhosa , que estupenda atriz . Rebecca Hall é a prova de que o talento não precisa necessariamente de vir acompanhado de imensa beleza . A rigor , a rigor , pelos padrões mais comuns , Rebecca Hall não é uma mulher bonita . Mas ela usa com maestria todos os traços de seu rosto – traços fortes , marcantes – para transmitir as emoções dos personagens que interpreta . Ela faz de Claudia Simmons-Howe um personagem fascinante . É uma mulher evidentemente bem nascida ( o próprio sobrenome duplo indica ) , bem criada , bem educada . Tem princípios firmes , é profissional dedicada , competente , e parece ter muita segurança – mas a segurança vai pelo ralo quando se vê defrontando a força das instituições do Estado . Roteirista e diretor souberam muito bem manter a tensão crescente entre os dois protagonistas , Claudia e Martin – a tensão diante de toda o caso jurídico e político complexo , difícil , apavorante , em que mergulham , e diante do reencontro após uma paixão que visivelmente ainda não se apagou . John Crowley , o diretor , é um garotão que deve estar beirando os 40 anos . Circuito Fechado é seu quinto longa-metragem ; não tenho referência alguma sobre os anteriores . Steven Knight , o roteirista , é mais veterano , nasceu em 1959 , e tem 26 títulos como roteirista . É o autor do roteiro do excelente Coisas Belas e Sujas / Dirty Pretty Things ( 2002 ) , de Stephen Frears , sobre imigração , miséria material e moral na Inglaterra de hoje . É isso aí : um bom filme . Mais um bom filme do cinema inglês , o que hoje , na minha opinião , é o melhor do mundo . [ … ] Ilhas Britânicas , todos os três – o veterano Alan Rickman , um londrino , a jovem e maravilhosa Rebecca Hall , igualmente londrina , e mais o garotão Richard Madden , escocês de uma cidadezinha chamada [ … ] Polícia , Adjetivo / Politist , Adjectiv De : Corneliu Porumboiu , Romênia , 2009 Nota : Anotação em 2010 : Já lá se vão 20 anos que a ditadura comunista comandada por Nikolai Ceauscescu caiu de podre , mas a Romênia vai mal , bastante mal . Não conseguiu se livrar da atmosfera claustrofóbica , castradora , do estado policial ; a burocracia paquidérmica e anti-meritocracia herdada do Estado todo-poderoso emperra o funcionamento das instituições , e a vida dos cidadãos é vigiada constantemente . Isto é o que diz Polícia , Adjetivo , filme de Corneliu Porumboiu , o mesmo autor do fascinante A Leste de Bucareste . Ou , no mínimo , se não foi essa exatamente a intenção do diretor , é uma das formas pelas quais pode ser visto seu filme . É um filme em tudo por tudo extraordinário , nas acepções fundamentais da palavra – fora do comum , excepcional , raro , singular , notável . Não é , de forma alguma , um filme fácil . Bem ao contrário . Porumbopiu constrói sua narrativa de uma forma enervante , perturbadora , desagradável mesmo , de uma certa maneira . É como se ele quisesse reproduzir , na forma do filme , o seu conteúdo , o que ele quer mostrar : como é exasperante a vida do cidadão que tenta ser correto e cumprir direito os seus deveres dentro daquele tipo de Estado . São várias as características básicas com que ele conta sua história . Em primeiro lugar : em geral , a câmara fica absolutamente estática . Segundo : os planos são longos , extremamente longos . As gerações acostumadas aos planos curtinhos , à montagem rápida , à la linguagem da MTV de meados dos anos 80 , e de todos os filmes de ação feitos depois disso , seguramente ficarão bastante nervosas com os planos tão longos . Terceiro : como nos filmes do Dogma 95 dos dinamarqueses , não há música . Ouvimos os ruídos naturais , as vozes – quando há vozes , porque na maior parte das seqüências não se fala nada – e ouvimos o silêncio . Só . Quarto : não há close-ups de nada , de ninguém . Jamais vemos de perto o rosto dos atores , ou qualquer objeto . São sempre tomadas amplas – planos gerais , ou no máximo de conjunto . Há , que eu tenha reparado , apenas um plano entre o de conjunto e o americano , uma longa tomada sem cortes do jantar do protagonista e sua mulher . Mas minto : em duas seqüências , bem no final do filme , no ápice do drama , haverá dois close-ups . Dois , apenas , para realçar a importância do que está sendo mostrado , depois de toda uma narrativa em que a câmara está mais longe das pessoas e dos objetos . Um , de um dicionário de romeno , na página em que se mostram os significados da palavra romena equivalente à nossa “ policial ” ; e outro , de um quadro-negro , onde se desenha o assalto final do estado policialesco à vida de um grupo de cidadãos . Um jovem policial honesto , sem provas contra o suspeito Esta é a trama básica deste filme estranho e fascinante , às vezes exasperante : Um jovem policial de uma pequena cidade romena , Cristi ( Dragos Bucur ) , é encarregado de fazer a vigilância de um estudante , Victor , que havia sido denunciado como usuário e traficante de droga . Ao longo de dias , Cristi segue os passos de Victor ; vê que ele , uma vez por dia , fuma um baseado , junto com uma colega e um amigo , Alex – exatamente o sujeito que fez a denúncia . Mas , fora isso , fora o fato de que Victor fuma o baseado ( e junto com o próprio denunciante ) , Cristi não observa mais nada . Não há qualquer elemento para provar que Victor é traficante . O traficante pode ser um irmão de Victor , ou até um irmão de Alex , o denunciante . Mas de uma coisa Cristi tem certeza : Victor não é traficante . Quando o filme está ali com dez minutos , Cristi faz uma manobra arriscada : passa por cima de seu chefe e vai falar com o procurador que cuida do caso . Acredita que será mais fácil convencê-lo de seu ponto de vista ; sabe muito bem que , se for falar com o chefe – o qual , aliás , anda exigindo uma conversa com ele – , o chefe exigirá que seja feito logo o flagrante , “ para resolver nos interrogatórios ” . A velha fórmula de toda polícia incompetente , de todo Estado policial , que todos nós , no mundo inteiro , conhecemos tão bem – certo ? Prende-se o suspeito , e resolve-se no interrogatório – num bom interrogatório ( segundo o ponto de vista do policial incompetente , do Estado policial ) , ah , o suspeito confessa , sim , senhor . Pois então o jovem policial Cristi vai ao procurador , quando o filme está aí com uns dez minutos . Chega a contar para ele que , na sua recentíssima lua-de-mel , esteve em Praga , e lá viu o que acontece em todos os países da Europa , menos na Romênia : consumir droga não é crime , crime é traficar . O procurador não quer saber : sugere a Cristi que faça o flagrante . Cristi tenta argumentar : se fizer o flagrante , o garoto Victor passará sete anos na cadeia ; ele não quer ter esse peso em sua consciência . O procurador contra-argumenta que não serão sete anos : depois de três anos e meio , o garoto será libertado : – “ Foi você que pôs o baseado na boca dele ? É a lei , ponto final . ” E Cristi : – “ É uma lei bem ruim . ” – “ Cristi , você não tem competência para falar de lei . ” Um brilho de panfletaço contra o Estado forte , inchado , incompetente Então é isso : além de fazer um panfletaço firme , forte , violento , contra o Estado policial , contra a burocracia infernal , contra o serviço público que – na falta de promoções por mérito e de demissões por incompetência ou corpo mole – incentiva a letargia dos funcionários , o diretor Corneliu Porumboiu faz uma crítica virulenta à forma como muitos governos tentam combater a praga das drogas . Uma forma que vitimiza o usuário , não derrota o traficante e só serve para inflar a corrupção e a criminalidade . Não é pouca coisa . De forma alguma . É um brilho . Como vingança contra o realismo socialista , a farsa , o fantástico Dois outros filmes fascinantes feitos em países que emergiram das cinzas após o desmoronamento do império soviético me impressionaram por seu clima anti-naturalista , selvagemente surreal . Em Os 27 Beijos Perdidos , feito em 2000 na Geórgia , a terra natal de Stálin , há um navio que passeia pelas ruas da pequena cidade e pelos campos ao seu redor , um marinheiro que perdeu o mar , um oficial que manda a artilharia disparar seus canhões em direção ao local em que sua mulher o trai com outro homem , um sujeito que amarra rolamentos no pauzão de 27 centímetros e depois não consegue tirá-los de lá e a cidade inteira tem que acudi-lo ; e , numa seqüência antológica , um camarada que está comendo uma mulher de pé , encostando-a numa mesa , usa , para ficar mais alto e facilitar o trabalho , dois livrões de Karl Marx sob os pés – livros que em seguida vão pegar fogo . Em Casamento Silencioso / Nunta Muta , feito em 2008 na própria Romênia , a narrativa do diretor Horatiu Malaele passeia pelo paranormal , vê fantasmas , bota os atores para atuar como em um teatro farsesco , faz um surrealismo que deixaria Fellini humilhado de inveja . Esses dois filmes me deixaram com a sensação de que , depois de muitas décadas de realismo socialista , aquela coisa horrorosa imposta pela ditadura comunista para enaltecer a pátria , o patriotismo , o valor do operariado , blábláblá , os diretores Nana Djordjadze e Horatiu Malaele resolveram se vingar , partindo para o realismo fantástico mais absurdo que se pudesse imaginar . Como numa repartição , esperando que o funcionário se digne a nos atender Já o romeno Corneliu Porumboiu não vai por aí . Com ele , não tem nada de realismo fantástico , de surrealismo . Ele também vai na contramão do didático realismo socialista , e vai também raivosamente – só que vai direção contrária : opta assim por uma espécie de hiper-realismo , de um quase naturalismo . Há momentos do filme em que não acontece absolutamente nada – exatamente como na vida real . É extraordinária , chocante , por exemplo , a seqüência em que um exaurido Cristi chega em casa , após um duro dia de trabalho , e sua jovem mulher , Anca ( Irina Saulescu ) , está na ínfima salinha do apartamento ouvindo música no YouTube . Tão jovens , tão recém-casados – e Cristi e Anca parecem distantes um do outro , milhas e milhas de distância , mais ou menos como Ben Braddock e Elaine Robinson – os personagens de Dustin Hoffman e Katharine Ross – na seqüência final de A Primeira Noite de um Homem / The Graduate . Cristi sequer vai até Anca para dar um beijo de boa noite . Vai para a ínfima cozinha do apartamento , jantar . Plano de conjunto , câmara paradona , estática – Cristi se serve , abre a geladeira , pega uma cerveja , vai comendo , vai bebendo , e vai ouvindo , junto com o espectador , uma canção pop romena tão brega quanto um Waldick Soriano ( brega é brega em qualquer lugar do mundo ) . Cristi pede para Anca baixar o som , mas Anca não ouve o que ele diz , e assim Cristi e o espectador continuam ouvindo a canção brega , enquanto a câmara continua paradona e Cristi continua comendo . Acaba a canção . Cristi e o espectador respiram aliviados – mas lá vem de novo a música , desde o início : Anca , como alguns doidos ( eu , por exemplo ) , tem a mania de ouvir dez vezes em seguida a mesma canção . Epa , mas então há um erro aqui : lá mais pra trás tinha sido dito que o filme não tem música . Não , não é um erro . O filme não tem trilha sonora , música de fundo . Tem uma ou duas canções que tocam lá dentro da história , que são ouvidas pelos personagens , e portanto o espectador ouve também . Um detalhezinho : a Waldick Soriano romena que inferniza o jantar do pobre Cristi chama-se Mirabela Dauer . Pelo menos isso é o que Anca contará mais tarde para Cristi . Mas haverá ainda uma outra tomada mais longa e mais exasperante do que essa que descrevi . Será bem para o final da narrativa . Cristi e seu colega Nelu ( Ion Stoica ) estão na ante-sala do chefe , à espera de que ele os mande entrar . Plano de conjunto , câmara paradona , estática : a secretária do chefe trabalha num computador pré-antigo , com um monitor daqueles de um metro de profundidade , que se usava uns 20 anos atrás , e , ao lado dela , Cristi espera . A tomada dura uns cinco minutos . Nada acontece , ao longo de uns cinco minutos . Exatamente como se estivéssemos – como todos já estivemos , e ainda vamos estar – numa repartição pública , à espera de que um funcionário finalmente se digne a nos atender . Na Romênia assim como no triste Brasil de hoje Evidentemente , não dá para deixar de falar das proximidades óbvias entre o que filme mostra e o que nós , brasileiros , vivemos . Mal saídos de duas décadas de ditadura militar de direita , em que imperava essa mesma atmosfera claustrofóbica , castradora , do estado policial mostrada em Polícia , Adjetivo , vivemos agora , em 2010 , esse mesmo clima de Estado forte – quanto mais forte o Estado , mais frágil o cidadão – , essa mesma coisa da máquina goliática , leviatânica , paquidérmica , em que o servidor público deixa de servir ao público para servir a si próprio , aos seus companheiros mais próximos , ao seu clubinho , ao seu partido político . Nunca antes , em 510 anos de história , nem mesmo durante a ditadura militar , o Estado brasileiro tinha sido tão privatizado pelos interesses de um grupelho , uma casta , uma quadrilha , que se arvora em dona da verdade e do povo e não admite qualquer tipo de crítica ou contestação . Uma quadrilha que usa os instrumentos do Estado para espezinhar os cidadãos , violar seu sigilo , acabar com suas liberdades mais ínfimas . Imitação da Vida / Imitation of Life De : Douglas Sirk , EUA , 1959 Nota : Anotação em 2010 : Imitação da Vida , de 1959 , foi o último filme da carreira de Douglas Sirk , o diretor que passou para a história como o rei do melodrama . Ao rever o filme agora , meio século depois que ele foi feito , é impossível deixar de constatar : Imitação da Vida envelheceu . Tinha visto o filme quando bem garoto , aos 13 anos ( foi no dia 4 de setembro de 1963 , no Cine Candelária , na Praça Raul Soares , em Belo Horizonte , segundo conta meu primeiro caderninho de cinema ) , e ele me impressionou demais . Pelo que tenho anotado , depois daquela vez só vi um pedaço dele , na TV , zapeando , em 2000 – e , no entanto , me lembrava muito bem de quase tudo , da maioria dos pequenos detalhes . É , ainda hoje , um filme poderoso . Mas inegavelmente envelhecido , datado . É tão absolutamente datado quanto os penteados e os vestidos de Lana Turner . O estilo , a narrativa , a forma de apresentar as seqüências , a estrutura de cada seqüência , a forma de ligar uma à outra , as atuações , os diálogos – tudo , absolutamente tudo me pareceu envelhecido , datado . Há diversos momentos do filme que fazem lembrar novela de TV , ou seriado ruim de TV . Dallas . Qualquer novela da Rede Globo . Soap opera – coisa menor . Nada , em princípio , contra a TV . A BBC faz séries e filmes impecáveis , assim como a HBO . Imitação da Vida me pareceu hoje o exemplo de uma fórmula velha de fazer novela de TV . Muitos anos na vida de pessoas não especialmente fascinantes Talvez a responsabilidade maior seja de Fannie Hurst , do romance de Fannie Hurst no qual o filme se baseia . Acho que seria importante falar de Fannie Hurst , mas , para que esta anotação fique um pouquinho mais compreensível , é preciso falar primeiro da trama , da história . Imitação da Vida ( o filme ; não li o livro ) conta a história de duas mulheres , duas mães sem marido que criam sozinhas suas filhas , na Nova York dos anos 40 e 50 . É daquelas narrativas que não se apegam a um momento específico – ao contrário , acompanham a vida dos protagonistas ao longo de uma década inteira . Não se concentra – espalha-se . Momentos específicos , momentos decisivos , momentos cruciais costumam dar boas narrativas , bons filmes . Douglas Sirk fez um filme magistral pegando um momento específico da vida de uma mulher viúva , bem de vida , que acontece de ter um caso de amor com uma pessoa de classe social inferior , um jardineiro – Tudo o Que o Céu Permite / All that Heaven Allows , de 1955 , é um belíssimo melodrama . Tão belo , tão triste , tão chocante , que inspirou o talentoso Todd Haynes a fazer uma homenagem a ele , em Longe do Paraíso / Far From Heaven , de 2002 . Narrativas sobre muitos anos ao longo da vida de personagens que não são especialmente fascinantes , especiais , em geral precisam de autores mais próximos do genial , do brilho . E Fanny Hurst não é propriamente um Tostói , um Dostoiéviski , um Machado , um García Márquez , um Fitzgerald . Então , Imitação da Vida acompanha as trajetórias de Lora ( Lana Turner ) e de Annie ( Juanita Moore ) , desde o momento em que elas se conhecem , numa praia de Conney Island , em 1947 , até 1958 , ou ainda além . As duas haviam chegado a Nova York pouco tempo antes do momento em que se conhecem , as duas são viúvas , cada uma das duas tem uma filha . Lora tinha trabalhado como atriz em sua cidadezinha do interior , e sonha em se firmar na cidade mais competitiva do mundo ; Annie não tem onde cair morta . Conhecem-se por acaso – suas filhas estão brincando na praia , Lora se desencontrou de Susie , e quando finalmente a acha ela está perto da garotinha Sarah Jane e de sua mãe , Annie . Annie se oferece para trabalhar para Lora em troca de um teto , o quartinho de empregada , e de comida , mais nada ; Lora a princípio não quer , não tem dinheiro para comprar comida direito nem para ela mesma e para Susie , mas acabam vivendo as quatro juntas no pequeno apartamento do Brooklyn . Os anos vão se passar ; eventualmente Lora vai se transformar numa famosa atriz de teatro e depois de cinema . Não há propriamente um grande drama , uma grande história – ou quase . São histórias de vidas não especialmente fascinantes , em que cada passo acontece de virar um pequeno drama . “ Tudo vira um drama ” , exclamou do meu lado a Mary , que , ao contrário de mim , não tinha visto Imitação da Vida quando era criança ou adolescente . Talvez esta seja a melhor definição do filme . É uma narrativa em que tudo , cada pequena coisa , vira um grande drama . Personagens que não são especiais em absolutamente nada – a não ser pela fantástica capacidade de transformar tudo , cada pequena ou grande adversidade , em drama . Quando tudo é drama , é difícil realçar do que é de fato terrível Na verdade , de fato , a rigor , existe , sim , um grande drama , em Imitação da Vida . Era a razão pela qual o filme havia me impressionado tanto , quando era garoto , o motivo pelo qual o guardei na memória por mais de quatro décadas . O grande drama , a grande questão é o racismo . O grande drama de Imitação da Vida é que Sarah Jane , a garotinha filha de Annie , tem a pele branca , mas Annie é negra , e , pela lógica perversa da sociedade americana do passado , quem tem uma gota de sangue negro é negro , mesmo que sua pele seja branca . É a mesma lógica perversa usada hoje no Brasil racialista do lulo-petismo para definir as pessoas : quem tem uma gota de sangue negro e se declarar negro merece uma ajudazinha , um descontinho na hora de fazer o vestibular , na hora de arranjar um emprego . Mas vamos em frente . De volta ao filme . A pele de Sarah Jane é branca , mas ela tem vergonha de ser negra , de sua mãe ser negra . Tem vergonha de dormir no quarto dos fundos . Susie , dois anos mais nova que ela , oferece para ela uma boneca novinha que acabou de ganhar da mãe que não tem dinheiro para nada , mas Sarah Jane detesta aquela boneca , porque ela tem a pele negra . E isso quando ela é criança . Quando tiver 18 anos , e então intrepetada por Susan Kohner , a Susie de 16 aparecendo na pele de Sandra Dee , tudo será muito pior . Imitação da Vida me pareceu hoje um filme menor , envelhecido , datado , em grande parte porque ele não se define claramente . Não é um filme sobre racismo – é um filme sobre vidas normais de gente que transforma tudo em drama , inclusive o drama imenso que é o racismo . Quando tudo , absolutamente tudo , é drama , não se consegue realçar o que é realmente dramático . A denúncia do racismo , essa doença infernal , das piores que a humanidade teve o talento de inventar , se perde entre tanto drama dos personagens do filme – gente que não consegue viver sem transformar tudo em drama . Uma das cenas mais violentas , mais fortes , mais impressionantes de Imitação da Vida , da qual eu me lembrava perfeitamente , que tinha me marcado para sempre , agora me pareceu improvável . Uma manifestação tão absurda de racismo no Village , em 1958 ? Se fosse em qualquer Estado do Sul , até mesmo no final dos anos 60 , ou até dos 70 , seria crível . No Village , em 1958 ? Meu , o Village , em 1958 , era a coisa mais avançada , mais progressista , mais anti-racista que existia naquele país maluco . Uma curiosidade : nessa seqüência impressionante a que me refiro , o agressor , o brutamontes racista , idiota , é interpretado por Troy Donahue . É uma pequena ponta . Nos anos seguintes , esse ator de talento tão limitado quanto boa pinta seria o protagonista de vários filmes de sucesso na época , o mais conhecido dos quais é o açucaradíssimo Candelabro Italiano . É um filme pró-mulher , e por isso até avançado para a época Sim , Imitação da Vida é um filme pró-mulher , um filme feminista , um filme até avançado , se considerarmos a época em que foi feito e a época que ele retrata . Tanto Lora quanto Annie são mulheres que levam suas vidas com coragem , brio , força – sozinhas para criar suas filhas , num mundo machista . Cada uma escolhe seu caminho , mas nenhuma delas depende de um homem para viver , para sobreviver . E , quando Steve ( John Gavin , aquele ator bonitinho e fraquinho ) , o jovem fotógrafo boa pinta que as duas conhecem na seqüência inicial , na praia de Conney Island , tenta se arvorar em dono do destino de Lora , ela dá-lhe um chute na bunda , muitíssimo bem dado . Avançado , progressista , pra frente no desenho da vida independente dos machos de Lora , o filme no entanto se mostra atônito e atonitamente perdido ao discutir o racismo , a questão mais importante que ele mesmo levanta . É aquilo que falei numa boa frase : quando tudo , absolutamente tudo , é drama , não se consegue realçar o que é realmente dramático . Dois romances de Fannie Hurst viraram dramalhões da Universal Fannie Hurst . Na distantérrima adolescência , vi dois filmes baseados em livros de Fannie Hurst que me impressionaram demais – este aqui e também Esquina do Pecado / Back Street . Os dois filmes têm várias coisas em comum , além de se basearem em livros de Fannie Hurst . São , os dois , refilmagens – Imitação da Vida havia sido feito em 1934 , por John M . Stahl , com Claudette Colbert no papel principal , e Back Street havia virado filme em 1932 , também dirigido por John M . Stahl , com Irene Dunne no papel principal , e de novo em 1941 , dirigido por um tal de Robert Stevenson , mas com grandes nomes no elenco – Margaret Sullavan e Charles Boyer . A versão que vi garoto em Belo Horizonte foi a de 1961 , dirigida por David Miller , com Susan Hayward no papel central e exatamente o mesmo John Gavin como o seu amante . Imitação da Vida 1959 e Esquina do Pecado 1961 tiveram , além do mesmo bonitinho e ruinzinho John Gavin no principal papel masculino , o mesmo produtor , Ross Hunter , no mesmo estúdio , a Universal . São , os dois , gigantescos melodramões . Imitação da Vida trata de mãe quase solteira criando filha sozinha , homens avançando em cima dela , ela tendo que agüentar a barra . Esquina do Pecado trata de uma coisa mais comum ainda – a outra , a mulher da vida do cara , mas que chegou depois que ele já havia pronunciado ao pé da altar as juras eternas . Nos dois , as mulheres trabalham , trabalham , e sobem , e ascendem , e ficam ricas – e era muito bom mostrar isso , naqueles tempos pré-históricos , pré-Betty Friedan , pré-explosão do feminismo . Era muito bom . Imitação da Vida tem Lana Turner , Esquina do Pecado tem Susan Hayward – duas grandes atrizes da época de ouro de Hollywood , do cinema dos estúdios . Coisas antigas . Gostaria de rever Esquina do Pecado – deve ser uma gigantesca droga , mas gostaria . O diretor David Miller , que fez Esquina do Pecado , é quase um joão-ninguém , um nada , acho . Douglas Sirk é um grande cineasta – tenho o maior respeito por ele , e , muito mais que isso , ele tem o respeito generalizado da crítica – , mas a verdade é que este Imitação da Vida , embora seja um dos mais conhecidos , não é um de seus melhores filmes . Um autor voltado para a família , que é onde acontecem as maiores tragédias Douglas Sirk na verdade era Hans Detlef Sierck , filho de pais dinamarqueses nascido em Hamburgo em 1900 . Saiu da Alemanha nos anos 30 , durante a ascensão do nazismo ; filmou na França , na Holanda , e foi parar na Meca , no centro gravitacional do cinema , onde em 1941 fez O Capanga de Hitler . Mas sua praia não era a política – era a família , onde as tragédias maiores ocorrem . Fez belos , amargurados filmes sobre famílias infelizes , pessoas infelizes . Não sei por que parou de filmar em 1959 , depois de fazer este filme aqui , mas vejo que , em 1967 , em entrevista ao Cahiers du Cinéma , disse : “ Meu ideal é a tragédia grega , em que tudo se passa em família , num mesmo lugar . E essa família é idêntica ao mundo , é o símbolo deste mundo . ” Fico aqui achando com meus botões que , de alguma maneira , o dinamarquês-alemão-americano Douglas Sirk deve ter procurado o seu colega Luchino Visconti – italiano e homossexual , conde e marxista – para discutir sobre família e decadência moral . Era o grande tema dos dois cineastas Não quis ficar no país onde se refugiou . Voltou para a Europa , mas não fez mais filmes lá , a não ser uns três curta-metragens . Morreu em 1987 , quase 20 anos depois de ter feito Imitação da Vida . Espero que tenha curtido bem sua aposentadoria , esse período da vida em que a gente já chutou todos os baldes e pode fazer o que bem entender . “ Romances que não vão durar dez anos ” Sobre a escritora Fannie Hurst , 1889-1968 , vejo agora uma frase atribuída a F . Scott Fitzgerald , 1896-1940 – e as datas são chocantes . Nasceram na mesma época ; o cara viveu 44 anos , a moça viveu 79 . Não sei se o grande , maravilhoso , fraco , bêbado , auto-destrutivo , genial , brilhante , tão apaixonado pelos ricos e por todo o glamour besta da vida vã , tão grande e tão bobo Francis Scott de fato falou a frase , mas que ela é boa , é . Francis Scott , o brilho que foi tão imbecil que morreu de tanto beber aos 44 anos de idade , teria dito que Fannie Hurst era um dos vários autores americanos que “ não estavam produzindo um conto ou romance que vai durar dez anos . ” Pobre , grande Francis Scott . O cinema nunca soube traduzi-lo bem . Mas seus belíssimos textos dele vão durar para sempre . Alguém hoje procuraria um livro de Fannie Hurst para ler ? Fannie Hurst – quem é mesmo ? 10 Comentários Eu sou fã , fã de filmes com um leve odor de naftalina . Assim , confesso que gosto ( não tanto quanto de todos os noirs , nem de todos os faroestes , nem de todos os musicais ) dos melodramas . Mesmo quando eles envelhecem . Eu os assisto com ternura . E eles tendem a me entreter e encantar mais que avatares e titanics . Sou de alma simples . Pra mim cinema é boa história , boa luz , bons atores . Este filme tem os últimos dois . Tá de bom tamamnho . O que é um filme datado ? Um filme está inserido num contexto e é neste contexto que deve ser entendido ! Como é bom ler um bom livro , assistir um bom filme … uma ficçao , que momentâneamente nos envolve em sua magia e depois … o mundo real ! Filmes são feitos para serem apreciados,não importa se feitos em 2012 ou em 1939 , 1959 … a máxima é “ aprecie ” Cara Marilza , “ Datado ” , segundo meu Dicionário Unesp de Português Contemporâneo , significa “ com data ” , “ com data específica ” , “ marcado com a data de fabricação ” . Na minha opinião , “ Imitação da Vida ” ficou um filme datado – ao contrário de muitas obras até bem mais antigas , mas que não ficaram tão marcadas pela época em que foram feitas . Ao longo do meu comentário sobre o filme , usei diversos outros adjetivos – “ poderoso ” , cenas “ violentas , fortes , impressionantes ” , um filme “ pró-mulher ” , “ feminista ” , até “ avançado ” , se considerarmos a época em que foi feito e a época que ele retrata . Meu texto tem bem mais de mil palavras . Acho estranho que você tenha se fixado em apenas uma delas . Um abraço . Sérgio O “ Imitação da Vida ” que vi nesta madrugada foi o original de 1934 de J.Stahl,com a Claudette Colbert.Pôxa!Como foi bom rever esta atriz,fazia anos e anos que não via um filme com ela.Gostei muito e,não sei se iría gostar o mesmo desse de 1959 porque não vou assisti-lo . Não sei se para ti,Sergio,este aqui com a Claudette,tbm classificarías como um filme datado.Para mim,não é.Ao contrário,achei um grande filme.A Claudette e a Louise Beavers estão ótimas.Tanto é que este foi indicado ao Oscar de melhor filme perdendo para o filme “ Aconteceu naquela noite ” que tbm foi protagonizado pela Claudette e,no qual ela ganhou o Oscar de melhor atriz . Uma curiosidade:li que Constance Bennet e Myrna Loy,recusaram o papel de Ellie Andrews e que a Claudette só o aceitou porque o diretor Frank Capra dobraría seu salário . E,que a Claudette disse não ter gostado do filme e não ía participar da cerimônia da entrega do Oscar pois ía viajar.No entanto quando soube que havia ganho o Oscar,foi à festa com a roupa que iría viajar . Finalizando,gostei muito deste Imitação da Vida,com a Claudette,para mim um grande filme . Abraço , Sergio ! ! revendo matérias ecritas sobre esse filme e revendo também o filme , me deparo com uma bobagem tão grande escrita aqui . Datado , envelhecido é a mente de certas pessoas que não entendem nada de nada e acabam escrevendo uma bobagem como esse texto…afff . Acabo de assistir ao filme pelo primeira vez . É um bonito filme , com interpretações muito boas e outras nem tanto . Quanto a forma que o tema do racismo é tratado no filme , acho que é interessante de analisar e atual , pois demonstra como a sociedade naquela época tinha dificuldade em discutir o preconceito . Assunto que tantas décadas depois não parece perto de ser compreendido . [ … ] Ao lado do prédio onde moram os Prestons , há uma obra – um prédio novo está sendo construído . Numa tarde em que Kit está voltando para casa , carregada de compras , há um acidente , uma viga se desprende , cai no chão , bem perto dela – Kit é salva pelo empreiteiro que está tocando a obra , um tal Brian Younger ( interpretado pelo galã da Universal na época , John Gavin ) . [ … ] [ … ] fosse assinado por uma Fannie Hurst , que teve vários de seus livros transformados em filmes – Imitação da Vida , feito em 1934 com Claudette Colbert e refeito em 1959 com Lana Turner no papel central , Acordes do [ … ] Vidas Separadas / Separate Tables De : Delbert Mann , EUA , 1958 Nota : Anotação em 1996 : , com acréscimo em 2008 Uma boa surpresa . Típico teatro filmado , o grande teatrão dos ingleses e americanos . Personagens bem claros , bem delineados , talvez até um pouco esquemáticos . Há a solteirona problemática , nervosa , muito bonita mas que a vida deixou feia , nada atraente , totalmente dominada pela mãe castradora , puritana , cheia de preconceitos sociais ( é o papel de Deborah Kerr , mas tive dificuldade em reconhecê-la , de tanto que ela ficou feia para o papel ) . Há o major inglês que vive contando histórias da Segunda Guerra , e que , descobre-se no fim , é um impostor ( David Niven ) ; o escritor americano levemente alcoólatra , meio perdido ( Burt Lancaster ) , que corteja a severa dona do hotel inglês à beira mar ( Wendy Hiller ) , mas é alcançado lá pela ex-mulher , de beleza esplendorosa mas já começando a fenecer , rica e chantagista ( Rita Hayworth ) . Um grande elenco , e estão todos excepcionais . Vi depois que David Niven e Wendy Hiller ganharam o Oscar – e isso apenas três anos depois de Delbert Mann ter ganho vários por Marty . O filme é datado , sim . Muitos dos preconceitos sociais e morais que retrata deixaram de existir , ou passaram a ser profundamente antigos , ao longo destes quase 40 anos . Mas é um bom filme , um bom teatrão bem filmado , com atmosfera , talento . Vários guias deram cotação máxima , inclusive Maltin e Scheuer . Teve refilmagem com elenco inglês nos anos 80 , com o mesmo título original , informam Nick Martin e Marsha Porter . O CineBooks tem boa resenha , como sempre . E mostra as várias indicações para o Oscar : “ Este gratificante drama recebeu indicações da Academia como melhor filme ( perdeu para Gigi ) , melhor atriz ( Deborah Kerr , que perdeu para Susan Hayward em Quero Viver ! ) , melhor roteiro adaptado , melhor fotografia ( preto-e-branco ) e melhor trilha sonora . Venceu os Oscars para David Niven como melhor ator e Wendy Hiller como melhor atriz coadjuvante ” . Lembrando : Wendy Hiller ( 1912-2003 ) , respeitadíssima atriz do teatro inglês , fez o papel de Eliza Doolittle em Pigmaleão , de 1938 , e trabalhou em mais 50 outros filmes . Foi nomeada Dame pela rainha Elizabeth II . Um Comentário Um bom filme . Personagens esquemáticas e com problemas que hoje não seriam grandes problemas . mesmo assim , o filme é interessante de se assistir para se poder ver e pensar como as coisas funcionavam na altura em que o filme foi feito . Burt Lancaster é fantástico e o elenco de apoio de primeira . Os movimentos de câmara são muito envolventes . As portas , janelas , escadas , tudo tão vivo , tão envolvente . Rita Hayworth prova que é uma atriz competente , embora não esteja a altura de Lancaster ou Deborah Kerr ( formidável ) . A beleza de Rita não está esplendorosa , não apenas por os seus anos de juventude terem já passado as também porque o seu penteado não a favorece . A sua graça e elegância estão intactas ! Um ótimo filme com guião e fotografia bastante bons A Voz do Meu Coração / Grace of My Heart De : Allison Anders , EUA , 1996 Nota : Anotação em 1998 , com complemento em 2008 : Este é um excelente filme . Não tem qualquer truque ou brilho especial de narrativa ; ao contrário , a narrativa é convencional , quase acadêmica . Todos os atores estão ótimos , os personagens são claros , nítidos , bem desenhados . É profundamente anti-racista e anti-sexista , embora os temas racismo e sexismo sejam secundários . Mary achou o filme na 2001 pelos atores e pelo fato de que Martin Scorsese é o produtor executivo . Eu nunca tinha ouvido falar nem da diretora Allison Anders nem dessa atriz Illeana Douglas . ( Depois disso , veria vários filmes com ela . É uma boa atriz . ) É a história de uma compositora e cantora pop , uma singer-songwriter que mistura elementos de Carole King e de Joni Mittchell ; os personagens são fictícios , mas todas as situações são familiares para quem acompanha alguma coisa da música pop americana entre 1957 e 1970 . E o filme cita pessoas e grupos reais , como os Beatles , Byrds , Phil Spector , etc . A trilha , excepcional , mistura canções que fizeram sucesso com outras compostas especialmente para o filme . Ou seja : é uma ficção toda apoiada em fatos históricos . O personagem de Illeana Douglas chama-se Edna Buxton . A ação começa em 1957 , quando ela , ao final do colégio , na Pensilvânia , participa de um concurso de novos talentos , contra a vontade da mãe , uma milionária – a família é dona de uma empresa siderúrgica . Embora uma negra de voz maravilhosa participe do concurso ( e as duas trocam de vestidos , Edna entregando para a concorrente o vestido branco caríssimo que a mãe dominadora havia comprado para ela ) , Edna sai vencedora , cantando uma canção de sua própria autoria . Ganha um contrato com uma pequena gravadora . Há um corte , e estamos em Nova York 18 meses mais tarde . Ela percorre diversas gravadoras , para ouvir sempre que cada uma já tem a sua cantora à la Peggy Lee , e na verdade estão todas querendo se livrar das Peggy Lees , pois acabou a época das cantoras de voz doce e o tempo é de conjuntos vocais . Eventualmente , o demo que ela grava com sua primeira composição chega às mãos de um empresário judeu ( bem interpretado por John Turturro , com uma barbicha ridícula e um sotaque que me pareceu perfeito ) . O empresário saca que ela é uma compositora de grande potencial para fazer hits atrás de hits ; ela quer gravar ela própria suas músicas , mas ele insiste em que ela deve apenas compor . Ele também inventa para ela uma nova persona : Edna passa a se chamar Denise Waverly , filha de operários da Pensilvânia . Ela de fato compõe diversos hits , alguns deles para a negra de bela voz do início do filme , que forma um trio vocal bem típico daquele final dos anos 50 . Também eventualmente , ela vai conhecer um outro compositor ( Eric Stoltz ) , um personagem interessante , comunista ferrenho , que se propõe a formar uma dupla com ela ; vivem juntos , até ela engravidar e eles se casarem ; sabemos todos , espectadores e personagens , que ela tem mais talento do que ele . Eles trabalham no Brill Building , o prédio da Tin Pal Alley , o lugar onde , no final dos anos 50 e começo dos anos 60 , diversos empresários alugavam salas onde compositores se dedicavam a criar sucessos . Era a usina de sucessos das pop songs da época . Há uma tomada da fachada do prédio , no número 1650 da Broadway . Também eventualmente , ela o descobrirá na cama com outra mulher , e eles se separarão . O filme vai mostrando toda a trajetória do personagem . Passam por todas as loucuras dos anos 60 ; ela se casa de novo , com o líder de conjunto de música de surfe da Califórnia ( bem Beach Boys , em alguns pontos ) , interpretado por Matt Dillon . Ele tenta produzir um disco dela , chega a fazer um compacto , mas é um fracasso ; acabará se matando . A narrativa vai até 1970 , quando finalmente ela consegue gravar o seu primeiro LP , produzido pelo seu primeiro empresário ; na cena final , a mãe dela – de quem não se voltou a falar ao longo do filme inteiro – recebe o disco , e chora . Para mim , desde o início pareceu uma trajetória muito semelhante à de Carole King ; como essa Denise Waverly , Carole King trabalhou no Brill Building , casou-se com o parceiro Gerry Goffin ; escreveu muitos sucessos para conjuntos vocais com nomes parecidos com The Sheirelles ; e exatamente em 1970 conseguiu gravar seu primeiro LP como autora ( Writer ; Tapestry veio um ano depois , e é um dos álbuns mais vendidos da história ) . O filme é fascinante nessa coisa de criar personagem fictício a partir de dados da realidade da música pop . As composições feitas para o filme são boas , são exatamente como eram as músicas pop da Tin Pal Alley , gostosinhas mas sem profundidade , sem revelar a verdade de quem compunha – realidade que só seria mudada a partir de Dylan , dos Beatles e dos singer-songwriters como Joni Mitchell e James Taylor . Fiquei profundamente impressionado com isso : foram compostas , para o filme , pelo menos 12 canções , que seguramente teriam sido sucesso se tivessem sido lançadas naquela época . O autor de várias delas assina a trilha sonora – Larry Klein . ( Coincidência , ou não , Carole King nasceu Carole Klein . ) Veja só quem assina pelo menos duas outras : George Goffrey . Ele mesmo , ex-Mr . Carole King . Outra é uma parceria estranha de Burt Bacharach e Elvis Costello ; a versão tocada no final é cantada por Costello . Mas é também , mesmo para quem , ao contrário de mim , não tem tanta ligação com a música pop , um belo filme sobre a trajetória sofrida de uma mulher determinada , que enfrenta diversas barras pesadas até finalmente conseguir realizar o que pretendia . Tem também aquela densidade de filme que passa em revista décadas na vida de uma pessoa , e pode ao final fazer um balanço da trajetória do personagem ; a coleção de fotos dos vários momentos da vida da personagem que vai sendo apresentada na seqüência final é absolutamente emocionante . Ah , sim . Para registrar o que acabo de aprender no Cinemania . Allison Anders , nascida em 1955 no interiorzão bravo , acho que Kentucky , teve uma vida de cão ; foi estuprada aos 12 anos , abusada sexualmente na adolescência por um padrasto , teve colapso nervoso aos 17 e pouco depois tinha o primeiro filho . Fez cinema na UCLA e começou a trabalhar , de tanta insistência , como assistente de alguma coisa em Paris , Texas ( fã do Wenders , escreveu dezenas de cartas pra ele pedindo um emprego ) . Não conheço nenhum de seus filmes anteriores . Illeana Douglas ( nada a ver com Kirk e Michael ) , essa moça talentosa , de beleza estranha e olhos gigantescos , nasceu em 1964 ; é de alguma forma apadrinhada pelo Scorsese , produtor executivo deste filme ; fez ponta em Última Tentação de Cristo , tem uma pequena parte em Cabo do Medo ( é a funcionária que é seduzida , violentada e morta pelo personagem de Robert De Niro ) . Fez ponta também no filme com De Niro sobre a lista negra , Culpado por Suspeita / Guilty by Suspicion , de Irwin Winkler . A participação especial , não creditada na apresentação , de Bridget Fonda é fantástica.(Nem Mary nem eu percebemos que era ela ; só no final , na apresentação da lista do elenco , foi que vimos . ) Prova , mais uma vez , que essa moça tem tantas caras quantas ela quiser . Ela faz a cantorazinha ingênua , um tipo assim que faz lembrar Sandra Dee ou Debbie Reynolds , que surpreende a personagem central por ser gay quase abertamente assumida . E o pai de Bridget , Peter , participa dando a voz ao guru a quem Denise procura quando perde o marido . Ileanna Douglas , como disse lá em cima , eu veria depois deste filme em diversos outros ; a diretora Allison Anders aparentemente não teve uma carreira à altura do talento que demonstrava aqui ; ficou mais voltada para a TV ; dirigiu , por exemplo , entre 1999 e 2000 , quatro episódios da série Sex and the City . A Voz do Meu Coração / Grace of My Heart De Allison Anders , EUA , 1996 . Com Illeana Douglas , John Turturro , Matt Dillon , Eric Stoltz e , em participação especial só creditada no final , Bridget Fonda Enigma do Espaço / The Astronaut’s Wife De : Rand Ravich , EUA , 1999 Nota : Anotação em 2006 , com complemento em 2008 : Uma grande bobagem sem qualquer tipo de lógica , que nem a beleza estonteante da Charlize Theron consegue salvar . É assim uma mistura de O Bebê de Rosemary com Alien , sem qualquer das qualidades de nenhum dos dois . Há atrizes que deveriam trabalhar mais ; parecem tão exigentes que acabam trabalhando pouco e nos privando de vê-las mais . É o caso de Debra Winger , de Bridget Fonda , até mesmo de Jennifer Jason Leigh ( Jennifer até que trabalha bastante , mas tem diminuído o ritmo nos últimos anos . ) . Charlize Theron , ao contrário , trabalha demais – parece que ela não sabe dizer não . Então mistura na sua carreira filmes bons com outros sem qualquer valor ou sentido . Fez 24 filmes e episódios de TV no período de 13 anos , desde a estréia em 1995 até 2008 . Bem . Eis uma resenha desta porcaria que achei no iMDB : O astronauta Spencer Armacoust estava em uma missão quando de repente perdeu contato . Quando volta para casa , parecia o mesmo de sempre para os amigos , mas para sua mulher ele estava diferente . Ela fica grávida , mas enquanto as semanas vão passando ela começa a achar que a vida dentro dela não é deste mundo . O iMDB traz ao menos uma boa notícia . Esse sujeito que dirigiu o filme em 1999 não voltou a cometer esse tipo de crime . O Maior Amor do Mundo De : Carlos Diegues , Brasil , 2006 Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Diabo , onde é que está o erro do ótimo , competente Cacá Diegues neste filme de boa fotografia , bom elenco , boa câmara , boa direção de arte , música excelente ? Acho que foi na história , frouxa , talvez por ser pretensiosa demais , querendo tratar de diversos temas fortes , pesados , ao mesmo tempo . José Wilker , voltando a trabalhar com Cacá 27 anos depois do excepcional Bye Bye Brasil , faz o papel de Antônio , um respeitado astrofísico que trabalha nos Estados Unidos e viaja ao Rio para receber uma homenagem . ( Mais uma citação de Morangos Silvestres , de Ingmar Bergman , como em A Força das Palavras / Emile , do canadenseCarl Bessai,e em Desconstruindo Harry , de Woody Allen . ) Antônio chega de volta a seu país logo após saber que tem um tumor no cérebro e pouco tempo de vida . Ficará sabendo da verdadeira identidade de seus pais , conhecerá a estranha história de amor entre eles , terá uma improvável amizade com uma jovem lindíssima num subúrbio ( Taís Araújo ) e empreenderá uma jornada para dentro de si mesmo e ao mesmo tempo para dentro da miséria da miséria da miséria da periferia do Rio de Janeiro . Numa entrevista à Folha de S . Paulo na época do lançamento do filme , Cacá Diegues disse : “ Este país tem uma coisa muito estranha . A cultura dos vencidos sempre representou o país dos vencedores . O Brasil era identificado sempre pelo carnaval , pelo samba , pelo futebol . Quer dizer , os vencidos socialmente é que fizeram uma cultura que representou o Brasil não só para nós mesmos , mas mundialmente . ” E também : “ Não faço filme para o meu próprio gosto . Um filme só se completa quando o outro vê . Não precisa ser 1 milhão de espectadores . Essa codificação , em moda no Brasil , é absurda . Não estou condenado a fazer público de 1 milhão . ” Cacá diz ainda que tentou demonstrar , com este filme – o 16º de uma carreira respeitável , sólida , uma das melhores do cinema brasileiro - , que , “ num estado social de esgarçamento das relações a um ponto de extrema miséria , a ética é outra . ( … ) Reconheço que O Maior Amor do Mundo não está muito no mainstream do cinema brasileiro . Não está nem na ponta das comédias românticas de grande sucesso nem na outra ponta , dos filmes pessimistas . É o que eu posso fazer . ” Sim , porque Cacá diz que seu filme quis dizer duas coisas simultaneamente : “ Ao mesmo tempo em que estamos dizendo ‘ Olha a situação de miséria assombrosa em que essas pessoas vivem no seu cotidiano ’ , também dizemos : ‘ Olha como existem virtudes e qualidades que você pode encontrar aí ’ . ” Acho estranho Cacá dizer que seu filme não é pessimista . Me pareceu terrivelmente pessimista , triste , sem saída , sem solução . Acho que devo ver o filme mais uma vez . Caro Walter , estas são as músicas da trilha sonora do filme . Espero que ajude : Estrela , com Gilberto Gil ; Águas de Moloch , com Afroreggae ; Memórias , com Pitty ; Vida da gente , com Zeca Pagodinho ; Casa da minha comadre , com Mart’nália ; Funk Dennis DJ , com Dennis DJ ; Não identificado , com Caetano Veloso ; Sempre , com Chico Buarque ; Braço de Mar , com Quito Ribeiro ; Coisa de Negão , com Afroreggae ; Férias , com Leléo ; Confidências , com Itamar Assiere ; Volta , com Orlando Silva ; Bachianas Brasileiras no . 4 . Cantinflas – A Magia da Comédia / Cantinflas De : Sebastian del Amo , México , 2014 Nota : O cinema mexicano homenageou o mais popular de seus atores com uma superprodução cara , luxuosa , com um jeitão hollywoodiano – e que dá uma imensa importância a Hollywood . A cinebiografia Cantinflas , dirigida por Sebastian del Amo , ele também um dos dois autores do roteiro , lançada em 2014 , mostra diversos episódios da vida de Mario Moreno ( 1911-1993 ) , o criador da persona Cantinflas , adorada por gerações e gerações não apenas de mexicanos , mas de todos os países de língua espanhola , desde sua juventude , em 1931 , em Veracruz , até o auge do sucesso e da fama . Mas dedica boa parte de seus 102 minutos aos episódios envolvendo o produtor americano Mike Todd e sua batalha para criar A Volta ao Mundo em 80 Dias , o filme que deu a Cantinflas fama planetária e o Globo de Ouro de melhor ator em musical ou comédia – batendo Marlon Brando , Glenn Ford , Yul Brynner e Danny Kaye . O filme começa com um programa da TV mexicana em que os apresentadores falam sobre os filmes que parecem sérios candidatos aos Oscars na cerimônia a ser realizada em 1957 – os filmes , portanto , lançados em 1956 . São citados Assim Caminha a Humanidade / Giant , O Rei e Eu , Os Dez Mandamentos – todos os três seriam , de fato , indicados em várias categorias , inclusive na de melhor filme . E a apresentadora fala que a United Artists , a empresa fundada por Charlie Chaplin , Douglas Fairbanks , Mary Pickford e D.W . Griffith , ainda não tinha seu candidato aos prêmios – as filmagens de seu grande projeto , A Volta ao Mundo em 80 Dias , não haviam sequer começado . E então surge um letreiro informando que estamos em Los Angeles , 1955 . Mike Todd , celebrado produtor da Broadway , milionário , está chegando de Nova York a Hollywood para produzir seu primeiro filme , A Volta ao Mundo em 80 Dias , baseado na obra de Jules Verne . O projeto era ambiciosíssimo : não só as filmagens seriam nos mais diferentes países – Inglaterra , França , Espanha , Tailândia , Índia , China , Japão – , como Todd pretendia usar umas duas dezenas de grandes nomes do cinema mundial em participações especiais , ou cameo roles , como se diz lá . Esses grandes astros e estrelas não receberiam pagamento pela participação – na cabeça de Todd , participar daquele que seria o maior sucesso de toda a história do cinema já era um pagamento mais do que suficiente . Vemos Mike Todd ( interpretado por Michael Imperioli ) visitando o escritório do agente de ninguém menos que Elizabeth Taylor ( interpretada pela uruguaia de nascimento radicada no México desde criança Bárbara Mori , uma moça de beleza espantosa , na foto ) . Todd explica seus planos , e o agente faz a pergunta fundamental : e por que o senhor acha que Elizabeth Taylor , a maior estrela do cinema mundial , aceitaria trabalhar de graça no seu filme ? Não se pode negar que Mike Todd sabia fazer as coisas . Ele improvisa no ato : cachê , a srta . Taylor não receberia – mas ganharia uma limousine de presente , para chegar com ela na estréia mundial do filme . E complementa : – “ Posso mandar forrar o interior de violeta , para combinar com seus olhos ” . Bárbara Mori-Liz Taylor dá um belo sorriso . Ao sair do encontro e entrar no carro que o esperava , Todd comenta com seu secretário particular que achava que Liz Taylor tinha topado – mas eles teriam que arranjar uma limousine . O secretário diz que Todd precisa se lembrar de falar com Mario Moreno – e fica claro que o produtor não tinha , então , a menor idéia de quem era Mario Moreno . Ele diz algo como : mande para ele uma passagem de burro aéreo para ele vir falar comigo . O ator que faz Cantinflas de fato tem uma semelhança incrível com o astro E aí corta , e um letreiro informa que estamos em Veracruz , México , em 1931 . O jovem Mario Moreno está chegando à cidade , à procura de um trabalho , um bico – qualquer coisa , . Ele tinha tido alguma experiência como boxeador , mas vê uma placa de precisa-se de ajudante junto de um teatrinho bem mambembe , montado numa pequena tenda como de um circo , e se apresenta ao dono . Veremos então que , por acaso , por pura sorte , por causa de um acontecimento fortuito , Mario Moreno , contratado como faz-tudo da tenda – varredor , faxineiro , expulsador de bêbado inconveniente , tomador de conta da filha do patrão para evitar assédio dos frequentadores – terá uma oportunidade de aparecer no palco . Fala umas coisas , alguns espectadores riem – e começa ali sua carreira de comediante . Entre os espectadores estava um rapaz chamado Estanislao Shilinsky ( Luis Gerardo Méndez , à esquerda na foto ) , ele mesmo um ator em uma tenda – bem maior e melhor do que aquela – na Cidade do México . Namorava uma das duas filhas do proprietário da tenda , e escrevia uns esquetes cômicos que ele e as duas moças apresentavam na tenda . Como viu que aquele sujeito tinha algum talento , Shilinsky o procura , se apresenta , deixa um cartão com ele . Algum tempo depois , Mario Moreno está na Cidade do México , e resolve procurar Shilinsky . Acaba não só contratado como também virando namorado da outra filha do patrão , Valentina Ivanova ( Ilse Salas ) . O roteiro do diretor Sebastian del Amo e Edui Tijerina alterna , ao longo de toda a narrativa , as duas épocas e os dois assuntos diferentes : as andanças de Mike Todd em Los Angeles para conseguir dar início à produção de A Volta ao Mundo em 80 Dias , e a carreira de Mario Moreno ao longos dos anos , até chegar exatamente aos contatos com o produtor americano e as filmagens da grande aventura . Uma das grandes qualidades do filme , uma sorte imensa que os realizadores tiveram , é o ator que interpreta Mario Moreno , Óscar Jaenada . É impressionante a semelhança física que ele tem do Mario Moreno real ( na foto ) – e o ator parece ter visto vários filmes de Cantinflas , e estudado cuidadosamente seu jeito de falar , de vestir , de gesticular . É absolutamente impressionante . O personagem criado por Mario Moreno tem muito do Carlitos de Chaplin Pelo que o filme mostra , foi ainda no teatrinho mambembe em que trabalhava ao lado da namorada Valentina , da irmã dela , Olga ( Gabriela de la Garza ) , e de Estanislao Shilinsky , que Mario Moreno teve a idéia de criar Cantinflas , a persona que o catapultou para a fama . Cantinflas tem muito a ver com o Vagabundo criado por Charlie Chaplin . O filme não mostra isso , mas é bem provável que Mario Moreno tenha visto os filmes de Chaplin e se inspirado um pouco em Carlitos para criar Cantinflas . Cantinflas é um homem do povo , muito pobre e muito boa pessoa , um tanto enrolado , um tanto enrolador – algo como o Carlitos de Chaplin com uma boa dose de malandragem latina . Como Carlitos depois de passar por um período de intensa imersão na malandragem carioca dos anos 30 e 40 . Tem aquele bigodinho ridículo , cortado ao meio , usa umas roupas velhas , andrajosas , e – o detalhe fundamental , a marca registrada – tem a mania de usar as calças bem abaixo da cintura . Sobretudo , Cantinflas fala muito . Fala depressa , usa muita gíria , e consegue enrolar quem está diante dele com toda aquela interminável torrente de palavras . Ao meu lado , Mary fez uma definição fantástica : o Cantinflas inventado por Mario Moreno foi um dos primeiros artistas da stand up comedy ! É bem isso mesmo . Cantinflas me faz lembrar … Posso estar absolutamente errado ao fazer essa comparação , mas é o que eu acho : Cantinflas me faz lembrar o Jeca criado por Mazzaropi . Foram contemporâneos , Mario Moreno e Amácio Mazzaropi . Criaram tipos , personas , e se identificaram tanto com suas criações que criador e criatura passaram a ser vistos como uma pessoa só . Os dois passaram de apenas atores , comediantes , a diretores , donos de suas produtoras , e tiveram imensa fama , tornaram-se ídolos de gerações . A diferença – a favor de Mario Moreno – é que Mazzaropi falava português , e então sua popularidade ficou restrita apenas ao Brasil , enquanto Cantinflas foi adorado em toda a América Latina e também na Espanha . Nos anos 50 , Mario Moreno ganhava uma vez e meia o salário de Liz Taylor O filme se detém bastante no início da carreira , para em seguida mostrar , em pinceladas um tanto rápidas , a ascensão meteórica de Mario Moreno , primeiro via teatro , e logo em seguida pelo cinema . Pelo que o filme mostra seguidas vezes ( e isso seguramente deve ser verdade ) , Mario Moreno não era de decorar falas , de seguir o que estava escrito no roteiro . O negócio dele era improvisar , em tudo , mas em especial na falação sem fim – e essa é a característica fundamental de Cantinflas , a coisa de falar demais e depressa , com muita gíria e de um jeito enrolado e enrolador . Essa característica explica por que passou muito rapidamente a dirigir a si mesmo – os diretores de seus filmes cuidavam de todo o resto , menos do astro , que fazia o que bem entendia . Sua filmografia como ator tem 51 títulos . Ficou milionário . Nos anos 50 , no auge da carreira , ganhava o equivalente a US$ 1,5 milhão por ano – uma vez e meia o salário de Liz Taylor por Cleópatra ( 1963 ) , então o maior salário pago a uma atriz no mundo . Cantinflas , o filme , mostra bem como ele foi enriquecendo , e tornando-se uma figura fundamental no cinema mexicano . Mostra também que ele teve participação importante nas organizações ligadas ao cinema e à cultura mexicana como um todo – sindicatos de atores , associações de classe , organismos dos produtores , lobbies junto ao governo . Ao mostrar o desgaste do casamento com Valentina ( na foto , Ilse Salas , que a interpreta ) , à medida em que ele ficava mais rico , mais famoso , mais influente e mais cercado por belas mulheres , como a atriz Miroslava Stern ( Ana Layevska ) , o filme tem momentos de novelão mexicano – e aí , nada melhor que um bom bolero de Agustín Lara ao fundo . Agustín Lara , aliás , aparece no filme , assim como o pintor Diego Rivera e diversos dos grandes atores mexicanos da época , como Pedro Armendáriz e Dolores Del Rio . A Charlie Chaplin , os roteiristas Edui Tijerina e Sebastian del Amo deram uma participação importante na história . É ele que acaba dando ao atarantado Mike Todd uma dica fundamental para convencer Mario Moreno a , afinal de contas , aceitar o convite para trabalhar em A Volta ao Mundo em 80 dias . Só não faz sentido algum o fato de Todd não ter reconhecido que aquele senhor sentado perto dele em um restaurante de Los Angeles era Charlie Chaplin . Ora , pessoa alguma do mundo deixaria de reconhecer Charlie Chaplin , mesmo velhinho . Uma figura , esse Mike Todd , que o filme mostra como um sujeito de vontade férrea , porém um tanto inocente , um tanto bobo . De bobo o cara , na vida real , não tinha nada . Ele conseguiu fazer com que umas duas dezenas de grandes astros internacionais aparecessem em participações especiais em seu filme – que foi um absoluto sucesso de público e crítica , teve oito indicações ao Oscar e levou cinco , inclusive o de melhor filme . Liz Taylor não participou do filme , afinal de contas – mas casou-se com Mike Todd . Ele foi o marido número 3 dos 8 casamentos dela . Casaram-se no dia 2 de fevereiro de 1957 , em Acapulco , no México . O padrinho dele foi Mario Moreno , o Cantinflas . A informação está naqueles letreiros usuais nos filmes baseados em fatos reais , que contam para o espectador o que aconteceu com os personagens depois do que foi mostrado na última cena . ( Na foto , o Mike Todd interpretado por Michael Imperioli . ) Cantinflas foi escolhido pela Academia Mexicana para representar o país na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro . Acabaria não sendo indicado , mas foi um tremendo sucesso de público . Tornou-se o quarto filme mexicano mais visto nos Estados Unidos . Em seu próprio país , foi a segunda maior bilheteria de uma produção nacional , e a sexta maior bilheteria incluindo os blockbusters feitos acima do Rio Grande . E teve ótima bilheteria também na Bolívia , Equador , Colômbia e Chile . Então , em suma , é assim : não é um grande filme , este Cantinflas . Tem defeitinhos : alguns atores são muito ruins , a direção de atores é claramente bem fraca . Há aquele erro comum a produções de TV : todas as roupas dos personagens são novíssimas , acabadas de serem produzidas – porque são mesmo , é claro , mas a produção se esqueceu de cuidar para que algumas delas parecessem já usadas , em especiais as roupas dos pobres . O mesmo vale para todos os ambientes internos mostrados ao longo do filme – é tudo limpíssimo , não há uma poeira em lugar algum , o que dá uma sensação danada de artificialidade . Mas são defeitinhos . Como fala de um artista talentoso , importante , de vida cheia de emoções , e revela muito sobre o cinema e a própria história do México , é um filme que deve ser visto . Não é o tipo de filme que me animo a ver , principalmente pelos detalhes que você falou das roupas todas novas ( a gente percebe até pelas fotos que é tudo limpo , bonito e arrumado demais , uma coisa que eu critico sempre no cinema americano ) , da superprodução pendendo para uma coisa hollywoodiana etc . De todo modo , viva o “ México Lindo Y Querido ” ! Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * VISÃO DO MERCADO Os shopping centers sempre foram vistos como grandes centros de compras , um verdadeiro cenário da vida dos brasileiros . Além disso , os shopping centers têm um grande poder de marketing que muitas vezes passava despercebido de uma análise estratégica . Acontece que poucos refletiam sobre sua importância no processo de marketing , através das relações de trocas , mercado , e também seu papel como varejista . Com a grande concorrência de empresas e organizações , o marketing tem um papel fundamental para melhor orientar os estabelecimentos no seu planejamento e influenciar os consumidores a adquirirem suas marcas e produtos ao invés dos concorrentes . Para isso é necessário criar um valor superior , que é a relação percebida entre o que é pago por um produto ou serviço e aquilo que é recebido , mantendo os clientes atuais e atraindo novos clientes . E quando as pessoas resolvem obter o que necessita e deseja e estão dispostas a dar algo em troca ocorre o marketing . O marketing atua nas áreas referentes às relações de trocas e o conceito de troca está diretamente ligado ao conceito de mercado , onde um possível grupo de compradores com necessidades e desejos estão determinados a realizá-los . Entretanto , é preciso encaminhar de uma maneira eficiente os produtos até os compradores finais através dos canais de distribuição , escolhendo aqueles que possam vender seus produtos nos locais corretos e no tempo certo . Todos os meses , 329 milhões de pessoas passam pelos 408 shopping centers em operação atualmente no Brasil . O que mais chamou a atenção foi a grande virada dos shoppings , que deixaram de ser simples centros de compras para se tornarem centros de inovação , entretenimento , tecnologia e construção de reputação de marca . O espaço do shopping virou mídia , com enorme potencial de contato a ser explorado e que é pouco conhecido . Nos domingos à noite , as lojas estão fechadas e , mesmo assim , os shoppings permanecem lotados . Nas conversas com os executivos e administradores desses espaços , nos surpreendemos ao ouvir histórias curiosas sobre a relação que os frequentadores passaram a ter com os shoppings , que viraram um local de convivência , como se fosse a praça de uma pequena cidade do interior . Nesse sentido , estudamos 3 dimensões da comercialização de lojas e produtos em um centro de compras : O Mistério da Viúva Negra / Black Widow De : Ralph Rafelson , EUA , 1987 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Já vi este filme várias vezes , e cada vez que revejo gosto mais . ( Anotei que o vi em março de 1992 e janeiro de 1993 , mas na primeira anotação já há um R de revisto . ) Foi este filme que me fez me apaixonar pela Debra Winger , essa atriz talentosíssima que deveria ter feito muito mais filmes . Exigente , preciosista , parece que ela recusou vários papéis , e depois simplemente sumiu de cena – não fez nenhum filme entre 1995 , o ano de Esqueça Paris / Forget Paris , e 2001 , quando fez um filme chamado Bad Love ; de lá para cá fez apenas três filmes , em papéis secundários . Debra Winger está absolutamente extraordinária como Alex , uma agente do FBI workaholic , sem vida pessoal , desleixada com sua própria aparência , solitária , obcecada em comprovar que têm conexão casos de milionários mortos – que eles na verdade foram assassinados pela mesma mulher , a viúva negra do título , interpretada pela bela e sensual Theresa Russell . A obsessão vira inveja e ao mesmo tempo quase uma paixão pela assassina , quando as duas se encontram , no Havaí , e acabam disputando o mesmo homem , o milionário que seria a vítima seguinte ( Sami Frey ) . O filme já valeria única e exclusivamente pela interpretação de Debra Winger . Mas ele tem várias outras qualidades . As cenas no Havaí são ótimas , num cenário deslumbrante , belíssimo , e variado ( o filme mostra muito a vegetação exuberante do interior das ilhas , e também a região vulcânica da maior das ilhas , a do Havaí propriamente dito , além das praias maravilhosas ) . E é brilhante ao mostrar a complexidade da relação entre as duas mulheres , cheia de diferentes climas , várias sensações díspares . E é sensacional a transformação visual de Alex depois que ela se aproxima de Catherine Petersen , a viúva negra ; incentivada pela assassina que ao mesmo tempo persegue , odeia , inveja e deseja , a policial desleixada de antes vira uma mulher linda , chiquérrima , atraente . Outra qualidade é a escolha do tipo de narrativa , que é o anti-Agatha Christie , o anti-quem-foi-que matou , o anti-whodunit . O diretor Ralph Rafelson e o roteirista Ronald Bass optaram pelo estilo que Hitchcock usou muitas vezes , de mostrar tudo para o espectador ; sabemos desde o início do filme que Catherine Petersen é mesmo a assassina . O que mantém o espectador atento , preso à trama , é exatamente a vontade da agente Alex de descobrir a verdade , de conseguir provar a culpa da assassina . É dureza , viu , Renata ? Muitos filmes não são mantidos em catálogo pelas empresas ; a tiragem acaba , e pronto . Deve ser o caso deste “ O Mistério da Viúva Negra ” ; dei uma olhada nos sites de venda , e de fato o filme não aparece . Um abraço . Sérgio A Onda / Die Welle De : Dennis Gansel , Alemanha , 2008 Nota : Anotação em 2009 : A Onda é um filme absolutamente extraordinário , marcante , impressionante . É denso , pesado , seriíssimo . O tema – forte , duro , apresentado com maestria – é nada menos que o seguinte : como é fácil , mesmo em um país rico , desenvolvido , criar as condições para um grupo grande de pessoas aderir a práticas fascistas . E , logo nos créditos iniciais , há o aviso : Baseado em fatos reais . A ação se passa ao longo de uma semana apenas , nos dias de hoje , em um cidade da Alemanha – o filme não explicita qual é , ou seja , pode ser qualquer uma . Temos um professor de ciências sociais ( e também de educação física ) , Rainer Wenger ( Jürgen Vogel , excelente ator ) , sujeito jovem , aí entre os 35 e 40 anos , informal , fã de rock , sempre vestido com camisetas com nomes de bandas , que evidentemente é benquisto pelos seus alunos , na faixa dos 17 anos – uma turma que seria o correspondente aqui ao nosso terceiro ano do ensino médio , o antigo colegial . É uma boa escola , com belíssimas instalações , coisa de Primeiro Mundo mesmo ; a turma é mista em todos os sentidos – há homens e mulheres , garotos bem ricos , outros que já trabalham para se sustentar , gente de veio da antiga Alemanha Oriental , um filho de imigrantes turcos . Haverá uma semana dedicada a um trabalho especial , temático , e Rainer Wenger quer pegar o estudo sobre anarquia , que ele conhece bem . Um professor bem mais velho e mais formal , careta , no entanto , passa à sua frente , e assume o tema . Sobra para Wenger o tema autocracia . Os alunos podem escolher o tema sobre o qual trabalhar . Alguns prefeririam estudar anarquia , mas acabam indo para a turma da autocracia porque Wenger é um professor melhor do que o outro , mais aberto , mais acessível . No primeiro dia , a segunda-feira , há diferentes reações quando Wenger apresenta para a classe a definição do que é autocracia . ( Vamos lá : governo exercido por um único grupo , com poderes ilimitados e absolutos . ) Alguns reclamam que aquele trabalho será a repetição de outros já feitos anteriormente sobre o nazismo , e eles já estão cansados de saber dos males do nazismo . Um deles faz a afirmação : não existem hoje condições para haver de novo uma ditadura na Alemanha . Wenger acha aí um mote para o curso que vai dar . Passa a adotar um estilo autocrático dentro da sala de aula , para surpresa dos alunos , acostumados a tê-lo como o professor jovem , próximo , a quem todos chamam pelo primeiro nome . Exige ser chamado , durante aquele curso , naquela semana , de sr . Wenger , e não de Rainer . Exige que o aluno que desejar falar peça licença e fique de pé na hora de falar . E passa a incitar a turma a se sentir e agir como um grupo unido , coeso . Logo depois virão outros sinais . Pede que a turma escolha um nome para o grupo – vence o nome A Onda . Pede que todos passem a usar um uniforme , para tornar mais fácil a identificação , a identidade do grupo – jeans , camisa branca . Um aluno cria um logo para o grupo . Outro inventa uma saudação com as mãos , imitando uma onda . Uniforme . Símbolo visual , logotipo . Saudação com as mãos . Na quarta-feira as coisas já estarão totalmente fora do controle de Wenger . Diálogos sensacionais Os diálogos todos – dos alunos fora da classe , entre eles , com os pais , em suas casas , mas sobretudo , os diálogos na sala de aula – são bem feitíssimos , sensacionais . Coisa escrita por gente madura , muito inteligente , muito bem preparada . As coisas não são apresentadas de maneira simples , de um lado o preto , de outro lado o branco ; muito ao contrário , é tudo matizado , tudo multifacetado . Em alguns momentos , o filme lembra , e muito , o extraordinário e também recente Entre os Muros da Escola – a recriação do clima da sala de aula , os diferentes tipos dos alunos , tudo é uma riqueza fascinante , como no filme do francês Laurent Cantet . Mas , enquanto o filme francês se concentra mais na questão da disciplina dentro da sala de aula , numa sociedade complexa , com alunos de diversas classes sociais , diversas origens culturais , este aqui vai fundo na questão política mesmo , a atitude de cada um resultando num comportamento político do grupo que vai chegando cada vez mais perto do fascimo . Paralelamente , o filme vai nos mostrando as personalidades de alguns dos alunos da turma , de uns seis ou oito . E faz isso com grande maestria . Karo ( Jennifer Ulrich ) , aluna séria , estudiosa , compenetrada , de família bem de vida e na vida , é um tanto dominadora na relação com o namorado Marco ( Max Riemelt ) , solitário , sem família . Mona ( Amelie Kiefer ) tem opiniões fortes demais para admitir aquela lição prática de autocracia dentro da sala de aula , e casca fora . Lisa ( Cristina Do Rego ) , um tanto insegura , ela também solitária , vai aproveitar os crescentes desentendimentos entre Karo e Marco para se aproximar do rapaz . Tim ( Frederick Lau ) , solitário , perdido , sem ligação com nada , vai se aferrar à Onda como a melhor coisa que já havia surgido em sua vida . ( Na foto abaixo , Karo e Lisa . ) E , à medida que os acontecimentos vão se precipitando , criando uma dinâmica própria , até mesmo a ótima relação do professor Wenger com sua mulher grávida , Anke ( Christiane Paul ) , ela também professora da mesma escola , vai ser abalada . Com brilho , o roteirista Peter Thorwarth e o diretor Dennis Gansel vão traçando e trançando as histórias pessoais de alunos e professores com a história do grupo A Onda . O microcosmo , um espelho da sociedade como um todo . Questões importantes sobre as quais devemos pensar É de tirar o fôlego , de assustar , de levantar questões , de pôr o espectador para pensar sobre todo aquele turbilhão de informações importantes sobre um tema da maior relevância . Todo o elenco está sensacional – os garotos são fantasticamente bem dirigidos , e esse Jürgen Vogel dá um show . O diretor Dennis Gansel demonstra segurança , maturidade . Sua narrativa é fluente , sem frescuras ou invencionices . Há momentos em que o ritmo do filme se acelera , e a música , como os rocks que o professor Wenger ouve , fica muito alta – mas faz sentido , dentro da história que ele está contando , e não há exageros . A câmara dele – e isso foi Mary que reparou , antes mesmo que eu reparasse – demonstra uma predileção por ficar , em diversos momentos , abaixo do nível dos olhos das pessoas , colocada bem perto do chão , em plongée – mas nem esse pequeno tique nervoso chega a incomodar . A coisa do “ baseado em uma história real ” impressiona . Fiquei curiosíssimo , ao longo do filme , para saber se a história se basearia em livro escrito por aquele professor alemão . Não , não é nada disso . Uma história bem parecida com a do filme aconteceu na realidade , mas foi em Palo Alto , na Califórnia , na segunda metade dos anos 60 . Um professor de História numa high-school daquela cidade americana , frustrado ao perceber que seus alunos não tinham o menor interesse em acompanhar suas aulas sobre a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha , decidiu fazer uma dramática experiência : fez os alunos criarem um novo movimento radical chamado A Onda , que daria a eles “ uma sensação de que eles passariam a fazer parte de algo que é mais importante do que cada um ” . Rapidamente , a experiência saiu de seu controle e A Onda atingiu praticamente toda a escola . A experiência foi retratada numa reportagem de revista e depois em um livro de autoria de Todd Strasser . Em 1981 , a rede ABC fez um longa-metragem a partir do livro , chamado A Onda / The Wave , dirigido por Alex Grasshoff , com atores que eu não conheço ( o professor é interpretado por Bruce Davison ) . Em geral , são os americanos que refilmam obras feitas em outros países . Neste caso aqui , temos uma refilmagem de uma obra americana feita na Alemanha . O fato de o filme ser feito na Alemanha , e a ação se passar na Alemanha , a terra onde surgiu o nazismo , dá ainda mais força ao tema – que já era , por si só , fascinante , impressionante , impactante . É um brilho de filme . Toda pessoa que tenha interesse por política e por educação – e por bom cinema – deveria vê-lo . Vi hoje . Excelente em todos os aspectos . Mas mete medo , assusta mesmo . Tão fácil virar tudo ao contrário , não é ? O meu desgraço país é uma democracia jovem e parece que há ventos de mudança no sentido de regressar à ditadura . Quando a crise é grande há sempre essa tentação . Acabei de assistir.Com tôda certeza um filme excelente . É isso , um excelente filme . Um dos melhores filmes que vi nos últimos 30 dias . Tenho muito medo desses movimentos . Tenho muito medo dessas experiências . O mal se propaga de maneira muito rápida . Já não eram mais alunos e , sim , “ soldados ” . E fica muito pior quando existem os “ Tins ” . Isso não nos traz bôas lembranças , não é ? Algumas músicas que tocam no filme não me agradam por que me lembram drogas,violencia . De certa forma me lembrou outro filme alemão chamado ” A experiência “ . Essa experiências quando fogem ao contrôle é trágico . Aquele certo aluno viu que é perfeitamente possível haver uma nova ditadura na Alemanha . Como disse o professor , era exatamente o que estava acontecendo ali . Como bem diz o José Luiz , em alguns momentos assusta de verdade . Um abraço , Sergio ! ! ” Não há como explicar racionalmente lembranças , e os dois filmes têm pouco em comum , a não ser o fato de que ambos tratam , cada um à sua maneira , de escolhas afetivas . ” Dizes isto no início do teu texto de hoje sôbre o filme “ Je L’aimais ” . Com isso deixas bem explicito o que eu quis dizer ontém , quando falei que este filme de certa forma me lembra ” A Experiência “ . São dois filmes diferentes mas que tratam de um mesmo tema . Aqui , no caso , cada um trata , à sua maneira , de “ uma experiência perigosa . ” Obrigado . [ … ] Ulrich , também berlinense , também de 1984 . Sua filmografia tem 44 títulos , inclusive o excelente A Onda / Die Welle ( 2008 ) e o muito provavelmente bobo As Donas da Noite ( 2010 ) , sobre um trio de jovens vampiras que [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * El Dorado / El Dorado De : Howard Hawks , EUA , 1967 Nota : Anotação em 2005 , com complemento em 2008 : Rever mais uma vez El Dorado me deixou surpreso . Eu de fato não me lembrava de como esse filme é bom – tão bom quanto , ou talvez melhor ainda , se é que isso possível , que Onde Começa o Inferno / Rio Bravo , de 1959 , o primeiro dessa trilogia em que o veterano e eclético Howard Hawks conta a mesma história . Me impressionou como é bem contada a história , como é tudo contextualizado , como os conflitos se explicam , e não são gratuitos , fúteis . Como é bem feita a construção dos personagens , embora eles sejam basicamente os mesmos que nos dois outros filmes – o fortão meio solitário mas solidário ( John Wayne nos três ) , o bêbado ( Mitchum aqui , Dean Martin no anterior ) e o garoto ( James Caan aqui , Rick Nelson no anterior ) . E , sobretudo , como são inteligentes , sagazes , espertos , engraçados os diálogos . Um grande bangue-bangue . Leonard Maltin deu 3 estrelas ( em 4 ) : “ Continuação de Rio Bravo mostra pistoleiro já envelhecendo Wayne ajudando amigo xerife Mitchum a enfrentar uma guerra contra um bando . Um Hawks tipicamente suave , que mistura comédia e ação , com saboroso roteiro de Leigh Brackett e interpretações exemplares , especialmente de Mitchum , de Caan como o jovem jogador que não consegue atirar , e George como o ultra-tranquilo pistoleiro de aluguel . ” Pauline Kael desce a lenha sem piedade . “ John Wayne e Robert Mitchum fazem paródia deles mesmos , e parecem exaustos . Quando o filme começa , você tem a sensação de estar vendo um episódio de uma série de TV que começou faz tempo ” , diz ela – e é só o começo . Deus Sabe Quanto Amei / Some Came Running De : Vincente Minnelli , EUA , 1958 Nota : Anotação em 2008 : Muito estranho rever este filme uns 40 anos depois da primeira vez . É um filme que tem sua importância ; tem a marca do talento de Vincente Minnelli , um visual extremamente bem cuidado , e uma seqüência final muito impressionante . É a mais pura expressão de sua época , dos costumes e modos do final dos anos 50 , e do melodrama do cinemão americano do seu tempo . Tem boas atuações no elenco cheio de nomes importantes na época . Frank Sinatra está bem , de novo no papel de um soldado , cinco anos depois de A Um Passo da Eternidade / From Here to Eternity , também baseado em livro do mesmo autor , James Jones . Dean Martin , saído havia pouco da dupla com Jerry Lewis , no primeiro dos muitos filmes que faria com o amigo Sinatra , no início do Rat Pack , como ficaria conhecida a turma do cantor-astro , está ótimo , bem à vontade num papel que parece ter sido feito para ele , um bêbado , jogador , gozador . E Shirley MacLaine , bem , a jovem Shirley MacLaine , apenas três anos depois de sua estréia na deliciosa comédia hitchcockiana O Terceiro Tiro / The Trouble With Harry , simplesmente rouba a cena , o filme . Não é a toa que , 40 anos depois , eu me lembrava bem do personagem dela . Mas porém todavia contudo , o filme tem falhas feias , pesadas , fortes , embaraçosas . Parece que o livro de James Jones é uma trolha gigantesca , um Guerra e Paz , e os roteiristas foram obrigados a resumir passagens . O que acontece então é que há várias ocasiões em que os personagens surpreendem pela rapidez com que tomam decisões inesperadas – um único dia após conhecer Gwen ( Martha Hyer ) , Dave Hirsh ( Frank Sinatra ) está profundamente apaixonado por ela , quer casar . Horas depois de flagrar o pai em atitude indecente , a jovem , pura e delicada Dawn ( Betty Lou Keim ) resolve sair se embebedando com o primeiro caixeiro-viajante que encontra pelo caminho – para citar apenas dois exemplos . O personagem do cara de Chicago , Raymond ( Steve Peck ) , é simplesmente incompreensível , absurdo , inverossímil – e , cacilda , numa produção tão cara e bem cuidada , não poderiam ter achado um coadjuvante melhor ? Esse tal de Steve Peck é pior do que qualquer ator de quinta categoria da pior novela do SBT . Bem , mas acho que botei um pouco o carro na frente dos bois . Vamos a um pouquinho da narrativa . O filme começa com a câmara – um belíssimo CinemaScope , nos anos iniciais do formato de tela grande – colocada dentro de um ônibus interestadual ; vemos um soldado dormindo esculachadão numa poltrona ; o ônibus tem muitas cadeiras vazias . Pelas janelas , vamos vendo diversas paisagens , até que chegamos , ao fim da apresentação , os créditos iniciais , a uma pequena cidade do interior . O motorista acorda o soldado : “ Ô soldado , estamos em Parkman . Me disseram para acordar você em Parkman ” . O soldado – Dave Hirsh , saberemos logo em seguida , o papel de Frank Sinatra – acorda inteiramente desentendido , mas tentando não parecer desentendido . “ Quem disse isso ? ” , pergunta ao motorista . E o outro responde : “ Os amigos que puseram você no ônibus em Chicago . ” Dave Hirsh desce do ônibus com sua mochila de soldado e uma mala em Parkman , Indiana – uma pequena cidade do interiorzão bravo , interiorzão profundo , algo como Bom Jesus da Lapa , BA , ou Ipameri , GO . Neste momento , vemos pela primeira vez uma moça sentada numa outra poltrona do ônibus , que acorda naquela instante e desce do ônibus . É Ginna ( Shirley MacLaine ) , um tipo que faz lembrar , e muito , a Cabíria de Giulietta Masina , que Fellini havia criado um ano antes em Noites de Cabíria / Le Notti di Cabiria . Um vestido barato , horroroso ; uma bolsa em forma de cachorrinho de pelúcia ; muita maquiagem , maquiagem pesada ; cabelo preto visivelmente tingido de ruivo . Ginna saúda Dave com uma suave reclamação , tipo , pô , Dave , você convida uma garota para viajar com você e já vai logo abandonando ela ? Dave não tinha a mínima idéia de que tinha convidado alguém para vir com ele , assim como não tinha a mínima idéia de que viria para Parkman , Indiana . Tinha dito às pessoas com quem enchera a cara em Chicago que essa era a sua cidade natal , e os camaradas o enfiaram no ônibus . Ele pede desculpas a Ginna , diz que foi um grande engano , me desculpa , toma aqui um dinheiro , tem ônibus de volta daqui a pouco . Deixa a moça no meio da rua e segue para um hotel , onde pede o melhor quarto e duas garrafas de uísque – qualquer um . Da bagagem , tira uma garrafa quase vazia , um monte de roupa suja , um livro de Steinbeck , um livro de Faulkner , vários outros livros , e um manuscrito amarfanhado . Estamos com menos de dez minutos de um filme de quase duas horas e vinte minutos . Sim , a clássica história do filho pródigo que volta à sua cidade natal . Já houve várias com esse tema básico . Doce Pássaro da Juventude / Sweet Bird of Youth , baseado em Tennessee Williams e dirigido por Richard Brooks , quatro anos depois deste filme aqui , para lembrar apenas de um . Mas são dezenas , talvez até centenas . Com dez minutos de filme , já temos então que Dave Hirsh bebe demais , e é escritor . Em seguida veremos que seu irmão Frank ( Arthur Kennedy , muito bom , na medida certa ) é um dos homens mais ricos da cidade ; tem uma joalheria e é um dos diretores de um dos dois bancos . Os dois não se viam havia 16 anos . Quando a mãe deles morreu , Frank , o mais velho , botou Dave num internato , de onde ele saiu assim que pôde para só voltar agora , a época em que se passa a ação . Agnes , a mulher de Frank , tem ódio eterno pelo cunhado Dave , por ter se identificado com a personagem do primeiro dos dois romances que ele havia publicado – nele , Dave descreve a mulher do homem rico como uma bruaca mesquinha , imbecil . O casamento de Frank com Agnes é uma coisa horrorosa , um suplício para os dois e para a filha adolescente Dawn – vivem em uma mansão gigantesca como se ela fosse uma jaula para animais perigosas . Temos então que Minnelli conta a história como se estivesse dando um gigantesco zoom para trás : a partir da história de Dave , e depois de seu irmão Frank , o filme como que puxa a câmara para trás e mostra o quadro mais amplo , as pessoas , a sociedade daquela pequena cidade , onde tudo é pequeno , mesquinho , ganancioso , falso , reprimido , hipócrita , babaca . A essa sociedade careta , conservadora , castradora , que vive de aparências , se contrapõe um mundo meio marginal , à parte , simbolizado por Bama , o jogador e beberrão interpretado por Dean Martin , que fica conhecendo Dave no dia em que ele chega a Parkman . Bama vive rodeado de mulheres , bêbados e jogadores . A ele se junta nossa Ginna , a triste putinha que seguiu Dave e resolveu não voltar para Chicago . Atrás dela , veio de Chicago o tal Larry , descrito como gângster , mas que parece um cachorro grande que ladra muito mas não morde . Larry está enfurecidamente ( e incompreensivelmente ) apaixonado por Ginna , que se apaixona a cada dia mais por Dave . Ainda no primeiro dia da chegada de Dave à sua pobre , mesquinha cidade natal , ele conhecerá Gwen ( Martha Hyer ) , a doce , suave , bela , inteligente professora de redação que admira os livros de seu conterrâneo filho pródigo . Coup de foudre , paixão à primeira vista . Um bom triângulo amoroso : escritor bêbado em crise que não consegue escrever mais , uma doce , suave , bela , inteligente professora de redação , e uma puta . Ou , para citar o título de um filme da época , Entre Deus e o Pecado . Mestre do musical , Vincente Minnelli faz um drama sem canções de quase duas horas e meia com pouquíssimos close-ups . Seus planos são gerais , ou , na maioria , de conjunto – aquele que consegue captar um grupo de pessoas , vistas inteiras , dos pés às cabeças . Aqui e ali , surge um plano americano , aquele em que vemos meio corpo das pessoas , da cintura para cima , mas a predominância é dos planos de conjunto . Não é à toa . O diretor queria fazer o melhor uso possível da nova tela comprida , grande , o CinemaScope , a arma recente do cinema para enfrentar a competição com a TV ; e o que ele está fazendo , mais que contar a história de Dave , sua família , seu triângulo amoroso , é uma descrição ampla de um tipo de sociedade , a cidadezinha pequena como um microcosmo da América que se enriquece e se brutaliza após a Grande Depressão e a Segunda Guerra . E são planos longos . Não demoradamente longos , como os planos-seqüência de Hitchcock , ou , mais exagerados ainda , os de Brian De Palma . Mas são planos longos , adequados aos diálogos , em que as duas partes aparecem juntas , sem necessidade de cortes , de plano e contraplano . A câmara é calma , suave , tranqüila ; não há travellings rápidos , zooms frenéticos . Tudo isso muda inteiramente na longa seqüência final , toda em exteriores , Parkman à noite , transformada numa gigantesca feira , num imenso parque de diversões na comemoração do centenário de fundação da cidade . A música de Elmer Bernstein também muda , fica mais nervosa . Os planos agora são rápidos , feéricos , com cores superexpostas – vermelho fortíssimo , azul fortíssimo , todas as cores do arco-íris e muitas outras juntas e fortes e aceleradas no fechamento do drama . É uma seqüência belíssima , impressionante . Então , temos aquelas adversativas todas que eu coloquei lá em cima , falhas , fraquezas brutais . Mas porém todavia contudo este é um filme forte , importante , poderoso . Ainda hoje , cinco décadas depois . *** Antes de rever o filme , anotei o que eu me lembrava dele : Sinatra faz um soldado que volta para sua cidade . Bebe muito ; é um romancista frustrado . Shirley MacLaine faz uma puta que se apaixona por ele , mas não entende o que acontece com ele , suas angústias ; não entende o que ele escreve , não entende o que quer dizer . Ele tinha uma antiga namorada na cidade , o papel de Martha Hyer , uma mulher rica . Errei na coisa da Martha Hyer : Gwen não era antiga namorada . Mas o resto está lá . Um filme que deixa essa impressão forte na memória por 40 anos não é de se desprezar . Flores do Amanhã / Xiang ri kui De : Zhang Yang , China , 2005 Nota : Anotação em 2010 : Belo , sensível filme , feito com extrema competência em todos os quesitos . Um drama sério sobre paternidade , educação , dificuldade de comunicação entre as gerações , tendo como pano de pano as mudanças no Planeta China ao longo das últimas cinco décadas . O narrador é o filho – Xiang Yang nasceu em 1967 , conforme nos informa a voz dele em off , na abertura . A câmara do diretor Zhang Yang mostra em close a dor do parto da mãe , Xiu Qing ( interpretada pela grande , bela estrela Joan Chen ) . Xiu Qing dá à luz em parto normal , dentro de casa . Mais de duas horas de bom cinema depois ( a versão do filme em DVD tem 133 minutos ) , veremos outro parto , no ano 2000 , e portanto em hospital , com os cuidados da medicina moderna , tudo sendo filmado em câmara de mão pelo pai , como hoje em dia acontece . A narrativa do diretor Zhang Yang é daquelas que gostam voltar ao princípio , fechar o círculo , encerrar o ciclo . Coisa de gente grande , de quem sabe fazer . Mas voltemos ao início . Na abertura do filme , a voz em off de um Xiang Yang adulto nos conta então que ele nasceu em 1967 . E que , quando era ainda bebê , engatinhando , os pais puseram diante dele diversos objetos , para ver qual o garotinho pegaria primeiro . E o bebê pega um pincel , para imensa satisfação do pai , Gengnian Zhang ( Haiying Sun , excelente ator ) , ele próprio um pintor . Num pequeno canteiro diante de sua casa , Zhang , o pai , havia plantado girassóis , nos conta a voz em off do filho adulto , enquanto a câmara mostra belos girassóis . Não tenho a menor idéia do que significa o título original do filme , que , passando para o alfabeto ocidental , vira Xiang ri kui , mas deve ter a ver com girassóis . O título em inglês do filme é Sunflower , girassol – e os girassóis permeiam a história da família . Não dá muito para entender por que os distribuidores brasileiros acrescentaram o “ amanhã ” ao título , Flores do Amanhã , mas títulos brasileiros um tanto sem lógica são velha tradição . Um intróito em 1967 , depois um longo segmento em 1976 Depois do rápido intróito , com o nascimento do garoto , em 1967 , há um fade out , e temos um grande letreiro anunciando que estamos em 1976 . O garoto Xiang Yang está agora com nove anos de idade , e é um moleque travesso : sobe no telhado das casas , e usa , com o maior amigo , o bodoque – epa , bodoque é o termo mineiro ; perdão , o estilingue , para atingir as meninas do bairro . Atinge também um adulto que chega ali , bem na testa – danada de boa pontaria tem o moleque Xiang Yang , não erra uma . O adulto que está chegando e acaba de ser atingido na testa é Zhang , o pai do garoto travesso . Zhang está naquele exato momento voltando de um campo de trabalho , onde ficou internado durante seis anos . Depois , novo segmento em 1987 , outro em 1999 O segmento do filme passado em 1976 é longo . Mostra a situação dura , duríssima , de um pai que esteve ausente praticamente durante toda a vida do filho , e tem que reassumir a chefia da casa , da educação do moleque . Xiang Yang não reconhece Zhang como seu pai ; uma criança de nove anos dificilmente tem lembranças da época em que tinha três , e portanto o garoto a rigor não sabia o que era um pai , que seu pai era aquela pessoa que de repente entra em sua casa , faz sua mãe gemer na cama e dá um monte de ordens a ele . Zhang é um pai severo , rigoroso , até demais – e já parte de um gap , um buraco , uma lacuna gigantesca . O pai cai de pára-quedas na vida do garoto , exigindo dele uma disciplina férrea que ele jamais havia conhecido . É um belo drama familiar , esse que a trama do filme desenha . Haverá , depois , um pulo para o ano de 1987 , Xiang Yang portanto com 20 anos , e depois outro salto para 1999 , o filho então com 32 , e um epílogo em 2000 . Um belo retrato de décadas de difícil relação pai e filho Haveria enciclopédias para se falar a respeito deste filme . Já seria uma obra fascinante apenas e tão somente pelo retrato que faz da relação de várias décadas entre pais e filho . O fato de que tudo se passa no Planeta China , feito por habitantes daquele estranho , obscuro , misterioso lugar , torna tudo mais absolutamente fascinante . “ Seus filhos não são seus filhos , são filhos da vida ” , escreveu , num momento de especial genialidade , Gibran Khalil Gibran . A grande questão é que mais de 90% dos pais não percebem isso . Ter filhos é uma loucura absoluta . “ Os bebês , na maioria , são coincidências ” , diz um texto brilhante em Uma Prova de Amor / My Sister’s Keeper , de Nick Cassavetes . “ Duas pessoas transam , ou coisa assim , e pronto . Coincidência . Claro , a gente ouve essas histórias sobre como todos planejam suas famílias perfeitas , mas a verdade é que a maioria dos bebês é produto de noites de bebedeira e falta de controle da natalidade . São acidentes . Só as pessoas que têm problemas para fazer bebês é que de fato planejam tê-los . ” Se ter filhos já é uma total loucura , saber como criar os filhos , como educá-los , é uma loucura mais arrematada ainda . Os putos não vêm com bula , com manual de instruções – e mesmo que os pais sejam esforçadíssimos , seriíssimos ( embora só as pessoas que têm problema para fazer bebês é que de fato planejam tê-los , e portanto , são a princípio esforçadíssimos , seriíssimos ) , tudo que eles fizerem pode resultar num bobo , ou num deliqüente , em maior ou menor grau . Os pais de Xiang Yang amam o filho – mas não sabem como criá-lo Zhang e Xiu Qing , os pais de Xiang Yang , se amam , e amam o filho único . Viúva de marido vivo , levado para campo de trabalho , Xiu Qing foi permissiva com o garotinho , que virou um moleque travesso demais , sem medida . Ao voltar para casa depois de seis anos ausente , caindo de pára-quedas na vida do garoto de nove anos , Zhang vai para o extremo oposto , a rigidez absoluta , marcial . Não dá certo . Muita gente da minha geração – a de nós que nascemos entre a bomba de Hiroshima e o surgimento do rock’n’ll , os dez anos entre 1945 e 1955 , a geração que achava que não só podia mas que de fato iria mudar o mundo – babou com o diálogo entre pai e filho que Cat Stevens compôs quando tinha 22 anos . O artista malucamente precoce fazia as duas vozes , a do pai , grave , séria , e a do filho , aguda , lancinante . O pai propunha calma , reflexão , antes que o filho se decidisse por qualquer coisa ; o filho reagia agressivo , dizendo que o pai não sabia nada sobre o que ele , filho , pensava e vivia : “ Desde o momento em que aprendi a falar me deram ordem para ouvir ” . ( Credo : que verso absolutamente fantástico – “ From the moment I could talk I was ordered to listen ” . O cara tinha 22 anos , e tem gente na face da Terra que acha que Cat Stevens é de segunda categoria . ) Muitos pais , em 1970 , o ano da canção “ Father and Son ” , eram tão absolutamente rígidos , donos da verdade absoluta , e pouco afeitos a qualquer tipo de diálogo , que , quando mostrei a tradução da letra para uma amiga mais jovem , ela fez um comentário que jamais esqueci : “ Pô , se meu pai conversasse comigo desse jeito , eu não teria o que reclamar dele ” . Os pais pecam por ausência , por permissividade ou por rigidez absoluta Em 1987 , diante do filho de 20 anos , Zhang era tão autoritário quanto o pai da minha então jovem amiga de 1970 . Só a palavra dele importava , só a vontade dele deveria ser atendida . A imensa maioria dos pais , acho eu , peca pela ausência , que é o pecado maior . Mais recentemente , depois de toda a revolução dos costumes a partir dos anos 60 e 70 no Ocidente , os que não pecam pela ausência passaram a pecar pela permissividade total . O Planeta China . Ainda haveria muito o que dizer sobre as relações familiares mostradas neste belo filme . Mas é importante , é fundamental lembrar que a história se passa no Planeta China – essa coisa tão distante e misteriosa quanto Plutão , ou a sétima lua de um astro que gire em torno de alguma estrela da Ursa Maior . Flores do Amanhã foi exibido no Ocidente . Teve versão em que os créditos aparecem tanto nos anagramas chineses quanto em inglês . Está aí disponível nas locadoras , e provavelmente também na internet para ser baixado . O eventual espectador ocidental do filme talvez não se lembre , mas em 1966 – um ano antes do nascimento de Xiang Yang – iniciou-se no Planeta China a Revolução Cultural . A Revolução Cultural , que durou de 1966 a 1976 , exatamente o ano do segundo período focalizado no filme , foi , a muito grosso modo , algo assim como o AI-5 da ditadura militar brasileira instaurada em 1964 , o golpe dentro do golpe , a revolução dentro da revolução , a radicalização do radicalismo . Algo mais ou menos assim : apesar de estarmos no poder há 20 anos , ainda restam entre nós alguns que não aderiram aos nossos ideais ; são burgueses incorrigíveis , filocapitalistas , esdrúxulos , exógenos : cacemo-los , ó povo orgulhoso ! – e lá foram as hordas de jovens da Guarda Vermelha caçar não-comunistas até embaixo do tapete . Como aliás havia sido feito nos Estados Unidos dos anos 50 , na louca caçada aos comunistas ou filocomunistas ou whatever , comandada por Joseph McCarthy . A caça ao “ inimigo ” – mesmo que ele não exista , mesmo que seja preciso inventá-lo . Velhíssima tática dos regimes de exceção , e até mesmo de períodos sombrios das democracias , como demonstra o macartismo , ou ainda o governo Bush filho , ou a Venezuela sob o tacão do bufão Chávez . Um filme da China de hoje que mostra barbaridades do regime Zhang volta à sua casa em 1976 – o ano em que se encerrou a Revolução Cultural , o ano da morte de Mao Tsé-Tung – após seis anos no que é referido no filme como “ campo de trabalho ” . No campo de trabalho , Zhang apanhou muito ; torturaram-no batendo nas suas mãos , as mãos de pintor , embora ele pedisse para que batessem em qualquer outro lugar , menos nas mãos . ( No Estádio Nacional de Santiago do Chile , os sádicos loucos então a mando de Pinochet , muito parecidos com os sádicos loucos de qualquer regime de exceção , diga-se ele “ de esquerda ” ou “ de direita ” , cortaram as mãos de Victor Jara , antes de darem o tiro de misericórdia . ) Zhang volta para casa sem poder usar as mãos para criar sua arte . Isso é dito com todas as letras no filme no Zhang Yang : que houve tortura – e casos e casos de extrema injustiça – no tempo da Revolução Cultural . Muitas outras faces do regime ditatorial chinês são expostas no filme – e é muito doido , é muito difícil para alguém que , como eu , ou , penso , a imensa maioria de nós que sabemos pouco sobre o Planeta China , entender como a censura da ditadura de partido único deixou que o filme fosse feito , e fosse distribuído pelo mundo , e chegasse ao Ocidente capitalista , decadente , doente . Não dá para saber por que permitiram o filme – mas ainda bem que permitiram E aí vou tentar me informar um pouco . Até aqui , expressei minhas sensações , minhas opiniões . Vou tentar ver o que se diz a respeito do filme , na tentativa de entender por que a ditadura chinesa permitiu que esta bela obra – bela , mas que fala demais da realidade – chegasse ao Planeta Terra . ( Na foto , Joan Chen , como Xiuqing , e Haiying Sun , como Zhang , já idosos . ) Não há informações sobre o diretor Zhang Yang nos meus muitos livros ; ele não consta dos meus três dicionários de cineastas , nem está no livro Cinema Now , que fala de 60 cineastas em atividade nos anos 2000 . O iMDB informa apenas que ele nasceu em 1967 – exatamente como o seu jovem personagem – , e é autor de seis filmes , que receberam 16 prêmios e cinco outras indicações . Em sites diversos , vejo que Zhang Yang ( na foto abaixo ) formou-se em Literatura Chinesa em 1988 , e depois estudou no Departamento de Direção na Academia Dramática Central de Pequim , onde se formou em 1992 , e passou a trabalhar no Estúdio de Cinema de Pequim . Seu filme de 1999 , Banhos , também uma história sobre vida em família , ganhou 17 prêmios mundos afora – no Planeta China e no Planeta Terra . Essas informações do parágrafo acima indicam que não é um contestador , um rebelde , um dissidente . Muito ao contrário – é aprovado pelo Sistema , pelo Establishment . O AllMovie traz uma sinopse bastante correta do filme – e mais nada . Leonard Maltin não o inclui entre os 18 mil filmes resenhados no seu Movie Guide de 2009 . Luciano Ramos fala sobre o filme em seu livro Os Melhores Filmes Novos ( Editora Contexto , 2009 ) . Conta que o filme foi premiado no Festival de San Sebastian , na Espanha , em 2005 . “ O jovem cineasta demonstra o pulso e a sensibilidade de um veterano , com um estilo neo-realista comparável ao de Ettore Scola . ” Eu não chamaria o estilo de Scola de neo-realista , mas de fato há semelhança : como este filme aqui , Scola gosta de mostrar histórias que percorrem décadas e décadas , o panorama político e social da Itália como pano de fundo . “ Claramente inspirado no pai do diretor , o protagonista é um pintor que , nos anos 1970 , teve as mãos quebradas por ter sido acusado de refratário ao partido . Voltando para casa após uma temporada na prisão , não consegue mais trabalhar , nem se relacionar satisfatoriamente com o filho . O roteiro mostra a evolução desse relacionamento até os dias de hoje . Isso permite admirar a impressionante habilidade dramática do ator Haiying Sun , que até este filme só tinha trabalhado na TV chinesa . Ao contrário da igualmente talentosa Joan Chen , que interpreta a sua esposa e que já fez 49 filmes . Desde 1987 , com O Último Imperador , de Bertolucci , ela passou a filmar no Ocidente e ficou famosa com a série Twin Peaks , de David Lynch . ” A rigor , a rigor , o mais correto seria dizer que o protagonista não consegue mais trabalhar como pintor ; trabalhar , ele trabalha . Mas me parecem muito boas todas as afirmações do crítico , professor e estudioso Luciano Ramos . De fato , o desempenho de Haying Sun como o pai , ao longo de várias décadas – com um trabalho de maquiagem excelente , que o faz envelhecer – é extraordinário . O personagem do filho , Xiang Yang , é interpretado – e bem interpretado – por três diferentes atores , um para cada época focalizada , 1976 , 1987 e 1999 . Continua para mim sendo misterioso o fato de a censura chinesa ter permitido que o filme fosse exibido . É verdade que o filme mostra , nos trechos passados nos anos mais recentes , como houve grande progresso material na China , e isso é obviamente do interesse dos dirigentes do Partido Comunista . Mas antes assim , claro , óbvio . Maravilha que permitiram que a gente veja esta bela obra . Armadilha Selvagem / In the Gloaming De : Christopher Reeve , EUA , 1997 Nota : Anotação em 1997 : Um show de sensibilidade , de seriedade . Todos nós espectadores poderíamos estar a favor do filme por ele ser a estréia de Christopher Reeve , o Super-Homem dos anos 70 e 80 na direção depois do acidente trágico que o transformou em paralítico . Mas não é por aí . É que o texto é brilhante , corretíssimo , e o filme de fato esbanja sensibilidade . E que beleza de elenco . É um filme sobre aids em que a palavra aids não é pronunciada uma única vez , assim como não é pronunciada a palavra soropositivo . Na verdade , é um filme sobre aids que na verdade é um filme sobre relações familiares , a dificuldade de comunicação entre pessoas letradas de uma família muito , muito rica . Gente Como a Gente , do Redford , em que as pessoas não são exatamente como a gente , porque têm muito mais dinheiro , mas ao mesmo tempo são como a gente porque são incapazes de falar as verdades , maiores ou menores , com o filho , o pai , o irmão , a irmã . É belíssimo o encontro da mãe com o filho que vem pra casa pra morrer . É emocionante , é lindo , é extremamente sensível como os laços vão sendo refeitos entre a mãe e o filho , as conversas só agora abertas sobre o namorado dele , e também sobre a relaçào dela com o marido , tão vaga , distante , embora ela seja uma mulher maravilhosa , sensível , rica , inteligente – e o marido possivelmente não perceba muito isso . Interessante como nada é dito muito às claras . Tudo é dito por meias palavras , como acontece mesmo na vida real . É uma família típica , igual a todas as outras , com a única redfordiana diferença de que é mais rica que as demais . Há um diálogo no filme que é soberbo , definitivo , brilhante . É entre a mãe que se sente na obrigação de estar perto do filho condenado à morte , mas que mais que isso se sente bem estando perto do filho condenado à morte , e a irmã yuppizinha ( a promissora Bridget , a terceira geração dos Fonda ) que vem tentar tirá-la de casa , para que ela descanse um pouco do clima pesado . O diálogo é de brilho puro . Gostaria de tirá-lo do filme e gravá-lo em texto . É todo ele em tom menor , sem clareza clara , embora tudo esteja sendo dito implicitamente – como em tantos diálogos da vida real . Tirei . Lá vai . ( Como a gente tinha trabalho , naqueles tempos pré-IMDB . Hoje é tudo mais fácil , é só copy e paste . ) A mãe ( Glenn Close ) , que é entendida de cinema , está vendo um filme P & B no vídeo , janelas fechadas . A filha yuppinha ( Bridget Fonda ) chega , vai abrindo todas as janelas . Mãe – Por que você não está trabalhando ? Annie – Decidi tirar o dia de folga . Que tal irmos ao centro almoçar ? Mãe – Não sei . Onde está o Johnny ? ( É o único neto dela , filho de Annie . ) Mãe – Annie … Eu amei vocês dois do mesmo jeito . Por que você nunca me disse nada ? Annie – Porque nós não falamos destas coisas nesta casa . Nunca . Mãe – Querida , se no passado dei mais atenção ao Danny do que a você ou a seu pai , havia razões . Annie – Ah , por favor . Você sabe o que sua atenção fez com ele . ( Está implícito tudo aqui . Annie culpa o excesso de atenção da mãe pelo fato de o irmão ser homossexual . ) Mãe – O que você está sugerindo ? Annie – Desculpe . Não vim aqui brigar com você . Mas , mãe … Mãe – O quê ? ( Annie oferece um tranquilizante , a mãe diz que não precisa , e diz que tem algo a perguntar . ) Mãe – Por que você não trouxe o Johnny ? Você tem medo de que ele pegue algo ? Annie – É engraçado , sempre que sou cuidadosa com o Johnny , me afasto para não cometer o mesmo erro que você . Mãe – É mesmo ? Então você deveria reexaminar suas fontes psicológicas , porque atualmente acham que é genético . Há um outro diálogo impressionante . A mãe , repito , é uma entendida em cinema . O filho pergunta de que filmes ela gosta , ela diz que a cada dia é de um . E aí diz que o de que mais tem gostado ultimamente é E.T . Ele ri , pergunta por quê . E ela diz : “ Os melhores filmes são os que nos fazer rir e chorar ao mesmo tempo . ( … ) Sabe o que é divertido ? Quando odeio a vida , gosto de ver um filme violento . É muito punitivo . ” Que maravilha , que maravilha : Hollywood se reflete sobre ela mesma . Que brilho . Vincent Quer Ver o Mar / Vincent will Meer De : Ralf Huettner , Alemanha , 2010 Nota : Um filme alemão , de diretor e atores desconhecidos ( por mim , pelo menos ) , sobre três jovens em uma clínica para pessoas com problemas psiquiátricos . Pode parecer pesado , soturno , angustiante – e chato . Certo ? Erradíssimo . Vincent Quer Ver o Mar é uma beleza , um ótimo filme , e até alegre , de bem com a vida . Tivemos essa agradabilíssima surpresa ao zapear . Quando passávamos pelo Max Prime ( que ultimamente , aleluia ! , tem exibido muitas produções européias recentes ) , estava anunciando : a seguir , Vincent Quer Ver o Mar . Resolvemos ver o lead , e aí decidir se continuaríamos assistindo ou não . E era impossível não continuar , não ver inteiro . Delícia trombar de repente com um filme do qual não se sabe absolutamente nada – e ser conquistado por ele . Mal estar na igreja , durante o ofício fúnebre A ação começa em uma igreja , onde se realiza um ofício fúnebre . O padre está falando da personalidade da mulher morta , de sua vida dedicada a amar e ajudar os outros , o filho . Na primeira fileira de bancos , vemos um homem de meia idade , obviamente o viúvo , e um jovem aí entre os 25 e os 30 anos ( veremos depois que ele está com 27 ) . O jovem começa a apresentar tiques nervosos , no rosto , no corpo . Saem sons de sua boca ; ele tenta abafá-los , mas não consegue . As pessoas param de olhar para o padre , olham para o rapaz . Ele se levanta , sai quase correndo ao longo de toda o corredor central , senta-se na escada diante da igreja . Lá dentro , a cerimônia prossegue , mas é impossível não ouvir os ruídos que o rapaz produz – e os ruídos se transformam em palavras , xingamentos , palavrões . Corta , e em seguida o pai , Robert Gellner ( Heino Ferch ) , está levando Vincent ( Florian David Fitz , os dois na foto acima ) para uma clínica . Uma belíssima clínica , instalações impecáveis – estamos na Alemanha , e Robert , o pai , é homem rico , importante , político , cheio de afazeres , de compromissos . Quem os recebe é uma médica aí na faixa dos 40 e tantos anos , cabelos negros , olhos claros , expressão firme , de profissional dedicada , séria , decidida – a dra . Rose ( Katharina Müller-Elmau , na foto abaixo ) . Depois que o pai de Vincent vai embora , a dra . Rose leva o rapaz para o quarto que ele irá ocupar . Não será um quarto só para ele : lá está Alex ( Johannes Allmayer ) , que fica irritadíssimo ao saber que terá que dividir o aposento que até então era só seu . Alex – é fácil perceber – tem uma doença obsessiva . É obsessivamente preocupado com limpeza . Mais tarde será dito explicitamente que ele tem TOC , transtorno obsessivo compulsivo . Uma garota também na faixa dos 25 anos , Marie ( Karoline Herfurth , na foto mais embaixo ) , vai procurar Vincent : deram a ela a tarefa de mostrar para o recém-chegado os ambientes da clínica . Eles fazem um tour pelo lugar , os internos , sala de TV , refeitório , e os externos – há um belo campo de futebol , um jardim . Eis a definição dada no site do dr . Dráuzio Varela : “ Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos , motores ou vocais , que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância . Na maioria das vezes , os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro . Em geral , eles ocorrem em ondas , com frequência e intensidade variáveis , pioram com o estresse , são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos ( TOC ) e ao distúrbio de atenção e hiperatividade ( TDAH ) . É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições . A causa do transtorno ainda é desconhecida . ” O filme poderia mergulhar num clima pesado , opressivo , depressivo . Os realizadores , no entanto , optaram pelo inverso disso . O clima do filme é , repito , até alegre , de bem com a vida . Não que a narrativa vá fugir dos problemas , fingir que eles não existem . Os três personagens centrais , os jovens , têm transtornos psiquiátricos graves , e sua vida não é fácil , não é nada cor-de-rosa . No entanto , com imenso talento e muita maturidade , os realizadores conseguiram criar uma narrativa que chega a ser bem humorada : os próprios jovens irão rir de seus problemas , suas doenças . Tenho feito grande esforço para não revelar fatos que ocorrem depois de uns 15 , 20 minutos de ação . Ou então , quando é necessário revelá-los , tomo o cuidado de avisar . Está aí o aviso : aqui vão alguns spoilers . Como o próprio título indica , Vincent quer ver o mar . Antes de morrer , sua mãe dissera a ele que gostaria que suas cinzas fossem espalhadas no mar , numa praia da Itália , num lugar com o nome de San Vincent . A partir aí de uns 15 , 20 minutos , o filme se transforma em um road movie . Um road movie cheio de momentos encantadores , de belíssimas paisagens – a fotografia é esplendorosa – , em que se alternam momentos de muito bom humor com outros inquietantes . Tudo extremamente saboroso , bem feitíssimo – um filme muitíssimo bem realizado , fascinante mesmo . Atuações impecáveis dos atores que fazem os cinco papéis principais As atuações dos cinco atores principais – que fazem os três jovens , a dra . Rose e Robert , o pai de Vincent – são impecáveis . Cada um está perfeito em seu papel . O elenco dá um show . Assim que o filme acabou , vi , assustado , que o autor do roteiro é de Florian David Fitz , o ator que faz o papel central , de Vincent . É muito impressionante , até assustador , porque é um roteiro que parece ter sido escrito por alguém bastante maduro , experiente . É uma narrativa sóbria , em termos formais , sem nenhuma invenciocine – mas segura , firme , com todo o jeito de resultar do trabalho de um veterano , que domina o ofício . Não é veterano – parece que é daqueles gêniozinhos precoces . Nascido em Munique , em 1974 , Florian David Fitz estudou música no Conservatório de Boston entre 1994 e 1998 , segundo informa o IMDb . Graduou-se com a maior honra – magna cum laude . Toca piano e saxofone . Fala fluentemente ( além do alemão , é claro ) , inglês , italiano e espanhol . Interessante que sua formação seja musical . No filme que Florian David Fitz escreveu , Alex , o rapaz que sofre de TOC , é um apaixonado por música erudita , em especial por Johann Sebastian Bach . Uma sequência especialmente bela é quando , no meio de montanhas maravilhosas , Alex , ao som de um Bach que toca no rádio do carro ali perto , finge reger a orquestra . Sua filmografia como ator no IMDb tem 36 títulos . Não reconheço nenhum dos títulos . Ahá ! Tinha que ter alguém maduro , experiente , velho de guerra nessa história . O diretor Ralf Huettner , também de Munique , é de 1954 . É daqueles profissionais que passaram por várias áreas : foi cameramen , passou por iluminação , foi diretor de segunda unidade , assistente de direção , ator , roteirista , depois diretor e produtor . Tem 21 filmes como realizador . Dou uma olhada na filmografia e , mais uma vez , nada – não reconheço um título sequer . A gente não conhece nada , nadica de nada . Detalhe : o cigarro Ando reparando na coisa do cigarro nos filmes . Na Alemanha civilizadíssima de 2010 , a personagem de Katharina Müller-Elmau , bela mulher , bela atriz , a dra . Rose – justo uma médica , uma terapeuta competente – fuma compulsivamente , um cigarro após o outro . Robert , o pai de Vincent , se orgulha de ter parado de fumar há três anos . Mas , numa situação de grande tensão , pedirá um cigarro à dra . Rose . Eu , que tento diminuir a porra do cigarro mas não consigo – quanto mais parar , que isso ainda nem tentei – , me senti suavemente vingado . Um filme caprianamente otimista Vincent Quer Ver o Mar é uma beleza de filme , carregado de um grande amor pelas pessoas , pela vida , pela amizade , pela solidariedade . Remando contra a maré destes tristes tempos atuais , é um filme que faz lembrar o humanismo de Frank Capra – é caprianamente otimista , acha que alguns problemas , como relações familiares , afetivas , conflituosas , podem , sim , ser resolvidos , ou pelo menos minorados , se houver vontade , persistência , ânimo . 6 Comentários Desde que li esta sua resenha , estou obcecado em conseguir uma cópia do filme , tanto porque tenho síndrome de Tourette desde os 8 anos , quanto porque mantenho um blog sobre esta doença e suas comorbidades ( TOC , TDAH e transtornos similares ) . Obrigado por tanta sensibilidade e informações . Tenho assistido filmes ótimos neste canal Max , 75 na Net . Ontem , assisti dois magníficos filmes “ Brilho de uma paixão ” sobre o poeta John Keats e sua amada Fanny . Em seguida , comecei a ver Vincent quer ver o mar e não pude mais parar . Que filme maravilhoso . Fotografia , roteiro , música , tudo é perfeito . Exatamente como se lê acima na resenha do filme . Há quanto tempo eu não via nada tão bom . Fiquei encantada . Recomendei a amigos e continuarei a fazer isso para poder compartilhar essa experiência inesquecível . Mary 2 Trackbacks [ … ] de Lorenzo ( ALD , ou adrenoleukodystrophy , em inglês ) , Decisões Extremas ( síndrome de Pompe ) , Vincent Quer Ver o Mar ( Síndrome de Tourette ) , Uma Prova de Amor ( um tipo raro de leucemia ) , Um Certo Olhar ( um tipo de [ … ] Os Infratores / Lawless De : John Hillcoat , EUA , 2012 Nota : Alex DeLarge muito certamente adoraria este filme , Lawless , sem lei , no Brasil chamado de Os Infratores . Para quem não se lembra , Alex DeLarge é o protagonista da distopia Laranja Mecânica / A Clockwork Orange , escrita por Anthony Burguess , e filmada por Stanley Kubrick em 1971 . Ele é um jovem adepto da ultraviolência . Pois é : Os Infratores é um filme voltado para as pessoas que , como o Alex DeLarge , adoram a ultraviolência . Para quem gosta de violência , de ultraviolência , ulalá , é a perfeição . Para esse povo , olha , o filme pode dar gozo mesmo . Orgasmo . Corta-se o pescoço – e esguicha sangue . Ah , é pouco ? Pois não : corta-se o saco . Ah , é pouco ? Pois não : mostram-se os bagos cortados . Por que raios esses bons atores aceitaram participar deste filme ? Lawless é um daqueles filmes que dão nojo da humanidade . Que fazem a gente acreditar que a humanidade é uma invenção que deu errado . Tem bons atores – e isso é apavorante . Por que , meu Deus do céu e também da terra , aceitaram participar dessa idiotice Shia La Beouf , Guy Pearce , Jessica Chastain , Mia Wasikowska ? Por que raios um ator tão completo , tão perfeito , tão camaleônico como Garty Oldman aceitou fazer uma quase participação especial neste filme grotesco , horroroso ? A história se passa no condado de Franklin , interiorzão da Virginia , nos anos 1920 , a época da Lei Seca nos Estados Unidos . Era proibida a venda de toda e qualquer bebida alcoólica – e vendia-se uísque fabricado em destilarias caseiras , clandestinas , como provavelmente nunca se vendeu tanto em qualquer outra época da história . Contam-se as aventuras de três irmãos , os Bondurant , que foram dos maiores produtores e vendedores de uísque da região – uma região onde havia dezenas e dezenas de destilarias clandestinas . O mais velho , Forrest ( interpretado pelo inglês Tom Hardy ) , tinha lutado na Primeira Guerra Mundial e sobrevivido , e por isso se considerava invencível , imortal – e todo mundo no condado de Franklin acreditava na lenda . O irmão do meio , Howard ( Jason Clarke ) , era um gigante fortíssimo . E o caçula , Jack ( o papel de Shia LaBeouf ) , ao contrário dos outros dois , era baixinho , meio fracote – e , também ao contrário dos outros dois , não tinha coragem de atirar para matar sequer um porco . Teremos então que Forrest e Howard vão dar muita porrada nos desafetos – e Jack , o caçula fracote , que é o narrador da história , vai levar muita porrada de todo mundo , dos desafetos e dos próprios irmãos mais velhos . Tudo ia muito bem com a comercialização de uísque clandestino na região – o xerife era um freguês de carteirinha do produto dos irmãos – até que chega ali um assistente do promotor mau como o diabo , chamado Charlie Rakes ( interpretado , histrionicamente , exageradamente , caricaturalmente , pelo australiano Guy Pearce ) . Rakes quer pedágio dos produtores para deixá-los trabalhar . Todos os produtores topam – menos os bravos irmãos Bondurant . E dá-lhe porrada . Lawless tem mais porrada que a obra completa de Sylvester Stallone . O diretor fez todos os seus atores atuarem de forma quase caricatural , exageradíssima Os irmãos Bondurant existiram na vida real . Se deram ou levaram tanta porrada , não dá para saber , mas a história deles foi contada em um livro chamado The Wettest County in the World , o condado mais molhado do mundo , de autoria de Matt Bondurant . Matt vem a ser neto de Jake , o caçula dos três irmãos . Quem escreveu o roteiro do filme foi Nick Cave , o cantor e compositor australiano , que também assina a trilha sonora do filme . Aliás , a trilha sonora , cheia de canções blue grass e folk , é a melhor coisa do filme , além da beleza estranha e esplendorosa de Jessica Chastain . O diretor John Hillcoat , ele também australiano , como Nick Cave e Guy Pearce , tem 16 filmes no currículo , inclusive A Estrada / The Road , uma ficção-científica sobre o mundo pós-Apocalipse com Viggo Mortensen e Charlize Theron . Esse John Hillcoat fez todos os seus atores atuarem de forma quase caricatural , exageradíssima , falsa como uma moeda de dois guaranis . Na minha opinião , só se salva a atuação das duas atrizes , que representam o tal de female interest , Jessica Chastain e Mia Wasikowska . Gastaram US$ 26 milhões para fazer essa porcaria pancadão . E pior ainda é saber que a platéia ainda aplaude e ainda pede bis : o filme rendeu US$ 53 milhões . Hum … Mundo inteiro fora EUA , US$ 16 milhões ; EUA e Canadá , US$ 37 milhões . Parece que os americanos gostam especialmente de ver tanta violência . Depois reclamam dos atiradores malucos à la Columbine . Vejo que o filme foi exibido em competição no Festival de Cannes . Não é por nada , não , mas o pessoal de Gilles Jacob já foi mais criterioso na escolha dos concorrentes . Um Comentário Eu não acho que esse filme seja horroroso . Ele tem , sim , alguns problemas de montagem , duração um pouco excessiva , a interpretação equivocada de Guy Pierce ( over ) mas , quanto à violência , não vejo como gratuita . Ora , retratar a América profunda em pleno anos 30 nos EUA ( Grande Depressão , Lei seca ) é como retratar a época do cangaço no Nordeste brasileiro . Terra de ninguém ! Daí o título do filme em inglês : Lawless . A violência , aqui , não é pitoresca ou cartunesca , como por exemplo , nos filmes do Quentin Tarantino , é factual . Basta lembrar que dois dos melhores filmes sobre a época : Bonnie e Clyde , que tem aquele final violentíssimo ( isto porque já estávamos no final dos anos 60 ) e Vinhas da Ira que , embora não seja explícito , contém uma violência e um retrato da desumanidade daqueles tempos , poucas vezes visto no cinema . 3 Trackbacks [ … ] alegres , brincalhões . Parecem ser carinhosos uns com os outros . Keith ( o papel do australiano Guy Pearce ) dá aula de música na high school em que estuda a filha única , Lauren ( Mackenzie Davis ) ; é [ … ] [ … ] Corte no tempo , novo letreiro : “ Reichstag , Berlim , 1945 ” . O nazismo acaba de ser derrotado , os soldados do Exército Vermelho estão tomando o prédio do Parlamento alemão . Alguns soldados sobem até a torre mais alta do prédio para pendurar lá no topo uma grande bandeira vermelha da União Soviética . Um deles usa no pulso diversos relógios , roubados de alemães mortos ou rendidos : chama-se Vassili ( Joel Kinnaman ) , e veremos que , além de ladrão , é um absoluto crápula . Há também no grupo dois soldados muito amigos , Alexei ( Fares Fares ) e Leo ( Tom Hardy ) . [ … ] O Motim / The Rising : Ballad of Mangal Pandey De : Ketan Mehta , Índia , 2005 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Um épico indiano sobre episódio real ocorrido no século XIX . É uma superprodução de deixar babando de inveja o Cecil B.de Mille . O episódio foi uma revolta , em 1857 , contra os colonizadores ingleses , da qual fez parte o personagem do título original , Mangal Pandey ( Aamir Khan ) , um soldado a serviço da Companhia da Índia Oriental – uma das empresas britânicas mais poderosas a operar na colônia , tão poderosa que tinha a sua própria milícia , supervisionada pelo exército de Sua Majestade . Mangal Pandey viraria um herói indiano , um proto-mártir da independência indiana , algo assim como um Tiradentes na história do Brasil . A revolta teve o apoio de um oficial britânico ( Toby Stephens ) , amigo e parceiro de Mangal Pandey . O filme tem belíssimos planos gerais , uma multidão de figurantes de fazer justiça ao absurdo tamanho da população indiana , ótimas seqüência de música e dança de deixar babando de inveja o Gene Kelly e duas atrizes ( Rani Mukherjee e Amisha Patel ) de beleza extraordinária , exuberante , gostosas como Sonia Braga no auge do auge do auge . Um leitor do iMDB , muito provavelmente indiano , que se assina Hanharan , termina assim sua longa e superlativa resenha : “ O filme conta uma história de amigos , amantes e inimigos , exploradores e explorados , e o crescimento e a consciência de um homem e uma nação . É a história de um homem e seu sonho de liberdade . Este épico é baseado em acontecimentos históricos reais , vistos como um gatilho para a independência da Índia ” . Hurra ! É isso aí que ele falou . E é também a ) um exemplo do luxo de que é capaz o cinema da Índia , o país que mais produz filmes em todo o mundo ; e b ) um exemplo de como é uma pena a gente ter tão pouco acesso a essa cinematografia . 11 Comentários O filme é lindíssimo , de uma força e uma delicadeza incríveis . Para mim , realmente uma superprodução . As imagens , a música , o colorido mostram uma Índia riquíssima culturalmente , com sua luz e sombra também . Uma história de luta pela liberdade , pela vida , também pelo amor … que encanta e seduz a todos … não consigo imaginar que alguém possa não se comover com a beleza , com a vida , com o êxtase que movem os dramas do filme . Um grande filme com interpretações fortes e sutis . Realmente , o filme tem a dimensão de uma obra épica e nos apresenta,de forma extraordinária,toda a vivacidade e os conflitos,ainda pulsantes,de uma Índia “ Hindumuçulmana”.As imagens , as músicas,as danças…toda a obra , anestesiaram-me de tal forma que,passados dois anos desde que a assisti pela primeira vez , ainda guardo a lenbrança de cada cena…o filme é simplesmente fantástico . Sou professor de história e , qundo estou trabalhando o imperialismo no seculo XIX,passo este filme para os alunos.È um excelente filme que nos mostra como se deu a exploraçao dos ingleses na Índia , mas nem por isso devemos deixar de critica-lo.Por exemplo , o filme traz uma leitura muito romantizada da Índia ja fiz meu comentario bobo . Agora para compensar , um outro comentario menos bobo : alguem sabe se , apos o episódio do Gandhi , a índia realmente é TOTALMENTE independente da inglaterra , ou ainda mantém algum laço ? ( como outras nações subordinadas à coroa britânica , como o canadá e australia ) A Índia , segundo a Wikipedia , pertence à Commonwealth of Nations , que já foi chamada no passado de British Commonwealth . É , ainda segundo a definição da Wikipedia , uma organização intergovernamental de 54 estados membros independentes – 52 dos quais pertenceram no passado ao Império Britânico . Não há qualquer relação de dependência dos países membros em relação à Grã-Bretanha . É completamente diferente , por exemplo , da situação do Canadá , que é uma monarquia constitucional soberana , mas cuja chefe de Estado é a Rainha Elizabeth II . Sérgio Um Homem Como Poucos / Le Voyou De : Claude Lelouch , França-Itália , 1970 Nota : Le Voyou , que Claude Lelouch fez em 1970 e foi lançado no Brasil com o título Um Homem como Poucos , é um policial , mas não um drama . Uma das tramas policiais mais inteligentes , criativas e bem resolvidas das que Lelouch criou , senão a melhor de todas , Le Voyou é uma gostosa aventura , um divertissement . O herói da história , o mocinho , por quem o filme torce abertamente , é um bandido , um fora-da-lei , um escroque . Esse herói bandido é interpretado por Jean-Louis Trintignant , no auge de sua beleza jovem ; foi a primeira vez que se reencontraram os dois , Lelouch e o ator que ajudou a garantir o extraordinário sucesso de Um Homem , Uma Mulher , lançado quatro anos antes , em 1966 . ( Lembrando , bem rapidinho : quando se preparava para filmar Um Homem , Uma Mulher , Lelouch era então um jovem praticamente estreante ; Trintignant , que havia começado a carreira em 1956 , já era então um astro em ascensão . Aceitou de pronto o convite , e , segundo depoimento do próprio Lelouch , ajudou-o a convencer Anouk Aimée , já grande estrela , a topar a aventura de fazer um filme com realizador iniciante , com baixíssimo orçamento . A aventura é a aventura , e Um Homem , Uma Mulher , Palma de Ouro em Cannes e Oscar de Melhor Filme Estrangeiro , foi um gigantesco sucesso comercial . Na verdade , Lelouch jamais teria outro igual . ) Na abertura , um musical com um gângster que atira e canta e mata Le Voyou começa de uma forma um tanto , ou talvez bastante , desconcertante : as primeiras seqüências que vemos são de algo que parece um musical hollywoodiano , algo assim como uma mistura de West Side Story , do iniciozinho de Quanto Mais Quente Melhor e dos filmes de gângsteres dos anos 30 e 40 . Em uma garagem , um bando de belas mulheres , em vestidos coloridíssimos que permitem a visão das coxas , dançam ao som de uma melodia do mesmo Francis Lai dos filmes anteriores de Lelouch , em torno de um primeiro bailarino negro que carrega uma metralhadora e atira ao ritmo da música . Já na primeira tomada , antes do canto e dança , quatro homens são mortos . E , quando cantam , os bailarinos cantam em inglês ! Atrás , ao fundo , um letreiro em neon anuncia : VOYOU . Um letreio informa que “ voyou ” é a gíria parisiense para “ gângster ” , “ vagabundo ” . E , depois do final do número de dança em torno do gângster que canta em inglês , e dos créditos iniciais , vemos um casal entrando num apartamento , que , obviamente , pertence à mulher . O homem é interpretado por Trintignant ; a mulher , veremos que se chama Janine ( Danièle Delorme , na foto ) . As expressões dos dois são sérias , pesadas ; não parece que estão vindo de uma longa conversa num bar , já íntimos , já se encaminhando para a cama . De forma alguma . Assim que Janine desaparece da sala , o homem – Simon Duroc é seu nome – tranca a porta de entrada . Pede uma cerveja . Ela diz que vai preparar algo para ele comer – e ele arrebenta o fio do telefone . Não : definitivamente não é o encaminhamento de um fim de noite de um casal de namorados , ou um casal que começa a namorar . Não é hora de preliminares : está claro que Simon está invadindo à força o apartamento de Janine . Ela faz um omelete , e ele come sozinho . Pergunta se ela não vai comer , ela diz que comeu antes de ir ao cinema . Ele pergunta se ela vai muito ao cinema … E aí corta , e vemos Janine no cinema . Simon está sentado uma ou duas fileiras atrás dela . O filme que está sendo exibido , é claro , é Voyou , o musical que parece ambientado na Chicago de Al Capone . Simon se levanta , vai se sentar ao lado de Janine . Dois homens entram no cinema , evidentemente policiais , à procura de algum bandido . Simon está beijando Janine . A câmara mostra que ele tem uma faca encostada nela . Voltamos ao apartamento de Janine , após a refeição rápida de Simon . Ela quer saber quanto tempo ele pretende ficar ali , ele faz planos para o dia seguinte : ela não irá trabalhar , mandará recado de que está doente . Ela diz que tem um carro , pode levá-lo até onde ele quiser . A conversa é tensa , mas controlada . Janine se mostra mais calma do que seria de se esperar de qualquer pessoa que está sendo mantida refém dentro de sua própria casa por um bandido . O diálogo termina com uma frase do bandido : – “ É melhor você ser gentil comigo , porque tive um dia bastante carregado ” . Um encontro com a ex-mulher em um parque Corta , e Simon está saindo de um prédio . Vai até uma daquelas cabines de fotografias 3 x 4 automáticas , faz uma série de fotos – com bigode falso , sem bigode , com óculos , sem óculos . Pega um táxi , chega a um parque , senta-se ao lado de uma mulher , que está diante de uma área para crianças . Ele diz , olhando para a garotinha que brinca diante do banco em que estão sentados : – “ Ela é muito bela . Você também . Posso dar um beijo nela ? A mulher , Martine ( interpretada por Christine Lelouch , na foto abaixo ) , não hesita um segundo , e chama a filha , Françoise , para que chegue perto dos dois , no banco do parque . Pelos diálogos entre Simon e Martine , o espectador fica sabendo que Martine foi mulher de Simon , e Françoise , que está aí com quase cinco anos , é filha dos dois . Logo depois do nascimento de Françoise , Martine se casou com um sujeito rico , industrial , dono de uma fábrica de iogurtes ; vive bem , e o marido trata muito bem a filha dela . Martine pergunta onde ele está se escondendo , e Simon diz que há 15 dias está na casa de uma amiga . Martine comenta que ele não emagreceu muito , e ele responde que a amiga cozinha muito bem . Ele quer saber se ela contou sobre os dois para seu marido , e Maetine responde que , durante o julgamento dele , o país todo ficou sabendo a respeito dos dois . Nos primeiros 16 minutos , truques no roteiro Estamos aí com uns 16 minutos de filme , e o roteiro já nos produziu alguns truques , alguns joguinhos com a ordem cronológica . Tudo bem : que aquelas primeiras imagens – o musical com as dançarinas , o gângster , os tiros – eram um filme dentro do filme , isso fica bem claro . Era o filme que estava passando quando Simon se sentou ao lado de Janine e , para não ser visto pelos policiais que faziam a busca , a beijou , enquanto exigia silêncio com a faca . E em seguida , na saída do cinema , foram para a casa dela . Primeiro vimos o filme dentro do filme , depois a chegada do casal à casa de Janine , e em seguida , num rápido flashback , vimos o que havia acontecido logo antes de os dois irem para o apartamento dela – o encontro no cinema . Mas o diálogo entre os dois termina com Simon dizendo que teve um dia muito carregado – e em seguida há as seqüências em que Simon se encontra com a ex-mulher , Martine , e a filha que jamais havia visto antes . Não é obrigatório , é claro , mas , como já tinha havido um rápido flashback antes , com a cena do encontro do bandido com a moça inocente no cinema , o espectador pode achar que aquilo que está vendo quando o filme está aí com 15 , 16 minutos – o encontro do bandido com sua ex-mulher – é outro flashback , explicando como tinha sido o dia muito carregado de Simon . A rigor , acho que foi isso que os roteiristas pretenderam : eles quiseram induzir o espectador a crer que o encontro de Simon com a ex-mulher era um novo flashback . Se o espectador caísse , tudo bem . Se não , tudo bem também . Um cineasta que diz e repete que partiu da imagem para as histórias A história de Le Voyou é de Lelouch . Lelouch é o autor da história , da trama , do argumento da imensa maioria de seus filmes . Segundo o próprio Lelouch diz e repete , uma das diferenças entre ele e os cineastas da nouvelle vague é que eles partiram da literatura para o cinema , enquanto ele partiu da própria imagem , para só muito mais tarde fazer adaptações de obras literárias . ( Ele fez a afirmação pessoalmente para este reles anotador sobre filmes aqui , quando o reles anotador sobre filmes sentiu-se obrigado a – na falta de outro profissional mais qualificado e competente – entrevistá-lo durante sua visita ao Brasil para divulgar Um Homem , Uma Mulher Vinte Anos Depois , em 1986 . Eu era editor de Cultura da revista Afinal , a época era de vacas magras , muitos dos profissionais que tinham lançado a revista haviam saído ; não havia ninguém que eu pudesse escalar para a entrevista , e então lá fui eu . ) Vão aí , nessa afirmação que Lelouch faz repetidas vezes , uma dose de verdade , outra de ironia , outra de amargura , outra de desafio . Lelouch quer dizer com isso – entre outras coisas – que sua origem foi mais humilde que as dos seus conterrâneos e praticamente contemporâneos Godard , Truffaut , Rohmer , Chabrol . Que esses , os grandes nomes da nouvelle vague , cujos primeiros filmes foram lançados a partir de 1958 , 1959 , 1960 , são mais letrados do que ele , iniciaram as carreiras na crítica de cinema – e que , em muitos de seus filmes , fizeram adaptações de obras literárias , enquanto ele , filho de imigrante africano , começou a vida como operador de câmara em documentários . Se os argumentos de boa parte de seus filmes são de sua autoria , na tarefa de escrever os roteiros Lelouch tem a humildade de pedir ajuda a outros . Seu colaborador mais constante nos roteiros é Pierre Uytterhoeven . O roteiro de Le Voyou é assinado por Lelouch , Uytterhoeven e mais Claude Pinoteau . O próprio realizador , cuja humildade não chega a ser muito grande , de forma alguma , assina os diálogos – no cinema francês , o crédito dos diálogos é muito importante – e também o trabalho de câmara . ( Talvez porque tivesse começado como cameraman , talvez por saber que é extraordinariamente competente nesse ofício , Lelouch continuou carregando a câmara durante muitos de seus filmes , mesmo depois que ficou rico , dono de uma produtora rentável . ) Mas o roteiro é assinado a seis mãos . E é um roteiro brilhante . Até mesmo por esses truquezinhos iniciais de sugerir que pode estar havendo um flashback quando na verdade não se está . O que vem aqui é quase um spoiler . Pode-se pular para o próximo intertítulo Revelei até aqui sobre a trama o que rola até aí uns 16 minutos dos 120 da duração do filme . Virão a seguir muitos acontecimentos completamente inesperados , fascinantes , engraçados , inteligentes , bem sacados . Quando estamos já bem perto do desenlace da história , o espectador perceberá que – epa ! teve algo aí que me escapou . E é verdade . Quase ao fim da narrativa , cai a ficha de que houve algo , anteriormente , que não ficou exatamente claro . Voltamos atrás , Mary e eu , para checar onde foi . E checamos : os roteiristas Lelouch , Uytterhoeven e Pinoteau dão um chapéu no espectador quando o filme está aí por volta de 45 minutos . Um chapéu . Um truquezinho . Uma enganadazinha . Um pequeno jogo . Na minha opinião , esse pequeno jogo não é uma sacanagem contra o espectador . É apenas isso : um pequeno jogo . E aí fico me perguntando se eu não sou um sujeito profundamente incoerente . Ao falar de alguns filmes recentes do cinemão comercial , reclamo do que chamo de “ Essa regra cada vez mais comum segundo a qual Podendo-Complicar-a-Narrativa,-Por-que-Simplificar ? ” No entanto , como este é um filme de Claude Lelouch , um dos cineastas que mais admiro , digo que o que ele faz é apenas um pequeno jogo com o espectador . Um realizador de filmes autorais , pessoais , intransferíveis Um dos motivos de minha admiração absoluta por Lelouch é o fato de que seus filmes são autorais , pessoais , intransferíveis feito dor de dente . OK : admito que outro dos motivos pelos quais Lelouch me fascina é o fato de que 99,99% dos críticos de cinema , do pessoalzinho de nariz empinado que se diz amante dos “ filmes de arte ” , que tem como projeto de vida poder dizer que detesta o “ cinema americano ” ( uma entidade de resto mais inexistente que Papai Noel ) , detestam Lelouch . Mas o principal motivo de minha admiração por esse realizador detestado por 99,99% dos “ entendidos em cinema ” é mesmo pelo fato de que , desde sempre , ele faz filmes pessoais . É um autor . E é esquisito pensar que os “ entendidos em cinema ” veneram todos os autores , de D.H.Griffith até Quentin Tarantino , passando pelos grandes todos , Bergman , Buñuel , Ford , Eisenstein – mas detestam Lelouch . Autor , Lelouch sempre volta aos mesmos temas , às mesmas manias . Parece o criminoso da frase velha , sempre querendo voltar ao local do crime . Seu crime maior , Um Homem , Uma Mulher , ele não pára de revisitar . Em La Bonne Année , no Brasil A Dama e o Gângster , de 1973 , exibe-se para os presos – entre os quais o protagonista , interpretado por Lino Ventura – Um Homem , Uma Mulher . Em Robert e Robert , de 1978 , os pobres corações solitários que precisam recorrer à agência de encontros para encontrar um(a ) possível companheiro(a ) cantarolam numa festinha o tema que Francis Lai criou para Um Homem , Uma Mulher e ficou mundialmente conhecido . Revisita de novo seu maior sucesso neste Le Voyou . Primeiro , com a presença de Jean-Louis Trintignant . E até mesmo com o sobrenome de seu protagonista , Simon Duroc . Duroc era o sobrenome do personagem central de Um Homem , Uma Mulher , Jean-Louis Duroc . ( E Simon é o prenome do filho que o realizador teve com Christine Lelouch , sua mulher na época , que interpreta Martine , a ex-mulher do protagonista do filme . ) Lá pelas tantas , quase perto do final da narrativa , o comissário de polícia , interpretado por Yves Robert , diz a Simon Duroc que foi visto um casal , “ um homem , uma mulher ” – e então Simon Duroc-Jean Louis Trintignant assobia os primeiros acordes da canção tema que Francis Lai criou para Um Homem , Uma Mulher . O grande Yves Robert aceitou fazer um pequeno papel no filme Mas péra lá ! Yves Robert ! Sim , sim , eu vi o nome nos créditos iniciais . Mas era muita informação junta , e aí me passou . Vejo agora , enquanto estou escrevendo esta anotação , que o comissário de polícia – beleza de atuação , mas , também , quem não atua bem dirigido por Lelouch ? – é interpretado por Yves Robert ! Fui checar se não seria um homônimo , mas não , é Yves Robert mesmo . O realizador que fez A Guerra dos Botões , de 1962 , um filme fetiche , um filme maior , dos mais fascinantes que já foram feitos sobre crianças , comparável apenas a algumas poucas obras maiores , como Na Idade da Inocência/L’Argent de Poche , de Truffaut , de 1976 . E mais Alexandre , o Felizardo , um dos filmes que Regina mais amava , e ainda o esplêndido díptico A Glória de Meu Pai e O Castelo da Minha Mãe . Em sua autobiografia , Lelouch dá a entender que o único colega seu de metier , o único cineasta francês que era seu amigo , que o tratava bem , era Jean-Pierre Melville . Vai aqui portanto uma prova de que há inverdade no livro de Lelouch . Ele conseguiu fazer com que Yves Robert trabalhasse em seu filme – e Yves Robert está extraordinário , maravilhoso , como o comissário de polícia . Mais uma vez a trama inclui o Olympia . E tem Charles Denner Mas volto então às coisas do autor Lelouch , sua mania de botar sempre as mesmas coisas em suas histórias . Por exemplo , o Olympia . O Olympia aparece em Toda Uma Vida , o filme de 1975 . Gilbert Bécaud , fazendo o papel dele mesmo , canta no Olympia . O Olympia aparece em Robert e Robert – o encerramento da narrativa é lá , naquele teatro centenário por onde passaram todos , todos , exatamente todos os grandes músicos franceses do século XX . ( Até mesmo alguns não franceses passaram por lá . Aqueles garotinhos de Liverpool inclusive . ) O Olympia tem uma importância grande na trama de Le Voyou . E aí tem Charles Denner . Mas que ator extraordinário é Charles Denner . Ele só aparece neste Le Voyou quando estamos aí pela metade do filme . Faz o pai do garoto que será sequestrado à entrada do Olympia . O papel dele cresce a partir daí . Deve ser engraçado ser ator francês e trabalhar ora com um realizador incensado , ora com um realizador odiado . Charles Denner ( 1926-1995 ) trabalhou tanto com Truffaut quanto com Lelouch . Com Truffaut , fez um dos homens procurados pela noiva que estava de preto , no maravilhoso filme de 1968 ; esteve em Uma Garota Tão Bela Quanto Eu , de 1972 ; mais tarde , em 1977 , seria o protagonista do excepcional , maravilhoso O Homem que Amava as Mulheres . Paralelamente , trabalhava com Lelouch . Em Le Voyou , fazia um papel relativamente pequeno ( afinal , só surge no meio do filme ) , mas importantíssimo . Participou de Uma Aventura é uma Aventura , de 1972 ; em Toda uma Vida , fez três papéis , de avô , pai e filho de um dos personagens centrais – uma interpretação maravilhosa . Voltou a trabalhar com Lelouch em Se Tivesse que Refazer Tudo / Si c’était a refaire , de 1976 , e seria um dos protagonistas de Robert e Robert , de 1978 . Fico pensando aqui : será que Charles Denner levava confidências de um lado para outro , todos os grandes cineastas franceses de um lado versus esse outro aí execrado por toda a crítica mundial ? Com Truffaut , certamente , ele não teria feito intriga , mesmo que quisesse – e não acho que ele tenha querido . Truffaut era gente fina , da paz , do bem . Lelouch é como sua personagem Anne Gauthier : quanto mais a crítica malha , mais ele faz filmes Lelouch , no discurso , preza muito la generosité . Euzinho o ouvi prezar diversas vezes la generosité , e babei com isso , fã eterno que sou dele , e da generosidade . Talvez por ser filho de imigrantes , talvez por ter sido tão combatido , tão malhado , tão espezinhado por 99,99% dos 1,432 milhões de críticos de cinema do mundo , Lelouch tenha reagido virando um casca grossa , uma tartaruga gigante , fingindo-se imune às críticas – ao mesmo tempo em que reage a elas com agressividade . Joe Giddeon , o alter ego de Bob Fosse em All That Jazz , aquele gênio que fez apenas cinco filmes , não tinha forças para aguentar um pau da crítica . Quando , recém-operado do coração , vê a crítica de plantão na TV ( seria ela inspirada em Dame Pauline Kael ? ) destruir seu novo filme , Joe Giddeon tem novo piripaque cardíaco . Anne Gauthier , a personagem de Um Homem , Uma Mulher , que na continuação do filme , Um Homem , Uma Mulher 20 Anos Depois , é uma grande produtora de cinema , não se deixa abater nem mesmo quando seu namorado mete o pau em sua mais recente produção . De imediato , parte para fazer um novo filme . Joe Giddeon é Bob Fosse escarrado – um gênio cheio de medo , de pavor , com o que a crítica vai dizer sobre sua obra . Lelouch finge ser tão seguro demais que cria , em Le Voyou , uma situação que ele não tinha nenhuma necessidade de criar . Quando Simon foge da polícia , há dois cinemas , lado a lado , nos quais ele poderia entrar . Era 1970 , e então num cinema estava passando A Confissão/L’Aveu , filme extraordinário , sério , profundíssimo , feito pelo mestre do cinema político , Costa-Gavras , estrelado por Yves Montand ( que havia trabalhado com Lelouch em Viver por Viver , o filme que ele realizou logo depois de Um Homem , Uma Mulher ) . No cinema ao lado , estava passando Voyou , filme inexistente , filme dentro de filme , invenção de Lelouch . No rádio , o locutor diz que é interessante o fato de que o bandido perseguidíssimo pela polícia tenha podido escolher se se escondia em um cinema que passava A Confissão e outro que passava Voyou . E , fã de cinema , o locutor diz : – “ Eu teria indicado A Confissão , mas meu gosto cinematográfico não é o que importa … ” Le Voyou não é sério . A rigor , é até moralmente errado A Confissão/]L’Aveu , de Costa-Gravras , digo euzinho agora , é um filme importante , importantíssimo , maior . Em todos os sentidos – artísticos , e políticos . Ao mostrar a tortura executada pela polícia política da Checoslováquia , marcou o rompimento definitivo de Jorge Semprum e de Yves Montand com o comunismo stalinista . É um absoluto brilho , e de uma imensa força . Le Voyou , ao contrário , não é um filme sério . É uma aventura – l’aventure c’est l’aventure . Se for visto com rigor , é um filme moralmente indefensável . Muitos grandes cineastas fizeram filmes mostrando bandidos como heróis . A simpatia do cinema pelos bandidos , pelos foras-da-lei - , vem desde que o cinema existe . E o cinema , coitado , não inventou nada . Quando surgiu , no final do século XIX , já havia uma centenária , quase milenar tradição de a arte admirar o fora-da-lei . Tá aí a folk song para não me deixar mentir . E então , no frigir dos ovos , devo dizer que Le Voyou é bem realizado , gostoso , divertido – mas é moralmente errado . Não é admirando ladrões , achacadores , sequestradores , que vamos poder ir em frente . Se quisermos ir em frente . Se for mesmo para falar sério , assim como os mestres Akira Kurosawa e Satyajit Ray , não dá para compactuar com o crime , a corrupção . Qualquer que seja , em que nível seja . Amores Inversos / Loveship Hateship De : Liza Johnson , EUA , 2013 No finalzinho dos anos 70 , inicio dos 80 , Fernando Brant fez um verso de uma tristeza abolutamente profunda : “ Como é miúda e quase sem brilho a vida do povo que mora no vale ” . Vida miúda e quase sem brilho . A imagem fortíssima da canção “ Itamarandiba ” me veio à mente a propósito de Johanna Parry , a protagonista de Loveship Hateship , no Brasil Amores Inversos . Johanna ( interpretada por Kristen Wiig ) tem uma vida duríssima , só de trabalho e nada , ou quase absolutamente nada de prazer , contentamento , satisfação . Nasceu pobre , no interiorzão do distante estado de Iowa ; aos 15 anos , começou a trabalhar como empregada doméstica na casa de uma senhora da região , Mrs . Willets ( Lauren Swinney ) . A sra . Willets envelheceu sem parentes , e Johanna tornou-se sua cuidadora . Na primeira sequência do filme – uma obra absolutamente feminina , dirigida por Liza Johnson e baseada em conto da escritora canadense Alice Munro – , a sra . Willetts , muito idosa e doente , na cama com toda certeza há muito , muito tempo , diz que quer usar seu vestido azul . Daí a pouco , quando Johanna volta ao quarto , a velha senhora está morta . A câmara de Liza Johnson e do seu diretor de fotografia Kasper Tuxen mostra então Johanna tendo aquele trabalho insano , pavoroso , de vestir o corpo inanimado de sua agora ex-patroa com o vestido azul que ela havia pedido . O tom pesado , duro , cru , cruel , dessa primeira sequência estará presente em quase todos os longos – porque dolorosos – 104 minutos de duração do filme . Uma garota peçonhenta arma uma cilada , e a pobre Johanna cai como um patinho O pastor da igreja de Johanna irá arrumar um novo emprego para ela . Passará a trabalhar na casa de Bill McCauley ( o papel de Nick Nolte , num desempenho inesperadamente contrito , sem os gestos largos e o abuso do vozeirão que em geral acompanham o ator ) , um senhor aposentado , que vive com a neta , Sabitha ( interpretada Hailee Steinfeld , na foto abaixo , a garotinha indicada ao Oscar por sua interpretação na refilmagem de Bravura Indômita ) . Quando Johanna chega à casa de McCauley , estão lá também , além do dono da casa e de sua neta , Ken ( Guy Pearce ) e Edith ( Sami Gayle ) . Edith é a grande amiga da garota Sabitha , colega dela de escola , unha e carne . Ken é o pai de Sabitha . Johanna ficará sabendo rapidamente – assim como o espectador – que Marcella , a mãe de Sabitha , está morta . Com o tempo , saberá que ela morreu em um acidente em uma lancha dirigida por Ken – e Ken estava entupido de cachaça e cocaína no momento da tragédia . McCauley responsabiliza o genro pela morte da filha . Na verdade , McCauley acha o genro um absoluto irresponsável – e não é só ele . A mãe de Edith não permite que a filha ande num carro dirigido por Ken . E Ken é de fato – conforme o filme mostrará exaustivamente – um sujeito fraco , sem força de vontade , sem capacidade de trabalho , preguiçoso , indolente . Não chega propriamente a ser um bandido , um mau caráter , um filho da mãe , que se compraz em fazer mal aos outros . Não , não chega a ser isso – é apenas um fraco , um zero à esquerda , um pustema . Ao voltar para Chicago , onde está morando – e onde comprou um motel caindo aos pedaços , que tenta aprumar para com ele ganhar a vida – , Ken deixa um bilhete simpático para Johanna , agradecendo a ela porque a partir de então ela passaria a cuidar de Sabitha . Johanna escreve de volta para ele um bilhete – algo normal , formal . Sabitha e Edith – sobretudo a última – se oferecem para botar o bilhete no correio . Sabitha , um pouco como o pai , não chega a ser uma má pessoa – mas é facilmente influenciável , manipulável por Edith , e esta , sim , é uma figurinha já peçonhenta , embora tão jovem . As duas , lideradas por Edith , escrevem para Johanna uma carta como se fosse de Ken , sugerindo que eles passem a trocar mensagens via e-mail , que é mais rápido . Começa a troca de e-mails – e as garotas falseiam que Ken está vivamente interessado em Johanna . A moça – uma pessoa humilde , de pouco estudo , que não tinha tido oportunidade alguma na vida – cai como um patinho no conto das vigaristas , e acredita que Ken está apaixonado por ela . Lá pela metade , o filme surpreende com uma reviravolta inesperada Quando o filme chegou nesse ponto , aí com uns 20 , talvez 25 minutos de narrativa , Mary e eu pensamos seriamente em parar de ver . Apertar a tecla stop , simplesmente . Parar , desistir . Não que o filme fosse ruim até ali . Não . Os bons atores estão bem dirigidos , os personagens são bem construídos , a narrativa flui de maneira quase normal , sem invencionices , fogos de artifício . Digo quase normal porque na verdade a diretora Liza Johnson , propositadissimamente , ralenta cada pequeno episódio mostrado . Faz a coisa andar lentamente , penosamente – para realçar que a vida de Johanna anda lentamente , penosamente . Pensamos em parar exatamente por isso – porque é uma vida penosa demais . É uma vida por demais miúda e sem brilho – para usar as palavras do poeta . E , quando essa pobre Johana se vê vítima da maldade extrema das duas adolescentes , algo assim como Madame de Tourvel se vê vítima da vileza combinada do visconde de Valmont e da marquesa de Meurteil em Ligações Perigosas , o clássico de Chardelos de Laclos que Stephen Frears transformou em filme soberbo , achamos que era sofrimento demais para ver numa tarde de feriado ( era a quinta-feira da Semana Santa ) . Acabamos – depois de uma paradinha para parlamentar – indo em frente . Surpreendentemente , o filme deu um drible na nossa expectativa . Deu , literalmente , um drible à la Garrincha – ele indicava que ia para um lado , de repente foi para o lado oposto . Não deixa nunca de ser um drama denso , pesado , amargo . Mas , ao contrário do que imaginávamos – que ele mostraria uma história cada vez mais cruel , desencantada , desenganada – , o roteiro assinado por Mark Jude Poirier , com base no conto “ Hateship , Friendship , Courtship , Loveship , Marriage ” , de Alice Munro , dá uma reviravolta inesperada . Atenção : spoiler . Quem não viu o filme deve pular para o próximo intertítulo É uma reviravolta inesperada – mas não ilógica , irracional , inverossímil . Não vou revelar detalhes , é claro , mas de qualquer forma os próximos parágrafos contêm spoiler . O ótimo colunista Ancelmo Gois , de O Globo , costuma dizer , citando o Barão de Itararé , que de onde menos se espera é dali que de fato não sai coisa alguma . É uma grande verdade – mas toda verdade tem uma ou outra exceção a contradizê-la , e aqui temos uma exceção . De onde menos se espera de repente , uma vez na vida e outra na morte , sai alguma coisa boa . As chanches de sair alguma coisa boa dessa história da pobre coitada dessa Johanna , que parecia condenada à miséria eterna e total , até a morte , com esse infeliz pustema desse Ken eram , como dizia Bob Dylan em uma canção do seu segundo disco , a million to one . Pois às vezes os dados , as cartas , a roleta dão o que é uma chance em um milhão . Não é inverossímil . Já vi isso acontecer , pertinho de mim . E não é ilógico , inverossímil . Johanna parece condenada a uma vida sombria , sem brilho , quase sem vida – mas tem força , tem vontade , tem determinação . Tem tutano , estômago , guts . Capacidade de trabalho . Ao fim e ao cabo , a trama deste Loveship Hateship , tão árdua , tão dolorosa , faz uma bela defesa da capacidade de trabalho . Nestes tempos de lulo-petismo , roubo-petralhismo , de cotas de todos os tipos e todos os tipos de execração do mérito pessoal , este filme é uma bênção . É como diz a frase monumental de Graciliano Ramos , comunista dos bons : “ Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade – talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça . Liberdade completa ninguém desfruta : começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social , mas , nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei , ainda podemos nos mexer . ” Nos estreitíssimos limites a que sua vida sem brilho , quase sem vida , a condenava , Johanna consegue , com brilhantismo , se mexer . E a diretora Liza Johnson acaba , depois de expor tanta crueza , tanta crueldade , tanta tristeza , inoculando no espectador o virus da esperança . Kristen Wiig é uma atriz que me impressionou muito Por que , entre tantos milhares e milhares de filmes à disposição , escolhi ver este Hateship Loveship ? Essa é uma questão que só interessa a mim mesmo – mas falo um pouquinho aqui sobre isso . Pois é : por que raios um sujeito que tem um site de filmes , com cerca de 2.250 filmes comentados , escolhe para ver Hateship Loveship , em vez de rever para comentar obras absolutamente fundamentais que ainda não estão no site , como , por exemplo , só para ser bem rápido , curto e grosso , Encouraçado Potemkim , Ivan , o Terrível , Intolerância , Nascimento de uma Nação , Jules et Jim , Bye , Bye , Brasil , A Noviça Rebelde , West Side Story , Lugares Comuns , O Regate do Soldado Ryan , A Lista de Schindler , O Bebê de Rosemary , Acossado , O Leopardo ? Eu respondo . É porque isto aqui é para minha diversão . Não é obrigação . Vejo os filmes que simplesmente me dá na telha ver – não apenas porque são importantes e precisam estar no site . O site é uma brincadeira , uma diversão – não pretende ter todos os maiores filmes , os mais importantes , de forma alguma . Jamais pretendeu . E agora respondo especificamente à pergunta que ninguém me fez , mas eu mesmo me faço – sim , mas por que ver exatamente este filme aqui , e não qualquer outro ? Por causa de Kristen Wiig . Peguei para ver este Loveship Hateship porque a atriz principal era Kristen Wiig . A quantidade de atrizes e atores de grande talento que aparecem a cada ano é algo muito assustador , e então muitas vezes a gente se perde . Mas Kristen Wiig é impressionante . Vi essa atriz numa comédia louca , aloprada , Paul – O Alien Fugitivo ( 2011 ) , e depois num fantástico filme de ação / considerações sobre a condição humana , A Vida Secreta de Walter Mitty ( 2013 ) . No primeiro , ela faz uma cristã xiita bobona , quase debilóide – e , diacho , tem a cara de uma pessoa bobona , quase debilóide . No segundo , ela faz o papel da mulher ideal do protagonista , interpretado por Ben Stiller – uma nova-iorquina esperta , moderna , lindérrima . O rosto que ela exibe num filme não tem absolutamente nada a ver com o rosto que ela expõe no outro – é como se fossem duas pessoas absolutamente diferentes . Em Walter Mitty , ela tem todo o jeito e a cara de uma mulher descolada , moderna , que vive em metrópole – e lindérrima . Uma jovem fadada ao insucesso que ousa brigar com os fados – e derrotá-los Os grandes atores são assim – camaleônicos . Há grandes atores que têm sempre a mesma cara , embora interpretando personagens diferentes : James Stewart , por exemplo , é o mesmo velho e bom James Stewart de sempre , esteja num western de Anthony Mann como Winchester ’ 73 , numa comédia deliciosa de Frank Capra como A Felicidade Não se Compra , ou num suspense de Alfred Hitchcock como Um Corpo Que Cai / Vertigo . Há grandes atores que têm quase a mesma cara em diversos filmes , mas têm interpretações totalmente diferentes entre uns e outros , como Robert de Niro e Al Pacino – preguiçosos às vezes , geniais em outras . Essa moça Kristen Wiig é camaleônica camaleônica mesmo – em cada filme ela tem uma cara , como Meryl Streep , para dar o exemplo mais exemplar , como a maravilhosa Bridget Fonda , que trabalha menos do que deveria . Neste filme aqui , Kristen Wiig está uma jovem mulher triste , desafortunada . Tem uma expressão séria que não sai do seu rosto quase absolutamente nunca . E é mais que séria – é triste , é sem esperança , é quase trágica de tão sem esperança . Quando Paul McCartney e todos os outros autores de belas canções que falam de ordinary people criam suas músicas , seguramente pensam em pessoas comuns , não geniais , não excepcionais , mas não tão tristes , tão marcadamente infelizes quanto essa Johanna Parry de Kristen Wiig . Este Loveship Hateship não chega a ser um grande filme , mas é bom . E a melhor coisa que ele tem , disparado , disparado , é a interpretação dessa fantástica , camaleônica Kristen Wiig como a personagem central . Só uma atriz com as características dessa moça poderia interpretar essa jovem fadada ao insucesso que ousa brigar com os fados – e derrotá-los . Não é garotinha , é já uma jovem madura . Nasceu em 1973 , no interior do Estado de Nova York , descendente de ingleses , escoceses e irlandeses . Passou pelo famosérrimo programa humorístico da TV Saturday Night Live em 2008 e 2009 e naquele ano foi colocada na lista das 25 mulheres mais engraçadas de Hollywood feita pela Entertainment Weekly . Também por sua participação no Saturday Night Live , teve nada menos de seis indicações ao Primetime Emmy – o Oscar da TV . O que é outra prova de sua versatilidade – já que está maravilhosa neste drama pesadíssimo , sombrio . O primeiro filme em que teve um papel de alguma importância foi Ligeiramente Grávidos ( 2007 ) . Em 2012 , foi uma das roteiristas e uma das atrizes de Missão Madrinha de Casamento / Bridesmaids – e foi indicada tanto ao Oscar de melhor roteiro original quanto ao Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical . É necessário registrar que uma atriz extraordinária , das melhores que já houve em Hollywood , faz um pequeno papel neste filme . A fantástica – e também camaleônica – Jennifer Jason Leigh interpreta Chloe , a mulher com quem Ken está tendo um caso em Chicago . Chloe é uma drogada que ajuda Ken a se afundar mais e mais na apatia , na inação . Tenho sentido falta de Jennifer Jason Leigh em mais filmes . Então , para encerrar : este Amores Inversos é um filme pesado demais – mas que , surpreendentemente , revela ao final uma radiosa esperança na capacidade do ser humano de melhorar . Apesar disso , não é um filme que deva ser visto em momentos em que o eventual espectador está triste , pra baixo . Nesse caso , periga provocar depressão profunda . 2 Comentários Grande Sérgio , graaaaaaande Sérgio … rapaz , como vc é bom . Ler sobre os filmes aqui em geral é muito melhor do que vê-los . E vc tem esse jeito de ir contando e informando ao mesmo tempo que é o que há ! ! ! Mas quero te sugerir um desafio , quem sabe te diverte também : criar uma sessão aqui que conte a história dos filmes em uma frase só . Um ponto final só . Tipo : Psicose : secretária dá golpe no patrão , foge com o dinheiro e vai parar numa espelunca de beira de estrada onde acaba morta por fulano , louco de pedra que mantém o esqueleto da mãe no sótão há anos . Que tal ? Grande Heitor ! Você andava sumido … Adorei sua observação . Mas eu jamais conseguiria resumir em uma frase a história de um filme . Eu sou o contrário disso , da capacidade de síntese … Mas você poderia assumir esse desafio , e , sempre que entrasse aqui um filme que você viu , escreveria uma sinopse . Mas sem contar o final das histórias , que aí é sacanagem , ne ? Um abraço . Sérgio Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Buena Vida Delivery De : Leonardo Di Cesare , Argentina-França-Holanda , 2004 Nota : Anotação em 2008 : Não é dos melhores da nova safra do cinema argentino , mas , como essa nova safra é excelente , mesmo este filme menor dela tem qualidades . É bem feito , como tudo que los hermanos têm feito ultimamente , com boas atuações . E , como a maioria dos demais filmes argentinos dos últimos anos , consegue falar ao mesmo tempo do macro e do micro , mistura a história pessoal de seus personagens com o pano de fundo da grande História , a situação sempre difícil de um país eternamente à beira de uma crise econômica , ou saindo de uma , ou entrando em outra . É amargo e triste . Como Mary bem notou , deixa o espectador angustiado . O personagem central é um motoqueiro que trabalha numa loja de entregas , a do título ; depois que o irmão emigra para a Espanha , em busca de vida melhor , fica sozinho na sua casa da periferia de Buenos Aires . Generoso , oferece um quarto para uma bela moça que trabalha como frentista num posto de gasolina vizinho ; a moça acaba trazendo para a casa a filhinha , a mãe e o pai – um golpista que vai tomando conta da casa e instala ali uma fabriqueta de churros . Impotente , sem saber direito o que fazer , o rapaz vai engolindo os sapos , um atrás de outro . Teve oito prêmios e três outras indicações . Aparentemente , foi o primeiro filme do diretor e co-roteirista Leonardo Di Cesare , um rapaz nascido em 1968 . 11:14 De : Greg Marcks , EUA , 2003 Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Eis aí um filme surpreendente , com um roteiro muito inteligente . É uma pena que o diretor erre a mão , exagere demais ao criar cenas da mais abjeta violência . Tirando isso , no entanto , é um daqueles assustadores panoramas de como é imbecil a vida numa pequena cidade do maior Império do planeta . O retrato que o cara faz do absurdo de parte da sociedade americana chega a parecer com Caçada Humana / The Chase , do grande Arthur Penn . Todas as pessoas são loucas ou profundamente infelizes ou vazias ou tudo isso junto ; não há absolutamente ninguém que não seja ruim da cabeça e doente do pé ; a violência está presente em tudo , a todo momento . A inventividade do roteiro é descrever sob várias diferentes perspectivas – em cinco histórias que aparentemente não têm nada uma a ver com a outra , mas que de alguma maneira se entrelaçam – um acidente de carro acontecido exatamente às 11h14 da noite , o motivo do título . As histórias são assim : um motorista bêbado ( Henry Thomas , que no passado foi o garotinho de E.T . , de Spielberg ) bate em alguma coisa sob uma ponte , numa estrada ; um garoto rouba uma loja , com a ajuda de uma amiga que trabalha ali ( o papel de Hilary Swank ) ; uma garota ( Rachel Leigh Cook ) que só pensa em sexo e dá mais que chuchu na cerca diz que está grávida e tenta conseguir dinheiro para fazer um aborto ; um homem ( Patrick Swayze ) acha um cadáver jogado em um cemitério e tenta sumir com ele ; três rapazes dirigindo uma caminhonete atropelam uma mulher , e , na batida , um deles perde um pedaço de seu pau , que cai na rua . Foi o primeiro longa-metragem do diretor e roteirista Greg Marcks , que tinha então apenas 27 anos ; antes deste filme , que é de 2003 , ele havia feito um curta-metragem , Lector , em 2000 , que ganhou dez prêmios . Parece que o filme foi produzido graças a Hilary Swank , essa boa atriz feia mas que ultimamente tem se achado bonita e gostosa . ( Em Dália Negra , de Brian De Palma , por exemplo , ela está toda vamp . ) Ela já havia ganho o Oscar de melhor atriz por Meninos Não Choram / Boys Don’t Cry , em 1999 , e era portanto um nome bom de bilheteria ; leu o roteiro , gostou muito de um personagem e topou trabalhar no filme ; a partir daí o garoto conseguiu atrair outros atores de nome , e grana para filmar . Só em 2008 Greg Marcks voltaria a dirigir : fez um thriller chamado The Gift , com Edward Burns , Ving Rhames e Martin Sheen . Não Somos Anjos / We’re No Angels De : Neil Jordan , EUA , 1989 Nota : Anotação em 2010 : Este Não Somos Anjos , feito em 1989 , é um fenômeno . Raras vezes na história tanta gente de talento e respeito se reuniu para fazer um filme tão absolutamente idiota . O diretor é o irlandês Neil Jordan , que eu pessoalmente acho bastante irregular , mas é celebradíssimo , vencedor de um Oscar ( pelo roteiro original de Traídos pelo Desejo / The Crying Game , de 1992 ) e de 31 outros prêmios , fora 29 outras indicações . O roteiro se baseia numa peça francesa , La Cuisine des Anges , a cozinha dos anjos , de Albert Husson , que já havia sido a origem de um filme homônimo , Não Somos Anjos/We’re no Angels , dirigido em 1955 pelo grande Michael Curtiz , o autor de Casablanca , e estrelado por Humphrey Bogart , Peter Ustinov , Aldo Ray , Leo G . Carroll e Joan Bennett . No original e no filme de Michael Curtiz , três prisioneiros conseguem escapar da Ilha do Diabo , junto da Guiana Francesa , às vésperas do Natal , acabam invadindo a casa de uma família e – surpresa ! – se tomam de amores por ela . Para criar uma nova trama a partir da idéia básica da peça , os produtores chamaram nada menos que David Mamet , grande , brilhante dramaturgo , roteirista e diretor . Se de Neil Jordan eu , pessoalmente , desconfio um pouco , de David Mamet sou fã de carteirinha . Como se não bastassem todos esses nomes já mencionados , ainda tem mais um : George Fenton , um dos grandes compositores do cinema nas últimas décadas , autor de lindíssimas trilhas para diversos filmes importantes ( Ligações Perigosas , O Pescador de Ilusões , Terra de Sombras , Terra e Liberdade ) , compôs a música . Um insulto à inteligência do espectador Com uns 15 minutos de filme , já dava para ter certeza plena : o filme é uma absoluta porcaria . Nada funciona , é tudo ruim , grotesco , imbecil – é um insulto ao currículo de tanta gente boa envolvida na produção , e , em especial , um insulto à inteligência do espectador . Poderíamos perfeitamente ter parado de ver , com a tranqüila certeza de que não estaríamos perdendo nada que prestasse . Acabamos vendo até o fim – e tudo só vai ficando mais bobo , a mesma piada sem graça se repetindo de novo e de novo e de novo . Boa parte da culpa , acho , é do próprio Mamet . Não sei como , mas ele conseguiu criar uma trama idiota , babaca : dois dos três fugitivos , os interpretados por De Niro e Penn , acabam sendo confundidos por padres famosos , autores de importante livro , e são recebidos como heróis num mosteiro numa cidadezinha americana junto da fronteira do Canadá , nos anos 30 , no fundo da Grande Depressão . A piada – os bandidos fugitivos são instados a fazer alguma declaração ou oração , não sabem o que dizer , acabam dizendo uma asneira qualquer e todos os religiosos babam como se aquilo fosse expressão de grande sabedoria – não tem graça alguma , devido à total falta de sentido , de lógica , de verossimilhança . Mas é repetida umas trocentas vezes . A personagem da mulher interpretada por Demi Moore não tem qualquer sentido , não se sustenta , é uma caricatura . A rigor , tudo , no filme , é uma grotesca caricatura . Mas a caricatura mais grotesca de todas é a que De Niro cria . De Niro passa o filme inteiro com uma careta babaca esculpida no rosto . Como é possível que um ator com o talento de De Niro , o cara que fez Taxi Driver , O Touro Indomável , A Missão , Coração Satânico , tenha se permitido ser tão ridículo ? Como é possível que o diretor Neil Jordan , que afinal de contas é experiente , testado , tenha permitido aquilo ? Não dá pra saber . Mistério neste mundo de mistérios – embora o maior mistério seja haver mistérios , como diz Renato Teixeira . Consternant , lumbering e lugubrious Algum fanático anti-religioso pode até enxergar no filme uma saudável gozação das crenças católicas . Bobagem . Para fazer crítica é preciso alguma inteligência – coisa de que o filme passa muito longe . Já me alonguei demais numa anotação sobre filme tão vagabundo . Vou a outras opiniões rapidinho , por desencargo de consciência . Vai ver que tem gente que adorou . Ufa : Leonard Maltin dá 1.5 estrela em 4 , e usa uns adjetivos que vou ter que catar no dicionário . Lumbering , dimwitted ( essa até que dá pra sacar – wit é inteligência , dim deve funcionar como sem , não possuidor ) , lugubrious . Olhe , é isso aí – mesmo antes de ver exatamente a acepção dos adjetivos , já concordo : eta filmezinho lumbering , dimwitted e lugubrious . “ Desajeitada comédia sobre uma dupla de condenados estúpidos que inadvertidamente escapam da prisão e encontram refúgio fazendo-se passar por padres em visita a um santuário próximo . De Niro , que também foi produtor executivo , faz caretas como nunca antes . Bela direção de arte não consegue compensar o roteiro lúgubre de David Mamet , ‘ sugerido ’ pela peça que já havia sido filmada em 1955 . ” Não é sempre que concordo com as opiniões de Leonard Maltin , mas acho que desta vez ele acertou em cheio . E lugubrious , obviamente , é lúgubre – belo adjetivo para este que é certamente o pior texto que Mamet já cometeu em toda a sua vida . Já Rober Ebert , que admiro muito , vai na contramão . Dá 3 estrelas em 4 , e elogia as caretas dos dos grandes atores . Diz que na verdade os dois personagens centrais estão fugindo é de um filme dos anos 30 sobre prisões . Como deu empate , recorro ao Guide des Films de Jean Tulard . Hêhê : ele mata em uma frase só , depois de uma rápida sinopse . “ Jordan + Mamet + De Niro – um filme consternador , apesar de tais créditos e Demi Moore no auge ” . O que é verdade : o personagem que ela interpreta não faz sentido , e a câmara do diretor Neil Jordan não pára muito sobre ela , mas Demi Moore está no auge da beleza . Um filme consternador . Consternant , lumbering e lugubrious . Em suma , idiota . [ … ] Barbican Centre , em Londres ) , jamais me esqueci da frase dita por Harry para o grande amigo Jess ( Bruno Kirby ) , que está para se casar com a grande amiga de Sally , Marie ( Carrie Fisher ) : – “ Anotem seu [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Vício Maldito / Days of Wine and Roses De : Blake Edwards , EUA , 1962 Nota : Não é , de jeito nenhum , um filme gostoso nem fácil de ver , este Days of Wine and Roses , no Brasil Vício Maldito , que Blake Edwards dirigiu em 1962 . É um grande filme , um filmaço – mas não é , repito , prazeroso de se ver . É duro , amargo , denso , pesado . É uma angustiante viagem ao fundo do poço do alcoolismo – e o espectador é obrigado a entrar nela , pela maestria da direção , pelo estilo realista , cru , e pelas interpretações extraordinárias de Jack Lemmon e Lee Remick . Como na vida real , não se chega ao fundo do poço do alcoolismo de maneira rápida , abrupta . Bem ao contrário . As primeiras doses dão uma sensação de leveza , de euforia . Os créditos iniciais mostram rosas ao fundo , enquanto vamos vendo os nomes dos atores , da equipe , ao som da canção criada para o filme por Henry Mancini , com letra de Johnny Mercer , que viraria um clássico e teria vida independente do filme . Seria gravada por Frank Sinatra , Tony Bennett , Andy Williams , Perry Como , mais tarde Cassandra Wilson ; viria a ser , como diz a Wikipédia , “ a jazz standard ” , um clássico da Grande Música Americana , como uma obra dos irmãos Gershwin , de Cole Porter ou de Irving Berlin . Nos créditos iniciais , a canção vem com a orquestra de Henry Mancini e afinadíssimas vozes femininas , que cantam os versos bem construídos de Mercer – “ The days of wine and roses laugh and run away like a child at play / Through a meadow land toward a closing door ” . Dias de vinho e rosas . Parece o paraíso . Uma linda moça de faiscantes olhos azuis – e o homem se irrita com ela A primeira sequência se passa em um belo e amplo bar , superpovoado por homens de terno e gravata . Joe Clay ( o personagem interpretado por Jack Lemmon ) tem um copo na mão , mas ainda está trabalhando . Um amigo deu a ele o telefone de uma moça , e ele liga para ela , convida-a a ir , no final da tarde seguinte , a uma festa no iate de um príncipe árabe . Às 18h30 , no cais número tal , uma lancha estará esperando para levá-la até o iate . Ela aceita o convite . Enquanto fala ao telefone , tampando o outro ouvido por causa do vozerio do bar , Joe pede outra dose ao barman . Veremos que a cidade é San Francisco , e que Joe trabalha numa grande agência como relações públicas . The public relations man , como será definido num diálogo logo adiante . Seu trabalho inclui recrutar moças bonitas , atraentes , que saibam se vestir bem , e levá-las a festas promovidas por ou para alguns de seus clientes . Às 18h30 do dia seguinte , ele está numa lancha num dos cais de San Francisco em meio a seis belas mulheres , vestidas para festa noturna , embora ainda seja dia . Chega então de táxi uma moça loura , de faiscantes olhos azuis . ( Os olhos de Lee Remick são tão faiscamente azuis que a gente vê a cor deles mesmo no preto-e-branco deste filme , e também no de dois outros grandes da mesma época , Escravas do Medo / Experiment in Terror , do mesmo Blake Edwards , do ano seguinte , 1963 , e Anatomia de um Crime , de Otto Preminger , de 1959 . ) É linda , mas não está vestida para festa para agradar aos amigos de um príncipe árabe . Usa roupas elegantes , mas formais , do tipo que se usa em escritórios . Irritado , em voz alta , Joe dá bronca nela : – “ Você está atrasada . E está vestida do jeito errado . Era para ser um vestido de coquetel . ” Kirsten Arnesen – veremos que esse é o nome da personagem interpretada por Lee Remick – não dá a mínima bola para aquele sujeito . Quando a lancha encosta no belo iate , ele ainda tenta dar uma bronca nela . Ela embarca primeiro no iate , e entrega alguns papéis ao homem que está ali para receber as moças . Joe não conhecia ainda o homem , o sr . Trayner ( Jack Albertson ) , que vem a ser o cliente de sua agência , o homem de negócios que , por algum motivo , quer agradar o príncipe árabe levando para seu iate meia dúzia de louras elegantes , gostosas – e que topam um programa . Trayner cumprimenta o homem de relações públicas , e comenta que ele então já havia conhecido sua secretária , Kirsten . A primeira fala de Kirsten-Lee Remick é : – “ Bem , não oficialmente . Ele estava muito ocupado ” . Mas Trayner já nem estava prestando atenção : olhava para as moças que Joe havia trazido . Olhava e gostava do que via . Joe tinha dado um tremendo fora com a secretária de seu cliente , mas seu cliente parecia satisfeito com o material que ele trouxera para o iate . Solitária , Kirsten aceita o convite de Joe e saem para jantar No dia seguinte , um arrependido Joe vai ao imenso escritório da empresa de Trayner , levando um presentinho para a secretária que ele havia confundido com uma das acompanhantes , escort girls , call girls , party girls . O termo exato – puta – não será usado em momento algum , embora Joe mais tarde vá usar a palavra pimp , cafetão , para descrever a si próprio . O segundo encontro entre Joe e Kirsten é tão desastrado quanto o primeiro . Kirsten mantém-se fria , distante – e , além de tudo , detesta biscoitos de amendoim , o presentinho escolhido por Joe como uma oferta de paz . Depois de alguns momentos extremamente embaraçosos , no entanto , de repente Kirsten muda completamente de atitude e resolve aceitar o convite para jantar com aquele sujeito que havia sido grosseiro , mal educado . É uma mudança de atitude sem dúvida brusca demais , exageradamente brusca , e até um tanto inverossímil . Mas há uma desculpa para isso . Veremos depois que Kirsten – apesar de sua beleza espantosa – é uma jovem muito solitária ; chegou há pouco a San Francisco , ainda não tem amigos , mora sozinha num apartamento que segundo ela é cheio de baratas . Havia sido criada ali mesmo , na região da Baía de San Francisco , mas na área rural . Seus pais , imigrantes noruegueses , sempre viveram de vender flores , plantas e pequenas árvores que cultivam no seu sítio . Poucos meses antes , ela havia se cansado de viver na área rural e se mudado para a cidade . Kirsten toma a primeira gota de álcool da vida . Estamos com 18 minutos de filme Vão jantar juntos , aqueles dois seres solitários , depois de terem sido extremamente ríspidos um com o outro . Joe manda brasa no uísque . Até aquele dia , Kirsten jamais havia bebido álcool . Sua paixão , ela conta , é chocolate . Joe levanta-se , vai até o barman e encomenda sem que ela ouça um Brandy Alexander – conhaque e chocolate . A princípio , Kirsten não quer , mas Joe insiste : é especial , tem chocolate . Ela dá um pequeno golinho – e gosta . Estamos com exatos 18 minutos de filme . Deveria haver mais filmes sobre o vício É difícil ver Days of Wine and Roses e não lembrar de The Lost Weekend , que Billy Wilder lançou em 1945 , 17 anos antes , portanto , do filme de Blake Edwards . No Brasil , The Lost Weekend recebeu o título de Farrapo Humano . Farrapo Humano em vez de O Fim de Semana Perdido . Vício Maldito em vez de Dias de Vinho e Rosas . Os exibidores brasileiros gostavam de títulos dramáticos , exagerados , com um gosto de tango argentino ou bolero mexicano . Dramáticos , exagerados – mas não propriamente errados . O personagem de Ray Milland na obra-prima de 1945 é , sim , um farrapo humano , e o vício é mesmo maldito . Qualquer vício de droga forte – heroína , crack , cocaína , álcool . “ Lost Weekend moderno passado em San Francisco , com Lemmon se casando com Remick e a levando ao alcoolismo ” , define Leonard Maltin em sua resenha , que vem acompanhada da cotação de 3.5 estrelas em 4 . “ Direção realista e texto sem meios-termos se combinam para dar excelente resultado . ” O CineBooks ’ Motion Picture Guide – que dá ao filme 4 estrelas em 5 – diz : “ De tempos em tempos Hollywood decide fazer um filme sobre alcoolismo . Ray Milland em The Lost Weekend ( 1945 ) foi um , Jimmy Cagney em Come Fill the Cup ( 1951 ) foi outro , e o retrato de Lemmon como um cachaceiro deve figurar junto com os citados anteriormente . ” ( O termo que o CineBooks ’ usa é boozer , de booze , o substantivo para designar bebida de uma maneira geral , com um tom depreciativo . Gosto de usar cachaça como sinônimo de booze ; mais que aguardante de cana , pinga , o substantivo cachaça é a designação genérica de qualquer bebida forte . ) Me deixou indignado essa forma com que o CineBooks ’ se refere ao filme . Como se fosse um absurdo que houvesse mais de um filme sobre alcoolismo . A cada ano são feitas centenas de filmes sobre assassinos , ladrões , bandidos das mais variadas espécies . Há mais filmes sobre bandidos do que sobre gente como a gente , gente comum – e não há no mundo mais bandidos do que gente como a gente . E seguramente há muito mais bêbados no mundo do que assassinos . Deveria é haver muito mais filmes sobre vício . Na minha opinião , este é um dos dois melhores filmes sobre alcoolismo jamais feitos Nunca vi esse filme de 1951 com James Cagney , e na verdade jamais tinha ouvido falar dele . Degradação Humana , chamou-se no Brasil , confirmando o que eu disse sobre a escolha de títulos que parecem nomes de tango . Foi dirigido por Gordon Douglas – um realizador mediano , não mais que isso . Na minha opinião , The Lost Weekend e este Days of Wine and Roses são os dois melhores filmes já feitos sobre alcoolismo . Acho que todos eles são importantes . E na verdade todos eles têm qualidades intrínsecas , são bons filmes fora o fato de abordar esse tema fundamental . O inferno do alcoolismo a dois consegue ser pior do que o de um único cônjuge Days of Wine and Roses tem uma importância especial : é o único desses filmes citados acima que trata do alcoolismo quando ele se transforma numa doença do casal , uma espécie , bastante deletéria , de folie à deux . Em The Lost Weekend , o personagem de Ray Milland enfrenta o inferno sozinho . A mulher que o ama é sóbria como um juiz . Dos filmes sobre alcoolismo que conheço , este aqui é o único que mostra um casal em que um alimenta o vício do outro . O inferno do alcoolismo a dois , mostrado no filme de Blake Edwards , consegue ser pior do que o de um único cônjuge . ( A palavra é horrorosa , mas não existe outra . ) Regina Lemos dizia que os encontros não são uma pessoa + uma pessoa . Um casal não é uma simples soma – o que uma pessoa mais outra juntas formam depende de diversos fatores . Num encontro , as duas pessoas potencializam suas especificidades . Cada relação se constrói de acordo com a forma com que se combinam as características individuais . Podem ser duas pessoas positivas mas que , juntas , formam uma união que rola escada abaixo ; e às vezes pode haver um encontro de uma pessoa que tende mais para a tristeza com outra , que , com a união , forma um casal que vê a vida com a tendência de ir morro acima . O que o filme de Blake Edwards mostra é exatamente isso . Quando dois viciados se unem , a tendência é que ajam como náufragos : o mais desesperado vai sempre puxar o outro para baixo . Na vida não existe fast forward . O cinema é mais belo que a vida A seqüência da recaída , dos dois desesperados que puxam um ao outro primeiro para a rápida euforia que a cachaça dá , e em seguida para o fundo do poço , e que acontece quando o filme está bem no meio , é uma das coisas mais pavorosas que já vi no cinema – e talvez até na vida real . Pensei seriamente em parar de rever o filme – ou em dar um fast forward para não enfrentar tanta dureza , tanta angústia , tamanho desespero . Se na vida fosse possível dar fast forward como se dá nos filmes , que maravilha seria a vida . No momento em que estamos em algum dos muitos fundos de poço com que a vida nos brinda , simples – apertamos uma tecla , vamos para o capítulo seguinte . Infelizmente , o cinema é mais belo que a vida . Na vida não existe fast forward . Aquela sequência em que Joe-Jack Lemmon vai até a estufa à procura da terceira garrafa é uma das mais tristes , desesperadas , angustiantes , dolorosas , doloridas que há no cinema . Que jamais houve . E aí talvez o espectador pense que já chegou ao fundo do poço . Errado . O fundo do poço é sempre mais fundo . A seqüência do motel , bem mais tarde , é ainda mais furiosamente angustiante , desesperante . O filme realça , sem meios-termos , para usar a expressão de Leonard Maltin , como é impossível a convivência de um viciado com um viciado que tenta ficar limpo . Para quem está bêbado , é uma afronta , um acinte , uma agressão o fato de o ex-companheiro de bebedeira não estar bebendo . Essas duas sequências – a da primeira recaída , que prossegue na estufa , e a do motel – são de doer , de doer feio , fundo . São extraordinariamente belas , em termos de arte – e extraordinariamente cruéis , dolorosas . Há viciados que conseguem sair – aleluia ! Mas a possibilidade é pequena A possibilidade de happy ending para os viciados é pequena . Existe , sim . Eu pessoalmente conheço alguns casos de gente bem próxima de mim , e digo a eles todas as aleluias que podem ser ditas . Mas a possibilidade é pequena . Billy Wilder , um artista que era tudo menos um otimista , um believer , evidentemente não tinha interesse algum em arranjar um happy ending para o bêbado interpretado por Ray Milland em The Lost Weekend . No entanto , foi forçado pelo estúdio , pelos produtores , pelos distribuidores , a inventar um final feliz – uma coisa que não combina em nada com todo o resto do filme . Pode ter sido uma questão de tempo : em 1962 as coisas talvez fossem um pouco melhores do que eram em 1945 entre criador de um lado e , de outro , os produtores , a maior ou menor rigidez da censura , as normas de comportamento da própria sociedade . Blake Edwards conseguiu o que Billy Wilder não pôde : Days of Wine and Roses não tem happy ending . Não chega a não ser o horror dos horrores , como foi , por exemplo , o fim de À Procura de Mr . Goodbar / Looking for Mr . Goodbar , maravilha de filme que Richard Brooks fez em 1977 . Mas , ao contrário do filme de Billy Wilder , e exatamente como Billy Wilder gostaria de ter feito , Days of Wine and Roses passa longe do final feliz . E aí repito : a possibilidade de happy ending para os viciados é pequena . Melhor , muito melhor seria sair fora antes que a queda no inferno fosse inevitável . Depois da submissão total ao vício , é difícil imaginar enfrentar a vida sem a droga . Tudo parece sem graça , bobo , imbecil , vazio , sujo . Days of Wine and Roses mostra isso com todas as letras . Jack Lemmon e Lee Remick foram indicados ao Oscar , mas não levaram A frase ‘ dias de vinho e rosas ” vem – como a personagem interpretada por Lee Remick mostra – de um poema . O verso que Kristen cita é o seguinte : “ They are not long , the days of wine and roses : Out of a misty dream Our path emerges for a while , then closes Within a dream . ” Segundo a Wikipedia , são versos do poema “ Vitae Summa Brevis ” , de autoria de Ernest Dowson ( 1867–1900 ) . O filme teve cinco indicações ao Oscar : ator para Jack Lemmon , atriz para Lee Remick , direção de arte em preto-e-branco , figurinos em preto-e-branco , canção . Venceu apenas nesta última categoria . Muitas canções vencem o Oscar e desaparecem na poeira da história . “ Days of Wine and Roses ” , como já se falou lá acima , virou um clássico , um standard ; poderia não ter levado o Oscar , viraria standard do mesmo jeito . Teve quatro indicações ao Globo de Ouro – filme na categoria drama , direção , atriz , ator . Não levou nenhum . A Academia costuma cometer injustiças bravas . Mas , naquele ano , a disputa era feia . Jack Lemmon concorria com Peter O’Toole em Lawrence da Arábia , Burt Lancaster em O Homem de Alcatraz , Marcello Mastroianni em Divórcio à Italiana e Gregory Peck em O Sol é para Todos . Gregory Peck , interpretando Atticus Finch , um dos personagens mais extraordinários já mostrados em um filme , levou o prêmio . A disputa pela estatueta de melhor atriz era tão dura quanto a pela de melhor atriz . Lee Remick disputava com Katharine Hepburn em Longa Jornada Noite Adentro , Bette Davis em O que Aconteceu com Baby Jane ? , Geraldine Page em Doce Pássaro da Juventude , e Anne Bancroft em O Milagre de Annie Sullivan . Anne Bancroft , em um desempenho extraordinário , um tour-de-force absurdo , levou o prêmio . Credo em cruz . Ao ver o nome desses atores e desses filmes que concorriam aos Oscars de 1962 , é difícil não pensar aquela coisa : como o cinema já foi melhor . Mas isso pode ser só bobagem de velhinho nostálgico – embora eu não seja nostálgico . Sou velhinho , mas nunca fui e não sou nostálgico , de forma alguma . Para encerrar , gostaria de situar cronologicamente Days of Wine and Roses na obra desse realizador talentosíssimo que não tem o devido reconhecimento . Blake Edwards tem uma filmografia ampla que passa pelos mais diversos gêneros . É autor ou co-autor de 66 roteiros , e dirigiu 47 filmes . Acabou tendo seu nome associado mais aos filmes da série A Pantera Cor-de-Rosa , mas , da mesma maneira com que fez comédias engraçadíssimas , soube fazer belíssimos dramas . Em 1959 , fez Anáguas a Bordo / Operation Petticoat , uma comédia deliciosa . Em 1961 fez Bonequinha de Luxo / Breakfast at Tiffany’s , aquele luxo absoluto . Em 1962 , fez dois dramas em preto-e-branco , ambos com Lee Remick – este Days of Wine and Roses e o ótimo Escravas do Medo / Experiment in Terror . 4 Comentários Ainda não consegui assistir este filme … e como quero . Gosto demais do Lemmon e da Lee Remick . Ela , além de ótima atriz , era também uma mulher muito linda . Mas , “ Farrapo Humano ” já assisti tres vezes ; duas na TV e uma em filmes online . Ray Milland era um grande ator . “ Days of Wine and Roses ” nem é preciso dizer o quanto esta música é linda , lindíssima . Mancini estava inspiradíssimo quando a compôs . Tenho esta musica em LP – é , ainda os guardo – com ele ( Mancini ) e também com Ray Conniff , para mim , o maior de todos . Aliás , me desculpe Sergio mas , as vozes femininas maravilhosas que voce cita nos créditos iniciais não seriam das ” meninas ” do coral de Ray Conniff ? Me desculpe , por favor mas , é só curiosidade e confirmação ou não . Como eu disse , ainda não vi o filme mas existe um clipe no Youtube que mostra esse trecho da abertura do filme e a musica com o Conniff . Não sei se colocaram a musica em cima das imagens . Ainda tenho esperanças de ver este filme via online ou no TCM ou no CULT , quem sabe ? Um abraço ! ! As letras de Mercer foram muito bem colocadas , como apontado por você , Sérgio . Na continuidade , da sua citação , “ towards an open door , that wasn’t there before ” , tem-se uma fantástica descrição da evolução da drogadição : ela parece “ abrir uma nova porta para a vida ” , uma porta que não estava lá ; porém , ultrapassados seus umbrais , ela fecha-se miseravelmente e o indivíduo vê-se aprisionado . O poema é maravilhoso , porque diz muito mais do que aquilo que está escrito ! Os comentários foram excelentes , uma autêntica aula : muito obrigado ! Osmir Um Trackback [ … ] ao longo da narrativa , tanto quanto bebe o casal interpretado por Jack Lemmon e Lee Remick em Vício Maldito / Days of Wine and Roses ( 1962 ) , tanto quanto bebe o personagem feito por Ray Milland em Farrapo Humano / The Lost Weekend [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * A Isca / L’Appat De : Bertrand Tavernier , França , 1995 Nota : Anotação em 1997 : A caixinha do filme diz que o filme ganhou o Urso de Ouro em Berlim , 1995 . No Festival de Gramado , ganhou melhor atriz e melhor montagem . Acho muito incenso , desproporcional ao que o filme é – mais um filme francês mostrando as barreiras sociais e como os jovens da classe média e média-alta são amorais , ambiciosos , egoístas , sem qualquer tipo de valor moral . ( Assim , sem fazer esforço , dá pra lembrar Um Estranho na minha Casa , com Belmondo e Cristiana Reali , Viver e Amar , que vi no final de 1996 no cabo e Loulou , aquela bobagem ; isso sem falar em Os Ladrões , do Téchiné , em tudo superior a este da Tavernier . ) Não que o filme seja uma merda . Não é . Os atores são bons , inclusive os três jovens principais ; a violência é mostrada de forma crua e forte que incomoda o espectador , dá engulho ; Tavernier usa muita câmara de mão e planos longos , bem feitos ; há uma óbvia denúncia da desestruturadora influência da cultura americana , especialmente os filmes que exaltam a violência . Mas é tudo muito sem qualquer emoção ou brilho especial . Nathalie tem 18 anos , é classe média média , trabalha numa loja de roupa , mora em apartamento que ganhou da mãe e sonha vagamente com a possibilidade de virar manequim ou cantora ou atriz – e Tavernier parece dizer que esse é o sonho de toda menina parisiense . Fez colegial , e não tentou faculdade . É tida como burrinha ; não é capaz de entender piadas , por exemplo . É despreocupadamente amoral ; frequenta um bar elegante , usa o maître para marcar encontros com homens ricos ou influentes que possam eventualmente ajudá-la na vida ; nos encontros , nunca chega às vias de fato , mas usa todas as armas para seduzi-los com a implícita possibilidade de um novo encontro no futuro . Numa agenda , guarda os cartões dessas pessoas ricas , com anotações sobre os contatos e os bens materiais que elas possuem . Nathalie mora com o namorado , Eric , filho de judeus ricos que querem que ele arranje trabalho , e por isso vão diminuindo a mesada , cortando a conta bancária . Eric ( como tantos outros jovens da classe média e da média alta mostrada nos filmes franceses ) não acredita em hard work . Assiste sem parar a filmes americanos ( diz que os filmes franceses são chatos ) , em geral thrillers cheios de violência , e quer ficar rico rapidamente , e ir para os Estados Unidos , onde será dono de uma rede de lojas , não importa bem de quê . Eric tem uma relação não bem explicada com Bruno , um rapaz pobre , humilde , um excluído , que resolveu acolher – na casa de Nathalie , bem entendido . ( À casa dos pais ele não leva Bruno ; sequer leva Nathalie – o que a deixa grilada . ) Pois bem : Eric e Bruno resolvem juntar capital pra vencer na América roubando . E usam para isso a agenda de Nathalie . A idéia é que ela marque encontro com algum desses homens em sua casa , e dê um jeito de deixar as portas abertas para que os dois entrem e roubem . Depois de algumas tentativas frustradas , entram na casa de um advogado ; quando não encontram dinheiro nem cofre com fortunas , começam a espancar o pobre homem ; para não dar na vista que Nathalie era a isca , a amarram também , e a levam para outro cômodo ; para amedrontá-lo , dizem que mataram Nathalie ; como ele não diz onde guarda sua fortuna ( seguramente porque não tem fortuna alguma em casa ) , e ele suspeitaria da armação se visse Nathalie viva , resolvem matá-lo . O serviço é executado por Bruno , enquanto Nathalie põe fone de ouvido e ouve música alto no cômodo ao lado . Não há remorso , não há crise de consciência , não há absolutamente nada parecido com isso . Para os jovens parisienses de hoje , parece dizer o Tavernier , a vida humana é como mostram os filmes americanos : vale tanto quanto a vida de uma barata , ou uma pulga . Nathalie faz muxoxo de criança enquanto ouve música para não ouvir os gemidos de dor do homem que ela atraiu para o assalto e primeiro está sendo espancado e depois assassinado . Não tem qualquer consciência de absolutamente nada . É o produto de uma sociedade insana , apenas . Há um segundo assassinato , que cabe , pela regra da alternância lembrada por Bruno , a Eric . A vítima ( interpreta pelo lelouchiano Richard Berry ) tenta amolecer Eric , dizendo que é judeu como ele , que tem um filho de cinco anos ; Eric não consegue matar com revólver , e pede a Bruno que vende os olhos e a boca da vítima ; executa o serviço com 30 golpes de estilete . Se você não viu o filme , não leia a partir de agora Nathalie começa a dar sinais de enfado , não por qualquer razão moral , mas porque o cheiro deles depois dos assaltos e assassinatos não é bom , e incomoda muito a ela o fato de eles usarem seu bidê para lavar as roupas manchadas de sangue . Conta o que aconteceu para uma amiga , Karine , sem qualquer preocupação de que ela possa contar à polícia . E em seguida é presa na loja em que trabalha . Depois de tentar negar autoria durante algum tempo , conta tudo , assegurando que não fez nada , que os dois é que fizeram tudo . A cena final é muito boa e forte . Close no rosto dela ( é uma atriz bonitinha , nada esplendoroso , mas bonitinha , de uma beleza bem comum , bem gostosinha , tipo mignon ) . Depois de assinar a confissão , ela se vira para cima , para o policial que está de pé , e diz : “ Bem , agora que já acabou tudo eu posso ir embora , não é ? Vou passar o Natal com meu pai ” . As Palavras / The Words De : Brian Klugman e Lee Sternthal , EUA , 2012 Nota : As Palavras / The Words é um filme que fala sobre livros – livros , e honestidade . O nome do filme é o nome de um livro que um dos personagens está lançando , e que , por sua vez , conta a história de um escritor que está lançando um livro . Fascinantemente , As Palavras não se baseia em um livro , e sim numa história original escrita para o cinema . E , na minha opinião , a melhor qualidade desse filme sobre palavras , livros , é a trilha sonora , de autoria de Marcelo Zarvos . Leio os parágrafos acima para Mary , aqui ao lado , e ela não concorda : diz que a trilha sonora é , sim , belíssima , mas que o filme tem muitas outras qualidades . Não discordo dela neste ponto específico : o filme tem muitas qualidades . Mas , na minha opinião , a trilha de Marcelo Zarvos é a maior delas . Dos filmes que vi recentemente , duas trilhas me impressionaram de maneira especial : a de W.E . – O Romance do Século , de Madonna , sobre o romance da americana Wallis Simpson com o príncipe Edward , depois rei Edward VIII da Grã-Bretanha , e a deste As Palavras . Da mesma maneira que W.E . , da mesma maneira que nove entre dez filmes recentes , As Palavras não tem créditos iniciais . A moda de não haver créditos iniciais pegou de vez , não tem jeito . E então o pobre coitado do espectador ou bem examina a ficha técnica do filme que vai ver na internet – e aí corre o risco de ver spoilers absurdos , porque muitas sinopses insistem em contar coisas sobre a trama que o filme só vai revelar lá pela metade – , ou bem vê o filme sem saber quem dirigiu , quem são os atores , quem fez a música , quem fez a fotografia . Exatamente como havia acontecido com W.E . , vi As Palavras impressionado com a trilha sonora – e sem saber quem era o raio do compositor . Fiquei imaginando quem poderia ser : Alexandre Desplat ? Rachel Portman ? Jan A.P.Kaczmarak ? Zbigniew Preisner ? Patrick Doyle ? Quem sabe Philip Glass ? Não levava jeito de ser um dos mais manjados compositores americanos , tipo John Williams ou Hans Zimmer . Parecia mais um europeu – ou um americano próximo do erudito , como Philip Glass . O autor da trilha sonora de W.E . não era nenhum desses nomes – era de alguém de quem eu nunca ouvira falar , Abel Korzeniowski , um polonês da Cracóvia . Quem escreveu a maravilhosa trilha de As Palavras – o espectador fica sabendo depois que o filme termina – é Marcelo Zarvos . Marcelo Uchoa Zarvos , nascido em São Paulo em 1969 , um ano depois que cheguei à cidade da qual não saí mais . Aparentemente , saiu de São Paulo tão jovem quanto eu cheguei , e radicou-se nos Estados Unidos , onde estudou no Berklee College of Music . Sua página pessoal na internet – em inglês , naturalmente – diz que ele é um pianista e compositor brasileiro que tem escrito para praticamente todos os meios , de dança às salas de concerto , filmes , televisão e teatro . É extraordinário : uma busca no site 50 Anos de Filmes localiza sete filmes com trilha sonora assinada por Marcelo Zarvos . E aí pergunto , à toa : quantas reportagens sobre Marcelo Zarvos o eventual leitor já viu nos jornais e revistas e TV ? Um escritor faz a leitura do início de seu livro para um auditório cheio A primeira tomada de As Palavras , enquanto o espectador ouve a música envolvente , impressionante , de Marcelo Zarvos , mostra uma mesa organizadíssima em um belo escritório , em que está um livro de capa dura , grosso , cujo título é absolutamente visível : The Words . Um homem chega perto da mesa , em plano americano . Não vemos seu rosto . Está de terno , gravata . Recolhe as poucas coisas que havia sobre a mesa – uma caderneta com algumas fichas anotadas , um chaveiro , uma caneta , o livro . Guarda aqueles objetos no paletó , nos bolsos da calça . Fecha o paletó , abotoa . Alisa o paletó cuidadosamente , e pega o livro . Corta , e na tomada seguinte vemos que o personagem é interpretado por Dennis Quaid . Ele se olha no espelho , dá mais um acertozinho na gravata . A tomada ainda é esta – Dennis Quaid se olhando no espelho - , mas já ouvimos palmas . O diretor do filme , seja ele quem for , porque o espectador só saberá seu nome nos créditos finais , daí a 95 minutos , usa aquele recurso espertinho , aquele suave fogo de artifício , de colocar numa tomada anterior o som de ação que só irá acontecer na tomada seguinte . As Palavras foi escrito e dirigido por uma dupla , Brian Klugman e Lee Sternthal . É o primeiro longa-metragem dirigido por cada um deles . Os dois são também os autores do roteiro original deste filme sobre palavras , escrito diretamente para o cinema , e não para as páginas de um livro . Corta . Plano geral do momento seguinte : vemos Dennis Quaid de costas , diante de um auditório de bom tamanho , lotado . As palmas que se insinuaram no plano anterior continuam , é claro – agora é que é a hora delas . Corta . Plano Americano no contracampo – vemos Dennis Quaid da metade do peito para cima , diante de dois microfones e uma pequena bancada . Corta . Plano Americano no contracampo – vemos Dennis Quaid da metade do peito para cima , diante de dois microfones e uma pequena bancada . A música de Marcelo Zarvos sobe – e vemos o que o livro que o autor começa a ler relata . Uma rua , a chuva , a porta de um hotel elegante . A voz de Dennis Quaid , lendo as palavras que o personagem que ele interpreta , o escritor Clay Hammond , havia escrito , agora se sobrepõe às imagens que mostram a história que seu livro começa a contar . – “ Ficou observando Rory e Dora Jensen dirigirem-se à limousine . De alguma forma , parecia que os pingos da chuva não o atingiam . ” É uma maravilhosa tomada , enquanto ouvimos Dennis Quaid-Clay Hammond com a voz agora em off : debaixo da chuva , a câmara faz um zoom da rua para a calçada , a entrada do hotel ; vemos os personagens Roy Jensen e sua mulher Dora entrando na imensa limousine ; o zoom continua , por sobre a limousine , o porteiro do hotel que acompanhou o casal até o carro já se foi , e então a câmara se aproxima do velho , com uma capa cáqui , chapéu cinza . Corta , e o velho está entrando em um pequeno quarto de hotel . Anda encurvado , sob o peso da idade . A música de Marcelo Zarvos domina a cena . O velho toma água da pia , a porta do pequeno armário aberta mostrando remédios . Ele fecha a porta do armário , vemos o rosto do velho refletido no espelho : é Jeremy Irons . Jeremy Irons aparece fortemente maquiado para parecer bem mais velho Jeremy Irons estava com apenas 64 anos quando o filme foi lançado , em 2012 . Ele é de 1948 , só dois anos mais velho do que eu . Em As Palavras , aparece duramente maquiado para parecer muito , muito mais velho do que 64 anos . Se fizermos as contas , o personagem de Jeremy Irons – que não tem nome , é apenas O Velho – teria que ter nascido em torno de 1926 . Se o filme se passa na época atual , na época em que foi feito , O Velho estaria então com uns 86 anos . Corta . Da tomada do velho diante do espelho , passamos para a limousine que transporta Rory e Dora Jansen ( interpretados por Bradley Cooper e Zoë Saldana ) para a cerimônia em que um prestigiadíssimo prêmio literário será entregue a Rory por seu livro de estréia , “ As Lágrimas da Janela ” . Uma mulher belíssima se aproxima do escritor no intervalo da leitura Então , recapitulando : As Palavras conta a história de Clay Hammond , um escritor de sucesso que acaba de lançar um novo livro , chamado As Palavras , que por sua vez conta a história de um escritor , Rory Jansen , que acaba de lançar seu primeiro livro , As Lágrimas da Janela , que foi de imediato um tremendo sucesso de público e crítica . No livro de Clay Hammond , fala-se de cara de uma figura de um Velho – estranho ? sinistro ? misterioso ? todas as alternativas anteriores – que é assim uma espécie de fantasma , de assombração , que está de olho no autor do livro dentro do livro . Neste ponto , estamos com menos de cinco minutos de filme . Para não dar spoiler , não vou adiantar mais nada da trama do filme que conta a história de um livro dentro de outro livro – a não ser que , quando Clay Hammond termina de ler a Parte Um de seu livro As Palavras , uma bela mulher entra na história . Ela chega à leitura do livro pelo autor depois que esta havia começado . E , de alguma maneira , consegue chegar à festa nos bastidores e se aproximar de Clay Hammond . Chama-se , veremos quando a narrativa já está bem adiantada , Daniella , e é interpretada por Olivia Wilde , essa jovem belíssima que parece ter chegado com tudo . Wilde , como Oscar . Como se já não bastassem todos os livros dentro de livros , toda a metalinguagem . Depois do intervalo , Clay Hammond volta ao auditório , e lê para a audiência a Parte Dois de seu livro . Por que raios as pessoas pagam para ouvir um autor lendo seu livro ? Me peguei pensando : mas isso de fato ocorre , nos Estados Unidos – leituras de uma obra pelo próprio autor ? Centenas de pessoas pagam por uma cadeira em um auditório para ouvir o autor lendo seu próprio livro ? Mas por que raios essas pessoas não vão simplesmente a uma livraria , compram o livro e o lêem em casa ? Bem , talvez seja assim que as coisas aconteçam em Manhattan . Pode perfeitamente ser assim . Não tenho a mínima idéia de como as coisas acontecem naquela ilhota que é o umbigo do mundo , o umbigo do capitalismo , o umbigo do umbigo . Mas , em nome da lógica , me pergunto : faz sentido um autor ler , num auditório , dois terços de um livraço que parece ter umas 600 páginas , para um público pagante e aparentemente fascinado ? Três interpretações marcantes , belíssimas , dos atores principais Em As Palavras , o filme , me deixaram impressionado as interpretações de Bradley Cooper , Dennis Quaid e Jeremy Irons . Na minha opinião , são a melhor coisa do filme , depois da extraordinária trilha sonora de Marcelo Zarvos . Jeremy Irons é um ator soberbo , dos melhores que há , tenham eles 5 ou 90 anos . Um pequeno gesto , um simples olhar de Jeremy Irons é capaz de transmitir mais emoções do que duas dúzias de novelas da TV Globo . Me pareceu que Jeremy Irons optou , ao interpretar O Velho , por alternar dois tipos de atuação : uma suave , contida – nas cenas em que não fala – e outra suavemente exagerada – nas cenas em que O Velho conta sua história . Quando está overacting , cigarro nas mãos , na boca , parece estar brincando de exagerar . Fala em inglês americano , ele , inglesérrimo da Ilha de Wight . Jeremy Irons saberia fazer qualquer sotaque do mundo – exatamente como Meryl Streep , um ano mais nova que ele , que contracenou com ele em A Mulher do Tenente Francês . Mas tudo bem , eu posso estar enganado sobre os sotaques . Dennis Quaid também me pareceu estar uma ou duas oitavas acima do tom . Me pareceu estar representando um personagem . Mas isso é perfeito , porque seu personagem , afinal de contas , é um escritor de sucesso , e os escritores de sucesso e ego gigantesco costumam ser atores que interpretam tipos . A melhor interpretação do filme , me pareceu , é a de Bradley Cooper , esse jovem ator tão bem dotado , inclusive de fina estampa . Bradley Cooper me pareceu terrivelmente real no papel do escritor tomado por angústia , dúvida , amargura . Não vi ainda O Lado Bom da Vida , o filme pelo qual ele foi indicado ao Oscar de melhor ator , mas o fato é que sua interpretação como o pobre Rory Jansen me parece merecedora de tudo quanto é prêmio . É um filme extremamente bem realizado . Mas não cheguei a gostar dele Então , considerações finais . As Palavras é um filme extremamente bem realizado . Aborda tema importante , fundamental : a honestidade . Tem ótimos atores , ótimas interpretações . Tem um detalhinho que adoro – o casal inter-racial , essa coisa que por lei foi proibida em diversos Estados americanos até meados dos anos 1960 . Se houvesse mais mestiços no mundo , se fôssemos todos mestiços , talvez houvesse menos guerras , tumultos , cotas , pentelhações , palhaçadas , spikelees . Tem uma trilha sonora extraordinária . Mas … Sei lá . Por algum motivo , não me envolvi muito com o filme . Achei bom , mas não cheguei a gostar muito dele . É um filme que trata de honestidade , e de alguma maneira ele me deixou uma sensação de falsidade . Talvez as histórias do livro dentro do livro sejam menos interessantes do que deveriam ser . Talvez a coisa do imenso sucesso de um livro novo – que não conta uma história nada especial – tenha me incomodado . Talvez toda essa coisa de escritor que persegue o sonho de ser o novo Grande e Definitivo Autor Americano me canse um pouco Mas o fato é que Brian Klugman e Lee Sternthal têm talento . Têm garra , e vontade de fazer direito . Que façam mais filmes . Quando fiz minha anotação , propositadamente não quis revelar nada do que acontece na trama a partir dos primeiros minutos . Tenho tido muito cuidado em evitar spoilers , e a trama de As Palavras é muito interessante , bem engendrada . Ao não revelar praticamente nada da história , no entanto , meu texto acabou ficando fraco , capenga , porque não aborda o tema principal do filme , a questão da honestidade . Paciência . Foi o jeito que achei melhor para preservar os eventuais leitores de spoilers . 4 Comentários Não achei que o texto ficou capenga , não . Sobre um escritor ler para um auditório parte do livro também não vejo lógica . Eu não pagaria para isso , até porque não sou fã de que leiam pra mim , tenho dificuldade em me concentrar na leitura oral . Também gosto de casais inter-raciais , acho que estão cada vez mais comuns nos filmes . E que maravilha saber da existência desse músico brasileiro tão competente . Apos ver o filme duas vezes , fiquei muito impressionada , mas não com o fato da historia num todo e sim com o fato de não poder saber as palavras e a historia do ” tal ” livro principal no roteiro do livro . assim como crepusculo a Bella lê um livro e ele existe Morro dos ventos uivantes , ou Harry Potter que le as cronicas de bardo . e todos existem de fato . teria como me ser informado se não existe mesmo , ou se existe o livro The window tears do filme As palavras ? Acabei de assistir . Eu gostei e muito , mas muito , mesmo . Assim como a Jussara também não achei que o texto tenha ficado capenga nem fraco . Autor lendo parte de seu poróprio livro para uma platéia ? Tbm não vejo sentido e , nem pagaria para ver isso . E também concordo na questão dos casais inter-raciais . Aliás , desde adolescente sempre achei bonito um negro casado – ou amigado ou seja lá o que fôr – com uma branca e vice-versa . A primeira vez que vi ” o velho ” , eu já sabia quem ele era . Além de livros e honestidade , este filme fala também de ética , felicidade e escolhas . ” Não se apaga o passado mesmo que se queira “ . ” Minha tragédia foi amar mais as palavras do que amava a mulher que me inspirou para escrever ” . DAQUI EM DIANTE TEM SPOILER QUEM NAO VIU POR FAVOR , NAO LEIA . Achei que o fim do casamento Rory deveria ter sido mostrado . Achei tbm que ele se apaixonou tanto pela história , que queria sentir como se ele a tivesse escrito , que ele era o autor . E acho até que ficaria por aí . Mas depois se deixa levar pelo que a esposa lhe disse e depois tbm pelo Joseph , aí , foi o xeque mate para ele . E , decidiu ser o autor . E isto me foi confirmado lá na frente quando ele já cheio de culpa conversa com a Dora . Essa foi a escolha dele . “ Todos fazemos escolhas na vida , difícil é conviver com elas ” . Achei a cena do trem , quando ele reencontra a Celia , muito tocante . Ali vemos como um simples gesto , um olhar , falam muito mais do que 200 palavras . Não interpretei como se ele tivesse roubado a história . Ele a encontrou anos depois dentro de uma pasta que foi esquecida dentro de um trem e que sua esposa comprou num antiquário . A pergunta é : quem não teria feito o mesmo ? Depois , é a tal coisa , tem que se pagar o prêço . ACABARAM OS SPOILERS A Nora Arnezeder ( Celia ) é muito mais linda do que está neste filme . Eu já vi , Sergio , “ O Lado bom da Vida ” e , te digo que o Bradley está muito bem mas , aqui neste “ As Palavras ” como voce diz , ele está excelente e , merecia sim , o Oscar . Jeremy Irons soberbo como sempre . Um ator magnifico . “ Senhor , eu amo seu livro ” . Um abraço ! ! sobre honestidade ( ou não ) em autoria de livros , o Woody Allen já disse tudo no filme VOCE VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS . Ps . Nao entendi o fim do filme … eae , o personagem do Dennis Quaid realmente papou a história de outrem ? Se a personagem da Olivia Wilde é realmente interessada em literatura , por que ela nao leu o resto do livro , então , ao invés de pedir pro prório autor contá-la ? 2 Trackbacks [ … ] após ter sido abandonado pela mulher com uma garota linda de 20 e poucos ( interpretados por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence ) teve 8 indicações ao Oscar , levou 1 – o de melhor atriz para o fenômeno [ … ] As Bonecas / Le Bambole Anotação em 2010 : As Bonecas , comédia italiana de 1965 , tem quatro episódios , cada um com uma belíssima estrela – pela ordem , Virna Lisi , Elke Sommer , Monica Vitti e Gina Lollobrigida – , cada um dirigido por um nome respeitado : Risi , Comencini , Rossi e Bolognini . E , no entanto , o filme é muito pior que péssimo : é idiota . Mary e eu nos entusiasmamos quando ela achou na locadora o filme – lançado recentemente no Brasil em DVD . Ela nunca tinha visto ; eu acho que também não ; vi muitos dos filmes franceses e italianos em episódios como este , feitos nos anos 60 , com grandes atores , dirigidos por bons cineastas ; lembrava de ter ouvido falar dele , mas não me lembrava de ter visto . É uma decepção total , absoluta . A única coisa que se salva é a extraordinária beleza das quatro estrelas – e elas são magnificamente esplêndidas , as quatro . Mas é só . É tudo idiota . Todas as quatro historietas são imbecis , os atores agem como se estivessem num programa humorístico de décima-nona categoria de TV vagabunda . A intenção é fazer comedinhas sensuais , aproveitando o charme , a beleza , o magnetismo das estrelas . Vistos hoje , os episódios têm um gosto forte de piada de garoto ginasiano , ou daqueles shows de humoristas dos anos 50 e 60 , quando um hoje suave palavrão ou uma insinuação de sacanagem faziam as platéias dos teatros brasileiros gargalharem . São historinhas bobas , bocós , babacas . Idiotas . É assim : 1º episódio – O Telefonema , de Dino Risi . Um domingão começo de tarde . Virna Lisi está lendo um livro no sofá da sala , pernas à mostra . Nino Manfredi , o maridão , não se agüenta de tesão , mas Virna Lisi faz questão : quer terminar o livro . Quando finalmente termina , e Nino Manfredi começa o ataque , toca o telefone , é a mamma da moça . E a mamma parla , parla , e não pára de parlare . 2º episódio – O Tratado de Eugenia , de Luigi Comencini . Uma turista lá pros lados do Norte ( Elke Sommer é alemã ) chega a Roma procurando o romano perfeito – seguindo umas instruções de manual do homem perfeito – para inocular nela um filho . Todas as situações criadas são débeis mentais , idiotas . 3º episódio – A Sopa , de Franco Rossi . Monica Vitti , casada com um velhinho ridículo , tenta contratar gente para matá-lo . Não se diz , mas sabemos que é uma cópia – ou uma tentativa de gozação – da história do americano James M . Cain , O Destino Bate à Sua Porta / The Postman Always Rings Twice . A mesma história – tão comum , tão óbvia – havia sido filmada por um jovem Luchino Visconti , em Obsessão / Ossessione , de 1942 . Tudo bem : em 1965 , quando o filme foi lançado , deveria mesmo ser engraçado ver Monica Vitti , a musa dos filmes cabeção de Antonioni sobre incomunicabilidade , fazer esse papel numa comédia boba . Hoje , é só patético . 4º episódio – Monsenhor Cupido , de Mauro Bolognini . Chegamos ao mais pretensioso e mais ridículo pedaço do filme . O episódio se diz baseado em um texto de Giovanni Boccaccio ( 1313-1375 ) . Há um texto em off citando Boccaccio . É o extremo da caricatura – Gina Lollobrigida , a pior atriz das quatro estrelas do filme , faz caras e bocas grotescas como a mulher do dono do hotel que quer porque quer comer o bonitão sobrinho do monsenhor interiorano que veio a Roma para um concílio ecumênico . As quatro atrizes são estonteantes . Mas o filme … Tudo tem a profundidade de uma piada ginasiana dos anos 60 . É tudo estúpido , idiota . É antigo como a moda siciliana de exibir publicamente o lençol sujo de sangue pós-primeira trepada no primeiro dia da lua de mel . É grotesco , é bárbaro , é primário , é pré-histórico , é pré-antigo . É idiota . E , para piorar ainda mais o que já é pior que péssimo , a versão em DVD lançada pela Classicline é dublada para o inglês – e com legendas em português que nunca batem com o que está sendo dito . 5 Comentários A comédia é muito boa e fez um grande sucesso na época , inclusive no Brasil , ficando um bom tempo em cartaz . A comédia da Lollobrigida é a melhor e a mais engraçada . O babaca dito critico é que é ridiculo , comédia é para divertir e não para masturbação mental . Por aqui se vê como o Sérgio é uma pessoa tolerante e educada ao deixar estes comentários despropositados à vista de todos . Ele dá uma excelente demonstração do que é respeito pelos outros ao contrário dos seus críticos . Ô , amigo José Luís , talvez eu tenha sido , mais que tolerante , permissivo demais com essas pessoas sem o mínimo de educação . Quando comecei a receber comentários desse tipo , pensei : bem , se não tiver ofensa com palavrão , com incitação a coisas tipo racismo , publico e pronto . Talvez eu devesse ser mais rigoroso … Agradeço demais por seu comentrário sempre elegante , sempre gentil . Um abraço . Sérgio [ … ] sua frente uma mulher danada de gostosa . Se repararmos direito , o desenho , muito bem feito , é de Gina Lollobrigida . Alguém o chama : a ligação para Roma se completou . Robert Talbot , biliardário businessman [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Vidas Que Se Cruzam / The Burning Plain De : Guillermo Arriaga , EUA , 2008 ´ Nota : Anotação em 2010 : O título brasileiro do primeiro-longa metragem dirigido pelo mexicano Guillermo Arriaga define não só o próprio filme como também o estilo dos roteiros do autor . Exatamente como em 21 Gramas , de 2003 , e Babel , de 2006 ( os dois dirigidos pelo também mexicano Alejandro González Iñárritu ) , Vidas Que Se Cruzam apresenta diversos personagens como se pusesse na mesa as várias peças de um quebra-cabeças , que deverão ir sendo encaixadas ao longo da narrativa . Vidas que se cruzam . O filme abre com um plano geral de uma planície – há montanhas ao fundo – em que há um incêndio . Corta , e vemos um plano mais aproximado do que é que está pegando fogo : uma casa ; na verdade , um trailer . O título original do filme é The Burning Plain – planície em chamas . Corta , e temos uma mulher nua sentada em uma cama . Ela dá uma ordem seca para o homem que está deitado : “ Levante-se ” . Ele pede mais cinco minutos de sono , ela repete a ordem seca : “ Levante-se ” . Ela mesma se levanta , nua – a vemos pelas costas - , pega um cigarro , aproxima-se da janela . Pode ser vista , nua , por quem passa lá fora ; não está nem ligando para isso . A mulher , interpretada por Charlize Theron – veremos depois que se chama Sylvia – , tem uma expressão de angústia profunda . Uma amiga , Laura ( Robin Tunney ) , vem pegar Sylvia para levá-la para o trabalho . Um homem com a barba por fazer , cabelos longos , está observando , na rua ; quando o carro com Laura e Sylvia começa a andar , o homem entra num carro , passa a segui-las . Uma profissional competentíssima , uma mulher em profunda angústia Veremos em seguida que Sylvia é a gerente de um restaurante fino , elegante , numa colina , debruçado sobre um mar bravio – o filme não diz explicitamente , mas Sylvia vive no Oregon , no extremo noroeste dos Estados Unidos . É uma profissional extremamemente competente , dá ordens na cozinha ( vemos que o homem com quem ela havia dormido trabalha na cozinha do restaurante ) , dá ordens no belo salão do restaurante , recebe pessoalmente os clientes mais importantes , dá sugestões de vinhos a quem pede um tratamento diferenciado . Ao mesmo tempo , paralelamente , como se tivesse esquizofrenicamente duas caras , duas personalidades , é uma pessoa profundamente angustiada , se automutila , e trepa insaciavelmente com qualquer um que aparece . O filme nos dá esse retrato de Sylvia nos primeiros dez minutos , com bastante competência . E é preciso notar que a lindérrima Charlize Theron , essa mulher que me parece a segunda coisa mais bela que a África do Sul deu ao mundo – depois da extraordinária lição de reconciliação levada a cabo por Nelson Mandela – , mais uma vez faz um filme em que é maquiada para parecer menos bela do que é . ( Em Monster – Desejo Assassino , conseguiram transformá-la literalmente em um monstro . ) Sua Sylvia não tem glamour : a beleza faiscante da atriz é sombreada pela expressão de angústia . Diversos outros personagens , outras histórias Paralelamente , enquanto vai nos apresentando Sylvia , o roteirista e agora diretor Guillermo Arriaga nos mostra seus outros personagens : * Há um mexicano , Nick ( interpretado pelo bom ator português Joaquim de Almeida ) , que vive no Novo México e tem um caso com uma mulher casada , Gina ( Kim Basinger ) ; os dois morrem no incêndio do trailer mostrado nas primeiras seqüências do filme ; morreram trepando , segundo constatou a polícia ; * Há o garoto Santiago ( J.D . Pardo ) , filho de Nick , de uns 16 , 17 anos , mais seu irmão e sua mãe . Santigo é que conta para o irmão e um amigo o que ficou sabendo através da polícia , diante das cinzas que restaram do trailer , que ficava estacionado no meio de uma grande planície , um deserto , longe de tudo . Todo mundo na região ficou sabendo que Nick e Gina tinham um caso , e que morreram queimados juntos . A mãe de Santiago , mulher de Nick , ficou sabendo – e , cheia de humilhação , vergonha e ódio , amaldiçoa o marido morto . * Também o marido de Gina , Robert ( Brett Cullen ) , naturalmente , ficou sabendo do escândalo . Vai ao enterro de Nick amaldiçoar aos berros o homem que comia sua mulher . Gina e seu marido têm quatro filhos – a mais velha deles , Mariana ( Jennifer Lawrence ) , de uns 16 anos , já sabia , fazia algum tempo , da infidelidade da mãe . * Santiago procura Mariana ; quer saber como era a história paralela , secreta , de seu pai , com a mãe da garota . Vão acabar ficando muito próximos , o filho do pai infiel e a filha da mãe infiel ( na foto ) . * E ainda há um outro grupo de personagens : uma dupla de amigos que ganha a vida jogando pesticidas em plantações , de um pequeno avião , mais a filha de um deles , Maria ( Tessa Ia ) , garota de uns 12 anos , esperta , inteligente , que participa do trabalho com o pai e com o amigo dele , voa com eles , trabalha como navegadora , dando coordenadas através de um GPS . Maria e seu pai ( Danny Pino ) conversam às vezes em espanhol , às vezes em inglês ; o amigo do pai , Carlos ( Jose Maria Yazpik ) , só fala espanhol . Exatamente como em 21 Gramas , como em Babel , o roteiro de Guillermo Arriaga vai entremeando as histórias desses vários personagens . E será só lá pela metade do filme que o espectador perceberá que Arriaga usou um truque . Muitos elogios ao filme Parece que foi bem recebido , de maneira geral , esta estréia de Arriaga como diretor ( ele havia dirigido apenas dois curta-metragens , antes ) . O Los Angeles Times teria dito que o filme é “ poderoso , profundo e maravilhosamente filmado ” , segundo diz a capa do DVD . Vejo no AllMovie : “ Como seu trabalho como roteirista em Babel , 21 Gramas e Amores Perros , a estréia de Guillermo Arriaga na direção é um drama complexo , emocional , que não se limita a uma única narrativa . Em vez disso , The Burning Plain pula para trás e para frente através de quatro diferentes épocas e histórias . ( … ) Como as vidas de seus personagens , este filme é emocionalmente devastador , enquanto a audiência testemunha a crueldade que as pessoas podem causar aos outros , e a si mesmas . ” E mais tarde : “ Apesar de seus defeitos , The Burning Plain é tecnicamente forte . O diretor de fotografia Robert Elswit , que fez tomadas belíssimas de paisagens em filmes como There Will Be Blood e Syriana , traz seu talento para as histórias passadas no Sul , enquanto John Toll captura belamente o cinzento de Portland . O montador Craig Wood faz com talento as transições entre as diferentes histórias , permitindo que as tomadas sirvam , elas próprias , como chaves para o mistério que começa com o plnao inicial de um trailer incendiado no deserto do Novo México . ” Direção de atores fraca . E um gosto forte de artificialidade Isso colocado , vou dar minha opinião pessoal . É um filme muito bem feito , sem dúvida alguma . Não há como discutir isso , ou negar . Embora a fotografia seja de fato sensacional , assim como a montagem , a música ( falo dela um pouco abaixo ) , e o roteiro prossigam na mesma fórmula que deu extremamente certo em 21 Gramas e Babel , achei falha a direção de atores . Não há propriamente atuações péssimas , que derrubem o filme . Não , isso não há . Mas também não há grandes atuações ; são interpretações medianas , às vezes um pouco fracas . Dá para sentir – bem , eu senti – que falta experiência a Arriaga nessa parte fundamental do trabalho de direção . Há momentos em que as interpretações são francamente inconvincentes . E a verdade é que não consegui propriamente gostar do filme . Percebia as qualidades , percebia o talento do roteirista que sabe criar essa teia de aranha de interconexões de histórias , vidas que se cruzam – mas ( fazer o quê ? ) achei tudo … artificial . Pouco real . Pouco crível . E não pude deixar de me sentir um tanto enganado , quando , lá pela metade do filme , chega o momento em que o espectador percebe que Arriaga usou um truque . ( Obviamente , não teria sentido revelar que truque é , mas todo espectador vai percebê-lo , é claro . ) Sei lá . Pode ter também essa coisa muito particular minha , de uma certa irritação com personagens que só conseguem escolher o pior caminho a tomar , que perseguem a infelicidade . Sim , claro , há muitas pessoas que são assim – mas quando todos são perseguidores de infelicidade , não consigo me envolver com a história . Dá uma certa repulsa . Mas tudo isso , é claro , são minhas opiniões pessoais e intransferíveis . E – repito – são inegáveis as qualidades do filme . Uma trilha sonora semelhante às dos filmes anteriores Uma pequena observação sobre a trilha sonora . O autor das trilhas de Amores Perros , 21 Gramas e Babel – todos com roteiro de Guillermo Arriaga , é bom lembrar – foi o argentino Gustavo Santaolalla , sujeito de grande talento , autor de outras belas trilhas , como de O Segredo de Brokeback Mountain , de Ang Lee , de Diários de Motocicleta , de Walter Salles , e Terra Fria / North Country , de Niki Caro , por coincidência também com a estonteante Charlize Theron . Na maior parte dessas trilhas , Santaolalla fez melodias minimalistas , um pouco no estilo do grande Philip Glass , em vários momentos com apenas pequenos toques de violão ou guitarra . A trilha sonora deste Vidas Que Se Cruzam não é de Santaolalla ; assinam a trilha Omar Rodriguez-Lopez e Hans Zimmer . Hans Zimmer tem feito trilhas belas – porém fortes , quase chegando à grandiloqüência , com grandes orquestras , muitas cordas . A antítese do trabalho que Santaolalla criou para os demais roteiros de Arriaga . Pois aqui , no entanto , esses dois compositores criaram uma trilha bem próxima às do compositor argentino . Mínima , minimalista . Impressionante . Ficou extremamente coerente com os filmes anteriores baseados nos relatos de vidas que se cruzam que Arriaga escreveu antes . Teve personalidade própria , Arriaga : os compositores se moldaram ao estilo de seus filmes anteriores . Achei isso fascinante . E repito : é um filme bem feito , e que tem muitas qualidades . Não me apaixonei por ele , não gostei muito dele , mas é um filme de qualidades . Quem gostou dos anteriores escritos por Arriaga seguramente vai gostar também deste aqui . 2 Comentários Engraçado , quando vi o filme vim aqui ver se vc já tinha escrito sobre ele , mas não tinha . E fiquei pensando o que vc iria achar , mas não quis te indicar pq não indico filmes que achei ruins ( e agora sei que vc já tinha assistido ) . Eu tb não gostei , não me apaixonei , pelo contrário : achei fraco , raso e de um psicologismo chinfrim ; do tipo que subestima a inteligência de quem está assistindo . Mas gostei dos anteriores dele , embora não tenha achado essa Coca-Cola toda que todo mundo disse nas respectivas épocas em que foram lançados . Assisti agora . É como voce diz , não é um grande filme mas é um filme bem feito e que tem muitas qualidades . E , eu gostei . E com isto , acho que pela primeira vez , estou discordando da querida amiga , Jussara . Não entendi quando a Mariana diz pro namorado que amava a mãe mas não gostava dela . É possível amar alguém e não gostar desse alguém ? Quis entender que era do jeito de ela ser e ( ou ) agir . Será isto ? Coisa meio louca aquela da cicatriz . Mas , me lembrou de uma passagem quando eu tinha 20 anos e junto com meu melhor amigo,os dois já embriagados , juntamos nossos braços e largamos um cigarro sôbre eles e apostamos que quem tirasse primeiro pagava duas “ cubas libres ” . Teve de vir um outro amigo tirar o cigarro . Tenho essa cicatris até hoje . Coisa louca,insana . Depois culpamos as cubas . Como diria Agildo Ribeiro,coisa horrorooosa ! ! Não gostaría de estar na pele da Mariana . Incrível como ainda podia haver , naqueles dias , aquele ranço entre famílias pelo que houve . Acho que é como voce diz , tem gente que gosta de procurar o pior , de ser infeliz . Gostei de ver a menina Tessa La Gonzales . Tinha visto com ela e gostei muito e aí ela já era adolescente , ” Depois de Lúcia ” . Tens razão Sergio , aquele trabalho de maquiagem na Charlize em ” Monster ” foi uma coisa “ monstruosa ” . ” 21 Gramas ” eu assisti já tem bastante tempo e gostei muito . ” Voce não vem ” ? Ali estava o perdão . Um abraço ! ! [ … ] com 10 , 12 anos , interpretado por Kodi Smit-McPhee . A mulher sem nome vem na pele estonteante de Charlize Theron . Com muita competência , o filme deixa claro que aquelas imagens são memórias , sonhos , pesadelos [ … ] [ … ] uma estrutura multiplots , passada em vários lugares do planeta . Algo como as histórias de Guillermo Arriaga e Alejandro González Iñárritu . Além da Vida tem um quê de Babel , de vidas que se cruzam , sim [ … ] [ … ] adora esse tipo de história – é o autor do roteiro de 41 Gramas e Babel e ele mesmo dirigiu Vidas Que Se Cruzam / The Burning Plain , que , como o próprio título brasileiro indica , também é uma espécie de La Ronde , de Short [ … ] [ … ] Tessa Ia estava em seu terceiro filme : havia feito antes uma série de TV e tinha tido um papel em Vidas Que Se Cruzam / The Burning Plain , de 2008 , o primeiro longa-metragem de Guillermo Arriaga , conhecido por seus roteiros para filmes [ … ] [ … ] O Xangô de Baker Street , de 2001 , trabalhou com Guillermo Arriaga na produção americana Vidas que se Cruzam , de 2008 , fora trabalhos com realizadores portugueses , Mulheres – Amizades Simples , Vidas [ … ] [ … ] 2014 , ao mesmo espírito de seu filme de 2005 . Três Enterros tem argumento e roteiro do mexicano Guillermo Arriaga – o autor dos roteiros de 21 Gramas e Babel , dirigidos por Alejandro González Iñarritu – , e [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Um Bom Partido / Playing for Keeps De : Gabriele Muccino , EUA-Itália , 2012 Nota : Alguém mal-humorado poderia dizer que a contribuição deste Um Bom Partido para a cultura seja mostrar que o futebol – o futebol mesmo , o esporte bretão – parece estar finalmente chegando aos Estados Unidos . Ou então mostrar que as esposas da classe média americana têm um insaciável apetite sexual . Bem , de fato o filme mostra esses dois fenômenos . Mas eu não sou mal-humorado , e então me diverti um tanto com essa comedinha romântica de 2012 dirigida pelo italiano Gabriele Muccino , que parece ter se estabelecido de vez em Hollywood . Voltou à Itália para lançar , em 2010 , O Último Beijo / Baciami Ancora . Dois anos depois veio este Um Bom Partido , no original Playing for Keeps . Fala de futebol , de infidelidade conjugal – mas , sobretudo , é , como foram os filmes anteriores do realizador , sobre a relação pai-filho . E vejo no IMDb que Muccino está preparando , em maio de 2014 , um novo filme sobre o mesmo tema , Fathers and Daughters . O cara é de fato useiro e vezeiro . Tenho grande simpatia por realizadores que insistem em um tema que é importante para eles . E gosto demais do tema pais-filhos . George torrou toda a montanha de dinheiro que ganhou , e agora está duro O filme abre com imagens de partidas de futebol . Legendas informam : “ George Dryer 1993 ” – e George faz um golaço . “ George Dryer 1996 ” – e George faz outro golaço . “ George Dryer 2005 ” – um novo golaço . Um locutor anuncia que , aos 36 anos , George Dryer , chamado pelas torcidas dos times ingleses e escoceses em que jogou de King George , se machucou . E temos então um letreiro “ George Dryer hoje ” . O ex-jogador , ex-ídolo das torcidas – interpretado pelo galã George Butler – , está em casa , diante de uma pequena câmara , fazendo um comentário sobre partidas de futebol . Sonha em levar uma fita demo para alguma emissora , tentar emplacar como comentarista . Não vai muito bem , o ex-King George . Enquanto ele tenta gravar seu comentário , o telefone toca , a secretária eletrônica atende : é da empresa de cartão de crédito , ele está com 120 dias de atraso . Mora numa pequena casinha dos fundos , atrás de uma bela casa ocupada por um indiano , Param ( Iqbal Theba ) . Assim que o vê , Param vai atrás dele para cobrar os aluguéis atrasados . Grandes jogadores , craques , a gente sabe muito bem , ganham fortunas . Sua vida útil é curta , mas dá perfeitamente – para quem sabe se planejar – para juntar bastante dinheiro para ter uma vida confortável depois de deixar o esporte . Não foi o caso de George Dryer , que torrou esplendidamente sua grana enquanto ela chovia , em viagens pela Europa , Ferraris , aluguel de belas villas , essas coisas . Fez isso em companhia da mulher , Stacie ( o papel de Jessica Biel ) , que conheceu quando ele estava no auge da fama e ela era uma jovem americana da Virginia de 23 anos em viagem à Inglaterra . Tiveram um filhinho , Lewis . Separaram-se , ela voltou para a Virginia . Depois que ele teve que se aposentar do futebol devido à contusão , resolveu se mudar para a cidade da mulher , para poder ver o filho com freqüência . Quando a ação começa , Lewis ( interpretado por Noah Lomax ) está com 9 anos de idade , e faz três anos que Stacie mora com Matt ( James Tupper ) , um cara legal . Ele vira treinador do time de futebol da escola . Os alunos o adoram . As mães deles também O cinema já mostrou outros grandes atletas ou desportistas em má situação depois que o auge da carreira passa . Kevin Costner , por exemplo , interpretou um ex-campeão de beisebol que vive enchendo a cara , no interessante A Outra Face da Raiva / The Upside of Anger , de Mike Binder ( 2004 ) . Há ex-atletas que caem em poços profundos , em vários outros filmes . Mas esta aqui é uma comedinha romântica . George não vai se afundar na cachaça ou alguma outra droga , e o espectador já sabe que no fim – afinal , é um filme do cinemão comercial americano ! – tudo tudo vai dar pé . O George que vemos no início da narrativa é apenas um sujeito um tanto imaturo , desorganizado , avoado . E sem grana , claro . Embora tenha se mudado para aquela cidade para estar perto do filho ( e também , como veremos depois , para estar perto da ex-mulher ) , perde os horários , chega atrasado para os encontros marcados com Lewis . O menino adora o pai , mas é claro que se ressente quando ele se atrasa , ou simplesmente dá o cano . Lewis faz parte do time de futebol da escola – e isso é que é fascinante : agora há times de futebol nas escolas americanas ! E o time é misto : há também garotas . Ao ver os treinos , George se impacienta : o técnico é um despreparado , não dá a menor atenção aos garotos , fica o tempo todo falando ao celular . Da primeira vez que vemos George assistir a um treino , ele fica impaciente , mas quieto . Da segunda vez , com o técnico ausente , fora do campo , falando ao telefone , ele não aguenta : entra no campo , conversa com os garotos e garotas , mostra a eles como chutar a bola . Os pais que vêem o treino ficam fascinados . As mães , mais ainda : afinal , George é um tipão , fina estampa , e ainda por cima tem aquele sotaque escocês . Querem que George assuma o posto de técnico . A princípio ele não se entusiasma . Nunca tinha sido treinador , e precisa investir na futura talvez possível carreira de comentarista de TV . Mas Stacie , a ex , dá-lhe uma dura : pô , você não pode , uma vez na vida , fazer o que seu filho está pedindo ? E ele topa . Em papéis pequenos , duas atrizes belíssimas : Uma Thurman e Catherine Zeta-Jones Os meninos e meninas adoram o novo treinador . O pai de um dos garotos , Carl ( Dennis Quaid , com os cabelos pintados para não mostrar a idade e fazendo muito mais caretas do que seria necessário ) , um ricaço , se entusiasma : depois de ver , na internet , que George foi um herói , um craque , no Reino Unido , o enche de lisonjas , dá ao time uma farta contribuição em dinheiro . É um personagem interessante , esse , interpretado por Dennis Quaid . É o típico sujeito rico para quem tudo , tudo , tudo na vida é dinheiro e aparência . O roteiro ( de Robbie Fox , também autor do argumento ) não se preocupa em dizer qual é a origem do dinheiro de Carl , mas não deve lá ser algo muito legal . Carl é casado com um avião , um baita de um Boeing , Patti , que vem na tela no corpo infindável de Uma Thurman . Carl trai Patti constantemente , mas ao mesmo tempo tem um ciúme patológico dela . Patti e mais duas mães de garotos do time vão partir para cima do treinador bonitão . Dessas outras duas , uma é divorciada , e profundamente insegura – Barb , interpretada por Judy Greer . A outra é casadíssima , e profundamente segura de si – Denise , interpretada por uma Catherine Zeta-Jones que parece ter feito algumas plásticas erradas . Um filme simpático , divertido , e que acerta no fundamental Aparentemente o filme foi um fracasso na bilheteria . Teria custado US$ 35 milhões , e nas bilheterias americanos rendeu apenas US$ 13 milhões . Isso apesar dos nomes famosos todos no elenco . O futebol está começando a chegar aos Estados Unidos , mas , pelo jeito , só começando . Detalhinho : não conhecia a expressão “ play for keeps ” . Aprendo ( nunca é tarde para aprender , embora no dia seguinte já seja difícil lembrar ) que play for keeps é fazer as coisas com efeito permanente , ser sério nas ações . É o que o nosso George vai aprendendo ao longo do filme . Não é , de forma alguma , um grande filme , este Playing for Keeps . Mas é simpático , divertido – e acerta no que é fundamental : pai que presta é pai que dá atenção e carinho ao filho . Testemunha de Acusação / Witness for the Prosecution De : Billy Wilder , EUA , 1957 Anotação em 2010 : Testemunha de Acusação é o máximo . É uma obra-prima , uma perfeição . A gente não cansa de ver – cada vez que vê , é de novo um prazer imenso , renovado . Não são muitos os filmes assim . De forma alguma . Não sei quantas vezes já vi o filme . Tento ser organizado , tento anotar tudo direitinho , mas não consigo , conforme mostra o caso de Testemunha de Acusação . Só achei registro de duas vezes , antes desta mais recente revisão agora , em julho de 2010 , e já vi o filme umas seis , oito , dez vezes . Mas isso não importa . É um filme absolutamente genial . Enquanto revia pela sei lá quantas vezes o filme , fiquei pensando coisas como : – ficam aí tentando criar histórias com reviravoltas ; tudo bem , é um direito das pessoas . Mas nunca vão criar uma história com reviravoltas como esta ; – ficam aí tentanto fazer filmes que surpreendam ; tudo bem . Mas já foram feitos filmes perfeitos que surpreendem muito , demais ; – ficam aí criando todo tipo possível de fogos de artifício , de truquezinhos , de invençõezinhas , para parecer moderno , e novo , e inovador , e genial ; tem nego que acha que o cinema começou com Quentin Tarantino . Volta e meia criam uma novidade de tamanho de tela – nos últimos anos tem um monte de nego apostando no 3D . Besteira , tudo besteira , coisa periférica . Para fazer um grande filme , é preciso de uma bela história , um belo roteiro para contar bem a história , um grande diretor , grandes atores . Só isso – ou melhor , tudo isso . O resto é perfumaria , armazém de secos e molhados . Modismo . Coisa que passa , que nem chuva de verão . Um grande encontro de artistas fora do comum Testemunha de Acusação é , entre muitas outras coisas , o encontro de quatro artistas fora do comum : Agatha Christie , Billy Wilder , Charles Laughton e Marlene Dietrich . Agatha Christie ( 1890-1976 ) , aquela velha inglesa louca de pedra , criou , sei lá , mais de 400 histórias . Tinha mais idéias de histórias do que o Tio Patinhas tinha moedas em seu cofre , e felizmente viveu muito . Qualquer professor de literatura terá trocentos argumentos para dizer que Agatha Christie é uma autora menor – mas as pessoas não dão a menor bola para o que os doutores falam em suas emproadas teses . As pessoas adoram as histórias envolvendo crimes , e a velhinha louca soube como ninguém bolar essas histórias . Das 400 histórias que ela bolou , e das , sei lá , 50 que li , costumava achar que O Assassinato de Roger Ackroyd fosse a melhor . Não é , não . Acho que a melhor é Testemunha de Acusação . É uma trama intensa , rica , que fala de fidelidade e traição , amor e ódio , admiração e inveja , competência e ambição , crime e castigo . Testemunha de Acusação talvez não seja o melhor filme de Billy Wilder ( 1906-2002 ) , acho eu . Até porque é difícil definir qual é o melhor filme desse diretor excepcional , extraordinário , que fez de tudo – de drama soturno sobre alcoolismo , Farrapo Humano , a filme de guerra , Inferno Inferno nº 17 , de denúncia violenta do jornalismo sensacionalista , A Montanha dos Sete Abutres , à essência do film noir , Pacto de Sangue , da comédia mais trágica que pode haver , Se Meu Apartamento Falasse , à comédia mais escrachada , Quanto Mais Quente Melhor . Charles Laughton ( 1899-1962 ) é um gigante – seu talento consegue ser maior que seu corpanzil . É um dos melhores atores destes primeiros cento e tantos anos de história do cinema . Segundo Billy Wilder , é o melhor ator com que ele trabalhou . Em Testemunha de Acusação , dá um show absurdo . O Sir Wilfrid Robarts que ele cria é um dos personagens mais marcantes da história do cinema – o melhor advogado criminal da Inglaterra , uma lenda , já um sir , que teve um ataque cardíaco , ficou em coma , ficou semanas no hospital , e , no dia em que volta finalmente para sua casa e seu escritório , protegido por uma enfermeira linha dura e por um mordomo fiel até a mais completa sabujice , fica sabendo de um caso interessante – um homem suspeito de assassinar uma senhora sua amiga que jura inocência , mas cujo único álibi é sua mulher , e os jurados não costumam acreditar muito em um único álibi provido exatamente pela mulher do réu . Ninguém dirigido por Billy Wilder trabalha mal O acusado , Leonard Vole , é interpretado por Tyrone Power ( 1914-1958 ) , o ator que fez suspirar milhões de mocinhas nos anos 30 e 40 – mas o filme é de 1957 , e o astro estava já um tanto velhinho . Foi seu último filme , aliás . Não está mal , Tyrone Power , como o homem que tudo indica que é o assassino , mas que consegue convencer o veterano , brilhante , advogado da sua inocência . Demonstra uma certa calma , em algumas seqüências , um certo estupor em outras , e pavor , temor , desespero , em outras . Ninguém dirigido por Billy Wilder trabalha mal . Mas o show é de Charles Laughton como Sir Wilfrid Robarts , o melhor advogado criminal da Inglaterra , e de Marlene Dietrich , como Christine Vole , a mulher de Leonard , seu único álibi . ( E aí não consigo me impedir de anotar sobre a extraordinária riqueza da língua inglesa . Há bem no começo do filme um diálogo que usa três palavras para o que , na última flor do Lácio inculta e bela , temos apenas uma , “ advogado ” . Num único diálogo , quando Sir Wilfrid conhece Leonard , fala-se em lawyer , solicitor e barrister . Lawyer é o termo genérico , o cara que estudou Law , a lei ; solicitor é o advogado das causas cíveis , acho eu ; barrister – aí está a riqueza – é o advogado que fica diante da bar , a barra do tribunal , ou seja , o advogado criminal , que enfrenta júris . Não sei se é riqueza da língua ou da civilização inglesa – ou um indício de que aquele povo tem mais respeito à lei do que outros povos , mais recentes , mais novos , criados nos trópicos – povos mais chegados a uma ginga de corpo , ao jeitinho , à esperteza , à Lei de Gérson , a presidente da República que zomba das leis . ) As lentes das câmaras se derretem por Marlene E então chegamos a Marlene Dietrich ( 1901-1992 ) , a quarta artista fora do comum deste filme em que quatro artistas maiores , extraordinários , fora do comum , se encontraram . Marlene é uma diva , uma das maiores que já passaram pelas telas do cinema . Que beleza , que poder tem aquele rosto , feito para deixar apaixonadas as câmaras de cinema que passassem à sua frente . Como eu mesmo já disse , não é à toa que as câmaras de Hitchcock , de Orson Welles , de David O . Selznick ( o cara era mais que um simples produtor , era o autor dos seus filmes ) , de Rouben Mamoulian , de René Clair , de Stanley Kramer , de Fritz Lang , de Billy Wilder , se apaixonaram por Marlene Dietrich . As lentes das câmaras parecem se derreter diante dela . Marlene ( é sempre bom lembrar ) deixou sua Alemanha natal em 1930 , três anos antes de Hitler assumir o poder . Foi levada para Hollywood por seu conterrâneo Josef Von Sternberg , depois que os dois fizeram juntos , ainda na Alemanha , O Anjo Azul , e deixaram o mundo babando . Os alemães tentaram atraí-la de volta , antes e depois da ascensão do nazismo , mas Marlene continuou nos Estados Unidos ; durante a guerra , botou uniforme americano , trabalhou entretendo as tropas aliadas que lutavam contra Hitler e Mussolini . Conquistou com isso o ódio de muitos alemães . Só voltou à terra natal em 1960 , quando fez uma turnê como cantora ; segundo o CineBooks ’ , naquela ocasião “ disseram a ela que poderia haver uma recepção raivosa por parte de alguns alemães , inclusive com violência ( e houve registros de que alguém poderia atirar nela durante as apresentações ) . ” Uma personagem extraordinária para uma atriz idem Billy Wilder fez não um , mas dois filmes em que Marlene Dietrich interpreta uma alemã vivendo no seu país destruído , dizimado , devastado pela Segunda Guerra , e que encontra ajuda com soldados aliados . Esta é uma coincidência , ou repetição , que me parece absolutamente fascinante . Em A Mundana / A Foreign Affair , de 1948 , ela é Erika Von Schluetow , mulher de um importante oficial nazista , agora ( a ação se passa logo após o fim da guerra , em 1946 ) vivendo em penúria entre os escombros do que sobrou de Berlim ; para sobreviver , canta num cabaré no meio das ruínas , e , em troca de sua beleza , recebe presentes fartos de um capitão do exército americano . Em Testemunha de Acusação , faz o papel de Christine , que , logo após o fim da guerra , vivia em penúria entre os escombros do que sobrou de Hamburgo ; para sobreviver , canta num cabaré no meio das ruínas . É lá que conhece Leonard Vole , então um sargento do Exército . Leonard casa-se com ela e a leva para a então bem mais segura e rica Inglaterra . Alguns anos depois , em 1952 – é aí que se passa a ação – , Leonard Vole é preso , acusado de assassinar uma senhora muito rica , e sua única chance de salvação , seu único álibi , é a palavra de Christine . Christine-Marlene demora a aparecer na tela . Entra em cena quando já se passaram uns 30 minutos de filme – 30 rápidos minutos de um filme em tudo brilhante . Mas , depois que ela aparece , o filme melhora ainda mais . É uma atriz extraordinária , Marlene Dietrich . É uma personagem extraordinária , Christine Vole . O espectador é obrigado a concordar com Sir Wilfrid quando ele diz , a boca aberta de espanto : “ Que mulher extraordinária ! ” Personagens interessantes , bem construídos , bem interpretados É impressionante como todos os personagens são interessantes , bem construídos – e bem interpretados . A velhinha Una O’Connor , feia que nem a fome , é impagável como Janet McKenzie , a escocesa pobre que trabalha como empregada na casa da viúva rica que será assassinada . Aparece em duas seqüências , apenas , mas é perfeita . Elsa Lanchester faz com brilhantismo a enfermeira Miss Plimsoll , que trava uma guerra sem tréguas contra seu paciente indócil , que , mal se recuperando de um ataque cardíaco , se expõe à batalha no tribunal e não abre mão dos charutos e do conhaque . A simpática e talentosa atriz era casada , na vida real , com Charles Laughton , o ator que faz o papel de Sir Wilfried . Até Diana ( interpretada por Ruta Lee ) , uma bela jovem morena que se senta ao lado da enfermeira Plimsoll , nas galerias do tribunal , e aparece menos de três minutos na tela , é bastante interessante . O filme teve seis indicações ao Oscar – melhor filme , melhor diretor , melhor ator para Charles Laughton , melhor atriz coadjuvante para Elsa Lanchester , melhor montabem para Daniel Mandell , melhor som para Gordon Sawyer . Não levou nenhum . Elsa Lanchester levou o Globo de Ouro como coadjuvante ; houve indicações também para melhor filme , melhor diretor , melhor ator para Charles Laughton e melhor atriz para Marlene Dietrich ( na categoria drama , é claro ) . “ Só trabalhei com dois grandes diretores : Billy Wilder e von Sternberg ” Marlene não fala uma palavra sobre Testemunha de Acusação em sua bela autobiografia , lançada em 1987 . Marlene Dietrich ( autobiografia ) é um livro fascinante , muitíssimo bem escrito , pontuado por observações inteligentes , de imensa sensibilidade – mas não é um relato cuidadoso e detalhado , que respeite muito a ordem cronológica . Distraída , pouco metódica , a diva não costuma dar direito as datas dos fatos . Aprofunda-se em alguns temas , passa ao largo de outros . Fala de Billy Wilder , mas sobre A Mundana . Depois da guerra , retornou aos Estados Unidos e , segundo ela mesma afirma , voltou a representar “ para ganhar dinheiro ” . “ Billy Wilder tinha chegado a Paris para convencer-me a interpretar o papel de uma mulher nazista no seu filme . Havia recusado ao telefone . Na ocasião , não sabia que não se consegue escapar de Billy Wilder . A ação de A Mundana está intimamente ligada aos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial . Wilder rodou em Berlim todas as cenas em que o ator principal não aparece . Então , viajou a Paris , onde me encontrava na ocasião , para falar-me de seu projeto . Claro que não pude resistir . ” Quando Marlene e Wilder voltaram a trabalhar juntos , em 1957 , para fazer Testemunha de Acusação , Marlene estava mais envolvida com sua nova carreira de cantora . Fazia turnês por diversos países do mundo , mas seu interesse pelo cinema era quase nenhum – depois deste filme , só faria mais dois , A Marca da Maldade / Touch of Evil , de Orson Welles , e Julgamento em Nuremberg , de Stanley Kramer . Trabalhou com diversos diretores , Orson Welles entre eles , mas , quando Peter Bogdanovich a entrevistou para seu livro Picture Shows , e disse a ela “ A senhora trabalhou com muitos grandes diretores … ” , a diva o interrompeu : “ Não , não . Só trabalhei com dois grandes diretores , von Sternberg e Billy Wilder ” . Um dos melhores filmes de Hitchcock – só que feito por Wilder Marlene e Wilder haviam se conhecido ainda em Berlim , em 1929 , antes que os dois fossem para Hollywood . Ela estava começando no teatro , fazia uma revista musical , e ele , que trabalhava como jornalista , foi entrevistá-la . Ficaram amigos em Hollywood , nos anos 30 . Billy Wilder conta , no livo Billy Wilder – e o resto é loucura , uma biografia do mestre escrita pelo professor e crítico alemão Hellmuth Karasek , que contém longos depoimentos do próprio biografado , que foi escolhido para dirigir Testemunha de Acusação graças a Marlene : “ Marlene Dietrich me perguntou se não queria filmar com ela o livro Testemunha de Acusação , de Agatha Christie . Ela condicionou sua participação , dizendo que só aceitaria se eu assumisse a direção . ” Na mesma biografia-relato , o diretor conta que , ao longo de sua carreira , aconteceu apenas duas vezes de ele ter sido elogiado pelo autor do livro em que se baseou . A primeira foi com Pacto de Sangue , de 1944 : James M . Cain , o autor do livro , disse a Wilder que ele havia melhorado sua narrativa com o filme , “ o que posteriormente só me ocorreu uma única vez : com Agatha Christie , depois da primeira exibição de Testemunha de Acusação . Há uma frase brilhante de Hellmuth Karasek que define com perfeição este filme . Vai aí : “ Testemunha de Acusação é um dos melhores filmes de Hitchcock – só que dirigido por Billy Wilder . ” Sem dúvida , Hitchcock teria tido o maior prazer em assinar este filme . Ao final do filme , há um pedido ao espectador : “ A gerência deste cinema sugere que , para maior entretenimento de seus amigos que ainda não viram este filme , não contem o segredo do final de Testemunha de Acusação . ” Três anos depois , Hitchcock usaria essa mesma idéia : toda a campanha de marketing de Psicose , lançado em 1960 , era em torno da recomendação para que ninguém revelasse o final do filme . Esperto , grande marqueteiro , o velho inglês ainda bolou um expediente a mais : os cinemas não permitiam a entrada de espectadores depois de iniciada cada sessão de seu filme . Hellmuth Karasek está certíssimo : “ Testemunha de Acusação é um dos melhores filmes de Hitchcock – só que dirigido por Billy Wilder . ” 13 Comentários Pode-se escrever frases e frases sobre o cinema e com poucas eu concordaria mais do que com essa : “ é preciso de uma bela história , um belo roteiro para contar bem a história , um grande diretor , grandes atores ” . Basta . É exatamente isso . E , sim , Testemunha de Acusação é um dos melhores . Revi inúmeras vezes , a última foi agora nas férias de julho . É um filme adorável . Porque adoro a velhinha louca . Já li e tenho mais de 80 livros ; adoro Billy Wilder , diretor impecável e , claro , como não adorá-la : Marlene . E , já que fui liberada em comentários , só um a mais : é ao rever filmes assim que sinto justificada minha nostalgia . Realmente , esse filme é o máximo ! Eu o vi lá pelos anos 60 , creio , no cine Metrópole em BH.Depois de tudo que você escreveu , estou com uma vontade imensa de revê-lo . Farei isto . Concordo plenamente com você - Para nos satisfazer , bastam = um grande diretor , um belo roteiro , grandes atores e uma história bem contada . Não necessitam firulas , 3ds , etc Ah ! Marlene Dietrich ! Que beleza diferente , que pernas , que atriz ! tio , por que não uma ferramenta que permita o envio das anotações ? por exemplo , falei pro geraldão , especificamente sobre a radação , o texto , o conteúdo da nova anotação do testemunha de acusação … vou então copiar o link e enviar ao papai . olha , a tua página está sensacional . simples , objetiva , fácil , ‘ leve ’ … tua cara . um abraço teu sobrinho curitibano beto vaz Tudo o que foi dito é verdadeiro…ou quase tudo , pois faltou dizer uma dura verdade : por mais extraordinário que o filme seja , Billy Wilder cometeu um erro primordial : não foi o advogado quem deu a idéia para a personagem de Marlene Dietrich , não ! Quando o filme começa , o personagem de Marlene já está à procura ESPECIFICAMENTE do personagem de Charles Laugton , pois toda a trama já estava armada…O que , aqui pra nós , elimina a desculpa de “ adaptação ” , até porque não havia como “ adaptar ” a coluna vertebral da história de Agatha ( que é de 1954 ) . Quem leu o texto original da ” velhinha louca ” vai entender o que estou dizendo … Esse é um dos motivos pelo qual frequento seu blog ! Nunca tinha ouvido falar desse filme ( me envergonho disso ) e o 1001 filmes para ver antes de morrer lista seis filmes de Billy Wilder , mas não testemunha de acusação . Nesse caso , eles deveriam se envergonhar também , principalmente pelo fato de listarem lixos como avatar e filmes por demais supervalorizados , como onde os fracos não tem vez e quem quer ser um milionário . Consegui comprar o filme pela livraria da folha ( pena que com o terceiro homem e pacto de sangue não estou tendo a mesma sorte ) e já assisti duas vezes , a segunda delas com meu irmão , que também adorou . A frase com que vc inicia o texto , descreve perfeitamente o filme : “ É o máximo , uma obra prima , uma perfeição ” . Basta dizer que no dia seguinte a assistir ao filme , interrompi no meio a leitura de Admirável Mundo Novo e comecei a reler um livro da Agatha Christie ( para desespero dos professores de literatura ) . Novamente , obrigado pela dica ! “ ( E aí não consigo me impedir de anotar sobre a extraordinária riqueza da língua inglesa . Há bem no começo do filme um diálogo que usa três palavras para o que , na última flor do Lácio inculta e bela , temos apenas uma , “ advogado ” . Num único diálogo , quando Sir Wilfrid conhece Leonard , fala-se em lawyer , solicitor e barrister . Lawyer é o termo genérico , o cara que estudou Law , a lei ; solicitor é o advogado das causas cíveis , acho eu ; barrister – aí está a riqueza – é o advogado que fica diante da bar , a barra do tribunal , ou seja , o advogado criminal , que enfrenta júris . Não sei se é riqueza da língua ou da civilização inglesa – ou um indício de que aquele povo tem mais respeito à lei do que outros povos , mais recentes , mais novos , criados nos trópicos – povos mais chegados a uma ginga de corpo , ao jeitinho , à esperteza , à Lei de Gérson , a presidente da República que zomba das leis . ) ” Sem a menos sombra de dúvida a quantidade de termos sinônimos de um idioma claramente indica toda a riqueza e sofisticação da língua . Isso para não mencionar seu óbvio respeito às leis e instituições – conseqüência natural da existência de diversos termos unívocos . Oi , Sérgio , concordo em gênero , número e grau com a Luciana , q diz q , traduzindo , um filme baseado em livro da dame Agatha Christie , dirigido pelo maravilhoso Billy Wilder e com um elenco de primeira como esse só poderia dar em um filme de primeira linha q a gente não cansa de rever ! Só gostaria de fazer uma observação : porque esse menosprezo pela autora de policiais ? Sei q os metidos a intelectuais consideram o policial um sub-gênero na literatura , mas há policiais e policiais . Uma escritora capaz de criar detetives do quilate do belga Hercule Poiror , q faz toda a sua investigação usando o q ele chama de “ massa cinzenta ” , ou seja , a Psicologia dos envolvidos no crime e a senhorinha inglesa Miss Marple , q consegue resolver crimes q a pp Scotland Yard não consegue , por meio de um paralelo com a vida em sua vila do interior não pode ser considerada menos importante e interessante q o Huxley , do livro citado pelo Rafael . Eu protesto contra esse preconceito , a meu ver , indevido . Beijos Guenia Bunchafthttp://www.sospesquisaerorschach.com.br Cara Guenia , você pergunta por que “ esse menosprezo pela autora de policiais ” . Da minha parte , não há menosprezo algum ; muito ao contrário . Eu curto Agatha Christie ; já li dela , como digo no texto acima , uns 50 livros . E adora o romance policial , como demonstro no site 50 Anos de Textos – basta você dar uma olhada na tag Livros , lá . Agora , quanto ao menosprezo por Agatha Christie , e pelo romance policial como um todo , por parte dos acadêmicos , dos críticos literários , sei lá eu – problema deles , uai ! Um abraço ! Sérgio Oi , Sergio , falei sobre a Agatha Christie não criticando vc , é claro , mas os professores do Rafael , q não sabem distinguir um bom policial de um mau policial ! Como em qq gênero , romance , drama , biografia etc há livros de boa e de má qualidade , o q me incomoda é achar q , pelo fato de ser policial é necessariamente ruim , como os cinéfilos cults acham q todos os filmes do Bergman são necessariamente “ bons ” . Generalizações costumam ser perigosas , me parece . Beijão Guenia Bunchafthttp://www.sospesquisaerorschach.com.br Oi , Sérgio Mas que maravilha de filme , para mim realmente é o melhor filme de Billy Wilder ! A primeira reviravolta , em que a Marlene Dietrich se coloca contra o marido eu já tinha esquecido , assim como a reviravolta final que levou a gerência do filme a pedir ao espectador que não comente com seus amigos o segredo do final de Testemunha da Acusação . Isso que é filme de tribunal , mas é também um suspensaço muito humano , típico da Agatha Christie , cujos policiais eu adoro justamente porque levam muito em conta os sentimentos das pessoas e acho que isso é o mais importante em qualquer história e filme ! Guenia Bunchafthttp://www.sospesquisaerorschach.com.br [ … ] Douce , de 1963 , o policial finge ser cafetão , que por sua vez finge ser um inglês milionário . Em Testemunha de Acusação , de 1957 , o personagem de Marlene Dietrich finge … ( Não tem sentido revelar o que ela finge . ) Em [ … ] [ … ] anuncia no Times que precisa de uma babá . ( A babá anterior , Kate Nanna , interpretada por Elsa Lanchester , pede demissão no início da narrativa por não aguentar mais os dois filhos dos Banks . ) Mrs . [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Sangue de Pantera / Cat People De : Jacques Tourneur , EUA , 1942 Nota : Credo em cruz , como é ruim Sangue de Pantera / Cat People , um clássico famoso , respeitado , elogiadíssimo , feito por Jacques Tourneur na sua fase Hollywood , em 1942 ! Não é que seja ruinzinho . É um horror , é pavoroso , é agressivamente , grotescamente , pateticamente ruim . Não há absolutamente nada nele que funcione , que tenha algo que remotamente lembre algum talento , alguma inteligência . A história , a trama é ridícula , inacreditavelmente ilógica , sem pé nem cabeça . As situações são canhestras , daquelas de dar profunda vergonha no pobre espectador . Os diálogos são caricatos . Os atores estão pessimamente dirigidos . Ed Wood , que passou para a história como o pior diretor de cinema do mundo , morreria de vergonha se seu nome fosse associado a esta monumental trolha . E , no entanto , o filme é tido como um clássico . Mereceu loas e loas ( em seguida vou transcrever algumas que certamente vou encontrar nos alfarrábios ) , deu origem a uma continuação , Maldição do Sangue de Pantera / The Curse of the Cat People , de 1944 , com o mesmo trio central de atores , mas dirigido por Gunther von Fritsch e Robert Wise . E teria uma refilmagem nos anos 1980 , com o mesmo título original , Cat People , no Brasil A Marca da Pantera . Vi essa refilmagem – dirigida por Paul Schrader , com a deslumbrante Nastassja Kinski no papel central – na época , e , fora a beleza da atriz , nada me impressionou muito . Um spoiler ? Ou seria chover no encharcado ? Claro , como a refilmagem é de 1982 , exatamente a época em que o cinema partia para a explicitude total , a transformação da heroína em pantera é absolutamente explícita , enquanto no original ela não é mostrada . Vixe – seria um spoiler dizer que heroína se transforma em pantera ? Mas se o próprio título do filme já indica isso … Será que o filme é bom mesmo e eu é que estava num dia ruim , e isso é que explicaria por que o achei tão absolutamente horrendo ? Pode ser , pode ser . Essas coisas acontecem com frequência . Assim como o santo da gente simplesmente às vezes não vai com o santo de outras pessoas , isso também acontece em relação aos filmes . Pode ser , pode ser . Mas devo dizer que tinha imensa curiosidade em ver o filme tão badalado ; não tenho absolutamente nada contra Jacques Tourneur , ao contrário ; e me sentei para ver o filme com a melhor boa vontade do mundo . E gosto muito dos filmes de horror dos anos 30 e 40 . Mas só com base na primeira seqüência já dava para ver que o filme é ruim . A moça Irena ( Simone Simon ) está no zoológico , diante da jaula da pantera , com um grande bloco de papel de desenho à sua frente . Desenha um pouco , rasga uma folha , joga no chão . O rapaz Oliver ( Kent Smith , na foto acima com Simone Simon ) pega a folha , indica para a moça um cartaz que adverte contra a sujeira . Daí a pouco estão conversando , se apresentando , se conhecendo . Daí a dez minutos estão se casando – mas sem sexo , porque sexo e / ou ciúme , essas coisas fortes , poderiam despertar em Irena o sangue de pantera que ela carrega em suas veias originárias da Sérvia . Essa simples descrição pode não indicar algo tão ruim – mas é tudo ruim demais . Toda a situação , os diálogos , é tudo forçado , artificial , falso – falso , falso como uma nota de três guaranis . E ainda por cima a atriz central não tem qualquer tipo de graça ou charme A história que a moça conta para o rapaz , sobre o Rei João da sua Sérvia natal – o rei que expulsa os maus da Sérvia … É tudo bobo , bocó , bocó demais . E não adianta a argumentação de que a , a rigor , a rigor , as histórias de Drácula e Frankenstein são tão ilógicas quanto a do Rei João da Sérvia e o povo mau , povo de gato , que ele combateu . As histórias de Drácula e Frankenstein têm sua própria lógica interna , e , nessa lógica , tudo funciona . Já essa história aqui , não : ela não tem lógica alguma , não tem sentido , não se sustenta , é tudo falso e forçado . A própria atriz que faz Irena , a sérvia , Simone Simon … A moça não tem atrativo nenhum , absolutamente nenhum . Não é bela , não tem presença forte , não sabe atuar , o papel é ridículo , os diálogos são falsos . Entre Simone Simon e Jane Randolph , a atriz que faz Alice , a colega de trabalho de Oliver que causa ciúmes em Irena , não pode haver dúvida possível : Jane Randolph ( na foto abaixo ) dá de cem a zero . É mais bonita , tem mais presença , tem mais charme . Um caso exemplar de má escolha de atores . A única coisa que Simone Simon tem que talvez justificasse sua escolha para fazer a sérvia é seu sotaquezinho francês . Bem , francês não tem nada a ver com sérvio , mas , para o público americano , sotaque estrangeiro é sotaque estrangeiro , e pronto . O sotaquezinho francês de Simone Simon vem acompanhado de um leve tique em que o canto direito dos lábios dela vira para cima . “ A história e os elementos da trama não se seguram , mas … ” Ah , bom … Bem , chega de reclamar que nem mendigo na chuva . Vamos à chuva de loas a este grande clássico do filme de terror . Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4 : “ A história e elementos da trama não se seguram , mas momentos de choque e terror permanecem intocáveis no primeiro dos famosos filmes de horror do produtor Val Lewton . Smith se apaixona por mulher estranha , tímida ( Simon ) que teme a antiga maldição da pantera dentro de si . ” Pauline Kael , a grande dama da crítica americana : “ O psicanalista ( Tom Conway ) calmamente explica à sua paciente ( Simone Simon ) que sua idéia de que ela está se transformando num membro da família dos gatos é uma fantasia ; ela o silencia . Val Lewton fez seu nome como produtor com este irônico filme de horror , produzido para a RKO com um orçamento minúsculo . Enquanto outros produtores de horror de orçamento B ainda estavam usando gorilas , casas assombradas e braços decepados do corpo , Lewton e o diretor , Jacques Tourneur , empregavam a sugestão , efeitos sonoros horripilantes , e inventivos ângulos de câmara , deixando tudo para a imagem cheia de medo do espectador . Os filmes de Lewton não são propriamente muito bons , mas são tão imaginativos que a maioria dos filmes de horror que outros produtores estavam criando nessa época , e a sua ingenuidade parecia praticamente revolucionária . Algumas seqüências , como a do medo na piscina , são , à sua própria maneira , clássicas . A atuação da maior parte do elenco não está à altura dos efeitos . ” As coisas sob a perspectiva histórica . Tá bom . Mas … OK : Dame Pauline Kael pôs as coisas sob a perspectiva histórica , contextual , do momento . Isso é uma maravilha , isso é preciso ser feito . Eu mesmo quase sempre procuro fazer isso , e não fiz em relação a este filme aqui – só fiquei desencando com os piores adjetivos que me vinham à cabeça . De fato , há bons ângulos de câmara . Há bom aproveitamento das sombras . Nada que o expressionismo alemão já não tivesse feito 20 anos antes , mas , sim , há bons ângulos , bom uso das sombras . Mas para mim uma pantera não é algo tão mais imaginativo como fonte de terror que um gorila , ou casas assombradas . A sequência da piscina , sim , a sequência da piscina . De fato é bem feita . Bastante bem feita , aliás . O uso das sombras , o teto da piscina coberta refletindo sombras e luzes . Os ruídos . Sim , é uma bela sequência – embora completamente gratuita dentro da história . Não havia nada para justificar que Alice fosse dar um mergulho naquele momento . Mas tudo bem – deixando a lógica de lado , é uma bela sequência . Só que o susto acaba ficando comprometido com a posição em que o diretor colocou a pobre Jane Rudolph-Alice no meio da piscina , sem poder ficar de pé , e então ela fica paralisada de susto mas ao mesmo tempo tendo que agitar braços e pernas , nadando feito cachorrinho , para não afundar . Não dá para o espectador se assustar , se ele está morrendo de vergonha do papelão que obrigaram a pobre atriz a fazer ! Mestre Jean Tulard também se seduziu pelas graças da felina que não quer saber de sexo porque o sexo – assim como o ciúme – poderia despertar a pantera que existia nela . Diz ele , no seu Guide des Films , sobre La Féline , como o filme se chamou na França : “ Admirável filme fantástico em que tudo é sugerido , pela falta de meios mas também por decisão voluntária , para mais amedrontar . A obra teve um enorme sucesso na época do lançamento e fortaleceria a RKO . ” Mestre Jean Tulard , Dame Pauline Kael , o contexto histórico , todos eles que me perdoem , mas para mim a verdade dos fatos é que Cat People não é um filme de horror : é um filme horroroso . É , caríssimo José Luís , todas as referências são elogiosas . Existem casos assim , que eu não consigo compreender . Alguns filmes passam a ser intocáveis ; todos os críticos fazem coro , ninguém ousa discordar . Alguns – como este aqui – são grandes blefes , imposturas . Um abraço . Sérgio Pegando em suas próprias palavras , caro Sérgio , você só podia estar mesmo em dia ruim quando assistiu a esta pequena jóia do Tourneur . Mas compreendo que haja filmes assim , que por qualquer motivo – quase sempre obscuro e pouco racional – não nos despertam outro sentimento que não a da embirração mais básica . E compreendo porque eu próprio já tive casos assim , que posso resumir no título português daquele filme com o Sidney Poitier e a Lulu dos anos 60 : “ O ódio que gerou o amor ” ( “ To Sir With Love ” ) Por isso deixe passar algum tempo e num dia não muito problemático volte a este filme . É capaz de nessa altura valer mesmo a pena a nova tentativa . Também gostei da versão dos anos 80 , com a Kinski e o McDowell , mas claro , o grande clássico é mesmo este . Um bom ano de 2012 Prezado Sérgio ! Este filme causou-me grande impacto pela cena da metamorfose . Já tinha visto metamorfoses de lobisomens , é claro , mas uma metamorfose sensual como aquela , foi a primeira . Realmente adorei a cena . Pena que os infelizes criaram uma sequência absurda , fazendo a pantera “ desistir ” de devorar o amante . A cena em que o mocinho devolve a mocinha ao mundo dos gatos também não me agradou ; foi um finalzinho muito fraco . Contudo , ainda assim gostei do filme , sem elevá-lo à categoria dos “ clássicos ” . Cordial abraço . Um Só Pecado / La Peau Douce De : François Truffaut , França , 1964 Nota : Anotação em 2011 : Não são felizes os amantes , nas histórias de amor filmadas por François Truffaut . La Peau Douce , a pele doce , no Brasil Um Só Pecado , de 1964 , é uma triste história de amor . Da mesma forma que o anterior Jules et Jim e os posteriores As Duas Inglesas e o Amor , A História de Adèle H . e A Mulher do Lado . Jules et Jim e As Duas Inglesas e o Amor baseiam-se em romances , os dois do mesmo escritor , Henri-Pierre Roché ( 1879-1959 ) . A História de Adèle H . se baseia nos diários da filha de Victor Hugo , Adèle . Este La Peau Douce , um de seus primeiros filmes , assim como A Mulher do Lado , seu penúltimo , são histórias originais do próprio Truffaut – La Peau Douce tem argumento e roteiro assinados por ele e Jean-Louis Richard . Sejam criações do próprio cineasta , sejam baseados em romances ou em fatos reais , todos eles mostram amores tumultuados , tempestuosos , trágicos – ou simplesmente amores que não dão certo . La Peau Douce é , entre esses cinco filmes que tratam das paixões amorosas , o de história mais simples , mais curtinha , mais linear , mais sem grandes surpresas – pelo menos até os dez minutos finais . Fala de uma história de amor que não dá certo . Um homem bem sucedido , casado com bela mulher – mas surge outra Truffaut estava com 32 anos quando fez este filme , em que o personagem central , Pierre Lachenay , está na faixa dos 40 e tantos . Jean Desailly – ator de teatro de imenso prestígio que interpreta o protagonista , na foto – , tinha 44 . Os números não são gratuitos . Indicam claramente que Truffaut estava falando de uma experiência de vida que ele mesmo ainda não tinha tido . Pierre Lachenay é um homem bem sucedido . Tem uma pequena editora , edita uma revista literária , é autor de diversos livros sobre literatura , conhece profundamente a vida e a obra de Stendhal e Balzac , é convidado para dar palestras em diversos locais . Quando a ação começa , ele está chegando em casa – um amplo , confortável apartamento parisiense – , para pegar a mala e ir o mais depressa possível para o aeroporto , para uma viagem a Lisboa , onde faria uma palestra sobre Balzac . Mal tem tempo de conversar com sua mulher , Franca ( Nelly Benedetti , na foto acima ) , que está recebendo a visita de uma grande amiga , Odile ( Paule Emanuele ) . Discutem um pouco sobre ela levá-lo até Orly – ele não poderia ir sozinho de carro porque perderia muito tempo para estacional , e Franca lembra que ele sempre implica com o jeito dela de dirigir . Acaba pegando carona com o marido de Odile , que leva junto a filhinha de Pierre e Franca , Sabine ( Sabine Haudepin ) , garotinha de uns oito , nove anos . No avião de Paris a Lisboa , Pierre Lachenay vai ver pela primeira vez Nicole – o papel de Françoise Dorléac , belíssima , maravilhosa , radiante em seus 22 aninhos de idade . Uma narrativa feita de pequenos detalhes Ao rever o filme agora , depois de ter visto uma vez muitas décadas atrás , me impressionou demais como a narrativa de Truffaut , em La Peau Douce , se faz de pequenos detalhes . Um detalhe bem en passant : Pierre implica com o jeito como sua mulher Franca dirige . No caminho entre a casa de Pierre e o aeroporto de Orly , a câmara mostra duas ou três vezes o marido de Odile trocando a marcha de seu carro . Um pequeno detalhinho para mostrar a pressa que ele tinha , Pierre estando em cima da hora . Um pequeno detalhe que não tem qualquer importância na narrativa , mas é de especial interesse para os brasileiros : Pierre embarca num avião da Panair do Brasil . O nome Panair do Brasil será visível em diversas tomadas , a bandeira do Brasil , também . Uma pequena relíquia histórica . La Peau Douce é de 1964 , o ano do golpe militar que acabaria levando ao desaparecimento da Panair . Pierre viaja na primeira classe . Nicole é aeromoça da primeira classe do avião da Panair do Brasil . Quando o avião está chegando perto de Lisboa , Nicole vai para a área dianteira do avião , perto da cabine dos pilotos , e fecha a cortina . Entre a extremidade inferior da cortina e o chão fica um pequeno espaço de uns dez centímetros . Pierre vê – assim como o espectador – , naquele pequeno espaço , que Nicole tira o sapato de salto baixo que estava usando até então , e calça sapatos de salto alto . Pierre chega a esboçar um sorriso ao ver a cena deixada à mostra pela fresta entre a cortina e o chão . Truffaut adora pernas de mulher , pés de mulher . Haverá mais detalhes sobre pernas e pés , no filme e nesta anotação . Uma coincidência , dessas de que a vida é cheia – e começa um caso de amor Na hora do desembarque , Nicole desce a escada do avião logo atrás de Pierre . Há fotógrafos e repórteres na pista , à espera da sumidade francesa que chega para dar palestra em Lisboa , e são feitas fotos em que a bela aeromoça aparece ao lado do conferencista . No dia seguinte , uma foto dos dois estará na primeira página de um jornal lisboeta . Evidentemente , não houve qualquer combinação , mas o hotel em que Pierre se hospeda em Lisboa , o Tívoli , é o mesmo em que está a tripulação . Uma coincidência , destas de que a vida é cheia . Entram juntos no elevador do hotel – Nicole , um colega dela , o co-piloto Franck ( Gérard Poirot ) , e Pierre . Franck desce primeiro – ficam no elevador Nicole e Pierre . Pierre estava hospedado no terceiro andar , mas não desce . Ninguém fala uma palavra . O elevador sobe bem devagar . Detalhes , pequenos detalhes . Um pacote que Nicole carrega cai no chão – e , junto com ele , a chave do quarto . Pode-se ver o número do apartamento – 813 . O pacote caiu no chão , simplesmente ? Ou Nicole o deixou cair de propósito , junto com a chave , para que Pierre soubesse o número do apartamento em que está hospedada ? Nicole fecha a porta para que a câmara , discreta , não veja a cena de sexo A narrativa prosseguirá sempre assim , feita de pequenos detalhes . No vôo de volta a Paris , Nicole anota o número de seu telefone no verso de uma daquelas caixinhas de fósforo promocionais , e , ao servir os passageiros da primeira classe , entrega a caixinha a Pierre . Ele faz menção de que não é necessário , mas ela insiste em que ele a guarde . Só algum tempo depois , já em Paris , ele abrirá a caixinha e verá o número do telefone . Guardará cuidadosamente o pedaço de papel em sua carteira – a câmara mostra o pedaço de papel em close-up mais de uma vez . Bem mais tarde , lá pelo meio da narrativa , talvez já na segunda metade , depois de uma desgastante , exasperante experiência de Pierre e Nicole em Reims , os dois amantes conseguem enfim ter um dia calmo num hotelzinho de província . É uma das raras vezes em que os vemos conversar , o intelectual maduro , respeitado , famoso , casado e pai de uma filhinha encantadora , e a jovenzinha aeromoça tão inculta e bela quanto a última flor do Lácio do país em que se conheceram . Pierre faz perguntas sobre ela , seu passado , seus namorados , seus amantes . É também uma das poucas seqüências em que a câmara de Truffaut e do maravilhoso diretor de fotografia Raoul Coutard , o fotógrafo de 9 em cada 10 filmes da nouvelle-vague , repousa mais longamente sobre o rosto resplandescente de Nicole-François Dorléac . A conversa se encaminha para um ponto em que cessará para dar lugar à ação . Pierre abraça Nicole . Nicole se levanta , pega a bandeja do café do manhã e a leva para fora do quarto , deposita-a no chão , e fecha a porta . A câmara fica ali parada mostrando a bandeja com os restos do café da manhã no chão e a porta fechada . Como se , tímida , ou melhor , discreta , a câmara tivesse se recolhido para não mostrar o ato de amor que se passa entre as quatro paredes do quarto . É um pequeno detalhe – mas um pequeno detalhe maravilhoso , um toque de ternura , uma marca registrada do cineasta . Ele poderia ter cortado aquela tomada da bandeja no chão após alguns poucos segundos – seu recado já estava dado . Mas , não . A câmara continua fixa , mostrando a bandeja , e um gatinho se aproxima , experimenta as iguarias contidas na bandeja . Um pequeno detalhe , mais uma marca registrada de François Truffaut . Em A Noite Americana , de 1973 , seu filme sobre os filmes , o cinema , o universo do cinema , o próprio Truffaut , fazendo o papel do diretor do filme que está sendo rodado dentro do filme , colocará um gatinho em cena , para se aproximar de uma bandeja deixada diante de um quarto de hotel . O gato se recusa , durante algum tempo , a executar os movimentos desejados pelo diretor . Cinema com assinatura , pessoal e intransferível . O jeans esconde as pernas de Nicole – e então ela veste uma saia Antes da malfadada experiência em Reims , há outros pequenos detalhes fascinantes . Os dois , Pierre e Nicole , estão viajando no pequeno carrinho de Pierre ( como eram pequenos , os carros franceses da primeira metade dos anos 60 … ) de Paris para Reims . Há uma tomada de cima para baixo das pernas de Nicole , como se a câmara fosse os olhos de Pierre . Ele comenta que nunca a tinha visto de blue jeans – e acaba por confessar que prefere vê-la de vestido , ou saia . Param num posto de gasolina para reabastecer . Detalhe dentro do detalhe : a câmara focaliza diversas vezes a mangueira na abertura do tanque de gasolina , diversas vezes a bomba de gasolina marcando o número de litros e de francos . Sem que Pierre perceba , Nicole escapa . Tanque cheio , Pierre nota que Nicole não está no carro . Começa a ficar inquieto – e ela reaparece , vinda do banheiro do posto de gasolina , vestindo uma saia . Nicole adormece . E então Pierre e a câmara de Truffaut acariciam a pele doce Pierre havia sido convidado para dar uma palestra em Reims , e convenceu Nicole a ir com ele ; ele daria a palestra , e em seguida os dois teriam dois dias inteiros sozinhos , em algum pequeno hotel do interior , antes de voltar a Paris . A viagem a Reims acaba se tornando o centro , o fulcro , a essência da história de Pierre e Nicole , na minha opinião . É quando se evidencia mais a imensa diferença entre os dois , a distância que os separa – de idade , de classe social , de nível cultural , de tudo . Pierre não quer ser visto com Nicole pelas pessoas que o convidaram para a palestra . Simples medo de que seu caso extra-conjugal se torne público ? Sim , certamente – em parte por isso . Mas também para não expor que sua amante não é uma pessoa culta , de fina educação , de fina origem ? Em que medida há o temor de que a informação se espalhe e chegue aos ouvidos de Franca , a esposa , e em que medida há o preconceito social , o convencionalismo , a caretice pequeno-burguesa ? O que Nicole enfrenta em Reims é penoso , humilhante , degradante . O espectador fica com raiva de Pierre , de sua fraqueza , sua tibieza , sua pequenez . E no entanto Nicole o perdoa . Dessa vez , ao menos . Primeiro fala em voltar sozinha de trem para Paris , mas depois aceita ir com ele para os prometidos dois dias de calma , só para os dois , no hotelzinho sossegado de província . É logo após a chegada ao hotelzinho que há o que , para mim , é a seqüência mais bela do filme . Chegam ao hotel no início da manhã , depois da exasperante experiência em Reims e de uma madrugada na estrada . Nicole está exausta ; deita-se na cama e adormece instantaneamente , enquanto Pierre fecha as cortinas das janelas . Está toda vestida , não teve forças para tirar sequer o sapato . Pierre a contempla na penumbra . Tira seus sapatos , um a um , devagarinho – close-up dos pés . Depois ergue o vestido , e a câmara mostra em close-up a liga que prende a meia de nylon , no alto da coxa . Pierre acaricia a coxa enquanto tira a meia . A câmara de Truffaut acaricia a pele doce . La peau douce . The soft skin , como o filme se chamou nos Estados Unidos . Silken skin , como foi o título na Inglaterra . La piel suave , o título na Espanha . Os exibidores brasileiros , idiotas , inventaram este Um Só Pecado . Em Portugal , para não ficar atrás , chamaram o filme de Angústia . Um homem fraco , que não toma decisões , atitudes , e é levado pela vida Não sei , é claro , exatamente o que Truffaut quis dizer , com essa história de amor que não chega propriamente a ser uma história de amor . É , a rigor , a história de um amor que não deu certo – ou sequer chegou a existir . Para mim , a sensação que ficou , nesta revisão , é que a rigor Pierre não consegue amar ninguém . Intelectual , autor de livros , respeitado , famoso , gosta , naturalmente , de ser admirado , incensado – mas dar amor , disso é absolutamente incapaz . O que se mostra de sua relação com Franca , a esposa , não é amor , respeito e admiração mútuos . Ele está sempre impaciente com ela , cobrando pequenas coisas , irritado com pequenas coisas . Se houve amor no passado , agora , ao menos , não há mais – é uma relação de comodidade , de hábito , ele fornecendo o dinheiro , ela cuidando das coisas materiais dele . Trata com simpatia a filhinha – mas não há , propriamente , interação entre eles , interesse dele em estar de fato com ela . E sua atração por Nicole … Nicole é a beleza jovem , com todo seu gigantesco poder de atração . A pele doce . Ele chega até a fazer perguntas sobre ela , demonstra interesse em conhecer um pouco dela – mas pára por aí . Chega até a escrever um telegrama em que declara amor a ela – mas não tem coragem de entregar . É um homem que se relaciona com o mundo via pensamento , estudo , verniz cultural . Não sabe expressar sentimentos , emoções – se é que os tem . Na verdade , Pierre é um homem fraco – como fica absolutamente explícito nas seqüências em Reims . Não toma decisões , não toma atitudes . É levado pela vida , pelos que os outros decidem . Em especial , pelo que as mulheres decidem . E Nicole , por sua vez … Pierre a atrai exatamente pela erudição , pelo conhecimento intelectual acumulado , pelo fato de ser famoso , respeitado , bem de vida . Não é uma base de atração que possa permanecer por muito tempo mesmo . Nicole é jovem demais , bela demais , forte demais , independente demais para dedicar muito tempo de sua primavera a Pierre . É uma história fadada a não dar certo . Delerue compôs para o filme uma trilha sonora terna , suave – e até um fado Quero ir aos alfarrábios , ver o que o próprio Truffaut fala de seu filme , mas , antes , é preciso registrar um pouco que seja sobre Georges Delerue . Para La Peau Douce , George Delerue compôs até um fado . Chama-se “ À Lisbonne ” . É quase um fado legítimo – é uma bela canção , um prenúncio de romance . A trilha de Delerue para La Peau Douce é terna , suave , quase sutil . Perfeitamente apropriada a uma história simples de um amor que não chega a acontecer – bem diferente da trilha que ele faria quase duas décadas depois para A Mulher do Lado , uma história de um amor tempestuoso , agitado , nervoso , à beira de um ataque fatal . Para A Mulher do Lado ( uma cena do filme aparece na capa do CD que reúne as trilhas sonoras para os filmes de Truffaut sobre as paixões amorosas , na foto ) , Delerue faria uma trilha com toques fortes nos violinos – que chega até a fazer lembrar um pouco as melodias fortes , pesadas , trincantes , que Bernard Herrmann , o compositor de vários filmes de Hitchcock , compôs nas suas duas colaborações com Truffaut , em A Noiva Estava de Preto e Fahrenheit 451 . Delerue foi o autor de pelo menos 11 trilhas dos filmes de Truffaut . O cineasta trabalhou com outros compositores – além de Hermann , houve trilhas de Antoine Duhamel e Maurice Jaubert , além de colaborações esparsas com Jean Constintin e Maurice Le Roux . Mas a parceria mais constante foi , sem dúvida , com Delerue . La Peau Douce foi o quarto filme de Truffaut musicado por Delerue . Só oito anos mais tarde os dois voltariam a trabalhar juntos . É uma bela trilha – são músicas que criam os climas das seqüências , mas que têm vida própria , e são extremamente agradáveis de se ouvir sem o filme . Aos alfarrábios , finalmente . Truffaut escreve sobre Françoise Em 1968 , Truffaut escreveu para o número 200-201 dos Cahiers du Cinéma um belo , emocionante , emocionado texto sobre Françoise Dorléac , essa moça que passou pela vida rápido demais , feito um cometa : “ Os filmes desaparecem e também aqueles que os realizam , aqueles que os julgam e aqueles que a eles assistem . Aqueles que os representam também , e ainda que os Cahiers se interessem menos por estes , peço permissão para publicar uma ou duas fotos de Françoise Dorléac , que morreu em 26 de junho do ano passado ( 1967 ) num acidente de carro , a caminho do aeroporto de Nice . Para o público , era uma notícia qualquer , cruel porque atingia uma belíssima moça de 25 anos , uma atriz que ainda não tivera tempo de se tornar estrela . Para todos os que a conheceram , François Dorléac representava antes uma pessoa como se vê pouco na vida , uma jovem incomparável cujo encanto , feminilidade , inteligência , graça e incrível força moral a faziam inesquecível para qualquer um que falasse com ela por uma hora . ” E depois : “ O difícil , para jovens atrizes , é efetuar harmoniosamente a passagem de adolescente para a mulher , abandonar os papéis juvenis pelos papéis adultos ; creio que Françoise Dorléac , mulher precoce e prematura com rosto e corpo já feitos , era a única jovem atriz de quem se podia achar que agradaria cada vez mais . ” O artigo de Truffaut tinha o título “ Ela se chamava Françoise ” . Muitos anos mais tarde , em 1996 , a irmã mais nova de Françoise , Catherine Deneuve , escreveu , juntamente com Patrick Modiano , uma fotobiografia da atriz morta aos 25 anos de idade , cujo título é exatamente o mesmo , apenas seguido de reticências : Elle s’appelait Françoise … Truffaut primeiro trabalhou com Françoise , neste filme aqui , de 1964 . Só mais tarde trabalharia com Catherine , em A Sereia do Mississipi , de 1969 , e O Último Metrô , de 1980 . Consta que se apaixonou por Catherine – ele sempre se apaixonou por suas atrizes - , e que tiveram um caso . Quando jovem crítico , ele reclamava dos diretores que diziam que o cinema é difícil A definição de Truffaut sobre o filme , numa entrevista em outubro de 1963 , antes , portanto , que a obra ficasse pronta e estreasse : “ É a história , bastante minuciosa , de um adultério . Foi escrita misturando histórias autênticas acontecidas nos últimos anos . Sou um grande amante de histórias reais , e tenho um grande dossiê . A partir de histórias que me intrigaram ou me apaixonaram , com Jean-Louis Richard , escrevemos La Peau Douce . ” Ninguém lê mais que dez linhas na internet , e já escrevi dez mil , mas paciência . Vou em frente . Numa outra entrevista , de 1964 , antes de concluir La Peau Douce – também transcrita no maravilhoso livro Truffaut par Truffaut , editado por Dominique Rabourdin – , o cineasta faz uma extraordinária confissão a respeito da imensa pretensão que ele , como crítico de cinema , tinha . Diz que , quando era crítico , tinha a tendência a ironizar os diretores que diziam que “ o cinema é muito difícil , ” . Preferia aqueles que diziam que “ é muito fácil ” . “ Depois que me tornei cineasta , percebi que me era proibido juntar àqueles da segunda tendência . A inquietude , a ansiedade , a dúvida , o ceticismo , o pessimismo , e eu ousaria acrescentar a angústia , são meu cotidiano desde o primeiro dia de redação do roteiro até a última noite de montagem . Já fiz três filmes ; La Peau Douce é o quarto . ( … ) Gostaria que meu quarto filme não fosse mais um navio em perdição , mas um trem que atravessa o interior . ” Que maravilha ! Não basta o cara filmar genialmente , e escrever genialmente – ele também fala genialmente … “ O fracasso dá vontade de trabalhar depressa , de recomeçar ” Em 1968 , quatro anos depois da estréia de La Peau Douce , em outra entrevista , ele diria : “ La Peau Douce , eu soube muito depressa que seria um fracasso . Desde que concluí a montagem . Vi o filme muito lucidamente , como se tivesse sido feito por outra pessoa , e vi que ele era deprimente , que era um filme que ‘ caía ’ . Compreendi então que seria um filme desagradável de se ver . Um filme que ‘ cai ’ raramente é amado . ” Aí então o entrevistador pergunta se o fracasso o deixou muito abatido . E François Truffaut responde que não , que , ao contrário , o fracasso é estimulante . Depois do sucesso , diz ele … “ a expressão ‘ repousar sobre os louros ’ não foi inventada de graça ” . “ Creio que há algo excitante no fracasso . Dá vontade de trabalhar depressa , de recomeçar . ” Tão díspares em quase tudo , Truffaut e Lelouch reagem ao fracasso da mesma maneira Em All That Jazz , de Bob Fosse , o cineasta-coreógrafo-escritor-roteirista-montador Joe Giddeon , ao ver na TV uma crítica de cinema descer a lenha em seu mais recente filme , sente os sintomas de um novo ataque cardíaco , mais um . Em Um Homem , Uma Mulher Vinte Anos Depois , de Claude Lelouch , a produtora Anne Gauthier , assim que percebe que seu mais recente filme é um fracasso , reúne sua equipe e parte para um novo filme . Quando vi o filme , em 1986 , terminei meu texto sobre ele na revista Afinal dizendo que para Lelouch não importa muito se sua obra mais recente foi um sucesso ou um fracasso : “ Como Anne , seu personagem , Lelouch responde partindo para mais um filme ” . É fascinante ver que Truffaut e Lelouch , dois dos cineastas que mais me encantam , tão díspares em quase tudo – um sempre incensado , com toda razão , o outro sempre vilipendiado , absurdamente – pensam e agem da mesma maneira . 4 Comentários Eu devo ter chegado por aqui em um post assim : um texto que faz parecer mais próximo e conhecido o que já me é familiar e faz desejável o que ainda tenho a ver . Dos textos que emocionam pelo quê , mas ainda mais pelo como . Acabo de assistir ao filme pela TV achei interessante as cenas com o avião da Panair e desconhecia o fato da atriz principal ser irmã + velha de Catherine Deneuve . Mas quem me impressionou mais foi Nelly Benedetti ( Franca ) , bonita mulher madura e decidida . Vi o filme hoje no Telecine Cult com curiosidade . Nem sabia que existia esse título na carreira de Truffaut . Também foi o único filme com Françoise Dorleac que vi inteiro . Mas me impressionou bem o ator que faz o intelectual . Um homem de seus quarenta e tantos anos , não um galã , mas atraente , e uma garota adorável como a Dorleac ( ela tem mesmo certa semelhança com Catherine Deneuve ) . O filme me pareceu ter aquele ritmo frio , mas absorvente , dos de Chabrol , e , no entanto , não parece um thriller ( embora pareça sugerir , a todo momento , que aquele caso de amor vai acabar mal).Achei de fato o personagem do intelectual um fraco , um homem manipulável , e o episódio de Reims , em que ele não tem coragem de se livrar de um chato para se encontrar com a mulher que ama , é repleto da angústia dos covardes . Ele é bem o tipo que , diante de uma situação , ao invés de enfrentá-la , foge . Não tem a convicção de seus sentimentos , não está à altura deles , prefere talvez ( como você diz ) o distanciamento de uma vida mais cerebral , por isso seu comodismo e sua dependência das mulheres . Não quer problemas , em suma . Uma atitude irreal e pouco viril diante da vida . Mas achei um bom filme . E , ao contrário do que Truffaut diz , não é um fracasso . Mas certamente não é um filme para o grande público . 5 Trackbacks [ … ] achei fascinante esse fenômeno de os franceses , de uma maneira geral , e os grandes cineastas ( vide François Truffaut e Jacques Demy ) de maneira especial , admirarem mais o cinema americano do que boa parte dos [ … ] [ … ] François Truffaut , o cineasta da ternura , fez uma declaração de amor à literatura em Fahrenheit 451 ( 1966 ) , uma ao cinema em A Noite Americana ( 1973 ) . O Último Metrô ( 1980 ) é uma declaração de amor ao teatro . Mas , a rigor , todos os filmes dele são amplas declarações de amor a todas as formas de arte , a todas as formas de amor – mesmo os mais trágicos , mais amargos . [ … ] [ … ] a irmã mais velha de Catherine Deneuve , que morreria tragicamente aos 25 anos de idade ) , em Um Só Pecado / La Peau Douce ( 1964 ) . A história de amor dos dois é triste , muito triste – e , como outras histórias de amor [ … ] [ … ] Um plano-sequência , em especial , deixa o cinéfilo mesmerizado : a câmara pega toda a movimentação da praça , as dezenas de pessoas atarefadas montando seus palcos , suas barracas , gente dançando , gente cantando . E aí ela vai fazendo um zoom em direção a uma grande edificação de uns três andares diante da praça , e o zoom vai chegando mais e mais perto de uma janela do segundo andar , e aí a câmara entra na ampla sala que dá para a praça , e vemos les demoiselles de Rochefort , as duas garotas românticas do título brasileiro , as gêmeas Delphine e Solange Garnier , interpretadas pelas irmãs Catherine Deneuve e Françoise Dorléac . [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * O Grande Amor de Nossas Vidas / The Parent Trap De : David Swift , EUA , 1961 Nota : Era 1961 , e aqui , neste país periférico , atrasado , sequer existia divórcio , esse pecado implantado na Grã-Bretanha por Henrique XVIII lá por 1500 e tanto , que só chegaria ao Brasil em 1977 . Mas , no filme – uma produção dos estúdios Disney , voltada para toda a família , em especial o público juvenil – , as duas garotinhas de 13 anos de idade conversam sobre o tema . – “ É assustador como os casais já não ficam juntos hoje em dia ” , diz Susan , interpretada por Hayley Mills , aquela gracinha . “ Em breve vai ter mais divórcios que casamentos . ” The Parent Trap , ou armadilha dos pais , mais exatamente armadilha para os pais , que no Brasil teve o título de O Grande Amor de Nossas Vidas , é uma absoluta delícia de filme . Para muita gente , pode perfeitamente parecer um filme datado , velho , antiquado , bobo – e datado ele é , sem dúvida alguma . Mas até o fato de ser datado é interessante , fascinante . Ver The Parent Trap hoje , 54 anos e tanta revolução comportamental depois que ele foi feito , é também como observar uma peça de museu , com os ensinamentos sociológicos que isso traz . Uma produção Walt Disney de 1961 que fala de divórcio , afinal , serve também para nos mostrar quais eram os valores daquela época pré-pílula , pré-vitórias do feminismo , pré-Beatles , pré-minissaia , pré-hippies . Foi a atração dessa coisa histórica , museológica , que me fez , enquanto zapeava uma noite , querer gravar o filme . Mas , ao vê-lo , percebi de cara que seu valor não é apenas como peça histórica . Não : é também um filme gostoso , divertido . E , afinal de contas , tem Hayley Mills , num delicioso papel duplo , como a estudiosa , séria Sharon McKendrick , criada em Boston pela mãe de família rica tradicional , rígida , conservadora , e como a moderninha , espevitada , festeira Susan Evans , criada na Califórnia pelo pai , um rico fazendeiro chegado aos esportes e à convivência com a natureza . Hayley Mills foi uma imensa sensação no começo dos anos 60 Hayley Catherine Rose Vivien Mills , muito pouco lembrada hoje , estourou no inicinho dos anos 60 como a sensação de atriz mirim , a garotinha doce , suave , que poderia talvez vir a ser a nova Shirley Temple . Nascida em 1946 , em Londres , era filha de uma dramaturga , Mary Hayley Bell , e do grande ator John Mills ( 1908-2005 ) , um dos preferidos do mestre David Lean ( 1908-1991 ) . Consta que o diretor J . Lee Thompson viu a garotinha Hayley representando uma cena na sua própria casa – e , encantando , insistiu com John Mills para que a menina participasse do filme que fariam juntos em seguida , Marcados pelo Destino / Tiger Bay ( 1959 ) , um thriller pesado , sério . A interpretação da garotinha de 13 anos foi premiada no Festival de Berlim , impressionou críticos mundo afora e foi suficiente para os estúdios Disney corressem para oferecer a ela um contrato de cinco anos . O segundo filme de sua carreira , o primeiro nos Estados Unidos , foi Pollyanna ( 1960 ) , tremendo sucesso de público e crítica . O filme seguinte foi este The Parent Trap . É uma delícia ver Hayley Mills em dose dupla na tela – e impressiona demais a competência dos técnicos responsáveis pelos efeitos especiais que tornaram possível esse milagre , décadas antes da Industrial Light & Magic de George Lucas e das imagens geradas por computação . Não , é claro , que tenha sido a primeira vez que se conseguiu efeito semelhante . Charlie Chaplin – para dar apenas um exemplo – já havia posto um único ator para fazer os papéis de gêmeos em O Circo , de 1928 . Não que as cenas com duas Hayley Mills tenham sido uma inovação – mas que é tudo feito com uma competência espantosa , ah , lá isso é . Foi a terceira bilheteria do ano nos EUA . E a história deu origem a quatro filmes The Parent Trap se baseia em uma história alemã , “ Das doppelte Lottchen ” , escrita por Erich Kästner , que já havia dado origem a um filme inglês em 1953 , Twice Upon a Time . O autor do roteiro foi o próprio diretor do filme , David Swift , que já havia dirigido Hayley Mills em Pollyanna . O filme foi grande sucesso de público na sua época ; nos Estados Unidos , foi a terceira maior bilheteria do ano , abaixo apenas das superproduções Os Canhões de Navarone e Exodus , suplantando O Professor Aloprado , O Álamo e Quando Setembro Vier . Marcou tanto que , cerca de um quarto de século mais tarde , em 1986 , foi lançado The Parent Trap II , no Brasil Operação Cupido 2 , com uma história bem semelhante à do filme original . Hayley Mills , então com 40 anos de idade , fazia a mãe de uma das duas garotinhas da história . Mais ainda : a história seria refilmada em 1998 , com o mesmo título original , The Parent Trap , no Brasil Operação Cupido , com a então garotinha Lindsay Lohan , aos 12 anos de idade , refazendo os papéis que haviam sido de Hayley Mills em 1961 . Os adultos , nessa refilmagem , eram Dennis Quaid e Natasha Richardson , nos papéis que , no fim original , foram de Brian Keith e Maureen O’Hara . Sim – Maureen O’Hara . Não bastasse o filme ser divertido , gostoso , bem feito , não bastasse ter interesse também como peça de museu , não bastasse ter Hayley Mills em papel duplo , The Parent Trap tem Maureen O’Hara . ( Por uma grande coincidência , acabei vendo The Parent Trap poucos dias após rever Como Era Verde Meu Vale , o grande clássico de 1941 , o ano em que Maureen O’Hara tinha 21 . Poucos dias após a morte da belíssima atriz , ocorrida em 24 de outubro de 2015 , quando ela estava com 95 anos . ) Nascida em 1920 , Maureen O’Hara estava portanto com 41 , no lançamento desta comédia aqui . Em 1961 , as mulheres quarentonas pareciam bem mais velhas do que parecem hoje em dia – bem , hoje em dia aos 40 anos as mulheres são jovens . Isso é um absoluto fenômeno , mas é bem a verdade dos fatos . No entanto , aos 41 anos em 1961 , na época em que as mulheres nessa faixa pareciam velhas , e fazendo papel de uma senhora , mãe de duas garotas de quase 14 , Maureen O’Hara estava ainda no auge da beleza . É um prazer imenso vê-la brilhando na tela . Duas garotas bem parecidas , igualinhas , se encontram em um acampamento de verão Os créditos iniciais do filme são inteligentes , gostosos , bem sacados , como se usava muito naquela época , os anos em que Saul Bass reinava nos créditos iniciais . Não , não são deles estes aqui , mas são deliciosos , com uma animação com bonequinhos em terceira dimensão – uma espécie de Cupido , uma Cupida , duas garotinhas e um casal que está separado dançam e se agitam enquanto rolam os nomes dos atores , dos técnicos , dos autores . A rigor , a forma com que o homem e a mulher são forçados a se reunir já antecipa tintim por tintim a trama do filme . The Parent Trap não faz suspense algum . Bem ao contrário . É inteiramente previsível , como em geral são previsíveis os filmes para todas as idades e as comédias românticas . Sim , porque este aqui é mezzo filme juvenil , mezzo comedinha romântica . Durante os créditos gostosos , o espectador ouve Tommy Sands e Annette Funicello cantando a canção título , composta pelos irmãos Richard M . Sherman e Robert B . Sherman , veteranos colaboradores de Walt Disney . Os dois assinam as canções de diversos , diversos filmes dos estúdios Disney , como , só para citar alguns , A Espada Era a Lei ( 1963 ) , Mary Poppins(1964 ) e Mogli – O Menino Lobo ( 1967 ) , e são personagens de Walt nos Bastidores de Mary Poppins ( 2013 ) . Quando a ação começa , a garotinha Sharon McKendrick está chegando , no Rolls-Royce da avó , a um acampamento de verão , no meio do mato . O motorista da família entrega para ela um remédio , um protetor solar , um repelente de insetos . Ela é instalada em uma das dezenas de cabanas espalhadas por um belo terreno , em que ficará com duas outras garotas . Ficam próximas , as três , vão andar sempre juntas . No refeitório , Sharon se surpreende ao ver uma garota bastante parecida com ela própria . Na verdade , idêntica à ela , com a única exceção dos cabelos – os de Sharon são longos , os da outra menina são curtinhos . Como Sharon , a outra menina – que depois veremos que se chama Susan Evans – anda sempre com duas amigas . Num dia lá , estão as três numa canoa , no lago do lugar , e Sharon e suas amigas fazem virar a canoa delas . A vingança vem furiosa . Susan e suas duas amigas invadem a cabana das adversárias , durante a noite , enquanto elas dormem , e fazem uma gigantesca fuzarca , sujando tudo com uma mistura pestilenta de mel e grama . As organizadores do acampamento , duras , rígidas , como têm que ser mesmo , ficam furiosíssimas com Sharon e amigas . Na noite de sábado tem baile – os garotos do acampamento para meninos vizinho são convidados . Numa hora em que Susan está conversando num deck com um menino , Sharon e amigas cortam a parte de trás do vestido dela . Segue-se uma briga de tapas entre as duas sósias , que resulta numa baderna geral e estraga todo o baile , numa sequência hilariante , absolutamente pastelônica , com direito a bolo caindo inteiro sobre o rosto da dona do acampamento , Miss Inch ( Ruth McDevitt ) . Miss Inch providencia para as duas sósias brigonas um castigo extremamente adequado : vão ter que , por todo o resto das férias de verão , dividir uma cabana , e , no refeitório , ficarem as duas isoladas numa mesa distante das demais . Depois da descoberta de que são gêmeas , as duas começam a fazer planos É tudo absolutamente previsível , e então é claro que , depois de alguns dias uma estranhando a outra , uma evitando olhar para a outra , as duas meninas começam a conversar , e vão ficando amigas . Aí Sharon conta que mora com a mãe , e que sequer se lembra do pai – os dois haviam se separado quando ela ainda era bebê . E Susan conta que mora com o pai , e que só lembra da mãe porque havia em casa uma foto dela – mas o pai sumiu com a foto ao perceber que a filha estava olhando muito para ela . Uma conta para a outra o dia de seu aniversário . É o mesmo dia . Sharon é que primeiro percebe o óbvio : são irmãs gêmeas , uai ! Enquanto via o filme , pensei : só mesmo na cabeça de um escritor de imaginação fertilíssima poderia surgir a idéia de um casal que tem duas gêmeas e , ao se separar , quando elas ainda são bebês , cada um fica com uma delas , e a existência da outra fica guardada em segredo . Mas essa noção não resiste por muito tempo : os casais são capazes de fazer as coisas mais estúpidas , mais idiotas , mais sem sentido , quando se separam . O escritor alemão Erich Kastner , ao escrever sua história Das Doppelte Lottchen , não estava numa viagem doida de ácido . Não há loucura de que os seres humanos não sejam capazes . É até possível que algum casal já tenha tido a idéia maluca que Maggie McKendrick ( o papel de Maureen O’Hara ) e Mitch Evans ( Brian Keith ) tiveram de dividir entre eles suas duas gêmeas . Bem . Se é só coisa de ficção ou , ao contrário , poderia de fato acontecer na vida real , sei lá – mas que , numa comedinha para o público adolescente , é uma delícia de ponto de partida , disso não pode haver dúvida . Sharon e Susan passam então a planejar o futuro : vão trocar de identidade . Não é difícil : basta cortar o cabelo de Sharon , e cada uma aprender o nome das pessoas próximas da outra . Sharon vai se passar por Susan e viajar para a Califórnia ; Susan vai se passar por Sharon e vai para a mansão da mãe e da avó em Boston . Assim , uma conhecerá a mãe que ainda não havia conhecido , e a outra conhecerá o pai . Mais tarde , em algum momento , vão revelar a troca , e então os pais serão obrigados a se reencontrar para destrocar as filhas , e aí quem sabe eles não resolvem ficar juntos de novo ? O acampamento de verão termina quando o filme está aí com uns 20 , 25 minutos no máximo . Aí é que a trama toda vai começar a se desenrolar . E o espectador passará a ver a beleza estonteante de Maureen O’Hara . O plano das meninas de reunir de volta papai e mamãe vai encontrar um sólido obstáculo : o pai está noivo de uma mulher jovem e bela , Vicky ( Joanna Barnes ) . E o casamento já está marcado . O filme acaba , de certo modo , condenando a guarda compartilhada É absolutamente natural que as crianças , e mesmo os adolescentes , queiram ver seus pais juntos , como querem Sharon e Susan . E é um total absurdo o que os pais , Maggie e Mitch , fizeram com as duas – forçando a barra para que uma gêmea jamais soubesse da existência da outra e , pior ainda , sumindo completamente da vida da outra criança , de tal forma que uma crescesse sem pai e a outra , sem mãe . Mas o que a rigor causa mais estranheza é ver que o filme acaba , de certa maneira , condenando a guarda compartilhada , ou , no mínimo , não fazendo a defesa dela – e a guarda compartilhada é , sem qualquer sombra de dúvida , a melhor opção para os filhos de pais separados . Pai presente , mãe presente – isso é o que de melhor se pode desejar para qualquer criança , qualquer adolescente . Não é necessário que pai e mãe vivam juntos – na verdade , viver juntos em clima de absoluto distanciamento , quando não de ódio aberto , só com a desculpa de que é melhor para os filmes , é de longe a pior opção . Se o amor acabou , se há mais briga que momento bom , se há mais ressentimento que afeto , que se separem logo , os pais – e continuem a amar e ver os filhos , cada um em sua casa , e que continuem a dividir a criação dos filhos . Em conversa com a mãe , quando os segredos já foram desvendados , Susan se refere à guarda compartilhada como “ filhos iô-iô ” , como toalhas marcas “ ele ” e “ ela ” . E Maggie-Maureen O’Hara , mulher madura , inteligente , vivida , sequer tenta esboçar a defesa da saída que é a menos agressiva , menos dolorosa , menos triste , para quando o casal se desfaz . Quando Robert Benton lançou o belo , triste , sério Kramer vs Kramer , em 1979 , fazia cerca de três anos que eu tinha saído de casa deixando minha única filha com a mãe . Àquela altura , no entanto , a parte absolutamente pior do processo de separação já tinha passado , tínhamos chegado juntos à conclusão óbvia de que o mais importante era cuidar da pequena , e eu era presença constante , diária , rotineira , na vida dela : ia pegá-la na escolinha todos os dias , e ficava com ela um bom tempinho . Todos os dias Rotina faz muito bem para crianças . Mesmo assim , me lembro perfeitamente de que vi Kramer vs Kramer com dois pés e duas mãos para trás : se o filme fizesse uma pequena defesa , que fosse , de se manter um casamento para privilegiar o desejo dos filhos de ver pai e mãe juntos , eu teria ódio mortal e eterno dele . Claro que Kramer vs Kramer é um belo filme , que não faz defesa reacionária , conformista , de se manter um casamento que na realidade já se desfez . Mas , na época , essa coisa da posição diante da separação , do divórcio , me incomodava profundamente . Não importa se pai e mãe moram juntos – importa é que eles cuidem bem dos filhos É fascinante verificar que , nos últimos anos , vários filmes têm feito a louvação do reatamento do casal que se separou . Relove is in the air , eu escrevi , outro dia , comentando isso que parece de fato uma tendência … Me permito transcrever o que escrevi depois de ver Um Plano Brilhante / The Love Punch ( 2013 ) , uma comedinha danada de boba com a maravilhosa Emma Thompson e Pierce Brosnan : O cinema anda nos dizendo que é hora do reamor . Relove is in the air , ladies and gentlemen . Este aqui é pelo menos o quinto filme mais ou menos recente em que acontece essa coisa de o herói e a heroína voltarem a ficar juntos depois de um tempo separados . Se fosse um só , não seria nada . Quatro ou cinco chegam a configurar quase um fenômeno . Há um reatamento emO Casamento do Ano / The Big Wedding ( 2013 ) , ótima comédia com Robert De Niro , Diane Keaton , Susan Sarandon , Robin Williams e os jovens Katherine Heigl , Amanda Seyfried e Topher Grace . Há um reatamento em Ligados pelo Amor / Stuck in Love , interessante comédia com Greg Kinnear e a lindérrima Jennifer Connelly ( 2012 ) . Em Simplesmente Complicado/It’s Complicated ( 2009 ) , Meryl Streep e Alec Baldwin interpretam um casal que está divorciado faz tempo . Ele está casado com uma garota bem mais jovem , e ela está sendo cortejada por um sujeito interessante interpretado por Steve Martin ) . Mas aí os dois se reúnem para a formatura do filho no colégio e … trepam ! E tudo fica muito complicado . Em Chef ( 2014 ) , Carl e Inez , que haviam sido casados , e tiveram um filho , garoto legal , que está aí agora com uns 14 anos , ficam juntos de novo . Casam-se novamente , numa grande festa com música cubana – Inez é cubana . De onde se pode concluir que gêmeas que tentam fazer com que pai e mãe voltem a ficar juntos , num filme de 1961 , não é propriamente algo velho , antiquado , já superado pelas técnicas de hoje , com licença do Horácio Ferrer por roubar o verso dele . E desejar que pai e mãe estejam juntos nem é algo “ reacionário ” , como eu diria quando era jovem e estava ainda no início do segundo casamento e cheio de culpa por não morar com a filha – embora dedicasse a ela mais tempo do que muito pai casado dedica … A verdade é aquela que Pessoa , Caetano e Milton cantam : qualquer maneira de amor vale a pena , e tudo vale a pena quando a alma não é pequena – e , sobretudo , quando , sob o mesmo teto ou não , pai e mãe fazem todo o possível pelo bem dos filhos . Duas indicações ao Oscar , boa cotação nos guias de filmes The Parent Trap teve duas indicações ao Oscar , em categorias técnicas : melhor edição de som e melhor som . Não levou nenhum dos dois , mas é um sinal a mais de que não foi um filme que passou propriamente despercebido em seu tempo . Leonard Maltin deu a ele 3 estrelas em 4 : “ Hayley interpreta gêmeas que nunca haviam se encontrado até que seus pais divorciados as mandam para o mesmo acampamento de verão ; depois de uma rivalidade inicial , elas unem forças para reunir sua mãe e pai . Tentativa de misturar pastelão e sofisticação não funciona , mas de uma maneira geral é engraçado . ” Maltin acrescenta a informação de que a história de Erich Kastner já havia sido filmada em 1953 na Inglaterra , e que ela inspiraria várias refilmagens . O guia de filmes de Mick Martin & Marsha Porter dá especial atenção à questão do que é ofensivo aos valores familiares . Tinha uma categoria específica para os “ filmes para a família ” . The Parent Trap está lá , com 4 estrelas em 5 , e uma rápida sinopse : “ Walt Disney dobrou a graça nesta comédia em que ele teve Hayley Mills interpretando gêmeas . ” Para mim , ver o filme agora , pela primeira vez , foi uma absoluta delícia por diversos motivos sobre os quais já falei aí acima . Só não havia dito ainda que a figura de Hayley Mills sempre me atraiu – porque ela estava em absoluta evidência quando comecei a ver filmes , porque ela era quase da minha idade , porque ela era inglesa , porque ela era filha de John Mills . E também porque ela era a atriz principal de The Family Way , de 1966 – o primeiro filme que teve trilha sonora composta por Paul McCartney . Prova de Redenção / Venuto al Mondo De : Sergio Castellitto , Itália-Espanha , 2012 Nota : Praticamente toda a ação deste Venuto al Mondo , que o italiano Sergio Castellitto lançou em 2012 , se passa em Sarajevo e seus arredores , antes , durante e depois da sangrenta guerra civil que destroçou a ex-Iugoslávia , numa das mais óbvias comprovações de que a humanidade é uma invenção que não deu certo . No entanto , tive um problema com o filme do diretor Castellitto . É um problema meu , pessoal – vou logo admitindo . Fiquei com a estranha , desagradável sensação de que o filme , ao mesmo tempo em que existe para denunciar a barbárie , usa a própria barbárie para atrair público . Porque , a rigor , a rigor , não é um filme sobre a guerra da Bósnia : é a história de uma mulher que quer ter um filho . Poderia acontecer em qualquer lugar do mundo , em qualquer época . Acontece num dos períodos mais infames da história da humanidade para ter maior peso dramático . A Bósnia é um acidente na história de Gemma , a protagonista – o papel de Penélope Cruz , lindérrima como sempre . Insisto : foi essa a sensação que tive – íntima , particular , só minha , que nem dor de dente . Pode ter sido uma implicância besta . Não significa que o filme seja ruim , de forma alguma . Mary , ali a meu lado , não teve essa sensação , essa visão , essa impressão . Depois de 20 anos , Gemma viaja de volta a Sarajevo A ação começa nos dias de hoje , da época da produção , início da segunda década deste século . Gemma – uma Penélope Cruz muito bem maquiada para parecer mais velha , com fios brancos na bela cabeleira negra – recebe um telefone internacional . É Gojko ( Adnan Haskovic ) . “ Meu Gojko ? ” , pergunta ela , surpresa . É nítido que os dois não se falavam havia muitos , muitos anos . Gojko a convida para voltar a Sarajevo . Vai haver uma exposição de fotos de Diego – e então é a oportunidade ideal para ela rever os velhos amigos . Gemma conta do telefonema para o marido , Giuliano ( o papel do próprio diretor Sergio Castellitto ) , que , veremos em seguida , é alto official dos carabinieri , a polícia militar italiana . Fica absolutamente claro que o telefonema , o convite , a existência de Gojko incomodam Giuliano – mas ele engole em seco o incômodo . Respeita a mulher , não fará nada para impedi-la de fazer o que ela bem entender . E Gemma logo em seguida está desembarcando em Sarajevo com o filho , Pietro . ( Pietro , um rapaz aí de uns 17 anos , de fulgurantes olhos azuis , é interpretado por Pietro Castellitto , filho do diretor Sergio e de Margaret Mazzantini , que vem a ser a autora do romance Venuto al Mondo , publicado em 2008 . A adaptação do romance para o cinema foi feita a quatro mãos pelo diretor e pela escritora , marido e mulher . ) Gemma e Pietro são recebidos por um Gojko exultante , maravilhado por estar revendo a velha amiga que não via há quase 20 anos . E , a partir daí , a narrativa vai alternar fatos passados nos dias de hoje – os dias da visita de mãe e filho à Sarajevo de 2012 – com fatos ocorridos entre 1984 e 1992 . Em 1984 , a então jovem Gemma havia viajado pela primeira vez a Sarajevo , para estudar sobre a vida de Andric para sua tese na universidade . ( Não se diz o prenome da personalidade , mas é possível que seja Ivo Andrić , 1892–1975 , novelista e vencedor do Nobel . ) Foi naquele ano de 1984 – em que a Iugoslávia sediou os Jogos Olímpicos de Inverno – que Gemma e Gojko se conheceram . Ficaram amicíssimos , mas , ao contrário do que o espectador poderia pensar ( assim como Mary e eu chegamos a pensar ) , não tiveram um caso . Gojko ficou bastante apaixonado pela italiana linda – mas ela se apaixonou por um dos muitos amigos a quem foi apresentado por Gjojko , Diego , um fotógrafo americano jovem , aventureiro , alegre , cheio de vida . No livro de Margaret Mazzantini , Diego é um genovês . No filme , é americano – e vem na pele de Emile Hirsch . A escolha do garotão americano Emile Hirsch para o principal papel masculino é , no mínimo , no mínimo , uma esperteza de marketing , por abrir para o filme boas portas do mercado americano , o maior do mundo . E deixa mais natural o fato de a italiana Gemma e os bósnios de Sarajevo conversarem em inglês , a língua que é assim o mínimo múltiplo comum . Nessa questão de línguas , o filme se sai com perfeição . É absolutamente natural que Gemma e Gotko falem em inglês ; quando conversam entre si , os bósnios falam na língua deles , e Gemma conversa com o marido em italiano . Gemma quer desesperadamente ter um filho de Diego Além de Diego , Gemma fica conhecendo , já naquela sua primeira estada em Sarajevo , vários amigos de Gotko . Como ele é poeta , seus amigos são um bando de malucos beleza , em geral ligados à arte . Há um mímico , um casal mais idoso de intelectuais , ele judeu , ela muçulmana . Surgirá depois no grupo uma saxofonista de beleza absolutamente estranha e faiscantes olhos azuis ; chama-se Aska ( Saadet Aksoy , na foto abaixo ) , e terá importância imensa na trama . Gemma e Diego apaixonam-se perdidamente , de cara . Vão voltar a se encontrar mais tarde em Roma , onde ela vive . Terão uma história de amor intenso , fortissimo – e aí , finalmente , quando o filme já está se aproximando da metade de seus longos 127 minutos , a narrativa passa a se concentrar na questão de Gemma querer desesperadamente um filho de Diego . Esse desejo gigantesco estará no auge quando os dois voltarão para Sarajevo no início dos anos 90 , em meio à loucura da guerra civil . A trama a partir daí terá tons absolutamente trágicos – e surpresas , e uma imensa reviravolta . “ A expressão fácil de Penépole Cruz ao longo do filme é emocionante ” Venuto al Mondo teve no Brasil o título de Prova de Redenção . Foi exibido no canal Max , no entanto , com o título de Bem-Vindo ao Mundo . Nos países de língua inglesa , chamou-se Twice Born , nascido duas vezes . Na França foi Venir au Monde , na Espanha Volver a Nacer , em Portugal Voltar a Nascer . Sergio Castellitto ( na foto abaixo ) é um romano da minha geração – nasceu em 1953 . Tem mais de 70 títulos como ator em sua filmografia , iniciada em 1981 . Este aqui foi o quinto filme que dirigiu – e , aparentemente , apenas o segundo a ser lançado no Brasil , depois de Não se Mova , de 2004 – também baseado em livro de sua mulher Margaret Mazzantini , também com roteiro do casal e também com Penélope Cruz no elenco . Uma leitora do IMDb que vive na Califórnia escreveu o seguinte : “ Fantástica atuação de Penélope Cruz . Ela mostra os reais sentimentos de ser uma mãe . O desejo de uma mulher de ser mãe foi muito bem ilustrado . Sua expressão facial ao longo do filme é emocionante e faz você ficar pensando sobre este filme durante um bom tempo . ” Eu não entrei em sintonia com o filme . Isso acontece , e não há o que possa ser feito . Pacto de Sangue / Double Indemnity e Assassinos / The Killers De : Billy Wilder , EUA , 1944 , e Robert Siodmak , EUA , 1946 Nota : Anotação em 1998 : Interessantíssima coincidência ter visto numa mesma semana estes dois belos filmes , grandes clássicos do film noir , que têm tantas semelhanças e aproximações . A primeira semelhança , claro , é o próprio estilo , dois filmes sobre crime com o maravilhoso estilo noir , as tramas complexas , cheias de sordidez e corrupção , o preto e branco , muitas sombras , a influência do expressionismo alemão trazida pelos imigrantes que fugiam do nazismo . A segunda é a época em que foram feitos – só dois anos separam um do outro , 1944 e 1946 . A terceira é que os dois se baseiam em histórias criadas por grandes escritores já na época consagrados , Hemingway e James M . Cain . A quarta é que a música dos dois é do mesmo compositor , o húngaro Miklos Rosza ( 1907-1996 , três Oscars de trilha sonora , fora nove outras indicações ) . A quinta é que foram , os dois filmes , indicados para grande número de categorias do Oscar – Pacto de Sangue em 1944 para sete ( filme , atriz , diretor , roteiro , fotografia , trilha sonora , som ) ; e Assassinos em 1946 para quatro ( diretor , roteiro , montagem e música ) . Com mais a coincidência de que nenhum deles levou estatueta alguma . A sexta é que os dois usam o mesmo estilo de narrativa , entremeada de flashbacks , começando no que seriam os dias atuais e já mostrando nos primeiros minutos uma revelação forte – em Assassinos , o assassinato do Sueco , e , em Pacto de Sangue , a confissão de que Walter Neff é o assassino . A sétima é que os dois foram refeitos mais tarde , em versões consideradas boas , porém inferiores aos originais – Assassinos em 1964 , com direção de Don Siegel , e Pacto de Sangue em 1973 , dirigida por Jack Smith . Assassinos 1964 foi o último filme daquele canastrãozinho que depois se daria melhor em outra ocupação , Ronald Reagan . Tinha Angie Dickinson , John Cassavetes e Lee Marvin . Pacto de Sangue 1973 tinha aquela gracinha da Samantha Eggar , oito anos depois de O Colecionador . E a oitava é aquela característica tão cara aos film noirs : ao fim e ao cabo , o espectador compreenderá que toda a trama macabra foi fruto da ganância de uma mulher , uma dame , ou baby , uma femme fatale , linda , astuciosa , fria , que joga os homens a seus pés para conseguir o que desejam . Os homens , pobres joguetes nas mãos delas , fazem o serviço sujo – mas são elas que saem ganhando . A única diferença , no caso das duas atrizes que fazem a femme fatale , é que Barbara Stanwyck era mais velha ( estava com 37 anos ) e já estava absolutamente consagrada quando fez o papel de Phyllis Dietrichson , e Ava Gardner era mais jovem ( 24 anos , só ) e , embora já tivesse feito vários filmes , só alcançou o estrelato com este filme , ao interpretar Kitty Collins . 5 Comentários tio , assisti pacto de sangue esse fim de semana … há havia assistido antes mas em tempos de imaturidade … agora , sem dúvida , foi muito mais interessante … ah , sim , mulheres sordidas que fazem os homens fazer o serviço sujo … isso de fato é noir ! forte e fraterno abraço , seu sobrinho betão Um filme espetacular . Maravilhoso . Uma trama inteligente e extremamente envolvente . A tensão que existe entre os personagens , todo aquele suspense . Tudo no filme é perfeito . Extremamente envolvente . Edward G . Robinson está impecável na pele do Barton Keyes “ . Barbara Stanwick , como era linda esta atriz . A Phyllis era uma mulher mentirosa , manipuladora , e sem escrúpulo algum . Fred MacMurray em uma grande atuação . ” Matei um homem por dinheiro . . e por uma mulher . Não consegui o dinheiro . Também não terminei com a mulher . ” ” Eu nao conseguia ouvir meus passos era a caminhada de um homem morto . ” Eu já disse uma vez que vi filmes muito bons como este no comêço dos anos 70 na Globo . Era só filme deste quilate . Com atores e atrizes maravilhosos . Jennifer Jones , Ava Gardner,LizTaylor,Ingrid Bergman , a própria Barbara Stanwick , Bete Davis , Joan Crawford , Robert Mitchun , Ray Milland , Joseph Cotten,James Stewart,Gregory Peck . . . que coisa bôa que era ! ! Um abraço ! ! Ontém , mesmo tendo voltado para me desculpar pelo “ envolvente ” , acabei me esquecendo de dizer que outro filmaço do Wilder que vi foi “ Crepúsculo dos Deuses ” . Willian Holden ( grande , muito bom ator ) e Gloria Swanson estiveram soberbos , ela ainda mais . Com Holden vi outros filmes mas com a Gloria que me lembre , só vi este . Devo também ter visto outros filmes de Wilder que não lembro agora . Vou até , fazer uma pesquisa . Um abraço ! ! Dois filmes muito bons , mas eu gosto muito mais , mas muito mais de Double Indemnity . É um dos filmes que mais aprecio , e , sem dúvida , o melhor noir . Fred e Barbara estão muito bem , com muito boas interpretações . Edward G Robinson é fabuloso ao ser tão expressivo . O elenco de suporte também está bem . Eu não percebo porque razão Ava demorou tanto tempo a conseguir tornar-se uma grande estrela . Eu julgo que ela começou a carreira como atriz no inicio dos anos 40 na MGM mas só em 1946 é que virou uma sensação . Bem , ela está bem em The Killers , mas o papel dela não tem muito destaque . Eu sei que ela é o motor de tudo mas não aparece muito . É pena este post sobre Double Indemnity ser tão pequeno . Ainda assim , boas coincidências que oSérgio apontou . Uma coisa que eu não concordo : a mulher no filme noir não se sai safando . Ela é castigada , tem um final negativo ( a teoria feminista estuda isso mesmo , eu mesmo fiz um trabalho sobre isso ) . O homem também pode ser castigado mas também se pode sair bem como em The lady from shanghai . De qq forma , um bom post sobre o meu site preferido de cinema 18 Trackbacks [ … ] já havia dirigido também Fred MacMurray 16 anos antes num dos noirs mais noir de todos os tempos , Pacto de Sangue / Double Indemnity ; e Ray Walston , que faz um papel pequeno , como um dos chefes de seção que usa o apartamento de [ … ] [ … ] Anotação em 1999 : Um brilho de filme . Tem aquele ritmo , aquela sensualidade forte e aquela agonia dos grandes noir . Embora seu parente mais próximo seja o excepcional Corpos Ardentes , de Lawrence Kasdan , descende daquela linha majestática que inclui O Destino Bate à Sua Porta / The Postman Always Rings Twice ( o original , dos anos 40 , com Lana Turner , muito melhor do que o remake óbvio e explícito demais do Bob Rafelson nos anos 80 ) e Pacto de Sangue / Double Indemnity . [ … ] [ … ] violenta do jornalismo sensacionalista , A Montanha dos Sete Abutres , à essência do film noir , Pacto de Sangue , da comédia mais trágica que pode haver , Se Meu Apartamento Falasse , à comédia mais escrachada , [ … ] [ … ] provocariam a paixão fatal do vendedor de seguros Walter Neff , interpretado por Fred MacMurray em Pacto de Sangue / Double Indemnity , de Billy Wilder , um dos mais perfeitos , maravilhosos filmes noir da [ … ] [ … ] de Barbara Stanwyck são a primeira parte do corpo dela que a câmara de Billy Wilder mostra em Pacto de Sangue / Double Indemnity , um dos melhores filmes noir da história . Pacto de Sangue é de 1944 , três anos depois , portanto , [ … ] [ … ] M . Cain , o autor dos livros que deram origem a dois dos mais clássicos filmes noir da história , Pacto de Sangue / Double Indemnity ( 1944 ) , de Billy Wilder e com Barbara Stanwyck , e O Destino Bate à Sua Porta ( 1946 ) , de Tay [ … ] [ … ] a James M . Cain , o autor das novelas policiais que deram origem a dois dos maiores clássicos noir , Pacto de Sangue / Double Indemnity e O Destino Bate à Sua Porta / The Postman Always Rings Twice . Ele elogia a performance fantástica [ … ] [ … ] Moffett é vil , é má que nem , ou talvez até pior , que a Phyllis Dietrichson-Barbara Stanwyck de Pacto de Sangue / Double Indemnity ( 1944 ) , do que a Cora Smith-Lana Turner de O Destino Bate à Porta / The Postman Always Rings Twice [ … ] [ … ] o portão para que o carro passe , exibe para o condômino sua imitação de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue / Double Indemnity ( 1944 ) : – “ Eu não entendo . Não entendo de jeito nenhum . Nunca entendi , Walter . Eu [ … ] [ … ] quando o protagonista e o espectador vêem pela primeira vez a personagem de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue / Double Indemnity , de 1944 . São as pernas de La Stanwyck que a câmara focaliza – ela usa uma tornozeleira , que [ … ] [ … ] Roberts interpretada por Olivia Wilde é parente da Phyllis Dietrichson de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue ( 1944 ) , da Cora Smith de Lana Turner em O Destino Bate à Porta ( 1946 ) , da Matty Walker de Corpos [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Terra de Paixões / The Hi-Lo Country De : Stephen Frears , EUA-Inglaterra-Alemanha , 1998 Nota : Anotação em 2011 : O inglês Stephen Frears é um sujeito que passa por todos os gêneros possíveis e imagináveis , em filmes feitos na Inglaterra , nos Estados Unidos , na Irlanda – sempre com uma absurda competência . Em 1998 , fez um western , Terra de Paixões / The Hi-Lo Country . Não tinha como dar errado : fez uma beleza de filme . Não tinha mesmo como dar errado . Para fazer o filme , teve dinheiro de produtoras de três países – a sua Inglaterra natal , os Estados Unidos onde a ação se passa e o filme foi feito , mais a Alemanha . O grande Martin Scorsese foi um dos produtores . Carter Burwell , o excelente autor das trilhas sonoras dos irmãos Coen , fez um trabalho magnífico . O diretor de fotografia Oliver Stapleton não é um nome muito conhecido , mas fez um trabalho de babar . O filme é repleto de fantásticos planos gerais da paisagem ao mesmo tempo seca , agressiva , e estupidamente bela , com vales , montanhas , casas pobres isoladas no meio de vastas áreas de terra crua . Visualmente , o filme é de uma beleza extasiante , uma homenagem ao mais americano de todos os gêneros do cinema e seus grandes mestres , John Ford , Howard Hawks , Raoul Walsh , Anthony Mann – os planos gerais da paisagem desolada e bela se misturando ao clima pesado dos saloons onde se bebe muito além do que o fígado e o cérebro humano podem agüentar , e onde as tensões estão sempre a ponto de explodir . Como se trata de Stephen Frears , com o apoio de Martin Scorsese , este não é um western tradicional . Embora todo o clima seja de um western tradicional , a ação se passa nos anos 40 – 1940 , e não 1840 . Os personagens centrais são caubóis – cowboys , é bom lembrar , criadores de gado . Andam a cavalo , mas os cavalos já convivem com carros , ônibus , telefones , e os grandes fazendeiros já não conduzem mais seu gado de um canto a outro do país , até o local da venda , no muque , como se fazia antigamente , e sim em caminhões . Tirando esses detalhes – carros , ônibus , telefones , caminhões – , no entanto , o mundo que Frears mostra em seu filme não é diferente do Velho Oeste dos westerns tradicionais , o do outro século , o anterior , o que a gente chamava de século passado , e hoje é um passado absolutamente distante . O saloon , por exemplo , mudou pouquíssimo , e nele se encontram tanto os caubóis mocinhos quanto o grande fazendeiro e seus capangas , os bandidos – o grande fazendeiro é igualzinho eram os grandes fazendeiros de cem anos antes . São todos bandidos , exploradores do trabalho dos outros , roubam tudo o que podem – exatamente como são mostradas , em 99% dos filmes americanos , westerns ou não , as grandes corporações . Já houve outros westerns passados em meio a carros e helicópteros Não que seja absoluta novidade um western passado em pleno século XX . Em Sua Última Façanha / Lonely Are the Brave , de David Miller , de 1962 , por exemplo , Kirk Douglas interpreta um cáuboi renitente que foge dos homens da lei em seu fiel cavalo – e a polícia , chefiada pelo xerife interpretado por Walter Matthau , além de carros , usa até um helicóptero na perseguição . Em O Cavaleiro Elétrico / The Electric Horseman , de Sydney Pollack , de 1979 , o protagonista , interpretado por Robert Redford , um ex-campeão de rodeios tornado um autômato pela cachaça e pelo louco esquema de Las Vegas , foge pelos campos infinitos com um cavalo milionário , toda a polícia e a imprensa do país atrás . E , em O Indomado / Hud , de Martin Ritt , de 1963 , o filho do vaqueiro ( o papel de Paul Newman ) não quer saber de vacas nem de cavalos – gosta de cachaça , mas acompanhada por seu Cadillac e qualquer mulher que passar à sua frente . Um cruzamento de western com film noir – só que colorido Terra de Paixões / The Hi-Lo Country tem um pouco do clima desses três westerns passados em dias bem mais recentes . Tem , sobretudo , afinidades com O Indomado / Hud : o cenário é o Oeste , bem parecido com o Velho Oeste , mas a trama se centra nas relações afetivas , familiares e amorosas . O protagonista e narrador , Pete ( Billy Crudup , à direita na foto abaixo ) , comprou um pedaço de terra no Novo México , no final dos anos 30 , início dos anos 40 . Comprou também um cavalo de um sujeito do lugar , Big Boy Matson ( Woody Harrelson ) , mas o animal se mostrou mais arisco e violento do que Pete era capaz de aguentar , e ele então voltou até Big Boy para tentar desfazer o negócio . Para sua surpresa , Big Boy não só pagou de volta os mesmos US$ 75 como se mostrou disposto a ajudar o recém-chegado Pete no que ele precisasse . Foi o início de uma imensa , calorosa amizade . Big Boy e Pete tornam-se inseparáveis – no trabalho com o gado , e nas bebedeiras . Separam-se por alguns anos com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra , mas se reaproximam logo que retornam à região de Hi-Lo , a do título original do filme . Ao voltar da guerra , com uma boa soma de dinheiro do salário de combatente , Pete planeja comprar umas centenas de cabeça de gado . Num bar , reencontra Mona ( Patricia Arquette ) , a mulher mais bela do pedaço , e Josepha ( o papel de Penélope Cruz ) , a mocinha certa para qualquer sujeito que queira o amor em paz . E aqui se dá um bem feito cruzamento de um western passado nos 40 com um film noir que era o gênero quente daquela época . Mona , naquele lugar perdido nos confins do Novo México , é muito parecida com as femmes fatales que percorriam os bares de Nova York ou Los Angeles nos film noirs , enlouquecendo a cabeça dos homens . Para cada femme fatale está destinado um pato , e Pete é o pato , tadinho . Entre a mocinha certa e a mulher mais bela do pedaço , casada com o capataz do grande fazendeiro mas obviamente doidinha para pular todas as cercas , Pete , o pato , escolhe a segunda . Só depois de tragado pela paixão por Mona é que Pete descobre que Mona já está pulando a cerca – e exatamente com o maior amigo dele , Big Boy . Um fracasso comercial , apesar de todos os talentos envolvidos Não me parece que o filme – embora muito bom , feito por diretor de renome , com produtor de renome maior ainda – tenha sido um sucesso nos Estados Unidos . De fato , segundo o Box Office Mojo , o filme rendeu apenas US$ 166 mil no mercado americano , uma merrequinha de nada . Fico imaginando se ao menos parte desse fracasso não se deve ao elenco escolhido por Stephen Frears . O elenco é ótimo , está absolutamente brilhante – mas não eram , na época , grandes astros Woody Harrelson , Billy Crudup e Patricia Arquette . A maior estrela do elenco hoje é Penélope Cruz , mas na época ela ainda era uma desconhecida nos Estados Unidos – tinha apenas 24 anos , a espanhola deslumbrante ; tinha já uma penca de filmes em seu país , mas estava apenas começando a carreira internacional . Woody Harrelson é um ator excepcional , mas não é astro . É o anti-John Malkovich , o anti-Jack Black , esses sujeitos que fazem eternamente o papel deles mesmos . Em cada filme ele tem uma cara , uma personalidade . Está brilhante como o cáuboi de boa alma e maneiras bruscas e violentas , aferrado às tradições – inclusive à de não se importar muito com o fato de que todo mundo acabará sabendo que ele come a mulher do capataz do grande fazendeiro . E Patricia Arquette … Patricia Arquette é uma figura . Como o diretor Stephen Frears , é versátil . Como Woody Harrelson , é absolutamente camaleônica . É preciso ser ótimo fisionomista para sacar que essa atriz que faz Mona , a femme fatale de The Hi-Lo Country , é a mesma de Vivendo no Limite / Bringing Out the Dead , de Martin Scorsese . E é preciso ter boa memória para não confundi-la com a irmã Rosanna , que também trabalhou com Scorsese – em Depois de Horas / After Hours . Talvez o excesso de camaleonismo tenha acabado prejudicando Patricia Arquette , impedindo que ela se tornasse uma grande estrela . Mas é uma bela atriz – é tão boa atriz que consegue parecer mais bonita que a lindérrima Penélope Cruz bem jovem . Se não para todos os espectadores , para todos os homens daquele lugar perdido no meio do Novo México . E o filme tem uma ponta de Katy Jurado . Aparece em apenas uma sequência , a veterana atriz – faz o papel de uma vidente , uma cartomante , que Big Boy , o bravo , Pete , o pato , Mona , a femme fatale , e Josepha , a mocinha perfeita , vão consultar , quando o filme já está se aproximando do final . Deve ter sido provavelmente do produtor Martin Scorsese , um estudioso do cinema , um admirador das grandes obras do passado , a idéia de chamar Katy Jurado ( 1924-2002 ) para um papel , ainda que mínimo , nesse western moderno . Ou pode ter sido de Stephen Frears , quem sabe . O fato é que é uma bela homenagem a essa mexicana de Guadalara que fez tantos westerns , nos anos 50 e 60 – impossível não lembrar dela como a mulher do personagem safado interpretado por Karl Malden em A Face Oculta / One Eyed Jack , o único filme que Marlon Brando resolveu dirigir na vida ; e , principalmente , como a mulher da vida que esteve no passado do xerife Will Kane , e que agora , no momento da ação , os 90 minutos mais cronometrados da história do Oeste , dá guarida à jovem esposa dele , a ex-amante toda de preto , a jovem esposa toda de branco , em Matar ou Morrer / High Noon . “ As imagens são como a realização : simples , amplas e belas ” Sempre é bom ver a opinião dos outros , e checar alguns fatos Stephen Frears ganhou o Urso de Prata em Berlim pela direção do filme . Foi o único prêmio importante que o filme levou – teve quatro prêmios e quatro indicações . Leonard Maltin deu 2.5 em 4 . Segundo ele , o filme tem tantas coisas a seu favor – inclusive a extraordinária interpretação de Woody Harrelson e a fotografia de Oliver Stapleton – que é uma pena que não seja uma maravilha . E ele diz que Patricia Arquette está uma chata . O Guide des Films de Jean Tulard diz que é um western nostálgico , onde encontramos as seqüências obrigatórias do gênero – as conversas no saloon , o trabalho com o gado , “ a femme fatale e a jovem pura ” , etc . “ Mas o que parece interessar prioritariamente a Stephen Frears é a ligação com um mundo em via de desaparecimento , com os valores universais da amizade viril ou o gosto por uma vida rude , mas livre . As imagens são uníssonas com a realização : simples , amplas e belas . E o fim é de uma grande intensidade dramática . ” Essas duas últimas frases do guia francês definem perfeitamente o filme , muito melhor do que tudo o que eu havia dito antes . Mas também o nome do cara é Jean Tulard , e o meu é apenas Sérgio Vaz . Depois do que se diz no guia de Tulard , não é preciso dizer mais nada , mas acrescento : num filme povoado por imagens simples , amplas e belas , uma seqüência , em especial , chama a atenção , faz quem gosta de cinema babar , querer rever e rever de novo : a sequência do baile , em que Pete já entra sabendo que os homens do grande fazendeiro vão atacar Big Boy . É antológica . Dizer que é tão brilhante quanto a cena do baile de O Leopardo , de Visconti , seria um exagero . Mas olha – é quase tão . 2 Comentários se eu nunca tivesse vindo aqui , hoje eu teria chegado por uma via ou outra . Porque esse filme faz sal nos meus olhos e coceira na garganta e pede reprises ? Também . Mas ainda mais porque em sua resenha você conseguiu sair listando quase tudo que me apaixona no cinema . Se houvesse um motor de busca assim – cinemacoraçãoluciana – de imediato viria parar aqui : 2 Trackbacks [ … ] Cruz . Dois anos antes , em 1998 , ela havia feito , sob a direção do inglês Stephan Frears , Terra de Paixões / The Hi-Lo Country , em que ainda era coadjuvante . Este aqui foi de fato o primeiro filme falado em inglês em que ela [ … ] A Morte num Beijo / Kiss me Deadly De : Robert Aldrich , EUA , 1955 Nota : Anotação em 2000 , com complemento em 2008 : O lead é bom , é ótimo : uma mulher desesperada , vestindo apenas uma capa , pede carona numa estrada à noite , corre , foge , pede socorro . A câmara é como se fossem os olhos do motorista – vemos a estrada adiante , na escuridão da noite . Pouco depois , enquanto o espectador ouve a respiração ainda ofegante da mulher sentada ao lado do motorista , as palavras da apresentação , dos letreiros , vão aparecendo como se fossem avisos escritos no asfalto . O diálogo dela com o homem que deu a carona é ótimo – epa , o filme promete ! Depois a trama se perde numa confusão que nem Raymond Chandler e Dashiell Hammett juntos conseguiriam entender . Leonard Maltin diz que o filme é cheio de clima , rápido e violento , anos à frente de seu tempo , com muita influência da nouvelle vague francesa – e é um dos melhores do diretor Robert Aldrich . Isso não é pouco , já que Aldrich fez muitos bons filmes , desde suspense-terror como O Que Aconteceu com Baby Jane ? e Com a Maldade na Alma até westerns como O Último Pôr-do-Sol e Vera Cruz . Amizade Corrompida / Tough Love De : David Drury , Inglarterra , 2000 Nota : Anotação em 2004 : É mais uma prova de que a Inglaterra faz um dos grandes cinemas do mundo , se não o melhor . É um policial duro , pesado , que se fosse feito no esquemão padrão de Hollywood muito provavelmente se perderia nas tentativas de se fazer glamour da violência e mostrar muita violência desnecessária . Este não tem glamour algum , e a violência é do próprio tema , e muito mais moral que visual . É sobre uma trama de corrupção em uma delegacia de polícia de lugar não claramente definido – pode ser na periferia de Londres ou de alguma grande cidade tipo Birmingham . Gira em torno da amizade de décadas de dois veteranos policiais – um deles chefe da delegacia , outro investigador . Alguém da corregedoria procura o investigador e pede a ele que fique de olho no seu amigo e superior , suspeito de corrupção com o traficante local . O investigador se nega a acreditar que o amigo esteja em esquema corrupto , justamente porque o conhece há muitos anos e testemunhou , lá atrás , no passado , como ele resistiu a diversas tentativas de ser corrompido . Eu , espectador , me peguei torcendo para que a informação da corregedoria fosse errada , que o chefe da delegacia fosse inocente e honesto . O filme vai fundo nas relações de amizade entre as famílias dos policiais . Fala dos preconceitos de classe – ou não seria um bom filme inglês – e do preconceito racial ( no bairro , é claro , existem imigrantes paquistaneses ) . Um belo , denso , pesado filme . Os Corruptos / The Big Heat De : Fritz Lang , EUA , 1953 Nota : The Big Heat , de 1953 , no Brasil Os Corruptos , é um grande filme , uma obra-prima . É um dos melhores filmes da fase americana do alemão Fritz Lang , um dos maiores realizadores do primeiro século do cinema . É tido como um dos grandes do filme noir , esse gênero endeusado por 11 de cada 10 cinéfilos . Da essência do noir , tem , na forma , o visual extremamente bem cuidado , com ênfase no jogo de luz e sombra , o chiaroscuro , herança do expressionismo alemão dos anos 1920 que Lang conheceu tão bem , porque foi um de seus expoentes . E , no conteúdo , a atmosfera de dissolução moral , da falta de valores morais , de corrupção que se alastra e parece atingir quase todo o tecido social – herança , por sua vez , da sua época , os anos seguintes ao final da Segunda Guerra Mundial , o conflito cuja barbárie destruiu os sonhos , as ilusões de gerações . Ao contrário , no entanto , de muitos dos mais tradicionais filmes noir , como os baseados nas histórias dos detetives particulares durões criadas por Dashiell Hammett e Raymond Chandler , em especial , não tem uma trama complexa , cheia de idas e vindas , pontos obscuros . Bem ao contrário : a história criada por William P . McGivern e publicada como série no Saturday Evening Post , e roteirizada por Sydney Boehm , é simples , direta : ao investigar o suicídio de um colega policial , o sargento da Divisão de Homicídios de uma cidade qualquer enfrenta um imenso esquema de corrupção . É um filme poderoso , impressionante , marcante . Produção da Columbia Pictures , foi lançado no Brasil em DVD na caixa Filme Noir 2 , da ótima Versátil , que incluiu como atrações especiais um depoimento de Martin Scorsese e outro de Michael Mann sobre a obra . São fascinantes os depoimentos . Creio que existem duas seqüências que se destacam como as mais violentas de todas as dos filmes noir dos anos 40 e 50 . São sequências famosas , antológicas , inesquecíveis pela brutalidade , crueza . Uma delas está em O Beijo da Morte / Kiss of Death ( 1947 ) , de Henry Hathaway , em que um gângster , interpretado por Richard Widmark , empurra escadaria abaixo uma mulher paraplégica , em uma cadeira de rodas – e , ao cometer o ato insano , dá uma gargalhada . A outra sequência mais violenta da história do filme noir está neste The Big Heat , e envolve os personagens interpretados por Lee Marvin e Gloria Grahame . Mas é melhor falar dessa cena mais tarde . Um começo brilhante : um homem se mata ; a reação de sua mulher é gélida O filme começa de forma brilhante . Close-up de um revólver sobre uma mesa de trabalho . Mão pega o revólver , câmara se mantém onde estava – ouve-se um tiro . Corta , nova tomada : homem morto , cabeça sobre a mesa , mão ainda segurando o revólver . Nova tomada : close-up de envelope sobre a mesa endereçado ao procurador de Justiça . A mulher do suicida desce as escadas da casa , chega até a sala , vê o marido morto . Não demonstra emoção alguma – nenhum sinal de espanto , de tristeza . Aproxima-se da mesa , pega o envelope , abre , dá uma olhada rápida nas diversas folhas de papel com anotações feitas à mão pelo marido que ainda está quente , assim como o revólver sobre a mesa . Pega o telefone , disca , pede para falar com o sr . Lagana . A voz é dura , firme : – “ Eu sei que é tarde . Acorde-o . Diga que a viúva de Duncan ” . Bertha Duncan , a mulher que acaba de ficar viúva e , em vez de telefonar para polícia , liga para um milionário , é interpretada por Jeanette Nolan . Mulher feia , sem qualquer charme – ótima atriz . Saberemos que Lagana ( o papel de Alexander Scourby , na foto acima ) é um milionário logo na tomada seguinte , quando ele é acordado por um serviçal para atender ao telefone . O espectador não ouve tudo o que é dito entre Lagana e Bertha Duncan . Ao final do telefonema , Lagana sugere à viúva que agora ligue para a polícia , para avisar que seu marido se matou . O sargento que é enviado à casa dos Duncan chama-se Dave Bannion , e ele vem na pele de Glenn Ford , um dos atores de Hollywood mais admirados e respeitáveis na época do filme . Dave Bannion será mostrado ao espectador como um bom homem , um policial firme , honestíssimo , incorruptível , um pai e marido amantíssimo – o exemplo perfeito , acabado , do bom caráter . Dá-se muitíssimo bem com a mulher , Katie ( Jocelyn Brando , na foto abaixo ) , e a filhinha , Joyce ( Linda Bennett ) , um anjinho aí de uns oito , nove anos . O legista já havia feito os primeiros exames do morto , os técnicos já haviam feito as fotos . Não há dúvida alguma de que Duncan se matou . Dave conhecia Duncan , mas só de vista . Não trabalhavam juntos . Duncan era chefe do serviço de registros . E então o policial perfeito vai conversar com a viúva , fazer as perguntas que são obrigatórias para que se façam todos os relatórios , sem falhas . E aí Jeanette Nolan demonstra a boa atriz que é . O espectador já podia até prever , e o previsível acontece : diante do policial que vem fazer as perguntas de rotina , Bertha Duncan , a mulher que não demonstrou qualquer emoção ao ver o marido morto , debulha-se em lágrimas . O roteiro é um exemplo de concisão e perfeição . Expõe tudo logo de cara Depois de receber o telefonema de Bertha Duncan , Mike Lagana liga para Vince Stone ( o papel do jovem Lee Marvin , ainda em começo de carreira , iniciada em 1950 , três anos antes do lançamento deste filme ) . Quem atende é a namorada de Vince , Debby ( o papel de Gloria Grahame , belíssima , talentosa atriz , na foto abaixo ) . Vince estava naquele momento jogando cartas e bebendo , numa sala ao lado , junto com um grupo de amigos . Debby o chama ao telefone e faz um gesto gozativo com as mãos e uma reverência de cabeça – tipo “ Sua Majestade , o patrão , está chamando ! ” O roteiro de Sydney Boehm , um exemplo de concisão e perfeição , demonstra todos os fatos para o espectador nos primeiros 10 , 15 minutos do filme . Duncan era um policial corrupto , estava na folha de pagamento de Mike Lagana . Por algum motivo , a consciência pesou , ele se arrependeu , e escreveu ao procurador de Justiça um roteiro dos crimes do milionário – empresário e gângster que domina com mão de ferro toda a cidade , inclusive altos postos na polícia . Sua mulher , Bertha , que sempre soube da corrupção do marido , ficou com a carta denúncia para si mesma , e passou a exigir para si um pagamento mensal , em troca do silêncio . Vince é o secretário especial de Mike Lagana para assuntos sujos . Debby , sua namorada , é muito bela , muito jovem , e debocha do servilismo dele mesmo diante dos amigos . É , portanto , uma bomba-relógio . Não vai demorar nada para que Dave Bannion , o homem bom , o tira incorruptível , vá descobrindo o fio da meada e a meada inteira . A forma tão absolutamente perfeita , rósea , com que o filme mostra a vida familiar do sargento Dave Bannion , é um indicativo forte de que virá problema . Só não dá para prever o tamanho , a violência do problema que virá . É extremamente chocante , quando vem . E , bem mais tarde , há novo choque . É a tal sequência que é uma das duas mais violentas de todo o universo do filme noir . Ela envolve , como já disse lá acima , os personagens de Lee Marvin e Glora Grahame . Por mais conhecida que ela seja , por mais que seja antológica , vou evitar descrevê-la . Não é necessário – e seria um spoiler feio para quem ainda não viu o filme e não conhece a trama . Fritz Lang fez 23 filmes em seu período em Hollywood Fritz Lang realizou filmes importantíssimos na sua Alemanha natal , no período entre as duas guerras mundiais , a partir exatamente de 1919 , o primeiro ano após o fim da Primeira Guerra . Dr . Mabuse é de 1922 . Metrópolis , de 1927 , uma ficção científica , uma distopia , influenciaria diversas gerações de cineastas ; parte do visual de Blade Runner se deve a essa obra-prima . M . , O Vampiro de Dusseldorf , de 1931 , é outra obra-prima que influenciou meio mundo . O livro … ismos – Para entender o cinema , de Ronald Bergan , lembra que , para muitos críticos , filmes sombrios como Dr . Mabuse e M . , O Vampiro de Dusseldorf , exemplos perfeitos do expressionismo alemão , “ profetizaram o Terceiro Reich , através de seus personagens sádicos e suas paisagens de pesadelo ” . Fritz Lang deixou a Alemanha para fugir do nazismo que seus filmes de alguma forma já profetizavam . Como diversos outros realizadores alemães e austríacos – Ernst Lubitsch , Billy Wilder , Josef von Sternberg , Otto Preminger , Douglas Sirk , Robert Siodmak – , radicou-se nos Estados Unidos , em Hollywood . E , como diversos de seus conterrâneos , ajudou a criar o gênero noir . Lang fez 23 filmes nos Estados Unidos , entre Fúria / Fury , de 1936 , com Spencer Tracy e Sylvia Sidney , que trata de linchamento e vingança , e Suplício de uma Alma / Beyond a Reasonable Doubt , de 1936 , com Dana Andrews e Joan Fontaine , que discute a pena de morte . Gostaria de já ter visto todos ; dos que conheço , este aqui é o melhor , ao lado do primeiro – Fúria é também uma obra-prima . Alguns poucos dos 23 filmes americanos já estão neste site , além do citado Suplício de uma Alma : “ Fritz Lang voltou ao universo do film noir em The Big Heat , um melodrama sobre ‘ dados , vício e corrupção ’ , como proclamavam os cartazes , cuja maior parte foi feita em interiores no estúdio e que mostrava um mundo de sórdida brutalidadc ” , diz o livro The Columbia Story , que define o roteiro de Sidney Boehm como “ firme e tenso ” . O texto realça , naturalmente , a sequência brutal que já citei duas vezes com Lee Marvin e Gloria Grahame , depois de afirmar que boa parte do sangue derramado acontece fora da tela . Isso é bem verdade : há vários episódios de violência que a câmara não mostra . “ Observar o herói e o vilão fazer o jogo de gato e rato sob a direção cheia de suspense de Lang manteve as audiências na ponta de suas cadeiras . A produção de primeira de Robert Arthur , que viria a ser uma das mais poderosas declarações sobre a criminalidade urbana do pós-guerra nos anos 50 , recrutou um excelente elenco de coadjuvantes ” – e o livro cita Jeanette Nolan , a atriz que faz a corrupta Bertha Duncan , diversos outros coadjuvantes e ainda Carolyn Jones . Ah , sim : ela faz Doris , uma das moças de programa do Retreat , o bar frequentado pelos capangas do bandidão Mike Laguna . Aparece numa única sequência , em que está jogando dados ao lado de Vince Stone e sua namorada Debby ; faz alguma coisa que desagrada Vince , e ele queima a mão dela com um cigarro . Revi a cena , e percebi por que não a havia reconhecido : ela está com os cabelos curtos , encaracolados e louros – e na maioria dos filmes seus cabelos são negros , lisos e compridos . Leonard Maltin dá ao filme 3 estrelas em 4 , fala da famosa cena de violência e elogia a atuação de Gloria Grahame – que , de fato , é impressionante . Impressionante , surpreendente , incrível é o fato de que Pauline Kael , a língua mais ferina da crítica americana , elogie do filme do jeito que ela elogia . Começa assim o texto dela , na tradução de Sérgio Augusto para a edição brasileira do livro 1001 Noites no Cinema : “ O roteiro sólido e intransigente de Sidney Boehm poderia ter sido transformado num rotineiro thriller de polícia e ladrão , mas o diretor , Fritz Lang , deu-lhe um estilo formal . O filme é inteiriço ; desenhado em luz e sombras , sua atmosfera de submundo brilha com as possibilidades de sadismo – um film noir definitivo , com algumas cenas perversas estonteantemente coreografadas . ” Quem fica obcecado por vingança se torna igual às pessoas que combate No depoimento que dá sobre o filme , com todo seu conhecimento de um cinéfilo inveterado , que já viu tudo , e mais de uma vez , Martin Scorsese chama a atenção para vários pontos importantes . Dois deles me impressionaram . O primeiro é o fato de que Glenn Ford foi muito bem escolhido para o papel porque , na época , ele vinha de vários filmes em que interpreta um bom pai de família , e essa imagem é fundamental para que a audiência simpatizasse com o personagem . O segundo ponto é que , quando parte para a vingança , o sargento Dave Bannion , até então aquele exemplo de bom caráter , vai-se tornando tão frio , tão insensível , tão violento , quanto aqueles que pretende combater . Se não estou enganado , essa questão já havia sido levantada por Fritz Lang na sua estréia no cinema americano , em Fúria . A pessoa que fica obcecada pela vingança acaba se tornando igual àquelas que combate . Essa é uma verdade que pode parecer óbvia , mas na realidade não é . Muita gente parece se esquecer disso , ou , conscientemente ou não , procura não pensar sobre isso . É um tema sempre bem-vindo , para que a gente não caia no atrativo fácil , às vezes fascinante , do olho-por-olho , dente-por-dente , que parece tão charmoso em filmes como os da série Dirty Harry ou Desejo de Matar , ou ainda Um Dia de Fúria ( 1993 ) , de Joel Schumacher , ou ainda Olho por Olho ( 1996 ) , de John Schlesinger . Sobre “ The Big Heat ” ( Corrupção , em Portugal)Lang disse a Peter Bogdanovich:”A história é um caso pessoal entre Glenn Ford e o crime . Ford transforma-se no público . A técnica pretendia que o público se identificasse com o personagem que via na tela e pensava como ele . Quando a mulher é assassinada , ( embora a bomba no carro fosse para ele ) , começa a sua luta privada ” . Ódio , crime e vingança atravessam , ainda que inconscientemente todos os filmes de Lang . A luta contra o destino . E a vingança , diz Lang , é o pior e o mais amargo dos frutos . O “ Halliwell’s Film Guide ” diz que este filme atingiu um novo patamar de violência que tem o seu cume na cena do café a ferver que desfigura a face de Gloria Grahame e que a partir daí passa a ser “ a mulher sofrida ” . Afirma também que introduziu uma nova forma de realismo no “ film noir ” onde Glenn Ford desempenha uma das melhores performances da sua carreira . Contudo , para a crítica Penélope Houston , sempre exigente , a principal impressão que resulta do filme é a violência arbitrária , mecânica , que se vai revelando aos poucos ao longo da narrativa . o “ Halliwell’s dá a classificação de três estrelas num máximo de quatro . Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Clamor do Sexo / Splendor in the Grass De : Elia Kazan , EUA , 1961 Nota : Um titulo original tão suave , um título em português tão bombástico , quase apelativo . Que gigantesca distância há entre Splendor in the Grass e Clamor do Sexo . Splendor in the Grass – que o grande Elia Kazan lançou em 1961 , um dos cinco últimos filmes de sua carreira – tem seu título tirado de um poema do inglês William Wordsworth ( 1770-1850 ) , “ Ode : Intimations of Immortality ” : Na tradução de Paulo Vizioli , no livro bilíngue Recordações da Primeira Infância ( editora Mandacaru , 1988 ) , é : “ Mesmo que nada nos devolva o instante / De esplendor para a relva e glória para a flor , / No que restou vamos achar , / Sem mágoa , um poder similar . ” Numa tradução muito menos bela , porém mais literal , seria : “ Embora nada possa trazer de volta a hora do esplendor na relva , da glória na flor , não lamentaremos , e encontraremos força com o que fica para trás . ” Tradução traição . De Splendor in the Grass para Clamor do Sexo … Como escreveu Joaquim Alves de Aguiar : “ Parece nome de fita pornô , daquelas produzidas na famosa Boca do Lixo paulistana dos anos 70 , ou dessas que hoje em dia abundam nas prateleiras destinadas à pornografia das videolocadoras ” . É exatamente isso : está absurdamente distante do suave , poético titulo original , e parece nome de filme pornô . Mas não está totalmente errado . O clamor do sexo , o tesão é uma parte importante da história criada pelo dramaturgo , novelista e roteirista William Inge ( 1913-1973 ) . Apenas uma parte , é verdade , e então o título escolhido pelos exibidores brasileiros é apelativo e reducionista – mas tem algum sentido . A ação de Splendor in the Grass se passa – o filme nos informa isso com um letreiro logo após a primeira sequência – no Sudeste de Kansas , em 1928 . Poderia se passar em qualquer lugar interiorano de qualquer país ocidental , até os anos 1960 , 1970 . Na verdade , não só em qualquer pequena cidade : poderia perfeitamente se passar em qualquer cidade brasileira , argentina , italiana , em que os pais criavam os filhos e as filhas ensinando que as moças decentes não poderiam , de forma alguma , ter relações sexuais antes do casamento . Em suma : aquela coisa asquerosa , nojenta , imbecil , do tabu da virgindade da mulher . Tanta preocupação , tanta energia dispendida , tanto drama por uma bobagem , uma tolice . “ Os rapazes querem uma boa garota como esposa ” Na primeira sequência do filme , um casal se beija dentro de um carro , parado junto de uma cachoeira . São dois jovens belos , extremamente belos . A mãe de Deanie , Mrs . Loomis ( Audrey Christie ) , está bem acordada quando Bud deixa Deanie em frente de casa . Ela ouve o diálogo dos dois , observa os dois pela janela . No momento em que a filha está para entrar em casa , sobe correndo as escadas para não ser vista . Em seguida desce de novo , como se estivesse acordando naquele momento . Puxa conversa . Menciona as ações que o pai dela comprou , e que não param de se valorizar . Pergunta se Bud não comentou com ela sobre a alta das ações . E aí , tendo chegado ao assunto Bud como quem não quisesse nada , pergunta o que os dois tinham ficado fazendo até aquela hora . Deanie mente que estavam estudando . A mãe segue Deanie até o quarto da moça . E aí abre o verbo , diz o que vinha querendo dizer : – “ Os rapazes não aeitam uma garota que faz tudo o que eles querem . Os rapazes querem uma boa garota como esposa . Wilma Dean , você e Bud não foram longe demais ainda , foram ? ” Uma sociedade apegada aos bens materiais e a uma moral rígida , puritana Ao chegar à sua casa , Bud tem uma conversa algo parecida com o pai , Ace Stamper ( Pat Hingle ) . Ace fala muito , e então fala com Bud de diversos temas , inclusive sua firme determinação de que o filho vá para a Universidade de Yale , mas , no meio da conversa , pergunta se ele está saindo com a filha dos Loomis . Diz que ela é uma bela moça , lembra que cresceu junto com Del Loomis ( Fred Stewart ) , que não tem nada contra eles , contra o fato de eles serem pobres . – “ Mas você não está fazendo nada que possa te envergonhar , não é ? Se acontecer qualquer coisa , você teria de se casar com ela . ” Nestas duas sequências , a da casa dos Loomis e a da casa dos Stamper , o roteirista William Inge e o cineasta Elia Kazan já nos dão um claro retrato daquelas pessoas , daquele tipo de sociedade , de seus valores . Os pais da garota Deanie são classe média baixa ; Del tem um pequeno armazém , junto da casa em que moram – uma casa espaçosa , confortável , mas simples , mal cuidada , precisando de uma pintura . A sra . Loomis é falante , até demais ; Del , o marido , é extremamente mais calado , reservado . Os pais do garoto Bud são muito ricos , dos mais ricos dos habitantes da pequena cidade da qual nunca se fala o nome . Ace Stamper tinha tido a sorte de achar petróleo em suas terras ; sonhava com a possibilidade de fundir sua pequena empresa com uma das grandes companhias “ lá do Leste ” . Ace é daquele tipo de pai e marido ditatorial : só ele fala , os outros escutam ; ele mesmo não escuta o que os outros dizem , conforme dirá um personagem secundário quando a narrativa vai se aproximando do fim . Mrs . Stamper ( Joanna Roos ) é aquele tipo de mulher absolutamente subjugada pelo marido dominador . Como tantos pais – da vida real e da ficção – que constroem fortuna , Ace Stamper exige que Bud se prepare para herdar sua emergente empresa de petróleo . O fato de que tudo o que o rapaz quer na vida é ser fazendeiro não importa a mínima . Quanto a Bud , além de bonito e bom no futebol americano , é também rico . O melhor partido da cidade , como as mães diziam naquela época – e até hoje , provavelmente . Todas as garotas da escola tinham uma ponta de inveja de Deanie – por ela ser a mais bela de todas , e por namorar Bud . Proibido para menores de 18 anos na época , o filme hoje pode ser visto por todos A menção feita à alta das ações bem no início da narrativa não é , evidentemente , gratuita . Assim como não é gratuita a escolha do ano em que a ação começa , 1928 . Os personagens , é claro , não sabiam , mas os espectadores estão cansados de saber : em 1929 haveria a quebra da Bolsa de Nova York e o início da Grande Depressão . A grande crise econômica terá efeitos fortes , naturalmente , sobre a vida dos personagens . Tirando esse detalhe que é local , específico dos Estados Unidos , a questão da virgindade das moças que o filme aborda é de fato universal . Era assim quando eu era adolescente , em Belo Horizonte , nos anos 60 . No quarto ano do ginásio , quando estávamos todos com 14 ou 15 anos , havia uma única menina na nossa turma que não era virgem . O fato era sabido por todos , ou quase todos , da turma . Não que houvesse menosprezo por ela por causa disso , no nosso caso específico ; ao contrário ; todos nós , homens e mulheres , a respeitávamos como uma menina corajosa , pra frente , que tinha tido a coragem de fazer o que era absolutamente proibido . Os namoros eram bastante parecidos com o de Bud e Deanie : muito beijo , amasso , no máximo bolinação – sexo , de jeito nenhum . Essa besteira de tabu de virgindade só começaria a cair no final dos anos 60 , início dos 70 , depois da grande revolução comportamental em todo o mundo ocidental . Não vi Splendor in the Grass quando era adolescente em Belo Horizonte ; li sobre o filme nas revistas da época , vi as fotos , vi os cartazes do lado de fora do cinema , sabia da história , mas a censura era 18 anos . Fora de questão . Hoje , o DVD – lançado no Brasil pela Lume Filmes – traz a censura indicativa de proibido para menores de 10 anos . “ Estou tão fresca e virginal quanto no dia em que nasci , mãe ! ” Em 1961 , o Código Hays , o código de autocensura dos grandes estúdios de Hollywood , ainda estava em vigor , embora muitos filmes começassem a desobedecê-lo . Anatomia de um Crime , o belo clássico de Otto Preminger de 1959 , foi na época considerado ousadíssimo ; pela primeira vez pronunciou-se num filme americano a palavra panties , calcinha . E o austro-húngaro Preminger não se fez de rogado : a palavra panties é pronunciada diversas vezes , no julgamento do crime do título . Segundo o IMDb , o beijo apaixonado de Natalie Wood e Warren Beatty em Splendor in the Grass foi o primeiro French kiss mostrado em um filme de Hollywood . French kiss é beijo de língua – que hoje as novelas das 6 da tarde mostram diariamente . Transcrevo outra anotação do IMDb – vendo o peixe como ele é vendido no grande site enciclopédico : “ O filme incluía uma cena em que Wilma Dean Loomis toma um banho enquanto discute com a mãe . A briga fica tão intensa que Wilma pula fora da banheira e corre nua pelo corredor até seu quarto , quando a câmara corta para um close-up de suas pernas nuas batendo histericamente no cobertor . Os censores de Hollywood e a Legião Católica da Decência se opuseram à cena do corredor , achando que a nudez não era admissível . Consequentemente , o diretor Elia Kazan tirou o trecho , deixando um pulo abrupto da banheira para a cama . ” Essa sequência acontece quando o filme – de 124 minutos – já vai lá pela metade , ou pouco mais , mas creio que não é um spoiler transcrever uma das frases que Deanie grita para a mãe : – “ Não , mãe ! Eu não fui estragada . Não fui estragada , mãe ! Estou tão fresca e virginal quanto no dia em que nasci , mãe ! ” Aos 22 e 23 anos , Natalie e Beatty interpretam garotos de 17 , 18 Há uma questão da qual é impossível escapar quando se fala de Splendor in the Grass : Natalie Wood estava com 22 anos e Warren Beatty com 23 , na época das filmagens . E eles interpretam adolescentes , que estariam com uns 17 e 18 anos , respectivamente . Foi a estréia de Warren Beatty no cinema . O irmão mais novo de Shirley MacLaine já havia trabalhado na TV , mas este foi seu primeiro filme . Nos créditos iniciais aparece “ Introducing Warren Beatty ” . Aos 22 anos , Natalie Wood era uma absoluta veterana . Nascida em 1938 , em San Francisco , filha de imigrantes russos , Natalia Nikolaevna Zakharenko apareceu pela primeira vez na tela aos cinco anos , em 1943 , ainda sem ter seu nome nos créditos . Em 1945 , aos sete anos , portanto , já aparecia como Natalie Wood em O Amanhã é Eterno / Tomorrow is Forever , com Claudette Colbert e Orson Welles . Em 1956 , quando estava com 18 e interpretou a sobrinha do personagem de John Wayne em Rastros de Ódio / The Searchers , já tinha duas dezenas de títulos na filmografia – inclusive o icônico , emblemático Juventude Transviada / Rebel Without a Cause , de Nicholas Ray , em que interpreta a namoradinha de James Dean . É bem verdade que a ação de Splendor in the Grass abrange um período de uns três anos , talvez até um pouco mais . Portanto , lá pelo final da narrativa , Deanie e Bud estariam bem próximos da idade de seus intérpretes . Se Elia Kazan tivesse escolhido atores adolescentes , eles pareceriam estranhos no final do filme . Mas não dá para fugir : é estranho ver Natalie Wood e Warren Beatty interpretando garotos na escola – mesmo eles sendo bastante jovens . Para o público americano , acostumado a ver Natalie Wood desde sempre na tela , então , deve ter sido muito esquisito . Causa estranheza até hoje . É bem provável que Kazan tenha preferido correr o risco desse estranhamento em troca de ter atores experimentados , de talento comprovado . E a verdade é que estão excelentes os dois protagonistas , Natalie Wood e Warren Beatty . Suas atuações são maravilhosas – eles carregam o espectador para dentro de suas tragédias . Todo o elenco está muito bem . Não era de se esperar nada diferente , já que Elia Kazan , formado no teatro , um dos criadores do lendário Actors Studio , era exímio diretor de atores , um dos melhores do cinema . Para não ficar flagrante demais o fato de que seus atores principais eram mais velhos do que os personagens , Kazan decidiu – é o que diz o IMDb – que os demais atores que interpretariam os colegas de escola de Deanie e Bud teriam que estar na mesma faixa etária de Natalie e Beatty . Entre estes aparece Sandy Dennis , no papel de Kay , colega de classe de Deanie . Foi a estréia da jovem atriz que em 1966 contracenaria com o tempestuoso casal Liz Taylor-Richard Burton em Quem Tem Medo de Virginia Wolf . Além de Warren Beatty e Sandy Dennis , três outros atores estrearam no cinema em Splendor in the Grass : Phyllis Diller , Marla Adams e Eugene Roche . É uma tradição de Elia Kazan introduzir caras novas no cinema . James Dean fez seu primeiro filme – Vidas Amargas / East of Eden – com o diretor . O segundo filme em que Marlon Brando apareceu também é uma obra de Kazan – Uma Rua Chamada Pecado / A Streetcar Named Desire , a peça de Tennessee Williams que o ator havia estrelado na Broadway , sob a batuta do diretor . A filha rebelde do ricaço é interpretada por Barbara Loden , atriz de vida atribulada Uma atriz que impressiona de maneira especial em Splendor in the Grass é Barbara Loden ( na foto abaixo ) . Ela interpreta Ginny Stamper , a irmã mais velha de Bud , uma jovem rebelde , anticonvencional , muito chegada à bebida e a namoros , inclusive com homens casados , com uma tendência forte à autodestruição . É motivo das fofocas de todas as mães da cidadezinha , e de profundo desgosto para o pai , que a detesta , tem vergonha de seu comportamento mas não consegue domá-la de maneira alguma . Filha de homem muito rico que tem comportamento errático , fora da linha , do padrão . Essa é uma figura muito comum na ficção americana . Luz Benedict II ( Carroll Baker ) , filha do casal interpretado por Rock Hudson e Elizabeth Taylor em Assim Caminha a Humanidade / Giant , é um pouco assim . Marylee Hadley ( Dorothy Malone ) , a filha do milionário interpretado por Robert Keith em Palavras ao Vento / Written on the Wind , é exatamente como Ginny . A atriz Barbara Loden parece ter tido uma vida atribulada e trágica como a de Ginny , seu personagem . Nasceu em 1932 , no interior da Carolina do Norte ; belíssima , virou modelo bem cedo e teve carreira de sucesso . Estudou teatro em Nova York nos anos 1950 e suas atuações na Broadway chamaram a atenção de Elia Kazan , que deu a ela um pequeno papel em Rio Violento / Wild River , o drama social que o diretor havia feito um ano antes de Splendor in the Grass . Depois deste filme aqui , Kazan a colocou como atriz em peças encenadas por sua companhia teatral , e Barbara Loden ganhou um Tony , o Oscar da Broadway . Em 1968 , casou-se no papel com o veterano diretor ; tinha 36 anos e ele , 58 . Em 1970 , ela lançou Wanda , um filme totalmente independente dos estúdios , escrito , dirigido e estrelado por ela , que ganhou o prêmio da crítica no festival de Veneza . Aparentemente , Kazan não a incentivou a prosseguir na carreira de diretora . Barbara Loden morreu prematuramente , aos 48 anos , em 1980 , de câncer de mama . Hoje pouco conhecido , William Inge fez peças e roteiros de grande sucesso É necessário fazer um registro , ainda que rápido , sobre William Inge . Embora pouco lembrado hoje , Inge , nascido no interior do Kansas , assim como os personagens de Splendor in the Grass , foi o autor de diversas peças de teatro que fizeram grande sucesso nos anos 1950 e 1960 , e foram transpostas para o cinema por diretores importantes e com grandes atores , muitas vezes com roteiro escrito pelo próprio autor . São dele as peças e / ou os roteiros de A Cruz da Minha Vida / Come Back Little Sheba , com Burt Lancaster ( 1952 ) , Férias de Amor / Picnic , com William Holden e Kim Novak ( 1955 ) , Nunca Fui Santa / Bus Stop , com Marilyn Monroe ( 1956 ) , Sombras no Fim da Escada / The Dark at the Top of the Stairs , com Angela Lansbury e Shirley Knight ( 1960 ) e O Anjo Violento / All Fall Down , com Warren Beatty , Eva-Marie Saint e Karl Malden ( 1962 ) . William Inge ganhou o Oscar de melhor roteiro original por Splendor in the Grass . Natalie Wood foi indicada ao Oscar , ao Globo e Ouro e ao Bafta de melhor atriz por sua belíssima interpretação de Deanie ; não levou os prêmios . Detalhezinho que vejo agora na crítica de Pauline Kael : o próprio William Inge faz uma pequena ponta no filme , como o pastor que pronuncia um sermão sobre bens materiais versus espiritualidade . O nome dele não aparece nos créditos como ator . Dame Pauline Kael diz que o filme é histérico . Histérico é o texto dela Pauline Kael diz que William Inge “ escreveu o roteiro barroco , tipo Freud para principiantes , sobre as frustrações da sexualidade adolescente ” , e “ Elia Kazan o apimentou ” . “ O filme faz uma defesa histérica do amor juvenil , e essa histeria parece parte integral de seus momentos de força emocional , humor e beleza . Natalie Wood e Warren Beatty são namorados de escola cujos pais julgam muito jovens para casar-se . ” E mais adiante : “ O filme não sugere que os adolescentes têm direito a experiências sexuais – simplesmente ataca os adultos corruptos por não colocarem o amor acima de tudo . É o velho peixe vendido em nova embalagem , com muita gritaria , uma sequência de curra , e apalpos nos rebolantes bumbunzinhos das colegiais ; Natalie Wood tem talvez o derrière mais ativo desde Clara Bow . O elenco extraordinário inclui Sandy Dennis , Barbara Loden , ( … ) . ” Todo mundo tem direito à sua opinião , é claro , e , já que é assim , minha opinião é de que Dame Kael escreveu uma crítica um tanto histérica . É óbvio que o filme sugere que os adolescentes têm direito a experiências sexuais . E o filme ataca , sim , com toda razão , os adultos daquela sociedade repressora , careta , puritana , rígida demais . “ Um país em crise , cujo sistema de valores começa a ser abalado ” É chocante a diferença entre o que diz a grande dama da crítica americana e o que diz o Guide des Films do mestre Jean Tulard . Aí vai a segunda parte ( a primeira , como sempre , é uma sinopse ) do longo verbete do Guide sobre La Fièvre dans le Sang . Vai sem aspas , para me desobrigar a ser literal : Como em cada um de seus filmes , Elia Kazan persegue a longa busca , apaixonada e angustiante , do país que o acolheu , os Estados Unidos . Splendor in the Grass ( magnífico título original , homenagem ao poeta Wordsworth ) , cujo roteiro se deve ao grande escritor William Inge , se situa com precisão no tempo ( 1929 , na maior parte da ação ) e no espaço ( uma pequena cidade do Kansas ) . Prolongando À l’Est d’Eden ( no Brasil Vidas Amargas , já citado acima ) na exposição dos malfeitos do puritanismo herdado dos Pais Fundadores , La Fièvre dans le Sang apresenta também um país em crise , cujo sistema de valores ( capitalismo , fé no trabalho recompensado pelos dólares , a todo-poderosa figura paterna ) começa a ser abalado . O estado de “ crise ” é a característica dos personagens deste filme exacerbado e febril , em que os seres , abalados por pressões antagônicas , submergem , para escapar ( Deanie , Bud ) ou para naufragar definitivamente ( Ace , Ginny ) . Kazan fica atento aos impulsos vitais ou destrutivos dos personagens que exibe , privilegiando as sensações , os sentimentos , as pulsões , os gritos os risos , os choros . Natalie Wood e Warren Beatty resplandecem de juventude , mas , através deles , Kazan nos mostra que não é sempre fácil ter 20 anos , sobretudo quando a sociedade pesa forte sobre nossos ombros . Uau ! Que abismo entre Pauline Kael e o guia de Jean Tulard ! É , são os tais seis mil anos de civilização a mais . Mas , apesar dos seis mil anos de civilização a mais , os franceses pisaram um pouco no tomate no título , A Febre no Sangue – sendo que fièvre , além de febre , significa também excitação , ardor , paixão . Melhor fizeram os exibidores espanhóis e portugueses , que chamaram o filme pelo que ele é : Esplendor en la hierba , Esplendor na Relva . A partir daqui , um registro absolutamente pessoal . E que contém spoiler ! Este texto já está absurdamente grande , mas ainda quero fazer mais um registro . Minhas anotações mostram que antes só havia visto Splendor in the Grass uma única vez , em 1974 , recém-casado com a mãe da minha filha ; por uma dessas coincidências da vida , Suely tinha uma beleza esplêndida que fazia lembrar muito a da jovem Natalie Wood . Ao rever o filme agora , ele me fez lembrar do final de Les Parapluies de Cherbourg , que vi pela primeira vez em fevereiro de 1966 , de passagem por São Paulo rumo a Curitiba , onde viveria por dois anos . Estava sendo retirado de Belo Horizonte por decisão da família , e , com 16 anos , não poderia lutar contra isso , mas saía da cidade em que passei a infância e o início da adolescência com o gosto de que estava deixando para trás o grande amor da vida . Ficou gravado na minha memória que , depois de ver Parapluies , escrevi no diário de adolescente algo do tipo “ obrigado , Jacques Demy , seu filho da puta , por mostrar que o grande amor acaba ” . Algo assim ; não tenho coragem de ir ali pegar os caderninhos com letra adolescente para checar a frase exata , mas era algo assim . Algum tempo mais tarde reencontraria a menina que na época considerava o grande amor da vida . Foi um reencontro de alguma maneira um tanto parecido com o dos personagens de Catherine Deneuve e Nino Castelnuovo em Parapluies , e com o dos personagens de Natalie Wood e Warren Beatty em Splendor in the Grass . O grande amor acaba , e a consciência disso é terrível quando somos jovens demais . Três Enterros / The Three Burials of Melquiades Estrada De : Tommy Lee Jones , EUA-França , 2005 Anotação em 2006 , com complemento em 2008 : Uma estranha história , muito estranha , esta que o ator Tommy Lee Jones escolheu para seu primeiro filme como diretor . É um filme duro , cru , cruel – e muito bem dirigido . Mas a história é estranha . Numa pequena cidade do Texas , perto da fronteira com o México , um fazendeiro americano ( o próprio Tommy Lee Jones ) sai à procura do homem que matou seu empregado mexicano Melquiades Estrada ; e , quando descobre que o assassino foi um guarda da fronteira ( Barry Pepper ) , obriga-o a levar o corpo da vítima até seu vilarejo mexicano . Só que o vilarejo que Melquiades descrevia para o amigo patrão simplesmente não existe . A história e o roteiro são do escritor mexicano Guillermo Arriaga , que tem sido tremendamente incensado pela crítica . Foi o autor dos roteiros dos três primeiros longa-metragens de Alejandro González Iñarritu – Amores Brutos / Amores Perros , de 2000 , 21 Gramas , de 2003 , e Babel . Mas é também o autor do roteiro de O Búfalo da Noite , de 2007 , uma chatice atroz . O filme teve dois prêmios no Festival de Cannes : melhor ator para Tommy Lee Jones e roteiro para Guillermo Arriaga . O Embaixador / The Ambassador De : J . Lee Thompson , EUA , 1984 Nota : O Embaixador é um filme curioso e , de certa maneira , até mesmo fascinante . É uma grande porcaria – mas muito bem intencionado . Me parece um dos abacaxis mais bem intencionados do cinema , e , da mesma maneira , entre os filmes bem intencionados , um dos maiores abacaxis . Também me parece obscuro , bem pouco conhecido , embora tenha três atores importantes – Robert Mitchum , Ellen Burstyn e Rock Hudson – , e seja dirigido por J . Lee Thompson , realizador irregular mas autor de alguns filmes muito bons , como Os Canhões de Navarone ( 1961 ) e Círculo do Medo ( 1962 ) , para citar apenas dois . Produção de 1984 , foi lançado agora em DVD no Brasil pela FlashStar ; estava na locadora como lançamento , novidade , e então me aventurei . ( Vejo que , na verdade , ele já havia sido lançado aqui na época VHS , pela América . Mas nunca tinha ouvido falar dele . ) Confesso que tive vontade de desistir algumas vezes – mas é tudo tão bem intencionado que fui em frente . Confesso também que estou curiosíssimo para saber o que dizem dele os guias . Antes de ir aos alfarrábios , no entanto , transcrevo o texto que aparece em letreiros no início da narrativa . O texto dá o tom do que virá em seguida . “ O Oriente Médio é uma panela de pressão , pronta para explodir . Uma mistura de conflitos entre facções religiosas e políticas . Israel , com uma população de 4 milhões de habitantes , é cercado por oito países árabes com uma população de 80 milhões de habitantes . “ Um grupo conhecido como OLP prometeu nunca reconhecer o direito de existência de Israel e continuar lutando até que um território palestino seja reconhecido . Mais recentemente , houve sinais de que a OLP está desejando conversações de paz com os israelenses . “ Um grupo dissidente da OLP baseado na Síria , a Saika , o mais extremista de todos os grupos terroristas existentes na região , espalha o terror entre israelenses e árabes , a fim de impedir qualquer possibilidade de negociações de paz . “ Dentro de Israel há dois principais pontos de vista conflitantes . Os moderados , que estão prontos a sentar à mesa com a OLP , e os extremistas de direita , que se recusam a aceitar um Estado Palestino na região . “ O Mossad é a agência de inteligência do Estado de Israel e protege a posição oficial do governo israelense . No meio deste ardente conflito surge um americano – O EMBAIXADOR . ” ( Assim , em caixa alta . ) Os créditos iniciais mostram que é uma produção de The Cannon Group , a Golan-Globus Productions , de Menahem Golan e Yoram Globus . Uma introdução didática , uma clara tentativa de esclarecer os mal informados Um texto de abertura longo , com um tom claramente didático , certo ? E didático para principiantes . Dá a nítida impressão que se parte do pressuposto de que boa parte dos esperados espectadores , americanos médios , não têm sequer as informações básicas a respeito dos conflitos do Oriente Médio . Até aí , tudo bem – não deve haver dúvida sobre isso . Qualquer outra análise desse texto de abertura do filme a partir daí poderá ser motivo de polêmica , porque tudo , absolutamente tudo que diz respeito a Israel e árabes é problemático , é polêmico . Por exemplo , a frase “ Israel , com uma população de 4 milhões de habitantes , é cercado por oito países árabes com uma população de 80 milhões de habitantes ” . A rigor , a rigor , ela é ( ou era , com os números de 1984 ) justa , exata , a mais pura expressão da verdade . Mas os pró-árabes poderão dizer que ela é tendenciosa ao mostrar Israel como um pequenino David diante de gigantesco Golias , e ao esconder o fato de que Israel é uma nação mais rica , mais poderosa e mais bem armada do que as oito nações árabes que o rodeiam . Digo isso apenas para acentuar que tudo , ali , é complexo . As paixões são acirradas demais . Mas o fato é que só alguém pró-árabe e radicalmente anti-Israel poderia reclamar da afirmação “ Dentro de Israel há dois principais pontos de vista conflitantes . Os moderados , que estão prontos a sentar à mesa com a OLP , e os extremistas de direita , que se recusam a aceitar um Estado Palestino na região ” . Um filme feito por judeus que não é , de forma alguma , anti-árabe E então vou um passo adiante . Produzido por uma empresa de dois judeus , a Golan-Globus Productions , com dinheiro americano , O Embaixador não é , de maneira alguma , um filme pró-Israel e anti-árabe . Muitíssimo antes ao contrário : é um filme bem intencionado , que pretende mostrar que dos dois lados há radicais que lutam para impedir qualquer tentativa de paz , de convivência com alguma harmonia . Mais ainda : O Embaixador é tão bem intencionado que acredita na possibilidade de que um dia haja paz . É tão esperançoso quanto “ Jerusalem ” , a extraordinária canção de Steve Earle que Joan Baez canta com aquela voz dela que é sinônimo de esperança , e que diz “ I believe that one fine day all the children of Abraham Will lay down their swords forever in Jerusalem ” Três guias elogiam o filme Em intenção , O Embaixador é tão bom quanto Ó Jerusalém , de Élie Chouraqui , co-produção de vários países europeus , EUA e Israel , ou Lemmon Tree e A Noiva Síria , os dois do israelense Eran Riklis . A questão é que de boas intenções o inferno dos filmes ruins está cheio . E O Embaixador é um filme bastante ruim , na minha opinião – apesar de bem intencionado . Mas já dei muita opinião . A ver outras opiniões , agora . O Videobook 2001 – publicação preciosa que deixou de ser editada – diz o seguinte : “ Embaixador americano em Israel é vítima de um esquema de chantagem que ameaça seu casamento , sua carreira e a paz no Oriente Médio . Baseado em romance de Elmore Leonard , também filmado em 1986 como Nenhum Passo em Falso ” . Hummm … Leonard Maltin gostou . Deu 3 estrelas em 4 : “ Inteligente , interessante thriller sobre embaixador americano Mitchum , sua mulher adúltera Burstyn , e suas tentativas para mediar pacificamente a crise Israel-Palestina . Baseado no romance de Elmore Leonard 52 Pick-Up , e refeito apenas dois anos depois sob aquele mesmo título . Último filme de Hudson . ” Hummm … O guia de Steven H . Scheuer também dá 3 estrelas em 4 : “ Filme de suspense razoavelmente complexo sobre um embaixador americano que tem que enfrentar as chamas do conflito Israel-Palestina e ao mesmo tempo as atividades extra-curriculares da sua esposa . Atuações inteligentes e hábil mistura de temas políticos e emoções . ” Hummm … O guia de Mick Martin & Marsha Porter dá 3.5 estrelas em 5 : “ O Embaixador confronta o conflito árabes-israelenses com uma cabeça aberta e um ponto de vista otimista . Robert Mitchum interpreta o controvertido embaixador americano em Israel que tenta ajudar na questão palestina em meio a críticas de todas as facções . Rock Hudson ( em seu último papel para a tela grande ) faz o oficial de segurança que salva a vida do embaixador . Classificado como R ( de restricted ) por causa da violência , linguagem profana , sexo e nudez . ” ( Esse guia sempre , ou quase sempre , traz a classificação etária dos filmes com os temas que justificam tal categoria . ) Não há verbete sobre o filme no gigantesco Guide des Films de Jean Tulard , nem no competente Guia da Nova Cultural que infelizmente deixou de ser republicado . É . Fiquei sozinho na minha afirmação de que o filme é uma porcaria . Não me consola o fato de o guia da Time Out dizer que J . Lee Thompson dirige o filme com “ uma singular falta de estilo ” e que trata como bobagem todos os temas políticos importantes , porque esse guia da Time Out é absolutamente mal humorado , chato de galocha . Tudo indica que a trama é apenas ligeiramente inspirada no livro de Elmore Leonard Um registro sobre a questão de o roteiro ser baseado no livro 52 Pick-Up , de Elmore Leonard , citado em mais de um guia . Me parece que justamente o guia da Time Out é que é mais plausível . Diz que o roteiro se inspira na história de Leonard . De fato , como dizem o Videobook e o guia de Leonard Maltin , em 1986 foi lançado o filme 52 Pick-Up , no Brasil Nenhum Passo em Falso ; foi dirigido por John Frankenheimer , e tinha no elenco Roy Scheider e Ann-Margret . Mas a história desse filme tem pouquíssimo a ver com a deste O Embaixador . Em Nenhum Passo em Falso , um industrial de Los Angeles , cuja mulher está concorrendo a uma vaga na Câmara de Vereadores , tem sua vida virada ao avesso quando chantagistas ameaçam divulgar um vídeo em que ele aparece com sua jovem amante . O guia da Time Out é escrito por gente que parece detestar todos os filmes , mas me parece que ele está corretíssimo ao dizer que a trama de O Embaixador foi apenas inspirada na história de Elmore Leonard . No filme de J . Lee Thompson , há um vídeo , há uma chantagem – mas as semelhanças param por aí . Atores mal dirigidos , uma trama cheia de subtramas , cenas de nudez um tanto apelativas Bem . Posso até tentar ser rápido , mas tenho que tentar justificar meus adjetivos abacaxi e porcaria . Os atores estão todos mal dirigidos . Os mais experientes – os três astros já citados , mais o inglês Donald Pleasence , que faz um ministro do gabinete israelense – têm um desempenho sem qualquer esforço , maquinalmente , como que apenas cumprindo tabela . Robert Mitchum sempre teve um jeitão non chalance , de quem não está nem aí , e então não assusta muito . Ellen Burstyn é tão boa que mesmo cumprindo tabela não chega a ser ruim . Mas Rock Hudson me pareceu ter um dos piores desempenhos de sua carreira de grandes papéis . OK , é possível que já fosse efeito da doença – ele morreria no ano seguinte ao do lançamento do filme . De qualquer maneira , um elenco mal dirigido é um indício forte de resultado final ruim . Também parece estranho que os produtores tenham preferido inventar um grupo extremista muçulmano – o tal Saika – , quando o que não falta é grupo extremista muçulmano . Mas a rigor isso é de menos ; eles devem ter tido razões políticas para não usar um nome real , como Hezbollah ou Hamas , muito provavelmente medo de retaliação , ataques . A trama começa complicada , com diversas subtramas . Há o embaixador Peter Hacker e seu amigo e chefe de segurança Frank Stevenson ( os papéis de Mitchum e Hudson ) , e seu encontro inicial com palestinos da OLP sob as vistas dos extremistas do tal grupo Saika e depois sob o fogo do Mossad ; há o romance tórrido entre a mulher do embaixador , Alex ( o papel de Ellen Burstyn ) , e o árabe comerciante de antiguidades Mustapha Hashimi ( Fabio Testi ) , que depois vai se revelar um figurão da OLP ; há os sempre presentes espiões do Mossad seguindo todos os personagens ; há um misterioso agente não se sabe bem de onde que chega a Israel e faz negócios com figuras mal encaradas ( só mais para o fim saberemos que o homem é da KGB ) . A sensação que se tem é de que todas as pessoas em Tel Aviv e Jerusalém espionam ou são espionadas . Me pareceu uma apelação gratuita as cenas de sexo entre a embaixatriz Alex e o árabe Hashimi . E me pareceu absolutamente fora de propósito e de lógica que a câmara escondida que filma as trepadas dos dois seja capaz de se deslocar de um lugar para outro , de fazer close-ups e depois planos americanos . ( Sim , é uma atitude corajosa de Ellen Burstyn aparecer em cenas de sexo bem quente com o corpo à mostra . Mas Ellen Burstyn é extraordinária sempre ; não precisava disso . ) Aí então , depois de tanta complexidade , de tantas tramas e subtramas , tudo fica muito simples , basta chamar às falas um punhado de jovens árabes e jovens israelenses para que tudo dê certo ; só falta eles todos saírem cantando “ Give Peace a Chance ” e “ Imagine ” – as velas acesas estão lá . Give peace a chance – mas , na hora de torturar os bandidos para fazê-los confessar , o personagem de Rock Hudson sorri de sadismo puro . A trilha sonora amplifica a sensação de filme ruim , menor . Acordes fortes para dizer ao espectador : cuidado , aí vem coisa . Apesar do que dizem todos os guias , não retiro o porcaria e o abacaxi . Essa é minha opinião . Porcaria , abacaxi – mas muito bem intencionado . Muito bem intencionado – mas porcaria , abacaxi . Um Comentário 3 Trackbacks [ … ] filmes , com roteiro de outros autores , como , só para citar alguns , Hombre ( 1967 ) , de Martin Ritt , O Embaixador / The Ambassador ( 1984 ) , de J . Lee Thompson , O Nome do Jogo / Get Shorty ( 1995 ) , de Barry Sonnenfeld , e Jackie Brown [ … ] Três Mundos / Trois Mondes De : Catherine Corsini , França , 2012 Nota : Três Mundos , de Catherine Corsini , é uma beleza de filme , um filmaço . Como o longa anterior da realizadora francesa , Partir ( 2009 ) , é um drama denso , pesado , sério , baseado em história escrita por ela mesma . Como Partir , fala de temas como a imigração ilegal e as profundas diferenças sociais na França de hoje . Também como em Partir , os personagens tomam muitas vezes as decisões erradas , que resultarão em profunda dor , em tragédia . A história parte de um acidente – um atropelamento – para , em seguida , reunir os destinos de pessoas que vivem , como anuncia o título , em três mundos distantes , distintos , à parte . Os sete minutos iniciais são um tour-de-force de tirar o fôlego do espectador Os primeiros minutos do filme são um tour-de-force , um espetáculo , capaz de deixar o espectador atônito , sem fôlego . Seqüência 1 : Três homens se divertem em uma brincadeira besta : num terreno baldio , à noite , um deles dirige um carrão , finge que vai dar carona para os outros dois , mas quando chega perto deles acelera , depois volta , faz a mesma coisa de novo . Um dos dois , de paletó preto , pula sobre o capô do carro , e fica provocando o que está dirigindo . O motorista acelera muito , freia , o outro cai no chão . Os dois se aproximam dele , que está imóvel – mas de repente o homem se levanta , ileso , rindo . Diversão idiota , coisa de adolescente besta à procura de adrenalina . Corta , seqüência 2 : um grupo de homens joga baralho . Falam numa língua estrangeira , algo próximo do russo . Um deles se chama Victor ( Dorin Andone ) . Veremos mais tarde que são imigrantes vindos da Moldávia , uma das várias ex-repúblicas soviéticas . O dono da casa , Adrian ( Rasha Bukvic ) , vai até a cama onde está sua mulher , avisa que vai sair para ajudar Victor em alguma coisa , voltará tarde . Corta , seqüência 3 : os tais três amigos estão no carro , a toda ; o rádio toca música alto . Quem dirige agora é o rapaz de paletó preto , Al ( Raphaël Personnaz , à direita na foto acima ) . Seus companheiros são Franck ( Reda Kateb ) e Martin ( Alban Aumard ) . Não se mostra que raio de droga tomaram , se muito álcool , se alguma anfetamina , mas eles estão bem doidões . Corta , seqüência 4 : num apartamento de classe média , cheio de livros , um casal discute a relação . Ela , Juliette ( Clotilde Hesme , na foto abaixo ) , está grávida , em início de gravidez ; ele , Frédéric ( Laurent Capelluto ) , quer que ela se defina quanto ao lugar em que vão morar . Juliette divide aquele bom apartamento com uma amiga e colega , Daphné ( Noémie Dujardin ) . Frédéric quer que Juliette mande Daphné embora , mas Juliette não quer fazer isso , ainda não se decidiu se permanece ali ou se muda para o apartamento do namorado . Corta , sequência 5 : o carro dirigido por Al segue em disparada – e pega um homem que atravessava a avenida naquele momento . O homem é lançado ao ar , depois cai . O atropelamento se dá bem diante da varanda do apartamento de Juliette , que vê o momento do acidente , e desce correndo as escadas , seguido por Frédéric . Al sai do carro , aproxima-se do homem que acabara de atropelar . Do carro , os dois amigos gritam por ele , o incentivam a sair dali correndo . Quando Juliette chega à rua , o carro está se distanciando a alta velocidade . A moça pede ao namorado que chame uma ambulância , aproxima-se do homem ferido – Adrian , o imigrante da Moldávia . Tudo isso acontece nos sete primeiros minutos do filme . Uma jovem boa , altruísta . E um rapaz que trabalhou muito , teve sorte , está para ficar rico Ao longo da belíssima narrativa que se seguirá a essa abertura estonteante , realmente de tirar o fôlego , o espectador verá que Juliette é uma pessoa boa , generosa , altruísta , que deixa de lado seus próprios problemas , inquietações e até deveres para ajudar os outros . E que Al , o rapaz que , numa noitada de loucas brincadeiras em busca de adrenalina , atropelou um homem e , instigado pelos amigos , não o socorreu , não é um sacana , um safado , um filho da mãe . Al está para se casar . O casamento está marcado para dez dias depois da noite do atropelamento . A moça , Marion ( Adèle Haenel ) , é rica ; seu pai , Testard ( Jean-Pierre Malo ) , é dono de uma grande concessionária de automóveis , e ganha muito dinheiro , tanto legalmente quanto em negócios escusos , por baixo do pano , muito provavelmente para evitar o Fisco francês . Al é empregado de Testard – é o melhor vendedor da concessionária , com sua cara bonita ( o ator Raphaël Personnaz tem fina estampa , faz lembrar o jovem Alain Delon ) e seu poder de sedução . O patrão gosta do rapaz , que começou de baixo e foi galgando escalas dentro da concessionária . Veremos mais adiante que a mãe de Al ( Martine Vandeville ) havia sido no passado faxineira da loja , depois empregada da família . Atordoado com o acidente , remoendo-se em culpa , Al vai ter formalizada sua sociedade na concessionária : o futuro sogro mantém 50% do negócio , a filha Marion fica com 25% e Al , alçado ao posto de gerente , fica com 25% . Um belo de um golpe do baú – mas Al não procurou aquilo . A ascensão profissional se deu porque ele sempre foi esforçado , trabalhador . E ele e Marion se amam de fato . Três pessoas , em três mundos distintos , têm sua vida transformada em inferno Sim , mas se Al não é um patife , por que não se entrega à polícia ? Ou então , no mínimo , por que não se abre logo , conta para a noiva que o ama e o patrão futuro sogro que gosta dele que se meteu numa enrascada , e pede a ajuda deles para encontrar uma saída ? A dúvida pode ocorrer ao espectador . Ocorreu a mim – embora a resposta seja óbvia . Porque as pessoas erram , tomam as decisões erradas . E a cada novo erro a situação vai ficando mais dramática , torna-se mais e mais difícil encontrar uma saída . Na vida real , as pessoas muitas vezes erram , tomam as decisões erradas . Nos dois filmes que vi realizados por Catherine Corsini , as pessoas quase sempre tomam as decisões erradas . Juliette , altruísta , sempre disposta a ajudar os outros , não demora nada a chegar à mulher de Adrian , Vera ( o papel da atriz Arta Dobroshi , de O Silêncio de Lorna , à esquerda na foto ) . É através de Juliette que Vera fica sabendo do atropelamento do marido , de sua internação , do hospital em que foi operado e permanece em estado muito grave . Vera – o filme vai nos mostrar – é uma mulher profundamente apaixonada pelo marido que agora está ali entubado , inconsciente . É também uma mulher amarga , depois de cinco anos vivendo sem documentos num país estrangeiro , cansada de pedir para regularizar a situação , sujeitando-se a trabalho duro por ninharia . A vida de Al se transforma num inferno , a de Vera se transforma num inferno pior ainda – e Juliette , a altruísta que só queria ajudar , ficará sob um fogo cruzado também infernal . Uma diretora madura , que domina com perfeição seu ofício Embora com uma filmografia curta , Catherine Corsini é uma autora e diretora absolutamente madura , que domina com perfeição o ofício . Nascida em 1956 , no interior da França , dirigiu seu primeiro curta-metragem em 1982 , e o primeiro longa , Poker , em 1987 . Seu filme de 2001 , La Répétition ( literalmente , o ensaio , sem título no mercado brasileiro ) , com Emmanuelle Béart , concorreu à Palma de Ouro em Cannes . Por sua maravilhosa interpretação em Partir , Kristin Scott Thomas foi indicada ao César de melhor atriz . Este Três Mundos participou da mostra Un Certain Regard de Cannes . O filme não foi um sucesso na França – teve 62 mil espectadores . É talvez um drama sério demais , pesado demais para o gosto médio dos espectadores . O AlloCine , o site que tem tudo sobre os filmes franceses , conta que , quando tinha apenas 12 anos , Catherine Corsini foi atropelada – e o motorista fugiu . Ela partiu desse incidente traumático do início da adolescência para escrever o argumento e o roteiro do filme , tarefa dividida com Benoît Graffin ; os dois tiveram a colaboração , conforme mostram os créditos finais , de Antoine Jaccoud e Lise Macheboeuf . No AlloCine há uma frase da realizadora sobre um dos temas em que o filme se debruça – a relação dos personagens com o dinheiro . “ No filme , muitas das coisas giram em torno do dinheiro . É possível uma pessoa se redimir através do dinheiro ? E se sim , quanto vale um erro ? Todo mundo parece gangrenado pela questão do dinheiro . ” Curioso : para mim , a personagem que é mais apegada a dinheiro é justamente Vera , a imigrante ilegal que não tem dinheiro algum . Al me pareceu bem menos apegado ao dinheiro do que Vera . E Juliette não está nem aí para grana . Um filme sem atores famosos no elenco , e com grandes interpretações O Monde deu ao filme 4 estrelas em 5 . A crítica de Noémie Luciani no grande jornal fala bastante dessa questão da relação dos personagens com o dinheiro . “ Ambicioso , muito rigoroso em sua execução , Trois Mondes mistura os gêneros da maneira mais pertinente que há . Do filme de ação , ele toma emprestado o ritmo imperdoável . Do thriller psicológico , seu questionamento moral e a duração que ele impõe . Do filme noir , a ausência de toda verdadeira pureza de alma . ” E conclui : “ Tudo , do texto à encenação , recusa a facilidade . O filme , ele próprio , não é fácil . Mas suas ambiguidades , assim como suas dificuldades , são uma verdadeira riqueza ” . Catherine Corsini é uma grande diretora de atores . E já trabalhou com nomes importantes – Kristin Scott Thomas , Sergi López , Emmanuelle Béart , Karin Viard , Catherine Frot – , mas , para este Três Mundos , escolheu atores ainda não muito famosos . Raphäel Personnaz tem longa filmografia , mas boa parte dos títulos é de filmes e / ou séries para a TV . Está excelente como o atormentado , angustiado Al . Clotilde Hesme também não é estreante , mas ainda não é uma estrela . Está no elenco de Mistérios de Lisboa , de Raoul Ruiz ( 2010 ) , e teve um pequenino papel em A Bela Junie , de Christophe Honoré ( 2008 ) . Sua interpretação como Juliette é extraordinária . Com estes dois filmes , Catherine Corsini me conquistou totalmente . Gostaria de ver os outros que fez anterior , e tentarei não perder os próximos . 3 Comentários comecei aver o filme depois da sua metade e fiquei preso aos acontecimentos , e achei sensacional até seu final . No google achei sua pagina e ela me desfilou o filme inteiro , com detalhes criticos . Acabei tendo ideia do filme todo , como um espetaculo . Parabens pelo excelente texto e acabei tambem encontrando uma nova diretora que nao conhecia . Parabens . Caro Sibelius , Muito obrigado por enviar o comentário – e pelo comentário tão gentil . Vale muito a pena você ir atrás para ver o início do filme . É tudo muito bom , muito bem realizado . Um abraço . Sérgio O filme é bom , mas acho que a diretora / roteirista perdeu a mão em certos momentos . E pelo jeito ela é chegada num dramaço ! Não entendo como homens com mais de 30 anos podem fazer uma brincadeira estúpida e perigosa , que como você bem disse é uma “ diversão idiota , coisa de adolescente besta à procura de adrenalina . ” Mas pode ser apenas um reflexo da nossa atual sociedade , onde pessoas de 30 se vestem e agem como adolescentes . Ao fim e ao cabo me pareceu que o casalzinho à beira do casamento não se amava taanto assim : quando a noiva soube do ocorrido , só pediu que ele não “ estragasse ” a vida dela , não se importou em nenhum momento com o fato de ele ter atropelado um inocente , nem com as consequências que ele estava sofrendo . Só queria que houvesse casamento a todo custo , mesmo ele tendo acabado de traí-la com uma quase total desconhecida . A desconhecida , por sua vez , grávida de um homem que ela também diz amar , igualmente topou transar com um cara que ela recém havia conhecido , e que ela sabe que atropelou gravemente um homem , cuja companheira ela está tentando ajudar . Toda uma tragédia e um clima fúnebre permeando a vida dos dois naquele momento , mas tudo o que eles queriam era transar no banco de trás do carro . Seriously ? E o pior é que o cara que estava prestes a se casar se apaixonou pela grávida , e queria largar a noiva que ele tanto amava pra ficar com ela . Mas depois que ela conta que está grávida , ele não acredita e a paixão meio que acaba . Então tá . Acho que eu esperava uma coisa , mas o roteiro foi por outro caminho , e ainda abarcou vários assuntos e misturou os gêneros de uma forma que deixou os personagens sem personalidade ( ou vai ver nenhum deles era o que aparentava ser ) . Os atores estavam todos bem , exceto a que faz a Vera , que ficou alguns tons acima ; e concordo com você que ela pareceu mais apegada ao dinheiro que os outros . 2 Trackbacks [ … ] belo filme , só que no diapasão oposto desta comédia escrachada aqui , o drama pesado , sério Três Mundos . Nascido em 1981 , estava portanto com 32 anos em 2013 , ano de lançamento do filme . O rapaz [ … ] John no céu com diamantes : : Dez anos sem John Lennon , esse artista singular cuja obra-prima é a própria vida . Publicado na revista Moda Brasil , outubro de 1990 . Texto de Sérgio Vaz As pessoas morrem logo , e em geral nem um pouco mais sábias do que quando nasceram , diz uma bela música dos anos 60 . Ah , meu amigo , estamos mais velhos , mas não mais sábios , constata outra . Muito em breve você estará morto , John Lennon avisava em “ Instant Karma ” , para em seguida perguntar e dar a pista para a resposta : por que , afinal , estamos aqui ? Com certeza não é pra viver em dor e medo . *** John Lennon é uma das pessoas mais fascinantes que passaram por este planeta , e não só por ter sido o gênio e o motor criativo dos Beatles , a mais completa tradução dos anos que mudaram tudo . Especialmente , por ter mostrado , com sua vida , a grande beleza ( rara , raríssima , como todas as grandes belezas ) que é crescer , aprender , amadurecer , tornar-se mais sábio . Por ter registrado tão nitidamente na História a sua história pessoal , a trajetória luminosa do temor do medo à convivência com os medos , o caminho da angústia à sabedoria , da dor à paz . “ Mamãe , não vá ; papai , venha pra casa . ” John canta , berra , urra , uiva esta dor dez vezes seguidas , em “ Mother ” , de 1970 , a rigor o seu primeiro disco solo , sem Beatles . ( Para lembrar : o pai fugiu de casa ; a mãe , Julia , casou de novo e entregou o filho à irmã , Mimi ; quando John tinha cinco anos , o pai reclamou sua custódia e ficou com ele por algumas semanas , devolvendo-o em seguida para Julia , que logo o entregou para Tia Mimi ; quando John tinha 12 anos , morreu o marido de Tia Mimi ; quanto John tinha 16 anos , a mãe morreu atropelada por um policial bêbado . O pai só voltou a procurá-lo quando John , aos 24 ou 25 anos , era Beatle e milionário . ) Do lúgubre sino de igreja até os sininhos da felicidade Pois então , aos 30 anos , John despe a sua dor da perda sob os holofotes , expõe o seu fracasso na parada de sucessos , como diria Caetano . A música “ Mother ” , a primeira faixa de seu primeiro disco de fato solo , abre com batidas de sino ; batidas pesadas , sinistras , de um “ sino de morte ” , como ele mesmo definiria três dias antes de ser assassinado , no dia 8 de dezembro de 1980 . Em 1980 , aos 40 anos , abriu também com sinos a primeira faixa de Double Fantasy , o disco em que despiu sua paz e sua felicidade por estar fora do carrossel da busca de fama e sucesso , e , sobretudo por estar sendo amado pela mulher e pelo filho que amava . Eram sininhos suaves , alegres , no começo de “ ( Just Like ) Starting Over ” , começando de novo depois de cinco anos fora dos estúdios , suaves e alegres como os versos “ Nossa vida juntos é tão preciosa , juntos nós crescemos , nós crescemos ” . “ Foi um longo tempo pra chegar de um lúgubre sino de igreja até esse doce sininho de felicidade ” , constatou , três dias antes que esgotasse o tempo que lhe foi dado para viver . Para não se perder a perspectiva do tempo , é bom lembrar que foi John Lennon ( paralelamente e em justaposição ao que fazia o outro grande gênio da música popular em língua inglesa de sua geração , Bob Dylan ) que , nos anos 60 , abriu caminho para colocar em disco algo mais do que versos bem ou mal construídos , com rimas às vezes interessantes , em geral repetitivas , para colocar em disco sentimentos , emoções , sensações , histórias , conclusões de verdades , pessoais , vividos , experimentados , vindos do coração , do umbigo , e não da vontade de ganhar a vida no ofício de colocar hits nas paradas . Se não tivesse existido John ( e Dylan ) , não haveria a estrada que permitiu a existência das letras de Paul Simon , Leonard Cohen , Joni Mitchell , ou Lou Reed e Morrissey ( ou tampouco , aqui , de Chico ou Caetano , Cazuza ou Renato Russo ) . O vírus da verdade pessoal no vazio da música de consumo Ainda um Beatle , nos anos 60 , John infeccionou com o vírus da verdade pessoal a impersonalidade e o vazio da música de consumo ; começou o strip-tease de alma em letras como “ Nowhere Man ” , “ Help ” , “ Girl ” , “ In My Life ” , “ She Said She Said ” , “ Strawberry Fields Forever ” , “ Yer Blues ” – embora ainda assinando em parceria com Paul McCartney , por um contrato jamais escrito mas só formalmente rompido em 1970 , ano da separação oficial dos Beatles . Eles se separaram por todos os motivos do mundo ( por “ diferenças pessoais , diferenças musicais , diferenças empresariais e , sobretudo , porque eu gosto mais de ficar com a minha família ” , como definiu Paul ) , mas , para boa parte dos fãs dos Beatles ( e boa parte da humanidade era fã dos Beatles ) , a culpa foi de Yoko Ono . Pode até ser – embora nem interesse . “ Trabalhar com seu melhor amigo é uma felicidade ” , diria John a uma rede de rádio , no dia em que cruzou com seu assassino na calçada do edifício Dakota . “ Ao longo de toda a minha carreira ” , ele havia dito três dias antes , “ só escolhi duas pessoas para trabalhar : Paul McCartney e Yoko Ono ” . E completou , com a suavidade permitida pelo tempo passado desde o divórcio tumultuado , doloroso , cheio de mágoas e de lavagem de roupa suja em público e em vinil com seu primeiro parceiro : “ As escolhas não foram más ” . Culpada ou não pelo divórcio da mais extraordinária união musical do século , Yoko Ono – esta é a verdade dos fatos – alterou radicalmente a trajetória pessoal e artística de John . Assim como os compositores Lennon e McCartney potencializavam as qualidades e habilidades musicais um do outro , transformando em quatro bilhões a soma de um mais um , a soma das personalidades de John e Yoko resultou numa multiplicação pela potência máxima . O experimentalismo vanguardista , o total desapreço pelas convenções ( mais : a vontade onipresente de ir contra as convenções ) e a força pessoal de Yoko impulsionaram John para muito além do que ele certamente poderia supor . Despiu a alma nas canções e o corpo na capa do disco Ele não só despiu a alma em suas canções ; tirou também a roupa externa diante do respeitável público , na capa do primeiro dos três discos experimentais-vanguardistas que fez com Yoko , ainda na segunda metade dos anos 60 . As fotos maravilhosas de John e Yoko nus , de frente e de costas , na capa e na contracapa de Unfinished Music nº 1 – Two Virgins , chocaram o mundo mais violentamente do que a frase de John dizendo-se mais famoso que Cristo . Quem sai na frente leva a porrada maior . Hoje , nesta época de nudez em horário nobre na TV , alguém pensaria em proibir , como fizeram na época dos milicos , a foto de Caetano , Dedé e Moreno nus , na capa do disco Jóia , de 1975 ? As fotos de John e Yoko nus em 1968 eram de fato agressivas – porque agressivamente belas , no agressivo despojamento da nudez de um casal de pessoas de corpos lindos por serem nada esculturais , apenas de pessoas , como 99% das pessoas , que não são misses nem modelos . John posou pelado com Yoko em capa de disco , ficou semanas deitado com ela em quartos de hotéis de luxo mundo afora pedindo paz e amor , desafiou a caretice , atraiu o ódio , desprezo e até comiseração . Ganhou o título de “ Palhaço do Ano de 1969 ” , dado pelo jornal London Daily Mirror . Deixou de ser rei – para ser real . “ Eu era o fazedor de sonhos , agora renasci , agora sou John ” , resumiu no seu anticredo do mesmo disco de “ Mother ” , “ God ” , em que parte do princípio de que Deus é um conceito através do qual medimos nossa dor , para desafiar um rosário de pérolas em que não crê – Mantra , magia , Buda , Jesus , Kennedy , Elvis , Dylan , Beatles – até chegar à conclusão de que acredita apenas em si próprio e em Yoko – “ e isto é realidade ” . Um radical num tempo radical , com slogans revolucionários John já havia começado a mostrar sua visão pessoal sobre a realidade do mundo em transformação quando ainda assinava-se Lennon-McCartney em músicas como “ Revolution ” , “ Give Peace a Chance ” . Depois de Yoko , soltou-se mais também no desnudamento de sua visão do mundo . Criou slogans libertários , solidários , fraternos – dêem uma chance para a paz ; poder para o povo , já ; liberdade para o povo , agora ; nós todos brilhamos como a lua , as estrelas e o sol ; vamos acabar com todas as lutas ; a guerra termina , ser você quiser ; a mulher é o negro do mundo . Envolveu-se diretamente com o que os americanos chamam de radicais – a ala esquerda da geração que nos anos 60 lutou pelos direitos civis , contra a guerra do Vietnã , contra o militarismo , contra a direita republicana . Como Bob Dylan , sempre politizou o pessoal , e personalizou a política , conforme notou um crítico inteligente . Mudando-se para Nova York em 1971 , amigo de líderes radicais como Jerry Rubin e Abbie Hoffman , ajudou a organizar manifestações contra o envolvimento americano do Vietnã , pela libertação de presos políticos como Angela Davis , ou a favor dos presos da penitenciária de Attica . Eram os anos Nixon , e ele passou a enfrentar dificuldades com o Departamento de Imigração , que se negava a dar-lhe o greencard , o visto de permanência nos Estados Unidos . Queixava-se de estar sendo seguido por agentes do FBI e de ter seu telefone sob escuta . Foram também anos de diversas lutas na Justiça – contra as seguidas tentativas do governo de deportá-lo , com base em uma antiga prisão por posse de drogas , ainda na Inglaterra ; pela dissolução legal da sociedade com os Beatles ; pela custódia de Kioko , a filha de um casamento anterior de Yoko ; contra uma acusação de não haver honrado um acordo para a produção de um LP para um tal Morris Levy , dono de uma editora musical . “ A vida vem em ondas como o mar ” : foi nessa época turbulenta que veio a turbulência maior , a separação de Yoko , em 1973 . Com a separação John afundou-se em bebida e cocaína , no que ele mesmo chamou de “ fim de semana perdido de 18 meses ” ( Lost Weekend é o título original do filme Farrapo Humano , de Billy Wilder , em que Ray Milland interpreta um escritor alcoólatra no fundo do poço da degradação ) . Do fundo do poço , voltou a despir seu desespero na música : “ Estou apavorado ” , repete 15 vezes na tetricamente bela “ Scared ” , do disco Walls andBridges , gravado em 1974 . O disco tem uma música chamada “ Ninguém Te Ama Quando Você Está Por Baixo e Por Fora ” . Um artista singular cuja obra-prima é a própria vida Muros e pontes . De uma forma singular , como tantas coisas na história desse artista cuja obra-prima foi a própria vida , Walls and Bridges foi a ponte que o levou de volta a Yoko . Seu amigo Elton John , na época no auge do sucesso , tocou órgão e piano e dividiu o vocal com John em uma faixa do disco – ironicamente uma das mais descartáveis – “ Whatever Gets You Through the Night ” , e brincou com ele dizendo que , se a música chegasse ao primeiro lugar , John teria que dar uma canja em um show dele . A música chegou ao primeiro lugar – por outra ironia , foi a primeira música de John a chegar ao primeiro lugar desde a separação dos Beatles ( todos os outros três já haviam chegado lá antes ) . Ele deu a canja no show do Elton John , no Madison Square Garden , e , ao final , encontrou-se com Yoko atrás do palco . Cunhou uma bela frase para explicar a volta para casa : “ A separação não deu certo ” . A volta ao casamento deu . Como “ a vida vem em ondas como o mar ” , o casal mergulhou , a partir do final de 1974 , em sucessivas ondas de boas novas . Yoko ficou grávida e com isso apressou-se o fim dos processos para a deportação de John , que em 1975 recebeu finalmente o visto de permanência nos Estados Unidos ; as questões que atavam os Beatles a complicados processos judiciais foram finalmente resolvidas ; o tal dono de uma editora musical perdeu a causa que movia contra ele na justiça . No dia 9 de outubro de 1975 , o dia dos 35 anos de um John Lennon pacificado , nasceu Sean . “ Estou mais alto que o Empire State ” , disse . E caiu de cabeça no papel de dono de casa e pai em tempo integral , deixando com a mulher a administração dos negócios e da fortuna . Fora do carrossel , em casa , realizando a utopia particular Os cinco anos que John passou em casa , cuidando de Sean , fora do carrossel , sem fazer música , sem lutar por nada , foram , como bem notou um crítico , a realização prática de utopia que pregou em boa parte de sua obra e que sintetizou esplendidamente em “ Imagine ” , seu hino “ anti-religioso , antinacionalista , anticonvencional , anticapitalista ” , como ele mesmo definiu . Foi feliz em seu paraíso pessoal , em seu direito à preguiça , em seu ócio , onde cultivou poucos vícios ( como o de fazer pão em casa , passar horas junto a uma janela do Dakota diante do Central Park ou , quando viajava com Sean e Yoko , comprar também as cadeiras da frente , de trás e do lado , para não ter que atender a algum curioso perguntando quando é que os Beatles iriam se unir de novo ) . O vício das drogas , abandonou , de um jeito manso e sem ansiedade . Desde o início dos Beatles , com pouco mais de 20 anos , culminando com os 18 meses de farrapo humano , havia se dedicado , em períodos alternados , a pílulas , maconha , ácido , álcool , heroína e cocaína . Aos 40 anos , dizia que , se alguém passasse um baseado , até fumava , mas nunca iria atrás , e só . Estava amadurecido . Não precisava mais . Amadurecido , mais sábio . A tal ponto que sabia até desconfiar das certezas . “ Quando eu era mais jovem , vivia em confusão e profundo desespero ; agora estou mais velho ; quanto mais vejo , menos sei com certeza . O futuro é brilhante , e o momento é agora ” , escreveu em Borrowed Time ” , uma das cerca de 15 músicas que compôs em 1980 , saindo dos cinco anos de reclusão para lançar em discos de John e Yoko – primeiro Double Fantasy , depois Milk and Honey . Estava decidido a não fazer mais discos só de John Lennon ; ou o público aceitaria discos meio John , meio Yoko , ou então ele simplesmente não estaria mais interessado em gravar , dizia . “ Eu sou um roqueiro renascido , sinto-me restaurado ” , disse no dia 5 de dezembro de 1980 . Com esperança e vontade para outros 40 anos produtivos Não tinha fórmulas para oferecer para o mundo ; sabia que cada um tem que criar a sua . “ Eu não posso despertar você . Você pode se despertar . Eu não posso curar você . Você pode se curar ” . Convivia em paz com o medo e o desconhecido . “ Eu geralmente tenho medo , e não tenho medo de ter medo ” . E : “ Aceite o desconhecido e será uma viagem tranqüila . Tudo é desconhecido – aí você estará à frente do jogo ” . Na viagem dos sinos lúgubres de “ Mother ” aos sinos da felicidade de “ ( Just Like ) Starring Over ” , havia aprendido também que não é o pai , não é a mãe , nem mesmo a sociedade que é responsável pela escolha do caminho a se percorrer na vida . “ Quando a gente é adolescente ” , disse , “ reclama do que a mamãe , o papai ou a sociedade fizeram com a gente . Agora estou com 40 anos e não penso mais assim . Isso é uma coisa que precisa ser superada . Eu descobri isso pessoalmente . Eu digo que sou responsável . Eu sei que fazemos nossa própria realidade e que sempre temos uma escolha . ” Tinha esperança e vontade . “ Somos jovens . Se Deus quiser , ainda haverá 40 anos de produtividade pela frente ” . Os deuses não quiseram . Ficamos todos menos sábios . A historinha por trás do texto Regina Lemos teve a idéia de me encomendar um texto para ser publicado nos dez anos após a morte de John Lennon , no mês exato em que ele completaria 50 anos , outubro de 1990 . Ela estava dirigindo a redação da revista Moda Brasil , um título da Editora Globo , então em processo de renovação , remodelação – a editora e a revista . Até 1990 , era uma revista exclusiva para modistas , voltada apenas para confecções e lojas ; com Regina na direção de redação , virou uma revista feminina moderna , com amplo espaço para reportagens sobre comportamento , cultura . A experiência deu certo demais – tanto que a renovada Moda Brasil acabou sendo um ensaio geral para a edição brasileira da Marie Claire , um dos títulos mais respeitados do mundo ; a editora francesa fechou acordo com a Globo , e em 1991 surgiu a Marie Claire brasileira , dirigida por Regina e com o núcleo que ela havia montado ainda na Moda Brasil . Foi uma belíssima revista , a Marie Claire , especialmente em seus primeiros anos – aliás reconhecidos e premiados – completamente diferenciada das demais da imprensa feminina , com pautas inteligentes , bem sacadas , ousadas , um texto cuidadoso , caprichado , bem feitíssimo , e uma redação democrática como nenhuma outra de que já ouvi falar . Quanto ao meu texto para a Moda Brasil … Bem , gostei bastante dele , ao relê-lo agora . Acho que é um bom texto . O que me assusta , hoje , é ver como eu era absolutamente lennonista . E eu fui , de fato , um lennonista ferrenho , até essa época aí , 1990 , quando fiz os 40 anos que John tinha ao morrer . A partir daí , fui ficando cada vez mais mccartista . Será sinal dos tempos , de maturidade ? Maturidade , provavelmente , seria ser sempre lennon-mccartista – seria compreender que a genialidade era exatamente a soma-multiplicação-exponencial daqueles talentos tão díspares e , ao menos durante um bom tempo , tão complementares . Essa é uma bobagem-brincadeira tão velha quanto ser chiquista ou caetanista , “ Sabiá ” ou “ Caminhando ” . Sempre fui fã de carteirinha de Caetano , desde antes do LP Domingo , seu primeiro , de 1966 , mas , se entrasse em alguma discussão sobre a bobagem-brincadeira chiquismo x caetanismo , era chiquista desde criancinha . Mas como manter o chiquismo quando Chico apóia a Cuba dos Castro e Caetano tem a coragem maravilhosa de mostrar que o rei está nu , cultiva o anafabetismo e o país hoje cultiva uma idolatria à lá Stálin ou Mao ? Bem , mas estes – tanto o lennonismo x mccartismo quanto o chiquismo x caetanismo – são temas que podem render bons e longos textos . 3 Comentários Com os meus cumprimentos , aproveito essa oportunidade em parabenizá-los pelas excelentes informações contidas nesse site . E venho ainda , solicitar de vossas senhorias , a gentileza em permitir-me , a utilização de uma parte desse texto , que incluirei em um artigo sobre John Lennon , onde usarei também como implemento o título , se me permite – “ John Lennon , assim na Terra e no Céu ” . Essa postagem será feita em um site que estarei lançando em breve , intitulado , “ Gyn Go ” , e evidentemente que acrescentarei todos os créditos devidos . Cara Dinalva , muitíssimo obrigado por suas referências simpáticas e gentis . Sinta-se inteiramente à vontade para transcrever parte do meu texto ; se você vai dar o crédito – e tenho certeza de que o fará - , isso só pode ser para mim motivo de alegria . Peço a gentileza de você me avisar quando publicar seu texto , e me passar o endereço . Um abraço . Sérgio 10 Trackbacks [ … ] os 40 anos de Paul McCartney para a revista Status , e outra sobre os dez anos após a morte de John Lennon para a revista Moda Brasil . Gostei de fazer todos esses trabalhos – mas é completamente [ … ] [ … ] praça diante da Notre Dame , à direita dela , na Nuit Blanche , um rapaz cantou “ Revolution ” , de John Lennon , acompanhando-se à guitarra . A voz era boa , a pronúncia das palavras muito nítida , mas o [ … ] [ … ] comum , assim como gilete , por exemplo , virou substantivo comum , sinônimo de lâmina de barbear . John Lennon descrevia seu período de entrega total às drogas e à bebida , depois de uma separação de Yoko [ … ] [ … ] Beatles , lançou em 2010 um livro chamado Lennon – um misto de biografia e relato ficcional sobre John Lennon , em que o músico confessa , por exemplo , seu amor por Brian Epstein , o primeiro empresário do [ … ] Nosso Barco , Nossa Alma / In Which We Serve De : Noel Coward e David Lean , Inglaterra , 1942 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Este é , talvez , o mais perfeito exemplar do filme esforço de guerra , absolutamente inigualável dentro do que ele se pretendia – engajar a população civil na luta contra o nazismo , fazer as pessoas ajudarem , da maneira que fosse possível , o governo e as forças armadas na luta . Eu já tinha , naturalmente , ouvido falar demais neste filme do então quase principiante David Lean e do homem de todas as artes Noel Coward – e mesmo assim me surpreendi com a qualidade dele . Os filhos da puta dos ingleses conseguiram transformar um instrumento de propaganda em belíssimo cinema . O filme é a história de um navio de guerra inglês , o destróier HMS Torrin , que é atingido por um torpedo mas não afunda ; é levado de volta para a Inglaterra , reparado e volta à ação para ajudar na retirada de Dunquerque ; mais tarde , é bombardeado perto de Creta , e finalmente submerge . A ação começa quando o navio está afundando , e vários de seus marinheiros estão em botes salva-vidas , à espera do resgate por outras naves aliadas . Enquanto aguardam o resgate – que talvez não chegue - , os sobreviventes do navio naufragado vão lembrando histórias das lutas do Torrin , juntamente com histórias de suas próprias vidas , e essas histórias todas vão sendo mostradas em flashbacks . Noel Coward – que escreveu o roteiro e co-dirigiu o filme – faz o papel do capitão do HMS Torrin , Kinross , um herói de guerra , embora não mais herói que o mais humilde dos marinheiros do navio . Aliás , uma das muitas maravilhas deste filme é isso : a insistência em que a participação de cada um é importante , que um marujo humilde e iniciante vale tanto quanto um oficial , que todos são igualmente merecedores de todas as honras . Qualquer pessoa que não conheça a biografia de Noel Coward ( 1899-1973 ) e veja hoje o filme certamente achará sua atuação muito boa – ou , no mínimo , convincente , correta . É verdade que seu tom é um tanto monocórdico : seu Capitão Kinross é um homem duro , dedicado , competente , sério , extremamente sério – acho que ele não sorri uma única vez no filme . Está sempre com a cara fechada de um homem ocupado em cumprir seu dever bem cumprido . Assim , é fascinante imaginar como as platéias da época , especialmente as inglesas , reagiram à interpretação de Coward como o duro Capitão Kinross . Noel Coward – que figura absolutamente fascinante – era pintor , ator de teatro , dramaturgo , compositor , letrista , cantor ; fez todo tipo possível e imaginável de peças de teatro , mas era conhecido basicamente por comédias e canções sofisticadas , intelectualizadas , inteligentes , brilhantes . E era homossexual assumido desde os 14 anos de idade . Uma das muitas histórias que se contam sobre In Which We Serve ( e ele é absolutamente cheio de histórias ) é que o jornal Daily Express , em diversas ocasiões , enquanto o filme era rodado e montado , ridicularizou o projeto , contestando a escolha de Coward para interpretar um bravo , e muito macho , capitão da Real Marinha . Tadinho do povo do Daily Express : que coisa triste confundir opção sexual com caráter ou falta de caráter , bravura ou falta de bravura , competência ou falta de competência . Marta Suplicy que o diga . O fato é que Coward acabou se vingando ao reproduzir no filme uma ridícula manchete do jornaleco , publicada em 1939 , poucos meses antes do início da Segunda Guerra : “ No war this year ” . Mais histórias sobre o filme : Noel Coward – que muitos anos depois receberia da Coroa britânica o título de Sir – era amigo do primeiro-ministro Winston Churchill . Consta que os dois muitas vezes se reuniam para pintar . Teria sido pensando em ajudar o amigo que Coward teria imaginado a história deste filme : ele queria fazer alguma coisa mais útil ao esforço de guerra do que escrever mais comédias sobre gente rica e suas aventuras nos salões . Aliás , consta também que Coward trabalhou para o serviço secreto inglês durante a Segunda Guerra . Conta-se também que Coward estava um tanto inseguro em dirigir um filme de guerra , e perguntou ao amigo John Mills quem ele recomendaria para ajudá-lo . O pequeno em tamanho , gigante em talento John Mills ( 1908-2005 ) – aliás pai de Juliet Mills , que aparece no filme como a filhinha bebê de Shorty Blake , o personagem interpretado pelo ator , e também da gracinha Hayley Mills – sugeriu “ o melhor montador do país ” , um tal de David Lean . David Lean ( 1908-1991 ) àquela altura já havia assinado a montagem de uns 20 filmes , inclusive Pigmalião , de 1938 , e Major Barbara , os dois baseados em obras de George Bernard Shaw . Consta que Lean perguntou a Coward como ele imaginava que seu nome apareceria nos créditos , e Coward sugeriu “ com a ajuda de David Lean ” . O outro pediu que fosse “ dirigido por Noel Coward e David Lean ” . Assim foi feito . Quando Sir David Lean morreu , em 1991 , deixou uma das mais esplêndidas obras da história do cinema . Apenas 16 filmes , ao longo de 42 anos como diretor . Poucos , mas vários deles extraordinários , dos melhores que já foram feitos – Desencanto / Brief Encounter , Quando o Coração Floresce / Summertime , A Ponte do Rio Kwai / The Bridge on the River Kwai , Lawrence da Arábia , Doutor Jivago , Passagem para a Índia / A Passage to India . Sir John Mills trabalhou em vários deles . Estréia de Lean na direção , Nosso Barco , Nossa Vida foi também a estréia do jovem Richard Attenborough no cinema . Sir Richard Attenborough foi ator em mais de 70 produções e diretor de 12 , inclusive Gandhi , Um Grito de Liberdade / Cry Freedom , Terra de Sombras / Shadowlands e Chaplin ; em 2007 , aos 84 anos , dirigiu Um Amor para Toda a Vida / Closing the Ring , um filme competente mas com uma história bocózinha . Sir Noel , Sir John , Sir David , Sir Richard . Impressionante como o filme reuniu pessoas que seriam recompensadas mais tarde com o título de nobreza pela Coroa britânica . Como era um filme sobre marujos , falava-se muito palavrão – ou o que na época era considerado palavrão . O iMDB conta que o povo encarregado de fazer valer os “ é proibido ” do Código Hays , o código da autocensura de Hollywood , quis vetar os God , hell , damn e bastard que saem a toda hora das bocas sujas da marujada . Os ingleses protestaram violentamente , e vários palavrões foram então permitidos , embora outros tenham sido expurgados na versão exibida na puritana América dos anos 40 . ( O que diriam os zelosos censores dos anos 40 dos filmes de hoje , em que há mais fucks do que estrelas no céu ? ) O AllMovie diz que , durante muitos anos , as únicas cópias do filme disponíveis nos Estados Unidos eram da versão filtrada para não ofender os ouvidos puros da época do lançamento , mas que agora , felizmente , “ a versão completa , gloriosa , de 115 minutos ” é a que pode ser vista nos EUA . A versão em DVD disponível no Brasil tem 109 minutos . Deve , certamente , ser a higienizada pela censura americana dos anos 40 . 7 Trackbacks [ … ] felizmente longevo inglês , nascido em 1923 em Cambridge , que estreou no maravilhoso Nosso Barco , Nossa Alma / In Which We Serve , de 1942 , de Noël Coward e do jovem David Lean , é conhecido do grande público como o empresário [ … ] [ … ] Uma beleza , uma maravilha de filme . Baseado numa peça escrita em 1924 pelo homem de todas as artes Noël Coward sobre choque cultural e a profunda hipocrisia da alta sociedade inglesa , é uma produção [ … ] [ … ] o patriotismo , procurando manter elevado o moral de um povo , podem ser obras de arte , como Nosso Barco , Nossa Alma / In Which We Serve , que Noël Coward e David Lean co-dirigiram em 1942 , um ano antes de Os [ … ] [ … ] grande romance , mas sim seu melhor amigo ( gay , por sinal ) , o escritor , compositor , ator e diretor Noel Coward , que no filme afirma que Gertrude era casada com a carreira . Esse inusitado casal de uma certa [ … ] [ … ] esforço de guerra e esforço de guerra . Juntos , Noel Coward e David Lean fizeram , em 1942 , Nosso Barco , Nossa Alma , e , em 1944 – o mesmo ano deste Days of Glory - , David Lean fez This Happy Breed . Esses dois [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Frost / Nixon De : Ron Howard , EUA-Inglaterra-França , 2008 Nota : Anotação em 2009 : Um grande filme , uma beleza , feito com absoluta maestria . Para nós , brasileiros , nestes tempos duríssimos em que vivemos , em que Brasília nos manda diariamente notícias tristes , desalentadoras , indecentes , e nos deixa questionando pilares básicos da democracia , como a própria existência do Parlamento , é cheio de belas lições . Aumenta ainda mais nossa estupefação diante da maioria dos políticos do País , mas deixa belas lições . Menos de 20 anos atrás , o Brasil expulsou da Presidência um político corrupto . Aquela figura renunciou , antes que fosse derrubada por um processo de impeachment no Congresso . Mas ele se elegeu de novo , e , senador , está de volta às primeiras páginas dos jornais , como um dos líderes da tropa de choque que defende outro político corrupto que preside o Senado Federal e , ao contrário do que fizeram dois de seus antecessores no cargo , que renunciaram para não perder o mandato ; insiste em se manter no poder , com o total apoio do presidente da República , aquele lá que – não ; melhor deixar pra lá . Pouco mais de 30 anos atrás , o então presidente americano Richard Milhous Nixon renunciou , antes que fosse derrubado por um processo de impeachment no Congresso . Ao contrário do que acontece aqui , no entanto , jamais voltou a ter qualquer poder ; não foi candidato a nada ; passou para a História como o único presidente americano a renunciar , em mais de 200 anos consecutivos de democracia . Precisão de documentário , ritmo de thriller Este ótimo filme do veterano Ron Howard recria , com a precisão de um documentário e o ritmo acelerado de um thriller de primeira qualidade , a história da primeira entrevista que Nixon deu à televisão depois da renúncia . E que bela história . O filme se baseia na peça de teatro escrita pelo inglês Peter Morgan , que foi também o autor do roteiro . Toda a história tem como base acontecimentos reais ; os trechos da entrevista que aparecem são iguais ao que realmente aconteceu e foi ao ar em 1977 , três anos depois da renúncia de Nixon . As frases de Nixon e de seu entrevistador , David Frost , são literais . Ron Howard usa a estrutura de um documentário : ao longo da ação – que é apresentada em ordem cronológica , desde a renúncia , em 1974 , até a entrevista , em 1977 , e um pouco depois – , há depoimentos dos personagens da história . Só que não dos personagens reais , e sim dos atores que os interpretam . Ou seja : é a estrutura de um documentário , em um filme que recria inteiramente a realidade . As fotos que aparecem de Nixon – como uma dele ao lado de Mao Tsé-Tung – são com o ator que faz Nixon , e não com o próprio presidente . Nisso , especificamente , o filme faz lembrar Confidencial / Infamous , a ótima recriação de como Truman Capote escreveu A Sangue Frio . E , indo mais para trás , faz lembrar Reds , o filme de Warren Beatty sobre a participação do jornalista americano John Reed na revolução comunista russa de 1917 . Esses depoimentos dos personagens da história ajudam um pouco o espectador a compreender os fatos . Mas o roteiro dá de barato que toda a história é amplamente conhecida pelo público . Assim , é claro que o espectador que não se lembrar das circunstâncias que levaram Nixon à renúncia estará bastante prejudicado . Relembrando rapidinho : em 17 de junho de 1972 , cinco homens foram presos ao assaltarem os escritórios do Comitê Nacional do Partido Democrata , no complexo de prédios Watergate , em Washington . Nixon era presidente da República , eleito em 1968 , e disputava a reeleição com o democrata George McGovern ( as eleições seriam em novembro ) . Investigações da polícia , de comitês do Senado e da Câmara dos Deputados e sobretudo da imprensa foram revelando que a invasão do comitê havia sido ordenada por funcionários da Casa Branca ; o governo tentou o tempo todo negar que Nixon tivesse conhecimento dos planos para o assalto ao comitê adversário , mas foi ficando clara a participação de autoridades cada vez mais altas da Casa Branca , até se chegar ao próprio Nixon . Após dois anos de sangria , e antes que a Câmara votasse um processo de impeachment , Nixon finalmente renunciou , em 9 de agosto de 1974 . Com a renúncia , assumiu outro republicano , Gerald Ford , que , numa decisão que chocou o país , concedeu um perdão total a Nixon por quaisquer crimes que pudesse ter cometido enquanto estava no poder – ter ordenado ou no mínimo consentido com o assalto ao escritório da campanha adversária , mentido , ocultado provas , obstruído a ação da Justiça . E o ex-presidente jamais admitiu qualquer crime , ou pediu perdão por eles . Um grande duelo – e todos apostam em Nixon É aqui que o filme começa David Frost , um apresentador de talk shows nascido na Inglaterra , que tinha tido e perdido um programa na TV americana e estava , na época da renúncia , comandando um programa na Austrália , teve a idéia de pedir uma entrevista a Nixon . A idéia acabou virando uma obsessão ; durante meses e meses e meses ele continuou tentando . O agente literário de Nixon , Swifty Lazar ( Toby Jones , o Truman Capote do filme Confidencial / Infamous ) , que era uma das pessoas do círculo do ex-presidente com quem David Frost entrava em contato , acabou sugerindo que ele aceitasse dar a entrevista . O secretário particular de Nixon , Jack Brennan ( Kevin Bacon ) , também o incentivou a aceitar . Nixon havia recusado todos os pedidos de entrevista anteriores ; não queria enfrentar , diante das câmaras de TV que já o haviam derrotado quando debateu com John Kennedy na campanha de 1960 , um entrevistador sério , um repórter político experiente . O staff de Nixon , e depois o próprio ex-presidente , entenderam que seria um bom negócio falar com aquele inglês meio showman , mais acostumado a entrevistar personalidades do show business do que a tratar dos negócios sérios da política . Acharam que o ex-presidente poderia se sair muito bem , dar um show , mostrar-se como um estadista , talvez até voltar à política . E mais ainda : o apresentador de talk shows oferecia dinheiro , um bom dinheiro , pela entrevista , na verdade uma série de quatro entrevistas de duas horas cada . Acabaram fechando negócio pela quantia absurda de US$ 600 mil , mais um acordo previamente assinado pelas partes estipulando que apenas 25% do tempo seria reservado a Watergate , e os demais 75% a outros temas . É preciso também lembrar que Nixon tinha do que se gabar , nos 75% do tempo em que não seria questionado sobre Watergate . Apesar de ter afundado mais e mais os Estados Unidos na guerra do Vietnã , iniciada por seus antecessores democratas , apesar de ter ordenado uma invasão sangrenta do Cambodja , durante seu primeiro mandato , Nixon tinha trunfos na política externa . A guerra do Vietnã terminara ; e o presidente tinha tido reuniões de cúpula antes inimagináveis com o líder soviético Leonid Brejnev e com o chinês Mao Tsé-Tung , reuniões que abrandaram bastante o clima quente da guerra fria . Para o entrevistador , só havia dois caminhos : ou ele conseguia encostar o entrevistado nas cordas , e esmurrá-lo até que confessasse seus crimes e pedisse perdão por eles , ou a entrevista não serviria para nada . Se fosse uma conversa morna , ninguém teria interesse em transmiti-la , e David Frost teria que arcar sozinho com o custo absurdo de toda a operação – seria o fim de sua carreira . Todo mundo sabia : a série de entrevistas seria uma luta de boxe , uma disputa de campeonato mundial . Só haveria um vitorioso ; o outro seria derrotado . Todas as apostas eram de que Tricky Dick , como Nixon era chamado , daria uma surra no apresentador de talk shows bonitinho e bobão . O espectador acompanha os preparativos dos dois contendores para o enfrentamento , cada um com sua equipe . Nixon se cerca de um grande staff ; de seu lado , David Frost e seu produtor , John Birt ( Matthew Macfadyen ) , contratam dois jornalistas e estudiosos para auxiliá-los no trabalho de pesquisa , levantamento e organização de informações – Bob Zelnick ( Oliver Platt ) e Jim Reston ( Sam Rockwell ) . Aqui há um detalhe interessante : esse Jim é James Reston Jr . , o filho de James Reston , sujeito liberal , progressista , que foi um dos colunistas mais importantes do New York Times e do jornalismo americano nos anos 70 e 80 ; me lembro que , começando em jornal , li , admirado , muitos textos de James Reston , republicados em O Estado de S . Paulo e no Jornal da Tarde . O filme mostra que os jornalistas Zelnick e Reston Jr . ficavam exasperados , arrancavam os cabelos , porque , nas semanas que precederam as entrevistas , David Frost parecia não se dedicar ao trabalho , não se aprofundar nos temas ; preferia ficar gozando a boa vida em festas e passeios em Los Angeles ao lado de Caroline Cushing , uma jovem beldade que ele conheceu na primeira classe de um vôo internacional ( foto ) . Caroline é interpretada pela bela inglesa Rebecca Hall , que fez a Vicky de Vicky Cristina Barcelona . Ela funciona meio como o “ female interest ” do filme , a bonita figura de mulher que dá algum encanto aos olhos da platéia num filme povoado por senhores engravatados . Mas serve também para mostrar que o velho Nixon , por mais bandido que fosse , tinha uma qualidade : era tarado por mulher . Frank Langella tem o melhor papel da vida Assim como aconteceu com Helen Mirren ao interpretar a Rainha Elizabeth II em A Rainha , de Stephen Frears , ou com a bela francesa Marion Cotillard , que ficou feia para fazer Edith Piaf em Piaf – Um Hino ao Amor , Frank Langella teve o melhor papel de sua vida como Richard Nixon . Sua atuação é estupenda , extraordinária , maravilhosa . Ela é toda cheia de matizes ; seu Nixon demonstra arrogância , prepotência , inteligência , safadeza com relação a sexo , insegurança , medo , uns momentos de bom humor , e até mesmo arrependimento . No papel do apresentador de talk shows meio playboy , mundano , festeiro , mulherengo , menosprezado pela imprensa dita séria , mas na verdade inteligente , rápido de raciocínio , seguro , conhecedor das manhas da TV , Michael Sheen enfrenta o duelo com Frank Langella , o duelo Frost / Nixon , de igual para igual . Está muito bem esse ator nascido no País de Gales em 1969 que , no filme A Rainha , interpretou , também com brilho , o primeiro-ministro britânico Tony Blair . Os dois atores tinham já representado os mesmos papéis no teatro . Incorporaram seus personagens . Langella ganhou um Tony , o Oscar da Broadway , pelo papel . Não poderia dizer com toda certeza se pessoas menos interessadas em política , em História contemporânea , iriam desfrutar tanto deste filme bem realizadíssimo , mas imagino que , sim , iriam . É uma história fascinante , riquíssima , e o diretor Ron Howard de fato conseguiu contá-la com um ritmo de um bom filme de suspense . O filme vai num crescendo de tensão , como um bom thriller , até atingir , bem no finalzinho de seus 122 minutos que passam de maneira extremamente rápida , o clímax , um grande clímax . O filme teve cinco indicações ao Oscar no início deste ano de 2009 : filme , direção , ator ( para Frank Langella ) , roteiro adaptado e montagem . Não levou nenhuma estatueta da Academia , mas ganhou nove outros prêmios e teve outras 36 indicações . Segundo o iMDB , diversos diretores importantes demonstraram interesse em dirigir o filme baseado na peça Frost / Nixon : Martin Scorsese , Mike Nichols , George Clooney e Sam Mendes . Outra informação interessante que o iMDB apresenta é que o diretor Ron Howard admitiu ter votado em Richard Nixon em 1972 , em vez de em McGovern . É estranho , porque uns 95% da comunidade do cinemão americano votam nos democratas . Um lembrete para quem for ver o filme no DVD : não se pode deixar de ver , nas apresentações especiais , os trechos da entrevista do verdadeiro Nixon ao verdadeiro Frost . É fascinante comparar as imagens . A direção de arte recriou o local da entrevista nos mínimos detalhes . Imprensa , mesmo ruim , é o melhor que pode haver Voltando ao começo , como diz o Gonzaguinha , como se deve fazer sempre : o filme nos traz lições , boas lições – embora eles lá no Império sejam tão diferentes da gente , vivam num mundo tão distante da gente . Nem é o caso de falar de Sarney , Collor , Renan , essa corja toda , hoje tão umbilicalmente ligada ao presidente que dizia que iria fazer tudo diferente , tudo ao contrário do que sempre foi feito . Nem é o caso . Até porque essas pessoas fedem . É o caso , no mínimo , de constatar de novo essa velha noção que não podemos nunca esquecer : a imprensa pode ser ruim , pode ser uma bosta , pode até mesmo ser vendida – mas é a melhor coisa que há . Sem imprensa que faça oposição ao poder , sem imprensa que denuncie , que investigue , o cidadão se fode , o Estado se agiganta , manda , prevalece . Não dá para compreender como ainda exista gente que já leu mais do que o Pato Donald e não entenda isto . Não dá para compreender como ainda existam jovens que defendam os Chávez , os Fidel , os Stálin , os Hitler , os Mussolini , os Gaddafi , os Khomeini , os Ahmadinejad da vida – porque eles são todos absolutamente iguais . Todos eles se colocaram na posição de deuses onipresentes , oniscientes , com o dom de promover a Grande Justiça Social ( mas normalmente só enchendo seus próprios bolsos , e os dos parentes e amigos ) , e esmagaram a imprensa , e todos aqueles que fossem contrários a seus desígnios . Quem defende Estado forte , Estado grande , Estado sempre presente , não defende as pessoas – está contra elas . Pareceu um economista liberalista falando no final . Se vc pensa em ser jornalista , meu filho , terá grande sucesso se escrever para A globo , folha de são paulo , ou veja . Se já não for o caso . Liberdade = bagunça . E é isso que nós vemos . Uma emissora como A globo ter mais influência que o próprio presidente . O quarto poder precisa ser calado , antes que se torne o primeiro poder . [ … ] de quem não consegue voltar bem à planície , conforme mostram dois belos filmes , Honra Secreta e Frost / Nixon – por coincidência estrelado pelo mesmo Michael Sheen que interpretou Tony Blair em A Rainha . E [ … ] [ … ] sua época , do seu momento histórico . Trata da perda dos valores morais da nação americana nos anos Nixon . De maneira profética , foi produzido e lançado pouco antes de estourar o escândalo Watergate , [ … ] [ … ] excelência . A sensação que tive é que a diretora procurou deixar as atrizes Catherine Keener e Rebecca Hall menos belas do que na verdade são ; a garotinha Sarah Steele é feiozinha , e Oliver Platt , [ … ] [ … ] Amin Gaga ) e A Rainha ( Helen Mirren interpretando Elizabeth II ) . São dele também os roteiros de Frost / Nixon , Maldito Futebol Clube / The Damned United e A Outra / The Other Boleyn Girl . Peter Morgan já estava [ … ] Armadilhas do Amor / Serious Moonlight De : Cheryl Hines , EUA , 2009 Nota : Anotação em 2010 : Tadinha da Meg Ryan . Que danada de descida ao mais fundo do fundo do poço deu a carreira dela , para ela ir parar neste Armadilhas do Amor / Serious Moonlight – uma absoluta , total imbecilidade , um coisa pavorosa , horrenda , de deixar o espectador morrendo de vergonha . Em 2008 , Meg Ryan havia feito Mais do que Você Imagina / My Mom’s New Boyfriend , dirigido por um certo George Gallo , em que ela contracena com Antonio Banderas . Interpretava a mãe de um garoto que era gordíssima no início da ação , e , quando o rapaz volta para casa , algum tempo depois , ela havia emagracido um 380 quilos e estava namorando um gatão – o papel de Banderas . Um coisa grotesca ; com dez , 15 minutos de filme , tivemos o bom senso de apertar a tecla stop . Este Armadilhas do Amor é grotesco – se não apertei a tecla stop e fui até o fim , o problema é meu , de insanidade absoluta . Mais do que Você Imagina é um horror , mas não pode ser pior do que este aqui . Nada no mundo pode ser pior que este filme aqui . Nunca consigo fazer um rápido resuminho da trama . Conto o começo : Nego chega de táxi , carregado de flores , muitas flores , a uma casa de campo . Bota flores em vasos , diversos vasos ; espalha pétalas de rosa pela casa , no caminho entre a porta de entrada até o quarto , passando pela escada toda para o andar de cima . Em ação paralela , vemos mulher num posto de gasolina ligando para a secretária , dizendo que resolveu viajar naquela sexta-feira , que volta na segunda à tarde , que é para cancelar todas as reuniões marcadas para a segunda . Telefonema terminado , mulher recebe ligação do cara , dizendo que está entrando numa reunião , e só vai chegar no sábado à tarde . Mulher chega na casa de campo , vê as flores todas , liga para a secretária , diz que vai transar muito – e sai pela casa berrando o nome do marido , Ian ( Timothy Hutton ) . O qual , evidentemente , fica muito surpreso ao ver chegar a mulher , Louise ( o infeliz papel de Meg Ryan ) , muito antes da hora combinada . É o óbvio , o absolutamente óbvio : confiante em que Louise só chegaria no sábado de tarde , Ian tinha marcado encontro com a amante . Mas quem chegou foi a esposa . Pego com a boca na botija , Ian conta tudo para Louise . E aí Louise diz que não , que não aceita aquilo de jeito nenhum , que ele jurou amá-la para sempre quando se casaram , e vai ter que continuar amando – e o amarra numa cadeira . Tudo bem – o botão de stop existe , está lá . Eu poderia ter usado o botão . ( Ou , se estivesse numa sala de cinema , poderia ter usado a faculdade de levantar e cascar fora . ) Ninguém é obrigado a ver um filme idiota . Os idiotas do esquerdoidismo vivem falando em “ controle social ” , expressão que na Novilíngua significa na prática proibir que sejam feitos ou exibidos filmes ou programas ou sejam divulgadas notícias de que não gostam – e o melhor argumento contra isso é sempre a liberdade , o livre arbítrio : meu , se você não gosta da Rede Globo , mude de canal ; se você não gosta da Veja , compre outra revista , as bancas têm 200 milhares de títulos diferentes , tem Carta Capital , tem Caros Amigos … Ih , acho que tergiversei . E o filme só vai piorando , piorando É óbvio que eu tinha a liberdade de apertar o botão de stop . Não fiz – porque sou louco mesmo , fazer o quê ? A culpa é inteiramente minha . E o fato é que , a partir desse começo idiota , o filme só piora , e piora muito , e piora demais . Na última seqüência , tentam – com uma incompetência abissal – nos convencer de que poderia ter havido uma reviravolta . É uma tentativa idiota , até porque o eventual espectador que tiver mais do que 35 de Q.I . já havia pensado nessa possibilidade , mas já a tinha descartado porque o que é mostrado no início do filme torna inverossímil e improvável e absurda a saída que se tenta na última tomada . Meg Ryan , gracinha , já foi adorável e adorada Então é assim : neguinho pode , evidentemente , fazer o filme mais idiota que quiser . É um direito dele – it’s his privilege , como se diz , com acuradíssima exatidão , em inglês . Nada contra . Eu , pessoalmente , fico espantado com o fato de algum produtor ter dado o sinal verde para esse roteiro idiota , obtuso , calhorda , de mau gosto , vomitativo . Mas , ao mesmo tempo , imagino que é assim mesmo – devem ter feito alguma pesquisa de mercado , devem ter achado que haveria público para isso . A economia precisa andar , a indústria tem que fazer filmes , os cinemas têm que ter novos títulos para exibir , as locadoras , etc e tal . Dá é uma peninha grande de Meg Ryan . Em Harry e Sally – Feitos um para o Outro / When Harry Met Sally … , de Rob Reiner , de 1989 , Meg Ryan protagonizou uma das seqüências mais antológicas de toda a história da comédia romântica , aquela extraordinária série de tomadas em que finge um orgasmo , para o absoluto espanto de Harry , o personagem de Billy Cristal , de todos os presentes à lanchonete e da audiência . Cabelos louros cacheados , olhos do mais brilhante azul , um domínio de tempo cênico extraordinário , virou a namoradinha da América – e do mundo . Foi adorada , e adorável , em um bando de comedinhas românticas . Em duas que fez ao lado do então namoradinho da América , Tom Hanks , homenageou os antigos – e jovens que sabem reconhecer os antigos são bons , são louváveis : em Sintonia de Amor / Sleepless in Seattle , de Nora Ephron , ela e Tom Hanks nos lembraram o amor triste de Cary Grant e Deborah Kerr em Tarde Demais para Esquecer / An Affair to Remember . E , em Mens@gem para Você/You’ve Got Mail , de novo de Nora Ephron , elas atualizaram , com a então recém-chegada novidade dos e-mails , e falando também da coisa de empresa come empresa e demite gente , A Loja da Esquina / The Shop Around the Corner , o delicioso clássico do mestre Lubitsch de 1940 , com James Stewart e Margaret Sullavan . “ A pretty face may last a year or two ” , disse John Lennon , morrendo de ódio e de inveja do talento e da beleza de seu ex-parceiro . Meg Ryan não tem apenas uma carinha bonita . É uma boa atriz . Tentou se reinventar . Em 2003 , aos 42 anos , fez uma personagem que jogava no lixo todas as comedinhas românticas , no drama barra pesada de Jane Campion Em Carne Viva / In The Cut . Voltou à boa comédia romântica em 2008 , na refilmagem de um clássico de George Cukor , Mulheres – O Sexo Forte / The Women . No mesmo ano , no entanto , fez a besteira Mais do que Você Imagina / My Mom’s New Boyfriend , e em 2009 fez essa besteira maior ainda aqui . Não está bem no filme , a gracinha da Meg Ryan . Está careteira , ridícula , absurda ; não consegue criar um personagem . Mas a culpa não é dela – neste filme , não daria para fazer nada bom . Torço para ver Meg Ryan , agora mulher madura , sempre linda , maravilhosa , em bons filmes , em bons papéis , em boas interpretações . Gracinha . Não mereceria este horror . Que consiga sair desta fase , dê a volta por cima . Na minha opinião o filme fala sobre a necessidade das mulheres de se sentirem amadas e como abrem mão de si mesmas e não se valorizam . Há uma hora que Ian diz : - Vovê tem opiniões demais Loise . Ela responde : - Tudo bem Ian , não vou mais ter opiniões . Encarei como uma crítica e sendo assim , achei o filme razoável . 3 Trackbacks [ … ] Michael e Alice são lindos ( eles aparecem na tela sob a pele e os rostos belos de Andy Garcia e Meg Ryan ) , são absolutamente apaixonados , bem humorados , alegres , vivem de forma bastante confortável , [ … ] [ … ] ( Eric Dane ) , um empresário muitíssimo bem sucedido , que namora a maior estrela da casa , Nikki ( Kristen Bell ) , e está interessadíssimo em comprar o cabaré . Faz sua oferta : US$ 1 milhão , US$ 500 mil para [ … ] [ … ] que eu não conhecia ou de que não me lembrava ( Kevin Connolly , Bradley Cooper , Ginnifer Goodwin , Justin Long ) . O elenco é tão bom , e tão bem escolhido , que o filme se dá ao luxo de ter Kris Kristofferson [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Maverick De : Richard Donner , EUA , 1994 Nota : Maverick é uma daquelas arrematadas bobagens deliciosas , extremamente agradáveis de se ver . É totalmente contra-indicado para mal-humorados em geral e para a turma de nariz empinado e papo-cabeça em particular . Para o resto da humanidade , é uma ótima diversão . Tínhamos visto o filme em 1995 , Mary e eu , não muito depois de seu lançamento , em 1994 . Na época , tasquei nele duas estrelas e anotei duas linhas : “ Gostosinho , bem feitinho , embora descartavelzinho , é claro . Não fez sucesso , mas merecia . ” Gostamos muito mais agora , na revisão . E não sei exatamente de onde tirei , na época , que o filme não fez sucesso . Devo ter lido a informação em algum lugar . Aparentemente , não foi , de fato , um sucesso de crítica , mas teve boa bilheteria – US$ 183 milhões , segundo o site especializado Box Office Mojo . Uma comédia escrachada , que não se leva a sério e beira as loucuras de Mel Brooks A série de TV Maverick , criada por Roy Huggins , foi produzida entre 1957 e 1962 . James Garner fazia o papel do protagonista , Bret Maverick , um almofadinha , extraordinário jogador de pôquer no Velho Oeste . A série que teve milhares e milhares de fãs entusiasmados . O roteiro do filme , que usa o mesmo personagem da série de TV em uma trama inteiramente nova , é de autoria de William Goldman , o mesmo de Butch Cassidy and the Sundance Kid , o delicioso western com Paul Newman , Robert Redford e Katharine Ross de 1969 . Autor de 29 roteiros , vencedor de dois Oscars , por Butch Cassidy e Todos os Homens do Presidente , Goldman sabe muito bem , portanto , como unir western e humor . Só que aqui ele foi muito fundo na comédia do que no hoje clássico filme de 1969 . Soltou a franga – Maverick é uma comédia escrachada , sem vergonha de fazer rir com piadas às vezes bobas , juvenis , mas também com belas tiradas , diálogos inteligentes , irônicos . Às vezes o clima do filme beira as loucuras de Mel Brooks . Definitivamente , é um filme que não se leva a sério . É pura diversão , farra . James Garner , que fazia o Maverick da TV , aqui é o xerife Zane Cooper O diretor Richard Donner e Mel Gibson – que interpreta Maverick – se entendiam à perfeição ; tinham feito juntos os três filmes da série Máquina Mortífera , entre 1987 e 1992 . Para homenagear a série de TV que inspirou o filme , Donner colocou diversos atores do Maverick original para fazer pequenos papéis . Atores que haviam trabalhado em outras séries de TV também tiveram participações especiais , assim como um bom número de cantores country : Carlene Carter , Waylon Jennings , Hal Ketchum , Vince Gill , Clint Black , Kathy Mattea . E , claro : na maior homenagem possível à série original , o filme tem James Garner , o Maverick da TV , no terceiro papel mais importante , o do xerife Zane Cooper . Entre Maverick-Mel Gibson e o xerife Cooper-James Garner está Jodie Foster . E ela é uma das melhores coisas deste filme cheio de coisas boas . Jodie Foster é um daqueles talentos que soltam faísca . Criança prodídio , atriz extraordinária , diretora de poucos mas ótimos filmes , está no auge da beleza como Annabelle Bransford , jogadora de pôquer , malandra em tempo integral , ladra sempre que pode . Artista séria , atriz e diretora de filmes pesados , parece inteiramente à vontade nesta comédia descompromissada . Exatamente como Mel Gibson , que vinha de uma série de dramas e filmes de ação . Estavam os dois no topo de suas carreiras , na época do filme . Ela havia estreado na direção três anos antes , com Mentes Que Brilham / Little Man Tate , um filme sério sobre uma criança superdotada . Ele também havia começado a dirigir um ano antes de fazer Maverick , com O Homem Sem Face / The Man Without a Face , drama pesado sobre o relacionamento entre um garoto de 12 anos e um ex-professor solitário e recluso . Jodie Foster continuaria brilhando em tudo em que encosta a mão . Exigente , cuidadosa , tem uma filmografia bem mais rala que muitos atores de sua geração – e em geral escolhe bem seus papéis . Mel Gibson se meteria em encrencas tanto por causa de seu comportamento quanto por seus filmes . Foi preso por dirigir bêbado , seu A Paixão de Cristo despertou imensa polêmica – e ele , que havia sido um imenso astro nos anos 80 e 90 , virou um Judas em quem a imprensa voltada para celebridades adora descer a lenha . Continuou sendo sempre um bom ator . Num gesto de coragem e de amizade , Jodie Foster o escolheu para fazer o papel principal em seu terceiro filme como diretora , o drama Um Novo Despertar / The Beaver , de 2011 . Na abertura , super-hiper-big-close-ups de homens brutos e feios : uma citação de Sergio Leone A abertura de Maverick é ótima . Maverick-Mel Gibson está com a corda no pescoço – literalmente . Monta seu cavalo , e a corda está devidamente atada a um galho alto de árvore . Homens bastante mal-encarados o botaram lá . Um deles , o líder do grupo , Angel ( Alfred Molina ) , despede-se dele com frases irônicas – e joga no chão , bem próximo do cavalo de Maverick , um saco com uma grande cascavel . Claro : a cascavel espantará o cavalo . Sem o cavalo , o herói do filme que está começando será enforcado . Neste iniciozinho do filme , a câmara de Richard Donner e seu diretor de fotografia , o grande Vilmos Zsigmond , focaliza os rostos daqueles homens em super-hiper-big-close-ups . Homens suados , com cara de péssimos bofes . Deve ser proposital , é claro que é proposital : Richard Donner está citando , copiando , homenageando , ou gozando , ou todas as alternativas anteriores , o estilo de Sergio Leone ! Aquela série de grandes close-ups iniciais nos remete diretamente aos western spaghetti do grande Leone , em especial Era Uma Vez no Oeste , de 1968 . Uma grande sacada : um western cômico americaníssimo que cita o diretor que reinventou o western , Italian style , em filmes estilizados , às vezes gozativos . Maverick começa fazendo paródia da paródia do western clássico . Prestes a ser enforcado , nosso herói se dirige a Deus – e ao espectador O herói prestes a ser enforcado conversa diretamente com o Criador – e também com o espectador . Para o primeiro , ele diz : – “ Senhor … Seja o que for que eu tenha feito para deixá-lo puto da vida … Se você pudesse me livrar desta e de alguma forma me dizer o que foi , prometo que vou retificar a situação . ” Uma bela frase para se abrir um filme , essa do afiado William Goldman . E então o herói-anti-herói dirige-se ao espectador do filme , e diz que ele andava mesmo numa maré de azar . Aquela última semana tinha sido difícil … E aí , claro , flashback . Voltamos uma semana no tempo . Maverick está entrando numa cidadezinha do Oeste montado num burro – seu cavalo puro-sangue havia sido roubado . Um sujeito todo vestido como almofadinha montado num burro é algo de fato impagável . Diálogos afiadíssimos , aventuras de todos os tipos : uma pândega , uma farra Daí a pouquinho , no saloon do hotel onde se hospedou , Maverick senta-se à mesa redonda onde um grupo eclético joga pôquer . Está ao lado de uma jovem loura e linda em vestido elegante – em termos de Velho Oeste , claro : um vestido de cor berrante . Ela se apresenta a ele com um sotaque sulista falso que nem nota de três guaranis : Annabelle Bransford . Uns dez minutos e uma briga contra quatro sujeitos mal-encarados depois , Annabelle Bransford beija Maverick e durante o ato surrupia-lhe a carteira . Maverick exige a carteira de volta , e , temendo ser denunciada , a moça a entrega . E logo Maverick leva até Annabelle sua camisa branca , que havia sujado um pouquinho durante a briga contra os quatro sujeitos . Maverick : – “ Tem uma coisa que eu gostaria que você fizesse para mim ” . Maverick : – “ Por que – por que não . Eu morreria de medo . Deus sabe quantas partes de mim você roubaria . Eu acordaria com todo tipo de coisa faltando . ” Estamos aí com uns 15 , talvez 20 minutos de filme , e a aventura está só começando – depois de muitos cortes no laboratório de montagem , que deixaram de fora diversas sequências , Maverick ficou com 129 minutos , o que Leonard Maltin , em seu guia de filmes , considerou longo demais . Ao longo desses 129 minutos – que passam bastante depressa - , surgirá o tal xerife Cooper , interpretado pelo ator que fez Maverick na TV ; haverá ataques de índios , chefiados por um de nome Joseph , interpretado por um índio de verdade , Graham Greene ( na foto acima ) , bom ator , homônimo do escritor inglês , num papel hilariante ; aparecerão um arquiduque russo à procura de emoções fortes , e um grupo de religiosos atacados por brancos que se fantasiam de índios ; e tudo vai terminar a bordo de um daqueles gigantescos navios que passeavam pelo Mississipi , dentro do qual se realizará um torneio mata-mata de pôquer . E todo mundo trai todo mundo . Uma pândega , uma farra . Um filme lackadaisical , sentencia o autor do guia de filmes mais vendido do mundo Leonard Maltin usa um adjetivo sonoro que eu jamais tinha visto antes para definir Maverick : lackadaisical . Caramba , o que será isso ? O primeiro dicionário que consulto ( e é um bom dicionário ) não contém o termo . No segundo está lá : lânguido , afetado . Bem , lânguido Maverick não é . Então suponho que Maltin tenha querido dizer afetado . “ Afetada atualização da série de TV que desperta boas recordações , o filme depende do charme pessoal para levar adiante uma trama que perambula de maneira lenta demais – e longa demais . Gibson está engraçado como um tubarão das cartas a caminho de um jogo de pôquer de apostas altíssimas , e o elenco é cheio de rostos familiares do universo de velhos westerns da TV e da música country contemporânea . Garner , que estrelou a velha série de TV , foi escalado aqui como um xerife . Roteiro de William Goldman . ” Jean Tulard , no seu Guide des Films , sintetiza que a dupla de Máquina Mortífera ( na França , L’Arme Fatale ) , Donner-Gibson , se reencontra para um novo sucesso popular . “ Western para fazer rir , Maverick foi filmado com muito cuidado , atenção ” . Jodie Foster tem um elogio a fazer a um ator com quem contracenou : Anthony Hopkins ! No Blu-ray ( e acredito que no DVD também ) , o filme vem acompanhado de um making off bastante diferente dos making offs tradicionais , sui generis mesmo . É tão bem humorado quanto o próprio filme . Em vez de ter aquelas padronizadas loas dos atores ao diretor e aos colegas , e vice-versa , tem um monte de gozações de uns aos outros . O diretor Donner comenta que Mel Gibson e Jodie Foster , recém-tornados diretores eles mesmos , sempre tinham alguma sugestão de como fazer tal e tal cena . E mesmo James Garner , que não se meteu a dirigir filmes , mas é um veterano , tinha também as suas próprias sugestões . Mel Gibson não sabia mexer com revólver nem com cartas de baralho , e a produção teve que botar experts nas duas coisas para tentar ensinar os truques básicos ao rapaz . E Jodie Foster lá pelas tantas diz que tem um elogio a fazer a um colega que contracenou com ela : Anthony Hopkins . ( Claro , Anthony Hopkins , intérprete do assassino canibal que assustou a agente do FBI Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes , feito três anos antes de Maverick . Depois do elogio a Hopkins , tomadas rápidas de Mel Gibson , James Garner e Richard Donner , todos os três perguntando : – “ Anthony Hopkins ? ? ? ” Maverick é tão escrachado que não se leva a sério sequer no making off . Uma absoluta delícia . Como Você Sabe / How Do You Know De : James L . Brooks , EUA , 2010 James L . Brooks é um bom diretor . Consegue ser quase sempre o próprio autor das histórias que filma , algo nada comum no cinemão comercial de Hollywood . O livro 500 Movie Directors o define como “ prolífico escritor , produtor e diretor de comédias de costume e dramas para a tela pequena e a tela grande ” , que consegue “ boas caracterizações dentro de elencos de vários personagens ” , e lembra que ele já ganhou 19 prêmios Emmy , o Oscar da TV americana , e , no cinema , é um dos cinco únicos diretores que já ganharam os Oscars de melhor filme , melhor direção e melhor roteiro para o mesmo filme . Seu primeiro – e extraordinário sucesso – foi o dramalhão Laços de Ternura / Terms of Endearment , de 1983 , que levou as estatuetas da Academia de melhor filme , melhor direção , melhor atriz para Shirley MacLaine , melhor ator coadjuvante para Jack Nicholson , e melhor roteiro – de autoria do próprio diretor . Em 1987 , Nos Bastidores da Notícia / Broadcast News teve sete indicações ao Oscar . Melhor é Impossível / As Good as it Gets , de 1997 , deu a Jack Nicholson o Oscar de melhor ator e a Helen Hunt o de melhor atriz . Neste Como Você Sabe , de 2001 , Brooks volta a dirigir Jack Nicholson , mas o grande ator faz apenas , assim como em Laços de Ternura , um papel secundário . É um papel importante , o quarto mais importante da trama , mas é secundário . E Jack Nicholson exagera na persona de Jack Nicholson . Está quase tão grande , imenso , quanto Gérard Depardieu , e em algumas cenas , infelizmente , seu rosto faz lembrar o de Paulo Salim Maluf . Tadinho de Jack Nicholson . Perder lugar na seleção de softball , para Lisa , é perder a razão de viver A personagem central da história é Lisa ( o papel de Reese Witherspoon ) . O filme começa com um pequeno intróito : um garotinho tenta lançar , com um bastão , uma bolinha de beisebol colocada em cima de uma pequena torre . É ruim , o garoto , quase tão ruim quanto eu era nas peladas no meu tempo de menino na Serra , em Belo Horizonte , e seu bastão atinge não a bola , mas a torre . Tenta de novo – novo fracasso . Aí uma garotinha que o observava pega o bastão e – tcham ! – acerta de primeira . Se estivesse numa partida , faria um home run , embora eu não saiba bem o que seja um home run . A garotinha , claro , é Lisa , que reaparece já adulta como a grande jogadora da seleção americana de softball , ídolo da torcida , a que leva a seleção a vitórias na Olimpíada . Péra lá – mas é beisebol ou softball ? Pois é . Na minha santa ignorância , passei o filme todo achando que Lisa fosse uma jogadora de beisebol . No IMDb , vejo que é jogadora de softball – que , segundo a Wikipedia , é uma variação do beisebol , jogada com uma bola mais larga num campo menor . O técnico da seleção está para anunciar o nome das jogadoras convocadas para os jogos seguintes , e , numa reunião com suas auxiliares , dá a entender que Lisa , apesar de o número 1 da equipe , o Pelé , o Neimar , não estará entre as convocadas , por causa da idade – está com 31 anos , e o técnico parece ser daquele tipo que gosta de reinventar a roda . Será , evidentemente , um baque , uma tragédia : Lisa viveu a vida inteira para o softball . Tirá-la da seleção é tirar sua razão de viver . Os primeiros contatos entre Lisa e George são fracassos abissais Para simplificar a apresentação da trama , digo curto e grosso que Lisa se verá de repente sem sua razão de viver mas envolvida em um triângulo amoroso . Será disputada por dois homens , dois sujeitos que não poderiam ser mais díspares , antíteses um do outro . De um lado , Matty ( Owen Wilson , com aquela cara de pateta dele que serve perfeitamente para compor o personagem ) , um dos maiores astros do beisebol profissional americano , e portanto um dos atletas mais bem pagos do país . Mora num edifício de milionários em Manhattan , e é um narcisista comedor inveterado . Traça todo rabo de saia que lhe aparece à frente . Nunca tinha , em sua gloriosa vida de cabeça de vento , se envolvido a sério com ninguém – mas não é que com Lisa ele descobre que existe um troço chamado paixão ? Do outro lado do triângulo há George ( Paul Rudd ) , presidente de uma grande empresa criada por seu pai , Charles ( o papel de Jack Nicholson ) . A grande empresa é gerida e controlada por Charles ; George é apenas um bem intencionado , trabalhador , honesto e inocente testa de ferro do pai . O pai aprontou uma manobra ilegal – e a procuradoria dos United States of America abre um processo contra o presidente nominal da empresa , o pobre George . Acusado de um crime financeiro que não cometeu , do qual não sabia nada , nosso herói é aconselhado pelo pai e pelos advogados da empresa a renunciar ao cargo . Como terá ele mesmo que pagar a sua própria defesa , de repente tem que vender o belo apartamento em que vive para pagar os honorários milionários dos advogados . Perde o emprego e a casa , e , por consequência , também a namorada . Os primeiros contatos entre George e Lisa são fracassos abissais , memoráveis . George fica fascinado por ela , mas Lisa o considera um completo idiota , um sujeito inteiramente desajeitado . Paralelamente , o que era para ser um encontro com trepadas ocasionais entre a desportista amadora agora sem time e o desportista profissional bilionário começa a ficar mais sério . Brooks sabe jogar muito bem com essas imagens arquetipais do atleta tosco , machista , que até se esforça para ser menos tosco e machista , e do homem desajeitado , à primeira vista desagradável , mas que tem coração enorme e sabe ouvir as mulheres . Como Você Sabe tem ótimas piadas , situações engraçadas , diálogos afiados , faz uma gostosa referência a Kramer x Kramer , e há boas interpretações , especialmente de Reese Witherspoon e Paul Rudd . É isso aí . Não é dos melhores filmes de James L . Brooks , mas tem mais qualidades que muita comedinha romântica que Hollywood produz . Um Comentário Realmente , não há muito para se falar deste filme . Voce já disse tudo e , um pouco mais ainda . Caramba , também não consigo gostar desse Owen Wilson . Já da Reese … ela é que dá razão à este filme ( ao menos para mim ) . Gosto muito dessa Atriz , aliás , muito bôa atriz . Dois ótimos desempenhos dela que me vêm logo à mente são “ Johnny e June ” e “ Feira das Vaidades ” . Vale lembrar que o filme que colocaste hoje no “ 50 anos ” , tu fazes uma referência à ele , neste aqui . Bem no começo logo abaixo da primeira foto . Um abraço ! ! O Vôo / Flight De : Robert Zemeckis , EUA , 2012 Nota : É um grande filme , este O Vôo / Flight , que Robert Zemeckis lançou em 2012 , com Denzel Washington no papel central . E é uma cara , requintada produção do cinemão comercial que rompe algumas regras , algumas convenções . Ao contrário do que ditam as normas , segundo as quais o clímax , o auge , a grande explosão vêm ao final da narrativa , aqui vêm logo no início , nos primeiros 30 minutos , mais ou menos , dos fascinantes 138 de duração do filme . O Vôo abre como um filme de ação , como um filme catástrofe – dos mais maravilhosamente realizados , artesanalmente impressionantes . Esses cerca de 30 minutos iniciais são de prender o fôlego do espectador , de assustar , de eletrizar . É adrenalina pura , é droga forte na veia . ( Não tenho idéia do que seja isso , mas dizem que é um horror . ) Em seguida , nos 100 minutos restantes , o que era filme de ação , filme catástrofe , vira um sério , denso , pesado drama psicológico . Primeiro ele nos tira o fôlego . Depois ele nos faz pensar – e nos assusta , assombra . É preciso advertir : quem não viu ainda o filme não deveria continuar lendo Ando cada vez mais avesso a spoilers , a revelar o que acontece nas tramas dos filmes a partir aí dos primeiros 15 , 20 minutos . Outro dia mesmo , ao escrever sobre A Garota do Parque , um envolvente drama familiar , Mary me chamou à atenção , dizendo que revelar o que acontece após os oito minutos iniciais do filme seria spoiler . Dei razão a ela . No caso de O Vôo , é muito difícil falar qualquer coisa do filme sem revelar o que acontece nessa primeira meia hora de narrativa . Por isso , vai aqui o aviso : se o eventual leitor ainda não viu o filme , e não leu nenhuma sinopse , o melhor é parar por aqui . Se gostar de cinema , que procure ver Flight , belo filme , duas indicações ao Oscar ( ator para Denzel Washington , roteiro original para John Gatins ) , 11 prêmios e outras 31 indicações ( inclusive o Globo de Ouro e o prêmio do SGA , o sindicato de atores , para Denzel ) . A partir daqui , revelam-se acontecimentos fundamentais da trama . De novo , a advertência : a partir daqui , spoilers É um vôo entre Orlando , na Flórida , e Atlanta , a capital da vizinha Georgia . Não é um vôo longo , de forma alguma ; coisa de 1h20 minutos , algo como uma viagem entre São Paulo e Florianópolis . Era o vôo das 9 horas da manhã , e era uma manhã de muita chuva na Flórida , região volta e meia açoitada por tempestades , tornados , furacões . O avião ainda estava no início da subida para a altitude normal de cruzeiro quando enfrentou uma turbulência brava , bravíssima , apavorante . O comandante Whip Whitaker ( o papel de Denzel Washington , esse Deus Apolo , esse ator mais ícone a cada filme que faz ) localiza num dos instrumentos do grande jato uma zona acima da região da turbulência , e leva a aeronave para lá . Os passageiros aplaudem a fim da turbulência . Whip é um profissional experiente , tarimbado – e extraordinariamente competente . Conhece muito bem pelo menos duas das comissárias de bordo , Katerine Marquez , a Trina ( Nadine Velazquez ) , e Margaret Thomason ( o papel de Tamara Tunie , a bela atriz que interpreta a legista Melinda Warner na série Law & Order : Special Victims Unit ) . Mas é a primeira vez que voa com o co-piloto Ken Evans ( Brian Geraghty ) , rapaz bem mais jovem que ele . Depois de deixar a zona de turbulência , o comandante Whip deixa o avião nas mãos do co-piloto Ken , e vai até o lado de fora da cabine , para dirigir algumas palavras aos passageiros , dizer a eles que dentro de tantos minutos estarão chegando a Atlanta . Aproveita para fazer uma piada sobre a rivalidade entre os times de futebol americano de Flórida e Georgia . Os comandantes da aviação comercial são dados a falar gracinhas para os passageiros . De repente , o avião começa a perder altura . Inclina-se para baixo violentamente , furiosamente . Fica bastante claro para o espectador que não houve barbeiragem alguma do co-piloto , que naquele momento tinha o controle do jato . Fica óbvio que houve uma falha mecânica . Whip assume seu assento . Passa a dar ordens – seguras , firmes – tanto para o co-piloto quanto para a comissária Margaret , que ele chama para ajudá-los . Fica claro , fica óbvio para o espectador que o comandante sabe o que está fazendo . Que está tentando domar a fera que teve alguma pane grave . O comandante Whip parece um experimentado cowboy tentando parar um estouro de boiada . Usando só os controles manuais , dando ordens ao co-piloto e à comissária , ele gira o grande jato para que ele fique de cabeça para baixo . De ponta cabeça , como dizem os paulistas em sua sintaxe estranha . Sim , como o transatlântico Poseidon , do filme catástrofe O Destino do Poseidon de 1972 , refeito em 2006 como Poseidon . De cabeça para baixo , o comandante Whip consegue fazer com que o jato interrompa sua queda e se estabilize na horizontal , até que passa as áreas densamente habitadas de Atlanta e , na área rural , se possa ver um campo . Aí ele revira o jato para a posição normal – e o aparelho cai de uma altura não muito elevada . A câmara passa a ser os olhos de Whip , e por alguns instantes o espectador não vê nada muito distintamente . Algum tempo depois que o comandante Whip recobra a consciência , no hospital , ele recebe a notícia : das 106 pessoas a bordo , morreram seis – quatro passageiros e dois membros da tripulação ; 96 sobreviveram , uns 30 e tantos com ferimentos . A imprensa o trata como herói . Estamos então com cerca de 30 minutos de filme . O comandante fez o melhor possível , fez milagre – mas estava bêbado e chapado O autor da trama e do roteiro do filme poderia ter contado a história assim como fiz nos parágrafos acima . Poderia , se quisesse , ter guardado algumas informações para dar depois que o grande acidente já havia acontecido . Mas não : ele preferiu – ainda bem – revelar desde bem o início informações que ainda não dei . Ao sentar-se na cabine de comando , Whip Whitaker estava um tanto bêbado de álcool e um tanto doidão de maconha e cocaína . Como tantos filmes do cinemão comercial das últimas décadas ( e até mesmo de filmes independentes e autorais ) , O Vôo não tem créditos iniciais . Assim , Mary e eu vimos o filme sem saber quem era o diretor , cujo nome só aparece nos créditos finais . Abre num hotel , em que Whip e a comissária Trina passaram a noite se entupindo de drogas – a permitida , o álcool , e as proibidas , maconha e cocaína – e também de sexo , que ninguém é de ferro . Às 7 e pouquinho da manhã , Whip teve que atender , no celular , a uma ligação da ex-mulher , Deane ( Garcelle Beauvais ) . A ex-mulher , é claro , pedia dinheiro – verdade que para a educação do único filho do casal , Will Junior ( Justin Martin ) . O vôo seria ( e foi ) às 9h . Whip não comeu um bom café da manhã – tomou um trago de um resto de cerveja quente , deu um tapinha no baseado de Trina e mandou ver uma carreirinha de coca . Naquele momento em que foi falar com os passageiros , passada a zona de turbulência , aproveitou para surrupiar duas garrafinhas de vodca do estoque do avião e jogá-las num copo de suco de laranja , e dali para o estômago vazio . Para tornar mais tensos ainda os minutos iniciais , há uma jovem enfiando droga na veia Ao longo dos apavorantes , eletrizantes 30 primeiros minutos de narrativa , portanto , o espectador está plenamente consciente de que o cara está chapado . Ao mesmo tempo , é óbvio que o comandante Whip fez tudo o possível e o impossível e conseguiu , no braço , no muque , no traquejo , na experiência , na competência , impedir a morte de 96 pessoas . Como se fosse pouco ver sequências bem realizadíssimas , de um realismo cru , em que um avião enfrenta duríssima turbulência , e depois , por um problema mecânico , vai perdendo altitude , perdendo altitude , até cair no chão – e tendo no comando um piloto chapado – , o autor da história e do roteiro John Gatins ainda botou , nessa primeira meia hora de filme , cenas apavorantes de uma viciada em drogas pesadas . Entre uma seqüência e outra do avião que está para cair , vemos uma jovem e bela mulher , Nicole ( o papel da inglesa Kelly Reilly ) , procurando desesperadamente uma dose de heroína com um amigo , envolvido na produção de filmes pornô em Atlanta . Nicole diz a ele com todas as letras que está profundamente necessitada de ficar doidona . O amigo fornece um pacotinho , mas insiste : aquela droga é forte demais . Nicole não poderá , de forma alguma , metê-la nos canos ; é para aspirar , o que já terá um efeito violentíssimo . Nicole vai para o pequeno apartamento do qual ela não paga aluguel faz um ou dois meses . Primeiro tem uma discussão com o zelador , que exige o pagamento dos aluguéis atrasados ou em dinheiro ou em serviços sexuais . Nicole consegue expulsar o cara do apartamento – e injeta a droga violenta na veia . É apavorante . Voltamos para as sequências do avião . Quando o avião , de cabeça para baixo , está passando sobre Atlanta , rumo a uma área desabitada em que o comandante Whip possa tentar fazer um pouso forçado , vemos uma rápida tomada em que paramédicos estão levando Nicole numa maca para uma ambulância . Nessa altura , o espectador ainda não sabe se a overdose de Nicole foi fatal ou não . Como acontece com milhões de drogados , Whip percebe que manter a sobriedade é duríssimo É muita droga , nesses primeiros 30 minutos de filme . É droga demais . Chega a ser nauseante , vomitativa , a quantidade de droga nesse início de filme . Cazuza , que gostava das drogas , as lícitas e as não , dizia que é bom “ algum veneno contra a monotonia ” . Mas , meu Deus do céu e também da terra – poderá pensar o espectador de O Vôo neste início de narrativa - , precisa ser tanta droga , e droga tão pesada ? Não entendo coisa alguma das drogas ilícitas , assim , por conhecimento próprio , mas dá para saber , é claro , que sair da dependência é uma das coisas mais difíceis que há . Sei bastante sobre o álcool , e sei bem que sair da dependência do álcool é um desafio dificílimo . É preciso doses maciças , mastodônticas de força de vontade , determinação , culhão – e em geral nem mesmo elas são o suficiente . Quando sai do hospital – depois de , na escadaria , onde foi fumar um cigarro desses que ainda são vendidos legalmente , ter conhecido Nicole , a drogada que havia sobrevivido à overdose – , Whip foge do assédio dos repórteres que estão de tocaia diante de sua casa e se refugia na fazenda que havia sido de seu avô e seu pai . Joga fora toda a imensa quantidade de bebida que há lá . Já havia recusado a provisão de vodca que havia sido levada para o hospital por seu grande amigo e fornecedor de todos os tipos de drogas , Harling Mays , um tipo que seria terrivelmente engraçado se não fosse trágico ( uma interpretação notável do gordão John Goodman ) . Mas logo em seguida , ao ser apresentado por outro velho conhecido , membro do sindicato dos pilotos , Charlie ( Bruce Greenwood ) , a um advogado de renome trazido de Chicago para defendê-lo , chamado Hugh Lang ( o papel de Don Cheadle ) , cai a ficha : a imprensa toda o trata como herói , 96 pessoas sobreviveram por causa da sua competência , mas seis pessoas morreram , haverá processos por indenização na Justiça , haverá severa , cuidadosa investigação pela agência que regula a aviação comercial . Enquanto estava no hospital , haviam colhido amostra de seu sangue . Como acontece na vida de tantos milhões e milhões de drogados , também para Whip a determinação de permanecer sóbrio dura bem pouco . Nesse momento , estamos aí com uns 40 minutos de filme . Haverá muito mais drama a partir daí . É maravilhoso como o filme usa bem as músicas incidentais Além de ter tido aquele bom número de prêmios e indicações citados lá em cima , O Vôo parece ter tido razoável sucesso de público . Feito com um orçamento estimado em US$ 31 milhões , faturou três vezes isso , US$ 93 milhões , só nos Estados Unidos , e mais US$ 68 milhões fora . Eis aí algumas informações sobre o filme e sua produção , muitas delas tirada do IMDb : * O autor e roteirista John Gatins usou alguns elementos de um acidente real , acontecido com um avião da empresa Alaska Airlines em 2000 . Aquele avião teve um problema gravíssimo com o estabilizador horizontal , que o fez perder altitude com o nariz para baixo a uma velocidade de 13.300 pés por minuto . Na tentativa de estabilizar o aparelho , os pilotos chegaram a colocá-lo na posição invertida , de cabeça para baixo . Apesar de todo o esforço dos pilotos , no entanto , ao contrário do que acontece no filme , não houve sobreviventes . * Foi a sexta indicação de Denzel Washington ao Oscar . Ele ganhou o prêmio de coadjuvante por Tempo de Glória ( 1989 ) e o de melhor ator por Dia de Treinamento ( 2001 ) . As outras indicações foram por Um Grito de Liberdade ( 1987 ) , Malcom X ( 1992 ) e The Hurricane ( 1999 ) . * Foi o segundo filme dirigido por Robert Zemeckis que mostra um acidente aéreo , depois de Náufrago ( 2000 ) , aquele em o personagem interpretado por Tom Hanks se salva quando o avião em que viajava cai no mar , e sobrevive durante longos meses em uma ilhota perdida no meio do Pacífico , como uma espécie de Robinson Crusoe moderno . * Foi também o segundo filme dirigido por Zemeckis que mereceu a classificação R , de “ restricted ” , algo semelhante ao nosso proibido para menores de 16 anos – por causa do uso de drogas e cenas de sexo . Anteriormente , apenas seu filme de 1980 , Carros Usados , tinha tido essa classificação rigorosa . Zemeckis fez vários filmes para toda a família , ou que agradam às plateias juvenis , como a trilogia De Volta para o Futuro , Uma Cilada para Roger Rabbit , O Expresso Polar , A Lenda de Beowulf . * Numa entrevista , os produtores Steve Starkey e Jack Rapke explicaram que o jato mostrado no filme não é idêntico a qualquer tipo de aeronave comercial existente – usa elementos de diversos tipos de avião . A companhia aérea a que pertence o avião é fictícia . Na entrevista , eles também fizeram questão de afirmar que não houve acordo comercial algum com qualquer um dos fabricantes das diversas marcas de bebidas mostradas no filme . * É forte e impressionante o uso da canção “ Sympathy for the Devil ” , de Mick Jagger-Keith Richards , na trilha sonora . A música toca alto quando vemos pela primeira vez o personagem interpretado por John Goodman , o doidão que fornece todo tipo de droga ao amigo Whip Whitaker . O traficante Harling Mays está chegando ao hospital para visitar Whip , logo após o acidente , levando com ele um monte de revistas de sacanagem , um pacote de cigarros ( esses da indústria ) e uma grande quantidade de vodca ( que Whip recusará ) – e está ouvindo Stones em altíssimo volume . Por coincidência , ou não , “ Sympathy for the Devil também apareceu em outro filme com John Goodman e Denzel Washington , Os Possuídos ( 1998 ) . * O uso de canções como música incidental no filme é excelente . Há um momento em que Nicole joga sua bolsa numa mesa , e vemos material usado por drogados . Nesse momento , toca a música “ Under the Bridge ” , do Red Hot Chili Peppers , que tem a ver com uma experiência do vocalista do grupo injetando heroína na veia sob uma ponte no centro de Los Angeles . * Na primeira seqüência em que aparece a personagem Nicole , num estúdio de filmes pornô , alguém diz a ela que deveria fazer o papel de Desdêmona numa versão sacana de Othelo . A atriz que faz Nicole , a inglesa Kelly Reilly , já interpretou Desdêmona no West End de Londres , ao lado de Chiwetel Ejiofor no papel de Othello e Ewan McGregor no de Iago . * Já tinha havido um filme em que o piloto bebe demais e comanda um avião numa ressaca infernal , e , além disso , ainda põe o avião de cabeça para baixo . Chama-se Na Rota do Oriente ( 1093 ) , e o piloto era interpretado por Tom Selleck . Quanto mais dramas sérios sobre dependência de drogas , melhor O respeitabilíssimo site AllMovie deu apenas 3 estrelas em 5 ao filme . Em sua crítica , Perry Seibert escreve que a sequência inicial , a que mostra o trágico vôo , é uma peça inigualável de cinema , uma evocação implacável e perturbadora de uma experiência de se chegar bem perto da morte . “ Infelizmente , o resto de Flight é um drama antiquado sobre o vício . ” Não acho absolutamente antiquado fazer dramas sérios sobre alcoolismo e dependência de drogas . Na verdade , não há tantos assim . E quantos mais houver , melhor . Cada um tem o direito de ter sua opinião , é claro . A minha é de que O Vôo é um grande filme . 3 Comentários Concordo que é um grande filme , e que quanto mais filmes sobre dependência de álcool / drogas melhor . Uma amiga falou dele para mim , e eu resolvi ver ( queria saber se daria pra indicá-lo a uma prima , cujo marido é alcoólatra ) achando que seria chato , pois geralmente é o que ocorre com filmes sobre esses temas , mas acabei gostando . Tem as partes mais arrastadas , outras pesadas ( quem é que gosta de ver os outros se drogando ? ) mas o filme é mesmo bom . Eu não tenho paciência com viciados de maneira geral , para colocar de forma leve , não sinto empatia . E o que vejo geralmente em filmes assim é uma certa condescendência dos familiares , o que não ocorre aqui , e eu achei ótimo . Em certos momentos dá uma certa pena do Whip , afinal , ele é um excelente profissional e não é má pessoa ; e como lá as leis funcionam , enquanto assiste a gente vê que o futuro pode não ser muito bom pra ele , mas ao mesmo tempo as consequências não deixam de ser por causa de suas ações . Sobre a parte do filme que é pura adrenalina , pelo que andei lendo não é possível que um avião daquele tipo voe de dorso por mais que alguns segundos , por causa do combustível ( de todo modo , aquela sequência é tipo UAU ) . E algumas manobras que o Whip e o co-piloto fazem parece que também não são possíveis naquela situação , mas é tudo eletrizante mesmo assim . No mais , Denzel está maravilhoso , como sempre , esplêndido em seus 58 anos . Eu dava no máximo 50 pra ele , e quase caí da cadeira quando vi que ele está com quase 60 ( adorei o “ deus Apolo ” – ele é um deus Apolo e muito mais ) . É um filme que recomendo , e sobre o tema acho que foi um dos melhores que já vi , mesmo com as partes puxadas ( mas como fazer um filme sobre vício em alcoolismo / drogas sem mostrar um pouco como é que funciona ? Ao menos o diretor não foi apelativo ) . Expressei mal meu comentário anterior quando disse que o Whip era um excelente profissional . Eu quis dizer que ele era excelente naquilo que fazia : pilotar aviões . Mas encher a cara de bebida e drogas e ir trabalhar colocando as vidas dos outros em risco não faz de ninguém um bom profissional , pelo contrário . Eu não lembro se ele fazia isso sempre , já faz um tempo que assisti , mas provavelmente sim . Lembro que uma das comissárias amiga dele , na hora em que a coisa começou a ficar feia , disse algo como “ eu te avisei ” , no sentido de “ eu disse pra você parar ” , assim como a ex também deve ter falado até cansar , não aguentar mais e se separar . Gostei principalmente da primeira parte que está de facto electrizante ; a continuação embora com qualidade perde um tanto em comparação . Gostei de voltar a ver o Denzel Washington numa boa interpretação depois de ter andado perdido em filmes de baixa qualidade . 5 Trackbacks [ … ] americanos naqueles anos . Forrest visita a Casa Branca em três oportunidades , e aí o diretor Robert Zemeckis – que domina como poucos os milagres dos efeitos especiais , da tecnologia , e já havia feito [ … ] [ … ] nasceu e o dia em que você descobriu por quê ” . O protagonista , interpretado pelo monumento Denzel Washington , é um leitor voraz de boa literatura . Aí , aos 30 minutos , o diretor Antoine Fuqua grita Shazam e [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * A Banda / Bikur Ha-Tizmoret De : Eran Kolirin , Israel-França-EUA , 2007 Nota : Anotação em 2009 : Um pequeno grande filme , uma pequena obra-prima . Um filme que trata de um dos mais graves problemas do mundo – o conflito entre israelenses e árabes – com graça , com um suave humor , e um grande , incontido humanismo , um imenso respeito e afeto pelas pessoas comuns . E que , não contente em falar desse conflito , aborda ainda alguns temas eternos e básicos – solidão , família , dificuldade de comunicação , a desesperada necessidade de comunicar – de uma forma emocionante , tocante , ao mesmo tempo profunda e simples . Simplicidade , essa coisa tão difícil , tão complexa . A trama é simples como a conta de 1 + 1 , que às vezes dá briga , às vezes dá guerra , às vezes dá o infinito ( como em Lennon-McCartney ou Tom-Vinicius ou George-Ira Gershwin ) , e às vezes até dá 2 . Um grupo de oito policiais músicos egípcios é convidado para fazer uma apresentação em um centro cultural árabe em uma pequena cidade perto do deserto de Neguev , no Sul de Israel . É a Orquestra Cerimonial de Alexandria , e o uniforme de seus membros é tão emproado e imaculado quanto o nome da banda . Ao chegar ao aeroporto israelense , eles descobrem que não há ninguém da embaixada egípcia , ou do centro cultural , esperando por eles para levá-los até o local da apresentação . Estão perdidos , sozinhos , em terra estranha – estranha e inimiga histórica . A única forma de comunicação haverá de ser numa terceira língua , o inglês . Procuram informações , então , sobre como chegar a Bet Hatikva . Pegam um ônibus , e são deixados numa estrada à beira de um vilarejo mínimo , minúsculo . Depois de alguma hesitação , caminham até um pequeno restaurante , na verdade uma pequena lanchonete , onde perguntam pelo centro cultural árabe . A essa altura – estamos aí com uns dez minutos de filme - , o diretor Eran Kolirin já nos mostrou um pouco sobre aquele grupo de policiais músicos . O líder , o regente , é o tenente-coronel Tawifiq Zacharia ( Sasson Gabai ) , um homem sério , sisudo , rígido ; a admitir que está em apuros e precisa pedir ajuda externa , prefere fingir que a situação está sob controle e que eles conseguirão vencer os obstáculos . Lida com seus subalternos à maneira da caserna : dá ordens a seu imediato , para que ele as retransmita à tropa – mesmo sendo a tropa pequena e composta de músicos , não propriamente de soldados na frente de batalha . Seu imediato é Simon ( Khalifa Natour ) , sujeito paciente , controlado , que até se sai bem no papel de amortecedor entre as tensões entre a chefia e os chefiados . O terceiro elemento mais importante daquele pelotão musical egípcio perdido no meio do deserto israelense é Khaled ( Saleh Bakri ) , rapaz jovem , pouco afeito aos axiomas da farda , questionador das decisões do comandante . Então , com dez , 15 minutos de filme , no máximo , estamos com o pelotão de oito egípcios em fardas imaculadas diante do pequeno restaurante , na verdade uma pequena lanchonete de um pequeno vilarejo perdido no meio do deserto . O tenente-coronel Tawifiq atravessa a rua e aproxima-se de dois civis sentados diante da lanchonete . O diálogo que vem a seguir é extraordinário : Tawifiq ( voz solene ) : – Good afternoon . Civil 1 , de camisa vermelha ( em hebraico , para dentro da lanchonete ) : – Dina , venha aqui . Um general quer falar com você . Tentam se entender . Dina pergunta quem os convidou , Tawifiq diz que foi o departamento cultural de Bitah Tikva , Dina e o civil perguntam se é Pitah Tikva . A Orquestra Cerimonial de Alexandria está longe , muito longe de onde deveria estar – e não há ônibus saindo daquele lugar em que estão neste dia ; eles terão que passar a noite ali . O que vai se seguir é uma pequena grande lição de como fazer cinema sério , maduro , adulto , que diz coisas , que provoca emoção no espectador , que investiga um microcosmo como exemplo do macro , do painel gigantesco – sem ser nem por um momento chato , sisudo , professoral , pretensioso , e sem se meter a criativóis , invencionices , maneirismos agrada-críticos . O encontro-desencontro entre o egípcio Tawifiq e a israelense Dani é mostrado com uma elegância e uma competência raras ; não é muito o que é dito , o que não é dito é uma imensidão , e tudo passa com muita força para o espectador . Aliás , o filme é extraordinário no tanto que os personagens não dizem , apenas mostram . Mary reparou como o diretor soube usar com maestria o silêncio , os momentos de silêncio . E o pouco que é dito é igualmente poderoso . O pequeno discurso de Dani sobre os tempos em que ela era jovem e via com a mãe filmes egípcios – “ nós todas amávamos Omar Sharif ” – é de chorar . As pessoas – o filme mostra esta grande verdade de uma forma magnífica , emocionante , tocante - , as pessoas comuns são muito maiores , mais sábias , melhores do que seus Estados , seus governos , as ideologias de seus países . Além do cinema , o que servirá para promover um pouco de encontro , um pouco de comunicação entre aqueles grupos tão absolutamente díspares , os policiais egípcios e os civis israelenses , será outra forma de arte , a mais universal delas , a música . Tocarão My Funny Valentine , Summertime , Noite Feliz . Khaled , fã de Chet Baker ( e a israelense Dani nunca ouviu falar dele ) , o violinista da banda , e um violonista não mais que sofrível , se demonstrará bom no sax . E com isso , com seu amor por Chet Baker e seu até então desconhecido talento para tocar o sax , ele vai diminuir as distâncias que o separam de seu comandante e band leader . Tanto o egípcio Sasson Gabai , que faz o tenente-coronel , quanto a israelense Ronit Elkabetz , nos papéis principais , são extraordinários atores , dão um show de interpretação – contida , suave , profunda , sem explosão . São experientes , têm carreiras consolidadas em seus países . Ronit Elkabetz , essa atriz de presença forte , é também autora de roteiros e já dirigiu filmes . Só mais uma palavrinha sobre Ronit Elkabetz . Eu disse lá em cima que ela é uma mulher bonita , grande , figura forte , cabelos negros longos . Vou tentar descrever melhor . Ela de fato é uma mulher bonita , uma figura forte , uma presença extraordinária na tela – uma força assim à la Anna Magnani . Não é uma beleza Barbie , hollywoodyana , bollywoodyana , cinematográfica , global , padrão clássico . Não , é muito mais que isso ; é uma daquelas belezas fortes de gente normal , gente como a gente , não manequim , modelo – gente de carne e osso , belíssima carne , belíssimos ossos . Bela mulher , maravilhosa atriz . O diretor Eran Kolorin fez aqui seu primeiro longa-metragem , depois de ter escrito e dirigido episódios para TV . Este seu filme de estréia passou na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2007 ; ganhou 38 prêmios em festivais mundo afora e teve outras nove indicações . Festivais mundo afora costumam premiar filminhos-cabeça , filminhos feitos para impressionar os críticos – o contrário deste filme aqui . Este aqui merece tudo quanto é prêmio . Merece ser aplaudido de pé , como na ópera . 2 Comentários Grande filme , mesmo . Vc já disse tudo , não há muito mais o que dizer . Ele é sensível mas ao mesmo tempo é duro , cru . Tudo nele é contido : as palavras , o silêncio , a música . A atriz é mesmo muito bonita , uma beleza natural , sem ser anoréxica ou sem estar penteadinha , como a beleza fabricada por Hollywood ou pela “ Grobo ” , como vc já disse . O ator que faz o Khaled tb é bem interessante . Desde a primeira vez que vi o personagem do coronel Tawifiq Zacharia , me deu vontade de chorar . Sei lá , ele tinha uma cara tão sofrida ( ou eu estava muito sensível ) , e quase no final ficamos sabendo que ele carrega mesmo uma grande dor . Enfim , é um filme bonito mas ao mesmo tempo difícil , pq mostra os infortúnios ocultos , e acho que cada pessoa tem pelo menos um . Vc só esqueceu de dizer uma coisa : homem não gosta de perguntar endereço em nenhum lugar do mundo , rs . Uma curiosidade sobre o filme , pra quem não sabe : ele foi barrado na lista de filmes estrangeiros indicados ao Oscar , por ter muitas falas em inglês . Vai entender a Academia … Ah , e por falar nisso , até o inglês meio sofrível deles ficou interessante . P.S . : gostei da sua frase do 4º parágrafo : ) . Fiquei absolutamente encantado com este filme . Nunca tinha visto uma fita Israelita e , para estreia , fiquei impressionado . Por acaso , no fim , estive quase a levantar-me para aplaudir . Não digo mais , o Sérgio já disse tudo . Um Trackback [ … ] comentou que O Concerto a tinha feito se lembrar de outro filme extraordinário , outra obra-prima : A Banda , em que egípcios e israelenses , pessoas simples , gente comum , ficam se conhecendo através da [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Livre / Wild De : Jean-Marc Vallée , EUA , 2014 Nota : Já vi muito filme na vida , mas acho que poucos começam com uma sequência tão violenta – e uma série de sequências tão francamente incomodativas , perturbadoras desagradáveis , repulsivas mesmo – quanto este Wild , que o diretor canadense Jean-Marc Vallée lançou em 2014 . O espectador ouve os ruídos de uma respiração absolutamente descontrolada antes de ver qualquer pessoa na tela . É um resfolegar forte , alto , que até parece ser de uma mulher no auge do gozo . Não , não é : é de uma mulher que sente muita dor , uma dor física imensa . Estamos diante de uma paisagem belíssima , estrondosa , o alto de uma montanha magnífica , e então a câmara mostra a heroína , na figura de Reese Witherspoon . Não , ela não está gozando . Está gemendo de imensa dor , porque tirou as botas e as unhas estão ensaguentadas . E então ela faz uma força imensa , e arranca a unha de um dos dedões dos pés , e dá um grito de dor imenso , gigantesco , incomensurável . Mas a violência da primeira seqüência de Wild não terminou ainda , não , senhor . O movimento que Cheryl , a personagem interpretada por Reese Witherspoon , faz para arrancar a unha é tão violento que a bota que ela havia retirado para examinar o estado lastimável de seus pés acaba caindo ribanceira abaixo . Uma ribanceira imensa , incomensurável como a dor de quem arranca a unha do seu próprio pé . Diante da tragédia , Cheryl pega o outro pé de sua bota , tornado agora absolutamente inútil , e o joga montanha abaixo , enquanto dá um berro furioso de fuuuuuuuuck ! Claro : Cheryl está absolutamente sozinha numa montanha altíssima , longe de qualquer sinal de civilização , e terá a partir de agora que andar sem as botas . Pensei bastante em parar o filme naquele exato momento . Por que , raios , eu , que absolutamente morro de medo de qualquer pequena dor , iria me expor a um filme que começa com uma pessoa arrancando a unha do dedão , e que vai ter que a partir daí caminhar sem botas para proteger os pés ? O desempenho de Reese Witherspoon teve loas e muitos prêmios Resolvi continuar vendo o filme – sem saber absolutamente nada sobre Jean-Marc Vallée , canadense do lado de fala francesa , o diretor – porque ele tem sido fartamente elogiado , e o desempenho de Reese Witherspoon tem recebido loas e mais loas . A atruz recebeu indicações para o Oscar , o Globo de Ouro , o Bafta e o prêmio do Screen Actors Guild , o sindicato dos atores , e mais diversas indicações em festivais ao redor do mundo – e de fato seu desempenho é extraordinário , magnífico . E o filme , de resto , é soberbamente bem realizado em todos os quesitos técnicos – fotografia , movimentos de câmara , trilha sonora , direção de arte , reconstituição de época – a ação se passa duas décadas atrás , em meados dos anos 1990 . O roteiro ( de Nick Hornby , o autor dos livros que deram origem a Alta Fidelidade , 2000 , e Um Grande Garoto , 2002 ) usa e abusa , como tem sido cada vez mais comum , de idas e vindas no tempo , misturando o hoje , os dias em que Cheryl está caminhando , com acontecimentos do passado da moça . Sim , tem diversas qualidades , sem dúvida alguma . Eu , pessoalmente , achei que enfrentar aqueles 115 minutos de duração de Wild é uma experiência torturante , excruciante , pavorosa . Wild mostra uma bela loura se chicoteando ao longo de 115 minutos O filme se baseia numa história real , que foi contada num livro de memórias publicado por Cheryl Strayed em 2002 , Wild : From Lost to Found on the Pacific Crest Trail – selvagem : de perdida a achada na Trilha Crista do Pacífico . O livro foi um fantástico sucesso ; ficou durante sete semanas consecutivas como número 1 da celebrada lista de best-sellers do New York Times ; três meses e pouco após ser lançado , foi escolhido para abrir a seleção do Clube do Livro de Oprah Winfrey 2.0 . Já teve tradução em mais de 30 línguas . É um relato em primeira pessoa de como Cheryl , em 1995 , aos 26 anos de idade , caminhou sozinha por 1.800 quilômetros na Pacific Crest Trail . Vamos lá : 1.800 quilômetros é pouco menos que a distância , por estradas , entre São Paulo e Salvador . É muito chão . A Pacific Crest é uma trilha para andarilhos que atravessa os Estados Unidos de Sul a Norte – começa junto da fronteira do México , não muito longe de Tijuana , no México , e San Diego , na Califórnia , e vai até a fronteira com o Canadá , não muito distante de Vancouver . Passa pelos Estados da Califórnia , Oregon e Washington . A trilha fica de 160 a 240 km da costa do Pacífico – e boa parte dela é no cume de largos trechos da Sierra Nevada e Cascade , embora haja também um trecho dentro do deserto de Mojave , perto da fronteira de Califórnia e Nevada . Ela alterna altitudes desde praticamente 0 , ou seja , o nível do mar , até 4 mil metros , no topo da Sierra Nevada . Ou seja : não é bolinho . De jeito nenhum . Não é pra qualquer um . Não é para amadores . É para montanhistas e andarilhos experimentados , tarimbados , treinados . O filme mostra que Cheryl não era uma montanhista e / ou andarilha experimentada , tarimbada , treinada . De forma alguma . Era uma danada de uma amadora : pelo jeito , nunca tinha sequer armado uma barraca na vida . Não compra o gás correto , e então passa os primeiros dias sem poder usar o fogareiro – só para dar um pequeno exemplo . E até mesmo usava botas mais apertadas do que seria o recomendável ! Para os montanhistas e andarilhos experimentados , tarimbados , treinados e bem equipados , fazer essa trilha deve ser uma experiência gloriosa , extasiante , nirvânica , celestial : a paisagem é estrondosamente maravilhosa . A questão é que Cheryl não está fazendo a trilha para aproveitar a vista , a beleza : está se submetendo a uma provação para pagar pecados , para expiar culpas , para se livrar do peso dos erros que vinha acumulando nos últimos meses , depois que sua mãe , Bobi , uma mulher forte , alegre , cheia de vontade de viver ( bem interpretada por Laura Dern , na foto abaixo ) , havia morrido de câncer . Após a morte de Bobi , Cheryl abandonou o marido , Paul ( Thomas Sadoski ) , o estudo , o emprego , tudo , para se afundar na heroína e numa trepação sem fim , com o primeiro que aparecesse – e apareceram dezenas . Até que então um dia resolveu parar com aquela dissipação autodestrutiva e , para pagar os pecados , para expiar as culpas , para se livrar do peso dos erros , submete-se à tarefa dura , duríssima , de enfrentar a trilha por montanhas e desertos , do cume gelado ao calor sufocante . Mais ou menos como aqueles religiosos medievais que se chicoteavam . Wild é um filme que mostra uma bela loura se chicoteando ao longo de 115 minutos . Convenhamos : não é nada agradável . Nada , nada , nada , nada . Quem não está a fim pagar pelos pecados , o que é que tem a ver com todo aquele sofrimento ? Um diretor competente , seguro , que domina o ofício Mas é uma história real , e , afinal de contas , uma história de superação . Cheryl , que , ao se divorciar de Paul , passou a adotar oficialmente como sobrenome o adjetivo strayed – perdido , desgarrado , extraviado – ao fim e ao cabo deu a volta por cima , tornou-se famosa e respeitada entre os trilheiros americanos e , ao contar sua experiência de se chicotear , vendeu muitos livros , deve ter juntado um monte de dinheiro . E então , é claro , o filme agrada às platéias . O Box Office Mojo não tem o valor do custo do filme , mas mostra que ele rendeu US$ 52 milhões ( US$ 37,8 no mercado interno , US$ 14,6 mundo afora ) . Não é um blockbuster , mas é um belo resultado para um drama sobre seres humanos . Sim : Jean-Marc Vallée , o diretor . Nascido em Montreal , em 1963 , tem 13 títulos na filmografia como diretor , entre eles o recente e muito badalado Clube de Compras Dallas ( 2013 ) , o bom A Jovem Rainha Victória ( 2009 ) e C.R.A.Z.Y . – Loucos de Amor ( 2005 ) . Pelo que vi dele , A Jovem Rainha Victória e este Wild aqui , é competente , seguro , domina o ofício . A Cheryl real aparece em uma tomada , e sua filha faz o papel dela criança A indicação de Reese Witherspoon ao Oscar foi sua segunda , e de novo por interpretar uma personagem real : ela havia sido indicada antes pelo papel de June Carter , a cantora da sagrada família do country que se casou com Johnny Cash , em Johnny & June / Walk the Line ( 2005 ) . Naquela ocasião , Reese levou a estatueta para casa . Wild teve outra indicação ao Oscar : Laura Dern , que faz , como já foi dito , a mãe da protagonista Cheryl , foi indicado ao prêmio de melhor atriz coadjuvante . Nenhuma das duas levou – mas suas interpretações são de fato extraordinárias . Na vida real , Laura Dern é apenas nove anos mais velha que Reese Witherspoon : a primeira nasceu em 1967 , e a segunda , em 1976 . O IMDb aponta , em sua página de Trivia – informações , histórias sobre a produção – , que a verdadeira Cheryl Strayed tinha 26 anos quando começou a fazer a trilha Pacific Crest ; Reese Witherspon estava bem mais velha , tinha 38 quando o filme foi feito . Não que isso seja um defeito , ou chegue a comprometer : a atriz parece ter uns 30 anos . E Reese Witherspoon tem tudo a ver com o filme , com o papel . A própria autora mandou os originais para a atriz , antes mesmo da publicação do livro , porque achava que ela seria perfeita para interpretar o papel . Reese e seu agente não são bobos nem nada , e imediatamente compraram os direitos de filmagem do livro – antes que ele virasse o estrondoso sucesso que virou . Cheryl Strayed aparece rapidissimamente no filme , embora nem dê para ver seu rosto direito . Ela faz a motorista que dá uma carona a Cheryl–Reese bem no inicinho da narrativa , e a deixa no motel em que ela passa uma noite antes de ir para o início da trilha , no extremo Sul da Califórnia , junto da fronteira com o México . Nas sequências de flashback , em que a protatonista se lembra de acontecimentos da sua infância , quem faz papel dela criancinha é a filha de Cheryl na vida real , Bobbi Strayed Lindstrom . Sim : ao final de sua aventura pelos 1.800 quilômetros da Pacific Crest Trail , Cheryl Strayed deixou de ser strayed , perdida , desgarrada , extraviada . Em 1999 , casou-se com o diretor de cinema Brian Lindstrom ; vivem em Portland , Oregon , não muito longe do final da trilha , e têm dois filhos . Além de seu livro autobiográfico que deu origem ao filme , Cheryl Strayed publicou outros dois , Torch e Tiny Beautiful Things : Advice on Love and Life from Dear Sugar . Agora , por que raios os exibidores brasileiros mudaram o título do filme de Wild – selvagem – para Livre , ah , isso aí nem Freud seria capaz de explicar . Os filmes que não suportei ver até o fim ( 4 ) São bem poucos . Sempre tive uma paciência de Jó , um estômago forte para agüentar abacaxis . Com a existência , nos últimos anos , deste site , passei a abandonar pela metade ainda menos filmes do que antes . É uma coisa insana , eu sei . Mas é pragmático : se vejo até o fim , posso fazer mais um post , e manter o compromisso ( insano , eu sei ) que assumi comigo mesmo de botar um post novo a cada dia . É uma relação pequena , mas bem eclética , com filmes de diferentes estilos , vindos de diferentes países . E não são só abacaxis . Alguns têm qualidades , são admirados por muita gente – mas não me bateram , só isso . Tudo Isto é Fado , co-produção Portugal-Brasil , começa com samba , e com belas imagens do Rio de Janeiro . Os protagonistas são dois rapazes , amigos , um português trambiqueiro e um brasileiro dono de uma loja de aluguel de DVDs e venda de livros . Parece que eles vão depois de algum tempo parar em Portugal , onde conhecem uma garota e se apaixonam os dois por ela e partem os três para um grande golpe . Mas não chegamos à região do fado . Os atores são tão ruins , mas tão ruins , mas tão ruins , de dar vergonha na gente , de deixar o espectador embaraçado , sem jeito , que tiramos o filme com uns dez , 15 minutos . Uma pena danada , porque o diretor Luís Galvão Teles havia me deixado uma impressão muito boa quando vi Mulheres – Amizades Simples , Vidas Complicadas / Elles , que ele dirigiu em 1997 . Elles tem um elenco ótimo – Miou-Miou , Carmen Maura , Marthe Keller , Marisa Berenson , Joaquim de Almeida . Já este aqui tem Deborah Secco ; ela aparece numa seqüência bem no começo do filme ; encontra-se com o rapaz dono da locadora , em uma confeitaria linda do Rio – será a Colombo ? É bonita , a moça ; bela presença . Mas quem disse que um rosto bonito e um corpão dispensam saber atuar ? Parece que a intenção deste filme é nobre : denunciar , criticar essa coisa da sociedade moderna de transformar a violência em show , a indústria do infotainment da televisão – os programas que misturam informação e entretenimento para mentes pobres e / ou doentias . Parece que é isso que o filme pretende . A questão é aquela antiga : ao tentar criticar uma realidade , ele acaba fazendo exatamente como aquilo que pretende criticar – o filme se diverte com a violência , brinca com ela . A ação começa com dois sujeitos chegando a Nova York , um russo e um tcheco . O tcheco é o líder , o russo é um gozador , tira fotos de tudo ; ao funcionário da alfândega que pergunta o propósito de sua viagem , faz um discurso gozativo sobre a América , terra dos bravos e da liberdade . Os dois vão à casa de um outro russo , ou tcheco , que evidentemente participou de um assalto com eles , acabou ficando com todo o dinheiro e fugiu para os Estados Unidos , enquanto os dois foram presos . Quando o tcheco ouve o antigo comparsa dizer que gastou o dinheiro , mata-o a golpes de faca , e mata também a mulher dele , enquanto o russo filma tudo com uma câmara que tinha acabado de roubar de uma loja . Entre uma seqüência e outra sobre essa dupla , vemos uma discussão em um canal de TV sobre violência e ibope . Uma executiva do canal quer suavizar um programa tipo Datena ; o Datena deles insiste em que o povo quer ver é violência . E rapidinho vemos que ele tem um contrato com um policial – interpretado por um Robert De Niro careteiro e preguiçoso – que se deixa filmar durante suas ações . Aí aparece Edward Burns , esse bom diretor e ator que precisava de dinheiro , como todo mundo , e se sujeitou a trabalhar nesta josta . Ele anda no Central Park , é interceptado por um rapaz que quer assaltá-lo ; avisa que é fria , o rapaz insiste , ele dá umas porradas no pivete e o algema em uma árvore e continua indo para onde está indo ; é um investigador dos bombeiros , e vai examinar o que sabemos que é o prédio onde moravam o russo e sua mulher , assassinados pelo tcheco invocado , que em seguida ateou fogo no imóvel . Eram uns 15 minutos do filme que pretensamente quer denunciar a busca frenética , louca pelos 15 minutos de fama que une policiais e gente dos meios de comunicação . Deu pra mim – tive a sanidade de apertar a tecla stop . A Bela Junie / La Belle Personne De Christophe Honoré , França , 2008 Com Léa Seydoux , Louis Garrel , Grégoire Leprince-Ringuet Roteiro Christophe Honoré e Gilles Taurent “ Livremente inspirado ” no livro La Princesse de Clèves , de Madame de Lafayette Produção Arte France , Scarlett Productions Cor , 90 min A bela Junie ( Léa Seydoux ) , uma garota de uns 16 anos que perdeu a mãe , chega a um novo colégio . Passeia pelos corredores e salas com seu rosto belo e triste e vira a cabeça de professores e alunos . As seqüências dentro e fora das salas de aulas são longas , entediantes , chatas , chatas – e apertamos a santa tecla de Stop com uns 15 minutos de chatice . A capinha do DVD diz que Christophe Honoré é “ um dos mais talentosos e intrigantes autores da nova geração do cinema francês ” e que Anne Seydoux “ tem algo de uma jovem Anna Karina , que foi uma das musas de Godard ( e da nouvelle vague ) ” . Verdade , tem mesmo . Quando eu tinha 15 anos , adorava Godard e achava Anna Karina o máximo . Não tenho mais 15 anos . Sim , é uma raridade no cinema brasileiro dos últimos anos , e também uma ousadia : um filme de época , que reconstitui a vida no Rio de Janeiro de 1899 . São basicamente duas histórias paralelas : a de Oswaldo Cruz ( Bruno Giordano ) , voltando ao Brasil depois de três anos de estudos no Instituto Pasteur , em Paris , e chegando a um Rio abandonado , sem as mínimas condições de higiene , assolado por epidemias , e a de Esther ( Carolina Kasting ) , uma jovem judia polonesa atraída para uma terra distante pela promessa de um casamento , e que , ao chegar , descobre que está presa a um esquema de tráfico de escravas brancas e obrigada a trabalhar num bordel . Oswaldo Cruz e Esther chegam no mesmo navio , no início da ação – e a partir daí o filme vai mostrando , paralelamente , suas histórias . Me esforcei para ver , mas não consegui passar de uns 20 minutos . Apesar das boas intenções , da coragem de fazer um filme de época , de até conseguir bons resultados com o figurino e a direção de arte , infelizmente tudo me pareceu muito , mas muito ruim , com atuações horrorosas dos atores principais , situações de dar vergonha no espectador , em especial nas cenas no bordel . Foi o primeiro filme do diretor André Sturm , que fundou a produtora e distribuidora Pandora Filmes . Foi também a estréia no cinema da atriz catarinense Carolina Kasting , que fez vários trabalhos na TV ( Hilda Furacão , Cabocla ) . Tenho o estômago forte – ou , no mínimo , não tão fraco quanto muita gente . Não sou apaixonado por filmes de terror , mas gosto . No entanto , não fui longe neste filme espanhol que , parece , tem sido muito bem falado . Vi uns 20 minutos de filme , e aí não agüentei mais . Desliguei o DVD bastante assustado . Não é que o filme seja ruim . De forma alguma . Muito ao contrário : é bom , bem feitíssimo . Mas a violência é forte demais . A idéia inicial é de fato excelente – o novo cinema espanhol é rico em idéias inteligentes , grandes sacadas . Uma jovem repórter de TV , Angela Vidal , interpretada por Manuela Velasco , bonita e ótima atriz , que trabalha para um programa chamado “ Enquanto Você Dorme ” , está fazendo uma reportagem sobre uma noite na vida de uma equipe de bombeiros . Vai a um quartel dos bombeiros , com seu cinegrafista , Pablo , e começa a fazer entrevistas lá . No meio da noite , surge um chamado : moradores de um prédio de apartamentos ouviram gritos pavorosos no apartamento de uma senhora ; a porta estava trancada . Uma unidade da polícia já estava lá , mas os bombeiros vão também . A grande sacada é que o filme que estamos vendo é o que o cinegrafista Pablo está filmando . É como se a câmara dos cineastas Jayme Balagueró e Paco Plaza fosse exatamente a câmara do cinegrafista Pablo . E os movimentos da câmara são ótimos , os atores são bons , é tudo rápido , nervoso . Mas a violência é assustadora . Agüentei a primeira onda de violência – quando policiais e bombeiros entram no apartamento , a mulher morde o pescoço de um dos policiais , que vai perdendo sangue rapidamente , ali , diante do espectador . Mas , quando veio a segunda onda – um policial caindo de um andar para outro , abrindo um buraco no teto do térreo – , foi demais para mim . Quem tiver coragem deveria ver . O filme é de fato bem feitíssimo , os caras têm talento . Que me lembre nunca consegui assistir a um filme Português , até ao fim . Aliás vi , ou tentei ver tão poucos … Talvez há muitos anos e não me lembre . Nem me lembro do nome do último que tentei ver , apenas me recordo que tinha um actor de que gostava muito e que já faleceu – Mário Viegas . Teve um programa na tv sobre poesia ( ele dizia muito bem poesia ) e no YouTube há algumas poesias retiradas desse programa . Recomendo uma mirada . Um Amor de Tesouro / Fool’s Gold De : Andy Tennant , EUA , 2008 Nota : Anotação em 2009 : Este aqui é um daqueles filmes de aventura que o cinemão americano faz sempre – é tão imbecil , tão babaca , tão desprovido de qualquer lógica ou seriedade , tão inverossímil , que às vezes fica até engraçado . Para quem gosta de passatempo com belas paisagens , muitos tiros , tapas , explosões , é um prato cheio . A trama é intrincada , como se usa atualmente no cinemão de Hollywood , com um bando grande de personagens , e subtramas , e encontros , e surpresas nunca muito surpreendentes . Mas , basicamente , trata-se de um casal de aventureiros-mergulhadores-pesquisadores , um tanto à la Indiana Jones , que passaram anos à procura de um fantástico tesouro – o dote para a nova rainha da Espanha , em seu casamento com o então rei Felipe número não importa qual – que seria levado das Américas para a Espanha em galeões que naufragaram no Caribe em 1715 . Quando a ação começa , o casal de mocinhos está separado ; está , especificamente , para se divorciar , a pedido dela . Ele está enrolado em dívidas para com um cantor de rap bandidaço dono de uma ilha no Caribe , e tentando pelo bilionésimo mergulho encontrar traços do tal tesouro submergido . Ela está trabalhando como iatemoça no barco gigantesquérrimo de um bilionário , que , por uma dessas coincidências fantásticas , está naquele momento ali por perto daquela ilha específica do Caribe . Mocinho e mocinha vão se encontrar , é claro . Ela parece odiar o marido , mas na verdade continua apaixonadíssima . Tudo como manda o figurino , tudo óbvio . O casal é interpretado pela dupla Matthew McConaughey-Kate Hudson , que havia tido um bom sucesso em 2003 com Como Perder um Homem em Dez Dias ; a indústria sempre gostou de usar casais na tentativa de repetir sucessos . O casal em questão não chega , é claro , a não ser nenhum Spencer Tracy-Katharine Hepburn , mas por que não ser , assim , nesta primeira década do século , algo como Rock Hudson-Doris Day dos anos 60 ? McConaughey – que começou bem , fez bons papéis em Amistad e Contato , ambos de 1997 , antes de virar arroz de festa em comedinhas românticas , é do tipo bonitão , e então os produtores tiveram o cuidado de botá-lo em cena a maior parte do tempo sem camisa , exibindo os brações malhados . Kate Hudson , a filha de Goldie Hawn , tem um daqueles rostos tão barbiemente perfeitos que parece criação de designer gráfico , e também tem feito comédias românticas às mancheias . Por que diabos será que os produtores não a mostram mais tempo sem tanta roupa ? Houve aí um caso claro de privilegiar o homem-objeto , para felicidade das mulheres e do público gay-homem . Mas e nós , os espectadores homens , e o público gay-mulher ? Bem , brincadeira à parte , é preciso dizer que tanto o bonitão McConaughey quanto a barbiemente linda Kate fazem mais caretas estapafúrdias neste filme do que Jim Carrey e Burt Lancaster conseguiram ao longo de todas as carreira deles . E temos ainda Donald Sutherland no papel do biliardário dono do big iate . Sutherland , grande ator , é daqueles que trabalham demais ; deve fazer uns três filmes por ano , e não parece ser muito exigente – topa tudo por dinheiro , até uma bobagem como esta aqui . O biliardário Nigel que deram para ele interpretar tem uma filha que é assim uma espécie de Paris Hilton ; Gemma ( Alexis Dziena ) tem a inteligência e a sensibilidade de uma minhoca e a futilidade de uma starlet pós-sucesso no BBB nº 429 – mas a gente sabe que no fim tudo vai dar certo , ela e papai vai resolver as diferenças . E , ao contrário do que diz a letra de Leonard Cohen , e do que acontece tantas vezes na vida real , os bandidos vão se dar mal e os mocinhos vão vencer . Pelo que vejo na filmografia dele , os melhores momentos do diretor Andy Tennant foram Anna e o Rei , de 1999 , uma versão sem música da história de O Rei e Eu com Jodie Foster , e Hitch , Conselheiro Amoroso , a comedinha romântica simpática com Will Smith e Eva Mendes , de 2005 . Vejo no iMDB que o filme foi rodado na Austrália . Agora , por que na Austrália , se o próprio Caribe fica ali muito mais perto de Hollywood , é um mistério tão complicado quanto tentar entender por que eu agüentei ver este filme inteirinho , até o fim , apesar das sugestões da Mary para , no mínimo , darmos umas avançadinhas rápidas . Um Comentário Vai ver não privilegiaram cenas da barbie sem roupa pq a barbie é uma bruxa , como diria Rubem Alves . Tá , tá , nada a ver . Como o cinema já apresenta nudez feminina em 99,9% das vezes , de certo resolveram dar um refresco e decidiram presentear as mulheres : D . Pena que o filme é uma bomba e eu não vou ver os músculos do McConaughey . 3 Trackbacks [ … ] Famosos ; o filme teve muita badalação e sucesso , e a menina tinha apenas 21 anos . Se fizer menos comedinhas românticas babacas e aproveitar a sorte que teve por trabalhar com Altman ( Dr . T e as Mulheres ) e James Ivory ( Le [ … ] [ … ] tenha sido por isso que tenha me divertido com esse filmezinho menor . Bobo , mas gostosinho . Andy Tennant não é nenhum Hawks , o escocês Gerard Butler teria que crescer muito para chegar ao charme de [ … ] Adivinhe Quem Vem para Jantar / Guess Who’s Coming to Dinner De : Stanley Kramer , EUA , 1967 Nota : É fascinante , espantoso , chocante como Adivinhe Quem Vem para Jantar é um grande filme . Mal me lembrava que tinha visto antes . Claro , sabia de muita coisa sobre ele , porque é um filme marcante , importantíssimo , mas tinha até dúvidas se já vira antes ou não . Tive que consultar minhas anotações . Elas dizem que vi , sim , o filme , em 1969 – mas eu de fato me lembrava muito pouco dele . Foi um choque revê-lo agora – é um filme extraordinariamente bom . Ele é tão bom quanto é importante – mas entre ser importante e ser bom há distância tão grande quanto intenção e gesto . Deus e o Diabo , por exemplo , é importantérrimo . Tudo que Gláuber fez é importantérrimo . Todo o Godard dos anos 60 é mais do que importantérrimo . Jamais vou rever Gláuber , Godard . É importante , importantérrimo , pode até ser genial – mas é chato , profundamente chato , horrorosamente chato , cruelmente chato . A vida é curta demais – não vou perder meu tempo com coisa profundamente , horrorosamente , cruelmente chata . Rever Adivinhe Quem Vem para Jantar foi uma experiência maravilhosa , gratificante , emocionante . Que belo filme ! Não é preciso ser chato para ser bom e ser importante . Essa é uma verdade que os cinéfilos de nariz empinado desconhecem . Os cinéfilos de nariz empinado acham que , para ser bom , um filme tem que ser profundamente , horrorosamente , cruelmente chato . Adivinhe é uma demonstração clara de que um filme pode ser bom , e importante , sem ser chato . Os Estados Unidos só acabaram legalmente com seu próprio apartheid em 1964 O mundo mudou demais , de 1967 , quando Stanley Kramer fez Adivinhe , até hoje . São 46 anos , quase meio século . Em muitas coisas , mudou para pior ; em muitas outras , para melhor . Especificamente sobre racismo , o tema do filme , houve imensos avanços . ( Não no Brasil dos últimos 11 anos , em que houve violento retrocesso , mas eu gostaria de não falar de cotas , do racialismo que o PT vem implantando no Brasil , nesta anotação . Vou fazer um imenso esforço para não falar sobre isso . ) Especificamente sobre racismo , houve avanços imensos . O nojento apartheid da África do Sul foi derrubado , sepultado . A África do Sul teve a sorte imensa de contar com um dos maiores estadistas de que a História tem notícia para conduzir o processo de saída do apartheid rumo a uma sociedade plural . Nos Estados Unidos , em especial , os avanços foram formidáveis . Até os anos 60 , em diversos Estados americanos – o país que se diz do sonho e da esperança – , o segregacionismo era legal , garantido por lei . Não tinha o nome ignominioso de apartheid , mas era idêntico a ele . As pessoas de pele negra tinham que se sentar atrás nos ônibus , não tinham direito a voto ; havia banheiros separados para as pessoas de pele clara e as pessoas de pele escura . Havia bares , lojas que não admitiam a entrada de pessoas de pele escura . Tudo legal , garantido por leis . O casamento entre pessoas de cor de pele diferente era proibido por lei . Um diálogo extraordinário do filme nos lembra que isso era lei em 16 ou 17 dos 51 Estados americanos . Não canso nunca de lembrar que apenas em 1964 , durante o governo de Lyndon B . Johnson , foi aprovado o Civil Rights Act que proibiu a discriminação contra minorias raciais , étnicas , nacionais e religiosas . Os Estados Unidos só acabaram legalmente com seu próprio apartheid em 1964 – apenas 30 anos antes do fim do regime nojento , abjeto , da Áfríca do Sul . O filme é uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto Nas últimas décadas , passou a ser politicamente incorreto ser racista , no país da economia mais poderosa do mundo . Em 2008 , um homem de pele escura foi eleito presidente do país . Lembrar essas verdades , essas obviedades todas , é fundamental para se compreender bem a grandeza do filme de Stanley Kramer . Não que ele seja um filme velho , datado . De forma alguma . Adivinhe Quem Vem para Jantar é hoje um filme tão poderoso , fascinante , como era quando feito , quase meio século atrás , quando o mundo , e os Estados Unidos em especial , era muito pior , em relação ao racismo . Hoje , quando o pior do racismo nos Estados Unidos já passou , já virou poeira da História , dá para admirar o filme como uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto . Os pais da moça loura não são reacionários ; são liberais , progressistas Embora este seja um dos filmes mais emblemáticos , mais importantes dos anos 60 , não é obrigatório que todo mundo saiba do que se trata , e então vai aqui uma sinopse . No Havaí , um homem , John , e uma mulher , Joey , se apaixonam . A primeira tomada do filme mostra um avião se aproximando – John e Joey estão chegando do Havaí para San Francisco , a cidade dela . John , veremos mais tarde , tem 37 anos , já havia sido casado e perdera a mulher e o filho num desastre . Joey tem 23 anos . Chegam a San Francisco para que Joey apresente o futuro marido aos pais . John é um médico de currículo perfeito , respeitadíssimo no meio , com cargo na Organização Mundial de Saúde . Vem na pele negra e lindérrima de Sidney Poitier . Joey ( Katharine Houghton ) é branca , loura . Mas a questão principal é que os pais de Joye são liberais , no sentido político e americano do termo , ou seja , avançados , progressistas , pra frente . O pai de Joey , Matt Drayton , veremos em seguida , é o dono de um jornal progressista ; passou a vida defendendo o que é correto . Combateu as injustiças durante toda a vida . Era um defensor dos direitos civis , da igualdade de direitos . Joey tem absoluta certeza de que os pais aceitarão como natural o fato de estar para se casar com um negro . Quando se trata da filha , porém , surge a distância entre intenção e gesto , entre a certeza política na teoria e a prática . Tanto a mãe de Joey , Christina ( interpretada pela maravilhosa Katharine Hepburn ) , quanto o pai ( o gigante Spencer Tracy , em seu último filme ) ficam perplexos quando a intenção liberal , honesta , correta , se choca com o gesto , a verdade dos fatos . O filme nos questiona , nos provoca Se a humanidade não se destruir , seja através de bombas atômicas coreanas do Norte , iranianas , israelenses , seja através da incapacidade de compreender que as mudanças climáticas são assunto sério demais , é bem possível que lá pelo ano de 3013 Adivinhe Quem Vem para Jantar seja mostrado nas aulas de História como uma beleza de exemplo não apenas da questão maior – aquela doença perversa , felizmente então já há muito desaparecida , do racismo – , mas também sobre essa coisa tão humana que é a distância entre intenção e gesto . A grande sacada do filme é exatamente o fato de que os pais de Joey são liberais , intelectuais , anti-racistas – mas de repente têm que enfrentar o fato de que o que pensam , ou acham que pensam , vire verdade com sua própria filha . As distâncias entre intenção e gesto podem ser enormes , amazônicas , jupiterianas . Tipo : você é uma pessoa boa , esclarecida , anti-homofobia . Tem bons amigos e amigas gays , e os admira . Mas de repente sua filha diz que é lésbica . Não é a mesma coisa . Pior ainda : você é uma pessoa boa , esclarecida , anti-homofobia . Tem bons amigos e amigas gays , e os admira . Mas de repente seu filho diz que é homo . Como assim : meu filho é veado ? Ahnn … Será que estarei me fazendo compreender ? Dou outro exemplo . Digamos que Joaquim da Silva é ( assim como eu mesmo sou ) absolutamente contra a pena de morte , e contra a Lei de Talião , aquela do olho por olho , dente por dente . Absolutamente , ferozmente , profunda , profundamente contra . Tudo bem . Suponhamos agora que , num sequestro-relâmpago que se deu mal , um bandidinho mate a filha do correto , íntegro Joaquim da Silva . E que as gravações dos circuitos internos , e mais um criterioso trabalho da Polícia , identifiquem o assassino da sua filha . Continuaria ele sendo contra a pena de morte ? Contra a Lei do Talião ? Um dos muitos brilhos do filme é este : ele nos põe na situação de quem foi surpreendido por uma notícia que não esperava . O racismo nos olhos dos outros é refresco . O mesmo com a homofobia . É isso que o filme nos diz , nos joga na cara , nos questiona , nos provoca . Alguém poderia argumentar que a estrutura é teatral . Que é melodrama . E daí ? Ao rever esta maravilha agora , fiquei pensando em que tipo de argumento alguém poderia usar para dizer que é um filme ruim . Bem , boa parte dos cinéfilos de nariz empinado poderia simplesmente dizer que é um filme americano . Essas pessoas deveriam ganhar – como diria o Elio Gaspari – uma passagem de ida , sem volta , para Havana , Caracas ou Pyongyang . Hahá , mas sempre haveria também quem dissesse que é uma estrutura muito teatral . Que se desenrola como um melodrama . Que é tudo muito esquemático , simples , fácil . Uma parceria que nas telas durou um quarto de século . Quando fizeram o primeiro filme , em 1942 , ele estava com 42 anos ( é de 1900 , nove anos mais velho que minha mãe ) , e ela tinha 35 ( nasceu em 1907 ) . Já eram grandes astros , com filmografias respeitáveis . Spencer Tracy morreria no mesmo ano em que o filme foi produzido ; tinha apenas 67 anos , mas parecia muito mais , o que é natural – com o passar do tempo , as pessoas foram envelhecendo cada vez mais com aspecto jovem . Bruce Springsteen , só para dar um exemplo , comemorou 64 durante sua estadia no Brasil , em setembro de 2013 , exibindo um fôlego de garoto de 20 . Katharine viveria até 2003 . Creio que , até a consagração de Meryl Streep , Katharine foi a recordista de Oscars . Teve incríveis 12 indicações ao prêmio e venceu quatro , uma delas exatamente por seu papel como Christina Drayton neste filme aqui . Spencer Tracy teve um pouco menos : sete indicações ( uma delas , já póstuma , por sua interpretação como Matt Drayton ) , das quais venceu duas . Spencer Tracy é uma daquelas figuras que são muito mais importantes do que qualquer prêmio . Me permito transcrever aqui o que escrevi depois de ver um dos muitos belos filmes estrelados por ele , Conspiração do Silêncio / Bad Day at Black Rock : Spencer Tracy estava com 55 anos em 1955 , mas parecia mais velho . Homens e mulheres pareciam mais velhos , meio século atrás . Spencer Tracy tinha o cabelo todo branco , aos 55 anos , e os ares de um senhor de uns 70 . Talvez porque carregasse nos ombros uma carreira longa , esplêndida , extraordinária , e uma imagem imaculada de o mais respeitado ator do cinema americano . Poderia não ser o mais famoso , ou o que desse maior bilheteria , mas era o mais respeitável , o mais respeitado . ( … ) Spencer Tracy era o retrato acabado da dignidade . ” Dignidade é um produto que há de sobre neste filme Dignidade – comentou Mary , quando li esse trecho que havia escrito sobre Spencer Tracy para ela – é um produto que há de sobra em Adivinhe Quem Vem para Jantar . Sem dúvida . O trailer de Adivinhe ressalta o fato de que seus três atores principais são vencedores do prêmio da Academia . É um bom argumento para vender o filme para as platéias . Mas poderia perfeitamente ter ressaltado também o fato de que os três atores principais são exemplos de dignidade . Eles – assim como seus personagens . O personagem interpretado por Sidney Poitier é digno – e belo – como o próprio ator . O médico gênio John Prentice é um poço de dignidade . É um homem de princípios firmes , rígidos . Aconteceu de , durante passagem pelo Havaí , conhecer a bela loura – e aconteceu de os dois se apaixonarem perdidamente . Aos 37 anos , muito mais maduro que a amada de apenas 23 , tinha seriíssimas dúvidas sobre qual seria a reação dos pais dela à vontade da garota de se casar com um homem de pele negra . Joey não tinha preocupação alguma quanto a isso : como havia aprendido com os pais que o racismo é algo abjeto , nojento , abominável , estava tranquila . Os muito jovens , é natural , não conhecem ainda a distância entre intenção e gesto , entre as opiniões e a realidade dos fatos . John diz para os atônitos pais da moça algo que não havia dito para a própria namorada , iminente esposa : só se casará com ela se tiver a absoluta e total aprovação deles . Um pouco mais tarde , Christina , a mãe , perguntará a Joey quão íntima havia sido a relação entre os dois nos dias que haviam passado juntos no Havaí . Como é uma mulher moderna , liberal , avançada , logo em seguida dirá que não tem direito de fazer aquela pergunta . Mas Joey , livre leve e solta como são as filhas de pais modernos , liberais , avançados , não perde a chance : “ Você quer saber se dormimos juntos ? ” , pergunta ela , num diálogo que só poderia existir num filme americano a partir de então , 1967 , toda a revolução comportamental acontecendo , os velhos preceitos do Código Hays virados letra mortas . “ Não . Porque ele não quis . ” Dignidade . John , 37 anos , poderia perfeitamente ter comido a moça – não comeu porque ela era jovem demais ; queria antes ter a aprovação dos pais da moça para o casamento . Matt e Christina , os pais da moça , também esbanjam dignidade . O monsenhor Ryan ( uma deliciosa interpretação de Cecil Kellaway ) , o maior amigo do casal , esbanja dignidade , sabedoria , amor à vida , às pessoas . Os pais de John também são pessoas extremamente dignas . Como os pais de Joey , assustam-se , apavoram-se ao ver que a namorada do filho tem cor de pele diferente da deles . Aos olhos do pai ( Roy E . Glenn Sr . ) , em especial , parece uma indignidade o filho se casar com uma moça de cor pele diferente . Para ele , aquilo não é natural , normal . O autor do argumento e do roteiro , William Rose , fez um monte de coisa boa Todos os diálogos do filme , os enfrentamentos entre esse bando de pessoas dignas , são absolutamente brilhantes . Ditos por aqueles atores soberbos , são lições de vida . De fato , a estrutura da narrativa – toda centrada em diálogos , em enfrentamento de posições , em discussões de idéias – faz lembrar teatro filmado . No entanto , Adivinhe não se baseia numa peça de teatro . É um roteiro original , escrito diretamente para o filme por William Rose . Hum … William Rose . Quem é mesmo ? Americano do Missouri , 1914-1987 . Autor de 21 roteiros e / ou argumentos . Trabalhou com o diretor Stanley Kramer ( e com Spencer Tracy ) na comédia Deu a Louca no Mundo/It’s a Mad , Mad , Mad , Mad World , de 1963 . Fez o roteiro de Os Russos Estão Chegando ! Os Russos Estão Chegando ! , a arrasadora sátira sobre a paranóia americana durante a guerra fria dirigida por Norman Jewison – que dirigiu Sidney Poitier em outro filme virulentamente anti-racismo , No Calor da Noite / In the Heat of the Night , do mesmo ano de 1967 . Meu Deus ! William Rose é o autor do argumento e do roteiro de Quinteto da Morte / The Ladykillers , a deliciosa comédia inglesa de Alexander Mackendrick de 1955 com Alec Guinness e um então jovem e desconhecido Peter Sellers , que os irmãos Coen refilmariam – também deliciosamente – em Matadores de Velhinhas / The Ladykillers , de 2004 , com uma das mais fantásticas interpretações cômicas de Tom Hanks . William Rose ganhou o Oscar de roteiro original . Com o prêmio de melhor atriz para Katharine , a Grande , foram dois os Oscars para o filme , que teve oito outras indicações – para filme , direção , ator para Tracy , ator coadjuvante para Cecil Kellaway , atriz coadjuvante para Beah Richards ( que faz a mãe de John ) , direção de arte , montagem e trilha sonora . Seria talvez necessário falar um pouco sobre Stanley Kramer , esse diretor não fugia de temas controversos , polêmicos – ao contrário , corria atrás deles . Mas esta anotação já está grande demais , e então basta lembrar que esse cineasta desaforado , corajoso , foi o autor de Julgamento em Nuremberg ( 1961 ) , em que Spencer Tracy faz o papel central , à frente de um elenco de grandes astros de várias nacionalidades , e de Acorrentados / The Defiant Ones ( 1958 ) , em que Sidney Poitier divide com o branco de olhos azuis Tony Curtis os papéis centrais . Acorrentados , exatamente como este Adivinhe Quem Vem Para Jantar , é , além de um belo filme , uma beleza de panfleto mostrando que , entre todos os muitos tipos de crimes que a humanidade inventou , o racismo é um dos mais abjetos . 9 Comentários Acho que já vi algumas vezes esse filme e sempre ficava indignada com a reação dos pais da mocinha , ultraliberais , ao saber que a filha branca e loura pretende casar com um médico negro . Nunca tinha pensado na sua hipótese de que a explicação é que a prática difere muito dos conceitos teóricos em que se acredita . O fato de os pais do médico também serem contra o casamento me deixou um pouco perplexa pois , tanto quanto eu saiba , um negro casar com uma branca , pelo menos no Brasil , é há muito tempo símbolo de ascensão social . E o mais interessante nessa reação contrária dos pais é que ambas as mães acabam aceitando bem o casamento dos filhos . Não esqueço a atitude firme da mãe do médico quando fala a ambos os pais que eles se esqueceram o que é paixão , a transfiguração de sentimentos que seus filhos estão sentindo , por isso se opõem de forma tão ferrenha a uma união baseada no amor . Guenia Bunchafthttp://www.sospesquisaerorschach.com.br Um grande filme ! De fato , avançamos em relação ao racismo , o pior passou , mas não completamente e nem como deveria . Acho que você está sendo otimista ao dizer que em cem anos o filme será usado apenas como exemplo do que era o racismo , mas torço para que eu esteja errada . Os diálogos são mesmo brilhantes , e o roteiro é quase perfeito , a não ser por duas questões : o machismo da mãe da Joey ao dizer que ela foi muito feliz nos anos em que pôde ajudar o marido , e que a filha também seria feliz pelo mesmo motivo ( acho que naquela época a mulher só existia em função do marido e de um casamento ) . A outra é quando o personagem do Sidney Poitier diz ao pai da Joey que já havia pensado na questão dos filhos ( sofrerem racismo ) , pois um casamento sem filhos não é casamento . Realmente , há enorme distância entre intenção e gesto , e às vezes eu faço esse exercício de me imaginar em determinada situação ; não é fácil colocar em prática o que se prega . Eu acho o filme bastante teatral , sim , mas isso eu acho de todos os filmes de antigamente ; as cenas eram muito mais marcadas , tomadas longas , as falas eram quase que declamadas , etc . É verdade que os personagens esbanjam dignidade , e isso nos faz gostar ainda mais do filme . A alegria e a felicidade ( sem falar na bondade ) da Joey são contagiantes , a retidão moral e a educação de John Prentice são admiráveis , e tudo o mais que você já falou dos outros . São pessoas das quais eu gostaria de ser amiga ou de ter na família . Fiquei espantada ao saber a idade do Spencer Tracy ; como você disse , as pessoas aparentavam mais idade , e com 40 anos já eram consideradas velhas . Aliás , o tempo todo fiquei pensando que o casal já era meio avançado na idade para ter uma filha tão nova , ainda mais para a época , onde se casava jovem e logo vinham os filhos . Me chamaram a atenção o carinho entre a família , a cumplicidade afetuosa entre mãe e filha ( a personagem da Katharine várias vezes se emociona ao longo do filme ) e a mente aberta , avançada , o espírito evoluído do monsenhor . And last but not least , não pude deixar de notar como a maquiagem da Beah Richards estava claramente alguns tons abaixo da cor da pele dela ; maquiagem para a pele negra só veio surgir há pouco tempo . Prezado Sérgio , Acompanho seu site há alguns anos , mas nunca havia me manifestado anteriormente . Entretanto , este filme merece algumas palavras . A sua profecia de que o filme será objeto de aulas de história é perfeita , contudo , penso que os direitos civis são mera alegoria na obra . O binômio “ intenção x gesto ” pode ser empregado nos mais variados temas / conflitos decorrentes da evolução constante do conceito de família e de hábitos da sociedade , razão pela qual a película não envelhece . Arrisco dizer que sua pertinência permanecerá por muitos anos . Logo , além de aulas de história , avalio que o seu mote / potencial deveria ser explorado também pelos ramos da sociologia e filosofia . Aproveito a ocasião para parabenizar pelo seu trabalho , sou fã do site ! Grande abraço , Rafael Caro Rafael , agradeço muito pelas suas mensagens . É muito interessante o que você diz sobre o “ Adivinhe quem vem para jantar ” . E , naturalmente , fiquei bem feliz com os elogios . Muito obrigado , e um abraço . Sérgio 3 Trackbacks [ … ] and Mike , no Brasil A Mulher Absoluta , foi o sétimo dos nove filmes com o casal mil de Hollywood , Spencer Tracy e Katharine Hepburn . Além de trabalhar juntos , se amavam . Não poderia haver parceria mais azeitada , mais perfeita – [ … ] [ … ] lembra um diálogo de um dos muitos filmes importantes sobre o racismo nos Estados Unidos , Adivinhe Quem Vem Para Jantar , de 1967 , o casamento entre pessoas de cor de pele diferente era proibido por lei em 16 ou 17 dos [ … ] Sob o Domínio do Mal / The Manchurian Candidate De : John Frankenheimer , EUA , 1962 Nota : Anotação em 2005 : Na revisão , este filme feito em 1962 , no auge do auge da guerra fria , às vésperas da crise dos mísseis russos em Cuba , se mostra menor do que na lembrança , e muito menor do que a fama que acabou adquirindo . Me pareceu menor , inclusive , do que a refilmagem com Denzel Washington e Meryl Streep , feita em 2004 por Jonathan Demme . Uma sinopse básica : militar americano ( Laurence Harvey ) , que lutou na Guerra da Coréia , foi preso pelos comunistas e sofreu lavagem cerebral , vai tentar assassinar um político . Mas um colega dele ( Frank Sinatra ) pode saber como evitar o crime . Achei a trama confusa , mal explicada , mal resolvida . É incompreensível a atração da personagem de Janet Leigh pelo oficial à beira de um colapso mental ( interpretado por Sinatra ) que ela conhece no trem . A própria personagem da mãe dominadora , interpretada aqui pela Angela Lansbury e na refilmagem por Meryl Streep , fica mal explicada . Não dá para entender a coexistência do discurso anticomunista ferrenho dela com a sua associação com a União Soviética e China . E as atuações são todas exageradas demais . Num momento o oficial de Sinatra está enlouquecendo rapidamente , no momento seguinte ele é a tranqüilidade em pessoa . O amor desesperado do personagem de Laurence Harvey pela filha do senador progressista parece inviável , impossível , não tem verossimilhança alguma . Toda a interpretação dele é exagerada demais , chegando ao grotesco . O filme ganhou uma aura , uma fama , uma respeitabilidade como poucos . Vejo por exemplo que Pauline Kael , normalmente azeda , foi um dos que endeusaram o filme : “ Thriller ousado , divertido e exagerado sobre extremistas políticos . O filme faz algumas brincadeiras maravilhosas e loucas com a dieita e a esquerda ; apesar de ser um thriller , talvez seja a sátira política mais sofisticada já feita em Hollywood ” . Roger Ebert dá quatro estrelas , a cotação máxima : “ Eis aqui um filme que foi feito em 1962 e parece que foi feito ontem . Em nenhum momento falta tensão e uma reviravolta cínica em The Manchurian Candidate – e o que o é mais surpreendente é como o filme hoje pode ser visto como uma comédia política , assim como um thriller ” . Um Plano Simples / A Simple Plan De : Sam Raimi , EUA , 1998 Nota : Anotação em 1999 : Eu tinha muito medo do que seria feito do livro , que trata muito bem , e partindo de uma idéia realmente simples , da atração fatal exercida pelo dinheiro fácil , da ligação profunda entre ganância e violência , tragédia : a tragédia cai , literalmente , sobre a cabeça de um grupo de pessoas simples , comuns , na forma de US$ 4,4 milhões encontrados em um aviãozinho acidentado num bosque próximo a uma cidade gelada do Meio Oeste americano . Fui perdendo o medo muito rapidamente . Até porque o próprio autor foi o responsável pelo roteiro . Ele e o diretor Raimi poderiam ter se perdido com as imposições de Hollywood . Não se perderam . Numa década de filmes cínicos , de banalização ou até mesmo endeusamento da violência – basta lembrar do último Roland Joffe , coitado , Misteriosa Paixão / Goodbye Lover , de 1997 - , este vai firme contra a corrente . Ele consegue criar o mesmo clima claustrofóbico , pesado , denso , do livro ; e mostra bem a inevitabilidade da tragédia . O livro vai num crescendo que termina em banhos de sangue ; perdi a conta dos assassinatos mostrados . No filme , eles foram reduzidos a seis . E , mesmo assim , remando contra a corrente , não é um filme violento – é um filme denúncia contra a violência que , segundo ele quer mostrar , é inerente a esse tipo de sociedade baseada na acumulação de dinheiro . Os crimes são mostrados com educação , até da forma a mais elíptica possível . E , como em Os Imperdoáveis , como na vida real , vêm seguidos por e embrulhados em uma profunda dor . Alguns diálogos sintetizam a loucura que o escritor quis mostrar . Quando , bem no início do filme , os três personagens se deparam com o saco de dinheiro , Hank ( Bill Paxton ) defende que entreguem tudo para a polícia , e Lou ( Brent Briscoe ) , o amigo bêbado e imprestável de Jacob ( Billy Bob Thorton ) , diz : “ É o maldito Sonho Americano em uma sacola ! ” . Muito mais tarde , quando Hank diz que vai queimar o dinheiro para que a vida deles volte a ser como era antes , a mulher dele , Sarah ( Bridget Fonda , a fantástica atriz das mil caras ) , faz um discurso de doer o coração , um manual sobre a impossibilidade de a sociedade capitalista trazer felicidade às pessoas . O que antes era para ela a vida normal do comum dos mortais agora é impensável , é uma miséria profunda , uma mediocridade inescapável – agora que ela passou a sonhar alto com a vida gastando a fortuna . Mais do que me lembro que acontecia no livro , aqui o peso sobre Sarah é fortíssimo . Hank é basicamente uma figura correta ; desde o início tudo em que ele pensa é entregar o dinheiro para a polícia – talvez até por ser um tanto medroso , medíocre , mesmo , acomodado , pé no chão – anyone ambitionless as me , como diz a canção da Joan Baez ; falta de ambição , na sociedade capitalista , é crime de primeiro grau . A ganância que explode primeiro em Lou se sedimenta e fortifica em Sarah ; é ela que dá todos os conselhos a Hank , que os vão arrastando mais e mais para dentro do inferno . Nos velhos noirs dos anos 40 , a mulher era a fonte de todo o mal – de toda a ambição , o que é mais ou menos sinônimo . Aqui também é em boa parte assim . ( A orelha do livro traz uma boa comparação : “ Sarah já fez mais de um crítico lembrar-se da diabólica Lady Macbeth , que de longe aciona os cordames da espantosa trama em que seu marido se envolve ” . ) Bill Paxton está bem , com seu jeitão de pessoa normal . Billy Bob Thorton , com seu jeito de absolutamente anormal , está brilhantíssimo . As associações com Fargosão várias . O cenário gelado , desolado , do Meio Oeste . A tragédia que começa com a necessidade do dinheiro sujo , a ganância , e vai assumindo proporções cada vez mais terríveis , assustadoras . Não são à toa as semelhanças . Sam Raimi , um diretor jovem ( nasceu em 1959 ) , trabalhou com os irmãos Coen ; foi co-autor do roteiro de Na Roda da Fortuna / The Hudsucker Proxy , de 1994 . Se você não viu o filme , não leia a partir de agora E o final é um brilho , com a decisão de Hank de finalmente queimar o dinheiro , já que gastar uma nota que fosse significaria inevitavelmente a descoberta de todos os crimes , a prisão . Ficam lá ele e a mulher , vivendo a vida quase como se fosse antes de tudo , só que condenados à tristeza eterna do arrependimento – dela por ter tido uma fortuna à mão , e não a ter usado ; dele por ter participado de tantos crimes , e por ter perdido tudo , até mesmo a simpatia da mulher . Kolya – Uma Lição de Amor / Kolja De : Jan Sverak , República Tcheca , 1996 Nota : Anotação em 1997 : Uma beleza grande , imensa , uma puta sensibilidade . Conta-se uma bela história de uma criança despertando emoções e generosidade insuspeitadas em um homem maduro de 55 anos ; mas conta-se , com ela , junto com ela , atrás dela , ou sobretudo , a história política do subjugado diante do representante do imperialismo . Do imperialismo seja ele qualquer ; é especificamente o checo diante do russo , mas poderia ser qualquer um , o indiano contra o inglês , o brasileiro primeiro contra o inglês e nos últimos quase cem anos contra o americano ; para se chegar à conclusão de que os seres humanos são mais importantes do que a política , do que as divisões que a política impõe . Um filme sensível , brilhante , emocionante . E que domínio de técnica , que estupendo domínio de técnica , que beleza de narrativa . De uma certa maneira , me ocorre agora , é uma espécie de continuação de A Confissão , do Costa-Gavras , 40 anos depois do fim do stalinismo . Vejo numa notinha da Premiere americana : o ator que faz o personagem central , o violoncelista checo , é o pai do diretor . E foi ele , o pai , que escreveu o roteiro . O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1997 . Kolya – Uma lição de Amor / Kolja De Jan Sverak , República Checa , 1996 . Com Zdenek Sverak , Andrej Chalimon , Libuse Safrankova , Irena Livanova Roteiro Zdenek Sverak Baseado em uma idéia ( é assim que aparece na apresentação ) de Pavel Taussig O Pecado Mora ao Lado / The Seven Year Itch De : Billy Wilder , EUA , 1955 Nota : Exatos 60 anos depois de ter sido feito – as filmagens foram entre setembro e novembro de 1954 – , e 52 anos depois que eu o vi pela primeira vez , O Pecado Mora ao Lado / The Seven Year Itch continua sendo um filme absolutamente delicioso . Tornou-se , com o tempo , um grande clássico , dos maiores que há , e tem uma das seqüências mais antológicas de toda a história do cinema . O filme não mudou , é claro . Mas o mundo mudou demais , e então o que era na época uma grande ousadia – embora o roteiro tenha sido duramente mutilado pelo Hays Office , o órgão da autocensura dos grandes estúdios de Hollywood – , hoje parece tão inocente quanto um filme de Lassie , de Shirley Temple . E as histórias sobre o filme , sobre como foi sua produção , são tão absolutamente fascinantes quanto os maravilhosos diálogos escritos por Billy Wilder e George Axelrod e as interpretações memoráveis de Tom Ewell e Marilyn Monroe . Hum … Por que Tom Ewell e Marilyn Monroe , assim , nessa ordem ? Não seria o contrário , Marilyn Monroe e Tom Ewell ? Aliás , quem mesmo é Tom Ewell ? Pois é . O papel principal do filme é do pobre Richard Sherman , editor de livros baratos , bem casado , pai de um garotinho de uns seis anos , que , como a imensa maioria dos nova-iorquinos , no auge do verão escaldante e úmido , despacha a família para um lugar mais aprazível , ao Norte , e acontece de ganhar como vizinha no prédio de apenas três andares em que mora uma loura deslumbrantérrima . O pobre Sherman – sujeito de imaginação imensa , capaz de criar fantasias criativíssimas na cabeça , já que sua profissão é descobrir como transformar em apelativas , chamativas , sensacionalistas , as capas de livros muitas vezes sérios , sisudos , grandes clássicos – está exatamente no sétimo ano do casamento . Um dos manuscritos que ele examina , de autoria de um psiquiatra muito doido , afirma que , no sétimo ano do casamento , a imensa maioria dos homens sente uma coceira danada , uma necessidade premente de ser infiel à mulher , de ter uma aventura extra-conjugal . The Seven Year Itch – a coceira do sétimo ano , como diz o título original . Os exibidores brasileiros , que muitas vezes inventam títulos estapafúrdios , dessa vez criaram um que se ajusta perfeitamente à história : O Pecado Mora ao Lado , embora muito distante do original , é um belo título . O desempenho de Tom Ewell é um espetáculo , mas é Marilyn que rouba a cena Então : Richard Sherman é o protagonista da história . Ele está presente em praticamente todas as seqüências do filme . E é interpretado por Tom Ewell , um ator de quem hoje pouca gente se lembra . Acontece que o papel da Garota ( ela não tem nome , quer dizer , seu nome não aparece em momento algum ) , bem menor que o de Sherman , coube a Marilyn Monroe . E então , mesmo não aparecendo na tela em diversas , diversas sequências , mesmo aparecendo muitíssimo menos que Sherman-Tom Ewell , Marilyn rouba o filme . Nisso , Marilyn se parece com outra deusa do sexo de Hollywood , Mae West . Quando Mae West fez seu primeiro filme , Noite Após Noite , de 1932 , em que tinha um papel pequeno , o ator que fazia o protagonista da história , George Raft , afirmou : “ Mae West roubou tudo , menos as câmaras . ” O desempenho de Tom Ewell é um espetáculo , e não é à toa : ele havia feito o papel de Richard Sherman no teatro – a peça , de autoria de George Axelrod , estreara na Broadway em 1952 , e foi um imenso sucesso durante três anos . Mas o que fica na memória do espectador , a marca do filme é Marilyn . Nos créditos iniciais – um grafismo belo , esperto , inteligente , criado pelo genial Saul Bass – , quem aparece primeiro é Marilyn . Fazer o quê ? É assim que são as coisas . Quando as filmagens começaram , em setembro de 1954 , Marilyn já era a maior estrela de Hollywood . Em 1953 , havia aparecido nua no número 1 da revista Playboy ; entre 1953 e 1954 , tinha brilhado em Torrente de Paixão / Niagara , Os Homens Preferem as Louras , Como Agarrar um Milionário , O Rio das Almas Perdidas e O Mundo da Fantasia . Como se não bastasse , na mesma época havia se casado com Joe Di Maggio , o maior nome do beisebol de então , o esportista mais adorado pelos americanos e americanas , o Pelé , o Neymar daqueles anos . O casamento durou apenas nove meses . Os biógrafos e estudiosos do cinema americano são unânimes em dizer que The Seven Year Itch foi um dos motivos principais para o final abrupto do casamento . Quando o filme estreou , no dia 1º de junho de 1955 – o dia em que Marilyn completava 29 aninhos de vida – , Joe Di Maggio compareceu à festa , num cinema da Times Square sobre o qual havia um cartaz com uma foto de Marilyn de 16 metros de altura , boa parte deles ocupada pelas coxas dela , a saia levantada pelo vento do metrô . Mas ele já era o ex-marido da estrela . E ela era a maior estrela do cinema mundial . Em 500 anos , nada mudou na ilha de Manhattan O filme começa com uma sequência brilhante , genial , hilariante . Logo após os créditos iniciais de Saul Bass , vemos um mapa – imitando os mapas muito antigos – da ilha de Manhattan . Começa uma música imitando canções dos indígenas da América do Norte , vemos uma típica aldeia indígena , enquanto uma voz em off , emproada , empostada , como as dos locutores de antigamente , diz o seguinte texto : – “ A ilha de Manhattan deve seu nome aos seus primeiros habitantes , os índios Manhattan . Eram uma tribo pacífica : faziam armadilhas , pescavam e caçavam . Havia um costume entre eles : a cada mês de julho , quando o calor e a umidade ficavam insuportáveis , eles mandavam suas mulheres e filhos em viagem rio acima , para as montanhas , ou , se tivessem meios , para a costa . ” Vemos diversas canoas deixando a aldeia com mulheres e crianças . A homarada fica . Um dos índios olha para trás , para onde está a câmara , arregala os olhos , e chama a atenção dos outros . Aparece na tela o que faz o índio , e em seguida todos os índios , arregalarem os olhos , cara de quem está babando : uma índia gatíssima caminha sozinha . A homorada toda vai atrás . O narrador prossegue : – “ Os maridos ficavam na ilha cuidando dos negócios : fazendo armadilhas , pescando e caçando . Na verdade , nossa história não tem nada a ver com os índios . Ela se passa 500 anos mais tarde . ” – “ Só mencionamos o tema para mostrar que nada mudou . Os maridos em Manhattan ainda mandam embora as mulheres e os filhos , e ficam cuidado dos negócios : fazendo armadilhas , pescando e caçando . Agora , queremos que você conheça um marido típico de Manhattan , cuja família está saindo para a viagem de verão . ” E então acompanhamos Richard Sherman-Tom Ewell se despedindo de Helen ( Evelyn Keyes ) e do garotinho Ricky ( Butch Bernard ) . Quando Helen e Ricky entram para a plataforma , Sherman percebe que haviam esquecido o grande remo do caiaque do garoto . Sherman tenta entrar na plataforma para entregar o remo , mas é impedido pelos funcionários : só entra quem tem passagem . Sherman fica no meio da multidão segurando o grande remo . Passa por ali uma mulher gostosa : dezenas de homens agora solteiros pelo verão vão atrás dela , exatamente como os índios da sequência anterior . Sherman fala para si mesmo ( ao longo de toda a narrativa , Sherman vai falar alto para si mesmo ) algo do tipo : – “ Não , não , não . Eu não vou entrar nessa . ” Não me lembrava de forma alguma dessa fantástica seqüência inicial com os índios . Também pudera : vi O Pecado Mora ao Lado pela primeira vez em 1962 ; é bem possível que tenha revisto uma ou duas vezes ali pelos anos 70 ou 80 , uma época em que deixei de anotar muitos dos filmes que via , ocupado demais com muito trabalho e frilas e a vida conturbada . O fato é que só anotei aquela primeira vez , em 1962 , o ano em que Marilyn morreu . O Cine Guarani , na Rua da Bahia , pouco acima do Maletta , programou um festival de Marilyn , um filme por dia . Está lá anotado no meu primeiro caderninho de cinema , com letra de criança , que , entre os dia 24 de agosto e 2 de setembro , o garoto Sérgio Vaz viu Os Desajustados , Adorável Pecadora , Torrente de Paixão , O Mundo da Fantasia , Nunca Fui Santa , O Pecado Mora ao Lado e Como Agarrar um Milionário . “ A santidade da instituição do casamento e do lar será preservada ” Pobre Richard Sherman ! Cheio de boas intenções , disposto a resistir às tentações da solteirice durante o verão sufocante , pegajoso . Aí , toca a campainha no seu predinho de três andares , ele abre a porta , e adentra no hall e no filme The Girl , na pele de Marilyn Monroe . Aí , como diria o gago da piada , fô fô fô fô … Os vizinhos do segundo andar – Sherman mora no térreo – haviam viajado para a Europa , e sublocado o apartamento , durante aqueles meses de verão , para A Garota . Aí , como diria o gago da piada , fô fô fô fô fô fô … Na peça que fazia um tremendo sucesso na Broadway , fô fô fô fô fô fô … , , sim . Sherman e A Garota chegam às vias de fato . No teatro não havia Hays Office , não havia o Motion Picture Production Code , o código de autocensura da Motion Pictures Producers and Distributors of America ( mais tarde renomeada para Motion Pictures Association of America ) . O teatro – sem dúvida por atingir muitíssimo menos gente que o cinema – sempre tinha sido mais livre . Ainda nos anos 30 , Mae West , já citada aí acima , falava de sexo de maneira aberta , escrachada , nos teatros de Nova York . Foi ela cruzar o país e começar carreira em Hollywood que as ligas de decência todas se ouriçaram . Foram os protestos dos conservadores , moralistas , católicos , cristãos de maneira geral contra o que consideravam abuso de licenciosidade do cinema nos primeiros anos da década de 30 que levaram a associação dos grandes estúdios a criar o código , que passaria para a história como Código Hays por causa do nome do rigoroso censor-chefe , Will H . Hays , O Código Hays foi adotado em 1930 , e nos anos seguintes tornou-se ainda mais rígido – ao menos em parte como uma reação à desabrida Mae West , uma mulher de fato sem medo de ser feliz e sem papas na língua . Vale sempre lembrar o que dizem alguns trechos do Código : “ Nenhum filme será produzido que possa fazer abaixar os princípios morais daqueles que irão vê-lo . Desta forma , a simpatia da audiência jamais deve ser jogada para o lado do crime , do fazer errado , mal ou pecado . Princípios corretos de vida , sujeitos apenas às exigências do drama e do entretenimento , devem ser apresentados . A lei , natural ou humana , não será ridicularizada , nem simpatia pela sua violação será criada . ( … ) A santidade da instituição do casamento e do lar será preservada . ( … ) O adultério , às vezes material necessário para a trama , não deve ser tratado explicitamente , ou justificado , ou apresentado de forma atraente . ” O Código passou a sofrer duros ataques no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60 – até cair de maduro em 1968 , quando foi instituído o sistema de classificação etária da MPAA que está em vigor até hoje . Cineastas como Billy Wilder , Otto Preminger e Elia Kazan , entre outros , insistiam em ousar , em forçar a barra para fazer passar coisas proibidas . Mas o fato é que nos anos 50 a pressão conservadora , moralista , era violentíssima . O autor reconhece que a censura fez a história ficar sem sentido Billy Wilder e o próprio autor da peça The Seven Year Itch , George Axelrod , trabalharam juntos no roteiro . A batalha entre eles e os censores do Hays Office foi duríssima . Os censores cortavam trechos e trechos do roteiro como se fazia na época da ditadura com as letras de Chico Buarque , Taiguara e tantos outros compositores . Wilder e Axelrod reescreviam , reapresentavam os trechos reescritos , os censores faziam novos cortes . Como , segundo o Código , “ a santidade da instituição do casamento e do lar será preservada ” , decidiu-se que Richard Sherman e A Garota simplesmente não se comiam ! O que se vê em O Pecado Mora ao Lado é que Sherman e A Garota trocam três beijinhos . O pecado que mora ao lado são três selinhos desses absolutamente inocentes . Em um excelente documentário sobre a produção de The Seven Year Itch , feito em 2000 , que acompanha o filme no DVD lançado pela Fox , o autor George Axelrod diz , com imensa dose de lógica , que , a rigor , a rigor , a história ficou sem sentido : ora , se não aconteceu coisa alguma entre Sherman e A Garota , então por que raios ele fica tão absolutamente tomado pela culpa ? Só por ter desejado , ter fantasiado que houvesse alguma coisa de fato entre ele e aquela mulher estrondosamente bela , aquele convite descomunal ao desejo , à luxúria ? Ora , qualquer pessoa , de qualquer uma das diversas opções sexuais hoje tão exigentes de seus direitos , que tivesse ficado junto com aquela Marilyn toda naquelas condições e não a tivesse desejado teria que ser condenada ao inferno dos chatos e loucos sem graça . Apesar de todos os cortes , o filme é deliciosamente safado Apesar de todos os cortes determinados pelo Hays Office , no entanto , o filme é deliciosamente safado – ou não seria um filme de Billy Wilder . Como é , é todo cheio de insinuações gostosas , de brincadeiras sacanas engraçadíssimas . E , como é um filme com Marilyn Monroe , acaba sendo muito mais sensual do que a maioria dos filmes de sexo explícito que a TV a cabo mostra todas as madrugadas . A bunda de Marilyn quando ela sobe as escadas , logo na primeira sequência em que ela aparece e bate a campainha , e entra carregando o ventilador , cujo fio fica preso na porta … Meu Deus do céu e também da terra . A piadinha do tomateiro que cai do segundo andar no banco em que Sherman estava sentado até um segundo antes … A Garota aparece na tela com os ombros nus – e a insinuação é de que ela está peladinha de tudo , ao dizer que vai até a cozinha se vestir , porque naquele calor ela bota a roupa íntima no congelador … O momento em que Marilyn tira o cinto e ergue a blusa para sentir o ventinho frio que sai do aparelho de ar condicionado da sala do apartamento de Sherman … A cena de Marilyn na banheira – uma das loucas fantasias que passam pela cabeça de Sherman – enquanto ela conta ter sido atacada por um homem casado para o bombeiro que tenta tirar o dedão o pé dela de dento da torneira … Sherman bota para tocar Rachmaninoff , mas a Garota gosta é do Bife Aliás , como são bem sacadas todas as sequências das fantasias que passam pela cabeça super imaginativa de Sherman , o editor de livros que consegue fazer uma capa apelativa até mesmo para o clássico extremamente família Little Women , de Louisa May Alcott ( 1832–1888 ) . É uma maravilha a fantasia de que a secretária da editora o ataca pedindo sexo , de que a enfermeira da noite do hospital em que operou do apêndice o ataca pedindo sexo . Wilder goza até o cinema : antecipando-se várias décadas a Mel Brooks e às paródias de filmes , do tipo Apertem os Cintos … O Piloto Sumiu , ele goza uma das mais antológicas sequências de filmes americanos , o apaixonado beijo de Burt Lancaster e Deborah Kerr em A Um Passo da Eternidade / From Here to Eternity – ela mesma , aliás , a esplêndida sequência do filme de Fred Zinnemann de 1953 uma vigorosa afronta ao Código Hays . As citações ao cinema são várias . Gregory Peck , então um dos maiores galãs de Hollywood , é citado como o antípoda de Sherman , um sujeito feioso , sem qualquer charme . A mais hilária é bem no final , quando Tom MacKenzie , o bonitão pretenso paquerador da esposa Helen , chega ao apartamento e A Garota está na cozinha , preparando o café da manhã . E Sherman diz que ele vai querer saber quem é a loura que está na cozinha , e Tom MacKenzie diz : “ Qual loura na cozinha ? ” Aí Sherman diz : – “ Ah , bem que você gostaria de saber ! Talvez seja Marilyn Monroe ! ” Nossa , como tem sequência deliciosa este filme ! A da primeira visita da Garota … Que maravilha ! Sherman bota na vitrola Rachmaninoff , o Concerto número 2 para piano , e imagina A Garota chegando numa roupa elegante . E aí A Garota chega de blusa e calça comprida confortável , esportiva … e a música que mexe com ela , em vez do solene Rachmaninoff , é O Bife ! E , quando ele tenta atracar-se com ela , e caem ao chão ( e o espectador pode ver , por alguns rápidos segundos , as coxas fartas de Marilyn ) , ele fica culpado , mortificado , envergonhado , e diz que aquilo nunca tinha acontecido antes com ele – ao que ela candidamente responde : “ Pois comigo acontece o tempo todo ! ” A sequência antológica : o vento do metrô levanta a saia de Marilyn Mas é claro que , de todas as sequências engraçadas , safadas , divertidas , deliciosas , a melhor , a absolutamente antológica , é a do vento que sai dos dutos do metrô , no passeio , e levanta a saia da Garota . Tinham ido ao cinema ver The Creature from the Black Lagoon . Fiquei em dúvida se o filme existiu mesmo ou foi uma invenção de Wilder e Axelrod . Não , não , existiu mesmo – deve ser uma absoluta delícia de produção não B , mas Z : é de 1954 mesmo , foi dirigido por Jack Arnold , e estrelado por Richard Carlson e Julie Adams . Saem do cinema , e A Garota está encantada com O Monstro da Lagoa Negra ( este foi de fato o título do filme no Brasil ) . Está encantada com O Monstro da Lagoa Negra como as criaturas de narizinho empinado ficam ao sair do cinema após ver Amor , de Michael Heneke , ou Uma Eternidade e um Dia , de Theodoros Angelopoulos . Apiedou-se do monstro , ficou profundamente triste com o destino dado ao monstro . Aí pára sobre a grade no passeio em cima do respiradouro do metrô . Passa um metrô , o vento sai de baixo do passeio e joga a saia branca rodada de Marilyn Monroe para cima . Naquele calor insuportável do auge do verão pegajoso de Manhattan , até o vento que sai do duto do metrô é mais fresquinho – e A Garota faz uma expressão de mais puro prazer . E aí vem outro metrô . A Fox convocou a imprensa toda para testemunhar a filmagem da seqüência A vida muitas vezes imita a arte , a arte em geral tenta imitar a vida , mas há momentos em que a ficção não tem absolutamente nada a ver com a realidade . A sequência é maravilhosa , é engraçadíssima , virou antológica , é uma das imagens mais emblemáticas do cinema americano . O por trás das cenas , no entanto , é triste a não mais poder . Aos 28 anos de idade apenas , maior estrela de Hollywood , Norma Jean vivia , para aproveitar a belíssima imagem criada por Bernie Taupin na canção de Elton John , como uma vela ao vento . Não uma vela de barco , que infla , cresce com o vento , mas uma vela de cera , cuja pequena chama o vento apaga . Incensada , desejada pela multidões , a maior deusa do sexo do século , Norma Jean era insegura , instável – a candle in the wind . Entupia-se de remédios . Tinha dificuldades para memorizar as falas . Errava as falas constantemente . No pequeno – 24 minutos – mas belíssimo documentário Back Story : The Seven Year Itch , há trechos de depoimentos de Billy Wilder em que ele fala disso . Tinha que repetir várias vezes a mesma tomada , até que Marilyn conseguisse dizer a fala como ele esperava – mas , quando ela enfim conseguia , era a mais absoluta maravilha . ( O filme Sete Dias com Marilyn / My Week with Marilyn , sobre as filmagens de O Príncipe Encantado / The Prince and the Showgirl , mostram exatamente a mesma realidade : as filmagens foram duríssimas , um inferno – mas , quando a gente vê Marilyn no filme , é impossível imaginar tanto drama , porque as imagens afinal escolhidas são maravilhosas , estonteantes . ) O casamento com Joe Di Maggio já não ia muito bem . Di Maggio era do tipo que achava que lugar de esposa é em casa , cozinhando e cuidando dos filhos . Por que ele achou que Marilyn abandonaria a carreira para ficar em casa , isso é um mistério impenetrável . Nem mesmo o extraordinário Gay Talese , em seu famoso perfil do ídolo do beisebol , conseguiu chegar sequer perto de uma resposta . Mas o fato é que Marilyn estar filmando em Nova York , seguida em cada passo por toda a imprensa , e ele estar do outro lado do país , em San Francisco , não facilitava as coisas . E então Di Maggio voou para Nova York , para ficar junto da esposa . Estava lá quando Billy Wilder filmou a sequência do vento do metrô . A Fox investia muito no filme . Tinha a certeza absoluta de que teria um gigantesco sucesso de bilheteria . E então , para incendiar ainda mais o circo , convocou a imprensa para acompanhar as filmagens da sequência , em locação perto da Times Square , no umbigo de Manhattan . Toda a imprensa estava lá , batalhões de fotógrafos , uma multidão de 5 mil pessoas – homens babando como os índios babavam pela gostosona na sequência inicial , como os nova-iorquinos da atualidade babariam ainda na estação ferroviária pela gostosona moderna . Há testemunhos de que Marilyn tomou o cuidado de vestir duas calcinhas , uma sobre a outra , para que não houvesse possibilidade de se avistarem os pelos pubianos . E filmavam-se as tomadas uma , duas , dez , 20 vezes . A saia rodada de Marilyn subia até a cabeça dela , e o mundo inteiro via a calcinha de Marilyn . Diante do maridão italiano . No dia seguinte , ou dois dias depois , Di Maggio voltou para a Costa Oeste . Só na ficção o sangue do marido é de barata A vida muitas vezes imita a arte , a arte em geral tenta imitar a vida , a arte imita a arte , a vida imita a ficção . Apenas dois anos antes das filmagens de O Pecado Mora ao Lado , ainda antes de estourar como grande estrela , Marilyn havia feito o papel de uma mulher bonita e gostosa que se dá bem nos concursos de miss , ou de Mrs . Em Travessuras de Casados/We’re not Married , de 1952 a personagem de Marilyn , Annabel Norris , expõe o corpo inteiro nos concursos – e o maridão , Jeff , não vê problema algum nisso . Ao contrário : ele incentiva a homarada a olhar para aquela preciosidade toda que dorme em sua cama . Fantástico : eu não havia percebido a semelhança entre a situação de Joe Di Maggio com a de Jeff Norris , o marido da personagem de Marilyn em We’re Not Married . Quem chamou minha atenção para isso foi Mary , sempre atenta , muito mais que eu . Eu , que não tenho nenhum pingo de sangue siciliano , digo aqui : me sinto muito mais próximo do Di Maggio pessoa real do que do de Jeff Norris da ficção . Só na ficção – ou numa Escandinávia fictícia – o sangue do marido é de barata . Os cartazes mostram as coxas todas que no filme não puderam aparecer Nada do que foi filmado em locação , na rua de Nova York , a céu aberto , diante de fotógrafos dos jornais e daquela homarada babante , foi aproveitado . O ruído da multidão mostrou-se ensurdecedor demais . A produção teve que construir uma réplica do cinema que exibia The Creature from the Black Lagoon e da rua de Nova York dentro dos estúdios da Fox em Hollywood para que as tomadas fossem refeitas . E foi necessário filmar 40 novas tomadas da saia branca de Marilyn subindo até sua cabeça e mostrando toda a amplidão de suas coxas , até a calcinha . Entra em ação novamente o Hays Office . Na versão finalmente aprovada do filme , na montagem final que chegaria aos cinemas depois da grande estréia no dia do 29º aniversário de Marilyn , o que o espectador vê é apenas o iniciozinho das coxas . Os cartazes mostram toda a extensão das coxas , a calcinha . No filme , aparece apenas o iniciozinho das coxas . O mesmo que já havia sido visto em O Inventor da Mocidade / Monkey Business , de 1952 , em que Marilyn faz um papel secundário , antes de virar estrela . Censura , moralismo caolho e calhorda , ligas de decência , essas tristezas ficariam para trás muito rapidamente , nos anos que se seguiram a O Pecado Mora ao Lado . O talento dos realizadores , dos atores , o brilho do filme , tudo isso continua intacto , 60 anos depois . Billy Wilder e Marilyn voltariam a se encontrar , poucos anos depois , em 1959 , em Quanto Mais Quente Melhor / Some Like it Hot . O segundo filme que fizeram juntos conseguiria a proeza de ser ainda melhor do que o primeiro . Uma delícia de filme e crítica irretocável . Além da cena do vestido levantado pelo vento , a cena mais estupenda é aquela em que ela informa que sua calcinha estava na geladeira , para apagar o fogo que a consumia … Apesar da crítica do autor , creio que o filme ganhou com a frustração da relação adúltera . Uma informação : O Monstro da Lagoa Negro é um clássico do terror , que marcou meus 9 ou 10 anos de idade e que , surpreendentemente , se passa na Amazonia , e como em King Kong o monstro se apaixona pela bela ( Julie Adams).Tal foi o sucesso que houve uma sequência – A Volta do Monstro da Lagoa Negra . Uma discordância : apesar do mito Marilyn , a grande fêmea do sec . XX foi Brigitte Bardot . Esse filme não teve apelo para mim , penso que por eu ser mulher , e a história não segurar , devido aos inúmeros cortes no roteiro . Li que eles não quiseram optar por um galã ( o protagonista é feiosinho demais , verdade seja dita ) , para que ficasse mais crível ou interessante , algo assim , mas precisava ser um homem tão sem sal e sem charme ? Pelo menos ele era bom ator , isso ajuda . Adorei a frase “ Ora , qualquer pessoa , de qualquer uma das diversas opções sexuais hoje tão exigentes de seus direitos ” ( … ) . Tão exigentes de seus direitos – disse tudo ! Quanto ao restante do parágrafo , como sou hétero demais ( li essa expressão esses dias , escrita por uma mulher , e achei *hilária ) se eu estivesse no mesmo lugar que MM , o máximo que faria seria tirar uma selfie pra postar nas redes sociais ! Seu texto destrincha e discorre maravilhosamente bem sobre tudo , com riqueza de detalhes ( que eu particularmente adoro ) , que não há o que acrescentar . Apesar de todos os cortes , o filme conseguiu ser mesmo safado , as tiradas são boas . Algumas partes eu achei meio maçantes , em compensação tem outras ótimas e super engraçadas . Para mim valeu mais para conhecer a marcante e icônica cena do vestido levantado pelo vento do metrô , uma das mais famosas do cinema . Espero que você decida rever e escrever sobre Some Like it Hot . Esse sim , é um filme que eu adoro ! E ainda tem Tony Curtis , gato demais , e impagável imitando Cary Grant , e Jack Lemmon , que me faz rir muito , toda vez ! As historinhas de bastidores são ótimas , com MM sendo MM e esquecendo as falas . Uma comédia divertida , sofisticada e com uma Marilyn maravilhosa , mas não completamente divertida . Eu julgo que raramente me ri ao ver o filme . Os tons azuis são predominantes e o ambiente é belo e caseiro . Os diálogos inteligentes e as interpretações soberbas mas há comédias melhores [ … ] ou para o mal . Mas com Sabrina não tem jeito : o filme é superlativo . Sabrina é a prova de que Billy Wilder é um dos mais magníficos , mais maravilhosos textos do cinema . E de que Audrey Hepburn é uma das [ … ] [ … ] foi homem de muitas esposas – cinco . Meu Deus : ela trabalhou em E o Vento Levou … ( 1939 ) e em O Pecado Mora ao Lado ( 1955 ) : neste , foi a esposa do protagonista , interpretado por Tom Ewell , que viaja de férias [ … ] sexo , mentiras e videotape / sex , lies and videotape De : Steven Soderbergh , EUA , 1989 Nota : Anotação em 2008 : É muito impressionante como Steven Soderbergh já começou bem – e , além disso , ainda contou com a sorte grande , incrível , de ganhar a Palma de Ouro em Cannes com seu primeiro filme , este sexo , mentiras e videotape . Isso é que é começo de carreira . O filme é de 1989 . De lá para cá , em menos de 20 anos , dirigiu 17 filmes , produziu 30 obras ( entre longas e episódios para TV ) , escreveu roteiros , trabalhou como ator , fotógrafo e montador , teve três indicações ao Oscar , venceu uma vez ( em 2001 , como melhor diretor por Traffic ) , colecionou 22 prêmios mundo afora e teve outras 40 indicações . Fez filmes difíceis ( Kafka , de 1991 ) , fez estouros de bilheteria ( a refilmagem de Onze Homens e um Segredo/Ocean’s Eleven e suas duas continuações ) , fez bons filmes de sucesso comercial ( Erin Brockovich , Uma Mulher de Coragem , de 2000 ) , fez um filme exatamente , integralmente como se tivesse sido produzido nos anos 1940 ( O Segredo de Berlim / The Good German , de 2006 ) , fez filme experimental chato que nem a fome ( Full Frontal , de 2002 ) , fez uma biografia de Che Guevara tão absurdamente longa que teve que ser dividida em dois filmes , ou ninguém aguentaria ( Che:The Argentine e Che : Guerrilla , de 2008 ) . Passou por todos os gêneros possíveis e imagináveis . O bicho é absolutamente incansável ; o dia dele deve ter 48 horas . Era um rapazote de 26 anos quando escreveu e dirigiu este sexo , mentiras e videotape – mas , ao contrário da imensa maioria dos jovens estreantes , não quis inventar muito , experimentar , abusar do criativol , Uma das poucas dessas marcas bobas de juventude que o filme tem é exatamente o título , que o autor fazia questão que fosse grafado apenas em minúsculas , sabe-se lá por quê . ( Nos anos 60 um monte de neguinho gostava dessa bossa de evitar maiúsculas . Alguma influência de e.e.cummings , o poeta , talvez – sabe-se lá . Mas isso não importa . ) Fora essa bossinha no nome , só há duas ousadias formais em sexo , mentiras e videotape . Por umas quatro ou cinco vezes ele brinca com o som na hora da montagem de seqüências – o som da seqüência anterior entra na seguinte , ou antecipa-se numa seqüência um diálogo que aparecerá na próxima . É coisa pouca , bem dosada , quase imperceptível . A outra nem chega propriamente a ser ousadia , porque em 1989 já se tinha feito de quase tudo na linguagem de cinema : é uma sacada esperta , inteligente , de adiar para o espectador só ver depois o que os personagens estão vendo nos videotapes gravados por Graham , o personagem de James Spader . Ele usa duas vezes esse recurso de narrativa – brilhantemente . O estreante Soderbergh evitou ousadias formais , estilísticas , maneirísticas no seu primeiro longa-metragem para ousar no conteúdo . Até hoje , quase 20 anos e tanta cena de sexo , tanta trepada , tanto Instinto Selvagem depois , o filme de estréia do cara ainda permanece inquietante , perturbador . E sem ter uma única cena de sexo propriamente explícito . Ann ( Andie MacDowell ) é uma mulher que leva uma vida vazia , numa pequena cidade do Sul dos Estados Unidos . ( Não se menciona o nome da cidade ; sabe-se que é Sul por causa do calor ; só nos créditos finais estará dito que o filme foi feito em Baton Rouge , na Louisiana ) . É casada com John ( Peter Gallagher ) , um advogado bem sucedido , que a fez parar de trabalhar ; cuida da casa , faz terapia e conta para o terapêuta que não tem mais feito sexo , mas não vê grande problema nisso . John , o marido , é um garanhão , que trepa com Cynthia ( Laura San Giacomo ) , irmã de Ann e em tudo sua antípoda – sensual , liberta , extrovertida , passional . A vidinha modorrenta de Ann é sacudida com a chegada à cidade de Graham , que tinha sido colega de John no colégio ; Graham tem um jeitão meio hippie , meio boêmio , usa cabelo comprido , só usa roupas esportivas , não tem profissão definida . Uma tarde saem juntos , Ann e Graham , para procurar uma casa para ele alugar – enquanto John aproveita a ausência da mulher para satisfazer uma fantasia de Cynthia , que é trepar na cama da irmã . Ann e Graham conversam ; embora seja um tanto tímida e recatada , Ann sente confiança em Graham , a ponto de dizer a ele que não tem feito sexo ( ela jamais havia usado a expressão trepar ) com o marido , e que acha que as pessoas supervalorizam a importância do sexo . Graham conta para ela que é impotente – só consegue ter ereção quando está sozinho , nunca junto de uma mulher , o que o torna , na prática , como ele mesmo diz , impotente . Estamos neste momento com uns 20 minutos de filme , apenas . As situações estão colocadas para que comece a haver uma série de conflitos . Soderbergh conta sua história de maneira sóbria , simples , direta . É muito impressionante como , aos 26 anos , conseguiu belíssimas atuações dos quatro atores que fazem os papéis centrais – além deles , apenas aparecem no filme outras cinco pessoas , mas sem qualquer destaque ; tudo é centrado no quadrado amoroso . Andie MacDowell , especialmente , está brilhante , perfeita , numa atuação digna de atriz com muito estudo e preparo sério em boas escolas de teatro . O que torna a direção de atores de Soderbergh ainda mais soberba , porque ela não tinha nada de experiência dramática : depois de uma carreira como modelo , estava começando na profissão ; tinha participado antes apenas de dois filmes e alguns episódios de séries de TV . Por sua interpretação de Ann , recebeu três indicações para prêmios , inclusive o Globo de Ouro . Elas / Elles De : Malgoska Szumowska , França-Alemanha-Polônia , 2011 Nota : A vida de Anne ( Juliette Binoche ) , a protagonista de Elles , é um horror insuportável . As jovens Charlotte e Alicja levam vidas bem mais leves , quase tranquilas , prazerosas . Anne é jornalista , mãe de dois filhos , classe média para média alta . Charlotte ( Anaïs Demoustier ) e Alicja ( Joanna Kulig ) são garotas de programa em meio expediente . Bem , a rigor , não são exatamente tranquilas , prazerosas , as vidas das moças . Um dos clientes de Alicja urina em cima dela , e Charlotte já teve pelo menos uma experiência de agressão violentíssima , quando um cliente enfiou o gargalo de uma garrafa em seu ânus . Mas as moças não reclamam . Ao contrário – não parecem humilhadas , ofendidas , com o fato de se prostituírem . Alicja ( na foto ao lado ) veio da sua Polônia natal para estudar em Paris . A vida é cara , e rapidamente ela percebeu que não daria para viver com conforto apenas com o dinheiro que a mãe lhe enviava . E então demonstra orgulho por , após um mês de prostituição em meio período , enquanto continua seus estudos ( será mesmo que continua ? ) , estar morando bem em Paris . Além disso , é chegada a uma vodca , o que seguramente ajuda a tocar a vida . Charlotte ( na foto abaixo ) fez a opção de vender o corpo simplesmente porque os trabalhos que tinha antes , como garçonete , eram muito duros e mal pagos . Vive com os pais , tem namorado firme , e seu maior problema , o que a incomoda , é o fato de ter sempre que mentir para os conhecidos , e esconder de onde vem o dinheiro que ganha . Às vezes até se diverte : conta para Anne , a jornalista , que o cliente que vai ver naquela noite é bonitinho . Um peso imenso , uma carga tripla de trabalho sobre os ombros da protagonista Anne está fazendo uma reportagem para a revista Elle sobre estudantes – moças de classe média , não pobres , miseráveis – que se prostituem . Conseguiu os depoimentos de duas delas . Quando a ação começa , Anne está escrevendo o texto que terá que entregar na manhã seguinte . As roteiristas – a própria diretora , a polonesa Malgoska Szumowska , e a francesa Tine Byrckel , jornalista e psicanalista – comprimiram em um único dia toda a ação . Como em tantas narrativas clássicas e / ou modernas , do Ulysses de James Joyce a Sábado de Ian McEwan , passando por Matar ou Morrer / High Noon de Fred Zinnemann a Pacto Sinistro / The Rope de Alfred Hitchcock . A narrativa de Elles começa então no alvorecer de um dia , para terminar na manhã do dia seguinte . Mas haverá flashbacks , para mostrar Anne entrevistando Charlotte e Alicja – e também alguns dos fatos que as duas moças relatam para a jornalista , alguns de seus encontros com clientes . Anne passou a noite inteira diante do computador , escrevendo . Escrevendo , reescrevendo , ouvindo as fitas com as entrevistas , conferindo as anotações . A primeira seqüência que o espectador vê , na verdade , é de uma felação . As imagens dos atos sexuais descritos por suas entrevistadas povoam a cabeça de Anne , como um feitiço , como fantasmas . Veremos que a relação de Anne com o marido , Patrick ( Louis-Do de Lencquesaing ) , não anda nada bem . Foi tragada pela rotina , pela correria , pelo excesso de trabalho dos dois , pela dupla ou tripla jornada de Anne . O filho mais velho , Florent ( François Civil ) , um aborrescente aí de uns 15 , 16 anos , fará comentários irônicos sobre a relação desgastada dos pais . Ao longo daquele dia após uma noite passada em claro , em que precisa terminar de escrever o texto de sua reportagem para entregar à revista na manhã seguinte , Anne terá que : * preocupar-se com Florent , que – ela ficará sabendo naquele dia mesmo – tem faltado às aulas na escola , e anda fumando maconha ; * preocupar-se com Stéphane ( Pablo Beugnet ) , o filho mais novo , aí de uns oito anos , que passa todo o tempo grudado em videogames ; * visitar o pai doente no hospital ( interpretado por Jean-Marie Binoche – o pai dela na vida real , segundo me confirmou a Jussara Ormond após uma pesquisa na internet ) ; * fazer compras no supermercado ; * cozinhar o jantar para o patrão do marido , que virá visitar o casal à noite ; * cuidar da casa – pôr alguma ordem nas coisas espalhadas pelo amplo apartamento pelo marido e pelos dois filhos bagunceiros , desordeiros , incapazes de ajudar na tarefa básica de manter uma mínima ordem na casa ; * ao final do dia , aprontar-se , botar um belo vestido , pentear o cabelo , apresentar-se perfeita diante dos convidados – e ainda seguir as recomendações do marido de não vir com papos feministas à mesa ; * e , at last but not least , conviver com os fantasmas , as inquietações trazidas para dentro de sua cabeça pelas entrevistas com as duas jovens prostitutas , e encarar a frustação com sua própria vida sexual . A câmara de mão nervosa aumenta o clima de sufoco , tensão O que o filme mostra é que , dentro daquele amplo , confortável , bem mobiliado apartamento , a burguesa Anne leva uma vida besta . Uma vida de merda . Poucas vezes o cinema terá mostrado com tanta força , tanta virulência , como é trágico o cotidiano de jornada dupla , tripla , quadrúpula da mulher moderna . A diretora Malgoska Szumowska e seu diretor de fotografia Michal Englert realçam esse clima sufocante fazendo a câmara de mão perseguir os apressados passos de Anne dentro de seu apartamento . A câmara de mão nervosa aumenta o clima de sufoco , tensão . Dá agonia , como diz Mary . Essas seqüências com câmara de mão são alternadas com tomadas em que a câmara fica fixa diante de Anne no trabalho no computador , ou diante dos rostos jovens e belos das atrizes que interpretam Charlotte e Alicja . Uma jovem diretora com talento saindo pelo ladrão . E uma atriz que é um fenômeno Malgoska Szumowska é também bastante jovem ; nasceu na Cracóvia em 1973 ; estava , portanto , com 38 anos quando Elles foi lançado . Vem de uma família ligada a texto e a cinema : o pai é um jornalista famoso , a mãe é escritora ; tem um irmão diretor de cinema e uma irmã escritora . Sua filmografia como diretora tem 11 títulos – alguns deles são documentários de curta-metragem , e outros são segmentos de filmes assinados por vários realizadores . Seu filme anterior , 33 sceny z zycia , em inglês 33 Scenes from Life , de 2008 , amealhou nove prêmios . Elles é seu quarto longa-metragem de ficção . A moça demonstra que tem talento saindo pelo ladrão . Elles é um filme espetacular em cada quesito artesenal . Como diretora de atores , Malgoska Szumowska demonstra uma maturidade de profissional de décadas e décadas de estrada . Joanna Kulig , que faz a polonesinha Alicja , nasceu em 1982 , estudou arte dramática na Cracóvia e já tem 16 títulos em sua filmografia . Belíssima , tem imensos olhos azuis ; está maravilhosa como essa garota um tanto revoltada , um tanto arisca , fechada , difícil de se chegar perto . Anaïs Demoustier está igualmente perfeita como a jovem que não vê grande drama em se prostituir – um trabalho bem mais leve e muito mais bem pago do que os outros que poderia ter – e tem um jeitinho doce , tranquilo , de moça de boa família . Embora jovem demais ( nasceu em 1987 ) , já coleciona 38 títulos na filmografia – inclusive com o badaladíssimo diretor Christophe Honoré , A Bela Junie , e com o excelente Robert Guédiguian , As Neves do Kilimanjaro . Mas o espetáculo , é claro , é de Juliette Binoche . La Binoche é um fenômeno . Aos 47 anos , Juliette Binoche parece ter sido trabalhosamente produzida para parecer … ahn , não propriamente feia , porque isso seria impossível , mas desgastada , cansada , tensa , pouco cuidada , sem tempo para tratar de sua própria aparência – o que realça a diferença entre Anne e as garotinhas que contam para ela como são as trepadas com seus clientes , garotinhas cheias de juventude e cuidados com o visual . Após uma noite em claro e um dia inteiro estafante , no entanto , Anne-Juliette Binoche se produz , bota um vestido elegante e – shazam ! – está pronta para aparecer não nos textos , mas na capa da Elle ou de qualquer outra revista feminina . Juliette Binoche não precisa mais de prêmios na vida . Já foi indicada para 38 prêmios , e ganhou 18 , inclusive um Oscar , um Bafta e um Urso de Prata em Berlim ( por O Paciente Inglês , de 1999 ) . Mas eu diria que sua interpretação como essa triste , pobre , angustiada Anne é um dos melhores de sua carreira maravilhosa . Cenas explícitas de sexo – mas o filme passa a anos-luz da apelação Em 1964 – quando , portanto , o mundo e o cinema eram bem diferentes , e passava-se muito longe das explicitudes todas que viriam depois – , Billy Wilder fez um filme , Beije-me , Idiota , em que mostrava uma dona de casa que queria ter seu dia de puta , e uma puta que queria ter seu dia de dona de casa . Foi um escândalo . Uma tal de Liga Católica de Decência estigmatizou o filme com a classificação C , de condamned , condenado , a pior possível . Segundo Pauline Kael notou , Beije-me , Idiota foi recebido com os adjetivos grosseiro , obsceno , repelente . Maior besteira . Beije-me , Idiota é um filme que pode ser visto hoje por qualquer criança . Não se pode dizer o mesmo de Elles . Elles tem seqüências de sexo bastante explícitas ( o que me faz botá-lo na tag QuasePornô ) . Mas não chegam a ser sequências apelativas , ao contrário de diversos outros filmes que estão nessa tag . Nisso , Elles é o exato oposto , por exemplo , dos espanhóis Dieta Mediterrânea e Diário Proibido , que são pornôs apenas levemente disfarçados . Malgoska Szumowska mostra tudo com a mais absoluta naturalidade – a mesma naturalidade com que Charlotte e Alicja contam para Anne alguns detalhes de seu trabalho . A corajosa seqüência em que Anne se masturba , por exemplo , me pareceu mais angustiante , dramática , triste , desesperada , do que sensual . Passa a anos-luz da apelação . Um filme que mostra pequeninos detalhes cotidianos , como só uma mulher faria Mas , ao fim e ao cabo , além de expor o absurdo que é o fato de as mulheres na nossa sociedade terem jornada de trabalho dupla , tripla , quádrupla , o filme não teria como moral da história o fato de que é mais fácil , mais bem pago , mais prazeroso ser prostituta do que trabalhadora-dona de casa-esposa-mãe ? Bem , essa coisa de moral da história é complicada . Ao fim e ao cabo , é o espectador que tira suas conclusões . Em entrevistas , tanto a diretora Malgoska Szumowska quanto a co-roteirista Tine Byrckel disseram e repetiram que não pretendiam fazer qualquer julgamento moral – queriam mostrar uma realidade . Tine Byrckel conta que a idéia original de se fazer o filme foi da produtora Marianne Slot . “ A mídia fala regularmente dessas jovens mulheres que se prostituem para conseguir terminar os estudos . Esse fenômeno social a intrigava . O que isso significava para aquelas jovens ? O que isso quer dizer a respeito da sociedade ? A prostituição é o ato máximo de liberação para a mulher , ou um intolerável ato de submissão ? Queríamos apresentar essas questões sem fazer qualquer julgamento , coisa que o cinema permite fazer mais do que qualquer outro meio de comunicação . ” A co-roteirista conta que ela e a produtora Marianne Slot haviam ficado encantadas com o filme anterior de Malgoska Szumowska , 33 Scenes from Life . “ Ela tem uma habilidade única de filmar o universo em todos os seus pequeninos detalhes . ” Isso é a mais absoluta verdade . Mary e eu ficamos impressionadíssimos com a capacidade dessa jovem realizadora polonesa de mostrar os pequenos , ínfimos detalhes de que é feito nosso dia-a-dia . Quando Anne chega do supermercado e vai guardar as compras na geladeira , por exemplo , deixa cair um pedacinho de carne no chão , e tem que reabir a geladeira para guardá-lo . Por várias vezes , a porta da geladeira não fecha ; Anne primeiro tenta forçar a barra , mas depois tem que observar o que é exatamente que não está permitindo que a porta se feche . Ao jogar a roupa dos filhos dentro da máquina de lavar , Anne tem que se livrar de um boneco do homem-aranha , brinquedo do caçula , deixado ali . O boneco cai sobre ela , e Anne tem que mais uma vez jogá-lo para cima da máquina . São exemplos desses pequeninos detalhes , que de fato só uma realizadora mulher poderia mostrar tão bem . Elles é um filme profundamente femino , em cada detalhe . A diretora confessa que ficou chocada com o que ouviu de jovens prostitutas Tine Byrckel conta que ela e Malgoska Szumowska escreveram boa parte do roteiro em Varsóvia , e só mais tarde fizeram o que se costuma chamar de pesquisa de campo . Encomendaram à documentarista Hélène de Crécy uma série de entrevistas com jovens mezzo estudantes , mezzo prostitutas . “ Ela ficou tão fascinada pelas histórias que fez um documentário , Escort , também produzido por Marianne Slot . ” Malgoska Szumowska conta que , antes do início das filmagens , teve alguns encontros com jovens prostitutas . “ Eu sabia , pela leitura dos jornais , que na Polônia muitas estudantes mulheres são forçadas a dormir com os donos dos quartos em que vivem . O relato de uma jovem que era bela e elegante me deixou uma impressão forte . Desde o início da entrevista , ela só falava sobre sexo , o que ela fazia e o que ela gostava de fazer . Para ser franca , fiquei chocada . Chocada com o fato de que uma moça tão bonita e inteligente tivesse prazer de dormir com homens por dinheiro . E não era apenas para obter coisas vitais como casa e comida , mas também por prazer , para ter uma vida mais agradável . Na verdade , é muito diferente do que a maioria das pessoas pensam sobre prostituição . ” Tine Byrckel diz que , ao imaginar a história de Elles , pensou em Mrs . Dalloway , de Virginia Wolf – no livro , como no filme dirigido pela holandesa Marleen Gorris , narra-se o dia na vida de uma mulher que está preparando um jantar , uma recepção para um grupo de amigos à noite . E Malgoska Szumowska diz : “ O que me interessa é a exatidão nas pequenas emoções transmitidas por gestos espontâneos . O que tento mostrar , sobretudo , é a intimidade . ” Ela não apenas tenta . Ela sabe mostrar a intimidade de seus personagens – com uma maestria rara . Cada espectador pode concluir o que bem entender , após ver este filme impressionante , atordoante . Mas uma conclusão é inevitável : eis aí uma realizadora de imenso talento . Quero muito ver o filme ! Geralmente gosto bastante de filmes escritos e / ou dirigidos por mulheres , por causa da sensibilidade que só as mulheres possuem , e dos detalhes que elas mostram , como você bem cita no texto ( que como sempre , me deixou com vontade de assistir ) . Sérgio , Esse filme realmente é muito bom ! A diretora foi muito inteligente ao convidar atrizes que conseguem falar com os olhos , ao utilizar muito a câmera subjetiva e praticamente nenhuma trilha sonora ( A música mais significativa , aliás , é aquela interpretada pela Joanna Kulig ) . Esses elementos contribuem demais para provocar mal-estar no espectador . Afinal , as histórias das três são tenebrosas . 2 Trackbacks [ … ] ( interpretada por Anaïs Demoustier , na foto acima , de O Preço a Pagar , As Neves do Kilimanjaro , Elas , Thérèse Desqueyroux ) parecem um casal feliz . São carinhosos um com o outro , importam-se um com [ … ] Caçada Humana / The Chase De : Arthur Penn , EUA , 1966 Nota : Anotação em 2007 , com complemento em 2008 : Há muitos anos eu não revia o filme . E ele está tão forte agora quanto há 40 anos , quando vi o filme três vezes , entre dezembro de 1966 e março de 1967 . É uma visão arrasadora da sociedade americana , em que quase , mas quase tudo é absolutamente podre , corrupto , sujo . Fez lembrar o que aquele autor inglês Ivor Montagu dizia em seu livro Film World – que Einsestein não poderia mesmo ter filmado nos Estados Unidos , como queria , A Tragédia Americana , porque seria devastador demais . Arthur Penn conseguiu fazer este filme devastador demais – e , por causa disso , só faltou ser crucificado . O filme abre com dois homens correndo , e diversos policiais indo atrás deles . Várias tomadas da fuga dos dois no meio do mato e dos policiais fortemente armados e com seus cães de caça atrás deles vão sendo mostradas ainda durante os letreiros iniciais , a apresentação , na qual o espectador vê os nomes de diversos grandes atores – Marlon Brando , Jane Fonda , Robert Redford , E.G.Marshall , James Fox , Robert Duvall , Marta Hyer , Janice Rule , Miriam Hopkins - , do produtor Sam Spiegel ( de A Ponte do Rio Kwai e Lawrence da Arábia ) , do diretor Arthur Penn , um dos mais importantes do cinema americano , e , como roteirista , a escritora e dramaturga Lillian Hellman , uma das personalidades mais fascinantes do século . É um desfilar de nomes importantes , de grandes talentos , enquanto o espectador vai vendo a caçada humana – o início dela . Logo após o final da apresentação , o espectador vê que os dois presos fazem parar um carro na estrada ; a intenção era amarrar o motorista , deixá-lo ali e fugir com o carro para o México , mas um dois mata o sujeito e foge sozinho , deixando para trás o companheiro , que – isso é mostrado explicitamente – havia ficado indignado com o assassinato . Nos primeiros 15 minutos , Arthur Penn apresenta aos espectadores a galeria dos muitos personagens da história e dos muitos temas que serão tratados no filme . É uma panorâmica da vida de uma pequena cidade do Texas , um microcosmo do país mais rico do mundo . O xerife Calder ( Marlon Brando ) , que mora na própria delegacia , com a bela mulher ( Angie Dickinson ) , recebe por telefone a informação de que Bubber Reeves ( Robert Redford ) fugiu da penitenciária , juntamente com um bandido perigoso . A conversa é ouvida por um cidadão que havia ido fazer uma queixa qualquer na delegacia , e ele se encarrega em seguida de espalhar a notícia para toda a cidade . Veremos , então , nestes 15 primeiros minutos do filme , que : . alguns moradores acusam o xerife Calder de prestar serviços a Val Rogers ( E.G.Marshall ) , o homem mais rico da cidade ; . o filho do milionário Val Rogers , Jake ( James Fox ) , é casado , mas tem um caso com Anna Reeves ( Jane Fonda ) , a mulher de Bubber , o fugitivo ; . Bubber tinha ido parar na cadeia por furto de carros , e era muito amigo de Jake , o filho do milionário ; . praticamente todos na cidade trabalham para o milionário Val Rogers , de uma forma ou de outra . Enquanto vai dando essa panorâmica , Arthur Penn aproveita para mostrar – em duas seqüências intercaladas às outras que apresentam os personagens principais da história – como os bancos esfolam os pequenos fazendeiros , como os muitos empreendimentos do milionário exploram a mão de obra barata e ilegal de imigrantes mexicanos , e como o racismo está profundamente impregnado naquela sociedade . A cena que primeiro apresenta o racismo é ótima . Logo depois que Bubber Reeves é abandonado na estrada pelo colega , passa um carro velhíssimo com uma negra dirigindo , ao lado do filho , um garotinho de uns dez anos ; o garotinho chama a atenção da mãe para o homem que , ao ver o carro se aproximar , foge para dentro do mato – “ ele está com roupa de preso ” , diz , e sugere avisar a polícia . A mãe , com a expressão impassível , ensina a ele : “ Deixe os brancos cuidarem dos problemas dos brancos ” . Tudo isso nos primeiros 15 minutos . É de tirar o fôlego – mas as coisas vão piorar cada vez mais ; haverá traições de vários tipos , demonstrações de racismo , de inveja profunda , de ódio , de intolerância , de violência de todas as formas . O xerife Caldwell terá seu dia do xerife Will Kane , o personagem emblemático de Matar ou Morrer / High Noon , um homem sozinho tentando fazer cumprir as leis numa selva de loucos e covardes . Pior que isso , só Lassie com amnésia A crítica americana foi absolutamente impiedosa , e , em uníssono , arrasou o filme – que , na Europa , não por mero acaso , colecionou elogios . Arthur Penn , como aconteceria anos mais tarde com Woody Allen , sempre foi mais badalado pela crítica européia do que pela de seu próprio país . Pauline Kael , cuja metralhadora giratória dispara contra a direita ( chama , por exemplo , Dirty Harry de fascista , no que aliás tem toda razão ) , mostra que também atira na esquerda . Pela importância do filme , e da própria Pauline Kael , transcrevo a tradução feita por Sérgio Augusto em 1001 Noites no Cinema : “ Marlon Brando fazendo o xerife de uma cidadezinha corrupta e sanguinária do Texas , em uma América mítica das fantasias sadomasoquistas dos liberais . Lillian Hellman escreveu o argumento ( com material de Horton Foote ) , e as raposinhas de fato se soltaram . ” ( Aqui tem que haver um parênteses . Sérgio Augusto não explicou o que isso quer dizer , mas as raposinhas são uma referência a Little Foxes , uma das peças mais famosas de Lillian Hellman . Outra coisa : no original está dito que Lillian Hellman escreveu o screenplay , o roteiro , e não argumento , como Sérgio Augusto traduziu . ) “ Não restam uvas em nossas vinhas nesse fim de mundo de troca de esposas , ódio aos negros e aos seus defensores , onde as pessoas são motivadas por sexo baixo ou dinheiro graúdo , etiquetadas assim que dizem as primeiras falas . Muita gente no mundo inteiro culpa o Texas pelo assassinato de Kennedy – como se o assassinato houvese brotado do inconsciente da população local - , e o filme explora e confirma essa visão histérica , chegando a mostrar uma imitação dos tiros de Jack Ruby em Lee Oswald , com um cortês sulista racista , naturalmente branco , substituindo Ruby , e um herói totalmente inocente ( Robert Redford ) substituindo Oswald . O produtor Sam Spiegel disse que a história trata das “ conseqüências da riqueza ” , e o filme lembra uma Doce Vida caipira . Lillian Hellman manifestou em público seu desagrado com o resultado , e reconheceu-se em geral que o diretor , Arthur Penn ( que tentou atear fogo em tudo com a velha bazuca de Elia Kazan ) , não teve controle sobre a produção . Mas o filme atinge algumas pessoas com muita força , e tem uma considerável reputação , sobretudo na Europa . ” Mas não foi só Pauline Kael . O livro The Films of Jane Fonda , de George Haddad-Garcia , publicado em 1981 , reproduz trechos de críticas de vários jornais e revistas – Life , Time , The New York Times , New York Herald Tribune , New York Daily News – que disputam ferozmente para ver quem malha mais o filme . Um deles disse que o filme é a pior coisa que aconteceu com o cinema desde o ano em que Lassie interpretou um veterano de guerra com amnésia . Teve nego que chegou a dizer que Jane Fonda não servia para trabalhar em drama . Nesse mesmo livro , há uma declaração de Robert Redford , conhecido por suas posições liberais , progressistas , “ de esquerda ” , nas definições americanas . Segundo ele , o problema foi que o filme quis contar histórias demais , em vez de centrar-se na caçada humana e nos quatro personagens principais – o dele mesmo , Bubber Reeves , o fugitivo , a mulher dele , o papel de Jane Fonda , o milionário e o xerife : “ Era uma caçada , mas o filme não foi uma caçada – ele tentou tratar de todos os conceitos liberais dos direitos civis ” . Na sua belíssima autobiografia , Minha Vida Até Agora , Jane Fonda não presta a atenção devida ao filme que fez quando estava com 29 anos – o primeiro dos três que faria ao lado de Robert Redford , que na época estava , aos 30 anos , iniciando a caminhada para o super - estrelato . Ela apenas menciona os grandes nomes envolvidos na produção , e diz : “ Mas que pacote , hein ? No entanto , o que eu estava para descobrir era que nem mesmo o melhor pacote de talentos pode garantir o sucesso . Enquanto o filme foi razoavelmente bem na Europa , foi um fracasso total nos EUA . ” Não fez sucesso nos Estados Unidos porque não faria mesmo , em hipótese alguma , porque é anti-americano demais . É uma imagem cruel demais essa que o filme mostra – ninguém gostaria de ver essa imagem no espelho . 2 Comentários Não sei se existe uma definição melhor do que a tua,Sergio,para dizer porque este filme não fêz sucesso nos EUA . Perfeita . Uma cidade pequena lá nos cafundós do Texas onde existe de tudo;adultérios ( escancarados)espancamentos,racismo(como sempre)e traições . Era irritante como aquela “ gente”achava que o xerife era pau mandado do rei do petróleo . O filme é forte.A surra que aplicaram no xerife foi de uma covardia sem limites . Aquela festa na casa do Edwin(Robert Duvall)que coisa mais ridícula e idiota,um bando de adultos já indo prá fase dos “ coroas ” dando uma de “ jovem guarda ” . A intolerância era tal e tamanha que até aqueles(aí sim)jóvens foram atraz do prisioneiro . Virou um circo dos horrores . Sociedade pôdre,mesquinha,racista,corrupta . O filme,é muito bom.Não,é ótimo,com tôdas as letras . Um abraço , Sergio ! ! 7 Trackbacks [ … ] Lembrei desta frase ao ver , alguns minutos atrás , a notícia da morte de Dennis Hopper , aos 74 anos de idade . Imediatamente me ocorreu que Dennis Hopper foi se encontrar com James Dean e Marlon Brando . [ … ] [ … ] Lembrei desta frase ao ver , alguns minutos atrás , a notícia da morte de Dennis Hopper , aos 74 anos de idade . Imediatamente me ocorreu que Dennis Hopper foi se encontrar com James Dean e Marlon Brando . [ … ] [ … ] de O Milagre de Annie Sullivan / The Miracle Worker , o segundo dos poucos filmes dirigidos por Arthur Penn – pouquíssimos , mas o suficiente para garantir seu lugar entre os mais importantes cineastas [ … ] [ … ] até haver filmes tão pessimistas sobre a sociedade americana quanto Kansas City . Talvez Caçada Humana / The Chase , de Arthur Penn , Nos Tempos do Ragtime / Ragtime , de Milos Forman , Era uma Vez na América , de [ … ] Ecos da Guerra / Regeneration De : Giles MacKinnon , Inglaterra-Canadá , 1997 Nota : Anotação em 1999 : Interessante ter visto este filme apenas dias depois de ver This Happy Breed , do mestre David Lean , de 1944 . São duas obras do mesmo país , falando sobre o mesmo tema , a guerra , mas de forma tão absolutamente diferente . Entende-se e admite-se que Lean tenha feito um filme que elogia a coragem , o brio dos ingleses ; é puro esforço de guerra , era 1944 , havia o nazismo a combater , o nazismo que matava milhões de inocentes e despejava bombas sobre a Inglaterra . Entende-se , admite-se . Este outro filme é panfletaço sobre o horror da guerra e a imbecilidade que é cada ser humano ser obrigado a participar dela . É pesadíssimo , denso , triste , desesperançado . Conta a história de alguns homens que a Primeira Guerra enlouqueceu , e o trabalho de um oficial médico cujo dever é torná-los prontos para voltar para o front . Nesse processo , ele ( uma fantástica interpretação do grande Pryce ) vai percebendo a grande loucura que é o seu próprio trabalho . Um brilho . Herança de Amor / The Only Thrill De : Peter Masterson , EUA , 1997 Nota : Anotação em 2009 : Os protagonistas do filme são Diane Keaton e Sam Shepard , dois bons , belos , inteligentes , simpáticos atores , ele também bom dramaturgo , ela também cineasta interessante – e então resolvi experimentar . Pena : é um filme bem fraquinho . Nunca tinha ouvido falar deste Herança de Amor , título brasileiro que não tem nada a ver com o original The Only Thrill , algo tipo a única emoção , o único tremor . Fiquei sabendo depois que o filme , de 1997 , estava estreando na programação do Telecine . Ao longo do filme , fiquei com a sensação de que é assim uma espécie de cruzamento de A Última Sessão de Cinema com Tudo Bem no Ano que Vem . Mais ou menos isso – só que bem inferior aos dois . De A Última Sessão ele tem o local da ação , uma cidade pequena do interior do Texas da metade do século XX , onde o sexo é o principal assunto , mais as referências ao cinema , a filmes . De Tudo Bem no Ano que Vem , tem a característica de se passar ao longo de um período muito grande de tempo , e a narrativa dar grandes saltos na cronologia . Mas , para quem não viu os dois filmes citados , não está muito objetivo . Tentando objetivar , é assim : é um pequeno drama sobre pessoas bem comuns que simplesmente não conseguem ser felizes no amor ; não conseguem romper barreiras , explicitar o que sentem , entregar-se aos sentimentos , viver juntos – e só vão perceber totalmente que jogaram a vida fora quando não há mais tempo para aproveitar o que poderia ter sido bom . Com mais objetividade , o AllMovie sinteza : “ é um drama sobre amor e como ele pode dar errado ” . A ação começa em 1966 – não guardei o nome da pequena cidade texana , mas isso importa pouco , ou nada . Carol Fitzsimmons ( Diane Keaton ) é viúva – perdeu o marido em um acidente de carro . Para sobreviver , trabalha como costureira , e oferece seus serviços a Reese McHenry ( Sam Shepard ) , dono de uma grande loja de roupas da cidade . Bonitão , rico , comerciante não mal de vida , com um Cadillac conversível , Reese é um sujeito procurado pelas mulheres ; Joleen ( Sharon Lawrence ) , casada com um amigo de Reese , dá em cima dele , e ele a come num motel de vez em quando . Mas não quer compromisso , e comunica a Joleen que não quer mais vê-la . Reese ama a esposa , que está em coma ; com um código de honra rígido , ele não esconde de ninguém que jamais terá um caso firme com outra mulher enquanto a esposa estiver viva . Reese e Carol têm uma transa de um dia – um dia de verão , em que a filha dela , Katharine ( Diane Lane ) , de uns 13 anos , está em um acampamento com o filho dele , Tom ( Robert Patrick ) . Corta para 12 anos depois – 1978 , portanto . Durante todo esse período , Reese e Carol conviveram como bons amigos ; vão ao cinema nas tardes de toda quarta-feira , e depois conversam e bebem em um bar da cidade . Tom e Katharine – que nunca mais tinham se revisto ao longo desses 12 anos – se reencontram , e têm um romance de uma semana . Haverá novos cortes no tempo , até 1996 . Fraquinho , nada marcante Não dá , é claro , para saber se essa história – o roteiro , de Larry Ketron , é baseado numa peça de teatro de autoria dele mesmo , The Trading Post – poderia ter rendido um bom filme , nas mãos de um diretor mais talentoso . Em princípio , acho que não . É uma historinha chinfrim mesmo . O filme é dirigido por Peter Masterson , que é também escritor e ator , mas que não chega a ser um grande cineasta ; seu filme mais famoso é Regresso para Bountiful , de 1985 . Não que seja propriamente um filme ruim . Não é – é apenas fraco . Fraquinho . Nada marcante . Nem mesmo os atores principais estão muito bem – não estão ruins , mas não chegam a brilhar . E , cacilda , Diane Keaton e Sam Shepard sabem brilhar . ( Por coincidência , ou não , os dois haviam trabalhado juntos em um filme bem gostoso , simpático , anti-yuppie , anti-carreirismo , pró-valores corretos , solidariedade , amizade , Presente de Grego / Baby Boom , feito dez anos antes de Herança de Amor , em 1987 . ) Até mesmo as referências a cinema , a filmes , que estão bastante presentes na história , parecem ralas , meio bobinhas , meio forçadas , meio para encher lingüiça . Carol é uma apaixonada por filmes – Reese , antes de conhecê-la , não dava a menor bola para cinema . Passam a freqüentar a matinê das quartas-feiras , vêem os filmes de cada uma das épocas – em 1978 , o segundo período de tempo dos vários focalizados na história , o cinema da cidadezinha está às traças . Reese diz a Carol que as lojas já estão recebendo um aparelho que exibe os filmes dentro das casas das pessoas , na TV , uma novidade chamada videocassete . Carol diz que aquilo é um absurdo , filme é para se ver no cinema , na tela grande , as luzes se apagando , pipoca na mão . Dá a sensação de que querem com isso tentar algo da mágica de A Última Sessão de Cinema . Assim como seus personagens não conseguem sequer tentar ser felizes , o filme não consegue deixar de ser só fraquinho . Ah , sim , tem um pequeno detalhe que quero registrar . Regina Lemos seguramente faria um texto brilhante sobre isso ; faço apenas um pequeno registro . É fascinante ver como Carol Fitzsimmons , texana viúva classe média de cidade pequena , se veste exatamente , exatíssimamente igual a Annie Hall do filme do mesmo nome , de 1977 ; a Mary de Manhattan , de 1979 . Fantástico : ela se veste como os personagens nova-iorquinos – intelectuais , modernos , charmosos , uptodate – de Diane Keaton . Ela se veste , enfim , como a nova-iorquina Diane Keaton , e não como Carol , a texana do interior . É um delicioso caso de a verossimilhança ser jogada fora para que a atriz seja ela própria , para que sua personalidade seja preservada . Para gostar deste filme , é preciso ter amado pelo menos uma vez na vida . É preciso assitír com o coração . Se deixar a mente intrometer e ficar fazendo julgamentos , assim como na vida , não haverá graça . É um filme inesquecível que serve para nos alertar , para nos acordar para a vida e para o amor , porque o tempo passa sim meu amigo , e como passa . 2 Trackbacks [ … ] Anotação em 2011 : Annie Hall , de 1977 , foi a primeira obra-prima de Woody Allen . Genial , brilhante , o filme solta faíscas de talento a cada minuto . Até a Academia se rendeu , e premiou o filme com quatro Oscars , nas categorias mais importantes : melhor filme , melhor direção , melhor roteiro original , melhor atriz para Diane Keaton . [ … ] Mildred Pierce De : Todd Haynes , EUA , 2011 Nota : Mildred Pierce versão 2011 é um deslumbre . A versão original , feita 66 anos antes , em 1945 , é um grande clássico . Tem no papel título uma das maiores estrelas do cinema , Joan Crawford ; o diretor é Michael Curtiz , o autor de Casablanca , entre muitos outros belos filmes . Mildred Pierce original ( no Brasil , Alma em Suplício ) teve seis indicações ao Oscar : melhor filme , melhor roteiro , melhor fotografia , melhor atriz para Joan Crawford , melhor atriz coadjuvante para Eve Arden e Ann Blyth . Só Joan Crawford ganhou o prêmio , mas o filme é sem dúvida um dos melhores melodramas já feitos pelo cinema americano . O filme de Michael Curtiz , no entanto , não é fiel ao romance Mildred Pierce , que havia sido publicado em 1941 . Grandes , importantes modificações foram feitas na trama . Já a refilmagem de 2011 é , por tudo o que se diz ( eu mesmo não li o livro ) , extremamente fiel à história original . Segundo a Wikipedia , diversos dos diálogos do romance foram fielmente transcritos , palavra por palavra . É uma minissérie de cinco capítulos com cerca de uma hora cada um , co-produzida pela HBO e pela Metro-Goldwyn-Mayer . E que produção . Teve um orçamento de US$ 20 milhões , bastante confortável para um filme feito para a TV . É uma produção suntuosa , superlativa . A reconstituição de época – a história se passa em Los Angeles e arredores , entre 1931 e 1937 – é uma daquelas obras de artesanato perfeitas , que enchem os olhos do espectador . São nomes para se guardar , os da equipe técnica : Edward Lachman , diretor de fotografia ; Mark Friedberg , desenho de produção ; Peter Rogness , direção de arte , e Ann Roth , figurinos . Não foram econômicos – muito ao contrário . Fizeram questão de gastar muito , de esnobar : há longos travellings pelas ruas de uma Los Angeles reconstruída meticulosamente ; vêem-se dezenas e dezenas de carros dos anos 1930 passando pelas ruas ; há dezenas e dezenas de cenários de interiores de casas , lojas , restaurantes , tudo cheio de pequeninos detalhes . O número de extras que passa pelas ruas é impressionante . O IMDb informa , por exemplo , que Kate Winslet usa 66 diferentes roupas ao longo da série . O que não deixa de ser um tanto irônico , já que a história se passa na Grande Depressão , o período mais negro da história dos Estados Unidos , com milhões de desempregados e famintos , e a minissérie foi feita em 2010 , quando o país ( assim como o resto do mundo ) ainda não havia se recuperado da grande crise econômica iniciada em 2008 , a segunda maior da história econômica americana . “ Como Joan Crawford teria odiado Kate Winslet ” , escreveu Stephen King Mildred Pierce teve 11 prêmios , fora outras 31 indicações . Para o Globo de Ouro , teve indicação de melhor obra na categoria de minissérie e / ou filme feito para a TV , melhor ator coadjuvante para Guy Pearce , melhor atriz coadjuvante para Evan Rachel Wood e melhor atriz para Kate Winslet . Kate levou o prêmio . Só por Kate Winslet já valeria a pena ver Mildred Pierce 2011 . Claro , a série tem diversas qualidades . Além do apuro técnico , do deslumbre visual , mas há muito mais . A trama é excelente , forte ; trata de vários temas importantes , de forma corajosa . A direção , de Todd Haynes , esse jovem diretor de imenso talento , é impecável . Todo o elenco está muito bom . Mas Kate Winslet é um show à parte . Bem , Kate Winslet é mesmo um show , em qualquer filme de que participa . Eu ousaria dizer que Kate Winslet é hoje a atriz mais completa , mais versátil , mais talentosa do cinema de língua inglesa depois de Meryl Streep . Exagero ? Pode ser . Mas a moça , nascida em Reading , perto de Londres , em 1975 ( estava portanto com 36 anos em 2011 ) , já ganhou 48 prêmios e teve outras 69 indicações , numa carreira de 40 títulos . Teve seis indicações ao Oscar – ganhou um , por O Leitor , de 2009 . Seis indicações ao Bafta – ganhou dois , como coadjuvante em Razão e Sensibilidade , de 1996 , e como atriz principal por O Leitor . Não seria fácil para nenhuma atriz interpretar o papel que foi feito por Joan Crawford no auge de sua força na tela . Não deve ter sido fácil nem mesmo para Kate – mas ela se sai maravilhosamente bem na prova de fogo . O escritor Stephen King , autor de tantos livros adaptados para o cinema , escreveu sobre a minissérie ; reclamou que é longa demais , mas fez os maiores elogios a Kate Winslet , e terminou dizendo : “ Como Joan Crawford a teria odiado ! ” Poucos personagens do cinema sofrem tanto quanto Mildred Pierce A ação de Mildred Pierce se estende , como já foi dito , por vários anos . Começa em 1931 , período que ocupa os três primeiros dos cinco capítulos da minissérie ; no quarto capítulo , há um salto no tempo para 1937 . A personagem título participa praticamente de todos os fatos mostrados ao longo dos 341 minutos de duração . Tudo gira em torno de Mildred Pierce – portanto , Kate Winslet está em cena praticamente ao longo de todas essas 5 horas e 41 minutos . É um tour de force . Mas , com Kate Winslet , isso não é problema . Poucos personagens do cinema sofrem tanto quanto Mildred Pierce . A vida dela é uma série interminável de duríssimas batalhas , provações , privações . Mildred é uma mulher forte , obstinada , trabalhadora , organizada , centrada . Dá a volta por cima como o narrador do samba de Paulo Vanzolini – mas , assim que acaba de dar uma volta por cima , é abatida por um novo golpe . E aí , de novo , ela “ reconhece a queda e não desanima , levanta , sacode a poeira e dá a volta por cima ” . Para ser nocauteada novamente pelo destino , pela vida , por algumas das pessoas que a cercam . Bem no início da narrativa , Mildred incentiva o marido , Bert Pierce ( Brían F . O’Byrne , excelente , na foto abaixo ) , a cascar fora de casa . Está cansada de saber que Bert tem uma amante , uma tal Maggie Biederhof . Nas primeiras tomadas , Mildred está na cozinha , preparando tortas e bolos que vende para pessoas da vizinhança , em Glendale , norte de Los Angeles . Bert está cuidando do jardim . Moram numa casa confortável , algo como classe média média da Califórnia , o que para nós mais pareceria classe média para alta . Quando ele entra na cozinha para tomar um refresco e dizer que vai sair , Mildred puxa a discussão . Como em tantas discussões , o tom vai subindo – e bem rapidamente chega-se ao ponto em que Mildred diz que , se ele sair e for se encontrar com a tal Biederhof , então que faça a mala e saia de casa de uma vez . A minissérie de quase 6 horas de duração está nos seus primeiros 7 minutos quando Bert Pierce pega uma malinha , entra no seu carro e vai embora . Mildred está sozinha na vida para cuidar das duas filhas , Veda ( Morgan Turner ) , de uns 12 anos , e Ray ( Quinn McColgan ) , de uns 7 ou 8 . Corta . Mildred ainda está trabalhando na cozinha quando entra Lucy ( o papel da sempre ótima Melissa Leo ) , a melhor amiga dela . Mildred conta que Bert acaba de ir embora . Lucy pergunta : – “ Então , o que você vai fazer ? ” Mildred não responde . Não sabe o que responder . Apenas faz um meneio com a cabeça . E Lucy diz : – “ Você acaba de entrar para o maior Exército da Terra . Você é a grande instituição americana que nunca é mencionada no 4 de Julho . ” ( Seria necessário lembrar que o 4 de Julho é o 7 de Setembro deles , o dia da Independência ? ) Mildred sai à cata de um emprego , qualquer que seja . São tomadas belas – e tristíssimas Todd Haynes e seu co-roteirista , Jon Raymond , fazem questão de não explicitar qual era o passado daquele casamento que se desfaz bem no iniciozinho da história . Não há flashback algum , em toda a narrativa , que segue rigorosamente a ordem cronológica . Enquanto o marido traidor e a mulher trabalhadora discutem , a câmara passeia um pouco pela casa da família . Vemos um quadro com o desenho de um empreendimento imobiliário chamado Pierce Homes , depois uma foto daquele loteamento . Assim , aqui e ali vão sendo dadas ao espectador algumas pinceladas de informações . Dá para deduzir que a família de Bert tinha algum dinheiro , alguns imóveis ; que Bert havia criado aquele loteamento , e tinha juntado algumas economias . Mas isso foi no passado , antes de a ação começar e o país mergulhar na depressão a partir do crack da Bolsa de Nova York em 1929 . Naquele início de história , em 1931 , Bert – como muitos milhões de americanos naqueles anos da Grande Depressão – estava desempregado . Provavelmente ainda tinha algum dinheiro poupado , mas Mildred tinha que se virar cozinhando para fora para conseguir enfrentar as despesas diárias , comprar as roupas das duas garotas . Nas primeiras semanas após Bert sair de casa , ele não dá pensão alguma para Mildred . E ela , até então apenas uma dona de casa sem qualquer preparo para um trabalho fora , se vê na necessidade de procurar um emprego – qualquer um que seja . As sequências , neste primeiro capítulo , de Mildred à procura de um emprego são de uma magnífica beleza – e de uma tristeza profunda . Lá pelas tantas , a câmara do diretor de fotografia Edward Lachman mostra um close-up dos pés de Mildred . Ela tira por um momento o sapato do lugar , e a câmara mostra que há sangue no ponto em a parte de trás do sapato encosta no iniciozinho da perna . É para comover mesmo o espectador – e comove . Um melodrama sobre família criado por um escritor notável por suas tramas policiais É fascinante ver que essa história comovente , esse grande melodrama que mostra as durezas enfrentadas por uma mulher de fibra na luta pela sobrevivência , tenha sido escrito por um homem , e não por uma mulher . Não seria de se estranhar se a autora de Mildred Pierce , o romance que deu origem ao grande clássico de 1945 e a esta minissérie de 2011 , fosse assinado por uma Fannie Hurst , que teve vários de seus livros transformados em filmes – Imitação da Vida , feito em 1934 com Claudette Colbert e refeito em 1959 com Lana Turner no papel central , Acordes do Coração , de 1946 , com Joan Crawford no papel central , Esquina do Pecado , de 1932 , com Irene Dunne como protagonista e refeito em 1961 com Susan Hayward . São , todos esses filmes citados aí , melodramas cuja figura central é sempre uma mulher batalhadora lutando numa sociedade machista . “ A grande instituição americana que nunca é mencionada no 4 de Julho ” , como diz , com uma ironia cruel , a personagem de Melissa Leo . Pois não só o autor é homem como é um escritor que ficou famoso por suas históriais policiais . Mildred Pierce é uma criação de James M . Cain . Eu não me lembrava disso , e fiquei espantadíssimo ao ler seu nome dos créditos iniciais no primeiro capítulo da série . James Mallahan Cain ( 1892–1977 ) foi , diz a Wikipedia , “ um escritor e jornalista americano . Embora ele próprio se opusesse com veemência a ser rotulado , ele é em geral associado à escola de ficção americana sobre crimes com os detetives hardboiled , e é visto como um dos criadores do romance noir . Diversos de suas novelas policiais inspiraram filmes de imenso sucesso . ” Diferentemente de muitos de seus personagens – gente classe média média , ou média baixa , de pouca instrução – , Cain nasceu em uma família razoavelmente abastada de Maryland e teve ótima educação . O pai era professor respeitado e a mãe , cantora de ópera , e o jovem James chegou a pensar numa carreira como cantor . ( O tema ópera está bem presente nos dois capítulos finais de Mildred Pierce . ) Formou-se no Washington College , do qual seu pai foi diretor , e começou a carreira de jornalista em Baltimore . Seu primeiro romance foi The Postman Always Rings Twice , lançado em 1934 . Antes mesmo que Tay Garrett fizesse O Destino Bate à Sua Porta , um então jovem diretor italiano filmou a história , sem dar o crédito ao autor ; Obsessão / Ossessione , de 1942 , foi o primeiro filme de Luchino Visconti . A mesma história trágica seria filmada novamente nos anos 1980 por Bob Rafelson , com Jessica Lange e Jack Nicholson nos papéis que no filme de 1946 foram de Lana Turner e John Garfield . O mundo gira e a Lusitana roda , e então , no filme de 1981 , Jack Nicholson come Jessica Lange em cima da mesa da cozinha do bar à beira da estrada . No tempo de Lana Turner , a sensualidade era apenas insinuada . Bastante insinuada , é verdade , mas sem qualquer explicitude . Fã dos velhos melodramas , Todd Haynes era o nome ideal para refazer Mildred Pierce A primeira versão de Mildred Pierce , vi muitos anos atrás , e não me lembro como são as insinuações de sensualidade . Na minissérie de agora , há várias seqüências bem claras de sexo , quase quasepornôs . Naquela época não podia , agora fode , perdão , pode . O diretor Todd Haynes é um apaixonado pelos melodramas dos anos 1940 , 1950 . Em 2002 , quando estava com 41 anos ( nasceu em 1961 em Los Angeles , a cidade em que se passa a trama de Mildred Pierce ) , fez um filme extraordinário , Longe do Paraíso / Far From Heaven , com Julianne Moore , Dennis Quaid e Dennis Haysbert . Longe do Paraíso é uma bem feitíssima homenagem ao maior diretor de melodramas do cinema americano , o alemão de nascimento Douglas Sirk – não por coincidência o autor do citado acima Imitação da Vida . Longe do Paraíso é uma espécie de adaptação de uma das histórias filmadas por Douglas Sirk , Tudo o que o Céu Permite / All That Heaven Allows , de 1955 . A ação dos dois filmes se passa nos anos 50 . Assim como a personagem de Jane Wyman no filme dos anos 50 , a personagem de Julianne Moore é uma mulher de classe média alta , que vive uma vida confortável num belo subúrbio americano . Assim como no anterior , a mulher vai sentir atração por um homem mais pobre que ela , um jardineiro . Assim como no anterior , os conflitos familiares vão explodir durante uma festa . Muitos dos temas de Longe do Paraíso estão em Mildred Pierce . Nos dois , o personagem central , o foco da história , é uma mulher . Nos dois , a protagonista tem que enfrentar os preconceitos de uma sociedade hipócrita . Mildred Pierce , no entanto , mais do que Longe do Paraíso , vai fundo na questão dos preconceitos sociais – o desprezo que os mais ricos têm pelos menos afortunados , mesmo quando estes conseguem , através de trabalho duro , suado , amealhar suas próprias fortunas . Pior ainda : a própria Mildred tem seus preconceitos sociais . Aferrada à sua condição de classe média , resiste o quanto pode à idéia de trabalhar em posições consideradas inferiores . E sua filha Veda é o preconceito social ambulante , o classismo escarrado , nojento , abjeto . Todd Haynes é bom de melodrama , de dramas com boas observações sociais , mas não é cineasta de um gênero só . Em 2007 , por exemplo , fez Não Estou Lá/I’m Not There , um filme belíssimo ( mas complexo , difícil como o personagem retratado ) sobre “ as várias vidas de Bob Dylan ” . Mas o fato é que ele conhece tudo sobre melodrama . Era o nome mais certo para fazer uma refilmagem de Mildred Pierce . Já considerava esta anotação pronta quando dei com um artigo de Artur Xexéo publicado em O Globo em 27 de abril de 2011 , mais de dois anos atrás . O texto de Xexéo é ótimo , como sempre , e traz uma informação bem importante que não estava na minha anotação . Então vou transcrever partes do artigo dele : “ Pode um romance , escrito 70 anos atrás , retratando modos e costumes de sua época , fazer algum sentido em 2011 ? Mildred Pierce , a minissérie que a HBO está exibindo e cujo último capítulo vai ao ar no próximo domingo ( 1º de maio de 2011 ! ) , está provando que sim . ( … ) O livro de James M . Cain , escrito em 1941 , virou um film noir clássico em 1945 , inspirou uma telenovela brasileira em 1988 e agora é uma minissérie de TV que , neste 2011 , destaca-se na dramaturgia fílmica americana deixando para trás qualquer filme de cinema que aquele país tenha produzido este ano . ( … ) “ Quem tiver a chance de ver o filme , disponível em DVD ( no Brasil , a versão em disco foi rebatizada de Alma em Suplício ) e figurinha carimbada na programação de canais especializados em títulos de outrora , certamente verá semelhanças entre ele e a novela Vale tudo , de Gilberto Braga e Aguinaldo Silva . Os autores nunca esconderam a fonte de inspiração . No filme e na novela , a crise econômica — década de 40 nos Estados Unidos , anos 80 no Brasil — envolve toda a ação . O negócio da protagonista ( Mildred no cinema , Raquel na novela ) é comida . O ex-marido de Mildred e o ex-marido de Raquel são desempregados e gente boa . ” O texto já está bem grande , e , se algum heróico leitor tiver conseguido chegar até aqui , poderia perfeitamente deixar o texto de lado agora . O que vem a seguir é uma observação extremamente pessoal – e depois algo que pode ser um spoiler . Dei de presente o DVD da minissérie para minha filha , alguns meses atrás . Era um bom presente , já que todas as referências à série eram extremamente positivas , mas era também interesseiro , porque eu poderia aproveitar e ver os DVDs dela . Outro dia fucei os DVDs de Fernanda e peguei uma dúzia de filmes emprestados . Perguntei se já tinha visto Mildred Pierce , e ela disse que não , mas que eu poderia pegar numa boa porque ela não teria tempo mesmo de ver , dedicada que está a cuidar de Marina . Quando terminamos de ver a série , Mary comentou que foi ótimo que Fernanda não tenha tido tempo de ver Mildred Pierce . Não é , de forma alguma , uma obra que deva ser vista por mulheres que deram à luz há pouco tempo . É a mais pura verdade . Mildred Pierce é uma das mais cruéis histórias de relação mãe e filha que já foram filmadas . Os conflitos entre a mãe ( interpretada por Ingrid Bergman ) e a filha ( vivida por Liv Ullmann ) de Sonata de Outono de Ingmar Bergman são fichinha perto do que a pobre Mildred Pierce vive com Veda , a filha primogênita ( interpretada por Morgan Turner nos três primeiros capítulos e por Evan Rachel Wood , na foto , nos dois últimos ) . Veda é uma das criaturas mais abomináveis que já passaram por uma tela . A rigor , os confrontos entre Mildred e Veda são uma das bases de toda a trama , são um dos temas básicos da obra . Eu não quis salientar isso mais no começo desta anotação porque os confrontos vão num crescendo , e só explodem mais abertamente a partir do quarto capítulo , e então antecipar isso pode de fato ser um spoiler . Acho – acho , não ; tenho a certeza de que não vou devolver Mildred Pierce para minha filha . Jovens mães felizes não têm por que ver tanta tristeza . 2 Comentários Bom dia , Sérgio ! Comprei o filme de 1945 se não me engano por alguma dica sua aqui no site . O filme é genial e vou atrás dessa mini-série também . Apenas um comentário , sobre as cenas mais “ explícitas ” . No filme de 1945 realmente não havia nada comparado ao que se vê hoje , talvez se veja mais do que seja necessário ( e olhe que não sou moralista ) . Mas no filme de 1945 há uma cena ( se não puder publicá-las no site , sendo spoiler , eu entendo)na qual Mildred surprende Veda beijando seu marido ( de Mildred ) , pelo que me lembro , que beijo!Esse ficou mais marcado em mim que qualuqre outra cena explícta ou não que vi no cinema ! Ótima minissérie , mas assim como o Stephen King eu também achei longa ; o quarto episódio foi quase desnecessário , com apenas um acontecimento importante . O quinto também foi meio arrastado até culminar com o flagra ( pelo qual “ esperei ” desde o começo , porque era óbvio que ia acontecer alguma coisa entre aqueles dois ) . Kate Winslet está muito bonita , não me lembro de tê-la visto tão magra antes . Acredito que ela não tenha emagrecido tanto , até porque não era gorda , mas ainda assim fez uma baita diferença no rosto dela . Só nos dois últimos episódios é que ela ficou meio estranha no papel , era jovem demais pra ter uma filha naquela idade . Guy Pearce conseguiu ser o canastrão de sempre ( me espanta saber que ele recebeu indicação de melhor ator coadjuvante ! ) , mas todos os outros atores muito bons ( não gostei da atriz que faz a filha já adulta . E por que ninguém deu uma daquelas tortas pra ela comer todos os dias , durante as filmagens ? Parecia uma caveirinha ambulante ) . Eu não sabia que os personagens Raquel e Maria de Fátima tinham sido inspirados no romance que originou o filme . Quando a novela passou pela primeira vez eu era pré-adolescente , via apenas uns pedaços , não seguia , mas lembro de ficar chocada com o desprezo e o ódio gratuito que a Maria de Fátima tinha pela mãe , e não sentia a menor vergonha em demonstrar , assim como a víbora Veda . Essa relação de crueldade na minissérie é tão grande que às vezes eu terminava de ver um episódio e ficava pra baixo por um tempo ( concordo que jovens mães felizes não têm por que assisti-la ) . As cenas de sexo são bem claras mesmo , algumas bastante sensuais , outras vexatórias ( como a primeira noite da Mildred com o Wally . Meu Deus , o que foi aquilo ? Cara tosco e desajeitado ) , mas não acho que chegaram ao ponto do quase pornô ( tanto que você citou isso , mas não etiquetou o filme ) . Ainda estávamos longe da revolução sexual , mas a Mildred levava uma vida sexual agitada . Isso ficou meio fora de contexto , até porque ela era conservadora , e as pessoas certamente falariam mal ( até hoje falam ! ) , mas a minissérie mostra o fato como algo natural para a época . Voltando à relação mãe-filha : acredito que a Mildred era culpada também pelo relacionamento doentio . Apesar de tudo de ruim que a Veda fazia , ela continuava como um capacho dela , era praticamente uma empregada submissa da megera . Acho que esse tipo de relação é uma simbiose , que deve gerar prazer e culpa . E o pior é que realmente existem relações assim , eu conheço algumas . A Mildred também tinha um pouco da Veda , aquele orgulho de se achar superior , aquela obsessão em querer que a filha fosse uma pianista famosa a todo custo não era normal . Doença , amor tirano , sei lá . Freud certamente explicaria sem precisar acender o charuto . [ … ] indicado a seis Oscars , vencedor de melhor atriz para sua estrela , e , agora em 2011 , uma aclamada minissérie de TV da HBO dirigida por Todd Haynes com a fantástica Kate Winslet no papel título . Assim como Joan Crawford , Kate Winslet seria [ … ] [ … ] Tudo ia muito bem com a comercialização de uísque clandestino na região – o xerife era um freguês de carteirinha do produto dos irmãos – até que chega ali um assistente do promotor mau como o diabo , chamado Charlie Rakes ( interpretado , histrionicamente , exageradamente , caricaturalmente , pelo australiano Guy Pearce ) . [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Seis Graus de Separação / Six Degrees of Separation De : Fred Schepisi , EUA , 1993 Nota : Não é um daqueles filmes de que é fácil gostar , este Seis Graus de Separação , que o australiano Fred Schepisi fez nos Estados Unidos em 1993 . Baseia-se em uma peça de teatro nova-iorquina , sobre gente muito rica do lugar mais rico de Manhattan , o umbigo do capitalismo . Parece uma inside joke , uma piada interna , uma piada contada na festa da firma , que só o pessoal da firma entende . Seis Graus de Separação , me pareceu , é muito inside joke nova-iorquina para nova-iorquinos . E é um filme todo feito de ironia , uma ironia corrosiva , cortante , venenosa . Se fosse líquido , e jogassem um pouco dela no passeio da Quinta , ou da Madison , ou da Lexington , faria um furo fenomenal no cimento . Não é fácil gostar de um filme que mostra seus personagens como imbecis , babacas , emproados , cegados pela sua riqueza , pela empáfia de saber que são os happy few , os muito muito bem de vida no umbigo do mundo , do capitalismo . Mary , por exemplo , não gostou nada . Uma obra que tem profundo desprezo por seus personagens Lembro de ter lido uma vez uma crítica de alguém – se não me engano um americano – a um dos filmes em que Woody Allen batia feio na classe média alta de Manhattan , acho que na sua fase especialmente amarga de final dos 80 , início dos 90 , antes que ele conseguisse ficar livre de Mia Farrow e voltasse a fazer comédias escrachadas , alegres . A crítica dizia uma coisa do tipo : mas se ele odeia tanto aquelas pessoas , aquele meio , se sente tanto desprezo por aquela gente , por que insiste em fazer filmes sobre ela ? Acho que Woody Allen pode fazer o que ele bem entender . Mas o fato é que , alguns anos após ter voltado a fazer filmes de fato engraçados , ele deixou de lado a classe média alta de Manhattan , e foi falar de outras pessoas e outros lugares . Se não estou completamente enganado , John Guare , o autor da peça teatral Seis Degraus de Separação e também do roteiro do filme dirigido por Fred Schepisi tinha tanto desprezo por seus personagens quanto Woody Allen naquela sua fase especialmente amarga . A esta altura , é bom ir aos alfarrábios para ver se não estou falando asneira . Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4 : “ Elegante , alargada adaptação do sucesso dos palcos de John Guare sobre um bem apessoado vigarista ( interpretado por um Will Smith jovenzinho demais ) que convence ricos e crédulos nova-iorquinos de que é filho de Sidney Poitier . Com ótimas atuações , o filme flui bem nos primeiros dois atos , antes que a sátira dê lugar a tragédia de apertar o peito . A principal virtude são as tomadas em widescreen com que Schepisi filma Nova York , tanto em ambientes fechados quando ao ar livre . ( … ) Baseado em um incidente real . Muitas figuras da sociedade de Nova York aparecem em participações especiais . ” Meus comentários sobre o comentário de Maltin : bem , não há propriamente tragédia de apertar o peito . As tomadas em tela larga são de fato maravilhosas – e é bom lembrar que a direção de arte é da maga Patrizia von Brandenstein , aquela senhora que , como o Rei Midas , transforma tudo o que toca em ouro . E aí tem o detalhe de que quase todas as paredes do apartamento milionário do casal de protogonistas , Flan e Ouise Kittredge ( interpretados por Donald Sutherland e a sempre maravilhosa Stockard Channing ) , negociantes de obras de arte … estão cobertas por veludo vermelho ! Veludo vermelho ! As paredes do apartamento milionário debruçado sobre o Central Park , um dos endereços mais caros do mundo , ocupado por um casal que se tem em conta como rico , fino e chique , são vermelhas ! Patrizia von Brandenstein não faria isso à toa : as paredes vermelhas mostram que os Kittredge têm a mesma fineza elegante da Graceland , a mansão de Elvis Presley , uma das coisas mais kitsch , cafona , boko-moko , mais ridiculamente novo-riquismo que há no planeta . Agora , a informação de que a história se baseia em um incidente real – ainda que o incidente real tenha sido bastante retocado , floreado – é sensacional . E que muitas figuras da sociedade de Nova York aparecem em partipações especiais , então , é fantástico , é fabuloso . Pois se o filme goza aquele povo até mesmo por sua tonta , ridícula vontade de participar como figurantes de uma improvável versão cinematográfica do musical Cats ! Isso é que é vestir a carapuça sem compreender coisa alguma sobre a carapuça que se está vestindo . “ Six Degrees of Separation , adaptado por John Guare de sua própria peça de sucesso , é um estudo fascinante da culpa entre os ricos ociosos e a forma com que um vigarista talentoso consegue manipular a vulnerabilidade liberal deles para seus próprios fins . É uma história com ritmo inteligente , estruturada de maneira única , contada a maior parte como aperitivos em festas . ( … ) Will Smith , na época mais conhecido por suas aventuras em The Fresh Prince of Bel-Air ( no Brasil Um Maluco no Pedaço ) é uma revelação no papel difícil de que a maioria das pessoas não o acharia capaz . ” Mais adiante , ele diz que Stockard Channing – indicada para o Oscar de melhor atriz por sua atuação – “ também está brilhante como a socialite que foi rejeitada pelos próprios filhos , e então procura um filho adotivo no personagem Paul , interpretado por Smith ” . O retrato que o filme faz dos jovens , dos filhos do casal central e de seus amigos , é extremamente carregado nas tintas . É o exagero do exagero do exagero . Estudam todos em Harvard – mas são tão idiotas , tão imbecis , tão tronchos , que não passariam no vestibular sequer da Universidade Municipal de São José do Pito Acesso , se houvesse essa cidade cujo nome foi inventado pelo meu irmão Arnaldo . Se os ricos pais já são uns pamonhas , os ricos filhos , então , são perfeitos débeis mentais . Tanto , mas tanto , mas tanto , que , nesse detalhe , o filme deixou Mary enfurecida – coisa rara . “ Se eu fosse de Harvard , processava os autores ” , disse ela , furiosa . No All Movie , Derek Armstrong concorda com Mary : “ O tom cômico leve de Fred Schepisi às vezes passeia perto de extremos , particularmente na rebelião dos jovens , histérica e injustificada , contra seus pais ” . Acho necessário registrar que seis graus de separação é aquela teoria que , como diz a Wikipédia , originou-se a partir de um estudo científico segundo o qual , no mundo inteiro , são necessários no máximo seis laços de amizade e / ou outro qualquer para que duas pessoas estejam ligadas . Um exemplo : Fernanda Montenegro tem dois graus de separação de Kevin Bacon : ela atuou em O Amor nos Tempos do Cólera com Benjamin Bratt , que atuou com Kevin Bacon em O Lenhador . Entre Fernanda Montenegro e Carmem Miranda , a distância é de 2 porque a grande dama brasileira atuou em Mãos Sangrentas com Heloisa Helena , que por sua vez atuou em Alô , Alô , Carnaval com a cantora e atriz . Euzinho , para dizer bem a verdade , jamais consegui entender direito essa teoria . Talvez porque eu seja tão burro quanto os filhos dos ricos mostrados em Seis Graus de Separação . É um filme corajoso , insolente , provocativo Talvez eu tenha exagerado na coisa de dizer que é um filme que fala muito especificamente de uma situação local , muito inside joke . Mas não creio ter exagerado na coisa de que é uma sátira violenta demais contra aquela upper crust nova-iorquina . Os fundamentalistas do politicamente correto certamente não terão aprovado o filme . Retratar o vigarista como sendo negro … Ó audácia , ó brancos racistas filhos da mãe ! Como assim , num filme que só tem brancos , botar o único negro como vigarista ? Todo fundamentalismo é idiota . O personagem interpretado por Will Smith ( com brilhantismo , aliás ) é vigarista , de fato . Mas é também o personagem mais inteligente de toda a história . É inteligente , bem dotado , bonito , sedutor , estupidamente habilidoso . Ao contrário da cara-metade , achei este Seis Graus de Separação – do qual jamais tinha ouvido falar antes – inteligente , engraçado . Ele pisa fundo na ironia , faz um retrato pavoroso dos ricos nova-iorquinos . Não é , de fato , um filme fácil de ser gostado . Mas é corajoso , insolente , provocativo , corrosivo . Por falar de um tipo específico de sociedade , por exagerar na ironia , por ser virulento demais contra as pessoas apegadas à exibição de riqueza , pode espantar muita gente . Mas , na minha opinião , até mesmo exatamente por isso , é um bom filme . 5 Comentários Vi esse filme na TV paga há cerca de 18 anos . Achei a história interessante mas todas as pessoas desagradáveis . Não tenho vontade de rever . Gostei de Donald Sutherland.O episódio retratado foi real , com um rapaz que se apresentou como filho de Sidney Poitier e deu golpes em vários ricaços(as ) que se pretendiam liberais . Acabou preso . Um abraço do Mário Questionado sobre a descoberta das pílulas perto do corpo , o porta-voz policial limitou-se a dizer que “ a investigação segue em andamento ” . O ator , que ficou famoso em 2000 com o filme “ O Patriota ” , dirigido e protagonizado por Mel Gibson , tinha contratado uma massagista esta tarde . Quando ela chegou à sua casa , a empregada encontrou o ator inconsciente em seu quarto , indicaram os veículos de comunicação . Nosso amigo Paulo Francis gostava , ou gostou , muito desse . E você consegue entender a teoria sim . Diz uma ruivinha linda de morrer aí . Julia Petit . Que tal ? Está ao alcance do débil mental aqui , que sou ? Nunquinha . Mas quem trabalha com ela no site Petiscos ? Paula Roschel . Quem ? Paula Roschel , com quem eu já dividi casa em Londres . Somos amigos ? Deus me livre e guarde ! Mas que eu conheço a figura , eu conheço … Sim … o filme é baseado em uma história real , e o nome do personagem de Will Smith é David Hampton , e a história se passa nos anos 80 . Realmente é difícil de gostar deste filme , mas de fato ele tem seu valor . [ … ] e para isso conta com a ajuda de um amigo de longa data , Billy Whistler ( o papel de um Donald Sutherland de cabelos compridíssimos ) . Billy comparece sempre aos leilões realizados por Oldman , e , conforme [ … ] Postar um Comentário O seu email nunca é publicado ou compartilhado . Os campos obrigatórios estão marcados com um * Capitães do Mar / Down to the Sea in Ships De : Henry Hathaway , EUA , 1949 Nota : Anotação em 2003 : Este filme do prolífico Henry Hathaway tem muito daquela coisa esquemática , lugar comum , de mais velhos versus mais novos , sabedoria popular adquirida da experiência versus sabedoria de quem aprendeu na faculdade – dos conflitos resultando que todos os dois lados podem aprender com o outro . É bem intencionado , e melhor , bem realizado . Conta a história de três gerações de marinheiros da pesca à baleia na Nova Inglaterra do começo do século XIX – o velho capitão do navio ( Lionel Barrymore ) , o jovem capitão formado em escola ( Richard Widmark ) e o netinho do velho ( Dean Stockwell ) . Pauline Kael diz que o diretor Hathaway consegue um belo visual nas tomadas do navio no mar , mas deixou passar uns diálogos bobocas.E informa que é uma refilmagem de uma obra de 1922 que tinha feito grande sucesso . 2 Comentários Eu realmente gosto desse filme . Tudo bem , é meio boboca essa história toda que você falou , do choque de gerações , etc . e tal . Mas taí um filminho que gosto muito . Além disso , tem o Lionel Barrymore que é um dos meus atores preferidos e o Richard Widmark , mostrando que pode ser muita coisa além de psicopata … Concordo que há alguns diálogos dispensáveis . Mas o filme remete a algumas questões sempre atuais sobre o choque das verdades : o popular ( a empiria ) x científico ( a verdade sistematizada , comprovável , refutável ) . Não é apenas o choque das gerações . Esse debate é perene e por isso sempre é válido . E essa é a sutileza do filme , que de uma maneira muito simples e romântica até , discute o absolutismo das verdades . Lembremos que é um filme de aventura para qualquer idade . Abraços ! Mais negócios sobrevivendo São Paulo – Durante muitos anos , a taxa de sobrevivência das pequenas empresas brasileiras era assustadora . Nem 30% dos negócios sobreviviam aos primeiros 2 anos . Segundo o estudo do Sebrae sobre o tema , a média nacional de sobrevivência chegou a 75,6% . O relatório de sobrevivência mediu empresas criadas em 2007 e que tinham informações atualizadas em 2010 na Receita Federal . A taxa foi melhor do que as de 2005 e 2006 . Assim , só duas em cada dez empresas criadas em 2007 não completaram dois anos . Para Luiz Barretto , presidente do Sebrae , três fatores foram indispensáveis para isso . “ O aumento do mercado interno , a melhora nos níveis de escolaridade dos empreendedores e a reforma tributária que criou o Supersimples foram os principais responsáveis ” , diz . Apesar de a sobrevivência ser apenas um dos indicadores de sucesso para pequenas empresas , esta taxa indica que os empresários brasileiros têm superado o período mais crítico dos primeiros dois anos . “ São decisivos para a sobrevivência porque ele está começando , não tem expertise , está formando clientela , tem que passar por fases boas e não tão boas ” , afirma . Uma boa gestão é um dos principais motivos de sucesso . “ É preciso ter bom planejamento , não errar na capacidade financeira , ter controle de caixa , não misturar as finanças e ser atento aos que os concorrentes estão fazendo ” , ensina Barretto . Confira a seguir os 60 negócios que apresentaram taxas de sobrevivência acima da média no relatório . Comércio de instrumentos musicais 2 / 62Getty Images Pessoa tocando violão : a música constitui um poderoso fator identitário , que ajuda a resgatar identidades perdidas ou a construir novas identidades Com a valorização do dólar , o mercado de instrumentos musicais cresceu 12% no ano passado , chegando a faturar mais de 600 milhões de reais . Este tipo de negócio foi o que apresentou a melhor taxa de sobrevivência , com 89% . No total , 314 deste tipo foram criadas em 2007 . Fabricação de equipamentos de informática 3 / 62Getty Images Fabricação de chips : espera-se que a aquisição reforce posição da empresa em setor em maturação no qual as oportunidades de crescimento se tornaram mais difíceis de encontrar O uso de computadores no Brasil cresceu consideravelmente nos últimos anos . Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ( Pnad 2012 ) , 46% das casas brasileiras já têm um computador . Empresas de fabricação de circuitos integrados e aplicação de tecnologias altamente especializadas tiveram sobrevivência de 86% , e pouco mais de 200 negócios abertos . Comércio de equipamentos para uso industrial 4 / 62Bloomberg Indústria A atividade de comércio atacadista de máquinas e equipamentos para uso industrial teve taxa de sobrevivência de 86% , segundo o relatório . Contam também as vendas de partes e peças e não apenas máquinas inteiras . Só o mercado de importação desses itens movimentou 2,4 bilhões de dólares em 2011 . Comércio varejista de material elétrico 5 / 62Getty Images Lâmpadas : o peso da tarifa de energia elétrica para a formação do IPCA é de 3,33% O comércio de material elétrico teve taxa de sobrevivência de 86% , com 1892 empresas abertas . Esta atividade cresce principalmente com o aumento de obras e reformas no país . Na comparação entre as atividades comerciais , este foi o terceiro melhor negócio . Comércio de produtos farmacêuticos para uso humano e veterinário 6/62Stock.xchng/forwardcom Remédios : Puxado pelo aumento nas vendas de produtos de cosméticos e também na evolução do mercado de animais de estimação , este negócio apresentou taxa de sobrevivência de 86% . Segundo a Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias , essas empresas têm faturamento médio de 95 mil reais , quando são de pequeno porte . Fabricação de máquinas 7 / 62Stephen Morton / Bloomberg Tubos de alumínio na linha de produção de uma fábrica da Alcoa em Goose Creek , Carolina do Sul Este é um setor de mais de 70 bilhões de dólares , ainda controlado fortemente por empresas nacionais . No relatório , a indústria de máquinas tem taxa de sobrevivência de 85% . As barreiras de entrada costumam ser altas e pouco mais de 800 empresas do tipo surgem ao ano . Comércio varejista de tintas e materiais para pintura 8/62Capricho/Victor Almeida Assim como o comércio de materiais elétricos , as vendas de tintas e materiais para pinturas foram alavancadas pelo aumento de obras e reformas no país nos últimos anos . A taxa de sobrevivência calculada foi de 85% . A indústria de tintas do Brasil produz 1,4 bilhão de litros de tintas ao ano . Comércio varejista de vidros 9 / 62Divulgação Ao todo , 1345 empresas desta área foram abertas no país em 2007 . A taxa de sobrevivência é de 85% , segundo o relatório . O mercado de vidros no Brasil fatura mais de 1 bilhão de reais ao ano . Comércio varejista de móveis , colchões e iluminação 10 / 62Divulgação Poltrona Barcelona : Móveis , colchões e iluminação entram nessa categoria , com taxa de sobrevivência de 85% . O mercado de decoração de interiores movimenta 5 bilhões de reais ao ano e também se beneficia do aumento de renda da população . Manutenção de motocicletas 11/62Reprodução/Sundown Hoje , mais de 21 milhões de motocicletas circulam pelas ruas do país , criando um mercado enorme para empresas de manutenção e reparos . A taxa de sobrevivência desta atividade foi de 85% , bem acima da média nacional . Fabricação de produtos de metal e de minerais não-metálicos 12 / 62Divulgação Essas duas indústrias , de produtos de metal e minerais não-metálicos , tiveram desempenho bastante parecido , com taxa de sobrevivência de 84% . A primeira inclui estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada para diversas aplicações e a segunda , a fabricação de vidro , cerâmicas e gesso , por exemplo . Fabricação de produtos têxteis 13 / 62Mike Kane / Bloomberg A indústria têxtil ficou entre as mais bem colocadas no estudo , com 84% de taxa de sobrevivência e 1330 empresas abertas . Estão nesta categoria fabricantes que preparam as fibras têxteis , a fiação e a tecelagem . No Brasil , a receita total da indústria ultrapassa os 67 bilhões de dólares . Comércio de artigos de óptica 14 / 62Divulgação Óculos oficial do CQC O varejo de óculos fatura tanto com lentes de grau quanto de sol . Segundo a Associação Brasileira da Indústria Óptica ( Abióptica ) , o setor fatura mais de 24 bilhões ao ano e deve manter o crescimento . A taxa de sobrevivência foi de 84% . Comércio varejista de calçados e artigos de viagem 15 / 62Dado Galdieri / Bloomberg Essa categoria inclui empresas de sapatos , de qualquer material , inclusive os esportivos , e de artigos de viagens , como malas e outros materiais , além de alguns artigos de couro . Segundo o levantamento , a taxa de sobrevivência foi de 84% . Incorporação de empreendimentos imobiliários 16 / 62Lintao Zhang / Getty Images Em Pequim , cidade com mais de 19 milhões de habitantes , dezenas de novos prédios são construídos rapidamente para atender uma demanda em potencial e manter o mercado da construção civil - e tantos outros - aquecido . Muitas vezes , os edifícios ficam vazios . Empresas de construção de edifícios , de compra e venda de imóveis e de serviços de arquitetura estão inclusas nesta categoria que apresentou taxa de 84% . O mercado imobiliário no Brasil tem crescido com a demanda cada vez maior por imóveis próprios . Fabricação de móveis 17 / 62Divulgação / Milroy Perera Associates Sala do Clarpoint Tower , o prédio residencial com maior jardim vertical do Sul da Ásia Mais de 60% dos estados brasileiros têm polos moveleiros . A fabricação de móveis , assim como outros negócios ligados a decoração , tem boas perspectivas de crescimento . A taxa de sobrevivência dos negócios é de 83% . Fabricação de veículos automotores , reboques e carrocerias 18 / 62SKF AB via Bloomberg Operário trabalha em autopeça em uma fábrica da SKF na Suécia A taxa de sobrevivência desta indústria é de 83% . Estão incluídos nesta categoria todos os negócios de fabricação de veículos , carrocerias , reboques e semi-reboques para veículos automotores além da produção de peças e acessórios , como estofados . Impressão e reprodução de gravações 19 / 62Fábio Teixeira/EXAME.com Apesar do crescimento do mercado digital , a área de impressão de materiais como livros e revistas apresentou taxa de sobrevivência de 83% . Comércio de ferragens e ferramentas 20/62Stock.xchng O negócio de venda de ferragens para construção e ferramentas , como martelos e chaves de fenda , por atacadistas apresentou taxa de sobrevivência de 83% . Segundo o relatório , foram constituídas 267 empresas no tipo . Comércio de materiais médicos O comércio atacadista de instrumentos médicos , cirúrgicos , ortopédicos e odontológicos inclui estetoscópios , medidores de pressão , bisturis e próteses . Segundo o relatório , foram criadas 507 empresas neste perfil e a taxa de sobrevivência foi de 83% . No caso do varejo , o percentual foi de 82% . Comércio de máquinas para uso agropecuário 22/62Arquivo/Getty Images Caterpillar é a maior fabricante mundial de equipamentos para movimentação de solo Arados , tratores , cortadores de grama e maquinário para avicultura e apicultura estão entre os principais itens vendidos pelo atacado nesta modalidade . Uma das opções de negócio é o aluguel destes equipamentos em áreas rurais . A taxa de sobrevivência foi de 83% . Comércio de joias e relógios 23 / 62Elnur Novruzov / Dreamstime Enquanto os presentes das esposas devem custar de 250 a 500 reais , os das amantes valerão , em média , de 500 a 1.000 reais Um setor de mais de 4 bilhões de dólares e com cerca de 14 mil empresas estabelecidas . O mercado brasileiro de joias e relógios inclui peças em ouro e metais preciosos e apresentou 83% de taxa de sobrevivência . As bijuterias ficam de fora desta categoria . Fabricação de produtos de borracha e plástico 24 / 62Alex Silva A maior parte dos produtos feitos com esses materiais , com exceção de roupas e sapatos , entra nesta categoria . Só a indústria de embalagens plásticas , por exemplo , apresenta receita líquida de 50 bilhões de reais , segundo dados da Associação Brasileira de Embalagem . Estes tipos de negócios tiveram taxa de sobrevivência de 82% . Fabricação de produtos de madeira 25 / 62Divulgação Os negócios de fabricação de madeira serrada , laminada , compensada , prensada e aglomerada e de produtos de madeira para construção , para embalagem , para uso industrial , comercial e doméstico tiveram taxa de sobrevivência de 82% . Comércio para veículos automotores 26 / 62Patrick T . Fallon / Bloomberg Pneus Empresas de vendas no atacado e no varejo de itens como pneus e baterias tiveram taxa de sobrevivência de 82% , segundo o relatório . Estes negócios trabalham , geralmente , com peças e acessórios . Comércio de artigos recreativos 27 / 62Spencer Platt / Getty Images Brinquedos , bicicletas e aparelhos de ginástica estão nesta categoria , que apresentou taxa de sobrevivência de 82% . O mercado de brinquedos , por exemplo , fatura sozinho 4 bilhões de reais ao ano no Brasil . Comércio de peças para aparelhos eletroeletrônicos 28 / 62Justin Sullivan / Getty Images Antena parabólica da Dish Network próximo de uma da DirecTV no telhado de um prédio em San Rafael , Califórnia O comércio varejista especializado em peças e acessórios para aparelhos de uso doméstico teve taxa de sobrevivência de 82% . Nesta atividade , não contam acessórios para informática e comunicação . Instalações hidráulicas , de sistemas de ventilação e refrigeração 29 / 62Wikimedia Commons Dentro do ramo de construção , essa foi a segunda melhor atividade em taxa de sobrevivência , com 82% . São classificados nesta categoria sistemas de aquecimento , ligação de gás e tubulações de vapor , por exemplo . Confecção de artigos do vestuário e acessórios 30 / 62Acervo Dudalina Funcionários na fábrica da Dudalina , em Blumenau , Santa Catarina : em 2012 , a fabricante de camisas pagou aos 2 489 trabalhadores seis salários No Brasil , são produzidas mais de 6 bilhões de peças de vestuário todos os anos , chegando a 47 bilhões de dólares de faturamento anual . Negócios de confecção de roupas para crianças ou adultos apresentaram taxa de sobrevivência de 81% . Metalúrgica 31 / 62Sean Gallup / Getty Images Nesse segmento entram as indústrias especializadas na produção de metais em formas primárias , como laminados , canos e tubos . De acordo com o levantamento , para as 284 empresas constituídas em 2007 , a taxa de sobrevivência foi de 81% . Preparação e fabricação de couro 32/62Tomascastelazo/Wikimedia Commons Indústrias que fabricam artefatos de couro e bolsas e de artigos para viagem de qualquer material entram nesta divisão . Em 2007 , foram abertas 1885 empresas e , destas , a taxa de sobrevivência foi de 81% . Comércio de motocicletas , peças e acessórios 33 / 62Divulgação De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas , Ciclomotores , Motonetas , Bicicletas e Similares ( Abraciclo ) , a produção de motocicletas cresceu 14,2% em janeiro se comparado com o mesmo mês do ano passado . Ao todo , foram produzidas 145.302 motocicletas . Das 4021 empresas abertas em 2007 , a taxa de sobrevivência foi de 81% . Comércio varejista de livros , jornais , revistas e papelaria 34 / 62Francisco Javier Alcerreca Gomez / Dreamstime.com Mesmo com a facilidade da compra de livros por meio do comércio eletrônico e do acesso a jornais e revistas por meio de tablets e outros dipositivos , os negócios especializados em livros , revistas e papelaria têm o seu espaço . Em 2007 , foram constituídas 6372 empresas e dessas 81% sobreviveram . Mercados 35 / 62Marcos Issa / Bloomberg Supermercado do Grupo Pão de Açúcar em São Paulo : Neste segmento entram tanto os grandes supermercados quanto os pequenos comércios de bairro . Segundo a Associação Brasileira de Supermercados ( Abras ) , as vendas do setor supermercadista cresceram 5,36% em 2013 , de acordo com o Índice Nacional de Vendas . Foram abertas 24140 empresas em 2007 e a taxa de sobrevivência foi de 81% após dois anos . Reparação de equipamentos de informática e comunicação 36 / 62Carlos Barria / Reuters Homem fala no telefone enquanto navega na internet em seu notebook em um bar no centro de Xangai , na China Os consertos de desktops , monitores , laptops , terminais de computação , impressoras , entre outros produtos são especialidades de alguns negócios . Existem várias franquias no mercado que oferecem esse tipo de serviço a domicílio , por exemplo . Das 7152 empresas constituídas , 81% continuaram no mercado . Fabricação de celulose e papel 37 / 62Rich Press / Bloomberg De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel , o Brasil é o quarto maior produtor de celulose do mundo . Foram produzidas 13.977 mil toneladas de celulose em 2012 e 10,260 mil de papel . Das 420 indústrias constituídas em 2007 , 80% sobreviveram . Fabricação de produtos alimentícios 38 / 62Getty Images Comida em prato vermelho : " apesar de ainda não estar claro o motivo do efeito vermelho os nossos resultados poderiam ser úteis " , escreveram os pesquisadores São as empresas que produzem alimentos para uso humano e animal . Segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação , o faturamento consolidado em 2012 do setor foi de 431,9 bilhões de reais , um crescimento da produção física de 3,59% . Em 2007 , foram criadas 3969 empresas e a taxa de sobrevivência foi de 80% . Comércio varejista de equipamentos de telefonia e comunicação 39 / 62Getty Images Telefone : ideia é que , com melhor aproveitamento da conversão ótico-elétrica das frequências , seja possível equipamentos mais rápidos e com menor consumo de energia São negócios que comercializam telefones , intercomunicadores , fax , secretária eletrônica e similares , além de partes e peças para equipamentos de telefonia . Das 2.789 empresas que foram abertas em 2007 , 80% sobreviveram . Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 40 / 62Getty Images O mercado de vestuário no país ainda tem espaço para crescer . De acordo com um estudo realizado pela consultoria norte-americana AT Kearney , no ano passado , o Brasil ficou em quinto lugar no ranking dos maiores consumidores de roupas , com 42 bilhões de dólares em vendas . Das 34.757 empresas , a porcentagem de sobrevivência foi de 79% durante o período avaliado . Comércio de cosméticos , produtos de perfumaria e de higiene pessoal 41 / 62Vitor Pickersgill/Manequim/Dedoc Segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Higiene Pessoal , Perfumaria e Cosméticos ( Abihpec ) , o Brasil é o terceiro maior mercado global de produtos do gênero , tendo gasto 42 bilhões de dólares no ano passado . Dos 5.906 comércios abertos em 2007 , a taxa de sobrevivência foi de 79% . Comércio varejista de gás liqüefeito de petróleo ( GLP ) 42 / 62Damien Meyer / AFP Boca de fogão : o valor da multa é de US$ 15,8 milhões Neste segmento entram empresas especializadas no comércio de botijões de gás para domicílios . Em 2007 , 3.186 foram constituídas e destas 79% sobreviveram . Comércio varejista de lubrificantes Comércio varejista de produtos de padaria 44 / 62Fernando Frazão / Veja Rio O sucesso dos bolos caseiros , das brigaderias , dos iogurtes naturais e das padarias artesanais são apenas alguns exemplos que mostram que o mercado ainda tem espaço para diversos tipos de negócio . Das 9.585 empresas abertas , ao longo de dois anos 79% permaneceram no mercado . Comércio varejista de eletrodomésticos e áudio e vídeo 45 / 62Divulgação De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) , o setor de eletrodomésticos foi um dos responsáveis pela alta do varejo em novembro do ano passado . Em 2007 , foram criados 2412 comércios e 79% sobreviveram . Comércio de tecidos e artigos de cama , mesa e banho 46 / 62Creative Commons / Flickr Empresas especializadas na venda de produtos de cama , mesa e banho estão conquistando cada vez mais espaço no mercado . Segundo dados do IEMI ( Instituto de Estudos e Marketing Industrial ) , em 2011 , o varejo de cama , mesa e banho movimentou 12,7 bilhões de reais . Das 6.320 empresas abertas em 2007 , a taxa de sobrevivência foi de 79% . Manutenção e reparação de veículos automotores 47 / 62QUATRO RODAS Oficina mecânica Neste segmento , estão as empresas que oferecem atividades de manutenção e reparação de veículos automotores e motocicletas . Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ( Anfavea ) revelam que 3,74 milhões de unidades foram produzidas em 2013 , superando em 9,9% as 3,40 milhões de 2012 . Em 2007 , foram abertas 8.824 empresas e 79% sobreviveram . Alojamento 48 / 62Divulgação Negócios que oferecem hospedagem de curta duração para turistas têm crescido muito . Além de albergues , aplicativos como o Airbnb ajudam pessoas que desejam alugar a casa ou um quarto por um breve período . Dos 2.636 negócios que foram criados , 79% continuaram no mercado . Atividades cinematográficas e produção de vídeos 49/62mbbirdy/Getty Images Vídeo em alta definição : na avaliação da empresa , a capacidade ideal para HD é de 2,5 Mbps ou acima , e para SD é de 700 kbps a 2,5 Mbps Hoje , não é preciso muito capital para produzir vídeos sobre diversos assuntos e muitas empresas se especializaram nesse nicho . Alguns empreendedores estão faturando com vídeos de desenhos animados e comédia , por exemplo . Em 2007 , 1.666 empresas foram abertas e a taxa de sobrevivência foi de 79% . Correio e entregas 50 / 62Sxc Com o aumento de empresas de comércio eletrônico , as entregas dos produtos comprados online também cresceram . De acordo com os números dos Correios de dezembro de 2012 , são distribuídos 36,5 milhões de objetos por dia . Hoje , existem empresas especializadas em entregas rápidas por meio de motoboys e até bicicletas . Em 2007 , 2.181 empresas foram constituídas e a taxa de sobrevivência foi de 79% . Comércio atacadista de adubos e fertilizantes 51 / 62Andrey Rudakov / Bloomberg Segundo a Associação Nacional Para Difusão de Adubos , a produção nacional de fertilizantes intermediários foi de 9.304.713 toneladas no ano passado . Dos 269 comércios abertos nas áreas de defensivos agrícolas , adubos , fertilizantes e corretivos do solo , a taxa de sobrevivência foi de 78% . Comércio atacadista de tecidos 52/62Arquivo/Wikimedia Commons Tecidos , linhas , botões , zíperes e outros aviamentos para costura são alguns produtos comercializados por essas empresas . Em 2007 , foram criados 488 negócios no setor e 78% sobreviveram depois de dois anos . Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores 53 / 62Luke MacGregor / Reuters Motorista segura uma mangueira de gasolina em um posto : Postos de combustíveis e empresas que vendem gás natural para carros fazem parte deste segmento . Das 2.037 empresas que foram constituídas em 2007 , a taxa de sobrevivência foi de 78% . Comércio varejista de equipamentos e suprimentos de informática 54 / 62Getty Images Negócios : medida , que segue agora para o plenário da Câmara , deverá ser votada no primeiro semestre do próximo ano De micro a grandes empresas , a maioria demanda o uso de computadores para auxiliar na gestão do negócio . Em 2007 , foram criados 10.832 negócios neste segmento e 78% sobreviveram após dois anos . Agências de viagens 55 / 62Getty Images Verão : entre os sintomas mais relatados pelos pacientes nesta época estão diarreia , dor de cabeça , dor no corpo , vômito e mal-estar em geral De acordo com dados da Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem , do Ministério do Turismo , divulgados no começo do ano passado , mais de 68% dos entrevistados pretendiam viajar para cidades brasileiras e 23% para o exterior . O mercado aquecido favorece as agências e serviços de reservas de hotéis e passagens . Dos 2.299 empreendimentos abertos , a taxa de sobrevivência foi de 78% após dois anos . Atividades jurídicas , de contabilidade e de auditoria 56 / 62Wikimedia Commons Empresas que prestam serviços jurídicos , contábeis ou de auditoria estão neste grupo . Dos 5.073 negócios que oferecem esses serviços , a taxa de sobrevivência foi de 77% após dois anos . Comércio atacadista de resíduos e sucatas 57 / 62Wikimedia Commons A reciclagem de latas no país movimentou R$ 1,8 bilhão em 2010 no Brasil Existem empresas especializadas que lidam com resíduos , seja papel ou metal , e lucram com isso . Em 2007 , foram constituídas 1.233 empresas e a taxa de sobrevivência foi de 76% de acordo com o estudo . Açougues e peixarias 58 / 62Hotels in Eastbourne / www.eastbourneguide.com / Stock Xchng Além dos açougues e peixarias tradicionais , há também as butiques de carnes que acharam um nicho no mercado com a venda de cortes diferenciados a preços mais altos . Em 2007 , das 4058 varejistas de carnes e pescados , a porcentagem de sobrevivência foi de 76% . Comércio de hortifrutigranjeiros 59 / 62Jair Magri Preocupação com alimentação saudável contribuiu para a expansão dos pontos de venda especializados em produtos hortifrutigranjeiros De acordo com o estudo Copa do Mundo FIFA 2014 : Mapa de oportunidade para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede realizado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas , foram identificadas 132 oportunidades na agricultura e pecuária . Das 843 empresas de atacado abertas no começo da pesquisa , 77% continuaram no mercado . No caso das varejistas , 1.857 empresas foram abertas e 76% sobreviveram . Instalações elétricas 60 / 62Marcelo Kura A demanda por instalações elétricas na área de construção deve continuar a crescer porque ainda há muitas obras imobiliárias e de infraestrutura em vigor . De acordo com Abramat , associação que representa esta indústria , as vendas de materiais de construção devem crescer 4,5% neste ano . Em 2007 , foram criados 1.506 negócios de instalações elétricas e 76% sobreviveram . Sinfonia do Velho Chico Às margens do Rio São Francisco , a bordo do lendário Vapor Benjamim Guimarães e sob a regência do maestro Alex Domingues , a orquestra sinfônica Jovem de Pirapora apresenta um show com a participação de setenta jovens . Em frente , instalado no Cais , área de infraestrutura completa e organizada para atender turista e público com reservas de mesas , bebidas e comidas típicas.Maiores informações : ( 38 ) 3741-2717 O francês Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet ( 1744-1829 ) , também conhecido como Chevalier de Lamarck , foi o primeiro cientista a desenvolver uma teoria da evolução considerada completa . O naturalista , que ainda estudou medicina , física e meteorologia , publicou a teoria a que denominamos hoje de “ lamarckismo ” em seu livro “ Philosophie Zoologigue ” ( 1809 ) . Foto : Reprodução A primeira grande teoria da evolução Assim como os seus contemporâneos , Lamarck acreditava na lei da geração espontânea . Para ele , os primeiros seres que habitaram o planeta eram micro-organismos originados a partir de algo “ não-vivo ” . Seres tão simples chegariam a organismos multicelulares e complexos através da tendência intrínseca dos organismos de se desenvolverem em níveis organizacionais mais complexos com o decorrer do tempo . Isso ocorreria através da lei do uso e desuso , que resumidamente postula que “ o que não se usa atrofia , o que se usa fortalece ” , sendo assim , estruturas e órgãos que são utilizados mais frequentemente tornam-se mais desenvolvidos e adaptados às necessidades que o meio impõe ; e aquilo que não é usado se atrofia e reduz . Lamarck afirma que as características desenvolvidas pela necessidade de adaptação ao meio ambiente são transmitidas aos seus descendentes , empregando , assim , o conceito da herança dos caracteres adquiridos . A herança dos caracteres adquiridos O exemplo clássico do conceito da herança dos caracteres adquiridos é o do pescoço das girafas . Imagine que , antigamente , as girafas tinham o pescoço bem menor do que o que vemos nas girafas atuais , e por isso , elas tinham que esticar seus pescoços repetidamente para alcançar as folhas das copas das árvores e se alimentarem . Esse movimento repetido , o esforço direcionado de estiramento do pescoço ( uso ) levaria ao alongamento gradativo no pescoço das girafas e , dessa maneira , seus descendentes nasceriam com os pescoços mais longos e assim sucessivamente , até originar as girafas de pescoço longo que vemos atualmente . Dessa maneira , através da adaptação ao meio , a herança dos caracteres adquiridos , tendo o uso e o desuso como mecanismo e a tendência natural de aperfeiçoar-se , acarretaria na evolução das espécies . A publicação de “ A origem das espécies ” ( 1859 ) , de Charles Darwin , abalou o fundamento principal da teoria de Lamarck , afirmando que a evolução das espécies se daria pelo processo de seleção natural . Na teoria de Lamarck , o uso acarretaria a evolução , enquanto que na teoria de Darwin , a evolução se daria pelo acaso aliado a seleção natural . Segundo a teoria de Darwin , pequenas variações nos organismos surgiriam ao acaso e , caso essas variações os tornassem mais aptos que os outros a sobreviverem no meio , estes sobreviveriam transmitindo suas características aos seus descendentes . Lamarck tem o merecido crédito pela sua obra e teoria , porém , a teoria da evolução de Darwin , denominada hoje de “ Teoria da Evolução Sintética ” é a que revolucionou o pensamento ocidental , sendo a aceita como verdadeira pelos cientistas . Sobre Mídias Sociais David Armano em Tecnologia e Inovação Publicado no dia 21/02/2014 David Armano , especialista em estratégia digital , diz que o fenômeno das mídias sociais tem origem em três revoluções : da difusão da informação , da banda larga e da social . Nesta apresentação , saiba o que ele diz a respeito e como aplicar estratégias digitais nos negócios . De uma maneira geral , geralmente os concretos produzidos com agregados reciclados ainda apresentam uma certa resistência que os tornam aptos a serem utilizados em aplicações menos nobres . Entretanto , dependendo da metodologia de substituição dos agregados naturais pelos reciclados , da composição dos agregados reciclados , dentre outros fatores , é possível produzir concretos com altas resistências e pleitear o uso dos mesmos em aplicações mais nobres . 1.5 Módulo de deformação O conhecimento do módulo de deformação do concreto é extremamente importante , uma vez que o mesmo é utilizado no cálculo estrutural para prever as flechas máximas admissíveis e assim , consequentemente , o grau de fissuração das peças de concreto . Prof . Dr . Antonio Eduardo B . Cabral 16 Para os concretos confeccionados com agregados reciclados , vários autores Segundo UJIKE ( 2000 ) , essa redução no módulo de deformação é mais sentida quando se produz concretos com agregados reciclados de baixa relação água / cimento . Essas reduções são particularmente importantes uma vez que se os limites máximos das fissuras forem superados , a armadura ficará susceptível à ação dos agentes agressivos encontrados no meio ambiente ( Cl - , SO4 - , CO2 ) , reduzindo assim a vida útil do concreto . Todavia , a forma da curva tensão-deformação para os concretos com agregados reciclados é bastante similar a dos concretos convencionais , independentemente da porcentagem de substituição do agregado natural pelo reciclado , o que leva a crer que as estruturas feitas com esses agregados reciclados podem ser projetadas de acordo com a teoria da plasticidade , da mesma maneira que as estruturas feitas com concretos convencionais ( XIAO et al . , 2005 ) . Para os concretos com agregados reciclados de concreto , a redução do módulo de deformação geralmente é atribuída à matriz de cimento que permanece aderida às partículas do agregado natural dos agregados reciclados após a britagem ( HANSEN e B∅EGH , 1985 ; HANSEN , 1986 ) . Segundo HANSEN e NARUD ( 1983 ) , esta matriz de cimento corresponde a algo em torno de 40% do volume do concreto , sendo portanto bastante considerável . KOKUBU et al . ( 2000 ) vão mais adiante e dizem que o módulo de deformação desses concretos decresce com o aumento deste teor de argamassa aderida nos agregados reciclados . Alguns trabalhos como os de FRONDISTOU-YANNAS ( 1977 ) , citado por KHALAF e DeVEENY ( 2004a ) , RAVINDRARAJAH e TAM ( 1985 ) , HANSEN e B∅EGH ( 1985 ) , RAVINDRARAJAH et al . , 2000 ; BAIRAGI et al . ( 1993 ) , KATZ ( 2003 ) , KHATIB ( 2005 ) e de XIAO et al . ( 2005 ; 2006 ) apresentam módulos de deformação de concretos feitos com agregados reciclados de concreto de 15 a 45% menores que os módulos dos concretos convencionais . Entretanto , RAHAL ( 2007 ) Mas parece que não apenas o agregado reciclado de concreto modifica o módulo de deformação , uma vez que AKHTARUZZAMAN e HASNAT ( 1983 ) encontraram um módulo de deformação em concretos com agregados graúdos reciclados de cerâmica vermelha em torno de 30% inferiores que os módulos dos concretos de referência . Para KHATIB ( 2005 ) , substituindo somente os agregados miúdos naturais pelos reciclados miúdos de cerâmica vermelha , a redução média foi de 20% . Segundo SHULZ e HENDRICKS ( 1992 ) e RILEM ( 1994 ) , os concretos com agregados reciclados de cerâmica vermelha apresentam módulos de deformação entre a metade e 2 / 3 do módulo de concretos convencionais de mesma resistência . Entretanto , SENTHAMARAI e MANOHARAN ( 2005 ) encontraram uma redução média de somente 9,3% no módulo de deformação desse tipo de concreto . Resultados similares foram encontrados para o concreto com o agregado reciclado de argamassa , uma vez que HANSEN e B∅EGH ( 1985 ) , ao substituírem o agregado graúdo natural pelo agregado graúdo reciclado de argamassa , produziram um concreto com um módulo de deformação 45% menor que o do concreto com agregados naturais . Para HANSEN ( 1986 ; 1992 ) , a substituição conjunta dos agregados graúdo e miúdo natural pelos reciclados de concreto diminuem ainda mais o módulo do concreto , do que somente a substituição do agregado graúdo ou do miúdo . Segundo UJIKE ( 2000 ) , essa redução ocorre basicamente porque ao se substituir os agregados naturais pelos reciclados de concreto , está se inserindo mais argamassa na massa de concreto , sendo que esta propicia maiores deformações , consequentemente , menores módulos . Coerente com isso , dados do Building Contractor Society of Japan ( 1978 ) , citados por LAMOND et al . ( 2002 ) , apontam que a substituição conjunta dos agregados graúdo e miúdo natural por reciclados de concreto reduzem o módulo de deformação de 25 a 40% , enquanto que somente a substituição do agregado graúdo proporciona uma diminuição de 10 a 3% , quando comparados com o módulo dos concretos com agregados convencionais . Em concordância com os demais autores , GERARDU e HENDRIKS ( 1985 ) , citados por HANSEN ( 1992 ) , e RAVINDRARAJAH e TAM ( 1987a ) obtiveram reduções de 15% quando substituíram os agregados graúdos naturais por reciclados de Parece então que quem rege o comportamento do módulo de deformação dos concretos é o agregado . Assim , como o agregado reciclado é mais deformável que o agregado natural , o concreto produzido com este é mais deformável que o concreto produzido com agregados naturais . 1.6 Resistência à tração Para a resistência à tração , parece que a substituição dos agregados naturais pelos reciclados também provoca uma redução na mesma , embora esta pareça ser menos intensa que as reduções provocadas na resistência à compressão . Entretanto , há trabalhos em que se apresentam valores de perdas na resistência à tração da mesma ordem dos observados para a resistência à compressão , como alguns relatados por HANSEN ( 1992 ) e os encontrados por KATZ ( 2003 ) e BAIRAGI et al . ( 1993 ) , que obtiveram perdas médias da ordem de 23% e 41% , respectivamente . Contudo , ainda há trabalhos que apontam não somente reduções mas também pequenos acréscimos , como o de RAVINDRARAJAH e TAM ( 1985 ) , para concretos com agregados reciclados de concreto , e os citados por SHULZ e HENDRICKS ( 1992 ) , para concretos com agregados reciclados de cerâmica vermelha . Para o concreto com agregado reciclado de concreto , esses pequenos acréscimos são explicados pelos autores como um efeito do aumento do teor de pasta de cimento a uma constante relação água / cimento , uma vez que a resistência da ligação pasta / agregado exerce maior influência na resistência à tração que na resistência à compressão . Portanto , concretos confeccionados com agregados reciclados com elevado teor de pasta terão grandes chances de apresentar uma elevada resistência à tração ( RAVINDRARAJAH e TAM , 1985 ) . Já os acréscimos para os concretos com agregados reciclados de cerâmica vermelha podem ser explicados pela efeito pozolânico propiciada pela cerâmica vermelha . Prof . Dr . Antonio Eduardo B . Cabral 19 Segundo dados de pesquisas coletadas por HANSEN ( 1986 ) , a perda da resistência à tração dos concretos com agregados reciclados de concreto é menos sentida quando somente os agregados graúdos são substituídos , sendo mais visível quando se substitui ambos agregados ( graúdo e miúdo ) , geralmente atingindo reduções de até 20% . Coerente com isso , RAVINDRARAJAH e TAM ( 1987a ) observaram perda de 10% somente com a substituição dos agregados graúdos , sendo que essa elevou-se para 15% quando ambos agregados foram substituídos . Parece que a substituição dos agregados naturais pelos reciclados de cerâmica vermelha também provoca alterações na resistência à tração dos concretos com estes confeccionados , pois BRITO et al . ( 2005 ) , substituindo o agregado graúdo natural pelo agregado graúdo reciclado de cerâmica vermelha , nos teores de 3% , 6% e 100% , obtiveram uma redução na resistência à flexão da ordem de 8,6% , 15,7% e 25,7% , respectivamente . Então , diante do exposto , parece que a redução provocada pelos agregados reciclados na resistência à tração não é tão forte quanto a redução na resistência à compressão . Isso pode ser explicado porque a resistência à tração leva em consideração mecanismos de aderência física entre as partículas , e como o uso dos agregados reciclados parece promover uma boa aderência entre a pasta e o agregado , em função da sua forma mais irregular e rugosa , a zona de transição do concreto com agregados reciclados é muito boa ( LEITE , 2001 ) . Assim , devido a esse bom desempenho da zona de transição dos concretos com agregados reciclados , a resistência à tração desses concretos não é tão afetada quanto a resistência à compressão . 1.7 Resistência à abrasão Parece que a resistência à abrasão dos concretos confeccionados com agregados reciclados também é menor que a dos concretos confeccionados com agregados naturais . Essa redução é atribuída às reduções nas propriedades físicas e mecânicas do próprio agregado reciclado , uma vez que o mesmo geralmente apresenta valores de resistência à abrasão inferiores aos dos agregados convencionais . Essa diminuição na resistência à abrasão parece que não se restringe somente aos concretos com agregado reciclados de cerâmica vermelha , uma vez que DHIR et al . ( 2004a ) encontraram profundidades de abrasão maiores para concretos com agregados graúdos reciclados de concreto do que para os concretos naturais , sendo que esta profundidade aumentava à medida que se aumentava o percentual substituído , chegando a um aumento de 67% para 100% de substituição . Para os agregados reciclados de concreto , segundo TAVAKOLI e SOROUSHIAN ( 1996a ) , essa elevada abrasão parcialmente reflete a grande quantidade de argamassa aderida ao agregado natural . Coerente com isso , TOPÇU ( 1997 ) encontrou uma redução de 45,5% na dureza superficial dos concretos confeccionados com 100% de agregados graúdos reciclados de concreto quando comparados com às dos concretos de referência . Quando se substitui a parcela miúda dos agregados naturais do concreto parece que a resistência à abrasão é ainda mais prejudicada , uma vez que HANSEN e NARUD ( 1983 ) apresentaram um aumento na abrasão da ordem 2,4% , quando a fração substituída do agregado graúdo natural pelo reciclado de concreto foi de 16 a 32 m , e de 41,4% , quando a fração substituída foi de 4 a 8 m . Entretanto , parece que o baixo desempenho por parte desses concretos pode ser contornado , quando se prepara concretos de altas resistências com os agregados reciclados , visto que LIMBACHIYA et al . ( 2000 ) encontraram resistências à abrasão similares para concretos de 50 , 60 e 70 MPa , produzidos com 100% de agregados reciclados de concreto . POON et al . ( 2002 ) foram além e encontraram uma resistência à abrasão por volta de 12% superiores aos de referência , embora trabalhando com blocos de concretos de 60 MPa de resistência à compressão . Pode-se concluir que mesmo com esse decréscimo na resistência à abrasão dos concretos com agregados reciclados que em geral é apresentado , estes ainda apresentam satisfatórias resistências para serem usados como concretos convencionais ( HANSEN , 1986 ) . 1.8 Retração por secagem A retração por secagem do concreto é um fenômeno inevitável , desde que o concreto esteja exposto a um ambiente de umidade abaixo da condição de saturação . Como este é o tipo de ambiente onde a grande maioria das estruturas de concreto está Prof . Dr . Antonio Eduardo B . Cabral 21 inserida , a retração por secagem é uma das principais causas da fissuração , assumindo assim fundamental importância , pois compromete a durabilidade do concreto , principalmente quando este for armado . Como a retração por secagem é um fenômeno que está intimamente ligado à perda de água da massa de concreto , é notório que quanto mais água essa massa tiver , maior será a possibilidade de se ter grandes retrações . Segundo MEHTA e MONTEIRO ( 1994 ) , a granulometria , a dimensão máxima , a forma e a textura do agregado são fatores que influenciam na retração por secagem do concreto , entretanto o módulo de deformação do agregado é considerado o fator mais importante . Assim , quando se usa um alto teor de substituição dos agregados naturais pelos agregados reciclados , é coerente que o concreto produzido com estes últimos possua uma maior retração , uma vez que os agregados reciclados possuem um menor módulo de deformação que os naturais , sendo portanto mais deformáveis , além de , em função da alta absorção de água por parte destes , exigirem um elevado teor de água ( POON et al . , 2002 ) . No caso dos agregados reciclados de concreto , em geral estes consistem de 60 a 70% do seu volume em agregados naturais e os 30 a 40% restantes de argamassa , sendo esta última parte bem mais porosa que a primeira ( HANSEN e NARUD , 1983 ; POON et al . , 2004 ) . Este elevado teor de argamassa presente no mesmo provoca o surgimento de alguns efeitos indesejáveis nos concretos feitos com os mesmos , tais como uma maior retração por secagem , potencializando assim o aparecimento de fissuras . Segundo TAVAKOLI e SOROUSHIAN ( 1996b ) , quanto maior a quantidade de argamassa aderida no agregado reciclado de concreto , maior será a possibilidade de se ter grandes retrações nos concretos com esses produzidos . Dois dias depois de jogar em Genebra , na Suíça , Wawrinka entrou em quadra no saibro de Paris para estrear no Roland Garros 2015 e venceu . Nono no ranking mundial , o suíço não correu grandes riscos e derrotou o turco Marsel Ilhan ( 82º ) por 3 sets a 0 , com parciais de 6 / 3 , 6 / 2 e 6 / 3 , em 1h36min , avançando à segunda rodada . Saiba Mais Wawrinka quebrou o adversário cinco vezes e salvou todos os seis break-points contra , além de ter aplicado 10 aces , contra seis do turco . Antes do início do torneio , Wawrinka reclamou da programação por ter acabado de jogar outro torneio . A melhor campanha do suíço no Roland Garros até hoje foram as quartas de final de 2013 , quando caiu diante de Rafael Nadal . No ano passado , parou logo na estreia , eliminado pelo espanhol Guillermo Garcia-Lopez . Na segunda rodada , Wawrinka ainda não asbe quem será seu rival . Ele aguarda o vencedor da partida entre o sérvio Dusan Lajovic , 75º e o argentino Máximo Gonzalez , 115º . O tubo em “ U”éum dos medidores de pressão mais simples entre os medidores para baixa pressão . É constituído por um tubo de material transparente ( geralmente vidro ) recurvado em forma de U e fixado sobre uma escala graduada P1 - P2 = ρ*h Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro tipo Coluna Reta Vertical O emprego deste manômetro é idêntico ao do tubo em “ U ” . Nesse manômetro as áreas dos ramos da coluna são diferentes , sendo a pressão maior aplicada normalmente no lado da maior área . P1 - P2 = ρ*h P1 - P2 = ρ*h2 *(1 + a / A ) Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro tipo Coluna Inclinada Este Manômetro éutilizado para medir baixas pressões na ordem de 50 mmH2O . Sua construção é feita inclinando um tubo reto de pequeno diâmetro , de modo a medir com boa precisão pressões em função do deslocamento do líquido dentro do tubo . A vantagem adicional éa de expandir a escala de leitura o que émuitas vezes conveniente para medições de pequenas pressões com boa precisão ( ± 0,02 mmH2O ) . P1 - P2 = ρ*L *(a/A + senα ) Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro Tubo Bourdon O Tubo de Bourdonconsiste em um tubo com seção oval , que poderá estar disposto em forma de “ C ” , espiral ou helicoidal , tem uma de sua extremidade fechada , estando a outra aberta àpressão a ser me dida . Com a pressão agindo em seu interior , o tubo tende a tomar uma seção circular resultando um movimento em sua extremidade fechada . Esse movimento através de engrenagens étransmitido a um ponteiro que iráindicar uma medida de pressão em uma escala graduada . As variações de temperatura ambiente são responsáveis pela variação na deflexão do tubo de bourdon . A maioria dos materiais tem seu módulo de elasticidade diminuído com a temperatura . O NI-SPAN é uma exceção pois possui módulo de elasticidade constante . Existe , portanto há possibilidade de , para uma mesma pressão , o bourdon apresentar diferentes deflexões pela simples variação da temperatura ambiente . A correção deste erro é feita através de um bimetálico acoplado ao me ca nismo . Pressão Atmosférica O bourdon pode apresentar erro com a mudança da pressão atmosférica , principalmente quando ocorre a variação da temperatura ambiente . Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro Tubo Bou rdon Manômetro , Manovacuômetroe Vacuômetro Série Petroquímica com Contatos Elétricos Magnéticos e ou Indutivos Exx . Aplicação , tomada de pressão e ou vácuo em linhas de ar , água , gases com necessidade de intretavamentoselétricos de bombas ou pontos de alarmes , etc . , em locais com boa necessidade de precisão . Caixa em Aço Inox 316 com internos Aço Inox 316 . • O instrumento deve ser equipado com válvula de bloqueio de 3 ( três ) vias ; • Quando o elemento for submetido a pressões pulsantes , o mesmo deve ser protegido por um amortecedor de pulsação . Esse amortecedor pode ser uma válvula agulha , servindo também como bloqueio ( possibilitando a retirada do instrumento sem parar o processo ) ; • O elemento não deve ser submetido a uma temperatura que não permita o toque da mão sobre a caixa do medidor , evitando desgaste prematuro do elemento e demais componentes do medidor , além de garantir a confiabilidade da calibração feita à temperatura ambiente . Para resolver este problema é utilizado um tubo sifão entre o medidor e o processo ; Eng . Marcelo Saraiva Coelho Aplicação dos Manômetros Elásticos ( Tubo de Bourdon ) • O elemento deve ser isolado de fluidos corrosivos , com sólidos em suspensão , ou com possibilidade de cristalização e solidificação . Para isolar o elemento destes tipos de processos é utilizado um selo ; • Quando o processo estiver sujeito a sobrecarga , deve-se proteger o elemento com um limitador de sobrecarga ; • Devem ser tomadas precauções especiais quando se trata de medição de petróleo e oxigênio . Para a indústria de petróleo , o tubo de bourdon não deverá ser soldado com estanho . Para medidas com oxigênio , o elemento deve estar livre de óleo , graxas e outras gorduras , pois existe o risco de explosão . A calibração do instrumento pode ser feita com álcool , água ou óleo de silicone . É recomendável que seja gravado na escala do instrumento : Em processos industriais que manipulam fluidos corrosivos , viscosos , tóxicos , sujeitos àalta temperatura e / ou radioativos , a medição de pressão com manômetro tipo elástico se torna impraticável pois o Bourdon não éadequado para essa aplicação , seja em função dos efeitos da deformação proveniente da temperatura , seja pela dificuldade de escoamento de fluidos viscosos ou seja pelo ataque químico de fluidos corrosivos . Nesse caso , a solução érecorrer a utilização de algum tipo de isolação para impedir o contato direto do fluido do processo com o Bourdon . Existem basicamente dois tipos de isolação , ( que tecnicamente échamado de selagem ) , utilizada . Um com selagem líquida , utilizando um fluido líquido inerte em contato com o Bourdone que não se mistura com o fluido do processo . Eng . Marcelo Saraiva Coelho Os amortecedores de pulsação tem por finalidade restringir a passagem do fluido do processo atéum ponto ideal em que a freqüência de pulsação se torne nula ou quase nula . Esse acessório éinstalado em conjunto com o manômetro com objetivo de estabilizar ou diminuir as oscilações do ponteiro em função do sinal pulsante . Esta estabilização do ponteiro possibilita a leitura da pressão e também aumenta a vida útil do instrumento . Os sifões são utilizados , além de selo , para “ isolar”o calor das linhas de vapor d’água ou líquidos muito quentes , cuja temperatura supera o limite previsto para o instrumento de pressão . O líquido que fica retido na curva do tubo-sifão esfria e éessa porção de líquido que iráter contato com o sensor elástico do instrumento , não permitindo que a alta temperatura do processo atinja diretamente o mesmo . Eng . Marcelo Saraiva Coelho Esse acessório tem por finalidade proteger os manômetros de pressões que ultrapassem ocasionalmente , as condições normais de operação . Ele érecomendável nesses casos para evitar ruptura do elemento de pressão . Seu bloqueio estárelacionado com a velocidade do incremento de pressão . Seu ponto de ajuste deve ser atingido de modo que com incremento lento de pressão seu bloqueio se dê entre 80 a 120% do valor da escala . Nesta condição , o bloqueio se daráem qualquer valor inferior a 80% no caso de incrementos rápidos de pressão . Para manômetros com escala inferior a 3 kgf / cm2 seu bloqueio poderásituar-se em até130% do valor da escala Eng . Marcelo Saraiva Coelho Planilha do Microsoft Excel Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro tipo Fole Fole éum dispositivo que possui ruga no círculo exterior e que tem a possibilidade de expandir-se e contrair-se em função de pressões aplicadas no sentido do eixo . Como a resistência àpressão é limitada , éusada para baixa pressão Eng . Marcelo Saraiva Coelho Manômetro tipo Diafragma Diafragma éum disco circular utilizado para medir pressões , geralmente de pequena amplitude , bem como , para separar o fluido medido do mecanismo interno . Éuma membrana fina de material elástico , metálico ou não . No manômetro tipo diafragma esta membrana fica sempre oposta a uma mola . Ao aplicar-se uma pressão no diafragma haveráum deslocamento do mesmo atéum ponto onde a força da mola se equilibrarácom a força elástica do diafragma . Este deslocamento resultante étransmitido a um sistema com indicação ( ponteiro ) que mostra a medição efetuada Eng . Marcelo Saraiva Coelho Esses transmissores , pioneiros na instrumentação , possui um elemento de transferenciaque converte o sinal detectado pelo elemento receptor de pressão em um sinal de transmissão pneumático . A faixa padrão de transmissão ( pelo sistema internacional)éde 20 a 100 kPa , porém na prática são usados outros padrões equivalentes de transmissão tais como 3 ~ 15 psi , 0,2 a 1,0 kgf / cm 2 e 0,2 a1,0 bar . Eng . Marcelo Saraiva Coelho Os instrumentos de transmissão de sinal de pressão tem a função de enviar informações àdistância das condições atuais de processo dessa variável . Essas informações são enviadas , de forma padronizada , através de diversos tipos de sinais e utilizando sempre um dos elementos sensores jáestudado anteriormente ( fole , diafragma , capsula , etc . . . ) associados a conversores cuja finalidade principal étransformar as variações de pressão detectadas pelos elementos sensores em sinais padrões de transmissão . Esses transmissores convertem o sinal de pressão detectado em sinal elétrico padronizado de 4 a 20 mA dc . Existem vários princípios físicos relacionados com a variações de pressão que podem ser utilizados como elemento de transferência . Os mais utilizados nos transmissores mais recentes são : CAPACITIVO , INDUTIVO , PIEZORESISITIVO e CÉLULA DE SILÍCIO RESSONANTE Eng . Marcelo Saraiva Coelho Eng . Marcelo Saraiva Coelho A pressão do processo , aplicada no elemento metálico elástico ( fole ) , movimenta / deformao ; este movimento étransmitido àbarra de força ou alavanca transmissora por intermédio da lâmina de articulação . A barra de força ou alavanca transmissora éaclopada ao diafragma de selagem que também funciona como seu ponto de apoio ( pivô ) . Esta força étransmitida ao disco de rearme , através da alavanca de deflexão , aproximando o disco de rearme do detector . Esta aproximação gera um aumento da indutância , com um conseqüente aumento no consumo de corrente e um aumento no sinal de saída do detector . Paralelamente à aproximação do disco de rearme , acontece o afastamento da bobina de realimentação do imã permanente ; ao mesmo tempo , o sinal se saída do detector éamplificado e retificado na unidade amplificadora , resultando no sinal de saída do transmissor ( 4 a 20 mAcc ) . Este sinal também éaplicado na bobina de realimentação , aumentando a força para equilíbrio do sistema . Esta força age sobre o braço de rearme , em sentido contrário àvariação do sinal anterior , afastando o disco de rearme do detector ; deste modo , o sistema atinge um novo equilíbrio , com o sinal de saída do transmissor ficando proporcional ao valor da pressão medida naquele momento . O sinal de saída do instrumento étransmitido para um receptor eletrônico de faixa compatível , seja para fins de indicação , registro ou co ntrole . Eng . Marcelo Saraiva Coelho A medição de pressão utilizando este tipo de sensor se baseia no fato dos cristais assimétricos ao sofrerem uma deformação elástica ao longo do seu eixo axial , produzirem internamente um potencial elétrico causando um fluxo de carga elétrica em um circuito externo . A quantidade elétrica produzida éproporcional a pressão aplicada , sendo então essa relação linear o que facilita sua utilização . Outro fator importante para sua utilização estáno fato de se utilizar o efeito piezoelétricode semi-condutores , reduzindo assim o tamanho e peso do transmissor , sem perda de precisão . O mito está de volta ! Allejo marca presença no PES 2014 O sonho de muitos jogadores de videogame das antigas foi realizado . Allejo , o eterno mito de International Superstar Soccer , está de volta aos consoles da nova geração . O camisa 7 da seleção brasileira é uma das principais atrações de Pro Evolution Soccer 2014 , repetindo o tributo feito pela Konami na edição passada do jogo . Allejo aparece naquele time básico que pode ser escolhido para o começo da Master League . E , embora os atletas inventados da equipe não costumem ser muito bons , a lenda vem em nível de craque : sua qualidade geral é de 88 pontos , equivalente a Mario Balotelli , Arturo Vidal e Ryan Giggs . Para os verdadeiros fãs , poderia ser acima de 99 , como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo , mas só a lembrança já está valendo . Para escolher Allejo , porém , há um pequeno truque . É preciso escolher uma equipe do Brasileirão e também a nacionalidade brasileira . Aos 35 anos , é óbvio que o craque desfruta de uma aposentadoria confortável por aqui . Para ficar melhorar , só faltou um detalhe : a Konami poderia manter os nomes do time básico do Winning Eleven . Já imaginou uma parceria inédita entre Allejo e Castolo ? 10 parques que você deve conhecer com seu filho Conheça os parques mais bonitos do Brasil com seu filho Um dia perfeito no parque . O prazer de estar ao ar livre , apreciando o que dá vida à natureza - animais , plantas e o que o homem tem feito de sustentável para acertar o passo com o planeta . Nem sempre o cotidiano permite fazer a visita que se deve ao parque que é cartão postal da sua cidade . Mas agora , época de férias , você pode programar esse lazer prá lá de saudável na companhia do seu filho . Lembre-se : faça o passeio pensando em Ciências . Porque a interação entre tudo o que é vivo se mostra de modo grandioso em um parque - prova de que não há como viver sozinho em nosso planeta . A seguir , uma seleção de parques de Norte a Sul do Brasil para você desvendar com seu filho . Por que vale a visita : um dos espaços verdes mais famosos do País , o Ibirapuera foi inaugurado em 1954 , resultado de um trabalho em conjunto do arquiteto Oscar Niemeyer e do paisagista Roberto Burle Marx - duas das assinaturas mais vistosas da inteligência nacional . No centro da Pauliceia , possui cerca de 1,5 milhão de m2 embelezados por jardins , rica coleção de figueiras e ipês , lago ( com 673 chafarizes ) e inúmeras atrações culturais , caso do Planetário Professor Aristóteles Orsini , da Escola Municipal de Astrofísica , da Universidade Aberta de Meio Ambiente e da Cultura de Paz ( UMAPAZ ) , do Viveiro Manequinho Lopes e do Herbário Municipal , entre outras . O que ver de Ciências : pense seriamente em agendar várias idas ao Ibirapuera para fazer seu filho aproveitar ao máximo a oferta de atrações . Da observação com telescópio do universo ( Planetário e Escola de Astrofísica ) aos segredos de cultivo de plantas ( Viveiro ) e o respeito à flora paulistana ( Herbário ) . Na UMAPAZ , são programados roteiros que exploram o Ibirapuera do ponto de vista ambiental , além de exposições interativas sobre sustentabilidade , entre outros temas , para crianças . Onde fica : Av . Pedro Álvares Cabral , tel . : 11 5574 5045 , São Paulo ( SP ) Por que vale a visita : De história recente ( foi criado nos anos 2000 ) , na zona Oeste da capital paulista , o parque tem enorme procura , em especial , no fim de semana . Administrado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente desde 2004 , vem conquistando ano a ano melhorias , caso da plantação de milhares de mudas de ipês , a árvore-símbolo de São Paulo . Hoje , na área de 732 mil m2 , já é possível admirar um bosque de espécies nativas da Mata Atlântica , entre outros destaques . E desde 2009 está em atividade a Villa Ambiental , espaço dedicado à difusão da ecologia junto ao púbico infantil . O que ver de Ciências : em andamento no espaço Villa Ambiental , atividades de conscientização ambiental ocupam crianças de 8 a 10 anos aos fins de semana , abordando de modo lúdico temas como lixo , poluição das águas e da atmosfera , o respeito aos animais , às plantas e às florestas , além de enfatizar os hábitos necessários para proteger o planeta . A trilha " Vai pela Sombra " facilita o passeio a pé por entre as áreas verdes mais interessantes do extenso parque . Por que vale a visita : criado em 1896 , na zona Norte paulistana , teve como primeiro diretor Albert Löefgren - naturalista e botânico sueco responsável por inúmeros melhoramentos , caso da plantação dos pinheiros-do-brejo , árvores altas e de folhas escuras , cujas raízes esculturais se desenvolvem acima da terra e ainda hoje são admiradas nas áreas de charco . Com 187 alqueires , dos quais 35 abertos ao público , o Horto é habitat de árvores nativas ( pau-brasil , pau-ferro e jatobá , por exemplo ) , onde há bicas de água potável , lagos e o Museu Octávio Vecchi , de acervo de madeiras significativo na América Latina . O que ver de Ciências : destaque do museu , as mostras de madeira possuem entalhes que reproduzem as folhas e os frutos das espécies de origem . A visita ao Horto Florestal estimula o contato com as plantas , as árvores e os animais que ali vivem à solta natural ( macaco-prego , tucanos e garças , entre outros ) . Espécie de laboratório da biodiversidade , há sempre atividades para crianças programadas pelo Núcleo de Educação Ambiental - aos pais a tarefa de checar dia e horário , antes da visita . Por que vale a visita : tem mais de 200 anos , criado que foi por D . João VI . A passagem do tempo em nada perturba a qualidade de suas instalações , a beleza e a riqueza do seu acervo natural ( cerca de nove mil espécies ) espalhado em área de 141 hectares . O que ver de Ciências : com orgulho , é chamado pelos cariocas de ‘santuário ecológico’ . Só no orquidário contam-se três mil exemplares de 600 espécies . Outras coleções notáveis são as bromélias ( 1700 , de diversas formações ) , as violetas , as plantas medicinais e as insetíforas ( em estufa à parte , elas se alimentam de insetos ) . Atrações à parte são a alameda das palmeiras-imperiais e o lago com vitórias-régias , que despertam respeito imediato em visitantes de todas as idades pela monumentalidade . Atenção : neste segundo semestre , está previsto o reinício de atividades do Museu do Meio Ambiente , com a programação direcionada para o convívio sustentável entre homens e meio ambiente . Por que vale a visita : ele nasceu em 1861 com o nome de Floresta de Tijuca e Paineiras , projeto de reflorestamento colocado em prática por ordem do imperador D . Pedro II que recuperava nascentes de água e replantava espécies da Mata Atlântica danificadas com o cultivo do café . Em 1961 , foi classificado como parque e dividido em várias áreas ( a superfície total é de 39 km2 ) - a mais freqüentada é a Floresta da Tijuca . Formada de rochas de milhares de anos , as montanhas do parque permitem passeios a pé seguindo mais de 100 trilhas que atravessam córregos e onde há grutas e cavernas , abrigos de morcegos e aranhas caranguejeiras , entre outros . Como se não bastasse o esplendor da natureza , o parque tem fama por abrigar o Corcovado e o Cristo Redentor . O que ver de Ciências : é um dos templos naturais mais bem preservados em território brasileiro , de uma riqueza em plantas , árvores e animais , rios , lagos e cachoeiras , que merece ser razão de inúmeros passeios . Vale a pena apreciar a exposição permanente no Centro de Visitantes , com painéis interativos e vídeos sobre a história do parque , suas características geológicas , flora e fauna . Recomendação : faça sempre uso do bom senso , percorrendo apenas as trilhas ricas de sinalização durante o passeio a pé . Onde fica : Acesso pela Estrada das Furnas , na Barra da Tijuca , ou pela Estrada Edson Passos ( direção Alto da Boa Vista ) , tel . : 21 2492 2252 , Rio de Janeiro ( RJ ) Por que vale a visita : na Ilha da Ressaca , em meio ao lago que embeleza a capital mineira , o parque tem extensa área verde ( cerca de 300 mil m2 ) e vegetações típicas de algumas regiões brasileiras ( cerrado , Mata Atlântica e Floresta Amazônica ) . Está em funcionamento desde 2004 e suas atividades têm por foco a educação ambiental . Abriga o Memorial Minas Japão que detalha usos e costumes da cultura japonesa . O que ver de Ciências : vale a pena agendar a visita sob a companhia de monitores , a maneira mais adequada de reparar no que há de notável na natureza ali preservada . Curiosidade : tire proveito do projeto " Bicicletas para Todos " - maiores de 18 anos podem se servir desse meio de transporte em visita a determinadas áreas do parque , um estímulo à prática de atividade física como forma de garantir o próprio bem estar . Por que vale a visita : trata-se do centro de pesquisa e parque zoobotânico por excelência da flora e fauna amazônicas . Em atividade desde o final do século 19 , ganhou notoriedade quando o zoólogo suíço Émil August Goeldi assumiu a direção . Hoje conta com aproximadamente 600 animais e 2 mil espécies de plantas tropicais em uma área de 5,2 hectares no centro de Belém . O que ver de Ciências : miniatura da Floresta Amazônica , com animais vivendo em liberdade em meio à vegetação que cresce sob a copa de árvores , a maioria delas de 30 m de altura . Trilhas aproximam quem visita do habitat de preguiças , pássaros , répteis , anfíbios e peixes de água doce - o passeio a pé exige se concentrar para ser capaz de observar a riqueza desse universo . Um laboratório de biodiversidade a céu aberto . Por que vale a visita : à beira do rio Guamá , no espaço antes ocupado por um estaleiro , foi criado essa espécie de museu consagrado ao meio ambiente desse pedaço de Amazônia . Aberto em 2005 , tem 40 mil m2 e boa oferta de lazer que é fonte de informação , caso do viveiro de aves , do borboletário e do Museu Amazônico da Navegação . O seu objetivo é recriar a flora típica de determinadas regiões paraenses , caso das matas das várzeas , das matas de terra firme e dos campos - projeto que ainda está em andamento . O que ver de Ciências : No viveiro de pássaros , contam-se cerca de 300 aves , de sabiás , curiós a guarás , essa última ave de mangue , de plumagem vermelha e bico recurvado ; no borboletário , são mais de 800 espécies de cores instigantes . Mas é no Museu Amazônico da Navegação , recheado de embarcações de outras épocas , que você poderá transmitir a seu filho um pouco sobre a história da navegação brasileira . Por que vale a visita : é uma das áreas verdes mais bonitas da metrópole paranaense . Existe desde 1991 e desde então chama a atenção pela área de 245 mil m2 muito bem explorada em jardins geométricos , onde há espaço para abrigar a estufa transparente , de estrutura metálica e estilo art-nouveau , cópia de um palácio de cristal inglês ; o Jardim das Sensações ; e o Museu Botânico Municipal . O que ver de Ciências : na estufa , há boa variedade de espécies típicas da nossa Mata Atlântica , um tipo de informação que merece ser aprofundado na visita ao Museu Botânico local . Quanto ao Jardim das Sensações , em atividade desde o final de 2008 , ele estimula o visitante a percorrer , de olhos vendados , a trilha por entre 50 plantas e assim conhecer o universo vegetal por meio do toque e do aroma . Por que vale a visita : é a maior e mais popular área verde da capital paranaense . Criado no início dos anos 70 , o parque tem área de 1,4 milhão de m2 em boa parte ocupada por mata nativa , onde vive rica fauna . É notável a presença de aves , gansos e capivaras . Outro destaque : o Museu do Automóvel . O que ver de Ciências : atenção aos pássaros ameaçados de extinção , caso do papagaio-do-peito-roxo , entre as cerca de 200 espécies que vivem no parque . E aproveite a visita ao Museu do Automóvel para mostrar a seu filho não apenas carros antigos como também antiguidades mecânicas que retratam a evolução do motor . Aprender a ( gostar de ) ler Alexandre Amorim Um dia , a televisão anunciou que ia passar o Sítio do Pica-Pau Amarelo . Perto dos onze anos , Alexandre ficou feliz de saber que o programa tinha dois horários e que , depois da escola , ia poder ver aquela história de que sempre ouvira falar , mas nunca tivera coragem de ler . Eram doze livros comprados pelo pai , com letras grandes e cheios de gravuras , mas que pareciam muita coisa para quem ainda tinha os deveres de casa e os livros da escola . As aventuras em ilhas desertas , o escoteiro Bila e as traquinagens de Tom Sawyer eram histórias que faziam Alexandre gostar de ler e até tentar aprender a datilografar na máquina Olivetti Lettera 32 de sua mãe para poder escrever suas próprias histórias de detetives e mistérios . Mas no dia em que a música de Gilberto Gil começou a tocar na televisão , anunciando a transposição da imaginação de Monteiro Lobato de livro para o audiovisual , ele assistiu ao programa inteiro maravilhado . Ficou impressionado com as imagens daquela menina que dormia na beira de um rio e acabava por mergulhar no reino das Águas Claras , onde sua boneca ganharia vida e voz . Porque ele já gostava de ler , pensou que devia ser bom procurar aquela história no original , e foi assim que , durante meses , o menino lia e via o Sítio do Pica-Pau Amarelo . Meio envergonhado , se achando um pouco velho para aquela literatura infantil , mas devorando cada página e se emocionando a cada sermão de Dona Benta , estranhando poder haver uma boneca tão malcriada que fosse ao mesmo tempo tão querida , desejando ser aquele menino de bodoque que passava as férias inteiras no paraíso . Desejando , não : todo ano ele ia para o interior de Minas , e se imaginava sendo Pedrinho . Alexandre cresceu e aprendeu a gostar de tantos livros que não havia mais espaço em sua casa para tantas estantes . Mas ele insistia . Quando sua filha nasceu , ele lia Monteiro Lobato e contava histórias inventadas , de piratas que viajavam à noite para a lua e de peixes que falavam e podiam cruzar mares e rios e muitas vezes apareciam nos chafarizes , para encontrar seus amigos humanos . A filha ouvia as histórias , pedia para ouvir as preferidas de novo , pedia para mudar o final de outras e , mesmo depois de aprender a ler , ainda dormia com as narrativas do pai . O tempo passou e a menina já escolhia os livros que queria comprar sozinha . E eles discordam das preferências literárias . Ela coleciona romances açucarados e ele prefere os contos fantásticos . Ela não entende aquelas histórias sem pé nem cabeça , ele não consegue gostar de historinhas que sempre têm o mesmo final . Mas sempre que almoçam juntos discutem a mesma coisa : as histórias que estão lendo . O engraçado é que pai e filha tiveram influências da televisão , e não sabem por que tanta gente reclama dela como culpada da falta de leitura das pessoas . Eles veem séries de TV juntos , vão ao cinema , conversam , e mesmo assim resta muito tempo para ler seus livros preferidos . E discutir sobre eles . E , hoje em dia , a menina tem um irmãozinho de três anos . Alexandre também conta histórias para o pequeno , mas ele insiste em saber tudo sobre o lobo mau e o lobisomem , e não resta muito espaço para outras ficções . Às vezes , o pai conta histórias em que os canídeos são bonzinhos , mas incompreendidos . Mas muitas vezes o menino pede a história para valer , com toda a maldade que existe no coração desses monstros . A irmã mais velha gosta de ouvir as histórias , ri das invencionices do pai e de vez em quando ela mesma conta para o irmãozinho uma trama que ela inventa ou se lembra da infância . E assim o pai se sente orgulhoso de ver que os filhos vão , aos poucos , aprendendo a gostar de ler . Porque gostam de narrativas , de enredos , de histórias que os façam imaginar novas histórias , que os façam ver como o mundo pode se transformar . E porque , aos poucos , eles vão entender que para aprender a gostar de ler não basta abrir um livro , mas saber que aquele livro é mais um caminho que o mundo oferece . Centro de Estudos e Psicobiologia e Exercício ( CEPE ) Universidade Federal de São Paulo ( UNIFESP ) Sumário 1 . Envelhecimento O envelhecimento pode ser considerado de diferentes prismas , por exemplo , em um contexto mais filosófico , pode ser o continuar sendo , o continuar existindo , o continuar criando vida e ultrapassando os limites dos seus antecessores . E esse processo é reflexo de inúmeros acontecimentos ao longo da história da humanidade . No passado , o envelhecer era raro e para muitos era comum a morte ainda na fase adulta . Se bem que na maior parte do tempo da humanidade na Terra , a morte era prematura e não se conhecia o envelhecimento . Mas , com a evolução da sociedade moderna , desenvolveu-se uma explosão de medidas protetoras que tinham como principal intuito postergar a morte e , em conseqüência disso , deparou-se com um outro fenômeno , o envelhecimento . Mas o envelhecimento não deve ser tratado como um problema e sim , deve ser entendido . E quando se fala de compreensão , deve-se ter uma visão global do envelhecimento , não somente biofisiológica , mas conhecer as particularidades ambientais , sociais , culturais e econômicas que , seguramente em maior ou menor extensão participam desse processo . Portanto , é indispensável que se considere o envelhecimento como um processo e os idosos como indivíduos . 1.1 . Epidemiologia do Envelhecimento O crescente aumento da população idosa em todo o mundo , comprovada por diversos estudos demográficos , tem colocado para os órgãos governamentais e para a sociedade o desafio de problemas médico-sociais inerentes do envelhecimento populacional . No início do século X , o envelhecimento populacional era apenas relatado nos países desenvolvidos , mas , a partir da década de 1950 , passou a ser um fenômeno mundial . Inúmeros fatores contribuíram para essa modificação no perfil do envelhecimento populacional : o avanço das técnicas em saúde , proporcionando melhoria da qualidade de vida e em conseqüência , a um aumento na expectativa de vida . Em paralelo , vem se observando uma redução na taxa de natalidade tanto nos países desenvolvidos quanto os países em desenvolvimento , por exemplo , o Brasil [ 1,2 ] . No Brasil , a população idosa vem mantendo uma tendência de crescimento . Aliás , em 1996 , a proporção de idosos na população brasileira era de 7,9% , e , em 2006 aumentou para 9,2% , existindo uma estimativa que , no ano de 2050 , a proporção será de 18% em relação ao total da população [ 10 ] . 1.2 . Impacto Social do Envelhecimento Paralelamente às modificações demográficas , que estão acontecendo nos países desenvolvidos e em desenvolvimento , há necessidade também de profundas modificações socioeconômicas , particularmente nos países em desenvolvimento , visando melhor qualidade de vida aos idosos e aqueles que se encontram em processo de envelhecimento [ 96 ] . O crescimento da população idosa nestes países , acompanhado de falta de disponibilidade à riqueza ou , o que é mais comum , de sua perversa distribuição , contrasta com o existente no passado com a Europa , quando uma população começou a envelhecer . Talvez a Inglaterra seja o exemplo mais típico : o envelhecimento da sua população teve inicio após a revolução industrial , no período áureo do império britânico , quando estado e sociedade puderam dispor de recursos para atender a demanda que o crescente numero de idosos exigia [ 96 ] . O complexo problema , que associa a precária condição socioeconômica , problemas advindos da existência de múltiplas afecções concomitantes e dificuldade de adaptação o idoso às exigências do mundo moderno , tem como conseqüência natural o isolamento do velho e um impacto sobre a sociedade de que terá que enfrentar este desafio com absoluta presteza [ 96 ] . 1.3 . Alterações na Anatomia e Fisiologia com o Envelhecimento Por se tratar de um processo comum a praticamente todos os seres vivos , o envelhecimento deveria ter suas bases fisiológicas melhor conhecidas , à semelhança dos outros fenômenos orgânicos que caracterizam a concepção , o desenvolvimento e a evolução dos habitantes deste planeta , em especial o ser humano . Muitos foram os fatores que impediram o progresso deste conhecimento , mas , o mais importante , foi a constância com que o envelhecimento natural foi erroneamente caracterizado como um estado patológico , o que estimulou muito mais a tentativa de combatê-lo do que entendê-lo [ 96 ] . A maior parte do que se conhece do assunto hoje , é fruto de pesquisas realizadas nestas últimas décadas . Toda esta evolução do conhecimento modifica conceitualmente o envelhecimento , respondendo não somente a uma nova gama de interesses profissionais , mas também às necessidades originadas por uma verdadeira explosão demográfica da população de gerontes [ 96 ] . Atualmente , é fundamental que o profissional interessado nesta área esteja atualizado nas peculiaridades anatômicas e funcionais do envelhecimento , sabendo discernir com máxima precisão os efeitos naturais deste processo ( senescência ) das alterações produzidas pelas inúmeras afecções que podem acometer o idoso ( senilidade ) . Existem outros termos para se referir as mesmas condições , como eugeria às alterações puramente fisiológicas e patogeria às provocadas pelas doenças . Outros autores utilizam para esses conjuntos de fenômenos a denominação envelhecimento primário e envelhecimento secundário [ 96 ] . De forma geral , a quantidade de água corpórea declina ( entre 15 e 20% ) com o envelhecimento , com a redução dos componentes intra e extra celulares , provocando maior suscetibilidade a graves complicações conseqüentes a perdas líquidas e maior dificuldade a rápida reposição do volume perdido Esta retração do compartimento hídrico associado ao componente lipídico ( 20 a 40% ) , com uma diminuição do nível de albumina altera o transporte de diversas drogas do sangue [ 84 ] . O metabolismo basal diminui cerca de 10% a 20% com o progredir da idade , o que deve ser levado em conta quando se calcula as necessidades calóricas diárias do idoso . A tolerância à glicose se altera , criando alguma dificuldade no diagnóstico do diabete [ 84 ] . Há progressiva redução da síntese de aldosterona , concomitante a um aumento da síntese de hormônio antidiurético . Estas alterações , associadas às limitações da função renal ( ver a seguir ) , são responsáveis por freqüentes hiponatremias , geralmente agravadas pela adoção de dietas hipossódicas e / ou de diuréticos [ 84 ] . A partir dos 40 anos a estatura do individuo começa a declinar cerca de 1cm por década [ 21 ] . Esta perda se deve à diminuição dos arcos pé , aumento das curvaturas da coluna , além de um encurtamento da coluna vertebral em razão de alterações nos discos intervertebrais . Os diâmetros da caixa torácica e do crânio tendem a aumentar . O nariz e os pavilhões auditivos continuam a crescer , dando a conformação facial típica do idoso [ 113 ] . Há alterações evidentes na composição corporal , com aumento do tecido adiposo que tende a se depositar na região abdominal e entre os órgãos , ocorrendo sem geral após os 35 anos . O teor total de água do corpo diminui por perda de água intracelular , levando à diminuição da relação fluido intracelular para o extracelular . A concentração de potássio total , que na maior parte é intracelular , também diminui . A perda de água e potássio deve-se preferencialmente à diminuição geral do número de células nos órgãos [ 113 ] . Essas mudanças na composição do corpo levam a uma diminuição da massa consumidora de oxigênio , quando expressa por unidade de peso ou por unidade de superfície . Os órgãos internos também são afetados com o envelhecimento , entre os quais os rins e o fígado são os que mais sofrem prejuízos [ 35 ] . As fibras elásticas da derme formam feixes dispostos segundo direções preferenciais , conforme as linhas de tensão . É por esse motivo que , quando se perfura a pele com um cilindro , obtém-se uma fenda e não um orifício circular . Dá a noção das linhas da fenda . Com o envelhecimento , estas fibras se alteram , a elastina se torna porosa e menos elástica . Estas alterações são mais intensas na pele exposta à luz . Somadas a diminuição da espessura da pele e do subcutâneo , estas alterações dão origem às rugas [ 47 ] . As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem a sua atividade , resultando em uma pele seca e áspera , mais vulnerável a infecções e alteração de temperatura [ 47,96 ] . A cor da pele é determinada e parte pelo pigmento contido nos melanócitos que o transferem para as células da epiderme e , em parte pelo sangue das alças capilares . Com isso , a pele fica pálida , aparentando o estado de anemia . Entre os 40 e 50 anos , a pálpebra inferior pode apresentar edema por herniação de gordura associada a uma pequena retenção de líquido , pode haver também hiperpigmentação deste local [ 47,96 ] . Os melanócitos podem sofrer alterações no seu funcionamento em certas regiões como a face e dorso da mão , levando à formação de manchas hiperpigmentadas , marrons , lisas e achatadas . Como a epiderme fica mais fina , os menores traumas podem provocar equimoses com manchas vermelhas ou púrpuras salientes . São comuns também manchas escuras ou marrons , salientes , conhecidas em conjunto como queratose seborréica [ 47 ] . Há diminuição geral dos pêlos no corpo . Fazem exceção as narinas , as orelhas e as sobrancelhas . Na mulher , crescem no lábio superior em razão do aumento de hormônios andrógenos e diminuição dos estrógenos [ 96 ] . O cabelo pode ser dividido em haste e raiz que fica encravada na hipoderme , onde o bulbo possui a matriz que produz o seu crescimento . Cada cabelo é constituído de células modificadas da epiderme que forma a medula e o córtex . As células da medula são separadas por espaços contendo ar ou líquido . As células do córtex têm pigmento , sendo elas as responsáveis pela a cor do cabelo . Com o envelhecimento , a medula se enche de ar e as células do córtex perdem pigmento , tornando o cabelo branco . É normal que após o crescimento do cabelo , as células do bulbo fiquem inativas ou morram , o que ocasiona a queda do cabelo . Após um período , novas células começam a funcionar e o cabelo cresce novamente . Há uma alternância dos bulbos dos vários milhares de cabelos . Enquanto uns estão inativos , outros estão em funcionamento . Com o envelhecimento e , dependendo de vários fatores , ocorre diminuição do número de bulbos ativos e surge a calvície [ 96 ] . Devem-se considerar dois aspectos no osso : o compacto e o esponjoso . Ambos se alteram com o envelhecimento . No idoso , a espessura do componente compacto diminui pela reabsorção interna óssea . Na esponjosa , há perda de lâminas ósseas em relação ao jovem , formando-se cavidades maiores entre as trabéculas ósseas [ 113 ] . Histologicamente observa-se que a parte cortical , que no jovem é formada por osteomas regulares com canais de tamanhos normais , no idoso apresenta canais mais ficando mais porosa e delgada [ 96,113 ] amplos , com zonas de reabsorção interna transformando-se a compacta em esponjosa , Os osteócitos , que controlam todo o metabolismo da matriz extracelular , diminuem em número e atividade com o envelhecimento . Com isso , o metabolismo do cálcio se desequilibra e há perda de cálcio na matriz . A perda de tecido ósseo ocorre de maneira diferente no home e na mulher . Na mulher não há perda óssea significante antes da menopausa , porém após este fenômeno , o processo é mais intenso do que nos homens . Isto se observa ao se analisar a densidade óssea , tanto no tecido compacto como no esponjoso [ 96,113 ] . Se esse processo de perda de massa óssea for excessivo , pode ser patológico e se constituir um dos principais problemas do envelhecimento , a osteopenia e a osteoporose . Para as pessoas com mais de 60 anos a alterações podem chegar ente 30 e 50% [ 81 ] . A osteopenia é definida por uma densidade mineral óssea entre desvios padrão ( DP ) entre - 1 e - 2,5 da média dos adultos jovens ; a osteoporose constitui-se quando a perda de massa mineral óssea ultrapassa - 2,5 DP da média dos adultos jovens [ 114 ] . Nas suturas do crânio , os ossos são unidos por tecido fibroso . Com o envelhecimento esse tecido sofre substituição por osso , processo este que se inicia por volta dos 30 anos . O crânio , portanto , tende a apresentar um menor número de ossos o que diminui a sua resistência a fraturas [ 78 ] . Os discos intervertebrais são constituídos por um núcleo pulposo e um anel fibroso . O núcleo pulposo , no jovem , é constituído de uma grande quantidade de água , fibras colágenas finas e proteoglicanas ; o anel fibroso é uma fibrocartilagem constituída por condrócitos e uma matriz , onde se encontram fibras colágenas espessas e proteoglicanas . No idoso , o núcleo pulposo perde água e proteglicanas e as fibras colágenas aumentam em número e espessura [ 78 ] . No anel fibroso , ao contrário , as fibras colágenas ficam mais delgadas . Com tudo isso a espessura do disco diminui , acentuando-se as curvaturas da coluna vertebral , especialmente a torácica , contribuindo para o aumento da cifose torácica , comumente observada nos idosos [ 28,79 ] . Nas articulações sinoviais ( diartroses ) , importantes alterações ocorrem na cartilagem articular . No jovem , ela é constituída por uma camada de células , os condrócitos e uma matriz onde se encontram água , fibras colágenas e proteoglicanas . Com o envelhecimento ocorrem alterações , especialmente nas camadas superficiais : o número de células , a água e as proteoglicanas diminuem , enquanto as fibras colágenas aumentam em número e espessura . Como conseqüência , a cartilagem fica mais delgada e surgem rachaduras e fendas na superfície e é cada vez mais acentuada com o passar dos anos [ 28,78,79 ] . No sistema muscular ocorre uma diminuição do peso do músculo , o que também ocorre na sua área de secção , o que demonstra existir uma perda de massa magra . Porter e col . [ 103 ] notaram que , por volta dos 70 anos , a secção transversal do músculo diminui de 25% a 30% e a força muscular decresce de 30% a 40% . Já Skelton e col . [ 115 ] mostraram que , após os 70 anos , a perda de força se altera negativamente de 1% a 2% ao ano . No entanto , no nível celular , os sistemas de túbulos T e o retículo sarcoplasmático proliferam , talvez como um mecanismo de compensação para assegurar a transmissão do impulso nervoso da célula . As placas motoras , que no jovem mostram uma série de pregas regulares e uma fenda estreita , no idoso apresenta um aumento do número de pregas e a fenda sináptica se torna mais ampla , diminuindo a área de contato entre o axônio e a membrana da célula [ 61 ] . No jovem , a maior parte dos músculos apresenta fibras de contração rápida ou branca e fibras vermelhas ou oxidativas em proporções variadas . No entanto , no músculo do idoso , vemos fibras em degeneração , de ambos os tipos , e também fibras hipertrofiadas , talvez como um mecanismo de compensação . Em animais foi mostrado que a diminuição do número de fibras musculares se deve às fibras vermelhas e que as fibras brancas são as que mais diminuem de volume . No homem , também as fibras que diminuem de volume são especificamente as brancas [ 96 ] . As fibras musculares que desaparecem são substituídas por tecido conjuntivo , ocorrendo então o aumento do colágeno intersticial no músculo do idoso [ 61 ] . Muito importante para a mecânica respiratória são os elementos da caixa torácica . Entre o esterno e as cartilagens costais há articulações sinoviais . Com o envelhecimento elas desaparecem e os elementos ósseos e cartilaginosos se fundem . Com a idade a fibrocartilagem entre o manúbrio e o corpo do esterno desaparecem , unindo as duas partes ósseas . Como a mobilidade da caixa torácica depende destas articulações , as alterações citadas provocam importante diminuição na sua complacência [ 96 ] . No pulmão , a superfície total dos alvéolos mostra discreta diminuição com a idade . Estudos com moldes de corrosão mostram freqüente presença de alvéolos dilatados em meio a outros normais , bem como fusão de alvéolos formando cistos , devido a ruptura dos septos interalveolares [ 96 ] . Confecção de peças , utensílios e decorações para ambientes comerciais ou residenciais em mosaico , com pastilhas de vidro , marmorizadas , porcelana ou cristal . Restauração , transformação e personalização de móveis antigos com aplicação de pátina , satinê , relevo e outras técnicas . Carnavalesco Ney Junior na União de Jacarepaguá No próximo sábado , dia 9 de dezembro , o G.R.E.S . União de Jacarepaguá apresenta seu novo reforço para o seu time de 2013 , o carnavalesco Ney Junior . Que assinará o desenvolvimento do enredo com o carnavalesco Jorge Caribé . " Será mais um desafio que pretendemos superar . Será um show na Sapucaí " , explica Ney Junior . A União de Jacarepaguá será a 1ª escola a se apresentar no sábado de carnaval na Marques de Sapucaí , com o enredo “ Dos Barões do café à Cidade Universitária . Vassouras , ouro verde do Brasil ! ” , do carnavalesco Jorge Caribe e desenvolvido com a parceria de Ney Junior.A quadra da escola fica na Estrada Intendente Magalhães , 445 , em Campinho . E a apresentação acontecerá na quadra , a partir das 21 horas . Tensões psíquicas no delito Pode-se associar o ato de delinqüir ao prazer psicológico de seu exercício ? Não se vê “ neutralização de comportamentos ” que diminuam a dor do outro ? Vários são os fenômenos que contribuem para que a dor do outro seja percebida inconscientemente , como irrelevante e prazerosa ( notícias do cotidiano ) . Banalização Desde crimes administrativos escondidos no anonimato ( fora do alcance da grande massa:desvio de verbas sociais e públicas,etc ) ou até naqueles mais horrendos,são vários os fenômenos “ desapercebidos ” que chega a habitualidade ( banalização costumeira ) . Fenômenos emocionais Muitos situações relacionam-se com fenômenos emocionais complexos , como aquele que o indivíduo agride pra fazer o outro sofrer ; o sofrimento do outro constitui a expiação de uma culpa . Mecanismos de defesa do ego Pai e mãe batem no filho ( até fazer chorar ) Assegura-se de que a falha cometida na educação foi resolvida pela dor da criança . Um deslocamento ( a dor da criança representa a transferência para um objeto externo – a criança:sofrimento psíquico – Consciência da incompetência no exercício do papel ( pai e mãe ) Deslocamento Deslocamento : Mecanismo de defesa do ego : Consiste na reorientação de uma pulsão que se encontra bloqueada para uma outra que se encontra disponível . Assim o afeto de uma idéia ou objeto é transposto ou deslocado para outro . Na Delinqüência e prazer existem mecanismos como a sublimação e o deslocamento ao se tentar da recuperação do delinqüente . Sublimação Sublimação : Mecanismo de defesa pelo qual a energia psíquica retida no material reprimido é canalizada a objetivos , socialmente úteis e aceitáveis . Reorganização da agressividade,Atividades físicas , artísticas que se possa deslocar conteúdos reprimidos , ludicidade,orientação às atividades laborais . Teoria psicanalítica De acordo com a teoria psicanalítica,são modos inconscientes utilizados frente às diversas reações que se destinam a repelir ou a reduzir a ansiedade,com vistas a manter o equilíbrio da personalidade . Fenômenos associados O prazer na dor do outro pode , também , refletir uma característica de personalidade anti-social,em que o indivíduo agride a sociedade , representada pelo objeto da raiva;o agredido não passa de coisa;o prazer de agredir contrabalança à frustração de não poder destruir;eventualmente,chega à fatalidade . Dois fenômenos associados : o condicionamento a associação de modelos Condicionamento Condicionamento : deriva da exposição a situações similares desde a infância , que ensinaram o indivíduo a obter vantagens ( reforço positivo ) a partir de comportamentos de agressão . ( comportamentos de agressão à família,no sentido de conquistar seus objetos de desejos ) . A dinâmica da repressão Com a repetição das experiências , condiciona-se a provocar a dor , antes mesmo de aventar outros tipos de estratégias;também ocorre quando o sistema familiar se relaciona de modo a privilegiar a dinâmica da repressão . Imitação de modelos Na imitação de modelos : situações em que pai,mãe ou alguma pessoa significativa causava dor em outras pessoas , e conseguia benefícios com essa estratégia perversa . Brasília Brasília é a capital do Brasil e está localizada no Distrito Federal . Inaugurada em 21 de abril de 1960 , às margens do lago Paranoá , na região Centro-Oeste , é conhecida em todo o mundo por sua arquitetura moderna . Brasília é a capital do Brasil e está localizada no Distrito Federal . Inaugurada em 21 de abril de 1960 , às margens do lago Paranoá , na região Centro-Oeste , é conhecida em todo o mundo por sua arquitetura moderna . Terceira capital do país — a primeira foi Salvador e a segunda , Rio de Janeiro — , Brasília foi construída para ser a sede do governo do Brasil . O plano piloto da cidade foi elaborado pelo arquiteto Lucio Costa ; é constituído por dois eixos que se cruzam e que , vistos do ar , lembram um pássaro ou um avião . No eixo sul–norte ficam as zonas residenciais ; no leste–oeste , os setores político-administrativo , cultural , econômico e esportivo . Na Praça dos Três Poderes estão o Congresso Nacional , o Palácio da Justiça e o Palácio do Planalto , onde o presidente da República trabalha . Próximo dali , à beira do lago Paranoá , fica a residência presidencial , o Palácio da Alvorada , cujas colunas se tornaram um símbolo da cidade . Também merece destaque a Catedral Metropolitana . Todos esses edifícios foram desenhados pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer . Geografia Vista panorâmica de Brasília , localizada no planalto Central do Brasil.Jeremy Woodhouse—Digital Vision / Getty Images Brasília se localiza no planalto Central ( que faz parte do planalto Brasileiro ) e tem um relevo plano , com altura de 1.000 a 1.200 metros acima do nível do mar . O clima é tropical de altitude , com verão chuvoso e inverno muito seco e fresco . A temperatura média anual é de cerca de 21°C . Para amenizar a baixa umidade da região , o projeto da cidade incluiu a construção de um imenso lago artificial , pelo represamento do rio Paranoá . O lago Paranoá tem 40 quilômetros de extensão , 80 quilômetros de perímetro e profundidade máxima de 48 metros . Sua flora e fauna são típicas do Cerrado . Entre as principais espécies vegetais estão o ipê-roxo , o ipê-amarelo , a paineira , o pau-brasil e o buriti . Economia Como Brasília é a sede do governo do Brasil , funcionam na cidade praticamente todos os órgãos da administração federal , o que faz que sua economia esteja baseada , sobretudo , nos setores de comércio e de serviços . A agricultura e a avicultura também ocupam lugar de destaque , ao lado da chamada indústria limpa — software , cinema e gemologia ( de gemas ou pedras preciosas ) . História Juscelino Kubitschek , presidente do Brasil que fez construir Brasília , diante de um … AP A ideia de construir a capital brasileira no sertão , por questões de segurança , vem desde a época do Brasil colônia . Considera-se que o primeiro a sugerir isso foi o marquês de Pombal , governante português , no século XVIII . No começo do século XIX , Hipólito José da Costa e José Bonifácio de Andrada e Silva retomaram a ideia , mas foi Paulo Ferreira de Meneses que sugeriu diretamente a demarcação , no planalto Central , de um quadrilátero de 160 léguas de lado , no qual se levantaria a capital definitiva do Império . O nome Brasília já circulava , mas o primeiro a registrá-lo no papel , em carta enviada a José Bonifácio , parece ter sido Ritter Von Schaeffer , alemão residente no Brasil que agenciava a vinda de militares alemães para o exército brasileiro . Dizia que Brasília poderia ser erguida na área localizada na latitude de 15° e na longitude de 48° . Hoje , a cidade está justamente na latitude de 15° e na longitude de 47° . Durante o Império e a República , foram feitas várias ações e até projetos de lei para mudar a capital do Rio de Janeiro . O ato mais concreto foi a inclusão , na Constituição de 1891 , de um artigo que dispunha sobre a demarcação de uma área de 14.000 quilômetros quadrados no planalto Central para a construção da futura capital federal . A ideia acabou saindo do papel somente na década de 1950 . Eleito presidente da República , Juscelino Kubitschek constituiu a Companhia Urbanizadora da Nova Capital , Novacap , dando início aos trabalhos de terraplenagem . Era o ano de 1956 . A cidade foi construída em tempo recorde , três anos e dez meses , a partir do projeto de Lucio Costa , que venceu outros 26 concorrentes em um concurso nacional . Apesar de ter sido inaugurada em 1960 , a administração federal só seria definitiva e completamente transferida do Rio de Janeiro para lá na década de 1970 , durante os governos militares . É a quarta cidade brasileira em população , com 2.562.963 habitantes ( censo de 2010 ) . Idioma País Cidade Programa Universidades no Canadá Se prepara para as universidades no Canadá melhorando o seu inglês acadêmico com os nossos cursos personalizados . Nossos programas universitários no Canadá variam em duração , de cursos curtos e intensivos para afinar a sua fluência a cursos de duração de um semestre a um ano que visam o seu ingresso em uma das universidades no Canadá . programa(s ) encontrados Universidades no Canada Imagine-se estudando em meio à vigorosa , de tirar o fôlego , beleza natural do Canadá . Ir a uma Universidade no Canada é um grande passo , mas você pode aumentar suas chances de sucesso certificando-se de que você está completamente preparado para o desafio . Faça um curso preparatório para Universidades no Canada para ter certeza de que suas habilidades com o inglês estão à altura e tenha o gostinho da vida de estudante . Você praticará novo vocabulário , se preparará para fazer exames e aprenderá quais são os requisitos para admissão nas universidades . Dependendo do programa que você escolher , você pode até receber admissão garantida em uma das nossas Universidades no Canada parceiras quando você se formar . Passando um tempo no Canada Se você vier estudar no Canadá por um período estendido , seja como estudante de intercâmbio ou em um curso preparatório para uma Universidade no Canada , você terá tempo livre de sobra para aproveitar o máximo da paisagem fantástica e cenário deste belo país . Você pode escolher entre estudar em um curso universitário em Toronto ou Vancouver . Satisfaça seu amor por esquiar ou praticar snowboard e desça as encostas da Montanha Whistler . Realize o sonho de uma vida de visitar as Cataratas do Niágara ou apenas curta a bela paisagem , e também viva e estude em uma cidade cosmopolita . Estudar em uma Universidade no Canada é mais que apenas educação , é uma experiência de vida incrível ! Fé e determinação para continuar com o cinturão do Bellator Com 13 anos de história no mundo do MMA , o amazonense Marcos ‘ Loro ’ Galvão luta pela permanência do cinturão dos galos em mais uma edição do Bellator . A disputa pelo card principal , será realizada no próximo dia ( 17 ) , na cidade de Fresno , na Califórnia ( EUA ) . O adversário do amazonense será o também brasileiro Eduardo ‘ Dudu ’ Dandas ( Nova União / RJ ) . Apesar de ter perdido uma vez para o lutador em 2013 , Marcos ‘ Loro ’ segue confiante para mais uma disputa , e garante que o cinturão vai continuar de posse do Amazonas . “ Deus sabe o que estou passando e sei que esta luta já foi escrita por ele . Tenho confiança e sei que no final do round o árbitro irá levantar meu braço me dando a vitória ” , disse o lutador após comentar as dificuldades vividas no MMA . A vida de um campeão de MMA nem sempre é fácil como se imagina . Marcos ‘ Loro ’ Galvão é um grande exemplo disso . Sem patrocínio e apoio do poder público , os dias do manauense são marcados por uma grande rotina de treinos e a ministração de aulas de jiu-jitsu na academia do ex-lutador Vitor Shaolin , nos Estados Unidos , local onde mora a cerca de 6 anos . “ Minha rotina é dar aulas duas vezes de manhã e três a noite durante todas as semanas . Ainda tenho que arrumar tempo para treinar . Não é fácil viver do esporte , ainda mais eu que nunca recebi sequer ajuda do poder público da minha cidade ” , destacou Loro ao se referir sobre a dificuldade vivida em solos americanos . A distância entre os locais de treinos e ministração de aulas também é um grande custo para o lutador . “ Para me aperfeiçoar nos treinos , luto numa academia que fica cerca de 2h de distância do local onde moro ( Nova York ) , e depois ainda tenho que pegar outro trem para dar minhas aulas , demorando cerca de 45 minutos para chegar lá . Não é fácil , tudo o que fazemos aqui tem um gasto muito alto , pois vivemos numa das maiores metrópoles do mundo ” , declarou o lutador amazonense . Perda no MMA Ao comentar sobre a recente morte do lutador Kimbo Slice , que faleceu na noite da última segunda-feira ( 6 ) , aos 42 anos de idade , Loro revela que era fã dos vídeos de lutas de rua postados pelo veterano na internet , se inspirando bastante no jeito rápido de lutar do americano . “ Me espelhei muito nele porque com ele não tinham meias palavras , ele ia para cima do adversário e mostrava quem comandava ” , disse Marcos Loro , ao lembrar dos vídeos caseiros de Kimbo Slice . O sucesso atrapalhou Mesmo para quem já tem experiência em tocar um negócio bem-sucedido , o ingresso num novo setor costuma requerer um período de aprendizado . Foi o que descobriu o empresário Nelson Kaufman , dono da Vivara , a segunda maior rede de joalherias do país . Dois anos atrás , depois de estender pelo país a marca Vivara numa rede de 58 lojas , Kaufman - - um apreciador de móveis e objetos de decoração - - investiu 30 milhões de reais para erguer a Etna , uma sofisticada loja de artigos para casa , com 20 000 metros quadrados , na nobre região paulistana do Brooklin . A inauguração , em agosto do ano passado , foi precedida de uma campanha de marketing trombeteando uma agressiva política de preços . A estratégia atraiu multidões . Num único fim de semana , apareceram 12 000 pessoas na loja . " Achávamos que iríamos agradar , mas não que o sucesso seria tão grande " , diz o diretor Mauro Chenker . Foi impossível satisfazer todos os clientes . Sucederam-se contratempos que mais pareciam , aos olhos de quem não foi bem atendido , erros primários . Muitos consumidores queixaram-se aos jornais . Houve casos em que o produto comprado jamais foi recebido porque o estoque havia acabado . Móveis entregues sem embalagem foram danificados ou , por falta de peças , não puderam ser montados ao chegar à casa do cliente . " Não conseguimos , de início , atender às expectativas de todo mundo " , afirma Chenker . Após algum tempo , foi constatado que os principais contratempos ocorriam depois da venda . Diferentemente do negócio de jóias , a compra de um móvel não acaba na loja - - apenas começa . " Os grandes problemas acontecem na entrega e na montagem " , diz o consultor de varejo Eugênio Foganholo . " Para esse setor , o pós-venda é crucial . " A primeira providência da Etna foi enviar um pedido de desculpas com uma caixa de bombons a 300 clientes que tiveram complicações . Depois , a empresa tratou de arrumar a própria casa . Em novembro , o depósito que ficava atrás da loja foi transferido para um armazém de 11 000 metros quadrados , quase quatro vezes maior . Conceitos básicos de logística foram introduzidos para organizar 24 000 itens fornecidos por 500 empresas . Equipamentos e treinamento de mão-de-obra consumiram 800 000 reais em investimentos . " Agora que sabemos como o negócio se comporta , fica mais fácil promover melhorias " , diz Chenker . Os novos processos permitiram baixar o tempo de entrega de dez para quatro dias úteis . Os prazos , antes cumpridos em 85% dos pedidos , passaram a ser respeitados em 99% deles . Ser mais eficiente é fundamental para a expansão da Etna . Uma segunda loja deve ser inaugurada em Campinas , no interior de São Paulo , neste ano e , para 2006 , a promessa é abrir outra em São Paulo . No ano passado a Etna entregava 85% dos pedidos de móveis em 10 dias uteis . Esse índice aumentou para 99% em 4 dias úteis Bacharel em Violão ( 1993 ) , Mestre em Educação Musical ( 1998 ) , Doutora em Etnomusicologia ( 2009 ) e , desde 2007 , professora do Departamento de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul . Integra o Grupo de Estudos Musicais ( GEM/PPGMUS/UFRGS ) coordenado pela professora Maria Elizabeth Lucas , desde 1993 , pesquisando práticas musicais de afro-descendentes no RS . A partir de 2002 passou a colaborar com o Programa de Educação Antirracista no Cotidiano Escolar e Acadêmico do Departamento de Desenvolvimento Social DEDS/PROREXT/UFRGS . E-mail : luciana.prass@gmail.com Navegação do Post Não há atalhos para santificação , é preciso vontade e decisão Decida entregar-se ao Senhor , se submeter a Ele e ser santo como Ele é . 1 . É preciso vontade e decisão . Eu decido me entregar ao Senhor , me submeter a Ele e ser santo como Ele . 2 . Crescer nos padrões de Deus através da Palavra . Ser prático e não teórico . Aplicar o que aprendeu e ser cada vez mais um praticante , não somente leitor ou ouvinte . 3 . Oração é essencial para nos aproximarmos de Deus e sermos cada vez mais amigos intimos dEle . 4 . Adorar a Deus , ir aos cultos na igreja , é indispensável na santificação . Participar dos cultos é um elemento poderoso na santificação . É como a história do carvão e da brasa . Tire uma brasa da fogueira e ela se apagará , virará um carvão . Ponha um carvão junto às brasas e ele se acenderá . Um dos primeiros sintomas de frieza espiritual e de queda no relacionamento com Deus é a fuga dos cultos . Poucas desculpas são mais descoradas do que aquela de “ estou sem ir à Igreja , mas mantenho minha relação com Deus no mesmo nível ” . Só se for no nível baixo de sempre . 5 . Testemunhar nos ajuda a fortalecer a fé . Testemunhar é o exercício da fé . Se a Palavra , a oração e o culto nos alimentam , o testemunho nos faz exercitar-nos . Quem só come e não se exercita pode ter problemas de saúde . Que as pessoas a sua volta vejam Jesus e sua santidade nas suas atitudes e no seu falar . 6 . O companheirismo cristão é um outro elemento muito forte . Alguém disse que “ a Igreja é o único exército que atira em seus próprios soldados ” . É verdade ! Como os crentes falam mal uns dos outros ! Como se criticam ! Entender que todos nós temos falhas , que enfrentamos as mesmas lutas , tudo isso é um elemento muito forte no processo de santificação . A confissão de fraquezas e pecados uns aos outros nos liberta , nos cura . Somos fortalecidos na fé pelo companheirismo . 7 . A disciplina ou o domínio de si mesmo é algo indispensável na busca da santidade . É dizer não para os desejos pecaminosos da carne e procurar ser como Cristo . Não adianta , você precisa ter estratégias para se controlar , para fugir do pecado . Domínio próprio com internet , com pornografia , masturbação . Claro que é algo difícil , mas de alguma forma você tem que tentar substituir esse prazer nesse pecado por um prazer maior . Tente fazer algo que você goste , fuja do do tropeço . Certos momentos difíceis , ler a bíblia , ou orar não adianta , estamos tão focados com vontade de pecar , que o jeito é sair correndo , como fez José com a mulher de Potifar . Faça algo que vai te satisfazer e fazer você esquecer do pecado . Busque se disciplinar , você conhece seus limites , não abuse . Arbitrariedade + desigualdade = caos 30/11/2015 Com mais de 600 mil presos , o país fica atrás apenas de Rússia , China e EUA Sabemos que o sistema carcerário brasileiro está falido , com superlotação e sem ressocialização . No entanto , chamamos a atenção para uma das maiores contradições desse país , cuja imagem é de uma Justiça lenta e ineficaz . Ledo engano . Até 2014 , o Brasil ocupava a quarta maior população carcerária do mundo , segundo dados do Ministério da Justiça , o que significa que a Justiça está trabalhando ; a questão é de que forma . Com mais de 600 mil presos , o país fica atrás apenas de Rússia , China e EUA . Em 10 anos , o aumento foi de 80% , e se considerarmos as décadas entre 1990 e 2010 , o Brasil teve o maior crescimento da população carcerária do mundo , com alarmantes 450% . Quando o número de presos é dividido pela população , a chamada taxa de encarceramento , o crescimento do número de presos por grupo de 100 mil habitantes nesses 20 anos aumentou 61,8% . Para se ter ideia , se continuarmos no mesmo ritmo , um em cada 10 brasileiros estará atrás das grades em 2075 . Isso comprova que a Justiça manda prender muito , e o que se questiona é essa posição arbitrária , tendo em vista o risco de ferir a presunção da inocência . Nosso Judiciário está sofrendo da síndrome da violência presumida , o que leva ao excesso de prisões provisórias , além da extensão errada desses encarceramentos , caracterizando constrangimento legal . Afinal , muitos indivíduos são mantidos nas prisões sem que estejam condenados pelo trânsito em julgado . O que vem prevalecendo é a lógica do encarceramento , o que , talvez , explique essa superlotação , o excesso de prazos e a oneração dos cofres públicos para a manutenção do sistema prisional . Um alto custo para o que se tornou um “ depósito de seres humanos ” , aglomerados e sem qualquer direcionamento para uma recuperação que os permita a reinserção à sociedade . Enfim , as projeções não só assustam pela quantidade , mas também pela qualidade , pois há uma desigualdade escancarada entre os que estão presos e os que delinquem . Dentre os encarcerados a esmagadora maioria é das camadas discriminadas , como negros , pobres e com baixo nível de escolaridade . Variáveis que sinalizam quão arbitrária tem sido a Justiça , o quanto o Brasil ainda é desigual e o caos que é o sistema penitenciário brasileiro . Descanse em paz , Foé No último domingo ( 26 ) , completou-se mais um ano da trágica morte de Marc-Vivien Foé . Já se vão 13 anos desde que o meia camaronês desabou em campo na semifinal da Copa das Confederações de 2003 , disputada na França . A autópsia apontou uma cardiomiopatia hipertrófica , um ataque cardíaco , em português claro . Aos 27 minutos do segundo tempo de Camarões e Colômbia , Foé sentiu-se mal e foi ao chão . Ainda dentro de campo , recebeu todo o atendimento que era possível no local e foi levado a um hospital de Lyon ainda com vida , mas não resistiu . Dono de muita força física , Foé era um meio-campista daqueles que todo treinador gostava de ter : forte e disposto a todo tipo de esforço a favor do time . Quando morreu , Foé jogava pelo City . Havia chegado ao clube um ano antes , por empréstimo junto ao Lyon , e foi parte fundamental do time que havia acabado de subir da segunda divisão e terminou o ano com uma sólida nona colocação na tabela . Foé havia sido muito utilizado por Kevin Keegan naquele ano . Em toda a temporada , o camaronês entrou em campo 41 vezes pelo City e foi o vice-artilheiro do time na temporada , tendo ido às redes em nove oportunidades . Primeiro , no 3-0 sobre o Sunderland em pleno Stadium of Light ; Foé ainda deixou dois que garantiram o empate em 2-2 contra o Charlton Athletic também fora de casa e , mais adiante , outros dois na vitória sobre por 3-1 sobre o Aston Villa no velho Maine Road . Getty Foé comemorando um dos dois gols que marcou na vitória sobre o Aston Villa Naquela temporada ele ainda havia marcado contra o Fulham em um sonoro 4-1 em Maine Road e também deixou um dos tentos que garantiram um empate em 2-2 contra o Everton , em Goodison Park . Seus dois últimos gols pelo City foram justamente contra o adversário dos dois primeiros . Na visita do Sunderland ao Maine Road , já em abril de 2003 , o City aplicou outro 3-0 , com Foé fazendo o primeiro e o terceiro e Fowler ajudando a fechar a conta . Aliás , o último gol desta partida foi também o último da história do Maine Road . Mas apesar de todos estes gols ( e deste último , em especial ) , talvez o momento que mais tenha ficado na memória da torcida do City foi no último Manchester Derby disputado em Maine Road . Foi de Foé o passe para que Goater marcasse aquele gol , seu centésimo pelo clube . Foi dele o passe para o gol que garantiu aquela vitória por 3-1 . O passe que fez com que Gary Neville perdesse aquela bola na linha de fundo e que fez com que o Maine Road inteiro viesse abaixo com a torcida gritando " Gary Neville is a blue ! " . Apesar dos gols terem sido de Anelka e Goater , Foé foi parte fundamental naquele clássico que acabou com uma invencibilidade de 13 anos do United sobre o City – e isso é algo que jamais será esquecido . Tanto o City sabe como homenagear aqueles que , de alguma forma , ficaram marcados no clube , que a camisa 23 , utilizada por Foé naquela temporada , foi definitivamente aposentada . Getty Pai e filho prestam homenagem a Foé em frente ao Maine Road A torcida também deu seu jeito de eternizar o jogador ao fazer uma espécie de memorial com camisas , cachecóis , bandeiras e flores na frente do Maine Road . Hoje , no Etihad , há uma placa homenageando o atleta . A temporada 2002-03 havia sido a primeira de Foé pelo clube , mas certamente não teria sido a última . Apesar dele estar no clube por empréstimo , é difícil imaginar – pelo ano que ele havia tido – que o time não exercesse a opção de compra para mantê-lo em definitivo . Afinal de contas , Foé havia cumprido com louvor todas as tarefas que lhe eram requeridas para que ele se tornasse um ídolo no clube . Hoje , ele é . Infelizmente , pelos motivos errados . Pelas tortas linhas que o destino havia lhe reservado . Antalya - O presidente da Rússia , Vladimir Putin , afirmou nesta segunda-feira que há vários membros do G20 entre os 40 países que financiam o grupo Estado Islâmico ( EI ) . " O financiamento , como sabemos , provém de 40 países , entre eles vários países do G20 " , disse em entrevista coletiva após a cúpula do grupo dos 20 países mais ricos e em desenvolvimento , realizada na cidade de Antalya , na Turquia . Putin , no plenário da cúpula , exemplificou " sobre o financiamento de diversas unidades do EI por pessoas físicas " . Ele ressaltou que abordaram a necessidade de cumprir a resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU para prevenir o financiamento do terrorismo . O presidente russo também revelou que a parte russa apresentou em Antalya imagens captadas por satélites e por aviões que " mostram claramente a magnitude que o tráfico ilegal de petróleo pelo EI alcança " . " As colunas com os caminhões-pipa se estendiam por dezenas de quilômetros " , destacou . Putin ressaltou que , após se recusarem a cooperar com a Rússia na luta contra o jihadismo na Síria , todos os países , incluído os Estados Unidos , estão se conscientizando que o terrorismo só será combatido por todos . " Os trágicos eventos ocorridos em Paris somente confirmaram que temos razão " ao propor uma coalizão antiterrorista internacional , afirmou o presidente russo . Por isso , ele pediu que a legitimidade da operação aérea russa contra as posições do EI na Síria deixem de ser alvo de discussão e que os países reúnam esforços contra o terrorismo , concretamente para prevenir atentados no mundo todo . " Infelizmente , ninguém está a salvo de atentados terroristas . Por exemplo , a França estava entre os países que mantinham uma postura muito firme contra o presidente sírio , Bashar al Assad " , disse . " Isto salvou Paris dos ataques terroristas ? Não " , lembrou . E destacou , " parte da oposição armada síria considera possível iniciar ações armadas contra o EI caso sejam apoiados pelo ar , e nós estamos dispostos a prestar esse apoio " . O chefe do Kremlin ressaltou que continuam a ser analisadas todas as versões sobre a causa da catástrofe do Airbus russo que caiu com 224 passageiros a bordo em 30 de outubro na península egípcia do Sinai . " Se houve uma explosão , entre os destroços da aeronave , entre os pertences dos passageiros , devem ter ficado rastros de substâncias explosivas . Certamente as conclusões definitivas só poderão ser tomadas após a conclusão das investigações " , disse . Curitiba - A Operação Lava Jato identificou pelo menos cinco outras empresas investigadas por corrupção na Petrobras - além do estaleiro Keppel Fels - pagaram o operador de propinas Zwi Skornicki , que repassou US$ 4,5 milhões para a conta secreta da Suíça do marqueteiro do PT João Santana - preso com a mulher , Mônica Moura , desde 23 de fevereiro , em Curitiba alvos da 23ª fase batizada de Operação Acarajé . Entre 2013 e 2014 , Zwi recebeu comissões milionárias pelo seu trabalho de intermediador de contratos das empresas Queiroz Galvão , Iesa , Saipem , Ensco e UTC - as quatro primeiras negam irregularidades . Há ainda pagamentos regulares por outras que não são alvo da Lava Jato , como a Siemens , Doris , Megatranz , Frasopi e Sotreq . As investigações da Lava Jato nesse frente buscam identificar se o dinheiro que transitou das contas de Zwi para a conta secreta de João Santana teve como origem os desvios na Petrobras . A força-tarefa chegou aos US$ 4,5 milhões transferidos pelo lobista para o marqueteiro do PT analisando os recebimentos da conta mantida por ele no Banke Heritage , na Suíça , em nome da offshore Shellbill Finance SA . Ao todo , foram identificados 9 depósitos na Shellbill - de João Santana - , que passaram pela agência do Citibank em Nova Iorque , tendo como pagador contas de outra offshore , a Depp Sea Oil , que pertence a Zwi Skornicki . A Deep Sea Oil é uma das empresas que existiam apenas no papel abertas pelo lobista no exterior e supostamente usadas para movimentar propina . No Rio , Zwi recebia por seus serviços via Eagle do Brasil , informa a Lava Jato . Investigadores da Lava Jato haviam apreendido em 2015 na casa do lobista , no Rio , documentos da contabilidade da empresa de consultoria de Zwi , a Eagle do Brasil . Essa empresa , para os investigadores , era a principal recebedora dos serviços de intermediação de contratos na Petrobras . Foi por meio de contas legais e secretas que a Lava Jato investiga a prática de corrupção e lavagem de dinheiro . Além do marqueteiro , há a identificação de pagamentos de propina ocultou a outros investigados . A PF anexou aos autos o registro de venda , em 2012 , de uma BMW 550i no valor de R$ 380 mil para o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco , delator do processo . Há ainda o registro de pagamento de aparelhagem de ginástica paga para o ex-diretor de Serviços Renato Duque no valor de R$ 25 mil , no mesmo ano . Cooperação internacional A chave para detalhas as propinas intermediadas por ZWi Skornicki está no Delta Bank . O operador tem contas em seu nome e em nome da offshore Deep Sea Oil nessa instituição financeira . Nos documentos analisados nas buscas de Zwi , a PF identificou uma lista de convidados para festa do filho e sócio Bruno Skornicki em que além de investigados da Lava Jato , como João Vaccari Neto , ex-tesoureiro do PT , ex-funcionários da Petrobras , está registrada a presença de Paulo Alexandre Lerner , gerente do Delta Bank em Nova York . Ele não foi encontrado para comentar o caso . No Relatório de Análise de Mídia nº 449 / 2015 da PF há uma troca de e-mail entre Zwi e Lerner , em que o lobista pede ao executivo do banco " que confirme valores " que recebeu do Keppel Shipyard " . " A conclusão lógica é que Zwi recebia valores de comissão do Estaleiro Keppel Fels em contas no Delta Bank , possivelmente em nome da offshore Deep Sea Oil Corp " , afirma o delegado Filipe Hille Pace . Barusco , delator da Lava Jato , afirmou que houve acerto de 1% de propina em contratos bilionários de navios-sonda pelo estaleiro . Os valores foram pagos por Zwi , segundo ele . Em outra troca de mensagem Zwi trata com Angela Boni , identificada pela PF como representante do banco . Na mensagem , Zwi Skornicki dá ordens e faz indagações a funcionária do Delta Bank de nome Angela Boni . Há ainda o envio de documento para assinatura do lobista . " Tratam-se de comandos para venda de ativos , dentre outras providências . " Só do estaleiro Keppel Fels , uma das principais fontes pagadores das consultorias de Zwi , o lobista recebeu R$ 32 milhões no período investigado . Dos US$ 4,5 milhões que a conta da Deep Sea Oil passou para conta secreta de João Santana , três pagamentos foram feitos entre julho e novembro de 2014 - todos no valor de US$ 500 mil - , período da campanha eleitoral em que a presidente Dilma Rousseff foi eleita . A Polis Propaganda e Marketing , do marqueteiro petista , foi a responsável pela campanha , ao custo de R$ 70 milhões . Mônica Moura , presa junto com Santana , em Curitiba , afirmou em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira , 24 , que os valores repassados por Zwi foram caixa-2 da campanha presidencial de Angola . O nome do operador , segundo ela , foi indicado pela campanha angolana . A defesa de Zwi Skornicki informou que só vai se pronunciar nos autos . O presidente da UTC , Ricardo Pessoa , fechou acordo de delação premiada e confessou ter pago propina em contratos da Petrobras para executivos da estatal , partidos e políticos . A Queiroz Galvão tem negado irregularidades . Não foram encontrados representantes da Keppel Fels , IESA , Saipem e Ensco para comentar o caso . 13 hábitos que ajudam a diminuir a barriga Sem “ pochete ” São Paulo – Você faz dieta , sua a camisa na academia , mas ela continua no mesmo lugar . Até mesmo para quem não é obeso , a barriga saliente pode ser um incômodo e tanto . De acordo com a nutricionista Sonja Salles , da Greenday , para se livrar de vez da gordura abdominal , em geral , é preciso perder peso , já que o emagrecimento é global , com perda mais acentuada onde há acúmulo de banha . Apesar disso , existem hábitos ( alimentares ou não ) que ajudam a reduzir esse volume desnecessário . Além de Sonja , EXAME.com consultou a também nutricionista Cintia Azeredo , do Vita Check-Up Center . As duas indicaram atitudes aliadas dessa batalha , que precisa ser levada ainda mais a sério pelas pessoas que têm tendência ao problema . Confira . Gastar mais calorias do que consome 2/15Stock.xchng Não tem jeito . Para queimar gordura ( do abdômen ou outra parte do corpo ) , é preciso ter um gasto energético maior do que o consumo . De acordo com Sonja Salles , “ para perder peso é necessário uma diminuição do valor calórico ingerido diariamente ” . A fórmula não é apenas ingerir poucas calorias , mas também seguir um programa alimentar rico em nutrientes , fibras e antioxidantes . O ideal é comer cinco porções diárias de frutas e vegetais , mas também é possível substitui-las por sucos funcionais , caso a pessoa não tenha esse hábito . Corrigir a postura 3 / 15Getty Images “ A postura errada faz com que a barriga pareça maior ” , afirma Cintia Azeredo . Por isso , corrigir o corpo é essencial . Segundo , atividades e exercícios , como pilates e ioga , são boas opções para melhorar a postura e manter a saúde . Comer alimentos com fibras 4 / 15Spencer Ritenour / Stock Xchng “ O aumento do consumo de fibras na dieta contribui para redução da barriguinha , já que as pessoas tendem a ingerir menos gorduras e calorias ” , afirma Cintia Azeredo . Ela e Sonja concordam que ingerir frutas , vegetais , aveia e alimentos integrais , por exemplo , ajuda a jogar fora o excesso de gordura e a melhorar o funcionamento do intestino . Associados às fibras , vale a pena comer fontes de ômega-3 , como sardinha , salmão , chia e linhaça , que também atuam no emagrecimento ( e , consequentemente , na perda da barriga ) . Fazer exercícios 5 / 15Getty Images Para perder peso e barriga , não basta ter uma dieta balanceada . O trabalho deve ser feito em conjunto com exercícios físicos aeróbicos e localizados , que queimam calorias e fortalecem a musculatura do abdômen . “ É importante o acompanhamento de um educador físico para melhores resultados ” , afirma Cintia . Evitar pão branco 6 / 15Stock Exchange O pãozinho francês ou o pão de forma do misto quente estão entre os alimentos que ajudam a aumentar a barriga . Apesar de parecerem inocentes , seu principal ingrediente , a farinha refinada ( branca ) é a responsável , segundo Cintia Azeredo . “ Ela , leva à fermentação e produção de gases , por meio de seu carboidrato , provocando aumento abdominal . Prefira os pães integrais ” , diz . Reduzir o açúcar da dieta 7 / 15Getty Images A nutricionista Cintia Azeredo afirma que o açúcar também é um ingrediente que causa aumento do abdômen , já que provoca desequilíbrio da flora intestinal . Esse efeito reduz a presença de bactérias benéficas e aumenta a quantidade de micro-organismos maléficos , levando à distensão do abdômen , além , claro , de engordar . Combater o estresse 8 / 15ThinkStock Fazer aquilo que gosta e evitar situações e uma rotina estressante está entre os hábitos sugeridos pela nutricionista Cintia para reduzir a barriga . Isso porque o estresse ajuda a aumentar o peso , devido a reações hormonais prejudiciais . Atividades prazerosas , de lazer e bem-estar são a chave para compensar o cotidiano pesado , que nem sempre pode ser contornado . Evitar bebidas alcoólicas 9 / 15Marcos Santos / USP Imagens Assim como o açúcar , as bebidas alcoólicas levam à distensão abdominal pelos mesmos motivos . Ao desequilibrar a flora bacteriana intestinal , elas prejudicam a aparência . Além disso , os drinks ainda podem engordar , devido ao alto grau de calorias . Cortar comidas ricas em sódio 10 / 15Reiner Kraft / Wikimedia Commons Para quem deseja reduzir o volume da barriga , comer embutidos e congelados , por exemplo , é um retrocesso . De acordo com Cíntia , esses e outros alimentos industrializados costumam ter grande quantidade de sódio , além da gordura . “ Isso faz com que ocorra a retenção de líquidos , levando a sensação de inchaço na barriga ” , afirma . Investir nos termogênicos 11 / 15Joven David / Stock Xchng Aliados no combate ao barrigão e ao excesso de peso são os chamados alimentos termogênicos . Essas comidas e bebidas costumam acelerar o metabolismo e , com isso , impulsionam o gasto de calorias . Alguns exemplos são a pimenta vermelha , canela , gengibre , chá verde e água gelada . Fugir do que é “ junk ” 12/15McCain/Divulgação Batata frita : a fábrica da McCain na Argentina fornece batatas congeladas às cadeias McDonald 's , Burger King e à brasileira Bob 's Se o intuito é perder a barriga ou afastar as chances de ela aumentar , as comidas gordurosas , como salgadinhos , empadões , queijos gordurosos , sanduíches , frituras e manteiga , devem ser evitados , de acordo com as nutricionistas . Além de dificultar o acúmulo de gordura no abdômen , esse hábito previne problemas como o colesterol alto e doenças cardiovasculares . Evitar refrigerantes 13 / 15Mario Tama / Getty Images Cintia ainda afirma valer a pena cortar os refrigerantes do cardápio , por duas razões . A primeira diz respeito à grande quantidade de açúcar das fórmulas . A segunda está ligada ao gás , que também ajuda a inflar a barriga , dando a impressão de estar maior . Controlar alimentos que causam desconforto 14 / 15Ana Claudia Crispim / Viagem e Turismo Apesar de nutritivos , há alimentos que podem causar desconforto abdominal , segundo Cintia Azeredo . Repolho , brócolis , couve-flor , couve e feijões são alguns exemplos de comidas que provocam o aumento de gases em algumas pessoas e , assim , aumentam a barriga . O que seria “ princípio da simetria ” no federalismo brasileiro ? Que consequências práticas ele enseja ? Essas são as inquietações que perpassam toda a pesquisa desenvolvida em O princípio da simetria constitucional e a autonomia dos Estados Membros : uma análise a partir da Constituição do Estado do Maranhão , e que nos convidam a embarcar num projeto construtivo do “ princípio da simetria ” no Brasil . A partir de estudo empírico rigoroso , José Guimarães Neto revisita em todo o livro o “ princípio da simetria ” na literatura jurídica e no Supremo Tribunal Federal e a repercussão prática da aplicação dessa norma nas competências dos entes políticos que compõem o pacto federativo brasileiro , a fim de compreender e demonstrar as possíveis incoerências decisórias e / ou efeitos sistêmicos das decisões . Esta obra , portanto , apresenta questões que são deixadas em segundo plano dentro das abordagens teóricas e práticas da literatura sobre Direito Constitucional no Brasil , preenchendo um importante “ espaço de silêncio ” sobre a autonomia dos entes políticos . Além disso , fomenta a reflexão sobre estudos e decisões que reproduzem o “ princípio da simetria ” como se fosse algo dado e irrefutável , ou como forma de não aprofundar em questões práticas e cujas consequências podem violar o pacto federativo . Título : O Princípio da Simetria Constitucional e a Autonomia dos Estados Membros : uma análise a partir da Constituição do Estado do Maranhão Professor de sociologia do ensino médio do Centro Educacional Leonardo Da Vinci , Vitória / ES Fantasias de todo tipo – religiosas ou políticas e até científicas . Para a direita ou para a esquerda , sempre podemos encontrar – estão lá – fabulações sobre o mundo que encontram respostas em muitos espíritos . Nada contra ao que parece ser a marca de nossa existência no planeta , nossa capacidade quase ilimitada de produzirmos imaginariamente a vida . O problema começa quando essas mesmas fantasias produzem barbárie , fundamentalismos de toda espécie , disseminam a intolerância ou , o que nos interessa aqui , precipitam atitudes que tentam desqualificar um projeto de caráter humanista por meio de acusações de cunho ideológico . Em artigo recente [ i ] tivemos a oportunidade de observar a força dessas fantasias , alimentada pelo medo , pelo ódio ou , quem sabe , por interesses inconfessáveis . Trata-se da crença segundo a qual a campanha pela aprovação da emenda que visa a implantação da sociologia e da filosofia nos currículos de ensino médio , nada mais é que uma tentativa de se criar um programa de divulgação da “ideologia comunista” . Na verdade , se assim fosse , a aprovação do referido projeto pelo Senado Federal – e sua sanção pelo Presidente da República – seria uma jogada de mestre , pois de hora em diante estaria aberto um canal para transformar cada aluno deste país num ouvinte passivo do discurso enrugado dos velhos comedores de criancinhas . Claro , considerando que todas as vagas para professores fossem ocupadas pelos militantes / simpatizantes da ideologia marxista . Considerando que todos os professores de filosofia ou sociologia – e também os alunos em formação – tivessem afinidade com tal perspectiva . Considerando ainda que os programas das graduações em ciências sociais ou filosofia tivessem como único objetivo ensinar o pensamento do filósofo alemão – ou uma de suas possíveis leituras . Para aceitarmos essa “tese” precisaríamos também descartar o fato de as ciências sociais serem celeiro de uma infinidade de correntes teóricas e de autores de perspectivas diversas sobre o mundo social , tais como Weber , Simmel , Durkheim , Mauss , Foucault , Berger , Goffman , Fromm , Lévi-Strauss , Castoriadis ou Pareto - para citar alguns exemplos . E ainda não poderíamos lembrar que as escolas possuem autonomia para construir seus projetos pedagógicos ou que os manuais de sociologia disponíveis no mercado divergem em vários pontos quanto ao seu ensino . Mas nada disso importa para um entendimento simplista da questão . Não vem ao caso levantarmos tantos aspectos que tornam difícil crer numa manipulação da realidade em tão larga escala , digna de Deus . Nesse jogo de retórica , só falta mesmo alguém aventar a hipótese de que toda a movimentação em torno do projeto – que já vem sendo feita há alguns anos – estaria relacionada ao próximo pleito eleitoral e que o próprio Lula teria interesse direto na questão . Mas não , a neurose deve ter lá os seus limites . . . Proponho uma alternativa : antes de tudo , é preciso que se esclareça que existem filósofos de todos os matizes teóricos ( ou ideológicos , se preferirem ) . O mesmo se pode dizer sobre sociólogos , historiadores , matemáticos ou físicos – alguém acredita que um professor de biologia não pode influenciar politicamente seus alunos ? Isso nos remete à questão seguinte : a sala de aula não se resume a um professor discursando para alunos sequiosos em beber cada palavra como se fossem verdades inquestionáveis . Ao contrário , as práticas pedagógicas se orientam cada vez mais para a manipulação de conteúdos , a observação , a pesquisa , a contraposição de perspectivas diferentes , a análise de situações-problema , o papel ativo do aluno e o respeito à sua lógica , seus conhecimentos prévios e seu ritmo , como atesta o sociólogo Philippe Perremoud . Mas o caso é que a sociologia pode ser uma contribuição importante para a formação de nossos jovens educandos . Não porque tenha uma missão ou um projeto de “emancipação política” . Nada mais falso . Nem mesmo porque pode proporcionar o desenvolvimento do “pensamento crítico” . Afinal , o pensamento crítico não se desenvolve por meio da aprendizagem de algum conteúdo específico . Creio que os objetivos da sociologia são bem mais modestos . Mais que discorrer sobre uma série de conceitos , a disciplina pode contribuir efetivamente para a formação humana na medida em que proporcione a compreensão de nossa inserção na trama social . E isso por meio da problematização da realidade próxima dos educandos , permitindo-lhes “ver os mesmos panoramas por diferentes perspectivas” – segundo a cientista política Marta Zorzal e Silva [ ii ] – , tanto quanto pelo confronto com realidades culturalmente distantes . O que proponho é que seja qual for o conteúdo , ele será sempre um meio para se atingir o fim : o desenvolvimento da perspectiva sociológica . Trata-se de uma apropriação , por parte dos educandos , de um modo de pensar distinto sobre a realidade humana ; o que lhes permitirá ser mais críticos até mesmo em relação ao que alguns julgam ser o mal do qual se deve prevenir as futuras gerações . Ensinar sobre “lutas de classes e modo de produção” certamente não constitui o objetivo dessa disciplina ; o que , aliás , já é feito nas aulas de história . Tão pouco seria ensinar sobre o liberalismo . O objetivo é muito mais proporcionar uma tomada de consciência sobre como a nossa personalidade está relacionada à linguagem , aos gestos , às atitudes , aos valores , à posição social e aos papéis sociais ; enfim , desvelar e discutir narrativas sociais – suas implicações , seus dilemas , o que falam da heterogeneidade cultural e da estrutura social . Numa frase , ensinar sociologia é , antes de tudo , desenvolver uma nova postura cognitiva no indivíduo . Eis o aspecto humano essencial dessa disciplina . O que se conclui de todo esse debate é que convivemos com um futuro que se pretende ( pós ) moderno – o que dizer de estudos sobre a implicação do pragmatismo de Richard Rorty na educação , realizados por professores e alunos de pós-graduação da Unesp / Marília , coordenados pelo Dr . Paulo Ghiraldelli Jr . [ iii ] , por exemplo ? – e com o ranço de um passado que insiste em se manter vivo . Um ranço alimentado por fantasias que não fazem mais que atualizar um debate que teria lugar tão somente nos livros de história , pois polarizam questões educacionais entre ideologias políticas , retomando um discurso anticomunista que sucumbiu com a queda do muro há mais de uma década . Certos discursos , que pretendem exorcizar fantasmas obscurecendo a mente ao invés de iluminá-la , servem somente ao autoritarismo congênito de nossa sociedade . Pior que isso : não contribuem para se pensar o que poderia ser , de fato , a sociologia e a filosofia no Ensino Médio , pois que não estão sustentados em reflexão competente , mas em delírios . Apenas . EM TEMPO Nós e eles A linguagem preferida dos belicosos parece ter seus dias contados , pelo menos esta é a esperança . No Brasil , o uso assumido da diferença de tratamento começou com a campanha para o governo Collor com sua “ caçada aos marajás ” . Lula estimulou essa “ separação ” com muita ênfase . Extrapolou até as fronteiras quando disse que a crise de 2008 fora provocada por gente de olhos azuis . Na nossa querida pátria amada dizer que “ é coisa de nego ” vale processo por racismo , cadeia y otras cositas más . Porém , como disse uma ex-ministra , racismo é uma estrada de uma via só . Mas , tudo isso são bobagens e devemos parar de dividir o Brasil entre “ nós e eles ” . Ninguém sabia ao certo quem eram os “ marajás ” que Collor se propunha a caçar . Podiam ser políticos tidos como corruptos , empresários exploradores do suor e do sangue dos empregados , chefes com mordomias de escritórios e salários maiores que os trabalhadores de chão de fábrica ou qualquer um que trabalhasse na sombra enquanto os trabalhadores da lavoura sofriam ao sol . Assim também não se consegue definir quem somos nós e quem são eles , uma vez que dentro de uma mesma família esse discurso provoca cizânia . Toda luta por direitos iguais deve ser respeitada , mesmo porque a história não muito distante registrou apartheid , nazismo , fascismo e inúmeras guerras étnicas de brancos e negros entre si . Muitas delas ainda em andamento . Guerras por motivos religiosos também são frequentes . Contudo , quando um governo eleito para todos estimula as diferenças que poderiam ser positivamente exploradas , está mostrando imaturidade . Se o governo negro da África do Sul tivesse partido para a vingança contra os brancos , nenhum jurista poderia dizer que não havia motivos históricos que a justificassem . Mas , num gesto de grandeza , que deveria servir de exemplo a todos , resolveu enterrar as diferenças e partir para o desenvolvimento do país sem ódios . Grandes estadistas como Nelson Mandela são de semeadura rara , mas existem e fazem a diferença no mundo . O negro Pelé , que sempre teve mais habilidade com os pés que com a língua , disse certa vez que o povo brasileiro não sabia votar . Em plena ditadura , um negro discriminado auxiliava a discriminar , mesmo que não intencionalmente . A rigor , nenhum povo aprenderá a votar se não aprender com os erros e frustrações . Infelizmente , nosso querido Brasil está às voltas com afirmações que não ajudam a unir o país . Não falemos apenas de ricos e pobres , letrados e analfabetos , negros e brancos , trabalhadores que empregam e trabalhadores empregados , mas também das intolerâncias religiosas . Se não houver respeito , sempre estaremos rotulando pessoas como sendo “ eles ” . Se não nos conscientizarmos que para sermos uma grande nação precisamos usar a abrangência do “ nós ” , ficaremos patinando na lama das diferenças e progrediremos muito lentamente . É muito bonito que cada um dos que compõe a nação brasileira tenha conhecimento de suas origens , as cultue em todos os sentidos , desde que esse culto não inclua a discriminação dos que não parte deste grupo . O bairrismo , o etnocentrismo descamba no racismo estúpido , inútil e pernicioso . Jamais pode ser estimulado , mesmo que sutilmente . As culturas são diferentes , as cores são diferentes , as posses são diferentes , os sons e os tons são diferentes . Se não houvesse diferenças não poderia haver pintura , nem música , nem beleza , nem harmonia . Os diferentes não podem ser desiguais . Veja em nosso blog . . . Modem e roteador são peças fundamentais para que a rede de casas e empresas funcione . Eles fazem a conexão entre os computadores , tanto de internet , quanto de sistema interno . Modems são utilizados para fazer a comunicação entre cabos , fibras óticas ou linha telefônica e receptores . Além de poderem ser usados para usar a internet , eles interligam computadores que trabalham em rede . Picos de luz e sobrecarga de energia são os principais problemas que travam o funcionamento do aparelho . Por isso , reiniciá-lo quando o sinal não está bom é um bom paliativo . Já os roteadores captam o sinal do modem e distribuem para as redes sem fio . Assim , vários computadores podem utilizar o mesmo sinal , sem a necessidade de cabos . Mantê-lo em locais secos e limpar periodicamente é fundamental para o funcionamento . A umidade poderá corroer e danificar as peças internas . Trabalho Temporário O Trabalho Temporário é regulamentado pela lei nº 6.019 de 3-1-74 e seus decretos , é uma lei exclusiva para contratação de pessoal para todas as atividades que a Empresa necessite de mão-de-obra por tempo determinado de 1 a 6 meses , esta contratação é simples e bastar ter a elevação da atividade produtora ou tarefas excepcionais a serem realizadas , todas as funções são contempladas com a Lei de Temporários , das atividades fim da empresa como as áreas técnicas , de produção , administrativa e comercial ou atividades meio , manutenção , serviços extras , ou atividades de curto prazo . Também são utilizadas como substituição temporária de funcionários efetivos que estão em licença maternidade , afastamento doença , acidente de trabalho , licenças , treinamentos ou de férias nesta substituição o temporário poderá ficar na mesma função por até 9 meses . VANTAGENS DA CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA TEMPORÁRIA : Serviço de administração de temporários por uma empresa idônea , legalmente autorizada pelo Ministério do Trabalho ; Recrutamento eficaz , rápido e assertivo colocando o trabalhador imediatamente no processo produtivo ou na tarefa a ser executada , com isso o cliente terá maior produção e resultados ; Reposição imediata do trabalhador temporário sem custo adicional ou prejuízo na produção ; Redução de custos na área de pessoal ( emissão de contrato de trabalho , preenchimento e assinatura de carteira de trabalho , inscrição no PIS , recolhimentos de INSS , FGTS , folha de pagamento , etc . ) , por um período de até 3 meses ; Contrato flexível e sem burocracia , sendo fácil o termino do contrato com o temporário ; O temporário no término do contrato poderá ser efetivado na Empresa sem qualquer custo adicionais ou taxa de Recrutamento e Seleção , sendo que o mesmo já terá conhecimento das rotinas e valores da função ; Incentivos fiscais advindos do contrato se o contratante for optante do lucro real ; Seis clãs perderam a fortuna A foto que ilustra esta página foi tirada no dia 28 de março de 1928 e registra um dos momentos mais significativos da história dos negócios no Brasil : a fundação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo ( Ciesp ) , o embrião do que seria , três anos depois , a Fiesp . Os nove personagens da foto integraram a primeira diretoria da entidade . Lá estava Jorge Street , magnata da indústria têxtil . Lá estava Roberto Simonsen , empresário da construção civil , imortal da Academia Brasileira de Letras , deputado federal e senador . E lá estava ele , o conde Francesco Matarazzo , cujo grupo empresarial só faturava menos que a União e o estado de São Paulo . Por suas ações , iniciativas e convicções , os nomes Street , Simonsen e Matarazzo entraram definitivamente para a literatura dos negócios , tornando-se tema recorrente de estudos acadêmicos . Mas , também por suas ações , iniciativas e convicções , a fortuna dessas famílias não se situa no mesmo patamar elevado em que se encontra sua biografia . O mesmo aconteceu com a riqueza de outros três empresários que posaram para a foto : Plácido Meirelles , que atuava no setor têxtil , Antonio Devisate , do ramo calçadista , e Carl von Bülow , da Antarctica . Os seis industriais quebraram ou tiveram de abrir mão de seus negócios . Escaparam da sina as famílias de outros três fundadores : a de José Ermírio de Moraes , do grupo Votorantim , a de Horácio Lafer , do grupo Klabin , e a de Alfried Weiszflog , da Melhoramentos . Nesta reportagem , EXAME explica como e por que a desventura consumiu dois terços da Fiesp original . Divulgação Esta é a primeira diretoria da atual Fiesp , em foto tirada em 1928 Nome do fundador Negócio Herdeiros Destino da empresa 1 - Antonio Fábrica de calçados 3 ( enteados ) Foi fechada . Só o imóvel onde ficava a antiga fábrica rende dinheiro para a família 2 - José Ermírio de Moraes Indústria têxtil Votorantim 77 Prosperou . Hoje o grupo tem uma centena de indústrias e atuação em oito países 3 - Carl Adolph Von Bülow Companhia Antarctica Paulista 21 Foi vendida . Apenas um ramo da família possui uma empresa de instrumentos de precisão 4 - Alfried Weiszflog Editora Melhoramentos 52 Prosperou . A empresa se profissionalizou e o faturamento hoje é 437 milhões de reais 5 - Horácio Indústria de papel e celulose 16 Prosperou . O grupo se profissionalizou e a receita anual é superior a 2,7 bilhões de reais 6 - Jorge Street Indústrias têxteis 62 Foram à falência ainda na gestão do fundador . Não sobrou nada do grupo original 7 - Francesco Matarazzo Conglomerado de indústrias 300 Praticamente desapareceu . Um processo irrefreável de endividamento desintegrou o grupo 8 - Roberto Simonsen Construtora 39 Foi vendida . Por esforço próprio , um dos herdeiros tem uma empresa de tomates secos 9 - Plácido Meirelles Indústrias têxteis 27 Foram à falência . Um pedaço da família tem participação numa firma de energia Durante três meses , a equipe da revista localizou e obteve informações sobre como estão vivendo os descendentes das nove famílias fundadoras da entidade . No total , estudaram-se 526 herdeiros . Foram retirados da contabilidade os jovens de até 24 anos . Raramente alguém define seu destino profissional antes disso . Do universo pesquisado , verificou-se que apenas 15% possuem negócio próprio . Os outros 85% ganham a vida como profissionais liberais e empregados de outras empresas . Há ainda políticos , bailarinas e até atendentes de butique . A constatação matemática é que , para cada grupo de sete herdeiros da primeira safra de empresários paulistas , apenas um permanece à frente de um negócio - - a maioria com desempenho econômico muito inferior ao de seus antepassados . Em alguns casos a riqueza ruiu ainda nas mãos do fundador . Jorge Street morreu pobre depois de perder as quatro empresas de seu grupo . Em outros , os herdeiros até receberam uma empresa sólida , mas não puderam manter o negócio em atividade . Aconteceu isso com os descendentes de Carl von Bülow , dono da Companhia Antarctica Paulista , atualmente uma das empresas do grupo Inbev . A participação da família na cervejaria foi vendida na década de 70 . Entre os empreendedores - - um universo de 82 pessoas - - , a maior parte ( 45 ) se concentra no clã Matarazzo . Uma das empresas mais promissoras desta nova fase , a Metalma , é presidida por Andrea Matarazzo , ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso , integrante da quarta geração da família ( leia abaixo artigo de sua autoria ) . Na família Simonsen , que não é a mesma do ex-ministro Mário Henrique , há também uma pequena empresa de tomates secos , a Débora , de Victor Fernando Simonsen . Mas a maioria esmagadora dos descendentes , os 85% restantes , abraçou outras carreiras e vive com um padrão de vida bastante digno , mas bem distante do dos patriarcas . Entre os herdeiros há médicos , advogados , engenheiros e também um padre . Mauricio Matarazzo , tataraneto do conde , estudou direito canônico e hoje é sacerdote da Opus Dei , uma vertente da Igreja Católica conhecida pelo rigor em relação aos dogmas da religião . Entre os Street , há quem se dedique à dança , como a bailarina Zélia Monteiro , e entre os Von Bülow há um professor de wakeboard , Wiliam von Bülow . " Nunca quis saber dos negócios da família " , diz o professor . A reportagem identificou certa concentração de herdeiros ( no caso herdeiras ) dos fundadores da Fiesp na loja Daslu , a famosa butique de luxo localizada em São Paulo . Há cinco descendentes ali . Do clã Simonsen , estão a gerente Fernanda e a vendedora Claudia . Dos Matarazzo , está a gerente de importados Lucila . Dos Street , está Cicila Barros , gerente de produtos Chanel . Dos Meirelles , de Plácido Meirelles , está a diretora Donata , mulher do publicitário Nizan Guanaes . Os conhecidos Eles são os herdeiros famosos da primeira diretoria da Fiesp Nome Clã Geração Idade Ocupação Antonio Ermírio Ermírio de Moraes Segunda anos 76 Presidente do conselho do grupo Votorantim Horácio Piva Lafer Terceira 47 anos Membro do conselho da Klabin Eduardo Suplicy Matarazzo Quarta 63 anos Senador da República Os anônimos Eles são os herdeiros famosos da primeira diretoria da Fiesp Nome Clã Geração Idade Ocupação Mauricio Matarazzo Matarazzo Quarta 46 anos Padre e membro da Opus Dei Wiliam Von Bülow Von Bülow Terceira 37 anos Professor de wakeboard Zélia Monteiro Street Quarta 44 anos Bailarina e professora de bal As empresas quebram por razões variadas . Há problemas de conjuntura , má administração e uma série de fatores já identificados pelos especialistas . Mas conhecer a trajetória dos seis empresários fundadores da Fiesp cuja fortuna se dissipou é sempre uma boa oportunidade para extrair lições . Uma delas ( bastante atual hoje em dia ) é o difícil acompanhamento das inovações tecnológicas . No início , o empreendedor tem a agressividade de um aventureiro . É esse sentimento que faz com que a empresa cresça e ganhe mercado . Com o passar do tempo , o empresário vai ficando mais conservador , tem dificuldades em apostar nas novidades e muitas vezes acaba sendo ultrapassado por outros empresários mais jovens e com aquela velha agressividade . Antonio Devisate , o industrial da área de calçados , é um exemplo . Proprietário de uma fábrica em que cada sapato passava por 134 funcionários e com maquinário importado dos Estados Unidos , ele viu seu negócio ser liquidado com a chegada dos sapatos vulcanizados , bem mais baratos que o modelo fabricado por ele . Sem ter como competir , fechou as portas . Outro tropeço comum foi o processo de sucessão nesses grupos . A profissionalização era um conceito praticamente desconhecido . Mas , além disso , não se preparava corretamente um herdeiro para assumir o comando da empresa . O império de Roberto Simonsen ruiu assim . Sua fortuna era tão grande que um de seus três filhos chegou a construir uma propriedade no interior de São Paulo com torre medieval e uma espécie de praia ( com areia que trazia da cidade de Santos ) . As festas eram embaladas por uma orquestra sinfônica . Mas a empresa , que era resultado direto das qualidades de Simonsen , esfacelou-se depois de sua morte . Aos 59 anos , de maneira repentina , ele foi vítima de um infarto . Surpresos , seus três herdeiros dividiram a responsabilidade de tocar a firma . Com o passar do tempo , foi ficando claro que nenhum deles tinha a vocação necessária e o negócio foi vendido . " Eles não queriam profissionalizar , discutiam sempre sobre quem assumiria a frente da companhia e preferiram ven der " , conta o neto de Roberto , Victor Álvaro Simonsen . Um dado importante sobre as grandes fortunas é que elas precisam continuar se multiplicando para garantir sustento aos herdeiros . Se uma empresa permite determinada quantia de retiradas , na segunda geração esse mesmo valor pode cair pela metade ( caso sejam dois filhos ) ou para 25% ( caso sejam quatro filhos ) . Se o ritmo das retiradas permanece o mesmo dos áureos tempos e os lucros da empresa ficam estacionados , está feita a equação da derrocada . O exemplo mais simbólico dessa cruel matemática é o patrimônio do conde Francesco Matarazzo . Calculada em 20 bilhões de dólares , essa soma lhe daria a sexta colocação no ranking dos maiores bilionários do planeta de 2004 . Para efeito de comparação , os brasileiros mais bem posicionados nessa lista são os irmãos Moise e Joseph Safra . Juntos , estão na 91a colocação mundial , com 4,7 bilhões de dólares . O clã Matarazzo tem hoje simplesmente 300 membros . Se o saldo inicial fosse mantido , cada um deles ficaria com 6,6 milhões de dólares de hoje . Bastante dinheiro , sem dúvida - - mas nada que chegue perto do que foi a opulência do ancestral milionário . Infelizmente , a companhia foi se endividando , perdendo dinheiro , até praticamente desaparecer . O Brasil ( principalmente o dos últimos 30 anos ) é um ambiente hostil para os que querem fazer negócios . Um recente estudo do Banco Mundial mostrou que apenas países como o inexpressivo Chade têm condições piores do que as brasileiras . Os empreendedores de hoje sofrem para abrir uma empresa , fechá-la , tomar empréstimo , pagar impostos , contratar funcionários e uma lista interminável de problemas . Quem gere uma empresa sabe o quanto a conjuntura econômica pode ser decisiva para o sucesso ou fracasso do empreendimento . O Brasil mudou muito desde os tempos dos magnatas da indústria paulista até hoje . Eles também foram atingidos por algumas intempéries ( como dez padrões monetários , duas ditaduras , crises internacionais e até uma guerra mundial ) . Plácido Meirelles , por exemplo , viu sua próspera companhia de tecidos sofrer um baque terrível com a queda da Bolsa de Nova York apenas um ano depois da foto . Isoladamente , porém , a conjuntura não explica o fracasso desses empresários . Meirelles teve problemas com a Depressão americana e foi obrigado a fechar . Mas o que dizer dos milhares de empresas dos Estados Unidos que continuam firmes até hoje ? A resposta para o sucesso delas passa pelas mesmas razões que fizeram o sucesso do um terço dos fundadores bem-sucedidos . Os descendentes do trio José Ermírio de Moraes , da Votorantim , Horácio Lafer , da Klabin , e Alfried Weiszflog , da Melhoramentos , têm negócios tão ou mais fortes hoje que no dia em que seus ancestrais posaram para a foto . Em comum , pode-se dizer que essas três firmas investiram fortemente na preparação dos membros da família e adotaram mais cedo a profissionalização da empresa . Na Melhoramentos , havia uma filosofia clara com relação a parentes . Só poderiam trabalhar na empresa os familiares que tivessem feito dois cursos de graduação e galgado uma posição de destaque em outro lugar . Os Ermírio de Moraes também investiram na formação do clã e expandiram os negócios , originalmente de indústrias têxteis , para áreas como cimento e alumínio . Os Lafer profissionalizaram a gestão da Klabin e também expandiram os negócios para outros ramos . " Foram grupos que estavam atentos a oportunidades de novos negócios e levaram a sério os processos de organização interna " , diz Renato Bernhoeft , especialista em empresas familiares . O objetivo de toda empresa é sobreviver mesmo diante das maiores adversidades . A questão que se coloca é se isso é possível . Quando os fundadores da Fiesp se reuniram para tirar a foto , pareciam comandar grupos imortais . Só que dois terços naufragaram . Hoje , claro , existe um número maior de ferramentas para que as empresas prosperem através das gerações ( veja reportagem na pág . 31 ) . Mas o risco de uma empresa fechar as portas , apesar de todos os cuidados adicionais e aconselhamentos , é elevadíssimo . De acordo com um estudo realizado por John Ward , especialista americano em empresas familiares , apenas 34% das empresas familiares conseguem sobreviver quando o bastão passa da primeira para a segunda geração . Desse grupo , apenas a metade ( portanto 17% do montante inicial ) consegue passar o comando para a terceira geração . Outro estudo , também feito nos Estados Unidos , mostra que apenas 10% das empresas conseguem chegar aos 75 anos e que apenas 4% completam o primeiro centenário . Menos negócios EXAME fez um levantamento sobre o perfil empresarial dos 526 descendentes(1 ) dos nove patriarcas fundadores da Fiesp . Veja o percentual de empresários em cada clã Lafer 71,4 Ermirio de Moraes 28,7 Simonsen 28,5 Meirelles 22,2 Von Bülow 19 Matarazzo 15 Weiszflog 13,6 Street 1,6 Devisate 0 ( 1)Para este cálculo só foram contabilizados os descendentes com idade acima de 24 anos Bar e Lanches Estadão Descrição:A esquina onde estamos localizados , transformou-se num ponto de encontro que caracteriza a cidade no que ela tem de coexistência pacífica - todas pessoas que para cá se dirigem , vem com três propósitos : comer , beber e conversar . Yuri Carneiro Coêlho lança a segunda edição da obra “ Curso de Direito Penal Didático ” . Confira ! Yuri Carneiro Coêlho e a editora Atlas ( Grupo Editorial Nacional ) lançaram a 2ª edição da obra Curso de Direito Penal Didático . A obra , escrita em volume único , com acréscimos e atualizações jurisprudenciais , trata principalmente dos temas referentes a atualização da Lei do Feminicídio , atualização do Código de Trânsito Brasileiro no que aborda o delito de homicídio culposo e a Teoria do Domínio do Fato . Detalhes Políticas da Loja Avaliações ( 818 ) Guirlanda feita em feltro com medida da 30cm de diâmetro . Boneca feita em algodão com enchimento em fibra . Cabelo em lã . Medida da boneca 20cm . Balões da boneca feito em tecido . Letras em feltro com aproximadamente 5cm de altura . Valor para nomes até 8 letras . Outros favor consultar . Pode ser feita em outras cores de roupa e cabelo . Também pode ser feito um bonequinho . Detalhes a combinar Idioma País Cidade Programa Universidades na Austrália Se prepara para as universidades na Austrália melhorando o seu inglês acadêmico e dominando as competências-chave imprescindíveis para a sua admissão . Nossos programas universitários na Austrália variam de cursos curtos e intensivos que visam aperfeiçoar o seu inglês a cursos de duração de um ano que garantem o seu ingresso em uma das nossas universidades parceiras na Austrália . programa(s ) encontrados Universidades na Australia Você tem esperanças de ir a uma Universidade na Australia ? Talvez você já está estudando em outro lugar mas quer passar um tempo na Austrália fazendo seu curso ? Deixe-nos tornar seu sonho uma realidade ! Com cursos de preparação para assegurar-nos de que seu inglês está à altura e pronto para os altos padrões esperados de você nas Universidades na Australia , ou intercâmbios de nível universitário com duração de semestres ou anos no exterior , há opções de sobra . Então esteja você já na universidade ou acabando de completar o ensino médio e buscando por um programa que trace a trajetória para a universidade , temos algo para você na Austrália . Vivendo independentemente Educação em nível universitário é muito diferente da forma que você aprende na escola e pode ser que você precise se acostumar . Ir a uma Universidade na Australia certamente será ainda mais diferente para você , já que você precisará se acostumar a viver e estudar em um novo país também . Para muitos estudantes , a universidade é a sua primeira experiência de independência verdadeira . Se esse é você , você estará vivendo longe de casa pela primeira vez , fazendo novos amigos de diferentes países e experiências passadas , gerenciando seu próprio tempo e sendo responsável pelo seu próprio progresso . Um curso preparatório para Universidades na Australia é a maneira ideal de tornar mais fácil a transição para esse novo modo de vida . Tecnologia e progresso : o Brasil civiliza-se no século XIX Ariane P . Ewald Resumo O progresso humano , pensado como extensão natural do avanço técnico , tomou forma no Ocidente no fim do século XVIII , produto de uma nova maneira de ver o mundo . Neste texto , procuro refletir sobre a construção da idéia de progresso e sua inserção no Brasil , trabalhando paralelamente as idéias de tecnologia , máquina e a noção de moderno , conforme se apresentava no país em meados do século XIX . Antes de deixar o Cruzeiro no dia 31 deste mês , quando termina seu contrato , o diretor de futebol , Alexandre Mattos , tenta ajudar o clube celeste a encontrar um centroavante para suprir carência no setor , principalmente com a saída de Borges e , provavelmente , de Marcelo Moreno , que pertence ao Grêmio e dificilmente renovará o contrato . " O torcedor já conhece a filosofia do Cruzeiro , não é do Alexandre , é pensar grande , buscar atletas que possam me ajudar , é um desejo grande de buscar Libertadores e o Mundial . As negociações estão acontecendo , existe a possibilidade de acontecer as coisas , mas tudo dentro de uma evolução natural como sempre foi " , disse Mattos . Para o ataque , dois nomes aparecem como opções . Leandro Damião , do Santos e Fred , que admitiu deixar o Fluminense . Outro que foi comentado é o do argentino Lucas Pratto , do Velez , que também está na mira do rival Atlético-MG . Em relação a Damião , a negociação está avançada com a diretoria celeste , que precisará esperar a definição da eleição no Santos e a nova diretoria para tentar um acordo final e contratação do centroavante , que agrada ao técnico Marcelo Oliveira . O UOL Esporte revelou no início desta semana que a transação foi iniciada após uma visita do empresário Renato Duprat , representante do grupo de investidores Doyen Sports no Brasil , à Toca da Raposa . O agente ofereceu Damião e Lucas Lima ao Cruzeiro na ocasião . Os cruzeirenses ficaram assustados ao saber quanto o camisa 9 do Santos ganha . O atleta recebe entre salário , direitos de imagem e luvas cerca de R$ 700 mil mensais . Apesar disso , a cúpula celeste não desistiu do atleta e , inclusive , ofereceu ao Santos , por intermédio do agente , um esquema semelhante ao do São Paulo para contar com Alexandre Pato . O Cruzeiro quer Damião por empréstimo e , além disso , espera que o Santos pague metade do salário . Fred tem o seu futuro no Fluminense indefinido , principalmente após a saída da Unimed como patrocinadora do clube . A empresa pagava os salários do centroavante , que tem forte identificação com a torcida do Cruzeiro . O artilheiro do Brasileirão , com 18 gols , defendeu o time mineiro entre 2004 e 2005 e deixou uma boa impressão . Alexandre Mattos evita falar em nomes e do andamento das contratações , mas novidades para este ano ainda . " Estão encaminhando na matéria natural , algumas já tem algum tempo . O Cruzeiro , como bicampeão , estamos tentando agregar valor , jogadores , que venham acrescentar qualidade . Jogador assim leva um tempo , mas as coisas estão caminhando bem , espero que este ano ainda possa ter novidades " , afirmou . O diretor de futebol , que deixará o cargo ao final da temporada , segue trabalhando à frente das negociações para o Cruzeiro . Nesta quarta-feira , o dirigente viajou para os Estados Unidos , de acordo com a assessoria do clube celeste . O assunto da viagem , porém , não foi revelado pelo clube e nem o período que Mattos ficará fora do país . Com questões comentadas , Seduc realiza simulado para o Enem 11:51 - 11/07/2016 Para avaliar o nível de conhecimento dos estudantes da rede pública estadual acerca dos conteúdos direcionados à preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio ( Enem ) , que neste ano será aplicado nos dias 5 e 6 de novembro em todo o país , a Secretaria de Estado de Educação ( Seduc ) , por meio do Departamento de Políticas e Programas Educacionais ( Deppe ) e sua Gerência do Ensino Médio , realizou no último sábado ( 9 ) , a correção das questões do primeiro simulado comentado voltado ao exame nacional . A correção do simulado foi transmitida , simultaneamente , via Centro de Mídias de Educação do Amazonas a todos os estudantes do ensino médio matriculados nas escolas estaduais da capital e dos 61 municípios do interior . Com a atividade , todos os professores que organizaram as questões , puderam esclarecer as possíveis dúvidas dos estudantes que fizeram o simulado e tudo em tempo real . As questões trabalhadas foram retiradas de edições anteriores do exame . As provas do simulado foram aplicadas na última sexta-feira , dia 8 de julho , para os 50 mil alunos da 3ª série do ensino médio das 196 escolas estaduais na capital e no interior que atendem essa modalidade . O tempo de duração do ensino médio foi de duas horas . A ação é parte das metodologias dos aulões do Enem , projeto da Seduc para preparar os estudantes do terceiro ano do ensino médio para as provas . O simulado contemplou os conteúdos ministrados no primeiro semestre de 2016 . De acordo com o secretário de Estado de Educação , Algemiro Ferreira Lima , o simulado comentado é mais uma iniciativa inédita da Seduc para reforçar o entendimento dos estudantes acerca dos conteúdos ministrados em cada componente curricular e prepará-los da melhor forma para o exame nacional . “ Essa é mais uma grande iniciativa da Seduc , coordenada pela nossa equipe de professores , para tornar mais fácil a assimilação dos conteúdos que constarão no Enem pelos nossos estudantes . Ações como essa são apenas parte do amplo trabalho que está sendo realizado durante todo o ano de 2016 , cuja finalidade principal é garantir aos jovens da rede estadual condições para obter excelentes resultados no exame nacional ” , afirmou secretário da Seduc , Algemiro Lima . Segundo o coordenador das ações do simulado , professor Aldemir Malveira , essa é uma metodologia diferenciada , que ajuda a reforçar os conteúdos . “ Antes , os alunos faziam o simulado e faziam a correção via gabaritos . Neste simulado , os alunos que fizeram a prova , terão a oportunidade de corrigi-la juntamente com os professores , que explicarão e tirarão as dúvidas dos alunos em tempo real . Este é o diferencial , pois é uma forma de reforçar também os conteúdos passados nas aulas e as habilidades dos estudantes ” , disse . O coordenador disse também que apesar do simulado ter sido voltado preferencialmente para os alunos da 3ª série do ensino médio , os estudantes das 1ª e 2ª séries também puderam participar , pois é uma forma de se prepararem para o Processo Seletivo Contínuo ( PSC ) e Sistema de Ingresso Seriado ( SIS ) , além de ganhar experiência para fazer o Enem . O próximo simulado comentado está previsto para ser realizado em outubro deste ano , antecipando-se à aplicação das provas do Enem . O simulado foi dividido em questões dos componentes de Língua Portuguesa , Matemática , Física , Química , Biologia , História e Geografia . Onze professores realizaram a correção e sete deles conduziram os comentários . Os demais estiveram à disposição para esclarecer as dúvidas dos alunos . Os docentes que participaram da correção foram : Aldemir Malveira , Ana Cavalcante , Dayson Jardim , Fábio Cauper , José Cavalcante , Josildo Severino , Luciana Brito , Manoel Clóvis , Newton Lima , Sabrina Araújo e Sheyla Cordeiro . Londres - A Polícia Metropolitana de Londres pediu nesta sexta-feira à comunidade LGBT que fique " alerta " durante a Parada do Orgulho Gay marcada para o próximo dia 25 , após o ataque a boate Pulse , em Orlando . O comissário-chefe da Scotland Yard , Bernard Hogan-Howe , disse hoje que o nível de ameaça não aumentou desde o " horrível " ataque ocorrido na madrugada do domingo passado na casa noturna gay de Orlando ( Flórida ) , mas considerou que os participantes do evento em Londres " deveriam ter atenção e tomar precauções razoáveis " , pois este ano " haverá mais gente " no evento . " É provável que mais pessoas saiam para mostrar solidariedade , para demonstrar que não têm medo , e isto é algo que devemos incentivar " , disse ele , em declarações aos jornais locais . Apesar do pedido de cautela , o comissário revelou que após ter revisado a informação fornecida pelos serviços de inteligência " não há nada que indique que alguém queira atacar Londres ou o evento " . O presidente da Parada Gay em Londres , Michael Salter , afirmou hoje que eles acreditam que a presença do público este ano será " enorme " , justamente em solidariedade à tragédia de Orlando . " Acredito que as pessoas se sintam mais unidas e solidárias com a comunidade LGBT de todo o mundo " , indicou . O ataque de Orlando é considerado o pior com arma de fogo na história dos Estados Unidos . A ação deixou 50 mortos - incluindo o próprio autor - e 53 feridos . A Exxon Mobil Corporation e suas empresas afiliadas ( ExxonMobil ou Companhia ) lhe oferecem este website e outros sites ExxonMobil , relacionados ou conectados por links ( Site ) , e alguns serviços , interfaces e funcionalidade neste Site ou por meio dele ( os Serviços ) , sujeitos à sua concordância em cumprir com os seguintes termos de uso ( os Termos Gerais ) . A sua utilização deste Site ou dos Serviços irà ¡ constituir a sua aceitação dos Termos Gerais . Uma vez aceitos , os Termos Gerais constituem um contrato vinculante entre ExxonMobil e você , regendo o uso do Site ou dos Serviços ( o Contrato ) . Se você não desejar aderir aos Termos Gerais , não use este Site nem os Serviços . 1 ) Alterações e Termos e Condições Adicionais Especiais ExxonMobil poderà ¡ revisar os Termos Gerais a qualquer tempo sem aviso . Você deve voltar a visitar este Site periodicamente para assegurar que està ¡ ciente dos últimos Termos Gerais , jà ¡ que eles são vinculantes para você . 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Você està ¡ proibido de transmitir os mesmos ou mensagens de e-mail semelhantes , não solicitadas , anúncios e publicidade comercial em “ bulk ” , ou correntes a um ou mais grupos de e-mail ( que constituem dois ou mais endereços de e-mail , agregados como um só destinatário ou recipiente de e-mail ) . C . Infração . Você està ¡ proibido de usar o Site ou os Serviços para infringir os direitos autorais , os direitos de marcas , patentes ou outros direitos de propriedade intelectual de qualquer pessoa . Você poderà ¡ ter cancelado o seu direito de acessar o Site ou os Serviços , se acreditarmos que você està ¡ usando o Site e os Serviços de maneira que possa infringir os direitos autorais , os direitos de marcas , patentes ou outros direitos de propriedade intelectual de outra pessoa . Você poderà ¡ receber a ordem de um tribunal para nos pagar danos materiais e ao proprietário legítimo dos direitos de propriedade intelectual que você infringir . Engajar-se em conduta que possa lesar ou prejudicar a operabilidade do Site ou dos Serviços ; Fazer-se passar ou representar qualquer pessoa física ou entidade , declarar falsamente , ou de outro modo praticar falsidade ideológica na sua identidade ou sua afiliação de qualquer modo ; nem falsificar , apagar ou alterar qualquer parte das informações do header do pacote TCP / IP em qualquer e-mail ou em outra postagem ; Engajar-se em marketing enganoso online nem assistir nem permitir que quaisquer pessoas se envolvam em quaisquer das atividades descritas acima . H . Inexistência de Licenciamento . Pelo seu uso do Site ou dos Serviços , você não recebe qualquer licença , expressa ou implícita sob quaisquer direitos de patentes ou direitos de segredo comercial , agora ou no futuro , possuídos , controlados ou próprios da ExxonMobil . I . Impressão . Você poderà ¡ efetuar um download e imprimir uma cópia do conteúdo neste Site para seu uso pessoal e não comercial , com relação à sua compra de quaisquer produtos ExxonMobil , na condição de que você deixe intactas e inalteradas quaisquer informações de direitos autorais ou de marcas registradas . A não ser como especificamente estabelecido neste parágrafo , você não poderà ¡ copiar ( por impressão em papel , armazenagem em disco , colocação em outro site , por download ou em qualquer outro modo ) , distribuir ( incluindo a distribuição de cópias ) , transmitir , alterar ou adulterar , em qualquer maneira , qualquer porção deste Site . 3 ) Marca Registrada e Direito Autoral ESSO , EXXON , EXXONMOBIL , MOBIL e outras marcas , marcas comerciais e marcas de serviço constituem marcas da ExxonMobil e das suas afiliadas . Nem todas as marcas da ExxonMobil irão constar neste Site e nem todos os produtos ou serviços listados neste Site estão disponíveis para venda em todos os países . Alguns produtos ou serviços podem ser comercializados sob marcas comerciais registradas locais em países específicos . Marcas de terceiros podem constar neste Site quando se referirem à s respectivas entidades ou aos seus produtos ou serviços . Marcas de terceiros exigidas neste Site são próprias dos seus respectivos proprietários . ExxonMobil não serà ¡ responsável perante você nem qualquer outra parte por quaisquer danos compensatórios , indenizatórios , punitivos , exemplares , especiais ou resultantes que resultem do uso ou da incapacidade de uso do Site , dos Serviços ou do conteúdo neste Site ou do desempenho do Site , dos Serviços ou dos produtos descritos neste Site , mesmo que ExxonMobil tenha sido informada da possibilidade desses danos . A lei aplicável pode não permitir a limitação ou a exclusão de responsabilidade ou de danos incidentais ou resultantes , de modo que a limitação ou a exclusão acima podem não se aplicar a você . Você acorda em indenizar , manter indene e defender Exxon Mobil Corporation ( incluindo subsidiárias e afiliadas da Exxon Mobil Corporation , doravante " ExxonMobil " ) assim como os conselheiros , diretores e funcionários da ExxonMobil , de e contra qualquer reclamação , demanda , causa de pedir , dívida , perda ou passivo ou responsabilidade , incluindo razoáveis honorários advocatícios , na medida em que a ação seja baseada , surja ou se relacione à sua violação ou à violação , por qualquer outra pessoa , usando sua senha ou conta , dos termos e condições deste Contrato . Espaço dedicado a promover equilíbrio e bem estar através das massagens terapêuticas , indianas , orientais e estéticas . Além de depilação e limpeza de pele.Reserve um tempinho para se cuidar você merece o melhor INF : 11 94288-6270 A sua dedetizadora no Tatuapé em toda São Paulo e ABCD . 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Paciência 4 . Criatividade Estes são os pontos mais importantes para alguém que quer entrar no mundo da Computação Gráfica em geral , não só do 3D Studio Max , mas de qualquer outro programa . O 3D Studio Max , recebeu o apelido de 3DS ou 3DS Max , nesta apostila tratarei ele como 3DS Max . O que é o 3DS Max ? O 3DS Max é uma ferramenta de edição em 3D , para os mais diversos trabalhos , como cartoon , arquitetura , publicidade , e qualquer outra coisa . Ele possui várias ferramentas que contribuem numa edição de qualidade , além de materiais ( abordado no próximo capítulo ) perfeitos para qualquer situação . Onde posso baixar o 3DS Max ? O 3D Studio é um programa Pago , mas você pode adquirir uma cópia de testes que dura 30 dias nos seguintes links : Caso os links estejam inativos entre em contato : hboud@hotmail.com • Primeira Lição : A interface Essa é uma das mais importantes lições , recomendo que você a siga e todas as outras da apostila . O que é exatamente o ITCMD ? Você já ouviu falar em um imposto chamado ITCMD , obrigatório se você receber bens ou direitos como herança ou doação ? No vídeo de finanças pessoais de hoje , o advogado Samir Choaib , especialista em planejamento sucessório , explica o que é exatamente esse tributo . Antecipando-se aos processos de integração , agora procurados oficialmente pelos governos , a população na faixa de fronteira Brasi-Uruguai , em 200 anos de convívio e ao longo de mil quilômentros de divisas convencionais , criou um intenso processo de interação econômica social , política e cultural . Trauma térmico : lesões provocadas pelo calor e frio Comentários Descrição A lesão provocada pelo trauma térmico leva a alterações em todos os órgãos , com extensão de duração das disfunções orgânicas proporcionais à extensão da lesão . As alterações são bifásicas , com uma hipofunção precoce dos sistemas , seguidos por uma hiperfunção mais tardia . As únicas exceções à esta regra são para o SNC e o sistema imune , onde ocorre o oposto . Essa bipolaridade constitui-se de duas fases , uma logo após o trauma e a outra após a reposição volêmica necessária e ressuscitação eficaz Depois de impressionar com a apresentação de seu modelo de alta complicação Grand Deck Marine Tourbillon , que você leu aqui , a relojoaria Ulysse Nardin , que completa seus 170 anos de atividade este ano , apelou para um lado mais clássico em seu modelo comemorativo . O modelo Ulysse Nardin Classico Manufacture apresenta funções básicas , que se identificam com os códigos estabelecidos pela companhia , com um mostrador esmaltado com a técnica Grand Feu . Como não poderia deixar de ser , o relógio é uma edição limitada a 170 unidades , referência direta à idade da companhia . Ele é equipado por um movimento de fabricação própria , o calibre UN-320 , que é equipado com uma mola de contrapressão em silício ( resistente à campos magnéticos ) e um escapamento de âncora , uma marca registrada da companhia . Divulgação A caixa , elaborada em aço inoxidável , possui 40 mm de diâmetro e 9,6 mm de espessura . Ela oferece uma resistência a até 30 metros sob a água e possui cristal de safira com tratamento antirreflexo em ambos os lados . Assim como o movimento que o equipa , o mostrador do relógio é elaborado in-house . Manufaturado pela Donzé Cadrans , companhia-membro da Ulysse Nardin , que é especializada em dials esmaltados . O processo Grand Feu , que nomeia o relógio , consiste em uma técnica que teve início no século XVII . Hoje em dia , é dominada por um pequeno número de artesãos e consiste no aquecimento do material em um forno com temperaturas que variam entre 700 e 900° C . Par este mostrador , o processo resulta em um dial branco cintilante . Para esta peça , o branco apresentado ao fundo contrasta com os ponteiros e indicadores azuis , que se inspiram na herança marítima carregada pela maison . Desta forma , o relógio realiza a indicação central de horas e minutos , um subdial na posição de 6 horas com pequenos segundos e uma janela , também na posição de 6 horas , para data . O movimento oferece função de parada de segundos , que permite um acerto preciso da hora , além de um sistema de ajuste de data que permite que ela seja regulada para frente ou para trás . Com corda automática , o movimento UN-320 fornece até 48 horas de reserva de energia . Ulysse Nardin Classico Manufacture A finalização da peça é dada por uma pulseira elaborada em couro de crocodilo azul marinho , que combina harmoniosamente com as tonalidades apresentadas no mostrador . Seu fecho é elaborado em aço inoxidável , que acompanha o material da caixa . A edição de aniversário da Ulysse Nardin tem seu valor comercial sugerido em US$ 8.700 , sem a adição de impostos e taxas . No Brasil , a marca é comercializada pela Amsterdam Sauer e pelo Dufry , no Aeroporto Internacional de Guarulhos , em São Paulo . 1 Unte uma forma refratária com 1 colher de sopa de margarina . Forre o fundo com a cebola . Polvilhe com sal e pimenta-do-reino a gosto . Repita a operação com o tomate.2 Coloque o peixe sobre o tomate . Tempere com mais um pouco de sal e pimenta-do-reino . Passe a margarina restante sobre o peixe . Regue-o com o suco de limão e o leite.3 Por cima polvilhe farinha de rosca e leve ao forno moderado ( 180ºC ) . Asse por cerca de 30 minutos , ou até que o peixe fique macio.4 Retire do forno e polvilhe com salsa . Sirva acompanhado de bata cozida . 200 gramas de mandioquinha 3 xícaras de chá de sobra de bacalhau desfiado 1 colher de sopa de azeite 1 clara de ovo Salsa picada a gosto Óleo para fritar Modo de preparo 1 Descasque a mandioquinha e cozinhe e cozinhe até ficar macia.2 Escorra a água e passe-a no espremedor ainda quente.3 Em um recipiente , misture o bacalhau , a mandioquinha , o azeite e a salsa.4 Bata a clara em neve e acrescente à mistura com o bacalhau . Mexa delicadamente.5 Faça os bolinhos e frite em óleo quente . Escorra em papel toalha . Rende 10 porções ! 1 Afervente o bacalhau dessalgado na água e escorra.2 Em uma frigideira , aqueça1 / 2 xícara de azeite , doure as postas do peixe e reserva.3 Numa tigela , coloque a mandioca cozida e espremida , o leite de coco , 1 / 2 lata de creme de leite e misture bem até formar um creme liso . Reserve.4 Na mesma frigideira , junte o restante do azeite e doure a cebola até caramelizar . Reserve.5 Misture bem o requeijão com o que sobrou do creme de leite e reserve.6 Em um refratário grande , untado com azeite , disponha em camadas o creme de mandioca , as postas de bacalhau , a cebola em rodelas e as azeitonas pretas.7 Cubra com a mistura de requeijão e creme de leite . Polvilhe com o queijo parmesão ralado e leve ao forno preaquecido a 200 graus até gratinar.8 Rende 6 porções . Sirva com arroz com açafrão e cogumelos . 1 Cozinhe o bacalhau por cerca de 10 minutos em fogo baixo , escorra a água , desfie o peixe e reserve.2 Em uma panela , coloque o azeite de oliva , o alho e a cebola picados , a cenoura ralada e refogue por 4 minutos.3 Acrescente o bacalhau cozido , o leite e o creme de leite e deixe cozinhar por mais 10 minutos.4 Junte o pão francês e mexa bem até que ele desmanche.5 Coloque tudo em uma assadeira antiaderente , salpique com o queijo ralado e leve ao forno preaquecido até gratinar.6 Rende 2 porções . Sirva com arroz branco e salada verde . 1 Em um refratário , coloque o salmão e , por cima , a manteiga e o sal . 2 Leve para assar em forno médio por cerca de 20 minutos.Molho1 Em uma panela , junte a manga , o leite , o creme de leite , o açúcar e o sal.2 Cozinhe em fogo baixo , mexendo sempre sempre , até que a fruta desmanche.3 Em seguida , bata no liquidificador e coe em uma peneira fina.Arroz1 Doure as amêndoas na frigideira e reserve.2 Em uma panela , refogue a cebola , o alho e o sal . Junte o arroz e , depois , cubra-o com água.3 Tampe e cozinhe em fogo baixo até secar.4 Monte os pratos com uma posta de salmão regado com molho e uma porção de arroz com as amêndoas salpicadas por cima . 1 Desfie o bacalhau ( que foi previamente deixado de molho ) , bem miúdo.2 Descasque as batatas e pique em pedaços pequenos.3 Arrume um pirex em camadas , sendo que a primeira camada é de azeite fervido.4 Em seguida coloque uma camada de creme . Novamente outra camada de bacalhau desfiado picadas . Por último , outra camada de creme.5 Leve ao forno para corar Refogado : Ferva um copo de azeite com todos os temperos , sal , pimenta do reino e malagueta . Creme : Faça um creme com 1 litro de leite , 3 gemas , 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina , 3 colheres de sopa de maizena e sal a gosto . 1 Limpe bem os filés e tempere com o suco de limão , sal e pimenta-do-reino.2 Em uma tigela , coloque a manteiga , a salsa e o orégano . Tempere com sal e pimenta-do-reino , Bata bem até que fique uma pasta.3 Corte um pedaço de papel alumínio para cada filé . Unte-os com a manteiga temperada.4 Coloque um filé de pescada em cada pedaço de papel de alumínio e feche os pacotinhos . Unte uma forma com óleo e arrume o peixe.5 Leve a forma ao forno moderado ( 180ºC ) e deixe assar durante 20 minutos . Tire do forno , desfaça os pacotes e arrume os filés em uma travessa . Sirva com batatas cozidas passadas na manteiga e polvilhadas com salsa picadinha . Dica : Com as sobras da pescada você pode preparar uma pasta para sanduíches e misture com maionese . 4 filés de peixe ( pescada branca ou outro de sua preferência ) Leite 1 / 2 xícara de farinha de trigo Sal e pimenta-do-reino a gosto Óleo para fritar 3 / 4 de xícara de maionese 1 / 2 xícara de azeitona picada 1 colher de sopa de suco de limão 1 colher de chá de casca de limão ralada Modo de preparo 1 Passe cada filé de peixe no leite . Tempere a farinha de triho com sal e pimenta-do-reino e salpique os filés com essa mistura.2 Leve ao fogo uma frigideira com óleo e deixe aquecer . Frite os filés até que fiquem dourados . passe-os para uma travessa e mantenha-os aquecidos.3 À parte , coloque em uma panela a maionese com a azeitona picada , o suco e a casca de limão . Aqueça em fogo baixo.4 Despeje o molho sobre os filés de peixe . Sirva a seguir com arroz branco . Uvas Itália cortadas ao meio sem caroço50g de champignon cortado em lâminasManteiga derretida clarificadaSal e pimenta a gosto Modo de preparo 1 Coloque a manteiga na frigideira e acrescente o champignon e as uvas com sal e a pimenta.2 Após 5 minutos , despeje sobre o peixe . Para acompanhar , acrescente 100g de palmito pupunha cozido , cortado em rodelas com açafrão . 2 kg de camarão com cascaSal e pimenta-do-reino a gosto4 colheres de sopa de suco de limão4 colheres de sopa de azeite6 tomates4 cebolas grandes cortadas em pedaços6 colheres de sopa de maisena1 / 2 xícara de leite6 gemas2 colheres de sopa de coentro picado2 queijos tipo catupiry ( 440g)6 claras Modo de Preparo 1 Limpe os camarões e tempere com o sal , a pimenta-do-reino e o suco de limão . Reserve.2 Passe pelo liquidificador o azeite , os tomates e as cebolas.3 Coloque em uma panela e leve ao fogo por uns 30 minutos , mexendo de vez em quando.4 Dissolva a maisena no leite e misture com as gemas . Acrescente à panela , juntamente com os camarões reservados.5 Cozinhe mexendo sempre até engrossar.6 Junte o coentro e misture bem . Retire do fogo e reserve.7 Corte o queijo catupiry em pedaços e distribua no fundo de uma forma refractária grande ou 2 médias.8 Coloque por cima a mistura de camarão . Aqueça o forno em temperatura quente ( 250 graus).9 Bata as claras em neve e coloque da forma , cobrindo toda a superfície . Leve ao forno por uns 10 minutos ou até que doure . 1 1 / 2 quilo de camarõesSuco de limãoPimenta-do-reino1 1 / 2 quilo de aipim1 cebola em rodelas1 folha de louro3 cubos de caldo de carne5 colheres de sopa de azeite2 colheres de sopa de cebola , picada1 dente de alho , picado8 tomates batidos no liquidificador2 pimentões ralados2 vidros de leite de coco ( 400ml)2 colheres de sopa de azeite-de-dendêSalsa picadinha Modo de Preparo 1 Tempere os camarões com suco de limão e pimenta-do-reino e deixe-os tomar gosto.2 Descasque o aipim , pique-o em pedacinhos e leve-o ao fogo , com água até cobrir , para cozinhar.3 Acrescente os cubos de caldo de carne , o louro e a cebola.4 Quando o aipim estiver mole , junte as 2 cebola e o alho e deixe dourar.6 Acrescente os camarões e frite-os.7 Junte os tomates , a salsa , os pimentões e deixe cozinhar por 30 minutos.8 Coloque na mesma panela e creme de aipim , o outro vidro de leite de coco e o azeite-de-dendê.9 Deixe até levantar fervura , salpique a salsa e sirva a seguir . 1 colher de sopa de coentro1 dente de alho amassado1 colher de sopa de azeiteSal e pimenta-do-reino a gosto1 vidro de leite de coco ( 200ml)1kg de postas de peixe tipo cação Modo de Preparo 1 No liquidificador , bata o tomate , a cebola , o cheiro-verde , o coentro , o alho , o azeite , sal , pimenta e o leite de coco até ficar homogéneo.2 Coloque as postas de cação em um refractário e cubra com o molho.3 Leve ao forno médio , preaquecido , por 30 minutos ou até assar.4 Retire e sirva acompanhado de cenoura cortada em bolinhas . Como CongelarDisponha as postas do peixe em um pote com tampa , uma ao lado da outra . Mantenha no congelador por até 2 meses . 600g de filé de peixe tipo merluzaSal e pimenta-do-reino branca moída a gosto1 xícara de chá de azeitonas verdes picadas2 ovos batidosFarinha de rosca para empanarÓleo para fritar1 colher de sopa de azeite3 cebolas cortadas em rodelas finas Modo de Preparo 1 Tempere os filés de peixe com sal e pimenta-do-reino branca moída.2 Adicione a azeitona e misture.3 Passe no ovo batido e na farinha de rosca.4 Frite em óleo quente e escorra em papel toalha.5 Em uma frigideira , aqueça o azeite e frite a cebola em rodelas até amaciar e dourar levemente.6 Tempere com sal e sirva sobre o peixe . 3 cubos de caldo de galinha3 colheres de sopa de água ferventeSuco de 1 / 2 limão500g de filés de peixe2 colheres de sopa de Maizena1 / 2 xícara de chá de farinha de trigo1 / 2 xícara de chá de cerveja1 ovos1 pitada de salÓleo para fritar Modo de Preparo 1 Dissolva os cubos de caldo de galinha na água fervente.2 Junte o suco de limão e misture bem.3 Tempere os filés de peixe com essa mistura e deixe tomar gosto por 10 minutos.4 Peneire juntas a Maizena e a farinha de trigo , adicione a cerveja , o ovo e o sal , mexendo bem até obter uma massa meio líquida e homogénea.5 Passe os filés nessa massa e frite-os em bastante óleo bem quente.6 Sirva com molho tártaro 1 embalagem de postas de bacalhau dessalgadoSal e pimenta-do-reino a gostoFarinha de trigo para passarAzeite para fritar2 cebolas cortadas em rodelas2 dentes de alho espremidos1 alho poró pequeno cortado em rodelas2 tomates sem pele e sem sementes picados200g de grão de bico cozido descascado2 batatas médias cortadas em pedaços1 / 4 de xícara de salsinha picada1 / 2 colher chá de orégano1 folha de louro1/2,xícara de vinho branco1 / 2 xícara de água2 pimentões sem sementes picados Modo de Preparo 1 Tempere as postas de bacalhau com sal e pimenta-do-reino a gosto e passe na farinha de trigo.2 Em uma panela aqueça o azeite e frite as postas de bacalhau até dourarem.3 Retire com uma escumadeira e mantenha aquecidas.4 Escorra o azeite deixando 3 colheres de sopa na panela e refogue a cebola , o alho e o alho poró.5 Junte os ingredientes restantes e cozinhe por cerca de 20 minutos.6Acrescente o pimentão vermelho e cozinhe por mais 5 minutos.7 Sirva a seguir com as de bacalhau . Rendimento : 6 porções 1 kg de filé de peixe2 ovos cozidos2 ovos crus1 / 2 xícara de óleo2 xícaras de chá de purê de batatas3 dentes de alho1 1 / 2 xícara de café de suco de limão1 colher de sopa de salpic1 xícara de chá de nozes moídas1 colher de chá de páprica1 xícara de chá de farinha de rosca1 xícara de chá de farinha de trigo1 colher de chá de Ajinomoto Modo de Preparo 1 Tempere o peixe com 1 xícara de café de limão , o Ajinomoto e o salpic.2 Passe na farinha de trigo , nos ovos batidos e na farinha de rosca misturada com a páprica.3 Frite na metade do óleo os filés.4 Reserve , arrumando com as rodelas de ovos cozidos . Decoração Bata no liquidificador as nozes , o restante do óleo e do limão , o purê de batatas e o alho . Em seguida , despeje sobre os filés . A economia global , a sociedade livre e a necessidade da secessão A seguinte entrevista com Hans-Hermann Hoppe foi publicada na revista Wirtschaftswoche , o principal semanário da Alemanha sobre economia e negócios , e foi conduzida por Malte Fischer . Professor Hoppe , ao redor do mundo estamos vivenciando , novamente , uma crescente intervenção do Estado tanto na economia quanto na sociedade . Vários cidadãos querem mais governos e menos mercado . Como o senhor explica isso ? Se há algo que a história nos mostra de maneira cristalina é que crises promovem o crescimento do Estado . Isso é particularmente mais evidente em casos de guerras e de ataques terroristas . Os governos utilizam essas crises em proveito próprio para posarem de solucionadores de problemas . Isso também se aplica à crise financeira . Ela forneceu aos governos e aos bancos centrais a providencial oportunidade de intervirem ainda mais na economia e na sociedade . Os políticos foram bem-sucedidos em atribuir a culpa da crise ao capitalismo , ao mercado e à ganância . Sem a intervenção dos governos , na forma de programas de estímulos , e dos bancos centrais , na forma de injeções de liquidez , o mundo não estaria hoje mergulhado numa profunda recessão , como nos anos 1930 ? Há esse juízo falso de que os governos e os bancos centrais podem ajudar a economia com programas que a ajudam a se recuperar . Até mesmo na década de 1930 , nos EUA , foram implantados vários programas de estímulos . Mas a Grande Depressão realmente só acabou após o fim da Segunda Guerra Mundial . Nos anos anteriores à guerra , a taxa de desemprego jamais ficou abaixo dos 15% . Os bancos estavam entesourando o dinheiro que lhes fora entregue pelo Banco Central em vez de emprestá-lo . As circunstâncias atuais são similares . O dinheiro não está indo para o mercado de bens ; por isso os preços mal estão subindo . Mas isso não significa que não esteja havendo inflação . Basta você olhar para as principais bolsas de valores do mundo e ver como elas estão se comportando ; aí você vai identificar para onde exatamente está indo esse dinheiro criado pelos bancos centrais e entregue ao sistema bancário . A inflação está ocorrendo no mercado de ativos . A bonança nos mercados de ações também é uma consequência das taxas de juros negativas que desestimulam o ato de poupar … … e que colocam em risco nossa prosperidade . Uma economia só irá crescer de maneira saudável e duradoura se as pessoas estiveram poupando mais do que consumindo . É necessário poupar mais e consumir menos . Sem poupança , não há investimentos viáveis . Por quê ? Vou dar um exemplo simples . Imagine Robinson Crusoé e Sexta-Feira numa ilha deserta . Se Robinson pescar peixes e consumir somente alguns deles , mas não todos , ele poderá emprestar para Sexta-Feira os peixes que ele poupou . Sexta-Feira , então , poderá se alimentar destes peixes por alguns dias enquanto investe seu tempo na construção de uma rede de pesca para ele próprio . Com essa rede , Sexta-Feira poderá agora pegar um número tão grande de peixes , que ele não apenas será capaz de alimentar a si próprio como também poderá devolver a Robinson o mesmo número de peixes que este havia lhe dado . Mais ainda : Sexta-Feira , em princípio , torna-se capaz de quitar seu empréstimo junto a Robinson , mais juros , e ainda obter lucro na forma de peixes adicionais para si próprio . Mas o que acontecerá se Robinson , em vez de poupar , simplesmente comer todos os peixes que pegou e , simultaneamente , der a Sexta-Feira certificados de papel que , em teoria , podem ser restituídos em peixes ? Se Sexta-Feira decidir ir até Robinson para restituir seus certificados de papel em peixes , ele descobrirá que não há peixe nenhum com Robinson . Sendo assim , Sexta-Feira terá urgentemente de conseguir comida para si próprio e , consequentemente , não terá tempo para finalizar a construção da sua rede . A construção da rede será um projeto abandonado . O padrão de vida tanto de Sexta-Feira quanto de Crusoé estará agora menor . Ou seja , todo este arranjo seria fisicamente impossível caso o empréstimo de Robinson para Sexta-Feira fosse apenas um pedaço de papel denominado em peixes , mas não lastreado por uma genuína poupança de peixes . O que isso tem a ver com a nossa atual situação ? Algo similar ocorreu nas economias modernas na década de 2000 . A expansão do crédito feita pelo sistema bancário em conjunto com seus respectivos bancos centrais nada mais foi do que um processo de criação de dinheiro do nada . Tal processo de criação de crédito reduziu artificialmente as taxas de juros e consequentemente estimulou vários tipos de investimentos , para os quais não havia uma correspondente poupança . As taxas de juros artificialmente baixas que vigoraram ( e ainda vigoram ) tanto na Europa quanto nos EUA não apenas não estimularam ninguém a poupar , como na realidade encorajaram todos a consumir desbragadamente — exatamente como os peixes de Crusoé não foram poupados , mas sim consumidos por ele . O aumento do consumismo em conjunto com uma menor taxa de poupança leva a um aumento de preços e a um aumento do endividamento . Isso , por sua vez , faz com que os bancos passem a restringir mais o processo de criação de crédito . E essa maior restrição no crédito , em conjunto com o maior endividamento e os preços mais altos , gera uma redução no consumo e no investimento . Os projetos que haviam sido iniciados e que até então pareciam lucrativos sofrem uma repentina queda na demanda ( lembre-se de que não havia poupança para dar sustento a essa demanda futura ) . É aí que a economia entra em recessão . Dado que nada mudou no comportamento dos bancos centrais desde então , podemos dizer que haverá uma nova crise ? Os bancos centrais estão tentando resolver a crise criando mais dinheiro e gerando mais crédito , ignorando completamente o fato de que a crise foi causada justamente por excesso de criação de dinheiro e de crédito . Logo , a próxima crise será ainda mais severa do que a última . As autoridades monetárias , em especial o Fed , prometeram que irão enxugar a liquidez no momento certo , antes que a situação degringole . Teoricamente , isso é possível . Os bancos centrais podem tentar reduzir a oferta monetária vendendo títulos do governo para o sistema bancário . O problema é que , na prática , isso até hoje nunca ocorreu . Mesmo porque tal medida vai contra o objetivo dos bancos centrais , que é o de manter as taxas de juros as mais baixas possíveis . E produzir inflação ? Os bancos centrais de todo o mundo estão se esforçando ao máximo para manter o atual sistema monetário — que é todo baseado no dinheiro fiduciário — a todo o custo . Receio que o próximo passo será a eliminação do pouco que ainda resta da atual concorrência monetária global . Tal eliminação ocorrerá por meio de uma centralização do dinheiro e do sistema bancário . No final , é bem possível que surja algum tipo de banco central global , o qual irá manusear uma moeda única universal , resultante de uma fusão entre dólar , euro e iene . Livre da concorrência imposta por outras moedas , este banco central global teria então ainda mais espaço para inflacionar . A crise não apenas não acabaria , como ainda retornaria com força total em nível global . Alguns economistas clamam por um padrão-ouro com o intuito de amarrar as mãos dos bancos centrais . Governos e bancos centrais resistirão ferozmente a este arranjo . Na condição de monopolista estatal da distribuição do dinheiro , bancos centrais não têm absolutamente nenhum interesse em perder seu poder . Considero um retorno voluntário ao padrão-ouro algo totalmente irrealista . E quanto à China ? O país quer estabelecer o renminbi como a moeda de reserva internacional . Para a China , seria uma medida esperta lastrear o renminbi em ouro , pois isso afetaria a dominância global do dólar . Com um renminbi lastreado em ouro , os dias de dominância econômica dos EUA e do dólar estariam contados . O Ocidente , portanto , irá fazer todo o possível para impedir que a China adote essa medida . Na Europa , os governos e o Banco Central Europeu ( BCE ) ignoraram a lei e agiram acima da lei para socorrer o arranjo do euro . E não houve nenhum protesto público na Alemanha contra isso . Os alemães aceitam passivamente receber ordens dos EUA sobre o que eles podem e o que eles devem fazer . Os EUA possuem um interesse vital em garantir que o euro sobreviva porque , para o dólar , é mais conveniente ter um único concorrente a ter de competir com 17 moedas nacionais europeias . No atual arranjo , os EUA precisam recorrer a apenas um Banco Central , o BCE , para fazer pressão política e impor seus interesses . O socorro ao euro e a crescente concentração de poderes em Bruxelas estão gerando inquietações nos europeus . Será que as elites políticas não estão testando demais a disposição da população em aceitar ainda mais integração política ? Governos e Estados têm a tendência de centralizar seus poderes . Na Europa , os poderes estão sendo transferidos para Bruxelas com o intuito de eliminar a concorrência entre os países . O sonho dos estatistas é um Estado mundial que imponha impostos e regulamentações uniformes , e que retire totalmente dos cidadãos a capacidade de melhorar sua vida por meio de emigração . Os europeus já perceberam que , basicamente , a União Europeia nada mais é do que um enorme aparato de redistribuição . Isso gera discórdia e incita a inveja e o rancor entre os cidadãos de diferentes países . O que podemos fazer quanto a isso ? Para a causa da liberdade , o melhor seria se a Europa se desintegrasse no maior número possível de micro-estados . Isso também vale para a Alemanha . Quanto menor a extensão espacial de um Estado , mais fácil seria emigrar e , consequentemente , menos intrusivo e coercivo teria de ser o Estado . Afinal , seria de seu total interesse fazer de tudo para que as pessoas produtivas se sentissem estimuladas a permanecer dentro de seu território . Estados pequenos possuem vários concorrentes geograficamente próximos . Se um governo passar a tributar e a regulamentar mais do que seus concorrentes , a população emigrará , e o país sofrerá uma fuga de capital e mão-de-obra . O governo ficará sem recursos e será forçado a revogar suas políticas confiscatórias . O senhor quer retornar ao “ Kleinstaaterei “ , o sistema de mini-países que vigorou na Alemanha no século XIX ? Apenas veja a evolução econômica e cultural ocorrida naquela época . No século XIX , a área da qual a Alemanha hoje faz parte era a principal região da Europa . As grandes realizações culturais ocorreram numa época em que não havia um Estado grande e centralizado . Os pequenos territórios viviam em intensa concorrência entre si . Todos queriam ter as melhores bibliotecas , os melhores teatros , as melhores universidades . Essa região era significativamente mais avançada — tanto em termos culturais quanto intelectuais — do que a França , que , àquela época , já possuía um governo centralizado . À medida que toda a cultura foi centralizada em Paris , o resto do país caiu na obscuridade cultural . Mas o livre comércio seria ameaçado pela secessão e por esse retorno a um arranjo de nações fragmentadas Muito pelo contrário . Estados pequenos têm necessariamente de comercializar . Não há alternativas , pois seu mercado interno não é grande e nem suficientemente diversificado para que a população possa viver de maneira autônoma e independente . Se eles não praticarem um livre comércio , morrerão de fome numa semana . É exatamente o mesmo fenômeno que ocorre com uma cidade pequena dentro de um país grande . Se ela se fechar completamente e não comercializar com as outras cidades , seus habitantes morrerão . Quanto menor o país , maior será a pressão para que ele adote um genuíno livre comércio e maior será a oposição a medidas protecionistas . Toda e qualquer interferência governamental sobre o comércio exterior leva a um empobrecimento relativo , tanto no país quanto no exterior . Quanto menor um território e seu mercado interno , mais dramático será esse efeito . Se os EUA adotarem um protecionismo mais forte , o padrão de vida médio dos americanos cairá , mas ninguém passará fome . Já se uma pequena cidade , como Mônaco , fizesse o mesmo , haveria uma quase que imediata inanição generalizada . Adicionalmente , Estados pequenos e soberanos não podem permanentemente culpar forças externas quando algo vai mal em suas economias . Na União Europeia , Bruxelas é frequentemente culpada por todos os tipos de malefícios vivenciados nos países da UE . Já com Estados pequenos e independentes , os governos teriam de aceitar a responsabilidade pelos problemas vivenciados em seus próprios territórios . Isso gera um efeito pacificador nas relações entre os países . Mas se cada um destes pequenos Estados tivesse sua própria moeda , isso acabaria com a integração dos mercados de capital . Estados pequenos não podem se dar ao luxo de utilizar uma moeda própria porque isso elevaria enormemente os custos de transação . É como se você tivesse de trocar de moeda todas as vezes que fosse de uma cidade para outra dentro do mesmo país . Isso seria um custo de transação irracional . Logo , tais Estados teriam de se esforçar , de forma natural , para adotar uma moeda em comum e que fosse independente de governos e fora da influência de políticos e burocratas . Há uma grande probabilidade de que eles iriam concordar em adotar como moeda uma commodity como o ouro ou a prata , cujo valor é determinado pelo mercado . Em suma , a secessão também promoveria uma integração monetária e levaria à substituição do atual sistema monetário baseado em moedas fiduciárias nacionais — que flutuam entre si e se desvalorizam diariamente — por um padrão monetário baseado numa commodity totalmente fora do controle dos governos . Assim , o mundo seria formado por pequenos governos liberais e seria economicamente integrado por meio do livre comércio e de uma moeda-commodity internacional . O Kleinstaaterei leva a mais mercado e a menos intervenção estatal no sistema monetário . Mas se a Europa fosse uma coleção de pequenos Estados , não seria correto dizer que , no cenário internacional , ela não teria nenhuma influência , ao menos em relação aos grandes Estados ? Essa tese não se sustenta . Afinal , como é que Suíça , Liechtenstein , Mônaco e Cingapura conseguem estar economicamente no topo ? A minha impressão é que estes países são mais ricos do que a Alemanha , e que os alemães eram ricos antes de embarcarem na aventura do euro . É imperativo nos livrarmos desta falsa e perigosa ideia de que o comércio e os negócios ocorrem entre Estados . O comércio e os negócios ocorrem entre indivíduos e empresas que produzem em diversos pontos geográficos . Economias não consistem de Estados concorrendo com outros Estados , mas sim de indivíduos e empresas concorrendo com outros indivíduos e empresas . Não é o tamanho de um Estado o que determina sua prosperidade , mas sim a capacidade e o preparo de seus cidadãos . Na próxima e última parte da entrevista , o professor Hoppe abordará a questão da ausência do Estado e falará sobre as possibilidades do funcionamento de um arranjo anarcocapitalista . Aviões perderam valor e credores não receberam Sem manutenção e com tecnologia desatualizada , aeronaves dificilmente voltarão a voar ; realização de leilões depende da Justiça Marina Gazzoni , iG São Paulo | 07/06/2010 08:51:21 Texto : A maioria dos aviões parados nos aeroportos brasileiros pertence a empresas falidas , que deixaram suas aeronaves nos pátios quando interromperam os voos . Como os processos de falência se arrastam no Judiciário por anos , os aviões perderam seu valor e dificilmente voltarão a voar . Muitos estão sem motor e peças de maior valor , que foram retiradas por credores e , até mesmo , saqueadas . Sem equipamentos essenciais , manutenção , limpeza e com tecnologia desatualizada , essas aeronaves receberam o apelido de “ sucatões ” , já que provavelmente serão vendidas a empresas de reciclagem . Os credores de companhias como Varig , Transbrasil e Vasp aguardam a autorização judicial para a realização de um leilão destes ativos , que prevê levantar recursos para sanar a dívida das companhias falidas . Sem ordens judiciais , a Infraero não pode remover as aeronaves e permanece como fiel depositária , ou seja , responsável pela guarda dos bens . Desvalorização Divulgação Interior do avião da Vasp , parado no aeroporto de Congonhas A demora da Justiça em autorizar os leilões das aeronaves prejudiciou os credores , a maioria deles ex-funcionários e fornecedores . " A Justiça não colocou os aviões à venda em tempo hábil e eles se deterioraram . O que restou é pura sucata , que não vale mais nada e ninguém quer " , afirma Graziela Baggio , presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas , entidade que representa os trabalhadores do setor aéreo . É o caso da Vasp , dona de 29 dos 59 aviões de grande porte parados nos aeroportos brasileiros , segundo dados da Infraero . As aeronaves já foram leiloadas duas vezes , sem sucesso . Elas estão avaliadas em R$ 16,8 milhões , mas o valor ofertado por uma delas no último leilão , realizado neste ano , foi de apenas R$ 30 mil , de acordo com a ex-funcionária Vera Salgado , presidente da Associação dos Ex-empregados Trabalhistas da Vasp ( AETV ) . A estimativa da entidade é que a dívida trabalhista da empresa chegue a R$ 1,6 bilhão , de um passivo total de R$ 4,5 bilhões . " Quando essas aeronaves pararam de voar , em 2005 , elas estavam completas . Agora estão deterioradas . Se tivessem vendido antes , esse patrimônio poderia ser usado para pagar as dívidas da empresa " , afirma Salgado . Segundo ela , os trabalhadores ainda não receberam nove salários que estão atrasados desde da falência da empresa , em 2008 . Mudança de perfil Os anos 2000 foram marcados por uma crise no setor de aviação , que culminou com a falência de três companhias que lideravam a aviação comercial _Varig , Vasp e Transbrasil . Para o consultor Paulo Bittencourt Sampaio , elas sofreram com as variações cambiais e com o aumento da competição no setor . A entrada na Gol no mercado , em 2001 , trouxe o conceito de operação com custos reduzidos e venda de passagens a preços mais acessíveis . Endividadas , Vasp e Transbrasil foram à falência e a Varig foi vendida à Gol . " Elas não souberam se adaptar às mudanças do setor " , afirma o consultor . A reportagem do iG procurou duas vezes o admnistrador judicial da Vasp , Alexandre Tajra , mas ele não retornou aos pedidos de entrevista . Representantes das empresas Fly , Flex , Platinum Air e Sky Master também foram procurados , mas seus contatos estão desatualizados nos cadastros de empresas áreas da Agência Nacional de Aviação Civil ( Anac ) . O avião desativado da Pantanal que está em Congonhas será doado ao Museu da TAM . A companhia está em recuperação judicial e foi adquirida pela TAM em dezembro de 2009 . A TAM também comprou , na década de 80 , a Votec , mas não confirmou se o avião parado no aeroporto de Jacarepaguá pertence a ela e qual será seu destino . 31/10/2010 - 20h37 Confúcio confirma vitória do primeiro turno e é o novo governador de Rondônia Confúcio Moura , do PMDB , 62 , é o novo governador do Estado de Rondônia . Depois de vencer o primeiro turno por uma diferença de 45.415 votos , o peemedebista foi eleito , derrotando o atual governador e candidato à reeleição João Cahulla ( PPS ) . Dados do governador eleito Sempre filiado ao PMDB , Confúcio foi deputado federal por três mandatos ( 1995-1999 , 1999-2003 e 2003-2007 ) e foi eleito prefeito do município de Ariquemes ( 2005-2008 ) . Reeleito em 2008 , ele renunciou ao cargo para disputar a eleição para o governo do Estado . O vice do peemedebista é Airton Guargacz ( PDT ) . Campanha Durante a campanha , os candidatos se concentraram em apontar falhas de suas atuações . No caso do peemedebista , as críticas foram direcionadas à gestão do governo de Cahulla e de seu antecessor e aliado , o senador eleito Ivo Cassol ( PP ) . Cahulla critcou a administração de Confúcio na Prefeitura de Ariquemes , comandada pelo adversário em dois mandatos . Confúcio defendeu um modelo de administração pública que valorizasse a profissionalização do Estado , com mais funcionários concursados , além de afirmar que seu programa de governo dará prioridade para as ações nas áreas de educação , saúde , meio ambiente e segurança pública . ro governador horizontal 2 Sobre o atual governo , alegou caos na saúde e na segurança pública , argumentando que o governador deu prioridade apenas a estradas e negligenciou os outros setores . Apoiado por uma coligação ( “ Aliança por uma Rondônia melhor para todos ” ) que reuniu quatro partidos , dentre eles o DEM , adversário do PMDB e aliado do PPS no plano nacional , e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva , no segundo turno o peemedebista recebeu apoio do terceiro colocado na disputa no primeiro turno , o tucano Expedito Júnior , e do senador eleito e ex-governador Valdir Raupp ( PMDB ) , importante liderança política no Estado . No último debate entre os candidatos , o tom de críticas e acusações foi elevado . Confúcio acusou o adversário de baixar " o nível da campanha " . " Foi ao limite extremo do jogo duro , do jogo sujo . O segundo turno só teve golpe baixo " , disse o peemedebista . Principais propostas Credenciamento de serviços de UTI e hemodiálise ; reforma e aquisição de equipamentos para os hospitais e postos de saúde ; internação domiciliar Metas para reduzir a criminalidade , mapear a violência no Estado , melhorar a estrutura da Polícia Militar e da Polícia Técnica , rever salários Implantar um programa de habitação popular no Estado Implantar a educação integral em dois turnos na rede estadual Criar um plano de cargos e salários para os servidores públicos e estabelecer gratificações Este trabalho aborda o reconhecimento de símbolos em engenharia elétrica manualmente segmentados , ( dentro das normas da ABNT ) , através de métodos estatísticos utilizando-se transformadas numéricas ( ou momentos matemáticos ) e uma rede neural hierárquica . Os símbolos foram extraídos de desenhos técnicos unifilares em engenharia elétrica , formando assim uma base de dados . As transformadas , foram utilizadas individualmente e em paralelo , na tentativa de obter-se as características mais acentuadas de cada modelo matemático . Após extraídas as primitivas , os vetores obtidos das transformadas são concatenados ( quando trabalhando com duas transformadas combinadas ) , e aplicados a uma Rede Neural funcionando como um classificador primário , identificando a que grupo de símbolos ( metaclasse ) pertence o símbolo sob análise , e assim ativando a rede neural da camada subseqüente para o seu reconhecimento final . Foram analisadas as transformadas de Chebyshev , DCT ( Transformada Discreta do Coseno ) , Fourier , Radon e Zernike . O trabalho faz também um comparativo no desempenho das transformadas operando isoladas e em paralelo , apresentando um desempenho superior das transformadas de Zernike / Fourier e Zernike / Chebyshev . As taxas de reconhecimento obtidas para o classificador primário foram de 63,1% para a Transformada de Chebyshev , 65,2% para a Transformada Discreta do Coseno , 63,5% para a Transformada de Fourier , 63,4% para a Transformada de Radon , 78,6% para a Transformada de Zernike , 100% para as Transformadas de Zernike e Chebyshev associadas e 96,8% para as Transformadas de Zernike e Fourier associadas . A Rede Neural Artificial possui dois níveis : o primário seleciona a que classe pertence , e o secundário identifica o símbolo . Durante a classificação total ( primária mais secundária ) , as Transformadas de Zernike e Fourier associadas apresentaram uma perda de reconhecimento de 15 símbolos , com um desempenho superior , contra 3 símbolos das Transformadas de Zernike e Chebyshev associadas . Devido à crescente demanda de documentos , sentiu-se a necessidade de organizá-los , de forma que seja simples e rápida a sua recuperação . Surgiu então , o armazenamento de documentos por meios eletrônicos . Atualmente , através da disseminação de documentos eletrônicos , tornou-se popular o uso de computadores para gerenciamento de papéis . O mesmo ocorre com desenhos em engenharia , embora ainda hoje não exista um padrão estabelecido para arquivamento e distribuição de desenhos técnicos . Observa-se então , que desenhos de engenharia carecem do mesmo procedimento ( de padronização e organização ) , pois são geradas várias pranchas por projeto , cada prancha é encaminhada à área pertinente para análise e / ou execução do projeto e , também , é encaminhada para a equipe de manutenção . Com desenhos em engenharia elétrica , existem diversos aplicativos que traçam , interligam e representam os componentes , mas não os interpreta . Existem trabalhos já realizados [ KAS90 ] e em andamento no processo de digitalização de desenhos [ TOM96 ] feitos em papel para os meios digitais , mas com o enfoque na vetorização dos traçados . Atualmente , não se utilizam mais desenhos traçados manualmente em papel , só por meios eletrônicos , devido a sua facilidade de manipulação e arquivamento . Embora seja fácil manipular , gerenciar , modificar e mesclar desenhos de engenharia elétrica no formato eletrônico , a manipulação ainda exige a intervenção humana . Atualmente , urge a necessidade de manipulações automáticas destes desenhos em plantas industriais . O problema de interpretações automáticas de imagens de desenhos de engenharia , ou reconhecimento gráfico , tem sido estudado por um longo tempo [ KAS90 ] . Nos anos recentes , vários métodos de vetorização foram propostos [ CHH00 ] , embora ainda não exista um padrão efetivo de mercado . Por isso , os símbolos aqui serão analisados na estrutura de mapa de bit ( bitmap ) . O enfoque deste trabalho visa o reconhecimento automático de símbolos elétricos em desenhos de engenharia elétrica , já segmentados , através de até dois métodos estatísticos de extração de características operando em paralelo e aplicados a uma rede neural discriminante em 5 metaclasses . Cada uma destas metaclasses contém um conjunto de elementos ao qual o símbolo analisado deverá pertencer . Os métodos estatísticos analisados são as transformadas de Chebyshev , do Coseno , Fourier , Radon e Zernike , e com normalizações dos dados de entrada para as Redes Neurais Artificiais . As Redes Neurais Artificiais utilizadas para identificação das metaclasses são redes MLP-BP ( Multi-Layer Perceptron with Backpropagation ) e redes Hebbianas . 1.1 . Desafio O contínuo aumento do tamanho e complexidade dos sistemas de potência tem levado à necessidade de ferramentas computacionais sofisticadas para resolver problemas no planejamento , operação , diagnósticos e projetos destes sistemas [ DIL96 ] . Portanto , o desafio está centrado no setor de energia elétrica , em desenhos unifilares da área de Engenharia Elétrica em plantas industriais , como mostra a Figura 1.1 ( um desenho unifilar de uma planta de uma subestação elétrica ) . Não há impedimentos de que , futuramente , a identificação de desenhos analisados também aborde esquemáticos bifilares e trifilares ( polifásicos ) , bastando para tal , a implementação de uma expansão da base de dados . 1.2 . Motivação Técnicas baseadas em otimização para processamento de imagens tem sido amplamente utilizadas nos campos de recuperações de imagens , pré-processamento , segmentação e reconhecimento [ KEI00 ] . O objetivo aqui é aplicar este conhecimento na identificação automática de símbolos de desenhos elétricos . Uma característica desejável para o sistema de reconhecimento de símbolos está na capacidade de funcionamento com o mínimo de intervenção humana ( no ideal , sem intervenção alguma ) . Cheng et al . [ CHE93 ] , propôs um sistema de reconhecimento de símbolos voltado a circuitos eletrônicos , já segmentados e definidos em 4 metaclasses , demonstrando ser possível a aplicação de técnicas de reconhecimento neste contexto . Novos testes realizados por Tonon Jr . et al . [ TON03b ] mostraram a possibilidade de se estender este trabalho para a área de engenharia elétrica industrial . A temida canelite : saiba como evitar e tratar Um dos problemas mais comuns entre os iniciantes é a canelite , inflamação na região da canela causada muitas vezes por excesso de treinos . Uma das lesões mais comuns nos corredores iniciantes é a canelite . Trata-se de uma inflamação que ocorre na canela devido a alguns problemas que o corredor enfrenta durante seu início no esporte . Veja abaixo as causas mais comuns e como tratar esse incômodo que atinge boa parte dos novatos da corrida . SobrecargaUm dos fatores mais comuns que causa a canelite é o excesso de treino . O corpo precisa de uma adaptação para suportar a carga da corrida . Quando isso não acontece , algumas regiões são sobrecarregadas , e a canela é uma das mais afetadas . “ A estrutura óssea da canela não está adaptada ao volume de treinamento . Isso faz com que o osso da tíbia comece a ser sobrecarregado , levando à inflamação da região ” , explica o fisioterapeuta Paulo Quemelo , pós-doutor em biomecânica pela FIU / USA e chefe do departamento de fisioterapia da Clínica Physio Institute . Para evitar que isso aconteça , é necessário seguir um volume de treino evolutivo para que o corpo se acostume gradualmente com a corrida , respeitando sempre o limite do corredor . A pisadaOutro ponto importante a ressaltar é a pisada . Uma pisada errada pode afetar diretamente a saúde da canela , já que ela vai levar uma carga desproporcional à região . A escolha do tênis também pode ser decisiva . Conversar com um treinador para ele identificar qual é a pisada e o tênis mais indicado pode reduzir as chances de lesão . “ É imprescindível que o atleta tenha o auxílio de um profissional adequado ao seu lado . Dessa forma , o treinador saberá como corrigir esses erros ” , diz Quemelo . TerrenoPara quem não está acostumado , a dureza do piso pode causar alguns traumas na canela . O asfalto e o concreto são seis vezes mais prejudiciais para o tecido da tíbia em relação aos terrenos mais leves ( como terra batida ) . Recomenda-se que os treinos na rua sejam leves para o iniciante , alternando com treinamentos em terrenos que geram menos impacto . Terrenos com grama e areia dura ajudarão nesse quesito . Se tiver canelite , pare já!O primeiro passo para tratar da canelite é suspender os treinos . O correto é tirar alguns dias de repouso total e fazer um tratamento à base de gelo na região lesada , alertam os especialistas . Em seguida , recomenda-se a consulta com um fisioterapeuta , que poderá iniciar procedimentos eletromagnéticos geralmente efetivos na redução da inflamação . “ Depois dessa fase mais aguda , o corredor passará para os procedimentos de alongamentos para que ele tenha novamente um reequilíbrio muscular ” , finaliza Quemelo . Linkbar > > segunda-feira , 23 de dezembro de 2013 A ‘ Executiva de Panela ’ pega carona nesta época de férias & festas , e aproveita para descansar um pouquinho . Volta em janeiro / 2014 . Aproveitando esta despedida de 2013 , gostaria de agradecer - em especial – às queridíssimas amigas blogueiras e leitores do blog que sempre estão por aqui me honrando com sua companhia . Sem dúvida alguma observar as estatísticas das páginas visitadas do blog e a interação entre as blogueiras é das minhas principais motivações para manter o ‘ Executiva de Panela ’ . A vocês leitores e às minhas queridas , minha profunda gratidão pela presença , pelos comentários e , sobretudo , atenção e carinho com tudo o que publico aqui . À todos nós , neste Planeta , meu desejo de elevação espiritual , purificação da mente e da alma , bondade em abundância para distribuir ao nosso redor , saúde+força+coragem para lidar com as inevitáveis ( e algumas vezes assustadoras ) surpresas da vida , prosperidade e fartura para o contentamento dos nossos sentidos ! Principais acontecimentos - o Top 5 da retrospectiva de 2013 para a Executiva de Panela O Senhor foi bastante generoso e misericordioso comigo neste Ano . Sou grata por inúmeras vivências com as quais fui agraciada . Abaixo está meu Top 5 de 2013 . 1 . VIAJAR PARA A TERRA SANTA – Jerusalém Sem dúvida alguma estar nas Terras por onde Nosso Senhor Jesus andou está no topo da lista das maravilhosas experiências da minha vida . Esta viagem dos meus sonhos ocorreu em abril de 2013 , que fica marcado como o ano em que conheci Jerusalém . Uma viagem espiritualmente única . Voltei diferente . 2 . ESTUDAR CONTROLADORIA NA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS Riquíssima oportunidade de aprendizado patrocinada pela empresa onde trabalho . O que faz um Controller ? Diria que é a função ‘ chave ’ na empresa . Um Controller reúne todas as informações contábeis e financeiras de uma organização , para auxiliar na tomada de decisão . É através das informações processadas pelo Controller que as áreas de uma empresa são direcionadas a alcançar objetivos e metas propostos . Portanto , o Controller possui papel estratégico fundamental para a geração de valor e continuidade do negócio . E o que é a Fundação Getúlio Vargas ? Sem pestanejar digo que é a melhor escola de negócios do Brasil . Formadora de alunos ilustres , líderes de destaque no mercado brasileiro e até mundial . Possui dois importantes credenciamentos internacionais : o European Quality Improvement System ( Equis ) e o da Association to Advance Collegiate School of Business ( AACSB ) . Ambos credenciamentos que primam pela qualidade do ensino . FGV é excelência ! 2013 também será marcado pelo privilégio de ter voltado a estudar lá . 3 . COMEMORAR 40 ANOS JUNTO DE *TODOS* OS MEUS AMADOS AMIGOS A alegria mais intensa de 2013 foi comemorar meus 40 anos junto de todos os meus amigos e familiares mais amados . Momento inesquecível estar perto de cada um deles , podendo abraçá-los e agradecê-los pelo que são na minha vida . Uma benção ! 4 . DAR INÍCIO A UM PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO E PRIORIZAÇÃO PESSOAL Um dos ensinamentos mais lindos de Jesus é “ ama ao próximo como a ti mesmo ” . Há anos porém , preocupadíssima com o próximo , fui esquecendo de mim e me perdendo . Desde o fim do ano passado tenho tomado medidas para me “ resgatar ” . Neste ano , relaciono abaixo as vitórias deste processo de ' resgate ' , que continua em 2014 . - Voltar a fazer uma atividade física – que infelizmente tive de interromper devido ao curso na GV . - Atualizar todos os documentos que estavam bem “ velhinhos ” : meu RG já estava com 29 anos ; minha Carteira de Trabalho com 24 anos ; meu título de eleitor há 6 anos deveria ter mudado de endereço e meu passaporte vencido neste ano . Todos devidamente atualizados e renovados em 2013 ! - Doar 5 sacolas de roupas . Sabe aquelas roupas que a gente sempre deixa para usar no ano seguinte ? Pois é . . . Havia algumas peças no meu armário por anos demais . Separei e doei . Também doei alguns acessórios , calçados e bolsas na mesma condição das roupas . O armário está bem mais leve ! - Me afastar definitivamente de pessoas tóxicas . Por anos , muitos anos mesmo , convivi com pessoas que por mais que me esforçasse em tratá-las com respeito , bondade e bons tratos , o retorno não acontecia . É lamentável mas tem gente que é tão difícil que não reconhece nem o que é respeito e carinho . Percebi que o problema não é meu . Me afastei . - Fazer mais limpeza de pele , mais hidratação no cabelo , comprar mais perfumes , cremes e sabonetes cheirosos . Sim , me permiti uns mimos de vaidade . Nada em excesso , mas que de pouquinho em pouquinho , trouxeram momentos de regozijo ! Amei ! 5 . ESTREITAR LAÇOS DE AMIZADE COM BLOGUEIRAS QUERIDAS E ATÉ CONHECER PESSOALMENTE A ALGUMAS DELAS Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a Bia , do Jubiart ; a Gabi , do Casar é Assim e a Mel , do Receber e Celebrar . Também tive a oportunidade de estreitar laços , ainda que virtuais , com blogueiras muito fofas e especiais , que pretendo ter a alegria de conhecer em 2014 ! Com algumas já estamos até com data marcada , ebaaaa ! Que bom ! Valeu 2013 ! ~.~ A você que está aqui neste momento , me prestigiando com sua leitura , boas festas de fim de ano e feliz 2014 ! > > sábado , 21 de dezembro de 2013 Bom dia pessoal ! Selecionei algumas receitas rápidas de preparar para as festas de fim de ano . Aos que querem fazer bonito no fim de ano sem ficar muito tempo na cozinha , abaixo estão sugestões de pratos que levam no máximo 1 hora e 30 min de preparo , contando com todas as etapas : desde a manipulação dos ingredientes , da montagem do prato , até a parte do forno ou fogão . Demonstre seu carinho à sua mãe , sogra , tia e família contribuindo com um prato gostoso e rápido de preparar ! No índice logo abaixo você verá que o título de cada prato está numerado de acordo com sua respectiva imagem . Para acessar a receita , basta clicar no título e você será direcionado ( a ) para a página do ' Executiva de Panela ' onde está tudo bem explicadinho : ingredientes e modo de preparo . Sucesso em suas festas de fim de ano ! > > domingo , 15 de dezembro de 2013 Olá pessoal ! Aqui no Brasil , fim de ano significa calor e abafado . Estamos em pleno Verão ! Por isso aí vão sugestões do ' Executiva de Panela ' de sobremesas geladas e refrescantes para as festas de fim de ano . Você verá que cada imagem contém um número . Mais abaixo , no índice , o número está ao lado do título da sobremesa . Basta clicar no título que você será direcionada ( o ) para a página do ' Executiva de Panela ' onde consta a receita , com descrição de ingredientes e modo de preparo . > > sexta-feira , 13 de dezembro de 2013 Fiz questão de decorar a mesa de doces da festa do meu aniversário . Vocês sabem como gosto de arrumar uma ' mesinha ' . Para minha festa , meses antes já tinha a decoração toda esquematizada . Bastou comprar os vasos na loja virtual da Etna - que os entregaram intactos , e encomendar as flores no Jardim das Flores , uma floricultura conhecida . Usei muitas , muitas flores de vários tipos : lírios , rosas , boca de leão , gipsophila ( mosquitinho ) , alstroemérias , margaridinhas , copo de leite e lisiantos . Todas brancas para contrastar com o jardim ao fundo . Aí está o resultado . O bolo , docinhos e tudo o que envolvia o ' servir ' os convidados foi de responsabilidade do Buffet Maria Fulô . Tinha plena certeza de que eu jamais daria conta de tudo : decoração do salão , comida , bebida , etc . ( Sou executiva , né , gente ? Haja tempo . . . ) Por isso contratei o Buffet Maria Fulô . Optei por uma ' festa coquetel com massa ' . O cardápio era composto de canapés e salgados assados como entrada ; massa com 2 tipos de molho para o jantar , docinhos e um bolo . As bebidas servidas foram coquetel de frutas vermelhas sem álcool , suco de abacaxi com hortelã , refrigerantes , cerveja , vinho tinto , vinho branco e água . Para finalizar , optei por uma mesa para o cafezinho , chás variados , mini éclair e tortinha de limão . Além do cardápio completo , o Buffet Maria Fulô também se responsabilizou pelas toalhas das mesas , cobre manchas , capas para as cadeiras , talheres , copos , taças , pratos , samovar , flamengos de prata , rechauds , bandejas etc . . . Ah , também - e principalmente - pelos garçons : simpáticos e cordiais ! Sou muito , muito agradecida por todo o serviço do Buffet Maria Fulô . O serviço prestado foi muito elegante ! A comida e o atendimento foram elogiados por todos os convidados ! No final desta postagem coloco o link para o site e o contato do Buffet Maria Fulô para solicitar orçamento . Gostaram ? Achei que a mesa ficou bem florida e suave ao mesmo tempo , já que os tipos de flores eram bem delicados e há a contribuição da cor branca . Valeu as escolhas ! E agora . . . . A mágica surpresa para os convidados : um show de mágicas ! Era muito importante para mim que a comemoração dos meus 40 anos fosse especial e diferente para os convidados também . Por isso , um outro desafio que tive foi definir como poderia tornar o momento único e marcante de uma forma bem bacana . Refleti bastante neste tema e me inspirei na minha infância e nas minhas preferências como criança . Então , contratei um mágico ! Gosto muito de mágicas , não aquelas em que pessoas aparecem ou desaparecem ; tampouco aquelas com serrotes e facas . Arghhhh . . . Também não gosto de mágica envolvendo bichinhos . Gosto mesmo é de prestidigitação ! Acho formidável esses mágicos com habilidades nas mãos e efeitos visuais . Através de pesquisa no Google , encontrei a Promagic , empresa super profissional de mágica ! Trocamos alguns e-mails e telefonemas e , como num passe de mágica rs rs rs lá estava ele : o mágico Fernando Árias , que deu um show de habilidades e simpatia ! O Árias foi sucesso unânime entre os convidados e entre os profissionais que trabalharam na festa ! Ele tem o talento de fazer todos , absolutamente todos da festa , sorrirem . Brincou com todos os convidados : adultos , crianças , senhoras , adolescentes , bebês . . . e também com os profissionais que estavam trabalhando na festa . E mesmo com essa diversidade de público , ele teve a versatilidade de fazer mágicas que impressionaram a todos ! As crianças amaram ! As mágicas do Árias vão muito , muito além de cartas de baralho . Ele conseguiu deixar muitos convidados , inclusive eu , " com a pulga atrás da orelha " . Muitas mágicas são simplesmente fascinantes e inexplicáveis ! Os dados da Promagic , que eu indico 100% são : Clovis - o fotógrafo super profissional que registrou toda a alegria Quem tem blog de festa sabe bem disso : gostamos de cuidar de todos os detalhes de uma festa e também registrar tudo . Alguns gostam de vídeo , o que não é meu caso pois até hoje não vi um só vídeo de festa que fosse totalmente de bom gosto . Por isso , só registro os momentos através de fotos . Uma foto bem tirada pode dizer tudo sobre um momento . Desta vez , porém , sendo a aniversariante - tive de ' passar ' a tarefa das fotos para outra pessoa . Afinal de contas , eu tinha de me concentrar na ' graça ' da festa : os convidados . Mas , quem se encarregaria das fotos ? Foi um dilema . Poderia até pedir que algum familiar ou amigo fizesse isso , mas queria mesmo que todos os convidados se divertissem e curtissem a festa sem preocupações . Por isso optei por contratar um fotógrafo profissional . E valeu por cada segundo ! Conheci o Clovis Fabiano através de uma amiga do curso de francês . Entrei em contato com ele por e-mail e acertamos tudo . ( Como gosto desta facilidade virtual ! ) Na hora combinada lá estava ele , registrando cada momento da festa . De uma certa forma , foi o Clovis quem contou para mim como foi a comemoração dos meus 40 anos , pois ele registrou momentos incríveis : abraços , carinhos , sorrisos , olhos nos olhos , conversas . . . Suas fotos ficaram lindas . . . Lindas demais ! Obrigada Clovis ! Os dados do Clovis , que indico 100% são : ~~~~~ . . . ~~~~~ Esta é a última postagem sobre a festa dos meus 40 anos . O que mais gostei foi ver que todos , absolutamente todos os convidados , partiam sorrindo e felizes . Não consegui dar o tanto de atenção que gostaria a cada um deles - havia 40 pessoas , mas só tê-los ali , perto de mim , tornou cada segundo muito precioso . Meus agradecimentos especiais a todos os profissionais que colaboraram para tornar aquele momento inesquecível e muito , muito feliz . > > segunda-feira , 9 de dezembro de 2013 Minha festa de 40 anos foi no salão de festas do prédio onde moro . Decorá-lo foi " o " grande desafio para mim , porque ele é feinho que dói . O “ buffet ” se encarregaria das mesas e cadeiras que por si só preencheriam todo o salão . De fato não havia necessidade de me preocupar com objetos e decoração das mesas . Mas , a problemática eram as paredes . Beges e adornadas por quadros de um estilo de pintura que considero medonho , lá estavam elas , as paredes . Era quase uma agonia tornar as paredes mais graciosas . Mas , como fazê-lo de forma barata e temporária , uma vez que o salão de festas deveria ser devolvido em seu estado original ? Descartei os balões . A decoração tinha de ser divertida , original , com um toque ‘ pessoal ’ à festa mas , principalmente , que contasse um pouco de mim . Graças às pesquisas no Google de blogs , Elo 7 e imagens de decoração , obtive muitas inspirações . Assim , abaixo reproduzo as soluções encontradas para decoração de parede barata e bonita . Artesanato em Papel Na loja on line de artesanato , a Elo 7 , conheci o trabalho genial da Sandra Montilha , artista que manipula o papel de diversas formas . A arte da Sandra era ideal para produzir o que eu queria : palavras . Em uma das paredes , queria colocar as palavras que mais gosto . Troquei alguns e-mail com a Sandra , que compreendeu exatamente o que eu precisava . O resultado final superou as expectativas : além da Sandra cortar as palavras , ela inseriu figuras relacionadas ao significado de cada uma . Vejam que capricho ! Cada palavra foi colada em uma das colunas do salão de festa . Optei por um ponto estratégico de forma que todos os convidados pudessem ler . No topo da coluna , colei meu nome “ Paula ” e a partir daí , dispus as palavras restantes . Pompons de papel A Sandra Montilha também produz ‘ pompons ’ de papel de diferentes cores e tamanhos . Utilizei-os na maior parede do salão , junto das fotografias das minhas peripécias e viagens . Selecionei algumas fotos dos últimos 20 anos e “ revelei-as ” em papel brilhante , de diferentes tamanhos , com margem branca . Assim , os convidados poderiam dar uma olhadinha “ por onde andei passando ” nos últimos anos . Lá estavam fotos minhas na bolsa de valores de São Paulo , voando de helicóptero , passeando de caiaque pela represa de Mairiporã , em Amsterdã , Paris , Israel , Berlim , Florianópolis , Olinda , Visconde de Mauá . . . Enfim , quantas memórias . Em uma parede mais estreita colei um adesivo com uma frase que achei muito apropriada : “ A felicidade só é real quando compartilhada ” . Infelizmente não encontrei a frase em português , então foi em inglês mesmo . Vários formatos de borboletas , de diversos tamanhos , faziam parte do pacote da frase . Elas contribuíram para preencher toda a parede bege . Este adesivo foi encontrado na loja on linehttp://loja.meuadesivo.com.br / . Sinalização para chegar ao salão de festas O térreo do meu prédio é um verdadeiro labirinto . Há entradas por todos os lados . Portanto , o convidado consegue chegar à portaria mas , a partir dali , é complicado chegar ao salão de festas . Por isso imprimi algumas placas indicativas em cartolina azul e colei borboletas para dar uma “ graça ” às placas . As borboletas são adornos baratinhos e fáceis de encontrar nas lojas de R$ 1,99 . E o banheiro ? Gente , o banheiro do salão de festas é feinho demais . As convidadas mereciam algo beeem especial . Sendo assim , coletei imagens de atores hollywoodianos famosos , imprimi em formato de fotografia e colei uma a uma no espelho . Foi um sucesso ! O banheiro foi uma das atrações da festa ! A mulherada delirou . A pia foi decorada com dois pequenos arranjos de flores cor de rosa e um sabonete líquido super gracioso da Mahogany – uma embalagem que eu chamaria de ‘ pin up ’ . E assim foi a decoração das paredes e banheiro feminino . Na próxima postagem pretendo contar sobre a mesa de doces ( ou flores ? ) e mais um ' tiquinho ' da festa , com uma surpresa que preparei para os convidados . > > domingo , 1 de dezembro de 2013 Que delícia receber frutas frescas em casa ! Foi o que fez o fornecedor de peras USA Pears : enviou algumas amostras da safra 2013-2014 das peras americanas cultivadas no Noroeste dos EUA . Que gentil ! E vejam só que lindas : Junto com as peras enviaram também um cortador de frutas super prático e um folheto onde aprendi que as peras não contém colesterol , nem sódio , são excelente fontes de fibra e energia . Também aprendi que as peras amadurecem de dentro para fora . Para conferir seu amadurecimento , é preciso apertar gentilmente com o polegar a base do talo . Se este ceder levemente , a pera está madura . O folheto enviado pela USA Pears apresentou algumas variedades existentes das peras . Não sabia que havia tantos tipos desta fruta . Vejam só alguns : Estou feliz em indicar um produto de excelente qualidade ! Com as amostras enviadas de peras , não resisti e , além de provar uma " in natura " , fiz este bolinho . Bolo de peraTempo de Preparo : 1 hora ( incluindo tempo de forno)Rendimento : 10 porções Ingredientes 2 xícaras de chá de açúcar 1 colher de sopa de manteiga bem cheia 3 ovos ( separados ) 1 xícara de chá de leite 2 xícaras e 1 / 2 de chá de farinha de trigo peneirada 1 xícara de 1 pera batida no liquidificador ou mixer ( purê de pera ) 1 pera cortada em cubinhos 1 colher de chá de fermento em pó 1 colher de chá de bicarbonato de sódio Modo de preparo 1 . Pré aqueça o forno a 200ºC . 2 . Usando manteiga e farinha de trigo , unte uma forma redonda de 20 cm de diâmetro ou uma forma de bolo inglês . Reserve . 3 . Bata o açúcar com a manteiga . Junte as gemas e o leite . Adicione as claras em neve mexendo levemente . Adicione o " purê da pera " mexendo mais um pouco . Reserve . 4 . Em outra vasilha maior misture a farinha de trigo , o fermento em pó e o bicarbonato de sódio . Incorpore a mistura líquida , mexendo levemente . 5 . Despeje a mistura na forma untada e leve ao forno a 200ºC por ca de 40 minutos . Em uma panela pequena , leve o açúcar e a água em fogo alto . Acrescente os cravinhos . Espere o ponto de calda e adicione os cravinhos . Deixe ferver por mais 1 minuto . Desligue o fogo . Acrescente as peras cortadas em cubinhos . Mexa levemente . Espere esfriar antes de verter sobre o bolo . > > sábado , 23 de novembro de 2013 Domingo passado , dia 17 de novembro , completei 40 anos . Dei festa . Sempre festejei meu aniversário de alguma forma : um passeio , uma viagem , um jantar ou almoço . Mas há muito tempo não dava festa . Neste ano , porém , grande era minha necessidade de dizer pessoalmente para algumas pessoas o quanto elas são importantes para mim e marcaram minha vida de um jeito tão maravilhoso . Minha crença é de que há um significado na passagem das pessoas pelas nossas vida . Há sempre algum aprendizado . Porém , no meu caso , nem todos fizeram isso de uma forma suave , bonita e digna . Por isso precisava demonstrar minha gratidão àqueles que deixaram sua marca de forma tão virtuosa . Sim , sou grata à Deus por – em todos os momentos da minha vida – ter enviado bons anjos em forma de pessoas para me amparar . E nos meus 40 anos , quis dizer isso pessoalmente a estes anjos . A partir deste profundo sentimento de gratidão , iniciei a concepção da festa no início do ano . Foram 11 meses de planejamento , contato com fornecedores e contratação de serviços diversos para a execução de todos os aspectos que envolvem uma festa . Desde o “ save the date ” até o convite , decoração , música , buffet , fotógrafo , lembrancinhas , recepção e uma surpresa para os convidados . Principalmente na decoração quis personalizar ao máximo , por isso participei ativamente na escolha do convite , decoração , música e lembrancinhas . O resultado foi pura felicidade . Foi um alegre e bem sucedido encontro de pessoas que se conheciam ou passaram a se conhecer . E eu , ahhh . . . . que privilégio contar com a presença de 100% dos convidados ! Sim , o maior presente concedido a mim foi poder dizer a todos o quanto eles são especiais para mim . Sendo tão especiais , meu primeiro dilema foi : como convidá-las de uma forma especial , marcante , criativa ? Após extensa pesquisa no Google e um excepcional trabalho de scrap elaborado pela talentosíssima Pâmela Magri Vock , chegamos neste criativo convite de aniversário . Além do convite , também queria uma lembrancinha especial ! Pensei em algo maleável , suavemente colorido e perfumado ; ou seja , que deixasse uma marca bem cheirosa da festa . Só mesmo feito à mão . Pesquisando na fantástica loja on line de artesanatos , a Elo 7 , ‎ cheguei ao Atelier Da Nessa , que elaborou estes graciosos sachês perfumados . Optei por um tecido acetinado na almofadinha de baixo , um tecido floral na almofada menor de cima , pela essência de lavanda e , claro , uma letrinha " P " dando o toque personalizado à lembrancinha . Os sachês foram embrulhados em saquinhos de celofane , enlaçados com a mesma fita de cetim azul das lembrancinhas . Na tag lembrancinha , optei pelo seguinte texto " Que bom que você veio . Paula 17/11/2013 " À ambas as fornecedoras , Pâmela ( convites ) e Vanessa ( lembrancinhas ) o meu muito obrigada pelo cordial atendimento , compreensão das minhas necessidades e preço justo . Também os meus parabéns pelo talento e bom gosto ! Ambas me ajudaram muito a chegar no resultado final das encomendas e superaram minhas expectativas ! Nas próximas postagens pretendo contar um pouquinho mais desta festa tão especial . > > terça-feira , 12 de novembro de 2013 Para aqueles dias em que a vontade de comer bacalhau não pode esperar o processo de dessalgá-lo de um dia para o outro trocando a água várias vezes . Esse prato aqui é " vapt-vupt " : uma receita rápida e prática para preparar o bacalhau . Quem me ensinou essa forma de dessalgar o bacalhau foi a querida Josy do Cozinhando com Josy ( obrigada pelo aprendizado , minha amiga ! ) . E vamos lá . . . Para dessalgar o bacalhau rapidamente : ferva 1 litro de água em panela funda , desligue o fogo , despeje o bacalhau desfiado na água e deixe-o por , no máximo , 5 minutos . Coe o bacalhau imediatamente . Reserve . Aproveite a água da panela da dessalga para cozinhar as batatas bolinhas . Em fogo médio , deixe-as cozinhando por 10 minutos . Desligue o fogo , coe as batatas e reserve . Com um restinho da mesma água , cozinhe o ovo . Leve-o ao fogo baixo e , quando sua casca começar a rachar , desligue o fogo . Coe o ovo e deixe-o esfriar enquanto monta o prato com o bacalhau . Em um refratário que possa ir ao forno , despeje 1 / 2 xícara de azeite . Monte o prato nesta ordem : primeiro o bacalhau . Já no refratário , tempere-o com a pimenta do reino preta e corrija o sal . Depois as rodelas de cebola , a batata bolinha , o tomate cereja e as azeitonas . Regue com o restante do azeite . Cubra o refratário com papel alumínio , leve ao forno médio ( 200ºC ) . Quando completar 20 minutos de forno , retire o papel alumínio e deixe por mais 10 minutos . O tempo total de forno é 30 minutos . Ao retirar o refratário do forno , use as rodelas do ovo cozido sobre o bacalhau , para decorar . Sirva quente . > > sexta-feira , 1 de novembro de 2013 Sugestão para aquecer o fim de semana , já que ainda temos dias mais frescos ! Neste creme , a cenoura e a mandioquinha têm sabor muito suave . Por isso o gengibre é o elemento " marcante " que confere " personalidade " ao creme , através de um gostinho levemente picante . Ingredientes 1 cenoura média 2 mandioquinhas médias ( ou batata baroa ) 500ml da água do cozimento da cenoura e da mandioquinha 1 cebola pequena picada 1 xícara de chá de leite 1 colher de sopa ( cheia ) de manteiga 1 colher de chá de gengibre ralado sal e pimenta do reino à gosto Modo de preparo Descasque a cenoura , corte-a em cubinhos , coloque-a em uma panela com aproximadamente 300ml de água . Leve-a ao fogo para cozer . Repita o procedimento com a mandioquinha . Quando estiverem cozidas , desligue o fogo . Escorra-as e reserve . Reserve também a água do cozimento . Em um caldeirão médio , refogue a cebola picada na manteiga . Quando a cebola estive transparente , despeje a mandioquinha e cenoura cozidas . Em fogo baixo , mexa suavemente . Acrescente 500ml da água do cozimento . Deixe ferver por uns 5 minutos . Desligue o fogo . Leve este caldo ao liquidificador , bata bem . Quando estiver pastoso , devolva-o ao caldeirão , levando-o ao fogo baixo . Mexendo levemente , adicione o leite , o gengibre e tempere com a pimenta do reino e sal . Continue mexendo por mais 1 ou 2 minutos , está pronto ! > > quinta-feira , 24 de outubro de 2013 Veni , vidi , vici ( em português : " Vim , vi , venci " ) foi a frase que pensei quando desenformei esta gelatina . É das sobremesas mais bonitas que conheço . Por isso , desde a primeira vez que a vi , quis prepará-la . Foram tentativas frustrantes até chegar a esta receita que transmito para vocês . Em resumo , não basta apenas diminuir a quantidade de água no preparo desta gelatina . É necessário também " dar mais liga " já que as frutas são aquosas . Então complementei a receita com gelatina em pó incolor e o resultado está nesse ensaio fotográfico ! Ingredientes 2 caixas de gelatina de abacaxi 1 caixa de gelatina de pêssego 1 1 / 2 colher de chá de gelatina sem sabor 2 colheres de sopa de açúcar Frutas de sua preferência cortadas em cubinhos Usei : 1 / 2 mamão Papaya 1 manga Tommy algumas uvas verdes Thompson algumas uvas Niágara algumas amoras capuchinhas laranjas ( flores comestíveis ) folhas grandes de manjericão Material necessário : Travessas ( de preferência de vidro ) para a gelatina líquida , concha para despejar a gelatina aos poucos , uma forma que proporcione desenformar a gelatina . Modo de preparar : Gelatina de abacaxi : em uma travessa , despeje os dois pacotes da gelatina de abacaxi em pó , 1 colher de sopa de açúcar e 1 colher de chá da gelatina em pó . Prepare de acordo com a instrução da embalagem com o cuidado de reduzir 100ml de água para cada caixa da gelatina . Então , para as 2 embalagens da gelatina , o total de água é 1000ml ; mas reduz-se para 800ml . Gelatina de pêssego : em outra travessa , despeje o pacote da gelatina de pêssego em pó , 1 colher de sopa de açúcar e 1 / 2 colher de chá da gelatina em pó . Prepare de acordo com a instrução da embalagem com o cuidado de reduzir 100ml de água para cada caixa da gelatina . Então , sendo 1 embalagem da gelatina , o total de água é 500ml ; mas reduz-se para 400ml . Reserve as gelatinas e pique as frutas . Montagem : Não é possível preparar esta gelatina de uma só vez , despejando todo o líquido em uma forma e depois colocando as frutas . Bem , é possível sim . A gelatina endurece normalmente MAS as frutas se amontoarão todas no fundo da forma , se amontoando . Então o efeito visual não fica bonito . Por isso , é preciso prepará-la aos poucos . Por etapas . Na primeira etapa , preencha a forma com no máximo 2cm da gelatina de pêssego . Utilize a concha para fazê-lo . Depois , disponha as frutas e flores . Se você gosta bem enfeitado , forme um padrão na disposição das cores e tipos de frutas . Na minha primeira camada , utilizei as capuchinhas , morangos , uvas roxas pequenas e amoras . Estando as frutas ( e flores ) bem dispostas , leve à geladeira por 30 minutos ou até endurecer . O restante da gelatina e das frutas devem estar em temperatura ambiente , aguardando . Na segunda etapa , repete o mesmo processo porém acrescentando mais gelatina de pêssego e adicionando a gelatina de abacaxi . Nesta etapa acrescentei o mamão e a manga cortados em cubos pequenos , junto das demais frutas . Novamente , leve à geladeira por 30 minutos ou até endurecer . Na terceira e última etapa repita o processo mas , desta vez , despejando toda a gelatina e utilizando toda a fruta restante . Leve à geladeira de um dia para outro e está pronta ! Para desenformar : Ferva água suficiente para banhar metade da forma da gelatina . Despeje a água fervente em uma panela grande ou em qualquer recipiente onde você possa colocar a forma da gelatina sobre ele sem que transborde . Retire a forma da geladeira e coloque-a imediatamente sobre a água fervente . Deixe por alguns segundos ( só alguns segundos senão a gelatina derrete ) e vire a forma sobre um prato . A gelatina se desprenderá facilmente da forma ! Et voilà ! Está pronta a gelatina ! Um beijo e um excelente final de semana ! Paula Ahhh . . . Boa sorte aos candidatos do Enem ! Um pedacinho desta gelatina para vocês ! > > quinta-feira , 17 de outubro de 2013 Eureca ! ! ! Aí está minha " obra prima " de sobremesa primaveril . Ela é " light " , saudável , doce , seu sabor é exótico , é bonita , muito saborosa , refrescante e . . . fácil de preparar ! Uma surpresa de manga com canela , mel e iogurte natural . Para as duas porções da foto acima , usei uma manga Tommy , um copo de 190gr de iogurte natural , uma colher de sopa ( rasa ) de canela e 1 / 4 de xícara de chá de mel . Como preparar : misture o iogurte com mel , reserve . Descasque a manga , pique-a em pedacinhos . É provável que vá formar um purê e suco . Junte tudo ( o purê , os pedacinhos e o suco ) e reserve . Agora é só montar . Divida cada porção em dois , colocando-as nos copos de whisky nesta ordem : primeiro o purê , os pedacinhos e o suco da manga , depois a canela polvilhada sobre a manga . Cuidadosamente despeje o iogurte sobre a manga e a canela . Está pronto ! Sobre o iogurte despejei um fio de mel e decorei com a capuchinha , flor comestível . Comemos tudo ! Até a capuchinha ! > > sábado , 12 de outubro de 2013 Limão cravo é aquele limão de cor laranja bem forte . Sua casa tem manchas esbranquiçadas e ressecadas dando a impressão de que não está bom , mas é só impressão . Quando ele está passado , sua casca escurece , mofa e ele fica bem enrugado . O limão cravo é mais macio que os demais tipos de limão e , apesar de ácido , é também menos azedo que os demais . Em chácaras e sítios paulistanos sua colheita é farta . É bastante comum a sua distribuição entre amigos , parentes , vizinhos e conhecidos . Seu sumo pode ser usado em molho de saladas , molho para peixes e carnes . Sua casca e bago se transforma em compotas , geleias , doces e tantas outras variações culinárias . Hoje , minha sugestão para um bom aproveitamento do limão cravo é esse bolinho simples . Confesso que antes da preparação estava bastante apreensiva em relação à acidez do bolo . Mas , ao primeiro bocado , constatei que a combinação do limão cravo com os demais ingredientes resultou em um sabor muito discreto e suave . Nem parecia bolo de limão ! Portanto , é mais uma receita que recomendo sem medo de " errar a mão " . Modo de preparo 1 . Unte com manteiga e farinha 2 formas para bolo inglês . Reserve . 2 . Pré-aqueça o forno a 180ºC . 3 . Em uma das tigelas , misture o leite e o suco de limão . Reserve . 4 . Em outra tigela peneire a farinha de trigo , o sal e o fermento em pó . Adicione as raspas de limão . Reserve . 5 . Em outra tigela para a batedeira , coloque a manteiga e o açúcar . Bata em velocidade média até a mistura estar bem cremosa , acrescente os ovos um a um , batendo bem após cada adição . Abaixe a velocidade da batedeira ao mínimo e acrescente , alternadamente e em 3 adições , a mistura de leite e a farinha , terminando com a mistura da farinha . 6 . Divida a massa nas duas formas e leve ao forno por cerca de 40 minutos , teste com um palito para verificar o ponto do bolo . Administradora de Empresas apaixonada por culinária , artes e decoração . Não perde a oportunidade de experimentar novas receitas , aprender técnicas de preparo e investir cada vez mais em uma alimentação saudável . Também ama receber em casa e procura decorar mesas inspiradoras para uma boa refeição . < SPAN > Briga societária no Shop Tour envolve Galebe e a ex-mulher < / SPAN > A briga na Justiça que envolve Luiz Antonio Galebe e sua ex-mulher e ex-sócia Maria Cristina Rodrigues dos Santos , conhecida como Tina , já dura quatro anos e teve episódios dramáticos . Tina foi acusada por um ex-funcionário do Shop Tour de fazer escuta telefônica no escritório e na casa de Galebe . A denúncia veio à tona em um sábado de manhã , em abril de 2000 , quando policiais chegaram em sua casa com ordem de busca e apreensão . Segundo ela , o único aparelho que seria capaz de gravar uma conversa telefônica lhe fora dado pelo próprio Galebe antes de a confusão se instalar entre os dois . Na troca de acusações com a ex-sócia , Galebe devolve xingamentos impublicáveis . A briga entre os dois é tão intensa que Galebe chegou a elaborar um dossiê sobre a atual advogada de Tina . Os documentos foram entregues à reportagem de EXAME por Jorge Adamo , um dos diretores do Shop Tour . Após dois anos de investigações , o inquérito foi arquivado por falta de provas de que Tina teria , de fato , grampeado as ligações telefônicas de Galebe . O ex-funcionário que a denunciou não mora mais no Brasil . Segundo ela , esse é um indício de que ele teria recebido dinheiro para fazer a falsa denúncia . Já para Jorge Adamo , diretor do Shop Tour incumbido por Galebe de falar sobre o assunto , Tina é que teria pago para que o ex-funcionário desaparecesse . Os problemas entre Galebe e Tina não começaram com a separação matrimonial . Eles permaneceram trabalhando juntos depois do rompimento por mais de quatro anos até que a denúncia de escuta telefônica acontecesse . Depois do episódio , Tina entrou com processo pedindo a apuração do valor da empresa e seu ressarcimento em 15% do total do negócio , além de uma indenização por danos morais . A Justiça decretou a realização de uma perícia que até hoje não foi finalizada . No ano passado , a situação piorou . Tina descobriu que Galebe havia transferido 99% das empresas que compõem o Shop Tour para uma nova empresa de sua propriedade , a Costa Brasil . A Justiça determinou a volta de Tina à empresa e a entrada de um interventor no Shop Tour , até que a avaliação do negócio fosse finalizada e a ex-sócia fosse ressarcida . Galebe , entretanto , conseguiu reverter a decisão em segunda instância . Há cerca de dois meses , a Justiça decidiu que Galebe deveria pagar 810 mil reais à ex-sócia , com base no valor declarado por ele como cotas pagas pelas empresas que compõem o Shop Tour . A decisão foi confirmada em segunda instância , mas a briga prossegue . 13 de junho VIVA SANTO ANTÔNIO PUBLICIDADE Da fé , do amor e da generosidade Por Sara Oliveira Dia 13 é o dia de um dos santos mais queridos do Nordeste . Santo Antônio , que já deu nome a tantas pessoas e realizou pedidos . Hoje , milhares de pessoas fazem homenagens ao homem que ganhou fama de casamenteiro , mas que foi , acima de tudo , exemplo de partilha do pão , de misericórdia e milagres . De tantos nomes , tantas histórias , tantos pedidos . Este ano , a Festa do Pau da Bandeira , em Barbalha , a maior celebração em sua memória no Ceará , acontece pela primeira vez sob o título de Patrimônio Imaterial Brasileiro . O intangível valor do festejo é reforçado pela mais inexplicável sensação/ação/certeza já exibida pelo ser humano : a fé . A data comemorada marca a morte de Santo Antônio , que nasceu no dia 15 de agosto de 1195 . Famoso no Nordeste , o frade conta com a devoção cearense há quase 200 anos . Quem conta as histórias do santo é o pároco da Paróquia de Santo Antônio , em Barbalha , padre Alencar , que o descreve como um homem simples , generoso e querido por todos . “ Ele foi um exemplo de fidelidade ao Evangelho , que mudou sua vida quando surgiu o desejo de se doar . Santo Antônio é um santo que muitas pessoas testemunham seus milagres ” , afirma . Festa do Pau da Bandeira Padre Alencar comenta que há muita polêmica acerca da festa , tida por alguns como profana . Para ele , entretanto , a base de tudo – até da diversão - é a fé , e isso é o mais importante . “ Em todos os momentos a gente percebe a fé . Antes de irem à floresta , cortar a árvore , os homens passam na igreja para pedir a benção . São homens que têm fé ” , garante . O pedido de tombamento da festa foi feito em 2010 pela Prefeitura de Barbalha , através da Secretaria da Cultura e do Turismo e apoiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( Iphan ) . A aprovação , em setembro de 2015 , passou a integrar o Livro de Registros das Celebrações . A popular Festa do Pau da Bandeira , em Barbalha , no Cariri cearense , reúne uma multidão para culto profano e religioso / Foto : Tatiana Fortes A tradição ocorre desde 1928 , sempre no último domingo de maio . Uma grande árvore é escolhida para simbolizar a devoção ao santo . Centenas de homens , os carregadores , formam uma força tarefa para levarem seu tronco por seis quilômetros , da mata até a frente da igreja matriz , onde é hasteado em demonstração de força e fé . Com a crença de que podem conseguir um casamento , mulheres tentam pegar na madeira e até arrancar um pedaço para fazer chá . Uma ajudinha do Santo “ Ele não é apenas um santo casamenteiro , mas protetor também . Além de casar , ele protege a família que se formou . Por isso festejamos muito seu dia , sem esquecer de agradecer ” , conta a cabeleireira Márcia Thais Silva Lopes , 26 . Se o matrimônio existiu exatamente por causa do santo ou não , ela não sabe , mas “ tudo aconteceu em torno da festa dele ” . O primeiro beijo , a notícia da primeira gravidez , o casamento no religioso depois de nove anos juntos apenas pela lei . Tudo foi no comecinho do mês de junho . Moradora de Barbalha , Thaís vai às festas que reverenciam o santo desde pequena , quando a avó montava barraca para vender comida . A crença é vivida também pelo marido que , todos os anos , faz parte do corte do pau na floresta , uma das principais partes do ritual . Santo sem cabeça no sertão cearense Quem passa pela estrada que leva a Canindé , a 115 km da Capital , vê uma cena inusitada ao passar pelo município de Caridade . Uma imensa estátua sem cabeça e tombada , ao lado , uma imensa cabeça sem corpo . A imagem “ decapitada ” é de Santo Antônio , padroeiro da cidade . A intenção era de que o monumento fizesse parte de um complexo religioso , que atrairia turistas e fiéis de todos os lugares . A cabeça de Santo Antônio jaz entre a rua e a casa do Seu Miguel , que trabalhou na moldagem da enorme estátua / Foto : Evilázio Bezerra Mas um erro de projeto não permitiu erguer aquele que seria objeto de peregrinação religiosa . Acontece que alguém não calculou o peso que a cabeça deveria ter para que os ventos não a derrubassem . E outro alguém não calculou os recursos necessários para que os ajustes fossem feitos . Resultado : a cabeça foi deixada a 3 km do corpo , onde foi originalmente montada , na casa do senhor Antônio Barbosa Dozia , ou simplesmente o Seu Miguel , que trabalhava na obra . Ele lembra que “ morar mesmo , ninguém morou ” dentro da cabeça ( que é oca ) , mas muitos viajantes pediam para passar a noite lá dentro . Seu Miguel disse não ter nenhum “ causo ” curioso para contar , mas afirma que mulheres solteiras sempre foram maioria entre os visitantes , que , além de fieis , incluem repórteres do Brasil , da Noruega , Alemanha , México e Chile . O radialista Jerônimo Barroso , morador de Caridade , conta que hoje a cabeça esparramada no chão já passa despercebida pelos moradores e que um projeto de reestruturá-la já foi discutido . Mas nunca saiu do papel . “ Essa história deixa a gente chateado , porque Caridade poderia ser conhecida pela cidade de Santo Antônio e não a cidade do santo sem cabeça ” , destaca . Me chamo Antônio No Brasil , mais de dois milhões e meio de pessoas chamam-se Antônio ou Antônia . No Ceará , 8.452.381 trazem este nome na certidão de nascimento . É , proporcionalmente , o Estado do País com maior número de batismos em reverência ao santo . A cada 100.000 pessoas registradas por aqui , 3.541,68 são Antônio ou Antônia . Uma promessa , uma doença , um futuro . A mãe da zootecnista Antônia Renata Lima Corrêa , 25 , prometeu homenagear Santo Antônio através do nome da filha caso não fosse infectada com rubéola durante a gravidez . O pai e a irmã de Antônia estavam doentes . O nome foi , durante anos , motivo de vergonha , mas passou a ser sua preferida forma de identificação . “ Descobri que Antônia significa fazendeira e , como vivo do campo , o nome ajuda a me sentir mais próxima do lugar e das pessoas onde trabalho , até pela crença que se tem no interior . Hoje assino o nome Antônia Renata , apenas ” , conta . Para o almoxarife Francisco Antônio Martins , 57 , o nome traz consigo bênçãos . Irmão de mais 10 pessoas que também têm nomes de santo , ele destaca a fé da mãe , que não perdia uma missa e a leitura da Bíblia . Repassando a tradição , deu nomes religiosos a três dos quatro filhos : Lucas , Gabriel e Bárbara . “ Eu acredito que devido à fé religiosa que a gente tem , isso traz proteção para eles . Eu me sinto bem de ser chamado de Francisco e Antônio . Gosto que falem os dois nomes , porque a proteção é maior ” . Um buquê de santo ? ! As simpatias e brincadeiras com Santo Antônio são comuns . Há quem o coloque de cabeça para baixo , dentro da água . . . há quem tire o menino Jesus que ele carrega nos braços . Tudo para que seu desejo seja realizado . A tradição mais bem humorada do que religiosa virou negócio e faz parte de muitos cerimoniais de casamento . São os buquês de Santo Antônio . Jogar flores para que as amigas solteiras as peguem e se casem ? Para quê , se você pode jogar vários bonequinhos do santo casamenteiro ? Em Barbalha , tomar um chá de pedaço do Pau da Bandeira é tradição entre as mulheres solteiras “ Hoje a gente não faz mais só de Santo Antônio , que é casamenteiro , mas de São José , que traz um bom marido . Já cheguei a entregar três buquês por semana ” , conta a artesã Ana Luisa Matesco . Conforme ela , muitas noivas pedem que o santo venha com o bonequinho que representa Jesus , para que as mulheres possam escondê-lo do santo e , como resgate , peçam a realização do matrimônio . “ Acho que é brincadeira , mas no fundo elas acreditam porque as pessoas têm muita fé em Santo Antônio ” . Fé e esperança . A autônoma Wandrita Ferreira Lima , 29 , que jogou um buquê do santo em sua festa , acredita que a esperança de que o matrimônio possa acontecer já faz valer a intenção da brincadeira . “ Quando você pega o santo , tem a esperança de que vai encontrar alguém , o amor da sua vida , e isso já mexe com quem pegou . Você consegue seguir em frente , sem desistir ” , destaca . Relíquias do santo Desde o dia 1º de junho , a relíquia de Santo Antônio está exposta na paróquia Nossa Senhora da Paz , na Aldeota . A matéria orgânica , que não se sabe a qual parte do corpo pertence , foi trazida no início deste ano da cidade de Pádua , na Itália . Outros restos mortais do santo permanecem intactos na Basílica de Santo Antônio . A visitação é aberta ao público somente até hoje , 13 . Logo mais , às 17 horas , também acontecerá a tradicional procissão terminando com Celebração Solene de Encerramento dos Festejos de Santo Antônio de Pádua . Mais sobre o Santo Antônio - Desde jovem tinha vontade de ser sacerdote , mesmo contra a vontade do pai - Se chamava Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo e se tornou padre aos 27 anos - Congregou-se com os frades agostinianos e foi professor de Teologia - Quando encontrou os frades franciscanos assumiu uma vida missionária - É um santo taumaturgo , que operou milagres em vida - Milagres : pão aos que têm fome ; fé a quem não tem e uma ajudinha pros que querem um amor - Conta-se que quando era ajudante de cozinha em um convento , Antônio ofereceu a peregrinos os pães que seriam servidos em um encontro com altos nomes da Igreja . Questionado pelo chefe da cozinha , ele disse que Deus providenciaria o alimento necessário . Minutos depois , ao chegar à dispensa novamente , o chefe encontrou dezenas de pães . - Certa vez , chegou a uma cidade para pregar sobre o sacramento da Eucaristia . Em meio a multidão , um homem levantou a voz e disse acreditar em Deus , mas não crer que o encontraria em um pedaço de pão . Para acreditar , o homem precisava ver sua mula de estimação dobrar os joelhos no momento da Eucaristia . No dia combinado para que Santo Antônio provasse a presença divina na hóstia , o animal dobrou as patas dianteiras e o reverenciou . - A fama de casamenteiro nasceu na Idade Média , quando dotes eram oferecidos às famílias dos noivos . Quando ainda era frei , Santo Antônio recebeu uma jovem de família pobre que estava apaixonada por um homem com posses . Uma grande quantidade de dinheiro foi pedida para que o matrimônio acontecesse . Desesperada , ela procurou o frade . O santo escreveu um bilhete e disse que ela o levasse a um comerciante , pedindo que o pedaço de papel fosse colocado na balança . O quanto pesasse em moedas seria dela . A mulher foi e , incrédulo , o comerciante aceitou a proposta . Ele colocou moedas e a balança fez o contrapeso . A quantidade de moedas exata para o equilíbrio foi o valor que a moça precisava para pagar o dote . Criação de Identidade Visual A criação de Identidade Visual é um dos pontos mais importantes para a presença de uma empresa no mercado . Muitas empresas acabam ficando para trás na competição das vendas simplesmente por causa de uma imagem antiga transmitida ao cliente . Mesmo as empresas mais “ conservadoras ” acabam se modernizando . E se modernizar é atender a padrões estéticos adotados pelo mercado no momento . Houve época em que logotipos em 3D eram utilizados , mas atualmente logotipos tendem a seguir um padrão chamado “ Flat Design ” . Porém , a criação de Identidade Visual não é apenas um logotipo , mas um conjunto de ações . Veja abaixo alguns exemplos de peças que compõem o serviço de criação de Identidade Visual desenvolvido pela Ellemento : Logotipo Manual de Identidade Visual Papel Timbrado Cartão de Visitas Crachás Adesivagem Pasta Envelope Catálogo Impresso Catálogo Digital Apresentação Digital da Empresa Iconografia Site Assinatura de e-mail Design para Facebook , Twitter e outras mídias Banners para Eventos Como criamos ? A criação de Identidade Visual sempre é feita com aplicação de conceitos . Ou seja , para realizar o trabalho , respondemos sempre a quatro perguntas : O que somos ? Por quê nosso logotipo ? Para quem esse logotipo ? Qual imagem queremos transmitir ? Posto isso em conjunto com o cliente , definimos as diretrizes para a criação e executamos o serviço . Por muitas vezes o entendimento do cliente é que seja realizado o design de acordo com as intenções dele , o que também fazemos dentro do máximo conceito de qualidade . Entendemos que a Identidade Visual é peça fundamental na empresa . Está provado que a imagem atrai ou afasta muitos consumidores , e o sucesso do trabalho digital começa no impresso , na imagem , na Identidade Visual da empresa . Nas cores da empresa , na tipografia , na aplicação dos elementos , na iconografia , em uma simples assinatura de e-mail , em todo o conjunto . Embu das Artes participa de Festival Gastronômico Sabor de São Paulo Na última quinta-feira , dia 17 de abril , a cidade de Embu das Artes participou da quinta etapa da 2° edição do Festival Gastronômico Sabor de São Paulo , uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo , por meio da Secretaria de Turismo , em parceria com a revista Prazeres da Mesa . O evento tem como objetivo formatar um roteiro gastronômico no Estado , resgatando a identidade e o valor da gastronomia paulista . A quinta etapa do festival aconteceu em Santo André – SP , e contou com a presença de diversas cidades do entorno , como Guarulhos , Mogi das Cruzes e Mairiporã . O município de Embu das Artes foi representado pelo restaurante Bar Buenos Aires , que serviu o delicioso prato Duo de Empanadas . Alcoolismo O álcool é a droga mais antiga de todas as drogas usadas para afetar o cérebro , com o objetivo de mudar a mente e as emoções . É uma substância com efeitos depressores sobre o Sistema Nervoso Central , apesar dos efeitos estimulantes ou euforizantes , se tomado em dose alta colocará o ser humano inconsciente , funcionando como anestésico geral . As bebidas destiladas resultam do fato do álcool possuir ponto de ebulição . O álcool tem tido uma aceitação social alta , principalmente no mundo ocidental.A diferenciação não é fácil entre o beber socialmente , o uso abusivo ou nocivo do álcool e a síndrome de dependência do álcool . É variável a aceitação individual ou do grupo cultural moderado ou excessivo em decorrência da forte desaprovação social ao beber imoderadamente , a maioria dos alcoolistas com sérios problemas sociais e de saúde tendem a negar a sua dependência de bebidas alcoólicas . O presente trabalho abordará o Alcoolismo que de acordo com as conclusões a que chegaram os peritos da O.M.S . encarregados de estudar o assunto , deve ser considerado como problema de saúde pública , de natureza complexa , na qual o álcool atua como fator determinante sobre causas psicossomáticas preexistentes no individuo e para cujo tratamento é preciso recorrer a processos profiláticos e terapêuticos de grande amplitude . A mais recente definição do subcomitê do alcoolismo é a seguinte : “ Alcoolistas são bebedores excessivos cuja dependência ao álcool chega ao ponto deles apresentarem perturbação mental evidente , manifestações afetando sua saúde física e mental , suas relações individuais , seu comportamento social e econômico ou pródomos de perturbações deste gênero e que por isto necessitam de tratamento ( PAIM , 1991 , p . 85 ) . O presente trabalho estará abordando também as causas do alcoolismo e os efeitos que o uso abusivo do álcool causam ao organismo e também estará citando e comentando os vários tipos de psicose alcoólica . ALCOOLISMO OU DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA O alcoolismo é uma síndrome de dependência conseqüente ao uso excessivo e prolongado do álcool , é bem mais comum em homens do que em mulheres , embora muitas diferenças que eram visualizadas no passado resultavam de dificuldades de diagnósticos e da identificação de mulheres com problemas de alcoolismo . Os alcoolistas sentem-se culpados pela dependência e tornam-se irritados e agressivos , não se alimentam adequadamente , tendem a desenvolver deficiência de vitaminas , particularmente as do grupo B . O mecanismo psicológico de defesa do tipo negação , onde o individuo age de forma a se recusar a vivenciar a realidade externa , nega sua existência para se proteger do sofrimento que essa possa lhe causar ( por exemplo : o filho morreu e a mãe coloca o prato dele na mesa todos os dias como se ele fosse voltar , isto para se proteger do sofrimento que essa realidade externa pode lhe causar . ) é empregado pelos alcoolistas , eles ficam ciumentos , deprimidos , magoados ou mesmo paranóides , apresentando medos não rasoáveis que outras pessoas estão conspirando contra eles . O alcoolismo é um problema complexo , que envolve não só a profissão médica , mas também magistrados , polícia , advogados , religiosos , assistentes sociais e autoridades educacionais entre outros.Ocorre em todos os níveis sociais e graus de inteligência . A tolerância ao álcool desenvolve-se progressivamente com o alcoólatra passando a precisar de crescentes quantidades para produzir os mesmos efeitos , bebe as escondidas antes de festas ou reuniões e ainda mantém reservas guardadas em sua casa e no local de trabalho , sua vida passa a se organizar de acordo com sua necessidade de beber , onde as finanças familiares passam a sofrer as conseqüências surgindo problemas conjugais , podendo o alcoolista tentar se controlar e abster-se totalmente por dias ou até semanas , mas acaba por voltar a beber novamente . Aparecem alterações físicas e dependências , a tolerância diminui , aparecem os tremores , ele acorda sentindo-se mal , com náuseas , trêmulo , incapaz de se lembrar dos fatos sucedidos na noite anterior , sentindo a necessidade de um drinque para controlar os sintomas da abstinência e acaba por beber o dia todo , suas relações pessoais são prejudicadas , ele perde o emprego , sua vida familiar fica desestruturada e entra em um contínuo declíneo social , o julgamento , o bom senso e a memória são afetados , ele perde o auto-controle a menos que receba o tratamento aparecem sérias complicações físicas e mentais . CAUSAS DO ALCOOLISMO Familiar : 45% dos alcoólatras tem pais que são ou foram alcoólatras , sendo os fatores genéticos elementos importantes ; Sexo : è mais incidente em homens do que em mulheres , proporção de seis para um , mas o fato esta mais relacionado a fatores ambientais do que a diferenças constitucionais . As mulheres alcoólatras acabam pó ter um prognóstico pior que o dos homens , são bem menos ajustadas e mais propensas à depressão ; Racial : é mais freqüente entre os Irlandeses e menos freqüentes entre os judeus ; Social : quanto mais fácil à obtenção do álcool maior é a incidência do alcoolismo , por exemplo , a profissão de cervejeiro e atividades que envolvem espetáculos de diversão , são propícios ao desenvolvimento do alcoolismo ; Psiquiátrico : a ansiedade na juventude , a depressão na meia-idade e a solidão na velhice , são fatores condizentes ao alcoolismo , é alta a incidência de depressão em alcoólatras , especialmente mulheres e a propensão ao suicídio é muito maior em comparação com os não-alcoólatras . As psicoses alcoólicas são consideradas psicoses orgânicas , que apresentam causa física definida , sendo possível a constatação em exames de imagens , onde o uso abusivo do álcool modifica a estrutura cerebral . DELIRIUM TREMENS : Geralmente aparece entre 24 e 72 horas após a última ingestão de bebidas alcoólicas e apresenta uma taxa de mortalidade de 5 a 15% , essa síndrome é caracterizada por agitação extrema , febre , delírio , psicose ( delírios e alucinações ) , onde as ilusões e alucinações são geralmente visuais e as idéias delirantes são acentuadas . O paciente fica confuso , amedrontado , desassossegado , suando , anoréxico e com insônia . A desidratação e aos distúrbios eletrolíticos podem ser profundos , sendo a pneumonia uma complicação comum nesses casos . Quanto às convulsões por abstinência de álcool elas ocorrem com maior freqüência entre 6 a 48 horas após a interrupção ou redução da ingesta de álcool , podem ser causadas por transtornos metabólicos como hipoglicemia ou hipomagnesemia . O Delirium tremens dura entre uma a duas semanas , podendo ocorrer a morte geralmente na primeira semana . ALUCINOSE ALCOÓLICA : A enfermidade inicia-se geralmente de modo súbito , ao anoitecer ou durante a noite , com a ocorrência de ansiedade e alucinações auditivas , onde estas alucinações são complexas , o paciente ouve ruídos , sons indistintos e vozes que pronunciam palavras e frases , de um modo geral as alucinações auditivas são dotadas de conteúdo desagradável como vozes injuriosas , que fazem ameaças , censuras , insinuações maliciosas ou planos de extermínio , sendo em alguns casos as alucinações dotadas de nitidez perfeita e tem sentido definido , em outros o alcoolista não percebe o diálogo mantido pelas vozes , mas sim um vozerio ensurdecedor . O enfermo é dominado pela ansiedade,mesclada de medo , que o leva a tentativas de suicídio . ESTADOS PARANÓIDES OU DELÍRIO DE CIUMES : O enfermo elabora as suas primeiras interpretações e tece uma trama delirante , um ponto importante destacado pelo Professor Nobre de Melo é que os alcoolistas possuem condições psicológicas capazes , em si mesmas,de determinarem o aparecimento de idéias de ciúme e até de reações criminais de grande intensidade e violência . O próprio vício já é por si só abominável e repugnante , é a razão pela qual o alcoolista está exposto à infidelidade conjugal , pois ao lado disto há uma progressiva debilitação sexual , que é acompanhada de proporcional decréscimo da libido , sendo que em alguns casos o alcoolista procura satisfações anormais mediante manobras eróticas grosseiras , sem a correspondente aprovação da companheira , e por isto serve como ponto de partida para interpretações falsas , favorecidas com freqüência por alucinações visuais e auditivas . O delírio de ciúmes apresenta características especiais como : violência noturna dos acessos , exteriorização agressiva do delírio , a ação é orientada exclusivamente para a mulher e não para supostos amantes e progressiva extensão das interpretações e das intuições delirantes até atingir o absurdo , o que pressupõe o comprometimento grave da capacidade de julgamento e de autocrítica . DELIRIUM DE ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA : caracteriza-se por uma serie de sintomas psíquicos e alterações físicas como tremor , ataxia e agitação motora , ocorre quase exclusivamente no sexo masculino e nunca antes dos 30 anos , o alcoolista permanece durante vários dias ou semanas com delírios , ficando angustiado , com medo inexplicável , sendo que em alguns casos quando o individuo é forçado a manter a abstinência os sintomas desaparecem , essencialmente é caracterizada como uma síndrome de excitação psíquica com estado confusional angustiosos,numerosas e intensas alucinações , sobretudo visual e tátil , que são dotadas de perfeita nitidez sensorial e combinadas em arranjos cenográficos,as visões são múltiplas , móveis,sem cor e pequenas e muitas vezes apresentam aspecto de fios , cabelos , chispas , sombras , animais dos mais diversos aspectos e tamanhos como ratos,aranhas , pulgas , macacos e homens em tamanho natural ou reduzido . A capacidade do raciocínio é limitada , a memória está profundamente alterada , a orientação geralmente está perturbada , em suma , a concentração , a tenacidade , a vigilância e a extensão estão muito limitadas , a desorientação no tempo e espaço é completa , mas a consciência da personalidade costuma ser conservada , sendo que nos casos mais intensos a perturbação da consciência manifesta-se através da incoerência dos juízos e do raciocínio . A debilidade geral aumenta com a duração do delírio e os alcoolistas passam a falar em voz baixa e tremula , podendo haver perturbações da linguagem , confusão na articulação e distorção disfásica das palavras . Apresentando ainda os sintomas físicos tais como tremor , hipertermia , hiperidrose e as perturbações do equilíbrio que se fazem acompanhar de fenômenos neuríticos e de ligeiras anomalias pupilares , o pulso é freqüente , irregular e nos casos graves filiforme , a PA pode ser baixa ou elevada , a face é pálida e coberta de suor , os reflexos profundos estão exaltados podem aparecer ataques convulsivos no inicio ou no decorrer do delírio e podem ocorrer sintomas cerebrais como desordem da coordenação ou ataxia cerebelar , e em alguns doentes é observado analgesia completa . SINDROME DE KORSAKOV : consiste em uma perda da memória quanto a fatos recentes , é um estado de amnésia onde o paciente não pode lembrar o que foi dito ou feito segundos atrás e para preencher as lacunas da memória ele acaba por inventar histórias que freqüentemente são muito convincentes , a poucas possibilidades de recuperação completa . ENCEFALOPATIA DE WERNICKE : é caracterizada por desorientação associada com a paralisia de músculos oculares , nistagmo , ataxia , sintomas de parestesia em extremidades , pode ter inicio agudo ou desenvolver-se lentamente ao longo de aproximadamente uma semana . Acredita-se que isto se deve a uma grande deficiência crônica de vitaminas do grupo B . DEMÊNCIA ALCOÓLICA : as dificuldades de memória acompanham um déficit persistente das funções cognitivas que leva a perda na formação e compreensão de pensamentos abstratos e para aprender coisas novas , observa-se acentuada decadência da personalidade , atingindo a alteração em primeiro lugar a esfera afetiva e moral e secundariamente os processos intelectuais , embora alguns autores neguem a existência de uma demência alcoólica , entretanto , existem estados de deterioração de tipos orgânicos consecutivos ao alcoolismo e que são resultados de lesões cerebrais significativas . Tomografias e imagens por Ressonância magnética sugerem atrofia cortical acompanhada por alargamento dos ventrículos cerebrais , a neuropatia periférica é geralmente simétrica e ocorre nas extremidades inferiores , podendo ocorrer a encefalopatia hepática porque o fígado não é mais capaz de metabolizar e de neutralizar a toxicidade de substâncias , apresentam como sintomas iniciais : confusão , agitação e mudanças da personalidade . De maneira geral , podemos dizer que o principal objetivo do tratamento é ajudar o paciente a viver abstinente , retornar suas atividades produtivas sociais e familiares . É evidente que não é uma tarefa fácil , uma vez que durante muito tempo o álcool ocupou um lugar de destaque na vida do alcoolista , sendo muitas vezes o fator relevante prioritário , importante mesmo nos seus pensamentos e no seu dia-a-dia . Em alguns casos o tratamento é ministrado por médicos psiquiatras associados a uma equipe de profissionais da saúde . Inicia-se por exame físico , mental e psicossocial , para se avaliar a saúde emocional , a saúde familiar , a qualidade de vida social e os estresses ocupacionais . O período de tratamento depende de uma desintoxicação da droga que deve ser orientado por médicos psiquiatras experientes , e depende da severidade da dependência e da condição de saúde geral , a duração também varia de pessoa para pessoa , quanto mais cedo se puder diagnosticar e intervir , melhor o resultado . O melhor lugar para se fazer a desintoxicação é o hospital , o paciente com delirium tremens necessita de internação para receber sedativos fortes e grandes doses de vitaminas do complexo B , as drogas mais usadas como sedativos são Heminevrin , Clorpromazina e Clordiazepóxido . A Clorpromazina aumenta o risco de convulsões , mas isto pode ser reduzido acrescentando-se a Fenitoína sódica . A terapia de grupo em unidades hospitalares especializadas é muito útil . A terapia aversiva como uso de apomorfina ou dolorosos choques elétricos seguidos de terapia de relaxamento , é aconselhada em pacientes selecionados . Disulfiram ou Citrato de cálcio carbamido são geralmente utilizados porque são eficazes na prevenção de reincidências . Os tranqüilizantes devem ser utilizados com muito cuidado , pois também envolvem o risco de criar dependência e os antidepressivos poderão ser ministrados se houver depressão . CONCLUSÃO O alcoolismo é o resultado final de uma série de processos que iniciam e depois perpetuam a excessiva ingestão de álcool , onde a bebida proporciona temporariamente uma sensação de euforia e / ou alivio temporário para alguma tensão física ou psíquica , onde , entretanto , a ingestão crônica de álcool gera reações fisiológicas e psicológicas que aumentam o desejo de consumir cada vez mais . Conclui-se que a dependência psicológica secundária se desenvolve como inicio da dependência física , há necessidade de beber para evitar a perda da sensação prazerosa causada pela droga e para evitar os sintomas de abstinência , onde a combinação dessas duas dependências psicológicas traduz-se no aparecimento do desejo contínuo de beber , desejo este que é reforçado especialmente por fatores externos . Com o abandono do álcool , essas duas dependências psicológicas diminuem razoavelmente em seis meses e praticamente desaparecem após 2 anos . Sabe-se que as psicoses alcoólicas fazem parte das psicoses orgânicas que são aquelas que apresentam causas físicas definidas , são facilmente diagnosticadas por exames de imagem e portanto causam alterações na estrutura cerebral . EGPA presente no CONSAD 2016 com Painel sobre Gestão de Pessoas 22/06/16 A EGPA participou pela segunda vez consecutiva no Congresso Consad de Gestão Pública em projeto aprovado com o tema " A Gestão de Pessoas na Administração Pública " . A autarquia foi representada pela assessora Vera Ruth Fidalgo com o painel " Gestão de Pessoas - o diferencial na qualidade do serviço público com resultados eficazes " . Vera Fidalgo assinou a autoria do projeto . Assinaram como co-autores os assessores Luis Frederico Franco Pacheco e Rosirayna Remor , além do diretor geral da autarquia , Ruy Martini Santos Filho . A 9ª edição do evento aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães , em Brasília-DF , nos dias 08 , 09 e 10 de junho / 2016 e contou com a presença da secretária estadual de administração , Alice Vianna , além do assessor técnico da autarquia , Adelino Monteiro . O projeto aprovado foi inserido no painel 5 : " O Aprendizado das Escolas de Governo no Brasil " . O trabalho teve por objetivo , propor a atuação da Gestão de Pessoas na implantação de processos eficazes na administração pública da EGPA . Vera Fidalgo fez um balanço do que foi abordado em sua apresentação . “ Temos a pretensão de aferir resultados , através de uma padronização de procedimentos , processos e pessoas para o alcance da eficiência e eficácia nos serviços prestados pela Escola de Governança ” , disse . Ela explicou que o painel foi baseado em uma experiência de observação na autarquia . “ A gestão de pessoas alcança um nível estratégico . É ligada a uma diretoria geral ou direção afim e pratica processos para a melhoria da gestão de práticas e de pessoas dentro da organização ” , explicou . Como este trabalho foi construído na EGPA ? Estamos propondo a implantação da gestão estratégica de pessoas , em sua plenitude , na autarquia , em 2017 . Vamos falar , quando formos apresentar o painel , sobre a autarquia desde o seu início ( como Plano de Desenvolvimento e Valorização do Servidor – PDVS ) , passando pela criação da Escola de Governo do Estado do Pará em 2003 , até a transição para Escola de Governança , a partir de Janeiro de 2015 . Estamos analisando o RH da EGPA ( intitulado Cagep – Coordenação de Gestão de Pessoas ) , e o quanto pratica processos e práticas . Então , vamos propor a implantação de uma Gestão de Pessoas para 2017 . Qual a grande contribuição da Gestão Estratégica de Pessoas para os órgãos públicos ? Com esta ferramenta , as pessoas passam a entender melhor qual a sua importância e o seu papel na organização . Isto permite que elas passem a desenvolver suas atividades com maior motivação , entendendo claramente a sua contribuição diária para o órgão . Assim , passam a ter mais consciência do quanto é fundamental diminuir despesas , custos , trabalhar respeitando as pessoas , o serviço público em si e a quem os serviços são destinados.A nossa preocupação é que , somos uma Escola e como tal , precisamos ser modelo de gestão para os outros órgãos e para a sociedade . Com a implantação deste modelo de Gestão Estratégica de Pessoas , teremos uma mudança de comportamento certamente para melhor na organização . A partir de quando o conceito de Gestão Estratégica ganhou espaço no Brasil ? Iniciou em 1965 e ganhou impulso depois da globalização , principalmente a partir de 2000 . A Gestão de Pessoas vem com uma visão de diretoria ou assessoria e passa a ficar responsável por lidar estrategicamente com todo o orçamento financeiro e humano da organização . A qualificação dos servidores passa a ser alinhada não com a sua vontade própria , mas em sintonia com as necessidades do órgão , do setor . Algoritmos zipado 1ª Lista de exercícios de Introdução à Computação e Algoritmos FAZER UM PROGRAMA PARA : 1 . Ler um número e exibir seu sucessor . 2 . Calcular a média final ( usando a ponderação da UFRN ) dadas as notas das 3 provas e produzir uma saída com a média e a situação do aluno de acordo com o seguinte critério : média > = 7 , aprovado ; 5 < média < 7 , recuperação ; média < 5 , reprovado . 3 . Calcular a quantidade de dinheiro gasta por um fumante . Dados : o número de anos que ele fuma , o nº de cigarros fumados por dia e o preço de uma carteira . 4 . Ler dois números inteiros , x e y , e imprimir o quociente e o resto da divisão inteira entre eles ( operadores / e % ) 5 . Informar a área e o volume de um cilindro . 6 . Ler dois valores reais do teclado , calcular e imprimir na tela : a ) A soma destes valores b ) O produto deles c ) O quociente entre eles 7 . Para ler 3 números reais do teclado e verificar se o primeiro é maior que a soma dos outros dois . 8 . Ler 2 números inteiros do teclado ( A e B ) , verificar e imprimir qual deles é o maior , ou a mensagem “ A=B ” caso sejam iguais . 9 . Gerar o preço de um carro ao consumidor e os valores pagos pelo imposto e pelo lucro do distribuidor , sabendo o custo de fábrica do carro e que são pagos : a ) de imposto : 45% sobre o custo do carro ; b ) de lucro do distribuidor : 12% sobre o custo do carro . 10 . Leia a velocidade máxima permitida em uma avenida e a velocidade com que o motorista estava dirigindo nela e calcule a multa que uma pessoa vai receber , sabendo que são pagos : a ) 50 reais se o motorista estiver ultrapassar em até 10km / h a velocidade permitida ( ex . : velocidade máxima : 50km / h ; motorista a 60km / h ou a 56km / h ) ; b ) 100 reais , se o motorista ultrapassar de 1 a 30 km / h a velocidade permitida . c ) 200 reais , se estiver acima de 31km / h da velocidade permitida . 1 . Ler 2 números inteiros do teclado . Se o segundo for diferente de zero , calcular e imprimir o quociente do primeiro pelo segundo . Caso contrário , imprimir a mensagem : “ DIVISÃO POR ZERO ” . 12 . Ler três valores e determinar o maior dentre eles . 13 . Ler três valores e colocá-los em ordem crescente . 14 . Ler os três coeficientes de uma equação de segundo grau e determinar suas raízes . 15 . Ler 4 números inteiros e calcular a soma dos que forem par . 16 . Que informe se um dado ano é ou não bissexto . Obs : um ano é bissexto se ele for divisível por 400 ou se ele for divisível por 4 e não por 100 . 400 ou se ele for divisível por 4 e não por 100 . Economia Como funciona a previsão de vendas Autor : Dave Roos Administrar um negócio é como conduzir um navio . Assim como o capitão , você precisa manter seus olhos no horizonte para planejar seu próximo passo . Se houver nuvens se juntando , você deve proteger a carga do navio e avisar os companheiros de bordo para se protegerem . Se houver zonas rochosas à frente , você deverá pedir à tripulação que fique atenta para ajudá-lo a navegar com segurança até o outro lado . Se o próximo trecho da jornada for longo , você precisará estocar comida e suprimentos antes de deixar o porto . Nos negócios , planejar o futuro e manter os olhos no horizonte é muito importante . E o melhor modo de fazer planos para o futuro é analisar cuidadosamente as tendências do passado , especialmente quando se está prevendo vendas de um produto ou serviço . A previsão de vendas usa os números anteriores para fazer prognósticos de desempenho em longo ou curto prazo . É um trabalho traiçoeiro , porque muitos fatores diferentes podem afetar as vendas futuras : declínios econômicos , mudança de funcionários , alterações na moda e tendências , maior competição , recalls de fabricantes e outros fatores . Mas existem vários métodos padronizados para fazer previsões cada vez mais precisas . Sem as previsões de vendas , torna-se muito difícil manter a empresa na direção correta . É preciso prestar atenção nas estações do ano para não investir muito em uma estação que vende pouco . É preciso prestar atenção no que dizem os analistas das indústrias que prevêem crescimento robusto em vendas em datas comemorativas , entre outros . Mas qual é a importância exata da previsão de vendas para o bom planejamento financeiro ( em inglês ) e administrativo de um negócio ? E quais são alguns dso métodos e tecnologias que garantem previsões mais precisas e seguras ? Leia para saber mais . Audiência Pública do Plano Diretor de Turismo de Embu das Artes A Prefeitura de Embu das Artes , por meio da Secretaria de Turismo , convoca empresários , pessoas ligadas ao trade turístico e os munícipes interessados a participarem no dia 12 de maio , quinta-feira , na Câmara Municipal , da audiência pública para validação dos dois primeiros volumes do Plano Diretor de Turismo da cidade , elaborado pela Secretaria de Turismo com a consultoria da empresa Turismo em Rede . Durante a audiência serão apresentados os principais pontos do inventário e do diagnóstico turístico de Embu das Artes , concluídos no início de 2016 . Os participantes terão a oportunidade de fazer observações , sugestões e propor melhorias para o desenvolvimento do turismo da cidade . Posteriormente , o Plano será enviado para a Câmara dos Vereadores , como proposta de lei com diretrizes para o crescimento e desenvolvimento do mercado de turismo em Embu das Artes , com propostas de melhorias para os atrativos , equipamentos e infraestrutura , de acordo com os aspectos geográficos e territoriais do município analisados no inventário e diagnóstico . Audiência Pública sobre Plano Diretor de Turismo de Embu das ArtesQuando : 12 de maio de 2016 , às 18hOnde : Câmara Municipal de Embu das Artes ( R . Marcelino Pinto Teixeira , 50 – Parque Industrial Ramos de Freitas ) . Campus Sustentável da UFF / Nova Friburgo - um Programa de relevância nacional em saúde e bem estar crianças matriculadas nas escolas e creches municipais de Nova Friburgo e seus responsáveis ; diretores , professores e funcionários das creches e escolas municipais de Nova Friburgo ; empresas da iniciativa privada e ONG´s . Local de atuação : MGD Resumo Preponderância das atividades : Integração docência / Assistência / Prestação de serviço a comunidade / ensino e pesquisa . A questão ambiental tem sido amplamente debatida e divulgada no mundo inteiro . O efeito estufa , causador do aquecimento global e a desertificação , que resultam em previsões catastróficas , suscitando sempre a proteção e a preservação do meio ambiente , estão nas pautas dos líderes de todas as nações , na busca do caminho mais curto para o desenvolvimento sustentável . Porém , o cerne de todas essas questões está na própria sobrevivência da humanidade . Uma sociedade sustentável é aquela que é justa nos níveis local e global , equitativa e que vive dentro dos limites ambientais do planeta no presente e no futuro . O Desenvolvimento Sustentável é o termo dado ao processo de desenvolvimento da sociedade fazendo com que esta se mova de onde estamos agora para um estado de sustentabilidade . Vale ressaltar ainda , que , segundo a Organização Mundial da Saúde ( OMS ) , um meio ambiente sustentável é um elemento indispensável para um bom estado de saúde , e por isso apóia o mandato da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 . Preconiza o incentivo ao desenvolvimento de sistemas de saúde universais , equitativos e de qualidade , baseados nos princípios de Alma Ata e os compromissos do desenvolvimento sustentável emanados da Rio+20 . Por tudo isso este Programa tem por objetivo desenvolver a consciência e a ação de sustentabilidade no ensino , pesquisa e extensão . Pages - Menu Hoje , dia 06 , aconteceu na escola Paulo Rizzieri o encerramento da Semana da Pátria . No período matutino , a turma 20 , do 2º ano do Ensino Fundamental - Séries Inicais , da professora Jucélia , declamaram a poesia " Pátria Amada Brasil " , e logo após , a professora Aretusa leu a poesia " Que País é esse ? " ( Liam M . Cassaninga ) , e depois a turma 90 , do 9º ano do Ensino Fundamental - Séries Finais , sob a regência da professora Aretusa , apresentaram a música " Meu País " ( Zezé Di Camargo e Luciano ) interpretando-a e cantando-a . No período vespertino , a turma 31 , do 3º ano do Ensino Fundamental - Séries Inicais , da professora Jucélia , apresentou o tema " Interpretação do Hino Nacional " . Após as apresentações o Hino da Independência e o Hino Nacional do Brasil foram entoados tanto de manhã quanto a tarde , assim encerrando a Semana da Pátria e se preparando para o Desfile Cívico em comemoração ao dia 7 de setembro , Dia da Independência do Brasil , que acontecerá no dia 7 , no Centro de Içara . Hoje , dia 04 , no terceiro dia de comemorações da Semana da Pátria , a escola entoou , nos dois períodos , os Hinos alusivo da Semana da Pátria . No período vespertino , os alunos da turma 71 , do 7º ano do Ensino Fundamental - Séries Finais , declamaram o Hino da Independência . Hoje , 03 de setembro , no segundo dia de comemorações da Semana da Pátria , a escola realizou nos dois períodos , as homenagens aos alunos e ao professor Marcos pela participação dos Jogos Estudantis de Içara ( JOESI ) SUB12 , que representaram a escola entre os dias 26 a 30 de agosto . No período da tarde , além das homenagens , a turma 92 , da professora Marlene , do 9º ano do Ensino Fundamental - Séries Finais , apresentaram um Jogral do poema " Povo Brasileiro " , que nos fala sobre o Brasil dos aspectos naturais e sociais . Um dos trechos do poema diz : " Brasil País do futebol Do samba Das belezas naturais Da alegria contagiante De um povo Que trabalha Mas não é recompensado Pelas suas atividades Rotineiras E vive sofrendo Na labuta cotidiana . [ . . . ] Viva o povo brasileiro Pois marca mais um ponto Em sua história de lutas e glórias . " ( Sirlene Aliane ) Após as apresentações tanto da manhã quanto da tarde , os Hinos foram entoados encerrando o segundo dia da Semana da Pátria . Ontem , dia 02 , a escola Paulo Rizzieri iniciou a Semana da Pátria com diversas atividades , tais como , apresentações , hinos , homenagens , dentre outras . No período da manhã , a abertura foi realizada pela apresentação da turma 10 , da professora Juceléia , do 1º ano do Ensino Fundamental - Séries Iniciais , com o tema " Amo as cores do meu país ! " , que por sua vez , Deus em sua infinita bondade usou as cores do arco-íris para pintar o Brasil , pois sabia que seria uma terra abençoada , rica e de paz , e que nossas crianças orientadas , formadas e conscientes de seu papel na sociedade sendo cidadãos do bem , é que irão continuar dando a estas cores , as quais compõem nosso país , pois temos certeza , são e serão brasileiros com muito orgulho e com muito amor ! Ontem , 02 de setembro , a turma 10 , do 1º ano do Ensino Fundamental - Séries Iniciais , da professora Juceléia , representou a escola Paulo Rizzieri na Abertura da Semana da Pátria no Centro de Içara com o tema " Amo as cores do meu país ! " . Entre os dias 26 a 30 de agosto , ocorreu no Complexo Esportivo João Ramos Roussenq a 32ª edição dos Jogos Estudantis de Içara ( JOESI ) SUB 12 , que reuniu atletas representando as suas escolas em diversas modalidades . A escola Paulo Rizzieri participou com entusiasmo dos jogos representado por seus alunos em diferentes modalidades , tais como basquete , futsal , vôlei , atletismo , xadrez entre outras . A participação dos atletas da escola Paulo Rizzieri garantiu bons resultados e superações , e também conquistaram medalhas nas seguintes modalidades : “ Hoje encerramos a nossa participação no JOESI sub12 , foram muitas conquistas de medalhas e ainda mais de superação de vários alunos , que descobriram que podem superar seus limites . ” Professor Marcos Duarte Olá a todos estou realizando um trabalho de agrupamento de informações relacionadas a tráfego e gostaria de montar uma biblioteca de arquivos relacionados a dimensionamento . Quem puder colaborar por favor envie os arquivos para felipe_cps@msn.com com o titulo Biblioteca Tráfego . Ja recebi várias TURBOTABLE arquivos com base de Erlang e etc . Após reunir os arquvos ficarão disponíveis em um ambiente ftp . Logo que estiver pronto realizo a divulgação aqui no site . Obrigado . A bomba semiótica fashion da Ellus Modelos vestindo uma camiseta onde se lia “ Abaixo Este Brasil Atrasado ” . Dessa forma terminava o desfile da Ellus no último SPFW após um desfile repleto de signos militares estilizados . Mais tarde , a irônica foto da mesma camiseta na vitrine de uma loja da grife tendo ao lado um manequim carregando uma blusa com o icônico Mickey Mouse estampado . Essa é a mais nova bomba semiótica , dessa vez fashion . E por que ? Porque o niilismo político é fashion , assim como os radicais chics com o seu visual “ heroin hero ” . Desde que o dandismo morreu com Oscar Wilde , a moda sente a necessidade de expiar o fantasma da sua suposta futilidade e superficialidade . O niilismo político da camiseta que protesta contra o “ Brasil Atrasado ” é a reedição da estratégia de tornar a moda supostamente sintonizada com a realidade do seu tempo , assim como Viviene Westwood fez com o Punk . E para isso , a Ellus foi buscar na atmosfera turva e tensa da atualidade o mote para tentar mostrar que Moda possui alguma relevância política . Em uma vitrine de uma loja da grife Ellus em um shopping na Zona Sul do Rio de Janeiro vemos vários manequins com modelos da marca . Chama a atenção uma camiseta preta com os dizeres “ Abaixo Este Brasil Atrasado ” . Ironicamente , ao lado vemos outro manequim com uma blusa em que vemos o icônico personagem do Mickey Mouse estampado . A engajada camiseta teve sua estreia no desfile da coleção Primavera-Verão 2014-15 no São Paulo Fashion Week ( SPFW ) em abril desse ano , com toda pompa e circunstância , com direito até a “ carta-manifesto ” . Ciceroneado pelo galã global Cauã Reymond , ele entra na passarela ao final com os fashionistas Adriana Bozon , Lea T . , Laís Ribeiro e Rodolfo Murilo , todos vestindo a engajada camiseta da Ellus , para finalizar com uma selfie diante dos fotógrafos . A “ carta-manifesto ” ( na verdade uma colcha de retalhos com os principais mantras repercutidos por redes sociais e nas colunas econômicas da grande mídia ) fala em “ Brasil=ineficiência , improdutividade ” , “ custo Brasil ” , “ políticos e governos antiquados ” , “ protecionismo ” e a ameaça de ficarmos “ isolados nas geleiras do Polo Sul ” . Certamente estamos diante de mais uma bomba semiótica : uma camiseta com uma mensagem que surge em uma atmosfera politicamente carregada , onde a Copa do Mundo transformou-se em verdadeiro campo de batalha simbólico entre o “ Brasil Moderno ” e o “ Brasil Atrasado ” , entre o “ Brasil que perdeu a Copa fora de campo ” , como afirmou o ex-jogador e agora deputado federal Romário e o Brasil de Neymar Jr . que “ ganhará a Copa para trazer esperança ao brasileiro ” , como messianicamente proferiu Fausto Silva no último domingo . A bomba do niilismo O interessante na aplicação do método da semiótica na análise de um discurso como esse que demonstra que a indústria da Moda também entra no atual campo das guerrilhas semiológicas , é que mais importante do que o discurso explícito ( os dizeres da camiseta e a “ carta-manifesto ” ) , é o que ele representa : o sintoma . Como o velho Karl Marx dizia , o mais importante não é o que os homens dizem , mas os seus atos . Ou , fundindo essa máxima do materialismo histórico com a análise freudiana , o mais importante seria o que na verdade os homens gostariam de fazer , desejos incontidos que sempre retornam como sintomas recorrentes . A estreia da camiseta e carta-manifesto foi em um desfile da Ellus no SPFW em abril onde , segundo a jornalista especializada em moda Lilian Pacce , alguns estilistas “ pegaram mal a mensagem ” pelo desfile ocorrer ao lado de bandeiras e roupas com referências e estilos militarizados . Para a jornalista , o mal estar das alusões em um mês marcado pelos 50 anos do golpe militar no Brasil teria sido diluído com a divulgação da “ carta-manifesto ” e da camiseta que reivindica que tudo venha abaixo . A racionalização de Lilian Pacce é reveladora pela associação metonímica e sintomática entre o manifesto e as roupas com formas geométricas da bandeira nacional em alusões militares . Sintoma ? Será que a associação de signos militares com manifestação de protesto contra políticos e governos “ atrasados ” foi um ato falho ? Por que a força de um protesto necessariamente passaria por signos militarizados , como sugere a jornalista ? Para ela , por isso , a mensagem da Ellus tornou-se compreensível , deixando de “ pegar mal ” : a força do “ Abaixo ” veio com uma retórica militarizada … Aqui se revela o núcleo dessa bomba semiótica neoconservadora : o niilismo . Uma manifestação política de protesto que nega a própria política . O niilismo é fashionporque agressivo , radical , tão sem esperança quando o visual heroin heroe oudecadentes chics tão ao gosto de modelos e estilistas . Em postagem anterior revelávamos a preocupação da ascensão do chamado retrofascismo : um suposto discurso crítico que , na verdade , esconde a busca de soluções finais , radicais e não negociadas ou discutidas por canais representativos e socialmente legítimos – o Estado de Direito . Niilismo que abre espaço para o sebastianismo , messianismo e líderes carismáticos e até fashions cuja histeria é confundida com consciência política – sobre isso clique aqui . Eufemismo e má consciência Outro sintoma é o do eufemismo . A “ carta-manifesto ” fala em um País “ burocratizado ” para que se possa “ exportar nosso design sem todo esse custo ” e que , por isso , precisa ser “ simplificado ” . Curioso é que essa “ simplificação ” é o léxico dos economistas neoliberais para os quais a racionalidade individual pela busca da melhor relação custo / benefício é moralmente boa em si mesma , tornando qualquer iniciativa de controle dos diversos apetites individuais como moralmente mal . Afinal , ganhar dinheiro é bom ! Ambição é boa ! A carta deixa transparecer essa tensão entre a busca do caminho simples , direto e natural e um país que parece dificultar esse Direito Natural . De fato , o Estado brasileiro parece “ dificultar ” esse direito natural em vários episódios na área da Moda : a prisão da empresária dona da butique Daslu em 2009 por fraude , formação de quadrilha , contrabando e falsificação de documentos para sonegar impostos ; a denúncia de que a grife de luxo Le Lis Blanc utiliza trabalho escravo em São Paulo em confecções “ quarteirizadas ” , com imigrantes bolivianos vivendo em beliches e quartos apertados e insalubres – clique aqui ; a descoberta de 28 costureiros bolivianos em trabalho análogo a de escravos em oficina clandestina em São Paulo onde produziam peças para a empresa GEP ( formada pelas marcas Emme , Cori e Luigi Bertolli ) – clique aqui . Ou ainda a notificação feita pelo Ministério Público do Trabalho para a própria Ellus sobre práticas de trabalho análogas de escravos em sua linha de produção . Isso sem falar no calote da grife de luxo Maria Bonita dado em 200 bordadeiras de Barbacena ( MG ) , que não recebem os pagamentos desde 2012 – chegaram a protestar em frente a uma loja da grife na Zona Sul do Rio de Janeiro – clique aqui . “ Reformas estruturantes ” , “ flexibilização ” , “ desregulamentação ” e “ simplificação ” são sinônimos eufemísticos que de forma indireta expressam o desejo do capital querer encontrar caminhos mais curtos e retos para a lucratividade . “ Brasil Atrasado ” na verdade quer dizer “ Brasil Regulamentado ” , ou seja , a antítese da livre e amoral busca do lucro . Na prática , resulta o total descompromisso social através da destruição do emprego alheio e aproveitamento oportunista das mazelas sociais como migração ilegal e miséria . Por isso , de eufemismo o “ desfile-manifesto ” da Ellus expressa também uma má consciência . Assim como no mesmo SPFW a grife Cavalera também fez um “ desfile-manifesto ” contra “ os males que aflinge o País ” com modelos carregando cruzes com dizeres “ impunidade ” , “ preconceito ” e “ Indiferença ” , a Ellus faz seu manifesto talvez como forma de expiar sua má-consciência . O remake da camiseta Mas a camiseta e desfile-manifesto também traz uma sensação de deja vu e remake . Desde que o dandismo morreu na figura do escritor inglês Oscar Wilde ( a arte pela arte sem culpas ) , a Moda passou a ser assombrada pelo fantasma da culpa pela sua suposta frivolidade , superficialidade e inutilidade em um mundo moderno de rápidas transformações . Por exemplo , na década de 1920 , Coco Chanel ( 1883-1971 ) concentrava em seu apartamento a intelligentsia artística e filosófica da sua época , procurando uma equivalência entre a moda e o espírito da época , que foi sintetizado na flagrância do perfume Chanel n° 5 . Na Rússia , Nadejda Lamanova ( 1861-1941 ) interpretou na moda a arte abstrata de Kandinsky . Em tempo mais atuais , a estilista Zuzu Angel , ao ver seu filho ser perseguido , torturado e morto pela ditadura militar brasileira , passou a usar a moda como manifesto político . Na Inglaterra , Viviene Westwood ( a estilista do Punk nos anos 1970 ) em 2005 lança a camiseta com a frase “ Não sou terrorista , por favor , não me prenda ” , como protesto as duvidosas leis anti-terroristas . As camisetas são um verdadeiro arquétipo contemporâneo de revolta , desde que James Dean e Marlon Brando começaram a usar como peça única e independente no cinema . Por isso a carta-manifesto é um pastiche e a camiseta de protesto um remake : é a enésima recorrência de um clichê sempre usado para a moda expiar a má consciência e o fantasma da sua inutilidade simbólica – simbólica , porque industrialmente é útil e rentável . Mas o imaginário permanece e necessita ser exorcizado . O clichê da camiseta de protesto já está tão surrado que , para turbiná-lo , a Ellus teve que trazer um galã global para ter alguma repercussão . Mas , como toda bomba semiótica , esta já explodiu e soma aos estilhaços de tantas outras que tornam o clima midiático atual turvo e tenso . A obra educacional de Paulo Freire não se destaca pelo tamanho físico de seus escritos , mas sim pelo contexto e pela densidade de cada obra sua . No livro Pedagogia da Autonomia não é diferente , que apesar de poucas páginas , possui uma estrutura e contexto teórico amplo e totalmente interligado com as outras obras do autor em sua concepção de educação libertária . A primeira parte dessa obra tem o titulo de Não há docência sem discência o autor disserta no inicio sobre a curiosidade epistemológica que educador deve despertar em seu educando com finalidade de formar um pensamento critico , pois o processo de educação é objeto de constante transformação , pois para Freire , assim como Mannheim , o processo educativo e realizado em várias instituições sociais além da própria escola em um processo dialético entre vários saberes entre chamados populares ( do povo ) e dos eruditos ( da escola ) . Nesse capitulo , Freire disserta que educar exige rigorosidade metódica . Isso não significa rigor no sentido de uma educação autoritária como proposta por Durkheim , mas sim possuir um método didático que possua uma práxis pedagógica , o educador deve possuir uma prática pedagógica que instigue o educando a idéia critica em processo dialético entre o concreto e abstrato . Isso significa que a rigorosidade de método tem a finalidade de criar uma mentalidade critica no aluno . Para Freire ensinar necessita pesquisa , isso institui o professor como reprodutor do conhecimento , mas sim em pesquisador com finalidade de criar em seus alunos um processo de educação continua além da escola e dentro da escola . O autor também defende que o professor deve respeitar o saberes do educando , não desvalorizando saberes culturais ditos populares ou saberes da prática da labuta , pois para Freire , todo prática exige conhecimento prévio , poder imaginativo anterior , ser pensado antes de praticado , onde todo ato do aluno é carregado de pura práxis no sentido marxista . Isso significa que o professor deve respeitar os saberes do aluno , pois pode aprender algo novo que não sabe , pois o conhecimento do aluno faz da realidade e da cultura do aluno . A prática educativa exige criticidade do professor em relação ao mundo ao ato de educar . Isso claro carregado de estética , onde essa deve ser a superação do positivismo do ensino bancário , em uma boniteza carregada de ética que institua mentalidade reflexiva no aluno . Segundo Freire , ensinar exige do professor corporeificação das palavras pelo exemplo , isto é , dar concretude as palavras que são puramente objetos abstratos , facilitando assim processo didático . O processo de leitura do texto deve ser baseado em exemplo prático e concreto do dia a dia do educando . Ensinar exige risco , aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação , onde o educador não deve reproduzir a discriminação , diferenciação e nem exclusão que a sociedade capitalista impõe . Por isso , o professor não deve ter atitudes discriminatórias , tanto explicitas como veladas , e deve rejeitar qualquer uma dessas atitudes no ambiente educacional como também criar em seu aluno uma mentalidade livre dessa discriminação . Ensinar exige uma reflexão critica da prática de educar do professor e do aluno , onde o processo educacional é continuo e deve se adaptar de acordo com realidade que rodeia a relação professor aluno . Ensinar exige o reconhecimento e assunção à identidade cultural , pois o processo de reconhecimento é um processo de reconhecer a particularidade cultural do educando , e colocar em prática pedagógica em que redistribua o conhecimento sem deixar de reconhecer a identidade cultural do aluno e respeitá-la . Na segunda parte da obra , Freire critica a instrumentação do ensino tradicional , na qual ele chama de bancário . Para o autor , ensinar exige consciência de inacabamento , uma concepção de que educar exige do professor uma flexibilidade pela questão que conhecimento é objeto em constante transformação . O educador deve reconhecer que é um ser condicionado às condições materiais que oprimem sua humanidade e do seu aluno , pois reconhecer as condições materiais desfavoráveis é a primeira instância para criação de mentalidade criticada do mundo , uma leitura mais concreta do mundo , fazendo o aluno pensar certo . Todavia isso não significa ensinar uma forma lógica e instrumental do mundo , o ensino bancária , pois ato de ensinar é respeitar a autonomia do aluno e despertar mais autonomia do mesmo a partir do ato de ensinar . Isso exige um bom senso do professor , no ato de ensinar , tratando o aluno como ser autônomo e pensante . Todo educador deve ser humilde , tolerante e lutar pelos seus direitos . Todavia isso significa que os educadores devem ter posição política definida , pois não pode o educador fingir não perceber realidade do mundo ; pois ensinar exige apreensão da realidade , pois o ato de educar não dever ser um ato ingênuo e alienante , mas um de superação da ingenuidade e alienação do educando . Todavia o professor deve ensinar com alegria e esperança , onde o professor deve ter a convicção de que mudança é possível . Essa mudança é superação do modelo educacional e social vigente . Ensinar exige curiosidade do professor , pois esse deve ser um pesquisador no qual aprende e ensina com aluno , pois a relação entre o concreto e abstrato , é uma relação de leitura reflexiva do mundo em nossa volta . Na terceira e última parte desse livro Freire disserta que ensinar é uma especificidade humana , teoria essa que Durkheim e Mannheim também instituíram em seus escritos . Mas na teoria de Freire , a uma racionalidade nessa especificidade humana . Todavia ensinar exige segurança no ato didático de uma forma reflexiva e com humildade . Ensinar também do professor competência profissional , pois o professor tem a missão de ensinar o aluno a pensar certo de uma forma competente . Além de ser competente o professor deve ser também generoso , não devendo nada de conhecimento ao aluno e nem se negar a ensinar nada ao aluno . Para Freire o professor deve ensinar com comprometimento . Isso significa que o ato de ensinar deve ser um compromisso social de superação e transformação do sujeito em ser autônomo e reflexivo . Todavia a educação é forma de intervenção do mundo , e maneira de como nos comprometemos com ela certamente irá refletir no futuro e na construção da sociedade . Por isso , deve se ensinar com liberdade , sem perder a autoridade , onde isto somente se cria reconhecendo e respeitando a “ autonomia do ser ” no aluno . Segundo Paulo Freire ensinar exige tomada consciente de decisões , pois toda decisão tomada irá influenciar na leitura da vida do aluno . Tomar decisões significa saber escutar , pois o professor deve respeitar e escutar a posição do educando , e não decidir e nem proceder na aprendizagem uma forma autoritária de ensino . Todavia ensinar é reconhecer que toda educação é ideológica . O ensino bancário tradicional reproduz a ideologia capitalista burguesa . O ensino libertário proposto por Paulo Freire é construção de uma nova ideologia que rompe com hegemonia vigente do capital . Isto significa que educação é ideologia , por mais imparcial que essa possa parecer . O professor deve estar disponível ao diálogo , não somente ao diálogo com aluno , mas sim ao diálogo com a comunidade e a realidade a sua volta . Pois o ato de educar exige estar aberto a novos horizontes . Finalizando , Paulo Freire diz que educar é ato de querer bem os educandos , isto é , educar é um ato de amor . O professor não deve somente amar os alunos , mas sim libertá-los da inocência no qual vivem respeitando seus conhecimentos , construindo um pensamento reflexivo perante o mundo ao seu redor . Vemos que teoria de Paulo Freire ainda não foi superada em sua totalidade , pois seu método ainda não foi aplicado em todo seu conteúdo . Assim como Mannheim , Paulo Freire não teve a oportunidade de aplicar durantes anos o seu método . Apesar de seu método ter sido aplicado na alfabetização de adultos em certa época no Brasil e São Tomé e Princípe , com processo gerador de conhecimentos , mas se percebe que o método Paulo Freire pode ser aplicado em todos os níveis de educação , desde básica ao nível superior por toda sua amplitude teórica . Paulo Freire propõe construir um novo ethos pedagógico no sentido weberiano , um novo espírito para ensinar e educar os alunos com finalidade de construir uma ideologia critica que desconstruía a antiga ideologia burguesa . Assim como os atores anteriores a Freire como Bakhunin e Mannheim , ou posteriores como Mészaros , o autor acredita na educação como forma de superação do capitalismo . Pedro Demo critica , de certa forma , que esse tipo de educação possa ser como a única forma de superação da sociedade capitalista , pois a educação dita popular corre risco de se tornar uma forma de dominação como a educação convencional nos processos de politicas populistas de educação , o que significa que devemos é proteger esse método de educação com finalidade de manter sua pureza estética . Percebemos , que como a teoria marxista , a teoria educacional freiriana foi corrompida várias vezes com a finalidade de manter o status quo capitalista ou como forma mais refinada da dominação burguesa na sociedade . Assim , a proposta educacional dita popular ( mas na verdade populista ) se torna uma abstração de si mesma . Todavia devemos respeitar Paulo Freire , por propor um método educacional altamente social , colaborando também com a sociologia da educação com sua proposta de educação popular e libertária ; proposta essa que nunca foi colocada em prática em sua totalidade ou foi colocada uma abstração de seu método , pois isso seria perigoso para dominação capitalista e sua hegemonia ideológica . A L 'Oréal e o amigo da minha mãe Liliane Bettencourt , a mulher mais rica da França e única herdeira do fundador da L 'Oreal : sanidade questionada após dar 1bilhão de euros em presentes a um fotógrafo Paulo Nogueira , de EXAME de Paris , de EXAME Uma senhora de 87 anos , cabelos cuidadosamente fixados com laquê , forte ainda o suficiente para manter um regime de exercícios físicos dignos de gente jovem , esguia e lépida em seu quase 1,80 metro , está mesmerizando os franceses . Discreta até não poder mais a vida inteira , recolhida em sua mansão formidable no subúrbio parisiense de Neuilly , Liliane Bettencourt tem estado no meio dos holofotes em regime de 24 por 7 . Mulher mais rica da França e da Europa , e a número 3 no mundo , atrás apenas das herdeiras de Sam Walton , Liliane vem tentando provar que não perdeu o juízo . Com uma fortuna calculada em 20 bilhões de dólares , única herdeira da maior empresa de cosméticos do mundo , a L’Oréal , Liliane enfrenta , nos tribunais , a filha Françoise . Como ela mesma , Françoise , de 57 anos , autora de um estudo em três tomos sobre a Bíblia , é também filha única . Françoise decidiu tentar interditar a mãe depois que lhe chegou a informação , passada por uma mulher que cuidava do patrimônio de Liliane , de que ela estava fazendo transferências maciças para um amigo novo , um homem 24 anos mais novo , o fotógrafo de celebridades François-Marie Banier . Entre dinheiro , obras de artistas como Picasso e outros bens que podem incluir uma ilha em Seychelles , Banier recebeu da bilionária uma cifra que gira em torno de 1 bilhão de euros , cerca de 3 bilhões de reais . O julgamento apenas começou . Se Banier for considerado culpado de “ explorar a fragilidade ” de Liliane , poderá receber uma sentença de prisão de três anos . Não se trata de um caso outonal de sexo para Liliane , viúva . Banier é abertamente gay . Fotógrafo reconhecido e admirado em Paris , seu portfólio é o de um profissional do primeiro time . A Paris boêmia dos últimos 40 anos foi retratada por poucos como foi pelo protegido da herdeira da L’Oréal . Sua fama cruza o Atlântico : ele já fez capas para a ultraexigente Vanity Fair americana . A mais recente teve como protagonista o ator Johnny Depp . Banier foi casado com um ator francês . Agora vive com um sobrinho do antigo parceiro , 30 anos mais novo que ele . Os caminhos de Liliane e Banier se cruzaram quando ele foi fotografá-la . Foi o marco inicial de uma relação extravagante além de todos os cálculos . Se ele não lhe dava sexo , como entender tamanha prodigalidade da bilionária ? Uma das hipóteses mais cogitadas é que Banier introduziu Liliane no colorido mundo boêmio parisiense , uma novidade tentadora e fascinante para quem , como ela , vivera décadas na companhia maçante de políticos e homens de negócios . Seu marido , André Bettencourt , morto quase nonagenário há três anos , era político . Bettencourt era um velho financiador do UMP , o partido do presidente Nicolas Sarkozy . Num dos desdobramentos sensacionais , o caso acabou resvalando em Sarkozy e seu UMP , de centro-direita . Um mordomo indiscreto — ninguém sabe direito ainda com quais intenções — gravou dezenas de horas de conversas na mansão de Liliane . As f tas , que estão nas mãos da polícia , apimentaram ainda mais o caso . Há suspeitas de evasão fiscal e de doações ilegais . Um dos ministros mais próximos de Sarkozy , Éric Woerth , alvo dos caricaturistas pela postura torta que lhe dá sombra de 5 horas e pela exuberante calvície , está no centro das turbulências . A mulher de Woerth fazia parte da equipe que cuida do dinheiro da bilionária . Dificilmente as movimentações da fortuna chanceladas pela mulher do ministro seriam investigadas pelo governo , num caso de conflito de interesses que faz o que se tem visto no Brasil parecer jogo de buraco . A imprensa francesa gritou . A mulher de Woerth se demitiu do cargo . O próprio Woerth , que era tesoureiro do UMP , é agora exclusivamente ministro do Trabalho . Segundo Sarkozy , a mexida não se deve à vulnerabilidade da posição de Woerth diante das revelações . O motivo , afirma Sarkozy , é a importância de um combatido projeto do governo que mexe no sacrossanto sistema de aposentadoria da França , o paraíso do joie de vivre em que os trabalhadores têm cinco semanas pagas de férias , jornadas de 40 horas semanais e se aposentam em tempo de frequentar os cafés em demoradas conversas filosóficas por muitos anos . Abismo Sarkozy foi à televisão para associar as denúncias à tentativa de seu governo de elevar de 60 para 62 anos a idade da aposentadoria . As centrais sindicais francesas — entre as raras , em todo o mundo , que são capazes de literalmente parar um país — ameaçam , para os próximos dias , greves cujo objetivo é fazer o governo simplesmente desistir do projeto . Sarkozy vai para a etapa final de seu mandato de cinco anos como uma sombra do que foi ao chegar . As promessas de uma França renovada sob os pilares de um capitalismo mais competitivo não deram em nada . Eleito numa plataforma liberal , inspirada na Inglaterra de Margaret Thatcher , Sarkozy deu meia volta e , na crise econômica global em que a desregulamentação financeira jogou um papel negativo relevante , decretou a morte do “ capitalismo anglo-saxão ” . Para tocar a França de sempre , em que os trabalhadores enxergam nas empresas adversários cujos interesses estão em perpétuo conflito , os franceses aparentemente têm outras preferências . É difícil imaginar , hoje , Sarkozy reeleito . Sua popularidade , neste momento , está no abismo dos 26% — um terço , para que se tenha uma ideia , do número de Lula . O casamento com Carla Bruni não contribuiu em nada para o prestígio de Sarkozy . Desde sempre , os franceses apreciam em seus governantes casamentos discretos e primeiras-damas quase invisíveis . Carla Bruni é o oposto disso : há pouco tempo , deixou escapar que numa visita à Inglaterra deixara a Rainha Elizabeth II esperando num encontro marcado no Palácio de Buckingham porque perdera a hora numa sessão de sexo matinal com seu marido . O caso L’Oréal tem um interesse estratégico para a França que vai além dos caprichos de Liliane . Com seu faturamento de 20 bilhões de euros por ano e seu exército de cerca de 70 000 funcionários , a L’Oréal tem um papel de destaque na vida — e nas contas — dos franceses . Um terço da empresa pertence à suíça Nestlé . Circularam rumores , recentemente , de que a Nestlé tomaria o controle e transferiria a sede para a Suíça . Seria o enterro das pretensões de Sarkozy a um segundo mandato e um golpe cruel no orgulho — e no orçamento — dos franceses . Numa longa e rara entrevista concedida à revista semanal Paris Match , Liliane Bettencourt afirmou que em sua vida a L’Oréal jamais deixará de ser francesa . Ela mostrou uma agilidade mental notável na conversa . Diante de uma pergunta sobre as doações de dinheiro , respondeu ao entrevistador : “ Você faz ioga ? ” Ele disse que não . “ Deveria . ” Liliane não se furtou de falar sobre o dinheiro que deu a Banier . “ Dei porque ele me pediu ” , justificou . Num jogo psicológico que vai exigir um bocado dos jurados , ela disse que queria ver até onde ele ia em sua tentativa de manipulá-la . Era como se a manipulada estivesse secretamente manipulando o manipulador , segundo a complexa explicação dada com candor charmoso pela bilionária . “ É uma grande diversão ver até onde vão as pessoas manipuladoras ” , segundo ela . Na abertura de Ana Karenina , Tolstoi escreveu que as famílias infelizes são infelizes cada qual a sua maneira , ao contrário das famílias felizes , todas parecidas . A dinastia que ergueu e controla a L’Oréal cabe bem na tese de Tolstoi . Mãe e filha não se falam , embora possam se ver de suas casas em Neuilly , uma de frente para a outra . O fundador da L’Oréal , Eugène Schueller , um químico e empreendedor de gênio , simpatizava com o nazismo e foi suspeito de colaboracionista durante a ocupação alemã da França , na Segunda Guerra . A neta Françoise , em contrapartida , casou com um judeu cujo pai morreu em Auschwitz . A revista americana Vanity Fair dedicou em sua última edição uma reportagem extensa ao caso . Logo no primeiro parágrafo , o autor nota que se um roteiro desses chegasse a um estúdio seria recusado pela inverossimilhança . Liliane Bettencourt diz que agora tem de respirar . Ela se declara cansada tanto do amigo próximo quanto da filha afastada . Diz que os dois a absorvem muito . Para Banier , a festa , aparentemente , chegou ao fim . Se ele sair do processo com algum dinheiro do que recebeu sem ir para a cadeia , vai estar no lucro . Quanto a Françoise , a filha , a Justiça vai dizer quem está com a razão — se ela , ao dizer que a mãe perdeu o juízo , ou a mãe , ao rebater que a filha quer enviá-la “ mais cedo para o caixão ” . São Paulo – O Brasil caiu uma posição e ficou no 57º lugar entre 61 países na última edição do ranking de competitividade da escola de negócios suíça IMD , divulgado hoje . É nossa pior posição desde que o ranking começou a ser publicado em 1989 . A perda acumulada é de 19 posições desde 2010 , quando o Brasil teve seu melhor resultado : 38º . O Brasil está na frente apenas de 4 países : Croácia , Ucrânia , Mongólia e Venezuela . Neste ano fomos ultrapassados pela Argentina , que subiu 4 posições e ficou em 55º . Em 36º , o Chile é a única economia latino-americana que não está entre os 20 últimos . “ Esse ano pode ter tido a influência de vários fatores , mas o cenário é de declínio constante ” , diz José Caballero , pesquisador-sênior do Centro de Competitividade Mundial do IMD . Um terço da pontuação vem de uma pesquisa de percepção de executivos , realizada no Brasil pela Fundação Dom Cabral entre janeiro e abril com mais de 200 respondentes . A má posição do país reflete ao mesmo tempo pioras objetivas pontuais , a perda de espaço relativo na corrida com outros países e também um período interno longo de incerteza e falta de confiança . “ O ano passado foi a primeira vez que o Brasil recuou de nota em relação a si mesmo , e os outros países não estão parados nos esperando ” , diz Carlos Arruda , professor da FDC e coordenador do estudo no Brasil . Na contramão de uma Ásia com declínio relativo de competitividade , Hong Kong lidera o ranking desbancando os Estados Unidos , que caiu para terceiro . Em segundo está a Suíça . O Brasil ficou na 55ª posição em " Performance Econômica " , uma queda de 25 posições em relação ao seu melhor momento ( 30º lugar em 2011 ) . Isso foi um reflexo do cenário dramático da economia brasileira no ano passado , com queda do PIB de 3,8% , inflação de dois dígitos e desemprego em disparada ( item que foi de 14º para 43º no ranking geral ) . A formação bruta de capital fixo caiu 15 posições e ficou em 59º enquanto a despesa de consumo das famílias despencou 52 degraus . Por seu tamanho , o Brasil se beneficia em critérios de números absolutos , tais como investimento estrangeiro direto e escala do mercado de trabalho . Eficiência do Governo O Brasil ficou em último no pilar “ Eficiência do Governo ” , com a penúltima posição em critérios como custo de capital , transparência , burocracia , barreiras tarifárias , déficit do governo , regulações de trabalho , finanças públicas e spread de juros . O cenário de crise ética e institucional pelos olhos do empresariado pode ser vislumbrado claramente : também somos penúltimo lugar mundial em percepção de " transparência " e " propina e corrupção " . Também houve piora sensível no item “ risco de instabilidade política ” ( a pesquisa foi feita durante o desenrolar do impeachment ) ao mesmo tempo em que melhorou a percepção de " Justiça " . De acordo com Arruda , isso é fruto de " Operação Lava Jato direto e da percepção nas empresas de que o Judiciário está operando de forma mais independente e eficiente ” . Eficiência dos Negócios O Brasil chegou a 27ª posição no pilar de Eficiência de Negócios em 2012 , mas foi caindo até chegar ao 51º lugar em 2015 , onde continuou em 2016 . Isso é reflexo de notas baixas em itens que medem produtividade , práticas corporativas e habilidades da força de trabalho . “ Para competir em uma economia baseada em conhecimento , você precisa ter esse tipo de fundamento , e o que mais me preocupa no Brasil é a capacidade de inovar . As empresas precisam ser flexíveis e ter estratégias que possam mudar dependendo do momento , além de trabalhadores com habilidades particulares ” , diz Caballero . O crescimento real da produtividade brasileira caiu 12 posições em um ano , de 48º para 60º . A produtividade das companhias e dos trabalhadores continuou na mesma posição : 60ª e 58ª , respectivamente . Infraestrutura Na parte de infraestrutura , o Brasil ganhou 7 posições . Parte disso vem da melhora de alguns indicadores , como a infraestrutura aeroportuária e de acesso à água após a seca de 2014 . O investimento em telecomunicações , por exemplo , era calculado pela porcentagem do PIB e passou a ser medido pelo gasto de capital agregado , o que favorece países com grande volume . O Brasil está bem posicionado no nível total de gasto público em educação ( 9º lugar ) e de gasto em saúde ( 12º lugar ) , mas patina na nota do sistema educacional ( 59º ) e na infraestrutura de saúde ( 60º ) . De acordo com os pesquisadores , isso revela que o país não aplica os recursos que tem de forma correta e eficiente . " Isso me diz que o investimento está sendo feito de forma errada . O Brasil precisa de políticas claras e consistentes e de consenso social sobre para onde quer caminhar " , diz Caballero . Só falta você São Paulo - Infelizmente , seu nome não vai constar na lista a seguir . Organizada com dados da Bloomberg , ela reúne as pessoas que mais ganharam dinheiro em 2013 . É o caso de Sheldon Adelson , dono de cassinos em Las Vegas . Ou de Lui Che Woo ( que viu sua fortuna crescer 116,8% ) e velhos conhecidos - como Mark Zucerkberg ( do Facebook ) , Larry Page e Sergey Brin ( ambos do Google ) . Jornais Online da Austrália - Notícias da Austrália Jornais da Austrália , Sydney , Últimas notícias , jornal australiano , ler o seu jornal preferido online em um só lugar , e saber sobre as últimas notícias sobre esportes , política , economia , tecnologia e muito mais . jornais esportivos da Austrália . Idioma País Cidade Programa Universidades em França Se frequentar uma das universidades em França é o seu objetivo , podemos te ajudar a chegar lá . Nossos programas para alunos universitários na França variam de cursos curtos de férias a intercâmbios que duram de um semestre a um ano letivo inteiro , qualquer que seja a sua escolha se tornará , com certeza , mais fluente no Francês . programa(s ) encontrados Universidades em França Você sonha em se tornar um estudante em Universidades em França ? Tenha certeza que suas habilidades linguísticas estão prontas para o desafio fazendo um curso de preparação para admissão em Universidades em França . Trabalharemos no seu francês com você e o ajudaremos a se familiarizar com requerimentos de entrada em universidades francesas . Um curso de preparação é a forma ideal de experimentar a vida de estudante na França em um ambiente mais cuidadoso que a universidade em si . Se você está atualmente na universidade em outro lugar do mundo , você também pode fazer um curso para Universidades em França entrando em um programa de intercâmbio para melhorar suas habilidades na língua francesa . Planeje o curso de idiomas perfeito para você Uma vez que você decida se inscrever em um curso para Universidades em França , você pode então desenvolver todos os outros aspectos do seu curso para transformá-lo na experiência ideal . Escolha se você quer estudar em Paris ou Nice , dependendo dos seus gostos pessoais e como você gostaria de passar seu tempo livre . Você também pode decidir a duração e intensidade do curso , assim como qualquer modulo de interesses especiais para adquirir um discernimento mais profundo da cultura francesa . Qualquer curso para Universidades em França que você escolha , você receberá o mesmo nível de instrução de idioma . Nós mantemos os tamanhos das turmas pequenos para você receber atenção individual e apoio para ajudá-lo a alcançar seus objetivos . Descubra como fazer uma festa junina educativa O mês de junho é repleto de festividades relacionadas ao catolicismo , eventos estes carregados de tradições que vão desde a vestimenta até o preparo de comidas típicas . Contudo , esse real sentido das festas tem se perdido ao longo do tempo , abrindo espaço para novas manifestações artísticas , deixando para trás o verdadeiro sentido das festas . Por exemplo , o São João tradicional com o forró pé de serra está perdendo espaço para as festas com atrações musicais que fogem do estilo autêntico desta época do ano , a exemplo do sertanejo e do forró estilizado . Todas estes aspectos que estão sendo esquecidos nas festividades juninas precisam ser resgatados de alguma forma . Seja em casa ou dentro dos centros de educação , é preciso acender o interesse das pessoas com relação a estes festejos , para que a tradição seja perpetuada . Para tanto , é necessário iniciativas com o objetivo de educar os mais jovens e alertá-los sobre a importância destas datas para a cultura . Resgatar a historicidade das festas O interesse pelas festas de rua está tão em evidência , que as pessoas esquecem o real sentido das festividades juninas . Poucos sabem , por exemplo , que além de homenagear os santos católicos , as comemorações servem como forma de agradecimento Divino pelas colheitas . Durante o mês de junho , no Brasil , a estação é o inverno , por isso que as comidas típicas são feitas de milho , tendo em vista que o nascimento deste cereal é mais propício nesta época do ano . Foto : Depositphotos Outros aspectos importantes desse resgate histórico são as manifestações culturais , como a dança e as músicas . Em cada canto do país , por exemplo , existe uma dança típica . No Maranhão tem o “ bumba meu boi ” , em Minas Gerais a “ Congada ” , já nos estados da região Nordeste prevalece as quadrilhas e os festejos tradicionais . Isso tudo sem contar com as músicas que prevalecem em cada região . Desmistificar a caricatura do homem do campo Curtir as festas juninas é uma boa oportunidade de eliminar certos preconceitos , principalmente com relação ao homem do campo . São coisas básicas que fortalecem os estereótipos de quem vive e trabalha na roça . Por exemplo , usar roupas com remendos , utilizar-se de chapéu de palha e muitas vezes colocar um capim no canto da boca , ou até mesmo pintar um dos dentes , para similar que é banguelo . Todas estas atitudes mostram o quanto a sociedade está condicionada à criar rótulos para uma vivência que não a pertence , por isso , criar uma festa junina educativa é também eliminar a discriminação das pessoas que vivem no campo . Produzir festividades com o objetivo de ajudar Envolver crianças , adultos e idosos na elaboração de festas é uma forma de repassar os conhecimentos para novas gerações . Além disso , famílias ou instituições podem movimentar seus integrantes com o intuito de organizar eventos juninos com o objetivo não de arrecadar dinheiro , mas sim de ajudar a quem precisa . Coaching EBEJI acompanhe Atendendo às necessidades de alunos que buscam a melhor preparação de alto rendimento para concursos públicos de Procuradorias Estaduais , a EBEJI – Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet – oferece o programa Coaching PGE , com a experiência de quem mais aprova nos concursos de Advocacia Pública . O Coaching PGE é voltado para o estabelecimento de metas que consideram as competências do aluno , a utilização das melhores ferramentas disponíveis na preparação e a superação das dificuldades encontradas pelo estudante , em um processo focado no desenvolvimento e no atendimento individual , para o alcance do melhor resultado no menor tempo possível . O plano de aprovação desenvolvido pelo Coach baseia-se no planejamento e cumprimento de metas de preparação , traçadas a médio e curto prazo . Estabelecem-se , dessa forma , metas de conteúdo jurídico para um quadrimestre , dentro do qual se inserem metas mensais , que , por sua vez , compõem-se de metas semanais . Os referidos temas podem ser encontrados na bibliografia e materiais indicados pelo Coach . ENTENDA O MÉTODO O primeiro passo é o PLANEJAMENTO . Levando em consideração os temas jurídicos cobrados nos principais concursos de PGE , bem como o estágio de preparação do aluno , o Coach elaborará uma planilha de metas , traçadas , inicialmente , para 16 ( dezesseis ) semanas – módulo I ( entenda o módulo I abaixo ) . O Coach compromete-se a acompanhar , individual e semanalmente , a preparação do aluno , para que este relate suas dificuldades , dúvidas e êxitos , dispondo-se , obviamente , a respondê-lo sempre que necessário e possível . O acompanhamento envolve , ainda , a motivação do coachee , para que este consiga cumprir as metas com qualidade de aprendizado . Além disso , também aos finais de semana , o coachee receberá um simulado com 10 ( dez ) questões objetivas e 2 ( duas ) discursivas , abordando os temas estudados durante o período . As questões discursivas serão corrigidas individualmente e pontuadas de 0 ( zero ) a 10 ( dez ) . Na correção , serão apontadas ao aluno as deficiências que precisam ser melhoradas , bem como as virtudes que devem ser conservadas , buscando-se , ao fim e ao cabo , otimizar o seu desempenho no concurso público almejado . O Coaching EBEJI não é só planejamento : nós produzimos AULAS e materiais de estudo direcionados . Partimos do pressuposto lógico de que o candidato , para passar , precisa de CONTEÚDO JURÍDICO . É essa a nossa proposta ! Por isso , o aluno terá acesso aos cursos da EBEJI imprescindíveis à aprovação em concursos PGE , de acordo com a sua necessidade e orientação do Coach . Com um intenso programa de REVISÃO semanal , o aluno estará sempre rememorando o conteúdo estudado , de forma a otimizar a absorção das disciplinas jurídicas de cada módulo , fixando o que , de fato , importa para sua aprovação . MÉTODO PASSAR O nosso plano de aprovação , portanto , tem nome e representa ao final , a conquista de um resultado . Chama-se Método PASSAR , cujas letras resumem a trilha que percorremos até a sua passagem de " concurseiro " para " concursado " : Planejamento Acompanhamento Simulados Objetivos Simulados Subjetivos Aula e material Revisão Nossa metodologia oferece , pois , TUDO o que você precisa para ser aprovado em certames de procuradorias , inexistindo algo parecido no mercado ! OBJETIVO E DESENVOLVIMENTO DO COACHING PGE Como se sabe , a preparação para concursos públicos tem apresentado cada vez mais desafios e complexidade . Com isso , o domínio das técnicas de estudo , a identificação das melhores fontes de conteúdo , das mais adequadas ferramentas de preparação , das formas de otimização do tempo e de organização das metas são aspectos essenciais para a aprovação . O objetivo do Programa Coaching PGE é , então , capacitar juridicamente o candidato , em um prazo de 12 ( doze ) meses , a estar apto para prestar concursos públicos de Procuradorias Estaduais com condição real de aprovação . O programa é dividido em três módulos sucessivos , cada um com duração de 4 ( meses ) : MÓDULO I : direcionado aos alunos que estão iniciando a preparação para concursos de procuradorias . O coachee terá acesso a uma planilha de metas de conteúdo jurídico traçadas para 16 ( dezesseis ) semanas . As disciplinas estudadas durante esse módulo são : Direito Constitucional , Direito Administrativo , Direito Tributário , Direito Processual Civil ( aplicado à Fazenda Pública ) , Direito do Trabalho ( aplicado à Administração Pública ) e Direito Processual do Trabalho ( aplicado à Fazenda Pública ) . Além disso , o estudo dos informativos de jurisprudência também integrará as metas semanais . Prioridades : doutrina e jurisprudência , acompanhando-se o desenvolvimento dos temas pela lei seca . MÓDULO II : direcionado aos alunos que concluíram o primeiro módulo , bem como aos candidatos que se sintam seguros nas matérias acima elencadas . Nesse módulo , seguir-se-á a mesma metodologia adotada no anterior , com o planejamento de metas para 16 ( dezesseis ) semanas . As matérias aqui trabalhadas serão : Direito Processual Civil , Direito Civil , Direito do Trabalho e Processo do Trabalho , Direito Empresarial , Direito Financeiro , Direito Previdenciário e Direito Ambiental . A elas acrescenta-se o estudo dos informativos de jurisprudência . Prioridades : doutrina e jurisprudência , acompanhando-se o desenvolvimento dos temas pela lei seca . MÓDULO III : direcionado aos alunos que concluíram os módulos anteriores , bem como aos candidatos que se sintam seguros em nas matérias neles enumeradas . Nessa parte da preparação , serão traçadas novas metas para 16 ( dezesseis semanas ) . Partindo-se da premissa de que todas as disciplinas foram bem estudadas , alteram-se , nesse módulo , as prioridades , que passam a ser : revisão de todo o material estudado ( doutrina e jurisprudência ) , bem como leitura e memorização da lei seca e súmulas de jurisprudência , acompanhadas de treinos mais intensos de questões objetivas e discursivas . FUNCIONAMENTO DO COACHING EBEJI Para alcançar os objetivos traçados , a EBEJI oferecerá exclusiva preparação que contará com os seguintes instrumentos : Definição de objetivos concretos com o estabelecimento de metas de curto , médio e longo prazo ; No momento adequado , análise do edital da carreira da advocacia pública escolhida pelo orientado , com atenção a possíveis interesses secundários ( outros concursos de interesse ) ; Contato direto com o orientador , de acordo com as necessidades identificadas ; Acesso ao GEAGU objetiva , durante o desenvolvimento do coaching ; Acesso ao Curso Fazenda Pública em Juízo ; Bônus de R$ 500,00 para utilização em cursos online da EBEJI durante o período de contratação . Outras ferramentas eventualmente disponibilizadas pela EBEJI . Observação : as ferramentas EBEJI serão disponibilizadas de acordo com a indicação do professor e ao que for ajustado com o aluno . VAGAS Serão oferecidas , inicialmente , 30 vagas no Módulo I . PRAZO DE DURAÇÃO O contrato do Programa Coaching PGE , para cada módulo , tem duração de 4 ( quatro ) meses , devendo-se , caso ambas as partes tenham interesse em continuar desenvolvendo o plano de aprovação nos próximos módulos , renovar o contrato , por igual prazo de duração . A EFICIÊNCIA DO MÉTODO Amanda Neves “ O coaching me proporcionou um valioso resultado em meu primeiro certame da carreira : aprovação na PGE / RN . Além das dicas e materiais fornecidos , aprendi a organizar o estudo , estabelecendo metas semanais , mensais e quadrimestrais . Trata-se de uma preparação a médio prazo , visando à apreensão efetiva dos conteúdos estudados . Outrossim , o objetivo do coaching não se limita à superação da primeira fase , a prova objetiva , mas visa , realmente , à aprovação , preparando o aluno para as provas discursivas e práticas , terrenos áridos para a maioria dos candidatos ” . Amanda Neves Concursos públicos sempre permearam a minha vida , como um sonho , que parecia cada vez mais distante de ser alcançado , já que precisava dividir as horas de estudo com a rotina de trabalho , numa tentativa hercúlea : estudava a noite , nos fins de semana , horários de almoço , férias , quando dava . Mesmo assim , apesar dos esforços empreendidos , sempre tinha a sensação de que não conseguia reter os conhecimentos , memorizar , apreender direito , e parece que aquilo que eu estudava nunca caia na prova . Não sabia o que de errado me acontecia , e , até conseguia detectar algumas falhas , mas faltava algo que não sabia explicar . Conseguia chegar a um nível entre 50% a 60% de acerto , mas esse percentual não me garantia a aprovação , e , com o passar do tempo , ficava cada vez mais desestimulada , por tantas tentativas frustradas . Tentei VÁRIOS concursos e quando enfatizo em letras garrafais não é exagero da minha parte ; é porque todo tipo de edital dominava meus estudos : analista , juiz , defensor , promotor , procurador federal , advogado geral da união , delegado da polícia civil , cartório , INSS , escrivão , agente da polícia federal , etc . Acreditem , eu prestei todos esses concursos públicos . Alguns , cheguei em outras fases , mas nunca aprovação . Foram muitos anos de aulas on line e cursinhos ; entretanto acabava desistindo , num desgaste emocional , físico e mental . Precisava de algo impactante , que me desse um rumo , saber realmente qual era a minha Vocação ; descobrindo uma forma sadia , constante , disciplinada , focada , aprendendo realmente a estudar , otimizando meu tempo . E tudo isso foi possível , graças ao coalching Ebeji que me foi apresentado por indicação de uma amiga . Com o professor Ubirajara , detectei a minha primordial necessidade : ter um FOCO ! Saber qual carreira é minha vocação , através das matérias e assuntos que mais me identifico , e seguir sem desviar meu caminho ; desta forma , optei por iniciar o coalching PGE . Começou então uma preparação que requer disciplina , orientação , estudando o que realmente é importante por uma doutrina moderna e atualizada . Através do Coalching , percebi que meus estudos semanais precisavam permear a doutrina , a leitura da lei , dos informativos , dos simulados , e ao final , uma boa revisão de tudo . O que parecia ser impossível de ser feito toda semana com o tempo que eu tinha disponível ; contudo , da maneira como fui direcionada , com o planejamento semanal do coalching , tenho tido uma preparação completa para enfrentar qualquer banca de concurso de forma segura . O cronograma das matérias e assuntos são divididos de uma forma que facilita e melhora a aprendizagem . Antes , tinha uma dificuldade em não chegar a assuntos importantes de determinadas matérias , porque perdia muito tempo nos primeiros capítulos e não alcançava os pontos fundamentais . Priorizava algumas matérias em detrimento de outras . Muitas vezes , chegava na prova sem dominar nem dez por cento do conteúdo de algumas matérias , sem falar na dificuldade que tinha de acompanhar e entender a leitura dos informativos . Tudo isso , somado ao acompanhamento fuul time do professor Ubirajara aclarando minhas dúvidas . Antes , cheguei até a perder questão em prova por me orientar por alguma doutrina ou entendimento isolado , sem saber como a banca pensava . Hoje , posso tirar minhas dúvidas no momento em que elas surgem , com segurança , de maneira fundamentada , sem atrasos nos estudos . Concretizar um sonho é torná-lo uma meta ; e novas metas , são traçadas e alcançadas a cada dia . O resultado é conseqüência de um caminho . O coalching tem me ensinando a aprender , tem traçado as minhas metas , tem caminhado comigo . O resultado é conseqüência para aqueles que não tem medo de se colocar nessa estrada e alcançar os sonhos que já são seus . Se de alguma forma você se identifica com esse meu depoimento : se está cansado , porque já prestou muitos concursos , está pensando em desistir , ou mesmo está querendo começar , mas não sabe por onde iniciar - não perca tempo ! Coloque-se nessa estrada , porque o melhor está por vir ! Obrigada professor Ubirajara e toda equipe Ebeji . Começando agora o modulo II do coalching PGE , muito mais segura , firme , preparada e feliz ! Professores Não chegaríamos aos resultados mencionados sem uma excelente equipe de professores . A Escola Brasileira de Ensino Jurídico pela Internet foi criada com intuito de auxiliar candidatos que se preparam para concursos públicos , fornecendo materiais e aulas via internet . Junte-se a nós e garanta o seu futuro ! sábado , 13 de setembro de 2014 Novelas Inesquecíveis – Despedida de Solteiro ( 1992 ) Esta semana o Canal Viva lançou a enquete para o público escolher a reprise que vai substituir História de Amor(1995 ) , a partir de 10 de novembro . As opções são : Lua Cheia de amor(1990 ) , remake de Dona Xepa , escrita por Ricardo Linhares , Ana Maria Moretzsohn e Maria Carmem Barbosa ; Despedida de Solteiro(1992 ) e Tropicaliente(1994 ) , ambas do autor Walther Negrão . Das três opções , Despedida de Solteiro era a única , até hoje , a não figurar na seção novelas inesquecíveis do e10blog . Para corrigir esse erro , hoje ela é a nossa estrela . Sou fã inveterado das novelas do Negrão , o estilo do autor me encanta , e a muitos outros telespectadores também , levando em consideração o sucesso de suas novelas . Por que não chama-lo de “ Mago das Seis ” ? Afinal muitas das suas tramas da década de 80 e 90 são verdadeiros clássicos do horário . Despedida de Solteiroé uma delas . A trama foi escrita às pressas para substituir Mulheres de Areia , que teve que ser adiada por causa da gravidez de Glória Pires , e mesmo assim conseguiu fazer bonito e entrar pro hall das grandes novelas do autor . O Lp internacional da novela foi o primeiro “ DISCO ” que eu comprei com o suor do meio trabalho . Lembro-me como hoje a minha ânsia aguardando minha Tia ( quem eu havia pedido para fazer a compra na capital ) chegar com aquela bolachona com o quarteto protagonista na capa ( Paulo Gorgulho , Felipe Camargo , Eduardo Galvão e João Vitti ) . Aliás , a trilha internacional da novela é inesquecível com clássicos como “ Breakaway ” da Donna Summer ; “ Do It To Me ” do Lionel Ritchie ; “ Please Don´t Go ” do Double You ; “ Why ” na voz da Annie Lennox ; “ I Like Shopin 91 ” do Gazebo entre outros . A novela conta a história de Pedro ( Paulo Gorgulho ) , Paschoal ( Eduardo Galvão ) e Xampu ( João Vitti ) que passam a noite na farra comemorando o casamento de João Marcos ( Felipe Camargo ) . A festa termina numa cachoeira , e a jovem Salete ( Gabriela Alves ) é assassinada . João Marcos é preso na cerimônia de seu casamento com Lenita ( Tássia Camargo ) , e segue para a penitenciária com seus três amigos . Eles são condenados a 21 anos de prisão por um crime que não cometeram . O episódio fere Flávia ( Lúcia Veríssimo ) , irmã de Xampu e apaixonada por Pedro e faz com que Marta ( Lucinha Lins ) abandone o filho Léo ( Patrick Oliveira ) para assumir os negócios deixados por seu irmão Paschoal . Por sua vez , Lenita é envolvida pelo mau-caráter Sérgio Santarém ( Marcos Paulo ) e se casa com ele . Após sete anos de prisão , os quatro jovens retornam à cidade natal , Remanso , em liberdade condicional . Mas Xampu volta doente e pede no leito de morte que antes de partir quer se casar com Bianca ( Rita Guedes ) . A morte de Xampu é um duro golpe para Dona Emília Sousa Bastos ( Lolita Rodrigues ) , sua mãe , que passa a acumular ainda mais ódio contra Pedro , inviabilizando seu namoro com sua filha Flávia . Os três amigos que restaram ainda têm de lutar contra Sérgio Santarém , que não mede esforços para mandá-los de volta à prisão , ainda mais porque Lenita , sua mulher , nunca esqueceu seu ex-noivo , João Marcos . No meio dessa batalha , o trio ganha um novo aliado , Mike ( Jayme Periard ) , um americano cheio de mistérios chega a cidade , mais especificamente na oficina de Cirineu ( Mauro Mendonça ) , onde consegue trabalho e moradia . O jovem estrangeiro é disputado pelas duas filhas de Cirineu , Bianca e Nina ( Helena Ranaldi ) , braço direito do pai na oficina e que conquista o coração do jovem americano . Diferente do que se pensava o crime , mote principal da trama , não a transformou em uma trama sofrível , pelo contrário , Despedida de Solteiroera uma novela alegre e cheia de personagens marcantes , como já é praxe nas novelas do Negrão . Além da trama principal vale destacar o romance de Cirineu e Socorro , personagens do Mauro Mendonça e Cristina Mullins . No decorrer da trama ele é abandonado pela esposa , a alpinista social Soraia , que passa a dar valor ao marido depois desse romance que ele engata com a Socorro . A Relação entre Vitório e Léo , personagens do Elias Gleiser e Patrick Oliveira , foi outro ponto forte da trama . Depois do Vitório , o ator viveu outros personagens com a mesma vibe , cativando os telespectadores em especial as crianças , como o Tio Zé de Sonho Meu(1993 ) do autor Marcílio Moraes ; o Canequinha de Anjo de Mim(1996 ) e Vô Pepe de Era Uma Vez . . . ( 1998 ) ambas do Negrão . Adicionar legenda No elenco vale destacar ainda interpretações perfeitas de Lúcia Veríssimo como a dura Flávia ; Lucinha Lins como a doce Marta e Lolita Rodrigues , como a implacável Dona Emília Sousa Bastos . Mas o destaque feminino mesmo ficou por conta da recordista Ana Rosa , que viveu a interesseira Soraia , com as suas idas e vindas ao interesse de casar sua filha Bianca com um homem rico . Acho a Soraia o melhor momento da Ana na Tv nesta década . Adicionar legenda Marcos Paulo chegou a ser ostilizado nas ruas por conta do perverso Sérgio Santarém , o vilão da trama que ele viveu com maestria . Mais um galante vilão do autor , tal qual o Senhor de Montserrat , que o Carlos Vereza interpretou em Direito de Amar(1987 ) . Walther Negrão contou em entrevista na época do lançamento da trama no choque que sofreu quando descobriu a quantidade de detentos infectados com o vírus da AIDS , isso naquela época . O Autor havia passado horas por dia numa casa de detenção para a construção do personagem Xampu . Na sinopse original , ele seria violentado na prisão e contrairia o vírus da AIDS . O Tema foi considerado pesado para o horário , a Globo vetou e o Xampu contraiu hepatite B , depois de uma briga com outro detento . Despedida de Solteiroapresentou para o grande público três atrizes que fariam carreira promissora e hoje são considerada estrelas globais : Rita Guedes no auge da sua beleza ; Letícia Spiller que tinha acabado de deixar o Xou da Xuxa para se dedicar a carreira de atriz e Helena Ranaldi , que viveu a Nina . Inesquecível a cena final da personagem em que depois de casar-se com Mike , volta “ americanizada ” da lua de mel . O Autor usou essa mesma ideia em Flor do Caribe ( 2013 ) com a personagem Thais , vivida pela Débora Nascimento . Frederico Mayrink , hoje diretor consagrado de novelas , participou da trama como o jovem Dudu , irmão da protagonista Lenita , vivida pela Tássia Camargo . A Abertura da trama era um charme só . Ao som de uma nova versão de “ Sugar-Sugar ” do D.J . Les And The Kol Kat featuring The Archies , o mocinho salvava sua amada de todos os perigos . Mostrada em Pixel-Art a luta do casal para ficar juntos lembrava um jogo de videogame . Apesar de está torcendo pela vitória de Lua Cheia de Amor , na enquete para reprise no Viva , por vários motivos , sendo o principal deles o fato de ser a única das três ainda não reprisada no Vale a Pena Ver de Novo . Porém caso Despedida de Solteiroseja a escolhida também ficaria contente . Acompanhei a trama na exibição original e a não perdi um capítulo sequer da reprise em 1996 . Despedida de Solteirofez 22 anos de estreia no mês de junho , mas a trama foi tão marcante que posso fechar os olhos e rever mentalmente cenas que marcaram minha adolescência . A novela pode sim ganhar o apelido de “ novelão ” e tal qual Pão Pão Beijo Beijo(1984 ) , Direito de Amar ( 1987 ) , Fera Radical(1987 ) entre outras , está no patamar das melhores já feitas pelo autor . Como já é marca registrada sua , o Negrão consegue apresentar um folhetim dramática , sem deixar a carga dramática acabar com o charme da novela . E Despedida de Solteiro foi assim , nos emocionou , nos fez chorar , nos fez rir , tudo na sua hora certa e sob medida . Empréstimo , Cartão , Crédito , Consignado e Financeiras Quem “ precisa de dinheiro rápido ” quando está financeiramente desequilibrado , e busca auxílio no mercado financeiro , vai se esbarrar praticamente nas mesmas modalidades esplanadas exaustivamente no emprestimoconsignado.com . Conseguir crédito pré-aprovado fica por conta da agência bancária , utilizando o limite de crédito e / ou no cartão de crédito , ambos liberam dinheiro instantâneo , porém com altas taxas de juros , fora estas alterantivas , o tomador de crédito pode recorrer aos “ empréstimos pessoais , aos créditos consignados e às financeiras de bancos ” . Apesar de todos nós sabermos que o mais conveniente é economizar uma parte dos recebimentos ( salários , soldos , contra-cheques , comissões etc . ) e guardar uma pequena parte , e usarmos em um momento emergencial ou para simplesmente comprar o objeto do desejo à vista , sem recorrer ao crédito pessoal ou empréstimos . O ideal é nunca precisar obter dinheiro tomando emprestado a bancos e financeiras com juros , mas se não tiver jeito , recorrer a essas modalidades de crédito apenas em alguma eventual necessidade , em especial as de saúde , inclusive , essa por sinal é a única situação em que recorrer as essas modalidades de crédito valem a pena . Comparando o “ empréstimo pessoal e o crédito consignado ” , concluimos que crédito consignado oferece taxa de juros muito mais baixas e concessão de crédito sem burocracia , porém , não deixe de observar que o desconto mensal é feito diretamente na folha de pagamento ( salário ou benefício ) e depois de concretizado não tem como deixar de pagar . Outra desvantagem acontece quanto o tomador resolve renegociar a dívida para valores menores , não há como renegociar . A maioria dos consumidores de “ Empréstimo , Cartão , Crédito , Consignado ” acabam recorrendo aos empréstimos para realizar a portabilidade de crédito para diminuir o montante das dívidas . A portabilidade acorre quando o consumidor obtém um empréstimo com juros menores e paga dívidas que têm juros bem maiores , como as do cartão de crédito por exemplo . Essa operação financeira na realidade pode ser eficaz para esse objetivo , mas se o consumidor não fizer uma análise real da situação financeira , e principalmente rastrear e identificar os motivos que acarretaram as dívidas , o problema não será resolvido , apenas acontecerá a troca de credor . Seja qual for a modalidade de crédito que você contrair os empréstimos , faça com cautela e inteligência . [ ad#468 ] 3 Comentários sergio oliveira Sou funcionário da WORK ABLE,preciso de empréstimo . O que tenho que fazer para que eu consiga . Suely Santos Sou Funcionaria de uma empresa particular ( privada ) , posso fazer um emprestimo e como faço isso ? Raimundo de Nazaré Sou funcionario de uma empresa privada posso fazer um emprestimo e como faço e quais as taxas de juros ? Estamos felizes por contar com sua participação neste ambiente virtual de aprendizagem . Esses são os primeiros passos para a criação de nossa rede de conhecimentos ; portanto , vamos em frente . Para iniciar , navegue pelas opções do menu e terá a oportunidade de conhecer o programa de curso , sua dinâmica e o processo de avaliação . Poderá , também , acessar e participar das 4 etapas do Módulo Introdutório . Durante nossa jornada , teremos sempre diversos canais para comunicação . Portanto , fique atento às orientações da Equipe de Tutoria . Publicados em 2015 pela Editora 34 , três títulos acabam de ser reconhecidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil como Altamente Recomendáveis , nas categorias Tradução Adaptação Criança ( Aventuras de Alice no país das maravilhas ; Através do espelho e o que Alice encontrou lá , de Lewis Carroll , com tradução e ensaio de Sebastião Uchoa Leite e ilustrações de John Tenniel ) ; Tradução Adaptação Informativo ( O arame de Alexandre , de Sieb Posthuma , com tradução de Lucas Simone ; inspirado na vida e obra de Alexander Calder ) , e Livro de Imagem ( Migrando , de Mariana Chiesa Mateos ) . domingo , 8 de maio de 2016 - 18h36 / Atualizado em domingo , 8 de maio de 2016 - 18h41 Jorginho comemora permanência no Vasco Treinador esteve próximo de ir para o Cruzeiro há algumas semanas Da Redação , com Terceiro Tempo | esportes@band.com.br Depois de quase salvar o Vasco do rebaixamento em 2015 , Jorginho coroou sua passagem pelo clube com a conquista do Campeonato Carioca . Neste domingo , o empate por 1 a 1 com o Botafogo deu o sexto título invicto do Estadual ao Cruzmaltino , o 24º da história . O treinador que quase deixou o cargo reta final do Carioca comemorou a permanência do Gigante da Colina . “ Eu só tenho a agradecer a esse grupo de jogadores maravilhosos , a diretoria que confiou em mim e a decisão que tomamos de ficar aqui . Eu estou muito feliz ” , disse ao Terceiro Tempo do Rio de Janeiro . Jorginho esteve próximo de acertar com o Cruzeiro logo após a demissão de Deivid , assim como Fernando Diniz , técnico vice-campeão Paulista com o Audax . O comandando do Vasco também exaltou a consciência de sua equipe que enfrentou as limitações e afirmou que o clube está voltando a ser gigante . “ Eu sei que nós temos que trabalhar , temos que lutar , mas Deus nos deu a sabedoria e humildade necessária para que a gente pudesse entender a qualidade de nossa equipe , a situação que a gente estava e ( o título ) é maravilhoso ” . “ O gol do Jorge Henrique simbolizou a virada do Vasco da Gama . Um pequeno que virou um gigante e é o que esta acontecendo aqui agora ” . Este Manual de Instruções traz informações importantes para a operação segura e manutenção básica dos motores MTU aqui apresentados . Embora estes produtos tenham sido projetados para uma vida útil longa e confiável , é imprescindível que sua manutenção seja realizada por pessoal qualificado , com o uso de peças originais , e que na sua operação sejam utilizados somente combustíveis , lubrificantes e outros itens especificados neste Manual . Como nossos produtos estão sujeitos a alterações técnicas visando a sua melhoria contínua , este texto pode ser alterado sem que a MTU do Brasil obrigue-se a substituir manuais fornecidos anteriormente . As figuras encontradas no texto são meramente ilustrativas podendo não corresponder exatamente a todas as configurações de aplicações disponíveis . Importante : antes de qualquer atividade referente aos motores , a leitura das informações de segurança e proteção ao meio ambiente encontradas no final deste Manual , é obrigatória . MTU do Brasil Ltda . A Tognum Group Company Via Anhanguera , km 29 05276-0 – São Paulo – SP Fone : 5-1-3915-8900 Fax : 5-1-3915-8901 Email : mtu@mtu.com.br Brasil 2 A reprodução deste Manual por quaisquer meios é proibida , exceto por autorização escrita da MTU do Brasil Ltda . Índice Motores Série 364 / 366 Motores Série 447 Identificação A identificação do produto é realizada através da plaqueta localizada no motor na posição indicada na figura da página anterior . Os dados referidos na plaqueta devem ser copiados nas fichas abaixo e da próxima folha , para casos de solicitações de garantia e para esclarecimento de quaisquer dúvidas referentes ao produto . Ficha de Identificação Nome do Comprador / Rubrica Endereço Motor Tipo / Número de Série Data de Venda / Documento Revendedor / Representante / Rubrica Tipo de Aplicação Esta folha deve ser destacada e enviada ao Departamento de Assistência Técnica da MTU do Brasil no endereço abaixo , para que sejam validados os termos da garantia do produto . Recomendamos postagem com aviso de recebimento : Rodovia Anhanguera , Km29 - Bairro Perus - CEP 05276-0 - São Paulo – SP – Brasil . #O comprador declara estar ciente das condições estabelecidas no Termo de Garantia e das recomen - dações de segurança e proteção ao meio ambiente referidas neste Manual . Ficha de Identificação Nome do Comprador / Rubrica Endereço Motor Tipo / Número de Série Data de Venda / Documento Revendedor / Representante / Rubrica Tipo de Aplicação 9 Operação do Motor Operação do Motor Esta seção do Manual trata da colocação de um motor novo em operação , do procedimento de amaciamento e da sua operação normal . Os procedimentos de conservação para inatividade e recolocação em atividade do motor são tratados na seção Manutenção Básica do Manual . Primeiro Funcionamento Antes de colocar um motor novo ou retificado em funcionamento pela primeira vez , seguir o procedimento : 3 . Acionar o botão de parada e simultaneamente o comando de partida por aproximadamente 10 segundos para pré-lubrificação do motor . Verificar se neste período há indicação de pressão de óleo no manômetro . Em caso negativo , verificar problema antes de continuar com o procedimento de funcionamento . 4 . Soltar o botão de parada para funcionamento do motor . 5 . Caso o motor não funcione em 10 segundos , interromper a partida e aguardar no mínimo 30 segundos para recuperação da carga e proteção da bateria antes da próxima tentativa . 6 . Caso o motor não funcione após três tentativas de partida , verificar eventuais problemas . 7 . Com o motor em funcionamento , aplicar carga gradual até 75% da rotação máxima ( ou 75% da carga máxima no caso de aplicação grupo gerador ) e aguardar até que a temperatura atinja o valor mínimo de operação normal . 8 . Remover a carga e manter o motor em rotação de marcha lenta ( ou rotação de operação sem carga para aplicação grupo-gerador ) por 30 segundos e acionar o botão de parada . Amaciamento O procedimento de amaciamento de um motor novo ou retificado deve ser realizado durante as primeiras 40 h de serviço . Neste período , as seguintes recomendações devem ser seguidas : 1 . Observar as recomendações para manutenção diária . 2 . Aquecer o motor em cargas até 50% da carga máxima . 3 . Aplicar cargas gradualmente até o máximo de 75% da carga total . 4 . Não utilizar o motor carregado a baixas rotações , quando aplicável . 5 . Não manter rotações sem carga ou com baixo carregamento ( inferior a 15% ) por longos períodos . 6 . Após o período de amaciamento , substituir o óleo – vide seções Manutenção Básica e Especificações e Dados Técnicos . 9 . Aguardar o resfriamento do motor e fazer as seguintes verificações ( vide seção Manutenção Básica do Manual ) : - completar o nível do fluido de arrefecimento , se necessário ; Operação Normal A operação normal do motor é considerada após o procedimento de primeiro funcionamento . Caso o motor esteja no período de amaciamento , observar as seguintes recomendações específicas . ➲ Desacoplar o motor do equipamento acionado , caso aplicável ( * ) . ➲ Acionar a chave de partida do painel para a posição “ contato ” , quando as lâmpadas de carga de bateria e de pressão de óleo deverão se acender . Caso isto não ocorra , verificar e corrigir o problema . ➲ Com a alavanca de aceleração a meio curso ( * ) , acionar o comando de partida , até o funcionamento do motor . Caso isto não ocorra em 10 segundos , voltar a chave para a posição de parada e aguardar no mínimo 30 segundos para a nova tentativa de partida . ➲ Assim que o motor funcionar , colocar a alavanca de aceleração em posição de marcha lenta ( * ) e observar as indicações de pressão de óleo e carga de bateria . Em caso de irregularidades , parar imediatamente o motor . ➲ Aplicar cargas gradativamente até que a temperatura do motor atinja os valores de operação normal . ➲ Antes do acionamento da parada do motor , reduzir a carga gradativamente e mantê-lo em marcha lenta ( * ) por aproximadamente 30 segundos para evitar dano no turbocompressor . ➲ Caso a temperatura esteja acima de 95o C , manter o motor funcionando até que esta caia para valores de operação normal . Observação : ( * ) Os itens indicados não são válidos para aplicação grupo-gerador . Para esta aplicação considerar rotação sem carga no lugar de rotação de marcha lenta . 15 Manutenção Básica Manutenção básica Esta seção do Manual trata da manutenção básica obrigatória do motor . As manutenções de maior complexidade estão detalhadas pelo Manual de Oficina , fugindo ao escopo deste Manual , devendo ser realizadas somente por pessoal qualificado e preferencialmente por oficinas autorizadas MTU . Observar restrições na seção Termo de Garantia do Manual . 1 . Tabela de Manutenção A Tabela de Manutenção resume os procedimentos obrigatórios para a garantia da operação confiável , econômica e segura do motor , e considera regime de serviço de solicitação mediana do mesmo . Caso o motor esteja submetido a regimes pesados de carregamento – carga acima de 60% e tempos de utilização acima de 2.0 h / ano - ou opere em condições ambientais severas , recomenda-se que os períodos indicados sejam menores e que sejam utilizados os óleos especificados , de classe superior . Para condições especiais , o fabricante ou seus representantes devem ser consultados para recomendações adicionais . Os procedimentos diários ( 1 ) e periódicos ( 250h / 500h e 1.0h ) da pág . 18 repetem-se a partir das 1.0 horas de funcionamento durante a vida útil do motor . O termo “ verificação ” implica em substituição do componente que estiver em mal estado , por desgaste ou qualquer outra não conformidade com a especificação . Verificar funcionamento das lâmpadas de monitoramento do painel Trocar óleo e substituir filtro ( * ) 6 Substituir filtros de combustível ( * ) 6 Substituir elemento do filtro de ar ( * ) 12 Substituir correias ( * ) – verificar condição dos coxins do alternador 24 Verificar amortecedor de vibrações quanto a trincas ( 366 ) e vazamentos ( 447 ) Remover e testar bicos injetores – substituir elementos de vedação Tabela de Manutenção Drenar água do tanque e / ou filtro primário de combustível Verificar nível de óleo Verificar nível do fluido de arrefecimento Verificar estanqueidade do sistema de escapamento Verificar coloração dos gases de escape Verificar indicação de restrição do filtro de ar ( * ) Verificar tensão das correias Verificar desobstrução do furo de drenagem do selo da bomba d’água Verificar condição de aperto dos elementos de fixação dos componentes externos Verificar funcionamento e lubrificar articulações Substituir filtro primário de combustível Verificar / ajustar folga de válvulas Inicial ( 2)250 h ( 3)500 h ( 3)1000 h ( 3)3000 h ( 4)Prazo Máx . ( 5 ) Remover e testar bomba injetora Verificar condição das mangueiras quanto a trincas e ressecamento Medir compressão dos cilindros ( ** ) Verificar condição de isolação e ressecamento do chicote elétrico , cabos e terminais Substituir fluido de arrefecimento ( * ) 36 Lubrificar anel dentado do volante Desmontar radiador e verificar estanqueidade Desmontar cabeçotes , verificar desgaste de válvulas , sedes e guias Desmontar e verificar desgaste de balancins , hastes e tuchos Substituir junta do cabeçote e vedações Verificar desgaste interno das camisas Inspecionar turbocompressor , folga axial e radial do conjunto rotativo Verificar coletores e dutos de admissão e escapamento / substituir vedações Substituir válvula termostática e vedações Inspecionar trocador de calor do óleo e vedações Obs . : ( 1 ) ( 2 ) ( * ) ( ** ) Vide observações página seguinte Prazo Máximo em meses Tabela de Manutenção ( continuação ) Inicial ( 2)250 h ( 3)500 h ( 3)1000 h ( 3)3000 h ( 4)Prazo Máx . ( 5 ) Observações importantes Os procedimentos de manutenção diária são de responsabilidade do operador e incluem a drenagem de água condensada no tanque e filtros de combustível , verificações de níveis de óleo e fluido de arrefecimento , verificações de eventuais vazamentos , e , ainda observação quanto a ruídos anormais de funcionamento do motor . Em caso de dúvida , o concessionário ou o Departamento de Assistência Técnica MTU devem ser consultados . Para verificação da cor de fumaça , consultar a seção Diagnóstico de Falhas deste Manual . 2 . Revisão inicial A primeira revisão deve ser realizada imediatamente após o período de amaciamento – vide seção Operação do Motor – e antes das primeiras 100 horas de operação . Este procedimento deve ser realizado por representantes MTU ou em assistência técnica autorizada . 3 . Manutenção periódica Os procedimentos periódicos indicados devem ser realizados por pessoal qualificado e obrigatoriamente por representantes MTU durante o período de vigência de Garantia . 4 . Manutenção com desmontagem parcial do motor Os procedimentos periódicos devem ser realizados a cada intervalo de 3.0 horas de operação . Estes procedimentos devem ser realizados nos períodos indicados em horas , ou nos prazos máximos indicados em meses , os que ocorrerem antes . Caso o motor trabalhe sob condições ambientais severas , tais como muita poeira , os filtros deverão ser substituídos antes dos prazos indicados na tabela . A substituição deste elemento do filtro de ar é obrigatória quando o sensor de restrição indicar condição de saturação do elemento , independentemente de prazos – indicação através de lâmpada no painel de instrumentos ou indicação visual no indicador mecânico instalado na saída do filtro de ar . 6 . IMPORTANTE Vide ítem Exclusões na seção Termo de Garantia . ( ** ) Caso verificado valores de pressão de compressão e / ou variação de compressão entre cilindros fora do especificado executar análise de desgaste dos componentes internos do motor . ( Vide Dados Técnicos ) 2 . Abastecimento do motor Antes de colocar um motor novo ou retificado em funcionamento pela primeira vez , atenção aos procedimentos de abastecimento a seguir . Antes do abastecimento , certificar-se de que o tanque de combustível esteja limpo e totalmente isento de água ou outros fluidos . Abastecer com combustível diesel especificado . Procurar manter o tanque sempre cheio para evitar condensação de água e conseqüente Bocal de enchimento de óleo 447364 / 366 Abastecimento de óleo contaminação do combustível . O tanque deve ser provido de válvula para drenagem diária de água . Abastecer o motor através do bocal de enchimento localizado conforme ilustrado nas figuras abaixo . Observar recomendações na seção Especificações e Dados Técnicos quanto aos tipos de óleo e volumes de enchimento . Remover a vareta de nível e observar a marca deixada pelo óleo . No enchimento , a marca deverá estar próxima da posição de nível máximo . Este nível não deverá ser ultrapassado , para bom funcionamento do sistema de lubrificação . Vareta de nível de óleo Nível máximo Nível mínimo 2.3 Abastecimento do fluido de arrefecimento Preparar o fluido de arrefecimento com os produtos e proporções recomendadas antes de abastecer o motor . O fluido deve ser preparado em quantidade maior para reposições posteriores . Abastecer o sistema até o nível máximo , através do bocal do radiador , conforme ilustrado na figura . O nível máximo é indicado por rebordo interno próximo ao flange da tampa . Não misturar produtos de fabricantes diferentes . Tampa do radiador Fluido de Arrefecimento 2.4 Remoção do ar do sistema de combustível ➲ Soltar , sem remover , os parafusos de desaeração do filtro de combustível ( vide figuras abaixo ) ; ➲ Acionar o êmbolo da bomba alimentadora verticalmente até que combustível , isento de bolhas de ar , seja expelido através dos parafusos de desaeração do filtro ; ➲ Continuar acionando o êmbolo da bomba alimentadora até a abertura da válvula de retorno da bomba injetora , o que indicará que o sistema está cheio de combustível ; ➲ Funcionar o motor , verificando a estanqueidade do sistema . Parafuso de desaeração Desaeração do sistema de combustível 447364 / 366 Êmbolo da bomba alimentadora 447364 / 366 364 / 366364 / 366 2.5 Troca de óleo e filtro ➲ A troca de óleo deve ser realizada com o motor morno ou frio . ➲ Posicionar um recipiente com volume adequado abaixo do cárter do motor . ➲ Soltar o bujão de dreno de óleo posicionado no motor conforme as figuras a seguir . ➲ Analisar o óleo removido quanto à eventual presença de água ou resíduos sólidos . Em caso positivo consultar o concessionário ou o Departamento de Assistência Técnica MTU . ➲ Remover o filtro de óleo do motor 364 / 366A com ferramenta específica e descartar o óleo no recipiente de descarte . No caso dos motores 364A / 366LA e 447 , remover o bujão de dreno do filtro e recolher o óleo para descarte – vide figuras dos conjuntos dos filtros de óleo desmontados . ➲ Limpar as superfícies de contato do bujão no cárter e do filtro no cabeçote de fixação . ➲ Substituir a arruela de vedação do bujão e montálo no cárter com o torque de aperto especificado . ➲ No caso do motor 364 / 366A , lubrificar levemente com óleo novo o anel de vedação e montar o novo filtro de óleo , sem o uso de ferramentas , até o encosto no cabeçote de fixação . Apertá-lo com 3 / 4 de volta . Para os motores 364 / 366LA e 447 , limpar os componentes e montar o novo elemento do filtro . Apertar o parafuso de fixação com o torque especificado . ➲ Abastecer o motor com óleo conforme procedimento indicado em 2.2 . ➲ Funcionar o motor por alguns minutos , observando a indicação de pressão de óleo , e desligá-lo . ➲ Motor 364 / 366 : com o motor frio , drenar o combustível através da válvula inferior do filtro . Girar o corpo do filtro no sentido anti-horário , removendo-o do cabeçote . Motor 447 : soltar os parafusos de fixação das cubas dos filtros e limpá-las cuidadosamente – observar figuras . EUA colocam três integrantes do Hamas e um do Hezbollah na lista de terroristas Criado em 08/09/15 15h59 e atualizado em 08/09/15 16h19 Por Leandra Felipe – Correspondente da Agência Brasil / EBC Edição:Maria Claudia Fonte:Agência Brasil Publicidade Os Estados Unidos inscreveram nesta terça ( 8 ) três altos representantes do grupo palestino Hamas e um membro do grupo libanês Hezbollah , em sua lista terroristas internacionais . Do Hamas foram incluídos , Mohammad Deif , líder do grupo e chefe das brigadas Ezzedin al-Qassam , além de Yehia Sinwar e Rawhi Mushtaha . Os dois últimos estiveram em poder do Exército israelense , mas , em 2011 , haviam sido libertos em uma negociação pela liberdade do soldado israelita Gilad Shalit . O quarto nome incluído na lista é o libanês Samir Kuntar , do Hezbollah . Ele viveu quase 30 ano em uma prisão israelita , condenado por um triplo homicídio em 1979 . A informação sobre a inclusão dos integrantes do Hamas na lista de terroristas foi repassada pelo departamento de Estado norte-americano . De acordo com o comunicado divulgado hoje , a inclusão na lista determina o congelamento de bens dos indivíduos que estejam nos Estados Unidos , além da proibição de que cidadãos norte-americanos façam transações comerciais com os citados . Dentre os quatro nomes anunciados , o que tem maior relevância na hierarquia do Hamas é Mohammad Deif . O paradeiro dele é desconhecido , e ele é procurado pelo exército de Israel . O departamento de Estado detalhou que Deif tornou-se conhecido por ordenar atentados suicidas e raptos de soldados israelitas . " Ele tem 50 anos e é responsável por duros ataques ao exército israelense " , descreve o comunicado . “ No conflito de 2014 entre Israel e o Hamas , Deif foi o cérebro da estratégia ofensiva do grupo islâmico palestiniano " , diz . Os outros dois , Yahya Sinuar e Rauhi Muchtaha , fazem parte do quadro do Hamas , mas são considerados membros fundadores das brigadas Ezzedin al-Qassam , pelo departamento de Estado . Eles foram detidos por Israel em 1988 , por “ atividade terrorista ” , e libertados em outubro de 2011 , quando foi feito um acordo pela troca de cerca de mil prisioneiros palestinos pela libertação do soldado israelita Gilad Shalit , de nacionalidade franco-isralense , que permaneceu cinco anos em poder do Hamas . O libanês Samir Kuntar teria sido acolhido pelo Hezbollah , de acordo com a justificativa do departamento de Estado . " Kuntar tornou-se um dos mais eloquentes porta-vozes do grupo " , segundo o texto . Campeã do WTA International de Nuremberg e semifinalista de Roland Garros , a holandesa vem fazendo mais uma campanha expressiva no saibro nesta semana , no WTA International de Gstaad ( Suíça ) , e avançou à final deste sábado ao vencer duas partidas . Saiba Mais Em torneio atrapalhado pela chuva , todas as partidas de quartas de final e de semifinais foram disputadas hoje . Terceira favorita , Bertens primeiro bateu a russa Irina Khromacheva por 2 a 0 , com parciais de 6-3 e 6-1 . Depois , superou a suíça Timea Bacsinszky , cabeça de chave número 1 , também em sets diretos , com 7-5 e 7-6(1 ) . A outra finalista é Viktorija Golubic , também tenista da casa . Neste sábado , ela eliminou a alemã Carina Witthoeft nas quartas e depois levou a melhor em duelo de suíças com Rebeka Masarova . Positivo despenca 23% em 2013 e perde para o Ibovespa São Paulo - A Ágora , corretora do Bradesco , anunciou nesta semana as novas estimativas para as ações da Positivo Informática ( POSI3 ) . O preço-alvo sugere um potencial de valorização de quase 50% , mas as incertezas do mercado tornam os papéis da empresa uma opção arriscada , afirma o analista Aloisio Villeth Lemos . Com o crescimento urbano , viver em condomínios passou a ser uma tendência natural para otimizar espaços . Além disso , o alto custo de moradias individuais e a insegurança fazem com que as pessoas vivam e trabalhem , cada vez mais , em condomínios . Assim , os profissionais Porteiros têm sido muito valorizados e com mercado de trabalho em crescimento , fato que pode ser comprovado em anúncios de emprego e agências de recrutamento . O trabalho desse profissional requer muita responsabilidade , exige conhecimentos específicos , habilidades para lidar com os moradores , fornecedores , visitantes e clientes além de estar atento a todas as situações que possam resultar em ocorrências de segurança . Neste curso o participante irá aprender sobre os cuidados com o patrimônio das empresas / condomínios ; como controlar o fluxo de pessoas ; como recepcionar e orientar pessoas ; como receber e distribuir correspondências , materiais e equipamentos ; como ter atitudes pró-ativas na prevenção e combate a incêndios ; Demonstrar competências pessoais relacionadas ao comportamento ético e postura profissional . Este curso tem o objetivo de proporcionar aos participantes , aquisição de conhecimentos e desenvolvimento das competências necessárias para o desempenho de atividades inerentes às atividades atribuídas aos trabalhadores que atuam ou pretendem atuar em Portarias de empreendimentos comerciais , industriais e residenciais . A utilização do marketing de relacionamento em benefício ao entendimento do mercado em evolução , ou o mercado em movimento , aponta para mais dois itens que vamos tratar : Memorização e receptividade Em todos os contatos que fazemos , nos relacionamento que participamos ou ainda nas tentativas de interagir com pessoas ou com o mercado , a memorização é uma prática que deve ser desenvolvida de imediato , a qualquer tempo , principalmente se uma pessoa em questão , nunca tivemos tido contato . Em diferentes pesquisas comportamentais realizadas por diversos institutos em todo o mundo , aponta que entre as três mais agradáveis palavras que nossos ouvidos possam ouvir , uma delas é nosso próprio nome . Assim , em um início de conversa , ao ser lhe apresentado uma pessoa , deve-se dizer e repetir o nome por mais de três vezes . Esta prática deve fazer você memorizar facilmente o nome da pessoa que está sendo o primeiro contato e , de imediato ela estará se sentindo gratificada ao ouvir seu nome por várias vezes , isso a agrada imediatamente . Uma boa impressão você consegue causar : - Bom dia Paulo . Muito prazer em conhece-lo e gostaria de lhe dizer , Paulo , que nossa experiência neste negócio é bastante grande . Paulo , você estará bem servido com nosso tra - Muito importante também é posteriormente o primeiro contato , ter os dados da pessoa já inseridos no smartphone , melhor se o equipamento for integrado com seu laptop . Fica muito elegante , após uma conversa interessante , onde a pessoa foi-lhe apresentada pela primeira vez , e dada a devida importância ao negócio a ser realizada , que você mande um e-mail ou um SMS , com um agradecimento pela atenção e concretizar sua satisfação em tê-la conhecido . ( Caso o celular tenha sido passado por um amigo , prefira o e-mail ) . Procure ter sempre esses dados corretos e atualizados em um banco de dados , que como já abordei aqui , os dados pessoais são o mapa da mina para importantes contatos futuros . Um ativo digital valioso . balho . Tenha certeza . Ao agir desta forma , com esta interação você evita , num momento posterior , caso tenha esquecido o nome da pessoa , ficar se referindo a mesma de “ Doutor , mestre , professor , amigão , e outras qualificações na tentativa de maquiar a sua falha de memória . Se você é a pessoa que está tentando apresentar um produto , projeto ou ideia , ou querendo politicamente colocar sua imagem a apreciação da pessoa ou de um grupo de pessoas , faça uma breve abordagem a que veio , fale e ressalte algumas vantagens de se fazer negócio com você , de acreditar em você . De uma prévia do que tem a oferecer e pare . Aguarde agora , o que o será pela pessoa colocado . Mostre-se interessado em ouvir as pessoas , mostre-se interessado no que a pessoa tem para lhe dizer . Foque nos olhos da pessoa , mostre-se totalmente compenetrado e deixe a pessoa contar suas necessidades , que na maioria das vezes , foi este o motivo do encontro . Ouvir antes de falar é uma dádiva de pessoas inteligentes abrem espaço numa conversa , para sentir exatamente o ponto que deve ser ressaltado quando em sua oportunidade de fala , além de dar oportunidade da outra pessoa se posicionar , contra ou a favor , diversos posicionamento , que sem a oportunidade da fala , você teria que arrancar da pessoa com aqueles tipos de perguntas : “ Mas o senhor acha interessante que façamos isto ? ” . “ O senhor tem a necessidade de manter seu negócio neste patamar , ou pode ser elevado ? ” Quanto mais oportunidade de fala você dá a outra pessoa , mais fácil essas respostas chegam até você de forma espontânea . Isto vai lhe dar oportunidade de mentalmente ir construindo os melhores argumentos para o embate final . Toda vez que tentamos fechar um negócio , principalmente nos dias de hoje , são nos exigidos muito mais paciência , tolerância , o tratamento as vezes , torna-se um pouco mais ríspido . A pressa faz com que condensamos o assunto , as vezes perdendo oportunidades de darmos maior amplitude aos nossos argumentos . Isso faz com que o nível de estresse se eleve na ânsia de formalizar o negócio . Tem-se que matar um leão por dia e deixar , a tarde , o outro amarrado para o dia seguinte . Você com certeza ja ouviu falar ou falou esta frase . Isto não acontece apenas com você . A ponderação , a falta de paciência sua e do cliente , as controvérsias colocadas como argumento , a necessidade de se fechar o negócio , são importantes aspectos que nos forçam na maioria das vezes a provocar uma situação de desconforto num embate direto , que deixa de ter seus princípios de negócio e tornam-se verdadeiras batalhas em busca do objetivo . Isso nos afasta de um resultado positivo e podemos perder a chance com aquela pessoa . Antes de mais nada , ter a concepção de que nada poderá tirar você do sério ou desestabilizar sua forma de concentração e a melhor forma de entrar num embate . Saber que tudo o que pode acontecer é para lhe testar e dar a você a oportunidade de vencer tais obstáculos , não é exclusividade no seu ambiente . Isso acontece com todos nas mais diversas profissões . Assim , sabedores que somos , de que as intempéries podem depor contra nós , vamos estabelecer algumas regras de condução produtiva : * Apresente-se e grave o nome da pessoa * Utilize o método repetitivo para memorizar * Após a abordagem inicial , de espaço para ouvir as necessidades * Enquanto lhe são expostas as necessidades , construa argumentos e soluções * Seja solicito e interaja de forma a mostra interesse * De-lhe toda a atenção para que sinta-se cortejado * Conforte-o com espaços entre argumentos * Não imponha nem sustente uma única posição que depois você não pode alterar SUMÁRIO CARACTERIZAÇÃO E EXTENSÃO DO PROBLEMA DA ACIDEZ E FERTILIALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO COM USO RESPOSTAS DAS LEGUMINOSAS E GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS AO RECOMENDAÇÃO DE CALCÁRIO , GESSO E ADUBOS PARA CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 A pecuária no Cerrado baseou-se , por muitos anos , na exploração de pastagens nativas . Nas três últimas décadas , o crescimento acentuado do rebanho bovino na região e o incremento de até cinco vezes na capacidade de suporte das pastagens deveu-se ao aumento da área com gramíneas forrageiras , provenientes do continente africano , especialmente as do gênero Brachiaria e o Andropogon gayanus cv . Planaltina . Estabelecidas sem adubação ou com o efeito residual de modestas adubações da cultura do arroz , sem adubação de manutenção e submetidas a manejo inadequado , extensas áreas dessas pastagens encontram-se em variados graus de degradação . A ausência de adubação de reposição durante décadas de extração dos nutrientes tornou necessária a recuperação dessas pastagens com correção e adubação adequadas ao sistema de produção de cada propriedade . Para isso , em muitos casos , são necessárias aplicações de calcário , gesso , macronutrientes ( nitrogênio , fósforo , potássio ) e micronutrientes ( zinco , cobre , boro , molibdênio , manganês ) . Nesta publicação , são relatadas respostas de pastagens ao gesso , bem como critérios usados no diagnóstico da sua necessidade e na determinação da dose desse insumo a ser aplicada no solo . São apresentadas ainda recomendações resumidas para correção com calcário e adubos . 6Circ . téc . - Embrapa Cerrados , Planaltina , n . 12 , p.1-2 Um dos problemas que podem limitar a produtividade das pastagens em solos do Cerrado é a deficiência de cálcio associada ou não à toxidez de alumínio . O crescimento radicular de grande parte das plantas é prejudicado quando o solo apresenta saturação por alumínio acima de 10% . Cerca de 70% da área agricultável do Cerrado apresenta valores superiores a esse na camada subsuperficial , abaixo de 20 cm , constituindo problema potencial para a agricultura e para implantação de pastagens com algumas espécies forrageiras . Além da saturação por alumínio elevada , 86% da área agricultável do Cerrado apresenta em sua subsuperfície um teor de cálcio muito baixo , inferior a 0,4 cmolc / dm3 . Nessas condições , o sistema radicular das culturas não se desenvolve normalmente e a planta reduz a absorção de água e nutrientes na subsuperfície do solo . Isso pode não ser problema para algumas espécies forrageiras como Stylosanthes guianensis , a Brachiaria decumbens , a Brachiaria humidicola e o Andropogon gayanus , mas pode ser limitante para outras como Leucaena leucocephala e as cultivares de Panicum maximum : Colonião , Tobiatã , Tanzânia e Mombaça . A deficiência de outros nutrientes como nitrogênio , fósforo , potássio , enxofre e magnésio é generalizada em solos de Cerrado , sendo agravadas pela extração sem a devida reposição . Micronutrientes têm sido mais limitantes para as pastagens com leguminosas . O enxofre , um elemento pouco lembrado na recomendação de adubação das pastagens , tem um papel muito importante para as plantas , pois é encontrado em aminoácidos , componentes de algumas proteínas ; é exigido em quantidades semelhantes ao fósforo , melhora a nodulação das leguminosas forrageiras , estimula o crescimento vigoroso e formação de sementes , sendo essencial para transformar o nitrogênio não-protéico em proteína , além de aumentar a resistência ao frio e à seca . Circ . téc . - Embrapa Cerrados , Planaltina , n . 12 , p.1-227 O uso do calcário é uma boa opção para corrigir a deficiência do cálcio e do magnésio . No entanto , a calagem não corrige a subsuperfície , isto é , a camada abaixo daquela na qual se incorporou o calcário , em prazo de tempo razoável para evitar que o agricultor corra risco de perda de produtividade em razão dos veranicos , freqüentes na região do Cerrado , uma vez que as raízes das plantas , principalmente algumas leguminosas forrageiras , só crescem até a profundidade em que o calcário foi incorporado . A aplicação do gesso supre o solo com cálcio até as camadas mais profundas , ao se dissolver na água da chuva , infiltrando-se no solo . Dessa forma , ele favorece o aprofundamento das raízes e permite que as plantas superem o veranico . Além da água , os nutrientes também são absorvidos com maior eficiência . O gesso , um subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados , podendo também ocorrer em jazidas , contém cerca de 19% de cálcio e 15% de enxofre na forma de sulfato de cálcio , um sal que se dissolve na água . Além de resolver o problema da deficiência de cálcio , o gesso reduz a saturação por alumínio e fornece enxofre ao solo , permitindo ganhos significativos na produtividade das pastagens . Outros fertilizantes como os nitrogenados , os fosfatados e os potássicos deverão ser utilizados para estabelecer , recuperar ou manter produtivas as pastagens . Em solos que receberam calcário , e com a acidez superficial corrigida , ao se aplicar gesso , após sua dissolução , o sulfato movimenta-se para camadas inferiores acompanhado por cátions , especialmente o cálcio ( Figura 1 ) . 8Circ . téc . - Embrapa Cerrados , Planaltina , n . 12 , p.1-2 Figura 1.Teores de cálcio e magnésio em diferentes profundidades de um Latossolo Vermelho-Escuro argiloso , com e sem aplicação de gesso , após sete cultivos com culturas anuais e três anos e meio de cultivo com leucena ( Leucaena leucocephala cv . Cunningham ) , 100 meses após a aplicação do gesso ao solo . Com a movimentação de cátions para a subsuperfície , o teor de cálcio e de magnésio aumenta e a toxidez de alumínio reduz ( Figura 2 ) , melhorando o ambiente do solo para o desenvolvimento das raízes . Esses efeitos podem ser observados no mesmo ano de aplicação do gesso . Figura 2.Saturação por alumínio em diferentes profundidades de um Latossolo Vermelho-Escuro argiloso , com e sem aplicação de gesso , após sete cultivos com culturas anuais e três anos e meio de cultivo com leucena ( Leucaena leucocephala cv . Cunningham ) , 100 meses após a aplicação do gesso ao solo . Circ . téc . - Embrapa Cerrados , Planaltina , n . 12 , p.1-229 Quando o gesso é aplicado com critério , nas doses recomendadas para cada solo , não se tem observado movimentação de potássio e magnésio no perfil do solo em níveis que possam trazer problemas de perdas desses nutrientes . A leucena é uma leguminosa forrageira recomendada para alimentação animal , sendo uma das espécies indicadas como bancos de proteína ou como opção para associação em pastagens de gramíneas . Sobre O verdadeiro poder Liderança e Pessoas Estratégia e Execução Publicado no dia 01/11/2009 Vicente Falconi , o consultor mais testado e aprovado pelas organizações brasileiras , antecipa com exclusividade um trecho de seu novo livro sobre práticas de gestão que conduzem a resultados extraordinários , incluindo a agenda do líder Foco . Conceitos . Método . Prática . Aprendizado . Esse é o mapa do tesouro do conhecimento gerencial que o professor e consultor mineiro Vicente Falconi desenha em seu novo livro , O Verdadeiro Poder , com lançamento programado para o final de novembro , durante a ExpoManagement 2009 , e que é antecipado com exclusividade por HSM Management . Em 160 páginas , o livro é extremamente objetivo e prático , com o rico conteúdo correspondente aos cinco pontos do mapa enunciado acima , organizados em três partes : Fatores fundamentais à gestão Abrange o foco da gestão e fornece a base conceitual que permite aos gestores explorar o método , que consiste no coração da receita gerencial de Vicente Falconi . Trata ainda dos fatores que garantem resultados ( entre os quais se destacam a liderança e a agenda do líder ) , de método e sistema , e de estrutura e gestão . O método gerencial Aprofunda o método em si , dando ênfase à cada vez mais importante análise de informações ( seus capítulos discorrem sobre o que é , como conduzi-la , como envolver as pessoas nela por meio da abordagem centrada no alvo etc . ) . Também descreve a prática do método , incluindo melhorias , escalabilidade e o gerenciamento da rotina propriamente dito . O conhecimento na gestão Advoga que a prática do método necessariamente leva à acumulação de conhecimento pelas pessoas e que esse processo pode – e deve – ser gerenciado a fim de sistematizar o aprendizado por toda a organização e viabilizar a obtenção de resultados que , em um primeiro momento , pareciam ser altamente improváveis . O Verdadeiro Poder começa com um prefácio de Antonio Maciel Neto , presidente da Suzano Papel e Celulose ; é pontuado por pequenos casos reais vivenciados por Falconi ( destacados em itálico ) , alguns dos quais relatados pelos próprios revisores do livro , que foram gestores clientes do consultor ; e termina com um valioso apêndice , que traz modelos de análise e síntese diversos . Toda a renda* obtida com o novo livro será doada ao Instituto Social para Motivar , Apoiar e Reconhecer Talentos ( Ismart ) , que tem como missão patrocinar o estudo de qualidade para crianças pobres com elevado potencial . Isso só faz confirmar a coerência de Falconi , que já é muito conhecido tanto por seus esforços para melhorar a gestão do setor público – e , assim , melhorar o Brasil – como pelos saltos de desempenho que ajuda seus célebres clientes corporativos a dar . Para a HSM Management , Vicente Falconi antecipou em primeira mão o segundo capítulo do novo livro , que ele mesmo considera um dos mais fundamentais . É publicado a seguir na íntegra . - Empresas podem adquirir o livro no INDG . 3 fatores que garantem resultados Poucas coisas são realmente importantes num negócio - Sam Walton Existem três fatores fundamentais para a obtenção de resultados em qualquer iniciativa humana : liderança , conhecimento técnico e método . Seja em empresas , seja em governos , forças de segurança , forças armadas , fundações , escolas , hospitais etc . , essas três frentes devem ser constantemente cultivadas ( cultivar é tratar continuamente e com carinho para garantir o crescimento ) . Elas não são como um tapete que você compra , instala e pronto . O desenvolvimento das três frentes é um trabalho contínuo , para o resto da vida . Liderança : desenvolvendo o conteúdo Entre os três fatores citados acima , a liderança é o que há de mais importante numa organização . Sem ela nada acontece . De nada adianta método ou conhecimento técnico se não existe liderança para fazer acontecer . Existe bibliografia ampla que trata do tema da liderança , em grande parte relacionada à figura do líder e como ele deve ser . Não é disso que se trata aqui . Neste texto , a liderança é abordada quanto ao seu conteúdo , que deve ser continuamente cultivado ( a palavra “ cultivada ” é utilizada neste texto em seu sentido específico , para dar a ideia do “ esforço para fazer crescer ” ) . A única definição de liderança que interessa às organizações é : liderar é bater metas consistentemente , com o time e fazendo certo . Quem não bate metas não é líder . Se ser um bom líder é conseguir resultados por meio das pessoas , então a pessoa do líder deve investir uma parte substancial de seu tempo no desenvolvimento de sua equipe . Portanto , o tema de recursos humanos é central no desenvolvimento do “ conteúdo da liderança ” ( leia-se “ agenda do líder ” ) . Partindo do pressuposto de que a boa governança é condição fundamental ao exercício da liderança , desenvolver o conteúdo da liderança , de acordo com a figura acima , significa : Criar um sistema que possa atribuir a todas as pessoas metas que sejam críveis e desafiadoras . Essas metas devem ser calculadas a partir de lacunas previamente identificadas . Promover o domínio do método pela equipe com crescimento constante nas técnicas e recursos de análise , bem como num perfeito gerenciamento da rotina . Promover a aquisição de conhecimento técnico pela equipe . Garantir o estabelecimento e melhoria contínua de um sistema de recrutamento e seleção ( padronizar o processo ) . Participar do recrutamento e seleção de sua equipe . Selecionar , entre os recrutados , pessoas excepcionais e garantir-lhes um crescimento mais rápido de acordo com seu potencial mental , como definido por Maslow [ psicólogo norte-americano Abraham Maslow ] – algumas poucas pessoas excepcionais fazem a grande diferença em uma organização . Participar das várias formas de treinamento de sua equipe exercendo a função de professor em alguns casos . Estabelecer e melhorar continuamente um treinamento especial para pessoas excepcionais . Reconhecer que entre as pessoas excepcionais existem pouquíssimas superexcepcionais . Essas pessoas são imperdíveis e podem mudar a história de uma organização . Entender o processo de aprendizado humano e que o aprendizado de uma empresa é a somatória do aprendizado das pessoas . Entender o conceito de “ Potencial Mental Humano ” , como formulado por Maslow , e a necessidade de que as pessoas tenham condições de aprender continuamente . Esse aprendizado deve ser realizado , preferencialmente , por meio do método de solução de problemas , com metas bem estabelecidas . Inspirar as pessoas . Nós não trabalhamos somente pelo dinheiro que recebemos . O ser humano gosta de realizar um sonho . Sonhar grande , promover o sonho e inspirar as pessoas . Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno . Fazer coaching . Supervisionar a maneira de trabalhar de sua equipe e aconselhar , fazendo ajustes de procedimento . O coaching é um treinamento no trabalho . Promover a meritocracia . Garantir o estabelecimento e a melhoria contínua de um sistema de avaliação do desempenho ( o que implica padronizar o processo ) . Promover uma avaliação do desempenho de seu time de forma honesta e construtiva , dando feedback contínuo ( pelo menos uma vez por ano ) . Demitir quando necessário . Afastar de 5% a 10% por ano daqueles mais mal avaliados do time , abrindo espaço para novos valores e dando a oportunidade para que os demitidos possam encontrar tarefas que amem fazer e nas quais possam ser mais felizes e valorizados . Alinhar os interesses das pessoas com os da organização por meio de um sistema de incentivos . Cuidar da cultura predominante na organização , trabalhando no sentido de fixar valores que garantirão seu futuro . Esses valores devem estar incluídos nos quesitos da avaliação do desempenho . Promover uma cultura de alto desempenho , “ esticando ” as metas e atribuindo valor aos que as superam . Promover a cultura de tomar decisões com base em fatos e dados . Incentivar a prática da análise e da síntese como elemento principal do planejamento e fundamental no processo de aprendizado . Exigir a apresentação das análises em suas reuniões . Valorizar a honestidade intelectual e a busca da verdade contida nos fatos e dados . Promover uma cultura de “ enfrentamento dos fatos ” , que valoriza a verdade e não tem medo de ver os fatos como são . É a cultura onde se espera que os gerentes comuniquem , para o time e para cima , não somente os bons resultados , mas também o que não está indo bem e precisa ser encarado como é , de tal modo que possa ser consertado . Uma cultura onde se valorizam a busca de fatos e dados para analisar eventos e não somente opinião e intuição . O líder é o único agente de mudanças da organização . Não há outra opção . As áreas de suporte auxiliam na criação de novos padrões . A consultoria ajuda , mas a mudança é indelegável Essa agenda é fácil de listar , mas nem sempre fácil de implementar . Um aspecto importante é que tais coisas levam tempo para serem conseguidas e é por isso que penso que a liderança deve ser “ cultivada ” . Eis uma história real : Certa vez conheci um diretor de vendas excepcional . Ele trabalhava em uma empresa brasileira e era verdadeiro campeão de vendas , sendo reconhecido como bom líder , benquisto por sua equipe e respeitado na empresa . Essa pessoa recebeu convite de um concorrente e se transferiu para lá , onde esperava conseguir os mesmos resultados que conseguia anteriormente . No entanto , isso não aconteceu e , após um ano , saiu da nova empresa , tendo fracassado em sua missão . Ignorava um conceito básico : a liderança é construída ao longo dos anos , estabelecendo processos confiáveis e pessoas excepcionais , bem treinadas e felizes com seu trabalho . Ao chegar à nova empresa , ele não encontrou equipe igual à anterior e um ano não seria suficiente para formar uma nova . Fracassou . Não havia na nova empresa o mesmo conteúdo da liderança que havia na empresa anterior . O líder é o único agente de mudanças de uma organização . Não há outra opção . As áreas de suporte ajudam na criação e divulgação de novos padrões , a consultoria também auxilia nesse processo , além de criar as sistemáticas de verificação que permitem ao líder atuar . No entanto , a implantação e a mudança são indelegáveis . E essa mudança vem por meio da capacitação dos liderados , papel essencial do líder . Quem frequenta ou convive com várias empresas percebe claramente a dificuldade de execução que existe em algumas . As empresas com lideranças fracas são geralmente muito lentas e acabam por perder a luta pela competição no mercado . Um aspecto que considero fundamental no desenvolvimento do conteúdo da liderança e para o qual quero deixar uma consideração à parte é a questão da cultura interna . A avaliação do desempenho do tipo 360 graus leva em conta o alcance das metas num eixo e os fatores culturais em outro . Esses fatores culturais desejados devem ser continuamente discutidos e valorizados . Um dos aspectos culturais que mais me encantam é o “ espírito de excelência ” . Tenho encontrado pessoas de diferentes origens e posições culturais com esse espírito , que considero fundamental para construir algo extraordinário . Resumiria esse aspecto cultural da seguinte maneira : o espírito de excelência é ter a atitude , em tudo que se faz , de querer fazer o melhor do mundo ( pode--se até não conseguir , mas vale tentar ) . Lembro-me de um fato ocorrido há muitos anos . O chefe de um departamento havia solicitado a um engenheiro fazer um relatório sobre determinado assunto . Veio uma coisa sucinta e de pouco conteúdo . O chefe leu , não gostou e devolveu , pedindo trabalho mais completo , citando inclusive partes faltantes . O engenheiro fez ainda de forma sucinta as partes faltantes e entregou o relatório . O chefe leu de novo e não gostou . Devolveu , pedindo mais conteúdo e dando exemplos . O engenheiro fez exatamente o que o chefe pediu e devolveu com a seguinte nota : “ Esta é minha forma final . Fiz o máximo que pude ” . a experiência da Ambev no Brasil mostrou que são necessários de cinco a sete anos para que se tenha um bom sistema de RH funcionando satisfatoriamente Nunca me esqueci desse fato . Existem muitas pessoas que não gostam do que fazem e sua atitude é “ se livrar da tarefa o mais rapidamente possível ” . As chefias de tais pessoas deveriam fazer um favor : dar a elas a chance de encontrar algo que amem fazer , colocando-as à disposição de outro departamento ou então , simplesmente , mandando-as embora . Nunca vi , em minha vida , uma pessoa de sucesso que não amasse o que faz . Amar o que se faz é uma necessidade suprema do ser humano , de acordo com Maslow . Nas empresas brasileiras , no entanto , há certas dificuldades para selecionar equipes de pessoas que amam o que fazem . Isso ocorre , talvez , devido a um aspecto cultural do brasileiro de “ amizade e camaradagem ” , ou , talvez , a uma agenda própria de não fazer inimizades com pessoas que poderão ser necessárias no futuro , ou até , talvez , de não eliminar uma pessoa que não tem bom desempenho , mas que lhe dá apoio incondicional . Tudo isso é deletério para a pessoa que está sendo mantida numa posição que prejudicará seu futuro profissional , para o próprio líder , que não conseguirá formar seu “ conteúdo da liderança ” , e para a empresa , que terá seus resultados atuais e futuros prejudicados . Esses aspectos culturais devem ser questionados num projeto de excelência , de meritocracia e de devoção ao desenvolvimento do ser humano e de suas organizações . Sobre isso , eis o depoimento de um gestor que revisou o livro : Onde o conceito de “ espírito de excelência ” é colocado , eu entendo isso como uma atitude de um “ dono do negócio ” , pois na minha visão é esse comportamento que move as pessoas a se indignarem com o que está errado , mudarem a rota e agirem com mais velocidade . A questão de a cultura interna influenciar o líder , e vice-versa , pode ser , na minha opinião , o motivo pelo qual o “ diretor de vendas ” no exemplo citado tenha falhado . Ou seja , um ambiente onde você fica “ falando sozinho ” deve ter sido o que ele encontrou . Como você mesmo sabe , a AmBev faz questão de reafirmá-lo a toda hora para seus funcionários , por palavras ou por fatos concretos ( remuneração , ações etc . ) , a importância das pessoas agirem sob uma norma de conduta ( sonhar grande , foco no resultado , ser dono do negócio , gastar sola do sapato etc . ) . Tenho vivido em minha empresa essa dificuldade de criar uma “ cultura de excelência ” ou o “ sentimento de dono ” , pois a cultura interna é muito poderosa . E , como se sabe , leva muito tempo , disciplina , consequência nos resultados e uns “ grandes donos ” para garantir uma aderência a esses valores em toda a organização e finalmente estabelecer uma cultura interna forte . Entendo que o líder deveria ser um guardião do método , dos valores , da cultura da empresa e , por consequência , do capital humano . Capital que vem a ser funcionários excepcionais de alto desempenho . Ou seja , um bom líder é aquele que possui pessoas de alto desempenho ( pessoas que usam o método de forma disciplinada e têm grande aderência aos valores da companhia ) . A experiência da AmBev no Brasil mostrou que são necessários de cinco a sete anos para que se tenha um bom sistema de recursos humanos funcionando satisfatoriamente e com tempo para que os primeiros valores bem recrutados e treinados tenham chegado a um nível gerencial elevado . Esse é o tempo que é necessário para formar um bom “ conteúdo da liderança ” . Depois que o conteúdo da liderança chega a um estágio bom ( após cinco a sete anos ) , a presença de um líder carismático perde sua importância e a empresa passa a ter uma liderança institucionalizada , como sugerido por Max Weber [ sociólogo alemão ] . Esse deveria ser o sonho de todos nós e um presente a nossos jovens . Sobre essa demora inicial em obter uma cultura própria para alcançar os resultados desejados , recebi o seguinte depoimento de outro dos revisores : Eu trabalhava nas Lojas Americanas e buscava capturar , para o varejo , as técnicas desenvolvidas no ramo industrial . No Brasil não existiam experiências no setor de serviços , e a resistência dentro da empresa era imensa . Encontramos , na biografia de Sam Walton ( fundador do Walmart ) , elementos que nos permitiram fazer associações com o método e , dessa forma , “ empacotar ” as técnicas para uma melhor compreensão das pessoas do varejo . Naqueles anos buscamos intensificar a educação das pessoas . No desenvolvimento de liderança valia tudo : filmes , palestras , livros e manuais de franquias . Eu , porém , nunca fiquei satisfeito com o nosso processo de evolução . Certa ocasião , o professor Falconi me apresentou a um consultor japonês , com 80 anos de idade , com quem tive o seguinte diálogo : Eu : Incomoda-me que o MÉTODO não traga resultados de curto prazo e nós precisamos de resultados transformacionais . Consultor : A qualidade total leva cinco anos para ser absorvida por uma organização . Eu : Não podemos esperar tanto . Consultor : A qualidade total leva cinco anos para ser absorvida por uma organização . Eu : Não podemos esperar tanto . Consultor : A qualidade total leva cinco anos para ser absorvida por uma organização . Eu : Mas deve haver uma maneira mais rápida . Consultor ( perdendo a paciência ) : SÃO CINCO ANOS PORQUE AS PESSOAS LEVAM CINCO ANOS PARA MUDAR ! ! ! Ao longo da minha experiência vi exatamente isso : o processo de aprendizagem é lento , existem ilhas de excelência e ilhas de resistência dentro das empresas , e pessoas que jamais a aceitarão . No entanto , a maioria adere e torna-se mais feliz no trabalho . A liderança do topo da organização , do CEO , é fundamental no processo . Passados cinco anos , o que era tão difícil se tornou um padrão de comportamento nas Lojas Americanas . Em outras empresas ocorreu o mesmo . Não interessa o ramo , a indústria ou o setor : a aplicação é sempre possível . Trata-se de mudança de comportamento e padrão mental que , bem conduzida , vira cultura . O trabalho com recursos humanos e com o desenvolvimento do “ conteúdo da liderança ” é a essência do papel do líder , sua verdadeira agenda . Conhecimento técnico : a acumulação Faz-se certa confusão entre conhecimento técnico e conhecimento de método . Conhecimento técnico é o conhecimento relacionado com o processo no qual o indivíduo trabalha . Se alguém trabalha em mar­keting , deve ter conhecimentos pro­fundos que são específicos dessa área . Assim , também existem conhecimentos que são específicos da área financeira , outros que são específicos da área de recursos humanos , outros que são específicos do processo de produção , tais como manutenção mecânica , equilíbrio químico etc . Toda organização deve zelar para que esteja atualizada em conhecimento técnico em nível global . Certa feita o diretor-geral de um cliente me pediu para ir a uma de suas fábricas , recentemente construída , para verificar por que não se conseguia produzir no nível projetado . Após alguns dias cheguei à conclusão de que as pessoas tinham bom conhecimento de método , mas não tinham conhecimento técnico dos fatores de produção . Foi então criado um programa específico , no qual foram trazidos vários dos melhores técnicos estrangeiros aposentados para que passassem seu conhecimento técnico de produção aos mais jovens . Foi um verdadeiro sucesso e a empresa , após alguns anos , possuía especialistas em várias áreas com conhecimento técnico em nível mundial . A busca do melhor conhecimento técnico em todo o mundo deve ser uma prática contínua para que se possa ter a garantia de que estamos em nível mundial o tempo todo , pois é nesse nível que se compete nos dias de hoje . O conhecimento técnico pode ser adquirido . É boa prática trazer , como consultores temporários , os melhores técnicos do mundo ( pessoas que dominam o conhecimento teórico e prático ) para trabalharem com o pessoal da empresa na solução de seus problemas . Vale ressaltar que a absorção do conhecimento técnico é feita de maneira mais eficaz por meio da prática do método gerencial . Um dos pontos centrais da prática do método é a agregação contínua de conhecimento técnico por meio da análise ( veremos mais tarde neste texto o conteúdo de uma boa análise ) . Para dar às pessoas uma medida do valor do conhecimento , costumo perguntar assim : “ Fulano , por que você não tem um custo 10% inferior ao atual ? ” . Depois de alguns segundos de choque , eu mesmo respondo : “ Porque ninguém aqui sabe como fazer isso ” . A questão é saber . É conhecimento ! Método : introdução ao conceito Método é uma palavra que se originou do grego e é a soma das palavras gregas meta e hodós . Meta significa “ resultado a ser atingido ” e hodós significa “ caminho ” . Portanto , o método pode ser entendido como o “ caminho para o resultado ” ou , então , como uma “ sequên-cia de ações necessárias para atingir certo resultado desejado ” . Ora , se gerenciar é perseguir resultados , não existe gerenciamento sem método . O método é então a essência do gerenciamento . Gestão é método . O método de que tratamos é o método cartesiano , proposto por René Descartes no século 17 . Descartes , conhecido como o pai da filosofia moderna , dizia que , em sua época , “ as obras de filosofia eram uma coletânea de opiniões ” e que ele havia “ saído do conforto de seu quarto aquecido para viajar pela fria Europa buscando a verdade na realidade da vida das pessoas ” . Essa busca pela verdade , contida nas informações organizacionais de hoje , é que fornece a orientação necessária para a boa tomada de decisão . Tomada de decisões com base em opiniões torna-se muito cara e , algumas vezes , desastrosa . A essência do trabalho numa organização é atingir resultados e , portanto , o domínio do método , por todas as pessoas , é fundamental . Isso é válido para todas as pessoas de uma empresa , desde seus diretores até os operadores , que devem ser envolvidos no método de solução de problemas para atingir os resultados necessários . Qualquer que seja o nível educacional do funcionário de uma organização , o método que usa é o mesmo . Isso viabiliza criar uma linguagem gerencial comum e conduz a uma participação natural de todas as pessoas no gerenciamento da empresa . O método provê uma maneira organizada e racional para essa participação . Passa então a ser do interesse de toda a organização elevar continuamente o nível de conhecimento de todas as pessoas de tal forma que possam atingir resultados cada vez melhores . É óbvio que os operadores vão praticar um nível de análise e síntese bem mais simples que um técnico analista , que deve , no processo de análise de informações , ser capaz de utilizar os softwares modernos , inclusive os de estatística , para extrair da informação disforme o conhecimento para atingir resultados excepcionais . Os diretores devem ter conhecimento do método e pelo menos dos aspectos básicos do processo de análise de informações . Hoje , no Brasil , certas empresas já possuem diretores formados em nível black belt , o que significa que têm conhecimento suficiente para analisar informações com o pleno uso da estatística . No futuro , todos os profissionais deverão ser preparados nesse nível . [ O oficial de inteligência Robert M . ] Clark descreve uma abordagem de análise praticada pela CIA [ Central Intelligence Agency do governo dos EUA ] muito semelhante ao que fazemos nas empresas e governos . A palavra “ inteligência ” é utilizada não só pelos órgãos de segurança governamentais , mas também pelas áreas de marketing das empresas como substituto de coleta e análise de informações . Todo o conteúdo deste livro é útil para todas as pes-soas que lidam com a análise e síntese de informações na busca da verdade ali contida . É , portanto , um livro sobre “ inteligência ” , no significado dado por Clark . O método adiciona inteligência à atividade gerencial . todos os funcionários de uma organização usam o mesmo método . Isso viabiliza criar uma linguagem comum e estimula a participação Mais um fator primordial : escolha de gerentes e diretores Tenho visto , em várias organizações ( empresas e governos ) , gerentes e diretores serem escolhidos porque são bons técnicos . Nada impede que sejam bons técnicos . No entanto , o principal fator que deve nortear a escolha desses profissionais é sua capacidade de liderança , sua dedicação na construção do conteúdo da liderança e seus valores comprovados na convivência do dia a dia . Avaliando tudo que vi em minha vida , esses são os principais atributos de um líder devotado à construção da empresa e a tornar dispensável sua condição de liderança , fazendo de seu cargo algo institucional . Esse é o patamar da verdadeira excelência . O processo de recrutamento e seleção geralmente aumenta a probabilidade de que a empresa recrute e selecione os melhores valores para suas necessidades . No entanto , esse processo não é perfeito e a verdadeira seleção é feita ao longo dos anos pela observação de cada um em seu trabalho . Essa observação é registrada pelo processo de avaliação do desempenho , que analisa a capacidade de cada pessoa de atingir suas metas e o alinhamento de cada um aos valores estabelecidos pela empresa . À medida que a pessoa sobe na hierarquia da empresa , vai sendo avaliada e selecionada , até que a indicação dos gerentes e diretores da empresa possa ser feita com bastante segurança . Essa crença leva a duas conclusões : Nada impede que se recrutem pessoas de outras empresas para ocupar cargos com necessidades específicas ; no entanto , a certeza de acerto só é obtida promovendo valores internos . Os seres humanos têm velocidades de aprendizado diferentes e , portanto , haverá pessoas que devem ter um treinamento especial , mais concentrado , e ser testadas em novas posições mais cedo . A conclusão é que uma empresa deve montar uma “ fábrica de líderes ” para que possa crescer segura de que terá os valores de que necessita em cada expansão . Na formação da InBev , e agora AB InBev , cem executivos da AmBev optaram por serem transferidos para a InBev e isso em nada atrapalhou o desempenho da AmBev . Isso aconteceu porque desde 1990 já se trabalhava na montagem da Fábrica de Líderes e havia mais de cem substitutos disponíveis para promoção , no mesmo padrão daqueles que saíram . Só uma competente fábrica de líderes permite tornar a liderança uma posição institucional e não pessoal ( dependente do carisma do líder ) . Para os bons técnicos deve ser provida uma carreira de prestígio e bem remunerada , mas não necessariamente de chefia . Sua cotação - já ! Ao preencher e enviar este formulário você vai nos fornecer as informações necessárias para configurar e enviar-lhe uma oferta de pacote de surf . O envio não cria nenhuma obrigação para você , e não vamos usar seus dados para qualquer outra coisa do que cotar seu pacote . ***Por favor , preencha todos os campos que possa responder!*** Inscrição EasyDrop Pedido Pacote Meu primeiro nome Meu sobrenome Meu sexo Meu e-mail* Cidade ( residência ) País Minhas habilidades atuais Minhas expectativas para este curso Meu estado físico Minha idade ( anos ) Meu peso ( kg ) Minha altura ( cm ) Conheço a EasyDrop de : Vou - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Se viaja acompanhado , por favor preencha a seguir os dados do seu acompanhante : Listar e caracterizar as fases do processo de apoptose e a sua base molecular Diferenciar as duas vias possíveis de morte por apoptose Enumerar exemplos biológicos de ocorrência da apoptose Enumerar exemplos de outros tipos de morte celular programada 13AULA Pré-requisito Para acompanhar melhor esta aula , você deverá rever as Aulas 13 e 14 de Biologia Celular I ( Receptores de membrana e princípios de sinalização celular I e I ) e também a Aula 1 de Biologia Celular I ( O ciclo celular ) . Biologia Celular I | A célula apoptóptica 210 CEDERJ INTRODUÇÃOEm um organismo multicelular , as células possuem mecanismos fi nos de controle para regular os processos de proliferação e sobrevivência , para crescer e dividir ( Aulas 1 e 2 ) . O número de células presentes em um organismo é muito bem regulado pela ação conjunta dos processos de proliferação e de morte celular . As células podem morrer de duas maneiras : acidental ou programada . Os processos de morte não-acidental são promovidos e fi namente regulados por proteínas sintetizadas pela própria célula que irá morrer . Tal “ suicídio celular ” é chamado de MORTE CELULAR PROGRAMADA . Este processo pode ocorrer em resposta a diversos sinais ambientais e é detectado , regulado e ativado por um complexo sistema molecular . Existem diversos tipos de morte celular programada . O primeiro tipo , e também o mais comumente observado , é a APOPTOSE , que apresenta um conjunto de características morfológicas e moleculares específi cas a serem abordadas nesta aula . Também veremos como esse processo ocorre em diversas etapas de nosso desenvolvimento e como falhas nessa função estão relacionadas a algumas doenças . AS CÉLULAS NASCEM , CRESCEM , REPRODUZEM-SE E Cada uma das células que convive em um organismo multicelular é exposta a centenas de diferentes sinais ambientais . Receber e enviar sinais é fundamental para a sobrevivência de qualquer célula ( como foi visto na Aula 13 de Biologia Celular I ) . A combinação destes sinais é específi ca para cada tipo celular , e alguns deles levam a processos de proliferação e diferenciação . Já a ausência de sinais ( não apenas os de proliferação ) aciona uma maquinaria molecular que ativa um programa de suicídio celular . O nome morte celular programada deve-se ao fato de ser um tipo de morte organizado e orquestrado pelo próprio genoma da célula . Observa-se a ocorrência de morte celular programada mesmo em alguns protozoários , e até acredita-se que nestes seres isto atue como um mecanismo de controle populacional . Uma situação de superpovoamento conduz à redução ambiental de nutrientes ( ausência de sinais de sobrevivência ) , e isso induziria uma diminuição populacional . Acredita-se também que protozoários infectados por vírus podem suicidar-se para Processo celular ativo que leva à morte celular . Geralmente ocorre em resposta a fatores ambientais ou a danos fi siológicos detectados pela célula . Tipo de morte celular programada caracterizada por mudanças morfológicas específi cas . O nome vem do grego antigo e signifi ca queda de folhas ou pétalas . A apoptose é observada em células de metazoários , incluindo plantas e animais , com genes específi cos responsáveis pela expressão de proteínas essenciais para o processo . 13 MÓDULO 3 CEDERJ 211 CARL VOGT ( 1817-1895 ) Naturalista suíço , árduo defensor das idéias de Darwin , foi o primeiro reitor da Universidade de Genebra , onde trabalhou com histologia animal comparada , geologia , entre outros assuntos . Foi o primeiro a descrever os sifonóforos . Saiba mais sobre Vogt e sua obra no site w.darse.org / images / portrait_ vogt.jpg evitar que a infecção se alastre para o restante da população . De uma maneira altruísta ou defensiva , os microorganismos foram os primeiros a utilizar mecanismos de morte celular programada . Historicamente , a morte celular programada foi descrita no século XIX por CARL VOGT . Ele observou “ destruição celular ” no desaparecimento da notocorda e no surgimento das vértebras em uma espécie de anuro . Hoje sabemos que esta “ destruição celular ” é fruto de mecanismos de morte celular programada . Em 1863 , AUGUST WEISMANN , pesquisando o desenvolvimento embrionário de moscas , descreveu o processo de “ histólise ” : células mortas extremamente vacuolizadas , com núcleos condensados . Naquela época não se deu muita atenção a estas observações , e o tempo passou . Em 1972 , o patologista australiano ANDREW WYLLIE e seus colaboradores descreveram pela primeira vez um processo de morte celular programada , que foi então chamado apoptose . Este tipo de morte celular , por ser o mais importante e mais bem descrito , será o objeto principal de estudo desta aula . Mas não podemos ter pressa ! Antes disso , precisamos diferenciar a apoptose do principal tipo de morte acidental celular : a NECROSE . Também conhecida como morte celular acidental , é fruto de um dano externo – lesão por agente químico ou físico – à célula . Não ocorre a expressão de moléculas específi cas para este processo . AUGUST WEISMANN ( 1834-1914 ) Biólogo alemão , trabalhou principalmente com embriologia de insetos e crustáceos . Foi um dos primeiros cientistas a discordar das idéias de Lamarck , mostrando que os caracteres adquiridos não são herdados . Saiba mais no site w.nceas.ucsb.edu / ~alroy/lefa / Weismann.html Patologista australiano , chefe do Departamento de Patologia da Universidade de Cambridge ( Inglaterra ) , criador do termo apoptose . Didaticamente , consideramos a existência de duas vias primárias que levam células a morrer . O processo relacionado à morte celular não programada mais conhecido é a necrose . Este tipo de morte celular ocorre quando as células recebem algum tipo de injúria , seja ela química ou física , causada sempre por agentes externos . Exemplos de necrose são observados quando células são expostas a condições extremas de temperatura , falta de oxigênio ( isquemia ) , traumas físicos , entre outros . É importante lembrar que a necrose não é Biologia Celular I | A célula apoptóptica 212 CEDERJ um processo mediado pela ativação de proteínas específi cas , como na apoptose . A morte necrótica é geralmente catalisada por enzimas lisossomais e pelo rompimento das organelas celulares . Além disso , a morte celular por necrose geralmente atinge várias células ao mesmo tempo , em uma mesma região ( diferentemente da apoptose ) , já que os agentes causadores de necrose geralmente atingem grandes áreas celulares . A morte necrótica ( Figura 13.1 ) caracteriza-se inicialmente pela perda da integridade da membrana plasmática após o trauma . Este fato Figura 13.1 : ( a ) Seqüência da morte celular por necrose . ( b ) Seqüência da morte celular por apoptose . a b 13 MÓDULO 3 CEDERJ 213 permite que ocorra uma abrupta e brutal entrada de água no interior da célula , resultando em um inchaço da célula e de suas organelas . Com a continuidade deste processo , as organelas rompem-se e extravasam no interior do citoplasma seus constituintes . Como resultado , a célula começa a sofrer um processo de autodigestão , no qual enzimas estocadas em organelas específi cas como endossomas e lisossomas começam a degradar os constituintes citoplasmáticos . Esta degradação , somada à contínua entrada de água , acarreta a ruptura total da membrana plasmática e o posterior extravasamento dos constituintes citoplasmáticos no meio extracelular ( Figura 13.2 ) . Estes conteúdos internos da célula ( que normalmente nunca estão no meio extracelular ) induzem a invasão de células fagocíticas ( macrófagos ) que irão ativar uma forte RESPOSTA INFLAMATÓRIA do organismo . Diferentemente da necrose , a apoptose é um tipo de morte celular altamente organizado , tanto no núcleo quanto no citoplasma . É também uma morte silenciosa , já que não induz resposta inflamatória do organismo . Geralmente acomete células isoladas e é um processo catalisado por moléculas que possuem a função específi ca de ativá-la . A apoptose se caracteriza por uma seqüência de eventos ( Figura 13.1 ) bem previsíveis . Inicialmente , as células apoptóticas sofrem um drástico murchamento de sua estrutura , bem ao contrário do que acontece na necrose , em que as células incham . Em um epitélio , por exemplo , uma célula que entrou em processo de apoptose começará a perder as suas microvilosidades e a desfazer as junções intercelulares . Um fato importante , que chama muita atenção , é que a cromatina desta célula começa a condensar , concentrando-se na periferia do núcleo . Na etapa seguinte , o citoplasma da célula apoptótica começa a sofrer violentas movimentações , dando impressão de que a célula está borbulhando ( Figura 13.2 ) . Este processo , conhecido por BLEBBING ( borbulhamento ) , leva a célula apoptótica a fragmentar-se em diversos pedaços completamente selados por membrana . Estes fragmentos são os corpos apoptóticos . As organelas também se fragmentam , mas sem nenhum tipo de extravasamento . Nesse ponto , já são observados fragmentos do núcleo carregando pedaços de cromatina hipercondensada que será fragmentada nas etapas posteriores da apoptose . Resposta imune local de um tecido a um dano ou infecção , causada geralmente por leucócitos ou macrófagos , ao lançarem no local mediadores ( como a histamina ) que causam dor no organismo . Também conhecido como zeiose , é a intensa movimentação do citoplasma , fruto de uma atividade ainda não muito conhecida das proteínas do citoesqueleto . Em videomicroscopia , observa-se uma frenética formação de bolhas na célula . Estas bolhas , por sua vez , estarão carregadas de pedaços de organelas e núcleo com cromatina fragmentada . Este evento , mesmo sendo violento , garante que não ocorra rompimento das membranas da célula . Para ver um interessante vídeo de zeiose , viaje pela Internet em w.cellsalive.com / apop.htm Biologia Celular I | A célula apoptóptica 214 CEDERJ Estes corpos apoptóticos , contendo pedaços de organelas e do núcleo , modifi cam drasticamente a composição da membrana plasmática , expressando no folheto externo o fosfolipídio FOSFATIDILSERINA que , em células viáveis de mamíferos , é encontrado somente no folheto interno da membrana plasmática ( Aula 7 de Biologia Celular I ) . Nos tecidos , esses corpos apoptóticos são fagocitados por células da vizinhança ( que não são células fagocíticas profi ssionais ) ou por macrófagos ( Figura 13.3 ) . Como os constituintes citoplasmáticos não foram extravasados , os macrófagos não ativam a resposta infl amatória . Daí vem o termo morte silenciosa , já que o organismo não sofrerá nenhum “ efeito colateral ” com a morte de uma ou mais células por apoptose . Figura 13.2 : A figura ( a ) é de um macrófago apaptótico : note a intensa vacuolização e massas de cromatina condensada no núcleo . Compare com a fi gura ( b ) , de uma célula normal . Sou operador de telemarketing de um call center e preciso apresentar um trabalho que fala sobre AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS , estou meio perdido e preciso de um pouco de informações , procurei na internet e não fui muito feliz . Podem me ajudar por favor?...Obrigado . Após a compra Institucional Procurando Produtos Usados de Luxo Se você não conseguir localizar o produto desejado utilizando a navegação e a busca entre em contato conosco que ajudamos você a encontrar . Caso seja um produto que não possuímos em estoque ou quiser um produto específico , entraremos em contato com nossas fornecedoras e te informaremos se recebermos o mesmo ou similar . Envie-nos o maior número de informações sobre o produto e deixe sua sugestão . Aguarde que entraremos em contato o mais rápido possível . O estudo das operações agrícolas visa racionalizar o emprego das máquinas e implementos na execução das suas tarefas . Tem objetivo de melhor explorar a potencialidade das máquinas e implementos no menor espaço de tempo necessário para completar as operações que um dado manejo desenvolvido necessite . Coopera para isso que , após estabelecidas as necessidades das culturas , se adote o manejo mais econômico , com a menor necessidade de máquinas e tempo exigidos para cada operação.Isto é conseguido através de um estudo de situação , quando decidimos o que fazer e quando fazer . Isto incluí a escolha das cultivares mais adequadas e dos tipos de manejo a serem desenvolvidos . Pela Norma ASAE S495 este processo é dividido em 4 etapas : a ) Decidimos : Definimos os objetivos para o sistema , selecionamos os componentes do sistema e prevemos a performance do sistema . b ) Planejamos : Determinamos as épocas para as várias operações a serem executadas . Disponibilidade de tempo , operações a serem executadas , quantidade de horas a serem trabalhadas , e necessidades da cultura , são fatores importantes nesta análise . c ) Executamos : Quando executamos as operações com os operadores e as máquinas . O operador de máquinas agrícolas acaba sendo seu próprio supervisor . d ) Controlamos : Quando nos utilizamos de medidas da produtividade e padrões para o controle do sistema . No caso do estudo específico das máquinas agrícolas vamos nos ater aos conceitos de Desenpenho e Capacidades . Os valores correspondentes as capacidades das máquinas serão usadas nos cálculos para determinar as necessidades de máquinas , diante de uma certa quantidade de trabalho que devem desenvolver . 2 - DESEMPENHO OPERACIONAL : quanto aos valores da área e o tempo que o mesmo leva para trabalha-la Podemos definir como um complexo conjunto de informações que definem , em termos quali-quantitativos os atributos da maquinaria agrícola quando executam operações sob determinadas condições de trabalho . Sob os aspectos qualitativos encontramos o tipo de operação realizada bem como a qualidade do trabalho . Se é bem executado dentro das características agronômicas desejáveis . Os aspectos quantitativos definem o equipamento Dentro deste conceito podemos utilizar tres grupos de informações : a ) Características operacionais : Todos os dados relativos à qualidade e quantidade de trabalho desenvolvido . c ) Característcas de manejo : Englobam dados que estão relacionados com as regulagens , manutenção , reparações , estabilidade dos equipamentos , etc . 3 - CAPACIDADE OPERACIONAL : Todas as máquinas agrícolas possuem uma capacidade de trabalho , ou seja , realiza uma quantidade de trabalho num determinado tempo . A esta relação chamamos de capacidade operacional e pode ser expressa como sendo a quantidade de trabalho executado ou produção ( para o caso de máquinas que manipulam o material , podendo ou não se deslocarem ) pela unidade de tempo . 3.1 - Classificação das Capacidades Operacionais . Como a quantidade de trabalho executado pode ser avaliada de várias maneiras e o tempo considerado sob vários aspectos , podemos diferenciar e classificar as Capacidades Operacionais . a ) De acordo com o tipo de operação : Capacidade de Campo ( Cc ) , Capacidade de Produção ( Cp ) e Capacidade de Manipulação ( Cm ) . b ) De acordo com a dimensão dos órgãos ativos : Capacidade Teórica ( CT ) . c ) De acordo com o tempo considerado : Capacidade Efetiva ( CE ) e Capacidade Operacional ( CO ) . 3.2 - CAPACIDADE DE CAMPO : Todas as máquinas e implementos que executam as operações deslocando-se sobre o solo e cobrindo uma determinada área num certo espaço de tempo , possuem uma certa capacidade para executar as operações , a qual chamamos Capacidade de Campo . Ela pode ser expressa em ha / dia ; ha / min ; m²/s etc . 3.2.1 - Capacidade de Campo Teórica : ( CcT ) Este valor é obtido apartir das dimensões dos órgãos ativos e da velocidade de deslocamento da máquina ou conjunto trator-máquinaimplemento . Um exemplo clássico é a determinação da capacidade de campo teórica de um arado . Medimos a largura de corte do arado e multiplicamos pela velocidade de deslocamento do conjunto trator-arado . A largura de corte de um arado será aquela que ele teóricamente teria se fosse operado na melhor condição possível ou seja seria a largura quando todos os discos estariam cortando o solo com a mesma largura e mesma profundidade e considerandose que não haveria sobreposição entre as faixas de operação do arado . Esta medida é tirada diretamente no arado e é fixa para uma dada regulagem do angulo de corte horizontal e vertical . Este conceito vale para todos os tipos de máquinas lembrando-se que para as semeadoras usamos a sua largura efetiva de semeadura , obtida ao se multiplicar o número de linhas da semeadora em uso , pelo espaçamento entre elas . A Velocidade de deslocamento a ser usada para se calcular a Capacidade de Campo efetiva deverá ser aquela que correponde ao limite máximo sob a qual é possível se realizar a operação de maneira adequada ou seja que ela mantenha a sua qualidade . Assim conseguiremos o valor da Capacidade de Campo Teórica pelo produto da largura de corte pela Velocidade de deslocamento e é expressa em m²/s ; ha / h ; ha / min ; ha / dia , etc . 3.2.2 - Capacidade de Campo Efetiva : Esta capacidade diferencia-se da teórica por representar a capacidade efetivamente apresentada pela máquina ou conjunto trator-máquinaimplemento ao realizar uma operação agrícola . Representa a capacidade básica da máquina , isto é , a capacidade medida à campo durante um certo intervalo de tempo . O tempo de avaliação é que diferencia esta capacidade . Considera-se apenas o tempo em que a máquina esteve efetivamente executando o trabalho não se considerando os tempos em manobras , regulagens , giros nas cabeceiras etc . Diferencia-se da Capacidade Teórica por incluir o efeito de fatores de campo como a utilização parcial da largura de corte ou de operação devido a sobreposições ; Uso de velocidades inferiores aquelas que teoricamente poderia ser desenvolvida ou seja , sofre influência da interação trator-implemento-máquina com o solo . Por estes motivos a Capacidade de Campo Efetiva quase sempre é menor que a Capacidade de Campo Teórica , podendo no máximo ser igual a ela . Entretanto em avaliações a campo já se constatou casos em que a Capacidade de Campo Efetiva era maior que a Capacidade de Campo Teórica . A explicação para isto deve-se ao mau uso do equipamento , no caso um arado não adequado ao trator , que resultava numa largura de corte a campo maior que a largura teórica . Neste caso a bitola do trator não era a indicada para o arado usado , resultanto numa maior largura de corte para o primeiro disco . Evidentemente a qualidade da operação estava prejudicada . Diante deste exemplo fica claro que uma avaliação da capacidade efetiva de um conjunto trator-máquina-implemento durante uma operação agrícola , nos fornece além dos dados da capacidade básica do conjunto , um valor de análise e de controle de uma dada operação agrícola dentro de uma propriedade rural . Dentro de um programa de busca da qualidade total sempre visando o maior rendimento das operações , o uso de avaliações deste tipo podem ser úteis . 3.2.2.1 - Determinação da Capacidade de Campo Efetiva : Para uma correta determinação da Capacidade de Campo Efetiva de um conjunto Tratorimplemento-máquina , precisamos tomar algumas providências . Determina-se uma área onde o conjunto poderá executar várias passadas com um comprimento de 20 metros . Seis balizas para melhor visualização das distâncias , uma trena de 20 metros e um cronômetro . Após marcamos na área as distâncias de 20 metros colocando-se as balizas conforme a figura 1 . O mesmo esquema serve para vários tipos de máquinas . A determinação começa com a passagem do conjunto já em pleno ritmo de trabalho . Para isto o conjunto deverá trabalhar normalmente uma faixa bem mais longa , reservando-se os vinte metros para a determinação tempo e das larguras de corte . A largura de corte é determinada junto as dua balizas de alinhamento e é encontrado pela diferença entre as distancias da borda da primeira passada e da borda da segunda passada conforme figura 2 . O importante é determinarmos com precisão a diferença entre as passadas que vem a ser a largura de corte efetiva . Com isto estaremos considerando as sobreposições que ocorrem entre as passadas e que modificam a largura teórica . A velocidade de operação será determinada com a cronometragem do tempo gasto para percorrer os vinte metros . Teremos então : Velocidade = 72 / t onde t = tempo gasto para percorrer os 20 m em segundos , o que nos dará a velocidade efetiva do conjunto em km / h . A Capacidade de Campo Efetiva ( CcE ) será determinada pelo produto da largura de corte ( L ) encontradas nas determinações pela velocidade efetiva ( V ) , dividido por 10 , quando teremos a CcE em ha / h . 3.2.3 - Capacidade de Campo Operacional : ( CcO ) Representa a Capacidade do conjunto à campo , executando normalmente as operações incluindo-se no tempo de determinação os efeitos dos fatores de ordem operacional como : Tempo consumido no preparo da máquina ; Tempo consumidos em interrupções requeridas pelo próprio trabalho da máquina . podem facilitar ou dificultar as operações mecanizadas ) e as condições do operador A Capacidade de Campo Operacional é o valor no qual vamos nos basear para calcular a necessidade de máquinas de uma atividade agrícola . Como veremos os fatores que vão influir nesta capacidade são muito variados . Vão desde as condições do solo ( Tipo , declividade , quantidade de água no solo),do layout da propriedade ( formato das lavouras que campo e o tempo parado devido à máquina Para a determinação da Capacidade de Campo Operacional precisaremos em primeiro A determinação da Capacidade de Campo Operacional é obtida através do produto da área trabalhada ou produção , dividido pelo Tempo Operacional . Este tempo diferencia-se dos demais por incluir o tempo de preparo da máquina para o trabalho , o tempo de trabalho à 3.2.3.1 - Determinação da Capacidade de Campo Operacional : lugar , demarcar uma área de tamanho suficiente para que o conjunto trator-máquinaimplemento possa trabalhar por 3 a 4 dias no mínimo . Em segundo lugar , instalar um tacógrafo no trator para a marcação dos tempos em movimento e tempos parados . Munir operador com uma caderneta de anotações para registrar o motivo das paradas , que neste caso são muito importantes . Com os dados do tacógrafo e da caderneta do tratorista , fazemos o cálculo do Tempo horas gastos em regulagens do equipamento , desembuchamentos , abastecimentos de Operacional . É importante que se faça com clareza a anotação dos tempos parados e dos tempos em movimentos pois nos dois casos teremos que fazer algumas exclusões . No caso do número de horas ou minutos em que o trator esteve em movimento , teremos de excluír o tempo gasto em deslocamentos do galpão até os locais de trabalho e vice-versa . Ficamos asssim apenas com tempo em que o conjunto esteve na lavoura em operação . Do total do tempo parado durante a jornada de trabalho,descontaremos o tempo parado devido às condições climáticas adversas e também o tempo do operador gasto para as refeições . Com isto teremos como tempo parado e incluído no Tempo Operacional , a soma dos minutos ou combustível , manutenção ( periódica e eventual ) , paradas do operador ( tempo gasto em necessidades fisiológicas ) , abastecimento de depósitos de fertilzantes , sementes , defensivos etc . Área Trabalhada ( m² ) CcO(ha/h ) = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,006 Tempo Operacional(min ) 3.2.3 - Rendimento de Campo Operacional : ( RcO ) É a relação entre as capacidades de campo operacional e efetiva . Também chamada de Eficiência de Campo , o RcO indica as perdas devido aos tempos parados , giros de cabeceiras , etc . ou seja , reflete as condições sob as quais a maquinaria é utilizada.Quanto mais alto for o Rendimento de Campo operacional , melhor estará sendo aproveitada a capacidade da maquinaria . Este melhor aproveitamento ocorre porque estaremos usando as máquinas mais próximo da sua capacidade básica ou seja de sua capacidade efetiva . CcO RcO = - - - - - - - - - - 100 CcE 3.2 - CAPACIDADE DE PRODUÇÃO : ( Cp ) Quando estivermos lidando com máquinas que além de cobrirem uma área , executarem um trabalho que inclui o processamento de uma certa quantidade de material , medida em termos de peso ou volume de produto que sofreu a ação dos órgãos ativos , teremos então o que chamamos de Capacidade de Produção . Este conceito serve também para as máquinas estacionárias . Capacidade de Produção = Peso ou Volume de produto que foi trabalhado pelos órgãos ativos / unidade de tempo O peso ou volume refere-se ao peso ou volume que sai da máquina ou seja que já Capacidade de Produção das máquinas também pode considerada como sendo sofreu o efeito dos órgãos ativos da máquina . Ex . Uma bomba hidráulica tem sua capacidade de produção expressa em litros / segundo , m³/hora . A de uma trilhadora estacionária ou colhedora automotriz é em sacos / h , kg / h ou ton / h . Teórica , Efetiva e Operacional . CpT = em função das dimensões dos órgãos ativos . CpE = com a máquina em operação e num tempo . CpO = considerando o tempo operacional . Nas máquinas colhedoras a Capacidade de Produção pode sofrer grande influência do estado da cultura . Uma lavoura com baixa produtividade poderá fazer com que a máquina apresente uma produção mais baixa . Por isto devemos ver também a Capacidade de Campo para uma melhor avaliação do desempenho da colhedora . 3.4 - CAPACIDADE DE MANIPULAÇÃO : ( Cm ) É usada de forma mais específica para máquinas destinadas a separar materiais dissimilares ou provocar modificações no estado do produto . Ex . Beneficiadoras , classificadores , secadores etc . Capacidade de Manipulação = Peso ou Volume de produto a ser trabalhado pelos órgãos ativos . / unidade de tempo . Conforme o tempo considerado também teremos as Capacidades de Manipulação Efetiva e Operacional , assim como a teórica , que leva em conta o tamanho dos órgãos ativos . Prof . Carlos F . Toescher RITMO OPERACIONAL DA MAQUINARIA AGRÍCOLA 1 - INTRODUÇÃO : Todo o planejamento feito é para que se consiga alcançar um objetivo até uma data ou por um prazo pré-determinado . Dentro do planejamento agrícola não é diferente . Temos de conjugar prazos para a execução das tarefas com a nossa capacidade de executá-las . Os prazos se limitam entre o final da colheita da cultura anterior e a data final de semeadura da cultura a ser implantada , pois um planejamento racional , a princípio , deve considerar o final da época recomendada para a semeadura , como o prazo limite para tal operação.Daí então , planejamos as operações anteriores e posteriores a este período . É este limite entre tempo disponível e a área total em que deveremos trabalhar que vai nos obrigar a mantermos um certo ritmo de trabalho para que os nossos objetivos sejam alcançados . A isto chamamos de Ritmo Operacional . 2 - DETERMINAÇÃO DO RITMO OPERACIONAL . Ritmo Operacional é a " Taxa de atividade Operacional , horária ou diária , que deverá ser desenvolvida , para que uma dada operação seja concluída numa certa área e num prazo pré-determinado " conforme Mialhe ( 1976 ) . Para que possamos estimar o ritmo operacional necessário para as diferentes atividades , deveremos ter bem determinados a área total a ser trabalhada e o tempo disponível para a realização de cada atividades . Como exemplo podemos citar uma área de 500 ha que deverá ser trabalhada com uma certa operação agrícola num prazo de 25 dias . Teremos então que necessariamente trabalharmos uma média de 20 ha por dia para totalizarmos os 500 ha em 25 dias.Então , 20 ha / dia é o nosso Ritmo Operacional Diário . Se a nossa jornada de trabalho for de 10 hora por dia , o nosso Ritmo Operacional Horário deverá ser de 2 ha / hora . Identificação das ruas Você já tentou explicar a alguém , que não conhece a cidade , como chegar até a sua casa ? Se sua resposta for afirmativa , é bem possível que tenha enfrentado algumas dificuldades . Mesmo quem conhece o município encontra sérios problemas quando precisa localizar um endereço em Embu , já que a maioria absoluta das ruas não possui nenhuma placa indicando nome e a numeração é completamente aleatória . A Prefeitura de Embu já está trabalhando para acabar com esse problema , promovendo a reorganização da numeração de todas as ruas e instalando placas indicativas em inúmeras esquinas do município . Com essas iniciativas será muito mais fácil localizar um endereço em nossa cidade . No entanto , para que essas medidas surtam os efeitos esperados será necessária a colaboração e o apoio de toda a população , principalmente no que diz respeito à reorganização da numeração das ruas , já que cada morador ficará responsável pela colocação do novo número em sua residência ou estabelecimento comercial o mais rápido possível . E como ficam as contas e correspondências ? Empresas como Eletropaulo , Sabesp e Correios são importantes parceiras da Prefeitura de Embu nesse projeto , garantindo que todas as contas e correspondências não sejam entregues em endereço errado , desde que a nova numeração dos comércios e residências esteja colocada em local bem visível . Já a Telefonica solicita que seus clientes liguem para 103 e notifiquem o novo número assim que ele seja alterado . Toda a cidade vai ter sua numeração mudada ao mesmo tempo ? Não . A reorganização da numeração das ruas da cidade será realizada gradualmente , bairro por bairro , uma vez que a iniciativa contempla ainda outras medidas importantes , como a regularização de diversas ruas não cadastradas pela prefeitura e o desmembramento de vias públicas muito longas e / ou com trajetos entrecortados . A Prefeitura de Embu , através da equipe da Secretaria de Planejamento , está promovendo um mutirão nos bairros atendidos pela iniciativa . Todas as casas terão o novo número pintado em sua fachada com tinta removível , garantindo o resultado imediato da renumeração das residências e estabelecimentos comerciais . Ao longo de 2005 , a Prefeitura da Estância Turística de Embu vai identificar todas as ruas , avenidas e estradas do município . As placas de endereçamento contarão com o nome da via , os números do quarteirão , o Código de Endereçamento Postal ( CEP ) desses endereços e o nome oficial de nossa cidade . Nassel Al-Khelaifi , presidente e dono do PSG , com Laurent Blanc ao fundo O futuro de Laurent Blanc parece mais distante do PSG depois de declarações do milionário árabe Nassel Al-Khelaifi nesta sexta-feira . O dono e presidente do clube concedeu entrevista ao jornal francês " Le Parisien " e cobrou um " novo ciclo " na equipe , o que custar o emprego do treinador . " Os jogadores , o técnico , o comando , precisamos de uma virada , um novo ciclo . Apoiei ( Blanc ) por três anos . Agora , tenho que fazer as perguntas certas . Grandes mudanças podem acontecer " , disse . Em abril , após a eliminação do PSG nas quartas de final da Uefa Champions League , diante do Manchester City , Al-Khelaifi disse que Blanc permaneceria no emprego , mas parece ter mudado de ideia . " Estou aqui há cinco anos , e esta é a primeira vez que temos esse sentimento de fracasso . Não é só o fato de perder as quartas da Champions , é a forma como ocorreu . A eliminação é o pior momento desde que cheguei a Paris " , acrescentou o milionário . Blanc , que , apesar do fracasso na competição europeia , conquistou o tetracampeonato consecutivo para o PSG nesta temporada , renovou seu contrato no último mês de fevereiro , o estendendo até junho de 2018 . Nos jornais franceses , Manuel Pellegrini , ex-City , já é especulado para a vaga . Performance , Liminaridade e Communitas em Ambientes-Telepresentes Helmut Paulus Kleinsorgen Resumo Neste trabalho , discuto algumas representações simbólicas que permeiam ambientes-telepresentes , especificamente o portal de exibição de live webcams CAM4 ( www.cam4.com ) . A partir dos estudos de performance desenvolvidos por Victor Turner , pretendo analisar o papel da instrumentalização do corpo como veículo de expressão não-verbal nas práticas sociais de produção , compartilhamento e recepção de representações identitárias audiovisuais em redes de interação mediadas pela Internet . Por meio de uma perspectiva comparativa , tenho o propósito de compreender os atores sociais , discursos e sentidos inseridos na crescente incorporação da exibição a distância em tempo real do rosto , do corpo e / ou da encenação de diferentes tipos de performances amadoras . 22 melhores frases de Steve Jobs sobre negócios e vida Além de ser a engrenagem principal que colocou a Apple onde está hoje , revolucionando diversos aspectos da vida de bilhões de pessoas , Steve Jobs também tocou pessoalmente a alma de muitas outras graças aos seus discursos e frases marcantes . Uma das maiores figuras da história recente , deixou um vazio ao morrer no dia 5 de outubro de 2011 . A morte , inclusive , era um assunto recorrente para ele , como veremos nas citações a seguir . Frases de Steve Jobs 1 . “ Estou convencido de que cerca da metade do que separa empreendedores de sucesso dos outros é pura perseverança ” 2 . “ A melhor coisa na vida para mim não custa dinheiro . É bastante óbvio que o recurso mais precioso que todos temos é o tempo ” 3 . “ Meu plano de negócios são Os Beatles . Eles eram quatro caras que sempre lidavam com os hábitos negativos de cada um . Eles se balanceavam , e o resultado era maior que a soma de todas as partes . É assim que entendo os negócios : grandes feitos em negócios não são realizados por uma pessoa , elas são realizadas por uma equipe de pessoas . ” 4 . “ Certas vezes quando você inova , você comete erros . É melhor admiti-los rapidamente , e voltar a otimizar suas outras invenções . ” 5 . “ Ser o homem mais rico do cemitério não importa para mim … Ir deitar à noite sabendo que fizemos algo incrível … isso que importa para mim . ” 6 . “ Tenho orgulho de tantas coisas que deixamos de fazer quanto de coisas que fizemos . Inovação é dizer não a milhares de coisas . ” 7 . “ Acredito que se você cria algo que acaba sendo bom , você então deve ir fazer algo incrível , sem perder muito tempo nisso . Apenas descubra o que vem a seguir . ” 8 . “ Quando eu tinha 17 anos , li uma citação que era mais ou menos assim : “ se você viver cada dia de sua vida como se fosse o último , algum dia você estará certo ” . Isso teve impacto em mim , e desde então , há 33 anos , eu olho no espelho toda manhã e me pergunto : “ se hoje fosse o último dia da minha vida , eu gostaria de estar fazendo o que farei hoje ? ” . E se a resposta é não durante muitos dias em seguida , sei que tenho que mudar algo . ” 9 . “ Ninguém quer morrer . Mesmo quem quer ir ao paraíso não quer morrer para chegar lá . E mesmo assim , a morte é o destino que todos compartilhamos . Ninguém já escapou disso . E é assim que deve ser , porque a morte é provavelmente a melhor invenção de todas . É o fator de mudança da vida . Ela elimina o antigo para criar um caminho novo . ” 10 . “ Tenha a coragem de seguir seu coração e intuição . De alguma forma , eles sabem o que você realmente quer se tornar . ” 11 . “ Esse tem sido um dos meus mantras : foco e simplicidade . O simples pode ser mais difícil que o complexo ; você precisa trabalhar duro para limpar sua mente e tornar algo simples . ” 12 . “ As pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são as que conseguem . ” 13 . “ Afinal , o que é a Apple ? A Apple é sobre pessoas que pensam fora da caixa , pessoas que querem usar computadores para conseguir mudar o mundo , para ajudá-las a criar coisas que farão uma diferença , não apenas para conseguir fazer seu trabalho . ” 14 . “ Sempre fui atraído pelas mudanças mais revolucionárias . Não sei por que . Porque são mais difíceis . Elas são muito mais emocionalmente estressantes . E geralmente você passa por períodos onde todos lhe dizem que você fracassou completamente . ” 15 . “ Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder . Você já está pelado . Não há motivo para não seguir seu coração . ” 16 . “ As coisas não precisam mudar o mundo para serem importantes ” 17 . “ Criatividade apenas conecta as coisas . Quando você pergunta à pessoas criativas como bolaram algo , elas se sentem meio culpadas porque na realidade não bolaram , elas apenas viram isso acontecer . Simplesmente pareceu óbvio a elas depois de um tempo . ” 18 . “ Seja um termômetro de qualidade . Algumas pessoas não estão acostumadas a um ambiente onde a excelência é esperada . ” 19 . “ É bastante difícil criar produtos a partir de grupos focais . Frequentemente as pessoas não sabem que querem algo até você apresentar à elas . ” 20 . “ Seu trabalho será uma grande parte de sua vida , e a única maneira de estar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho . E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é amar o que você faz . Se ainda não encontrou o que ama , continue buscando . Não se acomode . Assim como tudo que envolve seu coração , você saberá o que é quando encontrar . ” 21 . “ Inovação é o que distingue um líder de um seguidor ” 22 . “ No fim , eu não voltei à Apple para fazer uma fortuna . Eu fui muito sortudo em minha vida e já tenho uma fortuna . Quando eu tinha 25 anos , minha fortuna já era avaliada em cerca de US$ 100 milhões . Decidi que não deixaria isso arruinar minha vida . Você não conseguiria de forma alguma gastar tudo isso , e eu não vejo riqueza como algo que comprova minha inteligencia . ” São Paulo – Está enganado quem pensa que a capital mundial dos jogos de azar é Las Vegas , nos Estados Unidos . A região administrativa de Macau , que foi entregue à China em dezembro de 1999 após ter sido colonizada por Portugal , já se tornou referência quando o tema é cassinos . Atualmente , é conhecida como a " Monte Carlo do Oriente " ou a " Las Vegas da Ásia " . O faturamento da indústria de jogos na ilha , que está localizada a apenas 60 quilômetros de Hong Kong , bateu recorde no acumulado de janeiro a novembro de 2011 , somando 30,526 bilhões de dólares ( 57,009 bilhões de reais ou 224,258 bilhões de patacas – moeda local ) . A cifra é 44,14% superior aos 21,178 bilhões de dólares alcançados em igual intervalo de 2010 . Apenas em outubro de 2011 , a receita bruta com a indústria de jogos em Macau ficou em 3,355 bilhões de dólares ( 6,267 bilhões de reais ou 26,851 bilhões de patacas ) , atingindo um recorde histórico para um único mês . O montante é 42,3% superior em comparação ao visto em igual período do ano anterior . A superação de Macau diante de Las Vegas foi conquistada em 2006 , conforme mostra o gráfico abaixo , que compara o faturamento trimestral dos cassinos na ilha asiática e na cidade americana . Desde então , a diferença entre as receitas das duas potências dos jogos só cresce . Em 2011 , o ganho de Macau com a atividade foi praticamente seis vezes maior que o de Las Vegas . Sucesso O sucesso não veio por acaso . A trajetória da indústria de jogos em Macau foi pavimentada por uma legislação mais favorável à abertura de novos cassinos , principalmente por conta das baixas taxas cobradas na forma de impostos pelo governo local , além dos investimentos feitos em infraestrutura . A tradição dos jogos já predominava na ilha nos tempos de colônia , ou seja , antes de ela ser entregue por Portugal à China em 1999 . Mas ao assumir o território , o governo chinês passou três anos estudando diferentes legislações para regularizar a indústria de jogos de Macau , tendo contratado a consultoria americana Arthur Andersen para realizar um estudo sobre o desenvolvimento da atividade na ilha . Como resultado , Macau recebeu 21 propostas de concessão de exploração da indústria de jogos de companhias procedentes não apenas da região , mas também de Hong Kong , Estados Unidos , Malásia , Austrália , Grã-Bretanha e Taiwan . Outro ingrediente foi fundamental para o boom dos cassinos na ex-colônia portuguesa : os turistas chineses . Antes de 1999 , grande parte deles tinha dificuldades de chegar à ilha , principalmente por conta das restrições impostas na época pelo governo . Na medida em que Macau foi incorporada à China , o governo chinês - já de olho no desenvolvimento da indústria de jogos - optou por reduzir as limitações para o turismo . Hoje , os visitantes do gigante asiático são a principal fonte de alimentação da indústria de jogos da ilha . Para se ter uma ideia , na última Golden Week - semana de feriado nacional chinês , que começa em 1º de outubro - a quantidade de visitantes na região administrativa cresceu 13% . Expansão Entre o início de 2006 e o fim do terceiro trimestre de 2011 , Macau viu a quantidade de cassinos aumentarem de 24 para 34 , o que representa um crescimento de 41,66% em quase quatro anos . Na avaliação do governo local , esta expansão mostra o potencial da ilha na indústria de jogos global . De acordo com dados fornecidos pela Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos de Macau , a receita proveniente dos cassinos já representa 70% de toda a economia da região administrativa controlada atualmente pela China . Entre as diversas opções de entretenimento , os jogos de fortuna e azar representam 99,53% da receita da indústria de cassinos de Macau , seguidos pelas corridas de cavalos ( 2º lugar ) , pelas apostas relacionadas ao futebol ( 3º ) , pelas corridas de cachorros ( 4º ) e pelas apostas em times de basquete ( 5º ) . A loteria chinesa aparece na 6ª posição , seguida pelas loterias instantâneas ( 7ª ) . Fox Sports confirma transmissão ao vivo de duas partidas da MLB já nesta semana Mariners e A’s farão o primeiro jogo transmitido pela Fox Sports no Brasil ( AP Photo / Ben Margot ) Na última semana , publicamos que a assessoria da Fox Sports tinha confirmado que transmitiria a temporada 2014 da Major League Baseball , mas que não havia muitos detalhes além disso . Só que nesta terça ( 1º ) , o canal confirmou que começa as suas transmissões na sexta ( 4 ) , às 23h . O Fox Sports 2 mostrará o duelo entre o Seattle Mariners , do recém-chegado Robinson Canó , e o Oakland Athletics , a partir das 23h . No sábado , a filial brasileira da empresa americana terá como atração o encontro dos rivais San Francisco Giants e Los Angeles Dodgers , às 17h . Nâo há jogo previsto para o domingo . Segundo apurado pelo ExtraTime , o contrato da Fox Sports brasileira com a MLB prevê que a emissora tem direitos a um jogo na sexta , sempre no horário da Costa Oeste , e a uma rodada dupla no sábado , que deve ser a mesma transmitida pelo canal Fox Sports 1 nos Estados Unidos . Por questão de acomodação da grade e da concorrência com outros eventos no mesmo horário , eventualmente nem todos esses jogos serão transmitidos a cada semana . Os direitos de todas as séries de playoffs e do All-Star Game no Brasil continuariam com a ESPN . 8º Temporada Gastronômica do Pinhão começa nesta quinta Começa nesta quinta-feira , 17 , e vai até 4 de maio a 8º . Temporada Gastronômica do Pinhão em Campos do Jordão , promovido pelo Grupo Cozinha da Montanha . Esta temporada reúne 20 restaurantes que tem um desafio : preparar pratos doces ou salgados utilizando o pinhão como estrela . A cidade conta com milhares de araucárias e os chefes devem se usar apenas dos pinhões que caem das árvores , não podendo colher a semente . Entre os dias24 a 29 de abril , haverá a Carreta do Makro na Praça do Capivari com palestras e apresentação dos pratos de pinhão com chefes de cozinha do Grupo . Dentre as várias criações estão Bombom cremoso de pinhão com canela do Sabor Chocolate ; Salada Brasil-Campos do Bar Mercearia Campos ; Risotto de pinhões e ervilhas frescas com truta grelhada , do Charpentier ; Filé com talharini e pinhão , do Baden Baden ; Lombo de bacalhau com purê de pinhão , baby berinjela e brócolis , do Safari ; Ouça o Encontros na Rádio CBN 1340 . Aos sábados , às 10h , e segundas-feiras , às 14h . Últimas notícias 09/10/2015 Ruy eternizado Signi comemora o lançamento do oitavo volume do livro Encontros com o Professor - Cultura Brasileira em Entrevista . 24/10/2013 Batuque de Cordas Após o bate-papo com Enéas de Souza , a canja musical ficou por conta dos violonistas Cláudio Veiga e Vinicius Corrêa que apresentaram temas das trilhas dos filmes " Espia Só " e " Noel , o " Poeta da Vila " . Há uma zona pior que a do rebaixamento : a do conforto Certa vez estava em uma reunião bastante tensa . Sentado ao meu lado tinha um japinha , socialmedia de uma multinacional . Ele me perguntou se eu sabia a metáfora do burro e da cenoura – aquela em que o proprietário da carroça balança a cenoura na frente do nariz do burro para que o animal sempre ande para frente em busca do alimento que nunca vai alcançar . Disse que sim , e ele finalizou a prosa contando que seu chefe aplicava a teoria no departamento dele , mas , em vez de uma , usava duas cenouras . Uma na frente e outra atrás . Apontando pra lá mesmo onde você está pensando . A adaptação da metáfora assusta , mas carrega uma verdade inexorável : não é só a gana que faz a gente caminhar , o medo também tem o poder de te fazer andar correndinho olhando pra trás meio assustado . Quem tem , tem medo . Assim é a vida da gente , desde nossos ancestrais . No tempo em que só as pedras eram lascadas , o homem primata andava pra comer e corria pra não virar comida . Dom João VI , tempos depois , não veio para o Brasil atrás de ‘ carne nova ’ simplesmente porque deu na telha . O portuga deixou os vinhos do Porto e outras mordomias para trás porque tinha um Napoleão fungando em seu cangote . Todo cagado de medo , ele subiu em uma embarcação hora da noite e chispou aqui pro Brasil . Foi a partir daí que a maionese começou a desandar por aqui , mas isso é papo pra outra hora ; e pelo menos por isso somos penta , e não os portugueses . Deus sabe o que faz . Com cinco títulos e três Ronaldos lusitanos eles seriam insuportáveis . Enfim , a gente que torce feito bobo tem dessas coisas : vive fazendo pontes entre qualquer banalidade e nosso time de futebol . Eu vivo de analogias blucerchiati . Outro dia me lembrei desse causo da cenoura e me deu nos nervos pensar que meu time só avança , e muito pouco , por causa do vegetal apontado pro fundilho dele . A Sampdoria é um time insuportavelmente desmotivado . Daqueles que afrouxa o cinto quando alcança a décima segunda colocação e acha que no automático vai conseguir terminar a temporada sem sustos , naquela zona da pasmaceira , sabe , aquela que te leva do nada pra lugar nenhum . O que os atletas não percebem é tem muita água pra rolar ainda no campeonato e que essa displicência toda os joga duas rodadas depois pra perto da zona do rebaixamento . Aí lá vão todos de cintos apertados e calculadoras nas mãos suarem sangue pra deixarem a incômoda décima sétima colocação . O elenco blucerchiato não é ruim , é preguiçoso . O que é muito pior do que ser um elenco limitado . A Samp é um time que quando tem a oportunidade de vencer em casa o Chievo , sair de vez da rabeira da tabela e , inclusive , começar a sonhar com voos mais altos , perde de forma miserável . Mas que quando tem o CT invadido pela torcida com gritos de raça e percebe que o caldo pode entornar , vence de forma impiedosa , e fora de casa , o Verona por três a zero . É a distopia da cenoura . Em vez de caminhar atrás de um sonho – que seja a utopia de Galeano - , prefere apenas evitar a fadiga e andar o mínimo necessário . São passos contados e preguiçosos o suficiente para assegurar que não tenha uma cenoura atochada em seu rabo . Getty Images Derrota em casa na última rodada para o Chievo complica a Samp no campeonato A Sampdoria tem time para pensar grande . Não para fazer frente à Juventus , mas se imaginar jogando em outros países nas próximas temporadas não é nenhum absurdo . Alemanha , Espanha , Portugal , Inglaterra . Pô , que legal deve ser pegar um ônibus e ir jogar um campeonato continental ali na França . Faz bem pro time , valoriza o passe do jogador , o bicho deve ser maior e vai chover maria chuteira na saída do CT . Agora jogar pra não cair ? ! Jogar pro gasto ? ! Uma temporada de treinamentos e viagens para ser medíocre , no sentido estrito da palavra ? ! Não é a adrenalina de jogar em estádios Europa afora que os move , mas sim o medo de ser rebaixado e ter que enfrentar o gramado esburacado do Crotone ou do Pro Vercelli na próxima temporada . E isso é de uma pobreza de espírito que enoja . É , acima de tudo , uma falta de respeito com o clube e seus torcedores . Poucos ali são dignos de vestir a magliablucerchiata . Tão pior que a zona de rebaixamento é a zona de conforto . É nela que se refestelam os covardes . Conheço times rebaixados que não fugiram da luta nem por um minuto e saíram aplaudidos da peleja pelos torcedores . O elenco da Samp dessa temporada não é quente , nem frio , como os cristãos em Laodiceia , e talvez mereça nosso desprezo e ânsia de vômito . É bom Soriano e companhia ficarem atentos . Um passo em falso e a zona de conforno em que chafurdam pode virar a do rebaixamento . Cada um tem a cenoura que merece . Neste domingo , o Liverpool visitou o West Bromwich pela última rodada do Campeonato Inglês e saiu atrás : gol do venezuelano Salomón Rondón . Porém , uma linda arrancada de Ibe deu o empate à equipe de Anfield . Com o resultado , o Liverpool termina a Premier League na oitava posição , atrás de West Ham e Southampton . terça-feira , 20 de dezembro de 2011 Está no ar mais um episódio da série « Um dedo de prosa » , realizado pela equipe do Blog Estudos Lusófonos . Desta vez o entrevistado é o escritor Márcio Souza que conversa sobre seu percurso literário desde a publicação do romance Galvez , Imperador do Acre em 1976 . O escritor fala , igualmente , do seu atual projeto em torno de uma tetralogia sobre a história do Grão-Pará . Márcio Souza num último video faz uma homenagem ao poeta e músico amazonense Aldilsio Filgueiras . Márcio Gonçalves Bentes de Souza ( Manaus , 1946 ) é romancista , ensaísta , dramaturgo , cineasta e jornalista . As suas obras , inseridas no ambiente sociocultural da Amazônia , conjugam fantasia e realidade num estilo vivo , sempre inteligente e divertido , por vezes farsesco ou absurdo . Aos 14 anos , começou a trabalhar como crítico de cinema no jornal O Trabalhista . No início de sua carreira queria ser diretor de cinema mas preferiu escrever do que passar pela « intensa carga emocional e de trabalho das 4-5 semanas de filmagem[1 ] » . Em 1965 , assumiu a coordenação das edições do governo do Estado do Amazonas , mas logo , em seguida , deixou Amazônia para estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo . Perseguido pela ditadura militar , interrompeu seus estudos em 1969 . Regressou a Manaus três anos depois e entrou para o Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio ( Tesc / Sesc ) , grupo que tem uma visão crítica do processo histórico da Amazônia e discute temas ligados às culturas originárias dos povos indígenas . Em 1976 , assumiu o cargo de diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas e publicou seu primeiro romance ( Galvez , Imperador do Acre ) sobre a conquista do Acre pelo Brasil . O livro obteve grande sucesso de crítica e de vendas . Em 1983 , mudou-se para o Rio de Janeiro por problemas com o governo do Estado do Amazonas . A seguir , escreveu 11 outros romances , dentre os quais Mad Maria ( 1980 ) que relata a construção da ferrovia Madeira-Mamoré entre 1907 e 1912 , A ordem do dia ( 1983 ) , uma paródia política com espionagem e suspense , O Fim do terceiro mundo ( 1990 ) romance satírico-fantástico . Márcio Souza presidiu a Fundação Nacional de Arte ( Funarte ) entre 1995 e 2002 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso . Mais recentemente , tem-se dedicado a uma tetralogia sobre os anos em que a antiga Província do Grão-Para , durante período colonial , era um Estado separado do Brasil . Três volumes já foram publicados : Lealdade ( 1997 ) , Desordem ( 2001 ) , Revolta ( 2005 ) . O quarto , Derrota , é ainda inédito . Participou de muitos encontros internacionais de literatura e foi professor convidado da Universidade da California , Berkeley , escritor residente nas Universidade de Stanford e Austin , Texas . O autor gosta de se descrever como « um escritor dos leitores[2 ] » e faz « um esforço muito grande alcançar esse equilíbrio » entre fatos históricos , questãos sociais e políticas e questãos individuais e reflexivas[3 ] . Nossos agradecimentos a Augusto Pampolha Veloso pela leitura dos textos de Marcio Souza durante o encontro realizado na Universidade da Sorbonne em Dezembro de 2011 . Agradecemos , igualmente , a Dominique Stoenesco pelas fotografias cedidas ao Blog Estudos Lusofonos . Do ponto de vista da presença política das mulheres , as eleições brasileiras de 2010 deixaram um saldo ambíguo . Foi eleita a primeira presidente da história e , no primeiro turno , duas candidatas do sexo feminino receberam 7 em cada 10 votos válidos – feitos que , dez anos antes , seriam inimagináveis . Por outro lado , foram eleitas apenas 45 deputadas federais , isto é , menos de 10% da Câmara , quantidade menor do que nas eleições anteriores . Também foram somente duas governadoras eleitas , contra quatro em 2006 . As governadoras eleitas em 2010 são a filha e a nora de ex-governadores , isto é , ambas representantes da “ velha ” forma familiar de acesso das mulheres à política , ao passo que , em 2006 , Ieda Crusius e Ana Júlia Carepa sinalizavam a “ nova ” forma de ingresso , por meio da atuação profissional e em movimentos sociais . Na montagem da equipe ministerial , as pressões partidárias impediram que a nova presidente cumprisse a modesta meta , auto-atribuída , de um terço de mulheres no primeiro escalão . No segundo escalão , o novo governo manteve uma proporção de mulheres ligeiramente inferior à que havia antes , mal ultrapassando o 20% . Além disso , a vitória de Dilma Rousseff cobrou um preço . Desde antes do início da campanha eleitoral , houve a busca deliberada de “ suavização ” da imagem pública da futura presidente , isto é , de adequação aos estereótipos predominantes , o que incluiu tanto cirurgias plásticas quanto o relevo concedido a suas pretensas características maternais . Mas houve , sobretudo , o triunfo de uma agenda refratária aos direitos das mulheres . A partir do final da campanha do primeiro turno , os candidatos conservadores associaram-se a uma investida religiosa , que impôs uma agenda retrógrada e anatematizou a luta pelos direitos das mulheres , assim como dos homossexuais . Dilma Rousseff viu-se , assim , constrangida a apresentar concessões e a recuar em relação a posições anteriores . A presente conferência busca problematizar os deslocamentos identitários de uma paisagem cultural latino-americana atravessada por plurais processos de afiliação simbólica e afetiva . Nesse sentido , a última década tem-se mostrado especialmente significativa no que se refere à disseminação de escrituras pontuadas por sujeitos-margem , interditados por um ser / estar em migrância e travessia . Como elemento-chave nesse processo de reivindicação de uma identidade nacional descentrada , as narrativas literária contemporâneas introduzem um arcabouço imagético que aponta para confluências identitárias inscritas num contracânone em dissonância em relação aos emblemas de uma cultura nacional unificada . Se admitirmos que essas narrativas se articulam sob uma diversidade cultural que é parte atuante nas diferentes instâncias político-simbólicas , cabe , então , levantar um outro ponto de discussão : qual é a figura de nação que emerge das representações propostas pelo texto / tecido . De imediato , propomos uma resposta : desenha-se uma nação sob a rubrica da travessia . Em incessantes deslocamentos , deflagra-se a constante migração de uma identidade nacional que não pode ser resumida em posições estáveis que essencializem os valores e os significados de uma brasilidade . Afinal , dentre esse manancial diegético e imagético , ecoa uma erosão interna pronunciada através de uma política representacional que se mostra aberta ao reconhecimento das minorias sociais . E aí se desencadeia a travessia entre o “ lá e o cá ” , o arquivo-olvidado e o rosto renascido . Poderíamos , por conseqüência , apregoar uma hermenêutica da errância : um deslocamento mítico-simbólico que se aproxima do porvir da própria linguagem . Mas essa nação que se move através da sua diferença cultural não deve ser confundida como uma forma de absolutizar a alteridade por intermédio de um aglomerado pluralista e apolítico . sábado , 10 de dezembro de 2011 Heterodoxias ficcionais e historiográficas no romance saramaguiano : o desejo e a morte em História do Cerco de Lisboa e As Intermitências da Morte Conférence par Mme la Professeure Cristina Vieira Université de Beira Interior Le mercredi 14 décembre 2011 14h-16h / Salle 22 Institut Hispanique 31 rue Gay-Lussac 75005 Paris Tendo por título “ Heterodoxias ficcionais e historiográficas no romance saramaguiano : o desejo e a morte em História do Cerco de Lisboa e As Intermitências da Morte ” , esta comunicação centra-se em dois conhecidos romances , mas distanciados no tempo , de José Saramago , Prémio Nobel da Literatura 1998 , conhecido por escrever e pensar a realidade de formas ousadas e inesperadas , ou seja , heterodoxas . O desejo e a morte , termos que ecoam o binómio clássico eros / thanatós , não poderiam escapar ao olhar atento deste romancista , até pelos impactos sociais e políticos que os mesmos envolvem , sendo a sociedade e a política áreas ideológicas em que Saramago se envolve na sua escrita . A análise intertextual dos romances História do Cerco de Lisboa ( 1989 ) e As Intermitências da Morte ( 2005 ) , de José Saramago , permitem uma abordagem da relação História / ficção que se pauta pela heterodoxia a vários níveis , sendo nosso foco de atenção a ficcionalização da morte , o que passa pela análise de três aspectos , a saber : o modo como a morte está presente nestas duas narrativas , na História e na historiografia ( muito particularmente no caso militar de um cerco ) ; a forma de retratar o(s ) desejo(s ) ; e os diferentes elos entre a morte e o desejo nos dois romances . Estas são as três grandes linhas desta comunicação , que têm , todavia , como linhas de fuga dois vectores basilares : a problematização do que é transformar o passado em História e a relação paradoxal do Homem com a morte e com o desejo . Em 2010 , Maria Teresa Horta completou cinquenta anos de produção poética , sempre fiel às questões estéticas e políticas que sustentam sua realidade de mulher , cidadã , jornalista e escritora . Constituiu , desde seu primeiro livro de poesia publicado em 1960 , Espelho Inicial , uma trajetória emblemática em termos de luta contra o cerceamento da liberdade do corpo e da palavra . Figura indubitavelmente histórica no panorama do movimento feminista português , sua obra , em direções diversas como jornalismo , romance e poesia , deve ser examinada como um testemunho do tempo opressivo que lhe coube viver e como gesto de luta e de liberdade que continua a sustentar nos livros mais recentes , já agora numa sociedade portuguesa com novos contornos e novas demandas sociais , políticas e culturais . Embora esse perfil feminista possa ser afirmado pelas práticas gerais de seu trabalho , destacaremos a poeta que fez da escrita um lugar de habitação . Trata-se de uma intensa relação entre o corpo que sente e a mão que escreve , sem cessar , um modo íntimo de experimentar a vida e as palavras . Em sua poética , a escrita é seu núcleo mais duro , relação vital que lhe possibilita respirar e existir de forma plena . Espaço onde se constroem e se validam representações do mundo social , a literatura constitui igualmente um dos principais terrenos de reprodução e perpetuação de estereótipos e preconceitos , muitas vezes camuflados no pretenso realismo das obras . Cientes disso , diferentes grupos identitários têm reivindicado , cada vez mais , lugar e voz nos espaços de enunciação de discursos , acentuando desta maneira a chamada crise na representação literária . No momento em que se agudiza a consciência de que o criador é socialmente situado , e de que tudo o que ele(a ) produz traz as marcas dessa circunstância , a legitimidade de suas representações tornou-se passível de questionamento . Instalada a dúvida , abriram-se na contemporaneidade ranhuras em um sistema em geral bastante uníssono e refratário à presença de grupos sociais diferenciados , sejam eles(as ) constituidos por autores(as ) ou suas personagens . São essas vozes , que se encontram nas margens do campo literário , essas vozes cuja legitimidade para produzir ( ou mesmo ser objeto da ) literatura é permanentemente posta em questão , que tensionam , com a sua presença , nosso entendimento do que é ( ou deve ser ) o literário . Ao reunir pesquisadores de diferentes instituições internacionais , o presente colóquio pretende questionar alguns dos problemas que se apresentam como relevantes no interior do conjunto literário brasileiro contemporâneo , especialmente no que diz respeito à presença , ao silenciamento e às formas de representação destes grupos sociais diferenciados . Neste sentido , ele dá continuidade aos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília e pelo Grupo de Estudos Lusófonos da Universidade Paris-Sorbonne ( Paris IV ) acerca das relações e imbricações entre o fazer literário e o mundo social . PROGRAMA Terça-Feira 10 de Janeiro - Maison du Brésil 14h00h : Recepção dos participantes 14h15 : Abertura do Simpósio por Sua Excelência José Maurício Bustani ( Embaixador do Brasil na França – a confirmar ) , pelo Professor Sadi Lakhdari , diretor do CRIMIC e pela Professora Maria Graciete Besse , diretora do Departamento de Estudos Lusófonos . terça-feira , 22 de novembro de 2011 A língua portuguesa voou por cima dos mares , Da Europa até a Àfrica Da Europa até a Índia Da Europa até ao Brasil . Estabeleceu-se em todos os horizontes . Sua expansão não teve limites . Os cabos foram dobrados Os mares foram ultrapassados , As terras foram descobertas e conquistadas . Os Navegadores deixaram uma língua que permaneceu , Ao longo do tempo , ao longo do vento Nos cincos continentes do mundo , Ela foi , e é , e será . . . Vencedora do tempo . Desse tempo que nos mata , Desse tempo que não nos dá a liberdade de viver . Desse tempo que ninguém pode controlar . Esse tempo . . . A língua portuguesa venceu . A língua portuguesa é um feudo forte e lírico ao mesmo tempo ; um barco que até hoje singra generoso o Atlântico , ora consolando Portugal , ora perturbando o Brasil , e , porque esta língua tem vocação marítima , entende bem os impropérios do vento , e mais do que qualquer outra se deixa levar pelos sentimentos . ” Educação Por que os alunos devem fazer Seminários ? Na prática educativa , o Seminário é uma técnica interessante , pois tem como foco principal desenvolver a oralidade dos alunos , ao mesmo tempo que este transmite conhecimentos específicos a respeito de um tema pré-estabelecido , por ele pesquisado e estudado . Em nosso trabalho sobre a Era Vargas , optamos por apresentar seminários , em grupos com os alunos do 9º ano do Fundamental II do Colégio Santa Maria . Necessariamente , o seminário deveria ser apresentado utilizando-se o PowerPoint e seguindo alguns procedimentos na sua preparação . Primeiramente , foi necessário que os alunos realizassem pesquisas em diversas fontes : livros , jornais , revistas , sites